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VOLUME I:
Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
CAPA:
Grupo decorativo com cacatua e palmeiras e festão com peixes, crustáceos e conchas,
anônimo, c. 1887
Rijksmuseum, Amsterdã, Países Baixos.
LOCAL:
ORGANIZAÇÃO:
APOIADORES:
CONSELHO EDITORIAL
Adriane Garcel Luiz Eduardo Gunther
Alexandre Walmott Borges Mara Darcanchy
Célia Barbosa Abreu Margareth Nardy
Daniel Ferreira Maria Lucia de Barros Rodrigues
Elizabeth Accioly Massako Shirai (Im Memorian)
Everton Gonçalves Mateus Eduardo Nunes Bertoncini
Fernando Gustavo Knoerr Nilson Araújo de Souza
Francisco Cardozo de Oliveira Norma Padilha
Francisval Dias Mendes Paulo Ricardo Opuszka
Ilton Garcia da Costa Paulo Roberto Barbosa Ramos
Ivan Motta Roberto Genofre
Ivo Dantas Salim Reis
Jonathan Barros Vita Valesca Raizer Borges Moschen
José Edmilson de Souza-Lima Vanessa Caporlingua
Juliana Cristina Busnardo de Araujo Viviane Séllos
Lafayette Pozzoli Vladmir Silveira
Leonardo Rabelo Wagner Ginotti
Lívia Gaigher Bósio Campello Wagner Menezes
Lucimeiry Galvão Willians Franklin Lira dos Santos
Luisa Moura
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
ORGANIZADORES
COMISSÃO CIENTÍFICA
A Comissão Científica será presidida pela Profa. Dra. Célia Barbosa Abreu, sendo composta
pelos seguintes membros: Prof. Dr. Antón Lois Fernandez Alvarez, Profa. Dra. Carla
Appollinário de Castro, Profa. Dra. Daniela Juliano Silva, Profa. Dra. Fernanda Pontes
Pimentel, Prof. Dr. Gilvan Luiz Hansen, Profa. Dra. Giselle Picorelli Yacoub Marques, Prof. Dr.
Marcus Fabiano Gonçalves, Profa. Dra. Mônica Paraguassu, Prof. Dr. Sérgio Gustavo de
Mattos Pauseiro e Prof. Dr. Tauã Lima Verdan Rangel.
COMISSÃO ORGANIZADORA
A Comissão Organizadora será presidida pela Prof. Dra. Célia Barbosa Abreu, sendo
composta pelos seguintes membros: Alex Assis de Mendonça; Alexander Seixas da Costa;
Barbara Rocha Moratti; Bernardo Henrique Pereira Marcial; Daniel Fernandes Ferreira;
Eduardo Langoni de Oliveira Filho; Eduardo Adão Ribeiro; Emmanuele da Silva Viana; Fabíola
Vianna Morais; Fabrízia da Fonseca Passos Bittencourt Ordacgy; Fernanda Franklin Seixas
Arakaki; Flávia Dantas Soares; Iara Duque Soares; João Pedro Schuab Stangari Silva; Joyce
Abreu de Lira; Leonardo Martins Costa; Natália Costa Polastri Lima; Pedro Paulo Carneiro
Gasparri; Rafael Bitencourt Carvalhaes; Renata do Amaral Barreto de Jesus de Oliveira,
Rinara Coimbra de Morais; Rosana Maria de Moraes e Silva Antunes; Tatiana Fernandes Dias
da Silva; Taís Silva; Thiago Villar Figueiredo, Vitor Oliveira Rubio Rodrigues e WladimirTadeu
Baptista Soares.
SUMÁRIO
Apresentação .................................................................................................................. 10
Célia Barbosa Abreu, Fábio Carvalho Leite, Manoel Messias Peixinho, Tauã Lima
Verdan Rangel & Viviane Coêlho de Séllos Knoerr
Projeto de lei das fake news como mecanismo para proteção do cidadão no
ciberespaço ..................................................................................................................... 16
Leonardo Bocchi Costa & Ligia Binati
O diálogo como premissa de revisão do sistema civil law: repensar a visão adversarial-
processual a partir da cultura dialógica ........................................................................... 50
Tauã Lima Verdan Rangel
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
A garantia do direito de origem nas cartas das mães que fizeram entrega voluntária
para a adoção .................................................................................................................. 77
Juliana Fagundes
A força estigmatizante dos crimes da lei de drogas, seu reflexo no automatismo das
decisões judiciais e a contribuição para super encarceramento de presos provisórios
........................................................................................................................................ 82
David Anthony Gonçalves Alves
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
APRESENTAÇÃO
Neste ano, a despeito da aparente trégua dada pelo novo coronavírus, optou-se novamente
por realizar o colóquio inteiramente on-line, não apenas pela praticidade viabilizada pelas
novas tecnologias, mas também pelos gastos que deveriam ser efetuados para dar cabo de
um evento presencial desta magnitude, a comportar palestrantes e pesquisadores de
diversas localidades do Brasil e fora dele. A lembrar, por oportuno, que este é um seminário
gratuito e aberto à toda a comunidade acadêmica.
Relativamente aos debates a serem efetivados, nas palestras, o tema eleito foi o dos Direitos
Fundamentais Sociais na Contemporaneidade, ao passo que, nas apresentações das
pesquisas nos grupos de trabalhos, os temas comportaram as diversas nuances possíveis de
abordagens em torno das dimensões de direitos fundamentais, da primeira à quinta.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
O simpósio está previsto para os dias 13 e 14 de junho de 2023, contando com palestras e
grupos de trabalho, nos turnos da manhã e tarde. Mesmo sem financiamento, através das
parceiras interinstitucionais e institucionais acima destacadas, chega aqui, antes de sua
realização, com presenças confirmadas de pesquisadores nacionais e estrangeiros e traz a
público a presente publicação, composta pelos resumos expandidos submetidos, nos
termos do Edital PPGDIN/UFF. Acredita-se que a publicação antecipada dos resumos
expandidos dos pesquisadores viabiliza debates mais profícuos, interdisciplinares e
democráticos junto aos grupos de trabalho.
Na manhã do dia 13, se dará a abertura do evento com uma Mesa de Saudações, contando
com a participação dos docentes Profa. Dra. Célia Barbosa Abreu (UFF), Profa. Dra. Carla
Dolezel Trindade (FIURJ), Prof. Dr. Fábio Carvalho Leite (PUC Rio), Prof. Dr. Fernando Gama
de Miranda Netto (UFF), Prof. Dr. Manoel Messias Peixinho (PUC Rio e IAB), Prof. Dr. Marcelo
Pereira de Almeida (UFF), Prof. Dr. Tauã Lima Rangel Verdan (UniRedentor), Profa. Dra.
Viviane Côelho de Séllos Knoerr (UNICURITIBA), personificando os Programas de Pós-
Graduação Stricto Sensu e instituições que se voltaram para a realização da atual edição do
evento. Em seguida, ocorrerá a Conferência Inaugural, a ser proferida pelo Prof. Dr. Adolfo
Alvarado Velloso, intitulada Proceso como derecho humano transcendente, Exmagistrado
judicial por 30 años, Profesor de Teoria General del Proceso, Director de la Maestria en
Derecho Procesal de la Universidad Nacional de Rosario (Argentina), figurando como
mediador o Prof. Dr. Fernando Gama de Miranda Netto, Doutor em Direito pela
Universidade Gama Filho (2007), com período de um ano (Março/2006-2007) de pesquisa
na Deutsche Hochschule für Verwaltungswissenschaften de Speyer (Alemanha) e no Max-
Planck-Institut (Heidelberg) com bolsa CAPES/DAAD, Professor Associado de Direito
Processual da Universidade Federal Fluminense (UFF, campus Niterói, desde 2009), líder do
Laboratório Fluminense de Estudos Processuais (UFF), e membro do Programa de Pós-
Graduação 'Stricto Sensu' em Sociologia e Direito (UFF, desde 2011) e do Programa em
Direitos, Instituições e Negócios (UFF, desde 2017), tendo realizado estágio pós-doutoral em
Justiça Constitucional na Universidade de Salamanca (2011-2012), e ainda, coordenador, em
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
conjunto com o Prof. Cleber Francisco Alves, da Coleção Direito Processual em Debate
(Editora Thoth), Membro da Associação Brasileira de Direito Processual (ABDPRO), Diretor
Regional do Instituto Panamericano de Direito Processual (IPDP-Brasil). Posteriormente,
ocorrerá a Primeira Mesa de Palestras, a qual contará com três participantes. A Profa. Dra.
Karla Annett Cynthia Sáenz López, proferindo palestra, intitulada La importância del afecto
em Gestión del conflito. A professora é Doctora en Ciencia Política pela Universidad
Complutense de Madrid – España, Profesora Investigadora Titular na Universidad Autónoma
de Nuevo León, Membro Nivel 2, Sistema Nacional de Investigadores, Consejo Nacional de
Ciencia y Tecnologia.
O Prof. Dr. Francisco Javier Gorjón Gómez, Universidad Autónoma de Nuevo León, que
palestrará sobre Productividad y competitividad atraves de la mediación. O Prof. Dr. Marcelo
Pereira de Almeida, Pós-Doutor em Direito Processual pela UERJ, Pós-Doutorando em Direito
pela Universidade de Burgos (Espanha), Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFF,
Professor Adjunto de Direito Processual da UFF, Professor do PPGDIN da UFF (doutorado),
Professor de Direito Processual Civil da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro,
Professor Permanente do PPGD (mestrado) da UCP, Professor de Teoria Geral do Processo e
Direito Processual do Unilasalle/RJ, Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual Civil
(IBDP), da Associação Brasileira de Direito Processual (ABDPro) e do Instituto Carioca de
Processo Civil (ICPC), Advogado, que atuará como mediador.
Na parte da tarde, do dia 13, serão realizados 10 (dez) Grupos de Trabalho para
apresentação e debate dos novos estudos e pesquisas na matéria foco deste seminário. A
organização e coordenação dos trabalhos se dará por professores doutores da Faculdade de
Direito da Universidade Federal Fluminense e de outras Universidades, sendo eles: Dr.
Alexander Seixas da Costa, Dr. Antón Lois Fernandez Alvárez, Dra. Carla Appollinário de
Castro, Dra. Cibele Carneiro, Dra. Daniela Juliano Silva, Dr. Eduardo Adão Ribeiro, Dr. Fabio
de Medina da Silva Gomes, Dra. Fabíola Vianna Morais, Dra. Fabrízia da Fonseca Passos
Bittencourt Ordacgy, Dra. Fernanda Franklin Seixas Arakaki, Dra. Fernanda Pontes Pimentel,
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
Dra. Flávia Dantas Soares, Dr. Gilvan Luiz Hansen, Dra. Giselle Picorelli Yacoub Marques, Dra.
