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JOÃO PESSOA/PB
2019
JACIANA MOURA MAGALHÃES
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________________
Profª. Dra. Maria Luiza Amaral Rizzotti
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFPB
(Orientadora)
___________________________________________________________________________
Profª Dra. Maria do Socorro de Souza Vieira
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFPB
(Coorientadora)
___________________________________________________________________________
Profª Dra. Maria Aparecida Ramos de Meneses - UFPB
(Membro interno)
___________________________________________________________________________
Profª Dra. Edna Tania Ferreira da Silva - UFPB
(Membro externo)
A elas
Meu começo e meu “fim” – meu recomeço.
Sobre a graça da viva, a quem devo e a quem dei.
Dália e Ana das flores.
Minha colheita diária de esperança e coragem é inspirada em vocês,
que amam os jardins como quem sabe que lá está o maior exemplo de sabedoria.
As flores nos ensinam a crescer na adversidade, florir no tempo certo, morrer
E, sobretudo, RECOMEÇAR.
AGRADECIMENTOS
Marilda Iamamoto
RESUMO
This study aims to evaluate the experience of the implementation of SUAS National Training
Program – CapacitaSUAS, in the state of Paraíba, to identify the changes resulting from the
participation of workers in the courses offered, more precisely to verify the result of the
training in the work processes developed by these professionals. Therefore, the analysis
covered themes that give centrality to the study being approached the Work Management in
SUAS focusing on Permanent Education, punctuating, at first, the institutionalization of social
assistance through, from 1988, its normative advances that guaranteed it the level of public
policy guaranteeing rights and the perspective of overcoming the previous model marked by
welfare practices towards its qualification. It's aboutcrossing of the private field to the
public/state and the improvement of the management and the provision of services, and the
density and complexity of this new model requires advances for the institution of a policy
focused on human resources, considering, especially, that social protection is guaranteed
through the materialization of access to social assistance rights, whose realization necessarily
passes through the worker.The investigative process is part of a quantitative and qualitative
exploratory and descriptive approach using bibliographic and documentary research data from
secondary sources, presented in two complementary moments: the first related to the process
of conducting the courses observing its infrastructure aspects, instructional and
methodological procedures, and the second to identify the possibilities for improvement of
professional practices that underpin the management functions and provision of social
assistance services and programs. The results points out to the assessment that, although there
is still a long way to go to effectively qualify the system, especially in the current scenario of
setbacks and financial cuts, CapacitaSUAS has achieved its goal of promoting the
professional qualification of SUAS workers. through the implementation of a state policy of
continuing and continuing education in line with the National Policy of Permanent Education
of SUAS - PNEP / SUAS.
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 017
INTRODUÇÃO
A trajetória das políticas sociais no Brasil tem sido historicamente marcada pela
ineficiência frente às demandas por proteção social, próprias da desigualdade social e da
pobreza, inseridas em um contexto de flexibilização neoliberal, face do capitalismo
contemporâneo.
A política de assistência social brasileira que, tradicionalmente, traz as marcas do
contexto social, econômico e político foi inicialmente desenvolvida fora do contexto público,
republicano e estatal, sendo firmada nas relações de favor, com características
assistencialistas. Após um longo caminho percorrido na esteira de debates e embates, pôde
alcançar um passo importante: um lugar no campo da seguridade social brasileira.
Trata-se de um processo de institucionalização da Política de Assistência Social na
esfera estatal, tendo como ponto de partida a Constituição Federal de 1988, ao defini-la como
política pública, integrante do sistema de proteção social, juntamente com a saúde e a
previdência. Após cinco anos, essa autorização constitucional avança no processo normativo,
que define as condições operacionais, com a promulgação da Lei Orgânica de Assistência
Social – LOAS (1993), que se apresenta como um divisor de águas entre o modelo anterior,
baseado em práticas seletivas e culpabilizadoras, e uma nova concepção de gestão
democrática e descentralizada. Vislumbra-se uma perspectiva concreta de transição do campo
do assistencialismo para a política pública de proteção social.
Após dez anos, a política de assistência social ainda se efetivava com a redução do
Estado, através de práticas sobrepostas, de forma fragmentada, e sem o impacto necessário
para uma garantia de seu status de política de seguridade social e materialização das diretrizes
contidas na LOAS. Em que pese às condições normativas, no campo político ideológico, o
Brasil vivia sob o julgo de um governo neoliberal, que desconsiderava o direito à proteção
social como responsabilidade estatal. Além disso, Couto et. al (2012, p. 56) reflete acerca
desse tempo: “Trata-se de uma conjuntura dramática, dominada pelo crescimento da pobreza
e desigualdade social no país”.
Um longo caminho foi percorrido na direção da regulamentação do que estava
preconizado na LOAS, resultando na aprovação da Política Nacional de Assistência Social –
PNAS (2004), que se apresenta como um desenho, constituindo as principais bases para o
Sistema Único de Assistência Social – SUAS.
Ancorado nas bases legais da Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica de
Assistência Social – LOAS, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS – se constitui, em
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versa sobre as suas particularidades e arranjos, através da exposição da execução dos cursos.
A dedicação central do capítulo está em apresentar os dados da pesquisa realizada, através de
registros das instituições envolvidas e de avaliações dos participantes em todas as etapas do
processo formativo em tela.
Caracteriza-se portanto, como objetivo principal, organizar e sistematizar informações
sobre o processo do CapacitaSUAS na Paraib́ a com a leitura do processo das suas ofertas, dos
seus impactos no cotidiano da gestão e do provimento dos serviços socioassistenciais e da
capacidade desse desenho de educação permamente de influenciar e impulsinar processos
formativos/educativos em nível local.
O presente estudo cumpre o papel de consignar o processo virtuoso de capacitação
continuada no SUAS da Paraíba, com destaque para a relevância da qualificação dos
trabalhadores, gestores e conselheiros como sujeitos políticos e históricos, capazes de fazer
valer sua competência intelectual, política e técnica. Vale destacar que os dados aqui postos
podem ainda servir de base para outros estudos com o aprofundamento de novas análises que
eles ensejam.
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Percorridos mais de 16 anos, de passos muito lentos nessa direção, apenas em 2004 se institui
um sistema com base no novo ordenamento legal, que tem sua base nos artigos 203 e 204 da
Constituição Federal de 1988.
Evidencia-se uma inspiração beveridgiana 1 no artigo 203 da Constituição, sobretudo,
na aproximação com a ampliação dos sistemas protetivos, que têm ancoragem tanto no
modelo já citado, como na proposição do Estado de Bem Estar, instituído na Europa, no
período de Pós Segunda Guerra. O capítulo 203 trata especialmente dos objetivos da
assistência social e, com isso, evidencia seu campo de abrangência e seguimentos prioritários:
Desse texto, vale um destaque especial, para a garantia de renda transferida sem que
tivesse contribuição prévia, trata-se da instituição do Benefício de Prestação Continuada
(BPC). Esse direito socioassistencial dá concretude a política e representa o novo paradigma,
que transitou de uma proteção, com base na contribuição, para a garantia por renda
transferida. Inaugura-se o primeiro programa de renda transferida no Brasil em nível nacional.
Esse debate sobre novos paradigmas e concepções é importante e será retomado neste
estudo, na medida em que há um esforço na política de educação permanente no SUAS, de
tratar a base conceitual dessa política pública com ancoragem e rebatimento no campo
ideológico e político.
Além dessa garantia de renda, o texto constitucional traz o embrião e a autorização,
para que o Estado transite do indivíduo para a família, o que ganhará substância maior na
LOAS e, posteriormente, na Política Nacional de Assistência Social de 2004, trazendo como
eixos estruturantes a matricialidade sociofamiliar e a territorialização.
1
William Henry Beveridge, 1º Barão de Beveridge (5 de março de 1879 — 16 de março de 1963), foi
um economista e reformista social britânico. Elaborou, em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o Report
on Social Insurance and Allied Services, conhecido como Plano Beveridge, visando libertar o homem da
necessidade. O grande mérito do Relatório – Plano – foi apresentar, de maneira pioneira, propostas de reformas
sociais abrangentes e universalistas. Assim, foi capaz de implantar um avançado regime de proteção social,
obtendo ampla aceitação e repercussão (a respeito das características do Welfare State, que foram amplamente
aplicadas no período Pós-Segunda Guerra Mundial).
2
A Lei Orgânica da Assistência Social atualizou o termo para “pessoas com deficiência”.
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A LOAS foi sancionada pelo então presidente Itamar Franco, que substituiu Fernando Collor de Mello. Esse
período (1990/1994) foi bastante turbulento e marcado por denúncias de corrupção, desmandos administrativos e
escândalos, que corroboraram para o impeachment de Collor.
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Instância superior de deliberação no âmbito organizacional da política de assistência social. Nos dias atuais,
ameaçado pelo atual governo, estando na Presidência Jair Bolsonaro, que atua com medidas de extrema direita,
conservadoras e antidemocráticas. .
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O programa foi instituído pelo Decreto 1.366, de 12 de janeiro de 1995, coordenado pela primeira-dama, Dra.
Rute Cardoso, e teve como destaque a criação do Programa Universidade Solidária.
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na tentativa de dar respostas às definições da LOAS, porém não impactou como esperado, no
sentido de disciplinar o financiamento da política, a relação entre as três esferas do governo e
a descentralização político-administrativa.
O governo, ao seguir as orientações internacionais, entrega uma expressiva parte do
patrimônio público ao capital estrangeiro, via privatizações de grandes empresas estatais, em
uma conjuntura político-econômica que imprime novos contornos ao sistema de proteção
social e, em particular, à Política de Assistência Social. É desencadeado, então, um processo
de desresponsabilização do Estado na execução de políticas públicas, transferidas para a
sociedade civil, através do apelo à solidariedade e ao voluntarismo. Nesse sentido, Segundo
Santos (2015, p.74),
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Medida Provisória 163, de 23 de janeiro de 2004.
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Os conteúdos do Programa CapacitaSUAS serão abordados em outros momentos deste estudo.
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Diante do avanço normativo, pode-se afirmar que a política de Assistência Social está
amparada legalmente, para viabilizar o acesso a direitos no âmbito da seguridade social
brasileira. Além disso, é fundamental destacar que: dá concretude pelo caráter unificado do
desenho do sistema único; reforça a estrutura federativa definida, não apenas pelas
responsabilidades dos entes federados, mas pela instalação das instâncias de pactuação; e,
sobretudo, reconhece o caráter democrático na gestão do SUAS.
Nesse sentido, para uma melhor compreensão da função de proteção social da Política
de Assistência Social, destacam-se os direitos traduzidos nas chamadas Seguranças Sociais,
previstas na Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004 e reafirmados na
NOB/SUAS (2005): Segurança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia), de
acolhida, de convívio ou vivência familiar.
O direito à renda alicerça a segurança de sobrevivência e de autonomia e não se
constitui de
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As normas operacionais regulam a política de assistência social. Para uma maior compreensão do preconizados
nas NOBs 1997 e 1998, ver texto resumido na NOB SUAS 2005.
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O Benefício de Prestação Continuada – BPC está presente no art. 203, inciso V da Constituição Federal, sendo
regulamentado pela Lei 8.742/93 e se caracteriza como a renda no valor de um salário mínimo para pessoas com
deficiência de qualquer idade ou para idosos com idade de 65 anos ou mais que apresentam impedimentos para a
participação e interação plena na sociedade. Para a concessão deste benefício, a renda familiar mensal deve ser
de até ¼ de salário mínimo por pessoa. Atualmente, está em tramitação um projeto de lei que modifica a LOAS,
fazendo com que a renda mensal per capita da família atendida seja similar ou inferior a três quintos do salário
mínimo atual (R$ 598,80) o que representa um grande retrocesso na conquista desse direito. Faz parte de um
contexto de cortes, que reflete o governo em vigor, que atua com medidas neoliberais.
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O Programa Bolsa Família – PBF, previsto na Lei Federal n°10.836, é um programa de transferência direta de
renda, direcionado às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza. As famílias consideradas
extremamente pobres são aquelas que têm renda mensal de até R$ 89,00 por pessoa. As famílias pobres são
aquelas que têm renda mensal entre R$ 89,01 e R$ 178,00 por pessoa. Tal aferição é realizada através do
Cadastro Único para programas sociais - CadÚnico. No governo atual, não há anúncio de extinção do programa,
porém, se assume o risco da não regularidade das transferências, o que impacta diretamente em mais de 46
milhões de famílias, que encontram no programa a sua principal fonte de renda e sustento familiar.
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Em que pese a Proteção Social da Política de Assistência Social, esta se constitui como
uma de suas principais funções, juntamente com a Vigilância Socioassistencial e a Defesa de
Direitos e se organiza em dois níveis: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de
Média Complexidade.
