No início de Outubro de 1917, com a revolução Russa,
Gramsci via como um ato do proletariado que assim chegaria a um regime socialista. Ele acreditava que também poderia acontecer uma revolução na Itália tal qual na Rússia ocorrera. Neste período, ele teve que interromper seus estudos e tendo começado sua colaboração com revistas socialistas.
Gramsci participava ativamente do cenário político no qual
organizava a frente socialista de Turim. No mesmo ano, houve uma greve geral, pois estava ocorrendo muitas manifestações pro-lenin e contra a guerra. Ele paralelo a isso, começou a notar que Turim era uma amostra da sociedade de classes e também começou seus trabalhos como diretor do Jornal do PSI, o grito do povo. Seus trabalhos no “o grito do povo” foram bastante importantes no processo formativo cultural, porém tendo vários deles sido censurados por incitar a deserção e serem considerados propaganda subversiva à guerra. Com o início desta função, Gramsci começou a abandonar a filosofia idealista de Croce, sem sua ruptura total que viria posteriormente, e em contrapartida tornou-se mais efetivamente revolucionário tendo Lenin como guia e a revolução russa como referência para uma futura revolução italiana. Gramsci percebe neste período que a luta de classe é algo concreto, real e que vai além de regionalismos, assim sendo necessário a superação do estado burguês, não em um processo evolucionista baseado pelos cânones, mas sim por uma identidade coletiva baseada no legado marxiano. Este período depois da revolução russa, marcou como o apogeu das aspirações socialistas pelo mundo. O que não foi diferente da Itália, em que durante os eventos da guerra os soldados tiveram conhecimento dos ideias socialistas e após retornarem para casa, deram de cara com um estado que os desprezavam, assim ascendendo a esperança socialista neles e na sociedade italiana.
Em 1919, o PSI saiu na frente das eleições, mas sem
aspirações em visar uma revolução. Gramsci percebendo que isso poderia trazer insatisfação dos proletariados, se junta com alguns amigos e funda a revista “L’ordine nuovo” para assim criar um meio de evitar isso. A partir desse momento, Gramsci começou a focar mais nos trabalhadores como forma de preparação da cultural revolucionária que era necessária para a criação do estado do proletário tendo como referência os soviets russos para criar os Conselhos de Fábrica.
Dessa forma, ele investe no L’ordine nuovo como uma escola
de cultura, pois através dela poderia trazer esses ideais para construção de uma visão central rumo a revolução. Assim em 1920, foi fundada a escola de cultura e propaganda socialista que representava uma atividade politica essencial para alcançar a autonomia do operário em sua autogestão de pensamentos, pois assim a libertação humana do trabalho alienado e explorado poderia ser efetivada. Nesta escola, a preocupação principal era a formação dos trabalhadores nas ideias cruciais para a compreensão de classes e conceitos econômicos políticos.
Todavia, os Conselhos de Fábricas foram destituídos e o poder
voltou para as mãos dos patrões, após a derrota na greve geral. Com isso, Gramsci viu como a falta de poder belicosos nos operários a impossibilidade em transformá-los em iguais a soviets e que a revolução não poderia ser baseada e seguida como a russa, pois eram diferentes sociedades. Assume assim, a visão de que os partidos comunistas seriam os organismos de vanguarda que guiariam o proletariado para conquistar o poder. Juntamente a isso, não viu no PSI essa vontade de guiar até a revolução e junto com seus amigos da L’ordine nuovo separaram-se do PSI. Posteriormente, fundando o PCI.
Já em 1922, Gramsci vai para Moscou onde conheceu sua
esposa e figuras importantes com Lenin e Trotsky. Enquanto isso, na Itália, Mussolini chegava ao cargo de Primeiro- Ministro, estabelecendo o fascismo e expedindo uma ordem de prisão para Gramsci. Porém Gramsci, que acreditava na revolução em longo prazo, para retornar à Itália protegido pela imunidade parlamentar, em 1923, elege-se deputado pela região de Viena em meio a uma espécie de retorno ao espírito nacionalista imposto pelos fascistas.
Com a forte repressão sofrida na Itália, mesmo os movimentos
acabam indo para a clandestinidade, posta duas novas revistas que foram bem-aceitas. Gramsci buscou assim, seguindo as ideias de Lenin, uma nova estratégia: unir o operário e o camponês como uma grande organização de luta do proletariado, da qual desenvolve seu conceito de hegemonia.
Com a morte de Lenin, seu testamento não foi enviado por
intervenção de apoiadores de Stalin que nele continha o pedido de que Stalin não continuasse no cargo de secretário por ter o erro grave de ser rude demais. Gramsci manda uma carta para Togliatti pedindo que seus camaradas russos entrassem em consenso para não colapsar toda a estrutura revolucionária. Contudo, O PCI se alinha à direção stalinista. Gramsci é preso em 8 de novembro de 1926, e Togliatti assume como novo Secretário-Geral do PCI.
Do Pamphletaire ao Fur ewig
Mesmo com a forte repressão sofrida pelo fascismo, Gramsci
não parou de escrever sobre o que considerava primazia para uma revolução. No cárcere escreveu os famosos Cadernos e inúmeras Cartas que visavam educação e cultura. Ele buscava não apenas teorizar, mas também pôr em prática. Como por exemplo ao chegar na ilha Ùstica junto com alguns amigos deu ínicio uma escola interna com os presos partindo das suas experiências. Indo para o cárcere em Milão, pode assim se aprofundar nos estudos sistematizando seus desdobramentos sobre a educação e a escola. Esses desdobramentos foram desde a língua como instrumento básico do desenvolvimento intelectual, até do trabalho como princípio educativo na infância.
Assim escreveu 218 cartas, em que foram publicadas em 1947
pela Editora Einaudi, e posteriormente, em 1964 um novo volume trouxe mais 64 cartas e 268 cartas da prisão. No Brasil, organizado pelo Carlos Nelson Coutinho foi publicado em 2005 dois volumes das Cartas do Cárcere. Ao final de tudo foram escritos 32 Cadernos, no total de 2848 páginas ou 4 mil laudas datilografadas.