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DEPARTAMENTO DE ELETROELETRÔNICA

COTUCA – COLÉGIO TÉCNICO DE CAMPINAS


UNICAMP

DESENHO TÉCNICO I
NÍVEL BÁSICO

Profª Vera Lúcia de Matos Pires Gomes


Fevereiro / 2013
Índice

1. Introdução 02
1.1 Objetivos do curso 02
1.2 Material básico para execução de desenhos manualmente 02
2. PADRONIZAÇÃO 03
2.1 Formatos para o papel de desenho técnico 04
2.2 Textos em desenho técnico 05
2.3 Tipos de linhas 06
2.4 Quadro de identificação. Legenda 06
3 ESCALA 09
4 COTAGEM 12
5 PERSPECTIVA 19
5.1 Perspectivas cônicas 19
5.2 Perspectivas cilíndricas 20
6 VISTAS ORTOGONAIS (PROJEÇÕES ORTOGONAIS) 26
6.1 Representação das vistas ortogonais no 1º Diedro 27
6.2 Representação das vistas ortogonais no 3º Diedro 29
7 VISTAS AUXILIARES 36
8 VISTAS EM CORTE 38
8.1 Corte Pleno ou Corte Total 41
8.2 Meio Corte 43
8.3 Corte em Desvio 45
8.4 Corte Rebatido 48
8.5 Corte Parcial 50
8.6 Seções 51

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1 – INTRODUÇÃO.

Desenho Técnico é uma linguagem gráfica empregada por todos os profissionais


envolvidos na tarefa de transformação de uma idéia técnica em um produto final. Nesta
linguagem os objetos são representados graficamente com apresentação clara e exata de
suas formas geométricas e respectivas dimensões sem que haja ambigüidade entre
informações.
O Desenho Técnico é uma linguagem internacional sendo que não há diferenças
significativas entre o desenho de um mesmo objeto realizado por profissionais de países
distintos.

1.1 – Objetivos do curso.

Atualmente todo desenvolvimento executivo de um desenho técnico é trabalhado


através do emprego da computação gráfica conferindo uma condição de precisão de
traçado e de medidas que eram difíceis de serem atingidas através do uso dos
instrumentos disponíveis para o desenho manual.
Desta forma este curso pretende desenvolver o entendimento das técnicas de
representação de objetos através da realização de desenhos em forma de Esboços. Estes
desenhos são executados manualmente, a mão livre no primeiro estudo e através do uso
do instrumental básico dando ao desenho uma apresentação formal de formas e
medidas. Os desenhos em esboço fazem parte do estudo preliminar de qualquer trabalho
mesmo quando o desenvolvimento se faz através de computação gráfica.

Na etapa de esboço a idéia técnica é concebida, entendida, assimilada, analisada


quanto às suas formas e proporções. O desenho do esboço envolve:
- traçado de linhas retas e curvas,
- ajustes de concordâncias necessárias,
- informações de dimensões reais de cada elemento (medidas = cotas)
- informações em forma de texto necessárias para a perfeita interpretação do objeto
em estudo.

1.2 – Material básico para execução de desenhos manualmente.

Para adequar este curso as condições físicas da sala de aula adotaremos:


- Prancheta em material rígido, revestimento em fórmica, papelão duro ou similar para
papel no formato A4 da ABNT (210mmx297mm) dotada de régua em acrílico
transparente fixada à lateral esquerda por meio de parafusos reguláveis, fabricação
Tridente ou similar;
- Bloco de papel sulfite branco em formato A4 da ABNT (210mmx297mm) com
desenho pré definido das margens;
- Lapiseira para grafite 0.5mm HB ou B;
- Borracha de textura macia adequada para desenho técnico;
- Lápis borracha e apontador;
- Régua graduada com 30 cm de comprimento, transparente;

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- Um jogo de esquadros (triangulares) em material acrílico transparente,
preferencialmente sem graduação, formado por um triângulo com ângulos 45º/90º/45º e
um triângulo com ângulos de 30º/90º/60º.

- Um compasso com hastes articuladas em cabeça dotada de parafuso para ajustes de


abertura ou folga dotado de grafite Φ2mm, B ou 2B. Lixa para apontar a ponta de
grafite.

hastes
articuladas

grafite com ponta seca


ponta chanfrada metálica

2 - PADRONIZAÇÃO.

Toda atividade técnica possui regras e procedimentos que tem como função padronizar
suas ações e resultados. No Brasil a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
centraliza a produção, discussão e divulgação de Normas para orientar os mais diversos
segmentos das atividades produtivas no país.

Para o Desenho Técnico a normalização em vigor é a NBR-10647: Desenho Técnico.


A ela se juntam entre outras:
NBR-10067: Princípios gerais de representação em desenho técnico,
NBR-8402 : Execução de caracteres para escrita em desenho técnico. Procedimento.
NBR-10126: Cotagem.
NBR-10586: Apresentação da Folha para desenho técnico.

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Independentemente da forma empregada no desenvolvimento de um desenho técnico,
seja ele manual ou computacional, as Normas Brasileiras devem ser sempre observadas.

2.1 – Formatos para o papel de desenho técnico.

Para desenho técnico são empregados os formatos de papel definidos pela Série A da
ABNT. Todos os formatos desta série derivam do padrão A0 com área de 1m². Estes
formatos são todos retangulares sendo que ao se dividir ao meio o maior lado de um
formato se obtém o formato imediatamente inferior.

FORMATO SÉRIE A TAMANHO DO PAPEL MARGEM DE LIMITE PARA A ÁREA


(mm) GRÁFICA (mm)
A0 841 x 1189 10
A1 594 x 841 10
A2 420 x 594 10
A3 297 x 420 10 ou 5
A4 210 x 297 5
A5 148 x 210 5
A6 105 x 148 5

Todos os formatos são empregados mantendo a menor dimensão como sua altura e a
maior como largura. A única exceção ocorre para a folha padrão A4 que pode ser
empregada tanto na vertical como horizontal. Para que várias folhas possam ser
agrupadas em um único projeto é reservada uma MARGEM À ESQUERDA de 25mm para
furos e fixações sem interferir com o conteúdo da área gráfica.

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Área gráfica livre e disponível
para desenho.

quadro de
identificação

Os formatos de A0 até A3 possuem um padrão de dobramento que permite a todos,


após dobrados, terem o tamanho físico da folha A4 facilitando acomodá-los em pastas
com transporte e manuseio mais simples.

2.2 – Textos em desenho técnico.

Letras e algarismos possuem a mesma importância em um desenho técnico como o seu


traçado propriamente dito. Tanto em esboços manuais como em desenhos realizados
com computação gráfica algarismos e letras devem ser tipo bastão, verticais ou
inclinadas à direita em ângulo de no máximo 75º em relação à horizontal. A proporção
recomendada segue como exemplo abaixo.

ABCPT abcpt
2.3 – Tipos de linhas.

