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Já faziam pelo menos duas horas desde que eu comecei a misturar as ervas de

mandrágora no caldeirão, elas fariam uma reação mágica que deixaria com que a pessoa
que bebesse assumisse qualquer forma, se desse certo eu poderia fazer um bom dinheiro
com ela!

Eu comecei a misturar animada no começo, até meia hora eu ainda estava com um bom
ritmo, mas assim que passou de uma hora eu desanimei e tive vontade de morrer, ou pelo
tédio ou enfiando minha cabeça nas ervas ferventes com sangue fresco de dragão e dedos
de duende.

A poção ainda não havia dado faísca, ou seja significava que ainda não estava pronta! Eu
tentei fazer com que Ondini ficasse ao meu lado durante o processo de preparo da poção,
mas ele não quis, disse que tinha que ficar de olho no San Lang e saiu sem nem dizer um oi
para mim.

-Ah essa porra nunca vai ficar pronta não?- Eu disse enquanto dava um soco na mesa,
como essa porcaria não está ficando pronta?? Eu estava prestes arrancar meus cabelos e
jogar lá dentro para ver se o caldeirão explode e levava meus restos mortais junto com ele.

Antes que eu fizesse algo absurdo San Lang e Ondini se fizeram presentes no meu
pequeno laboratório, os dois me olhando um pouco preocupados, provavelmente com medo
de que eu acabasse jogando o caldeirão no chão e me queimando com o líquido.

-Princesa, tudo bem?- O timbre grosso e viciante do San Lang encheu meu peito e alma
com o som melodioso, a voz dele é mais eficaz do que qualquer calmante.

-Você está deixando a mestra vermelha e estranha de novo! Seu grande idiota!- Ondini
enquanto fuzilava San Lang com os olhos, quase como se quisesse matá-lo a sangue frio,
obviamente meu querido rei Fantasma não recebeu bem esse olhar e respondeu com o
dobro da frieza e maldade, eu podia ver faíscas saindo dos olhos deles.

-Ei! Acalme-se os dois! Não há porque brigar agora sabe?- Eu disse isso tentando amenizar
a tensão que estava presente no ar, eu precisava com que eles se acalmassem um pouco.
Mas claro, eu não parei de mexer o caldeirão em nenhum momento.- Eu estou com um
problema aqui sabem?

-Que tipo de problema, meu amor?- Ele disse doce, se aproximando de mim e se instalando
nas minhas costas abraçando minha cintura e acariciando as minhas costelas com as
pontas dos enormes dedos dele.

-Não consigo terminar a porra dessa poção desgraçada! Essa merda não terminou, já estou
mexendo há mais de duas horas! Na receita dela, só era necessário apenas um selo
alquímico! E eu já o fiz, agora ela precisava chegar ao seu efeito real não?- Eu ouvi ele rir, e
deitar a cabeça em meu ombro assistindo por cima tudo o que eu estava fazendo, ele
provavelmente estava pensando em um jeito de me ajudar e qualquer coisa que ele fizesse
iria dar certo. Ele tirou suas mãos da minha cintura, arregaçou suas mangas e as
posicionou acima das minhas mãos.
Nessa posição eu podia ver com clareza às enorme mãos pálidas, longas, com veias
salientes e aquele lindo fio vermelho amarrado no terceiro dedo dele, aliás que agora, um
pedaço desse mesmo fio se encontrava no meu próprio terceiro dedo. Toda vez que nossas
mãos ficavam unidas era possível ver os fios juntos e isso deixava tudo bem mais bonito. E
acompanhando o conjunto estava presente em seu ante-braço a tatuagem com meu nome
escrito e chinês.

Por mais que eu não entenda nada da língua eu sabia que a caligrafia do San Lang era
horrível em todas as línguas, mas ficava pior em seu idioma nativo. Eu particularmente
achava graça nisso, porque meu querido marido é um homem esperto, astuto, estudioso,
sábio, intelectual mas tinha caligrafia mais feia do mundo, bem fazia sentido afinal a
caligrafia dos médicos também é péssima e eles são feras em muitas matérias e são
extremamente inteligentes, então acho difícil isso não se aplicar ao San Lang.
Mas em compensação San Lang desenhava qualquer coisa exatamente como ela
realmente era, parecia que ele havia tirado uma foto e imprimido, seja ela preto em branco
ou colorida, sairia igual ao original, eu adoro passar meus dias conversando com ele sobre
desenho, pintura, animação e entre várias outras coisas da área das artes.

Enfim, mas de volta ao foco da minha poção! San Lang começou a mexer com calma,
enquanto mantinha seus olhos fixos no líquido escaldante, ele olhou para mim e eu entendi
na hora o que ele queria, fiz alguns selos alquímicos usei minhas luvas já com seus selos
alquímicos prontos e usei da alquimia para ajudar a transformar a poção.

