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PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE

ESCRITÓRIO

Módulo: Análise de Dados


TEMA 01 – CIÊNCIA DE DADOS X DIREITO

Aula 01
Nesse módulo, aprofundaremos todas as análises de dados já
observadas de forma superficial em algumas aulas anteriores.
O dado é um registro, atributo, trazendo significado a algo/alguma
coisa. Ele significa aquele ente, tudo que nos cerca é um dado. Tendo esse
conceito claro, passa-se a entender como os algoritmos se transacionam e
como é importante ter esses dados bem estabelecidos.
Os algoritmos são uma sequência finita de instruções bem definidas e
ordenadas, que sem mantém até a realização de uma tarefa. É uma
sequência de passos lógicos, com início, meio e fim. Os algoritmos estão
estreitamente ligados aos dados.
O algoritmo é um passo a passo, uma receita de bolo que encontra
várias fases até chegar no lugar desejado. Alguns doutrinadores trazem a
ideia de que o algoritmo possuí, inclusive, direitos. Os algoritmos podem ser
simples ou complexos, dependendo da forma que eles serão usados.
Se usamos um dado para atribuir um fato a algo ou a alguém, começa
a construir uma cadeia classificatória que apresentará algoritmo, trazendo
diversos impactos.
O algoritmo não é algo novo, o algoritmo é algo antigo, vindo desde a
Primeira Revolução Industrial, percebendo o algoritmo dentro da
mecanização.

Aula 2
Existem operações que orbitam em torno da cadeia de gestão que tem
sua relação com análise de dados e algoritmos. Já vimos que é uma
construção lógica, um passo a passo que vai trazer um resultado final.
Agora, veremos como os dados e algoritmos se cruzam na prática:

É certo que se pode ter uma análise de dados mais estagnada e


analítica, mas também pode se ter uma análise de dados que se produza
algum tipo de resultado a partir de algum tipo de insights. Esse resultado traz
uma manipulação de dados, tendo um resultado em cadeia daquilo que eu
produzo.
Para que o algoritmo funcione corretamente, é preciso que ele tenha
acesso aos dados e que sejam determinantes para a resolução de alguns
problemas. Os dados podem vir de diversas formas: usuário, arquivo, página.
Isso tudo será conectado em tempo real para que se tenha uma análise
algoritma. Um exemplo é o próprio GPS do carro, que, através do
fornecimento de um endereço, leva o usuário a um destino final – essa é uma
ideia de como funciona a formação dos algoritmos, passo a passo.
Os dados precisam ser fornecidos com qualidade, precisam estar
muito bem construídos e de forma organizada. A mínima falha pode trazer
um resultado ineficiente. Os dados imprecisos, incompletos ou mal
formatados, podem levar para um resultado inútil. Se quer ter clareza, precisa
entregar clareza.
É preciso olhar para a cadeia de dados e pensar o que quer com
aquele estudo e como será utilizado.
Os ingredientes são os dados/informações, precisando ser seguidos
passo a passo. Depois, tem o preparo, um processo que deve ser seguido
em ordem e depois um resultado final. Quando se pensa em análise de
dados e algoritmos, é basicamente isso.

AULA 3

Como vimos, os algoritmos são uma sequência lógica, um passo a


passo e, por ser assim, temos por trás deles os dados, que realmente vão
produzir os estudos e resultados que queremos.
Os algoritmos podem ter consequências negativas. Se não tiver uma
boa construção do processo, que são os dados, não existirá um bom
resultado. Terá um resultado que poderá gerar problemas, não só para a
análise, mas também para as ações.
A construção algoritma traz também um cunho social que deve ser
analisado, já que poderá ocorrer um viés dos algoritmos, relacionado ao
dado. Como enxergamos os dados muda de pessoa para pessoa e, por isso,
irão produzir algum tipo de viés.
Ou seja, se tem um dado conflituoso que traz uma avaliação
esterotipada, temos um problema já que o algoritmo vai funcionar de forma
preconceituosa e injusta, trazendo uma desigualdade social também nessa
área. Dentro do enviesamento não tem uma neutralidade de informações.
O enviesamento já trouxe muitos problemas, tais como o
reconhecimento facial, como também a análise de um perfil devedor. Tudo
isso é um problema, uma forma de preconceito e deve-se perguntar qual o
propósito disso.
Porém, quando os algoritmos são muito bem aplicados, podem trazer
diversos benefícios:

Aula
4

O algoritmo tem um procedimento lógico de entrada/saída, estão


relacionados aos dados e possuem um enviesamento, necessitando de uma
neutralidade pois pode trazer um impacto social.
Há uma série de questões que estão sendo aquecidas no mercado
que causam o enviesamento. Os algoritmos possuem aplicação direta no
nosso cotidiano.
Para nossa aula, o que importa mais é o algoritmo analisado dentro de
uma pesquisa. Como os dados são tratados trazem ou não um respeito por
aquilo que está sendo produzido.
Quando paramos par apensar nas nossas relações, principalmente
nas redes sociais, temos o enviesamento a partir do momento que fazemos
determinados comentários, curtimos determinadas coisas. Até mesmo o
reconhecimento facial pode trazer alguns problemas, pois pode causar uma
certa preterição entre pessoas.
A tecnologia vai criando uma tendência que também é nossa, já que
ela se assemelha ao que fazemos, trazendo diversas classificações
preconceituosas e perigosas.
É preciso ter um propósito, uma qualidade, consciência, para que se
tenho algoritmos seguro e mitiguem os impactos negativos. Os algoritmos
possuem potencial para gerar impactos positivos para a sociedade.
Sobre a ciência de dados e o direito:

‘’A ciência de dados já vem sendo aplicada ao


marketing digital e em diversas outras áreas há
bastante tempo. Em todas elas, com comprovados bons
resultados. Essa mesma tecnologia vem permitindo que
todos os setores da economia caminhem para um
ambiente data-driven. E com a área jurídica não seria
diferente. Quando falamos sobre a área do direito no
Brasil os desafios são gigantescos. Nesse caso, com
um judiciário enorme, os desafios da sociedade são
muitos. Mudanças de legislação, milhões de processos
administrativos e judiciais são alguns dos desafios
enfrentados. Mas a ciência de dados pode ajudar a
resolver essas questões. A data science, ou ciência de
dados como também é conhecida, é o estudo dos
dados para extrair informações significativas para os
negócios. Ela é uma abordagem de diversas disciplinas
em conjunto. Sua execução se dá através da
combinação dos princípios e práticas das áreas de
matemática, estatística, inteligência artificial e
engenharia da computação. Tudo isso com o objetivo
de analisar grandes quantidades de dados e, a partir
destes dados, retornar informações valiosas para o
analista. E quando falamos em grandes quantidades de
dados, é inevitável falarmos de big data. Big data é a
área do conhecimento que estuda como tratar, analisar
e obter informações a partir de conjuntos de dados
muito grandes. Sendo assim, através das informações
obtidas é possível tomar decisões fundamentadas.
Alguns exemplos são os planejamentos ações de
mercado ou até mesmo desenvolvimento de produtos
mais aderentes aos seus clientes. Com um judiciário
extremamente grande e complexo, o cenário brasileiro é
muito peculiar. A visão exata sobre a legislação vigente
passa a se tornar difícil. Dentro dessa dificuldade
entram as questões de elaboração das provisões dos
processos, verificação dos detalhes dos processos e
tendências de decisões. No entanto, mais do que as
questões litigiosas, a dificuldade pode ser encontrada
nas medidas de prevenção, mediação ou conciliação.
Porém felizmente com o avanço das políticas de dados
abertos do poder público, estamos tendo um cenário
favorável para mudança. A adesão aos processos
eletrônicos e a publicidade dessas ações estão
contribuindo para isso. E o resultado? Uma gestão
jurídica mais eficiente e a possibilidade do uso efetivo
do data science. Somado a isso, o avanço no uso das
técnicas de inteligência artificial, robôs, automação e
machine learning têm contribuído para o avanço. Essas
técnicas fazem a extração de gigantescos conjuntos de
dados de milhares de documentos. Essas informações
extraídas servem de base para que diversas áreas de
atuação obtenham informações. Dessas informações
são feitas análises de dados e, com isso, retornam
insights valiosos para a área jurídica. A tecnologia tem
progredido rapidamente nos últimos anos, permitindo
que mais pessoas sejam capazes de traduzir textos
para o formato computacional. Isso é uma das
principais razões pelas quais o processamento de
linguagem natural tem se tornado cada vez mais
relevante. Atualmente já é possível ter acesso a
projetos inovadores. Alguns exemplos são as empresas
que trabalham com jurimetria, ERP e BI feitos
especialmente para o jurídico. Esses projetos são
capazes de melhorar a gestão do judiciário e orientar o
trabalho dos departamentos jurídicos e dos escritórios
de advocacia. E quando falamos da aplicação da
ciência de dados ao direito, as áreas abordadas são
diversas. Seja na área da saúde, no direito do
consumidor, no campo trabalhista ou tributário. Com a
aplicação de ciência de dados é possível compreender
assuntos estratégicos. E essas respostas são cada vez
mais rápidas e assertivas. Afinal, a ciência de dados
pode ser aplicada em variadas áreas de atuação. Um
dos exemplos de resultado das aplicações é entender
onde é necessário melhorar os procedimentos internos
de uma empresa. Entender quais são as causas raízes
para entrada de processos trabalhistas, por exemplo.
Assim, a fim de impedir que problemas se repitam, é
recomendado encontrar a melhor maneira de lidar com
cada um. Por essas razões, a tecnologia está
transformando os serviços jurídicos, com impactos em
todos os ambientes das empresas e do mercado.
Através do uso dessas ferramentas, é possível
mudarmos o cenário da prática jurídica, até então visto
como fonte de problemas e custos. Dessa maneira,
passamos a colocá-la com ativos estratégicos muito
relevantes para a gestão da empresa ou escritório.
Antes de tudo, vale entender quais são os problemas
que se pretende resolver. Afinal, já existe uma máxima
na área da inovação: toda solução possui um problema,
mas nem todo problema possui uma solução. Logo,
entender os conceitos relacionados ao seu uso é
fundamental para buscar as técnicas mais adequadas.
Por isso, como primeiro passo, para trabalhar com
ciência de dados devemos organizar os dados internos.
A partir do momento que você possui a base de dados
tratada e uniforme, as possibilidades são inúmeras. É
possível cruzar o banco de dados com os bancos de
outras áreas e, com isso, chegar a insights
interessantes. Ao efetuar o cruzamento de dados é
possível entender as ligações entre as disputas que
acontecem dentro e fora dos tribunais. E mais do que
isso: também as circunstâncias do cotidiano, por
exemplo. E para aqueles que ainda tem medo de perder
a sua posição para a tecnologia, pode ter certeza de
que está enganado. A ciência de dados pode te trazer
inúmeros insights, mas as análises intelectuais somente
podem ser feitas por humanos. Por isso, engana-se
quem diz que todas essas análises funcionam sem
pessoas. Seja a tecnologia ou a ciência de dados,
nenhuma delas veio para roubar espaço dos
profissionais no mercado de trabalho. Mas sim, para
melhorar a qualidade daquilo que é entregue. Logo, é
preciso desmitificar essas questões. Os robôs sempre
terão vantagem competitiva em termos de eficiência.
Afinal, robôs podem ser usados para examinar,
organizar e classificar grandes quantidades de
documentos. Porém isso só acontecerá se forem
programadas com essa finalidade. Afinal, eles não
serão capazes de trazer o input intelectual. Sendo
assim, não são capazes de substituir a importância dos
profissionais do direito e dos outros setores das
companhias. Assim, não devemos discutir se os
profissionais jurídicos terão as suas posições
ameaçadas. Mas sim, incentivar para a formação
dessas novas habilidades. Incentivar o aprendizado
contínuo e a constante melhora dos times com novas
habilidades. Do mesmo modo que se deve incentivar o
uso crescente dessas soluções. Afinal, as mudanças de
gestão e também culturais, que gerarão o engajamento
do time permite que melhores resultados sejam
entregues. Seja por departamentos jurídicos, seja por
escritórios de advocacia. A riqueza dessa
transformação está nas múltiplas disciplinas que são
abordadas. Se antes em um departamento jurídico só
se viam advogados, hoje em dia é possível vermos
engenheiro de dados ou engenheiros jurídicos. Isso nos
mostra que mesmo com todos esses avanços, as
pessoas continuam fazendo a diferença. Novas
posições são criadas para podermos lidar com os
avanços tecnológicos.’’ (Benner, on-line)
TEMA 02 – INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Aula 01
A inteligência artificial é um tema que vem sendo muito discutido em
diversos meios. Estamos entrando em um tema de análise de dados mais
profundo do que já foi visto no módulo anterior, fazendo sentido trazer essas
ciências orbitais para que se tenha mais um pensamento crítico e possa
levantar questionamentos com segurança.
O algoritmo diz respeito mais a gente do que a gente dele. Essa
relação faz com que a gente precise entender os caminhos para poder traçar
resultados no futuro.
A inteligência artificial é algo que vai, talvez, substituir uma ação
humana, produzir algo que o humano varia e, as vezes, fazer até melhor. É
um campo da ciência da computação, se concentrando no desenvolvimento
dos algoritmos.
Enquanto o algoritmo é a receita de bolo, o passo a passo para
realizar, tem-se um plus uma inteligência artificial porque ela vai, na
sequência dos resultados, produzir uma ação. É toda uma cadeia, tem-se a
questão dos dados (atributos, classificações), os algoritmos (construídos para
melhorar ou produzir resultados a partir dos dados) e a inteligência artificial
(ação produzida através desse resultado).
A inteligência artificial é um sistema, um programa que vai fazer aquilo
que uma pessoa faria, utilizado esse sistema por questões de eficiência.

Exemplo: o google, na medida que vamos pesquisando, vai gerando


uma aprendizagem de dados que possui uma inteligência artificial produzindo
algo.
Se usa um algoritma em todas as áreas (saúde, em casa, na escola),
também pode ter inteligência artificial em todas essas esferas. Isso se dá
pelo fato de que se eu posso delegar alguma tarefa minha nesses processos
para um sistema, esse sistema tem, provavelmente, capacidade de ser
atribuído a uma inteligência artificial. A inteligência artificial está em tudo.
O conceito de inteligência artificial é antigo:
O celular na nossa mão é um exemplo de IA que utilizamos
diariamente. Não dispensamos a ação humana, apenas reposicionamos ela.
AULA 2

É preciso analisar a relação jurídica com a inteligência artificial, já que


se trata de um sistema que vem causando impacto nas relações trabalhistas
e também nas relações pessoais. Tem uma relação com a sociedade da
informação, que trouxe movimentações para que pudéssemos voltar à
atenção para as tecnologias, trazendo, também, uma certa dependência.
Há a necessidade de trazer para o nosso dia a dia mecanismos da
inteligência artificial que sejam capazes de otimizar e melhorar nossas
atividades. Também não se excluiu os impactos negativos, conforme já vimos
na análise dos algoritmos. Ou seja, dentro da inteligência artificial temos
pontos positivos e negativos, porque ela é decorrente de uma produção já
feita.
Dentro da sociedade da informação, temos a questão das tecnologias
da informação e comunicação que têm, de fato, transformado de maneira
significativa nossas relações em todos os contextos. Nós já podemos
observar a existência de ‘’advogados robôs’’, trazendo um impacto direto
nessa área também.
Ou seja, a inteligência artificial vai sim trazer um impacto em diversos
setores, devendo olhar também para a responsabilidade daquilo que surge
através desse sistema. Exemplo: um carro movido pela inteligência artificial –
em caso de acidente, de quem seria a responsabilidade? Do algoritmo? Da
empresa? É um novo cenário que parece simples, mas que se torna
complexo quando sofremos alguns efeitos. Já podem ser consideradas como
novas áreas do direito.
Então, assim como os algoritmos e os próprios dados, a inteligência
artificial está em tudo, por decorrência lógica.

AULA 3

Quando falamos em inteligência artificial é preciso lembrar que isso


vem decorrente de um algoritmo que foi muito bem construído e processado,
entrando a IA como operadora do resultado do algoritmo.
A internet das coisas é uma série de aparelhos/sistemas que são
plugados na internet, se dividindo entre questões úteis ou inúteis. Ex.: tenho
uma geladeira que é ligada ao Twitter, há a necessidade de uma geladeira ter
esse sistema?
Ou seja, a construção e o uso consciente dessas tecnologias faz com
que a gente realmente priorize e valide aquilo que faz sentido. Hoje há uma
necessidade de consumo por coisas que sejam mais tecnológicas, porém,
talvez nem são necessárias. É necessária essa reflexão do que é ou não
necessário.
A internet das coisas faz parte do nosso cotidiano, por isso o nome.
Podemos nos conectar com diversas pessoas em diversas partes do mundo,
compartilhar coisas em um alcance que nunca imaginaríamos.

Através da internet das coisas podemos ter uma eficiência, segurança,


um ganho. No exemplo das geladeiras, é possível que hoje se tenha
geladeiras que emitem notificações sobre temperatura, luz.
Como que tudo que vimos aqui, a internet também possui imensos
desafios, dependendo da nossa condução e interpretação pois há uma
influência dos aspectos pessoais. (colar slide)
É importante pensar nisso porque percebemos que a questão da
LGPD precisa se expandir de forma rápida, já que em tudo temos o uso da
internet.

