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Divas?: Exposição, hit e tour colocam Todo tipo. Cher,
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ISSN 2178-5139

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EDILSON DANTAS

QUASE PARANDO EDITORIAL

Investimento
JUNHO DE
2013 POLARIZOU
O BRASIL
PÁGINA 2

público em MERVAL PEREIRA

As reflexões de

mobilidade cai
Alain Touraine
sobre o Brasil
PÁGINA 2

à metade em DORRIT HARAZIM

Acorda, Brasil.

uma década
O mundo
precisa de ar
PÁGINA 3

Recursos aplicados no setor BERNARDO

MELLO FRANCO
em 2022 foram cerca de Trump, Boris e
10% dos subsídios a carros a narrativa
dos farsantes
PÁGINA 3
Dez anos depois das manifestações de 2013, detonadas pela tarifa
de ônibus em São Paulo, o investimento público em mobilidade
urbana caiu a menos da metade, diz estudo do economista
Claudio Frischtak. Se R$ 8,6 bilhões já eram insuficientes naquele LAURO JARDIM
ano, a cifra de R$ 4,1 bilhões de 2022 evidencia o atraso das cidades
brasileiras, onde trabalhadores perdem horas diárias em trajetos Operação
desconfortáveis, prejudicando, também, a produtividade da Hefesto corre
economia. No último ano de Bolsonaro, a verba para transporte risco de melar
coletivo foi cerca de 10% dos subsídios a montadoras e combustíveis, PÁGINA 6
que tiveram continuidade no governo Lula. PÁGINAS 17 e 18

Scooter: popular e irregular MÍRIAM LEITÃO

Mais pesadas e rápidas que as bicicletas, as scooters elétricas se
multiplicaram nas ciclovias da orla carioca, embora seu aluguel O marco
seja irregular. Especialistas afirmam que a presença delas temporal e o
distorce a função do espaço, onde já causam acidentes. PÁGINA 27 tempo sem lei
PÁGINA 18

DEFESA DO CONSUMIDOR Influenciadores

Seguro saúde para trocam glamour por PATRÍCIA KOGUT
pets, por que não? esponja e feijão Uma pérola
No país, 250 mil bichinhos já Empresas de alimentação e escondida
têm plano, mas é preciso estar limpeza investem no apelo dos no streaming
atento ao contrato. PÁGINA 20 influenciadores digitais. PÁGINA 19 Desequilíbrio. Congestionamento divide paisagem de SP com monotrilho inacabado, que se arrasta há uma década SEGUNDO CADERNO

CASSIA TABATINI
‘Fogo amigo’ é entrave a mais Falta de voos dificulta

ela
à formação da base de Lula laços entre Brasil e África
Disputa entre ministros e líderes do Apesar de ligações históricas, há poucos voos
governo no Congresso causa ruídos na diretos entre o Brasil e o continente. Lula quer
articulação política e mina votações. PÁGINA 4 incrementar política para a região. PÁGINAS 22 e 23
A cantora
que encanta
Lazer, alívio à seca e caça a Mulheres agredidas são
Às vésperas de tesouros no centro do poder vítimas do silenciamento
chegar com nova
turnê ao Brasil, Revitalizado, o Lago Paranoá, no coração de — Estou sempre Justiça acolhe cada vez mais pedidos
a portuguesa Brasília, recebe de remadores a mergulhado- de olho... inclusive para que mulheres não denunciem
Carminho res em busca de vestígios de antiga vila. PÁGINA 16 aos domingos! publicamente seus agressores. PÁGINA 15
enaltece a MPB,
lembra bullying
que sofria na FABIO ROSSI
adolescência CHAMPIONS
Vinhos
por gostar
de fado e conta
City leva à toda
título inédito
como o filho
a aproximou Com gol de Rodri e prova
do rock. brilho de Ederson,
time inglês bate Aedição 2023
Inter e é campeão do Vinhos de
europeu. PÁGINA 36 Portugal se
despede do Rio
NBA de olho com palestras e
showa partir das
no Brasil 12h30,hoje,no
Liga aproveita Jockey.Ainda há
popularidade ingressos para
do basquete para curtir o Salão de
investir em negócios Degustação.
no país. PÁGINA 33 PÁGINA 29
2 | Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

Opinião do GLOBO Artigos

oglobo.globo.com/opiniao/
cartas@oglobo.com.br

Junho de MERVAL
PEREIRA
2013 polarizou
o Brasil blogs.oglobo.globo.com/merval-pereira
editoria.artigos@oglobo.com.br

Até hoje país não soube encarar o Touraine e

legado da onda de protestos que
abriu caminho para o extremismo
o Brasil

D
ez anos depois dos pro-
testos que sacudiram o
O sociólogo francês Alain Touraine, um dos grandes
intelectuais públicos modernos, pensador de es-
querda liberal morto aos 97 anos na sexta-feira, tinha
Brasil em junho de 2013, interesse pela política da América Latina, em especi-
é possível fazer um ba- al a do Chile, onde chegou a trabalhar em uma mina
lanço sereno da mobili- para escrever um clássico sobre o papel social dos mi-
zação popular que começou como neradores, e do Brasil, que acompanhou de perto du-
revolta contra o aumento nas tarifas rante os 16 anos que duraram os governos Fernando
de ônibus e metrô, evoluiu para Henrique Cardoso, de quem foi professor em Paris e
abarcar todo tipo de reivindicação e amigo, e Lula, de quem se tornou próximo.
deixou marcas profundas na socie- Durante cerca de dez anos tive contatos frequentes
dade brasileira. Está na rebelião dos com ele, especialmente durante os seminários interna-
20 centavos a raiz das duas princi- cionais da Academia da Latinidade, organizados pelo
pais transformações políticas da úl- também sociólogo e filósofo brasileiro Candido Men-
tima década: a crise institucional e a des de Almeida, seu amigo. Touraine sempre entendeu
polarização ideológica, associadas que os períodos de FHC e de Lula são parte de um mes-
às redes sociais. mo projeto, e que o Brasil, ao fim deles, teria encontrado
Na organização, os protestos de uma maturidade como nação, com um mercado inter-
2013 reproduziram o mecanismo no forte e elementos de economia avançada.
que engendrou outros movimen- Mas sentiu o perigo de um retrocesso com a chegada
tos mundo afora, como Primavera de Dilma Rousseff ao poder, e o consequente cresci-
Árabe, Indignados espanhóis ou mento da influência do PT no governo. Considerava
Occupy Wall Street. As redes soci- que o consenso entre as forças políticas sobre a necessi-
ais assumiram um protagonismo dade de combinar políticas realistas na economia e
na comunicação política que per- preocupação com a melhoria social prevaleceu nesse
siste até hoje. Decorre da lógica período, permitindo a continuidade dos avanços. De-
das redes, movida por algoritmos pois de Lula ter dado ao povo a sensação de que estava
que privilegiam o engajamento realmente no poder, depois de um governo tão popu-
imediato e as emoções em detri- lar, há que se tratar de outros problemas, advertia Tou-
mento da reflexão racional e do raine, que defendia que era preciso retomar o projeto
equilíbrio, a crise de confiança exitoso de reorganização do país, que avançou
que acometeu as instituições esta- eles verificaram sobreposição entre do, identificada na exigência por Sociólogo com Fernando Henrique e sofreu um retro-
belecidas, como academia, im- os que se vinculavam a temas de di- transportes, educação e hospitais francês cesso com o clientelismo e o empreguismo pa-
prensa ou Poderes constituídos. reita ou esquerda. Quem consulta- “padrão Fifa”. Embora não fossem acompanhou ra “os companheiros” do PT.
Não é coincidência que, ao longo va informações sobre movimentos contraditórias e no início cami- de perto os Sobretudo, Touraine achava que seria im-
da década, a principal consequên- sociais progressistas também nave- nhassem juntas, com o tempo as governos portante retomar um projeto de institucio-
cia do rearranjo político que suce- gava em espaços que tratavam do duas agendas se divorciaram e mi- Fernando nalização da democracia no país, reforçar a
deu aos protestos tenha sido o es- combate à corrupção. Quem acom- graram para polos ideológicos an- Henrique organização do Estado, que ele considerava
vaziamento do centro, organizado panhava o combate aos corruptos tagônicos. A esquerda, em especial Cardoso e Lula que fora relegada a segundo plano por Lula.
em partidos tradicionais como também acessava páginas sobre o PT, passou a ser vista pela direita Com Lula fora do governo, é um perigo o PT
MDB ou PSDB, e o fortalecimento meio ambiente. Aos poucos, po- como ninho de corruptos. A direita voltar a ter poder, comentava ele quando da eleição
dos extremos, em particular a ex- rém, o fosso entre os polos foi se passou a ser encarada pela esquer- de Dilma Rousseff. Touraine previa o perigo de um
trema direita que chegou ao poder abrindo. Entre 2014 e 2016, não ha- da como irremediavelmente in- retrocesso, lembrando que o Brasil tem um longo
com Jair Bolsonaro. Todo o arranjo via mais sobreposição de interesses. sensível à desigualdade e às de- passado de populismo e a ameaça persiste devido ao
institucional erguido desde a re- Cada lado passou a viver em sua bo- mandas sociais ou identitárias. nível de desigualdade social extremamente elevado.
democratização, consolidado na lha, e a polarização se consolidou. Não há dúvida de que a principal Na visão de Touraine, o sentido de continuidade
Nova República, foi posto em xe- Em 2016, três anos depois das ma- vítima da polarização foi o centro das políticas públicas marcou os últimos anos dos
que. A nova classe média a quem os nifestações, as redes sociais ainda ou, mais precisamente, a centro-di- dois governos, mas o próximo teria que fazer refor-
governos petistas haviam prome- fervilhavam com discursos contra reita. Partidos outrora fortes, como mas de estruturas nas grandes cidades, sobre o trans-
tido o paraíso foi às ruas deixar cla- os políticos e a política. Quem se PSDB, MDB ou DEM, foram aos porte, habitação, medidas que Touraine já cobrava
ro que ainda vivia no inferno dos aproveitou foi a extrema direita. A poucos reduzidos à sombra do que do governo Lula. Ele chamava o período dos dois go-
ônibus lotados, dos hospitais insa- esquerda não entendeu o que acon- já foram. Depois de anos de predo- vernos de “social-democrata moderada”, em que Fer-
lubres e das escolas degradadas. teceu em 2013. Pela primeira vez mínio da agenda social-democrata nando Henrique e Lula usaram o conjunto de forças
A revolta contra todos os parti- em décadas, perdeu o monopólio encampada pelos rivais PT e PSDB, de centro-direita para organizar um sistema político
dos se fazia sentir quando políticos das ruas. Também perdeu a corrida era esperado que o Brasil liberal ou que funcionava muito bem àquela altura.
tentavam aderir aos protestos. Nas na hora de aproveitar os novos mei- conservador buscasse um caminho Para Alain Touraine em entrevista, a prisão e a inele-
ruas houve gritaria contra quem os de comunicação digital. Há uma para maior representatividade. A gibilidade de Lula significaram que “as forças do país
empunhava bandeiras de legendas linha de conexão nítida entre os surpresa foi ter encontrado esse ca- estavam exaustas com o populismo que teve a vanta-
tradicionais da esquerda, e tuca- protestos de 2013, as manifestações minho num deputado de baixo cle- gem de incluir 20 milhões de pessoas”. Touraine consi-
nos foram enxotados pelos mani- pelo impeachment de Dilma Rous- ro que, ao longo dos 28 anos que derava Bolsonaro um fenômeno, mas sem nenhuma
festantes. Ao mesmo tempo, a mi- seff em 2015 e 2016 e a campanha à passou na Câmara, agia como uma força política, nenhum programa de governo. Mas não
noria golpista já estava presente Presidência de Jair Bolsonaro em espécie de “black bloc” parlamen- tinha dúvidas de que ele se preparava para dar um auto-
pedindo intervenção militar, com 2018. Todos esses movimentos tar, interessado mais em chamar a golpe. Em entrevista, classificou Bolsonaro como “um
a mesma desfaçatez que dez anos cresceram nas redes sociais à reve- atenção pela agressividade destru- ‘evangélico’ antipopular, fundamentalmente da classe
depois resultaria na violência do 8 lia do que se discutia ou se planejava tiva do que em formular propostas média, que tem medo das classes populares”.
de Janeiro. Nas palavras do colu- nos gabinetes. construtivas para o país. Ele pressentia que a base política e econômica da
nista do GLOBO e professor de po- Embora não houvesse programa O fortalecimento da extrema di- classe média não concordava com essa redistribuição
líticas públicas da USP Pablo Or- explícito e coordenado entre os reita e o enfraquecimento da cen- massiva, e previa que a volta dos militares estava incluí-
tellado, “o Brasil se politizou, não manifestantes de 2013, havia duas tro-direita, a incapacidade institu- da nos planos de Bolsonaro e seus seguidores, sempre
necessariamente para melhor”. agendas preponderantes. A pri- cional de lidar com um ambiente insinuando que se não conseguisse governar à sua ma-
Um estudo de Ortellado e do pro- meira era a luta contra a corrupção, político polarizado e movido a de- neira, chamaria os militares. O filósofo francês, nos úl-
fessor de sistemas de informação identificada nos estádios erguidos sinformação, o predomínio das re- timos anos, preocupava-se com a política de cancela-
Márcio Moretto Ribeiro, também para a Copa do Mundo e nos escân- des sociais como forma de mobiliza- mento nos meios sociais, afirmando que “democracia
da USP, constatou que os protestos dalos que marcaram as gestões pe- ção e os riscos para a democracia — éa rejeição de todas as formas de barreiras e categorias
plantaram a semente da polariza- tistas. A segunda era a demanda tudo isso é parte indissociável do le- que não têm outra função senão separar a comunica-
ção. Analisando a interação de 12 por qualidade nos serviços públi- gado de junho de 2013, que o Brasil ção, sem a qual a modernidade e a construção do sujei-
milhões de usuários do Facebook, cos, por ação social eficaz do Esta- até hoje não soube encarar. to não são possíveis”.

