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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

EDUARDO HADDAD LEITE PEREIRA E GABRIEL MARINHO DA SILVA

CARACTERIZAÇÃO DA CORROSÃO INTERNA DE TUBULAÇÕES EM UM


SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO PREDIAL

NITERÓI, RJ
2022
1

EDUARDO HADDAD LEITE PEREIRA E GABRIEL MARINHO DA SILVA

CARACTERIZAÇÃO DA CORROSÃO INTERNA DE TUBULAÇÕES EM UM


SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO PREDIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia Mecânica da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Orientador:
Alessandra da Rocha Duailibe Monteiro

Niterói, RJ
2022.
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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de


Computação da UFF
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EDUARDO HADDAD LEITE PEREIRA E GABRIEL MARINHO DA SILVA

CARACTERIZAÇÃO DA CORROSÃO INTERNA DE TUBULAÇÕES EM UM


SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO PREDIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia Mecânica da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
Grau: 10

Aprovado em 18 de julho de 2022

Niterói, RJ, 2022.


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Dedicamos este trabalho aos nossos pais Patricia, Marcílio, Bertiane e José Claudemir,
por todo suporte, por todo tempo e dedicação que empenharam na nossa formação de
caráter, e os profissionais que estamos nos tornando devemos a vocês.

Eu, Gabriel, dedico particularmente este trabalho a minha avó Lindinalva Gomes
Marinho, por me ensinar a sempre lutar pelos meus direitos e persistir pelos meus
objetivos apesar de todas as diversidades.

Eu, Eduardo, dedico particularmente este trabalho a minha irmã Carolina Haddad
Leite Pereira e minha namorada Nathalia Reis Lima, por estarem sempre ao meu lado
me motivando e me dando forças, independente dos desafios que encontramos no
caminho e ser sempre resiliente.
5

AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram indireta ou diretamente, para a construção deste trabalho o nosso
eterno agradecimento.

A nossa orientadora, Profa. Dsc. Alessandra da Rocha Duailibe Monteiro, pelos suporte e
conselhos dados durante toda a jornada.

A todos os trabalhadores discentes que atuam no Laboratório de Reatores Cinética e Catálise


(RECAT), do Departamento de Engenharia Química e Petróleo da Universidade Federal
Fluminense (UFF), em especial nosso agradecimento especial para a pesquisadora, Ludmila de
Paula Cabral Silva. Nossa profunda gratidão por toda a ajuda e empenho prestados durante a
execução das análises.

A nossos pais, Bertiane Gomes Marinho da Silva, José Claudemir Moraes da Silva, Patrícia
Haddad Leite Pereira e Marcílio Leita Pereira, por serem durante toda a jornada da graduação
e, principalmente, durante o período de elaboração deste trabalho nossos maiores
incentivadores.

Agradecemos também, a Universidade Federal Fluminense por ter se tornado nossa segunda
casa durante todos os anos de estudo, e por ter nos dado a oportunidade de trilhar o caminho da
ciência.
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Epígrafe

“Não basta saber ler que 'Eva viu a uva'. É preciso compreender qual a posição que
Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse
trabalho.”

Paulo Freire
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RESUMO
Ao observar o desenvolvimento urbano ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, no período entre
o final dos anos 1960 e início dos anos de 1970, é perceptível o grande avanço ocorrido no
setor da construção civil. Concomitantemente com este avanço, os tipos de construção
tornaram-se cada vez mais complexos e novas tecnologias foram implementadas. No que se
refere aos sistemas de refrigeração instalados, é importante ter conhecimento de como
transcorreu a execução desses projetos, tendo em vista equipamentos, componentes e
tubulações utilizadas, neste caso, tubulações de ligas metálicas. Considerando a motivação
descrita, este trabalho tem como objetivo caracterizar os efeitos da corrosão em tubulações
presentes em um Sistema de Refrigeração Predial, com foco em tubulações metálicas, sendo
estes, efeitos que podem causar problemas de grande magnitude no que se refere ao
funcionamento do sistema de refrigeração, quando não trabalhando de modo correto, podem
ocorrer acidentes de grandes escalas que podem até mesmo levar a mortes em grande escala.
Ao final, foi realizado um estudo de caso de um sistema de refrigeração predial em um edifício
comercial na cidade do Rio de Janeiro datado do ano de 1975, utilizando uma amostra de tubo
metálico, condutor de água quente ou fria. Esses materiais foram caracterizados pelas técnicas
de Espectroscopia de Raios-X por Dispersão de Energia (EDX) e Difração de Raios-X (DRX);
determinar a composição da amostra e caracterizar os produtos da corrosão decorrente do fluxo
hídrico do sistema ao longo dos anos. Pôde-se observar a presença majoritária de ferro para a
amostra retirada do corpo de prova que estava visualmente mais deteriorado, com 98,123 %, e
Zinco para o corpo de prova que estava visualmente menos deteriorado, com 98,438%. Outro
fator importante para fins comparativos, do ensaio realizado nas 2 amostras, é observar que a
amostra retirada do corpo de prova menos deteriorado apresentou uma quantidade de elementos
químicos presentes maior do que a amostra retirada do corpo de prova mais deteriorado. Para o
ensaio DRX, para a amostra retirada da extremidade do corpo de prova mais deteriorado, foram
registradas as presenças de ZnO (óxido de zinco, Zincita), e também o Fe. Para a amostra
retirada da parte central do corpo de prova mais deteriorado foram registrados picos de
intensidade que representam o Fe. Ambas as amostras mostraram um resultado com picos mais
elevados no Fe. Para a amostra retirada da parte extrema do corpo de prova menos deteriorado
foram registrados picos de intensidade que representam o ZnO (Zincita) e picos de intensidade
que representam o Fe e, por último, picos nos quais estão representados o Zn (Zinco) presentes
na amostra. Para a amostra retirada da parte central do corpo de prova menos deteriorado foram
registrados picos de intensidades que representam o ZnO (Zincita), Fe (Ferro),Zn (Zinco) e
também um pico que representa o Zn(OH)2 (Hidrozincita) presentes nesta amostra. Ou seja,
todos os resultados que foram obtidos, corroboram o fato que ambos os corpos de provas
passaram por um processo corrosivo intenso, durante os anos de vida útil que tiveram como
componentes do sistema de refrigeração predial deste edifício comercial presente na cidade do
Rio de Janeiro.

Palavras-chave: Corrosão, Tubulações, Aço Galvanizado, Sistema de Refrigeração Predial.


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ABSTRACT
When observing the urban development that occurred in the city of Rio de Janeiro in the period
between the late 1960s and early 1970s, it is noticeable the great advance that occurred in the
civil construction sector. Concomitantly with this advance, the types of construction became
more and more complex and new technologies were implemented. Regarding the installed
refrigeration systems, it is important to have knowledge of how the execution of these projects
took place, in view of equipment, components and pipes used, in this case, metal alloy pipes.
Considering the motivation described above, this paper aims to characterize the effects of
corrosion in pipes present in a Building Refrigeration System, focusing on metal pipes, which
are effects that can cause problems of great magnitude with regard to the operation of the
refrigeration system when not working properly, large-scale accidents can occur that can even
lead to large-scale fatalities.At last, a case study of a building refrigeration system in a
commercial building in the city of Rio de Janeiro dated from the year 1975 was performed,
using a sample of metallic tube, conductor of hot or cold water. These materials were
characterized by Energy Dispersive X-ray Spectroscopy (EDX) and X-ray Diffraction (XRD)
techniques; to determine the sample composition and to characterize the corrosion products
resulting from the water flow of the system over the years. A majority of iron was present in
the sample taken from the most visually deteriorated specimen at 98.123%, and Zinc was
present in the least visually deteriorated specimen at 98.438%. Another important factor for
comparative purposes, of the test performed on the two samples, is to observe that the sample
taken from the less deteriorated specimen presented a greater amount of chemical elements
present than the sample taken from the more deteriorated specimen. For the XRD test, for the
sample taken from the edge of the more deteriorated specimen, the presence of ZnO (zinc
oxide, Zincite), and also Fe were recorded. For the sample taken from the center of the most
deteriorated specimen, peaks representing Fe were recorded.Both samples showed a result with
higher peaks in Fe. For the sample taken from the extreme part of the less deteriorated
specimen, intensity peaks representing ZnO (Zincite) and intensity peaks representing Fe were
recorded, and finally peaks representing Zn (Zinc) present in the sample. For the sample taken
from the central part of the least deteriorated specimen, peaks of intensities representing ZnO
(Zincite), Fe (Iron), Zn (Zinc) and also a peak representing Zn(OH)2 (Hydrozincite) present in
this sample were recorded.Thus, all the results that were obtained corroborate the fact that both
specimens went through an intense corrosive process during the years of their useful life as
components of the building cooling system of this commercial building in the city of Rio de
Janeiro.

Keywords: Corrosion, Piping, Galvanized Steel, Building Refrigeration System.


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Funcionamento de uma Torre de Arrefecimento ………………….……..…..……..25

Figura 2 - Ilustração do funcionamento Sistema Fan Coil……………...…….………...….….26

Figura 3 - Ilustração dos componentes do Chiller…………. ……………………….………….27

Figura 4 - Ilustração do funcionamento dos 2 tipos de Chiller…….………….………....…….30

Figura 5 - Ilustração do conjunto Chiller e Fan Coil………………………………...…..…….30

Figura 6 - Instalação Hidráulica de água fria……………….………………………………….34

Figura 7 - Representação da ação protetora da camada de óxido de zinco na tubulação….…...36

Figura 8 - Formação da pilha galvânica entre as tubulações de cobre e aço galvanizado…......37

Figura 9 - Processo de Fluxagem úmido ...……………………………………………..…..….40

Figura 10 - Diagrama de fases Fe-Zn…………………………………...……………….….….41

Figura 11 - Estimativa de tempo de vida útil de materiais galvanizados.……………….….….42

Figura 12 - Representação do Ciclo de Metais entre a Metalurgia e Corrosão...…………..…..43

Figura 13 - Esquema de um eletrodo de H2.…………………………………………..….…….46

Figura 14 - Esquema de obtenção do potencial de referência padrão………………………….47

Figura 15 - Apresentação de formas corrosivas mais comuns………..……...…….……….….49

Figura 16 - Ponte Silver Bridge após o colapso que causou o acidente…………………….….55

Figura 17 - Boeing 737 após voo 243 da Aloha Airlines em 28 de abril de 1988………….….56

Figura 18 - Raios de DRX incidindo sobre a estrutura cristalina………………………….…...61

Figura 19 - Esquema simplificado do funcionamento da varredura da amostra, através do tubo


de raios…………………………………………………………………………………………62

Figura 20 -Difratograma com a incidência de raios-X.……………….…………..………...…63

Figura 21 - Laboratório convencional para análise de EDX. ……………………………...….65

Figura 22 - Excitação do elétron na camada K através dos raios incidentes.….………..……..66

Figura 23 - “Salto” do elétron da camada L ou M, para a camada K.…………………..…….67

Figura 24 - “Salto” do elétron da camada M ou N, para ocupar a vacância. ………………….67

Figura 25 - Retorno do átomo a sua condição de estabilidade.…………………………….….68


10

Figura 26 - Nomenclaturas atribuídas para os seus devidos raios-X.…………………..….…..69

Figura 27 - Espectros de raios-X contínuos e característicos.……….………………….……69

Figura 28 -Representação Esquemática do processo XPS. …………………………….….….70

Figura 29 -Esquema de funcionamento de um equipamento de XPS do grupo de Física de


Superfícies da UNICAMP…………………………………………………………………….73

Figura 30 - Amostra A1…………………………………………………………..……..…….75

Figura 31 - Amostra A2…………………………………………………………….…….…...76

Figura 32 - Amostra B1………………………………………………………………..……...76

Figura 33 - Amostra B2…………………………………………………………………..…...77

Figura 34 - Equipamento utilizado na análise de DRX…………………………………..…...77

Figura 35 - Equipamento utilizado no ensaio EDX…………………….……………………..79

Figura 36 - Amostra A3, para o EDX…………………………………………………………79

Figura 37 - Amostra B3, para o EDX…………………………………………………………80

Figura 38 - Superfície externa da amostra A………………………………………………….80

Figura 39 - Superfície externa da amostra B………………………………………………….81

Figura 40 - Superfície interna da amostra A………………………………………….…….…81

Figura 41 - Superfície interna da amostra B…………………………………………….…….82


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação quanto ao porte de Construções Prediais Comerciais……………..…23

Tabela 2 - Série Eletromotriz – Potencial padrão de Oxidação Metais……...…………….…..48

Tabela 3 - Identificação das amostras utilizadas no estudo de Caso …………………….….…74

Tabela 4 - Identificação dos parâmetros utilizados na análise EDX………...………………...78

Tabela 5 - Resultados quantitativos do ensaio EDX da amostra A3………….………………83

Tabela 6 - Resultados quantitativos do ensaio EDX da amostra B3…………………………..84

Tabela 7 - Resultado da intensidade e do ângulo dos picos do ensaio DRX da amostra A1…..87

Tabela 8 - Resultado da intensidade e do ângulo dos picos do ensaio DRX da amostra A2…..87

Tabela 9 - Resultado da intensidade e do ângulo dos picos do ensaio DRX da amostra B1…..89

Tabela 10 - Resultado da intensidade e do ângulo dos picos do ensaio DRX da amostra B2…89
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - “Curva universal” para o livre caminho médio em função da energia cinética dos
elétrons………………………………………………………………..………………………..72

Gráfico 2 - Resultado do ensaio DRX da amostra A1.………………….…………..…….…..86

Gráfico 3 - Resultado do ensaio DRX da amostra A2…………………………………...…….86

Gráfico 4 - Resultado do ensaio DRX da amostra B1………………………………...……….88

Gráfico 5 - Resultado do ensaio DRX da amostra B2…………………………………….…...88


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LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS


MEV – Microscopia Eletrônica por Varredura

EDX – Espectroscopia de Raios-X por Dispersão em Energia

DRX – Difração de Raios-X

XPS –Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X (X-ray Photoelectron Spectroscopy)

TR – Toneladas de Refrigeração

NTSB – Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (National Transportation


Safety Board)

A – área, m²

d – diâmetro, m

Γ – Gama

δ – Delta

ζ – Zeta

η – Eta

°C – Graus Centígrados

E0 – Potencial de Eletrodo Padrão

2θ – ângulo, Graus

eV – Energia Cinética livre dos elétrons

t– Tempo

uA – Corrente

Kev – Energia

cps – Contagem por segundo

uA – Unidade de Área

cps/uA – Intensidade
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SUMÁRIO

1 Introdução...............................................................................................................17

1.1 Objetivos...............................................................................................................18

2 Revisão Bibliográfica...............................................................................................19

2.1 Construções Prediais...............................................................................................19

2.2 Sistema de Refrigeração Predial.............................................................................23

2.2.1 Sistema de Refrigeração Central..........................................................................24

2.2.2 Sistemas de Tubulação Hidráulica.......................................................................31

2.2.2.1 Instalações de água fria.....................................................................................31

2.2.2.2 Reservatórios de água fria.................................................................................32

2.2.2.3 Rede de distribuição..........................................................................................33

2.3 Seleção de Materiais e Durabilidade.......................................................................34

2.3.1 Problemas e Patologias........................................................................................38

2.4 Tubulações Galvânicas...........................................................................................39

2.4.1 Preparação da superfície do aço...........................................................................39

2.4.2 Galvanização por Imersão à quente ....................................................................40

2.5 Corrosão……………..............................................................................................42

2.5.1 Aspectos Energéticos...........................................................................................42

2.5.2 Oxidação-Redução...............................................................................................44

2.5.3 Potencial de Eletrodo...........................................................................................45

2.5.4 Formas Corrosivas...............................................................................................48

2.5.5. Meios Corrosivos................................................................................................49

2.5.5.1. Atmosfera.........................................................................................................50

2.5.5.2 Águas Naturais..................................................................................................50


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2.5.5.3 Solos..................................................................................................................50

2.6 Corrosão Galvânica...............................................................................................51

2.6.1 Considerações Gerais - Mecanismos…………………………………………...51

2.7 Corrosão Eletrolítica...............................................................................................52

2.8 Combate à Corrosão................................................................................................53

2.8.1 Inibidores da Corrosão.........................................................................................57

2.8.1.1 Inibidores Anódicos..........................................................................................57

2.8.1.2 Inibidores Catódicos.........................................................................................58

2.8.1.3 Inibidores para Proteção Temporária................................................................58

2.8.2 Monitoramento por Análises de Corrosão…………...…………………………59

2.9 Técnica de Caracterização dos Efeitos da Corrosão em Materiais........................59

2.9.1 Inspeção Visual....................................................................................................59

2.9.2 Difração de Raios-X (DRX)................................................................................60

2.9.3 Análise Elementar por Espectroscopia de Raios-X por Dispersão de Energia


(EDX)............................................................................................................................64

2.9.4 Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X (XPS)..............................................69

3 METODOLOGIA...............................................................................................73

3.1 Materiais e métodos..............................................................................................73

3.1.1 Amostra……………………………………………………….….……………..73

3.1.2 Método……………………………………………………….…………………74

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................80

4.1 Inspeção Visual……………………………………………………………...……80

4.1.1 Corpos de Provas………………………………………………………….……80

4.2 Espectroscopia de Raios-X por Dispersão de Elétrons - EDX…………………...82

4.3 Difração de Raios-X - DRX………………………………………………………84


16

4.4 Discussões………………………………………………………………………...88

5 CONCLUSÕES.......................................................................................................90

6 BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................92
17

1. INTRODUÇÃO

Entre as décadas de 1960 até o final da década de 1970, ao discorrer sobre a cidade do
Rio de Janeiro, fica evidente o efeito do capitalismo nas construções públicas e privadas que
ocorreram na cidade. Grandes investimentos na implementação de multinacionais, acarretou
no desenvolvimento do setor de construções urbanas, ocasionando a verticalização do
município (CAMPOS, 2010).