AULA 4

Na aula passada foi visto que a internet das coisas está relacionada
com objetos, ferramentas, softwares que estão nos entregando algum tipo de
conectividade/tarefa. Isso está sendo ampliado cada dia mais, trazendo a
dependência dessa conectividade e criando a hiperconectividade.
Quando pensamos nessa questão da internet das coisas, ela não está
apenas nessas questões físicas (um aparelho celular) mas, também, com
programas e sistemas. Há todo tempo temos uma novidade, as coisas vão
sendo substituídas de forma rápida devida a essa hiperconectividade.
A discussão sobre os efeitos da hiperconectividade vem lá do sistema
de informação, como uma questão de acessibilidade – as pessoas precisam
estar conectadas.
Os desafios também passam por questões jurídicas que vão trazendo um
maior desafio/sensibilidade para essas questões de conectividade. É preciso
pensar no propósito daquela tecnologia, levantando questionamentos.
Há uma gama de serviços que envolvem a inteligência artificial,
inclusive dentro do próprio poder judiciário. No nosso ambiente jurídico
demoramos muito para evoluir em questões tecnológicas, mas hoje já
observamos um judiciário mais acessível nessas questões. Não é possível
romantizar a tecnologia e achar que os algoritmos e a inteligência artificial
estarão sempre certos, é preciso analisar. Ferramentas com IA:

Sobre a inteligência artificial e o direito:

"A inteligência artificial pode ter um impacto significativo


na área do direito, como automatizar tarefas rotineiras e
dispendiosas como a análise de documentos e a
pesquisa jurídica. Isso pode permitir que advogados e
juízes se concentrem em questões mais complexas e
de maior importância. Além disso, a IA pode ajudar a
identificar padrões e tendências em casos passados, o
que pode ser útil na tomada de decisões judiciais." De
quem é esta resposta? Do ChatGPT, o
robô/chat/ferramenta lançado em novembro de 2022
que tem se tornado manchete pelos mais diversos
feitos: foi aprovado em provas para médico e advogado
nos EUA, acertou questões do ENEM e escreveu um
livro em menos de 3 dias. Não há a menor dúvida que
os avanços tecnológicos e suas cotidianas
consequências tendem a influenciar diretamente as
mais diversas áreas do mundo jurídico. Seja
protocolando petições pelo celular, checando o Plenário
Virtual do STF ou participando de reuniões à distância,
o profissional do Direito já convive diariamente com
muitas das facilidades e inovações possibilitadas
justamente por novas tecnologias. Todavia, há
especificamente uma área de pesquisa tecnológica que
é citada mais frequentemente quando pensamos sobre
as grandes mudanças que o futuro reserva ao Direito: a
Inteligência Artificial (IA). Muitas perspectivas acerca da
Inteligência Artificial por vezes tendem à precaução e
ao receio, talvez por causa dos incontáveis filmes
hollywoodianos que a retrataram como uma grave
ameaça à humanidade - a criatividade de Stanley
Kubrick não seguia bases lá muito acadêmicas,
convenhamos. Seja pensando nas idenizações em
razão de atropelamentos por carros autônomos ou nas
repercussões legais-trabalhistas de uma temida "Era
das Máquinas" , muitos são aqueles que escolhem focar
nas dificuldades jurídicas advindas de um futuro
inteligente. Mas e as facilidades? Quais transformações
positivas a Inteligência Artificial pode trazer para o
Direito e para o devido processo legal? É importante
tentar evitar que essa cinzenta e trovejante nuvem de
medos nos impeça de enxergar o incrível potencial da
IA! Para saber mais sobre essas tantas conexões, o
Migalhas Para Estudantes conversou com o professor
doutor Fabiano Hartmann, coordenador do Laboratório
de Direito, Racionalidade e Inteligência da UnB
(Laboratório DR. IA) e do Projeto Victor - ferramenta
elaborada em parceria com o STF para uma
catalogação muito mais veloz dos processos de
repercussão geral. "A Inteligência Artificial está no
nosso cotidiano 24 horas por dia, 7 dias por semana",
afirma o professor; "não há dúvidas que esse convívio
constante vai trazer reflexos jurídicos, seja para bem ou
para mal", completa. Nessa perspectiva, já é muito bem
difundido que os meios digitais são o grande lócus fértil
da Inteligência Artificial em nosso cotidiano: há
algoritmos inteligentes para catalogar os dados
produzidos durante nosso uso, há algoritmos
inteligentes para processar estes dados, há algoritmos
inteligentes para decidir quais conteúdos nos serão
apresentados. Uma parafernália de software toda
desenhada para i) prolongar a permanência do usuário
e ii) aumentar a possibilidade de este assistir as
propagandas dos anunciantes. A preocupação surge,
pois, da possível utilização destas tecnologias para fins
que venham a violar os postulados da LGPD e as
garantias constitucionais referentes à privacidade (de
informações, de dados, de comunicações telefônicas).
Segundo o professor Hartmann, "grande parte do nosso
contato com os mecanismos de IA passa despercebida,
às vezes estamos navegando online e não nos
atentamos que ao rastro digital deixado será coletado e
processado". Sendo assim, não é difícil interpretar que
toda esta realidade está em constante via de tensão
com o Direito: se há coleta e processamento abusivos,
há violação legal; se há violação legal, haverá, sem
dúvidas, um coitado de um estagiário em algum lugar
do Brasil tendo que perder horas de sono estudando a
LGPD. "A grande vantagem da IA ao profissional do
Direito é a capacidade de reconhecer padrões e, a partir
deles, apresentar soluções para um problema
repetitivo", explica o especialista Fabiano Hartmann. De
tal modo, estas tecnologias podem colaborar
diretamente a um dos mais relevantes problemas do
judiciário brasileiro: a massiva quantidade de demandas
repetitivas. Seja na primeira instância, seja no Supremo
Tribunal Federal, a já famosa "cultura da litigância"
notável ao universo jurídico brasileiro ocasiona que
sejam muitas - muitas - as ações similares protocoladas
todos os dias. Assim, a Inteligência Artificial pode
contribuir à celeridade de justiça - talvez o maior entre
os empecilhos judiciários brasileiros - facilitando e
automatizando a catalogação de casos similares. Uma
forma de pensar estes mecanismos, por exemplo,
envolveria a criação de mecanismos para que ações de
mesmas características fossem atribuídas (por IA) a
categorias pré-determinadas pelas autoridades do juízo
ou tribunal a qual são dirigidas. O Projeto Victor,
elaborado em parceria entre a Universidade de Brasília
e o STF e coordenado pelo nosso entrevistado, almeja
justamente isso - mas no âmbito do Supremo Tribunal
Federal: filtra as milhares de ações recebidas pela côrte
e as assinala a algum dos Temas de Repercussão
Geral. "A ideia do Victor é ajudar os servidores do
Tribunal e dos gabinetes a separar os muitos casos que
estão no arquivo para facilitar que sejam tomadas
conclusões mais rápidas", conta o professor. A
Inteligência Artificial vai acabar com o advogado? Tudo
indica que não. "Não, não tem ameça (risos). O que nós
estaremos passando é por uma transformação profunda
na forma que as carreiras jurídicas vão desempenhar as
suas funções", Fabiano afirma categoricamente. Tal
qual o professor explica na entrevista, o que tende a
acontecer é um processo de adaptação às novas
tecnologias e às aplicações destas no cotidiano jurídico:
mesmo se o robô escrever a petição, alguém terá de
revisá-la; mesmo se o robô resumir toda a doutrina de
Direito Administrativo, alguém terá de tomar partido nas
questões controversas sobre os Bens Públicos; mesmo
se o robô escrever o Habeas Corpus, alguém terá de ir
buscar o cliente na porta da penitenciária. Este
"alguém", pelo menos até agora, vai ser sempre um
advogado. "Não dá para falar em desenvolvimento ou
uso de Inteligência Artificial, em qualquer área, sem
pensar também na necessidade de supervisão por
especialistas profissionais daquela área. No nosso
caso, como trabalhamos com IA jurídica, este
especialista vai ser sempre algum profissional do
Direito", conclui o professor. (Migalhas - on-line)
TEMA 03 – INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
E AUTOMAÇÃO

Aula 01

Já vimos a inteligência artificial e a internet das coisas, com seus


impactos positivos e negativos.
A automação é importante também de ser analisada nesses cenários,
já que também está presente em tudo. Os algoritmos, a inteligência artificial e
a automação podem estão em evidência nas diversas áreas da nossa
sociedade. Há uma bifurcação – há tarefas totalmente automatizadas, mas
há tarefas que possuem uma dependência/atuação da inteligência artificial.
A automação e a inteligência artificial são conceitos diferentes. A
automação é um processo de substituição da ação humana, procedimentos
automatizados e tarefas específicas.
Por exemplo: há escritórios com áreas muito grandes de atuação e,
assim, acaba por automatizar algumas tarefas. Importante lembrar que tem o
efeito de substituição da tarefa humana mas também tem o efeito de
qualificação desse trabalho.
Ou seja, a automação pode ser usada por meio de robôs/softwares
que vão trazer e permitir que essas máquinas operem com eficiência e
substituição de atividades. No ambiente jurídico, por exemplo, tem-se uma
grande demanda de cadastro de processos que demandam detalhes, é uma
atividade que é sempre igual e pode automatizar. Toda vez que tiver uma
tarefa que se repete no começo, meio e fim, vai conseguir automatizar.

Temos uma série de entrosamentos com serviços que já são


automatizados, desde os mais complexos aos mais simples.
A automação pode estar muito relacionada a perda de empregos, pois
tem essa visão de substituição de tarefas repetitivas, necessitando levantar
esses questionamentos sociais porque setores poderão sempre ser afetados.

AULA 2

Como vimos, a automação tem uma relevância enorme no nosso dia


a dia, com a capacidade de substituição de atividades diárias, trazendo um
impacto as vezes até maior do que a inteligência artificial.
As vezes compramos um software de automação como se fossem
inteligência artificial, mas temos mais acesso, de fato, a serviços de
automação. A inteligência artificial é um procedimento mais profundo e, por
isso, a automação torna-se mais acessível.
É preciso entender a diferença entre automação e inteligência artificial.
O que vemos é que a maioria dos escritórios estão, na verdade,
automatizando os processos e não lidando com inteligência artificial, sendo
que os softwares jurídicos possuem funcionalidades voltadas para a gestão
do dia a dia.

A sistematização não está relacionada com inteligência artificial. Se eu


tenho uma repetição, eu não tenho uma inteligência. Tudo aquilo que se
repete não tem uma inteligência, uma interpretação, uma pesquisa mais
profunda para entregar. Tem-se, nesse caso, uma automação. Exemplo: o
cadastro de pessoas, tem sempre uma pessoa cadastrando seguindo alguns
padrões como nome – processo – endereço, os processos se repetem e
acabou, é automação. Se fosse uma inteligência artificial atrelada a isso, já
teria uma previsibilidade dessas ações, é um processo aberto com
interpretação de resultados.
Enquanto na automação há a substituição de tarefas/ações, na
inteligência artificial há a substituição de raciocínio/interpretação. Na
automação não há raciocínio.
Quando pensamos na automação e na IA, estamos pensando na
produção do aprendizado de máquinas. Além de transformar o meio de
execução, tem-se a possibilidade de trazer mudanças no raciocínio. É
importante distinguir porque não precisa, necessariamente, ter presente
sempre os dois em conjunto.
De qualquer forma, não se fala de substituição direta do advogado, é
apenas uma qualificação e reposicionamento de tarefas. Não vamos ter uma
automatização fazendo audiências, por exemplo.

AULA 3

É preciso refletir sobre o que hoje é atividade repetitiva, se observar


essa atividade que é igual todos os dias ainda entraremos alguns erros,
tendo em vista que são pessoas por trás dos trabalhos feitos. Em uma
demanda muito grande, a chance de erros manuais são grandes. Um erro por
uma via tecnológica por algo que não foi bem construído, mas se for
construído de forma certa, terá 100% de qualidade, o que não podemos
garantir com trabalhos manuais.
A automação estará atrelada a uma repetição. Se eu estou fazendo
sempre igual, posso automatizar.
Há algumas atividades do dia a dia que já podemos pensar em
automatizar, através de uma mudança de cultura. Exemplo: a análise de
documentos. Sabemos que, para ter uma análise de documentos, temos
dados e algoritmos, mas também há uma automação que segue um bloco de
tarefas.
A automação traz o resultado daquilo que já foi programado e a IA traz
o resultado de que a automação entrega e ela já padroniza aquele resultado.
Elas são complementares.
Por fim, a automação não exclui a intervenção humana, apenas
acelera esse processo de intervir e de produção de raciocínio. É preciso
analisar o que pode ou não ser automatizado.

AULA 4

Nessa última parte, é preciso entender a eficiência desse processo de


automação. É preciso começar a entender os produtos para que se possa
também questioná-los. Na automação, vimos a parte de conceito e diferença
frente a inteligência artificial, a automação é a repetição e a inteligência
artificial é o raciocínio. A automação substituiu tarefas, a inteligência artificial
substituiu pessoas.
A automação ela traz mais eficácia, se torna mais eficiente e, quando
bem aplicada, ajuda a diminuir os erros e melhorar as tarefas.

Não substitui pessoas, substitui tarefas que fatalmente perde o sentido


para ter uma pessoa ali fazendo, mas ganha pontos com novas pessoas para
trabalhar dentro daquela automação e em outros setores mais necessários,
otimizando tempo e recursos. A automação reduz tempo, hoje o tempo é
valioso e a automação contribuiu para isso, o que compramos entregando na
internet é tempo.
Automação não é uma mágica para todos os problemas:
A automação impulsiona, mostra e entrega, a pessoa que está por trás
que vai gerar o comando e, por isso, não substitui pessoas e sim tarefas.

Sobre a Inteligência artificial e automação:


‘’Inteligência artificial já foi considerado um conceito
futurista e distante de nossas vidas cotidianas, mas, nos
últimos tempos, vem se tornando ainda mais
“mainstream” e cotidiano – isso sem que muitos de nós
nos déssemos conta das mudanças. A IA, a automação
e o aprendizado de máquina estão mudando quase
todos os negócios, desde o entretenimento, passando
pelo varejo, indo até os serviços públicos e ao
comércio, atingindo todos os níveis, do corporativo ao
individual. As tecnologias são parte de uma tendência
para a transformação digital, na qual processos
manuais estão substituídos por processos digitais para
acompanhar a inovação e a evolução das demandas da
indústria, clientes e seus próprios colaboradores.
Quando isso ocorre, é mais importante do que nunca
saber exatamente o que significam tecnologias como IA
e automação e o que elas podem fazer pela sua
organização. Automação de processos é ótimo para
lidar com tarefas comuns e de grande volume, ele libera
as pessoas para aplicarem mais tempo em ações
estratégicas para o negócio, ao invés de realizarem
procedimentos repetitivos. Um bom exemplo é o
onboarding de colaboradores. A administração,
orientação e configuração em geral exigem tempo e
atenção de várias pessoas em vários departamentos.
Este tempo custa dinheiro e todos os colaboradores
envolvidos neste processo podem ser mais úteis de
outras maneiras. Então, qual é a alternativa? A
automação pode ser utilizada para atribuir os novos
logins, licenças de software e equipamentos, adicionar
os novos colaboradores aos sistemas de RH, e até
mesmo agendar suas sessões de orientação. Agora,
imagine o que seu time poderia fazer com esse tempo
todo que não estão gastando – sim, gastando - com
essas tarefas rotineiras e repetitivas: O RH pode se
concentrar na busca dos melhores novos talentos; TI
pode se concentrar nas necessidades de negócios e
infraestrutura de grande porte, ao invés de limpar
manualmente as pilhas de tíquetes de suporte. Vendas
pode se concentrar em vendas e aquisição de novos
clientes; Operações pode se concentrar no futuro. Isso
é o que a automação faz, ajuda os seus colaboradores
a aproveitarem o tempo que gastariam em tarefas
manuais e repetitivas, de forma otimizada. Quanto
mais inteligente, melhor! A IA e o aprendizado de
máquina podem trazer um nível mais alto de
sofisticação, a capacidade de analisar e processar
dados com mais eficiência do que jamais vista antes.
Os sistemas IA / AM ficam mais inteligentes com o
tempo porque aprendem fazendo, realizando processos
repetidamente, analisando os resultados e melhorando
constantemente através da experiência. Diferentemente
de nós, humanos, as máquinas funcionam e aprendem
muito mais rapidamente. Vejamos como tecnologias
como essas podem ajudar sua organização a otimizar
processos, reduzir custos e permitir que seus
colaboradores aumentem o desempenho. A plataforma
Nintex, que a K2M Soluções representa no Brasil,
facilita a criação rápida de fluxos de trabalho
automatizados, usando uma interface simples de
arrastar e soltar sem necessidade de codificação.
Melhor ainda, uma vez que um processo tenha sido
automatizado, ele pode ser otimizado, para funcionar da
maneira mais eficiente possível. A K2M e a Nintex
chamam isso de "inteligência nos processos". Através
da plataforma, proporcionamos a você a capacidade de
adicionar balizadores em seus processos para que
meçam e mostrem quando, onde, com que frequência e
com que rapidez determinadas partes do fluxo são
executadas. Com esse insight, você pode ter a
informação de onde os processos ficam mais lentos e
quebrados e, ao passo que você possui tais
informações e seja capaz de enxergar possíveis
problemas, pode corrigi-los ajustando seus fluxos de
trabalho. Dessa forma, você pode melhorar
continuamente a eficiência geral e aproveitar ao
máximo seus recursos, o tempo todo. Afinal de contas,
um ponto crucial da transformação digital é aliviar a
carga administrativa dos colaboradores e gastar menos
tempo e dinheiro nestes processos. Isso significa que
seus colaboradores trabalharão com menos fadiga
tecnológica e muito mais satisfação no dia a dia.’’ (K2M,
on-line)
TEMA 04 – JURIMETRIA

Aula 01

Jurimetria é uma pequena parte da nossa análise de dados. Durante


todo esse modelo foi analisado dados, algoritmo, inteligência artificial e
automação, até chegar nesse ponto pois é preciso entender o que é essa
área.

Os movimentos para a criação da jurimetria não são recentes,


havendo combinações de fatore sociais, tecnológicos e jurídicos. É um
assunto em alta diante da sua importância, por isso é preciso entender para
aplicar da forma correta.

Nossa área jurídica foi uma área que mais atrasou nos usos de
tecnologias, mas hoje vem se tornando cada vez mais moderna. A jurimetria
é um ponto de destaque que ganha notoriedade, até porque o Brasil é o país
mais litigante do mundo.
O problema hoje não é só o judiciário, mas sim todos os litigantes que
compõe os processos. Todas as partes são responsáveis e o estudo da
jurimetria traz essa visão.
A jurimetria fazia parte de um estudo mais isolado e, recentemente,
tem se tornado mais profundo, precisando entender seu conceito e quando
aplicá-la.

AULA 2

É preciso entender a diferença entre jurimetria e volumetria. A


diferença principal é a predição, a estatística. O que vai colocar a jurimetria
como um estudo jurimétrico é a estatística, a volumetria é apenas uma
análise de dados seca.
Geralmente, ao fazer um estudo jurimétrico é algo fechado, porque vai
envolver um preparo da base e é diferente do que é feito dentro da
volumetria. Podem existir as duas juntas, mas a volumetria nem sempre tem
jurimetria.

Dentro da volumetria temos um dado praticamento estático. Ele pode


ser um dado em tempo real, mas não será um dado preditivo. Pode enxergar
um dado com certo comportamento, mas não há uma estatística, diferente da
jurimetria. Pode ter uma volumetria analítica, mas será diferente da jurimetria,
na jurimetria será feita análise de casos, teses de forma analítica.
Embora os conceitos sejam diferentes, tudo que diz respeito a um
processo é interessante para a jurimetria e, quanto a volumetria, os volumes
de processo também importará. O volume está dentro da jurimetria, mas a
jurimetria não está dentro da volumetria.
Uma ferramenta de jurimetria vai demandar um esforço de tempo,
atém mesmo um esforço no tratamento, na base. A jurimetria é algo que eu
trato antes de utilizar. Na volumetria tratamos números.
AULA 3

Quando pensamos na jurimetria tem um fator que pode, em algum


momento, ser preocupante: o enviesamento, já que não sabemos como estão
programando. Como não temos certeza da construção desses algoritmos, é
preciso pensar um pouco. Na França, inclusive, por esse problema, foi
proibido o uso da jurimetria.
Na França o ponto que foi crucial é: não poder avaliar a figura do juiz.
Por um lado, foi uma decisão pesada, por outro, foi uma decisão ponderada
pois não sabemos os limites de interpretação de cada um. A posição adotada
pela França veio para que não seja questionado o posicionamento do juiz.
No Brasil, podemos utilizar, temos respaldo constitucional para isso.

AULA 4

A jurimetria é uma das soluções do mercado, sendo extremamente


necessária para o meio jurídico.
Tudo na jurimetria começa com uma base sólida, já que seu estudo é
delicado e necessita de uma grande atenção. É preciso usar dados
completos e certos. É justamente aqui que começa a entender os impactos
dos vieses que já foram estudados.

Se estivermos tratando de uma análise, ela tem fatores jurídicos e


sociais, devendo ter cuidado para não cometer nenhum equívoco.
Na prática são diversas ferramentas de mercado para fazer análise
jurimetrica e estatística.

