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Estudo das condições de SST no setor de beneficiamento de mármores e


granitos no Estado do Rio de Janeiro

Technical Report · December 2015


DOI: 10.13140/RG.2.2.21129.60005

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6 authors, including:

Maria de fatima torres faria Viegas Flavio Maldonado Bentes


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FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE
SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

CENTRO ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO

Estudo das condições de SST no setor de beneficiamento de mármores e granitos no Estado


do Rio de Janeiro*

Autores:
Maria de Fátima Torres Faria Viegas - CERJ (Coordenadora)
Antônio Lincoln Colucci - CERJ
Augusto Antonio Barroso Madruga - CERJ
Flavio Maldonado Bentes - CERJ
João Apolinário da Silva - CTN
Marco Aurélio Barroso Madruga - CERJ
Marco Antônio Bussacos - CTN
Myrian Matsuo - CERJ

Rio de Janeiro/RJ
Dezembro de 2015
1
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho - FUNDACENTRO - Centro Estadual do Rio de Janeiro

Maria Amélia Gomes de Souza Reis


Presidente

Luiz Henrique Rigo Muller


Diretor Executivo Substituto

Robson Spinelli Gomes


Diretor Técnico

Emerson de Moraes Teixeira


Chefe do Centro Estadual do Rio de Janeiro

Flavio Maldonado Bentes


Chefe Técnico do Centro Estadual do Rio de Janeiro

2
* Vinculado ao projeto 73.12.064 - Avaliação da implantação da Portaria 43/2008, do
Ministério do Trabalho e Emprego, no Estado do Rio de Janeiro. Sistema de
Gerenciamento de Projetos e Atividades – SGPA. Fundacentro/CERJ.

3
RESUMO

Esse estudo teve como objetivo inicial verificar as condições de trabalho nas marmorarias
no município do Rio de Janeiro, através da aplicação do check-list, com vistas à
implantação da Portaria 43/2008 que proíbe o processo de corte e acabamento a seco de
rochas ornamentais e altera a redação do anexo 12 da NR-15 do Ministério do Trabalho e
Emprego. Em virtude da grave realidade encontrada, do alto grau de desinformação
levando a um flagrante e amplo descumprimento de legislações que atendem a este
segmento, este trabalho foi ampliado e aprofundado, visando ao diagnóstico e possíveis
medidas de controle para tais não conformidades.

A pesquisa teve uma abordagem qualitativa, uma análise descritiva, estatística, com vasta
documentação fotográfica. Foram realizadas visitas técnicas às empresas para avaliação
preliminar de campo e análise bibliográfica. Foram constatadas condições degradantes de
trabalho, o que levou à ampliação do estudo para outros aspectos de segurança e saúde no
trabalho em marmorarias.

Foi observado o descumprimento da legislação de vigilância sanitária e ambiental, como:


tratamento inadequado de resíduos e reuso da água, com destaque para as Normas
Regulamentadoras – NRs (Lei 3.214 de 08 de junho de 1978 do MTb), objeto do nosso
trabalho. Foram observadas: improvisação e adaptação de equipamentos utilizados,
ausência de organização do trabalho, edificações em estado precário, áreas de vivência
inadequadas e, em alguns casos, com caráter desumano, entre outras irregularidades.

Este estudo evidenciou intensa precarização do trabalho no segmento de marmorarias.


Como proposta, sugerimos medidas de controle, tais como: adequação do ambiente de
trabalho de acordo com a legislação vigente, implementação de novas tecnologias e
desdobramentos para novas pesquisas, com ênfase no princípio da precaução.

Palavras-chave: mármores, granitos, segurança, saúde, trabalho.


4
LISTA DE ABREVIATURAS

ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Hygienists


CEES - Centro Estadual do Espírito Santo
CTN - Centro Técnico Nacional
IARC-International Agency for Research on Cancer
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
MTPS - Ministério do Trabalho e Previdência Social
NR-5 - Norma Regulamentadora 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA
NR-8 - Norma Regulamentadora 8 - Edificações
NR-10 - Norma Regulamentadora 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade
NR-11 - Norma Regulamentadora 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e
manuseio de materiais.
NR15 - Norma Regulamentadora 15 - Atividades e Operações Insalubres
NR-17 - Norma Regulamentadora 17 - Ergonomia
NR-24 - Norma Regulamentadora 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de
Trabalho
NBR 14725-Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas: Ficha de informações de
segurança de produtos químicos - FISPQ
PFF-Peças Faciais Filtrantes
SIT - Secretaria de Inspeção do Trabalho
SST - Saúde e Segurança no Trabalho

5
Sumário

1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 8

2 - MÉTODO ................................................................................................................................. 12

3 - RESULTADOS ........................................................................................................................... 13

4 - RECOMENDAÇÕES .................................................................................................................. 20

4.1- Proteção de máquinas e equipamentos............................................................................. 20

4.2- Riscos químicos ................................................................................................................. 23

4.3- Equipamentos de proteção coletiva e individual ................................................................ 25

4.3.1 - Equipamentos de proteção coletiva ........................................................................... 25

4.3.2 - Equipamentos de proteção individual ........................................................................ 26

4.4- Riscos ergonômicos do trabalho ........................................................................................ 29

4.5- Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho ................................................. 31

4.5.1 - Locais para refeição ................................................................................................... 31

4.5.2 - Instalações sanitárias ................................................................................................. 32

4.6- Destinação de resíduos líquidos e sólidos .......................................................................... 34

4.7- Transporte e movimentação de cargas .............................................................................. 36

4.8- Sistemas de proteção contra incêndio ............................................................................... 38

4.9- Tipo de construção/edificação .......................................................................................... 39

4.9.1- Organização do espaço físico ...................................................................................... 39

4.9.2- Pisos ........................................................................................................................... 41

4.9.3- Instalações elétricas ................................................................................................... 41

4.10- Riscos à saúde no trabalho .............................................................................................. 42

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 48

6 – AGRADECIMENTOS................................................................................................................. 49

7 - REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 50

6
Lista de Figuras

FIGURA 1: SERRA CIRCULAR DE BANCADA ......................................................................................... 20


FIGURA 2: LIXADEIRAS MANUAIS ELÉTRICAS .................................................................................... 21
FIGURA 3: POLIAS SEM PROTEÇÃO (ESQUERDA) E COM PROTEÇÃO (DIREITA) ......................... 22
FIGURA 4: COIFA DE PROTEÇÃO TOTALMENTE CORROÍDA PELO TEMPO DE USO, AMARRADA
COM NYLON E FIOS ELÉTRICOS. ..................................................................................................... 22
FIGURA 5: BANCADA DE SERRA CIRCULAR MANUAL COM ADAPTAÇÃO AO TRABALHO A
ÚMIDO.................................................................................................................................................... 23
FIGURA 6: LIXADEIRA MANUAL ELÉTRICA ADAPTADA PARA TRABALHO A ÚMIDO .............. 23
FIGURA 7: NÃO CONFORMIDADES DO EPI EXPOSTO À POEIRA ...................................................... 24
FIGURA 8: MANUSEIO INADEQUADO DE PRODUTOS QUÍMICOS E VOLATILIZAÇÃO ................ 24
FIGURA 9: SOBRA DE PRODUTOS QUÍMICOS EM NÃO CONFORMIDADE COM A LEGISLAÇÃO
EM VIGOR.............................................................................................................................................. 25
FIGURA 10: MAU USO DO SISTEMA DE CORTINA D’ÁGUA E DE SISTEMA DE VENTILAÇÃO ... 26
FIGURA 11: AVENTAL EXPOSTO À POEIRA PROVENIENTE DO CORTE DAS CHAPAS................. 27
FIGURA 12: LUVA DE CANO LONGO COM PROTEÇÃO NA REGIÃO PALMAR ............................... 29
FIGURA 13: EXEMPLO DE BANCADA IMPROVISADA PARA ACABAMENTO ................................. 30
FIGURA 14: BANCADA DE CORTE IMPROVISADA ............................................................................... 31
FIGURA 15: CONDIÇÕES IMPRÓPRIAS PARA REFEIÇÃO .................................................................... 32
FIGURA 16: ESTUFA IMPROVISADA E ALIMENTO DISPONIBILIZADO PARA CONSUMO DE
FORMA INADEQUADA. ...................................................................................................................... 32
FIGURA 17: INSTALAÇÕES SANITÁRIAS EM CONDIÇÕES PRECÁRIAS ........................................... 33
FIGURA 18: APARELHOS SANITÁRIOS EM CONDIÇÕES PRECÁRIAS DE USO ............................... 34
FIGURA 19: VESTIÁRIOS ............................................................................................................................. 34
FIGURA 20: CANALETAS SEM GRADES DE PROTEÇÃO ...................................................................... 35
FIGURA 21: SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA INTERLIGADO AO ESGOTO .......................... 36
FIGURA 22: CARRINHO PROIBIDO PARA O TRANSPORTE DAS CHAPAS ........................................ 37
FIGURA 23: OPERAÇÃO DE IÇAMENTO DE CHAPA ATRAVÉS DE PINÇA ACOPLADA À PONTE
ROLANTE............................................................................................................................................... 37
FIGURA 24: OPERAÇÃO DE IÇAMENTO DE CHAPA ATRAVÉS DE PINÇA ACOPLADA À PONTE
ROLANTE............................................................................................................................................... 38
FIGURA 25: UNIDADES EXTINTORAS DE INCÊNDIO EM LOCAIS INADEQUADOS ....................... 39
FIGURA 26: UNIDADES EXTINTORAS DE INCÊNDIO EM LOCAIS INADEQUADOS ....................... 39
FIGURA 27: ESPAÇO FÍSICO EM NÃO CONFORMIDADE. ..................................................................... 40
FIGURA 28: ESPAÇO FÍSICO IMPROVISADO........................................................................................... 40
FIGURA 29: EXEMPLOS DE PISOS EM CONDIÇÕES DE NÃO CONFORMIDADE. ............................ 41
FIGURA 30: INSTALAÇÕES ELÉTRICAS INADEQUADAS..................................................................... 42
FIGURA 31: PRESENÇA DE SILICOSE AO RAIO X .................................................................................. 43
FIGURA 32: PULMÃO NORMAL E PULMÃO COM SÍLICA .................................................................... 44