Iara Duque Soares, Dra. Joyce Abreu de Lira, Dr. Manoel Messias Peixinho, Dr. Marcus
Fabiano Gonçalves, Dra. Mônica Paraguassu, Dr. Ozéas Corrêa Lopes Filho, Dra. Paola de
Andrade Porto, Dr. Pedro Curvello Saavedra Avzaradel, Dr. Pedro Paulo Carneiro Gasparri,
Dr. Plínio Lacerda Martins, Dr. Rafael Bitencourt Carvalhaes, Dra. Rosana Maria de Moraes e
Silva Antunes, Dra. Renata do Amaral Barreto de Jesus de Oliveira, Dr. Sergio Gustavo de
Mattos Pauseiro, Dra. Tatiana Fernandes Dias da Silva, Dr. Tauã Lima Verdan Rangel, e Dra.
Wanise Cabral Silva.
A manhã do dia 14 terá início com a realização da Segunda Mesa de Palestras, a qual contará
com três participantes. A Profa. Dra. Esther Martínez Quinteiro ministrará palestra,
intitulada Convenios Internacionales y Reservas Desnaturalizadoras. A Professora é
Catedrática de derechos humanos de la FIURJ y Catedrática de la Facultad de Derecho de la
Universidad Portucalense do Porto, Portugal, experta en Derechos Humanos, Profesora
titular jubilada (aposentada) de la Universidad de Salamanca, acreditada por la
ANECA/España para acceso a cátedra en el Área de Ciencias Sociales y Jurídicas, Miembro
actual del SIHCDH/USAL, del GIR HDH/USAL, del Centro de Investigación para la Gobernanza
Global/USAL y directora académica del programa de postdoctorado en derechos humanos
del CEB /USAL desde 2017 a 2023. A seguir, palestrará o Prof. Dr. Pedro Garrido Rodríguez
sobre Derechos Humanos y migraciones en la actualidad. O Professor é Doctor por la
Universidad de Salamanca, Miembro del Seminario Internacional de Historia Contemporánea
de los Derechos Humanos de la Universidad de Salamanca (SIHCDH/USAL) y del grupo de
investigación reconocido por la Universidad de Salamanca Historia de los Derechos Humanos
(GIR HDH/USAL), Especialista en educación en derechos humanos y en derechos humanos y
migraciones de la RED de expertos en derechos humanos, doctores y posdoctores por la
USAL, miembro del Instituto Jurídico Portucalense de la Universidad Portucalense do Porto,
Portugal (IJP/UPT). A mediação da mesa ficará a cargo da Profa. Dra. Carla Dolezel Trindade,
Reitora da Faculdade Instituto Rio de Janeiro, Doutora em Direito pela Universidad Nacional
de Lomas de Zamora, Argentina, Pós-Doutora em Direitos Humanos pela Centro de Estudos
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
Barreto de Jesus de Oliveira; Rinara Coimbra de Morais; Rosana Maria de Moraes e Silva
Antunes; Tatiana Fernandes Dias da Silva; Taís Silva; Thiago Villar Figueiredo; Vitor Oliveira
Rubio Rodrigues e Wladimir Tadeu Baptista Soares.
Por derradeiro, cumpre salientar, que é uma enorme satisfação comemorarmos o êxito de
um evento que contou até esta data com 215 inscrições, 138 resumos expandidos
submetidos, podendo então festejar também o lançamento da Coleção Reflexões sobre
Direitos Humanos Fundamentais, composta por 05 e-books, frutos da publicação dos
trabalhos recebidos. Posteriormente, teremos a alegria de publicar os Anais do evento, os
quais contarão com os artigos completos a serem submetidos, e, mais à frente, nascerá nova
coleção de livros, desta vez, com os melhores artigos completos selecionados, a ser
publicada também pela Editora Clássica.
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Anais do VII Seminário Internacional sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de Primeira Dimensão
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o Brasil e o mundo têm vivido o aumento do acesso ao ambiente
virtual, especialmente em decorrência da pandemia do COVID-19, que acelerou o processo
de informatização de diversos setores sociais, inclusive no que tange a relações sociais. Mais
do que nunca os cidadãos estão se utilizando das redes sociais para, não apenas socialização,
como também trabalho, lazer e informação.
O grande alcance dos conteúdos disponibilizados pelas redes sociais é de significativa
importância no acesso à informação e compartilhamento de conhecimento. Porém,
também se mostra como um facilitador de disseminação de conteúdos nocivos, tais quais
materiais de cunho sexual disponibilizados sem a devida anuência dos envolvidos, discursos
de ódio por raça, gênero, sexualidade e classe social e compartilhamento de notícias e
informações falsas, às fake news.
Visando combater tais práticas abusivas, foi proposto o Projeto de Lei 2630/2020,
que busca criar a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet,
que tem sido alvo de diversas críticas e ataques, sob a alegação de se tratar de um projeto
de Lei que atenta contra a liberdade de expressão do indivíduo, ao censurar os conteúdos
que por ele podem ser compartilhados.
1
Mestrando em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP); E-mail:
leonardo.bocchi@hotmail.com; Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1266896615620006
2
Mestranda em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP); E-mail:
ligiabinati@hotmail.com; Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6745532820191586
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
ABORDAGEM TEÓRICA
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
Nesse sentido, o Projeto de Lei 2630/20 tem como objetivo regulamentar o uso das
redes sociais, visando coibir a disseminação de conteúdos falsos. Se o texto atual for
aprovado, serão adotados mecanismos para vedação de funcionamento de contas falsas e
automatizadas - quando não houver identificação de referida automatização - e
identificação de conteúdos patrocinados e pagos (BRASIL, 2020, s/p). Além disso, permite a
retirada de conteúdo do ar, sem notificação ao usuário for verificado risco de dano imediato
de difícil reparação; para a segurança da informação ou do usuário; de violação a direitos de
crianças e adolescentes; de crimes previstos na Lei de crimes raciais; e de grave
comprometimento da usabilidade, integridade ou estabilidade da aplicação (BRASIL, 2020,
s/p).
Ocorre que o projeto, que foi originalmente apresentado pelo Senador Alessandro
Vieira, é atualmente alvo de polêmica na câmara dos deputados - e também na sociedade -
visto que uma parcela dos deputados e da população, acredita que as medidas podem levar
à censura (HAJE; TRIBOLI, 2020), e consequentemente a restrição do exercício do direito à
liberdade de expressão.
Tal direito encontra-se previsto no artigo 5º, inciso IX da Constituição Federal de
1988, integrando o rol de direitos fundamentais e cláusula pétrea. Ela é, de acordo com
Alessandra Abrahão Costa (2021, p. 38), o direito do cidadão de pensar e expressar suas
ideias, em qualquer temática ou área do conhecimento, sem qualquer forma de
impedimento ou restrição imposta pelo Estado.
Contudo, o direito à liberdade de expressão, por mais essencial - e, portanto, passível
de proteção jurídica - não está completamente imune a todas as formas de limite ou
restrição (COSTA, 2021, p. 76). A tolerância a discursos de ódio, sob o argumento de
proteção da liberdade de expressão, não se mostra compatível com um país pautado na
dignidade da pessoa humana. A exteriorização desse tipo de pensamento ofende outros
direitos fundamentais de indivíduos ou da coletividade (COSTA, 2021, p. 90-92).
Ainda, em relação à disseminação de fake news, Patrícia Peck Pinheiro (2023, p. 551)
aponta que sua prática coloca em risco a liberdade dos usuários das redes sociais que muitas
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
vezes não conseguem discernir quais informações não são reais ou quais perfis são falsos ou
geridos de forma automatizada pela inteligência artificial.
Nesse sentido, é notável que a Lei, nos termos previstos no texto do projeto, não
possibilita a censura, se limitando apenas à retirada de conteúdos que possam ferir demais
direitos fundamentais do indivíduo. A lei irá, efetivamente, buscar a garantia de direitos
constitucionalmente previstos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
COSTA, Alessandra Abrahão. Liberdade de Expressão vs. Discurso de ódio: uma questão de
(in)tolerância. 1 ed. Belo Horizonte. Editora Dialética. 2021. E-book. 250p.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
HAJE, Lara. TRIBOLI, Pierre. Projeto do Senado de combate a notícias falsas chega à Câmara.
Agência Câmara de Notícias. 2020. Disponível em :
https://www.camara.leg.br/noticias/673694-projeto-do-senado-de-combate-a-noticias-
falsas-chega-
FRANKS, Mary Anne. Unwilling avatars: idealism and discrimination in cyberspace. Columbia
Journal of Gender Law, vol. 20(2), p. 224-261. 2011. Disponível em
https://repository.law.miami.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1304&context=fac_articles.
Acesso em 28 mai. 2023.
PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital. 7 ed. rev. e amp. 5ª tiragem. São Paulo. Editora
Saraiva Educação. 2023. 760p.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
INTRODUÇÃO
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Pós-Doutorado em Sociologia Política pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da
Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro” (UENF/2020) (UENF/2021). Doutor em Ciências
Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense (2018). Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Universidade Federal Fluminense (2015). Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Camilo
(CUSC/2011). Coordenador de Pesquisa, Extensão, Inovação e Internacionalização do Centro Universitário
Redentor (UniREDENTOR – Afya). Coordenador do Grupo de Pesquisa “Faces e Interfaces do Direito:
Sociedade, Cultura e Interdisciplinaridade no Direito”, vinculado ao Centro Universitário Redentor
(UniREDENTOR – Afya). Autor, pela Editora Iole, da coleção “Escritos Jurídicos” sobre o Projeto de Florença
(2023), sobre Acesso à Justiça (2023), sobre Juizados Especiais (2023), sobre o Pós-Pandemia (2023), sobre
Emergências Sociais (2022), sobre Justiça Social (2022), sobre Liberdade Familiar (2022), em tempos de
Pandemia (2022), sobre Vulnerabilidade (2022), sobre Sexualidade (2021), sobre Direitos Humanos (2021),
sobre Meio Ambiente (2021), sobre Segurança Alimentar (2021) e em Tempos de Covid-19 (2020). Autor, pela
Editora Pimenta Cultural, da coleção “Direito em Emergência” (v. 1, 2 e 3) (2020, 2021 e 2022). Autor dos
livros: Segurança Alimentar e Nutricional na Região Sudeste (Editora Bonecker, 2019); e Fome: Segurança
Alimentar e Nutricional em pauta (Editora Appris, 2018).
