Você está na página 1de 13

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PALEONTOLOGIA

GABRIEL OTÁVIO ZIMMER; IGOR KUHNEN CABRAL E SILVA

UMA REVISÃO DO GÊNERO HYPERODAPEDON (ARCHOSAUROMORPHA,


RHYNCHOSAURIA)

Professora: D.ra Patricia da R.M.N. Balistieri

BLUMENAU/SC
2022
2

RESUMO

Neste trabalho foi feito a tafonomia do Hyperodapedon, mais especificamente de um


que a Fundação Universitária Regional de Blumenau tem em posse, foi falado como que ele
viveu, como era seu estilo de vida, como era seu habitat no triássico, local onde viveu, mais
especificamente onde é hoje, em Santa Maria que fica no Rio grande do Sul aqui no Brasil,
além disso descrevemos o possível método de fossilização em que o fóssil apresenta e
respondemos o porquê dele estar deformado.
Para ser feito a tafonomia e o possível método de fossilização desse fóssil, foi usados
vários artigos de revistas de diversos autores, onde, a partir da leitura dos mesmos, podemos
ter uma bases melhor para poder reunir parte desse conhecimento em nosso artigo, onde
pretendemos deixar o conhecimento obtido sobre o Hyperodapedon, mais facilmente
acessível para os próximos brasileiros, que irão pesquisar sobre o assunto ao qual ainda tem
muito a ser descoberto.
3

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Visões dorsal e ventral dum crânio de rincossauro do gênero Hyperodapedon. Note as
várias fileiras de dentes na imagem à direita (BENTON, 1983)..............................................................5

Figura 2 – Reconstrução do esqueleto dum Hyperodapedon, mostrando sua postura ao andar


(BENTON, 1983)......................................................................................................................................6
4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

m metros
m.a. milhões de anos
5

SUMÁRIO

RESUMO 2
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 3
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 4
1. INTRODUÇÃO 6
2. OBJETIVOS 6
3. MATERIAIS E MÉTODOS 6
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 7
4.1. A FORMAÇÃO SANTA MARIA 7
4.2. O TRIÁSSICO GAÚCHO 7
4.3. OS RINCOSSAUROS 8
4.4. O GÊNERO HYPERODAPEDON 10
5. RESULTADOS 10
6. CONCLUSÃO 11
7. REFERÊNCIAS 11
ANEXO A - Comparação dos adjetivos associados aos termos geocronológicos e
cronoestratigráficos nas línguas portuguesa (Brasil), inglesa, francesa e espanhola 13
6

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho está sendo feito como método de avaliação alternativo da nossa
professora de paleontologia, o tema foi escolhido por nós depois de olharmos qual tema
envolvendo a paleontologia mais nos chamava a atenção, além do que, no laboratório o fóssil
do Hyperodapedon no meio do laboratório é o que mais nos chamou a atenção, então que
queríamos, era saber um pouco mais sobre esse organismo que estava presente no nosso
cotidiano nas aulas de paleontologia, esperávamos conhecer mais sobre esse organismo, como
viveu, como foi parar no nosso laboratório e o do porque dele ter sido fossilizado dessa
maneira toda retorcida, por assim dizer.

2. OBJETIVOS

O trabalho tem como objetivo a tafonomia do Hyperodapedon do laboratório de


geologia da Fundação Universitária Regional de Blumenau, descrever os processos que
afetaram, sejam eles positivos ou não, a preservação desse organismo ao longo do tempo e o
porquê que isso ocorre, além de falar como que ele viveu, seu estilo de vida, falar sobre seu
habitat no triássico, e onde foi encontrado esse organismo nos dias atuais, com o auxílio de
artigos feitos por outros(as) autores(as) ao longo dos anos.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para ser feito esse trabalho contamos com a ajuda da nossa professora que nos ajudou
na interpretação da tafonomia do fóssil do Hyperodapedon, além de nos ajudar a pesquisar
artigos relevantes para o referido trabalho. A utilização dos artigos “Tetrápodes triássicos
brasileiros: uma investigação envolvendo banco de dados e análise de cluster”, “Therapsida,
Dicynodontia: aspectos gerais e registros brasileiros”, “Taphonomy of the South-Brazilian
Triassic vertebrates”, “Triassic faunal successions of the Paraná Basin, southern Brazil” e
“Identificação taxonômica de um espécime da Ordem Rynchosauria (RS, Brasil)” foi
imprescindível para a resolução deste trabalho, sendo esses artigos usados para responder
questões sobre a formação de Santa Maria, a paleoecologia e paleogeografia do triássico,
sobre os próprios rincossauros mais especificamente o gênero Hyperodapedon e também a
sua tafonomia.
7