7
Lista de Tabelas

TABELA 1 - PRODUÇÃO ANUAL DE CHAPAS DE MÁRMORES E GRANITOS BENEFICIADAS .... 13


TABELA 2 - ÁREA TOTAL ........................................................................................................................... 14
TABELA 3 - ÁREA CONSTRUÍDA .............................................................................................................. 14

8
1- INTRODUÇÃO

O granito é uma rocha formada por diversos minerais, sendo composto basicamente por:
quartzo, feldspato e mica. Sua origem é vulcânica e os tons mais abundantes na natureza
são cinza e avermelhado. O granito possui propriedades como alto grau de dureza e
coloração variada. Historicamente foi utilizado por diversos povos como egípcios, gregos,
romanos, civilizações pré-colombianas, dentre outros, em suas mais diferentes arquiteturas.
Atualmente é amplamente utilizado na construção civil. No Brasil, o granito foi largamente
empregado na construção a partir do Brasil Colônia, especialmente na cidade do Rio de
Janeiro, com utilização frequente e sofisticada, com ênfase na tecnologia europeia trazida
pelos portugueses.
O mármore é uma rocha metamórfica calcária que, dependendo da composição de seus
minérios, pode apresentar variada gama de cores. Assim como o granito, possui diversas
aplicações, sendo usado na construção civil, objetos e peças ornamentais, dentre outros. Em
nosso país, as maiores concentrações de mármores e granitos estão nos Estados do Rio de
Janeiro e Espírito Santo, sendo este último o maior produtor de rochas ornamentais do país.
Evidenciamos a sílica como um mineral presente na maioria das rochas, sendo o quartzo o
tipo mais comum de sílica cristalina. No caso desta última, sua quantidade em cada tipo de
rocha pode variar, sendo encontrada em abundância nos arenitos, quartzitos, granitos e
ardósias. Comparativamente, os mármores possuem menor teor de sílica cristalina. Em
produtos fabricados, como é o caso do Silestone®, Marmoglass, Nanoglass, dentre outros,
a quantidade de sílica cristalina pode chegar a valores bem superiores.
Portanto, este estudo, que foi realizado por uma equipe multidisciplinar, se fez necessário,
tendo em vista a grande quantidade de empresas responsáveis pelo beneficiamento de
mármores e granitos no Estado do Rio de Janeiro. Nesta atividade, os trabalhadores, por
estarem expostos a agentes químicos ambientais na forma de poeiras, névoas, fumos, etc.,
tais como a sílica, podem sofrer maiores riscos de desenvolvimento de doenças como
silicose e câncer.
De forma geral, pode-se observar também a exposição a diferentes agentes químicos
presentes em ceras, colas, massas plásticas a base de solventes orgânicos e demais produtos
utilizados no acabamento de mármores e granitos. Segundo Bon (2006), as condições de
trabalho nas marmorarias impõem aumento do risco dos trabalhadores adquirirem silicose e

9
doenças associadas, e há alternativas operacionais e tecnológicas para controle e
diminuição destes riscos.
Citando o trabalho de Ribeiro (2004), foi constatado que 5.447.828 trabalhadores estavam
expostos com frequência superior a um por cento da jornada semanal de trabalho. O
número de trabalhadores expostos representou 14,6% do total de trabalhadores vinculados
ao mercado formal. A sílica cristalina é considerada carcinogênica na forma de quartzo e de
cristobalita, conforme estudo e extensa bibliografia publicada pela Internacional Agency of
Research in Cancer (IARC, 1997).
Citando Santos (2005), os ambientes de trabalho das marmorarias se caracterizam por altas
concentrações de poeira em todas as frações amostradas (inalável, torácica e respirável),
originadas pelas ferramentas utilizadas no setor de acabamento a seco. As concentrações de
sílica chegaram a ser 16 vezes superiores ao valor limite recomendado pela ACGIH em
2004 de 0,05mg/m³.
O diâmetro aerodinâmico médio predominante apresentado pelas partículas coletadas nas
marmorarias, à época, estava no intervalo de 2,2 a 3,9 µm, correspondendo à faixa de maior
deposição alveolar e, portanto, de maior risco de se adquirir silicose e câncer de pulmão. A
avaliação de uma marmoraria que adotou o processo de acabamento a úmido com
lixadeiras pneumáticas mostrou que a probabilidade das concentrações ambientais
ultrapassarem os valores de referência ocupacionais para as frações inalável e respirável
pôde ser reduzida em até 99%.
Da mesma maneira, a umidificação na fonte de geração da poeira mostrou redução de 93%
na quantidade de partículas suspensas no ar, em comparação com as marmorarias que
operavam com acabamento a seco. Tendo como base o valor de 0,04 mg/m³, para a
concentração média de poeira respirável de sílica cristalina em marmorarias no município
de São Paulo, na atividade de acabamento a úmido com granito (Bon, 2006), valor também
encontrado para a mesma atividade no município de Joinville (Cunha, 2008), pode-se
verificar a importância da fiscalização e verificação da aplicação da portaria dos processos
em marmorarias.
O valor encontrado nos dois municípios, embora abaixo do limite recomendado, está
próximo deste e, poderá ser ultrapassado se a matéria-prima utilizada possuir altos teores de
sílica (quartzito) ou ainda se a marmoraria estiver utilizando no processo etapas mistas, isto

10
é, atividades a seco e a úmido ao mesmo tempo. A partir de 2014, foram realizadas diversas
ações que identificaram a gravidade da questão, durante as visitas realizadas aos ambientes
de trabalho, identificando não só a ausência do trabalho a úmido, como diversos riscos
presentes neste segmento.
Desta forma, percebe-se a necessidade de aprofundar o estudo destes ambientes de trabalho
por parte das instituições de governo e dos trabalhadores, bem como informação destes
trabalhadores e empregadores, com vistas à constante melhoria de seus locais de trabalho.

11
2 - MÉTODO

A metodologia do trabalho consistiu em diferentes ações, dentre as quais se destacam: 1)


verificação dos processos de produção utilizados nas marmorarias do município do Rio de Janeiro;
2) ampla revisão bibliográfica; 3) aplicação do check-list objetivando a avaliação da
implantação da Portaria 43/2008 do Anexo 12 da NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego; 4)
tabulação e análise estatística dos dados obtidos em campo; 5) realização de seminários e/ou
workshops; 6) projeto-piloto de informação aos trabalhadores em seus locais de trabalho; 7) curso
de capacitação dos Auditores Fiscais e lideranças sindicais na constatação da aplicabilidade da
Portaria; 8) disseminação de conhecimento em SST e questões que envolvam atividades em
indústrias de mármores e granitos e trabalhadores do segmento.

1) A verificação dos processos de produção utilizados nas marmorarias foi realizada por meio de
pesquisa em 50 empresas do setor. Além de entrevistas estruturadas, conversas informais com
trabalhadores e empresários e de observação dos ambientes de trabalho foram feitos registros
fotográficos. Algumas empresas foram visitadas mais de uma vez por motivo de complementação e
confirmação de dados.

2) O check-list foi desenvolvido tendo por base inicialmente o modelo utilizado na Fundacentro/ES
(CEES), que contempla o estudo de resinagem de chapas de rochas ornamentais. O mesmo foi
aplicado em um primeiro momento em 15 empresas no ano de 2013. Após reunião do grupo de
trabalho, foi adaptado à realidade do Estado do Rio de Janeiro e aplicado em mais 35 empresas. As
informações restantes foram complementadas em visitas posteriores. Os dados obtidos foram
lançados em planilha eletrônica e, em seguida, tratados estatisticamente.

3) Após a tabulação dos dados, foi feito um encaminhamento ao Serviço de Epidemiologia e


Estatística (SEE) da Fundacentro/CTN e realizado um estudo estatístico descritivo com tabelas de
frequências simples e medidas de tendência central.

12
3 - RESULTADOS

Produção de chapas beneficiadas


A tabela abaixo apresenta a produção anual de chapas de mármores e granitos beneficiadas
nas empresas que fizeram parte da pesquisa.

Tabela 1 - produção anual de chapas de mármores e granitos beneficiadas


Produção anual de chapas Frequência Percentual Frequência Percentual
beneficiadas (m²/ano) acumulada acumulado
Até 600 14 28.00 14 28
601 a 1310 11 22.00 25 50
1311 a 2640 14 28.00 39 78
2641 a 12000 11 22.00 50 100

Trabalhadores
Foi constatado na pesquisa que a maioria das empresas possui entre 3 e 7 trabalhadores. A
partir desta análise inicial observa-se predominantemente a existência de micro e pequenas
empresas com pequeno grau de investimento e infraestrutura. Na estrutura das empresas
existem trabalhadores na esfera administrativa e de produção. Com relação ao ambiente
administrativo, existe quase uma equivalência no quantitativo de homens e mulheres. Na
área de produção os homens são quase a totalidade. Acreditamos que esse resultado é
devido ao trabalho pesado, que necessita de movimentação e transporte de carga.

Tipo de Construção
Em sua maioria, os tipos de construção identificados na pesquisa foram: alvenaria e galpões
abertos e fechados. Houve predomínio de ambientes fechados, o que implica em maior
concentração de poeira e aumento dos níveis de poluição sonora. A existência
potencializada desses agentes traz prejuízo à saúde dos trabalhadores aumentando as
doenças respiratórias e perdas auditivas em decorrência da exposição a níveis de ruído
elevados. Como o uso de produtos químicos é acentuado, principalmente na montagem e
acabamento das chapas, a existência de ambientes fechados e sem ventilação local diluidora
13
e ausência de sistemas de exaustão eficientes fazem com que a concentração desses
materiais atinja níveis ainda mais nocivos ao trabalhador.

