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Locomoção

Anatomia do Músculo Estriado Esquelético


➢ Introdução

O sistema muscular é formado por músculos esqueléticos cuja ação (contração) move ou posiciona as partes do
corpo ou por músculo liso e cardíaco que impulsiona, expele ou controla o fluxo de líquidos e substâncias contidas.

Os músculos esqueléticos voluntários constituem a grande maioria dos músculos.

➢ Tipos de músculos

As células musculares (fibras musculares) são longas e estreitas quando relaxadas e são células contráteis
especializadas. Organizam-se em tecidos que movimentam as partes do corpo ou causam a modificação temporária
do formato dos órgãos internos (reduzem a circunferência do órgão).

O TC associado conduz fibras nervosas e capilares para as células musculares e une-as em feixes ou fascículos.

Três tipos de músculo: • Controle pela vontade


(voluntário X involuntário)
❖ Músculo estriado esquelético: somático voluntário que forma os músculos • Aparência estriada ao exame
esqueléticos, movendo ou estabilizando ossos e outras estruturas. microscópio (estriado X liso)
❖ Músculo estriado cardíaco: visceral involuntário, forma a maior parte das • Localização na parede do
paredes do coração e adjacentes dos grandes vasos. corpo e membros ou
❖ Músculo liso: visceral involuntário que forma parte das paredes da maioria dos formando órgãos ocos das
vasos sanguíneos e órgãos ocos (vísceras), deslocando substâncias através deles cavidades do corpo ou de
por meio de contrações sequenciais coordenadas (pulsações ou peristálticas). vasos sanguíneos (somático X
visceral).
Comprimento do músculo: distância entre suas inserções e são incluídos o ventre
e os tendões. A maioria dos músculos esqueléticos está fixada direta ou indiretamente aos ossos, cartilagens,
ligamentos ou fáscias.

A arquitetura e o formato dos músculos variam.

Tendões de alguns músculos formam lâminas planas


(aponeuroses): fixam o músculo ao esqueleto ou à fáscia
muscular ou à aponeurose de outro músculo.

De acordo com o formato:

❖ Músculos planos: fibras paralelas.


❖ Músculos peniformes: semelhantes a penas.
Podem ser semipeniformes, peniformes ou
multipeniformes.
❖ Músculos fusiformes: formato de fuso com um ou
mais ventres redondos e espessos, de
extremidades afiladas.
❖ Músculos triangulares (convergentes): originam-
se em uma área larga e convergem para formar
um único tendão.
❖ Músculos quadrados: quatro lados iguais.
❖ Músculos circulares ou esfincterianos: circundam
uma abertura ou orifício do corpo, fechando-os
quando se contraem.
❖ Músculos que têm múltiplas cabeças ou múltiplos ventres: + de uma cabeça de inserção ou + de um ventre
contrátil, respectivamente.
➢ Contração muscular
Os músculos esqueléticos atuam por meio da contração: puxam e nunca empurram.

Quando um músculo contrai e encurta: uma inserção permanece fixa, enquanto a outra (mais móvel) é puxada em
direção a ele, muitas vezes resultando em movimento.

• Origem: geralmente é a extremidade proximal do músculo, que OBS: Alguns músculos conseguem agir
permanece fixa durante a contração. nas duas direções em circunstâncias
• Inserção: geralmente é a extremidade distal do músculo, que é móvel. diferentes.

❖ Contração reflexa: aspectos da atividade dos músculos automáticos (reflexos). Ex:


o Movimentos respiratórios do diafragma: reflexos estimulados pelos níveis séricos de O2 e CO2.
o Reflexo miotático: após alongamento muscular pela percussão de um tendão com um martelo de reflexo.

❖ Contração tônica/ Tônus muscular: Mesmo “relaxados”, os músculos de um


indivíduo consciente estão quase sempre levemente contraído. Não produz
movimento nem resistência ativa, mas confere certa firmeza, ajudando na
estabilidade das articulações e na manutenção da postura.
o Geralmente só está ausente em pessoas inconscientes ou após uma
lesão nervosa que acarrete paralisia.

❖ Contração fásica (ativas): dois tipos principais:


o Contrações isotônicas: o músculo muda de comprimento em relação à
produção de movimento. Há dois tipos:
▪ Contração concêntrica: o movimento decorre do
encurtamento muscular – ex: ao levantar uma xícara,
empurrar uma porta ou dar um soco.
▪ Contração excêntrica: um músculo se alonga ao contrair –
sofre relaxamento controlado e gradual enquanto exerce
força (reduzida) contínua, ex: ao desenrolar uma corda.
Exigem menos energia metabólica com a mesma carga, mas
são capazes de gerar níveis de tensão muito maiores.
• Quando o principal músculo associado ao movimento
(o agonista) está sofrendo uma contração
concêntrica, seu antagonista está sofrendo contração
excêntrica coordenada.
o Contrações isométricas: o comprimento do músculo permanece igual – não há movimento, mas a força
(tensão muscular) aumenta acima dos níveis tônicos para resistir à gravidade ou a outra força antagônica.
▪ Importante para manter a postura vertical e quando os músculos atuam como fixadores ou
sustentadores.

❖ Unidade estrutural: fibra de músculo estriado esquelético.


❖ Unidade funcional: unidade motora -> um neurônio motor e
fibras musculares que ele controla.
o Quando um neurônio motor na medula espinal é
estimulado, inicia um impulso que causa a contração
simultânea de todas as fibras musculares supridas por
aquela unidade motora. O número de fibras musculares
em uma unidade motora varia de acordo com o
tamanho e a função do músculo.
o Em geral, pequenos músculos que devem reagir
rapidamente e com controle preciso têm mais fibras
nervosas e menos fibras musculares. Inversamente,
grandes músculos que não necessitam de controle fino,
podem ter muitas fibras musculares em uma UM.
o Ex: grandes unidades motoras com várias centenas de
fibras musculares: grandes músculos do tronco e da
coxa.
o O movimento (contração fásica) resulta da ativação de um número crescente de unidades motoras, acima
do nível necessário para manter o tônus.

