CAPA PUBLICITÁRIA

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 APRESENTADO POR

Camarote Quem O Globo encanta

convidados em edição histórica
Em seu décimo ano na Sapucaí, espaço se mantém como o mais exclusivo e desejado
do carnaval carioca, trazendo experiências inesquecíveis aos convidados

F
oi mais um ano de muita alegria,
Camarote Quem
várias celebridades, boas atra- O Globo é exclusivo
ções, ótima comida, bebida à para convidados
vontade e aquela vista única para os desfi-
les da Sapucaí. Sem falar nas experiências
encantadoras e divertidas oferecidas pelas
marcas parceiras. Assim foi o Camarote
Quem O Globo 2024, mantendo uma
tradição de glamour, sofisticação e entre-
tenimento em sua edição histórica de dez
anos. Pelo segundo ano, teve Deborah
Secco como rainha.
— Estamos muito orgulhosos com a
evolução do nosso camarote na Sapucaí.
Celebramos dez anos desse projeto que
cria experiências e encontros inesquecí-
veis. Investimos em melhorias que aumen-
taram ainda mais o conforto dos nossos
convidados e patrocinadores, reforçamos
nosso compromisso com sustentabilidade
e alcançamos recorde de marcas parceiras.
Parabéns, Camarote Quem O Globo, pelos
seus dez anos! — comemora o diretor de
Desenvolvimento Digital da Editora Globo,
TiagoAfonso.
Durante os intervalos dos desfiles, o palco
daRádioGlobotremeucomaenergiadeartis- Público confortoeconectividadedosconvidadoscom
tascomoPixote,Lexa,Arlindinho,VitorKley, acompanha espaço de massagem, estações de recarga
o primeiro dia
Suel,Marvvila,MenoséMaiseDiPropósito. de desfiles do
paracelulareWi-Fi.
O Camarote Quem O Globo é o único da Grupo Especial — Unir a autenticidade da Gulf
Marquês de Sapucaí exclusivo para convida- Combustíveis à grandiosidade do carnaval
dos,semvendadeingressos. doRioéumaexpressãovivadenossocompro-
— O Camarote Quem O Globo celebra misso com o Brasil. As ativações da Gulf no
dez anos fazendo uma edição histórica na Camarote Quem O Globo refletem nosso
Sapucaí. Ao longo desses anos, o camarote pioneirismo, reforçando nosso papel como
se mantém como um dos espaços mais pres- impulsionadores de experiências únicas.
tigiados e exclusivos da Avenida. Junto com Acessibilidade
Estamos dedicados a proporcionar momen-
seus patrocinadores e parceiros, cresceu sua garantida no tos inesquecíveis e celebrar a alegria conta-
produçãoeevoluiucomoocarnaval—tanto camarote mais giante dessa festa emblemática da cultura
ematraçõeseconfortoparaosseusconvida- exclusivo da brasileira — disse Julio Cesar Paulon, dire-
Sapucaí
dosquantoemresponsabilidadecomomeio tordaGulfCombustíveis.
ambiente — destaca o diretor Nacional de No ano em que completa 25 anos, a AM4
NegóciosdaEditoraGlobo,SamuelSabbag. reafirma sua conexão com o carnaval
O camarote é 100% neutro em carbono do Rio:
graçasàparceriacomaCedae,patrocinadora —Acreditamosnaculturacomomotor
master.Aempresainstaloufiltrosdeáguaem deidentificação,pertencimentoegera-
todososandaresdocamaroteeentregouaos
convidados um copo reutilizável. O lounge
10 ANOS DE CAMAROTE ção de autoestima, além do impacto
econômico da festa, que é inegável.
exclusivo foi decorado com plantas da Mata Nesse contexto, ficamos muito feli-
Atlânticacultivadasnosviveirosdoprograma 2014 2015 2016 zes em patrocinar a edição histórica do
socioambientalReplantandoVida. Estreia do Espaço recebe Camarote Quem Camarote Quem O Globo, que carrega,
— A Cedae tem uma ligação histórica com Camarote Quem artistas O Globo homenageia com muita alegria e irreverência, valo-
o carnaval do Rio, e temos muito orgulho na Sapucaí internacionais a cidade do Rio res com os quais nos identificamos, como a
de participar dessa festa, que é tão impor- diversidade e a sustentabilidade — destaca
tante e está no DNA do carioca. Este ano, a MarcosCarvalho,CEOdaAM4.
companhia marcou presença nos blocos de 2017 2018 2019 O Camarote Quem O Globo conta com
rua, levando 250 mil litros de água para IZA é musa e Camarote Elza Soares o patrocínio master de Gulf Combustíveis,
hidratar e proteger a saúde dos foli- Camarote tem tem karaokê é rainha CedaeeGrupoAM4;patrocíniodeMaturatta
ões,enoCamaroteQuemOGlobo, transmissões ao vivo com artistas homenageada Friboi e Elseve L’Oréal Paris; RIOSUL
usando essa grande vitrine que é Shopping como shopping oficial e meeting
o Sambódromo para falar de point; Azul como cia. aérea oficial; Grand
atitudessustentáveis,daneces- 2020 2022 2023 Hyatt como hotel oficial; Brahma como
sidade inadiável de proteger Celebra 20 anos Retorno à Sapucaí. Deborah Secco cervejaoficial;apoiodePepsicoeEno;parce-
nossoambienteenossasfontes da Quem com Baby do Brasil e Pepeu é apresentada riadeGranado,Desinchá,JohnJohneBeFly;
de água — afirma o presidente tema Te amo, Rio! fazem show juntos como Rainha além da Rádio Globo como rádio oficial e
daCedae,AguinaldoBallon. outras marcas parceiras, como Intimissimi,
A Gulf Combustíveis, também Chandon, Stanley, Água Passa Quatro,
patrocinadora master, garantiu o 2024 Smirnoff,JohnnieWalkereTanqueray.
CAMAROTE FAZ 10 ANOS BUSCANDO SER O
MAIS SUSTENTÁVEL DA SAPUCAÍ

Localizado nos
setores 7A e 7B do
Sambódromo, tem
vista privilegiada
para os desfiles

FOTOS: FABIO CORDEIRO / MARCO SOBRAL / RODRIGO PEIXOTO

BEBA COM MODERAÇÃO CONTEÚDO PATROCINADO PRODUZIDO POR GLAB.GLOBO.COM

 APRESENTADO POR

Gulf Combustíveis,
patrocinadora master,
garante alívio aos pés
cansados na Sapucaí

Patrocinadora master
Cedae leva hidratação
e sustentabilidade
ao camarote

Patrocinadores dão show em diversão,

conforto e sustentabilidade
Marcas parceiras do Camarote Quem O Globo tornam o espaço ainda mais encantador e sustentável,
com sorveteria, massagem, máquina de garras, cenário instagramável e distribuição de brinde

Maturatta, patrocinadora Azul distribuiu

do Camarote Quem snacks e pontos
O Globo, assinou os do Azul Fidelidade
abadás do evento durante o carnaval

RIOSUL, shopping oficial

do camarote, presenteou
os convidados com
crossbody de celular

L’Oréal fez o lançamento PepsiCo ofereceu

do Elseve Glycolic Gloss snacks, refrigerantes
no camarote e água de coco nos
quatro dias de folia

Brahma levou seu

tradicional chope e
opções de cerveja,
para alegria dos foliões

Sorveteria Granado
refrescou os foliões com
sabores inspirados em
suas fragrâncias

Nada melhor do que

Stanley garantiu a brindar o carnaval com
temperatura ideal das Chandon, que marcou
bebidas no Sambódromo presença no camarote

Desinchá apresentou
Espaço instagramável aos carnavalescos
da Eno rendeu, além de Intimissimi entrega o Supermate, 100%
ótimas fotos, pochetes calcinhas e lenços aos natural, que mantém a
de paetê de brinde convidados do camarote energia em alta

FOTOS: FABIO CORDEIRO / MARCO SOBRAL / RODRIGO PEIXOTO

BEBA COM MODERAÇÃO CONTEÚDO PATROCINADO PRODUZIDO POR GLAB.GLOBO.COM

 PATROCÍNIO MASTER

PATROCÍNIO

SHOPPING OFICIAL HOTEL OFICIAL CIA AÉREA OFICIAL

CERVEJA OFICIAL APOIO

PARCERIA RÁDIO OFICIAL

OUTROS PARCEIROS
O que é que a baiana tem: A trajetória de Marina
Morena, de filha ‘do coração’ de Gil a empresária de Anitta

OGLOBO
Irineu Marinho (1876-1925) (1904-2003) Roberto Marinho RIO DE JANEIRO, DOMINGO, 18 DE FEVEREIRO DE 2024 ANO XCIX - Nº 33.067 • PREÇO DESTE EXEMPLAR NO RJ • R$ 10,00

REUNIÃO DE CHANCELERES Relatório de 2023 já

Financiamento a países pobres não apontava falha usada

em fuga de Mossoró

pode ‘matar o doente’, diz Vieira

Um relatório de inteligência, de setembro
do ano passado, deixava claro que o vão
de tubulação do presídio não era protegido e
poderia ser acessado pela cela com a retirada
da luminária, exatamente como os fugitivos
Presidência brasileira do G20 defende reforma de órgãos como FMI e ONU fizeram, revela LAURO JARDIM. PÁGINA 6

HERMES DE PAULA
Oministro das Relações Exteriores, Mauro Vi- Exclusão
eira, será o anfitrião do primeiro grande evento
aérea e PF investiga ação de ‘kids
do grupo de maiores economias do planeta pretos’ em tentativa de golpe
(G20) sob presidência brasileira. Nesta sema- feriadão
na, ele recebe no Rio chanceleres para come- Integrantes das Forças Especiais do Exército
çar a delinear os compromissos que serão assu- Rio sediará são suspeitos de incitar ofensiva golpista,
midos pelos países na Cúpula dos Chefes de Es- diversos além de atuar como elo para o financiamento
tado, em novembro. O combate à pobreza e às eventos do G20, dos ataques de 8 de janeiro. PÁGINA 4
mudanças climáticas está no centro das priori- incluindo
dades do Brasil, que têm outro pilar: a reforma a Cúpula dos
da governança global. Isso inclui temas como Chefes de
ampliação do Conselho de Segurança da ONU Estado, em DIFÍCIL PARA PAIS E FILHOS
e reforma do Fundo Monetário Internacional
e do Banco Mundial, para que financiem o de-
18 e 19 de
novembro, Dolorosa, adaptação
senvolvimento global, especialmente dos paí-
ses mais pobres. “Precisam de menos exigên-
no MAM.
Haverá exclusão
escolar exige apoio
cias. Tem de haver uma adaptação à necessida- do espaço aéreo Especialistas mostram como a família
de. Não se pode impor uma receita que mata o no período e pode ajudar os alunos a enfrentar
doente”, afirma Vieira, em entrevista a ELIANE feriadão de seis os momentos cruciais da vida escolar,
OLIVEIRA e MANOEL VENTURA. PÁGINAS 18 e 19 dias. PÁGINA 24 desde a entrada no ensino infantil. PÁGINA 11

EDITORIAL MERVAL PEREIRA MÍRIAM LEITÃO DORRIT HARAZIM ELIO GASPARI BERNARDO DANIEL BECKER PATRÍCIA KOGUT
MELLO FRANCO
AS ARMADILHAS A linha tênue Forças Armadas Crianças A direita Mundo vive ‘Griselda’: ação
DA NOVA
POLÍTICA
entre o STF devem separar palestinas e a negativa de Os empresários epidemia irresistível e
INDUSTRIAL e a política joio do trigo desumanidade Bolsonaro e o ‘virar o jogo’ de alergias folhetim barato
PÁGINA 2 PÁGINA 2 PÁGINA 14 PÁGINA 3 PÁGINA 10 PÁGINA 3 PÁGINA 23 SEGUNDO CADERNO

EDILSON DANTAS SINNA NASSERI/THE NEW YORK TIMES

SEGUNDO CADERNO

Stallone e
os planos
Verde, faça sol ou chuva para o Brasil
Ator conta a
Na Unicamp, pesquisa
ANNA LUIZA
altera DNA de plantas
SANTIAGO que
para tornar lavouras
amou quando
resistentes às secas
veio filmar no
mais frequentes. PÁGINA 13
país e, estreando
temporada de seu
reality show com
mulher e filhas,
acena em voltar:
“Adoraria ter a
oportunidade,
porque é um
lugar muito vivo.
Éo que eu gostaria
de fazer, desta vez
levando todas elas.
Não sei, quem
sabe numa terceira
temporada?”,
diz Sylvester
Stallone.

Estudos apontam Entreouvindo Lula

‘alzheimerização’ dos
diagnósticos de demência
Médicos explicam que nem toda perda
cognitiva é sinônimo de Alzheimer: ela
pode ter outras causas, como cirrose,
e muitos casos são reversíveis. PÁGINA 21 — ‘Bora pra casa!

ESPORTES
Clássicos com torcida única dividem clubes e especialistas PÁGINA 32
2 | 2ªEdição Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

Opinião do GLOBO Artigos

oglobo.globo.com/opiniao/
cartas@oglobo.com.br

As armadilhas MERVAL
PEREIRA
da nova política
industrial blogs.oglobo.globo.com/merval-pereira
editoria.artigos@oglobo.com.br

Plano do governo foi apresentado A linha tênue

de modo vago, custa caro e não evita
os riscos apontados pelos economistas
A centralidade do Supremo Tribunal Federal (STF) na
política brasileira vem aumentando muito nos últi-

O
programa Nova Indús-
tria Brasil, lançado pelo
governo federal em ja-
neiro, foi apresentado
em termos vagos, mas
com um dado concreto: investi-
mentos de R$ 300 bilhões até 2026,
a maior parte do BNDES, para pro-
mover o que seus defensores têm
chamado de “neoindustrialização”.
Tal montante, equivalente a algo co-
mo 1% do PIB brasileiro no período,
exige pausa para reflexão. Vale a pe-
na? Ou será apenas dinheiro des-
perdiçado em projetos fadados ao
fracasso, como tantas vezes no pas-
sado? Ainda não dá para avaliar a
destinação dos recursos, mas é pos-
sível desde já expor os principais ris-
cos e as principais armadilhas.
É preciso reconhecer que políti-
cas industriais têm reflorescido no
mundo. Nos Estados Unidos, o go-
verno Joe Biden destinou US$ 465
bilhões a fábricas de semiconduto-
res e à transição energética. A China
é conhecida pelo dirigismo em seto-
res considerados “estratégicos”. De-
pois do choque da pandemia nas ca-
deias globais de suprimento, países
europeus e asiáticos têm adotado
medidas para favorecer a produção
local de medicamentos, chips ou
outros produtos. O plano brasileiro
foi apresentado como mais um no
contexto global e segue uma década
de reavaliação das políticas indus-
triais no meio acadêmico, com vi-
são mais favorável que no passado.
“O novo não está tanto nos argu-
mentos em prol da política industri-
al, mas sim na melhor mensuração
desse tipo de política pública”, es-
creveu o economista Luiz Guilher-
me Schymura, diretor do Ibre/FGV,
numa síntese da discussão que o
instituto realizou sobre o tema.
Políticas industriais se definem
pelo incentivo a setores ou empre-
sas específicas, com a intenção de
dar-lhes vantagem em relação aos
demais. Na teoria, o país recebe em
troca benefícios na forma de incre-
mento das exportações, forneci-
mento de bens públicos necessários
— como uma matriz energética
mais limpa —ou diversificação para
tornar a economia mais resistente a
choques. São medidas classificadas
como “verticais”, em contraste com
as “horizontais”, destinadas a bene-
ficiar todos os setores e empresas.
Um exemplo de política “horizon-
tal” é a reforma tributária em curso,
que provavelmente dará à indústria
mais incentivo que todo o plano de
“neoindustrialização”. Quanto às
políticas “verticais” específicas, o
histórico do Brasil recomenda, no
mínimo, ceticismo.
Só na indústria naval, os governos
petistas enterraram US$ 26,4 bi-
lhões sem nenhum resultado, repe-
tindo o que já acontecera na ditadu-
ra militar. A escolha de “campeões
nacionais” em setores variados re-
mos anos, e o tribunal passou a ser um participante funda-
mental no jogo político, inclusive porque assumiu este
papel em muitas ocasiões. Não só pelas decisões tomadas,
monocráticas principalmente, mas também por entre-
vistas, depoimentos de ministros fora dos autos.
Mas também foi levado, por circunstâncias além de
sua vontade, a participar de decisões que deveriam ter
sido tomadas por outros Poderes, especialmente o Le-
gislativo. O Supremo, como última instância, passou a
ser usado politicamente por grupos que têm agenda,
sobretudo na questão de valores, como casamento
gay, aborto, censura, assuntos delicados que o Legisla-
tivo não se dispõe a enfrentar, por receio de tomar po-
sição, ou inação estrutural.
Outros assuntos, em que o Executivo não pretendia
se envolver para não se desgastar, como consumo de
droga ou, mais amplamente, a liberação de drogas co-
mo a maconha, também foram jogados para decisão
do Supremo. O Supremo, pois, foi ocupando espaços,
muitas vezes por gosto do poder crescente, e se trans-
sultou apenas em crédito barato a lítica industrial de sucesso não diz formou em parte da política, não em uma instância su-
grupos privados, sem que tenha ha- respeito a escolher vencedores, mas prema para dar luz à sociedade. Hoje é procurado pelo
vido salto de inovação ou competiti- sim a rejeitar perdedores”, afirmou Executivo, e o presidente Lula tenta uma aproximação
vidade na maioria. Subsídios recor- ao jornal Financial Times o econo- para contrabalançar a pressão do Congresso.
rentes à indústria automobilística mista Dani Rodrik, da Universidade Há vários componentes que fazem com que o STF
se tornaram apenas uma forma de Harvard. É ainda fundamental que tenha se tornado, em vez de uma fonte de soluções,
salvar empresas improdutivas. Para haja uma relação próxima, mas não mais uma interferência política que complica a si-
não falar naquela que talvez seja a promíscua, entre o mercado e a bu- tuação. Muitas vezes os ataques pessoais a minis-
política industrial mais desastrada rocracia do setor público. “É preciso tros, especialmente os mais visados como Alexan-
na História recente: a reserva de basear a política em informação, in- dre de Moraes ou Gilmar Mendes, transformam
mercado de informática, que man- teração e aprendizado.” decisões que deveriam ser técnicas em emocio-
teve o país alheio ao avanço da eco- O plano Nova Indústria Brasil não nais, como foi o caso da agressão sofrida pela famí-
nomia digital por décadas. enfrenta nem esboça resposta a ne- lia do ministro Moraes no aeroporto em Roma.
Fracassos em políticas industri- nhuma dessas questões. No lugar de Um desentendimento banal se transfigurou em ataque
ais ocorrem mesmo no país visto foco, há metas genéricas e volunta- àdemocracia, ganhando um sentido po-
como modelo pelos arautos da ristas para atender a setores os mais Muitas vezes os lítico maior o que era simplesmente
“neoindustrialização”, a China. diversos — do agronegócio à saúde, ataques pessoais uma grosseria, falta de educação. Essas
Subsídios à indústria naval chine- do saneamento à biotecnologia, da a ministros do reações, por humanas que sejam, ser-
sa favoreceram as estatais, mas energia limpa à mobilidade urbana. STF transformam vem de pretexto para ações de reacioná-
não houve benefícios para o resto “Quanto mais coisas você tentar al- decisões que rios, que tentam demonizar os minis-
da economia. Outro célebre malo- cançar, mais improvável consegui- deveriam ser tros que enfrentam os ataques golpistas
gro chinês foi a tentativa de criar las”, disse Rodrik. técnicas em já perfeitamente comprovados.
um competidor para Boeing e Air- A tentativa de turbinar o BNDES emocionais Alinha tênue entre a legalidade formal
bus com a aeronave Comac C919. também desperta incredulidade di- ea reação necessária para barrar avanços
Mesmo com investimentos de ante do histórico. “O uso do BNDES antidemocráticos vem sendo constantemente ultrapassa-
US$ 70 bilhões para desenvolver o como instrumento de indução do da, dando margem a que comportamentos ilegais de mili-
projeto, a entrega atrasou cinco crescimento econômico é hoje re- tantes políticos sejam relevados como se fossem simples
anos, e nenhum país fora da China conhecido como um dos maiores reações a abusos de autoridade. Bolsonaristas se aprovei-
homologou o novo avião. erros de política econômica recen- tam disso para tentar desmoralizar o STF, que foi o alvo de
Pode haver, contudo, casos em te”, escreve o economista Marcos Bolsonaro durante os quatro anos de governo. E em respos-
que incentivos setoriais se justifi- Mendes, do Insper. “O custo fiscal ta, o STF se fecha em um corporativismo às vezes inexpli-
quem, e os exemplos da Embraer e foi substancial, houve a indução de cável, passando a atuar de maneira política, apoiando me-
da Embrapa — sucessos decorren- alocação ineficiente de capital, con- didas claramente equivocadas de seus membros.
tes da aposta em conhecimento e centrou renda, subsidiou ditaduras Épreciso lembrar que a sensação de onipotência leva a
inovação — estão aí para provar. A como as de Venezuela, Cuba e An- decisões humanas equivocadas. Os deuses, quando que-
literatura econômica recente tem gola, teve efeitos colaterais negati- rem destruir, primeiro enlouquecem os homens.
se esmerado em definir as condi- vos sobre a política monetária e Isso não dá certo, em algum momento terá que ser re-
ções para o êxito de políticas indus- controle da inflação, promoveu o solvido. Não é papel do Supremo ser uma parte do pro-
triais com base em exemplos do afastamento de fontes privadas de blema. É o último a errar, e tem que ter a capacidade de
mundo todo — da França sob Napo- financiamento de longo prazo.” se distanciar e tomar a melhor decisão em consonância
leão à Coreia do Sul nos anos 1970, Por fim, o plano do governo tra- com a Constituição. Continua, no entanto, no centro
passando pela pecuária uruguaia. duz a crença injustificada no Estado do debate, sendo chamado por Bolsonaro para alvo da
Embora não haja conclusões defini- como cérebro do desenvolvimento. manifestação pretendida para São Paulo. A manifesta-
tivas, ao implementar um plano ca- Nada poderia ser mais distante da ção é evidentemente uma tentativa de Bolsonaro de
ro como o Nova Indústria Brasil, o realidade. “Empresas privadas não pressionar o STF, com a massa de apoiadores que espe-
governo deveria prestar atenção aos acertam sempre. Mas, quando er- ra seja robusta o suficiente para protegê-lo de uma or-
erros mais frequentes elencados pe- ram, são penalizadas pelo merca- dem de prisão que parece cada vez mais inevitável.
los economistas. do”, afirma Mendes. A competição, Já passamos por situação semelhante quando da pri-
É preciso manter avaliação cons- diz ele, interrompe projetos malsu- são do então ex-presidente Lula na Operação Lava-Ja-
tante e foco em resultados mensu- cedidos, enquanto o “Estado pode to. A decisão foi sendo revelada aos poucos, com o
ráveis de produtividade (nos anos sustentar por muitos anos iniciati- avanço das investigações e decisões de busca e apreen-
1970, a Coreia monitorava metas de vas fracassadas, pois obtém financi- são na casa do próprio Lula, como já aconteceu com
exportação e investimentos, cor- amento pela extração compulsória Bolsonaro agora. Havia o temor de que uma prisão de
tando subsídios das empresas que de impostos”. Os riscos da nova po- Lula provocaria uma rebelião popular, mas aconteceu
não as cumpriam). Todo incentivo lítica industrial do governo estão uma resistência pacífica no Sindicato dos Metalúrgi-
deve ser temporário e, quando der claros. Só falta ele esclarecer o que cos que não evitou sua prisão. Não creio que vá dar cer-
errado, precisa ser cortado. “A po- fará para evitar as armadilhas. to a manobra de Bolsonaro agora.

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OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Opinião | 3

_ SEG _ Fernando Gabeira _ Demétrio Magnoli (quinzenal) _ Miguel de Almeida (quinzenal) _ Edu Lyra (quinzenal) _ Irapuã Santana (quinzenal) _ Washington Olivetto (quinzenal)
_ TER_ Merval Pereira _ Carlos Andreazza _ QUA_ Vera Magalhães _ Elio Gaspari _ Bernardo Mello Franco _ Roberto DaMatta (quinzenal) _ QUI_ Merval Pereira _ Malu Gaspar
_ SEX_ Vera Magalhães _ Flávia Oliveira _ Pedro Doria _ Bernardo Mello Franco _ SÁB_ Carlos Alberto Sardenberg _ Eduardo Affonso _ Pablo Ortellado _ DOM_ Merval Pereira _ Dorrit Harazim _ Bernardo Mello Franco

DORRIT A pediatra americana Seema Jilani, asses-

sora sênior do Comitê Internacional de
porque havia casos mais urgentes — contou
com crueza a dra. Jilani. BERNARDO
HARAZIM Resgate, que atua globalmente em emer-
gências de saúde, passou duas semanas no
E concluiu, com empatia, que não conse-
guia imaginar o que poderia haver de mais
MELLO FRANCO
Hospital Al-Aqsa de Khan Yunis. Em longa emergencial que um bebê de 1 ano sem mão
entrevista a Isaac Chotiner, da New Yorker, nem perna, sufocando no próprio sangue. A
ela relatou como foram suas primeiras ho- resposta, é claro, todos sabemos, a pediatra
blogs.oglobo.globo.com/opiniao ras de plantão ali. Chegara acompanhada também: algum outro estropiado da guerra, oglobo.com.br/bernardo
bernardomf
editoria.artigos@oglobo.com.br
de alguns cirurgiões, um obstetra, um anes- com pelo menos uma ínfima chance de ser bmf@oglobo.com.br
tesista e um intensivista vindos do Cairo. salvo. Considerando as carências colossais,
Duas raças Já trabalhara em emergências no Afega-
nistão, no Iraque, no Líbano, no Egito, na
não era o caso daquele bebê.
Indagada sobre como avaliava a utilidade O papel dos
empresários
Turquia, na Líbia, no Paquistão e há 19 anos de sua presença no caos do Al-Aqsa, Jilani
fazia pit stops na Cisjordânia e em Gaza. apontou para algo muito além da emergência

A crônimos são aquelas sopas de letras mai-

úsculas que costumam designar entidades
Ainda assim, nada a preparara para o horror
que viu no enclave desta vez. A ausência de
clínica: para o corpo médico do hospital, a
chegada da equipe estrangeira significou que
de nomes compridos como IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) ou Unes-
co (United Nations Educational, Scientific
dignidade ali possível lhe pareceu abissal.
A primeira criança a cair sob seus cuida-
dos foi um menino de 12 meses:
eles não haviam sido esquecidos, evidenciava
que o mundo não os deixara sozinhos.
Dias atrás, mais um complexo hospitalar
EMauro
m gravação encontrada pela Polí-
cia Federal, o tenente-coronel
Cid afirma que empresários
and Cultural Organization). Não existem para —Ele tinha o braço e a perna direita arran- em Khan Yunis foi submetido a assalto maci- encorajaram Jair Bolsonaro a “virar o
provocar emoção ou sentimento — em si, são cados por uma bomba. A fralda estava ensan- ço por parte das tropas de Israel. Segundo o jogo” depois da derrota nas urnas.
neutros, indolores, inodoros. Exceto pelas cin- guentada e se mantinha no lugar, apesar de governo de Benjamin Netanyahu, o hospital A mensagem trata de uma reunião
co letras de WCNSF. Essas ferem, fazem cho- não haver mais perna. Eu o tratei primeiro no abrigava integrantes do Hamas e poderia es- em novembro de 2022, quando Lu-
rar, causam horror e dor. Significam Wounded chão, pois não havia macas disponíveis (...). A conder os restos mortais de alguns dos 130 re- la já havia vencido a eleição presi-
Child, no Surviving Family, ou Criança Ferida seu lado havia um homem emitindo os últi- féns israelenses ainda em mãos do grupo ter- dencial. Bolsonaro seguia encaste-
sem Familiares Vivos. A sigla nem existia antes mos respiros. Estava ativamente morrendo rorista. O caos, as mortes, o desamparo de ci- lado no Alvorada, conspirando para
do ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro havia 24 horas, com moscas por cima (...) O vis apenas se repetem e se avolumam. O dar um golpe e continuar no poder.
e da consequente terraplenagem da Faixa de bebê de 1 ano sangrava profusamente no tó- anunciado plano israelense de ataque tous Cid cita os donos de três marcas
Gaza desencadeada por Israel. Nunca fizera rax... Não havia nem respirador, nem morfi- azimuts à cidade de Rafah visando a derrotar famosas: Luciano Hang, da Havan;
falta, pois em nenhuma guerra anterior a or- na, nem medidor de pressão em meio ao caos. os terroristas do Hamas é uma insânia. Ali es- Meyer Nigri, da Tecnisa; e Afrânio
fandade infantil fora tão maciça. (...) Um cirurgião ortopédico envolveu com tá espremido 1,5 milhão de palestinos já Barreira, do Coco Bambu. O militar
De qualquer ângulo que se olhe, as crian- gaze os tocos da criança e comunicou que não exauridos. Fugiram do chão que habitavam também menciona “aquele cara da
ças palestinas do enclave formam um capí- a levaria de imediato para o centro cirúrgico mais ao norte para escapar dos bombardeios. Centauro” — para a PF, uma prová-
tulo à parte da desumanidade em curso. Es- Estão numa ratoeira, enquanto o Egito ergue vel referência a Sebastião Bomfim.
tatísticas de guerras anteriores mundo afo- ‘Ele tinha um muro de 7 metros de altura delimitando Em notas à imprensa, os quatro
ra registravam média de 20% de crianças do o braço e a vasta área do Sinai. Talvez para recebê-los in contestaram o relato e negaram ter
cômputo total de vítimas. Em Gaza, elas são perna direita extremis? Quem sabe o mundo acorda? Como participado da trama golpista.
40%. Dados levantados pela Save the Chil- arrancados por constatou o maravilhoso psicanalista Viktor Agora a polícia terá que descobrir
dren apontam para mais de dez crianças uma bomba. Frankl, judeu austríaco que sobreviveu a Aus- quem está mentindo.
mutiladas por dia, com a perda de uma ou A fralda estava chwitz, no fundo existem apenas duas raças Bolsonaro vende a fábula de que
ambas as pernas. Isso há quatro meses. E tal- ensanguentada’ —pessoas decentes e pessoas indecentes. chegou ao poder sem ajuda do siste-
vez já chegue a 25 mil o número das que per- ma, graças à genialidade do filho e
deram ao menos um dos pais na guerra. às redes sociais. No mundo real, foi
Em Gaza, as crianças WCNSF abrigadas o candidato ungido pelo poder eco-
em hospitais ou junto a agências internacio- nômico para derrotar o PT em 2018.
nais por vezes nem sequer sabem declinar o Antes da campanha, o capitão já era
nome. Emergem mudas de algum escombro, conhecido pelo extremismo. Exaltava
cobertas de pó e sangue. Não choram, não de- a ditadura, defendia a tortura e prega-
monstram medo. Estão em choque, à deriva va o fuzilamento de adversários políti-
na devastação geral. Inicia-se então uma labi- cos. Nada disso impediu que os donos
ríntica procura por alguma família aparenta- do PIB aderissem a seu projeto.
da capaz de acolher mais uma infância em ru- Em 2022, parte do empresariado resol-
ínas. Às que têm a sorte de continuar com al- veu se descolar do presidente que atacava
gum colo de mãe ou presença de pai/tio/avô as instituições e ameaçava desrespeitar o
por perto, as sequelas previsíveis são inomi- resultado das ur-
náveis. Uma observação do chefe de comuni- Antes de chegar nas. Bolsonaris-
cação do Unicef dá a dimensão do drama sen- ao Planalto, tas de carteirinha,
tido por qualquer adulto na população cada Bolsonaro já Hang, Nigri,
vez mais sitiada: fazer de tudo para que a cri- defendia golpe, Bomfim e Barrei-
ança não perceba que você perdeu o controle. ditadura e tortura. ra ficaram a seu
Essa talvez seja a carga mais dura de qualquer Nada disso lado até o fim.
adulto em Gaza, hoje. impediu os donos O quarteto
do PIB de apoiá-lo não estava só.
Ex-presidente
da Fiesp e eterno candidato ao gover-
ARTIGO no paulista, Paulo Skaf prometeu
“não faltar” ao aliado. “Ele pode falar
Agência da ONU deve acabar, pelo bem dos palestinos oque não deve, mas ele faz o que deve
ser feito”, disse, dias antes do segundo
turno. A frase é um lembrete de que o
encantamento com Bolsonaro não se
zera a representantes árabes durante en- deveria ter sido extinta, e os palestinos fica- deveu a seus olhos azuis.
contro na embaixada da Palestina em Brasí- riam sob o mandato do Acnur. Ocorreu o O capitão sempre viveu às custas
IGOR SABINO lia dias atrás. oposto: o Acnur passou a definir como refu- do poder público, mas se embru-
A postura brasileira é lamentável. Não giado qualquer pessoa obrigada a deixar seu lhou na bandeira do fundamentalis-
apenas pelas claras evidências que atestam país de origem por alguns tipos específicos mo de mercado. “É horrível ser pa-

N os últimos dias, vários países suspende-

ram suas doações à UNRWA, a agência
da ONU para refugiados palestinos. Entre
a instrumentalização da UNRWA pelos ter-
roristas do Hamas. No livro “A guerra do re-
torno”, publicado em 2020, os cientistas po-
de perseguição. A UNRWA seguiu definin-
do como tal apenas aqueles que viviam na
região da Palestina entre 1º de junho de
trão no Brasil”, declarou.
Eleito, empenhou-se no desmon-
te do Estado e da legislação traba-
eles, importantes doadores, como Estados líticos Adi Schwartz e Einat Wilf já denun- 1946 e 15 de maio de 1948 e haviam perdido lhista e ambiental. Seu governo de-
Unidos e Alemanha. Tudo isso após denún- ciavam outros proble- suas casas durante a guerra de 1948, inclusi- fendeu um capitalismo selvagem,
cias de que funcionários da organização Funcionários mas que questionam a ve os que se deslocaram internamente. em que tudo seria permitido em no-
mantêm relações com o Hamas e até parti- da organização própria função dessa As consequências têm sido desastrosas. me do lucro: do garimpo em terras
ciparam do massacre de 7 de outubro, no sul mantêm relações agência. Entre eles, Os refugiados do Acnur têm a possibilidade indígenas ao trabalho infantil, que
de Israel. Alguns deles chegaram até a man- com o Hamas e destaco a excepciona- de ser integrados ao país para o qual fugiram voltou a crescer após anos de queda.
ter reféns israelenses em cativeiro. até participaram lidade da definição de ou reassentados num terceiro quando não é “Tive uma reunião face to face com
Também há evidências de que um centro do massacre de refugiado aplicada aos possível voltar, como os palestinos. A Bolsonaro e vi um cara com posi-
de dados e operações militares do grupo ter- 7 de outubro, palestinos, justifican- UNRWA, porém, não oferece esse tipo de ções fantásticas”, derramou-se o do-
rorista funcionava embaixo da sede da no sul de Israel do a existência da solução. Assim, há 6 milhões de pessoas que no da Centauro, ao declarar seu voto
UNRWA na Faixa de Gaza. Há agora um in- UNRWA. hoje se consideram refugiados palestinos, a em 2018. O empresário dizia ter
tenso debate sobre o futuro da agência da A agência foi fundada em 1950, a fim de maioria filhos, netos e bisnetos dos verda- “confiança cega” em Paulo Guedes,
ONU, sobretudo depois da guerra, tendo atender às necessidades dos cerca de 700 mil deiros refugiados. A maioria mora na Cis- liberal de estimação do capitão.
em vista seu papel no fornecimento de aju- árabes que perderam suas casas durante a jordânia, em Gaza, no Líbano, no Egito, na Tempos depois, o ministro da Eco-
da humanitária e gerenciamento de escolas Guerra de Independência de Israel, em 1948. Síria e na Jordânia em condições terríveis. nomia participaria da reunião em que
e hospitais nos territórios palestinos. Um número igual ou maior de judeus foi for- Os netos e bisnetos dos demais refugiados que Bolsonaro falou abertamente
A UNRWA corre o risco de que suas opera- çado a sair dos países árabes nessa guerra e em do mundo não são refugiados, mas cidadãos num golpe para melar a eleição. Per-
ções sejam suspensas. Isso tem levado di- anos posteriores, mas nunca recebeu ajuda da dos países onde nasceram. Se fossem trata- maneceu em silêncio, mexendo des-
versos ex-doadores a repensar novas formas ONU. Israel os acolheu. Na época, ainda não dos desse modo, esses palestinos viveriam preocupadamente com seus papéis.
de fornecer ajuda humanitária aos palesti- havia a Convenção de Genebra sobre Refugia- melhor, com mais direitos. Isso teria evita-
nos, por meio de outras organizações já dos, aprovada em 1951, nem o Acnur, a agên- do grande sofrimento. E não impede que, se A folia de Lira
existentes. O Brasil, contudo, tem ido na cia da ONU para refugiados. Inicialmente, um Estado palestino for criado no futuro,
contramão dessas democracias. Nesta se- ambos teriam escopo territorial limitado e se- quem quiser possa morar nele. Arthur Lira usou avião da FAB para
mana, em discurso no Cairo, durante en- riam temporários. A UNRWA ficaria respon- Pelo bem dos palestinos, portanto, a pular o carnaval no Rio e em Salvador.
contro da Liga Árabe, o presidente Lula afir- sável apenas pelos refugiados palestinos no UNRWA deve acabar. Na Sapucaí, posou alegremente com
mou que, embora apoie as investigações so- Oriente Médio, o Acnur pelos europeus des- obicheiro Aniz Abrahão David, o Aní-
bre o envolvimento da UNRWA com o Ha- locados pela Segunda Guerra Mundial. Igor Sabino é doutor em ciência política sio. A presença do chefão da Câmara
mas, este não é o momento de fechá-la e dis- No entanto, em 1967, o escopo do Acnur pela Universidade Federal de Pernambuco não deu sorte à Beija-Flor. A escola re-
se que aumentará as doações brasileiras. Ele foi ampliado e passou a abarcar todos os re- (UFPE), gerente de conteúdo da StandWithUs Brasil cebeu R$ 8 milhões da Prefeitura de
praticamente reiterou o discurso que já fi- fugiados do mundo. Com isso, a UNRWA e pesquisador do Philos Project Maceió, mas amargou o oitavo lugar.
 4 |
Política
A HORA DA VERDADE
TROPA DE ELITE EM AÇÃO
‘Kids pretos’ são suspeitos de usar tática militar
e de serem elo para financiar tentativa de golpe
SARAH TEÓFILO E
EDUARDO GONÇALVES
politica@oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
A Polícia Federal investiga se
integrantes das Forças Es-
peciais do Exército, os “kids
pretos”, usaram técnicas mili-
tares para incitar a tentativa de
golpe de Estado no país. A par-
ticipação, segundo a PF, seria
estratégica: eles compõem um
grupo restrito, com treina-
mento rígido e especialização
em ações de infiltração, opera-
ções camufladas e contrater-
rorismo. Provas colhidas no
inquérito indicam que repre-
sentantes do grupo de elite di-
recionaram os atos antidemo-
cráticos que ocorreram após a
derrota eleitoral de Jair Bolso-
naro e atuaram como elo para
ofinanciamento dos ataques.
Oficiais das “FE”, como tam-
bém são conhecidos, estive-
ram em reuniões que tinham o
intuito de delinear estratégias
para a ofensiva golpista, se-
gundo a PF. Nos ataques de 8
de janeiro, chamou a atenção
de investigadores a presença
de manifestantes com balacla-
vas, vestimenta dos “kids pre-
tos”, e desenvoltura na linha de
frente da invasão. Um grupo
organizou uma ofensiva para
furar o bloqueio da Polícia Mi-
litar, orientou manifestantes a
entrar no Congresso pelo teto,
transformando gradis em es-
cadas, e os instruiu a acionar
mangueiras para diminuir os
efeitos das bombas. Destroços
de uma granada de gás lacri-
mogêneo usada em treina-
mentos dos “kids pretos” fo-
ram encontrados, segundo a
CPI dos Atos.
Oapelido, segundo o Exérci-
to, é um nome informal atri-
buído aos militares de opera-
ções especiais, por usarem um
gorro preto. Nos livros de his-
tória militar, o termo faz refe-
rência ao codinome utilizado
para definir o comandante da
unidade que combateu guerri-
lheiros do Araguaia.
Domingo 18 .2.2024 | OGLOBO
ELEIÇÕES PARA
ACESSAR
Big Techs fazem acordo contra fake news APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Compromisso foi firmado durante a Conferência de Segurança de Munique O QR CODE
DIVULGAÇÃO / EXÉRCITO BRASILEIRO
troca de mensagens em que o
Forças Especiais. tenente-coronel Mauro Cid,
Os “kids pretos” ex-ajudante de ordens de Bol-
são um grupo restrito sonaro, e o coronel Bernardo
do Exército, com Romão Correa Neto, combi-
treinamento rígido e nam encontros com integran-
especializados em tes das forças especiais em no-
ações de infiltração vembro de 2022. O objetivo
seria refinar o planejamento e
ampliar, entre os militares, a
adesão à trama golpista. “Só
chamamos os FE”, escreveu
Correa Neto a Cid. O advoga-
do do ex-ajudante de ordens
afirmou que não teve acesso
aos autos. A defesa de Correa
Neto não foi localizada, en-
quanto a de Bolsonaro diz que
ele não atacou a democracia.
“Houve por parte do grupo
criminoso organização de
encontro específico na tenta-
tiva de arregimentar milita-
res com curso de Forças Es-
peciais, que, segundo a Polí-
cia Federal, coadunados com
os intentos golpistas, dariam
suporte às medidas necessá-
rias para tentar impedir a
posse do governo eleito e res-
tringir o exercício do Poder
Judiciário”, afirmou o minis-
resgate de um refém. tro Alexandre de Moraes, do
RAIO-X — Fazemos adaptação em Supremo Tribunal Federal
Quem são Onde ficam Efetivo todos os ambientes. É uma (STF), na decisão que autori-
Integrantes das Forças A maior parte fica no 1º O Exército não informa tropa altamente preparada zou a operação contra Bolso-
Especiais do Exército, os
"kids pretos” compõem um
grupo restrito do Exército, com
Batalhão de Forças
Especiais, em Goiânia e
são subordinados ao
a quantidade exata,
mas estimativas
extraoficiais apontam
—afirma o coronel da reser-
va Roberto Criscuoli, ex-
subcomandante do Bata-
naro e aliados.
REPASSE E MONITORAMENTO
treinamento rígido que prevê Comando Militar do para cerca de 550 “kids lhão de Forças Especiais. Outro “kid preto” envolvido
técnicas de infiltração, Planalto. Há ainda a 3ª pretos” no país.
operações camufladas e Companhia de Forças
Segundo ele, um membro na articulação golpista, se-
formação para contraterrorismo Especiais, em Manaus deste grupo consegue capaci- gundo a PF, é o major Rafael
e contraguerrilha. tar uma tropa convencional Martins de Oliveira. Mensa-
para tarefas de alto grau de gens mostram que, em no-
Formação e treinamento
Precisa ser sargento ou oficial e
complexidade. A investigação vembro de 2022, ele e Cid dis-
fazer cursos de paraquedista, por da PF apreendeu uma mensa- cutiram o pagamento de R$
seis semanas, e de “ações de gem dizendo que integrantes 100 mil para custear a ida de
comandos”, que dura quatro meses das forças especiais têm “capa- manifestantes a Brasília. A
e é a etapa mais exigente. Os cidade de organizar, desenvol- defesa dele não foi localizada.
militares passam por restrição de ver, instruir, equipar e operar Em nota, o Exército disse
sono e de alimento, enquanto são 1.500 homens”. que colabora com as investi-
submetidos a fortes treinamentos
físicos. Há ainda uma terceira fase,
Os “kids pretos” também já gações e que as forças especi-
com foco estratégico, que leva atuaram em operações de ais são empregadas apenas
cinco meses. grande porte, como a missão por ordem do comando do
no Haiti, e eventos como a Co- Exército, “sempre com base
NA MIRA DA PF pa do Mundo — neste último em um arcabouço legal”.
A Polícia Federal investiga se os "kids pretos" usaram técnicas militares para incitar e orientar caso, dedicados a evitar ata- A trama golpista envolvia
participantes dos atos antidemocráticos e se atuaram como elo para o financiamento das ações. ques terroristas. O efetivo é re- também acionar os kids pretos
Prisão de autoridades Desestabilização Financiamento duzido: a maior parte fica no 1º para prender autoridades, en-
O plano golpista, segundo a PF, A PF apura também se os “kids A investigação apura ainda se o Batalhão de Forças Especiais, tre elas Moraes, depois que
envolvia acioná-los para realizar a pretos” foram escalados para tenente-coronel Mauro Cid, em Goiânia. O Exército não Bolsonaro assinasse decreto
prisão de autoridades, entre elas o provocar um fato desestabilizador ex-ajudante de ordens de informa a quantidade exata, abrindo caminho para a ruptu-
ministro Alexandre de Moraes, do que levasse o presidente da Bolsonaro, atuou para organizar mas estimativas apontam para ra. O magistrado foi monitora-
STF, que foi monitorado pelo República a decretar uma reuniões com os "kids pretos e
ex-assessor presidencial Garantia da Lei e da Ordem (GLO), para financiá-los". Uma mensagem
400 militares. Há, ainda, a 3ª do pelo coronel Marcelo Câ-
Marcelo Câmara, ex-integrante abrindo caminho para os militares apreendida na operação cita uma Companhia de Forças Especi- mara, ex-assessor de Bolsona-
das Forças Especiais. tomarem o poder. ajuda financeira de R$ 100 mil. ais, em Manaus, com cerca de ro e egresso das Forças Especi-
150 integrantes. No governo, ais. Como o plano não foi colo-
Bolsonaro cercou-se de ex-in- cado em prática, a PF apura se
tegrantes do grupo, como os “kids pretos” foram escala-
Eduardo Pazuello e Luiz Edu- dos para uma outra missão:
ardo Ramos, que foram minis- provocar um fator desestabili-
tros, e Élcio Franco, ex-secretá- zador que levasse Bolsonaro a
rio-executivo da Saúde. decretar uma Garantia da Lei e
—O treinamento é voltado da Ordem (GLO)”. A defesa de
para agir em situações em que Câmara disse que ele sempre
EX-INTEGRANTES DA TROPA DE ELITE se está relativamente desplu- atuou “de forma legítima e
GENERAL GENERAL TENENTE-CORONEL gado da cadeia de comando. Is- com instrumentos lícitos”.
Luiz Eduardo Ramos Eduardo Pazuello Mauro Cid so é feito para ações camufla- No ponto mais alto da ofen-
Foi ministro-chefe da Ex-ministro da Ex-ajudante das, sigilosas, e que exigem, siva golpista, o 8 de Janeiro, a
Secretaria-Geral da Saúde e atualmente de ordens
Presidência e da Casa Civil deputado federal de Bolsonaro
por exemplo, um alto grau de presença de um “kid preto” foi
no governo Bolsonaro pelo PL do Rio infiltração, com técnicas de in- desvendada: a do general da
teligência militar e operações reserva Ridauto Fernandes,
EDITORIA DE ARTE
psicológicas — diz o professor que já comandou ações de
da UFSCar Piero Leirner. operações especiais e três
Para integrar as forças espe- Um exercício comum é ficar com foco estratégico. Um Em relatório, a PF afirmou GLOs. Em setembro do ano
ciais, o interessado precisa ser em ambientes fechados com exemplo de ação desta etapa, que houve um “planejamento passado, ele foi alvo de manda-
sargento ou oficial e fazer cur- gás lacrimogêneo sem másca- que leva cinco meses, é a infil- minucioso para utilizar, con- dos de busca e apreensão. À PF,
sos de paraquedista, por seis ra. Restrições de sono e de ali- tração em outro estado por tra o próprio Estado brasileiro, o militar confirmou que foi ao
semanas, e de “ações de co- mentação também integram meio de salto de paraquedas as técnicas militares para a ato, mas disse que não partici-
mandos”, que dura quatro arotina, além de testes físicos. para, em simulações, cumprir consumação do golpe de Esta- pou da depredação. Fernandes
meses e é a etapa mais dura. Há ainda uma terceira fase determinada missão, como o do”. A conclusão parte de uma não se manifestou.
 OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Política | 5

BRENNO CARVALHO/31-1-2024

A HORA DA VERDADE

Alvos da PF tiveram
Infiltrados. Lula
nomeou ou manteve
em cargos de chefia
sete suspeitos de

cargos de destaque
tramar golpe de
Estado ou de fazer
espionagem ilegal

no governo Lula
Suspeitos de golpismo ou de espionagem ilegal foram nomeados
para postos de confiança; militar preso ganhou medalha em 2023

DANIEL GULLINO E ALICE CRAVO

politica@oglobo.com.br
a Ordem do Mérito Militar, Lima, a 3ª Companhia de For- dou a diretoria responsável
BRASÍLIA considerada a principal do ças Especiais, em Manaus. Os INVESTIGADOS NO EXÉRCITO, NA ABIN E NA PF por utilizar o programa se-
-
Exército. O decreto com a con- dois foram exonerados na úl- creto. Fortunato só deixou o

O governo de Luiz Inácio Lu- decoração foi assinado por Lu-

la da Silva nomeou ou la e pelo ministro, José Múcio
manteve em cargos de desta- (Defesa), em março de 2023.
tima quarta-feira, após serem
alvo de busca e apreensão.
Segundo a PF, os dois teriam
Estevam Theophilo
Foi mantido como comandante de
Paulo Maurício Fortunato
Nomeado como secretário de
posto em outubro do ano pas-
sado, por ordem de Moraes.
Na ocasião, o magistrado
que ao menos sete alvos de in- ajudado a divulgar desinfor- Operações Terrestres até 2023. Planejamento e Gestão da Abin. também determinou o afasta-
vestigações da Polícia Federal “VIRTUDES MILITARES” mação sobre o sistema eleito- mento de Paulo Magno Rodri-
por suspeitas de participação O Exército afirmou que, para ral. Lima teria ainda participa- gues Alves, diretor do Centro
em uma tentativa de golpe de receber a homenagem, os mi- do do “núcleo operacional de Guilherme Marques Almeida Paulo Magno Rodrigues Alves de Pesquisa e Desenvolvimen-
Estado ou por espionagem ile- litares devem demonstrar apoio às ações golpistas”. Nomeado para comandar o Bata- Diretor de centro de pesquisas to em Segurança das Comuni-
gal de adversários políticos do “competência profissional, O terceiro é o general Este- lhão de Operações Psicológicas. da Abin no governo atual. cações (Cepesc) da Abin, e de
ex-presidente Jair Bolsonaro. qualidade de trabalho e virtu- vam Theophilo, nomeado pa- Marcelo Furtado, que chefiou
Todos eles deixaram seus pos- des militares”. Em nota, a ins- ra chefiar o Comando de Ope- o Departamento de Opera-
tos após o início das apurações. tituição acrescentou não dis- rações Terrestres (Coter) em Hélio Ferreira Lima Marcelo Furtado ções de Inteligência da Abin.
Um sétimo investigado che- por “de elementos concretos abril de 2022, ainda no gover- Nomeado para chefiar a 3ª Compa- Assumiu o Departamento de Ope- Os dois foram apontados
gou a ser condecorado com para tomar providências dis- no Bolsonaro, mas que só dei- nhia de Forças Especiais (AM). rações de Inteligência da Abin. como responsáveis pelo First-
uma medalha pela gestão pe- ciplinares ou administrati- xou o cargo em novembro de Mile. Procurado, Fortunato
tista pelos serviços prestados. vas” em relação a Correa Ne- 2023, após passar para a reser- não quis comentar. Os de-
O agraciado foi o coronel to. Sobre a operação da PF, a va. A PF diz que ele “teria con- Bernardo Romão Correa Neto Carlos Afonso Gomes Coelho mais não foram localizados.
Bernardo Romão Correa Ne- Força diz estar colaborando sentido com a adesão ao golpe Condecorado, em março de 2023, Ex-Abin, virou coordenador de Um quarto alvo das apura-
to, preso na semana passada com as investigações. de Estado desde o que presi- com a Ordem do Mérito Militar. Aviação Operacional da PF. ções ganhou um cargo na pró-
na Operação Tempus Verita- O governo Lula também al- dente assinasse a medida”, em pria PF . Em outubro, o delega-
tis, que apura uma suposta tra- çou outros dois oficiais do referência a um decreto gol- do Carlos Afonso Coelho foi
ma golpista. De acordo com a Exército suspeitos de envolvi- pista que previa estado de sítio No caso sobre espionagem ca das nomeações, ainda não nomeado como coordenador
PF, Correa Neto ajudou a orga- mento na trama golpista a no país e a prisão do ministro ilegal, três servidores da Agên- havia investigação e que, por- de Aviação Operacional após
nizar uma reunião com milita- postos de chefia. Em junho de Alexandre de Moraes, do Su- cia Brasileira de Inteligência tanto, não havia fatos que im- ocupar cargo de confiança na
res das Forças Especiais do 2023, o tenente-coronel Gui- premo Tribunal Federal (Abin) suspeitos de terem liga- pedissem a escolha. Abin. Ele foi exonerado em ja-
Exército, os chamados “kids lherme Marques Almeida foi (STF). Além do cargo, ele tam- ção com o programa FirstMile Um dos mantidos foi Paulo neiro, após ser alvo de uma
pretos”, para discutir o golpe. escolhido para comandar o 1º bém fazia parte do Alto Co- foram mantidos em cargos- Maurício Fortunato, nomea- operação. Em nota, a PF disse
Procurada, a defesa do militar Batalhão de Operações Psico- mando do Exército. O GLO- chave pelo atual diretor-geral, do como número 3 da agên- que “a indicação para a função
não respondeu aos contatos. lógicas, em Goiânia, e o te- BO não conseguiu contato Luiz Fernando Corrêa. A cia em abril de 2023. No go- está em consonância com sua
Ele recebeu no ano passado nente-coronel Hélio Ferreira com a defesa dos três militares. agência informou que, na épo- verno Bolsonaro, ele coman- experiência profissional”.

A informação chega até

você por onde preferir.

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 6 | Política Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

SEGURANÇA
Câmeras inoperantes
Nada menos do que 124 câmeras
de segurança, fundamentais na
vigilância da penitenciária de
Mossoró, estavam sem funcionar,
de acordo com um relatório de
inteligência produzido pelos res-
ponsáveis da unidade em maio de
2021, ainda no governo Bolsonaro.
Odocumento também aponta que
osistema era obsoleto e teria que
ser modernizado (ele foi compra-
do em 2009). Mais: diversos inci-
dentes reputados como "graves"
não estavam sendo registrados por
causa dessa falha que, de acordo
com agentes do presídio, não foi
sanada desde então.
Relatório ignorado
Um outro relatório de inteligência
aque as autoridades tiveram
acesso confirma que a omissão e o
descaso facilitaram a vida dos dois
criminosos que fugiram da peni-
tenciária de Mossoró na madruga-
da de quarta-feira passada. Esse
segundo relatório é datado de
agosto de 2023, já no governo
Lula. Nele, está narrado que a área
doshaft(onde ficam as tubula-
ções) não era protegida.
‘Com urgência’
Orelatório alertava ainda que era
preciso resolver o problema "com
urgência", uma vez que o shaft
poderia ser acessado a partir da
cela se um preso resolvesse retirar
aluminária dali —uma antecipa-
ção exata do que aconteceu na
fuga dos dois criminosos. No docu-
mento há fotos que detalham a
falha de segurança percebida.
ELEIÇÕES
Inversão da narrativa
Os cabeças da campanha de
Ricardo Nunes à prefeitura de
São Paulo não querem deixar
que vingue a narrativa que “o
prefeito apoia Jair Bolsonaro” —
como Guilherme Boulos repete
dia sim, dia também. A estraté-
gia é tentar inverter essa lógica.
E martelar que é “Bolsonaro
quem apoia Nunes”.
De volta
A propósito, Nunes e Michel
Temer têm se falado. O ex-presi-
dente vai entrar na campanha
do prefeito. Se isso soma votos,
são outros quinhentos.
Email - Lauro Jardim: lauro.jardim@oglobo.com.br / João Paulo Saconi: joaopaulo.saconi@infoglobo.com.br / Naira Trindade: naira.trindade@bsb.oglobo.com.br / Rodrigo Castro: rodrigo.oliveira@infoglobo.com.br / Equipe:colunalaurojardim@oglobo.com.br
LAURO
JARDIM
oglobo.globo.com/laurojardim
Com João Paulo Saconi, Naira Trindade e Rodrigo Castro
Deixa comigo BRASIL
O agro se move
Arthur Lira avisou a integrantes do Ao longo do 2º semestre do ano
governo que vai matar no peito o passado, o Mato Grosso foi o
pedido de convocação de Ricardo estado em que a avaliação do
Lewandowski para explicar na governo Lula melhorou mais.
Comissão de Segurança Pública Entre junho de 2023 e janeiro
sobre a fuga em Mossoró. deste ano, o percentual dos ma-
to-grossenses que avaliam o
desempenho de Lula como óti-
GOVERNO mo ou bom saltou 15 pontos
Os interlocutores percentuais, de 27% para 42%.
Os dados, inéditos, são de uma
Na conversa que teve com Arthur pesquisa realizada pelo IPRI
Lira às vésperas do carnaval, Lula (ex-Instituto FSB) para a Secom.
foi objetivo ao tentar contornar o Foram entrevistadas em todo o
mal-estar entre o presidente da país 21.515 pessoas entre 6 e 30
Câmara e AlexandrePadilha —Lira de janeiro. Berço do agronegó-
se recusa a negociar qualquer pauta cio, o Mato Grosso foi o estado
com o ministro chefe de Relações brasileiro que neste período teve
Institucionais. Disse a Lira que, amaior queda na taxa de desem-
além de Rui Costa, Simone Tebet e prego. Recuou 47% entre abril e
Fernando Haddad também estari- dezembro, de acordo com dados
am à disposição para conversar do IBGE. Hoje, o estado tem a
etentar resolver as pendências segunda menor taxa de desem-
entre o governo e a Câmara. prego do país: 2,4%, atrás apenas
de Rondônia (2,3%). No Brasil,
Papo reto ataxa de desemprego fechou
oano passado em 7,8%.
Antes, porém, no início do papo,
Lula fez uma reclamação. Sem ELEIÇÕES
rodeios, protestou contra o fato Plano B
de Lira ter, dias antes, enviado
um requerimento ao Ministério OPSB tem planos para seus
da Saúde para que fossem expli- quadros não aproveitados pelo
cados os critérios de transferên- Ministério da Justiça de Ricardo
cias de recursos da pasta para Lewandowski. O partido avalia
estados e municípios. Lula disse lançar Augusto Botelho, ex-
ao deputado que ele deveria ter secretário nacional de Justiça,
tentado esclarecer as dúvidas como vereador por São Paulo, e
dele diretamente com a Ricardo Cappelli, ex-secretário
ministra Nísia Trindade. executivo, à prefeitura do Rio
de Janeiro, hipótese, aliás,
Mais uma descartada pelo próprio.
A propósito, Lula e Lira combi- Plano C
naram de ter nova conversa
ainda este mês, depois da Ricardo Cappelli assume na
viagem de Lula à África. quarta-feira a presidência da
ABDI e não tem planos de sair de
Alta radioatividade lá em março para se tornar can-
didato. Inclusive, o domicílio
Em conversas recentes com eleitoral dele ainda é de São Luís,
empresários e pessoas próximas, onde trabalhou com Flávio Di-
Lula tem repetido que continua no. Mas há uma chance de mu-
querendo distância de João dança desse endereço: transferir
Doria. E quer que seus ministros para Brasília, onde pode ser
tenham a mesma atitude. candidato ao governo em 2026.
ANDRÉ MELLO
ECONOMIA
Voto com direção
O voto que o Bradesco deu na
segunda (e infrutífera) reuni-
ão do conselho de adminis-
tração da Vale, ocorrida na
quinta-feira, para definir o
novo presidente da empresa
teve condicionantes. O ban-
co apoiou a escolha de um
head hunter para sugerir uma
lista tríplice (que deverá in-
cluir o atual presidente da
mineradora, Eduardo Barto-
lomeo). Mas que nesta rela-
ção não tenha nomes de ex-
presidentes e ex-executivos
da Vale e nem ligados a
acionistas e ao governo.
Mais duas
Jean Paul Prates se reuniu na
quarta-feira passada em Abu
Dhabi com o presidente da
Maestro em transe Adnoc, Sultan Al Jaber, reto-
mando as negociações para a
Será lançada em maio a biografia venda da Braskem. A novida-
definitiva de João Carlos Martins, de do negócio é que, além da
com revelações sobre o início de estatal de petróleo dos Emira-
sua carreira. Em “O indomável: dos Árabes Unidos, a transa-
entre som e silêncio” (Record), ção pode incluir mais duas
Jamil Chade narra o ritual do maes- empresas do setor, ambas
tro e pianista, na época um menino sediadas no Oriente Médio.
de 11 anos, antes de subir ao palco
numa espécie de transe. Incluía MÚSICA
uma sessão espírita na qual a famí- No palco
lia invocava o espírito de Giuseppe
Verdi e, em seguida, um comprimi- Margareth Menezes vai se-
do de sulfato de benzedrina, anfe- guir sua agenda de shows.
tamina comum nos anos 1950. A ministra da Cultura questi-
Descreve o autor: “João sentia que onou novamente à Comissão
a pílula o transformava. As madru- de Ética se pode continuar
gadas que se seguiam aos concer- com suas apresentações,
tos pareciam eternas, suas pupilas mesmo estando à frente da
permaneciam expandidas”. pasta. Foi liberada. O colegia-
do não viu conflito de interes-
ses, assim como duas décadas
atrás Gilberto Gil, ministro,
Cenas de cinema fazia seus espetáculos.
FUTEBOL
Ahistória do capitão Adriano R$ 330 milhões
da Nóbrega, morto em 2020,
depois de uma caçada cinema-
tográfica no interior da Bahia,
O Flamengo deve ganhar
quase R$ 100 milhões a mais
vai virar filme. Ex-integrante
do Bope (onde foi o primeiro
do que o Corinthians pela
venda de placas de publicida-
aluno de sua turma), chefe de
de estática nos seus jogos
um bando de matadores de
como mandante nos próxi-
aluguel no Rio de Janeiro,
mos anos. Amanhã, o conse-
Adriano serviu aos banqueiros
do bicho e milicianos e teve o
lho deliberativo do clube vai
seu nome envolvido no caso
analisar a proposta da Brax. A
empresa oferece R$ 330 mi-
Marielle. O filme, que será
lhões por um contrato que
rodado em 2025, é uma pro-
vigore entre 2025 e 2029 —
dução da Paranoid e será diri-
o clube paulista fechou com
gido por Heitor Dhalia.
a Brax por R$ 240 milhões
pelos mesmos quatro anos.