Área total
A tabela abaixo apresenta a área total das empresas que fizeram parte da pesquisa.
Tabela 2-área total
Área total Frequência Percentual Frequência Percentual
(m²) (%) acumulada acumulado (%)
Até 200 16 32 16 32
201 A 340 9 18 25 50
341 A 600 16 32 41 82
601 a 1800 9 18 50 100

Área construída

A tabela abaixo apresenta a área construída das empresas que fizeram parte da pesquisa.
Tabela 3-área construída
Área total Frequência Percentual Frequência Percentual
(m²) (%) acumulada acumulado (%)
Até 150 17 34.00 17 34.00
150 a 200 11 22.00 28 56.00
201 A 375 10 20.00 38 76.00
376 a 700 12 24.00 50 100.00

Portaria 43/2008
Com relação aos processos de acabamento e de corte executados nas empresas, foi
detectado que, em sua maioria, as máquinas e ferramentas utilizadas nas operações são
dotadas de sistema de umidificação projetados ou adaptados. Entretanto, os dispositivos
carecem de segurança, uma vez que são improvisados a uma realidade já existente na
empresa.
O fato das máquinas serem adaptadas não significa que estas sejam seguras, uma vez que a
portaria exige também um projeto para as mesmas, que em geral é feito pelo fabricante, até
por questões de viabilidade e custo. Este procedimento está de acordo com o artigo 2º da
portaria 43/2008: “Ficam proibidas adaptações de máquinas e ferramentas elétricas que não
tenham sido projetadas para sistemas úmidos”.

14
Percepção dos riscos
Foram considerados os riscos mais evidentes em ambientes em marmorarias, referidos
pelos empresários e trabalhadores através de níveis de intensidade: inexistente, pequeno,
moderado, grande e grave.

Poeiras
A maioria das empresas considerou o risco pequeno e moderado em relação à existência de
poeira nos locais de trabalho. Em contrapartida 12% das empresas admitiram riscos de
intensidade grande e/ou grave.

Ruído
A maioria das empresas considerou o risco moderado e pequeno em relação à existência de
ruído nos locais de trabalho. Em contrapartida 16% das empresas admitiram risco de
intensidade grande e/ou grave.

Vibração
O risco de vibração foi considerado inexistente e pequeno para a maioria das empresas
estudadas. Entretanto, 16% das empresas admitiram risco de intensidade moderada.

Umidade
O risco de umidade foi considerado pequeno em 50% e moderado em 36% das empresas.

Frio
Com relação ao risco físico frio, foi predominante a percepção da inexistência do mesmo. A
intensidade pequena foi respondida por 22% das empresas.

Eletricidade
O risco de choque elétrico foi considerado pequeno por 46% e inexistente por 30% das
empresas.

Acidentes

15
Para 66% das empresas o risco de acidentes de trabalho teve a intensidade pequena e
moderada. No entanto, 32% dos entrevistados o consideram inexistente.

Considerando a análise dos dados, podemos observar que a maioria dos riscos apresentou
intensidades de pequena a moderada. Os resultados encontrados dos riscos citados acima
não correspondem totalmente às observações do ambiente de trabalho realizadas pelos
pesquisadores. Acredita-se que esse fato tenha ocorrido por diversos motivos, dentre os
quais: falta de qualificação, investimento em prevenção por parte dos empregadores,
treinamento, ausência de organização e representação sindical da categoria.

PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional)


Entre as empresas visitadas, 56% referiram possuir PCMSO conforme estabelecido na NR-
7, em atendimento às exigências do Ministério do Trabalho e Emprego (atual MTPS).

PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais)


Entre as empresas visitadas, 56% referiram possuir PPRA, conforme estabelecido na NR-9,
em atendimento às exigências do Ministério do Trabalho e Emprego (atual MTPS).

CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes)


Em 94% das empresas não existe Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Como
obrigatoriedade a empresa deve possuir um representante designado, conforme o item 5.6.4
da NR-5 “quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a empresa designará um
responsável pelo cumprimento dos objetivos desta NR, podendo ser adotados mecanismos
de participação dos empregados, através de negociação coletiva”.

Empregado capacitado para as funções da CIPA (designado)


Em 72% das empresas não existe empregado capacitado para as funções da CIPA.
Esclarecemos que segundo o item 5.10 da NR-5 “o empregador deverá garantir que seus
indicados tenham a representação necessária para a discussão e encaminhamento das
soluções de questões de segurança e saúde no trabalho analisadas na CIPA”.

16
Equipamentos de Proteção Individual - EPI
Todas as empresas afirmaram fornecer Equipamentos de Proteção Individual, embora os
pesquisadores não tenham constatado sua utilização de forma majoritária. Foram
observadas condições inadequadas de uso, higienização e armazenamento, comprometendo
sua vida útil.

Programa de Proteção Respiratória - PPR


Nas empresas visitadas, 76% afirmam não existir Programa de Proteção Respiratória.

Programa de Conservação Auditiva - PCA


Nas empresas visitadas, 80% afirmam não existir Programa de Conservação Auditiva.

Condições sanitárias e de conforto

Vestiário
Entre os entrevistados, 88% das empresas disseram oferecer vestiário.

Armários individuais duplos


Entre os entrevistados 66% disseram não oferecer armários duplos.

Armários individuais simples


Foram identificados armários individuais simples em 64% das empresas entrevistadas.

Refeitório ou local para refeições


Foram relatados refeitório ou local para refeições em 68% das empresas entrevistadas.

Sanitários
Em observância à norma que determina que haja 1 sanitário para cada 10 empregados,
100% das empresas afirmaram atender este quesito.

Chuveiro

17
Em observância à norma que determina que haja 1 chuveiro para cada 10 empregados, 94%
das empresas afirmaram atender este quesito.
Considerações:
Os pesquisadores observaram que as condições sanitárias e de conforto não atendem à
legislação vigente, existindo em sua maioria, condições degradantes de trabalho. A
predominância de armários simples, conforme as respostas dos entrevistados, impossibilita
que os trabalhadores separem as roupas sujas utilizadas no trabalho. Da mesma forma, não
foram identificadas condições adequadas nos locais de refeição como: espaços
inadequados, com pouca ventilação, interligados com a área de produção, ausência de
condições para armazenamento e de aquecimento das refeições, dentre outros. Em relação
ao banheiro e chuveiros observou-se a ausência de condições adequadas de limpeza,
aumentando, portanto, o risco de contaminação desses trabalhadores.

Equipamentos de movimentação de carga - pátio de material


Observamos no pátio de material a predominância do uso do carrinho para o transporte e
movimentação das cargas. Foi constatado que 90% das empresas, em algum momento, se
utilizam desse meio de transporte. Apesar dessa forma de transporte ser proibida, foi a mais
encontrada nesse estudo. Sob essa ótica, cabe reforçar, que evidenciamos um potencial
risco ergonômico em função do peso do material manuseado e consequente postura
inadequada. O armazenamento inadequado das chapas fora dos cavaletes, seu transporte
desde a retirada do veículo, bem como a disposição em locais inapropriados tais como
paredes ou outro tipo de apoio não indicado, dificultam a organização do trabalho como um
todo.

Equipamentos utilizados no carregamento / descarregamento de produtos – expedição


No processo de expedição, também observamos o predomínio da utilização do carrinho
como meio de carregamento/descarregamento de produtos, uma vez que 72% das empresas
afirmaram seu uso. Destacamos ainda que 22% das empresas visitadas informaram utilizar
o processo manual de transporte. Ressaltamos que esse método rudimentar oferece graves e
potenciais riscos de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Embora na fase de
expedição não exista a movimentação de chapas de grandes dimensões (em média: 2,80m x

18
1,75m x 2,0 cm, com peso de 60 kg/m²) acreditamos que o esforço de manuseio e
transporte de materiais acabados também seja relevante não apenas por suas características
físicas e forma como também pela quantidade.
Conforme estabelecido na Portaria nº 56, de 17 de setembro de 2003 do Ministério do
Trabalho e Emprego e Secretaria de Inspeção do Trabalho em seu artigo 5º “em cinco anos,
contados da data da publicação desta portaria, todas as empresas que manuseiam chapas de
mármore, granito e outras rochas devem instalar sistema de movimentação mecânica por
pontes-rolantes, talhas ou similar, eliminando o uso de carrinhos de duas rodas para
transporte de chapas”. Concluímos, portanto, que a maioria das empresas visitadas não está
em conformidade com esta portaria.

Tratamento de resíduos

Tanques de decantação
A maioria das empresas, 94%, informou que possui tanques de decantação.

Água de reuso
A água de reuso é aproveitada, conforme relatado, em 84% das empresas.

Tratamento de água
Dentre as empresas entrevistadas, 68% disseram realizar tratamento de água. É importante
destacar que o número elevado de empresas, 32%, que não realizam nenhum tipo de
tratamento. Uma vez que a água é reutilizada e não tratada, nos preocupam os potenciais
riscos de contaminação ao ser humano e/ou ao meio ambiente.

Destinação de resíduos de processo


Entre as empresas entrevistadas, 90% disseram que os resíduos do processo são retirados
das marmorarias por empresas especializadas terceirizadas, em sua maioria.

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4- RECOMENDAÇÕES

A empresa, independentemente da atividade ou setor, é responsável por zelar pela


integridade da saúde física e mental do trabalhador, cabendo dessa forma, ações preventivas
que se façam necessárias no tocante às atividades laborais.
As atividades de risco realizadas sem as mínimas condições de segurança podem levar a
empresa a ser responsabilizada civil e criminalmente, além de ser notificada e autuada por
órgãos competentes. Nessa perspectiva, os riscos detectados devem ser imediatamente
informados ao encarregado ou empresário, para que providências sejam tomadas junto à
direção da empresa.
A partir da pesquisa de campo foram observadas diferentes situações e feitas
recomendações objetivando melhorias das condições de trabalho nas empresas do setor de
mármores e granitos. Os principais itens levantados serão apresentados abaixo.

4.1- Proteção de máquinas e equipamentos


A figura 1 apresenta serra circular de bancada utilizada para os cortes das chapas de
mármores e granitos.