➢ Funções dos Músculos


Movimento e posicionamento do corpo:

• Músculo agonista: principal músculo responsável pela produção de um movimento específico do corpo. Ele se
contrai concentricamente para produzir o movimento, fazendo a maior parte do trabalho (gastando a maior
parte da energia).
o OBS: na maioria dos movimentos, há apenas um músculo agonista.
• Músculo fixador: estabiliza as partes proximais de um membro mediante contração isométrica, enquanto há
movimento nas partes distais.
• Músculo sinergista: complementa a ação de um agonista, como auxiliar direto, atuando como componente
mais fraco ou mecanicamente menos favorável do mesmo movimento, ou auxiliar indireto, servindo como
fixador de uma articulação interposta quando um agonista passa sobre mais de uma articulação, por exemplo.
• Músculo antagonista: se opõe à ação de outro. O mesmo músculo pode agir
o Primário: se opõe diretamente ao agonista. como agonista, antagonista,
o Secundário: sinergistas também podem ser opostos. sinergista ou fixador em
situações diferentes.

➢ Vascularização e inervação dos músculos


Os nervos que suprem os músculos esqueléticos (nervos motores) geralmente entram na porção carnosa do músculo
(ao contrário do tendão), quase sempre a partir da face profunda (protegidos pelos músculos que suprem). Quando
um nervo perfura um músculo, atravessando sua porção carnosa ou entre duas cabeças de fixação, geralmente supre
aquele músculo.

A irrigação sanguínea dos músculos não é tão constante e geralmente é múltipla. As artérias geralmente irrigam as
estruturas em contato.
Dor muscular e “distensão” muscular: contrações excêntricas excessivas ou associadas a uma nova atividade são as
causas frequentes de dor muscular de início tardio. Ex: descer muitos lances de escada acabaria provocando mais dor
do que subir os mesmos lances de escada.

o O estiramento muscular que ocorre na contração excêntrica do tipo OBS: os músculos esqueléticos
alongamento parece ser mais propenso a causar microlacerações nos podem aumentar em resposta ao
músculos e/ou irritação periosteal. A capacidade de alongamento dos exercício vigoroso frequente
músculos esqueléticos é limitada. Em geral, os músculos não conseguem (musculação). Esse crescimento
alongar além de um terço de seu comprimento em repouso sem sofrer lesão. resulta da hipertrofia das fibras
Isso é refletido por suas fixações ao esqueleto, que geralmente não permitem existentes que alonga e aumenta
alongamento excessivo. as miofibrilas nas fibras.

Quando a massa muscular diminui:


Crescimento e regeneração do músculo esquelético: as fibras do músculo estriado atrofia muscular. A via ubiquitina-
esquelético não se dividem, mas são substituídas individualmente por novas, proteasoma é atividade e mais
derivadas de células-satélite (fonte potencial de mioblastos, precursores das células proteínas são degradadas do que
musculares, que se fundem para formar novas fibras de músculo esquelético). repostas.

Histologia do Músculo Estriado Esquelético


A interação de miofilamentos é responsável pela contração das células musculares. Dois tipos estão associados à
contração celular:

• Filamentos finos: compostos pela proteína actina.


o Cada filamento fino de actina fibrosa (actina F) é um polímero formado, principalmente, a partir de
moléculas de actina globular (actina G).
• Filamentos espessos: compostos principalmente pela proteína miosina II.
o Cada filamento espesso consiste em 200 a 300 moléculas de miosina II. Cada molécula contém uma
cabeça e uma cauda.

Os dois tipos de miofilamentos ocupam a maior parte do citoplasma (sarcoplasma). A actina e a miosina também são
encontradas em outros tipos de células, onde desempenham várias funções: citocinese, exocitose e migração celular.

As células musculares caracterizam-se por conter um grande número de filamentos contráteis alinhados no
citoplasma, utilizados pela célula com o único propósito de produzir trabalho mecânico.

Músculo estriado esquelético: células com estriações transversais ao MO. Nos ossos, faz o movimento do esqueleto
axial e apendicular.

➢ As estriações transversais são produzidas pelo arranjo citoarquitetônico específico dos miofilamentos finos e
espessos e é igual em todas as células estriadas.
➢ Fibra Muscular Fibra muscular ≠ Fibra de tecido conjuntivo (produtos
das células do TC depositados no meio extracelular.)
A célula muscular esquelética é um sincício multinucleado:

• Durante o desenvolvimento: forma-se pela fusão de pequenas células musculares (mioblastos).


• Formato poligonal, cujo comprimento varia de 1 metro até poucos milímetros.
• Núcleos localizados no citoplasma, imediatamente abaixo da membrana plasmática (sarcolema) e consiste em
uma lâmina externa e uma lâmina reticular circundante.

➢ Tecido conjuntivo
Une as fibras estriadas do músculo e é essencial para a transdução de força. Na extremidade do músculo, o TC
continua na forma de tendão ou algum outro arranjo de fibras colágenas que fixa o músculo ao osso.

É designado de acordo com a sua relação com as fibras musculares:

• Endomísio: camada delicada de fibras reticulares que circunda cada fibra


muscular.
o Vasos sanguíneos e ramos neuronais mais finos.
• Perimísio: consiste em uma camada de TC mais espessa, que circunda um
grupo de fibras para formar um feixe ou fascículo (unidades funcionais das
fibras musculares, que tendem a atuar em conjunto para a realização da
contração).
o Vasos sanguíneos de maior calibre e nervos.
• Epimísio: bainha de TCD que circunda um conjunto de fascículos, constituindo
o músculo.
o O suprimento vascular e nervoso adentra o músculo através do epimísio.

