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BIOLOGIA

Setor A

Setor 3405

Prof.:
aula 9 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 200
aula 10 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 200
aula 11 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 205
aula 12 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 205
aula 13 ............... AD h...............TM h............... TC h .................210
aula 14 ............... AD h...............TM h............... TC h .................210
aula 15 ............... AD h...............TM h............... TC h .................214
aula 16 ............... AD h...............TM h............... TC h .................214

Texto teórico .................................................................................. 219


AULAS 9 e 10 REINO ANIMAL – VISÃO GERAL

O Reino Animal é constituído por organismos eucarióticos, pluricelulares e com diferenciação celular. Podem
se organizar em tecidos (a maioria) ou não e são heterótrofos.
Nestas aulas serão estudados os poríferos, os cnidários, os platelmintos, os nematelmintos, os anelídeos, os
moluscos e os equinodermos.
Os poríferos (ou esponjas) apresentam células especializadas, mas sem a organização em tecidos. São ex-
clusivamente aquáticos, sésseis e filtradores.
Medusas, hidras, anêmonas e corais são exemplos de cnidários (anteriormente chamados de celenterados).
Vivem exclusivamente em meio aquático, apresentam tentáculos ao redor da boca, são carnívoros predadores e
podem apresentar-se em duas formas: medusas (móveis) e pólipos (sésseis).

JOE BELANGER/SHUTTERSTOCK

ETHAN DANIELS/SHUTTERSTOCK
Nas esponjas ocorre a entrada de água através dos poros e a
saída pelo ósculo. Essa filtração permite que o animal obtenha
Cnidários: anêmona (pólipo). partículas alimentares para a sua nutrição.

Os vermes são animais invertebrados de corpo alongado que podem ser achatados (platelmintos), cilíndricos
e lisos ou não segmentados (nematelmintos ou nematódeos) ou cilíndricos e segmentados (anelídeos).
ERIC GRAVE/SCIENCE PHOTO LIBRARY

A
INCLAIR STAMMERS/
SCIENCE PHOTO LIBRARY

VALENTINA RAZUMOVA/SHUTTERSTOCK

B C

Exemplos de
(A) platelminto: planária;
(B) nematelminto: áscaris;
(C) anelídeo: minhoca.

200 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


Os platelmintos podem ser de vida livre
(aquáticos ou meio terrestre úmido), como a pla- Concha Olho
(o manto está (na extremidade
nária, ou parasitas, como o esquistossomo e as PŽ muscular sob a concha) do tentáculo)
tênias. A maioria dos nematelmintos é de vida (secreção de muco
que diminui o
livre e vive no solo úmido ou em meio aquáti-

ETHAN DANIELS/SHUTTERSTOCK
atrito e facilita o
co, mas alguns, como o áscaris e o ancilóstomo, deslocamento)
são parasitas. Os anelídeos vivem em ambien-
te aquático e em solo úmido. A minhoca é um
exemplo de anelídeo de solo úmido que apresenta
grande importância agronômica e ecológica.
Os moluscos são animais de corpo mole orga-
nizado em: cabeça, com órgãos sensoriais eviden-
tes, como olhos e tentáculos; pé muscular ventral;
e massa visceral dorsal (conjunto de órgãos inter- Tentáculo
nos que ocupam a cavidade corporal). A maioria (sensorial)

vive na água (salgada ou doce) e alguns em meio O caracol (univalve) tem o pé muscular ventral adaptado para
terrestre úmido, como o caracol e a lesma. rastejar.
Os moluscos podem apresentar uma ou duas
conchas secretadas pela epiderme dorsal (manto
ou páleo) ou ausência de concha. Os caracóis e

RICH CAREY/SHUTTERSTOCK
os caramujos (univalves) apresentam uma concha,
enquanto as ostras e os mariscos (bivalves), duas.
Os polvos (sem concha) e as lulas se deslocam por
jato propulsão devido a um sifão exalante, auxi-
liado por tentáculos que também têm função de
locomoção e estão localizados próximos à cabeça
(cefalópodes).
Os equinodermos são exclusivamente ma-
rinhos, têm um endoesqueleto calcário e apre-
sentam sistema hidrovascular ou ambulacrá-
rio exclusivo, no qual circula água do mar. Os
exemplos mais comuns são as estrelas-do-mar e
Estrela-do-mar.
o ouriço-do-mar.

ARTRÓPODES
Artrópodes (do grego arthron: articulação e podos: pé): animais com corpo segmentado, apêndices articulados
(patas, antenas, palpos, etc.) e exoesqueleto orgânico com quitina.
Mudas ou ecdises: trocas periódicas do exoesqueleto durante o crescimento.
Os artrópodes apresentam todos os sistemas: digestório completo, respiratório, circulatório, muscular,
sensorial e nervoso.
São encontrados na maioria dos ambientes da natureza: aquáticos marinhos e de água doce, solo úmido
e seco.

Classificação e exemplos
As três classes principais são:
I. Crustáceos (do latim crusta: carapaça dura) ou branquiados. Exemplos: camarões, siris, caranguejos,
lagostas, pitus, tatuzinhos de jardim, baratinhas-da-praia, cracas (fixos), etc.
II. Insetos ou hexápodes (do grego hexa: seis e podos: pés). Exemplos: moscas, besouros, baratas, pulgas,
piolhos, percevejos, gafanhotos, pernilongos, abelhas, cupins, formigas, etc.
III. Aracnídeos. Exemplos: aranhas, escorpiões, carrapatos, ácaros, etc.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 201


Para distingui-los é comum utilizar a anatomia externa: divisão do corpo, número de pernas, número
de antenas e outros apêndices.
Antena Antena
(1 par) (2 pares) Palpo
Quelíceras Bulbo
copulatório
(em ambos os
palpos do
macho)
1
1 1
C
2
2

T CT
CT 3
2
3

3
4
Asas 4
A A

5 A

Inseto Crustáceo Aracnídeo

Aprenda a distinguir as classes pela anatomia externa, observando: divisões do corpo, existência e número de antenas, número de pernas
e outros apêndices exclusivos (pedipalpos, quelíceras). A: abdome, C: cabeça; T: tórax; CT: cefalotórax; 1, 2, 3, … pernas articuladas.

CORDADOS
São animais encontrados em todos os ambientes e apresentam uma enorme diversidade.

Características exclusivas
Notocorda ou corda dorsal (bastão para a sustentação do corpo);
tubo nervoso dorsal;
fendas na faringe;
cauda pós-anal.

Tubo nervoso dorsal

Notocorda

Tubo
digestório
Embrião

Ânus
Cauda
pós-anal Corte transversal esquemático
na altura da faringe
Faringe com fendas

Características exclusivas dos cordados (presentes ao menos na fase embrionária). .

202 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


EXERCÍCIOS

1 (Fuvest-SP) A característica abaixo que não condiz com os poríferos é:


H-16 a) respiração e excreção por difusão direta.
b) obtenção de alimentos a partir das partículas trazidas pela água que penetra através dos óstios.
c) habitat aquático, vivendo presos ao fundo.
d) células organizadas em tecidos bem definidos.
e) alta capacidade de regeneração.

2 (FMABC-SP) Abaixo temos uma tira de quadrinhos e, em seguida, dois gráficos indicados por A e B, que
mostram, de forma simplificada, a taxa de crescimento de animais pertencentes a diferentes filos.
H-16

H-17

FERNANDO GONSALES
Taxa de crescimento

Taxa de crescimento

A B

Tempo Tempo

É correto afirmar que a casca referida na tira corresponde:


a) ao exoesqueleto, presente apenas em aracnídeos e insetos, cujo crescimento está representado em A.
b) ao exoesqueleto, presente em todos os artrópodes, cujo crescimento está representado em A.
c) ao exoesqueleto, que limita o crescimento de artrópodes, como está representado em B.
d) a um revestimento resistente, constituído por quitina, presente apenas em aracnídeos, cujo crescimento
está representado em B.
e) a um revestimento resistente, constituído por quitina, presente apenas em aracnídeos e crustáceos, cujo
crescimento está representado em A.

3 (Fuvest-SP) No desenvolvimento dos cordados, três caracteres gerais salientam-se, distinguindo-os de


outros animais.
H-14
Assinale a alternativa que inclui estes três caracteres:
a) notocorda, três folhetos germinativos, tubo nervoso dorsal.
b) corpo segmentado, tubo digestório completo, tubo nervoso dorsal.
c) simetria bilateral, corpo segmentado.
d) simetria bilateral, três folhetos germinativos, notocorda.
e) tubo nervoso dorsal, notocorda, fendas branquiais na faringe.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 203


4 (Cesgranrio-RJ) Abaixo estão numeradas várias figuras de representantes de diversos filos de animais. Assi-
nale a sequência que corresponde, respectivamente, às referidas figuras.
H-16

6
1
2 4

7
3

a) 1 - Molusco, 2 - Artrópodo, 3 - Cordado, 4 - Celenterado, 5 - Platelminto, 6 - Anelídeo, 7 - Equinoderma.


b) 1 - Equinoderma, 2 - Platelminto, 3 - Molusco, 4 - Celenterado, 5 - Anelídeo, 6 - Cordado, 7 - Artrópodo.
c) 1 - Equinoderma, 2 - Molusco, 3 - Platelminto, 4 - Celenterado, 5 - Anelídeo, 6 - Cordado, 7 - Artrópodo.
d) 1 - Equinoderma, 2 - Molusco, 3 - Cordado, 4 - Celenterado, 5 - Platelminto, 6 - Anelídeo, 7 - Artrópodo.
e) 1 - Molusco, 2 - Celenterado, 3 - Cordado, 4 - Equinoderma, 5 - Anelídeo, 6 - Artrópodo, 7 - Platelminto.

ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

Tarefa Mínima Tarefa Complementar

AULA 9 AULA 9

Leia o resumo das aulas. Leia os itens 1 a 3 do Texto teórico das aulas 9 e 10.
Faça o exercício 1, série 3; e 1, série 4, do Faça os exercícios 2 e 3, série 3; e 2, série 4, do
Caderno de exercícios – Biologia B. Caderno de exercícios – Biologia B.

AULA 10 AULA 10

Faça os exercícios 2, 3 e 5, série 5; 6, série 6; e 2, 3 Leia os itens 4 e 5 do Texto teórico.


e 7, série 7, do Caderno de exercícios – Biologia B. Faça os exercícios 1 a 3 do Rumo ao Enem.

ANOTAÇÕES

204 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


VERMINOSES: ESQUISTOSSOMOSE, TENÍASES,
AULAS 11 e 12 CISTICERCOSE E ASCARIDÍASE

ESQUISTOSSOMOSE OU BARRIGA-D’ÁGUA
O que é: endemia causada pelo Schistosoma mansoni, um verme platelminto que vive nas veias entre o
intestino e o fígado.
A doença: resulta da obstrução das veias que chegam ao fígado trazendo sangue principalmente do intes-
tino e do baço. Essa obstrução se deve a uma reação do organismo à presença de ovos do verme, que provoca o
aumento do tamanho do fígado e do baço. Por causa disso, a pressão nesses vasos aumenta, com extravasamento
do líquido que se acumula dentro do abdome (barriga-d’água).

Ciclo de vida do verme Schistosoma mansoni

Vermes
adultos

Vasos sanguíneos do
intestino e do fígado Ser humano doente
(barriga-d’água)

Ser humano
(hospedeiro
definitivo)

Fezes com ovos


do parasita

Ovo
Penetração pela
pele do hospedeiro Miracídio
(larva ciliada)

Larva
cercária
Caramujo planorbídeo
(hospedeiro intermediário)

Ciclo de vida do verme Schistosoma mansoni. Dois hospedeiros são necessários para que esse verme complete o seu ciclo de vida: o
ser humano e o caramujo de água doce, do gênero Biomphalaria (planorbídeo). O ciclo interno representa as fases da metamorfose
do esquistossomo. Os adultos vivem no ser humano, os ovos podem ser encontrados nas fezes humanas e as fases larvais ciliadas
são encontradas em água doce.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 205


