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Treinamento Pliométrico no Futebol

Article · September 2013

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8 authors, including:

Bruno Roberto Alves Zwarg Moisés Germano


Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep)
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SEE PROFILE SEE PROFILE

Márcio Antônio Gonsalves Sindorf Gustavo R Mota


Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) Federal University of Triangulo Mineiro
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SEE PROFILE SEE PROFILE

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Revista Brasileira de Futsal e Futebol


ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
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TREINAMENTO PLIOMÉTRICO NO FUTEBOL


1
Bruno Roberto Alves Zwarg
1
João Carlos Cavarsan Júnior
1
Moisés Diego Germano
1
Marcelo Monteiro de Moraes
1
Márcio Antônio Gonsalves Sindorf
2
Gustavo Ribeiro Motta
1
Hermes Ferreira Balbino
1,3
Charles Ricardo Lopes

RESUMO ABSTRACT

O objetivo desta revisão foi examinar os Plyometric training in football


trabalhos que investigaram os efeitos do
treinamento pliométrico (TP) em atletas de The aim of this study was to review studies
futebol. O principal fator fisiológico para esse that analyzed the effects of plyometric training
tipo de treinamento ser bem sucedido é a (PT) on football players. The main
utilização do ciclo alongamento-encurtamento physiological factor for this type of training to
(CAE), que pode ser desenvolvido por meio da be successful is to use the stretch-shortening
execução de saltos específicos combinados. cycle (SSC), witch can be developed until the
Várias modalidades esportivas podem se implementation of specific jumps combined.
beneficiar do TP. Portanto esta metodologia Several research show that this kind of training
colabora para a melhora da potência e sprints, improves the performance of maximum
por meio do incremento do CAE. O artigo foi strength, and sprints. Several sports can be
elaborado com base na avaliação de diversos benefit from the PT. With base on this theme,
trabalhos na literatura que analisaram o TP, we conclude that the PT is essential for all
suas adaptações e aplicações práticas no kinds of sports through the SSC. The article
treinamento de futebolistas. was based on evaluation of several studies on
the literature that analyzed the PT, yours
Palavras-chave: Treinamento pliométrico, adaptation and benefits on training of football
Potência, Ciclo alongamento-encurtamento. players.

Key words: Plyometric training, Power,


Stretch-shortening cycle.

E-mail:
brunozwarg@hotmail.com
jon_jonhmj@hotmail.com
moises.germano@yahoo.com.br
memmoraes@unimep.br
marciosindorf@gmail.com
1-Programa de Mestrado Educação grmotta@gmail.com
Física/FACIS/UNIMEP. hermes.balbino@uol.com.br
2-Departamento de Ciências do Esporte, chrlopes@unimep.com.br
Programa de Pós Graduação em Educação
Física, Universidade Federal do Triângulo Endereço para correspondência:
Mineiro. Charles Ricardo Lopes
3-Faculdade Adventista de Hortolândia, Faculdade de Educação Física – UNIMEP -
Hortolândia. Piracicaba-SP, Brasil - CEP: 13400-911
Fone – 19 31241503

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INTRODUÇÃO quanto coletivas. Atletas e técnicos estão cada