Justiça de SP condena ex-presidente do Metrô por cratera nha tragédia a céu aberto”.
Os funcionários do Metrô
alegaram no processo que
inexistiu “conduta dolosa ou
Luiz Carlos Frayze David, mais cinco pessoas e seis empresas terão que pagar R$ 239 milhões em indenizações pelo acidente culpa consciente para confi-
guração da improbidade ad-
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO/2-2-2022
ministrativa”. A Alstom pe-
NICOLAS IORY
nicolas.iory@sp.oglobo.com.br
ra de uma cratera em Pi- Engenharia (Grupo Ode- diu a prescrição do processo,
SÃO PAULO nheiros, Zona Oeste da ca- brecht), OAS, Queiroz Gal- enquanto as outras constru-
-
pital, e provocou a morte de vão, Camargo Corrêa, An- toras contestaram a compe-

A Justiça paulista conde-

nou Luiz Carlos Frayze
David, ex-presidente do
sete pessoas, em 2007.
As empresas condenadas
na decisão proferida nesta
drade Gutierrez e Alstom.
Os demais condenados
são Marco Antonio Buon-
tência da Justiça estadual pa-
ra julgar o caso. Todas as con-
testações foram rejeitadas
Metrô, e mais cinco pessoas sexta-feira pelo juiz Marcos compagno (engenheiro), pelo juiz da 5ª Vara.
e seis empresas a pagarem de Lima Porta, da 5ª Vara de José Roberto Leito Ribeiro As indenizações definidas
R$ 239,7 milhões em inde- Fazenda Pública da capital, (responsável pelo departa- pela Justiça são de R$ 232
nizações por conta do aci- são as que integravam o mento de construção civil milhões por danos morais
dente em obras da Linha 4- Consórcio Via Amarela à do Metrô), Cyro Guimarães coletivos, de R$ 1,2 milhão
Amarela que levou à abertu- época do acidente: CBPO Mourão Filho (coordena- por danos patrimoniais di-
dor de Obras da Linha 4 do fusos, e de R$ 6,5 milhões a
Metrô), Jelson Antonio Sa- serem ressarcidos ao Metrô.
yeg de Siqueira (também Para as pessoas físicas con-
coordenador de Obras da Li- Linha 4. Acidente em obras do metrô de SP levou à morte de sete pessoas denadas, além do pagamento
nha 4 do Metrô) e German das indenizações, também
Freiberg (fiscal de obra). mente intensos” na popula- “não conformidades” no local foi determinada a perda da
COMPRO JOIAS EM OURO A condenação atendeu a ção paulista. foram identificadas um mês função pública que eventual-
OURO - JOIAS ANTIGAS - PRATA - BRILHANTES - RELÓGIOS DE LUXO
PLATINA - MARFIM - MOEDAS EM GERAL - ANTIGUIDADES
ação civil pública apresen- O juiz responsável pelo antes do acidente, e conside- mente estiverem ocupando e
QUADROS - ESCULTURAS - OBRAS DE ARTE - PRATARIAS tada pelo Ministério Públi- caso considerou depoimen- rou que os funcionários do a suspensão dos direitos po-
(VENDA, CONSERTO, FABRICAÇÃO DE JOIAS EM GERAL) co de São Paulo, que relatou tos de técnicos para afirmar Metrô “eram conhecedores da líticos por cinco anos.
ESCOLHA SEMPRE UMA EMPRESA SEGURA que o acidente ocorrido em que as perfurações feitas pe- necessidade da urgente colo- Um dos condenados, o en-
COM CREDIBILIDADE HÁ 34 ANOS NO MERCADO 12 de janeiro de 2007 abriu las construtoras responsá- cação” dessas estruturas e, “do- tão responsável pelo depar-
* NÃO VENDA ANTES DE NOS CONSULTAR uma cratera de 2.200 me- veis pela obra foram execu- losamente, abdicaram das su- tamento de construção civil
* CUBRO OFERTA
* PAGAMENTO NA HORA
tros quadrados, resultando tadas em “local já fragiliza- as responsabilidades na fiscali- do Metrô, José Roberto Lei-
* ATENDEMOS EM DOMICÍLIO na morte de sete pessoas, na do”, e que os suportes de sus- zação da obra e também deixa- to Ribeiro, morreu em 2018.
Shopping Cidade Copacabana demolição de sete casas, e tentação necessários “não ram de praticar atos de ofício”. O juiz que julgou o processo
Rua Figueiredo de Magalhães, 598 / Térreo - Loja 92 - Copacabana no desalojamento de mais foram colocados de imedia- Para o magistrado, o epi- determinou que seus her-
Shopping Cassino Atlântico de 200 pessoas. Para a pro- to”, o que foi considerado sódio provocou “significati- deiros deverão arcar com os
Rua Francisco Otaviano, 20 / Térreo - Loja H e 117 - Copacabana motoria, o episódio causou “negligente e perigoso”. vo abalo emocional da soci- valores devidos por ele a tí-
carolinajoiasoficial | www.carolinajoias.com.br traumas “extraordinaria- O magistrado relatou que as edade ao presenciar tama- tulo de indenização.
98059-7801 97940-2930 ✆ 2235-8289 ✆ 3988-3985
 OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Política | 7

Lira ameaça romper acordos em torno de comissões

Presidente da Câmara ensaia usar colegiados da Casa para influir em sua sucessão. Principal disputa está na CCJ, a mais
importante, que havia sido prometida ao PL de Bolsonaro; PSB deve perder Indústria e Comércio após deixar bloco do Centrão

BRUNO SPADA / CÂMARA DOS DEPUTADOS

GABRIEL SABÓIA
gabriel.saboia@oglobo.com.br
considerada favorita para tar evitar a saída do PSB do
BRASÍLIA ocupar a presidência do co- bloco, Lira chamou a atenção
-
legiado, mas considerada para a possibilidade de perda

C om a volta dos trabalhos “radical” para o posto pelo

legislativos, o presiden- presidente da Câmara.
te da Câmara, Arthur Lira
do comando do colegiado.
Isolado e com apenas 14 de-
putados, o PSB não deve ter
(PP-AL), ameaça romper NEGOCIAÇÕES prioridade para a escolha de
acordos firmados no ano A composição das comissões qualquer comissão.
passado para o comando de muda todo ano, respeitando A saída do partido do blo-
comissões permanentes da o critério da proporcionali- co ocorreu em meio a uma
Casa. A principal disputa es- dade, ou seja, o tamanho das crise entre Lira e articulado-
tá na Comissão de Consti- bancadas e dos blocos parti- res do governo no Congres-
tuição e Justiça (CCJ), a dários, quando há acordo. so. Líder do PSB na Câmara,
mais importante, que foi Mesmo com essa regra, de- o deputado Gervásio Maia
prometida ao PL. O partido terminada pelo regimento (PB) reconhece ser difícil se
de Jair Bolsonaro ensaia lan- interno, anualmente há a ne- manter no colegiado, mas
çar candidato para a suces- cessidade de negociações. Is- diz acreditar que o partido
são de Lira no ano que vem, so porque, apesar das diretri- pode conseguir uma comis-
em vez de apoiar um nome zes, ao final os presidentes são relevante.
alinhado a ele. Já o PSB, que das comissões precisam ser —A bancada do PSB ain-
deixou o bloco do Centrão, eleitos pelos colegiados. As- da não debateu as suas prio-
deve perder a Comissão de sim, há necessidade negocia- ridades, mas, sim, seria
Indústria e Comércio. ções entre os partidos para a bom seguir com a Comis-
Por ter a maior bancada da ocupação de espaço. são de Indústria e Comér-
Câmara, com 98 deputados, Em seu discurso na aber- Regra. O comando das comissões permanentes é definido de acordo com o tamanho das bancadas, quando há acordo cio. Ainda seguimos confi-
o PL tem a prerrogativa de tura dos trabalhos legislati- antes no cumprimento dos
fazer a primeira escolha em vos, Lira chegou a dizer que feito em relação ao combi- Bulhões (AL) diz, entretanto, ocorridas ao longo no cami- acordos firmados lá atrás —
relação às comissões. Po- “política se faz com o cum- nado para a CCJ. que os diálogos devem ser pa- nho. É o caso do PSB, que diz o parlamentar.
rém, em conversas recen- primento de acordos”. E é De saída do comando do cíficos e que as legendas po- deixou o principal bloco da Outro partido que preten-
tes, Lira afirmou que o prin- justamente essa cobrança colegiado, o PT do presiden- dem chegar a consensos. Casa, composto pelo Cen- de usar as comissões para
cipal partido da oposição que integrantes do PL têm te Luiz Inácio Lula da Silva — Defendo que, desde que trão e o PP de Lira. Com a sa- apoiar os trabalhos dos seus
não ficaria com a CCJ. No deve assumir a relatoria do não exista acordo prévio por ída, a sigla não deve conse- ministros é o PSD. Líder do
ano passado, ficou acertado Orçamento, considerada um colegiado, quem estiver guir se manter na Comissão partido na Câmara e pré-
que os bolsonaristas ocupa- L ira. Acordos uma prioridade. No horizon- confortável com um posto de Indústria e Comércio, co- candidato à sucessão de Li-
riam a relatoria do Orça- revistos para te dos petistas, também es- deve ser mantido. Atual- mo havia sido apalavrado no ra, Antônio Brito (BA) diz
mento em 2023 e assumiri- o comando tão as pedidas pelas comis- mente comandamos as co- passado. O colegiado foi que a legenda deve pedir as
am a Comissão de Consti- de colegiados sões de Saúde e Educação. missões de Desenvolvimen- usado para dar suporte às comissões de Minas e Ener-
tuição e Justiça neste ano. O MDB, no entanto, acena to Urbano e Meio Ambiente. ações do vice-presidente gia, capaz de subsidiar os
Hoje, entretanto, a princi- com a possibilidade de entrar Mas, caso os acordos permi- Geraldo Alckmin (PSB), trabalhos do ministro Ale-
pal discussão gira em torno na briga pelo Orça- tam, podemos ocupar ou- que acumula um ministério xandre Silveira, e de Agri-
da escolha de um nome que mento com o PT. tros postos — diz. relacionado ao tema. cultura, já que pode auxiliar
não seja o da deputada Ca- Líder do partido na Outros combinados serão De acordo com deputados Carlos Fávaro à frente da
roline de Toni (PL-SC), Câmara, Isnaldo abandonados por mudanças ouvidos pelo GLOBO, ao ten- pasta de mesmo nome.

CRISTIANO MARIZ/ 22-12-2023

8 | Política Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

ENTREVISTA

Juscelino Filho / MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES

Deputado licenciado diz que partido ainda vai avaliar se terá candidato em 2026, defende
poder do Congresso sobre o Orçamento e expõe plano de taxar plataformas de redes sociais
BRUNO GÓES E THIAGO FARIA
BRENNO CARVALHO
que sempre foi muito claro
politica@oglobo.com.br
BRASÍLIA
que tem vários deputados
- eleitos mais próximos da
direita, que não acompa-

N
ome do União nham o governo. A posição
Brasil no governo do União sobre a reeleição
de Luiz Inácio vai ser discutida no mo-
Lula da Silva, o mento adequado, se vai ter
ministro das Co- candidatura própria, se não
municações, Juscelino Filho, vai, para onde vai.
diz que a manutenção da ali-
ança do partido com o petista O governador Ronaldo
não está garantida em 2026, Caiado já se colocou
quando o atual presidente de- como pré-candidato.
ve tentar a reeleição. Em en- Terá seu apoio?
trevista ao GLOBO, o minis- O governador Caiado é um
tro afirma que a divisão inter- grande quadro, meu amigo,
na da legenda sempre esteve um quadro que eu respeito
clara para o Palácio do Planal- muito, um dos grandes líde-
to e que essa questão ainda de- res do nosso país. É um ho-
verá ser debatida pela sigla, mem público que tem estatu-
que já tem até pré-candidato à ra, tamanho, envergadura e
Presidência — o governador capacidade de gestão para
de Goiás, Ronaldo Caiado, de disputar o cargo que ele qui-
quem Juscelino se diz amigo e ser disputar. Agora, a posição
não poupa elogios. do União Brasil vai ser avalia-
Após ter o cargo ameaça- da no momento certo se ele
do pelas dificuldades de ar- se colocar para o partido.
ticulação política do gover- Acredito que isso vai ser mais
no no Congresso, Juscelino à frente, não é hoje.
sai em defesa do União sob o
argumento de que o partido O senhor defende taxar
entrega quantidade equiva- plataformas digitais pela
lente de votos de outros alia- utilização da infraestrutura
dos, como MDB e PSD. E, de comunicação. Como
diante da queda de braço do se daria essa cobrança?
governo com o presidente Não há ainda um desenho
da Câmara, Arthur Lira (PP- de como se daria isso. Esta-
AL), pelo controle do Orça- Queda de braço. mos defendendo, sim, que a
mento, o ministro afirma Ministro defende maior gente possa modelar e cons-
que os parlamentares co- controle do Congresso truir um caminho para isso.
nhecem bem as necessida- sobre o Orçamento Eu tenho defendido que a
des de suas bases. “Cada um gente trate de forma separa-
tem que cumprir seu papel da da responsabilização das

‘A POSIÇÃO DO UNIÃO
dentro da execução da peça redes (incluída no PL das
orçamentária”, diz ele. Fake News), para que um te-
ma não contamine o outro.
Governo e Congresso travam Vamos estruturar qual seria

SOBRE A REELEIÇÃO
uma queda de braço pelo um bom caminho, se é atra-
controle do Orçamento. vés de uma taxa de serviços
De qual lado está digitais ou trazer essas pla-
nessa discussão? taformas para contribuir

VAI SER DISCUTIDA NO

Estou do lado do povo. A popu- com algum fundo.
lação tem que ser beneficiada
com recurso público. Cabe aos Quais medidas o senhor
parlamentares indicar esses

recursos aos estados e aos mu-
nicípios para chegarem a algu-
mas políticas públicas na pon-
ta. Acredito que todo parla-
mentar, em seu estado, conhe-
ce sua base e compreende as
necessidades para poder fazer
essas indicações. Defendo, co-
mo sempre defendi, a execu-
ção desse orçamento indicado
pelo Parlamento.
Como avalia os embates do
presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), com o governo?
Não vou comentar a posição
de cada um. É a maneira dele
de se posicionar. Eu acho
que temos que trabalhar pa-
ra poder evitar qualquer tipo
de tensionamento.
MOMENTO ADEQUADO’
Osenhor é investigado pela PF
num caso envolvendo emendas
parlamentares. Como ministro,
osenhor vê problema
nesse modelo para destinar
recursos às bases?
Quanto a essas investigações,
tenho muita tranquilidade,
sempre me coloquei à disposi-
ção (para dar explicações). Ca-
be ao parlamentar fazer a indi-
cação das emendas, de como
vai ser executado por prefeitu-
ras, governos locais. Dali para
frente cabe ao Executivo exe-
cutar e os órgão de controle fis-
tem tomado em relação à
implantação do 5G. Há
como antecipar entregas?
Até 2028 vai chegar a todas
as cidades brasileiras, de
acordo com o cronograma.
calizar. Cada um com seu pa- E o União fará parte Para fazer qualquer anteci-
pel dentro do estabelecido pa- desse projeto? pação, custa dinheiro. No
ra a execução do Orçamento. E
Eu não falo pelo União Bra- momento não há como o go-
é importante colocar que essa
sil. Sou deputado pelo Uni- “Se balizar em números verno investir R$ 2 bilhões,
empresa que estava executan-
ão Brasil, hoje represento o reais, o União entrega R$ 3 bilhões, R$ 4 bilhões,
do essa obra (investigada pela
partido no ministério, mas equiparadamente para dizer: “Antecipamos
PF) é uma empresa de grande
a posição do nosso partido o que o PSD e o MDB para 2026, 2025”. O que há é
porte no Maranhão, que exe-
sempre foi muito clara. a expectativa de novos
cuta dezenas ou centenas de
Disseram que o União não entregam na Câmara” leilões de faixas de frequên-
obras. Não é nada pontual.entregou (votos), mas isso cia. E aí nós vamos estrutu-
não é verdade. Se balizar “Vamos estruturar um rar o que vamos fazer, se va-
Como nome do União em números reais, o União caminho, uma taxa de mos priorizar antecipar es-
no governo, defende a entrega equiparadamente se 5G ou se nós vamos bus-
reeleição do presidente? o que o PSD e o MDB entre- serviços digitais ou as car compromisso para in-
Defendo, claro que defen- gam na Câmara. O União é plataformas contribuírem vestir em novos projetos de
do a reeleição. um partido muito maior e com algum fundo” inclusão digital.

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OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Política | 9

ANDRÉ MELLO

Mulheres mais jovens ‘puxam’ feminino, Lula teria sido

eleito no primeiro turno.
—As mulheres jovens estão

apoio a causas progressistas

alavancando a inclinação das
mulheres para a esquerda —
MARLEN COUTO
marlen.couto@oglobo.com.br
ressalta. — Há um conjunto
-
de fatores para explicar esse

e preferência por Lula

voto, mas há entre eles uma

A pesar do recente cresci-

mento da chamada nova
direita e de posições mais
influência nos comporta-
mentos eleitorais de valores
morais e da última onda femi-
conservadoras sobre a pauta nista na década de 2010.
de costumes no Brasil, as Defesa de temas como casamento gay e adoção por casais do mesmo sexo é maior Uma hipótese levantada pe-
mulheres e, principalmen- la pesquisadora é que essa in-
te, as mais jovens estão na no público feminino entre 18 e 29 anos, além de inclinação à esquerda na política clinação das mulheres à es-
dianteira de um movimento querda é motivada por jovens
na sociedade em direção a que moram em grandes cen-
opiniões mais progressistas tros urbanos e que não são
—ao menos em alguns te- evangélicas. Esse segmento,
mas de cunho moral cen- DIFERENÇAS DE VOTO E POSIÇÕES pontua, tem mais espaço no
trais no debate público — e Recortes geracionais e de gênero evidenciam divergências sobre temas sociais e eleitorais mercado de trabalho, maior
de esquerda na política. A A CARA DA DEMOCRACIA: COMO PENSA CADA SEGMENTO independência financeira e
mudança de comportamen- esteve mais exposto à recente
CASAMENTO CIVIL DE ADOÇÃO POR LEGALIZAÇÃO
to, marcada pelo gênero e PESSOAS DO MESMO SEXO CASAIS GAYS DO ABORTO
onda feminista.
pelo fator geracional, fica Já o bolsonarismo raiz tem
mais evidente em tópicos Total Total Total maior adesão em um perfil de-
como a agenda de direitos A FAVOR CONTRA A FAVOR CONTRA A FAVOR CONTRA mográfico formado por ho-
da população LGBTQIA+, 51% 49% 58% 42% 15% 85% mens, brancos, mais velhos e
que ainda divide os brasilei- mais ricos, diz o cientista po-
ros, e se soma a sinalizações HOMENS Faixa MULHERES HOMENS Faixa MULHERES HOMENS Faixa MULHERES lítico Lúcio Rennó, da UnB:
em % etária em % em % etária em % em % etária em %
observadas no voto para —Há mais homens do que
presidente, com a decisiva 62 68 66 79 17 25 no quadro geral da população.
18 a 29 18 a 29 18 a 29
adesão feminina à candida- 38 32 34 21 83 75
tura do presidente Luiz Iná- 45 60 46 70 13 14 FATORES DE INFLUÊNCIA
30 a 44 30 a 44 30 a 44
cio Lula da Silva (PT) na 55 40 54 30 87 86 Pesquisadora do Centro Bra-
eleição passada. 38 49 41 60 11 11
sileiro de Análise e Planeja-
A estratificação da pesqui- 62
45 a 64
51 59
45 a 64
40 89
45 a 64
89
mento (Cebrap), a cientista
sa “A cara da democracia”, fei- política Camila Rocha acres-
ta anualmente pelo Instituto 31 46 37 54 21 11 centa que houve forte rejei-
65+ 65+ 65+
da Democracia (IDDC- 69 54 63 46 79 89 ção a Bolsonaro entre as mu-
INCT), traz algumas pistas A pesquisa "A Cara da Democracia" entrevistou, em 2023, 2.523 pessoas e a margem de erro é de dois pontos lheres, principalmente pela
desse processo. Dados do le- condução da pandemia de
vantamento mais recente, de EVOLUÇÃO DO APOIO A PAUTAS MORAIS NA PARCELA MAIS JOVEM (16 A 26 ANOS) Covid-19. Outro fator associa-
2023, mostram que há hoje HOMENS MULHERES
do foi a retórica do ex-presi-
predominância de posições dente, apontada como ma-
favoráveis ao casamento gay CASAMENTO CIVIL DE ADOÇÃO POR LEGALIZAÇÃO chista em pesquisas qualitati-
PESSOAS DO MESMO SEXO CASAIS GAYS DO ABORTO
e à adoção de crianças por ca- 100 100 100
vas conduzidas por ela antes
sais do mesmo sexo entre jo- 81,4 do pleito. Questões relaciona-
vens com idade entre 18 e 29 80 76,0 80 71,7 80 das a gênero, defende, ten-
64,4
anos de idade, com as mulhe- 56,5 53,9
dem a ficar mais latentes e já
res numericamente à frente, 60 41,6 60
40,8
60
têm sido incorporadas no dis-
mas próximas dos homens se 40 40 40 curso de mulheres que se di-
considerada a margem de er- 17,7 19,2 22,4 24,8 zem conservadoras.
ro da pesquisa. 20 20 20
—A rejeição ao machismo
No segmento mais jovem, 0 0 0
está muita entranhada, mes-
66% dos homens apoiam a 2018 2022 2018 2022 2018 2022 mo entre mulheres que vota-
adoção de crianças por ca- Levantamento a partir dos resultados da pesquisa "A Cara da Democracia" feito pelas pesquisadoras Larissa Marques e Andressa Rovani ram em Bolsonaro. Há, na
sais formados por pessoas maioria, posicionamento fa-
do mesmo sexo e 62% de- DECLARAÇÃO DO VOTO PARA PRESIDENTE NO SEGUNDO TURNO DE 2022 (%) vorável ao empoderamento
fendem o casamento gay. Os Voto em Lula Voto em Bolsonaro feminino, e entre as mulheres
percentuais chegam, res- 62
58
53 52 50 jovens isso é mais forte.
56 56 56
pectivamente, a 79% e 68% 60%
50
50%
44 42 44 44 Já o cientista político e soci-
47 48
entre as mulheres na mes- 40% 38 ólogo Antonio Lavareda, do
ma faixa de idade. A série 40%
30% Ipespe, vê como explicações
histórica da pesquisa, inici- 20%
para a inclinação feminina a
ada em 2018, mostra que os FEMININO 20% FEMININO valores progressistas diferen-
mais jovens ficavam dividi- 10% ças de papeis na sociedade e
dos sobre ambos os temas há MASCULINO 0% MASCULINO 0% de agendas, com as mulheres
apenas seis anos. 16 a 29 30 a 44 45 a 59 mais de 60 16 a 29 30 a 44 45 a 59 mais de 60 mais preocupadas com pau-
Levantamento do cientista político da FGV CPDOC Jairo Nicolau a partir de dados do Estudo Eleitoral Brasileiro (Eseb) de 2022 EDITORIA DE ARTE tas de cuidado, como saúde e
MAIS IDADE, MENOS APOIO educação, mas também apon-
O apoio a esses direitos dimi- civil de pessoas do mesmo se- chamado “gap” de gênero. torais esteja crescendo. No que homens com a mesma ta influência de fatores hor-
nui conforme cresce a idade xo e adoção de criança por um Dados levantados pelo ci- pleito de 2018, a distância idade. No caso do Brasil, não é monais, investigados pela
e é menor entre os homens, casal gay. Além disso, os ho- entista político da FGV CP- entre homens e mulheres jo- possível confirmar ou não fe- chamada Neuropolítica,
que ficam mais divididos so- mens e mulheres mais jovens DOC Jairo Nicolau, com base vens foi maior na disputa en- nômeno semelhante pela es- ciência que estuda a interação
bre esses temas. Apenas 37% tendem a ser mais progressis- no Estudo Eleitoral Brasilei- tre Fernando Haddad (PT) e cassez de dados. entre cérebro e política.
deles e 54% das mulheres tas do que homens e mulhe- ro (ESEB), apontam que a fa- Jair Bolsonaro (PL). Pesquisadora do Centro —Homens têm um nível
com mais de 65 anos são pró- res mais velhos. tia do eleitorado de 16 a 29 Em outros países, há sinais de Estudos de Opinião Pú- de testosterona, associada
adoção por casais gays. Em outra dimensão, a elei- anos que afirmou ter votado de que o gap tem crescido em blica (Cesop) da Unicamp, à ambição e assertividade,
—Tanto a geração quanto o toral, pesquisas sobre a in- em Lula no segundo turno relação a valores e costumes, Andressa Rovani aponta até 20 vezes maior. Temas
gênero são importantes para tenção de voto indicam di- em 2022 foi maior no seg- como mostrou uma reporta- que, no Brasil, a opção das típicos da direita, como pe-
o progressismo nesses temas. ferença estatisticamente mento feminino (62%) que gem do “Financial Times” no mulheres por candidatos nas mais duras para crimi-
—diz a pesquisadora Larissa relevante entre homens e no masculino (47%). Nas de- mês passado. Em países como petistas em eleições presi- nosos, prosperam mais.
Marques, vinculada ao Insti- mulheres jovens nas prefe- mais faixas de idade, a dife- Estados Unidos, Reino Unido, denciais ficou mais eviden- Mulheres têm aumentados
tuto de Ciência Política da rências por candidatos a rença entre gêneros ficou Alemanha e Coreia do Sul, te a partir de 2014, quando a seus níveis de ocitocina,
UnB. —Em todas as gerações, presidente no segundo tur- próxima da margem de erro. pesquisas de opinião mostram ex-presidente Dilma Rous- são mais empáticas e mais
as mulheres são mais pro- no de 2022 e 2018, em meio Por enquanto, não há indi- que mulheres com menos de seff foi reeleita. Na disputa atraídas por pautas de po-
gressistas do que os homens à polarização entre nomes cativos de que essa discre- 30 anos de idade estão com vi- de 2022, estima, se depen- líticas sociais e direitos hu-
nas dimensões do casamento mais à esquerda e à direita, o pância nas preferências elei- sões de mundo mais liberais desse apenas do eleitorado manos — argumenta.
10 | Política
ELIO
GASPARI
oglobo.globo.com/opinião
editoria.artigos@oglobo.com.br
Bolsonaro
e sua direita
negativa
J
air Bolsonaro assumiu a Presi-
dência em janeiro de 2019. Dois
meses depois, atacou a neutrali-
dade das urnas eletrônicas. Em
maio, compartilhou uma mensa-
gem que dizia:
“A hipótese nuclear é uma ruptura
institucional irreversível, com desfe-
cho imprevisível.”
Essa ruptura não podia vir do nada. Ao fim
do ano, diante das manifestações ocorridas
no Chile, Bolsonaro sacou o que viria a ser
seu bordão: “A gente se prepara para usar o
artigo 142 da Constituição federal, que é pe-
la manutenção da lei e da ordem, caso eles
(integrantes das Forças Armadas) venham
a ser convocados por um dos três Poderes.”
Bolsonaro operava uma manobra de pin-
ça. Numa ponta, brandia o apocalipse. Nou-
tra, investia contra o Supremo Tribunal Fe-
deral e o Congresso. No dia 8 de janeiro a
pinça fechou-se. Felizmente, estava torta.
Fora do poder e declarado inelegível,
Bolsonaro convocou uma manifestação
para o próximo domingo em São Paulo.
Desde sua saída do Planalto, o Brasil con-
tinua com seus problemas, mas livrou-se
de um presidente apocalíptico. Como ci-
dadão, ele deve avaliar o comportamento
de seus aliados. Mensagens coletadas pelo
repórter Levy Teles mostram que os maus
espíritos do 8 de janeiro continuam lá. O
Laboratório de Humanidades Digitais
(LAB-HD) da Universidade Federal da Ba-
EDIÇÕES DE FEVEREIRO
DESCUBRA
A BELEZA QUE
TE RODEIA!
hia (UFBA) captou alguns exemplos:
“O presidente Bolsonaro está dando um
recado: estamos a dias do maior evento de
democracia e resgate aos movimentos pa-
trióticos como os 70 dias nos quartéis. Eu
estava lá e vocês?”
Ou ainda:
“O Brasil vai se levantar. Os motoclubes
estão se levantando, o povo está se levan-
tando, caminhoneiros vão se levantar.”
Bolsonaro jura que nunca pretendeu sair
das quatro linhas da Constituição e que na-
da teve a ver com as invasões do dia 8 de ja-
neiro. Acreditando-se nisso, a manifesta-
ção do próximo domingo será um teste pa-
ra que ele se qualifique. Poderá reaparecer
como um líder político, ainda que inelegí-
vel, ou como um incitador de desordens,
um enamorado pelo Apocalipse.
Há 60 anos, nesses dias, o professor San
Tiago Dantas dizia que o Brasil tinha duas
esquerdas, a positiva e a negativa. Não lhe
deram ouvidos. Passado o tempo, o Brasil
tem hoje duas direitas. A direita negativa,
na qual Bolsonaro sentou praça, perdeu na
eleição de novembro e na ilusão de um gol-
pe em dezembro de 2022.
Teatro ridículo
É ridícula a marquetagem, segundo a
qual o prefeito de São Paulo, Ricardo Nu-
nes, estará constrangido à manifestação
de Bolsonaro no domingo. Ele quer os
votos dos bolsonaristas, nunca criticou
um só ato do ex-capitão. Em outubro pas-
sado acompanhou-o numa visita ao bata-
lhão da Rota. Sem os seus votos, mal se
elege vereador.
É preferível um gesto de sinceridade: ex-
plicita sua vontade de ser votado e, se for o ca-
so, esclarece quais são as suas divergências.
UM TÍTULO PARA BRAGA NETTO
O Exército tem vários patronos. O gene-
ral Osório é o patrono da Cavalaria, Mal-
let é o patrono da Artilharia e Sampaio,
da Infantaria. Valeria a pena criar o pa-
tronato do golpismo palaciano. Ele iria
para o general Assis Brasil, que em 1964
coordenava o dispositivo militar do pre-
sidente João Goulart.
O mais recente general alistado nessa Ar-
ma seria Walter Braga Netto.
UMA CORUJA ANIMA NOVA YORK
Uma nevasca, duas guerras e uma sucessão
presidencial mal parada poderiam abater o
humor de Nova York. A coruja Flaco ani-
mou uma parte da cidade. Há um ano, Fla-
co escapuliu do zoológico do Central Park e
tornou-se o personagem mais fotografado
de Manhattan. Voa pelo parque, pousa em
sacadas ou terraços e já foi visto a dezenas
de quarteirões de distância.
Flaco escapou das armadilhas, dos carros e
das comidas com veneno para matar ratos.
Ganhou uma boa reportagem no “New York
Times” e verbete na Wikipédia maior que o
de Willow, o gato do presidente Joe Biden.
Em algumas culturas, ver uma coruja dá
sorte, em outras, não. Em Nova York, onde
se vê de tudo, encontrar uma coruja na ja-
nela é uma novidade.
SE...
Se Henri Matisse tivesse embarcado pa-
ra o Brasil em maio de 1940, ele teria pin-
tado lindas mulatas no lugar das odalis-
cas marroquinas. Se Benito Mussolini ti-
vesse aceito em 1910 o convite para diri-
gir um jornal socialista em São Paulo, a
História da Itália teria sido outra. (Ele
pensou em vir, mas desistiu porque sua
mulher engravidou.)
Se existissem redes sociais em março de
1964, o general Humberto Castello Branco
estaria frito.
Nas primeiras horas da manhã de 31 de
março, ele telefonou para o banqueiro José
Luiz de Magalhães Lins. Pediu-lhe que fa-
lasse com seu tio, o governador Magalhães
Pinto, de Minas Gerais, para segurar a
aventura do general Mourão Filho, que se
rebelara contra o governo de João Goulart.
SEGURANÇA MÍNIMA
Dois detentos fugiram da prisão de segu-
rança máxima de Mossoró.
Saíram das celas pelo teto, que não tinha
Acompanhe as principais tendências
da moda, entenda o mundo da decoração
como a chave para criar um lar que
reflete sua personalidade e identifique
o estilo que você mais se encaixa.
NAS BANCAS
Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO
reforço de concreto. As câmeras de segu-
rança não funcionaram e o alarme não so-
ou. Finalmente, não tiveram uma muralha
no caminho. Abriram um buraco no alam-
brado e foram em frente.
O Ministério da Justiça anunciou que in-
vestiga a possível cumplicidade de agen-
tes penitenciários. Poderia investigar
também a compra atabalhoada de equipa-
mentos caríssimos em detrimento da
construção de muros. Afinal, muro rende
pouco, não demanda contrato de assistên-
cia técnica e não é oferecido por interme-
diários que operam em Brasília.
O ANEL DE FRANZ LANG
Numa época em que o antissemitismo rea-
parece com disfarces pretensamente civili-
zados, o filme “Zona de Interesse” é uma
boa oportunidade para se avaliar o casal Ru-
dolf e Hedwig Höss, dois alemães amoro-
sos. Ele não falava do que fazia no serviço e
ela cuidava do jardim. Vizinhos para nin-
guém botar defeito.
O jardim de Höss era vizinho do campo
de concentração de Auschwitz e ele era
seu comandante. O filme sugere o exter-
mínio dos judeus, mas não mostra câma-
ras de gás nem fornos crematórios. Em
apenas 56 dias, entre maio e junho de
1944, morreram ali 430 mil judeus.
Quem viu o filme, e gostou, conta que ao
final, com o fim da guerra, Höss sai da cena.
Não custa lembrar o que lhe sucedeu.
Ele virou o jardineiro Franz Lang. Um
ano depois do fim da guerra, uma tropa
inglesa soube de seu paradeiro, mas
Lang negou ser Höss. O capitão Hanns
Alexander, um judeu berlinense que ca-
çava nazistas, pediu para ver sua aliança.
Nela estava gravado: “Rudolf - Hedwig”.
Alexander salvou Höss de um lincha-
mento e, em 1947, aos 45 anos, ele foi en-
forcado em Auschwitz, perto do crema-
tório e do jardim de Hedwig.
O médico Joseph Mengele, seu colega
de campo, teve mais sorte. Trocou de no-
me, veio para o Brasil, andou pela Argen-
tina e Paraguai, às vezes com a identidade
verdadeira, voltou para São Paulo e só
veio a morrer em 1979, na Praia de Berti-
oga, de causas naturais.
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OGLOBO | Domingo 18.2.2024
Brasil
DORES DO CRESCIMENTO
Especialistas apontam como família pode ajudar
na adaptação de alunos a desafios da vida escolar
BRUNO ALFANO, PÂMELA
DIAS E MAYRA CASTRO
brasil@oglobo.com.br
-
Izabely Cruz, de 24 anos, tem
chorado junto com o filho,
de 2. Ele, por ficar na escola.
Ela, por vê-lo triste. Segundo a
mãe, a creche não permitiu
que ela ficasse com a criança
CRECHE
Pais confiantes e
sem culpa passam
tranquilidade
para seus filhos
A inda na primeira infância,
acriança acostumada
apenas ao convívio da família
éapresentada ao mundo —e,
em geral, se expressa como
pode: chorando. É o caso de
Bernardo Lago, de 1 ano e 7
meses, que ainda não se am-
bientou completamente a
ficar sem a família.
— Para ele, tem sido mui-
to difícil estar sem a gente e
interagir com outras crian-
ças. Na entrada, quando
chora, é angustiante por-
que conversamos que va-
mos voltar para buscá-lo.
Mas ele é um bebê e não
compreende — diz a servi-
dora pública Paula Lago, 29
anos, moradora de Teixeira
de Freitas, na Bahia.
Especialistas em adapta-
ção escolar são unânimes
em dizer que são os pais
que podem passar confian-
ça aos seus filhos. E, nessa
idade, isso se dá em gestos,
não por palavras.
6º ANO
Organização e
suporte afetivo
ajudam a encarar
grandes mudanças
O mundo dos adultos quase
não vê, mas o das crianças
érevolucionado quando elas
passam do 5º para o 6º ano. É
neste momento que começam
ater vários professores, um
para cada disciplina. É tam-
bém quando deixam de ser os
mais velhos do primeiro ciclo
do ensino fundamental e vão
ser os caçulas do segundo ciclo.
—É uma mudança bem
radical. Eles deixam de ser
crianças para serem pré-ado-
lescentes. Até então, chama-
vam a professora de tia. Agora
não pode mais. Mesmo no
começo do ano a gente já vê
que a responsabilidade mu-
dou. São muitas matérias —
conta Rosângela Domingues,
mãe do Bernardo, de 11 anos.
De acordo com Graciana
Vieira de Azevedo, autora da
tese “Construção de significa-
dos na transição escolar para o
6º ano do ensino fundamen-
tal”, o ideal é que a família ex-
plique para a criança como
nos primeiros dias para adap-
tação e ele tem tido recorren-
tes crises de choro até vomitar.
—Eu tenho dormido mui-
to tarde e acordado muito ce-
do já com ansiedade e medo
de a escola me ligar para bus-
cá-lo, porque ele não para de
chorar. As professoras dizem
que é normal e que com o
—Algo muito importante
para os pais dessas crianças
pequenas é se conscientiza-
rem e passarem segurança
para a criança de que ficarão
em boas mãos. Não é difícil
ver pais chorando ou entre-
gando a criança com certa
resistência para o pessoal da
escola. A criança fica mais
tranquila quando os pais
estão tranquilos —afirma
Danila di Pietro Zambianco,
especialista em competên-
cias socioemocionais.
Ainda segundo a douto-
será o novo cotidiano e obser-
var se houver alguma mudan-
ça de comportamento. Tam-
bém é importante ajudar a
criança a se organizar com
os novos horários, aulas,
tarefas e exigências.
—É preciso montar uma
agenda e colocar os horários
da criança bem visíveis para
ela no quarto. Elas precisam
aprender a anotar as deman-
das e a serem guiadas pelo
calendário. Como são mui-
tas disciplinas, o número de
tarefas também cresce —
tempo vai melhorar. Mas te-
mo que ele fique traumatiza-
do —afirma Izabely.
Ocomeço da vida escolar é,
muitas vezes, um momento
difícil para crianças e seus
pais. E, ao longo dos anos, ou-
tros momentos desafiadores
virão. Por isso, O GLOBO or-
ganizou, neste começo do
ARQUIVO FAMILIAR
randa da Unicamp, é preciso
que escola e família façam
um plano de adaptação que
vá aumentando o tempo de
permanência na creche
gradativamente, permitindo
que a família fique com a
criança nos primeiros dias.
—Vale observar nos dias
subsequentes a postura da
criança. Chorar e resistir por
um tempo é normal e precisa-
mos saber sustentar a perma-
nência na escola. Mas se isso
se prolongar é preciso rever o
plano de adaptação —diz.
afirma a doutora pela UFPE.
Outra atitude importante é
a organização de um espaço
adequado para o estudo em
casa e de um horário para
fazer as tarefas da escola e
outro para o lazer. Já a ajuda
nos deveres precisa ser dada
com moderação.
—O pai ou mãe que tiver
condição pode tirar uma
dúvida pontual ou ensinar
alguma coisa. Mas a criança
precisa ser estimulada a fazer
a tarefa sozinha para ganhar
independência —explica.
| 11
BAIXADA SANTISTA PARA
ACESSAR
Sobe para 27 os mortos pela polícia APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Homem teria apontado arma em direção a PMs em Guarujá, segundo a SSP O QR CODE
período letivo, um guia para mudanças são fundamentais aprenda a ter autonomia, a li-
que as famílias possam aju- para o amadurecimento da dar com diferentes pessoas, a
dar seus filhos na adaptação criança, afirma a psicóloga e trocar de colegas e entender
de quatro momentos críti- pedagoga Daniela Ramos, que que depois essas pessoas não
cos: a entrada do ensino in-
fantil, a mudança para o pri-
meiro ano do fundamental, a
coordena o curso de Psicope-
dagogia da Universidade Fe-
deral de Santa Catarina.
vão fazer mais parte da vida de-
las. Isso que os pais podem per-
ceber como sofrimento con-
saída do 5º para o 6º ano e a vi- —As dificuldades são neces- tribui para o amadurecimento
rada para o ensino médio. sárias para o amadurecimento de coisas que seus filhos vão
Apesar de dolorosas, essas e isso faz com que a criança enfrentar lá na frente —diz.
1º ANO
Pesquisadora diz
que ensaio de
situações escolares
dá segurança
P edro Tavares, de 6 anos,
está começando uma fase
nova. O menino acabou de
sair da educação infantil,
quando as crianças apren-
dem com brincadeiras, para o
1º ano do ensino fundamen-
tal. Agora, é preciso ficar
sentado na cadeira, prestar
atenção na professora e cum-
prir tarefas ao mesmo tempo
que outros colegas.
—Acredito que ele vai sentir
a diferença nas aulas, porque é para ela, explicar como vai o que gostaram — diz.
a fase da alfabetização. Vai funcionar a nova rotina e Outra recomendação é da
começar a ter matérias como como será conhecer novos psicóloga escolar Flávia Mil-
Matemática, Português, Ar- amiguinhos. ler Naethe Motta, autora do
tes. Mas o ano ainda está co- —É o ensaio mesmo do livro “De crianças a alunos —
meçando e estou observando que acontecerá nessa nova a transição da Educação In-
—conta a mãe de Pedro, Julia- fase. Isso dá segurança — fantil para o Ensino Funda-
na Tavares, de 27 anos. afirma. mental”. É preciso ouvir e
Para a especialista da UFSC Nas conversas sobre a esco- entender os sentimentos da
Daniela Ramos, um trabalho la, Danila Di Pietro Zambian- criança, diz a especialista.
de “ensaio cognitivo” pode co, da Unicamp, recomenda —Tem que respeitar o
ajudar a criança a se adaptar que os pais contem para o tempo de cada um e validar
com mais facilidade. Isso filho como foi a experiência seus sentimentos. Seja de
significa fazer com que a deles quando eram criança. medo, de estranhamento ou
criança pense no que ela vai — Eles podem lembrar o mesmo de alegria com as
viver, mostrar fotos da escola que descobriram de novo e novidades —afirma.
ENSINO MÉDIO
É preciso aliviar
a pressão causada
pelo Enem,
diz especialista
A manhã começa outra fase
na vida de Ana Beatriz
Souza, de 14 anos: o ensino
médio. O sentimento é de
medo para o que está por vir
numa escola nova.
—Esse é um período tão
triste. Ainda não escolhi o que
quero trabalhar futuramente.
Todo mundo só me pergunta
sobre isso e sobre o Enem.
Estou com muito medo do
futuro —desabafou a estudan-
te de Padre Miguel, na Zona tender que eles são muito observar se está tudo bem
Oeste do Rio. jovens e que tudo bem se aos com esses jovens —diz.
Ajovem vive desafios típicos 17 anos ele ainda não souber o Pedro Rocha, diretor de
do momento. De acordo com que quer fazer da vida, se ensino do Colégio e Curso
Elodia Honse Lebourg, douto- depois mudar de ideia, se não Pensi, lembra que o Novo
randa em Educação pela Ufop, passar de primeira no Enem Ensino Médio trouxe muitas
écomum mudar de escola no —afirma Lebourg. novidades para os alunos e os
ensino médio e sentir o peso da De acordo com a doutoran- pais podem ajudá-los nesse
escolha do Enem. Mas a pes- da, o maior desafio é ouvir o momento.
quisadora de juventude e soci- jovem. É preciso entender, —Para auxiliar os adoles-
alização diz que está tudo bem afirma a especialista, que nem centes a definir o que cursar,
em não se decidir o futuro aos sempre ele quer falar. E mes- os pais precisam conhecer os
14 anos, e as famílias têm de mo que tenha esse desejo, itinerários formativos (parte
aliviar a pressão. pode ter dificuldade de elabo- do currículo que o jovem
—É preciso explicar como rar suas queixas e angústias. escolhe) oferecidos pelas
funciona a universidade, en- —As famílias devem tentar escolas —diz.
 12 | Brasil Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

Fuga reacende
JORGE WILLIAM/16-10-2018

debate sobre
modelo de
prisões federais
Especialistas reconhecem eficácia em isolar
criminosos perigosos, mas capacidade
em controlar facções é questionada

ALINE MORAES
amoraes@edglobo.com.br
estrutura mais apropriada,
SÃO PAULO considerando questões de
-
segurança e capacidade de

A fuga inédita de uma pe-

nitenciária de seguran-
ça máxima na semana pas-
sada mostrou o desafio de
manter os objetivos destas
unidades, construídas a
partir de 2006: isolar líde-
res de facções e enfraquecer
o crime organizado. Especi-
alistas afirmam que elas
cumprem o primeiro obje-
tivo. Mas não são suficien-
tes para impedir a naciona-
lização de facções e as alian-
ças com outras organiza-
ções criminais locais a par-
tir das cadeias, como ocor-
reu no Norte e no Nordeste.
A fuga de Deibson Cabral
Nascimento e Rogério da
Silva Mendonça da unidade
de Mossoró na última quar-
ta-feira inaugurou a primei-
ra crise da gestão de Ricardo
Lewandowski, que havia si-
do empossado há 13 dias no
Ministério da Justiça e da
Segurança Pública. A Polí-
cia Federal investiga se os
dois detentos tiveram ajuda
interna para escapar.
Fábio de Sá e Silva, inte-
grante do Fórum Brasileiro
de Segurança Pública e pro-
fessor da Universidade de
Oklahoma, nos Estados
Unidos, acompanhou de
perto a concepção do siste-
ma, na gestão do então mi-
nistro da Justiça Márcio
Thomaz Bastos. Na época,
trabalhava numa coordena-
ção do Departamento Peni-
tenciário Nacional.
— A realidade dos siste-
mas estaduais é assimétri-
ca. O sistema federal dá op-
ção para que o país consiga
fazer a gestão que alguns
estados não dão conta ou
que assumem risco exces-
sivo — analisa. — Pode ser
estratégico um estado co-
locar essas pessoas numa
monitoramento.
O modelo das unidades fe-
derais foi inspirado na pri-
são de segurança máxima
americana ADX (Adminis-
trative Maximum Facility), Eterna vigilância. Penitenciária federal em Brasília: sem visitas íntimas, encontros de apenas uma hora com os advogados e conversas gravadas
construída no Colorado e
conhecida como “Alcatraz — Nas prisões estaduais,
das montanhas rochosas”. OS PRESÍDIOS DE SEGURANÇA MÁXIMA FEDERAIS os criminosos ampliam suas
Elas se diferenciam das pri- As cinco penitenciárias de segurança máxima federais: redes, entrando em contato
sões distritais e estaduais com pessoas mais impor-
pelo controle e disciplina. tantes na hierarquia do cri-
RR
AP Mossoró me, com mais experiência.
QUATRO REVISTAS RN Nas federais, há uma especi-
Para visitar um preso, é pre- AM
PA Elas abrigam detentos Cada unidade alização ainda maior. Isso é
ciso passar por quatro eta- MA CE
que precisam ser tem captação de mencionado entre eles, que
pas de revista, com escâne- AC TO
PI PB
PE isolados por serem som ambiente e falam jocosamente dos pre-
res corporais, catracas bio- MT BA SE
AL
líderes de facções monitoramento sídios federais como uma
métricas e câmeras. O espa- Porto Velho DF como o Comando de vídeo que é replicado espécie de MBA. Quando
ço é controlado 24 horas RO
GO
Vermelho e o Primeiro em tempo real na sede saem, voltam para a rua com
por dia, por centros de mo- Campo Grande MG
ES Comando da Capital, da Secretaria Nacional outro status — compara.
nitoramento locais e em MS SP
RJ ou estarem com a de Políticas Penais do Para o pesquisador, a cria-
Catanduvas
Brasília. É proibida a entra- integridade física Ministério da Justiça ção do sistema federal con-
PR SC
da de qualquer tipo de apa- RS
Brasília ameaçada. (Sennapen). tribuiu para a nacionaliza-
relho, além da visita íntima ção das facções criminosas
e da interação física. Paren- do Sudeste, ao pôr os líderes
tes podem falar com o preso AS DIFERENÇAS ENTRE AS UNIDADES FEDERAIS E ESTADUAIS em contato com encarcera-
somente nos parlatórios, dos de toda parte do Brasil,
salas separadas por vidro, como no caso da FDN.
usando interfone. Os presídios As celas são As áreas de As Cada preso A lâmina de Os presos podem A água dos
—Até 2006, era possível
Advogados têm direito a federais não revistadas banho de refeições recebe barbear ter livros e fotos chuveiros das contar nos dedos da mão o
apenas uma hora por sema- têm aparelhos todos os
de academia, dias, assim
sol são são uma precisa ser de parentes, mas celas é número de facções do
cobertas preparadas caneta devolvida não podem fumar cortada após
na. Todas as conversas são traves de gol como os por uma fora do desmon- logo depois nem usar nada cinco minutos Brasil. Hoje temos quase
gravadas. Não há televisão nem cozinhas. presos. tela de aço. presídio. tada. de usada. que envolva fogo. de uso. 60, em todos os estados —
nem jornais. As leituras per- EDITORIA DE ARTE
destacou.
mitidas são de livros, revis- A socióloga Julita Lem-
tas, apostilas de cursos e dos presos e servidores, e ao Comando Vermelho, ali- a estruturar um grupo nos gruber, coordenadora do
conteúdos religiosos. Até a um acirramento da revolta ado na Região Norte a uma moldes do Comando Ver- Centro de Estudos de Segu-
semana passada, era permi- da massa carcerária. organização criminosa nas- melho ou do Primeiro Co- rança e Cidadania e ex-di-
tido banho de sol de duas —Quando essas pessoas cida a partir da experiência mando da Capital (PCC), de retora geral do Sistema Pe-
horas na presença de outros são submetidas ao isola- de seus fundadores no presí- acordo com o relatório da nitenciário do Rio de Janei-
internos, concessão sus- mento por muitos anos, dio federal de Campo Gran- Operação La Muralla, que ro, também faz reparos à
pensa depois da fuga no Rio aguça mais o antagonismo de, segundo a Polícia Fede- investigou a facção. Foi na criação do sistema federal.
Grande do Norte. entre os presos e o Estado. E ral. A Família do Norte prisão federal de Campo — Aos poucos, a gente foi
Deibson e Rogério esta- contribui para que as orga- (FDN), protagonista de um Grande que a aliança entre o reunindo lideranças de to-
vam no Regime Disciplinar nizações criminosas te- dos maiores massacres em grupo amazonense e a fac- das essas facções, que aca-
Diferenciado, por terem nham táticas de terrorismo cadeias do Brasil, em 2017, ção carioca foi selada. baram convivendo com cri-
participado de uma rebelião com relação ao poder públi- surgiu da união de Gelson Para o pesquisador Bruno minosos de outros estados.
em um presídio no Acre, de co — diz o pesquisador, pa- Lima Carnaúba e José Ro- Paes Manso, do Núcleo de Es- Cada sistema penitenciário
onde foram transferidos. ra quem os presídios fede- berto Barbosa, conhecidos tudos da Violência da Univer- estadual tem que aprender,
Para Sá e Silva, no entanto, rais também não promo- criminosos do Amazonas. sidade de São Paulo (USP), as tem que criar maneiras de
medidas de maior rigor po- vem a ressocialização. Eles retornaram do sistema unidades federais funcionam lidar com seus presos peri-
dem ter resultados negati- Vindos do Acre, os fugiti- federal para Manaus deter- como uma base de relaciona- gosos. E não se livrar do pro-
vos, como o adoecimento vos de Mossoró são ligados minados —ou orientados — mento de presos. blema — disse Julita.