Agente etiológico: os esquistossomos são pe- A doença: os vermes, geralmente únicos, não
quenos vermes de sexos separados que se reproduzem apresentam sistema digestório e competem com o
sexuadamente por fecundação interna a vida inteira. hospedeiro pelos nutrientes resultantes do processo
São ovíparos com desenvolvimento indireto com duas digestivo. Geralmente é assintomática, podendo cau-
fases larvais: miracídio e cercária. sar náuseas, entre outros sintomas, dor abdominal,
Hospedeiros: o ser humano é o hospedeiro de- obstipação intestinal ou diarreia.
finitivo, e o hospedeiro intermediário é um caramujo
de água doce do gênero Biomphalaria, cuja concha em Cisticercose
espiral e as voltas ou giros ocorrem no mesmo plano, O que é: infestação por cisticercos, larvas das tê-
sendo denominado planorbídeo. nias que se alojam nos tecidos corporais do hospedeiro,
O ciclo: fecal-cutâneo: ovos do verme presentes principalmente nos músculos e no sistema nervoso.
nas fezes humanas contaminam lagoas, açudes, repre- A doença: geralmente assintomática nos casos
sas, campos alagadiços, valas, brejos ou rios com pouca em que os cisticercos se alojam fora do sistema nervo-
correnteza onde vive o caramujo hospedeiro interme- so. Na neurocisticercose, quando o cisticerco está no
diário. No homem os ovos são liberados no intestino cérebro ou em outros locais do sistema nervoso, pode
depois que a fêmea fertilizada os elimina nos capila- causar distúrbios neurológicos, como convulsões ou
res desse órgão. Apresentam uma espícula que auxilia cegueira (cisticercose ocular).
na passagem através da parede intestinal. Na água,
os ovos eclodem e liberam o miracídio, que é a larva Cisticercose humana
ciliada infestante do caramujo. O que é: infestação pelos cisticercos da Taenia
No caramujo, o miracídio se reproduz e dá origem solium.
às cercárias, as larvas infestantes do ser humano. Uma Agente etiológico: as tênias ou solitárias são pla-
vez no organismo humano, as cercárias se diferenciam telmintos cujo corpo está organizado em escólex, pes-
em vermes adultos. coço (ou colo) e proglotes. São monoicos e fazem au-
Transmissão: contato da pele com água de lagoas, tofecundação entre as proglotes no intestino humano.
rios, represas ou açudes onde vive o caramujo hospe- Hospedeiros: o ser humano é o hospedeiro de-
deiro intermediário e pela penetração ativa das larvas finitivo, e os hospedeiros intermediários são o porco,
do verme que vivem nesses ambientes. A penetração quando o parasita é a Taenia solium, e o gado bovino,
da larva costuma causar coceira no corpo, daí a deno- quando é a Taenia saginata.
minação “lagoas de coceira”. O ciclo: as tênias adultas eliminam as proglotes
Miracídio: larva ciliada infestante do caramujo. grávidas junto com as fezes humanas. No meio am-
Cercária: larva infestante do ser humano. biente, as proglotes rompem liberando milhares de
Contaminação do ambiente: eliminação de fe- ovos que contaminam os alimentos dos hospedeiros
zes humanas contaminadas com ovos do verme nas intermediários. No intestino do hospedeiro interme-
lagoas. diário, os ovos eclodem e pequenas larvas do verme
Profilaxia: atravessam as paredes intestinais e alcançam a circu-
saneamento básico; lação sanguínea, migrando para os tecidos corporais,
combate ao caramujo por caramujicidas ou con- onde se alojam e se transformam nos cisticercos. Os
trole biológico; músculos e o sistema nervoso são os locais mais favo-
identificação e tratamento dos doentes; ráveis para a sobrevivência dos cisticercos.
campanhas de esclarecimento sobre a transmissão Transmissão:
e os riscos da doença em áreas endêmicas; Teníase: ingestão de carne crua ou malpassada
educação sanitária; de porco ou boi contendo cisticercos de T. solium
evitar contato da pele diretamente com a água ou T. saginata, respectivamente.
em lagos, lagoas, açudes e terrenos alagadiços Cisticercose humana: ingestão de água ou ali-
em que exista a suspeita da presença do cara- mentos crus (verduras) com contaminação fecal
mujo transmissor. humana contendo ovos de T. solium. Na cisticer-
cose humana, o ser humano faz papel de hospe-
TENÍASES E CISTICERCOSE deiro intermediário.
Contaminação do ambiente: eliminação de
Teníase fezes humanas contaminadas com proglotes grávidas
O que é: endemia causada por vermes adultos das contendo ovos dos vermes.
espécies Taenia solium ou Taenia saginata que parasi- O ciclo de vida das tênias: semelhantes para
tam o intestino humano. as duas espécies.

206 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


Ciclo de vida da tênia do porco (Taenia solium)

1. Aquisição
de teníase 14. Cisticercose
humana
12. Carne suína malcozida,
com cisticercos vivos

2. Cisticercos 3. Tênia adulta


desenvolvem-se, no intestino
originando a tênia 13. Aquisição de
adulta; esta cisticercose
se fixa à parede 4. Eliminação de proglotes (por mãos e
intestinal cheias de ovos embrionados verduras
contaminadas)

11. Embriões 5. Ruptura


desenvolvem-se
em tecidos 10. Embriões migram 6. Eliminação dos ovos
ovvos
(nervoso, muscular) pelo sangue para para o meio externo
externo
do porco, originando a musculatura por meio das fezess
larvas (cisticercos) do porco contaminadas

9. Embriões libertam-se
no intestino do porco 7. Ovo microscópico
com
c embrião hexacanto
8. O porco
p contamina-se (5 seis ganchos)
pelas
pelaas fezes humanas

Ciclo de vida da tênia do porco (Taenia solium) só se completa com dois hospedeiros: o ser humano, hospedeiro da tênia adulta, e o
porco, hospedeiro das larvas (cisticercos).

Profilaxia:
saneamento básico;
identificação e tratamento dos doentes;
fiscalização da qualidade da carne;
evitar comer carne crua ou malpassada de porco ou de boi;
evitar a ingestão de água ou de verduras cruas se há risco de contaminação fecal humana, ferver água de
origem suspeita e lavar bem verduras e legumes consumidos crus, cuidados com a higiene das mãos e ao
manipular alimentos (prevenção da cisticercose humana).

ASCARIDÍASE
O que é: infestação do intestino delgado humano pelos adultos do áscaris.
A doença: os vermes competem com o hospedeiro humano pelos alimentos. Frequentemente é assintomática
ou com sintomas gerais, e o indivíduo não relaciona os sintomas com alguma doença gastrintestinal. Sua ocorrência
só pode ser confirmada pelo exame de fezes em que são encontrados ovos do parasita.
Agente etiológico: Ascaris lumbricoides. Vermes nematelmintos dioicos com dimorfismo sexual, fecundação
interna, ovíparos e com desenvolvimento indireto.
Hospedeiros: o ser humano é o único hospedeiro.
O ciclo: fecal-oral. As fêmeas adultas eliminam os ovos junto com as fezes humanas no meio ambiente. Os ovos
contaminam a água ou as verduras e outros alimentos, que ingeridos crus veiculam esses ovos para o ser humano.
Transmissão: ingestão de água e alimentos crus, principalmente verduras, com ovos do verme.
Contaminação do ambiente: fezes humanas com os ovos eliminadas diretamente em meio terrestre úmido.
Profilaxia: medidas profiláticas para doenças de ciclo fecal-oral.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 207


EXERCÍCIOS

1 (UEMG) Considere a ilustração a seguir: 3 (UFMG) Organismos que apresentam corpo divi-
dido em proglotes, com escólex na parte anterior
H-16 H-16
e sem tubo digestório, podem parasitar o homem

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através de:
a) contato com água contaminada.
b) ingestão de carne malcozida.
c) pés descalços.
d) picada de inseto.
e) transfusão de sangue.

4 (Fuvest-SP) Na cisticercose, o homem pode fazer o


papel de “hospedeiro intermediário” no ciclo evo-
H-16
lutivo da Taenia solium (tênia). Isto ocorre porque:
a) ingeriu ovos de tênia.
b) andou descalço em terras contaminadas.
c) foi picado por “barbeiro”.
Sendo representada nessa ilustração a condição d) comeu carne de porco ou de vaca contamina-
de transmissão de uma parasitose humana, esta das por larvas de tênia.
será: e) nadou em água com caramujo contaminado.
a) Malária.
b) Ancilostomíase. 5 Sobre o parasita causador de uma importante en-
c) Toxoplasmose. demia foram feitas algumas observações sobre a
d) Esquistossomose. sequência que representa o seu ciclo de vida:
1. Ingerir água ou alimento contaminado.
2 (UFMG) Todas as alternativas apresentam elemen-
tos que estão presentes numa lagoa, foco de es- 2. Haver liberação dos ovos no intestino delgado.
H-16
quistossomose, exceto: 3. As larvas penetram no revestimento intestinal
a) e caem na corrente sanguínea, atingindo fíga-
do, coração e pulmões, onde sofrem algumas
mudanças de cutícula e aumentam o tamanho.
4. As larvas permanecem nos alvéolos pulmonares,
podendo causar sintomas semelhantes aos de
pneumonia.
b) 5. Ao abandonar os alvéolos, as larvas passam
para os brônquios, a traqueia, laringe e faringe.
6. Em seguida, as larvas são deglutidas e atingem
o intestino delgado, no qual crescem e se trans-
formam em vermes adultos.
7. Após o acasalamento, a fêmea inicia a liberação
c)
dos ovos.
8. Os ovos são eliminados com as fezes. Dentro de
cada ovo, ocorre o desenvolvimento de um em-
brião que, após algum tempo, origina uma larva.
d) 9. Ovos contidos nas fezes contaminam a água
de consumo e os alimentos utilizados pelo ser
humano.
É correto afirmar que o ciclo de vida acima per-
tence, exclusivamente, à:
a) Entamoeba coli.
e)
b) Ascaris lumbricoides.
c) Entamoeba histolytica/E. díspar.
d) Endolimax nana.
e) Giardia duodenalis.

208 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

Tarefa Mínima Tarefa Complementar

AULA 11 AULA 11

Leia o resumo das aulas. Leia o item 1 do Texto teórico das aulas 11 e 12.
Faça os exercícios 6 e 8 do Caderno de exercícios, Faça os exercícios 4 a 8 do Rumo ao Enem.
série 3 – Biologia B.
AULA 12
AULA 12
Faça os exercícios da Atividade extra.
Faça os exercícios 3 e 7 do Caderno de exercícios,
série 4 – Biologia B.

ATIVIDADE EXTRA
1 (Unicamp-SP) A teníase e a cisticercose são doenças parasitárias que ainda preocupam as entidades
sanitaristas. São medidas que controlam a incidência de casos dessas parasitoses:
H-16
a) lavar bem os alimentos e tomar água fervida ou filtrada, para evitar a ingestão de ovos dos platelmintos
H-30
causadores dessas doenças; e controlar as populações de caramujos, que são hospedeiros interme-
diários dos platelmintos.
b) ingestão de ovos dos nematelmintos, além de cozinhar bem as carnes de porco e de boi, ambos
portadores desses nematelmintos.
c) ingestão de cisticercos; e controlar a população de insetos vetores, como o barbeiro, que transmite
os ovos do parasita ao picar o homem.
d) ingestão de ovos do parasita; e cozinhar adequadamente as carnes de porco e de boi para evitar a
ingestão de cisticercos.

2 (Fuvest-SP) Uma criança foi internada em um hospital com convulsões e problemas neurológicos. Após
vários exames, foi diagnosticada cisticercose cerebral. A mãe da criança iniciou, então, um processo
H-16
contra o açougue do qual comprava carne todos os dias, alegando que este lhe forneceu carne conta-
minada com o verme causador da cisticercose. A acusação contra o açougue:
a) não tem fundamento, pois a cisticercose é transmitida pela ingestão de ovos de tênia eliminados nas
fezes dos hospedeiros.
b) não tem fundamento, pois a cisticercose não é transmitida pelo consumo de carne, mas, sim, pela
picada de mosquitos vetores.
c) não tem fundamento, pois a cisticercose é contraída quando a criança nada em lagoas onde vivem
caramujos hospedeiros do verme.
d) tem fundamento, pois a cisticercose é transmitida pelo consumo de carne contaminada por larvas
encistadas, os cisticercos.
e) tem fundamento, pois a cisticercose é transmitida pelo consumo dos ovos da tênia, os cisticercos, que
ficam alojados na carne do animal hospedeiro.

ANOTAÇÕES

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 209


AULAS 13 e 14 FISIOLOGIA ANIMAL – DIGESTÃO

Digestão é o processo de quebra de moléculas TIPOS DE DIGESTÃO


grandes e complexas presentes nos alimentos em molé- Intracelular: dentro da célula, no interior de
culas pequenas, simples e solúveis em água que podem um vacúolo digestivo. Ocorre, por exemplo nos
ser absorvidas pelas membranas biológicas. protozoários e poríferos.
A importância da digestão está na obtenção de matéria-
Extracelular: as enzimas digestivas são lan-
-prima para o metabolismo nos organismos heterotróficos.
çadas numa cavidade digestiva ou no sistema
O metabolismo utiliza glicose (e outros monossacarídios),
digestório. É o que acontece em cnidários, pla-
aminoácidos, ácidos graxos, glicerol, bases nitrogenadas,
telmintos, nematelmintos, anelídeos, artrópodes,
vitaminas, sais minerais, água e outras moléculas.
moluscos, equinodermos e cordados.
Os alimentos contêm polissacarídios, dissacarí-
dios, proteínas, gorduras (triglicerídios), ácidos nuclei- TIPOS DE SISTEMAS DIGESTÓRIOS
cos, vitaminas, sais minerais e água. Dessas molécu-
Sistema digestório incompleto: somente um
las, apenas vitaminas, sais minerais e água podem ser
orifício (boca) tanto para a ingestão dos alimen-
diretamente absorvidos e utilizados pelo metabolismo.
tos quanto para a eliminação dos excrementos.
Polissacarídios, proteínas, triglicerídios e ácidos
Ocorre nos cnidários e nos platelmintos.
nucleicos são moléculas grandes formadas por reações
de desidratação intermolecular. Sistema digestório completo: com boca e
A digestão consiste em quebrar as ligações entre as ânus. É o sistema digestório dos nematelmintos,
unidades que formam essas moléculas grandes por adição anelídeos, artrópodes, moluscos e cordados.
de água (hidrólise) na presença de enzimas específicas. SISTEMA DIGESTÓRIO HUMANO
Portanto, digestão é a hidrólise enzimática dos
alimentos. O sistema digestório humano é constituído de
compartimentos – os órgãos –, nos quais ocorre a hi-
Síntese por desidratação intermolecular
drólise dos alimentos, e de glândulas anexas do tubo
digestivo, que produzem e secretam os sucos digestivos
no canal alimentar.
OH HO Tubo digestivo: boca, cavidade bucal, faringe,
esôfago, estômago, intestino delgado (duodeno,
Monômero Monômero
jejuno e íleo), intestino grosso ou cólon, reto e
Saída de uma molécula ânus.
de água formada por um H2O
H e um OH removidos
Glândulas anexas: glândulas salivares, fígado
das duas moléculas. Dímero: molécula e pâncreas.
formada pela liga-
ção entre os dois
monômeros.
FENÔMENOS FÍSICOS
Mastigação: trituração do alimento pela ação
dos dentes, língua e palato.
Hidrólise
Deglutição: passagem do alimento da boca para
Uma molécula de água o esôfago através da faringe, impulsionado pela
H–O–H é inserida quebrando a
ligação. língua.
Peristaltismo: a partir do esôfago, o alimento
Dímero
Dímer é transportado por ondas de contração da mus-
culatura da parede do canal alimentar.
Emulsão das gorduras: fragmentação das gotas
OH HO de gordura em gotículas menores pelos sais bilia-
res, facilitando a ação das enzimas digestivas.
Monômero Monômero
FENÔMENOS QUÍMICOS DA DIGESTÃO
As reações podem representar a desidratação intermolecular e
a hidrólise entre monossacarídios, aminoácidos, ácidos graxos Hidrólise dos alimentos com a ação das enzimas
e glicerol ou nucleotídios. digestivas presentes nos sucos digestivos.

210 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


Insalivação: ação da saliva na cavidade bucal.
Quimificação: ação do suco gástrico no estômago.
Quilificação: ação do suco pancreático, do suco entérico e da bile no duodeno.
Variações de pH no estômago e no duodeno
O pH ácido no estômago é devido ao ácido clorídrico (HC,) secretado pelas glândulas gástricas. No duodeno,
o quimo ácido proveniente do estômago torna-se alcalino pela ação do bicarbonato de sódio (NaHCO3) presente
no suco pancreático e dos sais biliares da bile.

