Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES
Departamento de História

PEDRO MICAEL SILVA DIAS – 558228

Da Revolução Russa ao Cárcere

No início de Outubro de 1917, com a revolução Russa,


Gramsci via como um ato do proletariado que assim chegaria a
um regime socialista. Ele acreditava que também poderia
acontecer uma revolução na Itália tal qual na Rússia ocorrera.
Neste período, ele teve que interromper seus estudos e tendo
começado sua colaboração com revistas socialistas.

Gramsci participava ativamente do cenário político no qual


organizava a frente socialista de Turim. No mesmo ano, houve
uma greve geral, pois estava ocorrendo muitas manifestações
pro-lenin e contra a guerra. Ele paralelo a isso, começou a
notar que Turim era uma amostra da sociedade de classes e
também começou seus trabalhos como diretor do Jornal do
PSI, o grito do povo. Seus trabalhos no “o grito do povo” foram
bastante importantes no processo formativo cultural, porém
tendo vários deles sido censurados por incitar a deserção e
serem considerados propaganda subversiva à guerra. Com o
início desta função, Gramsci começou a abandonar a filosofia
idealista de Croce, sem sua ruptura total que viria
posteriormente, e em contrapartida tornou-se mais
efetivamente revolucionário tendo Lenin como guia e a
revolução russa como referência para uma futura revolução
italiana. Gramsci percebe neste período que a luta de classe é
algo concreto, real e que vai além de regionalismos, assim
sendo necessário a superação do estado burguês, não em um
processo evolucionista baseado pelos cânones, mas sim por
uma identidade coletiva baseada no legado marxiano.
Este período depois da revolução russa, marcou como o
apogeu das aspirações socialistas pelo mundo. O que não foi
diferente da Itália, em que durante os eventos da guerra os
soldados tiveram conhecimento dos ideias socialistas e após
retornarem para casa, deram de cara com um estado que os
desprezavam, assim ascendendo a esperança socialista neles
e na sociedade italiana.

Em 1919, o PSI saiu na frente das eleições, mas sem


aspirações em visar uma revolução. Gramsci percebendo que
isso poderia trazer insatisfação dos proletariados, se junta com
alguns amigos e funda a revista “L’ordine nuovo” para assim
criar um meio de evitar isso. A partir desse momento, Gramsci
começou a focar mais nos trabalhadores como forma de
preparação da cultural revolucionária que era necessária para
a criação do estado do proletário tendo como referência os
soviets russos para criar os Conselhos de Fábrica.

Dessa forma, ele investe no L’ordine nuovo como uma escola


de cultura, pois através dela poderia trazer esses ideais para
construção de uma visão central rumo a revolução. Assim em
1920, foi fundada a escola de cultura e propaganda socialista
que representava uma atividade politica essencial para
alcançar a autonomia do operário em sua autogestão de
pensamentos, pois assim a libertação humana do trabalho
alienado e explorado poderia ser efetivada. Nesta escola, a
preocupação principal era a formação dos trabalhadores nas
ideias cruciais para a compreensão de classes e conceitos
econômicos políticos.

Todavia, os Conselhos de Fábricas foram destituídos e o poder


voltou para as mãos dos patrões, após a derrota na greve
geral. Com isso, Gramsci viu como a falta de poder belicosos
nos operários a impossibilidade em transformá-los em iguais a
soviets e que a revolução não poderia ser baseada e seguida
como a russa, pois eram diferentes sociedades. Assume
assim, a visão de que os partidos comunistas seriam os
organismos de vanguarda que guiariam o proletariado para
conquistar o poder. Juntamente a isso, não viu no PSI essa
vontade de guiar até a revolução e junto com seus amigos da
L’ordine nuovo separaram-se do PSI. Posteriormente,
fundando o PCI.

Já em 1922, Gramsci vai para Moscou onde conheceu sua


esposa e figuras importantes com Lenin e Trotsky. Enquanto
isso, na Itália, Mussolini chegava ao cargo de Primeiro-
Ministro, estabelecendo o fascismo e expedindo uma ordem de
prisão para Gramsci. Porém Gramsci, que acreditava na
revolução em longo prazo, para retornar à Itália protegido pela
imunidade parlamentar, em 1923, elege-se deputado pela
região de Viena em meio a uma espécie de retorno ao espírito
nacionalista imposto pelos fascistas.

Com a forte repressão sofrida na Itália, mesmo os movimentos


acabam indo para a clandestinidade, posta duas novas revistas
que foram bem-aceitas. Gramsci buscou assim, seguindo as
ideias de Lenin, uma nova estratégia: unir o operário e o
camponês como uma grande organização de luta do
proletariado, da qual desenvolve seu conceito de hegemonia.

Com a morte de Lenin, seu testamento não foi enviado por


intervenção de apoiadores de Stalin que nele continha o
pedido de que Stalin não continuasse no cargo de secretário
por ter o erro grave de ser rude demais. Gramsci manda uma
carta para Togliatti pedindo que seus camaradas russos
entrassem em consenso para não colapsar toda a estrutura
revolucionária. Contudo, O PCI se alinha à direção stalinista.
Gramsci é preso em 8 de novembro de 1926, e Togliatti
assume como novo Secretário-Geral do PCI.

Do Pamphletaire ao Fur ewig

Mesmo com a forte repressão sofrida pelo fascismo, Gramsci


não parou de escrever sobre o que considerava primazia para
uma revolução. No cárcere escreveu os famosos Cadernos e
inúmeras Cartas que visavam educação e cultura. Ele buscava
não apenas teorizar, mas também pôr em prática. Como por
exemplo ao chegar na ilha Ùstica junto com alguns amigos deu
ínicio uma escola interna com os presos partindo das suas
experiências. Indo para o cárcere em Milão, pode assim se
aprofundar nos estudos sistematizando seus desdobramentos
sobre a educação e a escola. Esses desdobramentos foram
desde a língua como instrumento básico do desenvolvimento
intelectual, até do trabalho como princípio educativo na
infância.

Assim escreveu 218 cartas, em que foram publicadas em 1947


pela Editora Einaudi, e posteriormente, em 1964 um novo
volume trouxe mais 64 cartas e 268 cartas da prisão. No Brasil,
organizado pelo Carlos Nelson Coutinho foi publicado em 2005
dois volumes das Cartas do Cárcere. Ao final de tudo foram
escritos 32 Cadernos, no total de 2848 páginas ou 4 mil laudas
datilografadas.

Você também pode gostar