As fibras musculares esqueléticas caracterizam-se:

• Velocidade de contração: V que a fibra é capaz de se contrair e de relaxar.


• Velocidade da reação da miosina ATPase: taxa com que essa enzima é capaz de degradar as moléculas de
ATP durante o ciclo de contração.
• Perfil metabólico: capacidade de produção de ATP por fosforilação oxidativa ou glicólise. As fibras contêm
grandes quantidades de mioglobina e um número maior de mitocôndrias com seus complexos de citocromos
na cadeia de transporte de elétrons.

Mioglobina: pequena proteína globular, contém ferro (Fe+2) e atua


como ligante de oxigênio. Atua no armazenamento de oxigênio nas
fibras musculares e proporciona uma fonte rápida de oxigênio para o
metabolismo muscular.

• As lesões traumáticas dos músculos esqueléticos provocam


degradação (rabdomiólise) e liberação de mioglobina na
circulação, que é removida pelos rins; no entanto, em grandes
quantidades é tóxica para o epitélio tubular renal, causando
insuficiência renal aguda. A detecção de mioglobina no sangue
constitui um teste sensível, mas inespecífico, de lesão muscular.
Três tipos de fibras são encontrados em qualquer músculo esquelético: varia de acordo com o papel funcional do
músculo.

• Fibras do tipo I (fibras oxidativas lentas): pequenas e vistas em cor vermelha em amostras frescas; contêm
numerosas mitocôndrias e muita mioglobina e complexos citocrômicos.
o São unidades motoras de contração espasmódica lenta resistentes à fadiga, mas geram menos tensão
que outras fibras.
o Sua V de reação da miosina ATPase é a mais lenta.
o Principais fibras dos músculos eretores longos da espinha do dorso (espinha dorsal): adaptadas para
a contração lenta e prolongada necessária para a manutenção da postura ereta.
o Atleta de alta resistência (maratona).

• Fibras do tipo IIa ou fibras glicolíticas oxidativas rápidas: fibras intermediárias vistas em tecido fresco; são de
tamanho médio, com numerosas mitocôndrias e alto conteúdo de mioglobina.
 Contêm grandes quantidades de glicogênio: capazes de realizar a glicólise anaeróbica.
o Constituem as unidades motoras de contração espasmódica rápida, resistentes à fadiga, que
provocam alta tensão muscular máxima.
o Corredores de 400 e 800 m, os nadadores de distância média e os jogadores de hóquei.

• Fibras do tipo IIb ou fibras glicolíticas rápidas: fibras grandes que apresentam coloração rosada em amostras
frescas; contêm menor quantidade de mioglobina e um menor número de mitocôndrias.
o Baixo nível de enzimas oxidativas, alta atividade enzimática anaeróbica e armazenam quantidade
considerável de glicogênio.
o São unidades motoras de contração espasmódica rápida, propensas à fadiga, que provocam alta
tensão muscular máxima.
o V de reação da miosina ATPase é a mais rápida.
o Fadigam rapidamente (produção de ácido láctico).
o Contração rápida e movimentos finos e precisos.
 Fibras dos músculos extraoculares e dos músculos que controlam os movimentos dos dedos. Esses
músculos apresentam maior número de JNM, possibilitando, assim, controle neuronal mais preciso
de seus movimentos.
o Corredores de curta distância, levantadores de peso e outros atletas de campo apresentam alta
porcentagem de fibras do tipo IIb.

Miofibrilas e Miofilamentos
Miofibrilas: subunidade estrutural e funcional da fibra muscular, dispostas
longitudinalmente. São mais visíveis em cortes transversais de fibras
musculares, que conferem um aspecto pontilhado.

Miofilamentos: formam as miofibrilas, são polímeros filamentosos


individuais da miosina II (filamentos espessos) e actina e suas proteínas
associadas (filamentos finos). São os elementos contráteis efetivos do
músculo estriado.

• Os feixes de miofilamentos são circundados por um REL bem


desenvolvido, denominado retículo sarcoplasmático, que forma uma
rede tubular altamente organizada ao redor dos elementos
contráteis em todas as células musculares estriadas.
• As mitocôndrias e os depósitos de glicogênio estão localizados entre
as miofibrilas em associação ao REL.
Estriações transversais: evidentes nos cortes longitudinais de lâminas coradas pela
H&E.

• Aparecem como bandas escuras e bandas claras alternadas, denominadas


bandas A e bandas I.
• Ambas são divididas ao meio por regiões estreitas e escuras (de maior
eletrodensidade).
o Banda I clara é dividida ao meio por uma linha escura (elétrondensa),
denominada linha Z.
o Banda A escura é dividida ao meio por uma região menos densa ou
clara, denominada banda H.

Sarcômero: unidade contrátil básica do músculo estriado. Constitui a parte da


miofibrila situada entre duas linhas Z adjacentes.

o Miosina estão restritas à porção central e as actinas fixam-se à linha Z e estendem-se dentro da banda A até a
borda da banda H.

FILAMENTO FINO: actina polimerizadas acopladas com proteínas reguladoras e outras proteínas que se entrelaçam
entre si. Consiste em uma hélice de dupla fita de monômeros de actina F polimerizada.

• Esses filamentos de actina F são polares; todas as moléculas de actina G estão orientadas na mesma direção.
o Extremidade positiva (espinhosa): conectada à linha Z.
o Extremidade negativa (afilada): estende-se para a linha M.
 Cada molécula de actina G do filamento fino apresenta um sítio de ligação para a miosina, que, no estágio de
repouso, é encoberto pela molécula de tropomiosina.