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A primeira onda de Cappelletti teve seu nascimento nos países ocidentais e que se
destinava ao fornecimento de assistência judiciária àquelas pessoas menos afluentes. Ora,
denota-se que os pilares da primeira onda de acesso à Justiça decorreram da quantia alta
das custas processuais, de honorários advocatícios, assim como a ausência de cognição a
respeito do que é o direito por parte das pessoas de renda baixa complica. Com isso, a
temática da onerosidade, bem como as formalidades nas ocasiões jurídicas, das funções do
Poder Judiciário, ininterruptamente, foi uma temática que criou obstáculos (NEVES;
RANGEL; SILVA, 2016, n.p.).
A locução “acesso à justiça” pode ser estabelecida de três maneiras, sendo estas:
integral compreensão, que quer dizer “acesso ao Direito”, acesso a uma justa ordem jurídica,
implementável e conhecida. Em uma concepção mais cabal, conquanto não suficiente,
menciona-se ao “acesso à tutela” sendo está jurisdicional ou não de direitos, acesso a
mecanismos de resolução de lides extrajudiciais ou judiciais. E, ainda, em uma concepção
reduzida, refere-se ao “acesso à tutela jurisdicional” de direitos, acesso a um togado natural
para o arranjo de conflitos (GASTALGI, 2013, n.p.).
De acordo com o presente no inciso XXXV, art. 5°, da Constituição Federal, o acesso
à justiça é um direito fundamental, que objetiva garantir não apenas os direitos individuais,
assim como os coletivos em um ângulo largo. Destarte, diz respeito de “direito social
fundamental” de suma relevância na presente comunidade, objeto imprescindível da
processualística moderna, tendo em vista que, na falta de ferramentas qualificadas para a
tutela dos direitos proclamados, não há o que se tratar em acesso efeito à justiça. É ponto
principal, inclusive, que tem modernizado o pensamento jurídico, com foco em preponderar
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
as ausências do positivismo neutralizante que, por algum tempo só teve utilidade para
apartar o Estado de seu mister, a democracia do seu real sentido e a justiça da social
realidade (GASTALGI, 2013, n.p.).
O acesso à Justiça é uma preocupação constante no regime democrático. Portanto,
mecanismos de facilitação desse acesso devem ser disponibilizados sob pena de negar os
próprios fundamentos do Estado Democrático de Direito. Foi justamente dentro da
preocupação com a disponibilização de mecanismos de facilitação do acesso à justiça, que
surgiu a promissora ideia de criação e implantação dos Juizados de Pequenas Causas e
posteriormente dos Juizados Especiais Cíveis. Colocados efetivamente em prática com o
advento da Lei 9.099/95, os Juizados Especiais Cíveis demonstram a preocupação do
legislador em estender o acesso à justiça a todos, especialmente a classe menos favorecida
e reduzir a morosidade processual, revertendo o descrédito na Justiça. Trata-se de uma
tutela diferenciada, de rito abreviado, criada com o intuito de superar ou de pelo menos
atenuar a distância entre o povo e o Judiciário e os obstáculos opostos ao pleno e igual
acesso de todos à justiça, segundo o preconizado pela Constituição Federal de 1988 (ROSSI,
2007 apud NEVES; RANGEL; SILVA, 2016, n.p.).
2. RESULTADOS ALCANÇADOS
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
§ 1º, “b”, da Constituição de 1967 que teve a previsão do condão da elaboração da lei, em
que, se iniciassem juízes togados que detinha competência para apreciar as causas de valor
pequeno. Contudo, a princípio, constituem-se o rito sumário, antes denominado de
sumaríssimo que era voltado a viabilizar uma resposta célere as causas de poucas montas
(MEDEIROS, 2012, n.p.).
Observa-se, nitidamente, que a competência dos juizados especiais é consolidada
pela própria Constituição Federal, pelo poder originário constituinte. Na esfera cível, por
exemplo, fixou um inequívoco critério enquanto serão os juizados especiais capacitados
para executar, julgar e conciliar as causas de complexidade reduzida. Consequentemente, o
sistema empregado pelo constituinte para estabelecer a competência dos juizados
especiais, sendo estabelecidas pelo ordinário legislador, ditas de menor complexidade e
uma classe de causas. Além do mais, atribui ao infraconstitucional legislador estabelecer os
motivos de complexidade, feita por este na Lei dos Juizados Especiais (Lei n°. 9.099/95) em
seu art. 3° (NASCIMENTO, 2010, n.p.).
Diante do contexto de progresso econômico e social, bem como de alterações, o
Poder Judiciário brasileiro passou a ser completamente congestionado. Passou então a
acarretar de 10 até 30 anos para deliberar um embate. No ano de 2015, a título de exemplo,
conforme o Relatório de Justiça em Números do CNJ (Conselho Nacional de Justiça)
encontrava-se cerca de 102 milhões de eventos irresolvidos nos tribunais, o que retratar
aproximadamente um para cada dois brasileiros. O Poder Judiciário brasileiro passou a ser,
na realidade, plenamente desqualificado de fazer fronte à quantidade intensa de
ocorrências que, perpassaram a atracar nele com o passar dos anos (NASCIMENTO, 2010,
n.p.).
Não se pode negar que, o Poder Judiciário perpassar uma instabilidade fundada
essencialmente pela lentidão das apreciações. É cediço que a processualização dos fatos no
judiciário brasileiro é excessivamente moroso sendo assim existe a importância de urgentes
providências, seja por meio de reparos processuais, reformulação do Poder Judiciário ou
alargamento dos recursos eletivos de solução de conflitos (HERREIRO, 2018, n.p.).
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GASTALDI, Suzana. As ondas renovatórias de acesso à justiça sob enfoque dos interesses
metaindividuais. In: Jusnavigandi, Teresina, 2013. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/26143/as-ondas-renovatorias-de-acesso-a-justica-sob-enfoque-
dos-interesses-metaindividuais. Acesso em: 13 set. 2021.
MEDEIROS, Héverton Hipólito Alves de. Os juizados especiais cíveis e o acesso à Justiça. In:
Âmbito Jurídico, São Paulo, 2012. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/os-juizados-especiais-
civeis-e-o-acesso-a-justica/. Acesso em 15 set. 2021.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
NEVES, Gabriela Angelo; RANGEL, Tauã Lima Verdan; SILVA, Samira Ribeiro da. As ondas
renovatórias do italiano Mauro Cappelletti como conjunto proposto a efetivar o acesso à
justiça dentro do sistema jurídico brasileiro. In: Âmbito Jurídico, São Paulo, 2016.
Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/as-ondas-
renovatorias-do-italiano-mauro-cappelletti-como-conjunto-proposto-a-efetivar-o-acesso-
a-justica-dentro-do-sistema-juridico-brasileiro/. Acesso em: 13 set. 2021.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
4
Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Pelotas- UFPEL. Bolsista da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo PPGD UFPEL. Pós-Graduanda em Direito Médico
e Saúde – UNISC. Bacharela em Direito pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul – UNIJUÍ, com período sanduiche na Universidade de Porto em Portugal. E-mail: grossnicoli99@gmail.com.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0461734838276975.
5
Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Pelotas - UFPEL Advogado. E-mail:
lorenzo.pietrob@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0371923070439783.
6
Especialista em Direito Processual Civil. Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Pelotas - UFPEL.
Membro do grupo de pesquisa "Acesso à Justiça no século XXI: o tratamento dos conflitos na
contemporaneidade" (CNPq), vinculado à Faculdade de Direito da UFPEL. Analista/Apoio Direito do Ministério
Público da União. Email: migdarocha@gmail.com Lattes: http://lattes.cnpq.br/6271488130173135.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
e científicos ao exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de
instituições oficiais ou privadas (BRASIL, 1988). Todavia, nossa Carta Constitucional, ao
contrário, por exemplo, da Constituição Portuguesa7, silencia em relação à procriação
assistida e seu papel no planejamento familiar, o que, de forma alguma, traduz-se como
exclusão a priori dessa providência no ordenamento jurídico pátrio (regulamentação da
procriação assistida). Ao lado disso, e até mesmo para que se alcance interpretação
consentânea com a realidade atual, a disposição referente ao planejamento familiar há de
ser interpretada conforme o disposto no artigo 3º, inciso I da Constituição Federal
(solidariedade – de parte da sociedade, do Estado e do mercado).
Faz-se mister apontar, para os fins propostos nesse trabalho, que duas seriam as
principais formas de procriação assistida, a saber: inseminação artificial e fertilização in vitro.
A primeira consiste na introdução do gameta masculino diretamente no corpo da mulher de
forma artificial, quando, em geral, não apresenta a mulher problemas de fertilidade; já na
fertilização in vitro, objeto desse estudo, há dificuldades de fertilidade tanto masculina
quanto feminina, sendo realizada a união do gameta masculino com o óvulo em laboratório,
com posterior reinserção deste na mulher (SILVA, 2017).
Fato é que para obter o tratamento em voga, mulheres estão adquirindo planos de
saúde com vista a coibir gastos com os procedimentos médicos necessários a engravidar;
entretanto os planos de saúde, com fundamento no art. 10, inciso III, da Lei n. 9.656/988,
que exclui da cobertura a inseminação artificial, vêm se recusando a cobrir tais
procedimentos, salvo quando há cláusula expressa nesse sentido.
7
Artigo 67.º Família
1. A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da sociedade e do Estado e à
efetivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus membros.
2. Incumbe, designadamente, ao Estado para proteção da família:
(...)
e) Regulamentar a procriação assistida, em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa humana;
8
Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura assistencial médico-
ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e tratamentos, realizados exclusivamente no Brasil, com
padrão de enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a internação hospitalar, das
doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde,
da Organização Mundial de Saúde, respeitadas as exigências mínimas estabelecidas no art. 12 desta Lei, exceto:
(...) III - inseminação artificial;
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
Ocorre que a Lei nº 11.935, de 11 mai. 2009, que alterou a lei dos planos e seguros
privados de assistência à saúde (Lei 9.656/98), incluiu nesta o artigo 35-C, tornando
obrigatória a cobertura dos procedimentos referentes ao planejamento familiar. A nosso
ver, mostra-se a nova disposição incompatível com o disposto no do art. 10, inciso III,
havendo, em verdade, derrogação implícita desta disposição, dada a incompatibilidade da
norma que exclui o tratamento de inseminação artificial da cobertura securitária com a atual
disposição (GUSMÃO, 1993). Mesmo que se entenda pela compatibilidade de ambos os
dispositivos, tem-se que o artigo 10, inciso III, da Lei 9.656 exclui apenas a “inseminação
artificial”, e não todos os tratamentos de procriação assistida, como é o caso da fertilização
in vitro - pois a lei assim não prevê -, devendo ser afastada, no caso, qualquer tentativa de
interpretação análoga, notadamente por força da intepretação mais favorável ao ser
humano/princípio pro homine ou pro personae (PORTELA, 2018).
