Você está na página 1de 20

28/03/120 A.

O reino de Xian Lee não poderia ter uma história mais interessante. Afinal, a princesa
do reino possui uma longa linhagem real, mas que não é totalmente chinesa. A princesa
Ana Mei César Ishihara Lian, tem uma longa e próspera linhagem real, sendo neta de
Júlio César e Cleópatra, a jovem princesa é filha da princesa Yumi, que foi abençoada
pela Amaterasu e essa princesa teve um pai, Chang-Yu Lian, o antigo imperador de Xian
Lee que se apaixonou por uma princesa japonesa e então Yumi Ishihara nasceu e logo se
apaixonou por Júlio César II e então tiveram a princesa Ana.

Embora Ana fosse uma criança doce e seus pais a amarem, ela infelizmente os perdeu
para uma praga que estava matando pessoas na cidade e então ela começou a ser criada
pelos dois Deuses e Generais de Xian Lee, Mu Qing e Feng Xin, criada por dois grandes
Generais a princesa não cresceu para se tornar Imperatriz, muito pelo contrário ela
cresceu para se tornar o Imperador.

Fazendo assim aulas de esgrima, política, filosofia, luta, arco e flecha, equitação, leitura,
escrita, pintura, etiqueta e equilíbrio. Assim a bela princesa logo aos seus 5 anos de
idade foi visitando cada um dos reinos que eles precisavam manter boas relações, mas
em uma volta para casa, a jovem Ana conheceu um jovem apenas um ano mais velho do
que ela, Hong-Er, era como chamavam o menino, mas logo a jovem princesa decidiu saber
o verdadeiro nome dele e foi assim que ela conheceu San Lang.

Correndo e arfando desesperadamente por sua vida, o jovem Hong-Er se empurrava no


meio da multidão de pessoas buscando salvar sua vida, mas isso foi em vão assim que a
enorme carruagem real quase passou por cima do menino. Parando bruscamente e
fazendo com que o menino caísse no chão e quebrou sua perna, a jovem criança começou
a se debulhar em lágrimas.

A carruagem logo se abriu e o jovem foi puxado para dentro da mesma, a jovem princesa
que estava lá dentro olhou para o jovem desamparado, a pequena Ana logo usou da
primeira coisa que ela aprendeu a fazer quando descobriu que tinha talento para magia,
a cura. Quando o pequeno Hong-Er foi curado, ele se viu acolhido, feliz e sentiu uma
grande admiração pela pequena jovem a sua frente, havia algum sentimento que se
instalou no coração dele, sem que ele percebesse, enquanto a pequena Ana, bem, ela
sentiu um carinho inexplicável pelo jovem, mas ainda não havia tal fantástica e única
emoção no coração dela.
10/6/125 A.C

-Como foi seu dia?- San Lang perguntou enquanto se afundava na cama da academia
mágica de Hécate, mais especificamente no dormitório de sua querida princesa, movido
pela saudade e pela curiosidade da situação de sua amiga, o jovem invadiu a propriedade
da Deusa e ficou satisfeito ao ver sua querida amiga bem e feliz na academia. Apesar de
terem apenas 10 e 11 anos, os dois já sabiam como essa academia molda o futuro dos
dois. Ana, é claro, ficou surpresa, mas teve que conter um sorriso, se a deusa
descobrisse que este rapaz esteve aqui ele estaria perdido. (Extra no final do capítulo
referindo a este parágrafo em específico)

-Você não devia estar aqui.- Ela disse baixinho enquanto um sorriso doce se instalava em
sua face, ela sabia que não conseguiria dar bronca nele, principalmente já tendo em
mente o porquê do jovem Hong-Er estar lá. Já ele, ficou satisfeito em saber que sua
doce Ana não estava irritada com a atitude impulsiva do mesmo, muito pelo contrário ela
estava feliz em vê-lo depois de um longo período de dez dias separados.

-Eu sei, mas eu queria te ver princesa.- Ele disse enquanto encostava a cabeça na testa
da garota, ela retribuiu e abraçou o corpo dele, deitando logo em seguida sua cabeça no
ombro dele. "Ele é terrível! Eu sei que como crescemos juntos é difícil ficar longe dele
por muito tempo sem sentir saudades, afinal ele cresceu comigo." Ana pensava enquanto
sentia o cheiro reconfortante do chinês zelar pelo seu sono. "Eu sei o que ela deve estar
pensando, mas eu não suporto Qi Rong me sufocando aonde eu vou, eu preciso de
espaço." Hong-Er pensava enquanto desfrutava de seus poucos momentos de
tranquilidade e a maioria deles era na companhia da princesa Dianxia.

Qi Rong, primo de Ana, filho bastardo do irmão de sua mãe, ele considerava a prima um
ano mais velha perfeita, uma obsessão cega pela prima, chegando ao ponto de perseguir
a menina quando ela cometia um pequeno erro, mas o primo da princesa não era só
irritante, ele também tinha uma pequena mania, que perturbava Hong-Er, ele era canibal,
tentando várias vezes usar desse seu pequeno hábito para se livrar do jovem
companheiro de sua prima, alegando que ele era um estorvo e obstáculo para a perfeição
da princesa. Porém, desde que Ana deixou o castelo para estudar com Hécate, Qi Rong
tem estado mais estranho do que o normal e isso fez com que Hong-Er ficasse atento às
próximas ações do bastardo primo de sua amiga.

-Bobo.- Ela disse enquanto respirava novamente o perfume natural dele, afundando a
cabeça nas madeixas negras do rapaz e pensando em como era gostosa a sensação de
carinho que ele transmitia para ela. Eles sabiam que não havia mais nada a ser dito,
matar a saudade já era mais do que o suficiente para ela, já para Hong-Er, não. Ele
sempre foi apaixonado pela menina, já ela, bem, Ana sentia algo pelo rapaz, mas não
sabia que era amor e isso fez os dois permanecerem como amigos e sem coragem de
avançar por parte do rapaz e sem percepção por parte da princesa e com isso, eles
adormeceram juntos, um em cima do outro, colados, entrelaçados, sonhando.
—------------------------------------------------------------------------------------------------
uma semana depois…

