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REFLEXÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS

VOLUME I:
Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

CAPA:

Grupo decorativo com cacatua e palmeiras e festão com peixes, crustáceos e conchas,
anônimo, c. 1887
Rijksmuseum, Amsterdã, Países Baixos.

LOCAL:

Plataformas Zoom e Google Meet.

ORGANIZAÇÃO:

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direitos, Instituições e Negócios


(PPGDIN/UFF)

APOIADORES:

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito da Pontifícia Universidade Católica do


Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Empresarial e Cidadania do Centro


Universitário (UNICURITIBA)

Faculdade Instituto do Rio de Janeiro (FIURJ)

Centro Universitário Redentor (UniREDENTOR)

Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB)


Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

CONSELHO EDITORIAL
Adriane Garcel Luiz Eduardo Gunther
Alexandre Walmott Borges Mara Darcanchy
Célia Barbosa Abreu Margareth Nardy
Daniel Ferreira Maria Lucia de Barros Rodrigues
Elizabeth Accioly Massako Shirai (Im Memorian)
Everton Gonçalves Mateus Eduardo Nunes Bertoncini
Fernando Gustavo Knoerr Nilson Araújo de Souza
Francisco Cardozo de Oliveira Norma Padilha
Francisval Dias Mendes Paulo Ricardo Opuszka
Ilton Garcia da Costa Paulo Roberto Barbosa Ramos
Ivan Motta Roberto Genofre
Ivo Dantas Salim Reis
Jonathan Barros Vita Valesca Raizer Borges Moschen
José Edmilson de Souza-Lima Vanessa Caporlingua
Juliana Cristina Busnardo de Araujo Viviane Séllos
Lafayette Pozzoli Vladmir Silveira
Leonardo Rabelo Wagner Ginotti
Lívia Gaigher Bósio Campello Wagner Menezes
Lucimeiry Galvão Willians Franklin Lira dos Santos
Luisa Moura
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

ORGANIZADORES

Célia Barbosa Abreu


Pós-Doutorado em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ/2016). Doutora em Direito Civil pela Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ. 2008). Mestre em Direito Civil pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ/2000). Graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC/RJ. 1991). Professora Associada de Direito Civil da Universidade Federal
Fluminense. Desde 2011 até 2017 (inclusive), Professora do Corpo Docente Permanente do
PPGDC (Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Constitucional) da Faculdade
de Direito - UFF. Desde agosto 2017, credenciada como Docente Permanente do PPGDIN
(Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direitos, Instituições & Negócios) da
Faculdade de Direito - UFF.

Fábio Carvalho Leite


Doutor em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/2008).
Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio/2002).
Graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-
Rio/1999). Professor Associado (de dedicação exclusiva) da PUC-Rio. Bolsista de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq. Membro do "International Consortium for Law
and Religion Studies" (ICLARS). Membro do Fórum Permanente de Liberdades Civis da ESAP
- Escola Superior de Advocacia Pública (PGE-RJ). Membro do Fórum Permanente de Mídia e
Liberdade de Expressão da EMERJ (Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro).
Pesquisador Associado do CEDIRE - Centro Brasileiro de Estudos Direito e Religião.
Coordenador da área de ênfase em Estado e Sociedade do curso de graduação em Direito
da PUC-Rio. Coordenador do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC)
do Departamento de Direito da PUC-Rio. Coordenador da PLEB - Grupo de Pesquisa sobre
Liberdade de Expressão no Brasil. Pesquisador do NUPELEIMS - Núcleo de Pesquisa
Liberdade de expressão e de imprensa e Mídias Sociais da Emerj (Escola da Magistratura do
Estado do Rio de Janeiro). Membro da CEPCON - Comissão de Estudos de Processo
Constitucional da OAB-RJ

Manoel Messias Peixinho


Pós-Doutorado pela Université Paris, Nanterre (2013-2014). Doutor em Direito pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio/2004). Mestre em Direito pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio/1997). Graduação em Direito
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, (PUC-Rio/1992). Graduação em
Teologia pelo Seminário Metodista (1990). Professor do Departamento de Direito da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio e do Mestrado em Direito da
Universidade Cândido Mendes. Coordenador da área de Direito Administrativo do
Departamento de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro-PUC-Rio.
Professor colaborador da Fundação Getúlio Vargas, da Escola de Magistratura do Estado do
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Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Rio de Janeiro e da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de


Servidores do Rio de Janeiro. Presidente da Comissão de Direito Administrativo do Instituto
dos Advogados Brasileiros - IAB. Presidente do Instituto de Direito Administrativo do Rio de
Janeiro-IDARJ.

Tauã Lima Verdan Rangel


Pós-Doutorado em Sociologia Política pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Política da Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro” (UENF/2020)
(UENF/2021). Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense
(2018). Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense (2015).
Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Camilo (CUSC/2011). Coordenador de
Pesquisa, Extensão, Inovação e Internacionalização do Centro Universitário Redentor
(UniREDENTOR – Afya). Coordenador do Grupo de Pesquisa “Faces e Interfaces do Direito:
Sociedade, Cultura e Interdisciplinaridade no Direito”, vinculado ao Centro Universitário
Redentor (UniREDENTOR – Afya). Autor, pela Editora Iole, da coleção “Escritos Jurídicos”
sobre o Projeto de Florença (2023), sobre Acesso à Justiça (2023), sobre Juizados Especiais
(2023), sobre o Pós-Pandemia (2023), sobre Emergências Sociais (2022), sobre Justiça Social
(2022), sobre Liberdade Familiar (2022), em tempos de Pandemia (2022), sobre
Vulnerabilidade (2022), sobre Sexualidade (2021), sobre Direitos Humanos (2021), sobre
Meio Ambiente (2021), sobre Segurança Alimentar (2021) e em Tempos de Covid-19 (2020).
Autor, pela Editora Pimenta Cultural, da coleção “Direito em Emergência” (v. 1, 2 e 3) (2020,
2021 e 2022). Autor dos livros: Segurança Alimentar e Nutricional na Região Sudeste (Editora
Bonecker, 2019); e Fome: Segurança Alimentar e Nutricional em pauta (Editora Appris,
2018).

Viviane Coêlho de Séllos Knoerr


Pós-Doutorado pela Universidade de Coimbra (2015-2016). Doutora em Direito do Estado
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP/2005). Mestre em Direito das
Relações Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP/1996).
Graduação em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES/1991). Professora
e Coordenadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito Empresarial e Cidadania
do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA).
Novos Escritos de Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

COMISSÃO CIENTÍFICA

A Comissão Científica será presidida pela Profa. Dra. Célia Barbosa Abreu, sendo composta
pelos seguintes membros: Prof. Dr. Antón Lois Fernandez Alvarez, Profa. Dra. Carla
Appollinário de Castro, Profa. Dra. Daniela Juliano Silva, Profa. Dra. Fernanda Pontes
Pimentel, Prof. Dr. Gilvan Luiz Hansen, Profa. Dra. Giselle Picorelli Yacoub Marques, Prof. Dr.
Marcus Fabiano Gonçalves, Profa. Dra. Mônica Paraguassu, Prof. Dr. Sérgio Gustavo de
Mattos Pauseiro e Prof. Dr. Tauã Lima Verdan Rangel.

COMISSÃO ORGANIZADORA

A Comissão Organizadora será presidida pela Prof. Dra. Célia Barbosa Abreu, sendo
composta pelos seguintes membros: Alex Assis de Mendonça; Alexander Seixas da Costa;
Barbara Rocha Moratti; Bernardo Henrique Pereira Marcial; Daniel Fernandes Ferreira;
Eduardo Langoni de Oliveira Filho; Eduardo Adão Ribeiro; Emmanuele da Silva Viana; Fabíola
Vianna Morais; Fabrízia da Fonseca Passos Bittencourt Ordacgy; Fernanda Franklin Seixas
Arakaki; Flávia Dantas Soares; Iara Duque Soares; João Pedro Schuab Stangari Silva; Joyce
Abreu de Lira; Leonardo Martins Costa; Natália Costa Polastri Lima; Pedro Paulo Carneiro
Gasparri; Rafael Bitencourt Carvalhaes; Renata do Amaral Barreto de Jesus de Oliveira,
Rinara Coimbra de Morais; Rosana Maria de Moraes e Silva Antunes; Tatiana Fernandes Dias
da Silva; Taís Silva; Thiago Villar Figueiredo, Vitor Oliveira Rubio Rodrigues e WladimirTadeu
Baptista Soares.

EDITORAÇÃO, PADRONIZAÇÃO e FORMATAÇÃO DE TEXTO


Célia Barbosa Abreu (PPGDIN/UFF)
Tauã Lima Verdan Rangel (UniREDENTOR - Afya)

CONTEÚDO, CITAÇÕES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


É de inteira responsabilidade dos autores o conteúdo aqui apresentado.
Reprodução dos textos autorizada mediante citação da fonte.
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

SUMÁRIO

Apresentação .................................................................................................................. 10
Célia Barbosa Abreu, Fábio Carvalho Leite, Manoel Messias Peixinho, Tauã Lima
Verdan Rangel & Viviane Coêlho de Séllos Knoerr

Projeto de lei das fake news como mecanismo para proteção do cidadão no
ciberespaço ..................................................................................................................... 16
Leonardo Bocchi Costa & Ligia Binati

Vamos para a próxima conciliação! Qual o acordo, doutor?: pensar os mutirões de


conciliação à luz do acesso à justiça ................................................................................ 21
Tauã Lima Verdan Rangel

O direito humano à fertilização in vitro no Brasil: uma análise do Tema Repetitivo nº


1.067 do Superior Tribunal de Justiça .............................................................................. 27
Nicoli Francieli Gross, Lorenzo Borges De Pietro & Miguel Sávio Ávila da Rocha

A fixação de um standard probatório para o processo administrativo que impõe


sanções............................................................................................................................ 32
Francisco Alves da Cunha Horta Filho & Plínio Lacerda Martins

Gênero e Apatridia .......................................................................................................... 37


Micaela da Silva Luizar & Wanise Cabral Silva

Uma (re)visão crítica acerca da Lei n. 12.318/2010 e o discurso de gênero presente


na síndrome da alienação parental .................................................................................. 43
Ana Beatriz da Silva Marques & Carolina Lopes de Oliveira

O diálogo como premissa de revisão do sistema civil law: repensar a visão adversarial-
processual a partir da cultura dialógica ........................................................................... 50
Tauã Lima Verdan Rangel

Autonomia reprodutiva e sexual da mulher negra: uma análise sob o conceito de


justiça reprodutiva........................................................................................................... 55
Carolina Silvino de Sá Palmeira

Da releitura do artigo 1.830 do Código Civil a partir da existência de lapso temporal


para a decretação do divórcio. ........................................................................................ 60
Benedicto de Gonçalves Patrão & Nathália Hermano Almeida da Silveira

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Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Diretivas antecipadas de vontade: os desafios acerca do direito de disposição sobre


cuidados no fim da vida ................................................................................................... 64
Bruna Guesso Scarmagnan Pavelski & Melrian Ferreira da Silva

Programa Emprega + mulheres: a efetivação do apoio à parentalidade como direito


humano fundamental ..................................................................................................... 69
Ana Luiza Gonçalves de Oliveira, Júlia Gonçalves Póvoas Pimenta & Márcia Michele
Garcia Duarte

A consensualidade como forma de preservação das relações e dos direitos


fundamentais nos trâmites da adoção............................................................................. 74
Ana Beatriz Miranda Olivia Santos & Ana Lucia Pazos Moraes

A garantia do direito de origem nas cartas das mães que fizeram entrega voluntária
para a adoção .................................................................................................................. 77
Juliana Fagundes

A força estigmatizante dos crimes da lei de drogas, seu reflexo no automatismo das
decisões judiciais e a contribuição para super encarceramento de presos provisórios
........................................................................................................................................ 82
David Anthony Gonçalves Alves

Para além do diálogo, pensar a a comunicação não violenta como instrumento de


promoção da mediação ................................................................................................... 92
Tauã Lima Verdan Rangel

O tribunal do júri e o ressurgimento do embate acerca da execução provisória da


pena ................................................................................................................................ 97
Diana Ferreira Stephan

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

APRESENTAÇÃO

A Coleção Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais é um produto do IX Seminário


Internacional sobre Direitos Humanos Fundamentais, que é um evento anual, de iniciativa
do grupo de pesquisa em Direitos Fundamentais/UFF, cadastrado no CNPQ, sob a liderança
da Professora Dra. Célia Barbosa Abreu, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em
Direitos, Instituições e Negócios (PPGDIN/UFF), em 2023, com especial apoio do Professor
Dr. Fernando Gama de Miranda Netto e do Professor Dr. Marcelo Pereira de Almeida, ambos
docentes do PPGDIN/UFF, bem como do Programa de Pós-Graduação em Direito da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), representado pelo Professor
Dr. Fábio Carvalho Leite, do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito Empresarial e
Cidadania – do Centro Universitário (UNICURITIBA), representado pela Professora
Dra. Viviane Coêlho de Séllos Knoerr, da Faculdade Instituto Rio de Janeiro (FIURJ),
representada pela Professora Dra. Carla Dolezel Trindade, do Centro Universitário
UniRedentor, representado pelo Professor Dr. Tauã Lima Verdan Rangel, do Instituto dos
Advogados Brasileiros (IAB), representado pela pessoa do Professor Dr. Manoel Messias
Peixinho.

Neste ano, a despeito da aparente trégua dada pelo novo coronavírus, optou-se novamente
por realizar o colóquio inteiramente on-line, não apenas pela praticidade viabilizada pelas
novas tecnologias, mas também pelos gastos que deveriam ser efetuados para dar cabo de
um evento presencial desta magnitude, a comportar palestrantes e pesquisadores de
diversas localidades do Brasil e fora dele. A lembrar, por oportuno, que este é um seminário
gratuito e aberto à toda a comunidade acadêmica.

Relativamente aos debates a serem efetivados, nas palestras, o tema eleito foi o dos Direitos
Fundamentais Sociais na Contemporaneidade, ao passo que, nas apresentações das
pesquisas nos grupos de trabalhos, os temas comportaram as diversas nuances possíveis de
abordagens em torno das dimensões de direitos fundamentais, da primeira à quinta.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

O simpósio está previsto para os dias 13 e 14 de junho de 2023, contando com palestras e
grupos de trabalho, nos turnos da manhã e tarde. Mesmo sem financiamento, através das
parceiras interinstitucionais e institucionais acima destacadas, chega aqui, antes de sua
realização, com presenças confirmadas de pesquisadores nacionais e estrangeiros e traz a
público a presente publicação, composta pelos resumos expandidos submetidos, nos
termos do Edital PPGDIN/UFF. Acredita-se que a publicação antecipada dos resumos
expandidos dos pesquisadores viabiliza debates mais profícuos, interdisciplinares e
democráticos junto aos grupos de trabalho.

Na manhã do dia 13, se dará a abertura do evento com uma Mesa de Saudações, contando
com a participação dos docentes Profa. Dra. Célia Barbosa Abreu (UFF), Profa. Dra. Carla
Dolezel Trindade (FIURJ), Prof. Dr. Fábio Carvalho Leite (PUC Rio), Prof. Dr. Fernando Gama
de Miranda Netto (UFF), Prof. Dr. Manoel Messias Peixinho (PUC Rio e IAB), Prof. Dr. Marcelo
Pereira de Almeida (UFF), Prof. Dr. Tauã Lima Rangel Verdan (UniRedentor), Profa. Dra.
Viviane Côelho de Séllos Knoerr (UNICURITIBA), personificando os Programas de Pós-
Graduação Stricto Sensu e instituições que se voltaram para a realização da atual edição do
evento. Em seguida, ocorrerá a Conferência Inaugural, a ser proferida pelo Prof. Dr. Adolfo
Alvarado Velloso, intitulada Proceso como derecho humano transcendente, Exmagistrado
judicial por 30 años, Profesor de Teoria General del Proceso, Director de la Maestria en
Derecho Procesal de la Universidad Nacional de Rosario (Argentina), figurando como
mediador o Prof. Dr. Fernando Gama de Miranda Netto, Doutor em Direito pela
Universidade Gama Filho (2007), com período de um ano (Março/2006-2007) de pesquisa
na Deutsche Hochschule für Verwaltungswissenschaften de Speyer (Alemanha) e no Max-
Planck-Institut (Heidelberg) com bolsa CAPES/DAAD, Professor Associado de Direito
Processual da Universidade Federal Fluminense (UFF, campus Niterói, desde 2009), líder do
Laboratório Fluminense de Estudos Processuais (UFF), e membro do Programa de Pós-
Graduação 'Stricto Sensu' em Sociologia e Direito (UFF, desde 2011) e do Programa em
Direitos, Instituições e Negócios (UFF, desde 2017), tendo realizado estágio pós-doutoral em
Justiça Constitucional na Universidade de Salamanca (2011-2012), e ainda, coordenador, em

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

conjunto com o Prof. Cleber Francisco Alves, da Coleção Direito Processual em Debate
(Editora Thoth), Membro da Associação Brasileira de Direito Processual (ABDPRO), Diretor
Regional do Instituto Panamericano de Direito Processual (IPDP-Brasil). Posteriormente,
ocorrerá a Primeira Mesa de Palestras, a qual contará com três participantes. A Profa. Dra.
Karla Annett Cynthia Sáenz López, proferindo palestra, intitulada La importância del afecto
em Gestión del conflito. A professora é Doctora en Ciencia Política pela Universidad
Complutense de Madrid – España, Profesora Investigadora Titular na Universidad Autónoma
de Nuevo León, Membro Nivel 2, Sistema Nacional de Investigadores, Consejo Nacional de
Ciencia y Tecnologia.

O Prof. Dr. Francisco Javier Gorjón Gómez, Universidad Autónoma de Nuevo León, que
palestrará sobre Productividad y competitividad atraves de la mediación. O Prof. Dr. Marcelo
Pereira de Almeida, Pós-Doutor em Direito Processual pela UERJ, Pós-Doutorando em Direito
pela Universidade de Burgos (Espanha), Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFF,
Professor Adjunto de Direito Processual da UFF, Professor do PPGDIN da UFF (doutorado),
Professor de Direito Processual Civil da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro,
Professor Permanente do PPGD (mestrado) da UCP, Professor de Teoria Geral do Processo e
Direito Processual do Unilasalle/RJ, Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual Civil
(IBDP), da Associação Brasileira de Direito Processual (ABDPro) e do Instituto Carioca de
Processo Civil (ICPC), Advogado, que atuará como mediador.

Na parte da tarde, do dia 13, serão realizados 10 (dez) Grupos de Trabalho para
apresentação e debate dos novos estudos e pesquisas na matéria foco deste seminário. A
organização e coordenação dos trabalhos se dará por professores doutores da Faculdade de
Direito da Universidade Federal Fluminense e de outras Universidades, sendo eles: Dr.
Alexander Seixas da Costa, Dr. Antón Lois Fernandez Alvárez, Dra. Carla Appollinário de
Castro, Dra. Cibele Carneiro, Dra. Daniela Juliano Silva, Dr. Eduardo Adão Ribeiro, Dr. Fabio
de Medina da Silva Gomes, Dra. Fabíola Vianna Morais, Dra. Fabrízia da Fonseca Passos
Bittencourt Ordacgy, Dra. Fernanda Franklin Seixas Arakaki, Dra. Fernanda Pontes Pimentel,

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Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Dra. Flávia Dantas Soares, Dr. Gilvan Luiz Hansen, Dra. Giselle Picorelli Yacoub Marques, Dra.
Iara Duque Soares, Dra. Joyce Abreu de Lira, Dr. Manoel Messias Peixinho, Dr. Marcus
Fabiano Gonçalves, Dra. Mônica Paraguassu, Dr. Ozéas Corrêa Lopes Filho, Dra. Paola de
Andrade Porto, Dr. Pedro Curvello Saavedra Avzaradel, Dr. Pedro Paulo Carneiro Gasparri,
Dr. Plínio Lacerda Martins, Dr. Rafael Bitencourt Carvalhaes, Dra. Rosana Maria de Moraes e
Silva Antunes, Dra. Renata do Amaral Barreto de Jesus de Oliveira, Dr. Sergio Gustavo de
Mattos Pauseiro, Dra. Tatiana Fernandes Dias da Silva, Dr. Tauã Lima Verdan Rangel, e Dra.
Wanise Cabral Silva.

