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Saúde Pública

Epidemiologia

 Hipócrates, o “pai da medicina”, afastando-se do sobrenatural, observava as


doenças como produto da relação complexa entre a constituição do individuo e o
ambiente. Segundo este, para se entender o processo de adoecer de uma pessoa
seria necessário a análise, entre outros fatores, do clima, a maneira de viver, os
hábitos de beber e de comer.
 Doença infetocontagiosa: a causa é necessária para produzir a
doença. De rápida, transmissão.
 Doença crónico-degenerativa: basta estar presente a causa
suficiente. Etiologia multifatorial.

 Já John Graunt quantificou os padrões da ocorrência de mortes nas populações


de Londres segundo o sexo e região. Foi pioneiro na utilização de coeficientes de
mortalidade (óbitos por população).

 Por sua vez, Willian Farr foi responsável pela compilação rotineira dos números
e causas de óbitos na Inglaterra por mais de 40 anos. Contribuindo para a
classificação das doenças, a descrição das Epidemias (“lei de Farr”), estudos
que apontavam para as grandes desigualdades regionais e sociais nos perfis de
saúde.

 John Snow realizou uma grande investigação da epidemia de cólera em Londres,


elucidando com um minucioso trabalho de campo a relação da cólera com o
fornecimento de água (contaminada) de uma companhia de abastecimento
londrina. Em Londres, várias empresas de água distribuíam água de beber aos
residentes. Snow comparou as taxas de mortalidade por cólera entre os residentes
que recebiam água de três dessas grandes empresas, observando que a
mortalidade era muito maior nas pessoas que recebiam água de duas dessas três
empresas que recolhiam água com detritos de Londres do Rio Tamisa. O agente
etiológico só seria descoberto em 1883. Snow identificou a causa, a doença e
implementou medidas de saúde pública para corrigir a doença. Foi também este
que introduziu as tabelas de dupla entrada na epidemiologia.

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 Já Florence Nightingale, enfermeira inglesa, implementou medidas de higiene


e limpeza no hospital que assistia os militares feridos na Guerra da Crimeia em
1854. Voltou a sua preocupação para os cuidados de higienização, isolou os
doentes, proporcionou o atendimento individual, a utilização controlada da
dieta, a redução de leitos no mesmo ambiente instituindo medidas de
organização e a sistematização do atendimento e treinamento de pessoal,
especialmente as práticas higieno-sanitárias. Todas estas medidas contribuíram
para a redução das taxas de mortalidade hospitalar da época, algumas delas ainda
se mantendo atuais. Florence elaborou estatísticas de saúde [condições que os
utentes chegam, como é que são tratadas e o resultado final (morte/melhoria/
sequelas)], foi pioneira na vigilância epidemiológica, tomando decisões sobre a
informação que dispunha e foi a 1ª a representar a informação em gráficos
circulares.

 Também Louis Pausteur desenvolveu as bases biológicas para o estudo das


doenças infeciosas, influenciando a história da epidemiologia criando a vacina
antirrábica e a vacina do carbúnculo. Demonstra que agentes vivos
microscópicos eram “agentes etiológicos específicos de doenças específicas”.
Desvia a atenção de todo o conhecimento epidemiológico até então acumulado
sobre a determinação social da doença, passa a predominar a visão infeciosa e o
tratamento com antibióticos. Estudo de coorte???
(Nota: A raiva é uma doença que demora por volta de 40 dias a expressar-se. Diferente de nas
outras vacinas, a vacina da raiva é administrada após a contração da doença, em vez de se vacinar
antes de contrair a doença)

 Robert Koch descobriu as bactérias causadoras do carbúnculo e da


tuberculose e estudou a cólera asiática.

 Ignas Semmelweis estudou a febre puerperal concluindo que "partículas


cadavéricas" desconhecidas causavam febre no parto. Este instituiu uma política
de uso da solução de hipoclorito de cálcio para lavar as mãos entre o trabalho de
autópsia e o exame dos pacientes.

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 Já Ricardo Jorge chegou à prova clínica e epidemiológica da peste bubónica


(negra) na cidade do Porto, orientando as medidas de isolamento da população.

