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NOVAS JOIAS,

NOVOS
MUNDOS

LUIZ FELIPE ALVES N°21 8° C


CAPÍTULO 1: FÉRIAS OU DESCANSO?

A soturna realidade é prosaica e incomensurável. A humanidade ocupa um


ponto frívolo no universo, e segredos desconhecidos não estão preparados
para descobertas.
No dia 25 de abril de 1987, o universo aspirou segredos no momento errado. O
arqueólogo Kall Numes, formado pela Universidade de Oxford, segregou o
poder e o significado da humanidade.
Kaal era um orgulhoso morador da rua Mutin, localizada em Sidney na
Austrália, era valorosa, rica e tachada de “pomposa”. Sua casa caracterizava-
se branca e vermelha, erudita e ”incontestável”. Típica de um arqueólogo.
Tinha 30 anos, não sabia se era velho ou novo, dizia que o tempo passava
rápido, só não sabia que estava errado.
Visitava frequentemente o Archeology Museum Center (importante museu
nacional, erigido em 1765), estudando obsessivamente sobre os aborígenes
australianos, era apenas o prazer que o mantinha obsessivo, até a grande
descoberta.
Era solteiro, e não pensava em companhia. Sua constância em estudos e
artigos rendeu-lhe uma vida desejada, apesar de cansativa. Por esse motivo se
afastou dos estudos, sua justificativa era “quero aproveitar a vida”, um simples
padrão psicológico. Talvez, pelo passado atroz, isso era necessário. Perdera a
mãe e o pai num acidente trágico, que reverbera em ondas melancólicas na
mente pequenina e imatura de Kall, até o momento, isso depois de 10 anos.
Por ser renomado e influente na arqueologia, os jornais locais repugnaram tal
ação. Sua popularidade era grande, agora nem tanto. Importava? Acho que
não.
Foram 2 anos de estrito “descanso”, até o dia 25 de abril de 1987. Nesse lapso
mental chamado “descanso”, refletira sobre a vida e o tempo, dois fatores
destrutíveis e indestrutíveis. Contemplara fotos de sua mãe, Anny Numes e de
seu pai, Kout Numes, quase todos os dias, questionando-se: Por que não
estava naquele carro? Porque não evaporei também? Por que sou filho único,
o “único remanescente”?

CÁPITULO 2: “A MAJESTOSA VERDADE, NA SUA MAIS BELA


INTRODUÇÃO”.

Era tarde da noite, a penumbra tomava conta de sua casa, e o terror


aumentava a cada instante. Kall Numes estava sentado no seu sofá, assistindo
a um jogo de basquete comum e bebendo cerveja artesanal, como sempre
fizera até o desenrolar dos tempos.
Vivia em uma casa privilegiada, revestida em madeira mogno luxuosa e
condecorada com pilares brilhantes que subiam até o teto. Sem contar as
abóbadas inexoráveis.
Na cozinha tinha uma mesa incomum, alterava sua forma básica com um
simples botão. De convexa para côncava e muitas outras. Sobre ela, um
tabuleiro de Xadrez era protagonista.
Tudo como planejado, descanso e liberdade.....
...Repentinamente um estrondo dominou o porão da casa. Fora tão alto, que
um zumbido entorpecedor dominou Kall por um tempo.
Ainda se recuperando do baque, o mesmo desceu as escadas para o porão,
trêmulo e confuso. Lá encontrou algo que mudou sua vida e mentalidade por
completo.
Um caixote empedernido ocupava o meio do porão, era brilhante e possuía
hieróglifos desconhecidos, além de mapas indicando latitudes e medidas
estranhas. Emitia um fulgor cósmico, uma olhadela já te incomodava.
Pelas maiores grandezas do Destino, o caixote estava entreaberto...
A sina é tão sarcástica.
Kall vociferava: “Mas que diabos é isso? Repentinamente um caixote emerge
no porão? Só pode ser brincadeira”
Ao mesmo tempo que interrogava o acontecimento, Kall não obteve sucesso
em codificar os hieróglifos. Algo constrangedor para um arqueólogo do patamar
e nobreza do mesmo.
Mas afinal, o que tinha dentro do caixote?
Numes, em meio a toda confusão, decidiu abri-lo. Inspirou o ar três vezes e
desatou a estranha e inesperada caixa.
Nela, continha um colar revestido com pepitas de ouro, (dezesseis pepitas,
especificamente). Todas simbolizadas por proeminências em linguagens
pictóricas distintas.
Além disso, parecia haver outros espaços que explicitamente serviam para
armazenar colares, porém, estes não estavam preenchidos, e sim vazios.
No âmago desses espaços, um livro de capa verde e laranja ocupava
suntuosidade. Kall adormeceu nesse instante, algo injustificável. Talvez fosse o
sentimento de estar delirando no mundo, era delírio? Não, era a majestosa
verdade, na sua mais bela introdução.