A manhã do dia 14 terá início com a realização da Segunda Mesa de Palestras, a qual contará
com três participantes. A Profa. Dra. Esther Martínez Quinteiro ministrará palestra,
intitulada Convenios Internacionales y Reservas Desnaturalizadoras. A Professora é
Catedrática de derechos humanos de la FIURJ y Catedrática de la Facultad de Derecho de la
Universidad Portucalense do Porto, Portugal, experta en Derechos Humanos, Profesora
titular jubilada (aposentada) de la Universidad de Salamanca, acreditada por la
ANECA/España para acceso a cátedra en el Área de Ciencias Sociales y Jurídicas, Miembro
actual del SIHCDH/USAL, del GIR HDH/USAL, del Centro de Investigación para la Gobernanza
Global/USAL y directora académica del programa de postdoctorado en derechos humanos
del CEB /USAL desde 2017 a 2023. A seguir, palestrará o Prof. Dr. Pedro Garrido Rodríguez
sobre Derechos Humanos y migraciones en la actualidad. O Professor é Doctor por la
Universidad de Salamanca, Miembro del Seminario Internacional de Historia Contemporánea
de los Derechos Humanos de la Universidad de Salamanca (SIHCDH/USAL) y del grupo de
investigación reconocido por la Universidad de Salamanca Historia de los Derechos Humanos
(GIR HDH/USAL), Especialista en educación en derechos humanos y en derechos humanos y
migraciones de la RED de expertos en derechos humanos, doctores y posdoctores por la
USAL, miembro del Instituto Jurídico Portucalense de la Universidad Portucalense do Porto,
Portugal (IJP/UPT). A mediação da mesa ficará a cargo da Profa. Dra. Carla Dolezel Trindade,
Reitora da Faculdade Instituto Rio de Janeiro, Doutora em Direito pela Universidad Nacional
de Lomas de Zamora, Argentina, Pós-Doutora em Direitos Humanos pela Centro de Estudos

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Brasileiros da Universidade de Salamanca, Diretora Geral do Instituto Universitário do Rio


de Janeiro, Membro da RED de derechos humanos, doctores y posdoctores por la USAL. A
seguir, será a vez da Conferência de Encerramento da qual farão parte três docentes. O Prof.
Dr. Rubén Miranda Gonçalves que palestrará sobre: Os desafios éticos e morais na era
digital. Direitos humanos e inteligência artificial. O Professor é Pós-doutor em Direito pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Doutor, Mestre e Licenciado em Direito pela
Universidad de Santiago de Compostela, Professor na Universidad de Las Palmas de Gran
Canaria (Espanha). O Prof. Dr. Mario Hernández Ramos, por seu turno, versará acerca da
temática: La relevância de los derechos humanos em los esfuerzos regulatórios de la I.A. La
experiencia europea. O Professor é titular de Derecho Constitucional de la Universidad
Complutense de Madrid, Jefe de la Delegación Española del Gobierno de España en el Comité
de Inteligencia Artificial del Consejo de Europa. Como mediador figurará o Prof. Dr. Pedro
Paulo Carneiro Gasparri, Doutor em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direitos,
Instituições e Negócios da Universidade Federal Fluminense (PPGDIN/UFF/2022), Mestre
em Direito Constitucional pelo Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional da
Universidade Federal Fluminense (PPGDC/UFF/2016), Bolsista CAPES 2015/2016,
Especialista em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC/Rio), Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC/Rio/2000), Graduado em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio/1990).

Cabe o registro do trabalho dedicado e profissional desenvolvido pelos integrantes da


comissão organizadora, cujos nomes passamos a listar: Alex Assis Mendonça; Alexander
Seixas da Costa; Barbara Rocha Moratti; Bernardo Henrique Pereira Marcial; Daniel
Fernandes Ferreira; Eduardo Langoni de Oliveira Filho; Eduardo Adão Ribeiro; Emmanuele
da Silva Viana; Fabíola Vianna Morais; Fabrízia da Fonseca Passos Bittencourt Ordacgy;
Fernanda Franklin Seixas Arakaki; Flávia Dantas Soares; Iara Duque Soares; João Pedro
Schuab Stangari Silva; Joyce Abreu de Lira; Leonardo Martins Costa; Natália Costa Polastri
Lima; Pedro Paulo Carneiro Gasparri; Rafael Bitencourt Carvalhaes; Renata do Amaral

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Barreto de Jesus de Oliveira; Rinara Coimbra de Morais; Rosana Maria de Moraes e Silva
Antunes; Tatiana Fernandes Dias da Silva; Taís Silva; Thiago Villar Figueiredo; Vitor Oliveira
Rubio Rodrigues e Wladimir Tadeu Baptista Soares.

Por derradeiro, cumpre salientar, que é uma enorme satisfação comemorarmos o êxito de
um evento que contou até esta data com 215 inscrições, 138 resumos expandidos
submetidos, podendo então festejar também o lançamento da Coleção Reflexões sobre
Direitos Humanos Fundamentais, composta por 05 e-books, frutos da publicação dos
trabalhos recebidos. Posteriormente, teremos a alegria de publicar os Anais do evento, os
quais contarão com os artigos completos a serem submetidos, e, mais à frente, nascerá nova
coleção de livros, desta vez, com os melhores artigos completos selecionados, a ser
publicada também pela Editora Clássica.

Niterói/RJ, 01 de junho de 2023.

CÉLIA BARBOSA ABREU

FÁBIO CARVALHO LEITE

MANOEL MESSIAS PEIXINHO

TAUÃ LIMA VERDAN RANGEL

VIVIANE COÊLHO DE SÉLLOS KNOERR

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Anais do VII Seminário Internacional sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de Primeira Dimensão

PROJETO DE LEI DAS FAKE NEWS COMO MECANISMO PARA PROTEÇÃO DO


CIDADÃO NO CIBERESPAÇO

Leonardo Bocchi Costa1


Ligia Binati2

Palavras-Chave: liberdade de expressão; direito digital; Lei Brasileira de Liberdade,


Responsabilidade e Transparência na Internet; fake News.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o Brasil e o mundo têm vivido o aumento do acesso ao ambiente
virtual, especialmente em decorrência da pandemia do COVID-19, que acelerou o processo
de informatização de diversos setores sociais, inclusive no que tange a relações sociais. Mais
do que nunca os cidadãos estão se utilizando das redes sociais para, não apenas socialização,
como também trabalho, lazer e informação.
O grande alcance dos conteúdos disponibilizados pelas redes sociais é de significativa
importância no acesso à informação e compartilhamento de conhecimento. Porém,
também se mostra como um facilitador de disseminação de conteúdos nocivos, tais quais
materiais de cunho sexual disponibilizados sem a devida anuência dos envolvidos, discursos
de ódio por raça, gênero, sexualidade e classe social e compartilhamento de notícias e
informações falsas, às fake news.
Visando combater tais práticas abusivas, foi proposto o Projeto de Lei 2630/2020,
que busca criar a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet,
que tem sido alvo de diversas críticas e ataques, sob a alegação de se tratar de um projeto
de Lei que atenta contra a liberdade de expressão do indivíduo, ao censurar os conteúdos
que por ele podem ser compartilhados.

1
Mestrando em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP); E-mail:
leonardo.bocchi@hotmail.com; Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1266896615620006
2
Mestranda em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP); E-mail:
ligiabinati@hotmail.com; Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6745532820191586

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Desta forma, a partir de uma abordagem teórica, utilizando-se do método dedutivo,


o presente trabalho busca responder o questionamento: em que medida o projeto de Lei
2630/20 pode, ou não, desencadear censura no ciberespaço?
A hipótese da presente pesquisa é de que o projeto de Lei 2630/20, que prevê a
regulamentação das redes sociais, não oferece qualquer risco ao exercício dos direitos
fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, em especial ao direito de liberdade
de expressão, sendo um mecanismo necessário de proteção dos cidadãos no âmbito virtual,
bem como de proteção ao Estado Democrático de Direito.

ABORDAGEM TEÓRICA

A temática sobre a regulação da internet é antiga, e desde da origem da cibercultura


tem apresentado pensamentos diversos, não existindo consenso quanto à possibilidade de
aplicação de medidas legais para limitar a prática de determinados atos. Para os entusiastas
mais puristas e idealistas da realidade virtual, a regulação da internet atenta contra a própria
essência do ciberespaço.
John Barlow (1996, s/p.) em seu manifesto pela independência do ciberespaço
defende que tal ambiente seria socialmente independente, não estando ligado a qualquer
governo, e que, portanto, não teriam legitimidade para regulamentar os atos praticados
dentro da realidade virtual. Para o autor, ainda, o argumento de solução dos problemas
existentes no ciberespaço nada mais é do que uma desculpa para invadir o espaço, uma vez
que a maioria dos problemas nem mesmo existe (BARLOW, 1996, s/p).
Para eles o ciberespaço seria um local de verdadeira liberdade e que qualquer
tentativa de regulamentação estatal significaria um atentado à tal direito. Contudo,
conforme aponta Mary Anne Franks (2011, p. 229) tal argumento não considera que
algumas condutas praticadas dentro do ciberespaço comprometem e reduzem a liberdade
de determinados indivíduos. Para a autora, se faz necessário enxergar o ciberespaço pelo o
que ele é, um ambiente em que grupos com poder se utilizam de meios para oprimir,
ameaçar e assediar grupos com menos poder (FRANKS, 2011, p. 230)

17
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Nesse sentido, o Projeto de Lei 2630/20 tem como objetivo regulamentar o uso das
redes sociais, visando coibir a disseminação de conteúdos falsos. Se o texto atual for
aprovado, serão adotados mecanismos para vedação de funcionamento de contas falsas e
automatizadas - quando não houver identificação de referida automatização - e
identificação de conteúdos patrocinados e pagos (BRASIL, 2020, s/p). Além disso, permite a
retirada de conteúdo do ar, sem notificação ao usuário for verificado risco de dano imediato
de difícil reparação; para a segurança da informação ou do usuário; de violação a direitos de
crianças e adolescentes; de crimes previstos na Lei de crimes raciais; e de grave
comprometimento da usabilidade, integridade ou estabilidade da aplicação (BRASIL, 2020,
s/p).
Ocorre que o projeto, que foi originalmente apresentado pelo Senador Alessandro
Vieira, é atualmente alvo de polêmica na câmara dos deputados - e também na sociedade -
visto que uma parcela dos deputados e da população, acredita que as medidas podem levar
à censura (HAJE; TRIBOLI, 2020), e consequentemente a restrição do exercício do direito à
liberdade de expressão.
Tal direito encontra-se previsto no artigo 5º, inciso IX da Constituição Federal de
1988, integrando o rol de direitos fundamentais e cláusula pétrea. Ela é, de acordo com
Alessandra Abrahão Costa (2021, p. 38), o direito do cidadão de pensar e expressar suas
ideias, em qualquer temática ou área do conhecimento, sem qualquer forma de
impedimento ou restrição imposta pelo Estado.
Contudo, o direito à liberdade de expressão, por mais essencial - e, portanto, passível
de proteção jurídica - não está completamente imune a todas as formas de limite ou
restrição (COSTA, 2021, p. 76). A tolerância a discursos de ódio, sob o argumento de
proteção da liberdade de expressão, não se mostra compatível com um país pautado na
dignidade da pessoa humana. A exteriorização desse tipo de pensamento ofende outros
direitos fundamentais de indivíduos ou da coletividade (COSTA, 2021, p. 90-92).
Ainda, em relação à disseminação de fake news, Patrícia Peck Pinheiro (2023, p. 551)
aponta que sua prática coloca em risco a liberdade dos usuários das redes sociais que muitas

18
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

vezes não conseguem discernir quais informações não são reais ou quais perfis são falsos ou
geridos de forma automatizada pela inteligência artificial.
Nesse sentido, é notável que a Lei, nos termos previstos no texto do projeto, não
possibilita a censura, se limitando apenas à retirada de conteúdos que possam ferir demais
direitos fundamentais do indivíduo. A lei irá, efetivamente, buscar a garantia de direitos
constitucionalmente previstos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente trabalho buscou-se demonstrar que, ao contrário do defendido por


parte dos deputados e da população brasileira, os mecanismos previstos no Projeto de Lei
2630/20 não têm como objetivo a censura ou controle de manifestações realizadas através
das redes sociais.
O Projeto de Lei visa coibir a prática de condutas abusivas e nocivas praticadas no
ciberespaço, que atentem contra os demais direitos fundamentais constitucionalmente
previstos. A aprovação e aplicação de referida norma se mostra como medida importante e
necessária para a vedação de atos atentatórios, que de forma maliciosa induzem os cidadãos
a erros, ou incentivem ações de ódio contra determinados grupos sociais.

REFERÊNCIAS

BARLOW, John Perry. A Declaration of the Independence of Cyberspace. Electronic Frontier


Foundation - EFF. Davos. 1996. Disponível em https://www.eff.org/pt-br/cyberspace-
independence. Acesso em 24 mai. 2023.

BRASIL. Senado. Projeto de Lei 2630/2020. Institui a Lei Brasileira de Liberdade,


Responsabilidade e Transparência na Internet. 2020. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1909983.
Acesso em 28 mai. 2023.

COSTA, Alessandra Abrahão. Liberdade de Expressão vs. Discurso de ódio: uma questão de
(in)tolerância. 1 ed. Belo Horizonte. Editora Dialética. 2021. E-book. 250p.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

HAJE, Lara. TRIBOLI, Pierre. Projeto do Senado de combate a notícias falsas chega à Câmara.
Agência Câmara de Notícias. 2020. Disponível em :
https://www.camara.leg.br/noticias/673694-projeto-do-senado-de-combate-a-noticias-
falsas-chega-

FRANKS, Mary Anne. Unwilling avatars: idealism and discrimination in cyberspace. Columbia
Journal of Gender Law, vol. 20(2), p. 224-261. 2011. Disponível em
https://repository.law.miami.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1304&context=fac_articles.
Acesso em 28 mai. 2023.

PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital. 7 ed. rev. e amp. 5ª tiragem. São Paulo. Editora
Saraiva Educação. 2023. 760p.

20
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

VAMOS PARA A PRÓXIMA CONCILIAÇÃO! QUAL O ACORDO, DOUTOR?: PENSAR


OS MUTIRÕES DE CONCILIAÇÃO À LUZ DO ACESSO À JUSTIÇA

Tauã Lima Verdan Rangel3

INTRODUÇÃO

O intuito da presente pesquisa é analisar o acesso à justiça, bem como, os mutirões


de conciliação, se pensando na massificação da cultura acordista no ramo do microssistema
dos juizados especiais. Como se sabe, o acesso à justiça é um direito fundamental, conforme
previsto no art. 5°, XXXV, Constituição Federal, a qual possui por intuito nao somente os
direitos individuais, mas de igual forma, em uma perspectiva ampla. Cumpre observar ao
tange a respeito do direito social fundamental, que possui relevância em tempos atuais
diante do corpo social, elemento necessário da moderna processualística, a qual objetiva a
qualificação de métodos que vão dar certa celeridade ao processo, bem como diversos
outros meios que vão relatar sobre o acesso à justiça e não apenas o acesso ao Poder
Judiciário em si.
Desta forma, diante do presente mencionado, para a estruturação da mencionada
análise, decidiu-se pela utilização de técnicas historiográficas e dedutivas, bem como, uma
metodologia de análise a partir de uma revisão bibliográfica, mediante de toda a

3
Pós-Doutorado em Sociologia Política pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da
Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro” (UENF/2020) (UENF/2021). Doutor em Ciências
Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense (2018). Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Universidade Federal Fluminense (2015). Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Camilo
(CUSC/2011). Coordenador de Pesquisa, Extensão, Inovação e Internacionalização do Centro Universitário
Redentor (UniREDENTOR – Afya). Coordenador do Grupo de Pesquisa “Faces e Interfaces do Direito:
Sociedade, Cultura e Interdisciplinaridade no Direito”, vinculado ao Centro Universitário Redentor
(UniREDENTOR – Afya). Autor, pela Editora Iole, da coleção “Escritos Jurídicos” sobre o Projeto de Florença
(2023), sobre Acesso à Justiça (2023), sobre Juizados Especiais (2023), sobre o Pós-Pandemia (2023), sobre
Emergências Sociais (2022), sobre Justiça Social (2022), sobre Liberdade Familiar (2022), em tempos de
Pandemia (2022), sobre Vulnerabilidade (2022), sobre Sexualidade (2021), sobre Direitos Humanos (2021),
sobre Meio Ambiente (2021), sobre Segurança Alimentar (2021) e em Tempos de Covid-19 (2020). Autor, pela
Editora Pimenta Cultural, da coleção “Direito em Emergência” (v. 1, 2 e 3) (2020, 2021 e 2022). Autor dos
livros: Segurança Alimentar e Nutricional na Região Sudeste (Editora Bonecker, 2019); e Fome: Segurança
Alimentar e Nutricional em pauta (Editora Appris, 2018).

21
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

estruturação e desenvolvimento histórico do conceito de acesso à justiça e os mutirões de


conciliação. Está revisão bibliográfica se deu mediante da leitura de sites jurídicos,
fichamentos de textos e trabalhos acadêmicos, objetivando uma melhor elucidação de
proposto tema.

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A primeira onda de Cappelletti teve seu nascimento nos países ocidentais e que se
destinava ao fornecimento de assistência judiciária àquelas pessoas menos afluentes. Ora,
denota-se que os pilares da primeira onda de acesso à Justiça decorreram da quantia alta
das custas processuais, de honorários advocatícios, assim como a ausência de cognição a
respeito do que é o direito por parte das pessoas de renda baixa complica. Com isso, a
temática da onerosidade, bem como as formalidades nas ocasiões jurídicas, das funções do
Poder Judiciário, ininterruptamente, foi uma temática que criou obstáculos (NEVES;
RANGEL; SILVA, 2016, n.p.).
A locução “acesso à justiça” pode ser estabelecida de três maneiras, sendo estas:
integral compreensão, que quer dizer “acesso ao Direito”, acesso a uma justa ordem jurídica,
implementável e conhecida. Em uma concepção mais cabal, conquanto não suficiente,
menciona-se ao “acesso à tutela” sendo está jurisdicional ou não de direitos, acesso a
mecanismos de resolução de lides extrajudiciais ou judiciais. E, ainda, em uma concepção
reduzida, refere-se ao “acesso à tutela jurisdicional” de direitos, acesso a um togado natural
para o arranjo de conflitos (GASTALGI, 2013, n.p.).
De acordo com o presente no inciso XXXV, art. 5°, da Constituição Federal, o acesso
à justiça é um direito fundamental, que objetiva garantir não apenas os direitos individuais,
assim como os coletivos em um ângulo largo. Destarte, diz respeito de “direito social
fundamental” de suma relevância na presente comunidade, objeto imprescindível da
processualística moderna, tendo em vista que, na falta de ferramentas qualificadas para a
tutela dos direitos proclamados, não há o que se tratar em acesso efeito à justiça. É ponto
principal, inclusive, que tem modernizado o pensamento jurídico, com foco em preponderar

22
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

as ausências do positivismo neutralizante que, por algum tempo só teve utilidade para
apartar o Estado de seu mister, a democracia do seu real sentido e a justiça da social
realidade (GASTALGI, 2013, n.p.).
O acesso à Justiça é uma preocupação constante no regime democrático. Portanto,
mecanismos de facilitação desse acesso devem ser disponibilizados sob pena de negar os
próprios fundamentos do Estado Democrático de Direito. Foi justamente dentro da
preocupação com a disponibilização de mecanismos de facilitação do acesso à justiça, que
surgiu a promissora ideia de criação e implantação dos Juizados de Pequenas Causas e
posteriormente dos Juizados Especiais Cíveis. Colocados efetivamente em prática com o
advento da Lei 9.099/95, os Juizados Especiais Cíveis demonstram a preocupação do
legislador em estender o acesso à justiça a todos, especialmente a classe menos favorecida
e reduzir a morosidade processual, revertendo o descrédito na Justiça. Trata-se de uma
tutela diferenciada, de rito abreviado, criada com o intuito de superar ou de pelo menos
atenuar a distância entre o povo e o Judiciário e os obstáculos opostos ao pleno e igual
acesso de todos à justiça, segundo o preconizado pela Constituição Federal de 1988 (ROSSI,
2007 apud NEVES; RANGEL; SILVA, 2016, n.p.).