• Tropomiosina: forma filamentos que se alojam no sulco existente entre as moléculas de actina F. Em
repouso, a tropomiosina e a sua proteína reguladora, o complexo de troponina, mascaram o sítio de ligação
da miosina na molécula de actina.
• Troponina: complexo de três subunidades globulares.
o A troponina C (TnC) liga-se ao Ca2+ constitui o início da contração.
o A troponina T (TnT) liga-se à tropomiosina, ancorando o complexo de troponina.
o A troponina I (TnI) liga-se à actina, inibindo a interação actina-miosina.

• Tropomodulina: se fixa à extremidade livre (negativa) do filamento fino. Essa proteína de revestimento
(capping) da actina mantém e regula o comprimento do filamento de actina no sarcômero.
• Nebulina: se estende ao longo da maior parte do comprimento do filamento fino, exceto em sua extremidade
negativa. Também contribui para a estabilidade.
FILAMENTO ESPESSO: moléculas de miosina II, que produzem motilidade pela interação cíclica com subunidades de
actina. Esse ciclo de ponte cruzada da actomiosina promove o deslizamento dos filamentos espessos e finos entre si,
produzindo movimento.

• É um dímero composto de duas cadeias polipeptídicas pesadas e de quatro cadeias leves. Tem duas cabeças
globulares (região S1) que estão conectadas por braços de alavanca (região S2) com uma longa cauda. A cadeia
leve reguladora estabiliza o braço de alavanca. A interação das
cadeias pesada e leve determina a velocidade e a força da
contração muscular.

As proteínas acessórias mantêm o alinhamento preciso dos filamentos finos e espessos dentro do sarcômero, para
manter a eficiência e a velocidade da contração muscular.

• Ex: distrofina liga a laminina na lâmina externa, aos filamentos de actina. A ausência dessa proteína está
associada à ocorrência de fraqueza muscular progressiva: distrofia muscular de Duchenne.
➢ Embriologia do Músculo Estriado Esquelético: miogênese
O sistema muscular desenvolve-se a partir do mesoderma (exceto músculos da íris - neuroectoderma e músculos do
esôfago - transdiferenciação de músculo liso). Os mioblastos (células embrionárias) são derivados do mesênquima
(TC embrionário).

O desenvolvimento da linhagem de células-tronco miogênicas depende da expressão de vários fatores reguladores,


da família de MYOD.

• A notocorda e o tubo neural se formam, o mesoderma intraembrionário lateral a estas estruturas se espessa de
modo a formar duas colunas longitudinais de mesoderma paraxial. Estas colunas dorsolaterais, localizadas no
corpo (tronco), tornam-se segmentadas em blocos de mesoderma (somitos) que se diferencia em duas partes:
o A parte ventromedial é o esclerótomo -> vértebras e as costelas.
o A parte dorsolateral é o dermomiótomo -> miótomo-> mioblastos e as provenientes do dermátomo
formam a derme (fibroblastos).

A primeira indicação de miogênese é o alongamento dos núcleos e dos corpos celulares de células mesenquimais ao
se diferenciarem em mioblastos.

o Derivam de células-tronco miogênicas multipotenciais, que se originam no embrião a partir do mesoderma


paraxial não segmentado (progenitores dos músculos cranianos) ou do mesoderma segmentado dos somitos
(progenitores musculares epiaxiais e hipoaxiais).
o Essas células expressam o fator de transcrição MyoD, que desempenha papel essencial na ativação das
expressões dos genes específicos dos músculos e na diferenciação de todas as linhagens musculares
esqueléticas.

O músculo em desenvolvimento contém dois tipos de mioblastos:

• Mioblastos primordiais: formação dos miotubos primários, estruturas em forma de cordões, que se
estendem entre os tendões do músculo em desenvolvimento.
o São formados pela fusão dos mioblastos
primordiais.
o Sofrem diferenciação adicional em fibras
musculares esqueléticas maduras.
 Fileira de núcleos centrais circundados por
miofilamentos.
• Mioblastos maduros: originam miotubos secundários,
formados na zona inervada do músculo em
desenvolvimento, onde estabelecem contato direto com
as terminações nervosas.
o Os miotubos secundários continuam sendo
formados pela fusão sequencial dos mioblastos
com miotubos secundários já formados,
distribuídos aleatoriamente.
 Diâmetro menor, núcleos mais espaçados e
maior quantidade de miofilamentos.

No feto, o crescimento muscular se dá pela fusão de mioblastos e miotubos.

Durante ou após a fusão dos mioblastos, os miofilamentos se desenvolvem no citoplasma dos miotubos. Outras
organelas, como as miofibrilas, também se formam. Assim que os miotubos se desenvolvem, eles se tornam revestidos
com lâminas externas (camadas), que os separam do TC circundante.

Fibroblastos produzem perimísio e epimísio da bainha fibrosa do músculo; o endomísio é formado pela lâmina
externa e por fibras reticulares.
A maior parte dos músculos esqueléticos se desenvolve antes do nascimento, e quase todos os músculos restantes
são formados até o final do primeiro ano.

