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A MAJESTADE DO SENHOR

ISAIAS 40.12-31

Falar que Deus é digno de toda a glória no século XXI, um século tão humanista,
que idolatra o homem, e que pôs deus na lateral da vida e se esqueceu dele, zombando e
escarnecendo dele, parece remar contra a maré e fazer um discurso ao vento. Desde os
primórdios da humanidade vemos uma busca por colocar Deus de lado, e viver como se
ele não existisse. As pessoas querem a todo custo banir Deus da sociedade, da história, e
da ciência.

Karl Marx diz que Deus é uma criação do homem.

Darwin diz: Não precisamos de Deus para explicar o mundo, ele não é necessário,
vamos bani-lo da Ciência.

Freud diz: Não necessitamos de Deus para explicar nossa existência.

Nicth diz: Deus morreu e é irrelevante

Richard Dawkins diz: Deus é um delírio, e chega ao cumulo de dizer que este nos
abandonou e nos deixou só, e que aqueles que nEle acreditam são ignorantes.

O texto lido nos mostra o oposto das palavras desses homens. Vemos um Deus
criador de todas as coisas, um Deus transcendente sim, pois está acima de tudo e todos,
mas também um Deus imanente, pois se relaciona e cuida dos seus.

Isaías sabia que o povo passaria por provações severas e poderia pensar de forma
parecida com esse homens que vimos aqui, e por isso busca mostrar ao povo a realidade
sobre o Deus a quem serviam. Numa busca de abrir os olhos do povo de Deus, ele exalta
a majestade do Senhor.

CONTEXTO

O tema repetitivo nos capítulos 7-39 era que Deus era digno de confiança em face
das ameaças das nações adjacentes. No entanto, o povo de Israel era continuamente
tentado a confiar em outras nações para a obtenção de auxílio. A resposta de Deus foi
dizer que aquelas outras nações fracassariam em relação a eles e o resultado seria
destruição, Isaías declarou; a confiabilidade de Deus é tão grande que mesmo depois da
bem merecida punição sobre o povo, Deus não abandonaria os seus, mas os livraria
daquilo que os havia abatido.

Os capítulos 40-48, compreendem a última parte do tema, demonstrando como esta


verdade se impõem na realidade do exílio iminente. A confiabilidade de Deus não termina
no ponto da desobediência. Ele era o Senhor da história que libertou os que obedecem
(37.30-38), e continua sendo o Senhor da história para livrar os que erram e se
arrependem (44.24-28).

O texto em análise se passa após o anuncio do exilio do povo de Deus na babilônia


por meio de uma profecia de Isaías (39.6). O exílio não significaria que Deus era incapaz
de defender a seu povo das nações pagãs, ou que fora derrotado pela pecaminosidade
de seu povo, pelo contrário, aqui vemos que o exílio daria a Deus uma oportunidade ainda
maior de demonstrar sua soberania e sua confiabilidade. Por isso o capítulo 40, o capítulo
introdutório, enfatiza duas teses: Deus é o único governante do universo (vs. 12-26) e
nele se pode confiar para libertar (vs. 1-11,27-31).

No texto em análise Isaías expressa a segunda questão que o povo teria à luz do
exílio. A primeira ele trata nos versículos 1-11: A duvida presente no coração do povo, se
Deus de fato queria livra-los, e se Ele os teria rejeitado por causa dos erros cometidos. O
profeta lhes respondeu claramente que: Deus não está derrotado pelo pecado de
Israel. Ele não só quer restaurá-los, mas deseja usá-los na proclamação das boas-
novas.

Essa palavra de esperança dá origem a uma segunda questão: Deus pode livrar seu
povo? Uma coisa é desejar agir; outra bem diferente é ter capacidade para agir. A
resposta de Isaías agora é uma afirmação. Em termos os mais fortes, ele assevera que
não existe ninguém como o Senhor, nem no cosmos (vs. 12-14,22, 25,26) nem na
história (vs. 15-17,23,24). Ele é totalmente incomparável (vs. 18,25), e deixa claro ao
povo que um ser como este é capaz de fazer tudo quanto deseja fazer.