Epidemiologia das doenças transmissíveis


1796: Jenner usa a 1854: Snow identifica e 1892: Koch descobre
primeira vacina contra a interrompe a transmissão organismos responsáveis
varíola da Cólera através da água p/cólera e tuberculose
de abastecimento
1978: Erradicação da Anos 80: Doenças Século XXI: Erradicação
varíola transmissíveis emergentes da poliomielite, lepra
(HIV) sarampo? Novos desafios
e velhas doenças (malária,
tuberculose…)

Epidemiologia das doenças não transmissíveis


1747: Lindt, prevenção do 1775: Pott, descreve o 1914: Goldberg,
escorbuto cancro do escroto identifica a causa
através da ingestão de nos limpa-chaminés nutricional da
citrinos pelagra (falta de
vitamina B ou PP
1950: Doll e Hill, 1954: Framingham, Década de 60:
relacionam o identifica factores decréscimo da mortalidade
consumo de tabaco com de risco para a por
o cancro do pulmão doença doença cardiovascular nos
cardiovascular países desenvolvidos

 Etimologicamente “epidemiologia” significa:


 “Ciência ou estudo do que ocorre com o povo”
-Epí (sobre)
-Demos (povo)
-Logos (palavra, discurso, estudo)
 A epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes
de frequência de doenças no homem. É o estudo dos padrões de
ocorrência de doença em populações humanas e fatores que os
influenciam. É também a aplicação desses estudos no controle
dos problemas de saúde. Preocupa-se com todos os fatores
biológicos, sociais, comportamentais, filosóficos e psicológicos
que podem aumentar a frequência da doença ou oferecer
oportunidades para prevenção.

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 Evolução histórica da Epidemiologia: Teorias e Modelos prevalentes


 Teoria Miasmática (prevalente durante a idade média)
o Atribui a origem das doenças a emanações oriundas da
decomposição de animais e plantas.
 Teoria Microbiológica - modelo unicausal
 Teoria Ecológica – modelos multicausais
o A interação entre agente e hospedeiro ocorre num
ambiente composto de elementos de diversas ordens:
- físicos
- biológicos
- sociais

 Epidemiologia moderna
 A demonstração de que vários fatores contribuem para a
determinação da doença, expandiu o interesse da epidemiologia para as
doenças crónicas.
 A epidemiologia das doenças transmissíveis constitui-se da maior
importância nos países em desenvolvimento, que ainda convivem com
doenças tais, como: sarampo, rubéola, malária, dengue e toxi-infecções
alimentares, entre outras.
 Nos países mais desenvolvidos, a epidemiologia das doenças
transmissíveis, tornou-se novamente importante devido à emergência de
viroses, tais como: hepatite, síndrome de imunodeficiência adquirida
(SIDA) etc… E ainda as doenças decorrentes do desenvolvimento como
doenças crónicas e doenças mentais, stress e causas externas.

 Objetivos Principais da Epidemiologia


 Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas
populações humanas (Mede a saúde).
 Proporcionar dados essenciais para o planeamento, execução e avaliação
das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para
estabelecer prioridades.

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 Identificar fatores etiológicos na génese das enfermidades:


o Através de estudos de eficiência e efetividade de programas e
serviços de saúde, estudos clínicos de eficácia de processos
diagnósticos e terapêuticos, preventivos e curativos, individuais e
coletivos.
 Avaliar os métodos de controlo da doença, avaliando simultaneamente os
serviços de saúde;
 Estimar os riscos, em relação à doença, acidentes e lesões
 Investigar os surtos epidémicos para controlo e prevenção de futuros
episódios
 Estimar a multicausalidade no aparecimento da doença
O desenvolvimento da epidemiologia como objetivo final: visa a melhoria das
condições de saúde da população humana, com o aprimoramento da
assistência integral à saúde.

 A epidemiologia permite estudar:


 As causas das doenças e saber qual o papel dos fatores genéticos,
ambientais e comportamentais no binómio saúde-doença;
 Descrever a história natural das doenças;
 Descrever o estado de saúde das populações e proceder à avaliação
das diversas formas de intervenção e planeamento

 Problemas de saúde no contexto mundial, europeu e em Portugal, no séc. XXI


 O crescimento económico do pós-guerra foi acompanhado de
importantes mudanças no perfil da morbi-mortalidade.
 O declínio da importância das doenças infeciosas é acompanhado por um
novo olhar sobre o papel do ambiente, da nutrição, dos modos de vida
sobre o perfil de morbi-mortalidade das populações.
o Problemas de saúde associados à pobreza e à exclusão social
-Aumento das desigualdades sociais, do envelhecimento da população,
da maior mobilidade das populações e de um número crescente de
imigrantes

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o Problemas de saúde crónico degenerativos e de saúde


mental/stress/causas externas.
o Reemergência de problemas de saúde como:
- Tuberculose
- Os problemas associados aos comportamentos aditivos
- A violência e a persistência da SIDA
o Outras Problemáticas/Doenças emergentes/reemergentes
- Reemergiram e emergiram nas últimas décadas como causa
relevante de doença e mortalidade:

¬ Cólera ¬ SARS(“pneumonia atípica”)


¬ Febre hemorrágica de Ébola
¬ Dengue
¬ Febre do Nilo Ocidental
¬ Difteria
¬ Variante humana da doença
¬ Febre Rift Valley (rvf) de Creutzfeldt-Jakob

¬ Febre Amarela ¬ Doença de Lyme


¬ “Gripe Aviária” – (vírus
¬ Tuberculose
influenza H5N1)
¬ Paludismo ¬ Gripe A

 Apesar da maioria dos surtos de doenças infecciosas ter uma causa


natural (não intencional), também podem ser provocados pelo Homem: é o caso
da guerra biológica e do bioterrorismo.