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1. A FORMAÇÃO SANTA MARIA

Localizada no interior do Rio Grande do Sul, a Formação Santa Maria faz parte da
extensa Bacia do Paraná. Seus 200 m de espessura compreendem um período de cerca de 12
m.a entre os estágios Ladiniano e Carniano do Triássico. Os estudos acerca da formação
remontam do início do século XX e se intensificaram a partir do fim dos anos 80 com novas
pesquisas sobre a tafonomia do local (HOLZ; SOUTO-RIBEIRO, 2000).

A formação é dividida em dois membros: Passo da Tropas e Alemoa. O membro


Passo das Tropas é o menor e mais antigo, é composto principalmente de arenitos e contém
uma pequena quantidade de fósseis de plantas e peixes. O membro Alemoa, mais recente, é
formado por lamitos e arenitos e é onde se encontram a maioria dos fósseis, incluindo uma
grande diversidade de cinodontes, rincossauros, dicinodontes e dinossauros primitivos. Pode-
se identificar diferentes níveis de preservação dos restos dependendo do local em que são
escavados: nas camadas de arenito, são achados somente fragmentos e ossos desarticulados,
enquanto no lamito estão os fósseis mais bem preservados. Outras formas de classificação
inserem a Formação Santa Maria dentro da Supersequência Santa Maria, que se estende até o
fim do Triássico, no período Reciano. Essa supersequência se divide em três subsequências,
denominadas Santa Maria 1, Santa Maria 2 e Santa Maria 3, com os rincossauros sendo
encontrados na segunda (DUTRA, 2015; HOLZ; SOUTO-RIBEIRO, 2000; SCHULTZ et al.,
2020).

4.2. O TRIÁSSICO GAÚCHO

Durante o Triássico, a região onde hoje é o Rio Grande do Sul se localizava ao sul do
supercontinente Pangeia e que mais tarde deu origem à Gonduana. Nesse período, a área da
Formação Santa Maria era cortada por um grande rio anastomosado que formava uma planície
de inundação em suas margens. Em momentos de chuva intensa, a cheia levava sedimentos à
essa planície que se depositavam em diques marginais arenosos perto do rio e em finas
camadas de lama nos locais mais distantes.

As cheias que ocorriam anualmente não eram suficientes para a preservação de fósseis
e o cenário ideal só ocorria em casos raros de enormes inundações. Nessas ocasiões, as
carcaças eram levadas flutuando até às planícies, onde ficavam em meio às camadas de lama
quando o nível da água baixava. Outras inundações subsequentes adicionavam mais camadas
8

de sedimento e os restos do animal ficavam enterrados e protegidos da ação do tempo. Mesmo


nesses casos, o animal ainda precisava ser soterrado quase que instantaneamente para não ser
levado pelas chuvas que vinham em seguida e se deteriorar. A chance disso ocorrer era
raríssima e estima-se que poucos mais de 0,20% da fauna da época se fossilizou, indicando
que esses períodos específicos de sedimentação somam menos de 1% dos 12 m.a. englobados
na formação (HOLZ; SOUTO-RIBEIRO, 2000).

É possível ver essa sucessão de períodos de deposição e exposição do solo pelas


camadas de arenito e lamito e camadas com bioturbação e porções de lama seca presentes na
formação atualmente (HOLZ; SOUTO-RIBEIRO, 2000).