-E então para transformamos água em vinho é necessário manusear com calma a sua
energia divina e convergir delicadamente em vinho.- Hécate ensinava para sua turma de
prodigiosas princesas/semi deusas/sacerdotisas/rainhas e futuras Deusas, desde que a
Deusa grega após os olhos na jovem princesa Dianxia, ela teve certeza que a princesa
deveria em breve ascender aos céus e se tornar uma deusa, ela até mesmo suponha que
ela se tornaria a futura Imperatriz dos Deuses asiáticos e ela realmente desejava
sucesso a menina. Porém, havia um obstáculo que ela enxergava, Hong-Er, o rapaz, é
considerado um mal agouro para os Deuses e Hécate estava ciente disso, ela tinha medo
do rapaz, ela ainda se lembrava da profecia, “aquele que olho sangrento portar, a
verdadeira Calamidade se tornará.” Hécate sabia o significado disso, ela sabia que as
calamidades não apresentam verdadeiro perigo para os Deuses, mas foi dito há cerca de
16 anos atrás que a verdadeira calamidade nasceria e para identificá-la, bastava ver o
olho direito, o olho vermelho da cor sangue, as bordas do olho são negras como ébano e a
pupila branca contornada por preto e então depois que o verdadeiro poder desta
calamidade fosse libertada, ele ganharia orelhas pontudas, caninos afiados, o olho
esquerdo se tornaria idêntico ao direito e após a morte dele, ele passaria por provações
do submundo, que o fariam se fortalecer e se tornar um verdadeiro monstro, por onde
ele andar, uma trilha de sangue o seguiria e um símbolo de morte da nação dele o
seguiria.

-Mestra?- Ana disse. Tirando a Deusa de seus tenebrosos pensamentos sobre o jovem
que ela sabia ser o homem da profecia, mas ela não poderia dizer a ninguém, ela sabia
que a primeira atitude que Zeus, Odin, Ju Wun fariam, eles iriam mandar matar e isso
selaria por completo o horrendo destino que aguardava o jovem.

-Sim querida?- Hécate fez uma pausa antes de olhar para a dedicada pupila que já
possuía um total de sete cálices de vinho a sua frente, enquanto algumas alunas tinham
somente a metade de um copo cheio de vinho e a outra de água e outras alunas tinham
apenas explodido o cálice pelo uso excessivo de magia.
-Está… Tudo bem? A senhora parece distante.- A jovem feiticeira disse enquanto
semicerrava os olhos, curiosa para saber o que se passava na cabeça da mentora, mas
nada vinha a mente dela, apenas as provas práticas que a Deusa passaria no fim do ano,
isso com certeza era um possível pensamento na cabeça de sua mentora, ao menos para
Ana, era isso que a atormentava.

-Estava apenas pensando minha querida Dianxia.- Ela disse rápido antes que sua aluna
fizesse alguma teoria ansiosa e pensasse sobre o próprio comportamento até que ela não
aguentasse e contasse a princesa o que a atormentava, mesmo que ela tivesse certeza
de que não poderia dizer a aquela criança, principalmente sabendo que aquele jovem
agourento é seu intimo amigo.- Certo, aula encerrada, quem não me fizer uma
demonstração desse feitiço em perfeito funcionamento até semana que vem, pode ter
certeza de que não irá se formar aos quinze.- Hécate disse ríspida e com um olhar rígido
para as jovens que tinha apenas água derramada e cacos de vidro em suas mesas.

As alunas uma por uma saíram da sala, ansiosas para reverem seus lares, elas apenas
podiam voltar para seus lares em fins de semana, então quando o mesmo chegava elas
ficavam agitadas e dispersas. Ana por sua vez, apenas deu um longo suspiro antes de
arrumar seu dormitório e esperar na entrada da academia pelos dois generais/pais que
sempre a buscavam nos fins de semana, não foi difícil vê-los ao longe.

-Como pode ser tão idiota? Você fugiu da porra da mulher? Ela era só um demônio de
classe média!- Gritou Feng Xin enquanto andava em direção a porta, afugentando
algumas alunas que passavam perto do homem de 1,85, ele estava com as veias saltadas e
a respiração pesada, carregava uma expressão assustadora no rosto, da qual a jovem
Ana já estava acostumada.

-Ela esfregou a porra dos seios em mim!- Berrou Mu Qing de volta, o que era um
fenômeno raro, porque geralmente o Deus apenas revirava os olhos para seu
companheiro divino e bufava em resposta, mas quando se tratava do seu medo irracional
pelo gênero feminino era quase que garantido que ele não teria uma reação equilibrada, a
única criatura com o gênero oposto que Mu Qing conseguia criar afeto era Ana, que por
ele era considerada como filha. Os dois Deuses marciais amam a princesa como filha,
eles se sentem pais babões com frequência quando estão acompanhando a menina, mas
são orgulhosos demais para admitir isso.

-Vejo que os senhores já chegaram!- Ana disse cortando o clima estranho que havia se
formado entre os dois deuses.
-Como foi a aula? Em quem preciso bater? Você humilhou quantas bastardas hoje?
Destruiu com a matéria de criaturas mágicas? Continua treinando? Repito de novo, em
quem eu preciso bater?- Feng Xin soltou assim que os olhos dele foram em direção a
menina, ele segurou nos ombros dela, checando se estava bem, se alguém havia a
atormentado e se tinha sofrido algum dano pela prática de algum tipo de feitiço, poção,
reação alquímica ou qualquer coisa maluca que eles ensinavam naquela escola, era isso
que se passava pela mente do Deus, que agia como um pai coruja desesperado pela
resposta da menina.

-Você comeu? Comeu direito essa semana? Lembrou de trazer roupas quentes? Eu disse
que faria frio. Você tomou café? Já lhe disse para não pular essa refeição criança. Você
dormiu cedo? Você está com algumas olheiras. Estudou direito? Estude direito mas não
deixe de dormir por causa do estudo. Você treinou? Isso é importante para o seu
desenvolvimento. Trouxe remédios? Se você passar mal e não tiver trago os remédios e
morrer, eu te ressuscito e te mato de novo.- Bombardeou Mu Qing ao mesmo tempo que
o homem ao lado dele, embora o tom dele fosse arrastado e preguiçoso Ana já sabia que
Mu Qing era mãe dos dois e sabia que ele ficou realmente aflito com as perguntas que
ele fez.

-Eu estou perfeitamente bem! Não há porque se preocupar e sim eu treinei, não consegui
dormir muito bem por causa das práticas, são muitas e precisam ser executadas
perfeitamente para que não haja danos ao praticante e… Eu levei uma bronca da mestra
por perguntar se a criação de quimeras seria permitida essa semana, levei um “Nunca.
Mais. Me. Pergunte. Isso.” dela, mas fora isso estou bem na escola.- Ana disse enquanto
andava no meio dos dois pais que apresentavam reações diferentes ao último relato da
princesa. Feng Xin ficou branco, depois roxo e por fim vermelho vivo de raiva enquanto
Mu Qing apenas respirou fundo e revirou os olhos tão alto que suas pupilas sumiram para
dentro de suas pálpebras.

