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"A perda"

- Mama trouxe sua comida hoje, o Oji-chan foi ver o imperador e... - a garotinha solta o prato
de sopa rala enquanto arruma sua mãe na cama. - ouvi que ele chega logo - ela estende a
colher em direção da boca do quase defunto a sua frente.

- Meu... pequeno dragão... não tenha raiva dele... ele virá... aqui... confie... nele - uma tosse
seca interrompe a fala da mulher acamada, sangue acompanha o pouco de sopa que ainda
tinha em sua boca.

- Mama, não se esforce, você não precisa se esforçar pra falar daquele homem, ele nos
abandonou, abandonou você...

- NÃO - grita a mulher - ele nunca faria isso... ele... ele me ama... ele... nos ama meu pequeno
dragão... nunca... duvide disso...

A tosse volta, aquilo é como uma rotina, a cada frase um pouco de sangue sai na tosse
seca da pobre mulher, o próprio médico imperial veio vê-la, mas sequer sabe o que poderia
ser, passando apenas alguns remédios para tosse. Pelo menos, é o que ele disse para a
pequena dragão e o velho Oda, mas... quem duvidaria do maior médico do império? Aquele
que serve apenas ao imperador e sua família?

Na noite em que o imperador chega ao Palácio, morre uma mulher, numa pequena
vila, deixando para trás apenas uma garotinha em prantos e um ex-guarda imperial que mal
conseguiu acalenta-la semanas depois. Aquela mulher, um dia, já foi a 7° dama imperial, a mais
amada pelo imperador, mas a mais detestada perante o Estado, uma simples concubina
recebendo os benefícios do imperador? Se tornando uma dama imperial e ainda trazendo uma
herdeira MULHER? QUE ULTRAJE! Era o que todos pensavam. O motivo da morte? Uma
doença talvez, é o que diziam os rumores, rumores estes que mal chegaram ao Palácio,
porque, pelo que diziam a pobre mulher teve de ir para longe para não sofrer da ira dos 8 clãs.

É aqui que a história da pequena dragão começa, com a morte de sua mãe, a chegada
de seu pai a capital e o fogo nos olhos da criança de 8 anos, aquela que se tornaria imperatriz.

"O grande chamado"


Demorou semanas, não, meses, para que a pequena Ryuu se acostumasse com a falta
da mulher que sempre estava deitada naquela cama, mas já havia passado tempo demais ela
precisava trazer justiça, precisava ser forte, por um erro, ela quase vai junto de sua mãe.

Ainda na noite da morte de sua mãe, Ryuu que estava ao seu lado, em meio a todo
aquele desespero acabou levando um pouco do sangue de sua mãe a boca, talvez as mãos
sujas ou até em meio as tosses desesperadas de sua mãe em busca de respirar. Aquilo foi o
suficiente para saber, aquilo não se tratava de uma doença, era veneno, o mais puro veneno,
já estava misturado fortemente ao sangue. Ryuu talvez por ser tão nova sofreu rapidamente
com os efeitos do veneno presente no sangue de sua mãe, era tão pouco mas já lhe causava
tão mal. Por sorte, Oda que acabou sofrendo com a carroça a caminho do império e decidiu
voltar chegou e se deparou com aquilo. Um defunto, caído e já frio e uma garotinha, chorando
não sabe-se de dor ou de luto, sua pele estava pálida, suando frio e em um sussurro antes do
homem correr em sua direção ela diz - era veneno Oji-chan... era veneno - ela desmaia nos
braços do homem, ainda com lágrimas no rosto misturados com seu suor frio.

O veneno era até bem incomum, mas não era difícil de tratar, o único problema era o
tempo, quanto mais tempo ele permanecia no corpo mais ele se fundia ao sangue, em dois
anos a pessoa simplesmente morreria, sendo descoberto cedo, mal causava medo, já que um
remédio de ingredientes simples poderia resolver.

Oda acreditou, Harumi também, quem duvidaria do médico imperial, aquele que é o
único médico dos médicos? Se ele não sabia diagnosticar, nenhum outro saberia! Mas essa
nunca foi a verdade. Aquele homem de tamanha honra fez algo horrível aquela família. Agora
você me pergunta, o que eles fizeram? Nada, o que um ex-guarda imperial e uma herdeira
abandonada poderiam fazer a um dos homens mais influentes do império, abaixo apenas do
imperador e seus conselheiros?