Miótomos: cada parte típica do miótomo de um somito se ramifica em uma divisão epaxial dorsal e uma divisão
hipaxial ventral. Cada nervo espinal em desenvolvimento se divide e envia um ramo para cada divisão de miótomo. O
ramo dorsal primário supre a divisão epaxial, e o ramo principal ventral inerva a divisão hipaxial.

o Epaxial: formam os músculos extensores do pescoço e da coluna vertebral.


o Derivados dos miótomos sacrais e coccígeos degeneram; e no adulto são os ligamentos
sacrococcígeos dorsais.
o Hipaxial dos miótomos cervicais: formam os músculos escaleno, pré-vertebral, gênio-hióideo e infra-
hióideo.
o Torácicos: músculos flexores lateral e ventral da coluna vertebral.
o Lombares: músculo quadrado lombar.
o Sacrococcígeos: músculos do diafragma pélvico e músculos estriados do ânus e dos órgãos sexuais.

o Músculos dos Arcos Faríngeos: mesoderma paraxial


não segmentado e placa pré-cordal; inervados por nervos
do arco faríngeo.
o Músculos Oculares: provavelmente, derivados das
células mesenquimais próximas à placa pré-cordal, que
origina três miótomos pré-ópticos.
o Músculos da Língua: quatro miótomos occipitais (pós-
ópticos); o 1º par desaparece. O restante formam os
músculos da língua, inervados pelo nervo hipoglosso.
o Músculo dos Membros: mioblastos que cercam os
ossos em desenvolvimento.

Posteriormente no desenvolvimento fetal, a população de células-tronco


miogênicas multipotenciais gera um grupo de células satélites. Reservatório de
células indiferenciadas, que têm o potencial de sofrer diferenciação miogênica.

o Estão interpostas entre a membrana plasmática da fibra


muscular e a sua lâmina externa.
o São pequenas, com citoplasma escasso. Contém um único
núcleo, que exibe uma rede de cromatina mais densa e mais
grosseira que aquela dos núcleos das células musculares.
o São responsáveis pela capacidade de regeneração.
o Estão mitoticamente quiescentes.
➢ Fisiologia da Contração Muscular
Na contração, cada sarcômero sofre encurtamento, mas os miofilamentos permanecem com o mesmo comprimento.
O sarcômero e a banda I se encurtam, enquanto a banda A permanece com o mesmo comprimento. Ocorre
encurtamento da banda H, e os filamentos finos penetram na banda H, ou seja, os filamentos finos deslizam ao longo
dos filamentos espessos.

CICLO DE LIGAÇÃO CRUZADA DA ACTOMIOSINA

Em repouso: cabeças de miosina são impedidas de se ligar às moléculas de actina pela tropomiosina, que recobre os
sítios de ligação da miosina nas moléculas de actina. Após estimulação nervosa, o Ca2+ é liberado dentro do
sarcoplasma e liga-se à troponina. Esta, quando ligada ao Ca2+, atua sobre a tropomiosina, expondo os sítios de ligação
de miosina nas moléculas de actina. Assim, as cabeças de miosina tornam-se capazes de interagir com moléculas de
actina, formando ligações cruzadas que promovem o deslizamento dos filamentos.

O encurtamento envolve interações rápidas e repetidas de actina e de miosina, que movem os filamentos finos ao
longo do filamento espesso.

A miosina, com atividade de ATPase, converte a energia química em força mecânica. Cada ciclo de ligação cruzada é
formado por cinco estágios:

1. Fixação: a cabeça da miosina está firmemente ligada


à actina do filamento fino e o ATP está ausente.
Configuração rígida.
a. O endurecimento e a rigidez dos músculos no
momento da morte são causados pela
ausência de ATP e são conhecidos como rigor
mortis.
2. Liberação: a cabeça da miosina está desacoplada do
filamento fino. O ATP liga-se à cabeça da miosina e
induz mudanças de conformação no sítio de ligação da
actina. Isso diminui a afinidade da miosina pela
molécula de actina, produzindo o desacoplamento da
cabeça da miosina.
3. Inclinação: hidrólise do ATP, a cabeça da miosina o
cliva e utiliza sua energia para assumir a sua posição
anterior à do movimento de força. O sítio de ligação do
ATP na cabeça da miosina sofre alterações adicionais
na sua conformação e a cabeça da miosina se incline
em consequência da rotação do braço de alavanca da
miosina.
a. ADP e fosfato inorgânico permanecem ligados à cabeça da miosina.
b. Quando a cabeça se inclina em direção ao braço, leve com ela o filamento de actina: força de
deslocamento ou movimento de força (power stroke).
4. Geração de força: a cabeça da miosina libera fosfato inorgânico e ocorre movimento de força. Tal liberação
tem dois efeitos:
a. A afinidade de ligação entre a cabeça da miosina e o seu novo sítio de fixação aumenta;
b. A cabeça da miosina gera uma força quando ela retorna à sua posição não inclinada, à medida que
volta à sua posição original, ela força o movimento do filamento fino ao longo do filamento espesso.
i. Durante esse estágio, ocorre perda do ADP da cabeça da miosina.
5. Refixação: a cabeça da miosina liga-se firmemente a uma nova molécula de actina e o ciclo pode se repetir.
A regulação da contração muscular envolve:

• Ca2+: necessário para que ocorra a reação entre a actina e a miosina. Depois da contração, o Ca2+ precisa ser
removido rapidamente pela atuação combinada do retículo sarcoplasmático e do sistema tubular transverso.
• Retículo sarcoplasmático: compartimento membranoso que atua como reservatório de íons cálcio.
• Sistema de túbulos transversais ou sistema T: numerosas invaginações tubulares da membrana plasmática
(sarcolema) da fibra muscular. Os túbulos T penetram na fibra muscular e contém proteínas sensoras de voltagem,
que são ativados quando a membrana plasmática se despolariza.

Quando um impulso nervoso chega à JNM, a liberação de neurotransmissor (acetilcolina) da terminação nervosa
desencadeia uma despolarização da membrana plasmática da célula muscular. Isso provoca a abertura dos canais
de Na+ controlados por voltagem, possibilitando um influxo de Na+ do espaço extracelular para dentro da célula
muscular, promovendo uma despolarização geral, que se propaga rapidamente sobre toda a membrana plasmática.