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OGLOBO | Domingo 11.6 .2023 Opinião | 3

_ SEG _ Fernando Gabeira _ Demétrio Magnoli (quinzenal) _ Miguel de Almeida (quinzenal) _ Edu Lyra (quinzenal) _ Irapuã Santana (quinzenal) _ Washington Olivetto (quinzenal)
_ TER_ Merval Pereira _ Carlos Andreazza _ QUA_ Vera Magalhães _ Elio Gaspari _ Bernardo Mello Franco _ Roberto DaMatta (quinzenal) _ QUI_ Merval Pereira _ Malu Gaspar
_ SEX_ Vera Magalhães _ Flávia Oliveira _ Pedro Doria _ Bernardo Mello Franco _ SÁB_ Carlos Alberto Sardenberg _ Eduardo Affonso _ Pablo Ortellado _ DOM_ Merval Pereira _ Dorrit Harazim _ Bernardo Mello Franco

DORRIT Apesar de o verão ainda não ter começado

no Hemisfério Norte, a província canadense
rendos incêndios naturais do “Verão Ne-
gro” australiano de 2019/2020. BERNARDO
HARAZIM do Québec, sozinha, já registrou mais de cem
incêndios florestais fora de controle. Mais de
Naquele ano, um céu apocalíptico tragou
a cintilante Baía de Sydney. As mundial-
MELLO FRANCO
90 milhões foram afetados pelos gases tóxicos mente imaculadas praias do sudeste do país
respirados, uma vez que não existem muros se viram transformadas em pontos de eva-
nem barreiras capazes de evitar o tráfego aéreo cuação para refugiados do fogo. Mais de 8
blogs.oglobo.globo.com/opiniao das partículas abrasivas. Segundo Wallace- mil integrantes da Defesa Nacional Austra- oglobo.com.br/bernardo
bernardomf
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Wells, 60% da fumaça poluente gerada por in- liana, em conjunto com 76 mil voluntários bmf@oglobo.com.br
cêndios na Costa Oeste dos EUA afeta quem do Corpo de Bombeiros Rurais, não deram
Lutar para mora fora dos estados em chamas. Isso vale pa-
ra o resto do mundo. Que morador de São Pau-
conta dos 15 mil incêndios que arderam du-
rante seis meses. Um apanhado conserva- O outono dos
respirar populistas
lo não lembra a sinistra escuridão que envol- dor daquela tragédia fala em pelo menos 3
veu a cidade numa tarde de agosto de 2019, e bilhões (sim, com b...) de animais mortos e
novamente em setembro do ano seguinte, 100 mil colmeias de abelhas destruídas. A
proveniente de queimadas na Amazônia e no saúde dos rios, lagos, bacias e parques naci-

N a tarde de sexta-feira, Greta Thunberg se

plantou pela última vez em frente ao
Parlamento sueco, em Estocolmo, empu-
Pantanal? Parecia prenúncio de apocalipse.
Com um agravante trágico em relação aos in-
cêndios no Canadá ou na Califórnia: mais de
onais do país passa por reavaliações cons-
tantes desde então.
Seguiram-se anos de investigação e pes-
A sexta-feira foi amarga para o po-
pulismo de direita no Hemisfério
Norte. Nos Estados Unidos, Donald
nhando o mesmo cartaz de seus últimos 80% das queimadas e incêndios florestais bra- quisa até o governo elaborar um relatório Trump virou réu por surrupiar docu-
cinco anos de ativismo: Skolstrejk för Klima- sileiros são intencionais, obra de predadores que oferece estratégias para qualquer nação mentos secretos da Casa Branca. No
tet, ou “greve estudantil pelo clima”. Era seu brasileiros, gente de carne e osso, mas despro- interessada em combater incêndios flores- Reino Unido, Boris Johnson renunci-
derradeiro dia de escola, interrompera os vida de um pensar minimamente coletivo. tais naturais. Também a ONU se debruçou ou ao mandato de deputado após ser
estudos por mais de um ano para rodar o Pastos, fazendas improdutivas, minera- sobre o tema. Em relatório elaborado por acusado de mentir ao Parlamento.
mundo em defesa do clima e agora, aos 20 ção selvagem, madeireiras ilegais, explora- mais de 50 especialistas globais, a entidade A data pode marcar o declínio de
anos de idade, passava o bastão da militân- ção de terras indígenas —os agentes destru- prevê aumento de 30% no número de in- dois personagens que ascenderam
cia adolescente para novas gerações. tivos de nossos solo, floresta e ar são conhe- cêndios extremos até 2050. na década passada: o magnata ex-
Thunberg não é mais a atrevida pirralha de cidos. Por isso mesmo, pelo menos em tese, Contra incendiários de biomas para pro- cêntrico que se elegeu presidente e
tranças que, com pouco mais de 15 anos, pas- também mais fáceis de cercear que os hor- veito próprio, contudo, o único remédio o prefeito bufão que chegou a pri-
sou a ser ouvida em constrangido silêncio pe- ainda é o antigo: vontade política dos gover- meiro-ministro.
los adultos do poder mundial. “Vocês não são nantes, aplicação rigorosa da lei e pressão Trump afanou papéis sigilosos
maduros o suficiente para falar a verdade [so- Contra incendiários da sociedade. “Não creio que as mudanças que incluíam informações sobre o
bre a extensão da crise climática]”, admoestou de biomas, o único de que precisamos virão dos que detêm o programa nuclear e um plano de
diplomatas e negociadores presentes à remédio ainda é o poder”, disse Greta Thunberg em entrevista ataque ao Irã. O material estava es-
COP24 na Polônia, em 2018. No ano seguin- antigo: vontade a Wallace-Wells. “Isso terá de vir de fora, condido em seu resort particular na
te, em Davos, escoriou a nata dos que acor- política, aplicação quando um número suficiente de vozes exi- Flórida. As caixas foram encontra-
rem anualmente ao encontro para sentir-se rigorosa da lei e gir a grande mudança.” das em locais improváveis, como
importantes, com um: “Vocês precisam agir pressão da sociedade Acorda, Brasil, o mundo precisa de ar. um salão de festas e um banheiro.
como se a casa estivesse pegando fogo, por- O ex-presidente virou alvo de 37
que ela está”. Tinha razão a pirralha assumi- acusações, de falso testemunho a
damente autista que deu escala global e am- apropriação indevida de documentos
plitude geracional ao movimento em defesa de segurança nacional. Na terça-feira,
do clima. A casa está pegando fogo. terá que se apresentar a um tribunal
O planetinha de fato está a arder. Ano federal em Miami. No limite, pode ser
após ano, chamas selvagens destroem vasti- condenado a 400 anos de prisão.
dões cada vez maiores, atravessam frontei- Boris renunciou para escapar de
ras e tornam mais tóxico o ar que respira- uma punição tida como certa na Câ-
mos. Um historiador e professor da Univer- mara dos Comuns. Um comitê parla-
sidade do Arizona, Stephen J. Pyne, especi- mentar concluiu que ele mentiu sobre
alizado em meio ambiente e na História do o Partygate, o escândalo das festinhas
fogo, chegou a criar um termo para essa es- na pandemia. Enquanto os plebeus
calada: pirocênio. seguiam as regras de confinamento,
Nesta semana foi a vez de a Costa Leste dos ele promovia farras e bebedeiras na re-
Estados Unidos sentir nos olhos, pulmões, sidência oficial de Downing Street.
narinas e boca as consequências da fumaça O novo ocupante de sua cadeira se-
cuspida por incêndios florestais no Canadá. rá escolhido em eleição suplementar.
Por um dia, foi como se um espesso cobertor Um problema a
de partículas acres tivesse coberto a cidade de Trump virou réu e mais para o pre-
Nova York, que chegou a ultrapassar a capital Boris renunciou miê Rishi Su-
da Índia, Nova Délhi, em péssima qualidade ao Parlamento nak, que já en-
do ar. Respirar deixou de ser banal. “Senti a britânico. Em frentava o cansa-
garganta como se tivesse engolido um bom- apuros, os dois ço da população
bom de carvão”, escreveu David Wallace- insistem em com o Partido
Wells, autor do inquietante “A terra inabitá- encenar o Conservador.
vel”, sobre aquecimento global. mesmo papel Os trabalhistas
lideram as pes-
quisas para voltar ao poder em 2025.
Trump e Boris têm muito em co-
ARTIGO mum além da cabeleira loura —no
caso do britânico, cuidadosamente
O avanço da igualdade salarial entre mulheres e homens desarrumada antes de cada apari-
ção pública. Os dois ganharam po-
pularidade em programas de entre-
tenimento na TV. Depois usaram as
CIDA GONÇALVES mens nas mesmas condições ganham R$ ca se inverte. Passam a ter de divulgá-las redes sociais para driblar a media-
1.928; com ensino superior completo, elas previamente. ção dos partidos e estabelecer rela-
recebem R$ 4.063 —eles, R$ 6.331. Além do Projeto de Lei, o governo já come- ções diretas com o eleitorado.
O texto agora aprovado no Congresso cria çou a atuar na origem da discriminação de gê- A dupla mostrou como transfor-
condições para a fiscalização dessa dispari- nero no universo laboral: o trabalho domésti- mar o medo e o ressentimento em