CAPÍTULO 3: O SIMPLES ACORDAR


O simples acordar fora tão prosaico quanto a verdade.
O porão fadado a sina inexorável, exalava fulgores característico do fim. O
caixote ocupava o mesmo local, e Kall se deparava novamente com a sórdida
realidade.
A curiosidade intrínseca de seu dissimulado arrojo, o expeliu a abrir o livro de
capa verde e laranja. “Páginas amarelas o formava, poemas o lacravam e
medidas o assombravam”- Descreveu Numes.

“Yuiwi jiowu
Uieueywt polcuytu
Polkjhuioloolo
Oloalamioplo hi umoi lop deimi”

Esse poema se repetia na maioria das páginas, “lacrava” o assombro da


desconhecida linguagem e significado.
O livro definhado pelo tempo, emitia ares insignificantes, até sua última
página....

“Mordazes e sagazes são os humanos, cegam-se com o deleite da


solidez e distância, exultam o impossível da prudência, lucubram a
nitidez adstrita da capciosidade.
“ Folhas reagem ao vento, e pontos formam esferas........”

4°26.5404′ N
75°25.7244′ O
Eis a autêntica medida, em que as pepitas se transformarão, e que
deveras aglutinará a verdade.....

Kall se perguntava: “Com quais forças estou lidando?”


Se a destreza e racionalidade não lhe é exata, busque aperfeiçoa-la....
Kall deliberou-se consigo mesmo: “Preciso ser racional”. Costumeiramente
metódico, racionalizou parcialmente.
O misterioso surgimento do caixote era intrinsecamente misterioso, já o livro e
o colar ignotos, eram essencialmente próximos, suscitando reminiscências.
A coordenada indicada na última página sórdida do livro, pertencia a
localização de Cajamarca, cidade do Peru.
Descobrira isso, após longa consultada em mapas e atlas.
O que tal cidade e caixote teriam em comum? A resposta surgiu como um
lampejo em seus olhos.
No externo do caixote, a coordenada era revestida em madeira.
E após pleitear a razão, lembrou-se que Cajamarca, em meados de 1343, fora
palco de assombrosos cultos, referindo-se ao “Cjamicaninamo”.
O “Cjamicanimano” era um mistério para a história em geral, sempre sendo
indicado em algumas civilizações, mas nunca descoberto por completo.
Kall, não acreditava, talvez fosse o pioneiro e magnânimo arqueólogo a
desvendar tal mistério.
Foi um erro animar-se....Mas enfim, quem sou eu para defrontar-se com a régia
sina.

CAPÍTULO QUATRO: OBSESSÃO E VIAGEM PARA CAJAMARCA.

Durante os dias 19 a 21 de abril, Kall não se conteve em delirar.....


Obsessivo por resultados e produtos efetivos do “Cjamicaninamo”, passou
madrugadas labutando e estudando, não por prazer, mas por orgulho.
“Imagina se eu descubro!! Serei o maior arqueólogo e historiador da história”-
Pensava Numes.
Sobre o livro de capa verde e laranja, agora denominado “Cjamino”, os poemas
continuavam indecifráveis, todavia que reflexões da última página perduravam,
incessantes.
Pelo seu entendimento, ele achava que o colar possibilitava a introdução em
um novo mundo. Como isso acontecia, era a grande questão.
O orgulho o mantinha agudo na descoberta. Não compartilhou tais ideias com
ninguém. Era ele contra ele.
Contemplou a caixa várias vezes, sempre tendo o mesmo resultado.
Cansado, mas obsessivo, preparou seu passaporte, separou seu dinheiro
e.....adivinha só?......
....foi para Cajamarca.....

CAPÍTULO 5: DURANTE A VIAGEM E A CHEGADA.


Por motivos óbvios levou para o Peru, apenas o colar e o livro. O caixote era
“intangível”, nessa situação.
Durante o longo voo, tentou esquecer o já esquecido, adormeceu
completamente.
Sonhou um sonho temível, nele, uma criatura de tentáculos e dezesseis olhos
apontava para pedras e dizia:

“Yuiwi jiowu
Uieueywt polcuytu
Polkjhuioloolo
Oloalamioplo hi umoi lop deimi”

Familiar....? Acordou nesse instante.....


Por ventura, o destino estava próximo. No momento em que acordou, o avião
pousou.....
......Peru era o destino.....
Permaneceu em estadia no hotel “International Peru”, exultava nobreza e
modéstia. Durante sua estadia de 2 dias, de “preparação” como bem descreveu
mais tarde, enganou-se em não estudar e sim em criar coragem. O hotel ficava
a 3 quilômetros da cidade de Cajamarca.....