Quando a despolarização encontra a abertura do túbulo T, é transmitida ao longo das membranas desse sistema até
as regiões mais profundas da célula. As cargas elétricas ativam proteínas sensoras de voltagem (DHSR) que atua
abrindo os canais de liberação de Ca2+ (receptores de rianodina) nos sacos terminais adjacentes do retículo
sarcoplasmático, causando sua rápida liberação no sarcoplasma.

A concentração aumentada de Ca2+ no sarcoplasma inicia a contração da miofibrila por meio da ligação à porção TnC
do complexo de troponina nos filamentos finos. A mudança na conformação molecular de TnC causa dissociação de
TnI das moléculas de actina, traciona-se à molécula de tropomiosina, deslocando-a para o fundo do sulco entre os dois
filamentos de actina. Isto “descobre” os locais ativos da actina, permitindo desse modo que atraiam as pontes
cruzadas das cabeças da miosina. Nessa etapa, as cabeças de miosina estão livres para interagir com as moléculas de
actina, iniciando o ciclo de contração muscular.

ATP: a maior parte dessa energia é necessária para ativar o mecanismo de walk-along, mas pequenas quantidades são
necessárias para:

1. Bombeamento dos íons cálcio do sarcoplasma para o retículo sarcoplasmático quando cessa a contração;
2. Bombeamento dos íons sódio e potássio, através da membrana da fibra muscular, para manter o ambiente
iônico apropriado para a propagação do potencial de ação das fibras musculares.

Para reconstituir o ATP:

o Substância fosfocreatina, transporta uma ligação fosfato de alta energia. A fosfocreatina é clivada
instantaneamente, e sua energia liberada causa a ligação de novo íon fosfato ao ADP, para reconstituir o
ATP.
o A quantidade total de fosfocreatina na fibra muscular é muito pequena, sua energia é capaz de manter
a contração muscular máxima por apenas 5 a 8 segundos.
o Glicólise do glicogênio armazenado nas células musculares: o rápido desdobramento enzimático do
glicogênio a ácidos pirúvico e lático libera energia que é utilizada para converter o ADP em ATP.
o As reações glicolíticas podem ocorrer mesmo na ausência de oxigênio, de forma que a contração
muscular pode ser mantida por muitos segundos e muitas vezes por mais do que 1 minuto, mesmo
quando o oxigênio liberado pelo sangue não estiver disponível.
o Sua velocidade de formação do ATP é rápida.
o Metabolismo oxidativo: combinar o oxigênio com os produtos finais da glicólise e com vários outros
nutrientes celulares, para liberar ATP. Mais de 95% de toda a energia usada pelos músculos.
o Para a atividade muscular máxima extremamente longa — várias horas —, a maior proporção de
energia, de longe, vem da gordura, mas, por período de 2 a 4 horas, a metade da energia vem dos
carboidratos armazenados.

Fadiga Muscular: contrações musculares fortes, por período prolongado. Aumenta com a intensidade da depleção do
glicogênio muscular. Decorre da:
o Incapacidade contrátil do processo metabólico de continuar a manter a mesma quantidade de trabalho.
o A transmissão dos sinais nervosos pela JNM pode diminuir pelo menos por pequena quantidade, após intensa
e prolongada atividade muscular.
o Interrupção do fluxo sanguíneo.

➢ Relaxamento muscular: diminuição da concentração citosólica de Ca 2+. Uma bomba de ATPase na membrana
do retículo sarcoplasmático transporta-o de volta ao local de armazenamento.

➢ Junção Neuromuscular
As fibras musculares esqueléticas são ricamente inervadas por neurônios motores que se originam na medula espinal
ou no tronco encefálico.

A junção muscular é o contato dos ramos terminais do axônio com a fibra muscular. Na JNM (placa motora terminal),
a bainha de mielina das terminações axônicas e a porção terminal do axônio são cobertas apenas por uma fina porção
da célula neurilemal (de Schwann) com sua lâmina externa.

A membrana plasmática da fibra muscular apresenta muitas pregas juncionais profundas. Os receptores colinérgicos
específicos para a ACh ficam na parte superior das pregas.

As vesículas sinápticas da terminação axônica liberam ACh na fenda, que, em seguida, liga-se a receptores nicotínicos
de ACh no sarcolema do músculo.

➢ Receptor nicotínico de ACh nos músculos estriados é um canal de Na+ com comporta para o transmissor. A ligação
da ACh abre os canais de Na+, causando um influxo de Na + dentro da célula muscular estriada.

A enzima acetilcolinesterase (AChE) degrada rapidamente a ACH, a fim de impedir estimulação continuada; cliva-a
em íon acetato e em colina, e a colina é reabsorvida ativamente pelo terminal neural e usada para formar nova ACH.

A transmissão neuromuscular pode ser bloqueada por toxinas bacterianas e por agentes farmacológicos.