vez mais interessados em aperfeiçoar e incluir
O treinamento pliométrico (TP) é uma esse método em seus programas, com o
das formas de treinamento mais utilizadas no propósito de melhoria da performance
esporte coletivo (Impellizzeri e colaboradores, esportiva e das capacidades físicas inerentes
2008; Meylan e Malatesta, 2009; Chelly e às respectivas modalidades, por meio de
colaboradores, 2010; Campo e colaboradores, adaptações do sistema musculotendíneo, da
2009; Ronnestad e colaboradores, 2008; biomecânica do respectivo movimento exigido,
Grieco e colaboradores, 2012; Rubley e redução dos riscos de lesões nos membros
colaboradores, 2011; Miller e colaboradores, inferiores e controle neuromuscular.
2006; Thomas, French e Hayes, 2009; Asadi, Todas essas alterações resultam no
2011) e envolve a execução de saltos e incremento da força máxima em relativamente
quedas com alturas pré-determinadas curto período de tempo. Tais adaptações são
utilizando o peso corporal e ações musculares essenciais para atletas de modalidades
excêntricas e concêntricas, comumente intermitentes, com mudanças de direção e
conhecidas como ciclo alongamento- sprints de alta intensidade, que exigem força e
encurtamento (CAE). potência muscular, como o futebol (Impellizzeri
O CAE representa soma da absorção e colaboradores, 2008; Meylan e Malatesta,
do impacto com liberação da energia elástica 2009; Chelly e colaboradores, 2010; Tricoli e
através da função muscular (Nicol, 2006). colaboradores, 2005).
Isto ocorre baseando-se no Para maximizar os efeitos benéficos
aproveitamento do potencial elástico do TP é necessário entender os mecanismos
acumulado durante ações excêntricas, nas envolvidos, bem como manipular as variáveis
quais parte da energia mecânica absorvida é do treinamento, como intensidade, volume,
dissipada sob a forma de energia potencial frequência semanal e tempos de pausas entre
elástica e liberado, posteriormente, na fase estímulos e séries. A literatura tem mostrado
concêntrica sob a forma de energia cinética. que programas de TP tem sido efetivo em
Isso gera aumento da produção de força com jovens e adultos para melhorar a economia de
o menor custo metabólico (Heglund e corrida, saltos e aumento de força (Markovic,
Cavagna, 1987; Thomas, French e Hayes, 2007; Villarreal, Requena e Newton, 2009),
2009). demonstrando diferentes efeitos, dependendo
Dessa forma, para que o CAE seja das características dos participantes do
devidamente aproveitado, a passagem da fase programa de treinamento, tais como o nível de
excêntrica para a concêntrica deve ser feita de treinamento, sexo, idade, atividade esportiva
forma rápida de modo que a energia potencial ou familiaridade com TP.
elástica seja convertida em energia cinética. Considerando essa possibilidade, o
Quando a passagem de uma fase para objetivo deste estudo foi revisar e discutir
outra é feita de lentamente, a energia potencial trabalhos que investigaram os efeitos do TP na
elástica pode ser dissipada e, assim, liberada força explosiva em jogadores de futebol
na forma de calor (Heglund e Cavagna, 1987). profissional. Para a realização desta revisão,
Tal mecanismo tem sido alvo de foram pesquisados artigos publicados
pesquisas e debates científicos devido à sua originalmente em idioma internacional.
potencial utilização e resposta latente em Como estratégia de busca, foi utilizada
atletas, como melhora do condicionamento a base de dados Medline (National Library of
físico, além de adaptações neuromusculares Medicine) com a combinação das seguintes
(Hoff e colaboradores, 2002). palavras-chave: plyometric training, power
Os exercícios pliométricos mais training, vertical jump, stretch-shortening cycle,
utilizados são os saltos profundos, podendo soccer players training.
ser combinados com programa de treinamento
periodizado de força (Villarreal, Newton e Adaptações neurais do treinamento
Requena, 2009; Bosco, Luhtanen e Komi, pliométrico
1983; Schmidtbleicher, 1992)
O TP também está inserido em É possível afirmar que o TP melhora a
programas de treinamento de diversas performance por meio da economia de
modalidades esportivas, tanto individuais movimento e tempo de contato com o solo