 A definição de doença emergente proposta pelo Centro de Controle e


Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA engloba tanto as doenças infecciosas de
descoberta recente quanto aquelas cuja incidência tende a aumentar no futuro:
"doenças causadas por micróbios que já se sabia serem patogénicos mas com
padrão diferente de doença (aumento de incidência, processo patogênico
inusitado) ou que foram reconhecidos como patógenos novos para o ser
humano". São as que surgiram recentemente numa população ou as que ameaçam
expandir se num futuro próximo.

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 Doenças infecciosas reemergentes são aquelas causadas por


microorganismos bem conhecidos que estavam sob controle, mas que
se tornaram resistentes às drogas antimicrobianas comuns (exs:
malária, tuberculose) ou que se estão a expandir rapidamente em
incidência ou em área geográfica (ex: cólera nas Américas). Reemergiram
nas últimas décadas como causa relevante de doença e mortalidade.

 Mortalidade Infantil – O progresso ao nível da mortalidade infantil


está atrás do progresso noutras áreas. Cerca de 10 milhões de crianças
morrem por ano antes de atingirem os cinco anos de idade devido, na sua
grande maioria, à pobreza e à subnutrição.

 As doenças infeciosas continuam a minar as vidas das populações mais


pobres de todo o mundo. Estima-se que 40 milhões de pessoas sofram do
VIH/SIDA, tendo-se alcançado 3 milhões de mortes em 2004.

 Anualmente ocorrem 350 – 500 milhões casos de malária e 1 milhão de


óbitos: 90% das mortes devido à malária são em África, e o número de
crianças africanas atingidas constitui 80% das vítimas da malária em todo
o mundo.

 Pilares da epidemiologia:
 Ciências biológicas: Clínica, patologia, microbiologia, parasitologia e a
imunologia - contribuem para melhor descrever e classificar as
doenças/ocorrências.
 Ciências sociais: A interação do social e do biológico, na produção da
doença, passou a ser essencial na epidemiologia atual. As ciências sociais
dispõem de teorias, métodos e formas de abordagem importantes para o
estudo da determinação social das doenças.
 Estatística: Fornece os instrumentos para as investigações de questões
complexas- conceitos e métodos para planeamento execução, análise e
interpretação de estudos. Ex: Desenvolvimento de programas estatísticos
de uso em epidemiologia.

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 Métodos da Epidemiologia

A Epidemiologia utiliza vários métodos ou instrumento para estudar a Saúde Pública.

Os 4 métodos básicos são:

 Vigilância em Saúde Pública (Vigilância epidemiológica)


o Implica a recolha sistemática, a análise, e a difusão de dados de
saúde
o Servem para monitorizar a saúde das comunidades
o Fornecem uma base factual a partir da qual os departamentos da
Saúde Pública:
- Estabelecem prioridades
- Planeiam programas
-Tomam as medidas adequadas para proteger a saúde dos
cidadãos.
o Principais tipos e fontes de dados:
- Estatísticas de mortalidade
- Estatísticas de morbilidade
- Relatos de epidemias
- Relatórios de investigações de epidemias
- Relatórios de investigações laboratoriais
- Relatórios de investigações de casos
- Inquéritos especiais (registos de doenças, internamentos, etc.)
- Dados demográficos
- Dados ambientais

 Investigação da doença (Medição/identificação de fatores/grupos de risco)


Esta investigação envolve o cumprimento dos seguintes objetivos:
o Estabelecer ou verificar o diagnóstico dos casos declarados e
identificar o seu agente etiológico
o Confirmar a existência de um surto ou epidemia
o Descrever os casos epidémicos ou do surto de acordo com
as variáveis tempo, lugar e pessoa

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o Identificar o agente, o seu modo de transmissão


o Identificar populações susceptíveis que estão em risco
aumentado de exposição ao agente

- Risco – a probabilidade de ocorrer um acontecimento numa população.


- Fator de risco – fator ambiental ou de comportamento que está associado a um
risco aumentado de uma doença ou uma causa de morte (Exs: HTA é fator de risco
para doença cardíaca isquémica, envelhecimento é fator de risco para cancro do
cólon e pulmão).