A Proteção Social Básica tem como objetivo prevenir situações de risco, por meio do
desenvolvimento de potencialidades e aquisições, além do fortalecimento de vínculos
familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade
social, decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos
serviços públicos, dentre outros) e/ou fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de
pertencimento social (NOB-SUAS, 2005, p. 18). Evidencia-se o caráter preventivo,
materializado através da oferta de serviços e benefícios, situados nesse nível de proteção, com
vistas à antecipação da violação das seguranças.
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Até os textos da PNAS 2004 e NOB-SUAS 2005 o Centro de Referência Especializado de Assistência Social é
apenas citado como espaço que “envolve a proteção especial de média complexidade” e não como equipamento
de referência dos serviços desse nível de proteção, como regulamentado na RESOLUÇÃO Nº 109, DE 11 DE
NOVEMBRO DE 2009, que aprova a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais.
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Nesses termos, a defesa de direitos é uma função que abrange a viabilização do acesso
a informações sobre direitos, serviços, programas, benefícios ou canais de participação,
facilitando ao usuário a realização de suas reivindicações. Com efeito, “O paradigma da
universalização do direito à proteção social supõe a ruptura com idéias tutelares e de
subalternidade, que identificam os cidadãos como carentes, necessitados, pobres, mendigos,
discriminando-os e apartando-os do reconhecimento como sujeitos de direito”. (BRASIL,
2004, p. 93).
Dessa forma, romper com tais ideias é um processo que pode e deve ser induzido
também por processos de formação, pois todos os conteúdos abordados estão expressos nas
matrizes dos cursos ofertados, através do Programa Nacional de Capacitação do SUAS –
CapacitaSUAS/PB, uma vez que um dos objetivos do referido programa é a qualificação dos
Recursos Humanos e esta não pode ser alcançada e apartada da compreensão da Política de
Assistência Social em seus direcionamentos técnico-operativos e conceituais.
Com a instituição da NOB-SUAS/2005, se fortalece a compreensão da importância
dos recursos humanos e se inicia uma agenda na perspectiva da estruturação da Gestão do
Trabalho ao estabelecer a área como eixo estruturado do SUAS e a implantação da Política de
Recursos Humanos, com carreira específica para os servidores públicos, que trabalham na
área; uma competência a ser efetivada gradativamente.
Essa configuração do SUAS, que carrega profundas modificações conceituais,
ideológicas, estruturais e organizativas, exigiu uma organização na gestão do trabalho, tema
que trataremos a seguir, mas que se aprofundará no decorrer da apresentação dos resultados
deste estudo.
acesso aos direitos socioassistenciais: Com isso, vale destacar as Funções de Gestão e
Provimento:
Há, portanto, uma íntima relação entre as funções e a educação permanente, uma vez
que, para o aprimoramento dos processos de trabalho e práticas profissionais, faz-se
imprescindível o atendimento de objetivos específicos da Política Nacional de Educação
Permanente do SUAS, de modo a
De toda forma, mesmo diante das condições adversas e desafios postos, pode-se
afirmar que com o processo inicial de implantação do SUAS, a proteção social, na condição
de conquista para a população do país, ganha capilaridade e possibilidade de ampliação da
cobertura, representando um marco na perspectiva de ruptura com a lógica do favor e
ausência de compromisso com a oferta da Assistência Social, anteriormente ainda efetivada
através de ações pontuais, desarticuladas, descontinuadas e operacionalizadas sob forma
convenial, gerando um cenário de estabilidade, com bases consistentes para organização da
política pública de Assistência Social, bem como a instituição de quadro de profissionais para
atuação junto às demandas sociais.
Esse caminho não foi consensual ou linear, pelo contrário, foi e ainda é percorrido sob
tensões. Não está ausente do terreno das contradições próprias do sistema capitalista, do
embate entre as classes, das imposições de uma sociedade conservadora sobre as resistências
e luta para a garantia dos direitos sociais, para além das condições que o sistema é submetido,
sobretudo, orçamentárias e financeiras.
Portanto, a institucionalização do SUAS assenta a Assistência Social em instâncias de
controle e participação social, consolida a gestão compartilhada entre os entes federados e, no
âmbito da Gestão do Trabalho, reafirma, através da Norma Operacional Básica (NOB SUAS
2005), o compromisso da Política Nacional com a política de recursos humanos, como eixo
estruturante do SUAS, concedendo aos trabalhadores da política de assistência social um
lugar de destaque na construção do SUAS. Assim,
Toda essa dimensão política teve como consequência um arcabouço normativo, que
foi se aprimorando ao longo dos anos, tanto no que diz respeito às orientações quanto ao
financiamento dessa área, em especial, da política de capacitação permanente.
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âmbito dos níveis de proteção social básica e especial do SUAS, considerando, também, o
número de famílias e/ou indivíduos a essa equipe referenciada, de modo que essa
identificação fortaleça nos usuários a ideia de que sempre que houvesse a necessidade de
proteção no âmbito da assistência social, naquele espaço estariam profissionais para o
atendimento, o que reforçaria também uma característica fundamental da assistência social,
que é a não interrupção (continuidade) das ofertas.
São apresentados, objetivamente, na NOB-RH/SUAS, os quadros com definição de
perfil profissional, para prestação de serviços no âmbito das proteções sociais, o que
corresponde ao mínimo de pessoal necessário, cabendo aos órgãos gestores a ampliação, de
acordo com a necessidade e as possibilidades, principalmente, de ordem financeira.
A seguir, destacam-se os quadros referentes à Proteção Social Básica e Proteção Social
Especial de Média Complexidade, considerando que a Tipificação de Serviços
Socioassistenciais (2009), pactuada na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e aprovada
pelo Conselho Nacional de Assistência Social, define e traz o detalhamento dos serviços que
devem ser prestados nas unidades de referência de execução dos serviços.
atendimento atendimento
de 50 de 80
pessoas/indivíduos pessoas/indivíduos
1 coordenador 1 coordenador
1 assistente social 2 assistentes sociais
1 psicólogo 2 psicólogos
1 advogado 1 advogado
2 profissionais de 4 profissionais de
nível superior ou nível superior ou
médio (abordagem médio (abordagem
dos usuários) dos usuários)
1 auxiliar 2 auxiliares
administrativo administrativos
Fonte: NOB-RH/SUAS.
Municípios em Gestão Plena
Considerando o número de unidades públicas estatais 12 como provisão para oferta dos
serviços – mais adiante dispostas na Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2019, que
aprova a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais – implementadas à época onde
nelas seriam abrigadas as referidas equipes de referência (em uma quase totalidade, uma para
cada unidade e uma unidade para cada município, sobretudo, os municípios de pequeno porte.
Uma pergunta já poderia ser feita: haveria equação entre o número de famílias e/ou indivíduos
nos municípios que demandam por provisões da assistência social e quantidade de unidades e
equipes existentes? Poderia, naquele momento, haver a afirmação que não, mas com a
perspectiva de garantia do ritmo de avanço de implementação do SUAS, em poucos anos, as
unidades ganhariam capilaridade em número suficiente, bem como equipes qualificada,s para
garantir a sonhada equação entre oferta e “procura” (necessidade).
Nesse sentido, os Planos de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) são pontuados na
NOB-RH, com a intenção de promover o debate com vistas a sua instituição, junto à
administração pública, nesse caso representada pelas Prefeituras, através das Secretarias
Municipais de Assistência Social, diretamente responsáveis pela execução da política
municipal de assistência social no território. Era o início de um processo de identificação do
reconhecimento de cada ente federado em relação ao comprometimento com a melhoria das
12
As “UNIDADES” fazem parte das provisões necessárias a oferta/desenvolvimento dos serviços. No caso da
Proteção Social Básica do SUAS a unidade é o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS e para a
Proteção Social Especial de Média Complexidade do SUAS é o Centro de Referência Especializado de
Assistência Social – CREAS. São espaços físicos dotados de recepção, sala(s) de atendimento individualizado,
sala(s) de atividades coletivas e comunitárias, sala para atividades administrativas, instalações sanitárias, com
adequada iluminação, ventilação, conservação, privacidade, salubridade, limpeza e acessibilidade em todos seus
ambientes, de acordo com as normas da ABNT. Além de outras características próprias de acordo com a
regulação específica de cada serviço. Para mais informações, acessar a segundo Tipificação dos Serviços
socioassistenciais (Resolução CNAS nº 13, de 13 de maio de 2014)
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14
A construção de um Plano Decenal da Assistência Social foi fruto de deliberação da V Conferência Nacional de
Assistência Social, realizada em junho de 2005, em que o CNAS promoveu o debate que deu centralidade ao tema. Um de
seus objetivos era aprovar um pacto de metas e compromissos entre sociedade civil e entes gestores para consolidar o SUAS
no território nacional nos próximos 10 anos e dentre essas metas estava o estabelecimento de diretrizes para a construção de
uma política de recursos humanos.
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em seu art. 19 IX, que é a necessidade da formulação de política voltada para a qualificação
dos recursos humanos. É, portanto, a afirmação de que a capacitação continuada é
centralidade da gestão do trabalho no SUAS.
Nesse sentido, são pontuadas na NOB-RH/SUAS as diretrizes para a implementação
de uma Política Nacional de Capacitação, reafirmando as responsabilidades do Governo
Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em financiar a política, promover
as capacitações, de forma participativa, sistemática e continuada à todos os atores envolvidos
na política de assistência social, cabendo ao governo federal a definição orientadora dos
conteúdos, respeitando as especificidades de todo o território nacional, dentre outras, a
elaboração de Planos Anuais de Capacitação, que dever ser discutido, pactuado e deliberado
nas devidas instâncias, além de conter diagnóstico para identificação do perfil dos
trabalhadores e necessidades de formação, definição de conteúdos, carga horária,
metodologia, custos e forma e de monitoramento e avaliação.
Aprofundando esse processo, em 2011, foi publicada, em versão preliminar, a Política
Nacional de Capacitação do SUAS (CNAS, 2011), após discussão em encontros em formatos
regional e nacional, realizados durante o ano e com a participação expressiva de todos os
estados e distrito federal. Ao longo do processo, a versão foi também apresentada em reunião
do Fórum Nacional de Secretários de Estado da Assistência Social – FONSEAS e pactuada na
Comissão Intergestores Tripartite – CIT. Em seguida, a versão foi discutida pelo Conselho
Nacional de Assistência Social e definida a constituição de um Grupo de Trabalho, através da
Resolução 19, de 6 de junho de 2012, com o objetivo de sistematizar o texto da Política
Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS, no prazo de 90 (noventa dias).
O texto retoma a Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004), na afirmação
de que a política de formação e capacitação dos atores envolvidos na assistência social, de
forma continuada, integra a Gestão do Trabalho, assim como reforça a orientação da NOB-
RH/SUAS, de que a construção da Política Nacional de Capacitação deve se dar a partir do
princípio estruturante da educação permanente, visando a atualização das informações, uma
vez que o processo de implementação da Política de Assistência Social é dinâmico e o
aprimoramento da capacidade de gestão depende da aproximação dessas normativas.
Considerando a intenção central da PNC/SUAS,
Mais tarde, no ano de 2013, foram pactuadas pela CTI, através da Resolução nº 18, de
15 de Julho de 2013 as metas para o quadriênio de 2014/2017, destinadas aos Municípios15 e
estabelecida revisão das prioridades e metas específicas para a gestão estadual e do Distrito
Federal, além dos compromissos do governo federal pensados em 2010. Naquele momento, o
sistema já estava mais robusto e mais capilarizado no país. As metas refletiam o avanço do
SUAS, assim como o estágio de identificação do que ainda era urgente, para garantia de sua
qualificação.
Nesse novo cenário, considerando a aprovação da NOB-RH/SUAS e a definição das
equipes de referência, com a função de atuar no âmbito das funções essenciais a gestão do
SUAS, se constituiu como prioridade e meta para os municípios, no âmbito da gestão,
15
O §3º, do art. 23, da NOB/SUAS 2012, que estabelece que a União deverá pactuar na Comissão Intergestores
Tripartite (CIT), no último ano de vigência do Plano Plurianual (PPA) de cada ente federativo, a cada 4 (quatro
anos), as prioridades e metas nacionais para Estados, Distrito Federal e Municípios; Considerando o inciso II, do
§8º, do art. 23, da NOB/SUAS 2012, que estabelece que a primeira pactuação das prioridades e metas ocorrerá
para os Municípios no exercício de 2013, com vigência para o quadriênio de 2014/2017.
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relações entre os entes federado, que se unem na construção do SUAS, tais prioridades se
constituem, até os dias atuais, em um grande desafio, tanto para os órgãos gestores da política
de assistência social quanto para os trabalhadores. São fatores que merecem uma reflexão
crítica, pois os efeitos desse cotidiano impactam diretamente na oferta dos serviços.
São as formas de vínculo trabalhista, efetivadas em desacordo com a NOB-RH, sem
efetivo controle sobre os gastos com pessoal, que expressam a desvalorização do trabalhador
e a precariedade do trabalho que, por sua vez, gera uma grande rotatividade de profissionais
que buscam as mais diversas condições salariais, acumulam vínculos e estão sob desproteção
profissional. Portanto, com base na NOB-RH e no Pacto de Aprimoramento da Gestão,
evidencia-se, então, uma preocupação no campo normativo de avançar com o alcance de
metas para a implementação da Gestão do Trabalho no SUAS no país.