Fugitivos de Mossoró invadem casa e fazem reféns sociais nos telefones para
que eles pudessem ver notí-
cias da fuga e pediram para
assistir o Jornal Nacional.
Dupla permaneceu quatro horas no local, a cerca de três quilômetros da penitenciária, pediu comida e roubou celulares Ao longo de quatro horas,
fizeram várias ligações pelo
REPRODUÇÕES
WhatsApp, algumas delas
JENIFFER GULARTE
jeniffer.gularte@bsb.oglobo.com.br
formou a colunista Bela Me- Informações. para números com DDD 21.
BRASÍLIA gale, do GLOBO, para Ao invadir casa, Do outro lado da linha, o in-
-
acompanhar a operação de Rogério da Silva terlocutor tinha sotaque e

O s dois detentos que fugi-

ram da penitenciária fe-
deral de Mossoró, no Rio
Grande do Norte, na quarta-
feira passada fizeram uma
família refém na noite desta
sexta-feira. De acordo com
investigadores, os fugitivos
invadiram a casa, em uma
área rural a cerca de três qui-
lômetros do presídio, pedi-
ram comida, viram notícias
sobre a fuga e roubaram ce-
lulares. A dupla ficou no lo-
cal por cerca de quatro ho-
ras, não pediu dinheiro e foi
embora a pé.
O ministro da Justiça, Ri-
cardo Lewandowski, deci-
diu embarcar para Mossoró
na manhã de hoje, como in-
buscas. Ele será acompa-
nhado pelo diretor-geral da
Polícia Federal em exercício
Gustavo Souza.
O relato da família feita
refém aos investigadores é
de que os fugitivos estavam
sujos e pareciam desnortea-
dos. Eles perguntaram di-
versas vezes a localização,
demonstrando não conhe-
cer a região, e foram infor-
mados que estavam muito
perto da penitenciária de
Mossoró.
A dupla perguntou como
fazia para chegar ao Ceará,
questionaram se estavam
longe do litoral e se havia
muitos pontos de bloqueio
na rua.
Os dois estavam de boné.
Um deles vestia calça azul cla-
ra e tênis azul. Um usava ca-
misa escura e o outro, clara.
Não houve violência com
os reféns. A dupla chegou pe-
lo mato por volta das
19h30min de sexta-feira e
deixou a casa 0h30min de sá-
bado. Ao invadirem a casa, fa-
laram que queriam comida e
celular. Em uma sacola
Mendonça e
Deibson Cabral
Nascimento
mencionou que estava no
Rio de Janeiro.
Mais de 300 homens reali-
pediram para zam uma varredura na área,
ver notícias com o auxílio de três heli-
sobre a cópteros e drones com visão
própria fuga noturna e capazes de mape-
ar pontos de calor, além de
cães farejadores.
Os foragidos são Deibson
Cabral Nascimento, de 33
anos, e Rogério da Silva Men-
donça, de 35. Eles são ligados
ao Comando Vermelho, fac-
ção de Fernandinho Beira-
plástica, levaram alimentos. Mar, que também está preso
Também levaram dois ce- na penitenciária de Mossoró.
lulares com carregadores e Ambos são do Acre e estavam
pediram a senha para destra- no presídio do Rio Grande do
var o telefone. Mandaram Norte desde 27 de setembro
ainda a família abrir as redes de 2023.
OGLOBO | Domingo 18.2.2024
Economia
ANA LUCIA AZEVEDO
ala@oglobo.com.br
-
Éçãotempo de mudança cli-
mática e de transforma-
no campo. Com a pers-
pectiva de extremos climáti-
cos reduzirem a safra neste e
nos próximos anos, vem da
ciência a esperança para se
adaptar e evitar perdas.
Exemplo disso é uma varie-
dade nacional de soja com
maior resistência à seca, cria-
da por meio da edição do
DNA, e já em teste no Brasil.
E são de plantas raras, do alto
de serras mineiras, os genes
que podem ajudar o milho a
resistir à seca e ao calor.
A soja editada foi desen-
volvida por Alexandre Ne-
pomuceno, chefe-geral do
Centro Nacional de Pesqui-
sa de Soja (Embrapa Soja),
em Londrina (PR). Nepo-
muceno explica que a es-
pécie até tolera bem o calor,
mas tudo tem limites. A
temperatura ideal para a so-
ja fica entre 22°C e 28°C,
um padrão em risco num
Brasil mais quente e seco.
—Não se trata de criar uma
soja-cacto. Mas uma planta
que suporte de dez a 15 dias a
mais de seca pode fazer uma
diferença de vida ou morte
para a safra. A falta de água é o
maior problema para todas
as culturas e cada vez mais ela
vem associada ao calor, que
aumenta o estresse das plan-
tas —afirma o pesquisador.
FRONTEIRA CLIMÁTICA
Os 44°C registrados em ple-
na estiagem no ano passado
no Mato Grosso, o maior
produtor nacional do grão,
fizeram muitas culturas
derreterem. Atingido por
seca e calor intenso, o esta-
do pode ver a safra de 2023/
24 ter uma redução de 7%
em relação ao período ante-
rior, segundo estimativas do
Instituto Mato-grossense
de Economia Agropecuária.
A seca na Região Sul de
2021/22 foi a maior em 93
anos e cortou à metade a pro-
dução nessa área no período.
O melhoramento conven-
cional de vegetais não tem
velocidade para acompanhar
o ritmo das mudanças do cli-
ma. Leva-se de dez a 12 anos
para se chegar a um novo cul-
tivar. Isso é muito tempo,
posto que as mudanças cli-
máticas já são parte do pre-
sente, diz Alexandre Bryan
Heinemann, pesquisador da
Embrapa Arroz e Feijão.
Transgênicos, edição
gênica e aplicação do micro-
bioma (micro-organismos
associados às plantas) são as
estratégias consideradas
mais promissoras.
Os transgênicos não são
novidade no Brasil. Hoje,
95% da soja e 80% do milho
produzidos no país são
transgênicos. Mas o foco
tem sido aumentar a produ-
ção, com a resistência a pra-
gas. O clima abre uma nova
fronteira nesse melhora-
Clima é um dos principais fatores para a redução da safra neste ano
O clima não anda favorável
para um setor crucial na
economia brasileira que de-
pende dos humores do tempo.
A produção agrícola de 2023
foi excepcionalmente boa —
impulsionando o PIB —, mas
a deste ano pode sofrer com a
combinação de El Niño (aque-
cimento das águas na região
equatorial do Pacífico que ele-
va temperaturas no mundo)
Estratégia genética. A pesquisadora Isabel Gerhardt estuda, em Campinas, propriedades de plantas mais resistentes às secas para “copiá-las” no milho
SEM TEMPO RUIM
Plantas têm DNA alterado para
criarem lavoura à prova de seca
mento. O próprio Nepomu-
ceno desenvolveu uma soja
transgênica resistente à se-
ca. Ela tem um gene de Ara-
bidopsis thaliana, planta que
equivale ao rato branco da
pesquisa vegetal. Está em
teste no Tocantins, numa
parceria com a GDM, em-
presa que detém 80% do
mercado de sementes da
América do Sul.
INSPIRAÇÃO NA NATUREZA
A dificuldade maior não é a
pesquisa, mas o custo para
levar um transgênico ao
mercado, diz Nepomuceno:
—Não tenho US$ 100 mi-
lhões (R$ 497 milhões), o
custo médio para atender a
exigências regulatórias (em
vários países do mundo).
Com isso, o mercado de
transgênicos fica na mão de
multinacionais e os produto-
res precisam pagar royalties.
Feita com a técnica de
CRISPR, a edição gênica,
mais barata, simples, rápida
e com muito menos exigên-
cias regulatórias, é vista co-
mo a grande promessa. Ela
abre o caminho para que
produtores locais e empre-
com a aceleração de mudan-
ças climáticas. O governo e
consultorias do setor preveem
queda de até 8% na safra, com
oclima entre as causas.
Flávio Roberto de França Ju-
nior, economista da Datagro
Grãos, explica que soja e milho
devem ser mais afetados neste
ano, quando a instabilidade
climática se soma à queda do
preço dos grãos no mercado
sas públicas, como a Embra-
pa, possam desenvolver va-
riedades, diz Nepomuceno.
Na edição gênica, a planta
não ganha nada que sua es-
pécie naturalmente não pos-
sua. Mas um gene pode ser si-
lenciado, amplificado ou mu-
dado de lugar. Mutações de in-
teresse de uma variedade não
produtiva podem ser copiadas
em outras de uso comercial. O
que se faz, na prática, é acele-
rar e aumentar a precisão do
que seria obtido em muito
mais tempo pelo melhora-
mento convencional, baseado
no cruzamento de variedades.
A soja editada por Nepo-
mundial, o que agrava a redu-
ção dos ganhos no campo.
—O agro é uma indústria a
céu aberto e precisa de muito
investimento para se manter
competitivo —observa.
CLIMA JÁ MUDOU
Para o especialista no impacto
das mudanças climáticas no
agronegócio Eduardo Assad,
ex-pesquisador da Embrapa,
CARRO ELÉTRICO
Biden dará mais tempo a montadoras
NA WEB Governo dos EUA muda cronograma para metas do plano de transição do setor
muceno teve desligado um
gene que regula mecanismos
metabólicos da planta. A edi-
ção imita uma mutação en-
contrada numa das 60 mil va-
riedades de soja mantidas
num banco vegetal da Em-
brapa. Ela pertence a uma so-
ja menos produtiva, porém,
mais resiliente à seca.
VANTAGEM BRASILEIRA
A biodiversidade vegetal do
Brasil, a maior do mundo, é
outra fonte de esperança para
adaptar ao clima extremo es-
pécies originárias de outros
países, caso de todas as nossas
commodities, da soja ao milho;
professor da FGV Agro e dire-
tor da consultoria ambiental
Fauna, não importa se o ano é
de El Niño (em curso), La
Niña (resfriamento do Pacífi-
co com queda de temperatu-
ras, que pode ocorrer este ano)
ou neutro: haverá mais extre-
mos, como os que vemos ago-
ra, porque o clima já mudou.
—Não há surpresa. Há 30
anos alertamos para isso. Mas
FOTOS DE EDILSON DANTAS
Ciência
cultivada.
Alessandra
Koltun,
pesquisadora
da Unicamp,
com mudas
usadas nos
estudos sobre
a relação
entre plantas
e clima
do café à cana-de-açúcar e ao
algodão. E até mesmo dos tra-
dicionais arroz e feijão.
Na Caatinga e no Cerrado
há espécies do que a ciência
chama de plantas ressusci-
táveis, que sobrevivem lon-
gos períodos de seca como
se mortas estivessem e,
quando chove, acordam em
menos de 48 horas.
Mas é nos campos rupes-
tres do alto da Serra da Ca-
nastra (MG), um ecossiste-
ma ainda mais extremo, que
cientistas do Centro de Ge-
nômica Aplicada às Mudan-
ças Climáticas (GCCRC),
uma joint-venture da Embra-
é conveniente falar só de El
Niño em função de seguros.
Além disso, 40% do agro bra-
sileiro acha que não há mu-
dança climática, quer entrar
no mercado de carbono sem
saber para que serve. Há avan-
ço no discurso, mas é lento e
em descompasso com a reali-
dade —frisa Assad.
Ele finaliza um estudo indi-
cando que a chamada safrinha
| 13
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
pa e da Universidade de
Campinas (Unicamp), têm
descoberto espécies com
supertolerância à seca.
Os campos rupestres ocu-
pam 1% do território brasilei-
ro, mas detêm 15% da biodi-
versidade. Neles há espécies
exclusivas, que se adaptaram a
condições hostis, afirma Isabel
Gerhardt, pesquisadora do
GCCRC e da Embrapa Agri-
cultura Digital. Os solos são
pobres e rochosos, a seca é lon-
ga e a radiação solar, intensa.
SEMPRE VERDES
Os campos da Canastra são o
lar de uma família de velosiá-
ceas, a das canelas-de-ema,
com o maior número de es-
pécies tolerantes à perda de
água. Elas sobrevivem com
até 5% de água nos tecidos
enquanto que a maioria das
plantas morre quando esse
percentual baixa de 50%.
Muitas dessas canelas-de-
ema ficam ressecadas na esti-
agem, reduzem a fotossínte-
se, mas se tornam verdes
após uma chuva, como se na-
da tivesse acontecido.
Isso por si só é promissor.
Mas os cientistas descobriram
uma velósia ainda mais resis-
tente. A Vellozia intermedia é o
que se chama de sempre-ver-
de, plena em verdor mesmo
após quatro meses de seca. Pa-
ra ela não tem tempo ruim.
As velozias podem ter
seus talentos copiados por
edição (por meio de genes
semelhantes) ou transgenia
(transplante de genes da ve-
lozia para o milho). No cen-
tro, ambas as possibilidades
estão em teste no milho.
—Cerca de 30% dos genes
de cada genoma têm função
desconhecida, e há mais de
400 mil espécies de plantas no
mundo. Há muito o que pode
resultar em ativos biotecnoló-
gicos contra mudanças cli-
máticas —frisa Gerhardt, líder
do estudo com as velozias.
Ela acrescenta que o estu-
do dos microbiomas, isto é,
dos micro-organismos asso-
ciados às plantas, revelou
bactérias que se proliferam
em condições de seca e aju-
dam a fixar nutrientes. Uma
possibilidade é aplicá-los
em spray nas plantações.
Paulo Arruda, coordenador
do centro e professor da Uni-
camp, diz que a biotecnologia
éa saída, mas falta investir.
—Variedades com resiliên-
cia climática chegam aos pou-
cos ao campo. O Brasil apro-
vou um cultivar de trigo mais
tolerante à seca, desenvolvido
na Argentina. E a Embrapa tes-
ta a soja mais tolerante à seca.
Mas são exemplos pontuais.
Buscamos plantas com maior
resiliência ao clima e a doen-
ças, que precisem de menos
fertilizantes e sejam sustentá-
veis. É um desafio. Estamos na
infância das pesquisas. É uma
questão estratégica para um
grande produtor como nós.
Mas multinacionais como Ba-
yer, Syngenta investem maci-
çamente —enfatiza.
de milho poderá sumir com a
diminuição da estação chuvo-
sa. Segundo ele, sem inovação
tecnológica, milho, soja e café
serão as culturas mais vulnerá-
veis a mudanças no clima. E o
Sul será a região mais suscetí-
vel, sobretudo, devido às secas.
O aumento do período seco
também pode inviabilizar a ex-
pansão das plantações do Vale
do São Francisco, no Nordes-
te, que já dependem de irriga-
ção. Desta também depen-
dem umbilicalmente as cultu-
ras de hortaliças no país.
14 | Economia Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

SEG _ Rachel Maia (quinzenal) _Ricardo Henriques (quinzenal)_ TER _ Míriam Leitão _ QUA _ Zeina Latif _ QUI _ Míriam Leitão _ SEX _ Fabio Giambiagi (quinzenal)_Rogério Furquim Werneck (quinzenal) _ SÁB _ Carlos Góes (mensal) _ Alvaro Gribel (quinzenal) _ DOM _ Míriam Leitão

MÍRIAM perto de uma nova ditadura, mas também de

que a conspiração fraturava as próprias Forças
Há um trecho da denúncia feita pela Polícia
Federal e acolhida na decisão do ministro
O major Rafael Martins, o Joe, pediu ori-
entação para Mauro Cid, então ajudante de
LEITÃO Armadas e subvertia as bases da disciplina e hi-
erarquia pelas quais tanto zelam os militares.
Alexandre de Moraes que diz assim: “No sen-
tido do que reporta a autoridade policial, sur-
ordens da presidência, em relação aos atos
golpistas do dia 15 de novembro de 2022.
Não haverá garantia de estabilidade demo- ge outra grave linha de atuação do grupo in- “Aê, o pessoal tá querendo a orientação cor-
crática se as Forças Armadas não fizerem, vestigado contra as Forças Armadas, direcio- reta da manifestação. A pedida é para ir para
blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao
desta vez, a depuração correta, separando o nada a desacreditar os militares que, defen- o CN e o STF? As FFAA vão garantir a per-
miriamleitao@oglobo.com.br joio do trigo. O país precisa disso, mas os mili- dendo a Constituição e a legalidade, estavam manência lá?”. Mauro Cid responde às duas
Com Ana Carolina Diniz tares também. Agora não é possível adiar a resistindo às investidas golpistas”. perguntas “CN e STF”, “vão”. O major, em
punição com o argumento de que é revan- O coronel Bernardo seguida, pede dinheiro. Cid pergunta: “Só
O risco do golpe chismo. É questão de sobrevivência deles
mesmos. Houve no golpismo de Bolsonaro
Não haverá
garantia de
Romão Correia Netto,
na época assistente do
faz uma estimativa com hotel, alimentação,
material, 100 mil?”. O major responde que é

para os militares
manifesto de oficiais da ativa pressionando estabilidade Comandante Militar do em torno disso, e a resposta do Cid, “vou te
comandantes, militar passando por cima da democrática se as Sul, ajudou a organizar a mandar”. Há, nos autos, uma sucessão de
chefia, militares da ativa com linha direta Forças Armadas reunião de oficiais das mensagens revelando que, sim, militares da
com um elemento que havia sido expulso do não fizerem a Forças Especiais, todos ativa quebraram o regulamento militar.

A ordem do general Braga Netto para atacar

os colegas confirma o quanto a politização
das Forças Armadas é danosa para os próprios
Exército (o ex-capitão Ailton Barros), houve
comandante se negando a passar o comando.
Tudo isso é perigoso vendo unicamente da
depuração correta, da ativa, assistentes de
separando o
joio do trigo
generais “supostamente
aliados na execução do
Essa desordem dentro das Forças Arma-
das foi cultivada por Jair Bolsonaro e o mo-
mento decisivo desse projeto foi em 29 de
militares. Como coordenador de milicianos ótica dos quartéis. golpe”. Desta reunião é março de 2021, quando ele demitiu Fernan-
digitais, o ex-ministro da Defesa dispara or- Pode-se argumentar que Braga Netto é da re- que saiu o manifesto pressionando o coman- do Azevedo, então ministro da Defesa, e no-
dens: “viraliza”, “senta o pau no Batista Júnior”, serva. Muitos outros atores do golpe já estão na dante do Exército, general Freire Gomes. Ma- meou Braga Netto. Os três comandantes
“elogia o Garnier”. E critica o “gosto discutível reserva. Mas havia vários personagens da ativa nifestos de militares da reserva sempre ocor- militares também foram dispensados. O ge-
de VB”, como é chamado o general Villas Boas, e ainda estão. Na semana passada, o general reram. Mas, neste caso, o documento dizia no neral Edson Pujol foi substituído por Paulo
por “Fernando e Tomás”. Falava de Fernando Tomás Paiva, comandante do Exército, exone- título que era muito mais grave: “Carta ao Co- Sérgio Nogueira, o almirante Ilques Barbo-
Azevedo, antigo ministro da Defesa, e do atual rou dos seus cargos os coronéis Hélio Ferreira mandante do Exército de oficiais superiores sa, por Almir Garnier, e o brigadeiro Moret-
comandante do Exército, Tomás Paiva. Azeve- Lima e Guilherme Marques Almeida. Hélio da ativa do Exército Brasileiro”. Isso é quebra ti Bermudez foi trocado por Baptista Júnior.
do foi barreira nos primeiros movimentos do comandava as Forças Especiais de Manaus e de disciplina, e atentado coletivo ao princípio O motivo da crise foi anunciado na época:
projeto golpista, Tomás se interpôs na reta fi- está na lista do processo no Supremo entre os de não manifestação política de militares da Bolsonaro queria mais apoio militar. Foi o
nal. A cena completa revelada na Operação que devem ser “inabilitados para a função pú- ativa. O coronel Correia Netto está preso. E os que ele teve. O resultado foi a fratura nas
Tempus Veritatis é de que o país esteve muito blica”. Exonerar não basta. outros participantes dessa reunião? Forças Armadas e a ameaça sobre o país.

DIVULGAÇÃO
ENTREVISTA
Hugo Nisenbom / CEO DA MSD BRASIL
Para ampliar acesso a medicamentos, todos os
elos da cadeia têm de discutir como chegar a um
arranjo mais sustentável, defende o executivo
GLAUCE CAVALCANTI glauce@oglobo.com.br

‘É PRECISO
OLHAR PARA
O CUSTO TOTAL
DA SAÚDE’
C om o envelhecimento da
população, crescem os in-
vestimentos em medicamen-
marco de previsibilidade. Ao
mesmo tempo será importan-
te entender caso a caso os pro-
tos para doenças neurodege- jetos para avaliar os que te-
nerativas, câncer e outras que nham sentido econômico pa- nesse sentido com o Brasil, on- nos posteriores, com essas fake a indústria, e tornar o sistema
impactam os mais idosos, afir- ra o Brasil. Na MSD, temos de temos o maior sistema pú- news, coberturas vacinais bai- sustentável como um todo. É
ma Hugo Nisenbom, CEO da exemplos concretos de trans- blico de vacinação do mundo, xaram muito. Agora está em preciso olhar para o custo total
MSD Brasil, sigla usada pela ferências de tecnologias em “Temos comprado graças a uma parceria de trans- franca recuperação. Temos do sistema de saúde. Temos de
Merck Sharp & Dohme fora de vacinas, como a de HPV, e de empresas e feito ferência de tecnologia abran- que trabalhar, toda a socieda- colocar o paciente no centro,
EUA e Canadá. A empresa an- cooperação de desenvolvi- gente para homens e mulhe- de, governo, indústria, médi- ou não vamos avançar.
corada principalmente em on- mento de uma vacina contra a parcerias porque res. Porque a gente fala de cân- cos. Estamos vendo recupera-
cologia e vacinas amplia foco dengue (em parceria com o acreditamos que nem cer de colo de útero, mas há ção importante (em vacina- Há planos de saúde que dizem
em inovação com pesquisas e Instituto Butantan), que são toda a ciência está dentro uma série de cânceres relacio- ção) por políticas ativas. Outro não ser viável custear certos
aquisições. Em entrevista ao exemplos de sucesso. de nossos laboratórios” nados com HPV que atingem tema para trabalhar é a vacina- medicamentos. Falta ajuste?
GLOBO, o executivo argenti- os homens. E estamos entran- ção de adultos, caso do HPV, A empresa pode fazer acor-
no diz que a empresa cresce Qual o peso do país para a MSD? do em doenças raras. Há uma, de vacinas pneumocócicas. dos especiais por desfecho
“fortemente” no Brasil. Para Temos um desenvolvimen- “Somos uma das de von Hippel-Lindau, que (resultado de tratamento),
ele, é preciso chamar todos os to muito forte no Brasil. Nos poucas farmacêuticas produz tumores benignos, tra- É preciso mais investimento mas também tem de entrar
elos da cadeia de saúde à mesa últimos seis anos, crescemos que está ainda na área tada por produto nosso. em antibióticos? Estão naqueles sobrecustos e rea-
e olhar para o custo total para alto, duplo dígito. Somos a oi- de antibióticos. A surgindo superbactérias. locar recursos. Quanto está
ter um sistema sustentável. E tava companhia farmacêutica Aquisições ajudam a avançar? Somos uma das poucas far- gastando a mais por não usar
destaca avanços em preven- em inovação e, em 2025, que- próxima pandemia, Temos comprado empresas macêuticas ainda na área de um antibiótico correto ou fa-
ção e tratamento. “A gente remos ser a quinta. O Brasil é o provavelmente, não e feito parcerias porque acre- antibióticos. A próxima pan- zer prevenção? É fácil apon-
sempre sonhou com uma vaci- primeiro país para a MSD na vai ser de um vírus, mas ditamos que nem toda a ciên- demia, provavelmente, não tar o dedo para o outro. Mas
na contra o câncer. A gente América Latina. Em fatura- de alguma bactéria” cia está dentro de nossos labo- vai ser de um vírus, mas de al- temos de fazer a nossa parte.
tem uma. Ela está disponível mento, dependendo do câm- ratórios. Em junho (de 2023), guma bactéria. É preciso atu-
no sistema público há vários bio, fica entre sétimo e oitavo compramos por US$ 10,8 mi- ar em novas moléculas e no O envelhecimento da
anos, que é a tetravalente”, diz, maior mercado do mundo. Fo- “No câncer, lhões a Prometheus, de bio- uso racional do antibiótico população puxa o foco em
em referência à vacina que camos em pilares como inova- tempo é tudo” tecnologia, que tem um trata- dentro das próprias institui- doenças neurodegenerativas?
previne HPV. Presidente do ções que tragam soluções para mento experimental promis- ções. Tem de usar o correto e A população com mais de
conselho diretor da Interfar- necessidades médicas não gia nos setores público e priva- sor para colites ulcerativas e pelo tempo adequado, se não, 50, 60 está cada vez maior. Es-
ma, Nisenbom avalia como atendidas e dar acesso a toda a do. No câncer, tempo é tudo. Doença de Crohn. Em outu- gera uma pressão sobre o sis- tamos norteados em doenças
“ambiciosa” a meta do gover- população a essas inovações. bro, fizemos uma parceria tema e cria esse risco de resis- que têm mais necessidades
no federal de fazer o setor de Vacina é outro foco. com a japonesa Daiichi tência de superbactérias. não atendidas porque a popu-
saúde ter 70% de suas necessi- Quais os focos de operação? O que eu adoro, porque pre- Sankyo para desenvolver, fora lação não vivia tanto tempo:
dades com medicamentos, in- Temos áreas fortes como on- firo prevenir do que curar. do Japão, três tratamentos Como dar acesso a oncológica, neurodegenerati-
sumos, vacinas e equipamen- cologia, com a imunoterapia Acabamos de lançar a segunda contra o câncer. Em novem- medicamentos caros? va, vacina para adultos como a
tos produzidas no país até Keytruda. Tem 34 indicações versão da Gardasil, nonava- bro, anunciamos a compra de Acho que, como presidente pneumocócica. Nós, velhi-
2033, conforme prevê a nova aprovadas no país porque ser- lente, protegendo contra cân- uma biofarmacêutica voltada da Interfarma, não temos que nhos — já tenho mais de 60!
política industrial. ve para diferentes tipos de tu- ceres produzidos pelo HPV. A para doenças raras, neurode- estar em um jogo antagônico. —, muitas vezes morremos de
mor, mas acreditamos ter per- gente sempre sonhou com generativas e genéticas, Ca- Os atores têm de trabalhar jun- uma simples pneumonia.
É viável para o setor de saúde to de 80. Por isso, é nosso car- uma vacina contra o câncer. A raway Therapeutics. tos para criar um sistema sus-
cumprir a meta da nova ro-chefe em pesquisa clínica. gente tem uma. Ela está dispo- tentável. Do custo de saúde to- Faltam pesquisadores no país?
política industrial? Descobriu-se que o organismo nível no sistema público há vá- Como as ‘fake news’ sobre tal, os medicamentos repre- Ampliamos nossa organiza-
A meta é ambiciosa e enten- parava de se defender quando rios anos, que é a tetravalente. vacinas bateram na indústria? sentam de 8% a 10% para o sis- ção na América Latina, com
do que a intenção é marcar um encontrava com as células E agora temos a novalente no As duas coisas que mais sal- tema privado e 15% para o pú- investimentos crescentes em
norte para avançar com uma cancerígenas. E o que o Key- sistema privado. Estamos ten- varam vidas no mundo são blico. Se há um problema é pesquisa no Brasil. Global-
política industrial no setor. Pa- truda faz é permitir que o orga- tando criar um programa para água potável e vacina. Na pan- preciso mexer no todo, porque mente, são US$ 14 bilhões ao
ra isso, vai ser crítica a colabo- nismo se defenda. Por isso, erradicar o câncer de colo de demia, todos viram que uma há outros 90% do custo em ou- ano. E há projetos em respon-
ração com as farmacêuticas tem tantas indicações e efetivi- útero, o que já é praticamente doença que se propagava rapi- tros lugares. Às vezes, são tra- sabilidade social. Distribuí-
inovadoras, os institutos tec- dade. Em 2022, tivemos 6.300 possível em países como Es- damente e gerava centenas de tamentos incorretos, falta de mos Mectizan, a ivermectina,
nológicos, o Ministério da pacientes. Ano passado, cerca candinávia ou Austrália, que milhares de mortos foi pratica- prevenção, sobreuso de diag- para tratar a cegueira do rio,
Saúde, com investimentos sig- de dez mil. Temos atuado para têm adesão muito forte à vaci- mente apagada por uma vaci- nósticos. Todos temos que nos causada por parasita. No Bra-
nificativos e tudo isso em um melhorar o acesso de oncolo- nação. E estamos trabalhando na. Nos anos de pandemia e sentar, obviamente incluindo sil, o foco são os ianomâmis.
OGLOBO | Domingo 18.2.2024
Combustível do lixo. No aterro sanitário de Seropédica, que substituiu lixão de Gramacho, gases gerados pelo material orgânico prensado e coberto por tratores são canalizados para servir de insumo ao biometano
Lixo estimula
investimentos
e novo negócio
Regularização de depósitos custa R$ 5 bi.
Biometano vira combustível promissor
VINICIUS NEDER
vinicius.neder@oglobo.com.br
-
A meta de acabar com lixões
em todo o Brasil e a de-
manda de empresas em busca
de reduzir emissões de gases
do efeito estufa (GEEs) têm
mobilizado investimentos em
torno do aproveitamento de
resíduos sólidos, do lixo co-
mum das cidades aos rejeitos
da agropecuária. Fechar todos
os depósitos inadequados que
o país ainda tem requer R$ 5
bilhões, diz o Ministério do
Meio Ambiente (MMA), en-
quanto o investimento na pro-
dução de biometano a partir
dos gases resultantes da de-
composição da matéria orgâ-
nica poderá chegar a R$ 6,4 bi-
lhões em cinco anos, segundo
a Abiogás, associação que re-
presenta os produtores.
A obrigação de eliminar to-
dos os lixões deveria impulsio-
nar os investimentos, públicos
e privados, em aterros sanitá-
rios, mas o prazo para atingir a
meta vem sendo postergado
sucessivamente. O prazo atu-
al, até agosto deste ano, é ina-
tingível, reconhece o secretá-
rio de Meio Ambiente Urbano
e Qualidade Ambiental do
MMA, Adalberto Maluf, mas,
antes de mais um adiamento,
o governo quer apresentar um
plano para encerrar os 2,1 mil
depósitos inadequados que
ainda há no país —1.572 lixões
e 598 “aterros controlados”,
terrenos fechados, mas que
não tratam os resíduos.
Os R$ 5 bilhões em investi-
mentos necessários podem
ser públicos ou privados, já
que tanto a coleta quanto a
destinação do lixo são servi-
Sem oportunidades na reciclagem, futuro de catadores segue incerto
O fechamento de lixões pode
ter um efeito colateral na
ocupação dos catadores. Ape-
sar de arriscado e degradante,
o trabalho deles sustenta mi-
lhares de famílias. O Brasil
tem cerca de 400 mil catado-
res, segundo estimativa do
Ipea com base no Censo 2010.
Empregar os catadores dos
lixões em usinas de reciclagem
seria a alternativa óbvia, mas o
reaproveitamento de resíduos
éincipiente no país. Em 2022,
ços que costumam ser conce-
didos, especialmente em par-
cerias público-privadas
(PPPs). A operação de aterros
sanitários e a coleta de lixo
movimentaram R$ 31,2 bi-
lhões em 2022, dado mais re-
cente da Abrema, associação
do setor. Há hoje 206 projetos
de PPP ou concessão no setor
em desenvolvimento, segun-
do a consultoria Radar PPP.
De acordo com Adriana Feli-
petto, presidente da Ciclus
Ambiental, concessionária do
Centro de Tratamento de Re-
síduos Rio, aterro sanitário em
Seropédica que substituiu o li-
xão de Gramacho, esses servi-
ços têm potencial para PPPs
porque são operações de longo
prazo, de 20 a mais de 30 anos.
Por isso, licitações comuns
tendem a não funcionar bem:
— Se quem constrói não é
quem vai operar, pode cons-
truir de uma maneira talvez
incorreta. E para quem vai
operar, não adianta construir
para 30 anos. Tem de ser algo
contínuo, operar e implantar
ao longo do tempo.
PARCERIA SEM GARANTIA
As PPPs dão mais segurança
aos contratos longos, garan-
tem que o operador também
cuide da obra e permitem que
as prefeituras paguem pelo
serviço. Isso porque, embora
permitida, a cobrança de taxa
do lixo dos cidadãos ainda não
está estabelecida na maior par-
te das cidades, em parte por
causa do elevado nível que te-
riam, diz Frederico Ribeiro,
sócio da Radar PPP.
Por outro lado, a dependên-
cia dos recursos públicos é um
obstáculo para atrair mais em-
1,12 milhão de toneladas de re-
cicláveis foram tratados, ante
63,8 milhões de toneladas de
resíduos sólidos urbanos, se-
gundo o Ministério das Cida-
des. Há 39 mil catadores en-
volvidos na reciclagem.
‘CAMINHO SEM VOLTA’
O fechamento do lixão de
Gramacho, em Duque de Ca-
xias, na Baixada Fluminense,
12 anos atrás, ilustra o proble-
ma. Autoridades contaram
NEGÓCIOS QUE VÊM DOS RESÍDUOS
Meta de encerrar todos os lixões do país traz oportunidades de investimento
na gestão de resíduos sólidos. Aproveitamento do biogás é alternativa.
LIXÕES LONGE DE FIM
ANO LIXÕES (UNIDADES)
2020 1.545
2021 1.572
2022 1.572
PPPs E CONCESSÕES A CAMINHO
116 58
Modelagem Modelagem
iniciada encerrada
O MERCADO DE GÁS NATURAL E O POTENCIAL DO BIOGÁS
Gases produzidos naturalmente na decomposição do lixo nos aterros sanitários servem de
combustível para geração de energia elétrica ou para fabricação de biometano, combustível
substituto do gás natural (tanto para uso industrial quanto para o transporte, como GNV).
VENDAS DE GÁS NATURAL (EM
MILHÕES DE METROS CÚBICOS)
35 30.326
28 21.972
21
14
7 Resíduos sólidos
0
2020 2021
Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), Agência Nacional de Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), consultoria Radar PPP
presas privadas. Um “grande
nó”, aponta Adriana, é a falta
de fundos garantidores, para
indenizar os operadores no ca-
so de atrasos no pagamento
das contrapartidas das PPPs
pelas prefeituras.
Outro obstáculo é o licenci-
amento ambiental de terre-
nos para a construção dos
aterros. Por isso, em vez de
participar de PPPs, a Orizon
VR, que opera 15 “ecopar-
ques” em dez estados, prefere
comprar aterros construídos
há pouco tempo ou em fase fi-
nal de licenciamento para,
depois, fechar contratos com
as cidades, explica Milton Pi-
lão Jr., presidente da empresa:
—Temos um mapeamento
nacional e vamos privilegian-
do a compra ou a instalação de
novos aterros onde haja lixões.
Quando abrimos as portas, da-
mos a opção para aquelas pre-
feituras enviarem seus resí-
duos e fecharem lixões locais.
Enquanto taxas do lixo não
se estabelecem e as PPPs de-
pendem da gestão municipal,
ageração de energia elétrica e,
1,7 mil catadores que ficariam
sem trabalho. Eles receberi-
am indenizações e empregos.
A Secretaria de Meio Ambi-
ente do Estado do Rio anunci-
ou a construção de um polo
de reciclagem no local, com
dez galpões, mas quase nada
saiu do papel. Dois galpões fo-
ram construídos. Em 2022,
40 pessoas trabalhavam ali,
mostrou reportagem do g1.
O projeto começou a ser re-
tomado no fim do ano passa-
ATERROS CONTROLADOS
(UNIDADES)
617
595
598
4 5
Consulta Consulta
pública pública
aberta encerrada
ORIGEM
Sucroenergético
22.374
Produção agrícola
Proteína animal
2022 Total
Demanda. A planta da Gás Verde em Seropédica fornece para indústrias
especialmente, a produção de
biometano, surgem como no-
va fonte de receitas.
Produzido conforme padrão
da Agência Nacional de Petró-
leo, Gás Natural e Biocombus-
tíveis (ANP) a partir do lixo, o
biometano é um combustível
equivalente ao gás natural,
tanto industrial quanto veicu-
lar (GNV). Pode ser injetado
em gasodutos ou abastecer
quaisquer veículos a gás, sem
do, com investimento socio-
ambiental da Petrobras, de R$
4 milhões. O terceiro galpão
deverá ficar pronto até maio,
diz Sebastião dos Santos, pre-
sidente da Associação dos Ca-
tadores do Aterro Metropoli-
tano de Jardim Gramacho
(ACAMJG). Segundo Santos,
hoje, 100 catadores trabalham
nas cooperativas de Grama-
cho. O terceiro galpão gerará
mais 25 vagas. E quatro coope-
rativas estão em articulação
FOTOS DE DOMINGOS PEIXOTO
ATERROS SANITÁRIOS
(UNIDADES)
652
669
626
206
4 19
Licitação Licitação Total de
iniciada encerrada projetos em
desenvolvimento
POTENCIAL DE PRODUÇÃO
DE BIOMETANO PADRÃO ANP
(Em milhões de metros cúbicos)
21.100
6.600
14.200
2.200
44.100
EDITORIA DE ARTE
adaptação. O Brasil tem 90
projetos viáveis de biometano,
que podem sair do papel nos
próximos cinco anos.
Tanto a geração de eletrici-
dade em pequenas termelétri-
cas quanto a produção de bio-
metano em unidades de pro-
cessamento usam o biogás,
que reúne os gases resultantes
da decomposição do material
orgânico do lixo. Nos aterros,
com tratamento correto, o bio-
para viabilizar um novo proje-
to, de mais quatro galpões e
200 postos de trabalho.
Santos considera o avanço
da reciclagem um “caminho
sem volta”, mas vê resistência
das empresas e cobra o gover-
no, pois a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS),
“uma das melhores do mun-
do”, tem sido mal aplicada:
—A política focou em fechar
lixões. O governo federal deu
bilhões para montar aterros
Economia | 15
gás é captado por dutos entre
as camadas de areia e argila
que cobrem os resíduos e pode
ser canalizado até as usinas,
em vez de queimado.
Segundo executivos do se-
tor, gerar eletricidade a partir
do lixo não compensa diante
da concorrência com outras
fontes limpas, como a eólica e
afotovoltaica, que já têm esca-
la ou subsídios e, portanto,
preços melhores. Já a produ-
ção de biometano é vista como
cada vez mais promissora.
Hoje, seis usinas de biome-
tano produzem o equivalente
a 0,7% do consumo nacional
de gás natural, de 22,4 bilhões
de metros cúbicos em 2022,
segundo dado mais recente da
ANP. A Abiogás estima que as
principais fontes de resíduos
—a agropecuária, mais do que
os aterros sanitários — geram
biogás para 44,1 bilhões de
metros cúbicos ao ano.
—Com incentivos corretos,
conseguiríamos chegar à me-
tade disso, que é basicamente
o consumo de gás que existe
hoje no Brasil —diz Renata Is-
fer, presidente da Abiogás.
A Gás Verde, dona da maior
usina de biometano do país,
no aterro de Seropédica, vai in-
vestir R$ 600 milhões até
2026, para chegar a nove uni-
dades. A empresa comprou,
em 2023, oito termelétricas a
biogás em vários estados e vai
convertê-las em processado-
ras de biometano, elevando
sua produção total em quase
quatro vezes. A Orizon VR
tem apenas uma usina de bio-
metano, no aterro de Paulínia
(SP), mas seu plano de negó-
cios prevê R$ 1,2 bilhão em in-
vestimentos na produção des-
se substituto do gás natural.
DEMANDA DAS EMPRESAS
Segundo Marcel Jorand, presi-
dente da Gás Verde, a aposta
acompanha a demanda cres-
cente das empresas por bio-
metano, tanto para uso indus-
trial quanto em frotas próprias
de caminhões, dada a necessi-
dade que têm de reduzir emis-
sões de gases do efeito estufa.
—Os aterros hoje estão em
grandes cidades e têm grandes
volumes. Então, são as maçãs
mais baixas para serem alcan-
çadas, mas o grande pomar
que temos no Brasil vem das
pequenas e médias produções,
que são os lixões que vão se
transformar em aterros meno-
res, e da produção rural —diz.
A Abiogás defende incenti-
vos estaduais para postos de
combustível com GNV e bio-
metano nas estradas, incenti-
vos federais à compra de cami-
nhões a gás, no lugar do diesel,
e “mistura mínima” do gás re-
novável no convencional, o
que permitiria interiorizar o
uso do gás. O BNDES sinaliza
com crédito subsidiado, já que
esses projetos podem acessar o
Fundo Clima, com juros mais
baixos. Em 2023, o banco
aprovou seis empréstimos pa-
ra projetos nessa área, no total
de R$ 689 milhões. Em 2024,
deve aprovar mais dez, diz Lu-
ciana Costa, diretora de Infra-
estrutura, Transição Energéti-
ca e Mudança Climática.
sanitários e não se preocupou
com a coleta seletiva.
Agora, para impulsionar a
reciclagem, o Ministério do
Meio Ambiente (MMA)
aposta na regulamentação da
logística reversa, com regras
que obriguem a indústria a
coletar os resíduos que pro-
duz, diz Adalberto Maluf, se-
cretário da pasta. Segundo
ele, há hoje 13 sistemas de lo-
gística reversa, quase todos
estabelecidos em acordos se-
toriais. O MMA decidiu
“transformar tudo em decre-
tos”, o que “obriga todo mun-
do a prestar conta”, diz Maluf.
 16 | Economia Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

Anhembi leva
FOTOS DE EDILSON DANTAS

banho de loja
para virar ‘hub’
de convenções
Reforma de R$ 1,5 bi quer transformar
o ‘Maracanã dos eventos’, em SP, em um
complexo com estrutura de nível mundial

HYNDARA FREITAS ram 6,6 milhões de pessoas,

economia@oglobo.com.br
SÃO PAULO
com impacto financeiro de R$
9,3 bilhões na capital paulista.
-
—A volta à ativa do Anhem-

N o fim de maio, quando o

icônico espaço de exposi-
ções do Anhembi for reaberto
bi, com investimento da inici-
ativa privada e todo repagina-
do, o coloca em outro patamar
Repaginação. Com problemas de infiltração, o telhado do pavilhão de eventos foi quase todo trocado. Tudo fica pronto em maio, quando espaço será reaberto

com a Naturaltech, uma feira
de produtos naturais, São
Paulo terá de volta um dos
seus principais palcos de
eventos —mas totalmente re-
paginado. A estimativa é que
quando estiver funcionando a
pleno vapor, com arena mul-
tiúso com 20 mil lugares, sa-
las de conferências, centro de
convenções, teatro e pavilhão
de exposições, o local tenha
potencial para adicionar pelo
menos mais R$ 5 bilhões por
ano em negócios para a cida-
de, nos cálculos da prefeitura.
—O Anhembi é o Maraca-
nã dos eventos. Já nasceu
completo em 1970, mas pre-
cisava de fôlego novo para
chegar ao seu máximo poten-
cial de negócios. Receberá
um investimento de R$ 1,5
bilhão até 2026 —diz Rodol-
fo Bittencourt Andrade, di-
retor do Distrito Anhembi,
novo nome do complexo.
Oespaço foi concedido à ini-
ciativa privada pela prefeitura
da capital no início de 2021,
por 30 anos. A francesa GL
Events o arrematou, em lance
único de R$ 53,7 milhões. Na
primeira tentativa, em 2019,
no governo de Fernando Had-
dad (PT), a concessão não an-
dou por falta de interessados.
Um estudo da União Brasi-
leira de Feiras e Eventos de
Negócios (Ubrafe), feito an-
tes da pandemia, mostrou
que pelo menos 5% do Pro-
duto Interno Bruto (PIB) no
Brasil é negociado em feiras e
eventos. Isso significa que es-
sas operações movimentam
cerca de R$ 50 bilhões em
negócios todo ano.
No Brasil, são realizadas 2,5
mil feiras por ano, sendo que
250 delas — as maiores —
acontecem na cidade de São
Paulo. Em 2023, elas reuni-
como um hub internacional
de eventos. O espaço ficou
muito sucateado nos últimos
anos nas mãos do poder públi-
co — diz Paulo Octavio Perei-
ra, diretor executivo da Ubra-
fe, que estima que, neste ano,
eventos empresariais em espa-
ços paulistanos devem girar
R$ 10 bilhões, atraindo 7 mi-
lhões de participantes.
ARQUITETURA PRESERVADA
Mesmo com a reconstrução
de estruturas do Anhembi,
paulistanos e os turistas reco-
nhecerão os principais traços
de sua arquitetura, diz Andra-
de. A cúpula amarela em for-
ma “de pudim” do Teatro Cel-
so Furtado, por exemplo, será
mantida, mas pintada de bran-
co para que possa virar tela de
projeções de imagens. As mais
de 2,5 mil poltronas do teatro,
concebidas pelo designer Ser-
gio Rodrigues, e que parecem
flutuar no ar, foram restaura-
das. Os arcos do sambódromo
paulistano, projeto de Oscar
Niemeyer que está dentro do
complexo, também serão pre-
servados. Apenas as torres dos
jurados, que não faziam parte
do projeto original do arquite-
to, foram removidas.
Mas é no pavilhão de exposi-
ções que as mudanças serão
drásticas. A estrutura de alu-
mínio do local foi praticamen-
te toda removida, e o material
“Não há tombamento
histórico, mas não
se pode passar a
borracha em tudo”
_ Silva e Massimo Fiocchi, o di-
Rodolfo Andrade,
diretor do Distrito Anhembi
Obra. Trabalho na área do teatro do Anhembi: cuidado com desenho original
será reciclado. Apenas uma
parte das famosas estruturas
de “pé de galinha”, marca do
pavilhão, foi aproveitada. Será
disposta na entrada da Aveni-
da Olavo Fontoura.
O pavilhão antigo tinha go-
teiras, infiltrações e não conta-
va com sistema de ar condicio-
nado. A área de 75 mil metros
quadrados poderá abrigar até
eventos simultaneamente,
com o uso de divisórias que
não existiam no projeto origi-
nal. Elas poderão criar espaços
de 15 mil metros quadrados
cada um. A lotação máxima
permitida será de 60 mil pes-
soas ao mesmo tempo.
—Haverá mais segurança,
com equipamento contra in-
cêndio, e climatização. Na par-
te estrutural, onde as empre-
sas penduram toneladas de
equipamentos nas feiras, tudo
foi refeito —disse Andrade.
Perguntado se recebeu críti-
cas de urbanistas pelas mu-
danças no projeto original do
arquiteto Jorge Wilheim, em
parceria com Miguel Juliano e
retor do Distrito Anhembi ad-
mite que sim. Mas lembra que
o espaço não é tombado e ar-
gumenta que as mudanças fo-
ram necessárias para que o
Anhembi se adapte a outros
espaços de eventos no mundo.
Em 2017, um pedido de tom-
bamento do Anhembi foi ar-
quivado pelo Conselho Muni-
cipal de Preservação do Patri-
mônio Histórico, Cultural e
Ambiental da Cidade de São
Paulo (Conpresp), quando Jo-
ão Doria (PSDB) era prefeito,
o que gerou críticas de urba-
nistas na época. Doria era a fa-
vor da concessão à iniciativa
privada deste e de outros espa-
ços para grandes eventos, co-
mo o Ginásio do Ibirapuera.
‘SP NÃO PRESERVA’
Na ocasião, o conselho consi-
derou que a sede administrati-
va, o auditório Elis Regina, os
jardins e os espelhos d’água já
haviam tido características al-
teradas e que seus elementos
poderiam ser encontrados em
outros projetos na cidade.
—Há esse problema em São
Paulo: não preservamos o pa-
trimônio. Era preciso um estu-
do um pouco mais apurado so-
bre as características que po-
dem ficar ou não, conversas
com especialistas, estudar o
histórico, ver quais as caracte-
rísticas arquitetônicas daque-
le momento, quais precisam
preservar. ‘Ah, mas a cobertura
era horrorosa’, mas ela data de
uma época de produção de ar-
quitetura na cidade, trabalhos
que são pesquisados na acade-
mia —diz Viviane Rubio, pro-
fessora de Arquitetura e Urba-
nismo da Universidade Presbi-
teriana Mackenzie.
Quando foi concebido, em
1970, durante a realização do
Salão do Automóvel pelo em-
presário Caio de Alcântara
Machado, o Anhembi era um
símbolo da modernização da
cidade, no qual setores como
a indústria poderiam fazer
grandes exposições e mos-
trar sua força. O local foi re-
sultado de um arrojado traba-
lho de arquitetura e enge-
nharia e foi a maior constru-
ção de alumínio feita no
mundo, naquela época.
—Não há tombamento his-
tórico, mas não se pode passar
a borracha em tudo. Estamos
mantendo as estruturas na
marquise de entrada, com os
“pés de galinha”, o teto “pu-
dim” do teatro, assim como os
arcos do sambódromo, que ga-
nhou melhorias elétricas e hi-
dráulicas —diz Andrade.
O teatro Elis Regina virou
um espaço com salas modula-
res multiúso e plenária com 12
mil lugares. No espaço do anti-
go lago, haverá praça com res-
taurante. O Hotel Holliday
Inn, com 790 apartamentos,
continuará no local, mas não
faz parte da concessão. Já a are-
na multiúso, que ainda será
construída e deve levar alguns
anos para ser inaugurada, re-
ceberá eventos esportivos e
shows, e deve nascer com na-
ming rights, ou seja, ostentan-
do no nome alguma marca.
Antes da reforma, o Anhem-
bi abrigava cerca de 150 even-
tos por ano e recebia público
de 3,5 milhões de pessoas a ca-
da 12 meses. Esse ritmo deve
se manter e já estão sendo ne-
gociados eventos até 2030.
AGL Events é uma empresa
familiar, com ações negocia-
das na Bolsa de Paris. Tem 59
espaços de eventos pelo mun-
do, em 26 países. No Brasil,
também tem a concessão do
São Paulo Expo e Rio Arena e
Riocentro, os dois últimos no
Rio. E ainda opera espaços em
Salvador e em Santos, no lito-
ral paulista.
Chegou ao país em 2007
com a realização dos Jogos
Pan-americanos, no Rio. Es-
te ano, também estará envol-
vida na realização das Olim-
píadas de Paris.
IMPACTO À MESA
Além de gerir e reformar es-
paços de feiras, a empresa
também organiza eventos
— como a Bienal do Livro
carioca. Faturou € 21,4 bi-
lhões em 2023, alta de 9%
em relação a 2022, e tem 5
mil funcionários.
— O Distrito Anhembi é,
atualmente, o principal inves-
timento da GL Events pelo
mundo —diz Andrade.
Diretor da Associação Brasi-
leira de Bares e Restaurantes
(Abrasel/SP), Joaquim Sarai-
va, destaca que a volta do
Anhembi reformado traz im-
pactos positivos para todo o se-
tor em São Paulo. Pare ele, faz
falta à cidade um espaço total-
mente modernizado:
—Para o setor de gastrono-
mia, ter um espaço de eventos
que fica ocupado o ano inteiro
é importantíssimo.

Índia toma espaço da China na produção de iPhones cas é a única coisa que os cria.
No ano passado, a Índia ultra-
passou a China para se tornar o
país mais populoso do mundo,
Estado no sul do país atrai Foxconn e outros fabricantes de eletrônicos que atendem multinacionais em busca de diversificação ea sua população em idade ati-
va cresce aceleradamente.
ATUL LOKE/THE NEW YORK TIMES
Mas transformar esse aumen-
The New York Times Dois gigantescos complexos China. Estima-se que, no ano to demográfico numa vanta-
SRIPERUMBUDUR, ÍNDIA
-
de dormitórios estão em cons- passado, 13% dos iPhones do gem real demanda tornar os
trução. Depois de concluído, mundo foram montados na trabalhadores da Índia mais

A Índia está silenciosa- cada um terá 13 edifícios com

mente tirando da China 24 quartos por andar e abriga-
cada vez mais a produção de rão 18.720 trabalhadores.
Índia, e cerca de três quartos
deles foram fabricados em
Tamil Nadu. Até o próximo
produtivos. Metade deles ain-
da depende da agricultura.
Tamil Nadu, que concen-
iPhones e outros eletrôni- ano, o volume produzido na tra 5% da população india-
cos da Apple. É um processo CRESCIMENTO ACELERADO Índia deverá dobrar. na, pode apontar o cami-
em curso nas zonas indus- É uma cena típica de Shenz- A Índia, como parte de um nho. O estado de 72 milhões
triais do sul da Índia, em ter- hen ou Zhengzhou, cidades esforço de produção nacional, de pessoas começou a se be-
renos lamacentos que no chinesas famosas por suas está demolindo o domínio chi- neficiar de uma política do
passado foram lavouras. proezas na produção de iP- nês sobre a produção dos governo nacional de subsí-
Em Sriperumbudur, no hones. E não é de admirar. O smartphones mais cobiçados dio à fabricação de eletrôni-
estado de Tamil Nadu, as estado de Tamil Nadu, é o lar do mundo em um momento Oportunidade. Linha de carregadores de iPhones na Índia: avanço silencioso cos em todo o país em 2021,
pessoas chamam a Apple de da expansão da Foxconn, a em que várias multinacionais investe em educação e na in-
“o cliente”, sem ousar dizer empresa com sede em buscam diversificar sua pro- do país, Narendra Modi, a in- rior à de China, Japão, Taiwan clusão de mulheres. No es-
o nome da gigante america- Taiwan que há muito desem- dução além da China. dústria como parte da econo- e Coreia do Sul quando esses tado, 43% têm emprego for-
na que valoriza seus segre- penha o papel de maior fabri- Mas, apesar de quase dez mia estagnou em cerca de 16% tigres asiáticos decolaram. mal, muito acima da bai-
dos. Mas algumas coisas são cante de iPhones. anos da iniciativa “Make in In- do PIB indiano, um pouco in- AÍndia precisa desesperada- xíssima presença de mulhe-
grandes demais para serem Em 2019, cerca de 99% dos dia” (“Faça na Índia”) promo- ferior à taxa de quando ele as- mente de empregos mais qua- res no mercado de trabalho
escondidas. iPhones eram fabricados na vida pelo primeiro-ministro sumiu, em 2014, e muito infe- lificados, e o trabalho nas fábri- das outras regiões do país.
OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Economia | 17

DEFESA DO CONSUMIDOR
Na compra de orgânico, preste atenção ao preço
Legumes, hortaliças e frutas produzidos sem insumos sintéticos são mais caros, mas preços por embalagem podem
dar ilusão de estarem mais próximos dos itens convencionais. Também é preciso verificar os selos de certificação

LEO MARTINS
CAROLINE NUNES
caroline.nunes@oglobo.com.br
tado pelo GLOBO no Rio na Garantia. trole social cadastradas no
semana passada, a cenoura Hortaliças ministério, que comerciali-
-
convencional era vendida por em feira de zam exclusivamente em ven-

A inflação em janeiro foi mar-

cada por uma alta nos pre-
ços de alimentos. No IPCA de
0,42% do mês passado, o gru-
po alimentação teve alta de
1,38%, a maior para o mês des-
de 2016. Nessa hora, muitos
consumidores têm que enca-
rar uma verdadeira missão im-
possível na hora de buscar
bons preços nas feiras e super-
mercados. Em janeiro, o Índi-
ce de Preços ao Consumidor
Mercado (IPC-M) apontou al-
ta de 12,41% para hortaliças e
legumes e de 7,21% para fru-
tas. Foi então que muita gente
começou a ver alimentos orgâ-
nicos, tradicionalmente mais
caros, como alternativa vanta-
josa. Mas nem sempre isso é
verdade, alertam especialistas
em direito do consumidor.
O diretor do Instituto de
Agronomia da Universidade
Federal Rural do Rio de Janei-
ro (UFRRJ), Everaldo Zonta,
diz que alimentos orgânicos
são cerca de 30% mais caros
na feira. Esse percentual pode
chegar a 100% —ou seja, cus-
tar o dobro do item convenci-
onal — no supermercado, se-
gundo ele. Isso está ligado à
forma distinta de produção. O
problema é a forma como os
orgânicos são apresentados,
dificultando a comparação.
Em um supermercado visi-
R$ 9,79 o quilo enquanto a or-
gânica custava R$ 10,99. O
preço parece muito próximo
e pode estimular a compra da
produzida sem agentes quí-
micos. Mas há uma diferença
sutil: a orgânica não é vendida
por quilo, mas num pacote
que tem 570g do legume. O
quilo da cenoura orgânica
neste exemplo era R$ 19,28,
quase o dobro da comum.
Em outro estabelecimento
a diferença era em proporção
similar no caso da cebola. A
orgânica custava R$ 12,69 o
quilo, e a convencional, R$
6,99. Num terceiro, a beterra-
ba orgânica saía por R$ 12,99
o quilo e a convencional, R$
10,39, uma distância menor.
Segundo a Lei n° 14.181 do
Código de Defesa do Consu-
midor, os preços dos produtos
devem ser indicados por uni-
dade de medida, como quilo e
litro. O professor de Direito
da Fundação Getulio Vargas
(FGV), Gustavo Kloh, explica
que, para o esclarecimento do
consumidor, o preço deve ser
especificado em uma única
medida, como o quilo para
grandes quantidades.
—O ideal para o esclareci-
mento do consumidor é espe-
cificar o preço por quilo. O pre-
ço do produto por quilo deve
ser apresentado em uma letra
orgânicos:
origem deve
ser certificada
da direta aos consumidores.
Segundo a pasta, atualmente
há 24.824 produtores certifi-
cados para produzirem ali-
mentos orgânicos.
Zonta, da UFRRJ, reco-
menda que os consumido-
res fiquem atentos para só
comprar produtos com cer-
tificados nas embalagens:
— Nos supermercados,
compre o produto devida-
mente certificado e com o selo
Brasil Orgânico, pois não é
possível fazer uma análise por
conta própria. Nas feiras de or-
gânicos, também só são vendi-
dos produtos certificados.
CUSTO ALTO TEM MOTIVO
O preço mais elevado, se-
gundo ele, se justifica pela
forma como são produzi-
legível e de bom tamanho, fa- orgânico. De acordo com a le- —Na agricultura orgânica, o dos, com maior emprego de
cilitando a identificação pelogislação brasileira, um produ- agricultor deve seguir um con- mão de obra e menos ma-
consumidor. Existem diversos to é considerado orgânico junto de regras associadas à quinário, insumos mais ca-
aspectos que podem confun- quando é obtido em um siste- preservação de produtos natu- ros e uma série de regras im-
dir o consumidor na hora da ma de produção agropecuária rais e evitar o uso de alguns postas pela certificação à
compra, e este é um deles. orgânica ou de processo extra- produtos sintéticos —explica. produção orgânica.
Ao se deparar com diferen- tivista sustentável e não preju- Para serem comercializa- —Há fertilizantes que cus-
ças na unidade de medida e dicial ao ecossistema local. Jo- dos como orgânicos, os ali- tam o dobro do preço dos tra-
preço, Kloh diz que o consu- sé Antônio Espíndola, presi- mentos devem ser certifica- dicionais. Além disso, para
midor pode buscar canais de dente do comitê gestor do dos por organismos credenci- ter uma propriedade orgâni-
denúncia como os Procons. portfólio da Embrapa sobre ados no Ministério da Agri- ca, é necessário desembolsar
agroecologia e produção orgâ- cultura, sendo dispensados anualmente dinheiro para
COMO IDENTIFICAR nica, explica que a agricultura da certificação somente certificações. É o único tipo
Outro desafio nesse tipo de orgânica surgiu como uma al- aqueles produzidos por agri- de agricultura que tem uma
compra é ter certeza de que o ternativa à convencional, que cultores familiares que fazem legislação específica a ser se-
produto mais caro é mesmo utiliza insumos sintéticos. parte de organizações de con- guida —diz Zonta.

Solteiros, casais e famílias: tudo junto e misturado

Para atender às diversas configurações dos lares, projetos mesclam tipologias e estimulam a conexão entre as pessoas
SIG ENGENHARIA/DIVULGAÇÃO
Por falar em Botafogo, é
MORARBEM Tendência. O Oba, na Urca, ali também que a Mozak er-

“F amília, família / pa-

pai, mamãe, titia”.
Os versos da canção “Fa-
mília”, dos Titãs, parecem
cada vez mais distantes da
realidade dos lares brasi-
leiros. Basta ver os resul-
tados do Censo Demo-
gráfico 2022, do IBGE: os
domicílios no país hoje
têm, em média, menos de
três pessoas. Se as famílias
estão mudando, nada
mais natural do que o
mercado imobiliário se
adaptar às novas configu-
rações. Assim surgiram os
residenciais com tipologi-
as diferentes, que vêm
conquistando os cariocas.
Um bom exemplo dessa
tendência é o Oba, que a
Sig Engenharia lançou na
Urca. O antigo casarão
que havia no terreno pas-
sa por retrofit e vai ser
transformado em 11 estú-
dios de 27 a 81 metros
quadrados. Ao lado, será
erguido um prédio novo
com 21 unidades de dois a
quatro quartos e cobertu-
ras duplex.
— Não há mais um esti-
lo-padrão de família. Por-
tanto, não faz sentido ter
um residencial com ape-
nas uma tipologia. A mis-
tura de múltiplos produ-
tos tem o poder de estimu-
vai ter estúdios, apartamentos
e coberturas duplex
lar a conexão entre pesso-
as com estilos de vida dife-
rentes — observa a geren-
te de Incorporação da
SIG, Thelma Muniz.
Nos bairros planejados
da Carvalho Hosken, as ti-
pologias diferentes em
um mesmo residencial
também estão em alta. No
Elos, na Ilha Pura, é possí-
vel escolher desde um dois
quartos com 85 metros
quadrados a coberturas de
250. O desafio, na avalia-
ção da gerente de Incorpo-
ração da construtora, Tali-
tha de Abreu Ribeiro, é de-
senvolver um projeto que
contemple todos os mora-
dores, independentemen-
te do tipo de família, da
idade de seus integrantes
e de seus hábitos.
— Esse conceito é refle-
xo de um bom planeja-
mento urbano. O condo-
mínio é desenhado como
uma minicidade, com to-
da a diversidade que isso
significa. Se as famílias es-
tão mudando, o lugar em
gue o Era, com retrofit de
um casarão histórico e
construção de um prédio
novo, que combina unida-
des de um a quatro quartos.
—Botafogo é um bairro
diverso e com muitas face-
tas. Para jovens que bus-
cam a primeira moradia
em uma localização privi-
legiada, é o ideal. Ao mes-
mo tempo, muitas famílias
preferem a região pela ofer-
ta de serviços, escolas e mo-
bilidade — afirma a coor-
denadora de Marketing da
Mozak, Thaís Leal Lago.
Para o diretor Comerci-
al e de Incorporação da
Calçada, Bruno Oliveira,
a mobilidade é um fator
que conta muitos pontos
na decisão de erguer resi-
denciais com tipologias
que elas moram precisa dios, gardens e coberturas diferentes. O OnLife, no
necessariamente refletir duplex e lineares. Diante Flamengo tem unidades
isso — argumenta. da variedade de tipologias, de dois e três quartos no
é difícil não encontrar uma casarão histórico que pas-
BAIRRO DISPUTADO que agrade. sa por retrofit, enquanto o
Um dos mais recentes lan- — Desenhamos o pro- prédio contemporâneo
çamentos da RJZ Cyrela, o duto para atender a dife- vai oferecer apartamen-
Iconyc By Yoo, em Botafo- rentes perfis de compra- tos de quarto e sala.
go, com projeto de decora- dores e arranjos familia- — Ter um produto mis-
ção e paisagismo do reno- res. É uma tendência no to ajuda muito nas ven-
mado Yoo Studio, também mercado que combina das. É um modelo de ne-
foi projetado para atrair di- bem com um dos bairros gócio que vamos começar
ferentes perfis de compra- mais disputados do Rio — a observar no Rio de Janei-
dores. As 293 unidades in- destaca o diretor de Incor- ro, sobretudo em regiões
cluem apartamentos de poração da RJZ Cyrela, que têm facilidade de
dois a quatro quartos, estú- Carlos Bandeira de Mello transporte público.
 18 | Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

EM KHAN YOUNIS PARA

Mundo
ACESSAR

Israel prendeu 100 em invasão de hospital APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Forças Armadas dizem que são suspeitos de ‘atividade terrorista’; Hamas nega O QR CODE

ENTREVISTA

Mauro Vieira / CHANCELER BRASILEIRO

Ministro pretende usar reunião de chefes da diplomacia do G20 nesta semana, no Rio,
para discutir novo modelo para financiamento de países pobres que ‘não mate o doente’
FOTOS DE CRISTIANO MARIZ/11-5-2023
vel para o crescimento e in-
vestimentos. Se for só para
pagar a dívida, vai virar uma
bola de neve.