O SISTEMA DIGESTÓRIO HUMANO E A AÇÃO DOS SUCOS DIGESTIVOS


Ação da saliva
Boca
Enzima: amilase salivar
Glândulas
Ação da bile salivares Ação: amido → maltose

Emulsifica as gorduras Ação do suco gástrico


e alcaliniza o pH intestinal Esôfago
Pepsinogênio
↓HC<
Faringe Pepsina
Ação do suco entérico Polipeptídios
Proteínas
Fígado menores
1. Dissacaridases:
Maltase: Estômago Ação do suco pancreático
maltose → glicose + glicose
Sacarase: 1. NaHCO3 (bicarbonato de sódio)
Vesícula
sacarose → glicose + frutose biliar Alcaliniza o pH intestinal
Lactase:
lactose → glicose + galactose 2. Tripsina:
proteínas → polipeptídios menores
2. Peptidases: Pâncreas
polipeptídios menores → Duodeno
3. Lipase:
aminoácidos lipídios → ácidos graxos + glicerol
Jejuno
3. Nucleotidases: 4. Amilase:
nucleotídios → ácido fosfórico Intestino amido → maltose
+ pentoses + bases nitrogenadas grosso
Reto 5. Nucleases:
Íleo ácidos nucleicos → nucleotídios
Ânus

ABSORÇÃO
A maioria dos nutrientes obtidos no processo digestivo (aproximadamente 90%) é absorvida no intestino
delgado (principalmente no jejuno e no íleo). A ocorrência de dobras na parede interna do intestino delgado, as
vilosidades, e de evaginações nas células da camada interna de revestimento, as microvilosidades, aumentam a
superfície de absorção dos nutrientes. A água e os sais minerais são absorvidos principalmente no intestino grosso.

FORMAÇÃO E ELIMINAÇÃO DAS FEZES


Após a absorção, ocorre o processamento dos resíduos alimentares pela microbiota (bactérias) do intestino
grosso e a formação das fezes, que ficam armazenadas no reto até serem eliminadas pela defecação.

EXERCÍCIOS

1 (Vunesp) A diferenciação de um estômago na evo- ocorrem ao longo do sistema digestório. Assinale


lução do trato digestório dos vertebrados resultou a alternativa correta com relação a estas ações.
H-14
de uma adaptação: a) A quimificação ocorre na boca pela ação da bile
a) a um tipo de alimentação em que o animal sobre as gorduras.
come somente em certos intervalos. b) A insalivação ocorre no intestino delgado pela
b) a um tipo de alimentação contínua. ação da saliva sobre as proteínas.
c) a um aparelho bucal com grande capacidade c) A quilificação ocorre no estômago pela ação da
mastigadora. tripsina sobre a maltose.
d) à ingestão de alimento de natureza vegetal.
d) A quimificação ocorre no estômago pela ação
e) à diversificação dos hábitos alimentares.
da pepsina sobre as proteínas.
2 (UTFPR) As ações químicas sobre os alimentos, e) A quilificação ocorre no fígado pela ação do
como insalivação, quimificação e quilificação, suco pancreático.
H-14

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 211


3 (Vunesp) No gráfico, as curvas 1, 2 e 3 representam a digestão do alimento ao longo do aparelho digestório.
H-14

H-17

– Tamanho das moléculas de alimento +


2 3

Boca Esôfago Estômago Intestino delgado Intestino grosso


Percurso do alimento

É correto afirmar que as digestões de proteínas, de lipídios e de carboidratos estão representadas, respec-
tivamente, pelas curvas:
a) 1, 2 e 3. d) 3, 2 e 1.
b) 2, 1 e 3. e) 1, 3 e 2.
c) 2, 3 e 1.

4 (UPE) De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 500 milhões de pessoas sofrem
de obesidade. A cirurgia bariátrica tem sido utilizada no tratamento da obesidade mórbida, que acomete
H-14
pessoas com o índice de massa corporal (IMC) superior a 40. Uma das técnicas desse tipo de cirurgia é de-
H-17 nominada de Capella, que liga o estômago ao fim do intestino delgado.

Estômago
Estômago
(desviado)
Bolsa

Jejuno

Duodeno
Jejuno
Duodeno
(desviado)
Intestino
delgado

Qual das alternativas abaixo apresenta justificativa CORRETA quanto ao procedimento denominado Capella?
a) O alimento que chega ao intestino já foi completamente digerido no estômago.
b) Ao se diminuir o percurso no intestino delgado, limita-se a absorção dos alimentos que acontece princi-
palmente nessa região.
c) A ação do suco pancreático é otimizada pelo menor tamanho do intestino delgado.
d) A proximidade com o intestino grosso promoverá uma maior recuperação de água no bolo alimentar e
consequentemente maior sensação de saciedade.
e) A absorção de carboidratos no estômago é preservada, no entanto a absorção no intestino grosso é
eliminada.

212 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

Tarefa Mínima Tarefa Complementar

AULA 13 AULA 13

Leia o resumo das aulas. Leia o Texto teórico das aulas 13 e 14.
Faça o exercício 4 do Caderno de exercícios, série Faça o exercício 1 da Atividade extra.
8 – Biologia B.
AULA 14
AULA 14 Faça os exercícios 7 e 8 do Caderno de
exercícios, série 8 – Biologia B.
Faça os exercícios 1 e 6 do Caderno de exercícios,
série 8 – Biologia B. Faça o exercício 2 da Atividade extra.
Faça os exercícios 11 e 13 do Rumo ao Enem.

ATIVIDADE EXTRA
1 (Fuvest-SP) Na história evolutiva dos metazoários, o processo digestivo:
H-14 a) é intracelular, com hidrólise enzimática de moléculas de grande tamanho, a partir dos equinodermos.
b) é extracelular, já nos poríferos, passando a completamente intracelular, a partir dos artrópodes.
c) é completamente extracelular nos vertebrados, o que os distingue dos demais grupos de animais.
d) passa de completamente intracelular a completamente extracelular, a partir dos nematelmintos.
e) passa de completamente extracelular a completamente intracelular, a partir dos anelídeos.

2 (UFMG) A doença celíaca consiste em um distúrbio inflamatório do intestino delgado que ocorre em
H-14
indivíduos com sensibilidade ao glúten e à ingestão de trigo, centeio ou cevada.
Analise estas duas figuras, em que está representada uma região do intestino delgado em um indivíduo
H-17
normal – I – e em um indivíduo com doença celíaca – II.

I II

Considerando-se a alteração estrutural representada na Figura II, é INCORRETO afirmar que indivíduos
portadores de doença celíaca podem apresentar:
a) baixa produção de hemoglobina.
b) diminuição da densidade mineral óssea.
c) aumento da absorção de água.
d) retardo do crescimento corporal.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 213


AULAS 15 e 16 FISIOLOGIA ANIMAL – CIRCULAÇÃO

SISTEMA CIRCULATÓRIO
O sistema cardiovascular é responsável pelo transporte de substâncias pelo corpo.
Estruturas típicas do sistema cardiovascular: coração e vasos (órgãos) e sangue (tecido).

TIPOS DE SISTEMA CIRCULATÓRIO


Aberto ou lacunar: o sangue que sai do coração abandona os vasos e circula em lacunas ou hemocelas
entre os tecidos, até seu retorno ao coração. Tem baixa pressão e velocidade e é característico de animais
de pequeno porte.
Ocorrência: artrópodes e moluscos não cefalópodes.
Fechado: o sangue nunca abandona os vasos e as trocas com os tecidos ocorrem através das paredes
muito finas de pequenos vasos (capilares). Apresentam alta pressão e velocidade; comum em animais de
grande porte.
Ocorrência: anelídeos, moluscos cefalópodes e vertebrados.

ESTRUTURAS DO SISTEMA CIRCULATÓRIO NOS VERTEBRADOS


a) Coração: órgão propulsor do sangue. Dividido em câmaras ou compartimentos:
Miocárdio: musculatura da parede do coração de contração rítmica e involuntária.
Átrio: câmara que recebe sangue de fora do coração e o encaminha para o ventrículo.
Ventrículo: câmara que recebe sangue do átrio e o encaminha para fora do coração.
Sístole: contração do miocárdio.
Diástole: relaxamento do miocárdio.
Valvas: estruturas fibrosas presentes entre os átrios e os ventrículos e na emergência dos grandes
vasos que levam sangue que sai do coração. Determinam a direção e o sentido do fluxo sanguíneo no
coração.
Número de câmaras cardíacas:
– peixes: bicavitário (1 átrio e 1 ventrículo).
– anfíbios e répteis: tricavitário (2 átrios e 1 ventrículo).
– aves e mamíferos: tetracavitário (2 átrios e 2 ventrículos).
b) Vasos sanguíneos:
Artérias: vasos que partem do coração; têm parede muscular espessa e camada elástica bem desen-
volvida, adaptadas à alta pressão causada pelos batimentos cardíacos; ramificam-se em arteríolas, e estas
em capilares arteriais.
Veias: vasos que chegam ao coração; têm parede muscular mais fina que a das artérias; pressão baixa
e constante; apresentam válvulas em toda a sua extensão, determinando a direção do fluxo do sangue
rumo ao coração; são formadas pela reunião de vênulas que, por sua vez, são constituídas pela reunião
de capilares.
Capilares: são os vasos mais finos e mais numerosos; fazem a conexão entre as arteríolas e as vênulas; têm
parede permeável constituída por uma só camada de células achatadas (endotélio), o que permite as trocas
de água e de diversas substâncias entre o sangue e os tecidos, assim como a saída de células de defesa
(glóbulos brancos) por entre as células endoteliais.

214 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


Arteríola

Vênula

Capilar

Válvula
Endotélio
Comparação entre artéria, veia
Camada média
e capilar. Note a diferença na
Camada externa espessura da camada média onde
Artéria Veia se encontra a musculatura da
artéria e da veia e a presença da
válvula apenas na veia. Observe
ainda que artéria é o vaso que sai
do coração, e veia é o vaso que
chega ao coração.

c) Sangue: tecido líquido que circula nos vasos e é constituído pelo plasma (componente líquido) e elemen-
tos diferenciados (componente sólido formado por células e fragmentos celulares) em suspensão no plasma. Em
relação às concentrações de gás oxigênio (O2) e gás carbônico (CO2), o sangue pode ser:
Sangue arterial: sangue com maior concentração de O2.
Sangue venoso: sangue com maior concentração de CO2.

CIRCULAÇÃO HUMANA
O coração humano

Estrutura do coração humano.

Há dois grandes vasos que chegam ao coração humano trazendo sangue venoso do corpo: a veia cava infe-
rior que traz sangue do tronco e dos membros e a veia cava superior que traz sangue da cabeça. Essas veias
chegam ao ventrículo direito, de onde o sangue venoso é impulsionado aos pulmões pela artéria pulmonar que
logo após emergir do coração se bifurca em artéria pulmonar esquerda e artéria pulmonar direita.
Após as trocas gasosas nos pulmões (hematose), o sangue oxigenado, agora denominado arterial, retorna ao
coração pelas veias pulmonares, desembocando no ventrículo esquerdo, de onde é bombeado para o corpo
(circulação sistêmica), conduzido pela artéria aorta.
As valvas impedem o refluxo de sangue. Do ventrículo direito para o átrio direito temos a valva tricúspide e
do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo encontra-se a valva bicúspide. As cúspides são membranas fibrosas

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 215


que se enchem de sangue durante a sístole ventricular provocando a obstrução das comunicações atrioventricula-
res. A valva do lado direito tem duas cúspides e a do lado esquerdo, três. Na saída das grandes artérias do coração
(pulmonar e aorta) há valvas arteriais (pulmonar e aórtica) que impedem o refluxo de sangue para os ventrículos
durante a contração dessas artérias. O fechamento das valvas causa os ruídos característicos do batimento car-
díaco, conhecidos como bulhas cardíacas. A primeira ocorre no fechamento das valvas atrioventriculares e a
segunda ocorre no fechamento das valvas arteriais.
A circulação humana é dupla (dois circuitos), com circulação pulmonar e circulação sistêmica.
Circulação pulmonar ou pequena circulação:
VD → artéria pulmonar → capilares pulmonares → veias pulmonares → AE

Circulação sistêmica ou grande circulação:

VE → artéria aorta → capilares sistêmicos → veias cavas → AD

EXERCÍCIOS

1 (Fuvest-SP – Adaptada) O esquema a seguir mostra um coração humano em corte. O gráfico mostra a varia-
ção da pressão sanguínea no ventrículo esquerdo durante um ciclo cardíaco, que dura cerca de 0,7 segundo.
H-14

H-17

Em qual das etapas do ciclo cardíaco, indicadas pelas letras, ocorre o fechamento das valvas atrioventriculares?
a) A b) E c) H d) I e) M

2 (UFTM-MG) O esquema ilustra a circulação humana.


H-14

1
3

4 2

Disponível em: <http://schools.bvsd.org>. Adaptado.

216 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


A respeito do esquema e da fisiologia cardiovascular, foram feitas as seguintes afirmações:
I. O átrio esquerdo recebe sangue proveniente dos pulmões por meio das veias pulmonares e o átrio direito
recebe sangue proveniente das veias cavas.
II. O sangue presente nos vasos 1 e 2 é rico em oxiemoglobina e nos vasos 3 e 4 existe sangue rico em gás
carbônico.
III. Todas as veias transportam sangue venoso e todas as artérias transportam sangue arterial.
IV. A sístole do ventrículo esquerdo, apontado pelo número 5, possibilita que o sangue venoso atinja os
pulmões.
É correto o que se afirma apenas em
a) I.
b) I e II.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

Tarefa Mínima Tarefa Complementar

AULA 15 AULA 15

Leia o resumo das aulas. Leia o Texto teórico das aulas 15 e 16.
Faça os exercícios 5 e 6 do Caderno de exercícios, Faça os exercícios 2 a 4 do Caderno de
série 9 – Biologia B. exercícios, série 9 – Biologia B.

AULA 16 AULA 16

Faça os exercícios da Atividade extra. Faça os exercícios 12 e 14 do Rumo ao


Enem.