Figura 1: serra circular de bancada

Em relação às máquinas e equipamentos verificaram-se os seguintes problemas:


demarcação ou identificação da área de trabalho; aterramento; instalações elétricas
precárias (fios deteriorados e desencapados); acúmulo de resíduos (sobras de material na
área de operação); risco de contato com as partes rotativas (polias, discos etc.); a coifa
permite a aproximação da mão do operador com o disco de serra; utilização de sistemas de
umidificação não projetados para o devido fim; manejo ou movimentação da placa no
maquinário, em virtude de ausência de partes articuladas que facilitem o procedimento de

20
entrada das chapas na bancada; corpo da máquina rachado ou danificado; folgas no eixo ou
no disco de corte e possíveis trincas nos discos ou rebolos.
Os profissionais que operam esses equipamentos devem ser treinados continuamente
quanto às novas tecnologias.
Apontamos que a máquina deve possuir dispositivo que garanta a não aproximação da mão
do operador à área de risco da máquina, pois além de provocar ferimentos por fricção, pode
ocorrer o aprisionamento dos dedos, devido à alta rotação do equipamento, com
consequências mais graves, como esmagamento ou mutilações.
Os rebolos, discos de corte e escovas de polimento, devem permanecer protegidos contra
contatos acidentais, devendo esta proteção ser garantida através de uma coifa de aço ou de
policarbonato a qual restringe que estilhaços, vídias e rebarbas sejam projetadas para as
áreas adjacentes ao posto de trabalho, bem como, para o próprio operador do equipamento.
Os equipamentos manuais devem estar devidamente protegidos pelo dispositivo de
proteção semicircular (“copo” ou coifa) em sua área de operação (giro do eixo). Há risco
adicional na operação quando o equipamento é colocado em posição invertida.
Os equipamentos manuais devem ser utilizados para a finalidade indicada pelo fabricante.
Assim sendo, são proibidas as improvisações nas máquinas que possam comprometer a
integridade do equipamento.

Figura 2: lixadeiras manuais elétricas

É fundamental que se faça uma vistoria diária nas máquinas e equipamentos, informando
qualquer situação não corriqueira ao supervisor imediato, quando ocorrer danos
substanciais.

21
É terminantemente proibido realizar adaptações e ou reparos nas máquinas e equipamentos,
por profissional não legalmente habilitado, em detrimento às normas de segurança do
Ministério do Trabalho e Emprego (atual MTPS) - Normas Regulamentadoras.
Os equipamentos e máquinas manuais devem ser mantidos limpos e guardados após sua
utilização, em locais apropriados do tipo ferramentaria, evitando assim contato com
umidade e poças de água.
É proibido puxar um equipamento ligado, através de seu fio energizado, bem como,
desligá-lo puxando da tomada pelo fio, sem que faça uso da botoeira (botão de ligar e
desligar). A seguir veremos algumas fotografias comentadas em conformidade ou não com
a legislação em vigor.

Figura 3: polias sem proteção (esquerda) e com proteção (direita)

A figura 3 apresenta duas máquinas com polias sem proteção (esquerda) e com proteção
(direita). O enclausuramento é fundamental, pois protege qualquer tipo de contato do
trabalhador com a polia, quando a serra estiver em funcionamento.

Figura 4: coifa de proteção totalmente corroída pelo tempo de uso, amarrada com nylon e fios elétricos

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A figura 4 mostra uma serra circular de bancada adaptada para trabalho a úmido, com a
coifa de proteção ao nível do eixo, existindo um espaço muito grande até a linha de corte.
Além disso, observa-se que a coifa de proteção está totalmente corroída pelo tempo e
condições de uso, amarrada com nylon e fios elétricos. A situação oferece risco ao operador
e a quem perto esteja, uma vez que partes do disco (vídias desprendidas ou estilhaços)
podem ser projetadas em áreas próximas à de operação. A figura 5 apresenta bancada de
serra circular manual elétrica com adaptação ao trabalho a úmido, que deixa a desejar em
relação à segurança do operador, pela não regulagem da proteção da coifa.

Figura 5: bancada de serra circular manual com adaptação ao trabalho a úmido

A figura 6 apresenta uma lixadeira manual elétrica adaptada para trabalho a úmido.

Figura 6:lixadeira manual elétrica adaptada para trabalho a úmido

4.2- Riscos químicos


No caso das marmorarias, o principal agente químico nocivo é a poeira oriunda dos
processos de corte e acabamento. A figura abaixo apresenta a não conformidade do EPI
exposto à poeira.

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Figura 7: não conformidade do EPI exposto à poeira

Além da exposição ocupacional à poeira contendo sílica, os trabalhadores podem estar


expostos a diferentes produtos químicos, tais como: colas, massa plástica, ceras, resinas,
solventes (monômero de estireno, metil etil cetona), dentre outros.
Os produtos químicos devem ser armazenados em locais apropriados, livres da corrosão por
intempéries ou por produtos incompatíveis, devidamente rotulados e identificados. A figura
abaixo apresenta uma situação irregular.

Figura 8:manuseio inadequado de produtos químicos e volatilização

É importante que a manipulação e transbordo de produtos químicos sejam realizados por


profissionais com conhecimento do risco, bem como os equipamentos específicos aos
vazamentos, respingos e transporte em si. Deve existir a FISPQ (ficha de informações de
segurança de produtos químicos, conforme NBR 14725), em local acessível e visível, para
que se possa identificar o produto e realizar os primeiros socorros em caso de emergência e
intoxicações.

24
Visualizamos diversos tipos de produtos químicos em local impróprio, podendo ocasionar
derrames, reações químicas não previstas, volatilizações, dentre outras.

Figura 9:sobra de produtos químicos em não conformidade com a legislação em vigor

Recomenda-se realizar o processo de acabamento em ambiente bem arejado. É importante


que os recipientes que contêm substâncias químicas estejam sempre fechados, quando não
estiverem sendo utilizados. Deve-se utilizar somente os produtos contidos em embalagens
originais e com rótulos que permitam a sua identificação e verificação da data de validade.
Não é recomendado reutilizar embalagens de produtos químicos para guardar qualquer
outro material. É importante guardar os produtos químicos em local bem ventilado e
distante de fontes de ignição, tais como: quadros de eletricidade, maçaricos, raios solares,
entre outros. Deve-se usar respiradores com filtro químico, luvas e vestimentas adequadas
para o manuseio de produtos químicos.

4.3- Equipamentos de proteção coletiva e individual

4.3.1 - Equipamentos de proteção coletiva

Uma das formas de redução dos níveis de concentração de poeira em suspensão é a


utilização primária de trabalho a úmido, seguido de um ambiente projetado com sistema de
ventilação exaustora. A ventilação deve ser adequada ao local de produção e devidamente
dimensionada, por exemplo, para ambientes fechados, parcialmente abertos ou abertos.
Outro ponto importante está relacionado à impregnação da poeira nas paredes que em sua

25
maioria são de emboço irregular, chapiscadas, quebradas, com falta de reboco, adaptadas
precariamente em função das características desses espaços. As paredes devem ser lisas,
impermeáveis visando à correta higienização com adequada periodicidade.
O sistema de cortina d’água tem sido utilizado em algumas marmorarias de forma incorreta.
Observou-se que, em alguns casos, a bancada de trabalho costuma ficar entre a cortina
d’água e o sistema de ventilação exaustora. Nesse caso, a poeira atinge o trabalhador antes
de chegar à cortina d’água. A posição correta do posto de trabalho seria anterior a este
sistema de ventilação. A simples instalação da cortina d’água apenas para atendimento de
uma exigência de fiscalização, sem os devidos cuidados com seu posicionamento, bem
como o arranjo físico, não garante a sua eficiência e eficácia. Existem vários tipos de
sistema ventilação/exaustão, sendo imperioso que os projetos sejam elaborados por
profissionais legalmente habilitados.

Figura 10: mau uso do sistema de cortina d’água e de sistema de ventilação

4.3.2 - Equipamentos de proteção individual

Conforme preconizado pela lei nº 6514, de 22 de dezembro de 1977, da Consolidação das


Leis do Trabalho, em seus artigos 166 e 167, a empresa é obrigada a fornecer aos
empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em
perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral
não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos
empregados. O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a
indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho.

26
Avental - A utilização de avental de material impermeável é importante para proteger os
trabalhadores da umidade presente em alguns processos de trabalho a úmido, tais como
corte e acabamento. A região mais importante a ser protegida é a tóraco-abdominal. A
figura 8 mostra a guarda inadequada do avental que deve ser higienizado e armazenado
após cada uso.

Figura 11: avental exposto à poeira proveniente do corte das chapas

Protetor auricular e abafador do tipo concha - Em decorrência dos níveis de pressão


sonora elevados faz-se necessário o uso de protetores auriculares e abafadores tipo concha.
A norma de higiene ocupacional 01 (NHO 01) trata dos níveis de exposição permitidos em
função do tempo de exposição do trabalhador.

Equipamentos de proteção respiratória

Os trabalhadores deverão utilizar o equipamento de proteção respiratória


(respiradores/máscaras) em todas as atividades realizadas em marmorarias, conforme o
quadro II da Instrução Normativa 01 de 11/4/1994. Quando o monitoramento da exposição
indicar que as concentrações de sílica cristalina presentes na névoa de água formada no
processo forem superiores ao nível de ação (correspondente à metade do limite de
exposição ocupacional), deve ser utilizado no mínimo uma PFF1. Com vistas a uma
proteção mais adequada, é sugerida uma PFF2 com ou sem válvula de exalação e com
camada de carvão ativado ou então a PFF3 com ou sem válvula de exalação e com camada
de carvão ativado. É importante frisar que as PFF só podem ser utilizadas quando as
concentrações no ambiente estiverem abaixo de 10 vezes o limite de exposição. Cabe

27
ressaltar a correta elaboração de um PPRA com avaliação quantitativa para a escolha
adequada do equipamento de proteção respiratória.

Calçados

Recomenda-se a utilização de botas de segurança com biqueira de aço, em razão da


movimentação das chapas e de seu posicionamento na bancada de corte.

Óculos de proteção em policarbonato

A empresa deve fornecer óculos de segurança, preferencialmente do tipo ampla visão e


anti-embaçante, para proteção dos olhos contra impactos de partículas multidirecionais,
observando-se a sua compatibilidade de uso com outros EPIs utilizados.

Capacete

As marmorarias que utilizam pórticos, monta cargas, pontes rolantes, talhas e outros
equipamentos de içar, em decorrência de procedimentos de movimentação aérea deverão
fazer uso deste equipamento.