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(Heglund e Cavagna, 1987). Este por sua vez adaptações neurais ocorrem no início de
é modificado pelo CAE que é caracterizado qualquer treinamento, aumentando a ativação
pela combinação de ações musculares do músculo esquelético e recrutamento de
ocorrendo pré-ativação do músculo, seguida mais UM. O aumento do número de UMs
por primeiro alongamento (ação excêntrica) e recrutadas, a frequência de disparo, além da
subsequente encurtamento entendido como pré-ativação muscular, são utilizados para
ação concêntrica (Komi, 2000; Heglund e explicar o fenômeno das adaptações neurais
Cavagna, 1987). do TP, por meio de adaptações relacionadas
Adaptação neural é definida através ao controle neural, que apresenta papel
de vários fatores que atuam em conjunto, são fundamental nos exercícios que utilizam CAE.
eles: sincronização de unidades motoras A maioria dos estudos tem utilizado a
(UMs) e intergrupamentos musculares eletromiografia (EMG) para detectar mudanças
sinergistas; ativação de grupamentos na atividade durante contração voluntária
musculares agonistas; inibição de máxima. Komi (2000) apresentou a pré-
grupamentos musculares antagonistas; ativação muscular antes do impacto do solo e
aumento da velocidade de condução e facilitando o alongamento muscular, durante a
frequência dos estímulos nervosos; atenuação fase inicial excêntrica e posterior concêntrica
da resposta inibitória dos órgãos tendinosos (Markovic, Mikulic, 2010).
de golgi e ativação da resposta excitatória do A seguir, a figura 1 representa os
fuso muscular (Hakkinen, 1989). diversos mecanismos envolvidos no TP que
Tem sido sugerido que a melhoria da levam ao incremento das adaptações
capacidade de executar o exercício proposto é fisiológicas/ moleculares e de performance. E
devido a maior capacidade para coordenar a tabela 1 apresenta os estudos encontrados
grupos musculares envolvidos no movimento com o TP.
(Hoff e colaboradores, 2002), e que as

Figura 1 - Mecanismos envolvidos no treinamento pliométrico.

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Tabela 1 - Descrição dos estudos de treinamento pliométrico no futebol.


Período de
Aptidão
Estudo n treinamento em Periodicidade Metodologia Superfície Desempenho
Física
semanas
Foram realizados testes de Houve um aumento
VO2, (RER), VO2 pico, RE, significativo no VO2
Força isométrica máxima. O pico, VO2 e na Ativos,
Grieco e
teste (RER) e RE foi Não economia de energia. jogadoras de
colaboradores, 11 12 2x semana
realizado a 9km, a força informado Porém nos testes de futebol
2012
isométrica máxima foi força isométrica, EE e profissional.
realizada 30 saltos por RTR não houve
sessão e intensidade alta. aumento significativo.
Houve um aumento
significativo na
Rubley e O treinamento foi separado
Não distancia do chute e Jogadoras
colaboradores, 16 14 1x semana em SV e VJ sendo o total de
informado no VJ. No SV não adolescentes.
2011 176 saltos.
houve melhora
significativa.
20mim de treino (Dj e CMJ) Houve uma melhora
e 5’ descanso 5 series de com o treinamento DJ
20 repetições (DJ e CMJ) e CMJ no Sprint 20m, Estudantes
Asadi, 2011 27 6 2x semana com 8 segundos de Areia e o grupo de controle universitários
intervalo. Altura da caixa e o grupo da areia só saudáveis.
45cm. Realizaram testes de houve melhoria no
Sprint 20m. musculo VL.
Foram realizados (Força Houve melhora
Máxima 1RM, SJ, CMJ, significativa nos teste
Ativos,
Sprint 5m, Sprint 20m e de força máxima
Chelly e jogadores de
Sprint 40m. O total de saltos Não 1RM, SJ, CMJ, Sprint
colaboradores, 23 8 Quinzenal futebol da
de 430 realizados nas 8 informado 5m, Sprint 20m e
2010 categoria
semanas com uma pausa Sprint 40m e também
juniores.
de 1mim, já os Sprint teve um ganho significativo
uma pausa de 5mim. de massa corporal.
Foram realizados (SJ, sprint
10m, CMJ e CT) em quatro Houve melhora na
Ativos,
exercícios de 6 a 12 nos testes de Sprint
Meylan e jogadores de
repetições durante 20 a 10m, CMJ e CT,
Malatesta, 11 8 2x semana Grama futebol
25mim a intensidade do porem no SJ que
2009 durante a
treino foi determinada ocorreu a ausência de
puberdade.
através do grau de melhoria.
descanso dos atletas.
Foram realizadas (CMJ, SJ
e massa corporal) através Não houve aumento
Ativos,
Campos e de 105 saltos durante as 12 significativo nos testes
jogadores
colaboradores, 20 12 3x semana semanas sendo em media Grama CMJ, SJ e massa
adulto de
2009 5mim de pausa por dia de corporal, melhora de
futebol.
treinamento o treinamento é força de explosão.
intenso.
Houve uma melhora
O DJ e CMJ foi realizado
Thomas, no saltos verticais, Jogadores
com 40cm, os saltos
French e Areia e não houve mudança semi -
20 6 2x semana começaram com 80
Hayes, Grama no Sprint e diminui a profissionais
repetições e depois 120
2009 agilidade de ambos os de futebol.
repetições.
grupos.

