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ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR

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Bibliotecária: Vaudice Donizeti Rodrigues CRB 9/1726

A532 Anais da XVI Jornada Acadêmica e I Encontro Anual de


Iniciação Científica da UNINGÁ. [recurso eletrônico]
/Sandra Marisa Pelloso e Isaac Romani (Org.). --
Maringá: EDUNINGA, 2020. 232 p.

Vários autores.

ISBN: 978-65-991603-6-3
DOI: 10.46311/978-65-991603-6-3

1. Iniciação Científica. I. Pelloso, Sandra Marisa. II.


Romani, Isaac. III. Título.

CDD – 080

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ou forma sem prévia permissão por escrito da Editora UNINGÁ.
O USO DE ANTI-INFLAMATÓRIOS NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

ANTI-INFLAMMATORIES IN DEPRESSION TREATMENT

Ana Luiza Nunes da Silva, Eduarda Jirardi*, Vivian Taciany Bonassoli Shima, Jacqueline
Godinho

UNINGÁ - Centro Universitário Ingá, Maringá, PR, Brasil.


*eduardajirardi@hotmail.com

RESUMO

A depressão é uma afecção mental que acomete grande parte da população mundial, e
devido às suas repercussões vem sendo alvo de estudo nos últimos tempos, principalmente
à cerca do tratamento. Nesse sentido alguns estudos vêm mostrando certa refratariedade aos
tratamentos clássicos, indicando a existência de algum outro fator envolvido na fisiopatologia
da depressão. Baseado nisso, os neuroimunomoduladores estão sendo investigados, como
os mediadores inflamatórios, e alguns estudos abordados aqui evidenciam o aumento de
componentes inflamatórios nos transtornos depressivos. Objetivando investigar o uso e efeito
de anti-inflamatórios em doenças neurológicas e psiquiátricas, especificamente na depressão,
esta pesquisa exploratória será realizada.

Palavras-chave: Anti-inflamatórios. Citocinas. Depressão. Neuroinflamação.

INTRODUÇÃO

Como apontado por Lage (2010), sabe-se que a depressão é uma doença que afeta o
indivíduo integralmente, ou seja, compromete a saúde mental e física da pessoa, aumentando
a morbimortalidade desses indivíduos já que pode levar a ideações suicidas e sabidamente
piorar o prognóstico de doenças pré-existentes. Devido ao seu impacto e a prevalência desse
transtorno nas sociedades, esta doença é alvo de estudos há anos, a fim de se estabelecer a
fisiopatologia envolvida nesta desordem, bem como o tratamento ideal (PERITO; FORTUNATO,
2012). Baseado nisso, alguns dados epidemiológicos foram levantados e sugeriram uma certa
ineficácia dos atuais tratamentos antidepressivos, como o estudo publicado no Jornal Americano
de Psiquiatria, que demonstrou que 30% dos pacientes com depressão não responderam ao
uso dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina – cuja sigla comumente usada é ISRS
(ALLISON; DITOR, 2014).
Ainda segundo Allison e Ditor (2014), o mesmo estudo mostrou que dos pacientes
que respondem adequadamente à medicação, de 20 a 80% sofrem recaídas com episódios
depressivos dentro de 1 a 5 anos. A aparente ineficácia dos tratamentos convencionais sugere
o envolvimento de mecanismos ainda não esclarecidos no processo da depressão.
Com base nisso, vemos a necessidade de se investigar o papel de outros
neurotransmissores ou neuroimunomoduladores no desenvolvimento dessa patologia, sendo
os mediadores inflamatórios importantes agentes dessa investigação. Com isso, justifica-se a
investigação da relação de mecanismos neuroinflamatórios com a fisiopatologia dos transtornos
depressivos, além da pesquisa da efetividade do tratamento com anti-inflamatórios, já que pode
resultar em terapias alternativas, beneficiando os pacientes não responsivos aos tratamentos
atuais.

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Portanto o objetivo é investigar o uso de anti-inflamatórios em doenças neurológicas e
psiquiátricas, bem como elucidar a fisiopatologia dos transtornos depressivos, descrever como
os processos inflamatórios podem estar envolvidos no início e manutenção dos transtornos
depressivos, analisar dados que demonstrem a efetividade e contribuição dos anti-inflamatórios
no tratamento do transtorno depressivo, buscando uma associação entre tais informações,
investigar se há propriedades anti-inflamatórias nos fármacos preconizados para o tratamento
da depressão e facilitar o acesso a diversos dados recolhidos e unidos num único trabalho, para
que possam serem usados em trabalhos posteriores.

METODOLOGIA

A presente pesquisa será desenvolvida de forma exploratória, sendo que inicialmente


será realizada uma pesquisa bibliográfica buscando informações e fundamentações a partir
da análise de livros e artigos científicos. A revisão bibliográfica será realizada usando artigos
publicados na última década, compreendendo o período de janeiro de 2010 à maio de 2020,
encontrados nas bases de dados EBSCO, Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), PubMed,
EMBASE, LILACSAs, MEDLINE, Oxford Academic Journal e BMC Public Health.
Além disso, serão usados livros texto referentes ao assunto pesquisado.
Posteriormente, será avaliada a possibilidade da realização de um estudo de campo na
cidade de Maringá, através da observação de prontuários médicos de pacientes diagnosticados
com doenças psiquiátricas, com foco principal nos transtornos depressivos. Para tal, não se faz
necessário a realização de termo de consentimento livre e esclarecido, uma vez que não haverá
contato direto com o paciente, apenas busca de dados em se prontuário, de forma anônima.