O mundo vive guerras

ELIANE OLIVEIRA E e disputas envolvendo
MANOEL VENTURA grandes países. É factível
internacio@oglobo.com.br
BRASÍLIA encaminhar uma pauta de
-

A
mudança na governança
nfitrião da primei- global com esse cenário?
ra reunião de alto Sim. Esses países mencio-
nível do G20 no nados estão no G20, que é
Brasil, o ministro um ambiente muito im-
das Relações Ex- portante para o diálogo. As
teriores, Mauro Vieira, pre- coisas não são resolvidas
tende usar o encontro de automaticamente. Não é
chanceleres nesta semana com uma reunião que as
no Rio para lançar propostas soluções saem, mas é sem-
brasileiras de regras em ins- pre um passo para uma so-
tituições como o Fundo Mo- lução a ser aceita por to-
netário Internacional dos. Para o Brasil, o impor-
(FMI) e o Banco Mundial. A tante não parar de conver-
pauta do governo Lula de re- sar e tomar iniciativas.
ver as regras de governança
global, especialmente do Os debates têm como foco
Conselho de Segurança das a declaração final que sairá,
Nações Unidas (ONU), em novembro, da reunião
também será abordada. de líderes do G20, no Rio.
Em entrevista ao GLOBO É possível ter uma
para falar sobre a reunião, Vi- declaração concreta?
eira afirma que os principais Esperamos ter uma decla-
organismos econômicos in- ração que mostre avanços,
ternacionais precisam ser que tenha substância e que
instrumentos de apoio e im- seja importante. Todas essas
pulso econômico, além de reuniões de todas as áreas vão
dar soluções para o endivida- contribuir depois para as dis-
mento de países. E que é pre- cussões dos chefes de Estado.
ciso reduzir as exigências
desses órgãos para emprestar Como evitar que a declaração
recursos a nações em desen- se transforme em
volvimento. Vieira defende o uma carta de intenções,
que chama de “democratiza- sem compromissos?
ção” das instituições criadas Dependerá da vontade das
com o Acordo de Bretton pessoas da mesa. Se quiserem
Woods, assinado nos anos dar um passo adiante, sempre
1940 por 45 nações aliadas podem. Espero que, na presi-
na cidade dos Estados Uni- dência brasileira, haja avan-
dos que leva esse nome. O ços em várias áreas. Quere-
acordo estabeleceu as bases mos que o G20 promova me-
da política econômica global lhores condições para que os
pós-Segunda Guerra Mundi- países em desenvolvimento
Novas pautas. Para ministro, principais
al e criou instituições como o possam avançar e promover o
organismos econômicos internacionais
FMI e o Banco Mundial. bem-estar das suas popula-
precisam ser instrumentos de apoio
ções e a inserção política das
Qual a expectativa pessoas. O lema do Brasil, na
do Brasil com a reunião presidência brasileira do

BANCO MUNDIAL
de chanceleres do G20? G20, é construir um mundo
O G20 é um grande even- mais justo e sustentável.
to, um grande aconteci-
mento. E é a primeira vez Chanceleres do mundo

E FMI DEVEM TER

que o Brasil tem a presidên- todo estarão no Rio.
cia do grupo. É uma reunião Temas como Gaza e Ucrânia
importantíssima de um gru- podem entrar na agenda?
po que ganhou muita im- É uma reunião de minis-

MENOS EXIGÊNCIAS
portância, porque foi am- tros do Exterior. São temas
pliado. Ele se chama G20, que podem ser discutidos. O
mas tem mais de 20, são 21 tema da reunião não é espe-
membros. Nós, na presi- cificamente esse, mas se os
dência, convidamos mais 8 ministros se manifestarem,
países e 11 organizações pa- haverá tempo para isso. No
ra participar das discussões. corredor, você encontra
este mês e a segunda em se- Há apoio do G20 a uma ampla Precisam ter menos con- com um e outro.
Qual o foco da reunião tembro, depois da abertura reforma na governança? dicionalidades e exigências.
de chanceleres? da Assembleia Geral da Nas Nações Unidas, tem Não digo que é para não ter O presidente Lula defende a
O presidente Lula, desde ONU, em Nova York. país que quer, tem país que regras e entregar todos os “A arma do Brasil desdolarização global (usar
o início do governo, disse não quer, assim como na recursos de qualquer forma, é o multilateralismo” menos o dólar em trocas
que queria dedicar uma Espera-se algum resultado OMC. Eu sempre digo que a mas terem exigências me- comerciais e investimentos).
atenção especial à promo- em termos de reforma arma do Brasil é o multilate- nores. Tem de haver uma Essa proposta está na
ção de três grandes eixos, da governança global ralismo. Se você tem uma adaptação à necessidade. “Esperamos ter reforma da governança?
que são o combate à pobre- nesta primeira reunião organização tão importan- Não se pode impor uma re- uma declaração Não exatamente dentro da
za e à fome; a transição de chanceleres? te como a OMC paralisada ceita que mata o doente. (de presidentes) que agenda da reforma da gover-
energética e o desenvolvi- Essa é uma discussão que há tanto tempo, há uma per- nança global, mas em muitos
mento sustentável; e a re- será lançada. Cada país vai da significativa. E o Brasil O presidente Lula está
mostre avanços, que outros foros.
forma na governança glo- se manifestar e vamos reco- teve vitórias importantes na África neste momento. tenha substância e
bal, que será o principal te- lher tudo ao longo do ano. na OMC, não pode deixar O governo brasileiro conta que seja importante” O senhor fará reuniões
ma dessa reunião e onde a Os países vão poder falar, de valorizar e de querer ver com o apoio das nações em com outros chanceleres
ONU também entra, tanto apresentar suas conclusões a organização funcionando desenvolvimento no G20?
“O lema do Brasil, à margem do encontro?
no Conselho de Segurança e posições, e além dos paí- outra vez. E também uma Propostas como o combate Há uma longa lista de pedi-
como na própria Assem- ses-membros do G20, os or- reforma dos organismos de à fome e à pobreza são de in- na presidência dos de reuniões bilaterais e,
bleia Geral. Queremos a ganismos internacionais. O Bretton Woods, para que teresse dos países africanos, brasileira do G20, infelizmente, não haverá
modernização e a demo- encontro estará aberto para eles sejam instrumentos de assim como a transição ener- é construir um tempo para todos. Reino Uni-
cratização da ONU, da Or- todos se inscreverem e en- apoio, impulso e soluções gética e a reforma dos orga- mundo mais justo do, Argentina, França e No-
ganização Mundial do Co- tregarem algum documen- de endividamento. nismos. A dívida somada dos ruega pediram.
mércio (OMC) e das insti- to com suas sugestões. A no- países africanos é algo assus- e sustentável”
tuições de Bretton Woods vidade da reunião de Nova Em que os organismos tador, cerca de US$ 1 trilhão.
(FMI e Banco Mundial). York é que ela será aberta financeiros como Tem que haver uma reestru- À ESPERA DOS LÍDERES
Teremos duas reuniões de também para os países que o FMI e o Banco Mundial turação e um mecanismo que MUNDIAIS,
chanceleres. A primeira não são do G20. deveriam mudar? permita uma equação favorá- na página 24
 OGLOBO | Domingo 18.2.2024
Um encontro de 85% do PIB do planeta Terra
Ano terá sequência de reuniões de ministros de diversas áreas para tratar de temas como desenvolvimento, finanças,
emprego e sustentabilidade, entre outros, e culminará com cúpula de chefes de Estado e governo em novembro no Rio
PAÍSES-MEMBROS DO G20
PAÍSES
Área
População
PIB
Área
População
PIB
Área
População
PIB
Área
População
PIB
Fontes: Banco Mundial, OCDE
Lula diz que ‘direita racista e
xenófoba’ não resolverá fome
Na Cúpula Africana, presidente criticou Israel e Hamas em reunião com palestino
JENIFFER GULARTE
jeniffer.gularte@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
O presidente Luiz Inácio Lu-
la da Silva afirmou que as
alternativas para combater a
fome e o desemprego não vi-
rão da “extrema direita racista
e xenófoba” ao discursar na
37ª Cúpula da União Africana,
formada por 55 países, ontem,
em seu segundo dia de agenda
na capital da Etiópia, Adis
Abeba. Mais cedo, o presiden-
te se reuniu por cerca de uma
hora com o primeiro-ministro
da Autoridade Nacional Pales-
tina, Mohammad Shtayyeh,
para discutir a situação em Ga-
za, onde reafirmou a posição
do Brasil de apoio a um cessar-
fogo e de defesa de mais ajuda
humanitária para os civis.
Em seu discurso, Lula afir-
mou que o Sul Global é parte
da solução para crises globais
causadas por um modelo eco-
nômico desigual, que “preju-
dica os mais pobres e imigran-
tes”, e defendeu um desenvol-
vimento inclusivo para a con-
solidação de sociedades
“prósperas e democráticas”.
—A alternativa para as ma-
zelas da globalização neolibe-
ral não virá da extrema direita
racista e xenófoba. O desen-
volvimento não pode conti-
nuar sendo privilégio de pou-
cos —afirmou. —Não haverá
estabilidade e democracia
com fome e desemprego.
Além disso, o presidente
também reiterou a necessida-
de de reforma do Conselho de
Segurança, principal órgão da
ONU, defendendo a remoção
África do Sul Austrália
1.220.000km2 7.688.000km2
59.893.885 26.005.540
US$ 405,27 bilhões US$ 1,69 trilhão
Alemanha Brasil
357.592km2 8.515.767km2
83.797.985 203.062.512
US$ 4,08 trilhões US$ 1,92 trilhão
Arábia Saudita Canadá
2.150.000km2 9.985.000km2
36.408.820 38.929.902
US$ 1,11 trilhão US$ 2,14 trilhões
Argentina China
2.780.000km2 9.597.000km2
46.234.830 1,41 bilhão
US$ 631,13 bilhões US$ 17,96 trilhões
dos poderes de veto e a inclu-
são de membros permanentes
da América Latina e da África.
O brasileiro destacou a guerra
na Ucrânia como um exemplo
da paralisia do órgão, enfati-
zando que suas consequências
afetam o mundo inteiro, espe-
cialmente nos preços dos ali-
mentos e dos fertilizantes.
—Não haverá solução mili-
tar para esse conflito, é chega-
da a hora da política e da diplo-
macia —defendeu.
Etiópia e Egito foram os
primeiros destinos interna-
cionais de Lula neste ano. Os
dois países fazem parte do
Brics (bloco inicialmente
formado por Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul,
que também recebeu a ade-
são de Irã, Arábia Saudita e
Emirados Árabes), hoje, se-
gundo o presidente, o princi-
pal espaço de articulação dos
países emergentes.
Neste contexto, em seu dis-
curso, ele enfatizou que a
abertura de um “novo ciclo de
expansão mundial”, que com-
bina “crescimento econômi-
co, redução das desigualdades
e preservação ambiental”, de-
pende da participação dos pa-
íses em desenvolvimento.
OLHAR PARA A ÁFRICA
Foi com o apoio do brasileiro
que a União Africana se tor-
nou, em setembro do ano pas-
sado, membro efetivo do G20,
presidido pela primeira vez
pelo Brasil. Neste contexto,
Lula enfatizou a importância
de uma reaproximação com a
África, destacando que o Bra-
Coreia do Sul Indonésia
100.210km2 1,904,569km2
51.628.117 275.501.339
US$ 1,67 trilhão US$ 1,32 trilhão
Estados Unidos Itália
9.834.000km2 301,340km2
333.287.557 58.940.425
US$ 25,44 trilhões US$ 2,05 trilhões
França Japão
643.801km2 377.973km2
67.971.311 125.124.989
US$ 2,78 trilhões US$ 4,23 trilhões
Índia México
3.287.000km2 1.973.000km2
1,42 bilhão 127.504.125
US$ 3,42 trilhões US$ 1,47 trilhão
sil historicamente negligenci-
ou o continente em favor dos
Estados Unidos e da Europa.
—Quando assumi a Presi-
dência em 2003, resolvi fazer
com que o Brasil se aproximas-
se do continente africano. O
Oceano Atlântico não é um
obstáculo para nossa aproxi-
mação, é uma dádiva de Deus
para nossa aproximação.
Sobre a situação no Oriente
Médio, o presidente defen-
deu que este é o momento
“propício” para se resgatar
tradições humanistas e que is-
so, frisou, implica condenar
as agressões dos dois lados no
conflito entre Israel e o grupo
terrorista Hamas. Lula voltou
adefender a criação de um Es-
tado Palestino “livre e sobera-
no” como parte da solução pa-
ra o fim da guerra, iniciada em
outubro passado.
—Ser humanista hoje im-
plica condenar os ataques
perpetrados pelo Hamas
contra civis israelenses e de-
mandar a libertação imedia-
ta de todos os reféns. Ser hu-
manista impõe igualmente o
rechaço à resposta despro-
porcional de Israel, que viti-
mou quase 30 mil palestinos
em Gaza, em sua ampla mai-
oria, mulheres e crianças, e
provocou o deslocamento
forçado de mais de 80% da
população —disse.
A fala no discurso de Lula
reflete parte do que foi discu-
tido mais cedo entre ele e o
primeiro-ministro palestino,
Mohammad Shtayyeh, em
uma reunião bilateral cen-
trada na situação de Gaza.
Mundo | 19
BLOCOS DE PAÍSES
União Europeia União Africana
Área 4.233.000km2 29.922.059km2
População 447.370.510 1,43 bilhão
PIB US$ 16,75 trilhões US$ 2,587 trilhões
85%
PIB total do G20 em
relação ao planeta
CALENDÁRIO DAS PRINCIPAIS REUNIÕES DO G20 EM 2024*
Chanceleres 21 e 22/2 Rio de Janeiro
Reino Unido Finanças e presidentes
de Bancos Centrais 28 e 29/2 São Paulo
243.610km2
Finanças e presidentes
66.971.395
de Bancos Centrais 18/4 Washington
US$ 3,09 trilhões
Desenvolvimento 23/7 Rio de Janeiro
Rússia Emprego 25 e 26/7 Fortaleza
17.100.000km2
Finanças e presidentes
144.236.933 de Bancos Centrais 26 e 27/7 Rio de Janeiro
US$ 2,24 trilhões
Economia Digital 14/9 Maceió
Turquia Chanceleres fim de setembro Nova York
783.562km2
Sustentabilidade
84.979,913 climática e ambiental 3/10 Rio de Janeiro
US$ 907,12 bilhões
Finanças e presidentes
de Bancos Centrais 24/10 Washington
Cúpula Social 15 a 17/11 Rio de Janeiro
Cúpula de chefes de
Estado e governo 18 e 19/11 Rio de Janeiro
*Todas reuniões de nível ministerial EDITORIA DE ARTE
AFP
Palco. Presidente Lula discursa, como convidado, na abertura da Cúpula da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia
Além de condenar os ata- mortos, 70 mil feridos e esti-
ques dos dois lados e reiterar o ma-se que 9 mil pessoas estão
compromisso do Brasil com a desaparecidas sob escom-
“O desenvolvimento busca de um cessar-fogo, Lula bros de casas e prédios des-
não pode continuar também defendeu a criação de truídos com os ataques.
um Estado palestino que seja Inicialmente previsto, o
sendo privilégio de “economicamente viável, encontro de Lula com o se-
poucos” convivendo em paz e seguran- cretário-geral da ONU, An-
_ ça com Israel”, e que seja inter- tónio Guterres em Adis-
Lula,em discurso na abertura da nacionalmente reconhecido, Abeba não ocorreu, pois
Cúpula da União Africana em disse um interlocutor do presi- Guterres cancelou sua ida à
Adis Abeba, na Etiópia dente presente na reunião. Cúpula. Lula iniciou seu ro-
teiro pelo continente africa-
“Ser humanista impõe CESSAR-FOGO EM GAZA no na quarta-feira, quando
igualmente o rechaço à A Palestina não é reconheci- desembarcou no Egito, on-
da como um país pela Orga- de se encontrou com o pre-
resposta nização das Nações Unidas sidente do país, Abdel Fatah
desproporcional de (ONU), mas como um “Esta- al-Sisi, e agradeceu a “soli-
Israel em Gaza” do observador não membro” dariedade” em ajudar o Bra-
_ desde o final de 2012. sil na repatriação de cida-
Lula, sobre o conflito no Oriente Shtayyeh, por sua vez, dãos brasileiros e seus fami-
Médio entre Israel e o grupo agradeceu o apoio e a solida- liares que estavam em Gaza.
terrorista Hamas riedade do Brasil e do presi- Esta é a segunda vez que
dente Lula ao povo palestino, Lula vai ao continente africa-
além de também reforçar a no em seu terceiro mandato
necessidade de um cessar-fo- presidencial. No ano passa-
go imediato. De acordo com do, o presidente visitou a
o primeiro-ministro da ANP, África do Sul, Angola e São
o conflito já deixou 30 mil Tomé e Príncipe.
20 | Mundo Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

Morte de
KEVIN DIETSCH/GETTY IMAGES VIA AFP/16-2-2024

Navalny não
beneficia Putin,
diz historiador
Angelo Segrillo afirma que reações
internacionais devem ser duras, mas vê
situação interna ‘controlada’ pelo Kremlin

FILIPE BARINI
filipe.barini@oglobo.com.br
mandar Navalny para algu-
-
mas das colônias penais
mais duras do sistema peni-

A morte do líder opositor

Alexei Navalny em uma
colônia penal no Ártico, ante-
ontem, causou uma onda de
críticas e condenações inter-
nacionais ao governo russo e
ao presidente Vladimir Putin,
acusado por algumas lideran-
ças, entre elas o presidente
ucraniano, Volodymyr Ze-
lensky, de “tê-lo matado”. On-
tem, ao menos 340 pessoas fo-
ram presas, em sua maioria
em São Petersburgo, informa
a ONG de monitoramento de
direitos humanos OVID-Info,
ao participarem de vigílias
não autorizadas em homena-
gem ao ativista. Também on-
tem, a mãe de Navalny rece-
beu, na prisão em que seu fi-
lho morreu, a informação de
que a causa de morte teria sido
síndrome da morte súbita. E
que “resultados de novos exa-
mes serão divulgados na se-
mana que vem”. A informação
foi divulgada em redes sociais
por assessores do ativista, que
acusaram as autoridades rus-
sas de “mentirem (sobre os
exames) para não entregar o
corpo de Navalny à família”.
Em conversa com O GLO-
BO, o professor de História
da USP Angelo Segrillo, um
dos maiores especialistas
em Rússia no Brasil, apon-
tou que o Kremlin tem res-
ponsabilidade “direta ou in-
direta” pela morte do oposi-
tor, mas não vê, ao menos
neste momento, como Putin
poderia se beneficiar do as-
sassinato de seu mais proe-
minente opositor interno.
Segrillo lembrou dos ris-
cos assumidos pelo próprio
Putin com a decisão da Justi-
ça (alinhada ao Kremlin) de
tenciário russo. Com a saú-
de ainda impactada pelo en-
venenamento por Novi-
chok, em 2020, o opositor
acusou as autoridades car-
cerárias de negligência com
sua saúde, e em diversos mo-
mentos fez greve de fome Reação. Manifestante segura retrato de Navalny em protesto diante da embaixada russa em Washington acusando governo de Putin de tê-lo assassinado
para protestar contra as con-
dições precárias no cárcere. ameaça concreta, ainda den, Segrillo relembrou uma —Ele não era um ocidenta- de al-Jazeera Alexander
mais diante do contexto de outra fala do presidente ame- lista, ele não era pró-Ociden- Verkhovsky, da Sova, um ser-
RESPONSABILIDADE controle quase total do Esta- ricano, de junho de 2021, te, ao contrário de muitos no- viço de monitoramento de
Segundo o Serviço Penitenciá- do pelo Kremlin. quando disse ao próprio Pu- mes na oposição. Navalny se crimes de ódio na Rússia.
rio russo, ele “sentiu-se mal —Não sei se seria benéfico tin, na última reunião presen- associou, de maneira muito A retórica nacionalista foi
após uma caminhada, perden- para Putin, principalmente cial entre os dois, que as con- controversa, aos nacionalistas deixada de lado aos poucos,
do quase imediatamente a internamente e às vésperas sequências seriam “devasta- russos, e por incrível que pare- conforme lideranças mais
consciência”, morrendo pou- de uma eleição, criar um ba- doras” caso Navalny morres- ça isso ajudou a impulsionar moderadas foram se unindo
co depois. Os médicos teriam rulho desses. Não consigo ver se. Na época, o dissidente es- sua popularidade — disse Se- a seu movimento, e enquan-
tentando reanimá-lo por mais qual vantagem ele extrai des- tava em uma de suas greves de grillo, apontando que o início to seu nome ficava mais co-
de meia hora, segundo a mídia se episódio — pontua Segril- fome, exigindo um tratamen- do século era um momento de nhecido no Ocidente.
local, e o governo abriu uma lo. — Externamente também to mais digno na cadeia. alta para o nacionalismo, em
investigação sobre o caso. é negativo, já que no mundo contraste com o ocidentalis- VÍDEOS CONTROVERSOS
—O Estado russo é respon- inteiro há pessoas o chaman- RETÓRICA NACIONALISTA mo, associado ao caos econô- Mas já em 2021, quando al-
sável pela saúde de todos os do abertamente de assassino. Ao comentar a história de Na- mico e social dos anos 1990. guns vídeos controversos fo-
seus presos, como todo Esta- Até o momento, as reações valny, Segrillo destacou que Em 2007, em um vídeo no ram recuperados, a Anistia
do. Aí temos a questão de uma foram no âmbito das condena- ele soube como poucos usar qual defendia o direito ao Internacional suspendeu
possível morte intencional, ções — o presidente dos EUA, recursos de tecnologia para porte de armas, Navalny temporariamente o status de
que é algo muito possível na Joe Biden, responsabilizou atrair apoiadores e seguido- mostrou a imagem de uma “prisioneiro de consciência”,
Rússia, o próprio caso do Na- pessoalmente Putin pela mor- res, mas que esse foi apenas pessoa com barba, suposta- posteriormente retomado,
valny, do Novichok, não enga- te do líder opositor. Mas não um detalhe em uma estraté- mente um muçulmano, mas “com ressalvas”.
na ninguém. Isso poderia ter houve uma promessa imedia- gia mais ampla, que incluiu afirmando que queria exter- “Algumas das declarações
acontecido — opinou Segril- ta de novas sanções, como ge- um discurso com forte apelo minar as “moscas e baratas”. prévias de Navalny são re-
lo. — De qualquer forma, ele ralmente acontece após assas- entre os russos. Ao longo dos anos seguin- preensíveis, e não as aprova-
tem responsabilidade direta sinatos de dissidentes —Ele também atacou mui- tes, participou de marchas mos de forma alguma. Como
ou indireta sobre a morte, só — [Navalny] enfrentou to a questão da corrupção, e nacionalistas ao lado de su- uma organização de direitos
não sei se diretamente. corajosamente a corrupção, sabemos como esse tema premacistas brancos, o que humanos, a Anistia Interna-
Ao questionar uma even- a violência e todas as coisas atrai as pessoas, como cola levou à sua expulsão do par- cional continuará a enfren-
tual ordem para matar Na- ruins que o governo Putin nos políticos —disse. tido Yabloko, o mais antigo tar o racismo e todas as for-
valny, como foi sugerido por estava fazendo. Em respos- Uma prova disso é que partido liberal democrata mas de discriminação onde
lideranças internacionais e ta, Putin o envenenou, um documentário feito por da Rússia — sua plataforma quer que existam”, disse a or-
políticos de oposição, Se- prendeu-o e o processou por Navalny sobre um suposto para a prefeitura de Mos- ganização em comunicado,
grillo afirma não ver vanta- crimes fabricados — disse palácio de Putin, construí- cou, em 2013, tinha compo- em maio de 2021. “Isso signi-
gens imediatas para Putin Biden, no dia da morte. — do à beira do Mar Negro ao nentes contra a imigração. fica que, ao confirmar o sta-
no assassinato de seu mais Não sabemos exatamente o custo de quase US$ 1 bi- —Naquela época, Navalny tus de Navalny como prisio-
conhecido opositor. que aconteceu. Mas não há lhão, tem hoje quase 160 era antes de mais nada um neiro de consciência, não en-
Preso desde 2021, conde- dúvida de que a morte de milhões de visualizações, nacionalista. Era um “nacio- dossamos seu programa po-
nado a mais de 20 anos de Navalny foi consequência muitas delas na Rússia. nal democrata”, havia um lítico, mas estamos defen-
prisão, e com aliados igual- de algo que Putin e seus ca- Contudo, há um capítulo movimento nacionalista rus- dendo a urgente necessidade
mente presos ou inabilita- pangas fizeram. questionável na trajetória so do qual ele fazia parte, mas de seus direitos, incluindo o
dos, Navalny não era uma Ao citar a declaração de Bi- do líder opositor. não durou muito —disse à re- acesso a serviços médicos.”

Retirada ucraniana de Avdiivka é vitória simbólica russa das de escapar da cidade. Eles
relataram terem corrido por
prédios destruídos enquanto
projéteis eram lançados pe-
Analistas apontam que ocupação da cidade permitirá a Moscou abrir novas frentes na tentativa de ocupar toda região do Donbass los russos por todos os lados.

ANATOLII STEPANOV / AFP

CASA BRANCA REAGE
KIEV continuar a defesa em linhas ridade numérica e material, Na Conferência de Segu-
-
mais favoráveis”, disse em re- vinham resistindo ao avan- rança de Munique, que co-

A uma semana dos dois

anos da invasão russa, a
Ucrânia ordenou ontem a re-
tirada militar de Avdiivka, na
província de Donetsk, palco
de ferozes combates. Foi a
maior vitória simbólica da
Rússia desde maio, quando a
cidade de Bakhmut foi toma-
da. No fim da tarde, Moscou
anunciou que tinha “contro-
le total” de Avdiivka.
Analistas apontam que a
Rússia tem agora a capacida-
de de abrir novas linhas de
ataque para conquistar toda a
região do Donbass. O presi-
dente ucraniano, Volodymyr
Zelensky, afirmou que deci-
diu pela retirada para “salvar
a vida” dos soldados.
“Com base na situação ope-
racional em Avdiivka, para
evitar o cerco e preservar a vi-
da dos militares, decidi retirar
nossas unidades da cidade e
de social o comandante-chefe
das Forças Armadas ucrania-
nas, general Oleksander
Sirski. Foi sua primeira deci-
são militar de impacto desde
que assumiu o comando das
operações ucranianas, em 8
de fevereiro, após a demissão
do general Valery Zalujny.
Relatos dramáticos
reforçam pressão de
Biden para aprovação
de ajuda a Kiev
Ofoco de Moscou, dizem es-
pecialistas, deve ser agora o de
usar as novas linhas de ataque
a partir de Avdiivka para libe-
rar recursos em um eventual
avanço pelo norte da Ucrânia.
Desde outubro, os solda-
dos ucranianos, em inferio-
ço russo em Avdiivka. Mos-
cou bombardeou a cidade e
a atacou por terra, mesmo
após sofrer enormes baixas.
‘CENTRO LOGÍSTICO’
Ainda que as linhas ucrania-
nas se estabilizem na reta-
guarda de Avdiivka, a toma-
da da cidade permite aos
russos transportar equipa-
mento de forma mais efici-
ente e pressionar os inimi-
gos em outras direções.
—Avdiivka era muito im-
portante para o sistema de
defesa ucraniano, pois prote-
gia Pokrovsk, um centro lo-
gístico do Exército — disse
Mykola Bielieskov, do Insti-
tuto Nacional de Estudos Es-
tratégicos da Ucrânia.
O New York Times infor-
mou que as forças ucranianas
começaram a retirada na quar-
ta-feira e travaram batalhas de-
Recuo. Soldados ucranianos erguem trincheiras contra ofensiva russa
sesperadas, à medida que as
forças russas avançavam.
O general Oleksandr Tar-
navsky, comandante das for-
ças ucranianas em Avdiivka,
justificou em rede social a re-
tirada: “Com o inimigo avan-
çando sobre os cadáveres de
seus próprios soldados, com
vantagem de dez para um, e
sob constante bombardeio,
foi a decisão correta”.
O comandante informou
ainda que os ucranianos sofre-
ram perdas na retirada e que
militares foram capturados.
Soldados contatados por
telefone na sexta-feira pelo
New York Times descreve-
ram as tentativas desespera-
meçou na sexta-feira e ter-
mina hoje, Zelensky afir-
mou ontem que “a capacida-
de de salvar nosso povo é a
tarefa mais importante”.
Também na reunião, a vice-
presidente dos Estados Uni-
dos, Kamala Harris, disse
que o país deve ser “inabalá-
vel”em seu apoio a Kiev e
condenou o que classificou
como “jogos políticos”.
A Ucrânia, que sofre com a
escassez de munição, aguarda
a aprovação do Congresso
americano de um pacote de
ajuda militar de US$ 60 bi-
lhões, proposto pelo governo
Biden, parado desde 2023 por
disputas entre democratas e
republicanos em ano eleitoral.
Os relatos da retirada serviram
de argumento para a Casa
Branca reafirmar ontem que a
suspensão mina as forças ucra-
nianas e favorece Moscou.
OGLOBO | Domingo 18.2.2024
Saúde
-
RAFAEL GARCIA
rafael.garcia@sp.oglobo.com.br
SÃO PAULO
Q uando uma pessoa tem
sintomas de perda de
memória, confusão mental e
falta de concentração, há
uma probabilidade grande
de que a origem do problema
seja a doença de Alzheimer,
responsável por 60% a 70%
dos casos de demência no
mundo. Nem sempre essa
doença degenerativa é a cau-
sa da perda cognitiva, porém,
e estudos mostram que nes-
“Existe já sas ocasiões há mais risco de
um termo o diagnóstico falhar.
popular Um estudo publicado em ja-
no jargão neiro nos Estados Unidos,
médico que é que investigou registros
a ‘alzheimeri- médicos de 177 mil veteranos
zação’ do militares com diagnóstico de
diagnóstico demência e suspeita de Alz-
de demência, heimer, descobriu que 10%
como se tudo dos diagnósticos de demência
que levasse típica ao longo de dez anos na
a esqueci- verdade eram casos de declí-
mento fosse nio cognitivo por cirrose.
Alzheimer” Quando o fígado não funci-
_ ona bem, entre possíveis
Orestes consequências está a encefa-
Forlenza, lopatia hepática, que ocorre
psiquiatra quando toxinas se acumu-
e professor lam no sangue e penetram no
da USP cérebro, explica o cientista
Jasmohan Bajaj, da Universi-
“Há causas dade Commonwealth da Vir-
que a gente gínia, que liderou o trabalho
potencialmen- publicado na revista JAMA
te pode tratar Network Open, da Associa-
e melhorar ção Médica Americana.
o paciente, No Brasil, estudos apon-
diferentemente tam que uma parcela razoá-
do Alzheimer” vel da população com de-
_ mência nem sequer recebe
Jerusa Smid, diagnóstico. Mas entre
da Academia aqueles que recebem, não se
Brasileira de sabe quantos têm a avalia-
Neurologia ção modificada com o avan-
ço da doença para uma con-
dição não Alzheimer.
Médicos que atuam na
área, porém, percebem que
na linha de frente do atendi-
mento as causas de demên-
cia com mecanismos biológi-
O ESQUECER E
SUAS NUANCES
Nem toda demência
é Alzheimer, e algumas
podem ser reversíveis
cos até mais simples às vezes
demoram a ser identificadas.
— Existe já um termo po-
pular no jargão médico que é
a “alzheimerização” do diag-
nóstico de demência, como
se tudo que levasse a esqueci-
mento fosse Alzheimer —
afirma o psiquiatra Orestes
Forlenza, professor da Facul-
dade de Medicina da USP. —
Já está até meio que incutido
na crença popular, e quando
uma pessoa começa a esque-
cer, alguém diz “ela deve es-
tar com Alzheimer”.
ALÉM DELE
Entre as causas de demência
que são uma parcela minori-
tária, mas relevante, estão
outras doenças degenerati-
vas e alguns problemas que,
se tratados, podem até levar a
uma reversão dos sintomas.
— A função hepática é um
exemplo de algo que é preci-
so investigar em toda sus-
peita de demência, para
descartar a cirrose como
origem. A gente tem que
descartar causas secundá-
rias antes para suspeitar da
principal causa primária,
que é o Alzheimer — diz a
médica Jerusa Smid, secre-
tária-geral da Academia
Brasileira de Neurologia.
A maior parte das causas
secundárias tem origem em
problemas circulatórios, co-
mo o AVC (acidente vascu-
lar cerebral), que lesiona o
sistema nervoso. Depois de-
DENGUE
DF já teve mais casos do que em 2022
NA WEB Número ultrapassou o recorde daquele ano, que teve 72, 6 mil infectados
las, vêm as causas extracere-
brais, onde entram a disfun-
ção do fígado (por cirrose),
dos rins ou da tireoide.
— Uma pessoa diabética
com glicemia mal controla-
da, por exemplo, pode sofrer
um declínio cognitivo — ex-
plica Smid, que destaca tam-
bém as manifestações nervo-
sas da sífilis (neurossífilis),
uma doença sexualmente
transmissível, como origem
de demência. — Essas são
causas que a gente potencial-
mente pode tratar e melho-
rar o paciente, diferente-
mente do Alzheimer, no qual
o tratamento é muito mais
para diminuir a velocidade
do declínio do que propria-
mente levar a uma reversão.
Apesar da percepção de
Forlenza e outros profissio-
nais em relação a “alzhei-
merização” dos diagnósti-
cos, não há muita pesquisa
no Brasil que tenha estuda-
do o mesmo problema rela-
tado agora nos EUA. Há
mais de duas décadas, um
estudo liderado pelo neuro-
logista Ricardo Nitrini, fez
uma triagem entre 454 paci-
entes de demência no Hos-
pital das Clínicas para ob-
servar a prevalência de ou-
tras causas do problema.
“Doença de Alzheimer foi o
diagnóstico mais frequente
(164 casos; 59,6%). Vinte e
dois casos (8,0%) de demên-
cia potencialmente reversível
foram encontrados, sendo os
diagnósticos mais frequentes
neurossífilis (nove casos) e hi-
drocefalia (seis casos)”, escre-
veu o pesquisador.
Em muitos casos, a causa
da demência é mista, na
qual o Alzheimer existe e é
agravado por uma demên-
cia vascular ou de outro ti-
po, o que torna o diagnósti-
co mais desafiador.
Com alguma frequência, o
paciente tem demência fron-
totemporal (DFT), uma dege-
neração do córtex cerebral nas
partes mais cruciais para cog-
nição. Validar esse diagnóstico
requer análise cognitiva e de
neuroimagem fina. Essa avali-
ação também pode ser confu-
sa quando há sobreposição
com outros problemas.
Esse perfil de paciente
normalmente apresenta
problemas de fala e outras
funções executivas antes de
episódios de esquecimento.
Quando já está evidente, a
DFT é difícil de frear e tam-
bém não se reverte.
ATENÇÃO PRIMÁRIA
Apontar corretamente as
causas da demência é uma
preocupação relevante para
os especialistas, mas algo
que se revela como carência
ainda maior é a identifica-
ção dos próprios sintomas.
A Sociedade Brasileira de
Geriatria estima que haja
mais de 2 milhões de idosos
com demência no país, mui-
tas sem diagnóstico. Psiqui-
| 21
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
FREEPIK
atras e neurologistas domi-
nam bem o protocolo de in-
vestigação para avaliar os
Investigar.
É necessário
buscar um
sintomas, mas a atenção pri- diagnóstico
mária nem sempre está pre- preciso para
parada (ou não tem acesso a falhas de
tomografias ou ressonância linguagem,
magnética) para investigar cognição e
detalhadamente um caso. memória
—No nível mais básico da
atenção primária, onde as
demandas são muitas e vêm
misturadas, às vezes aquela
queixa de memória perde re-
levância diante de um paci-
ente com uma queixa precor-
dial: alguma doença clínica
mais declarada, possivel-
mente mais grave — analisa
Forlenza. — Essa situação
acaba não desencadeando
um processo de investigação
para o diagnóstico de demên-
cia. Passa batido.
Um grupo de geriatras, psi-
quiatras e neurologistas rea-
lizou recentemente na Uni-
versidade de São Paulo
(USP) um encontro de
brainstorm para discutir co-
mo melhorar no sistema de
saúde o alcance e a qualidade
da avaliação para demência.
De acordo com Forlenza, é
consensual que muito pode
ser feito na organização do
atendimento primário e nos
critérios de encaminhamen-
to para especialista no segun-
do e terceiro nível.
Segundo Jerusa Smid, se o
sistema ganhar agilidade,
ele aumenta as chances de
pacientes com quadro de
demência não Alzheimer
conseguirem reversão par-
cial dos sintomas.
—Quando o diagnóstico é
precoce, a gente tem uma
chance boa de tratamento e
reversão do quadro, por
exemplo, na neurossífilis —
diz a neurologista. —Agora,
se a gente demora meses pa-
ra fazer esse diagnóstico, o
indivíduo já vai ter uma le-
são que talvez a gente não
consiga reverter.
22 | Saúde
‘Não foi esse o
relacionamento
que pedi’,
conta divorciada
Americana relata história em que, após
a separação, descobriu que o verdadeiro
amor estava onde ela menos esperava
ELIZABETH STEIN
Do The New York Times
-
P or anos, meu marido me
dizia: “Você é o amor da
minha vida. Nada que você
faça vai me fazer te deixar.”
Então, ele conheceu outra
pessoa, e acabou. Como
prometido, não foi nada que
eu tivesse feito.
Era o segundo casamento
de ambos, e ele veio com fi-
lhas pequenas, uma questão
assustadora para mim como
alguém que havia crescido
em uma família difícil e ju-
rado não ter filhos. Mas elas
logo conquistaram um lu-
gar no meu coração.
Eu trouxe meus dois ga-
tos, que não tinham expe-
riência com crianças. As
meninas tentavam acariciá-
los, apenas para serem re-
compensadas com uma gar-
ra fincada na mão, seguida
de lágrimas. Dois anos de-
pois, nos mudamos para um
novo apartamento no Bro-
oklyn. Na primeira noite, os
gatos se aconchegaram nas
beliches das meninas. Fi-
nalmente, relaxei.
Quando as meninas quise-
ram um bichinho próprio,
minha inquietação voltou.
No abrigo local, um lugar co-
nhecido por sacrificar ani-
mais logo após a chegada,
meu marido preencheu os
papéis enquanto eu acompa-
nhava as meninas à sala dos
gatos. Imediatamente, sua
atenção foi atraída para uma
gatinha solitária de pelagem
escura, tremendo em uma
gaiola. O atendente destran-
cou a porta e num piscar de
olhos a gatinha estava nos
braços das meninas. Quando
tentaram devolvê-lo, o bichi-
nho esticou as patas como
uma estrela-do-mar para blo-
quear a porta. Notei o aviso
em sua gaiola: “Fêmea. Apro-
ximadamente 8 semanas.
Encontrada na Flatbush
Ave”. No caixa, o atendente
observou que ela estava abai-
xo do peso mínimo de 900 g
requerido para adoção, mas,
conhecendo a alternativa,
ele a colocou em uma caixa
de papelão e a entregou.
As meninas a chamaram de
TigerLily, por uma persona-
gem de “Kung Fu Panda”. Elas
brincaram com ela durante
todo o fim de semana, mas no
domingo à noite voltaram pa-
ra a casa da mãe, enquanto a
gatinha ficou no quarto delas,
isolada até que seus parasitas
fossem erradicados.
Eu trabalhava em casa, en-
tão o cuidado com o animal
ficava por minha conta. A
cada hora, seu miado me
chamava, não importando
meus prazos. Os gatos mais
velhos sibilavam para ela.
Eu entendia como eles se
sentiam. Eu tinha que dar a
Tiger uma seringa de medi-
cação rosa várias vezes ao
dia. Eu a deitava em meu co-
lo e segurava sua cabeça en-
quanto direcionava a serin-
ga de plástico passando por
seus minúsculos dentes afi-
ados para a parte de trás de
sua garganta. Ela começou a
lutar mais, me arranhando
com suas pequenas garras, e
eu ficava cada vez mais irri-
tada por essa responsabili-
dade ter caído sobre mim.
Em poucas semanas, eu ti-
nha perdido a paciência. Eu
tinha estado cuidando dessa
obrigação para as três pesso-
as que eu amava. Quando ela
se debatia, eu segurava sua
cabeça pequena com força
suficiente para que ela gritas-
se. Naquele momento, eu
percebi que não tinha nada
contra ela. “Me perdoe”, pen-
sei. Conforme Tiger crescia,
eu notava o quanto ela fazia
barulho, chilreando e ronro-
nando o dia todo.
— Ela é uma gata escama
de tartaruga — disse o vete-
rinário, referindo-se à sua
pelagem. — Eles fazem isso.
Ela se jogava na frente dos
gatos mais velhos, se ofere-
cendo para banhos. Eles a
afastavam com tapas. Quan-
do ela tentava novamente,
eles davam tapas ou mordi-
das nela. Inabalável, ela aca-
bou conquistando-os.
Ela fez os humanos tam-
bém se tornarem sua família.
As meninas eram óbvias, mas
ela também tentava me con-
quistar, subindo no meu pei-
to, seu ronronar ensurdece-
dor. Ela miava para mim até
que eu a seguisse até a cozi-
nha e a alimentasse, olhando
para trás enquanto ela comia
para ter certeza de que eu
ainda estava lá — talvez um
resquício de sua vida nas ru-
as. Essa gata tinha habilida-
des de sobrevivência.
Vários anos depois, meu
marido me persuadiu, uma
nova-iorquina de longa data,
acomprar uma casa em Nova
Jersey. Nós estávamos lá ape-
nas há algumas semanas
quando ele me contou sobre
um evento de adoção de pets
em um shopping local. Agora
que tínhamos um quintal,
ele queria um cachorro.
Na calçada em frente a
uma loja de animais de luxo
estava um filhote solitário
mistura de pastor usando
um colete laranja “Adote-
me”. O voluntário do abri-
go estimou que ele cresce-
ria até os 20 quilos.
Eu não queria um cachor-
ro, mas amava meu marido,
então fui junto.
Desde o início, Buddy era
do meu marido. Quando
ambos estávamos em casa,
Buddy ficava com ele, mes-
mo que fosse eu quem ali-
mentasse o cachorro e o dei-
xasse sair. Para Buddy, eu
era a ajuda. Quando ele
cresceu para 27, 32 e depois
36 quilos, não havia nada
que eu pudesse fazer. As fi-
lhas agora adolescentes
achavam seu entusiasmo ir-
ritante e o proibiam de en-
trar em seus quartos.
Com o tempo, os gatos
mais velhos morreram. En-
tão, meu marido se mudou
de volta para o Brooklyn pa-
ra ficar com sua nova namo-
rada. Seu apartamento não
permitia animais de estima-
ção. Logo depois, suas filhas
foram para a faculdade.
SÓ TRÊS
Numa noite de verão, colo-
quei Buddy e Tiger no banco
de trás do meu carro para a vi-
agem de três horas para nossa
nova casa em uma cidade na
costa de Connecticut. Fica-
mos presos no trânsito, com
o gato e o cachorro gemendo
o tempo todo. Provavelmen-
te eu também gemi. Agora
éramos só nós três.
Na nova casa, Tiger passou
a se pressionar contra minha
perna quando eu estava sen-
tada no sofá lendo ou assis-
tindo a TV. Ela permanecia
desconfiada do meu colo. E
continuava me buscando
quando estava com fome.
Ela preferia a cama do ca-
chorro à dela. Buddy parecia
atormentado quando ela se
Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO
deitava sobre suas patas da
frente, mas ele a deixava lá.
Quando ele dormia, ela colo-
cava o rosto dentro da orelha
dele. Ela cheirava as patas de-
le e passava por baixo dele co-
mo se fosse uma passagem
elevada. Ela adormecia com
a pata estendida para tocar a
dele, muito maior. Suas cai-
xas de brinquedos ficavam la-
do a lado. Dela: de papelão,
vazias. Dele: de vime, cheia
de pelúcias maltratadas.
Quando Tiger acordava de
sua sesta diária, entrava na
sala miando alto, e então ela e
Buddy se perseguiam ao re-
dor da mesa de café. Um grito
repentino significava que
Buddy tinha pisado no rabo
dela. Eu me virava para vê-la
dar um tapa no focinho dele.
Um dia durante a pande-
mia, Tiger se aninhou no
meu colo. Haviam se passa-
do 12 anos desde que eu a
machuquei. Acho que ela fi-
nalmente me perdoou.
À noite, Buddy se arruma-
va no meu lado da cama en-
quanto eu escovava os den-
tes, depois ele se mudava pa-
ra o pé da cama, me deixando
com lençóis agradavelmente
aquecidos, mas nunca se
aconchegava em mim. Eu
ainda não era a pessoa dele.
Tiger fazia um ninho com
meu cabelo ou se enfiava
sob as cobertas, como uma
garrafa de água quente vi-
brante. Ela começou a pas-
sar seus dias sob as cobertas
também. Se eu me aproxi-
masse da cama e chamasse
seu nome, um caroço no
edredom respondia com
um chilro. Às vezes eu puxa-
va as cobertas para trás para
“A cada hora,
que pudesse afundar meu
rosto em sua cabeça, que
cheirava como roupas re-
cém-tiradas da secadora.
seu miado me — Viva para sempre — eu
chamava, não sussurrava em seu pelo.
importando
meus prazos. PARTIDA
Os gatos Eu estava na sala uma noite
mais velhos quando ouvi o característi-
sibilavam co barulho dela pulando da
para ela. cama. Ela apareceu na por-
Eu entendia ta, silenciosa. Algo estava
como eles errado. Sua metade trasei-
se sentiam” ra estava arrastando. Ela
desabou embaixo da mesa
“Eu não de jantar. Eu a peguei e a le-
queria um vei para o pronto-socorro.
cachorro, mas Foram feitos testes. Um tu-
amava meu mor na medula espinhal. O
marido, então fim, me disseram.
fui junto.” Eles a trouxeram para
mim enrolada em um co-
bertor para que eu pudesse
me despedir antes de faze-
rem a eutanásia. Eu afundei
meu rosto em sua cabeça,
mas cheirava a antisséptico.
Ela morreu em meus braços
dois minutos depois.
Em casa, eu varri seu pelo;
enquanto Buddy cheirava a
pilha de pelos, seu rabo co-
meçou a abanar.
— Desculpe, garoto — eu
disse. Ele se afastou. Meses de-
pois, ele ainda fica triste à noite
na hora em que ela costumava
aparecer para brincar.
Tiger mal tinha 3,5 quilos,
mas quando ela nos deixou,
o silêncio preencheu toda a
casa. Mesmo depois que su-
as coisas se foram — eu lim-
pei a casa de lembranças —
ela estava por toda parte.
Eu tinha perdido animais
de estimação antes, meus
dois gatos, mas isso foi dife-
rente. Sempre houve o baru-
lho de uma vida ocupada,
uma família e outros animais,
para preencher o silêncio. Por
oito anos, fomos só nós três.
Buddy ainda fica animado
quando ouve a voz de um
homem, e se joga nos braços
dos visitantes masculinos,
um lembrete constante de
que ele perdeu o amor da vi-
da dele anos atrás. Agora
nós dois sentimos falta de
Tiger, que, descobri, era o
amor da minha vida.
OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Saúde | 23

DANIEL da de “alérgeno”. O contato desencadeia

uma resposta de hipersensibilidade em pes-
BECKER soas predispostas, levando à inflamação de
órgãos como o nariz, o pulmão e pele.
Os sintomas respiratórios vão de espirros,
coriza, nariz entupido, coceira no nariz,
olhos, garganta, lacrimejamento, tosse, chia-
Pediatra, sanitarista, palestrante e
escritor. Ativista pela infância, saúde
do no peito e dificuldade respiratória, como
coletiva e meio ambiente. na asma. Na pele, aparecem erupções diver-
sas, como a urticária, eczemas e inchaços. No
A epidemia sistema digestivo, náuseas, vômitos e diar-
reia. Na anafilaxia, pode haver queda de pres-
lógico: as trilhões de bactérias que habitam
nosso corpo (a microbiota), e que participam
no funcionamento de vários sistemas orgâni-
cos – em especial do imune. O excesso de lim-
peza, a alimentação cada vez mais baseada
em ultraprocessados, as múltiplas exposi-
ções ambientais nocivas, o estresse e a falta de
contato com a natureza podem fazer nossa
microbiota evoluir para um estado de dese-
quilíbrio, onde passam a
Tudo afeta
a relação com
predominar as bactérias
ruins, que provocam
afastamento da natureza; a exposição cres-
cente e maciça a produtos químicos industri-
ais e nanopartículas metálicas; e o consumo
de plásticos, onipresentes em nosso cotidia-
no. E não sabemos os efeitos a longo prazo da
grande maioria dessas substâncias.
Toda essa deterioração do nosso ambien-
te é reforçada pelo aquecimento global, e vi-
ce-versa. Um artigo no principal periódico
da especialidade em 2022 foi intitulado “A
hipótese da mudança climática para a epi-
demia de alergia”.

de alergia
são, edema de glote (que impede a passagem
de ar) e choque, que pode ser fatal.
Embora exista uma predisposição famili-
ar para o desenvolvimento das alergias, a
nossas parceiras um estado inflamatório Mais leves ou mais graves, os sintomas de
para o equilíbrio e influenciam no au- alergia incomodam bilhões de pessoas no
imunológico: mento de alergias. mundo todo, sacrificam sua qualidade de
as trilhões A poluição ambiental vida, e geram gastos de cerca de US$ 100 bi-

A s alergias vêm aumentando de forma ex-

ponencial no mundo todo, especial-
mente entre as crianças, e já atingem quase
30% da população mundial. Asma, rinite
alérgica, dermatite atópica, alergias ali-
mentares e a temida anafilaxia (reação agu-
da, grave e às vezes fatal) representam hoje
um grande problema de saúde pública.
As alergias resultam de um desequilíbrio
do nosso sistema imunológico, que respon-
de de forma excessiva a uma substância não
nociva para a maioria da população, chama-
genética não explicaria o “boom” dos últi-
mos 30 anos. Uma das principais razões pa-
ra esse fenômeno é a “hipótese da higiene”
ou “da biodiversidade”. Cada vez nos expo-
mos menos à natureza e seus micróbios, vi-
vemos em ambientes fechados e assépticos
nas grandes cidades, cercados de substân-
cias desinfetantes, sabonetes antimicrobia-
nos, poluentes ambientais e usando antibi-
óticos de forma desnecessária e excessiva.
Tudo isso afeta a relação com nossas princi-
pais parceiras para o bom equilíbrio imuno-
de bactérias
que habitam
nosso corpo
também tem um papel
direto, onde o cigarro
tem o protagonismo
principal. Para uma cri-
ança com asma, o convívio com um fumante
é terrível, agravando a doença. Junto com o
cigarro, as queimadas e a poluição veicular e
industrial irritam e inflamam o sistema respi-
ratório, predispondo às reações alérgicas.
Outros fatores também são relacionados
com a vida moderna: o estilo de vida urbano,
com seu estresse, ansiedade, confinamento e
lhões por ano aos serviços de saúde. Os fato-
res descritos apontam para que poderia ser
feito em nível coletivo para reduzir o pro-
blema e atenuar tanto sofrimento. Propor-
cionar condições para uma vida mais saudá-
vel para a população do planeta, de forma
equânime, parece um sonho distante, mas é
o horizonte que deveríamos buscar.
Na próxima coluna analisamos as possibi-
lidades de prevenção no nível da família.
*em colaboração com Fábio Kuschnir, pro-
fessor de pediatria da Uerj

PEXELS
comparação com terapias
de reposição de nicotina,
como adesivos, goma de
mascar, inalador e aeros-
sol, e com a própria vareni-
clina. Os resultados apon-
taram que o remédio tem
eficácia semelhante à da
substância do Champix,
mas levemente superior à
das terapias de reposição.
O apoio psicossocial tem
sido identificado como fun-
damental para ajudar os fu-
mantes a abandonar o hábi-
to. Programas de aconselha-
mento comportamental,
tanto individuais quanto
em grupo, têm mostrado re-
sultados promissores. Esses
programas muitas vezes in-
cluem estratégias de modi-
ficação de comportamento,
técnicas de enfrentamento
do desejo de fumar e apoio
emocional para lidar com os
desafios da abstinência.
Além disso, a terapia de
reposição de nicotina
(TRN) tem sido amplamen-
te utilizada e reconhecida
como eficaz. A TRN pode
assumir várias formas, in-
cluindo adesivos, gomas de
mascar, pastilhas e inalado-
res, e ajuda a aliviar os sinto-
mas de abstinência, como
irritabilidade, ansiedade e
vontade intensa de fumar.

Parar de fumar,
ruega), acompanhados ao
longo de 15 anos. Os fu-
mantes com idades entre
O QUE NÃO FUNCIONA
de do Sistema Único de Sempre Por outro lado, certos méto-
Saúde (SUS) para parar de é tempo. dos têm mostrado resultados
fumar em 2021. Segundo Fumantes que menos consistentes ou efica-

mesmo depois
40 e 79 anos corriam um
risco quase três vezes mai-
or de morrer em compara-
ção a aqueles que nunca fu-
dados divulgados pelo Ins- param de fumar zes. Por exemplo, embora a
tituto Nacional de Câncer antes dos 40 acupuntura e a hipnose se-
(Inca), o número represen- podem esperar jam frequentemente consi-
ta um aumento de 35% no viver quase deradas como opções alter-

dos 70 anos, traz

maram, o que significa que atendimento nas unidades tanto quanto nativas para parar de fumar,
perderam em média 12 a 13 da Atenção Básica, centros quem nunca as evidências científicas que
anos de vida. Os ex-fuman- de Atenção Psicossociais fumou apoiam sua eficácia são limi-
tes reduziram o risco de (Caps) e de Atenção Espe- tadas e inconclusivas.

grandes benefícios
morte em 30%.
“Muitas pessoas pensam
que é tarde demais para pa-
rar de fumar, especialmente
na meia-idade”, avaliou
Estudo da Universidade de Toronto mostrou Prabhat Jha. “Mas os resul-
tados contrariam essa linha
que nunca é tarde para largar o tabagismo; de pensamento. Nunca é
tarde demais, o impacto é
confira o que é comprovadamente eficaz rápido e é possível reduzir o
risco das principais doen-
ças, o que significa uma vida
cializada, na comparação Além disso, estratégias
com o ano anterior. baseadas apenas na força
de vontade, sem suporte
O QUE FUNCIONA adicional, geralmente têm
Recentemente, um novo es- taxas de sucesso mais bai-
tudo conduzido por pesquisa- xas, uma vez que o tabagis-
dores da Argentina mostrou mo é uma dependência
que um medicamento de bai- complexa que muitas vezes
xo custo de produção pode requer abordagens multi-
mais que dobrar as chances de facetadas para superar.
fumantes largarem o cigarro e Em resumo, os estudos no
representar a primeira nova Brasil têm mostrado que o

A s pessoas que param de

fumar observam ganhos
na expectativa de vida de-
pois de alguns anos. A con-
clusão é de um novo estudo
realizado por pesquisadores
da Unity Health Toronto da
Universidade de Toronto,
publicado na revista cien-
tífica NEJM Evidence.
Pessoas que param de fu-
mar antes dos 40 anos po-
dem esperar viver quase
tanto quanto aqueles que
nunca fumaram. Os benefí-
cios valem para indivíduos
de todas as idades. Parar de
fumar, independente da
idade, equivale a uma longe-
vidade semelhante à de pes-
soas que nunca fumaram
dez anos depois de largar o
cigarro. Cerca de metade
desse benefício ocorre em
apenas três anos.
“Parar de fumar é eficaz na
redução do risco de morte e
as pessoas podem colher es-
ses frutos de forma notavel-
mente rápida”, afirmou
Prabhat Jha, diretor execu-
tivo do Centro de Pesquisa
em Saúde Global da Univer-
sidade de Toronto.
O estudo observacional
incluiu 1,5 milhão de adul-
tos em quatro países (EUA,
Reino Unido, Canadá e No-
mais longa e melhor.”
Os pesquisadores desco-
briram que parar de fumar
reduz o risco de morrer de
doenças vasculares e câncer,
sobretudo. Aqueles que lar-
garam o cigarro também di-
minuíram o risco de morte
por doenças respiratórias.
No Brasil, diversos estudos
têm sido realizados para
compreender o que funciona
e o que não funciona no pro-
cesso de largar o tabagismo.
Algumas abordagens têm se
destacado como eficazes, en-
quanto outras nem tanto.
Mais de 100 mil pessoas
procuraram alguma unida-
terapia para o tabagismo em
quase duas décadas.
A citisiniclina é um fár-
apoio psicossocial, a terapia
de reposição de nicotina e
certos medicamentos são
maco à base de plantas que eficazes para ajudar as pes-
se liga aos receptores de ni- soas a pararem de fumar.
cotina no cérebro, de modo No entanto, é importante
a aliviar o desejo pela subs- reconhecer que cada indi-
tância e, consequentemen- víduo é único, e o que funci-
te, de fumar. Além disso, re- ona para uma pessoa pode
duz a gravidade dos sinto- não funcionar para outra.
mas associados à abstinên- Portanto, é essencial que os
cia. É um mecanismo seme- programas de cessação do
lhante à vareniclina, subs- tabagismo sejam adaptados
tância do Champix, da far- às necessidades individuais
macêutica Pfizer, aprovada e que haja uma abordagem
nos EUA e no Brasil para o abrangente e personaliza-
combate ao tabagismo. da para aumentar as chan-
Os testes clínicos avalia- ces de sucesso para largar
ram o medicamento em de vez o cigarro.
24 | Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

CRIME CONTRA A POPULAÇÃO PARA

Rio
ACESSAR

Ultrassom é furtado de posto de saúde APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Aparelho foi levado na manhã de ontem de centro municipal na Cidade de Deus O QR CODE

À ESPERA DOS
e na Zona Portuária, onde re-
presentantes da sociedade ci-
vil debaterão no Museu do
Amanhã e nos armazéns te-

LÍDERES MUNDIAIS
mas como meio ambiente, ju-
LUIZ ERNESTO MAGALHÃES ventude e desenvolvimento
luiz.magalhaes@oglobo.com.br
sustentável já a partir de 15 de
-
novembro. Os resultados

P alco de grandes eventos desses encontros serão apre-

Rio terá feriadão e segurança

internacionais nos últi-
mos anos, o Rio já está na
contagem regressiva para a
realização, em novembro, do
G20, encontro que reúne as
19 maiores economias do
mundo, além da União Euro-
peia, e, a partir deste ano, a
União Africana. Participarão
também oito países convida-
dos e 15 organismos interna- ONDE SERÁ A PROGRAMAÇÃO PRINCIPAL*
cionais —entre os quais FMI
e Banco Mundial.
Como país anfitrião, o Bra-
sil está fechando os últimos
detalhes da organização. Mas
alguns pontos já estão defini-
dos: com a concentração de
chefes de Estado na cidade,
como o presidente america-
no Joe Biden e o russo Vladi-
mir Putin, O GLOBO apurou
com fontes junto à União que
o rigoroso esquema de segu-
rança incluirá a criação de zo-
nas de exclusão aérea no en-
torno do Museu de Arte Mo-
derna (MAM), onde será a
Cúpula de Líderes (nos dias
18 e 19 de novembro), com o
possível bloqueio do Aeropor-
to Santos Dumont e reforços
de agentes da Polícia Federal.
EVENTO ESTE MÊS
O número de policiais e a
participação das Forças Ar-
madas no esquema ainda
não foram definidos. O que
já se sabe é que, para reduzir
a circulação na cidade, a
prefeitura decidiu decretar
feriados locais nos dias 18
(segunda-feira) e 19 (terça-
feira) — estendendo o “fol-
gão” de 15 (Dia da Repúbli-
ca) até 20 (Consciência Ne-
gra) de novembro.
— Na prática, teremos um
grande evento-teste já em
fevereiro. Nos dias 21 e 22,
na Marina da Glória, haverá
o encontro dos chanceleres
do G20 — explica o diplo-
mata Carlos Villanova, co-
ordenador nacional de lo-
gística do evento.
Nesta reunião, a expectati-
va gira em torno do possível
encontro do secretário de Es-
tado dos EUA, Antony
Blinken, com o ministro das
Relações Exteriores da Rús-
sia, Sergey Lavrov, que tem si-
do o principal interlocutor de
Putin desde que seu país inva-
diu a Ucrânia em 2022.
—Em novembro, a estru-
tura será maior. O MAM vai
concentrar os encontros dos
chefes de estado. O comitê de
imprensa ficará no Vivo Rio,
enquanto que na Marina da
sentados como sugestões à
cúpula dos chefes de Estado.
Haverá ainda recepções e
eventos no Palácio do Itama-
reforçada no G20, em novembro raty, no Centro, que está sen-
do reformado, e na Casa Fir-
jan, em Botafogo. No caso das
hospedagens, houve um acor-
do com a rede hoteleira sobre
tarifas, mas caberá a cada de-
legação solicitar reservas e di-
mensionar a quantidade de
1 Museu de Arte Moderna (MAM) 3 Armazéns do Porto e Museu do Amanhã quartos que precisará.
Reuniões de cúpula Eventos paralelos O G20 foi criado em 1999
4 Palácio do Itamaraty (Centro)
para discutir a economia glo-
2 Marina da Glória
Salas de apoio para as delegações Recepções oficiais
bal, acordos de livre comércio
e meios de se buscar o equilí-
5 Casa Firjan (Botafogo) brio da economia mundial
Recepções e eventos paralelos com a crescente globalização.
Inicialmente, era restrito aos
URCA
U RCA
ministros das finanças e dire-
tores dos bancos centrais,
mas, a partir da crise financei-
ra de 2008, os chefes de Esta-
2 do e de Governo assumiram a
1
FLAMENGO
FLAMENGO O liderança das discussões.
COPACABANA
A
COPACABANA
AQUECIMENTO GLOBAL
No caso do Brasil, o presiden-
3 te Lula estabeleceu como pri-
CENTRO
CENTR RO
B OTAFOGO
BOTAFOGO
oridade debater o combate às
desigualdades, a transição
4 5 energética e a reforma dos sis-
temas de governança global.
— Nessa parte, há dois
grupos de trabalho: um que
trata de finanças e outro de
15 temas de interesse geral
dos países (incluindo saú-
EVENTOS DO ANO de, sustentabilidade, trans-
Janeiro Fevereiro Abril Junho portes, medidas anticor-
rupção e empoderamento
A Confederação Nacional da Nos dias 21 e 22, haverá o Em paralelo ao Rio Web Summit, evento A Academia Brasileira de feminino) — diz Bruno
Indústria (CNI) organizou, no encontro político mais de empreendedorismo e tecnologia que Ciências (ABC) organizará o Costa, subsecretário da co-
dia 29, o Fórum Business 20 importante antes da cúpula de terá sua segunda edição este ano, encontro do Ciência 20
(B20) que reuniu representan- novembro: a primeira reunião ocorrerá o Startup 20, grupo criado ano (S20), grupo responsável
missão estadual do G-20.
tes de empresas dos 20 países de chanceleres, que será na passado para debater tecnologia, pelas propostas de política Os encontros permitem
mais ricos do mundo. Marina da Glória. inovação e novos negócios. científica do G20. também que outras esferas de
governo dos países e a socieda-
Julho Outubro Novembro
de civil façam propostas em di-
ferentes áreas. No Rio, serão
Ministros de finanças e presidentes de bancos Haverá o encontro do No mesmo mês da cúpula de chefes de estado, haverá a reunião 13 temas em discussão, seja
centrais (BCs) se reúnem para debater os rumos da Mulheres 20 (W20), do Sociedade Civil 20 (C20), além do encontro do Urban 20 nos encontros de novembro
economia global. No mesmo mês, o Ministério das grupo de engajamento (U20), que terá a participação de prefeituras das principais ou em reuniões preparatórias.
Relações Exteriores promoverá a reunião da Aliança que discute equidade cidades dos países do G20 – as prefeituras do Rio e de São Assuntos como economia cri-
Global Contra a Fome e a Pobreza. de gênero. Paulo dividirão a presidência do evento.
ativa e o papel das supremas
*Eventos em novembro EDITORIA DE ARTE cortes estarão em pauta.
— Um desses grupos que
interessa em especial à pre-
Glória montaremos escritó- Argentina), em Foz do Iguaçu. Apesar da existência de vá- feitura do Rio é o Urban 20
rios de apoio para as delega- No Rio, o secretário de Se- rias comunidades em suas (U20), que desde 2017 está
ções —diz Villanova. gurança Pública, Victor Cesar margens, a Linha Vermelha debatendo temas importan-
Nos preparativos, alguns de- “Teremos um grande Carvalho dos Santos, disse será uma das vias utilizadas. tes para as metrópoles. As ci-
talhes repetem o que aconte- evento-teste já em que os efetivos já foram di- —É a rota mais natural en- dades costeiras defenderão
ceu na Olimpíada e na Copa. fevereiro. Nos dias mensionados tanto para os tre o Tom Jobim e os hotéis. que o G20 apoie demandas
Fontes do governo contam 21 e 22, na Marina eventos preparatórios Sempre foi usada nos gran- como a de que o Banco Mun-
que já se intensificaram conta- da Glória, haverá quanto para as reuniões de des eventos. Nunca foi um dial tenha linha de crédito pa-
tos entre agências de inteli- cúpula. A PM, por exemplo, problema. Como em qual- ra enfrentar os efeitos do
gência para antecipar possí- o encontro dos vai reforçar o patrulhamen- quer via, só deve ser evitada aquecimento global. Há ou-
veis ameaças terroristas. Uma chanceleres do G20” to no entorno dos hotéis on- se for em horários do rush — tros temas que serão discuti-
preocupação é monitorar o _ de ficarão hospedadas as de- afirma o secretário. dos, como saneamento e
acesso de estrangeiros nos Carlos Villanova, legações e participará dos As atividades do G-20 se transportes —disse Lucas Pa-
próximos meses pela Tríplice coordenador nacional comboios dos deslocamen- concentrarão no Parque do dilha, presidente do Comitê
Fronteira (Brasil, Paraguai e de logística do evento tos das comitivas pelo Rio. Flamengo (agendas oficiais) Rio G20, da prefeitura.

