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A Jornada – Randall Niles

A Jornada
Randall Niles

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A Jornada – Randall Niles

O Autor:
Randall Niles era um cético, crítico e cínico determinado. Moldado
pela influência de Georgetown, Oxford e Berkeley, os colegas de
Randall o conheciam como um "ateu praticante". Então, no que
parecia ter sido da noite para o dia, as pessoas testemunharam uma
mudança dramática em sua vida. Participe de uma viagem com
Randall à medida que ele expõe questões, explora suposições e
desafia suas antigas ideias sobre a vida, assim como o seu propósito
e significado.

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Aula Básica de Pensamento Crítico

Às vezes é preciso um pensamento simples – de forma crítica e básica


- para sacudir os alicerces de um sistema de pensamento por
completo ...

Foi durante um acampamento de esportes para jovens no final de


1999 que eu tive uma epifania sem qualquer esforço.

"Certifique-se de que seus filhos estão bebendo bastante água",


fomos advertidos. "Hidratação, hidratação, hidratação – isso é o mais
importante".

"Não há problema", pensei. "Todo mundo conhece este princípio


básico da ciência nutricional."

Então algo me bateu ...

Quando eu praticava esporte quando criança, a água era tratada


apenas como uma recompensa. Mesmo se tivéssemos um tempinho
para ir ao bebedouro, os técnicos estavam sempre de olho para não
nos deixar beber água demais. "Você vai ficar com dor em seu lado!",
disseram. De fato, no intervalo das partidas, só podíamos comer
rodelas de laranja porque os fluidos causariam "cãibras e ficaríamos
mais lentos".

Então, lembrei-me da experiência de meu pai com esportes quando


era criança. Durante a sua geração, os atletas na verdade tomavam
comprimidos de sal - por vezes em grandes quantidades. Os
treinadores na verdade enxergavam a hidratação durante o jogo
como um tabu.

Click (ou qualquer que seja o barulho de uma câmera tirando uma
foto)! Eu tive um daqueles perfeitos momentos para "foto mental" de
uma experiência, onde uma verdade entra em foco e passa a fazer
parte de sua vida para sempre ...
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A ciência não é estática. A ciência muda ao longo do tempo. A


evidência observável não muda, mas a compreensão científica dessa
evidência sim ...

Na minha simples ilustração, três gerações de atletas enfrentaram


três diferentes pontos de vista da ciência nutricional. A evidência
observável sobre a água e o corpo humano não mudou, mas a
apresentação científica (e, sobretudo, a percepção pública) dessa
evidência avançou pelo menos três vezes ao longo de algumas
décadas.
Por alguma razão, esse simples pensamento me apresentou um
desafio.

Por alguma razão, este momento inconsequente na minha vida abriu


uma comporta de inúmeras perguntas de grande alcance.

Eu precisava avaliar a evidência observável novamente. Estava na


hora de começar a examinar minhas pressuposições de várias décadas
sobre a ciência, a natureza e a tecnologia. Eu decidi me referir às
verdades básicas da grande figura do mundo ao meu redor ... Comecei
a ler e a estudar ...

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Origem do Universo – Qual é a teoria mais recente?

Quando se trata da origem do universo, a "teoria do Big Bang" e suas


relacionadas Teorias Inflacionárias do Universo (TIU) são as
conjecturas científicas dominantes dos dias de hoje. De acordo com
essas noções inter-relacionadas, o universo foi criado entre 13 e 20
bilhões de anos atrás a partir de uma explosão cósmica aleatória (ou
ampliação) de uma bola subatômica que arremessou o espaço,
tempo, matéria e energia em todas as direções. Tudo - o universo
inteiro – se originou de uma partícula inicial de densidade infinita
(também conhecida como uma "singularidade"). Esta partícula
(existente fora do espaço e tempo) apareceu do nada, sem motivo,
apenas para explodir (começar a expandir) de repente. Durante um
período de aproximadamente 10 bilhões de anos, este espaço, tempo,
matéria e energia recém-criados evoluíram a estrelas, galáxias,
planetas (incluindo a nossa terra) maravilhosamente projetados e
totalmente funcionais.
Isso é o que os especialistas estão dizendo sobre a origem do
universo:

NASA: "O universo foi criado entre 10 e 20 bilhões de anos atrás de


uma explosão cósmica que arremessou matéria em todas as
direções."
(Http://liftoff.msfc.nasa.gov/academy/universe/b_bang.html)

UC Berkeley: "A teoria do big bang afirma que em algum momento no


passado distante não havia nada. Um processo conhecido como
flutuação do vácuo criou o que os astrofísicos chamam de
singularidade. A partir dessa singularidade, que era mais ou menos
do tamanho de uma moeda, o nosso Universo nasceu."
(Http://cosmology.berkeley.edu/Education/IUP/Big_Bang_Primer.html)

Universidade de Michigan: "Cerca de 15 bilhões de anos atrás uma


explosão tremenda começou a expansão do universo. Esta explosão
é conhecida como o Big Bang. No momento desse evento toda a
matéria e energia do espaço ainda estavam contidos. O que existia
antes deste evento é totalmente desconhecido e é uma questão de
pura especulação. Esta ocorrência não foi uma explosão
convencional, mas sim um evento que preenche todo o espaço com
todas as partículas do universo embrionário se afastando umas das
outras rapidamente."
http://www.umich.edu/ gs265/bigbang.htm ~)

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PBS: Houve uma "explosão inicial" de um "átomo primordial que


continha toda a matéria no universo."
(Http://www.pbs.org/wgbh/aso/databank/entries/dp27bi.html)

A Associação Americana para o Avanço da Ciência: "Nos últimos


cinquenta anos, uma grande quantidade de evidências tem sido
acumulada em apoio de um "consenso" da teoria da evolução do
universo. A teoria sustenta que o "big bang", em uma fração de
segundo, precipitou uma enorme inflação do Universo, seguida por
uma expansão gradual que continua até agora e está se acelerando."
(Http://www.aaas.org/spp/dser/seminar/011603cyclicuniversesummar
y.pdf)

Tudo isso é tão familiar! Deixe-me seguir em frente ...

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Origem da Vida – Qual é a teoria mais recente?

Quando se trata da origem da vida, "a teoria da evolução" ainda é a


base da visão científica do mundo de hoje. Em geral, os livros
didáticos ensinam que a vida surgiu a partir de matéria não-orgânica
exclusivamente através de um processo natural mecanicista em uma
terra pré-biótica. Em seguida, essa forma de vida original se evoluiu
para formas mais complexas através de um processo natural de
mutações aleatórias e seleção natural. Em resumo, a hipótese
científica da maioria é que matéria aleatoriamente reagindo com
matéria por um longo período de tempo criou tudo que vemos.

Isso é praticamente tudo de que eu me lembro - não tinha muita


diferença até então ...

Aguarde! Minha mente cética então começou a funcionar ...

Como é que o nada pode explodir? De onde vieram toda a matéria e


energia? O que causou o seu lançamento? Como é que esta explosão
de tudo (do nada) se organizou? Como pode a simplicidade tornar-se
complexidade? De onde vieram os elementos químicos? De onde
vieram as leis matemáticas e propriedades físicas? Como explicar o
design, a complexidade e a afinação inerentes a galáxias espirais,
sistemas solares e estrelas?

Como é que a vida surgiu de uma rocha? Como um pássaro surgiu de


um lagarto? Por que não vemos pássaros surgindo de lagartos hoje?
Por que não há fósseis de transição em nossos museus de hoje em
dia? Por que nunca observamos mutações benéficas? De onde veio o
código de informação no DNA? De onde veio a convenção de
linguagem que interpreta o DNA? Como podemos explicar a evolução
aleatória do olho humano, do sistema reprodutivo, do sistema
digestivo, cérebro, coração e pulmões? De onde surgiu a mente
subconsciente? E o amor, a moralidade, a ética e emoções? Essas
coisas podem realmente evoluir gradualmente e aleatoriamente ao
longo do tempo?

Nossa! O que estava acontecendo comigo?

Literalmente, eu estava em um estado de ceticismo de "fluxo da


consciência". Tudo o que eu sabia (ou achava que sabia) sobre o
mundo ao meu redor não mais fazia sentido. Eu não podia voltar para
trás! Se eu quisesse ser intelectualmente honesto comigo mesmo, eu
não poderia retornar à minha antiga forma de pensar ... Eu tive que
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seguir adiante e avaliar por mim mesmo a evidência observável ... No


entanto, por onde começar?

Por acaso, um colega de trabalho tinha recolhido alguns livros de


biologia do segundo grau usados hoje em dia. Eu abri um só para dar
uma olhada e fiquei impressionado com a primeira página que vi.
Havia um gráfico evolutivo de espécies semelhante ao da parede da
minha sala de aula do ensino médio. Era um gráfico parecido com
uma árvore com um monte de formas de vida simples na parte de
baixo e uma série de criaturas mais complexas na parte de cima. Eu
sempre achei que essa era uma apresentação razoável, mas agora a
minha mente cética estava funcionando ...

Independentemente de quaisquer problemas teóricos com a própria


árvore, o que dizer sobre todos os processos evolutivos necessários
para chegar à primeira forma de vida simples na parte inferior da
tabela?

Teoria da Evolução – Como realmente funciona?


A teoria da evolução, conforme ilustrada na árvore evolutiva em
minha sala de aula do ensino médio, só lidava com a cadeia macro-
evolutiva entre seres orgânicos. Através de um rápido estudo, eu
encontrei pelo menos outras cinco etapas fundamentais de evolução
que seriam necessárias antes de qualquer possibilidade de vida
orgânica. Na verdade, na teoria geral, cada etapa parecia ser
essencial para a próxima...

A primeira é a "Evolução Cósmica" - a ideia de que tempo, espaço,


matéria e energia de alguma forma "explodiram" (ou expandiram) do
nada devido ao repentino "big bang", causando o nascimento do
nosso universo. A segunda etapa é a "Evolução Estelar". Já que
acredita-se que o Big Bang produziu apenas hidrogênio, hélio e uma
variedade de partículas subatômicas, esses elementos devem ter de
alguma forma se condensado em estrelas por algum tipo de processo
evolutivo. A terceira fase é a "Evolução Química". De acordo com o
pensamento geral, os únicos elementos químicos produzidos pelo
Big Bang foram hidrogênio e hélio (e possivelmente lítio). Como
resultado do calor e da pressão incríveis no interior das estrelas, os
elementos originais de alguma forma evoluíram aos outros 88
elementos químicos que ocorrem naturalmente e que são observados
hoje.

A quarta etapa é a "Evolução Planetária". Os elementos químicos que


supostamente evoluíram dentro das estrelas antigas foram ejetados
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de alguma forma, possivelmente por mortes violentas dos ciclos de


vida estelar, liberando grandes nuvens de compostos espirais. Essas
nuvens de elementos químicos de alguma forma formaram sistemas
solares bem sintonizados, incluindo o nosso. A quinta fase é
a "Evolução Orgânica"(também conhecida como "geração
espontânea"). A teoria é que o planeta Terra começou como uma
massa de matéria fundida alguns bilhões de anos atrás. Ao esfriar,
tornou-se uma rocha sólida e seca. Então, choveu sobre as rochas
por milhões de anos, formando grandes oceanos. Eventualmente,
essa "sopa de rocha pré-biótica" (rocha + água) passou a existir e
gerou os primeiros sistemas orgânicos de auto-replicação.

OK, a esse ponto eu tinha mais perguntas do que nunca, mas pelo
menos eu tinha alcançado a base da tão chamada árvore de evolução.
Aqui é onde ocorre a sexta fase da teoria geral da evolução - "macro-
evolução". Acredita-se que todas as criaturas vivas compartilham um
ancestral comum: um organismo unicelular relativamente "simples"
que evoluiu a partir de matéria inorgânica (a chamada "sopa de
pedra"). Essencialmente, os pássaros e as bananas, os peixes e as
flores, são todos geneticamente relacionados. Ah, precisamos
adicionar mais um ... O sétimo e último estágio da teoria é "micro-
evolução". Micro-evolução é a variação e variedade de características
expressas em "tipos" de organismos sexualmente compatíveis. Os
exemplos incluem as diferenças entre os vários tipos de cavalos,
cães, gatos, etc. Esta variação "dentro de uma espécie" é o que
Darwin observou em meados do século 1800 e o que nós ainda
observamos hoje ...

OK, vamos recapitular ... A teoria evolutiva aparenta ter sete fases
distintas, inter-relacionadas e estabelecidas pela ciência, na seguinte
ordem:

Evolução Cósmica. O desenvolvimento do espaço, tempo, matéria e


energia a partir do nada.
Evolução estelar. O desenvolvimento de estrelas complexas a partir
dos primeiros elementos caóticos.
Evolução Química. O desenvolvimento de todos os elementos
químicos provenientes dos dois primeiros.
Evolução planetária. O desenvolvimento de sistemas planetários a
partir de elementos espirais.
Evolução orgânica. O desenvolvimento da vida orgânica a partir de
matéria inorgânica (rocha).
Macro-evolução. O desenvolvimento de um tipo de vida a partir de um
outro tipo totalmente diferente.
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Micro-evolução. O desenvolvimento de variações dentro do mesmo


tipo de vida.

Curiosamente, os livros de ciência e os documentários de televisão


declaram que apenas a sétima fase - Micro-Evolução - tem sido
observada e documentada. As seis primeiras fases da evolução são
apenas suposições ... Mas tudo bem, não é lógico usar observações
micro-evolucionárias para ligar os pontos em todos as outras
necessárias "fases de evolução"?

Espere um momento. De onde isto veio em primeiro lugar? Será que


realmente começou com Darwin? Posso encontrar todas essas
informações no livro de Darwin? Será que cheguei a ler esse livro?
Parece que todo mundo se lembra de ter lido o livro Origem das
Espécies, mas quantos de nós realmente temos? A evolução
darwiniana foi apresentada como um fato tão estabelecido na minha
classe de biologia de segundo grau que eu achava que não havia
nenhum motivo para voltar e ler a dissertação original e teórica ...
Esse era o meu pensamento naquela época, mas agora tudo era
diferente, por isso decidi ler o livro de Darwin por mim mesmo...

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Charles Darwin e a Origem das Espécies

Em 1831, "Charles Darwin" navegava como um passageiro no HMS


Beagle. Sua viagem de cinco anos o levou às costas da América do
Sul, onde observou várias espécies de animais. Um grupo de
criaturas em particular, os Tentilhões de Galápagos, chamou a
atenção de Darwin. Ele estudou essas aves, coletou amostras e
observou que tinham tamanhos e formatos de bicos diferentes. Estas
variações observadas inspiraram o desenvolvimento inicial de Darwin
da "Teoria das Origens das Espécies". Ele retornou à Inglaterra em
1836.

Em 1842, Darwin começou a elaborar A Origem das Espécies por


Meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na
Luta pela Vida (muitas vezes simplesmente referida como A Origem
das Espécies). Seu trabalho foi fortemente influenciado pela obra de
Sir Charles Lyell intitulada Princípios de Geologia (1830), assim como
a obra de Thomas Malthus intitulada Um ensaio sobre o Princípio da
População (1798). AOrigem das Espécies foi finalmente publicada em
1859.

Sabe o quê? Eu gostei do livro de Darwin. Em resumo, a Origem das


Espécies propõe "seleção natural" como o mecanismo pelo qual um
original organismo unicelular simples poderia ter evoluído
gradualmente em todas as espécies observadas hoje - tanto de
plantas como de animais. Em geral, nessa obra Darwin apresenta a
teoria da evolução, a qual ele define como "descendência com
modificação". É uma leitura divertida e uma hipótese convincente
para a época.

No entanto, 100 anos depois, os cientistas perceberam que a teoria


básica de Darwin precisava de ajuda - "Seleção Natural" é um
processo conservador, não um meio de desenvolver complexidade da
simplicidade. À medida que os cientistas começaram a compreender
a natureza da genética, eles foram obrigados a atualizar a teoria
original de Darwin. Eles propuseram que a Seleção Natural, em
conjunto com a mutação genética, permitiu o desenvolvimento de
todas as espécies a partir de um ancestral comum. Embora
verdadeiras mutações benéficas nunca tenham sido observadas (os
cientistas só observam mutações prejudiciais e "descendentes"),
essa é a conjectura geral de hoje a respeito da mudança evolutiva.

Mas o que dizer sobre o "ancestral comum" na parte inferior da


árvore evolutiva? ...
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Geração Espontânea
O que dizer sobre a geração espontânea da primeira forma de vida? A
evolução Darwiniana (e neo-darwinista) só se focaliza no mecanismo
de alteração ao longo do tempo entre os tipos de organismos. A
teoria da evolução ainda não lida com o primeiro organismo que
surgiu por acaso no nosso chamado "planeta primitivo" - isso é
chamado de "geração espontânea".

Sem colaboração de um meio exterior, a "geração espontânea" é


realmente a única explicação para os primeiros organismos na Terra.
O conceito remonta à época de Anaximandro, filósofo grego do
século 6 AC que propôs que a vida surgiu a partir de lama exposta à
luz solar. Embora a teoria de Darwin se focalize no mecanismo de
mudança evolutiva entre as formas de vida, ele também afirmou que a
vida original provavelmente surgiu de um "lago pequeno" onde a luz
solar agia em sais orgânicos. Na década de 1920, os cientistas Oparin
e Haldane atualizaram a conjectura básica de "geração espontânea"
ao proclamar que a luz ultravioleta agindo sobre a atmosfera primitiva
de água, amônia e metano produziu uma sopa "quente e diluída" de
vida básica.

Ao dar continuação à minha leitura, descobri um tema interessante.


Os meios de comunicação público e de ensino não tinham qualquer
problema com essas teorias e conjecturas básicas. No entanto, ao
longo das duas últimas décadas, a comunidade científica tem se
tornado cada vez mais inquieta. Enquanto que a ciência e tecnologia
do século 20 de alguma forma eliminaram a necessidade filosófica
para qualquer coisa metafísica, a ciência e tecnologia do século 21
estavam revelando coisas que não podem ser explicadas apenas por
supostos processos físicos.

Considerando que a sopa pré-biótica é mencionada em tantas


discussões sobre a origem da vida como uma realidade já
estabelecida, é na verdade um choque perceber que não há
absolutamente nenhuma evidência positiva para a sua existência.1

Algo não estava se conectando bem aqui - os cientistas de todos os


ramos (ateus, agnósticos ou teístas) estavam declarando que a
geração espontânea foi desmentida cem anos atrás! 2

Na verdade, os cientistas evolucionistas começaram a olhar para a


mínima probabilidade de que um organismo de vida livre e unicelular
(uma bactéria, por exemplo) poderia resultar de uma combinação do
acaso de blocos de construção da vida (aminoácidos, por exemplo).
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Harold Morowitz, um famoso físico da Universidade de Yale e autor


de Origin of Cellular Life (1993), declarou que a chance de qualquer
tipo de geração espontânea era uma em 10100,000,000,000.3

Sir Fred Hoyle, um agnóstico popular que escreveu Evolution from


Space(1981), propôs que a probabilidade era uma chance em
1040,000 ("a mesma probabilidade de que um tornado se arrastando
por um ferro-velho poderia montar um Boeing 747").4

Francis Crick, um ateu e co-descobridor da "estrutura do DNA" em


1953, chama a vida de "quase um milagre". 5 Ele não poderia
racionalizar as implicações metafísicas da sua descoberta do DNA,
por isso desenvolveu sua teoria de "esporos de vida" na década de
1970.

Por falar nisso, cientistas de várias disciplinas geralmente fixam o


seu "Padrão de Impossibilidade" em uma chance a cada 1050 (1 em
100,000 bilhões, bilhões, bilhões, bilhões, bilhões). Portanto, seja
uma chance a cada 10100,000,000,000 ou uma chance a cada 1040,000, a
noção de que a vida de alguma forma surgiu de algo sem vida tem
oficialmente cumprido as normas científicas para a impossibilidade
estatística.

Acho que o bioquímico da Universidade de Harvard e recebedor do


Prêmio Nobel, George Wald, esclareceu perfeitamente toda a situação
ao declarar:

É necessário apenas contemplar a magnitude dessa tarefa para


admitir que a geração espontânea de um organismo vivo é
impossível. No entanto, aqui estamos - como resultado, eu creio em
geração espontânea.6

Então, o que esses cientistas estão descobrindo? ... Por que estão
declarando que há uma chance enorme de que suas próprias teorias
são improváveis? ... Por que estão propondo novas (e estranhas)
pressuposições, tais como esporos de DNA de culturas
alienígenas?...

1 Michael Denton, Evolution: A Theory in Crisis, Adler and Adler, 1985, 261. 2 George
Wald, "The Origin of Life", Scientific American, 191:48, maio de 1954. 3 Harold
Marowitz, Energy Flow in Biology, Academic Press, 1968. 4 Sir Fred Hoyle, Nature, vol.
294:105, 12 de novembro de 1981. 5 Francis Crick, Life Itself - Its Origin and Nature,
Futura, 1982. 6 George Wald, "The Origin of Life," Scientific American, 191:48, maio de
1954.

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Molécula de DNA – A impossibilidade de informação


A molécula de DNA é uma das maiores descobertas científicas de
todos os tempos. Primeiramente descrita por James Watson e
Francis Crick em 19531, o DNA é o famoso armazém da genética que
determina as características físicas de cada organismo. Não foi até
meados de 2001 que o "Projeto Genoma Humano" e Celera Genomics
conjuntamente apresentaram a verdadeira natureza e complexidade
do código digital inerentes ao DNA. Agora entendemos que a
molécula de DNA é composta de bases químicas organizadas em
cerca de 3 mil sequências precisas. Até mesmo a molécula do DNA
da bactéria unicelular E. Coli contém informação suficiente para
encher todo um conjunto da Enciclopédia Britânica.

O DNA (ácido desoxirribonucleico) é uma molécula de cadeia dupla


torcida como uma escada/hélice em espiral. Cada cadeia é composta
de uma estrutura de açúcar-fosfato e inúmeros produtos químicos de
base agrupados em pares. As quatro bases que compõem os degraus
da escada em espiral são a adenina (A), timina (T), citosina (C) e
guanina (G). Estas escadas funcionam como as "letras" do alfabeto
genético que se combinam em sequências complexas para formar as
palavras, frases e parágrafos que funcionam como instruções para
orientar a formação e funcionamento da célula hospedeira. Talvez
ainda mais apropriadamente, o A, T, C e G no código genético da
molécula de DNA podem ser comparados ao "0" e "1" no código
binário do software de computador. Assim como software a um
computador, o código do DNA é uma linguagem genética que
comunica informação à célula orgânica.

O código de DNA, assim como um disquete de código binário, é


bastante simples em sua estrutura básica. No entanto, a sequência e
o funcionamento do código é que são extremamente complexos.
Através de tecnologias recentes, como a cristalografia de raios-x,
agora sabemos que a célula não é uma "bolha de protoplasma", mas
sim uma maravilha microscópica mais complexa do que o ônibus
espacial. A célula é muito complicada e se utiliza de vastos números
de instruções de DNA fenomenalmente precisas para controlar cada
uma de suas funções.

Embora o código do DNA seja extremamente complexo, o sistema de


tradução de informações relacionado a esse código é o que
realmente confunde a ciência. Como qualquer outra língua, as letras e
as palavras não significam nada fora da linguagem convencional
usada para lhes dar significado. Este é o núcleo da teoria da
informação moderna. Um simples exemplo binário da teoria da
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informação é a obra "Corridas Noturnas de Paul Revere". Nessa


famosa história, o Sr. Revere pede a um amigo que coloque uma luz
na janela da Igreja do Norte se os britânicos viessem por terra e duas
luzes se viessem por mar. Sem uma convenção de linguagem comum
entre Paul Revere e seu amigo, esse simples esforço de comunicação
não significaria nada. Bem, tome esse exemplo simples e multiplique
por um fator com centenas de zeros.

Sabemos agora que a molécula de DNA é um sistema de mensagens


complexas. Afirmar que o DNA surgiu aleatoriamente é dizer que
informação pode desenvolver de forma aleatória. Muitos cientistas
afirmam que os blocos de construção químicos da molécula de DNA
podem ser explicados por processos naturais materiais ao longo de
milhões de anos. No entanto, explicar a base material de uma
mensagem é completamente independente das informações
transmitidas através desses materiais. Assim, os blocos de
construção químicos não têm nada a ver com a origem da mensagem
complexa em si.

Como um exemplo simples, o conteúdo de informação da cláusula


"natureza e design" não tem nada a ver com o material utilizado para
a escrita, seja esse material tinta, giz ou lápis de cera. Na verdade, a
cláusula pode ser escrita em código binário, o código Morse ou sinais
de fumaça, mas a mensagem continua a mesma independente do
meio. Obviamente não há qualquer relação entre a informação e a
base material utilizada para transmiti-la. Algumas teorias atuais
afirmam que as propriedades de auto-organização na base de
produtos químicos próprios criaram as informações contidas na
molécula de DNA em primeiro lugar. Outros argumentam que as
forças externas de auto-organização criaram a primeira molécula de
DNA. No entanto, todas estas teorias devem manter a conclusão
ilógica de que o material utilizado para transmitir a informação
também produziu a informação em si. Embora eu não seja um
cientista, a lógica me diz que as informações contidas no código
genético devem ser totalmente independentes da composição
química da molécula de DNA.

Será que este material sobre a ciência faz sentido? Eu estou


interpretando corretamente a espantosa complexidade da molécula
de DNA que só recentemente começamos a entender? Tenho a
impressão de que que quem se esforça e realmente investiga o
milagre da molécula de DNA - este micro-sistema digital e redundante
de armazenamento e recuperação tão incrível, capaz de corrigir erros
e duplicar a si mesmo, possuindo ao mesmo tempo a sua própria e
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inerente convenção de linguagem, assim como o potencial de


desenvolver qualquer organismo a partir de material biológico bruto -
tem que ficar igualmente impressionado!
É espantoso pensar que esta notável peça de máquina, a qual
possui a capacidade final de construir todos os seres vivos que
já existiram na Terra, do gigante pau-brasil ao cérebro humano,
pode construir todos os seus próprios componentes em
questão de minutos e pesar menos de 10-16gramas. É da ordem
de vários milhares de milhões de milhões de vezes menor que a
menor parte funcional de uma máquina já construída pelo
homem.2 Com a descoberta, o mapeamento e o sequenciamento
da molécula de DNA ao longo das últimas décadas, agora
entendemos que a vida orgânica é baseada em um código de
informação complexo e, assim como os códigos de software
mais complexos de hoje, tais informações não podem ser
criadas ou interpretadas sem algum tipo de "inteligência". Para
mim, a verdadeira compreensão da realidade científica da
molécula de DNA foi suficiente para derrotar a minha
pressuposição de que a vida surgiu de material morto através
de forças materialistas aleatórias. Mesmo com trilhões de anos,
o desenvolvimento do DNA é estatisticamente impossível.

No entanto, vamos nos aprofundar ainda mais ... Se o DNA é o


armazém de informações que atua como modelo para o
desenvolvimento celular, com o que essas células funcionais se
parecem? São realmente tão complexas assim?
1
J.D. Watson e F.H.C. Crick, "Structure of Deoxyribose Nucleic Acid," Nature, 171:737 (1953).
2
Michael Denton, Evolution: A Theory in Crisis, Adler and Adler, 338.

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Estrutura da Célula – A complexidade da célula "simples"


Cada pessoa começa como uma célula única - uma estrutura de
célula formada pela união do óvulo da mãe e do espermatozoide do
pai. Essa célula única contém o código digital para fazer milhares de
outros tipos de células - de células de gordura a células ósseas - de
células do cérebro a células do pulmão. Existem células musculares,
células da pele, células da veia, células capilares e células do sangue
... No fim das contas, a partir dessa única célula original, o corpo
humano terá cerca de 30 trilhões de células regendo uma orquestra
de diferentes funções.

Na primeira metade deste século, os cientistas ainda achavam que a


célula era uma simples bolha de protoplasma. Sem microscópios
eletrônicos e outras tecnologias, a célula era tratada como uma
"caixa preta" que misteriosamente executava suas diversas funções -
uma coleção inobservável de moléculas "gelatinosas" cujo
funcionamento interno não era conhecido.