No contexto histórico relacionado, ao identificar-se as construções prediais, tubulações


feitas de aço galvanizado eram consideradas a melhor opção da época. Este tipo de tubulação
era predominantemente utilizada nos sistemas prediais de água fria. Eles apresentam
resistência mecânica satisfatória, resistência a variação de temperaturas e a incêndios, além de
possuírem um longo tempo de duração.Com o advento de novas tecnologias e um avanço
científico considerável nas últimas décadas, principalmente nas áreas da engenharia de
materiais, as tubulações de aço galvanizado vem perdendo gradativamente espaço para
tubulações feitas de outros tipos de materiais, como por exemplo, o PVC (Policloreto de
vinila) (CAMPOS,2010).

Embora o desuso, as construções antigas continuam em pleno funcionamento,


portanto, problemas e patologias recorrentes das tubulações de aço galvanizado ainda serão,
por muitos anos, frutos de problemas que vão requerer estudos para encontrar soluções que
viabilizem a continuidade do funcionamento destes. Uma das patologias mais encontradas é
vazamento das tubulações devido à corrosão, causadas por intermédio de variáveis
decorrentes da localização física das construções, como por exemplo, a maresia e a variação
de temperatura presentes em uma cidade tropical e litorânea como o Rio de Janeiro.
Infortúnios como os citados anteriormente, além de causar prejuízos diretos no funcionamento
no dia a dia das atividades realizadas nessas construções, vão afetar financeiramente as
empresas que estão em seu comando e, além disso, no que diz respeito a sistemas de
refrigeração predial, lida-se com custos que chegam a montantes de dezenas de milhões de
reais, referindo-se apenas aos custos de implementação, construção e compra de
equipamentos que compõem o sistema que são extremamente caros, sem contar valores
referentes a manutenção que se torna consequentemente maior ao ser realizado em sistemas
que não obtiveram o devido cuidado durante os anos de trabalho prestado e já possuem
problemas patológicos evidentes. Além dos prejuízos financeiros citados, acidentes
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gravíssimos e fatais que ocorrem por conta da corrosão, são responsáveis por ceifar centenas
de vidas de trabalhadores e pessoas inocentes apenas por questões banais de economias que
são feitas ao se cortarem gastos, principalmente com manutenção e a falta de estudos sobre o
monitoramento de problemas que podem ocorrer nesses sistemas. Todavia, se os mesmos
fossem realizados de forma contínua e deliberada, poderia ser reduzido, em grande número, a
probabilidade de acidentes. Essa falta de investimento acaba custando muito mais caro do que
os responsáveis poderiam imaginar. A credibilidade e seriedade das empresas e dos
profissionais responsáveis são colocadas em cheque, sem contar o fator primordial, que é a
perda das vidas que não voltam (CAMPOS, 2010).

1.1 OBJETIVOS

O objetivo central deste projeto final de curso é analisar a corrosão interna de


tubulações em um sistema de refrigeração predial, a partir de um trabalho de caracterização
dos efeitos corrosivos sobre um estudo de caso real de uma edificação que data da década de
1970. Para se chegar a esse objetivo, ao longo do trabalho, os seguintes passos foram
realizados. Primeiramente, é feita uma apresentação de conceitos fundamentais sobre o que é
um sistema de refrigeração e como estes são implementados em construções de grande porte,
levando-se em conta equipamentos e componentes de suma importância para completar esses
sistemas. Após isto, faz-se referências às patologias e problemas referentes à corrosão que
podem acometer o sistema e seus equipamentos ao longo dos anos, bem como explica-se de
forma completa o que é a corrosão e quais são seus tipos e mecanismos que podem afetar os
sistemas de refrigeração predial. Todos esses pontos serão de extrema importância para que,
ao realizar-se o estudo de caso, todos os temas que serão abordados estejam pré-definidos e
corroborados no texto. Especificamente, a respeito do estudo de caso, as técnicas de
caracterização dos efeitos corrosivos presentes na tubulação foram de fundamental
importância para o estudo realizado. Sendo assim, foram realizadas análises de corrosão ,
primeiramente, utilizando a técnica de Espectroscopia de Raios-X por Dispersão em Energia
(conhecido como EDX ou EDS) para identificar a composição química do material utilizado
na fabricação da tubulação utilizada. Posteriormente, para identificação do produto de
corrosão interna formado, para tal, foram realizadas análises via Difração de Raios-X (DRX).
19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONSTRUÇÕES PREDIAIS

Analisar o desenvolvimento geográfico de cidades litorâneas, como o Rio de Janeiro, é


deparar-se com questões impostas pela natureza desta região em torno da Baía de Guanabara
onde se situa a cidade do Rio de Janeiro e outros centros urbanos que hoje compõem a região
metropolitana. Esta é responsável por marcar toda a história local, desde a chegada dos
portugueses e outros povos europeus, até os dias de hoje (CAMPOS, 2010).

Desde o início da colonização da região, delimitações ambientais moldaram o


desenvolvimento urbano. Carlos Miguel Delgado de Carvalho (1884-1980), um geógrafo e
professor Francês, filho de pai Brasileiro, depois de exemplificar todas as vantagens que a
Baía de Guanabara representava do ponto de vista estratégico na lógica da defesa militar,
lembra que a Vila Portuguesa foi situada a oeste da Baía de Guanabara, isto porque era onde
se localizava uma fonte abundante e regular de água de doce, vinda do rio Carioca
(DELGADO, 1994). Esta situação colocada acima é importante para o início do tópico a ser
discutido, porque coloca em pauta que cada momento histórico traz à tona uma necessidade
diferente. Se durante o período colonial, manter uma construção próxima de fontes de água
potável era imprescindível para a sobrevivência da população local, com o passar dos tempos,
construir grandes prédios comerciais próximos dos grandes centros urbanos da época era fator
preponderante para que os negócios se tornassem prósperos. Ou seja, cada momento histórico
traz consigo uma determinada questão chave que gera o desenvolvimento que está por vir
(CAMPOS, 2010).

Ao longo da história outros fatores foram cruciais para o desenvolvimento de


construções urbanas em determinadas regiões. No período entre os anos de 1955 a 1980,
foram anos de grandes reformas que muito contribuíram para o desenvolvimento do espaço
urbano, redimensionando e reorganizando. A partir daí, a cidade do Rio de Janeiro ganha o
status de uma cidade capitalista. Segundo Friedrich Engels (1820-1895), a cidade capitalista
tende a se setorizar, diferentemente do que ocorria em períodos anteriores. Cria-se uma área
central de caráter comercial e empresarial com alto valor agregado ao terreno e sem possuir
uma veia residencial. A urbe carioca tem uma trajetória que se diferencia dos casos
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apresentados em cidades europeias, por ter um capitalismo surgido do escravismo colonial em


uma transição gradativa desde 1850 (CAMPOS, 2010).

Quando se chega ao período de investimentos de grandes multinacionais no Brasil,


processos auxiliados pelas decisões presentes na instrução 113 da SUMOC (Superintendência
da Moeda e do Crédito), implementação realizada no ano de 1955, durante a administração do
Presidente Café Filho, o governo do Distrito Federal se adequa ao novo cenário de
investimentos estrangeiros implementados no país. No governo de Negrão de Lima, a
modernização na área de transportes da cidade do Rio de Janeiro, se inicia de forma visível,
tendo grandes projetos rodoviários que passam a organizar a movimentação interna da cidade
carioca (CAMPOS, 2010).

A partir deste momento as grandes multinacionais que começam a investir nesta


metrópole, se sentem aptas para iniciar um desenvolvimento amplo e contundente no que
tange à construção civil da cidade do Rio de Janeiro, tornando-se possível, a partir do início
dos 1960, a implementação de construções de grande porte no centro da cidade, para
acomodar filiais de companhias nacionais e internacionais, promovendo assim o que seria o
início da instalação de um dos mais importantes espaços de negócios e finanças em solo
nacional (CAMPOS, 2010).

A construção de edifícios datados da década de 1960, sofreram fortes influências


norte-americanas no que se refere ao projeto estrutural e arquitetônico que foram
implementados na construção de alguns dos edifícios ícones da arquitetura do centro da
cidade do Rio de Janeiro. Exemplificando esta influência, tem-se a construção do Edifício
Avenida Central, cuja inauguração data de Maio de 1961, um projeto do arquiteto Henrique
Mindlin, por solicitação da incorporadora e engenheira Dra. Regina Feigl. Toda a sua
percepção e elaboração, seguiram o modelo utilizado na Escola de Arquitetura e Urbanismo
de Chicago (DERBLI, 2006).

Tendo em vista este projeto, a grande maioria das construções datadas dos anos de
1960, seguiram características estruturais e arquitetônicas que utilizaram os padrões
estabelecidos pela escola estadunidense. Dentre as características mais importantes citam-se:
o maior aproveitamento possível da área do terreno, em que se utilizava uma fragmentação
volumétrica para que a estrutura no que se referia a geometria fosse feita a partir da figura de
prismas trapezoidais, permitindo desta forma, o estabelecimento de um limite de altura, que
recuperaria a volumetria da lâmina para a escala da cidade. A partir daí passou-se a utilizar a
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lâmina com um outro embasamento, com uma forma mais leve, que garantiria, para as
construções, maior permeabilidade. A característica mais inovadora destas lâminas que
passaram a fazer parte das construções desta década foi a assimetria apresentada por elas, uma
planta hexagonal sem paralelismo, que tem como objetivo minimizar as irregularidades da
volumetria dos edifícios (DERBLI, 2006).

Outra característica perceptível na estética dos edifícios, se refere a utilização de


materiais de origem de vidros, principalmente de vidros de dois planos, que devido a cidade
do Rio de Janeiro estar exposta a uma forte radiação solar minimizam os efeitos da insolação.
A utilização de vidros também possibilitaria uma integração estética dos espaços públicos
cariocas. Esta solução alinhada com a retomada da construção civil e arquitetura do pós
guerra, buscou resgatar os valores humanos e realizar uma renovação dos valores estéticos
frente aos desenvolvimentos tecnológicos que ocorriam simultaneamente, o que gerou uma
expectativa de mudança do caráter arquitetônico aplicado, que no fim das contas provou-se
verdadeiro (DERBLI, 2006).

Estruturalmente falando, a forte onda da verticalização das construções de grandes


edifícios, tomou conta da cidade do Rio de Janeiro, os prédios tornaram-se cada vez maiores e
estruturalmente mais complexos, a utilização de grandes longarinas verticais soldadas em suas
estruturas caracterizava o que estava sendo feito internacionalmente. Mais uma prova da
grande influência que a indústria de construção civil internacional, principalmente
norte-americana, tinha sobre o que estava sendo realizado na capital Fluminense. A
necessidade de um sistema eficaz contra incêndios, nestas construções, levou aos arquitetos
brasileiros adotarem o mesmo sistema que estava em vigor nos Estados Unidos, realizar a
imersão de elementos estruturais de aço em um invólucro de cimento e amianto, recobertos de
placas metálicas cuidadosamente ajustadas com o objetivo de tornar evidente a natureza do
material. Deve-se relembrar que devido aos efeitos nocivos à saúde que a substância amianto
causa, a sua utilização acabou caindo em desuso ao longo dos anos, entretanto, não se pode
ignorar que construções antigas continuam sob encargo desta substância e que deve-se estar
sempre alerta para eventuais problemas que podem ser causados (DERBLI, 2006).

Uma característica importante na planta dos pavimentos de escritório está no


engessamento das salas como módulos, estruturalmente não era mais interessante o
pensamento da planta livre, com escritórios abertos. O partido da planta por exemplo sugeriria
22

que cada sala do escritório fosse delimitada de forma clara e que possuísse um banheiro.
Outra estética era a utilização de salas com formas trapezoidais o que garante uma maior
utilização espacial e panoramicamente proporciona vistas que privilegiam cada vez mais o
espaço territorial em sua volta (DERBLI, 2006).

Os sistemas de refrigeração destas construções eram formados por tubulações de aço


galvanizado, tendo como aparelhos componentes destes sistemas as serpentinas de ventilação
(Fan Coils) e os refrigeradores (chillers), sendo este último composto por Compressores,
Condensadores, Dispositivos de Expansão e evaporadores. Os questionamentos que ficam são
de qual forma os sistemas de tubulações respondem ao surgimento de patologias comumente
encontradas nesses ambientes.

O que ficou evidente com esta grande mudança estética e estrutural que os anos de
1960 trouxeram para os novos edifícios da cidade do Rio de Janeiro, foi a transição que
ocorria em substituir a cultura do “observar” trazida pelos grandes cafés e centros de lazer que
estava implementada na cidade, imprimindo um tempo da cultura francesa do
"flâneur''(observador), das livrarias e dos chás da tarde por um novo projeto que substitui a
temporalidade verbal do “estar”, pelo “passar”, exemplificado pelos novos projetos de
construção que beneficiaram as facilidades e praticidades importantes para o dia a dia de uma
sociedade que vive em uma metrópole que a partir daquele momento estava mais interessada
em fazer negócios do que tomar um chá ao fim da tarde (DERBLI, 2006).

No que se refere a classificação dos edifícios, o Conselho Estadual do Meio Ambiente


(COEMA), estabelece uma tabela definindo o porte dos empreendimentos, obras ou
atividades relacionadas no rol de macro-atividades, que se dividem em 31 diferentes grupos,
seguindo os seguintes parâmetros: área total construída, faturamento bruto anual e número de
funcionários, a tabela 1, a seguir mostra a classificação de edifícios que foi descrita
anteriormente (DINÂMICA SISTEMAS, 2009).
23

Tabela 1: Classificação quanto ao porte de Construções Prediais Comerciais

Classificação Área total construída Faturamento Bruto Anual Nº de


m2 (UFIRCE) funcionários

Micro ≤ 250 ≤ 100.000 ≤6

Pequeno > 250 ≤ 1000 > 100.000 ≤ 200000 > 7 ≤ 50

Médio > 1000 ≤ 5000 > 200.000 ≤ 2.000.000 > 51 ≤ 100

Grande > 5000 ≤ 10000 > 2.000.000 ≤ 15.000.000 > 101 ≤ 500

Excepcional < 10000 < 15.000.000 < 501

Fonte : Dinâmica Sistemas, 2009

Essas grandes construções, que se iniciaram neste período de 1960, perpetuam-se até
os dias atuais. Os questionamentos que ficam dizem respeito a como que estruturalmente
essas construções antigas resistiram aos anos que se passaram. É coerente afirmar que em
aspectos estruturais é de crucial importância os estudos sobre como mitigar, evitar, reduzir ou
até mesmo acabar com os problemas de corrosão. É evidente que ao longo dos anos, métodos
mais modernos de construção e materiais mais tecnologicamente viáveis, que melhor atendem
às condições em cidades litorâneas, passaram a ser incorporados ao processo de engenharia da
construção.

2.2 SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO PREDIAL

Um edifício de grande porte localizado na cidade do Rio de Janeiro, cuja construção


data dos meados do século XX e que continua funcionando de forma contínua, atendendo a
um alto grau de circulação humana diariamente possui o mesmo sistema de refrigeração desde
sua construção. É inviável pensar em um prédio comercial sem um eficiente sistema de
refrigeração. Uma série de questões emanam a partir do momento que se pensa na instalação e
no posterior trabalho de manutenção que sistemas de refrigeração demandam para atender as
rígidas normas estabelecidas para fins de execução. A instalação de climatização de um
24

prédio não é considerada uma tarefa trivial, assim ao pensarmos em um ambiente, leva-se em
conta que deve ser feito um estudo dos equipamentos para saber os que melhor se adequam a
cada situação, porque é imprescindível ter em consideração o número de andares que possui o
local, a área em metros quadrado de cada andar, o tipo de material que são componentes da
parte interna da construção, a contingência humana que circula no determinado local, entre
outros fatores (PEDREIRA, 2008).

2.2.1 SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO CENTRAL

A complexidade da composição de um sistema de refrigeração se deve muito aos


componentes que o configuram. Existe uma infinidade destes componentes que podem fazer
parte de um sistema deste tipo, quanto mais complexo e quanto mais eficiente for, maior será
o número de equipamentos que irá compor este sistema (CORREIA, 2020).

É importante que se inicie falando a respeito de um sistema central de ar condicionado,


pois é a partir dele que componentes fundamentais irão ter suas funções definidas. Pode-se
destacar que, devido ao alto custo, estes sistemas são utilizados em grandes projetos de maior
complexidade, que ao longo prazo terão o seu custo benefício a partir da economia que se
obterá principalmente no setor de economia energética. Uma vez que os aparelhos que
compõem este sistema são de grande porte, na maioria dos casos as torres de refrigeração
estão localizadas no topo ou ao lado do Edifício. O condensador estará ligado à torre de
arrefecimento, sendo que a água chegará à temperatura ambiente juntamente com o gás
refrigerante, causando a diminuição da temperatura do gás antes de passar pelo compressor. O
sistema de refrigeração deve ser feito simultaneamente com a rede de tubulação, para que se
evite que a obra tenha que ser postergada por erros cometidos por falta de planejamento ao
realizar as duas etapas separadamente (CORREIA, 2020).

A seguir, serão abordados alguns equipamentos que são componentes de suma


importância para o desenvolvimento de um projeto de sistema de refrigeração que irá compor
uma construção de grande porte.
25

● Torre de Arrefecimento:
Uma torre de arrefecimento ou torre de resfriamento é um dispositivo de remoção de
calor utilizado para transferir o calor residual do processo para a atmosfera. As torres podem
usar a evaporação da água para remoção de calor no processo de resfriamento do fluido de
trabalho para perto da temperatura do bulbo úmido, ou utilizar o ar somente para resfriar o
fluido de trabalho para perto da temperatura de bulbo seco. Há variação nos tamanhos das
torres, desde pequenas unidades no topo de telhados até estruturas hiperbolóides que podem
chegar até 200 metros de altura e 100 metros de diâmetro, ou também estruturas retangulares
que podem medir mais de 40 metros de altura e 80 metros de comprimento (TERMOPARTS,
2021).
Em sua fabricação são utilizados diversos componentes como: enchimento filme
(também conhecido como “miolo” ou “recheio”), enchimento grade, eliminador de gotas,
árvore de distribuição, ventilador, motor, redutor, chave de vibração, bicos aspersores e outros
componentes. As aplicações mais comuns incluem o resfriamento da água que circula nas
refinarias de petróleo, indústrias químicas, estações de energia e refrigeração de edifícios
(TERMOPARTS, 2021). A figura 1 exemplifica o processo esquemático de funcionamento
da Torre de Resfriamento.