Sobre a jurimetria:

‘’Jurimetria é a estatística aplicada ao direito, em uma


análise simples e direta. Tem sido utilizada em conjunto
com softwares jurídicos num modelo de tentar prever
resultados e oferecer (daí a questão estatística)
probabilidades e valores envolvidos nestas análises. O
mundo jurídico está mudando. E disso ninguém
discorda. A utilização da tecnologia tem impactado de
maneira significativa a advocacia. Já se foi o tempo em
que o advogado precisava dominar ferramentas como
editor de textos e planilhas (ao menos deveria). E nesse
ínterim, surgiram novas ferramentas. Planilhas foram
substituídas por softwares jurídicos. Muitos cálculos
foram automatizados. Os documentos em papel deram
lugar a arquivos digitais em nuvem. E surgiu, por
exemplo, a jurimetria, que promete revolucionar a
advocacia. Contudo, a revolução também demanda
atualização dos advogados, ao mesmo tempo que
permite que eles diferenciem a partir de seu uso. A
advocacia contemporânea, especialmente a partir do
advento do processo eletrônico, tem sofrido grande
impacto da tecnologia e, em grande medida, se
beneficiado disso. Muito tem se falado sobre a
inteligência artificial na advocacia e o fim da profissão.
Obviamente, exageros oriundos de um entusiasmo por
novas ferramentas em um setor que faz pouquíssimo
tempo trabalhava com máquinas de datilografia e fichas
em papel. Segundo a ABJ (Associação Brasileira de
Jurimetria), jurimetria é a “disciplina resultante da
aplicação de modelos estatísticos na compreensão dos
processos e fatos jurídicos”. Significa dizer que a
multidisciplinaridade passa, definitivamente, a fazer
parte do mundo jurídico. Ou seja, jurimetria é a ciência
dedicada ao estudo e compreensão da aplicação da
doutrina e jurisprudência. E identifica, dessa forma,
eventuais mudanças de paradigmas e novos
posicionamentos de magistrados, apenas para ilustrar.
A jurimetria proporciona condições de análises
descritivas, diagnósticas e preditivas mais profundas.
Além disso, consegue evidenciar dinâmicas sobre a
causa raiz de situações identificadas como relevantes.
E, quando utilizados recursos tecnológicos
especializados, permite criar aprendizado e orientar
ações práticas mitigatórias. Algumas plataformas
permitem que você obtenha o detalhamento da
tendência de um tribunal quanto à decisão de um
agravo de instrumento, por exemplo. Dessa maneira,
permite que o advogado tenha uma visão maior do seu
processo. E possa tomar uma decisão, considerando os
interesses do cliente, de forma mais consciente e
estratégica. Do mesmo modo, permite que invista em
determinadas ações, na medida em que, ao ver a
tendência jurídica, consiga extrair uma conclusão
acerca do cenário do mercado. Sistemas que lançam
mão da jurimetria, por exemplo, permitem monitorar
continuamente a situação atual dos processos. E mais:
caracterizar detalhadamente cenários, com todos os
atores envolvidos e até análises comparativas com
outras bancas, subsidiando, assim, a atuação proativa
do advogado. Obviamente, a jurimetria, por si só, não
garante sucesso. Cada processo possui suas
peculiaridades, e os magistrados, suas convicções. Ao
longo do exercício casuístico, dos fatos e das provas
constantes dos autos, tais convicções mudam. Mas até
nisso a jurimetria é útil. Ela detecta, frente a padrões, o
que foge à regra, dando uma margem mais segura se
ação. Por isso, ela transforma a realidade da advocacia,
sobremaneira. E, como tal, apresenta-se como uma
ferramenta essencial para uma atuação mais assertiva
do advogado, podendo auxiliá-lo em decisões
estratégicas de cada caso como, por exemplo, optar por
uma conciliação preliminar ou partir para o
enfrentamento contencioso, após a análise e
identificação de padrões nas decisões de magistrados
ou no comportamento padrão da parte adversa. Além
disso, trata-se de um estudo estatístico que permite ao
advogado traçar cenários e estabelecer sua estratégia
processual, podendo gerar um ganho de produtividade
muito significativo. A tomada de decisões, tendo em
vista a análise do posicionamento repetitivo de juízes e
até mesmo padrões de atuação da parte adversa, além
do uso recorrente da doutrina e jurisprudência em
sentenças e acórdãos de casos semelhantes, pode
apontar tendências e colocar o advogado numa
situação bastante privilegiada. Sob o ponto de vista do
marketing jurídico, um tremendo avanço pode ser
gerado a partir de análises como as citadas
anteriormente. Isso porque elas permitem uma visão
mais ampla de mercado, como observado. Mas também
para traçar um perfil de cliente com base nas decisões
judiciárias. Imagine um escritório que pretende
desenvolver um novo produto jurídico. E, para concebê-
lo, lança mão da jurimetria. Assim, pode verificar nas
bases de dados existentes (Poder Judiciário e outras
bases de informações jurídicas e comerciais) quais são
as necessidades dos potenciais clientes e quais as
formas de tratamento adotadas até então. Certamente,
deste estudo sairá um produto muito robusto e com
uma diversidade de soluções muito mais rica, tudo isso
baseado no cruzamento de dados estatísticos e
informações disponíveis. Ainda na seara da
prospecção, imagine o cenário em que um escritório
utiliza a jurimetria para conhecer com maior riqueza de
detalhes a situação de potenciais clientes com os quais
pretende fazer algum tipo de negócio e, com base nas
informações coletadas, desenvolve relatórios
diagnósticos para apresentar em reuniões de
negociação. Este tipo de análise tornará a advocacia
ainda mais competitiva e muito mais disputada.
Tecnologias como a da jurimetria exigirão capacidades
diferenciadas do advogado, pois a discussão das
demandas passará para muito além dos argumentos,
convergindo para o campo da estratégia. Imagine que
para se conseguir identificar um padrão de sentença
(sem o uso de qualquer ferramenta eletrônica) um
advogado levaria muitos anos de trabalho diante de
juízes determinados, além de muita dedicação e estudo
para tal. Com a jurimetria, tecnologia que acessa
bancos de dados do Poder Judiciário, conseguirá
analisar centenas ou milhares de sentenças, petições,
decisões de todo o tipo e espécie, cruzando
informações, identificando padrões e apontando
tendências em minutos. Desta forma, advogados
iniciantes passam a ter acesso a uma inteligência que
era restrita àqueles mais experientes, achatando, por
assim dizer, a lacuna que até então existia neste
campo. É óbvio que a tecnologia não substituirá a
experiência. Pois, como dito anteriormente, será na
estratégia processual que a disputa resultará e a
experiência tem muito valor neste campo. Mas, com tais
subsídios e recursos, o tempo que o advogado terá
para dedicar ao aprimoramento de suas estratégias fará
com o que o ganho de experiência seja bem mais
consistente e ágil. Por isso, não obstante a questão
jurídica, o tempo de estudos de um advogado pode ser
reduzido de maneira espantosa utilizando uma
ferramenta nestes moldes, já que um sistema como
este poderá fazer centenas de análises de dados
velozmente, trazendo opções ordenadas em
consonância com o interesse do operador. Isto sem
falar na probabilidade de sucesso que será
significativamente aumentada em virtude desta prática
de análise estatística. Ainda há muito a evoluir para que
possamos tirar melhor proveito da jurimetria. O maior
desafio está no campo da disponibilidade de
informações qualificadas. Isto porque esta é a matéria-
prima da jurimetria. Conforme a ABJ: Por causa dessa
relação direta com o funcionamento do judiciário, os
agentes do Direito sempre podem se beneficiar de um
diálogo com os jurimetristas. Se o jurista pergunta
‘Devemos começar o cumprimento de pena em
segunda instância?’, o jurimetrista perguntará ‘Em
quantos casos isso seria injusto?’. Se o tribunal
questiona ‘Qual tipo de processo é mais complicado?’, o
jurimetrista perguntará ‘Qual é o tipo de processo que
demora mais?’. Se o advogado pergunta ‘Em quanto
indenizar-se-á o dano moral?’, o jurimetrista perguntará
‘Quanto se pagou em casos similares?’. Neste sentido,
o Poder Judiciário tem papel preponderante, uma vez
que concentra a grande massa de informações acerca
de processos em todo o país. Não obstante, tais
informações estão desorganizadas, distribuídas em
sistemas distintos, cadastradas de maneira diversa e
com parâmetros variados em cada órgão do Poder
Judiciário. Outras fontes de dados poderiam ser os
softwares jurídicos presentes em escritórios de
advocacia. Por questões de sigilo e ética profissional,
contudo, essa opção dificilmente chegará nos próximos
anos. Até que ela se demonstre mais segura e se torne
viável. Assim, para que os operadores do Direito
possam tirar maior proveito da jurimetria, um trabalho
de organização e saneamento das bases de dados é
necessário. Isto significa dizer que ainda há um longo
caminho a percorrer para a otimização deste recurso
como ferramenta de produtividade. A advocacia mudou.
O que vem por aí, nos próximos anos, representará,
todavia, um salto quântico em eficiência. E acirrará
ainda mais a cena mercadológica. Aqueles que não
estiverem conectados, portanto, a esse novo tempo,
automaticamente, serão expurgados do mercado. Por
essa razão, vale a pena estar atualizado e investir nas
novas tecnologias.’’ (projuris, on-line)
JURISPRUDÊNCIA
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE TUTELA ANTECIPADA
EM CARÁTER ANTECEDENTE - PERDA DE OBJETO - NÃO
OCORRÊNCIA - WHATSAPP E FACEBOOK - GRUPO ECONÔMICO -
BANIMENTO - BLOQUEIO DE CONTA EM APLICATIVO - COMUNICAÇÃO
PRÉVIA FUNDAMENTADA - NECESSIDADE - DIREITO DO CONSUMIDOR
- ALTERNATIVIDADE DA CLÁUSULA RESOLUTIVA DO CDC - DEVER DE
INFORMAÇÃO - CONTRADITÓRIO - AMPLA DEFESA - LIBERDADE DE
EXPRESSÃO E COMUNICAÇÃO - AMBIENTE VIRTUAL - TROCA DE
DADOS - LEI 12.965/2014 - MARCO CIVIL DA INTERNET - EFICÁCIA
IMEDIATA E HORIZONTAL DOS DIREITOS HUMANOS - MÁQUINAS -
ALGORITMOS - INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL - RESPONSABILIDADE DA
EMPRESA PELAS DECISÕES E CONSEQUÊNCIAS - TUTELA
ANTECIPADA DE URGÊNCIA - REQUISITOS PREENCHIDOS.
Sendo frágeis as provas apresentadas em face da abrangência do objeto da
demanda atinente à disponibilidade de conta em aplicativo, não ocorre perda
de objeto. Constatados a probabilidade do direito e o perigo de dano (art. 300
do CPC), não se mostra razoável o banimento de conta em aplicativo, sendo
assegurado ao usuário o direito de apresentar defesa à empresa que faz
parte do mesmo grupo financeiro e tem ingerência sobre o aplicativo, sem
representação institucional no Brasil, de modo a evitar, em sede de tutela
antecipada, prejuízo ao consumidor. Uma vez que o uso de recursos digitais
de comunicação e de compartilhamento de dados tornou-se imprescindível
no ambiente social, profissional e político, torna-se necessário imprimir
coerência às relações jurídicas privadas modernas por meio da adoção de
valores constitucionais, em conformidade com a eficácia imediata e horizontal
dos direitos humanos, de modo a impedir que empresas de tecnologia, por
meio de algoritmos, máquinas e inteligência artificial, violem princípios da
Constituição da República e normas nacionais, em especial as dispostas no
Marco Civil da Internet e no Código de Defesa do Consumidor.
ChatGPT: o que é e como usar?
O Chatgpt é um chatbot com inteligência artificial (IA)
que interage com humanos e fornece soluções em texto
para diferentes questionamentos e solicitações.
Desenvolvido pela OpenAI, o software é capaz de criar
histórias, responder a dúvidas, aconselhar, resolver
problemas matemáticos e muito mais — tudo isso com
uma linguagem fluida e natural, semelhante à humana.
O chatbot se tornou bem popular nos últimos meses,
chegando a atingir a marca de um milhão de usuários
em apenas uma semana de lançamento. É possível
acessar o site do ChatGPT em navegadores do
computador ou de celulares após um simples cadastro.
O ChatGPT é um chatbot que utiliza inteligência artificial
para interagir com humanos. O robô foi criado pela
empresa OpenAI no final de 2022 e fornece soluções e
respostas variadas para os mais diversos tipos de
problemas e questões. Ele funciona de forma
semelhante a assistentes virtuais, como Alexa e Siri,
com a diferença de que seu algoritmo fornece respostas
mais complexas, e dadas somente em formato de texto.
A tecnologia da OpenAI é capaz de resolver questões
matemáticas, criar histórias, responder a dúvidas, gerar
roteiros de viagens, criar cronogramas e muito mais. O
sistema é treinado por meio do aprendizado de máquina
e tem acesso a um vasto banco de textos publicados na
Internet. Por meio da coleta e organização desses
conteúdos, o robô consegue produzir respostas lógicas.
Vale lembrar, contudo, que a versão 3.5 do chatbot — a
mais popular atualmente — só tem acesso a conteúdos
publicados até o ano de 2021. Isso significa que, caso o
internauta pergunte sobre assuntos recentes, o software
pode se confundir e compartilhar informações falsas ou
imprecisas. Por isso, vale ter atenção e sempre checar
dados. Para usar o ChatGPT em português, é
necessário entrar no site "https://chat.openai.com/" (sem
aspas) e clicar em “Login”, caso já tenha cadastro na
plataforma, ou em “Sign up”, para criar um registro. Se
estiver criando uma conta, é preciso inserir um
endereço de e-mail e gerar uma senha. O chatbot
enviará uma mensagem ao seu e-mail com um link de
confirmação para que seu perfil seja validado. Após a
verificação, você será redirecionado para a página do
ChatGPT. Uma outra opção de login é utilizar as contas
do Gmail ou da Microsoft para se cadastrar. Depois do
registro, o software apresentará várias informações
referentes ao sistema e uso da plataforma. Pressione
“Next” para avançar. Em seguida, a página inicial do
ChatGPT estará disponível. Clique na barra inferior e
digite sua pergunta ou comando e clique na setinha no
canto esquerdo. Vale dizer que, de primeira, o chatbot
falará em inglês, mas, para usar o ChatGPT em
português, basta escrever "Falar em português". O
ChatGPT não tem um aplicativo para iPhone (iOS) ou
para Android. No entanto, ainda é possível usar o
chatbot por meio do navegador do celular. Para isso,
entre em "https://chat.openai.com/" (sem aspas) pelo
navegador do aparelho e toque em “Try ChatGPT”. Em
seguida, realize o login ou crie uma conta para começar
a utilizar o serviço. Usar o ChatGPT em português é
bem simples. O chatbot entra automaticamente em
inglês, mas, para mudar o idioma dele, basta solicitar.
Para isso, você pode enviar alguma frase como
"podemos falar em português?". Pronto! A IA
responderá em português. O ChatGPT apresenta
algumas limitações. Uma das principais é o fato de seu
banco de dados estar atualizado apenas até 2021 — na
prática, isso significa que acontecimentos posteriores a
esse ano podem ser ignorados pelo robô. Além disso,
como o sistema aprende por meio de textos disponíveis
na Internet, algumas informações podem ser distorcidas
ou falsas, visto que nem tudo que está na web é
verdadeiro. Nesse sentido, como as respostas do
chatbot são bem formuladas e aparentam coerência, as
produções podem favorecer problemas como a
disseminação de fake news e desinformação. Além
disso, já que o conhecimento adquirido pelo ChatGPT é
proveniente de conteúdos publicados na Internet, ele
também corre o risco de perpetuar discursos
preconceituosos e racistas existentes em artigos da
web. A interação com o ChatGPT pode ser mais
assertiva e alinhada aos seus objetivos a depender da
forma como os prompts são enviados ao robô. Algumas
dicas para otimizar as respostas do chatbot são: não
ser genérico; exemplificar exatamente o que você quer
que ele faça; fornecer o contexto da situação; e explicar
a ele o que você espera da resposta. Um outro
conselho é refazer a resposta até encontrar a melhor
opção. Isso pode ser feito por meio do botão
“Regenerate response”, que aparece no chat. Também
pode ser interessante pedir para que o chatbot assuma
um “papel”. Por exemplo, se você deseja receber uma
resposta relacionada à área financeira, você pode dizer
a ele “Você é um diretor financeiro. Responda ao
seguinte questionamento...”. Uma outra dica é definir
exatamente quem é o público-alvo e o canal de
comunicação da produção. Esse formato pode ser
muito útil, por exemplo, para criar scripts para
conteúdos de redes sociais. Um exemplo de comando
que pode ser usado nessa situação é “Crie um roteiro
para vídeo no YouTube, com público-alvo de pessoas
entre 18-25 anos, sobre o assunto...”.A seguir, confira
algumas dicas de comandos que você pode usar para
interagir com o ChatGPT. Perguntas de conversação:
você pode fazer perguntas e conversar com o ChatGPT
normalmente, como faria com qualquer outra pessoa;
Perguntas gerais: você pode fazer perguntas gerais
para obter informações sobre um tópico específico. Por
exemplo: "O que é inteligência artificial?" ou "Qual é a
capital da França?"; Perguntas sobre fatos: você pode
fazer perguntas sobre fatos específicos. Por exemplo:
"Quando foi fundada a NASA?" ou "Qual é a maior
montanha do mundo?"; Perguntas sobre opiniões: você
pode fazer perguntas sobre as opiniões do ChatGPT.
Por exemplo: "O que você acha do filme Star Wars?" ou
"Você acha que devemos investir mais em energias
renováveis?"; Perguntas sobre conselhos: você pode
pedir conselhos ou sugestões do ChatGPT. Por
exemplo: "O que devo fazer para me preparar para uma
entrevista de emprego?" ou "Que livro você recomenda
para ler?"; Comandos especiais: existem alguns
comandos especiais que você pode usar para interagir
com o ChatGPT de maneiras diferentes. O ChatGPT
pode ser usado para auxiliar os usuários em tarefas do
dia a dia, como estudar, trabalhar, planejar viagens,
criar lista de tarefas e muito mais. Para estudar com o
ChatGPT, por exemplo, você pode copiar e colar algum
texto e pedir para que ele o resuma, ou ainda solicitar
que ele explique algum conceito complexo de uma
forma mais fácil. O robô também é capaz de
desenvolver simulados sobre determinado assunto para
que você possa praticar com perguntas e alternativas.
Outra possibilidade do ChatGPT é criar roteiros de
viagem. Para isso, basta dizer ao robô o local a que
você pretende ir e a quantidade de dias que vai ficar.
Assim, a tecnologia vai criar um cronograma com os
principais pontos turísticos e passeios que podem ser
feitos no destino indicado. Além disso, o chatbot
também pode desenvolver templates de e-mail e textos
para redes sociais, preparar os internautas para
entrevistas de emprego e até resolver operações
matemáticas complexas. A seguir estão 10 possíveis
aplicações do ChatGPT no dia a dia. Busca de
informações: o ChatGPT pode ajudar a responder
perguntas sobre uma ampla variedade de tópicos,
desde o clima até receitas de culinária; Ajuda em
tarefas domésticas: o ChatGPT pode ajudar a criar
listas de compras, receitas e até mesmo a encontrar
soluções para manutenção de equipamentos em casa;
Aprendizado: o ChatGPT pode ajudar a aprender novas
palavras, fatos e conceitos, além de praticar habilidades
em uma variedade de assuntos; Comunicação: o
ChatGPT pode ajudar a enviar mensagens e fazer
ligações para seus contatos, além de ajudar a traduzir
mensagens em diferentes idiomas; Entretenimento: o
ChatGPT pode contar piadas, compartilhar curiosidades
e jogar games simples para ajudar a passar o tempo;
Organização: o ChatGPT pode ajudar a criar listas de
tarefas, definir lembretes e agendar compromissos para
você se manter organizado; Fitness: o ChatGPT pode
ajudar a definir metas fitness, fornecer sugestões de
rotinas de exercícios e até mesmo monitorar seu
progresso em direção a essas metas; Controle de
gastos: o ChatGPT pode ajudar a acompanhar seus
gastos, definir orçamentos e fornecer insights sobre
suas finanças pessoais; Planejamento de viagens: o
ChatGPT pode ajudar a encontrar destinos, passagens
aéreas, hotéis e até mesmo fornecer informações sobre
atrações turísticas em diferentes países; Assistência
pessoal: o ChatGPT pode ajudar em uma ampla
variedade de tarefas pessoais, desde a reserva de
restaurantes até a compra de presentes para amigos e
familiares. Apesar de todas as utilidades do chatbot,
algumas questões relacionadas ao seu uso podem ser
controversas. Uma delas é o fato de que, por
apresentar um texto muito fidedigno à escrita humana e
com aparente coerência e coesão, o chatbot pode
fornecer respostas falsas que soam verdadeiras,
impulsionando a propagação de fake news. Um outro
perigo é o mau uso do sistema para gerar códigos
maliciosos e e-mails de phishings, que podem infectar
dispositivos com malwares. Um outro tema divergente é
a questão dos direitos autorais, já que o robô pode criar
textos completos e que “imitam” o formato de linguagem
de diversos autores. Nesse caso, ainda não há um
acordo na lei que estabeleça a quem a produção seria
atribuída – isto é, se ao autor original ou ao chatbot.
Ainda nessa situação, um outro problema possível é
que escolas e faculdades, por exemplo, tenham mais
dificuldade para distinguir produções originais das
criadas pelo robô. Não há formas de ganhar dinheiro
diretamente com o ChatGPT. Recentemente, um
suposto curso chamado Chat Money prometia lucros de
até R$ 7,5 mil por mês utilizando o robô. No entanto, a
promessa não passava de um golpe, com diversas
vítimas apresentando relatos no site Reclame Aqui de
que sequer receberam o curso por completo pela
empresa. O que é possível com o ChatGPT, porém, é
otimizar algumas tarefas e, assim, maximizar ganhos.
Os usuários podem pedir para que o chatbot sugira
conteúdos para redes sociais, crie um template de e-
mail, gere um roteiro de vídeo para o YouTube ou
outras atividades. Assim, é possível receber insights
para a realização de trabalhos, mas não ganhar
dinheiro, de fato, pelo site. É comum que alguns
usuários comentem que o ChatGPT não funciona em
determinados momentos do dia. Em diversos casos, ao
abrir o site, uma mensagem que diz “ChatGpt is at
capacity right now” é exibida ao internauta. O aviso
indica que o servidor está sobrecarregado e não pode
ser acessado. Nessas horas, o que pode ser feito é
recarregar a página apertando F5 ou solicitar que o site
o avise quando estiver ativo novamente. Para isso,
basta clicar em "Get notified when we're back", digitar o
seu e-mail e clicar em "Submit". Uma outra alternativa é
entrar em plataformas que oferecem serviços
semelhantes ao ChatGPT, como ChatSonic, Jasper
Chat, Character AI, You Chat, Perplexity AI e Replika.