CÁPITULO 6: CAJAMARCA E PROXIMIDADE DO DIA 25...

Chegou em Cajamarca no dia 24 de abril de 1987, tentou aprimorar seu


conhecimento cultural e popular da região com bases empíricas, entrevistando
os habitantes, materializando informações, entre outros....
Descobriu que a “maldita e assombrosa” coordenada descrita no “Cjamino”, se
referia ao centro da cidade de Cajamarca.
Após breves perguntas aos moradores, percebeu que o centro da cidade
situava-se numa região arenosa, inóspita e inabitada. Coincidência?...
Pernoitou o dia 24 de abril, andando em direção ao centro. No caminho, se
deparava com rostos sórdidos, que denunciavam algo esquecido.
Exaurido pela andança, avistou uma placa:

CENTRO DE CAJAMARCA

BIENVENDO

“Uau, finalmente o destino ateado a mim”-Pensou Kall


Curiosamente, um monólito esquálido e extraordinário despendia-se debaixo
da placa.
Intrinsecamente materialista, Numes escrutou tal pedregulho. Fugaz da
intrépita humanidade, emitia ares cármicos e desconhecidos. Na pedra, um
poema era esculpido. Sim...aquele....poema....

“Yuiwi jiowu
Uieueywt polcuytu
Polkjhuioloolo
Oloalamioplo hi umoi lop deimi”

Kall adormeceu inexplicavelmente, como num passado próximo.

CAPÍTULO 7: O MALDITO DIA 25 DE ABRIL DE 1987


Acordou no dia “execrável e escolhido”. O cenário era o mesmo, um sertão
infindável, uma placa de boas-vindas e uma pedra incomum.
Acostumado a isso, apenas acordou......
....A pedra era segurada por uma mão, essa mão era sua....
Observando com temor tal pedra, a mesma se abriu, emitindo um fulgor
peçonhento. Dentro dela, rolos de papéis desatinavam....
O que era aquilo? Que cena é essa?
Uma pedra que se abre?..... Tais papéis eram figurados por desenhos um tanto
peculiares.
Os três principais papéis eram esses...

UM TOQUE

16 16
MUNDOS PEPITAS

Além disso, alguns papéis simbolizavam dezesseis planetas.


Não sabia o que era aquilo...Por um instante, sua mente se tornou débil...
Lembrou-se do esquecido, o colar das dezesseis pepitas, que estava no seu
bolso. O que eles fazem?
Procurou no seu bolso, bastou um toque em determinada pepita e......
Desvaneceu-se da Terra, estava agora em um novo universo, um novo mundo,
um novo espaço-tempo....
Por isso tal relação entre toque, pepita e novo mundo.
Agora entendia, a pepita era o indicador cósmico. Cada Pepita era um
mundo....
O universo em que surgiu era fogoso, pálido, cinza e assombroso. Não existia
árvores, nem rios e lagos. Queimadas o tornavam e fumaças o contornavam.
Alguns seres estranhos voavam sobre o ar....
....Estupefato pela grande descoberta, tocou em outra pepita...
...Voltou para terra....
Sarcasticamente uma folha amarelada pairava sobre seu cabelo, nela um texto
justificava tudo... era o “Cjamicaninamo”....

“Cjamicaninamo”
Oriundo da origem, dezesseis planetas se inter-
relacionam em sinas opostas e congruentes.
No princípio universal, um planeta colossal
“Jkok” se rompeu, originando o
“Cjamicaninamo”, dezesseis planetas segregados
e remanescentes do “Jkok”.
Todos possuem sinas e caminhos singulares,
porém são oriundos do mesmo material.
Colares.....mundos......
Era um vício descobrir mundos....
Tocou em outra pepita e se via em mundo invernal e gélido.
Tocou em outra e estava num mundo sem superfície, apenas voando.
Sendo assim sucessivamente, descobriu os 16 mundos, alguns não queria ter
descoberto. Revelava criaturas agourentas, ferozes e diabólicas.
Pensando bem, era melhor não ter descoberto nada....
Na noite do dia 25 de abril de 1987, Kall Numes se suicidou, com uma faca no
peito. Mas por que? Diante de tal descoberta?
Aspirou segredos infindáveis e argilosos... e descobriu a verdade...a tenebrosa
verdade...
Que nós humanos, não passamos de um material obsoleto e insignificante no
universo e que nossa ocupação é apenas a existência.
O “maldito colar” ficara no sertão de Cajamarca. A sina do mesmo é longa, mas
é assunto para outros contos.
Kall, que se revelou orgulhoso e intermitente, fadou-se no óbvio. Conceber tais
segredos não é possível, somos insignificantes e frívolos.......

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