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JACIANA MOURA MAGALHÃES

A EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO CAMINHO PARA A QUALIFICAÇÃO DO


SUAS: A EXPERIÊNCIA DO CAPACITASUAS NA PARAÍBA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Serviço Social da Universidade
Federal da Paraíba como requisito à obtenção do
título de mestre em Serviço Social.

Orientadora: Profª. Dra. Maria Luiza Amaral


Rizzotti

Coorientadora: Profª Dra. Maria do Socorro de


Souza Vieira

JOÃO PESSOA/PB
2019
JACIANA MOURA MAGALHÃES

A EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO CAMINHO PARA A QUALIFICAÇÃO DO


SUAS: A EXPERIÊNCIA DO CAPACITASUAS NA PARAÍBA

Aprovada em: ______/______/______

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________
Profª. Dra. Maria Luiza Amaral Rizzotti
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFPB
(Orientadora)

___________________________________________________________________________
Profª Dra. Maria do Socorro de Souza Vieira
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFPB
(Coorientadora)

___________________________________________________________________________
Profª Dra. Maria Aparecida Ramos de Meneses - UFPB
(Membro interno)

___________________________________________________________________________
Profª Dra. Edna Tania Ferreira da Silva - UFPB
(Membro externo)
A elas
Meu começo e meu “fim” – meu recomeço.
Sobre a graça da viva, a quem devo e a quem dei.
Dália e Ana das flores.
Minha colheita diária de esperança e coragem é inspirada em vocês,
que amam os jardins como quem sabe que lá está o maior exemplo de sabedoria.
As flores nos ensinam a crescer na adversidade, florir no tempo certo, morrer
E, sobretudo, RECOMEÇAR.
AGRADECIMENTOS

Entrar na faculdade: uma vitória rumo à liberdade. Se especializar na mesma


faculdade, o resultado de persistência e muito esforço. Alcançar o mestrado, a realização de
um grande sonho. Não somente uma conquista pessoal, mas um sentimento de poder
contribuir mais por me capacitar à viver no meio acadêmico algumas experiências que mais
me realizam profissionalmente: ampliar conhecimentos, estimular a reflexão e trocar
experiências.
Sou como uma colcha de retalhos, com pedacinhos de todas as cores, e costurada com
linha forte, que dá sustentação a cada peça que se agrega, passo a passo, ponto a ponto, até
chegar ao seu destino. Não sei ser sozinha e trago em mim os frutos das relações que
estabeleci nas estradas dessa vida; dos que precisaram partir, dos que passaram, dos que
decidiram ficar... Cada retalho uma pessoa, cada uma com sua contribuição que, não tenho
dúvida, foi fundamental para me construir como gente e como profissional. Amparada pela
misericórdia de Deus, nunca estive sozinha.
Gratidão ao meu Deus de amor, em Seus anjos e em Seus santos, que me amparam e
me protegem incondicionalmente.
A minha mãe, Eudália, que além de ter me dado a oportunidade de viver, me conduz
na difícil tarefa de estar viva, ao ser exemplo de força com serenidade, de inteligência
emocional em meio ao caos, de perdão diante da dor, de amor paciente e incondicional e de
SABEDORIA, que é a sua mais bela marca. Cada pétala das flores que me deu, cada conta do
seu rosário se transformou em anjos que cuidam de mim depois que saí de casa. Te amo, mãe!
A minha filha Ana Laís, o sentimento mais lindo... Meu amor, a minha dívida é
imensa, mas mamãe ainda vai ouvir você substituir “tô com saudade e vem me buscar”, por
“obrigada por ter feito isso por mim”. Te amo, meu amor! No coração GIGANTE!
A toda minha família e, em especial, meu pai Ramildo, minha Inha, meus Vera, Aldo e
Vona, irmãos que representam meu porto seguro, como se fossem navios ancorados em outros
mares, prontos para desatracar ao menor sinal de socorro. Carinhosamente, também agradeço
ao meu sobrinho José Lúcio, que tem sido um companheiro nessa etapa da minha vida.
De forma muito afetuosa, agradeço imensamente a minha eterna sogra e amiga dona
Nete, que, com muito amor e dedicação, cuida da minha filha. Vovó, você me proporcionou a
paz que eu mais precisava nesse momento. Serei eternamente grata!
Às irmãs que a vida me deu, Sof, Jú e Clô, pelo casamento de 20 anos que tem
resistido a todas as tempestades e se fortalecido ao longo dos anos em afeto, companheirismo,
cumplicidade e amor incondicional. Cada uma do seu jeito, no seu canto, na sua luta diária, no
seu tempo... “Nossas digitais não se apagam das almas que tocamos”. Através de Paty com
quem estabeleci uma relação de muito amor e respeito, agradeço aos amigos que foram
chegando depois e me completando. O que seria de mim sem vocês? Não teria vivido mais
esse ciclo. Gratidão!
Aos trabalhadores do SUAS, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano,
minha equipe de trabalho, meus amigos que tanto contribuíram para conclusão desse
mestrado. Através de vocês tento me perceber e melhorar a cada dia. Em nome da minha filha
de coração Jacy, agradeço a oportunidade da nossa convivência. Perdão pelas falhas. Amo
vocês!
A Secretária de Estado do Desenvolvimento Humano, que embora esteja na função
máxima de gestão da assistência social da Paraíba, é para mim, exemplo de humildade,
coragem e dedicação. Obrigada, Neidinha, pela confiança e incentivo diário, sobretudo, o
apoio para conclusão desse mestrado.
A minha turma de mestrado que dividiu comigo momentos de muito aprendizado, em
especial Ediclê, Getúlio, Karol Freitas, Lú Paiva, Lú Oliveira e Alê que tanto me apoiaram na
difícil tarefa de estudar trabalhando. A certeza que podia contar com vocês foi fundamental
para essa conclusão. Obrigada!
À professora Cida, que me deu a oportunidade de ocupar na SEDH espaços
importantes e gerenciais, como expressão da confiança no meu compromisso com a minha
profissão e com a política da assistência social, me proporcionando crescer profissionalmente.
Também sou grata por ter sido a maior incentivadora, para que eu ingressasse nesse mestrado.
A senhora é, para mim, um grande exemplo de força, superação, e, sobretudo, de coragem.
Em nome de todas as famílias da Paraíba que encontram na senhora a esperança de dias
melhores. MUITO OBRIGADA!
À professora Edna, minha eterna orientadora. Como foi importante a sua presença na
minha graduação, na especialização conquistada com seu imensurável apoio e, agora, no
mestrado. Da faculdade para a vida. Te admiro pela perfeição de suas execuções, sempre
muito dedicada. É uma referência para mim. Obrigada pela sua amizade que transcende a
nossa relação acadêmica e profissional.
À professora Socorro, coorientadora e amiga, minha imensa gratidão. O objeto desse
estudo nos uniu, tive a honra de estar na coordenação do CapacitaSUAS com a senhora, uma
experiência única. Dividimos muitos momentos, chegamos à exaustão. Aprendi muito! Tenho
a consciência da sua importância nesse processo e o resultado não poderia ser outro. Admiro
demais a sua dedicação ao trabalho, sempre muito bem planejado, organizado e alinhado.
Acho máximo! Obrigada pelo carinho de sempre. Quero muito bem a senhora. Obrigada!
À professora Maria Luiza Rizzotti. Que privilégio tê-la como orientadora. Foi uma
produção frenética e meio atropelada, “castigo” para quem orienta trabalhador do SUAS, peço
sinceras desculpas. A sua disponibilidade, quase que em tempo real, foi fundamental.
Realmente, não tenho palavras para agradecer, sei que deveria ter me saído melhor, para
atingir a altura de sua orientação. Foi meio mágico perceber a senhora, passeando pelas linhas
tortas e alinhavadas da minha escrita, e ir costurando como quem passou pelo caminho e sabe
exatamente como foi colocada cada pá de terra da estrada. Gratidão!
Aos demais professores do programa de Pós Graduação em Serviço Social da UFPB,
pela relação de troca estabelecida durante as aulas que tanto contribuíram para ampliar os
meus conhecimentos. Segurem firmes! A palavra de ordem é resistência! Muito obrigada.
Por fim, agradeço a todos os outros retalhos não citados, mas que aqueceram a minha
alma com atitudes e palavras de encorajamento, um apoio fundamental para que eu não
desistisse. Gratidão.
O momento que vivemos é um momento pleno de desafios.
Mais do que nunca é preciso ter coragem,
é preciso ter esperanças para enfrentar o presente.
É preciso resistir e sonhar.
É necessário alimentar os sonhos
e concretizá-los dia a dia nos horizontes
de novos tempos mais humanos,
mais justos, mais solidários.

Marilda Iamamoto
RESUMO

Este estudo tem o objetivo de avaliar a experiência da implementação do Programa Nacional


de Capacitação do SUAS – CapacitaSUAS, no Estado da Paraíba, de modo a identificar as
mudanças provenientes da participação dos trabalhadores nos cursos ofertados, mais
precisamente constatar o resultado das formações nos processos de trabalho desenvolvido por
esses profissionais. Para tanto, a análise percorreu temas que dão centralidade ao estudo,
sendo abordada a Gestão do Trabalho no SUAS, com foco na Educação Permanente,
pontuando, a princípio, a institucionalização da assistência social, a partir de 1988, através de
seus avanços normativos, que lhe garantiram o patamar de política pública garantidora de
direitos e a perspectiva de superação do modelo anterior, marcado pelas práticas
assistencialistas rumo a sua qualificação. Trata-se da travessia do campo privado para o
público/estatal e do aprimoramento da gestão e da oferta de serviços, sendo que a densidade e
a complexidade desse novo modelo requerem avanços para instituição de uma política voltada
para recursos humanos, considerando, sobretudo, que a proteção social é garantida por via da
materialização do acesso aos direitos socioassistenciais, cuja efetivação passa,
necessariamente, pelo trabalhador. O processo investigativo se inscreve numa abordagem
quanti-qualitativa, do tipo exploratória e descritiva, com uso de dados de pesquisa
bibliográfica e documental de fontes secundárias, apresentado em dois momentos que se
complementam: o primeiro relacionado ao processo de realização dos cursos, observando seus
aspectos de infraestrutura, procedimentos instrucionais e metodológicos e o segundo de
identificação das possibilidades de aprimoramento das práticas profissionais que lastreiam as
funções de gestão e provimento dos serviços e programas socioassistenciais. Os resultados
apontam para a avaliação de que, embora ainda exista um longo caminho a ser percorrido,
para uma efetiva qualificação do sistema, sobretudo, no cenário atual, de retrocessos e cortes
financeiros, o CapacitaSUAS alcançou o seu objetivo de promover a qualificação profissional
dos trabalhadores do SUAS, por meio da implementação de uma política estadual de
educação continuada e permanente em consonância com a Política Nacional de Educação
Permanente do SUAS – PNEP/SUAS.

Palavras-chave: Assistência Social. SUAS. Gestão do Trabalho. Educação Permanente.


CapacitaSUAS.
ABSTRACT

This study aims to evaluate the experience of the implementation of SUAS National Training
Program – CapacitaSUAS, in the state of Paraíba, to identify the changes resulting from the
participation of workers in the courses offered, more precisely to verify the result of the
training in the work processes developed by these professionals. Therefore, the analysis
covered themes that give centrality to the study being approached the Work Management in
SUAS focusing on Permanent Education, punctuating, at first, the institutionalization of social
assistance through, from 1988, its normative advances that guaranteed it the level of public
policy guaranteeing rights and the perspective of overcoming the previous model marked by
welfare practices towards its qualification. It's aboutcrossing of the private field to the
public/state and the improvement of the management and the provision of services, and the
density and complexity of this new model requires advances for the institution of a policy
focused on human resources, considering, especially, that social protection is guaranteed
through the materialization of access to social assistance rights, whose realization necessarily
passes through the worker.The investigative process is part of a quantitative and qualitative
exploratory and descriptive approach using bibliographic and documentary research data from
secondary sources, presented in two complementary moments: the first related to the process
of conducting the courses observing its infrastructure aspects, instructional and
methodological procedures, and the second to identify the possibilities for improvement of
professional practices that underpin the management functions and provision of social
assistance services and programs. The results points out to the assessment that, although there
is still a long way to go to effectively qualify the system, especially in the current scenario of
setbacks and financial cuts, CapacitaSUAS has achieved its goal of promoting the
professional qualification of SUAS workers. through the implementation of a state policy of
continuing and continuing education in line with the National Policy of Permanent Education
of SUAS - PNEP / SUAS.

Keywords: Social Assistance. SUAS. Work Management. Permanent Education.


CapacitaSUAS.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BPC – Benefício de Prestação Continuada


BSM – Brasil Sem Miséria
DSUAS – Diretoria do Sistema Único de Assistência Social
DF – Distrito Federal
CadSUAS – Sistema de Cadastro do SUAS
CADÚNICO – Cadastro Único de Programas Sociais
CapacitaSUAS – Programa Nacional de Capacitação do SUAS
CEAS – Conselho Estadual de Assistência Social
CT – Constituição Federal
CensoSUAS – Censo do Sistema Único de Assistência Social
CGGTEP – Coordenação Geral da Gestão do Trabalho e Educação Permanente do SUAS
CIB – Comissão Intergestores Bipartite
CIT – Comissão Intergestores Tripartite
CMAS – Conselho Municipal de Assistência Social
CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social
CONGEMAS – Colegiado Nacional de Gestores Estaduais de Assistência Social
CRAS – Centros de Referência da Assistência Social
CREAS – Centro de Referência Especializado da Assistência Social
CRP – Conselho Regional de Psicologia
EAD – Educação a Distância
ENAP – Escola Nacional de Administração Pública
FAPESQ – Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba
FEAS – Fundo Estadual de Assistência Social
FNAS – Fundo Nacional de Assistência Social
FNT/SUAS – Fórum Nacional dos Trabalhadores do SUAS
FONSEAS – Fórum Nacional de Secretários de Estado da Assistência Social
GT – Grupo de Trabalho
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES – Instituições de Ensino Superior
IFPB – Instituto Federal de Educação e Tecnologia da Paraíba
IGDSUAS – Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social
LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MEC – Ministério da Educação
NOB-RH/SUAS – Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS
NOB-SUAS – Norma Operacional Básica do SUAS
NUEPs – Núcleos de Educação Permanente
ONGs – Organizações não Governamentais
PBF – Programa Bolsa Família
PCCS – Planos de Cargos, Carreiras e Salários
PLOA – Proposta de Lei Orçamentária Anual
PNAS – Política Nacional de Assistência Social
PNC/SUAS – Programa Nacional de Capacitação do SUAS
PNEP/SUAS – Política Nacional de Educação Permanente do SUAS
PPA – Plano Plurianual
PUC/SP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
RedeSUAS – Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social
RENEP/SUAS – Rede Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS
RMA CRAS – Registro Mensal de Atendimento do CRAS
RMA CREAS – Registro Mensal de Atendimento do CREAS
SAGI – Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação
SCFV – Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SEDH – Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano
SIMA – Sistema de Monitoramento Acadêmico
SISC – Sistema de Informação do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SNAS – Secretaria Nacional de Assistência Social
SUAS – Sistema Único de Assistência Social
TR – Termo de Referência
UFPB – Universidade Federal da Paraíba
UNB – Universidade de Brasília
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Instituições de Ensino Superior credenciadas na RENEP/SUAS/2014 ................. 74


Figura 2 – Estrutura padrão das oficinas de alinhamento do CapacitaSUAS ......................... 75
Figura 3 – Mapa da Paraíba com destaque para João Pessoa ............................................... 101
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Equipes de Referência da Proteção Social Básica – CRAS ................................. 41


Quadro 2 – Equipes de Referência da Proteção Social Especial de Média Complexidade –
CREAS ............................................................................................................................... 41
Quadro 3 – Cursos ofertados pelo Programa CapacitaSUAS ................................................ 69
Quadro 4 – Cursos por vagas ofertadas, número de turmas e capacitados – 1ª etapa ............. 88
Quadro 5 – Cursos por vagas ofertadas, número de turmas e capacitados – 2ª etapa ............. 93
Quadro 6 – Cursos por vagas ofertadas, número de turmas e capacitados – 3ª etapa ............. 96
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Local de realização dos cursos – 1ª ETAPA ...................................................... 100


Gráfico 2 – Qualidade das instalações – 1ª ETAPA.............................................................. 101
Gráfico 3 – Procedimentos instrucionais – 1ª ETAPA .......................................................... 102
Gráfico 4 – Infraestrutura – 2ª ETAPA ............................................................................... 105
Gráfico 5 – Aspectos metodológicos e pedagógicos – 2ª ETAPA........................................ 106
Gráfico 6 – Avaliação geral e autoavaliação – 2ª ETAPA .................................................... 107
Gráfico 7 – Infraestrutura – 3ª ETAPA ................................................................................ 110
Gráfico 8 – Aspectos metodológicos e pedagógicos – 3ª ETAPA......................................... 111
Gráfico 9 – Avaliação geral e autoavaliação – 3ª ETAPA ................................................... 113
Gráfico 10 – Distribuição dos municípios por Porte Municipal .......................................... 116
Gráfico 11 – Área de atuação dos trabalhadores ............................................................... 117
Gráfico 12 – Distribuição dos trabalhadores por sexo/gênero ............................................ 118
Gráfico 13 – Distribuição dos trabalhadores por faixa etária .............................................. 119
Gráfico 14 – Distribuição dos trabalhadores por pós-graduação ........................................ 120
Gráfico 15 – Característica dos trabalhadores por vínculo empregatício ............................ 122
Gráfico 16 – Característica dos trabalhadores por renda .................................................... 123
Gráfico 17 – Identificação por jornada, disposição de espaço físico, recursos materiais e
transporte .......................................................................................................................... 124
Gráfico 18 – Repasse do conteúdo .................................................................................... 127
Gráfico 19 – Formas de repasse do conhecimento ............................................................. 128
Gráfico 20 – Identificação do desenvolvimento da educação permanente .......................... 129
Gráfico 21 – Apreensão dos conceitos pelos trabalhadores ................................................ 130
Gráfico 22 – Identificação da contribuição das formações ................................................. 131
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 017

1. A GESTÃO DO TRABALHO E ESPECIFICIDADES DO SISTEMA ÚNICO DE


ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS........................................................................................ 024
1.1 A institucionalização da Política de Assistência Social e o reconhecimento da importância dos
recursos humanos....................................................................................................................... 025
1.2 O processo inicial de implantação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS e o
compromisso com os recursos humanos.................................................................................. 031
1.2.1 A necessária relação da gestão do trabalho com a nova configuração da política de
assistência social...................................................................................................................... 036
1.3 A Gestão do Trabalho no SUAS: Uma construção democrática no campo normativo para
aprimoramento da gestão do sistema ............................................................................................ 040
2. AS CONFIGURAÇÕES DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE E O
PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO – CAPACITASUAS.......................... 051
2.1 A importância da qualificação profissional dos trabalhadores do SUAS: uma
construção coletiva nos espaços democráticos e de direito..................................................... 052
2.2 A Política Nacional de Educação Permanente do SUAS – PNEP/SUAS:
aprimoramento da gestão e qualificação das ofertas............................................................... 058
2.3 Educação Permanente no SUAS: o destaque do CapacitaSUAS...................................... 065
3. A EXPERIÊNCIA DE EXECUÇÃO DO CAPACITASUAS NO ESTADO DA
PARAÍBA: O PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DAS OFERTAS E A 080
PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES
3.1 CapacitaSUAS no Estado da Paraíba: arranjos e caminho percorrido para execução das
etapas de implementação do programa.................................................................................... 081
3.2 Resultado da pesquisa sobre os cursos ofertados: aspectos metodológicos da
execução................................................................................................................................... 098
3.2.1 Primeira etapa de execução (2013 e 2014)..................................................................... 099
3.2.2 Segunda etapa de execução (2015)................................................................................ 104
3.2.3 Terceira etapa de execução (2017) ............................................................................ 109
3.3 Contribuições do CapacitaSUAS: uma análise a partir do posicionamento dos
trabalhadores............................................................................................................................ 114
3.3.1 Caracterização dos trabalhadores.................................................................................... 116
3.3.1.1 Identificação da área de atuação.................................................................................. 117
3.3.1.2 Característica por sexo/gênero......................................................................... 118
3.3.1.3 Característica por idade .............................................................................................. 118
3.3.1.4 Identificação por profissão e formação profissional.................................................... 119
3.3.2 Condições de Trabalho................................................................................................... 121
3.3.2.1 Característica por vínculo empregatício...................................................................... 121
3.3.2.2 Característica por renda............................................................................................... 123
3.3.2.3 Identificação por jornada, disposição de espaço físico, recursos materiais e
transporte.................................................................................................................................. 123
3.3.3 O CapacitaSUAS e seus resultados nos municípios: aspectos gerais da contribuição
.................................................................................................................................................. 126
3.3.3.1 Identificação de repasse dos conteúdos....................................................................... 126
3.3.3.2 Política de Educação Permanente nos municípios...................................................... 129
3.3.3.3 Identificação da apreensão dos conceitos................................................................... 130
3.3.3.4 Identificação das contribuições das formações.......................................................... 131
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 134
5. REFERÊNCIAS............................................................................................................. 142
ANEXOS
17

INTRODUÇÃO

A trajetória das políticas sociais no Brasil tem sido historicamente marcada pela
ineficiência frente às demandas por proteção social, próprias da desigualdade social e da
pobreza, inseridas em um contexto de flexibilização neoliberal, face do capitalismo
contemporâneo.
A política de assistência social brasileira que, tradicionalmente, traz as marcas do
contexto social, econômico e político foi inicialmente desenvolvida fora do contexto público,
republicano e estatal, sendo firmada nas relações de favor, com características
assistencialistas. Após um longo caminho percorrido na esteira de debates e embates, pôde
alcançar um passo importante: um lugar no campo da seguridade social brasileira.
Trata-se de um processo de institucionalização da Política de Assistência Social na
esfera estatal, tendo como ponto de partida a Constituição Federal de 1988, ao defini-la como
política pública, integrante do sistema de proteção social, juntamente com a saúde e a
previdência. Após cinco anos, essa autorização constitucional avança no processo normativo,
que define as condições operacionais, com a promulgação da Lei Orgânica de Assistência
Social – LOAS (1993), que se apresenta como um divisor de águas entre o modelo anterior,
baseado em práticas seletivas e culpabilizadoras, e uma nova concepção de gestão
democrática e descentralizada. Vislumbra-se uma perspectiva concreta de transição do campo
do assistencialismo para a política pública de proteção social.
Após dez anos, a política de assistência social ainda se efetivava com a redução do
Estado, através de práticas sobrepostas, de forma fragmentada, e sem o impacto necessário
para uma garantia de seu status de política de seguridade social e materialização das diretrizes
contidas na LOAS. Em que pese às condições normativas, no campo político ideológico, o
Brasil vivia sob o julgo de um governo neoliberal, que desconsiderava o direito à proteção
social como responsabilidade estatal. Além disso, Couto et. al (2012, p. 56) reflete acerca
desse tempo: “Trata-se de uma conjuntura dramática, dominada pelo crescimento da pobreza
e desigualdade social no país”.
Um longo caminho foi percorrido na direção da regulamentação do que estava
preconizado na LOAS, resultando na aprovação da Política Nacional de Assistência Social –
PNAS (2004), que se apresenta como um desenho, constituindo as principais bases para o
Sistema Único de Assistência Social – SUAS.
Ancorado nas bases legais da Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica de
Assistência Social – LOAS, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS – se constitui, em
18

2005, como um novo marco regulatório e modelo de gestão descentralizada e participativa,


após a deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em 2003. Essa
travessia do campo privado para o público/estatal e as exigências específicas, de caráter
republicano e profissional, passaram a requerer um aprimoramento na gestão e na oferta de
serviços, gerando uma ebulição e exigência na formação profissional de diferentes categorias
de trabalhadores e de gestores.
Desde a sua implantação, foram realizados amplos debates, no sentido de reconhecer o
lugar estratégico do trabalhador nos processos que envolvem as suas principais atribuições de
gestão e de provimento de serviços socioassistenciais. Tal reconhecimento foi expresso,
inicialmente, na Política Nacional de Assistência Social, estabelecendo a gestão do trabalho
como eixo estruturante da assistência social.
Após mais de dez anos de implantação, evidenciam-se avanços significativos,
decorrentes da implementação do Sistema Único de Assistência Social, com suas provisões
consubstanciadas em programas, benefícios e serviços socioassistenciais, que expressaram o
alargamento da proteção social brasileira, contribuindo para a diminuição das desigualdades
sociais.
Destaca-se que, no período de 2003 a 2015, um conjunto de iniciativas no campo do
desenvolvimento social, como a valorização do salário mínimo, ampliação da
empregabilidade e oferta de políticas sociais mais abrangentes, tanto de caráter
universalizante quanto com base na equidade (características do SUAS) contribuiu para a
superação da extrema pobreza e ampliação do acesso a direitos sociais.
A densidade e a complexidade desse novo modelo requerem avanços para a instituição
de uma política voltada para os recursos humanos, considerando, sobretudo, que a proteção
social é garantida por via da materialização do acesso aos direitos socioassistenciais, cuja
efetivação passa necessariamente pelo trabalhador.
Há, portanto, a consolidação de avanços do SUAS, com o adensamento institucional –
frente ao modelo anterior e na perspectiva do direito –, demandando do trabalhador a
apropriação de conhecimentos e habilidades que, por sua vez, requerem estratégias mais
concretas para a formação continuada e qualificação desses profissionais.
Nesse sentido, a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-
RH), instituída em 2006, (apenas um ano da publicação da NOB-SUAS 2005, que deu
concretude a esse sistema) representou um grande avanço para a gestão da Assistência Social,
ao reconhecer que
19

para atender aos princípios e diretrizes estabelecidos para a política de


Assistência Social, a gestão do trabalho no SUAS deve ocorrer com a
preocupação de estabelecer uma Política Nacional de Capacitação, fundada
nos princípios da educação permanente, que promova a qualificação de
trabalhadores, gestores [...], de forma sistemática, continuada, sustentável,
participativa, nacionalizada e descentralizada, com a possibilidade de
supervisão integrada, visando o aperfeiçoamento da prestação dos serviços
socioassistenciais” (NOB-RH, 2006, p. 16).

A política de assistência social ganhou corpo no Brasil e rapidamente se instalou na


grande maioria dos municípios brasileiros, exigindo o adensamento do processo de formação
continuada. E, exatamente nesse contexto de consolidação do SUAS, foi criado, em 2012, o
Programa Nacional de Capacitação do SUAS (CapacitaSUAS), com o intuito de

promover a capacitação dos trabalhadores da área da Assistência Social com


a finalidade de produzir e difundir conhecimentos que devem ser
direcionados ao desenvolvimento de habilidades e capacidades técnicas e
gerenciais, ao efetivo exercício do controle social e ao empoderamento dos
usuários para o aprimoramento da política pública (NOB-RH, 2006, p. 40).

Instituído por meio da Resolução nº 08 de 16 de março de 2012, do CNAS, e ancorado


nas diretrizes da Política Nacional de Capacitação, o CapacitaSUAS deu partida em seu
processo de oferta de cursos, através da formação de uma Rede Nacional de Capacitação e
Educação Permanente do SUAS (RENEP/SUAS), com a presença de Instituições de Ensino
Superior, Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia, além de Escolas de Governo
responsáveis por sua execução.
Em um processo dinâmico de estruturação das ofertas, foram desenvolvidos os
conteúdos com orientações teórico-metodológicas; estabelecida a relação colaborativa entre
governo federal e governos estaduais; formalizados os trâmites jurídicos e normativos;
transferidos os recursos a título de cofinanciamento da ação, assim como definidas as
responsabilidades de todos os atores envolvidos no processo, o que resultou na produção de
oito cursos ao todo; destes, dois introdutórios, e seis de atualização, ofertados por etapa e
através de repasses realizados entre os anos de 2012 a 2014.
Em relação à execução do CapacitaSUAS na Paraíba, tema central deste estudo, o
Estado ganhou destaque nacional como um dos primeiros a iniciar o programa e o primeiro a
executar sua segunda etapa, chegando em dezembro de 2017, com 12 (doze) cursos realizados
e 5.443 trabalhadores/as certificados – nas funções de gestão e de provimento dos serviços,
incluindo conselheiros/as da Política de Assistência Social –, o que representou um grande
avanço na direção da implementação de uma educação permanente e aprimoramento dos
20

processos de trabalho e das práticas profissionais ao proporcionar o desenvolvimento de


“competências e capacidades específicas e compartilhadas requeridas para a melhoria e
qualidade continuada da gestão do SUAS e da oferta e provimento dos serviços e benefícios
socioassistenciais.” (PNEP-SUAS, 2013, p. 27)
A centralidade do tema da presente dissertação se ampara no interesse em realizar um
estudo no âmbito do Programa Nacional de Capacitação do SUAS – CapacitaSUAS/PB, de
modo a identificar em que aspectos e até que ponto o programa cumpriu a sua função, em
consonância com o objetivo da Política Nacional de Capacitação, de “promover a capacitação
dos gestores, trabalhadores da rede [...] e conselheiros da assistência social, fundada nos
princípios da educação permanente e da interdisciplinaridade, visando o aprimoramento da
gestão do SUAS [...]” (PNC-SUAS, 2011, p. 21), assim como identificar o impacto da
participação nas formações no cotidiano profissional dos trabalhadores/as, considerando
avanços implementados e os desafios encontrados, que envolvem os processos de trabalho
durante o provimento dos serviços e execução de programas socioassistenciais.
Esse contato com profissionais de diferentes municípios, submetidos às mais diversas
condições de atuação profissional, instiga o desejo de conhecer, de perto, os desafios postos e
situar, diante de aspectos em destaque, a contribuição trazida pela participação nos cursos
ofertados por meio do programa. Destaca-se que não se trata de uma análise de impacto, pois
essa exigiria um complexo estudo de indicadores e variáveis. Este estudo considera a leitura
dos trabalhadores quanto às possibilidades de aprimoramentos do processo de capacitação e
do cotidiano do trabalho, a partir de uma experiência de capacitação continuada.
Para estabelecimento do conteúdo basilar da análise, o estudo em questão busca
identificar os aspectos mais relevantes no campo normativo, que refletem a trajetória da
Política de Assistência Social e Gestão do Trabalho como eixo estruturante do SUAS,
atribuindo centralidade à Política de Educação Permanente, onde se situa o Programa
CapacitaSUAS. Esse conteúdo está sistematizado dentro do contexto específico da política de
assistência social e da institucionalização do SUAS. Isso justifica a necessidade de demarcar,
de início, a trajetória dessa política pública, sobretudo o processo deliberativo das exigências
de capacitação continuada aos trabalhadores e gestores.
Outra motivação advém da aproximação com os/as trabalhadores/as desse sistema, a
partir da minha própria trajetória na condição de trabalhadora do SUAS, ao ocupar, na
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano – SEDH, ao longo de sete anos, as funções
de Gerente Executiva de Vigilância Socioassistencial, Gerente Executiva de Proteção Social
Básica e, atualmente, Diretora do Sistema Único de Assistência Social, estando, ainda, a
21

frente da Coordenação Estadual do Programa CapacitaSUAS/PB de 2012 a 2016, quando da


conclusão de 11 (onze), dos 12 (doze) cursos ofertados no Estado.
A relevância deste estudo se ancora na identificação de aspectos importantes, próprios
do arranjo estadual, que deram o tom da execução na Paraíba, de modo que haja subsídios à
implementação e consolidação da política de educação permanente, em consequência o
aprimoramento da gestão do SUAS, não apenas no Estado da Paraíba, mas também com os
demais Estados da Federação, que se encontram, ainda, em diferentes níveis de execução.
Dentre os motivos já citados, vale ressaltar que o lócus escolhido se tornou profícuo,
tanto por ter cumprido, em tempo hábil, todo o processo previsto nos protocolos, como pelo
desenho e envolvimento do Órgão Gestor Estadual – SEDH/PB (Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Humano) e da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), parceira nesse
processo. Além disso, mesmo com características de estudo de caso, essa experiência pode ser
modelo em outros lugares.
O processo de construção deste estudo se inicia a partir do embasamento teórico,
proporcionado pelo acesso às referências e documentos que tratam da temática. Nesse sentido,
foram consideradas as produções referentes à Gestão do Trabalho, Educação Permanente e
todas as orientações normativas sobre o tema no âmbito do SUAS.
No tocante à metodologia utilizada, para alcance dos resultados do estudo, esta diz
respeito a uma pesquisa exploratória, com levantamento documental, de abordagem quanti-
qualitativa, como técnica para a coleta de dados, faz-se necessário recorrer aos arquivos de
execução do programa, localizados na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano e
Universidade Federal da Paraíba, onde há elementos que subsidiam a análise dos resultados.
Trata-se, portanto, de uma análise que abrange a totalidade dos dados oriundos das
ofertas, de modo que a organização das informações abarca dois momentos: o primeiro, a
partir das avaliações de reação, aplicadas aos cursistas, ao fim da participação em todos os
cursos e em todas as turmas, com o objetivo de identificar, em termos de percepção de ofertas,
uma avaliação do alcance dos objetivos propostos.
Destaca-se que os dados estão previamente sistematizados por um instrumental
elaborado pela universidade, que congrega informações prestadas por todos os participantes.
No processo de leitura empírico desta dissertação, há a escolha de alguns itens que mais se
aproximam do objeto deste estudo. Num segundo momento, a pesquisa se dedica à
sistematização da informação buscada pela área da Gestão do Trabalho da SEDH, ao fim das
ofertas, que se apresenta com o objetivo de identificar situações que podem contribuir com o
avanço na continuidade e qualidade da oferta de cursos no Estado da Paraíba.
22

Frente ao modelo de organização dos dados coletados, a avaliação está categorizada


por etapas de execução de cursos e realizada sequencialmente, dadas as semelhanças
identificadas nos processos de execução, sem abrir mão dos aspectos relevantes e particulares
das ofertas. No que tange aos dados coletados pela SEDH, estes estão organizados a partir dos
temas referentes às impressões dos profissionais quanto às possíveis mudanças no cotidiano
da execução do trabalho.
Os resultados do processo de pesquisa estão organizados em três capítulos, que
expressam o caminhar do estudo, que se inicia com a busca de referenciamento teórico-
metodológico, para sistematização dos dados colhidos. Mesmo com essa preocupação de
divisão didática, reconhece-se que não há, necessariamente, uma exposição linear, sobretudo
no que concerne à trajetória de implantação do SUAS e da Política de Educação Permanente.
O primeiro capítulo tem como tema central a Gestão do Trabalho como componente
importante para o aprimoramento da política de assistência social e, sobretudo, como
resultado do clamor dos sujeitos dessa política pública. Desse modo, são abordados aspectos
da historicidade do Sistema Único de Assistência Social, considerando a base conceitual, que
demarca e fundamenta sua institucionalidade, além de um olhar lançado para a importância
dos recursos humanos, na perspectiva de retratar a historicidade da construção democrática no
campo normativo, através dos processos de participação popular, engendrados nas instâncias
de pactuação e deliberação do SUAS.
O ordenamento dos conteúdos expõe um breve relato da institucionalização da Política
de Assistência Social e o reconhecimento da importância dos recursos humanos, adentrando
na descrição do processo inicial de implantação do SUAS, que avança na compreensão da
necessidade de se instituir uma política pública na perspectiva da estruturação da Gestão do
Trabalho.
O segundo capítulo aborda a configuração da Política Nacional de Educação
Permanente no SUAS, considerando seus arranjos institucionais, principais conteúdos e
fundamentos pedagógicos, compreendendo sua historicidade e se dedicando ao relato
histórico de sua formatação. Nessa mesma linha, há, de forma específica, uma reflexão sobre
o Programa Nacional de Capacitação do SUAS – CapacitaSUAS em âmbito nacional,
indicando suas orientações pedagógicas e a trama de sua constituição, que envolve, além dos
três entes federados, também uma importante rede de universidades públicas e privadas em
todo o território nacional.
A experiência da implementação do Programa Nacional de Capacitação do SUAS –
CapacitaSUAS, no Estado da Paraíba, está contemplada no terceiro capítulo. Seu conteúdo
23

versa sobre as suas particularidades e arranjos, através da exposição da execução dos cursos.
A dedicação central do capítulo está em apresentar os dados da pesquisa realizada, através de
registros das instituições envolvidas e de avaliações dos participantes em todas as etapas do
processo formativo em tela.
Caracteriza-se portanto, como objetivo principal, organizar e sistematizar informações
sobre o processo do CapacitaSUAS na Paraib́ a com a leitura do processo das suas ofertas, dos
seus impactos no cotidiano da gestão e do provimento dos serviços socioassistenciais e da
capacidade desse desenho de educação permamente de influenciar e impulsinar processos
formativos/educativos em nível local.
O presente estudo cumpre o papel de consignar o processo virtuoso de capacitação
continuada no SUAS da Paraíba, com destaque para a relevância da qualificação dos
trabalhadores, gestores e conselheiros como sujeitos políticos e históricos, capazes de fazer
valer sua competência intelectual, política e técnica. Vale destacar que os dados aqui postos
podem ainda servir de base para outros estudos com o aprofundamento de novas análises que
eles ensejam.
24

1 A GESTÃO DO TRABALHO E ESPECIFICIDADES DO SISTEMA ÚNICO DE


ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS

O capítulo versa sobre a Gestão do Trabalho como componente central para


implementação do Sistema Único de Assistência Social, na perspectiva de sua consolidação
e aprimoramento. Destaca-se que as novas configurações adotadas por essa política pública,
a partir de 2004, tiveram que encontrar centralidade no processo de gestão do trabalho, que
não pode prescindir de uma busca pela superação do antigo modelo, cujas marcas do
voluntarismo, do não profissionalismo e de práticas desenhadas pelo senso comum e
caridade provoavam a rede de serviços socioassistenciais. Nesse sentido, tanto os conteúdos
dos processos formativos quanto todas as demais ações no âmbito da gestão do trabalho
dialogaram com a história e com suas novas diretrizes, conceitos e pressupostos.
Desse modo, será abordada a Gestão do Trabalho no SUAS. Porém, para uma maior
compreensão, faz-se necessário pontuar aspectos importantes da historicidade desse
sistema, pois todo o processo de formação continuada tem como um de seus marcos a
análise da travessia entre os velhos e novos paradigmas, além da base conceitual, que
demarca e fundamenta a institucionalidade atual do SUAS. Com o objetivo de destacar os
temas fundantes que têm povoado o processo de capacitação continuada, serão apontados os
avanços normativos e regulatórios. Esses conteúdos guardam interlocução com a dimensão
política e a relação dos avanços na garantia de direitos e na agenda da democratização do
país.
O ordenamento dos conteúdos deste estudo gira em torno, em um primeiro
momento, de um breve relato da institucionalização da Política de Assistência Social e o
primeiro olhar lançado para a importância dos recursos humanos. Em seguida, é abordado o
processo inicial de implantação do SUAS e o conceito de trabalho adotado pelo sistema,
resumido em suas funções de gestão e de provimento dos serviços e benefícios
socioassistenciais, ambas com o objetivo de promover o acesso aos direitos
socioassistenciais.
Em última instância, serão apontados os avanços no campo normativo no que
concerne à Gestão do Trabalho, com foco na construção democrática via processos de
participação empreendidos pelas instâncias de pactuação e deliberação. Trata-se dos
principais conteúdos que serviram de base para os pactos federativos em torno dos
processos de qualificação do trabalho no SUAS em todo o território nacional. Destaca-se
que a construção de um novo modelo de gestão dessa política pública não poderia prescindir
25

de orientações e ações concretas nesse campo que reconhece a centralidade do trabalhador


para o aprimoramento do sistema.
Desse modo, a implementação da gestão do trabalho e, em especial, de capacitação
continuada se construiu no processo de aprimoramento e avanço da instalação do SUAS,
que se deu de forma inovadora e acelerada. Houve a necessidade de aprimoramento, na
medida em que avançava a capilaridade e qualificação de suas ofertas, reforçando a
requisição de um olhar específico para a política de recursos humanos, uma vez que o
trabalho social é materializado pelos trabalhadores, com a perspectiva de fortalecer a
capacidade protetiva de famílias atendidas.