4.3. OS RINCOSSAUROS

O clado Rhynchosauria (do grego rynchus, “bico”, e saurus, “lagarto”) foi um grupo
de arcossauromorfos herbívoros que viveu durante o período Triássico. Com os registros mais
antigos vindos da idade Induana do Eotriássico, os rincossauros sofreram uma grande
irradiação no Neotriássico com o Evento Pluvial do Carniano que aumentou a umidade da
Pangeia e causou uma drástica mudança no seu clima e biota. Um novo grupo de rincossauros
plenamente adaptados surgiu, os hiperodontídeos, e estes se mantiveram como consumidores
primários dominantes em praticamente todo o globo até o fim daquele período (BARROS,
2004, 2009; LANGER; SCHULTZ, 2000; SCHULTZ; LANGER; MONTEFELTRO, 2016;
RUBLESCKI, 2021).

Estes animais apresentavam uma espécie de bico ósseo e queratinizado formado pelas
pré-maxilas e membros anteriores fortes e dotados de garras, usados para cortar, arrancar e
quebrar caules, folhas, frutas e sementes duras para sua alimentação. Sua boca possuía uma
dentição altamente especializada, com diversas fileiras de dentes na maxila e no osso dentário
que diminuíam em quantidade conforme se aproximavam da região rostral (Figura 1). Esses
dentes eram permanentes, idênticos entre si e não eram substituídos ao cair, mas novos dentes
nasciam continuamente no fim das fileiras conforme o animal crescia. Outra particularidade
presente nos rincossauros era a propalinia, a capacidade de mover a maxila para trás durante a
mastigação (BARROS, 2004; BENTON, 1983; DUTRA, 2015; RUBLESCKI, 2021).
9

Figura 1 – Visões dorsal e ventral dum crânio de rincossauro do gênero Hyperodapedon. Note as várias
fileiras de dentes na imagem à direita (BENTON, 1983)

O posicionamento dos ossos da pelve e dos ombros davam a esses animais uma
postura esparramada quadrúpede, com os braços e pernas para os lados, similar aos
crocodilianos e lagartos atuais (Figura 2). Seu corpo podia alcançar até 2 metros de
comprimento (BARROS, 2004; BENTON, 1983; DUTRA, 2015; DE-OLIVEIRA;
PINHEIRO; KERBER, 2020).

Figura 2 – Reconstrução do esqueleto dum Hyperodapedon, mostrando sua postura ao andar


(BENTON, 1983)
10

O grupo desapareceu completamente no fim do Neotriássico. Os processos de


desertificação ocorridos nesta época causaram mudanças drásticas à fauna e à flora da
Gonduana e parecem ser o que levou os rincossauros à extinção (BARROS, 2009; DUTRA,
2015; RUBLESCKI, 2021).

Atualmente, seus fósseis são encontrados em todos os continentes, com exceção da


Oceania e Antártida. No Brasil, são encontrados unicamente no Rio Grande do Sul, tendo
grande representação na Formação Santa Maria (BARROS, 2004).

4.4. O GÊNERO HYPERODAPEDON

O gênero Hyperodapedon faz parte da família Hyperodapedontinae, exclusiva do


período Neotriássico salvo pela espécie “Rhynchosaurus” spencerl, do Mesotriássico. Os
hiperodapedontídeos diferem da outra família de rincossauros, Rhynchosauridae,
principalmente pelo crânio mais largo do que longo e pelo formato do aparelho mandibular
(BARROS, 2004; EZCURRA; MONTEFELTRO; BUTLER, 2016).

Os espécimes desse gênero são os tetrápodes mais abundantes das assembleias


fossilíferas antigas e são frequentemente utilizados nos estudos de bioestratigrafia no mundo
todo. No Brasil, foram encontradas três espécies de Hyperodapedon: H. huenei, H. mariensis
e H. sanjuanensis (BARROS, 2004; EZCURRA; MONTEFELTRO; BUTLER, 2016).