ATIVIDADE EXTRA
1 (Fuvest-SP) O esquema a seguir representa o coração de um mamífero.
H-14 2 5
1 3
H-17 Veia cava
inferior 4

8
6

Indique, com os números correspondentes,


a) as câmaras do coração em que o sangue apresenta maior concentração de gás carbônico;
b) as câmaras do coração as quais chega sangue trazido por vasos;
c) o vaso que sai do coração com sangue venoso;
d) a câmara da qual o sangue arterial sai do coração.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 217


2 (IFPE) Considere a figura do coração humano abaixo esquematizado. Nele se podem observar os vasos
sanguíneos que chegam ao coração e que dele saem.
H-14

H-17

Sobre a figura apresentada, podem-se fazer todas as afirmações abaixo, EXCETO:


a) Na circulação pulmonar, o sangue venoso sai do ventrículo direito pela artéria pulmonar e segue em
direção aos pulmões.
b) Na grande circulação, o sangue arterial sai do ventrículo esquerdo pela artéria aorta, levando oxigênio
a todas as partes do corpo.
c) O sangue arterial chega ao átrio esquerdo do coração por meio das veias pulmonares.
d) As veias cavas chegam ao átrio direito do coração conduzindo o sangue venoso recolhido de todo o corpo.
e) Tanto as veias cavas como as pulmonares transportam sangue venoso para o coração.

ANOTAÇÕES

218 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


TEXTO TEÓRICO

AULAS 9 e 10

Os principais grupos animais são poríferos, cnidários, vermes (platelmintos, nematelmintos e anelídeos),
artrópodes, moluscos, equinodermos e cordados.
Esses animais serão estudados em ordem crescente de complexidade, na qual destacaremos as “novidades”
estruturais que cada grupo apresenta em relação ao(s) anterior(es). Assim, depois que uma ou mais características
são “inauguradas” por um grupo, elas estarão em todos os grupos de maior complexidade.

1. PORÍFEROS
Os poríferos (ou esponjas) são animais simples e de células especializadas, mas que não estão organizadas
em tecidos ou órgãos. São exclusivamente aquáticos (marinhos e água doce), sésseis e filtradores. Seu corpo é
atravessado por um fluxo constante de água, do qual o animal retira partículas alimentares capturadas por fago-
citose. A digestão é intracelular.
A água penetra permanentemente no animal através dos poros existentes na parede corporal, formada por
duas camadas de células, e sai por uma abertura maior, o ósculo. Portanto, o fluxo de água que percorre esses
animais é unidirecional: poros → cavidade corporal → ósculo.
Esse fluxo constante da água é mantido pelo movimento dos flagelos dos coanócitos, células exclusivas
desse grupo, que revestem internamente a cavidade corporal. Essas células são responsáveis também pela captura
e digestão dos alimentos, que depois são distribuídos para as demais células do corpo das esponjas.

Coanócito

Pinacócito
(célula de revestimento)
Ósculo

Porócito
(entrada de água)

Átrio
ou
espongiocele
NH3
(excreção)
Digestão
intracelular O2
(trocas gasosas)

Observa•‹o: Digestão
CO2
intracelular (coanócitos
Amebócito e amebócitos), trocas
gasosas por difusão,
excreção nitrogenada
por difusão.
Amebócitos
(digestão intracelular
transporte)

Corte esquemático de esponja de padrão estrutural simples mostrando algumas células


especializadas e suas funções. Observe o coan—cito (exclusivo) e como, apesar da diferenciação
celular, não há organização em tecidos.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 219


2. CNIDÁRIOS
Os cnidários (do grego knides: urtiga) são os primeiros animais a apresentarem tecidos, órgãos e sistema. São
exclusivamente aquáticos (marinhos e água doce) e podem se apresentar em duas formas: pólipos (sésseis) e me-
dusas (móveis). Os exemplos mais conhecidos são as águas-vivas, as anêmonas, os corais, as caravelas e as hidras.
Os cnidários são carnívoros predadores. Capturam presas com os tentáculos presentes ao redor da boca,
imobilizadas por substâncias urticantes liberadas pelos cnidócitos, células exclusivas do grupo, localizadas
principalmente na parede externa desses tentáculos e cuja ação é desencadeada pelo contato físico com as presas.
Uma ampla cavidade ocupa todo o interior do corpo do animal e é também responsável pela distribuição dos
alimentos depois de digeridos.
Tentáculo Célula glandular
(secreção de enzimas digestivas,
digestão extracelular)
Boca Cnidócito (célula urticante)
Cavidade
gastrovascular Células nervosas formam uma rede difusa.

Cnidocílio
(cílio sensível ao toque)

Opérculo

Cnidócito ou
Cnidoblasto

Filamento
urticante
Hidra: padrão de organização corporal de um pólipo com as células que formam a parede do corpo. Note a célula urticante, o cnidócito,
que é exclusiva desses animais.

Os esqueletos de algumas espécies de pólipos formam os recifes coralíneos, nos quais se concentra uma par-
te significativa da biodiversidade marinha. Algumas espécies estão envolvidas com acidentes em que banhistas
sofrem “queimaduras” devido ao contato com as substâncias urticantes liberadas por esses animais.

3. VERMES
“Verme” é um termo genérico e sem significado taxonômico utilizado para designar invertebrados com
corpo alongado.
Os vermes são classificados de acordo com características corporais específicas (além do corpo alongado) em:

3.1 Platelmintos
Vermes de corpo achatado que podem ser de vida livre ou parasitas. Os platelmintos de vida livre mais co-
nhecidos são as planárias e podem ser encontrados em ambiente aquático ou terrestre úmido. Entre os parasitas,
podem ser citados o esquistossomo, causador da esquistossomose, e as tênias, que causam a teníase e a cisticercose.
Nesses animais são observados vários sistemas, como excretor, muscular, sensorial, nervoso e reprodutor,
além de apresentarem cefalização (presença de uma cabeça bem definida na extremidade anterior do corpo
com órgãos sensoriais evidentes) e o corpo organizado a partir de três camadas embrionárias. Os platelmintos
serão mais bem discutidos na aula sobre verminoses.
Cabeça diferenciada com
órgãos sensoriais evidentes
Cavidade digestória
vista por transparência
Faringe recolhida

Boca na
1 cm superfície ventral
(sistema digestório incompleto)
Planária, um platelminto de vida livre.

220 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


3.2 Nematelmintos
Vermes de corpo cilíndrico liso (não segmentado). Embora os mais conhecidos sejam parasitas, como a lom-
briga e o ancilóstomo, a maioria dos representantes deste grupo é de vida livre. São encontrados em ambiente
aquático (marinho e água doce) e terrestre úmido, sendo muito abundantes neste último, onde participam da
reciclagem da matéria, geralmente como detritívoros.
São os primeiros animais a apresentarem sistema digestório completo (boca e ânus) tubular e uma ca-
vidade corporal não relacionada com digestão.
Cutícula de revestimento corporal

Ânus
Intestino Cavidade corporal
Boca

Áscaris em corte no seu maior eixo (longitudinal).

3.3 Anelídeos

Corpo
segmentado
Ânus

Vaso sanguíneo dorsal,


visto por transparência

Boca Clitelo

Aspecto geral da minhoca: presença de vaso sanguíneo; o clitelo é a estrutura que secreta material para a formação do casulo.

Vermes de corpo cilíndrico segmentado. A maioria dos anelídeos é de vida livre (aquáticos ou terrestre úmido)
e os seus principais representantes são as minhocas. As sanguessugas são encontradas em água doce e solo úmido
e são ectoparasitas. Apresentam sistema circulatório que pode ser evidenciado por vaso dorsal (face superior) e
outro ventral (superfície inferior) visíveis por transparência.
As minhocas são muito importantes para a fertilidade do solo, pois ingerem grandes quantidades de terra con-
tendo matéria orgânica em decomposição, que constitui o seu alimento. A terra é triturada junto com os detritos
orgânicos e eliminada com os excrementos do animal, adubando o solo com compostos solúveis em água e ricos em
nitrogênio, cálcio, fósforo e magnésio, que são rapidamente absorvidos pelos vegetais.
As minhocas cavam túneis no solo, afofando-o e tornando-o permeável aos gases atmosféricos (o oxigênio é
utilizado durante a germinação das sementes) e à água (facilitando a irrigação). Os túneis cavados pelas minhocas
facilitam ainda a penetração das raízes no solo, auxiliando seu crescimento. Portanto, os solos com minhocas são
mais afofados, granulados, permeáveis, adubados (húmus) e facilitam a germinação das sementes e o crescimento
das raízes, aumentando assim a sua produtividade.
As sanguessugas foram utilizadas no passado como alternativa às sangrias, método de “tratamento” há muito
abandonado pela medicina. No entanto, esses animais têm sido novamente empregados, mas agora para evitar o
acúmulo de sangue nas bordas das feridas cirúrgicas, facilitando a cicatrização.

4. MOLUSCOS
Os moluscos são animais de corpo mole, organizado em cabeça (que pode ser reduzida), pé (muscular ventral)
e massa visceral (conjunto de órgãos internos localizados na porção dorsal do corpo). Podem ou não apresentar
uma concha externa.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 221


São encontrados em ambientes aquáticos (marinho e água doce) e terrestre úmido. Entre os exemplos mais comuns
estão os caracóis e as lesmas (terrestres), os caramujos, as ostras, os mexilhões e os mariscos (marinho e água doce), os
polvos e as lulas (exclusivamente marinhos).
Seu corpo é organizado em cabeça (que pode ser reduzida), pé (muscular ventral) e massa visceral (conjunto
de órgãos internos localizados na porção dorsal do corpo). Podem ou não apresentar uma concha externa.
A epiderme dorsal dos moluscos, chamada de manto ou pálio, secreta a concha e forma uma dobra sobre si
mesma (dobra do manto), delimitando uma cavidade (cavidade do manto). Nessa cavidade estão localizadas
as brânquias (órgãos respiratórios típicos dos moluscos).

Massa visceral

Nefrídio
Coração Celoma (órgão excretor)
Gônada

Estômago Intestino

Glândula Manto
digestiva
Concha
Ânus

Cabeça

Sistema Brânquia
nervoso

Rádula
Boca

O esquema ilustra um molusco hipotético com a localização da cabeça, do pé e da massa visceral. Observe a presença dos
sistemas digestório, circulatório, excretor, respiratório e celoma (a maioria dos órgãos está localizada na porção dorsal do
corpo: massa visceral). Na boca, a maioria dos moluscos apresenta uma estrutura exclusiva desse grupo, a rádula (ausente
nos bivalves), com formato de língua na qual estão fixados minúsculos dentes. Em ação, pode raspar, perfurar, rasgar,
além de conduzir partículas alimentares em direção ao trato digestório.

No caracol e na lesma, as brânquias estão ausentes. A cavidade do manto se enche de ar e faz trocas gasosas
com as paredes ricamente vascularizadas dessa cavidade, funcionando como um “saco pulmonar” – mais uma
característica adaptativa à vida terrestre. Ainda sob esse aspecto, esses moluscos têm fecundação interna e botam
ovos com casca.
Os moluscos têm importância ecológica como participantes das teias alimentares, seja como presas, seja
como predadores. Servem de hábitat para outras formas de vida com as quais podem se associar, participam da
reciclagem da matéria como detritívoros e alguns são bioindicadores de poluição.
Muitas espécies são comestíveis (lulas, polvos, mariscos, ostras, escargot, etc.). Algumas matérias-primas de
uso industrial (madrepérola, por exemplo) são obtidas de moluscos, assim como as pérolas utilizadas na confecção
de joias.
Algumas espécies são daninhas a plantações e cultivos de plantas ornamentais (caracóis e lesmas), outras
são hospedeiras intermediárias de doenças endêmicas (o caramujo da esquistossomose, por exemplo) e outras
ainda perfuram madeira e provocam danos em embarcações e estacas usadas na construção de cais.
Pelo fato de as conchas se fossilizarem com facilidade, os moluscos têm importância no estudo da Geologia
e da Paleontologia.

222 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


5. EQUINODERMOS
Os equinodermos são animais exclusivamente marinhos e seus principais representantes são as estrelas-do-
-mar, os ouriços-do-mar, as bolachas-da-praia, os pepinos-do-mar (holotúrias), as serpentes-do-mar (ofiúros) e os
lírios-do-mar (crinoides).

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(1) Pepino-do-mar (holotúrias); (2) lírio-do-mar (crinoide); (3) serpente-do-mar (ofiúros); (4) ouriço-do-mar (equinoide regular); (5) estrela-
-do-mar (asteroide); (6) bolacha-da-praia ou corrupio (equinoide irregular).

Em comum, os equinodermos têm um endoesqueleto formado por placas calcárias, apresentam espinhos
que se prendem a esse esqueleto (em algumas espécies são vestigiais ou ausentes) e o sistema ambulacrário ou
hidrovascular, exclusivo desse grupo.
O sistema ambulacrário é formado por um conjunto interno de vasos ou canais nos quais circula água do
mar. Desses canais se projetam pés tubulares musculares (pés ambulacrários) para o meio externo, relacionados
à locomoção e à fixação desses animais ao
substrato em que vivem. Água
Canal ambulacrário
Alguns equinodermos são apreciados
Madreporito
como alimento (ouriço-do-mar, por exem-
plo). Na natureza, participam das teias
alimentares marinhas como presas ou Ampolas
predadores. A estrela-do-mar, por exem-
plo, é uma predadora carnívora de “topo”
da cadeia alimentar e é potencialmente
capaz de interferir na composição das es-
pécies e no equilíbrio de vários ambien-
tes marinhos. Em fazendas de ostras (seu Pés ambulacrários
alimento preferencial), as estrelas-do-mar
podem proliferar-se como pragas.
Canal circular

O sistema ambulacrário em uma estrela-do-mar.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 223


6. ARTRÓPODES
Os artrópodes (grego arthron: articulação e podos: pé) são animais de corpo segmentado, apêndices articula-
dos e exoesqueleto quitinoso. A quitina é um composto orgânico que em contato com o meio ambiente torna-se
rígido, resistente e impermeabilizante.
Os artrópodes representam mais da metade das espécies conhecidas e, se a diversidade fosse critério para
abundância, esses animais seriam os dominadores do mundo. São encontrados na maioria dos ambientes da
natureza, oceanos e água doce, solo úmido e seco.
A existência de um revestimento rígido, que limita o crescimento desses animais, obriga-os a realizar várias
mudas ou ecdises durante a vida.
Os principais tipos de artrópodes são os insetos (moscas, besouros, abelhas, gafanhotos, cupins, borboletas,
baratas, traças, piolhos, etc.), os crustáceos (camarões, siris, caranguejos, tatuzinhos-de-jardim, etc.) e os aracní-
deos (aranhas, escorpiões, carrapatos, ácaros, etc.). Uma maneira fácil de distingui-los é comparar sua anatomia
externa: divisão do corpo, número de pernas, número de antenas e outros apêndices.
Os insetos têm o corpo dividido em cabeça, tórax e abdome, três pares de pernas e um par de antenas.
T—rax
Abdome Cabe•a

Antena

Pata articulada
Anatomia externa de inseto.
Os aracnídeos apresentam o corpo dividido em cefalotórax (cabeça fundida ao tórax numa única peça) e ab-
dome, têm quatro pares de patas, não têm antenas e apresentam dois tipos exclusivos de apêndices articulados, as
quelíceras (um par) e os pedipalpos (um par), ambos relacionados à captura e obtenção de alimentos.
Cefalotórax
Abdome Pata articulada

Pedipalpo

Quel’cera

Anatomia externa de aracnídeo.