Entretanto, a Agência Nacional de Saúde (ANS), órgão responsável por atualizar o rol
de procedimentos e eventos em saúde que constituem a cobertura assistencial mínima
obrigatória dos planos privados de assistência à saúde no Brasil, apesar de prever a
cobertura para ações de planejamento familiar, excluiu, na Resolução nº 428/2020, mantida
pela Resolução nº 465/2021, todos os procedimentos existentes para inseminação artificial.
Seguindo nessa cronologia, em 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no Tema
1.067, concluiu pela desobrigatoriedade de cobertura dos procedimentos de Reprodução
Humana Assistida (RHA) pelos planos de saúde privados, violando direitos humanos, tais
como a integridade pessoal, a liberdade pessoal, a proteção da honra e da dignidade em
face de ingerências arbitrárias ou abusivas na vida privada e, ainda, o direito do casal de
fundar uma família, conforme, inclusive, restou estabelecido no caso “Artavia Murillo e
Outras (fecundação in vitro) v. Costa Rica” (OEA, 2012).
A decisão do STJ, por conseguinte, não é a mais adequada, uma vez contraria
preceitos já consagrados no Supremo Tribunal Federal e na Corte Interamericana de Direitos
Humanos, bem como desconsidera que os tratamentos de reprodução assistida são
reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde, fazendo jus os (as) pretendentes à devida
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
cobertura, que, hoje, encontra respaldado no caput do artigo 35 da Lei dos Planos de Saúde
(e, mais especificamente, no inciso III do artigo 35-C).
Diante desses impasses, há suficiente margem para fomentar discussões, uma vez
que diversas controvérsias, tanto jurídicas quanto conceituais, exsurgem das razões dos
julgados que serviram de paradigmas à controvérsia repetitiva descrita no Tema 1.067 do
STJ.
A própria Constituição Federal de 1988 prevê, da forma como antes mencionado, o
planejamento familiar, de forma ampla e abrangente, em seu art. 226, §7º, com previsão
semelhante no art. 1.565, §2º do Código Civil. A problemática gira em torno do que diz a
legislação brasileira a respeito do tema e qual a exegese mais adequada, notadamente em
perspectiva humanística.
A pesquisa está sendo desenvolvida a partir de abordagem dedutiva, com a utilização
de método bibliográfico e jurisprudencial. Em sede conclusiva, por ora, sedimenta-se a
importância do estudo, uma vez que persiste conflito entre normas que regem os convênios
particulares, a Constituição Federal e resoluções da ANS acerca da viabilidade de cobertura
de tratamento de reprodução assistida (sem olvidar, também, de eventuais previsões
internacionais e normas de soft law que se adequem à temática). Enfim, diante dos entraves
aqui trazidos, lacunas referentes ao direito da cobertura de fertilização in vitro continuam
abertas e, consequentemente, lesando direitos fundamentais e humanos, em especial o
planejamento familiar e a busca da felicidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Resolução Normativa n. 428 da Agência Nacional de Saúde - ANS. Brasília, 2017.
BRASIL. Código Civil de 2002. Lei 10.406, promulgada em 10 de janeiro de 2002. Brasília,
2002.
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Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
BRASIL. Lei 9.656, promulgada em 03 de junho de 1998. Dispõe sobre os planos e seguros
privados de assistência à saúde. Brasília, 1998.
GUSMÃO, Paulo Dourado. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 1993.
SILVA, Regina Beatriz Tavares da. Responsabilidade civil: responsabilidade civil na área da
saúde. São Paulo: Saraiva, 2017.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
OBJETIVO
9
Doutorando em Direito no Programa de Pós-Graduação de Direito, Instituições e Negócios da Universidade
Federal Fluminense (PPGDIN/UFF). Mestre em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis (2023).
Defensor Público do Estado do Rio de Janeiro (2006). E-mail: francisco_hortafilho@yahoo.com.br. Link para o
Lattes: https://lattes.cnpq.br/6393575118083430.
10
Doutor em Direito pela Universidade Federal Fluminense. Coordenador do Programa de Doutorado em
Direito, Instituições e Negócios da Universidade Federal Fluminense – PPGDIN/UFF. Email:
pliniolacerda@id.uff.br. Link para o Lattes: http://lattes.cnpq.br/1643533929253579.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
REFERENCIAIS TEÓRICOS
O artigo parte do pressuposto de que o Estado, como bem acentua JUSTEN FILHO
(2008, p. 78-79), tem uma natureza meramente instrumental e busca, com todas as suas
atividades, viabilizar o valor da dignidade da pessoa a partir da concretização dos direitos
fundamentais. Neste cenário, destaca-se como um dos mais relevantes direitos
fundamentais a ideia de submissão, nas esferas judicial e administrativa, ao devido processo
legal, com assento no art. 5º, inciso LIV, da Constituição Federal da República de 1988.
Em que pese o conceito de devido processo legal esteja em constante
transformação, com novas características sendo agregadas de tempos em tempos, há uma
exigência que é constante, como acentua FUX (2016, p. 56): que o processo seja justo.
Quando se fala em processo justo, nesta pesquisa, o que se tem em mente é a manifestação
do Estado para resolver uma situação conflituosa – na seara judicial ou administrativa – a
partir de um procedimento minimamente estruturado de forma racional, que permita às
partes uma atuação tendente a fazer prevalecer o seu interesse e que culmine com uma
decisão que se revele, a partir dos seus fundamentos, legítima.
É perceptível, em especial na última década, que os Tribunais Superiores brasileiros
têm operado – acertadamente, diga-se – uma aproximação entre a sistemática do processo-
crime e do processo administrativo sancionador. Diversos tem sido os pontos de contato
declaradamente reconhecidos, como por exemplo, a impossibilidade de admissão da prova
ilícita nos processos administrativos, nos mesmos moldes do que se evidencia em uma ação
penal.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
CONCLUSÕES
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
tal forma que, acima de qualquer dúvida razoável, fique demonstrado que outra solução
adequada para a hipótese não haveria senão a imposição da sanção pelo poder público.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FUX, Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
TARUFFO, Michele. Uma Simples Verdade: o juiz e a construção dos fatos. Trad. Vitor de
Paula Ramos. São Paulo: Marcial Pons, 2016.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
GÊNERO E APATRIDIA
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Este trabalho nasce das questões suscitadas pela formação da apatridia através da
desigualdade de gênero em um contexto global multicultural. Diante do tema de
Humanização do Direito Internacional, perante a abordagem sobre multiculturalismo e
pluralismo jurídico, é possível realizar um recorte especial em relação a formação da
apatridia em virtude das desigualdades de gênero no âmbito social e jurídico. O tema será
exposto e encadeado no decorrer das páginas de acordo com a sua relação com os casos
jurídicos de Maha Momo, a primeira mulher apátrida reconhecida pelo Brasil, e de Esterline,
mulher haitiana que não conseguiu fornecer nacionalidade aos seus filhos nascidos na
República Dominicana.
Portanto, o objetivo deste trabalho é: analisar os conflitos jurídicos da condição dos
apátridas com foco na questão de gênero e nas problemáticas enfrentadas pelo Direito
Internacional, utilizando como base casos jurídicos relevantes ao tema. De tal forma, seguir-
se-á a seguinte metodologia: primeiro haverá uma breve explanação sobre o caso de Maha
Momo e de Esterline. Em seguida, haverá uma análise dos termos em debate no Direito
Internacional: nacionalidade, cidadania e apatridia, fortificada por uma análise da aplicação
do tema dentro do contexto global, através dos embates e soluções apresentados pelo
Direito Internacional. Depois, haverá uma análise jurídica da formação do Estado de acordo
11
Graduanda da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5806206490741114; micaelaluizar@id.uff.br
12
Professora Associada II da Universidade Federal Fluminense. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5790995341120597; wanisecabral@id.uff.br
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
com a construção de gênero imperativa na sociedade. E, por fim, fazer-se-á um debate sobre
gênero com foco no multiculturalismo e pluralismo jurídico para tratar sobre o embate entre
rejeição e tolerância. Assim, a conclusão retomará os pontos mais relevantes do trabalho
com o intuito de reforçar a tese sobre o movimento cíclico de criação da apatridia que
fomenta a desigualdade de gênero e vice-versa.
ABORDAGEM TEÓRICA
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METODOLOGIA
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Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
CONCLUSÕES PRELIMINARES
A principal conclusão almejada com essa pesquisa é o fato de que a apatridia, apesar
de ser conceitualmente apenas a negação de uma nacionalidade, acaba também
representando a negação do exercício da cidadania e, portanto, impede que sejam
defendidos os Direitos Humanos e Fundamentais do indivíduo: o direito a ter direitos. Esta
característica, por sua vez, é extremamente relevante ao Direito Internacional devido a
lacuna estrutural de responsabilidade internacional sobre a problemática gerada pela
formação da apatridia, sendo um dever de todos os Estados erradicá-la.
Sendo assim, a partir da análise dos casos jurídicos, visa-se constatar que a apatridia
fomentada pela questão de gênero não é um problema local ou individual, pois atinge a
inúmeras mulheres em diferentes condições de vida e em diferentes países. A apatridia trata
sobre não possuir um lar para além dos aspectos materiais. Assim, viver na condição de uma
mulher apátrida ou com filhos apátridas significa viver sem direitos civis.
É mister compreender que o gênero não passa como fator despercebido ao longo da
formulação da apatridia, devendo, a igualdade de gênero, ser igualmente defendida em lei
como maneira de manter a transmissão da nacionalidade e o enfrentamento à violência de
gênero repercutida sobre as mulheres apátridas.
De tal forma, torna-se perceptível que há instaurado na sociedade um movimento
cíclico de produção do Estado, do gênero, da apatridia e de inúmeros outros fatores
socioculturais que contribuem para que a desigualdade de gênero apareça como fator
decisivo para a formulação da apatridia e vice versa Sendo assim, esse artigo defenderá uma
abordagem mais equilibrada que reconhece que o direito internacional e o
multiculturalismo possuem aspectos que poderiam ser aproveitados para promover a
igualdade de gênero e, assim, complementar as leis formais sobre igualdade e apatridia,
através de uma apreciação do papel e do lugar do pluralismo jurídico na promoção da
redução dos problemas gerados pela apatridia.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras. 1991.