 Estudos analíticos (Determinação da causa)

Relacionados com o desenho, condução, análise e interpretação dos estudos


epidemiológicos analíticos:

o Interpretação de registos, entrevistas e tratamento dos dados, adequados


ao estudo
o Descrição das características dos sujeitos, cálculo de taxas, etc
o Análise de testes estatísticos (significância, intervalos de confiança,
regressão, etc.)
o A interpretação dos resultados do estudo e recomendações apropriadas
às autoridades competentes

 Avaliação de programas
o Avaliação da efetividade e da eficiência dos programas de Saúde Pública
no cumprimento dos objetivos inicialmente propostos

 Fatores ambientais na saúde e na enfermidade:


 Ambiente físico
 Ambiente biológico
 Ambiente cultural

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 A Epidemiologia preocupa-se com:


 Ocorrências de Saúde - Doença na Comunidade
 Estados particulares - Doença sob a forma de:
o Doença infeciosa
o Doença não infeciosa
o Atentados à integridade física (exs: acidentes, homicídio, suicídio)
o Doença ausente (ex: procriação)
 Abordagem Epidemiológica
Características que distinguem a abordagem epidemiológica de
outras ciências biomédicas:
 Foco nas populações humanas
 Uma forte confiança em observações não experimentais

 Funções da Epidemiologia
A epidemiologia produz conhecimentos úteis a cinco tipos de preocupações que
são o que se pode chamar de funções da epidemiologia:
 Vigilância epidemiológica
 Medida da importância dos problemas de saúde - medição
dos processos de saúde – doença
 Identificação dos principais grupos de risco e fatores de risco;
 A pesquisa etiológica
 A avaliação em saúde – planeamento, administração e avaliação de
programas serviços e ações de saúde

 Para quem serve a epidemiologia?


 A epidemiologia serve para todos “os atores” da saúde:
o Profissionais de saúde: enfermeiros, médicos - equipa de saúde
pública e outros profissionais
o Outros profissionais: políticos (a nível nacional, regional e local),
administradores
o Investigadores
o População em geral - Cidadãos e suas associações: podem obter
informações úteis às suas reivindicações.

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Todos estão relacionados com a informação e conhecimento produzido pela


epidemiologia.

 Pode servir também para:


 Resolver os problemas de saúde ao nível de uma população e não somente
o trabalho de peritos, ou profissionais de saúde.
o Exs: Traumatismos relacionados com os acidentes de viação,
tabagismo, insucesso escolar etc.…

 Alguns princípios da disciplina que devem ser destacados:


 Estudo: Disciplina básica da saúde pública tem os seus fundamentos e
método científico e que visa a compreensão do processo saúde-doença
nas populações.
 Frequência e distribuição: preocupa-se com a frequência e o padrão
dos acontecimentos relacionados com o processo saúde-doença na
população, segundo características do tempo, lugar e pessoa.
 Determinantes: procura de causas e fatores que influenciam a
ocorrência dos acontecimentos segundo o lugar, tempo e pessoa.
 Estados ou acontecimentos relacionados com a saúde: atualmente a
sua área de atuação estende-se a todos os atentados à saúde.
 Populações específicas - preocupa-se com a saúde coletiva de grupos de
indivíduos que vivem numa comunidade ou área.
 Aplicação - não é apenas uma ciência mas também um instrumento.

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Epidemiologia Descritiva

A Epidemiologia Descritiva e Analítica, Variáveis Epidemiológicas

 A Epidemiologia Descritiva põe em evidência as características da ocorrência


das doenças nas populações utilizando dados relativos à distribuição geográfica
ou espacial e temporal e segundo características dos indivíduos afetados. A
partir destes dados formula hipóteses de trabalho para estudos analíticos.

 Possibilita a caraterização da doença/ocorrência no:


 Tempo: curso da epidemia/doença, o tipo de curva e período de incubação
(tendência histórica)
o Há três tipos de mudança com o tempo:
- Tendências seculares
¬ Tendências a longo prazo, que permitem verificar e
comparar as taxas de doença podendo ser décadas
¬ Ocorrências de epidemias, que surgem de tanto em tanto
tempo
- Variações cíclicas/sazonais
¬ Doenças que aumentam ou diminuem ciclicamente
(gripes, doenças respiratórias e outras)
- Epidemias de ponto
¬ Quando há excesso de doença num curto prazo [ex.
Intoxicações alimentares em que há o mesmo fator causal
(doenças veiculadas pela água)]

 Lugar: extensão geográfica do problema


o Características de interesse epidemiológico:
-A latitude -A ruralidade
-A longitude -O espaço urbano
-A nação e a sua -Os limites naturais
política de saúde -O clima
-As condições do -O relevo
meio -As comparações urbano-rurais

o A associação da doença/ocorrência com o lugar existe quando:

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- Aumenta/Diminui em imigrantes
- Diminui em emigrantes
- É naquele lugar elevada para todos os grupos étnicos
- Grupos étnicos similares, residindo em outros países/lugares
têm menor risco do acontecimento