Através das maravilhas da tecnologia do século 21, os cientistas


agora compreendem o seguinte:

Embora as menores células bacterianas sejam incrivelmente


pequenas, pesando menos de 10-12 gramas, cada uma é na verdade
uma verdadeira fábrica micro-miniaturizada contendo milhares de
peças requintadas de maquinaria molecular complexa, composta
inteiramente de cem mil milhões de átomos, muito mais complicada
do que qualquer máquina construída pelo homem e absolutamente
sem paralelo no mundo dos seres não viventes. 1

Cada célula microscópica é tão funcionalmente complexa quanto uma


cidade pequena. Quando ampliada 50 mil vezes por microscopia
eletrônica, vemos que uma célula é composta por várias estruturas
complexas, cada uma com um papel diferente no funcionamento da
célula. Usando a comparação da cidade, aqui está um gráfico simples
que revela a complexidade e design impressionantes de uma célula
típica:

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Ao nos aprofundar mais no mundo celular, a tecnologia está


revelando caixas-pretas dentro de prévias caixas-pretas. Com o
avanço da ciência, mais destas caixas-pretas estão sendo abertas,
expondo um " imprevisto mundo liliputiano" de complexidade enorme
que tem levado a teoria da evolução a um ponto de ruptura.2

Puxa! Isso é a nível celular. Se a célula é tão complexa assim, o que


dizer sobre os organismos mais simples compostos dessas
estruturas celulares? Existe realmente um organismo "simples",
agora que podemos enxergar esses organismos usando a mais
recente tecnologia microbiológica e bioquímica?
1
Denton, 250.
2
Michael J. Behe, Darwin's Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution, Simon &
Schuster, 1996, 18.

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Organismos Microscópicos – O Milagre da "Simplicidade"

Se os primeiros organismos microscópicos simples criados na sopa


de rocha pré-biótica são a base do pensamento evolutivo de hoje,
então o que é um organismo microscópico "simples"? Existe uma
coisa dessas? Não teria qualquer organismo – até mesmo o primeiro
– que sintetizar combustível, gerar energia, reproduzir a sua espécie,
etc?

Portanto, o que é considerado "simples"?

Eu acho que um óvulo humano no momento da concepção se parece


com uma bolha unicelular simples que não é maior do que uma
cabeça de alfinete. No entanto, agora sabemos que a bolha amorfa
contém informações equivalentes a 6 bilhões de "letras químicas"-
código complexo suficiente para encher 1.000 livros de 500 páginas
de espessura com a letra tão pequena que seria necessário um
microscópio para a sua leitura.1 Com a maravilha da DNA, cada uma
das características humanas é estabelecida no momento da
concepção. Dentro de horas, aquela célula única começa a se
reproduzir e desenvolve um sistema de propulsão de cílios para
mover o óvulo fertilizado (agora chamado de "zigoto") em direção ao
útero. Dentro de seis dias, a célula original (agora chamada de
"embrião") tem reproduzido a sua biblioteca de informações mais de
100 vezes. Em última análise, aquela bolha gelatinosa original se
dividirá a 30 trilhões de células que compõem o corpo humano.
Nesse ponto, se todas as "letras" químicas do DNA fossem
impressas em livros, estima-se que esses livros encheriam o Grand
Canyon - cinquenta vezes! 2

OK, não vejo nada de "simples" nesse exemplo ...

Mas isso é um óvulo humano, não uma entidade biológica simples e


auto-existente. Vamos voltar ao assunto inicial e avaliar um
organismo simples que existe na natureza ...

Que tal uma bactéria "simples"?

Não, vamos apenas dar uma olhada em uma parte de uma bactéria
"simples" – o seu mecanismo de mobilidade ...

O chamado "flagelo bacteriano" é o que impulsiona uma bactéria


através do seu mundo microscópico. O flagelo bacteriano é
composto por cerca de 40 partes diferentes da proteína, incluindo um
19
A Jornada – Randall Niles

estator, rotor, eixo de transmissão, junta universal e hélice. Através


da tecnologia de ampliação do século 21, agora entendemos que uma
simples bactéria tem um motor de popa microscópico! As peças
individuais entram em foco quando ampliadas 50.000 vezes em
microscopia eletrônica. E apesar desses motores funcionarem a uma
incrível velocidade de 100.000 rpm, eles podem parar em uma
pequena moeda microscópica. Leva apenas um quarto de uma volta
para eles pararem, mudarem de direção e começarem a girar 100.000
rpm no sentido oposto! O motor flagelar é refrigerado a água e
interligado através de fios a um mecanismo sensorial que permite
que a bactéria mantenha contato com o seu ambiente! 3

Isso é tão impressionante! Como esse motor pode se comparar com


o motor de popa com o qual sou familiarizado? Foi o motor mecânico
projetado e fabricado de acordo com as especificações de
engenharia? Claro que sim! Agora, imagine um motor de popa mil
vezes mais eficiente e o miniaturize por um fator que contém muitos
zeros. A complexidade é incrível! Até mesmo com a tecnologia do
século 21, nunca seremos capazes de criar uma micro-máquina como
esta.

1 A. E. Wilder-Smith, The Natural Sciences Know Nothing of Evolution, Editora T.W.F.T., 1981, 82.
2 Mark Eastman and Chuck Missler, The Creator Beyond Time and Space, Editora T.W.F.T., 1996, 84.
3 Vários cientistas, “Unlocking the Mystery of Life: The Scientific Case for Intelligent Design", DVD de um
documentário por Illustra Media, 2002.

20
A Jornada – Randall Niles

Complexidade Irredutível

Michael Behe, bioquímico atualmente ensinando na Universidade de


Lehigh, apresentou um termo para descrever o fenômeno da
concepção inerente às máquinas moleculares, tais como o motor
flagelar bacteriano -- "Complexidade Irredutível" -- "um sistema único
composto de várias partes que se encaixam e interagem
perfeitamente, contribuindo assim à sua função básica e onde a
remoção de qualquer uma das partes faz com que o sistema pare de
funcionar eficazmente." 1

Como um motor mecânico, cada peça no motor flagelar é


absolutamente necessária para o seu funcionamento completo.
Portanto, eu não posso deduzir logicamente qualquer explicação
naturalista, gradual e evolutiva para a existência de um flagelo
bacteriano. Além disso, ninguém esperaria que um motor de popa,
seja mecânico ou biológico, fosse o produto de uma montagem
aleatória de peças. Os motores de popa são muito bem projetados e
desenvolvidos!

Claro que eu só peguei um exemplo. O flagelo bacteriano é apenas


um entre muitos milhares de máquinas moleculares intrincadas e
bem projetadas. Além disso, considere esses mesmos princípios de
design e de "complexidade irredutível" e aplique-os a maravilhas
como o olho humano, orelha, coração, pulmões e cérebro. Falando
sério, como podemos explicar logicamente o desenvolvimento
gradual e aleatório destes sistemas complexos?

E o coração humano? É uma bomba hidráulica milagrosamente


eficiente e durável que nenhum engenheiro poderia sequer sonhar em
produzir ...
E o cérebro humano? O cérebro é um sistema de computador
legítimo, 1.000 vezes mais rápido do que um supercomputador Cray e
com mais ligações do que todos os computadores, sistemas de
telefonia e aparelhos eletrônicos em todo o planeta ...2

Aguarde um pouco. Lembro-me de Darwin dizendo algo sobre isso ...


Se pudesse ser demonstrado que algum órgão complexo existiu e
que não poderia ter sido formado por leves modificações numerosas
e sucessivas, minha teoria seria absolutamente destruída. 3

OK, usando as palavras do próprio Darwin, vamos nos aprofundar


ainda mais e observar um desses órgãos complexos - o olho humano
...
21
A Jornada – Randall Niles

1
Michael J. Behe, Darwin's Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution, Simon &
Schuster, 1996, 39.
2
Eastman and Missler, The Creator Beyond Time and Space, 80.
3
Charles Darwin, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation
of Favoured Races in the Struggle for Life (comumente conhecido como "A Origem das
Espécies"), Bantam Books, 1999 (cópia da obra original de 1859), 158. – veja mais em:
http://www.allaboutthejourney.org/portuguese/complexidade-
irredutivel.htm#sthash.1XOMlosr.dpuf

22
A Jornada – Randall Niles

O olho humano

O olho humano é muito complicado - um sistema perfeito e inter-


relacionados de cerca de 40 subsistemas individuais, incluindo a
retina, a pupila, a íris, a córnea, o cristalino e o nervo óptico. Por
exemplo, a retina tem cerca de 137 milhões de células especiais que
respondem à luz e enviam mensagens para o cérebro. Cerca de 130
milhões destas células se parecem com varas e lidam com a visão
preta e branca. As outras sete milhões têm o formato de um cone e
nos permitem ver em cores. As células da retina recebem impressões
de luz que são convertidas em pulsos elétricos e enviadas ao cérebro
através do nervo óptico. Uma seção especial do cérebro
chamada córtex visual interpreta os pulsos de cor, contraste,
profundidade, etc, permitindo-nos ver os "retratos" do nosso mundo.
Incrivelmente, o olho, o nervo óptico e o córtex visual são
subsistemas totalmente separados e distintos. No entanto, juntos
esses sistemas capturam, entregam e interpretam até 1,5 milhões de
mensagens de pulso em um milissegundo! Levaria dezenas de
supercomputadores Cray programados perfeitamente e operando
juntos sem problemas para sequer chegar perto de realizar esta
tarefa. 1

Isso é tão poderoso para mim! Obviamente, se todos os subsistemas


separados não estão presentes e executando suas funções
perfeitamente ao mesmo instante, o olho não funcionará e não tem
nenhuma finalidade. Logicamente, seria impossível que processos
aleatórios, operando através de mecanismos graduais de seleção
natural e mutação genética, criassem 40 subsistemas separados
quando esses não apresentam nenhuma vantagem para o conjunto
até o seu último estado de desenvolvimento e inter-relação.
Como a lente, retina, nervo óptico e todas as outras partes nos
vertebrados que desempenham um papel na visão de repente
passaram a existir? Porque a seleção natural não pode escolher
separadamente entre o nervo visual e a retina. O surgimento do
cristalino não tem nenhum significado na ausência de uma
retina. O desenvolvimento simultâneo de todas as estruturas da
visão é inevitável. Uma vez que as partes que se desenvolvem
separadamente não pode ser usadas, ambas são inúteis e talvez
também desapareçam com o tempo. Ao mesmo tempo, o seu
desenvolvimento em conjunto requer a união de probabilidades
inimaginavelmente pequenas. 2

Estes elementos constituem o núcleo da "complexidade irredutível".


Órgãos complexos compostos de subsistemas separados (mas
23
A Jornada – Randall Niles

necessários) não podem ser o resultado do acaso. Ou, usando a


linguagem acima, esse desenvolvimento só poderia ser o resultado
de "probabilidades inimaginavelmente pequenas". Para mim, isso
significa "impossibilidade estatística".

Por falar nisso, eu me lembro de Darwin especificamente discutindo a


incrível complexidade do olho na Origem das Espécies:

Supor que o olho, com toda a sua capacidade de ajustar o foco para
diferentes distâncias, de se ajustar a diferentes quantidades de luz e
de corrigir a aberração esférica e cromática, poderia ter se formado
por seleção natural parece, eu confesso livremente, absurdo no mais
alto grau possível. 3

Então, como Darwin lidou com as realidades impressionantes do olho


em meados de 1850? Por mais "absurdamente" improvável que fosse,
ele seguiu em frente com sua teoria e apontou para as estruturas
oculares mais simples encontradas em criaturas mais simples. Ele
argumentou que os olhos mais complexos evoluíram gradualmente a
partir dos mais simples.

No entanto, esta hipótese não é mais aceita. Com exceção das


questões micro-biológicas e de informação genética, a paleontologia
mostra agora que "criaturas simples" passaram a existir com suas
estruturas complexas já intactas. Até mesmo o simples trilobita tem
um olho (completo com um sistema de lentes duplas) que é
considerado um milagre ótico pelos padrões de hoje.

Espere um minuto. O trilobita me fez lembrar de algo… Antes que eu


continue com a maravilha de complexidade e design irredutíveis,
tenho mais um comentário sobre Darwin e suas reivindicações
originais ...
1
Lawrence O. Richards, It Couldn't Just Happen, Thomas Nelson, Inc., 1989, 139-140.
2
Dr. Ali Demirsoy, Inheritance and Evolution, Meteksan Publications, Ankara, 475.
3
Darwin, Origin of Species, 155. – veja mais em:
http://www.allaboutthejourney.org/portuguese/o-olho-humano.htm#sthash.xDQpp1Lr.dpuf

24
A Jornada – Randall Niles

Registro Fóssil - Existem formas de "transição"?

Vamos começar dando uma olhada em mais algumas afirmações


honestas de Darwin:
Em primeiro lugar, por que, se as espécies descendem de
outras espécies por gradações insensivelmente boas, não
encontramos várias formas de transição? Por que a natureza
não se encontra em confusão, em vez de espécies, como
vemos, bem definidas? 1

Mas, como proposto por esta teoria, inúmeras formas de


transição devem ter existido, então por que não as encontramos
em grande abundância na crosta da terra? 2

Por fim, não olhando a qualquer momento específico, mas ao


tempo como um todo, se minha teoria for verdadeira,
numerosas variedades intermediárias, ligando intimamente
todas as espécies do mesmo grupo, certamente devem ter
existido. 3

Por que então não estão toda formação geológica e estrato


cheios de tais elos intermediários? A geologia certamente não
revela nenhuma cadeia orgânica finamente graduada, e isso
talvez seja a mais óbvia e grave objeção que possa ser feita
contra a minha teoria. 4

Desde a apresentação da teoria evolucionista de Darwin, os cientistas


têm procurado evidências fósseis que indiquem transições orgânicas
passadas. Quase 150 anos depois, não há qualquer evidência de
transição evolutiva encontrada até agora no registro fóssil. Nas
palavras do próprio Darwin, se sua teoria de "macro-evolução" fosse
verdade, encontraríamos um grande número de fósseis em estágios
intermediários de desenvolvimento biológico. De fato, com base em
modelos matemáticos padrões, encontraríamos muito mais formas de
transição no registro fóssil do que espécimes completas. No entanto,
não encontramos nenhum - nenhum modelo de transição verdadeiro
jamais foi encontrado.

Nossos museus agora contêm centenas de milhões de espécimes de


fósseis (destes, 40 milhões estão armazenados no Museu de História
Natural do Smithsonian). Se a teoria de Darwin fosse verdade,
deveríamos ter encontrado pelo menos dezenas de milhões de
formas de transição inquestionáveis. Não encontramos nenhuma. Até
mesmo o falecido Stephen Jay Gould, professor de Geologia e
25
A Jornada – Randall Niles

Paleontologia na Universidade de Harvard e principal porta-voz para a


teoria evolutiva antes de sua morte recente, confessou "a extrema
raridade de formas transicionais no registro fóssil persiste como o
grande segredo da paleontologia". 5

Ele continua:
A história da maioria das espécies fósseis inclui duas características
inconsistentes com o gradualismo: 1. Estatísticas. A maioria das
espécies não exibe qualquer mudança direcional durante a sua vida
na terra. Essas espécies aparecem no registro fóssil da mesma forma
de quando desaparecem ... 2. Aparecimento súbito. Em qualquer
local, uma espécie não surge gradualmente pela transformação
constante dos seus antepassados; ela aparece de uma vez só e
‘plenamente formada’.6 As árvores evolutivas que adornam nossos
manuais têm informações apenas nas ‘pontas dos seus galhos’, pois
o resto é apenas inferência, e não evidência, por mais razoável que
seja.7

Aguarde. Preciso apertar o assunto ainda mais! Há alguns fósseis de


transição ou nenhum? Se Gould usou termos como "extrema
raridade" e "a maioria das espécies não apresenta nenhuma mudança
direcional" quando se referindo ao registro fóssil, isso significa que
existem pelo menos alguns exemplos de transição...certo? –
1
Darwin, Origin of Species, 143.
2
Ibid., 144.
3
Ibid., 149.
4
Ibid., 230.
5
Natural History 86(5), 1977, 14.
6
Ibid., 13.
7
Gould, "Evolution's Erratic Pace," Natural History, Vol. 5, 1977.

26
A Jornada – Randall Niles

Problemas com o registro fóssil – O que os cientistas estão


dizendo?

O autor Luther Sunderland viu os problemas com o registro fóssil e


por isso decidiu obter uma resposta definitiva diretamente dos
maiores museus. Sunderland entrevistou cinco funcionários bastante
respeitados, autoridades notórias em seus campos de estudo
individual, incluindo representantes do Museu Americano, o Museu
de História Natural em Chicago e o Museu Britânico de História
Natural. Nenhum dos cinco funcionários foi capaz de oferecer um só
exemplo de um organismo fossilizado em transição que documente a
transformação de um tipo de planta ou animal a outro. 1

O Museu Britânico de História Natural tem orgulho de possuir a maior


coleção de fósseis no mundo. Entre os cinco funcionários
respeitados do museu, Sunderland entrevistou o Dr. Colin Patterson,
Paleontólogo Chefe do Museu Britânico e editor de uma prestigiosa
revista científica. Patterson é um especialista conhecido por ter um
profundo conhecimento do registro fóssil. Ele foi incapaz de dar um
único exemplo de transição macroevolutiva. Na verdade, Patterson
escreveu um livro para o Museu Britânico de História Natural
intitulado "Evolução". Ao ser perguntado por que ele não tinha
incluído uma única fotografia de um fóssil de transição em seu livro,
Patterson respondeu:
... Concordo plenamente com seus comentários sobre a falta de
ilustração direta de transições evolucionárias em meu livro. Se
eu estivesse ciente de qualquer exemplo, seja esse fóssil ou
ainda vivo, eu certamente o teria incluído. Você sugere que um
artista deve ser usado para visualizar tais transformações, mas
de onde ele receberia essas informações? Eu não poderia,
honestamente, fornecê-la, e se eu fosse deixá-la à licença
artística, isso não enganaria o leitor? Eu escrevi o texto do meu
livro há quatro anos. Se eu fosse escrevê-lo agora, acho que o
livro seria um pouco diferente. O Gradualismo é um conceito em
que eu acredito, não apenas por causa da autoridade de Darwin,
mas porque o meu entendimento da genética parece exigi-lo. No
entanto, é difícil contradizer Gould e o povo do Museu
Americano quando dizem que não há fósseis de transição.
Como um paleontólogo, estou muito ocupado com os
problemas filosóficos da identificação de formas ancestrais no
registro fóssil. Você diz que eu deveria pelo menos "mostrar
uma foto do fóssil do qual cada tipo de organismo foi derivado."
Vou ser bem franco – um fóssil com o qual alguém poderia fazer
um argumento inequívoco não existe. 2
27
A Jornada – Randall Niles

OK, eu só queria concluir esse ciclo. Em minha pesquisa, eu não


encontrei nenhum fóssil de transição. Portanto, com base nas
palavras do próprio Darwin, sua teoria original de progressão macro-
evolutiva não aconteceu. A paleontologia ainda era uma disciplina
científica bastante nova em meados de 1800, e agora, cerca de 150
anos mais tarde, sabemos que o registro fóssil não fornece o suporte
necessário exigido pelo próprio Darwin.

David B. Kitts PhD (Zoologia) é curador-chefe do Departamento de


Geologia do Museu Stoval. Em um jornal de comércio evolutivo, ele
escreveu:

Apesar da brilhante promessa de que a paleontologia proporciona um


meio de "ver" a evolução, ela tem apresentado algumas dificuldades
desagradáveis aos evolucionistas, a mais conhecida das quais é a
presença de "lacunas" no registro fóssil. A evolução requer formas
intermediárias entre as espécies e a paleontologia não as fornece
… 3 N. Heribert Nilsson, um famoso botânico, evolucionista e
professor da Universidade de Lund, na Suécia, continua:

Minhas tentativas de demonstrar a evolução através de um


experimento executado ao longo de mais de 40 anos falhou
completamente ... O material fóssil é agora tão completo que tem sido
possível construir novas classes e a falta de séries de transição não
pode ser explicada como sendo devido à escassez de material. As
deficiências são reais e nunca serão preenchidas. 4 Até mesmo a
imprensa popular está compreendendo. Encontre a seguir um excerto
de um artigo na revista Newsweek:

O elo perdido entre o homem e os macacos, cuja ausência tem


confortado fundamentalistas religiosos desde os dias de Darwin, é
simplesmente a mais glamorosa de toda uma hierarquia de criaturas
fantasmas ... O mais que os cientistas têm procurado por essas
formas de transição entre as espécies, os mais frustrados se
encontram. 5
1
Colin Patterson, comunicação pessoal. Luther Sunderland, Darwin's Enigma: Fossils
and Other Problems, quarta edição, 1988, 88-90.
2
Ibid.
3
Evolution, vol. 28, 467.
4
Nilsson sendo citado em The Earth Before Man, p. 51.
5
"Is Man a Subtle Accident", Newsweek, 3 de novembro, 1980.

28
A Jornada – Randall Niles

Evolução e o Registro Fóssil

Gostaria de fazer mais um comentário sobre a evolução e o registro


fóssil:

Nos anos posteriores a Darwin, seus defensores esperavam


encontrar progressões previsíveis ... estas não foram encontradas -
mas o otimismo é duro de morrer e pura fantasia tem penetrado os
livros didáticos.1

Então, o que Darwin diria hoje?

Agora, depois de mais de 120 anos de exploração geológica extensa


e cuidadosa de todos os continentes e do fundo do oceano, a imagem
é infinitamente mais vívida e completa do que em 1859. Formações
contendo centenas de bilhares de fósseis têm sido descobertas e
nossos museus estão cheios de mais de 100 milhões de fósseis de
250.000 espécies diferentes. A disponibilidade desta profusão de
dados científicos rígidos deve permitir que investigadores objetivos
determinem se Darwin estava no caminho certo. Qual é a imagem que
os fósseis nos deram? ... As diferenças entre os principais grupos de
organismos têm crescido ainda mais amplas e inegáveis. Elas já não
podem ser desprezadas ou racionalizadas com apelos à imperfeição
do registro fóssil. 2

Obrigado por ter dado espaço a mais um comentário. Agora, vamos


voltar à nossa compreensão da micro-biologia e teoria do design do
século 21
1
David M. Raup, "Evolution and the Fossil Record", Science, vol. 213, julho de 1981, página
289.

29
A Jornada – Randall Niles

A realidade do "registro fóssil humano" do século passado:

Ramapithecus foi amplamente reconhecido como um ancestral direto


dos humanos. No entanto, já tem sido estabelecido que ele era
apenas um tipo extinto de orangotango.

O Homem de Piltdown foi usado como o elo perdido em muitas


publicações por mais de 40 anos. Ele era uma fraude baseada em um
crânio humano e na mandíbula de um orangotango.

O homem de Nebraska foi uma fraude com base em um único dente


de um tipo raro de porco.

O homem de Java foi baseado em evidências duvidáveis de um


fêmur, calota craniana e três dentes encontrados dentro de uma vasta
área ao longo do período de um ano. A verdade, no entanto, é que os
ossos foram encontrados em uma área de restos humanos, o fêmur é
agora considerado humano e a calota craniana como sendo de um
grande macaco.

O homem de Neandertal era tradicionalmente retratado como um


encurvado macaco-homem. Acredita-se agora que a sua postura
encurvada foi devido a uma doença e que o Neandertal é apenas uma
variação da espécie humana.

Australopithecus afarensis, ou "Lucy", tem sido considerada um elo


perdido há anos. No entanto, estudos do ouvido interno, crânio e
ossos têm demonstrado que ela era apenas um chimpanzé pigmeu
que andava um pouco mais ereta do que alguns outros primatas. Ela
não estava no processo de se tornar humana.

Homo erectus tem sido encontrado em todo o mundo. Ele é menor do


que o ser humano médio de hoje, com uma cabeça e cavidade
cerebral proporcionalmente menores. No entanto, o tamanho do
cérebro está dentro da variação do cérebro humano de hoje e os
estudos do ouvido médio têm mostrado que ele era como o Homo
sapiens atual. Restos mortais são encontrados em todo o mundo na
mesma proximidade de restos de seres humanos comuns, sugerindo
a coexistência.

Australopithecus africanus e o homem de Pequim foram


apresentados como homens-macacos por anos, mas ambos são
considerados Homo erectus.
30
A Jornada – Randall Niles

Homo habilis agora é geralmente considerado como sendo composto


de partes de vários outros tipos de criaturas, como o
Australopithecus e o Homo erectus, e geralmente não é visto como
uma classificação válida.
2
Luther D. Sutherland, Darwin's Enigma: Fossils and Other Problems, 4 aedição,
Master Books, 1988, 9.

31
A Jornada – Randall Niles

Teoria do Design Inteligente

OK, como devo reagir a tudo isso? O que é o conceito crescente


chamado de "Teoria do Design Inteligente"?

A teoria da evolução afirma que tudo tem apenas uma mera aparência
de design. Richard Dawkins, autor de O Relojoeiro Cego e professor
na Universidade de Oxford (Reino Unido), é provavelmente o principal
defensor da teoria evolutiva desde a morte de Stephen Jay Gould.

Dawkins escreve:

Biologia é o estudo de coisas complicadas que dão a aparência de


terem sido projetadas para uma finalidade. 1

Ele continua:

... Os resultados vivos da seleção natural nos impressionam


irresistivelmente com a aparência de design como se de um mestre
relojoeiro ... 2

No entanto, Dawkins é um ateu que sustenta firmemente que o design


que vemos é apenas uma ilusão - que esses sistemas incrivelmente
complexos são um produto acidental de seleção natural.

Curiosamente, em todos os outros campos da atividade humana


descobrimos que "um design necessita de um designer". Assim, a
metodologia de detecção de design é um pré-requisito para muitas
disciplinas, incluindo a arqueologia, antropologia, ciência forense, a
jurisprudência criminal, direitos autorais, direito de patentes,
engenharia reversa, cripto-análise, geração de números aleatórios e
SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence ou Busca de Inteligência
Extraterrestre) . Em geral, percebemos que a "complexidade
especificada" é um indicador confiável da presença do design
inteligente. O aleatório pode explicar a complexidade, mas não
especificação. Uma sequência aleatória de letras é complexa, mas
não especificada (não faz sentido). Um soneto de Shakespeare é
complexo e especificado (é significativo). Você não pode ter um
soneto de Shakespeare sem Shakespeare. 3

Notavelmente, o projeto SETI, um esforço multibilionário para


explorar o cosmos por alguma indicação de inteligência, é baseado
em um conceito simples. Se encontrarmos ondas de rádio que
contenham qualquer tipo de sequência ordenada de sons, então
32
A Jornada – Randall Niles

descobrimos inteligência em algum lugar do universo! Já pensou


sobre isso? Toda a premissa desses cientistas é que você não pode
ter som de forma ordenada (como os sinais e intervalos em uma
transmissão de código Morse) sem uma força inteligente por trás
deles. Para mim, isso é enorme!

Charles B. Thaxton, PhD em Química e Pós-Doutorando na


Universidade de Harvard, concorda:

... Uma comunicação inteligível via sinal de rádio de alguma galáxia


distante seria aclamada como prova de uma fonte inteligente. Por que
então a sequência de mensagem na molécula de DNA não constitui
também prova evidente de uma fonte inteligente? Afinal, a informação
do DNA não é apenas semelhante a uma sequência de mensagens
como o código Morse, ela é em si um exemplo de tal mensagem. 4

Então, que rumo tudo isso toma? Parece ser o caso, se nos livrarmos
de nossas pré-concepções e analisarmos logicamente o nosso
mundo orgânico - como fazemos com quase tudo - começamos a ver
as coisas de forma diferente ...
1
Richard Dawkins, O Relojoeiro Cego, cap. 1.
2
Richard Dawkins, O Relojoeiro Cego, cap. 2.
3
William A. Dembski, The Design Inference: Eliminating Chance through Small
Probabilities, 1998.
4
Charles B. Thaxton, The Mystery of Life's Origin: Reassessing Current
Theories, Philosophical Library, 1984.

33
A Jornada – Randall Niles

Evidência do Design Inteligente

Então, como faço para ligar os pontos entre o mundo orgânico e


inorgânico? Evidência para o Design Inteligente é óbvia a um exame
aprofundado de qualquer máquina mecânica. O conceito e design
inerentes a uma máquina, seja esta simples ou complexa, é auto-
evidente. Seja uma máquina de alta ou de baixa qualidade, o seu
designer é necessário e aparente. A Teoria da Informação afirma que
o conceito e o design só podem resultar de uma mente. Nem mesmo
a baixa qualidade de uma máquina mal construída pode obscurecer a
necessidade de um projetista inteligente.

