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ESTAMOS NOS ENTENDENDO?

¹ Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma


só maneira de falar.
² Sucedeu que, partindo eles do Oriente, deram com uma
planície na terra de Sinar; e habitaram ali.
³ E disseram uns aos outros: Vinde, façamos tijolos e
queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o
betume, de argamassa.
⁴ Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma
torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o
nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a
terra.
⁵ Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre, que
os filhos dos homens edificavam;
⁶ e o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm a
mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não
haverá restrição para tudo que intentam fazer.
⁷ Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem,
para que um não entenda a linguagem de outro.
⁸ Destarte, o Senhor os dispersou dali pela superfície da
terra; e cessaram de edificar a cidade.
⁹ Chamou-se-lhe, por isso, o nome de Babel, porque ali
confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra e dali o
Senhor os dispersou por toda a superfície dela.
Gênesis 11:1-9
O capítulo 11 de Gênesis relata a história da Torre de
Babel. Esse capítulo revela pra nós uma das historias mais
incríveis da Bíblia.

No início do capítulo, todos os descendentes de Noé


partem do oriente para a terra de Sinar.

Ali eles se unem e decidem construir uma cidade. Eles


começam a desenvolver materiais para construção de
casas e edificação dessa cidade. A intenção era com que
eles não se separassem e permanecessem unidos.

A principio, algo bom. Manterem de alguma forma a


unidade do povo e preservarem a sua própria família. Até
aqui tudo perfeito.

O problema começa quando a intenção dos seus corações


passa a ser de exaltarem seus próprios nomes.

A construção da Torre de Babel revela a intenção errada e


o orgulho humano.

Os construtores buscavam fazer um nome para si mesmos,


buscando glória própria em vez de buscar a glória de Deus.
Nessa perspectiva, a construção da torre é vista como um
ato de rebelião contra Deus, desafiando Sua autoridade e
desejando igualar-se a Ele.

Mas o que me chama atenção nesse texto está nos


versículos 5 e 6:

⁵ Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre, que


os filhos dos homens edificavam;
⁶ e o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm a
mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não
haverá restrição para tudo que intentam fazer.
Gênesis 11:5-6

Na sequencia Deus confunde a linguagem do povo para


que estivessem confusos e não conseguissem mais se
entender. E com isso eles se dispersam e seus intentos
caem por terra.

Mas porque Deus faz isso?

Porque precisamos andar em unidade, mas a nossa


unidade precisa caminhar com Deus. Por isso quero
conversar com você sobre a unidade familiar.
Será que estamos nos entendendo?

É importante que consigamos visualizar o que a unidade


pode produzir em nossas vidas para que possamos ser
desafiados a preservá-la. Também precisamos entender
que o Diabo luta para nos trazer desentendimento e nos
afastar de Deus.

¹⁹ Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós,


sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa
que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu
Pai, que está nos céus.
²⁰ Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu
nome, ali estou no meio deles.
Mateus 18:19-20

Deus não age em um ambiente de desarmonia e


discordância. Isto é um fato.

Quando os descendentes de Noé tentaram construir a torre


de Babel, as Escrituras dizem que Deus desceu para ver o
que os homens faziam. E Deus mesmo, ao vê-los
trabalhando em harmonia e concordância de propósito os
confundiu.

O que vemos aqui é que a unidade remove limites.


Quando a família se torna uma e fala uma só língua (sem
discordância) eles removem os limites diante de si! Deus
pode agir livremente num ambiente destes, mas basta
perder a capacidade de falar a mesma língua que tudo se
perde! No reino de Deus, quando dois se unem, o efeito
não é de soma, mas de multiplicação.

³⁰ Como poderia um só perseguir mil, e dois fazerem fugir


dez mil, se a sua Rocha lhos não vendera, e o Senhor lhos
não entregara?
³¹ Porque a rocha deles não é como a nossa Rocha; e os
próprios inimigos o atestam.
Deuteronômio 32:30-31

A unidade ainda traz consigo outras virtudes. Podemos ver


isto numa das figuras bíblicas do Tabernáculo. O
propiciatório da arca da aliança figura este princípio.

O propiciatório (ou tampa da arca) era o lugar onde a glória


e a presença divina se manifestava. E nas instruções para
a confecção desta peça, vemos o simbolismo da unidade.

¹⁷ Farás também um propiciatório de ouro puro; de dois


côvados e meio será o seu comprimento, e a largura, de
um côvado e meio.
¹⁸ Farás dois querubins de ouro; de ouro batido os farás,
nas duas extremidades do propiciatório;
¹⁹ um querubim, na extremidade de uma parte, e o outro, na
extremidade da outra parte; de uma só peça com o
propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades
dele.
²⁰ Os querubins estenderão as asas por cima, cobrindo com
elas o propiciatório; estarão eles de faces voltadas uma
para a outra, olhando para o propiciatório.
²¹ Porás o propiciatório em cima da arca; e dentro dela
porás o Testemunho, que eu te darei.
²² Ali, virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio dos dois
querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei
contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos
de Israel.
Êxodo 25:17-22

Deus disse que os dois querubins deveriam ser uma só


peça de ouro batido; com isto falava simbolicamente de
unidade entre seus adoradores.

