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AUTOBIOGRAFIA

Eu, Maria Isabel Lopes Pereira, nasci a 16 de abril de 1974, sou natural de Tondela
freguesia de Castelões, filha de Manuel Fernandes Pereira e Maria Arminda Lopes Dos
Santos. Tenho 8 irmãos, somos 6 raparigas e 3 rapazes. Tenho 2 filhos, o Daniel com 22
e o Afonso com 17 anos, fiquei viúva há 15 anos.
Sou uma mulher responsável, resiliente, trabalhadora, teimosa, autoritária,
perfeccionista. Em criança era muito tímida e calada. Não tinha brinquedos, tenho uma
memória de estar com a minha irmã, com mais dois anos que eu, e encontrarmos 2
bonecas no lixo, uma sem uma perna outra sem um braço. Levamo-las para casa todas
felizes e fomos lavá-las e fazer-lhes roupinhas com uns trapos velhos. Fazia bonecos com
paus, pedras e terra. Lembro-me de não ter tido muito tempo para brincadeiras porque
desde muito pequenina tinha de ajudar no campo, com os animais e em tarefas de casa.
Na escola primária tive uma professora muito dura, batia nos alunos com régua e uma
cana, tive uma altura que não queria ir para a escola com medo dela. Nasci numa família
muito pobre, o que fez com que eu e todos os meus irmãos começássemos a trabalhar
muito cedo. Estudei até ao 7º ano de escolaridade, com muita insistência de dois
professores que tive na telescola, estes que eu adorei, convenceram o meu pai a seguir
os estudos pois eu era boa aluna. Como as dificuldades eram muitas, o meu pai não me
permitiu que prosseguisse para o ano seguinte, mandou-me trabalhar para uma casa
em Lisboa como empregada doméstica interna quando tinha 14 anos. Foi este o meu
primeiro trabalho onde estive cerca de um ano, mas como não me adaptei voltei para
casa. Com 15 anos vim trabalhar para Portimão, também como empregada doméstica,
durante este ano completei o 8º ano de escolaridade à noite, estive nessa casa durante
aproximadamente um ano.
Aos 16 anos fui viver sozinha e a trabalhar com reposição e promoções. Aos 17 comecei
a trabalhar em hotelaria, numa pizzaria inicialmente como ajudante de cozinha, contudo
um ano depois na mesma empresa, fui promovida a chefe estagiária de cozinha, onde
trabalhei cerca de 5 anos até fecharem todas as pizzarias no Algarve. Posteriormente fui
trabalhar com um colega num snack bar como gerente, onde trabalhei durante 5 anos
até ficar grávida. Como tive uma gravidez de risco e com problemas de saúde, fiquei de
baixa aos 4 meses até ao nascimento. Durante este período o meu patrão fechou o
negócio e fui para o fundo de desemprego durante um ano, tempo muito útil no
acompanhamento do 1º ano do meu filho. Em 2002 comecei a trabalhar no
supermercado E.Leclerc, entrei na primeira equipa antes da abertura como operador
ajudante 1º ano, um ano depois subi de categoria para subchefe de secção, na área de
DPH (detergentes e produtos de higiene). Cerca de 1 ano depois, fui promovida a chefe
de armazém, função que desempenhei até ao encerramento do supermercado em
dezembro 2011. Em consequência de um despedimento coletivo fui para o fundo de
desemprego, do qual aproveitei para frequentar um curso profissional, Assistente
Familiar e Apoio à Comunidade, para completar o 9º ano e entrar na área a trabalhar
com crianças, mas quando faltava cerca de 2 meses para terminar o curso, recebi uma
proposta de trabalho do supermercado Continente (onde era o E.leclerc). Expliquei que
estava no fim do curso e que pretendia terminar, ainda assim esperaram por mim, e
após ter concluído o curso, fui contratada como operador ajudante durante um ano. Foi
o pior trabalho que tive até hoje, desiludi-me com as expectativas que criei. Próximo do
fim do contrato informaram-me que seria renovado, mas como estava insatisfeita
despedi-me e abri um negócio de Pastelaria. Estava tudo a correr muito bem até
começar o COVID, fase muito complicada que me levou a trabalhar demasiadas horas,
e chegar a um esgotamento nervoso. Em setembro de 2022 resolvi fechar o
estabelecimento e começar a cuidar de mim.
No início deste ano dirigi-me ao IEFP com o objetivo de completar o 12º ano através do
RVCC, onde na reunião individual com a Drª Sheila Gaspar, eu expliquei que o que
desejava mesmo era fazer o curso Técnico de ação educativa, mas não o encontrei no
site, informou-me que esse curso iria começar depois do verão e ajudou-me na inscrição.
Frequentar este curso foi resgatar um sonho antigo de melhorar a minha escolaridade e
finalmente trabalhar na área de educação.
As situações mais marcantes na minha vida foi o falecimento da minha mãe, no parto
da minha irmã mais nova, quando eu tinha 11 anos. Ficámos duas menores a cuidar da
bebé, uma vez que o meu pai já estava inválido na altura. Em 2008 foi o falecimento do
meu marido aos 34 anos, ficando sozinha com dois filhos pequenos para criar. Até agora
não consegui refazer a vida.
O facto de ter nascido num meio com escassas condições de vida (sem água, luz e
saneamento), e logo muito cedo ter-me mudado para uma grande cidade como Lisboa,
fez-me desenvolver certas capacidades interpessoais, tornando-me uma pessoa mais
independente e desenrascada. Esta situação ainda me ajudou a ultrapassar a minha
timidez e a ambicionar ter um futuro com melhores condições.
Posto isto, orgulho-me de neste momento ter alcançado certos objetivos, mesmo
estando sozinha, como casa e carro próprio, além de financiar a educação (universidade)
dos meus filhos, uma vez que eu não tive essa oportunidade. Um dos meus sonhos é ter
a possibilidade de ver os meus filhos com uma vida estável, a trabalharem com algo que
gostam, e ter netos. Ainda gostava de viajar mais e conhecer novas culturas.

Maria Isabel Pereira, TAE

Assinado por: Maria Isabel Lopes Pereira


Num. de Identificação: 10565745
Data: 2023.12.29 18:50:19+00'00'

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