Máquinas, conforme definidas por Jacques Monod Lucien (1910-


1976), bioquímico francês e recipiente do Prêmio Nobel, são
"agregados intencionais de matéria que, ao utilizar energia, executam
tarefas específicas." 1 Por esta definição, os sistemas vivos são
também reconhecidos como máquinas. Um organismo vivo preenche
a definição de uma máquina de todas as formas – incluindo ao nível
molecular.

Em meados de 1700, David Hume foi bem sucedido ao invalidar a


analogia de "máquina" em sistemas biológicos porque não tínhamos
certeza do que existia a nível molecular.2 No entanto, as descobertas
fenomenais nas últimas décadas têm finalmente e inequivocamente
demonstrado que os sistemas vivos são, na verdade, máquinas – até
mesmo ao nível molecular mais profundo! 3
Foi apenas nos últimos vinte anos, com a revolução da biologia
molecular e com os avanços da cibernética e da informática,
que a crítica de Hume tem sido definitivamente anulada e a
analogia entre organismos e máquinas tem finalmente se
tornado convincente ... Em qualquer direção que o bioquímico
observe, à medida que ele viaja através do estranho labirinto
molecular, ele vê os dispositivos e aparelhos que nos fazem
lembrar do nosso próprio mundo de tecnologia avançada do
século XX. 4
Devido às implicações metafísicas da vida resultante de "Design
Inteligente", um número surpreendentemente grande de pessoas
procura rejeitar as afirmações anteriores e encontrar um mecanismo
pelo qual as máquinas biológicas complexas poderiam ter surgido
naturalmente através do acaso.

No entanto, a essa altura passei a enxergar uma incoerência enorme


...

34
A Jornada – Randall Niles

Quando se trata da origem da vida, só existem duas


possibilidades: criação ou geração espontânea. Não há uma
terceira possibilidade. A geração espontânea foi desmentida
cem anos atrás, mas isso nos leva à única conclusão diferente,
a da criação sobrenatural. Não podemos aceitar essa
possibilidade por motivos filosóficos; portanto, optamos por
acreditar no impossível: que a vida surgiu espontaneamente por
acaso! 5

H.S. Lipson, professor de Física na Universidade de Manchester


(Reino Unido), continua:
De fato, de uma certa forma a evolução tornou-se uma religião
científica; quase todos os cientistas têm aceito essa teoria e
muitos estão dispostos a "dobrar" as suas observações para
com ela se encaixarem.6
1
Para as teorias de Monod, favor ler A. E. Wilder-Smith, The Natural Sciences Know
Nothing of Evolution, Editora T.W.F.T, 1981; e Eastman and Missler, The Creator
Beyond Time and Space, 43.
2
David Hume, Dialogues Concerning Natural Religion, Fontana Library Ed., Collins,
1779.
3
Eastman and Missler, The Creator Beyond Time and Space, 79.
4
Denton, Evolution: A Theory in Crisis, 340.
5
George Wald, "The Origin of Life", Scientific American, 191:48, maio de 1954.
6
H.S. Lipson, "A Physicist Looks at Evolution", Physics Bulletin, vol. 31, maio de 1980,
138.

35
A Jornada – Randall Niles

Milagre da Vida

Então, eu vou dar uma olhada neste "milagre da vida" mais uma vez
...

Seria possível que a vida evoluísse aleatoriamente a partir de matéria


inorgânica? Não de acordo com os matemáticos.
Nos últimos 30 anos, um número de cientistas proeminentes
têm tentado calcular as probabilidades de que um organismo de
vida livre e unicelular, como uma bactéria, pode resultar da
combinação aleatória de blocos de construção pré-existentes.
Harold Morowitz calculou a probabilidade como sendo uma
chance em 10100,000,000,000. Sir Fred Hoyle calculou a probabilidade
de apenas as proteínas de amebas surgindo por acaso como
uma chance em 1040,000.

... As probabilidades calculadas por Morowitz e Hoyle são


estarrecedoras. Essas probabilidades levaram Fred Hoyle a
afirmar que a probabilidade de geração espontânea ‘é a mesma
que a de que um tornado varrendo um pátio de sucata poderia
montar um Boeing 747 com o conteúdo encontrado'. Os
matemáticos dizem que qualquer evento com uma
improbabilidade maior do que uma chance em 1050 faz parte do
reino da metafísica - ou seja, um milagre.1

Harold Marowitz, um físico ateu, criou modelos matemáticos ao


imaginar caldos de bactérias vivas que foram superaquecidas até que
todos os produtos químicos complexos fossem divididos em blocos
básicos de construção. Após o resfriamento da mistura, Marowitz
utilizou cálculos físicos para concluir que as chances de uma única
bactéria ser montada por acaso é uma em 10100,000,000,000. 2 Puxa vida!
Como posso entender uma estatística tão grande? Bem, é mais
provável eu ganhar na loteria estadual toda semana por um milhão de
anos - comprando apenas um bilhete a cada semana!

Em resposta às probabilidades calculadas por Marowitz, Robert


Shapiro, autor de Origins - A Skeptic's Guide to the Creation of Life
on Earth,escreveu:

A improbabilidade envolvida na geração de uma só bactéria é tão


grande que reduz todas as considerações de tempo e espaço a nada.
Tendo em conta tais probabilidades, o tempo até que os buracos
negros se evaporassem e o espaço até os confins do universo não

36
A Jornada – Randall Niles

faria nenhuma diferença alguma. Se fôssemos esperar, realmente


estaríamos à espera de um milagre.3

Sir Fred Hoyle comparou a probabilidade da vida surgir por acaso a


alinhar 1050 (dez com cinquenta zeros) pessoas cegas, cada uma
segurando um cubo de Rubik para ser resolvido, e perceber que
todas elas resolveram o cubo ao mesmo momento.

Quanto à origem da vida, Francis Crick, ganhador do Prêmio Nobel de


biologia pelo seu trabalho com a molécula de DNA, afirmou em 1982:

Um homem honesto, armado com todo o conhecimento a nós


disponível até agora, pode apenas afirmar que, em certo sentido, a
origem da vida parece no momento ser quase um milagre, tantas são
as condições que teriam que ter sido satisfeitas para a sua
existência. 4

1
Mark Eastman, MD, Creation by Design, T.W.F.T. Publishers, 1996, 21-22.
2
Eastman and Missler, The Creator Beyond Time and Space, 76-77.
3
Robert Shapiro, Origins -- A Skeptic's Guide to the Creation of Life on Earth, 1986,
128.
4
Francis Crick, Life Itself -- Its Origin and Nature, Futura, 1982.

37
A Jornada – Randall Niles

Criação da Vida – Um "experimento" final

Surpreendentemente, bem antes de eu terminar este capítulo, um


amigo me confrontou com uma "prova" da criação de vida em um
experimento de laboratório "aleatório". Após uma pequena
discussão, percebi que o meu amigo estava se referindo aos
experimentos de "faísca e sopa orgânica pré-biótica" da década de
1950, quando pessoas como Harold Urey e Miller Stanley passaram
misturas de água fervente, amônia, hidrogênio e metano através de
elaborados "sistemas de faísca elétrica" formados por copos e tubos
de ensaio. Nesses experimentos, eles foram capazes de produzir
traços de um ou dois aminoácidos - os "blocos de construção da
vida" - e, portanto, a mídia aceitou esse experimento como prova
absoluta da possibilidade de geração espontânea em uma Terra pré-
biótica. 1

Houve muitos problemas não relatados com estes experimentos


"projetados". Dramaticamente, os maiores subprodutos dessas
sopas foram breu (85%) e ácidos carboxílicos (13%), ambos dos quais
são tóxicos aos sistemas vivos. Apesar de todas as outras questões,
produzir um rastro de aminoácido em um experimento de laboratório
seria semelhante à produção de um tijolo de barro e declarar que
acabamos de descobrir como aleatoriamente projetar e construir um
arranha-céu de Nova York.

Depois de discutir um pouco mais sobre coisas da ciência, eu me


virei para meu amigo e decidi apresentar-lhe uma boa ilustração
gráfica ...

"Despeje a mistura em um recipiente aberto e coloque esse recipiente


no sol por alguns milhões de anos. Depois de alguns milhões de
anos, pegue o recipiente e examine o conteúdo ..."

Eu acenei com a cabeça: "Você tem um sapo?"

Ele pensou por apenas um segundo ...

"Não, você ainda tem sopa de sapo", ele riu.

"Você está absolutamente certo", concordei. "Como você pode ter


algo diferente do que uma mistura líquida que contém os blocos de
construção da vida do sapo? Sem nenhum código de informação
para unir tudo que está presente, você não tem nada que seja
semelhante a qualquer tipo de organismo auto-existente".
38
A Jornada – Randall Niles

Nesta simples (mas gráfica) ilustração, eu dei todo o potencial para


criar um sapo. Eu providenciei todos os produtos químicos,
aminoácidos, proteínas e moléculas que compõem a estrutura
orgânica do sapo. No entanto, se eu colocasse essa ilustração no
contexto de uma "sopa pré-biótica" na Terra primitiva, teríamos muita
sorte se chegássemos a ver apenas um oligoelemento ou aminoácido
se desenvolver ao longo do mesmo período de tempo – quanto
menos os componentes biológicos de um sapo inteiro!
1
See, Harold C. Urey, The Planets, Their Origin and Development, Yale University
Press, 1952; e Stanley Miller, Science, vol. 117, 1953, 528-529.

39
A Jornada – Randall Niles

Filosofia da Vida – Explorando o meu mundo através de uma visão


imparcial

Se matéria agindo sobre matéria por um período de tempo suficiente


pode criar alguma coisa, então eu deveria ser capaz de sair para as
montanhas do Colorado e encontrar computadores, câmeras e
telefones celulares naturalmente produzidos. Como vimos, esses
dispositivos inorgânicos são muito menos complexos do que uma
bactéria orgânica "simples". No entanto, a maioria das pessoas
acharia essa declaração uma tolice. Por quê? Sejam orgânicos ou
inorgânicos, a complexidade e design são óbvios.

Para levar este conceito a um nível simples, eu examinei o relógio no


meu pulso (o meu é digital). Eu contemplei o sistema interdependente
de chips de silício, fios e telas de LED. Na verdade, pelos padrões
tecnológicos de hoje, esse é um dispositivo bastante simples. No
entanto, há qualquer dúvida de que ele foi criado por um grupo de
designers, entregue a uma equipe de engenheiros mecânicos e em
seguida colocado em produção por uma equipe de especialistas de
automação?

Então tirei um minuto para olhar para o pulso embaixo do relógio. Eu


já me acostumei com a sua aparente simplicidade. Olhei mais de
perto a pele e os folículos pilosos. Toquei neles. Eu pensei sobre os
nervos que acabaram de dizer ao meu cérebro para sintetizar esse
toque. Então eu me concentrei mais de perto e ponderei sobre a
composição microscópica de cada uma das minhas células. Pensei
sobre a complexa cidade celular trabalhando, e contemplei a
maravilha do meu cérebro que me permitiu imaginar tais coisas. Eu
pensei sobre as veias logo abaixo da superfície da minha pele. Eu
pensei sobre o meu coração que bombeia o sangue oxigenado
através dessas veias para manter o meu punho e mão vivos. Pensei
sobre meus pulmões enquanto se enchiam e esvaziavam de ar ao
processar o oxigênio para o meu coração.

Então flexionei minha mão. Ponderei sobre o impressionante esforço


de comunicação que ocorreu em um milissegundo. Criei um
pensamento - o meu cérebro processou a instrução subconsciente e
o traduziu a uma tarefa para o meu corpo - o meu sistema nervoso
entregou essa tarefa para o meu pulso - e meu pulso a executou com
perfeição. Realmente nunca tinha parado para pensar sobre o que
acabou de acontecer. Como é que um sistema tão interligado como
esse pode evoluir gradualmente e aleatoriamente ao longo do
tempo?
40
A Jornada – Randall Niles

A lista fica cada vez mais longa ... Meu aparelho digestivo - Como é
que ele pôde evoluir gradualmente ao longo de milhões de anos?
Sem energia processada, como poderiam meus primeiros supostos
ancestrais existir? Minha parte de um sistema reprodutivo de duas
partes - Ora, como é que esse sistema pôde evoluir de forma aleatória
ao longo de milhões de anos através da seleção natural e mutação
genética? Como passar adiante novas e aprimoradas características
genéticas sem uma forma de se reproduzir? Finalmente comecei a
pensar sobre essas coisas!

Assim, como resumo de todo esse estudo, eu desenvolvi uma tese


nova para a minha visão da vida ... Precisamos abrir mão de nossas
noções pré-concebidas. Livre-se de suas pressuposições. Apenas
medite neste material com uma mente imparcial. Será que isso tem
implicações "metafísicas"? Claro. Mas por que isso deve nos impedir
de analisar logicamente as provas? De onde pegamos a noção de que
ciência e tecnologia de alguma forma têm que existir em um vácuo
naturalista? Isso não é ciência verdadeira. A ciência verdadeira é
observar a evidência, criar uma hipótese e testar esta hipótese
através de diversos meios. Pressuposições filosóficas não têm lugar
na ciência verdadeira. Se a ciência revela coisas fora dos limites da
física conhecida, então ela deve ser aplaudida por sua contribuição
imparcial ao pensamento filosófico e metafísico.

IL Cohen é um matemático, pesquisador e autor - um membro da


Academia de Ciências de Nova Iorque e diretor do Instituto
Arqueológico da América. Em seu livro, Darwin was Wrong -- A Study
in Probabilities,Cohen escreve:
De uma certa forma, o debate transcende o confronto entre
evolucionistas e criacionistas. Temos agora um debate dentro
da própria comunidade científica; é um confronto entre a
objetividade científica e o preconceito arraigado - entre lógica e
emoção - entre fato e ficção. 1

... Em última análise, a lógica objetiva e científica tem que


prevalecer - não importa qual seja o resultado final - não importa
quantos ídolos tradicionalmente honrados tenham que ser
descartados no processo. 2

... Afinal, não é o dever da ciência defender a teoria da evolução


e protegê-la até o fim – independente de suas conclusões
ilógicas e sem suporte ... se, no processo da lógica científica e
imparcial, essas evidências apontam ao fato de que a criação
41
A Jornada – Randall Niles

por parte de superinteligência fora do natural é a solução para o


nosso dilema, então vamos cortar o cordão umbilical que nos
ligava a Darwin por tanto tempo. Este cordão está nos
asfixiando e atrapalhando o nosso progresso. 3

... Cada conceito único avançado pela teoria da evolução (e


posteriormente alterado) é imaginário e não apoiado pelos fatos
cientificamente estabelecidos pela microbiologia, fósseis e
conceitos de probabilidade matemática. Darwin estava errado. 4

... A teoria da evolução talvez seja o pior erro cometido na


ciência.5
1
I. L. Cohen, Darwin was Wrong - A Study in Probabilities, Editora New Research
Publications, Inc., 1984, 6-7.
2
Ibid., 8.
3
Ibid., 214-215.
4
Ibid., 209.
5
Ibid., 210.

42
A Jornada – Randall Niles

Metafísica – E agora?

Física e metafísica não são mutuamente exclusivas. A descoberta


científica implora que sigamos as evidências observacionais, não
importa o seu destino. Antony Flew, um filósofo inglês, professor de
Oxford e principal defensor do ateísmo por mais de meio século,
explicou muito bem:

"Minha vida inteira tem sido guiada pelo princípio do Sócrates de


Platão: Siga a evidência, para onde quer que ela conduza (Antony
Flew)."

Bem, com a idade de 81, Flew honestamente seguiu a prova e


renunciou o seu ateísmo, concluindo que algum tipo de inteligência
ou primeira causa deve ter criado o universo. Ele declarou: "A super-
inteligência é a única explicação boa para a origem da vida e a
complexidade da natureza."

Para mim, a lógica afirma de forma gritante que alguém (ou algo) foi o
responsável pela origem da vida. Agora eu não podia voltar para trás.
Para ser intelectualmente honesto comigo mesmo, eu tinha que
seguir adiante e descobrir quem (ou o que) foi a causa de tudo o que
eu vejo. Pode ter sido Deus ... pode ter sido a Mãe Natureza ... ou os
OVNI’s - mas com certeza a resposta se encontrava no reino da
metafísica ...

Para ser honesto, eu estava muito desconfortável - eu não gostava


das implicações "metafísicas" que a ciência e tecnologia revelavam.
Para mim, a evolução estava morta. O mundo não criou a si mesmo.
Portanto, a minha cosmovisão confortável, humanista e materialista
também tinha que morrer. Já que alguém (ou algo) estava presente, a
lógica também afirmava que eu precisava abrir mão da minha visão
relativista das coisas ...

Apesar de estar um tanto cético sobre o meu próximo assunto, eu


tinha que continuar pesquisando ... Comecei a ler os vários mitos,
contos e histórias sobre o nosso passado. Estudei as civilizações
antigas. Eu revisei os mapas do mundo antigo. Fiquei fascinado pela
evidência arqueológica. Na verdade, eu não tinha a menor ideia de
que a humanidade estava fazendo registros do governo, códigos e
contratos legais em 2500 BC. Eu achava que a história antiga era
meramente tradições orais de culturas muito simples. Então, comecei
a ler os chamados "livros sagrados" ...

43
A Jornada – Randall Niles

Introdução à Bíblia

Uma introdução à Bíblia: Leitura do "Livro" como um "exercício


intelectual".

Para mim, a “Bíblia” não era diferente do que os outros antigos livros
religiosos - uma mera tradução de uma interpretação de uma
interpolação de uma tradição oral - e, portanto, um livro sem
credibilidade ou conexão com os antigos manuscritos (se é que
sequer existiram). Antes desta jornada ter começado, eu não tinha
interesse em ler este "complicado" livro de mitologia. No entanto, eu
estava realmente gostando do meu estudo de arqueologia e os livros
desse campo estavam sempre se referindo à Bíblia como uma fonte
histórica e geográfica. Sendo assim, eu senti a necessidade de pelo
menos ler a Bíblia como um "exercício intelectual" para ajudar a ligar
os pontos com relação a pessoas, lugares e eventos mencionados
nos outros livros que eu estava lendo ...

Bem, fiquei chocado!

Quer dizer, não exatamente!

Muitas pessoas acham que já leram a Bíblia, mas esse não é o caso.
Claro que eu me lembrava de algumas das histórias, e tinha até
decorado alguns versículos, mas eu realmente não tinha lido o best-
seller perene capa a capa como um romance de um famoso autor.
Bem, eu recomendo que você leia a Bíblia assim- se não por uma
outra razão, pelo menos para ler o mais amplamente publicado e
distribuído livro de todos os tempos.

Simplesmente, uma introdução à Bíblia exigia que eu realmente


"lesse o livro".

44
A Jornada – Randall Niles

História da Bíblia

A história da Bíblia começa com um relato histórico fenomenal! Não é


um livro como sempre achei que fosse, mas sim uma antiga coleção
de escritos, composta de 66 livros separados, escrita ao longo de
aproximadamente 1.600 anos, por pelo menos 40 autores distintos. O
Antigo Testamento contém 39 livros escritos entre cerca de 1500-400
AC e o Novo Testamento contém 27 livros escritos entre cerca de 40-
90 AD. A Bíblia judaica (Tanakh) é a mesma que o Antigo Testamento
Cristão, com exceção da forma em que os livros são combinados. O
Antigo Testamento original foi escrito primariamente em hebraico
com um pouco de aramaico, enquanto que o Novo Testamento
original foi escrito em grego comum.

A história da "Bíblia" começa com as Escrituras judaicas. O registro


histórico dos judeus foi escrito em rolos e placas de couro ao longo
dos séculos, e os autores eram reis, pastores, profetas e outros
líderes. Os primeiros cinco livros são chamados de Lei, os quais
foram escritos e / ou editados essencialmente por Moisés no início do
século XV AC. Posteriormente, outros textos bíblicos foram escritos e
recolhidos pelo povo judeu durante os próximos 1000 anos. Em cerca
de 450 AC, a Lei e as outras Escrituras judaicas foram organizadas
pelos conselhos de rabinos (mestres judeus) que então
reconheceram o conjunto completo como a autoridade inspirada e
sagrada de Deus (Elohim). Em algum momento durante este período,
os livros da Bíblia hebraica foram organizados por tópicos, incluindo
a Lei (Torah), os Profetas (Nebiim) e os Escritos (Ketubim). As
primeiras letras dessas palavras em hebraico - T, N e K - formam o
nome da Bíblia Hebraica - o Tanakh. 1

Começando em cerca de 250 AC, a Bíblia hebraica foi traduzida para


o grego por estudiosos judeus de Alexandria, Egito. Essa tradução
ficou conhecida como o "Septuaginto", ou seja, 70, referindo-se à
tradição de que 70 (provavelmente 72) homens fizeram parte da
equipe de tradução. Foi durante esse processo que a ordem dos
livros foi alterada para a ordem que temos na Bíblia de hoje:
Históricos (Gênesis - Ester), Poéticos (Jó - Cânticos) e Proféticos
(Isaías - Malaquias). 2

Embora as Escrituras judaicas tenham sido copiadas à mão, eram


extremamente precisas, cópia a cópia. Os judeus tinham um sistema
fenomenal de escribas, pois eles desenvolveram métodos intrincados
e ritualísticos para a contagem de letras, palavras e parágrafos,
garantindo assim que nenhum erro de cópia foi feito. Esses escribas
45
A Jornada – Randall Niles

dedicaram as suas vidas inteiras à preservação da precisão dos


livros sagrados. Um único erro na cópia exigiria a destruição imediata
do rolo inteiro. Na verdade, a tradição dos escribas judeus foi
mantida até a invenção da imprensa em meados do século XV.
Quanto à exatidão do manuscrito, a recente descoberta dos
manuscritos do Mar Morto confirmou a fiabilidade notável deste
sistema ao longo de milhares de anos3 (eu mencionarei os
Pergaminhos do Mar Morto novamente mais tarde).

Depois de cerca de 400 anos de silêncio das Escrituras, Jesus entrou


em cena em cerca de 4 AC. Durante todo o seu ensinamento, Jesus
frequentemente cita o Antigo Testamento, declarando que Ele não
veio para destruir as Escrituras judaicas, mas para cumpri-la. No livro
de Lucas, Jesus anuncia aos discípulos: "... importava se cumprisse
tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos
Salmos."4

A partir de cerca de 40 DC, e continuando a cerca de 90 DC, as


testemunhas oculares da vida de Jesus, incluindo Mateus, Marcos,
Lucas, João, Paulo, Tiago, Pedro e Judas, escreveram os evangelhos,
cartas e livros que se tornaram o Novo Testamento da Bíblia. Estes
autores citam trechos de 31 livros do Antigo Testamento e
amplamente circulam o material de tal modo que em cerca de 150 DC
os Cristãos primitivos se referiam a todo o conjunto de escritos como
a "Nova Aliança". Durante o terceiro século DC, os escritos originais
foram traduzidos do grego para o latim, o copta (Egito) e siríaco
(Síria), sendo assim amplamente divulgados como "escritura
inspirada" em todo o Império Romano (e além).5 Em 397 DC, em um
esforço para proteger as escrituras de várias heresias e falsos
movimentos religiosos, os atuais 27 livros do Novo Testamento foram
formalmente e finalmente confirmados e "canonizados" no Concílio
de Cartago.6

1
Henry H. Halley, Halley's Bible Handbook, 25a edição, Zondervan Publishing House,
2000, 1071.
2
Ibid.
3
Vários, Zondervan Handbook to the Bible, Zondervan Publishing House, 1999, 64-65.
4
Lucas 24:44, As Sagradas Escrituras, Edição Revista e Atualizada.
5
F.F. Bruce, The New Testament Documents: Are They Reliable?
5a edição, Editora Intervarsity, 1960, 21-28.
6
Ibid., 27.

46
A Jornada – Randall Niles

Traduções da Bíblia

Embora eu ainda tivesse a minha teoria sobre as traduções da Bíblia


em contraste com as interpretações da Bíblia, fiquei realmente
surpreso! Realmente achei que a Bíblia era uma ótima leitura! Tinha
histórias emocionantes, estratégias de guerra, intriga estrangeira... O
que mais alguém poderia querer de um antigo "livro religioso" ...?

Mas, ora, o que dizer da sua "credibilidade como um livro de


história"? Quer dizer, o que acontece com todas as alterações feitas
na Bíblia ao longo dos séculos? E quanto a todas essas
interpretações e interpolações da tradição oral? Na melhor das
hipóteses, como eu posso ler a Bíblia como sendo algo mais do que
um romance divertido?

A primeira coisa que descobri foi um equívoco comum sobre as


interpretações da Bíblia e as traduções da Bíblia. Sim, a Bíblia tem
sido traduzida a partir de suas línguas originais, mas não tem sido
alterada, interpretada ou interpolada ao longo do caminho. Traduções
como a "Versão do Rei James" são derivadas de cópias existentes
dos manuscritos antigos - o texto hebraico Massorético (Antigo
Testamento) e o grego Textus Receptus (Novo Testamento).

As Bíblias de hoje não são traduções de textos traduzidos de outras


interpretações – elas vão direto à fonte antiga de manuscritos. As
principais diferenças entre as traduções atuais da Bíblia são
meramente relacionadas ao modo como os tradutores interpretam
uma palavra ou frase da língua original (hebraico, aramaico e grego).
Isso não é diferente de qualquer outro livro que lemos em português
que foi traduzido de uma língua de origem diferente.

Manuscritos Bíblicos
Dramaticamente, quando os manuscritos bíblicos são comparados
com outras obras antigas, a Bíblia ocupa sozinha a posição de
melhor conservada obra literária de toda a antiguidade.
Surpreendentemente, há milhares de manuscritos e fragmentos
existentes do Antigo Testamento que foram copiados por todo o
Oriente Médio, assim como na região mediterrânea e europeia, que
concordam um com o outro de forma fenomenal.1 Além disso, esses
textos substancialmente estão de acordo com a versão da
Septuaginta do Velho Testamento, a qual foi traduzida do hebraico
para o grego durante algum tempo no terceiro século AC.2 Os
Pergaminhos do Mar Morto, descobertos em Israel na metade do
século XX, também fornecem evidências surpreendentes para a
47
A Jornada – Randall Niles

confiabilidade da transmissão primitiva da Bíblia judaica (Antigo


Testamento) no primeiro, segundo e terceiro séculos AC.3

A evidência de manuscrito para o "Novo Testamento" é também


dramática, com cerca de 25.000 manuscritos antigos descobertos e
arquivados até agora, dos quais pelo menos 5.600 são cópias e
fragmentos do original em grego.4 Alguns textos dos manuscritos
remontam ao início do segundo e terceiro séculos, com o tempo entre
os autógrafos originais e o nosso fragmento existente mais recente
sendo extremamente curto – cerca de 40-60 anos.5

Curiosamente, esta prova de manuscrito ultrapassa em muito a


confiabilidade dos manuscritos de outras obras antigas que
enxergamos como autênticas hoje. Dê uma olhada nas comparações
a seguir: o livro de Júlio César chamado de "As guerras Gálicas" (10
manuscritos permanecem, com a cópia mais antiga sendo de cerca
de 1.000 anos depois da obra original); “História”, escrita por Plínio, o
Jovem (7 manuscritos; 750 anos decorridos), “História de Tucídides"
(8 manuscritos; 1.300 anos decorridos), “História” de Heródoto (8
manuscritos; 1.350 anos decorridos), Platão (7 manuscritos; 1.300
anos decorridos) e Anais de Tácito (20 manuscritos; 1000 anos).6

Renomado estudioso bíblico F.F. Bruce declara:


Não há corpo de literatura antiga no mundo que goze de uma
tão grande riqueza de comprovação textual como o Novo
Testamento.7

A Ilíada de Homero, o livro mais famoso da antiga Grécia, é a segunda


melhor preservada obra literária de toda a antiguidade, com 643
cópias de manuscritos descobertos até à data. Nestas cópias, há 764
linhas de texto disputadas, comparada com apenas 40 linhas em
todos os manuscritos do Novo Testamento.8Na verdade, muitas
pessoas não estão cientes de que não existem manuscritos
sobreviventes de uma só sequer das 37 obras de William
Shakespeare (escritas no século XVII) e que os estudiosos têm sido
obrigados a preencher algumas lacunas nessas obras. 9 Isso se
empalidece em comparação textual com as mais de 5.600 cópias e
fragmentos do Novo Testamento no grego original que, juntos,
garantem-nos que nada foi perdido. De fato, todos os excertos do
Novo Testamento (com exceção de 11 versículos) podem ser
reconstruídos fora da Bíblia, a partir dos escritos dos primeiros
líderes da igreja nos séculos II e III DC.10
Em termos reais, o Novo Testamento é facilmente a mais
atestada obra antiga em termos do grande número de
48
A Jornada – Randall Niles

documentos, do intervalo de tempo entre os eventos e os


documentos e da variedade de documentos disponíveis para
sustentá-la ou contradizê-la. Não há nada em na evidência de
manuscrito de outras obras primitivas que se iguale a tal
disponibilidade e integridade textuais.11

A disciplina acadêmica de "crítica textual" nos assegura que as


traduções da Bíblia que temos hoje são essencialmente as mesmas
que os manuscritos antigos da Bíblia, com exceção de algumas
discrepâncias inconsequentes que foram introduzidas ao longo do
tempo através de erro dos copistas. Em primeiro lugar, devemos
lembrar que a Bíblia foi copiada à mão por centenas de anos antes da
invenção da imprensa. No entanto, o texto é extremamente bem
preservado. Mais uma vez, eu pensei - das aproximadamente 20 mil
linhas que compõem o Novo Testamento inteiro, apenas 40 linhas são
causas de dúvida. Essas 40 linhas representam um quarto de um por
cento de todo o texto e não afeta de forma alguma o ensino e a
doutrina do Novo Testamento. Voltei a fazer uma comparação com
a Ilíada de Homero. De cerca de 15.600 linhas que compõem o
clássico de Homero, 764 linhas causam dúvida. Estas 764 linhas
representam mais de 5% de todo o texto, e ainda assim ninguém
aparenta questionar a integridade geral dessa obra antiga.