Preparativos já devem movimentar economia da cidade de desenvolvimento do turis-

mo local. — Sob o ponto de
vista turístico, o pós-G20
transformou Délhi em uma
Especialistas, no entanto, alertam que é preciso pensar a longo prazo para manter a capital em evidência para o turismo cidade ainda mais atrativa
para os viajantes mundiais.
Gabriela e Alfredo Lopes,
VINICIUS NEDER
vinicius.neder@oglobo.com..br
se hospedar em hotéis, gas- na sigla em inglês), fórum cios”, mas é preciso “muita não apenas do fato isolado presidente do HotéisRio,
tar em restaurantes e tam- que reuniu representantes preparação, visão de longo de a cidade ter sido sede da entidade que representa o
-
bém buscar algum lazer. de empresas dos 20 países prazo, estudo de estratégias maioria das reuniões. setor hoteleiro carioca, ava-

A presidência do G20 com

o Brasil também deverá
movimentar o turismo e a
economia do Rio até o fim
do ano. Antes do encontro
de cúpula em novembro, se-
rão realizados cerca de 40
eventos diplomáticos e pa-
ralelos, segundo a prefeitu-
ra. As delegações incluem
diplomatas, negociadores,
autoridades de segundo es-
calão e seguranças que vão
Segundo Lucas Padilha,
presidente do Comitê Rio
G20, vinculado à prefeitura,
apenas as discussões entre
representantes de gover-
nos, das chancelarias e dos
ministérios de finanças so-
mam cem reuniões prepara-
tórias em todo o país.
O primeiro evento com o
Rio nesse contexto foi o en-
contro do grupo de engaja-
mento Negócios 20 (B20,
mais ricos do mundo. A reu-
nião ocorreu no último dia
29, na sede da Firjan.
O EXEMPLO DA ÍNDIA
Segundo a consultora Ga-
briela Otto, presidente da
HSMAI Brasil, associação
global de executivos de
marketing em turismo, e
professora da ESPM, even-
tos como os encontros do
G20 têm “inúmeros benefí-
anteriores em diversos des-
tinos e investimentos”.
— Na Índia, que exerceu a
presidência do G20 no ano
passado, antes de passar o
posto para o Brasil, houve
um aumento de 40% na pro-
cura por viagens para Nova
Délhi, após a passagem dos
encontros diplomáticos —
informou Gabriela.
Para ela, isso foi resultado
de um trabalho adicional,
—O turismo foi considera-
do um motor chave para o
crescimento econômico in-
clusivo no país, envolvendo
as populações locais e a sus-
tentabilidade ambiental. Foi
o ano do “Visite a Índia”, um
projeto consistente do Mi-
nistério do Turismo local —
disse Gabriela, ressaltando
que houve investimentos em
infraestrutura, embeleza-
mento da cidade e políticas
liam que esse trabalho fal-
tou após os Jogos Olímpicos
de 2016.O fluxo de turistas
no verão seguinte, em 2017,
“bombou”, lembrou Lopes,
mas não se sustentou nos
anos seguintes. Para o re-
presentante do empresaria-
do, as políticas de promoção
do destino turístico devem
ser feitas antes, durante e
depois de eventos, incluin-
do os diplomáticos.
OGLOBO | Domingo 18.2.2024
Abram alas para a nova geração de carnavalescos
Com formação universitária e reverência pelos que os antecederam, artistas mais jovens foram campeões nos últimos cinco
desfiles do Grupo Especial. Em comum, colocam o amor pelo universo da folia à frente do que aprenderam nas salas de aula
BERNARDO ARAUJO
granderio@oglobo.com.br
-
Eputas
só dá eles: nos últimos
cinco anos, todas as dis-
dos desfiles de escolas
do Grupo Especial foram
vencidas pela nova geração
de carnavalescos, os “dano-
ninhos” saídos dos cursos de
Belas Artes que, depois de
muito observar os craques
da fornada anterior, assumi-
ram as grandes agremiações
e atropelaram. Leandro Vi-
eira (em 2019, pela Man-
gueira, e 2023, pela Impera-
triz), Tarcísio Zanon (2020
e 2024, pela Viradouro) e a
dupla Gabriel Haddad e Le-
onardo Bora (Grande Rio,
2022) são os atuais popstars
da folia, que ainda conta
com valores como Antônio
Gonzaga e André Rodri-
gues, na Portela, João Vitor
Araújo, na Beija-Flor, e Mar-
cus Ferreira (recém-saído
da Mocidade Independente
de Padre Miguel). Nos gru-
pos de acesso, a propósito,
tem gente que ainda não foi
campeã, mas já está pedin-
do para subir. Seria o poder
do ensino universitário?
—Eu acho que o amor pelo
carnaval é o principal — diz
Leandro, de 40 anos, vice-
campeão de 2024 com a Im-
peratriz e detentor de cinco
títulos nos últimos nove car-
navais, nas duas principais
divisões. —A maioria de nós
é de uma geração que come-
çou a ver carnaval nos anos
1990 e se apaixonou pelo
trabalho de Rosa Maga-
lhães, Renato Lage, Joãosi-
nho Trinta e outros.
TALENTO PROMISSOR
Uma das revelações de
2024 apareceu na Série Ou-
ro: Nicolas Gonçalves, de
25 anos, assinou o carnaval
do Arranco, tradicional es-
cola do Engenho de Dentro
que levou para a Sapucaí o
trabalho da psiquiatra Nise
da Silveira em “Nise – Rei-
maginação da loucura”. Foi
um dos desfiles mais criati-
vos do ano, apesar de não
contar com os recursos de
Com fantasia verde e rosa, Anitta
arrasta 800 mil no centro do Rio
Pai de santo, xamã, cartomante, mantras: os rituais da cantora antes de desfilar
THOMAZ ROCHA
thomaz.rocha@oglobo.com.br
-
A nitta deixou de lado on-
tem o look de funkeira e
assumiu o posto de rainha
do carnaval para comandar
seu megabloco no centro
do Rio. No início da manhã,
ela subiu ao trio elétrico
usando uma fantasia em
homenagem à Mangueira,
com esplendor de penas e
biquíni cheio de brilho,
tudo em verde e rosa. Cerca
de 800 mil foliões, de acor-
do com a Riotur, acompa-
nharam o cortejo ao som de
sucessos como “Girl from
Rio”, “Show das poderosas”
e “Deixa ele sofrer”. A can-
tora interrompeu o show
algumas vezes para denun-
ciar suspeitos de terem
Vitórias. Leandro foi campeão em 2019, pela Mangueira, e em 2023, pela Imperatriz, enquanto Gabriel Haddad e Leonardo Bora venceram com a Grande Rio em 2022
concorrentes de bandeiras
pesadas como a campeã
Unidos de Padre Miguel, o
Império Serrano e a União
da Ilha do Governador.
— Foi uma dificuldade,
sem dinheiro e sem barra-
cão — conta Nicolas, mais
cometido roubos e furtos
no meio da multidão. E,
apesar do posto de hidrata-
ção com distribuição de
água pela Cedae e um chu-
veirão que amenizava o
calor do público, algumas
pessoas passaram mal por
conta da alta temperatura.
Nas últimas seis sema-
nas, a funkeira usou em
suas apresentações fanta-
sias para celebrar as esco-
las de samba do Rio e de
São Paulo. Anitta relem-
brou sua maratona e con-
tou que descansou por dois
dias para estar bem neste
fim de semana. Depois do
bloco, ela ainda se apre-
sentaria à noite na Sapucaí
antes do Desfile das Cam-
peãs, em uma comemora-
ção aos 40 anos do Sam-
Rio | 25
BEATRIZ ORLE/19-12-2023
mexer, ajudar de alguma
forma — conta Nicolas,
que é assistente do carna-
valesco campeão de 2024,
Tarcísio Zanon, na Vira-
douro. — Também passei
por São Paulo, mas meu so-
nho era vir para o Rio, para
o carnaval que eu via pela
televisão desde criança.
AOS MESTRES, COM CARINHO
Além dos medalhões Lage
(que, ao lado da mulher, Már-
cia, acertou seu retorno à Mo-
cidade), Rosa e Joãosinho, no-
mes como Maria Augusta (cu-
jo último carnaval, na Beija-
Flor, foi realizado em 1993, ou
seja, a atual geração era crian-
ça ou nem tinha nascido, co-
mo Nicolas), Max Lopes e Ale-
xandre Louzada, este em ativi-
dade, também são citados.
—Se você olhar o meu des-
file na Imperatriz, verá várias
referências ao trabalho da Ro-
sa — diz Leandro, que come-
mora a volta de Renato Lage
aos desfiles. — Somos uma
BRENNO CARVALHO/01-02-2023 DIVULGAÇÃO
geração que se retroalimenta,
Sorriso de pega os carnavais de anos an-
vencedor. teriores e usa as próprias fer-
Tarcísio ramentas e a visão pessoal de
Zanon levou cada um para produzir os des-
a Viradouro ao files de hoje em dia.
campeonato Nicolas lamenta a ausên-
em 2020 cia de Rosa, que esteve no
e em 2024 Paraíso do Tuiuti em 2023 e
não fez carnaval este ano:
—É uma doideira ela não es-
tar com a gente. Foram esses
mestres que nos formaram.
Apesar de não desprezar o
lado acadêmico — “é o que
nos fornece ferramentas”,
diz —, Leandro destaca o
que chama de “encanta-
A dupla. mento” pelo carnaval.
Antônio —Léo e Gabriel, Tarcísio e
Gonzaga eu fazemos, cada um do seu
e André jeito, a mesma coisa: conta-
Rodrigues: mos histórias —define ele. —
parceria na Todos crescemos vendo o
Portela carro do garoto jogando vide-
ogame (de Renato Lage na
um formado na Escola de cões de escolas amigas, a colocação, 14º, uma acima Mocidade, em 1993, no enre-
Belas Artes da UFRJ, em Inocentes de Belford Roxo das rebaixadas), ele é mais do “Marraio feridô sou rei”) e
Cenografia, que vive no e o Sereno de Campo Gran- um a colocar a paixão pela o da água no útero (do mes-
Rio e trabalha no carnaval de. As fantasias eram feitas festa à frente da sala de aula. mo carnavalesco, também na
da cidade desde 2016, em na quadra da escola. —Sou de Guaratinguetá escola de Padre Miguel, em
funções variadas. — Nos- Feliz com o reconheci- (SP), e desde criança já me “Chuê, chuá, as águas vão ro-
sos carros alegóricos foram mento (embora, confesse, metia nos barracões das es- lar”, campeão de 1991). É o
produzidos em dois barra- um pouco chateado com a colas de lá, para aprender, que nos inspira.
DOMINGOS PEIXOTO
bódromo, e faria um show
em um camarote.
— Eu fico bem cansada
depois de tantos shows.
Após a Quarta-Feira de
Cinzas, eu precisei descan-
sar. Fiz ioga e meditações
espirituais. Hoje estou ple-
na — contou.
A artista relevou que tem
rituais para se apresentar:
— Eu rezo muito. Sempre
peço para os meus guias
(espirituais). Eu peço para
todo mundo. Tenho carto- Poderosa. Anitta comanda seu megabloco, no Centro: maratona de shows e homenagens às escolas de samba
mante, pai de santo, xamã,
constelador… Faço man- —O carnaval foi muito Fantasiados de repórte- Mas a folia só acaba quan-
tras também. Espero que dê bom, não teve qualquer im- res, os amigos Ingride Quei- do termina. É deve ser nes-
tudo certo hoje (ontem). previsto. O mais complicado roz e Klever Fujikawa “en- te domingo — é o que di-
Para o ator Bruno Eugê- foi criar a fantasia porque a trevistaram” muitos foliões. zem — com mais de 20 des-
nio e a enfermeira Leandra gente costura tudo à mão. Já — As pessoas ficam frus- files de blocos. O Monoblo-
Siqueira, o bloco foi um nos vestimos de sereia e tradas quando falamos que co abre o dia, às 7h, no cir-
paraíso. O casal estava fan- Poseidon, de faraó. Carnaval não somos repórteres — cuito da Rua Primeiro de
tasiado de Adão e Eva. é vida —disse Bruno. brincou Ingride. Março, no Centro.
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Tempo
TEMPERATURA SOL E LUA Nasc. 6H27 Cheia Ming. Nova Cresc.
> 40º 37º/40º 33º/36º 29º/32º 25º/28º
12º/14º 20º/24º 16º/19º 12º/15º < 12º Poente 17H33 26/08 04/08 11/08 18/08

PREVISÃO Sol Nublado Nublado Pancadas Nublado Chuvas e Geada MARÉ Hora BAIXA 0h41m 5h51m BAIXA 13h03m 18h43m
parcialm. de chuva c/ chuvas trovoadas Altura 0,5m ALTA 1,1m 0,3m ALTA 1,1m

22°
Macapá Fortaleza
BRASIL RIO Porciúncula
16° Previsão
ZONA
SUL
ZONA
NORTE
ZONA
OESTE
SENSAÇÃO
TÉRMICA/RIO
PROBABILIDADE
DE CHUVA
Boa Vista 24°/ 31° 24°/ 29° Dia de sol no norte de Minas, A circulação de vento entre a Bom Jesus do 23°
23°/ 32° Natal
em Goiás, Mato Grosso, sul superfície e a média atmosfera Itabapoana 17° HOJE 16°/22° 15°/24° 16°/23° 15°/23° Alta
São Luís 23°/ 28°
Belém da Região Norte, e interior do deixa a umidade alta e a 25°
AMANHÃ 16°/23° 15°/25° 16°/24° 16°/24° Alta
Manaus 24°/ 32° João Itaperuna NORTE São Francisco 24°
23°/ 33°
24°/ 33° Nordeste e em quase todo o favorece a formação de muitas 17°
de Itabapoana 19°
Pessoa Santo Antônio 24° SÁBADO 17°/24° 16°/26° 16°/25° 16°/25° Alta
22°/ 28° Sul. Pancadas de chuva nas nuvens no Rio. Chove a de Pádua 17°
Porto Velho
25°/ 34°
Teresina Recife demais áreas do país, com qualquer hora, o sol pouco 25° São João 24° DOMINGO 17°/26° 16°/28° 16°/28° 17°/27° Alta
25°/ 35° frio no Sude. aparece e faz. São Fidélis 25° da Barra 18°
21°/ 28° 18° Campos
Rio Branco Palmas Maceió
19° SEGUNDA 16°/24° 15°/26° 16°/25° 16°/25° Alta
21°/ 38° Santa Maria 18°
21°/ 32° 20°/ 28°
21° Paraíba SERRANA Madalena 12° TERÇA 17°/21° 16°/23° 17°/22° 16°/22° Alta
Brasília Salvador Aracaju 16° do Sul Nova 14°
Cuiabá Friburgo 11°
19°/ 33° 14°/ 29° 19°/ 30° 22°/ 29° 16° Visconde 21°
18°
Teresópolis
QUARTA 15°/22° 14°/24° 15°/23° 15°/23° Alta
de Mauá Valença 25°
Vitória 7° 13° Casimiro 25° Macaé
Campo Grande 12° 19°
19°/ 24° 22° Volta de Abreu 18°
15°/ 28° 22° 12° Redonda Barra 24° Cachoeiras Rio das 25°
Belo Horizonte Resende Petrópolis de Macacu
12° do Piraí 13° Ostras 19°
16°/ 23° 22° Barra 17° 23° Silva Jardim
Goiânia
12° Mansa 24° Duque 12° 24° 23° Praias - Impróprias: Ondas - Ondas entre 1,0m e Ventos - Vento de
16°/ 34° Rio de Janeiro SUL 16° Búzios
15°/ 24° 16° de Caxias LAGOS 19° 17° Flamengo, Botafogo, São 1,5m. Ondulação de sul. sudoeste/oeste a sul, entre 8
24°
21° Araruama
23° Conrado e Barra (Quebra-Mar Melhores locais: Prainha, km/h e 25 km/h, com rajadas
São Paulo Mangaratiba 24° Rio de 17° Cabo Frio
15°
15°
Janeiro Niterói
Maricá Saquarema 17° e Pepê). Macumba e Barra. de até 45 km/h.
11°/ 17° Angra 23°
21° 24° 24°
dos Reis METROPOLITANA 17°
Porto Alegre Florianópolis Curitiba 15° 18° 18° informações: Inea informações: Ricosurf
21°
7°/ 18° 10°/ 18° 7°/ 14° Paraty
15°

Vila Vintém, berço

FABIO ROSSI/14-02-2024

da Unidos de Padre
Miguel e de Celsinho
Diretora de carnaval da escola vencedora da Série Outro é neta
do fundador da facção ADA, que hoje se dedica a criar porcos

la, ao lado de sua esposa, Milato. A última participação

Deise Mara de Sousa Rodri- na elite da folia aconteceu há
gues. Neta do casal, Lara 52 anos, em 1972, quando a
Mara Rodrigues da Costa, escola caiu com o enredo
MARCOS NUNES E VERA ARAÚJO
granderio@oglobo.com.br
de 19 anos, é diretora de car- “Madureira, seu samba, sua
naval da agremiação. história”. A partir daí, foram
-
A paixão de Lara pela UPM, sucessivos rebaixamentos,

N um terreno do Exército
em Padre Miguel, na
Zona Oeste do Rio, onde as
como é conhecida a Unidos,
fez com que a jovem tatuasse
na perna o boi vermelho, sím-
chegando a disputar o Grupo
D (equivalente à quinta divi-
são) em 2005, quando foi
Título. Lara Mara (à direita) com Deise Mara Rodrigues, esposa de Celsinho, e o troféu da Unidos de Padre Miguel

amizade entre as vizinhas houve esta definição. E aí as vez na segunda divisão. No

primeiras casas foram cons- bolo da agremiação. Na entre- campeã na Estrada Intenden- prevaleceu, tanto que chega- duas desfilaram em 1972 na mesmo ano, iniciou a cons-
truídas a partir da década de ga do troféu à campeã na te Magalhães, na Zona Norte ram a participar juntas de elite. Nesse ano, a Mocidade trução da quadra para ensai-
1920, surgiu a Vila Vintém. Quarta-Feira de Cinzas, lá es- do Rio, com o enredo “Abram uma virada de mesa em 1971, se salva (do rebaixamento), os. O espaço foi doado por
A comunidade se tornou tava ela segurando a taça ao la- alas que eu quero passar. Sou que garantiu a permanência mas a Unidos não — conta o Valdomiro José de Almeida, o
berço de duas escolas de do da avó. Bem relacionada, carnaval carioca, sou Unidos das duas na elite do carnaval. jornalista, pesquisador e es- Suruba, que na época, além
samba, a Mocidade Inde- Lara também desfilou este de Padre Miguel”. — Foi tudo combinado. critor Fábio Fabato. de mestre-sala da escola, tam-
pendente (1955) e a Unidos ano na Mocidade, na Impera- O presente e o passado da Elas não tinham força na Criada em 1954, por repre- bém era dono de um terreno
de Padre Miguel (1957), triz e na Vila Isabel. Celsinho UPM se misturam aos da época. O Castor de Andrade sentantes da Zona Rural, com onde havia uma pequena cri-
vencedora da Série Ouro em afirma em redes sociais que se Mocidade. Ano que vem, as nem era da Mocidade naque- o símbolo do boi vermelho, a ação de gado.
2024. Cerca de 30 anos de- dedica hoje a uma empresa duas coirmãs vão estar na eli- le tempo. Houve muita inva- escola só foi registrada na As- — O seu Valdomiro foi o
pois da fundação das agre- especializada na criação de te do carnaval. No entanto, são de pista (durante o desfi- sociação de Escolas do Rio de primeiro mestre-sala da es-
miações, a favela ganhou porcos. Seu orgulho é um suí- em meados da década de 50, le). Então, decidiram, antes Janeiro (ASESRJ) em 1957. cola. Tinha esse apelido, por-
notoriedade ao virar sobre- no, reprodutor de boa fama, quando foram fundadas e mesmo da apuração, fazer Suas cores (vermelho e bran- que vendida bolinho de ai-
nome do fundador da facção que pesa 270 quilos. desfilavam perto da estação com que as duas não caíssem. co) teriam sido escolhidas em pim com carne, que era co-
do tráfico Amigos dos Ami- de trem do bairro, integran- Ou seja, as últimas não des- homenagem a Guilherme da nhecido na época como Su-
gos (ADA). Celso Luís Ro- FORA DA ELITE HÁ 52 ANOS tes das duas escolas alimen- ceram. A Mocidade teve o Silveira Filho, dono da fábrica ruba — ensina o compositor
drigues, o Celsinho da Vila Em 2025, a Unidos de Padre tavam rivalidades. Quem se enredo “Rapsódia de Sauda- de tecidos de Bangu, que doa- Neuso Sebastião de Amorim,
Vintém, de 63 anos, saiu da Miguel voltará a desfilar no apresentava na UPM era cha- de”, talvez o samba mais bo- va material para os desfile. Ele o Tiãozinho da Mocidade.
cadeia em outubro de 2022 Grupo Especial —e já contra- mado de boi vermelho. Já o nito da história. Elas foram as também foi presidente do A UPM chegou a ter o bi-
após cumprir 25 anos de pe- tou um carnavalesco de pri- pessoal da Mocidade era ape- últimas colocadas (Mocida- Bangu Atlético Clube, entre cheiro Castor de Andrade co-
na. Apesar de não ter cargo meiro time: Alexandre Lou- lidado pelos rivais de arroz de em nono lugar e UPM em 1937 e 1949, time que tem as mo patrono, mas o contra-
na Unidos de Padre Miguel, zada, que saiu da Unidos da com couve, em referência às décimo). A invasão de pista mesmas cores. Em 1959, a es- ventor acabou optando por
ele é visto na quadra da esco- Tijuca, e vai se juntar a Lucas cores da agremiação. Mas a atrapalhou muito. Por isso, cola foi campeã pela primeira ficar apenas na Mocidade.

Imóveis como pano de fundo para assassinato tou reaver a cobertura, du-
rante o divórcio, a mulher
exigiu US$ 20 mil (aproxi-
madamente R$ 100 mil) pa-
Galerista morto brigava por bens com o ex-marido, que teria prometido deixar o autor do crime morar na casa do americano no Rio ra deixar o apartamento, o
que enfureceu Carrera.
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
GIULIA VENTURA E VERA ARAÚJO
granderio@oglobo.com.br
lhões). E a cobertura acabou AMEAÇA À PRIMA
se tornando um problema Em 2023, durante o processo
-
para Carrera. de divórcio, Sikkema já tinha

O destino do galerista
americano Brent Fay
Sikkema foi selado em mea-
O apartamento foi com-
prado em agosto de 2016 —
quando Sikkema e o cubano
pedido a seus advogados que
levantassem documentos
para provar que o americano
dos de 2023, seis meses an- ainda eram casados — por havia comprado as proprie-
tes do seu assassinato. E en- US$ 372.500 (cerca de R$ dades e que Carrera era o do-
volveu, segundo investiga- 1,8 milhão). Segundo as in- no dos imóveis, e não a pri-
ções da Delegacia de Homi- vestigações da DHC, Carre- ma. Em 1º de setembro do
cídios da Capital (DHC), a ra alegou ao então marido ano passado, ela recebeu
oferta ao assassino da pró- que tanto a cobertura quan- uma mensagem com amea-
pria casa onde a vítima foi to o apartamento teriam de ças de um celular com prefi-
morta. Além da promessa ser colocados em nome de- xo de São Paulo: “Ladrona,
de pagamento de US$ 200 Preso. Alejandro Trevez confessou Suspeito. Daniel García Carrera Vítima. O galerista Brent Sikkema le: a legislação cubana proí- tenho a partir de hoje ordens
mil (cerca de R$ 1 milhão), be que estrangeiros com- para te matar em um mês, se
o cubano Alejandro Triana como caseiro. O episódio Unidos, encomendou a mor- Entre os bens em jogo estão prem propriedades no país. não me devolver o que rou-
Prevez afirmou em depoi- não é o único que envolve te do ex-marido, com quem duas propriedades em Hava- Mas, segundo o depoi- baste”. O dono do chip foi
mento à polícia que recebeu disputas por imóveis de tem um filho de 13 anos. Em na, capital de Cuba: uma mento à DHC de Simone identificado como Raimun-
do homem apontado como Sikkema, assassinado com disputa, estavam US$ 6 mi- mansão no Bosque, um bair- Silveira Nunes, advogada de do Dominguez. Segundo a
mandante do crime, Daniel 18 facadas em 14 de janeiro. lhões (R$ 30 milhões). No úl- ro residencial situado na Pla- Sikkema no Rio, ao se casar DHC, porém, o número foi
García Carrera — também Prevez, preso quatro dias timo dia 10, a Justiça flumi- za de la Revolución, uma das com o galerista Carrera re- ativado por Prevez no Brasil e
nascido em Cuba e ex-mari- depois, confessou ser o autor nense decretou a prisão pre- 15 municipalidades da cida- nunciou à nacionalidade era usado por Carrera.
do de Brent —, a proposta do homicídio. E afirmou que ventiva de Carrera e determi- de, e uma cobertura não mui- cubana e, por isso, não po- Prevez disse, em depoi-
de ficar na casa da Rua Carrera, envolvido numa dis- nou a inclusão de seu nome to longe dali, na Avenida de deria ter mais de uma pro- mento, que o ex-marido do
Abreu Fialho, no Jardim Bo- puta judicial com o galerista na Difusão Vermelha da In- los Presidentes. Juntos, os priedade na ilha. Daí, teria galerista estava procurando
tânico, onde o galerista mo- num processo de divórcio terpol, um alerta mundial dois imóveis são avaliados colocado a prima como do- alguém que desse “uma sur-
rava, cuidando do imóvel em Nova York, nos Estados para prisão de foragidos. em US$ 3 milhões (R$ 15 mi- na do imóvel. Quando ten- ra” no marido da prima.
OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Rio | 29

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Cerne do problema
As medidas anunciadas para
ampliar a segurança do presídio
em Mossoró — construção de
muralha, compra de novos
sensores, câmeras e alarmes,
uso de reconhecimento facial e
contratação de mais pessoal —
infelizmente não tocam no
cerne do problema: conseguir
gestão séria e severa, que não
fique mais relaxada nem
mesmo durante o carnaval.
RENATO VILHENA DE ARAUJO
RIO
Da Avenida às ruas
São de impressionar a serie-
dade, a dedicação, o amor e o
estado de quase transe de boa
parcela do povo ao defender as
cores de sua agremiação carna-
valesca por ocasião dos res-
pectivos desfiles apoteóticos.
É uma capacidade de
mobilização que não se vê, por
exemplo, diante da divulgação
de matérias mostrando os
semblantes de dor de pais e
parentes de vítimas da
generalizada e crescente
violência, de cenas exibindo a
precariedade da saúde pública
e de sinais da má qualidade da
educação básica. Espantosa
também é a falta de reação em
face das movimentações
operosas e rápidas de nossos
nobres políticos, “suas
excelências “, quando se trata
de, entre outras ações, atualizar
os vultosos fundos partidários e
eleitorais. Já passou da hora do
povo expandir o entusiasmo do
carnaval para essas e muitas
outras questões vitais e
intensificar a sua participação
também fora do circuito
puramente eleitoral.
PAULO ROBERTO GOTAÇ
RIO
Alta ansiedade
A expectativa de ver o cerco
fechado em relação a tentativa
de golpe no dia 8 de janeiro de
2023 está me causando
ansiedade. Não tenho
conseguido dormir direito, passo
horas e horas imaginando qual
será a reação dos peixes graúdos
“na hora H”. E acredito que tem
milhões de brasileiros passando
o mesmo que eu. Vai ser um
deus nos acuda. É bem provável
que vai ter muitos anciães
alegando que não estavam bem
das faculdades mentais e que
foram jogados na fogueira.
JEOVAH FERREIRA
TAQUARI/DF
Corporativismo
Lamentável o corporativismo
do ex-presidente da OAB no
artigo “Não esquecer, para que
nunca mais aconteça” (17 de
fevereiro). Se a delação está
inadequada, por que cancelar
só o benefício financeiro, e não
sua totalidade? Tofolli e sua
esposa devem adorar e rir da
sociedade com tais argumentos
enviesados e tendenciosos.
NILSON REBELLO
RIO
Percevejos de Putin
No início da invasão da Ucrânia,
tive de excluir, do Face e do Zap,
um amigo, defensor de Putin.
Dizia ele que Putin era querido
pelo povo russo. Hitler também
era querido por muitos alemães.
Dizia ele que Zelensky era nazista.
E Putin, não se comporta como
nazista? Tentei dizer a ele que
Putin não é mais agente da KGB,
não é mais comunista. Hoje, Putin
é um dos homens mais ricos da
Rússia. Comporta-se como um
czar e sonha com a Grande
Rússia. Contraditório, critica
Lenin. Todos os seus opositores
são eliminados como
“percevejos” (estou plagiando
Drummond). O eliminado mais
recente é Alexei Navalny, morto
aos 47 anos. Maduro e Ortega
farão o mesmo com seus
opositores? Fica a pergunta.
Esperamos que a esquerda
brasileira repense o socialismo.
Devemos ser anti-Bozo da mesma
forma que devemos ser contra
qualquer ditadura. Socialismo
sem liberdade não é socialismo.
NELSON MARZULLO TANGERINI
RIO
Davi e Golias
Inacreditável o número de
missivistas que criticam o
presidente Lula por seus
discursos contra o massacre do
povo palestino. Confundem e
misturam o valor de vidas
humanas com questões
ideológicas e políticas, como se
pudesse haver desculpas para a
morte premeditada e evitável
de civis inocentes. É óbvio que o
terrorismo deve ser condenado
por todos, que deve ser
combatido com todas as forças,
porém, se passamos a crer que
os fins justificam os meios,
então voltaremos à selva e à lei
selvagem do mais forte. O
terrorismo do Hamas comete
genocídio, assim como Israel o
comete também. A única
diferença aqui é que Davi e
Golias trocaram de lado.
MARCELO GOMES JORGE FERES
RIO
Portas fechadas
De 1948 a 1967, a Faixa de Gaza
pertencia ao Egito. Por acaso os
moradores da região
receberam direitos de
cidadania, escolas, hospitais,
empregos, assistência social?
No mesmo período, a Jordânia
dominava a margem ocidental.
Quais os benefícios que os
moradores receberam?
Nesse mesmo período, Israel
recebeu sobreviventes do
Holocausto e judeus
perseguidos, expoliados e
expulsos de todos os países
árabes. Que benefícios esses
judeus receberam? Todos a que
qualquer cidadão tem direito
em um país democrático.
Um detalhe: os árabes que
optaram por permanecer e
viver em Israel também têm
estes direitos e votam e são
votados para o Parlamento.
Agora, Egito e Jordânia estão
preocupados com o que pode
acontecer aos palestinos?
Abram suas fronteiras
e acolham seus irmãos
árabes palestinos até
que a guerra acabe. Aliás,
a esposa do rei jordaniano
é de família palestina.
Por que não querem acolhê-los?
Por que não recebê-los,
já que sua situação é difícil?
ANA ANTABI
RIO
Motoristas esfolados
Enquanto os estados de Norte
a Sul do Brasil procuram, de
toda forma, esfolar os donos de
veículos com absurdos valores de
IPVA, as ruas e estradas de todo
o país têm de buracos grandes
a crateras. E pensar que nos EUA
praticamente não há pedágio,
IPVA vergonhoso, limitadores de
velocidade a 50km e muito
menos buracos e farofa de
asfalto. Vemos que estamos mais
para Marte do que para a Terra.
WILTON RIBEIRO GOMES
MARICÁ, RJ
Luzes cênicas
Faço coro com o leitor Antonio
Farias (“Chamar às favas”,
17 de fevereiro). Em Mangaratiba
e outras cidades da região da
Costa Verde do Rio de Janeiro, os
problemas com o fornecimento
de energia pela Enel são os
mesmos: apagões sistemáticos,
queda de uma ou mais fases,
fases com baixa potência e
realizações com voltagem acima
do padrão. Os eletrodomésticos
sofrem e queimam. Não adianta
fazer reclamações pelo site ou
pelo telefone, pois os reparos
chegam a demorar mais de
24 horas. Na minha casa, desligo
todos os eletrodomésticos da
tomada, exceto as geladeiras.
Sem essa prática, todos
queimam. Neste carnaval, assim
como na Sapucaí, tivemos todos
os dias luzes cênicas: pisca-pisca
e luzes ora fraquinhas, ora
superfortes. Um verdadeiro
samba. Precisamos ter opção
de fornecedores. Sou pelo
fim do fornecedor único.
Que venha a concorrência.
JOSÉ ROBERTO THEDIM BRANDT
RIO
Culpa de muitos
Se comprovado que o motorista
da van foi o responsável pelas
duas mortes ocorridas no
acidente com o ônibus de
turismo em Santa Cruz ao
avançar o sinal, o número de
pessoas a serem punidas
deveria ser muito maior,
conforme sugestão abaixo:
— o dono da van que não seja o
motorista por ter o mesmo
como empregado, não ter
registro de empregado do
mesmo e exigir excesso de
horas de trabalho.
— A Secretaria de Transportes,
por improbidade
administrativa, por permitir que
as vans que circulam em todo o
Rio, inclusive na Zona Sul,
carreguem até dez passageiros
amontoados que, em caso de
acidente, machuquem uns aos
outros ou sejam jogados para
fora do veículo, como
aconteceu com as vítimas.
— Novamente a Secretaria de
Transportes, por improbidade,
por não obrigar as empresas de
ônibus a manter um número
maior de veículos em sua frota,
abrindo espaço para vans
regulares ou não.
— A Secretaria de Segurança
deveria apurar ainda se a van está
em nome de laranja, já que a
mídia divulga que milícia da região
controla esse tipo de veículo.
— A partir dessas mortes, a
Secretaria de Transporte
deveria proibir (fiscalizar) a
circulação de vans com
passageiros em pé e obrigar as
empresas de ônibus a manter
suas frotas com o número de
veículos definidos(fiscalizar).
Como se vê, as novas mortes
podem ser evitadas no futuro
se cada personagem
for punido no presente!
REINALDO OLIVEIRA
RIO
Assassinas à solta
O carioca, infelizmente, não tem
respeito pelo próximo. A coluna
de Ancelmo Gois noticia novas
regras mais brandas para essas
assassinas em potencial, que se
tornaram um perigo iminente,
não só nas ciclovias, onde
circulam em velocidade na
contramão, como nas calçadas
também. São senhoras, senhores,
jovens, todo tipo de gente que
com certeza não leram as tantas
mensagens aqui colocadas em
torno dessa aberração que vem
acontecendo nas ruas do Rio.
Ainda vamos acompanhar algo
de muito grave por causa disso,
mas como este não é o país da
prevenção, é terra de ninguém
onde leis não são respeitadas,
só depois da desgraça feita,
alguém irá à TV falar, com
cara de piedade, alguma coisa.
Triste cidade ex-maravilhosa
e atual perigosa…
SÔNIA TOME
RIO
Calendário patético
Em Pindorama, CBF e clubes se
merecem: tentam agora alterar
o calendário patético que eles
mesmos aprovaram ano passado.
A coerência perde de goleada.
DANIEL LOBO
RIO
Calendário racional
Muito boa e oportuna a solicita-
ção para que a final da Copa do
Brasil seja após o término do Bra-
sileirão. Hoje o ganhador da Copa
do Brasil, praticamente, aban-
dona o Brasileiro. Assim teremos
mais competitividade. A mudan-
ça deveria ser permanente.
VITAL ROMANELI PENHA
JACAREÍ, SP

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Editora Nova Fronteira voir, entre outros. ele será oficialmente divulgado pela Comissão
éuma velha conhecida Assinante descobre Técnica hoje, às 13h. É certo que a estrutura será a do
dos leitores brasileiros: esses escritos com Palmeiras, com Leão no gol, Luís Pereira e Alfredo na
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Carlos Lacerda e, desde ainda contempla uma ataque. Há, porém, uma dúvida: Paulo César e o
então, tornou-se referên- bolsa exclusiva e frete novato Enéas vão brigar pela ponta esquerda.
cia na publicação das grátis na compra do OPalmeiras é líder do Campeonato Nacional e poderá
obras de grandes nomes box “História d’O Rei conquistar o título mesmo que perca para o São Paulo
da literatura nacional e Degolado nas Caatin- na quarta-feira. Com quatro pontos ganhos, ele será
estrangeira. No catálogo, gas do Sertão”, de campeão se vencer ou empatar; e também se perder
estão livros de Antoine de Suassuna. Veja on-line. eo Cruzeiro derrotar o Internacional.
 30 | Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

AGORA É OFICIAL PARA

Esportes
ACESSAR

Juan será coordenador na CBF APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Ex-zagueiro, que atuava como gerente no Flamengo, foi indicado por Dorival Jr O QR CODE

MARCELO uma espécie de exposição sobre a evolução

do futebol. Nem vou falar dos clássicos do
BARRETO Carioca, nos quais até agora aconteceu
muito pouco. Basta ver como os grandes
oprimem os pequenos, por aqui e por lá.
Ontem mesmo, o Arsenal não deixava o
pobre Burnley, vice-lanterna do Campeo-
esporteglb@oglobo.com.br nato Inglês, respirar. Já passava dos 30 mi-
nutos do segundo tempo, a vitória estava
mais do que assegurada e a pressão na saída
Uma evolução de bola do adversário —que jogava em casa,
mas mal conseguia passar do meio de cam-
—já fica mais difícil pressionar o adversário
desde a saída da bola. Com os gramados ofe-
recidos até pelos principais estádios em que
se joga agora, pior ainda. Mas, como rara-
mente vem alguma grande ameaça do outro
lado, uma jogada aqui, outra ali acaba se en-
caixando e os resultados aparecem. Foi as-
sim, por exemplo, que o Fluminense, testan-
do os jogadores que contratou para encorpar
o elenco na temporada,
O futebol
moderno,
achou ontem sua vitória
sobre o Madureira.
para se ter a bola é a defesa. No meio do cam-
po, em vez de espaço para pensar, há no máxi-
mo algum alívio. E os ataques é que são cons-
truídos com passes curtos e aproximação. O
ritmo anterior me lembrava muito mais o da
vida — assim como há tempo de plantar, re-
gar e colher, deveria haver espaço para agru-
par, planejar e conquistar.
Não tenho conhecimento teórico sufici-
ente, nem do jogo nem da sociedade, para
afirmar que as mudanças de um derivam
das transformações da outra. Mas sinto o

de tirar o fôlego
po — era uma coisa sufocante. E debaixo de baseado na Derivar daqui para a cansaço que o campo me passa. Assim co-
chuva! Acabou 5 a 0, com caixa para mais. pressão sobre conclusão de que tudo mo vivemos num mundo cada vez mais
Juro que, mesmo como torcedor do time a saída da bola, no futebol brasileiro é sem descanso, o futebol (nosso lazer!) es-
vencedor, me compadeci dos derrotados e a inverteu a lógica uma porcaria e tudo no tá tirando o fôlego não só de quem o prati-
partir do quinto gol passei a me sentir aflito, do jogo, que era futebol europeu é uma ca, mas de quem o assiste. Pode ser sinal da

Jorçamentos,
á aviso de cara que a comparação não será
justa —além da diferença abissal entre os
os momentos na temporada
são opostos. Mas vou fazer mesmo assim:
este período do ano em que a programação
esportiva da TV nos fins de semana oferece
alternadamente campeonatos estaduais no
Brasil e nacionais na Europa acaba virando
esperando o apito final.
No Rio, apesar da presença do Nova Iguaçu
entre os quatro primeiros, os grandes vão en-
contrando cada vez mais facilidade para ven-
cer os pequenos. Mas o método é outro, algo
mais na linha do “jogar e deixar jogar” de tem-
pos atrás. Com times em formação — nos as-
pectos tático, técnico e principalmente físico
mais parecida
com a da vida
maravilha seria o cami-
nho mais curto. Mas o
que vem me perturban-
do nessa comparação é uma dúvida: será que
existe uma alternativa para a evolução tática
do jogo? O modelo atual, baseado no pressing,
parece ter invertido a lógica da disputa. Ago-
ra, no alto nível, o lugar mais desesperador
idade: de vez em quando bate aquela nos-
talgia de um ponta com as mãos na cintura
vendo a vida passar — junto com o contra-
ataque do adversário. Não dá para voltar a
ser assim, eu sei. Mas, mesmo seguindo
sempre em frente, de vez em quando é
bom parar para respirar e pensar. Será que
nosso ritmo poderia ser outro?

Do Leme ao Pontal, uma travessia sem igual

Prova tem se consolidado como o maior desafio em mar aberto do Brasil e faz parte da tríplice coroa sul-americana.
Desde 2008, apenas 69 nadadores conseguiram completar o trajeto de 36 km pelas águas do Rio de Janeiro

DANIEL RIGHETTI/DIVULGAÇÃO
ATHOS MOURA
athos.moura@oglobo.com.br
desafio, e houve uma série Para ser certificado, não Cordani se preparou
de coincidências que o fize- basta cair no mar. Existem física e psicologicamente
-
ram escolher o trajeto. regras a cumprir, como para cumprir trajetos de

E m 1982, Tim Maia can-

tou que “do Leme ao
Pontal, não há nada igual”
—Em 2008, completou-
se dez anos da morte do
Tim Maia, e minha mãe se
apresentar uma declara-
ção assinada por um trei-
nador e por duas testemu-
30 minutos, depois dos
quais parava por 20 segun-
dos para se hidratar e se
— e imortalizou a música chama Vitória Régia, que é nhas que comprovem que alimentar e ouvir as ins-
como um dos maiores hits justamente o nome da o participante nadou por truções do técnico.
da MPB. Porém, para algu- banda que acompanhava ao menos seis horas segui- — Quando cheguei perto
mas pessoas, quando a frase ele — diz Luiz, que encon- das. Além disso, é preciso da Pedra do Pontal e vi o
é dita, o que vem à cabeça trou condições adversas atestado médico e a assina- fundo do mar, sinal de que
não é o refrão chiclete, mas para completar a prova, tura de um termo de res- estava acabando, foi uma
uma prova de superação. como a água fria e a cor- ponsabilidade. delícia, uma adrenalina... E
Desde 2008, do Leme ao renteza contrária. —A associação fornece não teve mais cansaço ou
Pontal é uma travessia de Oito anos depois, o mili- um barco com pilotos treina- braço pesado. Cheguei à
36 km em mar aberto, da tar Adherbal Treidler cri- dos, onde também vai um areia correndo e feliz —
zona Sul à Oeste do Rio de ou a Leme to Pontal Swim- observador, que é a pessoa relembra Cordani.
Janeiro. A prova vem ga- ming Association (LPSA), responsável por fiscalizar se Depois dele, duas pessoas
nhando cada vez mais desa- que preside atualmente, e todas as normas estão sendo completaram a prova. E há
fiantes e faz parte da trípli- foi a segunda pessoa a cumpridas. O nadador não mais na fila. Monica Calde-
ce coroa das travessias da completar o trajeto. Ele pode encostar no barco ou rón, colombiana de 39 anos
América do Sul, ao lado das conta que cada nadador receber qualquer tipo de radicada no Brasil, preten-
que ocorrem em Bariloche, que conclui a travessia apoio da sua equipe —conta de fazê-la no Dia da Mu-
na Argentina, e no Rio da recebe um número. Até o presidente da LPSA. lher, em 8 de março:
Prata, entre o Uruguai e hoje 69 pessoas finaliza- Em 30 de janeiro, Renato — Quero inspirar outras
Buenos Aires. ram a prova — algumas Cordani, de 53 anos, tornou- pessoas a realizar sonhos.
O primeiro a realizar a mais de uma vez. Dados da se o 67º nadador a concluir a A LPSA tem outras pro-
travessia do Leme ao Pontal LPSA mostram ainda que, travessia, em 8 horas e 24 vas: do Leme à Barra (16
foi o hoje deputado federal desde a tentativa de Luiz minutos. Para o desafio, ele km); da Praia Vermelha à
Luiz Lima (PL-RJ), em de- Lima, foram 72 travessias contratou um técnico, um Barra de Guaratiba (56
zembro de 2008, quando se com sucesso e outras 23 médico e uma nutricionista. km); e do Leme ao Pontal
preparava para se aposentar não concluídas, incluindo Ficou 21 semanas treinando em ida e volta (72 km), que
da carreira como nadador. as participações de nada- para a prova, nadando de somente uma pessoa com-
À época, ele buscava um dores de mais oito países. Missão. Travessia, realizada por apenas 69 pessoas, exige intensa preparação segunda a sábado. pletou até hoje.

Luisa Stefani e Schuurs são em partida que deve ser

marcada já para amanhã. Viña se reapresenta e pode
campeãs do WTA 1000 de Doha
Na chave de simples, o es-
perado reencontro entre Iga
Swiatek e Elena Rybakina
estrear pelo Flamengo
não decepcionou, especial- Lateral-esquerdo uruguaio viajou à Itália para
Rio Open terá confronto entre Alcaraz e Thiago Monteiro na primeira rodada mente após um equilibrado acompanhar o nascimento da filha, Faustina
primeiro set, com 1h30 de
duração. No fim, melhor pa-
WTA/DIVULGAÇÃO
ra a polonesa, que rompeu a
DOHA
-
freguesia recente diante da
cazaque e fechou com 2 a 0 M atías Viña está de volta
ao Flamengo. Após
conjunto. Ela (Florencia Ve-
lasco, esposa) não poderia

A recente parceria entre

Luisa Stefani e a holan-
desa Demi Schuurs parece
ir de vento em popa. On-
tem, elas bateram as ameri-
canas Caroline Dolehide e
Desirae Krawczyk por 2 a 0
(parciais de 6/4 e 6/2) e con-
quistaram o WTA 1000 de
Doha, no Catar. Esse foi ape-
nas o segundo torneio da
nova dupla, encerrado com
uma campanha pratica-
mente perfeita, sem a perda
de um set sequer.
A conquista em Doha é o
nono título de WTA de Ste-
fani e o terceiro em nível
1000. Ela fora campeã em
Montreal, em 2021, ao lado
da canadense Gabriela Da-
browski, e em Guadalajara,
Sintonia. Parceria entre Luisa Stefani e Schuurs é recente, mas já rende taça
no ano seguinte, com a aus-
traliana Storm Hunter.
O novo título rendeu mais
1000 pontos no ranking de
duplas para Stefani e Schu-
urs. A brasileira, até então
número 16 do mundo, vai
subir para o 12º lugar. Já a
holandesa saltará da 14ª pa-
ra a 11ª posição.
Stefani e Schuurs seguem
agora para o WTA 1000 de
Dubai, nos Emirados Ára-
bes Unidos, e estreiam con-
tra a húngara Timea Babos e
a tcheca Marie Bouzkova,
(parciais de 7/6 e 6/2). O re-
sultado garantiu o terceiro
título seguido da número 1
do mundo no WTA de Doha.
Também ontem, foram di-
vulgadas as chaves da 10ª
edição do Rio Open. O espa-
nhol Carlos Alcaraz, cam-
peão em 2022 e vice no ano
passado, terá pela frente, na
estreia, o brasileiro Thiago
Monteiro. Já Thiago Wild,
melhor do país no ranking,
pegará o chileno Alejandro
Tabilo. Outro confronto
Brasil x Chile será protago-
nizado por Gustavo Heide e
Tomás Barrios Vera. Por
fim, João Fonseca, de 17
anos, enfrentará a promessa
francesa Arthur Fils, de 19,
na rodada de abertura.
acompanhar o nascimento
da filha, Faustina, na Itália,
o lateral-esquerdo uruguaio
se reapresentou ontem, no
CT Ninho do Urubu, e pode
estrear na terça-feira, con-
tra o Boavista, no Maraca-
nã, pela nona rodada do
Campeonato Estadual.
Na semana passada, Viña,
em entrevista à FlaTV, reve-
lou que fez um acordo com a
diretoria rubro-negra em
relação ao nascimento de
sua filha, que aconteceu na
última quarta-feira.
—Foi um momento muito
difícil da decisão de vir para
cá (para fazer o fim da pré-
temporada) por causa do
nascimento da minha filha,
mas tomamos a decisão em
viajar ao Brasil porque esta-
va grávida, então chegamos
a um acordo com o Flamen-
go para estar presente no
nascimento, ir lá e depois
voltar — disse o jogador de
26 anos, que, com isso, ficou
fora da partida contra o Ban-
gu, marcada por vitória ru-
bro-negra em Aracaju: 3 a 0.
Para o jogo da próxima ter-
ça-feira, o Flamengo terá
novamente à disposição o
volante chileno Pulgar, que
cumpriu suspensão auto-
mática diante do Bangu pe-
lo terceiro cartão amarelo.
A expectativa fica pelo re-
torno do meia uruguaio De
La Cruz, que desfalcou o ti-
me no jogo passado por do-
res no ombro direito.
 OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Esportes | 31

Flu melhora
LUCAS MERÇON/FLUMINENSE

com titulares
e derrota o
Madureira
Testes de Fernando Diniz no primeiro
tempo não funcionam, e tricolor chega
à vitória com mudanças e gol de Lelê

JOÃO PEDRO FRAGOSO

joao.fragoso@oglobo.com.br
a vaga matematicamente, o
time precisa que o Boavista
-
não vença o Flamengo nes-

D ando minutos em cam- ta terça-feira. O tricolor lu-

po a todos os jogadores ta pelo tricampeonato con-
do elenco e realizando di- secutivo da competição.
versos testes na equipe pa-
ra buscar a melhor forma ADAPTAÇÃO NO PLANO Rotina. Lelê festeja o gol da vitória do Fluminense, ontem, seu quinto neste Campeonato Carioca. Ele está atrás apenas de Carlinhos, do Nova Iguaçu, com sete
de encaixar os reforços, o Para conquistar a vitória de
técnico Fernando Diniz es- ontem, o Fluminense pre-
calou o Fluminense de uma cisou abandonar o teste fei- 0 1
maneira diferente para to por Diniz —e pelo auxili-
vencer o Madureira por 1 a ar Eduardo Barros, que es-
0, ontem. Em vez do tradi- tava na beira do campo —
cional 4-3-3 que também no início da partida. Com a
vira um 4-4-2, o treinador linha de três zagueiros e o Madureira Fluminense
optou pelo 3-4-3. De um meio formado por Alexsan- Mota, Dadinha, Felipe Alves,
dos camarotes do Maraca- der, Lima, Gabriel Pires e Arthur Edson, Felipe Andrade
nã, já que cumpria suspen- Terans, o time teve pouca Reydson e Evan-
dro; Wagninho,
(André), Antonio
Carlos e Diogo
são por ter sido expulso di- movimentação e não con- Arthur Santos Barbosa; Gabriel
ante do Vasco, Diniz viu seguiu furar a defesa bem (Juninho) e Pablo Pires (Jhon Arias),
sua alternativa não funcio- postada do Madureira. Pardal (F. Mattos); Alexsander, Lima
Arthur Martins e Terans (Ganso);
nar e o jogo da equipe não Isolados no ataque, John (Vinicius Bala), P. Douglas Costa
fluir. Na segunda etapa, Kennedy, que caiu mais pe- Ferreira (Gustavo) (Marquinhos),
com as entradas de alguns la esquerda, e Douglas e Robert (Hugo Lelê e John Ken-
titulares, a cara do tricolor Costa, pela direita, tive- Borges). Técnico: nedy (Isaac). Téc.:
Daniel Neri. Eduardo Barros.
mudou, e o placar foi cons- ram poucas opções para
truído com naturalidade. buscar os tradicionais pas-
A vitória praticamente ses curtos e rápidos exigi- Gol: 2T: Lelê, aos 15 minutos. Árbitro:
Yuri Elino Ferreira da Cruz. Cartão amare-
confirma o Fluminense dos de praxe e tentaram lo: John Kennedy (Fluminense). Público:
nas semifinais do Campeo- chegar ao gol com tramas 15.080 pagantes, 16.160 presentes.
nato Carioca. Para garantir individuais, também sem Renda: R$ 483.877,00. Local: Maracanã.
sucesso. O centroavante
Lelê mal tocou na bola.
Após o intervalo, o Flumi-
nense voltou com Jhon Ari-
as e, posteriormente, colo-
cou André, que entrou na
zaga, e Ganso. As mexidas fi-
zeram o time ter mais mobi-
lidade do meio para frente e
ainda permitiram que Dio-
go Barbosa ficasse mais livre
para avançar pela esquerda.
Foi justamente assim que o
tricolor chegou ao gol.
Solto pelo meio, Arias foi
até a esquerda e, em belo
passe com a parte externa
do pé direito, viu Diogo Bar-
bosa saindo em profundida-
de. O lateral-esquerdo cru-
zou rasteiro para a área e en-
controu Lelê, que comple-
tou e abriu o placar.
Artilheiro do Flu no ano,
com cinco gols, Lelê ocupa a
segunda posição na artilha-
ria do Carioca, ao lado de Pe-
dro (Flamengo) e Matheus
Lucas (Boavista).
Após o gol, o Fluminense
voltou ao espírito sonolen-
to e de pouca movimenta-
ção, e quase não atacou o
Madureira. Escalado na es-
querda para que partisse
de fora para dentro, bus-
cando os meias e o pivô de
Lelê, John Kennedy, que
fez sua estreia pela equipe
nesta temporada, foi pou-
co efetivo. Capitão na tar-
de de ontem, acabou subs-
tituído com muitos aplau-
sos dos torcedores.
Por outro lado, bem pos-
tado, o tricolor não sofreu
com as tentativas de inves-
tida do time suburbano.
Zagueiro recém-contrata-
do, Antonio Carlos teve
atuação segura. O defen-
sor tem ido bem no Cam-
peonato Estadual e pode
ganhar chances na equipe
titular. No momento, Di-
niz tem optado por utili-
zar o volante Thiago San-
tos na função ao lado de
Felipe Melo. A dupla tam-
bém tem jogado bem.
Já Douglas Costa, titular
pela primeira vez, mostrou
que ainda precisará de tem-
po para se adaptar fisica-
mente e até taticamente, e
assim se adequar ao estilo
veloz do Fluminense, com
muita aproximação e efici-
ente troca de passes.