2. RESULTADOS ALCANÇADOS

O conceito de acesso à justiça abarca a provocação do Estado para o desempenho


do poder jurisdicional, com o intuito de resolver a lide em um período razoável, para então,
não prejudicar os envolvidos, contudo, a realidade pratica revela que, o Estado juiz não vem
acolhendo está conjectura. Desta forma, percebe-se que, existe um contraste no
ordenamento jurídico, visto que, na Constituição de 1988 cataloga como direito
fundamental que, nenhuma ameaça ou lesão de direito irá deixar de ser ponderada pelo
Poder Judiciário, bem como, essa análise será proporcionada em um razoável prazo, o que
considera o emblemático conceito de acesso à justiça (MEDEIROS, 2012, n.p.).
Criados pela Lei n°. 9.099/95, os juizados especiais foram constituídos com o
precípuo objetivo de acolher às causas de menor complexidade e lhes proporcionar uma
célere resolução jurisdicional, com o intuito de assegurar o acesso à justiça. Foi na art. 136,

23
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

§ 1º, “b”, da Constituição de 1967 que teve a previsão do condão da elaboração da lei, em
que, se iniciassem juízes togados que detinha competência para apreciar as causas de valor
pequeno. Contudo, a princípio, constituem-se o rito sumário, antes denominado de
sumaríssimo que era voltado a viabilizar uma resposta célere as causas de poucas montas
(MEDEIROS, 2012, n.p.).
Observa-se, nitidamente, que a competência dos juizados especiais é consolidada
pela própria Constituição Federal, pelo poder originário constituinte. Na esfera cível, por
exemplo, fixou um inequívoco critério enquanto serão os juizados especiais capacitados
para executar, julgar e conciliar as causas de complexidade reduzida. Consequentemente, o
sistema empregado pelo constituinte para estabelecer a competência dos juizados
especiais, sendo estabelecidas pelo ordinário legislador, ditas de menor complexidade e
uma classe de causas. Além do mais, atribui ao infraconstitucional legislador estabelecer os
motivos de complexidade, feita por este na Lei dos Juizados Especiais (Lei n°. 9.099/95) em
seu art. 3° (NASCIMENTO, 2010, n.p.).
Diante do contexto de progresso econômico e social, bem como de alterações, o
Poder Judiciário brasileiro passou a ser completamente congestionado. Passou então a
acarretar de 10 até 30 anos para deliberar um embate. No ano de 2015, a título de exemplo,
conforme o Relatório de Justiça em Números do CNJ (Conselho Nacional de Justiça)
encontrava-se cerca de 102 milhões de eventos irresolvidos nos tribunais, o que retratar
aproximadamente um para cada dois brasileiros. O Poder Judiciário brasileiro passou a ser,
na realidade, plenamente desqualificado de fazer fronte à quantidade intensa de
ocorrências que, perpassaram a atracar nele com o passar dos anos (NASCIMENTO, 2010,
n.p.).
Não se pode negar que, o Poder Judiciário perpassar uma instabilidade fundada
essencialmente pela lentidão das apreciações. É cediço que a processualização dos fatos no
judiciário brasileiro é excessivamente moroso sendo assim existe a importância de urgentes
providências, seja por meio de reparos processuais, reformulação do Poder Judiciário ou
alargamento dos recursos eletivos de solução de conflitos (HERREIRO, 2018, n.p.).

24
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Além da lentidão na tramitação dos fatos, existem outros empecilhos que


impossibilitam ou até mesmo impossibilita que, os indivíduos possuam acesso à justiça,
especialmente a categoria menos favorecida do corpo social. A insuficiência econômica,
mesmo com a efetivação do suporte jurídico e dispensa dos custos processuais, é
adversidade que, ainda prejudica o jurisdicionado desprovido que é dependente de um
Defensor Público para patronear o precedente (HERREIRO, 2018, n.p.).

CONCLUSÕES

O sistema da conciliação objetivou dar um ar contemporâneo ao poder judicial, a


título de exemplo, as partes terão a opção de pleitear seus direitos, mesmo que sem
advogado, embasado no valor da causa. Destarte, o conciliador que irá dirigir a audiência,
tem o dever de conservar os modos para uma observação apurada do ocorrido. O
conciliador, em si, tem de transparecer a segurança e confiabilidade para as partes de igual
modo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GASTALDI, Suzana. As ondas renovatórias de acesso à justiça sob enfoque dos interesses
metaindividuais. In: Jusnavigandi, Teresina, 2013. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/26143/as-ondas-renovatorias-de-acesso-a-justica-sob-enfoque-
dos-interesses-metaindividuais. Acesso em: 13 set. 2021.

HERREIRO, Chananda Marchini. A importância da conciliação e mediação para solução de


conflitos. In: Conteúdo Jurídico, Brasília, 2018. Disponível em:
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/51837/a-importancia-da-
conciliacao-e-mediacao-para-solucao-de-conflitos. Acesso em: 20 set. 2021.

MEDEIROS, Héverton Hipólito Alves de. Os juizados especiais cíveis e o acesso à Justiça. In:
Âmbito Jurídico, São Paulo, 2012. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/os-juizados-especiais-
civeis-e-o-acesso-a-justica/. Acesso em 15 set. 2021.

25
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

NASCIMENTO, Meirilane Santana. Acesso à Justiça: Abismo, população e Judiciário. In:


Âmbito Jurídico, São Paulo, n. 74, 2010. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-74/acesso-a-justica-abismo-populacao-e-
judiciario/. Acesso em: 13 set. 2021.

NEVES, Gabriela Angelo; RANGEL, Tauã Lima Verdan; SILVA, Samira Ribeiro da. As ondas
renovatórias do italiano Mauro Cappelletti como conjunto proposto a efetivar o acesso à
justiça dentro do sistema jurídico brasileiro. In: Âmbito Jurídico, São Paulo, 2016.
Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/as-ondas-
renovatorias-do-italiano-mauro-cappelletti-como-conjunto-proposto-a-efetivar-o-acesso-
a-justica-dentro-do-sistema-juridico-brasileiro/. Acesso em: 13 set. 2021.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

O DIREITO HUMANO À FERTILIZAÇÃO IN VITRO NO BRASIL: UMA ANÁLISE DO


TEMA REPETITIVO Nº 1.067 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Nicoli Francieli Gross4


Lorenzo Borges De Pietro5
Miguel Sávio Ávila da Rocha6

Palavras-Chave: Direitos Humanos; Planejamento Familiar; Fertilização In Vitro; Planos de


Saúde; Supremo Tribunal De Justiça.

Desde os primórdios da humanidade, o patriarcalismo estabeleceu como dever da


mulher os cuidados do lar e a procriação, sendo ela (a mulher) responsável pela reprodução
e consequente continuação da “linhagem do homem”. A maternidade, ainda nos dias atuais,
é considerada sagrada em decorrência de influências culturais e religiosas, advindas do
patriarcalismo. Em que pese essa imposição não esteja mais tão escancarada na sociedade,
ainda há preceitos e cobranças dentro dos lares – sendo que, obviamente, algumas
mulheres, apesar da exigência, sonham em ser mãe, outras nem tanto.
Ocorre que essas imposições, além de serem fortificadas pelo homem e pela
sociedade, são, por vezes, sustentadas pela própria mulher que idealiza a gestação. Assim,
a fim assegurar à mulher, e mesmo ao casal, o direito reprodutivo, trouxe o constituinte
originário, no artigo 226, § 7º, previsão de que o planejamento familiar, fundado nos
princípios da dignidade da pessoa humana (artigo 1º, inciso III) e da paternidade
responsável, é de livre decisão do casal, cabendo ao Estado propiciar recursos educacionais

4
Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Pelotas- UFPEL. Bolsista da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo PPGD UFPEL. Pós-Graduanda em Direito Médico
e Saúde – UNISC. Bacharela em Direito pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul – UNIJUÍ, com período sanduiche na Universidade de Porto em Portugal. E-mail: grossnicoli99@gmail.com.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0461734838276975.
5
Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Pelotas - UFPEL Advogado. E-mail:
lorenzo.pietrob@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0371923070439783.
6
Especialista em Direito Processual Civil. Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Pelotas - UFPEL.
Membro do grupo de pesquisa "Acesso à Justiça no século XXI: o tratamento dos conflitos na
contemporaneidade" (CNPq), vinculado à Faculdade de Direito da UFPEL. Analista/Apoio Direito do Ministério
Público da União. Email: migdarocha@gmail.com Lattes: http://lattes.cnpq.br/6271488130173135.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

e científicos ao exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de
instituições oficiais ou privadas (BRASIL, 1988). Todavia, nossa Carta Constitucional, ao
contrário, por exemplo, da Constituição Portuguesa7, silencia em relação à procriação
assistida e seu papel no planejamento familiar, o que, de forma alguma, traduz-se como
exclusão a priori dessa providência no ordenamento jurídico pátrio (regulamentação da
procriação assistida). Ao lado disso, e até mesmo para que se alcance interpretação
consentânea com a realidade atual, a disposição referente ao planejamento familiar há de
ser interpretada conforme o disposto no artigo 3º, inciso I da Constituição Federal
(solidariedade – de parte da sociedade, do Estado e do mercado).
Faz-se mister apontar, para os fins propostos nesse trabalho, que duas seriam as
principais formas de procriação assistida, a saber: inseminação artificial e fertilização in vitro.
A primeira consiste na introdução do gameta masculino diretamente no corpo da mulher de
forma artificial, quando, em geral, não apresenta a mulher problemas de fertilidade; já na
fertilização in vitro, objeto desse estudo, há dificuldades de fertilidade tanto masculina
quanto feminina, sendo realizada a união do gameta masculino com o óvulo em laboratório,
com posterior reinserção deste na mulher (SILVA, 2017).
Fato é que para obter o tratamento em voga, mulheres estão adquirindo planos de
saúde com vista a coibir gastos com os procedimentos médicos necessários a engravidar;
entretanto os planos de saúde, com fundamento no art. 10, inciso III, da Lei n. 9.656/988,
que exclui da cobertura a inseminação artificial, vêm se recusando a cobrir tais
procedimentos, salvo quando há cláusula expressa nesse sentido.

7
Artigo 67.º Família
1. A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da sociedade e do Estado e à
efetivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus membros.
2. Incumbe, designadamente, ao Estado para proteção da família:
(...)
e) Regulamentar a procriação assistida, em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa humana;
8
Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura assistencial médico-
ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e tratamentos, realizados exclusivamente no Brasil, com
padrão de enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a internação hospitalar, das
doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde,
da Organização Mundial de Saúde, respeitadas as exigências mínimas estabelecidas no art. 12 desta Lei, exceto:
(...) III - inseminação artificial;

28
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Ocorre que a Lei nº 11.935, de 11 mai. 2009, que alterou a lei dos planos e seguros
privados de assistência à saúde (Lei 9.656/98), incluiu nesta o artigo 35-C, tornando
obrigatória a cobertura dos procedimentos referentes ao planejamento familiar. A nosso
ver, mostra-se a nova disposição incompatível com o disposto no do art. 10, inciso III,
havendo, em verdade, derrogação implícita desta disposição, dada a incompatibilidade da
norma que exclui o tratamento de inseminação artificial da cobertura securitária com a atual
disposição (GUSMÃO, 1993). Mesmo que se entenda pela compatibilidade de ambos os
dispositivos, tem-se que o artigo 10, inciso III, da Lei 9.656 exclui apenas a “inseminação
artificial”, e não todos os tratamentos de procriação assistida, como é o caso da fertilização
in vitro - pois a lei assim não prevê -, devendo ser afastada, no caso, qualquer tentativa de
interpretação análoga, notadamente por força da intepretação mais favorável ao ser
humano/princípio pro homine ou pro personae (PORTELA, 2018).
Entretanto, a Agência Nacional de Saúde (ANS), órgão responsável por atualizar o rol
de procedimentos e eventos em saúde que constituem a cobertura assistencial mínima
obrigatória dos planos privados de assistência à saúde no Brasil, apesar de prever a
cobertura para ações de planejamento familiar, excluiu, na Resolução nº 428/2020, mantida
pela Resolução nº 465/2021, todos os procedimentos existentes para inseminação artificial.
Seguindo nessa cronologia, em 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no Tema
1.067, concluiu pela desobrigatoriedade de cobertura dos procedimentos de Reprodução
Humana Assistida (RHA) pelos planos de saúde privados, violando direitos humanos, tais
como a integridade pessoal, a liberdade pessoal, a proteção da honra e da dignidade em
face de ingerências arbitrárias ou abusivas na vida privada e, ainda, o direito do casal de
fundar uma família, conforme, inclusive, restou estabelecido no caso “Artavia Murillo e
Outras (fecundação in vitro) v. Costa Rica” (OEA, 2012).
A decisão do STJ, por conseguinte, não é a mais adequada, uma vez contraria
preceitos já consagrados no Supremo Tribunal Federal e na Corte Interamericana de Direitos
Humanos, bem como desconsidera que os tratamentos de reprodução assistida são
reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde, fazendo jus os (as) pretendentes à devida

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

cobertura, que, hoje, encontra respaldado no caput do artigo 35 da Lei dos Planos de Saúde
(e, mais especificamente, no inciso III do artigo 35-C).
Diante desses impasses, há suficiente margem para fomentar discussões, uma vez
que diversas controvérsias, tanto jurídicas quanto conceituais, exsurgem das razões dos
julgados que serviram de paradigmas à controvérsia repetitiva descrita no Tema 1.067 do
STJ.
A própria Constituição Federal de 1988 prevê, da forma como antes mencionado, o
planejamento familiar, de forma ampla e abrangente, em seu art. 226, §7º, com previsão
semelhante no art. 1.565, §2º do Código Civil. A problemática gira em torno do que diz a
legislação brasileira a respeito do tema e qual a exegese mais adequada, notadamente em
perspectiva humanística.
A pesquisa está sendo desenvolvida a partir de abordagem dedutiva, com a utilização
de método bibliográfico e jurisprudencial. Em sede conclusiva, por ora, sedimenta-se a
importância do estudo, uma vez que persiste conflito entre normas que regem os convênios
particulares, a Constituição Federal e resoluções da ANS acerca da viabilidade de cobertura
de tratamento de reprodução assistida (sem olvidar, também, de eventuais previsões
internacionais e normas de soft law que se adequem à temática). Enfim, diante dos entraves
aqui trazidos, lacunas referentes ao direito da cobertura de fertilização in vitro continuam
abertas e, consequentemente, lesando direitos fundamentais e humanos, em especial o
planejamento familiar e a busca da felicidade.

REFERÊNCIAS

BARROSO, Luis Roberto. Dignidade da pessoa humana no direito constitucional


contemporâneo: a construção de um conceito jurídico à luz da jurisprudência mundial. São
Paulo: Fórum, 2013.

BRASIL, Resolução Normativa n. 428 da Agência Nacional de Saúde - ANS. Brasília, 2017.

BRASIL. Código Civil de 2002. Lei 10.406, promulgada em 10 de janeiro de 2002. Brasília,
2002.

30
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988.

BRASIL. Lei 9.656, promulgada em 03 de junho de 1998. Dispõe sobre os planos e seguros
privados de assistência à saúde. Brasília, 1998.

BRASIL. Recurso Repetitivo 1.067 do Supremo Tribunal Federal. Disponível em:


https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/15102021-Em-
repetitivo--STJ-decide-que-planos-de-saude-nao-sao-obrigados-a-custear-fertilizacao-in-
vitro.aspx#:~:text=%22Salvo%20disposição%20contratual%20expressa%2C%20os,especiais
%20repetitivos%20(Tema%201.067). Acesso em: 20 mai. 2023.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução no 2.168/2017. Disponível em:


https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2017/216 8. Acesso em: 20
mai. 2023.

CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Ficha Técnica: Artavia Murillo y otros


(Fertilización in vitro) vs. Costa Rica. Disponível em:
http://www.corteidh.or.cr/cf/Jurisprudencia2/ficha_tecnica.cfm?nId_Fi cha=235. Acesso
em: 20 mai. 2023.

GUSMÃO, Paulo Dourado. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 1993.

PORTELA, Paulo Henrique Gonçalvez. Direito internacional público e privado: incluindo


noções de direitos humanos e de direito comunitário. 10 ed. Salvador: JusPodivm, 2018.

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SILVA, Regina Beatriz Tavares da. Responsabilidade civil: responsabilidade civil na área da
saúde. São Paulo: Saraiva, 2017.

31
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

A FIXAÇÃO DE UM STANDARD PROBATÓRIO PARA O PROCESSO


ADMINISTRATIVO QUE IMPÕE SANÇÕES

Francisco Alves da Cunha Horta Filho9


Plínio Lacerda Martins10

Palavras-chave: Processo Administrativo; Prova; Avaliação; Métodos

OBJETIVO

A presente pesquisa tem como objetivo estabelecer a possibilidade de aplicação de


um standard probatório no processo administrativo que, ao final, pode culminar com a
imposição de uma sanção, nos mesmos moldes daquilo que já é admitido no Direito
Processual Penal, e, uma vez considerado como adequado, qual seria aquele que melhor se
ajusta a este modelo processual.
A hipótese a ser testada é a de que a teoria do standard probatório pode ser aplicada
ao processo administrativo voltado à imposição de uma sanção, nos mesmos moldes do que
se dá com o Direito Processual Penal, e, neste sentido, depende de uma prova além da
dúvida razoável.
Para tanto, a pesquisa empregará o método de pesquisa qualitativo, a partir da
revisão da bibliografia nacional sobre o tema, bem como, com recurso à jurisprudência dos
Tribunais Superiores. Também será necessário analisar, respeitadas as limitações espaciais
da pesquisa, o que se produz acerca da teoria do standard probatório no direito norte-
americano, na medida em que os conceitos manuseados no Brasil são importados daquela
experiência jurídica.

9
Doutorando em Direito no Programa de Pós-Graduação de Direito, Instituições e Negócios da Universidade
Federal Fluminense (PPGDIN/UFF). Mestre em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis (2023).
Defensor Público do Estado do Rio de Janeiro (2006). E-mail: francisco_hortafilho@yahoo.com.br. Link para o
Lattes: https://lattes.cnpq.br/6393575118083430.
10
Doutor em Direito pela Universidade Federal Fluminense. Coordenador do Programa de Doutorado em
Direito, Instituições e Negócios da Universidade Federal Fluminense – PPGDIN/UFF. Email:
pliniolacerda@id.uff.br. Link para o Lattes: http://lattes.cnpq.br/1643533929253579.

32
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

O que justifica a relevância da pesquisa é a lacuna de previsão normativa a respeito


da adequação da teoria do standard probatório, bem como, a ausência de produção
acadêmica a esse respeito no Brasil, o que gera um desafio em um cenário em que a
Administração Pública desempenha uma vasta quantidade de atividades e se entrelaça com
os particulares que ficam sujeitos à eventuais sanções.

REFERENCIAIS TEÓRICOS

O artigo parte do pressuposto de que o Estado, como bem acentua JUSTEN FILHO
(2008, p. 78-79), tem uma natureza meramente instrumental e busca, com todas as suas
atividades, viabilizar o valor da dignidade da pessoa a partir da concretização dos direitos
fundamentais. Neste cenário, destaca-se como um dos mais relevantes direitos
fundamentais a ideia de submissão, nas esferas judicial e administrativa, ao devido processo
legal, com assento no art. 5º, inciso LIV, da Constituição Federal da República de 1988.
Em que pese o conceito de devido processo legal esteja em constante
transformação, com novas características sendo agregadas de tempos em tempos, há uma
exigência que é constante, como acentua FUX (2016, p. 56): que o processo seja justo.
Quando se fala em processo justo, nesta pesquisa, o que se tem em mente é a manifestação
do Estado para resolver uma situação conflituosa – na seara judicial ou administrativa – a
partir de um procedimento minimamente estruturado de forma racional, que permita às
partes uma atuação tendente a fazer prevalecer o seu interesse e que culmine com uma
decisão que se revele, a partir dos seus fundamentos, legítima.
É perceptível, em especial na última década, que os Tribunais Superiores brasileiros
têm operado – acertadamente, diga-se – uma aproximação entre a sistemática do processo-
crime e do processo administrativo sancionador. Diversos tem sido os pontos de contato
declaradamente reconhecidos, como por exemplo, a impossibilidade de admissão da prova
ilícita nos processos administrativos, nos mesmos moldes do que se evidencia em uma ação
penal.