Para a minha surpresa, descobri que a Bíblia é melhor preservada -


de longe - do que outras obras antigas que tinha lido e aceito ao
longo dos anos, como Homero, Platão e Aristóteles. No que diz
respeito à minha interpretação da teoria "de uma interpolação de uma
tradição oral", achei que a Bíblia não foi alterada ou interpretada a
partir de fontes de textos antigos. Simplesmente à medida que a
Bíblia foi levada de país a país, ela foi traduzida em línguas que não
necessariamente espelham as línguas originais do grego, hebraico e
aramaico. No entanto, com exceção de algumas diferenças
gramaticais e culturais, os "manuscritos bíblicos" são absolutamente
fiéis à sua forma e conteúdo originais, e surpreendentemente bem
preservados em suas traduções diferentes.

1 Josh McDowell, The New Evidence that Demands a Verdict, Thomas Nelson
Publishers, 1999, 71-73.
2 Josh McDowell, Evidence that Demands a Verdict, vol.1, Thomas Nelson Publishers,
1979, 58-59.
3 Ibid. 56-57.
4 McDowell, The New Evidence that Demands a Verdict, 34-36.
5 John Ryland's Gospel of John fragment, John Ryland's Library of Manchester,
England. Veja também, Ibid., 38.
6 McDowell, Evidence that Demands a Verdict, vol.1, 42.

49
A Jornada – Randall Niles

7 F.F. Bruce, The Books and the Parchments: How We Got Our English Bible, Fleming
H. Revell Co., 1950, 178.
8 Norman L. Geisler and William E. Nix, A General Introduction to the Bible, Moody,
Chicago, Revista e Atualizada 1986, 366-67.
9 http://shakespeare.com/faq/, Dana Spradley, Editora, 2002. 10 McDowell, Evidence
that Demands a Verdict, vol. 1, 50-51. 11 Ravi K. Zacharias, Can Man Live Without
God? Word Publishing, 1994, 162.

Arqueologia Bíblica
O que dizer sobre a arqueologia bíblica? O que revelam as últimas
descobertas sobre a integridade da Bíblia?

Devo dizer que realmente gostei de ler a Bíblia como um livro de


história. Agora que eu estava seguro na integridade da sua tradução,
eu me aprofundei e absorvi a sua apresentação do mundo antigo. A
Bíblia parece ser muito diferente dos outros "livros sagrados" que eu
já havia folheado e que pareciam concentrar-se em filosofia e noções
de transcendentalismo. Os escritores da Bíblia pareciam ter um
conhecimento sólido sobre as pessoas, lugares e acontecimentos
históricos.

Mas o que dizer sobre os estudiosos que desconsideram a


veracidade histórica da Bíblia baseados na falta de evidências
arqueológicas de várias civilizações, cidades e líderes mencionados
no Antigo Testamento? Em meus estudos de arqueologia bíblica,
esses "acadêmicos" pareciam surgir de vez em quando - e tenho que
confessar que soavam bastante credíveis. Decidi então me recuar um
pouco da Bíblia e voltar-me aos meus livros de arqueologia...

Uma das coisas mais reveladoras sobre o estudo da "arqueologia


bíblica" é perceber que a disciplina científica realmente não existia
até cerca de 150 anos atrás. A arqueologia não era nem uma ciência
"fraca" antes do século 19 - era apenas uma caça ao tesouro
conduzida por oportunistas egoístas. Portanto, muitas escavações
foram remendadas e muitas descobertas foram perdidas. Com o
aumento do interesse acadêmico e da proliferação de ferramentas
tecnológicas, uma abordagem sistemática à arqueologia começou a
avançar grandemente desde o século passado, revelando muito
sobre o mundo antigo.

Então, o que a arqueologia bíblica tem revelado sobre o Antigo


Testamento?

50
A Jornada – Randall Niles

Antiga Mesopotâmia

Então, o que a arqueologia tem revelado sobre a Antiga


Mesopotâmia?
Já que eu estava sempre tentando conciliar mapas antigos com os
mapas de hoje, eu decidi começar com um estudo das evidências
arqueológicas das cidades e civilizações mais antigas mencionadas
na Bíblia. Quais as evidências para as primeiras cidades de Abraão e
dos patriarcas? Será que realmente existiram? O lar ancestral de
Abraão, Ur, é apresentado como uma poderosa cidade-estado no sul
da Mesopotâmia e é mencionado quatro vezes no Antigo Testamento.
Bem, na verdade, "Ur" é situada no atual Iraque. Dependendo do
conflito na região, ela tem sido inconsistentemente escavada durante
o último século, expondo uma variedade de informações sobre a
cultura pagã da época de Abraão. No Livro de Gênesis, o pai de
Abraão, Terá, mudou-se com sua família para o norte, até
"Harã".1 Esta antiga cidade foi descoberta e escavada na Turquia
moderna. Também encontradas na mesma área da Turquia foram
aldeias que ainda têm os nomes do avô e bisavô de Abraão, Naor e
Serugue.2

Até hoje, inúmeros locais e artefatos têm sido descobertos que


revelam muito sobre a cultura da Antiga Mesopotâmia. Um dos
achados mais dramáticos é a "Lista de Reis Sumérios", o qual
remonta a aproximadamente 2100 AC. Esta coleção de tabuletas e
prismas de argila é mais emocionante porque divide os reis sumérios
em duas categorias: os que reinaram antes do "grande dilúvio" e
aqueles que reinaram depois.3 Na verdade, registros de um dilúvio
global são encontrados por grande parte das culturas mais antigas.
Por exemplo, o "Épico de Gilgamesh" dos antigos babilônios contém
uma extensa história do dilúvio. Descoberto em tabuletas de argila
em locais como Nínive e Megido, o Épico inclui ainda um homem que
construiu um grande barco, encheu-o com animais e utilizou aves
para ver se as águas tinham baixado.4

A arqueologia desse último século também tem trazido à tona


informações sobre as grandes civilizações militares da Antiga
Mesopotâmia e o seu impacto final sobre o direito e a cultura em toda
a região. Um achado significativo é a "Lei do Código de Hamurabi",
uma escultura de mais de dois metros de altura, formada de diorito
preto, com cerca de 300 leis do rei da Babilônia Hamurabi (Hamurabi).
Com a data de cerca de 1750 AC, o Código de Direito contém muitas
leis civis que são semelhantes às encontradas nos primeiros cinco
livros da Bíblia. Uma outra escavação na antiga cidade de "Nuzi",
51
A Jornada – Randall Niles

perto do rio Tigre, descobriu cerca de 20 mil tabletes de argila. Com


datas entre 1500 e 1400 AC, esses textos cuneiformes explicam a
cultura, os costumes e as leis do tempo, muitos dos quais são
semelhantes àquelas encontradas nos livros iniciais da Bíblia.5
No que diz respeito aos grandes impérios antigos, a civilização hitita
é mencionada em todo o Antigo Testamento como reinando sobre a
área da atual Turquia, Síria e Líbano, mas nada se sabia sobre esse
povo fora do que a Bíblia dizia. Cerca de 100 anos atrás, a antiga
"Boghazkoy" foi descoberta a leste de Ancara, na Turquia, revelando-
se como a capital expansiva do "Império Hitita". Desde então, os
arqueólogos têm descoberto uma riqueza de informações sobre a
história, língua e cultura de um povo considerado "imaginário" por
muitos estudiosos até o século XX.6

A Bíblia nos diz muito sobre Nabucodonosor e o Império Babilônico,


o qual destruiu Jerusalém em 586 AC e exilou os judeus para a
Babilônia por 70 anos. Bem, a antiga Babilônia tem sido descoberta,
ocupando cerca de 3.000 hectares cerca de 90 quilômetros ao sul da
atual Bagdá, Iraque. As ruínas incluem as famosas estruturas
ziggurat, o Palácio do rei Nabucodonosor e as enormes muralhas que
tinham cerca de 24 metros de espessura (largas o suficiente para
permitir que uma carruagem de quatro cavalos fizesse uma volta
completa em cima da parede).7

Os filisteus eram conhecidos como um dos "Povos do Mar" que


sempre combateram os israelitas pelo controle da Canaã primitiva.
Mencionados mais de 200 vezes no Antigo Testamento, os filisteus
tinham um grande porto fortificado em Ascalão, no Mar Mediterrâneo,
o qual foi descoberto ao norte da atual Faixa de Gaza.
Nabucodonosor destruiu Ascalão em 604 AC, assim como predito por
Jeremias e outros profetas do Antigo Testamento.8

Fiquei realmente impressionado com o meu estudo da antiga


Mesopotâmia! Pode me chamar de totalmente ingênuo, mas eu não
tinha a menor ideia de que todos esses lugares mencionados na
Bíblia realmente existiram! Resolvi me aprofundar ainda mais ...

1 Gênesis 11:31. Veja: Alfred Hoerth, Archaeology and the Old Testament, Baker Books, 1998, 59-72.
2 Gênesis 11:22.
3 Hoerth, Archaeology and the Old Testament, 188.
4 Ibid., 192-96. Veja também: Gênesis, capítulos 7 e 8.
5 Randall Price, The Stones Cry Out: What Archaeology Reveals About the Truth of the Bible, Editora
Harvest House, 1997, 92-94. Veja também: Hoerth, Archaeology and the Old Testament, 119, 102.
6 Pat Zukeran, Archaeology and the Old Testament, Probe Ministries, www.probe.org/docs/arch-ot.html,
2003, 2-3. Veja também: Price, The Stones Cry Out, 82-83.
7 Hoerth, Archaeology and the Old Testament, 372-378. 8 Ibid., 233-234.

52
A Jornada – Randall Niles

Antiga Israel

Já que eu estava estudando as cidades e culturas antigas


mencionadas na Bíblia, acredito que as com um maior significado
seriam aquelas relacionadas com a "antiga Israel". Então foram
nessas em que me concentrei em seguida. Mencionada mais de 50
vezes na Bíblia, Jericó foi o ponto de entrada inicial para a "Terra
Prometida" do povo israelita.1 A arqueologia já confirmou a
localização dessa cidade cercada por muralhas e torres que
guardavam a entrada oriental da terra de Canaã.2 "Siquém" também
foi uma importante cidade durante todo o Antigo Testamento. Na
verdade, o rei Jeroboão fez dela a capital do reino do norte de Israel
no século 10 AC.3 Escavações têm descoberto muros enormes e um
sistema de portão fortificado contendo descobertas importantes, tais
como o templo de Baal da história bíblica de Abimeleque.4

Escavações no norte também têm revelado a cidade de Dã, uma


fortaleza cananeia conquistada por Israel (mais especificamente, a
tribo de Dã) em torno de 1150 AC.5 A cidade reconstruída, que acabou
se tornando a fronteira ao norte de Israel, tem exposto uma grande
quantidade de artefatos de importância bíblica.6 A fronteira ao sul de
Israel era Berseba, a cidade que se tornou fortificada durante o
período do Rei Salomão.7Escavações entre 1969 e 1976 têm revelado
enormes paredes, portas, poços e armazéns compatíveis com os
relatos bíblicos.8 A cidade antiga de Jerusalém, cuja data remonta ao
tempo da conquista inicial do rei Davi, foi descoberta e escavada
entre 1978 e 1985. Antes desse tempo, nada além da Bíblia era
conhecido sobre a Jerusalém do Rei Davi, a qual tem agora revelado
um palácio, torres e o famoso poço de Siloé.9 As antigas ruínas de
Gibeá foram descobertas cerca de 5 quilômetros ao norte de
Jerusalém. Gibeá era a morada do Rei Saul e da tribo de Benjamim, e
mais tarde tornou-se a cidade capital do rei Saul.10 As escavações
têm revelado o palácio-fortaleza de Saul, com sua data de cerca de
1100 AC.11

Megido era uma cidade cananeia conquistada por Israel no norte.


Também ficou conhecida por ser uma fortaleza murada que se
localizava em uma colina perto de uma extensa planície que
testemunhou muitas batalhas de significado histórico. Em 900 AC, o
rei Salomão fortificou a cidade12 e, posteriormente no século 7 AC, foi
lá onde o rei Josias perdeu uma batalha com os egípcios.13 Megido
(também conhecida como Armagedom) já tem sido amplamente
escavada, revelando tesouros como os religiosos "lugares altos"
53
A Jornada – Randall Niles

cananeus mencionados ao longo do Antigo Testamento.14

Eu nunca fiquei decepcionado! Descobri que a "evidência


arqueológica" das antigas cidades mencionadas na Bíblia era
absolutamente irresistível. Certo, mas e quanto às provas da
existência dos antigos israelitas em si? Alguns estudiosos propõem
que os cananeus antigos existiram nessas cidades, mas os israelitas
não entram em cena até séculos depois da declaração bíblica.

Eu continuei a minha exploração da antiga Israel ...


1
Josué 6.
2
Zukeran, Archaeology and the Old Testament, 4-5. Hoerth, Archaeology and the Old
Testament, 209-210. Price, The Stones Cry Out, 52-53.
3
1 Reis 12:25. 4 Juízes 9:46. 5 Juízes 18. 6 Price, The Stones Cry Out, 227-230.
7
1 Reis 4:25. 8 Hoerth, Archaeology and the Old Testament, o 285.
9
Price, The Stones Cry Out, 164-165. Leia também: 2 Samuel e 1 Crônicas. 10Juízes 19 e 1
Samuel 10-15.
11
Hoerth, Archaeology and the Old Testament, 248-250.
12
1 Reis 4. 13 2 Reis 23.
14
Hoerth, Archaeology and the Old Testament, 87, 205-06.

54
A Jornada – Randall Niles

Arqueologia de Israel

Vamos começar o nosso estudo da arqueologia de Israel com a


"Estela de Merneptah" (também conhecida como a Estela de Israel).
Ela é uma pedra de laje vertical medindo mais de dois metros de
altura, esculpida com hieróglifos que datam de aproximadamente
1230 AC. Este monumento egípcio descreve as conquistas militares
do faraó Merneptah e inclui a primeira menção de "Israel" fora da
Bíblia. Embora as específicas batalhas abrangidas pela estela não
sejam mencionadas na Bíblia, a estela estabelece prova extra-bíblica
de que os israelitas já estavam vivendo como um povo no Canaã
antigo cerca de 1230 AC.1Além das Estelas, uma grande imagem de
parede foi descoberta no grande Templo de Karnak de Luxor (antiga
Tebas), a qual mostra cenas de batalha entre os egípcios e israelitas.
Essas cenas também foram atribuídas ao faraó Merneptah e datam de
cerca de 1209 AC.2 O Templo de Karnak também contém registros de
vitórias militares do Faraó Sisaque de cerca de 280 anos depois.
Especificamente, o Alívio de Sisaque (Shishak Relief) retrata a vitória
do Egito sobre o rei Roboão em cerca de 925 AC, quando o Templo
de Salomão em Judá foi saqueado.3Este é o exato evento
mencionado claramente em dois livros do Antigo Testamento.4

Fora do Egito, descobrimos também uma riqueza de evidências dos


israelitas primitivos. A Pedra Moabita (Estela de Mesa) é um laje de
pedra de mais ou menos um metro descoberto perto de Dibom, a
leste do Mar Morto, que descreve o reinado de Mesa, rei de Moabe,
em torno de 850 AC.5 De acordo com o livro de Gênesis, os moabitas
eram vizinhos dos israelitas. 6 A estela abrange vitórias pelos reis
Onri e Acabe de Israel contra os moabitas, assim como futuras
vitórias de Mesa a favor de Moabe contra os descendentes do rei
Acabe. 7 O Obelisco Negro de Shalmaneser é um pilar de pedra negra
de mais de dois metros, com quatro lados, que descreve as vitórias
do rei Shalmaneser III da Assíria, incluindo derrotas de Tiro, Sidom e
"Jeú, filho de Onri". Com a sua data de cerca de 841 AC, o Obelisco
(atualmente no Museu Britânico) foi descoberto no antigo palácio de
Ninrode e mostra Jeú, rei de Israel, ajoelhado diante do rei assírio em
uma humilde homenagem (conforme 2 Reis 9-10).8

OK, tudo o que eu tinha encontrado estabelecia que os israelitas


primitivos de fato existiram. No entanto, há uma grande diferença
entre generalidades históricas e pessoas e acontecimentos
específicos mencionados na Bíblia. Por exemplo, o rei Davi e seu
filho, Salomão, são grandes partes da história judaica no Antigo

55
A Jornada – Randall Niles

Testamento. Não deveríamos encontrar algo na arqueologia de Israel


que sustente o seu reinado e atividades também?

Em um dos livros que peguei, fiquei surpreso ao ler que o Davi


histórico nunca tinha existido. Outro artigo que li mencionou o bem
estabelecido "Mito de Davi" -- uma invenção literária extraída da
tradição heroica para estabelecer a monarquia judaica ...

Kathleen Kenyon, uma arqueóloga muito credível em quem eu


cheguei a confiar e gostar, declarou:

Para muitas pessoas parece estranho que Davi e Salomão ainda


permanecem desconhecidos fora do Antigo Testamento ou de
fontes literárias dele diretamente derivadas. Nenhuma inscrição
extra-bíblica, ou da Palestina ou de um país vizinho, tem sido
achada que contenha uma só referência a eles.9

Bem, não acho que temos que encontrar evidências arqueológicas


para cada pessoa e lugar mencionado na Bíblia, mas Davi era muito
importante para mim. Descobri que ele é mencionado 1.048 vezes na
Bíblia -- o sujeito de 62 capítulos e escritor de provavelmente 73
salmos do Antigo Testamento. Nossa, eu realmente queria achar
alguma evidência da sua existência ...

Sabe o quê? Desde que Kenyon fez a declaração acima em mais ou


menos 1987, a validade do registro bíblico antigo sobre o Rei Davi
tem crescido grandemente!

Em 1993, os arqueólogos descobriram uma inscrição de pedra na


antiga cidade de Dã que se refere à "Casa de Davi". A Inscrição da
Casa de Davi (Inscrição de Tel Dan) é a primeira referência ao antigo
rei Davi fora da Bíblia.10 Especificamente, essa pedra é um pilar de
vitória de um rei em Damasco, datado de cerca de 250 anos após o
reinado de Davi, que menciona um "rei de Israel da Casa de Davi".
Nos meses a seguir, mais pedaços de inscrição foram descobertos
no local, permitindo que os arqueologistas reconstruíssem por
completo a seguinte declaração: “Eu matei Jorão, filho de Acabe, rei
de Israel, e eu matei Acazias, filho de Jeorão, rei da Casa de Davi”.
Surpreendentemente, estes são os líderes judeus ligados à linhagem
de Davi, conforme registrado na Bíblia.11

A arqueologia de Israel revelou-se poderosa!

56
A Jornada – Randall Niles
1
Price, The Stones Cry Out, 145-146. Hoerth, Archaeology and the Old
Testament, 228-229.
2
Hoerth, Archaeology and the Old Testament, 230.
3
Ibid., 301-302.
4
1 Reis 14 e 2 Crônicas 12.
5
Hoerth, Archaeology and the Old Testament, 308-310.
6
Gênesis 19.
7
2 Reis 3.
8
Hoerth, Archaeology and the Old Testament, 321-22. Veja também: 2 Reis 9-10.
9
Kathleen Kenyon, The Bible and Recent Archaeology, edição atualizada, Editora John
Knox, 1987, 85.
10
Price, The Stones Cry Out, 166-67.

57
A Jornada – Randall Niles

História de Israel

A história de Israel continua a seguir adiante ... Evento após evento ...
Referência após referência... O registro bíblico da "história de Israel"
nunca me desiludiu ...

As derrotas de Samaria e Asdode a Sargão II, rei da Assíria, como


registrado nas paredes de seu palácio.1 A campanha militar do rei
assírio Senaqueribe contra Judá, como registrado no Prisma
Taylor.2 O cerco de Laquis por Senaqueribe, como registrado nas
Cartas de Laquis.3 A destruição de Nínive como predito pelos
profetas Naum e Sofonias, como registrado no Tablete de
Nabopolasar.4 A derrota de Jerusalém por Nabucodonosor, rei de
Babilônia, como registrado nas Crônicas da Babilônia.5 O cativeiro
babilônico de Joaquim, rei de Judá, como registrado no Registro
Babilônico.6 A derrota babilônica pelos medos e persas, como
registrado no Cilindro de Ciro.7 A libertação dos cativos judeus na
Babilônia por Ciro, o Grande, como registrado no Cilindro de Ciro.8

O palácio de Jericó onde Eglom, rei de Moabe, foi assassinado por


Eúde. O portão a leste de Siquém onde Gaal e Zebul assistiram as
forças de Abimeleque abordar a cidade. O Templo de Baal em
Siquém, onde os cidadãos de Siquém se refugiaram quando
Abimeleque atacou a cidade. A piscina de Gibeão, onde as forças de
Davi e Is-Bosete lutaram pela realeza de Israel. O palácio real em
Samaria, onde os reis de Israel viveram. A piscina de Samaria, onde a
carruagem do rei Acabe foi lavada após sua morte. O túnel de água,
abaixo de Jerusalém, escavado pelo rei Ezequias para prover água
durante o cerco assírio. O palácio real de Babilônia onde o rei
Belsazar realizou a festa e Daniel interpretou a escrita na parede. O
palácio, porta e praça em Susa, onde os eventos de Ester, a rainha do
rei persa Xerxes, e Mardoqueu, seu primo, aconteceram.9

Puxa vida! Apenas um século e meio atrás, os acadêmicos europeus


do "Século das Luzes" declararam que a Bíblia (especialmente o
Antigo Testamento) era uma história fictícia. Seu argumento principal
foi que certos impérios, como o dos hititas, e reis, como Davi,
realmente não existiram. Bem, agora temos "apoio arqueológico"
dramático para a sua existência! Além disso, nos últimos anos os
achados arqueológicos têm aumentado dramaticamente! Portanto, se
a razão para a rejeição das escrituras do Antigo Testamento foi a falta
de evidências históricas e arqueológicas, não deve a mesma lógica
existir para validar o registro do Antigo Testamento, agora que
estamos encontrando tais evidências?
58
A Jornada – Randall Niles

Embora o conflito geral no Oriente Médio tenha diminuído um pouco


os esforços arqueológicos, a confiabilidade da Bíblia como um
documento histórico continua a ser confirmada no campo da
arqueologia a cada dia. Embora a ausência de evidências
arqueológicas não signifique necessariamente a ausência do povo,
lugar ou evento, pode-se afirmar enfaticamente que nenhuma
descoberta arqueológica jamais refutou uma referência bíblica.

Dr. Nelson Glueck, provavelmente a maior autoridade em arqueologia


israelita, disse:
Nenhuma descoberta arqueológica jamais contradisse uma
única referência bíblica. Dezenas de achados arqueológicos têm
sido feitos que confirmam, em linhas gerais ou detalhes exatos,
afirmações históricas na Bíblia. E, pela mesma avaliação, um
estudo próprio de descrições bíblicas tem geralmente levado a
surpreendente descobrimentos.10

Para mim, o estudo da história e arqueologia de Israel estava


realmente se tornando uma viagem inesperada e emocionante ...
1
Hoerth, Archaeology and the Old Testament, 342-343. Veja 2 Reis 17:3-6, 24; 18:9-11
e Isaías 20:1.
2
Price, The Stones Cry Out, 272. Veja 2 Reis 18:13-16.
3
Ibid., 79-81. Hoerth, Archaeology and the Old Testament, 351. Veja 2 Reis 18:14, 17.
4
Bryant Wood, Associates for Biblical Research, 2001,
http://www.christiananswers.net/q-abr/abr-a009.html. Veja Naum 3:7 e Sofonias 2:13-
15.
5
Price, The Stones Cry Out, 232-233. Veja 2 Reis 24:10-14.
6
Wood, Associates for Biblical Research,http://www.christiananswers.net/q-abr/abr-
a009.html. Veja 2 Reis 24:15-16.
7
Price, The Stones Cry Out, 250-252. Veja Daniel 5:30-31.
8
Ibid. Veja Esdras 1:1-4; 6:3-4.
9
Bryant Wood, Associates for Biblical Research, 1995-2001,
http://christiananswers.net/q-abr/abr-a005.html; http://christiananswers.net/q-
abr/jericho.html. Citações bíblicas, em ordem: Juízes 3:15-30; Juízes 9:34-38; Juízes
9:4, 46-49; 2 Samuel 2:12-32; 1 Reis 20:43; 21:1, 2; 22:39; 2 Reis 1:2; 15:25; 1 Reis
22:29-38; 2 Reis 20:20; 2 Crônicas 32:30; Daniel 5 e o livro de Ester.
10
Nelson Glueck, Rivers in the Desert, Farrar, Strous and Cudahy, 1959, 136.

59
A Jornada – Randall Niles

Arqueologia do Novo Testamento

OK, essa pesquisa me ajudou dramaticamente com a veracidade


histórica do Antigo Testamento, mas e a arqueologia do Novo
Testamento? O Antigo Testamento foi mantido como o arquivo
histórico de uma nação inteira por um sistema bem organizado de
gravadores e escribas. No entanto, não foi o Novo Testamento
apenas uma coleção de livros e cartas religiosos escritos por
fanáticos independentes tentando incentivar seguidores depois da
morte do seu líder religioso?

A este ponto, eu estava muito animado para explorar este material.


Ninguém nunca tinha me dito que tudo isso estava disponível. Eu
achava que a Bíblia era uma coleção de histórias da mitologia moral
utilizadas para apoiar a "fé cega" em algumas das grandes religiões
do mundo. Eu não tinha a menor ideia de que a Bíblia foi baseada em
evidências históricas, geográficas e arqueológicas. Quando me virei
para as provas das Escrituras do Novo Testamento, eu estava lendo e
digerindo até quatro livros por semana ...

Sabe o quê? Foi notável! Assim como o Antigo Testamento, descobri


que o registro histórico do Novo Testamento era confirmado
consistentemente ...

As fundações do Monte do Templo judaico, construído por Herodes,


o Grande, ainda estão em Jerusalém. Os "Passos do Sul", por onde
Jesus e seus seguidores entraram no Templo, estão preservados em
um local ativo de escavação. A Igreja da Natividade em Belém é
geralmente considerada um local credível para o lugar do nascimento
de Jesus. A enorme Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém também é
considerada um local histórico confiável que abrange os locais da
crucificação e sepultamento de Cristo. Estes locais foram cobertos (e,
portanto, conservados) pelos romanos no século II DC.

No Mar da Galileia, cidades como Nazaré ainda estão ativas. Corazim


e Cafarnaum, dois locais que Jesus visitou com frequência, têm sido
escavados e preservados. Locais de ensinamentos famosos como
Kursi (o milagre suíno), Tabgha (pães e peixes), o Monte das Bem-
Aventuranças (Sermão da Montanha) e a Cesareia de Filipe (confissão
de Pedro) são todos preservados como confiáveis locais históricos.