Figura 1: funcionamento de uma torre de resfriamento

Fonte: Torre de Resfriamento, 2019.


26

● Fan Coil (Serpentina de Ventilação)


Esse equipamento é formado por uma serpentina de cobre e alumínio em seu interior,
no qual haverá a circulação de água, um ventilador que possui motor e correias que captam o
ar do ambiente e que será conduzido a um sistema de filtros, posteriormente, passando pela
serpentina a uma temperatura inferior à temperatura ambiente. A seguir, acontecerá a
refrigeração e a devolução do ar ao ambiente externo, devidamente refrigerado e filtrado. Para
funcionar, o sistema faz uso de um fluido intermediário que pode ser somente a água gelada
ou misturada com etileno-glicol. Quando a água passa pelo Fan Coil, retira-se o calor que é
absorvido pela água, que é levada para o Chiller, realizando assim a climatização do
ambiente. No Chiller, ocorre a condensação na torre de arrefecimento para ocorrer o processo
de resfriamento e dar continuidade ao ciclo. Em caso de sistemas de menor porte, devem ser
utilizados trocadores de calor do tipo ar/ar (SWEGON NORTH AMERICA, 2020).
Equipamentos como o Fan Coil são recomendados para projetos que demandam uma
grande quantidade de cargas térmicas de dissipação, como, por exemplo, hospitais que
possuem grandes áreas de emergências, prédios comerciais de grande porte, bancos, etc. Ou
seja, sistemas de condensação de água como os Fan Coils, em grandes áreas como citado
anteriormente, são muito eficazes, tendo em vista que podem apresentar o dobro de eficiência
do que os demais condensadores (SWEGON NORTH AMERICA, 2020). A figura 2 está
representando o Fan Coil e o seu modo de operação para a captação da água fria.

Figura.2: Ilustração do funcionamento Sistema Fan Coil

Fonte: Eficiência Energética, Climatização e Refrigeração. 2019


27

● Chiller (Refrigerador)
Chillers são equipamentos de grande porte, alta tecnologia atribuída e com alto grau de
eficiência atrelado ao seu funcionamento. Eles são basicamente resfriadores de água que
trabalham produzindo água gelada que é utilizada com o objetivo de arrefecer o ar, produtos,
equipamentos e o que varia segundo a necessidade. A potência deste equipamento é medida
em Toneladas de Refrigeração (TR), possuem a capacidade de trabalhar em zonas de alta
variedade de temperatura podendo até mesmo trabalhar de forma considerável em
temperaturas negativas (TECNOGERA, 2020).

Figura.3: Ilustração dos componentes do Chiller

Fonte: A Geradora. 2014

Os chillers são formados de 4 componentes básicos, de um sistema de refrigeração:


compressor, condensador, dispositivo de expansão e o evaporador. A figura 3 acima
representa de forma minuciosa e exemplificada cada um dos 4 componentes básicos que
formam o Chiller e de forma esquemática demonstra como que ocorre o processo de
28

transformação de resfriamento da água. As funções de cada um desses equipamentos básicos


serão exemplificadas a seguir:

● Compressor
A função do compressor é aumentar a pressão do refrigerante, elevar a sua temperatura
e alterar seu ponto de condensação. No caso que está sendo descrito, a condensação se dá em
elevados números de temperatura e pressão. O compressor succiona o refrigerante na forma
de vapor a baixa pressão e temperatura, e o comprime aumentando sua pressão e temperatura.
Essa pressão se torna importante para a circulação deste refrigerante por todo o circuito de
refrigeração apresentado. A energia mecânica utilizada pelo compressor para aumentar a
pressão é convertida em energia calorífica (TECNOGERA, 2020).

● Condensador
O vapor quente do refrigerante a alta pressão e temperatura é descarregado no
condensador. Este consiste em um trocador de calor, cujo fluido refrigerante pode ser o ar ou a
água. Como a propagação do calor é tradicionalmente feita de uma substância com maior
temperatura para uma com menor temperatura, o calor latente que é absorvido pelo vapor no
processo de evaporação mais o calor sensível que é absorvido pelo vapor no processo de
compressão, é transferido para o ar ou para a água. Uma vez que a remoção do calor do
refrigerante é concluída, ele se condensa e retorna ao estado líquido, então o condensador
esfria o líquido antes de sair do mesmo e ir para a válvula de expansão (TECNOGERA,
2020).
● Dispositivo de Expansão
Na saída do líquido do condensador, passando através do dispositivo de expansão, a
pressão é reduzida e se iguala a pressão do evaporador. Nesta baixa pressão, uma porção de
líquido se evapora, esfriando a temperatura do líquido restante à temperatura de evaporação.
Sendo esta temperatura considerada abaixo da temperatura do ar ou da água requerida para o
resfriamento, o calor retirado pelo processo de evaporação do líquido refrigerante no
evaporador resfria o componente (TECNOGERA, 2020).

● Evaporador
O evaporador tem a função de resfriar o ar ambiente ou a água do chiller. O
refrigerante, no estado líquido, absorve o calor do ar ou da água, fazendo com que este se
evapore. O refrigerante no estado de vapor completa o circuito de refrigeração sendo
29

succionado novamente pelo compressor. No que se refere aos tipos de Chillers existentes, os
dois considerados principais, são os de condensação a água e os de condensação a ar. Ambos
oferecem vantagens como o baixo consumo de energia e uma capacidade considerável de
trabalhar em variáveis taxas de temperatura, além de possuir alta eficiência e vida útil
(TECNOGERA, 2020).

● Chiller de Condensação a água


São equipamentos com alto grau de versatilidade e economia. O seu funcionamento se
dá sem a presença de poluição sonora, e por este motivo são empregados em setores nos quais
o nível de ruído é fator preponderante. Os compressores mais empregados neste tipo de
equipamento são os compressores centrífugos e de parafuso. Sendo que os de parafuso são
encontrados em equipamentos variando de 100 TR à 600 TR em média. Já os com
compressores centrífugos são encontrados em equipamentos variando de 300 TR à 2000 TR
em média. A diferença principal entre o compressor parafuso e centrífugo está na capacidade
de refrigeração e eficiência do equipamento. Os compressores centrífugos são capazes de
atingir eficiências 20% superiores aos compressores parafusos, contudo, possuem um custo de
investimento inicial maior (TECNOGERA, 2020).

● Chiller de Condensação a ar
São equipamentos de grande robustez e durabilidade, utilizados em sistemas de
refrigeração industrial. A manutenção destes equipamentos é feita de forma mais simplificada
e centralizada. Os compressores normalmente utilizados são os de parafuso e Scroll. Os
compressores Scroll são encontrados em equipamentos variando de 12TR à 150TR em média,
e os compressores parafusos 100 TR à 350 TR em média. A diferença entre eles, está em sua
robustez e o custo do equipamento. Os compressores parafusos são mais robustos e possuem
menos partes que se desprendem, o que gera uma confiabilidade maior para o sistema. Em
contrapartida, possuem um custo maior de investimento inicial (TECNOGERA, 2020). A
figura 4 representa o funcionamento dos 2 tipos distintos de Chiller..
30

Figura.4: Ilustração do funcionamento dos dois tipos de Chiller

Fonte: Power Soluções em Engenharia, 2006.

Analisando os dois equipamentos descritos, a questão que pode ter surgido está na
diferença que possa existir entre ambos. O Chiller e o Fan Coil são duas partes do mesmo
sistema de refrigeração. O Chiller é o equipamento responsável pela produção de água gelada,
já o Fan Coil é o equipamento responsável pela recepção desta água gelada proveniente do
Chiller, que circula em sua serpentina interna e através de um sistema de ventilação interno,
força a passagem de ar pela serpentina, reduzindo a temperatura do ar e climatizando o
ambiente (TECNOGERA, 2020).

Figura 5: Ilustração do conjunto Chiller e Fan Coil em um Sistema

Fonte: Tecnogera. 2020


31

A figura 5 demonstra o conjunto Chiller e Fan Coil funcionando de forma esquemática


em um Sistema de Refrigeração Predial, nota-se que a água gelada que é produzida pelo
Chiller passa pelo sistema a través de válvulas que são responsáveis por fazer a água fria
circular por este sistema até chegar a Torre de Resfriamento. Ou seja, é importante salientar
que o sistema ocorre em um ciclo fechado no qual a Torre de Arrefecimento, o Chiller e o Fan
Coil atuam simultaneamente no ciclo, sendo o Chiller responsável pela produção da água
gelada e o Fan Coil o receptador dela, a qual ficará alocada na Torre de Resfriamento.

2.2.2 SISTEMAS DE TUBULAÇÃO HIDRÁULICA

De forma concisa e direta, define-se uma instalação hidráulica como a compreensão de


subsistemas de uma edificação para realizar, de forma correta, a captação, transporte e
armazenagem de fluidos. Uma instalação hidráulica, é formada pelas seguintes instalações:
de água fria, de água quente, esgotos sanitários, de água pluvial e de combate aos incêndios.
Nesta seção será tratada de forma mais profunda os sistemas de instalação de água fria que
são aqueles mais acarretados em grandes edificações, que permitem uma maior gama de
estudos no que se refere a sua implementação e cuidados em manutenção (PEREIRA, 2017).

2.2.2.1 INSTALAÇÕES DE ÁGUA FRIA

Compreendem ao conjunto de tubulações, dispositivos, equipamentos e reservatórios


que tem como objetivo abastecer os pontos de utilização de água em uma edificação. Quanto
à classificação dos sistemas de instalação hidráulica de água fria, eles podem ser: diretos,
indiretos, ou mistos (PEREIRA, 2017).

● Direto
São sistemas diretos, aqueles em que não se utilizam reservatórios e o abastecimento
de água é realizado diretamente da rede pública para os pontos de utilização. A vantagem
deste sistema está no seu baixo valor de custo, porém qualquer interrupção na rede levará a
falta de água na edificação (PEREIRA, 2017).

● Indireto
Neste sistema, utiliza-se o reservatório de água, garantindo o seu abastecimento
mesmo com a interrupção do fornecimento pela rede pública. O dimensionamento das caixas
32

d’água é feito por meio de cálculo de uso diário de acordo com o tipo de edificação e a
quantidade de pessoas que irão fazer uso deste abastecimento hídrico (PEREIRA, 2017).

● Misto
O abastecimento neste caso é realizado por ambos os sistemas, direto e indireto. O
sistema direto fica responsável por abastecer as torneiras externas, tanques e pontos de
utilização no térreo. Já o sistema indireto, fica encarregado por abastecer os demais pontos de
utilização, que não contam com pressão suficiente para o abastecimento direto de dispositivos
de higiene, como chuveiros e torneiras internas (PEREIRA, 2017).

2.2.2.2 RESERVATÓRIOS DE ÁGUA FRIA

Quando se trata de um sistema de abastecimento indireto, a utilização dos


reservatórios, quando ocorre a interrupção do abastecimento de água pelas vias públicas,
devem ser realizados os projetos de dimensionamento dos reservatórios ou caixas d’água das
edificações. Segundo a norma NBR 5626, a reserva de água fria deve garantir o fornecimento
de água para o mínimo de 24 horas conforme a quantidade e padrão de consumo de quem for
utilizar a água. Todavia, é comum encontrar projetos que consideram 48 horas devido às
condições das redes públicas e constante falta de água nas regiões que são dimensionadas. Os
reservatórios de água podem ser localizados em posições superiores ou inferiores à edificação,
de acordo com as necessidades de cada edificação (PEREIRA, 2017).

● Reservatório Superior
Este reservatório é tradicionalmente utilizado para garantir pressão na rede. Como ele
está localizado no local mais alto da edificação, normalmente na cobertura, a água chega com
a devida pressão nos pontos de utilização. Diferentemente do que é dito muitas vezes, a
pressão da água depende da altura do reservatório e não da vazão, como é confundido. Estes
reservatórios devem estar localizados próximos aos pontos de consumo, para diminuir o
número de conexões necessárias e a perda de carga, para garantir maior qualidade e menor
custo nas instalações. Podem ser moldados in loco, quando feitos de concreto ou alvenaria, ou
industrializados, produzidos por polietileno, fibrocimento ou metal (PEREIRA,2017).
33

● Reservatório Inferior
Este reservatório é utilizado quando a pressão da rede pública não é suficiente para
abastecer o reservatório superior. Isto ocorre geralmente nas edificações nas quais a altura
ultrapassa os 9 metros. Deve ser previsto um local para a instalação da casa de bombas que
conterá as bombas que serão utilizadas para o sistema elevatório de água (PEREIRA, 2017).

2.2.2.3 REDE DE DISTRIBUIÇÃO

A rede de distribuição de instalações de água fria é o conjunto de tubulações que


interligam os reservatórios de água aos pontos de utilização, por exemplo: as torneiras e os
vasos sanitários. A rede de distribuição é formada por (PEREIRA, 2017).

Barrilete: É o conjunto de tubulações que se originam no reservatório e abastecem as


colunas de distribuição;
Colunas de Distribuição: Derivam-se dos barriletes e alimentam os canais;
Ramais: Recebem a água das colunas e as distribui para os sub-ramais nos
pavimentos;
Sub-ramais: São as tubulações que alimentam diretamente as peças de utilização;

A figura 6, vem representando de forma esquemática o funcionamento e a instalação


de uma rede de distribuição da água fria em um edifício considerado de grande porte. A
primeira observação que se deve fazer é a respeito da presença de dois reservatórios de água
presentes no espaço superior e inferior do edifício, a partir destes reservatórios a distribuição
de água se dá através das colunas de distribuição presentes, que são formadas pelos barriletes
de entrada e saída de água, responsáveis pela intercomunicação e distribuição de água
realizada em todo o edifício, passando pela distribuição da água para os ramais e sub-ramais
do prédios, como por exemplo a receptação para lavatórios e hidrossanitários.
34

Figura.6: Instalação Hidráulica de água Fria

Fonte: Instalações Hidráulicas. Escola de Engenharia. 2017

2.3 SELEÇÃO DE MATERIAIS E DURABILIDADE

As tubulações presentes nos sistemas hidráulicos apresentam uma vida útil


pré-estabelecida, que pode ser estendida ou encurtada devido tanto ao tipo de material que a
constituem quanto às condições de utilização. Portanto, a durabilidade das tubulações
utilizadas em edifícios vai depender de uma série de fatores, cuja estimativa é difícil de ser
feita com precisão. Dentre esses fatores podem ser destacados (GNIPPER. 2020):

1) Natureza do material de tubos e conexões (PVC, cobre, aço galvanizado ou ferro


fundido);
2) Tipo de junta – solda, rosca com vedante, fusão pelo calor, fusão por adesivo
solvente e anel de borracha elástico;
3) Condições de exposição – embutido em alvenaria, dentro de argamassa de
contrapiso de laje, instalação aparente com ou sem a incidência da radiação solar,
sujeição a variações térmicas, sujeição a movimentações e acomodações
estruturais e sujeições a oscilações cíclicas de pressão interna;
35

4) Natureza química e temperatura do líquido transportado pela tubulação – água


potável clorada, água quente água fria, esgoto doméstico, águas pluviais;

A água potável disponibilizada para abastecer a rede urbana em certas localidades,


pode apresentar sais minerais dissolvidos que podem ser agressivos a certos materiais
utilizados para construir tubulações, concorrendo para a redução da vida útil destes. Este é o
caso da elevada concentração de carbonatos e bicarbonatos de cálcio e magnésio, e também
quando há a ocorrência de cloretos, oxigênio e cloro ativo livre, presentes em pequenas
concentrações (GNIPPER, 2020).

Ao analisarmos, especificamente, tubulações de aço galvanizado, que é um material


que passa pelo processo conhecido como galvanização, no qual o aço recebe um revestimento
de zinco com uma camada bem fina que proporciona maior resistência contra a corrosão
(TUBOS ABC, 2020). Pode-se dizer que estes componentes citados anteriormente tornam-se
agressivos ao longo do tempo de operação. Ademais, por exemplo,dois tubos deste mesmo
material, com a mesma marca e lote de fabricação, poderão ter durabilidades diferentes ao
conduzirem água com natureza salinas diferenciadas. Estudos mostraram que tubulações de
aço galvanizado instaladas na área da região serrana do Rio de Janeiro apresentam, em média,
18 anos de vida útil, enquanto que na cidade de Curitiba e região metropolitana, este tempo
estimado é de apenas 8 anos. Todavia há tubulações de aço carbono galvanizado presente
nesta região, cuja vida útil ultrapassa e muito os 8 anos, chegando até há 25 anos de duração
apresentando bom desempenho, este fato pode ser explicado através da boa espessura e
qualidade da camada protetora de zinco, aplicada à quente (a chamada galvanização), nestes
tubos, e a formação natural de uma camada externa protetora e isolante de óxido de zinco, de
aparência esbranquiçada, que isolou as superfícies externas da tubulação com o contato direto
da argamassa da alvenaria ou reboco, de natureza química agressiva. Sendo a função da
camada esbranquiçada de óxido de zinco, proteger a superfície externa da tubulação de aço
embutida em argamassa (GNIPPER. 2020). A figura 7 demonstra todo o processo que foi
explicado acima:
36

Figura 7: Representação da ação protetora da camada de óxido de zinco na tubulação.