-Já disse para você criança, já aprendeu tanta coisa, por que diabos quer misturar
animais juntos? Com que intuito? Se tornar Selene? Lembra o que aconteceu com a
titânia? Poisé, se fudeu.- Mu Qing disse enquanto massageava as têmporas nervoso, ele
não gostava de falar em voz alta o nome da titânia, mas sabia que precisava, para dar um
exemplo e talvez um pouco de juízo na cabeça perturbada da criança que ele criava.

-Você fez o que porra? Perdeu o juízo? Quando você me disse que queria ser
macumbeira, eu falei, ok, levo ela para a escola de macumba, mas fazer aberrações
usando vários animais diferentes para fazer uma meleca biológica já não é demais não?
Merda! Vamos pensar um pouquinho não? Viu seu imbecil! Não disse que a buceta da
escola de macumba era uma má ideia! Mas você me ouviu? Não! Viu que buceta fedida
que a acabou a situação? É por isso que digo que sempre tenho a voz da razão!- Gritou
Feng Xin indignado para o homem ao seu lado que fuzilou o mesmo com um ódio
inexplicável.

-Voz da razão? Voz da razão minha bunda! Só se for a voz que vem do cu! Às vezes me
pergunto se você pensa com a bunda! Porque as ideias só são merda atrás de merda! Ou
já se esqueceu do presente de sete anos da Ana?- Mu Qing fez uma pausa dramática
para calar o outro Deus com uma das mãos enquanto com a mão livre aproveita para
massagear as têmporas.- Uma espada divina! Uma fodida espada divina! O meu presente
foi muito mais adequado! Dei Xie a ela! Uma fita espiritual quase indestrutível que possui
um espírito de luz guia e você? Você deu uma espada para ela!- Ele disse gritando e
finalmente liberando a boca do outro.

-Uma espada da qual ela batizou de Yu Lung! A garota adorou o presente! Tanto que até
hoje a espada somente responde a ela! Dei uma espada fiel que não aceitará outro dono
da mesma maneira, a espada sempre potencializa ao máximo o poder da nossa menina e
você ainda reclama! Porra! Seu ingrato fudido do caralho! Quer saber?- Ele esperou Mu
Qing responder sua pergunta, mesmo que ele ainda estivesse gritando.

-Eu gostaria!- Ele gritou de volta no mesmo tom que o companheiro. Mu Qing estava
levando a sério a situação em que Feng Xin o havia posto. Ele se aproximou do outro
homem apenas um pouco mais baixo do que ele (1,82). Porém ele se distraiu com uma
coisa, puxou uma das longas mechas do cabelo do cabelo negro e levou para perto do
nariz, essa atitude fez com que a expressão nervosa de Feng Xin sumisse para
curiosidade e duvida e fez com que a expressão de Feng Xin se suavizasse com o ato,
enquanto a pequena Ana que estava apenas observando se virou e continou seu caminho
em direção a carruagem real que estava apenas alguns passos de distancia, ela já sabia
que essa briga acabaria em boiolagem.

-Você mudou o perfume. Rosas brancas com hibisco?- Feng Xin disse enquanto acariciava
a madeixa de cabelo com cuidado e cheirava ela, sentindo o perfume delicioso do
companheiro adentrar pelo seu nariz.- Combina com você, está bonito.- Ele disse por fim
enquanto colocava essa mesma meixa de cabelo negro atrás da orelha e da pele leitosa
de Mu Qing, que continou com a expresssão de gelo e indiferença no rosto, soltando por
alguns instantes um sorriso de canto.
-Mudei esta manhã, pensei que um bruto como você não notaria.- Mu Qing disse por fim
enquanto ajeitava a gola do traje militar de Feng Xin. Ele por sua vez sorriu convencido
antes de segurar o companheiro pela cintura e puxar um pouco mais para perto.

-Eu sempre consigo perceber Mu Qing, minha percepção para perfumes é melhor do que
a sua.- Feng Xin disse enquanto sorria abertamente para Mu Qing que apenas revirou os
olhos antes de deixar um pequeno beijo nos lábios do outro e andar em direção a
carruagem com uma postura superior enquanto caminhava, nem parecia que os dois
estavam discutindo a segundos atrás.

A viagem para Xian Lee foi tranquila, Feng Xin dormiu o caminho inteiro e Mu Qing
tratou de entreter sua criança contando sobre os vacilos do pai com a espada, afinal o
forte do seu companheiro e general é o arco e flecha e não a espada, enquanto que Mu
Qing é o completo contrário, ele conseguiu sorrisos e risadas de Ana, que por fim
também acabou adormecendo no caminho, o que restou a Mu Qing apenas afiar a espada
e entrar vez ou outra na reunião dos Deuses (ideia para vc William, pode escolher
colocar ou não na sua novel), o que ele pode fazer com facilidade, porque todas as
reuniões eram feitas em um plano onde os Deuses somente poderiam acessar com a
mente, assim facilita a comunicação dos Deuses, para que eles não precisassem sair de
seus domínios para se reunirem, em casos raros, reuniões pessoalmente eram exigidas.

Ao chegarem a Xian Lee o caos havia sido instaurado, o que fez Ana e Feng Xin
acordarem pela movimentação e o caos do lado de fora da carruagem. Mu Qing logo
pediu para o cocheiro parar a carruagem, os três desceram e andaram desesperados em
direção a origem do barulho, não foi surpresa para nenhum os três quando eles viram Qi
Rong rindo como um louco em frente a uma poça de sangue enquanto segurava um longo
chicote tendo na ponta de sua corda uma espécie de uma longa lâmina de ferro. Os três
correram em direção ao rapaz com um semblante sombrio e aspecto sinistro, Ana o
segurou pelos ombros com uma expressão de pavor no rosto, ela não queria descobrir o
que aquilo significava e ela gostaria que a intuição dela estivesse errada.

-Qi Rong! O que você fez?- Ela disse se segurando para não gritar, mas a raiva presente
em sua voz e o desespero estavam mais do que óbvios.

-Eu dei um jeito no nosso pequeno problema priminha! Agora você fica mais calma!- Qi
Rong disse sorrindo abertamente para a prima que segurou a respiração por alguns
segundos antes de correr em direção a trilha de pingos de sangue deixadas no chão. A
jovem correu desesperada por entre a multidão, até que ela chegou a um antigo
santuário que foi montado para ela quando ela veio ao público pela primeira vez.
A trilha de sangue acabou na entrada deste templo, uma chuva forte começou ao lado e
deixou as roupas da jovem pesadas, o frio atingiu o corpo dela e ela foi obrigada a
entrar, cansada e com a cabeça cheia pela preocupação pelo amigo, ela andou dentro do
pequeno templo e escorou as costas na estátua de pedra que era a sua figura, respirando
fundo e sentindo as grossas lágrimas tomarem conta de seus olhos ela desabou ali
mesmo naquele templo, soluçando e gritando, suas emoções agora eram um misto de
raiva e tristeza, era realmente difícil descobrir alguma coisa que pudesse acalmá-la no
momento, porém seu lamento foi interrompido por grunhido de dor vindo dos fundos
desse pequeno e velho templo de madeira.