O traçado das várias linhas que compõem um desenho técnico deverá ser executado de
forma a facilitar sua interpretação final. Desta forma as linhas retas e curvas devem
sofrer variações na sua aparência, intensidade e espessura.
As espessuras podem ser assumidas em três situações: grossa, média e fina. Uma vez
definida no desenho a espessura da linha grossa, a linha média deverá ter metade deste
valor e, a linha fina deverá ter a metade da espessura da linha média.
Por exemplo: em desenhos de projetos de instalações elétricas é comum assumir
0.6mm de espessura para uma linha grossa (cabos de alimentação de energia), 0.3mm
para as linhas médias (cabos de distribuição de energia) e 0.15mm para as linhas finas
(setas de indicação de sentido de eletrodutos, fases, neutros, retornos, etc.).

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No esboço manual as várias espessuras são obtidas através da escolha do grafite e da
forma como vamos deslizá-los sobre o papel.
Pela sua dureza os grafites para uso em Desenho Técnico são classificados e três
categorias: Black (B), Hard (H) e Fine (F).

Tipo de grafite dureza tipo de linha produzida


6B a 3B (B= Black) muito macios grossa de alta intensidade
2B e B macios grossa
HB e F médios média a grossa
H a 3H duros Média a fina
Acima de 4H Muito duros fina

Quanto á forma de uma linha adotar os parâmetros pré-definidos internacionalmente


para representações e situações específicas.

linha contínua arestas e contornos visíveis


médias grossas
linhas

linhas traço-tracinho
linhas indicativas de cortes
ou traço-ponto
linha tracejada arestas e contornos não visíveis
linhas

linha traço-tracinho linhas de centro, linhas de eixos para peças


ou traço-ponto peças cilíndricas e cônicas, eixos de simetria
linha contínua linhas de cota, de extensão e auxiliares
linhas
finas

linha sinuosa
linhas de ruptura ou interrupção

Nos pontos de cruzamento entre linhas sempre observar a posição relativa entre elas
em relação ao olho do observador. Em caso de linhas que ocorrem em planos diferentes
e se sobrepõem em um determinado desenho representar apenas uma delas na seguinte
ordem de precedência:
- linhas visíveis (contínuas)
- linhas em projeção (tracejadas)
- linhas de corte
- linhas de centro e linhas de eixos
- linhas de extensão (cotas).

2.4 – Quadro de identificação. Legenda.

O objetivo deste quadro é apresentar dados de cadastro do desenho técnico em uso,


com título, datas de elaboração, revisões e adequações. Deve estar sempre posicionado
no módulo inferior direito da folha, junto à linha de margem. Seu formato e aparência é
de livre criação porém algumas informações devem sempre estar presentes como:
- Nome ou logomarca da empresa ou do profissional responsável pela sua emissão
com dados para contato e correspondência.
- Nome do projeto global (se o desenho fizer parte de um conjunto de desenhos).
- Título específico para o desenho daquela folha.
- Identificação do responsável técnico por aquele desenho.

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- Data da liberação inicial para uso de seu conteúdo.
- Escala ( apenas se todos os desenhos da folha em questão estiverem executados em
uma mesma escala. Caso contrário, cada desenho deverá ter indicado abaixo dele seu
próprio título e escala).
- Número da folha em questão no contexto do projeto e total de folhas que o projeto
contém. Por exemplo: H-01/03; E-03/10; ARQ-5/5.

F-1/3 → total de 3 folhas no projeto.



primeira folha do projeto.

Acima deste quadro deverá ser reservado um espaço livre para introdução das
informações necessárias sobre a possiveis revisões ou alterações do conteúdo do
desenho após sua emissão inicial, descrições pertinentes e data de atualização. Cada
empresa de projetos possuí um quadro padrão que a identifica. Neste curso adotaremos
o quadro padrão conforme abaixo que deverá ser inserido em todos os desenhos e
trabalhos a serem desenvolvidos.

título
DESENHO
TÉCNICO I

aluno ra n° folha

data escala obs.

(MEDIDAS INDICADAS EM CENTÍMETRO)

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Exercícios:

1) Subdividir a área gráfica disponível para desenho em quatro partes iguais e preencher
cada célula conforme o exemplo abaixo.
Título: TRAÇADO BÁSICO – LINHAS PARALELAS.
Escala: 1:1 - Obs.: medidas em mm - N. folha: F- 01/03
INICIAR À ESQUERDA

DE CIMA PARA BAIXO


linhas verticais
paralelas a cada
5mm
linhas horizontais
paralelas a cada
5mm
INICIAR POR RSTA LINHA

quadro de identificação PADRÃO preenchido

2) Perfeitamente centralizados na área gráfica disponível desenhar círculos


(concêntricos!) com os seguintes raios: 15mm, 25mm, 35mm, 45mm, 50mm, 55mm,
65mm e 70mm. Com linha traço-ponto indicar as duas linhas de centro: horizontal e
vertical.
Título: TRAÇADO BÁSICO – CIRCUNFERÊNCIAS.
Escala: 1:1 - Obs.: medidas em mm - n. folha: F- 02/03

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3) Centralizado na área gráfica disponível desenhar um retângulo de 150mm de largura
por 80mm de altura. Centralizada neste retângulo desenhar a peça abaixo. Não é
necessário indicar as medidas.
Título: TRAÇADO BÁSICO – FIGURA COM CONCORDÂNCIAS
Escala: 1:1 - Obs: medidas em mm - n. folha: F- 03/03

3 – ESCALA.

Durante o desenvolvimento das atividades de desenho nem sempre uma peça pode ser
representada com suas dimensões reais ( Escala Natural ou Verdadeira Grandeza – VG).
Isto ocorre porque o espaço do papel destinado ao desenho é finito e regido por Norma
na sua forma. Objetos podem apresentar ora dimensões muito grandes, ora
excessivamente pequenas em relação ao espaço disponível para sua representação.
Para estes casos realizamos o desenho em dimensões diferentes daquelas que o objeto
apresenta na realidade porem estas dimensões do desenho devem manter sempre uma
proporção fixa entre o valor empregado no desenho e seu valor real.
Objetos pequenos serão ampliados e objetos grandes serão reduzidos.

Escala é a proporção matemática de ampliação ou de redução aplicada a um desenho.

ESCALA = MEDIDA DE DESENHO


MEDIDA REAL
Exemplo 1:
Qual a escala empregada se um objeto com comprimento real de 100cm for
representado no desenho com 10cm de comprimento?

ESCALA = Medida do desenho = 10 cm = 1_ ( Escala 1:10 ou 1/10)


Medida real 100cm 10

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Houve o uso de uma escala de REDUÇÂO. O objeto foi representado em tamanho
menor do que seu tamanho real. As escalas de redução mais empregadas são 1:2 ; 1:5 ;
1:20 ; 1:50 ; 1:100 ; 1:200 ; 1:500 ; 1:1000
Exemplo 2:
Qual a escala empregada se um objeto tem diâmetro real de 5mm foi desenhado com
diâmetro de 50mm?