Eu estava passando horas em minha mesa com os mais recentes


livros e periódicos sobre a arqueologia do Novo Testamento,

60
A Jornada – Randall Niles

combinando as últimas descobertas com as passagens do Novo


Testamento... Era fascinante...
A sinagoga de Cafarnaum, onde Jesus curou um homem com um
espírito imundo e entregou o sermão sobre o pão da vida. A casa de
Pedro em Cafarnaum, onde Jesus curou a sogra de Pedro e outros. O
Poço de Jacó, onde Jesus falou à mulher samaritana. O tanque de
Betesda em Jerusalém, onde Jesus curou um homem aleijado. A
piscina de Siloé, em Jerusalém, onde Jesus curou um cego. O
tribunal em Corinto, onde Paulo foi julgado. O teatro em Éfeso, onde a
revolta dos ourives ocorreu. O palácio de Herodes em Cesareia, onde
Paulo foi mantido sob guarda.1 A lista só crescia e crescia…

Naturalmente, nada da arqueologia do Novo Testamento me provava


a teologia subjacente, mas ainda era poderosa. Os lugares existiam e
os eventos históricos aconteceram. Eu não estava convencido da
extensão milagrosa destes acontecimentos, mas não havia nada
negando a sua historicidade ...

Eu estava pronto para me aprofundar ainda mais e ver quem foram


esses escritores da história. Em minha mente, eu precisava
estabelecer a sua credibilidade ainda mais a fim de começar a
entender o que estava por trás do registro de eventos tão profundos...

1 Bryant Wood, Associates for Biblical Research, 1995-2001,


http://christiananswers.net/q-abr/abr-a005.html#nt Ver também: Price, The Stones Cry
Out, 295-318. Citações bíblicas, em ordem: Marcos 1:21-28 e João 6:25-59; Mateus
8:14-16; João 4; João 5:1-14; João 9:1-4; Atos 18:12-17; Atos 19:29 e Atos 23:33-35.

61
A Jornada – Randall Niles

São Lucas

Decidi começar com o escritor conhecido por muitos como São


Lucas porque esse é o lugar onde os arqueólogos e historiadores
pareciam começar. Além disso, Lucas escreveu cerca de um quarto
do Novo Testamento (Evangelho de Lucas e o Livro de Atos), por
isso, para mim, essa era uma parte grande o suficiente para começar
a testar a veracidade de todo o Novo Testamento.

Começando cerca de 150 anos atrás, os estudiosos na Europa


começaram a rejeitar os registros históricos de São Lucas. Estes
acadêmicos declararam que não havia nenhuma evidência para
apoiar a existência de vários locais e líderes mencionados nos
escritos de Lucas e, portanto, rejeitaram a totalidade de sua narrativa.
No entanto, descobri que achados arqueológicos do século passado
revelaram que Lucas era um historiador muito preciso e que os dois
livros de sua autoria foram registros históricos absolutamente
autoritários!

Um dos maiores arqueólogos de todos os tempos foi Sir William


Ramsay. Ele estudou em famosas escolas históricas alemães em
meados do século XIX, as quais ensinaram que o Novo Testamento
foi um tratado religioso escrito aproximadamente na metade do
século III AD, e não um documento histórico registrado no primeiro
século. Ramsay estava tão convencido deste ensinamento que
acabou entrando no campo da arqueologia e foi para a Ásia Menor
especificamente para encontrar as provas físicas que refutassem o
registro bíblico de Lucas. Depois de anos de estudo de campo,
Ramsay reverteu completamente a sua visão de toda a Bíblia e da
história do primeiro século. Ele escreveu:
Lucas é um historiador de primeira categoria, não apenas são
as suas declarações de fato de confiança, mas ele é possuidor
do verdadeiro sentido histórico ... em suma, esse autor deve ser
colocado junto com os maiores historiadores.1
A exatidão de Lucas é demonstrada pelo fato de que ele nomeia
importantes figuras históricas na sequência temporal correta. Ele
também usa os corretos e, muitas vezes obscuros, títulos
governamentais em várias áreas geográficas, incluindo os politarcas
de Tessalônica, os guardiães do templo de Éfeso, o conselho de
Chipre e o "primeiro homem da ilha" de Malta. No anúncio de Lucas
do ministério público de Jesus, ele menciona: "Lisânias tetrarca de
Abilene". Estudiosos questionaram a credibilidade de Lucas já que o
único Lisânias conhecido por séculos foi um líder que governou
Cálcis entre 40-36 AC. No entanto, uma inscrição datada do tempo de
62
A Jornada – Randall Niles

Tibério (14-37 DC) foi encontrada, e ela registra a dedicação do


templo mencionando Lisânias como o "tetrarca de Ábila" (Abilene
perto de Damasco). Isso combina com o relato de Lucas e
surpreendeu o grupo liberal da época.2
No livro de Atos, Paulo foi levado perante Gálio, o procônsul de
Acaia. Novamente, a arqueologia confirma essa narrativa. Em Delfos,
uma inscrição do Imperador Cláudio foi descoberta, que diz: "Lúcio
Júnio Gálio, meu amigo, o procônsul da Acaia..." Os historiadores
datam essa inscrição de aproximadamente 52 DC, apoiando o tempo
da visita de Paulo lá em 51 DC. 3

Mais tarde no livro de Atos, Erasto, um colega de Paulo, é nomeado


tesoureiro de Corinto. Em 1928, arqueólogos escavaram um teatro
coríntio e descobriram uma inscrição que diz: "Erasto, em troca por
sua posição de tesoureiro, construiu a calçada à sua própria custa."
O pavimento foi colocado em 50 DC.4

Em uma outra passagem, Lucas dá a Plúbio, o homem principal da


ilha de Malta, o título de "primeiro homem da ilha". Estudiosos
questionaram esse título estranho e o consideraram não-histórico.
Inscrições têm sido recentemente descobertas na ilha que na verdade
dão a Plúbio o título de "primeiro homem".5

Em outra parte, Lucas usa o termo grego "politarca" ("governantes da


cidade") para se referir aos líderes de Tessalônica. Embora pareça
irrelevante, esta era um outro grande argumento contra a
credibilidade de Lucas durante séculos, pois nenhuma outra literatura
grega aparentava usar este termo de liderança. No entanto, cerca de
20 inscrições já têm sido descobertas que usam o termo "politarca",
incluindo cinco descobertas que se referem especificamente à antiga
liderança em Tessalônica.6

Como um último exemplo, Lucas chama de Icônio uma cidade em


Phyrigia. Quem se importa? Bem, este foi também um grande
argumento contra a credibilidade de Lucas durante séculos.
Estudiosos, usando escritos de historiadores como Cícero,
sustentaram que Icônio era em Licaônia, não Phyrigia. Portanto, os
estudiosos declararam que o livro de Atos como um todo não era
confiável. Sabe o quê? Em 1910, Ramsay estava procurando por
evidência que apoiasse esta antiga reivindicação contra o Lucas e
acabou descobrindo um monumento de pedra que declarava que
Icônio era de fato uma cidade em Phyrigia.7 Muitas descobertas
arqueológicas desde 1910 têm confirmado isso - Lucas estava certo!

63
A Jornada – Randall Niles

Ao analisar a pesquisa e os escritos de São Lucas, o famoso


historiador AN Sherwin-White declara:
No fim das contas, Lucas cita os nomes de trinta e dois países,
cinquenta e quatro cidades e nove ilhas sem erros.8

Para Atos a confirmação da historicidade é esmagadora. . . .


Qualquer tentativa de rejeitar a sua historicidade básica deve
agora parecer um absurdo.9

1 Sir William M. Ramsey, The Bearing of Recent Discovery on the Trustworthiness of


the New Testament, Hodder & Stoughton, 1915.
2 Pat Zukeran, Archaeology and the New Testament, 2000, 4,
http://www.probe.org/docs/arch-nt.html. Citação bíblica: Lucas 3:1.
3 Ibid. Citação bíblica: Atos 18:12-17.
4 Ibid. Citação bíblica: Atos 19:22.
5 Ibid. Citação bíblica: Atos 28:7.
6 Eric Lyons, Luke and the Term Politarchas, Apologetic Press, 2002,
http://www.apologeticspress.org/rr/rr2002/res0204b.htm. Citação bíblica: Atos 17:6.
7 "The Book of Acts," New Testament Introductions. The Blue Letter Bible. 2002-04.
http://www.blueletterbible.org/study/intros/acts.html. Citação bíblica: Atos 14:6.
8 Norman Geisler, Baker Encyclopedia of Apologetics, Baker Books, 1999, 47.
9 A. N. Sherwin-White, Roman Society and Roman Law in the New Testament, Editora
Clarendon, 1963, 189.

64
A Jornada – Randall Niles

Evangelho de Lucas

A abertura da história de Natal do Evangelho de Lucas é familiar para


muitos de nós ...
Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto,
convocando toda a população do império para recensear-se.
Este, o primeiro recenseamento, foi feito quando Quirino era
governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria
cidade. 1
Nesta passagem do Evangelho de Lucas, aprendemos de um decreto
de César Augusto que todo mundo será tributado e que todos devem
retornar à sua cidade natal para o recenseamento formal. Também
lemos que esse conceito de registro e impostos foi decretado pela
primeira vez quando Quirino (também conhecido como Cyrenius) era
governador da Síria. Bem, por séculos todo esse texto foi
considerado uma invenção, já que que não havia nenhum registro
secular desse censo romano ou de que as pessoas tiveram que
retornar às suas cidades de origem. Além disso, o único registro de
Quirino (Cyrenius) sendo "governador" da Síria foi de 6-7 DC
(Josefo), muito tarde para coincidir com o registro bíblico.

Sabe o quê? Descobertas recentes revelam que os romanos


realmente tinham um registro regular dos contribuintes e que
realizavam um censo formal a cada 14 anos, começando com o
reinado de César Augusto.2Além disso, uma inscrição e outras
evidências arqueológicas revelam que Quirino estava de fato
"governando" a Síria em torno de 7 AC (embora não com o título
oficial de "governador", mas como o de líder militar do
território).3 Finalmente, um papiro descoberto no Egito discute de
forma geral o sistema de tributação romano, declarando o seguinte:
"Por causa do censo que está se aproximando, é necessário que
todos aqueles que residem por algum motivo fora de sua cidade de
origem devem imediatamente se preparar para regressar aos seus
próprios governos a fim de que possam concluir o cadastramento
das famílias... "4

Eu tive que admitir que Lucas já tinha sido aprovado pela minha
noção de um "teste de credibilidade". Na verdade, o seu estilo não se
encaixava de forma alguma com o fanatismo religioso que eu
esperava. Como eu, o seu objetivo ao escrever as suas narrativas era
de recolher provas e apresentar o "caso" histórico de Jesus e seus
ensinamentos. Para mim, foi algo poderoso que Lucas escreveu o
seu texto inteiro como um trabalho de pesquisa - "uma exposição em

65
A Jornada – Randall Niles

ordem" - para um oficial romano chamado Teófilo. Aqui está o início


do registro de Lucas:
...igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada
investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito,
excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que
tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído. 5
Então, como um escritor oficial da história, Lucas passou o meu teste
com uma nota excelente. Eu ainda não estava pronto para aceitar a
teologia da sua narrativa do Evangelho, mas realmente não estava
"testando" isso ainda. Eu ainda estava verificando a autenticidade e a
credibilidade desses caras ...

Após o Evangelho de Lucas, o que estava por vir na minha lista ...?
1
Lucas 2:1-3, A Bíblia Sagrada.
2
E. M. Blaiklock, "Quirinius," The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible, vol. 5,
Zondervan Publishing House, 1976, 6. Veja também:
http://users.rcn.com/tlclcms/census.html#Anchor4.
3
Ronald Marchant, The Census of Quirinius: The Historicity of Luke 2:1-
5, Interdisciplinary Biblical Research Institute, Research Report #4, 1980, 4-6,
http://www.ibri.org/04census.htm.
4
Veja: http://users.rcn.com/tlclcms/census.html#Anchor4. Citado em Maier, Fullness, 4,
o qual está citando de A. H. M. Jones, ed., A History of Rome through the Fifth
Century, Harper e Row, 1970, II, 256f.
5
Lucas 1:3-4, A Bíblia Sagrada.

66
A Jornada – Randall Niles

Evangelho de João

João também escreveu uma grande parte do Novo Testamento,


incluindo o Evangelho de João, cartas e o Livro do Apocalipse, então
foi João quem estudei em seguida ... Novamente, eu não estava me
concentrando nas coisas "teológicas" ainda - eu só queria testar os
elementos “históricos” primeiro ...

Bem, eu logo descobri que a precisão de João também é apoiada por


descobertas recentes.

No Evangelho de João, Jesus cura um homem no Tanque de Betesda.


João descreve esse tanque como tendo alpendres.1 Até
recentemente, este local era causa de ceticismo acadêmico. Então, 13
metros de profundidade, os arqueólogos descobriram um tanque com
cinco alpendres e uma área ao redor que combinam perfeitamente
com a descrição de João.2 Mais tarde no texto, João descreve a
Piscina de Siloé,3 um outro local que causou contenção por centenas
de anos mas que foi descoberto em 1897.4

Também no Evangelho de João, João descreve Pôncio Pilatos


falando com Jesus do tribunal de julgamento em um lugar chamado
de "o Pavimento” ("Gábata" em hebraico).5 Por centenas de anos, os
estudiosos usaram este "mito" para rejeitar o registro de João sobre
Jesus e o julgamento por Pilatos porque não havia nenhum registro
histórico de um tribunal chamado Gábata ou "Pavimento" em
Jerusalém. No entanto, o famoso arqueólogo William Albright revelou
que esse lugar era de fato a corte da Fortaleza de Antônia, destruída
pelos romanos em 66-70 DC. Ela permaneceu enterrada quando
Jerusalém foi reconstruída no tempo de
Adriano, mas foi recentemente descoberta durante escavações lá.6

OK, tudo isso é excelente para apoiar o local, mas e personagens


como Pôncio Pilatos, o procurador de Roma que presidiu ao
julgamento de Jesus?

Bem, em 1961, os arqueólogos descobriram um fragmento de uma


placa em Cesareia, uma cidade romana no litoral mediterrâneo de
Israel. A placa foi escrita em latim e encaixada em uma seção das
escadas que levavam ao Anfiteatro de Cesareia. A inscrição inclui o
seguinte: "Pôncio Pilatos, prefeito da Judeia, dedicou ao povo de
Cesareia um templo em honra de Tibério." O Imperador Tibério reinou
entre 14-37 DC, encaixando-se perfeitamente com a narrativa do Novo

67
A Jornada – Randall Niles

Testamento que registra Pôncio Pilatos como governador de 26 a 36


DC.7

Tácito, um conhecido historiador romano do primeiro século, também


mencionou Pôncio Pilatos:
Christus, de quem o nome teve sua origem, sofreu a penalidade
extrema durante o reinado de Tibério às mãos de um de nossos
procuradores, Pôncio Pilatos ...8

Aguarde. Eu li isso direito? Um historiador romano não só menciona


um governador romano, Pôncio Pilatos, mas também menciona
Christus - Cristo - e o seu sofrimento nas mãos de Pilatos! Para mim,
isso era enorme! Eu sempre fui ensinado que Jesus Cristo e os
eventos do Novo Testamento eram mencionados exclusivamente na
Bíblia.

Eu fiquei abismado ...! Existem outros escritos antigos fora da Bíblia


que citam pessoas e eventos do Novo Testamento – até mesmo o
próprio Jesus?

Eu tive que destacar esse trecho nas minhas anotações ... Com
certeza eu voltaria a ler essa página novamente ...!

OK, e agora ...?

Todas essas coisas aconteceram - historicamente, quero dizer ... Eu


ainda não tinha aceitado as implicações teológicas destes eventos,
mas obviamente tinham acontecido ... Não eram mitos ... Não eram
uma farsa ... Eles foram eventos históricos.

Então, como eu poderia começar a testar a profundidade desses


eventos? O que levou os escritores da Bíblia a tal paixão? O que
compeliu esses homens a escrever e defender essas mensagens
profundas relacionadas a esses eventos históricos?

Ora! Havia mesmo fundamentos divinos em todos esses livros?


Intelectualmente, eu já sabia que algo "metafísico" existia ... Mais do
que "metafísico" - algo com inteligência. Mas será que eu poderia
realmente aceitar que esses livros eram de fontes maiores do que
nossas dimensões de tempo e espaço ...?

Eu estava pronto para aceitar a Bíblia como um livro muito especial.


Eu estava até mesmo disposto a declarar a sua fidelidade histórica.

68
A Jornada – Randall Niles

Mas a noção de "inspiração divina" ainda parecia um pouco demais


para mim. A minha mente cética realmente não parecia aceitar isso ...

Se Deus realmente nos entregou este livro de fora das nossas quatro
dimensões, Ele não nos diria? Entendo que os escritores da Bíblia
dizem que é divinamente inspirada, mas isso não é suficiente para
mim. Parece ser o caso que, se Deus realmente tivesse entregue este
livro para a humanidade através de um grupo de 40 ou mais autores,
Ele iria nos dar “algo a mais” que confirmasse isso ... Sim, eu estou
impressionado com a veracidade histórica da Bíblia, o suporte
arqueológico, a integridade interna, etc - a prova é fantástica e
definitivamente destaca a Bíblia de qualquer outro livro - mas como
eu poderia deixar de acreditar que a Bíblia é um "livro realmente
especial" e passar a acreditar que é "uma carta divinamente inspirada
por Deus"?

1
João 5:1-15.
2
http://www.digbible.org/tour/bethesda.html.
3
João 9:7.
4
http://www.ble-history.com/jerusalem/firstcenturyjerusalem_pool_of_siloam.html.
5
João 19:13.
6
William Albright, The Archaeology of Palestine, Penguin Books, 1960.
7
Price, The Stones Cry Out, 307-308.
8
Tacitus, Annales, Historiae, Capítulo 15, parágrafo 54.

69
A Jornada – Randall Niles

Profecia Bíblica
Bem, eu descobri que a profecia bíblica cuidaria dessa exigência!
Descobri que a própria Bíblia declara qual o teste da inspiração
divina! O teste é estabelecido como 100% de "profecias" cumpridas.1

Com toda franqueza, quando li isso, eu meio que ri ... Ora ... esse é o
teste da imprensa sensacionalista também ... Sempre que um grande
evento mundial acontece, as pessoas adoram a “moda” de profecia e
lenda urbana. Os tabloides adoram exibir as profecias antigas (e não
tão antigas) de "Nostradamus", Jean Dixon, "Edgar Cayce" e a Bíblia
... Por que a Bíblia foi adicionada ao grupo de todas essas obras
tolas...? Esses tão chamados profetas acertam uma coisa só e o
público nem se importa sobre todas as outras suas falhas de
previsão. Que jogo ...
Espere um pouco. A Bíblia declara que o seu teste de inspiração
sobrenatural é 100% de "profecias" cumpridas. Isso significa que não
há nenhuma falha de previsão. Uau, isso é realmente notável. 100%.
Nenhum erro. Eu realmente tive que absorver isso. Será que as
loterias e indústrias de jogos multi-bilionárias existiriam hoje se as
pessoas pudessem de forma legítima e consistente adivinhar o
futuro? Claro que não. Talvez esta coisa de profecia não era tão
ridícula como eu pensava.
OK, acho que o poder no padrão bíblico de 100% de cumprimento em
suas profecias é diretamente proporcional ao número de profecias
declaradas na Bíblia. Obviamente, 100% de dois não é tão
surpreendente... Decidi então estudar profecia bíblica cuidadosa e
honestamente...

Com a ajuda de algumas referências de estudo bíblico, descobri mais


de 1.000 profecias na Bíblia. Destas, um impressionante número (668)
foi cumprido e nenhuma tem jamais sido provada falsa (três ainda
não foram confirmadas). As outras se concentram em eventos que
devem ocorrer no futuro. Ora só! Estas profecias devem ser
previsões generalizadas que “realizam” a si mesmas nas páginas do
mesmo livro. Um fanático religioso escreve uma previsão (Deus vai
fazer algo específico e dramático) e um outro escreve o cumprimento
(Deus fez algo específico e dramático). As previsões e realizações
estão confinadas às páginas do mesmo "livro sagrado". Não tão
significativo... Onde está o apoio externo? O que diz a história
secular, se realmente diz alguma coisa, sobre esses eventos?
Eu decidi dar uma olhada exigente e calculada em algumas das
"profecias bíblicas" que estavam ligadas à história verificável ...
1
Deuteronômio 18:20:22. Veja também: Deuteronômio 13:1-5 e 2 Pedro 1:20-21.

70
A Jornada – Randall Niles

Profecias Bíblicas Cumpridas

Eu comecei um caderno e procurei por "profecias bíblicas


cumpridas" na história ... .

O Decreto de Ciro Em cerca de 700 AC, Isaías nomeia Ciro como o rei
que vai permitir que os israelitas voltem para Jerusalém e
reconstruam o seu Templo.1 No tempo desta profecia, não havia
nenhum rei chamado Ciro e o Templo de Jerusalém já tinha sido
totalmente construído e estava em pleno funcionamento.

Em 586 AC, mais de 100 anos depois, o rei da Babilônia


"Nabucodonosor" saqueou Jerusalém e destruiu o templo. Os judeus
que moravam em Jerusalém ou foram mortos, ou levados cativos
para a Babilônia.2 Em cerca de 539 AC, o Império Babilônico foi
conquistado pelos persas. Pouco tempo depois, um rei persa
chamado Ciro emitiu um decreto formal de que os judeus poderiam
retornar a Jerusalém e reconstruir o seu templo.3 O decreto é
confirmado pela arqueologia secular sob a forma de um cilindro de
pedra que detalha muitos eventos do reinado de Ciro, incluindo o
decreto para reconstruir o Templo de Jerusalém.4

Notavelmente, Isaías predisse que um homem chamado Ciro, que só


chegaria a nascer cerca de cem anos, daria um decreto para
reconstruir uma cidade e um templo, os quais ainda estavam de pé e
plenamente ativos naquele momento!

Eu tinha que avaliar mais acontecimentos assim ...! Existem mais


profecias bíblicas cumpridas na história ...?

A Cidade de Tiro
Em 586 AC (confirmado por fontes seculares como o 11º ano do
reinado de Zedequias, rei de Judá), "Ezequiel" prevê a queda de Tiro
continental aos exércitos de Nabucodonosor da Babilônia.5 O texto
descreve ainda o cerco contra a ilha-fortaleza de Tiro (meia milha de
distância da costa de Tiro continental) centenas de anos mais tarde.
A profecia de Ezequiel descreve como os futuros invasores
demoliriam as ruínas de Tiro continental para jogá-las no mar. Eles
"destruirão os muros de Tiro e deitarão abaixo as suas torres; e eu
varrerei o seu pó, e farei dela penha descalvada."6 "Roubarão as tuas
riquezas, saquearão as tuas mercadorias, derribarão os teus muros e
arrasarão as tuas casas preciosas; as tuas pedras, as tuas madeiras e
o teu pó lançarão no meio das águas." "Farei de ti uma penha
descalvada; virás a ser um enxugadouro de redes."7
71
A Jornada – Randall Niles

A história secular registra que Nabucodonosor sitiou Tiro continental


cerca de um ano depois da profecia de Ezequiel. A Enciclopédia
Britânica diz: "Depois de um cerco de 13 anos (585-573 AC) por
Nabucodonosor II, Tiro chegou a um acordo e reconheceu a
suserania da Babilônia."8 Quando Nabucodonosor rompeu os portões
da cidade, ele a encontrou quase vazia. A maioria das pessoas tinham
ido de barco para uma ilha cerca de meia milha da costa e fortificado
uma cidade lá. A cidade continental foi destruída em 573 AC (primeira
previsão de Ezequiel), mas a cidade de Tiro sobre a ilha permaneceu
poderosa por várias centenas de anos.

A história secular registra em seguida que "Alexandre, o Grande"


cercou a ilha-fortaleza de Tiro em 332 AC. Seu exército destruiu os
restos de Tiro Continental e os jogou no mar Mediterrâneo. Quando o
exército de Alexandre construiu uma ponte para a ilha, eles rasparam
até a poeira da cidade continental, deixando apenas rochas nuas. O
historiador Phillip Myers, em seu livro de história, General History for
Colleges and High Schools, escreve: "Alexandre, o Grande, reduziu
Tiro a ruínas em 332 AC. Tirou recuperou-se um pouco deste golpe,
mas nunca voltou a ocupar a mesma posição de antes. A maior parte
do local da “uma vez grande cidade” era agora tão vazia quanto o
topo de uma rocha - um lugar onde os pescadores que ainda
frequentam o local espalham suas redes para secar."9

Uau, isso era muito impressionante - eu não tinha a menor ideia ...

A Cidade de Samaria
Os profetas Oseias (748-690 AC) e Miqueias (738-690 AC) previram a
destruição de Samaria, a capital do Reino do Norte de Israel. Eles não
só predisseram violência e destruição, mas declararam também que
esta grande cidade seria como "um montão de pedras do campo, uma
terra de plantar vinhas”. Deus disse que faria “rebolar as suas pedras
para o vale e descobriria os seus fundamentos.”10

A história nos diz que Sargão tomou Samaria pela espada em 722 AC.
Mais tarde, Alexandre tomou a cidade de forma violenta em 331 AC,
assim como fez Hircano em 120 AC. O que é notável não é o legado
violento de Samaria e de seu povo, mas sim algumas das
especificidades históricas do que aconteceu a uma cidade que tinha
chegado a ocupar tão grande posição.

Reações ao visitar o antigo local têm sido registradas ao longo dos


séculos. Em 1697, Henry Maundrell declarou: "Esta grande cidade é
72
A Jornada – Randall Niles

hoje totalmente convertida a jardins, e todos os símbolos que restam


para testemunhar que tal lugar já existiu podem ser encontrados
apenas no lado norte ..." Floyd Hamilton continua: "Até hoje o topo da
colina onde ficava Samaria é um campo cultivado com as bases das
colunas marcando o lugar onde os palácios e mansões estavam. Ao
pé da colina, no vale, encontram-se os alicerces da cidade ...
"11 Finalmente, Van de Velde afirma:
Suas fundações descobertas, suas ruas arrancadas e cobertas
com campos de milho e olivais ... Samaria tem sido destruída,
mas seu lixo foi jogado ao vale; seus alicerces, as pedras
antigas cinzentas e quadrangulares do tempo de Onri e Acabe,
são descobertas e encontram-se espalhadas na encosta do
morro. 12
Eu li profecia após profecia ...

Eu as li de perto e nelas me aprofundei ...

Tomei notas e recolhi trechos e artigos ...

Fiquei fascinado com as probabilidades destas profecias bíblicas


sendo cumpridas ...

1
Isaías 44:28; 54:1.
2
McDowell, Evidence that Demands a Verdict, vol. 2, 346.
3
2 Crônicas 36:22-23.
4
McDowell, Evidence that Demands a Verdict, vol. 2, 347.
5
Ezequiel 26.
6
Ezequiel 26:4.
7
Ezequiel 26:12, 14.
8
43/xxii 452.
9
Phillip Myers, General History for Colleges and High Schools, Boston, Ginn & Co.,
2003, 55.
10
Oseias 13:16 e Miqueias 1:6.
11
McDowell, Evidence that Demands a Verdict, vol. 1, 282.
12
Ibid., 283.

73
A Jornada – Randall Niles

O Poder da Profecia

O poder da profecia é ilustrado no clássico livro Science Speaks.


Nesse livro, Peter Stoner faz uma revisão de algumas das profecias
históricas do Velho Testamento, incluindo a Babilônia, Tiro, Samaria,
Gaza, Ascalão, Jerusalém, Palestina, Amom-Moabe e Petra-Edom. Ele
usa uma bem revisada análise matemática e princípios de
probabilidade para concluir:
Nenhum ser humano tem jamais feito quaisquer previsões que
se comparem com as que acabamos de considerar e que se
tornaram de fato realidade. O lapso de tempo entre a escrita
destas profecias e o seu cumprimento é tão grande que o crítico
mais severo não pode alegar que as previsões foram feitas após
os eventos terem acontecido.1
Para mim, essas profecias históricas não eram uma brincadeira do
tabloide ... Elas não eram um artifício... Nem uma farsa pós-fato... Elas
foram absolutamente legítimas.