Luvas
Os trabalhadores movimentam chapas de mármores, que pesam em torno de 300 a 350 kg.
Assim sendo, faz-se necessário proteger as mãos com luvas de segurança, com propriedade
antiderrapante e com certa facilidade de pega. As luvas deverão ser do tipo "raspa de
couro", com reforço na região da palma da mão e resistentes ao atrito.
Quando da movimentação das chapas de mármores, ocorre com certa frequência os
beliscões nos dedos, o aprisionamento dos dedos entre as chapas ou mesmo o
imprensamento de falanges, cortes oriundos de rebarbas nas chapas, quedas de pedaços das
chapas por trincas ou rachados, dentre outras situações.
Devem ser destinadas para uso dos trabalhadores luvas compatíveis com os tamanhos de
suas mãos, eliminando sobras nas extremidades dos dedos. É responsabilidade da empresa
observar frequentemente as condições de uso das luvas, não permitindo seu uso em casos
de desgastes, rasgos ou mesmo a perda de sua característica de proteção. A impregnação
por óleos, produtos químicos, graxas e outras situações comprometem sua vida útil.

28
É imprescindível que os trabalhadores ao utilizarem luvas de segurança retirem alianças,
anéis de qualquer tipo, correntes de pulso, adornos, evitando desta forma o agravamento de
uma lesão, caso ocorra um incidente. A figura 8 apresenta luva de cano longo com
proteção na região palmar.

Figura 12: luva de cano longo com proteção na região palmar

4.4- Riscos ergonômicos do trabalho

Com relação aos riscos ergonômicos observados no ramo de marmorarias, recomenda-se:

- Deve existir adequação dos postos de trabalho com base em uma análise ergonômica que
leve em consideração a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores (bancadas, suportes, dispositivos de fixação, etc.),
conforme previsto na NR-17. A foto abaixo mostra um exemplo de bancada improvisada;

29
Figura 13: exemplo de bancada improvisada para acabamento

- adequação aos requisitos do Anexo I da NR-11, conforme mencionado no item de riscos


de acidentes, para o transporte e manuseio de chapas de mármores, granito e outras rochas
dentro da marmoraria;
- melhoria da organização do trabalho com a introdução de máquinas e ferramentas
modernas no processo de produção, introdução de procedimentos seguros e orientação aos
trabalhadores;
- disponibilização de assentos para o descanso dos trabalhadores durante as pausas, pois a
maioria das atividades nas marmorarias é realizada em pé.
- levar em consideração as posturas dos trabalhadores na operação de politrizes manuais,
serras, furadeiras, pontes rolantes, dentre outros e adequação da iluminação suplementar e
geral dos postos de trabalho ao tipo de atividade exercida. Visualizamos na foto abaixo a
não conformidade com a legislação de segurança.

30
Figura 14: bancada de corte improvisada

4.5- Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho

As condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho devem estar em conformidade


com a NR-24.

4.5.1 - Locais para refeição

As áreas destinadas às refeições não podem se comunicar diretamente com o local de


trabalho e devem possuir mesas providas de material resistente, lavável e impermeável,
bem como, ser dotadas de bancos ou cadeiras que atendam ergonomicamente a estatura do
trabalhador.
A maioria expressiva das empresas visitadas apresentava menos de 30 funcionários. Sendo
assim, deve-se respeitar o item 24.3.15.2 da NR-24: “Nos estabelecimentos e frentes de
trabalho com menos de 30 (trinta) trabalhadores deverão, a critério da autoridade
competente, em matéria de Segurança e Medicina do Trabalho, ser asseguradas aos
trabalhadores condições suficientes de conforto para as refeições em local que atenda aos
requisitos de limpeza, arejamento, iluminação e fornecimento de água potável”.
Observamos nas imagens abaixo exemplos de condições impróprias para refeição.

31
Figura 15: condições impróprias para refeição

As imagens abaixo dizem respeito à estufa improvisada e alimento disponibilizado para


consumo de forma inadequada.

Figura 16: estufa improvisada e alimento disponibilizado para consumo de forma inadequada

4.5.2 -Instalações sanitárias

As instalações sanitárias devem ser submetidas a processo permanente de higienização, de


sorte que sejam mantidas limpas e desprovidas de quaisquer contaminações e odores,
durante toda a jornada de trabalho. As figuras abaixo expõem a não conformidade com o
item 24.2.5 da NR-24 que estabelece o seguinte: “os pisos deverão ser impermeáveis,
laváveis e de acabamento liso, inclinados para os ralos de escoamento providos de sifões
hidráulicos. Deverão também impedir a entrada de umidade e emanações no vestiário e não
apresentar ressaltos e saliências”.

32
4.5.2.1 - Banheiros

As figuras abaixo mostram a não conformidade recorrente nas instalações sanitárias do


universo de marmorarias visitado, onde se destacam o eminente risco elétrico, a
inadequação do piso e paredes (mofo, umidade, falta de revestimento, falta de difusor do
chuveiro), reservatórios de água para múltiplo uso, com risco de contaminação diversa, em
especial de roedores e vetores, pífias condições de higiene e mau uso do equipamento de
proteção individual (o capacete é usado como vasilha para a utilização da água do banho).
Cabe ressaltar que a reutilização destes reservatórios de produtos químicos (bombonas),
coloca em risco a integridade da saúde dos trabalhadores.

Figura 17: instalações sanitárias em condições precárias

4.5.2.2 -Aparelhos sanitários

Com relação aos aparelhos sanitários, foram percebidos os seguintes pontos críticos:
ausência de revestimento em pisos e paredes, péssimas condições do aparelho sanitário,
ventilação inadequada ou inexistente, falta de privacidade e de espaço mínimo, condições
inexistentes de higiene e limpeza favorecendo a presença de vetores, roedores e
microrganismos e armazenamento inadequado de água em recipientes abertos.

33
Figura 18: aparelhos sanitários em condições precárias de uso

4.5.2.3- Vestiários

Foram observadas paredes sem reboco, totalmente desniveladas, com mofo e infiltrações,
sem revestimento. Ausência de iluminação adequada, de armários individuais duplos para a
devida separação das roupas limpas e sujas, desorganização do ambiente, roupas
penduradas na parede, dentre outros.

Figura 19: vestiários

4.6- Destinação de resíduos líquidos e sólidos

A água utilizada no processo deve seguir para tanques de decantação, onde será depositado
o material sólido que se transformará em lama. Esse material não deve ir para o esgoto
comum ou rede pluvial sem tratamento prévio.

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Recomenda-se que os tanques de decantação do material particulado devem estar abaixo do
nível do chão e devidamente cobertos por tampas removíveis para inspeção e limpeza. Tais
medidas têm a finalidade de impedir a proliferação de insetos, deposição de resíduos e
evitar acidentes. As águas oriundas do processo a úmido devem passar por tanques de
decantação interligados por tubulações em níveis diferentes.
Devem ser construídas caneletas com grades de proteção para permitir o escoamento da
água utilizada nas tarefas de polimento, corte, acabamento e limpeza. O piso deve ser
regular e favorecer o escoamento da água.

Figura 20: canaletas sem grades de proteção

A água reutilizada no processo industrial deve ser tratada e em nenhuma hipótese ser
interligada à rede de esgoto. Também deve apresentar qualidade que não implique risco à
saúde dos trabalhadores.
O projeto e instalação de um sistema de tratamento da água, bem como o seu
reaproveitamento na produção, devem ser feitos por profissional especializado.

35
Figura 21: sistema de tratamento de água interligado ao esgoto

4.7- Transporte e movimentação de cargas

As chapas de granito são recebidas em tamanho médio e são cortadas conforme o pedido
especificado pelo cliente. Quanto a sua movimentação para carga e descarga, deverá
ocorrer dentro dos padrões de segurança, conforme NR-11.
Como recomendação da NR-11 anexo 1, existem vários dispositivos para o transporte e
movimentação de cargas, tais como: uso de ventosas, cabos de aço, cintas, correias,
correntes, garras, pontes rolantes, pórticos, talhas e outros. Cabe ao profissional habilitado
escolher qual dispositivo é o mais adequado para a sua empresa. Deve-se ressaltar a
portaria nº 56/2003 (MTE/SIT), que elimina o uso de carrinhos de duas rodas para
transporte de chapas.
Com relação aos dispositivos de içamento, os mesmos deverão passar por inspeções
prévias, programas de manutenção, garantindo assim, que peças danificadas ou desgastadas
estejam aptas à atividade.

36
Figura 22: carrinho proibido para o transporte das chapas

Durante a operação de carga e descarga, as chapas de mármores deverão ser içadas no plano
vertical, sem arrastes e seu direcionamento deve ser realizado através de cordas guias.

Figura 23: operação de içamento de chapa através de pinça acoplada à ponte rolante

A operação de içamento deverá ser precedida por alarmes sonoros de atenção bem como,
por sinalizações que demarquem a circulação dos trabalhadores, evitando a exposição
dentro da área de risco. É recomendado o uso do cabo guia para direcionar o giro da chapa
quando elevada, evitando assim a utilização das mãos.
Para a adequada movimentação das chapas de mármores, granitos, dentre outros, nas vias
de circulação externas e internas, bem como na área operacional, torna-se necessário o
emprego de equipamento móvel articulado de transporte, com vistas à saúde e segurança do
trabalhador.

37
Figura 24: equipamentos de transporte móvel articulado

4.8- Sistemas de proteção contra incêndio

Em se tratando de marmorarias, torna-se necessário conhecer alguns princípios básicos de


prevenção, combate a incêndios e treinamento para evacuação da área em caso de
emergência.
Faz-se necessário verificar as normas técnicas oficiais do Corpo de Bombeiros Militar do
Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) quanto ao projeto, instalação e operação e também à
NR-23. O Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico (COSCIP), Decreto nº 897, de 21
de setembro de 1976, é referência e estabelece os requisitos de segurança indispensáveis
para as edificações construídas no território do Estado do Rio de Janeiro bem como as suas
legislações complementares mais utilizadas.
As unidades extintoras não devem estar disponibilizadas em situações inapropriadas, tais
como: saídas de emergência, próximos a produtos inflamáveis, altura inadequada, locais
obstruídos e de difícil acesso, dentre outros. O espaço reservado para o extintor não deve
ser utilizado para outras finalidades. A figura abaixo ilustra extintores localizados em não
conformidade com a legislação de segurança.

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Figura 25: unidades extintoras de incêndio em locais inadequados

Figura 26: unidades extintoras de incêndio em locais inadequados

4.9 - Tipo de construção/edificação

4.9.1- Organização do espaço físico

Nas marmorarias é fundamental a organização do espaço físico. Essa medida facilita uma
produção mais eficaz, locomoção dos trabalhadores e dos equipamentos, o atendimento às
normas de higiene e de segurança.
É necessário recolher e retirar do ambiente os fragmentos de matéria prima, discos de serra
inutilizados e deixados no piso, lamas, entre outros, beneficiando o espaço existente e
dando um melhor aspecto ao ambiente. Dessa forma, os equipamentos, ferramentas e
demais objetos espalhados no chão devem ser retirados, evitando assim, tropeções, quedas
e quaisquer outros incidentes.