ESCALA = Medida do desenho = 50 mm = 10_ ( Escala 10:1 ou 10/1)


Medida real 5 mm 1

Houve o uso de uma escala de AMPLIAÇÃO. O objeto foi representado em tamanho


maior do que seu tamanho real. As escalas de ampliação mais empregadas são 2:1 ; 5:1
/ 10:1

Observar que uma vez definida a escala em que será realizado o desenho ela será
adotada para todas as dimensões, em qualquer direção. Os ângulos são representados
com seus valores reais.
No momento da cotagem todas as medidas devem ser anotadas com seus valores
REAIS independente da escala empregada.

A indicação da escala adotada sempre deve estar presente próxima ao título do


desenho mesmo se o desenho foi desenvolvido em verdadeira grandeza.
Se em uma mesma folha de desenho forem apresentados vários detalhamentos
diferentes feitos em escalas diferentes cada um deverá receber na parte inferior dele o
seu Título acompanhado de sua respectiva escala.
Notar que a proporção indicada para uma determinada escala é sempre uma fração
adimensional com numerador = 1 para redução e denominador = 1 para ampliação.

Resumindo:
Escala Natural (VG) – 1:1 ou 1/1
Escala de Redução – 1:n ou 1/n (onde n= número inteiro positivo)
Escala de Ampliação – n:1 ou n/1 (onde n= número inteiro positivo)

Exercícios:

1) Para que um segmento de reta com comprimento 500cm seja representado em um


desenho com comprimento de 50mm qual a escala que deverá ser empregada?
Demonstre.

2) Qual a escala a ser adotada para representar uma circunferência que possui diâmetro
de 0,60m através de uma circunferência com 3cm de diâmetro? Demonstre.

3) Que comprimento deve apresentar um segmento de reta AB de 100cm se for


desenhado na escala 1:50? Demonstre.

4) Considere um triângulo eqüilátero (três lados iguais) desenhado com a medida de seu
lado igual a 3cm. Qual seria o valor real de seu lado caso para as seguintes escalas:

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a) 2:1
b) 1:50?
Demonstre os dois casos.
5) Com que dimensões deve-se desenhar uma porta que na realidade mede 0,80x2,10m
nas seguintes escalas:
a) 1:20
b) 1:75
c) 1:100?
Demonstre os três casos.

6) Dividir a área gráfica em duas células iguais através de uma única linha horizontal.
Desenhar na parte superior a Vista Frontal de um parfauso na Escala 10:1 e na célula
inferior a estrela de seis pontas na Escala 1:10.
Título: DESENHOS EM ESCALA.
Escala: Indicar nome e escala abaixo de cada figura.
Obs: medidas em mm.
n. folha: F- 01/02

PARAFUSO - VISTA FRONTAL


ESCALA 10:1
medidas informadas em mm.
ESTRELA DE SEIS PONTAS
ESCALA 1:10
medidas informadas em cm.

7) Desenhar a Vista Frontal de uma lâmpada incandescente centralizada na área gráfica


disponível. Adotar escala de ampliação 2:1.
Título: DESENHOS EM ESCALA.
VISTA FRONTAL DE UMA LÂMPADA INCANDESCENTE.
Escala: 2:1 - Obs: medidas em mm - n. folha: F- 02/02

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4 – COTAGEM.

COTAR = introduzir em um desenho técnico a informação de todas as suas dimensões


reais de forma a possibilitar o perfeito entendimento da forma geométrica e grandeza
do objeto em estudo.

A cotagem é a última etapa da realização de um desenho. Todas as medidas devem ser


informadas apenas com a referência numérica da medida real, sem indicação da unidade
de medida adotada. Esta informação deve ser indicada com uma frase, posicionada
abaixo do título de identificação do desenho podendo, inclusive, fazer parte do quadro de
identificação. Por exemplo: medidas em mm; medidas em m; etc.

As cotas devem ser informadas de forma que não haja necessidade de algum cálculo
posterior para a obtenção de uma medida nem de obter o valor através de medição
direta, no desenho.
Faz também parte do processo de cotagem a indicação junto ao desenho de todas as
informações para a finalização da peça como acabamentos, material, etc. fundamentais
para o caso de desenhos de detalhamentos mecânicos.

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Uma cota é composta por vários elementos gráficos:
elemento linha de cota ou
valor real da
finalizador linha de dimensão linha de extensão
dimensão

- Linhas de cota e de extensão devem ser finas (0.15 a 0.18mm) e de pouca


intensidade em relação às linhas empregadas nas linhas de contorno do objeto.

- As linhas de extensão devem ser perpendiculares à aresta a que fazem referência mas
não devem encostar nas linhas de contorno. Suas origens devem estar afastadas de
aproximadamente 2mm das arestas. Elas devem ainda se prolongar de 2 a 3mm além
das linhas de cota.

- As linhas de cota são paralelas á aresta de referência e devem estar afastadas no


mínimo 10mm desta. No caso de cotas paralelas diferentes manter os mesmos 10mm
para o afastamento entre elas.

- Toda linha de cota deve ser dotada de um elemento finalizador no ponto de encontro
com as linhas de extensão. Este sinalizador pode ser na forma de setas (→, ↓, ↔, ↨);
pontos (•, ◦, ▪) ou segmentos de reta a 45º ( ∕ ). Independente do modelo de elemento
empregado ele deverá ser uniforme ao longo de um mesmo projeto.

- Os algarismos de indicação do valor de medida devem ter altura de 2.5mm a 3mm e


devem acompanhar a inclinação da linha de cota. Se a cota for horizontal a indicação
numérica fica acima da linha de cota. Se a cota for vertical a indicação numérica deve
ficar à esquerda da linha de cota. Em nenhum caso a grafia de números deve encostar
na linha de cota.

- Para cotas inclinadas observar à seguinte recomendação:

NÃO COTAR RAIOS OU


DIÂMETROS COM INCLINAÇÃO
DENTRO DA REGIÃO HACHURADA.

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- Cotas maiores são colocadas externas em relação às cotas menores evitando
cruzamentos.

Posicionamento correto - sem cruzamentos

Posicionamento inadequado - com cruzamentos

- Cotas que tenham a mesma direção devem ser dispostas em série, alinhadas, de
forma contínua. Quando todas as cotas de uma mesma direção admitirem uma origem
comum estas poderão ser dispostas em paralelo. Pode-se adotar uma combinação destas
duas modalidades.

cotas continuas alinhadas

cotas com linha de base


- Não deve haver cruzamento entre LINHAS DE COTA em nenhum ponto do desenho.

- Sempre que possível posicionar as cotas externas ao contorno da peça. Para o caso
de detalhes internos indicar suas cotas próximas ao detalhe.

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- As linhas de contorno do objeto (arestas), linhas de centro de circunferências e arcos,
eixos de simetria podem ser utilizados como LINHAS DE EXTENSÃO.

- Sempre indicar através de cotas a posição do ponto central de círculos e arcos em


relação ás arestas do objeto. Nunca indicar a posição de círculos ou arcos através de
seus quadrantes.