33
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Em artigo em que se debruça sobre a questão no âmbito do processo penal,


VASCONCELLOS (2020, p. 6) nos oferece um interessante conceito de standard probatório:
“são critérios que indicam quando se conseguiu a prova de um fato, ou seja, critérios que
indicam quando está justificado aceitar como verdadeira a hipótese que descreve”. Assim,
ao se falar em standard o que se cogita é compreender a qualidade do acervo probatório
que foi reunido para que se possa dizer que um determinado fato foi comprovado para os
fins da prolação da decisão que colocará termo à situação de crise jurídica.
Não existe, no ordenamento jurídico brasileiro, qualquer previsão acerca do
standard de prova que deve ser atendido para que um fato possa ser reputado como
comprovado no bojo do processo. O mesmo se diga no processo administrativo.
Mesmo diante deste cenário de lacuna normativa, o Supremo Tribunal Federal, no
Recurso Extraordinário n. 1.067.392/CE, e o Superior Tribunal de Justiça, nos Informativos
de Jurisprudência n. 732 e 735, estabelecem padrões mínimos para que uma decisão
restritiva de direitos na seara criminal seja possível.
Como bem explica TARUFFO (2016, p. 250-256), no direito estadunidense são
estabelecidos os seguintes estândares probatórios: i) prova clara e convincente (clear and
convincing evidence); ii) prova mais provável que sua negação (more probable than not); iii)
preponderância da prova (preponderance of evidence); e, iv) prova além da dúvida razoável
(beyond any reasonable doubt). No processo criminal, diante do possível caráter drástico do
desfecho da ação penal e do direito fundamental à presunção de inocência, o que se tem
como certo é que o parâmetro de prova exigido é aquele que se revela acima de qualquer
dúvida razoável.
Da mesma forma em que se dá no processo criminal, o processo administrativo pode
ensejar a imposição diversas medidas que restringem direitos do mais alto relevo: é possível,
no âmbito disciplinar, a imposição de diversas espécies de sanção que vão desde a censura
até a demissão; no processos que envolvem o exercício do poder de polícia ambiental a
desocupação de um imóvel utilizado para a habitação familiar; nos processos de contratação
pública podem ser impostas sanções ao licitante desde a fase externa da licitação até a
execução do objeto contratado.

34
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Diante da aproximação jurisprudencial do processo judicial criminal e do processo


administrativo nada obsta que a lógica epistemológica exigida em ambos os casos seja a
mesma: para a imposição administrativa de quaisquer sanções em um processo
administrativo é indispensável que a prova formada atenda ao standard de uma prova que
seja além de qualquer dúvida razoável, ou, em outras palavras, que permita a autoridade
administrativa descartar qualquer outra possibilidade de cenário fático senão aquela que
culmine com a caracterização da conduta como uma infração administrativa.
Se na fixação da sanção administrativa a autoridade possui um espaço de
discricionariedade, empregando-se neste ponto o conceito de SADDY (2016, p. 156) para
quem a discricionariedade é a “margem relativa de liberdade/autonomia/volição conferida
por uma norma jurídica à Administração Pública para a adoção ou não da atuação, entre as
opções oferecidas alternativas e/ou disjuntivamente, que melhor atenda aos interesses
públicos”, não se admite essa mesma liberdade para a conclusão acerca de um fato a partir
dos elementos carreados ao procedimento administrativo, devendo estar atrelado à
racionalidade quanto ao conteúdo das provas.

CONCLUSÕES

Tratados os dados que foram reunidos durante a revisão bibliográfica e analisada a


jurisprudência para testar a hipótese proposta é possível concluir que é necessária a
aproximação entre o processo penal e o processo administrativo voltado a aplicação de uma
sanção, na medida em que ambos se dirigem a uma potencial restrição de direitos das
pessoas.
Nesse sentido, a decisão no processo administrativo que restringe direitos das
pessoas exige o devido processo, na forma do que estabelece o art. 5º, inciso LIV da
Constituição Federal da República de 1988, que tem ínsito em seu conteúdo a necessidade
de construção de um robusto arcabouço probatório que legitime a decisão do órgão
administrativo julgador, da mesma forma com que ocorre no Direito Processual Penal, de

35
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

tal forma que, acima de qualquer dúvida razoável, fique demonstrado que outra solução
adequada para a hipótese não haveria senão a imposição da sanção pelo poder público.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FUX, Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.

JUSTEN FILHO, Marçal. O Direito Administrativo do Espetáculo. In: ARAGÃO, Alexandre


Santos de, NETO, Floriano de Azevedo Marques (Coord.). Direito Administrativo e Seus
Novos Paradigmas. Belo Horizonte: Forum, 2008.

SADDY, André. Visitando a Definição de Discricionariedade Administrativa. A&C Revista de


Direito Administrativo & Constitucional. Belo Horizonte, ano 16, n. 64, p. 149-175, abr./jun.
2016.

TARUFFO, Michele. Uma Simples Verdade: o juiz e a construção dos fatos. Trad. Vitor de
Paula Ramos. São Paulo: Marcial Pons, 2016.

VASCONCELLOS, Vinícius Gomes de. Standard Probatório para Condenação e Dúvida


Razoável no Processo Penal: análise das possíveis contribuições do ordenamento
brasileiro. Revista Direito GV. v.16, n.2, p. 1-26. 2020.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

GÊNERO E APATRIDIA

Micaela da Silva Luizar11


Wanise Cabral Silva12

Palavras-chave: Apatridia; Gênero; Direitos Fundamentais; Nacionalidade; Pluralismo


Jurídico.

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Este trabalho nasce das questões suscitadas pela formação da apatridia através da
desigualdade de gênero em um contexto global multicultural. Diante do tema de
Humanização do Direito Internacional, perante a abordagem sobre multiculturalismo e
pluralismo jurídico, é possível realizar um recorte especial em relação a formação da
apatridia em virtude das desigualdades de gênero no âmbito social e jurídico. O tema será
exposto e encadeado no decorrer das páginas de acordo com a sua relação com os casos
jurídicos de Maha Momo, a primeira mulher apátrida reconhecida pelo Brasil, e de Esterline,
mulher haitiana que não conseguiu fornecer nacionalidade aos seus filhos nascidos na
República Dominicana.
Portanto, o objetivo deste trabalho é: analisar os conflitos jurídicos da condição dos
apátridas com foco na questão de gênero e nas problemáticas enfrentadas pelo Direito
Internacional, utilizando como base casos jurídicos relevantes ao tema. De tal forma, seguir-
se-á a seguinte metodologia: primeiro haverá uma breve explanação sobre o caso de Maha
Momo e de Esterline. Em seguida, haverá uma análise dos termos em debate no Direito
Internacional: nacionalidade, cidadania e apatridia, fortificada por uma análise da aplicação
do tema dentro do contexto global, através dos embates e soluções apresentados pelo
Direito Internacional. Depois, haverá uma análise jurídica da formação do Estado de acordo

11
Graduanda da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5806206490741114; micaelaluizar@id.uff.br
12
Professora Associada II da Universidade Federal Fluminense. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5790995341120597; wanisecabral@id.uff.br

37
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

com a construção de gênero imperativa na sociedade. E, por fim, fazer-se-á um debate sobre
gênero com foco no multiculturalismo e pluralismo jurídico para tratar sobre o embate entre
rejeição e tolerância. Assim, a conclusão retomará os pontos mais relevantes do trabalho
com o intuito de reforçar a tese sobre o movimento cíclico de criação da apatridia que
fomenta a desigualdade de gênero e vice-versa.

ABORDAGEM TEÓRICA

Há de se ter em vista os principais debates deste trabalho são as relações entre


gênero e Estado, bem como os dilemas do multiculturalismo e pluralismo jurídico e, por fim,
as reflexões acerca dos direitos das famílias, a autonomia privada inerente a essas relações
e os conflitos delas decorrentes, em especial as possíveis tensões vivenciadas diante da
interferência do Estado.
Assim, o duplo fazer de gênero e Estado (LOWENKRON e VIANNA, 2017) se
demonstra como essencial à formação da apatridia uma vez que as instituições legais são
guiadas a partir de um modelo de gênero (um Estado masculino: viril, corajoso e protetivo),
bem como o gênero busca guiar-se de acordo com a formulação estatal do exemplo a ser
seguido. Não obstante, a falta de reconhecimento dos direitos das mulheres são justamente
o ponto principal de formação de inúmeros casos de apatridia, assim como ocorre o
movimento inverso em que a apatridia amplifica a desigualdade de gênero. O primeiro
ponto se apresenta pela dificuldade de fornecer às mulheres direitos jurídicos iguais aos dos
homens, entre eles o direito a ter e passar sua nacionalidade, enquanto que o segundo
ponto se apresenta quando mulheres apátridas possuem, todavia, mais dificuldade em
serem protegidas pelos Estados em que vivem quando sofrem com a violência de gênero.
Ademais, as reflexões acerca dos direitos das famílias (BARBOSA, 2018) se
relacionam com os debates de gênero, haja vista o caso de Esterline que não pode repassar
sua nacionalidade aos seus filhos. Dessa maneira, à essa família, só foram limitados tanto o
direito à nacionalidade, quanto o direito à formação familiar da maneira que lhes agradaria:
construída de maneira autônoma e validada pelo Estado.

38
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Os dilemas do multiculturalismo e pluralismo jurídico (SANTOS, 2003), por sua vez,


são essenciais ao debate quando os países maiormente formuladores de apatridia por
razões de desigualdade jurídica entre os gêneros se centram em uma formulação de Estado
e de valores divergentes dos ocidentais. De tal forma, há uma necessidade de construção de
diálogo entre as comunidades internacionais para que seja edificado um regime de
tolerância e não de rejeição sobre outras visões de mundo. Esse diálogo é o que permite
identificar como a desigualdade de gênero formuladora da apatridia pode ser encerrada sem
que se exceda e tampouco se imponham características culturais e morais divergentes aos
demais. Logo, tem-se como imprescindível o reconhecimento de outros agentes
internacionais para além dos Estados-Nação e/ou a aquisição de nacionalidade aos apátridas
que, todavia, sofrem com a exclusão do seu “direito a ter direitos”.

METODOLOGIA

A metodologia da pesquisa se dará principalmente via pesquisa bibliográfica,


partindo de uma análise primariamente na área de direito, depois nas ciências sociais e, por
fim, as análises dos casos práticos de Maha Momo e de Esterline. Assim sendo, ao longo de
todas as partes da pesquisa, haverá um enorme respaldo nos projetos (textos escritos e/ou
audiovisuais) para a fundamentação teórica do artigo a ser produzido como resultado final.
Dessa maneira, a metodologia deste trabalho se dará da seguinte forma: I. pesquisa
bibliográfica na área de direito internacional, direito constitucional, direitos humanos e
direito cível, em especial na área de direito de família; II. pesquisa bibliográfica nas áreas
interdisciplinares de sociologia do direito e história do direito; III. análise dos casos das
apátridas Maha Momo e Esterline (sem sobrenome para sua proteção) que abarcam o tema
em disputa.

39
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

CONCLUSÕES PRELIMINARES

A principal conclusão almejada com essa pesquisa é o fato de que a apatridia, apesar
de ser conceitualmente apenas a negação de uma nacionalidade, acaba também
representando a negação do exercício da cidadania e, portanto, impede que sejam
defendidos os Direitos Humanos e Fundamentais do indivíduo: o direito a ter direitos. Esta
característica, por sua vez, é extremamente relevante ao Direito Internacional devido a
lacuna estrutural de responsabilidade internacional sobre a problemática gerada pela
formação da apatridia, sendo um dever de todos os Estados erradicá-la.
Sendo assim, a partir da análise dos casos jurídicos, visa-se constatar que a apatridia
fomentada pela questão de gênero não é um problema local ou individual, pois atinge a
inúmeras mulheres em diferentes condições de vida e em diferentes países. A apatridia trata
sobre não possuir um lar para além dos aspectos materiais. Assim, viver na condição de uma
mulher apátrida ou com filhos apátridas significa viver sem direitos civis.
É mister compreender que o gênero não passa como fator despercebido ao longo da
formulação da apatridia, devendo, a igualdade de gênero, ser igualmente defendida em lei
como maneira de manter a transmissão da nacionalidade e o enfrentamento à violência de
gênero repercutida sobre as mulheres apátridas.
De tal forma, torna-se perceptível que há instaurado na sociedade um movimento
cíclico de produção do Estado, do gênero, da apatridia e de inúmeros outros fatores
socioculturais que contribuem para que a desigualdade de gênero apareça como fator
decisivo para a formulação da apatridia e vice versa Sendo assim, esse artigo defenderá uma
abordagem mais equilibrada que reconhece que o direito internacional e o
multiculturalismo possuem aspectos que poderiam ser aproveitados para promover a
igualdade de gênero e, assim, complementar as leis formais sobre igualdade e apatridia,
através de uma apreciação do papel e do lugar do pluralismo jurídico na promoção da
redução dos problemas gerados pela apatridia.

40
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras. 1991.

BARBOSA, O. A. Com lenço, sem documento: gênero, apatridia e direito nas relações
internacionais. In: VITALE, D., and NAGAMINEM R., eds. Gênero, direito e relações
internacionais: debates de um campo em construção [online]. Salvador: EDUFBA, 2018, pp.
266-284.

BRENNAN, Deirdre. Feminist Foresight in Statelessness: Century-old Citizenship Equality


Campaigns. Statelessness & Citizenship Review. 2020.

KYMLICKA, Will. Ciudadania Multicultural – Una Teoría Liberal de los Derechos de las
Minorias. Buenos Aires: Paidós, 200X.

LOPES, Dulce. Plurals of Citizenship: Instruments for Inclusion. Springer Nature Switzerland
AG 2021. W. Leal Filho et al. (eds.), Peace, Justice and Strong Institutions, Encyclopedia of
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71066-2_116-1. Acessado em: 12 de junho de 2021

LOWENKRON, Laura e VIANNA, Adriana. O duplo fazer do gênero e do Estado:


interconexões, materialidades e linguagens. Dossiê Gênero e Estado: Formas de Gestão,
Práticas e Representações. Cadernos Pagu, n. 51, 2017

MOMO, Maha e OLIVEIRA, Dárcio. Maha Mamo, refugiada apátrida no Brasil, fala sobre os
desafios de uma vida sem nacionalidade. Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR), 15 de dezembro de 2016. Disponível em
https://www.acnur.org/portugues/2016/12/15/maha-mamo-refugiada-apatrida-no-brasil-
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MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito internacional público: parte geral, p. 184.

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REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. 17 ed. São Paulo:
Saraiva, 2018

41
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

SANTOS, Boaventura de Souza. Reconhecer para Libertar – Os caminhos do cosmopolitismo


multicultural. Coleção Reinventar a Emancipação Social para Novos Manifestos Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2003

SILVEIRA, Rogério Zanon de. Tributo, educação e cidadania: a questão tributária no ensino
fundamental como fator de desenvolvimento da cidadania participativa no Brasil. 2. Ed.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

UMA (RE)VISÃO CRÍTICA ACERCA DA LEI N. 12.318/2010 E O DISCURSO DE


GÊNERO PRESENTE NA SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL

Ana Beatriz da Silva Marques13


Carolina Lopes de Oliveira14

Palavras-chave: Gênero; Alienação Parental; Síndrome; Crianças e Adolescentes; Família.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho acadêmico tem por objetivo analisar a chamada Síndrome da


Alienação Parental (SAP) sob uma perspectiva crítica de base empírica, considerando a
interdisciplinaridade do tema com a ciência psicológica, bem como o discurso de gênero
trazido pela Teoria de Gardner. Não obstante, serão analisados os impactos sociais e
jurídicos causados pela Lei n. 12.318/2010 no Brasil, mais conhecida como Lei de Alienação
Parental, uma vez que este é somente o segundo país que optou por legislar sobre a
temática. Para tanto, foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, por meio do método
interpretativo sistemático e crítico-dialético.

ABORDAGEM TEÓRICA

Desde o Código Civil de 1916, o Direito das Famílias passou por inúmeras mudanças,
principalmente em relação ao núcleo estrutural da família brasileira. Isto porque, na medida
em que famílias são pequenos núcleos de pessoas interligadas, basta alterar o status de um
de seus membros, para que todas sofram as consequências. A título de exemplo, pode-se

13
Graduanda em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF/PUVR). Diretora de Produção Acadêmica
da Liga Acadêmica de Direito da UFF/VR – LADI. E-mail: an_beatriz@id.uff.br. Currículo Lattes sob o link:
http://lattes.cnpq.br/1818518911293346.
14
Doutora (2021) e Mestra (2014) em Direito pela PUC-Rio, com período sanduíche financiado pela CAPES no
Washington College of Law da American University (EUA). Graduada em Direito pela UFF-Macaé (2013).
Professora do Magistério Superior - Substituta, junto ao Departamento de Direito de Volta Redonda no
ICHS/UFF. E-mail: carolinalopes@id.uff.br. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9646128625742910.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

citar a possibilidade do divórcio e do fim da união estável, que fez com que a estrutura
familiar começasse a sofrer alterações no que se refere à guarda dos filhos.
Diante disso, com intuito de garantir a convivência familiar saudável da criança e do
adolescente com ambos os pais ou mães durante o processo de rompimento do Poder
Familiar, foi instituída no Brasil a Lei da Guarda Compartilhada, através da qual ambos os
responsáveis poderão exercer o direito de guarda, ficando obrigados de forma conjunta a
cumprir os deveres e responsabilidades inerentes ao Poder Familiar (NOGUEIRA, 2015).
Neste contexto de ressentimento pela separação e disputa pela guarda dos filhos,
surge o fenômeno denominado por especialistas de alienação parental, síndrome da
alienação parental (SAP) ou implantação de falsas memórias (DIAS, 2016, p. 538).
A priori, cumpre destacar que a síndrome de alienação parental não se confunde
com a mera alienação parental. Os institutos se complementam, mas Priscila Fonseca (apud
ARAÚJO, 2013) esclarece que a alienação parental se relaciona com o processo
desencadeado pelo genitor ou terceiro alienante, enquanto a síndrome é decorrente do
processo de alienação, dizendo respeito às sequelas emocionais e comportamentais que a
criança vítima vem a padecer.
A “Teoria da Síndrome da Alienação Parental” foi construída pelo psiquiatra norte-
americano Richard Alan Gardner, em 1985 (BATALHA; SERRA, 2019 p. 23). Ele era um
psiquiatra infantil com forte atuação em casos de divórcio e disputa de guarda, sempre
figurando como perito (MENDES, 2019, p. 11). Para Gardner, a síndrome de alienação
parental:

É principalmente a manifestação de uma campanha de rejeição da criança


contra um dos seus pais, uma campanha que não é justificada pelo
comportamento do progenitor. É o resultado da combinação da
programação do progenitor doutrinador e da contribuição da própria
criança para a difamação do progenitor visado. a difamação do progenitor
visado (GARDNER apud CUENCA, 2008, p. 13).

Desta forma, segundo Maria Berenice Dias (2016, p. 87), sejam as acusações
verdadeiras ou falsas, a criança já é vítima de abuso, posto que se verdadeiras, as

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

consequências serão devastadoras, porém, se falsas, a criança será vítima de abuso


emocional, o que afeta seu sadio desenvolvimento.
Os resultados dos estudos realizados sobre a síndrome indicam que as
consequências na formação psicológica dos menores e os efeitos a longo prazo podem ser
diversos, tais como: baixa autoestima, depressão, abuso de drogas e álcool, perda de
confiança, alienação de seus próprios filhos, altas taxas de divórcio e outras respostas
especificidades negativas (BAKER apud CUENCA, 2008, p. 92).
No Brasil, o Poder Judiciário passou a ter maior atenção ao fenômeno por volta do
ano de 2003, quando surgiram as primeiras decisões reconhecendo este fenômeno
(FREITAS, 2015).
À luz da dignidade humana e da proteção integral da criança e do adolescente, foi
promulgada a Lei n. 12.318/2010, conhecida como Lei da Alienação Parental. O conceito
legal da SAP elaborado pelo legislador é amplo, pois não prevê apenas os genitores como
alienadores, mas também os avós e parentes que tenham a guarda ou vigilância da criança,
consoante artigo 2° da referida lei.
No entanto, há uma problemática que parte do fato da “Teoria de Gardner acerca da
Síndrome de Alienação Parental” ter sido utilizada como base do Projeto de Lei 4.053/2008,
posteriormente promulgado como Lei n. 12.318/2010.
Ocorre que Richard Gardner teve uma trajetória profissional controversa, não
somente por tentar defender, sem sucesso, o reconhecimento da SAP como transtorno
diagnosticável e classificável na CID e no DSM, mas também por atuar como perito na defesa
de homens acusados de pedofilia/incesto (GARDNER apud MENDES, p. 11-21).
Não por acaso, classicamente as mães foram vistas como as principais alienadoras
por Gardner e seus sucessores (MENDES, p. 21). Através de uma análise crítica à Teoria de
Gardner, extrai-se que o psicólogo posiciona a mãe, por excelência, como principal
alienadora. Trata-se de visão reducionista e sexista acerca da mulher em posição
manipuladora, pois Gardner:

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Afirmava, ainda, de forma simplista e com claro preconceito ao gênero


feminino que 90% dos alienadores eram mães “furiosas” que encontram
nas falsas alegações de abuso sexual, poderosas armas contra seus ex-
maridos a fim de obterem a guarda, cortar a visitação ao pai ou vingar-se.
Além disto, Gardner, maliciosamente sugeria que quando uma mulher
acusa o pai de molestar o filho, ela poderia estar projetando suas próprias
inclinações sexuais por ele (apud BATALHA; SERRA, 2019, p. 24).

