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Ciclo Vital e Biologia:

O habitat do verme adulto é o interior da vesícula e dos


Fasciolíase canais biliares mais calorosos do hospedeiro vertebrado que,
em consequência do parasitismo, dilatam-se e sofrem
O parasito: Fasciola Hepática
hipertrofia de suas paredes. Assim, os helmintos nutrem-se
Após a infecção pelos trematódeos, o homem se torna o do conteúdo biliar, dos produtos inflamatórios e do material
hospedeiro intermediário. A Fascíola hepática é um parasito necrótico formado.
de herbívoros, como bovinos, ovinos e caprinos.
Os ovos são lançados para o meio exterior após serem
Morfologia: arrastados pela bile e misturados com as fezes. Possuem
forma elíptica, casca fina e opérculo em uma das
O verme adulto possui
extremidades. Em um hospedeiro normal, o número de ovos
dimensões entre 2 e 4 cm de
produzidos pelas fêmeas variam de acordo com a carga
comprimento por 1 ou 2 cm de parasitária, oscilando entre 4 mil e 50 mil/dia. Esses ovos
largura. Apresenta forma passam por desenvolvimento embrionário, no meio externo,
externa semelhante a uma folha quando em presença de água, livres de contato com as fezes
vegetal, com as extremidades em temperatura adequada. O tempo necessário para que ele
terminando em ponta. Corpo
se desenvolva varia entre 10 a 20 dias à 15 – 25ºC, podendo
achatado dorso-ventral, e
chegar a 3 meses à 10ºC.
quando vivo, deforma-se
continuamente devido as O ovo que passa pelo desenvolvimento embrionário é o
contrações musculares. miracídio, o qual possui uma expectativa de vida curta,
morrendo dentro de 8 horas, caso não penetre um molusco
Na região anterior, projeta-se
do gênero Lymnaea. No interior do molusco, o miracídio se
uma saliência triangular onde, transforma em esporocisto e dentro dessa nova forma,
na extremidade, fica a ventosa formar-se-ão uma nova geração de larvas, as rédias.
oral, com a abertura bucal no fundo de sua cavidade. A
Dependendo da temperatura, a primeira geração de rédias
ventosa ventral/acetábulo, encontra-se nos limites do terço
irão formar uma segunda geração, do mesmo tipo, com
ou do quarto anterior da face ventral.
algumas diferenças morfológicas, ou produzirão,
O aparelho digestivo compreende uma faringe musculosa, diretamente, as cercarias. As cercarias demoram 1 mês para
após a ventosa oral, e um curto segmento tubular que se se formarem e outro mês para abandonarem o hospedeiro
bifurca em dois ramos, os quais percorrem toda extensão do (molusco). Após aderirem, com suas ventosas, a vegetação
corpo até chegar ao fundo cego. A partir dos troncos aquática ou de suporte, as cercarias depositem o conteúdo
intestinais partem ramificações que também chegam ao presente em suas glândulas cistogenas, cujo material forma
fundo cego. um envoltório cístico em torno do corpo cercariano, agora
sem cauda, formando a metacercaria. Quando as
As fascíolas são hermafroditas. O aparelho genital feminino metacercárias forem ingeridas por um hospedeiro
é composto por um ovário ramificado que se comunica com (herbívoro), no momento de beber água ou comer plantas
o oótipo por meio de um curto oviduto. Do oótipo parte um aquáticas, a evolução do parasito é retomada.
tubo uterino sinuoso e abarrotado ovos em toda sua
extensão que se abre no átrio genital, pouco antes do O desencistamento da-se na luz do intestino. As larvas
acetábulo. liberadas perfuram a parede do intestino e invadem a
cavidade perioneal. A migração continua até chegarem ao
O aparelho genital masculino possui dois testículos que fígado, onde perfuram a cápsula protetora. 6 dias após
ficam emoldurados pelas glândulas vitelinas. Um canal ingestão, cerca de ¼ dos parasitos já chegou ao parênquima
eferente, partindo de cada testículo, une-se com o outro hepático, no entanto, demoram cerca de 2 meses para se
para formar o canal deferente que se termina na bolsa do alojarem definitivamente nos ductos biliares. Durante a
cirro. passagem pelos canais hepáticos, os helmintos vão
crescendo e nos canais biliares completam a evolução com o
amadurecimento sexual.