- Ao final da cotagem de uma peça sempre indicar as dimensões totais principais como
largura total, altura total, profundidade total para peças em perspectivas. Verificar
sempre se o todo confere com a soma de suas partes.

- Não repetir a informação de uma mesma medida em dois lugares diferentes de uma
peça. Para peças com eixo de simetria cotar apenas um dos lados.

- Para cotagem de pequenos espaços adotar a representação:

- Cotagem de diâmetros:

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- Cotagem de raios:

- para circunferências concêntricas evitar mais de duas cotas internas.

- Cotagem de ângulos:

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- Cotagem de elementos de um arco como corda, desenvolvimento (comprimento do
arco) e ângulo:

medida do ângulo medida da corda comprimento do arco

- No caso chanfros (linhas inclinadas interligando horizontais e verticais) adotar uma das
formas:

1X45°

Nota: uma das formas mais indicadas é a que indica as medidas através das dimensões
horizontal e vertical mesmo ocorrendo cruzamento entre as linhas de extensão pois desta
forma o traçado independe de instrumento específico para medida de ângulos.

- Detalhes uniformes, que se repetem de uma forma sequencial podem ser indicados
uma única vez, precedidos pelo total de repetições. Por exemplo, (8x)Ø0,5

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- Quando houver necessidade as cotas podem fazer referência a linhas auxiliares
utilizadas na construção da peça.

- De uma maneira geral as cotas são apresentadas no detalhamento do objeto através


de suas Vistas Ortogonais ou Vistas em Corte porem em algumas situações pode ser
necessário cotar peças representadas em perspectivas. Nestes casos a melhor forma de
indicação da cota é fazer com que as linhas de extensão e a linha de cota pertençam ao
plano definido por uma das faces do objeto que definem a aresta medida.

Exemplo de cotagem em
Exemplo de cotagem em
Perspectiva Cavaleira.
Perspectiva Isométrica.

Sempre procurar estabelecer uma sequência na cotagem para que não seja perdida
nenhuma informação durante o processo. Por exemplo iniciar pela informação de
diâmetros ou raios de circunferências e arcos e a posição de seu ponto de centro, na
horizontal e vertical em relação ao contorno da peça. Dar seguimento com as cotas
menores seguidas pela maiores em uma mesma direção. Finalizar com as totais
principais.
O processo é livre sendo que muitas vezes será necessário reposicionar uma cota já
indicada para um melhor arranjo do conjunto final.
Quando houver dúvidas quanto ao valor de um ângulo não o informe como tal (exceto
ângulos de 30°, 45° ou 60° facilmente obtidos). Dar preferência para as informações de
seus lados, como um chanfro.

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5 – PERSPECTIVAS

A técnica de representação de um objeto em perspectiva tem como finalidade


proporcionar ao observador uma visualização total do objeto em três dimensões mesmo
o desenho sendo feito em um plano (papel ou a tela de um monitor). A representação
em perspectiva não apresenta detalhes internos que um objeto possa ter, mas permite
uma perfeita compreensão das suas formas, proporções e dimensões principais. É
possível visualizar um objeto através de suas faces com percepção de sua
“profundidade”. Estas linhas que apresentam a visualização da profundidade recebem o
nome de LINHAS PROJETANTES.
De uma maneira geral o desenho em perspectiva é utilizado como uma introdução para
um projeto sendo que só fazem parte dele as linhas de contorno visíveis do ponto de
vista do observador. Não são representadas as projeções de possiveis linhas ocultas.

Várias são as formas existentes para a representação em perspectiva que podem


ilustradas pelo quadro abaixo:

PERSPECTIVAS

CÔNICAS CILÍNDRICAS

COM UM PONTO DE AXONOMÉTRICA AXONOMÉTRICA


FUGA OBLÍQUA ORTOGONAL
(CAVALEIRA)

COM DOIS PONTOS DE ISOMÉTRIICA


FUGA

COM TRÊS PONTOS DE DIMÉTRICA


FUGA

TRIMÉTRICA

5.1 – Perspectivas cônicas.

Nesta técnica as linhas projetantes paralelas entre si na realidade convergem para


determinados pontos chamados de pontos de fuga. O resultado final do desenho se
aproxima da observação natural pelo olho humano, sendo uma técnica adequada
quando há necessidade de que o desenho se aproxime o mais fiel possível da realidade
do produto final. Este tipo de perspectiva é muito utilizado em desenhos de arquitetura
porém pouco utilizado no desenho de peças isoladas.

Observando as posições do cubo representado a seguir podemos observar que


dependendo da posição do ponto de fuga podemos ter apresentação de diferentes faces
do objeto.

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FACE 1 FACE 1

Pontos de Fuga

linhas
FACE 1 projetantes FACE 1

A imagem tridimensional do objeto vai mudar em relação ao observador


dependendo da posição escolhida para o ponto de fuga.

De forma simplificada podemos apresentar as perspectivas cônicas conforme:

a) Perspectiva cônica com 1 ponto de fuga.


Nesta técnica uma face do objeto é desenhada no plano de desenho, sem deformação,
em VG e as linhas projetantes convergem para um único ponto.Ver ilustração abaixo.

b) Perspectiva cônica com 2 pontos de fuga.


Nesta técnica apenas uma aresta é representada no plano de desenho em VG sendo
que as projetantes convergem para os pontos de fuga observando o lado que estes se
encontram em relação à aresta. Ver ilustração abaixo.

c) Perspectiva cônica com 3 pontos de fuga.


Todas as linhas convergem para pontos de fuga não havendo nenhuma representação
de face ou arestas apresentadas em VG. Ver ilustração abaixo.
P1 P2 P1 P2 P1

2 PONTOS DE 3 PONTOS
1 PONTO DE
FUGA DE FUGA
FUGA

P3

5.2 – Perspectivas cilíndricas.

Este tipo de perspectiva é de traçado bem mais simplificado em relação ao processo


anterior porque as linhas são representadas observando o paralelismo real que elas
apresentam entre si. A imagem final obtida apresenta uma pequena distorção visual uma
vez que ao olhar humano as projetantes são convergentes. Esta distorção visual é tanto
mais sentida quanto maior forem as dimensões do objeto. Para o caso da representação
de peças individuais esta técnica proporciona um traçado fácil, rápido e com
apresentação final bastante satisfatória.

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a) Perspectivas axonométricas ortogonais.

Os eixos ortogonais entre si (horizontais e verticais) são colocados no plano de desenho


com uma angulação entre eles diferente de 90º. Desta forma o objeto será representado
com todas as suas faces visíveis inclinadas em relação ao plano do papel.
z

A + B + C = 360°

y x

A soma total dos 3 ângulos sempre será 360º.