Fatal Model tenta superar desconfiança e piadas Fatal Model trouxe consigo
uma queda no estigma ne-
gativo que paira sobre a atu-
ação das acompanhantes no
Site de acompanhantes, que chega à Série A com o Vitória, acredita que tem conseguido mudar estigma da profissão no país Brasil. Nas redes sociais, as
piadas pejorativas come-
VICTOR FERREIRA/VITÓRIA/10-2-2024
çam a dar lugar a brincadei-
RAFAEL OLIVEIRA
rafael.oliveiral@extra.inf.br
mos ter mais relações com De fato, o retorno com visi- ras apenas de duplo sentido,
outros clubes dali. bilidade tem sido frutífero sem julgamentos.
-
Trata-se de um salto e tan- para a Fatal Model, que tam- A própria relação da Fatal

Fhistória
osse um time de futebol, a
Fatal Model teria uma
de ascensão inédi-
to para uma empresa que,
antes do primeiro patrocí-
nio, recebia recusas dos clu-
bém exibe sua marca nos jo-
gos do Carioca e do Gaúcho.
Segundo a empresa, o núme-
com o Vitória é um exemplo
deste avanço. Quando o pa-
trocínio foi anunciado, há
ta. Em 2022, estampou sua bes. Embora precisassem de ro de acompanhantes (que cerca de um ano, a rejeição de
marca na camisa de um clu- dinheiro, eles se negavam a podem ser mulheres e ho- parte da torcida foi tão forte
be pela primeira vez. Foi na ceder espaço para uma mar- mens cis, pessoas trans, tra- que o clube precisou se posi-
do Hercílio Luz, participan- ca ligada à prostituição, ain- vestis ou com outras identifi- cionar. No primeiro jogo da
te do Catarinense e sem di- da que a atividade seja ofici- cações) mais que dobrou. De parceria, os atletas entraram
visão nacional. Menos de almente reconhecida no 16 mil em janeiro de 2023, fe- em campo com uma camisa
dois anos depois, terminou Brasil e não criminalizada. chou o ano com 33 mil. com os dizeres “respeito, se-
2023 como a empresa que No próprio Hercílio Luz, o Eles representam uma im- gurança e dignidade”. Pouco
mais patrocinou equipes da pioneirismo veio com res- portante fonte de receita pa- menos de um ano depois, a
Série B do Brasileirão (oito, salvas. Mesmo tendo assi- ra a empresa (a outra é a pu- venda dos naming rights do
no total). E iniciou 2024 já nado o contrato de publici- blicidade). Os valores vão Barradão foi aprovada com
parceira de um clube da eli- dade com a Fatal Model, o de R$ 6 por uma hora de 73,4% dos votos pelos sócios.
te: o Vitória. A marca sonha então presidente do clube, anúncio até R$ 429,90 por —Até pouquíssimo tem-
mais alto para a temporada Maurício Dobiez, fugiu do 30 dias. A promessa é a de po atrás, uma figura femi-
que está apenas no começo. tema alegando que não co- Próximo passo. Fatal Model negocia para ter os naming rights do Barradão que, quanto maior for o in- nina, acompanhante, não
— Se tivermos oportuni- mentava assuntos financei- vestimento, mais visibilida- podia estar no meio do fu-
dade de estar em mais clu- ros ou de marketing. dos no site) desde 2017 e cri- rada. Também negocia um de a pessoa terá, além de re- tebol falando com jogado-
bes na Série A, com certeza Há duas semanas, durante adora de conteúdo digital. contrato de naming rights de cursos como fotos e vídeos. res e dirigentes — lembra
estaremos — afirma Nina a apresentação do meia Lu- Além de ela mesma ter fala- R$ 100 milhões para que o O interesse dos potenciais Nina. —Esse público que
Sag, porta-voz da platafor- an no Vitória, a realidade já do com a imprensa, o presi- estádio do Vitória passe a se clientes também cresceu. nos vê no futebol depois
ma que hospeda perfis de era totalmente diferente. A dente Fábio Mota fez ques- chamar Arena Fatal Model Em janeiro, a plataforma re- pesquisa, nos procura nas
acompanhantes a serem Fatal Model não só estam- tão de destacar a importân- Barradão por dez anos. cebeu 981 milhões de visua- redes sociais, acessa o site.
contatadas por potenciais pou sua marca como foi re- cia da parceria para o clube. — Queremos continuar lizações. No mesmo perío- E vê o trabalho que a gente
clientes. — A gente vai con- presentada por Nina Sag, É a empresa quem tem ar- apoiando o Vitória. Posso do do ano passado, haviam faz de educar, de tratar o as-
tinuar com alguns clubes da que também é anunciante cado com as taxas envolvi- dizer que crescemos junto sido 525 milhões. sunto com seriedade. Acre-
Série B. Mas claro que, com (como são chamados os das na contratação de refor- com o clube, né? —compara De acordo com Nina, este dito que tem mudado, sim,
o Vitória na Série A, quere- acompanhantes cadastra- ços da equipe para a tempo- Nina ao GLOBO. aumento da visibilidade da a visão sobre a profissão.

CAMPEONATO CARIOCA
CLASSIFICAÇÃO P: Pontos ganhos. J: Jogos. V: Vitórias. E: Empates. D: Derrotas. GP: Gols pró. GC: Gols contra

EQUIPE P J V E D GP GC EQUIPE P J V E D GP GC 9ª RODADA 10ª RODADA

1 Fluminense 21 9 6 3 0 15 5 7 Boavista 12 8 3 3 2 10 12 ONTEM Madureira 0 x 1 Fluminense SÁBADO 16h Audax x Botafogo
2 Flamengo 18 8 5 3 0 14 1 8 Madureira 10 9 3 1 5 8 8
HOJE 16h Botafogo x Vasco 17h30 Vasco x Volta Redonda
3 Nova Iguaçu 15 8 4 3 1 12 10 9 Volta Redonda 8 8 2 2 4 9 14 18h10 Volta Redonda x Portuguesa 18h30 Portuguesa x Nova Iguaçu
4 Botafogo 14 8 4 2 2 11 5 10 Bangu 5 8 1 2 5 7 16 21h30 Audax x Nova Iguaçu DOMINGO 16h Flamengo x Fluminense
5 Vasco 13 8 3 4 1 10 7
TERÇA 15h45 Sampaio Corrêa x Bangu 18h15 Bangu x Madureira
11 Sampaio Corrêa 4 8 1 1 6 6 14
21h30 Flamengo x Boavista 20h30 Boavista x Sampaio Corrêa
6 Portuguesa 13 8 3 4 1 7 5 12 Audax 0 8 0 0 8 0 12

Regulamento: Os 12 clubes se enfrentam em turno único, a Taça Guanabara. Os 4 primeiros avançam às semifinais do Estadual, disputadas em dois jogos. Os vencedores decidem o campeonato, também em ida e volta. Os clubes que ficarem de 5º a 8º disputam um mata-mata com semifinal e final, valendo a Taça Rio.
 OGLOBO | Domingo 18.2.2024

ESPORTES
MARCELO VOLTA AO TOPO,
BARRETO AO MENOS POR ORA
O futebol inverteu Fluminense bate
a lógica do jogo o Madureira
esporteglb@oglobo.com.br PÁGINA 30 PÁGINA 31

SOZINHO OU MISTURAD0
Clássicos estaduais levantam debate sobre
torcida única; Rio é uma das resistências
TATIANA FURTADO
tatiana.furtado@oglobo.com.br
A DIVISÃO DAS TORCIDAS NOS CLÁSSICOS PELO BRASIL
-

Considerando apenas os clubes da mesma cidade Estados que adotam Dividido 90/10

U m fim de semana rechea-

do de clássicos regionais
é a oportunidade ideal para
que disputam alguma série do Brasileirão a torcida única

1 PARÁ
os torcedores celebrarem a Remo x Paysandu
paixão pelo clube e a rivali- 2 RIO DE JANEIRO
dade saudável nos estádios. Clássicos no Estadual e Fla-Flu *
Bem, nem para todos. En-
3 CEARÁ
quanto alvinegros e vascaí- Fortaleza x Ceará
7 1
5 3
nos dividirão o Nilton San- RIO GRANDE
tos, hoje, às 16h, pela nona 4 SERGIPE
Sergipe x Confiança DO NORTE
rodada do Carioca, apenas
os palmeirenses poderão as- 5 MARANHÃO
PERNAMBUCO***
Moto Club x Sampaio
sistir ao confronto com o 9
4
Corinthians, na Arena Ba- 6 MATO GROSSO
BAHIA
rueri, às18h, pelo Paulistão. Cuiabá x Mixto 6

No Nordeste, não é dife- 7 AMAZONAS

rente. Ontem, o Castelão re- Amazonas x Manaus ** *Nas competições
GOIÁS
nacionais, os confrontos
cebeu o Clássico-Rei com as 8 PARANÁ entre Flamengo e Vasco MINAS
torcidas de Fortaleza e Cea- Atletiba
disputados no Maracanã
também são divididos; os
GERAIS

rá presentes na última roda- 9 ALAGOAS

demais clássicos são no
esquema 90/10. SÃO
da da primeira fase do Cam- CSA x CRB **Quando disputado na
PAULO 2
peonato Cearense. Já em 10 SANTA CATARINA
Arena da Amazônia 8
Salvador, o Barradão só terá Avaí x Figueirense *** Torcida única, mas
torcedores do Vitória no Ba- clubes conseguiram liminar
na Justiça, no início deste
10

Vi de hoje, às 16h, pela séti- 11 RIO GRANDE DO SUL

Grenal
ano, para atuar com
arquibancada dividida
ma rodada do Baiano. 11

No Sul, os adversários até

se encontram, mas ficam
restritos a um canto do está-
dio do rival, como no Athle-
tiba, hoje, no Couto Pereira,
às 18h30, pelo Paranaense.
Trata-se de uma tendên-
cia crescente nos principais
centros do futebol no país,
em nome da segurança, se-
gundo os envolvidos nas de-
cisões. Em muitos casos, há
recomendação do Ministé-
rio Público local, como em
São Paulo desde 2016, além
da anuência das federações
estaduais e do poder públi-
co devido aos episódios de
violência ocorridos dentro
e fora dos estádios.
Em Pernambuco, os con-
frontos envolvendo Náuti-
co, Sport e Santa Cruz, ini-
cialmente, teriam torcida
única, como em 2023. Po-
rém, os clubes conseguiram
liminar na Justiça para dis-
putar os clássicos com tor-
cedores de todos os clubes.
Em Minas Gerais, a vonta-
de partiu de Atlético-MG e
Cruzeiro, que decidiram jo-
gar com torcida única até
2025. Maiores arrecada-
co, já se pressupõe um con-
fronto histórico, grandioso,
que divide e mobiliza inten-
samente uma localidade . Se
Botafogo Vasco você tirou uma torcida des-
Gatito, Damián Léo Jardim, se evento, então deixou de
Suárez, L. Halter, Paulo Henrique,
Bastos (Barboza) Léo, Rojas,
ser clássico — argumenta o
e Hugo; Danilo Maicon (Adson) pesquisador Irlan Simões.
Barbosa, Tchê e Lucas Piton; — O problema da torcida
Tchê (Marlon F.) e Zé Gabriel, Galda- única é produzir uma ima-
Eduardo; Savari- mes e Payet;
no, Júnior Santos David e Vegetti.
gem de que nós, torcedores,
(V. Sá) e Tiquinho. Técnico: somos animais prestes a ar-
Téc.: Tiago Nunes. Ramón Díaz. rancar a coleira e matar um
adversário. Não é assim. E
Local: Estádio Nilton Santos. Horário: 16h.
Árbitro: Wagner do Nascimento Maga-
digo até mesmo que a vio-
lhães. Transmissão: Band, Bandsports, lência de grupos organiza-
canal Goat (YouTube) e Rádio Globo/CBN. dos tem menos a ver com ri-
validade clubística e mais a
ções e problemas com de- ver com uma cultura mas-
predações do patrimônio culina de violência urbana.
foram os motivos.
— Há algum tempo, digo COMBATE À VIOLÊNCIA
que, no Brasil, temos duas O Rio continua sendo resis-
categorias: os clássicos de tência. No regulamento do
fato e os clássicos pela meta- Estadual, a Ferj impõe que
de. Quando se fala em clássi- os clássicos sejam disputa-
dos com a presença das duas
torcidas. E mais: no Mara-
canã, há a possibilidade de
setores mistos nas áreas
centrais do estádio mesmo
após as reformas.
Décadas atrás, “ir de (ca-
deira) branca” significava
ver o jogo ao lado do adver-
sário. Nas partidas por com-
petições nacionais, há casos
em que os mandantes ce-
dem só 10% dos ingressos.
Episódios recentes de vio-
lência entre organizadas
nos arredores dos estádios
reacenderam o debate no
Rio (que teve um curto perí-
odo de torcida única, em
2017). Algumas delas volta-
ram a ser banidas —todos os
quatro grandes têm organi-
zadas proibidas —, os clu-
bes se comprometeram
com a implantação de bio-
metria e reconhecimento
facial, de acordo com a Lei Os grandes problemas
Geral do Esporte, e o poder são, segundo a PM, a cultura
público briga para ter um de violência das organiza-
cadastro dos torcedores das, cujas brigas, normal-
proibidos de ir aos estádios. mente, acontecem a quilô-
— Antigamente, as torci- metros do estádio, e as puni-
das subiam a rampa juntas. ções brandas dentro do Es-
Lá dentro se separavam. tatuto do Torcedor. Nas are-
Quando você reprime de- nas, o controle é mais fácil.
mais, passa a olhar o outro — Torcida única não é ga-
como inimigo, e a violência rantia de segurança. Vemos
aumenta — explica o soció- casos de brigas envolvendo
logo Ronaldo Helal. organizadas do próprio ti-
Pela ótica da Polícia Mili- me, brigas longe do estádio.
tar do Rio, responsável pela A questão é rever a punição
segurança dos jogos — com a esses torcedores. Com a
efetivos de mais de 600 poli- torcida única, você acaba
ciais, em média, e um bata- penalizando a família que
lhão especializado —, os quer ver o jogo, a criança
clássicos, principalmente que quer ver o ídolo... e o
os disputados no Maracanã, problema não vai ser resol-
têm condições de compor- vido, porque eles vão brigar
tar duas torcidas. Até mes- em outro lugar — analisa o
mo no Nilton Santos, como Coronel Luiz Henrique Ma-
hoje, a PM garante condi- rinho Pires, secretário de
ções de dividir a casa. Estado da PM do Rio.

Botafogo deve ter estreia do muito bem. A grama

(sintética) é um pouco dife- Vasco pode deixar sistema momentos da pré-tempora-
da, no Uruguai.

do lateral Damián Suárez rente, mas isso é adaptação.

Estou preparado para aju-
dar a equipe e espero dar o
Sob risco no Carioca e de olho na Libertadores, melhor de mim para conse-
Tiago Nunes pode misturar titulares e reservas guirmos um bom resultado.
Na zaga, Lucas Halter vol-
ta após cumprir suspensão,
mas não deve fazer dupla
com três zagueiros Essa segunda opção seria
importante para ter ao me-
nos um atleta experiente da
Sem Medel e João Victor, suspensos, Ramón Díaz zaga no banco — com a ida
quebra a cabeça para manter esquema favorito de Capasso ao Olimpia, Ra-
món contaria apenas com
atletas jovens como alterna-
tivas. Além disso, seria pos-

A situação do Botafogo no
Carioca faz com que o
clássico tenha enorme im-
portância para o alvinegro.
Em quarto lugar, o time está
na zona de classificação às
semifinais, mas tem apenas
um ponto a mais que o Vas-
co. Portanto, uma derrota
significaria a saída do G4.
Por outro lado, o técnico
Tiago Nunes precisa pensar
não apenas na partida de ho-
je, mas na de quarta-feira,
quando o Botafogo estreia
na pré-Libertadores, diante
do Aurora, na Bolívia. As-
sim, é provável que opte por
uma escalação que misture
titulares e reservas.
No setor defensivo, o uru-
guaio Damián Suárez, apre-
sentado oficialmente na
sexta-feira, deve fazer sua
estreia na lateral direita:
— Já estou treinando há
uma semana e me adaptan-
do o mais rápido possível
com a ajuda dos meus com-
panheiros. Estou me sentin-
com Alexander Barboza, o
outro titular. A tendência é
que o argentino seja poupa-
do e Bastos siga na equipe.
Além disso, no meio-cam-
po, Tiago Nunes deve utili-
zar Danilo Barbosa como
primeiro volante. Marlon
Freitas ou Tchê Tchê ficarão
com a segunda vaga, en-
quanto Eduardo deve seguir
mais avançado. Na frente, é
provável que Júnior Santos
retorne ao time inicial. (Jo-
ão Pedro Fragoso)
C onsolidada como esque-
ma tático principal do
Vasco na temporada, a for-
mação com três defensores
virou dúvida para o clássico
contra o Botafogo. É que o
cruz-maltino tem os desfal-
ques de Medel e João Victor,
que levaram o cartão ver-
melho e o terceiro amarelo,
respectivamente, no empa-
te com o Fluminense.
O Vasco até tentou, em pe-
dido de impugnação no Tri-
bunal de Justiça Desportiva
do Rio de Janeiro (TJD-RJ),
anular os efeitos dos car-
tões, contestando a arbitra-
gem da partida —nada feito.
Sem a dupla, o time de Ra-
món Díaz perde em saída de
bola e imposição no um con-
tra um. As soluções imedia-
tas seriam as entradas de
Rojas e Maicon, mas o técni-
co pode fazer alterações até
na formação, iniciando com
dois defensores centrais,
como o time atuou na tem-
porada passada e em alguns
sível testar variações no ata-
que, como um eventual iní-
cio de Adson como titular.
Recém-chegado, o volan-
te Juan Sforza não está dis-
ponível para o clássico. Se-
quer anunciado oficialmen-
te pelo clube, o argentino
também não está inscrito
no Campeonato Carioca.
Vegetti, em recuperação
de uma lesão na costela, vol-
tou contra o Fluminense e
tem tudo para seguir como
titular hoje. (Vitor Seta)

Sem descanso. Sly compara a filmagem de um longa-metragem com a de fazer “A família Stallone”: “Uma coisa de que as pessoas não se dão conta sobre realities: acho que são mais difíceis do que filmes. Este trabalho aqui é ininterrupto”
‘NÃO SOMOS DIFERENTES
DE TODO MUNDO’
ANNA LUIZA SANTIAGO
anna.santiago@oglobo.com.br
“S e você for legal com
as minhas filhas, se-
rei legal com você. Se não
for, eu vou te matar. Sim-
ples”. Poderia ser a fala de
algum personagem de Syl-
vester Stallone, mas é do
próprio ator, a certa altura
da segunda temporada do
reality show “A família Stal-
lone”, que estreia nesta
quarta-feira, na Para-
mount+. No programa, o
astro de “Rocky” e “Ram-
bo” demonstra ter a dureza
característica dos tipos
fortões pelos quais se nota-
bilizou no cinema, mas
também revela muito mais
por trás dessa casca.
Ao lado da mulher, Jenni-
fer, e das filhas Sophia, Sis-
tine e Scarlet, ele ri, chora,
dá conselhos, filosofa e ga-
rante altas doses de sarcas-
mo. A combinação dos in-
gredientes foi a fórmula da
primeira leva de episódios
e se repetirá agora, confor-
me explica Sly, como é co-
mumente chamado.
— Eu acho que (a nova
temporada) é coração, ener-
gia e humor. As pessoas
pressupõem que, se você
vem de Hollywood, tem
SEGUNDO CADERNO
uma carreira incrível, tudo
ESTREANDO NOVA é lindo, não tem problema.
TEMPORADA DE
‘REALITY SHOW’
Mas não somos diferentes
de todo mundo. Todas as
pessoas têm sentimentos.
COM SUA FAMÍLIA, Nós temos altos e baixos.
Mais do que qualquer coi-
SYLVESTER sa, existe muito amor — diz
STALLONE DIZ o ator, em entrevista ao
GLOBO por chamada de ví-
QUE O PROGRAMA deo junto com a família. —
MOSTRA QUE AS Eu acredito que a segunda
temporada é bem superior
EXPECTATIVAS à primeira, que achei ok.
Nós estamos ansiosos. En-
SOBRE ESTRELAS tão, aí vou eu, Brasil. Os
DE HOLLYWOOD Stallones estão chegando.
Desta vez, Stallone de-
NÃO SÃO REAIS, sembarcará no Brasil ape-
CONTA QUE AMOU nas virtualmente. Em
2009, ele pisou por aqui
VIR FILMAR para rodar “Os Mercená-
NO BRASIL E rios”, lançado no ano se-
guinte. A passagem pelo
COGITA VOLTAR país foi relembrada na pri-
meira temporada do rea-
PARA GRAVAR lity: “Quando eu estava no
EPISÓDIOS Brasil, todo mundo falava
de uma fruta maravilhosa,
DA SÉRIE AQUI o açaí”. Questionado sobre
sua experiência, Sly não
economiza nos elogios:
— Nós não poderíamos
ter feito “Os Mercenários”
tão bom quanto foi se não
tivéssemos ido ao Brasil. O
país nos ofereceu tudo. To-
dos foram fantásticos. Os
figurantes que estavam fa-
zendo os soldados eram in-
críveis. Eu gostei da cidade
(as cenas foram rodadas no
Rio). O Brasil tem toda
uma nova forma de fazer
filmes. Eu amei.
O longa integra a galeria
de grandes sucessos cine-
matográficos de Sly, que in-
clui ainda “Creed” e “Fal-
cão”, entre vários outros.
Apesar da vastíssima e bem-
sucedida experiência no
audiovisual, ele opina que
gravar reality é uma tarefa
diferente, mais árdua:
— Uma coisa de que as
pessoas não se dão conta
sobre realities: acho que
são mais difíceis do que fil-
mes. Fiz alguns filmes mui-
to difíceis, mas este traba-
lho aqui é ininterrupto. É
constante. Leva meses,
meses e meses. E você tem
que voltar e refilmar. Mas
vale a pena, porque, ao fi-
nal, entretém bastante.
IR A ROMA CONHECER O PAPA
Um dos principais assun-
tos da nova temporada será
a mudança de Stallone e
Jennifer da Califórnia para
a Flórida, enquanto Sisti-
ne e Sophia se adaptam à PRÓXIMOS PROJETOS,
vida em Nova York, e Scar- NA PÁGINA 2
SINNA NASSERI/THE NEW YORK TIMES
OGLOBO | Domingo 18.2 .2024
segundocaderno@oglobo.com.br
let, a caçula, segue cursan-
do a graduação em Miami.
No final, eles aparecerão
reunidos numa viagem pa-
ra a Itália, onde nasceu o
pai do ator. O irmão dele,
Frank, também partici-
pou. Jennifer conta:
—Nosso momento favo-
rito provavelmente foi ir a
Roma e conhecer o Papa.
Foi realmente incrível pa-
ra nossa família. Eu acho
que muitas pessoas vão se
identificar conosco, por-
que nem sempre é tudo
ótimo, temos bons e maus
momentos.
Sistine, a filha do meio,
adianta o que mais aconte-
cerá na série:
—Eu diria que você con-
segue ver uma clara mu-
dança de todo mundo nesta
temporada. Estão todos
mais relaxados, muito con-
fortáveis e engraçados.
Acho que minha mãe foi ca-
paz de mostrar seu humor.
Ela não teve essa chance na
primeira. Scarlet revela
seu novo relacionamento,
e Sophia está tentando vi-
ver numa nova cidade, mo-
rando junto comigo.
2 | Segundo Caderno
CACÁ
DIEGUES
segundocaderno@oglobo.com.br
O ANO COMEÇA
AGORA
S alvo alguns detalhes, como por exemplo a pre-
miação das escolas de samba, o carnaval termi-
nou no fim de semana e a gente vive como se o ano
de 2024 tivesse acabado e só nos restasse empurrar
a vida para a frente até o próximo 31 de dezembro.
Só Deus sabe quando!
Depois do desfile da Beija-Flor, do qual tive a
honra de participar, fui para o camarote da Pre-
feitura do Rio encontrar Renata para ir para casa.
Lá encontrei o prefeito, anfitrião do camarote,
numa espécie de participação, ao mesmo tempo,
funcional e festiva.
Ele estava ali representando a cidade onde o car-
naval tinha um significado excepcional, mas tam-
bém se divertia muito com a festa na companhia
de seus amigos e colaboradores. Fiquei pensando
na feliz dualidade daquele político tão bem-suce-
dido, um homem que tivera a sorte de encontrar
seu destino, na profissão e na vida, no lugar onde
tudo para ele era só alegria, prazer e diversão. E sa-
bia conduzir com habilidade e consciência os dois
mundos, de modo a que ambos fossem viáveis para
nós todos. E eram mesmo.
Ninguém no mundo, seja qual for sua profissão
ou atividade, poderia se gabar da mesma indis-
cutível performance de Eduardo Paes à frente da
prefeitura carioca!
Por isso mesmo dá-nos vontade de abençoá-lo
por sua posição tão serena em
relação a certos temas con-
temporâneos, em geral
objetos de nosso cons-
trangimento. Não sei
e nunca lhe pergun-
tei por sua posição
em relação a ques-
tões que nos divi-
dem tanto.
Mas recordo em si-
lêncio que a Bíblia Sa-
grada não tem nenhu-
ma palavra de condena-
ção, por exemplo, ao aborto
que só foi excomungado pela
A OXFAM Igreja lá para o final do século
GARANTE XIX por motivos de cidada-
QUE SERÃO nia. Pelo contrário, o aborto
NECESSÁRIOS sempre foi permitido até os 40
dias de fecundação da mãe.
230 ANOS PARA
Ainda nessa linha, textos ar-
ACABAR COM A queológicos dos sumérios, en-
POBREZA NA contrados em escavações con-
FACE DA TERRA temporâneas na Mesopotâ-
mia, se referem a impostos,
correspondência diplomática, delinquência juve-
nil, o dilúvio universal, assuntos e histórias que sem-
pre consideramos de hoje em dia. A palavra “huma-
no” (namlulu, em língua suméria) surge ali pela pri-
meira vez, rompendo com a ideia de que esse con-
ceito foi uma invenção do pensamento realista e ci-
entífico de poucos séculos atrás. Há mais de dois mil
anos antes de Cristo, a Humanidade já era humana.
E, por falar nisso, o relatório anual da Oxfam In-
ternacional nos garante que serão necessários 230
anos para acabar com a pobreza na face da Terra,
mas que o primeiro “trilionário” do mundo será
conhecido em uns dez anos. Ou até menos. Não
precisamos explicar por quê.
Aquele relatório se baseia em dados articulados
pela revista Forbes, divulgada no Forum Econômi-
co Mundial, em Davos, na Suíça. “Ao pressionar os
trabalhadores, evitar o pagamento de impostos,
privatizar o Estado e contribuir para o colapso cli-
mático, as empresas estão impulsionando a desi-
gualdade e agindo a serviço de cada vez mais patri-
mônio a seus donos já ricos”, diz o texto.
Segundo o relatório, desde 2020 os cinco empre-
sários mais ricos do mundo (Elon Musk, Jeff Be-
zos, Bernard Arnault, Larry Ellison, Warren Buf-
fett) viram suas fortunas mais do que duplicarem,
enquanto o patrimônio de cerca de cinco bilhões
de pessoas diminuiu graças a inflação, guerras e
crise climática.
Enquanto isso, eleitos com discurso e apoio de
Jair Bolsonaro, os governadores do Rio de Janeiro,
de São Paulo, do Paraná e de Minas Gerais evitam
declarações sobre a ação da Polícia Federal contra
o golpe político e a denúncia do processo eleitoral
de 2022. Eles se comportam com cada vez mais
isenção diante de Bolsonaro e Lula, como se não
devessem a nenhum dos dois sua eleição recente.
Vamos ver como esse povo todo vai se comportar
nesse 2024 e daqui para a frente. Não estou me re-
ferindo apenas a seu comportamento político em
relação a seus apoiadores em campanhas recentes.
É importante que saibamos exatamente o que ain-
da pensam deles, para sabermos nosso nível de
confiança e de voto.
Enquanto não souber, não tiver certeza disso,
prefiro manter minha confiança no prefeito Edu-
ardo Paes e seu apoio à cultura popular do país.
Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO
CONTINUAÇÃO DA CAPA
ART STREIBER/PARAMOUNT+
Clã. Sophia, Sistine, Sylvester, Jennifer Flavin e Scarlet Stallone na porta da antiga casa, em LA: nova temporada do reality da família chega na quarta-feira
ATOR QUER MAIS: PARA SLY,
‘A FAMÍLIA STALLONE’ UNE O CLÃ
A lém do reality, Stallone estre-
lou a série “Tulsa King” na Pa-
ramount+, em 2022, e segue
prolífico em seu trabalho como
O ASTRO E SUAS FRANQUIAS
EMILIANO URBIM emiliano.urbim@oglobo.com.br
ator aos 77 anos. Sophia, por sua FOTOS DE DIVULGAÇÃO
vez, tenta estabelecer uma car-
reira como escritora. Sistine in-
veste em roteiro para cinema, e
Jennifer é empresária do ramo
de cosméticos. As diferentes ati-
vidades profissionais na família
e sua vida social fervilhante são a
matéria-prima do reality. Por-
tanto, não haveria histórias sufi-
cientes para mais episódios? Se-
gundo Jennifer, ela e o marido
adorariam fazer:
—Vamos ver como esta tem-
porada vai se sair, como será re-
cebida. Ele quer. Porque é óti-
mo para nossa família, nos ROCKY
aproxima. Adoramos trabalhar Filmes: “Rocky, um lutador (1976)” , “Rocky 2 — A revanche” (1979), “Rocky 3 – O desafio supremo”
juntos. Nos divertimos, rimos, (1982), “Rocky 4” (1985), “Rocky 5 (1990)” e “Rocky Balboa” (2006) — bônus: trilogia “Creed”
choramos e brigamos. Sinopse universal: Às vésperas de um comabate importante em que não é favorito, o boxeador Rocky
Sly concorda: é tomado por dúvidas existenciais e, após treinos heterodoxos com trilha sonora motivacional, fica
—Não conseguimos ver as me- pronto para a luta, onde apanha muito e sai vencedor — nem que seja o vencedor moral
ninas tanto quanto gostaríamos. Vai ver um só? “Rocky 3”, em que Sly é macetado e, para dar o troco, treina ao som de “Eye of the
Então (com o reality), elas não tiger” com o ex-rival Apollo Creed (cujo filho ganhou franquia própria, a trilogia "Creed", que segue a
podem escapar, é fantástico. mesma fórmula e rendeu Globo de Ouro a Stallone); dica preciosa: pule as cenas com o maldito robô
O ator até cogita a possibili-
dade de um retorno ao Brasil na
companhia das quatro para
gravar a atração:
—Se eu voltar, não vai ser pa-
ra “Os Mercenários”, vou estar
muito velho até lá (risos), mas
adoraria ter a oportunidade,
porque é um lugar muito vivo.
É o que eu gostaria de fazer,
desta vez levando todas elas.
Não sei, quem sabe numa ter-
ceira temporada?
Se ainda há dúvidas acerca da
renovação, a certeza para a famí-
lia é a de que o programa reforçou
os laços, como analisa Sophia: RAMBO
— Sempre fomos muito próxi- Filmes: “Rambo — Programado para matar” (1982), “Rambo 2 — A missão” (1985), “Rambo 3”
mos, mas eu acho que, durante o (1988), “Rambo 4” (2008) e “Rambo — Até o fim” (2019)
reality, nos últimos dois anos, ti- Sinopse universal: Abandonado à própria sorte em ambiente hostil, o soldado John Rambo faz de um
vemos uma experiência de cone- limão uma granada, utilizando o que encontra pelo caminho (e realizando procedimentos cirúrgicos
xão muito interessante. Nós nos em si próprio) para vencer no final à moda americana — ou seja, já de olho na próxima guerra
desafiamos em diferentes níveis. Vai ver um só? “Rambo 3”, pela ironia histórica: uma vez no Afeganistão, luta contra invasores
Nunca tínhamos trabalhado tão soviéticos ao lado dos mujahidin — precursores do Talibã. Onde estava Rambo no Onze de Setembro?
juntos antes. É possível ver as for-
ças e fraquezas de cada um.
O ator, então, interrompe.
—Que fraquezas? —questiona,
bem-humorado, fazendo jus à fa-
ma que sempre o acompanhará.
(Anna Luiza Santiago)
‘Não conseguimos
ver as meninas tanto OS MERCENÁRIOS
Filmes: “Os Mercenários” (2010), “Os Mercenários 2” (2012), “Os Mercenários 3” (2014)
quanto gostaríamos. e “Os Mercenários 4” (2023) — nestes, nem se importaram em variar os subtítulos
Então (com o Sinopse universal: Recrutados pelo RH por sua experiência prévia em filmes de ação, soldados de
aluguel cheios de marra (e, curiosamente, de escrúpulos) descobrem no meio de uma missão que algo
reality), elas não está errado; cabe a seu líder Barney Ross (Stallone, claro) tirá-los desta cilada, ao custo da vida de
podem escapar, alguns Mercenários - zero spoiler, pois no original eles são The Expendables (Os Descartáveis)
Vai ver um só? “Mercenários 2” vale pela batalha no aeroporto que realizou o sonho dos fãs (de uma
é fantástico’ certa idade): Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis juntos contra Jean-Claude Van Damme!
Sylvester Stallone
OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Segundo Caderno | 3

ÓTIMO BOM RAZOÁVEL ‘GRISELDA’, NETFLIX

RUIM MUITO RUIM

AÇÃO E MELODRAMA À
VONTADE E EM DOSES IGUAIS
PATRÍCIA
KOGUT
patriciakogut.com
colunapatriciakogut
PONTO ALTO
Antes consagrada por seu
trabalho em comédia, Sophia
Vergara brilha num papel
dramático. A caracterização, que
afasta a atriz do modelo “mulher
LGriselda
ançada pela Nettflix, “Griselda” se
baseia na história real da colombiana
Blanco. Nos anos 1970, já
sensual”, também impressiona. experiente narcotraficante em Medellín,
onde cresceu, ela emigrou da Colômbia
PONTO BAIXO para os Estados Unidos. Abriu rotas de
Caras e bocas e dramas comércio de cocaína e dominou a cena do
românticos dão um tom de novela tráfico em Miami até ser presa em 1985.
mexicana a “Griselda”. De vez em Até Pablo Escobar, que mais tarde ocupou
quando, parece que estamos seu lugar, teria dito ter medo dela.
assistindo à Televisa. Apesar disso, classificar a trama só como
uma “biografia” seria um erro. Até porque
muitos dos acontecimentos foram
floreados para atribuir ainda mais sabor à
narrativa. Tampouco é apenas um enredo
policial. Os seis capítulos são puxados por
melodrama e ação em medidas iguais.
A minissérie incorpora ingredientes das
novelas latinas, mas com orçamento de
DIVULGAÇÃO
A protagonista tem, sim, um lado de fácil
conexão com o público: é uma fora da lei,
mas uma batalhadora. Além disso, se
mantém fiel aos seus comparsas e à omertà,
aquele código de silêncio que rege todas as
máfias. Não entrega ninguém, embora
acabe traída.
Um dos pontos altos da série é Sofia
Vergara. Ela se notabilizou por seu
trabalho em comédia — sobretudo em
“Modern family”. Aqui, surge suntuosa
num papel dramático e,
MINISSÉRIE muitas vezes,
SOBRE antipático, longe dos
TRAFICANTE encantos do humor. A
COLOMBIANA caracterização também
colabora para compor
ENVOLVE E
essa personagem
MERECE TODA A pesada e afasta a atriz
SUA ATENÇÃO, do arquétipo de
MAS TEM beldade sexy, que
FALHAS também a consagrou.
O elenco como um
Hollywood. Então as perucas toscas vistas todo é de talentos. A reconstituição de época,
nas produções mexicanas da televisão têm detalhada, ajuda a carregar o público para
equivalentes criados pelos melhores uma Miami sem lei e um tempo em que
profissionais do ramo de caracterização. O viajar carregando quilos de drogas só
espírito, contudo, é o mesmo. escondidinhas na roupa enganava as
Com tudo isso, “Griselda” oscila entre a autoridades. Os anos 1980 ficam parecendo
aventura irresistível e o folhetim barato. uma época muito remota, quando não havia
A protagonista, figura câmeras de segurança em todos os lugares e
multidimensional, é retratada com poucas era possível matar e esfolar à luz do dia sem
facetas. Alguns de seus aspectos que a polícia tivesse imagens dos crimes.
fundamentais perdem a credibilidade com “Griselda” tem fragilidades e merecia o
essa compactação. É o caso do instinto dobro de episódios. A história é muito
materno da personagem. O tempo todo ela resumida e termina abruptamente, sem
repete que “está fazendo tudo aquilo explorar seu drama com a minúcia que a
(cometendo seus crimes) em benefício dos trajetória da personagem mereceria. Culpa
filhos”. Mas fica difícil de acreditar, já que do roteiro sem fôlego, que apara parte da
ela é pouco vista na companhia deles. carga de emoção.
Quando isso acontece, parece uma mãe Ainda assim, a minissérie captura,
relapsa, para dizer o mínimo. Pena. envolve e merece toda a sua atenção.

ÓTIMO BOM RAZOÁVEL RUIM MUITO RUIM

CRÔNICA DE UMA MORTE VIRALIZADA

AINDA SEM SOLUÇÃO, ASSASSINATO DE MC DALESTE DURANTE SHOW EM 2013 É TEMA
DE SÉRIE DOCUMENTAL DO GLOBOPLAY; ‘ENCONTRAMOS LACUNAS E FALHAS E
TRAZEMOS NOVAS TESTEMUNHAS’, DIZ DIRETORA, QUE CRÊ EM REABERTURA DO CASO

DIVULGAÇÃO/GLOBOPLAY
TALITA DUVANEL lherme, que cobriu o caso
talita.duvanel@oglobo.com.br
juntamente com o repór-

A s imagens rodaram o
mundo: um jovem
funkeiro está cantando no
palco, num show lotado,
quando é atingido por um
tiro no peito. O protago-
nista da cena chocante foi
Daniel Pellegrini, o MC
Daleste, que se apresenta-
va em Campinas, na noite
de 6 de julho de 2013. Ele
chegou a ser levado para
um hospital da região, mas
não resistiu. Morreu com
apenas 20 anos e com o tí-
tulo de um dos principais
nomes do “funk ostenta-
ção”, autor de hits como
“Mina de vermelho” (que
foi parar no refrão de “Ver-
melho”, de Gloria Groove,
em homenagem ao
funkeiro) e “Mais amor,
menos recalque”.
É sobre essa história que
se debruça “MC Daleste —
Mataram o pobre loco”,
série documental de qua-
tro episódios que estreia
no Globoplay na próxima
sexta-feira. Dirigida por
Guilherme Belarmino e
Eliane Scardovelli, que as-
sina o roteiro com Caio Ca-
vechini, a produção anali-
sa as quase mil páginas do
processo arquivado e traz
novidades neste caso em
que até hoje não se desco-
briu a autoria nem a moti-
vação do crime.
— Esmiuçamos detalhes
do processo, fomos fundo
mesmo —diz Eliane, que di-
rigiu “Escola Base — Um re-
Ícone do funk ostentação. Itens do fã clube de MC Daleste: idolatrado nas periferias de São Paulo e do Brasil, músico era “influencer” antes de o termo existir
pórter enfrenta o passado”,
vencedor do prêmio APCA
2022 de documentário. —
Encontramos lacunas e fa-
lhas e trazemos novas teste-
munhas. Por isso, temos es-
perança de que o caso volte a
ser discutido e seja reaberto.
Criado em Cangaíba, Zo-
na Leste de São Paulo
(mesmo bairro onde nas-
ceu o diretor Guilherme
Belarmino), Daleste era o
caçula de três irmãos, nu-
ma família de classe baixa.
A mãe morreu cedo, e ele
dependia do dinheiro da
irmã mais velha para fre-
quentar lan houses, onde
começou a criar as primei-
ras batidas de funk. Apesar
de ter circulado pelos
“proibidões” (músicas
com temáticas de drogas,
armas e crimes), ganhou
popularidade ao exaltar as
“quebradas”, gíria para as
comunidades periféricas
da metrópole, e retratar as
dificuldades de seus habi-
tantes. Sua popularidade
também explode quando
entra de cabeça no “funk
ostentação”, a vertente
paulista do ritmo que exal-
ta carros, bebidas e mulhe-
res. Mais do que um true
crime, a série documental
também pretende abordar
o movimento sociocultu-
ral tão marginalizado, que
Daleste encabeçava.
— O nosso doc é sobre
música e crime — diz Gui-
ter Valmir Salaro quando
era produtor do “Fantásti-
co” (TV Globo). —A base
da cultura na periferia é a
valorização da raiz. Dales-
te falava o nome das que-
bradas das pessoas. Ajuda-
va muita gente, valorizava
a ascensão sem esquecer
de onde veio.
A IMAGEM BRUTAL DO CRIME
De posse do HD do artista,
emprestado pela família,
Eliane e Guilherme tive-
ram a noção do quão pio-
neira era a forma como ele
produzia imagens para su-
as redes sociais. O diálogo
com os fãs também era
único, o que fazia dele, pa-
ra Eliane, um “influencer”
quando a palavra nem
existia. Curioso, portanto,
pensar que sua morte vira-
lizou mundo afora justa-
mente pelas redes.
—A imagem do assassi-
nato é um ponto central.
Sem ela, o crime não teria
repercutido tanto — diz
Guilherme. — Quando vi-
ralizou, não só no Brasil,
mas no mundo, uma das
principais reações foi:
“quem é essa pessoa?” Mas
houve outra bem sinto-
mática: essa imagem foi
vista como o tratamento
que um funkeiro poderia
ter. Crimes com repercus-
são têm mais chance de re-
solução. Mas esse, nem
com uma imagem tão bru-
tal, teve desfecho.
4 | Segundo Caderno Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO
DIVULGAÇÃO/FELIPE PIACENTE DE OLIVEIRA/MIS EXPERIENCE
RICARDO FERREIRA
ricardo.ferreira@oglobo.com.br

M eio sem querer, que-

rendo, há quase quatro
anos as séries “Chaves” e
“Chapolin Colorado” estão
fora do ar no mundo todo.
Fenômenos absolutos no
Brasil, os programas não
estão em canais de televi-
são, no streaming ou no
YouTube desde julho de
2020. O motivo do “apa-
gão”, termo usado pelos fãs,
é uma queda de braço entre
a Televisa (emissora mexi-
cana que é dona das fitas
dos episódios) e o Grupo
Chespirito, comandado
por Roberto Gómez Fer-
nández, que detém os di-
reitos autorais da obra. Fer-
nández é um dos filhos do
mexicano Roberto Gómez
Bolaños (1929-2014), o
Pequeno Shakespeare (daí
o Chespirito), grande men-
te por trás do universo fic-
cional de personagens co-
mo Seu Madruga, Chiqui-
nha e Quico, além de Cha-
ves e Chapolin, interpreta-
dos pelo próprio Bolanõs.
Em entrevista ao GLOBO
por videochamada, Roberto
Gómez Fernández dá a en-
tender que um desfecho pa-
ra a arrastada negociação
pode acontecer este ano.
— O que posso dizer é que Legado. Roberto Fernandez em cenário da vila do Chaves montado em exposição sobre o personagem em SP; ele cuida dos direitos do criador do personagem, seu pai, Roberto Bolaños (1929-2014)
estou nisso todos os dias e
que não descansarei en-

UM APAGÃO,
quanto não acontecer. Se — Sempre vi muita gente há previsão de que a mos-
uma janela se fechar, busca- criticando a família pelo de- tra vá para outro lugar.
rei outra — afirma o empre- sacordo. Mas não vou muito Questionado sobre o por-
sário. —Sei que não é um ca- para esse lado. Acho que a quê de a obra de seu pai ter

‘SEM QUERER,
minho de linha reta. Mas é a Televisa é a principal res- dado tão certo no Brasil,
maior responsabilidade que ponsável. Acho que a emis- Fernández reflete:
tenho, o retorno das séries sora pode muito bem pagar — Somos povos muito pa-
originais. Não posso falar o que as séries valem. recidos, temos idiossincra-

QUERENDO’
muito, mas há portas aber- sias semelhantes. Uma ati-
tas. Me parece que 2024 se- RARIDADES EM SÃO PAULO tude parecida em relação à
rá um ano muito bom. Enquanto a negociação se ar- vida, à gestão das emoções,
Há uma figura que surge à rasta, os fãs buscam outras ao dramático, mas também
margem nas tratativas: Flo- formas de matar a saudade. o apreço pelo humor e pela
rinda Meza, atriz que inter- Em São Paulo, o MIS Experi- festa. A vila é um microcos-
pretava justamente Dona DISPUTA ENTRE HERDEIROS DO já manifestaram desejo de ence abriga desde 5 de janei- mo cheio de contrastes.
Florinda. Aos 75 anos, ela é voltar a exibir os progra- ro “Chaves: a exposição”, Acho que existem milhões
viúva de Roberto Bolaños e CRIADOR DE ‘CHAVES’ E EMISSORA mas. Um dos administra- maior mostra já feita em tor- de pessoas como Seu Ma-
ex-madrasta de Fernández. dores do Fórum Chaves, no do universo de Bolaños. É druga, por exemplo, no
Em outubro do ano passado, MEXICANA DEIXA SÉRIE FORA DO AR maior comunidade de fãs um sucesso, já atraiu mais de México e no Brasil. E obvia-
ela se pronunciou com mais HÁ QUASE QUATRO ANOS E FÃS SE das séries, com quase 500 cem mil visitantes e teve seu mente eles se identificam.
contundência, pela primeira mil seguidores só no Insta- encerramento prolongado O herdeiro de Bolaños
vez, sobre o tal “apagão”. Em SENTEM ÓRFÃOS: ‘NADA SUBSTITUI’ gram, o jornalista Antonio até 30 de março. Entre os di- adianta que uma série bio-
vídeo postado em suas redes Purcino lembra que em versos itens ao alcance do pú- gráfica sobre seu pai, para a
sociais, disse que é “colabora- —Prefiro não falar, por vá- representantes da Televisa agosto deste ano serão co- blico, estão lá roteiros escri- HBO, está a caminho. Tam-
dora literária dos programas” rios motivos. Não há ques- responderam aos pedidos memorados 40 anos da es- tos por Bolaños, figurinos bém há um documentário
e que “um comprador já ten- tões jurídicas envolvidas, de entrevista do GLOBO. treia de “Chaves” e “Cha- originais dos personagens e brasileiro sobre “Chaves” à
tou por quatro vezes fazer a mas é um tema que creio Fato é que o tempo passa polin” no Brasil. outros objetos raros. Fernán- vista, de Calvito Leal e José
transação” em negociações que não deveria falar em pú- e a base de fãs segue incré- — A gente espera com dez, que desde pequeno ia Francisco Tapajós. As grava-
para as quais ela não teria si- blico — explica. dula com o apagão. Há de- muita ansiedade que haja aos estúdios onde as séries ções começam ainda neste
do convidada. “Que tristeza. Nem Florinda Meza nem manda — SBT e Multishow logo um acordo. Algo con- eram gravadas, na compa- semestre, conforme anun-
O público está esperando. O DIVULGAÇÃO
creto, porque escutamos nhia do pai, se emocionou ciou ontem a coluna Play.
comprador também. Não fui muitas promessas e não ve- quando viu a abertura da ex- Antonio Purcino, do Fó-
eu que disse não”, afirmou. mos nada acontecer. É mui- posição em São Paulo. rum Chaves, consultor da
to difícil a gente ter acesso —Creio que é a manifesta- mostra em São Paulo, opina,
CLIMÃO NA VILA às séries. Desde antes de ção da obra e da pessoa de porém, que nada se compa-
O clima entre Florinda Meza 2020, a Televisa vem derru- Roberto Gómez Bolaños ra as séries originais de
eos seis filhos de Roberto Bo- bando qualquer conteúdo mais rica que já vimos — diz “Chaves” e “Chapolin”:
laños, frutos de seu primeiro no YouTube. Ficamos de- o executivo, saudoso do pai. —A marca continua forte,
casamento, é pesado há mui- pendentes de pirataria e do —Ele era muito disciplina- capaz de gerar audiência e
to tempo. Bolaños se separou nosso acervo — lamenta. do. Isso significava estudo, consumo. É importante que
de Graciela Fernández, em Para o dublador Gustavo concentração, ensaio e re- haja novas produções. Mas
1977, para assumir um ro- Berriel — que, além de fã, é petição. Numa época em nada substitui o produto
mance com a atriz que inter- responsável pelas vozes de que a comédia para a televi- original, clássico, que esta-
pretava a personagem ran- Nhonho e de Seu Barriga são, pelo menos aqui no mos acostumados a ver,
zinza, sempre às broncas em parte dos episódios de México, era improvisação. com o talento de Roberto,
com seus vizinhos. Roberto “Chaves” — um final feliz São Paulo foi a primeira de todo o grupo de atores e,
Fernández evita repercutir passa mais pelas mãos da cidade a receber “Chaves: no nosso caso, todo o grupo
os comentários da atriz. Icônico. Bolaños na pele do garoto Chaves, seu personagem mais famoso emissora mexicana: a exposição” e ainda não de dubladores.

HORÓSCOPO Cláudia Lisboa

ÁRIES (21/3 A 20/4) Elemento: Fogo. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Libra.
Regente: Marte.
O mundo se revelará mais bonito e atraente diante de seus olhos agora e
você reconhecerá que o prazer está no topo da sua lista de prioridades. Deixe-se levar
pela beleza da vida em todas as suas formas.
LEÃO (23/7 a 22/8) Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Aquário. Regente:
Sol.
Você estará prestes a começar um novo ciclo e boas oportunidades virão
na sua direção, abrindo os caminhos para grandes realizações. Foque nas coisas boas
que acontecerão e a vida lhe retribuirá em dobro.
SAGITÁRIO (22/11 A 21/12)Elemento: Fogo. Modalidade: Mutável. Signo complementar:
Gêmeos. Regente: Júpiter.
Você precisará conciliar os seus desejos e objetivos com os daqueles que
estiverem ao seu redor e, para isso, será preciso exercitar seu poder de negociação.
Seja flexível e busque um equilíbrio saudável.

TOURO (21/4 A 20/5) Elemento: Terra. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Escorpião.
Regente: Vênus.
A vida social estará agitada e sua agenda poderá ter mais compromissos
que tempo livre. Avalie o que você realmente deseja fazer e não se prive de estabele-
cer limites. Aproveite apenas o que lhe faz bem.
VIRGEM (23/8 A 22/9) Elemento: Terra. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Peixes.
Regente: Mercúrio.
A vida cotidiana e a organização da rotina serão suas grandes mestras
agora. Trace pequenas metas para entrar em sintonia com seu interior e tome deci-
sões necessárias para cuidar de sua saúde e satisfação.
CAPRICÓRNIO (22/12 A 20/1) Elemento: Terra. Modalidade: Impulsivo. Signo
complementar: Câncer. Regente: Saturno.
Para lidar com a instabilidade do momento, você precisará confiar no que
está por vir, já que a única certeza é a de que tudo está em transformação. Abra mão
do controle e surpreenda-se com o imprevisível.

GÊMEOS (21/5 A 20/6) Elemento: Ar. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Sagitário. Regente: Mercúrio.
O dia trará uma atmosfera agradável de conversas animadas e companhias
alegres. Faça boas viagens pelas estradas da memória e ao lado de quem você ama.
Reviver antigas experiências fortalecerá os vínculos.
LIBRA (23/9 A 22/10)Elemento: Ar. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Áries.
Regente: Vênus.
Conforto e prazer virão em sua direção neste momento e você poderá
aproveitar para cuidar de seu bem-estar. Reserve um tempo para fazer um pouco do
que você mais gosta ou, simplesmente, nada. Aproveite.
AQUÁRIO (21/1 A 19/2) Elemento: Ar. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Leão. Regente:
Urano.
Sua disposição estará ampliada e você poderá buscar um pouco mais de
emoção que o habitual. Pratique atividades que promovam o seu bem-estar físico e
emocional. A satisfação é a chave para a realização.

CÂNCER (21/6 a 22/7) Elemento: Água. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar:
Capricórnio. Regente: Lua.
Este será um momento de descanso e reflexão, em que novas ideias emer-
girão com mais força e criatividade. Aproveite ao máximo os momentos de solitude e
desfrute da própria companhia. Escutar-se é vital.
ESCORPIÃO (23/10 A 21/11)Elemento: Água. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Touro.
Regente: Plutão.
Depois de um período de retenção, você estará cheio de energia e será
difícil ficar parado. Este será um bom momento para avançar em seus projetos,
mantendo o cuidado para não se precipitar. Movimente-se.
PEIXES (20/2 A 20/3) Elemento: Água. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Virgem.
Regente: Netuno.
Você estará mais confiante de seu conhecimento e deverá aproveitar para
fazer importantes escolhas a partir de seus próprios desejos e experiências. Não deixe
as oportunidades escaparem. Aja com sabedoria.
OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Segundo Caderno | 5

SERIAIS TALITA DUVANEL talita.duvanel@oglobo.com.br

‘A COPA DO MUNDO DE MESSI’ ‘AVATAR: O ÚLTIMO MESTRE DO AR’ ‘SOL DE VERÃO’

APPLE TV+, A PARTIR DE QUARTA-FEIRA NETFLIX, A PARTIR DE QUINTA-FEIRA GLOBOPLAY, A PARTIR DE AMANHÃ
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

COM O CRAQUE ARGENTINO DA SERRA PARA

NÃO HÁ QUEM POSSA A ZONA SUL DO RIO

A trajetória de Lionel Messi até o título mais importante Em 1982, Manoel Carlos escreveu esta novela estrelada
de sua vida — o da Copa de 2022 pela seleção argentina por Irene Ravache no papel de Rachel, uma mulher infeliz
— está contado nesta série documental de quatro no casamento com Virgílio (Cécil Thiré). Ela decide se
episódios da Apple. Além do jogador, dono de oito Bolas separar e mudar de vida: sai de Petropólis para o Rio,
de Ouro de melhor do mundo, há entrevistas com colegas onde passa a morar com a mãe, Laura (Beatriz Segall),
de time, fãs e comentaristas. em Ipanema.

‘MOTEL VALKIRIAS’
GLOBOPLAY, A PARTIR DE QUARTA-FEIRA

PROBLEMAS NA
OUTRO AVATAR ‘EVIDÊNCIAS DIGITAIS DE UM ASSASSINATO’
A&E, A PARTIR DE AMANHÃ

DETETIVES EM
BEIRA DA ESTRADA EM CARNE E OSSO MODO HIGH-TECH

Tjovem
Com problemas pessoais e financeiros, Lucía, Eva e
Carolina se conhecem num hotel entre Galícia e Portugal.
As três resolvem, então, resolver parte das dificuldades
colocando as mãos nos pertences valiosos de um dos
hóspedes. Essa ação vai trazer consequências
inesperadas para cada uma delas.
udo estava em harmonia até a Nação do Fogo se rebelar contra a Nação do
Ar e dizimar sua população. Restava pouca esperança até surgir Aang, um
Nômade do Ar e último representante de seu povo, que vai à luta
contra o domínio do Senhor do Fogo ao lado de amigos da Tribo da Água.
Esta é a historia de “Avatar: O último mestre do ar” (não confunda com
os filmes de James Cameron e ignore a adaptação de M. Night
Shyamalan), uma das grandes apostas do segmento fantasia e aventura da
Netflix para 2024. Inspirada na animação da Nickelodeon, a produção em
live-action tem oito episódios, que chegam à plataforma na quinta-feira.
“‘Avatar’ é uma fantasia épica ambientada em um mundo inspirado no
folclore, cultura e lendas asiáticas e indígenas”, diz Albert Kim, Dados de celulares, relógios inteligentes, aparelhos de
showrunner da série, em comunicado. Ele disse ter entrado no projeto GPS, câmeras de vigilância e toda sorte de aparatos
porque assistia à animação com a filha e se encantou por aquele universo. tecnológicos são usados para se desvendar crimes reais
Reproduzi-lo com atores reais foi uma oportunidade “de estabelecer uma nesta série. De segunda a sexta há um caso novo, sempre
nova referência em representação”. “Apresentamos personagens asiáticos às 21h50. A estreia começa mais cedo, às 21h20, com
e indígenas de uma forma que nunca tínhamos visto”. dois episódios.

Passatempo
CRUZADAS VERSOGRAMA
1 J 2 L 3 A 4 C 5 F 6 E 7 G 8 D 9 I 10 N

11 C 12 A 13 F 14 L 15 D 16 J 17 B 18 E 19 I

20 M 21 J 22 I 23 C 24 M 25 D 26 J 27 L

28 E 29 D 30 C 31 N 32 J 33 L 34 H

35 J 36 E 37 F 38 A 39 H 40 B 41 B 42 G

43 F 44 M 45 E 46 G 47 L 48 N 49 C 50 G

51 C 52 B 53 A 54 N 55 E 56 L 57 I 58 G

59 A 60 F 61 A 62 N 63 M 64 N 65 B 66 H

67 G 68 M 69 F 70 H 71 B 72 D 73 M 74 I

A = chicote
3 38 59 61 53 12

B = unha
65 17 41 71 52 40
POESIA: Felicidade – horizonte / bem perto do nosso olhar... / A gente anda... galga o

C = gorjeta
4 30 11 49 23 51
CONCEITOS : LÁTEGO – ÚNGULA – INHAPA – ZARGO – DILETO – ENCHER –

D = diz-se do cavalo que tem os olhos ou um

15 8 25 72 29 só olho branco
AGENDA – LORD – MORTE – ESTOFO – IMENSO – DEBATE – AMOLDE

E = amado
28 6 36 45 18 55
F = tornar cheio ou repleto
69 43 5 37 60 13
G = caderno destinado a anotações de
67 50 42 58 7 46 compromissos
H 70 34 39 66 = título atribuído na Grã-Bretanha aos pares
do reino
I = corta ou fere com os dentes
22 57 74 9 19
monte... / ele muda de lugar...

J = estofamento
21 32 26 16 1 35
POETA: LUIZ DE ALMEIDA

L = enorme
14 56 2 47 33 27
M = contenda
68 63 20 73 44 24
N = ajuste
54 64 31 62 48 10

Editor: Marcelo Balbio (balbio@oglobo.com.br). Editor assistente: Eduardo Rodrigues (earodrigues@oglobo.com.br) . Diagramação: Gustavo Amaral (gdamaral@edglobo.com.br)
oglobo.com.br/cultura Telefones: Redação:2534-5703. Publicidade: 2534-4310 publicidade@oglobo.com.br Correspondência: Rua Marquês de Pombal 25, 4º andar. CEP 20.230-240
6 | Segundo Caderno Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO
_ SEG_ Joaquim Ferreira dos Santos _ TER_ Leo Aversa_ QUA_ Ana Paula Lisboa (quinzenal) _ Martha Batalha (quinzenal)_ QUI_ Cora Rónai_ Luis Fernando Verissimo _ SEX_ Ruth de Aquino_Nelson Motta_ SÁB_ José Eduardo Agualusa_ DOM_Cacá Diegues

HUMOR

ISENTO DE VERDADE

Folião que acordava Bolsonaro pede a Moraes para Cada vez Homem é

ficar preso em penitenciária

às 6 da manhã para mais cedo: demitido após
ficar espremido no supermercados começar reunião
bloco é flagrado já estão de trabalho
reclamando por
pegar ônibus pro federal de Mossoró vendendo
panetones
desejando feliz
Ano Novo
trabalho às 9h CRISTIANO MARIZ/6-12-2023
Assim que termi- A brincadeira co-
O carioca Rodrigo Canal nou o carnaval, mum de dizer que o
foi flagrado por colegas de supermercados do ano só começa depois
trabalho reclamando de Rio já começaram a do carnaval custou
sono e falta de disposição anunciar produtos caro ao bancário Jere-
às 9h no ponto de ônibus de Natal. “O co- mias Silva.
onde pega o frescão para ir mércio está fraco, Além de falar a frase
para o trabalho. “Nós vi- nem Dia das Mães infame, ele postou
mos você escovando o den- está vendendo em seu perfil do Ins-
te com cerveja 6 da manhã mais, então resol- tagram o verso “todo
na segunda-feira sorrindo vemos pular todas carnaval tem seu fim”
neste mesmo lugar”, disse as datas”, disse o e perguntou numa
um colega. diretor de uma das rodinha do trabalho
Uma curiosidade: Rodri- redes que aderiu ao “quem aí viu a Man-
go sente tanta saudade do projeto. gueira entrar?”
carnaval que urinou na A percepção dos Tudo isso fez com
própria sala de casa para consumidores de que ele fosse demiti-
sentir o mesmo odor dos que janeiro durou do sumariamente por
blocos. Ele também espa- 365 dias também justa causa e sem di-
lhou glitter por toda a casa ajudou na decisão reito a receber qual-
e espera limpar tudo só por
volta de outubro. Ele tam-
bém disse durante a festa
O ex-presidente Jair Bolsonaro quer inaugurar uma novidade no país: o presídio
de foro especial. Bolsonaro encaminhou um pedido de cooperação ao ministro
Alexandre de Moraes e prometeu confessar tudo mas com uma condição: ficar no
das empresas. Um
dos supermercados
inovou: ele está
quer tipo de multa.
Ainda assim brinca-
lhão, Jeremias pediu
que “dormiria só depois de presídio de insegurança máxima de Mossoró. anunciando um ovo que fosse colocada a
morrer” para aproveitar Bolsonaro quer também a construção de um lago para que ele possa fugir de jet ski. da Páscoa de Natal data de 47 de janeiro
mais a folia. Ele não dor- O ex-presidente ofereceu um vídeo com a gravação de uma reunião ministerial para dar de presen- em sua demissão.
miu ainda e a família está onde ele discute golpe abertamente. Moraes agradeceu dizendo que Bolsonaro já tes no Dia dos Na- “Janeiro ainda não
preocupada. fez isso voluntariamente. morados. acabou”, brincou ele.