Fonte: Gnipper, 2020

Um fator que acelera de forma acentuada a degradação de tubos de aço carbono


galvanizado e conexões de ferro maleável galvanizado é o chamado “par galvânico” ou “pilha
galvânica”. Quando estes materiais são colocados em contato direto com outro tubo metálico,
de natureza eletroquímica distinta, em presença de água (como é o caso do cobre), surge uma
corrente elétrica de baixa voltagem, na região de contato destes metais diferentes, como
ocorre com uma pilha ou bateria elétrica. Esse processo é responsável por originar reações
químicas de degradação do metal menos nobre, causando um processo corrosivo nas
tubulações galvânicas (GNIPPER, 2020). A figura 8 mostra o par galvânico, resultante do
contato direto da tubulação de cobre, com a tubulação de aço galvanizado, causando corrosão
no aço e consequentes vazamentos.
37

Figura 8: Formação da pilha galvânica no contato entre as tubulações de cobre e aço galvanizado.

Fonte: Gnipper, 2020

Os tubos metálicos historicamente foram os primeiros produzidos em escala industrial


e, portanto, têm desempenho bem conhecido. São mais empregados em instalações prediais os
tubos de aço carbono com conexões rosqueadas de ferro fundido maleável, ambos geralmente
zincados por imersão a quente (galvanizados), e os tubos de cobre com conexões soldadas de
cobre e/ou rosqueadas de bronze/latão. Foram recentemente introduzidos no mercado tubos
semi-flexíveis de alumínio com revestimento interno e externo constituído por uma camada
plástica (GNIPPER, 2020).

Os tubos metálicos são especialmente indicados para uso em funções onde ficarão
submetidos a elevadas pressões, como é o caso das tubulações da rede de hidrantes de
incêndio e da tubulação de recalque, que conduz água potável desde as bombas hidráulicas da
cisterna até o reservatório elevado do edifício. Também são empregadas em edifícios altos
para levar água potável do reservatório elevado até as válvulas redutoras de pressão.
Tubulações de cobre são especialmente indicadas para a condução de água quente em razão
de sua estabilidade química e dimensional. Tubos e conexões galvanizadas são muito
suscetíveis à corrosão quando a temperatura da água em seu interior ultrapassa os 50°C. Já os
tubos de PVC marrom apresentam acentuada queda na resistência à pressão e enorme
dilatação térmica ao conduzirem água quente, sendo, em consequência, contra indicados
nesses casos (GNIPPER, 2020).

2.3.1 PROBLEMAS E PATOLOGIAS

O aparecimento de problemas em edificações é um motivo delicado e que causa


bastante cautela desde que o processo de construções de grande porte começou a ser
38

alavancado na indústria da construção civil. Relatos que figuram da data de 1772 a.C.,
mostram que o código de Hamurabi, baseado nas leis de Talião, já demonstravam a nítida
preocupação com possíveis colapsos que podiam ocorrer em edificações, cabendo ao
construtor a total responsabilidade pela construção e também por possíveis acidentes que
viessem a ocorrer, devendo este em muitos casos, pagar com a própria vida pelos
acontecimentos (LICHTENSTEIN,1985).
Sendo o oposto do que ocorre com um sistema estrutural, que não sofre de forma
incisiva os efeitos de problemas com a falta de manutenção, discrepâncias presentes no
projeto, execução e outras falhas construtivas, um sistema hidráulico de uma edificação
exemplifica rapidamente os danos pelos quais estão sendo vitimizados, como, por exemplo,
na forma de vazamentos, mofos, mal cheiro e aumento na conta de fornecimento de água.
Desta forma é imprescindível que os sistemas hidráulicos sejam tema de grande preocupação
no que se refere à implementação e posterior manutenção. De acordo com alguns estudos
realizados, estima-se que 75% das patologias das construções, são decorrentes de problemas
relacionados às instalações hidráulicas prediais. O que apenas ratifica que o controle desse
subsistema é fundamental (CARVALHO, 2013).
As tubulações de aço galvanizado foram as que predominaram por grande parte do
tempo nas edificações de alto porte nos sistemas de água fria, possuem como características
boa resistência mecânica, resistência ao fogo e longo tempo de vida útil de trabalho.
Conquanto, por ter como prerrogativa uma série de cuidados adicionais, principalmente no
que diz respeito ao trabalho de manutenção, visando evitar e combater patologias presentes
nas tubulações, principalmente causados pela corrosão, comparando com outros tipos de
materiais que surgiram no mercado, esses tipos de tubulações começaram a cair em desuso
perdendo espaço para tubulações como o PVC (CARVALHO, 2013).
Entretanto, mesmo com a queda exponencial da utilização de tubulações de aço
galvânico, as tubulações antigas permaneceram nas edificações já consolidadas, portanto
problemas com tais materiais ainda são comuns. O inconveniente primordial encontrado é de
natureza corrosiva, que causa vazamentos que danificam a estrutura, instalações elétricas e
móveis em geral. Há também a possibilidade de entupimentos, que causam um obstáculo na
vazão hídrica, consequentemente causando queda na pressão. Ainda pode ocorrer a
proliferação de substâncias nocivas à saúde na água (TAJCHMAN, 1985).
39

2.4 TUBULAÇÕES GALVÂNICAS

Os tubos galvanizados são tubos compostos de um aço no qual passa por um processo
denominado de galvanização. Esse processo, conhecido como Galvanização por imersão a
quente, resume-se ao mergulho do aço em zinco fundido dentro de uma cuba, onde a
temperatura se encontra aproximadamente entre 445°C e 465°C e com tempo de imersão
podendo variar entre 10 a 300 segundos. O contato do tubo com o zinco fundido desencadeia
uma reação entre o aço e o zinco, formando assim uma camada intermetálica, originando o
revestimento protetor (DA CUNHA, 2021)

As características e qualidades do revestimento estão diretamente ligadas com as


condições de imersão, como, por exemplo, a temperatura e o tempo que o aço permanece no
banho, a composição química do aço a ser utilizado e o tempo de resfriamento do material.
Esses fatores influenciam tanto nas composições das fases quanto na espessura da camada de
revestimento (DA CUNHA, 2021).

2.4.1 PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE DO AÇO

Esta etapa é tão importante quanto a imersão a quente, devido às características do


zinco de não desencadear as reações desejadas com uma superfície que não esteja
devidamente tratada e limpa. Para uma limpeza eficiente, são utilizados três tipos de
processos: desengraxe, decapagem e fluxagem. No final de cada um desses processos, é feita
a lavagem do material. (DA CUNHA, 2021)

Desengraxe: Processo designado para a remoção de gorduras, óleos entre outras


substâncias saponificantes presentes no aço. (DA CUNHA, 2021)
Decapagem: Processo no qual ocorre a retirada de óxidos de ferro que estão presentes
no material, pode ser feito através de soluções ácidas como por exemplo o ácido clorídrico
(HCl) e ácido sulfúrico (H2SO4) (DA CUNHA, 2021).
Fluxagem: Pode ser realizado via 2 processos, seco e úmido, ambos utilizando sal
duplo de cloreto de zinco e amônio (ZnCl2 e NH4Cl). No processo a seco o material é
submergido em uma solução fluxante, resultando na criação de uma película seca de fluxante
sobre sua superfície, a temperatura e a concentração da solução são cabíveis de variação
dependendo das características de cada processo. Outro fator que deve total atenção é a
secagem, na qual deve ser controlada não podendo ultrapassar a temperatura de 150°C para
40

que não ocorra a volatização excessiva do fluxo. Em termos gerais, a secagem é feita em uma
estufa para evitar choques térmicos e possíveis respingos. No processo úmido, o material é
imerso lentamente num banho de sais fundidos. À proporção que o material é imerso no
banho, as impurezas sobre este, vão se esvaindo e sendo dissolvidos. (DA CUNHA, 2021). A
figura 9 representa, esquematicamente, cada uma das etapas necessárias para a preparação da
superfície do aço.

Figura 9: Processo de Fluxagem úmido

Fonte: DA CUNHA, (2012)

2.4.2 GALVANIZAÇÃO POR IMERSÃO À QUENTE

A galvanização por imersão à quente consiste em imergir o material em uma cuba


contendo zinco fundido em uma temperatura mantida entre 445°C-465°C, onde haverá a
reação do ferro com o zinco fundido, formando as camadas intermetálicas que irão compor o
revestimento. Temperaturas superiores a 470°C intensificam as reações entre o aço e o zinco,
gerando mais intermetálicos, com o risco de ocasionar ataque excessivo às paredes da cuba de
galvanização, interferência na aderência da camada, perdas devido à formação de borras na
superfície e maior consumo de energia (DA CUNHA, 2021).

A camada de zinco que surge nos revestimentos de aço galvanizado por imersão à
quente é composta por fases intermetálicas intermediárias com teores distintos de ferro e
zinco diferente em cada uma delas, sendo respectivamente: fase Gama (Γ) 75% Zn- 25%Fe,
fase Delta (δ) 90% Zn - 10% Fe, Zeta (ζ) 90% Zn - 10% Fe e Eta (η) 100% Zn, a figura 10 a
seguir mostra o diagrama de fases Fe-Zn para elucidar as composições e temperaturas
referentes a cada uma das fases citadas acima. A qualidade do revestimento, composição das
fases e espessura dependerão do controle das reações entre o zinco e o ferro do aço, por meio
41

da: temperatura do banho, tempo de imersão, composição química do banho de zinco e do


aço, sistema de saída da peça, velocidade da linha de galvanização e resfriamento do material
(DA CUNHA, 2021).

Figura 10: Diagrama de fases Fe-Zn

Fonte: Han et al., 2018

A variação do tempo de imersão ocorre entre 10 e 300 segundos, dependendo das


características de cada peça a ser galvanizada. A composição química do banho e do material
a ser galvanizado também deve ser controlada, pois afeta a reação entre o aço e o zinco. O
material deve ser aquecido de forma rápida para que cesse o crescimento das camadas
intermetálicas do revestimento. (DA CUNHA, 2021)

O aço galvanizado à quente é caracterizado por possuir uma alta diversificação de


utilidade nos ambientes, e oferece resistência à corrosão que apresenta, em geral, ótima
performance, resistindo por bastante tempo. A resistência do material que passa por este
processo, vai depender diretamente do ambiente ao qual este estará exposto. Para uma
estimativa de vida útil, as medições das taxas de consumo real de revestimento, durante os
primeiros anos de utilização, podem fornecer dados de grande utilidade. À medida que os
produtos de corrosão do zinco são depositados na superfície, que em grande parte são
aderentes e levemente insolúveis, a taxa de corrosão tende a diminuir com o avanço do tempo
(DA CUNHA, 2021).
42

O desempenho do aço galvanizado, quando exposto à atmosfera, dependerá de 5


fatores: temperatura, umidade, precipitação, concentração de dióxido de enxofre e salinidade
do ar. O tempo para a primeira manutenção é definido a partir de 5% de presença de corrosão
na superfície do aço base. Embora, com 95% de revestimento ainda intacto, a manutenção é
recomendada para prolongar o tempo de vida útil da estrutura. A figura 11, representa um
gráfico de estimativa de tempo para a primeira manutenção, observa-se que, mesmo em
atmosferas industriais, aços galvanizados por imersão à quente, não é possível garantir o
tempo de vida útil exato, esta informação depende da espessura do revestimento e da taxa de
corrosão (DA CUNHA, 2021).

Figura 11: Estimativa de tempo de vida útil de materiais galvanizados.

Fonte: Adaptado de American Galvanizers Association. 2012.

2.5 CORROSÃO

Define-se corrosão como a deterioração de um material, na maioria dos casos de


origem metálica, por ação química ou eletroquímica do meio ambiente utilizando ou não
esforços mecânicos (GENTIL,1996). Quando ocorre a deterioração causada pela interação
físico-química entre o material e seu meio operacional representa alterações nos materiais que
não são desejados, sofridos pelo material, tais como desgaste, variações químicas ou
modificações estruturais, tornando-o inacessível para o uso. A corrosão é um fenômeno
caracterizado pela sua espontaneidade, desta forma, está constantemente expondo os materiais
metálicos por um processo de transformação, de modo que a durabilidade e o desempenho dos
mesmos deixam de ser úteis para os seus objetivos finais. Em aspectos gerais é imensurável a
importância transcendental que este fenômeno tem no que se refere à modernidade presente
nas práticas industriais de engenharia que são utilizadas, que não se pode prescindir dos
metais e suas ligas. No que se refere às ligas metálicas, elas estão presentes nas estruturas
metálicas enterradas ou submersas, tais como minerodutos, oleodutos, gasodutos, adutoras,
43

cabos de comunicação e de energia elétrica, píeres de atracação de embarcação e tanques de


armazenamento de combustíveis, tais como: gasolina, álcool e óleo diesel e emissários de
submarinos. Essas ligas abrangem-se por diversas indústrias, tais como a indústria de
transportes e de telecomunicações (GENTIL,1996).

2.5.1 A SPECTOS ENERGÉTICOS

Vale destacar no contexto da corrosão a importância do ganho ou perda de energia


durante o processo corrosivo e a obtenção de um metal na forma reduzida ou pura. Sabe-se
que a obtenção de um metal se faz através da adição de uma certa quantidade de energia, que
será obtida através de processos metalúrgicos que seguem a expressão a seguir:

Composto + Energia ⇄ Metal (1)

A figura 12 exemplifica a equação 1, uma vez que é possível perceber o ciclo reverso
que há entre a metalurgia e a corrosão. Basicamente, a metalurgia, com o auxílio do ganho de
energia, é responsável pela transformação do minério de ferro no metal, ao passo que,
inversamente, o processo corrosivo, aliada à perda de energia, transforma este metal
novamente em sua matéria prima, o minério de ferro.

Figura 12: Representação do Ciclo de Metais entre a Metalurgia e Corrosão.

Fonte: Vento - 2014


44

A Corrosão representa o processo inverso ao processo de obtenção metalúrgica. Como


exemplos que caracterizam este consumo energético, podem-se citar os seguintes:

1- A redução térmica do minério de ferro que utiliza o consumo de carbono, sob


a forma de carvão e de combustível, para que a temperatura de redução de 1600°C
(aproximadamente), seja alcançada.

Fe2O3(s)+3C(g) ⇁ 2Fe(s) + 3CO(g) (2)

FeO3(s) +3CO(g) ⇁ 2Fe(s) + 3CO2 (g) (3)

2 Redução Eletrolítica de Alumina, Al ₂O₃, para a obtenção do alumínio


utilizando-se a criolita, fluoreto de alumínio e sódio, Na3AlF6, como eletrólito e
fundente.

(4)

Além da energia que é requisitada para a transformação que conduz ao metal, uma
parcela considerável de energia é perdida, tanto pelo processo de irradiação como pelo
processo de convecção. Como resultado da própria obtenção, sabe-se que os metais em sua
forma de maior refino, estão em um nível energético superior ao do composto do qual é
originário. Exceto os metais nobres que são encontrados na natureza na forma metálica. Daí
então, temos a razão termodinâmica da espontaneidade das reações de corrosão que
transformam os metais novamente em compostos, num processo inverso ao metalúrgico. A
energia liberada desta transformação é perdida para o meio ambiente (GENTIL, 1996).

Em contrapartida, para manter a proteção dos metais contra a corrosão em um nível


satisfatório, há a necessidade de uma parcela adicional de energia, a qual pode ser aplicada de
diversas formas, que vai depender da condição de emprego e obtenção do metal. Essa energia
adicional pode ser exemplificada por revestimentos protetores, inibidores de corrosão,
proteções catódicas e anódicas (GENTIL, 1996).
45

2.5.2 OXIDAÇÃO-REDUÇÃO

A oxidação e a redução são fenômenos que ocorrem simultaneamente, em reações nas


quais existem a transferência de elétrons entre os átomos. Esse fenômeno também é
conhecido como: oxirredução ou reações redox. A oxidação ocorre quando um elemento ou
composto perde elétrons e o seu número de oxidação (Nox), aumenta, sendo este a carga
elétrica que o elemento adquire quando faz uma ligação iônica ou o caráter parcial que ele
adquire quando faz uma ligação predominantemente covalente. Já a redução ocorre quando o
elemento ou composto ganha elétrons e o seu número de oxidação diminui (UFPR, 2019).

Para exemplificar estes conceitos, considera-se a formação do sal de cozinha (Cloreto


de Sódio – NaCl), em que o sódio cede 1 elétron para o cloro, formando o cátion Na+,,
sofrendo oxidação, pois perdeu 1 elétron, e o seu Nox aumenta para +1. Simultaneamente, o
cloro recebe 1 elétron formando o ânion cloreto (Cl-), sofrendo redução, pois seu Nox passou
de zero para -1. A equação 5 ilustra a reação de síntese química do Cloreto de Sódio a partir
do sódio metálico e o gás cloro, demonstrando os fenômenos de oxidação e redução que
ocorrem (UFPR, 2019):

2 Na0(s) + 1 Cl20(g) → 2 Na+1Cl -1(s) (5)

Neste exemplo, o sódio é chamado de agente redutor, pois foi ele quem forneceu o
elétron para o cloro, provocando a sua redução; já o cloro é o agente oxidante, pois ele é o
responsável pela oxidação do sódio, recebendo o elétron dele.

2.5.3 POTENCIAL DE ELETRODO


O potencial de eletrodo de uma espécie consiste na tendência desta mesma espécie em
doar ou receber elétrons. Como essa grandeza depende da interação entre as espécies, ela não
pode ser medida de maneira absoluta, então os valores convencionais utilizados são
calculados em relação a um padrão, que é o potencial do eletrodo de hidrogênio (WOLYNEC,
2003). . Não é possível medir diretamente o potencial do eletrodo, uma vez que qualquer
medida levaria ao fechamento do circuito com o eletrólito, introduzindo-se deste modo uma
outra meia pilha. A figura 13 é um desenho esquemático de um eletrodo de H2, em uma
solução aquosa de ácido sulfúrico 1,0 Molar (M) (PORTO EDITORA, 2014).
46

Figura 13: Esquema de um eletrodo de H2.

Fonte: UFPR, 2019.