1.1 A institucionalização da Política de Assistência Social e o reconhecimento da


importância dos recursos humanos

A institucionalização da Política de Assistência Social foi fruto da luta histórica,


fundamentada em complexo processo de debates, que culminou com a Constituição Federal
de 1988 e obteve grande avanço em 1993 com a instauração de nova matriz, através da Lei
Orgânica de Assistência Social – LOAS, que representa a adoção de novos paradigmas e um
novo desenho de gestão com base na lógica republicana, federativa, descentralizada e firmada
sob o princípio do direito.
Importante ressaltar que as definições teóricas, normativas e operacionais, que
orientam a política de assistência social, são resultantes de um processo desencadeado pelo
debate sobre a seguridade social no Brasil, que se deu tanto no campo acadêmico quanto no
campo político. Alguns institutos de pesquisa, como os alocados na Unicamp, na PUC/SP, na
UNB vinham debatendo uma nova base teórica sobre a seguridade social, com o objetivo de
transitar do conceito de Seguro Social (de caráter eminentemente individual e contributivo)
para a adoção da compreensão de Seguridade Social (de caráter coletivo e com maior
amplitude de cobertura – incluiria a saúde e a assistência social).
No campo político, o Brasil vivia a efervescência da Assembleia Nacional
Constituinte, que acolhia as inovações de todas as ordens, mas, em específico, os novos
direitos, que deveriam compor o capítulo da Ordem Social. Esse processo se deu com
inúmeras manifestações (abaixo- assinados, mobilizações de grupos específicos, entre outros).
Vencida a etapa de garantir, na forma da lei, o direito à assistência social, um longo
caminho ainda deveria ser trilhado no que concerne às regulamentações por leis
complementares e a própria institucionalidade, que daria concretude aos direitos garantidos.
26

Percorridos mais de 16 anos, de passos muito lentos nessa direção, apenas em 2004 se institui
um sistema com base no novo ordenamento legal, que tem sua base nos artigos 203 e 204 da
Constituição Federal de 1988.
Evidencia-se uma inspiração beveridgiana 1 no artigo 203 da Constituição, sobretudo,
na aproximação com a ampliação dos sistemas protetivos, que têm ancoragem tanto no
modelo já citado, como na proposição do Estado de Bem Estar, instituído na Europa, no
período de Pós Segunda Guerra. O capítulo 203 trata especialmente dos objetivos da
assistência social e, com isso, evidencia seu campo de abrangência e seguimentos prioritários:

I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;


II – o amparo às crianças e adolescentes carentes; III – a promoção da
integração ao mercado de trabalho; VI – a habilitação e reabilitação das
pessoas portadoras de deficiência2 e a promoção de sua integração à vida
comunitária; V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,
conforme dispuser a lei. (BRASIL, 1988, p. 122)

Desse texto, vale um destaque especial, para a garantia de renda transferida sem que
tivesse contribuição prévia, trata-se da instituição do Benefício de Prestação Continuada
(BPC). Esse direito socioassistencial dá concretude a política e representa o novo paradigma,
que transitou de uma proteção, com base na contribuição, para a garantia por renda
transferida. Inaugura-se o primeiro programa de renda transferida no Brasil em nível nacional.
Esse debate sobre novos paradigmas e concepções é importante e será retomado neste
estudo, na medida em que há um esforço na política de educação permanente no SUAS, de
tratar a base conceitual dessa política pública com ancoragem e rebatimento no campo
ideológico e político.
Além dessa garantia de renda, o texto constitucional traz o embrião e a autorização,
para que o Estado transite do indivíduo para a família, o que ganhará substância maior na
LOAS e, posteriormente, na Política Nacional de Assistência Social de 2004, trazendo como
eixos estruturantes a matricialidade sociofamiliar e a territorialização.

1
William Henry Beveridge, 1º Barão de Beveridge (5 de março de 1879 — 16 de março de 1963), foi
um economista e reformista social britânico. Elaborou, em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o Report
on Social Insurance and Allied Services, conhecido como Plano Beveridge, visando libertar o homem da
necessidade. O grande mérito do Relatório – Plano – foi apresentar, de maneira pioneira, propostas de reformas
sociais abrangentes e universalistas. Assim, foi capaz de implantar um avançado regime de proteção social,
obtendo ampla aceitação e repercussão (a respeito das características do Welfare State, que foram amplamente
aplicadas no período Pós-Segunda Guerra Mundial).
2
A Lei Orgânica da Assistência Social atualizou o termo para “pessoas com deficiência”.
27

Numa perspectiva de definir a responsabilidade estatal, o artigo 204 avança ao tratar


da política de assistência social, definindo a fonte de financiamento e, novamente, reforça sua
presença na seguridade social, pois diz, textualmente, que irá compor o orçamento da
Seguridade Social, estabelecendo diretrizes, como: descentralização político-administrativa e
participação da população por meio de organizações representativas, na formulação das
políticas e no controle das ações em todos os níveis.
Assim, está lançada a base de um novo sistema, tanto para o campo protetivo da
assistência social quanto para as demais políticas públicas que compõem a Seguridade.
Novamente, vale destacar que, no futuro, esse modelo impactaria o conteúdo de formação dos
sujeitos que compõem o SUAS, pois o domínio da estrutura organizacional e operativa
inovadora passou a ser fundamental para a qualificação desse sistema.
O percurso entre a autorização constitucional e os primeiros passos na direção de dar
concretude ao SUAS foram muitos anos, além de um arcabouço normativo iniciado com a Lei
Orgânica da Assistência Social, promulgada em 1993, e depois um conjunto de decretos,
portarias, normas, que se concentram a partir de 2004 com a Política Nacional de Assistência
Social – PNAS.
O atraso nesse percurso se deu em razão da trajetória econômica e política brasileira,
que, nesse intervalo, sofreu uma ofensiva neoliberal, pois, além das pressões internas, também
sofreu o reflexo do que ocorria em âmbito internacional. Decorridos cinco anos da redefinição
constitucional, é promulgada a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS. “[...] foram cinco
anos de lutas, de vetos e de cortes na lei, enfim, uma grande peregrinação processual de
embates políticos”. (TEIXEIRA, 2016, p. 83)
Em dezembro de 1993, finalmente é promulgada a Lei Orgânica da Assistência Social,
no 8.742, de 7 de dezembro3, e se instaura, nesse momento, a abertura de um acirrado
processo de luta, para a afirmação dessa política que, em seu artigo primeiro, define

A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de


Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da
sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. (BRASIL,
1993, p. 8)

3
A LOAS foi sancionada pelo então presidente Itamar Franco, que substituiu Fernando Collor de Mello. Esse
período (1990/1994) foi bastante turbulento e marcado por denúncias de corrupção, desmandos administrativos e
escândalos, que corroboraram para o impeachment de Collor.
28

Nesse sentido, a aprovação da Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, em 1993,


representa um novo significado à Assistência Social, na perspectiva do reconhecimento da
condição de política pública, possibilitando a compreensão de que o alcance de marcos legais
retira o seu status de prática social, convergindo-a para a responsabilidade do estado e da
universalização do acesso aos direitos sociais, já prevendo em seu Artigo 19 a competência da
Administração Pública Federal em “formular política para a qualificação sistemática e
continuada de recursos humanos no campo da assistência social”. Viés que será aprofundado
ainda nesse capítulo, pois alguns momentos dessa trajetória serão demarcados apenas para que
se possam compreender os momentos importantes da organização desse sistema.
No ano de 1994 foi criado o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS4 e sob
sua condução, entre 20 a 23 de novembro de 1995, foi realizada a I Conferência Nacional de
Assistência Social, tendo como objetivo avaliar a situação e propor diretrizes descentralizadas
e participativas da assistência social. Apenas em 1996 foi implantado o Fundo Nacional de
Assistência Social – FNAS, embora a sua previsão estivesse preconizada na LOAS para 180
dias após sua publicação.
Em dezembro de 1997 foi realizada a II Conferência Nacional de Assistência Social,
com o tema “O Sistema descentralizado e participativo da assistência social: construindo a
inclusão – universalizando direitos”, objetivando a realização de uma avaliação da atual
situação da assistência social, bem como propor diretrizes para seu aperfeiçoamento. Assim,

As propostas da conferência tornavam claro o despeito do governo com as


definições da LOAS, principalmente pela não observação do comando único,
sempre confrontado pela atuação do Programa Comunidade Solidária 5.
Mantinha-se, pois, o desencontro entre as perspectivas formais e a realidade
da assistência social no governo FHC (SANTOS, 2015, p. 72).

É fundamental destacar que, mesmo em tempos de democracia e de autorização legal


para a ampliação da proteção social no campo da política de assistência social, o governo fez
uma clara opção para manter sua atuação sob a égide dos velhos paradigmas, demarcados pela
ação facultativa do Estado e a focalidade e seletividade na atenção.
No mesmo ano, sob definição da Resolução nº 207 do Conselho Nacional de
Assistência Social, foi aprovada a primeira versão da Política Nacional de Assistência Social,

4
Instância superior de deliberação no âmbito organizacional da política de assistência social. Nos dias atuais,
ameaçado pelo atual governo, estando na Presidência Jair Bolsonaro, que atua com medidas de extrema direita,
conservadoras e antidemocráticas. .
5
O programa foi instituído pelo Decreto 1.366, de 12 de janeiro de 1995, coordenado pela primeira-dama, Dra.
Rute Cardoso, e teve como destaque a criação do Programa Universidade Solidária.
29

na tentativa de dar respostas às definições da LOAS, porém não impactou como esperado, no
sentido de disciplinar o financiamento da política, a relação entre as três esferas do governo e
a descentralização político-administrativa.
O governo, ao seguir as orientações internacionais, entrega uma expressiva parte do
patrimônio público ao capital estrangeiro, via privatizações de grandes empresas estatais, em
uma conjuntura político-econômica que imprime novos contornos ao sistema de proteção
social e, em particular, à Política de Assistência Social. É desencadeado, então, um processo
de desresponsabilização do Estado na execução de políticas públicas, transferidas para a
sociedade civil, através do apelo à solidariedade e ao voluntarismo. Nesse sentido, Segundo
Santos (2015, p.74),

O governo FHC assumiu a reforma do Estado brasileiro, um projeto


coordenado pelo Ministro Luis Carlos Bresser-Pereira que, aquela época,
defendia um Estado mínimo, liberado de obrigações que pudessem ser de
interesse do mercado ou transferidas para a responsabilidade da sociedade
civil, na qual deveria ser mobilizado o sentimento de solidariedade.

Nesse contexto de regulamentação do terceiro setor, com avanço no estabelecimento


de parcerias com ONGs e instituições filantrópicas, que passam a desempenhar um local de
destaque na implementação das políticas sociais, a assistência social é a principal área afetada,
significando um grande retrocesso em referência ao seu status de política garantidora de
direitos. Um caminho que se fez na contramão dos ditames constitucionais em vigência.
A mudança nesse modelo tem sua marca com o advento do governo democrata
popular, que trazia como uma de suas marcas dar concretude ao estado social previsto na
Constituição Federal de 1988. Para tanto, definiu-se uma nova estrutura de gestão, que passa a
dar condições objetivas (financeiras e estruturais), técnicas e políticas para uma nova ordem
de princípios, diretrizes, objetivos e institucionalidade à política de assistência social.
Passado um ano do novo governo, fez-se uma reestruturação administrativa federal.
Assim, no ano de 2004, houve a extinção dos Ministérios Extraordinários de Segurança
Alimentar e da Assistência Social. Em contrapartida, foram criados o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS6, de modo que a assistência social passou
a ser coordenada pela Secretaria Nacional de Assistência Social – SNAS, que integra a
estrutura organizacional do referido Ministério.

6
Medida Provisória 163, de 23 de janeiro de 2004.
30

A partir disso, surge a necessidade de realizar uma revisão da primeira versão da


PNAS, cuja elaboração se deu em 2004, para atendimento das definições da IV Conferência
Nacional de Assistência Social, aprovada durante a reunião do Conselho Nacional de
Assistência Social e publicada em Diário Oficial da União em outubro do mesmo ano.
Inicia-se uma nova e longa caminhada rumo à regulamentação do que fora previsto na
LOAS e, para tanto, o documento que define as principais bases do Sistema Único de
Assistência Social, conforme exarado na Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004, do
Conselho Nacional de Assistência Social.
Dentre outras orientações, a PNAS/2004 reforça o entendimento de que a proteção
social exige o desenvolvimento de ações preventivas, com vistas à superação da concepção de
que se atua nas situações após a ocorrência da desproteção. No entanto, ainda que definidos,
de forma clara, os novos paradigmas estavam presentes nos desafios de superação do
arcabouço valorativo e axiológico, que perdurou durante séculos na proteção Socioassistencial
no Brasil. Daí a relevância dos conteúdos dos cursos de formação retomarem os fundamentos
dessa política pública7.
Diante do abordado, a Política Pública de Assistência Social, efetivada sob a
responsabilidade do Estado, prima por assegurar aos cidadãos provisões assistenciais,
pensadas no âmbito das garantias para o exercício da cidadania realizada, de forma articulada,
com as demais políticas, considerando as características dos territórios (atribuindo-lhe
centralidade) e é “[...] sem dúvida um avanço, ao permitir que a assistência social, assim
posta, transite do assistencialismo clientelista para o campo da Política Social. Como política
de Estado, passa a ser um campo de defesa e atenção de interesses dos segmentos mais
empobrecidos da sociedade”. (COUTO et al, 2012, p. 55).
A respeito dos usuários da Assistência Social, tendo como marco a LOAS, que os
define como “aqueles que dela necessitarem”, a Política de Assistência Social proporciona um
alargamento conceitual, incorporando para além dos seus sujeitos, tradicionalmente históricos
– população sem aptidão ao trabalho – e que dependem diretamente dos serviços, incluindo os
subempregados (embora estejam “aptos” ao trabalho), submetidos a precárias condições
laborais ou excluídos das oportunidades em virtude da competitividade:

Constitui o público usuário da Política de Assistência Social, cidadãos e


grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos, tais como:
famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade,
pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em

7
Os conteúdos do Programa CapacitaSUAS serão abordados em outros momentos deste estudo.
31

termos étnico, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de


deficiências; exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas
públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violência
advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não
inserção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e alternativas
diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social.
(BRASIL, 2004, p. 33)

O conteúdo da PNAS/2004 é denso e trata do desenho dessa política pública num


amplo arco de oferta de serviços e benefícios, da estrutura de gestão e da gestão do trabalho,
tema central deste estudo. Assim, nessa normativa, pela primeira vez se reconhece o lugar de
destaque dos recursos humanos e, por conseguinte, da gestão do trabalho, reconhecendo a
área como um dos eixos que estrutura a Assistência Social, compondo em seu próprio texto a
afirmação de que “não tem sido matéria prioritária de debate e formulações, a despeito das
transformações ocorridas no mundo do trabalho e do encolhimento da esfera pública do
Estado, implicando precarização das condições de trabalho e do atendimento à população”
(BRASIL. 2004, p. 53).
Há, portanto, nesse momento, o reconhecimento de que a política de recursos humanos
é estrategicamente fundamental, considerando que a proteção social, garantida por via da
materialização do acesso aos serviços socioassistenciais, passa necessariamente pelos
trabalhadores.

1.2 O processo inicial de implantação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS e


o compromisso com os recursos humanos

Amparado pelas orientações da Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica de


Assistência Social – LOAS, o SUAS inaugura, então, o mais inovador marco regulatório da
Assistência Social, dinamizando processos destinados à democratização, na perspectiva da
ampliação e qualificação no acesso aos direitos socioassistenciais.
Na IV Conferência Nacional de Assistência Social, que ocorreu em dezembro de
2003, houve a deliberação da implantação do SUAS como novo modelo de gestão, que
integra os três entes federativos em todo território nacional, de forma descentralizada e
participativa, mas em 2005 é que o Sistema Único de Assistência Social é aprovado pelo
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), por meio da Resolução nº 130, de 15 de
julho de 2005, momento em que também é apresentada a Norma Operacional Básica da
Assistência Social – NOB-SUAS/2005.
32

Era evidente e urgente a necessidade de atribuir à assistência social uma gestão


própria e à NOB 2005, caracterizada como instrumento normatizador, retoma normas
operacionais anteriores de 1997 e 19988 e se apresenta como o novo instrumento, sendo
parâmetro para a implementação do Sistema. Fundamentada no pacto federativo,

A Norma Operacional Básica – NOB/SUAS disciplina a gestão pública da


política de assistência social no território brasileiro, exercida de modo
sistêmico pelos entes federativos, em consonância com a Constituição da
República de 1988, a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS e as
legislações complementares a ela aplicáveis. Seu conteúdo estabelece: a)
Caráter do SUAS; b) Funções da política pública de assistência social para
extensão da proteção social brasileira; c) Níveis de gestão do SUAS; d)
Instâncias de articulação, pactuação e deliberação que compõem o processo
democrático de gestão do SUAS; e) Financiamento; f) Regras de transição.
(NOB-SUAS, 2005, p.13)

Diante do avanço normativo, pode-se afirmar que a política de Assistência Social está
amparada legalmente, para viabilizar o acesso a direitos no âmbito da seguridade social
brasileira. Além disso, é fundamental destacar que: dá concretude pelo caráter unificado do
desenho do sistema único; reforça a estrutura federativa definida, não apenas pelas
responsabilidades dos entes federados, mas pela instalação das instâncias de pactuação; e,
sobretudo, reconhece o caráter democrático na gestão do SUAS.
Nesse sentido, para uma melhor compreensão da função de proteção social da Política
de Assistência Social, destacam-se os direitos traduzidos nas chamadas Seguranças Sociais,
previstas na Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004 e reafirmados na
NOB/SUAS (2005): Segurança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia), de
acolhida, de convívio ou vivência familiar.
O direito à renda alicerça a segurança de sobrevivência e de autonomia e não se
constitui de

uma compensação do valor do salário mínimo inadequado, mas a garantia de


que todos tenham uma forma monetária de garantir sua sobrevivência,
independentemente de suas limitações para o trabalho ou do desemprego. É
o caso de pessoas com deficiência, idosos, desempregados, famílias
numerosas, famílias desprovidas das condições básicas para sua reprodução
social em padrão digno e cidadã. (BRASIL, 2004, p. 31)

8
As normas operacionais regulam a política de assistência social. Para uma maior compreensão do preconizados
nas NOBs 1997 e 1998, ver texto resumido na NOB SUAS 2005.
33

Trata-se da viabilização do acesso aos mínimos sociais e, consequentemente, às


condições de vida com dignidade. Como exemplo, atualmente destacam-se o Benefício de
Prestação Continuada – BPC9 e o Programa Bolsa Família – PBF10.
No que se refere ao direito ao acolhimento, este deve ser acessado em situações
peculiares e excepcionais, quando da identificação do risco social e pessoal, cuja família não
dispõe de provimento da proteção. É necessário que tenha caráter provisório, disponibilizando

Acolhimento em diferentes tipos de equipamentos, destinado a famílias e/ou


indivíduos com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, a fim de
garantir proteção integral. A organização do serviço deverá garantir
privacidade, o respeito aos costumes, às tradições e à diversidade de: ciclos
de vida, arranjos familiares, raça/etnia, religião, gênero e orientação sexual.
(BRASIL, 2014, p. 44)

Considerando a organização do SUAS e seus níveis de proteção, o acolhimento está


situado na proteção Social Especial de Alta Complexidade e pode ser acessado em diversas
modalidades, de acordo com a necessidade da família e/ou indivíduo, previstas na Tipificação
Nacional dos Serviços Socioassistenciais (2014): a) Serviço de Acolhimento Institucional:
Abrigo Institucional; Casa-Lar; Casa de Passagem; Residência Inclusiva; b) Serviço de
Acolhimento em República; c) Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora; d) Serviço
de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências.
Embora normatizados, os serviços encontram dificuldade em sua materialização. Não
há transferência de recursos suficientes para implantação dos serviços com cobertura para a
demanda apresentada, o que inviabiliza o cofinanciamento de Estados e Municípios. O
cenário atual é de cortes no orçamento da Assistência Social. Além disso, a recomposição do
orçamento é apenas debatida nas instâncias de deliberação e pactuação, que, outrora, em um
espaço de articulação política, escreveram cada passo no processo de implantação do SUAS.

9
O Benefício de Prestação Continuada – BPC está presente no art. 203, inciso V da Constituição Federal, sendo
regulamentado pela Lei 8.742/93 e se caracteriza como a renda no valor de um salário mínimo para pessoas com
deficiência de qualquer idade ou para idosos com idade de 65 anos ou mais que apresentam impedimentos para a
participação e interação plena na sociedade. Para a concessão deste benefício, a renda familiar mensal deve ser
de até ¼ de salário mínimo por pessoa. Atualmente, está em tramitação um projeto de lei que modifica a LOAS,
fazendo com que a renda mensal per capita da família atendida seja similar ou inferior a três quintos do salário
mínimo atual (R$ 598,80) o que representa um grande retrocesso na conquista desse direito. Faz parte de um
contexto de cortes, que reflete o governo em vigor, que atua com medidas neoliberais.
10
O Programa Bolsa Família – PBF, previsto na Lei Federal n°10.836, é um programa de transferência direta de
renda, direcionado às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza. As famílias consideradas
extremamente pobres são aquelas que têm renda mensal de até R$ 89,00 por pessoa. As famílias pobres são
aquelas que têm renda mensal entre R$ 89,01 e R$ 178,00 por pessoa. Tal aferição é realizada através do
Cadastro Único para programas sociais - CadÚnico. No governo atual, não há anúncio de extinção do programa,
porém, se assume o risco da não regularidade das transferências, o que impacta diretamente em mais de 46
milhões de famílias, que encontram no programa a sua principal fonte de renda e sustento familiar.
34

Não há perspectiva de expansão dos recursos e, em alguns estados, os serviços já implantados


são operacionalizados com dificuldade, se aproximando da precarização e, no futuro não
muito próximo, o fechamento.
No que toca ao tema central deste estudo – a gestão do trabalho – todas essas
alterações definidas pelo novo modo de gestão, pela constituição da rede de serviços e pelas
provisões previstas implicariam na contratação e formação dos trabalhadores. Esse tema foi
requerido desde a primeira conferência nacional e expresso nos pactos de aprimoramento
entre os entes federados, passando a tomar corpo com as definições para a gestão do trabalho,
tema que será tratado no próximo capítulo.
No que se refere ao direito à Convivência Familiar e Comunitária, esta se alicerça na
identificação de primordial importância da proteção da família, sobretudo, da função do
estado de apoiá-la, para prover essa proteção:

Isto supõe a não aceitação de situações de reclusão, de situações de perda das


relações. É próprio da natureza humana o comportamento gregário. É na
relação que o ser cria sua identidade e reconhece a sua subjetividade. A
dimensão societária da vida desenvolve potencialidades, subjetividades
coletivas, construções culturais, políticas e, sobretudo, os processos
civilizatórios. As barreiras relacionais criadas por questões individuais,
grupais, sociais por discriminação ou múltiplas inaceitações ou intolerâncias
estão no campo do convívio humano. A dimensão multicultural,
intergeracional, interterritoriais, intersubjetivas, entre outras, devem ser
ressaltadas na perspectiva do direito ao convívio. (BRASIL, 2004, p. 32)

Em que pese a Proteção Social da Política de Assistência Social, esta se constitui como
uma de suas principais funções, juntamente com a Vigilância Socioassistencial e a Defesa de
Direitos e se organiza em dois níveis: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de
Média Complexidade.
A Proteção Social Básica tem como objetivo prevenir situações de risco, por meio do
desenvolvimento de potencialidades e aquisições, além do fortalecimento de vínculos
familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade
social, decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos
serviços públicos, dentre outros) e/ou fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de
pertencimento social (NOB-SUAS, 2005, p. 18). Evidencia-se o caráter preventivo,
materializado através da oferta de serviços e benefícios, situados nesse nível de proteção, com
vistas à antecipação da violação das seguranças.
35

Os serviços e programas referentes a esse nível de proteção são executados


diretamente pelos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS ou outras unidades
públicas de assistência social, bem como de forma indireta em entidades e organizações dessa
política, considerando a área de abrangência, que deve ser a mesma.
Com relação à Proteção Social Especial, cujos espaços de referência 11 (equipamentos)
se definem conforme a peculiaridade do atendimento, é prestada, através de serviços que
podem ser de média ou alta complexidade e se destina a famílias e/ou indivíduos que já se
encontram em situações de violação de direitos. “São considerados serviços de média
complexidade aqueles que oferecem atendimentos às famílias e indivíduos com seus direitos
violados, mas cujos vínculos familiares e comunitários não foram rompidos”. (BRASIL,
2004, p. 38)
Nesse sentido, requerem maior estruturação técnico operacional e atenção
especializada e mais individualizada, e/ou de acompanhamento sistemático e monitorado. Os
serviços de proteção social especial de alta complexidade são aqueles que garantem proteção
integral – moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e indivíduos
que se encontram sem referência e/ou em situação de ameaça, necessitando ser retirados de
seu núcleo familiar e/ou comunitário” (BRASIL, 2004, p. 38).
A Vigilância Socioassistencial, também constituída como função da Política de
Assistência Social ou como área essencial ao funcionamento do SUAS, é responsável pela
organização e produção de informações importantes para a gestão, que darão subsídio às
atividades de planejamento, assim como monitoramento e avaliação, realizadas pelas equipes
de referência. Desse modo,

A vigilância de riscos e vulnerabilidades trata sobre as situações de


vulnerabilidade e risco que incidem sobre famílias e indivíduos; são
informações relativas às demandas ou necessidades de proteção
socioassistencial da população. b. A vigilância sobre padrões dos serviços
trata dos padrões de oferta dos serviços e benefícios socioassistenciais,
considerando questões afetas a padrão de financiamento, tipo, volume,
localização e qualidade das ofertas e das respectivas condições de acesso, ou
seja, trata das características e da distribuição da rede de proteção social
instalada para a oferta de serviços e benefícios. (BRASIL, 2016, p. 16)

11
Até os textos da PNAS 2004 e NOB-SUAS 2005 o Centro de Referência Especializado de Assistência Social é
apenas citado como espaço que “envolve a proteção especial de média complexidade” e não como equipamento
de referência dos serviços desse nível de proteção, como regulamentado na RESOLUÇÃO Nº 109, DE 11 DE
NOVEMBRO DE 2009, que aprova a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais.
36

Nesses termos, a defesa de direitos é uma função que abrange a viabilização do acesso
a informações sobre direitos, serviços, programas, benefícios ou canais de participação,
facilitando ao usuário a realização de suas reivindicações. Com efeito, “O paradigma da
universalização do direito à proteção social supõe a ruptura com idéias tutelares e de
subalternidade, que identificam os cidadãos como carentes, necessitados, pobres, mendigos,
discriminando-os e apartando-os do reconhecimento como sujeitos de direito”. (BRASIL,
2004, p. 93).
Dessa forma, romper com tais ideias é um processo que pode e deve ser induzido
também por processos de formação, pois todos os conteúdos abordados estão expressos nas
matrizes dos cursos ofertados, através do Programa Nacional de Capacitação do SUAS –
CapacitaSUAS/PB, uma vez que um dos objetivos do referido programa é a qualificação dos
Recursos Humanos e esta não pode ser alcançada e apartada da compreensão da Política de
Assistência Social em seus direcionamentos técnico-operativos e conceituais.
Com a instituição da NOB-SUAS/2005, se fortalece a compreensão da importância
dos recursos humanos e se inicia uma agenda na perspectiva da estruturação da Gestão do
Trabalho ao estabelecer a área como eixo estruturado do SUAS e a implantação da Política de
Recursos Humanos, com carreira específica para os servidores públicos, que trabalham na
área; uma competência a ser efetivada gradativamente.
Essa configuração do SUAS, que carrega profundas modificações conceituais,
ideológicas, estruturais e organizativas, exigiu uma organização na gestão do trabalho, tema
que trataremos a seguir, mas que se aprofundará no decorrer da apresentação dos resultados
deste estudo.

1.2.1 A necessária relação da gestão do trabalho com a nova configuração da política de


assistência social

A definição do conceito de trabalho, adotado pelo SUAS, pressupõe o resultado da


ação conjugada pelas diferentes categorias profissionais que atuam no SUAS, na perspectiva
da interdisciplinaridade e se “constitui a principal mediação entre as leis e regulamentos que
prescrevem os direitos socioassistenciais, a estrutura institucional de órgãos, cargos e funções,
destinados a torná-los efetivos; assim como os usuários e beneficiários desses direitos”.
(PNEP-SUAS, 2013, p. 29)
Nesse sentido, o conceito de trabalho no SUAS está disposto em duas funções, que,
embora sejam diferentes, se complementam, tendo como eixo de convergência a garantia de
37

acesso aos direitos socioassistenciais: Com isso, vale destacar as Funções de Gestão e
Provimento:

O desenvolvimento da função da gestão no SUAS requer a mobilização do


trabalhador no que se refere aos recursos teóricos, metodológicos e
tecnológicos adequados às diferentes dimensões da gestão. Tal mobilização
visa à produção de mecanismos que permitam o aprimoramento dos fluxos
de informação e dos processos de tomada de decisão, os quais venham a
facilitar o acesso dos usuários aos serviços e benefícios, bem como
fortaleçam os espaços de deliberação e gestão participativa [...]. O trabalho
relacionado à função de provimento de serviços e benefícios é fundado
essencialmente em relações sociais e intersubjetivas. Os conhecimentos
teóricos, metodológicos e tecnológicos requeridos apresentam uma estreita
vinculação com os contextos históricos, econômicos, políticos e
socioculturais. Por isso, essa função requer constante análise, reflexão e
adequação – por parte dos trabalhadores – de práticas profissionais e
processos de trabalho, seja no que se refere às relações internas às equipes de
trabalho, seja no que diz respeito ao trabalho dirigido diretamente aos
cidadãos que demandam as proteções da Assistência Social. (PNEP-SUAS,
2013, p. 29-30)

Há, portanto, uma íntima relação entre as funções e a educação permanente, uma vez
que, para o aprimoramento dos processos de trabalho e práticas profissionais, faz-se
imprescindível o atendimento de objetivos específicos da Política Nacional de Educação
Permanente do SUAS, de modo a

Desenvolver junto aos trabalhadores [...] condições para que possam


distinguir e fortalecer a centralidade dos direitos socioassistenciais do
cidadão no processo de gestão e no desenvolvimento das atenções em
benefícios e serviços; [...] bem como, as competências e capacidades
específicas e compartilhadas requeridas para a melhoria e qualidade
continuada da gestão do SUAS e da oferta e provimento dos serviços e
benefícios socioassistenciais. (PNEP-SUAS, 2013, p. 27)

Transcende, assim, a necessidade de oferecer um espaço para o desenvolvimento de


habilidades, e, sobretudo, a motivação para ampliar a criticidade das equipes, uma vez que
os trabalhadores ocupam lugar fundamental para o acesso aos direitos socioassistenciais.
Para tanto, faz-se necessária a definição de uma linha pedagógica que possa abarcar os
paradigmas, o campo axiológico e valorativo, além dos aspectos conceituais e práticos, pois

A concepção político-pedagógica da Educação Permanente no SUAS


contempla a centralidade dos processos de trabalho e das práticas
profissionais possibilitando o planejamento, a oferta e a implementação de
ações de formação e capacitação para responder às questões, demandas,
problemas e dificuldades que emergem dos processos de trabalho e das
38

práticas profissionais desenvolvidas pelos trabalhadores. (VILAS BOAS et


al., 2015, p. 23)

As ofertas do CapacitaSUAS, em suas estratégias pedagógicas, foram fundamentadas


nessa perspectiva de proporcionar a construção de respostas das questões que surgem nos
processos de trabalho e

[...] trouxe como marca deste processo em curso a indissociabilidade entre a


teoria e a prática. Nesse sentido, torna-se fundamental refletir sobre a
construção desses espaços de trocas e debates que permitem aos
participantes suspender seu cotidiano e reconstruí-lo à luz de conceitos e
paradigmas. (RIZZOTTI, 2015, p. 11)

Importante destacar que todo um cenário de precarização do trabalho no SUAS se


coloca como barreira para a qualidade no provimento dos serviços socioassistenciais. Não
impacta apenas na função de gestão ou nos provimentos, representa um dos maiores desafios
a serem enfrentados rumo à consolidação da Assistência Social como política pública e
garantidora de direitos. Assim,

A questão dos recursos humanos é um desafio para toda a administração


pública, mas assume características específicas na assistência social pela sua
tradição de não-política, sustentada em estruturas institucionais
improvisadas e reduzido investimento na formação de equipes profissionais
permanentes e qualificadas para efetivar as ações que rompam com a
subalternidade que historicamente marcou o trabalho dessa área. (COUTO et
al, 2012, p. 79-80)

Trata-se da imposição do modelo econômico neoliberal de flexibilização do trabalho e


redução de gastos do Estado, o qual tem provocado retrocessos de conquistas importantes dos
trabalhadores. Para reflexão sobre situações que demonstram a precarização do trabalho,
partindo da palavra “chão”, atribuída para dar sentido à realidade de onde se materializa a
gestão do SUAS, a dinâmica gerada pela combinação entre gestão (trabalhador), cidadão e
chão trazem à tona uma problemática que impacta diretamente na qualidade da oferta dos
serviços socioassistenciais. Dessa forma,

Um primeiro cenário observado é o chão do cidadão sendo o mesmo chão de


vivência do trabalhador da assistência social, isto é, o trabalhador da
assistência social vivendo a mesma realidade do cidadão que ele atende. E,
às vezes, as condições de trabalho e de vida do trabalhador se fazem muito
próximas da própria condição de vida dos usuários que ele atende. O
trabalhador da assistência social mora em um lugar e trabalha em outro, e
essa situação é configurada na forma de um embate para se construir pontes
39

de aproximação ou distanciamento entre vivências de mundos diversos. O


último cenário é que o trabalhador da assistência social lida com mais de um
chão de gestão, dada a precariedade, a necessidade em se ter mais de um
emprego, ou seja, ele mora em uma cidade e trabalha em outras duas
diferentes, e não raramente distante da sua cidade de moradia. (KOGA,
2014, p. 32)

De toda forma, mesmo diante das condições adversas e desafios postos, pode-se
afirmar que com o processo inicial de implantação do SUAS, a proteção social, na condição
de conquista para a população do país, ganha capilaridade e possibilidade de ampliação da
cobertura, representando um marco na perspectiva de ruptura com a lógica do favor e
ausência de compromisso com a oferta da Assistência Social, anteriormente ainda efetivada
através de ações pontuais, desarticuladas, descontinuadas e operacionalizadas sob forma
convenial, gerando um cenário de estabilidade, com bases consistentes para organização da
política pública de Assistência Social, bem como a instituição de quadro de profissionais para
atuação junto às demandas sociais.
Esse caminho não foi consensual ou linear, pelo contrário, foi e ainda é percorrido sob
tensões. Não está ausente do terreno das contradições próprias do sistema capitalista, do
embate entre as classes, das imposições de uma sociedade conservadora sobre as resistências
e luta para a garantia dos direitos sociais, para além das condições que o sistema é submetido,
sobretudo, orçamentárias e financeiras.
Portanto, a institucionalização do SUAS assenta a Assistência Social em instâncias de
controle e participação social, consolida a gestão compartilhada entre os entes federados e, no
âmbito da Gestão do Trabalho, reafirma, através da Norma Operacional Básica (NOB SUAS
2005), o compromisso da Política Nacional com a política de recursos humanos, como eixo
estruturante do SUAS, concedendo aos trabalhadores da política de assistência social um
lugar de destaque na construção do SUAS. Assim,

Nessa esteira, a Gestão do Trabalho se configura como área de abrangência


que vai tratar do Trabalho e dos Trabalhadores com o propósito de produzir
e disseminar conhecimentos que devem ser direcionados ao desenvolvimento
de habilidades, potencialidades e competências técnicas, éticas e gerenciais,
ao efetivo exercício do controle social e ao empoderamento dos usuários
para o aprimoramento da política pública. (PNC-SUAS, 2011, p. 10)

Toda essa dimensão política teve como consequência um arcabouço normativo, que
foi se aprimorando ao longo dos anos, tanto no que diz respeito às orientações quanto ao
financiamento dessa área, em especial, da política de capacitação permanente.
40

1.3 A Gestão do Trabalho no SUAS: Uma construção democrática no campo


normativo para aprimoramento da gestão do sistema

Com a Resolução CNAS nº 269, de 13 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a


Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS, fruto de amplas discussões e
debates em todo o país, estabelece princípios e diretrizes para a Gestão do Trabalho, com
padrão mínimo para as equipes de referência nos equipamentos públicos da área no âmbito
dos dois níveis de proteção social básica e especial, além de outros temas importantes – mais
discutidos adiante –, assim como as diretrizes para a Educação Permanente no SUAS,
caracterizando-se como um

Divisor de Águas na Assistência Social brasileira [...], configura-se como


uma conquista dos trabalhadores e dos Usuários do Sistema. Uma área que
até o século XX convivia com práticas seletivas, e ainda, ancoradas numa
concepção culpabilizadora e estigmatizante dos indivíduos e famílias, sem
capacidade de provocar mudanças significativas em suas vidas. (CRUS,
2014, p. 18)

Assim, para o alcance dos princípios e diretrizes preconizados pela Política de


Assistência Social, no âmbito da gestão do trabalho, a NOB-RH ratifica a responsabilidade de
cada ente federado, buscando normatizar e trazer para uma maior discussão algumas
preocupações, das quais duas merecem ser enfatizadas: Planos de Cargos Carreiras e Salários
e o estabelecimento de uma Política Nacional de Capacitação, ambas necessárias para a
implementação e qualificação da oferta/prestação dos serviços socioassistenciais.
A despeito da primeira preocupação, é importante destacar as Resoluções ancoradas à
Norma Operacional Básica do SUAS - NOB-RH/SUAS: Resolução nº 17, de 20 de junho de
2011, que ratifica a equipe de referência e reconhece os profissionais de nível superior, e a nº
09, de 15 de abril de 2014, que ratifica e reconhece as ocupações profissionais de Ensinos
Médio e Fundamental do SUAS. Essas normativas representam ferramentas para o avanço na
profissionalização da Política de Assistência Social.
Trata-se da perspectiva de atendimento aos princípios nacionais para a gestão do
trabalho do âmbito do SUAS e a materialização da característica não contributiva da política,
com garantia de ofertas públicas e, dessa forma, se fazendo necessário um quadro de pessoal
para essa execução, em número suficiente e contratado por meio de concurso público.
O objetivo era estabelecer um número mínimo e um perfil profissional, para atuar em
determinada área de abrangência de oferta dos serviços, programa, projetos e benefícios no
41

âmbito dos níveis de proteção social básica e especial do SUAS, considerando, também, o
número de famílias e/ou indivíduos a essa equipe referenciada, de modo que essa
identificação fortaleça nos usuários a ideia de que sempre que houvesse a necessidade de
proteção no âmbito da assistência social, naquele espaço estariam profissionais para o
atendimento, o que reforçaria também uma característica fundamental da assistência social,
que é a não interrupção (continuidade) das ofertas.
São apresentados, objetivamente, na NOB-RH/SUAS, os quadros com definição de
perfil profissional, para prestação de serviços no âmbito das proteções sociais, o que
corresponde ao mínimo de pessoal necessário, cabendo aos órgãos gestores a ampliação, de
acordo com a necessidade e as possibilidades, principalmente, de ordem financeira.
A seguir, destacam-se os quadros referentes à Proteção Social Básica e Proteção Social
Especial de Média Complexidade, considerando que a Tipificação de Serviços
Socioassistenciais (2009), pactuada na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e aprovada
pelo Conselho Nacional de Assistência Social, define e traz o detalhamento dos serviços que
devem ser prestados nas unidades de referência de execução dos serviços.

Quadro 1 – Equipes de Referência da Proteção Social Básica – CRAS


Pequeno Porte I Pequeno Porte II Médio, Grande,
Metrópole e DF
Até 2.500 famílias Até 3.500 famílias A cada 5.000 famílias
Referenciadas referenciadas referenciadas
2 técnicos de nível 3 técnicos de nível 4 técnicos de nível
superior, sendo um superior, sendo superior,
profissional dois profissionais sendo dois
assistente assistentes sociais e profissionais
social e outro preferencialmente assistentes sociais, um
preferencialmente um psicólogo. psicólogo e um
psicólogo. profissional
que compõe o SUAS.
2 técnicos de nível 3 técnicos nível médio 4 técnicos de nível
médio médio
Fonte: NOB-RH/SUAS 2006.