A “Teoria Gardneriana da Síndrome da Alienação Parental”, base da Lei 12.318/2010


no Brasil, é rejeitada em muitos países, como: Inglaterra, Países de Gales, Canadá, Portugal,
Argentina e Espanha, por ausência de credibilidade científica. Atualmente, Brasil e Porto Rico
são os únicos países que contemplam a temática em suas legislações.
A falta de credibilidade científica é notória, em virtude da Organização Mundial da
Saúde - OMS, a Associação Americana de Psiquiatria - APA e a Associação Espanhola de
Neuropsiquiatria –AEN não reconhecerem a “Síndrome da Alienação Parental” como um
quadro psicopatológico, por não possuir base empírica (BATALHA; SERRA, 2019, p. 24).
Salienta-se, ainda, que a falta de evidências científicas é decorrente da falta de
bagagem empírica, pois, na maioria das vezes, faz-se a auto aplicação da abordagem de
Gardner, além de não se focar na validade e confiabilidade, bem como não buscar
explicações alternativas para o fenômeno observado (MENDES, 2019, 23-27).
Observa-se, assim, a presença da desigualdade de gênero nos julgamentos da
matéria no Direito das Famílias, seja nos casos de alienação parental ou de guarda
compartilhada.
De fato, o objetivo da Lei de Alienação Parental não é prejudicar e punir as mães,
mas seu projeto base, o PL n. 4.053/2008, fundamentou-se na Teoria Gardneriana da SAP,
que possui uma visão reducionista de gênero, ao apontar as genitoras como insanas e
alienadoras.
Assim, as genitoras são submetidas às acusações de alienadoras por descobrirem
denúncias graves com a criança ou adolescente e buscarem protegê-los, através do Poder
Judiciário, em busca de limitações do direito de convivência daquele genitor que causa mal
ao infante. Nesse sentido, ao ser acusada de alienadora e havendo dúvida pelo magistrado,

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

o efeito é inverso ao pretendido, de modo que a mãe passa a ter o seu direito de guarda
limitado.
Trata-se de uma situação delicada, pois normalmente os indícios de alienação
parental são apresentados somente após a descoberta de denúncias graves, como abuso
sexual, castigos físicos ou psicológicos, por exemplo, de modo que um dos genitores busca
a proteção da criança ou adolescente, real vítima da situação, mas passa a responder por
acusações de alienador.
Nesta complexa situação, os operadores de Direito, assim como as chamadas
equipes interprofissionais, ficam frequentemente aturdidos frente à dúvida se a criança foi
abusada ou, no caso da suspeita se desfazer, se ela foi alienada. Em ambas as situações, o
depoimento da criança adquire centralidade na produção de provas judiciais, seja para
confirmar a situação de abuso da qual ela seria vítima, seja para constatar que tal suspeição
provém de uma ‘falsa denúncia’, decorrente dos atos de alienação parental, conforme a Lei
n.º 13.431/2017 (BRANDÃO, 2019, p. 177).

CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou refletir acerca dos respaldos científicos da Teoria base
da Síndrome da Alienação Parental, criada por Richard Gardner, que se ergue no pilar sexista
de que as mães são as maiores alienadoras no momento da dissolução de uma união
conjugal. Tal teoria foi utilizada como fundamento do Projeto de Lei n. 4.053/2008, que
posteriormente foi promulgada na Lei n. 12.318/2010 - Lei de Alienação Parental.
Neste contexto, é imprescindível que o Judiciário esteja atento e precavido,
buscando compreender os possíveis motivos da rejeição do infante e averiguar quais
comportamentos do progenitor rejeitado originaram a recusa da criança ou adolescente,
pois não necessariamente o comportamento é oriundo de alienação parental.

47
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

REFERÊNCIAS

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Instituto Brasileiro de Direito de Família, 2013. Disponível em:
https://ibdfam.org.br/artigos/876/A+Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental+no+Ordenamento
+Jur%C3%ADdico+Brasileiro#. Acesso em: 27 mai. 2023.

BATALHA, G. F. O. M.; SERRA, M. C. D. M. Produções discursivas de gênero: uma reflexão


crítica sobre a Lei n. 12.318/2010 e a “Síndrome da Alienação Parental”. Revista de Direito
de Família e Sucessã, Belém, v. 5, n. 2, p. 19-37, 2019.

BRANDÃO, Eduardo Ponte. Os problemas de gênero da Alienação Parental e na Guarda


Compartilhada. Conselho Federal de Psicologia. Brasília, 1 ed., p. 173-184, 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Diário


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BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do


Adolescente, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília,
DF, 16 jul. 1990. p. 13563. Disponível em
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BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 01 mai.
2013.

BRASIL. Lei n. 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o
art. 236 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm. Acesso em: 01
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CUENCA, José Manuel Aguilar. Síndrome de Alienación Parental. Madrid: Editorial Síntesis,
2008. Disponível em:
https://clea.edu.mx/biblioteca/files/original/ba9bb3d4610ff1ea13bc9a35d6009373.pdf.
Acesso em: 03 mai. 2023.

DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 11 ed., Revista, Atualizada e ampliada.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

MENDES, Josimar Antônio de Alcântara. Genealogia, Pressupostos, Legislações e Aplicação


da Teoria de Alienação Parental: uma (re)visão crítica. Conselho Federal de Psicologia. ISBN:
978-85-89208-99-4, Brasília, 1 ed., p. 11-35, 2019.

FREITAS, Douglas P. Alienação Parental - Comentários a Lei 12.318/2010. São Paulo: Grupo
GEN, 2015.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

O DIÁLOGO COMO PREMISSA DE REVISÃO DO SISTEMA CIVIL LAW: REPENSAR A


VISÃO ADVERSARIAL-PROCESSUAL A PARTIR DA CULTURA DIALÓGICA

Tauã Lima Verdan Rangel15

INTRODUÇÃO

Este estudo trata em traçar, resumidamente, uma análise sobre os sistemas civil law
e da common law. As diferenças entre essas tradições, e a influencia que estas trazem na
estrutura social e jurídica de países como Brasil e Estado Unidos da América. Diferenças
como a forma da sociedade enxergar o litígio, a cultura que essas tradições trazem na forma
de resolução de conflitos. Uma com uma cultura adversarial, buscando a codificação de
todas as regras jurídicas, com total intervenção do Estado na resolução de todas as
demandas da sociedade. Outra com técnicas de precedentes, aplicando o direito baseado
em decisões anteriores, motivando os indivíduos a pensarem na melhor solução de seus
conflitos, com mínima intervenção do Estado.
Será tratado também os resultados de uma formação social adversarial discutindo
os benefícios da conscientização de uma sociedade que se vê capaz de resolver seus
conflitos mais simples, sem a necessidade de máxima intervenção do Estado, motivando o

15
Pós-Doutorado em Sociologia Política pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da
Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro” (UENF/2020) (UENF/2021). Doutor em Ciências
Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense (2018). Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Universidade Federal Fluminense (2015). Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Camilo
(CUSC/2011). Coordenador de Pesquisa, Extensão, Inovação e Internacionalização do Centro Universitário
Redentor (UniREDENTOR – Afya). Coordenador do Grupo de Pesquisa “Faces e Interfaces do Direito:
Sociedade, Cultura e Interdisciplinaridade no Direito”, vinculado ao Centro Universitário Redentor
(UniREDENTOR – Afya). Autor, pela Editora Iole, da coleção “Escritos Jurídicos” sobre o Projeto de Florença
(2023), sobre Acesso à Justiça (2023), sobre Juizados Especiais (2023), sobre o Pós-Pandemia (2023), sobre
Emergências Sociais (2022), sobre Justiça Social (2022), sobre Liberdade Familiar (2022), em tempos de
Pandemia (2022), sobre Vulnerabilidade (2022), sobre Sexualidade (2021), sobre Direitos Humanos (2021),
sobre Meio Ambiente (2021), sobre Segurança Alimentar (2021) e em Tempos de Covid-19 (2020). Autor, pela
Editora Pimenta Cultural, da coleção “Direito em Emergência” (v. 1, 2 e 3) (2020, 2021 e 2022). Autor dos
livros: Segurança Alimentar e Nutricional na Região Sudeste (Editora Bonecker, 2019); e Fome: Segurança
Alimentar e Nutricional em pauta (Editora Appris, 2018).

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

diálogo desde os pontos mais básicos da sociedade, o que pode proporcionar uma
diminuição na demanda do judiciário e uma evolução no formato das relações sociais.

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente trabalho tem por intuito examinar o formato adversarial enraizado na


sociedade brasileira, o que reflete nas demandas processuais do país, que demonstra uma
cultura litigiosa, prestigiando a briga em prejuízo da paz. Pretende, ainda, este ensaio,
explorar as diferentes tradições de modelos jurídicos existentes que geram fundamento
para a diferença entre sociedades que buscam ou não o litígio para resolução de suas
demandas. Para tanto, em síntese, são abordadas as influências advindas dos modelos Civil
Law e da Common Law, bem como o impacto produzido na gestão do conflito. Sobre tal
ponto, é importante salientar que a tradição Civil Law nutriu um formato baseado no litígio,
que gera uma sociedade dependente de uma intervenção do Estado para a condução da
demanda.
Em complemento, convém assinalar que a tradição Civil Law encontra,
historicamente, raízes em um modelo de direito romano-germânico, dotado de regras e cuja
crença na codificação voltava-se para o ideário de concretização de maior segurança
jurídica. Em sentido diferente, a tradição Common Law, cuja pedra angular é o stare decisis,
pauta-se nas decisões judiciais que, por sua vez, são baseadas em decisões pregressas da
mesma natureza. Há, nesta tradição, uma cultura de mínima intervenção do Estado, o que
possibilita aos indivíduos a busca das soluções dos litígios entre si, bem como a motivação a
uma maior liberdade da atuação dos juízes, diferente do modelo romano-germânico, que,
em decorrência de seus aspectos caracterizadores, busca controlar a atuação dos juízes.
A metodologia empregada na construção do presente pautou-se na utilização dos
métodos historiográfico e dedutivo. O primeiro método científico teve como incidência
estabelecer recorte da concepção das tradições Civil Law e Common Law. No que concerne
ao segundo método, aplicou-se em razão do recorte temático proposto. Ainda no que
concerne ao enfrentamento da temática científica, a pesquisa se enquadra como qualitativa.

51
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

A técnica de pesquisa principal utilizada foi a revisão de literatura sob o formato sistemático.
Ademais, em razão da abordagem qualitativa empregada, foram utilizadas, ainda, a pesquisa
bibliográfica e a análise documental.

2 RESULTADOS ALCANÇADOS

As tradições civil law e common law são os mais importantes modelos jurídicos
permanentes, construindo dois sistemas de justiça desenvolvidos distintamente, por sua
origem histórica na sociedade ocidental. É relevante observar que estes modelos foram
influenciados pelo direito romano em sua produção, mas refletiram, ainda, esta
interferência de maneira diversa. (MENEZES et al, 2020, p. 257)
A expressão common law significa direito comum, reunindo sentenças judiciais
pregressas para nortear julgamentos por analogia. A Civil Law, oriunda do direito romano-
germânico, também é conhecida como o Direito da Lei escrita é alicerçado em códigos, com
a lei contendo regras que regulam as relações interpessoais. (MENEZES et al, 2020, p. 261).
As diferenças dos sistemas jurídicos nos países se pautam na origem da cultura e os modelos
Civil Law e Common Law são, muitas vezes, o norteador dos sistemas aplicados. Assim
sendo, ao usar os modelos brasileiros e americanos comparados, é possível uma
compreensão do modelo adversarial arraigado na sociedade brasileira. (GARCIA, 2013, p. 7)
Resumidamente, o Brasil tem por base uma cultura romano-gêrmanica, adotando do
modelo civil Law. Tais aspectos se desdobram em uma classificação de processo inquisitorial,
que sugere uma disputa entre as partes com total interferência do Estado. Já na sociedade
estadunidense, com o sistema Common Law, está arraigada uma cultura anglo-saxônica,
com um processo adversarial, que busca uma disputa entre as partes com a mínima
intromissão estatal. (GARCIA, 2013, p. 7)
As normas inseridas no ordenamento jurídico incentivando a solução dos litígios de
forma consensual são positivas, mas não são suficientes. Uma cultura, para que se
desprenda da forma adversarial, deve ser estimulada pela quebra de paradigmas da
sociedade e dos operadores do Direito. Um formato simples e eficiente para a

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

conscientização e combate a realidade de conflito é o estimulo do diálogo aos indivíduos em


seus círculos sociais, motivando este diálogo dentro dos próprios lares sempre que surgir
um conflito em família, ou até mesmo nas escolas. Assim, não será combatido o conflito,
mas sim motivada a prática da resolução das desarmonias. Contudo, nem mesmo nas grades
curriculares das faculdades de Direito, há matéria obrigatória de métodos consensuais de
resolução de conflitos (DOMINGUES, 2017, p. 106)

CONCLUSÕES

Uma sociedade que enxerga apenas o Estado como possível solucionador de seus
conflitos acaba congestionando o seu judiciário, fato que é evidente no Brasil. É visível a
necessidade de mudança na mentalidade desses indivíduos, alterarem a atuação combativa
para a propagação da cultura do diálogo. Essa alteração no comportamento trará um alívio
a sobrecarga do Judiciário, as partes conflitantes encontrarão uma solução coerente com
seus anseios, e até mesmo um ambiente de maior harmonia nas relações sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOMINGUES, Patrícia Martinez. A desconstrução da cultura do litígio a partir do


afastamento da mentalidade adversarial sobre a realidade conflitiva. 115f. Monografia
(Bacharelado em Direito) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2017.
Disponível em:
http://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/20249/1/DesconstrucaoCulturaLitigio.pdf.
Acesso em 28 jul. 2021.

GARCIA, Cláudia Moreira Hehr; VERDAN, Tauã Lima. A Mediação no Novo Código de
Processo Civil Brasileiro: Críticas à Efetivação do Instituto de Composição de Litígios, a
partir de uma análise construtiva das tradições Civil Law e Common Law. In: PINHO,
Humberto Dalla Bernardina de et all. (org.). Mediação Judicial e Garantias Constitucionais.
Niterói: Editora do PPGSD, 2013.

MENEZES, Beatriz Guimarães et al. Uma analise do common law e civil law e suas
aplicações juridicas. uma analise do common law e civil law e suas aplicações jurídicas. In:
MEZACASA, Douglas (org.). O Direito e sua complexa concreção. v. 3. Ponta Grossa: Atena
Editora, 2020. Disponível em:

53
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

https://sistema.atenaeditora.com.br/index.php/admin/api/artigoPDF/31123. Acesso em
28 jul. 2021.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

AUTONOMIA REPRODUTIVA E SEXUAL DA MULHER NEGRA: UMA ANÁLISE SOB


O CONCEITO DE JUSTIÇA REPRODUTIVA.

Carolina Silvino de Sá Palmeira16

Palavras-chave: Autonomia Reprodutiva; Mulher Negra; Justiça Reprodutiva; Direitos


Reprodutivos.

Os direitos reprodutivos são descritos como o direito subjetivo de toda pessoa


decidir sobre número de filhos e intervalo entre os nascimentos e de ter acesso aos meios
necessários para o livre exercício da autonomia reprodutiva, sem discriminação, coerção,
violência ou restrição de qualquer natureza (VENTURA, 2009, p. 19). Trata-se de uma
construção prática de movimentos feministas. Na década de 70, as reivindicações
concernentes aos direitos reprodutivos se centravam na autonomia corporal da mulher e no
controle da fertilidade (VENTURA, 2009, p. 22). Posteriormente, outras demandas foram
incorporadas como o direito ao aborto, o acesso à contracepção e o exercício da
maternidade (VENTURA, 2009, p. 22). A noção de que os direitos reprodutivos integram os
direitos humanos básicos fica em evidência na Conferência Internacional sobre População e
Desenvolvimento realizada em 1994, ocasião em que se estabelece a relação entre direitos
reprodutivos e direitos das mulheres, sob a perspectiva equitativa de gênero (VENTURA,
2009, p. 22-23).
No Brasil, muitas mulheres foram e ainda são esterilizadas voluntariamente,
contudo, persiste um paradoxo: por um lado, a vontade e a liberdade não são respeitadas e
ocorre a compulsoriedade da esterilização; por outro, mulheres que desejam se utilizar da
cirurgia de esterilização, encontram barreira no acesso aos serviços públicos de saúde.
Percebe-se que as mulheres são o sujeito das políticas de planejamento familiar, todavia,
nem sempre a sua autonomia e seus interesses são igualmente considerados, como se a elas

16
Advogada. Mestra em Teorias Jurídicas Contemporâneas pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (FND/UFRJ). Especialista em Direito Público e Privado pela Escola da Magistratura do
Estado do Rio de Janeiro (EMERJ). carolina.silvino1987@gmail.com. http://lattes.cnpq.br/4198556745901680.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

fosse destinado um papel alheio à função biológica, ou seja, um corpo sem sujeito
(BUGLIONE, 2010, 263-264).
A percepção sobre a subtração seletiva da capacidade reprodutiva e sobre o racismo
e o controle de natalidade, que fundamentaram políticas de esterilização de mulheres
pobres, negras e indígenas na América Latina, fez emergir a noção de justiça reprodutiva
(BIROLI, 2014, p. 39-41). O feminismo negro passou a assumir uma perspectiva
interseccional na definição de direitos reprodutivos, uma vez que a autonomia reprodutiva
idealizada em tratados internacionais e da forma como foi implementada, expressava uma
perspectiva hegemônica ocidental branca. O Plano de Ação do Cairo de 1994 trata da
autonomia reprodutiva sob a ótica de uma família nuclear, europeizada, o que configura
uma colonização que despreza realidades diversas (TELO, 2019, p. 202-206). A
descolonização de conceitos como autonomia individual e direitos reprodutivos se
demonstra necessária, para distinguir se há ou não coerção no âmbito reprodutivo e quando
é possível falar que uma mulher, em determinado contexto sociocultural, exercita atos
autônomos sobre seu próprio corpo, em matéria de direitos reprodutivos e sexuais (TELO,
2019, p. 202-206).
Nesse sentido, a noção de justiça reprodutiva promove a consciência de que mulheres
negras não só precisam assegurar o acesso a recursos materiais que promovam a autonomia
sobre o próprio corpo, mas também o direito de cuidar e criar os filhos de forma digna, sem
a intervenção de políticas típicas de uma agenda supremacista branca (BOND, 2009, p. 15).
Compreende-se que a habilidade das mulheres de determinar o próprio destino reprodutivo
está diretamente relacionado às suas condições de vida e às oportunidades que detém
frente ao Estado e à sociedade, ou seja, não se trata apenas de uma questão que envolve
acesso e autonomia individual (ROSS, 2009, p. 15). Nesse sentido, quanto maiores os
demarcadores de desigualdade, quais sejam, de raça, de gênero, geografia, mais
desproporcionais são os impactos na vida das mulheres de algumas políticas públicas, em
especial quando desvelam pautas anti-gênero (LOUZADA; BRITO, 2022, p. 140-141).
Nos estudos de Saúde Pública, observa-se que o recorte de raça, gênero e classe é
mais evidente, no que tange ao acesso a métodos contraceptivos de emergência e de longa