• Ex: toxina botulínica, produzida por bactérias anaeróbicas, Clostridium botulinum, bloqueia a liberação de
ACh da terminação axônica.
• Os derivados do curare ligam-se aos receptores nicotínicos de ACh, sem abrir os canais iônicos -> paralisia dos
músculos esqueléticos (incluindo o diafragma).
RESUMIDAMENTE:

1. A contração de uma fibra muscular esquelética é iniciada quando o impulso nervoso que se propaga ao longo
do axônio de um neurônio motor chega à JNM.
2. O impulso desencadeia a liberação de ACH na fenda sináptica, que se liga aos canais de Na+ regulados por
ACh, causando despolarização local do sarcolema.
3. Os canais de Na+ regulados por voltagem se abrem, e o Na+ entra na célula.
4. Uma despolarização generalizada na membrana plasmática da célula muscular continua através das
membranas dos túbulos T.
5. As proteínas sensoras de voltagem (DHSR) na membrana dos túbulos T modificam a sua conformação.
6. Nas tríades de células musculares, os túbulos T em contato com as
dilatações do retículo sarcoplasmático, em que os canais de liberação
de Ca2+ com comporta, RyR1, são ativados por mudanças na
conformação das proteínas sensoras de voltagem.
7. O Ca2+ é rapidamente liberado no sarcoplasma.
8. O Ca2+ difunde-se para os miofilamentos, em que se liga à porção TnC
do complexo de troponina.
9. O ciclo de ligação cruzada da actomiosina é iniciado.
10. O Ca2+ retorna às cisternas terminais do retículo sarcoplasmático, em
que é concentrado e capturado pela calsequestrina, uma proteína
ligante.

Miastenia grave: doença autoimune na qual os pacientes desenvolveram


anticorpos que bloqueiam ou destroem seus próprios receptores para
ACH, na membrana pós-sináptica da JNM.
➢ Vias Bioquímicas da Contração Muscular
Os íons Ca2+ liberados em resposta a um estímulo nervoso,
além de desencadearem a contração muscular, estimulam a
degradação de glicogênio e inibem a sua síntese. Estes íons
ligam-se à fosforilase quinase, tornando-a ativa e
desencadeando a glicogenólise, também induzida por
adrenalina.

• No músculo em repouso, menos de 5% da glicogênio


fosforilase é funcional, mas, 0,7 segundo após o início
da contração, o percentual de enzima ativa já atinge
50%. Aumento da oferta de substrato para a glicólise e
da produção de ATP para sustentar a contração
muscular.

A quantidade de ATP disponível em músculos esqueléticos só é capaz de sustentar 1 a 2 segundos de contração


intensa: reservatório adicional de energia é constituído por creatina fosfato, presente em concentrações 3 a 5 vezes
maiores do que as de ATP. É produzida no repouso, por fosforilação de creatina à custa de ATP, catalisada pela
creatina quinase. A reação é prontamente reversível e, durante a atividade muscular, processa-se no sentido da
regeneração de ATP, para sustentar a contração.

1. ATP e creatina fosfato constituem o suprimento imediato de energia para o trabalho muscular, suficiente para
esforços máximos e pouco duradouros, de 5 a 8 segundos. Processo estritamente anaeróbio.

2. O próximo suprimento é a glicose, proveniente da circulação e do glicogênio muscular.


a. No exercício, a entrada do açúcar nas células musculares é promovida pela proteína quinase dependente
de AMP (AMPK) e a degradação do glicogênio, estimulada pela mesma liberação de Ca2+ que desencadeia
a contração, e adrenalina e AMP, que têm seus níveis aumentados.
b. A glicose 6-fosfato resultante de fosforilação da glicose sanguínea e da degradação do glicogênio é
metabolizada pela glicólise, que também está ativada, produzindo ATP para sustentar a contração
muscular.
i. A via glicolítica é inicialmente anaeróbia, com produção de lactato, já que a reserva muscular
de oxigênio (ligado à mioglobina) é pequena e a oferta de oxigênio pela circulação não
aumenta de forma imediata e proporcional à demanda muscular de ATP.
3. À medida que os sistemas respiratório e circulatório são ativados e o suprimento de oxigênio cresce, a
contribuição da glicólise anaeróbia para o fornecimento de energia para a contração vai sendo substituída pela
oxidação aeróbia, completa, da glicose.
4. A oxidação dos ácidos graxos assume importância crescente, à medida que a atividade física se prolonga e a
reserva de glicogênio diminui.
Os três sistemas são solicitados na
maioria das atividades físicas e o
que varia é a contribuição relativa
de cada um para a energia
necessária, conforme a
intensidade e a duração do
exercício. Ex: atividades de alta
intensidade têm de depender da
degradação anaeróbia de
substratos, porque não há
oxigênio suficiente.

➢ Farmacologia dos Bloqueadores Neuromusculares


Fármacos que bloqueiam a transmissão na JNM:

1) Inibidores da síntese, do armazenamento e da liberação de acetilcolina : PRÉ-SINÁPTICOS (atua no


neurônio motor)

Hemicolínio-3: bloqueia o transportador da colina, impede sua captação para a síntese de ACh.

Vesamicol: bloqueia o antiportador de ACh-H+ utilizado para transportar a ACh nas vesículas, impedindo, assim, o
armazenamento de acetilcolina.

Antibióticos aminoglicosídicos-estreptomicina: inibem a entrada de Ca+2.

Toxina botulínica: contém peptidases que clivam proteínas específicas envolvidas na exocitose, como a
sinaptobrevina e a SNAP-25. Degrada a sinaptobrevina e, portanto, impede a fusão da vesícula sináptica com a
membrana da terminação axônica.

• Doenças associadas ao aumento do tônus muscular (torcicolo, acalasia), estrabismo, blefaroespasmo, etc.
• Tratamento estético de linhas faciais ou rugas.
• Cefaléia e dor.
2) Antagonistas dos receptores:

Ligação direta ao sítio agonista, bloqueando competitivamente a estimulação do Agonista: interage com o receptor,
receptor pela ACh endógena ou pela administração exógena de agonistas do ativa o canal e gera uma resposta.
receptor.
Antagonista: liga-se no receptor,
Antagonistas competitivos dos receptores nicotínicos presentes na placa terminal. bloqueio-o e impede a geração do
efeito do agonista.
• Necessário bloquear 70 a 80% dos receptores para que a transmissão seja
interrompida, pois temos excesso de receptores (“receptores de reservas”).