Um potencial de eletrodo padrão é constituído de um fio de platina, coberto com a


própria platina, finamente dividida, que passa por um processo de adsorção quando em
contato com grande quantidade de hidrogênio, agindo como se fosse um eletrodo de
hidrogênio. O símbolo do potencial de eletrodo padrão é E°, e o seu valor padrão para uma
pilha de hidrogênio é zero. Usado em uma solução de 1 molar (M) na temperatura de 25°C. A
figura 14 representa a disposição dos componentes para a medição do potencial de referência
(UFRP, 2019):
47

Figura 14: Esquema de obtenção do potencial de referência padrão

Fonte: UFPR, 2019.

A partir da análise do potencial do eletrodo, é possível obter uma série eletromotriz,


que consiste numa série de elementos químicos dispostos por ordem dos seus potenciais de
eletrodo. Visto que o eletrodo de hidrogênio é tomado como tendo potencial de eletrodo zero,
os elementos que possuem maior tendência que o hidrogênio para perder elétrons para as suas
soluções são considerados eletropositivos. Aqueles que ganham elétrons das suas soluções
estão abaixo do hidrogênio na série e são designados eletronegativos. A série indica a ordem
segundo a qual um metal desloca outro nos seus sais. Os metais eletropositivos deslocam o
hidrogênio dos ácidos (PORTO EDITORA, 2014). A tabela 2 apresenta uma série
Eletromotriz, com o potencial padrão de diferentes tipos de metais:
48

Tabela 2: Série Eletromotriz – Potencial padrão de Oxidação dos Metais

Fonte: UNIFOR (2019).

2.5.4 FORMAS CORROSIVAS

A corrosão ocorre de diversas formas, e seu conhecimento é fundamental para o


estudo dos processos corrosivos. Os aspectos de corrosão podem ser apresentados levando-se
em conta a aparência ou o modo de ataque e as diferentes causas de corrosão e os seus
mecanismos. Desta maneira a corrosão pode se apresentar segundo: (GENTIL, 1996):

A morfologia: No que diz respeito à morfologia, a corrosão pode ser classificada


como uniforme, pitting, intergranular, transgranular, filiforme, empolamento pelo hidrogênio,
em torno do cordão de solda.

As causas ou os mecanismos: Por aeração diferencial, eletrolítica ou por correntes de


fuga, galvânica, associada a solicitações mecânicas (corrosão sob tensão fraturante), em torno
de cordão de solda, seletiva (gratifica ou dezincificação), empolamento ou fragilização por
hidrogênio. (GENTIL, 1996)

O meio corrosivo: Atmosférica, pelo solo, induzida pelos microrganismos, pela água
do mar, por sais fundidos, etc.
49

A localização do ataque: Por pite, uniforme, intergranular, transgranular, etc.

A caracterização da forma de corrosão auxilia bastante no esclarecimento do


mecanismo e na aplicação de medidas adequadas de proteção. A figura 15 exemplifica os
diversos tipos de diferentes de corrosão que foram colocados acima:

Figura 15: Apresentação de formas corrosivas mais comuns.

Fonte: Gentil. 1996.

2.5.5 MEIOS CORROSIVOS

É importante salientar a importância que representa a natureza do meio corrosivo que


se encontra na imediata aproximação da superfície metálica. Assim, no caso de trocadores de
calor, o meio corrosivo vai apresentar uma temperatura mais elevada na parte em contato
imediato com a superfície metálica dos tubos. Tal fato, pode levar a uma decomposição, nesta
região, dos produtos usados para tratamento de água, como no caso de polifosfatos que, por
50

elevação de temperatura, sofrem reversão para fosfatos, podendo ser depositados nos tubos,
fosfato de cálcio. Outro fato que evidencia a importância do meio na imediata proximidade da
superfície metálica, é o caso do crescimento do pite por ação auto catalítica. É evidente
também, que no caso do material reagir com o meio corrosivo e formar uma película
passivadora, essa irá influenciar na posterior ação corrosiva do meio (GENTIL, 1996).

2.5.5.1 A TMOSFERA

A ação corrosiva da atmosfera é influenciada pela poeira, gases e umidade. A poeira


existente na atmosfera, pode ser considerada mais corrosiva, ao levar-se em conta os seguintes
fatores: a deposição de material não metálico, criando condições de aeração diferencial;
deposição de substâncias que retêm umidade; deposição de material metálico, criando pilhas
de eletrodos diferentes, por exemplo, as atmosferas industriais apresentam partículas de
carbono e compostos de carbono, óxidos metálicos, óxidos de enxofre e outros sais em
suspensão. A combinação dessas substâncias com a umidade, inicia o processo corrosivo,
formando pilhas galvânicas ou de aeração diferencial. Ou formam um eletrólito na superfície
metálica (ENESSUL, 2019).

2.5.5.2 ÁGUAS NATURAIS

Os materiais metálicos em contato com a água, estão propícios há a ocorrência do


processo corrosivo, o qual vai depender de diversas substâncias que podem estar
contaminando a água, que são os gases dissolvidos, os sais dissolvidos, a matéria orgânica de
origem animal ou vegetal, bactérias e algas. Também devem-se ser levados em consideração,
o ph da água, a velocidade de escoamento e a temperatura. Dentre os agentes corrosivos
naturais, a água do mar é um dos mais energéticos, pois contendo concentrações elevadas de
sais, funciona como um eletrólito forte, tornando viável um processo de corrosão
eletroquímico rápido (ENESSUL, 2019).

2.5.5.3 SOLOS

O comportamento do solo como meio corrosivo deve ser considerado de grande


importância, levando-se em consideração as enormes extensões de oleodutos, gasodutos,
cabos telefônicos e tubulações de água que exigem um controle rigoroso de manutenção para
evitar corrosão acelerada. A velocidade de corrosão no solo não é muito influenciada por
pequenas variações na composição ou estrutura do aço. O que vai influenciar mais é a
51

natureza do solo. Assim, destacam-se os seguintes fatores: porosidade (aeração),


condutividade elétrica, sais dissolvidos, umidade, corrente de fuga, pH e bactérias.

2.6 CORROSÃO GALVÂNICA

Tendo em consideração dois materiais metálicos, com diferentes potenciais, que estão
em contato em presença de um eletrólito, ocorre uma diferença de potencial e a consequente
transferência de elétrons. Desta forma tem-se a corrosão galvânica, que resulta do
acoplamento de materiais metálicos dissimilares imersos em um eletrólito, causando uma
transferência de carga elétrica de um para outro, por terem potenciais elétricos diferentes. Esta
se caracteriza por ser um tipo de corrosão localizada, próxima à região de acoplamento,
ocasionando profundas perfurações no material metálico que funciona como anodo. Quando
diversos materiais metálicos de potenciais elétricos diferentes estão em contato, a corrosão do
material metálico que funciona como anodo é muito mais proeminente que a corrosão isolada
desse material sob a ação do mesmo meio corrosivo. A corrosão do material que funciona
como catodo é muito mais baixa e acentuadamente menor do que a que ocorre quando o
material sofre corrosão isolada (GENTIL, 1996).

2.6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS - MECANISMOS

A corrosão galvânica ocorre quando se tem um metal colocado em uma solução


contendo íons, facilmente redutíveis, de um metal que seja catódico em relação ao primeiro.
Pode-se citar como exemplo as tubulações de alumínio em presença de sais, que sofrem
corrosão localizada, produzindo pites. Além deste ataque inicial o metal formado se deposita
sobre a superfície de alumínio e cria uma série de micropilhas galvânicas, nas quais o
alumínio funciona como anodo, sofrendo corrosão acentuada. Casos envolvendo este
mecanismo são observados em: Trocadores ou permutadores de calor, com feixe de tubos de
alumínio; A presença de pequenas concentrações de Cobre na água de refrigeração ocasiona,
perfurações nos tubos; Tubos de caldeira onde acontecem depósitos de cobre ou óxido de
cobre. Isto ocorre porque a água de alimentação da caldeira pode conter íons de cobre, cobre
metálicos ou às suas ligas. Estes são originados de contaminações na água de alimentação por
substâncias usadas durante o processamento ou pelo emprego de rotores ou impelidores de
bombas, que sofrem ação mecânica de erosão ou cavitação, sendo as partículas metálicas
arrastadas para o interior da caldeira (GENTIL, 1996);
52

Tanques de aço carbono ou de aço galvanizado, a corrosão galvânica é ocasionada pela


presença do cobre ou compostos originados pela ação corrosiva ou erosiva sobre a tubulação
de cobre que alimenta o tanque. Por isso, sempre que necessário deve-se evitar que um fluido
circule por um material metálico catódico que antes de circular por um que lhe seja anódico.
Um fator importante na corrosão galvânica É a relação entre a área anódica e catódica, se a
relação entre a área anódica e catódica for muito maior que 1, isto é, a área catódica menor em
relação a área anódica, a corrosão não será tão prejudicial. Porém, no caso contrário, a
corrosão será tão mais intensa quanto maior for a razão entre as áreas, pois tem-se uma alta
densidade de corrente na parte do metal, ânodo, que está sendo corroída. Desta forma, quando
necessário, é mais indicado o uso de parafusos e rebites de material metálico catódico, em
uma estrutura que seja anódica, do que o caso inverso.

2.7 CORROSÃO ELETROLÍTICA

Nos dois casos de corrosão que foram exemplificados anteriormente, tratavam-se de


processos eletroquímicos espontâneos, do qual as diferenças de potencial se originavam dos
potenciais próprios dos materiais metálicos envolvidos no processo corrosivo. Todavia,
existem correntes ocasionadas por potenciais externos que produzem casos severos de
corrosão. Tubulações enterradas, como por exemplo, oleodutos, gasodutos, adutoras,
minerodutos e cabos telefônico estão frequentemente expostos a estes casos devido às
correntes elétricas de interferência que que descartam o seu circuito normal para fluir pelo
solo ou pela água. Essas correntes elétricas são também chamadas de fuga, estranhas,
parasitas ou espúrias. No caso de atingirem instalações metálicas enterradas, ocasionam
corrosão nas áreas em que acontecem o abandono dessas instalações para retomar o circuito
original através do solo ou da água. Como as grandezas destas correntes são de valor maior do
que as originadas na própria estrutura metálica, em função das heterogeneidades dela ou do
meio, a corrosão verificada pode agir de forma muito rápida. Sendo este tipo de corrosão
conhecida como corrosão de eletrólise ou eletrolítica, e pode ser definida como a deterioração
da superfície externa de um metal forçado a trabalhar como um anodo ativo de uma célula ou
pilha eletrolítica (GENTIL, 1996).

Geralmente as áreas corroídas se apresentam como produto de corrosão de baixa


aderência ou mesmo livre deste. Como trata-se de uma forma de corrosão localizada, em
pouco tempo ocorrerá a perfuração da parede metálica, desta forma, causando vazamentos. As
correntes de fuga que produzem maiores danos são as de correntes contínuas ou alternadas de
53

baixa frequência, estima-se que uma corrente alternada de aproximadamente 60 ciclos, case
cerca de 1% do dano produzido por uma corrente contínua equivalente. As principais fontes
são sistemas de tração elétrica, instalações de soldas elétricas ou de eletrodeposição e
sistemas de proteção catódica. Estas correntes são devidas à deficiência de isolamento de
alguma parte de um circuito que se encontra com um potencial diferente do meio. Como a
resistência dos metais é muito menor do que a resistência do solo e da água, as estruturas
metálicas enterradas ou imersas, constituem um novo circuito por onde passam as correntes
de fuga.

2.8 COMBATE À CORROSÃO

A importância do conhecimento de todo o processo de corrosão é de suma importância


para se ter as rédeas efetivas de suas reações. A corrosão e o controle desta não podem ser
analisadas de maneiras separadas, mas sim como um todo. É de suma relevância levar em
consideração as variáveis dependentes do material metálico em questão. A análise desses
parâmetros em conjunto com as reações corrosivas poderá determinar o material mais
adequado para cada cenário. A corrosão pode afetar não só a integridade física dos materiais
mas também pode causar prejuízos diretos e indiretos na economia. Tais inconvenientes
podem ser a substituição de peças ou equipamentos corroídos, contaminação que ocasionar a
perda de produtos, a necessidade da utilização de manutenções preventivas, redução
significativa da eficiência do equipamento corroído e superdimensionamento de projetos
(GENTIL, 1996).

O processo de corrosão dos metais, é responsável por causar anualmente grandes


prejuízos econômicos para a sociedade, objetos metálicos que fazem parte das casas são
perdidos, como por exemplo utensílios eletrodomésticos. Nas indústrias, equipamentos e
máquinas industriais necessitam receber manutenção ou serem substituídos. Há ainda o risco
de vazamentos de materiais poluentes para o meio ambiente, em virtude da corrosão presente
em tubulações e tanques, além, do que se torna mais grave, a ocorrência de acidentes
causados por estas falhas. Calcula-se que 30% de todo o aço que é produzido em escala
mundial, (liga metálica feita de aproximadamente 98,5% de ferro, 0,5% a 17% de carbono e
traços de silício, enxofre e fósforo), é produzido apenas para a reposição de equipamentos e
objetos que perderam a sua vida útil devido ao processo de corrosão pelo qual passaram
(FOGAÇA, 2021).
54

No que se refere ao impacto econômico da corrosão, ao analisar o panorama


internacional, as consequências chega-se ao dado de que a economia dos Estados Unidos
gasta por ano com impactos da corrosão de aproximadamente US $300 bilhões por ano.
Aproximadamente um terço desses custos podem ser reduzidos pelo investimento em uma
aplicação mais robusta de matérias mais resistentes à corrosão, e pela aplicação de melhores
práticas técnicas relacionadas à corrosão. Essas estimativas resultam de uma recente
atualização dos resultados do estudo de 1978, Economic Effects of Metallic Corrosion, nos
Estados Unidos. O estudo foi realizado pelos laboratórios Battelle Columbus e pelo Instituto
Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) e publicado recentemente. O trabalho original, foi
baseado em um modelo elaborado por mais de 130 setores econômicos. Descobriram que, em
1975, a corrosão metálica custava US $82 bilhões, ou 4,9% de seu produto interno bruto
(PIB) (RUY, 2020).

Também foi uma descoberta desse estudo que 60% deste custo era inevitável, por
outro lado, US $33 bilhões (40%) foram incorridos pelo não uso das melhores práticas
conhecidas. Estes são custos que poderiam ser evitados, ou seja, foi um custo proveniente de
uma má prática de proteção contra a corrosão. Nas últimas duas décadas, o crescimento
econômico e a inflação de preços aumentaram, aumentando o PIB mais de quatro vezes nos
Estados Unidos. Se nada mais tivesse mudado, os custos de corrosão teriam aumentado para
quase US $350 bilhões anualmente, dos quais US $139 bilhões seriam evitáveis. (RUY, 2020)

Os custos de capital, também sofrem diretamente as consequências da ação corrosiva,


a vida útil de um equipamento é depreciado pela corrosão, para a operação espera-se que o
equipamento que funcione continuamente, porém a capacidade para permitir paradas
programadas e manutenção relacionada à corrosão, exigem custos, uns programados e outros
extras. Em outros casos, equipamentos redundantes são instalados para permitir a manutenção
em um enquanto o processamento continua com outra unidade. (RUY, 2020)

O estudo original de Battelle / NIST identificou dez elementos do custo de corrosão:

● Substituição de equipamentos
● Perda de produto
● Manutenção e reparação
● Excesso de capacidade
● Equipamento redundante
● Controle de corrosão
55

● Suporte técnico
● Desenho
● Seguros
● Inventário de peças e equipamentos

Quando menosprezada e negligenciada, a corrosão pode vir a ser a causa de acidentes


graves, que podem causar prejuízos incalculáveis, e o que é mais importante, levar à morte de
milhões de pessoas. Dentre os inúmeros acidentes causados pela corrosão, registrados na
história recente, convém destacar dois, dos mais conhecidos e emblemáticos acidentes
causados pela corrosão. (RUY, 2020)

1 – Em 15 de Dezembro de 1967, a ponte Silver Bridge, sobre o rio Ohio, nos Estados
Unidos, colapsou durante seu horário de maior movimento, causando a morte de 46 pessoas.
A causa do acidente foi determinada como a seguinte: a falha foi atribuída como um defeito
em um único elo, na barra ocular 330, no norte da cadeia subsidiária de Ohio, no primeiro elo
abaixo do topo da torre de Ohio (MENDONÇA, 2021). Uma pequena rachadura se formou
devido ao desgaste por fricção no rolamento e este cresceu devido à corrosão interna presente,
num problema que ficou conhecido como rachadura por corrosão sob tensão (BENNET,
1967). Pode ser observado através da Figura 16, a seguir, o estado que ficou a ponte após o
colapso ocorrido.

Figura 16: Ponte Silver Bridge após o colapso que causou o acidente

Fonte: The Herald – Dispatch – 2021


56

2 – Em 28 de Abril de 1988, o voo 243 da Aloha Airlines com um Boing 7377-297


sofreu uma descompressão explosiva, que perdeu parcialmente a fuselagem durante o voo,
deixando a primeira classe completamente sem teto, o que causou a morte de 1 tripulante.
Após a investigação o US National Transportation Safety Board (NTSB) concluiu que
(MENDONÇA, 2021):

A provável causa do acidente, deve-se a falha no programa de manutenção da Aloha


Airlines, em detectar a presença de danos significativos de deslocamento e fadiga, o que levou
a falha da junta sobreposta em S-10L e a separação do lobo superior da fuselagem.
Contribuíram para o acidente a falha da administração da Aloha Airlines em supervisionar
adequadamente sua força de manutenção; a falha da FAA em exigir a inspeção da Diretriz de
Aeronavegabilidade 87-21-08 de todas as juntas do colo propostas pelo Boletim de Serviço de
Alerta da Boeing B 737-53 A 1039; e a falta de uma ação ou negligência (pela Boeing que
não atuou, pela FAA que não exigiu) após descobertas as primeiras dificuldades de produzir a
junta sobreposta a frio B-737, o que resultou em baixa durabilidade, causada por
fadiga, corrosão e rachaduras prematuras (NTSB, 1988).