DESENVOLVIMENTO

Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) de março de 2018 mostraram


que mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtorno depressivo. E alguns
dados epidemiológicos a respeito da ineficácia dos atuais tratamentos antidepressivos, como
o citado nos trabalhos de Allison e Ditor (2014), sugerem envolvimento de mecanismos ainda
não esclarecidos em tal processo. Os mesmos autores descrevem que um estudo publicado
no Jornal Americano de Psiquiatria demonstrou que 30% dos pacientes com depressão não
responderam ao uso dos inibidores seletivos da receptação de serotonina (ISRS). Além disso,
dos pacientes que respondem adequadamente à medicação, de 20 a 80% sofrem recaídas com
episódios depressivos dentro de 1 a 5 anos.
Isso pode evidenciar alguns aspectos sobre a ineficácia dos tratamentos convencionais,
sugerindo um desequilíbrio dos neurotransmissores clássicos, como a serotonina, demonstrando
que eles não podem explicar totalmente a fisiopatologia da doença (VISMARI. ALVES; PALERMO-
NETO, 2008). Foi sugerido também que cerca de 30% dos pacientes apresentam refratariedade
aos protocolos de tratamento para o transtorno depressivo, o que expõe a necessidade de
investigação a respeito dos motivos desta falha da terapêutica.
Recentemente, segundo Najjar et al. (2013) e LU et al. (2018) alterações neuroinflamatórias
e imunológicas foram documentadas em pacientes com distúrbios psiquiátricos clássicos. Em
testes com animais, a injeção de IL-1β pró-inflamatória e citocinas do fator de necrose tumoral
alfa (TNF-α) revelaram ‘comportamento de doença’ associado à retirada social. Em humanos,
estudos mostraram que, aproximadamente 45% dos pacientes com hepatite C não deprimida e
com câncer investigados e tratados com IFN-α desenvolveram sintomas depressivos associados
ao aumento dos níveis séricos de IL-6.

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Além disso, patologias associadas a anormalidades inflamatórias – obesidade, diabetes,
artrite reumatoide, esclerose múltipla – são fatores de risco para depressão e transtorno bipolar,
o que sugere a presença de um amplo processo inflamatório, incluindo neuroinflamação,
na depressão (NAJJAR, 2013). Ademais, o estudo publicado por Lu et al. (2018) na Revista
Fundamental & Clinical Pharmacology, “Tauroursodeoxycholic acid produces antidepressant-like
effects in a chronic unpredictable stress model of depression via attenuation of neuroinflammation,
oxido-nitrosative stress, and endoplasmic reticulum stress” e o estudo “Neuroinflammation
and psychiatric illness”, publicado no Journal of Neuroinflammation sugerem que alguns anti-
inflamatórios podem desempenhar um importante papel adjuvante no tratamento de distúrbios
psiquiátricos em animais e em humanos, respectivamente, sugerindo uma relação positiva entre
transtornos mentais e a presença de neuroinflamação.

CONCLUSÃO

Portanto fica evidente a necessidade e contribuição científica de uma revisão bibliográfica


acerca do assunto, uma vez que contribuirá no entendimento e envolvimento do processo
inflamatório no desenvolvimento da depressão, bem como avaliar a possibilidade de medicações
anti-inflamatórias que melhorem a ocorrência e recidiva de tal patologia.

REFERÊNCIAS

ALLISON, D. J.; DITOR, D. S. The common inflammatory etiology of depression and cognitive
impairment: a therapeutic target. Journal of Neuroinflammation, v. 11, n. 1, p. 1-12, 2014.

LAGE, J. T. Neurobiologia da Depressão. 2009-2010. 28f. Dissertação (Mestrado Integrado


em Medicina) - Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, 2010.

LU, X. et al. Tauroursodeoxycholic acid produces antidepressant-like effects in a chronic


unpredictable stress model of depression via attenuation of neuroinflammation, oxido-nitrosative
stress, and endoplasmic reticulum stress. Fundamental & Clinical Pharmacology, v. 32, n. 4,
p. 363-377, 2018.

NAJJAR, S. et al. Neuroinflammation and psychiatric illness. Journal of Neuroinflammation,


v. 10, n. 1, p. 43, 2013.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Folha informativa -Depressão. Brasília,


Distrito Federal, 2018.

PERITO, M. E. S.; FORTUNATO, J. J. Marcadores Biológicos da Depressão. Revista


Neurociências, v. 20, n. 4, p. 597-603. 2012.

VISMARI, L.; ALVES, G. J.; PALERMO-NETO, J. Depressão, antidepressivos e sistema imune:


um novo olhar sobre um velho problema. Archives of Clinical Psychiatry, v. 35, n. 5, p. 196-
204, 2008.

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