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A HISTÓRIA DE JANAINA

Meu nome é Janaina Aparecida Santos Sales, tenho 40 anos, quase 41,
taurina do dia 26 de abril, com ascendente em sagitário.
Nasci em um domingo, talvez venha daí meu amor pelos dias de
descanso.
Sou filha única, fui planejada, desejada e muito esperada pelos meus
pais, dona Neide e seu Álvaro.
Meu pai era motorista de uma empresa de ônibus e minha mãe, até eu
crescer um pouco era “só” dona de casa, mãe em tempo integral! Coitada!!!
Porque eu não era uma criança fácil. Ela trabalhava mais que em qualquer
outro serviço que por ventura viesse a ter.
Fui muito amada e mimada minha infância inteira, além de filha única,
era também sobrinha única por parte de pai.
Quando fui pra pré-escola, aos 5 anos, achei o melhor dos mundos,
porque lá haviam outras crianças da mesma idade que eu e isso me fez gostar
muito de estudar, ou de ir pra escola, rsrsrsrsrs.
Antigamente o tempo passava mais lento do que hoje, um ano escolar
demorava uma vida eterna, e entre as férias de Julho e Dezembro parecia que
tinham passado três anos.
Minha infância foi marcada por mais momentos bons que ruins, e como
era muito cuidada, até os momentos ruins eram modificados para que me
parecessem bons; lembro por exemplo de quando eu tinha 04 anos e o pai da
minha mãe faleceu, como somos de uma cidade pequena, os velórios eram
feitos em casa, e o do meu avô não foi diferente; quando eu vi aquele tanto de
gente chegando e vi que minha tia tinha colocado uma mesa de café para as
pessoas se servirem, já fui logo gritando “Tia Gina, hoje tem festa aqui, tem até
pão com salame e Coca-Cola”, ela me pegou no colo, me deu do lanche e me
levou pra outra casa pra eu não precisar ver o velório e nem o enterro.
A tão sonhada adolescência chegou, avassaladora, cheia de questões e
ideais, planos de fugas para uma vida em outro estado, a impetuosidade da
independência bancada pelos pais.
O ensino médio passou mais rápido que o fundamental, me formei em
Técnica em Contabilidade, lá pelos idos de 1998. Nunca exerci a função.
Entrei pra faculdade de Direito em 2001, mas não
continuei...tranquei...fugi de casa pra morar com um rapaz que conheci no
ensino médio. Vivemos juntos por 18 anos.
Em 2009, me formei em Tecnóloga em Processos Gerenciais, acredito
que pra poder dar um consolo pros meus pais; pra que eles tivessem pelo
menos o prazer de dizer que a filha deles tinha uma faculdade.
Em 2011, recebi um empurrão dos céus e uma vaga na faculdade de
Direito, de novo...consegui Fies 100%, dessa vez eu me formei, passei na OAB
antes de concluir o curso e minha monografia foi nota 100 com louvor; mas
meu pai não viu, ele faleceu em 2014. Minha mãe foi na minha formatura, toda
orgulhosa da Doutora dela.
Tenho um filho do coração, que tem 21 anos, e é um dos meus motivos
de orgulho, e de aprendizagem, e de valorização da minha mãe e do meu pai,
porque como sofrem nossos pais!!!
Em 2017 me mudei para o Espírito Santo, fui morar em Guarapari!
Legal, né!!! Nããããããããããooooooooooooooooooooooooo, não foi.
Em 2018 voltei pra Minas, me divorciei daquele rapaz que eu fugi pra
morar com ele; detalhe, eu mesma fiz meu divórcio, afinal eu já era advogada
“com OAB e tudo”, como dizem por ai.
Resolvi virar dona de casa noturna em 2019, e em 2020, adivinha?,
perdi tudo que eu tinha com a pandemia, e ainda devo muita gente.
De novo em 2021, recebi uma nova oportunidade, voltei para minha
cidade e comecei a trabalhar como Diretora de Recursos Humanos na
Prefeitura, coisa que eu nunca tinha feito na vida, ai fui fazer faculdade de RH
pra não dar mancada, já fiz metade dela.
Como toda boa taurina, sou gulosa e a vida me deu de presente a
oportunidade de fazer Psicologia, e aqui estou eu, trabalhando de 6 da manhã
às 18 da tarde todos os dias, de segunda a sexta pra pagar minhas contas,
cursando faculdade de Psicologia a noite, ainda meio perdida e a de RH aos
sábados de manhã.
Minha mãe, desde o dia que me descobriu dentro dela até hoje é minha
maior parceira, minha maior fã e é por quem hoje eu tenho vontade de mudar
de vida.
Meu futuro a Deus pertence, mas espero que Ele me dê a oportunidade
de dar orgulho pra minha mãe e que meu pai possa ver lá do céu que, mesmo
com muitos defeitos, eu estou conseguindo me transformar em uma pessoa de
bem. E que meu filho, possa receber de mim um legado.

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