San Lang assobiou e logo um enorme gato na cor cinza prata subiu na mesa ao auxílio
dele, esse gato era E-Ming que embora possuísse apenas um olho escarlate ele não
deixava de ser um animal extremamente bonito. Mas ao invés de se sentar ao lado do meu
marido ele preferiu se esfregar em mim em busca de carinho do que ajudar San Lang.

-Não.- San Lang disse firme, com um olhar de reprovação ao pequeno animal que nem ao
menos se importou com a repreensão dele.- E-Ming. Não.- O gato deu um olhar deprimente
a ele e decidiu apenas obedecê-lo e auxiliar no preparo da poção.

-Prometo que depois faço carinho em você bebê!- Eu disse fazendo aquela típica voz usada
com animais enquanto continuava a fazer selos alquímicos com minhas luvas. Em resposta
ao meu pequeno mimo, o gato começou a ronronar e ajudar com muito mais prazer.

-Tcs. Você anda muito carente sabia?- Ouvi meu querido resmungar enquanto continuava
com o preparo da poção.

Um pouco depois as faíscas esperadas começaram a dar efeito, porém ao invés de serem
pequenas faíscas douradas começaram a sair faíscas escarlates e bolhas douradas do
caldeirão. Eu não sabia o que isso significava mas eu poderia descobrir! E claro eu usaria
minha cobaia favorita! Meu querido primo!

Eu poderia fazer um bolo com a poção e dar para ele provar, o mínimo que poderia
acontecer era o Lúcio passar um pouquinho mal, mas ele melhorava e tudo isso pelo bem
dos negócios! Então ele iria entender.

-Ok! Vou fazer um bolinho e dar para o Lúcio!- Eu disse enquanto separava uma boa porção
da poção e colocava em uma vasilha de alumínio e levava para a cozinha.

-Vai mesmo dar isso ao Lúcio?- San Lang me perguntou enquanto me acompanhava até a
cozinha. Se você fosse uma pessoa que não me conhecia, provavelmente se mostraria
surpresa e com pequena do meu primo, mas como é meu marido e bem é o San Lang, ele
apenas me deu um sorriso sacana e começou a pegar os ingredientes do bolo.

Começamos a preparar o bolo mágico, o processo seria rápido e eu não queria escolher o
que o Lúcio iria se transformar então eu apenas peguei qualquer essência do balcão e
joguei na massa, se tudo desse certo Lúcio se transformaria em um famoso ser mágico,
com uma boa reputação, se não ele só passaria mal mesmo.
Enquanto San Lang e eu fazíamos a massa E-Ming e Ondini repousavam no balcão, o gato
estava lambendo seu próprio corpo, se limpando provavelmente e meu pequeno polvinho
estava comendo alguns morangos picados que colocaríamos na massa.

Depois de pouco tempo de espera o bolo ficou pronto, eu coloquei um pouco de glacê em
cima do bolinho e alguns morangos para enfeitar, o bolo havia ficado bonito e bem
decorado, agora só precisava fazer o Lúcio comê-lo!

-Ok! Vamos levar para o Lúcio, ele deve estar trabalhando agora, então vai ser um
lanchinho bem aceito, pelo menos eu espero.- Eu disse enquanto colocava o pequeno bolo
dentro de uma vasilhinha de plástico.

-Ana, é o Lúcio, acho difícil ele negar comida!- San Lang disse enquanto soltava uma
gargalhada pela minha dúvida, mas olha ele não estava errado.

Saímos de casa e deixamos a dupla dinâmica de bichinhos em casa, eu não gostava de


levar Ondini para passear porque ele não respeita muito as outras pessoas, San Lang não
levou E-Ming como uma forma de punição ao bichinho, ele não estava muito feliz com o
comportamento negligente dele ultimamente.

Assim que chegamos na enorme loja do Lúcio eu pude ver meu primo já na recepção, ele
estava discutindo com um cliente, provavelmente estavam pechinchando, é uma hora
perigosa para se aproximar do meu primo agora.

-Olha meu senhor eu não posso dar desconto por esse produto.- Eu reconhecia o sorriso
impaciente sinistro do Lúcio de longe, ele devia estar quase rangendo os dentes de raiva,
por causa desse cliente.

-Não! Mas eu não vou pagar 870 reais por uma bulsola mágica que aponta para onde eu
desejo e que se eu me perder ela mostra um mapa mágico para que eu possa achar minha
localização e que caso eu esteja em perigo ela solta um enorme fleche de luz para que as
pessoa me encontrem e me socorram! Isso é um absurdo por esse objeto mágico! Não vale
a pena por esse preço!- O velhinho estava esgoelando enquanto tentava golpear meu primo
com aquele bengala de madeira escura.