Relações Parasito-Hospedeiro

Patologia:

O homem é um hospedeiro pouco suscetível a infecção por


Fasciola. Dentre as alterações que ela produz no fígado do
seu hospedeiro, elas devem ser distinguidas entre lesões
decorrentes da migração dos vermes pelo parênquima
hepático no período invasivo e lesões crônicas, vias biliares.
Período Invasivo: duas semanas após o hospedeiro com as águas superficiais como lagos, lagoas, riachos e rios
vertebrado ingerir o material infectante, lesões no fígado tranquilos, bem como os pântanos e terrenos sedimentares
começam a surgir, correspondendo a zonas de necroses a recobertos por gramíneas. Nesse ambiente, criam-se os
partir do caminho feito pelo trematoda durante a migração. moluscos hospedeiros intermediários do gênero Lymnaea.
A extensão da lesão depende do número de parasitas que Durante os períodos de chuva e muita água, o ciclo
penetraram. Com o passar do tempo, os vermes vão se parasitário se intensifica, produzindo formas aguadas da
tornando maiores, e da 3ª a 7ª semana, as lesões doença entre as ovelhas.
apresentam maior volume, resultando em necrose parcial ou
A resistência dos ovos no solo é grande, pois podem
completa dos lóbulos hepáticos. Lesões Crônicas: após a 7ª
sobreviver por pelo menos 9 meses nas fezes hidratadas. No
semana, os helmintos são encontrados dentro dos condutos
entanto, se caem diretamente na água ou são arrastados
biliares, já dilatados e com paredes hipertrofiadas. O
durante a chuva, seu desenvolvimento embrionário começa
tamanho do fígado é normal ou apresenta hepatomegalia
e ao fim de 10 a 20 dias, a casca sai nadando em busca de
moderada, difusa. A parede dos condutos biliares, além de
seu hospedeiro invertebrado. As metacercárias resistem
hiperplasia epitelial, podem apresentar ulcerações ou
vivas durante algumas semanas nas forragens secas e vários
completa destruição do epitélio. Nesse local, os vermes
meses nas forragens úmidas.
adultos vivos e seus ovos são encontrados. A fasciolíase
hepática, em suas formas mais graves, conduz a uma cirrose Hospedeiro Vertebrados: Gado
biliar, com compressão e atrofia do parênquima adjacente e
insuficiência hepática. Migrações erradas podem levar os Ovinos, caprinos, bovinos, suínos e equinos podem ser
vermes para os pulmões, pâncreas, parede do estômago ou infectados pela fascíola. Em função da carga parasitária, as
intestino. Causam dispneia, sufocação, afonia (perda da voz). ovelhas jovens podem apresentar formas agudas da
fasciolíase, mas geralmente desenvolvem um processo
Sintomatologia: crônico sintomático. Os bovinos adquirem resistência as
reinfecções e seus parasitos não sobrevivem mais que 9 a 12
O período de incubação, que depende do número de
meses.
cercarias ingeridas, estende-se de 6 semanas a 2 ou 3 meses.
Fase Aguda: pode durar de 3 a 4 meses, pacientes Hospedeiros Intermediários: Moluscos
apresentam sintomas de caráter vago, no qual poucas vezes
é diagnosticado com fasciolíase. A tríade sintomática mais Os do gênero Lymnaea são pulmonados de água doce. São
característica é aumento do fígado, febre e acentuada abundantes em todos os biótipos descritos, como sendo
eosinofilia (resposta imunológica). Fase Crônica: uma longa adequados a parasitose e mesmo em lugares onde não
evolução pode simular em formas crônicas. Os sintomas ocorre transmissão.
mais comuns são dor abdominal, constipação intestinal,
Condições e Modos de Infecção:
anorexia e dispepsia. Agravamentos súbitos costumam
resultar de uma infecção biliar ou de uma obstrução Os homens contraem a infecção quando ingerem vegetais
mecânica, por vermes ou cálculos. aquáticos onde as metacercárias estejam encistadas; ou
quando bebem água contendo metacercárias (cistos). O
Diagnóstico/Tratamento:
agrião é o único vegetal aquático utilizado na Europa, como
O quadro mais sugestivo para a detecção da infecção é a alimento habitual do homem, logo a fasciolíase está, quase
eosinofilia e febre, acompanhadas pelo aumento do fígado e sempre, relacionada com a ingestão dessa verdura. A
dor abdominal. Durante os pequenos surtos epidêmicos, população mais afetada é a rural.
eventualmente, faz-se possível relacionar as manifestações
Controle da Fasciolíase:
patológicas com alguma refeição coletiva em que se
consumiu algo contaminado. Deve-se encontrar ovos do Impedir a contaminação dos vegetais com as fezes do gado,
parasito nas fezes ou no suco duodenal. Para obter um nas áreas rurais. Nas zonas endêmicas, a água de beber deve
diagnóstico mais preciso, utilizam-se métodos de ser protegida contra poluição fecal do gado, logo, filtrada ou
diagnóstico imunológico como imunofluorescência indireta fervida. O controle da fasciolíase, como zoonose, é um
e aglutinação. A tomografia pode auxiliar nas achados das problema de grande importância para a economia pecuária.
lesões. São utilizados fármacos como bitionol, O tratamento do gado deve ser feito com fármacos. O
deidroemetina e triclabendazol para o tratamento. controle dos moluscos transmissores é indispensável.