O ano de 2023 será um marco na luta pela

igualdade salarial entre mulheres e ho-
mens no Brasil. Luta histórica das mulheres
dade salarial e aumenta a multa, antes irri-
sória, aos que não cumprem a lei: dez vezes
o valor do novo salário devido pelo empre-
co e o cuidado com crianças, idosos e enfer-
mos de suas famílias, realizado de forma des-
proporcional pelas mulheres. Depois do pri-
arma política. Trump demonizou os
mexicanos e prometeu erguer um
muro para impedir a entrada de imi-
e proposta de campanha do presidente Lu- gador à empregada discriminada. Elevada meiro filho, o salário delas é reduzido em grantes nos EUA. Boris atacou a
la, a pauta foi apresentada por ele ao Con- ao dobro no caso de reincidência. 24%. Com três ou mais, a queda no rendimen- União Europeia e garantiu que a
gresso Nacional em 8 de março, Dia Inter- Um grande diferen- to é de quase 40%. Também já é sabido que o aventura do Brexit faria o Reino
nacional das Mulheres, como o Projeto de Um grande cial: empresas com índice de desemprego cresce para as mulhe- Unido reviver os tempos de glória.
Lei 1.085/2023. O texto que determina o diferencial é que cem ou mais emprega- res que retornam da licença-maternidade. Nascidos em berço de ouro, os alia-
mesmo salário e critérios remuneratórios empresas deverão dos deverão publicar Para tanto, está em curso a elaboração de dos conseguiram se vender como ini-
para quem exerce a mesma função foi apro- publicar relatórios relatórios semestrais uma Política Nacional de Cuidados, sob co- migos do establishment. Na pande-
vado na semana passada pelo Senado e está de transparência de transparência sala- ordenação dos ministérios das Mulheres e mia, viraram ameaça à saúde pública.
pronto para ser sancionado, após aprovação salarial tornando rial, com informações do Desenvolvimento e Assistência Social, Trump fez campanha contra a más-
quase unânime nas duas Casas. Participei possível a que permitam compa- Família e Combate à Fome. cara e a vacina, e Boris flertou com o
de perto das negociações. fiscalização rar salários, critérios A política do “trabalho igual, pagamento negacionismo até pegar o coronaví-
Na teoria, a desigualdade salarial é proibida remuneratórios e a igual”, segundo a Organização Internacio- rus e ser internado numa UTI.
pela CLT desde 1952 e, de maneira mais am- proporção de ocupação de cargos de chefia nal do Trabalho (OIT), pode adicionar 0,2 Em apuros, os dois insistem em
pla, na Constituição de 1988. Mas, na práti- preenchidos por mulheres e homens. Os re- ponto percentual à taxa de crescimento encenar o mesmo papel. Na sexta,
ca, o cenário é outro. Segundo dados do IBGE latórios irão além. Deverão conter dados anual do PIB brasileiro. Se o Brasil aumen- o ex-premiê britânico se disse alvo
de 2022, uma mulher recebe, em média, 78% que possam revelar outras eventuais desi- tar a inserção das mulheres no mercado de de “caça às bruxas” e atacou o co-
do salário do homem. Quando se consideram gualdades decorrentes de raça, etnia, naci- trabalho em um quarto até 2025, poderá ex- mitê responsável por investigá-lo.
apenas cargos de gerência, diretoria e outros onalidade e idade na empresa. pandir sua economia em R$ 382 bilhões. O ex-presidente americano cha-
superiores, a diferença é ainda maior — O relatório de transparência é um exem- A aprovação do Projeto de Lei da Igualda- mou o promotor de seu caso de
61,9%. No caso de mulheres pretas ou par- plo bem-sucedido na Islândia, país que ocu- de Salarial é um marco essencial para o en- “psicopata”, esbravejou contra o
das, elas recebem menos da metade dos salá- pa o quarto lugar no ranking do relatório do frentamento às disparidades de gênero no governo Biden e aproveitou para
rios dos homens brancos (46%). Banco Mundial sobre o quesito igualdade campo do trabalho, sobretudo a misoginia, pedir doações de campanha.
Mesmo nos setores em que as mulheres salarial —em que o Brasil ocupa a 117ª posi- que é a raiz de todas as formas de violência Os farsantes querem convencer
são maioria, elas recebem menos em mé- ção entre 146 países. Até agora, no Brasil, as contra as mulheres. a plateia de que não fizeram nada
dia. Nas áreas de educação, saúde e serviços empresas só tinham a responsabilidade de de errado. Seriam apenas vítimas
sociais, as trabalhadoras com menos de um apresentar informações salariais quando Cida Gonçalves é ministra das Mulheres de perseguição do sistema que tan-
ano de estudo recebem R$ 1.565 —os ho- questionadas judicialmente. Agora, a lógi- to combateram. Soa familiar?
4 | Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

TROCA NO MINISTÉRIO PARA

Política
ACESSAR

Presidente se reunirá com Waguinho APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Encontro está previsto para esta semana; mulher do prefeito deve deixar Turismo O QR CODE

FOGO AMIGO
Disputas na articulação política de Lula
dificultam montagem de base no Congresso
GIL FERREIRA/ASCOM-SRI LULA MARQUES/ AGÊNCIA BRASIL TON MOLINA

Padilha. Ministro tem se desentendido com o líder do governo na Câmara Guimarães. Líder do governo costuma se queixar da atuação de Padilha Rui Costa. Petistas apontam “falta de sensibilidade política” do ministro

JENIFFER GULARTE E SÉRGIO ROXO indicações de partidos da decisão do Instituto Brasi-

politica@oglobo.com.br
BRASÍLIA
base na Câmara, a presi- BOLA DIVIDIDA Governo Lula enfrenta disputas dentro da equipe leiro do Meio Ambiente
dência do colegiado aca- (Ibama) de negar a licença
-
bou nas mãos do deputado para a Petrobras realizar