Nesse sentido, a V Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em 200516,
como primeira conferência realizada após a aprovação da PNAS/2004, se constitui como um
divisor de águas, uma vez que propôs como objetivo um Plano de Metas para implementação
da Política Nacional de Assistência Social para os 10 anos seguintes, trazendo para agenda do
país um debate para essa projeção. Em articulação com o Plano Plurianual Federal – PPA, as
deliberações resultaram em um documento: Plano Decenal SUAS 10, cujas metas
estabelecidas representam o compromisso assumido pelos níveis do governo: Municípios,
Estados, União e Distrito Federal.
Considerando o desafio da efetivação da NOB-RH, na direção da consolidação da
gestão do trabalho, o Plano Decenal (2005 a 2015) ratifica os temas que têm mais urgência de
serem abordados no âmbito da gestão do trabalho, tratando prioritariamente da
desprecarização de condições de trabalho, que os trabalhadores são submetidos. No que se
refere à realização de concursos públicos, destaca-se a necessidade de que as esferas
governamentais elaborem e efetivem seus planos de cargos, carreiras e salários, assim como
promovam o acesso à educação permanente.
Portanto, as metas nacionais, indicadas com seus respectivos prazos para
implementação, no âmbito da gestão do trabalho, foram:
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A V Conferência Nacional de Assistência Social foi antecedida por conferências municipais em 4.692
municípios, (84,68%), nos 26 estados da federação e no Distrito Federal. Calcula-se que tenha envolvido,
durante todo o processo, em torno de 400 mil pessoas. O tema da V Conferência Nacional de Assistência Social
foi “SUAS-Plano 10: Estratégias e Metas para a implementação da Política Nacional de Assistência Social”.
(BRASIL. Plano SUAS 10, 2007, p. 6)
49
social.
Em que pese o tempo histórico que permeia a abordagem, tratava-se de um contexto
favorável à implementação de mudanças, considerando a importância conferida à assistência
social, tanto na construção e avanços normativos quanto na vontade política de garantir
condições para seu funcionamento, sobretudo, orçamentárias e financeiras.
Após 10 anos de SUAS, o cenário representava possibilidades para o campo da Gestão
do Trabalho, sobretudo, para a Educação Permanente, diferente do que se vivencia no período
atual, em que a Proposta de Lei Orçamentária Anual - PLOA de 2019, enviada para o
executivo e Congresso Nacional apresentou um corte na área da Assistência Social de
49,48%, o que não só precariza, mas inviabiliza a execução de serviços, programa e benefício,
além de impactar diretamente nas condições de trabalho. Sobre esse tema, Raichelis (2010, p.
751) afirma que
Diante do que se evidencia, pode-se afirmar que se trata de um novo estágio do SUAS,
dessa vez, no sentido contrário da sua implementação; na verdade, um declínio em sua agenda
política e institucional. Embora se mantenha a atuação das instâncias de deliberação e
pactuação em âmbito nacional, a construção democrática perde forças e se evidencia o
retrocesso e o desmonte das políticas sociais, tornando ainda mais desafiadora a tarefa da
implantação da Gestão do Trabalho como área fundamental e estruturante do SUAS.
51
O conteúdo que compõe o presente capítulo ocupa lugar estratégico no estudo, pois se
trata da configuração da política nacional de educação permanente no SUAS, considerando
seus arranjos institucionais, principais conteúdos e fundamentos pedagógicos, que balizam
todo o processo do campo analítico desta dissertação. Sendo assim, foi necessário revisitar o
arcabouço normativo que dá forma e sustentação conceitual ao tema, sempre considerando os
nexos e a necessidade de ressaltar os paradigmas de superação do modo histórico e tradicional
da proteção social não contributiva no Brasil, especialmente, a assistência social.
Nessa linha, todo o conteúdo previsto para o Programa Nacional de Capacitação do
SUAS - CapacitaSUAS, tema central nesse momento, dialogou teórica e politicamente com as
tradicionais concepções que permeavam a assistência social brasileira e, portanto, implicou na
exibição inicial, expressa no capítulo anterior, do novo marco normativo, a partir da
Constituição Federal de 1988 e das linhas gerais dos eixos estruturantes, que dão sustentação
ao novo desenho do SUAS.
O ordenamento do conteúdo se dedicou, num primeiro momento, ao relato histórico da
formatação da Política de Educação Permanente no SUAS (PNEP-SUAS) e, em seguida, se
fez uma leitura do desenho do CapacitaSUAS como uma das principais iniciativas, em nível
nacional, do processo de formação dos trabalhadores.
Destaca-se que o item que se refere à Política de Educação Permanente contempla a
dimensão da construção como resultante dos processos deliberativos, em especial, das
Conferências Nacionais e da instituição do SUAS, de modo que a opção pela formação se
evidencia e ganha consistência nacional. Os principais direcionamentos, em termos de
diretrizes, objetivos e formatação também foram contemplados, a partir de uma leitura dos
documentos oficiais.
O segundo momento que trata especificamente do CapacitaSUAS tem como objetivo
apresentar as orientações pedagógicas e a trama de sua constituição, que envolve, além dos
três entes federados, também uma importante rede de universidades públicas e privadas em
todo o território nacional. Esse conteúdo expõe a relevância de proposições resultantes de
pactos federativos e da indução financeira em processos de capacitação permanente.
52
17
Os Conselhos de Assistência Social são órgãos de deliberação colegiada, de caráter permanente e de
composição paritária entre o governo e a sociedade civil. Nessas instâncias, são discutidas, apreciadas e
deliberadas as pautas da Política de Assistência Social. Seu pleno funcionamento significa a construção coletiva,
uma vez que os representantes do governo e da sociedade civil (entidades, usuários e trabalhadores) são os
principais atores da construção da política.
18
As conferências de Assistência Social são instituídas como um espaço privilegiado de participação popular.
No contexto em que se situa a abordagem, se construía de importante ferramenta para a consolidação das
demandas municipais, estaduais e nacionais no âmbito da política de assistência social, onde suas propostas se
tornavam pautas das reuniões das instâncias de pactuação e mediante processo de discussão.
54
19
As Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) são instâncias de
negociação e pactuação das questões operacionais da gestão da Política de Assistência Social e são organizadas
em âmbito federal (CIT) com representação dos Governos Federal, Estadual e Municipal e, em âmbito Estadual
(CIB), com representação do Estado e dos Municípios, com a finalidade de assegurar a negociação e acordo
entre os gestores envolvidos.
20
Período em que esteve à frente da presidência do país, Fernando Henrique Cardoso (1995 a 1998 e 1999 a
2013). Em detrimento da hegemonia neoliberal e manutenção da estabilidade econômica, se evidencia a perda de
direitos conquistados e o aprofundamento das desigualdades sociais. Houve resistência e articulação permanente
dos fóruns de assistência social em todo o país.
55
trabalho, “o texto [...], ressalta que deve integrar à Gestão do Trabalho uma política de
formação e capacitação dos trabalhadores da rede pública e privada, gestores, dirigentes da
rede socioassistencial e conselheiros, de forma sistemática e continuada, fundada no princípio
da educação permanente”. (PNC/SUAS, 2011, p. 14) Para além da discussão, é indicativo a
necessidade urgente de contratação, via concurso público, de profissionais em suas diferentes
especializações e profissões, com vistas à melhoria nas condições de trabalho.
A partir daí, tornou-se possível a implantação do modelo unificado da política -
hierarquizada em proteção social, básica e especial –, cuja expressão mais alta é o Sistema
Único da Assistência Social (SUAS). Não é tema deste estudo abordar a institucionalização
do SUAS, no entanto, destaca-se que esse novo paradigma, que balizou a gestão e as ofertas
de serviços e benefícios, devidamente regulamentados a partir das deliberações dessa IV
Conferência, ensejaram ainda mais um processo de formação continuada dos trabalhadores,
para a operação desse sistema público sob os novos marcos conceituais e normativos.
Durante os dois anos que sucederam a proposição do SUAS, na IV conferência, o tema
foi ganhando corpo em todo o território nacional. Além disso, o processo democrático de
organização obteve uma expressão notória na V Conferência Nacional de Assistência Social,
que foi antecedida por conferências municipais em 4.692 municípios, (84,68%), nos 26
estados da federação e no Distrito Federal. Calcula-se que tenha envolvido, durante todo o
processo, em torno de 400 mil pessoas (BRASIL, Plano SUAS 10, 2007, p. 6).
Desse processo e de suas deliberações, desenha-se um primeiro plano desse novo
tempo e modelo para a política de assistência social, com uma visão prospectiva por 10 anos,
denominado “Plano SUAS 10”, que apresenta como meta específica, para a gestão do
trabalho, “capacitar 100% dos trabalhadores do SUAS entre os anos de 2007 a 2015.21
Com o tema SUAS – PLANO 10: Estratégias e Metas para Implementação da Política
Nacional de Assistência Social, a V Conferência Nacional apresenta como saldo, para a
agenda do trabalho e trabalhadores do SUAS, e reforça a necessidade já apontada em
conferências anteriores, de implementação de uma Política Nacional de Capacitação como
determinante para garantir a qualidade na oferta de serviços, de ampliação de equipes de
trabalho e implementação em todas as esferas governamentais de planos de carreira, cargos e
salários. A partir disso, nasce o debate sobre a versão inicial da NOB-RH-SUAS/2006
(Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS), cuja importância do
21
O plano está disponível em:< http://www.mds.gov.br/cnas/plano-decenal>.
56
22
Até, então, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS vigorava e avançava no país sob força de resolução
do Conselho Nacional de Assistência Social, o que ratifica a importância atribuída ao controle social, expresso
em suas instâncias de pactuação e deliberação da política.
58
de composição paritária entre conselheiros e representantes do MDS 23. Essa escolha, por
realizar um amplo debate, seguiu a lógica de processos democráticos de discussão, que vinha
sendo adotada pelo MDS desde o ano de 2003.
E, finalmente, após duas décadas de reiteradas deliberações, em março de 2013, o
CNAS aprova o texto final da PNEP/SUAS, por meio da Resolução CNAS nº 04, de 13 de
março de 2013, que a institui como Política Nacional de Educação Permanente do Sistema
Único de Assistência Social – PNEP/SUAS/2013 como um documento público e norteador
para a União, Distrito Federal, Estados e Municípios no que se refere aos processos de
formação para os atores que permeiam a política de assistência social. Como apresenta o
próprio documento, se constituem de objetivos específicos da PNEP, em especial:
23
Enfatiza-se nesse ponto o subsídio da tese da Dra. Rosa Maria Castilhos Fernandes: Educação Permanente no
Sistema Único de Assistência Social: gestão democrática para uma ética pública.
62
técnica24, além de subsídio a certificação e aos caminhos que devem ser percorridos para
monitoramento e avaliação, através de aplicativos da RedeSUAS 25, como o CadSUAS 26.
Quanto aos tipos de formação, orienta-se a observância legal do Ministério da
Educação – MEC:
27
O Censo SUAS se caracteriza como um instrumento de gestão, organizada pela Secretaria Nacional de
Assistência Social e a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, tendo como objetivo produzir
informações relevantes sobre as estruturas físicas e de gestão, de recursos humanos e de oferta de serviços e
benefícios propiciada pelos diferentes equipamentos da assistência social, presentes no território nacional. A
edição de 2014 do Censo conta com informações de 35 mil questionários, respondidos nos três níveis de governo
e que possibilitaram sistematizar informações sobre 8.088 Centros de Referência da Assistência Social – CRAS;
2.372 Centros Especializados da Assistência Social – CREAS, que atuam de forma regionalizada; 215 Centros
de Atendimento à População de Rua – Centros Pop; 7.882 Centros de Convivência, que atuam principalmente
com crianças, adolescentes e idosos e 5.184 Unidades de Acolhimento. Em relação aos órgãos gestores, foram
obtidas informações para todas as secretarias e conselhos estaduais e, para o nível municipal, há informações
para 5.520 órgãos de gestão municipal e 5.366 conselhos. (Censo SUAS 2014, p 7)
28
O Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social – IGDSUAS visa avaliar a
qualidade da gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais no âmbito
dos municípios, DF e estados, bem como a articulação intersetorial. Conforme os resultados alcançados pelos
entes, a União apoiará, financeiramente, o aprimoramento da gestão como forma de incentivo. O IGDSUAS foi
instituído pela Lei n.º 12.435/2011, que altera a Lei n.º 8.742/1993 (LOAS) e regulamentado pelo Decreto n.º
7.636/2011 e pelas Portarias do MDS vigentes, que dispõem sobre o apoio financeiro à gestão descentralizada,
por meio do IGD SUAS. (BRASIL, 2012)
64
políticas sociais, ainda ancorado no Estado autoritário. Esse novo modelo tem ancoragem na
permanente articulação dos entes federados.