5. RESULTADOS

Através das revisões bibliográficas podemos ver que a Formação Santa Maria é um
local muito rico quando se trata de fósseis, por isso que no início do século XX, pesquisas e
estudos aumentaram sobre a tafonomia deste local, como diz (HOLZ; SOUTO-RIBEIRO,
2000).
Nota-se que a área da Formação Santa Maria, sofreu ao longo do tempo, fortes
enxurradas de inundações subsequentes, o que levava a formação de mais e mais camadas de
sedimentos por cima destes organismos, ao longo dos tempos, o que levou a fossilização de
0,20% da fauna e flora do local, indicando assim que, periodos especificos para ocorrer a
fossilização somam menos de 1% dos 12 m.a., que como podemos ver, no nosso mundo atual,
é uma condição muito rara de se ver.
11

6. CONCLUSÃO

Conclui-se que durante o Triássico, na região que é hoje o Rio Grande do Sul, a área
da formação Santa Maria local onde os Hyperodapedon residiam, formava uma planície de
inundação, está planície, e em raros momentos de enormes inundações, seguidas umas atrás
das outras, faziam com que 0,20% da fauna da época fosse fossilizada, já que tinha que
ocorrer chuvas intensas com certas frequências e causar o soterramento quase que imediato do
organismo para ocorrer a fossilização, e por causa da água, mais a pressão de terra que
haviam sobre esses organismos, fez com que os fósseis hoje em dia encontrados nesse local
estejam, deformados e inchados.

7. REFERÊNCIAS

BARROS, R. C. DO R. Os Rincossauros do Rio Grande do Sul. Dissertação—Porto


Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2004.

BARROS, R. C. DO R. Os Processos heterocrônicos nos vertebrados: o exemplo dos


Rhynchosauria (Reptilia, Archosauromorpha) do estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
Tese—Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009.

BENTON, M. J. The Triassic reptile Hyperodapedon from Elgin: functional morphology and
relationships. Philosophical Transactions of the Royal Society of London. B, Biological
Sciences, v. 302, n. 1112, p. 605–718, 13 set. 1983.

DUTRA, B. A. M. Therapsida, Dicynodontia: aspectos gerais e registros brasileiros.


Trabalho de Conclusão de Curso—Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2015.

EZCURRA, M. D.; MONTEFELTRO, F.; BUTLER, R. J. The Early Evolution of


Rhynchosaurs. Frontiers in Ecology and Evolution, v. 3, 11 jan. 2016.

HOLZ, M.; SOUTO-RIBEIRO, A. Taphonomy of the South-Brazilian Triassic vertebrates.


Revista Brasileira de Geociências, v. 30, n. 3, p. 491–494, set. 2000.

LANGER, M. C.; SCHULTZ, C. L. A New Species Of The Late Triassic Rhynchosaur


Hyperodapedon From The Santa Maria Formation Of South Brazil. Palaeontology, v. 43, n.
4, p. 633–652, out. 2000.
12

RUBLESCKI, N. Discussão sobre a dieta alimentar dos rincossauros (Diapsida,


Archosauromorpha) do Neotriássico com base em evidências morfológicas,
biomecânicas e botânicas. Trabalho de conclusão de curso—Porto Alegre: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2021.

SCHULTZ, C. L. et al. Triassic faunal successions of the Paraná Basin, southern Brazil.
Journal of South American Earth Sciences, v. 104, p. 1–24, dez. 2020.

SCHULTZ, C. L.; LANGER, M. C.; MONTEFELTRO, F. C. A new rhynchosaur from south


Brazil (Santa Maria Formation) and rhynchosaur diversity patterns across the Middle-Late
Triassic boundary. Palaöntol Z, v. 90, n. 3, p. 593–609, 1 set. 2016.

SILVA, N. D. Identificação taxonômica de um espécime da Ordem Rynchosauria (RS,


Brasil). Monografia—Blumenau: Universidade Regional de Blumenau, 2021.
13

ANEXO A - Comparação dos adjetivos associados aos termos geocronológicos e


cronoestratigráficos nas línguas portuguesa (Brasil), inglesa, francesa e espanhola

Retirado de: ARAI, M.; BRANCO, P. M. Sobre o uso dos termos geocronológicos e cronoestratigráficos.
Terrae Didatica, v. 14, n. 3, p. 217–224, 28 set. 2018.

Você também pode gostar