Vale dizer também que o Google pretende lançar a sua
própria IA de chatbot nos próximos meses. Conhecida
como Bard, a inteligência artificial, que foi anunciada em
fevereiro de 2023, será aplicada a diversos produtos da
empresa, como Google Docs e Gmail. Atualmente, ela
está em fase de testes nos EUA e no Reino Unido. Veja
algumas curiosidades sobre o Bard. No final de março
de 2023, a OpenAI liberou para o público pagante a
nova versão do chatbot, o ChatGPT-4. A atualização
trouxe melhorias como redução na taxa de erros,
otimização em idiomas diversos e leitura e produção e
imagens. Para usá-lo, é preciso assinar o plano
premium do ChatGPT, que custa cerca de R$ 104
mensais. Mas alguns produtos já incorporaram o novo
sistema – como é o caso do buscador Bing, que é
gratuito e pode ser acessado facilmente pelo celular ou
pelo PC.’’ (TechTudo, on-line)
JURIMETRIA
‘’A tecnologia está cada vez mais presente no mundo
jurídico e seu impacto tem causado mudanças
significativas em todos os âmbitos do Direito. A
advocacia tem atravessado todas essas transformações
digitais e, para se destacar em meio à concorrência, é
preciso estar preparado para as tendências e para o
futuro do direito. Nesse sentido, são inúmeras as
inovações tecnológicas que se tornaram essenciais no
exercício da advocacia contemporânea e elas têm sido
um fator importante no destaque de grandes escritórios,
como é o caso da jurimetria. A ferramenta permite aos
profissionais da área quantificar riscos, calcular
probabilidades de vitória em litígio e prever tendências
de comportamento nos tribunais. Sem dúvidas, suas
repercussões são bastante positivas em todas as áreas
do setor, mas, especialmente, nos escritórios e
departamentos jurídicos. A jurimetria é a estatística
aplicada do Direito. Segundo a Associação Brasileira de
Jurimetria (ABJ), ela se conceitua como a disciplina
resultante da aplicação de modelos estatísticos para
compreensão dos processos e fatos jurídicos. Assim, a
partir dos dados gerados pelo Poder Judiciário, que são
coletados e analisados por meio de métodos
matemáticos e estatísticos, é possível quantificar as
demandas e determinar padrões. Entendido o conceito,
você deve estar se perguntando sobre a aplicação
prática dessa nova ferramenta. Afinal, qual a sua
serventia para o Direito? Considerada como uma área
que se dedica ao estudo e compreensão da aplicação
da doutrina e da jurisprudência, a jurimetria permite
prever cenários e traçar as probabilidades de resultados
para cada um deles. Portanto, cumpre o papel de
identificar padrões dentro do ambiente jurídico, sejam
eles relacionados aos tribunais ou às partes adversas, a
fim de orientar comportamentos. Para os tribunais, a
jurimetria funciona como ferramenta apta a facilitar ao
magistrado a uniformização de suas decisões em casos
similares, assim como apontar as distinções capazes de
alterar o padrão estabelecido. Na advocacia, se
apresenta como instrumento capaz de trazer
previsibilidade de resultados para as demandas,
ajuizadas ou não. Atrelada à análise jurídica, apresenta-
se como fator essencial para traçar estratégias
assertivas e eficientes. Ainda, pode significar a médio e
longo prazo, uma diminuição considerável de demandas
que não têm entendimento favorável na doutrina e
jurisprudência. Por fim, dada a alta competitividade do
mercado jurídico, a análise jurimétrica digital se mostra
como alternativa para alcançar uma posição de
destaque. Como já mencionamos aqui, a jurimetria é a
estatística aplicada do Direito. Isso significa dizer que a
metodologia aplicada na jurimetria é quantitativa,
principalmente pelo método estatístico, em uma análise
simples e direta. Através da filtragem de dados públicos
e privados, são estabelecidas métricas, por meio da
estatística, e a partir de casos reais e similares. Essas
métricas, então, fornecerão previsibilidade de desfecho
para novos casos. A matéria-prima da jurimetria é a
informação qualificada. Fica, assim, evidente a
existência da correlação entre a estatística e a análise
de dados. Nesse sentido, a informação qualificada
provém de experiências pretéritas. Logo, em princípio,
seriam necessários anos de prática, acúmulo de
experiência e muito estudo sobre os padrões de cada
tribunal, cada magistrado e cada parte adversa, levando
em consideração tipos específicos de demandas. A
tecnologia assume, então, por meio da análise de
dados, o papel de sistematizar toda essa gama de
informações e tornar mais rápido, simples e direto um
processo que antes demandava anos de experiência e
estudo. E como é feita essa análise de dados? Com o
auxílio de softwares jurídicos já existentes, que são os
responsáveis por facilitar todo esse processo, através
da inteligência tecnológica. Para uma aplicação
eficiente, é necessário ter em mente um conceito bem
estruturado. Na jurimetria ele se baseia em 3 (três)
pilares, são eles: Elaboração legislativa e gestão
pública; Decisão judicial; e Instrução probatória.
Elaboração legislativa e gestão pública. Na elaboração
legislativa e gestão pública, o conjunto de técnicas
desempenha a função de aproximar as leis da realidade
da sociedade. Um estudo baseado em dados que
demonstram o impacto de legislações existentes no
contexto atual da sociedade permite a criação de novas
leis que sejam mais fiéis às demandas sociais e
possam cumprir seu real propósito. Decisão judicial
Pelo ponto de vista dos magistrados, a partir das
informações coletadas, passa a ser concreto o
panorama geral de posicionamentos dos tribunais. Com
isso, as decisões são proferidas considerando
entendimentos de tribunais superiores, entendimentos
dominantes e até contrários, conferindo a elas maior
segurança jurídica. Além disso, essa base de
informações pode atuar como facilitadora na
ponderação dos diversos fatores humanos e sociais que
permeiam a busca de resolução para os conflitos.
Instrução probatória: Sob a perspectiva da advocacia, a
previsibilidade apontada pela ferramenta repercute de
maneira significativa. A jurimetria possibilita ao
advogado um prognóstico muito mais assertivo sobre os
resultados de uma demanda. Os dados sistematizados
apontam os padrões existentes, baseados na
jurisprudência pertinente e, consequentemente, a
melhor estratégia a ser seguida. Também há benefícios
na prospecção de clientes, que passam a ser
influenciados pela utilização das técnicas desde a
captação até a fidelização. Compreendido o conceito e
a aplicação dessa nova ferramenta, partimos agora
para a importância da implementação nos escritórios de
advocacia e as vantagens obtidas pelos profissionais.
Restam evidentes os inúmeros benefícios que podem
ser obtidos através da análise jurimétrica. Conheça
alguns deles: Otimização do tempo do advogado;
Economia de recursos; Aumento da produtividade no
escritório; Prospecção de clientes, impulsionada pela
capacidade de prever resultados; Crescimento do
faturamento; Melhoria da eficiência. Observe que a
implementação da jurimetria no trabalho perpassa pela
mudança de enfoque do tempo e recursos gastos.
Recursos investidos em jurimetria são diretamente
proporcionais à diminuição do tempo de pesquisa do
advogado para obtenção de informações agora
coletadas por um software jurídico. Assim, esse tempo
passa a ser empregado no planejamento de estratégias
eficientes, respaldadas em dados concretos. Ainda,
segundo pesquisa conduzida pela Turivius, em
colaboração da Escola de Direito da FGV, 95% dos
advogados não fazem uso da jurimetria digital. Esse
dado demonstra a relevância da vantagem competitiva
que essa inovação tecnológica representa para o
mercado jurídico brasileiro.’’ (SARAIVA EDUCAÇÃO,
on-line)
AUTOMAÇÃO E DIREITO
‘’Embora seja difícil responder essa questão, uma coisa
é fato: a pressão por agilidade e eficiência na advocacia
nunca foi tão alta. Para ganhar espaço e
competitividade no mercado, escritórios e profissionais
precisam rever seus processos. Mais do que nunca é
preciso apostar na automação jurídica. Mas, afinal, o
que é automação jurídica? Esse conceito que vem
ganhando fama no dia a dia dos advogados vai muito
além de contratar um software jurídico ou soluções
tecnológicas para o armazenamento de documentos. A
automação jurídica significa automatizar atividades de
suporte aos serviços jurídicos. Ela serve para que a
estratégia e a inteligência virem prioridade dentro de um
escritório. Poucos profissionais colocam em prática a
máxima "tempo é dinheiro" como os advogados. Basta
olhar uma fatura de qualquer escritório, que não fica
difícil entender que tempo custa não somente para o
cliente, como também para um profissional. Em um
mercado disputado por mais de 1 milhão de
profissionais, é preciso investir em agilidade e
qualidade. Caso contrário, as chances de perder um
cliente para a concorrência são grandes. Ninguém quer
pagar por serviços que não ofereçam uma solução
efetiva atualmente. Na advocacia, isso não é diferente.
Justamente por isso que muitos escritórios e
profissionais vêm buscando o auxílio da tecnologia.
Automatizar as tarefas de suporte dos serviços jurídicos
tornou-se uma necessidade. Afinal, essas pequenas
atividades do dia a dia consomem tempo, mas não
contribuem diretamente para a geração de resultados
ao cliente. Logo, é preciso focar no que realmente
interessa. Apostar em automação jurídica, ao contrário
do que pensam muitos advogados, vai muito além de
investir em um software de gerenciamento de
processos ou em uma solução para o arquivamento
digital de documentos. Ela proporciona uma revisão de
todos os processos do escritório, em todos os seus
setores, buscando otimizar as atividades como um todo.
A automação tem um caráter de inteligência que,
quando não é aplicado à gestão, faz com que as
ferramentas tecnológicas se tornem mais um entrave.
Investir em automação jurídica, portanto, não é apenas
investir em ferramentas tecnológicas. É preciso ir além
e rever todos os processos e a gestão do escritório,
para que então a eficiência e a produtividade passem a
integrar o famoso modus operandi dos serviços
jurídicos. Obviamente, alguns softwares contribuem
para que isso seja feito de forma mais simples e mais
fácil. Mas isso não quer dizer que não existe um esforço
dos advogados e do escritório para implementar de
forma inteligente cada um dos processos sugeridos pela
ferramenta. Além disso, é fundamental que se invista
em ferramentas integradas para que a automação
jurídica atinja seu objetivo de promover agilidade e
eficiência. A administração dos processos, por exemplo,
não se destaca do financeiro. Afinal toda cobrança ao
cliente é feita com base na manutenção dos processos.
Por isso, é necessário trabalhar atividades e setores de
forma integrada, caso contrário, a chance do escritório
começar a criar procedimentos em cima de
procedimentos são grandes. O que pode tornar a
estrutura mais burocrática em vez de mais ágil. Todo
advogado que busca a automatização jurídica deve ter
em mente que esse conceito não se restringe apenas à
adoção de softwares e ferramentas tecnológicas. Como
explicamos, a automação é um conceito mais amplo
que visa mexer em toda a inteligência dos
procedimentos adotados pelo escritório, visando maior
agilidade e maior produtividade. Nem todas as
ferramentas presentes no mercado oferecem a
automatização jurídica. Muitas delas são apenas
recursos para a informatização do escritório que não
estabelecem procedimentos integrados e eficientes.
Advogados e escritórios que desejam investir em
automação devem ter esse cuidado de não se focar
apenas nas ferramentas. É preciso buscar integrá-las
aos procedimentos típicos do escritório. Em discussões
recentes muito tem se falado sobre quais os limites da
automação no Direito. Depois que a Universidade de
Toronto, no Canadá, criou um robô capaz de fazer as
mesmas funções de um advogado de forma muito mais
rápida, o futuro da advocacia foi colocado em jogo por
muitos profissionais. Seria o fim dos advogados? É
difícil afirmar. Afinal, o Direito é composto por uma rica
realidade humana, as quais dificilmente só as máquinas
serão capazes de atuar. Porém, uma coisa é fato,
resistir a automação e a tecnologia pode custar caro ao
advogado. Na velocidade em que o mercado vem se
transformando, deixar agilidade e eficiência para
depois, pode significar fechar as portas.(MIGALHAS,
on-line)
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
‘’No contexto atual em que a sociedade se encontra
onde para quase tudo se necessita da tecnologia, e as
relações humanas estão concentradas cada vez mais
no meio virtual do que no presencial, é importante
conhecer e entender como se deu o surgimento destas
novas tecnologias, principalmente da inteligência
artificial. Para Silva e Mairink (2019), “a Inteligência
Artificial é a possibilidade de uma máquina através de
algoritmos programados, possuir capacidade cognitiva
semelhante à do ser humano”. Dessa forma, atividades
que eram realizadas apenas por humanos começam a
ser executadas por máquinas e computadores.
Damaceno e Vasconcelos (2018), complementam a
definição de Inteligência Artificial, afirmando que a
tecnologia é a preparação de máquinas com a
capacidade de aprender sendo programadas
previamente, proporcionando tomada de decisões,
especulações e interações baseadas nos dados
fornecidos a elas. E ressaltando que a Inteligência
Artificial não necessariamente precisa simular
interações e comportamentos humanos, mas sim
executar ações de forma inteligente. Segundo
Quaresma (2018), desde o fim da Segunda Guerra
Mundial (1945), existem estudos sobre a Inteligência
Artificial. Pois desde essa época pesquisadores
acreditavam ser possível replicar em máquinas a
consciência humana. No entanto, após longos anos de
estudos observou-se limitações na aplicação desta
prática, como por exemplo, falta de um técnico
especialista capaz de transformar conhecimento e
comportamento humano em linguagem computacional.
E que este computador fosse capaz de “aprender” de
forma autônoma e contínua sem a intervenção de um
humano. Mesmo assim com essas limitações os
estudos continuaram e em 1950, Alan Turing,
considerado o pai da computação realizou um teste que
consistia em colocar um humano e uma máquina para
responder perguntas e uma terceira pessoa teria que
identificar sem visualizar e apenas lendo as respostas,
quem seria a máquina e quem seria o humano. Tal
proposta foi fundamental para o desenvolvimento da
ciência cognitiva e para o prosseguimento dos estudos
relacionados à inteligência artificial (ZILIO, 2019).
Levando em consideração os conceitos já apresentados
sobre o assunto, pode-se também entender que, apesar
de todas as dificuldades enfrentadas no início dos
estudos, os pesquisadores continuaram evoluindo suas
análises com o objetivo de construir máquinas
inteligentes. Hoje, cerca de 70 anos depois, estamos
em um cenário de pesquisa mais sólido, quando se
trata de Inteligência Artificial. Embora ainda se tenha
muito que explorar, a Inteligência Artificial já é
considerada uma tecnologia capaz de replicar algumas
habilidades que antes apenas um humano era capaz
(SILVA; MAIRINK, 2019). Vale ressaltar a importância
de tais estudos e pesquisas que se iniciaram no século
anterior para a humanidade. Com o avanço desses
estudos, surgiram novas tecnologias, como por
exemplo, os smartphones, smart tvs, e até mesmo
impressoras em 3D e alteraram a forma com que a
sociedade vive e se comunicam uns com os outros
atualmente. Diante dessa situação é evidente o início
de uma nova era, pois com a expansão da tecnologia,
novas formas de relacionamento se estabelecem na
sociedade. Para Novais e Freitas (2018), a sociedade
está passando por um processo de transformação e
que a 4ª Revolução Industrial está prestes a surgir,
estimulada por tecnologias disruptivas como a robótica
e a Inteligência Artificial. Além disso, esta revolução
será caracterizada por uma convergência entre as
tecnologias, ou seja, as tecnologias trabalharam de
forma complementar uma à outra. Sendo assim, Werner
(2019) afirma que as tecnologias digitais, estão
causando uma ruptura na 3ª Revolução Industrial e que
estão se tornando cada vez mais sofisticadas e
transformando a sociedade e a economia global. Esta
nova revolução irá trazer mudanças em várias áreas
como cultura, economia, negócios, indivíduos e
sociedade (SCHWAB, 2016). Para Sarfati (2016), os
países e seus governantes precisam criar planos de
ações para se adaptarem a essas mudanças.
Oferecendo apoio para empreendedores que conhecem
da tecnologia e do mercado que está atuando,
reduzindo barreiras burocráticas e apostando em uma
cultura em que o fracasso não seja visto como algo
negativo, mas sim como uma oportunidade de sucesso.
Criando também incentivos à educação encorajando o
desenvolvimento da criatividade e do espírito
empreendedor, pois as organizações vão precisar de
menos pessoas, porém mais criativas e com
habilidades de raciocínio lógico aprofundadas. Faz-se
necessário, portanto, entender os conceitos
relacionados ao surgimento da Inteligência Artificial
assim como a sua evolução ao longo dos anos, pois
entendendo sua origem e conceitos as organizações
podem traçar planos de ações e estratégias, garantindo
vantagem competitiva no mercado. É importante
destacar que devido à crescente expansão dos estudos
relacionados à Inteligência Artificial, aumentou-se
também sua utilização em diversas áreas, realizando o
surgimento de novos negócios e aprimorando os já
existentes. Sendo assim, se faz necessário entender as
principais utilidades desta tecnologia. Segundo Silva e
Mairink (2019), o fato de ser possível utilizar a
inteligência artificial em diversas áreas, facilita a
produção e otimiza o tempo gasto na realização de
atividades a serem executadas. Além disso, o uso da
inteligência artificial traz solução para um dos maiores
problemas da sociedade que é a falta de tempo. Os
autores também apresentam desvantagens em relação
ao uso desta tecnologia, pois visto que a mesma ainda
é recente e continua sendo estudada, as máquinas que
utilizam a inteligência artificial são programadas com
conceitos humanos e não evoluem com o tempo, a não
ser que uma pessoa programe a mesma máquina
novamente e com novas informações. E caso a
máquina não seja adaptada para a realidade da
população, esta tecnologia pode gerar conflitos na
sociedade. Como relatado por Néri (2005), enquanto
ainda existem tarefas que necessitam de automação,
de natureza distribuída, que exigem comunicação entre
partes e que possuem diversas especializações, o uso
de agentes inteligentes é uma boa solução para estas
atividades. A delegação de tarefas como essas podem
ter impactos surpreendentes na sociedade, que até a
forma com que as pessoas decidem, negociam e
pesquisam é modificada e as empresas podem
aproveitar disso para ampliar o seu poder de
negociação com fornecedores. São vários os exemplos
de aplicações da inteligência artificial, tais como
veículos autônomos, diagnósticos médicos,
desenvolvimento da arte, teoremas matemáticos, jogos,
motores de busca, assistentes online, reconhecimento
de imagem, filtragem de spam, decisões judiciais e
marketing online (NOVAIS; FREITAS, 2018). Para
Monard e Baranauskas (2000) a inteligência artificial é
um ramo da ciência da computação mas também
aplicada a áreas como, psicologia, linguística, biologia,
lógica matemática, engenharia, filosofia entre outras
áreas. Diante dessas informações é possível concluir
que a inteligência artificial é uma tecnologia que pode
ser aplicada em vários setores apesar de ainda precisar
ser aprofundada. Deste modo a aplicabilidade da
inteligência artificial se dá em todas as atividades que
exigem interferência humana e que podem ser
automatizadas (HECKMANN,1999). Contudo, Tacca e
Rocha (2018) afirmam que, devido a inúmeras
aplicações desta tecnologia, a inteligência artificial é
definida como computadores que possuem a
capacidade de aprender, se comunicar e tomar
decisões como se fossem humanos. Para Tacca e
Rocha (2018) as máquinas passaram a manipular uma
grande quantidade de dados e correlaciona-los com
outros dados e com isso a aplicação da inteligência
artificial pode ser dividida em três áreas: Machine
Learning, Deep Learning e Natural Language
Processing. Segundos os autores o Machine Learning
permite o desenvolvimento de sistemas com
capacidade de aprender sozinhos e aprimorarem seus
conhecimentos sem que haja programação para isso, a
Natural Language Processing possibilida os
computadores o processamento e conclusão de
informações com base na fala, já a Deep Learning é
considerada uma área mais complexa, por englobar a
percepção e assimilação de comportamentos e
padrões. Conforme Vasconcelos e Damasceno (2018),
um exemplo de Machine Learning é a identificação de
spams, sendo que inicialmente são fornecidos e-mail
rotulados como spam e a partir disso o software anti-
spam detecta nos próximos e-mails padrões para rotulá-
los como spam ou não. Para Gomes (2010), a Natural
Language Processing pode ser utilizada para recuperar
informações sem digitar comandos ou palavras chaves.
Por fim, um exemplo de Deep Learning é o
reconhecimento de imagens do Google Fotos, que
possui uma ferramenta que seleciona as melhores
fotos, e também consegue reconhecer, pessoas,
animais e objetos com características em comum
(GRACIOSO et al. 2018). Estudos atuais revelam que a
Inteligência Artificial, o Machine Learning e a Deep
Learning andam de mãos dadas, e podem ser
categorizadas em esferas, com Deep Learning no
centro, abrangendo esta camada se encontra o
Machine Learning e incorporando as duas áreas está a
Inteligência Artificial. É válido ressaltar que a
Inteligência Artificial é passível de erros, porém a
quantidade é mínima comparada a quantidade de
dados que a mesma é capaz de interpretar tornando o
trabalho da máquina eficiente. (VASCONCELOS;
DAMASCENO, 2018). Sendo assim, com base nas
opiniões dos autores é possível entender como é
permitida a aplicação da Inteligência Artificial em
diversos setores de forma que, para cada setor é
utilizada uma característica específica de cada área
como forma de otimizar a atividade a ser
desempenhada. Desse modo é importante que existam
pessoas capacitadas para desenvolver e operar essa
tecnologia da melhor forma, para que possamos
continuar evoluindo como sociedade’’. (GARCIA, Aline
Rodrigues, 2022)
A INSERÇÃO DA INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL NO JUDICIÁRIO COMO MEIO
DE AGILIZAR AS RESOLUÇÕES DOS
PROCESSOS JUDICIAIS.