FOTOS DE DANIEL LEAL/AFP/13-2-2024

AFP Desde a década de 1950,
com suas primeiras expo-

“Y oko Ono é a artista

desconhecida mais
famosa do mundo. Todos sa-
Entrada.
Mostra da Tate
Modern, que vai
sições em Nova York,
Yoko Ono aderiu ao con-
ceitualismo, corrente que
bem o seu nome, mas nin- até 1º de defende que as ideias por
guém sabe o que faz”, resu- setembro, reúne trás de uma obra têm mais
miu John Lennon na década 200 obras da peso do que o trabalho em
de 1970 sobre o aparente artista japonesa si. Mais tarde, focou em
desrespeito ao trabalho da instalações e performan-
sua mulher, que chega agora ces nas quais convidou o
à Tate Modern, de Londres. espectador a ter um papel
Em um mostra que come- ativo na obra.
çou quinta-feira e vai até 1º A exposição inclui algu-
de setembro, o museu faz mas de suas criações mais
uma retrospectiva da artista polêmicas, como o vídeo
multidisciplinar japonesa, que mostra sua atuação em
que completa hoje 91 anos. “Cut piece” (1964/1965).
Sob o título “Music of the No cenário, Yoko aparece
mind” (música da mente), a envolta em um vestido pre-
exposição destaca o pionei- to e com uma tesoura ao seu
rismo e diversidade da artis- lado, para que o público pu-
ta conceitual que se tornou desse cortar suas roupas,
mais conhecida como “viúva uma forma de chamar a
de um Beatle” (além de ser atenção para a violência
acusada pelo fim da banda). contra as mulheres.
— Esta exposição é uma
celebração de Yoko como PARCERIA
artista. É verdade que John Yoko Ono e John Lennon
Lennon foi um colaborador se conheceram em 1966,
importante para ela, mas es- em Londres, quando a ar-

ARTISTA
tamos muito felizes de po- Conceito. tista integrava o grupo
der mostrar sua arte de ma- Visitante coloca Fluxus, movimento que
neira independente — disse pregos em reunia artistas conceitu-
um dos curadores da exposi- parede como ais e de vanguarda em No-

FAMOSA,
ção, Andrew de Brun. parte de obra va York — cidade onde ela
interativa morava desde criança, de-
VARIEDADE pois que sua família dei-
Em 200 obras, o museu ofe- xou Tóquio, no Japão.

OBRA POR
rece um retrato da artista Suas instalações de arte
entre instalações, objetos, conceitual na Indica Gal-
vídeos, fotografias, escultu- lery de Londres cativaram o
ras, documentos sobre suas Beatle. Este encontro mar-

DESCOBRIR
performances, músicas e cou o início de um casal que
ações realizadas ao longo de permaneceu junto até a
sete décadas. morte de Lennon, assassi-
— Ao exibir tantas obras nado em 1980 em Nova
de Ono, ajudamos a mostrar York, aos 40 anos.
o lugar importante que ela Durante o período em
ocupa na arte e cultura con- AOS 91 ANOS, YOKO ONO que estiveram juntos, além
temporâneas — diz De GANHA EM LONDRES MOSTRA de lançarem seis discos,fi-
Brun, ressaltando que trata- zeram gravações musicais
se da maior retrospectiva já CUJA MISSÃO É, FINALMENTE, experimentais, curtas-me-
realizada sobre a artista na APRESENTAR AO GRANDE tragens, performances e
Europa. —Um dos objetivos instalações. Em 1980,
da mostra é “poder apresen- PÚBLICO O TRABALHO “Double fantasy”, gravado
tar seu trabalho, suas cam- DAQUELA QUE É MUITO MAIS antes da morte de Lennon,
panhas pela paz aos visitan- ganhou o Grammy de me-
tes das novas gerações. QUE ‘A VIÚVA DE LENNON’ Traços. Pessoas desenham na obra “Adicione cor (barco de refugiados)” lhor álbum do ano.
18 DE FEVEREIRO DE 2024
. O GLOBO

MARINA
HOT
MORENA
A HISTÓRIA E O
ESTILO DA BAIANA
DE ORIGEM SIMPLES
QUE VIROU UMA
DAS EMPRESÁRIAS
MAIS HYPADAS
DO PAÍS
 editorial
feliz ano novo

S
ei que já trocamos algumas
palavras em 2024, mas, passados o
carnaval e minhas três semanas de
férias, é como se o ano começasse
agora. Saem os excessos da folia
e o bronze de fazer inveja. Entram a disciplina,
a malhação e a vontade de ler e escrever histórias
como as que recheiam a revista de hoje.
Assinado pela repórter Laís Rissato, o perfil de
Marina Morena, “filha do coração” de Flora
e Gilberto Gil que se tornou empresária
de Anitta e Regina Casé, é uma delas.
“Bonita com o que Deus lhe deu”, como
na letra de Caymmi, Marina quase perdeu o pai
para as drogas. Passou a infância com
vergonha da mãe, que não tinha
dinheiro para pagar o colégio, e
abraçou todas as oportunidades
que teve para deixar sua gata
borralheira no passado. Hoje,
além de empresária de sucesso,
é íntima de figurões da moda,
Andrea D’Egmont escreve sobre
como Ricardo Tisci e Domenico a volta da chef Silvana Bianchi

Legenda Dolce, e acaba de lançar uma

plataforma de upcycling. Graças a ela,
conseguiu controlar melhor a própria
compulsão por compras.
Last but not least: Bruno Astuto está de volta.
Depois de um susto e um hiato de duas semanas,
o colunista reassume seu posto na última
página da revista. Se nosso ano começa agora,
imaginem (ou melhor, leiam sobre) o dele.
Felipe Veloso assina o styling do
marina caruso ensaio de capa com Marina Morena

3
 30

24 32
SUMÁRIO
28 34

expediente
9 MARTHA MEDEIROS
FOTO João Viegas EDITORA-CHEFE Marina Caruso
26 MODA MODA Felipe Veloso EDITORA ASSISTENTE Joana Dale

29 LUANA GɁNOT MAKE Mário Marques

PRODUÇÃO Marina Morena veste
REPÓRTERES Eduardo Vanini, Laís Rissato,
Marcia Disitzer e Yasmin Setubal
30 BELEZA Gianni Versace para STYLIST Lucas Magno F.
Trash Chic Vintage e brincos YSL
38 BRUNO ASTUTO para Shop & Share
PRODUTORA EXECUTIVA Kariny Grativol
EDIÇÃO DE ARTE Dushka e Mayu Tanaka
DIAGRAMAÇÃO Ana Scott e Cristina Flegner
INSTAGRAM @elaoglobo
SITE oglobo.com.br/ela
E-MAIL revistaela@oglobo.com.br

4
 umsoplaneta.globo.com

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PARCEIROS APOIO REALIZAÇÃO

front
Por EDUARDO VANINI

COISA
DE
MUSEU
Ivaldo da Silva
e Victor Hugo REGISTROS HISTÓRICOS
Ribeiro foram
clicados após
DO CARNAVAL DE 2022
o desfile da GANHAM EXPOSIÇÃO NO
Portela MAR E VIRAM LIVRO-ARTE

6
 L
“
á na encruza, a esperança acendeu.” O verso
do samba-enredo da campeã do carnaval carioca de 2022, a
Grande Rio, soa hoje como uma profecia concretizada. Os
desfiles daquele ano, os primeiros pós-pandemia, entraram
para a História ao darem vazão a uma catarse coletiva na Sapu-
caí. Um marco digno de virar coisa de museu, no melhor senti-
do da expressão. É justamente o que faz a exposição “Rio car-
naval”, que chega o MAR, no Rio, no próximo dia 21, com mais
de 80 retratos, além de vídeos, que registram a emoção de dife-
rentes personagens na folia daquele ano.
Com curadoria do cenógrafo Gringo Cardia e do historiador e
escritor Luiz Antônio Simas, a mostra faz parte dos eventos em
Crislane
torno da cúpula do G20, que terá o Rio como sede em novembro. Ribeiro desfilou
Antes do evento oficial, a cidade recebe, esta semana, a primeira na Imperatriz
e Célio Justino
reunião dos chanceleres. As fotos foram feitas em dois estúdios (ao lado), na
montados na dispersão da Sapucaí naquele ano e são assinadas Mangueira
por Fábio Ghivelder, João Farkas, Igor Souto, Leonardo Rama-
dinha e Vik Muniz. Além da exibição, foram impressas na for-
ma de livro-arte numerado (são 3 mil exemplares) que será da-
do de presente às autoridades durante o encontro do G20.

“MOSTRAMOS A
SENSAÇÃO DE ALMA
LAVADA QUE O CARNAVAL
PROPORCIONA” Belinha
Delfim

GRINGO CARDIA, CURADOR participou

do cortejo
da Viradouro

Os registros, afirma Gringo Cardia, foram produzidos a par-

tir de uma verdadeira força-tarefa. Um grupo de cerca de dez
olheiros se espalhou pela dispersão em busca dos melhores
personagens, que eram levados aos estúdios bem na sequência
dos cortejos. Assim, segundo ele, foi possível mostrar a emoção
das pessoas nas fotos. “Elas estavam em êxtase, com um astral
impressionante. Mostramos a sensação de alma lavada que o
carnaval proporciona, ao servir como exorcismo para os nos-
sos problemas”, comenta o cenógrafo.
Aexibição fica em cartaz até 19 de maio, mas, segundo a ideali-
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

zadora, a secretária de Turismo da Cidade do Rio, Daniela Maia, a

ideia é que tenha vida longa. “Já iniciamos algumas conversas pa-
ra que a mostra viaje por diferentes países”, adianta. “O carnaval é
a única competição em que não há ódio nem rivalidade. É músi-
ca, arte e dança. E essa mensagem precisa viajar pelo mundo.” e

7
 Por JOANA DALE

Destaque na
CORRENDO
por fora
semana de
moda de NY,
P.A está de olho
na Olimpíada
de Paris

O velocista brasileiro Paulo André, o P.A, foi um dos destaques na semana

de moda de Nova York, que terminou na última quarta-feira. O atleta assistiu
ao desfile da Tommy Hilfiger na primeira fila. “Meu pai sempre gostou muito
da Tommy. Antigamente, quando viajávamos juntos, eu como atleta e ele
como técnico, sempre dávamos um jeito de ir numa das lojas. E hoje, ser um
embaixador da marca, é uma realização para toda a minha família”, conta. De
olho nos próximos Jogos Olímpicos, P.A não deixou de treinar em Manhattan.
“O foco é na busca de uma vaga para representar o Brasil em Paris”, conta o
atleta, de 25 anos. Correndo por fora, o velocista vem consolidando carreira
na moda, desde que assinou com a agência WAY, de Anderson Baumgartner,
a mesma de Carol Trentini, Alessandra Ambrósio e Marlon Teixeira.

O Liana Ferraz vai lançar seu primeiro

romance, “Um prefácio para Olívia

R
Guerra”, na próxima quinta-feira, dia 22,

DE
na Janela, no Jardim Botânico. Na noite

PO DA
de autógrafos, a atriz Larissa Maciel fará
leitura de trechos da história de Maristela,
que, aos 8 anos, testemunhou a mãe, até
então uma desconhecida poeta, saltar da
varanda. “A morte, numa obra de arte,

S IA
pode ser vista inclusive como metáfora.

POE
Quero falar sobre maternidade, amor e
solidão com liberdade”, afirma a autora.

PAULO ANDRÉ EM NY,

LARISSA MACIEL NO
RIO E COLEÇÃO COM O
CRIVO DOS MARLEY BOB WOLFENSON (LIANA) E FOTOS DE DIVULGAÇÃO

‘ONE LOVE’
Filme do momento, “One love”, sobre a vida Bob Marley (1945-1981),
inspirou nova coleção da Redley. A concepção, da estampa das
camisetas aos detalhes dos bonés, foi criada em colaboração com os
herdeiros do músico jamaicano — que teve 11 filhos com 7 mulheres.
Sim, precisou passar pelo crivo da família, incluisve a ideia da
campanha fotografada em São Luís, reduto brasileiro do reggae, com
modelos maranhenses (foto). “Tudo foi feito a várias mãos. Os filhos
estiveram envolvidos ao longo do processo, aprovaram todos os
detalhes”, conta Lorena Tomassini, do Marketing de Redley.

8
 crônica

JUNTANDO
OS
PEDAÇOS
Martha Medeiros
marthamedeiros
@terra.com.br

S
e eu contar para você uma história que an-
da me incomodando, você julgará de acordo com o meu re-
lato, apenas. Não conhecerá o outro lado. Não adivinhará o
que ocultei. Não tem como saber que meu incômodo está
relacionado não só a esse episódio específico, mas a memó-
rias remotas da infância. Minha história é verdadeira, mas
não é conclusiva nem para mim mesma. Memórias traem,
raivas nos fazem exagerar, o vitimismo ficciona confissões.
Se há inexatidão até em conversas sinceras e afetivas,
imagine entre quem mente e quem adora uma fofoca, en-
tre quem manipula e quem é inocente, entre quem não se
expressa bem e quem não capta entrelinhas. O universo é
repleto de mal-entendidos.
É como se cada um de nós falasse um idioma próprio, e ti-
vesse que contar com a compreensão de quem não domina o
que dizemos. Quando nos comunicamos em um idioma que
em que eu estava, não se escutava um suspiro. Cada diálo-
go, cada afirmação dos personagens era um pedacinho do
quebra-cabeça a ser montado em busca da verdade. Dian-
te de um impasse, como decidir quem tem razão?
É um filme de tribunal, mas de uma originalidade im-
pactante, pois desconsidera o veredito. A matéria-prima é
a relatividade de tudo. Cada um de nós tem um pouco de
razão e cada um de nós está equivocado. Procuramos
equilibrar o certo e o errado a fim de chegar a um platô de
entendimento minimamente aceitável, mas sempre ha-
verá alguma injustiça no parecer final. Aliás, nem sempre
no final. Há injustiças no meio. Há injustiças no começo.
Sempre foi assim e hoje está pior: os julgamentos deixa-
ram de acontecer na Suprema Corte, estão pulverizados
nas redes sociais. Todos os dias alguém pensa que sabe o
que você está sentindo. Tem opinião sobre o motivo de vo-
cê ter dito o que disse. Acha que você é do bem ou do mal,
segundo critérios toscos.
Quanto maior a plateia em volta, menos conhecemos
uns aos outros. Conhecer para quê, ora bolas? Duas ou
três postagens são suficientes para saber qual é a sua. e

“
não é o nosso, resumimos a experiência e simplificamos nos-
sos sentimentos. Em português, tenho vocabulário e desen-
voltura para me expressar com clareza. Em espanhol, me-
nos. Em inglês, menos. Em alemão, emudeço.
I A - P RIMA
ÉR E DE
A MAT TIVIDAD NÓS
Vale como metáfora, inclusive.
A pessoa com quem eu falo talvez seja fluente em maledi-
LA E
cência e reconheça apenas nuances da minha sinceridade.
É A RE CADA UM D DE
. O
TUDO UM POUC M DE
Como podemos ser julgados por quem não nos conhece
profundamente, não testemunhou o que vivemos e só conta
TEM E CADA U
ADO
com a nossa habilidade (ou inabilidade) no uso das palavras?
ZÃ O I VO C
Essa reflexão foi despertada pelo excelente “Anatomia
RA Á EQU
de uma queda”, filme que concorre ao Oscar no próximo
E S T
10 de março e que tem calado plateias: na sala de cinema NÓS

9
 CAPA

bonita
com
o que
Deus
lhe
deu

Vestido Paco
Rabanne para
Shop and Share,
pulseiras Elsa
Peretty para
Tiffany para
Shop and Share,
cinto Dolce &
Gabbana para
Shop and Share

10
ELA QUASE
PERDEU
O PAI PARA
AS DROGAS,
FOI ‘ADOTADA’
PELA FAMÍLIA
GIL E VIROU
EMPRESÁRIA DE
ARTISTAS COMO
ANITTA E REGINA
CASÉ. CONHEÇA
MARINA MORENA,
A BAIANA
ARRETADA
QUE ACABA DE
TRANSFORMAR
COMPULSÃO
FASHION EM
PLATAFORMA
DE ‘UPCYCLING’
Por LAÍS RISSATO | Fotos JOÃO VIEGAS
Edição de moda FELIPE VELOSO

11
 S
em maquiagem e com os cabelos presos, Marina Morena sur-
ge confortavelmente deitada na cama, do outro lado da tela. A
baiana de 40 anos está na Pituba, reserva ecológica em Alago-
as. Com 350 metros quadrados e quatro quartos, o refúgio é a
primeira residência própria da empresária responsável pelos
mo Keka de Oxossi, e do Acarajé, em homenagem a seu orixá no
candomblé e o talento ao fazer e vender o quitute.
De origem simples, Marina, na infância, se envergonhava do
estilo de vida festeiro e libertário dos pais, e da religião. A história
da empresária com a família Gil se fortaleceu no terreiro do Gan-
negócios de Anitta e de personalidades como Regina Casé, tois, em Salvador, frequentado por Keka e Flora Gil. “Éramos de
Thaila Ayala e Cris Vianna na agência MAP Brasil, da qual é classe média baixa, e eu estudava em escola católica, da elite baia-
sócia. “É uma vitória. Nunca consegui juntar dinheiro, e fiz na. Meu pai não pagava a mensalidade, acumulava dívidas, tinha
uma dívida para comprá-la, como se fossem parcelas do car- um carro caindo aos pedaços. E eu idealizava a mãe que não era a
tão de crédito. Paguei tudo em um ano e meio”, conta. minha, a que ia à reunião da escola com a bolsa Chanel”, brinca.
Conhecida como a filha do “coração” da família de Gilberto “Faltavam referências e representatividade. E se você não tem al-
Gil, Marina passa a maior parte do tempo em São Paulo e é dona guém que admira, da mesma religião, acha que é do diabo.”
de um closet recheado de grifes internacionais. Fashionista Keka morou por 15 anos no Rio, onde teve três restaurantes.
contumaz, viu a paixão pela moda, nascida na infância ao as- “Marina é muito humana, paga tudo para mim, hoje estou apo-
sistir aos programas de Xuxa e Angélica, transformar-se em sentada. As pessoas pensam que ela é brava, mas não. Se alguém
compulsão. “Para ser honesta, ainda não parei (de comprar). precisa, está sempre disponível”, diz, destacando a generosidade
Talvez, a origem seja uma frustração por não ter trabalhado como um dos melhores atributos da filha. Ao falar da relação de
com moda antes. Mas agora, antes de comprar uma peça, pen- Marina com o pai, o fotógrafo Beg Figueiredo, Keka relembra
so se vou conseguir alugá-la”, diz, sobre sua mais
nova empreitada, a Shop & Share, plataforma de
aluguel e compra compartilhada de roupas e aces-
sórios. Com bolsas, ela não trabalha, evitando do-
“Nunca consegui
res de cabeça como a enfrentada na semana passa-
da por um brechó de luxo de Nova York, considera-
juntar dinheiro.
do culpado pela justiça, entre outras coisas, por
vender itens falsificados da Chanel. “A bolsa é peri-
Fiz uma dívida para
gosa, a falsificação dela é muito evoluída.”
O negócio começou informalmente há alguns
comprar minha casa”
anos, emprestando peças aos amigos. “Perdia MARINA MORENA
muitas, porque algumas pessoas não devolviam,
ou eu esquecia de cobrar. Tinha que organizar isso.” Além de um momento traumático e de dor. “Beg era excelente fotógrafo,
itens próprios, Marina põe na roda looks de Fernanda Paes mas entrou em uma onda de drogas. Ela odiava. Hoje, eles se fa-
Leme, Juliette e, claro, Anitta. No app, os usuários criam um lam e Marina dá todo o suporte que ele precisa depois de ter tido
perfil, favoritam e compartilham com amigos o que mais gos- um AVC ano passado.” Para a empresária, falar sobre drogas não
tam. “Queremos fazer a moda circular”, decreta. étabu. Oassunto, afirma, deveria ser tratado sempre às claras
Marina nasceu em casa, em Salvador, ao som de “Você é lin- pelas famílias e pela mídia. “Meu pai era dependente quími-
da”, e ganhou o nome da música de Dorival Caymmi. Com 4 co. Com 7 anos, o via usando cocaína, ele dizia que era remé-
anos, já tinha o espírito fashionista nas veias. “Ela queria um ani- dio para dor de cabeça. Minha mãe não tocava no assunto.
versário com roupa, capa e bota rosa. E eu corria atrás de costu- Entendo que existe uma idade (para falar com as crianças),
reiras”, relembra a mãe, Keka Almeida, também conhecida co- mas se fosse algo aberto, seria menos problemático.” a

12
Vestido, bolsa
e botas, tudo
Saint Laurent
na Shop and
Share

13
 Vestido
Mugler
na Shop
and Share

14
“ERA TRATADA COMO
OS FILHOS. ENQUANTO
FLORA E GIL VIAJAVAM DE
PRIMEIRA CLASSE, TODOS
IAM NA ECONÔMICA”

15
 O drama vivido por Beg foi tão intenso que resultou em pri-
são. Marina não sabe precisar datas, mas relata que o pai fi-
cou na cadeia alguns meses, ao ser detido com substâncias
ilícitas. “Não sei se era maconha ou outra coisa. Talvez tenha
que existir a legalização”, admite. Ela já experimentou maco-
nha e não gostou. “Não chego perto de drogas.”
Acostumada a passar os verões ao lado dos Gil, em Sal-
vador, Marina se tornou muito amiga de Bela, Bem, João
e, principalmente, de Preta. Acolhida por Flora, a empre-
sária diz que tudo o que sabe vem dos ensinamentos da
matriarca. “Já queria sair de Salvador, e ela me colocava
para trabalhar, foi uma verdadeira escola. Comecei no
Expresso 2222 (o trio de Gilberto Gil), e acabei vindo com
ela para o Rio. Admiro a maneira como Flora administra
tudo.” Apesar de não ter o sangue da família, a síndrome
da Gata Borralheira nunca guiou sua história. “Nem um
pouco, eu era tratada igual aos filhos. Eu e João, ainda cri-
ança, vendíamos discos do Gil em uma barraquinha na
rua, durante os shows”, relembra.
Além de compartilharem o talento para os negócios, Flora
e Marina têm o mesmo orixá, Ewá ou Yewá, conhecida por
ser símbolo de beleza e sensualidade. “Tudo o que Marina
conquistou é por mérito próprio, e mesmo tendo um ar meio
blasé, as pessoas gostam dela espontaneamente. Quando se
casou, o altar tinha duas mães”, conta Flora.
Em 2008, Marina se casou com o fotógrafo e maquiador
Fernando Torquatto, em cerimônia no Rio. Ali, conta, caiu a
ficha sobre o círculo no qual estava inserida. “Saíram notas
no jornal, dizendo que Caetano ia cantar, algu-
mas mentiras. Foi muito chato. Fomos capa das
revistas não por nós, mas por causa dos padri-
nhos”, relembra. No altar, além de Keka e do ca-
“Ela conquistou tudo
sal Flora e Gil, estavam Carolina Dieckmann,
Juliana Paes, Taís Araujo e, claro, Preta. Insepa-
por mérito próprio,
ráveis, ela e Marina têm muita história para con-
tar. Uma delas foi quando, em 2004, mudou-se
nunca foi uma
com a cantora para São Paulo, trabalhando co-
mo sua assistente. “Eu apresentava o programa
menina preguiçosa”
‘Caixa Preta’, na Band, e moramos uma época FLORA GIL, EMPRESÁRIA
na casa da Marlene Mattos, era muito divertido.
Também fizemos juntas, há mais de 15 anos, uma lipoaspira-
ção, e só depois percebemos que uma não iria poder cuidar
da outra”, brinca Preta. A união com Torquatto manteve-se
na ponte aérea e, no total, durou cinco anos. A distância e o
fim das “borboletas no estômago” foram os motivos para o
término. “Ele trabalhava muito, e quando você é jovem, acha
que o primeiro grande amor é para sempre”, conta.
Pouco tempo após a separação, Marina engatou um ro-
mance com o chef Raphael Cesana, de quem foi noiva. De re-
pente, aos 27 anos, engravidou, mas optou por não ter o bebê.
16
“Eu era a provedora da relação. Quando descobri a gravidez,
falava: ‘Caramba, vou prover duas pessoas?’. O cara até pode-
ria ser bom pai, mas não vai conseguir me ajudar. Tive mi-
lhões de questões.” Com elas, surgiram a culpa católica, mas
também a decisão firme de interromper a gestação. “Não me
arrependo. Não estava preparada”, explica. A legalização do
aborto é mais um assunto do qual fala sem amarras. “Não é o
indicado, mas você vê mulheres em clínicas clandestinas.
Muitas morrem.” Desde o procedimento, tornou-se ainda
mais preocupada em não engravidar, já que não deseja ser
mãe. “Não quero fazer outro aborto.”
Solteira há cinco meses, desde o fim da relação de quatro
anos com o produtor musical Michael Malih, tem os olhares
voltados totalmente ao trabalho. “Passo 100% do tempo no
telefone, mas não vou ao escritório”, diz. Antes de fundar a
MAP Brasil, em 2016, ela e a sócia, a empresária Amanda
Gomes, conheceram Anitta, fenômeno crescente nas redes
sociais. A primeira impressão não foi das melhores. “Ela che-
gou bem diferente do que vi nos vídeos, meio hippie. No iní-
cio a achei cafona (risos). Mas ela era inteligente e muito es-
perta”, destaca. Como já tinha trabalhado com Gal Costa,
Lucinha Araújo, a mãe de Cazuza, e até John Travolta, Mari-
na já era craque em unir marcas e pessoas. Então, soube bem
oque fazer com a Poderosa e logo a aproximou do diretor cri-
ativo Giovanni Bianco, com quem criou o álbum “Bang”.
Quatro anos depois, fez a ponte para a estrela cantar com
Madonna a música “Faz gostoso”. “Ela me ensinou muito.
Acho incrível quando uma relação que nasceu do trabalho
vira uma amizade sincera”, diz a cantora. A empresária não
se exime da responsabilidade pelo boomde Anitta, mas diz
que se a carioca não fosse sagaz, não chegaria tão longe.
“Sabe quando você abre a porta do elevador e a pessoa já
está lá na cobertura? Ela é assim.”
Com tanto fôlego e cheia de realizações, ainda falta algo pa-
ra sonhar? “Quero que Shop & Share alcance um número
máximo de usuários, e as pessoas tenham a consciência de
que a roupa precisa circular. Quem sabe não faço a platafor-
ma ser internacional?” Não seria seu primeiro case. e
Vestido Bonx
& Banco na
Confraria,
bolsa Bottega
na Gringa.
Brincos
Schiaparelli,
sandálias
Gianvito Rossi
e pulseiras YSL,
tudo na Shop
and Share

17
 “NÃO ME
ARREPENDO
DE TER
INTERROMPIDO
A GESTAÇÃO.
NÃO ESTAVA
PREPARADA”

18
Vestido Gianni
Versace na Trash
and Chic Vintage,
sandálias Alaia e
brincos YSL, ambos
na Shop and Share.
Na pág. ao lado,
vestido Dolce &
Gabbana na Gringa,
bolsa Dolce &
Gabbana na Shop
and Share. Brinco
Schiaparelli na
Shop and Share

Produção de moda:
Leonardo Pesanuza.
Beleza: Mário Marques.
Produção executiva:
Kariny Grativol.
Assistente de fotografia:
Fernanda Tiné.
Assistente de beleza:
Marcos Duarte.

19
 APRESENTADO P OR
© M A RCO S OB R A L /GL A B
Braços
abertos
para cariocas
e turistas
RIOSUL, o autêntico shopping
da Cidade Maravilhosa,
oferece experiências únicas
durante o Carnaval
Crossbody de celular
personalizado do
RIOSUL fez sucesso
entre os convidados
do Camarote Quem
O Globo: conforto
U
e praticidade para
curtir a festa
ma década
de tradição,
sofisticação e
entretenimento na Marquês de Sapucaí,
metro quadrado mais disputado durante o Carnaval do
Rio. Em 2024, o Camarote Quem O Globo completou dez
anos como o espaço mais exclusivo do Sambódromo, com
vista privilegiada dos desfiles para quase mil pessoas por
noite. Para celebrar, o RIOSUL SHOPPING, mais uma
vez, recepcionou os convidados em seu meeting point com
conforto e segurança.
Manifestação do autêntico espírito carioca e conectado
com a agenda da cidade, o shopping oficial do Camarote
Quem O Globo colocou um pouco mais de glitter na festa.
Foi lá que os foliões puderam customizar seus abadás de
forma única e personalizada antes de partirem para a
Sapucaí, como a atriz Kizi Vaz, que marcou presença no
primeiro dia do carnaval.
“O RIOSUL é um shopping de alma carioca. E que festa
representa melhor o Rio do que o Carnaval? Estamos muito
 A atriz Kizi Vaz (à
direita) passou
pelo meeting os dias de folia, é de sete milhões de
point no RIOSUL pessoas. Só na Marquês de Sapucaí,
para customizar
o abadá antes de
cerca de 60 mil pessoas desfilaram,
curtir o Camarote desde a sexta-feira, dia 9.
Quem O Globo Os números mostram que, para o
carioca, o Carnaval é mais do que uma
© RODRIGO P EIXOTO/GL A B

grande festa. É um grande impulsionador da

economia da cidade. Com sua localização estratégica
e variedade de serviços oferecidos, o RIOSUL atrai
turistas e cariocas por diferentes motivos, como explica o
superintendente do shopping.
“O Carnaval é uma época em que os cariocas se dividem.
Uns vão curtir na rua, seja em blocos ou assistindo aos
desfiles das escolas de samba. Já o RIOSUL acaba sendo um
refúgio para aqueles que não gostam da festa, oferecendo
várias opções de gastronomia, entretenimento, cinema.
E também para os turistas, que encontram no shopping
todo tipo de conveniência. Com isso, conseguimos oferecer
serviços tanto para quem vem visitar a cidade nessa época
quanto para o morador do Rio”, analisa o executivo,
lembrando que o RIOSUL entregou ainda entretenimento
para pais e crianças, com blocos infantis e customização de
máscaras até o sábado, 17.
© M ARCO SOBR AL /GL A B

©M
A RC
O
SO
B

R
AL
/G
LA
B
Crossbody de celular do RIOSUL: acessório
indispensável no Camarote Quem O Globo

“O RIOSUL é
felizes com essa parceria que faz o shopping ser o meeting
point oficial do Camarote Quem O Globo já há alguns
um shopping
anos e na expectativa para projetos futuros”, diz Gustavo de alma carioca.
Rodrigues, superintendente do RIOSUL.
Como parte integrante da efervescente cultura carioca,
E que festa representa melhor
o RIOSUL preparou mais uma surpresa para os convidados. o Rio do que o Carnaval?
Pensando no conforto e na melhor experiência, o shopping
oficial do Camarote Quem O Globo distribuiu crossbody de
Estamos muito felizes com essa
celular. O acessório moderno, versátil e funcional foi bastante parceria que faz o shopping
disputado pelos foliões, que puderam registrar todos os
detalhes da maior festa do mundo sem preocupação.
ser o meeting point oficial do
Camarote Quem O Globo”
NEGÓCIOS EM MOVIMENTO
Segundo dados oficiais, a previsão é de que o Carnaval de GUSTAVO RODRIGUES,
2024 movimente R$ 5 bilhões, com serviços como turismo,
SUPERINTENDENTE DO RIOSUL.
eventos e transportes, entre outros, todos ligados de
alguma forma à festa. O público na cidade, durante todos

CONTEÚDO PATROCINADO PRODUZIDO P OR GL AB .GLOBO.COM

 ÁGUAS
PASSADAS
EVENTO NA PRAINHA DA GLÓRIA NESTE
DOMINGO REMEMORA BANHOS DE MAR
A FANTASIA QUE MARCARAM DÉCADAS
Por EDUARDO VANINI

22
 M esmo nos roteiros mais robustos
do carnaval de rua, é bem provável que não haja qualquer
menção às areias cariocas, onde os banhos de mar a fanta-
sia foram tradição até a década de 1970. Mas, numa festa
que jamais deixou de olhar para a História, nunca é tarde
para reativar um costume. Neste domingo, o Glorioso
Mergulho a Fantasia pede passagem para resgatar a expe-
riência na Prainha da Glória, aquela que virou um dos
pontos mais disputados deste verão.
O idealizador do evento é o ator Alex Teixeira, que
começou a escarafunchar, durante um projeto de pes-
quisa, a história de praias que sumiram do mapa da ci-
dade pelas transformações urbanas ou se tornaram in-
viáveis pela poluição. “Antigamente, as pessoas podi-
am vir de trem até o Centro para se banhar em áreas que
não existem mais”,
lamenta. “Ou seja,
isso também tem a
ver com o processo “As pessoas podiam vir de trem
de gentrificação.” até o Centro para se banhar em
Nesse mergulho,
ele descobriu como áreas que não existem mais”
os banhos de mar a
fantasia eram muito
ALEX TEIXEIRA, ATOR
populares nas praias de Ramos, Ilha do Governador, Pa-
quetá, Copacabana e Russel (que ficava na Glória). Tais
festejos, acrescenta o pesquisador Tiago Ribeiro, que es-
tudou o carnaval de rua em seu doutorado em Artes na
ARTE SOBRE FOTOS DE JORGE WILLIAM, JORGE PETER E ARQUIVO O GLOBO

Uerj, surgiram na década de 1920 e chegaram a fazer

parte da agenda oficial nos anos 1930. “As pessoas fazi-
am fantasias de papel crepom que, em contato com a
água, se desfaziam. A brincadeira era essa”, conta.
O costume, afirma Alex Teixeira, foi ofuscado pela
ditadura militar e pelas transformações urbanas até
sumir do mapa momesco. E a retomada deste domingo
exalta o passado sem abrir mão das demandas do pre-
sente. A história do papel crepom, por exemplo, é para
ficar só na memória, assim como o uso de plástico.
“Lançamos cartilhas de cuidados nas redes sociais e
pedimos às pessoas que deem preferência à purpurina
biodegradável. Também faremos um mutirão de lim-
peza na areia”, comenta.
A festa começa com um cortejo, que sai dos jardins
do MAM às 14h. Ao chegar à praia, rola um concurso de
fantasia e, claro, o banho de mar. e

23
 P R
NA B AZER
ALA
NÇA
ALIADOS NO COMBATE
A DEPRESSÃO E
ANSIEDADE, REMÉDIOS
PSIQUIÁTRICOS PODEM
SE TORNAR INIMIGOS
DA LIBIDO E DA
PERFORMANCE
SEXUAL
Por LAÍS RISSATO

24
 A pós a sétima crise de ansiedade em me-
nos de uma semana, a estilista Julia Ramos, de 27 anos, decidiu
não esperar mais: entendeu que era hora de marcar uma con-
sulta com o psiquiatra. Ao ser diagnosticada com transtorno de
ansiedade generalizada (TAG) em 2021, começou a tomar ser-
tralina, remédio indicado também para quem sofre de depres-
são e crises de pânico. Ao passo em que seu bem-estar melho-
rava, a vida sexual, entretanto, seguia o caminho inverso. “Con-
forme a dose aumentava, a libido diminuía. Antes, eu tinha
muito tesão. Me masturbar era um hábito. Com o remédio, tu-
do morreu (risos) ”, brinca. Três anos e algumas trocas de medi-
cações depois, a situação continua a mesma. Hoje, no entanto,
Julia fala do assunto com leveza. “Eu namoro, e
conseguimos nos estimular mutuamente. Não
tenho uma frequência certa para transar, po-
rém, me cobro para estar ativa sexualmente. Além
da falta de vontade, meu orgasmo também é diferente, mais
demorado e fraco”, lamenta ela. Apesar do desejo de parar
com os remédios, Julia entende a importância de seguir à risca
o tratamento. “Sonho todos os dias em não tomar mais. Mas,
se não estou no fundo do poço, é graças a ele.”
Mesmo com a popularização dos debates sobre a impor-
tância da saúde mental e o uso de medicamentos — segundo
dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos,
o consumo de remédios para ansiedade cresceu 10% e o de
antidepressivos saltou 34% entre 2019 e 2022 —, pouco se
discute o efeito prejudicial deles à vida sexual. De acordo com
o psiquiatra Alexandre Saadeh, do Instituto de Psiquiatria da
USP, os antidepressivos facilitam o aumento da serotonina,
comumente conhecido como o “hormônio da felicidade”, no
organismo. E ela é um neurotransmissor que inibe a sexuali-
dade.“Parece paradoxal, já que em um estado depressivo, vo-
cê tem menos energia vital, logo, menos desejo se-
xual. Mas a serotonina acaba com o tesão e retar-
da o orgasmo. Imagina sair da depressão e não
recuperar um prazer tão básico quanto o sexu-
al?”, questiona ele. Um ponto importante antes
de dar início a qualquer protocolo, destaca Danielle
Admoni, psiquiatra da Unifesp e especialista pela Associação
Brasileira de Psiquiatria (ABP),é entender a quantas anda a li-
bido do paciente na primeira consulta. “Muitas vezes o relacio-
namento não está bom, há questões financeiras e no trabalho
SHUTTERSTOCK
que causam preocupação e tudo isso interfere. É preciso mui-
ta conversa sobre os efeitos colaterais, porque se há uma de-
pressão gravíssima, há que se pesar os prós e contras.”
Afalta de diálogo fez com que o ator mineiro Vicente (no-
me fictício), de 39 anos, descobrisse apenas ao final de uma
relação, em cinco anos de idas e vindas, que o parceiro “bro-
chava” porque tomava remédio para ansiedade. “Ele tinha
dificuldades para ter ereções, mas não conversávamos so-
bre isso. Pedia desculpas, dizia que estava nervoso”, relata.
Durante esse período, Vicente se sentia culpado, acreditan-
do que havia algo errado com ele. Porém, em outros cami-
nhos amorosos, não foi difícil cruzar com rapazes que tam-
bém tivessem problemas. Para o ator, o consumo de antide-
pressivos é banalizado. “É meio assustador. Não sou contra,
mas acho que existe uma falta de consciência. Vejo gente to-
mando aos montes, inclusive, sem receita.”
A engenheira de produção Vitória (nome fictício), 28
anos, vive problema semelhante. Seu marido usa a
substância venlafaxina no tratamento da depressão
há muitos anos. Casados há dois, ela explica que a fal-
ta de sexo tem se tornado frequente. “Ele não tem vontade de
transar no dia a dia, e eu sempre preciso tomar a iniciativa.
Muitas vezes me sinto rejeitada. E quando acontece, é difícil
ele ter um orgasmo”, lamenta. Apesar de já terem jogado luz
ao assunto, o casal ainda não conseguiu encontrar uma solu-
ção. “Ele fica triste porque sabe que isso me afeta.”
“Além da falta de
vontade, demoro
para ter um
orgasmo e ele
é mais fraco”
JULIA RAMOS,
ESTILISTA
Para a sexóloga Bárbara Bastos, ter a companhia de anti-
depressivos não significa o decreto da morte da vida sexual.
Ainda é possível esquentar a cama e os lençóis estimulan-
do o mundo erótico. “O desejo sexual não é um botão de
liga e desliga. É importante mexer na rotina e recuperar o
que dá frio na barriga fora da cama: os beijos de língua, ler
contos, trocar mensagens e ver filmes picantes. O sucesso
vem em não tentar transformar o orgasmo e o sexo em
mais uma obrigação”, aponta a profissional. e
25
moda Por MARCIA DISITZER

LAÇOS DE
TODOS OS
Vestido em
tafetá da
coleção de
alta-costura
de verão 2024:
feminilidade

TAMANHOS E
TECIDOS
VIRALIZAM
NAS REDES E
ARREMATAM
OS LOOKS DA
TEMPORADA

AMARRE-
SE
Giambattista
FOTOS GETTYIMAGES

Valli

26
E Giambattista
xagerado, românti-
co, discreto, subversivo, minimalis-
Valli
ta. Laços, de todos os tipos e tama-
nhos, foram amarrados em peças dos
Dior
desfiles das últimas temporadas internacio-
nais, da alta-costura da Dior ao prêt-à-porter
da Nina Ricci. No TikTok, a estética “coque-
te” faz com que o adorno, que remonta a
tempos bem antigos — um conjunto de fi-
tas de cabelo da Suméria, feito de ouro por
volta de 2.500 aC, está exposto no Metro-
politan Museum of Art, em Nova York —
viralizasse e contagiasse a geração Z, que,
por sua vez, dá a ele novos significados.
Além de incorporar a palavra coque-
te, que significa “mulher que procura
despertar o interesse amoroso de outras
pessoas por meio de gestos ou requintes
Nina
na aparência”, o estilo girly apropria-se de Ricci
elementos delicados e lúdicos. E aí surgem
os laços, como protagonistas. No TikTok, a
hashtag #coquetteaesthetic já alcançou mais
Erdem
de 5 bilhões de visualizações, e as fitas arrematam
de roupas a objetos do dia a dia.
O acessório, que valoriza cinturas, destaca ombros,
arremata tops, enfeita sandálias e prende o cabelo, é
recurso imbatível para quem busca acabamento
clássico. “Em linhas gerais, vem com a demanda de femi-
nilidade. O laço preto, comportado, está presente no desfile
da grife Chanel a lojas da Rua 25 de Março”, diz a
consultora de imagem e stylist Manu Carva-
lho. O universo da dança também reforça
a proposta, no embalo do balletcore.
Diretora criativa da Chanel, Virginie
Viard voltou à década de XX do sé-
“COMBINAM
culo passado e, na alta-costura de COM RENDAS E Simone
janeiro, revisitou os balés russos
que encantaram a fundadora
TRANSPARÊNCIAS. Rocha
da maison. “É forte tendência. PODEM SER
Combinam com rendas e teci- ROMÂNTICOS
dos transparentes, que deixam a
lingerie e o corpo à mostra. Laços OU OUSADOS”
também podem ser sensuais e ou- MԁNICA GIRÍO
sados ”, conclui a consultora de
Chanel
CONSULTORA
DE IMAGEM
imagem Mônica Girão. e

27
 Por MARCIA DISITZER

ESTREIA
em NY
A estilista catarinense
Mariana Meirelles, da marca MM,
participa, pela primeira vez,
da feira internacional de moda
Coterie, de terça a quinta-feira,
em Nova York. Mariana vai expor
a coleção de inverno 2024
a compradores internacionais.
“Ela faz produtos, como
moletons com corte de
alfaiataria, que têm tudo para
agradar”, diz a consultora
internacional Simone Jordão.

Colete e calça
com corte de
alfaiataria na
ORIG proposta da
AMI grife Aninale
Acab
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TOQUE
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URBANO
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ira um ato buck :
As co a tote et,
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um c mbém bag.
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do az lo
ul pa à parte e v O carnaval acabou e as
o lara stel a ão
n té novidades de inverno surgem,
tropi ja bem
ca aos poucos, nas vitrines:
(@fe l
ndi). na Animale, peças urbanas e
com corte de alfaiataria, como
o colete e a calça de pregas,
ganham lugar de destaque
na recém-lançada coleção
Singularidades. A campanha
foi fotografada em Barcelona,
na Espanha.

MARCA
BRASILEIRA
NOS EUA,
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

BOLSA DOIS EM
UM E INVERNO
SINGULAR

28

DORES E
DELÍCIAS
Luana Génot
lgenot@simaigualdade
racial.com.br
M
“
eu marido detesta home office por-
que o trabalho de casa dá mais trabalho do que o que ele faz fo-
ra de casa”, alegou a funcionária de uma empresa numa pes-
quisa sobre percepções sobre o trabalho remoto. Entre os as-
suntos constantes nas rodas de discussões de várias compa-
nhias, especialmente as grandes, estão: home office, produti-
vidade e o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.
Durante a pandemia, muitas empresas se viram obrigadas a
adotar a configuração do trabalho remoto. E, para tantos, pa-
recia que nunca mais voltaríamos ao trabalho presencial no-
vamente como antes. A possibilidade de evitar tempo de des-
locamento e estresse no trânsito e passar mais tempo em casa
com a família soou como uma oportunidade de melhor equilí-
brio entre os pratinhos da vida pessoal e profissional.
Por outro lado, havia quem se sentia mais produtivo no pre-
sencial. Ou ainda quem gostava de ir fisicamente ao escritório
para usufruir de uma melhor infraestrutura (computador, ca-
deira, internet rápida), encontrar colegas, escapar de uma ro-
tina de casa entediante ou desconfortável para a concentra-
ção. E também como forma de driblar a sobrecarga do cuida-
do da casa e de outras pessoas.
Dar conta da casa e do trabalho fora dela juntos ao mes-
mo tempo é coisa demais. Um verdadeiro caos mental que
levou muitas pessoas a estafa.
Para muitos, em geral homens, acostumados a sair de
casa e voltar para o jantar já pronto e na mesa, foi enlou-
quecedor ver de perto o trabalho que dá manter uma casa
de pé. Não me espanta o comentário acima da moça que
mencionou isso na pesquisa.
crônica
Conviver com aquele colega chato ganhou até status de
“saudade”. O tempo de deslocamento e a cervejinha no final
do expediente ou até viagens ao trabalho que permitissem
dormir fora de casa, evitando choro e demandas das crianças
no meio do dia ou da noite, podem, de fato, parecer bem mais
fáceis de enfrentar do que trabalhar de casa.
Após o ápice da pandemia, “gurus da produtividade”,
como Musk e Bezos, decretaram que home office não era
tão produtivo quanto parecia. De lá para cá, uma série de
pesquisas saíram associando o presencial ao aumento de
vendas, motivação e produtividade. E o que parecia que
nunca mais seria igual, voltou ainda mais forte.
Não há dúvidas de que a troca de calor humano ainda aque-
ce corações, a convivência presencial e os cafezinho entre reu-
niões podem gerar insightse aproximar pessoas. Mas estes não
são os únicos motivos para a volta ao trabalho presencial.
No remoto, teriam menos controle do ambiente e do
tempo que as pessoas estavam de fato dedicando ao traba-
lho da empresa e não ao doméstico ou outras “distrações”.
Oefeito manada fez com que grande parte voltasse para um
sistema presencial quase sem pensar em quais aprendizados,
para além de termos finalmente aprendido a fazer videocon-
ferências, o home office traria para suas culturas. Vida de ga-
do? Em alguns casos, um a dois dias de home office foram im-
plementados, mas ainda vistos, por vezes, com cara de “quase
folga”. Mas não é folga mesmo!
Não há uma única resposta de ergonomia do trabalho e, pa-
ra além de um efeito copia e cola do vizinho ou do influencerda
produtividade. Entre o corre do dia a dia e as pausas que deve-
ríamos valorizar mais, podemos nos debruçar em achar as
nossas ergonomias próprias pessoais e coletivas. e
“
D E M IA,
A PAN M QUE O
A P Ó S
C R E TARA NÃO ERA
DE F FICE IVO
E O
HOM ODUT CIA
O P R
TÃ
T O PARE
QUAN
29
beleza
Por ISABELA CABAN

DOIS ATIVOS ANTIOXIDANTES,

ÓLEOS ESSENCIAIS E

MAIS
HIDRATANTES MAIS
POTENTES E DE RÁPIDA
ABSORÇÃO ENRIQUECEM
CREMES PARA PÉS E MÃOS
DOIS
RECHARGE
SATIN Óleo de coco,
Manteiga de R$ 17,90,
karitê, R$ 41,90, kissnewyork.
marykay.com.br ULTIMUNE com.br
Concentrado
antienvelhecimento,
R$ 249,
shiseido.com.br

PINK
Óleos essenciais,
R$ 65, granado.
com.br

MELISSA
FOTO CARLOS BESSA. PRODUÇÃO FABIANA NEVES

Óleos vegetais,
R$ 44,90,
boticario.com.br

INTENSIVE
Colágeno
marinho,
R$ 59,90,
(11) 97214-2395

30
 PÓS-
Sombras
samba
Para descansar os pezinhos
hiperpigmentadas maltratados na folia, o salão
para looks festivos:
aplicar com pincel
Care, em Ipanema, oferece
umedecido cinco opções de óleos
essenciais para a
massagem com a técnica
QUANDO O CARNAVAL PASSAR de reflexologia, feita no
jardim de inverno da casa.
Cores fortes e impactantes têm chamado atenção na maquiagem não apenas Lavanda e alecrim trazem
no carnaval, mas em looks festivos e ousados em qualquer época do ano. Não relaxamento e ajudam com
à toa, marcas estão desenvolvendo sombras hiperpigmentadas, como a Simple o inchaço. Sai por R$ 125,
Organic que lança a linha Pigmento, em pó, em cinco tonalidades — olha uma meia hora: (21) 3813-0560.
delas acima (R$ 69, no site simpleorganic.com.br). Antes de entrar de rosto
e alma no estilo, lembre-se que, por conta da intensidade, a aplicação deve ser CUIDADOS
cuidadosa. “Primeira dica é passar um primer de sombras por toda pálpebra.
Dê uma leve molhada no pincel com água ou fixador de maquiagem, que PARA OS PÉS,
vai ajudar na durabilidade. E retire o excesso antes de pintar para não correr NOVO CAFÉ
o risco de cair no rosto e manchar a base”, ensina o maquiador Walter Lobato.
TEMÁTICO E
SOMBRAS DE
COR FORTE

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COL E A
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FOTOS DE DIVULGAÇÃO

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e smoo a picantes. C a,
frutad
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ia , 1 0 euros,
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em mé cafe.
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31
giro
Por JOANA DALE

Isabeli Fontana
com as bolinhas
da mesma
estampa no
Emiliano
Beach Club

VISTA
COM
POÁS

A GRIFE CAROLINA
HERRERA VESTE
ESPREGUIÇADEIRAS
E GUARDA-SÓIS
DO EMILIANO
BEACH CLUB EM
COPACABANA. COM
DIREITO A PRANCHAS
E RAQUETES DE
BEACH TENNIS PARA
HICK DUARTE

HÓSPEDES DO HOTEL

32
 TAPAS DE
beber
O mixologista Walter Garin deu uma
bela repaginada na carta de drinques
da Casa Milà, em Laranjeiras, com
opções que remetem a petiscos
espanhóis. Na foto, o Maria Catalana
(R$ 36), versão de Bloody Mary com
infusão de jamón na vodca e suco de
tomate com mix de temperos catalães.

Egg Chair
de Muddy Cap,
designer da
Coreia do Sul:
criações apenas
em 3D

DA GEMA
Designer da Coreia do Sul, Muddy Cap faz sucesso com
cadeiras que mais parecem obras de arte. Uma das novidades
compartilhadas em seu perfil no Instagram, seguido por 150 mil
fãs, entre eles os brasileiros Humberto Campana e Karol
Suguikawa, é a Egg Chair. “A maior parte das minhas inspirações
vem do dia a dia. Tenho ideias a partir de músicas, filmes e da
comida”, comentou o artista. Por enquanto, as cadeiras são
criadas no computador, em 3D. Os seguidores do designer
imploram para que ele as torne reais. Vale o follow: @muddycap.
CAROLINA
HERRERA NA
PRAIA DE
COPACABANA
E CADEIRAS

FAZ
COREANAS

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chilen

33
 Silvana Bianchi,
há 14 anos sem
ver seu neto
Sean, retoma
as atividades
gastronômicas

DE
APÓS
RESSIGNIFICAR
TRAGÉDIA
PESSOAL, SILVANA

VOLTA
BIANCHI ENTRA
PARA O TIME DA
TRADICIONAL
FÁBRICA DE
MASSAS

À ORIGEM
PASTRELLA
Por ANDRÉA D’EGMONT
Fotos LEO MARTINS

34
Q uando o Rio tinha
poucos restaurantes
que serviam a vera pasta italiana, em
1986, Silvana Bianchi montou uma casa
de massas artesanais, a Salsa e Sughi. O
negócio deu origem ao icônico Quadrifo-
Ravióli de
glio, que fechou as portas em 2015 e foi o queijo de cabra
restaurante de comida italiana sofistica- com bechamel
leve, parmesão
da e tradicional que já nasceu avant-gar- e flor de
de, tendo apenas mulheres no comando abobrinha
da cozinha, do salão e do bar. Agora, seus
raviólis mágicos, os canelones primaclas-
se, o nhoque de ricota com espinafre, o
espaguete dela inamorata e o rondele raf-
finate estão novamente na praça. Associ-
ada da prestigiosa Accademia Italiana della Cucina, a
chef acaba de se juntar ao time da fábrica de massas ar-
tesanais Pastrella, que existe desde 1986.
“Aprendi a cozinhar com a minha nonna, em Milão,
na Itália, terra dos meus antepassados, onde sempre
curtíamos as férias”, diz Silvana, que quando criança ti-
nha como pet um leão, o Lippy the Lion, como ela o cha-
mava — talvez, isso explique sua força e seu instinto de
proteger e alimentar. O fascínio, ainda na infância,
aconteceu a partir da magia dos alimentos. Farinha,
ovos e água. Junta, mistura, espera, molda. “Num passe
de mágica, tudo vira massa e alimenta corpo e alma. A
relação dos italianos com a comida é de berço e visce-
ral”, observa a chef, que foi a única da família, onde to- Tagliatele
dos cozinham bem, a fazer disso um ofício. com molho
pomodoro
Com 40 anos de experiência, Silvana está agora na entre as massas
Pastrella ao lado do experiente Fernando Sá — que do menu da
Pastrella
trabalhou no Fasano e foi parceiro administrativo
de Claude Troisgros por 15 anos — e do administrador
Hélio Borneo, que pertence ao clã do Salete, restau- “APRENDI A COZINHAR
rante conhecido por suas empadas de camarão, na Ti-
juca. Juntos, eles atendem aos mais variados tipos de COM A MINHA NONNA,
clientes, desde as vendas na loja, no Leblon, até restau- EM MILÃO, NA ITÁLIA,
rantes, chefs e bufês, fãs das massas desenvolvidas es-
pecialmente para eles.“Além de companheira de cozi-
TERRA DOS MEUS
nha, Silvana é uma grande amiga”, diz o chef Claude ANTEPASSADOS, ONDE
Troisgros. “Desbravamos muitos caminhos juntos. SEMPRE PASSÁVAMOS
Abrimos na mesma época casas com propostas inova-
doras e requintadas. Ela com o ítalo-brasileiro Quadri- AS FÉRIAS”
foglio, e eu com o franco-brasileiro Olympe”. a SILVANA BIANCHI, CHEF

35
 A influência de Silvana na gastronomia
carioca vai além de sua geração, como
conta Thomas Troisgros, que cozinhou
com a chef quando tinha apenas 13 anos.
“Tive o prazer de dividir a praça com a Sil-
vana, que é como uma tia para mim, em
um jantar inesquecível que fizemos com o
Paul Bocuse”, lembra o chef. “Aprendi a
Silvana deixou fazer massas com ela.”
o Quadrifoglio
em 2008, Além do trabalho na Pastrella, Silvana
quando perdeu também é sócia da vinícola Poggio Dima-
a filha, e vendeu
o restaurante dis, que fica em Castel Giorgio, na região
de Úmbria, na Itália . “Produzimos vinhos
muito bons. A última safra ganhou até
uma música do meu sócio, o compositor
Dimitri Dimadis”, conta.
Conhecida por suas paixões, Silvana de-
dicou a vida à cozinha, ao estudo diário do
idioma grego e, prioritariamente, à famí-
lia, aos filhos Bruna e Luca e aos netos Sean
e Chiara. Muito querida entre os chefs do
Rio, Silvana passou a estampar o noticiário
não apenas por seu trabalho, mas também ao enfrentar
uma sequência de tragédias familiares.
Sua filha, Bruna, morrera no parto de sua segunda filha,
Chiara, em 2008, em decorrência de um erro médico. Em
meio ao luto, Silvana enfrentou uma batalha internacio-
nal pela guarda do neto mais velho, Sean — quando deci-
diu se afastar do Quadrifoglio. Até que na véspera do Na-
tal de 2009 ela foi obrigada pela Justiça brasileira a entre-
gar o menino, então com 9 anos, ao pai dele, que vive nos
Estados Unidos. Desde então, seu neto — hoje com 23
anos — continua distante da família materna.
Fachada
do icônico A distância de Sean a atingiu de forma brutal. “O
restaurante amadurecimento faz com que tenhamos mais com-
Quadrifoglio,
preensão. Como as árvores, criamos cascas proteto-
GABRIEL DE PAIVA (RIO GASTRONOMIA) E FOTOS DE DIVULGAÇÃO
que fechou as
portas em 2015 ras e procuramos ver sentido nas dificuldades pelas
quais passamos e a valorizar aquilo de
que gostamos”, diz Silvana.
O sonho de ver os dois netos reuni-
dos em torno da mesa com massa pre-
parada por ela permanece vivo. En-
quanto não se realiza, Silvana segue
enchendo a netinha de cuidados (a
Em 2005,
menina mora com ela desde que nas-
Chico ceu), e agora volta a trabalhar em um
Mascarenhas de seus maiores prazeres: “Produzir
entrega prêmio
a Silvana: massas deliciosas e reconfortantes
melhor italiano com a mesma vontade e vigor do início
da minha vida profissional”. e
 Mix &
match
CALU FONTES CELEBRA
25 ANOS DE CERÂMICA
COM ‘COLLABS’ E
CRIAÇÕES ÚNICAS
Por JOANA DALE
Flores, bichos
e mandalas
colorem os

F
pratos: de
R$ 150 a R$ 900

auna, flora, crenças religiosas,

sonhos: elementos dos mais diversos misturam-
se com harmonia nas criações de Calu Fontes, fa-
mosa pelos pratos em cerâmica, queridinhos de ar-
quitetos e amantes do décor para fazer aquela com-
posição esperta na parede de casa. Este ano, ela come-
mora 25 anos nessa colorida jornada, em que mescla pintura
àmão com aplicação de decalques feitos com tinta de porcela-
na em seu ateliê em Pinheiros, na capital paulista.
Otrabalho artesanal começou de forma despreten-
siosa. Na faculdade de Arquitetura, Calu passou a
dar mais espaço em seus cadernos de desenho a
mandalas, flores e santos, deixando croquis e
maquetes de lado. E, naturalmente, presentes
informais feitos para amigos e familiares foram
se transformando em negócio. A ceramista as-
sina coleções de louças para a Tok & Stok e de
papel de parede para a Branco. “Fora as collabs,
cada peça é única”, ressalta. “É bonito como a li-
nha do cotidiano vai entrando na casa das pessoas
com diversas possibilidades de uso, jarra para sucos ou
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

flores, pratos para servir ou decorar.”