A corrosão é considerada a causa raiz da perda das funções secundárias, de contenção


e estrutura no RCM, respectivamente as letras C e E presentes nos escapes. Sendo que ela
deve ser considerada como um modo de falha, e tratada prontamente com ações preditivas de
monitoramento, ou preventivamente com repinturas quando necessário. (MORTELARI, 2021)

A figura 17 abaixo, exemplifica o exato momento do acidente e dos danos que foram
causados pela falta de planejamento e de manutenção preventivas para a corrosão.

Figura 17: Boeing 737 após voo 243 da Aloha Airlines em 28 de abril de 1988

Fonte: Revista Manutenção – 2021


57

2.8.1 INIBIDORES DE CORROSÃO

A utilização de inibidores é de deveras importância, pois o mesmo é constituído de


uma substância ou uma mistura no qual, quando utilizado em concentrações corretas,
consegue reduzir ou até mesmo eliminar a corrosão presente. Quatro aspectos são de suma
importância para averiguar um rendimento satisfatório dos inibidores: causas da corrosão no
sistema: parâmetro importante com o intuito de identificar possíveis problemas que podem ser
resolvidos com a utilização de inibidores (GENTIL, 1996).

Custo de utilização: Serve como avaliação de verificação se há ou não excedência das


perdas originadas pelo processo de corrosão, essa análise leva em consideração o aumento da
vida útil do equipamento, a eliminação de paradas não planejadas, prevenção de possíveis
acidentes ocasionados de fratura por corrosão e a ausência de contaminação de produtos.
Propriedades e os mecanismos de ação dos inibidores a serem utilizados: Tem a finalidade de
verificação da compatibilidade dos processos de ação dos inibidores em relação aos materiais
metálicos que serão utilizados. A ausência desta compatibilidade pode ocasionar a redução de
ação de catalisadores por estarem sendo adsorvidos nesses catalisadores, redução de eficiência
térmica e a chance do inibidor ser efetivo para um metal, mas ser corrosivo para outro
(GENTIL, 1996).
Condições adequadas de adição e controle: A fim de prevenir de possíveis problemas,
tais como: formação de espumas devido à agitação do meio, efeitos tóxicos e nocivos, ação
poluente caso não seja realizado um prévio tratamento dos despejos e a perda de inibidores
ocasionado a má solubilidade deste no meio corrosivo. (GENTIL, 1996)

2.8.1.1 INIBIDORES ANÓDICOS

Esses inibidores são conhecidos por exprimirem as reações anódicas, ou seja, atuam
fazendo o papel de retardante dessas reações. Possuem como base de seu funcionamento a
reação com os produtos formados inicialmente pela corrosão, formando assim um filme
insolúvel e aderente na superfície do metal, esse processo ocasiona a polarização anódica.
Alguns exemplos de inibidores anódicos temos os hidróxidos, carbonatos, silicatos, boratos e
os fosfatos terciários de metais alcalinos, pois essas substâncias acarretam na reação com os
íons metálicos produzidos no anodo, obtendo assim um produto que é insolúvel que funciona
como camada protetora. Deve-se sempre ficar atento na quantidade de inibidores anódicos
58

que está sendo utilizado, pois cada inibidor possui sua concentração crítica de solução. É de
suma importância prestar atenção nesse aspecto, devido que, quando a solução possui uma
concentração de inibidores abaixo da concentração crítica, o produto insolúvel e protetor,
mencionado anteriormente, não estará presente em toda a superfície do material metálico.
Indica-se então, a utilização de uma concentração acima do valor crítico, garantindo que toda
a superfície seja coberta e protegida de maneira eficiente. Outra estratégia para aumentar a
eficiência do inibidor é a utilização de dois ou mais inibidores, pois a ação conjunta destes é
maior do que se somar suas ações individuais, chama-se esse método dianódico (GENTIL,
1996).

2.8.1.2 INIBIDORES CATÓDICOS

Semelhante aos efeitos dos Inibidores anódicos, os inibidores catódicos, por sua vez,
atuam reprimindo as reações catódicas. Algumas das substâncias utilizadas como inibidor são
os sulfato de zinco, sulfato de magnésio e sulfato de níquel, que por sua vez os íons de zinco,
magnésio e níquel, juntamente das hidroxilas, formam os respectivos hidróxidos: hidróxido de
zinco, hidróxido de magnésio e hidróxido de níquel. Os inibidores catódicos tem a função de
fornecer íons metálicos que são capazes de reagir com a alcalinidade catódica, com isso, essa
reação gera um composto insolúvel, que por sua vez, impede que ocorra a difusão do oxigênio
e a condução de elétrons. Diferentemente do que acontece com os inibidores anódicos, os
inibidores catódicos independem da concentração na solução, pois devido a polarização
catódica, no qual o metal no catodo, não entra em solução e independente se estejam
totalmente cobertos ou não com os inibidores, não irá acontecer a corrosão localizada nessas
áreas. É possível também fazer a união dos inibidores anódicos juntamente com os inibidores
catódicos. Um exemplo deste caso são os sistemas de refrigeração, no qual combinam sais de
zinco e polifosfatos em água (GENTIL, 1996).

2.8.1.3 INIBIDORES PARA PROTEÇÃO TEMPORÁRIA

Esse método de proteção é utilizado como um método preventivo que irá proteger o
material temporariamente formando uma película superficial, na qual tem a função de
proteção contra umidade e substâncias nocivas que agrida a integridade do produto. Muitos
materiais como o ferro, peças de aço, peças zincadas ou galvanizadas, alumínio e cobre e suas
ligas são comumente mais sujeitos a problemas de corrosão devido a estocagem, transporte ou
até mesmo à proteção durante a fabricação. Mesmo se considerar as corrosões pequenas, não
59

pode ser ignorada. Muitos produtos possuem tolerância dimensionais críticas e, com isso,
qualquer tipo de mudança na superfície pode acarretar em problemas na sua utilização
(GENTIL, 1996).

2.8.2 MONITORAMENTO POR ANÁLISES DE CORROSÃO

A caracterização do processo corrosivo é imprescindível para a identificação dos


diferentes tipos de corrosão que podem ocorrer, nas diversas formas e meios corrosivos que
foram descritos acima. Portanto, um trabalho de monitoramento e análise periódica para
conter o avanço corrosivo em diferentes peças e materiais é o caminho mais indicado para
prevenir problemas e evitar que danos econômicos, comerciais e até mesmo humanos,
ocorram devido ao processo corrosivo. Neste sentido, uma das técnicas de monitoramento
mais utilizadas é o teste de neve salina (Salt Spray), que corresponde a simulação dos efeitos
de uma atmosfera marítima, de diferentes metais, com ou sem camadas protetoras. Além
desse, há outros testes, também muito utilizados para realizar este estudo de acompanhamento
da corrosão, são eles: o teste de umidade, corrosão sob tensão e os teste cíclicos de corrosão.
Estes são aplicados para comparar o desempenho de diferentes métodos de deposição e até
mesmo dos diferentes fornecedores que são responsáveis pela fabricação dos materiais.

2.9 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO DOS EFEITOS DA CORROSÃO EM MATERIAIS

A indústria especializada em processos que envolvem mecanismos da engenharia


encontra-se em um trabalho de busca constante para respostas rápidas e seguras para a
avaliação dos produtos e serviços oferecidos pelo mercado para o combate à corrosão. Desta
maneira, as técnicas de análise e caracterização da composição do material constituem a
maneira mais eficaz de se obter resultados concretos e conclusivos no que se refere a
avaliação do desgaste relacionado aos efeitos da corrosão. Podem-se citar algumas análises
para caracterização de corrosão que são realizados, como os ensaios eletroquímicos,
responsáveis pelo estudo de potenciais de corrosão, ruído eletroquímico, impedância
eletroquímica e estudos referentes à sonda Kelvin. Há também as análises de corrosão que
concentram seus estudos em ensaios de imersão, avaliação de suscetibilidade a corrosão
intergranular, por pite, à corrosão em frestas e alguns ensaios acelerados, que são ensaios para
a determinação da resistência da corrosão de materiais metálicos em geral e de revestimentos
protetores inorgânicos (zincados, niquelados, cromados, entre outros), e os ensaios podem ser
60

realizados nos seguintes meios: névoa salina, dióxido de enxofre e umidade. Também devem
ser citados os ensaios não eletroquímicos (FREITAS, 2014).

Dentro do estudo deste projeto final, detalha-se a seguir três métodos de caracterização
do material, são eles: Difração de Raios-X (DRX), Espectroscopia de Raios-X por Dispersão
em Energia (EDX) e o ensaio de Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X (XPS). Entretanto,
é válido destacar, antes da aplicação de qualquer método, a inspeção visual do material, como
apresentado no item 2.9.1.

2.9.1 INSPEÇÃO VISUAL

A inspeção visual se caracteriza por ser uma metodologia simples e eficaz de se


identificar a presença de pontos específicos de corrosão que estejam evidentes, no entanto,
esta abordagem se mantém meramente qualitativa. Para uma avaliação quantitativa do
impacto da corrosão e definição da perda de espessura, instrumentos de medição de espessura
são consideradas as melhores ferramentas. Levando-se em conta o aspecto moderno, na área
de inspeção visual, aparecem aparelhos portáteis a laser 3D, com capacidade para fazer o
mapeamento do processo corrosivo, de forma extremamente precisa (FREITAS, 2014).

2.9.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS -X (DRX)

A caracterização de materiais realizada de uma forma consistente é imprescindível


para estudar e avaliar as suas propriedades, por conta da maioria delas serem definidas pelos
arranjos cristalinos dos átomos constituintes. Uma estrutura de mesma constituição química,
porém com arranjos diferentes, não possuirão as mesmas propriedades. Como por exemplo,
pode-se citar a cor, em que um arranjo cristalino tem como características ser mais opaco do
que um material com estrutura amorfa, como no caso do vidro, que é transparente
(SANTANA, 2018). Um dos métodos mais utilizados de caracterização de material é o
método de difração de Raios-X (DRX), que consiste em emitir feixes de raios-x utilizando a
rede cristalina do material em estudo para difratá-los (a difração ocorre quando uma onda
encontra uma série de obstáculos, regularmente separados que são capazes de dispersar-lá, e
possuem espaçamentos comparáveis em magnitude ao comprimento de onda) (CALLISTER,
2002). O DRX cumpre o seu papel, por meio da produção de raios-X, que são radiações
eletromagnéticas de alta energia e pequeno comprimento de onda, que incide na amostra, e,
como radiação característica desse ensaio, trazem as principais informações que estão
presentes no difratograma, onde estarão presentes os principais resultados provenientes desta
61

análise. Os principais componentes do difratograma são os picos de difração, que revelam as


informações mais importantes da amostra analisada, estes sendo gerados através de tubos de
raios-X, presentes na estrutura interna do DRX. O tubo é composto por um filamento elétrico,
por onde passa uma corrente controlável e, quando aquecido e sob uma diferença de
potencial, elétrons são emitidos em um anteparo. As radiações escapam por janelas até a
amostra, fazendo a varredura do material a ser analisado. É importante o tubo de raios-X estar
sempre refrigerado e sob vácuo (THIAGO, 2021).
A figura 18 apresenta o modo que ocorre a difração de raios X, os termos presentes na
figura se relacionam a distância entre os planos do cristal (d), o ângulo de difração dos feixes
de raio-x (θ), do comprimento de onda da radiação monocromática utilizada (λ) e o n
representa a ordem de reflexão, que pode ser qualquer número natural. As duas setas
presentes na figura representam os feixes de luz que é refletido no material de análise e
consequentemente o feixe de luz que está sendo difratado, por esta razão a direção
configurativa das setas são diferentes (THIAGO, 2021).

Figura 18: Raios de DRX incidindo sobre a estrutura cristalina.

Fonte: Santana, 2018.

Uma das principais áreas de utilização da difratometria de raios X está na


determinação da estrutura cristalina. O tamanho e a geometria da célula unitária podem ser
resolvidos a partir de posições angulares dos picos de difração, enquanto que o arranjo dos
átomos dentro da célula unitária está associado com intensidades relativas a esses picos
62

(CALLISTER, 2002). Os difratômetros de raios-X são equipamentos de alto desenvolvimento


tecnológico, que fornecem informações estruturais de amostras de materiais de constituição
cristalina e, portanto, se configuram como uma ótima ferramenta na investigação,
desenvolvimento e melhoria de propriedades de materiais. Com este equipamento, é possível
a obtenção de uma análise não só quantitativa, como também qualitativa, de fases orgânicas e
inorgânicas, através da leitura do difratograma, conhecendo-se a composição química,
estrutura cristalina do material dentre outras características (THIAGO, 2021). A figura 19,
representa um esquema simplificado para corroborar o modo de funcionamento com que os
raios difratados realizam a varredura da amostra através do tubo de raios.

Figura 19: Esquema simplificado do funcionamento da varredura da amostra, através do tubo de raios.

Fonte: Thiago, 2021.

As amostras utilizadas para a leitura do DRX, correspondem a uma grande variação de


espécies, como filmes finos, pós e até mesmo nanomateirais. Por isto, este método é
amplamente disseminado, sendo utilizado em laboratórios do ramo industrial e acadêmico.
Uma especificidade deste ensaio é ser utilizado na leitura de materiais cristalinos. Desse
modo, amostras não cristalinas não podem ser lidas e não é possível identificar os picos de
intensidade, logo, é representado no gráfico apenas como um ruído. O método de DRX
verifica a intensidade do material e possui alto grau de confiabilidade, uma vez que os
padrões de picos de difração de cada material são diferentes. Além do mais, é um ensaio
simples e rápido de ser executado, sendo, portanto, indicado para obtenção de resultados
sólidos de forma prática (THIAGO, 2021).
63

Cada estrutura cristalina possui o seu padrão característico e, para interpretar os


resultados obtidos, utiliza-se um banco de dados previamente conhecido de difratogramas,
que são gráficos obtidos com os padrões de difração. Desta forma, a análise de
comportamento de difração destes feixes determina o tipo de estrutura cristalina do material.
Uma expressão muito importante para o estudo cristalográfico é a Lei de Bragg, definida
como:

(2dsenθ= nλ) (6)

Esses picos são proporcionais às intensidades dos efeitos da difração e são produzidos
quando a Lei de Bragg é satisfeita dado um determinado ângulo θ e uma distância d. Na
figura 20 está apresentado um modelo de difratograma, que representa a incidência de raios
DRX em uma estrutura cristalina formada por átomos de Ferro, no qual relaciona a
intensidade atingida pelos raios e a angulação presente em cada um dos períodos de tempo
analisados (SANTANA, 2018).

Figura 20: Difratograma com a incidência de raios-X.

Fonte: Santana, 2018.

Na indústria, a técnica de Difração de Raios-X; é utilizada em diversos setores, como


na fabricação de diodos, transistores, microprocessadores e nanocircuitos; na análise e
64

desenvolvimento de superligas; em materiais da indústria aeroespacial; entre outros exemplos.


No caso da aplicação na indústria aeroespacial, a análise DRX é utilizada para verificar a
orientação preferencial da estrutura cristalina do material em peças de turbina, por exemplo.
Esse método de caracterização também pode ser aplicado na indústria automobilística - a
difração de Raios-x pode ser utilizada quando há necessidade, por exemplo, de análise
quantitativa das fases do material metálico. Para muitas empresas que trabalham com a
Engenharia dos Materiais, o método de difração de raio-x é um método bastante útil para a
caracterização da estrutura cristalina dos materiais utilizados na produção e pode estar
associado a outros tipos de análises para uma melhor avaliação das suas propriedades
(SANTANA, 2018).

2.9.3 ANÁLISE ELEMENTAR POR ESPECTROSCOPIA DE RAIOS-X POR DISPERSÃO DE

ENERGIA (EDX OU EDS)

O EDX (Análise Elementar por Espectroscopia de Raios-X por Dispersão de Energia),


consiste em uma técnica para caracterização qualitativa e quantitativa da composição de uma
amostra em termos dos átomos presentes. Quando o feixe de elétrons incide sobre o material,
os elétrons mais externos dos átomos e os íons constituintes são excitados, mudando seus
níveis de energia. Ao retornarem a sua configuração inicial, liberam a energia adquirida a qual
é emitida um comprimento de onda na faixa dos raios-x (SILVA, 2018). Na maioria das vezes,
o EDX trabalha conjuntamente com a Microscopia Eletrônica por Varredura (MEV), um
detector instalado na câmara de vácuo do MEV é responsável por medir a energia associada a
cada elétron. Como os elétrons de um determinado átomo possuem energias distintas, é
possível, no ponto de incidência do feixe, determinar quais elementos químicos estão
presentes naquele local e assim identificar em instantes a origem do material que está sendo
observado. O diâmetro reduzido do feixe permite a determinação da composição mineral em
amostras de tamanhos muitos reduzidos (< 5µm), permitindo uma análise quase que pontual.
O uso em conjunto do EDX com MEV é de grande importância na caracterização petrográfica
e estudo petrológico nas geociências. Enquanto o MEV proporciona nítidas imagens (ainda
que virtuais, pois o que se vê no monitor do computador é a transcodificação da energia
emitida pelas partículas, ao invés da radiação emitida pela luz, ao qual estamos habitualmente
acostumados), o EDX permite sua imediata identificação. Além da identificação mineral, o
equipamento ainda permite o mapeamento da distribuição de elementos químicos por
65

minerais, gerando mapas composicionais de elementos desejados (SILVA, 2018). O método


de EDX é caracterizado como uma técnica de microanálise química, usada em conjunta com a
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), as lacunas de elétrons resultantes são
preenchidas por elétrons de um estado superior, e um raio-X é emitido para equilibrar a
energia diferencial entre os estados de dois elétrons (COMOZED, 2020).

Figura 21: Laboratório convencional para análise de EDX.

Fonte: Thermo Fisher Scientific, 2020.