Na direção da autonomia, como importante instrumento de respeito às diversidades
dos territórios e no caminho do fortalecimento de identidades regionais, destaca-se a criação
dos Núcleos de Educação Permanente - NUEPs, que se constituem, no âmbito da Educação
Permanente do SUAS, com instâncias de discussão e fortalecimento da perspectiva político-
pedagógica.
Essas instâncias, além de corporificarem as responsabilidades compartilhadas e
descentralizadas dos entes federados, também proporcionam a participação dos atores
envolvidos (trabalhadores, gestores, usuários, conselheiros), com os representantes das
Instituições de Ensino Superior – IES que integram a Rede Nacional de Capacitação e
Educação Permanente do SUAS, cabendo a esse coletivo apontar os princípios e diretrizes da
PNEP/SUAS, ao mesmo tempo em que respeitam as especificidades do local, conforme
indica o documento: “esse modelo objetiva possibilitar a descentralização de atribuições
relacionadas à realização de diagnósticos e ao planejamento e oferta de ações de formação e
capacitação; mantendo-se, ao mesmo tempo, atento à unidade nacional dessas ações.” (PNEP-
SUAS, 2013, p. 49).
Dada a importância de manter em debate a institucionalização da Educação
Permanente, se constituem como as atividades dos Núcleos de Educação Permanente no
âmbito do SUAS
oferta das formações, foi instituída em 2012, por meio de Chamada Pública 29, a Rede
Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS, composta, genuinamente, por
Instituições de Ensino Superior, públicas e privadas, sendo o credenciamento de
responsabilidade do MDS, a elas cabendo:
29
Entre os critérios estavam estabelecidos que as IES deveriam comprovar o desenvolvimento de pesquisa,
atividade de extensão em áreas vinculadas ao objeto e Índice Geral de Cursos – IGC maior ou igual que 3)
66
socioassistenciais, com base nos princípios e parâmetros da política de proteção social não
contributiva e articulação da teoria com a prática profissional, resultando na produção de
conhecimentos sobre e para o SUAS e na construção de projetos de intervenção, visando o
fortalecimento da gestão, rompendo com o modelo educacional, que se caracteriza pela
transmissão de conteúdo, considerando a proposta da educação da Política Nacional de
Educação Permanente - PNEP/SUAS. Desse modo,
30
Os cadernos que orientaram tanto o conteúdo como o processo pedagógico foram elaborados pelo MDS, em
parceria com alguns Centros de pesquisa e pesquisadores com centralidade na Política de Assistência Social.
68
31
Os recursos eram transferidos do Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS para os Fundos Estaduais de
Assistência Social – FEAS a título de cofinanciamento. Para o recebimento dos recursos, os estados assinavam
um Termo de Aceite, no qual constavam as responsabilidades, valores, metas e resultados que deveriam ser
alcançados.
32
No final de 2014, foram empenhados mais de R$ 29.024.616,00.
33
O valor unitário base para o cofinanciamento federal, por capacitando (vaga), é de R$ 600,00, com a ressalva
de que os estados da região norte receberam R$ 720. Esse acréscimo de 15% se dá em razão das especificidades
regionais, buscando equidade na oferta.
69
O quadro 3 apresenta os cursos ofertados com seus respectivos títulos, o público a que
se destina e o objetivo principal. Para todos os cursos, era exigida a carga-horária de 40h.
34
Quadro criado a partir dos Cadernos do CapacitaSUAS, disponíveis em:
<http://www.mds.gov.br/ead/ava/course/view.php?id=304>
70
longo dos séculos, orientou a assistência social no Brasil. Assim, a metodologia de aulas
dialogadas e oficinas permitiam trazer à tona, no ambiente de formação de saberes, conceitos
e pré-conceitos e o senso comum, para que fossem reconstruídos, à luz das novas orientações
e bases teóricas.
A direção foi estabelecer uma relação horizontal com os cursistas. Com relação à
importância dos professores, é interessante frisar que as orientações pedagógicas apontam
para a relação dialética entre teoria e prática, o que exigia desses profissionais o rompimento
com o modelo tradicional de ensino e aprendizagem.
De forma metodológica, a proposta foi iniciar o processo (no âmbito do curso
ofertado), abrindo espaço, para que o cursista possa refletir sobre a sua prática profissional, a
partir de experiências concretas, vivenciadas no seu cotidiano profissional, constituindo esse
momento inicial como “ponto de partida”, em que a função do professor é promover um
espaço de reflexão sobre as demandas identificadas e soluções para o atendimento destas.
O “ponto de chegada” é justamente a percepção do cursista após o contato com o que
vai ser apresentado pelo professor, depois de ter sido trabalhado no ponto de partida, que são
os novos referenciais teórico-conceituais. Trata-se de um movimento de troca de informações,
em que os cursistas, ao problematizarem as situações vivenciadas, refletem sobre a solução
para os desafios, entram em contato com novas referências e ressignificam as suas atuações
profissionais.
Como perspectiva político-pedagógica ou mesmo concepção de educação adotada, foi
abalizada pela Andragogia35 que diz respeito à formação de pessoas adultas, que já passaram
por experiências durante a vida, tem conhecimento de determinadas realidades, podem
contribuir no processo de aprendizagem, através de seus saberes prévios que, embora já
tenham suas formações profissionais, encontraram no CapacitaSUAS o incentivo à reflexão
sobre o que já é habitual e a oportunidade de aprimoramento de algumas compreensões e
soluções diante dos desafios reais e dinâmicos do cotidiano, através do acesso a ferramentas
operativas que os levem a ressignificar as suas práticas.
Nesse sentido, a NOB-RH/SUAS, ao tratar a Educação Permanente para os
trabalhadores do SUAS, traz como contribuição a seguinte reflexão
35
Definida por Malcolm Knowles (1967), a Andragogia é a arte e ciência de ajudar os adultos a aprender. Do
grego andros - adulto e gogos - educar), entende que os adultos, devido às experiências que passam durante a
vida e o conhecimento que têm da realidade, buscam desafios e soluções que façam diferença em suas vidas.
72
36
Essas competências estão expressas no site do MCid, através do link: < http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-
social/gestao-do-suas/gestao-do-trabalho-1/capacitasuas>
73
37
Editais de chamada pública (nº 01/2012 e nº 02/2012)
74
proteção social via acesso da população aos equipamentos públicos e equipes de referência,
ou seja,
Embora considerada uma estratégia importante para a reflexão e oferta adequada dos
cursos, no sentido de garantir coerência e unidade, uma mudança no formato das oficinas de
alinhamento foi apresentada em uma reunião técnica de trabalho, realizada em Brasília entre
os dias 23 e 24 de maio de 2017, cujo objetivo principal foi discutir, com as equipes estaduais
76
38
Estiveram presentes na abertura do evento: Antônio Henriques – Secretário Adjunto da SNAS, que, na
ocasião, representou Maria do Carmo Brant de Carvalho, à época Secretária Nacional da SNAS; Luís Otávio
Farias - Diretor do Departamento de Gestão do SUAS (DGSUAS/SNAS); Gabriela Politano Ribeiro de Oliveira
– Diretora do Dep. de Formação e Disseminação (SDFD/SAGI) e Maria Izabel de Amorim – Coord. Geral de
Gestão do Trab. Educ. Permanente (DGSUAS/SNAS).
77
39
O Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social - CONGEMAS é uma Associação Civil,
sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, de duração indeterminada, com sede
e foro em Brasília - DF desde abril de 2001, regendo-se por estatuto e normas próprias, representando os
municípios brasileiros junto ao Governo Federal, especialmente junto ao Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome, e aos governos estaduais, para fortalecer a representação municipal nos Conselhos,
78
Comissões e Colegiados, em todo o território nacional. Apresenta, dentre outras finalidades, defender a
Assistência Social como Política de Seguridade, conforme os princípios constitucionais e as diretrizes da LOAS
- Lei Orgânica de Assistência Social e assegurar a perspectiva municipalista da Assistência Social, buscando o
atendimento e a efetivação de uma rede de serviços adequada às características regionais e locais, através de um
processo que garanta recursos financeiros das três esferas de governo aos municípios. Informações disponíveis
em <http://www.congemas.org.br/quem-somos>.
40
O FONSEAS – Fórum Nacional de Secretários (as) de Estado da Assistência Social – é uma instância de
articulação política das Secretarias Estaduais de Assistência Social ou congêneres e tem como objetivo discutir,
negociar e pactuar sobre as ações da assistência social; avançar e acelerar o processo descentralizado e
participativo da assistência social; e consolidar a articulação entre as Secretarias Municipais, para melhorar a
cobertura e a eficiência das ações, evitando a fragmentação e a dispersão de recursos. Dentre as suas
Competências estão a de atuar como instância de articulação e de representação dos estados e Distrito Federal no
Sistema Único de Assistência Social, contribuir na formulação e aprimoramento da política de assistência social
e de Defender e se posicionar em favor dos interesses dos Estados e Distrito Federal na execução da política de
assistência social. Informações disponíveis em: <http://www.congemas.org.br/quem-somos>
79
Em 2013, 9 (nove) estados não aderiram: Amapá, Ceará, Goiás, Pará, Piauí, Rondônia,
Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins, 8 (oito) estão em processo de licitação, 6 (seis)
estão executando e 8 (oito) já concluíram a oferta, dentre eles, a Paraíba. Já em 2014, dos 20
(vinte) estados que aderiram, apenas 3 (três) concluíram a execução: Minas Gerais, Paraíba e
Pernambuco.
Após 7 (sete) anos, o Programa CapacitaSUAS é, sem dúvida, compreendido como a
principal estratégia de implementação da Política Nacional de Educação Permanente do
SUAS – PNEP/SUAS que, por sua vez, representa como fundamental para o aprimoramento
da gestão do SUAS. Foi um processo construído a muitas mãos, em que se evidenciou, em um
primeiro momento, o comprometimento e o esforço de todos os atores (MDS, Estados,
Municípios e IESs...) envolvidos no processo, de forma colaborativa, na busca por qualificar
as ações e buscar estratégias para vencer os desafios que foram identificados ao longo do
caminho.
Atualmente, no cenário de retrocessos e cortes nos recursos federais, o maior desafio é
garantir a continuidade da oferta dos cursos com qualidade e a manutenção do ritmo que havia
sido empreendido entre os anos de repasse regular dos recursos.
É inegável a contribuição do Programa para o avanço na área da Gestão do Trabalho,
uma vez que reconheceu o trabalhador como principal recurso para qualificação das ofertas
socioassistenciais.
A relação entre o complexo desenho desse modelo, os diferentes níveis de
comprometimento das instâncias estaduais, parceiros centrais nesse processo, imprimiram um
ritmo mais lento do que o planejado na execução do CapacitaSUAS. Nesse sentido, o Estado
da Paraíba ganha destaque pelo cumprimento, em tempo recorde, das metas pactuadas, o que
justifica o estudo dessa unidade federativa, conteúdo que povoará o próximo capítulo.
80
41
Anteriormente, a pauta foi amplamente discutida e publicada a resolução da Comissão Intergestores Tripartite
de nº 1, de 29 de fevereiro de 2012, que pactuou prazos, procedimentos e critérios para adesão dos Estados e do
Distrito Federal ao cofinanciamento federal do Programa Nacional de Capacitação do SUAS - CapacitaSUAS.
82
42
“O Secretário de Avaliação e Gestão da Informação, no uso de suas atribuições e com fulcro no art. 4º da
Portaria nº 145, de 10 de julho de 2012, DIVULGA o resultado geral da análise dos Termos de Adesão das
Instituições de Ensino Superior (IES), Institutos Federais de Educação (IF) e Escolas de Governo (EG) à Rede
Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS (RENEP/SUAS), realizada pelo Comitê Técnico de
Credenciamento, relativo aos Avisos de Chamadas Públicas nºs 1 e 2/2012, e Edital de Chamamento Público nº
1/2014...” DOU – 25 de novembro de 2015.
43
Edital de chamada pública 01/2016 – Paraíba. Disponível em: <http://static.paraiba.pb.gov.br/2016/04/Edital-
CapacitaSUAS-CHAMADA-P%C3%9ABLICA-01.2016.pdf>. Acesso em: 06 de junho de 2019.
44
O valor unitário base para o cofinanciamento federal, por capacitando (vaga) é de R$ 600,00 com a ressalva de
que os estados da região norte receberam R$ 720. Esse acréscimo de 15% se dá em razão das especificidades
regionais, buscando equidade na oferta.
45
Recursos próprios provenientes do Fundo de Combate à Erradicação da Pobreza no Estado da Paraíba –
FUNCEP/PB.
83
(Um milhão, seiscentos e trinta e um mil, duzentos e sessenta e seis reais e setenta e quatro
centavos) e, na terceira etapa, o valor de 1.820.080,00 (Um milhão, oitocentos e vinte mil e
oitenta reais).