1. DEUS É O AUTOR DA CRIAÇÃO


a) Toda criação procede dEle (v.12)
Quando olhamos a nossa volta, o que vemos? Árvores, animais, céu, estrelas, e
tudo mais que se possa imaginar. De onde vem tudo isso? A revelação bíblica nos mostra
em João 1.3 que tudo que existe possui uma única origem: o próprio Deus. “Todas as
coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez”.
Deus é o agente da criação, ele próprio é quem dá existência e vida a tudo que
existe, ele é quem dá vida a todos nós. Quando olhamos para aquilo que nos cerca,
devemos ver a glória e majestade de Deus sendo refletida, pois jamais em nossas mentes
ou capacidades seriamos capazes de criar ou sequer imaginar algo tão belo e complexo
como a vida que nos cerca. A criação de Deus revela a sua glória, nos mostra o seu
poder e majestade.
Isaías utiliza figuras como a concha das mãos, palmo etc, para mostrar a grandeza
desse Deus criador. Para nós a criação e tudo o que existe é grande demais, mas para
Ele, tudo isso pode ser medido com um palmo, para Ele a imensidão do oceano cabe na
concha de suas mãos. Para Ele não há limites.
Com uma série de perguntas retóricas, Isaías assevera que o Senhor é único. Esta
asseveração implica vários pontos, que constituem o cerne da religião bíblica: Deus é
uno, sem nenhum panteão; ele é o único criador; ele existe para além da natureza,
sem fazer parte dela.
DeUS é o criador todo poderoso. Sua grandeza excede a nossa compreensão. O
objetivo de Isaías era mostrar ao povo que mesmo em meio ao caos e o sofrimento, eles
serviam um Deus poderoso, criador e controlador de todas as coisas. Não havia motivo
para temer, apenas confiar e descansar na grandeza desse Deus.
b) Toda Sabedoria Procede Dele (V.13-14)
Na mitologia babilônia, o deus Marduque não podia continuar com a criação sem
consultar “Ea” o todo poderoso, porém o Deus altíssimo não necessita de nada nem
ninguém para criar, pois Ele próprio é o todo poderoso. O que Isaías busca mostrar aqui é
que a criação necessita de um criador perfeitamente sábio, e nada nem ninguém tem
essa capacidade, apenas Deus.
Espirito aqui não é precisamente o Espírito Santo como a terceira pessoa da
Trindade, nem a “mente” no sentido de inteligência. Espírito trata-se da soma total da vida
interior, inclusive os aspectos volitivos, afetivos e cognitivos. Quem pode compreender
esse aspecto de Deus e então dizer-lhe o que deva fazer?
Implícito na discussão de conselheiros nos versículos 13 e 14 está o plano de Deus
para a redenção de seu povo. De quem Deus obteve esta ideia? De algum mentor? Seria
o resultado de um comitê celestial em assembleia? Todo o plano redentivo procedeu do
coração e mente daquele de quem todas as coisas dependem! Sendo assim, nada em
toda a terra pode impedir sua concretização. Isaias está na verdade, de uma maneira
muito sábia instruindo seus leitores a respeito da redenção.
Aquele povo estava prestes a passar por uma grande provação: o exílio babilônico,
mas o desejo de Isaías era que mesmo em meio a dor, eles confiassem em um Deus que
tudo sabe, um Deus que nunca precisou do conselho ou ajuda de ninguém. Essa mesma
verdade se aplica a nós hoje. Em momentos de dor e de luta, entenda que você serve a
um Deus sábio, perfeito, soberano e que tem todas as coisas sob seu controle.