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Figura 27: espaço físico em não conformidade

Com relação ao caso específico do posto de trabalho, também é imprescindível que haja um
mínimo de organização do espaço físico, em atendimento à NR-8. A figura abaixo mostra
um exemplo de espaço físico improvisado onde se observa maquinários dispostos de forma
inadequada.

Figura 28: espaço físico improvisado

Os equipamentos devem ser limpos após o seu uso e acondicionados de forma adequada,
em ambiente livre de poeira, umidade e intempéries.

4.9.1.1-Armazenamento/Estocagem
Para que as chapas sejam devidamente estocadas e não sofram interferências das
intempéries, desde a sua fabricação até seu destino (marmorarias), passam por um processo
de impermeabilização. Existem duas formas de realização, a primeira é a aplicação de uma
resina hidrorrepelente que cobrirá a maioria das fissuras pequenas e dará um brilho à cor de
sua superfície.
Quanto ao setor de estoque das chapas de mármores, os locais destinados provisoriamente
ao processo de corte, devem ser adequados garantindo resistência à força e ao peso que será

40
exercido no piso. Nesses casos deverão ser empregados cavaletes para garantir a
estabilidade das chapas estocadas.

4.9.2- Pisos

O piso deve estar nivelado, livre de depressões, e com caimento direcionado às canaletas,
que devem estar protegidas por grades e livres da obstrução por lama e fragmentos que
venham reduzir o escoamento da água de reaproveitamento aos tanques de decantação. Os
pisos também devem ser impermeáveis e de acabamento antiderrapante.

Figura 29: exemplos de pisos em condições de não conformidade

4.9.3- Instalações elétricas

Diante da constatação do uso de máquinas e ferramentas elétricas é necessário o


atendimento do disposto na NR-10, com relação às instalações elétricas e medidas de
segurança.
As instalações elétricas ou peças condutoras (carcaças dos motores, bancadas de trabalho)
que não façam parte dos circuitos elétricos, que eventualmente possam ficar sob tensão,
devem ser aterrados.
Recomenda-se o uso de dispositivo diferencial residual (DR). A presença de instalações
elétricas irregulares (fios fora das canaletas, expostos à umidade, desencapados, dentre
outros), a deficiência e improvisação nas instalações elétricas possibilitam a ocorrência de
choques elétricos nos trabalhadores. É recomendado que haja um projeto de instalação

41
específico para as máquinas e equipamentos em atendimento às exigências normativas, sob
a responsabilidade de um profissional legalmente habilitado.

Figura 30: instalações elétricas inadequadas

4.10- Riscos à saúde no trabalho

O objetivo deste estudo é ressaltar os riscos aos quais o trabalhador está exposto em suas
atividades em marmorarias, fazendo uma breve avaliação diagnóstica do que foi
encontrado, reforçando, portanto, a importância do conhecimento e o Princípio da
Precaução, com vistas ao controle dos mesmos, enfatizando a saúde e a segurança do
trabalhador de marmorarias.
Com relação aos tipos de risco, foram evidenciados a saber: riscos físicos, químicos,
biológicos, de acidentes e ergonômicos.
O principal risco no ambiente de trabalho em marmorarias é a presença de poeira. Este
agente químico oferece riscos à saúde dos trabalhadores. A sílica que é um mineral
encontrado na natureza e que está presente na maioria das rochas, sendo o quartzo o tipo
mais comum de sílica cristalina, pode atravessar o trato respiratório e chegar até os alvéolos
pulmonares, o que impediria as trocas gasosas de forma adequada. Uma das principais
doenças causadas pela inalação crônica da poeira é a silicose. Ela é um tipo de
pneumoconiose incurável, que pode ser fatal, causada pela inalação de finas partículas de
sílica cristalina e caracterizada por inflamação e cicatrização em forma de lesões nodulares
nos lóbulos superiores do pulmão, levando ao endurecimento pulmonar e dificultando a
respiração, o que gera muito sofrimento.
42
O surgimento da silicose dependerá da quantidade de poeira contendo sílica em dispersão
no local de trabalho, do tipo de material utilizado, tamanho das partículas e do tempo que o
trabalhador fica exposto. Em sua fase inicial, a maioria dos trabalhadores é quase
assintomática, porém, na medida em que a exposição continua, a doença progride, podendo
surgir rapidamente astenia (fraqueza), emagrecimento, tosse e expectoração constantes,
queixa de dor torácica, principalmente durante a respiração profunda e esforços e
dificuldade de respirar. Na fase avançada da doença os sintomas pioram, podendo surgir
astenia grave, dispneia aos mínimos esforços e até em repouso, dor torácica progressiva,
insuficiência respiratória grave, cor pulmonale crônico e comprometimento cardíaco.
A exposição à sílica pode causar outras doenças de similar gravidade, tais como:
silicotuberculose, limitação crônica ao fluxo aéreo, doenças autoimunes, proteinose
alveolar e até mesmo o câncer de pulmão.

Figura 31: presença de silicose ao raio X


Fonte: Rev. bras. saúde ocup. vol.36 no.123 São Paulo Jan./June 2011
http://dx.doi.org/10.1590/S0303-76572011000100018

A sílica cristalina, na forma de quartzo e cristobalita, foi considerada carcinogênica pela


Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial de Saúde
(IARC, 1997), assim sendo, outra preocupação é o câncer de pulmão.

43
Consideramos que os fatores predisponentes, ou seja, decisivos para o desenvolvimento
deste perfil de doenças, principalmente a silicose são a idade, o tabagismo, o tempo de
exposição, doenças broncopulmonares pré-existentes ou concomitantes, a susceptibilidade
individual, e a respiração bucal.
Embora a silicose não tenha cura, ela pode ser evitada por meio de adoção de medidas de
controle da exposição do risco, reduzindo ou, até mesmo, eliminando a quantidade de
poeira em dispersão nos ambientes de trabalho.
No Brasil estima-se em mais de seis milhões o número de trabalhadores expostos à poeira
com sílica, sendo cerca de quatro milhões na construção civil, 500 mil em mineração e
garimpo e mais de dois milhões em indústrias de transformação de minerais, metalurgia,
indústria química, de borracha, de cerâmica e de vidros.
Além da exposição ocupacional à poeira contendo sílica, os trabalhadores podem estar
expostos a outros agentes químicos, como aqueles presentes nas colas, na massa plástica,
nas ceras e nos produtos utilizados para uniformizar a superfície das chapas e para realizar
atividades de limpeza em geral.
Os solventes das colas como, por exemplo, monômero de estireno, metiletilcetona, por
serem ototóxicos, podem contribuir com a perda auditiva dos trabalhadores, doenças do
sistema nervoso central, doenças do sistema respiratório, irritação da pele, olhos e
queimaduras.

Figura 32: pulmão normal e pulmão com sílica

44
Em relação aos riscos físicos, identificamos os citados a seguir:

• Ruído:

Gerado principalmente pelas serras de corte e ferramentas manuais motorizadas utilizadas


nos processos de acabamento.
A exposição ao ruído pode resultar em um grave dano que é a Perda Auditiva Induzida pelo
ruído (PAIR). Essa perda auditiva tem caráter irreversível e vem sendo observada numa
quantidade elevada de trabalhadores deste segmento. O ruído também pode ocasionar:
zumbido no ouvido, irritabilidade, sintomas digestivos e cardíacos, fadiga, dor de cabeça e
redução na concentração.
Considerando-se as características e a tecnologia presentes no processo produtivo em
marmorarias, o uso do protetor auditivo constitui uma medida de controle importante na
prevenção das perdas auditivas induzidas pelo ruído, entre outras ações citadas.
O uso e a guarda inadequados de protetores auriculares, sejam do tipo abafador ou de
inserção, podem aumentar o risco de infecções auditivas como otites e também aumento de
produção de cerúmen.

• Vibração

Nas operações de acabamento em marmorarias o uso de ferramentas manuais motorizadas,


como as esmerilhadeiras ou lixadeiras angulares, esmeris retos e serras-mármore, expõe os
trabalhadores à vibração em mãos e braços.
A utilização prolongada destas ferramentas durante a jornada diária e ao longo dos anos
pode ocasionar problemas de ordem vascular, neurológica, ósteo-articular, muscular, entre
outros efeitos.
Os trabalhadores devem ser orientados sobre os efeitos da exposição, os cuidados e os
procedimentos necessários para minimização da exposição à vibração em mãos e braços e
buscar ajuda médica sempre que sentirem formigamentos, dormências intensas ou dor nas
mãos de forma contínua.

45
• Umidade

A despeito das operações de corte e acabamento de rochas ornamentais em marmorarias


deverem ser realizadas a úmido, por força de lei, temos observado os efeitos da umidade no
contato com o trabalhador, levando a possíveis riscos de doenças infecciosas e de pele em
função desta exposição. Existem relatos de trabalhadores desta categoria da presença de
alergias e dermatoses, como lesões de pele mais comuns e a constância de resfriados, gripes
e alergias respiratórias provenientes da atividade de trabalho a úmido, que tem interface
com riscos biológicos a serem citados a seguir.

• Riscos biológicos

Na maioria das empresas visitadas, detectamos a grave presença de péssimas condições de


higiene e saneamento, podendo gerar, como previamente citado, diversos tipos de doenças
infecciosas e parasitárias, como consequência do risco de contaminação premente. Entre
elas podemos citar as infecções gastrointestinais, como diarreias bacterianas e parasitárias,
infecções respiratórias, de pele e oculares, para citar algumas.
Para tal, há que se recomendar nos ambientes de trabalhos, hábitos adequados de higiene e
saneamento, tais como não sacudir, escovar ou soprar a poeira da roupa de trabalho, tomar
banho e trocar a roupa antes de deixar o local de trabalho, lavar as mãos e o rosto antes de
se alimentar, fazer as refeições, tomar café e água em local limpo e longe da área de
produção, não fumar, dentre outros.