C om dificuldades na rela-
ção com o Congresso
neste início de mandato, o
governo de Luiz Inácio Lula
da Silva também enfrenta
uma série de disputas vela-
das em sua equipe, o que, na
avaliação de interlocutores
do presidente, tem afetado
a montagem de uma base
coesa. Uma delas envolve
dois dos principais respon-
sáveis pela articulação polí-
tica do Palácio do Planalto,
o ministro das Relações
Institucionais, Alexandre
Padilha, e o líder do gover-
no na Câmara, José Guima-
rães (PT-CE), que têm se
desentendido nos bastido-
res. O fogo amigo também
atinge outros ministros, co-
mo o da Casa Civil, Rui Cos-
ta, alvo constante de quei-
xas na bancada petista; o da
Fazenda, Fernando Had-
dad; e até a do Meio Ambi-
ente, Marina Silva.
A origem da disputa entre
o ministro das Relações Ins-
titucionais e o líder do go-
verno é atribuída por alia-
dos próximos de Lula a um
desejo que Guimarães nu-
tria de ocupar o posto que fi-
cou com Padilha. Auxiliares
do ministro afirmam que,
ainda na transição, o depu-
tado trabalhou para que o
colega assumisse a pasta da
Saúde e a articulação do go-
verno ficasse sob seu co-
mando. Agora, entendem
que Guimarães utiliza a
pressão do presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-
AL), para enfraquecer Padi-
lha no governo.
Petistas admitem que a
relação entre os dois “não
é redonda” e que as diver-
gências afetam o anda-
mento do cotidiano da ar-
ticulação política, um tra-
balho que precisa ter uma
operação conjunta para
dar certo. Aliados dão co-
mo exemplo a escolha dos
integrantes da CPI mista
dos Ataques Golpistas.
Sem uma estratégia defi-
nida para influenciar as
Arthur Maia (União-BA),
considerado um nome
não alinhado ao Palácio
Pa
Padilha
do Planalto.
FATOR DE DESCONFIANÇA
Auxiliares de Padilha ci-
tam como fator de descon-
fiança o que chamam de
“excesso de alinhamento”
de Guimarães com Lira,
que tem feito críticas pú-
blicas ao trabalho do mi-
nistro da articulação polí-
tica. No embate sobre o ri-
to das medidas provisóri-
as, por exemplo, enquanto
o Planalto evitava tomar
lado na disputa, o líder do
governo defendeu aberta-
mente a tese do presidente
da Câmara de ignorar as
comissões mistas, se
opondo ao presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG).
Do lado de Guimarães,
colegas do parlamentar re-
latam que, em conversas
reservadas, ele costuma se
queixar de que Padilha se-
ria lento e pouco objetivo
no trato com a Câmara. Por
isso, não consegue capita-
near a organização da base.
A avaliação no entorno do
deputado é que o ministro
utiliza o cargo para traba-
lhar pela própria candida-
tura ao governo de São Pau-
lo, em 2026.
Questionado pelo GLO-
BO, Guimarães minimizou
as dificuldades na articula-
ção política e as classificou
como “normais de início do
governo”. Ele negou proble-
mas na relação com Padilha.
—Converso com ele umas
dez vezes por dia, portanto
não tem areia na nossa rela-
ção —afirmou o deputado.
As rusgas internas fize-
ram com que Padilha fos-
se a público para afirmar
que não há clima de desu-
nião no time da articula-
ção política.
— Não tem intriga, não
tem futrica, não tem nada
que vá gerar qualquer tipo
de desunião nos três mos-
Guimarães
A proximidade entre o líder do
governo na Câmara, José
Guimarães (PT-CE), e o
presidente da Casa, Arthur Lira
(PP-AL), gera desconfiança no
ministro Alexandre Padilha,
responsável pela articulação
política. Já Guimarães costuma
se queixar de que Padilha seria
lento e pouco objetivo.
Demarcação de
Decretos do
terras indígenas
saneamento
Os deputados
derrubaram trechos dos
decretos que alteraram
o marco regulatório do
saneamento. Além do
mérito, parlamentares
reclamavam de o ou em disputa, em 5
governo ter lançado
mão de um decreto, e
não de um projeto
de lei.
queteiros do presidente Lu-
la e no D’Artagnan —disse o
ministro, em entrevista na
semana passada, compa-
rando-se ao espadachim da
obra de Alexandre Dumas.
RUI COSTA VIRA ALVO
Um outro fator, na visão de
deputados petistas, que
atrapalha a formação da ba-
se na Câmara é o que cha-
mam de “falta de sensibili-
dade política” do ministro
da Casa Civil. Rui Costa só
começou a reservar espaço
em sua agenda para receber
parlamentares recente-
mente, após críticas à sua
Rui Costa
Haddad
Na discussão do novo
arcabouço fiscal, o ministro
Fernando Haddad (Fazenda)
queria regras mais rígidas de
controle da dívida pública,
enquanto Rui Costa (Casa Civil)
defendia mais espaço para
investimentos. O presidente Lula
precisou intervir e prevaleceu a
visão da equipe econômica.
DERROTAS NA CÂMARA
MP dos
Ministérios
A Câmara aprovou Na votação da medida
projeto que provisória que
estabelece que reestruturou os
indígenas só terão ministérios, a Câmara
direito a terras já reverteu a extinção da
ocupadas por eles, Funasa e barrou a
transferência do Conselho
de outubro de de Controle de Atividades
1988, data da Financeiras (Coaf) do
promulgação da Banco Central para o
Constituição. Ministério da Fazenda.
postura. Embora a relação
com o Congresso não esteja
entre as suas atribuições, as
nomeações de cargos preci-
sam necessariamente pas-
sar por sua pasta.
Na quarta-feira passada,
precisou se retratar nas redes
sociais após chamar a capital
federal de “ilha da fantasia”, o
que motivou críticas públi-
cas de políticos do Distrito
Federal, incluindo deputa-
dos do PT. O ministro costu-
ma repetir a aliados ter en-
contrado dificuldade em li-
dar com o ambiente de intri-
gas em Brasília, mas diz que
dará a resposta com trabalho.
Randolfe
Marina
A ministra Marina Silva (Meio
Ambiente) apoiou a decisão do
Ibama de negar licença para a
Petrobras fazer estudos para a
exploração de petróleo na foz
do rio Amazonas. Contrariado, o
líder do governo no Congresso,
senador Randolfe Rodrigues
(sem partido-AP), deixou a
Rede, sigla fundada por Marina.
Mata
Atlântica
A Câmara inseriu na
MP da Mata Atlântica
dispositivos que
fragilizavam o combate
ao desmatamento. Os
trechos foram vetados
pelo presidente Lula,
cuja decisão ainda
pode ser derrubada
pelo Congresso.
Editoria de Arte
Além da bancada petis-
ta, Costa enfrentou pro-
blemas recentemente
com Haddad durante as
discussões sobre o novo ar-
cabouço fiscal. Enquanto
o ministro da Fazenda
queria regras mais rígidas
de controle da dívida pú-
blica, o chefe da Casa Civil
defendia mais espaço para
investimentos. As diver-
gências escalaram ao pon-
to de Lula precisar inter-
vir, prevalecendo a visão
da equipe econômica.
O clima de disputas in-
ternas no governo se acir-
rou no mês passado após a
estudos para a exploração
de petróleo na foz do rio
Amazonas. Enquanto par-
lamentares da região Nor-
te, incluindo o líder do go-
verno no Congresso, Ran-
dolfe Rodrigues (sem par-
tido-AP), criticaram a de-
cisão, a ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva,
saiu em defesa da avaliação
feita pelo órgão ambiental.
O caso serviu de estopim
para o senador deixar a Re-
de, partido fundado pela ti-
tular da pasta.
Embora Lula tenha chan-
celado a decisão do Ibama, o
presidente da Petrobras, Je-
an Paul Prates, e o ministro
de Minas e Energia, Alexan-
dre Silveira, articulam aber-
tamente para reverter a si-
tuação. A leitura no Planal-
to é que Marina obteve uma
vitória momentânea ao bar-
rar o projeto, que deverá ser
aprovado depois de adequa-
ções nos estudos apresenta-
dos pela estatal.
O maior problema do go-
verno, no entanto, está na
Câmara, onde tem acumu-
lado derrotas. A primeira
delas foi a derrubada de tre-
chos dos decretos que alte-
raram o marco regulatório
do saneamento. Além do
mérito, parlamentares, ca-
pitaneados por Lira, recla-
mavam de o governo ter lan-
çado mão de um decreto,
que entra em vigor imedia-
tamente, e não de um proje-
to de lei, que requer discus-
são no Congresso. A matéria
ainda precisa ser apreciada
pelo Senado.
Entre os reveses do gover-
no também está a aprovação
do projeto do marco tempo-
ral, que estabelece que indí-
genas só terão direito a ter-
ras já ocupadas por eles, ou
em disputa, em 5 de outubro
de 1988, data da promulga-
ção da Constituição. O pre-
sidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), afir-
mou que o assunto não será
apreciado a toque de caixa
na Casa comandada por ele.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023 Política | 5

O 1Aº E M P R E E N D
T IRMAEZN M
T OA IDSO UPM
O RSTUOC C
EOSM
S OA PVAI R AA O P O R T O M A R A V I L H A .

SIDES
ST
DEBRUÇADA PARA A BAIA DE GUANABARA

O 1º EMPREENDIMENTO DO
P O R TO C O M A V I STA D E B R U Ç A D A
PARA A BAÍA DE GUANABARA.

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b
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PA R A M A I S I N F O R M A Ç Õ E S , C O N S U L T E A C E N T R A L D E V E N D A S D A C U R Y ( C C I S A 0 8 C O N S U L T O R I A I M O B I L I Á R I A LT D A . - C R E C I 2 3 . 6 7 0 - J . R E S P O N S Á V E L T É C N I C O : S R . R E N A T O S I L VA C O R R E I A R J - 0 5 4 7 9 3 / O - R U A B U E N O S A I R E S , 4 8 – 8 º A N D A R – C E N T R O – C E P : 2 0 0 7 0 - 0 2 2 – R I O D E J A N E I R O / R J ) . A S I M A G E N S A P R E S E N T A D A S N O S
D E S E N H O S , A R T E S , P E R S P E C T I VA S , A N Ú N C I O S O U Q U A L Q U E R O U T R A F O R M A D E V E I C U L A Ç Ã O , B E M C O M O A R E P R O D U Ç Ã O D A V E G E T A Ç Ã O D A M A Q U E T E , R E P R E S E N TA M A R T I S T I C A M E N T E A F A S E A D U L T A D A S E S P É C I E S . O E M P R E E N D I M E N T O S E R Á E N T R E G U E C O M A V E G E T A Ç Ã O I M P L A N T A D A P O R M E I O D E M U D A S , C O N F O R M E A
E S P E C I F I C A Ç Ã O D O P R O J E T O PA I S A G Í S T I C O . O P R O J E T O C O N T E M P L A 1 4 2 U N I D A D E S C O M VA G A , 2 3 2 U N I D A D E S S E M VA G A E 2 L O J A S . * C O N F I R A O M E M O R I A L D E S C R I T I V O D O C L I E N T E PA R A M A I S I N F O R M A Ç Õ E S . C O N S U L T E O C O R R E T O R S O B R E O VA L O R E X A T O D O B E N E F Í C I O Q U E A S U A R E N D A E A S U A C I D A D E D I S P Õ E M . ¹ O I T E M
L A VA N D E R I A P O D E R Á C O N T A R C O M P R E S T A Ç Ã O D E S E R V I Ç O T E R C E I R I Z A D O E I N D E P E N D E N T E D A I N C O R P O R A D O R A , S E N D O S U A U T I L I Z A Ç Ã O M E D I A N T E PA G A M E N T O P E L O C O N D Ô M I N O ( P AY- P E R - U S E ) . I M P R E S S O E M J U N H O / 2 0 2 3 .
6 | Política Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