O rosto da jovem se fez em surpresa e preocupação ela se levantou rapidamente e


correu em direção ao barulho de agonia, seus olhos se arregalaram com a visão de
Hong-Er que se mexia nervosamente enquanto puxava as veste para frente com força,
fazendo com que o shenji ficasse justo em suas costas, ele estava estancando o sangue
das feridas em suas costas, como ele não podia alcançá-las o mínimo que podia fazer era
pressioná-las com o pano de suas roupas. Quando ele viu a princesa, primeiro seu rosto
se fez em confusão, depois ele se tornou surpreso e por fim ele também começou a
chorar junto dela, ela por sua vez foi mais rápida, se jogou para ele, arrancando a camisa
do corpo do rapaz e começando a usar magias de cura, ela concentrou todo o feitiço em
suas mãos, para que pudesse acariciá-lo e poupá-lo da dor dos ferimentos, ela sabia que
seria mais uma parte do corpo que seu amigo odiaria, mas ao menos, ela poderia
tranquilizá-lo do sofrimento dos primeiros dias da cicatrização.

Hong-Er usava vestes de segunda mão, ele vivia dizendo a Ana que não se importava de
usa-las e que já estava perfeitamente acostumado com as mesmas, seus cabelos são
negros como ébano, despenteados e rebeldes, sua pele palida como porcelana, metade de
seu rosto viviam tampado por bandagens, o lado direito, enquanto o lado esquerdo
mostrava um olho negro e afiado, porém não era possivel ver nada sobre aas emoções do
jovem, ele tinha um poker face invejavél, que geralmente portava um sorriso frio e sem
emoção em seu rosto, mas a princesa sabia muito bem como lê-lo, ela sabia que Hong-Er
só sobrevivia as violencias que eram direcionadas a ele nas ruas porque ele tinha sorte,
ela sabia que ele aprendeu a lutar espadas apenas observando soldados, ela sabia que ele
aprendera a ler sozinho e roubando livros da biblioteca, ela sabia como ele havia
começado a ganhar dinheiro apostando com homens mais velhos e ele nunca havia
perdido nenhuma aposta até agora, mas, ela não sabia dessas coisas porque ela o seguia,
ela sabia, porque ele havia lhe contado, porque ele confia nela e ela nele. E juntos, eles
passaram por mais uma adversidade e juntos eles a superariam.
30/11/135 A.C

-Não. Pegue dos nobres e dê para o povo. Distribua igualmente, entre nobres e pobres.
Estamos em guerra, não há tempo para luxos.- Ana disse enquanto checava novamente os
pergaminhos com os recursos do povo, ela checa pessoalmente cada uma das compras
que entra e sai de Xian Lee, garantindo com que os nobres não se enchem de mimos e
que o povo em sua maioria não passe fome. Nos últimos 10 anos Ana vinha suprindo um
papel importante, ela agora a Imperatriz de Xian Lee, Deusa Marcial, Literária e Médica
e Feiticeira Carmesim, ou como a chamam no mundo divino a princesa que empunha sua
espada enquanto segura uma flor Dianxia. Ana é amada e respeitada pelo povo, uma
Imperatriz no auge de seus 20 anos e com sua juventude eterna, Mu Qing e Feng Xin
não poderiam estar mais orgulhosos, porém como todo bom pai preocupado, os dois
rodeavam a princesa como corujas, sempre prontos para ajudá-la. Embora Ana estivesse
no auge de seu poder e habilidades ela não havia crescido muito, ela alcançou o porte de
1,55, mas estava deveras satisfeita com isso. Já Hong-Er havia se tornado um homem,
1,90, um soldado do excelente exército de Xian Lee, o melhor deles, os longos cabelos
negros foram presos em um rabo de cavalo alto, as bandagens em nenhum momento
deixaram seu rosto, mas ao invés de continuar com o rosto de um pobre rapaz, ele tem
agora um rosto bonito e invejado pela maioria dos soldados e homens do reino, mas
ninguém ousa confiar nessa raposa esperta, sendo ainda considerado como um mau
agouro e agora conhecido como um dos maiores apostadores de reino sempre há alguém
que quer a cabeça de Hong-Er em uma bandeja, mas agora, ele consegue revidar as
atrocidades que faziam com ele na mesma moeda.

-Sim majestade.- Os soldados disseram os soldados em solo. Logo todos haviam se


dispersado do salão de reuniões. Ana estava tensa, ela sabia do peso que uma guerra
teria e ela tinha certeza que não seriam bons os resultados.

-Meimei, precisa de ajuda com algo?- Hong-Er perguntou, seu tom de voz beirando
provocação, o que fez Ana dar um pulinho pelo susto repentino e logo em seguida sorrir
fechado com o ato idiota do amigo.

-Não Gegê, eu passo.- A princesa disse sem olhar para o homem atrás dela e continuar
escrevendo e checando a enorme papelada do reino, havia muito o que se resolver e ela
sabia o quão prejudicial seria para seu povo, a ansiedade beirava seu estômago e seus
ombros se tencionaram Hong-Er percebeu rapidamente do que se tratava e massageou
os ombros tensos, esse ato repentino fez com que Ana se arrepiasse por inteiro.
-Princesa, o que está acontecendo? Os superiores me deixam de fora de todos os
assuntos, Mu Qing e Feng Xin parecem estar a beira de um colapso, o que está
acontecendo?- Hong-Er perguntou sutilmente a Ana, que olhou para ele profundamente
antes de suspirar cansada e massagear as fundas olheiras em seus olhos, ela estava
cansada, quem não estaria? Faziam meses que ela tentava atrasar o inevitável e as
coisas pareciam cada vez mais próximas de explodir.