• Riscos ergonômicos e de acidentes

Além de todos os riscos citados anteriormente, observamos problemas relacionados ao


levantamento, transporte e movimentação de chapas e peças pesadas, identificando
calosidades na região palmar, devido ao esforço exercido no transporte e movimentação
deste material, podendo comprometer seriamente as articulações ou causar lesões de maior
gravidade. Esta estrutura é muito complexa, trabalhando em sincronismo com diversos
nervos, tendões, tecidos musculares e ossos, podendo gerar sequelas irreversíveis.

46
Cabe ressaltar também a presença de riscos ergonômicos, tais como erros posturais,
causados por má organização do trabalho e bancadas inadequadas.
Nestes ambientes também podem ocorrer acidentes relacionados a quedas de chapas e
peças, projeção de partículas e choque elétrico devido à deficiência e improvisação nas
instalações elétricas, com consequências diversas, desde fraturas, perda de membros, lesões
musculares posturais, injúrias graves pelo choque elétrico podendo levar à morte.
Considerando todos os possíveis agravos à saúde expostos acima, cabe ressaltar a
importância do cumprimento das exigências legais abordadas ao longo deste relatório. Os
programas obrigatórios de saúde e segurança do trabalhador devem ser rigorosamente
cumpridos, sob pena de responsabilização do empregador perante as autoridades
governamentais. O PCMSO tem por objetivo realizar uma minuciosa e individual avaliação
médica ocupacional dos trabalhadores diretamente relacionada às suas condições de
trabalho, onde se faz imperiosa uma adequada anamnese do trabalhador.
O objetivo deve ser: prevenir, detectar precocemente, monitorar e controlar possíveis danos
à saúde do trabalhador. O PPRA refere-se ao mesmo tempo a um documento-base e uma
metodologia de ação interna da empresa, de forma que se possa garantir a preservação da
saúde e a integridade dos trabalhadores, diante dos riscos dos ambientes laborais. Dentre
esses fatores de perigo estão agentes físicos, químicos e biológicos diversos, os quais
podem motivar danos graves à saúde dos empregados, por conta do tempo de exposição, da
alta concentração de materiais nocivos ou da intensidade da exposição a tais agravos. O
PCMSO e o PPRA tratam da saúde e segurança do trabalhador e por isso devem estar em
constante avaliação, atualização e perfeitamente integrados e elaborados por profissionais
devidamente habilitados e com a devida participação dos trabalhadores.
Quanto à implementação da Portaria 43/2008 do Ministério do Trabalho e Emprego, objeto
deste estudo, que “proíbe o processo de corte e acabamento a seco de rochas ornamentais e
altera a redação do anexo 12 da NR-15”, ressaltamos o quanto é imprescindível sua
implementação, pois, neste segmento, o agente causador de doença grave é a sílica
cristalina, fortemente dispersa no processo a seco, que causa silicose e também pode levar
ao câncer. Entre as medidas de controle estão a exaustão e a umidificação e sabe-se que
quando se muda o processo de seco a úmido, há redução não só da exposição à sílica,
quanto a outros agentes, tais como, ruído e vibrações.

47
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, considerando as irregularidades encontradas na implantação do processo


a úmido, observamos o não cumprimento do artigo 2º da portaria 43/2008 que determina
que: “ficam proibidas adaptações de máquinas e ferramentas elétricas que não tenham sido
projetadas para sistemas úmidos”.
Outro ponto observado foi a utilização do carrinho de duas rodas, banido pela portaria nº
56, de 17 de setembro de 2003 - Secretaria de Inspeção do Trabalho.
Apesar de, como alegado pelos representantes das empresas, a maioria dos riscos ter
intensidades de pequena a moderada, ficou evidenciado durante as visitas técnicas que os
mesmos se mostraram extremamente nocivos à integridade dos trabalhadores.
Credita-se este quadro à falta de investimento em prevenção e treinamento, com poucos
locais para formar profissionais marmoristas, culminando com a falta de mão de obra
qualificada para o setor, responsabilizando todos os envolvidos, quais sejam empregadores,
representações de trabalhadores e órgãos governamentais em todas as esferas.
Cabe ressaltar a importância da organização do espaço físico e adequação das instalações,
que deverão ser corretamente planejadas e devidamente fiscalizadas e legalizadas pelos
órgãos competentes.
Diante da relevância dos fatos expostos, na busca de estabelecer melhores condições de
trabalho para este segmento, recomendamos a elaboração de um Termo de Ajuste de
Conduta que seja rigorosamente cumprido, respeitando-se os prazos e exigências
determinados.

48
6 - AGRADECIMENTOS

Ao Sr. José Olímpio Santos Neto, Auditor Fiscal da Superintendência Regional do


Trabalho de Volta Redonda, pela demanda inicial desta investigação nas marmorarias na
região.

Ao Sr. Narciso Guedes e Sra. Gisele Guimarães Daflon Antonio, Auditores Fiscais da
Superintendência Regional do Trabalho do Rio de Janeiro, pela parceria e apoio às
atividades pertinentes ao projeto.

Ao Sr. José Luiz Barros, Gerente de Segurança do Trabalho da Federação das Indústrias do
Rio de Janeiro, pela contribuição no desenvolvimento das atividades do projeto.

Aos pesquisadores Drs. Eduardo Algranti, Ana Maria Tibiriçá Bon, Antônio Vladimir
Vieira e Elizabete Medina Coeli Mendonça, membros do Programa Nacional de Eliminação
de Silicose/ Fundacentro, pela generosidade em partilhar suas experiências sobre o tema.

Ao Sr. José Geraldo Aguiar, Técnico de Segurança da Fundacentro/ES,em especial, pela


dedicação ao projeto, participação na pesquisa de campo, elaboração de modelo de check-
list e na disseminação de seus conhecimentos.

A Sra. Alda Melania Cesar, Assistente em Ciência e Tecnologia da Fundacentro/RJ, pelo


levantamento bibliográfico e suporte administrativo.

As Sras. Adriana Machado Guimarães e Aparecida Ribeiro Soares Loureiro e ao Sr.


Antonio Cesar Gonçalves da Silva, Auxiliares de Planejamento e Controle, terceirizados,
pelo apoio e participação em várias etapas do projeto de pesquisa.

A Presidência e Diretoria Técnica da Fundacentro pela oportunidade da elaboração deste


projeto.

Aos senhores empresários pela receptividade para aplicação de check-list e documentação


fotográfica do ambiente de trabalho.

Aos senhores trabalhadores deste segmento, principais atores deste estudo, por sua
participação, contribuição e troca de informações valiosas para o desenvolvimento deste
relatório.

49
7 - REFERÊNCIAS

Barbosa, M. S. A et al. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. Volume 36, Número 123,
São Paulo, Janeiro/Junho, 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S0303-76572011000100018.

Bon, A. M. T. Exposição ocupacional à sílica e silicose entre trabalhadores de


marmorarias no município de São Paulo.Tese de doutorado – Faculdade de Saúde Pública
da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-11 - Transporte, movimentação,


armazenagem e manuseio de materiais. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2006.
Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF1FA6256B00/nr_11.pdf
Acesso em: 30 de setembro de 2015.

CUNHA, I. A. Exposição ocupacional à vibração em mãos e braços em marmorarias no


município de São Paulo: proposição de procedimento alternativo de medição. 2006. 153
f.Tese (Doutorado em Engenharia) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3134/tde-
10042007-000855/. php>. Acesso em: 03 de dezembro de 2015.

Decreto nº 897, de 21 de setembro de 1976 - Código de Segurança Contra Incêndio e


Pânico - COSCIP

Lei nº 6514, de 22 de dezembro de 1977 - Consolidação das Leis do Trabalho -


International Agency for Research on Cancer. Silica Some Silicates Coal Dust and Para-
Aramid Fibrils. IARC Monographs on the Evaluation of the Carcinogenic Risk of
Chemicals to Humans. Lyon, France: IARC Press; 1997. v.68.

Norma de Higiene Ocupacional – 01. Procedimento Técnico. Avaliação da Exposição


Ocupacional ao Ruído. Ministério do Trabalho e Emprego - Fundacentro, 2001. Disponível
em:<http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/normas-de-higiene-
ocupacional/publicacao/detalhe/2012/9/nho-01-procedimento-tecnico-avaliacao-da-
exposicao-ocupacional-ao-ruido>. Acesso em: 26 de janeiro de 2016.

______. Portaria nº 43, de 11 de março de 2008. Proíbe o processo de corte e acabamento a


seco de rochas ornamentais e altera a redação do anexo 12 da Norma Regulamentadora nº
15. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 12 mar. 2008. Seção 1, p.
99.

Ribeiro, F. S. N. Exposição ocupacional à sílica no Brasil: tendência temporal entre 1985 e


2001. Tese de doutorado - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. São
Paulo, 2004.

Santos, A. M. A. et al. Marmorarias: manual de referência: recomendações de segurança e


saúde no trabalho - São Paulo: FUNDACENTRO, 2008.
50
Santos, A. M. S. Exposição ocupacional a poeiras em marmorarias: tamanhos de partículas
característicos. Tese de Doutorado - Universidade Federal de Minas Gerais, 2005.

______. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Portaria n.° 56, de 17 de setembro de 2003.


Aprova e inclui na NR-11 o Regulamento Técnico de Procedimentos sobre Movimentação
e Armazenagem de Chapas de Mármore, Granito e Outras Rochas.

51
ANEXO
Check list para empresas de mármores e granitos no
Estado do Rio de Janeiro
A. EMPRESA ANO BASE: 2014

1. Empresa:

2. Endereço: 3. Coordenada geográfica:

4. Bairro: 5. Cidade: 6. CEP:

7. Fone: 8. Fax:

10. GR:
9. CNPJ:
11. Atividade principal/CNAE:

12. Produção anual de chapas beneficiadas (m²/ano):

13. Horário de trabalho na Administração: 14. Horário de trabalho na Produção:

15. Nº Trabalhadores total:

15.1 Administrativos: 15.1.1 Homens: 15.1.2 Mulheres: 15.1.3 Menores:

15.2. Produção: 15.2.1 Homens: 15.2.2 Mulheres: 15.2.3 Menores:

16. Certificações:

16.1 - ISO 9000


16.2 - ISO 14000
16.3 - ISO 18000
16.4 - Outras, especificar:__________________________________________________________

17. Responsável pelas informações 18. Função:

19. E-mail/telefone:

20. Via(s) de acesso:


21.1 Asfalto
21.2 Estrada de terra
21.3 Bloquete/pedra

52
21. Tipo de construção:

21.1 Galpão aberto


21.2 Galpão fechado
21.3 Alvenaria
21.4 Estrutura metálica
21.5 Outras especifique ____________________________________________________________
22. Área total: 23. Área total construída:

OBSERVAÇÕES:

B. PORTARIA 43/2008 DO MTE

1. As máquinas e ferramentas utilizadas no processo de corte são dotadas


de sistema de umidificação? Se não vá para 3. Sim Não

2. As máquinas e ferramentas elétricas no processo de corte são:

2.1. projetadas para o sistema a úmido.