Por Vittória da Silveira Guimarães e


Oliveira

As revoluções que aconteceram na história da humanidade foram


essenciais para modificar todo o meio social. Atualmente, se discute a sutil
revolução 4.0 que inseriu tecnologias avançadas na sociedade e transformou
o modo de vida das pessoas. Assim, a inteligência artificial é parte desse
cenário e consiste em tecnologia de última geração que, como o próprio
nome diz, são sistemas que simulam a inteligência humana e possuem a
capacidade de desenvolver complexas funções. No Poder Judiciário, órgão
do Estado criado para resolver conflitos, a situação não poderia ser diferente:
a tecnologia torna-se cada dia mais presente e indispensável. Desse modo,
diante da morosidade processual nos tribunais, este trabalho, que foi
desenvolvido através de pesquisas bibliográficas em livros, revistas, artigos,
entre outros documentos, tem como objetivo demonstrar como esses
sistemas operam, como a inteligência artificial já está contribuindo em vários
tribunais do país e quais funções principais já são desempenhadas por estas
ferramentas. Além disso, considerando a praticidade e o aumento do
desempenho proporcionado por esses mecanismos, muito se discute a
possibilidade de automatizar as decisões judiciais. Contudo, verificar-se-á
que existem importantes questões que merecem mais atenção,
principalmente diante dos problemas que envolvem os algoritmos, a
opacidade da máquina e a falta de informações claras sobre todas as etapas
de processamento dessas inovadoras tecnologias.
A palavra “inteligência’’, conforme consta no Dicionário
Brasileiro da Língua Portuguesa (2020, p. 1) é a “faculdade de conhecer, de
compreender; intelecto: a inteligência distingue o homem do animal’’, por sua
vez, a palavra “artificial’’ consta como aquilo “que é produzido não pela
natureza mas por uma técnica’’(2020, p. 1).

Assim, a inteligência artificial, que a partir daqui será


denominada de I.A, é um sistema ou mecanismo tecnológico criado pelo
homem e programado para realizar tarefas de maior complexidade, tarefas
estas que antes eram realizadas apenas através da capacidade humana.
Kaplan (2016, p. 5) conceitua a I.A como:

A habilidade de fazer generalizações apropriadas, de modo


oportuno, e com dados limitados. Quanto maior o domínio de
aplicação e mais rápida a velocidade e formulação de
conclusões, com o mínimo de informação, mais inteligente é o
comportamento. Se o mesmo programa que aprender a jogar
jogo da velha for capaz de aprender qualquer jogo de tabuleiro,
melhor. Se ele ainda aprender a reconhecer faces, diagnosticar
condições médicas e compor musicas no estilo Bach, acredito
que todos concordaríamos que se trataria de uma inteligência
artificial. (tradução nossa)

Antes de adentrar ao assunto em tela, é necessário


primeiramente buscar estabelecer uma linha histórica que justifique a
importância da evolução tecnológica nas relações humanas, pois, como
aduz Cury C. e Capobianco (2011, p. 5) “O homem sempre necessitou
desses equipamentos para sua própria sobrevivência e adequação ao
meio.’’

Desde muito tempo atrás, diversos cientistas discutiam a


possibilidade de criar e programar máquinas que pudessem pensar,
racionar e interagir com humanos. De acordo com Russell e Norvig (2013,
p. 41) o início da exploração deste campo foi em 1956, durante uma
conferência em Dartmouth. Pela primeira vez, McCarthy e outros
pesquisadores levantaram alguns debates acerca do tema. Devido às
limitações tecnológicas daquela época, o tema ainda era apenas
idealizado.
Após a terceira revolução industrial, a inserção das tecnologias
na sociedade foram favorecendo os avanços sociais. Embora atualmente
estejamos diante de máquinas e aparelhos tecnológicos super
desenvolvidos, houve antes um longo processo de evolução. Os
computadores, por exemplo, passaram por várias transformações e
aperfeiçoamentos. Diana (2019, p. 1) explica que houveram quatro
gerações para o desenvolvimento do computador. As primeiras máquinas
surgiram em 1951 e operavam através de circuitos e válvulas eletrônicas,
eram visualmente bem diferentes dos computadores que conhecemos
hoje. Após vários anos de estudos e testes, o computador tornou a forma
atual, os aparelhos diminuíram de tamanho e a capacidade de
processamento de dados aumentou.
Do mesmo modo, a internet também passou por um processo de
ampliação e desenvolvimento. Barros (2013, p. 1) expõe que:

Os conceitos militares por trás da Internet começaram a surgir


em meados dos anos 50, mas só na década de 60, com o
mundo polarizado entre Estados Unidos e URSS que a ideia se
desenvolveu. Cientes de poder da comunicação, os EUA criaram
um sistema de descentralização de suas informações no
Pentágono para evitar que possíveis ataques causassem a
perda irreparável de documentos do governo.

Assim, a internet surgiu como uma proteção ao governo durante


a Guerra Fria. Após esse período, Barros (2013, p. 1) ainda acrescenta
que houve diferentes etapas de evolução: nos anos 70 e 80 surgiu o termo
“internet’’, o famoso “Google’’ surgiu nos anos 90 e apenas nos anos 2000
a internet foi dispersada ao mundo, evoluindo rapidamente, tornando
possível tantas mudanças sociais.

Dessarte, a ideia de criar máquinas pensantes e inteligentes, foi


sendo semeada aos poucos junto aos desenvolvimentos tecnológicos
citados. Teixeira (1990, p. 1) expõe o motivo pelo qual os cientistas e
estudiosos de muitos tempos atrás, já acreditavam na possibilidade desta
criação, considerando todo o mecanismo que compreende o raciocínio
lógico, pois para eles:

[...] a mente humana funciona como um computador, e por isso


o estudo dos programas computacionais é a chave para se
compreender alguma coisa acerca de nossas atividades
mentais. Podemos construir programas que imitem nossa
capacidade de raciocinar, de perceber o mundo e identificar
objetos que estão à nossa volta, e até mesmo de falar e de
compreender nossa linguagem.

O mesmo autor também demonstra que, apesar dos grandes


otimistas idealizadores do campo, o tema desde o início já era considerado
polêmico, visto que muitos filósofos não concordavam com a ideia de criar
máquinas inteligentes, pois acreditavam que:

criar uma máquina pensante significa desafiar uma velha


tradição que coloca o homem e sua capacidade racional como
algo único e original do universo. Mais do que isto, criar uma
máquina pensante significa dizer que o pensamento pode ser
recriado artificialmente sem que para isto precisemos de algo
como uma “alma” ou outra marca divina. (TEIXEIRA, 1990, p. 2)

Estas discussões morais e éticas seguem até os diais atuais,


dividindo a opinião pública sobre os limites que devem ser implantados ao
desenvolver máquinas capazes de pensar e agir como humanos. O
importante cientista, Stephen Hawking, durante a Web Summit,
Conferência de Tecnologia da Europa, relatou suas dúvidas e
preocupações sobre a evolução da I.A. Para ele, existem riscos
irreparáveis ao confiar inteiramente nesses sistemas, sem estabelecer
regras e limites para suas criações. O cientista cogita a possibilidade de as
máquinas ultrapassarem a capacidade humana e se virarem contra a
humanidade, ou ainda, servir de armas para guerras e destruição.
Segundo ele:

Não podemos prever o que seremos capazes de alcançar quando


o nosso próprio intelecto for ampliado pela inteligência artificial.
Talvez com essa revolução tecnológica possamos reduzir parte
dos danos feitos à natureza, erradicar doenças e a pobreza [...]
Todos os aspectos de nossas vidas serão transformados. A
inteligência artificial pode se mostrar a maior invenção da história
da civilização ou a pior. Ainda não sabemos se seremos
beneficiados ou destruídos por ela. (HAWKING, 2017, p. 1,
tradução nossa)

Embora pareça ser um caminho de incertezas e insegurança, a


comunidade científica segue buscando meios para tornar possível a
existência de máquinas com capacidades cognitivas comparadas as dos
humanos.

Russel e Norvig (2013, p. 1) em sua obra clássica, fundamental para


compreensão do tema, abordaram a I.A como sendo “o estudo de agentes
que recebem percepções do ambiente e executam ações.’’ Os autores ainda
fazem uma distinção acerca dos diferentes tipos de sistemas que utilizam I.A,
para eles há sistemas que agem como humanos e sistemas que agem
racionalmente.

Alan Turing foi um cientista matemático, considerado “pai da


ciência computacional e inteligência artificial’’ (FRAZÃO, 2019, p. 1). Em
1950 desenvolveu o Teste de Turing em seu estudo denominado
“Computing Machinery and Intelligence” (TURING, 1950, p. 1). O teste
então consistia em um jogo da imitação, por meio do qual se encontraria a
resposta para sua principal pergunta: “as máquinas seriam capazes de
pensar?’’.
Para isso, seria necessário um teste de inteligência em que seria
verificada a capacidade cognitiva de determinada máquina. Aconteceria da
seguinte forma: um interrogador humano faria vários questionamentos a
uma pessoa e a uma máquina em teste, sem o interrogador saber quem é
quem. Se a máquina conseguisse dar respostas tão autênticas e
sofisticadas, ao ponto de enganar perfeitamente o interrogador, sem este
conseguir adivinhar quais respostas vinham da máquina, esta passaria no
teste de Turing.

O estudo ainda demonstrou matematicamente como o


computador poderia ser desenvolvido e programado para fornecer as
repostas. Por fim, ele relatou que

O comportamento inteligente presumivelmente consiste em um


afastamento do comportamento completamente disciplinado
envolvido na computação, mas um comportamento bastante
leve, que não dá origem a um comportamento aleatório ou a
loops repetitivos inúteis (TURING, 1950, p. 27, tradução nossa).

Embora Russell e Norvig (2013, p. 1174) tenham dito que


nenhuma máquina da época seria capaz de passar no teste, e que,
levaria muito tempo para os cientistas alcançareste feito, recentemente
um software parece ter conseguido. Em junho de 2014, durante o teste
organizado pela Universidade de Reading e executado em Londres, um
programa se passou por um menino de 13 anos de idade e enganou os
juízes avaliadores com suas respostas bastante convincentes
(PROGRAMA..., 2014, p. 1).

Apesar da notícia deste acontecimento ter se espalhado


rapidamente por todo o mundo e de ser considerado por muitos uma
grande conquista relacionada a I.A, houve opiniões diversas. Masnick
(2014, p. 1) ponderou que o software em questão “não é um
‘supercomputador’, mas sim um chatbot. É um script feito para imitar a
conversa humana. Não há inteligência, artificial evolvida’’ (tradução nossa).
Se o resultado do teste deve ou não ser considerado, depende
da opinião dos cientistas exploradores do campo da I.A. O importante aqui
é frisar o quanto o teste de Turing é conceituado e significante até os dias
atuais, para qualificar a capacidade de uma máquina em agir como um ser
humano.
A sociedade já vivenciou importantes revoluções que
reinventaram o modo de vida humana. Historicamente podemos citar a 1ª
revolução industrial, que conforme aduz Bezerra (2018a, p. 1) ocorreu em
meados de 1750 na Inglaterra e se estendeu por outros países
posteriormente. Este acontecimento inovou ao inserir a mecanização na
sociedade (máquina de fiar, máquina a vapor, tear mecânico, entre outros),
transformando e melhorando o mercado de trabalho.
Mais tarde, durante os anos de 1850 e 1950, ocorreu a 2ª
revolução industrial, que demonstrou aspectos relevantes acerca do
progresso da tecnologia. Houve então a descoberta de importantes fontes
de energias e maior exploração das máquinas industriais. Como criações,
podemos citar a lâmpada incandescente, televisão, telefone, produção de
energia elétrica e etc. (BEZERRA, 2018b, p. 1)

Por sua vez, a 3ª (e última) revolução industrial surgiu após a


Segunda Guerra Mundial. Paulo (2019, p. 1) informa que esta foi
responsável por potencializar o capitalismo mundial e proporcionar a
automatização dos serviços, diminuindo consideravelmente a mão de
obra e aumentando a produtividade das grandes indústrias. Esta também
revolucionou ao introduzir a computação e a internet na sociedade.

Atualmente, discute-se a existência do começo de uma nova


era, a chamada “Revolução 4.0’’ que, embora haja opiniões divergentes
acerca de sua veracidade, muitos economistas consideram que esteja
acontecendo uma transformação social que revolucionará toda a vida
humana, decorrente dos consideráveis avanços tecnológicos atuais. O
conceito foi criado pelo alemão Klaus Schwab, que relatou a principal
diferença:

A quarta revolução industrial, no entanto, não diz


respeito apenas a sistemas e máquinas inteligentes e
conectadas. Seu escopo é muito mais amplo. Ondas
de novas descobertas ocorrem simultaneamente em
áreas que vão desde o sequenciamento genético até
a nanotecnologia, das energias renováveis à
computação quântica. O que torna a quarta revolução
industrial fundamentalmente diferente das anteriores
é a fusão dessas tecnologias e a interação entre os
domínios físicos, digitas e biológicos. (SCHWAB,
2016, p. 19)
88

Nesse cenário, a quarta revolução está diretamente relacionada ao uso da


I.A e aos impactos sociais que as novas tecnologias estão proporcionando. No dia-a-
dia, a sociedade já experimenta diversas ferramentas que utilizam sistemas de I.A.
Pode-se citar como exemplo, a Siri, que consiste em uma assistente virtual presente
nos aparelhos celulares e computadores que possuem sistema IOS, da empresa
multinacional Apple. Ao dizer “E aí, Siri?’’ ela surge na tela do aparelho, com um
comando de voz feminino, simulando uma conversa e oferecendo respostas. A Siri
é capaz de:

fazer ligações ou enviar mensagens se você estiver dirigindo,


com as mãos ocupadas ou sem tempo para digitar. Ela também
pode avisar sobre mensagens direto nos seus AirPods e
oferecer sugestões proativas, como enviar uma mensagem de
texto quando você estiver atrasado para uma reunião. (A
SIRI..., 2020, p. 1)

Ainda, a Apple possui um sistema denominado de “HomeKit’’que consiste


em um “pacote de desenvolvimento para Internet das Coisas.’’ (RIBEIRO, 2015, p. 1)
Por meio deste e através de produtos e dispositivos de última geração, é possível
controlar a própria casa através do aplicativo, basta pedir a Siri e ela apagará as
luzes, diminuirá a temperatura do ambiente, fechará as cortinas e janelas, ligará a
lareira, tocará uma música, fechará a porta da garagem, entre várias outras funções.
Tudo é feito através da mais alta tecnologia e automação, junto da denominada
“Internet das Coisas’’, uma extensão do mundo virtual às coisas.
Muitas outras empresas também estão investindo fortemente na I.A em
seus produtos, vários aparelhos celulares, assim como os da Apple, possuem o
reconhecimento facial para desbloqueio de tela. Através da câmera, os aparelhos
identificam e guardam no banco de dados a imagem da pessoa.
A Receita Federal, em 2016, lançou também um sistema de
reconhecimento facial para identificar os passageiros que chegassem de viagem nos
aeroportos brasileiros. Ao analisar as características físicas dos indivíduos, é
possível reconhecer criminosos procurados e controlar o fluxo de viajantes
(RECEITA FEDERAL, 2016, p. 1).
89
Vários outros sistemas e aplicativos desenvolvidos por meio de I.A tem
contribuído para melhorar a vida cotidiana da sociedade. Podemos citar ainda, os
aplicativos de rotas, tais como o Google Maps e Waze, ferramentas que
disponibilizam mapas e rotas, indicando qual o melhor e mais rápido caminho no
momento, otimizando o tempo e agilizando a viagem (BONA, 2019, p. 1).
Ainda falando de transporte, surgiu nos últimos anos a presença da
“Uber’’, um aplicativo atualmente bem conhecido e utilizado, criado por uma
empresa multinacional americana que “conecta passageiros que precisam fazer
viagens de forma rápida, a motoristas cadastrados disponíveis nas proximidades’’
(COELHO, 2018, p. 1).