-Os Lang estão insatisfeitos, não há muito o que fazer, Lian e Lang, sempre houve
conflito nessas duas famílias reais, mas dessa vez, com o poder de fogo que eles estão
juntando por debaixo dos panos, temo que uma guerra civil seja inevitável, não desejo de
forma alguma partir para a violência, mas eu estou começando a achar que está será
infelizmente a única solução.- Ana disse enquanto sentia a cabeça doer e o corpo pesar,
a tensão dessas situações estavam a matando, não havia mais o que ser feito, apenas
respirar fundo e desejar que tudo acabasse bem, por mais que ela já havia previsto o
pior dos cenários possíveis. Hong-Er olhou para ela curioso, havia algo interessante
nessa guerra, mesmo sendo um homem ele nunca conseguiu confiar na sua própria
espécie, os seres humanos, após os eventos traumáticos passados com sua mãe e seus
dois irmãos mais velhos, o rapaz não via mais razão para confiar em pessoas, ele não
podia mais contar nos dedos a quantidade absurda de atentandos contra sua vida e ele
sabia melhor do que ninguém que se ele baixasse a guarda ele seria morto, de um jeito
ou de outro, esta guerra era apenas mais uma prova do que ele acreditava, que a
humanidade não possuía mais salvação e que qualquer pingo de esperança devia ser
cortado pela raiz, ele simplesmente não conseguia entender em como Ana conseguia ser
tão boa e paciente com as pessoas, raros eram os momentos em que ele via a princesa
explodir, ele sempre acaba deduzindo que seu incrível autocontrole veio de sua rígida
educação e ele não estava errado.

-Se a guerra for inevitável, saiba que eu estarei aí ao seu lado.- Hong-Er disse
determinado, ele sabia que por mais que Ana negasse, era o que ela mais precisava ouvir.

-Se a guerra for inevitável, não te quero no campo de batalha.- Ana disse seca e firme,
essa resposta surpreendeu Hong-Er, de todas as coisas ele não esperava que ela
disse-se isso, ainda por cima sem olhar em seus olhos, ela estava focada, precisava
pegar de urgência suprimentos para os soldados, os devidos armamentos e usar Yut Lung
e Xie, não havia escapatória, se ela não estivesse presente na guerra as consequências
seriam fatais.

-Ana.- Ele disse suplicante, ele não queria deixá-la sozinha, ele precisava ouvir que isso
que ela estava pedindo não era verdade, ele precisava ouvir que ela não queria lidar com
tudo sozinha, eles sempre se ajudarão, não importa o momento, ele dava suporte a ela e
ela a ele, sendo sinceros um com outro, sendo carinhosos, mas nunca deixando com que o
outro pensasse que deveria fazer tudo sozinho, que deveria dar a vida um pelo outro
sozinho.

-Não. Isso já foi decidido soldado, volte a seu posto.- Ela disse cortando ele por
completo, era isso, ela ergue barreiras, geralmente ele conseguiu derrubá-las, mas ele
não iria insistir, ela nunca havia se referido a ele por títulos, muito menos sabendo que
ela o tratava como igual, mesmo ele sendo apenas um plebeu e ela sendo atualmente a
Imperatriz e ele apenas um soldado, ele sentiu o peso que essas palavras tinha.

-Sim, Vossa Majestade.- Hong-Er disse simples e inexpressivo, se retirou do enorme


salão de reuniões, deixando para trás uma princesa completamente perdida e
desesperada pensando no que poderia acontecer com o futuro de seu reino e das
pessoas que moravam lá.

Então, como se fosse em um passe de mágica, ela apenas juntou o dedo indicador com o
dedo do meio, fazendo um gesto similar com uma pequena pistola, ela colocou na cabeça
e fechou os olhos, focando em seu objetivo. Quando ela abriu os olhos ela não estava
mais no elegante salão de reuniões de seu palácio e sim, em um enorme salão elegante,
com espécies de sacadas, cada uma delas era construída com a respectiva cultura do
Deus pertencente a ela. A de Ana por sua vez era uma mistura de uma sacada com
colunas romanas, flores de cerejeira e uma cortina azul marinho que a protegia da vista
de olhos curiosos, uma mistura equilibrada de seus descendentes.

Ana estava com a espada devidamente presa em uma espécie de cinto própria para suas
vestes femininas, ela apertou bem a borla de Yut Lung, fazendo a espada se encaixar
perfeitamente em sua bainha. Então com suaves passos ela abriu as cortinas de sua
sacada e observou os poucos Deuses que estavam presentes nesse horário. Zeus, Jun
Wu e Mu Qing.

-É um prazer vê-los senhores.- Ana disse em uma reverência calma e bem controlada,
baixando os olhos em um timing perfeito com sua elegante reverência. Mu Qing quase
não pode controlar a expressão de pai orgulhoso, ele deu sorriso de canto e fechou os
olhos enquanto acenava sutilmente a cabeça.

-Ora! Aí está justamente de quem nós estávamos falando! Princesa Dianxia! É prazeroso
revê-la! Vejo que está se tornando uma bela mulher.- Zeus disse cortez enquanto abria
seus braços receptivos para a jovem Deusa, que apenas deu um sorriso fechado.
-Mande meus cumprimentos a sua esposa.- Ela fez questão de lembrá-lo, deu-se uma
pequena pausa pela lembrança da jovem princesa, mas a mesma quebrou se pronunciando
novamente.- Vossa Majestade me dá um momento?- Ana se curvou novamente enquanto
se referia a Jun Wu, que sorriu fechado para a jovem criança antes de acenar
positivamente com a cabeça.

-Diga minha querida.- O imperador disse simples, enquanto esperava a resposta da


jovem princesa.

-Gostaria de saber uma possível solução para os meus problemas, estamos à beira de
uma guerra e- Ana foi cortada quando Jun Wu levantou a mão para silenciar a jovem
mulher. Ela olhou para ele por alguns instantes antes de abaixar sua cabeça e esperar
pela palavra do Imperador.

-O que você me disse antes de ascender aos céus?- Jun Wu disse solene, enquanto
esperava a resposta da princesa, ela já estava na ponta da língua.

-Corpo no abismo, coração no paraíso.- Ana disse sincera e olhando para ele, Jun Wu por
sua vez acenou a cabeça de maneira solene e agradado, por fim sorriu.

-Está aí sua resposta.- Jun Wu disse isso e depois saiu. Sem dizer mais nenhuma
palavra, deixando todos a volta confusos, Mu Qing revirou os olhos e massageou as
têmporas, Zeus apenas riu, achando aquilo uma grande piada enquanto Ana apenas
observou confusa e frustrada o Imperador se afastar, como diabos isso a ajudaria? Ele
queria que ela sacrificasse seu povo? Afinal o abismo é o domínio dos mortos, mas quem
vai em paz tem seu coração no paraíso, mas como o que isso quis dizer? O que ele queria
com isso? Ela ainda se lembrava da última vez que ela disse isso, foi quando ela selou
uma irá maligna que devastou a população de duas cidades que eram ligadas por uma
ponte, após ela destruir o espírito, ela plantou uma árvore onde ele havia sido derrotado,
quando Jun Wu veio ver o que havia acontecido lá estava a princesa apenas plantando
sua árvore com calma, quando o imperador perguntou a princesa apenas respondeu:
"corpo no abismo, coração no paraíso."