BRASIL
Tentativa de...
Advogados de alguns dos
27 presos na Operação
Hefesto, que apura desvios
de recursos de emendas
parlamentares para o Fun-
do de Educação na compra
de kits de robótica, prepa-
ram um recurso ao STF
com vistas a trancar o in-
quérito. Vão alegar que o
nome de um dos investiga-
dos da PF até o fim do ano
passado, o deputado fede-
ral Gilvan Máximo (Repu-
blicanos-DF), sumiu do
inquérito pouco antes de
ser diplomado pelo TSE,
em dezembro.
...melar o jogo
Como sua eleição lhe deu
foro privilegiado, o Supre-
mo deveria ter sido infor-
mado que Gilvan estava
sob investigação. Mas a PF
teria preferido seguir em
frente deixando de lado o
deputado eleito. Com base
nisso, a ideia é melar a ope-
ração toda.
De fornecedor a...
Luciano Ferreira Cavalcan-
te, o ex-assessor de Arthur
Lira que se viu alvo da PF
durante diligências da
Operação Hefesto —que
apreendeu R$ 4 milhões
na semana passada —con-
tribuiu para a campanha de
deputado de Lira no ano
passado. Dados do TSE de
16 de agosto mostram que
Cavalcante emprestou seu
carro Amarok, numa ajuda
estimada em R$ 4 mil. O
ex-assessor aparece entre
outros seis fornecedores de
veículos à campanha—
sendo um do próprio Lira
também de R$ 4 mil —
totalizando R$ 17,5 mil.
...ex-assessor
Após a operação que mira a
compra de kits de robótica
em municípios de Alagoas
por meio de recursos do
orçamento secreto, Caval-
cante pediu demissão da
liderança do PP. O assessor
nega irregularidades e Lira
alega que cada um respon-
de pelo seu CPF.
Email - Lauro Jardim: lauro.jardim@oglobo.com.br / João Paulo Saconi: joaopaulo.saconi@infoglobo.com.br / Naira Trindade: naira.trindade@bsb.oglobo.com.br / Rodrigo Castro: rodrigo.oliveira@infoglobo.com.br / Equipe:colunalaurojardim@oglobo.com.br
LAURO
JARDIM
oglobo.globo.com/laurojardim
Com João Paulo Saconi, Naira Trindade e Rodrigo Castro
No escuro CPI DO GOLPE
Não estou
nada bem
Depois de um mês vasculhando o celular
de Mauro Cid, a PF descobriu um mate- Anderson Torres estará
rial valioso para as investigações (inclu- entre os primeiros con-
indo estudos para tentar dar suporte vocados para depor na
jurídico a um golpe), mas ainda não en- CPI mista do Golpe, mas
controu uma mísera troca de mensagens sua defesa já está prepa-
entre o ex-ajudante de ordens de Jair rando o pedido de adia-
Bolsonaro e o chefe. O que leva a uma mento da oitiva.
conclusão óbvia: não era pelo aparelho Vai alegar que o ex-minis-
apreendido que ambos se comunicavam. tro da Justiça de Jair Bol-
sonaro não tem ainda
CÂMARA condições psicológicas
Nós temos a força para o depoimento.
Com esse pedido, preten-
O Centrão terminou a semana com um de conseguir um mês a
discurso que soa como uma palavra de mais de prazo.
ordem: a bancada do governo na Câma-
ra continua tendo apenas 140 deputa- Eu vou,
dos. Lula entrou no jogo mas, pelo me- mas...
nos até agora, nada ainda se alterou.
Flávio Dino conversou
SENADO na semana passada com
Vota ou veta? integrantes da CPI mista
do Golpe. Disse que acei-
Relator do arcabouço fiscal no Senado, tará um convite para falar
Omar Aziz trabalha com duas frentes para aos parlamentares da
aprovar o texto que chegou da Câmara. comissão. Pediu apenas
Na primeira, prevê que sejam alterados que o seu depoimento
três pontos: o Fundo Constitucional, o não seja marcado para o
FNDE e o artigo que permite contingen- mesmo dia de alguns
ciamento de emendas parlamentares. bolsonaristas radicais. O
Neste caso, o relator quer acordar com convite ao ministro da
Claudio Cajado e Arthur Lira para que as Justiça deve ser oficiali-
modificações sejam aprovadas no mesmo zado já na sessão de ter-
dia na Câmara. A outra hipótese é aprovar ça-feira que vem.
o texto como está, mas combinar o veto
com Lula, no Palácio do Planalto. TSE
Temperatura
PARTIDOS máxima
55 exames
O entorno de Jair Bolso-
Na viagem a São Paulo há dez dias, Jair naro avalia que o minis-
Bolsonaro passou por nada menos que tro Kassio Nunes Mar-
55 exames médicos em um hospital ques terá dificuldades de
paulista. Realizou, inclusive, uma radio- aguentar a pressão das
grafia no pulmão para descartar uma redes sociais se ele por
suspeita de pneumonia. acaso decidir pedir vista
do processo que pode
Copo meio cheio deixar o ex-presidente
inelegível.
Ao STF decidir que a vaga de Deltan Dal- De um total de sete votos,
lagnol fica com o Podemos, o PL ganhou Bolsonaro só contabiliza
um precedente favorável: a garantia de dois a seu favor no Tribu-
que o partido manterá seus 99 deputados nal Superior Eleitoral. O
mesmo se algum vier a ter também o re- julgamento está marcado
gistro cassado. para o dia 22.
ANDRÉ MELLO
ECONOMIA
Em estágio...
A Unipar fez uma proposta
firme para comprar a totalida-
de das ações que a Odebrecht
tem na Braskem. A transação,
que se intensificou na semana
passada, está avançada. Os
bancos credores participam
das conversas e até Emílio
Odebrecht já se sentou para
negociar. A oferta é 20% supe-
rior à feita pelo consórcio
Apollo/Adnoc no mês passado.
Alcança cerca de R$ 10 bilhões
pelo controle da maior petro-
química da América Latina.
...avançado
A Petrobras, sócia da empresa,
Nas telas com 49% das ações, está sendo
informada das negociações via
Ludmilla faz uma participação especial JP Morgan, o banco contrata-
na comédia “Vai ter troco”, que chega do para representá-la. Agora,
em agosto aos cinemas. com a oferta na mesa, a Ode-
Após estrear no ano passado como atriz brecht tem 30 dias para decidir
na série policial “Arcanjo Renegado”, do se topa a proposta.
Globoplay, e fazer uma rápida aparição
em “Velozes e furiosos 10”, a cantora Com apetite
carioca interpretará Lud, namorada do
líder da quebrada e agiota Ataliba (Ney A MSC, empresa suíça especi-
Barros). alizada em transporte maríti-
Atrama narra a história de duas empre- mo, está negociando a compra
gadas domésticas que trabalham para da brasileira Wilson Sons, uma
uma família rica e trambiqueira, que das companhias mais longevas
deve meses de salários aos funcionários do país, fundada há quase 200
ese envolve num escândalo de corrup- anos. Trata-se de uma transa-
ção. O elenco reúne ainda Marcos Ve- ção de cerca de R$ 5 bilhões.
ras, Miá Mello e o cantor Falcão. Se fechar, será a segunda aqui-
sição de uma empresa nacio-
nal feita pela MSC em um ano:
Festas menores em 2022, comprou a Log-in.
As festas de casamento enco- O queridinho
lheram 30% no Brasil nos
últimos quatro anos, de acor- A Faria Lima continua des-
do com uma pesquisa inédita lumbrada com Fernando
do site “Casamentos.com.br”. Haddad. A avaliação é que até
Segundo a plataforma, em o fim do ano os juros terão
2019, as listas de convidados caído, assim como a inflação,
dos matrimônios tinham, em e o PIB deve ficar um pouco
média, 180 pessoas. Agora, acima dos 2,5%. Diz um ban-
passada a pandemia de Co- queiro: “Lembra a admiração
vid-19, esse número caiu que a turma tinha com o Pa-
para 125. locci”. A comparação entre os
Ao mesmo tempo, cada pes- dois, claro, só vale pelo en-
soa incluída na festa está canto do mercado com o mi-
custando mais caro para os nistro. Nunca pelo quesito
noivos. De R$ 218, o inves- ético, bem entendido.
timento passou a ser R$
350: uma alta de 60%, num A grande quadrilha
período em que a inflação
foi de 28%. O levantamento Estima-se que cerca de 30 pesso-
analisou o comportamento as, entre altos executivos e funci-
de 4,2 mil casais brasileiros onários de escalões inferiores,
em 2019 e de 1,2 mil este participaram do esquema que
ano. resultou na bilionária fraude da
Americanas revelada em janeiro.

STF decide que vaga de Deltan é de Hauly, do Podemos mais de 11 mil votos. Em 2010,
havia conquistado 110 mil.
Ele também foi secretário de
Fazenda nos governos estadu-
Por 6 a 3, Supremo manteve cadeira na Câmara com o partido do ex-procurador da Lava-Jato; TRE havia dado mandato para o PL ais de Alvaro Dias (Podemos),
nos anos 80, e de Beto Richa
DIVULGAÇÃO
(PSDB), de 2011 a 2013. Hoje
DANIEL GULLINO que teve o mandato cassado para acompanhar Toffoli: deputado federal pelo PSDB,
E MARLEN COUTO
politica@oglobo.com.br pelo Tribunal Superior Eleito- Alexandre de Moraes, Gilmar Richa foi alvo da Lava-Jato,
BRASÍLIA E RIO ral (TSE). O julgamento foi fi- Mendes, André Mendonça, operação chefiada por Deltan.
-
nalizado no plenário virtual às Cármen Lúcia e Luís Roberto No ano passado, Hauly fez

O Supremo Tribunal Federal

(STF) manteve, por seis
votos a três, a decisão que defi-
23h59 de sexta-feira. Os mi-
nistros analisaram uma deci-
são de Dias Toffoli, que havia
Barroso. Outros três foram
contrários: Edson Fachin,
Luiz Fux e Rosa Weber. Já Nu-
campanha ao lado de Alvaro
Dias e Deltan, que chegou a
gravar um vídeo em que cha-
niu o ex-deputado Luiz Carlos atendido a um pedido do Po- nes Marques não votou. ma o ex-tucano de exemplo de
Hauly (Podemos-PR) como demos e determinado que a Ao determinar a perda de vida pública. Em entrevistas
substituto na Câmara de Del- vaga deveria ficar com a sigla. mandato de Deltan, no mês recentes, Hauly afirmou que
tan Dallagnol (Podemos-PR), Cinco magistrados votaram passado, o TSE decidiu que defende os mesmos princípios
os votos recebidos por ele de- do ex-coordenador da força-
veriam ser computados para tarefa da Lava-Jato na agenda
seu partido. O segundo can- anticorrupção e na pauta con-
didato mais votado da legen- servadora. Mas está na área
da foi Hauly. Entretanto, o econômica sua principal ban-
Tribunal Regional Eleitoral deira: a reforma tributária.
COMPRO JOIAS EM OURO do Paraná (TRE-PR) consi-
derou que Hauly não atingiu
Economista, o substituto de
Deltan foi um dos idealizado-
OURO - PRATA - BRILHANTES -RELÓGIOS DE LUXO - PLATINA - MARFIM
MOEDAS EM GERAL - ANTIGUIDADES QUADROS - ESCULTURAS
onúmero mínimo de votos e, res de uma das propostas com
OBRAS DE ARTE - PRATARIAS por isso, entregou a vaga a De volta. Luiz Carlos Hauly retornou à Câmara na vaga de Deltan Dallagnol apoio do atual governo fede-
(VENDA, CONSERTO, FABRICAÇÃO DE JOIAS EM GERAL) Itamar Paim, do PL. ral, defendida pelo secretário
ESCOLHA SEMPRE UMA EMPRESA SEGURA OPodemos recorreu ao STF como é o caso de Deltan, os vo- 2019. Nesse período, foi filia- extraordinário da Reforma
COM CREDIBILIDADE HÁ 33 ANOS NO MERCADO para garantir a vaga. Toffoli tos do candidato devem ficar do a MDB, PP e PSDB, sigla na Tributária do Ministério da
* NÃO VENDA ANTES DE NOS CONSULTAR considerou que os suplentes com o partido. qual permaneceu por 26 anos Fazenda, Bernard Appy. Mes-
* CUBRO OFERTA
* PAGO NA HORA EM DINHEIRO NÃO T
EMOS não precisam atingir o percen- até seguir para o Podemos. mo sem mandato, Hauly pas-
F ILIAIS tual mínimo de votos. Além “PAI” DA REFORMA TRIBUTÁRIA Ele tentou voltar à Casa nos sou a atuar pela aprovação do
* ATENDEMOS EM DOMICÍLIO
disso, afirmou que o tribunal já Luiz Carlos Hauly já ocupou o pleitos de 2018 e 2022, mas texto por meio do movimento
Shopping dos Antiquários - COPACABANA decidiu que, quando o indefe- cargo de deputado federal pelo não teve desempenho sufici- Destrava Brasil. Opositor de
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 8 | Política Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

Ipec: governo vai melhor em cidades pequenas

Avaliação positiva da gestão Lula vai a 41% em municípios de até 50 mil habitantes e piora conforme as populações crescem.
Especialistas atribuem diferença a processo histórico de interiorização do eleitor do PT e a ecos da Lava-Jato nos grandes centros