Os resultados quantitativos da análise de EDX podem ser obtidos através da análise


relativa de intensidade de intensidade de raios-X nos níveis de energia característicos para os
constituintes das amostras. Os raios-X produzidos a partir da transferência de elétrons entre
camadas energéticas presentes nas amostras são chamados de raios-X característicos
(CLARAPERA, 2006). Estes são resultantes de um processo chamado de ionização de camadas
internas. Este processo ocorre quando um elétron de uma camada interna é deslocado por meio
do raio-X que incide sobre a amostra. O deslocamento do elétron acarreta em uma vacância na
camada eletrônica. Desta forma, o átomo permanece por um curto intervalo de tempo, em forma
ionizada (SHARMA, 2012). Entretanto, a presença desta vacância faz com que o átomo esteja
em uma condição de instabilidade. Para que este volte a se apresentar em um estágio de
estabilidade, um elétron de uma camada mais externa é transferido para a camada mais interna.
Durante a transição deste último elétron citado, que migra para a camada externa para a interna,
raios-X característicos são emitidos. Tal emissão procede a partir da diferença de energia entre os
66

níveis ou camadas eletrônicas, correspondentes e é denominada fluorescência por raios-X (DE


CARVALHO et al., 2015). Ela se dá por meio de fóton, cuja energia é característica para cada
elemento químico (SHARMA, 2012). As figuras 22, 23, 24 e 25 que seguem abaixo, ilustram
exemplarmente as etapas procedentes no processo de fluorescência para um átomo de titânio.

Figura 22: Excitação do elétron na camada K através dos raios incidentes.

Fonte: Adaptado - Amptek, 2015.

A figura 22 mostra um elétron da camada de energia K, que é ejetado do átomo através de


um raio-X, proveniente do tubo do equipamento, produzindo-se assim uma vacância. Já a figura
23, a seguir, demonstra um elétron da camada L (E1) ou M (E2), dando um “salto”, para a
camada K, de modo a preencher a vacância gerada anteriormente. Nesta etapa há a emissão de
um raio-X que é único e específico para esse elemento. Há também a ocorrência de vacâncias na
camada L ou M devido a transição eletrônica (AMPTEK, 2015).
67

Figura 23: “Salto” do elétron da camada L ou M, para a camada K.

Fonte: Adaptado - Amptek, 2015.

A figura 24 mostra, que caso a vacância ocorra na camada L, um elétron proveniente da


camada M ou N, “saltará” para ocupar a vacância. Com isso, ocorre a emissão de raios-X
característico que é único para esse elemento. Neste caso, ocorrendo também uma vacância nas
camadas M ou N (AMPTEK, 2015).

Figura 24: “Salto” do elétron da camada M ou N, para ocupar a vacância.

Fonte: Adaptado - Amptek, 2015.

Por último, a figura 25 mostra que em alguma ocasiões, quando o átomo retorna a sua
condição de estabilidade, ao invés de ocorrer a emissão de raios-X característico, há uma
68

transferência de energia excitada diretamente para um dos elétrons externos, isso acaba a saída
deste (AMPTEK, 2015).

Figura 25: Retorno do átomo a sua condição de estabilidade.

Fonte: Adaptado - Amptek, 2015.

Quanto à nomenclatura utilizada, as linhas espectrais de raio-X são denotadas por K, L,


M ou N, de acordo com a camada de origem da vacância. Essas definições são acompanhadas
por uma das letras α, β ou γ para se estabelecer entre as camadas ocorre a transição eletrônica
responsável pela emissão dos raios-X característicos. Dessa maneira, por exemplo, quando um
raio-X característico tem sua origem a partir da transferência de um elétron da camada L para a
camada K, ele recebe o nome Kα. Já o raio-X característico, cuja transferência de um elétron
decorre da camada M para a camada K, é designado Kβ. E assim procede sucessivamente para as
demais transferências entre as camadas de elétrons (AMPTEK, 2015).

A figura 26 retrata esquematicamente, como essas nomenclaturas são atribuídas aos seus
devidos Raios-X característicos.
69

Figura 26: Nomenclaturas atribuídas para os seus devidos raios-X.

Fonte: CLARAPERA, 2006.

Já a figura 27 mostra um gráfico representando o espectro de raios-X, contendo tanto


aqueles que são característicos como aqueles que são contínuos, designados Brehmsstrahlung,
com suas devidas intensidades relativas na faixa do comprimento de onda detectável, desta
forma é perceptível a origem dos picos de caracterização dados pela incidência dos raios-X
nas amostras.

Figura 27: Espectros de raios-X contínuos e característicos.

Fonte: CLARAPERA, 2006.


70

2.9.4 ESPECTROSCOPIA FOTOELETRÔNICA DE RAIOS-X (XPS)

O princípio básico de funcionamento da técnica de espectroscopia fotoeletrônica de


raios-X (XPS), é o efeito fotoelétrico, que pode ser explicado através do diagrama de níveis
de energia mostrado na figura 28, na qual há a representação esquemática do processo XPS,
onde, as três linhas de baixo, El, E’l e E”l, representam as energias dos elétrons das camadas
mais internas K e L de um átomo, e as três linhas de cima, Eν, E’ν e E’’ν, representam alguns
dos níveis de energia de outros elétrons de valência ou de uma camada (RIBEIRO et al.,
2003).

Figura 28: Representação Esquemática do processo XPS.

Fonte: Ribeiro et al, 2003.

A energia transportada por um fóton de raios-X (hν) é absorvida pelo átomo alvo,
levando a origem do estado excitado, que é relaxado pela emissão de um fotoelétron
(ionização de átomo) proveniente das camadas eletrônicas mais internas (cerne) do átomo. A
energia cinética Ec do fotoelétron que deixa o átomo alvo depende da energia do fóton
incidente, hν, e é expressa pela lei fotoelétrica de Einstein,
71

Ec = hν - E1 - ϕ (7)

onde El é a energia de ligação do fotoelétron com relação ao nível de Fermi e ϕ é a


função-trabalho do espectrômetro, que é um fator que corrige o meio eletrostático em que o
elétron é formado e medido. Em XPS, mede-se a intensidade de fotoelétrons N(E) como
função de suas energias cinéticas (Ec). Porém, os espectros de XPS são usualmente
apresentados na forma de gráficos, no qual N(E) é uma função de El. Uma técnica torna-se
sensível à superfície se a radiação a ser detectada não “viajar” mais do que algumas camadas
atômicas (0,5 a 3,0 nm) através dos sólidos. Os elétrons com energia cinética entre 10 e 1500
EV são ideais ao estudo de superfícies, pois seus caminhos livres médios dos sólidos são
daquela ordem. Em XPS, os fotoelétrons possuem energia cinética na faixa de 100 a 1400
EV, e quando gerados próximos à superfície tornam esta técnica bastante adequada ao estudo
da superfície de sólidos. Os elementos que estão na superfície da amostra, são caracterizados
diretamente pela determinação da energia de ligação dos picos fotoelétricos. Isso se dá pelo
fato, de que os níveis de energia do processo de fotoemissão são quantizados, sendo assim os
fotoelétrons possuem uma distribuição de energia cinética de picos discretos relativos às
camadas eletrônicas do átomo de fotoionização. Informações sobre a composição superficial
da amostra são obtidas através da área integrada do pico, que é proporcional ao número de
átomos do volume detectado (RIBEIRO et al., 2003).

As análises de energia de ligação do material devem ser acompanhadas da análise de


um padrão para que sejam realizadas as avaliações de deslocamentos químicos oriundos de
outros efeitos, tais como, o carregamento nas superfícies isolantes e as variações na função
trabalho, cuja teoria ainda não está bem estabelecida. Os picos fotoelétricos são superpostos
por um fundo (background). Este resulta de fotoelétrons produzidos dentro do ânodo da fonte
de raios-X, que foram sujeitos a um ou mais processos de espalhamento inelástico antes de
serem emitidos da superfície. A presença de um buraco interno após a ionização afeta a
distribuição dos elétrons emitidos, levando a deslocamentos, separação de picos e o
surgimento de picos satélites. Os picos satélites chamados de shake up e shake off
correspondem a efeitos dos estados finais que se originam quando o fotoelétron concede
energia a um outro elétron do átomo. Este elétron vai para um estado não ocupado (shake up)
ou não ligado (shake off) de maior energia. Como consequência, o fotoelétron perde energia
cinética e aparece a um maior valor de energia de ligação no espectro. Por exemplo, no caso
72

do cobre, as características dos picos shake up dos níveis 2p3/2 e 2p1/2 são o diagnóstico de
uma camada 3d não ocupada no Cu+2 .

A fonte de fótons em um equipamento de XPS gera raios-X moles (de baixa energia)
produzidos a partir de um ânodo de alumínio ou de magnésio. Para o caso do alumínio, o
intervalo do espectro de raios-X utilizado é 0 até 1200 EV e para o magnésio 0 até 1400 EV.
O gráfico 1, mostra a dependência do livre caminho médio de diferentes materiais para o
espalhamento inelástico em função de sua energia cinética, chamada de “curva universal”,
que exibe uma região de mínimo na faixa de 10-500 eV, correspondendo a um livre caminho
médio entre 0,4 e 2 nm. O livre caminho médio em combinação com a orientação da emissão
fotoelétrica dá origem à chamada “profundidade de escape” na ordem de 2 até 10
monocamadas atômicas de material analisado (RIBEIRO ET AL, 2003).

Gráfico 1: - “Curva universal” para o livre caminho médio em função da energia cinética dos elétrons. Os
pontos indicam medidas individuais.

Fonte: Ribeiro et al, 2003.

A figura 29, representa um equipamento de XPS, no qual a configuração do sistema


de UHV é composta por duas câmaras isoladas e uma válvula.
73

Figura 29: Esquema de funcionamento de um equipamento de XPS do grupo de Física de Superfícies da


UNICAMP.

Fonte: Ribeiro et al, 2003.

A câmara primária é dedicada à transferência de amostras da atmosfera para a


segunda câmara (câmara principal), praticamente sem alterar o vácuo desta última. Na parte
inferior está o sistema de bombeamento composto por duas bombas turbo-moleculares com
bombeamento primário realizado por bombas mecânicas. Este bombeamento
turbo-molecular permite obter pressões da ordem 10 Pa. Por último, uma bomba iônica é
utilizada para bombear isoladamente a câmara principal, que propicia uma pressão residual
próxima de 10 até 12 Pa. A câmara principal é dedicada exclusivamente a análise de
amostras, e é equipada com um tubo de raios-X, um canhão de íons para gases inertes, um
manipulador XYZΘ que permite um ajuste fino da posição da amostra, um sistema de
aquecimento da amostra e um analisador CHA, equipado com um detector de elétrons do
tipo channeltron 16 (RIBEIRO, et al.,2003).

3. METODOLOGIA
3.1 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1.1 A MOSTRA

Este estudo foi desenvolvido com amostras de tubos de aço galvanizados, utilizados na
tubulação de um sistema de refrigeração predial responsável pela condução de água em um
74

edifício comercial na cidade do Rio de Janeiro, datado de meados da década de 1970, mais
especificamente, do ano de 1975. Foram coletados dois tubos dessa mesma edificação, que
possuem idades de implementação iguais. Essas amostras apresentam aspectos de
conservação distintos. Uma amostra apresenta-se em um estado de deterioração maior
comparando-se com o estado da outra. Adotou-se para a amostra mais deteriorada a
designação A, sendo dividida em amostra A1, retirada da extremidade do tubo e amostra A2
retirada da parte mais centralizada do tubo. Para a amostra menos deteriorada adota-se a
designação B, sendo dividida em B1, amostra retirada da extremidade do tubo e amostra B2.
Uma descrição das amostras utilizadas, assim como as identificações utilizadas ao longo deste
trabalho, estão exemplificadas na tabela 3:

Tabela 3: Identificação das amostras utilizadas no estudo de caso.

Amostra Ano de Instalação Tipo de fluido Sistema de


conduzido Abastecimento

A1 1975 Água quente e fria Residencial

A2 1975 Água quente e fria Residencial

B1 1975 Água quente e fria Residencial

B2 1975 Água quente e fria Residencial

Fonte: Autoria Própria (2022).

3.1.2 MÉTODO

Inicialmente, foi realizada a identificação do produto de corrosão interna formado por


meio da técnica de Difração de Raios-X (DRX). Os difratogramas foram obtidos através do
corpo de prova, que foram preparados em formatos similares à quadrados e subdivididos em
amostras, como designado na Tabela 2. As análises foram realizadas no equipamento
MiniFlex II - DESKTOP, X-ray DIFFRACTOMETER da Rigaku.

De acordo com as especificações do equipamento sobre a disposição e tamanho das


amostras, foi realizado um corte nos tubos A e B, obtendo-se corpos de prova nas dimensões
2x2cm. Esse corte foi realizado no laboratório de tecnologia mecânica (LTM) do
Departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia da Universidade Federal
75

Fluminense (UFF), utilizando-se uma serra para retirada de medidas mais bruscas e depois
limando as amostras para atingir as dimensões desejadas. Com as amostras já preparadas, as
análises de DRX foram realizadas no Laboratório de Reatores, Cinética e Catálise (RECAT)
do Departamento de Engenharia Química e Petróleo (TEQ) da Escola de Engenharia da UFF.

Antes de iniciar o ensaio propriamente dito, foi-se necessário fazer alguns ajustes na
configuração dos parâmetros do DRX. Certos passo a passos foram realizados, inicialmente,
no programa de computador, nomeando o arquivo em que o resultado do ensaio seria
registrado (A1, A2, B1 e B2), em seguida verificou-se a voltagem e corrente para confirmar
se estava com a medição correta de 30 kV e 15 mA. Também foi selecionado o ângulo de
início de 5° e final de 90°, com a velocidade angular de 1 grau/minuto, essas especificações
foram retiradas do documento de utilização do DRX. Optou-se por iniciar a análise com o
ângulo de 5°, pois após as primeiras tentativas de análise realizadas no laboratório,
constatou-se que no intervalo entre 0° a 5° houve alterações bruscas na captação da
intensidade. A seguir, as figuras 30, 31 , 32 e 33 representam as amostras após preparo
realizado. Já a figura 34 representa o equipamento utilizado para a análise de DRX.

Figura 30: Amostra A1 .

Fonte: Autoria própria, 2022.


76

Figura 31: Amostra A2 .

Fonte: Autoria própria, 2022.

Figura 32: Amostra B1.

Fonte: Autoria própria, 2022.


77

Figura 33: Amostra B2.

Fonte: Autoria própria, 2022.

Figura 34: Equipamento utilizado na análise de DRX.

Fonte: Autoria própria, 2022.


78

Para a identificação e avaliação dos elementos químicos presentes foi realizada a


análise a partir da Espectroscopia de Raios-X por Dispersão em Energia (EDX - Electrons
Dispersive Spectrometry). As amostras passaram pelo processo de análise sem qualquer
preparo especial. Elas apenas foram limadas para se adequarem às dimensões exigidas pelo
aparato pertencente ao equipamento. Para dar prosseguimento ao ensaio de EDX, foi utilizado
um espectrômetro de fluorescência de raios-X, modelo EDX-700, como apresentado na figura
35, que é equipado com tubos de raios-X de ródio (Rh) que irradia raios-X para a amostra,
possui um detector que detecta o raio-X fluorescente proveniente da amostra, é adotado um
detector semicondutor de Si(Li), para reduzir os ruídos é injetado nitrogênio líquido, de
maneira a se alcançar uma temperatura, neste compartimento em torno de -170°C, e
finalmente há um computador de processamento de dados que realiza medidas, cálculos,
processamento de dados offline, e também controla a tensão e corrente do tubo de raio-X. As
amostras preparadas foram colocadas no aparato e envolvidas por uma película de plástico.
Em seguida foram colocadas individualmente no equipamento para realizar as análises. As
amostras foram inseridas de acordo com os canais de varredura, que foram 2, o primeiro canal
de Titânio e Urânio (Ti-U) e o segundo canal de varredura utilizado foi o de Cálcio e Escândio
(Ca-Sc), em energias de excitação diferentes (15eV e 50 eV, respectivamente), as correntes
utilizadas foram de 34 uA (para Ti-U) e 730 uA (para Na-Sc) em condições automáticas, as
energias de aquisição foram de 0-40 (para Ti-U) e 0-20 (para Na-Sc) enquanto que as energias
de análise utilizadas foram de 0-40 (para Ti-U) e 0-4,4 (para Na-Sc). Finalizando, é
importante dizer que a análise foi realizada sob vácuo, cada amostra de catalisador ficou sob
análise por cerca de 200 segundos (DE CARVALHO, et al.,2015). As propriedades do
experimento que foram descritas acima são apresentadas na tabela 4. E as amostras A3 e B3
utilizadas para análise de caracterização do EDX estão representadas nas figuras 36 e 37.

Tabela 4: Identificação dos parâmetros utilizados na análise EDX.

Canais de KV Corrente Aquisição Análise Tempo


Varredura (uA) (KeV) (KeV) (s)

Ti-U 50 34-Auto 0-40 0-40,0 100

Na-Sc 15 730-Auto 0-20 0-4,4 100

Fonte: Autoria Própria (2022).


79

Figura 35: Equipamento utilizado no ensaio EDX.

Fonte: Autoria própria, 2022.

Figura 36: Amostra A3, para o EDX .

Fonte: Autoria própria, 2022.


80

Figura 37: Amostra B3, para o EDX.

Fonte: Autoria própria, 2022.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 INSPEÇÃO VISUAL

A inspeção da amostra a olho nu permite as seguintes considerações:

4.1.1 CORPOS DE PROVAS

As figuras 38 e 39 apresentam os dois corpos de prova que foram utilizados para a


obtenção das amostras utilizadas. No corpo de prova A é possível observar uma variação de
cor pela presença de manchas brancas e incrustações de coloração amarronzada. Já a amostra
B apresenta na sua superfície interna poucas variações de cor e deterioração visível.

Figura 38: Superfície externa da amostra A.

Fonte: Autoria própria, 2022.


81

Figura 39: Superfície externa da amostra B.

Fonte: Autoria própria, 2022.