-Com lincença, eu sei que não é da minha conta, mas eu acho que seria muito bom o
senhor levar esse objeto mágico do meu cunhado.- San Lang disse enquanto se
aproximava dos dois, andando preguiçoso com seu tom de voz manso e despreocupado.-
Afinal, essa bulsola já me salvou milhares de vezes! Aliás é um item muito popular e
procurado no mercado! Uma pena que o senhor não se interessou por ele.- Meu querido
homem traiçoeiro, ele sabia bem como tentar um homem.

Vi a expressão do Lúcio se iluminar com a estratégia dele, estava escrito na cara do Lúcio
nesse momento a frase "Há sua raposa malandra!" Não demorou muito para o Lúcio entrar
na dança dele.

-Verdade, eu me lembro bem da vez em que você se perdeu no Egito e essa bulsola não só
te ajudou a achar seu caminho como também te levou a muito tesouros únicos!- Lúcio disse
enquanto sorria malicioso, esperando que aquele velhinho pegasse a isca e pagasse pela
bulsola.

-É-É verdade isso? O que você fez com o tesouro?- O velhinho disse enquanto olhava para
os dois com os olhos praticamente brilhando por causa do dinheiro que ele poderia
conseguir. Em resposta a pergunta dele, meu querido homem retirou um belíssimo colar
com pelos diamantes encrustados na peça, esse conjunto era feito com prata e ouro, a
corrente era da prata mais pura e enfeitando a corrente haviam lindas folhas de ouro, os
diamantes estava suavemente polidos e pareciam ovalho em contraste com as delicadas
folhas douradas.

O senhor não pensou mais de duas vezes, ele pagou na hora pela bulsola e já disse que iria
planejar a sua próxima viagem. Nos três rimos da situação e nos despedimos do idoso, com
a esperança de nunca mais vê-lo na vida.

-San Lang! Sua raposa traiçoeira! Nossa você me quebrou um galho, pelo visto hoje é o dia
de clientes chatos viu?

-Eu imagino, tem dia que quando eles resolvem encher o saco eles enchem com força! Da
até vontade de matar!- Eu disse lembrando das minhas próprias experiências na minha
própria loja.

-De toda forma, o que trouxe meus pombinhos favoritos para cá?- Lúcio disse animado
enquanto nos levava para os fundos da loja. Finalmente meu plano estava em andamento.

-Querido primo! Eu fiz um bolinho mágico e eu gostaria que você provasse para ver se a
poção está funcionando!- Eu disse enquanto estendia para ele a vasilhinha com o bolinho
dentro, eu realmente queria ver se a poção estava funcionando corretamente.

-Ana! Se você me matar eu vou voltar para te assombrar!- Lúcio disse enquanto me olhava
desconfiado, mas assim que ele pegou o bolinho acho que ele iria mudar de ideia sobre não
provar minha poção.

-Como se isso fosse possível…- Nós dois olhamos para o San Lang assim que ele disse
isso, ele apenas deu de ombros para nós dois ignorando completamente o que ele mesmo
disse, bem isso não importava agora mesmo!

-Vai Lúcio come logo!!- Eu disse enquanto praticamente pulava de animação! Eu precisava
saber se estava funcionando!!

-Ta espera! Olha as coisas que você me faz fazer!- Ele disse como se eu fosse uma
terrorista que estava ameaçando ele a fazer coisas ruins! Ele deu suspiro e deu uma
mordida no bolo. Eu quase parei de respirar quando ele fez isso, esperamos um pouco
pelos efeitos.

-... Eu acho que não aconteceu nada.- O Lúcio disse enquanto continuava comendo o
bolinho.- Olha Ana pelo menos o sabor ficou muito bom.- Ele disse como consolo, bem pelo
menos isso né? Assim que virei minhas costas para ir embora derrotada pelo meu fracasso,
San Lang segurou meu braço me parando onde eu estava.

-Ana, não podemos ir embora e deixar o Capitão América sozinho.- San Lang disse
enquanto ria com vontade, eu me virei quase de imediato para o Lúcio que realmente havia
se transformado no famoso Steve Rogers.

-Espera San Lang você está falando sério? Eu realmente virei ele?- Lúcio disse enquanto
tocava o prorpio rosto conferindo se o que ele disse era realmente verídico. Eu comecei a
pular de empolgação pelo bem sucedido resultado da poção! Finalmente eu consegui
domina-la!!

-Olha Lúcio pelo menos fez mesmo sentindo!! Você era magrinho igual ao próprio Capitão
Rogers!- Eu disse enquanto ria pela ironia da situação do Lúcio.

-Eu entendi a referência!- Ele disse enquanto imitava a mesma pose da cena do filme,
começamos a rir pela situação engraçada! Ah nós precisávamos aproveitar essa poção e
zuar cada ser vivo que respirar perto da gente.

-Ja sei o que você quer fazer!- Lúcio disse enquanto sorria maldoso, acompanhado minha
linha de raciocínio, eu sorri na mesma intensidade, seria muito divertido!- Vou treinar meu
sotaque americano!

-Vou buscar a câmera isso vai ser divertido!!

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