Os crustáceos também têm o corpo dividido em cefalotórax e abdome, mas apresentam cinco pares de patas
cefalotorácicas e dois pares de antenas.
Cefalotórax Abdome

Antena

Pata
articulada

Anatomia externa de crustáceo.

224 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


As outras duas classes de artrópodes são:
Quilópodes (do grego chílioi: mil e podos: pés). Exemplos: lacraias e centopeias.
Diplópodes (do grego diploós: duplo e podos: pés). Exemplo: piolhos-de-cobra (gongolôs ou embuás).

Abdome (diplossegmentos)
Tórax

Cabeça
Tórax
e
dom
Ab Ocelos

Cabeça

Antenas
Patas (um par)

Parte anterior vista de lado

Diplópode ou milípede. Os piolhos-de-cobra, embuás ou gongolôs, são animais de hábito


noturno, inofensivos e que se alimentam de restos vegetais.

Forcípula
(inocula veneno)
Antenas
(um par)

Tronco

Olhos
Cabeça Patas
simples

Quilópode ou centípede. As lacraias são animais noturnos, venenosos e adaptados ao


hábito carnívoro predatório.

A importância dos artrópodes na natureza é muito grande. Os detritívoros, por exemplo, como piolho-de-
-cobra (embuá), tatuzinho-de-jardim, larva de besouros, entre muitos outros, contribuem para a manutenção
da fertilidade do solo e a reciclagem de nutrientes. Os insetos atuam como polinizadores de grande parte dos
vegetais terrestres, incluindo muitas das plantas cultivadas na agricultura. Os microcrustáceos dos ambien-
tes aquáticos constituem o elo entre os produtores (o fitoplâncton) e o restante das teias alimentares nesses
ambientes. A maioria dos aracnídeos é peçonhenta, com carnívoros predadores de insetos e outros pequenos
animais atuando no controle dessas populações. Os artrópodes também são fonte de alimento para muitos
anfíbios, peixes, répteis, mamíferos e aves.
Algumas espécies de artrópodes são úteis ao ser humano. Muitas são comestíveis, principalmente entre os
crustáceos (lagosta, camarão, siri, caranguejo, etc.), enquanto outras são empregadas no controle biológico de
pragas. Na Entomologia (estudo dos insetos) forense, o tempo transcorrido desde a morte de uma pessoa pode
ser determinado pelo exame das larvas de insetos presentes no cadáver.
Existem também os que podem comprometer a saúde humana e de outros animais. Há espécies endoparasitas
(como berne, sarna e o cravo da pele) ou ectoparasitas (piolhos, mosquitos e carrapatos, por exemplo). Muitos
artrópodes hematófagos são transmissores de doenças (os mosquitos, que transmitem malária, febre amarela,

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 225


dengue e leishmanioses; o barbeiro, que transmite a doença de Chagas; a pulga do rato, que transmite a peste
bubônica; o carrapato-estrela, que transmite a febre maculosa, entre outros). A própria saliva que esses animais
introduzem no hospedeiro para evitar a coagulação do sangue enquanto o sugam pode provocar graves processos
alérgicos em indivíduos suscetíveis. Há ainda os artrópodes peçonhentos (aranhas, escorpiões e lacraias), que
podem causar sérias lesões ou até a morte em indivíduos envolvidos em acidentes com eles se não houver o aten-
dimento médico necessário, principalmente com o uso de soros específicos.
Baratas, moscas e outros artrópodes são transmissores passivos de doenças, veiculando nas pernas ou ante-
nas os microrganismos trazidos de meios contaminados por onde passam (fezes, lixo, etc.) para os alimentos que
permanecem expostos.

7. CORDADOS
Assim como os artrópodes, os cordados são animais bem conhecidos. Os peixes, os sapos e as rãs (anfíbios), as
serpentes, os lagartos, as tartarugas e os jacarés (répteis), os patos, os papagaios, as pombas e as galinhas (aves), os
cachorros, os gatos, as vacas, os carneiros e os ratos (mamíferos) são animais já bem conhecidos, assim como sua
importância ecológica, alimentar e econômica. São encontrados na maioria dos ambientes naturais, com ampla
diversidade de espécies e modos de vida (incluindo uma grande variedade de dietas).
Além desses animais, há alguns cordados menos conhecidos, como o anfioxo (protocordado) e as lampreias e
feiticeiras (ciclostomados), que são remanescentes de grupos numerosos no passado e relacionados com a origem
dos cordados atuais.
Os cordados apresentam três características exclusivas em comum:
Notocorda: uma estrutura de sustentação dorsal sempre presente na vida embrionária e que só persiste
na vida adulta em algumas espécies mais primitivas.
Fendas faringeanas: típica em alguns cordados adultos, como os peixes, e na vida larval dos anfíbios,
essas fendas estão presentes na vida embrionária de todos os cordados.
Sistema nervoso dorsal.
Os cordados apresentam ainda cauda pós-anal e, assim como os equinodermos, têm o ânus formado antes da
boca durante o desenvolvimento embrionário.

Tubo nervoso dorsal

Notocorda

Tubo
digestório
Embrião

Ânus
Cauda
pós-anal
Corte transversal esquemático
na altura da faringe

A B
Faringe com fendas

Corte longitudinal (A) e transversal (B) de um embrião de cordado, evidenciando as quatro características exclusivas do grupo.

226 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


7.1 Subdivisão dos cordados
Um dos critérios para subdividir os cordados em dois grupos é a presença de coluna vertebral na vida adulta.
Sob esse aspecto, os cordados são divididos em protocordados e vertebrados.
A coluna vertebral ou espinha dorsal é o conjunto de peças esqueléticas, as vértebras, cartilaginosas ou ós-
seas, que constituem o eixo axial de sustentação dorsal da maioria dos cordados atuais, os vertebrados. Nesses
animais há também a presença de crânio (craniados).
Protocordados (cordados primitivos ou pré-vertebrados) – Ex.: anfioxo, ascídia
(sem crânio, encéfalo e vértebras; marinhos e de pequeno porte)

Sem mandíbula (agnatos) – Ciclostomados –


Ex.: lampreias e feiticeiras (“peixes-bruxa”)
Cordados

Vertebrados (craniados)
Cartilaginosos (condrictes)
(com crânio, encéfalo e vértebras; Peixes
todos os ambientes e com porte Ósseos (osteíctes)
variável)
Com mandíbula
(gnatostomados)
Anfíbios
Répteis
Tetrápodes
Aves
Mamíferos

7.2 PROTOCORDADOS
Algumas poucas espécies de cordados atuais, cujas características se assemelham aos primeiros representantes
desse grupo, não formam coluna vertebral, sendo chamados de protocordados. São exclusivamente marinhos e
o seu principal representante é o anfioxo, que preserva na vida adulta a notocorda como estrutura funcional de
sustentação dorsal e apresenta a musculatura segmentada. Essas duas características estão presentes apenas na
vida embrionária na maioria dos cordados atuais.

DR. JOHN D. CUNNINGHAM/VISUALS UNLIMITED/


CORBIS/LATINSTOCK

Anfioxo.

7.3 Vertebrados ou craniados


Os vertebrados compreendem a maioria dos cordados atuais. Neles, a notocorda é substituída pela coluna
vertebral como estrutura de sustentação dorsal durante a vida embrionária e persiste na vida adulta. No interior
da coluna vertebral encontra-se a medula nervosa, um prolongamento do encéfalo, o componente intracraniano
do sistema nervoso dorsal. A cabeça é bem desenvolvida, contendo o encéfalo e os órgãos sensoriais.
Os vertebrados são divididos de acordo com a presença ou não de mandíbula. A mandíbula é uma estrutura
esquelética articulada ligada ao crânio e relacionada a captura e obtenção de alimento, defesa e mastigação,
entre outras funções.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 227


7.4 Peixes
Os peixes (do latim, piscis: peixes) são tipicamente aquáticos, com respiração branquial, locomovem-se com
nadadeiras e têm o corpo geralmente alongado e recoberto de escamas. Há dois grupos de peixes:
a) Condrictes (do grego chondros: cartilagem e icthus: peixe) ou peixes cartilaginosos, cujo esqueleto é car-
tilaginoso. Os representantes são os tubarões, as raias (ou arraias), os cações e as quimeras.
b) Osteíctes (do grego osteon: osso e icthus: peixe) ou peixes ósseos, que apresentam esqueleto predominan-
temente ósseo, como na maioria dos peixes atualmente conhecidos: sardinha, pescada, bagre, lambari, dourado,
pintado, pirarucu, enguia, moreia, cavalo-marinho, etc.

MUSICMAN/SHUTTERSTOCK

TOM MCHUGH/
PHOTORESEARCHERS/LATINSTOCK
FIONA AYERST/SHUTTERSTOCK
1 2 3

Exemplos de peixes
cartilaginosos:
tubarão (1), raia (2)
e quimera (3).
BLUEHAND/SHUTTERSTOCK

FABIO COLOMBINI/
ACERVO DO FOTÓGRAFO

AASTOCK/SHUTTERSTOCK
1 2 3
MOHAMED TAZI CHERTI/
SHUTTERSTOCK

ARTUR KEUNECKE/
PULSAR IMAGENS

4 5

Exemplos de peixes
ósseos: cavalo-marinho (1),
piramboia (2), piranha (3),
peixe-lua (4), dourado (5)

7.5 Anfíbios
Os anfíbios (do grego anphi: duas e bios: vida) são os sapos, as rãs, as pererecas, as salamandras e as cobras-
-cegas (ou cecílias) e recebem essa denominação porque apresentam duas formas distintas ao longo da vida:
o girino (larva), com características de vida aquática, e os adultos, que após passarem pela metamorfose, têm
características de animais terrestres.
Foram os primeiros cordados tetrápodes (do grego tetra: quatro e podos: pés) a viverem em ambiente terres-
tre. Apresentam pele fina, permeável e com muitas glândulas e, embora apresentem pulmões, dependem dela
também para realizar trocas gasosas e, por isso, estão limitados a ambientes terrestres úmidos. São considerados
vertebrados de transição entre os meios aquático e terrestre.
São ectotérmicos (pecilotermos ou heterotermos).
BO VALENTINO/SHUTTERSTOCK

PAUL REEVES PHOTOGRAPHY/


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1STGALLERY/SHUTTERSTOCK

TREMOR PHOTOGRAPHY/
SHUTTERSTOCK

Rãs, pererecas, sapos e salamandras são exemplos de anfíbios.

228 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


7.6 Répteis
Os répteis (do latim reptiles: que se arrasta, rastejante) são os primeiros vertebrados a efetivamente conquis-
tar o meio terrestre seco. Quelônios (tartarugas marinhas, cágados de água doce e jabutis terrestres), serpentes
(ofídios), lagartos, camaleões, iguanas, lagartixas e os crocodilianos (jacarés e crocodilos) são os representantes
mais comuns.
Todos apresentam pele grossa (queratinizada) e seca (sem glândulas), permitindo a vida em meio terrestre seco.
Além disso, não dependem dela para as trocas gasosas como os anfíbios, sendo os pulmões os órgãos respiratórios
típicos e que garantem a oxigenação necessária do sangue.
A reprodução é por fecundação interna, os ovos contêm uma casca protetora e o desenvolvimento é direto.
São ectotérmicos (pecilotermos ou heterotermos).
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Iguana, serpente, tartaruga e jacaré são exemplos de répteis.

7.7 Aves
As aves são vertebrados terrestres que apresentam o corpo recoberto de penas, bico córneo e membros ante-
riores modificados em asas.
A maioria das aves compartilha características adaptativas ao voo, como a presença de esterno (osso localizado
na parte anterior do tórax) com quilha, uma projeção na qual estão inseridos poderosos músculos peitorais e ossos
pneumáticos (ocos e preenchidos com ar).
A pele é queratinizada, grossa, impermeabilizada, com anexos córneos e seca (sem glândulas). A respiração é
exclusivamente pulmonar. A fecundação é interna, os ovos com casca e o desenvolvimento é direto.
Há dois tipos de aves:
a) Carinatas
Possuem quilha ou carena com músculos peitorais bem desenvolvidos e são adaptadas ao voo, embora algumas
tenham perdido essa capacidade devido a outras características anatômicas, como o pinguim.
b) Ratitas
São aves não voadoras como o avestruz, a ema, o emu e o kiwi.
Possuem esterno chato sem quilha e músculos peitorais pouco desenvolvidos; vivem no solo e são capazes de
correr em alta velocidade.
As aves são homeotermos (endotermia).
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A arara-azul-de-lear e a ema são aves típicas do Brasil. A arara-azul é uma carinata e a ema é uma ratita.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 229


7.8 Mamíferos
Os mamíferos são vertebrados homeotermos (endotérmicos) com glândulas mamárias, pelos e diafragma,
encontrados praticamente qualquer ambiente.
São animais de fecundação interna e podem ser:
placentários: cujo desenvolvimento do embrião ocorre totalmente dentro do útero materno, ao qual o
embrião está ligado pela placenta, órgão responsável pela troca de substâncias entre a mãe e o embrião;
aproximadamente 95% dos mamíferos fazem parte deste grupo.
marsupiais: neles o embrião inicialmente se desenvolve no interior do útero materno, mas como o nasci-
mento é prematuro, o embrião termina seu desenvolvimento no interior do marsúpio, uma bolsa de pele
ventral, onde estão as glândulas mamárias que fornecerão o alimento necessário. Os cangurus, os gambás
e os coalas são exemplos de marsupiais.
monotremados: são mamíferos que botam ovos com casca, como o ornitorrinco e a equidna.