Ecologia da Fasciolíase:
Teníases
Tanto os moluscos (Lymnaea) hospedeiro como as formas
lavarias do parasito suportam melhor temperaturas baixas. Taenia solium e Taenia saginata são parasitos que na fase
As metacercárias podem viver longos períodos em adulta têm o homem por único hospedeiro normal. A doença
temperatura baixa, desde que haja umidade suficiente. que eles produzem é a teníase. Na fase larvária, a Taenia
solium parasita obrigatoriamente porco e a Taenia saginata
O ecossistema em que circula a Fascíola hepática é os bovídeos, sendo portanto parasitos estenoxenos (de
constituído pela interação dos campos de criação de gado vertebrados) em toas as fases do ciclo biológico.
Os Parasitos: ao longo dos sulcos que marcam os limites entre elas, e
aparecem as fezes. As proglotes das T. solium, não dispondo
Morfologia das Tenias do Homem
de musculatura, são expulsas passivamente e quase sempre
São vermes grandes, em forma de fita, sendo a T. solium de mistura com as fezes. A apolise faz-se por segmentos,
medindo de 1,5 a 4m e a T. saginata medindo entre 4 e 12 compreendendo de 3 a 6 anéis.
m. Apresentam cor branca, de aspecto leitoso, amarelada ou
rosada, de acordo com as substâncias absorvidas no
intestino.

A escolex (local de fixação do parasita no intestino)

 T. solium, é ovoide e dimensões reduzidas, com


quatro ventosas e dupla coroa de acúleos (projeção
pontiaguda) inseridos em um rosto situado entre as
ventosas. Os acúleos são em número de 25 a 50 e
cada um possui uma forma de foice.
 T. saginata apresentam quatro ventosas no
escolex, no entanto, ele é menor, não possui
acúleos, o que faz ser conhecido como tênia
inerme.

