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Termos e Conceitos - Paleontologia

Por: Edson Coutinho de Medeiros e Nayrton Mendes Coelho

Éons: Grandes etapas de desenvolvimento do planeta. As maiores mudanças físicas e


biológicas que a terra já passou;
Eras: Mudanças de menor magnitude delimitadas principalmente por grandes mudanças
ambientais e extinções;
Períodos, Épocas e Andares: Eventos de menor intensidade, delimitados por correlações
fossilíferas ou bioestratigráficas.

Paleontologia ≠ Arqueologia

Paleontologia: Ciência que estuda a vida no passado e todo seu desenvolvimento ao longo do
tempo geológico. Ocupa-se da descrição e da classificação dos fósseis, da evolução e da
interação dos seres com seus antigos ambientes, da distribuição e da datação das rochas
portadoras de fósseis (bioestratigrafia).
Arqueologia: Ciência que estuda as culturas e os distintos modos de vida das diferentes
sociedades humanas.

Fósseis: Restos ou vestígios com mais de 11.000 anos são considerados fósseis. Tempo
calculado pela última glaciação que antecede o Holoceno. (CONCEITO CONTROVERSO)

Tipos de fósseis:

Fóssil corpóreo ou Resto fóssil:

Restos orgânicos, especialmente suas


partes duras, tais como as conchas, os ossos, os
dentes e as partes vegetais (troncos, folhas etc.)
Além das impressões, moldes e contramoldes.

Foto 1: Fóssil corpóreo - um peixe envolto em rocha


calcária;

Fóssil Traço/Vestígio/Icnofóssil:

Registro da atividade de um organismo


sobre um substrato. Exemplos: pegadas,
sequência de pegadas (pistas), coprólitos (fezes
fossilizadas), urólitos, ovos, ninhos fósseis,
escavações (uma toca como exemplo).

Foto 2: Fóssil traço - coprólitos;

As 4 grandes subáreas da paleonto:

Paleozoologia: Se divide no estudo de vertebrados e invertebrados.

Paleobotânica: compreende o estudo dos restos fossilizados de organismos vegetais

Paleoicnologia: compreende o estudo dos vestígios e evidências fósseis da atividade de


organismos.

Micropaleontologia: compreende o estudo dos restos de partes de organismos ou organismos


inteiros que necessitem de instrumento de aumento.
Outros termos…

Fósseis vivos: organismos atuais que sofreram pouca ou muito baixa modificação
morfológica ao longo do tempo geológico;

Ex. celacanto, ginkgo biloba, polvo do deserto- welwitschiaceae.

Observação: Esse termo é controverso! E a maior parte dos paleontólogos não utiliza esse
termo, mas sim: formas relíquia.

Pseudofóssil: estrutura de origem INORGÂNICA que pode ser confundida com registro
fossilífero;

Ex. Dendritos de pirolusita.

Dubiofóssil: estrutura de origem ORGÂNICA porém cuja a natureza é desconhecida;

Subfóssil: material oriundo do holoceno, antes de 11.000 anos.

Fósseis químicos/biomarcadores: compostos orgânicos cuja estrutura sugere ligação com


produtos orgânicos conhecidos;

Ex. biolop do colesterol- geolipido colestano.

Fossilagerstätten: local que contém um número incomum de informações paleontológicas.


↑ qualidade e ↑ quantidade de fósseis. Ex.: Folhelho Burgess, Formação Crato e Romualdo
(Bacia do Araripe)

Taxonomia em fósseis

- Apenas características morfológicas preservadas;


- Único dado para descrição de novas espécies;
- Variação intraespecífica interespecíficas;
- Dúvidas taxonômicas;

Bioestratigrafia

- Datação relativa de rochas sedimentares a partir dos seu conteúdo fossilífero,


conferindo equivalências cronológicas entre depósitos, mesmo com liturgia e
distância diferentes.
❖ Sucessão biótica: grupos fósseis ocorre em ordem determinada e invariável que
reflete evolução da vida na terra;
❖ paleoecologia: investigação de populações e comunidades, além da interação dos
grupos as mudanças do meio, reconstruir modelos ambientais mesmo com
informações limitadas
❖ atualismo/unitarismo: processo que atuaram no passado no planeta são os mesmo
que acontecem e podem acontecer no presente

Conceitos de paleoecologia

Paleoautoecologia: estudo de determinada espécie e suas relações com o meio, possibilitando


realizar inferências sobre a espécie e as características do meio em que habitava, tanto de
dados bióticos quanto abióticos;

Paleossinecologia: relação do organismo com o meio físico;

Paleobiogeografia: ramo da Paleontologia que trata da distribuição geográfica dos


organismos fósseis. Inclui, por exemplo, os conceitos de espécies endêmicas e espécies
cosmopolitas;

Bioestratinomia

Tafonomia: ciência que estuda o processo de preservação dos restos orgânicos no registro
sedimentar e como esses processos afetam a qualidade do registro fóssil.