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O morcego (capaz de voar), o peixe-boi (adaptado à vida aquática) e a onça-pintada (terrestre)


são mamíferos placentários como a maioria dos mamíferos atuais. O canguru é um exemplo
de mamífero marsupial e ornitorrinco é um mamífero monotremado.

AULAS 11 e 12

1. ESQUISTOSSOMOSE
A esquistossomose no Brasil é uma verminose causada pelo platelminto Schistosoma mansoni. Também co-
nhecida como “xistose”, “barriga-d’água” ou “doença do caramujo”, afeta principalmente o fígado e o baço e, se
não diagnosticada nas fases iniciais, pode ter consequências mais graves ou mesmo levar à morte num prazo de
alguns anos após a sua aquisição.
A esquistossomose tem veiculação hídrica e a transmissão se dá pelo contato do indivíduo com águas em que
existem larvas livres do verme (cercárias) que penetram ativamente pela pele (transmissão cutânea).
O contato do ser humano com as larvas pode ocorrer ao caminhar descalço, nadar ou lavar roupa na beira de
rios, lagos, açudes ou lagoas, em campos alagadiços de cultivo de arroz e outros.
A manutenção do ciclo da doença depende da presença do ser humano infectado eliminando ovos do parasita
pelas fezes e da existência nas coleções hídricas frequentadas pelos seres humanos de certos caramujos planor-
bídeos do gênero Biomphalaria, que atuam como hospedeiros intermediários e eliminam as formas infestantes
do helminto nesse ambiente.

230 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


É uma endemia que constitui grave problema de Utilizando enzimas que destroem os tecidos à frente
saúde pública no Brasil, pois acomete milhões de pes- e que causam uma irritação na pele humana, combina-
soas. Sua ocorrência está relacionada a localidades das com movimentos vibratórios da cauda, as cercárias
onde as condições de saneamento básico são ausentes penetram na pele, atingem capilares sanguíneos e daí
ou precárias (quando esgotos não tratados são lança- chegam ao fígado, onde as formas jovens alimentam-
dos no ambiente), sendo influenciada também pelo -se de sangue, se diferenciam em machos e fêmeas e,
baixo nível socioeconômico da população, cujo lazer em seguida, se dirigem para os vasos entre o fígado e o
frequentemente se dá em locais contaminados, pela intestino, completando o seu amadurecimento.
falta de educação sanitária e pela falta de informação A coceira causada pela penetração da larva através
da população de risco sobre a doença. da pele inspira termos locais típicos como “lagoas de
coceira” ou expressões como “nadou, coçou, pegou!”.
1.1 O ciclo do esquistossomo
O ciclo do esquistossomo é fecal-cutâneo e tem
1.2 Profilaxia e combate à esquistossomose
dois hospedeiros, o ser humano e o caramujo planor- saneamento básico;
bídeo de água doce. combate ao caramujo através de caramujicidas
O ser humano é o hospedeiro definitivo, no qual os ou controle biológico;
parasitas adultos vivem e se reproduzem sexuadamente identificação e tratamento dos doentes;
nas veias entre o intestino e o fígado. campanhas de esclarecimento sobre a transmis-
A fêmea, depois de fertilizada pelo macho, elimi- são e os riscos da doença em áreas endêmicas;
na seus ovos nos capilares próximos ao intestino e os educação sanitária;
encaminha para a cavidade do órgão. A presença de evitar contato da pele diretamente com a água
uma espícula nos ovos facilita sua passagem para o em lagos, lagoas, açudes, terrenos alagadiços
intestino, de onde são eliminados junto com as fezes em que há suspeita da presença do caramujo
do hospedeiro para o meio externo. A postura média transmissor.
de uma fêmea é de 300 ovos por dia, dos quais aproxi-
madamente 50% são eliminados pelas fezes. 2. TENÍASE E CISTICERCOSE
Os ovos que ficam retidos nos tecidos, principal- A teníase e a cisticercose são verminoses causadas
mente do fígado, provocam uma reação do organismo por platelmintos do gênero Taenia, conhecidos tam-
que poderá ocluir os vasos e impedir a passagem do bém como “solitárias”.
sangue, além de provocar um processo de fibrose no A teníase é causada pela infestação intestinal pelo
local. As consequências são o aumento da pressão nes- verme adulto, e a cisticercose é causada pelas larvas
ses vasos e a perda de líquido por eles para a cavidade do verme, o cisticerco.
abdominal. O acúmulo desse líquido no abdome é res- No ciclo desses vermes há dois hospedeiros. O
ponsável pela chamada “barriga-d’água” e pelas formas hospedeiro definitivo é o ser humano e o hospedeiro
mais graves da doença. intermediário depende da espécie de tênia. Os hos-
Com a eliminação das fezes contaminadas com pedeiros intermediários da Taenia solium e a Taenia
saginata são o porco e o boi, respectivamente. Assim,
ovos do parasita em locais próximos ou diretamente
a teníase é a doença do hospedeiro definitivo, e a cis-
em lagoas, açudes, rios de águas lentas e outros locais ticercose, a doença típica do hospedeiro intermediário.
em que ocorre o caramujo, o ovo entra em contato A contaminação do hospedeiro definitivo ocorre
com a água e eclode, liberando o miracídio, uma pela ingestão da larva do verme (cisticerco) presente na
larva ciliada que se movimenta ativamente em busca carne crua ou malpassada do hospedeiro intermediário.
do caramujo. O hospedeiro intermediário adquire a cisticercose ao
Uma vez instalado no molusco, o miracídio se ingerir os ovos das respectivas tênias presentes na água
transforma em sua forma reprodutiva, o esporocisto, ou alimentos crus contaminados com fezes humanas.
que pode originar até 300 mil cercárias, a larva que Eventualmente, o ser humano pode adquirir cis-
é a forma infestante do ser humano. ticercose e fazer o papel de hospedeiro intermediário
Alguns dias depois da infestação, o molusco come- ingerindo ovos da Taenia solium presentes na água ou
ça a eliminar as cercárias. Nessa fase, as larvas têm em verduras cruas contaminadas com resíduos fecais
humanos, ou se tiver teníase e por alguma razão ocor-
estruturas de armazenamento de enzimas na parte
rer a eclosão dos ovos do verme ainda no seu intestino.
anterior do corpo e uma cauda bifurcada. Nadando A forma mais grave dessa doença é a neurocisticercose,
livremente, as cercárias têm um tempo relativamente em que o cisticerco se aloja no cérebro, nervo ocular e
curto para encontrar o hospedeiro definitivo. outros locais do sistema nervoso.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 231


2.1 O ciclo das tênias
As tênias adultas têm a forma de uma “fita” e são
Escólex Escólex
formadas por uma “cabeça” ou escólex, um colo (“pesco- (cabeça) (cabeça)
ço”) e um tronco constituído por uma sucessão de pro-
glotes. No escólex são encontradas estruturas de fixação
(ventosas e ganchos) utilizadas para a fixação na mucosa Pescoço Pescoço
intestinal. As proglotes são anéis ou segmentos achata-
dos que constituem a maior parte do corpo do animal.
O sistema digestório nas tênias é ausente e o ani-
mal depende da absorção de nutrientes previamente
digeridos pelo hospedeiro. No entanto, cada proglote
apresenta todos os demais sistemas para sobrevivên- Proglote Proglote
cia (nervoso, excretor, muscular, etc.) e um sistema gravídica gravídica
reprodutor hermafrodita, com testículos e ovários.
As proglotes são produzidas a partir do escólex e
a cada nova unidade formada, as demais são “empur-
radas” para a porção terminal do animal, que pode
Taenia saginata Taenia solium
chegar a vários metros de extensão.
À medida que as proglotes se distanciam do es- Proglotes gravídicas de T. saginata e T. solium.
cólex e do colo, elas vão gradativamente amadurecen-
Embora o verme possa se fixar em qualquer parte
do. Na porção aproximadamente média do animal,
as proglotes tornam-se sexualmente maduras e, de- do corpo, o sistema nervoso central e a musculatura
vido ao tamanho do animal, o tronco pode se dobrar, esquelética são os locais mais favoráveis à sua instala-
permitindo que as proglotes entrem em contato e se ção, ocorrendo então o desenvolvimento de um novo
fecundem mutuamente. Portanto, as tênias se repro- estágio larval, o cisticerco.
duzem por autofecundação. A presença de cisticercos na carne pode ser identi-
Os milhares de ovos produzidos permanecem arma- ficada pela fiscalização sanitária, pois há locais em que
zenados em um compartimento próprio (“proglote grávi- essas estruturas esbranquiçadas são mais abundantes
da”) até que ele se aproxime da porção terminal do animal no animal doente e visíveis macroscopicamente. Po-
e seja eliminado com os ovos juntamente com as fezes. pularmente são chamadas de “pipocas”, “pipoquinhas”
O ciclo continua se as fezes forem eliminadas di- ou “canjiquinhas”.
retamente no meio ambiente e contaminarem água ou
2.2 Profilaxia
alimentos utilizados pelos hospedeiros intermediários.
A ingestão dos ovos do verme presentes na água saneamento básico;
e em alimentos crus com contaminação fecal resulta identificação e tratamento dos doentes;
na passagem deles pelo estômago do hospedeiro inter- fiscalização da qualidade da carne;
mediário, onde os ovos sofrem uma primeira alteração
que propiciará a sua eclosão e liberação de uma dimi- evitar comer carne crua ou malpassada de porco
nuta larva no intestino do animal. Essa larva atravessa ou de boi;
ativamente a parede do intestino, entra na corrente evitar a ingestão de água e de verduras cruas se
sanguínea e se espalha pelo corpo do animal. há risco de contaminação fecal humana; ferver
Gancho

Glândula vitelina

Escólex Ovário
Taenia solium. Ilustração com as par-
tes principais do corpo de uma tênia
Testículo adulta: escólex, pescoço e proglotes.
Ventosa Note as proglotes imaturas e as ma-
Poro
Proglote genital duras, respectivamente, localizadas na
madura
Proglote porção anterior e mediana do corpo do
Ducto verme. No detalhe é possível observar
Pescoço ou colo espermático
o aparelho reprodutor hermafrodita
presente em cada proglote com os
testículos, os ovários, o poro genital,
Proglote imatura Útero
o ducto espermático e o útero, uma
câmara em que são armazenados os
ovos na proglote madura.

232 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


água de origem suspeita e lavar bem verduras e 3.1 Ciclo da ascaridíase
legumes consumidos crus; O ciclo do Ascaris lumbricoides é fecal-oral.
ter cuidados com a higiene das mãos e ao manipu- A infestação ocorre pela ingestão dos ovos do
lar alimentos (prevenção da cisticercose humana). parasita presentes na água e nos alimentos (verduras
cruas) contaminados com resíduos fecais humanos. No
intestino delgado, o ovo eclode e, embora esteja no
meio ambiente em que vive como verme adulto, a larva
que abandona o ovo penetra na mucosa intestinal até
atingir um capilar sanguíneo. A partir daí, passa pelo
fígado, coração, chega aos capilares dos pulmões e atra-
a
inad

vessa as paredes desses vasos e dos alvéolos. Durante


de carne suína contam

Adulto (parasita
intestinal do ser humano) a passagem para os alvéolos, a presença de um grande
número de vermes pode provocar pneumonia.
Proglote contendo Uma vez dentro do alvéolo, o verme dá início a uma
ovos (nas fezes) jornada pela árvore respiratória: bronquíolos, brônquios,
traqueia, laringe, glote, até atingir a faringe, por onde já
Cisticerco (larva parasita
passou ainda no interior do ovo. É deglutido, segue pelo
stão

dos tecidos muscular e


nervoso do porco ou do ser humano) esôfago e, graças à existência de uma cutícula resisten-
ge
In

te, atravessa o estômago sem que o pH ou as enzimas


digestivas desse órgão causem-lhe qualquer prejuízo,
s
do

io na chegando finalmente de volta ao intestino delgado, onde


br
em irá amadurecer e reproduzir-se. Uma fêmea de áscaris
vos
Ingestão dos o Ovo com embrião pode liberar mais de 200 mil ovos diariamente, os quais
hexacanto
(ou oncosfera)
serão eliminados para o meio externo junto com as fezes
do hospedeiro.
Fases da metamorfose da tênia do porco (Taenia solium): ovo →
→ larva (cisticerco) → adulto. Caso a carne crua ou malpassada 3.2 Profilaxia
desse animal seja consumida pelo ser humano, o cisticerco será
liberado no intestino e dará origem ao escólex de uma nova tênia. As formas de contaminação da água e dos alimen-
tos e a profilaxia são as mesmas das doenças de ciclo
3. ASCARIDÍASE fecal-oral estudadas anteriormente.
O Ascaris lumbricoides é um verme nematoide
parasita de sexos separados e fecundação interna. O
4. ANCILOSTOMÍASE
macho (15 a 25 cm) é menor que a fêmea (26 a 45 cm)
e apresenta ganchos copuladores na extremidade pos- Também chamada de “amarelão” e “necateríase”, a
terior do corpo, que é ligeiramente recurvada. ancilostomíase ficou mais conhecida pelo personagem
A ascaridíase é a infestação do intestino delgado Jeca Tatu, criado por Monteiro Lobato para representar
humano pelo áscaris. O número de vermes pode variar o trabalhador rural brasileiro. Vítima de uma parasitose
de alguns casais até milhares (infestação maciça). Na que provoca transtornos intestinais frequentes e ane-
maioria dos casos, não costuma haver sintomas eviden- mia, no passado o agricultor que lavrava a terra com
tes a não ser por perturbações gástricas, como períodos os pés descalços e as mãos nuas era constantemente
de obstipação (“intestino preso”) alternados com epi- classificado como preguiçoso, indolente e sem vontade
sódios de diarreia e um certo desconforto abdominal.
e iniciativa para trabalhar.
Frequentemente, é assintomática ou o indivíduo não
Os vermes nematoides Ancylostoma duodenale
relaciona os sintomas com alguma doença gastrintesti-
e Necator americanus, agentes etiológicos do amare-
nal, e sua ocorrência só pode ser confirmada pelo exa-
me de fezes em que são encontrados ovos do parasita. lão, são pequenos (1 a 1,5 cm), têm sexos separados e
Os casos graves com grande número de vermes fecundação interna. Milhares de casais vivem no in-
podem provocar um quadro agudo de obstrução in- testino delgado humano, onde se prendem à mucosa
testinal que requer atendimento imediato e trata- do intestino através de dentes, causando lesões com
mento cirúrgico. sangramentos. Os vermes são hematófagos e a perda
Além disso, na infestação maciça pode ocorrer crônica de sangue causa sinais e sintomas típicos da
pneumonia logo após o início do ciclo do parasita no verminose: anemia, fraqueza, desânimo e palidez no
ser humano. rosto, daí o nome “amarelão”.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 233


4.1 O ciclo do amarelão
O ciclo do amarelão é fecal-cutâneo. Após a reprodução, a fêmea produz ovos que são eliminados com as fezes
do doente no meio externo. A ausência de saneamento básico, fossas higiênicas e educação sanitária contribui para
que as fezes sejam eliminadas diretamente no solo úmido. Nesse local, o ovo eclode liberando uma minúscula
larva que se alimenta temporariamente de bactérias até que entre em contato com a pele humana, penetrando
através dela, até atingir o sistema circulatório.
No sangue, as larvas passam pelo coração e chegam aos capilares pulmonares, repetindo o caminho ob-
servado pelo áscaris na passagem pelo órgão, sendo também capaz de provocar pneumonia. No entanto, para o
ancilóstomo e o necátor, essa é a única via para alcançar o intestino delgado, pois a infestação é cutânea e não
oral, como ocorre no áscaris.