Corpo ou Estrobilo: as proglotes jovens são mais largas. Os


anéis exibem indícios de aparelho reprodutor, inicialmente,
um cordão na direção anteroposterior e mediano dará
origem ao útero; o segundo, transversal, dirige-se do centro
do anel até uma das margens. Esse cordão difunde-se em
Reprodução e Ciclo Viral:
dois, posteriormente, um dará origem a vagina e o outro ao
canal deferente, cirro e etc. Apesar do hermafroditismo, o Reprodução: os ovos das duas tênias são semelhantes, com
desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos é mais a forma esférica. As proglotes não apresentam orifício para
rápido do que os femininos. De cada testículo, parte um postura de ovos, no entanto, durante a apolise as superfícies
canal eferente que posteriormente se transforma em um geradas pela ruptura entre os anéis são os locais por onde os
órgão copulador, o cirro, o qual é envolto pela bolsa do cirro. fundo de sacos uterinos fazem hérnia e rompem-se para o
Os órgãos femininos são formados por um ovário bilobado, exterior e liberam os ovos. Algumas vezes, ao transpor o
glândula vitelina e tubo uterino mediano. A medida que as esfíncter anal, as proglotes expulsam grande massa de ovos,
proglotes vão s afastando do escolex e passando a proglotes mas, no geral, a proglote liberta seus ovos depois de chegar
gravidas, é possível verificar os testículos e os ovários. As ao meio externo, devido a contração muscular.
ramificações uterinas são pouco numerosas na T. solium do
Ciclo da Taenia saginata: os anéis destacam-se um a um e
que na T. saginata. As proglotes gravidas são mais longas, no
entanto, mudam de forma constantemente devido aos são eliminados com as fezes, ou deslocam-se ativamente
movimentos de extensão e encurtamento, constrição e graças a sua robusta musculatura que força a passagem anal.
relaxamento. Um paciente parasitado contamina o meio, portanto, com
cerca de 700.00 ovos de tênia/dia. Quando os ovos são
Fisiologia dos Vermes Adultos: ingeridos pelo gado, dá-se a eclosão e ativação do embrião
(pela ação da bile e sucos digestivos), em seguida a
Movimentação: As tênias adultas movimentam-se a partir
oncosfera penetra a mucosa intestinal e ganha a circulação
de ondas alternadas de contração e expansão, de
sanguínea. O desenvolvimento posterior será o tecido
intensidade desigual ao longo do corpo, mais acentuadas na
conjuntivo dos músculos esqueléticos e cardíaco. Após 2
região do colo, onde a atividade metabólica é mais intensa.
semanas de infecção, os cisticercos já são visíveis a olho nu.
O resultado das contrações, que encurtam o estróbilo, é
O amadurecimento e a capacidade infectante para o
permitir ao verme resistir aos movimentos peristálticos do
hospedeiro definitivo são alcançadas depois de 10 semanas.
intestino que tenderiam a expulsá-lo, além de promover um
O cisticerco da T. saginata possui formato ovoide e cheio de
melhor contato do parasita com os materiais nutritivos do
líquido onde se encontra o receptaculum capitis que contém
hospedeiro.
o escolex invaginando a futura tênia. A longevidade dos
Crescimento e Apolise: A T. saginata aumenta de 9 a 12 cisticercos é curta, as larvas começam a degenerar no gado.
proglotes/dia, que vão amadurecendo lenta e regulamente Aos 9 meses, a maioria dos cisticercos já se calcificou, no
do colo até a extremidade posterior, onde encontram-se os entanto, no bezerro neonato, podem manter-se infectantes
anéis gravídicos repletos de ovos. O desenvolvimento durante toda a vida do animal.
completo é atingido após uns 3 meses, onde as proglotes
Ciclo da Taenia solium: até agora, somente o homem tem
começam a desprender-se do estróbilo, por ruptura (apolise)
sido encontrado com infecção natural pelos vermes adultos
da tênia solium. O parasito, medindo entre 1,5 a 5m, fica adulto, também é um hospedeiro potencial das larvas, da
implantado no início do jejuno através de suas ventosas e da qual resulta na cisticercose humana.
coroa de ganchos presente em seu rosto. Cerca de 5
Diagnóstico/Tratamento das Teníases
proglotes são eliminadas diariamente pelos pacientes,
misturados com as fezes. Cada proglote grávida contém Muitas vezes o diagnóstico é feito pelo próprio paciente ao
30.000 a 50.000 ovos. Devido aos hábitos coprófagos, os encontrar proglotes livres que foram eliminadas durante a
porcos costumam ingerir os anéis da tênia. Ainda que o evacuação, no caso das T. saginata, ou quando a proglote
porco seja o hospedeiro intermediário normal, o homem, o desta tênia extravasa o orifício anal e são encontradas nas
macaco, o cão e o gato podem assumir papel de hospedeiro roupas de camas ou roupa intima. No caso da T. solium, os
intermediário anormal. O cisticerco da T. solium desenvolve- anéis são expulsos junto com as fezes em grupos de 3 a 6
se em qualquer lugar, sobretudo nos músculos esqueléticos unidas entre si. Em relação ao tratamento, é preciso
e cardíacos dos suínos. O cisticerco dessa tênia é maior do identificar de Taenia para que a medicação prescrita seja
que a tênia do boi (saginata), o escolex é menor. Ao fim de adequada e também sobre riscos futuros. Quando
60 a 75 dias, esta larva já é infectante para o homem, no identificado a T. saginata, o medicamento prescrito deve
entanto, pode permanecer viável na musculatura do suíno abranger as várias drogas cestocidas. Caso a infecção seja
por anos ou por toda a vida. A infecção humana ocorre por T. solium ou suspeita de cisticercose, deve-se utilizar
quando a carne de porco é consumida crua ou apenas drogas que não afetam as formas larvárias
insuficientemente cozida. Os cisticercos são liberados no (cisticercos), pois a destruição destes tende a agravar o
tubo digestivo, após a ingestão da carne e, sob ação da bile, quadro clínico da cisticercose ocular ou nervosa.
desenvaginam o escolex. A ventosas fixam-se na mucosa e
os acúleos são fixados no interior do jejuno. O crescimento Transmissão da Taenia saginata:
do estróbilo ocorre após o atrofiamento da vesícula do
Transmissão do Gado para o Homem: através do consumo
helminto. Os pacientes começam a eliminar as primeiras
de carne bovina e pelo hábito de comê-la crua ou mal cozida.
proglotes cerca de 60 a 75 dias depois, com o helminto
Fatores econômicos, culturais e religiosos tendem a expor
medindo 2m.
menos ou mais certas classes/grupos/populações. A
Relações Parasito-Hospedeiro: frequência desta tênia é no grupo etário de 20 a 40 anos.