Assembléia: qualquer acumulação relativamente densa de fósseis. Independentemente do


estado de preservação, grau de modificação pós-morte ou composição de táxons.

❖ Tipos:
➢ Assembleia autóctone: preservados em posição de vida! O treco morreu e
NÃO SAIU DO LUGAR;
➢ Assembleia parautóctone: os fósseis sofreram um pequeno transporte, mas não
ultrapassaram os limites do habitat original;
➢ Assembleia alóctone: foram transportados para fora do habitat original.
(Morreu em Recife e achou em Surubim);

Biocenose: Associação de organismos vivos que vivem em equilíbrio ecológico no mesmo


habitat;

Tanatocenose: Assembleia de organismos mortos e suas marcas e sinais;

Tafocenose: Assembleia soterrada de organismos mortos;


Processos de fossilização:

❖ Processos necrológicos:
➢ Não necessariamente ocorre a morte do organismo para haver a fossilização;
➢ Morte natural ≠ morte catastrófica;

❖ Processos bioestratinômicos:
➢ Desarticulação;
➢ Transporte;
➢ Reorientação;
➢ Soterramento;
➢ Fragmentação;
➢ Corrosão;
➢ Intemperismo;
Condições essenciais para processar-se a fossilização:

★ Rápido sepultamento;
★ Isolamento do cadáver de necrófagos;
★ Natureza do material sedimentar sepultante;
★ Quantidade de partes duras resistentes à decomposição.

Fossildiagênese: estuda o conjunto de alterações químicas e físicas sofridas pelos restos dos
organismos desde o momento no qual são enterrados até o momento da coleta.

❖ Preservação total: preserva todo o organismo;


❖ Preservação sem alteração do resto esquelético: não modifica a estrutura original do
resto orgânico (incrustação, permineralização);
❖ Preservação com alteração do resto esquelético: ocorre adição, substituição e/ou
dissolução do material original (moldes);

Tipos de fossilização:

Âmbar:

Resina produzida por diversas gimnospermas e


angiospermas que foi fossilizada.

Criopreservação:

Preservação em gelo;

(Na imagem vemos uma filhote de mamute que foi


congelada, a Lyuba.)
Dessecação/mumificação:

Carcaça desidrata rapidamente,


ficando protegido de ataque de
bactérias;

Incrustação:

Mineral é transportado pela água, recobre o fóssil


original e se cristaliza, formando um envoltório do
organismo. Principais minérios: carbonato de cálcio,
pirita, limonita e sílica;

Permineralização:

O sedimento que está ao redor do organismo preenche as


cavidades deste organismo (geralmente ocorre em fósseis mais
porosos). TRONCOS FOSSILIZADOS!

Triássico - RS

Concreção:

Precipitação de carbonato de cálcio,


mesmo sem a desarticulação do
organismo. Formação de nódulos.
KINDER OVO;

(Figura com tipos de concreções quanto ao número de espécimes delas encontrados)


Petrificação:

Fase posterior à permineralização. A matéria orgânica é


completamente substituída por compostos minerais;

Substituição:

O mineral original é substituído por outro. Ex.: silificação,


piritização, limonitização, fosfatização;

(Figura com Amonóide piritizado)

Recristalização:

Há modificação na estrutura cristalina do


mineral original;

(Bivalve Anodontiltes pricei, Cretáceo da Bacia


Bauru. A concha original era de aragonita (A)
recristalizada em calcita (B).

Carbonificação:

Os elementos voláteis da matéria orgânica são perdidos (O, H, N)


apresentando uma coloração escura;

← Incarbonização:

Fica uma película FINA de carbono, mais comum em estruturas


constituídas de lignina, celulose, quitina e queratina;
Impressões:

Similar à carbonificação, mas não deixa restos.

Ao contrário dos moldes externos ou internos, os


vestígios são bidimensionais;

Moldes e contramoldes:

➢ A formação de moldes ocorre quando um


organismo é depositado, e a impressão da porção
interna da concha fica marcada no sedimento
(molde interno).
➢ A impressão da porção externa da concha
é o molde externo.
➢ Depois disto, a concha pode ser
dissolvida, e o espaço ocupado por ela pode ser
preenchido por outro material, formando o
contramolde.
Principais microfósseis:

Ostracodes:

Microcrustáceos bivalves (com carapaça quitinocalcítica);

Hábitos alimentares: detritívoros, herbívoros, filtradores,


sugadores, parasitas, predadores, necrófagos.