4.2 Profilaxia
Além das medidas profiláticas vistas para as doenças em que há contaminação fecal do meio ambiente (no
caso, o solo úmido), para a ancilostomíase pode ser acrescentado:
evitar o contato da pele nua com o solo, principalmente se há suspeita de contaminação fecal, o que pode
ser feito através do uso de calçados e luvas.
Existem também os que podem comprometer a saúde humana e de outros animais. Há espécies en-
doparasitas (como berne, sarna e o cravo da pele) ou ectoparasitas (piolhos, mosquitos e carrapatos, por
exemplo). Muitos artrópodes hematófagos são transmissores de doenças (os mosquitos, que transmitem
malária, febre amarela, dengue e leishmanioses; o barbeiro, que transmite a doença de Chagas; a pulga do
rato, que transmite a peste bubônica; o carrapato-estrela, que transmite a febre maculosa, entre outros). A
própria saliva que esses animais introduzem no hospedeiro para evitar a coagulação do sangue enquanto
o sugam pode provocar graves processos alérgicos em indivíduos suscetíveis. Há ainda os artrópodes pe-
çonhentos (aranhas, escorpiões e lacraias) que podem causar sérias lesões ou até a morte em indivíduos
envolvidos em acidentes com eles, se não houver o atendimento médico necessário, principalmente com
o uso de soros específicos.
Baratas, moscas e outros artrópodes são transmissores passivos de doenças, veiculando nas pernas ou
antenas os microrganismos trazidos de meios contaminados por onde passam (fezes, lixo, etc.) para os ali-
mentos que permanecem expostos.

AULAS 13 e 14

1. FISIOLOGIA ANIMAL
1.1 Fisiologia da digestão
As principais matérias-primas para o metabolismo celular são a glicose (monossacarídio), utilizada principal-
mente como combustível para as reações do metabolismo; os aminoácidos, utilizados para a produção de proteí-
nas; os triglicerídios e ácidos graxos que a célula usa para fazer os lipídios triglicerídios; as bases nitrogenadas, o
ácido fosfórico e as pentoses que constituem as unidades dos ácidos nucleicos (DNA e RNA); as vitaminas, que
servem como coenzimas; os sais minerais de funções variadas; e a água, cuja principal função é a de solvente
para essas reações.
No entanto, a maioria desses nutrientes não está disponível nos alimentos na forma que possam ser direta-
mente utilizados pelas células. Os alimentos são formados por grande quantidade de moléculas complexas (di ou
polissacarídios, proteínas, gorduras e ácidos nucleicos), que devido ao seu tamanho devem ser transformadas em
moléculas simples e menores para que possam ser mais bem absorvidas e empregadas.

Digestão
A digestão é a transformação das moléculas grandes (complexas) presentes nos alimentos em moléculas
menores (mais simples) e solúveis em água, cuja importância é a obtenção de matéria-prima para o metabolismo
nos organismos heterótrofos.

234 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


Para isso, devem ser submetidas a reações de hidrólise, catalisadas por enzimas. Esse fenômeno é conhecido
como digestão enzimática.

Molécula complexa

Enzimas 1 H2O

H— — OH
H— OH OH



OH OH

H— — OH



H— H
— H OH

H OH —

H— — OH —
H — OH
H—

Moléculas simples

Hidrólise enzimática.

A maioria das moléculas que deve ser digerida foi produzida nos organismos que constituem a dieta de outros seres
vivos por reações de desidratação molecular. A “quebra” das ligações resultantes desse processo ocorre pela adição de
uma molécula de água a cada uma dessas ligações catalisada por enzimas específicas para o substrato a ser digerido.
Observe a tabela a seguir:

Substrato presente no alimento


Enzima digestiva Produto digestivo
formado no processo digestivo

Proteínas Proteases (enzimas proteolíticas) Polipeptídios menores

Polipeptídios menores Polipeptidases ou peptidases Aminoácidos

Amido (polissacarídio) Amilases Maltose

Dissacarídios (maltose, Dissacarídios (maltase, Monossacarídios


sacarose e lactose) sacarase e lactase) (principalmente glicose)

Lipídios (triacilgliceróis) Lipases Ácidos graxos e glicerol

Ácidos nucleicos (DNA e RNA) Nucleases (DNAase e RNAase) Nucleotídios

Bases nitrogenadas,
Nucleotídios Nudeotidases
pentoses e ácido fosfórico

Note que algumas moléculas (proteínas, amido e ácidos nucleicos), devido ao seu tamanho, são digeridas em
mais de uma etapa.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 235


1.2 Tipos de digestão
Digestão intracelular
Ocorre no interior dos vacúolos digestivos, por ação dos lisossomos. Observe a imagem a seguir.
Fusão dos lissosomos ao
Lisossomo fagossomo formando o Absorção dos nutrientes
vacúolo digestivo

Englobamento das partículas alimentares

Os protozoários e as esponjas (poríferos) têm digestão exclusivamente intracelular.

Digestão extracelular
Presente nos animais com sistema digestório. As enzimas digestivas são lançadas no interior de uma cavidade
digestiva e o processo se inicia com a ingestão dos alimentos pela boca.
Após a digestão e absorção dos nutrientes, os resíduos alimentares ou excrementos são eliminados para o meio
externo (defecação ou excrementação). Dependendo do animal, isso ocorre pelo mesmo orifício da ingestão (boca)
ou por um orifício próprio, o ânus.

1.3 Tipos de sistemas digestórios


Sistema digestório incompleto: é aquele que tem um único orifício para a ingestão e a defecação, a boca.
Sistema digestório completo: caracterizado pela presença de boca e ânus.

Boca
Tentáculos
1. Liberação de Faringe
enzimas digestivas
2. Quebra do alimento
em partículas menores
Alimento
3. Captura de partículas
para digestão intracelular

Boca

Os cnidários e os platelmintos têm sistema digestório incompleto. Note que a cavidade digestiva dos cnidários é muito
ampla e abrange também os tentáculos, enquanto o sistema digestório da planária se ramifica por todo o corpo. Nesses
animais, a cavidade digestiva é também responsável pela distribuição dos produtos da digestão no organismo.

Boca
Faringe
Cutícula
Intestino

Anel nervoso
Ânus
Sistema digestório completo em lombriga (nematelminto).

Com o surgimento da simetria bilateral, o sistema digestório tornou-se gradativamente tubular, possibilitando
o desenvolvimento de compartimentos especializados, como no sistema digestório humano.

236 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


2. DIGESTÃO HUMANA
É o processo de digestão e de absorção dos alimentos da dieta humana.

2.1 Sistema digestório humano

Faringe
Glândulas salivares:

Parótida

Sublingual
Submaxilar

Fígado

Vesícula biliar

Estômago

Ducto biliar comum Pâncreas

Intestino delgado
(duodeno)

Jejuno
Intestino grosso
(Cólon) Íleo

Reto Ânus

2.2 Digestão: fenômenos físicos e químicos


O processo digestivo humano inclui fenômenos físicos e químicos. Os fenômenos físicos ocorrem na
cavidade bucal (mastigação e deglutição), no esôfago (peristaltismo) e no duodeno (emulsão das gorduras). Os
fenômenos químicos constituem a hidrólise dos alimentos propriamente dita pela ação dos sucos digestivos:
insalivação (cavidade bucal), quimificação (estômago) e quilificação (duodeno).

2.3 Digestão na cavidade bucal


Na cavidade bucal ocorrem dois tipos de digestão: física, ou mecânica (mastigação e deglutição), e química
(ação da amilase salivar, ou ptialina, presente na saliva).

Mastigação
A trituração do alimento pela ação dos dentes contribui para aumentar a superfície de contato com a saliva
e os demais sucos digestivos, além de torná-lo mais facilmente deglutível.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 237


Deglutição
A deglutição consiste na passagem do alimento da boca para o esôfago. Periodicamente, a língua impulsiona
o alimento mastigado para a faringe, em direção ao esôfago. Para que o alimento não entre na traqueia, a laringe
fecha uma projeção cartilaginosa da sua parede, a epiglote, que cobre a glote (abertura da laringe).

1 2 Palato mole bloqueia 3


a cavidade nasal

ALILA MEDICAL MEDIA/SHUTTERSTOCK


Bolo de comida Língua bloqueia
cavidade oral Epiglote
bloqueia
Esfíncter esofágico Esôfago Esfíncter a laringe Esfíncter esofágico
fechado esofágico fecha novamente
se abre
Processo de deglutição. Note a ação da língua, do palato, da epiglote e do esfíncter esofágico. Durante a deglutição, o fluxo de
ar para a traqueia é interrompido, impedindo momentaneamente a respiração.

Insalivação
Simultaneamente à mastigação, as glândulas salivares secretam a saliva que contém a ptialina (ou amilase salivar).
A ação da ptialina promove a hidrólise do amido em maltose e o seu pH ótimo é de aproximadamente 7,0 (neutro).
ptialina
amido H 2O
maltose

2.4 Peristaltismo
No esôfago o alimento é transportado em direção ao estômago por ondas de contração rítmicas da camada
muscular da parede desse órgão, mecanismo denominado peristaltismo.

Esôfago

Constrição
Onda peristáltica
Esôfago

Bolo alimentar

Relaxamento

Encurtamento
BLAMB/SHUTTERSTOCK

Estômago

Quando o alimento atinge o esôfago, iniciam-se os movimentos peristálticos desse órgão.

238 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


2.5 Digestão no estômago

Armazenamento e contrações da parede do estômago


A função principal do estômago é armazenar o alimento de maneira que seja possível digeri-lo mais lentamente
do que ele é deglutido.
Na passagem do estômago para o duodeno (primeira porção do intestino delgado) há um esfíncter chamado
piloro. As contrações da parede gástrica empurram o alimento para a parte terminal do estômago. Devido a essas
ondas de contrações, o piloro relaxa por um curto período permitindo a passagem de pequenas quantidades de
alimento, esvaziando o estômago gradativamente (aproximadamente quatro horas). Isso possibilita que a digestão
no duodeno ocorra com poucas quantidades de alimento de cada vez.

Quimificação
Durante a sua permanência no estômago e sob a atuação da enzima pepsina, o alimento transforma-se
no quimo.
A pepsina é uma protease secretada por células presentes nas paredes do estômago. Para que as essas células
produtoras não sofram autodigestão, essa enzima é secretada na forma inativa de pepsinogênio. O pepsinogênio
é ativado pelo pH ácido do estômago (aproximadamente 2,0).

Células
mucosas

Glândulas
gástricas

Células parietais
(secretoras de HC,) Observe que as glândulas
gástricas se abrem no
Células principais interior do estômago
(secretoras de pepsinogênio) por meio de orifícios.
Essas glândulas contêm
Musculatura lisa células que secretam
o suco gástrico com a
Submucosa forma inativa da pepsina,
o HC, e o muco.

Ação da pepsina
A pepsina atua na hidrólise parcial das proteínas contidas no alimento. Os produtos dessa hidrólise são os
polipeptídios menores.
pepsinogênio
HC,

pepsina polipeptídios
proteínas H 2O menores

As glândulas gástricas secretam um muco que recobre as paredes do estômago e impede o contato di-
reto delas com o suco gástrico, evitando assim que a ação enzimática da pepsina e o pH ácido danifique as
paredes do órgão.

2.6 Digestão no intestino delgado


O intestino delgado é dividido em três partes: duodeno, jejuno e íleo. No duodeno ocorre a maior a parte
da digestão humana. O jejuno e o íleo juntos têm entre 6 e 7 metros e são responsáveis por 90% da absorção
dos nutrientes.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 239


Duodeno
No duodeno ocorre a quilificação, que é a transformação do quimo ácido proveniente do estômago no quilo
(alcalino) sob a ação conjunta do suco pancreático, do suco entérico e da bile. O pH ótimo das enzimas que agem
no duodeno é aproximadamente 8,0 (básico ou alcalino). O bicarbonato de sódio (NaHCO3) e os sais biliares
presentes no duodeno promovem a rápida alcalinização do pH do bolo alimentar.

Bile
Fígado

Vesícula biliar Estômago


Bile
Quimo ácido
Suco intestinal

Suco pancreático
Pâncreas
Duodeno e
intestino delgado
Anatomia do duodeno e das glândulas anexas (fígado e pâncreas) e seus
respectivos sucos digestivos. O ducto biliar e o ducto pancreático se unem e se
abrem no duodeno pelo mesmo orifício.

