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EDUCAÇÃO MÓDULO
POLÍTICA PARA
CIDADANIA
Referências........................................................................ 47
A
política pode ser compreen- especialistas que acompanham seu
dida como a possibilidade de processo (técnicos(as), jornalistas e
mediação de conflitos sem acadêmicos(as)). Para que a política
que haja a destruição dos seja verdadeiramente democrática,
conflitantes, especialmente quando não se restringindo aos desejos de uma
falamos de política democrática. Seria, única pessoa ou de um pequeno gru-
portanto, um mecanismo de negocia- po, é necessário participação dos(as)
ção de interesses a fim de encontrar cidadãos(as). Precisa existir a atuação
respostas para decisões que precisam do “demos”, palavra grega que significa
ser tomadas coletivamente. Quando “povo” e que forma o termo “democra-
desenvolvemos formas de controle e cia” ou governo do povo.
fiscalização, e as decisões políticas são Pensando nessa efetividade da políti-
monitoradas e aprimoradas, alcança- ca democrática, o presente curso busca
mos uma melhor eficiência. Ao aper- qualificar-nos para que possamos enten-
feiçoar constantemente as normas, a der e participar dos processos políticos.
burocracia pode reduzir o desperdício Neste fascículo, refletiremos o Poder
de tempo. Por fim, quando as questões Legislativo no âmbito municipal, apre-
políticas são acompanhadas com mais sentando as características principais
interesse, o debate político torna-se desse Poder político e abordando sua
público e podemos entender melhor instituição principal, a Câmara Munici-
e participar das negociações e acordos pal. Considerando o conteúdo proposto,
que envolvem as decisões coletivas. esperamos que, ao final da leitura, você
No cenário posto, percebemos que, possa: a) entender a relevância do Poder
para funcionar de maneira honesta, Legislativo como espaço de debate de
eficiente, ágil, transparente e inclusiva, soluções para problemas coletivos; b)
a política necessita de monitoramen- identificar quais as atribuições dos vere-
to e participação dos(as) cidadãos(ãs). adores e vereadoras, compreendendo o
Política não deve ser relegada aos(às) processo de eleição e atuação no cargo;
profissionais que operam seu sistema c) conhecer como ocorrem as atividades
político-administrativo (políticos(as) legislativas na Câmara Municipal. Vamos
profissionais e burocratas) ou aos(às) iniciar nossa jornada!
A
política não é apenas “eu acho Primeiro vamos abordar o conceito de socializados(as) e interagimos com pesso-
que...”. Isso conforma uma opi- “público” e sua oposição ao domínio pri- as que não se limitam ao nosso universo
nião ou crença pessoal sobre uma vado. Podemos definir o espaço da vida íntimo ou círculo familiar básico, sendo
questão ou problema da cidade privada como o território físico ou virtual de domínio comunitário, geral e coletivo,
ou do país. Isso é importante, mas nem só marcado pela existência particular dos su- como as relações que desenvolvemos em
de opiniões pessoais vive a política. A opi- jeitos, sendo de domínio restrito e particu- instituições, como a escola e a igreja, ou os
nião é o material bruto que precisa ser po- lar de pessoas ou grupos, como as relações espaços em que encontramos nossos(as)
lido e lapidado, trabalhado e refinado pela familiares que acontecem em nossa casa, a amigos(as), como praças públicas ou em-
ação política democrática. E como isso conta particular de e-mail, nosso perfil nas presas, como cinemas e shopping centers.
ocorre? Através da construção de espaços redes sociais ou a conta corrente que temos Nessa definição inicial, o espaço privado é
públicos de debate e discussão das ques- no banco. Já o espaço da vida pública é o marcado por questões pessoais, de foro ín-
tões coletivas. lugar da existência coletiva em que somos timo, e as relações que estabelecemos em
Q
uando pensamos em represen- bleias que reunissem todo o povo da cidade imposto deve ser cobrado na produção ou
tação, precisamos ter em mente para deliberar sobre as políticas públicas. no consumo das mercadorias? Qual o teto
que os modernos sistemas polí- Outro ponto é que as questões políticas mínimo para que um(a) cidadão(ã), en-
ticos são democracias represen- são complexas e suas soluções dependem quanto pessoa física, não pague imposto de
tativas. Isso significa que os(as) cidadãos(ãs) de conhecimento técnico e especializado, renda? Qual deve ser a taxação de produtos
comuns não exercem diretamente a gerência o que dificulta o entendimento por parte importados? As respostas a essas questões
da vida coletiva. Em vez disso, nós elege- do(a) cidadão(ã). Pensemos, por exemplo, não são simples, existindo uma variedade
mos pessoas, políticos(as) profissionais, que nas discussões sobre a reforma tributá- de opiniões e de soluções técnicas. Esse é
exercem esses cargos. A defesa em torno da ria. As votações no Congresso sobre essa um forte argumento em defesa da repre-
representação enfatiza que em sociedades pauta envolvem questionamentos, como: sentação, pois a arena política precisa de
populosas seria impossível promover assem- as grandes fortunas devem ser taxadas? O operadores(as) capacitados(as) com exper-
O
Poder Legislativo nos municípios
é ocupado por vereadores(as).