As dimensões das faces apresentadas são lançadas ao longo das três direções principais
em Verdadeira Grandeza (VG) ou podem sofrer algum tipo de redução. Esta proporção
vai depender do tipo de perspectiva adotada: Isométrica, Dimétrica ou Trimétrica.

coeficiente de redução
Sistema de x, y e ao longo dos 3 eixos Ângulos entre eixos
Representação z principais
x y z A B C
Isometria 1:1:1 0,816 0,816 0,816 120º 120º 120º
Dimetria 4:3:4 0,883 0,863 0,883 126º50’ 106º20’ 126º50’
3:2:3 0,905 0,603 0,905 128º35’ 102º50’ 128º35’
2:1;2 0,943 0,471 0,943 131º25’ 97º10’ 131º25’
Trimetria 7:6:8 0,811 0,695 0,927 114º46’ 106º59’ 138º15’
5:4:6 0,806 0,645 0,967 108º13’ 101º10’ 150º37’

As reduções têm como finalidade reduzir a “distorção visual” causada pela


representação cilíndrica assumida pelas linhas projetantes. A forma mais empregada é
a ISOMETRIA com todas as dimensões lançadas em VG. Na ilustração abaixo é possível
visualizar a representação de um cubo em três sistemas diferentes.

PERSPECTIVA PERSPECTIVA PERSPECTIVA


ISOMÉTRICA DIMÉTRICA TRIMÉTRICA

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Nota: as linhas ocultas nos desenhos acima têm função apenas de facilitar a visualização
didática das diferentes apresentações em perspectiva e não fazem parte do desenho
final.

b) Perspectivas axonométricas oblíquas (também chamada de CAVALEIRA).

Nesta técnica de representação uma das FACES do objeto é totalmente desenhada em


VG no plano de desenho e a sua profundidade será indicada por linhas projetantes
inclinadas em relação à linha horizontal em ângulo que poderá variar em 30º, 45º ou 60º
e todos os múltiplos destes ângulos.
As medidas referentes à profundidade podem ser lançadas em VG ou com uma redução
de 1:2 , 2:3 ou 3:4. A perspectiva cavaleira desenhada a 45º com redução de 1:2
recebe o nome de Cabinet.

Vejamos abaixo como ficaria um mesmo objeto representado em diferentes ângulos


para as projetantes e com dimensões todas lançadas em VG.

FACE 1 FACE 1 FACE 1

FACE 1 FACE 1 FACE 1

FACE 1 FACE 1 FACE 1

Para que o traçado fique mais simples de executar e a visualização represente melhor a
realidade do objeto deve ser adotado um critério na escolha da face frontal que será
desenhada no plano do desenho (face frontal) obedecendo a seguinte ordem:
1. Colocar no plano do desenho a face mais irregular ou a que contenha a maior
quantidade de círculos e arcos.
2. Colocar a face mais “característica” do objeto no plano do desenho.
3. Colocar a face que apresente a maior dimensão no plano de desenho.

22
Exercícios:

1) Analise a peça abaixo. Considerando que suas dimensões estão cotadas em


milímetros desenhar a mesma em ISOMETRIA e em PERSPECTIVA CAVALEIRA A 45°.
Adotar escala 1:1. Dividir a área de trabalho da folha em duas células iguais
desenhando a isometria na célula superior e a cavaleira na célula superior.
Título: DESENHOS EM PERSPECTIVA.
PEÇA 1 - ISOMETRIA E CAVALEIRA

PEÇA 1

2) Analise a peça abaixo. Considerando que suas dimensões estão cotadas em


milímetros desenhar a mesma em ISOMETRIA. Adotar escala 1:1.
Título: DESENHOS EM PERSPECTIVA.
PEÇA 2 – ISOMETRIA

PEÇA 2

23
3) Analise a peça abaixo. Considerando que suas dimensões estão cotadas em
milímetros desenhar a mesma em ISOMETRIA. Adotar escala 10:1.
Título: DESENHOS EM PERSPECTIVA.
PEÇA 3 – ISOMETRIA

PEÇA 3

4) Analise a peça abaixo. Considerando que suas dimensões estão cotadas em


milímetros desenhar a mesma em ISOMETRIA. Definir a escala a adotar.
Título: DESENHOS EM PERSPECTIVA.
PEÇA 4 – ISOMETRIA

PEÇA 4

24
5) Analise a peça abaixo. Considerando que suas dimensões estão cotadas em
milímetros desenhar a mesma em PERSPECTIVA CALALEIRA A 45º. Definir a escala a
adotar.
Título: DESENHOS EM PERSPECTIVA.
PEÇA 5 – CAVALEIRA A 45º

PEÇA 5

6) Analise a peça abaixo. Considerando que suas dimensões estão cotadas em


milímetros desenhar a mesma em Perspectiva Cavaleira a 30º. Definir a escala a
adotar.
Título: DESENHOS EM PERSPECTIVA.
PEÇA 6 – CAVALEIRA A 30º

PEÇA 6

25
6 – VISTAS ORTOGONAIS (PROJEÇÕES ORTOGONAIS).

Como o nome já faz referência vistas ortogonais são os desenhos que resultam da
projeção ortogonal das várias faces de um objeto sobre os planos principais horizontal e
vertical. Estes planos são posicionados de forma a subdividir o espaço em quatro setores
chamados de DIEDROS.
O Observador vai ocupar sempre a posição relativa exemplificada na figura abaixo
sendo que o objeto poderá ser representado somente no 1º ou no 3º diedro.

P1 P1
1ºDIEDRO

2ºDIEDRO
P3 P2 P3

P5 P5
P4
P2
P3
P1

P4 P5
OBSERVADOR

4ºDIEDRO

3ºDIEDRO
VISTA FRONTAL ou VISTA DE FRENTE ou
VISTA EM ELEVAÇÃO.
VISTA SUPERIOR ou VISTA DE TOPO ou
VISTA EM PLANTA.

A melhor forma de obter as vistas ortogonais de um objeto é imaginá-lo interno a um


paralelepípedo de modo que o maior número de faces do objeto sejam paralelas às faces
deste paralelepípedo.
Vista superior

OBSERVADOR

26
6.1- Representação das vistas ortogonais no 1º Diedro.

A peça apresentada abaixo foi situada na região do 1º DIEDRO sendo possível notar
que o objeto ocupa uma posição intermediária, entre os olhos do observador e os planos
verticais e horizontais de projeção. A projeção ortogonal da face observada aparece
representada sobre as faces “internas” do paralelepípedo que envolve o objeto. Neste
caso será necessário “abrir” o mesmo para visualizar as imagens obtidas.

Vista superior

Vista inferior

OBSERVADOR

Resumindo: O objeto posicionado no 1º DIEDRO estará entre os olhos do observador e


os planos de projeção. O que o observador vê será ortogonalmente projetado no plano
que estará “atrás” da face analisada.
A representação das vistas ortogonais do objeto acima seria visualizada ao
“abrirmos” a caixa imaginária que o envolve, dirigindo o olhar para a vista frontal.
Conforme a caixa se abre as demais vistas vão ocupando suas posições em relação à
Vista Frontal.

Vejamos a seguir como ficarão as vistas ortogonais desta peça seguindo as orientações
do 1º Diedro. Observe que haverá uma “inversão” das vistas superior e inferior, e laterais
esquerda e direita em relação à vista frontal. Por definição a vista posterior sempre é
posicionada ao lado da vista lateral esquerda.