 Pessoa: grupo de pessoas, faixa etária, exposição aos fatores de risco


o Quem?
Quem são os atingidos?
Quem tem maior risco, maior predisposição para ocorrência?
Quem são os mais vulneráveis?
o Caraterísticas mais importantes:
- Idade
- Sexo
- Profissão
- Estilos de Vida
- Nível Sócio-Económico
- Estado Civil
- Religião
- Escolaridade

 Estudos Epidemiológicos:
 Para se conhecer melhor a saúde de uma população, os fatores que a
determinam, a evolução do processo doença/ocorrência bem como o
impacte das ações propostas para alterar o seu curso, a ciência
desenvolveu várias formas de investigação e abordagem, entre elas os
estudos epidemiológicos.

 Principais desenhos

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Tipo de estudo Designação Unidade de estudo


alternativa
Descritivos Indíviduo
Populações-dados
Ecológicos Correlacional agregados

Indivíduos –
Transversais Prevalência dados individuais
Observacionais
Coorte Indivíduos –
Seguimento dados individuais
Longitudinais
Analíticos Caso- Caso Indivíduos –
controle referente dados individuais
Ensaios aleatorizados Doentes-
dados individuais
Experimentais Ensaio de Ensaios Indivíduos saudáveis
Controlado campo clínicos – dados individuais
Ensaio Comunidades – dados
comunitário agregados
 Critérios para a classificação dos métodos:
o O propósito geral:
- estudos descritivos e analíticos (comparativos)
o O modo de exposição das pessoas ao fator em foco:
- estudos de observação e de intervenção (experimentais)
o Direção temporal das observações:
- estudos prospetivos, retrospetivos e transversais.

 Estudos Descritivos
Informam sobre a distribuição de um evento na população, em termos
quantitativos: Incidência ou Prevalência.

 Estudos Analíticos
Estudos comparativos que trabalham com “hipóteses” - estudos de causa e efeito,
exposição e doença/ocorrência.

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 Classificação dos estudos epidemiológicos:

Indicadores de saúde

 São medidas (taxas, razões) que procuram sintetizar o efeito de determinantes


de natureza variada (económicos, ambientais, biológicos…) sobre o estado de
saúde de uma determinada população. Ex: Mortalidade

 É uma cifra precisa, fiel, pertinente que permite analisar e descrever um


fenómeno social e de saúde e a sua evolução e avaliar a eficiência das medidas
usadas para modificá-lo.

 Devem revelar a situação de saúde de um indivíduo ou de uma população.

 Indicador é em geral usado para medir aspetos não sujeitos à observação direta
como a saúde, normalidade e felicidade.

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 Portanto, para a construção de indicadores de saúde é necessário:


 Analisar a situação atual de saúde
 Fazer comparações
 Avaliar mudanças ao longo do tempo

 Principais medidas em Epidemiologia:


 Razão - quociente entre duas medidas relacionadas entre si (o denominador não
inclui o numerador, são duas entidades separadas e distintas) muitas vezes os
índices (medida sumária comparativa entre dois ou mais fenómenos) são
expressos como razões (a/b). Ex: razão por sexo= mulheres/homens

 Proporção - quociente entre duas medidas, estando o numerador incluído no


denominador. Pode ser usada para estimar a probabilidade de um evento (a/a+b).
Por definição uma proporção deve estar entre 0 e 1. Ex: proporção por sexo =
mulheres/população total.

 Taxa (coeficiente) - variação de uma medida y em função da variação de uma


medida x. Referida a um determinado tempo, estando associada com a rapidez de
mudança de fenómeno [(a/b)*10n ]. Ex: número de doentes/total de expostos x 10k
.
 Número absoluto - é simplesmente o número de objetos ou eventos num grupo.
Ex: número de mulheres numa comunidade é igual a 1, 4, 5, 7.

 Índice - Expressão de um acontecimento, sob a forma de frequência relativa, em


que o número de casos não está relacionado à população. Exs: Indicador
multidimensional Apgar; Índice de Massa Corporal

 Em epidemiologia utilizamos frequentemente um conjunto de índices, ou


indicadores, que nos permitem avaliar a situação de saúde de uma região ou
localidade, e a evolução temporal

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 Trata se de variáveis suscetíveis de uma medição direta e que está


ligada/relacionada com a saúde global das pessoas numa dada região. São
utilizados inúmeros indicadores, mas os mais utilizados são:

 Esperança de vida
 As taxas de mortalidade infantil
 As taxas específicas de mortalidade e morbilidade
 A taxa de absentismo,
 Etc…

 É primordial a mensuração de um dado acontecimento, morbilidade ou


mortalidade, que possibilite investigar as causas de determinada
doença/ocorrência ou morte.