Suco pancreático
O suco pancreático é produzido no pâncreas, secretado no duodeno e contém o NaHCO3 que participa da
alcalinização do pH e várias enzimas.
As principais enzimas do suco pancreático são a tripsina (protease), a amilase pancreática, as lipases e as
nucleases. O papel dessas enzimas na hidrólise dos alimentos é resumida no quadro a seguir:

TRIPSINA
PROTEÍNAS H 2O
POLIPEPTÍDIOS MENORES

AMILASE PANCREÁTICA
AMIDO H 2O
MALTOSES

LIPÍDIOS LIPASE
GLICEROL 1 ÁCIDOS GRAXOS
(triglicerídios) H 2O

NUCLEASES
ÁCIDOS NUCLEICOS H 2O
NUCLEOTÍDIOS

Suco entérico
O suco entérico é produzido por glândulas presentes na parede do próprio duodeno e participa com as enzimas
maltase, sacarase e lactase, que são dissacaridases, as polipeptidases e as nucleotidases, cuja ação é:

MALTASE
MALTOSE H 2O
GLICOSE 1 GLICOSE

SACARASE
SACAROSE H 2O
GLICOSE 1 FRUTOSE

LACTASE
LACTOSE H 2O
GLICOSE 1 GALACTOSE

POLIPEPTÍDIOS POLIPEPTIDASES
H 2O
AMINOÁCIDOS
MENORES

BASES NITROGENADAS 1
NUCLEOTIDASES
NUCLEOTÍDIOS H 2O
PENTOSES 1
ÁCIDO FOSFÓRICO

240 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


Bile
A bile ou suco biliar não contém enzimas digestivas. É produzida no fígado e armazenada na vesícula
biliar. Contém sais biliares, sais orgânicos que alcalinizam o pH no duodeno e emulsificam as gorduras.
Emulsão das gorduras
As gorduras são insolúveis em água e formam gotas cuja pequena superfície em relação ao volume impede
o contato da maior parte das moléculas de lipídios com as lipases pancreáticas. Os sais biliares emulsificam
essas gorduras fragmentando as gotas em gotículas menores, aumentando a superfície para a ação das enzimas
pancreáticas.

Sais
biliares

Emulsão de uma gota de gordura em gotículas menores.

2.7 Absorção intestinal dos nutrientes


As moléculas resultantes da hidrólise dos alimentos (glicose, aminoácidos, ácidos graxos, glicerol, bases nitro-
genadas, etc.) são pequenas o suficiente para serem absorvidas pelas membranas celulares e podem atravessar as
paredes do intestino e dos capilares sanguíneos e linfáticos que vão transportá-las para todas as células corporais.
Além dessas substâncias, substâncias menores, como as vitaminas, os sais minerais e a água, são diretamente
absorvidas. No jejuno e no íleo são encontradas adaptações chamadas vilosidades (dobras do revestimento interno
intestinal) e microvilosidades (evaginações das membranas das células que revestem o intestino para o órgão)
que aumentam a superfície e a capacidade absortiva do revestimento do intestino delgado.

Veia conduzindo
sangue para o fígado Células
(sistema porta-hepático) epiteliais

Capilar Microvilosidades
linfático

Camadas de
musculatura lisa
Vilosidades Capilares
sanguíneos

Artéria Veia

Parede intestinal Vilosidades CŽlulas epiteliais

Vilosidades e microvilosidades são adaptações que permitem o aumento da superfície de absorção do intestino delgado. Os capilares
observados na figura estão relacionados à absorção da maioria dos nutrientes. No entanto, o glicerol e os ácidos graxos são absorvidos
pelas células intestinais (enterócitos), que os transformam novamente em lipídios para posteriormente lançá-los nos vasos linfáticos.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 241


O intestino grosso ou cólon está relacionado principalmente com a absorção de água e sais minerais. Além
disso, há a formação das fezes ou bolo fecal a partir do processamento dos resíduos alimentares que se acumulam
na sua porção terminal, o reto, até que ocorra a evacuação.
No intestino grosso encontra-se a microbiota intestinal constituída de bactérias que proliferam muito durante
a permanência dos resíduos alimentares nesse órgão e são parte significativa da massa fecal. Essa microbiota im-
pede a instalação de eventuais bactérias patogênicas e produz algumas vitaminas importantes para o ser humano.

AULAS 15 e 16

1. FISIOLOGIA DA CIRCULAÇÃO
Os animais pluricelulares mais complexos apresentam grande número de células distantes da superfície
corporal, impedindo a absorção de alimentos, as trocas gasosas e a eliminação de excretas diretamente ao meio
ambiente. Os sistemas de transporte conseguem distribuir as substâncias obtidas das superfícies respiratórias e
digestivas para todas as células presentes no organismo, além de retirar dos tecidos as excretas tóxicas que devem
ser eliminadas do corpo.

2. SISTEMAS CARDIOVASCULARES
Os sistemas cardiovasculares promovem o movimento de líquidos corporais, tais como o sangue, a linfa e a
hemolinfa, transportando diversas substâncias (gases respiratórios, nutrientes, excretas, HCO32, proteínas, anti-
corpos, por exemplo) dissolvidas em água e células com funções específicas por todo o corpo do animal.
Organização dos sistemas cardiovasculares e ocorrência: são constituídos de um ou mais órgãos pro-
pulsores (coração ou órgãos equivalentes) e vasos (artérias, veias, capilares, vasos linfáticos) dentro dos quais se
movimenta um líquido circulante, como o sangue, por exemplo. O sistema cardiovascular ocorre pela primeira
vez nos anelídeos e está presente nos moluscos, artrópodes, equinodermos e cordados.

2.1 Sistema cardiovascular aberto ou lacunar


Os vasos apresentam a extremidade aberta nos tecidos e o líquido circulante (sangue ou hemolinfa) se movi-
menta por espaços (lacunas ou hemocelas) entre os órgãos e os tecidos, retornando gradativamente ao coração. As
trocas são feitas diretamente entre o sangue e as células corpóreas e a pressão no sistema é baixa devido à saída do
sangue dos vasos. Por essa razão, as distâncias que podem ser percorridas são curtas, limitando o porte dos animais.
Ocorre nos moluscos não cefalópodes e nos artrópodes.

2.2 Sistema cardiovascular fechado


O sangue circula exclusivamente dentro de vasos e as trocas com os tecidos ocorrem através das paredes dos
capilares, vasos cuja parede é extremamente fina e apresenta poros que permitem essas trocas. É um sistema
cardiovascular de alta pressão, no qual o sangue circula rapidamente e pode percorrer grandes distâncias. Dessa
maneira, o porte dos animais no qual está presente pode ser grande.
Ocorre nos anelídeos, moluscos cefalópodes e todos os vertebrados.
Sistema circulatório Sistema circulatório
aberto fechado

Coração Coração

No sistema cardiovascular
Hemolinfa
Capilares no interior aberto ou lacunar, a hemolinfa
de cada órgão sai do interior dos vasos e
Circulação banha diretamente os tecidos,
Vaso sanguíneo
dorsal contrátil (coração) dorsal sendo, posteriormente, reco-
lhida ao coração. Já no sistema
cardiovascular fechado, o san-
gue não sai do interior dos
vasos sanguíneos e as trocas
de substâncias entre ele e os
5 corações Circulação tecidos ocorrem através das
ventral paredes dos capilares.

242 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


3. SISTEMA CARDIOVASCULAR DOS VERTEBRADOS
O sistema cardiovascular dos vertebrados é constituído de coração, artérias, capilares e veias.

3.1 Coração
Órgão formado principalmente por um tipo diferenciado de tecido muscular (miocárdio) que apresenta uma
rede de fibras musculares modificadas, responsáveis pela geração e propagação do impulso que estimula a sua
contração (estímulo miocardiogênico). A contração do coração é rápida, vigorosa e involuntária. O estímulo para
a contração do miocárdio é gerado pelo nodo ou nó sinoatrial (marca-passo cardíaco).
Nos vertebrados, o coração é dividido em câmaras ou cavidades, átrios e ventrículos. O átrio recebe o sangue
que vem de fora do coração e o encaminha para o ventrículo. O ventrículo envia o sangue para fora do coração,
e a maior espessura da camada muscular da sua parede permite que a contração muscular seja forte o suficiente
para fazer o sangue percorrer maiores distâncias.

3.2 Vasos sanguíneos


Artérias: são vasos pelos quais o sangue parte do coração. Apresentam parede muscular espessa, adaptada
à alta pressão causada pelos batimentos cardíacos. Ramificam-se em arteríolas e estas em capilares arteriais.
Veias: são vasos pelos quais o sangue chega ao coração. De parede muscular mais fina que a das artérias,
têm pressão baixa e constante. São dotadas de válvulas que impedem o fluxo do sangue em sentido contrário.
São formadas pela reunião de vênulas, as quais, por sua vez, são constituídas pela reunião de capilares.
Capilares: são os vasos mais finos, que fazem a conexão entre as arteríolas e as vênulas. Têm parede
constituída por apenas uma camada de células achatadas (endotélio), o que permite as trocas de água e
diversos solutos entre o sangue e os tecidos adjacentes, além da saída de glóbulos brancos por entre as
células endoteliais.
Coração Coração
Endotélio
Válvula
Endotélio
(camada
interna)
Endotélio

Capilar Músculo liso


Músculo liso
(camada
intermediária)
Tecido
Tecido conjuntivo
conjuntivo

Artéria Veia

Arteríola Vênula

ArtŽrias, capilares e veias.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 243


3.3 Sangue
É o tecido líquido responsável pelo transporte de substâncias no sistema cardiovascular. De acordo com o
teor de gás oxigênio (O2) e gás carbônico (CO2) é classificado em arterial ou venoso. O sangue arterial apresenta
maior teor de O2 e o sangue venoso apresenta maior teor de CO2.

4. CIRCULAÇÃO HUMANA

Capilares
pulmonares

Artéria
pulmonar Circulação pulmonar Veia
ou pequena circulação pulmonar

Veia cava Artéria


superior aorta
AD AE
Veia cava Valva
inferior mitral ou
VE
VD bicúspide
Valva
tricúspide Sangue
Circulação sistêmica arterial
Sangue ou grande circulação
venoso Coração humano e a circulação sistêmica
e a circulação pulmonar. AD = Átrio
Direito; VD = Ventrículo Direito; AE = Átrio
Esquerdo; VE = Ventrículo Esquerdo. As
valvas atrioventriculares direita e esquerda
Capilares sistêmicos determinam o fluxo unidirecional do
(tecidos periféricos) sangue no sentido dos átrios para os
ventrículos.

Assim como nos mamíferos em geral e nas aves, a circulação humana é completa e dupla porque tem dois
circuitos, a circulação pulmonar ou pequena circulação e a circulação sistêmica ou grande circulação.
A circulação pulmonar leva sangue venoso do coração aos pulmões e traz sangue arterial de volta para o
coração. O sangue venoso sai do coração pela artéria pulmonar e retorna ao coração pelas veias pulmonares.
Trajeto da circulação pulmonar:
CORAÇÃO (ventrículo direito) → artéria pulmonar → PULMÕES → veias pulmonares → CORAÇÃO
(átrio esquerdo).
A circulação sistêmica leva o sangue arterial para os tecidos corporais pela artéria aorta e conduz o
sangue venoso de volta ao coração pelas veias cavas. A veia cava inferior traz sangue do tronco e dos membros
inferiores e a veia cava superior traz sangue da cabeça e membros superiores.
Trajeto da circulação sistêmica:
CORAÇÃO (ventrículo esquerdo) → artéria aorta → CORPO → veias cavas → CORAÇÃO (átrio direito).
4.1 Valvas
As valvas (antigamente denominadas válvulas) cardíacas estão localizadas entre os átrios e os ventrículos e
evitam o refluxo de sangue para os átrios durante a sístole ventricular e são formadas por cúspides.
As cúspides são folhetos de tecido conjuntivo com forma de saco cuja abertura está voltada para os ventrículos
e impedem o retorno do sangue destas câmaras para os átrios (fluxo unidirecional de sangue no sentido do átrio
para ventrículo) durante a sístole ventricular. A valva atrioventricular direita tem três cúspides (tricúspide) e a
esquerda, duas cúspides (bicúspide).
As valvas arteriais estão localizadas na emergência das duas grandes artérias que saem do coração. As valvas
aórtica e pulmonar impedem o refluxo de sangue das respectivas artérias durante a diástole ventricular.

244 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2


4.2 Retorno venoso
O retorno venoso depende, entre outros fatores, da pressão externa sobre as veias decorrente da contração
da musculatura esquelética, que ajuda a impulsionar o sangue em direção ao coração. Válvulas no interior desses
vasos impedem o refluxo do sangue.

O retorno venoso. Note que, ao contrário das artérias, as veias apresentam válvulas ao longo de toda a sua extensão.

4.3 Sangue
Tecido líquido responsável pelo transporte de substâncias no sistema cardiovascular (gases respiratórios,
nutrientes, excretas, hormônios, proteínas estruturais, anticorpos, etc.). O sangue regula a distribuição de
calor, o equilíbrio ácido-básico e osmótico dos demais tecidos, além de transportar células especializadas no
transporte de O2 e CO2 (glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos), células de defesa (glóbulos brancos ou
leucócitos) e corpúsculos para coagulação (plaquetas).

VISUALS UNLIMITED/CORBIS/LATINSTOCK
Elementos figurados

Plasma Hemácias
Glóbulos brancos
Trabalham na defesa
do organismo
Plaquetas Leucócito

Leucócitos
Plaquetas
Hem‡cias Atuam na coagulação
Carregam do sangue, evitando
oxigênio hemorragias
para as células
Hemácias

Plasma
Transporta células
e substâncias
dissolvidas

Observe que os elementos figurados estão em suspensão no plasma e que há predomínio de hemácias, daí a cor vermelha característica
do sangue. Ao lado, um esfregaço de sangue visto ao microscópio de luz.

DRUMMOND 2 Biologia – Setor 3405 245


RESPOSTAS DAS ATIVIDADES EXTRAS
Aulas 11 e 12
1. D.

2. A.

Aulas 13 e 14
1. D.

2. C.

Aulas 15 e 16
1. a) 7 e 8 b) 4 e 8 c) 3 d) 6

2. E.

246 Biologia – Setor 3405 DRUMMOND 2

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