O sistema atua de forma semelhante aos táxis: o passageiro paga a


corrida e o motorista o leva até o seu destino. O diferencial é que agora não é mais
necessário ficar aguardando um automóvel passar ou ficar sinalizando na calçada
para chamar a atenção deles, simplesmente basta instalar e abrir o aplicativo no
celular, indicar o destino, a forma de pagamento, que pode ser via transferência pelo
próprio aplicativo, e escolher o tipo de serviço, que conta com uma série de opções
como: corrida compartilhada, carros de luxos, carros mais espaçosos, carros com
espaços para levar bicicletas e etc.

Aplicativos como o Facebook, a Netflix, o Instragram, a Amazon, entre


outros, possuem algoritmos programados para oferecer a quem está acessando
sugestões, com base nas pesquisas que a pessoa já efetuou. Ou seja, os
aplicativos guardam em suas bases de dados informações acerca das buscas do
usuário e posteriormente sugerem opções que provavelmente serão de seu
interesse (SCHWAB, 2016, p. 105).

Além desses aplicativos e sistemas mencionados acima, há uma


variedade de exemplos de outras ferramentas e sistemas que utilizam tecnologia
avançada nas mais diversas áreas humanas, que justificam o porquê de uma nova
revolução. Na indústria, assim como em vários outros ramos, tornou-se possível
propor análises preditivas, isto é, a possibilidade de prever determinada situação,
com base em bancos de dados. O site do Grupo Stefanini (empresa especialista em
soluções digitais) expõe como essas análises podem ajudar:

um exemplo básico de aplicação é no monitoramento das


máquinas. O sistema é conectado a dispositivos com IoT
[internet das coisas] ou sensores específicos que captam
90
dados de desempenho dos equipamentos em tempo real:
velocidade, temperatura, umidade, vibração etc. Esses dados
são enviados para um software com IA, que identifica eventuais
anomalias (um excesso de vibração em uma esteira, por
exemplo) e gera uma notificação para a manutenção intervir.
Dessa forma, a checagem é feita antes que o equipamento
sofra uma falha mais séria ou chegue a quebrar (CONHEÇA...,
2020, p. 1).

Conseguir prever um eventual problema ou defeito em um equipamento e


consertar antes que estrague é realmente uma grande conquista, pois evita
despesas e maiores prejuízos para os negócios. Mas, os reflexos da tecnologia
avançada na indústria não se limitam à apenas elaborar formas que otimizam o
monitoramento das máquinas, as expectativas é que o ser humano seja substituído
por máquinas e robôs em vários setores.
Como já mencionado inicialmente, ainda não existe um sistema de I.A
totalmente autônomo e independente, capaz de pensar e racionar por si só.
Entretanto, “uma vez que os robôs forem programados, os sistemas cyber-físicos
poderão atuar normalmente por meio dos dados em nuvem e da integração
promovida pela Internet das Coisas sem intervenção humana” (DUNADAN, 2020, p.
1).

Assim, a quarta revolução industrial é um acontecimento atual, marcada


pela tecnologia disruptiva, que mudará todo o modo de produção e revolucionará
diversas áreas nos próximos anos. Entusiastas do tema prometem grandes impactos
positivos. Entretanto, economistas também apontam para o aumento do
desemprego e a extinção de algumas funções dentro das empresas.

A empresa Dell Technologies patrocinou um estudo com o Institute for the


future, denominado “The Next Era of Human-Machine Partnerships’’ (A Nova Era de
Parcerias Homem-Máquina) para demonstrar os impactos tecnológicos no futuro da
sociedade. O relatório demonstrou o seguinte:

Estima-se que 85% dos empregos em 2030 ainda não foram inventados. O
ritmo da mudança será tão rápido que as pessoas aprenderão ‘no
momento’, usando novas tecnologias, como realidade aumentada e
realidade virtual. A capacidade de adquirir novos conhecimentos será mais
91
valiosa do que o próprio conhecimento (INSTITUTE FOR THE FUTURE,
2017, p. 1, tradução nossa).

Logo, se 85% dos empregos em 2030 ainda não foram inventados,


significa que muitos empregos atuais serão extintos. Embora pareça algo utópico, o
estudo foi proposto por uma importante empresa com bastante credibilidade no meio
tecnológico. O relatório ainda mencionou que “em 2030, a confiança dos humanos
na tecnologia irá evoluir para uma verdadeira parceria com os humanos, trazendo
habilidades como criatividade, paixão e uma mentalidade empreendedora’’
(INSTITUTE FOR THE FUTURE, 2017, p. 1, tradução nossa).

De toda sorte, as mudanças são reais e a revolução está acontecendo,


mas assim como todo episódio histórico na humanidade, críticas e opiniões
divergentes vão surgindo. Perasso (2016, p. 1) aponta para o “darwinismo
tecnológico", que se refere as dificuldades daqueles que não conseguem
acompanhar a velocidade evolutiva tecnológica e relacionar-se com as máquinas,
ficando para trás no mercado de trabalho.

Apesar dos desafios a serem enfrentados, cabe a sociedade


aprender a lidar com as mudanças e procurar tirar o maior proveito dos avanços
tecnológicos proporcionados pela nova revolução.

Como já explicado inicialmente, os algoritmos basicamente consistem nas


instruções fornecidas aos sistemas para realizarem certas atividades. Assim, um
algoritmo só dará as respostas que lhe for instruído a dar.
Do mesmo modo, os sistemas que utilizam machine learning (aprendizado
da máquina) são influenciados a oferecer as repostas conforme os padrões que já
lhes foram apresentados. Por exemplo, a plataforma da Netflix, um provedor de
filmes e séries on-line que, ao criar um perfil para o usuário, indica conteúdo
baseado nos últimos filmes assistidos, através das informações de buscas
armazenas, “aprende” quais as possíveis preferências dos seus usuários.

Salas (2018, p. 1) expõe um acontecimento polêmico de 2015,


envolvendo a empresa Google. Um usuário que utilizava a ferramenta Google
Photos percebeu que, ao visualizar fotos de seus amigos cujas peles eram pretas, o
Google considerou que as imagens eram de gorilas. Isso aconteceu porque o
algoritmo utilizado não era capaz de diferenciar a pele preta dos humanos da cor de
um macaco. Logo após, a empresa rapidamente pediu desculpas e prometeu mudar
92
o algoritmo. O autor ainda atenta para a forma como foi consertado o problema:
simplesmente apagaram os gorilas, macacos e os chimpanzés do buscador. Como
geralmente os especialistas em I.A demonstram, quem programa os sistemas sabem
a forma como o fazem e as repostas que estes podem dar, porém não sabem
exatamente como funciona o sistema de processamento dentro do “cérebro’’ da
máquina. Por isso, como no caso, muitas vezes os programadores não sabem o que
levou a certa resposta e como consertar (SALAS, 2018, p. 1).

Recentemente, usuários do Twitter, uma rede social bem influente no


mundo digital, acusaram a plataforma de racismo, por priorizar rostos de pessoas
brancas, mesmo em imagens que continham também pessoas pretas. Por exemplo,
um usuário postou duas imagens que continham o rosto de Mitch McConnell
(homem branco) e Barack Obama (homem preto), em diferentes posições. Em uma
imagem, Mitch estava acima e Obama abaixo, na outra, o contrário. Entretanto, nas
duas ocasiões o Twitter priorizou a imagem de Mitch, centralizando em seu rosto
(SERRANO, 2020, p. 1).
Tom Simonit, redator sênior da revista estadunidense Wired, publicou um
importante artigo acerca dos algoritmos utilizados na identificação facial, pois para
ele, os “testes do governo dos Estados Unidos revelam que até mesmo os sistemas
de reconhecimento facial de alto desempenho identificam erroneamente os negros
em taxas de cinco a dez vezes maiores do que os brancos” (SIMONIT, 2019, p. 1,
tradução nossa).

Ele ainda revela que a identificação é feita por sistemas criados pela
empresa francesa Idemia’s, que disponibiliza seus softwares à polícia dos Estados
Unidos, Austrália e França. Por meio deste, e através da base de dados, é possível
identificar passageiros que estejam de passagem pelos países. Entretanto, o
sistema não reconhece pessoas pretas com a mesma facilidade com que reconhece
pessoas brancas. O mesmo acontece com sistema LA County da empresa alemã
Cognitec, que também se observou que as identificações “podem ser menos
precisos para mulheres e pessoas de cor” (SIMONIT, 2019, p. 1, tradução nossa).

Desse modo, é necessário verificar quais motivos estão causando tais


problemas nos algoritmos das máquinas. Como já mencionado, percebe-se que há
uma dificuldade dos programadores e criadores de algoritmos saber o que tem feito
as máquinas responderem dessa forma. Embora sejam os desenvolvedores dos
93
sistemas, não possuem total compreensão sobre o processo de aprendizado das
máquinas.

Saleiro (2020, p. 1) também debate sobre os erros causados pela I.A:

Nos últimos anos, por exemplo, têm vindo a público notícias de sistemas
inteligentes que cometem muito mais erros sistemáticos contra certos
grupos da população ou, por outras palavras, IA que discrimina através do
gênero, etnia, nacionalidade, educação, idade ou religião. Sabemos,
também, que ao automatizar estes processos, estamos a aumentar a escala
e a potencialmente amplificar discriminação que já existe na sociedade.

Ao questionar se seria a I.A um sistema racista e preconceituoso, o autor


expõe que a “IA apenas aprende e optimiza o que nós definimos e portanto não é
inerentemente boa ou má’’ (SALEIRO, 2020, p. 1).

Outrossim, o grande problema não está na I.A, mas sim em quem a


explora e a programa da maneira que ela é. A I.A não é uma obra da natureza,
independente e autônoma como os seres humanos, ela é fruto do investimento
tecnológico e consiste em uma ferramenta criada pelo homem, logo, ela somente
responderá conforme as instruções que o homem lhe passar. Nesse sentido, Saleiro
(2020, p. 1) explica que:

A responsabilidade é inteiramente nossa, dos humanos. Se lhe dermos


exemplos históricos onde se tomaram decisões discriminatórias, então a IA
vai extrair esses padrões e passar a discriminar. Por exemplo, se em
determinada empresa os homens são promovidos muito mais
frequentemente do que as mulheres então a IA quando for utilizada para
recrutamento vai selecionar muitos mais homens.

Verifica-se, portanto, que é de suma importância desenvolver sistema de


I.A que não faça distinções entre pessoas. Não é novidade que há uma série de
problemas estruturais na sociedade e que precisam urgentemente serem
superados. Enquanto houver desigualdade social, seja de gênero ou raça,
preconceito e racismo, os algoritmos provavelmente serão programados e
desenvolvidos dessa forma, causando e potencializando ainda mais os problemas já
existentes. Se o uso de I.A não ser pautado na igualdade, não cumprirá seu papel de
contribuir para evolução social.
94
No início, quando ainda não existia a presença do Estado na sociedade,
os conflitos e problemas eram resolvidos de várias formas, principalmente por meio
da autotutela, em que a vontade do mais forte prevalecia sobre os demais.
Conforme menciona Donato (2006, p. 1), assim que começou a surgir o
Estado – isto é, um poder soberano que controla, organiza e institui a sociedade – os
conflitos de interesses foram sendo solucionados de forma mais justa.

Desse modo, para melhor atender as demandas sociais e estabelecer


uma organização mais prática e viável, buscou-se a separação dos poderes do
Estado, também para evitar que o poder fosse estabelecido nas mãos de apenas um
agente. Essa separação foi prevista por Montesquieu (1973, p. 167):

Há, em cada Estado, três espécies de poderes: o poder legislativo, o poder


executivo das coisas que dependem do direito das gentes, e o executivo
das que dependem do direito civil. Pelo primeiro, o príncipe ou magistrado
faz leis por certo tempo ou para sempre e corrige ou ab-roga as que estão
feitas. Pelo segundo, faz a paz ou a guerra, envia ou recebe embaixadas,
estabelece a segurança, previne as invasões. Pelo terceiro, pune os crimes
ou julga as querelas dos indivíduos.

No Brasil, apenas com o advento da Constituição Federal de 1988,


responsável por instituir o Estado democrático de direitos civis, o poder judiciário
passou a ter autonomia e independência garantida. Conforme expressa Donato
(2006, p. 36):

A estrutura do Poder Judiciário foi alterada pela Constituição Federal, haja


vista a criação de cinco Tribunais Regionais Federais, órgãos de segunda
instância da justiça federal, bem como a criação do Superior Tribunal de
Justiça, encarregado de várias competências originárias ou recursais antes
atribuídas ao Tribunal Federal de Recursos ou ao Supremo.

Assim, o poder judiciário tem grande relevância social, serve para


garantir a ordem e, principalmente, como meio para os cidadãos firmarem seus
direitos e interesses previstos legalmente. Desse modo, pode-se dizer que “a função
dos órgãos que compõem o Poder Judiciário é dizer quem tem o direito, ou seja, é
aplicar a lei nos casos concretos, assegurando a soberania da justiça e a realização
dos direitos individuais nas relações sociais’’ (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS, 2020, p. 1).
95
Como todo órgão do poder público, o sistema judiciário passa por
constantes evoluções. Em dezembro de 2004, houve uma reforma que trouxe
mudanças significativas e importantes na busca de tornar o judiciário mais célere e
acessível. A Emenda Constitucional nº 45 inovou ao implementar o Conselho
nacional de Justiça, que atualmente é um “órgão de controle do Poder Judiciário,
composto por representantes da magistratura, do ministério público, da advocacia e
da sociedade civil, e encarregado de realizar a supervisão da atuação administrativa
e financeira do Judiciário” (MENDES, 2008, p. 3).
A Emenda também foi responsável por implementar ao poder judiciário, a
possibilidade de editar súmulas vinculantes, que consiste em um “precedente
vinculativo, que torna obrigatória, como norma, determinada decisão de um tribunal”
(MENDES, 2008, p. 5).
Além disso, a reforma trouxe mudanças no âmbito do recurso
extraordinário, prevendo a chamada “Repercussão Geral’’ sempre que uma
demanda versar sobre questões econômicas, políticas, sociais e jurídicas. Desse
modo, quando uma pretensão judicial ultrapassa os interesses subjetivos da ação,
ou seja, reflete em direitos coletivos e não tão somente nos das partes, por meio do
recurso extraordinário, o Supremo Tribunal Federal deverá julgar a demanda. Se,
reconhecida a repercussão geral, todos as outras demandas judiciais que versarem
sobre o mesmo tema serão atingidas por esta decisão (MENDES, 2008, p. 7).

Embora tais mudanças tenham acontecido e contribuído nas funções do


judiciário, muitos problemas ainda persistem. Várias são as críticas ao formalismo e
à burocratização desse sistema, que atualmente sobrecarregado, acaba não sendo
tão eficiente como deveria, e nem tão acessível como precisaria ser. Donato (2006,
p. 102) aduz que:

A sociedade clama por um Judiciário que, através de seus magistrados,


oriente as suas ações para a eficiência, exercendo uma produtividade de
qualidade, estimulando a descentralização de seus órgãos, criando espaço
para uma estrutura mais flexível, direcionada ao povo, cujo fim não se
resuma apenas na solução de conflitos, mas também em educar a
sociedade, no sentido de informá-la sobre os seus direitos e sobre a missão
do Judiciário. A participação dos magistrados é imprescindível neste
processo de democratização, principalmente, para a garantia de sua
independência.
96
Dessarte, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, o
Estado dedica- se a desenvolver um Poder Judiciário que exerça plenamente todas
as suas funções, não servindo apenas para fazer cumprir-se as leis, mas também
para observar casos concretos e isolados, quando até mesmo a lei pode estar em
conflito com a justiça.

Como já supramencionado, é constante a busca em tornar o judiciário um


poder efetivo e célere. Embora esteja sempre evoluindo, é fato que esse sistema se
encontra abarrotado e pouco eficiente. Não é novidade que os processos judiciais
atualmente levam anos para finalmente ter um deslinde, pois, a demora tem sido
fator crucial nos tribunais, que acaba gerando congestionamento e incertezas acerca
do cumprimento do papel do judiciário na propagação da justiça.

Vários são os motivos apontados quando se trata da morosidade


processual. Mendonça (1899, p. 20) já relatava, desde sua época, algumas das
razões que prejudicam a celeridade do judiciário. Para ele:

A longa morosidade, que consome a paciência dos credores, e o avultado


dispêndio que absorve em custas o melhor das massas falidas, são devidos
a formalidades inteiramente inúteis, que podem ser eliminadas ou
substituídas, sem dano para os credores, sem gravame para os falidos, sem
prejuízo para a verdade dos fatos concernentes à qualificação da quebra, à
punição dos criminosos e à reabilitação do devedor.

Realmente, quando se analisa o sistema processual, percebe-se uma


série de formalidades que acabam prejudicando as tramitações das demandas.
Miranda (2015, p. 1) elencou uma soma de atos que favorecem o retardamento da
elucidação das ações judiciais. Os Atos Ordinatórios, por exemplo, conforme expõe
o art. 203, § 4º do Código de Processo Civil (BRASIL, CPC, 2020, p. 1) podem ser
praticados por servidores, não sendo necessário que passe pelo juiz para que este
proceda um despacho. Entretanto, nem sempre o serventuário consegue identificar
que determinado ato não precisa de análise do magistrado e acaba encaminhando o
processo para despacho do juízo, tornando-se mais um processo na fila do gabinete,
quando o ato poderia facilmente ser desempenhado pelo cartório e a ação seguido
seu processamento mais rapidamente.

Costa (2018, p. 54) em seu estudo, realizou um levantamento dos


resultados das pesquisas de satisfação dos anos de 2008, 2010 e 2012, as quais
foram direcionadas a advogados, servidores, partes de processos, estagiários e
97
membros do Ministério Público. Nas questões acerca da lerdeza do judiciário,
algumas das respostas apontaram para:

Aumento da demanda; falta ou defasagem de recursos materiais;


quantidade insuficiente de magistrados e servidores; legislação inadequada;
procedimentos arcaicos e barreiras burocráticas; falta de gestão das
unidades jurisdicionais; falta de espaço físico; dificuldade orçamentária; falta
de empenho dos servidores; falta de treinamentos; falta de motivação e de
incentivos; excesso de recesso dos magistrados; baixo uso da conciliação e
da conciliação pré-processual; aumento do número de advogados; extensão
das comarcas; curta permanência dos juízes nas comarcas; interesse na
morosidade por parte dos advogados; maior investimento na Justiça Móvel
de Trânsito; sistemas informatizados defasados que não atendem a
necessidade ou de difícil manuseio; falta de softwares de gestão; comarcas
sem prédio próprio do fórum; comarcas sem Juizados Especiais; não
cumprimento da carga horária de trabalho. (…)

É importante preponderar que, o fato de o judiciário estar sobrecarregado não


significa que o Princípio do Acesso à Justiça está sendo cumprido. Apesar de
imensos processos serem protocolados todos os dias, é de se considerar que ainda
há uma grande dificuldade para a população buscar executar seus direitos. Sobre
isso, Paulo Eduardo Alves da Silva, professor do curso de Direito da USP de Ribeirão
Preto, expressou durante o seminário “Acesso à ordem jurídica justa”:

A leitura que se faz atualmente esquece do conceito original. Pensamos


em volume de processos da perspectiva do gabinete, mas, da perspectiva da
população, ela não se sente com tanto acesso à Justiça. Os litígios no Brasil
envolvem grandes empresas contra pequenos indivíduos. É importante saber quem
usa o Judiciário para sabermos se de fato existe acesso à Justiça antes de imputar o
acesso à Justiça como causa da morosidade. (SILVA, P., 2019, p. 1)

A Emenda Constitucional nº 45 implementou o inciso LXXVIII no art. 5º da


Constituição Federal de 1988, a qual passou a ter a seguinte redação: “a todos, no
âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e
os meios que garantam a celeridade de sua tramitação” (BRASIL, CRFB, 2020, p
.1).