Oprocesso de criação exala sua ligação com a Bahia, onde os
pais da paulistana nasceram. “A mente intuitiva de Calu vascu-
lha resíduos de memórias em busca de fragmentos de beleza,
cores, símbolos”, observa a designer Baba Vacaro. Puro axé. e

37
 crônica
APOCALIPSE
Bruno Astuto
brunoastuto1@gmail.com.br
D
ia 27 de janeiro! Meu apocalipse! Em
Salvador, Baby do Brasil deu entre cinco e dez anos para o
arrebatamento, e eu quase fui arrebatado de véspera.
Uma fulminante dor nas costas e no braço esquerdo me
macetava entre um desfile de moda e outro em Paris. Pen-
sei que se tratava de LER (Lesão por Esforço Repetitivo),
de tanto ficar com o celular para cima, filmando, editan-
do. E fui ficando LERdo, LERdo... Pálido e ofegante,
senti que minha hora estava chegando em plena Place
Vendôme, no desfile da Valentino, ao som de Maria Callas.
Que arrebatamento arrebatador seria! Clichê do clichê!
No gran finale, Casta Diva!
Na emergência do hospital parisiense, o diagnóstico:
coração. O meu não aguentou um ano de difíceis emo-
ções. Sabe aquela história de que, quando você perde uma
pessoa que ama, ela leva um pedaço do seu coração? Pois
imagine duas. Artéria quase entupida! Stent! Mesa de
operação! O médico me deu parabéns por não ter tomado,
por contra própria, nenhum remédio para a dor nas cos-
tas, pois ele poderia ter mascarado o problema mais grave,
o quase infarto (“Doutor, não tomo nem água sem recei-
ta”, respondi orgulhosamente). O médico também me
deu um passa-fora quando eu disse que não fazia check-up
desde antes da pandemia (“você não tem mais idade pa-
ra idiotice”, devolveu ele, com razão). Graças a Deus, a
intervenção foi um sucesso.
Quatro dias depois, a alta hospitalar. Remédios, dieta, re-
pouso. Mas a receita mais incrível foi a não-oficial, que o ci-
rurgião me ditou. Uma lista de sete itens para os 15 dias se-
38
guintes: 1) romper sumariamente com pessoas e assuntos
fontes de aborrecimento; 2) desconectar-se das redes soci-
ais; 3) não ver notícias depois do jantar; 4) comprar os pró-
prios alimentos, para dar valor ao que come; 5) reconectar-
se com a espiritualidade, o que não quer dizer necessaria-
mente religião; 6) calar a boca para ouvir os pensamentos;
7) refletir sobre aquilo que não gostaria mais de fazer nesta
segunda chance, e sobre o que mais lhe faria falta se ela não
tivesse sido concedida. Poxa, é preciso quase morrer para
se conceder coisas tão imprescindíveis?
Paciente disciplinado que as circunstâncias me torna-
ram, segui à risca a lista, que achei de imensa modernidade
eem sintonia com as questões contemporâneas. Por 15 dias,
sumi do mundo real e virtual, não me permiti ser consolado
pela famosa “onda de amor”, que, àquela altura, me distrai-
ria do exame de consciência, apesar das boas energias e
intenções. Na hora do vamos-ver — essa foi uma — só o
núcleo duro, íntimo, amores de uma vida que assumiram o
leme ou que tomaram conhecimento, enviando mensa-
gens com carinho, orações, providências e acolhimento.
Graças a eles, sobrevivi para contar e, agora refeito do sus-
to e de novo coração para a vida, deixar alguns conselhos:
não fume, maneire nas porcarias que come e na dimensão
dos problemas, faça check-up regularmente, nunca se auto-
medique, não pise num avião sem um bom seguro-viagem e,
claro, lembre que você só tem o agora para fazer mudanças, e
o agora dura o tempo de você ler esta palavra: agora.
Daí fiquei pensando na tal figura do Apocalipse, de que
tantos têm medo. Deve ser o máximo ser arrebatado ao
mesmo tempo que todas as pessoas que você ama.
Porque, nessas horas, é delas — e não mais do que delas
— que você vai realmente sentir falta. e
“
S O Q UASE
CI E
É PRE ER PARA S ÃO
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 UMA VIAGEM PELO UNIVERSO DA
PERFUMARIA E DA GASTRONOMIA

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 OGLOBO | Domingo 18.2.2024

BARRA
oglobo.com.br

MESA FARTA
Conheça dez restaurantes que
abriram as portas nos últimos três
meses na Barra e nos arredores
FESTA / CARNAVAL

DIVULGAÇÃO/PÉRICLES MONTEIRO NETO

Folia estendida:
veja a programação
Shoppings e Museu do Pontal ainda têm eventos

O carnaval ainda não aca-

bou na Barra da Tijuca e
nos arredores, para alegria
dos inimigos do fim da folia.
Espaços como shoppings e
centros culturais ainda ofe-
recem programação te-
mática para crianças e adul-
tos. Tudo gratuito.
O Uptown promove ho-
je, no bloco 12, o “Pós-car-
naval na calçada”, com es-
quenta da banda Batucar
Para Ser Feliz, às 15h, e
show do cantor e composi-
tor de samba raiz Noca Ne-
to, neto de Noca da Porte-
la, das 16h às 20h. A pro-
gramação se encerra com o
grupo Batuque de Mestre e
apresentação de integran-
tes da Mocidade Indepen-
dente de Padre Miguel.
No Center Shopping
já tradicional oficina Bebês
no Museu do Pontal, com
atividades desenvolvidas ao
som de marchinhas. Podem
participar crianças de 6 me-
ses a 3 anos, acompanhadas PABLO PORCIUNCULA/AFP
dos responsáveis. Céu da Terra.
Encerrando a festa, das Orquestra
16h às 17h, haverá apresen- estará hoje
tação da Orquestra Céu da no Museu
Terra, que anima o bloco do Pontal
homônimo. O grupo exe-
cutará marchinhas, sam-
bas, frevos e maxixes com
um naipe de cinco sopros,
violão de sete cordas, cava-
quinho, dois cantores e três Meu caju,
ritmistas. Um pernalta meu cajueiro.
também estará presente, Integrantes
fazendo uma performance da Mocidade se
em torno do público. apresentarão
O Taquara Plaza, por sua no Uptwon e no
vez, que está em clima de Taquara Plaza
carnaval desde o início de DIVULGAÇÃO

Rio, em Jacarepaguá, a fevereiro, decidiu esten-

atração deste domingo se-
rá a Ressaquinha de Carna-
val, com festa a fantasia e o
Dia do Cabelo Maluco, no
Clubinho do Jack (3º piso),
das 15h às 18h.
Já o Museu do Pontal,
dedicado à arte popular
brasileira, sedia ativida-
des temáticas.
Hoje, das 10h ao meia-
dia, será realizada uma edi-
ção especial de carnaval da
der o clima festivo até o
fim do mês. Promoverá a
Ressaca Folia entre os dias
23 e 25, de sexta-feira a do-
mingo, com muita música
ao vivo, a presença da ba-
teria da Mocidade Inde- Rooftop.
pendente de Padre Mi- O espaço no
guel, gastronomia e cerve- Taquara Plaza
ja, além de área kids. A ex- sedia eventos
pectativa é receber quatro momescos
mil pessoas a cada dia no desde o início
seu rooftop (L5). do mês

oglobo.com.br/rio/bairros
Capa:
O GLOBO - BARRA DA TIJUCA, JACAREPAGUÁ, RECREIO, SÃO CONRADO, VARGEM GRANDE E VARGEM PEQUENA Moqueca de porco do BistrOgro.
BANGU, BARRA DE GUARATIBA, CAMPO DOS AFONSOS, CAMPO GRANDE, COSMOS, DEODORO, GUARATIBA, INHOAÍBA, JARDIM SULACAP, MAGALHÃES BASTOS, PACIÊNCIA, PADRE MIGUEL, FOTO DE DIVULGAÇÃO/BETO ROMA
PEDRA DE GUARATIBA, REALENGO, SANTA CRUZ, SANTÍSSIMO, SENADOR CAMARÁ, SENADOR VASCONCELOS, SEPETIBA, VILA MILITAR E VILA VALQUEIRE. Editor responsável: Milton Calmon
Filho (miltonc@oglobo.com.br). Editora assistente e on-line: Lilian Fernandes (lilian@oglobo.com.br). Diagramação: Ana Scott e Jacqueline Donola. Telefones: Redação: 2534-5000,
r. 5905/5123. Publicidade: 2534-4355. Faturamento: 2534-5484. Crédito: 2534-5860. Endereço: Rua Marquês de Pombal 25, 3º andar - CEP 20230-240. E-mail: falabarra@oglobo.com.br.
DIVERSÃO / INFANTIL
DIVULGAÇÃO

Parque inflável para crianças

e adultos volta ao Via Parque
Atração em forma de castelo ficará disponível até o dia 30 de junho

MADSON GAMA mento do Via Parque Shop- não paga entrada.

madson.gama@oglobo.com.br
ping e foi reaberto ao públi- Os ingressos estão à ven-
-
co na última sexta-feira. da pela plataforma Sympla Jump Around. Castelo inflável ocupa área de 2.500 metros quadrados

Edesafiadores
scorregadores, área pa-
ra escalada, labirintos
e uma piscina
Com duração de meia ho-
ra, a sessão custa R$ 49,90.
Cada minuto extra vale
ou na bilheteria no local.
Pessoas com deficiência pa-
gam metade, mediante a
sário chegar com meia hora
de antecedência e tirar cal-
—A atração ficou mais in-
crível: o inflável é maior e es-
de bolas. Tudo em grandes mais R$ 2 nos dias úteis e apresentação de um laudo çados e acessórios. tá repleto de novos atrativos
dimensões, numa área de R$ 3 nos fins de semana. ou uma carteirinha que Segundo o Via Parque, a — diz a gerente de marke-
2.500 metros quadrados. As atividades são super- comprove a condição. volta do Jump Around, que ting Helayne Barbosa.
O cenário de diversão faz visionadas por monito- Quando necessária, a en- já havia sido instalado no O brinquedo ficará dis-
parte do Jump Around, res, e menores de 5 anos trada de um acompanhante centro comercial no ano ponível até 30 de junho, de
castelo inflável que volta a devem ser acompanhados é permitida, gratuitamen- passado, foi um pedido dos quinta-feira a domingo,
ser montado no estaciona- de um responsável, que te. Para participar, é neces- clientes. das 15h às 21h.


   
  
 
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EDUCAÇÃO / AÇÃO SOCIAL

Mão de obra Shoppings. O

ParkJacarepaguá,

escolarizada
no Anil, passa a
fazer parte do
programa, que
existe desde
Multiplan oferece ensino básico a trabalhadores 2006

FOTOS DE DIVULGAÇÃO
MADSON GAMA
madson.gama@oglobo.com.br
-

A ulas de português,
matemática, histó-
ria, geografia e outras
disciplinas dos currícu-
los dos ensinos funda-
mental e médio. Essa é a
jornada de conhecimen-
to oferecida ao longo do
ano aos participantes do
Programa de Escolariza-
ção, projeto da Multi-
plan cuja proposta é ga-
rantir aos seus funcioná-
rios o acesso à educação.
Este mês, cinco shop-
pings do grupo passaram
a fazer parte da iniciati-
va. Entre eles, o ParkJa-
carepaguá, no Anil.
Os alunos, divididos
por turmas, participam
de aulas presenciais, de
segunda a sexta-feira, em
diferentes horários, e rea-
lizam provas. Após con-
cluírem o curso, recebem
um diploma de nível bási-
co concedido pelo Centro
de Estudos de Jovens e seguindo os parâmetros de Janeiro, Minas Gerais, pudemos ver o quanto es- Formação.
Adultos (Ceja) e reconhe- curriculares estabeleci- São Paulo, Alagoas, Dis- sa iniciativa mudou a vida Empresa
cido pelo Ministério da dos pelas secretarias mu- trito Federal, Rio Grande de pessoas e famílias e, oferece ensino
Educação. nicipal e estadual de Edu- do Sul e Paraná), impac- por isso, decidimos am- reconhecido
Outro centro comercial cação do Rio. Em seguida, tando cerca de mil pesso- pliar o curso de escolari- pelo MEC
da cidade que passou a in- foi replicado para os tra- as. Entre os shoppings do zação para outras regiões a seus
tegrar o projeto este mês balhadores do NewYork- grupo estão ainda BH em que os nossos em- funcionários
foi o ParkShoppingCam- CityCenter, do Village- Shopping, Ribeirão Shop- preendimentos estão
poGrande. Em São Paulo, Mall e do Centro Empre- ping e Parque Shopping presentes. Dessa forma,
os novos beneficiados são sarial BarraShopping. Maceió. seguiremos investindo
funcionários de Morum- De acordo com a empre- —Há quase 20 anos, es- em nossos profissionais,
biShopping, Shopping sa, a previsão é que, até o se projeto contribui para reforçando o compromis-
Anália Franco e ParkShop- fim do ano, passem a fazer a melhoria do cenário so da companhia com a
pingSãoCaetano. parte do programa todos educacional do país e pa- educação — destaca Van-
O programa existe des- os seus 20 centros comer- ra a formação de profissi- der Giordano, vice-presi-
de 2006, quando foi lan- ciais, distribuídos em sete onais mais qualificados. dente institucional da
çado no BarraShopping, unidades federativas (Rio Durante todo esse tempo, Multiplan.
CULTURA / CAPACITAÇÃO BARRA OGLOBO 5
Domingo 18.2.2024

Em cena, uma nova safra

de produtores e líderes
Projeto forma jovens para ocupar postos no setor audiovisual

DIVULGAÇÃO/JUVRIO/LARYSSA LOMENHA

MADSON GAMA
madson.gama@oglobo.com.br
-

O universo da produção au-

diovisual e cultural vai
entrar na rotina de 120 jo-
vens de comunidades cario-
cas este mês. Um projeto fir-
mado no fim de janeiro entre
a Secretaria Especial da Ju-
ventude Carioca (JUVRio) e
a Mainstreet, gravadora es-
pecializada em rap radicada
na Barra da Tijuca, vai ofere-
cer, durante seis meses, ofici-
nas com o objetivo de formar
mão de obra para o setor na
cidade. Entre os beneficia-
dos, há moradores da Cidade
de Deus e da comunidade
Cesar Maia, em Vargem Pe-
quena. Todos vão ganhar
uma bolsa de R$ 400. Tawane Januário. Jovem de Pedra de Guaratiba é uma das alunas
Os participantes, já seleci-
onados, aprenderão sobre carreiras, como produtor de to pela Juventude, progra-
temas como economia cria- eventos e de filmes. Por isso, ma em parceria com a Unes-
tiva e mobilização cultural, achamos que essa parceria co cuja proposta é formar jo-
além de técnicas, ferramen- tem um futuro brilhante pe- vens lideranças nas áreas de
tas, estratégias e uso das mí- la frente. Esperamos ajudar cultura, esporte e sustenta-
dias sociais para a produção a transformar a vida desses bilidade que sejam capazes
audiovisual. As aulas serão jovens — destaca Eric San- inclusive de fomentar o
ministradas em espaços tana, diretor da gravadora. acesso de suas comunida-
parceiros do projeto, como No fim do curso, parte dos des a essas áreas.
escolas, ONGs e igrejas. alunos participará da orga- — Essa parceria com a
—Essa é uma ótima opor- nização da Batalha do Tan- Mainstreet é um momento
tunidade que a Mainstreet que, evento de duelos de im- histórico. É uma das maio-
terá, junto com a prefeitura, provisação entre MCs no res produtoras e gravadoras
de devolver um pouco de bairro homônimo. do Brasil e se comunica
conhecimento para a socie- — Minha expectativa é muito com o público jovem.
dade. A cultura tem um pa- bem alta, porque é uma área Queremos alcançar os jo-
pel fundamental na vida dos que me interessa muito. Es- vens que mais precisam de
jovens. E nós, como organi- pero aprender bastante e oportunidade. Eles vão
zação, podemos contribuir entrar com tudo no setor aprender a produzir even-
com eles de várias formas. cultural — afirma Tawane tos e assessorar artistas,
Ser artista é o sonho de mui- Januário, de 17 anos, mora- além de obter outros conhe-
ta gente nas comunidades, dora de Pedra de Guaratiba cimentos sobre o setor cul-
mas existe um universo de e uma das alunas do projeto. tural — diz o secretário Sal-
oportunidades em outras A iniciativa integra o Pac- vino Oliveira, da JUVRio.
CAPA / GASTRONOMIA

O negócio é boa comida

Em três meses, Barra e bairros vizinhos ganham dez novos estabelecimentos,
que servem de gelato italiano a bebida com bolinhas que estouram na boca
MAÍRAH RUBIM maira.rubim@oglobo.com.br

A
DIVULGAÇÃO
os 36 anos e formada em
Marketing, Luísa Cola-
dangelo não se sentia reali-
zada trabalhando para em-
presas. Foi em 2020, duran-
te a pandemia e sua primei-
ra gravidez, que ela resolveu
começar um negócio com o
pai, a Gelateria Piemonte,
que hoje tem oito lojas na ci-
dade. Na Barra, a marca,
que garante oferecer o ver-
dadeiro gelato italiano ao
público brasileiro, aportou
em novembro na Avenida
Olegário Maciel e, no mes-
mo mês, no Recreio, na Rua
Carlos Galhardo. As duas
casas estão entre os estabe-
lecimentos gastronômicos
abertos nos últimos três me-
ses na região. Mesmo apon-
tando diversas dificuldades
para levar seus projetos adi-
ante, Luísa se orgulha de ser
uma das empreendedoras
que apostam na cidade.
—Para ser empreendedor
no Brasil é preciso ter um
sonho. Os custos são muito
elevados; são muitas licen-
ças e burocracia. Se você
não tem um projeto muito
bem definido, acaba desis-
tindo. Imagina trazer um
gelato italiano para o Rio,
onde a sensação térmica é
superelevada, os maquiná-
rios precisam ser todos
adaptados, falta luz e a mão
de obra é um desafio? —
questiona.
Neste pouco tempo na Lalita Veggie.
região, Luísa já percebeu a Casa serve opções
diferença entre o público vegetarianas e
local e o da Zona Sul, onde veganas no Città
a Piemonte começou: Office Mall
—Os dois perfis são bem

descontraídos, mas o pessoal
da Barra é mais noturno. A
maioria sai dos bares da Ole-
gário depois de tomar uma
caipirinha e vai tomar um ge-
lato. É um público bem leve,
e acho que o bairro tem um
potencial muito grande, mas
ainda é carente de restauran-
tes de rua. E as ruas daqui são
tão gostosas que deveriam
ser mais exploradas.
A ida para o Recreio é
uma aposta que a marca es-
tá fazendo e uma espécie de
teste para um projeto.
— Não posso falar que é a
nossa primeira franquia,
mas é um estudo de um no-
vo formato. Um amigo nos-
so compra os gelatos e toca
a operação — explica.
Foram os sócios da West
Size Crepêria, Éder Ferreira
Bastos e Marcos Alho, que
levaram a Gelateria Piemon-
te para o Recreio. No mesmo
mês, eles abriram a creperia
ao lado da sorveteria. Bastos
trabalhou 15 anos em uma
famosa casa do ramo no Rio
e resolveu levar seu know
how para outra que pudesse
chamar de sua. No menu, sa-
bores variados e opções ve-
ganas que são preparadas
em uma cozinha aberta, na
frente do cliente. A dupla já
planeja promoções e novida-
des para o cardápio e para o
delivery.
—Uma das vantagens da
marca própria é a liberdade
de criar e testar. Quando os
clientes gostam, voltam tra-
zendo avô, vizinhos, primos,
amigos... Nosso objetivo era
chegar a dez mil crepes por
mês, e hoje já vendemos 200
por dia. Ou seja, em apenas
três meses já não estamos
longe do nossa meta inicial
— celebra Bastos.
No mesmo mês, a profes-
sora aposentada Lalita Gopi,
que mantém há quatro anos
o Govinda Puro Veggie no
templo hare krishna Iskcon,
BARRA OGLOBO 7
Domingo 18.2.2024
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
no Itanhangá, abriu no Città
Office Mall o Lalita Veggie,
com opções veganas e vege-
tarianas e menu executivo
por R$ 25.
— Produzo marmitas
também, e precisava de uma
cozinha maior do que a do
Govinda. Resolvi fazer a ex-
pansão e abrir um segundo
restaurante. Sou moradora
da Barra e sei que faltam op-
ções de refeições elaboradas,
saborosas e criativas para ve-
ganos e vegetarianos. E que
tenham um preço justo
—afirma Lalita.
A empresária garante
que, apesar de contar com
ajudantes, nada é feito em
sua cozinha sem que tenha Jappa da
passado por suas mãos: Quitanda.
—Ofereço uma alimenta- Maior loja da
ção que nutre corpo, mente marca será no
e alma. Não sou apenas uma BarraShopping
vendedora de comida. Que-
ro impactar a vida das pesso-
as e, principalmente, mos-
trar para quem não conhece
esse tipo de alimentação que
é possível comer bem e não Gelateria
sentir falta da carne. Piemonte.
Com unidades no Centro, Marca de gelato
em Copacabana, em Ipane- italiano chegou
ma e em Niterói, o Jappa da à Barra e ao
Quitanda planeja ter na Bar- Recreio
ra a sua maior loja, numa área
de 600 metros quadrados
com projeto assinado pela ar-
quiteta Patrícia Nabuco. A fi-
lial local abriu em dezembro,
com 90 lugares, e terá uma
expansão em março, quando
chegará a 176 lugares. Ainda
no mês que vem terá início a
operação de delivery na regi-
ão, e a casa ganhará bar e va-
randa panorâmica.
— Sem dúvida o projeto
da loja da Barra era o que
mais aguardávamos. Dese-
jamos por muito tempo Matera Bistrô.
chegar ao bairro, mas que- Depois de
ríamos que fosse no tempo fechar durante
e no lugar certos. O público a pandemia,
tem nos recebido com uma restaurante vai
energia deliciosa — desta- ser reaberto
ca o sócio Patrick Szklarz. em março
 CAPA / GASTRONOMIA

Carne suína à moda Jimmy

Ogro e culinária árabe
Filiais do Espetto Carioca e reabertura do Matera são outros destaques
As ofertas anunciadas nesta página ficarão disponíveis
ao longo da semana. Fique ligado em: clubeoglobo.com.br DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO F oi no New York City

Center que o chef
Jimmy McManis escolheu
abrir a terceira unidade do
seu BistrOgro. A casa de
cozinha autoral foi inaugu-
rada em janeiro e oferece
um cardápio dedicado à
carne suína, combinando
novas receitas e clássicos
da gastronomia.
— Estávamos namoran-
do a Barra desde a abertura
da primeira unidade, em
DIVERSÃO PARA CRIANÇAS Botafogo. O público do
bairro tem se mostrado
Visite com 50% OFF a exposição “Blow aberto a novidades e traba-
Up”, aberta até março no Shopping Vil- 50% lhos de qualidade feitos
lageMall. A mostra reúne o que há de desconto com carinho. Para retri-
mais belo na chamada “arte inflável”, com estru- buir os barrenses, já tenho
turas multicoloridas e efeitos de luz. Veja on-line. novidades futuras planeja-
das, entre receitas e dife-
DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO
renciais para o restauran-
te. Quero que as pessoas
retornem e tenham sem-
pre uma surpresa para cur-
tir — adianta o chef.
Em novembro, o Almana-
ra, de comida árabe, chegou
ao BarraShoppping. A casa
reúne pratos feitosartesa-
SABORES ACADEMIA nalmente e opções vegeta-
ASIÁTICOS INTELIGENTE rianas. No mesmo local, em
dezembro, foi aberta a pri-
Na compra de um prato Na Smart Fit, assinan- meira loja da cidade da Tea
principal no Kitchen Asi- te tem R$ 11,90 de Lab, uma marca de bubble
an Food, na Marina da desconto na mensali- teas, bebida feita com chá
Glória, assinante ganha dade do Plano Black, gelado, leite, frutas e péro-
um drink ou uma sobre- durante 12 meses. las de tapioca mastigáveis,
mesa. Confira on-line. Confira mais on-line. que surgiu nos anos 1980
em Taiwan.
—Nosso objetivo é aten-
ACESSE E CONFIRA! der um público ávido por
Escolha o modo “Foto” e posicione a novidades e experiências.
câmera de modo a captar o código. Temos combinações varia-
Feito isso, a câmera mostrará no topo das e divertidas de chás e ca-
da tela a opção para abrir o link.
fés, além do creamy cloud,
um creme aveludado, ma-
West Size Crepêria. Crepes preparados em cozinha aberta no Recreio
cio e levemente salgado. O
consumidor poderá optar
por bebidas refrescantes
com frutas mais ácidas, inu-
sitadas, que têm o creamy
cloud, ou mais doces, com
os shakes. A maioria das be-
bidas vendidas em Taiwan
vem com bolinhas de tapio-
ca. Aqui no Brasil vamos
acrescentar também as pop-
ping bobas, bolinhas que es-
touram na boca com um
néctar de fruta —ressalta
Juliana Yin, uma das sócias
da marca.
De Campo Grande, a
Iguári Gourmet chegou a
Jacarepaguá há três meses,
na Estrada dos Três Rios,
com menu variado e pre-
ços em conta. A minifeijo-
ada com arroz branco, cou-
ve à mineira e farofa sai por
R$ 39,90.
—Nosso objetivo é pro-
porcionar uma experiência
culinária memorável e per-
sonalizada. Na Iguári Gour-
met, qualquer mistura é
possível. Os clientes podem
escolher suas porções favo-
ritas entre as opções do nos-
so cardápio e criar o prato
dos seus sonhos —afirma o
chef Marcos Brasil.
Já o Espetto Carioca am-
pliou suas operações e inau-
gurou em dezembro uma
unidade no Aerotown e ou-
tra no Recreio, em janeiro.
Uma outra novidade está a
caminho. Fechado desde a
pandemia, o Matera Bistrô,
no lobby do hotel Venit Mio,
será reaberto no próximo
dia 2. O cardápio mediterrâ-
nea foi desenvolvido pelo
chef Deraldo Bomfim.
—Pense em uma comida
bonita, saborosa e cheiro-
sa, com toque mediterrâ-
neo, que alie alimentos
frescos, legumes, ervas e
azeites e um bom vinho. É
isso que as pessoas encon-
trarão no Matera. Sem fa-
lar da volta dos nossos ham-
búrgueres nas noites de
sexta-feira —avisa o chef.
CULTURA / ESPECIAL
Festival Dança em Trânsito
ocupa o Espaço Tápias
Evento, que vai até abril, traz coreografias de nomes como Renato Vieira
MAÍRAH RUBIM
maira.rubim@oglobo.com.br
-
O palco do Centro Cul-
tural Espaço Tápias
vai receber bailarinos de
renomadas companhias
de dança até o dia 28 de
abril, durante o Festival
Dança em Trânsito. O
evento começou ontem,
com a apresentação do es-
petáculo “Suíte rock: the
dark side”, da Renato Vi-
eira Cia de Dança, que es-
tá em cartaz também ho-
je. O festival é realizado
há 21 anos e reúne artistas
nacionais e internacio-
nais. Além das apresenta-
ções, oferece oportunida-
des de formação, capaci-
tação e intercâmbio entre
grupos de dança.
—O festival é uma cria-
ção da minha mãe, Giselle
Tápias. Hoje, nós dividi-
mos a direção e a curado-
ria. Receber o evento no
nosso espaço, que é a casa
da companhia residente,
com outros artistas, e pro-
mover encontros entre os
bailarinos é algo muito ri-
co. No Rio falta esse lugar
de troca entre as compa-
nhias de dança — avalia
Flávia Tápias.
O espetáculo “Suíte
rock”, atração de hoje, às
20h, explora o diálogo
entre o físico e o imaginá-
rio do homem contempo-
râneo por meio de uma
narração que trata de di-
lemas do dia a dia, abor-
dando desde o preconcei-
to até a celebração da di-
BARRA OGLOBO 9
Domingo 18.2.2024
DIVULGAÇÃO/ LAURA FRAGOSO
figurinos. Gosto muito
do evento, que é uma
“Suíte rock: the chance de o público as-
dark side”.
Espetáculo tem
direção e
sistir novamente ao es-
petáculo, depois de dois
anos. “Suíte rock” foi
coreografia de apresentado no Centro
Renato Vieira Cultural do Banco do
Brasil em 2022 e nasceu
na pandemia, quando eu
ouvia música clássica e
rock, porque sou roquei-
ro. Comecei a ter várias
ideias e decidi juntar o
rock ao erudito — deta-
lha Vieira.
A programação do festi-
val conta ainda com no-
mes como João Saldanha,
Companhia Urbana de
Dança, Sônia Destri, Es-
ther Weitzman Compa-
nhia de Dança, Marcia
Milhazes Companhia de
Dança, Bruno Cezario,
Angel Viana Faculdade de
Dança, Coletivo Toni Ro-
drigues, Paula Aguas, Be-
tina Guelmann, Grupo
Tápias e Cia Étnica de
Dança/Carmem Luz. No
próximo fim de semana,
sobem ao palco Márcio
Jahú, Clara da Costa e Hu-
go Lopes, no espetáculo
“Jovens coreógrafos”.
As apresentações acon-
tecem aos sábados e do-
mingos, sempre no horá-
rio das 20h. O ingresso
versidade. Renato Vieira Sting e David Bowie. O des do rock e guiam a jor- custa R$ 40, e há meia-en-
é o responsável pela dire- som da guitarra é recria- nada, que celebra a im- trada para os casos previs-
ção e pela coreografia. A do pelo músico Rafael Ka- portância dos encontros. tos em lei. A venda é feita
obra também une o rock à lil, com seu violoncelo — Participo do festival na bilheteria do Centro
música erudita, incluin- com uso de pedais de efei- desde a primeira edição. Cultural Espaço Tápias
do sucessos dos grupos to. Os bailarinos Bruno Na época, eu não tinha (Rua Armando Lombardi
Led Zeppelin, Pink Floyd Cezario e Felipe Padilha patrocínio e bancava a 175) ou pelo site da plata-
e Queen e dos cantores exploram as possibilida- companhia; fazia até os forma Sympla.
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NITERÓI
REAJUSTE DURANTE
O CARNAVAL
Passageiros são
surpreendidos com
aumento de 7% na
oglobo.com.br
tarifa dos táxis
PÁGINA 2

CULTURA
DIVULGAÇÃO/SECRETARIA DAS CULTURAS

Em andamento.
Alunos de bateria em
Tenente Jardim e

EDITAIS TERÃO
participante de
oficina de fotografia
no Morro do
Preventório: ações

R$ 16,74 MILHÕES
do projeto Brota Aí

ESTE ANO
SECRETÁRIA JÚLIA PACHECO anuncia
aumento de mais de 20% no investimento
e novas ações, faz balanço do seu primeiro
ano de gestão e diz que problemas de
atraso de pagamento foram resolvidos PÁGINA 3

A emoção do
jovem que
foi serpente
FOTO: LÍVIA NEDER

Emocionado e observado
pela coreógrafa Priscilla
Mota, o bailarino Wesely
Torquato abraça integrante
da comissão de frente ao
fim do desfile da campeã
Unidos do Viradouro no
Sambódromo, na madruga-
da da última terça-feira.
Num skate elétrico, ele
pilotou a serpente na ala
vencedora do Estandarte
de Ouro. O jovem de 23
anos conta que, para man-
ter o sigilo e a surpresa, o
primeiro ensaio na Mar-
quês de Sapucaí foi na noite
de Natal, depois da ceia, da
1h às 7h. “Não podia ter
chance de ninguém ver
nada. A gente abriu mão de
tudo para estar lá ensaian-
do”, diz Wesley. Outro
destaque da campeã de
2024 do carnaval carioca
foi o brilho da iluminação
cênica inovadora, ideia do
carnavalesco Tarcísio
Zanon. PÁGINAS 5 e 6

DIVULGAÇÃO/PREFEITURA DE NITERÓI DIVULGAÇÃO/LUCAS BENEVIDES GABRIELLE LOPES

DENGUE CICLOVIAS APÓS HACKATON

Vereadores Bikes terão Prêmio leva

pedem ações mais pistas estudantes à
de prevenção exclusivas sede da Nasa
PÁGINA 2 PÁGINA 2 PÁGINA 4
2 | Niterói
Vereadores de oposição
cobram medidas em
relação à dengue
Prefeitura garante que situação está sob controle e que
cidade segue na contramão do aumento de casos no estado
RAFAEL TIMILEYI LOPES
rafael.lopes@edglobo.com.br
-
Enúmeros
m meio à disparada de ca-
sos de dengue no país, os
oficiais em Niterói
apontam uma cidade na
contramão deste cenário.
De acordo com a Secretaria
de Saúde, enquanto no Rio
de Janeiro a incidência de
casos é de 3.900 por cem mil
habitantes, a taxa da cidade
é de 0,8. Ou seja, menos de
cinco pessoas comprovada-
mente infectadas. O Minis-
tério da Saúde estima que o
número de casos de dengue
no Brasil chegue a cinco mi-
lhões este ano.
Apesar deste cenário, ve-
readores da oposição mos-
tram desconforto com a si-
tuação e pedem medidas
mais contundentes no com-
bate à dengue.
Táxis têm reajuste nas tarifas durante o carnaval
Serviço registra aumento de 7%, em vigor desde a última segunda-feira, mas bandeirada continua valendo R$ 5,95
GABRIELLE LOPES
gabrielle.lopes.rpa@edglobo.com.br
-
E m meio ao período carna-
valesco, os usuários de
táxis em Niterói foram sur-
preendidos com um reajus-
te tarifário de 7% no valor
do quilômetro rodado das
bandeiras 1 e 2, da hora de
espera e do volume trans-
portado. A decisão, publica-
da no Diário Oficial do mu-
nicípio, na sexta-feira, dia 9,
entrou em vigor na última
segunda-feira (12/2), con-
forme anunciado pela Sub-
secretaria de Transportes.
O reajuste, solicitado pelo
Sindicato dos Taxistas de
Niterói (SindTaxi), visa a
ajustar os valores às deman-
das do setor e acompanha
medidas semelhantes ado-
tadas recentemente no mu-
nicípio do Rio de Janeiro.
Cidade terá novas pistas exclusivas para bike
Novo programa de compartilhamento de bicicletas fez município investir na ampliação de ciclovias
RAFAEL TIMILEYI LOPES
rafael.lopes@edglobo.com.br
-
A pós o anúncio do início
do programa de compar-
tilhamento de bicicletas Nit
Bike, previsto para março, a
prefeitura criará novas pis-
tas exclusivas para os ciclis-
tas em ruas no Gragoatá, no
Ingá, em Icaraí e em São
Francisco, totalizando um
acréscimo de 2,75 quilôme-
tros à malha cicloviária da
cidade, que chegará a 83,75
quilômetros.
O coordenador do Progra-
oglobo.com.br/rio/bairros
Editor: Milton Calmon Filho (miltonc@oglobo.com.br). Editora assistente e edição on-line: Lilian Fernandes (lilian@oglobo.com.br). Diagramação: Ana Scott e Jacqueline Donola. Redação: 2534-5000, r. 5265. Publicidade: 2534-4355. Faturamento: 2534-5484.
Crédito: 2534-5860. Endereço: Rua Marquês de Pombal 25, 3º andar - CEP 20230-240. E-mail: falaniteroi@oglobo.com.br.
Daniel Marques (Sem
Partido) afirma que rece-
beu informações sobre fal-
ta de material para realiza-
ção de testes na rede muni-
cipal. Por esse motivo, o
parlamentar entrou com
uma ação judicial para pe-
dir explicações à prefeitu-
ra sobre o caso.
— Nosso mandato rece-
beu diversas mensagens so-
bre pessoas com sintomas
de dengue. Quando vimos a
postagem da prefeitura in-
formando que a cidade ti-
nha apenas três casos, não
acreditamos. Coincidente-
mente ou não, no mesmo
dia dessa postagem, funcio-
nários da rede de saúde ga-
rantiram que faltavam insu-
mos para realizar os testes e
que demora semanas para
os resultados deles serem
divulgados. Ora, como sa-
Na nova tabela, a bandeira-
da permaneceu estável em
R$ 5,95, enquanto o custo
por quilômetro rodado na
bandeira 1 — aplicada das 6h
às 21h, de segunda sexta, e
das 6h ao meio-dia, no sába-
do — foi ajustado de R$ 3,85
para R$ 4,11. Já na bandeira 2
—válida em condições espe-
cíficas, de acordo com a de-
manda e as características
particulares de cada situação
—, o valor passou de R$ 4,34
para R$ 4,64.
A bandeira 2 é cobrada no
período noturno, de segun-
da a sexta-feira, das 22h às
6h; aos sábados, após o
meio-dia; durante todo o
dia aos domingos e feriados
e ao longo do mês de dezem-
bro; fora dos limites territo-
riais do município; e em di-
as de eventos e festividades,
caso haja autorização ex-
ma Niterói de Bicicleta, Fili-
pe Simões, explica que as no-
vas rotas facilitarão também
o acesso e a mobilidade em
toda a cidade. Para ele, a ex-
pansão está sendo planejada
com o objetivo de melhorar a
ligação entre os bairros.
—A expansão da malha ci-
cloviária é uma iniciativa
chave para incentivar o uso
de bicicletas como meio de
transporte sustentável, sau-
dável e democrático. Estas
mudanças não apenas me-
lhoram a mobilidade urba-
na, mas também contribu-
bem que temos apenas três
casos se faltam insumos pa-
ra testar? Queremos trans-
parência e ações concretas
de prevenção — afirma.
Outro que pede maior
atenção à doença é o verea-
dor Paulo Eduardo Gomes
(PSOL). Em ofício encami-
nhado à prefeitura, ele co-
brou a ampliação das equi-
pes de vigilância sanitária
para a fiscalização de imó-
veis. Além disso, o docu-
mento cita as obras no en-
torno do Caminho Nie-
meyer como possíveis focos
do mosquito transmissor.
Por outro lado, o vereador,
que é membro da Comissão
Permanente de Saúde da
Câmara dos Vereadores,
elogiou o uso do método
Wolbachia, que é um mi-
crorganismo inserido arti-
ficialmente nos ovos do Ae-
pressa do poder público.
O preço da hora parada
ou espera também foi re-
visado, saindo de R$ 37,85
para R$ 40,49, enquanto a
tarifa do volume trans-
portado foi atualizada de
R$ 1,48 para R$ 1,58.
Para os taxistas, o reajuste
representa uma adequação
necessária diante dos custos
operacionais e das oscila-
ções econômicas do país. É o
que indica Rodrigo Lopes,
secretário-geral do SindTa-
xi, que atende a 20 municí-
pios, de Niterói a Quissamã.
— Se eu não reajustar, eu
tenho que trabalhar mais
ainda para equiparar os
meus gastos. Se eu estou re-
ajustando é questão de ne-
cessidade — explica.
O município do Rio rea-
justou os valores dos servi-
ços de táxi no início do ano.
em para a qualidade de vida,
a inclusão social e a redução
da poluição ambiental. Ni-
terói tem demonstrado
comprometimento contí-
nuo com o desenvolvimen-
to cicloviário — diz.
Ainda de acordo com
Simões, o nome do projeto
foi escolhido a partir de uma
consulta pública realizada
pela plataforma Colab. Nit
Bike recebeu 5.240 votos.
A prefeitura assumirá os
custos do serviço, ofere-
cendo viagens gratuitas de
até uma hora. Excedendo
Combate. Agente do Centro de Controle de Zoonoses inspeciona caixa d’água atrás de possíveis focos do mosquito
des aegypti, fazendo com
que o mosquito diminua a
capacidade de transmitir o
vírus da zika, da chikun-
gunya e da febre amarela.
Em 2023, Niterói se tornou
a primeira cidade brasileira
com 100% do território co-
berto pelo método, segun-
do a prefeitura.
EQUIPES NAS RUAS
Em resposta, a Secretaria
municipal de Saúde afirma
contar com uma equipe de
fiscais sanitários que atuam
exclusivamente em vistori-
Aumento. Táxis na cidade: reajuste foi solicitação do sindicato dos motoristas
A bandeirada dos táxis na
capital fluminense foi atua-
lizada de R$ 6 para R$ 6,10
a partir do primeiro dia de
janeiro. Já a tarifa por qui-
lômetro rodado na ban-
deira 1 sofreu um aumento
esse tempo, será aplicada
uma multa proporcional.
Além disso, há planos de in-
tegração com empresas lo-
cais, permitindo a instala-
ção de estações patrocina-
das, expandindo a área de
cobertura e reduzindo os
custos municipais.
BICICLETAS MONITORADAS
Dentro deste pacote, a Co-
ordenadoria Niterói de Bi-
cicleta também iniciou, no
mês passado, a instalação
do sistema Contabike, para
coletar dados sobre o uso de
Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO
DIVULGAÇÃO/PREFEITURA
as de imóveis abandonados, Saúde (Covig), que monito-
que são um risco para a pro- ra e investiga os casos de ar-
liferação dos vetores. “Du- boviroses na cidade. Todas
rante todo o ano, as equipes as unidades de saúde públi-
do Centro de Controle de cas e privadas devem notifi-
Zoonoses (CCZ) realizam o car a Vigilância sobre casos
trabalho de rotina de pre- suspeitos da doença. De
venção e combate ao mos- acordo com a Covig, em re-
quito transmissor das arbo- lação às obras no Caminho
viroses. A cobertura abran- Niemeyer, a fiscalização foi
ge 205 mil imóveis, com intensificada pelos agentes
planejamento de visita pe- de endemias, e medidas
los agentes a cada dois me- preventivas e corretivas es-
ses”, disse a nota. tão sendo tomadas sempre
A pasta acrescenta que o que necessário. Até o mo-
município conta com a Co- mento, Niterói registra 23
ordenação de Vigilância em casos prováveis de dengue.
a tarifa do volume transpor-
tado aumentou de R$ 3,20
para R$ 3,35.
COMPARAÇÃO COM O RIO
Ao comparar os valores
LEO MARTINS/11-7-2017
dos serviços de táxi de Ni-
terói e do Rio de Janeiro, é
possível observar diferen-
ças significativas. Em Ni-
terói, a bandeirada é mais
alta do que na capital flu-
minense, e o custo por qui-
lômetro rodado, tanto na
bandeira 1 quanto na ban-
deira 2, também é mais
elevado. No entanto, o mu-
nicípio do Rio supera Ni-
terói no preço da hora pa-
rada e na tarifa do volume
transportado, quando este
excede a dimensão míni-
ma estabelecida.
A Subsecretaria de
Transportes informa que a
aprovação de um reajuste
de R$ 3,20 para R$ 3,35, anual de 7% foi solicitado
enquanto na bandeira 2 o pelo sindicato da catego-
valor passou de R$ 3,84 ria. A pasta enfatiza que o
para R$ 4,02. aumento é legal e periódi-
O valor da hora parada ou co, tendo sido aprovado
espera também foi alterado, pelo Poder Legislativo na
de R$ 40,32 para R$ 42,21; e Câmara dos Vereadores.
DIVULGAÇÃO/LUCAS BENEVIDES
Sem faixa. Ciclista na Presidente Pedreira, no Ingá: rua vai ganhar ciclovia
bicicletas na cidade. O sis- São Francisco e a Rotatória
tema de monitoramento de Camboinhas.
automático de ciclistas é Ao todo, para esta primei-
composto por 11 contado- ra fase, estão previstas 50 es-
res automáticos, posicio- tações, 46 para adultos e
nados em locais como a quatro para crianças, totali-
Avenida Amaral Peixoto, a zando 600 bikes oferecidas
Rua São Lourenço, a orla de de forma gratuita na cidade.
OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Niterói | 3

Editais de cultura terão aumento de mais de 20%

Secretária do setor, Júlia Pacheco anuncia investimento de R$ 16,74 milhões e novas ações na cidade. Há um ano
no cargo, ela faz um balanço das atividades e garante que problemas de atraso de pagamento foram superados

DVULGAÇÃO/SECRETARIA DAS CULTURAS

LÍVIA NEDER
livia.neder@oglobo.com.br
Brota Aí. Quanto será destinado
-
Jovens para cada edital

C ompletando hoje um ano ritmistas em

à frente da Secretaria
municipal das Culturas, Jú-
lia Pacheco garante que ar-
rumou a casa. Ela anuncia
um aumento de mais de
20% nos valores dos editais
que serão abertos este ano,
saltando de cerca de R$ 11
milhões investidos pela pre-
feitura no ano passado para
R$ 13,74 milhões em 2024.
Com mais R$ 3 milhões de
recursos federais da Lei Al-
dir Blanc, serão R$ 16,74
milhões ao todo. A secretá-
ria também garante que fi-
caram para trás problemas
de atrasos com pagamentos,
a partir de mudanças admi-
nistrativas feitas na pasta.
Ao fazer um balanço desse
primeiro ano, Júlia destaca o
aumento do número de pro-
jetos inscritos a cada edital e
afirma que o objetivo é des-
centralizar ainda mais a dis-
tribuição dos recursos.
—A média de inscritos era
de 350 projetos a cada edi-
tal, e no ano passado esse
número ficou entre 800 e
900 inscritos. Fizemos uma
pesquisa para entender esse
aumento e constatamos
que, a cada novo edital, cer-
ca de 40 pessoas estavam ga-
nhando pela primeira vez.
Tivemos 849 projetos con-
templados, quase R$ 11 mi-
aula do projeto
em Tenente
Jardim: novas
oficinas estão
previstas
lhões investidos. Niterói é a
cidade que que mais investe
em cultura per capita no es-
tado. No ano passado, con-
seguimos realizar o orça-
mento participativo, festi-
vais em cinco regiões da ci-
dade e várias reuniões pú-
blicas em todos os territó-
rios para a população dizer
onde queria investir o di-
nheiro da cultura. Foram
muitos artistas se apresen-
tando. Sou produtora cultu-
ral, trabalhadora da cultura
e atuo na área em Niterói há
muito tempo. Quando assu-
mi a secretaria, meu desafio
era o de potencializar o que
a cidade tem a oferecer. Pen-
sar em uma produção des-
centralizada e enxergar lon-
ge onde o poder público po-
de chegar. Este ano, manti-
vemos a política de editais
como uma das nossas prin-
cipais políticas de repasses,
e trabalhamos para demo-
cratizar ainda mais.
COLETIVOS CULTURAIS
Entre projetos planeja-
dos, Júlia Pacheco destaca
o Brota Aí: Redes Comu-
nitárias.
— Vamos colher agora os
frutos do Brota Aí, que terá
oficinas culturais em 30 ter-
ritórios, priorizando os de
maior vulnerabilidade soci-
al. Serão várias expressões
artísticas, mas também te-
remos formações cidadãs
complementares com o
propósito de, no final, for-
mar coletivos culturais. Es-
se projeto vai beneficiar
mais 1.500 pessoas direta-
mente — destaca.
Sobre as questões envol-
vendo atrasos em pagamen-
tos de editais, que teve que
enfrentar logo que assumiu a
secretaria, Júlia diz que os
problemas administrativos
foram resolvidos:
—O último edital teve o pa-
VALOR TOTAL:
R$ 16,74 milhões
FOMENTO DIRETO
> Editais já existentes
(todos os valores serão
aumentados em 2024):
1. Edital de Pontos e Pontão de
Cultura — Rede Cultura Viva
Total: R$ 1,2 milhão
2. Edital de Fomentão
Total: R$ 3 milhões
3. Edital de Ativos Culturais
Total: R$ 740 mil
4. Edital Cultura e Território
Total: R$ 720 mil
5. Edital Geek
Total: R$ 360 mil
gamento mais rápido da his- 6. Edital de Teatro e Circo
tória. Não estamos tendo ne- Total: R$ 720 mil
nhuma questão nesse senti-
do. Fizemos mudanças admi- > Novos editais:
nistrativas e ajustes para ace-
lerar os processos. Nesse 1. Lei Aldir Blanc
ponto de descentralizar re- Total: R$ 3 milhões
cursos, nossos editais são 2. Aquisição de acervo para o
muito desburocratizados. Museu de Arte Contemporânea
Em todos os editais abertos fi- Total: R$ 1 milhão
zemos plantões de tira-dúvi- 3. Credenciamento de artistas e
das, atendimento on-line e trabalhadoras/es da cultura
consultoria. Este ano quere- Total: R$ 3 milhões
mos instalar um escritório de
projetos para ajudar artistas e FOMENTO INDIRETO
produtores. Vamos fazer ca- — INCENTIVO FISCAL
pacitação dos trabalhadores 1. Incentivo fiscal — ISS/IPTU
da cultura para garantir o am- Total: R$ 3 milhões
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 4 | Niterói Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

Cinco alunas
GABRIELLE LOPES

ganham disputa
internacional e
visita à Nasa
Com um projeto sobre eclipses, grupo da
Firjan Senai se destacou entre mais de
60 mil participantes de 152 países

GABRIELLE LOPES gas dos Santos, Samara da

gabrielle.lopes.rpa@edglobo.com.br
Silva Vieira Santos e Sara
-
Jhenyfer Soares de Lima foi

W ashington, pode espe- uma das dez equipes vence-

rar que elas vão che-
gar. Cinco estudantes do
doras da competição. Elas
foram agraciadas com uma Vencedoras. Larissa (à esquerda), Samara, Kezia, Sara Jhenyfer e Jennifer Cristina com o professor e orientador Alan Pacheco, da Firjan Senai de São Gonçalo
curso de Técnico em Ad- medalha, o Prêmio de Pro-
ministração da Firjan Se- jeto Mais Inspirador e a cação para alcançar um sentação das fases dos socioeconômicas. — O conhecimento é algo
nai ganharam destaque no oportunidade de conhecer horizonte mais promissor. eclipses, os processos que —Incentivada pela mi- que ninguém pode tirar
cenário internacional ao a sede da Nasa na capital Elas ressaltam que essa os desencadeiam e por que nha mãe, que é bibliotecá- deles. Quando os alunos
serem premiadas no Desa- dos Estados Unidos. realização certamente ser- apenas algumas pessoas ria em uma escola, eu co- compartilham o conheci-
fio Internacional de Apli- A harmonia entre as in- virá de inspiração para ou- têm o privilégio de presen- mecei a me apaixonar pela mento que adquiriram com
cativos Espaciais da Nasa tegrantes da equipe é re- tros jovens estudantes. ciá-los em momentos es- literatura e pelos estudos. outras pessoas, estão ele-
(Space Apps) 2023. As cente e aconteceu por um pecíficos. O trabalho foi E vindo de uma escola pú- vando o que possuem a um
talentosas jovens, proveni- acaso. Elas não se conheci- A MECÂNICA DOS ECLIPSES elaborado por meio do blica e de um lugar que não nível superior — afirma.
entes do ensino público e am previamente. Entre- O desafio proposto pela Canva, uma plataforma de é tão privilegiado, é com O grupo agora prepara as
moradoras de São Gonça- tanto, todas participam do Nasa uniu os talentos em design gráfico que possibi- muita alegria e gratidão malas para decolar rumo a
lo, representaram o Brasil programa de jovens apren- prol de um objetivo: criar lita aos usuários a criação que estou aqui hoje, repre- Washington, distrito de
em um hackathon, enfren- dizes na B. Braun Brasil, uma solução para ajudar as de diversos tipos de conte- sentando tantos estudan- Columbia, para receber a
tando uma concorrência líder no setor farmacêuti- pessoas a compreenderem údos visuais, como gráfi- tes — afirma. honraria e assistir de perto
acirrada composta por co e subsidiária do grupo melhor os eventos astronô- cos para mídias sociais, Alan Carlos Silva Pacheco, ao lançamento de um fo-
cerca de 60 mil participan- alemão B. Braun. micos. Diante disso, elas apresentações, infográfi- o professor da Firjan Senai guete da Nasa. As meninas
tes de 152 países. As jovens partilham nar- conceberam uma narrativa cos e pôsteres. que orientou o grupo duran- contam com o apoio da
O grupo formado por rativas de vida similares, que explica de forma envol- Uma das integrantes do te o processo, reforçou que o Firjan Senai e da B. Braun
Jennifer Cristina Marques todas elas marcadas pelo vente e acessível a mecâni- grupo, Larissa, de 18 anos, propósito da instituição é Brasil para viajar. Entretan-
Leite, Kezia Alexandre Oli- constante estímulo dos pais ca dos eclipses. demonstrou que a excelên- transformar por meio da to, seguem em busca de
veira de Souza, Larissa Var- para que buscassem a edu- O projeto incluiu a apre- cia não conhece barreiras educação profissional. mais parcerias.

N. da R.: Ana Cláudia Guimarães, titular da

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OGLOBO | Domingo 18.2.2024 Niterói | 5

Jovem cobra da Viradouro já pensa em 2025

Artista que conduziu a serpente da comissão de frente compartilha sucesso com integrantes da ala e agradece a casal de
coreógrafos pela oportunidade. Wesley Torquato promete repetir todo o esforço dos ensaios no próximo enredo da escola

HERMES DE PAULA LÍVIA NEDER

LÍVIA NEDER
livia.neder@oglobo.com.br

P icado pelo amor à Viradou-

ro, o bailarino Wesley Tor-
quato se diz feliz por ter contri-
buído para abrir os caminhos
para a vitória da escola na pele
da serpente da comissão de
frente e já pensa no desfile de
2025. Se agora é só sorriso, ele
caiu no choro e abraçou a core-
ógrafa Priscilla Mota ao final
do desfile na Apoteose.
—Foi um preparo de me-
ses, foram muitos ensaios.
Estou em êxtase — contou o
bailarino e artista circense na
dispersão do desfile, antes de
opúblico conhecer o segredo
criado pelos coreógrafos
campeões Priscilla e Rodrigo
Negri, que deram um skate
elétrico para Wesley pilotar
sob a armação da serpente No Sambódromo. Movida por Wesley Torquato, a serpente desliza na comissão de frente da escola campeã de 2024 Emoção. Wesley cai no choro com a coréografa Priscilla Mota na dispersão
confeccionada por profissio-
nais amazonenses do festival cepção da comissão está a coreografia se firmou. Foi o adiantou O GLOBO-Nite- para a gente. Ele ficou muito ra. O foco é colher os frutos
de Parintins. acontecendo há mais de um primeiro dia em que a cobra rói na semana passada, o impactado, ficava na função desse trabalho e já pensar no
Aos 23 anos, este é o se- ano. Eles começam a pensar foi para a Sapucaí; ainda a le- passista Tavin Leandro, cria da cobra que subia, no alto do ano que vem, mais uma vez à
gundo dele na Viradouro e o quando acaba o carnaval. A vamos outra vez. Não poderia da Viradouro desde os 7 carro. Nos ensaios ele falava: frente da escola. Vou descan-
sexto com o chamado “casal Priscilla me fez a proposta: ter chance de ninguém ver. A anos, entrou este ano para o “Vocês estão ligados de que sar um pouco, potencializar a
segredo” em comissões de “Este ano você vai ser a co- gente abriu mão de tudo para grupo de Priscilla e Rodrigo. estão desfilando na Viradou- carreira do jeito que puder e
frente. O esforço foi premia- bra”. Apresentou a maquete, estar lá ensaiando. —Um dos integrantes era ro, né?”—lembra Wesley. agradecer muito aos meus
do com os 40 pontos recebi- falei que era muito doido, Morador da Gamboa, vizi- da comunidade. O Tavin é E a paixão do colega Tavin coréografos e à escola, que
dos dos jurados, o campeo- mas fomos embora. No dia 25 nho da Cidade do Samba, um cara surreal e foi um dos pela vermelho e branco de abriram uma porta para
nato e o Estandarte de Ouro de dezembro, ensaiamos de- Wesley, que começou a dan- principais pilares para que a Niterói também contagiou mim. A Viradouro é uma es-
de melhor comissão. pois da ceia, de 1h às 7h, no çar aos 8 anos em um proje- cobra acontecesse. Ele ser da Wesley, que não pensa em se cola a ser seguida, que trouxe
—A preparação foi de qua- Sambódromo, o mais escon- to social, fala da importân- escola, o amor dele pela Vira- despedir da escola: uma cara nova para o nosso
tro meses, desde o final de ou- dido possível. Depois que fiz cia de ter na comissão um douro desde criança, isso —A Viradouro é um divi- carnaval — afirma Wesley,
tubro. Mas o trabalho da con- aquele ensaio lá tudo mudou, artista de Niterói. Como trouxe uma energia a mais sor de águas na minha carrei- agora sorrindo.
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6 | Niterói Domingo 18.2 .2024 | OGLOBO

Viradouro brilha com DIVERSÃO

iluminação cênica inovadora
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Carnavalesco estudou sobre o uso do olho de gato em fantasias e o jogo de luz

da Sapucaí para destacar o enredo que mostrou a força da mulher negra
HERMES DE PAULA
RAFAEL TIMILEYI LOPES
rafael.lopes@edglobo.com.br

Eposição
ste ano um novo elemento
surgiu com força na com-
dos desfiles das esco-
las de samba do Grupo Espe-
cial no Rio. A iluminação
cênica, usada pela primeira
vez em larga escala, conferiu
um brilho a mais à Sapucaí. A
tricampeã Unidos do Vira-
douro foi uma das agremia-
ções que souberam aprovei-
tar esse recurso e inovou em
seu desfile de ponta a ponta,
pensando em como esse ele-
mento seria utilizado.
Última a entrar na Aveni-
da, já no amanhecer da ter-
ça-feira de carnaval, a Vira-
douro usou 200 metros do
material refletivo conheci-
do como olho de gato, co-
mum em rodovias, placas de
trânsito e em uniformes de
garis, por exemplo. Na co-
missão de frente, bailarinos
com maquiagens fluores-
centes chamavam a atenção
pelo brilho e pela sincronia
nos movimentos. A escola
ainda modificou a disposi-
ção de cores e materiais usa-
dos nas fantasias atenta à
transição para a luz natural
do amanhecer. Tudo minu-
ciosamente estudado, de
acordo com o carnavalesco
Tarcísio Zanon.
—Este ano nós tivemos
um tempo maior, uma opor-
tunidade de ter acesso aos
recursos que a iluminação
poderia nos proporcionar.
Então, logo no início do pro-
cesso eu comecei a pesqui-
sar materiais que pudessem
reagir com a luz dentro do
conceito dessa África fan-
tástica que eu queria trazer
na abertura da escola. E aí eu
descobri esse material refle-
tivo, que é usado em estra-
das, o olho de gato, e que já
tem empresa produzindo
com diferentes cores. Com-
prei e comecei a testar isso já
no protótipo, quando faze-
mos a primeira fantasia para
reprodução. Para a parte fi-
nal do desfile já pensamos
em materiais mais metáli-
cos e cores que pudessem
dialogar com a luz natural—
conta.
Zanon também revela que
após descobrir o material
Iluminadas. Comissão de frente homenageou as guerreiras Agojie: roupas reagiram à luz da Sapucaí
Destaque. Dangbé, a serpente mística, com as sete cores do arco-íris em LED
Luz. As cores foram pensadas para a transição entre a noite e o amanhecer
luminoso entrou em conta-
to com o responsável pela
iluminação de LED da Sapu-
caí para saber se a ideia seria
viável. Foi em janeiro, pou-
co mais de um mês antes do
DIVULGAÇÃO/RENATA XAVIER
DIVULGAÇÃO/RENATA XAVIER
desfile oficial, que o carna-
valesco levou as fantasias
para o teste real com ilumi-
nação do Sambódromo.
Apesar de acreditar que o
uso da iluminação tenha si-
Carnamar encerra a folia
OCarnamar, hoje, em Jurujuba, fecha oficialmente a programa-
ção de carnaval da cidade. A programação começa em terra, ao
meio-dia, no Jurujuba Iate Clube. Das 13h às 15h, haverá a tradici-
onal barqueata. No retorno, a festa continua no clube. A Banda El
Caribe comanda a animação, com DJs no intervalo. Os ingressos
incluem serviço de bufê liberado. Em terra, o programa custa
R$ 100 para sócios e R$ 120 não sócios. Em terra e no mar, sai a
R$ 165 para sócios e R$ 185 não sócios. Tel.: 96783-8320.
LÍVIA NEDER
do um recurso a mais no
desfile e que veio para ficar,
o carnavalesco da vermelho
e branco destaca que o uso
de qualquer material tecno-
lógico deve ajudar na com-
posição, mas sem fazer per-
der a essência do carnaval. Voz e violão em Piratininga
De acordo com ele, não é a
luz ou outro recurso que de- Os músicos Bruno D’Ávila e Daniel Porto se apresentam hoje, a
ve aparecer, mas o trabalho partir das 14h, no projeto Brisa de Domingo, do La Brise Beach
coletivo, o empenho dos Club, na Praia de Piratininga. No repertório, os artistas niteroien-
componentes. ses cantam sucessos da Música Popular Brasileira, de artistas
— Quanto mais inteligen- como Djavan, Fagner e Alceu Valença. O couvert artístico custa
te for essa transição, mais o R$ 10. A casa conta com programação musical de quinta a do-
espetáculo tem a ganhar. É mingo. Informações e reservas pelo telefone 97022-9795.
um cuidado que as escolas
vão precisar ter, mas ela não DIVULGAÇÃO
pode ser a vilã do que a gente
construiu enquanto histó-
ria do carnaval. A luz não
pode ser a protagonista, mas
o que enaltece o fundamen-
to da festa carnavalesca —
argumenta.
VITÓRIA COM 270 PONTOS
A Viradouro foi a grande
campeã do carnaval do Rio
com o enredo “Arroboboi,
Dangbé”. A escola levou a
força da mulher negra para a
Marquês de Sapucaí, numa
viagem que atravessou sé- Paisagens de Niterói ganham exposição
culos para contar a tradição
das “sacerdotisas voduns, Aexposição “Intensidade”, do artista paisagista Alexandre
mulheres escolhidas e inici- Santiago, será aberta amanhã, às 18h30, na galeria La Salle, em
adas em ritos de louvor à ser- Santa Rosa. O pintor busca revelar paisagens do cotidiano em
pente sagrada”. Com 100% seu trabalho. Fazem parte do material exposto telas com cená-
de aproveitamento, a escola rios famosos de Niterói, como o Museu de Arte Contemporânea
terminou a apuração com e a Ilha de Boa Viagem. Com entrada franca, a mostra pode ser
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