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

duração. Quanto aos métodos contraceptivos de longa duração tidos como reversíveis,
como implantes subdérmicos e dispositivos intrauterinos, são alternativas contraceptivas
disponíveis em consultórios médicos, mas ainda não acessíveis no Sistema Único de Saúde
(BRANDÃO, 2020, p. 15). Na análise da eficácia de métodos contraceptivos reversíveis de
longa duração, subsiste o preconceito contra estratos sociais vulneráveis, uma vez que a
indisciplina é vista como falha individual moral das mulheres com baixa renda e escolaridade
que não têm qualificação moral para escolher o método contraceptivo que melhor se
adequa. O paternalismo médico está subsumido em documento oficial da Federação
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), ocasião em que se elencou o grupo de
populações especiais de mulheres que devem ter acesso a tais métodos, diante das elevadas
taxas de gravidezes imprevistas no país (BRANDÃO, 2020, p. 14-16).
As iniquidades do sistema de saúde ficam evidentes durante a gestação e o parto. A
percepção da maternidade para a mulher negra é distinta da maternidade vivenciada pela
mulher branca. Na base desse entendimento, estão o racismo e o preconceito de gênero,
razão pela qual o estudo de direitos reprodutivos perpassa pela análise de
interseccionalidade. Alguns estudos apontam para quadros persistentes de altas taxas de
mortalidade materna e infantil e violência obstétrica que refletem iniquidades entre as
mulheres no acesso e uso de serviços públicos e privados (FAYA-ROBLES, 2019, p. 102).
Constatou-se que as políticas e ações de saúde voltadas às mulheres mais pobres têm como
foco os cuidados pré-natais e o nascimento da criança, sem levar em conta a saúde global
da mulher, que é reduzida à condição materna (FAYA-ROBLES, 2019, p. 102-103).
Percebe-se que a atenção primária à saúde da mulher negra reflete o racismo
institucional existente na Saúde. É evidente a existência de uma prática comum de silêncio
e invisibilização que atinge a saúde da população negra de um modo geral, em especial no
Sistema Único de Saúde (SUS), onde a organização e a ação do Estado, suas instituições e
políticas públicas refletem a hierarquia racial. Nesse sentido, as formas organizativas,
políticas, práticas e normas resultam em tratamentos e resultados desiguais (WERNECK,
2016, p. 541-543). Por outro lado, a desigualdade de acesso a atenção primária e aos
serviços de saúde é alimentada pelo mito da democracia racial, que força a população negra

57
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

a permanecer nas escalas inferiores da hierarquia social, o que se reflete nas condições de
vida em termos de habitação, saúde e educação (GONZALEZ, 2020, p. 36-45).
Nesse sentido, o presente trabalho tem como problema o grau de autonomia
reprodutiva da mulher negra no sistema público de saúde. Elegeu-se como objetivo geral
compreender a dinâmica do acesso a direitos reprodutivos e sexuais pela mulher negra e
como objetivos específicos investigar como são aplicados, na prática, os direitos contidos na
lei de planejamento familiar (lei 9.263/96), alterada pela lei nº 14.443 de 2022, para a
mulher negra e identificar a influência que os agentes de saúde detêm sobre as decisões da
mulher negra no que se refere ao próprio corpo e ao direito de ter ou não filhos. Conclui-se
que a saúde reprodutiva e sexual da mulher negra demanda um olhar diferenciado, sob o
viés da justiça reprodutiva como instrumento de análise, tendo em vista a importância da
interseccionalidade para a construção do debate e para que sejam assegurados o exercício
de direitos reprodutivos e sexuais para a mulher negra e pobre. Para tanto, o método
aplicado é a pesquisa bibliográfica, sob a perspectiva decolonial, com enfoque em uma
vertente jurídico-sociológica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIROLI, Flávia. Autonomia e justiça no debate sobre aborto: implicações teóricas e


políticas. Revista Brasileira de Ciência Política, 2014.

BOND, Toni M. Reproductive Justice and Women of Color. In: Reproductive Justice Briefing
Book: A Primer on Reproductive Justice and Social Change. 2009. Disponível em:
https://www.law.berkeley.edu/php-programs/courses/fileDL.php?fID=4051. Acesso em: 30
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BRANDÃO, Elaine Reis. Tênues direitos: sexualidade, contracepção e gênero no Brasil.


Anuário Antropológico, v. 45, n. 2, 2020.

FAYA-ROBLES, Alfonsina. Health regulations and social experiences of ‘high-


risk’pregnancies among young working-class women in Brazil. Health, Risk & Society, v. 21,
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

GONZALEZ, Lélia. A mulher negra na sociedade na sociedade brasileira: uma abordagem


político-econômica. In: RIOS, Flávia; LIMA, Márcia (org). Por um feminismo afro-latino-
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ROSS, Loretta. What is Reproductive Justice? In: Reproductive Justice Briefing Book: A
Primer on Reproductive Justice and Social Change. Disponível em:
https://www.law.berkeley.edu/php-programs/courses/fileDL.php?fID=4051. Acesso: 31
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TELO, Florita Cuhanga António. Direitos reprodutivos e (des) colonização: notas


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59
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

DA RELEITURA DO ARTIGO 1.830 DO CÓDIGO CIVIL A PARTIR DA EXISTÊNCIA DE


LAPSO TEMPORAL PARA A DECRETAÇÃO DO DIVÓRCIO.

Benedicto de Gonçalves Patrão17


Nathália Hermano Almeida da Silveira18

Palavras-Chave: Direito Sucessório; Sociedade Conjugal; Separação; Inventário; Análise de


Constitucionalidade.

O Direito Sucessório tem como propósito a regulamentação da transferência do


patrimônio de um indivíduo, após o seu falecimento, aos seus herdeiros e legatários (CATEB,
2012). Os cônjuges, com as inovações trazidas pelo atual Código Civil, passaram a gozar de
um novo status na ordem sucessória, através de sua elevação à condição de herdeiros
necessários (BOECKELL, 2006), em conjunto com os descendentes e os ascendentes, como
dispõe o artigo 1.845 do referido diploma legal (PATRÃO, 2017). Todavia, no momento em
que é rompida a relação de um casal, por meio da separação de fato, essa nova configuração
familiar gera, também, implicações sucessórias (TUCCI, 2003).
Segundo o artigo 1.830 do Código Civil (2002), apenas após dois anos da separação de
fato, o cônjuge supérstite perderia o direito à herança daquele que faleceu. Entretanto, há
um amplo debate em relação à constitucionalidade desse artigo, uma vez que a sua redação
tem como base legal o contexto jurídico anterior ao advento da Emenda Constitucional (EC)
66/2010.
À época, para que fosse concedido o divórcio, ainda era exigida, com fulcro na
Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), a comprovação de prévia separação
judicial por mais de um ano ou a comprovação da separação de fato por mais de dois anos.
Ocorre que, após a EC/66 de 2010, a exigibilidade do lapso temporal de dois anos da

17
Advogado, Professor Adjunto do Departamento de Direito Privado (SDV) da Universidade Federal Fluminense
(UFF), Mestre e Doutor em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Email:
benedictopatrao@id.uff.br. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5756015483623650
18
Graduanda do 9º Período do curso de Direito na Universidade Federal Fluminense (UFF). Email:
nathaliahermano@id.uff.br. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2072093785663806

60
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

separação de fato deixou de integrar o texto da Magna Carta (ALBUQUERQUE JÚNIOR,


2012).
Todavia, alguns dos frutos do escrito constitucional anterior, já reformado, seguem
integrando os demais diplomas legislativos. Dessa forma, o presente trabalho visa trazer o
debate em relação à aplicação contemporânea do artigo 1.830 do Código Civil no Direito
Sucessório Brasileiro, levantando a hipótese de dissonância entre a sua redação e a reforma
do parágrafo 6º do artigo 226 da CRFB.
A metodologia utilizada consistiu no método hipotético-dedutivo. Foi realizada a
análise da legislação constitucional e infra-constitucional no sentido de demonstrar a
necessidade de releitura, conforme a Constituição, do artigo 1.830 do Código Civil.
Posteriormente, a hipótese foi analisada com base em ampla revisão de textos científicos e
doutrinários a respeito do tema trazido à colação.
Após a análise doutrinária e jurisprudencial do tema, conclui-se pela releitura
constitucional da parte final do artigo 1.830 do Código Civil, sendo desnecessária a
observância de qualquer lapso temporal para que o cônjuge sobrevivente, separado de fato,
deixe de ser considerado herdeiro.
Portanto, houve a constatação da necessidade legislativa de reforma do presente
Código Civil no que tange à configuração sucessória, tendo em vista o entendimento atual a
respeito das relações familiares e as suas implicações patrimoniais.

BIBLIOGRAFIA

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Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

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63
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE: OS DESAFIOS ACERCA DO DIREITO DE


DISPOSIÇÃO SOBRE CUIDADOS NO FIM DA VIDA

Bruna Guesso Scarmagnan Pavelski19


Melrian Ferreira da Silva20

Palavras-chave: Bioética; Biodireito; Dignidade; Diretivas antecipadas de vontade; Morte.

RESUMO

Falar sobre VIDA, impõe se debruçar sobre tema delicado, objeto de estudos em
diversas áreas do conhecimento humano e, capaz de instigar a qualquer um que lhe ouça a
pronúncia. A vida é força motriz de grande impacto nos cenários em que seja objeto de
análise e reflexão – religião, ciência, filosofia, artes, educação – ela suscita questionamentos
que, ao Direito, não passam desapercebidos; seja por nos conduzir aos, por exemplo, às
consequências jurídicas do nascimento com vida, seja, pelos desdobramentos de seu
término espelhados na sucessão.
O Direito, dedica-se ao exame da vida sobre a ótica de sua proteção, bem como a
que lhe atribui prerrogativas ou o término das mesmas. A preocupação com sua proteção é
intensificada pela observância da dignidade da pessoa humana, elevada ao patamar
principiológico, a respaldar normas e julgados voltados à sua manutenção. A fim de
exemplificar esta afirmação, cite-se as inúmeras ações que pleiteiam tratamentos, cirurgias

19
Doutoranda em Direito - Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP. Bolsista CAPES/PROSUP.
Doutoranda em Cotutela - Universidad Pública de Navarra - UPNA. Mestra em Direito pelo Centro Universitário
Eurípides de Marília - UNIVEM (2018). Graduada em Direito pelo Centro Universitário Eurípedes de Marília -
UNIVEM (2015). Professora Pesquisadora na Universidad Pública de Navarra - UPNA. Advogada. E-mail:
bruna.guesso@gmail.com Lattes: http://lattes.cnpq.br/9701756143903023
20
Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília (2016).
Pós-graduada em Direito Civil e Direito Processual Civil e em Direito Civil pela Fundação Euripides Soares da
Rocha (1997). Cursando especialização em Direito Médico e Responsabilidade Civil e Penal pela Damásio
Educacional (2022/2023). Advogada. E-mail: melriantabachiniadv@gmail.com Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1068742951328000

64
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

e medicação de alto custo, sem os quais haverá lesão ao direito de se desfrutar de vida digna
ou, em casos mais extremos, a impossibilidade de permanecer vivo.
As dimensões do direito à vida se adensam, quando se examina a proteção à vida
intrauterina, ao nascituro e ao recém-nascido amparadas pela previsão exemplar dos
alimentos gravídicos, direitos sucessórios do nascituro, ou até mesmo na possibilidade de
cirurgias intrauterinas a permitir que graves enfermidades sejam combatidas, ainda no
ventre materno. Inegável que o Direito e a medicina, na atualidade, têm estreitado seu
relacionamento, com vistas a resguardar a vida, melhorá-la e torna-la longeva. Neste
contexto, indeclinável a menção aos avanços conquistados pelo biodireito e a bioética, no
sentido de aportarem em terras pertencentes às ciências biológicas. Ao abordarem questões
como a reprodução humana assistida, anencefalia, patenteamento de material genético,
transexualidade e até a bioética animal, entre outros, é possível se aperceber da
aproximação gradual e incessante do Direito à temas atuais e complexos.
A bioética é resultado, entre outros fatores, do surgimento do paradigma dos direitos
humanos, no ambiente pós-guerra mundial e do movimento pelos direitos civis nos Estados
Unidos, ambos em sua relação com a medicina e a saúde. Nesse contexto, a bioética tornou-
se uma instância principiológica e de preceitos fundamentais para temas que perpassam
sobre a vida humana.
Instalada a interdisciplinaridade, esta nos remete à algumas indagações de extrema
complexidade – uma vez identificada a tratativa estabelecida pelo ao direito à vida, de que
maneira o Direito, enquanto ciência, se reporta à morte? É possível falar de uma proteção à
morte ou ao direito de morrer de forma digna, examinada a escolha antecipada de como
uma pessoa deseja que sejam seus últimos dias de vida? – ao nos reportarmos à vida, faz-se
indispensável nos lembrarmos de sua inexorável terminalidade.
Distante da intenção de abordar temática tão densa e capaz de suscitar acirrados
debates, o intuito desta pesquisa é dialogar sobre o direito de, em vida e, em especial aos
pacientes acometidos de doenças graves, degenerativas e debilitantes sem prognósticos de
melhora, mas apenas de tratamentos paliativos, a possibilidade de escolherem a melhor
forma de encerrarem sua caminhada. O assunto embora em voga, na seara médica e

65
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

jurídica, ainda não encontra consenso, mas, abre margem à necessária reflexão sobre
crescente realidade, verificada na assunção das diretivas antecipadas de última vontade e
na procura por cuidados paliativos entre pacientes e familiares. O movimento de
conscientização sobre o direito de escolha presente nas diretivas antecipadas ganhou o
meio acadêmico e ao mesmo tempo as redes sociais, onde cartórios, professores e
estudiosos visam esclarecer dúvidas sobre este instrumento.
A vida é protegida e amparada desde a concepção, mas, e se durante seu
curso, surgir a preocupação acerca da maneira com a qual se deseja seja ela conduzida, em
havendo uma condição especial que sinalize sobre seu fim? Não é justamente o
conhecimento sobre o “fim da vida”, elemento necessário à tomada de consciência de que
se ela é tão importante, a forma como se encerrará, também merece a devida reverência?
Talvez seja o momento de para além do respeito à decisão última de um indivíduo, se
reconheça sua coragem em expressar-se sobre a vida sob este aspecto.
A análise profícua dos institutos em interdisciplinaridade com a principiológica da
bioética permitiu consignar que uma vez identificada a tratativa estabelecida pelo ao direito
à vida e pelo direito de como deve ser conduzido o seu fim, em momentos como em
tratamentos paliativos, o ordenamento jurídico, enquanto ciência, deve respeitar a última
vontade do paciente enfermo. Embora, mediante análise dos preceitos jurídicos vigentes,
ter-se-á constatado ausência de regramento próprio para a temática em testilha,
identificou-se que a resolução do Conselho Federal de Medicina n.º 1995 de 9 de agosto de
2012, regularizou a matéria em âmbito profissional médico, definindo que as diretivas
antecipadas de vontade é um conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados
pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em
que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade. E na
incapacidade do paciente não puder expressar sua última vontade o médico deve levar em
consideração suas diretivas antecipadas de vontade ou ainda mediante as considerações de
seu representante designado. Deveras, é admissível tutela à morte ou ao direito de morrer
de forma digna, examinada a escolha antecipada de como uma pessoa deseja que sejam
seus últimos dias de vida. Para tanto, indispensável os mecanismos e instrumentos

66
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

principiológicos da bioética, sobretudo, a beneficência e a autonomia no processo de


cuidados aos enfermos.
A autonomia convalida a dimensão da dignidade humana, evitando, de forma
desnecessária, possíveis dilacerações físicas e psicológicas do paciente no processo final de
sua vida. É sabido que a ciência e a tecnologia caminham para o prolongamento da vida,
todavia, nem sempre se traduz em qualidade de vida, tornando a caminhada desgastante,
árdua e dolorosa. Assim, caso o paciente expresse sua liberdade de escolha de não se
sujeitar a tratamentos considerados penosos, deve ser respeitado, observando, o
consentimento informado e a capacitação deste para o exercício da autodeterminação com
base na reflexão racional e bem-informada por parte da equipe médica. A beneficência deve
ser primazia na condução médica, aplicando e disponibilizando o melhor para o enfermo, de
acordo com seu interesse neste processo.
Portanto, conclui-se que para a convalidação da interdisciplinaridade aqui
demonstrada, objetivando a morte digna, esta, deve ser atrelada ao movimento de
conscientização sobre o direito de escolha, presente nas diretivas antecipadas de última
vontade, além disso, cunha-se a necessidade de a matéria ser objeto de regulamentação
jurídica, estabelecendo as nuances e limites que o tema merece, culminado na acolhida pelo
legislador dos fatos que clamam por regulamentação e proteção “desta linha de chegada
que é a morte”.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

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68
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

PROGRAMA EMPREGA + MULHERES: A EFETIVAÇÃO DO APOIO À


PARENTALIDADE COMO DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL

Ana Luiza Gonçalves de Oliveira21


Júlia Gonçalves Póvoas Pimenta22
Márcia Michele Garcia Duarte23

RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo expor, sob uma perspectiva dos direitos humanos
fundamentais, focando na igualdade de gênero, as medidas de apoio à parentalidade
previstas na lei nº 14.457 de setembro de 2022. Tal inovação legislativa tem por plano de
fundo a inserção e manutenção de mulheres no mercado de trabalho e, para isso, traz um
viés inovador de parentalidade para seara trabalhista, mas muito discutido no âmbito dos
direitos da criança e do adolescente. Nesse sentido, será examinada a letra da lei em
referência, assim como textos doutrinários e decisões judiciais que a impulsionam.

Palavras-chave: Emprega + Mulheres; parentalidade; gênero; direitos humanos


fundamentais.

INTRODUÇÃO

Como ponto de partida para compreensão dos instrumentos presentes neste artigo,
faz-se necessária uma breve explanação acerca das três primeiras dimensões dos direitos
humanos fundamentais. Ressalta-se que foi preferível a utilização do termo “dimensões” e
não “gerações” pois, conforme explicado pelo jurista Ingo Wolfgang Sarlet (2019):

(...) o reconhecimento progressivo de novos direitos humanos tem o


caráter de um processo cumulativo, de complementaridade, e não de

21
Bacharelanda em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Pesquisadora bolsista PIBIC do
“Projeto Rodrigo: para a prematuridade e pela vida”. E-mail: al_oliveira@id.uff.br. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9701713692540383
22
Bacharelanda em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Pesquisadora do “Projeto Rodrigo:
para a prematuridade e pela vida”. E-mail: pimentajulia@id.uff.br. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4439680959876183
23
Pós-Doutora em Democracia e Direitos Humanos pela Universidade de Coimbra/Portugal. Pós-Doutora em
Direito Processual pela UERJ. Doutora e Mestra pela UNESA/RJ. Professora Associada da Universidade Federal
Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). E-mail:
marciaduarte.juridico@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5572639727515411

69
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

alternância, de tal sorte que o uso da expressão “gerações” pode ensejar


a falsa impressão da substituição gradativa de uma geração por outra,
razão pela qual há quem prefira o termo “dimensões” dos direitos
humanos, posição esta que aqui optamos por perfilhar, na esteira da mais
moderna doutrina. (SARLET, 2015, p.45)

Dessa premissa, nota-se que a primeira dimensão tem raízes nos direitos de
liberdade e de igualdade formal. Sendo, então, identificados por um dever de omissão ou
direitos de oposição ao Estado, sendo satisfeitos por uma abstenção deste em face do
indivíduo. Já a segunda dimensão acaba por se voltar para a defesa dos direitos sociais, em
que se produz a expectativa de dever de ação, uma vez que são solucionados por uma
prestação por parte do Estado Social, em atendimento às necessidades sociais, econômicas
ou culturais para a realização da vida em toda sua potencialidade. Por fim, os direitos de
terceira dimensão são os chamados direitos difusos ou coletivos, alicerçados nos princípios
da fraternidade e solidariedade. Nos interessa, aqui, a igualdade, tanto da perspectiva
formal, difundida pela primeira dimensão, quanto da material, defendida pela segunda.
Nesse sentido, temos como objetivo observar a parentalidade e seus
desdobramentos a partir do viés da igualdade de gênero. Isso se justifica pois,
historicamente, esses conceitos eram interligados, visto que os papéis tidos como femininos
e masculinos eram pré-estabelecidos.
Afere-se, por exemplo, o conceito de pátrio poder, instituto consagrado no Código
Civil de 1916 que teve seu berço no direito romano. Nesse cenário, o pater detinha o poder
e autoridade na família, de forma que podia, até mesmo, impor castigos corporais
(GONÇALVES, 2017). Tratando-se da figura feminina, nota-se que era tida como
completamente subordinada ao marido e como a responsável pela criação dos filhos. Tal
panorama sofreu mudanças em 2002, com a alteração da denominação de pátrio poder para
poder familiar, o que possibilitou a igualdade jurídica entre pais no tocante aos seus direitos
e deveres para com seus filhos.
Nessa perspectiva, adentramos à Lei nº 14.457, que instituiu o Programa Emprega +
Mulheres. Essa norma, em seu art.1º, parágrafo único, dispõe que “parentalidade é o vínculo
socioafetivo maternal, paternal ou qualquer outro que resulte na assunção legal do papel

70
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

de realizar as atividades parentais, de forma compartilhada entre os responsáveis pelo


cuidado e pela educação das crianças e dos adolescentes”24, em conformidade ao Estatuto
da Criança e do Adolescente. Nessa perspectiva, percebe-se, também, que o viés de gênero
foi retirado, mas aqui, para além da igualdade jurídica, fala-se em igual responsabilidade
afetiva com suas proles. Desse modo, serão expostos os principais pontos da lei e referência
que possibilitam esse vínculo de afeto e suas, possíveis, consequências práticas.