Diversidade nos hábitos de vida (bentônicos, planctônicos


e necto-bentônicos);

Importância paleontológica: De extremo valor para a paleontologia por terem um vasto


registro fóssil, grande diversidade e abundância em praticamente todos os ambientes
aquáticos marinhos e não marinhos, e alguns semi-terrestres (encontrados até em bromélias).
São sensíveis a condições ambientais como salinidade, temperatura, concentração de
oxigênio. Devido à sua alta taxa de especiação e à capacidade de preservação, são bastante
utilizados na bioestratigrafia e reconstruções ambientais. Ostracodes marinhos são bons
indicadores de eventos paleoclimáticos e paleoceanográficos, tais como mudanças
hidrológicas, variações no nível relativo do mar e produtividade

Foraminíferos:

Protistas bentônicos ou planctônicos;

Marinhos (poucas espécies toleram redução da


salinidades);

Calcários ou aglutinantes;

Planctônicos: a abundância cresce na razão direta da


profundidade da água (surgimento no Jurássico);

Bentônicos: são dominantes na plataforma, decrescendo de maneira


acentuada a partir do talude;

Importância paleontológica: Foi o primeiro grupo a chamar a atenção dos


naturalistas na micropaleontologia. Os bentônicos são muito utilizados em
datações de rochas do Paleozóico. A partir do Jurássico os planctônicos
tornam-se importantes para a bioestratigrafia
Nanofósseis calcários:

Minúsculas placas calcárias (0,25 - 50µm);


Maiores produtores de carbonatos pelágicos;
Essencialmente marinhos, habitando principalmente entre
0 e 200m de profundidade;
Sensíveis a variações de luz, nutrientes e temperatura;

Importância paleontológica: estudos de paleoecologia


estão relacionados à profundidade, distância da linha de
costa, temperatura, salinidade e pH, disponibilidade de
nutrientes e oxigênio, energia água, turbidez. São muito
úteis na bioestratigrafia e consequentemente, na indústria de hidrocarbonetos (Fator limitante
à sua preservação: Zona de Compensação do Carbonato de Cálcio (CCD))

Radiolários:

Protistas microscópicos unicelulares;


Esqueleto silicoso;
Exclusivamente marinhos;
Habitam de regiões equatoriais até polares em águas neríticas e
oceânicas, da superfície a profundidades abissais;

Importância paleontológica: paleobatimetria, paleotemperatura,


paleocorrentes oceânicas, eventos de anoxia.

Diatomáceas:

Algas unicelulares, planctônicas e bentônicas que vivem


isoladas ou em colônias;
Ambientes marinhos ou de água doce;
Esqueleto silicoso.
Palinomorfos:

Microfósseis orgânicos compostos basicamente de


esporopolenina e quitina;

Estruturas de animais, plantas, fungos que tem tamanho


microscópico;

Esporos, grãos de pólen, esporos de fungos, algas de água doce - ambiente


continental;
Dinoflagelados, palinoforaminíferos, escolecodontes - ambiente marinho

Conceitos iniciais sobre: Datação

Fósseis guia: de extrema importância para datação das rochas por terem uma ampla
distribuição geográfica, grande abundância, fácil identificação, curta distribuição
estratigráfica;

Biozonas: seus limites são estabelecidos com o surgimento ou desaparecimento de certos taxa
e por vários tipos de associação entre eles;
Tipos de biozonas:

Zona de amplitude: limite superior e


inferior definidos pelo alcance
estratigráfico de um táxon;

Zona de intervalo: intervalo entre o surgimento


de um táxon A e de um B;

Zona de concorrência: o alcance


estratigráfico de diferentes táxons
coincidem, onde um surge o outro é extinto;

Figura: limite inferior: surgimento de D; limite


superior: extinção de A.

Zona de assembleia: engloba táxons com


diversos alcances estratigráficos;

Figura: 5 táxons englobados. Limite inferior:


surgimento de A e C; limite superior: desaparição de
D.
Zona de abundância: intervalo
estratigráfico no qual determinado táxon é
abundante;

Zona de linhagem/ filozona: parte do alcance


estratigráfico do surgimento de um táxon e o
surgimento de outro táxon.

Figura: limite estabelecido pelo aparecimento do táxon


B até o surgimento do táxon C.

Métodos de datação

Datação relativa: possibilita um correto empilhamento das rochas, pois diz que uma vem
antes ou deois que outra. Entretanto, é incapaz de estabelecer a duração desses
acontecimentos (ou seja, a idade absoluta das rochas);

Datação absoluta: se utiliza da meia vida de alguns elementos químicos (os que têm um
decaimento radioativo menor) para realização da datação radiométrica das rochas. Fornece
uma idade númerica.

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