Houve melhora em
Foram realizados 147 squat ambos os grupos
jump (SJ) e salto onde realizaram os Ativos,
Impellizzeri e contramovimento (CMJ) SJ, CMJ, Sprint 10m e jogadores de
Areia e
colaboradores, 44 4 3x semana feitos em 15mim com cerca Sprint 20m, sendo futebol
Grama
2008 de 15-30s e 1-2 mim de que as melhoras na amadores.
pausa durante 4 semanas areia foram maiores
em alta intensidade. do que na grama em
todos os testes
realizados.

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Foram realizados testes de


força máxima, salto
contramovimento (CMJ),
(SJ) e Sprint 40m. A força
máxima foi feita entre 12-15 Melhora de força
Ativos,
Ronnestad e repetições, 200 CMJ, força máxima, SJ e sprint, o
6 a 8x Não jogadores de
colaboradores, 21 7 máxima realizou 2 a 3 grupo controle não
semana Informado futebol
2008 series e SJ e 4-5 sprint houve melhoras no
profissional.
máximo. Os sprints teve SJ.
3mim de descanso, já nos
saltos teve o descanso de
1,5mim e a intensidade do
treinamento é alta.
Miller e O treino teve entre 90 a 140 Houve um aumento
Não Atletas de
colaboradores, 28 6 2x semana saltos verticais, horizontais em ambos os grupos
Informado agilidade.
2006 e laterais. na parte de agilidade.
Legenda: EC- economia de corrida; SJ- Squat Jump; CMJ- Countermovement Jump; RM- Repetição Máxima;
PP- Pré-Teste e Pós- Teste; GP- Grupo Pliométrico; GC- Grupo de Controle; RTR- Relação de Troca
Respiratória; EE- Economia de energia.

DISCUSSÃO (2009); não houve aumento significativo nos


testes CMJ e SJ.
O principal achado desta revisão é Provavelmente a diferença de
que o TP tem se mostrado fundamental para frequência de treinamento poderia ser a razão
melhorar o desempenho neuromuscular da discrepância dos resultados. Porém, no
(Markovic, Mikulic, 2010). mesmo trabalho, foi relatado aumento
Nos estudos apresentados na tabela significativo na potência.
1, foi possível observar que após os períodos Já no estudo de Ronnestad e
de treinamento propostos, houve alterações colaboradores, (2008) e Campo e
positivas no desempenho (Impellizzeri e colaboradores, (2009), foi caracterizado ganho
colaboradores, 2008; Meylan e Malatesta, no aumento das variáveis de força, as quais
2009; Chelly e colaboradores, 2010; Campo e demonstraram que o desenvolvimento da força
colaboradores, 2009; Ronnestad e explosiva pelos componentes contráteis foi
colaboradores, 2008; Grieco e colaboradores, incrementado, revelando valores maiores na
2012; Rubley e colaboradores, 2011; Miller e taxa de produção de força.
colaboradores, 2006; Thomas, French e Tal fato pode ser atribuído ao melhor
Hayes, 2009; Asadi, 2011). recrutamento e sincronização de UMs,
Conforme os trabalhos analisados, os aumento na velocidade de condução de
três saltos mais utilizados no TP são: squat potenciais de ação, melhoras no CAE e razão
jump (SJ), counter-movement jump (CMJ) e de desenvolvimento de força (RDF). Tais
drop jump (DJ). Utilizando essas técnicas de alterações poderiam contribuir para melhora
salto, os estudos de Impellizzeri e no desempenho.
colaboradores, (2008); Meylan e Malatesta, A especificidade do treinamento é
(2009); Chelly e colaboradores, (2010); Campo fundamental nos esportes de alto nível e a
e colaboradores, (2009); Ronnestad e natureza do TP se aproxima muito dos
colaboradores, (2008), apresentaram melhoras movimentos utilizados no futebol como, por
significativas com exceção do SJ. Dos estudos exemplo, saltos, mudanças de direção,
citados anteriormente, Impellizzeri e corridas rápidas em curto intervalo de tempo
colaboradores, (2008); Chelly e colaboradores, com acelerações, desacelerações e mudanças
(2010); Asadi, (2011) e Ronnestad e de direção constantes.
colaboradores, (2008); observaram melhora na Como o futebol necessita de muita
velocidade de deslocamento, agilidade e potência e agilidade nos membros inferiores,
potência através do TP. outros testes foram utilizados para avaliar a
Apesar de vários autores relatarem velocidade e agilidade como os testes de 10 m
melhora nos testes de CMJ, SJ e DJ (Chelly e e 20 m. Para a execução desses testes, foram
colaboradores, 2010; Impellizzeri e utilizadas trenas e fotocélulas para a
colaboradores, 2008; Meylan e Malatesta, confiabilidade da tomada das medidas.
2009), no estudo de Campo e colaboradores,