EVARISTO SA/AFP/1-6-2023
positiva para o governo nas A pesquisa “A Cara da de-
cidades pequenas, com 53% mocracia”, divulgada em
dos moradores desses locais julho de 2022, mostrou
afirmando que confiam no que 55% dos eleitores afir-
petista —contra 49% nas ci- mam que o Bolsa Família
HYNDARA FREITAS
hyndara.freitas@sp.oglobo.com.br
dades com maior número foi criado por Lula, de-
SÃO PAULO de habitantes. monstrando que a maioria
-
da população relaciona seu

P esquisa Ipec/O GLOBO

revela que, cinco meses
depois da posse, o governo
do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva tem mais força
em cidades de até 50 mil ha-
bitantes, e sua avaliação pi-
ora conforme a população
vai crescendo. Nos municí-
pios pequenos, 41% dos en-
trevistados avaliam a atual
gestão como ótima ou boa,
enquanto naqueles com
mais de 500 mil habitantes
o número cai para 33%. No
quadro geral, a administra-
ção do petista é avaliada co-
mo ótima ou boa por 37%
dos eleitores.
Na mesma toada, nas ci-
dades menores 27% avali-
am o governo como ruim ou
péssimo, número que chega
a 31% nos grandes municí-
pios. A vantagem é visível
também quando analisada a
aprovação de Lula, já que
57% dos moradores de pe-
quenos municípios dizem
aprovar o governo, contra
51% nas cidades médias e
50% nas cidades cuja popu-
lação ultrapassa os 500 mil.
O nível de confiança na
gestão repete a tendência
“ECO DE OPINIÃO PÚBLICA”
Daniel de Mendonça, pro-
fessor de ciência política da
Universidade Federal de Pe-
lotas (UFPel), afirma que há
um processo histórico de
“interiorização” do eleito-
rado do PT, que se iniciou
em 2006, devido a progra-
mas sociais e políticas públi-
cas dos primeiros dois man-
datos de Lula, com um con-
comitante afastamento das
capitais e grandes cidades.
—O PT, antes de vencer a
eleição em 2002, tinha um
eleitorado muito do Sul, do
Sudeste e de grandes cida-
des. Há uma migração, em
função dos programas soci-
ais que alcançam as pessoas
mais pobres nos menores
municípios, mesmo nos pe-
quenos municípios que não
sejam no Nordeste, no Nor-
te do país, onde ele tem mais
força —afirma o professor.
Mendonça também des-
taca que as cidades grandes
e capitais têm um “eco de
formação de opinião públi-
ca” muito maior. Assim,
discursos anticorrupção,
por exemplo, capitaneados
pelo escândalo do mensa-
Redutos. O presidente Lula, que relançou o Bolsa Família turbinado, colhe frutos nas regiões menos povoadas
lão e pela a operação Lava-
Jato, que atingiram sobre-
tudo petistas, acabam eco-
ando de forma mais inten-
sa especialmente nas clas-
ses médias que ocupam es-
sas cidades. São nas capi-
tais e grandes centros que
se concentraram manifes-
tações contra os governos
do PT nas últimas décadas,
como pedidos de impeach-
ment da ex-presidente Dil-
ma Rousseff e grandes atos
de apoio à Lava-Jato.
—Tem uma relação entre
o lulismo e as políticas his-
toricamente sociais dos go-
vernos do PT com municípi-
os menores especialmente
de regiões Norte e Nordes-
te, municípios mais pobres
—acrescenta o professor.
Prova da pouca adesão ao
partido do presidente nas
grandes cidades é que, em
2020, o PT não elegeu ne-
nhum prefeito em capitais.
No estado de São Paulo, por
exemplo, são do PT apenas
quatro das 545 prefeituras.
—somente uma delas,
Mauá, está entre as dez
mais populosas. Das 92 ci-
dades do Rio de Janeiro, o
PT só comanda duas.
Por outro lado, em cida-
des menores, políticas pú-
blicas de transferência de
renda implementadas nos
primeiros governos petis-
tas ainda “falam por Lula”.
nome ao benefício. Tanto é
que a aprovação do presi-
dente é maior entre aque-
les com renda mais baixa,
uma vez que 43% dos elei-
tores com renda familiar
de até um salário mínimo
consideram o governo óti-
mo ou bom, enquanto en-
tre quem ganha mais de
cinco salários mínimos, o
número é de 36%.
APOIO NO NORDESTE
Quando consideradas as regi-
ões do país, a aprovação do go-
verno após cinco meses refle-
te o resultado das urnas,
quando o Nordeste foi decisi-
vo para garantir a vitória do
petista no segundo turno. São
os moradores dessa região os
que mais aprovam o governo:
45% de avaliação como ótimo
ou bom. O índice, porém, era
de 55% em abril. No Sul, 31%
consideram hoje a gestão
ruim ou péssima.
A pesquisa Ipec/O GLOBO
ouviu 2 mil pessoas, entre os
dias 1º e 5 de junho, em 127 ci-
dades. A margem de erro é de
dois pontos para mais ou me-
nos dentro de um intervalo
de confiança de 95%.

POPULARIDADE DE LULA DE ACORDO COM O PORTE DA CIDADE

AVALIAÇÃO (em %)
ÓTIMA BOA REGULAR RUIM PÉSSIMA NÃO SABE/NÃO RESPONDEU

ATÉ 50 MIL
14% 27% 29% 11% 17% 2%

MAIS DE 50 A 500 MIL

13% 25% 33% 8% 17% 4%

MAIS DE 500 MIL

12% 21% 32% 9% 22% 4%

APROVAÇÃO (em %)
APROVA DESAPROVA NÃO SABE/NÃO RESPONDEU

ATÉ 50 MIL
57% 38% 5%

MAIS DE 50 A 500 MIL

51% 40% 9%

MAIS DE 500 MIL

50% 43% 8%

CONFIANÇA (em %)
CONFIA NÃO CONFIA NÃO SABE/NÃO RESPONDEU

ATÉ 50 MIL
53% 44% 3%

MAIS DE 50 A 500 MIL

49% 47% 4%

MAIS DE 500 MIL

49% 48% 3%

Fonte: Ipec Editoria de Arte

AVISO DE EDITAL do Sindicato dos Empregados nas Empresas Con-

cessionárias de Rodovias Em Geral no Estado do Rio de Janeiro. Na SÓ NO CLASSIFICADOS
forma do artigo 57 do Estatuto Social, publica-se o presente aviso para DO RIO O PACOTE É
ciência da afixação de edital nesta data e da abertura do prazo de cinco GLOBAL: TEM WEB, TABLET,
(05) dias para inscrição de chapas dos integrantes da categoria profis-
sional filiados ao quadro associativo do Sindicato dos Empregados nas CELULAR E ATÉ JORNAL.
Empresas Concessionárias de Rodovias Em Geral no Estado do Rio de
Janeiro na Secretaria eleitoral que funcionará na sede social da entidade,
no horário das 10:00 às 16:00 horas, no endereço da Avenida Presidente
Vargas, no. 529, 20ª. andar, Centro, Rio de Janeiro, na forma dos artigos
56, 57, 60 e apresentando os documentos previsto no artigo 61 do Estatu-
to Social. A eleição de renovação da diretoria, conselho fiscal e conselho
federativo que se realizará na sede da entidade e nos locais de trabalho
nos dias 10, 11 e 12 de julho de 2023 no horário das 9:00 às 16:00 horas
em primeira convocação e em segunda convocação nos dias 24, 25 e 26
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de julho de 2023 nas mesmas condições. Rio de Janeiro, 11 de junho de WhatsApp ou Telegram
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10 | Política Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

Alcolumbre atua de bombeiro entre presidente e Lira

Senador intermediou encontro entre os dois e trabalha para serenar os ânimos; em paralelo, negocia cargos no governo.
Após ser recebido em café da manhã, o presidente da Câmara reclamou de ter ficado pouco tempo a sós com o petista

JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO

BELA MEGALE E Fazenda, Fernando Haddad.
LAURIBERTO POMPEU
politica@oglobo.com.br Nesse contexto que Alco-
BRASÍLIA lumbre entrou em campo para
-
tentar baixar a fervura. O sena-