À medida que revisei minhas anotações, eu estava realmente


animado, mas um pouco incomodado com o poder da profecia ...

Ao estudar essas previsões, eu não podia negar um tema recorrente


no Velho Testamento...

Quem era esse previsto "Messias" (Shiloh) mencionado desde o o


Livro do Gênesis?2

Quem era esse "Rei" que estava por vir e que o profeta Miqueias
disse que iria nascer em Belém, e assim ainda pré-existiu ao próprio
tempo?3

Quem era esse "Emanuel" (literalmente, "Deus-conosco") que o


profeta Isaías declarou que nasceria de uma virgem?4

Quem era esse "Redentor" que Jó disse que viria para salvá-lo e ao
mundo da morte?5

Quem foi este profetizado "Filho" que seria conhecido como


"Maravilhosol", "Conselheiro", "Deus Forte" e "Príncipe da Paz?"6

Para mim, o teste de profecia fazia sentido! Intelectualmente, não tive


outra escolha senão aceitar os fatos - as profecias cumpridas do
Antigo Testamento autenticam a sua inspiração fora da nossa

74
A Jornada – Randall Niles

dimensão de tempo. Não havia nenhuma outra conclusão lógica ...


por mais que eu tentasse encontrar uma!

Mas o que dizer sobre todas essas previsões sobre a vinda do


"Messias" judeu (Salvador) encontradas em vários livros do Antigo
Testamento? O que eu devia fazer com elas? Será que eu realmente
precisava lidar com elas como parte da minha análise de profecias?

Eu estava tão inquieto com o que o Antigo Testamento estava me


revelando que eu saí e comprei uma versão traduzida do Tanakh
hebraico. Eu achava que algumas destas previsões tinham que ser
inserções pós-fato por não-judeus. Eu decidi ir "direto à fonte" e
esclarecer essa dúvida ...

Sabe o quê? As mesmas previsões "messiânicas" estavam lá nas


Escrituras judaicas – tão claro como o dia ...

O poder da profecia era real para mim e o meu coração estava


verdadeiramente inquieto ... Eu precisava me acalmar e refletir ... Eu
precisava recuar-me novamente ao meu intelecto ...

Voltei para a minha lista original de questões no meu caderno ...


1
Peter Stoner, Science Speaks: An Evaluation of Certain Christian Evidences, Editora
Moody, 1963, 115. http://www.geocities.com/stonerdon/science_speaks.html#c8.
2
Gênesis 49:10.
3
Miqueias 5:2.
4
Isaías 7:14.
5
Jó 19:25.
6
Isaías 9:6.

75
A Jornada – Randall Niles

Contradições Bíblicas

OK, profecia de lado, o que dizer sobre todas essas contradições e


imprecisões textuais da Bíblia? Se esse é realmente algum tipo de
livro especial de Deus, como eu posso conciliar uma Bíblia imperfeita
com uma fonte supostamente perfeita?

As supostas imprecisões e erros de tradução da Bíblia de hoje foram


um grande obstáculo intelectual para mim - então eu decidi mergulhar
nesse argumento por algum tempo ... Ao começar essa jornada, eu
não tinha lido muito da Bíblia ainda. No entanto, eu ainda tinha uma
"lista" de "contradições bíblicas" para ajudar-me a justificar por que
eu a rejeitava totalmente! Estava na hora de usar essa lista
novamente ...

Para ser justo, eu sabia que precisava analisar a minha lista de


supostos erros bíblicos de acordo com as regras tradicionais da
lógica e da razão. Como muitas coisas na vida, alguns fatos podem
parecer contraditórios mas uma investigação mais aprofundada
revela algo diferente. "A Lei da Não-Contradição", a base de todo o
raciocínio lógico, afirma que algo não pode ser "a" e "não-a" ao
mesmo tempo. Por exemplo, não pode ser dia e noite ao mesmo
tempo e no mesmo local. Portanto, se uma escritura bíblica viola esta
Lei, ela é considerada uma contradição. No entanto, com base na
mesma Lei, duas declarações podem ser diferentes sem estarem em
contradição.

Por exemplo, uma testemunha em um processo judicial pode


testemunhar que viu duas pessoas na cena do crime, Jake e Sam,
enquanto uma outra testemunha pode testemunhar que viu apenas
Sam. Estas afirmações não são contraditórias. De fato, em um
tribunal, estas declarações seriam consideradas complementares.

Logo descobri que esta é a natureza de muitas das supostas


contradições bíblicas. Por exemplo, em Mateus, lemos que Jesus
encontrou dois homens cegos. Em Marcos e Lucas, lemos que Jesus
se encontrou com apenas um homem cego.1 Em Mateus e Marcos,
lemos que Jesus foi orar sozinho três vezes no Jardim do Getsêmani,
enquanto que em Lucas lemos que Jesus foi orar sozinho em apenas
uma ocasião.2 Nos termos do regime jurídico de evidências e da Lei
da Não-Contradição, estas escrituras não são contraditórias, mas
ainda sim fizeram parte da minha lista.

Algumas "contradições bíblicas" parecem ser contraditórias


76
A Jornada – Randall Niles

exclusivamente por causa da complexidade da tradução da Bíblia.


Uma análise das línguas originais da Bíblia (hebraico para o Antigo
Testamento e grego para o Novo Testamento) pode resolver muitos
aparentes problemas. Isso não é diferente de qualquer outra análise
textual do material traduzido. Todas as linguagens (incluindo
especialmente hebraico e grego) têm limitações especiais e nuances
que causam dificuldade na tradução. O contexto histórico da
tradução também pode causar algum mal-entendido.

Por exemplo, o livro de Atos tem duas narrativas da conversão de


Paulo na estrada para Damasco. Em Atos 9:7: “... Os seus
companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a voz, não
vendo, contudo, ninguém.” Em Atos 22:9: “...E os que estavam
comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito; mas não
ouviram a voz daquele que falava comigo.” À primeira vista, essas
narrativas parecem ser contraditórias - uma diz que os companheiros
de Paulo ouviram uma voz, enquanto que a outra diz que nenhuma
voz foi ouvida. No entanto, o texto grego resolve a questão. “A
construção do verbo 'ouvir' (akouo) não é a mesma em ambas as
passagens. Em Atos 9:7, o verbo é usado no genitivo, enquanto que
em Atos 22:9 no acusativo. A construção com o genitivo expressa
simplesmente que algo está sendo ouvido, ou que certos sons estão
chegando ao alcance do ouvido, mas nada indica se a pessoa
entende o que ouve ou não. A construção com o acusativo, no
entanto, descreve um escutar que inclui a apreensão mental da
mensagem falada. Daqui se torna evidente que as duas passagens
não são contraditórias." 3 Portanto, Atos 22:9 não nega que os
companheiros de Paulo ouviram certos sons, mas afirma apenas que
não entendiam os sons que escutaram. Uma outra tradução bíblica
(Versão Revista e Atualizada) transmite essa ideia de uma forma
melhor: “Os que estavam comigo viram a luz, sem,
contudo, perceberem o sentido da voz de quem falava comigo.”

Ao continuar a desarticular a minha lista, eu estava realmente


envergonhado comigo mesmo. Claro, existem alguns nomes e
números inconsequentes na Bíblia que devem ser considerados erros
dos copistas e que surgiram ao longo de milhares de anos. No
entanto, eu fui capaz de explicar logicamente cada alegada
incoerência de qualquer significado real na minha lista.

Eu não tinha nem verificado este material ainda! Chamei-me de um


cético intelectual, mas ainda não tinha tratado este assunto com
muita credibilidade. Infelizmente, eu tinha rejeitado a Bíblia por causa
de uma pequena lista de "supostas contradições bíblicas". No
77
A Jornada – Randall Niles

entanto, quando confrontado com o milagre da estrutura bíblica,


assim como a sua sobrevivência, integração, veracidade histórica,
evidências arqueológicas, descobertas científicas, registros extra-
bíblicos que a corroboram e as centenas de profecias cumpridas, eu
teimosamente virava o rosto. O duplo padrão que eu estava vivendo
começou a se revelar para mim!

Eu realmente parei de ler (ou mesmo pensar) por cerca de uma


semana ...

Eu não tinha mais para onde ir...

O que deveria fazer com todas essas “novas realidades” na minha


vida...?

O que deveria fazer com aquelas profecias do Antigo Testamento de


um Messias por vir...?

1
Mateus 9:27-31; Marcos 8:22-26 e Lucas 18:35-43.
2
Mateus 26:36-46 e Marcos 14:32-42; Lucas 22:39-46.
3
W.F. Arndt, Does the Bible Contradict Itself?, 13-14.

78
A Jornada – Randall Niles

Jesus Histórico

O “Jesus histórico” tem sido chamado de muitas coisas por muitas


pessoas, inclusive de um grande homem, um grande mestre e um
grande profeta. Não há um estudioso legítimo de hoje que negue que
Jesus seja uma figura histórica que viveu cerca de 2000 anos atrás,
que Ele fez obras maravilhosas e atos de caridade e morreu uma
terrível morte na cruz romana perto de Jerusalém. Assim como esses
“estudiosos”, eu nunca tive problema em aceitar o “Jesus histórico”.
Semelhante a Buda, Confúcio, Zoroastro ou Maomé, eu enxergava
Jesus apenas como um outro grande líder religioso na história.

Devo confessar que, como um “ateu praticante”, conheci um certo


número de pessoas que totalmente rejeitava Jesus como figura
histórica. Eles firmemente defendiam as várias teorias de mito e
conspiração. No entanto, achei os seus argumentos muito fracos.
Ora, todo o mundo onde a língua portuguesa é falada divide a história
em dois períodos principais: AC (“Antes de Cristo”) e DC (“Depois de
Cristo”). Mesmo se uma pessoa escolhe o rótulo “politicamente
correto” de AEC / EC (“Antes/Era Comum”), ou AC e DC, o
nascimento de Jesus Cristo tem sido sempre a linha divisória na
história.

Além disso, ninguém pode negar o fato de que todos os líderes de


todas as religiões principais do mundo têm confrontado o Jesus
histórico. Os muçulmanos reconhecem Jesus como um profeta,
enquanto que os judeus O enxergam como um rebelde ou um rabino
excepcional cheio de blasfêmias que foi elevado à posição de
divindade pelos gentios idólatras. Muitos budistas consideram Jesus
como um “bodisatva” (um ser perfeitamente iluminado que promete
ajudar aos outros), enquanto há uma tradição hindu de que Jesus era
realmente um guru que aprendeu a meditação yogue na Índia. 1

Certo, então a pessoa conhecida como Jesus de Nazaré foi uma


figura histórica. Novamente repito: eu realmente não tinha um
problema com essa realidade. Mas o que dizer sobre a sua vida e
morte como registradas na Bíblia? Oh, espere... e as profecias do
Antigo Testamento da vinda do Messias ("Christos" em grego)...?
1
Kenneth L. Woodward, “The Other Jesus”, Newsweek, 27 de março, 2000.

79
A Jornada – Randall Niles

Profecias Messiânicas

As profecias messiânicas são o conjunto de mais de 300 previsões


nas Escrituras judaicas sobre o futuro Messias (Salvador) do povo
judeu e do mundo. Estas previsões foram escritas por vários autores,
em numerosos livros, ao longo de um período de aproximadamente
1.000 anos.

A esta altura eu já estava vendo a Bíblia como uma fonte credível, e


estava muito impressionado com algumas das profecias históricas do
Antigo Testamento que eu tinha examinado. No entanto, eu
simplesmente não conseguia superar a lacuna que dividia as
profecias do Antigo Testamento e o Jesus do Novo Testamento. Era
conveniente demais... Ou talvez tenha sido perfeito demais... Eu tinha
que estudá-las e testá-las por mim mesmo...

Comecei a ler e agrupar as escrituras reais. Fiz uma lista das


passagens do Antigo Testamento e procurei pelos textos
correspondentes do Novo Testamento. À medida que o meu
caderninho tomou forma, era realmente poderoso! O Messias tinha
que cumprir todas estas - e não apenas algumas dessas... A
probabilidade estatística começou a se revelar para mim... Devo dizer
que fiquei totalmente perplexo...
São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco:
importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei
de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.1
Aqui está uma breve lista de algumas profecias messiânicas que
cheguei a estudar...
 Ele nasceria de uma virgem (Isaías 7:14, Mateus 1:21-23, Lucas
1:26-35)
 Ele nasceria em Belém (Miqueias 5:2, Mateus 2:1, Lucas 2:4-7)
 Ele seria anunciado por um mensageiro do Senhor (João
Batista) (Isaías 40:3-5; Malaquias 3:1 / Mateus 3:1-3; 11:10;
Marcos 1:2-3; Lucas 7:27).
 Ele iria fazer milagres (Isaías 35:5-6, Mateus 9:35 e ao longo dos
evangelhos)
 Ele pregaria as boas novas (Isaías 61:1-2 / Lucas 4:14-21)
 Ele de primeiro se apresentaria como um rei 173.880 dias depois
do decreto para reconstruir Jerusalém (Daniel 9:25 / Mateus
21:4-9, Marcos 11:1-10, Lucas 19:29-38)
 Ele entraria em Jerusalém como rei montado num jumento
(Zacarias 9:9 / Mateus 21:4-9, Marcos 11:1-10, Lucas 19:29-38)
 Ele morreria uma morte dolorosa e humilhante (Salmo 22, Isaías
53 / Mateus 27, Marcos 15, Lucas 23, João 19)
80
A Jornada – Randall Niles

 Suas mãos e pés seriam perfurados (Salmo 22:16 / Narrativas da


Crucificação em Mateus 27, Marcos 15, Lucas 23, João 19)
 Seus executadores lançariam as sortes por suas vestes (Salmos
22:18, João 19:23-24)
 Nenhum dos seus ossos seriam quebrados em sua execução
(Salmo 34:20, João 19:32-36)
 Seu lado seria perfurado (Zacarias 12:10, João 19:34-37)
 Ele morreria ao lado dos ímpios e seria enterrado no túmulo de
um homem rico (Isaías 53:9, Mateus 27:57-60)

Embora algumas das outras previsões que olhei poderiam ser


chamadas de “generalizadas”, quando avaliadas como um todo,
essas “profecias messiânicas” foram marcantes para mim!
Simplesmente não conseguia superar a probabilidade de um só
homem cumprir todas e cada uma destas previsões! Mesmo ao deixar
de lado algumas das mais “básicas”, eu ainda estava absolutamente
impressionado com a impossibilidade estatística.

1
Lucas 24:44; ênfase do autor do artigo.

81
A Jornada – Randall Niles

Profecia sobre Jesus

Então, foram estas previsões realmente “profecias sobre Jesus”? Era


o Jesus do Novo Testamento realmente o Messias prometido do
Antigo Testamento? Para mim, comecei a ver a impossibilidade
matemática de um só homem - Jesus - cumprir acidentalmente ou
propositadamente manipular mais de 300 previsões escritas centenas
de anos antes de seu nascimento.

O professor Peter Stoner (1888-1980) descobriu a mesma coisa.


Stoner era o presidente do Departamento de Matemática e
Astronomia na Faculdade da Cidade de Pasadena (EUA) até 1953 e
presidente do Departamento de Ciência da Faculdade de Westmont
de 1953 a 1957. Stoner calculou a probabilidade de um homem
cumprir somente um pequeno grupo das mais de 300 profecias
messiânicas. Em 1944, ele publicou os resultados da sua pesquisa
em Science Speaks: Scientific Proof of the Accuracy of Prophecy and
the Bible. Stoner concluiu que a probabilidade de uma pessoa
cumprir apenas oito das profecias específicas era uma chance em
1017 (um seguido de 17 zeros). E uma só pessoa cumprir apenas 48
das mais de 300 profecias? Stoner calculou estas probabilidades em
uma chance em 10157 - muito além da impossibilidade estatística!1

OK, isso não pode ser considerado uma ciência estatística


verdadeira... Pode?

Na verdade, a Afiliação Científica Americana deu ao trabalho de


Stoner o seu selo de aprovação:
O manuscrito de “Science Speaks” foi cuidadosamente
analisado por uma comissão de membros da Afiliação Científica
Americana e pelo Conselho Executivo do mesmo grupo e tem
sido reconhecida, em geral, como sendo confiável e precisa no
que diz respeito ao material científico apresentado. A análise
matemática incluída é baseada em princípios de probabilidade
que são completamente sólidos, e o Professor Stoner tem
aplicado estes princípios de maneira apropriada e convincente.2
Eu fiquei impressionado, afinal, nunca tinha realmente dado uma
olhada nessas coisas. Nunca tinha realmente feito uma análise sólida
sobre tudo isso...

Quer dizer, essa profecia sobre Jesus não era uma coisa
generalizada!

O Livro de Daniel foi escrito 500 anos antes do nascimento de Jesus.


82
A Jornada – Randall Niles

No capítulo 9, Daniel prediz o dia exato em que o Messias iria entrar


em Jerusalém e se apresentar como rei pela primeira vez. A profecia
diz que 69 semanas de anos (69 x 7 = 483 anos) passariam a partir do
decreto para reconstruir Jerusalém até a vinda do Messias.3 Uma vez
que Daniel foi escrito na Babilônia durante o cativeiro judeu depois
da queda de Jerusalém, esta profecia foi baseada no calendário
babilônico de 360 dias. Assim, 483 anos x 360 dias = 173.880 dias.

De acordo com registros encontrados no Palácio de Shushan (Susa),


e confirmado em Neemias 2:1, o decreto para reconstruir Jerusalém
foi emitido pelo rei persa Artaxerxes Longímano no dia 5 de março de
444 AC. Notavelmente, 173.880 dias mais tarde (com ajuste para os
anos bissextos), no dia 30 de Março, 33 DC, Jesus entrou em
Jerusalém montado em um jumento (cumprindo a profecia de
Zacarias 9:9). 4 Cinco dias depois, Jesus foi crucificado em uma cruz
romana nas imediações de Jerusalém (Na verdade, a forma de sua
execução e até mesmo suas últimas palavras foram preditas centenas
de anos antes em Salmo 22). Três dias depois, as narrativas do Novo
Testamento declaram que Jesus ressuscitou no Domingo de Páscoa,
cumprindo várias outras profecias do tão esperado Messias.

Eu dei uma parada...

OK, isso é tudo fantástico, mas algo estava me segurando... Eu


precisava de mais... Eu precisava de algo que acabasse com minha
dúvida irritante... Onde está a prova de que esta profecia acerca de
Jesus não foi escrita após a sua morte por um grupo de fanáticos que
queriam endeusar o seu líder religioso...? Eu precisava de algo mais -
Eu precisava de mais uma evidência que
demonstrasse claramente que a profecia sobre Jesus foi escrita antes
do tempo de Jesus... E lá estava ela...
1
Peter Stoner, Science Speaks: Scientific Proof of the Accuracy of Prophecy and the
Bible, 1944, 109-10.
2
American Scientific Affiliation, H. Harold Hartzler, Ph.D., Secretary-Treasurer, Goshen
College, Ind. (Peter Stoner, Science Speaks: Scientific Proof of the Accuracy of
Prophecy and the Bible, 1944, Prefácio).
3
Daniel 9:25.
4
Alguns grandes estudiosos argumentam estas datas como sendo dentro de poucos
dias ou até um ano, mas o alcance desta profecia ainda é impressionante. Veja: Sir
Robert Anderson, The Coming Prince, Kregel Classics, reimpresso em 1957, 127-128,
221.

83
A Jornada – Randall Niles

O que são os Manuscritos do Mar Morto?

O que são os Manuscritos do Mar Morto? Os Manuscritos do Mar


Morto são chamados da maior descoberta de manuscritos dos
tempos modernos. Eles foram descobertos entre 1947 e 1956 em onze
cavernas ao longo da costa noroeste do Mar Morto. Esta é uma região
árida cerca de 20 km a leste de Jerusalém e 400 metros abaixo do
nível do mar. Os Manuscritos do Mar Morto são compostos de restos
de cerca de 825 a 870 rolos distintos, representados por dezenas de
milhares de fragmentos. Os textos são mais comumente feitos de
peles de animais, mas também de papiro e um de cobre. A maioria
dos textos são escritos em hebraico e aramaico, com alguns em
grego.

Os Pergaminhos do Mar Morto aparentam ser a biblioteca de uma


seita judaica, provavelmente os essênios. Perto das cavernas são as
antigas ruínas de Qumran, uma aldeia escavada no início dos anos
1950 que mostra ligações aos essênios e aos pergaminhos. Os
essênios eram escribas judeus estritamente atentos. A biblioteca
parece ter sido escondida nas cavernas mais ou menos na época da
Primeira Revolta Judaica (66-70 DC) à medida que o exército romano
avançava contra os judeus.

Os Pergaminhos do Mar Morto podem ser divididos em duas


categorias - bíblicas e não bíblicas. Fragmentos de todos os livros da
Bíblia judaica (Antigo Testamento) têm sido descobertos, com
exceção do livro de Ester. Agora identificados entre os rolos foram 19
fragmentos de Isaías, 25 fragmentos de Deuteronômio e 30
fragmentos de Salmos. Um praticamente intacto “Rolo de Isaías”, que
contém algumas das profecias messiânicas mais dramáticas, é 1.000
anos mais velho do que qualquer manuscrito previamente conhecido
de Isaías.

Com base em vários métodos de datação, incluindo o paleográfico,


de escribas e o do carbono 14, os Manuscritos do Mar Morto foram
escritos durante o período de cerca de 200 AC a 68 DC. Muitos
manuscritos messiânicos cruciais (como o Salmo 22, Isaías 53 e
Isaías 61) datam de pelo menos 100 AC. Como tal, os Manuscritos do
Mar Morto têm revolucionado a crítica textual da profecia do Antigo
Testamento e messiânica. É impressionante notar que os textos
bíblicos de Qumran estão substancialmente de acordo com o texto
Massorético, a versão “Septuaginta” e várias traduções do Antigo
Testamento que usamos hoje.1

84
A Jornada – Randall Niles

Uau, que descoberta! Até recentemente (em termos históricos), a


evidência extra de que eu “precisava” não existia. Agora, ela existe!
Nós agora temos evidências dramáticas de que as profecias
messiânicas principais contidas no Antigo Testamento de hoje são as
mesmas profecias messiânicas que existiam antes da época de Jesus
andar nesta terra. Não houve nenhuma farsa pós-fato... Não houve
nenhuma conspiração... Jesus simplesmente cumpriu os requisitos
do Messias judeu!

Meu estudo de arqueologia tinha dado uma volta completa... Os


Pergaminhos do Mar Morto permaneceram intocados em um
ambiente árido perfeito cerca de 2.000 anos. Em 1947, um pastor
descobre por acaso sem dúvida o mais importante achado
arqueológico da história. Então, um ano mais tarde, contra tremendas
probabilidades, o povo judeu retorna à sua terra natal como uma
nação formal pela primeira vez desde 70 DC, cumprindo uma série de
grandes profecias históricas.2

Uau, eu realmente estava maravilhado! O que são os Manuscritos do


Mar Morto? Para mim, esses manuscritos deram um fim ao estudo em
questão! A essa altura eu já tinha a maior confiança de que o Antigo
Testamento que lemos hoje é substancialmente o mesmo que existia
antes do nascimento de Jesus. Isto significa que as mais de 300
profecias do Antigo Testamento da vinda do Messias eram bastante
claras antes dos escritores do Novo Testamento terem entrado em
cena.

Realmente vivemos em uma época marcante na história...


1
Veja: Price, Secrets of the Dead Sea Scrolls, 1996; Eisenman & Wise, The Dead Sea
Scrolls Uncovered, 1994; Golb, Who Wrote the Dead Sea Scrolls?, 1995; Wise, Abegg
& Cook, The Dead Sea Scrolls, A New Translation, 1999.
2
Veja, por exemplo, Isaías 11:11-12, Ezequiel 37:21-23 e Jeremias 23:7-8.

85
A Jornada – Randall Niles

Profecia auto-realizadora

Um momento. Eu percebi um outro problema potencial aqui... Será


que tudo isto é apenas profecia auto-realizadora? Acabei de provar
que as profecias do Antigo Testamento da vinda do Messias existiram
antes de Jesus vir à terra, mas a única coisa que me diz que Jesus foi
a pessoa que cumpriu estas profecias é o Novo Testamento.
Portanto, eu tenho um livro religioso sendo utilizado para apoiar as
profecias em outro livro religioso - as narrativas do Novo Testamento
documentam o cumprimento profético do Antigo Testamento. Não é
isso raciocínio circular e profecia auto-realizadora? Não estamos
usando a Bíblia para validar a Bíblia?

Eu tive que voltar e dar uma olhada nas minhas anotações sobre a
Bíblia... Fui relembrado de que a Bíblia é muitas vezes vista como um
livro e, portanto, criticada com base na integridade auto-realizadora.
No entanto, a Bíblia é composta de 66 textos separados e distintos
escritos por 40 autores que muitas vezes não tinham nada a ver uns
com os outros. Se considerarmos cada texto por si só, o nível de
validade e comprovação dentro de cada volume bíblico é notável. A
Bíblia na verdade confirma a si mesma através da concepção inerente
que liga seus 66 livros separados em um “trabalho de integração”.

Quando analisada objetivamente, por que devemos ter um problema


em usar os 27 textos do Novo Testamento para ajudar a validar os 39
textos do Antigo Testamento? Estamos apenas usando uma coleção
de antigos documentos históricos para estabelecer a veracidade de
uma outra coleção de antigos documentos históricos... Historiadores
acadêmicos fazem isso o tempo todo... Isso não é profecia auto-
realizadora...

Parei novamente.

Compreendi esse conceito no que diz respeito aos 39 livros do Antigo


Testamento, onde centenas de anos separaram os autores e textos.
No entanto, já que os 27 livros do Novo Testamento foram colocados
juntos em um período de tempo relativamente curto, talvez eles foram
mais aptos a serem planejados como um todo por um grupo de
fanáticos e conspiradores. Que tal isso? Existem quaisquer fontes
comprovadoras além deste coeso grupo religioso?

Então me lembrei do meu estudo inicial de Tácito (favor ler a segunda


parte) e me lembrei que outros autores gravaram eventos “bíblicos”
fora da Bíblia ...
86
A Jornada – Randall Niles

Assim, apesar de estar bem adiantado no processo de desinflar o


argumento de “profecia auto-realizadora” sobre a Bíblia, eu percebi
que poderia evitar o problema por completo ao voltar-me à
documentação histórica “extra-bíblica” do cumprimento profético do
Antigo Testamento.

Por exemplo, há qualquer documentação fora do Novo Testamento


que mostre que Jesus foi executado como previsto nas Escrituras
judaicas, tais como Salmo 22 e Isaías 53?

Sabe o quê? Sim, existe…

Logo descobri que há várias fontes não-cristãs fora dos textos


bíblicos que corroboram os eventos do Novo Testamento. Na
verdade, há uma variedade de fontes extra-bíblicas que diretamente
mencionam Jesus Cristo e a ascensão do Cristianismo. Achei isso
impressionante! Como eu poderia negar fontes de evidência histórica
que não eram complacentes com a pessoa de Jesus ou a causa do
Cristianismo? Diante da lei, um testemunho que é indiferente ou
antagônico ao assunto em questão pode ser o testemunho mais
poderoso disponível.

Minha análise da suposta “profecia auto-realizadora” tinha me levado


a uma outra aventura... Comecei a verificar algumas dessas fontes
antigas e desinteressadas...

87
A Jornada – Randall Niles

Resolvi começar com Cornélio Tácito, historiador romano, já que


tinha acabado de ler a sua pequena, mas poderosa, obra sobre
Pôncio Pilatos e Christus (Cristo)...