 Alguns indicadores demográficos podem ser utilizados como forma de


avaliar o estado de saúde das populações. Assim à medida que um país
se vai desenvolvendo, nos seus múltiplos aspetos, a par de um decréscimo
das taxas de mortalidade específica infantil, observa se uma redução da
taxa de fecundidade.

 Indicadores positivos e negativos

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 Tradicionalmente, em avaliações realizadas na área da saúde, são


utilizados indicadores “negativos” como a mortalidade e a
morbilidade, em lugar dos “positivos” do tipo bem-estar,
qualidade de vida e normalidade.

 Outros indicadores não se enquadram na classificação de


positivos ou negativos, sendo exemplos a natalidade e a
fecundidade embora possam ser feitas correlações com estes
significados. Ilustra este exemplo a taxa de fecundidade e o nível
sócio económico de uma região.

 Classificação dos indicadores


 Existem indicadores que se referem às condições de saúde das
pessoas às do meio ambiente e às dos serviços de saúde. Exemplos:
o Mortalidade /Sobrevivência
o Morbilidade /gravidade/Incapacidade funcional
o Nutrição/Crescimento e desenvolvimento
o Aspetos demográficos
o Condições socio económicas
o Saúde ambiental
o Etc..
 Estrutura - medem a qualidade de um programa, serviço ou intervenção
em conformidade com a infra-estrutura de que dispõe. A infra-estrutura
consiste em recursos humanos, físicos e financeiros.

 Processo – Avaliam a utilização dos recursos utilizados.

 Resultados:
 Satisfação do utilizador
 Mortalidade e morbilidade.

 Alguns critérios para a seleção e avaliação de indicadores de saúde:


 Validade

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 Confiabilidade
 Representatividade (cobertura)
 Preceitos éticos
 Oportunidade, simplicidade, facilidade de obtenção e custo
confortável
 Aspetos técnico-administrativos
 Simplicidade
 Flexibilidade
 Facilidade de obtenção
 Custo operacional
 Oportunidade

 Medidas de Morbilidade
 É um termo genérico usado para designar o conjunto de casos de
uma dada afeção ou a soma de agravos/atentados à saúde que
atingem um grupo de indivíduos.
 Termo muito usado em epidemiologia e estatística.

 Morbilidade Referida - percebida pelo indivíduo e relatada por


ele. Está diretamente associada a percepção que o indivíduo tem
sobre saúde e doença.
 Morbilidade Observada - diagnosticada por um examinador
independente, em geral um profissional de saúde.
 Usos de serviços de saúde - indicador indireto de morbilidade.

 Medidas de frequência:
 Conceitos gerais

Em epidemiologia,

o 1) População em Risco - é o conjunto dos que estão expostos a contrair a


doença num espaço e tempo determinado.

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o 2) Coeficientes de morbilidade - são definidos como quocientes entre o


número de casos de uma doença e a população exposta e são a incidência
e a prevalência.
o 3) Coeficientes de mortalidade - são definidos basicamente como o de
mortalidade e o de letalidade.

 Incidência:

o A incidência de doenças numa população significa a ocorrência de casos novos


relacionados à unidade de intervalo de tempo dia, semana, mês ou ano. É a
intensidade com que estão surgindo novos doentes em uma determinada
população.

o Para efeito de estudo comparativo de incidência de doenças numa mesma


população em épocas diferentes ou em populações diversas numa mesma época
usa se o coeficiente (Taxa) de incidência.

o Coef. de incidência= n. de casos novos da doença/n. de pessoas expostas ao risco x 10k

 Prevalência:

o O conceito mais simples de prevalência é a frequência absoluta dos casos de


doenças independente da época em que esta iniciou A medida da prevalência pode
ser estabelecida em um período, ou em um determinado ponto de corte, no tempo.

o O coeficiente (taxa) é a medida que permite estimar a prevalência de uma dada


doença, fixado um intervalo de tempo relativizando a uma determinada
população.

o Prevalência no período. É medida pela frequência da doença ou pelo seu


coeficiente durante um determinado período de tempo.

n.de casos de uma doença no período


o Coef. prevalência no período = x 10k.
população exposta naquele período

o A prevalência pode ser afetada por variações na população em análise e pelos


casos que saem por curas e óbitos.