OBJETIVOS E ABORDAGEM TEÓRICA

A priori, tensionar-se-á o caráter da Lei nº 14.457/22: criada pela Medida Provisória


nº 1.116/2022, baseada no novo paradigma pandêmico mundial, o novo dispositivo legal
possui como finalidade estabelecer, de maneira legal, uma equidade de gênero nos
ambientes de trabalho, através do apoio ao papel da mãe na primeira infância dos filhos; da
qualificação de mulheres em áreas estratégicas visando a ascensão profissional; e da
facilitação do retorno das trabalhadoras após o término da licença-maternidade.
Essa norma visa explorar e difundir boas práticas, por parte das empresas, para
inserção e manutenção das mulheres no mercado de trabalho. Nesse âmbito, como principal
atrativo para seu cumprimento, percebe-se o selo “Emprega+Mulheres”. Tal mecanismo,
conforme exposto no Capítulo VIII da lei, objetiva, entre outros fatores, reconhecer as
realizações de empregadores que visem, entre outros objetivos: à divisão igualitária das
responsabilidades parentais e à promoção da cultura de igualdade entre mulheres e
homens25.
Nesta seara, verifica-se que o ordenamento jurídico brasileiro adentra em uma nova
fase: a promulgação de leis que buscam a devida efetivação dos direitos fundamentais, além
de aspirar uma igualdade de gênero.
Entretanto, carece de imperatividade. Apesar da tentativa do legislador de
pacificação da igualdade laboral entre homens e mulheres, a lei não possui uma natureza

24
Art. 1º, parágrafo único, lei nº 14.457/2022.
25
Art.24, §1º, II, alíneas “b” e “c”, Lei nº 14.457/22.

71
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

imperativa, apresentando-se como omissa e ausente de sanções específicas para os


empregadores descumpridores de seus regimentos.
Através de uma abordagem histórica e legislativa, sob uma perspectiva metodológica
comparativa, o presente estudo objetiva categorizar as produções jurídicas em prol da
parentalidade, culminando em uma análise crítico-social da Lei nº 14.457/2022. Com isso,
pretende-se adentrar no caráter propositivo da lei, explicando as medidas fomentadas e
buscando os desdobramentos práticos, em especial a concessão do benefício creche, a
flexibilização do regime de trabalho, o apoio ao retorno ao labor após o término da licença-
maternidade, além das possibilidades de suspensão do contrato de trabalho de pais
empregados e, por fim, as alterações promovidas no Programa Empresa Cidadã (lei nº
11.770, de 9 de setembro de 2008). Sendo essa última a questão mais palpável para a
promoção da divisão igualitária das responsabilidades parentais.

CONCLUSÕES

Como apresentado, o Programa Emprega + Mulheres, ao propor medidas de


inserção e manutenção de mulheres no mercado de trabalho, traz um excelente conceito
de parentalidade, o qual é desvinculado do gênero do responsável legal pela criança ou
adolescente e focado no que deve ser mais caro: o afeto.
Ressalta-se que como principal medida, para além da flexibilização do trabalho e do
apoio à parentalidade na primeira infância, nota-se o apoio ao retorno ao trabalho após o
término da licença-maternidade, com foco na suspensão do contrato de trabalho de pais
empregados e nas alterações no Programa Empresa Cidadã.
Sendo assim, a Lei nº 14.457/2022, apesar de ser mais um passo para a igualdade de
gênero, tanto na relação empregatícia quanto no cuidado e vínculo com os filhos, têm um
caráter meramente propositivo, visando somente o reconhecimento de boas práticas. Dessa
forma, questiona-se se a carência de imperatividade pode pôr em cheque a sua eficácia.

72
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº 14.457 de 22 de setembro de 2022. Institui o Programa Emprega + Mulheres;


e altera a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º
mai. 1943, e as Leis nºs 11.770, de 9 de setembro de 2008, 13.999, de 18 mai. 2020, e
12.513, de 26 de outubro de 2011. Brasília, DF: Presidência da República, [2022].
Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2022/Lei/L14457.htm> Acesso em maio de 2022.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 6 : direito de família / Carlos
Roberto Gonçalves. – 14. ed.– São Paulo : Saraiva, 2017.

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional. 12° ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2015, p.45.

SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito
Constitucional. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

73
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

A CONSENSUALIDADE COMO FORMA DE PRESERVAÇÃO DAS RELAÇÕES E DOS


DIREITOS FUNDAMENTAIS NOS TRÂMITES DA ADOÇÃO

Ana Beatriz Miranda Olivia Santos26


Ana Lucia Pazos Moraes27

Palavras-chave: Adoção; Mediação; Cartório Extrajudicial

A adoção é reconhecida como um instrumento jurídico e social que desempenha um


papel fundamental na garantia da dignidade da pessoa humana. Ela proporciona à criança
ou adolescente a oportunidade de ser inserido em um ambiente familiar, onde todas as suas
necessidades básicas, principalmente as afetivas, possam ser plenamente atendidas, isto é,
busca-se proporcionar-lhes não apenas cuidados materiais adequados, mas também
estabelecer laços afetivos sólidos e duradouros.
Nesse contexto, existem normas e procedimentos estabelecidos com o propósito de
orientar e regular o processo de adoção. Tais regras são contempladas na Constituição
Federal de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no Código Civil, bem como
na legislação específica, a Lei da Adoção (Lei n° 12.010/2009), que sofreu atualizações
recentes por meio da Lei n.º 13.509 de 2017.
Entretanto, uma questão de grande relevância no contexto da adoção diz respeito à
burocracia e à morosidade dos procedimentos estabelecidos. Embora se reconheça que
essas medidas têm por objetivo garantir a segurança e a máxima proteção aos adotantes e
adotados, é importante considerar o debate jurídico que surge em relação a esse aspecto.
Levanta-se a preocupação de que as formalidades excessivas, ao comprometerem a
celeridade do processo, representem obstáculos que desestimulem a adoção, o que viola,
diretamente, o princípio constitucional do melhor interesse do menor envolvido. É
necessário, portanto, analisar com cuidado e discernimento a necessidade de encontrar um

26
Correio eletrônico: anabeatrizolivia@gmail.com; Link do lattes: https://lattes.cnpq.br/4067098379274361
27
Correio eletrônico: analuciapazos@yahoo.com.br. Link do lattes:
https://lattes.cnpq.br/0395224183712283

74
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

equilíbrio entre os requisitos legais e a agilidade no trâmite da adoção, visando assegurar a


efetiva promoção dos direitos fundamentais e bem-estar do menor.
Muitos autores argumentam que, devido à natureza cautelosa do processo de
adoção, as formalidades excessivas e intervenção judicial desempenham um papel
fundamental na verificação da idoneidade dos pretendentes à adoção, avaliando suas
condições emocionais, financeiras e a capacidade de construir uma relação afetiva com o
adotado.
Ocorre que existem diversas situações em que o processo de adoção parece ir na
contramão, isto é, a criança ou adolescente já está inserida no convívio familiar, onde
relações de afeto, confiança e afinidade já foram solidificadas. Nesses casos, embora os laços
afetivos já tenham sido estabelecidos, não houve a formalização legal do vínculo de filiação
devido ao rigor excessivo imposto pela legislação no processo de adoção, o qual resulta em
demoras que podem se estender por anos.
A mediação, como método consensual de solução de conflito é indicada para
situações em que a preservação dos laços afetivos é importante para a manutenção da
relação, ou mesmo seu restabelecimento, e tem o diálogo como principal ferramenta para
construção de uma solução que atenda a necessidade e o interesse de todos, com o menor
desgaste emocional, temporal e financeiro. E em se tratando de adoção, que por si só
envolve forte abalo emocional, principalmente do menor, seja criança ou adolescente, a
adoção de um método com olhar voltado para o cuidado com aquele que já é vítima do
rompimento do mais forte laço social, que é a família, será fundamental para o sucesso do
ato final, qual seja, a adoção. O sigilo previsto para as situações que envolvem interesse de
menor protegidas sob o manto do segredo de justiça não sofrerão ruptura ou ameaça, visto
que a confidencialidade integra os princípios da mediação coibindo qualquer veiculação
sobre o ocorrido durante o ato ou até mesmo sobre a identidade dos envolvidos, bem como
a imparcialidade e neutralidade do mediador protegerá o adotado da possibilidade de
violação de seus interesses. Considerando que outros atos protegidos pelo segredo de
justiça e que versam sobre relações familiares como o divórcio são passiveis de realização
em Cartório Extrajudicial, bem como o Provimento 67/2018 admite a realização de

75
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

mediação pelos cartórios extrajudiciais, vislumbramos a possibilidade de realização de


adoção quando a criança ou adolescente já está inserida no convívio familiar, onde relações
de afeto, confiança e afinidade já foram solidificadas. Sendo certo que a mediação permite
a realização de acordo provisório, deverá ser adotado para verificação da adaptação do
menor até que seja realizado o acordo definitivo consolidando a adoção. As formalidades
legais junto ao RCPN serão providenciadas pelo Cartório Extrajudicial tal qual nos demais
caso que envolvem direitos indisponíveis.
Assim, este estudo tem como objetivo investigar a viabilidade de flexibilizar,
desjudicializar ou desburocratizar o procedimento de adoção nos casos em que a criança ou
adolescente já faz parte, efetivamente, de um núcleo familiar seguro, amoroso e
responsável. A pesquisa parte do pressuposto de que, por se tratar de uma relação
consensual, estável e voluntária, seria dispensável a intervenção judiciária, podendo ser
formalizada via cartório extrajudicial, com o auxílio das técnicas de mediação.

76
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

A GARANTIA DO DIREITO DE ORIGEM NAS CARTAS DAS MÃES QUE FIZERAM


ENTREGA VOLUNTÁRIA PARA A ADOÇÃO

Juliana Fagundes28

Palavras-chave: Direito de família. Direito à origem. Entrega voluntária. Adoção.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho deriva de uma pesquisa realizada para a palestra “Adoção,


Afetividade e Responsabilidade Civil na Adoção”, realizada no dia 19/10/2022 no evento
Agenda Acadêmica UFF/2022 no campus da UFF- Macaé. Os palestrantes foram Juliana
Fagundes e Daniel Thomazelli, ambos professores da Escola de Magistratura do Rio de
Janeiro, convidados a participar do evento.
Na ocasião foi desenvolvido um tema já apresentado em palestras na OAB de São
Gonçalo e na Prefeitura de Cabo Frio, porém com adição da discussão acerca da Entrega
voluntária de crianças para Adoção, prevista no art. 19-A c/c art. 166 do ECA.
O tema da Entrega legal/voluntária havia ocupado a mídia quando uma famosa atriz
declarou ter entregado legalmente o filho recém-nascido para adoção. A atriz foi vítima de
preconceito decorrente da noção comum de que a entrega voluntária de filho seria o mesmo
que o abandono, o que vai contra o mito do amor materno incondicional.
Os alunos da graduação em Direito presentes na referida palestra levantaram
diversos pontos que foram debatidos, como a forma como a entrega deve ser feita, o
acolhimento institucional da criança e a possibilidade ou não de conhecimento da origem
biológica.

28
Mestranda em Direito pelo PPGD- PUC/RJ. Professora de Direito das Famílias na EMERJ. Pós Graduada em
Direito Público e Direito Privado na EMERJ. Pós-Graduada em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho.
Advogada. Pós- Graduada em Educação. Graduada em História pela UFMG. Servidora pública do TRT1.
E-mail: juliana_fagundes@yahoo.com; Link do currículo lattes:
https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=09545A2F76E84BFA62CA361583D10600

77
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Entre vários aspectos da entrega voluntária tratados, ressalta-se no presente


trabalho o fato de que o TJ/RJ possui um programa para acolhimento das mães que desejam
entregar voluntariamente seus filhos para adoção, no qual há atendimento por uma equipe
multidisciplinar.
Uma das etapas consiste em oportunizar à mãe que escreva uma carta para a criança
explicando os motivos que a levaram a tomar tal atitude, caso queira. Além disso, pode ser
deixada uma mensagem O objetivo é que no futuro o filho possa ter acesso à carta, junto
com os demais documentos da adoção, ao completar 18 anos.
A possibilidade de contato com a origem biológica por meio da carta escrita pela mãe
é o objeto da pesquisa. Trata-se de uma garantia do Direito de conhecer sua origem,
materializado no art. 48 do ECA e no art. 30 da Convenção de Haia.

OBJETIVOS

O principal objetivo do presente trabalho é discutir as cartas escritas pelas mães que
entregaram os filhos para adoção como instrumento de efetivação do Direito de Busca à
origem. Trata-se de uma realidade ainda não abarcada no ordenamento jurídico e não
debatida na doutrina e jurisprudência.
Como apresentado na Cartilha do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:29
Direito às origens está no hall dos direitos humanos, associado ao direito
fundamental de identidade, abarcando o princípio da dignidade da pessoa. Inclui não apenas
aspectos genéticos, mas também elementos socioculturais e aspectos existenciais.
A revelação da condição de adotado muitas vezes é visto pela sociedade como um
tabu, algo que deveria ser escondido da criança pelo seu próprio bem. Apenas muito
recentemente aceita-se que o desejo do adotado em saber sua origem biológica não
constitui falta de amor pelos pais adotivos, mas sim uma curiosidade natural do ser humano,
que não deve ser podada. Segundo entendimento do Superior Tribunal de justiça,

29
Cartilha do TJRJ; “O direito às origens no contexto da adoção”.

78
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Caracteriza violação ao princípio da dignidade da pessoa humana cercear o direito


de conhecimento da origem genética, respeitando-se, por conseguinte, a necessidade
psicológica de se conhecer a verdade biológica (STJ. REsp 833.712/RS).
No entanto, ainda que seja garantido ao adotado o acesso aos autos do processo de
adoção aos 18 anos, ou antes, se devidamente representado, o acesso ao registro feito pela
mãe biológica acrescenta elementos essenciais da história de vida da criança.
Ao discorrer sobre o programa da TJ/RJ, o Juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza afirmou30:
“(...) a dor do abandono só não é maior do que a dor do abandono sem motivos”. Ou seja,
não saber as razões pelas quais sua genitora realizou a entrega voluntária, na opinião do
magistrado, é a maior dor.
Portanto, o Direito à origem deve ser garantido ao adotado não apenas quanto à sua
condição, mas também quanto à história familiar. Assim, o sigilo que se dá ao processo de
entrega voluntária não é oponível ao filho que busca sua origem genética.
E ademais, garantir o acesso à história da mãe que o entregou é de certa humanizar
o ato de entrega, permitindo que a mulher não seja vista como a vilã, como alguém que
apenas praticou o abandono.
Entregar filho à adoção não é proibido. Não é crime. Não configura o delito de
abandono de incapaz. Até porque abrir mão do filho quando não se tem condições de criá-
lo evidencia um enorme e dolorido gesto de amor.31
A prática do poder judiciário do Rio de Janeiro de permitir a escrita e entrega das
cartas ainda é um assunto pouco falado. Daí a importância de uma pesquisa mais
aprofundada sobre o tema e sua divulgação.
A abordagem teórica realizada utilizou a doutrina que trata do Direito das famílias, dos
Direitos fundamentais e do Direito da Criança e Adolescente.

30
102ª REUNIÃO DO FÓRUM PERMANENTE DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DA JUSTIÇA TERAPÊUTICA-
realizada em 25/5/2022- disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8HCrW-3-eYg. Acesso em: 20
mai. 2023.
31
https://berenicedias.com.br/estatuto-da-adocao-projeto-para-retirar-criancas-invisiveis-do-carcere/

79
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

ABORDAGEM TEÓRICA

Ressalta-se que foi utilizada pesquisa pelo método hipotético-dedutivo com o


levantamento de questões iniciais norteadoras, elaboração de proposições hipotéticas e
revisão bibliográfica.
Assim, pode-se afirmar que se trata de uma pesquisa qualitativa na qual foi analisada
bibliografia atual sobre o tema, aliada à legislação pertinente e pesquisa jurisprudencial.

CONCLUSÕES

Esta pesquisa pretende sustentar, portanto, que o direito à origem dos adotados em
decorrência de entrega voluntária pode ser garantido de forma mais ampla com a prática
de oportunizar a escrita de cartas das mães biológicas.
Conclui-se assim, que o Direito precisa acompanhar as transformações da sociedade
e de suas formações familiares, de forma a amparar as partes envolvidas, garantindo que os
princípios de proteção à criança e ao adolescente sejam plenamente atendidos.
A prática do TJ/RJ representa grande avanço na garantia dos direitos abordados e
pode servir como parâmetro para o desenvolvimento de pesquisas semelhantes em outros
tribunais

REFERÊNCIAS

BRASIL. Código Civil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-


2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 20 mai. 2023.

BRASIL. Código de Processo Civil. Disponível em http: //


www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 20 mai. 2023.

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 mai.
2023.

80
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

______. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm> . Acesso em: 20 mai. 2023.

AMIN, Andréa Rodrigues. MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de direito da
criança e do adolescente: aspectos teóricos e práticos. 11 ed. – São Paulo : Saraiva

DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 13 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2020.

______. Estatuto da adoção: projeto para retirar crianças invisíveis do cárcere. Disponível
em: https://berenicedias.com.br/estatuto-da-adocao-projeto-para-retirar-criancas-
invisiveis-do-carcere/. Acesso em: 20 mai. 2023.

PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito das famílias. Rio de Janeiro: Forense, 2020.

TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. V.5. 14. ed. – Rio de Janeiro: Forense,
2019

______. Manual de direito civil. 8 ed. Rio de Janeiro: Método, 2018

102ª Reunião do Fórum Permanente da Criança, do Adolescente e da Justiça Terapêutica-


realizada em 25/5/2022- disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8HCrW-3-
eYg. Acesso em: 20 mai. 2023.

ENTREGA voluntária para adoção – disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=gbtstYqQSKU&t=533s.