27
linha imaginária não faz
parte do desenho final

X VISTA INFERIOR

X
X X X

X X X
VISTA LATERAL DIREITA VISTA FRONTAL VISTA LATERAL ESQUERDA VISTA POSTERIOR
X

X= distância entre as vistas deve ser igual


(entre 10 a 30mm dependendo do espaço
disponível)

VISTA SUPERIOR

VISTAS ORTOGONAIS – 1º DIEDRO

As arestas visíveis ao olho do observador são representadas sempre com linhas


CONTINUAS. As arestas não visíveis são sempre desenhadas através de linhas
TRACEJADAS.

A indicação do Diedro adotado para a representação deve sempre ser indicada


junto ao título do desenho na forma de texto – 1º DIEDRO – ou – 3º DIEDRO -, ou
através das imagens abaixo, pois como veremos no item seguinte as projeções
ortogonais são iguais para os dois Diedros de representação sendo que o que muda é a
disposição dos desenhos na sua apresentação.

1° DIEDRO 3° DIEDRO
(Sistema europeu (Sistema americano
de projeção) de projeção)

28
6.2- Representação das vistas ortogonais no 3º Diedro.

Para o mesmo objeto do item anterior sua representação seria obtida através da
projeção de suas faces sobre as paredes externas do paralelepípedo sendo necessário
também “abrir” o mesmo para visualizar as imagens obtidas porém, neste caso, as
imagens estariam no lado de fora da caixa (como seria se desmontássemos uma caixa de
um determinado produto de forma a visualizar todos os seu “rótulos” externos).

O objeto estará posicionado “atrás” dos planos de projeção. O que o observador vê


será ortogonalmente projetado no plano que estará entre o objeto e os olhos do
observador.

Vista superior

Vista inferior

OBSERVADOR

Resumindo: Os planos de projeção para o objeto posicionado no 3º DIEDRO estarão


entre os olhos do observador e as faces do objeto. O que o observador vê será
ortogonalmente projetado no plano que estará “à frente” da face analisada.

Vejamos a seguir como ficarão as vistas ortogonais desta peça seguindo as orientações
do 3º Diedro. Observe que todas as vistas ocuparão as reiais posições em relação à face
frontal. Vista superior ficará acima da frontal e vista inferior ficará abaixo. As vistas
laterais direita e esquerda ocuparão em relação à face frontal as respectivas posições à
direita e à esquerda. Por definição a vista posterior sempre é posicionada ao lado da vista
lateral esquerda.

29
linha imaginária não faz
parte do desenho final

VISTA SUPERIOR

X
X X X

X X X
VISTA POSTERIOR VISTA LATERAL ESQUERDA VISTA FRONTAL VISTA LATERAL DIREITA

X
X= distância entre as vistas deve ser igual
(entre 10 a 30mm dependendo do espaço
disponível)

VISTA INFERIOR

VISTAS ORTOGONAIS – 3º DIEDRO

Para cada objeto são definidas 6 projeções ortogonais todas elas com posição pré-
definida em relação ao Diedro escolhido para a sua representação:
- Vista frontal ou Vista de frente;
- Vista lateral esquerda ou vista de perfil (esquerdo);
- Vista lateral direita ou vista de perfil (direito);
- Vista superior;
- Vista inferior e
- Vista posterior.
Para a grande maioria de peças são necessárias apenas três vistas: Frontal, superior e
uma vista lateral (esquerda ou direita dependendo da mais detalhada).

Definido o Diedro de representação e escolhida a Face Frontal do objeto a posição


relativa das demais vistas não muda. Desta forma a escolha da Face Frontal deve
obedecer alguns critérios de prioridade:
- Face que apresenta a característica principal do objeto;
- A posição de trabalho do objeto;
- A face que apresentar a maior dimensão do objeto;
- A face que apresentar o menor número de arestas ocultas.

30
O traçado das vistas ortogonais deve seguir o seguinte procedimento:

a) Definir a vista frontal e o diedro de representação.

b) Representar a vista frontal com todas as linhas visíveis representadas com linha
contínua, linhas ocultas com tracejadas, linhas de centro de círculos e arcos com linhas
em traço-ponto e eixos de simetria também com linha traço-ponto. Observar que esta
também deve ser a ordem de precedência entre as linhas. Nunca desenhar linhas
sobrepostas.

c) Manter o espaçamento entre as vistas sempre o mesmo.

d) Desenhar a vista superior.

e) Desenhar a vista lateral (sempre escolher a que resultar na menor quantidade de


linhas ocultas).

f) Introduzir as cotas distribuindo as mesmas em todas as vistas sem repetir a mesma


informação em lugares diferentes. Sempre dar prioridade para cotar uma dimensão onde
ela aparece representada com linha continua (aresta visível). Evitar cotas em linhas
tracejadas.

Veremos que o alinhamento entre as vistas vai facilitar o seu traçado porque muitas
linhas estarão presentes em mais de uma vista sendo necessário apenas transportá-las
de uma representação para a outra.

As vistas ortogonais são interdependentes portanto em alguns casos uma determinada


medida vai depender de seu posicionamento em uma determinada face para depois
então ser transportada para as demais vistas onde ocorrer.

31
EXEMPLO:
Traçar as vistas ortogonais para a peça apresentada em perspectiva isométrica.
Resolução:
Uma análise visual mostra que três vistas serão suficientes; a vista frontal será escolhida
a que apresenta as características principais da peça.

32
Exercícios.

1) Desenhar três vistas ortogonais para as peças a seguir no 1º DIEDRO.


Para todas considerar as medidas cotadas em mm. Indicar a escala adotada em seu
desenho. Cotar conforme necessário.

33
34
2) Desenhar três vistas ortogonais para as peças a seguir no 3º DIEDRO.
Para todas considerar as medidas cotadas em mm. Indicar a escala adotada em seu
desenho. Cotar conforme necessário.

35
3) Desenhar três vistas ortogonais para as peças escolhendo o DIEDRO de
representação. Para todas considerar as medidas cotadas em mm. Indicar a escala
adotada em seu desenho e cotar conforme necessário.

36
37
7 – VISTAS AUXILIARES.

Quando o objeto a ser representado através de vistas ortogonais apresentar uma ou


mais faces não paralelas aos planos verticais e horizontais que compõem o
paralelepípedo de base as projeções ortogonais destas faces sobre estes planos ficarão
deformadas. Observe na ilustração abaixo:

OS DETALHES FICAM
DEFORMADOS !

Nestes casos estas faces serão projetadas ortogonalmente sobre planos auxiliares
paralelos a elas. A projeção desta vista auxiliar poderá ser colocada “acima” ou “abaixo”
da vista frontal como melhor ficar a distribuição no espaço do desenho.

Para uma peça que apresente parte dela inclinada em relação aos planos principais
podemos inclusive seccionar a vista auxiliar mostrando apenas as linhas e arestas visíveis
38
e não visíveis que ocorrem em VG naquela vista auxiliar. Sempre haverá necessidade da
Vista frontal tradicional.