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o Fatores que aumentam a prevalência:

- Aumento da frequência com que surgem novos casos (incidência)

- Melhoria no tratamento, prolongando-se o tempo de sobrevivência, porém sem levar à


cura (aumento da duração da doença).

o Fatores que diminuem a prevalência:

- Redução no número de casos novos

- Redução no tempo de duração dos casos

- Mortes

- Curas

o Uma doença apresenta uma elevada prevalência se:

- A incidência for elevada

- Mortalidade reduzida

- Percentagem de cura reduzida

- Ex. Diabetes, HTA

o Uma doença apresenta uma baixa prevalência se:

- A incidência for reduzida

- Mortalidade elevada

- Percentagem de cura elevada

- Ex. Sarampo, legionela

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 Mortalidade:
o Refere-se ao número de óbitos relativo à população total.
número de óbitos
o Coef. de mortalidade = x 10k.
população total

 Letalidade:
o Refere-se ao número de óbitos relativo à população com aquela doença.
óbitos por determinada doença
o •Coef. de letalidade= número de pessoas com a doença x 10k.

Nota: Uma doença pode ter baixa mortalidade mas alta letalidade –isto depende, fundamentalmente, da

gravidade do agravo e da população exposta.

o Fatores que aumentam/diminuem a letalidade da doença:


- Condições socioeconómicas
- Estado nutricional
- Acesso a medicamentos
- Diagnóstico precoce ou tardio
- Evolução da doença
- Tecnologia disponível

 A diferença entre a letalidade e mortalidade está no denominador:


óbitos entre os casos da doença (letalidade) e óbitos na
população (mortalidade).

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Modelos Explicativos das Doenças

 Estudos epidemiológicos analíticos

 Causalidade
o Os epidemiologistas desenvolvem estudos para determinar o processo causal de
uma doença visam descobrir a causa específica ou causas de uma doença.

o A maioria dos estudos científicos procuram identificar relações causais.

o O conhecimento das causas de doença é importante no campo da saúde, não só


no campo da prevenção, mas também no diagnóstico e na aplicação das
terapêuticas corretas.

o Causalidade - relacionamento das “causas” aos “efeitos” que produzem.

o Causa - qualquer evento, condição ou caraterística que desempenhe uma função


essencial na ocorrência da doença.

o O estudo da causalidade abrange a pesquisa de fatores que podem ser


responsabilizados pelo aparecimento de doenças, mas não está restrito só a esta
pesquisa. Exemplos:

- O estudo dos efeitos de determinados fatores na evolução da história natural da


doença, para poderem ser ou não considerados fatores de risco.

- A investigação do impacto das intervenções propostas para mudar o curso dos


acontecimentos, para prevenir ou mudar a evolução do processo, de modo a recomendá-
-las ou não para uso da população.

- Em comum o facto de estudarem a relação entre dois eventos:

¬ um a “suposta causa” (a exposição)


¬ um dado “efeito” (a doença)

o Existem várias classificações de causas que se caracterizam ou diferenciam,


segundo o critério de julgamento adoptado:
- Causas humanas e ambientais (predisposição individual/exposições
ambientais)

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- Causas, proximais, intermediárias e distais (critério - a distancia a


que as causas estão das manifestações clínicas)

- Causas predisponentes, desencadeadoras e agravantes


O mesmo fator pode ser colocado em mais de uma categoria, dependendo
da situação, em particular, e do modelo causal explicativo.
¬ Idade - fator predisponente para vários danos à saúde
¬ Poluição/Stress - desencadeadora de episódios de bronquite
asmática e stress agravante
¬ Stress - desencadeante de um ataque cardíaco

- Causa necessária e suficiente

o Causa Suficiente - Quando produz ou inicia uma doença.

Ex. A causa está presente então a doença irá ocorrer. O tabaco é uma das componentes
da causa suficiente do cancro do pulmão, mas não é suficiente por si só para produzir
doença.

o Causa Necessária - Uma doença não se pode desenvolver na sua ausência.


A causa necessária precede à doença.

Ex. Deve estar presente para a doença ocorrer, mas pode estar sem que a doença ocorra -
M. tuberculosise tuberculose.

o Causa Contribuinte – Colabora para o aparecimento da doença, mas não é


necessária nem suficiente.

Ex. Sedentarismo e doença cardiovascular

o Modelo do Determinismo Puro (Modelo Unicausal)

- Postulados:
¬ Uma mudança em A leva sempre a uma mudança em B (causa suficiente)
¬ Uma mudança em B sempre é precedida de uma mudança em A (causa
necessária)
¬ A é a única causa de B (especificidade da causa)
¬ B é o único efeito de A (especificidade do efeito)

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- Postulados de Henle -Koch (1982)

¬ O agente deve estar presente em cada doença, determinado por


isolamento em cultura (causa necessária)
¬ O agente não deve ser encontrado em casos de outra doença
(especificidade do efeito)
¬ Uma vez isolado, o agente deve ser capaz de reproduzir a doença,
experimentalmente em animais (causa suficiente)
¬ O agente deve ser recuperado na doença induzida experimentalmente

 Fatores causais:
 Fatores predisponentes:
o Idade, sexo, doenças prévias - história familiar

 Fatores facilitadores:
o Rendimento baixo, alimentação insuficiente, condições de habitação e cuidados
médicos inadequados  Favorecem o desenvolvimento da doença.