O encontro entre o presi-

dente Luiz Inácio Lula da
Silva e o presidente da Câma-
ra, Arthur Lira (PP-AL), na
última segunda-feira, após
uma semana de tensão e crise
entre os dois lados, teve co-
mo um dos intermediadores
o senador Davi Alcolumbre
(União-AP), que tem atuado
para apaziguar os ânimos. O
próprio Alcolumbre havia se
reunido com o petista três di-
as antes e se ofereceu como
mediador. Na ocasião, ele
destacou a necessidade de
Lula estabelecer um canal di-
reto com o presidente da Câ-
mara. O governo tem sofrido
sucessivas derrotas naquela
casa legislativa.
Com aval de Lula, Alcolum-
bre conversou com Lira na
própria sexta-feira. O senador
defendeu a retomada do diálo-
go e disse que ninguém ganha-
ria com o confronto. Naquela
semana, o presidente da Câ-
mara havia levantado o tom,
afirmando que havia uma “in-
satisfação generalizada” com o
governo na Casa. Partidos da
base ameaçavam deixar per-
der a validade a medida provi-
sória que reestruturou os mi-
nistérios. Nesse caso, voltaria a
valer o desenho deixado pelo
ex-presidente Jair Bolsonaro.
Alcolumbre voltou a falar
com Lira ao menos mais duas
vezes ao longo da semana pas-
sada sobre sua relação com o
governo. O senador ouviu
queixas de que, mais uma vez,
Lula permaneceu pouco tem-
Ponte. Alcolumbre destacou a necessidade de Lula estabelecer um canal direto com o presidente da Câmara e, junto a Lira, defendeu a retomada do diálogo
po a sós com ele no café da ma-
nhã que tiveram no Palácio da
Alvorada e o recebeu com as-
sessores. Alcolumbre se com-
prometeu a trabalhar para es-
treitar a relação entre ambos.
O senador também alertou
que as rusgas entre Lula e Lira
podem comprometer o proje-
to da reforma tributária,o que
não interessaria a nenhum dos
lados, de acordo com ele.
Além das críticas à articula-
ção política do governo na Câ-
mara feitas por parte de Lira, a
operação da Polícia Federal
contra aliados do deputado
colocou mais gasolina na rela-
ção entre ambos. Em reuni-
ões com membros do gover-
no, inclusive o ministro da
Justiça, Flávio Dino, Lira ex-
ternou sua “estranheza” com
o comportamento da Polícia
Federal na investigação sobre
fraude na compra de kits de
robótica para escolas de Ala-
goas. Segundo congressistas
próximos ao presidente da
Câmara, ele fez chegar ao go-
verno que, na sua avaliação, a
PF de Alagoas poderia estar
sob influência de seu inimigo
político, o senador Renan Ca-
lheiros (MDB-AL).
Oinquérito que mira aliados
de Lira e seu ex-assessor Lucia-
no Cavalcante foi conduzido
pela Polícia Federal de Alago-
as, mas teve apoio direto da se-
de da corporação, em Brasília,
inclusive no ano passado, no
governo Bolsonaro. As apura-
ções se iniciaram em 2022 e
seguiram ao longo deste ano.
Além de lançar suspeitas
sobre Renan Calheiros, aliado
de Lula, o presidente da Câ-
mara tem externado críticas
ao ministro da Justiça. Em
uma agenda com empresári-
os e parlamentares, na noite
de segunda-feira, em São Pau-
lo, após a reunião com Lula,
Lira poupou o presidente da
República e mirou em Dino, a
quem a PF está subordinada.
O fato que mais irritou o o
presidente da Câmara foi o
monitoramento e rastrea-
mento pela Polícia Federal
dos investigados. Segundo
congressistas, pessoas ligadas
a Lira destacaram que esse re-
curso é caro e evidencia que o
inquérito foi prioritário na PF.
O deputado também abriu
artilharia contra o ministro da
Casa Civil, Rui Costa, pela su-
posta dificuldade de efetivar
indicações políticas para car-
gos no governo e de liberar
emendas parlamentares ne-
gociadas com o Congresso. No
governo, os elogios de Lira ho-
je se restringem ao ministro da
dor tem bom trânsito no go-
verno, tendo sido o avalista da
indicação de dois ministros:
Waldez Góes (Integração) e
Juscelino Filho (Comunica-
ções). Como presidente da
Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) do Senado, ele
também se tornou uma peça-
chave para o Planalto, já que
será responsável pela marca-
ção da data e condução da sa-
batina do advogado Cristiano
Zanin, indicado por Lula para
oSupremo Tribunal Federal.
INFLUÊNCIA REGIONAL
Em paralelo, Alcolumbre ne-
gocia com o Planalto a ocupa-
ção de cargos regionais. Es-
colhido em abril para ser o
coordenador da bancada do
Amapá no Congresso, ele
tem organizado indicações
da ala de parlamentares do
estado que são próximos ao
governo, o que inclui os três
senadores e seis dos oito de-
putados federais.
Entre as estruturas estão
cargos estaduais da Caixa
Econômica Federal, do
Banco da Amazônia, do De-
partamento Nacional de
Transportes e Infraestrutu-
ra (Dnit), da Superinten-
dência da Zona Franca de
Manaus (Suframa) e da Se-
cretaria de Patrimônio da
União (SPU). A negociação
foi revelada pelo jornal Fo-
lha de S. Paulo e confirmada
pelo GLOBO. As distribui-
ções dos cargos estão sob a
análise do governo.

Eleições em Alagoas se
JOÉDSON ALVES/ 18-04-2023 GIVALDO BARBOSA/ 03-04-2018
Barbosa vem ensaiando
uma reaproximação com os
antigos aliados. Na posse de
desenham como uma Renan Filho como ministro,
por exemplo, seu filho mar-
cou presença e ambos posa-
saia-justa para Planalto ram juntos para fotos.

TROCA DE FARPAS
Lula deve apoiar nomes ligados a Renan, aumentando Nas viagens que faz ao seu
a tensão com Lira. Senador trabalha para ampliar sua reduto, Renan vem elevan-
do o tom nos ataques a Lira.
influência no estado e frear presidente da Câmara No fim do mês passado, du-
rante a entrega de uma cre-
che do governo estadual na
JAN NIKLAS
jan.niklas@infoglobo.com.br
governabilidade de seu cidade de Rio Largo, que é
mandato. Por isso, a disputa administrada por um cor-
-
estadual no ano que vem en- religionário do presidente

ESilvamentre
mais um foco de tensão
Luiz Inácio Lula da
(PT) e Arthur Lira (PP-
AL), a disputa eleitoral em
Alagoas no ano que vem de-
ve colocar os presidentes da
República e da Câmara dos
Deputados em lados opos-
tos. Rival de Lira e impor-
tante aliado de Lula, o sena-
dor Renan Calheiros
(MDB-AL) vem intensifi-
cando os trabalhos para am-
pliar seu poder no estado
nas eleições municipais de
2024 e frear o crescimento
do deputado.
No ano passado, Lula e Lira
subiram em palanques ad-
versários em Alagoas. O pe-
tista apoiou o vencedor da
disputa para o governo do es-
tado, Paulo Dantas (MDB),
que é do grupo político da fa-
mília Calheiros. Já o presi-
dente da Câmara fez campa-
nha para Jair Bolsonaro (PL)
e, no plano estadual, apoiou
Rodrigo Cunha (União).
Lula tem em Calheiros um
importante aliado no Sena-
do e, ao mesmo tempo, bus-
ca se aproximar de Lira, fi-
gura central para garantir a
tre as duas principais forças
políticas alagoanas deve ge-
rar uma saia-justa para o go-
verno Lula.
Apesar de ter contado com
oapoio do PT para se reeleger
para a presidência da Câma-
ra, Lira não tem, até agora,
nenhum aliado na Esplanada
dos Ministérios. Enquanto
isso, viu seu inimigo empla-
car o filho e senador eleito,
Renan Filho, na pasta dos
Transportes. O líder do Uni-
ão Brasil na Câmara, Elmar
Nascimento (BA), que é pró-
ximo de Lira, foi preterido
para a pasta da Integração.
Há uma articulação, no en-
tanto, para que o deputado
Celso Sabino (União-PA),
também aliado do presiden-
te da Câmara, assuma o Mi-
nistério do Turismo.
FILIAÇÃO DE PREFEITOS
De olho em manter sua he-
gemonia local, Renan lar-
gou na frente acelerando os
trabalhos para ampliar sua
influência ao atrair prefei-
tos do estado para sua base.
Apenas neste ano, ele filiou
pelo menos 12 novos prefei-
da Câmara, ele defendeu
que o parlamentar fosse in-
vestigado pelo uso de ver-
Lira. Presidente da Câmara é central para a governabilidade Renan. Senador é importante aliado e apoiou eleição de Lula bas do orçamento secreto.
—Eu não sei, sinceramen-
reta do chefe do Executivo te, o que tem acontecido
Outras > CPI dos Ataques de ter agredido a ex- estadual, Paulo Dantas. com Rio Largo. Só sei que,
vezes que Golpistas mulher.As postagens Lira, por outro lado, tem in- quando o Arthur Lira tinha
o governo O senador Renan Calhei- pioraram o clima para o fluência na capital, Maceió, o orçamento secreto, ele se
ficou entre ros (MDB-AL) era a apos- governo na Câmara. que é governada por seu alia- beneficiou diretamente e
os rivais ta do governo para ser do João Henrique Caldas usou muitas prefeituras, in-
relator da CPI mista dos > Composição (PL), o JHC. Ele deve buscar felizmente, para lavar di-
Ataques Golpistas,mas o do governo a reeleição em 2024. Maceió nheiro. Isso tudo precisa ser
presidente da Câmara, O presidente Lula escalou é a única capital do Nordeste investigado exemplarmen-
Arthur Lira (PP-AL), não Renan Filho para o Minis- em que Bolsonaro teve a mai- te —discursou Renan.
quis o adversário no tério dos Transportes, oria dos votos nas últimas Recentemente, ao reba-
cargo de destaque. mas deixou de fora da eleições. Esse fato deve en- ter o emedebista em outro
Esplanada o deputado trar no cálculo político de Re- bate-boca, Lira afirmou
> MP dos Ministérios Elmar Nascimento (BA), nan, que ainda estuda o no- que o problema do senador
Às vésperas da medida aliado de Lira.Ele era me que irá lançar para fazer seria “psiquiátrico”. Seu
provisória que reestrutu- cotado para o Ministério frente ao adversário. mandato como presidente
rou os ministérios perder da Integração.Agora, o Na segunda maior cidade da Câmara vai até 2024, o
a validade,Renan atacou deputado Celso Sabino de Alagoas, Arapiraca, o que aumenta a importân-
Lira nas redes sociais. O (União-PA),também prefeito Luciano Barbosa cia das próximas eleições
senador chamou o rival ligado ao presidente da (MDB) vive com um pé em para Lira ampliar o capital
de caloteiro,o acusou de Câmara,é o favorito para cada canoa. Historicamen- político em seu estado na-
desviar dinheiro público e assumir o Turismo. te ligado aos Calheiros, ele tal e garantir a força neces-
foi vice de Renan Filho no sária para voos futuros.
governo do estado. Porém, Um dos cenários possí-
tos no MDB. Destes, três vi- Renan. A meta, segundo o rompeu com o clã e se apro- veis é o primeiro embate
eram do PP de Lira. diretório estadual, que é ximou de Lira. Seu filho, Da- eleitoral direto entre Re-
Agora, dos 102 municípi- presidido por ele, é chegar a niel Barbosa, se elegeu de- nan e Lira na disputa pelo
os alagoanos, 66 já são go- 80. Para atrair os prefeitos, putado federal pelo PP. Re- Senado em 2026. Vão ser
vernados pelo partido de ele conta com a atuação di- centemente, no entanto, duas vagas em jogo.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023 Política | 11

Mulheres REPRESENTAÇÃO FEMININA

Mulheres ocupam uma em cada cinco cadeiras nos tribunais superiores

ocupam só 19%
STM STF STJ TSE TST
Total de integrantes Total de integrantes Total de integrantes Total de integrantes Total de integrantes
15 11 33 14* 26

das vagas nas

cortes superiores Mulheres
1
Maria Elizabeth Guimarães
Mulheres
2
Presidente Rosa Weber e
Mulheres
6
Presidente Maria Thereza
Mulheres
3
Cármen Lúcia,
Mulheres
7
Dora Maria da Costa,
Teixeira Rocha Cármen Lúcia Rocha de Assis Moura, Isabel Gallotti** e corregedora-geral da Justiça
Rosa Weber criticou o número ‘ínfimo’ Nancy Andrighi, Laurita
Vaz, Isabel Gallotti,
Maria Cláudia
Bucchianeri***
do Trabalho, Maria Cristina
Irigoyen Peduzzi, Kátia
Assusete Magalhães e Magalhães Arruda, Delaíde
no mesmo dia em que a indicação de Regina Helena Costa Alves Miranda Arantes, Maria
Helena Mallmann, Morgana de
Zanin foi oficializada para o Supremo Almeida Richa e Liana Chaib

JULIA NOIA
julia.silva@oglobo.com.br
lo ministro Ricardo Lewan-
dowski, que se aposentou.
-
Nos tribunais superiores, a