2. DEUS É MAIOR QUE A CRIAÇÃO (TRANCENDENTE)


O profeta agora se move da esfera do cosmos para a esfera da história. Nenhuma
nação pode nivelar-se a Deus nem impedir sua vontade. O autor usa vários artifícios
literários para formar este ponto; metáforas para mostrar que por mais poderosas que as
nações sejam, não são páreo para Deus.
a) Ele é grande e inigualável (v.15-17)
O que são as nações tão pequenas e fracas diante de Deus? São como uma gota
de água caindo de volta na cisterna quando o balde é puxado para cima; o pó no prato da
balança, que em nada altera o peso da mesma. Ambos são efêmeros e nenhum merece
atenção no momento.
Isaías usa a pequenez do Líbano para indicar a pequenez do mundo inteiro em
comparação a Deus. Este é tão imenso que mesmo as vastas florestas de cedros que
estão no Líbano não podem fornecer bastante madeira para os tipos de sacrifícios que ele
merece. Nem pode a abundância de animais daquelas florestas fornecer oferendas
suficientes.
Isso não significa que para Deus as nações são como nada ou sem valor. Muitas
declarações, tanto neste livro como em outras partes do AT, deixam claro que Deus
valoriza as nações. Significa simplesmente que, em comparação com a grandeza e o
poder do Senhor a Assíria e seus deuses, Babilônia e seus deuses, a Pérsia e seus
deuses, são como nada.
b) Ele é o único digno de adoração (18-21)
Se é verdade que Deus é absolutamente único em sua criação e manutenção do
mundo; e se é verdade que as nações da raça humana simplesmente desaparecem em
comparação a ele, como é possível representá-lo? Que elemento da criação se usará
para tal propósito? A palavra aqui traduzida Deus é “EL”, não o termo mais comum para
Deus, que é “Elohim”. Elohim fala das qualidades gerais da Deidade, enquanto “EL”
trata do ser supremo, absoluto, dominador de tudo e todos. Se ele é o único “El”, então
nada existe como ele em todo o universo.
Isaías busca com esses exemplos mostrar ao povo o quão louco e inútil é tentar
fabricar um deus de material terreno. Adorar um deus criado enquanto temos o privilégio
de adorar ao criador de todas as coisas soa como loucura a qualquer ouvido. No verso
19 vemos o profeta mostrando que por mais que se tente dar honra e valor aos ídolos,
eles jamais serão como o grande Deus. Sua grandeza a tudo e a todos sobrepuja.
c) Supremo em governo e autoridade (21-25)
No primeiro ponto Isaías nos mostrou que há apenas um Deus criador. Aqui no
segundo ele nos mostra que existem lições a serem aprendidas a partir do conceito de
mundo criado. Esse conceito é o de que o Deus criador é também o sustentador e
governador de todas as coisas, portanto acreditar nele é confiar em seu governo e poder.
Não estamos abandonados no mundo para vivermos de qualquer maneira. Deus
não nos criou e abandonou. Ele cria tudo e governa tudo. Toda a nossa existência, faz
parte de um plano maior de Deus, e tudo está debaixo do seu governo. Para Deus não
existe acaso, não existe coincidência, tudo faz parte de seu governo e controle.
O povo estava prestes a viver 70 anos cativos na Babilônia. Eles poderiam pensar
que Deus não estava no controle daquela situação adversa, ou que algo havia fugido ao
controle de Deus. Mas Isaías busca mostrar antes mesmo de passarem pelo exílio, que
tudo que lhes aconteceria fazia parte do plano de Deus em sua infinita sabedoria.
É bem possível que momentos de dificuldade em nossas vidas pensemos que Deus
está alheio a tudo o que nos acontece, ou que algo deu errado no plano dele. Mas
podemos descansar nessa palavra de Isaías. Servimos a um Deus soberano sobre a
terra, e sobre o céu. Sobre tudo ele é senhor. Nada foge ao seu controle, e sua vontade
que é boa perfeita e agradável, Ele é maior que a criação.
Deus não criou todas as coisas e as deixou ao léu, Seu governo é executivo, de
forma que ele governa controla e sustenta todas as coisas.