 Fatores precipitantes
o Exposição a um agente específico ou agente nocivo, podem estar associados ao
início de uma doença ou estado.

 Fatores de reforço
o Exposição repetida e trabalho excessivamente duro podem agravar uma doença
ou estado já estabelecido

 Critérios para julgar causalidade


Critérios que procuram distinguir uma associação causal de uma não causal –
princípios importantes e orientadores para o estudo das relações causais:

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o Sequência cronológica/temporal – A exposição ao fator de risco deve anteceder


o aparecimento da doença e ser compatível com o respetivo período de
incubação ou latência.

o Força da associação – a incidência da doença deve ser significativamente mais


elevada nos indivíduos expostos do que nos não expostos.

o Relação dose – resposta – Se houver relação entre a intensidade (ou duração)


da exposição e a ocorrência (ou gravidade) da doença, há argumentos para
defender a relação causal.
-Uma exposição mais intensa ou duradoura aumenta a incidência ou gravidade da
doença?

o Consistência da associação (Constante) - Os resultados devem ser confirmados


por diferentes investigadores usando diferentes métodos, em diferentes
populações vários estudos de diferentes formas e visando populações diferentes
deverão fornecer resultados similares.
- Obtiveram se resultados semelhantes em outros estudos?

o Plausibilidade ou Coerência da associação - Os novos resultados são


consistentes com os conhecimentos existentes:
- Coerência: ausência de conflitos entre os achados e o conhecimento sobre a
história natural da doença.

o Analogia com outras situações – saber se há evidências na literatura que permitem


estabelecer causalidade.
- Efeitos de exposições análogas existem?
- Serve mais para quebrar a resistência a um novo conhecimento.

o Especificidade da associação - A presumível causa deve estar apenas ligada a um


efeito bem definido - Ex: causar apenas uma doença. Quando se verifica a
especificidade de um efeito constitui-se de grande valor.

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 Método científico como fundamento

 O fundamento de toda a pesquisa é o método científico, que se


baseia na elaboração de conjeturas e de evidências empíricas
que possam contribuir para as negar ou confirmar. Assim, procura
regras ou métodos, para inferir causalidade.

 Deve ser visto como uma estratégia subjetiva para facilitar a


abordagem de um problema altamente complexo.

 Modelos explicativos da doença

 Modelo da tríade

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 Teia da causalidade

 Modelo da Roda
o É semelhante ao modelo da teia
o Identifica os múltiplos fatores etiológicos de doença, sem enfatizar o agente da
doença.

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 Principais medidas de associação


 Risco Relativo (RR) - A razão entre dois riscos, isto é,
compara a incidência nos expostos com a incidência entre
os não expostos.
o (a/a+b)/(c/c+d) ou se a/a+b >c/c+d.
 Odds ratio – Razão de produtos cruzados ou razão de
prevalências compara a proporção de expostos entre os
casos com a proporção de expostos entre os controles
o ad/bc

Associação: < 1 não há associação ou fator de proteção


>1 associação de causa e efeito
(testes estatísticos são necessários para validar os
resultados)

 Transição Epidemiológica

 Processo de alteração na morbilidade, na natalidade e


na mortalidade

 Modificações do perfil de saúde de populações de


países de economias mais desenvolvidas

 Previa a substituição, como causas mais importantes de


mortalidade e morbidade, das doenças infeciosas por
outras decorrentes de difusão de certos estilos de vida e do
envelhecimento da população

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 Modificações dos padrões de morbidade, invalidez e


morte
o Engloba três mudanças básicas:

- Substituição das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas


externas
- Deslocamento da maior carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens aos
grupos mais idosos
- Mudança de predomínio de mortalidade para morbidade

 Diminuição das taxas de mortalidade, principalmente da mortalidade infantil


 Aumento da expetativa de vida, mudanças na composição das principais
causas de more.
 Progressiva redução daquelas doenças consideradas potencialmente
evitáveis, como as infeciosas as atribuíveis à desnutrição e aos problemas
relacionados ao parto, enfermidades, doenças cardiovasculares e as neoplasias,
passassem para um primeiro plano, nos países centrais.

 Em suma:
o Surge com a transição demográfica:
- Inicialmente predominavam as doenças
infeciosas
- Nas sociedades modernas, estas deram lugar às
doenças crónico-degenerativas
- Originando alteração no padrão de morbilidade e
mortalidades.

o Explica-se:
- Aumento da morbilidade nos grupos menos
favorecidos
- Modificações no seio das famílias
- Medicalização das sociedades modernas pela
melhoria das condições socioeconómicas
- Diminuição da mortalidade e natalidade
- Deterioração do meio ambiente
- Surgimento de novas epidemias

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