Depois da enigmática reunião com o imperador, foi exigido pelos nobres que uma festa
fosse dada no salão do palácio, Ana por sua vez pensou que seria uma boa forma de
despedida da fartura e festança, então ela apenas respirou fundo antes de planejar a
enorme e farta festa, quando os preparativos foram iniciados todos no palácio não podia
estar mais felizes, rindo e brincando o quanto podiam, mas eles sabiam o que os
aguardava depois da festa, era como se o inimigo também aguardasse o momento
perfeito, mas Ana já sabia que assim que a festa se encerra-se, alguma coisa ruim iria
acontecer e ela já esperava que fosse um ataque dos Lang.

Ao entrar no salão vestida com um de seus vestidos mais bonitos, Ana apenas sorriu e
continuou a perambular pelo salão animadamente, ela precisava mostrar pelo menos
nesta noite que estava bem e revigorada, não podia deixar o povo mergulhar no caos
antes do previsto. Mu Qing e Feng Xin estavam sempre andando ao lado de Ana, um
pouco mais atrás, às vezes provocavam a si mesmo, de vez enquanto provocações
amigáveis, outras vezes eram apenas pequenas brigas e por fim provocações um pouco
inadequadas para o momento. Hong-Er estava de guarda nesta festa, ele deveria estar
atento no ambiente e nas pessoas, mas seus olhos estavam acompanhando a delicada e
deliciosa silhueta que se destacava no salão, ele estava preocupado, mas ele sabia que se
saísse de seu posto agora levaria uma bronca de seus superiores, que no momento
estavam logo atrás da Imperatriz, mas Hong-Er sempre foi um homem atrevido e logo
deu uma pequena escapulida de onde ele estava e na mais plena naturalidade ele "roubou"
a princesa pela cintura a levando para uma dança improvisada e de última hora no salão.

-Princesa, me desculpe.- Hong-Er disse baixo, apenas para a princesa ouvir enquanto
girava ela pelo salão em uma dança sincronizada e tranquila, Ana sempre usava o rapaz
como parceiro de dança, principalmente em treinos, então os dois já estavam
praticamente programados para isso.

-Não há com que se preocupar, desde que eu não o veja em um campo de batalha e
empunhando uma espada.- Ana disse firme enquanto sentia o aperto em sua cintura se
tornar firme, mas não ao ponto de causar dor a ela. Ele não olhou nos olhos dela, apenas
desviou o olhar, observando os convidados com calma, ele já tinha uma perfeita desculpa
para usar pela falta de contato visual, então Ana resolveu não insistir no assunto.

-Eu imagino que teremos a situação do campo de batalha em breve.- Hong-Er disse em
baixo tom enquanto olhava para Ana finalmente, quando os olhos negros se encontraram
com os olhos verdes, as emoções já não podia ser escondidas mais, Ana, estava ansiosa,
nervosa, estressada e cansada, Hong-Er estava preocupado, bravo, curioso e tenso, as
emoções dos dois se assemelham em vários pontos, mas apartir daquele momento,
nenhum dos dois admitiria que gostaria que o outro não fizesse nada e ficasse apenas em
segurança, a teimosia dos dois era perceptível, mas eles pareciam cegos para a mesma.

-Se fato. E eu imagino que você ficará de guarda nos portões quando isso acontecer.-
Ana disse enquanto segurava no ombro dele, sentindo a mão ser firme na cintura, ela
deitou a cabeça no peito dele, sentindo o coração batendo em compasso com a lenta
valsa que estava tocando na festa.

-Se isso acontecer eu irei cumprir meu dever e ficar nas linhas de frente em campo de
batalha.- Hong-Er disse cortando completamente a linha de raciocínio da princesa,
deixando ela frustrada e completamente revoltada com essa ideia. Ele por sua vez
sorriu, enquanto girava com ela com uma precisão perfeita e delicada.

-San Lang! Você sabe que não pode fazer isso!- Ana disse em um tom irritado, chamando
Hong-Er pelo nome, ela sempre o chamava pelo nome, o menino que foi batizado de San
Lang, nunca realmente foi chamado por esse nome, sempre sendo chamado por Hong-Er,
um apelido maldoso dado por seus irmãos que logo foi adotado por sua mãe, "olho
maldito" esse é o significado de Hong-Er, o rapaz desistiu a muito tempo de corrigir as
pessoas sobre seu verdadeiro nome, mas sua querida princesa teve a delicadeza de
descobrir seu verdadeiro nome e se reverir a ele sobre esse nome.

-Sim, eu poderia e eu posso, porque este é meu dever como soldado e perante ao trono.-
Hong-Er disse firme enquanto chocava os dois um contra o outro, seus rostos estavam
frente a frente, uma expressão contrariada no rosto de Ana, uma expressão
desafiadora no rosto de Hong-Er.

-Seu juramento perante ao trono é direcionado para mim. Não há motivos para você me
desobedecer eu sou sua imperatriz.- Ana disse em uma tom firme enquanto girava nos
braços de Hong-Er, segurava sua mão e se lançava um pouco mais longe dele, mas ele
manteve sua mão bem segurada e a trouxe de volta ao seu encontro, fazendo com que as
palmas da mãos de encontrassem e eles fizessem uma dança trocando as mãos onde as
palmas se encontravam.

-Mas devo-lhe lembrar majestade que meu dever como soldado é morrer em nome de
sua alteza e então não há motivos para não estar presente no campo de batalha.-
Hong-Er disse com firmeza enquanto continuava guiando a dança. Eles estavam
sincronizados embora as emoções estivessem em conflito.

-Mas então você estaria descumprindo o juramento que você fez comigo, não
misturarmos nossa relação pessoal com o trabalho, porque isso não deixaria nosso
relacionamento saudável, alguém sempre seria submisso na nossa relação.- Ana disse
com firmeza, furiosa com a atitude e os bons argumentos do rapaz, ela sabia que o que
ele estava fazendo não estava certo e ela não deixaria que ele morresse em campo de
batalha.
-Então você já está errada desde o começo princesa, afinal, foi você quem deu uma
ordem de para mim primeiro no fim das contas.- Ele disse desafiador quando a dança
chegou ao fim, as respirações estavam misturadas, as testas estavam coladas, eles
podiam ouvir o coração um do outro batendo quando a música acabou de tocar, Hong-Er
estava com uma expressão de vitória, ele havia vencido a discussão e Ana estava furiosa,
ela não permitiria isso.

