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1590/1808-1657v74p0472007
1Universidade Católica de Pelotas, Escola de Ciências Ambientais, Museu de História Natural, Laboratório de
Entomologia, Rua Félix da Cunha, 412, CEP 96010-000, Pelotas, RS, Brasil. E-mail:
eevianna@phoenix.ucpel.tche.br
RESUMO
O objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência de acidentes em humanos causados por Epicauta
excavata Klug, 1825 (Coleoptera, Meloidae), no sul do Rio Grande do Sul, Brasil. Este relato constitui
o primeiro registro de acidente por Epicauta nesta região e por E. excavata, no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Epicauta excavata, Meloidae, Coleoptera, acidentes humanos, Rio Grande do Sul.
ABSTRACT
KEY WORDS: Epicauta excavata, Meloidae, Coleoptera, accidents in humans, Rio Grande do Sul.
A família Meloidae inclui mais de 2.500 espécies DA SAÚDE (2001) assinala acidentes por Epicauta ape-
no mundo (KINNEY et al., 1998), algumas das quais nas para o Estado de São Paulo.
constituem pragas agrícolas, especialmente de plan- Durante o período de 1999 a 2004 foram atendi-
tas das famílias Leguminosae, Solanaceae, das 11 pessoas com dermatoses causadas por
Amaranthaceae e Compositae (SELANDER; FASULO, meloídeos, mediante o Serviço de Identificação de
2000). Estes meloídeos são freqüentemente denomi- Artrópodes de Importância Sanitária do Museu de
nados “vaquinhas” ou “burrinhos” das solanáceas. História Natural, Universidade Católica de Pelotas,
Algumas espécies são também conhecidas por Pelotas, RS. Os insetos foram identificados a nível
“cantáridas” ou “besouros-da-bolha”, tendo este genérico, mediante caracterização morfológica e,
nome devido à presença de uma toxina, a cantaridina, encaminhados ao Laboratório de Entomologia, Ins-
nos fluidos do corpo (CAPINERA, 1985) que, quando tituto de Biociências, Pontifícia Universidade Católi-
perturbados, exsudam essa toxina, que em contato ca do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, para confirma-
com a pele provoca o aparecimento de bolhas ção do gênero e identificação específica. Todos os
(CAMPBELL; EN S L E Y, 2002). Algumas espécies de casos foram acompanhados e alguns fotografados;
meloídeos têm preferência por alfafa e, quando asso- os espécimes que se apresentavam íntegros foram
ciadas ao feno, causam danos aos eqüinos (CAPINERA, depositados na Coleção Entomológica do Museu de
2003), provocando irritações no trato gastrointestinal História Natural, Universidade Católica de Pelotas.
e urinário, podendo levar estes animais à morte (KINNEY Em 1999, registraram-se 4 acidentes humanos por
et al., 1998). E. excavata klug, 1825 (Fig. 1), sendo 1 na zona urbana
No Brasil, literatura sobre a distribuição deEpicauta do Município de Canguçu, um na zona rural de
Dejean, 1834 é escassa e registro de acidentes para o Encruzilhada do Sul, e 2 na zona urbana de Pelotas.
Rio Grande do Sul inexistente. A FUNDAÇÃO NACIONAL No ano seguinte, 2000, registrou-se apenas 1 ocorrên-
2
Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Biologia, Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Pelotas, RS,
Brasil.
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.1, p.47-48, jan./mar., 2007
48 E.E.S. Vianna et al.
Fig. 1 - Vista dorsal de Epicauta excavata Klug, 1825 Fig. 2 - Vista de uma lesão humana localizada no pescoço,
(Coleoptera, Meloidae) responsável por acidentes em com vesículas características provocadas por Epicauta
humanos, no período de 1999 a 2004, no sul do Rio Grande excavata Klug, 1825 (Coleoptera, Meloidae), no sul do Rio
do Sul, Brasil (20mm). Grande do Sul, Brasil.
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.1, p.47-48, jan./mar., 2007