1 – Cobertura espiritual

Os querubins deviam estar com as asas estendidas um


para o outro, o que fala de cobertura recíproca. A falta de
unidade nos leva a agir de forma independente.
Mas quando estamos em unidade com alguém, cobrimos e
protegemos esta pessoa! Esta é uma virtude que
acompanha a unidade.

2 – Transparência

Os querubins deveriam estar um de frente para o outro (Ex


25.20). Isto fala alegoricamente de poder encarar outro
adorador “olho no olho”. Fala de não ter nada escondido,
de não ter pendências.

Ninguém consegue olhar (espontaneamente) no olho de


outra pessoa quando as coisas não estão bem. Quando
Jacó fala para sua família que as coisas já não estavam
bem entre ele e Labão, seu sogro, a expressão que ele usa
é:

“Vejo que o semblante de vosso pai já não é mais o mesmo


para comigo”
Genesis 31:5

Jesus disse que os olhos são a candeia do corpo. Eles


refletem o que está dentro de nós. E a unidade é a
capacidade de olhar olho no olho e estar bem.

Acredito que a unidade verdadeira exige que haja remoção


ou acerto de “pendências”. Ás vezes fingimos um
comportamento só para agradar (ou não desagradar) ao
outro, o que diverge do ensino bíblico. Este teatro não
produzirá unidade verdadeira. Temos que aprender a ser
francos, como está escrito:

“Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto”


Provérbios 27:5

Contudo, quero ressaltar que ser franco não significa ser


grosseiro, pois a Bíblia nos ensina a falar a verdade em
amor.

O PRINCÍPIO DO ACORDO

A Bíblia nos ensina também que o acordo é indispensável


num relacionamento:

“Como andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”


Amós 3.3

A ausência de acordo é uma porta aberta para o diabo.


Quando Paulo escreveu aos efésios e falou sobre não dar
lugar ao diabo, o fez dentro de um contexto, que é o de
pecados que acontecem nos relacionamentos:
²⁶ Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa
ira,
²⁷ nem deis lugar ao diabo.
Efésios 4:26,27

Quando não andamos em acordo na família,


comprometemos não só a esfera emocional, como também
a esfera espiritual do nosso lar.

Não é fácil ajustar-se satisfatoriamente na relação conjugal.


As diferenças são muitas; na formação de cada um, na
personalidade, temperamento, e acrescente a isto as
diferenças entre homem e mulher.

Contudo, quando aprendemos a ter como denominador


comum o caráter e os ensinos de Cristo, então
conseguimos o ajuste por meio de ceder, perdoar,
recomeçar, etc.

Não é uma tarefa tão fácil, mas não é impossível! Se não


estivesse ao nosso alcance, Deus estaria sendo injusto ao
cobrar isto de nós… mas o fato é que não só é algo
possível, como também é uma chave poderosa na vida
cristã!
TRATANDO COM DESENTENDIMENTOS

Os desentendimentos ocorrem, mesmo entre os crentes.


Mas devem ser tratados logo.

Ou seja, deve haver acerto, perdão, e que nenhuma


pendência fique para trás. Precisamos aprender a tratar
com os desentendimentos no lar.

Preservar a unidade não significa nunca se desentender,


mas saber dar a manutenção devida no relacionamento
quando isto ocorrer.

O tempo não apaga as ofensas. Deve haver reconciliação.


Jesus ensinou isto:

²³ Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares


de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
²⁴ deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-
te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.
Mateus 5:23-24

Alguns acham que depois de um desentendimento é só


deixar “para lá”. Mas a Bíblia nos ensina o princípio de
reconciliação de maneira bem formal.
Deve haver pedido de desculpas, de perdão. Deve se
conversar sobre o que aconteceu (o quê machucou o
íntimo de cada um e por que machucou). E não podemos
perder de vista que devemos lutar para viver sem brigas, e
não só reconciliar quando elas ocorrem.

Acredito, ainda, que atenção especial deve ser dada à


forma de falar.

Talvez esta seja uma das áreas mais sensíveis, uma vez
que a “comunicação” no lar não é só o que um fala, mas
também a forma que o outro entende!

As conversas não devem ser exaltadas ou em tom de


briga. E quando um dos cônjuges tem uma explosão
emocional, é importante notar que a Bíblia não nos ensina
a “jogar o mesmo jogo”. O que lemos nas Escrituras é
justamente o contrário:

“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura


suscita a ira”
Provérbios 15:1

Embora seja verdadeiro e aplicável aqui o ditado de que “é


melhor prevenir do que remediar”, precisamos
reconhecer que muitas vezes falhamos permitindo
desentendimentos que poderiam facilmente ser evitados.
Neste caso, devemos aprender a consertar e tratar com
estas situações.

Mas não podemos esquecer também que mesmo havendo


perdão e reconciliação depois do erro, quando ele se
repete muito vai gerando desgaste e descrédito, e isto
exige uma dimensão de restauração maior depois.

“Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o


boi cevado e com ele o ódio”.
Provérbios 15.17

Há casais que alcançaram tudo o que queriam


financeiramente, mas não conseguem viver bem juntos.

Não adianta ter outras realizações e deixar o


relacionamento conjugal se perder. Precisamos aprender a
cultivar a unidade em nosso relacionamento. E isto
acontece quando aprendemos a lidar de forma simples e
prática nas questões do dia-a-dia.

Leve a presença de Deus para a sua família e viva


momentos maravilhosos em seu lar.

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