Então ela se separou dele e começou a tomar seu rumo em outra direção, ele riu achando
graça da atitude da princesa, ele sempre acha maravilhoso quando a deixava irritada e
sabia que após ela esfriar a cabeça eles se resolveriam. Mas Ana parou no meio do salão,
algo estava errado, Mu Qing e Feng Xin que até então estavam se provocando também
perceberem algo, Hong-Er foi o último dia três a perceber mas sua reação não foi menos
atrasada.

-Todo mundo para baixo!- Hong-Er gritou em um tom de voz autoritário e por incrível
que pareça todos naquele salão de baile obedeceram e se jogaram no chão ele sacou sua
espada de ferro assim que se abaixou, Ana, Mu Qing e Feng Xin fizeram o mesmo, mas
foi tarde demais, até que todos os vidros do salão de baile foram quebrados ao mesmo
tempo. Flechas repletas de fogo começaram a queimar as cortinas e tapetes do elegante
salão.

Gritos podiam ser ouvidos por todo o salão, vários soldados começaram a se posicionar
em posição de defesa e logo o palácio foi começando a ser evacuado, as pessoas corriam
em pânico, gritando desesperadas, mas felizmente todos conseguiram sair, às ruas já
haviam sido dominadas pelos soldados dos Lang, tudo estava um caos, Ana logo se pôs em
frente aos seus soldados e então se iniciou a batalha. A cidade estava toda em chamas,
os gritos ouvidos só poderiam ser descritos como horripilantes, homens caindo no chão
mortos, civis sendo massacrados por soldados, gritos e choros de crianças.

Xian Lee estava em chamas, Ana tentava maximizar seu poder de cura, enquanto
manuseava Yut Lung e Xie ao mesmo tempo, enquanto Xie flutuava pelos céus dos
campos de batalha destruindo pescoços e perfurando crânios como uma flecha, enquanto
Yut Lung era manuseada habilmente por sua portadora, destruindo soldados e evitando
mortes de seu povo. Hong-Er não estava muito atrás, ele defendia a retaguarda da
princesa e manuseava sua espada com perfeição e equilíbrio, mas por não conseguir
cultivar energia espiritual ou pura, ele estava tendo um pouco de dificuldade para conter
alguns soldados.
A guerra parecia certeira, os Lian levariam a vantagem, a princesa estava lidando muito
bem com a situação, fazendo com que a maioria dos soldados fossem curados antes que
as feridas se tornassem sérias demais. Mas enquanto ela lidava com alguns enormes
soldados inimigos, 100 flechas foram direcionadas em sua direção, um artefato divino
adquirido de forma injusta pelos Lang, quando a princesa Dianxia percebeu que as
flechas vinham em seu encontro já era tarde. Ela fechou os olhos esperando para
receber as flechas e se fazer uma cura rápida com Xie e prosseguir a batalha.

Mas então. Ela não sentiu nada. Ao abrir seus olhos, a visão que ela viu foi a pior delas,
Hong-Er havia levado todas as flechas por ela, antes de tombar ao chão ele deu uma
última olhada na pessoa mais importante da sua vida, sorrindo ao ver que ela estava bem
e saudável, para ele, esse era um dos auges de sua vida, proteger a quem a ama, ele
sorriu para ela antes de tombar no chão força, sentindo seus últimos fios de vida
deixando seu corpo, ele ainda tinha alguns minutos.

O grito de pavor que saiu dos lábios de Ana calou por alguns segundos todos naquele
campo de batalha, aquele som representava o mais puro sofrimento, ela começou a
chorar e gritar se agarrando ao corpo de Hong-Er, que agora parecia mais uma palheiro
do que o corpo de um homem. Ela começou a soluçar, chorar e gritar, ao se levantar
olhando para as mãos repletas de sangue, ela recebeu o golpe mais baixo da história,
uma espada havia sido enfiada pelo meio de seu estômago, agora, ela tinha uma espada
atravessada pelo meio de seu corpo o sangue dourado escorria da lâmina da espada e
uma forte energia divina arremessou todos os soldados inimigos para longe, os céus
desabaram a chover, deixando o clima mais sombrio e escuro do que ele já estava.

Hong-Er que estava quase dormindo e entrando em um sonho do qual ele sabia que não
poderia sair ao ver essa cena de encheu de adrenalina. Ele se levantou com esforços e
também começou a gritar sentido toda a raiva e frustração dele tomar conta de seu
corpo, algo que estava guardado dentro dele pareceu despertar e uma aura escura
tomou conta de seu corpo, ele pegou a espada que antes estava deixada de lado no chão
e com um movimento certeiro golpeou o homem que havia ferido Ana, a energia que
antes estava fixa na espada começou a se espalhar pelo corpo do soldado e mãos gritos
puderam ser ouvidos, a guerra continuou em um ritmo alucinante, o povo motivado pelo
atentado a sua Imperatriz começou a lutar de maneira mais brutal e feroz.

Hong-Er pegou o corpo da princesa em seus braços e com esforço se arrastou para longe
do campo de batalha, encontrando algum beco escuro e esquecido pelos soldados
inimigos durante a batalha ele repousou o corpo da princesa na parede, sentindo o
próprio corpo amolecer, ele percebeu que tinha pouco tempo, pegou algumas ervas
medicinais que ele havia deixado em suas vestes em casos como esses e envolveu em Xie,
que os acompanhava flutuando e trazendo consigo a espada de Ana. Ele despiu o torso da
princesa, sentiu seu corpo pesar e seus movimentos ficarem mais lentos, sentiu suas
roupas ficarem molhadas com algo, mas ele não deu importância. Terminando de enfaixar
o torso de Ana, ele deixou um beijo em sua testa, sentindo seu corpo dar seu último
suspiro de vida após esse ato, caindo morto e consequentemente escondendo do corpo
ferido e em estado de recuperação de Ana.

O tempo passou, a guerra acabou com um final positivo para o povo de Xian Lee, ele
conseguiram subjugar os Lang, graças às poucas perdas pelo poder divino de cura da
princesa, quando a batalha acabou Mu Qing e Feng Xin se puseram a procurar a princesa
e quando a acharam se surpreenderam com a cena, eles a levaram para o palácio, para
receber cuidados médicos ainda desacordada, mandaram alguns homens cremaram o
corpo sem vida de Hong-Er, eles ficariam encarregados de dar a notícia, quando Ana
estivesse acordada.

Dois longos dias se passaram, até que Ana finalmente acordou.

