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ATITUDES MINDFULNESS

O que é mindfulness?
A palavra significa algo como “atenção plena”. A prática, desenvolvida por Jon Kabat-Zinn ,
consiste em buscar formas de viver com plenitude, mantendo-se atendo ao momento
presente buscando formas mais assertivas de lidar com os desafios inerentes à nossa
jornada.

1 - MENTE DE PRINCIPIANTE
É a capacidade de podermos resgatar uma forma de sempre ver as coisas como se fosse
a primeira vez. E aí você pode me perguntar: “e de que isso vai me adiantar?”. Primeiro,
ter uma mente de principiante vai te ajudar a não se sentir aborrecido e entediado com
atividades que você já está acostumada a fazer.

Segundo, nos traz a noção de que a forma que vemos as coisas não é a única. Sempre
(sempre) há mais de uma forma de se ver a mesma coisa. Nossa interpretação do mundo
passa pela nossa experiência. E nem sempre condiz com a realidade, ou nem sempre é
realidade sempre e pra todo mundo. Temos a possibilidade de criar abertura em nossa
mente e em nossas atitudes para compreender o mundo de outra forma. Abertura e
espaço para o novo.

Ver o mundo como se fosse a primeira vez, como se fossemos crianças experimentando a
realidade com um olhar novo, de criação e de compreensão do que está presente aqui e
agora, abrindo espaço para o não julgar…

Reconhecendo que o momento presente é sempre novo, que nunca estivemos nele antes,
podemos escolher trazer à experiência um frescor que abre espaço para novas
possibilidades, permitindo desapego a ideias e opiniões preconcebidas. Para a mente do
principiante sempre há infinitas possibilidades.

A mente de principiante traz o gancho para a segunda atitude: o não julgamento.

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2 – NÃO JULGAMENTO
Sim, julgamos. E isso é natural. A atitude de Não julgamento significa estar atento aos
julgamentos que você faz ao longo de sua vida, de seu dia-a-dia. Não iremos parar de
julgar minuto algum. Vemos um carro e pensamos: gosto disso ou não gosto disso. Nossa
mente é treinada diariamente para estar nesse ponto de gosto não gosto. E você PODE
SIM gostar ou não gostar. Agora precisamos entender que esse gostar ou não gostar é
nosso e não do outro. Você não gosta, mas talvez a outra pessoa goste.

É um verdadeiro desafio entrar em contato com nossa mente constantemente julgadora e


crítica, afinal temos opinião formada sobre tudo que surge, não é mesmo? O convite é
notar e compreender que os julgamentos contaminam nossa percepção em relação às
nossas experiências. Partindo daí podemos refinar o discernimento, a clareza e a
interconexão entre as coisas, nos permitindo viver de forma mais autêntica. Aqui
retornamos para a mente de principiante, que significa que o seu pensamento não é uma
verdade absoluta, mas só uma verdade dentre as outras formas de interpretar e entender
as situações.

O cultivo de mindfulness convida-nos a entrar em contato com as experiências como elas


se apresentam, sem passar pela distorção de nossas preferências ou aversões.

O não julgamento abre espaço para a próxima atitude: aceitação.

3 – ACEITAÇÃO

Aceitar significa conseguir ter clareza de que o que está agora é o que você tem agora. É
olhar o fato como ele se apresenta. Exite. Está aí, você queira ou não, você goste, ou
não , o fato é esse e pronto. “Aceita que doi menos!” . A aceitação é superar a
necessidade de que seja diferente, quando não há possibilidade de ser diferente, porque
o fato já é. É exercitar o desprendimento da necessidade de querer que o presente seja
diferente. Essa aceitação abre possibilidade para pensar em soluções para melhorias,
pensar em meios para que essa situação não volte a acontecer ou pensar em meios de
superar e passar pela situação da melhor forma. Desperdiçamos muita energia negando e
resistindo ao que já é um fato, causando mais tensão e impedindo que ocorram
mudanças positivas. A aceitação traz economia de energia que poderá ser usada para
curar e crescer, esta atitude é um ato de autocompaixão e inteligência!

A aceitação nos leva à próxima atitude: deixe ir

4- DEIXE IR
Quando temos aversão ou apego a algo temos a tendência de ruminar a situação em
nossas mentes sem parar. Queremos que algo permaneça em nossas vidas ou que não
faça mais parte do que vivemos. E aí criamos o sim e o não, o “fique” e o “sai daqui
agora!”. A atitude de deixar ir se refere a consciência de que tudo o que vivemos é
IMPERMANENTE, ou seja, é transitório: gora é dessa forma, daqui a pouco já pode não
ser mais. Tudo se transforma no tempo. Quando tomamos consciência disso,
simplesmente compreendemos que já já será diferente e temos a capacidade de deixar ir,
de soltar os nossos apegos e as nossas aversões.O desapego pode ser a saída para a
libertação do sofrimento!