Vista “A”

Exercícios.

1) Representar a peça abaixo através de suas projeções ortogonais utilizando o recurso


das vistas auxiliares. Cotar. Dimensões em mm.

PEÇA 16

39
2) Representar a peça abaixo através de suas projeções ortogonais utilizando o recurso
das vistas auxiliares. Cotar. Dimensões em mm.

PEÇA 17
8 – VISTAS EM CORTE.

Muitos objetos apresentam detalhes internos que ao serem representados através de


Vistas Ortogonais tradicionais aparecem na forma de linhas tracejadas que podem ser de
difícil visualização, dificultando o perfeito entendimento da peça.
A técnica de representação através de cortes consiste em seccionar o objeto por um
plano secante e representar a vista do objeto “cortado” em substituição a uma ou mais
vistas tradicionais.
Neste curso vamos tratar das vistas em corte obtidas através de planos de
seccionamento que incidem ortogonalmente a uma das faces do objeto (na maioria das
vezes sobre a face superior) seguindo a direção longitudinal ou transversal a peça. Não
vamos trabalhar com cortes oblíquos.

Perspectiva Isométrica Perspectiva Isométrica da peça após o corte.

Para a peça acima vamos apresentar as duas soluções possiveis através de suas vistas
ortogonais: a primeira, com duas vistas tradicionais no 1º Diedro e outra através da
substituição da Vista Frontal por uma Vista em Corte.

40
Vista Frontal Vista Lateral
Esquerda

Vista Superior
DETALHAMENTO ATRAVÉS DE VISTAS ORTOGONAIS
NO 1º DIEDRO

Vista em Corte AB Vista Lateral


Esquerda

A B

Vista Superior
DETALHAMENTO ATRAVÉS DE VISTAS EM CORTE
(a vista frontal foi substituída por uma vista em corte)

O traçado da vista em corte se inicializa pelo desenho da vista completa da face do


objeto que recebe o plano de seccionamento (corte). Esta vista da peça quase sempre é
a vista superior, em alguns casos a vista frontal, e deve ser desenhada completamente
com todas as linhas visíveis, linhas em projeção (tracejadas), linhas de centro, etc. Sobre
ela deve ser indicada a linha que o plano de corte define ao tocar a face da peça
utilizando-se uma linha TRAÇO-PONTO ou LINHA TRAÇO-TRACINHO GROSSA. Nas
extremidades desta linha indicar através de setas o sentido de observação do corte
obtido. Junto às setas indicar através de letras MAIÚSCULAS a identificação do corte.

Na seção “cortada” todas as regiões onde houve a exposição do material de fabricação


da peça deverão ser preenchidas por hachuras. Para cada material ou grupo de materiais
a Norma NB-8 da ABNT estabelece um padrão de hachura a ser adotado conforme alguns
exemplos abaixo.

Ferro Aço Bronze, Latão Alumínio e


e Cobre Ligas leves

Chumbo, Mármore, Vidro Alvenaria Borrachas e


e Zinco e Mat. Cerâmico Isolantes

Líquidos Concreto Maderira Solo, terra

41
Nas vistas em corte não são representadas as linhas tracejadas de referência a alguma
aresta que esteja “atrás” do plano de corte (linha oculta).

Situações especiais:
a) Se a espessura da peça a ser hachurada for muito estreita (seção delgada) a hachura
deverá ser substituída por negrito com indicação por escrito do material.

b) Se a região a ser hachurada for muito extensa as hachuras poderão ser aplicadas ao
longo do contorno interno da área a hachurar.

c) Quando duas peças colocadas justapostas forem atingidas por um corte e seu material
ou materiais possuir padrão de hachura linear (ex. ferro, aço, etc.) empregar inclinações
opostas para cada peça. Este procedimento simples vai facilitar muito a observação da
vista em corte.

d) Quando duas peças de seção delgada forem justapostas e atingidas pelo mesmo plano
de corte deixar entre as duas seções em negrito um pequeno “vão de luz” de
aproximadamente 1mm ou menos.

vão de luz ~1mm

e) Quando em um conjunto de peças existirem elementos acessórios como rebites,


parafusos, nervuras de travamento, etc. e estes forem atravessados pelo corte em
estudo não hachurar sua seção cortada. Como estes elementos são pequenos deixá-los
em branco vai conferir maior clareza ao desenho.

42
parafuso de cabeça
sextavada
arruela

rebite rebite

arruela
porca

Podemos ter vários tipos de corte, cada um deles associado a uma situação específica.

VISTAS
EM
CORTE

CORTE PLENO OU MEIO CORTE CORTE EM CORTE CORTE PARCIAL SEÇÕES


TOTAL DESVIO REBATIDO

Para uma mesma peça ou conjunto de peças podemos empregar tantos cortes quanto
sejam necessários para sua maior clareza inclusive adotando tipos de cortes diferentes
em cada direção.
Sempre que possível manter o posicionamento dos cortes segundo a orientação de 1º
ou 3º diedro, substituindo a vista tradicional pela visualização do corte proposto.
8.1 – Corte Pleno ou Corte Total.

Este tipo de corte pode ser adotado sempre que a direção do seccionamento desejado
atravessar totalmente a peça ao longo de seu comprimento total nesta direção seja ela
longitudinal ou transversal.

43
B
C

REPRESENTAÇÃO iSOMÉTRICA

CORTE AB CORTE CD
C

A B

D
VISTA SUPERIOR

Exercícios.

1) Representar as peças 18, 19 e 20 utilizando dois cortes totais conforme indicados.


Medidas informadas em mm. Cotar.

A
PEÇA 18

44
F

H
E
PEÇA 19

A PEÇA 20

2) Analise a Peça 21 abaixo. Representar a mesma através de sua vista superior e dois
cortes totais de forma que TODOS os detalhes sejam visíveis em pelo menos uma das
representações. Medidas em mm. Cotar.

PEÇA 21

45
8.2 – Meio Corte.

Este tipo de corte pode ser adotado sempre que ao longo da direção de seccionamento
desejada a seção cortada apresentar um eixo de simetria.
A partir do eixo de simetria representado no desenho por uma linha traço-ponto fina
metade da seção será representada em corte e, a outra metade será desenhada com a
vista externa da peça, sem representação das linhas em projeção.

eixo de simetria

MEIO CORTE AB VISTA LATERAL ESQUERDA

A VISTA SUPERIOR

No exemplo abaixo é possível comparar a representação de uma mesma peça através


de um Corte Total e utilizando a representação de Meio Corte. Notar que a Vista superior
é mesma pois se trata da mesma peça.

Corte Total AB Meio Corte AB

A B B
Isometria

Vista Superior A Vista Superior

46
Exercícios

1) Representar a Peça 22 através de sua vista superior substituindo sua Vista Frontal por
um Meio Corte. Medidas em mm. Cotar.