Além dos recursos financeiros já mencionados, vale destacar a disponibilização de
profissionais da SEDH e da UFPB, colocados à disposição desse processo formativo. Além
dos recursos humanos, também foram disponibilizadas estruturas de apoio logístico e
burocrático, para o funcionamento mais eficaz em cada etapa da formação.
As parcerias firmadas, por ocasião da execução do CapacitaSUAS, estabeleceram
bases importantes para o aprofundamento da relação entre a estrutura da Secretaria de Estado
e os municípios, favorecendo, posteriormente, a atribuição da esfera estatal de supervisão e
apoio técnico.
O Programa foi então executado na Paraíba, através da parceria entre a SEDH –
responsável pela gestão estadual da Política de Assistência Social 46, na condição de
concedente – e a UFPB, na qualidade de IES credenciada e habilitada para execução dos
cursos, com a interveniência da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba
(FAPESQ)47, responsável pela movimentação financeira.
Para formalização da parceria, foram estabelecidos, como instrumento de cooperação,
os convênios, 002/2013, 016/2014 e 063/2016, nos quais estão descritos os dados de
identificação, objeto, objetivos, vigência, orçamento, recursos financeiros e obrigações dos
parceiros envolvidos.
Para tanto, foi instituído um processo de trâmite burocrático e legal, constando todos
os documentos de exigência no campo normativo, dentre eles, o Termo de Referência, que
subsidiava a contratação da IES, uma vez que, observadas as orientações nacionais pactuadas,
a gestão estadual estabelecia as exigências necessárias à execução; dentre as orientações, o
número de vagas, público alvo, critério de seleção, metodologia, conteúdos e carga-horária
dos percursos formativos.
46
A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano – SEDH atua através de 5 eixos/políticas: Assistência
Social, Trabalho, Emprego e Renda, Segurança Alimentar e Nutricional, Economia Solidária e Direitos
Humanos. No que se refere à Assistência Social, instituiu em 2017 a lei 11.038, que dispõe sobre a Política
Estadual de Assistência Social e, em janeiro de 2019, através da atualização da lei Orgânica do Estado, institui
oficialmente, mesmo que ainda com muitos desafios, todas as áreas essenciais ao Sistema Único de Assistência
Social – SUAS.
47
Criada pela Lei nº 5.624, em 06 de junho de 1992, é um órgão de direito público, parte integrante do Sistema
Estadual de Ciência e Tecnologia, que tem como objetivo promover o desenvolvimento científico e tecnológico
do Estado da Paraíba. É órgão vinculado à Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia –
SEECT.
84
[...] estratégicas para adequada execução dos cursos nos estados, pois se
configuram em espaços formais de encontros entre o MDS, as IES
executoras e as equipes estaduais gestoras do Programa CapacitaSUAS para
apropriação, discussão, reflexão e problematização dos conteúdos a serem
trabalhados em sala de aula, assim como da perspectiva pedagógica adotada
nacionalmente. (VILAS BOAS et al, 2015, p. 30)
Em que pese às oficinas de alinhamento terem sido organizadas pelo MDS e realizadas
em Brasília com todas as universidades que cumpririam as diferentes etapas, objetivando
destacar os conteúdos e metodologias a serem adotadas, em um dos casos foi dado um
tratamento especial para o Estado da Paraíba, considerando o formato escolhido e a rapidez na
execução no Estado. Essa condição antecedeu na oferta da segunda etapa a realização de
85
48
Foram disponibilizados, para os estados, os projetos pedagógicos com matrizes de conteúdo. Constava,
também, a ementa dos cursos, sugestões de recursos didáticos e pedagógicos.
86
49
O SIMA foi desenvolvido pela SAGI para registro das capacitações, capaz de gerar relatórios com
planejamento da oferta, estrutura dos cursos, cronograma de execução, composição das turmas, dentre outras
funcionalidades. O MDS gerava login e senha de acesso para gestão estadual e par a IES.
87
50
Portaria nº 089/2014/GS, publicada em Diário Oficial do Estado da Paraíba, em 30 de Outubro de 2014.
88
Paraíba, mesmo em face dos processos de licitação e contratos, que ocasionaram algumas
dificuldades nas agendas e calendários na realização dos cursos.
Em que pese esses aspectos mais gerais, que perpassaram a estruturação de todos os
cursos, a execução foi realizada em etapas, nas quais se destacaram algumas particularidades,
próprias dos momentos em que foram executados, que serão apontadas a seguir.
Dessa forma, o CapacitaSUAS, na Paraíba, foi realizado, em um primeiro momento,
através de três cursos:
Destaca-se que 17% das vagas oferecidas nessa primeira etapa não foram executadas
de imediato, no entanto, ao longo do processo, houve recuperação dessas vagas. Vale ainda
um reconhecimento de que houve importante adesão tanto nos cursos com conteúdos
referentes à gestão (Atualização em Gestão Financeira e Orçamento e de indicadores) quanto
nos de execução direta nos serviços.
89
51
Os cursos foram realizados em um hotel, localizado em João Pessoa, onde estavam disponibilizadas as salas de
aula. Já as hospedagens de todos os alunos participantes, dentre eles, técnicos e gestores, foram distribuídas em
hotéis próximos ao local de realização do curso, com as refeições e lanches.
90
turmas e 432 participantes, correspondendo a 83% das vagas ofertadas, com 08 (oito) turmas
realizadas em João Pessoa PB.
Para esse curso, a estrutura física instalada nas aulas foi diferenciada, dotada de
computadores e link de internet, possibilitando, além das aulas teóricas para o conteúdo, o
acesso a canais de sistemas da Rede Suas 52, IBGE53, dentre outros importantes, para que os
capacitandos pudessem ter experiências concretas, através do acesso a dados da realidade
territorial e das famílias que são público alvo dos processos de trabalho dos cursistas.
O terceiro curso da primeira etapa do CapacitaSUAS/PB: Curso de Atualização em
Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS foi ofertado no período de 2 a 13 de junho de
2014, abrangendo seis turmas e 386 participantes, significando 74,95% das 515 vagas
ofertadas. Os cursistas foram distribuídos em 06 (seis) turmas realizadas também em João
Pessoa PB.
Os três cursos funcionaram, cada um deles, no horário de 8hs às 18hs, com intervalo
de uma hora para almoço; sendo diferente do primeiro curso, cuja carga horária foi
complementada, de forma presencial e regionalizada, nos cursos de Atualização em
Indicadores para Diagnóstico e Acompanhamento do SUAS e do BSM, e o de Atualização em
Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS
Além da etapa presencial, realizada em João Pessoa, foram complementados por uma
etapa virtual, iniciada em 20 de junho de 2014, através da plataforma Moodle, da UFPB
Virtual54, com alcance em todos os municípios, sendo disponibilizados material didático,
vídeos, orientações, com suporte didático e coordenação docente permanente para os
cursistas, para os exercícios e demais atividades relativas ao CapacitaSUAS. A plataforma se
manteve acessível aos cursistas, com suporte até 31 de agosto de 2014.
De acordo com o PNC-SUAS (2011, p. 22),
52
“A Rede Suas é o Sistema Nacional de Informações do SUAS [...] que oferece suporte à gestão, ao
monitoramento e à avaliação de programas, serviços, projetos e benefícios da Assistência Social, subsidiando as
atividades técnicas e gestores, profissionais, conselheiros/as, entidades socioassistenciais e pessoas usuárias do
SUAS. Entre os seus principais objetivos, está o desenvolvimento de sistemas de informações que possibilitam a
organização de atividades de coleta, análise e síntese de dados.” Informações disponíveis em:
<blog.mds.gov.br/redesuas/institucional-rede-suas/>
53
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE é provedor de dados e informações de todo o país. Mais
informações disponíveis em: <www.ibge.gov.br>
54
A plataforma Moodle Pex (Modular Object OrientedDistance LEarning) é o sistema de gerenciamento para
criação de curso online, da Universidade Federal da Paraíba, utilizado para etapa virtual dos cursos. Os cursistas
recebiam acesso a orientações quanto ao login e senha criados a partir das informações nas inscrições e validadas
durante os cursos. Havia a interação entre os professores e os cursistas, através de diversos recursos da
plataforma como blog e fórum.
91
Diante dessa prerrogativa, a carga horária não presencial foi aplicada até o final do
programa. Destaca-se que a experiência de modalidade virtual proporcionou um
prolongamento dos cursos para além das 40 horas previstas. E mais, possibilitou a
continuidade do diálogo e troca de experiências entre os cursistas, gestores e professores. Os
exercícios pela Plataforma Virtual viabilizaram pesquisas e relatos de experiência, a partir do
olhar das discussões em sala de aula e a realização de tarefas que demandavam tempo e dados
só disponíveis nos municípios, como por exemplo, a elaboração de planos municipais de
assistência social por equipes dos municípios.
Ao final da oferta, houve a constatação de que, apesar de diversos ajustes necessários a
uma oferta qualificada, em termos de logística, principalmente, aspectos positivos foram
identificados, como a integração e participação efetiva dos parceiros fundamentais: Ministério
de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Secretaria Estadual de
Desenvolvimento Humano (SEDH-PB), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Fundação
de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ).
Tal relação se estabeleceu, inicialmente, para responder às exigências pactuadas e foi
se fortalecendo durante a execução, uma vez que estavam presentes, em todo o processo,
representantes do MDS, técnicos e consultores, equipe estadual, professores, supervisores
pedagógicos, tutores, estagiários e os próprios cursistas que, em uma relação de parceria,
contribuíram para a realização de ajustes e correções no processo de execução da capacitação
em tempo hábil, a partir das sugestões e comentários dos participantes nas avaliações
informais, permanentes no decorrer dos cursos.
A assiduidade durante todo o curso e permanente demanda por vagas, mesmo depois
de iniciados os cursos, demonstrou, em primeira mão, antes da realização de uma avaliação
mais elaborada, que houve motivação, interesse e credibilidade dos participantes em relação à
formação/capacitação.
Em consonância com a PNEP/SUAS, em sua perspectiva pedagógica de valorizar os
diferentes saberes nos processos de formação, durante os cursos ofertados se percebeu uma
facilidade no aprofundamento na troca de experiências em decorrência da
interdisciplinaridade e heterogeneidade dos profissionais participantes (assistentes sociais;
psicólogos; pedagogos; advogados, gestores e técnicos). As oficinas realizadas foram palco de
92
Destaca-se que nessa etapa foram atingidas 88% das vagas ofertadas, logo de início, se
constituindo um importante indicativo do aumento crescente do grau de adesão dos sujeitos
dessa política pública. Além disso, dentre os cursos ofertados nesse estágio de
desenvolvimento do CapacitaSUAS, no Estado da Paraíba, incluía o curso de “Introdução de
Controle Social”, que incluía conselheiros da Política de Assistência Social da sociedade civil.
A relevância desse fato se dá pela observância do esforço extra que muitos deles tiveram que
fazer para permanecer uma semana fora do seu local de trabalho e das responsabilidades
pessoais com familiares.
Como nos dois últimos cursos ofertados, na primeira etapa, os referidos cursos
mantiveram a carga horária de 40 horas/aula, no total, divididas em modalidade presencial,
com 70% da carga horária, complementadas por 30% virtual pelo Sistema EAD, UFPB –
Virtual, iniciada logo após a fase presencial de cada curso, durante, pelo menos, um mês para
o cumprimento das horas programadas. Os espaços virtuais foram reestruturados para os
novos conteúdos e acesso de todos os participantes.
O “Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS” ofereceu 528
vagas e foi realizado no período de 24 a 28 de agosto de 2015, com 472 alunos inscritos
(correspondendo a 89,4% das vagas ofertadas), distribuídas em oito turmas. Destaca-se que,
neste caso, em especial, a escolha dos participantes recaiu, prioritariamente, nos conselheiros
da política de assistência social tanto governamental como não governamental. Dada a
especificidade do público, os conteúdos versaram desde conceitos básicos e fundantes do
SUAS até especificidades do funcionamento dos Conselhos Gestores.
No mês seguinte, foi realizado o “Curso de Atualização em Especificidade e
Interfaces da Proteção Social Básica”, que ofertou 531 vagas, realizado no período de 21 a
25 de setembro de 2015, sendo a etapa presencial com 509 alunos inscritos (correspondendo a
94
96% das vagas ofertadas), distribuídos em oito turmas. O perfil prioritário, nessa etapa, foi
para trabalhadores alocados na rede Socioassistencial de proteção social básica, sobretudo, os
CRAS.
Para o “Curso de Atualização para Elaboração de Planos de Assistência Social”,
foram ofertadas 483 vagas, ocorrendo no período de 05 a 09 de outubro de 2015, sendo a
etapa presencial com 421 alunos inscritos (correspondendo a 87% das vagas ofertadas),
distribuídos em oito turmas. Tanto para esse curso como para o que se trata a seguir, os
trabalhadores priorizados foram os que atuavam no âmbito da gestão do SUAS.