-Onde está Hong-Er?- Foi a primeira coisa que a princesa perguntou para os dois homens
a sua frente, Mu Qing e Feng Xin se entreolharam, nenhum dos dois queria dizer tais
palavras, mas isso apenas deixou a princesa mais ansiosa, ela fez questão de se levantar,
mas sentiu a dor dilacerante em seu abdômen, Ana mordeu os lábios pela dor, e então se
ajeitou na cama antes de perguntar mais uma vez.- Onde está Hong-Er?- Ela perguntou
com firmeza, seus olhos lacrimejando, com medo da resposta, Feng Xin apenas olhou
para o chão calado e Mu Qing respirou fundo e impaciente, ele teria que dar a notícia.

-Ele está morto.- Ele disse em um tom de voz inexpressivo, mas ele fechou os olhos com
força, quando ouviu sua menina gritar, gritos de dor, de tristeza, gritos sinceros que
quebraram até a pessoa mais indiferente se ouvisse o sofrimento da princesa. Mu Qing
já sabia que o rapaz durou mais do que todo o povo esperava, quando ele nasceu, todos
do reino já sabia da criança agourenta e então quando a mãe desse menino resolveu
levá-lo a um padre, todo o reino ficou sabendo da resposta, de acordo com o religioso o
rapaz viveria apenas 18 anos de sua vida e que ele não foi abandonado ou deixado para
morrer nas ruas porque ele era absurdamente sortudo. Mu Havia presenciado essa sorte
sobrehumana diversas vezes nos campos de treino e missões que ele atribuía para o
garoto então não foi uma surpresa que ele viveu 21 anos ele viveu quatro anos a mais do
que o previsto um marco e tanto para um homem que desde de seu nascimento havia sido
condenado.
Semanas foram se passando e o luto de Ana a impediu de governar, ela estava
deprimida, não comia, não bebia, não treinava, não fazia feitiços, ela usava apenas roupas
brancas, uma demonstração forte de seu luto, andando para todos os lados se
arrastando com se ela fosse a própria morte, o povo sentiu pena de sua amável
governante e Mu Qing e Feng Xin não sabiam mais o que fazer para tentar reverter essa
situação. Ana passava suas manhãs indo no cemitério, velando pessoalmente as almas das
pessoas que haviam morrido na guerra. Ela estava desolada.

Mas em uma dessas suas visitas, ela viu um fantasma, fraco e tremeluzindo vagando pelo
cemitério, ao se aproximar dele Ana viu que ele se agitou com sua presença, mas não foi
por medo, ele apenas rodeou o corpo dela, fazendo com que a luz azul dele iluminasse o
rosto pálido e sem vida da jovem princesa.

Ela tocou ele com cuidado, antes de desabar no chão, chorando aflita e perdida, ela
sempre odiou despedidas e essa não seria diferente, ela teve que se separar de
Hong-Er, ela teria que se reconstruir novamente, pedacinho por pedacinho até que
estivesse pronta novamente para fazer qualquer outra coisa, mas ela sentia que havia
alguma emoção relacionada ao seu falecido amigo que ela não conseguia decifrar. O
pequeno fantasma a enfiou no meio de suas mãos a assustando e a fazendo parar de
chorar. Ela olhou para ele curiosa e então ele se afastou de suas mãos, brilhando à
frente dela, ela seguiu o pequeno fantasma vendo até onde ele a levaria.

Adentrando pela enorme floresta, ela foi levada até uma enorme clareira, nela havia
algumas antigas lanternas de pedra, acesas pela fragmentação do corpo desse pequeno
fantasma, quando ela olhou para frente, ela viu o mesmo velho templo onde havia cuidado
das feridas de Hong-Er há cinco anos atrás. Ela entrou no templo acompanhada pela luz
azul do pequeno fantasma, vendo tudo que havia lá dentro, quando ela deu um sorriso
nostálgico a luz do fantasma começou a se desfazer aos poucos, ele havia cumprindo sua
missão. Isso devia ser por causa de sua forma fraca, Ana sentiu pena por ele, mas ficou
grata pela pequena e bonita atitude de tal espírito.

Ao voltar para casa ela foi surpreendida por Hécate, ela estava tomando chá junto de
seus generais, que quando a viram a olharam de maneira ansiosa, Ana sabia que algo
estranho estava acontecendo com eles, e ela estava disposta a descobrir, principalmente
se envolvia a presença de Hécate, ela sabia que a Deusa apenas fazia visitas quando era
realmente sério ou necessário.

-Mestra? O que faz aqui?- A princesa perguntou com cautela, sentido uma suave
ansiedade surgir em seu peito, com medo do que estava acontecendo se fosse mais uma
guerra ela não sabia como poderia lidar e muito menos administrar as exigências do
povo, ela não estava conseguindo agora, o que seria de mais uma guerra acontecesse?
Seria um enorme caos e não seria apenas no reino, seria em sua cabeça também.

-Minha querida Dianxia, sente-se.- Hécate disse solene enquanto indicava um assento ao
lado dela na mesa.- Tenho uma proposta para te fazer.- Ela disse em um tom tranquilo e
profundo. Ana levou aquilo muito a sério e se sentou de maneira elegante ao lado dela,
quando Hécate começou a falar, Ana manteve sua expressão seria e neutra no rosto, a
proposta dela era absurda, ela sabia disso, Mu Qing e Feng Xin estavam ansiosos, eles
deixaram claro que por mais absurdo que fosse a proposta, ela seria benéfica para Ana,
ela acreditavam nisso, Hécate reforçou que isso seria para protegê-la, ela queria isso
por mais um motivo, aquela profecia que a atormentava sempre que se lembrava do
envolvimento de sua protegida com o mau agouro essa era a chance dela, de proteger
Ana disso tudo de uma vez por todas.

Ana ficou um longo momento em silêncio, todos estavam começando a pensar que
fizeram essa reunião em vão, ela pensou em várias coisas naquele momento, ela sabia de
diversos motivos para aceitar e negar essa proposta absurda, mas havia algo nela, que a
fez pensar que talvez, essa proposta realmente não fosse tão absurda assim, ela olhou
para Hécate com firmeza e sorriu amarga antes de responder.

-Certo. Me faça esquecer dele. Me faça esquecer de San Lang.


—---------------------------------------------------

Extra:

Hécate: *batendo os pés no chão e olhando com uma carranca para o Hong-Er que estava
pulando a janela* Com licença.

Hong-Er: *olhando com um sorriso inocente enquanto como se não estivesse pulando a
janela* Oi tudo bem vossa divindade da magia.

Hécate: *fuzilando ele com os olhos* volte para casa ou eu mesma te jogo pela janela.

Hong-Er: *engolindo em seco e escorregando pela corda até o chão*

No fim das contas Ana ficou copiando runas antigas até tarde na biblioteca e Hécate foi
ao quarto no lugar dela, resultado, Hong-Er não fui seu princesa.
—---------------------------------------------------

Você também pode gostar