Anos, foi isso que a garota precisou, 12 anos para ser exata, Oda fez o que pôde para
criá-la, sem qualquer criada ou dama. A garota, que tinha um grande dom com a espada, mal
pôde suportar tamanha injustiça, ela não teve o apoio de qualquer família enquanto seus
'irmãos' tomavam elixires e treinavam com afinco, desde o início sempre foi injusto e ela sabia
disso. Mas, nos 5 anos com o treinamento de samurais dos 8 clãs e servindo ao jovem líder, ela
conseguiu sobreviver, ela conseguiu aprender o pouco que lhe foi dado, o suficiente para se
tornar uma verdadeira samurai, uma iniciante, uma mulher e, ainda assim, uma samurai.

E seu pai? Quem sabe... desde a morte daquela mulher que ele dizia amar, ele não
mandou mais que o necessário para a sobrevivência e, às vezes nem isso, era como se
tivessem sido esquecidos. Mas ela não esqueceu, ela lembra quem é seu pai, ela sabe o sangue
que corre em suas veias, pode até ser uma 'meia-sague'... uma 'impura'... mas ainda é uma
Mikoto e, todo o sofrimento de sua mãe, todo o sofrimento em seus treinos está guardado,
guardado e direcionado a ele.

- Eu o respeito como o corpo de deus em terra, mas você nunca será visto como pai! - seus
olhos fervem enquanto ela segura na lateral de sua cintura, nas duas espadas que carrega,
finalmente livre, pronta para tomar o seu lugar de direito.

"A chegada e a despedida"


Desde muito jovem, Ryuu demonstrou habilidades excepcionais com a espada, e sua
determinação e coragem a destacavam entre seus pares. Ela vivia para proteger os mais fracos
e lutar pela justiça, e por isso, foi escolhida para ser a guarda pessoal de um jovem e
carismático garoto chamado Shinji, o pequeno senhor do clã.

Shinji era um herdeiro de uma poderosa família samurai, o clã do Dragão, aquele que
estaria duelando com seus irmãos em busca do trono, mas apesar de sua posição privilegiada,
ele era amável e compassivo, sempre se preocupando com o bem-estar de seu povo e
daqueles ao seu redor. A relação entre Ryuu e Shinji era de profunda confiança e respeito
mútuo, mas apesar do grande esforço de Shinji em fazê-la tratar de igual para igual, ela
sempre buscava marcar a relação de servo e senhor.
Ela sabia que Shinji era seu irmão mais novo, mas nunca se atreveu a revelar a
verdade, pois os eventos que os separam são fortes demais. Com o passar do tempo, Ryuu
aprendeu a suprimir sua dor e a se concentrar em sua missão como samurai, protegendo Shinji
acima de tudo. Ela sabia que a revelação da verdade poderia colocá-lo em perigo e
desestabilizar sua vida. No fundo, ela desejava poder contar a ele tudo, mas o peso do dever e
do segredo era avassalador, para ela, era melhor que ele descobrisse quando ambos
estivessem longe, já que assim ela não precisaria ver a cara de decepção de alguém que
cresceu ao seu lado e não lhe conhecia realmente.

Os anos passaram, e Ryuu continuou servindo lealmente Shiji, sempre ao seu lado nos
momentos de alegria e nas horas mais sombrias. Um dia, que já era esperado para ela, a
mesma teve que partir. Ryuu percebeu que esse afastamento seria inevitável e que talvez
fosse a última oportunidade de revelar o segredo por sua própria boca.

Na véspera da partida, ela escreveu uma carta onde expressava seu afeto e gratidão,
mas sem mencionar o segredo que a atormentava. Colocou a carta dentro de uma pequena
caixa adornada com as pétalas de cerejeira, símbolo que ela sempre carregava consigo, e a
entregou a Shinji antes de partir.