Nessa seção, veremos quais as
funções desse(a) representante
político(a) e as possibilidades de atuação
na Câmara Municipal .
Compete ao Município a oferta da edu-
cação básica, como creches, educação in-
fantil e o ensino fundamental; os serviços
de atenção básica à saúde nos postos de
saúde e hospitais; o transporte público lo-
cal; o planejamento e manutenção das vias
urbanas ao cuidado da iluminação, calça-
das, limpeza pública e saneamento básico;
a gestão de parques e praças da cidade; a
promoção de eventos culturais e atrações
turísticas; a oferta de habitação popular,
como conjuntos habitacionais; programas
de assistência social; e o controle de zoono-
ses e bem-estar de cães e gatos.
No âmbito municipal, o Poder Executivo
é exercido pelo cargo de Prefeito(a) e Vice-
-prefeito(a) em colaboração com o secreta-
riado escolhido e nomeado por estes(as).
Já o Poder Legislativo é assumido pelos(as)
vereadores(as) que atuam na Câmara Mu-
nicipal. Sabemos que o Poder Legislativo é
responsável por formular e revisar os pro-
jetos e políticas públicas executados pelo
Poder Executivo, além de fiscalizar e esta-
belecer limites para esse Poder. Assim, o
Poder Legislativo municipal é responsável
por fiscalizar, acompanhar, monitorar as
políticas públicas que ocorrem na cidade,
como a disponibilidade de medicamen-
Q
uantos(as) vereadores(as) for-
mam a Câmara? A quantidade
de assentos no legislativo mu-
nicipal é estabelecida consi-
derando o número de habitantes de cada
cidade. O limite de cadeiras na Câmara
segue a ordem de proporcionalidade,
podendo variar entre 9 e 55 lugares. Sua
organização pode variar, mas podemos
destacar os espaços principais em que a
atividade legislativa ocorre.
O Parlamento é o local da fala e do de-
bate. Essa atribuição fundamental do Po-
der Legislativo acontece no Plenário, local
da atividade legislativa necessária para
analisar, discutir, modificar, votar, definir,
aprovar ou rejeitar projetos. Qualquer de-
liberação ou decisão tomada pelos(as)
vereadores(as) é realizada nesse espaço,
para que sejam legalmente válidas. No Ple-
nário, ocorrem as Sessões da Câmara ou
Sessões Ordinárias, destinadas às delibe-
rações e trabalhos de rotina parlamentar.
O Regimento Interno, que citamos anterior-
mente, estabelece todas as regras para o
funcionamento da Câmara, como o tempo
de fala de cada vereador(a) na tribuna e o
dia e hora das sessões.
A Tribuna é o espaço reservado para
que cada parlamentar possa discursar e dar
sua opinião sobre a pauta que está sendo
discutida. Normalmente, a tribuna fica lo-
REFERÊNCIAS
CADERNOS ADENAUER XI (2010), nº 3.
Educação política: reflexões e práticas
democráticas. Rio de Janeiro: Fundação
Konrad Adenauer, 2010.
DANTAS, Humberto; SILVA, Bruno Souza
da. Poder Legislativo Municipal. Enten-
der de política começa por aqui. Rio de
Janeiro: Konrad-Adenauer-Stiftung, 2018.
PITKIN, Hanna. “Representação: Pala-
vras, instituições e ideias”. In: Revista Lua
Nova. São Paulo: nº 67, 2006. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/ln/a/pSDrmVSqRq
ggw7GXhxBjCgG/?format=pdf&lang=pt>.