R48
R 28

R66
5
R3

R28

PEÇA 22

Nota: após o detalhamento será possível verificar que para uma peça com muitos
detalhes internos apenas a Vista Superior e um Meio Corte são suficientes.

47
2) Representar a Peça 23 através de sua vista superior substituindo sua Vista Frontal por
um Meio Corte. Medidas em mm. Cotar.

PEÇA 23

8.3 – Corte em Desvio.

Este tipo de corte poderá ser empregado quando a peça em estudo apresentar dois ou
mais detalhes não alinhados porém que tenham eixos paralelos entre si.

Passando totalmente através de um detalhe o plano de corte desvia a 90º até atingir a
direção do próximo detalhe; o corte o atravessa e segue sucessivamente até o final da
peça. Todos os detalhes devem ser atingidos totalmente pelo corte.

Os desvios a 90º nunca devem ocorrer internos a um detalhe ou exatamente sobre


uma linha de contorno deste. Verificar que ao final da representação do corte a dimensão
total da peça ao longo da direção escolhida não sofre alteração.

48
B

LOCALIZAÇÃO DA DEFLEXÃO
A 90° SOFRIDA PELO DESVIO
NO PLANO DE CORTE.

Observar que:
- as linhas de deflexão a 90° dos
desvios nos planos de corte NÃO
CORTE AB são desenhadas na vista em corte.
- para a peça deste exemplo seriam
suficientes apenas estas duas vistas
para apresentar com precisão todos
os seus detalhes.

A
B

VISTA SUPERIOR

49
Exercícios.

1) Analise a Peça 24 representada em mm. Desenhar seu detalhamento através


da representação de sua vista superior e um corte em desvio. Cotar.

lar
ngu
a
rno 0 ret
i nte of. 1 ro
fu of. 7
o r
fur e p pr
Ø5

PEÇA 24

2) Analise a Peça 25. Desenhar seu detalhamento através da representação de sua vista
superior e um corte em desvio. Medidas em mm. Cotar. Espessura da peça = 15mm.

PEÇA 25
furos sem indicação de
profundidade atravessam
totalmente a peça na
direção de seu eixo.

50
3) Representar a Peça 26 através de sua Vista superior e um corte em desvio de forma
que todos os detalhes sejam atingidos pelo corte. Escolha a escala de desenho. Cotar.
Medidas em mm.

PROFUNDIDADE
50mm

PEÇA 26
furos sem indicação de
profundidade atravessam
totalmente a peça na
direção de seu eixo.
Material = aço.

8.4 – Corte Rebatido.

Este tipo de corte se aplica para os casos de peças que apresentem detalhes não
alinhados posicionados sobre eixos não paralelos entre si. Ele se aplica de maneira
especial para peças com desenvolvimento radial como rodas de veículos, discos de freio,
enfim, elementos circulares com centro comum.
Neste caso o plano de corte vai sofrer desvios em ângulos diferentes de 90º, <180º,
sempre procurando atingir o eixo de cada detalhe.

O desenho da seção cortada vai acompanhar a linha do corte sendo que nos pontos
onde há deflexão não é feita nenhuma marcação gráfica.

51
CORTE CD

CORTE AB

A
D

VISTA SUPERIOR

B
VISTA SUPERIOR

Observar nestes dois exemplos acima que mesmo para peças com vários detalhes
apenas duas vistas são sufucientes para o detalhamento executivo.

Exercícios.

1) Representar a PEÇA 27 através de sua Vista frontal e um corte em desvio de forma


que todos os seus detalhes típicos sejam atingidos pelo corte. Medidas em mm. Cotar.

todos os furos
são passantes.

PEÇA 27

52
2) A Peça 28 tem sua vista superior representada abaixo. Redesenhe esta vista superior e
o Corte AB proposto. Escolha a escala de desenho. Cotar. Medidas em mm.

furos nas duas abas


R7 - rebaixo de 2
R5 - passante.

abertura
passante
PEÇA 28
espessura da peça - 25mm
material - ferro

8.5 – Corte Parcial.

Poderá ser adotado sempre que se desejar mostrar em corte apenas um detalhe
localizado em uma peça que esteja representada através de suas Vistas Ortogonais
tradicionais. O corte é representado diretamente sobre a vista ortogonal no local onde
haja interesse. Inclusive em uma mesma vista pode-se indicar mais de um corte parcial.
Observar os exemplos abaixo.

Exemplo 1: a peça foi representada no 1º diedro com a introdução do corte parcial


na vista frontal.

53
Exemplo 2: a peça está representada no 1º diedro através de sua vista frontal e da sua
vista superior. Foram aplicados cortes parciais nas duas vistas destacando apenas os
detalhes de interesse.

8.6 – Seções.

Algumas peças possuem um desenvolvimento de tal forma que varias seções


transversais diferentes vão se sucedendo ao longo de uma determinada direção. Não há
interesse em se mostrar vistas ortogonais da peça como um todo mas sim, destacar
seções transversais específicas.
O procedimento consiste em se desenhar uma vista completa da peça como um todo
com linhas tracejadas, linhas de centro, eixos, etc. A representação do seccionamento
poderá ser representada dentro do próprio contorno da vista no local onde ocorre, fora
do contorno da vista ou ainda, interrompendo um região da vista.

‘Exemplo1: Uma viga em aço com Perfil “I” tem seção constante ao longo de todo o seu
comprimento. Observe que foi escolhida uma vista com apresentação de sua maior
dimensão, o comprimento. Uma linha de ruptura foi aplicada à vista desenhada com
introdução de sua seção na própria vista.

54
Exemplo 2: Uma corrente formada por vários elementos (elos) todos iguais entre si.
bastará detalhar um dos elos para a produção de vários iguais.

detalhamento de um elo
para uma corrente.

Quando várias seções se sucedem ao longo de um eixo, em planos paralelos entre si, o
desenho deverá ser feito abaixo ou acima da vista tradicional se o eixo for horizontal ou,
ao lado para eixos verticais de forma que todas as seções estejam alinhadas por este
eixo. Neste caso inclusive podemos ter escalas diferentes de representação. A vista
tradicional é representada em uma escala e as seções em escala diferentes, todas elas
indicadas abaixo da identificação de cada desenho.
A

Seção A
A

A B C

Seção A Seção B Seção C


A B C

Seção A
A A

Seção B

B B

C C

Seção C

55
Exercício.
Traçar a vista frontal e três seções. Medidas em mm. Cotar.

furo Ø5
prof. 18
furo Ø5
passante

material = aço

furo Ø5
prof. 30
PEÇA 29

56
Bibliografia.

- NBR 10647: Desenho Técnico.ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

- French,Thomas E., Vierck, Charles j. Desenho Técnico e Tecnologia Gráfica. Editora


Globo.

- Silva, Eurico de O., Albiero, Evandro. Desenho Técnico Fundamental. EPU- Editora
Pedagógica e Universitária Ltda.

- Bertoli, Roberto A. Apostila Desenho Técnico I. Cotuca – UNICAMP.

- Serafim, Éliz L. Apostila Desenho Técnico I. FEM – UNICAMP.

57

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