2.2. adaptadas para o sistema a úmido.

Manuais Outras
3. As ferramentas no processo de corte são:
Especificar:
________________

Manuais Automáticas

4. As máquinas no processo de corte são: Semi automáticas


Outras Especificar:
________________

5. As máquinas e ferramentas utilizadas no processo de acabamento são


dotadas de sistema de umidificação? Se não vá para 7 Sim Não

6. As máquinas e ferramentas elétricas no processo de acabamento são:

53
6.1 projetadas para o sistema a úmido.

6.2 adaptadas para o sistema a úmido

Manual elétrica Manual a ar


7. As ferramentas no processo de acabamento são:
comprimidoOutras Especificar:
________________

8. As máquinas no processo de acabamento são: Automáticas Semi automáticas


Outras Especificar: ________________
C. SST

1. Percepção dos riscos

Inexistente Pequeno Moderado Grande Grave

1.1. Poeiras
1.2. Ruído
1.3. Vibração
1.4. Umidade
1.5. Frio
1.6. Eletricidade
1.7. Acidentes
2. Número de acidentes/doenças que ocorreram nos últimos 12 meses.

A. Total B. Sem Afastamento C. Com afastamento D. Fatais

2.1. Acidentes típicos

2.2. Doenças

2.3. Acidentes de trajeto

3. A empresa possui método de análise de acidentes? Se sim, quais? Sim Não

4. A empresa elaborou o PCMSO? Sim Não

5.A empresa elaborou o PPRA? Sim Não

6.Foi realizada a avaliação dos riscos ambientais? Se não, vá para o 7. Sim Não

54
7. Realizada avaliação qualitativa dos riscos? Se sim, quais agentes? Sim Não

8. Realizada avaliação quantitativa dos riscos? Se sim, quais agentes? Sim Não

9. A empresa possui CIPA ? Se não, vá para o 9. Sim Não

10.Seus membros foram treinados? Sim Não

11.A empresa possui pelo menos um empregado capacitado para as funções da CIPA?
Sim Não
Se não, vá para o 13.

12. O(s) membro(s) da CIPA possui (em) tempo livre de pelo menos 1 hora semanal? Sim Não

13. A empresa possui SESMT? Se sim, quais profissionais? Se não, vá para o E. Sim Não

OBSERVAÇÕES:

D. EPIs
1. A empresa fornece EPI’s? Se não, vá para o E. Sim Não

2. Roupas? Sim Não

2.1. Avental de PVC? Sim Não

3. Calçado de segurança? Sim Não

4. Luvas?

4.1. PVC
4.2. Neoprene
4.3. Nitrílica Sim Não
4.4. Raspa
4.5. Látex
4.6. Outras. Especificar:

5. Óculos de segurança? Sim Não

55
6. Protetor facial? Sim Não

7. Proteção respiratória: Sim Não

7.1 7.4 Peça 7.7 Peça 7.10 Peça 7.13 Peça 7.16 Peça facial
PFF1 quarto facial semifacial com semifacial com filtro semifacial Filtro inteira Filtro
com filtro P1 filtro P1 químico classe 1 combinado (VO combinado (VO
classe 1 mais P1) classe 2 mais P1)
7.2 7.5 Peça 7.8 Peça 7.11 Peça 7.14 Peça 7.17 Peça facial
PFF2 quarto facial semifacial com semifacial com filtro semifacial Filtro inteira Filtro
com filtro P2 filtro P2 químico classe 2 combinado (VO combinado (VO
classe 1 mais P2) classe 2 mais P2)
7.3 7.6 Peça 7.9 Peça 7.12 Peça 7.15 Peça 7.18 Peça facial
PFF3 quarto facial semifacial com semifacial com filtro semifacial Filtro inteira Filtro
com filtro P3 filtro P3 químico classe 3 combinado (VO combinado (VO
classe 1 mais P3) classe 2 mais P3)
7.19. Outros, especificar:

8. Protetor auricular? Sim Não

9. Capacete? Sim Não

10. Outros. Especificar:

11. A empresa possui programa de proteção respiratória implantado? Sim Não

12. A empresa possui programa de conservação auditiva? Sim Não

OBSERVAÇÕES:

E. ALMOXARIFADOSim Não Se não ir pra o F.


1.Os pisos são demarcados? Sim Não

2.Há fracionamento de produtos químicos? Sim Não

3. Há capacitação para manuseio de produtos químicos? Sim Não

4. EPIs? Se sim, quais? Sim Não

56
5. Há kit de emergência disponível? (máscara, balde de areia, pá etc.). Sim Não

6.Há símbolos de advertência nas áreas de estocagem? Sim Não

7. Há separação de produtos incompatíveis? Sim Não

8. Controle da poeira do
a) Bom b) Regular c) Ruim d)Inexistente
ambiente:

9. Intensidade do ruído: a) Baixa b) Média c) Alta d) Muito alta

10. Nível de iluminamento: a) Bom b) Regular c) Ruim d)Inexistente

11. Ventilação: a) Boa b) Regular c) Ruim d)Inexistente

OBSERVAÇÕES:

F. CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO


1. Vestiário? Sim Não

2.Armários individuais duplos? Se sim, vá para o 4. Sim Não

3. Armários individuais simples? Sim Não

4. Refeitório ou local para refeições? Sim Não

5. Bebedouros em número suficiente? 1 (um) para cada 50 (cinquenta) empregados Sim Não

6. Sanitários em número suficiente? 1 (um) para cada 10 (dez) empregados Sim Não

7. Chuveiros em número suficiente? 1 (um) para cada 10 (dez) empregados Sim Não

8. Controle da poeira: a) Bom b) Regular c) Ruim d) Inexistente

9. Intensidade do ruído: a) Baixa b) Média c) Alta d) Muito alta

57
10. Nível de iluminamento: a) Bom b) Regular c) Ruim d)Inexistente

OBSERVAÇÕES:

G. PÁTIO DE MATERIAL

1.É isolado dos outros setores? Sim Não

2.É coberto? Sim Não

3.É pavimentado? Sim Não

4. Vias internas são sinalizadas? Sim Não

5. Equipamentos de movimentação de carga:


5.1. Pórtico
5.2. Ponte rolante
5.3. Pau de carga
5.4. Guindaste
5.5. Outros. Especificar:
6. Há sinal audível /sistema de comunicação quando do acionamento desses Sim Não
equipamentos?
7. Controle da poeira: a) Bom b) Regular c) Ruim d) Inexistente

8. Intensidade do ruído: a) Baixa b) Média c) Alta d) Muito alta

9. Nível de iluminamento: a) Bom b) Regular c) Ruim d)Inexistente

OBSERVAÇÕES:

H. EXPEDIÇÃO
1. Expedição é isolada dos demais setores? Sim Não

58
2. O piso é regular?
Sim Não
2.1. Qual o tipo do piso?_________________________________

3. Piso em bom estado de conservação? Sim Não

4. A ventilação é natural? Sim Não

5. Há ventilação forçada? Sim Não

6. Há sinalização no piso nas áreas de movimentação de produtos? Sim Não

7. Há sinalização sobre a circulação de pessoas? Sim Não

8. Equipamentos utilizados no carregamento/descarregamento de produtos: ?

8.1. empilhadeira
8.2. esteira transportadora
8.3. ponte rolante
8.4. processo manual
8.5. outros,especificar:______________________________________________
9. Controle da poeira dos ambientes de trabalho? a) Bom b) Regular c) Ruim d)Inexistente

10. Intensidade do ruído: a) baixa b) média c) alta d) muito alta

11. Nível de iluminamento: a) Bom b) Regular c) Ruim d)Inexistente

OBSERVAÇÕES:

I. MANUTENÇÃO INDUSTRIAL (OFICINA)


1. Oficina é isolada dos demais setores? Sim Não

2. Foram observados motores e transmissões de força dos equipamentos desprotegidos? Sim Não

3. Foram observados chaves e sistemas de acionamento elétrico que apresentem riscos? Sim Não

4. Foi observado risco de contato em partes energizadas? Sim Não

5. Há dispositivo de proteção, tipo biombo quando da realização de soldagem ou corte a Sim Não
quente?

59
6. Há dispositivo de coleta e separação de resíduos (ex: óleos, graxas)? Sim Não

7.Pisos regulares? 7.1. Qual o tipo do piso?___________________________________ Sim Não

8. Os pisos são demarcados? Sim Não

9.Piso em bom estado de conservação? Sim Não

10.Há sinalização de áreas com risco de incêndio ou explosão? Sim Não

11.Há extintores adequados à categoria de risco? Sim Não

12.Há manutenção de máquinas no mesmo ambiente? Sim Não

13.Foram observados riscos no armazenamento de cilindros sob pressão? (ex: soltos, sem Sim Não
capacete).

14.Controle da poeira: a) Bom b) Regular c) Ruim d)Inexistente

15.Intensidade do ruído: a) baixa b) Média c) alta d) muito alta

16. Nível de iluminamento: a) Bom b) Regular c) Ruim d)Inexistente

OBSERVAÇÕES

J. TRATAMENTO DE RESÍDUOS

1. Há tanque de decantação? Sim Não

2. Há água de reuso? Sim Não

3. Existe algum tipo de tratamento? Sim Não

4. Relacione a destinação de resíduos do processo:

Local Data: ___ /___/ ___

Nome Assinatura do responsável:

Fonte: Adaptado de Check list para Resinagem de Chapas de Rochas Ornamentais. Fundacentro.
Centro Estadual do Espírito Santo. 2012.

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