Infecção e Imunidade: As tênias adultas vivem na luz do Transmissão do Homem para o Gado: pessoas parasitadas
intestino delgado e, em geral, cada paciente é portador de são as únicas fontes de infecção para o gado, sendo que um
um único espécime e normalmente a mais comum é a T. indivíduo pode lançar cerca de 700.000 ovos de T. saginata
saginata. Os raros casos de parasitismo múltiplos seriam no meio. A partir do hábito de defecar no solo, os ovos
devido a infecções concomitante com vários cisticercos ou podem ser dispersos através de chuvas e contaminam rios,
uma imunodeficiência do paciente. Não há imunidade pastagens e o gado. A resistência dos ovos, no meio externo,
cruzada com outras espécie de tênias, visto que um mesmo é grande, suportam processos de tratamento de água. A
paciente pode albergar mais de uma espécie de cestoide. transmissão do homem para o gado pode ocorrer
manualmente durante a ordenha, através das mãos
Patologia e Clínica: a teníase frequentemente contaminadas com matéria fecal, a partir daí, os bezerros
assintomática, portanto, o indivíduo só tem consciência do ingerem os ovos e asseguram a infecção precoce.
parasitismo após ter constatado a expulsão da proglote.
Após ter consciência do parasitismo, o paciente começa a Transmissão da Taenia solium:
manifestar os sintomas, fato esse que relaciona-se com a
Transmissão do Porco para o Homem: através do consumo
questão psicológica.
de carne crua ou mal cozida de animais que não foram
Infecção por Taenia saginata: causa alterações na submetidos ao processo de fiscalização sanitária, ou
motricidade e secreções digestivas. Após o período de carcaças/vísceras cuja infecção passou despercebida
incubação (2 a 3 meses) surgem perturbações durante o exame. A infecção por T. solium tende a se tornar
gastrointestinais, perda de peso. As manifestações clínicas hiperendêmica quando introduzida em área favorável, a
que aparecem em 1/3 dos casos são: dor abdominal, partir da longevidade dos cisticercos e facilidade de infecção
náuseas e perda de peso. Em alguns casos cefaleia, diarreia dos porcos.
ou constipação intestinal, apendicite (quando a proglote
Transmissão do Homem para o Porco: poluição fecal do solo
perfura o apêndice).
e o hábito coprófago dos porcos. As 5 ou 6 proglotes
Infecção por Taenia solium: produz-se no homem uma eliminadas por dia, pelos parasitados, contém cerca de
forma de teníase menos evidente que a causada pela T. 50.000 ovos cada uma e representam forte carga infecciosa.
saginata. O verme é menor, logo suas proglotes são menos Os suínos apresentam elevado número de cisticercos por
ativas e se eliminam junto com as fezes. Os quadros clínicos ingerirem proglotes inteiras ou fezes ricas em ovos.
são similares ao da T. saginata. A gravidade desta tênia
decorre de o homem além de ser o hospedeiro do helminto
Dinâmica de Transmissão: veiculados pela água ou alimentos contaminados, ou até
mesmo pelas mãos sujas.
 Poluição do solo
 Mecanismo de dispersão Autoinfecção Externa: ingestão de ovos de T. solium por
 Destino Inadequado do esgoto indivíduo que já é portador da teníase. Maus hábitos
 Resistência imunológica a transmissão higiênicos e a eventualidade de levar as mãos a boca, de ror
unhas ou manusear alimentos, facilitam a infecção com
Controle das Teníases:
grande número de larvas. Mais frequente em crianças.
Através de inquéritos que visam estabelecer a distribuição
Autoinfecção Interna: movimentos antiperistálticos ou
geográfica e a prevalência das teníases e cisticercose no
vômitos podem levar algumas proglotes gravídicas a
homem e nos animais, fornecer dados epidemiológicos para
retrogradar ao estômago e sofrer ação dos sucos digestivos,
o planejamento e a implementação de medidas de controle,
o que permite a eclosão dos embriões infectantes. Assim,
avaliação e dos animais abatidos a partir de exames. Os
centenas/milhares de larvas invadem mucosas e tecidos do
procedimentos pra controle são: organismo, com numerosos cisticercos disseminados pela
 Legislação pele e tecido subcutâneo, músculos, sistema nervoso, olho.
 Vigilância epidemiológica
Penetração e localização das larvas: decorridos 1 a 3 dias
 Medidas de controle da carne
após ingestão, os ovos eclodem no duodeno ou jejuno e as
 Proteção ambiental
oncosferas penetram através da mucosa intestinal, fazendo
 Educação sanitária
uso de seus acúleos, mas também da secreção de suas
glândulas de penetração. No SNC, os cisticercos são vistos
nas meninges ou na substância cinzenta do córtex.