Cornélio Tácito (c. 55-120 DC) era considerado um grande historiador


da Roma antiga. Sua obra-prima, Anais, é representada por um
conjunto de dois volumes (capítulos 1-6, com um manuscrito
sobrevivente, e os capítulos 11-16, conhecido como Histórias, com 32
manuscritos sobreviventes).1

Como pano de fundo, no dia 19 de julho de 64 DC, um incêndio


começou em Roma que queimou por nove dias, finalmente
destruindo cerca de três quartos da cidade. De acordo com Tácito,
surgiram rumores de que o fogo foi planejado pelo próprio (e muito
instável) Imperador Nero. Em resposta, Nero criou uma diversão ao
condenar os Cristãos à tortura e execução.
Por conseguinte, para se livrar da acusação, Nero culpou e
infligiu as mais terríveis torturas em uma classe odiada por suas
abominações, chamada pelo populacho de Cristãos. Christus,
de quem o nome teve sua origem, sofreu a penalidade extrema
durante o reinado de Tibério às mãos de um de nossos
procuradores, Pôncio Pilatos, e uma superstição muito
perniciosa, portanto, marcada para o momento, mais uma vez
surgiu, não só na Judeia, a primeira fonte do mal, mas também
em Roma, onde todas as coisas horríveis e vergonhosas de
toda parte do mundo encontram o seu centro e se tornam
popular. Assim, de primeiro apenas os que confessavam ser
culpados foram presos e, em seguida, com base em suas
informações, uma imensa multidão foi condenada, não tanto do
crime de incendiar a cidade, mas por ódio contra a humanidade.
Zombaria de toda espécie foi adicionada às suas mortes.
Cobertos com as peles dos animais, eles foram dilacerados por
cães e assim pereceram, ou foram pregados em cruzes, ou
foram condenados ao fogo e queimados, para servir como uma
iluminação noturna quando a luz do dia já tinha expirado. Nero
oferecia seus jardins como um espetáculo e exibia um show no
circo, enquanto ele se misturava com as pessoas vestido de
cocheiro de carruagem, ou ficava apenas em pé, um tanto
distante, em uma de suas carruagens. Por conseguinte, até por
criminosos que mereciam punição extrema havia um sentimento
de compaixão, pois estavam sendo punidos não pelo bem da
maioria, mas para alimentar a crueldade de um só homem.2

88
A Jornada – Randall Niles

De Cornélio Tácito, provavelmente o principal historiador romano


daquele período, não há qualquer dúvida de que os Cristãos existiam
em 64 DC. Além disso, eles enfrentaram “perseguição odiosa” por
sua fé em Cristo, uma verdadeira figura histórica que foi executada na
Judeia durante o reinado de Tibério às mãos de Pôncio Pilatos.
1
Uma tradução confiável desses dois conjuntos dos capítulos sobreviventes está
disponível no site do MIT: http://classics.mit.edu/Tacitus/annals.html.
2
Tácito, Anais, Histórias, Capítulo 15, parágrafos 44.

89
A Jornada – Randall Niles

Flávio Josefo (37-100 CC), um general judeu e membro da aristocracia


sacerdotal dos judeus, voltou-se para o lado do Império Romano na
grande revolta judaica de 66-70 DC. Josefo passou o resto de sua
vida em Roma (ou perto) como conselheiro e historiador a três
imperadores: Vespasiano, Tito e Domiciano. Durante séculos, as
obras de Josefo foram mais lidas na Europa do que qualquer outro
livro, com exceção da Bíblia. Os seus livros são fontes de valor
inestimável que registram o testemunho ocular do desenvolvimento
da civilização ocidental, incluindo a fundação e crescimento do
Cristianismo no século 1.

Notavelmente, Flávio Josefo menciona acontecimentos e pessoas do


Novo Testamento em algumas das suas obras. Para mim, esta foi
uma das provas mais importantes contra as teorias de lenda que
assolavam a minha visão do Cristianismo primitivo. Aqui estão
alguns trechos que achei fascinante:
Nessa época, havia um homem sábio chamado Jesus. O seu
comportamento era bom, e ele era conhecido por ser virtuoso.
Muitas pessoas dentre os judeus e outras nações se tornaram
seus discípulos. Pilatos o condenou a ser crucificado e morrer.
No entanto, aqueles que tinham se tornado seus discípulos não
abandonaram o seu discipulado. Ao contrário, eles relataram
que Jesus tinha aparecido a eles três dias após sua crucificação
e que estava vivo; consequentemente, ele talvez tenha sido o
Messias sobre quem os profetas têm contado maravilhas.1

***

Após a morte do procurador Festo, quando Albinus estava


prestes a suceder-lhe, o sumo sacerdote Ananias achou uma
boa oportunidade de reunir o Sinédrio. Ele, portanto, fez com
que Tiago, irmão de Jesus, que era chamado Cristo, e vários
outros, comparecessem perante este concílio que tinha se
reunido às pressas, e pronunciou sobre eles a sentença de
morte por apedrejamento. Todos os sábios e observadores
estritos da lei que estavam em Jerusalém manifestaram a sua
desaprovação deste ato... Alguns até foram para o próprio
Albinus, que tinha partido para Alexandria, para levar à sua
atenção esta violação da lei e para informá-lo que Ananias tinha
agido ilegalmente na montagem do Sinédrio sem a autoridade
romana.2

***

90
A Jornada – Randall Niles

Agora, alguns dos judeus achavam que a destruição do exército


de Herodes tinha vindo (muito justamente) de Deus como uma
punição pelo que ele fizera contra João, chamado de Batista;
Herodes matou João, um bom homem, e ordenou que os judeus
exercessem virtude, tanto como a justiça para com o outro e
como piedade para com Deus, e que assim chegassem ao
batismo; para que [a lavagem com água] fosse-lhe aceitável se
dela se utilizassem, não para para se livrar [ou remir] de
[apenas] alguns pecados, mas para a purificação do corpo;
supondo ainda que a alma já tinha sido previamente e
completamente purificada pela justiça.3

Estas três citações de “Josefo” realmente falam por si mesmas!


Professor Shlomo Pines, um conhecido estudioso israelense, discute
o fato da historicidade de Jesus e as referências a Jesus por Flávio
Josefo:
De fato, no que diz respeito às probabilidades, nenhum Cristão
poderia ter produzido um texto tão neutro: para ele o único
ponto importante sobre o assunto poderia ter sido sua
comprovação da evidência histórica de Jesus. Mas o fato é que
até aos tempos modernos, esta crença em particular (isto é,
alegar que Jesus é uma farsa) nunca tinha começado. Mesmo
os adversários mais fortes do Cristianismo nunca expressaram
qualquer dúvida sobre a existência de Jesus.4
1
Antiguidades Judaicas, Livro 18, capítulo 3, parágrafo 3 (traduzida do manuscrito
árabe do quarto século). Uma versão mais fenomenal deste texto ainda existe, e muitos
estudiosos declaram que foi “manipulada” um pouco em alguns lugares. No entanto,
esta versão chegou a ser citada tão cedo quanto 325 DC:
Agora havia durante este tempo Jesus, um homem sábio, se é lícito chamá-lo de
um homem, pois ele era executor de obras maravilhosas, um professor de tais
homens que recebem a verdade com prazer. Ele atraiu para si muitos dos
judeus e muitos dos gentios. Ele era [o] Cristo. E quando Pilatos, por sugestão
dos principais homens entre nós, condenou-o à cruz, aqueles que o amavam a
princípio não o abandonaram, pois ele lhes apareceu vivo novamente no terceiro
dia, assim como os divinos profetas tinham predito estas e inúmeras outras
coisas maravilhosas a respeito dele. E a tribo dos Cristãos, assim chamada por
causa dele, não está extinta até este dia.
2
Antiguidades Judaicas, Livro 20, capítulo 9, parágrafo 1.
3
Antiguidades Judaicas, Livro 18, capítulo 5, parágrafo 2.
4
Shlomo Pines, An Arabic Version of the Testamonium Flavianum and its
Implications, Jerusalem Academic Press, 1971, 69.

91
A Jornada – Randall Niles

Plínio o Jovem (c. 62 - c.113 DC) era o governador romano da Bitínia


(atual região ao noroeste da Turquia). Cerca de 111 ou 112 DC, ele
escreveu a seguinte carta ao imperador Trajano de Roma pedindo
conselhos sobre como lidar com os Cristãos.
É uma regra, Senhor, que eu observo inviolavelmente, referir-me
a vós em todas as minhas dúvidas; pois quem é mais capaz de
guiar a minha incerteza ou de informar a minha ignorância? Sem
nunca ter assistido a sequer um julgamento dos Cristãos, eu
sou ignorante no que diz respeito ao método e aos limites a
serem observados tanto na análise quanto na punição. Se
alguma diferença deve ser permitida entre o mais jovem e o
adulto; se o arrependimento permite o perdão, ou se nada pode
salvar um homem uma vez convertido ao Cristianismo; se a
mera declaração solene do Cristianismo, embora sem crimes,
ou se somente os crimes que lhe estão associados são puníveis
- em todos estes pontos tenho grandes dúvidas.

No entretanto, o método que tenho observado com aqueles que


têm denunciado a mim que são Cristãos é o seguinte: eu lhes
pergunto se são Cristãos; se confessaram, repeti a pergunta
mais duas vezes, acrescentando a ameaça de punição capital;
caso eles ainda perseverarem, eu os ordenei à execução. Pois
qualquer que seja a natureza do seu credo, pelo menos não
pude sentir nenhuma dúvida de que transgressão e obstinação
inflexíveis merecem castigo. Havia outros que também
possuíam a mesma paixão, mas sendo cidadãos de Roma, eu os
dirigi para que lá pudessem ser julgados.

Essas acusações se espalharam (como é normalmente o caso) a


partir da simples investigação do assunto e de diversas formas
de corrupção virem à tona. Um cartaz foi colocado, sem
qualquer assinatura, acusando um grande número de pessoas
pelo nome. Aqueles que negaram ser, ou ter sido, Cristãos, e
que repetiram depois de mim uma invocação aos deuses e
ofereceram adoração, com vinho e incenso, à vossa imagem,
que eu tinha, juntamente com a dos deuses, encomendado para
essa ocasião, e que finalmente amaldiçoaram a Cristo - -achei
que fosse adequado dispensar-lhes. Outros que foram
nomeados por esse informante de primeira confessaram ser
Cristãos, mas em seguida negaram; verdade, eles tinham sido
de persuasão, mas finalmente desistiram de algo que para
alguns era de cerca de três anos, outros há muitos anos e
alguns tanto como vinte e cinco anos atrás. Todos eles

92
A Jornada – Randall Niles

adoraram a vossa estátua e as imagens dos deuses e


amaldiçoaram a Cristo.

Afirmaram, no entanto, que toda a sua culpa, ou o seu erro, foi


que tinham o hábito de reunião em um determinado dia fixo
antes do amanhecer do dia, quando cantavam em versos
alternados um hino a Cristo, como a um deus, e vincularam-se
por um juramento solene, não a qualquer maldade, mas a nunca
cometer qualquer fraude, roubo ou adultério, nunca falsificar a
sua palavra, nem deixar de entregar uma relação de confiança
quando necessário; após essa reunião, era o seu costume se
separar para então se reunir novamente e dividir os alimentos -
mas a comida de um tipo comum e inocente. Mesmo esta
prática, no entanto, eles abandonaram após a publicação do
meu edital, pelo qual, de acordo com vossas ordens, eu tinha
proibido as associações políticas. Julguei tanto mais necessário
extrair a verdade real, com a ajuda de tortura de duas escravas
que eram diaconisas de estilo, mas eu não consegui descobrir
nada mais do que superstição depravada e excessiva.

Por isso então adiei o processo e dirigi-me diretamente ao


vosso conselho. O assunto parecia ser importante o suficiente
para que fosse dirigido a vós, especialmente considerando os
números em perigo. Pessoas de todas as classes e idades e de
ambos os sexos são, e serão, envolvidas na acusação, pois esta
superstição contagiosa não se limita apenas às cidades, mas
tem se espalhado pelas aldeias e zonas rurais; parece possível,
no entanto, verificar e curá-la.1

Esta é uma carta impressionante preservada desde a antiguidade. Eu


reproduzi grande parte dela aqui por ser tão poderosa para mim na
sua totalidade. “Plínio o Jovem” fala do Cristianismo se espalhando
por todo o Império Romano e se dirige ao processo de perseguição
dos seguidores desta “superstição”. Plínio também menciona Cristo
por nome três vezes como o centro do Cristianismo e descreve
práticas Cristãs, incluindo a adoração de Cristo “como a um deus”.
1
Plínio Segundo, Epístolas, X.96.

93
A Jornada – Randall Niles

Suetônio era um historiador e secretário de Adriano, o Imperador de


Roma, entre 117 a 138 DC. A respeito do imperador Cláudio (41-54
DC) e da revolta de Roma em 49 DC, Suetônio escreveu:
Já que os judeus estavam fazendo constantes distúrbios na
instigação de Christus [Cristo], ele [Cláudio] os expulsou de
Roma.1
Curiosamente, Atos 18:2 diz que Paulo encontrou Áquila e sua
esposa Priscila logo depois de terem saído da Itália porque Cláudio
os tinha expulsado.

Mais tarde, Suetônio escreveu sobre o grande incêndio de Roma em


64 DC:
Punição por Nero foi infligida aos Cristãos, uma classe de
homens dada a uma superstição nova e travessa.2

Mara Bar-Serapião, um filósofo estoico da Síria, escreveu esta carta


ao seu filho da prisão em algum momento depois de 70 DC:

Que vantagem os atenienses alcançaram ao pôr Sócrates à morte?


Fome e praga vieram sobre eles como um julgamento por seus
crimes. Que vantagem os homens de Samos ganharam por queimar
Pitágoras? Em um só momento sua terra estava coberta de areia. Que
vantagem alcançaram os judeus por executar seu sábio rei? Foi bem
depois disso que seu reino foi abolido. Deus vingou justamente esses
três homens sábios: os atenienses morreram de fome, os habitantes
de Samos foram atacados pelo mar; os judeus, arruinados e expulsos
de suas terras, vivem em completa dispersão. Mas Sócrates não
morreu de uma vez por todas, ele continuou a viver na estátua de
Platão. Pitágoras não morreu de uma vez por todas, ele continuou a
viver na estátua de Hera. Nem o rei sábio morreu de uma vez por
todas; ele continuou a viver no ensino que tinha dado.3

Esta carta se refere a Jesus como sendo o “rei sábio”. O escritor


obviamente não é um Cristão porque ele coloca Jesus ao mesmo
nível que Sócrates e Pitágoras. Sem qualquer inclinação em sua
referência a Jesus e à Igreja, esta carta é uma referência histórica
valiosa sobre a historicidade de Jesus.

94
A Jornada – Randall Niles

Luciano de Samósata era um filósofo grego do século 2. Este texto


preservado é obviamente uma sátira, mas é uma poderosa “fonte
extra-bíblica”:
Os Cristãos, vocês sabem, adoram um homem até hoje -- esse
personagem distinto que introduziu seus rituais fora do comum
e foi crucificado por causa disso... Sabe, essas criaturas
equivocadas começaram com a convicção geral de que são
imortais para sempre, o que explica o desprezo da morte e a
auto-dedicação voluntária que são tão comuns entre eles; e
então eles foram ensinados por seu legislador original que são
todos irmãos a partir do momento em que são convertidos e
negam os deuses da Grécia, adoram o sábio crucificado e vivem
de acordo com suas leis. Tudo isso eles levam muito em fé,
causando como resultado o desprezo de todos os bens
materiais semelhantes, considerando-os apenas como
propriedade comum.4

Esta obra está longe de ser lisonjeira, mas absolutamente apoia a


pessoa de Jesus Cristo (“o sábio crucificado”) e a sobrevivência da
igreja Cristã no século II.
1
Suetônio, Life of Claudius, 25.4. Veja também: McDowell, New Evidence that
Demands a Verdict, 121-122.
2
Suetônio, Lives of the Caesars, 26.2. Veja também: Ibid.
3
British Museum Syriac Manuscript, Adição 14, 658. Veja também: Eastman &
Smith, The Search for Messiah, 251-252.
4
Luciano de Samósata, "Death of Pelegrine", The Works of Lucian of Samosata, 4
volumes. Traduzido ao inglês por H.W. Fowler e F.G. Fowler, Editora Clarendon, 1949,
11-13.

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A Jornada – Randall Niles

Tradição Judaica

De todas as fontes antigas de Jesus, as menos favoravelmente


tendenciosas parecem ser de origem rabínica. Há realmente um
número significativo de referências a Jesus na tradição judaica, mas
muitas delas usam nomes como “esse homem” quando se referem a
Jesus Cristo. Portanto, algumas das referências são agora
consideradas não confiáveis.

Não obstante, no Talmude babilônico, o comentário formal sobre as


Leis judaicas compiladas entre 200-500 DC, há uma referência
poderosa sobre Jesus:
Tem sido ensinado: Na véspera da Páscoa, mataram Yeshu. E
um anunciador surgiu primeiro, por quarenta dias dizendo: ‘Ele
vai ser apedrejado porque praticou feitiçaria, seduziu e
incentivou Israel a se desviar. Quem sabe alguma coisa em seu
favor, apresente-se e faça um apelo em seu nome.’ Mas, não
tendo encontrado nada em seu favor, ele foi morto na véspera
da Páscoa.1
Esta é considerada uma referência digna de confiança sobre Jesus
(“Yeshu”), encontrada na tradição judaica. Aqui os escritores
rabínicos confirmam que Jesus foi uma figura histórica, que foi
crucificado na véspera da Páscoa e que fez milagres, mencionados
aqui como “feitiçaria”. Os eventos que cercam a vida de Jesus não
foram desmentidos, pelo contrário, foram definitivamente
confirmados na tradição judaica.

Bem, eu estava procurando por fontes imparciais de informação, fora


da Bíblia, que falam sobre a pessoa de Jesus, sua morte por pena de
morte e a ascensão de uma religião em seu nome.
Surpreendentemente, foi exatamente isso que achei!

As narrativas históricas não-Cristãs de Cornélio Tácito, Flávio Josefo,


Plínio o Jovem, Suetônio, Mara Bar-Serapião, Luciano de Samósata e
até mesmo os escritos do (extremamente parcial) Sinédrio judaico
reivindicam os relatos bíblicos sobre a vida e a morte de Jesus Cristo
no primeiro século DC.

Além dos nove autores do Novo Testamento que escreveram sobre


Jesus em narrativas distintas, achei pelo menos vinte autores
Cristãos primitivos, quatro escritos heréticos e sete fontes não-
Cristãs que fazem menção explícita de Jesus – todas com menos de
150 anos depois da sua vida. Isso equivale a um mínimo de 40
autores e todos mencionam explicitamente Jesus e a expansão de um
96
A Jornada – Randall Niles

movimento espiritual em seu nome. Temos mais autores que


mencionam Jesus Cristo dentro de 150 anos depois de sua vida do
que sobre o imperador romano que reinou durante aquela mesma
época. Os estudiosos têm conhecimento de apenas dez fontes que
mencionam o imperador Tibério naquele mesmo prazo, incluindo
Lucas, Tácito, Suetônio e Veleio. Assim, dentro deste curto espaço de
tempo, o número de escritores primitivos que mencionam Jesus
superam aqueles que mencionam o líder do Império Romano inteiro
(na verdade, o mundo antigo daquela época) por uma proporção de
4:1!2

Tudo bem, isso é uma prova fantástica da vida e morte histórica de


um líder religioso chamado “Jesus Cristo”, mas e o resto?

O que dizer sobre os supostos milagres...?

O que dizer sobre o maior milagre - sua ressurreição dentre os


mortos...?
1
Talmude babilônico, Sinédrio 43A.
2
Veja: Josh McDowell, The New Evidence that Demands a Verdict,Thomas Nelson
Publishers, 1999, 119-136. Ler também: Gary Habermas e Michael Licona, The Case
for the Resurrection of Jesus, Kregel, 2004.

97
A Jornada – Randall Niles

Milagres de Jesus

Na verdade, consegui superar o obstáculo dos “Milagres de Jesus”


muito rápido. Para mim, a suspensão (ou violação) das leis naturais
envolvidas nos milagres de Jesus não é realmente diferente do que
testemunhamos no dia-a-dia. Existem forças naturais inerentes
representadas pelas leis da física, propriedades químicas e fórmulas
matemáticas, e há forças volitivas que podem interagir ou contrariar
as naturais. Por exemplo, as leis da gravidade que mantêm uma pedra
no chão não são suspensas (ou violadas) quando um rapaz neutraliza
a gravidade ao aplicar uma maior força física para pegar e atirar a
pedra. A mesma lógica vale quando lemos os relatos de testemunhas
oculares de Jesus caminhando sobre as águas ou transformando a
água em vinho. A partir de uma base racional, ele está apenas
aplicando uma força volitiva fora daquilo que conhecemos como leis
naturais dentro de nossas quatro dimensões materiais.

Eu posso ser filosoficamente predisposto a rejeitar qualquer


referência a eventos sobrenaturais, mas isso não significa que eles
não podem ocorrer ou não ocorrem de fato. Dada a ressalva de que
existe um Deus, os “milagres de Jesus” são muito sensatos. Um
agente sobrenatural não é logicamente limitado pelos efeitos da sua
causa sobrenatural - portanto, Deus não é restringido por leis que
regem nosso universo naturalista. A lei natural é a criação de Deus,
instituída por Ele para governar sua criação. O criador não é
“embalado” por sua criação. Ao considerar um agente sobrenatural, é
lógico pensar além do comum ou natural.

Dada a realidade de um criador sobrenatural, as narrativas


encontradas no evangelho sobre os milagres de Jesus são muito
sensatas também. Alguns acreditam que esses textos foram
inspirados pelo próprio Deus. No entanto, quer você pessoalmente os
mantenha em tão alta estima ou não, no mínimo os evangelhos
representam quatro distintos relatos históricos escritos por quatro
autores individuais que, segundo os critérios seculares,
independentemente documentam acontecimentos históricos. A
predisposição filosófica para ignorar qualquer coisa milagrosa ou
teológica simplesmente não é um bom motivo para rejeitar os textos
do evangelho.

Novamente, vamos considerar a integridade dos escritores dos


evangelhos, homens dispostos a sofrer intensa perseguição e até
mesmo morrer em defesa dos seus testemunhos individuais. Como já
discutido anteriormente, Lucas é geralmente considerado como um
98
A Jornada – Randall Niles

dos maiores historiadores da antiguidade. Dr. John McRay, professor


de Novo Testamento e de Arqueologia na Universidade de Wheaton,
em Illinois, praticamente resume:
O consenso geral de ambos os estudiosos liberais e
conservadores é que Lucas é muito preciso como um
historiador. Ele é erudito, ele é eloquente, o seu grego aproxima-
se de qualidade clássica, ele escreve como um homem educado
e descobertas arqueológicas estão mostrando repetidamente
que Lucas é exato no que tem a dizer.1
Sir William Ramsey, um dos maiores arqueólogos dos tempos
modernos, concorda: “Lucas é um historiador de primeira
categoria.”2

Temos uma boa razão para descartar o relato de Lucas da vida de


Jesus?

O que dizer dos outros escritores do evangelho que deram suas vidas
por seus depoimentos escritos sobre os milagres de Jesus?

1
John McRay, citado por Lee Strobel, The Case For Christ, Grand Rapids: Zondervan,
1998, 129.
2
Sir William Ramsey, The Bearing of Recent Discovery on the Trustworthiness of the
New Testament, 1915, p. 222.

99
A Jornada – Randall Niles

Ressurreição de Jesus Cristo

Certo, mas agora vem uma grande pergunta... O ponto principal... A


ressurreição de Jesus Cristo realmente aconteceu?

Será que Jesus realmente ressuscitou dos mortos e por que este
evento é tão importante...?

Em um simples resumo, o Novo Testamento é fundado sobre Jesus


Cristo e o poder da sua “ressurreição”. Já que a fundação do
Cristianismo bíblico é a ressurreição de Jesus Cristo, então a
veracidade histórica de sua vida, morte e ressurreição são igualmente
importantes. Pois como Paulo declarou em sua carta aos Coríntios:
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a
vossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus,
porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a
Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos
não ressuscitam.1
Como uma pessoa analítica formada em Direito, eu descobri que a
única forma legítima de investigar a ressurreição de Jesus Cristo era
testar a evidência histórica sem qualquer pressuposição ou
preconceito. Portanto, para ser justo, eu decidi julgar as provas como
qualquer outro evento histórico.

Com base nas normas e regras para uma evidência válida, o


testemunho coerente de várias testemunhas credíveis seria
considerado o melhor tipo de prova disponível para o litigante.
Portanto, se eu encontrasse tal testemunho presente em narrativas
credíveis do registro histórico, eu teria então resolvido um grande
desafio evidencial quando submetidas a regras tradicionais.

Na verdade, encontrei vários depoimentos de testemunhas oculares


sobre a ressurreição de Jesus. Em sua carta à igreja de Corinto,
Paulo estabeleceu o seguinte:
Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo
morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi
sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por
mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria
sobrevive até agora; porém alguns já dormem.2
Estudos de manuscrito indicam que esta era uma das primeiras
crenças da fé Cristã, escrita poucos anos após a morte de Jesus
Cristo. Portanto, é dramático que Paulo termina o trecho com “dos
quais a maioria sobrevive até agora”. Paulo estava convidando as
100
A Jornada – Randall Niles

pessoas a verificar os fatos. Ele não teria incluído uma declaração


como essa se estivesse tentando esconder algo como uma
conspiração, fraude, mito ou lenda.
A ressurreição de Jesus Cristo também foi declarada em várias
outras narrativas, incluindo a aparição de Jesus a Maria Madalena, 3 a
outras mulheres,4 a Cléopas e seu companheiro,5 a onze discípulos e
outras pessoas,6 a dez apóstolos e outras pessoas (excluindo
Tomé),7 aos apóstolos (incluindo Tomé),8 a sete apóstolos,9 aos
discípulos10 e aos apóstolos no monte das Oliveiras.11

Para mim, o grande teste de credibilidade para essas testemunhas


oculares foi que muitas delas enfrentaram mortes horrendas por seu
testemunho ocular. Como já disse antes, isso é realmente dramático!
Estas testemunhas sabiam da verdade! O que poderiam
possivelmente ganhar por morrer por uma mentira conhecida? A
evidência fala por si, estas pessoas não eram apenas religiosos fiéis
morrendo por uma crença religiosa, elas eram seguidores de Jesus
morrendo por um evento histórico -- a ressurreição de Jesus Cristo
que o estabeleceu como o Filho de Deus.

1
1 Coríntios 15:14-15.
2
1 Coríntios 15:3-6.
3
João 20:10-18.
4
Mateus 28:8-10.
5
Lucas 24:13-32.
6
Lucas 24:33-49.
7
João 20:19-23.
8
João 20:26-30.
9
João 21:1-14.
10
Mateus 28:16-20.
11
Lucas 24:50-52 e Atos 1:4-9.

101
A Jornada – Randall Niles

Evidência da Ressurreição

Com o tempo, achei que a prova da ressurreição de Jesus Cristo era


um dos fatos mais sólidos e comprovados da antiguidade. Depois de
ressuscitar dos mortos e antes de subir ao céu, Jesus foi visto por
centenas de testemunhas oculares, muitas das quais morreram
defendendo fortemente o seu testemunho. Os primeiros seguidores
de Cristo estavam dispostos a sofrer e morrer por sua história.1 Este
fato estabelecido confirma a sinceridade da sua fé e fortemente exclui
decepção por sua parte. Na verdade, todos os escritores do Novo
Testamento (com exceção de um) foram executados por defender e
proclamar a ressurreição de Cristo (João foi o único poupado, mas foi
forçado ao exílio pelo imperador romano Tito Flávio Domiciano). Esta
é uma prova realmente convincente da ressurreição.

É claro que o martírio em si não é original - muitos ao longo da


história têm morrido espontaneamente por suas crenças. O que torna
o martírio dos discípulos algo extraordinário para mim é que estes
homens estavam em condições de realmente saber se o que estavam
professando era verdade ou não. Sabe, ninguém conscientemente
escolhe sofrer torturas e morte terrível a fim de defender algo que
sabem ser mentira. Por exemplo, os sequestradores suicidas do dia
11 de setembro talvez acreditavam sinceramente naquilo por que
morreram, mas certamente não estavam em posição de saber se o
que eles acreditavam era verdade ou não. Eles colocaram a sua fé
nas tradições religiosas passadas a eles por muitas gerações.

Em contraste, os mártires do Novo Testamento ou viram o que


alegaram ter visto, ou não; é simples assim. Ou eles interagiram com
o Jesus ressuscitado, ou não. Dramaticamente, esses homens se
agarravam aos seus testemunhos até sua morte brutal nas mãos de
seus perseguidores, e isso apesar de serem oferecidos várias
chances de renegar sua fé e sabendo muito bem se o seu testemunho
era verdadeiro ou falso. Por que tantos homens morreriam
conscientemente por uma mentira? Eles não tinham nada a ganhar
por mentir e obviamente tudo a perder.