São usados principalmente para produzir bloqueio neuromuscular não despolarizante (competitivo) durante
procedimentos cirúrgicos.

Baixas doses:

• Competem com a ACH pelo receptor nicotínico;


• Impedem a despolarização e inibem a contração muscular;
• Sua ação pode ser desfeita aumentando-se a concentração de Ach na fenda sináptica => estratégia usada pelos
anestesiologistas por meio do uso de inibidores da acetilcolinesterase ou pelo uso do sugammadex (gama
ciclodextrina).

Altas doses:

• Acarreta bloqueio adicional da transmissão neuromuscular e reduz a capacidade dos inibidores da


acetilcolinesterase de reverterem as ações relaxantes musculares.
• Diferente sensibilidade dos grupos musculares ao bloqueio da JNM
• Seriação do bloqueio:
o Músculos pequenos e de contração rápida (dedos e olhos)
o Pescoço e tronco
o Por último diafragma

ADMINISTRAÇÃO:

• Compostos de amônio quaternários sintéticos (grandes);


• Polares, portanto não são bem absorvidos por via oral;
• Aplicados por via intravenosa ou subcutânea;
• Não ultrapassam a barreira hematoencefálica - carecem de atividade no SNC;
• Metabolizado pelo fígado ou por pseudocolinesterases plasmáticas;
• Eliminados pelos rins ou pela bile;
NÃO causam efeito analgésico e anestésico, associado na anestesia, amplia seu efeito.

EFEITOS INDESEJAVEIS:

• Nos gânglios simpáticos e parassimpáticos há receptores nicotínicos. Pode gerar bloqueio nos gânglios
autônomos.
• Liberação de histamina: efeitos alérgicos na pele e vasodilatação -> alteração da PA -> hipotensão

Na escolha de um agente específico, o principal fator considerado é sua duração de ação – incluindo desde agentes
com duração de ação muito longa (d-tubocurarina, pancurônio) até os de duração intermediária (vecurônio,
rocurônio) e compostos rapidamente degradados (mivacúrio).

• Curare: paralisia muscular (diafragma) e morre (caça -> índios).


3) Agonistas dos receptores nicotínicos -> PÓS-SINÁPTICAS
Liga-se ao receptor nicotínico e age como a Ach, despolarizando a JNM e permanecendo ligado ao receptor por um
período de tempo relativamente longo, causando paralisia flácida.

Fase I: Despolarização do receptor – Paralisia flácida

Fase II: Resistência à despolarização (se mantém ligada, causa dessensibilização e bloqueia)

• Canais colinérgicos abertos mantêm a membrana celular em condição despolarizada, produzindo inativação dos
canais de sódio, de modo que estes não podem abrir-se.
• Os nAChR ligados a agonistas sofrem dessensibilização, impedindo sua abertura e resposta a qualquer outro
agonista adicional subsequentemente administrado.

! Bloqueio despolarizante aplica-se a todos os receptores colinérgicos e não se limita à JNM.

Succinilcolina: éster de colina com alta afinidade com os receptores nicotínicos e resistente à AChE. Utilizada para
induzir paralisia durante a cirurgia.

• Age em 60s e o relaxamento muscular dura aproximadamente 5 min.


• É metabolizada pelas pseudocolinesterases plasmáticas.
• A dose média para produzir bloqueio neuromuscular com o intuito de facilitar a intubação traqueal é 0,6
mg/kg administrado via IV. Para procedimentos cirúrgicos longos, pode ser infundida na taxa de 2,5 a 4,3
mg/min.

EFEITOS INDESEJÁVEIS:
• Indução de contrações dolorosas (período inicial)
• Aumento das secreções brônquicas e salivares
• Pode estimular os gânglios autônomos
• Bradicardia: por ativação de receptores muscarínicos cardíacos
o Obs.: usa-se atropina para evitar esse efeito final
• Hiperpotassemia (arritmias): pacientes com distrofia muscular, queimaduras, atrofia muscular decorrente de
desnervação, trauma muscular severo
• Hipertermia maligna (congênita rara).

4) Inibidores da acetilcolinesterase: agonistas dos receptores de ACh de ação indireta -> PÓS-SINÁPTICOS

Ligam-se à AChE e inibem-na, elevando, assim, a concentração de ACh endógena liberada na fenda sináptica.

Edrofônio: álcool simples que inibe a AChE por meio de sua associação reversível com o sítio ativo da enzima.
Natureza não covalente da interação, ocasionando bloqueio relativamente rápido e reversível.

Ésteres do ácido carbâmico, a neostigmina e a fisostigmina: hidrolisados pela AChE, com consequente formação de
ligação covalente. A velocidade é muito mais lenta que a da ACh.

Organofosforados: são hidrolisados pela AChE, porém o complexo enzimático fosforilado resultante é extremamente
estável e dissocia-se com meia-vida de centenas de horas. É irreversível, e o organismo precisa sintetizar novas
moléculas de AChE para restaurar a atividade da enzima.

Por aumentar a atividade da ACh endógena, os AChE são particularmente úteis em doenças da junção
neuromuscular, nas quais o principal defeito consiste em pouco ACh ou AChR: miastenia gravis.
Referências Bibliográficas:

• Anatomia orientada para a clínica / Keith L. Moore, Arthur F. Dalley, Anne M. R. Agur; 8. ed.
• Atlas de anatomia humana / Frank H. Netter, 7ª ed.
• Histologia: texto e atlas / Michael H. Ross, Wojciech Pawlina; – 7. ed
• Fisiologia médica / Walter F. Boron- 2 ed.
• Embriologia clínica, Keith Moore, 10ª ed.
• Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia/ David E. Golan, 3ª ed
• Palestra Profª Eveline
• Bioquímica básica/Anita Marzzoco – 4. ed

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