Ainda no mês de outubro, entre os dias 12 a 16 de outubro de 2015, foi realizado o
“Curso de Atualização em Vigilância Socioassistencial”, com a oferta de 295 vagas, e a
etapa presencial com 266 alunos inscritos (correspondendo a 90% das vagas ofertadas),
distribuídos em quatro turmas. Em que pese à priorização do público alvo ter atribuições na
gestão, destaca-se que essa indicação correspondeu apenas como priorização na escolha, mas
que puderam se inscrever outros trabalhadores que atuam na execução, na medida em que, em
municípios pequenos, essas atribuições, muitas vezes, se misturam.
Ao finalizar a segunda etapa, realizada concomitantemente ao curso de vigilância
Socioassistencial, no período de 12 a 16 de outubro de 2015, etapa presencial, foi realizado o
“Curso de Atualização sobre a Organização e Oferta dos Serviços da Proteção Social
Especial do SUAS”, que ofertou 651 vagas, com 502 alunos inscritos (correspondendo a 77%
das vagas ofertadas), distribuídos em oito turmas.
Nesse curto período de tempo e de forma intensa, a SEDH, em conjunto com seus
parceiros, venceu toda a segunda etapa do CapacitaSUAS, alcançando a capacitação de 2170
trabalhadores/as nas funções de gestão e provimento dos serviços e conselheiros, com vagas
que abrangeram as 14 regiões geoadministrativas do Estado, o que representou um grande
esforço da equipe estadual (SEDH e UFPB), considerando a execução de todo o
planejamento, envolvendo o período de mobilização, inscrição, organização de toda
infraestrutura logística, aprimoramento dos instrumentais e alinhamento metodológico. Ao
final, foram executadas 864 horas/aula presenciais (36 turmas), com o envolvimento direto de
81 docentes, além de professores tutores, supervisores e estagiários.
No que concerne à infraestrutura, os cinco cursos foram realizados em um hotel
situado em João Pessoa, das 08h às 18h30min ou 19h30min, com intervalo de uma hora para
almoço. Essa estrutura e a logística favoreceram a participação de todos os que aderiram a
essa etapa, proporcionando a integração dos professores e apoiadores desse trabalho. Além
disso, a decisão da realização, no referido hotel, foi tomada após avaliação realizada pelos
95
55
Alguns dos cadernos que serviram de base para os cursos ainda podem ser localizados em diferentes sites, mas
em especial: <https://issuu.com/search?q=mds%20sagi>, constam os cadernos e outras publicações do MDS.
96
anterior, assim como o período de tempo necessário para realização dos cursos, considerando
o ano do aceite e o ano de execução.
Como apontado nos aspectos gerais, que perpassaram a execução dos cursos, os
processos foram burocráticos e leais, associados à morosidade própria dos trâmites internos e
externos, necessários à oficialização, geram, de fato, um lapso de tempo entre a
disponibilização dos recursos e a realização dos cursos.
Seguindo o mesmo formato das ofertas anteriores, foram ofertados, nessa etapa, quatro
cursos de capacitação, com 40 horas/aula, cada curso, sendo 24 horas presenciais e 16 horas
complementares pelo Sistema EAD, UFPB-Virtual, com a disponibilização de uma sala
virtual, para o cumprimento das 16 horas programadas para a etapa não presencial, iniciada
em outubro de 2017, mantendo-se acessíveis aos alunos e demais participantes até 31 de
janeiro de 2018, alcançando, ao final, um total de 1992 profissionais das 2230 vagas
ofertadas.
Vale ressaltar que a oferta desses cursos já havia sido realizada no ano de 2015 e a
decisão de realizá-los novamente, dentre outras matrizes disponíveis e também já executadas,
foi fruto de avaliação realizada pela coordenação estadual, que observou, dentre outros
indicadores, a rotatividade de profissionais, assim como a necessidade de se revisitar os
temas, com vistas ao aprimoramento da gestão.
Tratava-se do ano de elaboração do Plano Plurianual - PPA56 do Estado e ano que
antecedia a elaboração dos Planos Plurianuais municipais; assim, tal cenário foi indicativo
para a oferta dos dois primeiros cursos. A decisão foi discutida e validada pelas instâncias de
56
O Plano Plurianual – PPA está previsto no artigo 165 da Constituição Federal, regulamentado pelo Decreto
2.829, de 29 de outubro de 1998 e se constitui de um instrumento de planejamento de médio prazo, no qual estão
estabelecidas as diretrizes, os objetivos e as metas a serem alcançadas pelos entes federados em um período de 4
anos.
97
1%
NOTAS 5 A 6
16%
NOTAS 7 A 8
83%
NOTAS 9 A 10
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Paraiba_Municip_JoaoPessoa.svg>
3%
NOTAS 5 A 6
29%
NOTAS 7 A 8
68%
NOTAS 9 A 10
3% 3%
NOTAS 1 A 4
21%
NOTAS 5 A 6
73%
NOTAS 7 A 8
NOTAS 9 A 10
pedagógicos, adequadas à realidade local e diferenças regionais, 73% dos cursistas avaliaram
como excelente, apontando apreciações sobre o cumprimento do horário, carga-horária e
conteúdo.
Vale ressaltar que 27% dos cursistas apontaram para a insatisfação em relação ao
tempo reservado para os debates e discussão sobre os processos de trabalho e possíveis
encaminhamentos para suas dúvidas, relacionadas ao provimento dos serviços, levando a
reflexão de que, para alcançar um patamar ideal de satisfação, “a oferta e a implementação de
ações de formação e capacitação [precisam responder] às questões, demandas, problemas e
dificuldades que emergem dos processos de trabalho e das práticas profissionais
desenvolvidas pelos trabalhadores”. VILAS BOAS et al. (2015, p. 7)
No tocante à avaliação das oficinas de aprendizagem, as percepções refletem,
principalmente, acerca do resultado do preenchimento das avaliações após a realização dos
cursos de forma regionalizada (João Pessoa, Alagoa Grande e Sousa), onde houve o
cumprimento da carga-horária das aulas iniciadas em João Pessoa e se efetivou a decisão de
realizar os cursos em municípios mais próximos das residências e locais de trabalho dos
cursistas, objetivando maiores condições de participação, sobretudo, de frequência.
Em João Pessoa e Sousa, 59% das avaliações indicaram como excelentes e, em média,
35% como VILAS BOAS, a execução das oficinas, sendo considerados os aspectos
metodológicos por meio das aulas dialogadas e atividades práticas e reflexivas.
Foram também observados aspectos relacionados à estrutura física de realização. João
Pessoa mantém o percentual de 83% e Sousa apresenta um número menor de 63% de
avaliações consideradas excelentes.
Já em Alagoa Grande, localizada na 3ª região geoadministrativa do Estado, a avaliação
foi de 52% para boa, no que se refere ao aspecto metodológico. Para infraestrutura, se
evidenciou o percentual de 44% de opiniões para irregular e ruim. Embora o município se
apresentasse como estratégico em termos de garantir a proximidade da oferta a 39 municípios
da região; este não dispunha de locais com características apropriadas de sala de aula dotadas
de acessibilidade, climatização e recursos audiovisuais, e essa realidade foi sentida pelos
cursistas.
Os demais cursos realizados na primeira etapa foram os seguintes: “Curso de
Atualização em Indicadores para Diagnóstico e Acompanhamento do SUAS e do BSM” e o
“Curso de Atualização em Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS”, cuja particularidade
se deu na complementação da carga-horária na modalidade EAD, através da plataforma
Moodle, da UFPB Virtual, e as avaliações se assemelharam às percepções positivas dos
104
As notas atribuídas indicam avaliação muito positiva tanto no que tange aos conteúdos
quanto com relação à metodologia das aulas expositivas. Vale lembrar que o conteúdo
obedecia a um vasto leque de temas, que variavam de aspectos valorativos, que estruturam o
SUAS, até interpretação do conteúdo normativo. Deve-se considerar também que o mesmo
conteúdo foi ministrado para turmas muito heterogêneas no que concerne à formação
acadêmica, tempo de permanência nessa política pública, às diferentes realidades sociais,
faixa etária, entre outros. Mesmo assim, a avaliação aponta para a adequação das escolhas
referentes aos conteúdos.
A metodologia de aulas e oficinas também obteve avaliação acima de 9,0 (nove), o
que indica sua excelência, lembrando que essa mistura entre aulas expositivas, dialogadas e
oficinas foi uma escolha da linha pedagógica, para permitir uma importante articulação entre
teoria e prática, que são indivisíveis, mas que precisam ser reconhecidas pelos capacitandos,
os quais devem ser capazes de construírem espaços de reconhecimento da realidade cotidiana.
Em relação a isso, muitos se pronunciaram, mas se destaca aqui a fala de um dos
107
participantes: “O curso foi bastante proveitoso por estar correlacionado com a nossa prática
diária”.
Os comentários colhidos da avaliação corroboram com o último aspecto da avaliação,
que se refere à carga horária, sempre considerada muito extensa e ofertada em curto espaço de
tempo, exigindo a oferta, em alguns dias da semana, nos três períodos (manhã, tarde e noite).
Sobre esse tema, observam-se as avaliações dos participantes: “Em minha opinião a carga
horária foi muito extensa. Acredito que o conteúdo seria melhor absorvido se fosse
distribuído em carga horária menor e os participantes tivessem um tempo maior de descanso
entre um módulo e outro”.
Nesse caso específico, o comentário se refere, especialmente, à densidade do conteúdo
e ritmo de tempo da oferta. Já a seguir, a avaliação trata da dinâmica da aula e conteúdo:
“Algumas aulas foram cansativas e pouco aproveitadas, principalmente do horário noturno”.
Ainda com a preocupação de avaliar a distribuição da carga horária e o rendimento dos
cursistas, destaca-se que: “Os três turnos comprometem o rendimento, pois fica cansativo.”
O processo avaliativo ainda solicitou que os participantes atribuíssem uma nota geral
para a execução do CapacitaSUAS e autoavaliação contida no gráfico a seguir. Vale ressaltar
que, de forma geral, houve mais rigor, por parte dos participantes, quanto ao seu próprio
desempenho.
É importante destacar, nesse caso, que a média geral foi muito boa, pois inclui todos
os pontos acima já analisados. Já no que concerne à autoavaliação, a nota cai um pouco, mas,
não substantivamente, o que indica que os participantes se consideraram compromissados e
108
Para a terceira etapa, a lógica da avaliação segue a mesmo desenho da etapa anterior,
com dados organizados, considerando todos os cursos, devido à semelhança nas avaliações
realizadas no período e contemplando informações sobre: infraestrutura; aspectos
pedagógicos e avaliação geral e autoavaliação. Alguns comentários foram também ilustrados,
para melhor percepção da avaliação dos participantes.
Após mais de um ano da oferta dos cursos da etapa anterior, é importante destacar que
essa etapa foi a mais procurada em termos de inscrição, superando, inclusive, o número de
vagas ofertadas. Isso se deve a um aprimoramento no processo de oferta e o reconhecimento
do trabalhador da importância de sua participação para a qualificação dos processos de
trabalho e consequente melhoria na prestação dos serviços.
Os cursos realizados nessa etapa já haviam sido ofertados anteriormente. A decisão de
repeti-los, a partir de suas matrizes, foi demandado pelos próprios municípios, valendo
destacar que o conteúdo passou por ajustes necessários, considerando, sobretudo,
particularidades do período em que foram ofertados, atentando para a gestão estadual do
SUAS e a relação estabelecida, cotidianamente com os municípios.
É importante reconhecer que não se trata de uma oferta extra, mas da utilização de
matrizes anteriormente elaboradas, uma vez que os recursos utilizados se referem a uma
terceira pactuação, embora os cursos já tenham sido ofertados em pactuação anterior.
Foram então ofertados: “Curso de Elaboração de Planos de Assistência Social”;
“Curso de Introdução ao Exercício do Controle Social do SUAS”; “Atualização em
Especificidade e Interfaces da Proteção Social Básica” e “Atualização sobre a Organização e
Oferta dos Serviços da Proteção Social Especial do SUAS”.
Todos os gráficos apresentados têm como fonte o instrumental: “Avaliação de Reação
dos Cursos – CapacitaSUAS-2017”.
Considerando a utilização dos indicadores presentes nos registros dos dados acessados,
que, por sua vez, foram organizados de forma padrão na segunda e terceira etapas, a
infraestrutura foi avaliada a partir de: local de realização; qualidade das instalações;
equipamentos utilizados nas aulas e atuação da coordenação, conforme o gráfico a seguir:
aperfeiçoadas, a partir da experiência anterior de oferta dos cursos, bem como ao se levar em
consideração o contexto do SUAS no estado no período das ofertas.
que pese a existência de mais de um técnico com o perfil indicado nas orientações de
preenchimento.
Dessa forma, houve o retorno de 221 questionários referentes a 118 municípios que
participaram da pesquisa, o que corresponde a um alcance de 52,9% do número total de
municípios da Paraíba.
O conteúdo foi dividido em três partes principais, que correspondem ao perfil do
profissional que respondeu o questionário; as condições de trabalho como determinantes para
dificultar processos de aprimoramento; e, por fim, o tema da capacitação continuada,
considerando a organização das informações de caráter quantitativo, bem como a estruturação
de respostas subjetivas, colhidas nos espaços destinados aos comentários.