BARBOSA, O. A. Com lenço, sem documento: gênero, apatridia e direito nas relações
internacionais. In: VITALE, D., and NAGAMINEM R., eds. Gênero, direito e relações
internacionais: debates de um campo em construção [online]. Salvador: EDUFBA, 2018, pp.
266-284.
KYMLICKA, Will. Ciudadania Multicultural – Una Teoría Liberal de los Derechos de las
Minorias. Buenos Aires: Paidós, 200X.
LOPES, Dulce. Plurals of Citizenship: Instruments for Inclusion. Springer Nature Switzerland
AG 2021. W. Leal Filho et al. (eds.), Peace, Justice and Strong Institutions, Encyclopedia of
the UN Sustainable Development. Disponível em: <https://doi.org/10.1007/978-3-319-
71066-2_116-1. Acessado em: 12 de junho de 2021
MOMO, Maha e OLIVEIRA, Dárcio. Maha Mamo, refugiada apátrida no Brasil, fala sobre os
desafios de uma vida sem nacionalidade. Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR), 15 de dezembro de 2016. Disponível em
https://www.acnur.org/portugues/2016/12/15/maha-mamo-refugiada-apatrida-no-brasil-
fala-sobre-os-desafios-de-uma-vida-sem-nacionalidade. Acesso em: 25 de abril de 2021.
MEER, Shamim; SEVER, Charlie. Gender and Citizenship: Overview Report. 2004.
REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. 17 ed. São Paulo:
Saraiva, 2018
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
SILVEIRA, Rogério Zanon de. Tributo, educação e cidadania: a questão tributária no ensino
fundamental como fator de desenvolvimento da cidadania participativa no Brasil. 2. Ed.
Vitória: Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 2002.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
INTRODUÇÃO
ABORDAGEM TEÓRICA
Desde o Código Civil de 1916, o Direito das Famílias passou por inúmeras mudanças,
principalmente em relação ao núcleo estrutural da família brasileira. Isto porque, na medida
em que famílias são pequenos núcleos de pessoas interligadas, basta alterar o status de um
de seus membros, para que todas sofram as consequências. A título de exemplo, pode-se
13
Graduanda em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF/PUVR). Diretora de Produção Acadêmica
da Liga Acadêmica de Direito da UFF/VR – LADI. E-mail: an_beatriz@id.uff.br. Currículo Lattes sob o link:
http://lattes.cnpq.br/1818518911293346.
14
Doutora (2021) e Mestra (2014) em Direito pela PUC-Rio, com período sanduíche financiado pela CAPES no
Washington College of Law da American University (EUA). Graduada em Direito pela UFF-Macaé (2013).
Professora do Magistério Superior - Substituta, junto ao Departamento de Direito de Volta Redonda no
ICHS/UFF. E-mail: carolinalopes@id.uff.br. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9646128625742910.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
citar a possibilidade do divórcio e do fim da união estável, que fez com que a estrutura
familiar começasse a sofrer alterações no que se refere à guarda dos filhos.
Diante disso, com intuito de garantir a convivência familiar saudável da criança e do
adolescente com ambos os pais ou mães durante o processo de rompimento do Poder
Familiar, foi instituída no Brasil a Lei da Guarda Compartilhada, através da qual ambos os
responsáveis poderão exercer o direito de guarda, ficando obrigados de forma conjunta a
cumprir os deveres e responsabilidades inerentes ao Poder Familiar (NOGUEIRA, 2015).
Neste contexto de ressentimento pela separação e disputa pela guarda dos filhos,
surge o fenômeno denominado por especialistas de alienação parental, síndrome da
alienação parental (SAP) ou implantação de falsas memórias (DIAS, 2016, p. 538).
A priori, cumpre destacar que a síndrome de alienação parental não se confunde
com a mera alienação parental. Os institutos se complementam, mas Priscila Fonseca (apud
ARAÚJO, 2013) esclarece que a alienação parental se relaciona com o processo
desencadeado pelo genitor ou terceiro alienante, enquanto a síndrome é decorrente do
processo de alienação, dizendo respeito às sequelas emocionais e comportamentais que a
criança vítima vem a padecer.
A “Teoria da Síndrome da Alienação Parental” foi construída pelo psiquiatra norte-
americano Richard Alan Gardner, em 1985 (BATALHA; SERRA, 2019 p. 23). Ele era um
psiquiatra infantil com forte atuação em casos de divórcio e disputa de guarda, sempre
figurando como perito (MENDES, 2019, p. 11). Para Gardner, a síndrome de alienação
parental:
Desta forma, segundo Maria Berenice Dias (2016, p. 87), sejam as acusações
verdadeiras ou falsas, a criança já é vítima de abuso, posto que se verdadeiras, as
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Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
o efeito é inverso ao pretendido, de modo que a mãe passa a ter o seu direito de guarda
limitado.
Trata-se de uma situação delicada, pois normalmente os indícios de alienação
parental são apresentados somente após a descoberta de denúncias graves, como abuso
sexual, castigos físicos ou psicológicos, por exemplo, de modo que um dos genitores busca
a proteção da criança ou adolescente, real vítima da situação, mas passa a responder por
acusações de alienador.
Nesta complexa situação, os operadores de Direito, assim como as chamadas
equipes interprofissionais, ficam frequentemente aturdidos frente à dúvida se a criança foi
abusada ou, no caso da suspeita se desfazer, se ela foi alienada. Em ambas as situações, o
depoimento da criança adquire centralidade na produção de provas judiciais, seja para
confirmar a situação de abuso da qual ela seria vítima, seja para constatar que tal suspeição
provém de uma ‘falsa denúncia’, decorrente dos atos de alienação parental, conforme a Lei
n.º 13.431/2017 (BRANDÃO, 2019, p. 177).
CONCLUSÃO
O presente trabalho buscou refletir acerca dos respaldos científicos da Teoria base
da Síndrome da Alienação Parental, criada por Richard Gardner, que se ergue no pilar sexista
de que as mães são as maiores alienadoras no momento da dissolução de uma união
conjugal. Tal teoria foi utilizada como fundamento do Projeto de Lei n. 4.053/2008, que
posteriormente foi promulgada na Lei n. 12.318/2010 - Lei de Alienação Parental.
Neste contexto, é imprescindível que o Judiciário esteja atento e precavido,
buscando compreender os possíveis motivos da rejeição do infante e averiguar quais
comportamentos do progenitor rejeitado originaram a recusa da criança ou adolescente,
pois não necessariamente o comportamento é oriundo de alienação parental.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 01 mai.
2013.
BRASIL. Lei n. 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o
art. 236 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm. Acesso em: 01
mai. 2023.
CUENCA, José Manuel Aguilar. Síndrome de Alienación Parental. Madrid: Editorial Síntesis,
2008. Disponível em:
https://clea.edu.mx/biblioteca/files/original/ba9bb3d4610ff1ea13bc9a35d6009373.pdf.
Acesso em: 03 mai. 2023.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 11 ed., Revista, Atualizada e ampliada.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
FREITAS, Douglas P. Alienação Parental - Comentários a Lei 12.318/2010. São Paulo: Grupo
GEN, 2015.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
INTRODUÇÃO
Este estudo trata em traçar, resumidamente, uma análise sobre os sistemas civil law
e da common law. As diferenças entre essas tradições, e a influencia que estas trazem na
estrutura social e jurídica de países como Brasil e Estado Unidos da América. Diferenças
como a forma da sociedade enxergar o litígio, a cultura que essas tradições trazem na forma
de resolução de conflitos. Uma com uma cultura adversarial, buscando a codificação de
todas as regras jurídicas, com total intervenção do Estado na resolução de todas as
demandas da sociedade. Outra com técnicas de precedentes, aplicando o direito baseado
em decisões anteriores, motivando os indivíduos a pensarem na melhor solução de seus
conflitos, com mínima intervenção do Estado.
Será tratado também os resultados de uma formação social adversarial discutindo
os benefícios da conscientização de uma sociedade que se vê capaz de resolver seus
conflitos mais simples, sem a necessidade de máxima intervenção do Estado, motivando o
15
Pós-Doutorado em Sociologia Política pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da
Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro” (UENF/2020) (UENF/2021). Doutor em Ciências
Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense (2018). Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Universidade Federal Fluminense (2015). Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Camilo
(CUSC/2011). Coordenador de Pesquisa, Extensão, Inovação e Internacionalização do Centro Universitário
Redentor (UniREDENTOR – Afya). Coordenador do Grupo de Pesquisa “Faces e Interfaces do Direito:
Sociedade, Cultura e Interdisciplinaridade no Direito”, vinculado ao Centro Universitário Redentor
(UniREDENTOR – Afya). Autor, pela Editora Iole, da coleção “Escritos Jurídicos” sobre o Projeto de Florença
(2023), sobre Acesso à Justiça (2023), sobre Juizados Especiais (2023), sobre o Pós-Pandemia (2023), sobre
Emergências Sociais (2022), sobre Justiça Social (2022), sobre Liberdade Familiar (2022), em tempos de
Pandemia (2022), sobre Vulnerabilidade (2022), sobre Sexualidade (2021), sobre Direitos Humanos (2021),
sobre Meio Ambiente (2021), sobre Segurança Alimentar (2021) e em Tempos de Covid-19 (2020). Autor, pela
Editora Pimenta Cultural, da coleção “Direito em Emergência” (v. 1, 2 e 3) (2020, 2021 e 2022). Autor dos
livros: Segurança Alimentar e Nutricional na Região Sudeste (Editora Bonecker, 2019); e Fome: Segurança
Alimentar e Nutricional em pauta (Editora Appris, 2018).
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
diálogo desde os pontos mais básicos da sociedade, o que pode proporcionar uma
diminuição na demanda do judiciário e uma evolução no formato das relações sociais.
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
A técnica de pesquisa principal utilizada foi a revisão de literatura sob o formato sistemático.
Ademais, em razão da abordagem qualitativa empregada, foram utilizadas, ainda, a pesquisa
bibliográfica e a análise documental.
2 RESULTADOS ALCANÇADOS
As tradições civil law e common law são os mais importantes modelos jurídicos
permanentes, construindo dois sistemas de justiça desenvolvidos distintamente, por sua
origem histórica na sociedade ocidental. É relevante observar que estes modelos foram
influenciados pelo direito romano em sua produção, mas refletiram, ainda, esta
interferência de maneira diversa. (MENEZES et al, 2020, p. 257)
A expressão common law significa direito comum, reunindo sentenças judiciais
pregressas para nortear julgamentos por analogia. A Civil Law, oriunda do direito romano-
germânico, também é conhecida como o Direito da Lei escrita é alicerçado em códigos, com
a lei contendo regras que regulam as relações interpessoais. (MENEZES et al, 2020, p. 261).