Na superfície interna da amostra A, é possível observar ao longo da tubulação, uma


camada espessa de cor amarronzada, bem como a formação de depósito de incrustações de
materiais acobreados. Já na amostra B, visualmente, quase não é possível observar mudanças
superficiais, porém com uma análise visual mais criteriosa observa-se a presença de pequenas
incrustações, porém a mudança de coloração é quase imperceptível. As figuras 40 e 41
apresentam as superfícies internas das amostras A e B.

Figura 40: Superfície interna da amostra A

Fonte: Autoria própria, 2022.


82

Figura 41: Superfície interna da amostra B

Fonte: Autoria própria, 2022.

4.2 ESPECTROSCOPIA DE ENERGIA DE ELÉTRONS - EDX

Os resultados registrados através do ensaio de EDX foram obtidos, primeiramente, de


forma qualitativa, com a obtenção dos elementos químicos presentes nas duas amostras. A
amostra A3 foi retirada do corpo de prova que se apresentou mais deteriorado pelo tempo,
enquanto a amostra B3 foi retirada do corpo de prova que se apresentou menos deteriorado
pelo tempo. A apresentação dos resultados quantitativos foi realizada analisando a
porcentagem que cada elemento possui nas amostras, como pode ser visto na Tabela 3 para a
amostra A3, e na Tabela 4 para a amostra B3.
83

Tabela 5: Resultados quantitativos do ensaio EDX da amostra A3.

Elementos Percentual de Desvio Linha Int.(cps/uA)


detectáveis Concentração Padrão
em massa

Fe 98,123% (0,068) FeKa 1251.1786

S 0.715% (0.016) SKa 0.1856

Mn 0.486% (0,006) MnKa 6.1700

Zn 0.464% (0,006) ZnKa 3.9416

Ca 0,129% (0,004) CaKa 0.1497

Cu 0,084% (0,004) CuKa 0.6017

Fonte: Autoria própria (2022).

Observando os parâmetros utilizados para a identificação dos resultados da análise de


EDX, é necessário exemplificar o que cada um dos parâmetros significa. Primeiramente
tem-se os elementos químicos característicos da corrosão na amostra analisada seguida do
percentual de concentração em massa de cada um dos elementos, seguido pelo desvio padrão
da análise que representa a incerteza presente em cada um dos percentuais de concentração
encontrados, observa-se que para o elemento em maior concentração de massa, o desvio
padrão encontrado é significativamente maior comparando-se aos outros elementos. A coluna
denominada como linha, representa os raios-X característicos que identificam os elementos
correspondentes. Já a última coluna representa a intensidade de radiação, que é definida pela
razão da contagem por segundo (cps) que expressa uma taxa de contagem por unidade de
tempo registrada por um instrumento de monitoramento de radiação, sobre a unidade de área
(uA), que expressa a área varrida pela radiação em um determinado tempo. É importante
salientar que todos os parâmetros utilizados nos resultados obtidos na tabela 5 se repetem
quando observa-se os parâmetros e resultados da tabela 6.

Os resultados apresentados na Tabela 5 permitem identificar para a amostra A3, dentre


os elementos presentes, que o Fe é aquele que está em maior percentual de concentração de
massa, sendo os outros elementos somados representando menos de 2% de concentração em
massa da amostra. Outro resultado que motivou uma discussão importante, refere-se a
presença do S, Ca e Cu nas amostras, sendo estes elementos não previstos na composição
84

original do aço. A presença deles podem ser explicada por fatores relacionados a vida útil de
trabalho que esta tubulação teve, como por exemplo resíduos sólidos que podem ser
encontrados no fluido na parte interna da tubulação, a variação de temperatura que este
mesmo fluido sofreu durante sua vida útil e também podem ser citados o modo com o qual os
corpos de provas foram armazenados após sua retirada do sistema de refrigeração. Outro
ponto fundamental para a documentação refere-se a presença do Cr na análise qualitativa e a
sua ausência na análise quantitativa. Pode-se citar como possibilidades de justificativa para
este acontecimento, o fato de que quantitativamente a porcentagem de Cr que
qualitativamente foi detectada, seja desprezível para o equipamento de EDX detectá-lo. Outra
característica que deve ser considerada dos resultados obtidos desta análise é o baixo
percentual mássico de zinco encontrado nos resultados, provavelmente este fato ocorre devido
ao preparo da amostra antes da análise. Talvez a forma mais interessante de submeter a
amostra a análise seria utilizar o pó superficial em ambos os casos, eliminando assim
parâmetros que possam influenciar nas análise, como por exemplo a espessura.

Tabela 6:Resultados quantitativos do ensaio EDX da amostra B3.

Elementos Percentual de Desvio Linha Int.(cps/uA)


Detectáveis Concentração Padrão
em massa

Zn 98,438% (0,070) ZnKa 2144.5126

Fe 0,469% (0,005) FeKa 11.2549

S 0,392% (0,016) SKa 0.0697

Pb 0,339% (0,012) PbLb1 1.3642

Ca 0,205% (0,014) CaKa 0.5090

Cu 0,075% (0,004) CuKa 1.9848

Cr 0,051% (0,003) CrKa 0.64271

Ni 0,032% (0,002) NiKa 1.2168

Fonte: Autoria própria (2022).

Para a amostra B3, é possível perceber que o elemento que se encontra em maior
percentual quantitativo é o Zn, seguido do Fe. O Zn está presente em quantidade significativa
85

comparando-se aos outros elementos detectados que somados representam menos de 2% da


concentração total da massa da amostra. Para fins comparativos dos ensaios realizados nas
duas amostras, é importante observar que a amostra B3 apresentou uma quantidade de
elementos químicos presentes maior do que a amostra A3, embora seja a amostra B3 aquela
considerada menos deteriorada visualmente, isto sugere que a inspeção visual que foi
realizada primeiramente, não garante que o corpo de prova que apresentou-se mais
deteriorado internamente sofreu mais com o efeito corrosivo do que o corpo de prova que
apresentou-se menos deteriorado. Ou seja, para este a caracterização da corrosão apresentou
quantitativamente mais resultados do que era esperado analisando apenas suas características
internas visuais.

4.3 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X

Os resultados do DRX forneceram dados qualitativos sobre os compostos presentes


nas amostras, de forma que cada pico nos gráficos a seguir representa um determinado
elemento. Os valores registrados pela análise, foram derivados da literatura a partir de padrões
cristalográficos conhecidos, através de uma comparação da documentação segundo
MANHABOSCO. Cada análise, de cada amostra, durou aproximadamente 1 hora, totalizando
um somatório de aproximadamente 4 horas de duração para concluir todas as análises.

Para as amostras A1 e A2, os resultados estão identificados no gráfico 2 e gráfico 3.


Comparando-se ambos os gráficos é possível observar que o número de picos detectados pela
amostra A1 é maior do que os picos da amostra A2, outro fator peculiar para observação é o
fato que que para a amostra A1 a variedade de elementos identificados pelos picos é
consideravelmente maior do que a variedade de elementos identificados pela amostra A2,
sendo neste caso apenas a ferrita (Fe- α), também é importante salientar que todos os picos
nos quais há a presença do elemento ferro, para ambas as amostras A1 e A2, representam a
ferrita. A Tabela 6 e Tabela 7 indicam, numericamente, os valores dos picos de intensidade em
um determinado ângulo para amostra A1 e A2, respectivamente:
86

Gráfico 2: Resultado do ensaio DRX da amostra A1.


Fonte: Autoria própria (2022).

Gráfico 3: Resultado do ensaio DRX da amostra A2.


Fonte: Autoria própria (2022).
87

Tabela 7: Resultado da intensidade e do ângulo dos picos do ensaio DRX da amostra A1.

Fonte: Autoria própria (2022).

Tabela 8: Resultado da intensidade e do ângulo dos picos do ensaio DRX da amostra A2.

Fonte: Autoria própria (2022).

Para a amostra A1, foram registrados picos de intensidade nos ângulos de 36,95° e
61,4° que representam o ZnO (Zincita), e também picos de intensidade nos ângulos de 44,95°,
65,45° e 82,6° que representam a Ferrita, ou seja todos pertencentes à mesma fase, como
demonstrado na tabela 7. Para a amostra A2, foram registrados picos de intensidade nos
ângulos de 45,35°, 65,8° e 82,95° que representam a Ferrita, como demonstrado na tabela 8.
Ambas as amostras mostraram um resultado com picos mais elevados no Fe, o que está de
acordo com o resultado sobre a porcentagem de Fe na amostra A3 obtido no EDX, Tabela 5
(MANHABOSCO, 2017).

Para a amostra B1 e B2, os resultados serão identificados no gráfico 4 e gráfico 5.


Comparando-se os gráficos para B1 e B2, pode-se dizer que embora, numericamente a
quantidade de picos presentes em ambos os gráficos sejam praticamente os mesmos, o gráfico
da amostra B1 apresenta picos mais significativos em termos de tamanho, ao comparados com
o gráfico da amostra B2. Quanto à variedade de elementos, tanto a amostra B1, quanto a B2
apresentam diferentes elementos representados. Também é importante salientar que os picos
de Ferrita são considerados pertencentes à mesma fase. A Tabela 7 e Tabela 8 indicam,
numericamente, os valores dos picos de intensidade em um determinado ângulo para amostra
B1 e B2, respectivamente:
88

Gráfico 4: Resultado do ensaio DRX da amostra B1.


Fonte: Autoria própria (2022).

Gráfico 5: Resultado do ensaio DRX da amostra B2..


Fonte: Autoria própria (2022).
89

Tabela 9: Resultado da intensidade e do ângulo dos picos do ensaio DRX da amostra B1.

Fonte: Autoria própria (2022).

Tabela 10: Resultado da intensidade e do ângulo dos picos do ensaio DRX da amostra B2.

Fonte: Autoria própria (2022).

Para a amostra B1, foram registrados picos de intensidade, como mostra a Tabela 9,
nos ângulos de 36,35° e 77,25° que representam o ZnO (Zincita), picos de intensidade nos
ângulos de 43,1°, 82,4° que representam o Fe e, por último, picos nos ângulos de 38,05°,
54,5° e 70,25° no qual representam o Zn (Zinco) presentes na amostra B1. Para a amostra B2,
foram registrados, indicado pela Tabela 10, picos de intensidade nos ângulos de 36,55° e
77,4° que representam o Zn (Zincita), 43,8° e 82,7° que representam o Fe (Ferro), 39,4, 55,1 e
70,95 no qual representam o Zn (Zinco) e pico no ângulo de 25,4° que representa o Zn(OH)2
(Hidrozincita) presentes na amostra B2 (MANHABOSCO, 2017).

Ambas as amostras mostraram um resultado com picos mais elevados no ZnO, o que
está de acordo com o resultado sobre a porcentagem de Zn na amostra B3 obtido no EDX,
Tabela 4.

4.4 DISCUSSÕES

Tendo em vistas as análises de caracterização que foram realizadas no item 4.3, assim
com os resultados, tanto de cunho quantitativo como qualitativo que foram encontrados,
chega-se a um estágio do trabalho, que deve ser observado se as perguntas iniciais, as quais
foram motivadoras para iniciar os estudos deste projeto final, foram respondidas de forma
aceitável e se algum outro questionamento que porventura tenha surgido durante ou após a
elaboração das análises surgiu e se é possível chegar a conclusões pertinentes nestes casos.
Primeiramente, no que se refere aos questionamentos iniciais é possível afirmar que os
90

resultados obtidos com as análises realizadas desempenharam seu papel de forma conclusiva
para caracterizar cada um dos produtos da corrosão encontradas nas suas respectivas
amostras, assim como foi possível definir de forma meticulosa, a porcentagem numérica de
cada um dos elementos que foram identificados como produto da corrosão ali existente.

Em relação a questionamentos posteriores realizados, em especial, foi produto de uma


intensa discussão. Ao se observar os dois corpos de prova que foram utilizados, levando-se
em conta que ambos foram instalados no mesmo ano, que ambas passaram pelo mesmo tipo
de fluido de condução (neste caso, a água em temperaturas tanto mais altas quanto mais
baixas) e que a vida útil de ambas as tubulações foi a mesma, é imprescindível buscar o
motivo pelos quais os resultados das análises apresentarem uma diferença significativa nos
produtos da corrosão encontrados. Primeiramente, é importante salientar, que não há
informações específicas a respeito das condições de instalação que as tubulações tiveram e
muito menos foi possível identificar o local específico que cada uma das tubulações foram
posicionadas. Portanto, não é possível afirmar com exatidão as causas que explicam essa
diferenciação dos resultados obtidos, porém é possível estimar algumas justificativas
pertinentes para estas questões.

Um dos motivos que podem ser citados tem a ver com a composição do fluido que
passou por essas tubulações, assim como o grau de impureza que ali estiveram misturados
com este fluido, ou seja, os sedimentos sólidos que juntamente com a água passaram pela
tubulação. Entretanto, é impossível determinar com números exatos, a porcentagem de
sedimentos que ficaram retidos internamente em cada uma delas. Outra questão relacionada
ao fluido está ligada a temperatura com a qual este trabalhava durante sua vida útil, ou até
mesmo a variação da temperatura da água que ali existia. Supõe-se que esta variação não era
controlada, portanto, seus efeitos corrosivos para as paredes internas da tubulação podem ter
passado por variações significativas (SIMEÃO et al., 2011). Outra característica da água que
pode fundamentar uma explicação plausível para as dúvidas relacionadas está ligada a uma
característica advinda do estudo de mecânica dos fluídos, que é a turbulência característica da
água, que consiste no fluxo irregular das moléculas da água, que está diretamente ligado às
propriedades de pressão e a velocidade através de um fluxo de corrente. Ou seja, ao se
analisar a velocidade do fluxo da água dentro das tubulações estudadas, pode-se afirmar que
quanto maior era esta, maior era a turbulência interna na tubulação, portanto este efeito da
91

turbulência interna nas paredes do tubo pode causar resultados diferentes na caracterização da
corrosão interna das tubulações (GUEDES, 2018).

5. CONCLUSÕES

O estudo de sistemas de refrigeração prediais juntamente com a caracterização da


corrosão presente nos equipamentos que o compõem, mas especificamente neste trabalho a
respeito das tubulações que compõem estes sistemas, foi a motivação principal para realizar
este trabalho de conclusão de curso, fundamentar teoricamente e posteriormente apresentar
um estudo de caso apresentando a corrosão característica presente em um trecho de tubulação,
permitiu a obtenção de resultados que foram preponderantes para chegar ao objetivo deste
projeto, que foi apresentar os efeitos que a corrosão tem internamente em uma tubulação,
fator este, que muitas vezes é a causa de grandes problemas e acidentes que causam prejuízos
não só financeiros mas também podem causar acidentes devastadores levando até mesmo a
morte.

Diante dos resultados dos ensaios de caracterização do produto interno da corrosão, foi
possível concluir no que se refere uma análise qualitativa e quantitativa, a obtenção de
resultados a partir das análises elaboradas, chega-se às seguintes conclusões: em relação a
análise EDX, para a amostra A3, dos elementos presentes, o Fe é aquele que está em maior
percentual de concentração, sendo os outros elementos somados representando menos do que
2% de concentração mássica. Já para a amostra B3, é possível perceber que o elemento que se
encontra em maior percentual quantitativo é o Zn, seguido do Fe. Outro fator importante para
fins comparativos, do ensaio realizado nas 2 amostras, é observar que a amostra B3
apresentou uma quantidade de elementos químicos presentes maior do que a amostra A3.
Embora seja a amostra B3 aquela considerada menos deteriorada visualmente. Para o ensaio
DRX, para a amostra A1, foram registrados picos de intensidade nos ângulos de 36,95° e
61,4° que representam o ZnO (Zincita), e também picos de intensidade nos ângulos de 44,95°,
65,45° e 82,6° que representam a Ferrita. Para a amostra A2, foram registrados picos de
intensidade nos ângulos de 45,35°, 65,8° e 82,95° que representam a Ferrita. Ambas as
amostras mostraram um resultado com picos mais elevados para Ferrita.
92

Para a amostra B1, foram registrados picos de intensidade, nos ângulos de 36,35° e
77,25° que representam o ZnO (Zincita), picos de intensidade nos ângulos de 43,1°, 82,4° que
representam a Ferrita e, por último, picos nos ângulos de 38,05°, 54,5° e 70,25° no qual
representam o Zn (Zinco) presentes na amostra B1. Para a amostra B2, foram registrados
picos de intensidade nos ângulos de 36,55° e 77,4° que representam o ZnO (Zincita), 43,8° e
82,7° que representam a Ferrita, 39,4°, 55,1° e 70,95° no qual representam o Zn (Zinco) e
pico no ângulo de 25,4° que representa o Zn(OH)2 (Hidrozincita) presentes na amostra B2. É
possível dizer, que de um modo geral, as análises realizadas foram conclusivas para
corroborar com os seus resultados, os aspectos identificados na amostra, ao se realizar em
primeiro plano a inspeção visual das amostras.

Em relação a análise de Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X (XPS), por questões


técnicas referentes ao equipamento que encontra-se em manutenção, não foi possível realizar
a análise, portanto, o XPS fica referenciado na parte teórica deste projeto, sugestionando para
o futuro a realização desta análise, para que seus resultados sejam utilizados como de
comparação com as análises já realizadas neste trabalho.

Como uma sugestão para futuros trabalhos, seria interessante realizar a análise por
microscopia da superfície do material, utilizando a técnica conhecida como Microscopia
Eletrônica por Varredura (MEV), que torna possível obter imagens microscópicas que são
capazes de caracterizar cada material, obtendo-se representações visuais que são capazes, por
exemplo, de mostrar visualmente os produtos da caracterização da corrosão que foram obtidos
nas análises anteriormente realizadas pelas técnicas de EDX e DRX. Outra sugestão para
possíveis trabalhos, seria um estudo mais aprofundado nos resultados qualitativos obtidos
pelo EDX, visto que neste trabalho o foco deu-se mais especificamente nos resultados
quantitativos obtidos por esta análise.
93

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