O legislador visou assegurar ao jurisdicionado a prestação rápida ao


julgar seus conflitos, após perceber o clamor social para que algo nesse sentido
fosse feito. Embora agora haja um princípio constitucional da razoável duração do
processo judicial, poucas mudanças efetivamente aconteceram.
98
Apesar de os problemas serem visíveis, não existe uma maneira fácil e
rápida de se resolver. Uma transformação é necessária, mas sabe-se que levará
bastante tempo para isso de fato ocorrer e mostrar grandes resultados. Lisboa
(2011, p. 1) procurou apresentar possíveis soluções em três passos. Segundo ela:

Um primeiro passo seria preparar o profissional do Direito para ser um


pacificador. Sim. O profissional do Direito deve ser, antes de mais nada, um
conciliador, já que sabidamente a grande maioria das questões levadas à
justiça poderia ser resolvida previamente, mediante debates entre as partes.
Em não sendo possível uma conciliação prévia, partir-se-á, então, para
outros métodos alternativos de solução de controvérsias, tais como a
mediação e a arbitragem [enquanto os processos levam anos para atingirem
uma conclusão perante o Judiciário, os processos de mediação ou
arbitragem apresentam-se como um caminho mais curto e menos penoso
para os que almejam chegar a uma resolução que tenha o mesmo valor
legal e fundamentação técnica sobre determinado assunto].

A importância da conciliação é sempre levantada pelos operadores do


Direito. Conseguir evitar o desgaste causado por uma ação judicial e solucionar o
conflito rapidamente é algo a ser investido. Outra possível solução apontada pela
autora é a “criação, dentro dos Tribunais, de Câmaras Especializadas, que teriam
condições de acelerar os julgamentos de causas com matérias semelhantes, até
mesmo em regime de mutirão, reduzindo, ainda, o risco de decisões teratológicas”
(LISBOA, 2011, p. 1).

Demandas que versam sobre os mesmos temas são muito comuns e


acabam também contribuindo para a sobrecarga de processos. Criar um meio de
resolve-las em conjunto pode ser essencial para o desafogamento que se busca.
Por último, a autora mencionou a necessidade de aperfeiçoar a estrutura do
judiciário e o investimento do Estado, chamando atenção para a falta de acesso de
alguns Tribunais a tecnologias de última geração, visto que muitas vezes não
possuem nem uma internet de qualidade (LISBOA, 2011, p. 1).

Vários outros operadores do Direito buscam propor possíveis soluções


que erradiquem os diversos problemas relacionados a morosidade processual
citados acima. Quando serão postos em prática e oferecerão efeitos, não sabemos.
Mas, algo atual que tem contribuído para isso é as novas tecnologias
proporcionadas pelo uso da inteligência artificial, que já demonstra resultados
favoráveis na busca por tornar o judiciário mais ágil e efetivo.

Assim como praticamente todas as áreas da vida humana estão sendo


transformadas dia após dia com a rápida evolução tecnológica, no judiciário não
99
poderia ser diferente. Quando se observa o passado, percebe-se o quanto o âmbito
jurídico vem melhorando com a disrupção tecnológica.
Há pouco tempo, a realidade que se via nos cartórios, dentro dos fóruns,
era bem diferente. Antes, os servidores lidavam com uma infinidade de papeis,
imensa quantidade de processos físicos, instrumentos e ferramentas que hoje já não
possuem utilidade alguma e que, só contribuíam ainda mais para a morosidade
processual. As tesouras, os perfuradores de papeis, os colchetes, os carimbos, os
grampeadores e os escaninhos (armários utilizados para armazenar processos),
foram sendo substituídos por uma nova era virtual.

Hino e Cunha (2020, p. 1) colocam a digitalização dos processos judiciais


como sendo o marco inicial da tecnologia no judiciário. Segundo eles, foi no ano de
2004 que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, emitiu uma autorização para
que os processos físicos pudessem ser substituídos pelos eletrônicos. Em 2006,
com a sanção da Lei n. 11.419/2006, a informatização dos processos judiciais
passou a ser uma realidade. Conforme os autores, “tornou-se irreversível a
informatização dos processos judiciais, e os diversos tribunais do país que
compõem a estrutura do Poder Judiciário passaram, gradativamente, a implantar o
processo eletrônico para as novas ações judiciais.”

Nesse novo cenário, pouco a pouco os processos foram tornando-se


digitais. Assim, os computadores e a internet passaram a ter papel fundamental e
indispensável nos diversos setores jurídicos. Soares (2012, p. 1) menciona duas
importantes normas criadas para tratar os documentos eletrônicos e torna-los
válidos: A Medida Provisória nº 2.200/001, que criou a Infra-Estrutura de Chaves
Públicas Brasileiras (ICP-Brasil) e possibilitou a autenticidade dos documentos
eletrônicos através dos certificados digitais, permitindo a denominada “assinatura
digital”. E ainda, a Lei n. 10.358/01 que introduziu ao Código de Processo Civil, a
permissão para que qualquer ato judicial pudesse ser feito de forma virtual em todas
as instancias. Porém, como expõe a autora:

foi vetada nesse quesito sob a alegação de que poderia trazer insegurança
jurídica ao processo, uma vez que, estando em vigor a MP n.° 2.200,
definindo uma estrutura unificada e padronizada de certificação digital,
abria-se uma brecha para que cada tribunal pudesse desenvolver seu
próprio sistema de certificação eletrônica. (SOARES, 2012, p. 1)
10
Contudo, em 2006 a Lei n. 11.280/06 incluiu o art. 154 no Código de
0
Processo Civil, que novamente autorizou que os atos judiciais fossem praticados
eletronicamente em todas as instancias (SOARES, 2012, p. 1).
Para que toda essa inovação fosse colocada em prática, era necessário o
desenvolvimento de sistemas on-lines que serviriam para acolher os processos em
suas bases de dados. Assim, os tribunais de todo o país adquiriram diversos tipos de
sistema. Como exemplo, pode-se citar: o PJE, bastante utilizado na Justiça do
Trabalho; O ESAJ, utilizado no Tribunais de Justiça de São Paulo, Ceará, Santa
Catarina entre outros; O Projudi, bastante comum na Bahia, Paraná e Goiás, e
ainda, o EPROC, que inicialmente foi utilizado na Justiça Federal, entretanto
atualmente vários outros tribunais já utilizam (CONHEÇA..., 2017, p. 1).

Embora as mudanças sejam gradativas, já é possível verificar os


benefícios e uma maior produtividade causados pela inserção da I.A no judiciário. O
relatório emitido pelo Conselho Nacional de Justiça, denominado “Justiça em
Números 2020” (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2020, p. 1) demonstrou que
“em 2019, a produtividade média dos magistrados foi a maior dos últimos 11 anos se
elevando em 13%, com média de 2.107 processos baixados por magistrado. Além
disso, o Poder Judiciário finalizou 2019 com 77,1 milhões de processos em
tramitação que aguardavam alguma solução definitiva – patamar semelhante ao
verificado em 2015.”

Desse modo, as novas tecnologias e a transformação dos meios


processuais para uma realidade virtual mostram-se muito benéfico e vantajoso para
o judiciário. Embora seja algo novo e ainda pouco difundido, tribunais do mundo
inteiro já estão adaptando-se de acordo com esse novo cenário. Recentemente,
em 2016 o Reino Unido desenvolveu um tribunal completamente on-line para
demandas de até 25 mil libras esterlinas (RABINOVICH-EINY, Orna; KATSH, Ethan,
2017, p. 1, tradução nossa).

Outrossim, o uso da I.A surge como mais uma garantia de efetividade e


produtividade, as quais poderão ser demonstradas mais à frente.

Como já anteriormente conceituada, a I.A é “um ramo da ciência da


computação que se propõe a elaborar dispositivos que simulem a capacidade
humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas, enfim, a
capacidade de ser inteligente” (CIRIACO, 2008, p. 1).
10
Desse modo, o uso dessa importante ferramenta surge no judiciário como
1
mais uma alternativa para promover a celeridade processual e garantir que este
exerça suas funções de forma mais efetiva. Porto (2019, p. 40) em seu estudo,
elaborou uma série de situações em que a I.A pode auxiliar o judiciário. Segundo
ele:

Assim, numa visão holística da aplicação da IA no Judiciário, podemos


identificar as seguintes atuações: (a) auxiliando o Magistrado na realização
de atos de constrição (penhora on line, Renajud e outros); (b) auxiliando o
Magistrado a identificar os casos de suspensão por decisões em recursos
repetitivos, IRDR, Reclamações e etc., possibilitando que o processo seja
identificado e suspenso sem esforço humano maior do que aquele baseado
em confirmar o que a máquina apontou; (c) auxiliar o Magistrado na
degravação de audiências, poupando enorme tempo; (d) auxiliar na
classificação adequada dos processos, gerando dados estatísticos mais
consistentes; (e) auxiliar o Magistrado na elaboração do relatório dos
processos, filtrando as etapas relevantes do processos e sintetizando o
mesmo; (f ) auxiliar na identificação de fraudes; (g) auxiliar na identificação
de litigante contumaz; (...)”

Entre outros exemplos apontados pelo autor, ele demonstrou como o


investimento nessas tecnologias avançadas podem fazer a diferença. Rosa e
Guasque (2020, p. 67) justificaram a importância do uso de I.A ao relacionar o
quanto o judiciário é caro e moroso, segundo eles “um Poder Judiciário asfixiado por
um acervo de 79,7 milhões de processos em tramitação e com custo aproximado de
75 bilhões de reais com servidores, pode vislumbrar na tecnologia e na disrupção
uma esperança para tentar reverter esse panorama.”

Ainda, Nunes (2020, p. 22) também descreveu como a I.A pode ser
influente ao estruturar os processos e organiza-los de forma a melhor identificar as
demandas repetitivas que costumeiramente sobrecarregam o judiciário. Como
exemplo, o autor elenca o famoso caso do processo de recuperação judicial da
empresa OI S/A, em que por meio da utilização
10
2
de tecnologias avançadas e sistemas de I.A, apenas uma decisão possibilitou a
resolução antecipada de vários outros processos promovidos por credores da
empresa.
Sobre esse caso à cima mencionado, Cury C. (2020, p. 95) também
observou que, devido a quantidade exorbitante de credores domiciliados em
diversos lugares do país, a tramitação da demanda pelas práticas comum seria
inviável, pois haveria grande dificuldade para determinar a competência do juízo.
Assim, somente por meio de um sistema inteligente adaptado a situação, seria
possível resolver o problema. Para isso, um programa de algoritmos sustentados em
I.A foi desenvolvido. O autor ainda menciona que, embora a Lei de Falências, nº
11.101/05, apenas autorize soluções negociais nas demandas extrajudiciais, o
procedimento precisou ser flexibilizado, tendo a ação de recuperação judicial da O.I
S/A uma etapa consensual antecipada. Segundo o autor, o sistema utilizado operou
da seguinte forma:

A adaptabilidade do processo e o compartilhamento de funções permitiram


a instituição de um sistema automatizado para a etapa de solução dos
créditos, contemplando desde os pedidos de habilitação até a efetiva
homologação dos acordos e recebimento dos valores respectivos,
constituindo-se na parte realmente indispensável desse modelo de gestão
integrada. Com efeito, a plataforma de acesso à mediação online suportou
a solução de conflitos utilizando-se de ambiente digital integrado e
multicanal com uso de mensagens de texto, chat, áudio e videoconferência
realizada pela internet. (CURY C., 2020, p. 99)

Desse modo, apesar de sabermos que muitos operadores do Direito não


enxergam as mudanças e inovações no judiciário como algo benéfico, é necessário
que os procedimentos sejam ajustados para acompanharem essas novas formas de
otimização. É sabido também que as alterações legislativas demoram para
acontecer e, muitas vezes, o ordenamento jurídico não acompanha o momento atual
da sociedade. Tendo isso em vista, cabe ao judiciário adaptar-se da melhor forma,
para garantir o Devido Processo Legal e a Razoável Duração do Processo, entre
outros princípios constitucionais. Portanto, a adaptação deve observar o disposto no
art. 194 do Código de Processo Civil, que diz:

Os sistemas de automação processual respeitarão a publicidade dos atos, o


acesso e a participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas
audiências e sessões de julgamento, observadas as garantias da
disponibilidade, independência da plataforma computacional,
acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e
10
informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas
3
funções. (BRASIL, CPC, 2020, p. 1)

Dito isso, como explana Rosa e Guasque (2020, p. 67) “a revolução digital
é um caminho sem volta e que, inexoravelmente, terá que ser percorrido por todas
as ciências e sociedades. Logo, ao invés de resistir à mudança inevitável, deve-se
descobrir a melhor maneira de trilhar essa senda, tirando-lhe o melhor em benefício
da justiça (...)”.

É fato que a sociedade mudou. Desde que a tecnologia se tornou


presente em tudo o que fazemos, a forma como nos relacionamos, nos
comunicamos e gerenciamos nossas vidas já não é mais a mesma. Assim, não há
mais espaço para um judiciário que não se atualiza ou insiste em permanecer preso
à antigas práticas. Para que desenvolva seu papel principal de solucionar conflitos e
promover a ordem, é necessário que esteja evoluindo e acompanhando os novos
anseios da sociedade.

Assim como as diversas áreas revolucionadas pela inserção das


inovadoras tecnologias, a advocacia também tende a mudar muito. Por isso, diante
desse cenário atual, muitos estudiosos e doutrinadores do Direito apontam para a
chamada “Advocacia 4.0”, que “se baseia na evolução da tecnologia em prol do
tratamento de dados jurídicos com segurança e a utilização da IA para aperfeiçoar o
labor do advogado” (MONTEIRO, 2019, p. 6).
Segundo a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (2018, p. 1)
existem 7 (sete) principais características dessa nova realidade que são: rápida
democratização do conhecimento jurídico; Ineditismo e velocidade de interpretação,
pois as novas formas de disponibilização de conteúdo acaba nivelando os
profissionais, tendo destaque aquele que interpreta da melhor forma; Fim do
argumento de autoridade; Criatividade e design; Velocidade na resolução das
disputas; Empatia, relevância e acesso e Capacidade de conexão, de abstração e
analítica.

Desse modo, a advogada Sâmia Frantz (2020, p. 1) menciona os


benefícios que essas mudanças podem trazer para os escritórios de advocacia que
estão dispostos a aceitá-las:

Um ambiente virtual moderniza as atividades e oportuniza uma rotina mais


ágil e eficiente. Isso, claro, permite o aumento da produtividade e resultados
mais efetivos. Assim, com dispositivos móveis cada vez mais presentes, os
escritórios de advocacia que baseia sua atuação em processos e arquivos
10
físicos começam, aos poucos, a dar lugar a soluções tecnológicas. 4A
proporção, portanto, é a mesma: à medida que a quantidade de papel
diminui, a demanda por tecnologia aumenta.

A autora ainda expõe as vantagens que o advogado terá ao adaptar-se


conforme essa nova realidade, para ela, aqueles que buscarem atualizar-se estarão
sempre a frente dos demais. Um escritório digital terá: informações e documentos
armazenados em apenas um lugar, com segurança; flexibilidade dos processos,
para melhor acompanhar a tramitação das demandas; redução de gastos além da
possibilidade de trabalhar em home office ou remotamente (FRANTZ, 2020, p. 1).

A já mencionada Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L),


iniciou suas atividades em 2017, e desde lá vem apoiando a criação de empresas
(startups) que oferecem serviços tecnológicos para a área jurídica. Em 2019, a AB2L
atualizou o seu estudo denominado “RADAR”, que demonstrou a existência de 106
startups voltadas ao Direito e a tecnologia no Brasil. Segundo próprio site deles, o
principal objetivo é:

criar um espaço de diálogo entre as empresas de tecnologia, os advogados,


os escritórios de diferentes portes, os departamentos jurídicos e as
instituições jurídicas existentes. Almeja-se incentivar as boas práticas e
contribuir com esse momento de grandes transformações tecnológicas: a
quarta revolução industrial (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LAWTECHS E
LEGALTECHS, 2020, p. 1).

Embora seja um mercado novo em estado inicial, atualmente no Brasil já


existem lawtechs que estão contribuindo para a transformação dos paradigmas da
advocacia. Podemos citar: a Docket, que tem por finalidade auxiliar na obtenção de
documentos, como papeis de junta comercial, de prefeituras, certidões, matrículas,
entre outros; Ainda, a Aurum, que possui uma rede de softwares jurídicos para a
gestão de processos; a Doc9, que oferece um serviço voltado às diligencias jurídicas
dos escritórios; a M4Law, que automatizou várias funções executadas pelos
advogados, através do uso de I.A trabalha com gestão de documentos jurídicos; A
Oito – Tecnologia Jurídica, ofertando aos seus colaboradores soluções em
inteligência jurídica e gestão dos processos; a Ventura que visa diminuir os
riscos cibernéticos, oferecendo uma maior proteção de dados; entre várias outras
empresas (10 LAWTECHS..., 2019, p. 1).

A parceria entre a startup LegalLabs e a Procuradoria-Geral do Distrito


Federal desenvolveu a primeira robô-advogada do Brasil. Denominada de “Dra.
Luzia’’, ela possui a função de analisar o andamento dos processos de execução
10
fiscal, fornecendo informações das partes (endereços, bens, etc..) e ainda indicando
5
possíveis soluções (FERRARI; BECKER, 2020, p. 202).
De outro modo, o uso de tecnológica avançada não se limita apenas a
criação de robôs. Através da I.A, plataformas digitais inseridas na internet também
são as novas apostas desse novo cenário. No Brasil, existem inúmeras dessas
novas ferramentas que já estão contribuindo para a otimização nos escritórios.

Pode-se citar, por exemplo, a plataforma “Jus Brasil” que fornece


jurisprudências unificadas dos Tribunais de todo país, disponibiliza artigos e notícias
da área jurídica e ainda oferece um chat para que o usuário se conecte com algum
advogado, após responder algumas simples perguntas.

Ainda, o “AdvBox” que promete proporcionar tempo aos seus colabores


com eliminação de tarefas repetitivas. Além dessas funcionalidades, Nunes e
Rodrigues (2020, p. 248) sugerem outra função interessante do programa, que
dispõe a criação de “QR Codes” (códigos de barras impressos que podem ser
escaneados pelas câmeras dos celulares e redirecionam para alguma página na
internet) para petições, encaminhando o juiz para um vídeo que explique da melhor
forma o conteúdo da petição protocolada, dispensando a leitura exaustiva quando se
há grande número de páginas.
Acerca dessas plataformas digitais, muitos países discutem sobre a
legalidade da inclusão de advogados nesses portais, frente a vedação da
publicidade. Viana (2020, p. 163) afirma que, em 2017, o Conselho Regional de
Coimbra considerou que a participação ou divulgação de advogados na plataforma
“www.advogadoo.com” era um ato de angariar clientela. Do mesmo modo, o
Conselho Regional do Porto, de Portugal, decidiu que seria um ilícito disciplinar,
devido a angariação de cliente, a inscrição de advogados em qualquer plataforma
bilateral (aquelas que possibilitam o contato entre cliente e advogado).
Diante disso, muitos operadores do Direito não concordam com a
vedação, pois talvez seja necessária uma revisão nas normas antiquadas que
precisam de atualização. O autor ainda faz sua crítica sobre esses posicionamentos:

Uma proibição indiscriminada de plataformas de intermediação priva os


consumidores dos benefícios destas novas tecnológicas – como a
possibilidade de descobrir um maior leque de prestadores de serviços e de
os comparar de acordo com a sua localização e áreas de especialidade –
funcionalidades que na realidade aumentam a liberdade contratual dos
clientes (VIANA, 2020, p. 163).
10
6
Assim, o que o ele propõe é uma regulamentação dos meios e não a
proibição completa dessas ferramentas que podem trazer muitas vantagens e
benefícios, tanto para o consumidor quanto para os advogados, fomentando o
acesso à justiça. Na França, por exemplo, escritórios de advocacia e legaltechs
assinaram um acordo, denominado “charte éthique pour un marché du droit en ligne
et ses acteurs” (carta ética para um mercado jurídico online e seus atores), em que
se buscou instituir regas para regulamentar a utilização de plataformas virtuais que
garantam a segurança jurídica a confiança do consumidor (VIANA, 2020, p. 163).