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Ronnestad e colaboradores, (2008) e REFERÊNCIAS


Asadi (2011), observaram melhora na força
máxima e sprint, que são fundamentais para 1-Asadi, A.; The effects of 6-week of
futebolistas. Em linha com esses autores, plyometric training on electromyography
Campo e colaboradores (2009), encontraram changes and performance. Sport Science. Vol.
melhora significante na potência muscular. 4. Núm. 2. p.38-42. 2011.
Esses estudos comprovam que o treinamento
de alta intensidade com o intuito de melhoria 2-Bosco, C.; Luhtanen, P.; Komi P. V.; A
da força máxima, assim como o treinamento simple method for measurement of mechanical
de potência muscular, promovem resultado power in jumping. Eur. J. Appl. Physiol. Vol.
acentuado na curva força-velocidade e no 50. Núm. 2. p. 273-282.1983.
desempenho em sprints.
Adicionalmente dois outros estudos, 3-Campo, S. S.; Vaeyens, R.; Philippaerts, R.
Chelly e colaboradores (2010); e Ronnestad e M.; Redondo, J. C.; Benito, A. M.; Cuadrado,
colaboradores (2008), mostraram que atletas G.; Effects of lower-limb plyometric training on
que possuem bom desempenho em testes body composition, explosive strength, and
pliométricos também apresentam bom kicking speed in female soccer players.
resultado em sprints. Journal of Strength and Coditioning Research.
Considerando que os fatores Vol. 23. Núm. 6. p.1714-1722. 2009.
neuromusculares que determinam o resultado
em testes pliométricos e em sprints são 4-Chelly, M. S.; Ghenem, M. A.; Abid, K.;
semelhantes, essa alta correlação parece ter Hermassi, S.; Tabka, Z.; Shephard, R. J.;
razoável relação causal. Effects on in-season short-term plyometric
Observamos que a inclusão de TP nos training program on leg power, jump and sprint
programas de treinamento pode melhorar performance of soccer players, Journal of
algumas capacidades físicas importantes nos Strength and Conditioning Research. Vol. 24.
futebolistas como a força máxima, economia Núm. 10. p.2670-2676. 2010.
de corrida e capacidade de executar sprints
máximos. 5-Grieco, C. R.; Cortes, N.; Greska, E. K.;
Através dos estudos apresentados na Lucci, S.; Onate, J. A.; Effects of a combined
tabela 1, verificamos que o TP combinado com resistance-plyometric training program on
o treinamento de futebol, apresentou melhoras muscular strength, running economy and VO2
em várias ações explosivas (Impellizzeri e peak in division I female soccer players.
colaboradores, 2008; Meylan e Malatesta, Journal of Strength and Conditioning
2009; Chelly e colaboradores, 2010; Campo e Research. Vol. 26. Núm.9. p.2570-2576. 2012.
colaboradores, 2009; Ronnestad e
colaboradores, 2008; Grieco e colaboradores, 6-Hakkinen, K.; Neuromuscular and hormonal
2012; Rubley e colaboradores, 2011; Miller e adaptations during strength and power training.
colaboradores, 2006; Thomas, French e A review. J. Sports Med. Phys. Fitness. Vol.
Hayes, 2009; Asadi, 2011). 29. Núm. 1. p. 9-26. 1989.
Tais melhorias são benéficas para o
melhor desempenho no jogo, tendo em vista 7-Heglund, N. C.; Cavagna, G. A.; Mechanical
que o padrão de especificidade deve ser work, oxygen consumption, and efficiency in
mantido em qualquer nível de treinamento. isolated frog and rat muscle. Am. J. Physiol.
Cell Physiol. Vol. 253. Núm. 1. p.C22-C29.
CONCLUSÃO 1987.