5 – CONFIAR
A prática de confiar vai além de confiar em uma pessoa, em um relacionamento, ou em
algo, inclui confiar em tudo isso, mas vai além. Confiar significa confiar no processo.
Confiar que as coisas são como elas deveriam ser e nada além disso. Confiar na natureza,
em nosso corpo, nas relações, confiar no todo. Falar é fácil, colocar em prática é um
desafio. Um ponto de atenção importante aqui é saber que confiar não significa, resignar,
não significa não fazer nada. Confiar também é um processo ativo, confiar é aceitar o
momento presente e acreditar que o processo é o processo que é, que pode ser e que
poderia ser...e mesmo assim, você continua com sua responsabilidade de ação para
transformação dos processos que acontecem dia-a-dia em sua vida.

6- PACIÊNCIA
Pense em uma criança que quer que uma borboleta saia do casulo antes da hora”. O que
acontece é que vivemos querendo que o próximo momento chegue, que chegue o fim de
semana, que chegue as férias, que chegue qualquer coisa que não está presente.
Tendemos a CULTIVAR o futuro que está por vir ou o passado que já foi: será diferente ou
como já foi bom. Esse cultivo da impaciência faz com que nos distanciemos a cada
momento do que está presente aqui e agora. O subproduto de apressarmos as coisas é
que nunca estamos onde de fato estamos! Cultivar a paciência é cultivar o espaço de
tempo do que está agora, não querendo que nada seja diferente do que é, sem nos
desesperarmos com o que está por vir. É deixar as coisas desenrolarem-se em seu
próprio ritmo reconhecendo que cada momento representa a totalidade da vida naquele
espaço de tempo!

7- NÃO ESFORÇO
O não esforço nos traz a ideia de parar de “correr atrás do próprio rabo”. Fazer as coisas
com atenção, presença, dedicação, por elas mesmas. E não por estar competindo,
lutando, provando para os outros alguma coisa. É ter atenção plena no momento presente
e no que se está fazendo. Se eu estou praticando esporte, eu vou fazer isso da melhor
forma possível, com dedicação exclusiva ao momento presente. Não porque eu preciso
vencer o outro, ou porque eu quero a medalha. Mas porque esse momento é único e eu
preciso estar nele e fazendo da melhor forma. Se eu estou trabalhando , eu vou fazer isso
da melhor forma. Com atenção, com dedicação exclusiva ao momento presente. Se eu
estou comendo, eu farei isso com atenção, saboreando, curtindo, presente.
Não esforço é deixar nossa lista de afazeres para estarmos presentes no que quer que
esteja aqui e agora. É permitirmos o mundo ser como é, momento a momento. Esse
ponto é uma verdadeira quebra de hábito em nossa cultura ocidental. Vivemos na cultura
do fazer, fazer e fazer mais. Quebrar o hábito e trazer o não esforço é criar espaço de
cuidado e de gentileza para nós mesmos. Eu não preciso me esforçar pra superar
ninguém, pra provar nada, pra ser o melhor. Eu preciso apenas me dedicar ao momento
presente, com atenção plena e da melhor forma possível. É criar espaço para um fazer
mais consciente e mais saudável e, porque não, mais eficiente. “ Coma na hora de comer,
ande na hora de andar e durma na hora de dormir.”

8 – GRATIDÃO
Tá “ na moda” falar em gratidão hoje em dia.Mas esse é um conceito estudado pela
psicologia há muito tempo. E os estudos mostram que uma atitude de gratidão aumenta
nosso otimismo e nos impulsiona a buscar melhorias em nossa vida. Imagina você olhar
pra sua vida e só ver desgraça? Isso não gera desânimo e pessimismo? O oposto
também acontece. Tomar consciência das mínimas conquistas em nossa jornada, nos traz
otimismo e nos impulsiona. Perceber que apesar das coisas ruins que possam estar
presentes, também existem conquistas e vantagens, nos incentiva a lutar por melhorias.
Gratidão significa agradecer, e agradecemos pouco em nossa cultura. Agradecer as
pequenas coisas da vida, nosso corpo funcionando, nossa possibilidade de tomar água,
de comer, de poder ler um texto, de ter acessos como à internet, à educação, a um
emprego, agradecer ao simples fato de acordarmos respirando bem.

9- GENEROSIDADE
Se importar realmente com os outros. Fazer o bem pelo fazer o bem. Ajudar por ajudar.
Ser generoso não porque quer algo em troca, mas por podermos cuidar do outro. Quando
falamos de generosidade, precisamos incluir um ponto importante que é a autocompaixão.
Não é raro a pessoa ser generosa com os outros e cruel consigo mesma, impondo-se
regras, cobranças e culpas exageradas, ou mesmo, se agredindo.
A generosidade é entender que cada um tem seu tempo, que cade um está passando por
processos que desconhecemos. Quando reconhecemos isso genuinamente no outro,
torna-se natural entendermos isso em nós mesmos. Deixamos de julgar os outros e a nós,
e passamos a simplesmente a desejar ver aquela pessoa bem. O bem pelo bem.

Texto baseado na entrevista de Jon Kabat-Zinn , disponível no youtube

KABAT-ZINN, Jon. As nove atitudes de Mindfulness. Youtube, 03/04/2017. Disponível em:


<https://youtu.be/r5nfLxxxljo>. Acesso em: 10/03/2022

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