Quadro 2 – Equipes de Referência da Proteção Social Especial de Média Complexidade –


CREAS
Municípios em Municípios em
Gestão Inicial e Gestão Plena e
Básica Estados com
Serviços Regionais
Capacidade de Capacidade de
42

atendimento atendimento
de 50 de 80
pessoas/indivíduos pessoas/indivíduos
1 coordenador 1 coordenador
1 assistente social 2 assistentes sociais
1 psicólogo 2 psicólogos
1 advogado 1 advogado
2 profissionais de 4 profissionais de
nível superior ou nível superior ou
médio (abordagem médio (abordagem
dos usuários) dos usuários)
1 auxiliar 2 auxiliares
administrativo administrativos
Fonte: NOB-RH/SUAS.
Municípios em Gestão Plena

Considerando o número de unidades públicas estatais 12 como provisão para oferta dos
serviços – mais adiante dispostas na Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2019, que
aprova a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais – implementadas à época onde
nelas seriam abrigadas as referidas equipes de referência (em uma quase totalidade, uma para
cada unidade e uma unidade para cada município, sobretudo, os municípios de pequeno porte.
Uma pergunta já poderia ser feita: haveria equação entre o número de famílias e/ou indivíduos
nos municípios que demandam por provisões da assistência social e quantidade de unidades e
equipes existentes? Poderia, naquele momento, haver a afirmação que não, mas com a
perspectiva de garantia do ritmo de avanço de implementação do SUAS, em poucos anos, as
unidades ganhariam capilaridade em número suficiente, bem como equipes qualificada,s para
garantir a sonhada equação entre oferta e “procura” (necessidade).
Nesse sentido, os Planos de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) são pontuados na
NOB-RH, com a intenção de promover o debate com vistas a sua instituição, junto à
administração pública, nesse caso representada pelas Prefeituras, através das Secretarias
Municipais de Assistência Social, diretamente responsáveis pela execução da política
municipal de assistência social no território. Era o início de um processo de identificação do
reconhecimento de cada ente federado em relação ao comprometimento com a melhoria das

12
As “UNIDADES” fazem parte das provisões necessárias a oferta/desenvolvimento dos serviços. No caso da
Proteção Social Básica do SUAS a unidade é o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS e para a
Proteção Social Especial de Média Complexidade do SUAS é o Centro de Referência Especializado de
Assistência Social – CREAS. São espaços físicos dotados de recepção, sala(s) de atendimento individualizado,
sala(s) de atividades coletivas e comunitárias, sala para atividades administrativas, instalações sanitárias, com
adequada iluminação, ventilação, conservação, privacidade, salubridade, limpeza e acessibilidade em todos seus
ambientes, de acordo com as normas da ABNT. Além de outras características próprias de acordo com a
regulação específica de cada serviço. Para mais informações, acessar a segundo Tipificação dos Serviços
socioassistenciais (Resolução CNAS nº 13, de 13 de maio de 2014)
43

condições de trabalho dos servidores no âmbito do SUAS, considerando a autonomia


administrativa e o grau de interesse em formular e aprovar seus respectivos PCCS.
Desse modo, foi estabelecido um padrão mínimo de normatização para os Planos de
Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), através dos princípios:

1. Universalidade dos PCCS: abrangência para todos trabalhadores que


participam dos processos de trabalho do SUAS; 2. Equivalência dos cargos
ou empregos: as categorias profissionais devem ser consideradas, para
classificação, em grupos de cargos ou carreira única (multiprofissional), na
observância da formação, da qualificação profissional e da complexidade
exigidas para o desenvolvimento das atividades que, por sua vez,
desdobram-se em classes, com equiparação salarial proporcional à carga
horária e ao nível de escolaridade, considerando-se a rotina e a complexidade
das tarefas, o nível de conhecimento e experiências exigidas, a
responsabilidade pela tomada de decisões e suas consequências e o grau de
supervisão prestada ou recebida; 3. Concurso público como forma de acesso
à carreira: acesso à carreira estará condicionado à aprovação em concurso
público de provas ou de provas e títulos; 4. Mobilidade do Trabalhador: deve
ser assegurada a mobilidade dos trabalhadores do SUAS na carreira,
entendida como garantia de trânsito do trabalhador do SUAS pelas diversas
esferas de governo, sem perda de direitos ou da possibilidade de
desenvolvimento e ascensão funcional na carreira; 5. Adequação Funcional:
adequação periódica às necessidades, à dinâmica e ao funcionamento do
SUAS; 6. Gestão partilhada das carreiras: garantia da participação dos
trabalhadores, através de mecanismos legitimamente constituídos, na
formulação e gestão dos seus respectivos planos de carreiras; 7. PCCS como
instrumento de gestão: instrumento gerencial de política de pessoal integrado
ao planejamento e ao desenvolvimento organizacional; 8. Educação
Permanente: significa o atendimento às necessidades de formação e
qualificação sistemática e continuada dos trabalhadores do SUAS e 9.
Compromisso solidário: acordos entre gestores e representantes dos
trabalhadores em prol da qualidade dos serviços, do profissionalismo e da
garantia pelos empregadores das condições necessárias à realização dos
serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social. (NOB-
RH/SUAS, 2016 p. 46-49)

No que se refere ao financiamento para manutenção das equipes de referência, a NOB-


RH-SUAS 2006 atende a demandas pontuadas nas conferências que discutiram o tema, ao
apresentar parâmetros e garantir respaldo para a administração pública, sobretudo, municipal,
assegurar transferência obrigatória de recursos federais para o pagamento de equipes que
atuam no âmbito da assistência social. 13
Segundo a LOAS-1993, em seu Artigo 6º- E, os recursos do cofinanciamento do
SUAS, destinados à execução das ações continuadas de assistência social, poderão ser
13
Durante o processo de atualização da LOAS 1993, considerando a instituição do Sistema Único de Assistência Social –
SUAS, a NOB RH/SUAS serviu de embasamento da Advocacia Geral da União (AGU), que resultou na manifestação de
parecer que assegurou a transferência obrigatória de recursos federais para pagamento de equipes de referência com atuação
no âmbito da assistência social nos municípios.
44

aplicados no pagamento dos profissionais que integrarem as equipes de referência,


responsáveis pela organização e oferta daquelas ações, conforme percentual apresentado pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e aprovado pelo CNAS.
Nesse mesmo sentido, em 2011, o Conselho Nacional de Assistência Social, através da
Resolução nº 32, de 2011, estabelece o limite de até 60% do recurso do cofinanciamento
federal, para ações continuadas da Assistência Social, destinadas ao custeio de recursos
humanos e, em 2016, ocorre uma flexibilização para utilização dos recursos transferidos do
fundo Nacional, para os fundos do estaduais e municipais.
Mais a diante, a Resolução nº 17, de 21 de setembro de 2016, altera o art. 1º da
Resolução nº 32, de 28 de novembro de 2011, do Conselho Nacional de Assistência Social,
passando a vigorar a redação:

Art. 1º Os Estados, Distrito Federal e Municípios poderão utilizar até 100%


(cem por cento) dos recursos oriundos do Fundo Nacional de Assistência
Social, destinados à execução das ações continuadas de assistência social, no
pagamento dos profissionais que integrarem as equipes de referência do
SUAS, conforme art. 6º-E da Lei 8.742/1993.

Parágrafo único. A utilização na integralidade dos recursos oriundos do


cofinanciamento federal para o pagamento de profissionais nos termos do
caput não deverá acarretar prejuízo à qualidade, à continuidade e ao
funcionamento das ações de assistência social em observância às normativas
do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. (BRASIL, CNAS,
Resolução nº17 de 21/09/2016)

Tal aprovação significa a disposição de condições concretas para qualificação da


implementação da gestão do trabalho, porém, a contrapeso, os recursos a que se referem às
resoluções, oriundos do cofinanciamento federal, se situam nos reflexos das ofensivas
neoliberais do governo atual, o que resulta em cortes no orçamento e transferências cada vez
mais irregulares.
A despeito do estabelecimento de uma Política Nacional de Capacitação, segunda
preocupação em destaque, é importante registrar que a NOB-RH/SUAS promove a sua
regulação, com base na reafirmação de sua importância pontuada no Plano Decenal da
Assistência Social14, o que expressa o atendimento ao que havia sido indicado na LOAS/1993,

14
A construção de um Plano Decenal da Assistência Social foi fruto de deliberação da V Conferência Nacional de
Assistência Social, realizada em junho de 2005, em que o CNAS promoveu o debate que deu centralidade ao tema. Um de
seus objetivos era aprovar um pacto de metas e compromissos entre sociedade civil e entes gestores para consolidar o SUAS
no território nacional nos próximos 10 anos e dentre essas metas estava o estabelecimento de diretrizes para a construção de
uma política de recursos humanos.
45

em seu art. 19 IX, que é a necessidade da formulação de política voltada para a qualificação
dos recursos humanos. É, portanto, a afirmação de que a capacitação continuada é
centralidade da gestão do trabalho no SUAS.
Nesse sentido, são pontuadas na NOB-RH/SUAS as diretrizes para a implementação
de uma Política Nacional de Capacitação, reafirmando as responsabilidades do Governo
Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em financiar a política, promover
as capacitações, de forma participativa, sistemática e continuada à todos os atores envolvidos
na política de assistência social, cabendo ao governo federal a definição orientadora dos
conteúdos, respeitando as especificidades de todo o território nacional, dentre outras, a
elaboração de Planos Anuais de Capacitação, que dever ser discutido, pactuado e deliberado
nas devidas instâncias, além de conter diagnóstico para identificação do perfil dos
trabalhadores e necessidades de formação, definição de conteúdos, carga horária,
metodologia, custos e forma e de monitoramento e avaliação.
Aprofundando esse processo, em 2011, foi publicada, em versão preliminar, a Política
Nacional de Capacitação do SUAS (CNAS, 2011), após discussão em encontros em formatos
regional e nacional, realizados durante o ano e com a participação expressiva de todos os
estados e distrito federal. Ao longo do processo, a versão foi também apresentada em reunião
do Fórum Nacional de Secretários de Estado da Assistência Social – FONSEAS e pactuada na
Comissão Intergestores Tripartite – CIT. Em seguida, a versão foi discutida pelo Conselho
Nacional de Assistência Social e definida a constituição de um Grupo de Trabalho, através da
Resolução 19, de 6 de junho de 2012, com o objetivo de sistematizar o texto da Política
Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS, no prazo de 90 (noventa dias).
O texto retoma a Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004), na afirmação
de que a política de formação e capacitação dos atores envolvidos na assistência social, de
forma continuada, integra a Gestão do Trabalho, assim como reforça a orientação da NOB-
RH/SUAS, de que a construção da Política Nacional de Capacitação deve se dar a partir do
princípio estruturante da educação permanente, visando a atualização das informações, uma
vez que o processo de implementação da Política de Assistência Social é dinâmico e o
aprimoramento da capacidade de gestão depende da aproximação dessas normativas.
Considerando a intenção central da PNC/SUAS,

A educação permanente constitui-se no processo contínuo de construção de


conhecimentos pelo trabalhador, de todo e qualquer conhecimento, por meio
46

de escolarização formal ou não formal, de vivências, experiências laborais e


emocionais, no âmbito institucional ou fora dele. Compreende a formação
profissional, a qualificação, a requalificação, a especialização, o
aperfeiçoamento e a atualização. Tem o objetivo de melhorar e ampliar a
capacidade laboral dos trabalhadores, em função de suas necessidades
individuais, da equipe de trabalho e da instituição em que trabalha, das
necessidades dos usuários e da demanda social. (PNC/SUAS, 2011, p. 16)

Diante do exposto até o momento, já se percebe que o processo de implantação do


SUAS se efetivava de forma dinâmica no campo das normativas, fruto da construção coletiva
e discussões constantes em todas as instâncias que pensavam esse sistema. Há, de fato, uma
maturação iniciada em 2005, com a presença essencial de vários interlocutores, responsáveis
pelas grandes decisões de gestão, como o colegiado de gestores municipais da assistência
social, os movimentos de trabalhadores e de usuários, núcleos acadêmicos de pesquisadores,
associações de categorias profissionais, centrais sindicais, movimentos de organizações
sociais, além de militantes da política.
Trata-se de um processo complexo de gestão, que envolve as três esferas do governo,
juntamente com as instâncias de deliberação – Conselhos de Assistência Social – e pactuação
– Comissões Intergestores – que se constituem como espaços onde são discutidos os rumos da
política. Assim, as decisões ocorrem em âmbito estadual nas 26 Comissões Bipartites, com
representação dos entes municipais e respectivos estados, e na Comissão Tripartite de
abrangência nacional, com representação dos três entes federativos, municípios, estados e
União. Paralelamente a esse processo estão as discussões e deliberações dos Conselhos de
Assistência Social, como espaços privilegiados de participação da população.
Fruto desse método de gestão participativa, com vistas à construção coletiva da
política de assistência social, após amplo debate e consenso entre os entes federados, foi
aprovado em 18 de novembro o Pacto de Aprimoramento de Gestão (Resolução nº 17, de 18
de novembro de 2010), que estabelecia prioridades nacionais e compromissos para o Governo
Federal e Gestão dos Estados e Distrito Federal para o quadriênio 2011/2014, representando
um esforço conjunto no avanço e qualificação do sistema, ainda alcançando, de forma direta,
o âmbito municipal, representando um importante instrumento para o controle social.
No campo da Gestão do Trabalho, as prioridades para os Estados e Distrito Federal
cabiam à coordenação, gerenciamento, execução e cofinanciamento de programas de
capacitação para gestores, trabalhadores, conselheiros e para o Gestor Federal a promoção de
um alinhamento programático entre Estados, Distrito Federal e MDS, para elaboração do
Plano Nacional de Capacitação.
47

Mais tarde, no ano de 2013, foram pactuadas pela CTI, através da Resolução nº 18, de
15 de Julho de 2013 as metas para o quadriênio de 2014/2017, destinadas aos Municípios15 e
estabelecida revisão das prioridades e metas específicas para a gestão estadual e do Distrito
Federal, além dos compromissos do governo federal pensados em 2010. Naquele momento, o
sistema já estava mais robusto e mais capilarizado no país. As metas refletiam o avanço do
SUAS, assim como o estágio de identificação do que ainda era urgente, para garantia de sua
qualificação.
Nesse novo cenário, considerando a aprovação da NOB-RH/SUAS e a definição das
equipes de referência, com a função de atuar no âmbito das funções essenciais a gestão do
SUAS, se constituiu como prioridade e meta para os municípios, no âmbito da gestão,

a) Desprecarizar os vínculos trabalhistas das equipes que atuam nos serviços


socioassistenciais e na gestão do SUAS com a meta de atingir o percentual
mínimo de 60% (sessenta por cento) de trabalhadores do SUAS de nível
superior e médio com vínculo estatutário ou empregado público. b)
Estruturar as secretarias municipais de assistência social com a instituição
formal de áreas essenciais como subdivisão administrativa, conforme o porte
do município, quais sejam: Proteção Social Básica, Proteção Social Especial,
com subdivisão de Média e Alta Complexidade, Gestão Financeira e
Orçamentária, Gestão de Benefícios Assistenciais e Transferência de Renda,
Gestão do SUAS com competência de Gestão do Trabalho, Regulação do
SUAS e Vigilância Socioassistencial para os municípios de grande porte e
metrópole. (BRASIL, CNAS, Resolução nº 18, de 15/06/2013)

Para os Estados, se constituem como prioridade

I- reordenamento institucional e programático dos órgãos gestores da


assistência social dos Estados para adequação ao SUAS com metas de: a)
atingir em 100% dos Estados com instituição na estrutura do órgão gestor de
assistência social, áreas constituídas como subdivisões administrativas da
Proteção Social Básica, Proteção Social Especial, Gestão do Fundo Estadual
de Assistência Social e Gestão do SUAS com competência de Gestão do
Trabalho e Vigilância Socioassistencial. b) atingir em 100% dos Estados
quadro de pessoal efetivo correspondente às funções de gestão no órgão e em
suas unidades administrativas descentralizadas, se houver, assim como as
equipes de referência das unidades públicas. (BRASIL, CNAS, Resolução nº
32, de 31/10/2013).

Embora os Pactos de Aprimoramento da Gestão representem um amadurecimento das

15
O §3º, do art. 23, da NOB/SUAS 2012, que estabelece que a União deverá pactuar na Comissão Intergestores
Tripartite (CIT), no último ano de vigência do Plano Plurianual (PPA) de cada ente federativo, a cada 4 (quatro
anos), as prioridades e metas nacionais para Estados, Distrito Federal e Municípios; Considerando o inciso II, do
§8º, do art. 23, da NOB/SUAS 2012, que estabelece que a primeira pactuação das prioridades e metas ocorrerá
para os Municípios no exercício de 2013, com vigência para o quadriênio de 2014/2017.
48

relações entre os entes federado, que se unem na construção do SUAS, tais prioridades se
constituem, até os dias atuais, em um grande desafio, tanto para os órgãos gestores da política
de assistência social quanto para os trabalhadores. São fatores que merecem uma reflexão
crítica, pois os efeitos desse cotidiano impactam diretamente na oferta dos serviços.
São as formas de vínculo trabalhista, efetivadas em desacordo com a NOB-RH, sem
efetivo controle sobre os gastos com pessoal, que expressam a desvalorização do trabalhador
e a precariedade do trabalho que, por sua vez, gera uma grande rotatividade de profissionais
que buscam as mais diversas condições salariais, acumulam vínculos e estão sob desproteção
profissional. Portanto, com base na NOB-RH e no Pacto de Aprimoramento da Gestão,
evidencia-se, então, uma preocupação no campo normativo de avançar com o alcance de
metas para a implementação da Gestão do Trabalho no SUAS no país.
Nesse sentido, a V Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em 200516,
como primeira conferência realizada após a aprovação da PNAS/2004, se constitui como um
divisor de águas, uma vez que propôs como objetivo um Plano de Metas para implementação
da Política Nacional de Assistência Social para os 10 anos seguintes, trazendo para agenda do
país um debate para essa projeção. Em articulação com o Plano Plurianual Federal – PPA, as
deliberações resultaram em um documento: Plano Decenal SUAS 10, cujas metas
estabelecidas representam o compromisso assumido pelos níveis do governo: Municípios,
Estados, União e Distrito Federal.
Considerando o desafio da efetivação da NOB-RH, na direção da consolidação da
gestão do trabalho, o Plano Decenal (2005 a 2015) ratifica os temas que têm mais urgência de
serem abordados no âmbito da gestão do trabalho, tratando prioritariamente da
desprecarização de condições de trabalho, que os trabalhadores são submetidos. No que se
refere à realização de concursos públicos, destaca-se a necessidade de que as esferas
governamentais elaborem e efetivem seus planos de cargos, carreiras e salários, assim como
promovam o acesso à educação permanente.
Portanto, as metas nacionais, indicadas com seus respectivos prazos para
implementação, no âmbito da gestão do trabalho, foram:

 Implantar e implementar política de educação permanente e valorização

16
A V Conferência Nacional de Assistência Social foi antecedida por conferências municipais em 4.692
municípios, (84,68%), nos 26 estados da federação e no Distrito Federal. Calcula-se que tenha envolvido,
durante todo o processo, em torno de 400 mil pessoas. O tema da V Conferência Nacional de Assistência Social
foi “SUAS-Plano 10: Estratégias e Metas para a implementação da Política Nacional de Assistência Social”.
(BRASIL. Plano SUAS 10, 2007, p. 6)
49

de profissionais, conselheiros, gestores, técnicos governamentais e não


governamentais, usuário, entre outros atores, orientada por princípios éticos,
políticos e profissionais, para garantir atendimento de qualidade na
assistência social com política pública;
 Criar plano de carreira, cargos e salários, com a participação dos
trabalhadores sociais e suas entidades de classe representativas, nos 5.564
municípios brasileiros, nos 26 estados e DF;
 Contribuir com o estabelecimento de política de recursos humanos do
SUAS que garanta: a) melhoria das condições de trabalho; b) isonomia
salarial; c) definição da composição de equipes multiprofissionais,
formação, perfil, habilidades, qualificação, etc.; d) definição de piso salarial
e benefícios para as categorias profissionais da área de assistência social, em
articulação com os conselhos de classe e sindicados;
 Dotar o órgão gestor e as equipes adequadas de trabalho quanto a: a)
espaço físico; b) material de consumo e permanente, equipamentos e
veículos;
 Contribuir para a institucionalização de residência para os profissionais
da assistência social;
 Capacitar 40.000 profissionais em formulação de políticas em áreas
técnicas específicas dos estados, DF e municípios;
 Promover estratégias que incluam conteúdos específicos da assistência
social, em cursos de graduação e pós-graduação da área social. (Plano
Decenal. (BRASIL. Plano SUAS 10, 2007, p. 54)

A proposta de avaliação e monitoramento de alcance das metas do Plano Decenal –


não apenas as metas que se referem à gestão do trabalho – é de realização, através da
utilização de sistemas constituídos pela Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação –
SAGI-MDS – bem como monitoradas pelas posteriores conferências de assistência social.
Após a conclusão da vigência do I Plano Nacional da Assistência Social, cuja
avaliação apontava para o alcance de seu objetivo principal, que era de implantar o SUAS
como sistema público de proteção social. Em 2015, foi pauta do processo conferencial, além
da avaliação do I Plano Decenal, a definição das prioridades que serviriam de base para a
elaboração do II Plano Decenal da Assistência Social, com vigência de 2016 a 2026, com o
tema “Consolidar o SUAS de vez, rumo a 2026” e lema “Pacto Republicano no SUAS rumo a
2026: O SUAS que temos e o SUAS que queremos”.
Os Planos Decenais são considerados excelentes instrumentos, para nortear a
implementação do SUAS, uma vez que estabelecem ações e prazos para sua execução,
podendo afirmar que avaliar a materialização da gestão do trabalho pressupõe a observância
do alcance das metas por parte das esferas governamentais. Evidenciaram-se, então, esforços
desempenhados pelos atores envolvidos no processo, como as comissões governamentais e
não governamentais e pelos próprios trabalhadores, na direção de uma política de gestão do
trabalho em rompimento com a precarização historicamente atribuída à política de assistência
50

social.
Em que pese o tempo histórico que permeia a abordagem, tratava-se de um contexto
favorável à implementação de mudanças, considerando a importância conferida à assistência
social, tanto na construção e avanços normativos quanto na vontade política de garantir
condições para seu funcionamento, sobretudo, orçamentárias e financeiras.
Após 10 anos de SUAS, o cenário representava possibilidades para o campo da Gestão
do Trabalho, sobretudo, para a Educação Permanente, diferente do que se vivencia no período
atual, em que a Proposta de Lei Orçamentária Anual - PLOA de 2019, enviada para o
executivo e Congresso Nacional apresentou um corte na área da Assistência Social de
49,48%, o que não só precariza, mas inviabiliza a execução de serviços, programa e benefício,
além de impactar diretamente nas condições de trabalho. Sobre esse tema, Raichelis (2010, p.
751) afirma que

as transformações contemporâneas que afetam o mundo do trabalho, seus


processos e sujeitos, provocam redefinições profundas no Estado e nas
políticas sociais, desencadeando novas requisições, demandas e
possibilidades ao trabalho no âmbito das políticas sociais.

Diante do que se evidencia, pode-se afirmar que se trata de um novo estágio do SUAS,
dessa vez, no sentido contrário da sua implementação; na verdade, um declínio em sua agenda
política e institucional. Embora se mantenha a atuação das instâncias de deliberação e
pactuação em âmbito nacional, a construção democrática perde forças e se evidencia o
retrocesso e o desmonte das políticas sociais, tornando ainda mais desafiadora a tarefa da
implantação da Gestão do Trabalho como área fundamental e estruturante do SUAS.
51

2 AS CONFIGURAÇÕES DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE E O


PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO – CAPACITASUAS

O conteúdo que compõe o presente capítulo ocupa lugar estratégico no estudo, pois se
trata da configuração da política nacional de educação permanente no SUAS, considerando
seus arranjos institucionais, principais conteúdos e fundamentos pedagógicos, que balizam
todo o processo do campo analítico desta dissertação. Sendo assim, foi necessário revisitar o
arcabouço normativo que dá forma e sustentação conceitual ao tema, sempre considerando os
nexos e a necessidade de ressaltar os paradigmas de superação do modo histórico e tradicional
da proteção social não contributiva no Brasil, especialmente, a assistência social.
Nessa linha, todo o conteúdo previsto para o Programa Nacional de Capacitação do
SUAS - CapacitaSUAS, tema central nesse momento, dialogou teórica e politicamente com as
tradicionais concepções que permeavam a assistência social brasileira e, portanto, implicou na
exibição inicial, expressa no capítulo anterior, do novo marco normativo, a partir da
Constituição Federal de 1988 e das linhas gerais dos eixos estruturantes, que dão sustentação
ao novo desenho do SUAS.
O ordenamento do conteúdo se dedicou, num primeiro momento, ao relato histórico da
formatação da Política de Educação Permanente no SUAS (PNEP-SUAS) e, em seguida, se
fez uma leitura do desenho do CapacitaSUAS como uma das principais iniciativas, em nível
nacional, do processo de formação dos trabalhadores.
Destaca-se que o item que se refere à Política de Educação Permanente contempla a
dimensão da construção como resultante dos processos deliberativos, em especial, das
Conferências Nacionais e da instituição do SUAS, de modo que a opção pela formação se
evidencia e ganha consistência nacional. Os principais direcionamentos, em termos de
diretrizes, objetivos e formatação também foram contemplados, a partir de uma leitura dos
documentos oficiais.
O segundo momento que trata especificamente do CapacitaSUAS tem como objetivo
apresentar as orientações pedagógicas e a trama de sua constituição, que envolve, além dos
três entes federados, também uma importante rede de universidades públicas e privadas em
todo o território nacional. Esse conteúdo expõe a relevância de proposições resultantes de
pactos federativos e da indução financeira em processos de capacitação permanente.
52

2.1 A importância da qualificação profissional dos trabalhadores do SUAS: uma


construção coletiva nos espaços democráticos e de direito

A Política Nacional de Assistência Social – PNAS, de 2004, e a Norma Operacional


Básica do SUAS - NOB/SUAS, de 2005, se constituem como normativas de regulamentação
de instrumentos e mecanismos que subsidiem a operacionalização e materialidade da política
de assistência social como responsabilidade pública. Destaca-se que a instituição do SUAS
construiu um arcabouço normativo que orientou e unificou esse sistema público em todo o
território nacional, tratando dos mais variados temas: desde a organização da oferta de
serviços e benefícios, passando pelo financiamento, até a gestão do trabalho, tema central
deste estudo.
Nessa direção, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, não contributivo,
assentado em instâncias de controle e participação popular, fundamentado na PNAS e
sustentado pelo pacto federativo, consolida a gestão compartilhada na perspectiva da divisão
das responsabilidades na gestão da política de assistência social de forma cofinanciada, para o
alcance cooperado da execução de programas, projetos, ações, serviços e benefícios à
população usuária.
A partir desse novo modelo, em um contexto de amplos debates e expressivas
mudanças, que a assistência social passa a ser concebida como responsabilidade pública e
estatal, há a necessidade urgente de avanços no campo da atualização de conhecimentos,
aptidões e posturas dos operadores dessa política setorial que, por sua vez, implica na
necessidade de formatação de processo de capacitação e formação profissional.
A compreensão da importância da oferta de qualificação para os trabalhadores, tendo
como finalidade o aprimoramento dos serviços do SUAS, é demandada desde a primeira
Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em 1995, mas apenas teve substância
após um longo processo de construção coletiva.
Com o objetivo de dar materialidade às deliberações da IV Conferência de Assistência
Social, realizada em 2003, o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS aprova a
Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004, que trouxe novos elementos para a Política
Nacional de Assistência Social – PNAS, estabelecendo as bases para a organização do
Sistema Único de Assistência Social – SUAS e, pela primeira vez, trata, como um dos eixos
estruturantes da Assistência Social, a política de Recursos Humanos, afirmando que
53

É sabido que a produtividade e a qualidade dos serviços oferecidos à


sociedade no campo das políticas públicas estão relacionados com a forma e
as condições como são tratados os recursos humanos. O tema recursos
humanos não tem sido matéria prioritária de debate e formulações, a despeito
das transformações ocorridas no mundo do trabalho e do encolhimento da
esfera pública do Estado, implicando precarização das condições de trabalho
e do atendimento à população (BRASIL, 2004, p. 53).

Há, nesse momento, o reconhecimento de que a política de recursos humanos é


estrategicamente fundamental, considerando que a proteção social, garantida por via da
materialização do acesso aos serviços socioassistenciais, passa, necessariamente, pelos
trabalhadores. Desse modo, todo e qualquer projeto de aprimoramento da política de
assistência social, no que concerne à qualidade das entregas e provisões garantidas, não pode
prescindir do aprimoramento dos trabalhadores nas diferentes funções e formações
profissionais.
No que se refere à trajetória de debates que evidenciaram a valorização do trabalho e
trabalhadores do SUAS, é importante destacar que a institucionalização do sistema
possibilitou, através dos conselhos 17 e de conferências18, a definição das bases para
constituição da Política Nacional de Educação Permanente, ao trazer à tona os temas
direcionados à valorização dos responsáveis pela execução da política. Portanto, o regramento
e as ações no campo da gestão do trabalho mantiveram a marca da construção nos espaços
democráticos e deliberativos dessa política pública.
Nesse sentido, vale destacar neste estudo – à luz das conferências de assistência social
– a trajetória dos debates que envolvem a temática, desde as primeiras Conferências
Nacionais de Assistência Social, realizadas em 1995 e 1997, que tratam, com timidez, da
necessidade de realização de treinamentos sem, contudo, estabelecer meios efetivos de sua
realização.
Nesse momento, como resposta às deliberações municipais, foi aprovada a NOB-
SUAS-97, através da Resolução nº 204, de 04 de dezembro de 1997, com destaque na

17
Os Conselhos de Assistência Social são órgãos de deliberação colegiada, de caráter permanente e de
composição paritária entre o governo e a sociedade civil. Nessas instâncias, são discutidas, apreciadas e
deliberadas as pautas da Política de Assistência Social. Seu pleno funcionamento significa a construção coletiva,
uma vez que os representantes do governo e da sociedade civil (entidades, usuários e trabalhadores) são os
principais atores da construção da política.
18
As conferências de Assistência Social são instituídas como um espaço privilegiado de participação popular.
No contexto em que se situa a abordagem, se construía de importante ferramenta para a consolidação das
demandas municipais, estaduais e nacionais no âmbito da política de assistência social, onde suas propostas se
tornavam pautas das reuniões das instâncias de pactuação e mediante processo de discussão.
54

constituição das Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite como instâncias de pactuação 19


da política de assistência social e a definição dos entes federados quanto ao financiamento,
partilha dos recursos e prestação de contas. O foco principal era o fortalecimento da gestão
descentralizada, e a única deliberação específica para o trabalhador, que apontava a
necessidade da realização de concurso público, não foi suficiente para dar início a um
processo de profissionalização de uma política voltada para os recursos humanos.
Em 2001, foi realizada a III Conferência Nacional de Assistência Social, que
apresentava como eixo para discussão os avanços e desafios até o momento enfrentados para
implementação da assistência social e, dentre os desafios, também se pontuou a preocupação
com os trabalhadores. Nesse momento, a proposta ousa na indicação de elaboração de uma
Política de Capacitação Continuada, dando mais concretude à proposta que reconhece superar
ações pontuais de formação e indica a construção de uma política que envolve todas as esferas
e, portanto, deve compor o pacto federativo. Além disso, houve definição dos atores que
compõem o público da política, sendo elencados os profissionais, usuários, gestores e
conselheiros. Para o caso específico do processo de capacitação, a definição dos sujeitos que
integram essa política pública também direcionava a capacitação continuada para todos eles.
Vale destacar que, mesmo diante dessa proposição, o governo 20 de então não deu
concretude à proposta, que passa a ser acolhida apenas por ocasião da mudança de governo e,
por conseguinte, a instalação de uma nova configuração na gestão da política de assistência
social com um desenho de sistema único e descentralizado.
Os avanços em curso da política de assistência social, a partir de 2003, tiveram sua
ordem democrática com a convocação da IV Conferência Nacional de Assistência Social em
caráter extraordinário, que ocorreu de 7 a 10 de dezembro de 2003 e se constituiu um marco
para a política de assistência social do Brasil.
Nesse processo conferencial, são definidas as diretrizes para a criação do SUAS, o que
representa um marco na trajetória da Política de Assistência Social no país, pois viabilizou a
aprovação, no ano seguinte, da Política Nacional de Assistência Social, estabelecendo os
princípios da matricialidade sociofamiliar e da territorialização e, no que se refere ao tema

19
As Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) são instâncias de
negociação e pactuação das questões operacionais da gestão da Política de Assistência Social e são organizadas
em âmbito federal (CIT) com representação dos Governos Federal, Estadual e Municipal e, em âmbito Estadual
(CIB), com representação do Estado e dos Municípios, com a finalidade de assegurar a negociação e acordo
entre os gestores envolvidos.
20
Período em que esteve à frente da presidência do país, Fernando Henrique Cardoso (1995 a 1998 e 1999 a
2013). Em detrimento da hegemonia neoliberal e manutenção da estabilidade econômica, se evidencia a perda de
direitos conquistados e o aprofundamento das desigualdades sociais. Houve resistência e articulação permanente
dos fóruns de assistência social em todo o país.
55

trabalho, “o texto [...], ressalta que deve integrar à Gestão do Trabalho uma política de
formação e capacitação dos trabalhadores da rede pública e privada, gestores, dirigentes da
rede socioassistencial e conselheiros, de forma sistemática e continuada, fundada no princípio
da educação permanente”. (PNC/SUAS, 2011, p. 14) Para além da discussão, é indicativo a
necessidade urgente de contratação, via concurso público, de profissionais em suas diferentes
especializações e profissões, com vistas à melhoria nas condições de trabalho.
A partir daí, tornou-se possível a implantação do modelo unificado da política -
hierarquizada em proteção social, básica e especial –, cuja expressão mais alta é o Sistema
Único da Assistência Social (SUAS). Não é tema deste estudo abordar a institucionalização
do SUAS, no entanto, destaca-se que esse novo paradigma, que balizou a gestão e as ofertas
de serviços e benefícios, devidamente regulamentados a partir das deliberações dessa IV
Conferência, ensejaram ainda mais um processo de formação continuada dos trabalhadores,
para a operação desse sistema público sob os novos marcos conceituais e normativos.
Durante os dois anos que sucederam a proposição do SUAS, na IV conferência, o tema
foi ganhando corpo em todo o território nacional. Além disso, o processo democrático de
organização obteve uma expressão notória na V Conferência Nacional de Assistência Social,
que foi antecedida por conferências municipais em 4.692 municípios, (84,68%), nos 26
estados da federação e no Distrito Federal. Calcula-se que tenha envolvido, durante todo o
processo, em torno de 400 mil pessoas (BRASIL, Plano SUAS 10, 2007, p. 6).
Desse processo e de suas deliberações, desenha-se um primeiro plano desse novo
tempo e modelo para a política de assistência social, com uma visão prospectiva por 10 anos,
denominado “Plano SUAS 10”, que apresenta como meta específica, para a gestão do
trabalho, “capacitar 100% dos trabalhadores do SUAS entre os anos de 2007 a 2015.21
Com o tema SUAS – PLANO 10: Estratégias e Metas para Implementação da Política
Nacional de Assistência Social, a V Conferência Nacional apresenta como saldo, para a
agenda do trabalho e trabalhadores do SUAS, e reforça a necessidade já apontada em
conferências anteriores, de implementação de uma Política Nacional de Capacitação como
determinante para garantir a qualidade na oferta de serviços, de ampliação de equipes de
trabalho e implementação em todas as esferas governamentais de planos de carreira, cargos e
salários. A partir disso, nasce o debate sobre a versão inicial da NOB-RH-SUAS/2006
(Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS), cuja importância do

21
O plano está disponível em:< http://www.mds.gov.br/cnas/plano-decenal>.
56

estabelecimento de princípios e diretrizes para gestão do trabalho foi tratada no capítulo


anterior.
Após a instituição da NOB-RH-SUAS/2006 e, com base nela, a VI e a VII
Conferências Nacionais, realizadas em 2007 e 2009, respectivamente, objetivam o
estabelecimento de estratégias, no sentido de fortalecer a norma operacional, pautando o tema
da Política Nacional de Capacitação e, como diretrizes, os princípios éticos e políticos dos
profissionais e o aprimoramento da gestão do SUAS, na perspectiva do provimento dos
serviços com qualidade, assim como ratificou a preocupação de estimular a criação de
instâncias de diálogo para os trabalhadores, o que contribuiu para a criação do Fórum
Nacional dos Trabalhadores do SUAS (FNTSUAS).
Em que pese à gestão do trabalho, no campo das capacitações, fica evidente a
materialidade do processo de construção coletiva da política de assistência social, debatida
nas instâncias de pactuação e deliberado nas conferências, em observância às diretrizes da
PNAS e da NOB-RH/SUAS, através da realização do Programa de Capacitação, executado no
ano de 2007 pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, em
parceria com a Escola Nacional de Administração Pública – ENAP.
Nesse período, as capacitações apresentavam a característica genérica de formação de
multiplicadores, os chamados gerentes sociais, que seriam responsáveis pela criação de uma
rede de capacitação para agentes públicos ou na modalidade a distância, alcançando,
diretamente, os trabalhadores do SUAS e se organizando em dois momentos:

O primeiro deles, ligado à formação de multiplicadores e de gerentes sociais


que atuam na proteção social não contributiva e Constituição da rede
descentralizada de capacitação [...] em 40 turmas de 40 participantes, 160
horas de duração, visando formar 1.600 agentes públicos (gerentes ou
coordenadores de serviços e programas executados pelas secretarias
estaduais e municipais de assistência ou similares), de 629 municípios,
Distrito Federal e 26 estados. O segundo, trata da capacitação continuada à
distância para subsidiar a implementação do Programa Bolsa Família e do
SUAS. [...] O projeto de capacitação continuada à distância [foi
implementado] de maneira progressiva, de forma a atender os 5.564
municípios do país, no período de um ano e meio, atingindo, ao final, a
capacitação de 13.545 técnicos. Destes 13.545 técnicos, pelo menos 50%
será alvo do curso oferecido pela internet (versão web) segundo plataforma a
ser disponibilizada pela instituição contratada para este fim. A outra parte
dos técnicos a serem capacitados será alvo de capacitação à distância com o
apoio de outras mídias (versão multimídia), também desenvolvidas pela
instituição contratada, sob coordenação do MDS. (BRASIL. Plano SUAS 10,
2007, p. 17 - 18)
57

Importante destacar que, logo em seguida, foi aprovada a Resolução nº 109, de 11 de


novembro 2009, como resposta à deliberação da VI Conferência Nacional, de tipificar e
consolidar a tipificação nacional dos serviços socioassistenciais, o que fortaleceu a
institucionalidade de implementação do SUAS e tornou ainda mais urgente a implementação
de uma política de educação continuada. Essa nova normatização definia, de forma clara e
objetiva, quais são os serviços (da proteção básica e especial) a serem ofertados no SUAS,
quais seus objetivos, público alvo, formatação e qual a equipe de trabalhadores necessárias,
assim permitia, inclusive, delinear a formação com conteúdos que permitissem orientar
objetivamente as equipes de trabalho.
Após mais de meia década do início da implantação do SUAS, as ações e as
normatizações seguem articuladas num processo que identifica, tanto as necessidades de
novos regramentos quanto a impulsão pelo processo de implementação. Foi com esse olhar
que em 2011, após longo debate, foi realizada a alteração da LOAS/1993, que se fez pela Lei
nº 12.435, de 06 de julho de 2011.22 O SUAS ganha o detalhamento do seu desenho, através
da lei infraconstitucional, de 1993, anunciando que a política da assistência social deveria ser
descentralizada e universalizada, indicando a necessidade de um sistema unificado.
Desse modo, a lei promulgada em 2011 instaura, legalmente e com clareza, a
institucionalidade do SUAS. Dentre as definições, cabe destacar, neste estudo, a
implementação da gestão do trabalho e da educação permanente na assistência social como
um dos objetivos desse sistema.
Percebe-se um avanço normativo e de aporte no financiamento no que concerne à
formação dos trabalhadores e conselheiros da política de assistência social, pois em 2008 se
inicia um processo de formação em articulação com universidades de todo o Brasil, para
realizar processos formativos, tendo uma mesma matriz teórica e conteúdos básicos a serem
ministrados. Esse processo ganha corpo e produz resultados, tanto no interior da gestão como
no âmbito do controle social, o que culmina com o tema da VIII Conferência de Assistência
social.
Em 2011, com o Tema: “Avançando na consolidação do Sistema Único de Assistência
Social - SUAS com a valorização dos trabalhadores e a qualificação da gestão, dos serviços,
programas, projetos e benefícios”, é realizada a VIII Conferência Nacional de Assistência
Social e teve como pauta central das discussões o trabalho e os trabalhadores, retomando,

22
Até, então, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS vigorava e avançava no país sob força de resolução
do Conselho Nacional de Assistência Social, o que ratifica a importância atribuída ao controle social, expresso
em suas instâncias de pactuação e deliberação da política.
58

novamente, as deliberações anteriores, que revelam a preocupação com a valorização e


qualificação dos operadores da política, destacado a implantação da gestão do trabalho em
todas as esferas governamentais e a construção da Política de Capacitação Continuada, com
referência na NOB-RH-SUAS/2005. Logo em seguida, praticamente durante o mesmo
processo, foi criado o Programa Nacional Capacitação do SUAS – CapacitaSuas, em 16
março de 2012 e através da Resolução nº 08 do CNAS.
O cenário é de avanço no aumento e capilarização de serviços, programas, projetos e
benefícios, equipamentos públicos, onde estavam instalados, bem como número de
trabalhadores

O principal incremento no quantitativo de trabalhadores nos últimos anos


ocorreu nas Secretarias Municipais de Assistência social. Havia nelas, em
2005, 139 mil trabalhadores (incluindo os trabalhadores dos equipamentos
municipais), em 2010, esse número aumentou para 220 mil trabalhadores, e,
em 2013, para 245 mil trabalhadores. [...] Somando-se aos 245 mil
trabalhadores municipais os trabalhadores estaduais (15 mil) e os
conselheiros da assistência social (36 mil), chega-se a 296 mil trabalhadores
e conselheiros, de acordo com o Censo SUAS 2013. (GONÇALVES et al.,
2015, p. 64 - 65)

Diante da breve exposição da trajetória histórica de discussões em torno da gestão do


trabalho, podemos afirmar que a Política Nacional de Educação Permanente do SUAS é uma
resposta do Governo Federal às deliberações reiteradas das conferências e, portanto, fruto da
construção coletiva das instâncias de deliberação do SUAS, dos trabalhadores, dos usuários e
demais atores e construtores desse sistema.