Considerando os trabalhos revisados, 8-Hoff, J.; Wisloff, U.; Engen, L. C.; Kemi, O.
podemos concluir que o TP colabora J.; Helgerud, J.; Soccer specific aerobic
positivamente com o desempenho de atletas endurance training. Br J Sports Med. Vol. 36.
de futebol, por meio da melhora no CAE, p.218-221. 2002.
tempo de contato com o solo e sprints. Assim,
deveria ser observado como importante 9-Impellizzeri, F. M.; Rampini, E.; Castagna,
atividade a ser aplicada de maneira planejada C.; Martino, F.; Fiorini, S.; Wisloff, U.; Effect of
e racional nos treinamentos de futebolistas. plyometric training on sand versus grass on

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muscle soreness and jumping and sprinting 19-Thomas, K.; French, D.; Hayes, P. R.; The
ability in soccer players, British Journal Sports effect of two plyometric training techniques on
Med Vol. 42. p.42-46. 2008. muscular power and agility in youth soccer
players. Journal of Strength and Conditioning
10-Komi, P. V.; Stretch-shortening cycle: a Reasearch. 2009.
powerful model to study normal and fatigued
muscle. Journal of Biomechanics. Vol. 33. 20-Tricoli, V.; Lamas, L.; Carnevale, R.;
p.1197-1206. 2000. Ugrinowitsch, C.; Short-term effects on lower-
body functional power development:
11-Markovic, G. Does plyometric training weightlifting vs. vertical jump training
improve vertical jump height? A meta- programs. Journal Strength Cond Research
analytical Review. Br J Sports Med. Vol. 41. Vol. 19. Núm. 2. p.433-437. 2005.
p.349-355. 2007.
21-Villarreal, E. S. S.; Requena, B.; Newton, R.
12-Markovic, G.; Mikulic, P.; Neuro- U.; Does plyometric training improve strength
Musculoskeletal and performance adaptations performance? A meta-analysis. Journal os
to lower-extremity plyometric training. Sports Science and Medicine in Sport, 2009.
Medicine. Vol. 40. Núm.10. p.859-895. 2010.

13-Meylan, C.; Malatesta, D.; Effects of in-


season plyometric training within soccer
practice on explosive actions of young players. Recebido para publicação em 31/03/2013
Journal of Strength and Conditioning Aceito em 22/04/2013
Research. Vol. 23. Núm. 9. p.2605-2613.
2009.

14-Miller, M. G.; Herniman, J. J.; Ricard, M.


D.; Cheatham, C. C.; Michael, T. J.; The
effects of a 6-week plyometric training program
on agility. Journal of Sports Science and
Medicine. Vol. 5. p.459-465. 2006.

15-Nicol, C.; Avela, J. Komi, P.; The stretch-


shortening cycle a model to study naturally
occurring neuromuscular fatigue, Sports
Medicine. Vol. 36. Núm.11. p.977-999. 2006.

16-Ronnestad, B. R.; Kvamme, N. H.; Sunde,


A.; Raastad, T.; Short-term effects of strength
and plyometric training on sprint and jump
performance in professional soccer players.
Journal of Strength and Conditioning
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