3. DEUS SUSTENTA A CRIAÇÃO (IMANENTE)


Deus não é apenas o criador de todas as coisas, e maior que todas elas, mas é Ele
também que as sustenta e permite que sejam como são. As estrelas no céu são parte da
criação perfeita de Deus e brilham e permanecem belas porque o Grande Deus criador as
sustenta assim.
A pergunta feita no verso 27 está relacionada a reação do povo em meio à
tribulação. Isaías dirige-se agora ao desanimo que inevitavelmente se instalaria em meio
ao povo. O povo certamente pensaria que Deus não estava se importando com sua dor,
mas a resposta do profeta a seguir mostra o quanto Deus está presente no sofrimento de
seu povo.
Isaías mostra que a solução para o medo e a insegurança que assolaria os corações
Israelitas era reaprender o que já sabiam e abrir os ouvidos para o que já havia sido dito
nos versos anteriores. O Deus a quem eles servem (criador, governador e sustentador)
está sempre com eles dando força aos que se sentem cansados. Isaías deixa claro que
Deus é forte em força e poder, e por conta disso ele sustenta todas as coisas perfeitas
como são.
Deus opera em um plano eterno, sua sabedoria é tamanha que não podemos
esquadrinha-la. Seus caminhos pertencem à eternidade; nós ao tempo, sua visão é
ampla, a nossa limitada, sua eternidade o mantém sempre adiante do que podemos
alcançar. Essas verdades precisavam penetrar os corações Israelitas no exílio, da
mesma forma que precisam penetrar nossos corações hoje.
Da mesma maneira que os atributos do senhor incluem a eternidade, a criatividade,
a força e a sabedoria, eles também incluem o COMPARTILHAR a força. A palavra força
no hebraico está relacionada com a palavra em português para osso, dando o sentido de
durabilidade e estabilidade. O termo cansado traz uma ideia de falhar sobre as pressões
da vida e falta de força inata. O Deus a quem servimos é o Deus que fortalece nossos
ossos, nos dá durabilidade e estabilidade para suportar as pressões da vida. Nesse
mundo teremos provações e aflições, mas a certeza de que temos um Deus que nos
fortalece, deve ser nosso consolo.
Nos versos 30 e 31 Isaías repete novamente o termo “cansar”. A questão por trás da
repetição é clara: Ele deseja enfatizar que Deus não se cansa ou desiste. Deus
graciosamente faz disponível sua vitalidade ao fraco e cansado na terra. Mas essa força
tem uma condição: esperar no Senhor. Esta expressão implica duas coisas: completa
dependência de Deus e a disposição de permitir que ele decida as questões de
nossa vida. Esperar nele é admitir que não temos outro auxílio, nem em nós nem em
outros. Portanto somos impotentes até ele agir. Esperar nele é declarar nossa confiança
em sua ação em nosso favor. Esperar em hebraico não é simplesmente deixar o
tempo passar, mas uma vida de confiante expectativa. Os que renunciam seus
próprios esforços para salvar-se, e se voltam para Deus na expectativa de que
serão capazes de substituir ou de trocar sua força desgastada por uma nova.
Haverá momentos em que nos sentiremos cansados da caminhada, sem força e
sem animo para continuar. Quando nos sentirmos assim, precisamos lembrar de quem de
fato está no controle de tudo e o que ele é capaz de fazer. Quando você sentir que
chegou no seu limite olhe para Cristo, ele deve ser nosso foco. Na maioria das vezes
falhamos por estarmos olhando para o alvo errado. Se olharmos para Cristo
perceberemos que podemos sempre dar um passo amais do que já demos. (EXEMPLO
DO ACONSELHAMENTO PASTORAL)
Deus muitas vezes não nos livrará da prova, mas nos livrará em meio a prova. CS
Lewis em seu livro “Anatomia de uma dor” ao relatar o sofrimento com a morte de sua
esposa diz: Deus certamente não estava fazendo uma experiência com minha fé nem
com meu amor para provar sua qualidade. Ele já os conhecia muito bem. Eu é que
não. Nesse julgamento, ele nos faz ocupar o banco dos réus, o banco das
testemunhas e o assento do juiz de uma só vez. Ele sempre soube que meu templo
era um castelo de cartas. A única forma de fazer-me compreender o fato foi colocá-
lo abaixo.
As provações não são para Deus conhecer nossa fé ou prova-la. Elas são para
mostrar a nós qual o tamanho da nossa fé e o quanto dependemos dele. Criamos
castelos de cartas em nossas vidas e pensamos que são de pedra, isso gera em nós
autossuficiência, e deixamos de ESPERAR no senhor. As lutas e provações nos mostram
a realidade de quem somos, e de quem Deus é, mas nossa mente e coração deve
sempre se ater a essa verdade, de que Deus não apenas cria todas as coisas, ou que é
maior que todas elas, mas naquele que SUSTENTA tudo e todos.

Conclusão

Somos propensos a nos esquecer de quem de fato Deus é. Nossa mente falha
insiste em criar para nós um Deus também falho, quando na verdade ele é o todo
poderoso.
O texto de Isaías nos ensina que Deus é o criador de tudo, Ele é o autor da vida, e
nada existe se não for por ele.
Esse mesmo Deus é grande em poder, maior que tudo e todos, de maneira que não
existem nações ou governos que se igualem a Ele.
E esse Deus tão grande, se importa com pessoas tão pequenas como nós, e nos
sustenta em nossas lutas e aflições.
Por isso em momentos de dor e aflição, olhe para o alto, de onde o seu socorro vem,
esse socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra (Salmo 212.1-2)

Aplicação
1. Busque um conhecimento mais profundo de Deus por meio de sua Palavra
2. Rejeite toda ideia de que Deus erra ou falha (as vezes essas ideias vem de nós
mesmos)
3. Entenda que Deus não é falho como nós, mas é grande em poder
4. Confie no Senhor em momentos de luta

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