As diferenças dos sistemas jurídicos nos países se pautam na origem da cultura e os modelos
Civil Law e Common Law são, muitas vezes, o norteador dos sistemas aplicados. Assim
sendo, ao usar os modelos brasileiros e americanos comparados, é possível uma
compreensão do modelo adversarial arraigado na sociedade brasileira. (GARCIA, 2013, p. 7)
Resumidamente, o Brasil tem por base uma cultura romano-gêrmanica, adotando do
modelo civil Law. Tais aspectos se desdobram em uma classificação de processo inquisitorial,
que sugere uma disputa entre as partes com total interferência do Estado. Já na sociedade
estadunidense, com o sistema Common Law, está arraigada uma cultura anglo-saxônica,
com um processo adversarial, que busca uma disputa entre as partes com a mínima
intromissão estatal. (GARCIA, 2013, p. 7)
As normas inseridas no ordenamento jurídico incentivando a solução dos litígios de
forma consensual são positivas, mas não são suficientes. Uma cultura, para que se
desprenda da forma adversarial, deve ser estimulada pela quebra de paradigmas da
sociedade e dos operadores do Direito. Um formato simples e eficiente para a
52
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
CONCLUSÕES
Uma sociedade que enxerga apenas o Estado como possível solucionador de seus
conflitos acaba congestionando o seu judiciário, fato que é evidente no Brasil. É visível a
necessidade de mudança na mentalidade desses indivíduos, alterarem a atuação combativa
para a propagação da cultura do diálogo. Essa alteração no comportamento trará um alívio
a sobrecarga do Judiciário, as partes conflitantes encontrarão uma solução coerente com
seus anseios, e até mesmo um ambiente de maior harmonia nas relações sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GARCIA, Cláudia Moreira Hehr; VERDAN, Tauã Lima. A Mediação no Novo Código de
Processo Civil Brasileiro: Críticas à Efetivação do Instituto de Composição de Litígios, a
partir de uma análise construtiva das tradições Civil Law e Common Law. In: PINHO,
Humberto Dalla Bernardina de et all. (org.). Mediação Judicial e Garantias Constitucionais.
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MENEZES, Beatriz Guimarães et al. Uma analise do common law e civil law e suas
aplicações juridicas. uma analise do common law e civil law e suas aplicações jurídicas. In:
MEZACASA, Douglas (org.). O Direito e sua complexa concreção. v. 3. Ponta Grossa: Atena
Editora, 2020. Disponível em:
53
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
https://sistema.atenaeditora.com.br/index.php/admin/api/artigoPDF/31123. Acesso em
28 jul. 2021.
54
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
16
Advogada. Mestra em Teorias Jurídicas Contemporâneas pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (FND/UFRJ). Especialista em Direito Público e Privado pela Escola da Magistratura do
Estado do Rio de Janeiro (EMERJ). carolina.silvino1987@gmail.com. http://lattes.cnpq.br/4198556745901680.
55
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
fosse destinado um papel alheio à função biológica, ou seja, um corpo sem sujeito
(BUGLIONE, 2010, 263-264).
A percepção sobre a subtração seletiva da capacidade reprodutiva e sobre o racismo
e o controle de natalidade, que fundamentaram políticas de esterilização de mulheres
pobres, negras e indígenas na América Latina, fez emergir a noção de justiça reprodutiva
(BIROLI, 2014, p. 39-41). O feminismo negro passou a assumir uma perspectiva
interseccional na definição de direitos reprodutivos, uma vez que a autonomia reprodutiva
idealizada em tratados internacionais e da forma como foi implementada, expressava uma
perspectiva hegemônica ocidental branca. O Plano de Ação do Cairo de 1994 trata da
autonomia reprodutiva sob a ótica de uma família nuclear, europeizada, o que configura
uma colonização que despreza realidades diversas (TELO, 2019, p. 202-206). A
descolonização de conceitos como autonomia individual e direitos reprodutivos se
demonstra necessária, para distinguir se há ou não coerção no âmbito reprodutivo e quando
é possível falar que uma mulher, em determinado contexto sociocultural, exercita atos
autônomos sobre seu próprio corpo, em matéria de direitos reprodutivos e sexuais (TELO,
2019, p. 202-206).
Nesse sentido, a noção de justiça reprodutiva promove a consciência de que mulheres
negras não só precisam assegurar o acesso a recursos materiais que promovam a autonomia
sobre o próprio corpo, mas também o direito de cuidar e criar os filhos de forma digna, sem
a intervenção de políticas típicas de uma agenda supremacista branca (BOND, 2009, p. 15).
Compreende-se que a habilidade das mulheres de determinar o próprio destino reprodutivo
está diretamente relacionado às suas condições de vida e às oportunidades que detém
frente ao Estado e à sociedade, ou seja, não se trata apenas de uma questão que envolve
acesso e autonomia individual (ROSS, 2009, p. 15). Nesse sentido, quanto maiores os
demarcadores de desigualdade, quais sejam, de raça, de gênero, geografia, mais
desproporcionais são os impactos na vida das mulheres de algumas políticas públicas, em
especial quando desvelam pautas anti-gênero (LOUZADA; BRITO, 2022, p. 140-141).
Nos estudos de Saúde Pública, observa-se que o recorte de raça, gênero e classe é
mais evidente, no que tange ao acesso a métodos contraceptivos de emergência e de longa
56
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
duração. Quanto aos métodos contraceptivos de longa duração tidos como reversíveis,
como implantes subdérmicos e dispositivos intrauterinos, são alternativas contraceptivas
disponíveis em consultórios médicos, mas ainda não acessíveis no Sistema Único de Saúde
(BRANDÃO, 2020, p. 15). Na análise da eficácia de métodos contraceptivos reversíveis de
longa duração, subsiste o preconceito contra estratos sociais vulneráveis, uma vez que a
indisciplina é vista como falha individual moral das mulheres com baixa renda e escolaridade
que não têm qualificação moral para escolher o método contraceptivo que melhor se
adequa. O paternalismo médico está subsumido em documento oficial da Federação
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), ocasião em que se elencou o grupo de
populações especiais de mulheres que devem ter acesso a tais métodos, diante das elevadas
taxas de gravidezes imprevistas no país (BRANDÃO, 2020, p. 14-16).
As iniquidades do sistema de saúde ficam evidentes durante a gestação e o parto. A
percepção da maternidade para a mulher negra é distinta da maternidade vivenciada pela
mulher branca. Na base desse entendimento, estão o racismo e o preconceito de gênero,
razão pela qual o estudo de direitos reprodutivos perpassa pela análise de
interseccionalidade. Alguns estudos apontam para quadros persistentes de altas taxas de
mortalidade materna e infantil e violência obstétrica que refletem iniquidades entre as
mulheres no acesso e uso de serviços públicos e privados (FAYA-ROBLES, 2019, p. 102).
Constatou-se que as políticas e ações de saúde voltadas às mulheres mais pobres têm como
foco os cuidados pré-natais e o nascimento da criança, sem levar em conta a saúde global
da mulher, que é reduzida à condição materna (FAYA-ROBLES, 2019, p. 102-103).
Percebe-se que a atenção primária à saúde da mulher negra reflete o racismo
institucional existente na Saúde. É evidente a existência de uma prática comum de silêncio
e invisibilização que atinge a saúde da população negra de um modo geral, em especial no
Sistema Único de Saúde (SUS), onde a organização e a ação do Estado, suas instituições e
políticas públicas refletem a hierarquia racial. Nesse sentido, as formas organizativas,
políticas, práticas e normas resultam em tratamentos e resultados desiguais (WERNECK,
2016, p. 541-543). Por outro lado, a desigualdade de acesso a atenção primária e aos
serviços de saúde é alimentada pelo mito da democracia racial, que força a população negra
57
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
a permanecer nas escalas inferiores da hierarquia social, o que se reflete nas condições de
vida em termos de habitação, saúde e educação (GONZALEZ, 2020, p. 36-45).
Nesse sentido, o presente trabalho tem como problema o grau de autonomia
reprodutiva da mulher negra no sistema público de saúde. Elegeu-se como objetivo geral
compreender a dinâmica do acesso a direitos reprodutivos e sexuais pela mulher negra e
como objetivos específicos investigar como são aplicados, na prática, os direitos contidos na
lei de planejamento familiar (lei 9.263/96), alterada pela lei nº 14.443 de 2022, para a
mulher negra e identificar a influência que os agentes de saúde detêm sobre as decisões da
mulher negra no que se refere ao próprio corpo e ao direito de ter ou não filhos. Conclui-se
que a saúde reprodutiva e sexual da mulher negra demanda um olhar diferenciado, sob o
viés da justiça reprodutiva como instrumento de análise, tendo em vista a importância da
interseccionalidade para a construção do debate e para que sejam assegurados o exercício
de direitos reprodutivos e sexuais para a mulher negra e pobre. Para tanto, o método
aplicado é a pesquisa bibliográfica, sob a perspectiva decolonial, com enfoque em uma
vertente jurídico-sociológica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOND, Toni M. Reproductive Justice and Women of Color. In: Reproductive Justice Briefing
Book: A Primer on Reproductive Justice and Social Change. 2009. Disponível em:
https://www.law.berkeley.edu/php-programs/courses/fileDL.php?fID=4051. Acesso em: 30
mai. 2023.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
ROSS, Loretta. What is Reproductive Justice? In: Reproductive Justice Briefing Book: A
Primer on Reproductive Justice and Social Change. Disponível em:
https://www.law.berkeley.edu/php-programs/courses/fileDL.php?fID=4051. Acesso: 31
ago. 2022.
59
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
17
Advogado, Professor Adjunto do Departamento de Direito Privado (SDV) da Universidade Federal Fluminense
(UFF), Mestre e Doutor em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Email:
benedictopatrao@id.uff.br. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5756015483623650
18
Graduanda do 9º Período do curso de Direito na Universidade Federal Fluminense (UFF). Email:
nathaliahermano@id.uff.br. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2072093785663806
60
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
BIBLIOGRAFIA
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da
União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 28
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BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. [S. l.: s. n.],
1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 30 mai. 2023.
CATEB, Salomão de Araújo. Direito das sucessões. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito Civil: Sucessões. São Paulo: Atlas, 2003.
(Coord.). Função social no direito civil. São Paulo: Atlas, 2007.
GOZZO, Débora. Comentários ao Código Civil Brasileiro. Coords. Arruda Alvim e Thereza
Alvim, Rio de Janeiro: Forense, 2004. vol. XVI.