2.2 A Política Nacional de Educação Permanente do SUAS – PNEP/SUAS:


aprimoramento da gestão e qualificação das ofertas

O tratamento da gestão do trabalho, no campo normativo, antecede a Política Nacional


de Educação Permanente – PNEP/SUAS e a formulação da Política Nacional de Capacitação
do SUAS, construída em versão preliminar em 2011 como resposta mais urgente à
necessidade de construção de um processo inicial de educação permanente. O documento
segue a lógica da construção coletiva e se inseriu em um cenário demandante de
encaminhamentos que garantissem respostas, no sentido de fortalecer a rede de proteção, que
avançava no país, e primava por capacitação dos atores responsáveis pela execução direta das
ações com as famílias, como caminho fundamental para a qualificação das ofertas. Assim,
59

A concepção imbuída nesta PNC/SUAS é convergente com a dos PEC,


tendo em vista o processo de discussão em cinco encontros regionais e dois
encontros de âmbito nacional que contou com a participação de mais de cem
representantes de todos os estados e o Distrito Federal nessa agenda
realizada no decorrer de 2011. Ainda, foi apresentada na Reunião do Fórum
Nacional de Secretários de Estado da Assistência Social - FONSEAS e
pactuada na 108ª Reunião da Comissão Intergestores Tripartite - CIT, ambas
realizadas em outubro de 2011. Após pactuação esta versão preliminar foi
apresentada e discutida no âmbito do Conselho Nacional de Assistência
Social - CNAS, que deliberou pelos seguintes encaminhamentos: 1. Publicar
e disseminar a proposta preliminar desta PNC/SUAS na VIII Conferência
Nacional da Assistência Social; 2. Realizar em fevereiro de 2012 uma
oficina com representantes das Instituições de Ensino Superior – IES;
Especialistas e Pesquisadores; Associações de Ensino e Pesquisa; e,
representantes das Entidades de Classe das Categorias Profissionais de nível
superior reconhecidas pela Resolução nº 17/2011; 3. Apreciação, debate e
deliberação, no âmbito do CNAS, em março/2012. (PNC-SUAS, 2011 p. 12)

A referência para o desenvolvimento da PNC-SUAS/2011 observou, prioritariamente,


o público a que se destina, além disso, se caracterizou por quem opera a política de assistência
social, considerando o exercício de suas competências.

O público de que trata esta PNC/SUAS são os operadores: da Gestão das


Secretarias Municipais, Estaduais, Distrito Federal e do MDS; dos serviços,
conforme estabelecidos na Resolução do CNAS nº 109/2009, que trata da
Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais; Resolução do CNAS nº
27/2011, que caracteriza as ações de assessoramento e defesa e garantia de
direitos no âmbito da Assistência Social e demais normativas; dos benefícios
e transferências de renda no âmbito da assistência social: Benefícios
Eventuais; Benefício de Prestação Continuada (BPC), Programa de
Transferência Condicionada de Renda – Programa Bolsa Família (PBF); do
Cadastro Único de Programas Sociais (CADÚNICO); das Secretarias
Executivas dos Conselhos. (PNC-SUAS, 2011 p. 22)

No que se refere aos princípios da PNC, estão consoantes ao estabelecido da PNAS, de


modo que “deve integrar a política de recursos humanos, uma política de capacitação dos
trabalhadores, gestores e conselheiros da área, de forma sistemática e continuada” (BRASIL,
2004, p. 55). Em que pese no direcionamento anterior, havendo privilégios dos operadores do
SUAS, nas instâncias de serviços e concessão de benefícios, pode-se observar que, em 2004, a
indicação incluía as instâncias de gestão e do controle social.
O princípio da educação permanente embasa o documento, resgatando, sobretudo, o
preconizado na Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS – NOB-
RH/SUAS 2005, que também retoma a PNAS/2004, orientando que a construção deve ser
60

coletiva, com vistas ao aprimoramento da gestão, através de processos formativos acessíveis e


sob a responsabilidade compartilhada dos entes federados. Com isso, se define também que a
lógica da educação para o trabalho, no âmbito da política de assistência social, seja efetivada,
através da continuidade de processos formativos, orientados pelos Planos de Capacitação,
sendo observados: a regionalização; as características próprias e dinâmicas do território e o
controle social, materializado, através das instâncias de pactuação e deliberação. Dessa forma,

A política Nacional de Capacitação e os planos estaduais de capacitação


devem pautar-se nos princípios da educação permanente e da
interdisciplinaridade na perspectiva da produção e disseminação de
conhecimentos. Os conhecimentos do SUAS são constituídos tanto no
cotidiano de trabalho social, quanto nas produções que resultam dos
processos formativos. (NOB-RH, 2006 p. 90)

A Política Nacional de Capacitação é compreendida como um importante documento


que avança em relação ao PNEP/SUAS, supõe a superação da lógica da capacitação como
apenas disponibilizadora de conteúdos, pois oferece estratégias para elevação dos
trabalhadores, de expectadores das formações para protagonistas, ao considerar e
potencializar os conhecimentos produzidos no próprio processo de trabalho, fruto do
desenvolvimento da autonomia e da capacidade das equipes de referência de conciliar técnica
e método na execução de serviços e benefícios socioassistenciais. Nesse sentido,

A educação permanente na assistência social considera as condições


objetivas em que os processos de trabalho são organizados e desenvolvidos,
pressupondo autonomia ética e técnica, e participação, tendo em vista as
diretrizes constitucionais e os espaços e mecanismos democráticos. A
compreensão da educação no sentido criativo e criador, parte do
entendimento de que as práticas educativas são realizadas a partir do
cotidiano, das situações e contradições presentes, requerendo a construção de
respostas coletivas para a materialização dos direitos socioassistenciais.
(PNC/SUAS, 2011 p. 17)

Em abril de 2012, foi realizado o debate em torno da versão preliminar da Política


Nacional de Capacitação do SUAS. O Conselho Nacional, juntamente com o Ministério do
Desenvolvimento Social, promoveu uma oficina com a presença de representantes das
Instituições de Ensino Superior, do Fórum Nacional dos Trabalhadores do SUAS, de
organizações de gestores estaduais, especialistas e colaboradores, com o objetivo de construir
a versão final da Política Nacional de Educação Permanente do SUAS – PNEP/SUAS.
Através da resolução 19, de 06 de junho de 2012, foi instituído um Grupo de Trabalho (GT)
61

de composição paritária entre conselheiros e representantes do MDS 23. Essa escolha, por
realizar um amplo debate, seguiu a lógica de processos democráticos de discussão, que vinha
sendo adotada pelo MDS desde o ano de 2003.
E, finalmente, após duas décadas de reiteradas deliberações, em março de 2013, o
CNAS aprova o texto final da PNEP/SUAS, por meio da Resolução CNAS nº 04, de 13 de
março de 2013, que a institui como Política Nacional de Educação Permanente do Sistema
Único de Assistência Social – PNEP/SUAS/2013 como um documento público e norteador
para a União, Distrito Federal, Estados e Municípios no que se refere aos processos de
formação para os atores que permeiam a política de assistência social. Como apresenta o
próprio documento, se constituem de objetivos específicos da PNEP, em especial:

a) Desenvolver junto aos trabalhadores e conselheiros condições para que


possam distinguir e fortalecer a centralidade dos direitos socioassistenciais
do cidadão no processo de gestão e no desenvolvimento das atenções em
benefícios e serviços;
b) Desenvolver junto aos trabalhadores da Assistência Social as
competências e capacidades específicas e compartilhadas requeridas para a
melhoria e qualidade continuada da gestão do SUAS e da oferta e
provimento dos serviços e benefícios socioassistenciais;
c) Desenvolver junto aos conselheiros da Assistência Social as competências
e capacidades requeridas para a melhoria contínua da qualidade do controle
social e da gestão participativa do SUAS;
d) Instituir mecanismos institucionais que permitam descentralizar para
estados, municípios e Distrito Federal atribuições relacionadas ao
planejamento, oferta e implementação de ações de formação e capacitação;
e) Instituir mecanismos institucionais que permitam a participação dos
trabalhadores e dos usuários do SUAS, dos conselheiros da Assistência
Social e das instituições de ensino, as quais formam a Rede Nacional de
Capacitação e Educação Permanente do SUAS, nos processos de formulação
de diagnósticos de necessidades, planejamento e implementação das ações
de formação e capacitação;
f) Criar mecanismos que gerem aproximações entre as manifestações dos
usuários e o conteúdo das ações de capacitação e formação [...]. (PNEP-
SUAS, 2013, p. 27-29)

O documento apresenta todo um conteúdo capaz de orientar os entes federados na


condução da educação permanente, no âmbito do SUAS, e nas suas esferas administrativas,
dentre eles: a definição do público constituído de trabalhadores, gestores e agentes do controle
social, para os quais também foram pensados os percursos formativos; as modalidades de
educação, que podem ser presenciais e não presenciais; os tipos de ação de capacitação,
considerando a carga horária e a definindo como introdutória, de atualização ou supervisão

23
Enfatiza-se nesse ponto o subsídio da tese da Dra. Rosa Maria Castilhos Fernandes: Educação Permanente no
Sistema Único de Assistência Social: gestão democrática para uma ética pública.
62

técnica24, além de subsídio a certificação e aos caminhos que devem ser percorridos para
monitoramento e avaliação, através de aplicativos da RedeSUAS 25, como o CadSUAS 26.
Quanto aos tipos de formação, orienta-se a observância legal do Ministério da
Educação – MEC:

a) Formação técnica de nível médio: Ação de formação de longa duração,


com carga horária mínima de 1.800 horas/aula, dirigida especificamente para
os trabalhadores de nível médio [...] b) Aperfeiçoamento: Sob essa
denominação poderão ser concebidas, ofertadas e realizadas ações de
formação com carga horária de 180 horas/aula de duração, as quais são
destinadas, exclusivamente, a trabalhadores e conselheiros, portadores de
diploma de Graduação [...] c) Especialização: Sob essa denominação
poderão ser concebidas, ofertadas e realizadas ações de formação com carga
horária mínima de 360 horas/aula de duração [...] d) Mestrado: Ação de
formação de longa duração (cerca de 2 anos de curso) que tem por finalidade
a realização de estudos aprofundados e a elaboração de pesquisas
direcionadas a investigar e a responder a questões e problemáticas que digam
respeito ao cotidiano e aos desafios do trabalho e da intervenção profissional
no SUAS. (PNEP-SUAS, 2013, p. 45-46)

Destaca-se que a Política Nacional de Educação Permanente do SUAS (PNEP/SUAS)


apresentou o cuidado de prever diferentes tipos e níveis de formação, reconhecendo os
diversos graus de instrução. Além disso, essa formatação vinculada às diretrizes do MEC
possibilitou maior articulação com os processos formativos, definidos por esse ministério e,
com isso, avança na certificação e na possibilidade de influenciar os currículos dos cursos
formais e proposição de pesquisas, conforme nos alerta Albuquerque e Silva (2014, p. 95):

A idéia é que nos processos formativos os profissionais estudem o que


requer o SUAS, e, muito importante, uma forma de capturar o conhecimento
deles é através da realização de pesquisas e diálogos conjuntos, em que
ocorre a troca das práticas e o debate sobre quais são as competências
(conhecimentos, habilidades e atitudes) que estão sendo executadas e que
são requeridas dos profissionais.

De fato, só seria possível avançar na institucionalização do Sistema Único de


Assistência Social, no âmbito da Educação Permanente, como elemento fundamental para o
aprimoramento da gestão e qualificação das ofertas, se houvesse a compreensão, por parte das
24
Para maior detalhamento, consultar a PNEP/SUAS/2013.
25
A Rede é Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social, criado pelo MDS, com a
função de viabilizar a comunicação no âmbito do SUAS. Apresenta ferramentas de registro e divulgação de
dados e se constitui como um instrumento de gestão, organizando a produção, armazenamento, processamento e
disseminação de informações que são preenchidas pela gestão municipal.
26
O CadSUAS é um dos sistemas de cadastro do SUAS, que compõe a Rede SUAS. Nele, são armazenadas as
informações das prefeituras, secretarias municipais, fundos e conselhos municipais de assistência social, além de
entidades.
63

esferas governamentais, de que a Educação Permanente se constitui como [...] processo


contínuo de atualização e renovação de conceitos, práticas e atitudes profissionais das equipes
de trabalho e de diferentes agrupamentos, a partir do movimento histórico, da afirmação de
valores e princípios e do contato com novos aportes teóricos, metodológicos, científicos e
tecnológicos disponíveis. Processo esse mediado pela problematização e reflexão quanto às
experiências, saberes, práticas e valores pré-existentes e que orientam a ação desses sujeitos
no contexto organizacional ou da própria vida em sociedade. (PNEP-SUAS, 2013, p. 34)
De acordo com o Censo SUAS (2014)27, as capacitações, de fato, estavam ocorrendo
em todo o território nacional, o que indica a cooperação federativa, induzida pelo aporte de
recursos e também pelo cumprimento do pacto acordado no âmbito da CIT. Conforme
indicam os dados do Censo SUAS (2014), houve ainda uma opção, pelos governos estaduais,
em designar os recursos oriundos do IGD28 SUAS, para garantir o processo de formação:

No âmbito estadual, o incentivo proveniente do IGD-SUAS foi mais


utilizado em capacitação e no pagamento de passagens e diárias (ambos com
96,2%). [...] em âmbito municipal também foi utilizado mais para
capacitações, encontros, seminários e oficinas (68,1%). (CENSO SUAS,
2014, p. 61)

Importante reiterar que é caráter da Política Nacional de Educação Permanente a


gestão compartilhada como expressão do desenho institucional, previsto na Constituição
Federal de 1988, concedendo, via distribuição de poder, a autonomia e as responsabilidades
para cada ente federado. Cabe destacar que a postulação dessas diretrizes, postas na Carta
Constitucional, fez-se necessária para dirimir, de vez, o modelo anterior de gestão das

27
O Censo SUAS se caracteriza como um instrumento de gestão, organizada pela Secretaria Nacional de
Assistência Social e a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, tendo como objetivo produzir
informações relevantes sobre as estruturas físicas e de gestão, de recursos humanos e de oferta de serviços e
benefícios propiciada pelos diferentes equipamentos da assistência social, presentes no território nacional. A
edição de 2014 do Censo conta com informações de 35 mil questionários, respondidos nos três níveis de governo
e que possibilitaram sistematizar informações sobre 8.088 Centros de Referência da Assistência Social – CRAS;
2.372 Centros Especializados da Assistência Social – CREAS, que atuam de forma regionalizada; 215 Centros
de Atendimento à População de Rua – Centros Pop; 7.882 Centros de Convivência, que atuam principalmente
com crianças, adolescentes e idosos e 5.184 Unidades de Acolhimento. Em relação aos órgãos gestores, foram
obtidas informações para todas as secretarias e conselhos estaduais e, para o nível municipal, há informações
para 5.520 órgãos de gestão municipal e 5.366 conselhos. (Censo SUAS 2014, p 7)
28
O Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social – IGDSUAS visa avaliar a
qualidade da gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais no âmbito
dos municípios, DF e estados, bem como a articulação intersetorial. Conforme os resultados alcançados pelos
entes, a União apoiará, financeiramente, o aprimoramento da gestão como forma de incentivo. O IGDSUAS foi
instituído pela Lei n.º 12.435/2011, que altera a Lei n.º 8.742/1993 (LOAS) e regulamentado pelo Decreto n.º
7.636/2011 e pelas Portarias do MDS vigentes, que dispõem sobre o apoio financeiro à gestão descentralizada,
por meio do IGD SUAS. (BRASIL, 2012)
64

políticas sociais, ainda ancorado no Estado autoritário. Esse novo modelo tem ancoragem na
permanente articulação dos entes federados.
Na direção da autonomia, como importante instrumento de respeito às diversidades
dos territórios e no caminho do fortalecimento de identidades regionais, destaca-se a criação
dos Núcleos de Educação Permanente - NUEPs, que se constituem, no âmbito da Educação
Permanente do SUAS, com instâncias de discussão e fortalecimento da perspectiva político-
pedagógica.
Essas instâncias, além de corporificarem as responsabilidades compartilhadas e
descentralizadas dos entes federados, também proporcionam a participação dos atores
envolvidos (trabalhadores, gestores, usuários, conselheiros), com os representantes das
Instituições de Ensino Superior – IES que integram a Rede Nacional de Capacitação e
Educação Permanente do SUAS, cabendo a esse coletivo apontar os princípios e diretrizes da
PNEP/SUAS, ao mesmo tempo em que respeitam as especificidades do local, conforme
indica o documento: “esse modelo objetiva possibilitar a descentralização de atribuições
relacionadas à realização de diagnósticos e ao planejamento e oferta de ações de formação e
capacitação; mantendo-se, ao mesmo tempo, atento à unidade nacional dessas ações.” (PNEP-
SUAS, 2013, p. 49).
Dada a importância de manter em debate a institucionalização da Educação
Permanente, se constituem como as atividades dos Núcleos de Educação Permanente no
âmbito do SUAS

a) a problematização do saber e da experiência, que resulta dos processos de


implementação do SUAS; b) a produção de conhecimentos sobre os
diferentes aspectos do trabalho e do controle social no SUAS; c) a
elaboração de diagnósticos de necessidades de qualificação dos
trabalhadores; d) a organização de observatórios de práticas profissionais; e)
a sistematização de experiências de gestão e provimento de serviços e
benefícios; f) o planejamento de ações de formação e capacitação; g) o
acompanhamento das ações de formação e capacitação realizadas; h) a
socialização e disseminação das informações e conhecimentos produzidos,
por meio da realização de fóruns, jornadas, seminários, entre outros; i) a
validação de certificados de ações de formação e capacitação adquiridos
externamente aos percursos formativos estabelecidos nesta Política. (PNEP-
SUAS, 2013 p. 50-51)

Ainda sobre os avanços da Política Nacional de Educação Permanente, como um de


seus objetivos específicos e com a finalidade de garantir critérios mínimos de qualidade na
65

oferta das formações, foi instituída em 2012, por meio de Chamada Pública 29, a Rede
Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS, composta, genuinamente, por
Instituições de Ensino Superior, públicas e privadas, sendo o credenciamento de
responsabilidade do MDS, a elas cabendo:

a) à elaboração de diagnósticos de necessidades de qualificação; b) ao


planejamento instrucional de ações de formação e capacitação; c) à
estruturação de observatórios de práticas; d) à estruturação de núcleos de
pesquisa dedicados a diferentes temas afetos ao SUAS; e) à oferta e
execução, em parceria ou sob a forma de relação contratual com os órgãos
gestores do SUAS, nos três níveis federativos, os tipos de ação de formação
e capacitação compreendidos nos Percursos Formativos definidos nesta
Política. (PNEP-SUAS, 2013, p. 49-50)

a aproximação da academia com o campo das políticas públicas [que] é


muito importante por vários motivos. Primeiro, pela qualificação e pelo
acúmulo que as IES possuem em termos teóricos e metodológicos. As
possibilidades de pesquisas, investigações e produções de conhecimento que
podem ser geradas com essa aproximação são inúmeras. Além disso, a
aproximação com as IES pode trazer um novo olhar e novas experiências
para a formação dos acadêmicos, futuros profissionais do SUAS. O
diferencial que uma instituição de ensino superior traz para a formação
profissional está relacionado à produção do conhecimento, à postura
investigativa, à formação de futuros profissionais, à interdisciplinaridade
entre outros. (SAADALLAH, 2015, p. 78)

Compreende-se, diante do exposto, que a Política Nacional de Educação Permanente –


PNEP/SUAS inaugura um padrão de formação, o que, sem dúvida, representa um grande
avanço no âmbito das políticas públicas, em que pese à importância para a formação
profissional dos trabalhadores do SUAS e a consequente qualificação das ofertas.

2.3 Educação Permanente no SUAS: o destaque do CapacitaSUAS

Em um contexto de avanço da consolidação do Sistema Único de Assistência Social


em todo o território nacional, com a expansão dos objetivos da Política de Assistência Social,
que, por sua vez, demandava a criação de estratégias efetivas de pôr em prática os objetivos
da PNEP/SUAS, na direção da qualificação e formação dos trabalhadores que atuavam no
provimento dos serviços, programas e benefícios, é formulado o Programa Nacional de
Capacitação do SUAS – CapacitaSUAS, com o objetivo de desenvolver as competências

29
Entre os critérios estavam estabelecidos que as IES deveriam comprovar o desenvolvimento de pesquisa,
atividade de extensão em áreas vinculadas ao objeto e Índice Geral de Cursos – IGC maior ou igual que 3)
66

necessárias à melhoria da qualidade da gestão, dos serviços e benefícios ofertados no âmbito


do SUAS, através da oferta de cursos direcionados a gestores, trabalhadores e conselheiros
vinculados ao Sistema Único de Assistência Social, em consonância à Política Nacional de
Educação Permanente do SUAS – PNEP/SUAS, que objetiva a qualificação dos sujeitos
envolvidos nesse sistema público.
A instituição do Programa foi concomitante à implementação da PNEP/SUAS,
instituída através da Resolução do CNAS nº 04, de 13 de março de 2013, já que foi em março
do ano de 2012 que nasceu o Programa Nacional de Capacitação do SUAS - CapacitaSUAS e
é instituído por meio da Resolução nº 08, de 16 de março de 2012 ,do CNAS. Na ocasião, são
aprovados os procedimentos para adesão dos Estados e do Distrito Federal, para o
cofinanciamento federal, reforçando o que preconiza a LOAS em seu art. 6º, §5º, que
"estabelece como objetivo do SUAS a implementação da Gestão do Trabalho e a Educação
Permanente na Assistência Social".
Importante destacar as diretrizes para a Política Nacional de Capacitação que dão
sustentação ao Programa CapacitaSUAS: Promover a capacitação dos trabalhadores da área
da Assistência Social, com a finalidade de produzir e difundir conhecimentos, que devem ser
direcionados ao desenvolvimento de habilidades e capacidades técnicas e gerenciais ao
efetivo exercício do controle social e ao empoderamento dos usuários para o aprimoramento
da política pública.
A capacitação dos trabalhadores da Assistência Social deve ser feita de forma: a)
sistemática e continuada: por meio da elaboração e implementação de planos anuais de
capacitação; b) sustentável: com a provisão de recursos financeiros, humanos, tecnológicos e
materiais adequados; c) participativa: com o envolvimento de diversos atores no
planejamento, execução, monitoramento e avaliação dos planos de capacitação, aprovados por
seus respectivos conselhos; d) nacionalizada: com a definição de conteúdos mínimos,
respeitando às diversidades e especificidades; e) descentralizada: executada de forma
regionalizada, considerando as características geográficas dessas regiões, Estados e
municípios; f) avaliada e monitorada: com suporte de um sistema informatizado e com
garantia do controle social. (NOB-RH/SUAS, p. 40)
O CapacitaSUAS apresenta como objetivos específicos: o desenvolvimento de
habilidades e potencialidades dos trabalhadores, visando a qualificação das ofertas dos
serviços e benefícios no âmbito do SUAS e o fortalecimento das ações socioassistenciais,
além de tornar os participantes aptos a refletirem, crítica e sistematicamente, sobre a atuação
dos trabalhadores na função de gestão, execução e controle social dos serviços
67

socioassistenciais, com base nos princípios e parâmetros da política de proteção social não
contributiva e articulação da teoria com a prática profissional, resultando na produção de
conhecimentos sobre e para o SUAS e na construção de projetos de intervenção, visando o
fortalecimento da gestão, rompendo com o modelo educacional, que se caracteriza pela
transmissão de conteúdo, considerando a proposta da educação da Política Nacional de
Educação Permanente - PNEP/SUAS. Desse modo,

Não se confunde com modelos tradicionais de educação por meio da simples


transmissão de conteúdos, tampouco se identifica com modelos de formação
e capacitação de pessoas baseados na apartação dos que pensam, dirigem e
planejam; dos que produzem, operam e implementam. Ela também não
admite a hierarquização e a fragmentação disciplinar do conhecimento e dos
saberes. (PNEP-SUAS, 2013 p. 36)

Ainda nessa direção, a Rede Nacional de Capacitação e Educação Permanente do


SUAS (RENEP/SUAS) formada, inicialmente, por Instituições de Ensino Superior e,
posteriormente ampliada por Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia e Escolas
de Governo, se constituiu como

[...] uma parceria que pretende transformar as práticas e os processos de


trabalho no SUAS, por meio do encontro fundamental entre o cotidiano do
trabalho e o conhecimento sistematizado. Com os cursos do CapacitaSUAS
pretende-se favorecer espaços de trocas e debates que permitam aos
participantes suspender seu cotidiano e reconstruí-lo à luz de conceitos e
paradigmas. (NOB-RH, 2016 p. 5)

Os cadernos de conteúdos, elaborados para os cursos30, foram construídos com base


nas orientações teórico-metodológicas e fundamentos pedagógicos que norteiam todas as
atividades desenvolvidas com os cursistas, não se constituindo como instrumento que
engessasse os teores nem os processos em sala de aula. Trata-se de conceitos basilares da
concepção de educação no reforço de aproximar teoria e prática, pois “a metodologia mais
comumente empregada (aulas dialogadas e leitura de textos) adotou uma relação de
horizontalidade entre professores e participantes, favorecendo, assim, uma aproximação
imediata entre os aspectos mais inquietantes do cotidiano e o arcabouço crítico explicativo,
com a finalidade de indicar novos caminhos e aprimorar os já instituídos.” (RIZZOTTI, 2015,
p. 11)

30
Os cadernos que orientaram tanto o conteúdo como o processo pedagógico foram elaborados pelo MDS, em
parceria com alguns Centros de pesquisa e pesquisadores com centralidade na Política de Assistência Social.
68

Foram produzidos 8 (oito) cursos ao todo, sendo 2 (dois) introdutórios e 6 (seis) de


atualização, cujos recursos para o financiamento foram repassados com referência aos
exercícios financeiros de 2012, 2013 e 2014.31
De acordo com VILAS BOAS et al. (2015, p. 31), “entre 2012 e 2013 foram
repassados R$ 54.389.808,00 aos Estados32, por meio de transferência do FNAS para os
FEAS, a título de cofinanciamento das ações do CapacitaSUAS33”.
Cabe a observação de que a interrupção do repasse dos recursos representa hoje um
desafio para a continuidade da oferta dos cursos, principalmente dos estados que já
executaram todas as etapas do programa, como é o caso da Paraíba, que concluiu a utilização
dos recursos federais em 2017 e ofertou cursos em 2018 e 2019 com recursos próprios.
Em uma primeira etapa, foram lançados três cursos que, até o ano de 2014, alcançaram
mais de 30.000 trabalhadores do SUAS no país: Introdução ao Provimento dos Serviços e
Benefícios Socioassistenciais do SUAS e Implementação de Ações do Plano Brasil Sem
Miséria; Atualização em Indicadores para diagnóstico e acompanhamento do SUAS e do
Brasil sem Miséria e Atualização em Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS.
No ano de 2015, são lançados mais cinco cursos: Atualização em Vigilância
Socioassistencial do SUAS; Atualização sobre Especificidade e Interfaces da Proteção Social
Básica do SUAS; Atualização sobre a Organização e Oferta dos Serviços da Proteção Social
Especial; Atualização para a Elaboração de Planos de Assistência Social e Introdução ao
Exercício do Controle Social.
Cada curso, além dos cadernos com orientações específicas para o professor e para o
aluno, possuía uma matriz pedagógica construída pelo MDS, que organizava os conteúdos em
módulos, unidades, ementas, carga-horária, objetivos instrucionais e enfoque, além das
referências teórico-metodológicas estabelecidas para atuação dos professores, no sentido de
preservar a Política de Educação Permanente, na qual está inserido o CapacitaSUAS, de
forma que conhecer o Sistema Único de Assistência Social – SUAS e as condições materiais
de sua implementação, considerando o cotidiano de atuação de trabalhadores e conselheiros, é
elemento fundante para todas as práticas em sala de aula.

31
Os recursos eram transferidos do Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS para os Fundos Estaduais de
Assistência Social – FEAS a título de cofinanciamento. Para o recebimento dos recursos, os estados assinavam
um Termo de Aceite, no qual constavam as responsabilidades, valores, metas e resultados que deveriam ser
alcançados.
32
No final de 2014, foram empenhados mais de R$ 29.024.616,00.
33
O valor unitário base para o cofinanciamento federal, por capacitando (vaga), é de R$ 600,00, com a ressalva
de que os estados da região norte receberam R$ 720. Esse acréscimo de 15% se dá em razão das especificidades
regionais, buscando equidade na oferta.
69

O quadro 3 apresenta os cursos ofertados com seus respectivos títulos, o público a que
se destina e o objetivo principal. Para todos os cursos, era exigida a carga-horária de 40h.

Quadro 3 – Cursos ofertados pelo Programa CapacitaSUAS 34


Cursos Público Objetivo
Realizar nivelamento dos
Profissional de nível
1 profissionais de nível superior que
superior, que atua na
Introdução ao Provimento atuam no provimento dos serviços
provisão de serviços
dos Serviços e Benefícios socioassistenciais quanto aos
socioassistenciais no
Socioassistenciais do conhecimentos, habilidades e
âmbito do CRAS, CREAS,
SUAS e à Implementação atitudes necessárias ao provimento
Centros Pops, Serviços de
das Ações do Brasil Sem dos serviços e benefícios
Acolhimento Institucional
Miséria (BSM) socioassistenciais e à
e Serviços Volantes
implementação das ações do BSM
Capacitar gestores e técnicos
estaduais e municipais para realizar
Gestores e técnicos de
2 diagnósticos, levando em
nível superior das
Atualização em consideração o contexto
secretarias de assistência
Indicadores para socioeconômico e dimensão da
social dos estados, do
Diagnóstico e pobreza nos estados e municípios,
Distrito Federal e dos
Acompanhamento do de forma a subsidiar a elaboração
municípios e
SUAS e do Brasil sem dos Planos Municipais de
coordenadores de CRAS e
Miséria (BSM) Assistência Social, bem como o
CREAS
acompanhamento dos programas e
ações do SUAS e BSM
Fornecer aos trabalhadores que
atuam diretamente nas atividades
de gestão dos Fundos de
Técnicos de nível médio e
3 Assistência Social subsídios
superior que atuam
Atualização em Gestão conceituais e tático-operativos
diretamente nas atividades
Financeira e Orçamentária atualizados quanto aos processos e
e gestão dos fundos de
do SUAS procedimentos relacionados ao
assistência social
sistema de planejamento
orçamentário brasileiro e à gestão
financeira e orçamentária do SUAS
Gestores e técnicos das
secretarias estaduais e Oferecer subsídios capazes de
4 municipais da assistência auxiliar os trabalhadores da
Atualização em Vigilância social e aos conselheiros política de assistência social a
Socioassistencial do dos Conselhos Estaduais e entender do que se trata a
SUAS Municipais de assistência vigilância socioassistencial e, com
Social. isso, desenvolver suas atividades

5 Trabalhadores do SUAS Capacitar diferentes atores


Atualização sobre de nível superior, inseridos envolvidos na Proteção Social

34
Quadro criado a partir dos Cadernos do CapacitaSUAS, disponíveis em:
<http://www.mds.gov.br/ead/ava/course/view.php?id=304>
70

Especificidades e no âmbito da gestão e do Básica, por meio do


Interfaces da Proteção provimento dos serviços compartilhamento de
Social Básica do SUAS da Proteção Social Básica conhecimentos, metodologias
relacionadas ao Reordenamento do
SCFV e especificidades e
interfaces da Proteção Social
Básica, de forma a contribuir para
a materialização das seguranças
afiançadas pela Proteção Social
Básica, preconizada pela Política
Nacional de Assistência Social e
garantida pelo Sistema Único de
Assistência Social
Trabalhadores do SUAS Capacitar diferentes atores
6
de nível superior, inseridos envolvidos nos processos de oferta
Atualização sobre o
no âmbito da gestão e do dos serviços da Proteção Social
Reordenamento dos
provimento dos serviços Especial, por meio do
Serviços de Proteção
da Proteção Social compartilhamento de
Social Especial
Especial conhecimentos e metodologias
7 Trabalhadores do SUAS Capacitar diferentes atores
Atualização para que atuam nas funções de envolvidos na formulação dos
Elaboração de Planos de gestão e de controle social Planos de Assistência Social nos
Assistência Social conhecimentos, metodologias e
procedimentos aplicáveis ao
processo de sua elaboração,
monitoramento e atualização
8 Conselheiros de Contribuir para qualificar sua
Introdução ao Exercício assistência social, participação nos conselhos,
Social do SUAS municipais e estaduais conferências e demais espaços nos
quais a assistência social é debatida
e construída.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, através dos Cadernos do CapacitaSUAS.

A atuação do professor é determinante para o alcance dos objetivos do CapacitaSUAS,


uma vez que tem a função de estimular a ação protagonista dos cursistas (trabalhadores/as,
gestores/as e conselheiros/as), contribuir para qualificação dessa ação, assim como a
modificação positiva na própria instituição partícipe, através do acesso/contato com as
realidades do cotidiano desses profissionais, muitas vezes distante da vida acadêmica. Há, de
fato, nesse momento, uma troca de saberes.
É, portanto, a ligação estabelecida entre sujeitos detentores de saber, que em todo o
processo passa pela mediação realizada pelo professor ao estimular os cursistas a refletirem
sobre suas vivências e valores pré-existentes dentro de seus contextos organizacionais
(cotidiano profissional). Esse processo se tornou fundamental na medida em que, como dito
no início deste capítulo, a instituição do SUAS requereu uma revisão paradigmática que, ao
71

longo dos séculos, orientou a assistência social no Brasil. Assim, a metodologia de aulas
dialogadas e oficinas permitiam trazer à tona, no ambiente de formação de saberes, conceitos
e pré-conceitos e o senso comum, para que fossem reconstruídos, à luz das novas orientações
e bases teóricas.
A direção foi estabelecer uma relação horizontal com os cursistas. Com relação à
importância dos professores, é interessante frisar que as orientações pedagógicas apontam
para a relação dialética entre teoria e prática, o que exigia desses profissionais o rompimento
com o modelo tradicional de ensino e aprendizagem.
De forma metodológica, a proposta foi iniciar o processo (no âmbito do curso
ofertado), abrindo espaço, para que o cursista possa refletir sobre a sua prática profissional, a
partir de experiências concretas, vivenciadas no seu cotidiano profissional, constituindo esse
momento inicial como “ponto de partida”, em que a função do professor é promover um
espaço de reflexão sobre as demandas identificadas e soluções para o atendimento destas.
O “ponto de chegada” é justamente a percepção do cursista após o contato com o que
vai ser apresentado pelo professor, depois de ter sido trabalhado no ponto de partida, que são
os novos referenciais teórico-conceituais. Trata-se de um movimento de troca de informações,
em que os cursistas, ao problematizarem as situações vivenciadas, refletem sobre a solução
para os desafios, entram em contato com novas referências e ressignificam as suas atuações
profissionais.
Como perspectiva político-pedagógica ou mesmo concepção de educação adotada, foi
abalizada pela Andragogia35 que diz respeito à formação de pessoas adultas, que já passaram
por experiências durante a vida, tem conhecimento de determinadas realidades, podem
contribuir no processo de aprendizagem, através de seus saberes prévios que, embora já
tenham suas formações profissionais, encontraram no CapacitaSUAS o incentivo à reflexão
sobre o que já é habitual e a oportunidade de aprimoramento de algumas compreensões e
soluções diante dos desafios reais e dinâmicos do cotidiano, através do acesso a ferramentas
operativas que os levem a ressignificar as suas práticas.
Nesse sentido, a NOB-RH/SUAS, ao tratar a Educação Permanente para os
trabalhadores do SUAS, traz como contribuição a seguinte reflexão

A educação permanente constitui-se no processo contínuo de construção de


conhecimentos pelos trabalhadores, de todo e qualquer conhecimento, por

35
Definida por Malcolm Knowles (1967), a Andragogia é a arte e ciência de ajudar os adultos a aprender. Do
grego andros - adulto e gogos - educar), entende que os adultos, devido às experiências que passam durante a
vida e o conhecimento que têm da realidade, buscam desafios e soluções que façam diferença em suas vidas.
72

meio de escolarização formal ou não formal, de vivências, experiências


laborais e emocionais, no âmbito institucional ou fora dele. Tem o objetivo
de melhorar e ampliar a capacidade laboral dos trabalhadores, em função de
suas necessidades individuais, da equipe de trabalho e da instituição em que
trabalha, das necessidades dos usuários e da demanda social. (NOB-SUAS,
2011, p. 49).

Orientada pela lógica do pacto federativo, a gestão do Programa CapacitaSUAS é


realizada através da participação dos entes federados (federal, estadual, municipal de distrito
federal), além das Instituições de Ensino Superior, Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia e Escolas de Governo, de modo que cada ator possui atribuições bem definidas;
dentre outras, destacamos36:

1- Compete ao Governo Federal:


 Coordenar, em âmbito nacional, o Programa CapacitaSUAS;
 Estruturar os projetos pedagógicos dos cursos;
 Formular os cadernos instrucionais para os cursos a serem ofertados;
 Acompanhar, monitorar e avaliar, em conjunto com os estados e Distrito
Federal, as ações de capacitação e de formação junto às Instituições de
Ensino.
2- Aos Governos Estaduais e do Distrito Federal cabem:
 Instituir, por meio de arranjos formais existentes na legislação vigente,
convênio, contrato ou termo de cooperação com Instituições de Ensino,
integrantes da Rede Nacional de Capacitação e Educação Permanente do
SUAS;
 Executar as ações de capacitação e de formação, em consonância ao pactuado
na Comissão Intergestores Tripartite – CIT e deliberado pelo Conselho
Nacional de Assistência Social – CNAS;
 Pactuar no âmbito da CIB as vagas/metas cofinanciadas pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS.
3- Aos Governos Municipais compete:
 Elaborar os diagnósticos de necessidade de formação e capacitação;
 Formular os Planos Municipais de Capacitação dos SUAS;

36
Essas competências estão expressas no site do MCid, através do link: < http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-
social/gestao-do-suas/gestao-do-trabalho-1/capacitasuas>
73

 Participar do processo de pactuação e de deliberação das vagas/metas no


âmbito da Comissão Intergestores Bipartite – CIB e do Conselho Estadual de
Assistência Social;
 Cumprir as metas previstas no Pacto de Aprimoramento da Gestão Municipal.
4- É responsabilidade das Instituições de Ensino, que executam os cursos:
 Assegurar a execução com qualidade dos cursos;
 Assegurar a certificação dos capacitandos que concluírem os cursos;
 Apoiar o MDS e Secretarias contratantes no processo de acompanhamento,
monitoramento e avaliação dos cursos;
 Registrar todas as informações no Sistema de Monitoramento Acadêmico –
SIMA, da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação – SAGI.

Em que pese o planejamento do CapacitaSUAS, todo o processo é especialmente


coordenado pelo governo federal e governos estaduais. Vale dizer que, vencidos os processos
burocráticos de contratação, a execução é realizada pelas instituições que compõem a Rede
Nacional de Capacitação – RENEP/SUAS, que foi criada no ano de 2012, através de uma
chamada pública37.
No ano de 2014, foi lançada nova Chamada Pública, para ampliação da
RENEP/SUAS, motivada pela ausência de IES credenciadas nos estados de Rondônia, Acre e
Tocantins, onde foram também inclusos os Institutos Federais e as Escolas de Governo. A
figura a seguir apresenta a distribuição das 121 (Centro e vinte e uma) credenciadas, por
região, no Brasil, que compunham a RENEP/SUAS no ano de 2014.