Além dos discípulos terem a experiência do que alegaram ser


aparições da ressurreição, houve até mesmo alguns céticos que
acreditavam que Jesus tinha-lhes aparecido vivo depois da
crucificação. A maioria dos estudiosos bíblicos concorda hoje que
Paulo era um cético e até mesmo um perseguidor da igreja Cristã
primitiva antes de sua experiência com uma aparição pós-
ressurreição. A maioria dos estudiosos concorda também que Tiago
102
A Jornada – Randall Niles

era um cético antes de sua experiência com o que ele chamou de uma
aparição pós-ressurreição.

A experiência de Paulo o levou a mudar imediatamente de um


perseguidor horrível do Cristianismo a um dos seus defensores mais
agressivos. Ele afirmou que esta mudança só veio após a interação
pessoal com o Cristo ressurreto, e Ele voluntariamente sofreu e
morreu por seu testemunho.2

Além disso, antes da ressurreição de Jesus, seu próprio irmão, Tiago,


era um cético.3 Sua experiência de um aparecimento pós-ressurreição
é relatada dentro de cinco anos depois da crucificação de
Jesus.4 Depois de pessoalmente interagir com o Cristo ressurreto,
Tiago tornou-se líder da igreja Cristã em Jerusalém.5 Tiago
voluntariamente morreu por sua crença de que Jesus era o Messias
que morreu e ressuscitou.6

Eu tive que me perguntar... Será que alguém que estava disposto a


sofrer e morrer uma morte horrível em defesa das Escrituras seria
culpado de corromper essas mesmas Escrituras? Isso é uma loucura!
E se essa pessoa as tivesse corrompido (ou até mesmo permitido que
fossem corrompidas), isso significaria sofrer e morrer
conscientemente por uma mentira!

É apenas a natureza humana... Ninguém sofre e morre


conscientemente por uma mentira! OK, talvez um louco, mas não um
grupo inteiro de testemunhas oculares...!

Mais uma vez, quando analisada criticamente, essa “evidência da


ressurreição” de Jesus Cristo é verdadeiramente convincente.
1
Fontes Históricas: Lucas, Clemente de Roma, Policarpo, Inácio, Dionísio de Corinto,
Tertuliano, Orígenes.
2
Fontes Históricas: Paulo, Lucas, Clemente de Roma, Policarpo, Tertuliano, Dionísio
de Corinto, Orígenes.
3
Marcos, João.
4
1 Coríntios 15:7.
5
Paulo, Lucas.
6
Fontes Históricas: Josefo, Hegésipo, Clemente de Alexandria.

103
A Jornada – Randall Niles

Túmulo Vazio

Por último, dei uma olhada em alguns dos estudos acadêmicos sobre
o túmulo vazio de Jesus. Fiquei realmente surpreso ao descobrir que
a grande maioria dos estudiosos modernos concorda que o túmulo
de Jesus foi encontrado vazio.

Considere...
 O fator de Jerusalém. Já que Jesus foi publicamente executado
e enterrado em Jerusalém, teria sido impossível que o
Cristianismo começasse lá enquanto o corpo ainda estava no
túmulo. Os inimigos de Cristo na liderança judaica e governo
romano só teriam que exumar o cadáver e exibi-lo publicamente
para que a farsa do túmulo vazio fosse quebrada.
 A resposta judaica. Ao invés de apontar para um túmulo
ocupado, os líderes judeus acusaram os discípulos de Cristo de
terem roubado o seu corpo. Será que esta estratégia não parece
demonstrar que houve, de fato, um túmulo vazio e um corpo
ausente?1
 O depoimento das mulheres. Em todos os quatro relatos
evangélicos do sepulcro vazio, mulheres são apresentadas
como as principais testemunhas. Isso seria uma invenção
estranha, pois em ambas as culturas judaicas e romanas,
mulheres não eram apreciadas e seu testemunho não era
admissível.

Quando você compreende o papel das mulheres na sociedade


judaica do primeiro século, o que é realmente extraordinário é
que, para começar, esta história do túmulo vazio caracteriza as
mulheres como as descobridoras do túmulo vazio. As mulheres
ocupavam um lugar muito baixo da escada social na Palestina
do primeiro século. Há antigos ditados rabínicos que diziam:
‘Que as palavras da lei sejam queimadas ao invés de serem
entregues às mulheres’ e ‘bem-aventurado é aquele cujos filhos
são do sexo masculino, mas ai daqueles cujos filhos são do
sexo feminino’. O testemunho das mulheres era considerado tão
sem valor que elas não eram nem autorizadas a servir como
testemunhas legais em uma corte da lei judaica. À luz disto, é
absolutamente notável que as principais testemunhas do túmulo
vazio são essas mulheres... Qualquer narrativa lendária
certamente teria retratado discípulos homens como
descobrindo o túmulo - Pedro e João, por exemplo. O fato de
que as mulheres são as primeiras testemunhas do túmulo vazio
é mais plausivelmente explicado pela realidade que - goste ou
104
A Jornada – Randall Niles

não - elas realmente foram as descobridoras do túmulo vazio!


Isso mostra que os escritores do Evangelho fielmente
registraram o que aconteceu, mesmo se fosse embaraçoso,
confirmando a historicidade dessa tradição ao invés de seu
estatuto lendário.2
1
Fontes Históricas: Mateus, Justin, Tertuliano.
2
Dr. William Lane Craig, citado por Lee Strobel, The Case For Christ,Grand Rapids:
Zondervan, 1998, 293.

105
A Jornada – Randall Niles

Em Defesa de Cristo

OK, se sou um advogado e estou avaliando a defesa de Cristo através


de óculos jurídicos, o que ainda está em falta? Alguma coisa...?
Certamente outras mentes analíticas e jurídicas têm avaliado a prova
em “defesa de Cristo”...

Mais uma vez, eu estava realmente impressionado ao descobrir que


grandes mentes jurídicas já tinham feito isso...

Aprenda um pouco sobre as seguintes pessoas...

Simon Greenleaf (1783-1853) foi um dos fundadores da Escola de


Direito de Harvard. Ele foi o autor do texto autoritário em três
volumes, A Treatise on the Law of Evidence (1842), que ainda é
considerado “a maior autoridade individual em evidência em toda a
literatura de procedimento legal”. 1 Greenleaf literalmente escreveu
as regras de evidência para o sistema jurídico americano. Ele
certamente era um homem que sabia como pesar os fatos. Ele era
ateu até que aceitou um desafio de seus alunos para investigar o
caso da ressurreição de Cristo. Após pessoalmente recolher e
analisar as provas com base nas regras evidenciais que ele mesmo
ajudou a criar, Greenleaf se tornou um Cristão e escreveu o
clássico Testimony of the Evangelists.
Que o testemunho [do Evangelho] seja examinado
minuciosamente, como se tivesse sido apresentando em um
tribunal de justiça do lado da parte adversa, com a testemunha
sendo submetida a um rigoroso interrogatório. O resultado,
acredita-se confiantemente, será uma convicção que não deixa
dúvidas de sua integridade, habilidade e verdade.2

Sr. Lionel Luckhoo (1914-1997) é considerado um dos maiores


advogados da história britânica. Ele está registrado no Guinness
Book of World Records como o “advogado mais bem sucedido do
mundo”, com 245 absolvições consecutivas de assassinato. Ele foi
nomeado cavaleiro pela rainha Elizabeth II -- duas vezes. Luckhoo
declarou:
Eu humildemente acrescento que passei mais de 42 anos como
advogado de defesa aparecendo em muitas partes do mundo e
ainda estou muito ativo nesse ramo. Tenho tido a sorte de
conseguir um número de sucessos em julgamentos e digo,
inequivocamente, que a prova da ressurreição de Jesus Cristo é
tão avassaladora que obriga a sua aceitação sem deixar
nenhum espaço para dúvidas.3
106
A Jornada – Randall Niles

Lee Strobel era um jornalista do Chicago Tribune, graduado na


Universidade de Yale e ganhador de prêmios. Como um ateu, ele
decidiu elaborar pelo peso da evidência um caso legal contra Jesus
Cristo e provar que ele era uma fraude. Como Editor Jurídico da
Tribuna, a especialidade de Strobel era a análise tribunalística. Para
fazer o seu caso contra Cristo, Strobel interrogou várias autoridades
Cristãs, especialistas reconhecidos em seus próprios campos de
estudo (incluindo PhD em centros acadêmicos de prestígio, tais como
Cambridge, Princeton e Brandeis). Ele realizou o exame sem nenhum
preconceito religioso além de sua predisposição para o ateísmo.

Surpreendentemente, depois de compilar e analisar criticamente as


provas por si mesmo, Strobel se tornou um Cristão. Impressionado
por suas descobertas, ele organizou a prova em um livro
intitulado Em Defesa de Cristo, obra que ganhou o Prêmio Gold
Medallion Book por excelência. Strobel pede uma coisa de cada leitor
- permaneça imparcial em sua análise das provas. No final, julgue-as
por si mesmo, atuando como o único jurado no caso de Cristo... 4

Como o “único jurado”, sentei-me quietamente na minha cadeira ...

Como os jurados costumam fazer na sala do júri, eu pedi para voltar


novamente a uma evidência provocante...
1
Knott, The Dictionary of American Biography, contracapa de The Testimony of the
Evangelists.
2
Simon Greenleaf, The Testimony of the Evangelists: The Gospels Examined by the
Rules of Evidence, Kregel Classics, 1995, contracapa.
3
Sir Lionel Luckhoo, The Question Answered: Did Jesus Rise from the Dead? Luckhoo
Booklets, contracapa. http://www.hawaiichristiansonline.com/sir_lionel.html.
4
Lee Strobel, The Case For Christ, Grand Rapids: Zondervan, 1998, 18.

107
A Jornada – Randall Niles

Perseguição Cristã
Já que isso é tão poderoso para mim, eu quero reexaminar a
perseguição e morte dos Cristãos porque isso foi uma parte tão
dramática da história Cristã primitiva. Como eu, qualquer cético que
acreditar que a ressurreição de Jesus Cristo é uma lenda pós-fato
criada por um grupo de fanáticos religiosos sinceramente deve
verificar o legado da perseguição e do martírio Cristão. Onze dos 12
apóstolos, e muitos dos outros discípulos primitivos, morreram por
sua adesão a esta história. Isto é dramático, visto que todos eles
testemunharam os alegados fatos de Jesus e ainda enfrentaram a
morte defendendo a sua fé. Por que isso é espetacular, quando
muitos ao longo da história morreram martirizados por uma crença
religiosa? Porque as pessoas não morrem por uma mentira. Olhe
para a natureza humana ao longo da história. Nenhuma conspiração
pode ser mantida quando a vida ou a liberdade está em jogo. Morrer
por uma crença é uma coisa, mas numerosas testemunhas oculares
morrendo por algo que sabem ser uma mentira é outra
completamente diferente.

Certo, acho que já expliquei isso o suficiente…

Aqui está um relato da perseguição Cristã primitiva assim como


compilada a partir de várias fontes fora da Bíblia, a mais famosa das
quais é a obra de John Fox, intitulada O Livro dos Mártires:1

Cerca de 34 DC, um ano depois da crucificação de Jesus, Estêvão foi


expulso da cidade de Jerusalém e apedrejado até a morte. Cerca de
2.000 cristãos sofreram o martírio durante este tempo. Mais ou menos
10 anos depois, Tiago, filho de Zebedeu e irmão mais velho de João,
foi morto quando Herodes Agripa chegou como governador da
Judeia. Agripa detestava os judeus, e muitos discípulos da
antiguidade foram martirizados sob o seu regime, inclusive Timão e
Parmenas. Filipe, um discípulo de Betsaida, na Galileia, sofreu o
martírio em Heliópolis, na Frígia, em mais ou menos 54 DC. Ele foi
açoitado, lançado na prisão e depois crucificado. Cerca de seis anos
depois, Mateus, o cobrador de impostos de Nazaré que escreveu um
dos evangelhos, estava pregando na Etiópia quando sofreu o martírio
pela espada. Tiago, irmão de Jesus, administrou a igreja primitiva em
Jerusalém e foi o autor de um livro da Bíblia com o seu nome. Na
idade de 94, ele foi espancado e apedrejado, até que finalmente teve
seu cérebro esmagado com um porrete.

Matias foi o apóstolo que substituiu Judas Iscariotes. Ele foi


apedrejado em Jerusalém e depois decapitado. André, irmão de
108
A Jornada – Randall Niles

Pedro, pregou o evangelho por toda a Ásia. Em sua chegada a


Edessa, foi preso e crucificado em uma cruz, duas extremidades da
qual foram fixadas transversalmente no chão (daí o termo “Cruz de
Santo André”). Marcos se converteu ao Cristianismo por influência de
Pedro, e depois transcreveu no seu Evangelho a narrativa de Pedro
sobre Jesus. Marcos foi arrastado aos pedaços pelo povo de
Alexandria, na frente de Serapis, seu ídolo pagão. Aparenta ser o
caso que Pedro foi condenado à morte e crucificado em Roma.
Jerônimo afirma que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, a
seu pedido, porque ele disse que era indigno de ser crucificado da
mesma maneira que o seu Senhor. Paulo sofreu a primeira
perseguição sob Nero. A fé de Paulo era tão forte mesmo à face do
martírio, que as autoridades o levaram a um lugar privado fora da
cidade para executá-lo com a espada.

Em cerca de 72 DC, Judas, o irmão de Tiago comumente conhecido


como Tadeu, foi crucificado em Edessa. Bartolomeu pregou em
vários países e traduziu o Evangelho de Mateus na Índia. Ele foi
cruelmente espancado e crucificado pelos idólatras de lá. Tomé,
chamado de Dídimo, pregou na Pártia e na Índia. Ele foi morto por
sacerdotes pagãos com uma lança que atravessou o seu corpo.
Lucas foi o autor do Evangelho em seu nome. Ele viajou com Paulo
através de diversos países e foi supostamente enforcado em uma
oliveira pelos sacerdotes idólatras da Grécia. Barnabé, de Chipre, foi
morto sem muitos fatos conhecidos em 73 DC. Simão, de sobrenome
Zelote, pregou na África e na Grã-Bretanha, onde foi crucificado em
cerca de 74 DC. João, o “discípulo amado”, era o irmão de Tiago. De
Éfeso, ele foi levado à Roma, onde se afirma que ele foi jogado em um
caldeirão fervente. Ele escapou por um milagre, sem ferimentos.
Depois disso, Domiciano o exilou à ilha de Patmos, onde escreveu o
livro do Apocalipse. Ele foi o único apóstolo que escapou de uma
morte violenta.

A perseguição aos Cristãos não retardou o crescimento da fé Cristã


durante os primeiros séculos depois de Jesus. Mesmo com seus
primeiros líderes sofrendo uma morte horrível, o Cristianismo
floresceu durante o Império Romano. Como pode este registro
histórico de martírio ser visto como qualquer outra coisa que não
seja uma poderosa evidência para a verdade da fé Cristã - uma fé
baseada em fatos históricos e depoimentos de testemunhas
oculares?
1
John Fox, O Livro dos Mártires, Ed. by W. Grinton Berry, Reproduzido por Fleming H.
Revell, 1998.

109
A Jornada – Randall Niles

O que é fé?
Então, onde estou com tudo isso...? Até onde essa jornada tem me
levado, e como deve afetar a minha vida? Eu intelectualmente
acredito que certas coisas aconteceram na história, mas o que isso
realmente significa para a minha vida hoje...?

O que é crença? O que é fé?

Embora a fé Cristã não seja baseada puramente em evidências, ela


definitivamente é apoiada pela evidência. Fé não é desligar o cérebro
e apenas basear-se no coração, ou esmagar a razão em favor da
emoção. Não, a fé Cristã é buscar e conhecer a Jesus com todas as
facetas do caráter humano. Não é uma “fé cega” como eu pensava...
É uma “fé calculada” com base em uma preponderância das provas.
Bem, eu tenho coletado essas evidências e colocado-as em
julgamento... Depois de vários meses na sala do júri, tenho alcançado
o meu veredicto pessoal... Jesus Cristo é quem ele diz ser... o Filho
de Deus que veio a esta terra cerca de 2.000 anos atrás para oferecer
a esperança verdadeira e duradoura para a humanidade.

Certo, mas e agora...? Eu acredito intelectualmente, por uma


preponderância das provas, que Deus existe, que a Bíblia é
verdadeira e que Jesus é seu Filho... Como isso me afeta? O que é fé,
e como deve fazer uma diferença na minha vida?

Eu amo a metáfora de uma cadeira... Encontre a cadeira mais próxima


de você. Observe-a de perto. Examine o seu design. É
estruturalmente sólida? É suficientemente construída? Será que o
material escolhido pelo fabricante apoiará o seu peso?

Muito provavelmente você pegou uma cadeira que você acha que vai
apoiá-lo. Isso é crença. Você aplicou a lógica, conhecimento e
experiência para tomar uma decisão intelectualmente informada.

Agora sente na cadeira... Isso é fé! Em um certo ponto, concordância


intelectual só vai tão longe. Verdadeiramente viver requer que
coloquemos a nossa fé em ação. Crença intelectual sem fé prática é
oca e sem sentido...

Você já ouviu falar sobre o cara que andou em uma corda bamba por
cima das Cataratas do Niágara? Muitas pessoas o assistiram. Aos
espectadores, ele perguntou: “Você acredita que eu posso andar em
uma corda bamba por cima das Cataratas?” Todos responderam:
“Sim”. Eles já tinham visto ele fazer isso.
110
A Jornada – Randall Niles

Em seguida, ele empurrou um carrinho de mão na corda bamba por


cima das Cataratas do Niágara. Ao completar a façanha, ele
perguntou aos espectadores: “Você acredita que eu posso andar em
uma corda bamba por cima das Cataratas empurrando um carrinho
de mão?” A resposta foi unânime: “Sim”. Os espectadores já tinham
visto ele fazer isso também.

Finalmente, um amigo do andador da corda bamba sobe no carrinho


de mão e o andador o empurra sobre as Cataratas. Uau, que façanha
ousada! Quando terminaram, o caminhante da corda bamba
perguntou à multidão: “Vocês acreditam que eu posso andar em uma
corda bamba por cima das Cataratas empurrando um carrinho de
mão com uma pessoa dentro?” Todos exclamaram: “Sim!” A essa
altura já acreditavam na capacidade impressionante desse cara.

Então ele olhou para a multidão e perguntou: “Quem é o próximo?”

Ótimo exemplo... Crença contra Fé...!

111
A Jornada – Randall Niles

É Jesus Deus?
Por que o nome “Jesus Cristo” tem causado mais divisão, agitação e
polêmica do que qualquer outro nome na história?

Ora, por quê...?

Se eu mencionar Deus em uma discussão em um restaurante,


ninguém fica realmente ofendido. Se eu falar sobre Buda ou
Brahman, Moisés ou Maomé, eu realmente não irrito o ouvinte. No
entanto, o nome de Jesus Cristo parece cortar até à alma. Fez isso
comigo! Quando as pessoas mencionaram os outros líderes
religiosos e filosóficos da história, eu geralmente participava em
algum tipo de discussão intelectual. Quando as pessoas tentavam
discutir Jesus comigo, sentia-me como se meu espaço tivesse sido
violado! Que direito tinha essa pessoa de desafiar a mim e a minha
cosmovisão? Descobri que algo torna Jesus mais controverso e
condenador do que todos os outros líderes religiosos combinados.

Então, o que é…?

Diferente de qualquer outro líder religioso amplamente seguido na


história, Jesus Cristo fez uma afirmação singular. Ele declarou ser
Deus. Não um deus, não como um deus, mas Deus encarnado - o
criador do universo em carne humana. Intelectualmente, isso é muito
perturbador. Espiritualmente, isso é um ataque direto a tudo
confortável e coexistente no meu mundinho tão aparentemente
seguro. No entanto, “é Jesus Deus”?

Para mim, voltei-me às respostas típicas para a vida e reivindicações


de Jesus. Dependendo do estágio da minha vida, eram mais ou
menos assim:

“Jesus era um grande homem.”

“Jesus era um bom modelo moral.”

“Jesus era um professor estimado.”

“Jesus era um profeta religioso.”

No entanto, como o estudioso Cristão Josh McDowell declara no seu


livro fundamental, Mais que um Carpinteiro, esses tipos de
declarações levantam um “trilema” convincente. Depois de examinar
as atuais alegações de Jesus e de seus seguidores e testemunhas
112
A Jornada – Randall Niles

oculares, só existem três alternativas para quem ele realmente é -


Jesus Cristo era um mentiroso, um lunático ou o nosso Senhor.
O problema com estas três alternativas não é qual é possível,
pois é óbvio que todas as três são possíveis. Ao invés, a
pergunta deve ser: ‘qual é mais provável’. Decidir quem Jesus
Cristo é não deve ser um exercício intelectual preguiçoso. Você
não pode colocá-lo na prateleira como um grande professor de
moral. Isso não é uma opção válida. Ele ou é um mentiroso, um
lunático ou Senhor e Deus. Você deve fazer uma escolha.
‘Porém’, como o apóstolo João escreveu: ‘Estes foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome'(João
20:31).1
Ao avaliar a pergunta “é Jesus Deus?”, CS Lewis, teólogo britânico
popular, salientou:
Eu estou tentando prevenir que continuem dizendo a bobagem
que as pessoas dizem frequentemente sobre Ele: ‘Eu estou
pronto para aceitar Jesus como um grande professor de moral,
mas eu não aceito a sua afirmação de ser Deus'. Isso é uma
coisa que não devemos dizer. Um homem que era somente um
homem e disse o Jesus disse não seria um bom professor de
moral. Ele ou seria um lunático - no mesmo nível de um homem
que afirma ser um ovo mexido - ou então ele seria o Diabo do
Inferno. Você tem que fazer sua escolha. Ou esse homem era e é
o Filho de Deus, ou um maluco ou algo pior. Você pode tentar
fazê-lo passar por um bobo, você pode cuspir nEle e matá-lo
como um demônio; ou você pode cair aos Seus pés e chamá-lo
de Senhor e Deus. Mas devemos deixar de nos aproximar dEle
falando essa bobagem de que Jesus era apenas um grande
mestre. Ele nunca teve a intenção de nos dar esse tipo de
escolha."2
1
Josh McDowell, More than a Carpenter, Tyndale House Publishers, 1977, páginas 33-
34. (Obra em português intitulada Mais que um Carpinteiro)
2
C.S. Lewis, Mere Christianity, The MacMillan Company, 1960, páginas 40-41.

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A Jornada – Randall Niles

Religião Cristã contra Relacionamento Verdadeiro


Por favor entenda, eu não estou vendendo “religião Cristã” aqui. Na
verdade, eu ainda acredito que “religião” tem mantido as pessoas
mais longe de Deus do que qualquer outra coisa na história.

Na verdade, eu descobri que o verdadeiro Cristianismo não é uma


religião Cristã de forma alguma - é descobrir e estabelecer um
relacionamento com Deus. É confiar em Jesus e no que Ele fez na
cruz por você e eu,1não no que podemos fazer por nós mesmos.2

“Verdadeiro Cristianismo” não se trata de uma “religião organizada”.


Não se trata de estruturas hierárquicas, prédios ornamentados,
pregadores extravagantes ou de regras e rituais tradicionais. Na
verdade, vamos excluir o rótulo de “Cristianismo” por completo. O
Cristianismo é simplesmente buscar e conciliar três questões básicas
da vida:
 Será que Deus existe? Se sim, qual deve ser a minha resposta?
 A Bíblia é verdadeira? Se sim, o que isso significa para mim?
 Quem é Jesus? Se ele é quem afirma ser, como é que esta
realidade muda a minha vida?
Novamente, não se trata de forma alguma da tão chamada “religião
Cristã”...

Não se trata da máquina feita pelo homem que conhecemos hoje


como “Cristianismo”...

Trata-se de Jesus.

Ele ou é o Filho de Deus que oferece a única esperança real para o


mundo, ou não é.

Feito.
1
1 Coríntios 15:1-4 -- Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos
anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele
também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a
menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que
também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo
as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras.
2
Efésios 2:8-9 -- Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto
não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se
glorie.

114
A Jornada – Randall Niles

Passe a ser um Cristão hoje mesmo!


Como posso passar a ser um crente? Uma vez que você tenha
esclarecido todas as suas dúvidas e avaliado toda a evidência e
argumentos, você vai ser confrontado com uma pergunta básica que
Jesus fez aos seus discípulos em Mateus 16:15:

‘Quem dizeis que eu sou?’

Respondendo Simão Pedro, disse:

‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo.’

Qual é a sua resposta?

Se você tem chegado à mesma conclusão que Simão Pedro, você


está perto de ter um relacionamento pessoal com o nosso amoroso
Deus. Esperamos e oramos a Deus que cada um de vocês vai chegar
a esta importante decisão, pois sabemos que felicidade verdadeira,
alegria e paz apenas são encontradas quando reconhecemos o
propósito da nossa existência e nos rendemos ao nosso Criador.
Você vai ver que o Cristianismo não é baseado em um prédio, fórmula
ou ritual, mas sim no que você realmente acredita no seu coração.

Tornando-se um Cristão: Entendendo o Evangelho passo a passo


Primeiramente, você pode ter certeza de que Deus o ama
incondicionalmente e deseja ter um relacionamento pessoal com
você.

"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna" (João 3:16).

Segundo, você precisa admitir diante de Deus que você tem uma
natureza pecaminosa, pois isso é o que o separa de Deus.

"Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3:23).

Terceiro, você precisa parar de tentar agradar a Deus com seus


próprios esforços e aceitar o fato de que salvação através do sangue
de Jesus Cristo é um presente que nenhum de nós merecemos.

"Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter
Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5:8).

115
A Jornada – Randall Niles

Por último, você precisa tomar a decisão de aceitar o presente de


Deus—Seu Filho, Jesus Cristo.

"Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos


filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome" (João 1:12).

Então, agora você conhece os passos básicos de como ser um


crente. Se você realmente deseja em seu coração o presente de Deus
de vida eterna e comunhão com Ele, isso significa que você está
perto de uma decisão de fé sincera.

Jesus disse:

"Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida, ninguém vem ao Pai senão


por Mim" (João 14:6).

Jesus também disse:

"Eis que estou à porta, e bato, se alguém ouvir a minha voz, e abrir a
porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo"
(Apocalipse 3:20).

Receber Jesus é uma questão de pedir a Ele verdadeiramente que


entre em sua vida, perdoe os seus pecados e se torne seu Senhor e
Salvador. Não é meramente uma decisão intelectual, mas sim um ato
de fé e desejo sinceros.

Se você quiser receber Jesus agora e aceitar o Seu presente de


salvação, é uma questão de crer em Jesus Cristo, arrepender-se dos
seus pecados e entregar a sua vida a Ele. Isso não é um ritual
baseado em palavras específicas, mas a seguir encontre um exemplo
de oração para guiá-lo em um passo de fé sincero.
"Pai, sei que tenho transgredido Tuas leis e meus pecados têm
me separado de Ti. Realmente sinto muito; agora quero me
afastar da minha vida de pecado e me aproximar de Ti. Por favor
me perdoe e me ajude a evitar a pecar de novo. Creio que Teu
Filho Jesus Cristo morreu pelos meus pecados, ressuscitou dos
mortos, hoje vive e escuta minha oração. Convido Jesus a ser o
Senhor da minha vida para reinar em meu coração de hoje em
diante. Por favor envie o Espírito Santo para me ajudar a Te
obedecer e a fazer a Tua vontade pelo resto da minha vida. Em
nome de Jesus. Amém."

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A Jornada – Randall Niles

"Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus


Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do
Espírito Santo" (Atos 2:38).

Se você decidiu ser um crente hoje, bem-vindo à família de Deus.


Agora, como uma forma de crescer mais perto dEle, a Bíblia nos
manda complementar o nosso compromisso.
 Siga o comando de Cristo de ser batizado.
 Compartilhe com outra pessoa sobre a sua nova fé em Cristo.
 Passe tempo com Deus diariamente. Não precisa ser um longo
período de tempo. Crie o hábito diário de oração e leitura da
Bíblia. Peça a Deus que aumente sua fé e seu conhecimento da
Sua Palavra.
 Tenha comunhão com outros crentes. Desenvolva uma amizade
com um grupo de amigos crentes que possa responder às suas
perguntas e apoiá-lo (a).
 Encontre uma igreja local onde você possa louvar a Deus.

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