Cisticercose Humana Sintomatologia da Cisticercose:

Depende da localização dos parasitas, do número, da


Doença causada pelas formas larvárias da Taenia
circunstância de estarem vivos ou mortos e da maneira pela
(cisticercos), ao parasitar tecidos do homem. Conforme a
qual reage o organismo em cada caso.
localização dos parasitos, quando no SNC e no globo ocular,
pode adquiri o caráter de doença crônica grave devido as Neurocisticercose: pode admitir formas convulsivas em 50%
manifestações, sequelas ou alta mortalidade. dos casos de cisticercose no sistema nervoso. Formas
hipertensivas e pseudotumorais e até formas psíquicas que
Cisticerco de Taenia Solium:
acompanham perturbações mentias.
Agentes Infectantes: proglotes gravídicas da Taenia solium
Oftalmocisticercose: fenômenos inflamatórios e a presença
contêm, cada uma, de 30 a 50 mil ovos, já embrionados, os
do parasito chamam atenção do parasito. Assintomáticos
quais são eliminados em cadeias de 3 a 6 anéis durante a
podem levar ao desvio do globo ocular até inflamação na
evacuação. O ovo é constituído por um oncosfera, provido
conjuntiva.
de 3 pares de acúleos e cercado pela casca. Para que a
infecção se dê no hospedeiro intermediário normal (porco) Cisticercose disseminada: na musculatura esquelética e
ou acidental (homem), os ovos precisam passar pelo tecido celular subcutâneo, quando em grande número,
estômago e duodeno, a fim de que atuem sobre eles os provocam dores musculares na nuca, região lombar ou
estímulos necessários a eclosão da oncosfera, a partir da pernas. No coração, causam palpitações, ruídos anormais e
ação da bile. dispneia.
Desenvolvimento e Estrutura do cisticerco: ao penetrarem Diagnóstico/tratamento da Cisticercose:
o hospedeiro intermediário, devido as reações deste, as
oncosferas têm alta taxa de mortalidade. No entanto, após Através de interrogatório clínico e exame físico durante a
passar pelas barreias, elas perdem o acúleo, aumentam de consulta. Enquanto os exames laboratoriais costuma-se
tamanho. O receptaculum capitis é formado, onde seu pedir exame de fezes, exame do líquido cefalorraquidiano,
interior diferencia-se do escolex da futura tênia. Após 3 testes imunológicos, exame radiológico. Evolução e
meses, o cisticerco formado é uma vesícula ovoide. Nos Prognóstico: a evolução da neurocisticercose é variável,
músculos, onde os cisticercos estão sujeitos a trações podendo permanecer em estado latente durante toda a vida
longitudinais e compressões, possuem forma alongada. A do paciente ou evoluir rapidamente para a morte.
estrutura geral da parede do cisticerco e a do tecido Tratamento: neurocirurgia quando o número de parasitos é
parenquimatoso é semelhante ao verme adulto e nas larvas pequeno e fármacos para outros casos.
de outros cestoides.
Profilaxia/Controle da Cisticercose:
Relações Parasito-Hospedeiro na Cisticercose
Educação sanitária, diagnóstico seguro dos infectados além
Heteroinfecção: ocorrência comum e decorre da ingestão da higiene pessoal e higiene ao manusear alimentos.
acidental dos ovos do parasito. Esses ovos podem ser

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