37
Editais de chamada pública (nº 01/2012 e nº 02/2012)
74

Figura 1 – Instituições de Ensino Superior credenciadas na RENEP/SUAS/2014

Fonte: VILAS BOAS et al., 2015 p. 29

Nesse momento, o CapacitaSUAS, com adesão de todos os estados brasileiros, "até


dezembro de 2014, já havia certificado 13.568 trabalhadores e 10.728 estavam em processo
de capacitação”. (VILAS BOAS et al, 2015 p. 37).
Para além das responsabilidades da coordenação nacional, está a coordenação dessa
rede e a realização de Oficinas de Alinhamento Pedagógico e de Conteúdo, que eram
ofertadas às instituições credenciadas e que estavam executando os cursos, cabendo às
coordenações estaduais garantir a participação dessas instituições. “Essas oficinas
promoveram um nivelamento técnico, político e institucional entre as instâncias responsáveis
pelo Programa, favorecendo a coerência e unidade no desenvolvimento dos cursos”.
(SAADALLAH, 2015, p. 79).
O principal fator motivador para a realização das oficinas, identificado no decorrer do
processo de execução do Programa Nacional de Capacitação – CapacitaSUAS, se localizava
entre algumas dificuldades em firmar parceria com as instituições credenciadas, se
destacando o distanciamento das universidades da vivência das políticas públicas no território,
da compreensão de como se efetiva a oferta de serviços, programas e benefícios
socioassistenciais, conteúdo dinâmico das normativas e demais aspectos da efetivação da
75

proteção social via acesso da população aos equipamentos públicos e equipes de referência,
ou seja,

a ausência de docentes nas IES como o perfil que conjugasse a expertise


acadêmica com alguma experiência prática junto às temáticas do SUAS [...]
acabou sendo um outro obstáculo na execução dos cursos. Diante disso, à
medida que os estados contratavam as IES e a situação se tornava mais
evidente, a Oficinas de Alinhamento foram discutidas e aprimoradas com
novas estratégias didáticas e pedagógicas, contando com a participação de
colaboradores externos. (VILAS BOAS et al., 2015 p. 38)

Mesmo com a presença de representações estaduais, que se encontravam em diferentes


níveis de execução, basicamente as oficinas se organizavam em dois dias e dois momentos,
conforme indica a figura 2:

Figura 2 – Estrutura padrão das oficinas de alinhamento do CapacitaSUAS

Fonte: VILAS BOAS, et al, 2015 p. 30.

Embora considerada uma estratégia importante para a reflexão e oferta adequada dos
cursos, no sentido de garantir coerência e unidade, uma mudança no formato das oficinas de
alinhamento foi apresentada em uma reunião técnica de trabalho, realizada em Brasília entre
os dias 23 e 24 de maio de 2017, cujo objetivo principal foi discutir, com as equipes estaduais
76

da Gestão do Trabalho, nova metodologia de implementação das Oficinas de Alinhamento,


para a execução dos cursos do CapacitaSUAS.38
De acordo com a equipe do MDS, fazia-se necessário avaliar o processo de
alinhamento anterior de realização das oficinas, considerando alguns entraves, como a falta de
sincronização na realização, uma vez que dependia do processo de contratação das IES pelos
estados; a participação nas oficinas não atingia todos os professores; o formato representava
para o MDS o esforço de mobilizar grande parte da equipe e, por vezes, participavam mais
representantes do MDS do que da própria IES e equipe estadual.
Diante do constatado, a proposta de novo formato é a disponibilização de uma SALA
VIRTUAL, como apoio/retaguarda do MDS, para que os estados realizem suas próprias
oficinas de alinhamento o que representaria mais descentralização e autonomia para os
estados.
Os estados que já realizaram as oficinas de alinhamento; no formato anterior, não
teriam a obrigatoriedade de utilizar a SALA VIRTUAL para os mesmos cursos, como era o
caso da Paraíba, porém, teriam a oportunidade de utilizar o novo modelo. A SALA VIRTUAL
estaria acessível para todos os estados e não substituiria o Sistema de Monitoramento
Acadêmico – SIMA, já utilizado para registro das capacitações.
Tratava-se de alinhamento de metodologia e não de conteúdo pedagógico, em que os
estados deveriam solicitar à SAGI a disponibilização de acesso à SALA VIRTUAL para
equipe da IES e gestão estadual, assim como se comprometer de solicitar a exclusão do acesso
de quem considerar desnecessário. O MDS teria a capacidade de mapear todos os acessos,
com dia, hora e atividade desenvolvida.
Na Sala Virtual, foram disponibilizados todo o material do CapacitaSUAS; na ocasião,
composto pelas matrizes pedagógicas (que tiveram suas estruturas atualizadas), cadernos do
Professor e do Aluno e apresentações em slides.
Durante a avaliação do exposto na reunião técnica, os estados manifestaram
preocupação com o novo formato, uma vez que foi colocado pelo MDS que as oficinas não
seriam mais realizadas em Brasília, embora fosse um local estratégico e que, quando da
realização da oficina, em algum estado, não seria garantia de participação de técnicos do

38
Estiveram presentes na abertura do evento: Antônio Henriques – Secretário Adjunto da SNAS, que, na
ocasião, representou Maria do Carmo Brant de Carvalho, à época Secretária Nacional da SNAS; Luís Otávio
Farias - Diretor do Departamento de Gestão do SUAS (DGSUAS/SNAS); Gabriela Politano Ribeiro de Oliveira
– Diretora do Dep. de Formação e Disseminação (SDFD/SAGI) e Maria Izabel de Amorim – Coord. Geral de
Gestão do Trab. Educ. Permanente (DGSUAS/SNAS).
77

ministério, representando um enfraquecimento da competência do MDS em apoiar os estados


na execução do CapacitaSUAS.
Era, de fato, um cenário de forte identificação das dificuldades de orçamento
financeiro já enfrentadas pelo governo federal, uma vez que a última expansão de recursos
havia sido realizada no ano de 2014, embora houvesse naquele momento um consenso em se
criar estratégias que viabilizassem o avanço das capacitações, uma vez que a vigência do
Programa estava prevista para o ano de 2025 e que, até o momento, evidencia-se uma baixa
execução, representando apenas 30% do previsto.
Uma das ações que se configurou como estratégia de flexibilização era a alteração na
forma de contratações de responsáveis pela execução, que poderá não se limitar apenas às
IES, mas, de certa forma, se basear nos arranjos já experimentados pelos estados. Essa
discussão foi apenas iniciada com a proposta de ser incluída na pauta das instâncias de
deliberação e pactuação do SUAS.
Em outubro de 2017, a Resolução nº 8, de 16 de março de 2012, que institui o
CapacitaSUAS, foi alterada pela Resolução nº 15, de 3 de outubro de 2017, apontando
algumas mudanças, dentre elas, o estabelecimento de um percentual de oferta direta como
responsabilidade dos Estados e possibilidade de oferta indireta, através de entidades de
assistência social, como retrata o trecho:

c) Caberá aos estados e Distrito Federal: 1. executar os cursos do Programa


CapacitaSUAS, reconhecidos pelo gestor federal da política de assistência
social, valendo-se dos seguintes arranjos jurídicos, observadas as normativas
aplicáveis: a) oferta direta, quando o órgão gestor possuir servidor público
com expertise para formação e capacitação, limitada a até 30 % (trinta por
cento) da meta/vaga cofinanciada pela União, devendo submeter esse arranjo
ao núcleo de educação permanente e aprovar no respectivo conselho de
assistência social; b) oferta indireta, repassando a execução do objeto a
instituições de ensino ou entidades de assistência social integrantes da Rede
Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS ou com
comprovada capacidade técnica e experiência em formação e capacitação.
(BRASIL, CNAS, Resolução nº 15, de 3/10/2017, p. 5)

Na verdade, a alteração é ainda uma proposta que encontrou resistência e gerou


embates nas instâncias do SUAS, sobretudo, do Colegiado Nacional de Gestores Estaduais de
Assistência Social – CONGEMAS39 e do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de

39
O Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social - CONGEMAS é uma Associação Civil,
sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, de duração indeterminada, com sede
e foro em Brasília - DF desde abril de 2001, regendo-se por estatuto e normas próprias, representando os
municípios brasileiros junto ao Governo Federal, especialmente junto ao Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome, e aos governos estaduais, para fortalecer a representação municipal nos Conselhos,
78

Assistência Social – FONSEAS40, que se posiciona pela manutenção do Programa


CapacitaSUAS, garantia do cofinanciamento, construção e manutenção de uma rede de
Instituições de Nível Superior credenciadas, uma vez que a referida proposta visa a
transferência de responsabilidades aos estados, eximindo o governo federal da sua real
competência de coordenação em nível nacional.
Trata-se, portanto, de um processo de desreponsabilização, que se apresenta em
desacordo ao preconizado na Política Nacional de Educação Permanente, em função da
ausência de recursos para garantir a continuidade do programa, buscando estratégias na
flexibilização da execução.
Interessante destacar que o processo de execução do Programa CapacitaSUAS no país
não se efetivou de forma linear e os estados, desde a primeira pactuação até os dias atuais,
sempre estiveram em momentos diferentes de execução, em virtude de alguns entraves que
levaram a implementações mais lentas ou até estacionamento da oferta. Dentre os desafios
estão às diversas compreensões das Procuradorias Gerais dos Estados, que geraram
morosidade nos processos de contratação, dificuldade de elaboração dos documentos
normativos como Termos de Referência e Plano de Trabalho por parte das coordenações
estaduais e ausência de IES no estado que manifestasse interesse em se credenciar na
RENEP/SUAS.
Em que pese o estágio atual de execução do programa no país, de acordo com
informações da Coordenação Geral da Gestão do Trabalho e Educação Permanente do SUAS
– CGGTEP, do Ministério da Cidadania, em termos de pactuação e execução, em 2012 todos
os estados aderiram, porém, Rondônia se encontra em licitação e Pernambuco ainda em
execução.

Comissões e Colegiados, em todo o território nacional. Apresenta, dentre outras finalidades, defender a
Assistência Social como Política de Seguridade, conforme os princípios constitucionais e as diretrizes da LOAS
- Lei Orgânica de Assistência Social e assegurar a perspectiva municipalista da Assistência Social, buscando o
atendimento e a efetivação de uma rede de serviços adequada às características regionais e locais, através de um
processo que garanta recursos financeiros das três esferas de governo aos municípios. Informações disponíveis
em <http://www.congemas.org.br/quem-somos>.
40
O FONSEAS – Fórum Nacional de Secretários (as) de Estado da Assistência Social – é uma instância de
articulação política das Secretarias Estaduais de Assistência Social ou congêneres e tem como objetivo discutir,
negociar e pactuar sobre as ações da assistência social; avançar e acelerar o processo descentralizado e
participativo da assistência social; e consolidar a articulação entre as Secretarias Municipais, para melhorar a
cobertura e a eficiência das ações, evitando a fragmentação e a dispersão de recursos. Dentre as suas
Competências estão a de atuar como instância de articulação e de representação dos estados e Distrito Federal no
Sistema Único de Assistência Social, contribuir na formulação e aprimoramento da política de assistência social
e de Defender e se posicionar em favor dos interesses dos Estados e Distrito Federal na execução da política de
assistência social. Informações disponíveis em: <http://www.congemas.org.br/quem-somos>
79

Em 2013, 9 (nove) estados não aderiram: Amapá, Ceará, Goiás, Pará, Piauí, Rondônia,
Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins, 8 (oito) estão em processo de licitação, 6 (seis)
estão executando e 8 (oito) já concluíram a oferta, dentre eles, a Paraíba. Já em 2014, dos 20
(vinte) estados que aderiram, apenas 3 (três) concluíram a execução: Minas Gerais, Paraíba e
Pernambuco.
Após 7 (sete) anos, o Programa CapacitaSUAS é, sem dúvida, compreendido como a
principal estratégia de implementação da Política Nacional de Educação Permanente do
SUAS – PNEP/SUAS que, por sua vez, representa como fundamental para o aprimoramento
da gestão do SUAS. Foi um processo construído a muitas mãos, em que se evidenciou, em um
primeiro momento, o comprometimento e o esforço de todos os atores (MDS, Estados,
Municípios e IESs...) envolvidos no processo, de forma colaborativa, na busca por qualificar
as ações e buscar estratégias para vencer os desafios que foram identificados ao longo do
caminho.
Atualmente, no cenário de retrocessos e cortes nos recursos federais, o maior desafio é
garantir a continuidade da oferta dos cursos com qualidade e a manutenção do ritmo que havia
sido empreendido entre os anos de repasse regular dos recursos.
É inegável a contribuição do Programa para o avanço na área da Gestão do Trabalho,
uma vez que reconheceu o trabalhador como principal recurso para qualificação das ofertas
socioassistenciais.
A relação entre o complexo desenho desse modelo, os diferentes níveis de
comprometimento das instâncias estaduais, parceiros centrais nesse processo, imprimiram um
ritmo mais lento do que o planejado na execução do CapacitaSUAS. Nesse sentido, o Estado
da Paraíba ganha destaque pelo cumprimento, em tempo recorde, das metas pactuadas, o que
justifica o estudo dessa unidade federativa, conteúdo que povoará o próximo capítulo.
80

3 A EXPERIÊNCIA DE EXECUÇÃO DO CAPACITASUAS NO ESTADO DA


PARAÍBA: O PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DAS OFERTAS E A PERCEPÇÃO
DOS TRABALHADORES

Este capítulo apresenta a experiência da implementação do Programa Nacional de


Capacitação do SUAS – CapacitaSUAS no Estado da Paraíba, suas particularidades e
arranjos, considerando as orientações nacionais e as diversidades regionais, cuja equação deu
o tom da execução do programa no Estado. A análise se baseou em dados secundários,
organizados a partir dos registros realizados pela organização do CapacitaSUAS nesse estado.
Em um primeiro momento, houve o detalhamento do processo de realização em si,
precedido dos ajustes formais que garantiram a elegibilidade do Estado frente aos critérios
estabelecidos para o cofinanciamento federal, as metas pactuadas em suas diferentes etapas, o
formato dos cursos ofertados, a metodologia utilizada e o número de capacitados.
Em seguida, foram apresentados os dados da pesquisa documental, realizada na
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano – SEDH e Universidade Federal da
Paraíba – UFPB, com foco nas avaliações de reação aplicadas aos cursistas ao fim da
participação na formação, o que dimensiona, em termos de percepção da oferta, uma
avaliação do alcance dos objetivos propostos, finalizando com a análise do impacto das
formações no cotidiano profissional dos trabalhadores/as, considerando os avanços
implementados, assim como os desafios encontrados no cotidiano profissional, que envolve os
processos de trabalho durante o provimento dos serviços e programas socioassistenciais.
O Estado da Paraíba se destaca, em âmbito nacional, pela execução das ofertas
pactuadas, em detrimento das estratégias utilizadas para o enfrentamento das dificuldades
postas durante toda a sua implementação. Processo que contou com a ação colaborativa entre
o Estado, a Instituição de Ensino Superior e os municípios, através dos próprios cursistas, que
construíram, de forma coletiva, a partir das primeiras ofertas, um caminho rumo ao
aprimoramento de todas as etapas até o final da execução, que resultou em 5.443 (cinco mil,
quatrocentos e quarenta e três) certificações.
Os dados foram sistematizados, a partir de registros feitos pela coordenação da
execução do curso, cujos registros responderam a diferentes instrumentos, desde lista de
presença até relatórios de cada etapa. A seleção dos dados aqui postos foi feita com a
preocupação de apresentar, em linhas gerais, todo o processo de execução do CapacitaSUAS.
81

3.1 CapacitaSUAS no Estado da Paraíba: arranjos e caminho percorrido para


execução das etapas de implementação do programa

A implementação do Programa Nacional de Capacitação – CapacitaSUAS, no Estado


da Paraíba, foi realizada no período de tempo que compreende os anos de 2012 a 2017.
Destacando-se no cenário nacional como um dos primeiros estados a iniciar o programa e o
primeiro a executar sua segunda etapa, chegando a dezembro de 2017 com 12 (doze) cursos
realizados e 5.443 capacitados, dentre eles: trabalhadores/as (função de gestão e de
provimento dos serviços) e conselheiros/as da Política de Assistência Social, o que representa
um alcance de 86,9% em percentual de execução, diante das metas pactuadas nas 3 (três)
etapas do Programa, que correspondem aos exercícios financeiros dos anos de 2012, 2013 e
2014.
Todo processo se inicia através da adesão do Estado, nos termos da Resolução CNAS
nº 8, de 16 de março de 2012, que aponta os prazos e procedimentos para implementação do
programa, além de afirmar que este deveria ser executado em acordo com a Política Nacional
de Educação Permanente – PNEP/SUAS41.
Em termos organizacionais e com vistas à execução do Programa no âmbito da
Educação Permanente, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS
instituiu a Rede Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS, através de editais
de chamada pública (nº 01/2012 e nº 02/2012), as quais regularam, posteriormente, o processo
seletivo de Instituições de Ensino Superior (IES), realizado em 2014, via edital, que objetivou
a ampliação dessa rede:

Assim, o processo seletivo para credenciamento de novas instituições,


regulado por este Edital, se justifica pela necessidade de ampliação da Rede
Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS para albergar
Instituições de Ensino não contempladas no edital anterior, a exemplo dos
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF´s) e das Escolas
de Governo. Instituições estas que podem aportar valiosíssimas
contribuições para a realização da missão de prover ações continuadas e
permanentes de qualificação dos trabalhadores do SUAS, nos mais distintos
territórios do nosso país. (EDITAL DE CHAMAMENTO PÚBLICO
MDS/SAGI Nº 01/2014, p. 3)

41
Anteriormente, a pauta foi amplamente discutida e publicada a resolução da Comissão Intergestores Tripartite
de nº 1, de 29 de fevereiro de 2012, que pactuou prazos, procedimentos e critérios para adesão dos Estados e do
Distrito Federal ao cofinanciamento federal do Programa Nacional de Capacitação do SUAS - CapacitaSUAS.
82

A Universidade Federal da Paraíba – UFPB já se constituía como Instituição de Nível


Superior – IES participante da RENEP/SUAS desde a primeira chamada pública, o que
possibilitou sua participação na oferta nos três primeiros cursos ofertados (2013 e 2014).
Após a ampliação da rede42, passa também a estar credenciado no Estado o Instituto Federal
de Educação e Tecnologia da Paraíba -IFPB, o que demanda do Estado a realização de uma
chamada pública43, para execução das próximas metas pactuadas, porém, após concluso o
processo, em que não houve interesse do IFPB, permanece a UFPB como ofertante até o final
do programa.
De acordo com a disponibilidade financeira e orçamentária do Governo Federal,
considerando as pactuações realizadas na CIT, o MDS lançava os Termos de Aceite, nos
quais constavam as metas a serem pactuadas; estabelecia um prazo para manifestação da
gestão estadual, assim como do Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS. Quando
não havia interesse de algum estado da federação, as metas não aproveitadas eram ofertadas a
todos os estados, através de novo termo, caracterizando-se como uma repactuação das metas.
Nesse sentido, as metas aceitas/pactuadas para Paraíba foram: 1545 – primeira etapa
(exercício financeiro de 2012), 2030 – segunda etapa (exercício financeiro de 2013), com 466
de meta repactuada, e 2230 – terceira etapa (exercício financeiro de 2014). Desse modo, a
Paraíba, através da SEDH, em conjunto com a UFPB, se responsabilizaram por 6271 metas
nas três etapas, incluindo trabalhadores, gestores e conselheiros.
No que se refere ao financiamento, mediante critérios pactuados na Comissão
Intergestores Tripartite – CIT, que definiram o valor base por capacitando 44, foi transferido
para o estado R$ 1.086.317,77 (Um milhão, oitenta e seis mil, trezentos e dezessete reais e
setenta e sete centavos) na primeira etapa; R$ 1.330.000,00 (Um milhão, trezentos e trinta mil
reais) na segunda etapa, cuja execução obteve aporte financeiro a título de cofinanciamento
estadual45 no valor de R$ 301.266,74 (Trezentos um mil reais, duzentos e sessenta e seis reais
e setenta e quatro centavos), totalizando um valor global de execução de R$ 1.631.266,74

42
“O Secretário de Avaliação e Gestão da Informação, no uso de suas atribuições e com fulcro no art. 4º da
Portaria nº 145, de 10 de julho de 2012, DIVULGA o resultado geral da análise dos Termos de Adesão das
Instituições de Ensino Superior (IES), Institutos Federais de Educação (IF) e Escolas de Governo (EG) à Rede
Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS (RENEP/SUAS), realizada pelo Comitê Técnico de
Credenciamento, relativo aos Avisos de Chamadas Públicas nºs 1 e 2/2012, e Edital de Chamamento Público nº
1/2014...” DOU – 25 de novembro de 2015.
43
Edital de chamada pública 01/2016 – Paraíba. Disponível em: <http://static.paraiba.pb.gov.br/2016/04/Edital-
CapacitaSUAS-CHAMADA-P%C3%9ABLICA-01.2016.pdf>. Acesso em: 06 de junho de 2019.
44
O valor unitário base para o cofinanciamento federal, por capacitando (vaga) é de R$ 600,00 com a ressalva de
que os estados da região norte receberam R$ 720. Esse acréscimo de 15% se dá em razão das especificidades
regionais, buscando equidade na oferta.
45
Recursos próprios provenientes do Fundo de Combate à Erradicação da Pobreza no Estado da Paraíba –
FUNCEP/PB.
83

(Um milhão, seiscentos e trinta e um mil, duzentos e sessenta e seis reais e setenta e quatro
centavos) e, na terceira etapa, o valor de 1.820.080,00 (Um milhão, oitocentos e vinte mil e
oitenta reais).
Além dos recursos financeiros já mencionados, vale destacar a disponibilização de
profissionais da SEDH e da UFPB, colocados à disposição desse processo formativo. Além
dos recursos humanos, também foram disponibilizadas estruturas de apoio logístico e
burocrático, para o funcionamento mais eficaz em cada etapa da formação.
As parcerias firmadas, por ocasião da execução do CapacitaSUAS, estabeleceram
bases importantes para o aprofundamento da relação entre a estrutura da Secretaria de Estado
e os municípios, favorecendo, posteriormente, a atribuição da esfera estatal de supervisão e
apoio técnico.
O Programa foi então executado na Paraíba, através da parceria entre a SEDH –
responsável pela gestão estadual da Política de Assistência Social 46, na condição de
concedente – e a UFPB, na qualidade de IES credenciada e habilitada para execução dos
cursos, com a interveniência da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba
(FAPESQ)47, responsável pela movimentação financeira.
Para formalização da parceria, foram estabelecidos, como instrumento de cooperação,
os convênios, 002/2013, 016/2014 e 063/2016, nos quais estão descritos os dados de
identificação, objeto, objetivos, vigência, orçamento, recursos financeiros e obrigações dos
parceiros envolvidos.
Para tanto, foi instituído um processo de trâmite burocrático e legal, constando todos
os documentos de exigência no campo normativo, dentre eles, o Termo de Referência, que
subsidiava a contratação da IES, uma vez que, observadas as orientações nacionais pactuadas,
a gestão estadual estabelecia as exigências necessárias à execução; dentre as orientações, o
número de vagas, público alvo, critério de seleção, metodologia, conteúdos e carga-horária
dos percursos formativos.

46
A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano – SEDH atua através de 5 eixos/políticas: Assistência
Social, Trabalho, Emprego e Renda, Segurança Alimentar e Nutricional, Economia Solidária e Direitos
Humanos. No que se refere à Assistência Social, instituiu em 2017 a lei 11.038, que dispõe sobre a Política
Estadual de Assistência Social e, em janeiro de 2019, através da atualização da lei Orgânica do Estado, institui
oficialmente, mesmo que ainda com muitos desafios, todas as áreas essenciais ao Sistema Único de Assistência
Social – SUAS.
47
Criada pela Lei nº 5.624, em 06 de junho de 1992, é um órgão de direito público, parte integrante do Sistema
Estadual de Ciência e Tecnologia, que tem como objetivo promover o desenvolvimento científico e tecnológico
do Estado da Paraíba. É órgão vinculado à Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia –
SEECT.
84

Constituía-se responsabilidade da IES, com base no TR, a elaboração de Plano de


Trabalho que, após validado para gestão, passava a integrar o convênio e os partícipes eram
obrigados a cumpri-lo fielmente.
Estando regulamentadas as competências de cada ator envolvido no processo, o
próximo passo foi a estruturação da equipe de trabalho, com a criação de uma Coordenação
Estadual, composta por representação da SEDH, com técnicos estaduais, que atuavam no
âmbito das áreas essenciais ao funcionamento do SUAS (Vigilância Socioassistencial,
Proteções Básica e Especial e Gestão do Trabalho) e a UFPB, composta por supervisores
pedagógicos, docentes, tutores, estudantes estagiários e pessoal de apoio. Todos diretamente
envolvidos no planejamento, mobilização, organização, realização, acompanhamento e
avaliação dos cursos do CapacitaSUAS, ofertados para trabalhadores/as do SUAS dos 223
municípios da Paraíba. Também integraram essa equipe de coordenação acadêmica e técnica
os profissionais da Secretaria de Estado das áreas já mencionadas.
Todo o processo foi atravessado por constantes reuniões, dentre elas, as realizadas
entre a UFPB, FAPESQ e SEDH, a fim de afinar a parceria, uma vez que o processo era novo
e dinâmico. Dentre as reuniões, as iniciais preparatórias, chamadas de Oficinas de
Alinhamento, que eram realizadas em Brasília, promovidas pelo MDS, equipes da Secretaria
Nacional de Assistência Social - SNAS e Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação –
SAGI, com a participação de diversos Estados em diferentes níveis de execução. O objetivo
era de promover um alinhamento conceitual e metodológico, assim como um nivelamento
técnico e institucional, com vistas a manter uma unidade do Programa em nível nacional, sem,
contudo, desconsiderar as diversidades territoriais/regionais.
As oficinas eram apontadas como

[...] estratégicas para adequada execução dos cursos nos estados, pois se
configuram em espaços formais de encontros entre o MDS, as IES
executoras e as equipes estaduais gestoras do Programa CapacitaSUAS para
apropriação, discussão, reflexão e problematização dos conteúdos a serem
trabalhados em sala de aula, assim como da perspectiva pedagógica adotada
nacionalmente. (VILAS BOAS et al, 2015, p. 30)

Em que pese às oficinas de alinhamento terem sido organizadas pelo MDS e realizadas
em Brasília com todas as universidades que cumpririam as diferentes etapas, objetivando
destacar os conteúdos e metodologias a serem adotadas, em um dos casos foi dado um
tratamento especial para o Estado da Paraíba, considerando o formato escolhido e a rapidez na
execução no Estado. Essa condição antecedeu na oferta da segunda etapa a realização de
85

quatro oficinas de alinhamento, de forma exclusiva, no próprio Estado, fruto de um acordo


com o Governo Federal, uma vez que a participação nas oficinas foi condição acordada no
termo de aceite, e o MDS não dispunha de condições de realização em Brasília, o que
acarretaria em prejuízo para o Estado, que havia planejado a execução de suas metas. Esse
formato representou algo muito positivo, pois ampliou a participação dos técnicos estaduais e
dos ministrantes.
Estiveram presentes nessas oficinas, para além da equipe técnica do MDS, SNAS,
SAGI e UFPB, a equipe técnica da gestão estadual, cuja atuação correspondia a cada curso
ofertado. Havia o entendimento de que os profissionais da SEDH se caracterizavam como
atores fundamentais na adequação da matriz pedagógica proposta, uma vez que conheciam a
realidade do público que participariam dos cursos, em razão da sua atuação constante nos
territórios do estado e, portanto, detinham informações importantes do cotidiano dos
municípios além de atuar na supervisão.
Destaca-se que essa participação foi uma condição posta pela Paraíba, um arranjo local
para oferta dos cursos, e acabou por proporcionar uma rica troca de experiência entre os
envolvidos, para além da melhoria na qualidade da oferta, diminuindo a distância da
Universidade com o cotidiano dos/as trabalhadores/as, gestores/as e conselheiros/as.
Como parte do processo de execução, mesmo sem a presença do MDS, eram
realizados constantes encontros de articulação institucional para providências administrativas,
levantamento e seleção dos ministrantes, assim como reuniões de planejamento com todos os
envolvidos, para além das oficinas preparatórias, chamadas de “alinhamento do alinhamento”,
em que a equipe estadual, juntamente com os ministrantes, discutiam e realizavam,
coletivamente, os ajustes necessários aos projetos pedagógicos48, a formatação dos cursos e
dos conteúdos programáticos, com vistas à adequação da realidade do território.
Além da primeira fase, que se constituiu das contratações e alinhamento, também foi
responsabilidade da equipe da Secretaria estadual a mobilização dos municípios para
realização de inscrição e confirmação na participação dos cursos. Essa fase de motivação para
participar foi essencial, para que os trabalhadores e gestores fossem liberados pelos
municípios, uma vez que implicava em sensibilizá-lo sobre a importância desse processo
formativo e fazer arranjos nas rotinas que pudessem liberar, por uma semana, esses
profissionais.

48
Foram disponibilizados, para os estados, os projetos pedagógicos com matrizes de conteúdo. Constava,
também, a ementa dos cursos, sugestões de recursos didáticos e pedagógicos.
86

Para facilitar o processo de inscrição e todo o registro dos participantes, foram


adotadas diferentes formas de chamamento e formação da base de dados. Havia a
disseminação de comunicado, via ofício circular, no qual constavam as orientações para a
participação e link de acesso para preenchimento de inscrição do educando. Todas as
informações eram destinadas a uma base de dado, onde as informações passavam por
tratamento, ou seja, identificadas algumas inconsistências, a exemplo de duplicidade de
preenchimento e número superior de inscrições.
Após a organização dessa base, as inscrições eram confirmadas via e-mail e constantes
contatos telefônicos, garantindo, assim, a participação, de acordo com número de vagas
disponibilizadas para os municípios, considerando o porte municipal.
Os instrumentos utilizados, como parte da metodologia e arranjo adotado pelo estado,
foram criados e, ao longo do tempo, aperfeiçoados pela coordenação estadual. Trata-se de
formulários, fichas, quadros organizativos, materiais gráficos, como banners, textos
informáticos, planilhas de organização das turmas com datas, horários, locais, quantitativo de
participantes e listas de presença. Uma parte do material distribuído foi encaminhado pelo
MDS, como bolsa, pen drives, canetas e garrafinhas, organizados em sua distribuição,
também, pela equipe estadual.
Ao final de cada curso, foi elaborado o relatório de execução, assim como incluídas as
informações no Sistema de Monitoramento e Avaliação das Capacitações do MDS – SIMA49.
Apenas no primeiro curso ofertado foram sistematizados os produtos de oficinas temáticas
realizadas em formato de relatório, com vistas à devolução aos Municípios, Estado e ao MDS,
para subsidiar o planejamento e planos de ação. Além desse registro no sistema geral, nos
demais cursos foi aplicada uma avaliação de reação, que tinha foco na qualificação da oferta
dos cursos propriamente ditos.
Foi também desenvolvido um instrumento, a partir do banco de dados, com a
tabulação e a geração de relatório, para sistematização das avaliações de reação aplicadas ao
fim de cada curso. Os certificados de conclusão eram enviados aos cursistas após a conclusão
geral do curso, que compreendiam as modalidades, presencial e não presencial.
Importante registrar que a distribuição de vagas era pactuada na Comissão
Intergestores Bipartite – CIB/PB, assim como apreciadas pelo Conselho Estadual de

49
O SIMA foi desenvolvido pela SAGI para registro das capacitações, capaz de gerar relatórios com
planejamento da oferta, estrutura dos cursos, cronograma de execução, composição das turmas, dentre outras
funcionalidades. O MDS gerava login e senha de acesso para gestão estadual e par a IES.
87

Assistência Social – CEAS/PB, instâncias envolvidas em todas as etapas, dada a importância


da construção coletiva em todas as pautas da Assistência Social no Estado.
Nessa direção, em outubro de 2014, através da Portaria50 foi criado o Núcleo de
Educação Permanente do SUAS – NUEP/PB com representação da Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Humano – SEDH, Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS,
Conselho Regional de Psicologia – CRP, Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Colegiado
de Gestores Municipais de Assistência Social – COEGEMAS e Usuários do SUAS. Com isso,

A importância da estruturação desses Núcleos na implementação e


efetivação da Educação Permanente no SUAS é evidenciada por atividades
tais como: a) a problematização do saber e da experiência, que resulta dos
processos de implementação do SUAS; b) a produção de conhecimentos
sobre os diferentes aspectos do trabalho e do controle social no SUAS; c) a
elaboração de diagnósticos de necessidades de qualificação dos
trabalhadores; d) a organização de observatórios de práticas profissionais; e)
a sistematização de experiências de gestão e provimento de serviços e
benefícios; f) o planejamento de ações de formação e capacitação; g) o
acompanhamento das ações de formação e capacitação realizadas; h) a
socialização e disseminação das informações e conhecimentos produzidos,
por meio da realização de fóruns, jornadas, seminários, entre outros; i) a
validação de certificados de ações de formação e capacitação adquiridos
externamente aos percursos formativos estabelecidos nesta Política.( PNEP-
SUAS, 2013, p.49)

Apesar da compreensão da importância da instituição do Núcleo e o atendimento ao


preconizado na Política Nacional de Educação Permanente do SUAS, a formação não evoluiu
para o funcionamento do Núcleo, ficando as discussões voltadas para oferta dos cursos e a
cargo das instâncias de deliberação e pactuação do estado, sem, contudo, contemplar uma
ampliação para uma discussão maior no âmbito da implementação da Política de Educação
Permanente no Estado.
Essa realidade é justificada pela fase inicial de implantação da Política de Assistência
Social no Estado, que implicava, nesse momento, na falta de condições efetivas para alcançar
todos os avanços necessários para implementação do SUAS. Até a conclusão dos cursos, não
foram realizadas reuniões do Núcleo, não havia até então a instituição da área de Gestão do
Trabalho.
A coordenação do CapacitaSUAS se iniciou na Gerência Executiva de Vigilância
Socioassistencial. Outro aspecto importante é o reconhecimento dos esforços, para garantir
agilidade e destreza em todas as fases da implementação do CapacitaSUAS no Estado da

50
Portaria nº 089/2014/GS, publicada em Diário Oficial do Estado da Paraíba, em 30 de Outubro de 2014.
88

Paraíba, mesmo em face dos processos de licitação e contratos, que ocasionaram algumas
dificuldades nas agendas e calendários na realização dos cursos.
Em que pese esses aspectos mais gerais, que perpassaram a estruturação de todos os
cursos, a execução foi realizada em etapas, nas quais se destacaram algumas particularidades,
próprias dos momentos em que foram executados, que serão apontadas a seguir.
Dessa forma, o CapacitaSUAS, na Paraíba, foi realizado, em um primeiro momento,
através de três cursos:

1. Introdução para o Provimento dos Serviços e Benefícios Socioassistenciais do SUAS e


Implementação de Ações do Plano Brasil Sem Miséria, em setembro de 2013;
2. Atualização em Indicadores para o Diagnóstico e Acompanhamento do SUAS e do
Brasil Sem Miséria, em junho de 2014;
3. Atualização em Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS, em junho de 2014.

Os cursos compreendiam 40 horas/aula cada e foram atingidas as 14 regiões


administrativas do estado e os 223 municípios da Paraíba, ou seja, todos os municípios foram
contemplados com vagas para o CapacitaSUAS nas diferentes etapas; foram disponibilizadas
vagas por porte municipal, garantindo equidade nas participações.

Quadro 4 – Cursos por vagas ofertadas, número de turmas e capacitados – 1ª ETAPA


Vagas pactuadas e ofertadas: 1545
CURSOS Turmas Alunos
01-Introdução ao Provimento dos Serviços e Benefícios Socioassistenciais
do SUAS 5 463
02-Atualização em Gestão Financeira e Orçamento 6 386
03-Indicadores para Diagnóstico e Acompanhamento do SUAS e
Estratégias de Enfrentamento à Pobreza 8 432
Total: 19 1281
Fonte: Elaborado pela pesquisadora.

Destaca-se que 17% das vagas oferecidas nessa primeira etapa não foram executadas
de imediato, no entanto, ao longo do processo, houve recuperação dessas vagas. Vale ainda
um reconhecimento de que houve importante adesão tanto nos cursos com conteúdos
referentes à gestão (Atualização em Gestão Financeira e Orçamento e de indicadores) quanto
nos de execução direta nos serviços.
89

A logística de alocação dos cursos (salas de aula e infraestrutura didática) sofreu


aprimoramento na medida em que os cursos avançavam51. Mas, vale destacar que a oferta na
capital do estado e o deslocamento dos participantes não foi impedimento para a participação,
ao contrário, a presença nas aulas foi em média de 89%, em referência às vagas
disponibilizadas.
A seguir, há a apresentação dos dados referentes a cada curso, cuja divisão e ordem
observaram as definições do traçado apresentado pelo MDS. Dentre as informações, constam
o período e formato da execução, o número de participantes e a metodologia adotada.
Portanto, em uma apresentação analítica do resultado da primeira etapa:
O Curso de Introdução ao Provimento dos Serviços e Benefícios Socioassistenciais
do Suas e a Implementação de Ações do Plano Brasil Sem Miséria – BSM foi realizado no
período de 9 de setembro a 03 de outubro de 2013, contemplando cinco turmas e 463
participantes, ou seja, 89% das 515 vagas ofertadas.
A carga-horária foi dividida, sendo o cumprimento de 32h em João Pessoa, onde
houve o deslocamento dos cursistas dos municípios para a capital do Estado, dentre os dias 09
a 12 de setembro, e 8h, de forma descentralizada, com o deslocamento da equipe para os
municípios, a fim de diminuir a distância e garantir mais participação. Sendo assim,
distribuídas:
- 01 (uma) turma descentralizada realizada em Alagoa Grande/PB, no dia 26/09/2013, das
7h30min às 17h30min;
- 01 (uma) turma descentralizada em João Pessoa/PB, no dia 27/09/2013, das 7h30min às
17h30min;
- 01 (uma) turma descentralizada realizada em Sousa/PB, no dia 03/10/2013, das 7h30min às
17h30min.
O curso foi realizado com aulas dialogadas e oficinas temáticas de aprendizagem em
todas as turmas. Nas oficinas, os participantes realizaram atividades de explicitação de
potencialidades, dificuldades, sugestões das temáticas abordadas, cujos produtos foram
reapresentados aos cursistas e, posteriormente, sistematizados pela equipe estadual do
CapacitaSUAS.
O Curso de Atualização em Indicadores para Diagnóstico e Acompanhamento do
SUAS e do BSM ocorreu no período de 26 de maio a 13 de junho de 2014, formando oito

51
Os cursos foram realizados em um hotel, localizado em João Pessoa, onde estavam disponibilizadas as salas de
aula. Já as hospedagens de todos os alunos participantes, dentre eles, técnicos e gestores, foram distribuídas em
hotéis próximos ao local de realização do curso, com as refeições e lanches.
90

turmas e 432 participantes, correspondendo a 83% das vagas ofertadas, com 08 (oito) turmas
realizadas em João Pessoa PB.
Para esse curso, a estrutura física instalada nas aulas foi diferenciada, dotada de
computadores e link de internet, possibilitando, além das aulas teóricas para o conteúdo, o
acesso a canais de sistemas da Rede Suas 52, IBGE53, dentre outros importantes, para que os
capacitandos pudessem ter experiências concretas, através do acesso a dados da realidade
territorial e das famílias que são público alvo dos processos de trabalho dos cursistas.
O terceiro curso da primeira etapa do CapacitaSUAS/PB: Curso de Atualização em
Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS foi ofertado no período de 2 a 13 de junho de
2014, abrangendo seis turmas e 386 participantes, significando 74,95% das 515 vagas
ofertadas. Os cursistas foram distribuídos em 06 (seis) turmas realizadas também em João
Pessoa PB.
Os três cursos funcionaram, cada um deles, no horário de 8hs às 18hs, com intervalo
de uma hora para almoço; sendo diferente do primeiro curso, cuja carga horária foi
complementada, de forma presencial e regionalizada, nos cursos de Atualização em
Indicadores para Diagnóstico e Acompanhamento do SUAS e do BSM, e o de Atualização em
Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS
Além da etapa presencial, realizada em João Pessoa, foram complementados por uma
etapa virtual, iniciada em 20 de junho de 2014, através da plataforma Moodle, da UFPB
Virtual54, com alcance em todos os municípios, sendo disponibilizados material didático,
vídeos, orientações, com suporte didático e coordenação docente permanente para os
cursistas, para os exercícios e demais atividades relativas ao CapacitaSUAS. A plataforma se
manteve acessível aos cursistas, com suporte até 31 de agosto de 2014.
De acordo com o PNC-SUAS (2011, p. 22),

A organização didática e pedagógica com tutoria terá de ser planejada de

52
“A Rede Suas é o Sistema Nacional de Informações do SUAS [...] que oferece suporte à gestão, ao
monitoramento e à avaliação de programas, serviços, projetos e benefícios da Assistência Social, subsidiando as
atividades técnicas e gestores, profissionais, conselheiros/as, entidades socioassistenciais e pessoas usuárias do
SUAS. Entre os seus principais objetivos, está o desenvolvimento de sistemas de informações que possibilitam a
organização de atividades de coleta, análise e síntese de dados.” Informações disponíveis em:
<blog.mds.gov.br/redesuas/institucional-rede-suas/>
53
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE é provedor de dados e informações de todo o país. Mais
informações disponíveis em: <www.ibge.gov.br>
54
A plataforma Moodle Pex (Modular Object OrientedDistance LEarning) é o sistema de gerenciamento para
criação de curso online, da Universidade Federal da Paraíba, utilizado para etapa virtual dos cursos. Os cursistas
recebiam acesso a orientações quanto ao login e senha criados a partir das informações nas inscrições e validadas
durante os cursos. Havia a interação entre os professores e os cursistas, através de diversos recursos da
plataforma como blog e fórum.
91

modo que os capacitandos assumam a construção autônoma do seu processo


de aprendizagem sem a presença física do tutor. A relação com o
capacitando pode se dá de forma online, por meio de chats ou off-line, por
meio da plataforma Moodle.