Objetivou-se, também, proporcionar uma maior aproximação da percepção do
trabalhador acerca dos desafios de sua prática profissional, diante das condições objetivas de
trabalho que são impostas, uma vez que todo o planejamento de oferta dos cursos, em suas
estratégias pedagógicas, buscou proporcionar aos participantes um espaço favorável ao
alcance de respostas sobre as demandas que surgem em referência ao atendimento da
perspectiva pedagógica da educação permanente, que é a centralidade dos processos de
trabalho e das práticas profissionais.
Participaram da pesquisa profissionais que atuam em 118 (cento e dezoito) municípios
da Paraíba.57
De acordo com os dados apresentados, verifica-se que participaram da pesquisa
municípios distribuídos em todos os portes municipais, em uma proporção que reflete a
realidade de distribuição dos municípios da Paraíba, onde 193 (cento e noventa e três) do total
de 223 (duzentos e vinte e três) municípios paraibanos são de Pequeno Porte I, ou seja,
apresentam uma população de até 20.000 habitantes. Tal diversidade de percepções garante
57
Alagoa Nova, Alhandra, Araçagi, Araruna, Areia, Areial, Aroeiras, Assunção, Baía da Traição, Bananeiras,
Barra de Santana, Barra de São Miguel, Bayeux, Belém, Belém do Brejo do Cruz, Boa Ventura, Boa Vista, Bom
Jesus, Bom Sucesso, Bonito de Santa Fé, Boqueirão, Brejo do Cruz, Cabedelo, Cachoeira dos Índios, Cacimba
de Areia, Cacimba de Dentro, Cacimbas, Cajazeiras, Cajazeirinhas, Campina Grande, Casserengue, Catolé do
Rocha, Caturité, Conde, Congo, Coremas, Cuité, Curral de Cima, Curral Velho, Dona Inês, Gurinhém, Gurjão,
Ingá, Itabaiana, Itaporanga, Itapororoca, Itatuba, Jacaraú, Jericó, João Pessoa, Juarez Távora, Juazeirinho,
Juripiranga, Lagoa de Dentro, Logradouro, Malta, Manaíra, Mari, Maturéia, Monte Horebe, Monteiro, Mulungu,
Natuba, Nazarezinho, Nova Floresta, Nova Palmeira, Olho D’água, Passagem, Patos, Pedras de Fogo, Piancó,
Pilar, Pirpirituba, Poço Dantas, Poço de José de Moura, Pombal, Riachão do Poço, Riacho de Santo Antonio,
Riacho dos Cavalos, Rio Tinto, Salgadinho, Salgado de São Felix, Santa Cecília, Santa Cruz, Santa Helena,
Santa Inês, Santa Luzia, Santa Rita, Santana dos Garrotes, São Bentinho, São Bento, São Domingos, São
Domingos do Cariri, São Francisco, São João do Tigre, São José da Lagoa Tapada, São José de Caiana, São José
de Princesa, São José do Sabugí, São José dos Cordeiros, São José dos Ramos, São Miguel de Taipú, Sapé, Serra
da Raiz, Serraria, Sobrado, Solânea, Soledade, Sossego, Sousa, Sumé, Tavares, Teixeira, Uiraúna, Umbuzeiro,
Várzea, Vieirópolis, Vista Serrana, Zabelê.
116
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
58
Todos os serviços estão tipificados na Resolução 109/2009 do CNAS.
118
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
A amostra apresenta que 61,1% dos trabalhadores têm idades que variam entre 25 a 39
anos e 34,8% na faixa-etária de quarenta a cinquenta e nove anos, ou seja, majoritariamente,
119
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
121
Nesse item, são considerados dados referentes ao tipo de vínculo, salário e condições
gerais do ambiente de trabalho. Esses aspectos são fundamentais e se somam, de forma
decisiva, para a qualidade dos serviços e potencializam o processo de educação permanente,
na medida em que são partes indivisíveis da gestão do trabalho.
A concepção de trabalho que ilumina este estudo se assenta na perspectiva de que as
determinações estruturais do mundo capitalista demarcam as condições dos trabalhadores
em seus postos, onde quer que atuem, ainda que no setor público não estejam isentos das
condições determinantes da flexibilização dos direitos e nem tampouco dos ditames liberais
que influenciam a tendência de descuido do Estado com as políticas sociais. Acresce-se a
esse contexto, a especificidade da política de assistência social, que busca, incansavelmente,
superar o traço voluntarista e não profissionalizante.
Sim
30%
Não
70%
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
No que concerne aos 30% que possuem mais de um vínculo, 46% afirmam que se
deslocam para outro município, mas se mantém atuando na política de assistência social.
Nesse caso, com relação ao deslocamento, tem-se um fator um pouco amenizador da
permanência na área, o que permite condensar conhecimentos e aprimorar-se tecnicamente.
O dado a seguir é mais preocupante, pois 36% atuam em outro município e em outra área. Por
fim, 12% no mesmo município, mas em outra área.
Vale destacar que os dados não permitiram fazer um cruzamento entre a categoria
profissional e a duplicidade de vínculos, no entanto, há que se inferir que com a redução da
carga horária de trabalho do assistente social de 8 para 6 horas (Lei nº 12.317, de 27 de agosto
de 2010), pode ser um dos fatores que permitam essa condição de mais de um vínculo.
Corrobora com essa leitura das condições precárias de trabalho, a faixa de renda. Na
sua maioria, os trabalhadores da política de assistência social são profissionais formados em
nível superior. Vale dizer que o gráfico a seguir não relaciona a função ou a atribuição do
trabalhador. Os valores indicados pela pesquisa também são preocupantes.
123
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
Um último tópico deve ser considerado sobre as condições de trabalho em geral, que
se refere aos aspectos materiais (objetivos) e imateriais (relações institucionais) que envolvem
o cotidiano do trabalho. Para esse caso específico, o profissional que respondeu o questionário
poderia justificar sua resposta e a maioria das justificativas apontou os aspectos negativos. Em
124
Gráfico 17 – Condições de trabalho quanto à jornada, disposição de espaço físico, recursos materiais e
transporte
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
Os dados do gráfico indicam que 65,8% apontaram condições acima da média, ou seja,
entre VILAS BOAS (50,4%) e excelentes (15,4%). Abaixo disso, identifica-se um percentual
de menos de 9% nas qualidades de péssimas (2,1%) e ruins (6,1). Para as condições razoáveis,
foram alocados 25,6% dos respondentes.
Mesmo com os dados não tão alarmantes, os motivos descritos são passíveis de
preocupação e serão postos a seguir, divididos entre aspectos materiais e relacionais.
No que concerne aos dados materiais, falta de veículo para cumprir as tarefas previstas
no SUAS foi a mais comentada:
“O compartilhamento do veículo dificulta as visitas domiciliares”; “O transporte é
disponibilizado apenas dois meios período, ficando impossível de atender toda nossa
demanda.”;“Transporte próprio (moto) ou compartilhado com outras secretarias e
serviços.”; “Não temos disponibilidade de transporte para realizar as visitas.”; “Apesar do
transporte ser da assistência social é de uso compartilhado com as demais secretarias
dificultando o uso quando necessário”;“Quantos aos equipamentos temos o básico e o
espaço físico não é adequado para o bom desenvolvimento do serviço.”
125
Não
8%
Sim
92%
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
128
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
Percebe-se, pelos dados acima, que quase 50% provavelmente utilizaram as formas de
encontros/reuniões e oficinas já existentes na rotina para o repasse do conteúdo. Essa forma
pode ser considerada positiva, por se ter encontrado uma forma de fazê-lo, qualificando o
debate, no entanto, também pode representar que o gestor municipal não providenciou um
novo espaço de formação como prevê a política nacional de educação permanente do SUAS.
A Política Nacional de Educação Permanente estabelece, em vários pontos, a
responsabilidade dos municípios. Já nos objetivos, afirma sobre a necessidade de
descentralização: “Instituir mecanismos institucionais que permitam descentralizar para
estados, municípios e Distrito Federal atribuições relacionadas ao planejamento, oferta e
implementação de ações de formação e capacitação”. (PNEP-SUAS, 2013, p. 24)
129
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
Durante a realização dos cursos, foram trabalhados, através dos conteúdos propostos
nas matrizes pedagógicas, os conceitos centrais, integrantes da política de assistência social,
materializada através da oferta dos serviços, programas e benefícios socioassistenciais em
observância à perspectiva político-pedagógica da educação permanente no SUAS, de
promover “o processo contínuo de atualização e renovação dos conceitos práticas e atitudes
profissionais das equipes de trabalho e diferentes agrupamentos, a partir do movimento
histórico da afirmação de valores e princípios e do contato com novos aportes teóricos,
metodológicos, científicos e tecnológicos disponíveis.” (BRASIL/PNEP, 2013, p. 34)
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
131
42,5
28,1
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base nas informações obtidas pela Gestão do
Trabalho da SEDH.
matriz pedagógica e metodologia de execução, propostas pelo ministério e ajustada pela IES,
com apoio da SEDH, a inclusão dos temas, de forma clara, e linguagem acessível, de modo
que houvesse um diálogo, aproximando com o cotidiano do trabalhador, favorecendo o
atendimento ao princípio da aprendizagem significativa, em acordo com a política de
educação permanente, ao afirmar que “Para ser efetivo, democrático e participativo, o
processo de ensino e aprendizagem, mobilizado pela Educação Permanente precisa ter
significado para os trabalhadores e agentes de controle social do SUAS. (BRASIL/PNEP,
2013, p. 37)
Diante das informações apresentadas durante todo o capítulo, que trata da percepção
dos participantes da pesquisa sobre os resultados da execução do CapacitaSUAS no Estado da
Paraíba, mais precisamente nos impactos das formações nos processos de trabalho,
evidenciou-se o alcance de uma avaliação bastante positiva em todos os aspectos explorados,
o que resultou no percentual de mais de 90% de reconhecimento de que a instituição da
educação permanente, observada a partir da ótica da execução dos cursos, foi importante para
o aprimoramento da gestão do SUAS ao contribuir, sobretudo, com a qualificação profissional
dos recursos humanos envolvidos nas funções de gestão e provimento dos serviços.
O programa CapacitaSUAS, representou, de fato, um grande avanço para assistência
social no que se refere principalmente para a Gestão do Trabalho, ao reconhecer o trabalhador
como ator principal para a materialização da política, voltando o olhar para qualificá-lo.
Posta a avaliação, importante registrar que ainda existem muitos desafios a serem
enfrentados, para garantir a oferta permanente dos cursos e seguir adiante na tarefa de
aprimorar a experiência de execução, iniciada no ano de 2013, que perpassa pela
implementação qualitativa do Núcleo de Educação Permanente, a fim de aperfeiçoar o Plano
de Educação Permanente, na perspectiva da construção coletiva, para identificação de
demandas de formação crescente no estado, sobretudo, aperfeiçoar na prática os processos de
monitoramento e avaliação, essenciais ao planejamento permanente das ofertas.
134
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema central deste estudo está circunscrito em um campo amplo de análises sobre os
caminhos de aprimoramento da gestão das políticas sociais, cuja premissa se assenta no
reconhecimento que, além de financiamento, monitoramento e avaliação – temas basilares da
gestão – a qualificação dos trabalhadores é central, para avançar na qualidade da oferta de
todas as provisões.
Para tanto, o tema da educação permanente se constitui peça-chave e, portanto,
motivada por essa certeza, buscou-se identificar, a partir da experiência da implementação do
Programa Nacional de Capacitação do SUAS – CapacitaSUAS, no Estado da Paraíba, as
mudanças provenientes da participação dos trabalhadores nos cursos ofertados, mais
precisamente, constatar o resultado das formações nos processos de trabalho desenvolvidos
por esses profissionais, considerando os avanços implementados, assim como os desafios
encontrados no cotidiano profissional.
Destaca-se que não se efetivou como uma análise de impacto, mas de identificação das
possibilidades de aprimoramento das práticas profissionais que lastreiam as funções de gestão
e provimento dos serviços e programas da assistência social, considerando uma experiência de
capacitação continuada e realizada na perspectiva da educação permanente.
No entanto, dentre os temas abordados, merecem destaque os que representam
centralidade para o estudo, partindo da Política de Assistência Social e seu processo de
institucionalização que, após a Constituição Federal de 1988 e avanço normativo em 1993,
com a instauração da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS alcançou, no campo legal, a
possibilidade de superação do antigo modelo, marcado pelo voluntariado e práticas
assistencialistas, passando pela instituição da Política Nacional da Assistência Social –
PNAS(2004), em que se pode constatar que as novas configurações adotadas possibilitaram
um primeiro olhar para a importância dos recursos humanos, seguido da Norma Operacional
Básica do SUAS - NOB/SUAS que, em 2005, aponta na direção de uma nova arquitetura da
assistência social, os parâmetros para implementação do sistema e fortalece a compreensão da
importância dos recursos humanos ao estabelecer a Gestão do Trabalho como eixo
estruturante do SUAS.