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões: Introdução. Direito das
Sucessões e o Novo Código Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. Comentários ao Código
Civil: Azevedo, Antonio Junqueira de (Coord.). São Paulo: Saraiva, 2003.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
NERY JR., Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Anotado e Legislação
Extravagante. 2 ed., rev. e ampl. São Paulo: Ed. LTr., 2003.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito das Sucessões. 13. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2001, 6 v.
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TARTUCE, Flávio. STF entende que art. 1.790 do CC é inconstitucional. Disponível em:
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TUCCI, Cibele Pinheiro Marçal. Novo Código Civil: Sucessão Legítima do Cônjuge ou
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VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito das Sucessões. Vol. VII, 6 ed. São Paulo: Atlas,
2006.
63
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
RESUMO
Falar sobre VIDA, impõe se debruçar sobre tema delicado, objeto de estudos em
diversas áreas do conhecimento humano e, capaz de instigar a qualquer um que lhe ouça a
pronúncia. A vida é força motriz de grande impacto nos cenários em que seja objeto de
análise e reflexão – religião, ciência, filosofia, artes, educação – ela suscita questionamentos
que, ao Direito, não passam desapercebidos; seja por nos conduzir aos, por exemplo, às
consequências jurídicas do nascimento com vida, seja, pelos desdobramentos de seu
término espelhados na sucessão.
O Direito, dedica-se ao exame da vida sobre a ótica de sua proteção, bem como a
que lhe atribui prerrogativas ou o término das mesmas. A preocupação com sua proteção é
intensificada pela observância da dignidade da pessoa humana, elevada ao patamar
principiológico, a respaldar normas e julgados voltados à sua manutenção. A fim de
exemplificar esta afirmação, cite-se as inúmeras ações que pleiteiam tratamentos, cirurgias
19
Doutoranda em Direito - Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP. Bolsista CAPES/PROSUP.
Doutoranda em Cotutela - Universidad Pública de Navarra - UPNA. Mestra em Direito pelo Centro Universitário
Eurípides de Marília - UNIVEM (2018). Graduada em Direito pelo Centro Universitário Eurípedes de Marília -
UNIVEM (2015). Professora Pesquisadora na Universidad Pública de Navarra - UPNA. Advogada. E-mail:
bruna.guesso@gmail.com Lattes: http://lattes.cnpq.br/9701756143903023
20
Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília (2016).
Pós-graduada em Direito Civil e Direito Processual Civil e em Direito Civil pela Fundação Euripides Soares da
Rocha (1997). Cursando especialização em Direito Médico e Responsabilidade Civil e Penal pela Damásio
Educacional (2022/2023). Advogada. E-mail: melriantabachiniadv@gmail.com Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1068742951328000
64
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
e medicação de alto custo, sem os quais haverá lesão ao direito de se desfrutar de vida digna
ou, em casos mais extremos, a impossibilidade de permanecer vivo.
As dimensões do direito à vida se adensam, quando se examina a proteção à vida
intrauterina, ao nascituro e ao recém-nascido amparadas pela previsão exemplar dos
alimentos gravídicos, direitos sucessórios do nascituro, ou até mesmo na possibilidade de
cirurgias intrauterinas a permitir que graves enfermidades sejam combatidas, ainda no
ventre materno. Inegável que o Direito e a medicina, na atualidade, têm estreitado seu
relacionamento, com vistas a resguardar a vida, melhorá-la e torna-la longeva. Neste
contexto, indeclinável a menção aos avanços conquistados pelo biodireito e a bioética, no
sentido de aportarem em terras pertencentes às ciências biológicas. Ao abordarem questões
como a reprodução humana assistida, anencefalia, patenteamento de material genético,
transexualidade e até a bioética animal, entre outros, é possível se aperceber da
aproximação gradual e incessante do Direito à temas atuais e complexos.
A bioética é resultado, entre outros fatores, do surgimento do paradigma dos direitos
humanos, no ambiente pós-guerra mundial e do movimento pelos direitos civis nos Estados
Unidos, ambos em sua relação com a medicina e a saúde. Nesse contexto, a bioética tornou-
se uma instância principiológica e de preceitos fundamentais para temas que perpassam
sobre a vida humana.
Instalada a interdisciplinaridade, esta nos remete à algumas indagações de extrema
complexidade – uma vez identificada a tratativa estabelecida pelo ao direito à vida, de que
maneira o Direito, enquanto ciência, se reporta à morte? É possível falar de uma proteção à
morte ou ao direito de morrer de forma digna, examinada a escolha antecipada de como
uma pessoa deseja que sejam seus últimos dias de vida? – ao nos reportarmos à vida, faz-se
indispensável nos lembrarmos de sua inexorável terminalidade.
Distante da intenção de abordar temática tão densa e capaz de suscitar acirrados
debates, o intuito desta pesquisa é dialogar sobre o direito de, em vida e, em especial aos
pacientes acometidos de doenças graves, degenerativas e debilitantes sem prognósticos de
melhora, mas apenas de tratamentos paliativos, a possibilidade de escolherem a melhor
forma de encerrarem sua caminhada. O assunto embora em voga, na seara médica e
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
jurídica, ainda não encontra consenso, mas, abre margem à necessária reflexão sobre
crescente realidade, verificada na assunção das diretivas antecipadas de última vontade e
na procura por cuidados paliativos entre pacientes e familiares. O movimento de
conscientização sobre o direito de escolha presente nas diretivas antecipadas ganhou o
meio acadêmico e ao mesmo tempo as redes sociais, onde cartórios, professores e
estudiosos visam esclarecer dúvidas sobre este instrumento.
A vida é protegida e amparada desde a concepção, mas, e se durante seu
curso, surgir a preocupação acerca da maneira com a qual se deseja seja ela conduzida, em
havendo uma condição especial que sinalize sobre seu fim? Não é justamente o
conhecimento sobre o “fim da vida”, elemento necessário à tomada de consciência de que
se ela é tão importante, a forma como se encerrará, também merece a devida reverência?
Talvez seja o momento de para além do respeito à decisão última de um indivíduo, se
reconheça sua coragem em expressar-se sobre a vida sob este aspecto.
A análise profícua dos institutos em interdisciplinaridade com a principiológica da
bioética permitiu consignar que uma vez identificada a tratativa estabelecida pelo ao direito
à vida e pelo direito de como deve ser conduzido o seu fim, em momentos como em
tratamentos paliativos, o ordenamento jurídico, enquanto ciência, deve respeitar a última
vontade do paciente enfermo. Embora, mediante análise dos preceitos jurídicos vigentes,
ter-se-á constatado ausência de regramento próprio para a temática em testilha,
identificou-se que a resolução do Conselho Federal de Medicina n.º 1995 de 9 de agosto de
2012, regularizou a matéria em âmbito profissional médico, definindo que as diretivas
antecipadas de vontade é um conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados
pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em
que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade. E na
incapacidade do paciente não puder expressar sua última vontade o médico deve levar em
consideração suas diretivas antecipadas de vontade ou ainda mediante as considerações de
seu representante designado. Deveras, é admissível tutela à morte ou ao direito de morrer
de forma digna, examinada a escolha antecipada de como uma pessoa deseja que sejam
seus últimos dias de vida. Para tanto, indispensável os mecanismos e instrumentos
66
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
REFERÊNCIAS
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DWORKIN, Ronald. Domínio da vida: aborto, eutanásia e liberdades individuais. São Paulo:
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67
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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https://www.repository.law.indiana.edu/ilj/vol44/iss4/2/. Acesso em: 10 mai. 2023.
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cuidados de fim de vida. Revista Bioética, v. 28, p. 135-146, 2020. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/bioet/a/QBc3qsn7WSNN37rC99DZJQD/abstract/?lang=pt. Acesso
em: 14 mai. 2023.
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https://www.redalyc.org/pdf/1270/127020937003.pdf. Acesso em: 14 mai. 2023.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo expor, sob uma perspectiva dos direitos humanos
fundamentais, focando na igualdade de gênero, as medidas de apoio à parentalidade
previstas na lei nº 14.457 de setembro de 2022. Tal inovação legislativa tem por plano de
fundo a inserção e manutenção de mulheres no mercado de trabalho e, para isso, traz um
viés inovador de parentalidade para seara trabalhista, mas muito discutido no âmbito dos
direitos da criança e do adolescente. Nesse sentido, será examinada a letra da lei em
referência, assim como textos doutrinários e decisões judiciais que a impulsionam.
INTRODUÇÃO
Como ponto de partida para compreensão dos instrumentos presentes neste artigo,
faz-se necessária uma breve explanação acerca das três primeiras dimensões dos direitos
humanos fundamentais. Ressalta-se que foi preferível a utilização do termo “dimensões” e
não “gerações” pois, conforme explicado pelo jurista Ingo Wolfgang Sarlet (2019):
21
Bacharelanda em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Pesquisadora bolsista PIBIC do
“Projeto Rodrigo: para a prematuridade e pela vida”. E-mail: al_oliveira@id.uff.br. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9701713692540383
22
Bacharelanda em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Pesquisadora do “Projeto Rodrigo:
para a prematuridade e pela vida”. E-mail: pimentajulia@id.uff.br. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4439680959876183
23
Pós-Doutora em Democracia e Direitos Humanos pela Universidade de Coimbra/Portugal. Pós-Doutora em
Direito Processual pela UERJ. Doutora e Mestra pela UNESA/RJ. Professora Associada da Universidade Federal
Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). E-mail:
marciaduarte.juridico@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5572639727515411
69
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
Dessa premissa, nota-se que a primeira dimensão tem raízes nos direitos de
liberdade e de igualdade formal. Sendo, então, identificados por um dever de omissão ou
direitos de oposição ao Estado, sendo satisfeitos por uma abstenção deste em face do
indivíduo. Já a segunda dimensão acaba por se voltar para a defesa dos direitos sociais, em
que se produz a expectativa de dever de ação, uma vez que são solucionados por uma
prestação por parte do Estado Social, em atendimento às necessidades sociais, econômicas
ou culturais para a realização da vida em toda sua potencialidade. Por fim, os direitos de
terceira dimensão são os chamados direitos difusos ou coletivos, alicerçados nos princípios
da fraternidade e solidariedade. Nos interessa, aqui, a igualdade, tanto da perspectiva
formal, difundida pela primeira dimensão, quanto da material, defendida pela segunda.
Nesse sentido, temos como objetivo observar a parentalidade e seus
desdobramentos a partir do viés da igualdade de gênero. Isso se justifica pois,
historicamente, esses conceitos eram interligados, visto que os papéis tidos como femininos
e masculinos eram pré-estabelecidos.