Diante dessa prerrogativa, a carga horária não presencial foi aplicada até o final do
programa. Destaca-se que a experiência de modalidade virtual proporcionou um
prolongamento dos cursos para além das 40 horas previstas. E mais, possibilitou a
continuidade do diálogo e troca de experiências entre os cursistas, gestores e professores. Os
exercícios pela Plataforma Virtual viabilizaram pesquisas e relatos de experiência, a partir do
olhar das discussões em sala de aula e a realização de tarefas que demandavam tempo e dados
só disponíveis nos municípios, como por exemplo, a elaboração de planos municipais de
assistência social por equipes dos municípios.
Ao final da oferta, houve a constatação de que, apesar de diversos ajustes necessários a
uma oferta qualificada, em termos de logística, principalmente, aspectos positivos foram
identificados, como a integração e participação efetiva dos parceiros fundamentais: Ministério
de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Secretaria Estadual de
Desenvolvimento Humano (SEDH-PB), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Fundação
de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ).
Tal relação se estabeleceu, inicialmente, para responder às exigências pactuadas e foi
se fortalecendo durante a execução, uma vez que estavam presentes, em todo o processo,
representantes do MDS, técnicos e consultores, equipe estadual, professores, supervisores
pedagógicos, tutores, estagiários e os próprios cursistas que, em uma relação de parceria,
contribuíram para a realização de ajustes e correções no processo de execução da capacitação
em tempo hábil, a partir das sugestões e comentários dos participantes nas avaliações
informais, permanentes no decorrer dos cursos.
A assiduidade durante todo o curso e permanente demanda por vagas, mesmo depois
de iniciados os cursos, demonstrou, em primeira mão, antes da realização de uma avaliação
mais elaborada, que houve motivação, interesse e credibilidade dos participantes em relação à
formação/capacitação.
Em consonância com a PNEP/SUAS, em sua perspectiva pedagógica de valorizar os
diferentes saberes nos processos de formação, durante os cursos ofertados se percebeu uma
facilidade no aprofundamento na troca de experiências em decorrência da
interdisciplinaridade e heterogeneidade dos profissionais participantes (assistentes sociais;
psicólogos; pedagogos; advogados, gestores e técnicos). As oficinas realizadas foram palco de
92

debates importantes e troca de experiências entre os profissionais da academia, os


profissionais que operacionalizam a Política de Assistência Social nas mais diversas
realidades regionais.
O objetivo foi o de proporcionar um ambiente de “formação e capacitação que
[permitiu] a consciente e sistemática reflexão dos trabalhadores quanto ao conteúdo teórico-
metodológico e ético-político das atitudes subjacentes às suas práticas profissionais” (PNEP-
SUAS, pg. 40), de modo que se evidenciou a socialização das experiências exitosas e
desafios, possibilitando o conhecimento e do debate sobre os diversos serviços, programas e
benefícios da rede intra (socioassistencial) e intersetorial, com importantes reflexões dos
participantes dos cursos, a partir das temáticas abordadas, articuladas às suas experiências
profissionais, identificando as ações bem sucedidas, as limitações e as dificuldades a serem
superadas, apontando, também, as sugestões para o aprimoramento da gestão do SUAS e
efetividade da Política de Assistência Social.
O formato dos cursos e conteúdos do CapacitaSUAS corresponde a um processo de
organização temática, planejada por etapas. Em uma perspectiva de manter a continuidade das
ofertas na direção da implementação de uma política, de fato, permanente, vencida a primeira
fase, inicia-se novo processo de pactuação, que permitiu a execução de novos cursos.
Desse modo, em 11 de dezembro, a Paraíba realiza novo ACEITE para a segunda
etapa de execução do CapacitaSUAS, sendo realizados cinco cursos de capacitação:

1. Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS (agosto de 2015);


2. Curso de Atualização em Especificidade e Interfaces da Proteção Social Básica
(setembro de 2015);
3. Curso de Atualização para Elaboração de Planos de Assistência Social (outubro de
2015);
4. Curso de Atualização em Vigilância Socioassistencial (outubro de 2015)
5. Curso de Atualização sobre a Organização e Oferta dos Serviços da Proteção Social
Especial do SUAS (novembro de 2015).
93

Quadro 5 – Cursos por vagas ofertadas, número de turmas e capacitados – 2ª ETAPA


Vagas pactuadas e ofertadas: 2488
CURSOS Turmas Alunos
01-Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS 8 472
02-Atualização sobre Especificidades e Interfaces da Proteção Social
Básica 8 509
03-Atualização para a Elaboração de Planos de Assistência Social 8 421
04-Atualização em Vigilância Socioassistencial do SUAS 4 266
05-Atualização sobre Organização e Oferta dos Serviços da Proteção
Social Especial 8 502
Total: 36 2170
Fonte: Elaborado pela pesquisadora.

Destaca-se que nessa etapa foram atingidas 88% das vagas ofertadas, logo de início, se
constituindo um importante indicativo do aumento crescente do grau de adesão dos sujeitos
dessa política pública. Além disso, dentre os cursos ofertados nesse estágio de
desenvolvimento do CapacitaSUAS, no Estado da Paraíba, incluía o curso de “Introdução de
Controle Social”, que incluía conselheiros da Política de Assistência Social da sociedade civil.
A relevância desse fato se dá pela observância do esforço extra que muitos deles tiveram que
fazer para permanecer uma semana fora do seu local de trabalho e das responsabilidades
pessoais com familiares.
Como nos dois últimos cursos ofertados, na primeira etapa, os referidos cursos
mantiveram a carga horária de 40 horas/aula, no total, divididas em modalidade presencial,
com 70% da carga horária, complementadas por 30% virtual pelo Sistema EAD, UFPB –
Virtual, iniciada logo após a fase presencial de cada curso, durante, pelo menos, um mês para
o cumprimento das horas programadas. Os espaços virtuais foram reestruturados para os
novos conteúdos e acesso de todos os participantes.
O “Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS” ofereceu 528
vagas e foi realizado no período de 24 a 28 de agosto de 2015, com 472 alunos inscritos
(correspondendo a 89,4% das vagas ofertadas), distribuídas em oito turmas. Destaca-se que,
neste caso, em especial, a escolha dos participantes recaiu, prioritariamente, nos conselheiros
da política de assistência social tanto governamental como não governamental. Dada a
especificidade do público, os conteúdos versaram desde conceitos básicos e fundantes do
SUAS até especificidades do funcionamento dos Conselhos Gestores.
No mês seguinte, foi realizado o “Curso de Atualização em Especificidade e
Interfaces da Proteção Social Básica”, que ofertou 531 vagas, realizado no período de 21 a
25 de setembro de 2015, sendo a etapa presencial com 509 alunos inscritos (correspondendo a
94

96% das vagas ofertadas), distribuídos em oito turmas. O perfil prioritário, nessa etapa, foi
para trabalhadores alocados na rede Socioassistencial de proteção social básica, sobretudo, os
CRAS.
Para o “Curso de Atualização para Elaboração de Planos de Assistência Social”,
foram ofertadas 483 vagas, ocorrendo no período de 05 a 09 de outubro de 2015, sendo a
etapa presencial com 421 alunos inscritos (correspondendo a 87% das vagas ofertadas),
distribuídos em oito turmas. Tanto para esse curso como para o que se trata a seguir, os
trabalhadores priorizados foram os que atuavam no âmbito da gestão do SUAS.
Ainda no mês de outubro, entre os dias 12 a 16 de outubro de 2015, foi realizado o
“Curso de Atualização em Vigilância Socioassistencial”, com a oferta de 295 vagas, e a
etapa presencial com 266 alunos inscritos (correspondendo a 90% das vagas ofertadas),
distribuídos em quatro turmas. Em que pese à priorização do público alvo ter atribuições na
gestão, destaca-se que essa indicação correspondeu apenas como priorização na escolha, mas
que puderam se inscrever outros trabalhadores que atuam na execução, na medida em que, em
municípios pequenos, essas atribuições, muitas vezes, se misturam.
Ao finalizar a segunda etapa, realizada concomitantemente ao curso de vigilância
Socioassistencial, no período de 12 a 16 de outubro de 2015, etapa presencial, foi realizado o
“Curso de Atualização sobre a Organização e Oferta dos Serviços da Proteção Social
Especial do SUAS”, que ofertou 651 vagas, com 502 alunos inscritos (correspondendo a 77%
das vagas ofertadas), distribuídos em oito turmas.
Nesse curto período de tempo e de forma intensa, a SEDH, em conjunto com seus
parceiros, venceu toda a segunda etapa do CapacitaSUAS, alcançando a capacitação de 2170
trabalhadores/as nas funções de gestão e provimento dos serviços e conselheiros, com vagas
que abrangeram as 14 regiões geoadministrativas do Estado, o que representou um grande
esforço da equipe estadual (SEDH e UFPB), considerando a execução de todo o
planejamento, envolvendo o período de mobilização, inscrição, organização de toda
infraestrutura logística, aprimoramento dos instrumentais e alinhamento metodológico. Ao
final, foram executadas 864 horas/aula presenciais (36 turmas), com o envolvimento direto de
81 docentes, além de professores tutores, supervisores e estagiários.
No que concerne à infraestrutura, os cinco cursos foram realizados em um hotel
situado em João Pessoa, das 08h às 18h30min ou 19h30min, com intervalo de uma hora para
almoço. Essa estrutura e a logística favoreceram a participação de todos os que aderiram a
essa etapa, proporcionando a integração dos professores e apoiadores desse trabalho. Além
disso, a decisão da realização, no referido hotel, foi tomada após avaliação realizada pelos
95

próprios cursistas e coordenação estadual. Fez parte da necessidade de potencializar a


participação nos cursos ao passo que concentrava, em um mesmo local, as salas de aula,
hospedagem e alimentação, o que garantia a elevação da qualidade em relação à metodologia
descentralizada, utilizada na oferta da primeira etapa, uma vez que não havia transtornos
quanto a deslocamento ou filas para as refeições.
A centralização dos cursos em João Pessoa foi considerada como positiva, pois
favoreceu, de fato, à permanência integral dos alunos nos cursos, considerando também que a
capital dispõe de melhores condições estruturais para a capacitação, além de facilitar a vinda
de ministrantes especialistas, o que seria impossível para as cidades do interior do Estado.
Contudo, como desafio identificado nessa etapa, para os participantes de municípios mais
distantes, o deslocamento se constituiu como dificuldade, muitas vezes, prejudicando o
horário de chegada ou saída no local da capacitação.
Quanto à metodologia e conteúdos, as aulas seguiram o traçado indicado nos manuais
editados pelo MDS55. Em linhas gerais, se mantiveram as oficinas dialogadas e temáticas de
aprendizagem em todas as turmas presenciais. Na etapa virtual, foram desenvolvidos
exercícios e atividades relacionadas aos conteúdos dos cursos do CapacitaSUAS, sendo
disponibilizados vídeos e outros materiais didáticos, com orientações permanentes aos
cursistas e suporte didático da coordenação, tutores e professores.
As salas virtuais tiveram início em 01 de setembro de 2015, mantendo-se acessíveis
aos alunos e demais participantes até 31 de janeiro de 2016. Ainda em relação às atividades
virtuais, também se perceberam dificuldades ou desmotivação de alguns cursistas em acessar
a plataforma, para complementação das horas conclusivas dos cursos e ter acesso ao material
ministrado nas aulas presenciais.
Em consequência do aprimoramento do processo de oferta, a produção de material de
divulgação ganhou mais qualidade e articulação com a imprensa, proporcionando melhor
divulgação e disseminação das informações, através dos sites e redes sociais. Ganharam
também mais qualidade os formulários e listagem de registro e controle dos produtos oriundos
dos cursos.
A terceira etapa do CapacitaSUAS foi executada no ano de 2017, embora tenha sido
realizado aceite de recursos no ano 2014, seguindo basicamente a logística de oferta da etapa

55
Alguns dos cadernos que serviram de base para os cursos ainda podem ser localizados em diferentes sites, mas
em especial: <https://issuu.com/search?q=mds%20sagi>, constam os cadernos e outras publicações do MDS.
96

anterior, assim como o período de tempo necessário para realização dos cursos, considerando
o ano do aceite e o ano de execução.
Como apontado nos aspectos gerais, que perpassaram a execução dos cursos, os
processos foram burocráticos e leais, associados à morosidade própria dos trâmites internos e
externos, necessários à oficialização, geram, de fato, um lapso de tempo entre a
disponibilização dos recursos e a realização dos cursos.
Seguindo o mesmo formato das ofertas anteriores, foram ofertados, nessa etapa, quatro
cursos de capacitação, com 40 horas/aula, cada curso, sendo 24 horas presenciais e 16 horas
complementares pelo Sistema EAD, UFPB-Virtual, com a disponibilização de uma sala
virtual, para o cumprimento das 16 horas programadas para a etapa não presencial, iniciada
em outubro de 2017, mantendo-se acessíveis aos alunos e demais participantes até 31 de
janeiro de 2018, alcançando, ao final, um total de 1992 profissionais das 2230 vagas
ofertadas.

Quadro 6 – Cursos por vagas ofertadas, número de turmas e capacitados – 3ª ETAPA


Vagas pactuadas e ofertadas: 2230
CURSOS Turmas Alunos
01-Atualização para a Elaboração de Planos de Assistência Social 8 450
02-Introdução ao Exercício do Controle Social no SUAS 8 394
03-Atualização sobre Especificidades e Interfaces da Proteção Social
Básica do SUAS 8 568
04-Atualização sobre Organização e Oferta dos Serviços da Proteção
Social Especial 8 580
Total: 32 1992
Fonte: Elaborado pela pesquisadora.

Vale ressaltar que a oferta desses cursos já havia sido realizada no ano de 2015 e a
decisão de realizá-los novamente, dentre outras matrizes disponíveis e também já executadas,
foi fruto de avaliação realizada pela coordenação estadual, que observou, dentre outros
indicadores, a rotatividade de profissionais, assim como a necessidade de se revisitar os
temas, com vistas ao aprimoramento da gestão.
Tratava-se do ano de elaboração do Plano Plurianual - PPA56 do Estado e ano que
antecedia a elaboração dos Planos Plurianuais municipais; assim, tal cenário foi indicativo
para a oferta dos dois primeiros cursos. A decisão foi discutida e validada pelas instâncias de

56
O Plano Plurianual – PPA está previsto no artigo 165 da Constituição Federal, regulamentado pelo Decreto
2.829, de 29 de outubro de 1998 e se constitui de um instrumento de planejamento de médio prazo, no qual estão
estabelecidas as diretrizes, os objetivos e as metas a serem alcançadas pelos entes federados em um período de 4
anos.
97

pactuação e deliberação do SUAS no estado (CIB e CEAS). Na organização dos cursos,


foram repensadas e ajustadas às matrizes e ao processo metodológico, considerando as
avaliações que serviram de “termômetro” para a IES. Vale destacar que, mesmo sendo uma
segunda oferta, o grau de adesão permaneceu alto, numa média de 91%.
O curso de “Atualização em Elaboração de Planos de Assistência Social” ofereceu
530 vagas e foi realizado no período de 16 a 20 de outubro de 2017, com 418 alunos inscritos,
distribuídos em oito turmas, ou seja, uma adesão de 80 % em relação às vagas ofertadas.
Destaca-se que o conteúdo desse curso está circunscrito no campo da gestão e que alguns dos
municípios, sobretudo os de pequeno porte, nem sempre dispõem de trabalhadores dedicados
a essa atividade.
O curso de “Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS” ofereceu 534
vagas, realizado no período de 23 a 27 de outubro de 2017, com 396 alunos inscritos,
distribuídos em oito turmas. O grau de adesão correspondeu a 75% das vagas ofertadas. Nesse
caso, vale lembrar o que foi dito anteriormente, de que se privilegiava a participação de
conselheiros da sociedade civil, com mais dificuldade de abrirem mão da rotina cotidiana.
Já o curso de “Atualização sobre Especificidade e Interfaces da Proteção Social Básica
no SUAS” ofereceu 577 vagas, realizado no período de 06 a 10 de novembro de 2018, e teve
o número superior de 590 alunos inscritos, os quais foram distribuídos em oito turmas; desse
modo, percebe-se uma adesão de 102%.
O último curso ofertado na etapa e também no Programa foi o de “Atualização sobre a
Organização e Oferta dos Serviços da Proteção Social Especial do SUAS”, sendo ofertadas
589 vagas, realizado no período de 20 a 24 de novembro 2017, e também superou o número
de alunos inscritos: foram 629 distribuídos em oito turmas; uma adesão de 107%.
Todos foram ofertados num hotel em João Pessoa. Em sua etapa presencial, no horário
das 08h às 18h30min, com intervalo de uma hora para almoço, através de aulas dialogadas e
oficinas temáticas de aprendizagem em todas as turmas. Para complementação da carga-
horária exigida, foram estabelecidas atividades suplementares no turno da noite.
Diante de toda exposição do caminho percorrido para execução do CapacitaSUAS no
Estado da Paraíba, em uma apreciação preliminar e tratada nos próximos subtítulos, é possível
afirmar que o programa cumpriu a sua função, em consonância com o objetivo da Política
Nacional de Capacitação de “promover a capacitação dos gestores, trabalhadores da rede [...]
e conselheiros da assistência social, fundada nos princípios da educação permanente e da
interdisciplinaridade, visando o aprimoramento da gestão do SUAS [...].” (BRASIL/PNC,
2011, p. 21)
98

Resultado do esforço coletivo e da ação colaborativa entre MDS, SEDH, UFPB e


municípios, a implementação de todas as etapas apresenta evidências de que o arranjo local,
em consideração com as particularidades do estado, foi bem sucedido e reflete positivamente
a avaliação ao final de toda oferta, que resultou na realização de 12 (doze) cursos em 87
(oitenta e sete) turmas, 5.443 (cinco mil, quatrocentos e quarenta e três) capacitados
(trabalhadores/as nas funções de gestão e de provimento dos serviços e conselheiros/as da
Política de Assistência Social) e um alcance de 86,9%, em percentual de certificação, no que
se refere às vagas ofertadas em todas as etapas e em todos os cursos.
As informações utilizadas para registro da experiência foram colhidas a partir de dados
já sistematizados e compostos nos relatórios finais dos cursos, instrumentos normativos como
Planos de Trabalho, Termos de Referência, Termos de Convênio e demais instrumentos de
monitoramento e avaliação, definidos pela coordenação estadual como parte integrante do
processo final de execução.
A sistematização foi realizada, de forma sequencial, e de acordo com cada oferta,
considerando, sobretudo, dados, como: período de realização, número de participantes,
percentuais de execução, infraestrutura logística, recursos financeiros e desenho criado pela
Paraíba.

3.2 Resultado da pesquisa sobre os cursos ofertados: aspectos metodológicos da


execução

Neste ponto, são apresentados os resultados da pesquisa sobre a implementação do


Programa Nacional de Capacitação do SUAS – CapacitaSUAS, no Estado da Paraíba, cuja
análise central do estudo está assentada na identificação do alcance dessa execução, na
direção do atendimento à dimensão pedagógica da Política de Educação Permanente, que se
dá através da oferta de processos continuados de capacitação, com vistas à adequação de
percursos formativos às qualificações demandadas pelo Sistema Único de Assistência
Social - SUAS.
A organização das informações foi realizada a partir das avaliações de reação
aplicadas aos cursistas ao fim da participação, em todos os cursos e em todas as turmas,
com o objetivo de identificar, em termos de percepção de ofertas, uma avaliação do alcance
dos objetivos propostos, resultando, assim, na análise combinada, considerando o número
total de turmas.
O procedimento para o preenchimento dos formulários objetivou a captação de
99

informações que possibilitassem avaliar a qualidade da infraestrutura (logística), dos


procedimentos instrucionais, onde os alunos utilizavam um parâmetro de escala, que
variava de 0 (péssimo) a 10 (excelente), considerando os aspectos: infraestrutura (local de
realização dos cursos, qualidade das instalações físicas – iluminação, acústica, mobiliários,
acessibilidade –, equipamentos audiovisuais utilizados e atuação da equipe de coordenação
– acolhida e solução de problemas); aspectos pedagógicos: relevância dos conteúdos
abordados no curso para a sua atuação profissional, oficinas de aprendizagem, aulas
expositivas e carga-horária dos cursos, além de aspectos mais subjetivos, como nota de
avaliação geral para o curso, nota para própria aprendizagem (autoavaliação). Por fim,
constam algumas sugestões, críticas e elogios, apenas com o objetivo de exemplificar como
essas informações foram postas nos formulários.
Os dados aqui sistematizados foram colhidos ao final de cada etapa e, portanto, estão
também expostos por etapa de execução e por curso ofertado. Destaca-se que há diferenças
na exposição dos dados entre a primeira etapa e as subsequentes, pois as informações foram
colhidas, a partir da sistematização realizada pela coordenação colegiada do CapacitaSUAS
e esse registro passou por aprimoramento ao longo de sua execução.

3.2.1 Primeira etapa de execução (2013 e 2014)

O primeiro curso ofertado foi o de “Introdução para o Provimento dos Serviços e


Benefícios Socioassistenciais do SUAS e Implementação de Ações do Plano Brasil sem
Miséria”, que, de forma particular, foi o único a ser ofertado com 100% de carga-horária na
modalidade presencial, sendo 32h em João Pessoa e 8h em turmas descentralizadas,
realizadas nos municípios de Alagoa Grande, João Pessoa e Sousa.
Na exposição dos dados, nessa primeira etapa, fez-se uma síntese quanto à
infraestrutura que comporta o local de oferta das aulas e a hospedagem; aspectos
metodológicos que incluem os conteúdos e a distribuição das aulas.
Todos os gráficos apresentados têm como fonte as “Avaliações de reação do Curso
de Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS – CapacitaSUAS-2013e14”.
100

Gráfico 1 – Local de realização dos cursos – 1ª ETAPA

1%
NOTAS 5 A 6
16%

NOTAS 7 A 8
83%

NOTAS 9 A 10

Fonte: Avaliação de reação do Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS –


CapacitaSUAS-2013e14.

No tocante à decisão de concentrar a oferta na capital do Estado, esta se mostrou muito


positiva, pois a grande maioria apontou o local como excelente.
Em relação ao espaço de realização dos cursos, em termos de localização e
infraestrutura, as avaliações apontam que 83% dos cursistas consideram excelente a oferta
realizada em João Pessoa, embora 17% tenham demonstrado a opção pela realização dos
cursos, de forma descentralizada, ou seja, em municípios mais próximos de seus locais de
trabalho ou mesmo residências.
O Estado da Paraíba é composto por 223 municípios, divididos em 193 de pequeno
porte I, 20 de pequeno porte II, 06 de médio porte e 04 municípios de grande porte, situados
em 14 regiões geoadministrativas. Considerando os portes municipais e a distância da capital,
foi definido o número de vagas e agendadas as datas das turmas que se iniciaram pelos
municípios mais próximos de João Pessoa e, em seguida, os mais distantes.
Diante da realidade geográfica do Estado, alguns municípios estão a mais de 500 km
da capital, como apresentado, de forma ilustrativa, através do mapa da Paraíba, com destaque
para João Pessoa. De fato, se justificam as solicitações de realização dos cursos, de forma
descentralizada, contudo, a percepção geral foi a de que a capital da Paraíba oferecia melhores
condições de oferta.
101

Figura 3 – Mapa da Paraíba com destaque para João Pessoa

Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Paraiba_Municip_JoaoPessoa.svg>

A avaliação subjetiva, de livre manifestação, no geral apontou uma avaliação positiva,


com destaque para o empenho, esforço, competência e atenção dispensada aos profissionais
do SUAS, por parte da equipe estadual, com 80% de avaliação considerada excelente.
No que concerne às instalações, a avaliação considerou o espaço de oferta das aulas e
a hospedagem, de modo que o gráfico a seguir demonstra como os participantes perceberam
tal item.

Gráfico 2 – Qualidade das instalações – 1ª ETAPA

3%
NOTAS 5 A 6

29%
NOTAS 7 A 8
68%
NOTAS 9 A 10

Fonte: Avaliação de reação do Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS –


CapacitaSUAS-2013e14.

Quanto à qualidade das instalações, que se refere às salas de aula disponibilizadas,


materiais, hospedagem e alimentação, 68% avaliaram como excelente e 32% consideraram
VILAS BOAS. Os aspectos que influenciaram, negativamente, na percepção dos alunos, se
102

assentaram, sobretudo, no quesito hospedagem e alimentação, uma vez que foram


disponibilizadas em locais diferentes das salas de aula. Destaca-se que esse item foi corrigido
em etapas posteriores.
O interesse de custear as hospedagens foi baseado em garantir melhores condições
para participação dos cursistas, uma vez que o custo, estando sob a responsabilidade dos
municípios, se apresentaria como um aspecto dificultador. Diante da necessidade, como
estratégia, a empresa contratada resolveu por acomodar os participantes em hotéis e pousadas
situadas nas proximidades do local de realização das aulas. De acordo com 32% das
avaliações, tal diretiva ocasionou diferenciação no acolhimento e alguns atrasos.
Nesse momento, torna-se evidente a importância da participação dos municípios na
identificação dos desafios naturais da primeira experiência, em direção de um processo de
aprimoramento, que se realizaria no decorrer das ofertas que estavam por vir. Trata-se de um
olhar inicial de toda a coordenação estadual para os desafios da execução, somado as
sugestões dos alunos, que já apontaram a necessidade de realização de ajustes importantes,
como a concentração, em um mesmo local, de salas de aula, hospedagem e alimentação.
Os alunos receberam um conjunto de instruções referentes à oferta dos cursos, no que
concerne aos conteúdos e à distribuição por tempo e metodologia, manifestando-se conforme
os dados a seguir:

Gráfico 3 – Procedimentos instrucionais – 1ª ETAPA

3% 3%
NOTAS 1 A 4
21%
NOTAS 5 A 6
73%
NOTAS 7 A 8

NOTAS 9 A 10

Fonte: Avaliação de reação do Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS –


CapacitaSUAS-2013e14

Os conteúdos foram estruturados a partir de projetos pedagógicos com matrizes de


conteúdo, nas quais constavam a ementa dos cursos, sugestões de recursos didáticos e
103

pedagógicos, adequadas à realidade local e diferenças regionais, 73% dos cursistas avaliaram
como excelente, apontando apreciações sobre o cumprimento do horário, carga-horária e
conteúdo.
Vale ressaltar que 27% dos cursistas apontaram para a insatisfação em relação ao
tempo reservado para os debates e discussão sobre os processos de trabalho e possíveis
encaminhamentos para suas dúvidas, relacionadas ao provimento dos serviços, levando a
reflexão de que, para alcançar um patamar ideal de satisfação, “a oferta e a implementação de
ações de formação e capacitação [precisam responder] às questões, demandas, problemas e
dificuldades que emergem dos processos de trabalho e das práticas profissionais
desenvolvidas pelos trabalhadores”. VILAS BOAS et al. (2015, p. 7)
No tocante à avaliação das oficinas de aprendizagem, as percepções refletem,
principalmente, acerca do resultado do preenchimento das avaliações após a realização dos
cursos de forma regionalizada (João Pessoa, Alagoa Grande e Sousa), onde houve o
cumprimento da carga-horária das aulas iniciadas em João Pessoa e se efetivou a decisão de
realizar os cursos em municípios mais próximos das residências e locais de trabalho dos
cursistas, objetivando maiores condições de participação, sobretudo, de frequência.
Em João Pessoa e Sousa, 59% das avaliações indicaram como excelentes e, em média,
35% como VILAS BOAS, a execução das oficinas, sendo considerados os aspectos
metodológicos por meio das aulas dialogadas e atividades práticas e reflexivas.
Foram também observados aspectos relacionados à estrutura física de realização. João
Pessoa mantém o percentual de 83% e Sousa apresenta um número menor de 63% de
avaliações consideradas excelentes.
Já em Alagoa Grande, localizada na 3ª região geoadministrativa do Estado, a avaliação
foi de 52% para boa, no que se refere ao aspecto metodológico. Para infraestrutura, se
evidenciou o percentual de 44% de opiniões para irregular e ruim. Embora o município se
apresentasse como estratégico em termos de garantir a proximidade da oferta a 39 municípios
da região; este não dispunha de locais com características apropriadas de sala de aula dotadas
de acessibilidade, climatização e recursos audiovisuais, e essa realidade foi sentida pelos
cursistas.
Os demais cursos realizados na primeira etapa foram os seguintes: “Curso de
Atualização em Indicadores para Diagnóstico e Acompanhamento do SUAS e do BSM” e o
“Curso de Atualização em Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS”, cuja particularidade
se deu na complementação da carga-horária na modalidade EAD, através da plataforma
Moodle, da UFPB Virtual, e as avaliações se assemelharam às percepções positivas dos
104

aspectos de infraestrutura e procedimentos instrucionais das ofertas iniciais, realizadas em


João Pessoa.

3.2.2 Segunda etapa de execução (2015)

Nessa segunda fase de execução do CapacitaSUAS, os dados estão organizados por


etapa e expõem informações referentes à infraestrutura, aspectos pedagógicos e avaliação
geral, avaliada a partir da nota total atribuída por participante. Além disso, foram colocados
alguns comentários, apenas como ilustração da avaliação qualitativa dos capacitandos.
Dada à experiência acumulada na primeira etapa, nesse momento de execução da
segunda, houve uma avaliação simultânea, pois foram acolhidas, ainda durante a operação
presencial, sugestões dos cursistas, permitindo corrigir, imediatamente, os rumos tomados,
levando em consideração, inclusive, comentários isolados.
Outra especificidade desta etapa foi a possibilidade de alterar a carga horária, retirando
as aulas noturnas como resultado da avaliação da primeira etapa. Ainda em relação ao
processo de aprimoramento, foi adotada a postura de estreitamento do diálogo entre
professores e alunos, assim como os professores entre si. Novamente, foi possível fazer
ajustes e alterações ainda durante o processo.
Os cursos realizados foram: “Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social do
SUAS”; “Curso de Atualização em Especificidade e Interfaces da Proteção Social Básica”;
“Curso de Atualização para Elaboração de Planos de Assistência Social’; “Curso de
Atualização em Vigilância Socioassistencial” e o “Curso de Atualização sobre a Organização
e Oferta dos Serviços da Proteção Social Especial do SUAS”.
Todos os gráficos apresentados têm como fonte o instrumental: “Avaliação de Reação
dos Cursos – CapacitaSUAS-2015”.
A infraestrutura foi avaliada a partir de quatro indicadores: Local de realização;
qualidade das instalações; equipamentos utilizados nas aulas e atuação da coordenação. O
gráfico a seguir aponta os resultados pela média das notas atribuídas a cada item.

Gráfico 4 – Infraestrutura – 2ª ETAPA


105

Fonte: Avaliação de Reação dos Cursos – CapacitaSUAS-2015.

Observa-se pelos dados que a grande maioria considerou as condições objetivas


ótimas, com avaliações acima da nota 9,0. Esse item é fundamental para o bom desempenho,
pois contribui com a atenção e a participação durante as aulas. Além disso, o conforto
adequado nos horários de descanso é fundamental, para que os participantes possam ter bom
desempenho durante toda a jornada, que, nesse caso, foi bastante extensa e intensa. Os
comentários, em sua maioria, atestam o aspecto positivo, a saber: “O espaço é de ótima
localização, como também a divisão das turmas para um melhor atendimento aos
municípios”.
Mesmo com essa avaliação bastante positiva, alguns comentários puderam ser
colhidos dos participantes, como: “Deve melhorar os horários de check-in e check-out, pois
quem mora longe de João Pessoa tem que se submeter a viagem de madrugada muitas
vezes”. Ainda em relação à organização do tempo, foi considerado: “Rever a hospedagem de
quem mora no sertão, para melhorar no primeiro e no ultimo dia”. Quanto à alimentação:
“Deveria melhorar o Buffet.”.
Destaca-se que o primeiro e o segundo comentários dizem respeito, sobretudo, à
sobrecarga de viagens longas.
Mesmo com os comentários acima, indicando necessidades de ajustes, pode-se afirmar
que a avaliação referente à infraestrutura foi muito positiva, atingindo, em média, 9,47%
muito próxima de excelente.
No item dos aspectos pedagógicos, foram considerados para a análise: relevância dos
conteúdos; a oferta das oficinas de aprendizagem; avaliação das aulas expositivas e carga
106

horária. Vale destacar que a coordenação estadual recebeu orientação do Ministério de


Desenvolvimento Social, a partir dos cadernos de conteúdos e de definição pedagógica, e que
foram realizadas adaptações, considerando as especificidades da Paraíba. O gráfico a seguir
aponta os dados pela média das notas atribuídas, considerando que o avaliador utilizou a
escala de 0 a 10.

Gráfico 5 – Aspectos metodológicos e pedagógicos – 2ª ETAPA

Fonte: Avaliação de Reação dos Cursos – CapacitaSUAS-2015.

As notas atribuídas indicam avaliação muito positiva tanto no que tange aos conteúdos
quanto com relação à metodologia das aulas expositivas. Vale lembrar que o conteúdo
obedecia a um vasto leque de temas, que variavam de aspectos valorativos, que estruturam o
SUAS, até interpretação do conteúdo normativo. Deve-se considerar também que o mesmo
conteúdo foi ministrado para turmas muito heterogêneas no que concerne à formação
acadêmica, tempo de permanência nessa política pública, às diferentes realidades sociais,
faixa etária, entre outros. Mesmo assim, a avaliação aponta para a adequação das escolhas
referentes aos conteúdos.
A metodologia de aulas e oficinas também obteve avaliação acima de 9,0 (nove), o
que indica sua excelência, lembrando que essa mistura entre aulas expositivas, dialogadas e
oficinas foi uma escolha da linha pedagógica, para permitir uma importante articulação entre
teoria e prática, que são indivisíveis, mas que precisam ser reconhecidas pelos capacitandos,
os quais devem ser capazes de construírem espaços de reconhecimento da realidade cotidiana.
Em relação a isso, muitos se pronunciaram, mas se destaca aqui a fala de um dos
107

participantes: “O curso foi bastante proveitoso por estar correlacionado com a nossa prática
diária”.
Os comentários colhidos da avaliação corroboram com o último aspecto da avaliação,
que se refere à carga horária, sempre considerada muito extensa e ofertada em curto espaço de
tempo, exigindo a oferta, em alguns dias da semana, nos três períodos (manhã, tarde e noite).
Sobre esse tema, observam-se as avaliações dos participantes: “Em minha opinião a carga
horária foi muito extensa. Acredito que o conteúdo seria melhor absorvido se fosse
distribuído em carga horária menor e os participantes tivessem um tempo maior de descanso
entre um módulo e outro”.
Nesse caso específico, o comentário se refere, especialmente, à densidade do conteúdo
e ritmo de tempo da oferta. Já a seguir, a avaliação trata da dinâmica da aula e conteúdo:
“Algumas aulas foram cansativas e pouco aproveitadas, principalmente do horário noturno”.
Ainda com a preocupação de avaliar a distribuição da carga horária e o rendimento dos
cursistas, destaca-se que: “Os três turnos comprometem o rendimento, pois fica cansativo.”
O processo avaliativo ainda solicitou que os participantes atribuíssem uma nota geral
para a execução do CapacitaSUAS e autoavaliação contida no gráfico a seguir. Vale ressaltar
que, de forma geral, houve mais rigor, por parte dos participantes, quanto ao seu próprio
desempenho.

Gráfico 6 – Avaliação geral e autoavaliação – 2ª ETAPA

Fonte: Avaliação de Reação dos Cursos – CapacitaSUAS-2015.

É importante destacar, nesse caso, que a média geral foi muito boa, pois inclui todos
os pontos acima já analisados. Já no que concerne à autoavaliação, a nota cai um pouco, mas,
não substantivamente, o que indica que os participantes se consideraram compromissados e
108

copartícipes do processo de formação e, sobretudo compreenderam o objeto central dos


cursos, que foi o de proporcionar um ambiente de formação, que levasse o trabalhador a uma
reflexão dos conteúdos teórico-metodológicos e ético-políticos diante de seus processos de
trabalho, como se identifica em algumas avaliações, se repetindo com características
semelhantes: “O capacita tem contribuído para o aperfeiçoamento profissional dos
capacitandos. Portanto, momentos como estes se fazem necessários para que, cada um, em
seus ambientes de trabalho realizem a atuação comprometida com a garantia de direitos.”
A avaliação reconhece a aplicabilidade dos conteúdos apresentados, numa clara
referência sobre a capacidade do processo metodológico responder a um de seus principais
pressupostos de articulação e práxis. Nessa mesma direção, dois outros comentários afirmam
que: “O curso só tem a agregar no cotidiano profissional tenho orgulho por participar desse
momento importante e pioneiro da Paraíba”; “Foi de extrema relevância este curso, pois
pude adquirir conhecimentos que poderei implantar no cotidiano do meu trabalho e, sem
dúvida, no aprimoramento dos meus conhecimentos”.
O processo de organização metodológica/pedagógica foi avaliado como muito bom,
conforme se pode constatar no depoimento a seguir:“A avaliação do curso foi extremamente
positiva. A organização das aulas, os horários e os conteúdos abordados, o curso como um
todo, foi muito bem estruturado e desenvolvido”.
Além disso, pode-se reconhecer, na próxima fala, que o modo como os cursos foram
definidos, utilizando-se de espaços com diálogo entre os participantes, produziu um
acolhimento e reconhecimento das dificuldades e potencialidades nos diferentes municípios:
“Foi brilhante o processo de aprendizagem nessa capacitação, profissionalmente falando.
Me levou a refletir e buscar uma prática melhor a cada dia. Percebi que minha angústia
quanto às dificuldades enfrentadas por cada órgão de proteção é comum e não é específico
[equipamento que trabalha]. Entendo que o enriquecimento de conhecimento foi ótimo [...]”
Pelos dados acima expostos, tanto quantitativos quanto qualitativos, percebe-se êxito na
execução dessa etapa. Vale ressaltar que essa avaliação é substantiva, considerando os
diferentes conteúdos, as características diversas do público participante e, ainda, a
heterogeneidade entre os docentes. Assim, é possível reconhecer como exitosa essa etapa do
processo de capacitação.