Logo, está claro a importância de procurar estabelecer limites e regras


para que essas novas ferramentas sejam exploradas pela advocacia. Diante de uma
nova realidade que teve impactos transformadores em toda a sociedade, o uso de
tecnologias e I.A é o futuro, e não há como se desvencilhar desse cenário. Embora
as práticas da advocacia costumam ser conservadores e obsoletas, um advogado
empenhado em acompanhar as mudanças sociais estará sempre a frente dos
demais profissionais.
Como já bastante mencionado aqui, o tema I.A é um assunto considerado
novo e em estágio inicial. Embora vários cientistas já trataram disso há muito tempo
atrás, somente com o desenvolvimento atual foi possível uma maior exploração
desses meios, visto que antes eram apenas idealizados, agora podem também ser
postos em prática. Conforme a tecnologia vai avançando, o investimento em I.A vai
se intensificando. Apesar de existem hoje ferramentas tecnológicas que talvez
nossos antepassados não imaginassem ser possível, ainda se espera muitas outras
tecnologias disruptivas que irão ressignificar o nosso modo de vida.

Dito isso, muito se discute a possibilidade de automatizar as decisões


judiciais. Isso seria, deixar que programas de I.A emitam decisões, sem interferência
humana. Embora pareça ser algo benéfico que poderá contribuir para agilizar a
resolução de demandas judiciais, existem muitas questões a serem observadas.
Como relatam Ferrari e Becker (2020, p. 199) Nos Estados Unidos, mais
precisamente em Winsconsion, essa realidade já está bem próxima. O Estado
implementou no judiciário o sistema denominado “COMPAS” (Correctional Offender
Management Profiling for Alternative Sanctions) para auxiliar juízes ao decidirem
sobre a liberdade provisória aos presos em flagrante. Ocorre que, em 2013 um caso
polêmico trouxe à tona alguns grandes problemas desse tipo de sistema: Eric
Loomis foi preso por ter furtado um veículo, fugido dos policiais e se envolvido em
10
um tiroteio. Ao ser conduzido, não apresentou reação e declarou- se culpado. O juiz,
7
ao analisar o caso, aplicou o sistema COMPAS que considerou o sujeito como
sendo de alto risco de reincidência.

Assim, diante da negativa de fiança e da manutenção da prisão, Loomis


recorreu da decisão à Suprema Corte de Winsconsin, pedindo o acesso aos dados e
métodos utilizados pelo software para considera-lo de alto risco. Entretanto, o
recurso foi negado. Não satisfeito e decidido a saber quais critérios o algoritmo
empregava, Loomis ainda levou o caso para a Suprema Corte Americana, porém
novamente lhe foi negado o acesso (AZEVEDO, 2019b, p.1; FERRARI; BECKER,
2020, p. 200).
Ainda tratando do COMPAS, a revista ProPublic emitiu uma reportagem
em que relatou algumas outras injustiças praticadas pelo sistema, sobretudo ao
tratar de casos que envolvam pessoas afro-americanas. Ao analisarem várias
decisões emitidas pelo sistema, eles levantaram o seguinte resultado:

A fórmula utilizada sinalizava falsamente os réus negros como futuros


criminosos, rotulando-os erroneamente dessa forma quase duas vezes mais
que os réus brancos. Réus brancos, por sua vez, foram erroneamente
rotulados como de baixo risco com mais frequência do que réus negros
(ANGWIN; LARSON; KIRCHNER; MATTU, 2016, p. 1, tradução nossa).

Eles ainda compararam vários casos em que sujeitos cometeram os


mesmos crimes, mas tiveram penas diferentes, sempre a pena sendo maior para
pessoas de peles pretas. Por exemplo, em duas prisões por posse de drogas:
Duglan Fugett, homem branco de 20 anos, foi acusado de crime por estar com
cocaína durante uma abordagem policial, além de contrair duas contravenções
penais por carregar consigo ferramentas utilizadas no manuseio de drogas. Após
isso, ele ainda foi abordado mais duas vezes com drogas, ademais, havia como
antecedente criminal em sua ficha uma tentativa de roubo. O sistema COMPAS o
considerou como de baixo risco. Por sua vez, Bernard Parker, homem preto de 21
anos, durante uma blitz policial, foi abordado por estar com a placa de seu
automóvel errada, os policiais encontram com ele, 28 gramas de maconha. Como
antecedentes, alguns anos antes Parker teria sido preso por fugir dos policiais e
jogar fora um saco que os policiais acreditavam ser cocaína. Nesse caso, o sistema
considerou que o sujeito era de alto risco (ANGWIN; LARSON; KIRCHNER; MATTU,
2016, p. 1, tradução nossa).
10
Várias foram as comparações feitas e todas demonstraram que há algum
8
algoritmo utilizado pelo sistema tendenciosamente racista, situação inaceitável pois
não há mais espaço na sociedade para tolerar qualquer discriminação. Ademais, um
ponto importante a ser levantado ainda é o fato de que o sistema não foi
desenvolvido pelo poder judiciário americano, mas sim por uma empresa privada.
Ou seja, “nem mesmo os juízes que empregam a ferramenta dominam a sua forma
de operação” (BECKER; FERRARI, 2020, p. 200).
Essa realidade ainda não está presente no Brasil, mas é um assunto já
bastante debatido por aqui e a situação supramencionada serve de exemplo para
demonstrar os riscos que existem ao permitir que apenas a máquina decida, sem a
intervenção humana. Embora todos os dias existam decisões judiciais que refletem
injustiças sociais, deve-se sempre buscar ferramentas que não contribuam ainda
mais para esses problemas.
Assim, para que um sistema de I.A elabore uma decisão correta e justa, é
necessário que os seus algoritmos sejam desenvolvidos livres de aspectos que
envolvam qualquer tipo de discriminação social. Sobre isso, Becker e Ferrari (2020,
p. 206) apontam os principais problemas acerca desse tema: o uso de data sets
viciados, que basicamente é, o emprego de algoritmos que foram programados de
maneira errada, “como os dados treinam o algoritmo, problemas relativos aos dados
serão incorporados em sua operação”; a discriminação que pode ser gerada por
algoritmos de machine learning (como já mencionado neste trabalho) e ainda a
opacidade dos algoritmos.

Ao tratar da opacidade, o autor atenta para o fato de haver pouca


explicação das empresas desenvolvedoras acerca dos algoritmos empregados, bem
como outro problema já descrito aqui: a dificuldade que os programadores possuem
para controlar as respostas e os processos de aprendizado de um algoritmo. Esse é
o motivo pelo qual o Google, diante da situação narrada no primeiro capítulo, decidiu
simplesmente deletar todas as imagens de gorilas do Google Photos, ao invés de
consertar seu algoritmo para que reconhecesse pessoas de peles pretas. Ao que
tudo indica, “parece estar além das capacidades humanas aprender boa parte –
senão todas – as estruturas decisórias que empreguem a técnica de machine
learning (FERRARI; BECKER; 2020, p. 211).
Desse modo, a falta de transparência e compreensão sobre os
mecanismos utilizados por um sistema de I.A é um grande problema a ser
10
observado antes de empregar essas ferramentas em todas as funcionalidades do
9
judiciário. Nesse sentido, Nunes (2018, p. 8) afirma que:

os algoritmos utilizados nas ferramentas de inteligência artificial são


obscuros para a maior parte da população – algumas vezes até para seus
programadores – o que os
11
0
torna, de certa forma, inatacáveis. Em função disso, a atribuição de função
decisória aos sistemas de inteligência artificial torna-se especialmente
problemática no âmbito do Direito.

Segundo o que estabelece a Constituição Federal de 1988, norma


suprema e incontestável, “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes.” (art. 5º, inc LV, BRASIL, CRFB, 2020), ainda, o
Princípio do Devido Processo Legal encontra-se no inciso LIV e impõe que ninguém
poderá ser privado de sua liberdade ou bens sem que haja o devido processo.
Embora a versatilidade do uso da I.A sirva como forte incentivo para adaptação a
essa nova realidade, não há como desconsiderar os riscos existentes quando
inobservados princípios e direitos básicos estabelecidos por lei. Ainda que a
sociedade esteja experimentando grandes mudanças trazidas pelo avanço da
tecnologia disruptiva, não se pode acatar mudanças no judiciário que vá contra os
interesses sociais e tudo o que foi conquistado arduamente pelo atual ordenamento
jurídico brasileiro. Nesse sentido, expõe Morais e Barros (2020, p. 262):

A opacidade será sempre um limitador ao direito do contraditório,


especialmente por não permitir conhece a “caixa-preta” das redes neurais. A
opacidade, ademais, contraria as bases da noção da transparência e
integridade que estão na centralidade das discussões sobre os governos
abertos.

O Princípio do Devido Processo Legal e do Contraditório, assim como


outros princípios processuais, exigem que o Estado forneça os meios adequados
para que os processos judiciais sejam sempre claros, concisos e objetivos,
oferecendo igualdade entre as partes para demonstrarem seus interesses e
argumentos, garantindo ainda que os pareces judiciais contenham fundamentações
legais e transparência, já que seus efeitos repercutem em vidas humanas, não
podendo jamais ser arbitrária, sem demonstrar os motivos e razões.

À vista disso, sistemas como o COMPAS, utilizado nos Estados Unidos,


que como mencionado, tem uma série de problemas, não devem ser aplicados em
um país que promova a democratização e o acesso à justiça. Segundo expõe
Medeiros (2020, p. 619):
11
Além de reproduzir preconceito e discriminação, o uso de algoritmo como1o
COMPAS anula a possibilidade do exercício fundamental da ampla defesa e
do contraditório, na medida em que impede que o processo seja um
ambiente no qual a argumentação dos sujeitos processuais, dada em efetivo
contraditório, seja capaz de influir verdadeiramente nos atos decisórias.

Logo, para que direitos constitucionais não sejam afetados e, para que
não haja um retrocesso na história do judiciário, é necessário que muitos fatores
sejam primeiramente analisados, antes de se buscar introduzir a I.A na tomada de
decisões, sem a interferência humana. Diante disso, busca-se desenvolver um I.A
confiável, pautada na ética e nos valores
11
2
sociais estabelecidos. Assim, alguns autores demonstram a necessidade de
assegurar aos jurisdicionado o Direito a “Explicabilidade”, isto é, fornecer
informações que demonstrem claramente os motivos que levaram àquela decisão
(BECKER; FERRARI, p. 212).
Esse instituto já é previsto em alguns países. A União Europeia, por
exemplo, elaborou um estudo para estabelecer limites éticos ao uso de IA. Através
deste, elencou 5 princípios que devem ser observados pelos sistemas judiciais. São
eles: “Princípio do respeito pelos direitos fundamentais, Princípio da não-
discriminação, Princípio da qualidade e segurança, Princípio da transparência
[explicabilidade] e Princípio ‘sob controle do usuário’ (PETERSON, 2018, p. 1).

Como explana Antônio e Paolinelli (2020, p. 306) o entusiasmo em cima


dessa nova tecnologia no Brasil remete sobretudo à possível solução da morosidade
processual e a ineficiência do judiciário, entretanto, como pautou os autores:

A promessa de que a automatização de tarefas hoje desempenhadas por


profissionais humanos gerará, além de maior agilidade na tramitação dos
procedimentos, a eliminação de vieses de cognição e das famosas ‘quebras’
de imparcialidade, estão sendo vendidas, sem que o uso das ferramentas
tecnológicas seja problematizado e refletido a luz das garantias
processuais-fundamentais do contraditório dinâmico e do direito à
exposição clara dos fundamentos determinantes da decisão.

Segundo Horta (2019, p. 31) “sabe-se que intuições ou primeiras


impressões sobre pessoas ou fatos podem criar um viés, que condiciona toda a
interpretação subsequente de fatos e condutas.” Desse modo, os vieses cognitivos
são os sentidos, emoções e percepções, muitas vezes inconscientes, que cada
pessoa carrega consigo e que foi sendo desenvolvido de acordo com suas
experiências de vida. Vários fatores podem influenciar nessa cognição, que é
pessoal de cada ser humano. Assim, o autor explica que:

Um dos achados mais consistentes da literatura sobre tomada de decisão é


que as pessoas, mesmo as mais experientes, competentes e inteligentes,
tendem a não enxergar ou a subestimar os próprios vieses. Por serem
inconscientes, não são detectados, e assim, sua influência é subestimada.
Assim, compreender porque existem vieses é importante também para que
se dê conta da sua onipresença (HORTA, 2019, p. 31).
11
A existência de vieses intrínsecos aos seres humanos, é a razão pelo qual
3
decisões judiciais podem ser diferentes dependendo de cada juiz que a profere.
Embora exista a necessidade de fundamentação, cada fato que ocorre tem suas
particularidades e muitas vezes, diante da imensidade de leis, o juiz precisa analisar
através da analogia e decidir conforme suas considerações. Por isso, grande parte
da doutrina relata que a interferência dos vieses cognitivos atrapalha o devido
processo legal.
11
4
Assim, ainda que um juiz atue com imparcialidade e observando tudo o
que a lei determina, suas decisões conterão sua interpretação individual sobre
aquele fato, influenciando na decisão. Diante disso, muitos entusiastas da
tecnologia veem na I.A uma solução para este problema, acreditando que, ao
programar a máquina para emitir decisões, através de algoritmos e machine learning
(aprendizagem profunda) não haverá mais influência de vieses cognitivos.
Entretanto, Lummertz (2018, p. 1) afirma que:

A premissa de que tais sistemas, por serem automáticos, são precisos e


imunes a falhas não é correta. Algoritmos e sistemas de inteligência artificial
não são construídos exclusivamente por correlações matemáticas e
necessárias, senão que veiculam também escolhas dos programadores –
seja em relação aos dados empregados seja em relação aos mecanismos
utilizados para a tomada de decisões – e consequentemente, seus
eventuais vieses e preconceitos, além e poderem apresentar falhas.

Logo, mesmo quando empregado sistemas de I.A para emitir uma


decisão, sem que haja participação humana, vieses cognitivos ainda poderão estar
presentes. Pois, esses sistemas não são desenvolvidos de forma neutra e objetiva,
visto que são programados e preparados para responder conforme seus criadores
determinarem. Assim, “os dados que alimentam os sistemas de inteligência artificial
são fruto da produção humana enquanto sociedade, a qual é repleta de
preconceitos, estigmas, desigualdades e padrões/categorizações excludentes”
(MEDEIROS, 2020, p. 611).

Portanto, verifica-se que, embora a ideia de automatizar as decisões


judiciais, por meio do uso de I.A, pareça ser uma saída para desafogar o judiciário,
existem grandes riscos que podem afetar direitos fundamentais e princípios
constitucionais. Assim, diante da atual situação em que se encontram essas
ferramentas (pouco claras e com sistemas de processamento opacos), é necessário
que se priorize a cognição humana nas decisões judiciais de maior complexidade.
Talvez, em um futuro próximo, quando houver maior controle e compreensão sobre
essas ferramentas, haverá a possibilidade de julgamentos por máquinas. Até lá,
como bem pontua Vale (2020, p. 638) deve-se buscar utilizá-las somente em
questões repetitivas e burocráticas.

Verifica-se que as tecnologias avançadas surgiram para contribuir na


evolução da sociedade. Nos últimos anos, diversos meios da vida humana se
transformaram frente a essa virada tecnológica, denominada de Revolução 4.0. O
11
mundo virtual cresce todos os dias e oferece uma variedade de possibilidades,
5
melhorando e facilitando a rotina de cada indivíduo.

A inteligência artificial, que ainda se encontra nos primeiros momentos de


seu desenvolvimento, é uma fonte de tecnologia composta por sistemas de última
geração que já desempenham importantes funções em vários setores.

No Poder Judiciário, por sua vez, a I.A demonstra ser grande aliada na
busca por torna-lo mais efetivo, visto que, ultimamente o órgão tem enfrentado
grandes problemas que o afasta do seu papel social de garantidor da ordem pública
e dos direitos civis.
Dessa forma, verificou-se que diversos tribunais do país estão investindo
nesse tipo de tecnologia avançada, como alternativa viável para auxiliar o judiciário e
agilizar a resolução das demandas judiciais de forma mais célere.
Observa-se, contudo que, embora essa nova realidade seja promissora
para o desenvolvimento social, existem demasiadas questões relativas ao uso da I.A
que precisam ser analisadas antes de tentar virtualizar todas as atividades
desenvolvidas no judiciário.

Como exposto no primeiro capítulo, os desenvolvedores dos sistemas de


I.A possuem dificuldade para ter total compreensão sobre as etapas de
processamento. Ou seja, embora saibam as instruções que foram repassadas às
máquinas, devido aos sistemas de aprendizado das redes neurais (machine learning
e deep learning), estas podem acabar gerando um comportamento diferente do
esperado.

Ademais, existe ainda a opacidade acerca do funcionamento dessas


tecnologias, visto que geralmente são desenvolvidas por empresas privadas que,
alegando motivo de concorrência, optam por não oferecer informações
transparentes sobre seus sistemas.

Outra questão levantada neste trabalho é a possível potencialização dos


problemas sociais através do uso de I.A, pois mesmo que os sistemas de
aprendizado empregados possuam a capacidade de aprender com os dados que
lhes foram fornecidos, sem a interferência humana, se for fornecido dados que
reflitam discriminação, desigualdade, racismo, entre outros problemas sociais, o
comportamento do sistema também será nesse sentido.
11
Na tomada de decisão no judiciário, verifica-se que a utilização dessas
6
máquinas para emitir pareceres sem a observação humana, no estado da arte, pode
ser um risco para os jurisdicionados. Devido a opacidade e a falta de compreensão
dos próprios desenvolvedores, esse tipo de tecnologia deve ser usado apenas para
auxiliar os magistrados e servidores, sendo a cognição humana prioridade ao tratar
de casos complexos e decisões que causam efeitos na vida de pessoas.

Dessarte, conclui-se que essas ferramentas surgiram para facilitar e


melhorar a sociedade, bem como, contribuir nas atividades desempenhadas no
judiciário. Contudo, é preciso uma regulamentação maior desses meios, objetivando
que os sistemas de I.A sejam empregados observados os princípios e direitos
vigentes.
A LGPD surgiu para proteger os dados pessoais e tratou alguns aspectos
referente a esses sistemas. O Projeto de Lei nº 5.051/2019 possui um texto mais
focado na I.A, entretanto, é superficial e não abrange toda a problemática
envolvendo o tema. Assim, um dispositivo mais completo, que trate especificamente
de todas questões aqui suscitadas, levantando os tipos de I.A e demonstrando os
riscos, é uma necessidade atual para garantir a harmonia entre a sociedade e essas
modernas tecnologias.
11
7

BIBLIOGRAFIA

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