Afere-se, por exemplo, o conceito de pátrio poder, instituto consagrado no Código
Civil de 1916 que teve seu berço no direito romano. Nesse cenário, o pater detinha o poder
e autoridade na família, de forma que podia, até mesmo, impor castigos corporais
(GONÇALVES, 2017). Tratando-se da figura feminina, nota-se que era tida como
completamente subordinada ao marido e como a responsável pela criação dos filhos. Tal
panorama sofreu mudanças em 2002, com a alteração da denominação de pátrio poder para
poder familiar, o que possibilitou a igualdade jurídica entre pais no tocante aos seus direitos
e deveres para com seus filhos.
Nessa perspectiva, adentramos à Lei nº 14.457, que instituiu o Programa Emprega +
Mulheres. Essa norma, em seu art.1º, parágrafo único, dispõe que “parentalidade é o vínculo
socioafetivo maternal, paternal ou qualquer outro que resulte na assunção legal do papel
70
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
24
Art. 1º, parágrafo único, lei nº 14.457/2022.
25
Art.24, §1º, II, alíneas “b” e “c”, Lei nº 14.457/22.
71
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
CONCLUSÕES
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 6 : direito de família / Carlos
Roberto Gonçalves. – 14. ed.– São Paulo : Saraiva, 2017.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
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2015, p.45.
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito
Constitucional. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
73
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
26
Correio eletrônico: anabeatrizolivia@gmail.com; Link do lattes: https://lattes.cnpq.br/4067098379274361
27
Correio eletrônico: analuciapazos@yahoo.com.br. Link do lattes:
https://lattes.cnpq.br/0395224183712283
74
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Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
Juliana Fagundes28
INTRODUÇÃO
28
Mestranda em Direito pelo PPGD- PUC/RJ. Professora de Direito das Famílias na EMERJ. Pós Graduada em
Direito Público e Direito Privado na EMERJ. Pós-Graduada em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho.
Advogada. Pós- Graduada em Educação. Graduada em História pela UFMG. Servidora pública do TRT1.
E-mail: juliana_fagundes@yahoo.com; Link do currículo lattes:
https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=09545A2F76E84BFA62CA361583D10600
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
OBJETIVOS
O principal objetivo do presente trabalho é discutir as cartas escritas pelas mães que
entregaram os filhos para adoção como instrumento de efetivação do Direito de Busca à
origem. Trata-se de uma realidade ainda não abarcada no ordenamento jurídico e não
debatida na doutrina e jurisprudência.
Como apresentado na Cartilha do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:29
Direito às origens está no hall dos direitos humanos, associado ao direito
fundamental de identidade, abarcando o princípio da dignidade da pessoa. Inclui não apenas
aspectos genéticos, mas também elementos socioculturais e aspectos existenciais.
A revelação da condição de adotado muitas vezes é visto pela sociedade como um
tabu, algo que deveria ser escondido da criança pelo seu próprio bem. Apenas muito
recentemente aceita-se que o desejo do adotado em saber sua origem biológica não
constitui falta de amor pelos pais adotivos, mas sim uma curiosidade natural do ser humano,
que não deve ser podada. Segundo entendimento do Superior Tribunal de justiça,
29
Cartilha do TJRJ; “O direito às origens no contexto da adoção”.
78
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
30
102ª REUNIÃO DO FÓRUM PERMANENTE DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DA JUSTIÇA TERAPÊUTICA-
realizada em 25/5/2022- disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8HCrW-3-eYg. Acesso em: 20
mai. 2023.
31
https://berenicedias.com.br/estatuto-da-adocao-projeto-para-retirar-criancas-invisiveis-do-carcere/
79
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
ABORDAGEM TEÓRICA
CONCLUSÕES
Esta pesquisa pretende sustentar, portanto, que o direito à origem dos adotados em
decorrência de entrega voluntária pode ser garantido de forma mais ampla com a prática
de oportunizar a escrita de cartas das mães biológicas.
Conclui-se assim, que o Direito precisa acompanhar as transformações da sociedade
e de suas formações familiares, de forma a amparar as partes envolvidas, garantindo que os
princípios de proteção à criança e ao adolescente sejam plenamente atendidos.
A prática do TJ/RJ representa grande avanço na garantia dos direitos abordados e
pode servir como parâmetro para o desenvolvimento de pesquisas semelhantes em outros
tribunais
REFERÊNCIAS
80
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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Doutorando em Direito do PPGDIN/UFF, davidanthony.alves@gmail.com,
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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84
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
85
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Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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91
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
INTRODUÇÃO
33
Pós-Doutorado em Sociologia Política pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da
Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro” (UENF/2020) (UENF/2021). Doutor em Ciências
Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense (2018). Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Universidade Federal Fluminense (2015). Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Camilo
(CUSC/2011). Coordenador de Pesquisa, Extensão, Inovação e Internacionalização do Centro Universitário
Redentor (UniREDENTOR – Afya). Coordenador do Grupo de Pesquisa “Faces e Interfaces do Direito:
Sociedade, Cultura e Interdisciplinaridade no Direito”, vinculado ao Centro Universitário Redentor
(UniREDENTOR – Afya). Autor, pela Editora Iole, da coleção “Escritos Jurídicos” sobre o Projeto de Florença
(2023), sobre Acesso à Justiça (2023), sobre Juizados Especiais (2023), sobre o Pós-Pandemia (2023), sobre
Emergências Sociais (2022), sobre Justiça Social (2022), sobre Liberdade Familiar (2022), em tempos de
Pandemia (2022), sobre Vulnerabilidade (2022), sobre Sexualidade (2021), sobre Direitos Humanos (2021),
sobre Meio Ambiente (2021), sobre Segurança Alimentar (2021) e em Tempos de Covid-19 (2020). Autor, pela
Editora Pimenta Cultural, da coleção “Direito em Emergência” (v. 1, 2 e 3) (2020, 2021 e 2022). Autor dos
livros: Segurança Alimentar e Nutricional na Região Sudeste (Editora Bonecker, 2019); e Fome: Segurança
Alimentar e Nutricional em pauta (Editora Appris, 2018).
92
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2 RESULTADOS ALCANÇADOS
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
CONCLUSÕES
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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http://www.redap.com.br/index.php/redap/article/view/232. Acesso em: 11 out. 2021.
96
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
Nos últimos quinze anos, o tema da execução antecipada da pena foi fruto de
profundas discussões doutrinárias e alterações jurisprudenciais. O presente trabalho possui
como objetivo apresentar um panorama geral das mudanças de entendimento do Supremo
Tribunal Federal acerca da constitucionalidade da execução provisória da pena de forma a
abordar a discussão atualmente sensível da possibilidade ou não de sua aplicação no
contexto do Tribunal do Júri, considerando a nova redação do art. 492, inciso I, alínea “e”,
do Código e Processo Penal, alterada pelo Pacote Anticrime (lei n. 13.964/2019).
A metodologia aplicada se pauta na análise jurisprudencial das decisões centrais e
definidoras do tema da execução antecipada da pena e extrai suas conclusões a partir do
pressuposto teórico que reconhece que os princípios devem ser respeitados e aplicados,
não se tratando de meras diretivas desprovidas de aplicabilidade direta. Em que pese
Dworkin e Alexy sejam evocados para afastar a aplicação de princípios constitucionais, é
necessário, no exercício da ponderação, que seja considerada a centralidade e o grau de
definição normativa do direito fundamental protegido e do afastado, não sendo possível
tratar todos os princípios como se possuíssem o mesmo peso.
Conforme se extrai da Lei de Introdução ao Direito Penal, o crime é definido
enquanto infração penal à qual a lei comina pena de reclusão ou de detenção. Portanto, a
previsão da sanção de restrição de liberdade é, em regra, essencial para a incidência do
Direito Penal. O devido processo legal e as restrições ao ius persequendi e puniendi estatal
34
Graduada pela Faculdade de Direito PUC-Rio, pós-graduada pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de
Janeiro e mestranda pela Faculdade de Direito PUC-Rio. E-mail: stephandiana@gmail.com; Plataforma Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1326120316303786
97
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
98
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
consequente realização de novo julgamento por outro corpo de jurados (art. 593, III, “d”, e
§3º, do CPP/41).
Neste sentido, firmam-se alguns precedentes de Turma do e. STF e o Enunciado
Interpretativo da Lei n. 13.964/19 nº 37 produzido pelo GNCCRIM e aprovado pelo CNPG,
os quais consideram que a decisão condenatória emitida pelos jurados possuiria uma
proteção constitucional que permitiria seu cumprimento imediato sem a violação do
princípio da presunção de inocência, de modo a garantir a efetividade do processo penal.
Tal entendimento é diretamente contrário ao firmado pelo Plenário da Corte no
julgamento das ADCs n. 43, 44 e 54. Porém, em que pese existam precedentes de Turma
acerca da impossibilidade de execução provisória no Tribunal do Júri, são decisões
anteriores à vigência da Lei n. 13.964/2019 e, portanto, que não tratam da
constitucionalidade do referido artigo35. Portanto, a questão somente será pacificada
quando o Pleno apreciar o tema n. 1.068 de repercussão geral (RE 1.235.340), atualmente
pendente de julgamento.
Ante a demora do Pleno do e. Tribunal para decidir a divergência, o Superior Tribunal
de Justiça passou a adotar entendimento alinhado com o julgamento das ADCs. A e. Corte
aduz a inconstitucionalidade e nulidade da decretação de execução antecipada da pena
pelos argumentos supracitados. Para a Corte, as decisões dos jurados não traduzem um
poder absoluto e irrecorrível, sendo passíveis de serem reconhecidas como nulas e ser
determinado novo julgamento, ainda que por outro corpo de jurados. Ademais, ao
considerar o sistema processual penal como um todo, constata-se uma incoerência entre a
redação do art. 492, I, “e”, e do art. 283, que exige o trânsito em julgado para o início da
execução da pena. A inconsistência se sublinha pois ambas as normas foram inseridas no
CPP/41 pelo Pacote Anticrime. Tal posição pode ser constatada em jurisprudência recente
do e. STJ firmada no informativo n. 73036.
35 Um exemplo seria o HC 163814 ED/MG, de relatoria do Min. Gilmar Mendes, julgado pela 2ª Turma em
19/11/2019 (Info 960).
36
O Tribunal da Cidadania firmou entendimento idêntico na 185ª edição da Jurisprudência em Tese do STJ, cuja
tese n. 10 se resume na ilegalidade da execução provisória da pena não obstante a alteração legislativa
promovida pela Lei nº 13.964/2019 no art. 492, I, e, do Código de Processo Penal, ressalvada a possibilidade
de prisão cautelar se presentes seus requisitos no caso concreto.
99
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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101
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
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