3.2.3 Terceira etapa de execução (2017)


109

Para a terceira etapa, a lógica da avaliação segue a mesmo desenho da etapa anterior,
com dados organizados, considerando todos os cursos, devido à semelhança nas avaliações
realizadas no período e contemplando informações sobre: infraestrutura; aspectos
pedagógicos e avaliação geral e autoavaliação. Alguns comentários foram também ilustrados,
para melhor percepção da avaliação dos participantes.
Após mais de um ano da oferta dos cursos da etapa anterior, é importante destacar que
essa etapa foi a mais procurada em termos de inscrição, superando, inclusive, o número de
vagas ofertadas. Isso se deve a um aprimoramento no processo de oferta e o reconhecimento
do trabalhador da importância de sua participação para a qualificação dos processos de
trabalho e consequente melhoria na prestação dos serviços.
Os cursos realizados nessa etapa já haviam sido ofertados anteriormente. A decisão de
repeti-los, a partir de suas matrizes, foi demandado pelos próprios municípios, valendo
destacar que o conteúdo passou por ajustes necessários, considerando, sobretudo,
particularidades do período em que foram ofertados, atentando para a gestão estadual do
SUAS e a relação estabelecida, cotidianamente com os municípios.
É importante reconhecer que não se trata de uma oferta extra, mas da utilização de
matrizes anteriormente elaboradas, uma vez que os recursos utilizados se referem a uma
terceira pactuação, embora os cursos já tenham sido ofertados em pactuação anterior.
Foram então ofertados: “Curso de Elaboração de Planos de Assistência Social”;
“Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS”; “Atualização em
Especificidade e Interfaces da Proteção Social Básica” e “Atualização sobre a Organização e
Oferta dos Serviços da Proteção Social Especial do SUAS”.
Todos os gráficos apresentados têm como fonte o instrumental: “Avaliação de Reação
dos Cursos – CapacitaSUAS-2017”.
Considerando a utilização dos indicadores presentes nos registros dos dados acessados,
que, por sua vez, foram organizados de forma padrão na segunda e terceira etapas, a
infraestrutura foi avaliada a partir de: local de realização; qualidade das instalações;
equipamentos utilizados nas aulas e atuação da coordenação, conforme o gráfico a seguir:

Gráfico 7 – Infraestrutura – 3ª ETAPA


110

Fonte: Avaliação de Reação dos Cursos – CapacitaSUAS-2017.

As avaliações permanecem em um nível de satisfação, bastante positivo, ultrapassando


a nota 9,0 (nove) em todos os indicadores e superando os quesitos: local, instalações e atuação
da coordenação em relação à etapa anterior, realizada em 2015. De fato, a execução seguiu o
formato bem avaliado na etapa passada, pois a oferta dos cursos concentrou, em um mesmo
espaço (físico), as condições gerais de participação, como as salas de aula, hospedagem e
alimentação, o que proporcionou conforto e melhor aproveitamento do tempo em detrimento à
carga-horária presencial.
Alguns comentários isolados se referem à sugestão de disponibilização de
computadores e internet, assim como a mudança nos horários de check-in ou check-out,
substituição de cadeiras ou ajustes nos equipamentos audiovisuais, sem, contudo,
desconsiderar à avaliação da grande maioria, que avaliou como VILAS BOAS ou excelentes
as condições gerais no quesito.
Quanto aos aspetos pedagógicos, a análise foi baseada nos indicadores: relevância dos
conteúdos; a oferta das oficinas de aprendizagem; avaliação das aulas expositivas e carga
horária.
Todos os quesitos foram avaliados positivamente pelos cursistas, com a obtenção de
notas superiores a 9,14. Em relação à etapa anterior, todos os quesitos alcançaram aumento
considerável na pontuação, evidenciando que houve um avanço progressivo no planejamento
das aulas e, principalmente, na organização dos conteúdos, uma vez que as matrizes foram
111

aperfeiçoadas, a partir da experiência anterior de oferta dos cursos, bem como ao se levar em
consideração o contexto do SUAS no estado no período das ofertas.

Gráfico 8 – Aspectos metodológicos e pedagógicos – 3ª ETAPA

Fonte: Avaliação de Reação dos Cursos – CapacitaSUAS-2017.

Uma particularidade dessa etapa foi a presença expressiva de conselheiros e


conselheiras de assistência social, de seguimentos dos usuários e entidades que, de certa
forma, estão um pouco mais distantes dos meandros da gestão e da estruturação institucional,
mas reconhecem, sob um prisma muito importante, a oferta dos serviços e programas. Nessa
linha, a avaliação sob esse olhar passa a ser muito importante para melhoraria da compreensão
sobre a política de assistência social, assim como a importância de uma atuação qualificada na
sua própria função, a exemplo dos comentários: “É a primeira vez que participo do curso no
SUAS, achei importante conhecer o poder do Conselheiro. Saio daqui exercendo minha
função com mais autonomia”.
Fica evidente nessa fala que o conhecimento técnico permite o exercício da função de
conselheiro com autonomia em relação às informações que, na maioria das vezes, no
cotidiano dos conselhos advém apenas dos membros (conselheiros) governamentais. Ainda
em relação aos possíveis resultados desse processo formativo, pode-se capturar: “Foi a
primeira vez que participei de uma capacitação assim, para mim foi de grande utilidade pois
consegui aprender e ver a realidade e necessidade do nosso Estado”.
112

Um aspecto importante foi o reforço já assinalado pelos cursistas, em etapas


anteriores, da necessidade de se realizar cursos específicos e com carga horária maior, para os
sistemas de registro das informações do SUAS: Sistema de Registro Mensal de Atendimento
do CRAS – RMA CRAS, Sistema de Registro Mensal de Atendimento do CREAS – RMA
CREAS, Sistema de Informação do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos -
SISC e Prontuário SUAS, destinado ao registro de informações sobre o atendimento e
acompanhamento familiar, uma vez que nas matrizes propostas pelo MDS os referidos
sistemas são apenas apresentados, sem a dedicação do trabalho de cada campo em forma de
oficina prática.
Trata-se da necessidade de se aproximar de um aspecto mais operacional dos serviços,
o que, de fato, é imprescindível para os trabalhadores, uma vez que o registro qualitativo das
informações é fundamental para avaliação e planejamento de suas ações.
Nesse sentido, são apresentados alguns comentários: “Seria muito interessante
realizar capacitações que fiquem no conhecimento e na operacionalização dos sistemas
utilizados pelos profissionais da AS e quem deve operacionalizá-lo”; “Sugiro que a SEDH
proporcione um momento para os coordenadores dos CRAS para preencherem os RMAS,
SISC e demais sistemas, pois quanto aos RMAS, por experiência própria podem ter certeza
que cada município faz de uma maneira diferente, lançaram os sistemas, porém, nunca houve
uma capacitação para alimentar tais sistemas, pelo menos meu município nunca foi chamado
para isto”; “Que no Capacita SUAS PBS seja trabalhado o RMA e Prontuários SUAS
eletrônico”; “Favor, capacitação para equipe CRAS, SCFV com foco em preenchimento de
RMA, prontuário SUAS, SISC, enfim, sobre sistemas”.
Todas as falas acima dão conta da necessidade de atualização sobre os sistemas de
informação no SUAS. Considera-se os registros e o modo informatizado adotado pelo SUAS
no processo de sua institucionalização um grande avanço e uma forma de aprimoramento da
Vigilância Socioassistencial, uma das mais importantes funções dessa política pública.
Para identificação da avaliação geral da oferta, bem como da autoavaliação dos
cursistas, foi considerada a média de notas das avaliações de todas as etapas que se
apresentaram com muita similaridade. O gráfico a seguir mais uma vez reconhece que houve
um maior rigor na autoavaliação, mesmo com uma diferença entre as avaliações (geral e
particular) de apenas 0, 45 décimos.
113

Gráfico 9 – Avaliação Geral e autoavaliação – 3ª ETAPA

Fonte: Avaliação de Reação dos Cursos – CapacitaSUAS-2017.

O resultado da avaliação reflete a percepção geral dos cursistas que avaliaram os


cursos positivamente, considerando que as dificuldades encontradas, ao longo de todo o
processo, não foram determinantes para a desqualificação da oferta. As notas atribuídas
também superaram a avaliação da etapa anterior.
Cinco anos de execução do CapacitaSUAS se passaram e foi perceptível para os
trabalhadores que participaram dos cursos, desde o primeiro, realizado em 2013, que houve
um aprimoramento na oferta, fruto de um caminho percorrido, coletivamente, e construído de
forma participativa, como se evidencia, através de comentários expressos nas avaliações, que
reforçam a análise:“Eu sou Assistente Social de formação e estou atuando na política de
assistência social desde que me formei há 20 anos. Sou efetiva no município e já participei de
todos os cursos do CapacitaSUAS desde o início, mas esse foi nota 10. Foi o que mais se
aproximou da nossa realidade...”; Notas máximas em todas as questões pelo fator de que
fomos alcançados em todos os âmbitos, hospedagem acomodações, excelentes professores
que foram maravilhosos em sua colocação nos estimulando sempre em busca de
conhecimentos. Levarei uma frase que ouvi, dita por uma professora: “A esmola termina
onde começa o Direito!''; O CapacitaSUAS, este ano trouxe uma logística dinâmica e
conceitual. Apresentando o cotidiano dos municípios, através de uma linguagem clara e
objetiva. Os professores foram de alto nível de conhecimento e experiência na área de
Assistência Social.”
No quesito autoavaliação, a nota foi considerada boa e um pouco inferior aos demais
indicadores avaliados. De acordo com os comentários, que se dedicam ao quesito, a crítica se
114

dá as dificuldades encontradas para um melhor aproveitamento dos cursos, sobretudo no que


se refere à disposição de tempo para participar e ao pouco conhecimento sobre a política de
assistência social, o que dificulta o acompanhamento do conteúdo durante as aulas, conforme
os comentários: “Em relação a minha autoavaliação não fechei em nota máxima por conta
do cansaço, viajamos horas para estar presente no curso, mas em relação a nota avaliada
pelo evento em geral avalio como excelente; que venham muito mais”; “Quanto ao item em
minha auto avaliação foi muito rico, no entanto não foi melhor por ter contem bastantes itens
que eram para mim desconhecidos. No entanto, me serviu de incentivo para buscar melhor
compreender meu papel junto ao conselho e à responsabilidade junto à Política bem como
aos usuários”.
Os dados apresentados reuniram os aspetos considerados de maior relevância para o
estudo, identificados a partir das avaliações de reação, aplicadas aos cursistas ao final de
todos os cursos e em todas as etapas. Trata-se da identificação das condições estruturais e de
logística, oferta dos cursos em si, uma vez que o ambiente dotado de bons recursos é
extremamente importante para o processo de ensino-aprendizagem, pois contribui para
atenção e interação durante as aulas e oficinas e é determinante para o alcance do resultado
proposto pelo programa, em consonância com a Política Nacional de Capacitação, na
perspectiva da educação permanente.

3.3 Contribuições do CapacitaSUAS: uma análise a partir do posicionamento dos


trabalhadores

Com o objetivo de conhecer os resultados do processo de capacitação, findada todas as


etapas de oferta dos cursos, a Diretoria do Sistema Único de Assistência Social – DUAS, da
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano – SEDH, através da Gerência Executiva
da Gestão do Trabalho, enviou um questionário, exposto em anexo, com conteúdo que se
ocupou em reconhecer, sobretudo, as mudanças que decorreram da participação dos
trabalhadores nos cursos, mais precisamente identificado o impacto das formações nos
processos de trabalho desenvolvido pelos profissionais, que permeiam as funções de gestão da
assistência social e provimento dos serviços socioassistenciais.
Os questionários foram enviados para todos os municípios e foi solicitado o
preenchimento de técnicos de nível superior que haviam participado dos cursos e que
desempenhassem as funções de gestão e provimento no âmbito das Proteções Sociais Básica e
Especial, de forma que permitisse a possibilidade de mais de uma resposta por município, em
115

que pese a existência de mais de um técnico com o perfil indicado nas orientações de
preenchimento.
Dessa forma, houve o retorno de 221 questionários referentes a 118 municípios que
participaram da pesquisa, o que corresponde a um alcance de 52,9% do número total de
municípios da Paraíba.
O conteúdo foi dividido em três partes principais, que correspondem ao perfil do
profissional que respondeu o questionário; as condições de trabalho como determinantes para
dificultar processos de aprimoramento; e, por fim, o tema da capacitação continuada,
considerando a organização das informações de caráter quantitativo, bem como a estruturação
de respostas subjetivas, colhidas nos espaços destinados aos comentários.
Objetivou-se, também, proporcionar uma maior aproximação da percepção do
trabalhador acerca dos desafios de sua prática profissional, diante das condições objetivas de
trabalho que são impostas, uma vez que todo o planejamento de oferta dos cursos, em suas
estratégias pedagógicas, buscou proporcionar aos participantes um espaço favorável ao
alcance de respostas sobre as demandas que surgem em referência ao atendimento da
perspectiva pedagógica da educação permanente, que é a centralidade dos processos de
trabalho e das práticas profissionais.
Participaram da pesquisa profissionais que atuam em 118 (cento e dezoito) municípios
da Paraíba.57
De acordo com os dados apresentados, verifica-se que participaram da pesquisa
municípios distribuídos em todos os portes municipais, em uma proporção que reflete a
realidade de distribuição dos municípios da Paraíba, onde 193 (cento e noventa e três) do total
de 223 (duzentos e vinte e três) municípios paraibanos são de Pequeno Porte I, ou seja,
apresentam uma população de até 20.000 habitantes. Tal diversidade de percepções garante

57
Alagoa Nova, Alhandra, Araçagi, Araruna, Areia, Areial, Aroeiras, Assunção, Baía da Traição, Bananeiras,
Barra de Santana, Barra de São Miguel, Bayeux, Belém, Belém do Brejo do Cruz, Boa Ventura, Boa Vista, Bom
Jesus, Bom Sucesso, Bonito de Santa Fé, Boqueirão, Brejo do Cruz, Cabedelo, Cachoeira dos Índios, Cacimba
de Areia, Cacimba de Dentro, Cacimbas, Cajazeiras, Cajazeirinhas, Campina Grande, Casserengue, Catolé do
Rocha, Caturité, Conde, Congo, Coremas, Cuité, Curral de Cima, Curral Velho, Dona Inês, Gurinhém, Gurjão,
Ingá, Itabaiana, Itaporanga, Itapororoca, Itatuba, Jacaraú, Jericó, João Pessoa, Juarez Távora, Juazeirinho,
Juripiranga, Lagoa de Dentro, Logradouro, Malta, Manaíra, Mari, Maturéia, Monte Horebe, Monteiro, Mulungu,
Natuba, Nazarezinho, Nova Floresta, Nova Palmeira, Olho D’água, Passagem, Patos, Pedras de Fogo, Piancó,
Pilar, Pirpirituba, Poço Dantas, Poço de José de Moura, Pombal, Riachão do Poço, Riacho de Santo Antonio,
Riacho dos Cavalos, Rio Tinto, Salgadinho, Salgado de São Felix, Santa Cecília, Santa Cruz, Santa Helena,
Santa Inês, Santa Luzia, Santa Rita, Santana dos Garrotes, São Bentinho, São Bento, São Domingos, São
Domingos do Cariri, São Francisco, São João do Tigre, São José da Lagoa Tapada, São José de Caiana, São José
de Princesa, São José do Sabugí, São José dos Cordeiros, São José dos Ramos, São Miguel de Taipú, Sapé, Serra
da Raiz, Serraria, Sobrado, Solânea, Soledade, Sossego, Sousa, Sumé, Tavares, Teixeira, Uiraúna, Umbuzeiro,
Várzea, Vieirópolis, Vista Serrana, Zabelê.
116

uma maior aproximação de todas as realidades de gestão da política presente em todos os


territórios, considerando as dinâmicas e particularidades locais.

Gráfico 10 – Distribuição dos municípios por Porte Municipal

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.

De acordo com os dados apresentados, verifica-se que participaram da pesquisa


municípios distribuídos em todos os portes municipais, em uma proporção que reflete a
realidade de distribuição dos municípios da Paraíba, onde 193 (cento e noventa e três) do total
de 223 (duzentos e vinte e três) municípios paraibanos são de Pequeno Porte I, ou seja,
apresentam uma população de até 20.000 habitantes. Tal diversidade de percepções garante
uma maior aproximação de todas as realidades de gestão da política presente em todos os
territórios, considerando as dinâmicas e particularidades locais.

3.3.1 Caracterização dos trabalhadores

O Sistema Único de Assistência Social reuniu, durante os seus 15 anos de


operacionalização, um grande número de trabalhadores com características muito
heterogêneas no que concerne à formação, faixa etária, vínculo de trabalho, local de atuação.
Essas características foram capturadas pela pesquisa e estão aqui dispostas em forma de
gráficos com os dados sistematizados.
117

3.3.1.1 Identificação da área de atuação

Os trabalhadores estão alocados, fundamentalmente, nas áreas de gestão e provimento


dos serviços da Proteção Social Básica e Especial. Essas áreas condensam as ações previstas
tanto na NOB/SUAS (2005 e 2012) como na Tipificação dos Serviços (Resolução 109/2009
do Conselho Nacional de Assistência Social). Na maioria dos casos e na maioria dos
municípios de pequeno porte, a gestão tem uma estrutura bem reduzida e se responsabiliza
pelas ações de Vigilância Socioassistencial, de Planejamento, Financiamento, Monitoramento
e a coordenação da Política de Assistência Social no município.
Os dados a seguir indicam que 77% dos trabalhadores estão alocados nos serviços dos
dois níveis de proteção (básica e especial), o que é plenamente compatível com o desenho
desse sistema, na medida em que é nessa dimensão que as seguranças e provisões são
operacionalizadas.

Gráfico 11 – Área de atuação dos trabalhadores

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.

Percebe-se que não há muita disparidade entre a alocação na proteção básica e


especial, sendo plenamente justificável ter mais trabalhadores na Básica, na medida em que os
municípios de pequeno porte tenham a responsabilidade primeira de ofertar esse nível, com as
ofertas de PAIF e serviços de convivência basicamente58. Já nos serviços de proteção social
especial, os trabalhadores se dividem entre os serviços organizados nos CREAS e nos
serviços de acolhimento para criança e adolescente.

58
Todos os serviços estão tipificados na Resolução 109/2009 do CNAS.
118

3.3.1.2 Característica por sexo/gênero

A grande maioria é composta por mulheres, com 85% de predominância, contra


apenas 15% de trabalhadores do sexo masculino. Esse dado pode ser explicado pelas
profissões – como dito anteriormente – que mais atuam nessa política pública (assistente
social, psicólogo(a) e pedagogo(a)) e têm um universo muito mais feminino. Além disso, as
políticas sociais, de forma geral, têm um grande contingente feminino, dada a sua origem, que
transitou o “cuidado” (doentes, pessoas com deficiência, crianças, idosos etc.) da vida
doméstica para o espaço público e do Estado.
Naturalmente, esse perfil feminino traz uma característica para o espaço de trabalho,
pois mesmo que a Constituição Federal de 1988 tenha cravado a igualdade entre mulheres e
homens no mundo do trabalho, essa luta ainda tem muito que seguir.Sua entrada tardia na
esfera pública, as condições salariais e as diferentes ocupações com pouca repercussão de
mando, ainda expressam a necessidade de organização e do olhar da PAS, para essas
trabalhadoras mulheres, além de juntar forças com o contingente, eminentemente feminino,
atendido por essa política pública.

Gráfico 12 – Distribuição dos trabalhadores por sexo/gênero

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.

3.3.1.3 Característica por idade

A amostra apresenta que 61,1% dos trabalhadores têm idades que variam entre 25 a 39
anos e 34,8% na faixa-etária de quarenta a cinquenta e nove anos, ou seja, majoritariamente,
119

há predominância de idades, que demonstram possibilidade de maturidade para a tomada de


grandes decisões e realização de encaminhamentos, aliando-se ainda a essa informação, 25%
destes estão atuando na política de assistência social há mais de 10 anos.

Gráfico 13 – Distribuição dos trabalhadores por faixa etária

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.

Trata-se de operadores de um sistema responsável pela execução das políticas sociais


e, para tanto, precisam compreender as especificidades históricas da política de assistência
social, sobretudo, enxergando, nos menores detalhes, do dia a dia, a persistência das marcas
do clientelismo, patrimonialismo e assistencialismo, que tendem a exercer uma pressão da
atuação para o campo das ações pontuais, podendo levar o trabalhador a se comportar como
um doador da sua ação e não como um profissional em sua força de trabalho. O
aperfeiçoamento profissional, aliado a expertise, será determinante nesse processo.

3.3.1.4 Identificação por profissão e formação profissional

No que concerne à formação profissional e atribuições, os dados demonstram um


leque grande e diverso, apontando as mais diferentes profissões, sendo que na sua grande
maioria são assistentes sociais, 106 (cento e seis) no total, seguido de 40 (quarenta)
profissionais de psicologia. No entanto, é possível identificar ainda profissionais de:
120

Pedagogia, Psicopedagogia, Filosofia, Nutrição, História, Contabilidade, Ciências Biológicas,


Direito e Terapeuta Ocupacional.
Essa identificação reforça o princípio da interdisciplinaridade, no qual está sustentada
a educação permanente que “não se confunde com modelos tradicionais de educar por meio
da simples transmissão de conteúdos [...]. Ela também não admite a hierarquização e a
fragmentação disciplinar do conhecimento e dos saberes.” (PNEP-SUAS, 2013, p. 36)
Outro aspecto importante é o destaque do Assistente Social enquanto categoria
profissional que mais atua no âmbito da política de Assistência Social, dada a sua trajetória
junto às políticas públicas e convergência do seu projeto ético-político com as competências e
os compromissos éticos, exigido para os trabalhadores, uma vez que as diretrizes da gestão do
trabalho apontam para a direção da garantia de direitos sociais e pressupõe o alcance dos
princípios da equidade, universalidade e participação da população que concorda com o
projeto profissional dessa categoria.
Nesse sentido, é importante destacar que, por meio da resolução do CNAS nº 17, de 20
de junho de 2011, é ratificada a equipe de referência definida em 2006 pela na NOB-
RH/SUAS, bem como reconhece outras categorias profissionais de nível superior, para
atender as especificidades dos serviços socioassistenciais e das funções essenciais de gestão
do SUAS, conjugando saberes e potencializando a atuação interdisciplinar da equipe, e no
mesmo documento institui que o Assistente Social deve compor, obrigatoriamente, todas as
equipes de referência.

Gráfico 14 – Distribuição dos trabalhadores por pós-graduação

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
121

Outro aspecto expresso na pesquisa foi relacionado ao aperfeiçoamento profissional,


de modo que foi percebido que 79% dos trabalhadores pesquisados acessaram uma pós-
graduação em nível de Especialização, representando 76% e, em nível de Mestrado, 3%. As
especializações também realizadas em várias outras áreas, das quais mais se destacaram:
Saúde, Educação, Direitos Humanos e Gestão Pública; já o mestrado, foram todos em Serviço
Social.
O aperfeiçoamento profissional é extremamente importante para a qualificação do
trabalhador e consequente melhoria no provimento dos serviços, agregando à dimensão da
gestão do SUAS, conhecimento e compromisso ético e político. Os dados apresentados
demonstram que os profissionais reconhecem essa importância.

3.3.2 Condições de Trabalho

Nesse item, são considerados dados referentes ao tipo de vínculo, salário e condições
gerais do ambiente de trabalho. Esses aspectos são fundamentais e se somam, de forma
decisiva, para a qualidade dos serviços e potencializam o processo de educação permanente,
na medida em que são partes indivisíveis da gestão do trabalho.
A concepção de trabalho que ilumina este estudo se assenta na perspectiva de que as
determinações estruturais do mundo capitalista demarcam as condições dos trabalhadores
em seus postos, onde quer que atuem, ainda que no setor público não estejam isentos das
condições determinantes da flexibilização dos direitos e nem tampouco dos ditames liberais
que influenciam a tendência de descuido do Estado com as políticas sociais. Acresce-se a
esse contexto, a especificidade da política de assistência social, que busca, incansavelmente,
superar o traço voluntarista e não profissionalizante.

3.3.2.1 Característica por vínculo empregatício

O primeiro gráfico desse tema se refere ao vínculo de trabalho e a pergunta central


foi se os profissionais tinham mais de um vínculo. Os dados demonstram que 30%
responderam que sim, o que representa um importante alerta em relação às condições
salariais (apontadas no item a seguir). Vejamos os dados do vínculo:
122

Gráfico 15 – Característica dos trabalhadores por vínculo empregatício

Vínculo empregatício - Possui outro?

Sim
30%

Não
70%

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.

No que concerne aos 30% que possuem mais de um vínculo, 46% afirmam que se
deslocam para outro município, mas se mantém atuando na política de assistência social.
Nesse caso, com relação ao deslocamento, tem-se um fator um pouco amenizador da
permanência na área, o que permite condensar conhecimentos e aprimorar-se tecnicamente.
O dado a seguir é mais preocupante, pois 36% atuam em outro município e em outra área. Por
fim, 12% no mesmo município, mas em outra área.
Vale destacar que os dados não permitiram fazer um cruzamento entre a categoria
profissional e a duplicidade de vínculos, no entanto, há que se inferir que com a redução da
carga horária de trabalho do assistente social de 8 para 6 horas (Lei nº 12.317, de 27 de agosto
de 2010), pode ser um dos fatores que permitam essa condição de mais de um vínculo.
Corrobora com essa leitura das condições precárias de trabalho, a faixa de renda. Na
sua maioria, os trabalhadores da política de assistência social são profissionais formados em
nível superior. Vale dizer que o gráfico a seguir não relaciona a função ou a atribuição do
trabalhador. Os valores indicados pela pesquisa também são preocupantes.
123

3.3.2.2 Característica por renda

Gráfico 16 – Característica dos trabalhadores por renda

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.

Um percentual importante de trabalhadores do SUAS na Paraíba recebe entre 1 e 2


salários mínimos (64%), somando o dado de que 13% recebem abaixo dessa faixa. O dado
fica ainda mais alarmante, porque 77% dos trabalhadores do SUAS recebem até 2 salários
mínimos. Apenas 22% recebe acima de 2 salários. Essas informações trazem consequências
graves para o avanço da qualificação desse sistema público, na medida em que as condições
salariais, que implicam na qualidade de vida dos trabalhadores, são importantíssimas para o
bom desempenho.
Mesmo que não se trate especificamente do valor do trabalho, no âmbito do SUAS,
mas uma retração nas estruturas públicas, torna-se mais premente o fortalecimento das lutas
coletivas pela manutenção dos direitos da classe trabalhadora.

3.3.2.3 Identificação por jornada, disposição de espaço físico, recursos materiais e


transporte

Um último tópico deve ser considerado sobre as condições de trabalho em geral, que
se refere aos aspectos materiais (objetivos) e imateriais (relações institucionais) que envolvem
o cotidiano do trabalho. Para esse caso específico, o profissional que respondeu o questionário
poderia justificar sua resposta e a maioria das justificativas apontou os aspectos negativos. Em
124

que pese à somatória quantitativa, há o apontamento de mais de 50% de condições VILAS


BOAS de trabalho.

Gráfico 17 – Condições de trabalho quanto à jornada, disposição de espaço físico, recursos materiais e
transporte

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.

Os dados do gráfico indicam que 65,8% apontaram condições acima da média, ou seja,
entre VILAS BOAS (50,4%) e excelentes (15,4%). Abaixo disso, identifica-se um percentual
de menos de 9% nas qualidades de péssimas (2,1%) e ruins (6,1). Para as condições razoáveis,
foram alocados 25,6% dos respondentes.
Mesmo com os dados não tão alarmantes, os motivos descritos são passíveis de
preocupação e serão postos a seguir, divididos entre aspectos materiais e relacionais.
No que concerne aos dados materiais, falta de veículo para cumprir as tarefas previstas
no SUAS foi a mais comentada:
“O compartilhamento do veículo dificulta as visitas domiciliares”; “O transporte é
disponibilizado apenas dois meios período, ficando impossível de atender toda nossa
demanda.”;“Transporte próprio (moto) ou compartilhado com outras secretarias e
serviços.”; “Não temos disponibilidade de transporte para realizar as visitas.”; “Apesar do
transporte ser da assistência social é de uso compartilhado com as demais secretarias
dificultando o uso quando necessário”;“Quantos aos equipamentos temos o básico e o
espaço físico não é adequado para o bom desenvolvimento do serviço.”
125

Também foram apontadas a falta de telefone e de trabalhadores para a execução dos


serviços gerais: “Não possuímos telefone fixo.”; “Não temos linha telefônica.”.A falta desses
três itens agrava as condições quando apareceram numa mesma resposta.
Ainda vale salientar que a falta de telefone e de veículo torna o trabalho quase que
incomunicável e impossibilita a efetivação de atividades fundantes para o SUAS, como o
trabalho no território, os encaminhamentos para outras políticas e a garantia de direitos
prevista nesse sistema público e em outros, a avaliação de vulnerabilidade das famílias e dos
territórios.
As condições imateriais apresentaram um leque que foi da postura do gestor até a falta
de autonomia teórica e técnica, conforme pode se constatar nos registros: “Somos impostos a
um fazer profissional de cunho coronelista, não podendo haver questionamento sobre as
questões sociais e intersetoriais entre as políticas públicas. Muitas vezes queremos parceria
entre essas políticas intersetoriais e não temos. Por existir uma barreira meramente ‘de
cunho político partidário’"; “Há dificuldade em se ter autonomia”; “A dificuldade no
momento é não possuir coordenador na equipe que possa auxiliar no direcionamento e
organização do fluxo de trabalho”.
Mas, entre os comentários, pode-se ler um em que se reconhecia os avanços e, por
isso, vale à pena registrar, sobretudo, para demonstrar que as condições dignas de trabalho são
possíveis de serem construídas: “O município conta com bons equipamentos, VILAS BOAS
condições de trabalho, salário digno e coerente com a jornada de trabalho, além de
disponibilizar transporte para viabilizar a efetividade dos serviços de proteção social básica
no município”.
Muito se tem escrito e visto sobre as condições de trabalho, tanto no setor público
como em outras áreas privadas. No que tange às políticas sociais, se podem ler inúmeros
estudos sobre as políticas de saúde e educação, incluindo estágios de adoecimento dos
trabalhadores, associado à alienação que se produz pela divisão entre os que pensam e
executam e também pelo afastamento dos fins últimos do trabalho. No caso específico da
política de assistência social, Raichelis (2010, p. 761) tem pesquisado e publicado sobre o
tema:

A implementação do Suas exige novas formas de regulação, organização e


gestão do trabalho e, certamente, a ampliação do número de trabalhadores
com estabilidade funcional é condição essencial, ao lado de processos
continuados de formação e qualificação, a partir do ingresso via concurso
público, definição de cargos e carreiras e de processos de avaliação e
126

progressão, caracterização de perfis das equipes e dos serviços, além de


remuneração compatível e segurança no trabalho.

Os dados gerais sobre as condições de trabalho demonstram que a Política de


Assistência Social tem diferentes configurações a depender do porte do município, das
condições de financiamento, com compromissos dos gestores. Muito se caminhou nesse
sentido com as regulamentações advindas das normatizações e, sobretudo, da NOB/RH
(2011), no entanto, essa continua uma luta constante, para essa política pública, mas também
para a classe trabalhadora em geral, exigindo ainda maior atenção nos tempos atuais, que
históricas conquistas estão em risco de se perder.
O item a seguir retorna ao debate sobre a educação permanente, requerendo a
responsabilidade dos municípios nessa caminhada.

3.3.3 O CapacitaSUAS e seus resultados nos municípios: aspectos gerais da


contribuição

A pesquisa desenvolvida, ao longo deste estudo, teve a preocupação de fazer um


registro do processo do CapacitaSUAS no Estado da Paraíba. Ao chegar nesse estágio, que
tem por objetivo conhecer os resultados desse processo no cotidiano do trabalho, temos um
dos momentos mais importantes desse processo, na medida em que os sujeitos da pesquisa se
manifestaram sobre as dificuldades e os efeitos positivos.
Trata-se da percepção dos trabalhadores sobre o encontro entre teoria e prática, uma
vez que o CapacitaSUAS está alinhado à política de educação permanente que, em suas
ofertas, buscou a atualização de conceitos e de práticas profissionais em processos mediados
pela problematização de experiências e saberes já existentes, agregando não apenas a
dimensão técnico-operativa, lastreada pelas normativas da política, mas também na dimensão
ético-política.
É desafiador assumir responsabilidades diante de diversas situações em suas
complexidades, o que demanda do trabalhador do SUAS a reunião entre conhecimento e
habilidade, baseados em postura ética, que os possibilita sair da condição de meros executores
de serviços e programas.
Os gráficos a seguir indicam o resultado dessa combinação e as condições nas quais se
perceberam o alcance de resultados, bem como os desafios impostos durante a efetivação dos
processos de trabalho.
127

3.3.3.1 Identificação de repasse dos conteúdos

Durante o processo de organização geral de oferta dos cursos, houve a necessidade de


se estabelecer o número de vagas disponíveis, considerando principalmente as metas
pactuadas e o atendimento a todos os municípios. Consequentemente, nem todos os
profissionais poderiam estar presentes, dadas as condições de logística, como acomodação nas
salas, alimentação e hospedagem. Como estratégia, houve a sensibilização para que os
participantes, ao retornarem aos seus municípios, promovessem momentos que viabilizassem
a socialização das informações. Para tanto, foram disponibilizados todos os materiais
utilizados nos cursos.
Observa-se o resultado desse processo, através dos dois gráficos a seguir, que tratam
do percentual dos municípios que repassaram o conteúdo e da forma como o fizeram. Esses
dados são fundamentais, pois permitem identificar a capilaridade e o processo de formação
continuada. Além disso, responde aos ditames das normativas vigentes (já apontadas nos
capítulos anteriores), que reconhecem a necessidade premente de se garantir aprimoramento,
através da qualificação dos trabalhadores e da responsabilidade dos três entes federados nesse
processo.
A grande maioria afirma ter repassado o conteúdo apreendido, durante o processo
estadual de formação continuada, apenas 8% afirma não ter realizado nenhum tipo de
formação.

Gráfico 18 – Repasse do conteúdo

Foi repassado o conhecimento adquirido ?

Não
8%

Sim
92%

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
128

Possivelmente, muitas causas podem ser atribuídas às dificuldades no processo de


repasse do conhecimento, que vão desde a sobrecarga de atendimento, falta de planejamento,
até a não priorização por parte do gestor local. No entanto, os 92% dos municípios, que se
ocuparam da transmissão do conteúdo, espera-se acréscimo da articulação com a realidade
local, utilizando diferentes mecanismos, conforme o quadro a seguir.

Gráfico 19 – Formas de repasse do conhecimento

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.

Percebe-se, pelos dados acima, que quase 50% provavelmente utilizaram as formas de
encontros/reuniões e oficinas já existentes na rotina para o repasse do conteúdo. Essa forma
pode ser considerada positiva, por se ter encontrado uma forma de fazê-lo, qualificando o
debate, no entanto, também pode representar que o gestor municipal não providenciou um
novo espaço de formação como prevê a política nacional de educação permanente do SUAS.
A Política Nacional de Educação Permanente estabelece, em vários pontos, a
responsabilidade dos municípios. Já nos objetivos, afirma sobre a necessidade de
descentralização: “Instituir mecanismos institucionais que permitam descentralizar para
estados, municípios e Distrito Federal atribuições relacionadas ao planejamento, oferta e
implementação de ações de formação e capacitação”. (PNEP-SUAS, 2013, p. 24)
129

Ainda, no mesmo documento, faz referência especial às atribuições municipais, que


vão desde a instalação de Núcleo Municipal de Educação permanente do SUAS, até o
detalhamento das ações previstas no item 10.2:

Gestão dos municípios a) Em relação aos três Percursos Formativos


compreendidos no âmbito desta Política, cabe realizar os seguintes tipos de
ação: De capacitação: I. Capacitações Introdutórias; II. Capacitações de
Atualização; III. Supervisão Técnica. De formação: I. Cursos de
Aperfeiçoamento. (PNEP-SUAS, 2013, p. 52)

3.3.3.2 Política de Educação Permanente nos municípios

A análise anterior dialoga com o gráfico a seguir, que identifica se o município


desenvolve uma política de educação permanente, onde 45% afirma que não, o que significa
que as oportunidades de formação se limitam à participação nos cursos ofertados, por meio do
CapacitaSUAS ou outros cursos ofertados em âmbito estadual.

Gráfico 20 – Identificação do desenvolvimento da educação permanente

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.

Embora a maioria afirme o desenvolvimento de uma política municipal de educação


permanente, há evidências de que esse processo é operacionalizado com dificuldade e não se
adéqua, em sua totalidade, aos princípios da educação permanente, que deve se efetivar, de
forma sistemática e continuada, uma vez que 33,9% afirmem realizá-la com uma
periodicidade anual e que, para tanto, 61,1% utilizam os próprios profissionais que executam
130

os serviços, de acordo com as informações extraídas na mesma pesquisa realizada que,


oportunamente, complementam a análise.

3.3.3.3 Identificação da apreensão dos conceitos

Durante a realização dos cursos, foram trabalhados, através dos conteúdos propostos
nas matrizes pedagógicas, os conceitos centrais, integrantes da política de assistência social,
materializada através da oferta dos serviços, programas e benefícios socioassistenciais em
observância à perspectiva político-pedagógica da educação permanente no SUAS, de
promover “o processo contínuo de atualização e renovação dos conceitos práticas e atitudes
profissionais das equipes de trabalho e diferentes agrupamentos, a partir do movimento
histórico da afirmação de valores e princípios e do contato com novos aportes teóricos,
metodológicos, científicos e tecnológicos disponíveis.” (BRASIL/PNEP, 2013, p. 34)

Gráfico 21 – Apreensão dos conceitos pelos trabalhadores

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
131

O gráfico demonstra como se deu a apreensão desses conteúdos, de acordo com a


autoavaliação do trabalhador pesquisado. A maioria, o que representa 44,4%, já conhecia os
conteúdos e que a participação dos cursos contribuiu para melhorar a sua compreensão, o que
ratifica o cumprimento do objetivo do programa, que é o de potencializar as habilidades do
trabalhador, uma vez que são reconhecidas as experiências, as práticas, valores éticos e
saberes prévios dos trabalhadores como fonte principal no processo de ensino-aprendizagem.
Um número expressivo de trabalhadores, ou seja, 31,2% afirma que sentem a
necessidade de adquirir mais conhecimento e 5,6% assume desconhecer conceitos basilares
para qualquer tipo de ação no âmbito da política de assistência social, mesmo estando
desempenhando funções centrais e estruturantes do SUAS, como a gestão e provimento dos
serviços, o que reforça a importância da implementação de uma educação permanente na
direção da qualificação dos trabalhadores dessa política e necessária profissionalização do
SUAS.

3.3.3.4 Identificação das contribuições das formações

No que se refere às contribuições das formações identificadas pelos trabalhadores,


destacam-se informações relacionadas ao aprofundamento de conceitos fundantes para a
atuação no SUAS e aprendizagem significativa, com 42,5% e 28,1% das respostas,
respectivamente; seguido da adoção de novas práticas, com 14,7%.

Gráfico 22 – Identificação da contribuição das formações


132

As contribuições das formações (em %)

42,5

28,1

5,8 4,9 4,0 14,7

Desenvolver capacidades e competências requeridas pelo SUAS


A aprendizagem significativa
A atuação interdisciplinar
Aprofundamento de conceitos fundantes para a atuação no SUAS
O reconhecimento das categorias profissionais que compõem o SUAS
Adoção de novas práticas

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.