Até o presente momento, ela nunca sequer mandou uma carta ao garoto, claro, como
alguém pertencente ao clã, a mesma sempre os informou sobre sua localização e o decorrer
das missões, mas nunca, nunca uma carta direcionada ao pequeno garoto, durante esse 1 ano
de aperfeiçoamento é obvio que ela sentia falta da voz e risada do pequeno garoto de grande
coração, mas para o próprio bem dele, era melhor que ambos não se envolvessem.

"Toda história tem dois lados"


Mikoto Xiang, um imperador cujo reinado era marcado pela sorte e riqueza. Ele era um
líder respeitado e admirado por seu povo, mas, por trás dos muros do palácio, carregava uma
tristeza silenciosa em seu coração.

Em uma de suas visitas aos clãs menores, Xiang conheceu uma jovem chamada
Harumi. Ela era de origem humilde, mas possuía uma beleza e uma alma cativantes. O
imperador ficou intrigado pela doçura e simplicidade de Harumi, que contrastavam com a
intrincada e grandiosa vida do palácio.

À medida que o tempo passava, Xiang e Harumi se apaixonaram profundamente. O


imperador viu em Harumi uma luz em meio à escuridão do poder e da política. O amor deles
florescia em segredo, pois a sociedade tradicional não aceitava um relacionamento entre um
imperador e uma mulher de origem tão humilde, principalmente com toda a tradição acerca
dos clãs maiores.

Por mais que Xiang desejasse tornar Harumi sua imperatriz, ele sabia que suas
responsabilidades como líder o impediam de quebrar as regras estabelecidas. Ainda assim,
eles encontravam maneiras de estar juntos em segredo, compartilhando momentos de ternura
e carinho longe dos olhares indiscretos.

Um dia, Xiang descobriu que Harumi estava grávida. A notícia trouxe uma mistura de
felicidade e preocupação ao coração do imperador. Ele sabia que, caso a verdade viesse à
tona, a vida de Harumi e a de sua filha estariam em perigo. Então, Xiang tomou uma decisão
difícil, mas julgada necessária para proteger o bem-estar de ambas. Em uma noite chuvosa, ele
levou Harumi a um lugar seguro juntamente com seu mais confiável conselheiro e amigo,
distante do palácio e dos olhos da corte. Ali, prometeu cuidar dela e da filha que estava por vir.
Os dois fizeram votos de amor eterno, mesmo que seus caminhos fossem forçados a se
separar, apenas a mulher grávida e seu fiel companheiro permaneceram ali.

No entanto, os desafios não acabavam apenas com isso, os grandes clãs sabiam da
existência dessa mulher e, contanto que continuasse apenas como um relacionamento idiota
de 'amor proibido' de nada os afetava, mas com a chegada de uma criança, a principal tradição
havia sido quebrada e, mesmo com o afastamento e o possível aborto ter acontecido, alguns
ainda se mantiveram preocupados com o erro de seu imperador e, bom, tomaram medidas.

Após o nascimento da criança, Xiang garantiu que ela fosse cuidada, mesmo que o
mínimo, mas reconheceu que ele próprio não poderia assumir a criação da filha. Em segredo, o
imperador confiou a criança a seu amigo e confidente, longe do império, junto ao clã Dragão,
garantindo que ela crescesse longe das intrigas da corte e das sombras de sua origem nobre.

Pouco tempo depois, o imperador recebeu notícias devastadoras de que Harumi havia
sido envenenada. Sua dor era indescritível, e ele lamentava não ter tido a coragem de torná-la
oficialmente sua esposa e imperatriz. Xiang fez um juramento de proteger sua filha com todas
as suas forças, mas mesmo assim, aquela pobre criança que mal tinha seus 8 anos já guardava
um grande rancor do mesmo.

Anos se passaram, o imperador sabe da existência de sua filha, sabe seu paradeiro e o
quão bem ela cresceu, mas uma coisa que ele nunca soube é que a mesma também sabe sobre
ele, sabe muito bem sobre o quanto esse homem afetou a vida de sua mãe. Como será para
ele, descobrir que a sua querida filha quer destruir o que ele preferiu proteger a amar a
mulher da sua vida? Lembre-se toda história tem dois lados.

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