81
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

A FORÇA ESTIGMATIZANTE DOS CRIMES DA LEI DE DROGAS, SEU REFLEXO NO


AUTOMATISMO DAS DECISÕES JUDICIAIS E A CONTRIBUIÇÃO PARA SUPER
ENCARCERAMENTO DE PRESOS PROVISÓRIOS

David Anthony Gonçalves Alves32

Palavras-chave: Prisão; Justiça; Drogas

O presente trabalho tem por objetivo identificar os possíveis motivos que


contribuem para um percentual superior a 40% de presos provisórios no sistema prisional
do Rio de Janeiro.
Para tanto, foram estabelecidos como objetos de análise: a norma penal e processual
penal como instrumentos de disputa ideológica e suas aplicações de acordo com o
“freguês”; o valor da aproximação do juiz no acompanhamento do preso logo no flagrante,
por meio das audiências de custódia; as moralidades que influenciam na tomada de decisão
dos juízes quanto à concessão, ou não, da liberdade provisória, ou de medidas restritivas
diferentes da prisão; o papel da burocracia da administração cartorária e os bastidores da
administração judiciária, como fatores contribuintes para a demora do curso do processo e
eventual análise judicial da liberdade.
A pesquisa se desenvolveu através do método etnográfico, com entrevistas e
questionários semi-estruturados dirigidos aos profissionais que atuam nesse encademento
do ciclo de justiça criminal (juízes, promotores e defensores públicos).
Dessa forma, buscou-se analisar e observar na dinâmica do fluxo processual, bem
como o processo decisório desenvolvido pelo juiz ao avaliar pela legalidade da prisão no
âmbito da audiência de custódia, primeiro contato do preso com o poder judiciário, e
posteriormente, na audiência de instrução e julgamento, como primeiro contato do preso
com o juiz da causa, as moralidades que justificam a valoração que traduz o chamado “livre

32
Doutorando em Direito do PPGDIN/UFF, davidanthony.alves@gmail.com,
http://lattes.cnpq.br/3444799588840399

82
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

convencimento motivado” ao decidir se o réu permanece preso ou não, no curso do


processo.
Para o atingimento dos objetivos da pesquisa foi estabelecido como um recorte
metodológico do campo de pesquisa a análise dos crimes da lei de drogas, cuja a incidência
representa um volume expressivo de casos dentro do apontado pela pesquisa, como os
delitos que compõem o percentual de 40% de presos provisórios, o que contribuiu para uma
análise mais aprofundada dos aspectos que demonstram a força estigmatizante dos crimes
da lei de drogas e do que representa ao indivíduo, objeto de uma prisão em flagrante, nessas
circunstâncias, para a sociedade, onde dificilmente, por força da dinâmica burocrática e das
moralidades implícitas contidas nas decisões, consegue-se a inversão e a desconstrução
dessa imagem já idealizada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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decisórias na Central de Audiências de Custódia (CEAC) do Rio de Janeiro. 2019. 130f.
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práticas, saberes e moralidades. Antropolítica, Niterói, n. 51, p. 11-37. 2021. Disponível em:
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BARRETO, Fabiana Costa Oliveira. Flagrante e prisão provisória na criminalização de furto:


da presunção de inocência à antecipação de pena. 2006. 107f. Dissertação (Mestrado em
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https://repositorio.unb.br/handle/10482/5179. Acesso em: 14 jul. 2021.

83
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

BELLOTTO, Tony. POLÍCIA. [Compositor]: Tony Bellotto. In: Cabeça Dinossauro. São Paulo:
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BERMAN, Harold Joseph. Direito e Revolução: a formação da tradição jurídica


ocidental. Tradução: Eduardo Takemi Kataoka. São Leopoldo: Unisinos, 2006. 707 p.

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Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2003/lei-10792-1-dezembro-
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84
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

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Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a
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Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido,
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91
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

PARA ALÉM DO DIÁLOGO, PENSAR A A COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA COMO


INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO DA MEDIAÇÃO

Tauã Lima Verdan Rangel33

INTRODUÇÃO

Os métodos extrajudiciais de solução de controvérsias constituem tentativa eficiente


de garantir e humanizar o direito do cidadão ao efetivo acesso à justiça. Proporcionam,
dessa maneira, ao Poder Judiciário, múltiplas portas em razão de seu caráter dialógico,
humanizado, menos técnico e burocrático.
Sob esses aspectos, o presente trabalho tem por objetivo apresentar a metodologia
humanista de resolução de conflitos como meio de compreensão e solução de
litígios,reflete-se sobre a mediação, enquanto método de solução de litígios, e seus
princípios, enquanto normas que orientam o procedimento mediativo. Nesse contexto, o
presente estudo visa ainda a avaliar a importância da Comunicação Não Violenta (CNV) na
mitigação de tais problemas e na construção de uma mediação mais colaborativa, saudável
e harmônica.

33
Pós-Doutorado em Sociologia Política pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da
Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro” (UENF/2020) (UENF/2021). Doutor em Ciências
Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense (2018). Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Universidade Federal Fluminense (2015). Graduação em Direito pelo Centro Universitário São Camilo
(CUSC/2011). Coordenador de Pesquisa, Extensão, Inovação e Internacionalização do Centro Universitário
Redentor (UniREDENTOR – Afya). Coordenador do Grupo de Pesquisa “Faces e Interfaces do Direito:
Sociedade, Cultura e Interdisciplinaridade no Direito”, vinculado ao Centro Universitário Redentor
(UniREDENTOR – Afya). Autor, pela Editora Iole, da coleção “Escritos Jurídicos” sobre o Projeto de Florença
(2023), sobre Acesso à Justiça (2023), sobre Juizados Especiais (2023), sobre o Pós-Pandemia (2023), sobre
Emergências Sociais (2022), sobre Justiça Social (2022), sobre Liberdade Familiar (2022), em tempos de
Pandemia (2022), sobre Vulnerabilidade (2022), sobre Sexualidade (2021), sobre Direitos Humanos (2021),
sobre Meio Ambiente (2021), sobre Segurança Alimentar (2021) e em Tempos de Covid-19 (2020). Autor, pela
Editora Pimenta Cultural, da coleção “Direito em Emergência” (v. 1, 2 e 3) (2020, 2021 e 2022). Autor dos
livros: Segurança Alimentar e Nutricional na Região Sudeste (Editora Bonecker, 2019); e Fome: Segurança
Alimentar e Nutricional em pauta (Editora Appris, 2018).

92
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Inicialmente, cabe dizer que, nas lapidares de Azevedo, os litígios estão


profundamente conectados à convivência social. Sendo assim, o autor menciona ainda, que,
para solucionar essas deslindes os principais mecanismos de acesso à justiça era a jurisdição
estatal, a arbitragem e a mediação, uma vez que é evidente que sempre haverá conflitos no
meio social. (GONÇALVES, 2019, p. 03).
No entanto, é notório que os mecanismos extrajudiciais de resolução de conflitos
são antecedentes ao modelo estatal, que, a posteriori, os definiu como métodos
alternativos, e que variados escritores optam por usar o vocábulo ‘adequados’.
(GONÇALVES, 2019, p. 03). Os meios alternativos extrajudiciais de resolução de conflitos
envolvem a negociação, a conciliação, mediação e arbitragem como relevantes mecanismos
de atuação unida ao litígio. (CESCA; NUNES, 2006 apud ALBUQUERQUE; ARAÚJO, 2018, p.
04).

2 RESULTADOS ALCANÇADOS

A mediação é um método utilizado em conflitos relativamente simples ou limitado,


em que o terceiro mediador pode assumir uma posição mais ativa, mas permanecer neutro
e imparcial em relação ao conflito. Trata-se de um breve processo de negociação, na medida
do possível, buscando uma efetiva coordenação social e o restabelecimento das relações sociais
entre todas as partes. (CNJ, 2017, s.p).Desse modo, contempla Didier Jr. em sua linha doutrinária:

Compreende-se que a solução negocial não é apenas um meio eficaz e


econômico de resolução dos litígios: trata-se de importante instrumento de
desenvolvimento da cidadania, em que os interessados passam a ser
protagonistas da construção da decisão jurídica que regula as suas relações.
Neste sentido, o estímulo à autocomposição pode ser entendido como um
reforço da participação popular no exercício do poder - no caso, o poder de
solução dos litígios. ( DIDIER JR., 2017, p. 305 apud PADILHA, 2020, p. 149)

93
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Sendo assim, o mediador se comportará apenas como atenuador da comunicação,


viabilizando o diálogo, ajudando ma solução dos litígios, mas não decidindo. Quanto à figura
dos mediados, estes não se comportarão como adversários e sim como responsáveis pela
resolução do litígio. No mais, a mediação por ser um método voluntário, ela tem que ser
provocada, onde as partes solicitarão uma sessão e acontecendo a mediação, não há
obrigatoriedade de ninguém ficar na sessão. (PADILHA, 2020, p. 149).
Nesse talvegue, importante se faz dizer acerca dos princípios da mediação, uma vez
que são as características fundamentais que auxiliam o entendimento dos métodos e
nuances que existam sobre o instituto. Assim sendo, expõe o art. 166, caput do NCPC que
“A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da
imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da
informalidade e da decisão informada” (BRASIL, 2015).
Com espeque em tais premissas, a Comunicação Não-Violenta (CNV) é um
instrumento que pode ajudar a melhorar a comunicação e o clima organizacional, pois ela
propicia uma comunicação com mais empatia e altruísta, evitando conflitos. Para que haja
a solução dos litígios, é necessário, conforme diz Mussio e Serapião, “harmonizar as causas
dissociativas, apaziguar os debates verbais e estabelecer um fluxo de conversa compassiva
entre as pessoas.” (MUSSIO; SERAPIÃO, 2017, p. 215apud MONTEIRO et al, 2020, p. 131).
Existe 4 elementos proposto para que aconteça a Conversa Não Violenta: a
observância dos acontecimentos: de algum ato concreto que nos toca de modo positivo ou
negativo, sem julgá-lo; o sentimento que temos perante a essa observação; a necessidade
vinculada a esse sentimento; e por fim, o pedido adequado para harmonizar as relações.
Sendo que esses quatros fatores não são uma fórmula e adequam-se a circunstâncias e
culturas. (SOARES, 2017, p. 17).
Por meio do diálogo, aprendemos que, desta forma, muitos problemas podem ser
resolvidos sem prejudicar nenhuma das partes, pois ambas as partes podem expressar suas
opiniões e também se utilizar como parte da solução ao invés de se restringir ao campo
jurídico. A mediação pode ser uma forma de enfrentar situações nunca antes imaginadas
(TIBO, 2021. p.14).

94
Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

CONCLUSÕES

O método extrajudicial de solução de litígio corresponde a uma tentativa efetiva de


promover e humanizar o amplo acesso do cidadão comum à justiça, a mediação é um
método de autocomposição que é uma forma inovadora de dotar o poder judiciário
características de um sistema judiciário de múltiplas portas. Adiante, faz-se a menção da
Comunicação Não Violenta como promoção da mediação em que irá trazer os benefícios
como a melhoria das relações interpessoais, resolução de conflitos, aumento da empatia,
prevenção de assédio moral, promoção da saúde e bem-estar, entre outros, é relativamente
simples de se implantar e desse modo os mediados terão uma solução compassiva e todos
saiam favorecidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, LeonamAmitaf Ferreira Pinto de; ARAÚJO, Jaianny Saionara Macena de.
Metódos Extrajudiciais de Solução de Controvérsias: aspectos gerais da atuuação do
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http://177.200.39.13/index.php/revistajuridica/article/view/311/208. Acesso em: 06 set.
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BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil. Diário
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CONSELHO Nacional de Justiça. Conciliação e Mediação. Brasília: CNJ, novembro, 2017.


Disponível em: https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao/.
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GONÇALVES, André Luis Ferreira. Mediação e Arbitragem: alternativas de resolução


extrajudicial de conflitos comerciais no Brasil. In: Brazilian Journal of Development, v. 5, n.
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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

MONTEIRO, Luana Silva et al. A importância da Comunicação Não Violenta (CNV) nas
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PADILHA, Fernanda. A Mediação Extrajudicial como método de solução de conflitos. In:


Revista.OAB, Joinville, a. 6, n. 2, 2020. Disponível em:
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SOARES, Mariana Lie Oshiro. Repensando a cultura da violência na comunicação em sala de


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TIBO, Paula Hermont Diniz. Comunicação Não Violenta: empatia, mediação de conflitos e
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http://www.redap.com.br/index.php/redap/article/view/232. Acesso em: 11 out. 2021.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

O TRIBUNAL DO JÚRI E O RESSURGIMENTO DO EMBATE ACERCA DA EXECUÇÃO


PROVISÓRIA DA PENA

Diana Ferreira Stephan34

Palavras-chave: Execução antecipada da pena; Presunção de inocência; Tribunal do júri;


Pacote anticrime; Soberania dos veredictos.

Nos últimos quinze anos, o tema da execução antecipada da pena foi fruto de
profundas discussões doutrinárias e alterações jurisprudenciais. O presente trabalho possui
como objetivo apresentar um panorama geral das mudanças de entendimento do Supremo
Tribunal Federal acerca da constitucionalidade da execução provisória da pena de forma a
abordar a discussão atualmente sensível da possibilidade ou não de sua aplicação no
contexto do Tribunal do Júri, considerando a nova redação do art. 492, inciso I, alínea “e”,
do Código e Processo Penal, alterada pelo Pacote Anticrime (lei n. 13.964/2019).
A metodologia aplicada se pauta na análise jurisprudencial das decisões centrais e
definidoras do tema da execução antecipada da pena e extrai suas conclusões a partir do
pressuposto teórico que reconhece que os princípios devem ser respeitados e aplicados,
não se tratando de meras diretivas desprovidas de aplicabilidade direta. Em que pese
Dworkin e Alexy sejam evocados para afastar a aplicação de princípios constitucionais, é
necessário, no exercício da ponderação, que seja considerada a centralidade e o grau de
definição normativa do direito fundamental protegido e do afastado, não sendo possível
tratar todos os princípios como se possuíssem o mesmo peso.
Conforme se extrai da Lei de Introdução ao Direito Penal, o crime é definido
enquanto infração penal à qual a lei comina pena de reclusão ou de detenção. Portanto, a
previsão da sanção de restrição de liberdade é, em regra, essencial para a incidência do
Direito Penal. O devido processo legal e as restrições ao ius persequendi e puniendi estatal

34
Graduada pela Faculdade de Direito PUC-Rio, pós-graduada pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de
Janeiro e mestranda pela Faculdade de Direito PUC-Rio. E-mail: stephandiana@gmail.com; Plataforma Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1326120316303786

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

são indispensáveis para garantir o respeito ao direito fundamental à liberdade de


locomoção.
Tal proteção está expressa, em seu aspecto mais amplo, no caput de seu artigo 5º da
Constituição Federal. Entretanto, a Carta Magna traz diretrizes e proteções mais específicas
a serem aplicadas, como a presunção de inocência e as restrições à prisão (art. 5º, LVII).
Porém, as normas constitucionais são demasiado abrangentes e o Código de
Processo Penal, promulgado em 1941, ainda com resquícios do sistema acusatório, não
obstante tenha tido profundas alterações, por muito tempo foi deficiente na proteção à
presunção de inocência.
Neste cenário, a execução provisória da pena foi aplicada até 2009, quando o
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 84.078/MG, decidiu por maioria de votos
pela sua inconstitucionalidade, condicionando-a ao trânsito em julgado da condenação.
Tal entendimento foi aplicado até 2016, quando no HC 126.292/SP, julgado em
fevereiro daquele ano, a Corte admitiu, por sete votos a quatro, a execução provisória da
pena antes do trânsito em julgado da condenação. Não obstante, apenas três anos depois,
no julgamento das ADCs n. 43, 44 e 54, seria retomada a posição de 2009, vedando a
execução antecipada com base nos direitos fundamentais à presunção de inocência (art. 5º,
LV, do CRFB/88) e ao duplo grau de jurisdição (art. 8º, n. 2, “h”, do CADH).
Enquanto nos últimos anos a jurisprudência parece ter se pacificado quanto à
questão, em 2019 um novo problema foi posto: a execução antecipada da pena no Tribunal
do Júri.
Em decorrência das alterações produzidas pelo Pacote Anticrime, passou a constar
expressamente no art. 492, I, “e”, do Código de Processo Penal a imposição da prisão
automática dos réus condenados por pena igual ou superior a 15 anos de reclusão.
A previsão se fundamenta na soberania do veredicto do Conselho de Sentença (art.
5º, XXXVIII, “c”, CRFB/88), a qual protege a capacidade decisória dos jurados e impede que
a votação feita por íntima convicção seja modificada no mérito em sede recursal. O Tribunal
ad quem possui competência somente para reconhecer sua nulidade e demandar a

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

consequente realização de novo julgamento por outro corpo de jurados (art. 593, III, “d”, e
§3º, do CPP/41).
Neste sentido, firmam-se alguns precedentes de Turma do e. STF e o Enunciado
Interpretativo da Lei n. 13.964/19 nº 37 produzido pelo GNCCRIM e aprovado pelo CNPG,
os quais consideram que a decisão condenatória emitida pelos jurados possuiria uma
proteção constitucional que permitiria seu cumprimento imediato sem a violação do
princípio da presunção de inocência, de modo a garantir a efetividade do processo penal.
Tal entendimento é diretamente contrário ao firmado pelo Plenário da Corte no
julgamento das ADCs n. 43, 44 e 54. Porém, em que pese existam precedentes de Turma
acerca da impossibilidade de execução provisória no Tribunal do Júri, são decisões
anteriores à vigência da Lei n. 13.964/2019 e, portanto, que não tratam da
constitucionalidade do referido artigo35. Portanto, a questão somente será pacificada
quando o Pleno apreciar o tema n. 1.068 de repercussão geral (RE 1.235.340), atualmente
pendente de julgamento.
Ante a demora do Pleno do e. Tribunal para decidir a divergência, o Superior Tribunal
de Justiça passou a adotar entendimento alinhado com o julgamento das ADCs. A e. Corte
aduz a inconstitucionalidade e nulidade da decretação de execução antecipada da pena
pelos argumentos supracitados. Para a Corte, as decisões dos jurados não traduzem um
poder absoluto e irrecorrível, sendo passíveis de serem reconhecidas como nulas e ser
determinado novo julgamento, ainda que por outro corpo de jurados. Ademais, ao
considerar o sistema processual penal como um todo, constata-se uma incoerência entre a
redação do art. 492, I, “e”, e do art. 283, que exige o trânsito em julgado para o início da
execução da pena. A inconsistência se sublinha pois ambas as normas foram inseridas no
CPP/41 pelo Pacote Anticrime. Tal posição pode ser constatada em jurisprudência recente
do e. STJ firmada no informativo n. 73036.

35 Um exemplo seria o HC 163814 ED/MG, de relatoria do Min. Gilmar Mendes, julgado pela 2ª Turma em
19/11/2019 (Info 960).
36
O Tribunal da Cidadania firmou entendimento idêntico na 185ª edição da Jurisprudência em Tese do STJ, cuja
tese n. 10 se resume na ilegalidade da execução provisória da pena não obstante a alteração legislativa
promovida pela Lei nº 13.964/2019 no art. 492, I, e, do Código de Processo Penal, ressalvada a possibilidade
de prisão cautelar se presentes seus requisitos no caso concreto.

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

Aduz-se da inconstância jurisprudencial quanto à vedação da execução provisória da


pena a fragilidade da proteção à presunção de inocência e, portanto, a um núcleo essencial
do direito fundamental à liberdade. Em que pese o Superior Tribunal de Justiça se posicione
pela inconstitucionalidade da prática, caso o tema vá para o STF, a decisão possivelmente
ficará à mercê da Turma à qual for distribuído o processo, gerando insegurança jurídica.
Ademais, a nova redação do art. 492 prevê não somente a execução antecipada, mas
a prisão automática, ex lege, como regra, cuja impossibilidade é fundamento em diversas
decisões do STF37. Em que pese haja a possibilidade de o magistrado afastar o
encarceramento no caso concreto, a lógica da prisão se inverte e a liberdade é condicionada
à fundamentação do Juízo.
Por fim, afasta-se a argumentação acerca da necessidade de conjurar os princípios
constitucionais garantidores da liberdade de locomoção com o princípio da efetividade da
jurisdição penal e o direito fundamental à segurança (art. 6ª e 144, do CRFB) porquanto
conforme destacado em 2009 e 2019, caso necessária a decretação da prisão do réu para
garantir a ordem pública ou a devida aplicação da lei penal, ao magistrado é dado o poder
de, verificada a presença dos requisitos legais dos art. 312 e 313 do CPP/41, decretar prisão
preventiva.
Dessarte, conclui-se que o tema central em debate não é a possibilidade ou não de
prender os réus perigosos, visto que o ordenamento prevê a possibilidade de determinação
de prisão cautelar no curso do processo, mas se o legislador pode não somente retroceder
na proteção à liberdade dos homens mitigando a presunção de inocência frente à evocação
de outros princípios como a soberania dos veredictos e da efetividade do processo. Caso os
princípios sejam ponderados em igualdade de força, seria possível afirmar que sim. Não
obstante, entendemos que, nos termos das ADCs n. 43, 44 e 54, é necessário priorizar a
proteção ao direito fundamental mais sensível, o da presunção de inocência.

37 Um exemplo se verifica no julgamento do HC 104.339/SP, quando o STF declarou a inconstitucionalidade


da vedação à liberdade provisória prevista no art. 44 da Lei n. 11.343/2006

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

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Reflexões sobre Direitos Humanos Fundamentais
Volume I: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão

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