Dando prosseguimento, foi também tratada com evidência a Norma Operacional dos
Recursos Humanos – NOB-RH/SUAS(2006), na condição de instrumento normativo, que
aponta a responsabilidade de cada ente federado, para o alcance dos princípios preconizados
135
pela Política de Assistência Social, no âmbito da Gestão do Trabalho, assim como define as
diretrizes para a implementação de uma Política Nacional de Capacitação (2011), também
abordada com importância por se tratar de um documento que, mesmo em versão preliminar,
propõe a superação da lógica da capacitação como apenas disponibilizadora de conteúdo,
estabelecendo as bases para a Política Nacional de Educação Permanente do SUAS –
PNEP/SUAS (2013), cujos objetivos se referem aos processos de formação para os
operadores da política de assistência social.
São, portanto, temas fundantes, que povoam o processo de capacitação continuada,
sendo apontados em seus avanços normativos e regulatórios. Esses conteúdos guardam
interlocução com a dimensão política e a relação dos avanços na garantia de direitos e a
agenda da democratização do país.
Nesse trajeto estudado, pode-se afirmar que, após um longo percurso entre a
autorização constitucional e os primeiros passos na direção de dar concretude ao Sistema
Único de Assistência Social - SUAS, a política de Assistência Social está amparada,
legalmente, para viabilizar acesso a direitos socioassistenciais, através da oferta de serviços,
programas e benefícios que, embora normatizados, encontrem dificuldade em sua
materialização.
Em que pese o momento atual, trata-se da imposição do modelo econômico neoliberal
de flexibilização do trabalho e redução de gastos do Estado, que tem provocado retrocessos de
conquistas importantes para os usuários da política, especialmente na descontinuidade de
ofertas que abrangem as proteções afiançadas pela assistência social, comprometendo,
diretamente, os passos dados na direção do combate à pobreza no país.
São evidentes e inegáveis os avanços de uma Política Pública de Assistência Social,
efetivada sob a responsabilidade do Estado e assentada nas instâncias de controle e
participação social, que assegurou aos cidadãos mais vulneráveis diversas provisões
assistenciais59, conquistas estas, atualmente ameaçadas, pois há, de fato, um cenário
desafiador de novo regime fiscal, que atua na contramão do enfrentamento das desigualdades
sociais que estavam sendo efetivadas e percebidas sensivelmente.
59
Um estudo recente, realizado por pesquisadoras do IPEA, aponta, com detalhamento, os impactos do Novo
Regime Fiscal para a Política de Assistência Social no Brasil, contextualizando, em um primeiro momento, os
avanços da política. “Nos últimos 10 anos, o crescimento dos gastos do MDS [...], refletem o grande avanço das
medidas socioprotetivas em relação à população vulnerável. Neste período, o patamar de gastos com políticas
assistenciais mais que dobrou: passou de R$ 36 bilhões em 2006 para atingir 74 bilhões em 2015, que foi
acompanhada de grande expansão na cobertura dos benefícios. Neste período, a composição dos gastos do MDS
revelou grande estabilidade nestas políticas assistenciais.” (PAIVA, et al, 2016 p. 14)
136
60
Informações divulgadas pelo Conselho Nacional de Assistência Social, a partir de levantamento elaborado, de
acordo com a PLOA de 2019 e que vem fomentando reiterados debates e solicitação de recomposição, expressos
em diversos documentos de manifestação contrária, a exemplo da Res. CNAS nº 20, de 13 de setembro de 2018.
Solicita a recomposição da dotação orçamentária de 2018 e da proposta orçamentária para o exercício de 2019
para a Assistência Social.
137
a execução das metas pactuadas em suas diferentes etapas e períodos de realização. Foram
apresentadas, de forma detalhada, dentre outras informações, o formato dos cursos, a
metodologia utilizada e o número de capacitados.
Diante disso, identificou-se, a partir das avaliações de reação, aplicadas aos cursistas –
no que se refere a aspectos relacionados à infraestrutura, aos procedimentos instrucionais, à
metodologia e quanto à avaliação geral, assim como autoavaliação –, que o Programa
CapacitaSUAS, embora se deparando com desafios durante o percurso, encontrou alternativas
para o aprimoramento e alcançou a sua função61, em consonância com o objetivo da Política
Nacional de Capacitação.
Trata-se, portanto, da identificação de que a qualificação profissional do trabalhador
do SUAS, transcende o acesso a conhecimentos e aprimoramento de habilidades voltados
apenas para uma perspectiva técnico-operativa, tendo como pressuposto apenas o repasse de
conhecimento pela via do acesso as normativas e orientações técnicas, próprias do SUAS. Ao
contrário, esse processo de formação preconiza e abrange, sobretudo, a dimensão ético-
política, retomando compromisso com uma nova égide do campo dos direitos e com a
superação do modelo subalternizador e clientelista, buscando uma qualificação que responda
às demandas dos usuários durante o desenvolvimento de seus processos de trabalho e não
apenas os titulam como executores de serviços e programas assistenciais, com competências
puramente técnicas.
Isso exige um esforço para manutenção de ações de educação continuada e
permanente, na direção da real da profissionalização do SUAS. Essa afirmação ressalta a
importância de continuidade do programa, uma vez que “nos projetos pedagógicos dos cursos
do CapacitaSUAS, desde seu início, não se buscou o desenvolvimento de competências
meramente técnicas, mas de competências socioprofissionais, para desenvolver
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores compreendidos na tridimensionalidade técnica,
ética e política do conceito”. (GONÇALVES, et al, 2015, p. 66)
O segundo ponto se dedicou à análise de resultados de um levantamento realizado pela
Gestão do Trabalho da SEDH, depois de vencido um processo de sistematização de
informações, cujos conteúdos foram estruturados, considerando três aspectos principais: perfil
do trabalhador do SUAS, as condições de trabalho como determinantes para dificultar
processos de aprimoramento e, por fim, os aspectos gerais da formação.
61
Todos os quesitos apresentaram avaliações que, em termos percentuais, ultrapassaram 90%, apontando para
indicadores considerados “BOM” e, na maioria, “EXCELENTE”. O detalhamento dos percentuais de avaliação
por quesito está expresso no Capítulo III desta dissertação.
139
Embora ambas dialoguem, considerar a experiência da Paraíba como uma ação apenas
de educação continuada pode levar a uma análise reduzida do que foi alcançado, uma vez que
o estudo evidenciou a presença das duas perspectivas e a similaridade do processo com o
exposto no texto da PNEP/SUAS:
pese os arranjos de cada estado, com vistas ao enfrentamento dos desafios encontrados,
pontuados em alguns momentos do estudo.
Outra perspectiva de contribuição é a de que a experiência vivenciada na Paraíba possa
servir para o aprimoramento da Política de Educação Permanente no SUAS e de exemplo
exitoso do pacto federativo, que reconhece a responsabilidade dos três entes federados, não só
em âmbito nacional, a pensar em suas diretrizes, mas também para os demais estados da
federação que se encontram em diferentes níveis de implementação.
Por fim, ressalta-se que não se trata apenas de reconhecer a necessidade de
aprimoramento pela transmissão de conhecimento, mas da capacidade de reconhecer
diferentes saberes, se comprometer com a mudança da realidade social e, sobretudo, imprimir,
definitivamente, uma marca coletiva, democrática e de aquisição de direitos na política de
assistência social.
142
5 REFERÊNCIAS
_____. Censo SUAS 2014. Brasília, DF: MDS. Secretaria de Avaliação e Gestão da
Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2015.
_____. Constituição 1988. 35. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, 2012.
_____. Plano Decenal SUAS Plano 10. Brasília, DF, Secretaria Nacional de Assistência
Social, MDS, 2007.
_____. Política Nacional de Assistência Social. MDS. Brasília. Brasília: MDS, 2004.
COUTO, Berenice Rojas et al. O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma
realidade em movimento. São Paulo: Cortez, 2012.
PAIVA, Andrea Barreto de.; MESQUITA, Ana Cleusa Serra.; JACCOUD, Luciana.;
PASSOS, Luana. O novo regime fiscal e suas implicações para a política de assistência social
no Brasil. 27. ed. Brasília, 2016.
ANEXOS
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Atividade Acessos
Recursos de Apoio
Fórum Notícias e Avisos 1810
Página LEIA-ME PRIMEIRO 372
Fórum Tira Dúvidas 1022
Fórum Sala do Cafezinho 735
Fórum Acervo de Fotos 538
Iniciando...
Fórum Mensagem de VILAS BOAS Vindas 558
Mensagem da Secretária Cida Ramos (SEDH) 159
Fórum do presencial ao virtual - as discussões continuam... 1809
Pesquisa sobre o SAGRES do TCE-PB 316
Página Mensagem do MDS 3
Biblioteca / Materiais
Pasta Material das Aulas 708
Página Bibliografia MDS 216
Módulo 1 - Atividades
Fórum - Trajetória da PAS 1878
Questionário As Bases de Organização do SUAS - 2254
Questionário
Módulo 2 - Atividades
Fórum Financiamento da PAS 1734
Fórum O Sistema SAGRES do TCE-PB 2162
Módulo 3 - Atividades
Fórum de Discussão Mod3 897
Questionário - Ferramentas do Controle Social e do PBF 1779
Encerrando...
Questionário de Avaliação da Etapa Virtual 291
Fórum Mensagem Final 153
MENSAGEM FINAL
Re: Mensagem Final
por XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX [ALCAPACITASUASTA]- sexta, 20 novembro 2015, 16:18
Boa tarde pessoal!
Nestes momentos finais, gostaria de dizer que foi muito bom estar com vocês neste CapacitaSUAS!
Foram momentos de novas vivências e aprendizagens!
Parabéns a equipe organizadora!
Abraço a todos e todas! :)
FICHA DE INSCRIÇÃO
FICHA DE AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO DE REAÇÃO
Caro (a) aluno (a),
O preenchimento deste formulário tem a finalidade de avaliar a qualidade da infraestrutura, dos
procedimentos instrucionais e do desempenho dos professores. Sua opinião como aluno (a) do curso será de
extrema importância para o aperfeiçoamento deste e de outros cursos que venham a ser apoiados pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e pela Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Humano (SEDH-PB). Você não será identificado!
Nome do curso: Atualização em Especificidade e Interfaces da Proteção Social Básica
Cidade(s) de realização do curso: João Pessoa
Instituição ofertante: Universidade Federal da Paraíba
Data de realização do curso (Etapa presencial) : ___/____/_____ a ___/___/______
Para responder os itens dos Blocos I, II e III utilize a escala abaixo que varia de 0 (péssimo) a 10 (excelente). Leia
atentamente os itens listados e escolha o ponto da escala que melhor representa a sua opinião sobre a
qualidade do curso que você participou. Registre sua resposta à direita de cada item com o número escolhido.
Por favor, evite deixar questões em branco, utilize N/A (não se aplica) se for o caso.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Péssimo Excelente
BLOCO I – DESEMPENHO DOS PROFESSORES
Nome completo do(s) professor(res) Disciplina/Oficina Desempenho
De 0 a 10
1. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo I - Concepção da Proteção Social
Básica
2. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo I - Concepção da Proteção Social
Básica
3. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo III - Gestão da Rede de Proteção
Social Básica
4. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo III - Gestão da Rede de Proteção
Social Básica
5. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo II - Provisões da Proteção Social
Básica
6. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – xxxx Módulo II - Provisões da Proteção Social
Básica
BLOCO II – INFRAESTRUTURA
Itens Nota de
0 a 10
7. Local de realização do curso (facilidade de acesso, segurança etc.)
8. Qualidade das instalações físicas (salas de aula, iluminação, acústica, temperatura,
mobiliário, acessibilidade).
9. Equipamentos utilizados nas aulas (computadores, data show, etc...).
10. Atuação da equipe de coordenação/ administração do curso. (acolhida, solução de
problemas etc.)
BLOCO III – ASPECTOS PEDAGÓGICOS
Itens Nota
11. Relevância dos conteúdos abordados no curso para a sua atuação profissional
12. Oficinas de aprendizagem
13. Aulas Expositivas
14. Carga Horária do curso
151
16. Que nota você dá para sua própria aprendizagem (auto - avaliação)? _____
17. Caso queira, utilize o espaço abaixo para registrar o que julgar necessário (justificativa às notas
escolhidas, sugestões, críticas, elogios, etc.):
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
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___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
_________________________________________________
AVALIAÇÃO DE REAÇÃO
CapacitaSUAS-PB-2015
Curso de Atualização sobre Especificidade e Interfaces da
Proteção Social Básica do SUAS
AVALIAÇÃO DE REAÇÃO
MÉDIA GERAL
Valores Total
Média de B4-1 Nota de avaliação 9,38
Média de B4-2 Nota auto-avaliação 8,95
FOLDER
157
CERTIFICADO
158
JOÃO PESSOA/PB
2019