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TERRAS MALDITAS
- Você continua desonrando as leis da comunidade e da igreja com seu
orgulho e soberba - os gritos de ira ecoavam pela pequena amadeirada capela.
Notando a agitação das pessoas por conta de seu tom alarmante, suspirou forte e
agora com mais leveza em sua fala, prosseguiu – Por esses motivos o senhor e sua
família serão banidos dos limites dessa comunidade.
- Isso será um prazer! – Rebateu Caim em sua mais pura arrogância.
- Então vá embora e não incomode mais – finalizou o padre, apontando à
saída.
Durante a silenciosa retirada multidões de olhares eram direcionados aos
julgados – especificamente à Caim que ainda com repugnância pelas pessoas ao
seu redor cuspiu no chão simbolizando nesse momento seu desprezo extremo a
todos que ali o-encaravam.
Paralisada, a estranha imagem que vira perto do lago voltara em sua mente,
com mais nitidez Sara conseguira identificá-la. Uma moça belíssima de meia idade,
sua pele macia como de bebê tinha uma tonalidade descolorada semelhante à de
um cadáver. Suas longas e lisas raízes pretas misturavam-se com o olhar sedutor
vindos daqueles grandes e sanguinários olhos.
- UMA BRUXA!
- A BRUXA MATOU ROS – prosseguiu a garota – Foi no lago, nós estávamos
brincando de esconde-esconde eu a vi e depois desmaiei.
- Querida você deve estar cansada, eu acho que nós devíamos ir dorm... –
Interrompendo-a aos berros disse:
- Mãe eu a vi, eu vi a bruxa ao lado de Rosaline no lago!
Pela parte da tarde do dia seguinte Caim e sua esposa partiram em direção a
floresta em busca de alguns frutos necessários para uma deliciosa sobremesa afim
de tentar animar Sara com a surpresa. O domingo seco e silente manifestava o luto
que os integrantes da família sentiam, os pássaros não se davam o prazer de
cantar, os sapos não se davam o prazer de rouquejar, nem ao mesmo os poucos
bodes que criavam não se davam o prazer de bodejar e assim se encontrava Sara
que não se dava o prazer de viver.