Aspectos importantes, como atuação interdisciplinar e reconhecimento de categorias


profissionais, também são evidenciados, porém, em menor proporção, apontando para uma
análise de que as equipes já avançaram na organização de seus processos de trabalho, com o
envolvimento de profissionais de diversas categorias, compreendendo a importância da
articulação interdisciplinar para a tomada de decisões.
A compreensão da maioria dos trabalhadores, que participaram da pesquisa, é a de que
a participação nas formações se constituiu de oportunidade para o aprofundamento, assim
como uniformização de conceitos fundantes do SUAS, uma vez que, para a grande maioria, o
espaço de formação se constituiu de única oportunidade para se debruçar sobre as normativas,
de forma dinâmica e coletiva, principalmente, através das oficinas que proporcionaram o
contato com a vivência de outros profissionais nas mais diversas realidades ocupacionais.
Foram identificados alguns depoimentos que reforçam o alcance do objetivo e a
análise realizada: “Sua importância está para nós na medida em que os facilitadores que a
ministram e tem experiência a ser partilhada com profissionais que ao se qualificar podem
adotar uma nova forma de compreensão do território e de sua prática, bem como ampliar as
suas possibilidades de intervenção”;“É de extrema importância ofertar formação para os
profissionais para um melhor aprimoramento e desempenho das funções”.
A respeito da contribuição da formação quanto ao segundo aspecto mais evidente, vale
destacar que o planejamento de todo o material utilizado nos cursos considerou, além da
133

matriz pedagógica e metodologia de execução, propostas pelo ministério e ajustada pela IES,
com apoio da SEDH, a inclusão dos temas, de forma clara, e linguagem acessível, de modo
que houvesse um diálogo, aproximando com o cotidiano do trabalhador, favorecendo o
atendimento ao princípio da aprendizagem significativa, em acordo com a política de
educação permanente, ao afirmar que “Para ser efetivo, democrático e participativo, o
processo de ensino e aprendizagem, mobilizado pela Educação Permanente precisa ter
significado para os trabalhadores e agentes de controle social do SUAS. (BRASIL/PNEP,
2013, p. 37)
Diante das informações apresentadas durante todo o capítulo, que trata da percepção
dos participantes da pesquisa sobre os resultados da execução do CapacitaSUAS no Estado da
Paraíba, mais precisamente nos impactos das formações nos processos de trabalho,
evidenciou-se o alcance de uma avaliação bastante positiva em todos os aspectos explorados,
o que resultou no percentual de mais de 90% de reconhecimento de que a instituição da
educação permanente, observada a partir da ótica da execução dos cursos, foi importante para
o aprimoramento da gestão do SUAS ao contribuir, sobretudo, com a qualificação profissional
dos recursos humanos envolvidos nas funções de gestão e provimento dos serviços.
O programa CapacitaSUAS, representou, de fato, um grande avanço para assistência
social no que se refere principalmente para a Gestão do Trabalho, ao reconhecer o trabalhador
como ator principal para a materialização da política, voltando o olhar para qualificá-lo.
Posta a avaliação, importante registrar que ainda existem muitos desafios a serem
enfrentados, para garantir a oferta permanente dos cursos e seguir adiante na tarefa de
aprimorar a experiência de execução, iniciada no ano de 2013, que perpassa pela
implementação qualitativa do Núcleo de Educação Permanente, a fim de aperfeiçoar o Plano
de Educação Permanente, na perspectiva da construção coletiva, para identificação de
demandas de formação crescente no estado, sobretudo, aperfeiçoar na prática os processos de
monitoramento e avaliação, essenciais ao planejamento permanente das ofertas.
134

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema central deste estudo está circunscrito em um campo amplo de análises sobre os
caminhos de aprimoramento da gestão das políticas sociais, cuja premissa se assenta no
reconhecimento que, além de financiamento, monitoramento e avaliação – temas basilares da
gestão – a qualificação dos trabalhadores é central, para avançar na qualidade da oferta de
todas as provisões.
Para tanto, o tema da educação permanente se constitui peça-chave e, portanto,
motivada por essa certeza, buscou-se identificar, a partir da experiência da implementação do
Programa Nacional de Capacitação do SUAS – CapacitaSUAS, no Estado da Paraíba, as
mudanças provenientes da participação dos trabalhadores nos cursos ofertados, mais
precisamente, constatar o resultado das formações nos processos de trabalho desenvolvidos
por esses profissionais, considerando os avanços implementados, assim como os desafios
encontrados no cotidiano profissional.
Destaca-se que não se efetivou como uma análise de impacto, mas de identificação das
possibilidades de aprimoramento das práticas profissionais que lastreiam as funções de gestão
e provimento dos serviços e programas da assistência social, considerando uma experiência de
capacitação continuada e realizada na perspectiva da educação permanente.
No entanto, dentre os temas abordados, merecem destaque os que representam
centralidade para o estudo, partindo da Política de Assistência Social e seu processo de
institucionalização que, após a Constituição Federal de 1988 e avanço normativo em 1993,
com a instauração da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS alcançou, no campo legal, a
possibilidade de superação do antigo modelo, marcado pelo voluntariado e práticas
assistencialistas, passando pela instituição da Política Nacional da Assistência Social –
PNAS(2004), em que se pode constatar que as novas configurações adotadas possibilitaram
um primeiro olhar para a importância dos recursos humanos, seguido da Norma Operacional
Básica do SUAS - NOB/SUAS que, em 2005, aponta na direção de uma nova arquitetura da
assistência social, os parâmetros para implementação do sistema e fortalece a compreensão da
importância dos recursos humanos ao estabelecer a Gestão do Trabalho como eixo
estruturante do SUAS.
Dando prosseguimento, foi também tratada com evidência a Norma Operacional dos
Recursos Humanos – NOB-RH/SUAS(2006), na condição de instrumento normativo, que
aponta a responsabilidade de cada ente federado, para o alcance dos princípios preconizados
135

pela Política de Assistência Social, no âmbito da Gestão do Trabalho, assim como define as
diretrizes para a implementação de uma Política Nacional de Capacitação (2011), também
abordada com importância por se tratar de um documento que, mesmo em versão preliminar,
propõe a superação da lógica da capacitação como apenas disponibilizadora de conteúdo,
estabelecendo as bases para a Política Nacional de Educação Permanente do SUAS –
PNEP/SUAS (2013), cujos objetivos se referem aos processos de formação para os
operadores da política de assistência social.
São, portanto, temas fundantes, que povoam o processo de capacitação continuada,
sendo apontados em seus avanços normativos e regulatórios. Esses conteúdos guardam
interlocução com a dimensão política e a relação dos avanços na garantia de direitos e a
agenda da democratização do país.
Nesse trajeto estudado, pode-se afirmar que, após um longo percurso entre a
autorização constitucional e os primeiros passos na direção de dar concretude ao Sistema
Único de Assistência Social - SUAS, a política de Assistência Social está amparada,
legalmente, para viabilizar acesso a direitos socioassistenciais, através da oferta de serviços,
programas e benefícios que, embora normatizados, encontrem dificuldade em sua
materialização.
Em que pese o momento atual, trata-se da imposição do modelo econômico neoliberal
de flexibilização do trabalho e redução de gastos do Estado, que tem provocado retrocessos de
conquistas importantes para os usuários da política, especialmente na descontinuidade de
ofertas que abrangem as proteções afiançadas pela assistência social, comprometendo,
diretamente, os passos dados na direção do combate à pobreza no país.
São evidentes e inegáveis os avanços de uma Política Pública de Assistência Social,
efetivada sob a responsabilidade do Estado e assentada nas instâncias de controle e
participação social, que assegurou aos cidadãos mais vulneráveis diversas provisões
assistenciais59, conquistas estas, atualmente ameaçadas, pois há, de fato, um cenário
desafiador de novo regime fiscal, que atua na contramão do enfrentamento das desigualdades
sociais que estavam sendo efetivadas e percebidas sensivelmente.

59
Um estudo recente, realizado por pesquisadoras do IPEA, aponta, com detalhamento, os impactos do Novo
Regime Fiscal para a Política de Assistência Social no Brasil, contextualizando, em um primeiro momento, os
avanços da política. “Nos últimos 10 anos, o crescimento dos gastos do MDS [...], refletem o grande avanço das
medidas socioprotetivas em relação à população vulnerável. Neste período, o patamar de gastos com políticas
assistenciais mais que dobrou: passou de R$ 36 bilhões em 2006 para atingir 74 bilhões em 2015, que foi
acompanhada de grande expansão na cobertura dos benefícios. Neste período, a composição dos gastos do MDS
revelou grande estabilidade nestas políticas assistenciais.” (PAIVA, et al, 2016 p. 14)
136

O orçamento da assistência social vem sofrendo cortes desde 2014 e, em especial, no


exercício de 2019, que chega a 53,30%60. Não há perspectiva de expansão dos recursos, o que
representa a precarização das ofertas socioassistenciais.
O programa CapacitaSUAS, está há 5 anos sem expansão de recursos, embora sua
vigência se esgote em 2025, o que representa o enfraquecimento para área da Gestão do
Trabalho, uma vez que o programa se efetivou como a melhor estratégia para qualificação dos
recursos humanos do SUAS. “É sabido que a produtividade e a qualidade dos serviços
oferecidos à sociedade no campo das políticas públicas estão relacionados com a forma e as
condições como são tratados os recursos humanos” (BRASIL/PNAS, 2004, p. 53) e, ainda,
“que o mundo do trabalho é a cerne da intervenção dos profissionais das políticas sociais
[...]”. (PAIVA, 2014, p. 414)
Vale destacar que o cenário de precarização do trabalho no SUAS não influencia
negativamente, apenas na função de gestão ou nos provimentos representa um dos maiores
desafios a serem enfrentados rumo a consolidação da Assistência Social como política pública
de proteção social, federativa, descentralizada e firmada sob o princípio da garantida de
acesso aos direitos sociais.
Diante dessa identificação, está posto um dos maiores desafios da Política de
Assistência Social, que é o de ter condições orçamentárias e financeiras para suas ofertas,
além do fortalecimento da democratização, através da participação social, para sua
consolidação, atualmente ameaçada.
Como parte da análise de como se deu a construção histórica e democrática das
normativas que evidenciaram o lugar dos recursos humanos na agenda do país, foi observado
que, no período que compreende 2005 e 2015, o SUAS avançou rapidamente em uma
expansão, destacando-se em capilaridade e qualificação de suas ofertas, na medida em que se
demandava o olhar específico para a política de recursos humanos, o que culminou com a
elaboração da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS – NOB-RH/SUAS,
onde são estabelecidos os princípios e diretrizes para a Gestão do Trabalho, considerada como
tática indispensável “para implementação do SUAS e para alcançar os objetivos previstos na
PNAS/2004”. (NOB-RH, 2006, p. 15)

60
Informações divulgadas pelo Conselho Nacional de Assistência Social, a partir de levantamento elaborado, de
acordo com a PLOA de 2019 e que vem fomentando reiterados debates e solicitação de recomposição, expressos
em diversos documentos de manifestação contrária, a exemplo da Res. CNAS nº 20, de 13 de setembro de 2018.
Solicita a recomposição da dotação orçamentária de 2018 e da proposta orçamentária para o exercício de 2019
para a Assistência Social.
137

Sob a reafirmação da responsabilidade de cada ente federado, os avanços são


inegáveis, sobretudo no estabelecimento de um padrão mínimo para as equipes de referência
nos equipamentos públicos da área, no âmbito dos dois níveis de proteção social do SUAS
(básica e especial) e na implementação da Política Nacional de Capacitação. Já os Planos de
Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), são pontuados na NOB-RH, com a intenção de
promover o debate, com vistas a sua implementação junto à administração pública, uma vez
que independe de um comando, em nível de governo federal, para efetivá-lo, mas do interesse
de cada ente federado em seus âmbitos de gestão administrativa.
Um dado relevante do estudo é que, de fato, existem iniciativas concretas que
viabilizam a materialização do que foi parametrado pela NOB-RH/SUAS, como a
transferência obrigatória de recursos federais, destinados à execução das ações continuadas de
assistência social, podendo ser aplicados no pagamento dos profissionais que integrarem as
equipes de referência (art. 6º-E da Lei 8.742/1993). Atualmente, 100% dos recursos
transferidos, fundo a fundo, podem ser utilizados no pagamento dos profissionais que
compõem as equipes de referência do SUAS (Resolução nº 17, de 21 de setembro de 2016).
A partir dos dados da pesquisa, porém, se confronta a realidade de que um percentual
considerável de trabalhadores do SUAS, na Paraíba, recebem entre 1 e 2 salários mínimos
(64%), somando a 13% que recebem abaixo dessa faixa, ou seja, 77% dos trabalhadores do
SUAS recebem até 2 salários mínimos.A informação se torna ainda mais alarmante diante da
identificação de que os trabalhadores da política de assistência social são profissionais com
nível superior e 79% possuem pós-graduação em nível de especialização e mestrado.
Importante enfatizar que o contexto é profundamente adverso em detrimento da lógica
econômica, desencadeante de um processo de flexibilização e precarização dos vínculos
empregatícios e das condições trabalho.
As análises realizadas no decorrer deste trabalho dissertativo, que demandou a
observação de todo um arcabouço bibliográfico das referências que tratam da temática, assim
como a leitura documental dos registros da experiência de execução do CapacitaSUAS no
Estado da Paraíba. As análises estão postas, principalmente no terceiro capítulo, organizadas
em dois temas, que versaram sobre a avaliação do processo de execução do CapacitaSUAS e
as experiências locais, a partir da participação dos trabalhadores. Tais aspectos se
complementam e contribuem para o alcance do objetivo do estudo, apresentando
particularidades que merecem destaque nas conclusões.
Primeiro, há a referência do processo de oferta dos cursos, ou seja, da implementação,
propriamente dita, em que pese as suas particularidades e arranjos adotados pelo estado, para
138

a execução das metas pactuadas em suas diferentes etapas e períodos de realização. Foram
apresentadas, de forma detalhada, dentre outras informações, o formato dos cursos, a
metodologia utilizada e o número de capacitados.
Diante disso, identificou-se, a partir das avaliações de reação, aplicadas aos cursistas –
no que se refere a aspectos relacionados à infraestrutura, aos procedimentos instrucionais, à
metodologia e quanto à avaliação geral, assim como autoavaliação –, que o Programa
CapacitaSUAS, embora se deparando com desafios durante o percurso, encontrou alternativas
para o aprimoramento e alcançou a sua função61, em consonância com o objetivo da Política
Nacional de Capacitação.
Trata-se, portanto, da identificação de que a qualificação profissional do trabalhador
do SUAS, transcende o acesso a conhecimentos e aprimoramento de habilidades voltados
apenas para uma perspectiva técnico-operativa, tendo como pressuposto apenas o repasse de
conhecimento pela via do acesso as normativas e orientações técnicas, próprias do SUAS. Ao
contrário, esse processo de formação preconiza e abrange, sobretudo, a dimensão ético-
política, retomando compromisso com uma nova égide do campo dos direitos e com a
superação do modelo subalternizador e clientelista, buscando uma qualificação que responda
às demandas dos usuários durante o desenvolvimento de seus processos de trabalho e não
apenas os titulam como executores de serviços e programas assistenciais, com competências
puramente técnicas.
Isso exige um esforço para manutenção de ações de educação continuada e
permanente, na direção da real da profissionalização do SUAS. Essa afirmação ressalta a
importância de continuidade do programa, uma vez que “nos projetos pedagógicos dos cursos
do CapacitaSUAS, desde seu início, não se buscou o desenvolvimento de competências
meramente técnicas, mas de competências socioprofissionais, para desenvolver
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores compreendidos na tridimensionalidade técnica,
ética e política do conceito”. (GONÇALVES, et al, 2015, p. 66)
O segundo ponto se dedicou à análise de resultados de um levantamento realizado pela
Gestão do Trabalho da SEDH, depois de vencido um processo de sistematização de
informações, cujos conteúdos foram estruturados, considerando três aspectos principais: perfil
do trabalhador do SUAS, as condições de trabalho como determinantes para dificultar
processos de aprimoramento e, por fim, os aspectos gerais da formação.

61
Todos os quesitos apresentaram avaliações que, em termos percentuais, ultrapassaram 90%, apontando para
indicadores considerados “BOM” e, na maioria, “EXCELENTE”. O detalhamento dos percentuais de avaliação
por quesito está expresso no Capítulo III desta dissertação.
139

Os dados trabalhados nesse momento ocupam lugar de centralidade no estudo, pois,


além de ter sido o grande estímulo para realização de toda a pesquisa, permitiu identificar as
mudanças que decorreram da participação dos trabalhadores nos cursos, diante de uma
experiência de educação continuada e permanente, que se implementou no estado de 2013 a
2017, e de forma mais precisa foi possível perceber que houve uma real qualificação
profissional dos recursos humanos envolvidos nas funções de gestão e provimento dos
serviços e a aplicabilidade dos conteúdos, evidenciando que todo o processo metodológico
atendeu ao seu pressuposto de articulação e práxis.
Após uma reflexão proporcionada pelo estudo, é possível afirmar que o Estado da
Paraíba tem implementado, em referência à PNEP/SUAS, ações de educação continuada e
também ações de educação permanente, através de um processo que se iniciou em 2013, com
o aporte financeiro do governo federal, para execução do CapacitaSUAS, e, até os dias atuais,
com recursos próprios. Tal afirmativa tem como base a compreensão dos termos “educação
continuada” e “ educação permanente”, em que pese não só as suas semelhanças, que se dão
pela periodicidade das ofertas; mesma relação com os processos de formação; aprendizagem e
reconhecimento do trabalhador como ator fundamental para qualificação das ofertas no
âmbito do SUAS, mas, principalmente, por aspectos que as diferenciam e que são percebidos
na experiência do Estado.
De acordo com Gonçalves, et al.(2015), em termos conceituais, a educação continuada
apresenta, dentre outras características, a oferta de capacitações pontuais, sem vínculo direto e
necessário com mudanças nas práticas; atualizações meramente técnicas; conteúdo e
metodologias padronizadas (cursos por pacote) e/ou efetivada em uma perspectiva do ensino-
aprendizagem: algo a ser transmitido a alguém que pouco ou nada domina sobre o conteúdo.
Já a educação permanente se identifica pelo interesse e mérito coletivo, sem distinção
de categoria, nível profissional e hierarquização dos saberes; temas derivados das práticas no
trabalho com conteúdo derivado de problema identificado no lócus do cotidiano de trabalho,
na gestão dos processos, por demanda do trabalhador ou do controle social e/ou a oferta na
perspectiva do ensino-aprendizagem: o trabalhador aprende pela problematização de questões
presentes no cotidiano do trabalho. Com isso,

É importante ressaltar que, nos preceitos normativos do SUAS, estão


previstas ambas as perspectivas de qualificação: a individual e a coletiva.
Enquanto a abordagem da educação continuada preconiza trilhas de
aprendizagem individual (percursos formativos) em três eixos, (o
provimento dos serviços, o controle social e a gestão), a abordagem da
educação permanente aponta para a necessidade de levantamento das
140

demandas do coletivo, dos processos de trabalho e da problematização do


cotidiano nessas mesmas três direções, valorizando-se sempre o direito do
usuário como o mais importante eixo de atenção. (GONÇALVES, et al.,
2015, p. 70)

Embora ambas dialoguem, considerar a experiência da Paraíba como uma ação apenas
de educação continuada pode levar a uma análise reduzida do que foi alcançado, uma vez que
o estudo evidenciou a presença das duas perspectivas e a similaridade do processo com o
exposto no texto da PNEP/SUAS:

A Educação Permanente não se confunde com os modelos tradicionais de


educar por meio da simples transmissão de conteúdos, tampouco se
identifica com os modelos de formação e capacitação de pessoas baseados na
apartação dos que pensam, dirigem e planejam; dos que produzem, operam e
implementam. Ela também não admite a hierarquização e a fragmentação
disciplinar do conhecimento e dos saberes. (PNEP-SUAS, 2013, p. 36).

Mesmo diante de informações que levam a avaliação positiva, em termos gerais de


alcance dos objetivos propostos pelo programa, muito ainda se há de avançar para
qualificação do SUAS no Estado, o que, na perspectiva da educação permanente, envolve
diretamente o efetivo funcionamento dos Núcleos de Educação Permanente do SUAS, como
instância consultiva de gestão para a identificação das necessidades de formação,
identificando, elaborando e propondo conteúdos a partir de saberes construídos sob a ótica do
coletivo, para além de uma função primordial, que é de elaboração e acompanhamento dos
planos de educação continuada e permanente. Concordando com Couto (2012, p. 85):

E finalizando, é possível afirmar: quanto mais qualificados os servidores e


trabalhadores da assistência social, menos sujeitos a manipulação e mais
preparados para enfrentar os jogos de pressão política e de cooptação de
espaços institucionais, conferindo qualidade e consistência teórica, técnica e
política ao trabalho realizado.

Findadas as considerações acerca do objeto de estudo, embora haja o reconhecimento


de que não foram esgotadas todas as possibilidades de análise e que as discussões não se
completam neste estudo, espera-se que esse trabalho dissertativo contribua para o
aprimoramento da Gestão do Trabalho, sobretudo no que se refere à educação permanente.
Embora o Programa CapacitaSUAS já apresente resultados positivos em alguns
estudos realizados em âmbito nacional, no que se refere a sua primeira etapa, não foi
localizado nenhum estudo que desse conta da avaliação de sua execução (principalmente em
sua totalidade), uma vez que há a hipótese que esta se efetiva em diversos formatos, em que
141

pese os arranjos de cada estado, com vistas ao enfrentamento dos desafios encontrados,
pontuados em alguns momentos do estudo.
Outra perspectiva de contribuição é a de que a experiência vivenciada na Paraíba possa
servir para o aprimoramento da Política de Educação Permanente no SUAS e de exemplo
exitoso do pacto federativo, que reconhece a responsabilidade dos três entes federados, não só
em âmbito nacional, a pensar em suas diretrizes, mas também para os demais estados da
federação que se encontram em diferentes níveis de implementação.
Por fim, ressalta-se que não se trata apenas de reconhecer a necessidade de
aprimoramento pela transmissão de conhecimento, mas da capacidade de reconhecer
diferentes saberes, se comprometer com a mudança da realidade social e, sobretudo, imprimir,
definitivamente, uma marca coletiva, democrática e de aquisição de direitos na política de
assistência social.
142

5 REFERÊNCIAS

BEHRING, Elaine Rossetti.; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história.


3. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

VILAS BOAS, Patrícia Augusta; GONÇALVES, Denise; ALBUQUERQUE, Simone;


CRUS, José. CAPACITASUAS: Os desafios da Educação Permanente do SUAS.
Brasília/DF: MDS, 2015, 96.

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de novembro de 2019.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução CNAS nº 20,


de 13 de setembro de 2018.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 15, de 3 de


outubro de 2017.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 17, de 18 de


novembro de 2017.

_____. Curso de atualização em vigilância sociassistencial do SUAS. CapacitaSUAS.


Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social;
Centro de Estudos Internacionais 2016.

_____. Lei Orgânica da Assistência Social LOAS. Brasília, 2016.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 17, de 21 de


setembro de 2016.

_____. Censo SUAS 2014. Brasília, DF: MDS. Secretaria de Avaliação e Gestão da
Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2015.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 09, de 15 de


abril de 2014.

_____. Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Brasília, 2014.

_____. Política Nacional de Educação Permanente do SUAS. MDS. Brasília. Brasília:


MDS, 2013.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 04, de 13 de


março de 2013.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 18, de 15 de


Julho de 2013.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 32, de 31 de


outubro de 2013.
143

_____. Constituição 1988. 35. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, 2012.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 08 de 16 de


março de 2012.
_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 19, de 6 de
junho de 2012.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Gestão do Trabalho no


Âmbito do SUAS: uma contribuição necessária. Brasília, DF: MDS; 2011.

_____. Norma Operacional Básica de Recursos Humanos. NOB-RH/SUAS Ferreira, Stela


da Silva. NOB-RH Anotada e Comentada – Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional de
Assistência Social, 2011.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 17, de 20 de


junho de 2011.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 27 de 19 de


setembro de 2011.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 32, de 28 de


novembro de 2011.

_____. Política Nacional de Capacitação do SUAS – PNC/SUAS. Versão Preliminar.


Brasília, DF, Secretaria Nacional de Assistência Social, MDS, 2011.

_____. Estado, Políticas Sociais e Implementação do SUAS. CapacitaSUAS, Brasília:


MDS, 2008, p.79-136.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 109 de 11 de


novembro de 2009.

_____. Plano Decenal SUAS Plano 10. Brasília, DF, Secretaria Nacional de Assistência
Social, MDS, 2007.

_____. Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social NOB/SUAS.


Brasília, 2005.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 130, de 15


de julho de 2005.

_____. Política Nacional de Assistência Social. MDS. Brasília. Brasília: MDS, 2004.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 145, de 15


de outubro de 2004.

_____. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 204, de 04


de dezembro de 1997.
144

COUTO, Berenice Rojas et al. O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma
realidade em movimento. São Paulo: Cortez, 2012.

CRUS, José; ALBUQUERQUE, Simone. Gestão do Trabalho e Educação Permanente do


SUAS em pauta. Brasília/DF: MDS, 2014.

FERNANDES, Rosa Maria Castilhos. Educação permanente: uma dimensão formativa no


Serviço Social. Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
Faculdade de Serviço Social, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. 2008.

IAMAMOTO, Marilda Villela. A questão social no Capitalismo. In: Temporalis - Revista da


Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, Brasília, ano 2, n 3, p. 9-32,
2001.

PAIVA, Andrea Barreto de.; MESQUITA, Ana Cleusa Serra.; JACCOUD, Luciana.;
PASSOS, Luana. O novo regime fiscal e suas implicações para a política de assistência social
no Brasil. 27. ed. Brasília, 2016.

PAIVA, Beatriz. Sistema Único de Assistente Social em Perspectiva: direitos, política


pública e superexploração. São Paulo: Veras Editora, 2014.

RAICHELIS, Raquel. Intervenção profissional do assistente social e as condições de trabalho


no Suas. In: Serviço Social e Sociedade. n. 104. São Paulo: Cortez, 2010.

SANTOS, Margarida Maria. Território e Gestão da Política de Assistência Social:


Experiências de Maceió e Arapiraca. Maceió: EDUFAL, 2015.

TEIXEIRA, Solange Maria. Política de Assistência Social e Temas Correlatos. Campinas:


Papel Social, 2016.
145

ANEXOS
146

PLATAFORMA MOODLE - EAD


147

Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS

Atividade Acessos
Recursos de Apoio
Fórum Notícias e Avisos 1810
Página LEIA-ME PRIMEIRO 372
Fórum Tira Dúvidas 1022
Fórum Sala do Cafezinho 735
Fórum Acervo de Fotos 538
Iniciando...
Fórum Mensagem de VILAS BOAS Vindas 558
Mensagem da Secretária Cida Ramos (SEDH) 159
Fórum do presencial ao virtual - as discussões continuam... 1809
Pesquisa sobre o SAGRES do TCE-PB 316
Página Mensagem do MDS 3
Biblioteca / Materiais
Pasta Material das Aulas 708
Página Bibliografia MDS 216
Módulo 1 - Atividades
Fórum - Trajetória da PAS 1878
Questionário As Bases de Organização do SUAS - 2254
Questionário
Módulo 2 - Atividades
Fórum Financiamento da PAS 1734
Fórum O Sistema SAGRES do TCE-PB 2162
Módulo 3 - Atividades
Fórum de Discussão Mod3 897
Questionário - Ferramentas do Controle Social e do PBF 1779
Encerrando...
Questionário de Avaliação da Etapa Virtual 291
Fórum Mensagem Final 153

ALGUMAS POSTAGENS DO CURSO

MENSAGEM DE VILAS BOAS VINDAS


Re: Mensagem de VILAS BOAS Vindas
por XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX [ALCAPACITASUASTA] - sexta, 25 setembro 2015, 22:52
Olá colegas!!
Estou contente em continuar este curso no modo virtual, pois assim podemos avançar nos estudos e
continuar as aulas de maneira mais confortável e prática para todos.
Abraços comemorativos!!

por XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX [ALCAPACITASUASTA] - quarta, 16 setembro 2015, 11:01


Bom dia!!!
Desejo a todos que esse espaço se configure como um lócus de aprendizagem para todos nós e de
avanços para o SUAS na PB.
Abraços! =)
148

por XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX [ALCAPACITASUASTA] - quarta, 9 setembro 2015, 19:10


Prezad@s, boa Noite!
Espero que este espaço seja realmente de aprendizado e que nós enquanto trabalhadores(as) e/ ou
conselheiros(as) do SUAS possamos reafirmar nossa preocupação em estimular e exercitar o Controle
Social do SUAS, mas não apenas nele.
Certamente essa etapa virtual irá nos agregar mais conhecimento assim como será o viés que nos
facilitará a troca de experiências, o que nos viabiliza poder afirmar que este é um espaço sui generis
para aprimorar nossos saberes.

por XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX [ALCAPACITASUASTA] - sábado, 12 setembro 2015, 15:39


Boa tarde a todos.
Que cada um de nós possa de fato, fazer um bom uso no nosso dia a dia, enquanto profissionais da
área de Assistência Social, de cada informação que nos foi e ainda será passada no CapacitaSUAS.
Um grande abraço a todos e bons estudos!

MENSAGEM FINAL
Re: Mensagem Final
por XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX [ALCAPACITASUASTA]- sexta, 20 novembro 2015, 16:18
Boa tarde pessoal!
Nestes momentos finais, gostaria de dizer que foi muito bom estar com vocês neste CapacitaSUAS!
Foram momentos de novas vivências e aprendizagens!
Parabéns a equipe organizadora!
Abraço a todos e todas! :)

por XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX [ALCAPACITASUASTA] - terça, 1 dezembro 2015, 15:37


Boa tarde.
Foi muito bom participar do Curso Virtual, e está com todos vocês da etapa presencial. Até o próximo
curso.
Um grande abraço para todos.
Re: Mensagem Final

por XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX [ALCAPACITASUASTA]- segunda, 9 novembro 2015, 14:50


Foi gratificante participar deste curso, me fez refletir, questionar, pesquisar. Com certeza os
conhecimentos adquiridos na etapa presencial e virtual estão sendo utilizados no cotidiano do meu
trabalho.
Um grande abraço a todos! Até mais...

por ANTONIO DE OLIVEIRA NETO [ALCAPACITASUASTF] - quinta, 12 novembro 2015, 12:23


Meus companheiros do Curso de Introdução ao Controle Social, estivemos juntos por um período de
aproximadamente 2 meses que durante os quais, pudemos e tivemos a oportunidade de
aperfeiçoarmos os nossos conhecimentos e até mesmo aprendermos muito nessa interação.
Realizamos atividades que com certeza irão contribuir para a contínua luta.
Foram momentos maravilhosos de aquisições de conhecimentos, e aperfeiçoamentos daquilo que já
possuíamos, em fim, estou agradecido pela oportunidade ímpar que recebemos. Obrigado a Deus.
Felicidades e abração a todos vocês colegas e os que fazem o ambiente pex.virtual da ufpb.br.
149

FICHA DE INSCRIÇÃO

FICHA DE INSCRIÇÃO – CapacitaSUAS PB


(Digitar ou Preencher com Letra Legível)
Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social
Público: Conselheiros municipais, estaduais e trabalhadores do SUAS que exercem a função de apoio ao
exercício do controle social.

Turma__________ Hotel/Local:___________________ Data: ____/____ a ____/____/_____


MUNICÍPIO DE ATUAÇÃO NO CONTROLE SOCIAL: _____________________________
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
01 - NOME: ___________________________________________________________________
02 - CPF: ______________________________ RG:________________________________
03 - TELEFONES:
Institucional fixo: ( ) _____________________ Celular ( ) ___________________________
Pessoal ou de Contato fixo: ( ) ___________________ Celular ( ) _____________________
04 – EMAIL (Letra maiúscula) Pessoal: ______________________________________________
05 – EMAIL (Letra maiúscula) Institucional: ___________________________________________
06 – ENDEREÇO:
Rua/Av. ____________________________________________________ No. ______________
Bairro__________________________ Cidade: _____________________ CEP: _____________
07- SEXO: Feminino ( ) Masculino ( ) Data de nascimento: _________________
08 - ESCOLARIDADE:
Ensino Médio ( ) Graduação ( ) Curso: ________________________________________
Especialização ( ) Área: ______________________________________________________
Mestrado ( ) Área: ______________________Doutorado ( ) Área: ___________________
DADOS INSTITUCIONAIS:
09 - PROFISSÃO: _________________________ FUNÇÃO: ____________________________
10 - INSTITUIÇÃO: _____________________________________________________________
11 - SERVIÇO: CRAS ( ) CREAS ( ) CENTROS POP ( ) SERV. DE ACOLHIMENTO ( ) SERV. VOLANTES
( ) CONSELHO ( ) OUTROS ( ) QUAL?_____________________________
12 - VÍNCULO EMPREGATICIO: Efetivo ( ) Celetista ( ) Prestador de Serviço ( ) Comissionado ( ) Outros:
_____________________
13 - TEMPO DE SERVIÇO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL? Até 1 ano ( ) Mais 1 até 3 anos ( ) Mais de 3 até 5 anos ( ) Mais de 5 até 10
anos ( ) Mais de 10 anos ( )
14 – REPRESENTAÇÃO NO CONTROLE SOCIAL
Governamental ( ) Não-Governamental ( ) Secretaria Executiva ( ) Outros ( )
15 – PESSOA COM DEFIÊNCIA
Sim ( ) Não ( ) Caso sim identificar as necessidades: __________________________________________

OBS: Para preenchimento da SEDH/UFPB Responsáveis


Estagiário/a: ____________________________________Supervisor/a:_____________________________
150

FICHA DE AVALIAÇÃO

PROGRAMA CAPACITASUAS – MDS/SEDH-PB/UFPB


CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM ESPECIFICIDADE E INTERFACES DA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

AVALIAÇÃO DE REAÇÃO
Caro (a) aluno (a),
O preenchimento deste formulário tem a finalidade de avaliar a qualidade da infraestrutura, dos
procedimentos instrucionais e do desempenho dos professores. Sua opinião como aluno (a) do curso será de
extrema importância para o aperfeiçoamento deste e de outros cursos que venham a ser apoiados pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e pela Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Humano (SEDH-PB). Você não será identificado!
Nome do curso: Atualização em Especificidade e Interfaces da Proteção Social Básica
Cidade(s) de realização do curso: João Pessoa
Instituição ofertante: Universidade Federal da Paraíba
Data de realização do curso (Etapa presencial) : ___/____/_____ a ___/___/______
Para responder os itens dos Blocos I, II e III utilize a escala abaixo que varia de 0 (péssimo) a 10 (excelente). Leia
atentamente os itens listados e escolha o ponto da escala que melhor representa a sua opinião sobre a
qualidade do curso que você participou. Registre sua resposta à direita de cada item com o número escolhido.
Por favor, evite deixar questões em branco, utilize N/A (não se aplica) se for o caso.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Péssimo Excelente
BLOCO I – DESEMPENHO DOS PROFESSORES
Nome completo do(s) professor(res) Disciplina/Oficina Desempenho
De 0 a 10
1. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo I - Concepção da Proteção Social
Básica
2. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo I - Concepção da Proteção Social
Básica
3. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo III - Gestão da Rede de Proteção
Social Básica
4. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo III - Gestão da Rede de Proteção
Social Básica
5. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo II - Provisões da Proteção Social
Básica
6. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo II - Provisões da Proteção Social
Básica
BLOCO II – INFRAESTRUTURA
Itens Nota de
0 a 10
7. Local de realização do curso (facilidade de acesso, segurança etc.)
8. Qualidade das instalações físicas (salas de aula, iluminação, acústica, temperatura,
mobiliário, acessibilidade).
9. Equipamentos utilizados nas aulas (computadores, data show, etc...).
10. Atuação da equipe de coordenação/ administração do curso. (acolhida, solução de
problemas etc.)
BLOCO III – ASPECTOS PEDAGÓGICOS
Itens Nota
11. Relevância dos conteúdos abordados no curso para a sua atuação profissional
12. Oficinas de aprendizagem
13. Aulas Expositivas
14. Carga Horária do curso
151

BLOCO IV – AVALIAÇÃO GERAL

15. Que nota de avaliação você dá para esse curso? ______

16. Que nota você dá para sua própria aprendizagem (auto - avaliação)? _____

17. Caso queira, utilize o espaço abaixo para registrar o que julgar necessário (justificativa às notas
escolhidas, sugestões, críticas, elogios, etc.):
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
_________________________________________________

Obrigado pela sua participação!


152

AVALIAÇÃO DE REAÇÃO

CapacitaSUAS-PB-2015
Curso de Atualização sobre Especificidade e Interfaces da
Proteção Social Básica do SUAS
AVALIAÇÃO DE REAÇÃO
MÉDIA GERAL

B1 - Desempenho dos Professores - Média Geral


Valores Total
Média de B1-1 xxxxxxxxxxxxxxxxx 8,84
Média de B1-2 xxxxxxxxxxxxxxxxx 9,42
Média de B1-3 xxxxxxxxxxxxxxxxx 8,76
Média de B1-4 xxxxxxxxxxxxxxxxx 8,89
Média de B1-5 xxxxxxxxxxxxxxxxx 9,37
Média de B1-6 xxxxxxxxxxxxxxxxx 9,24

B2 - Infraestrutura - Média Geral


Valores Total
Média de B2-1 Local de realização 9,48
Média de B2-2 Qualidade das instalações 9,30
Média de B2-3 Equipamentos nas aulas 9,43
Média de B2-4 Atuação coordenação 9,33
153

B3 - Aspectos Pedagógicos - Média Geral


Valores Total
Média de B3-1 Relevância dos conteúdos 9,57
Média de B3-2 Oficinas de aprendizagem 9,09
Média de B3-3 Aulas Expositivas 9,28
Média de B3-4 Carga Horária 8,97

B4 - Avaliação Geral - Média Geral

Valores Total
Média de B4-1 Nota de avaliação 9,38
Média de B4-2 Nota auto-avaliação 8,95

NOTAS POR FAIXAS – ABSOLUTO E PERCENTUAL

B1 - DESEMPENHO DOS PROFESSORES - NOTAS - ABSOLUTO


Nomes/ Notas >=0 e <5 >=5 e <7 >=7 e <9 >=9 e <=10 NR Total Geral
B1-1 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 1 7 74 162 39 283
B1-2 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 0 1 33 213 36 283
B1-3 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 4 15 67 172 25 283
B1-4 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 3 12 58 167 43 283
B1-5 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 0 0 36 211 36 283
B1-6 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 0 3 48 194 38 283
154

B1 - DESEMPENHO DOS PROFESSORES - NOTAS -PERCENTUAL


Nomes/ Notas >=0 e <5 >=5 e <7 >=7 e <9 >=9 e <=10 NR Total Geral
B1-1 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 0,4% 2,5% 26,1% 57,2% 13,8% 100,0%
B1-2 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 0,0% 0,4% 11,7% 75,3% 12,7% 100,0%
B1-3 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 1,4% 5,3% 23,7% 60,8% 8,8% 100,0%
B1-4 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 1,1% 4,2% 20,5% 59,0% 15,2% 100,0%
B1-5 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 0,0% 0,0% 12,7% 74,6% 12,7% 100,0%
B1-6 xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 0,0% 1,1% 17,0% 68,6% 13,4% 100,0%

B2 - INFRAESTRUTURA - NOTAS - ABSOLUTO


Itens/ Notas >=0 e <5 >=5 e <7 >7 e <=9 >9 e <-10 NR Total Geral
B2-1 Local de realização 0 2 34 234 13 283
B2-2 Qualidade das instalações 0 1 52 229 1 283
B2-3 Equipamentos nas aulas 0 1 38 244 0 283
B2-4 Atuação coordenação 2 4 42 233 2 283

B2 - INFRAESTRUTURA - NOTAS - PERCENTUAL


Itens/ Notas >=0 e <5 >=5 e <7 >7 e <=9 >9 e <-10 NR Total Geral
B2-1 Local de realização 0,0% 0,7% 12,0% 82,7% 4,6% 100,0%
B2-2 Qualidade das instalações 0,0% 0,4% 18,4% 80,9% 0,4% 100,0%
B2-3 Equipamentos nas aulas 0,0% 0,4% 13,4% 86,2% 0,0% 100,0%
B2-4 Atuação coordenação 0,7% 1,4% 14,8% 82,3% 0,7% 100,0%
155

B3 - ASPECTOS PEDAGÓGICOS - NOTAS - ABSOLUTO


Itens/ Notas >=0 e <5 >=5 e <7 >7 e <=9 >9 e <-10 NR Total Geral
B3-1 Relevância dos conteúdos 0 0 25 253 5 283
B3-2 Oficinas de aprendizagem 4 0 52 219 8 283
B3-3 Aulas Expositivas 0 1 48 229 5 283
B3-4 Carga Horária 3 9 67 197 7 283

B3 - ASPECTOS PEDAGÓGICOS - NOTAS - PERCENTUAL


Itens/ Notas >=0 e <5 >=5 e <7 >7 e <=9 >9 e <-10 NR Total Geral
B3-1 Relevância dos conteúdos 0,0% 0,0% 8,8% 89,4% 1,8% 100,0%
B3-2 Oficinas de aprendizagem 1,4% 0,0% 18,4% 77,4% 2,8% 100,0%
B3-3 Aulas Expositivas 0,0% 0,4% 17,0% 80,9% 1,8% 100,0%
B3-4 Carga Horária 1,1% 3,2% 23,7% 69,6% 2,5% 100,0%

B4 - AVALIAÇÃO GERAL - NOTAS - ASOLUTO


Itens/ Notas >=0 e <5 >=5 e <7 >=7 e <9 >=9 e <=10 NR Total Geral
B4-1 Nota de avaliação 0 0 32 247 4 283
B4-2 Nota auto-avaliação 0 0 72 205 6 283

B4 - AVALIAÇÃO GERAL - NOTAS - PERCENTUAL


Itens/ Notas >=0 e <5 >=5 e <7 >=7 e <9 >=9 e <=10 NR Total Geral
B4-1 Nota de avaliação 0,0% 0,0% 11,3% 87,3% 1,4% 100,0%
B4-2 Nota auto-avaliação 0,0% 0,0% 25,4% 72,4% 2,1% 100,0%
156

FOLDER
157

CERTIFICADO
158

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

JACIANA MOURA MAGALHÃES

A EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO CAMINHO PARA A


QUALIFICAÇÃO DO SUAS: A EXPERIÊNCIA
DO CAPACITASUAS NA PARAÍBA

JOÃO PESSOA/PB
2019

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