A baixa participação femini-

na no Supremo Tribunal
Federal (STF), criticada por
desigualdade é maior no STM,
onde há apenas uma ministra
entre os 15 integrantes, Maria
*Duas vagas de ministro substituto não estão preenchidas ** ministras substitutas

do mundo. Não pela forma tiça, Maria Isabel Gallotti; e Moraes, do STF. As advogadas
Editoria de Arte

Com a aposentadoria de El-

sua presidente, Rosa Weber,
se estende a toda a cúpula do
Judiciário —Superior Tribu-
nal de Justiça (STJ), Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), Tri-
bunal Superior do Trabalho
(TST) e Superior Tribunal
Militar (STM). Apesar de se-
rem mais da metade da popu-
lação, as mulheres represen-
tam 19% da composição des-
sas cortes, ocupando cerca de
uma em cada cinco cadeiras.
No mesmo dia em que a in-
dicação do advogado Cristiano
Zanin para o Supremo foi ofi-
cializada por Lula, Rosa Weber
criticou o número “ínfimo” de
mulheres nos tribunais supe-
riores. A declaração foi dada
em encontro com o presiden-
te da Finlândia,Sauli Niinistö.
Se aprovado pelo Senado, Za-
nin ocupará a vaga deixada pe-
Elizabeth Guimarães Teixeira
Rocha. No STF, além da presi-
dente, há somente mais uma
magistrada, Cármen Lúcia,
ante oito homens —nove, se
Zanin for confirmado.
Para Débora Thomé, cien-
tista política e pesquisadora
do Centro de Política e Eco-
nomia do Setor Público
(CEPESP) da Fundação Ge-
tulio Vargas (FGV), a falta
de equidade de gênero na
cúpula do Judiciário replica
o cenário visto nos Poderes
Executivo e Legislativo. Pa-
ra ela, a pouca diversidade
na composição dos tribu-
nais superiores pode trazer
menos pluralidade às dis-
cussões em plenário.
—Pessoas diferentes com
características diferentes
têm perspectivas diferentes
como foram educadas, mas
pela forma como são sociali-
zadas. Trazer essa perspec-
tiva para dentro das estrutu-
ras de poder é algo muito
importante —afirma.
No STJ, as mulheres ocu-
pam seis das 33 cadeiras. Entre
elas está a presidente da Corte,
ministra Maria Thereza Ro-
cha de Assis Moura. No TST,
são sete entre os 26 magistra-
dos, incluindo Dora Maria da
Costa, que atua como correge-
dora-geral da Justiça do Traba-
lho no biênio 2022-2024.
Já no TSE, composto por
ministros vindos do STF, do
STJ e advogados de notório
saber jurídico, elas ocupam
três das 14 vagas: uma vinda
do Supremo, Cármen Lúcia,
que é ministra titular; outra
do Superior Tribunal de Jus-
CRISTIANO MARIZ/01-03-2023
a professora e jurista Maria
Cláudia Bucchianeri Pi-
nheiro. As duas últimas são
substitutas. O colegiado es-
tá com duas vagas abertas.
No último dia 24, Lula indi-
cou dois novos integrantes pa-
ra o TSE. Entre quatro nomes
de uma lista elaborada pelos
ministros do Supremo, o presi-
dente optou por Floriano Mar-
ques e André Ramos Tavares,
ambos ligados a Alexandre de
Rosa. Crítica
à baixa
presença
feminina na
cúpula do
Judiciário
Daniela Lima Borges e Edilene len Gracie, em 2011, a ex-pre-
Lobo ficaram de fora. sidente Dilma Rousseff indi-
cou a ministra Rosa Weber,
PIONEIRISMO NO STF que ocupava uma cadeira no
As indicações para cortes TST. Rosa, que preside a Corte
superiores são competência desde setembro do ano passa-
do presidente da República. do, se aposenta compulsoria-
No Supremo, a escolha de mente em outubro, quando
uma mulher só ocorreu pela completa 75 anos.
primeira vez em 2000, com Como o GLOBO mostrou
Ellen Gracie, nomeada pelo no último domingo, entre seis
então presidente Fernando nomes cotados para a a vaga de
Henrique Cardoso. Rosa, há duas mulheres: Vera
Ofato levou a uma alteração Lúcia Santana, advogada que
estrutural no prédio da Corte ganhou apoio público da mi-
e a uma mudança no protoco- nistra da Igualdade Racial,
lo. O plenário não tinha ba- Anielle Franco; e Simone Sch-
nheiro feminino e nenhuma reiber, desembargadora que
mulher podia usar calças no conta com o endosso do minis-
local. Na prática, no entan- tro da Justiça, Flávio Dino, e de
to, a primeira a quebrar a integrantes do grupo Prerro-
tradição no vestuário gativas. Lula, no entanto, tem
foi Cármen Lúcia, se- evitado se comprometer com
te anos depois. aindicação de uma mulher.
 12 | Política Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

ELIO próprias da polícia é generalizada. O gover-

nador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi

GASPARI militar e esteve no Haiti. Ele sabe que uma

coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
A Secretaria de Segurança de São Paulo jus-
tificou o episódio, dizendo que “o cidadão foi
convidado a comparecer à delegacia.” Como
oglobo.globo.com/opinião repetia Danuza Leão: Fica combinado assim.
editoria.artigos@oglobo.com.br
Um dia, quem sabe, quando a polícia quiser
levar para a delegacia quem grava uma cena,
A gloriosa irão também aqueles que gravam esse mesmo
convite e, no meio da madrugada, apresen-

vida de King
tem-se ao delegado dezenas de brasileiros.

S
aiu nos Estados Unidos “King:
A Life”, do jornalista Jonathan
Eig. É uma excelente biografia
do pastor Martin Luther King
Jr. (1929-1968), o negro que
ajudou a mudar a história do país. Hoje,
ao lado de George Washington, ele tem o
nome associado a um feriado nacional.
Em apenas oito dos seus 39 anos de vida
King passou da condição de pastor des-
conhecido da cidade racista de Montgo-
mery à posição de maior líder popular
dos Estados Unidos.
Eig conta com minúcias a ascensão de
King, sua formação religiosa, sua capaci-
dade de organização e sua percepção da
oportunidade. Ele surgiu em 1955, lide-
rando um boicote aos ônibus da cidade,
onde os negros deviam se sentar no ban-
cos de trás. (Rosa Parks, a mulher que foi
presa porque não quis sair do lugar, hoje
tem estátua na Rotunda do Capitólio, em
Washington.)
A segregação racial tinha bases populares
no Sul do país, mas estava apodrecendo. Um
ano antes, a Corte Suprema havia declarado
ilegal a exclusão de crianças negras em es-
colas públicas destinadas a brancos.
King entrou no boicote com horas de
atraso, valendo-se de uma militância já
existente. Sua ascensão meteórica du-
rou nove anos. Em 1963 ele fez o históri-
co discurso da Marcha de Washington
(“Eu tive um sonho”). Esse era o tempo
em que John Kennedy estava na Casa
Branca. Em 1964 King recebeu o prêmio
Nobel da Paz.
King lapidou uma ideia gloriosa. Desafiou
o racismo com uma mensagem pacifista,
expondo o irracionalismo e a ilegalidade da
segregação. Foi preso 26 vezes, esfaqueado
e espancado. A cada agressão ele crescia e
fortificava o movimento. Tinha algo de pro-
feta, imune às manipulações dos Kennedy e
de seu sucessor, Lyndon Johnson.
Eig foi ajudado pela divulgação de docu-
mentos do Federal Bureau of Investigati-
on e pelas gravações das conversas de
Kennedy e Johnson. Esses acervos mos-
tram que enquanto King crescia, o diretor
do FBI, J. Edgar Hoover, movia-lhe uma
obsessiva perseguição. Hoover era o sím-
bolo de uma polícia disciplinada, eficien-
te e implacável. Pessoalmente, era o que à
época se chamava de “solteirão de hábitos
estranhos”. Apesar disso, grampeava os
telefones de King, de seus assessores e de
15 hotéis onde se hospedou. Desses gram-
pos saía um King sexualmente promís-
cuo. (Muito menos que Kennedy e menos
que Johnson.)
Depois de 1964, quando a luta contra a se-
gregação havia triunfado, King tornou-se
uma estrela apagada, sua luz continuava a
ser vista, mas ela estava extinta. Reciclou
sua plataforma combatendo a pobreza e a
guerra do Vietnã, mas o chão faltava-lhe.
Em abril de 1968 estava num hotel de
Memphis prestigiando uma greve, foi à sa-
cada, tomou um tiro na cabeça e morreu
pouco depois.
Quando o FBI comunicou a Hoover que
King havia sido baleado, ele disse: “Tomara
que esse filho da puta não morra. Se ele
morrer, virará um mártir.”
Hoover morreu em 1972, sem ver a glori-
ficação de King nem a implosão da presi-
dência de Richard Nixon com o escândalo
do Watergate, em cuja exposição teve papel
destacado um ressentido agente do FBI.
O ato que tornou o nascimento de King
um feriado nacional foi assinado em 1983
pelo presidente Ronald Reagan, que não
gostava dele, nem de seu movimento.
A PM convida
A repórter Manoella Smith revelou que o ci-
dadão que gravou com seu celular as cenas
de um negro sendo amarrado pelo pé e pelas
mãos por policiais militares de São Paulo,
depois de ter sido apanhado roubando cho-
colates, foi levado a uma delegacia e lá ficou
por quatro horas, até às cinco da manhã.
Ocidadão havia reclamado da cena e um PM
perguntou-lhe se era formado em segurança
pública. Como não era: “Fica no seu lugar.”
Em seguida, o PM falou ao telefone. Vol-
tou dizendo que ele deveria ir à delegacia,
“por bem ou por mal.”
(Em 1955, em Montgomery, a polícia tentava
prender motoristas que davam carona aos ne-
gros que boicotavam os ônibus segregados.)
A prática de levar à delegacia como teste-
munhas quem grava cenas de condutas im-
O FUTURO DE COLLOR
Condenado a oito anos de prisão em regime
inicial fechado, pelo Supremo Tribunal Fe-
deral, o ex-presidente Fernando Collor de
Mello ainda dispõe de poucos recursos judi-
ciais para continuar em liberdade.
Um sábio que já viu de tudo acredita que an-
tes de ir para a cadeia, Collor deixará o país.
REPÚBLICA DE CURITIBA
O senador Sergio Moro e procuradores da
falecida República de Curitiba, que há al-
guns anos dominaram a cena política nacio-
nal, precisam contratar bons advogados.
Em ponto muito menor, repetiram o que
faziam larápios apanhados pela Lava-Jato,
seguros da própria impunidade.
JOIAS DAS ARÁBIAS
A Polícia Federal informa: Todas as joias pre-
senteadas pelos sauditas aos Bolsonaro valem
R$ 5 milhões. Ao longo dos últimos meses re-
petiu-se que elas valiam R$ 16,5 milhões, sem
que se soubesse de onde vinha a estimativa.
A PF fez um serviço que muita gente dei-
xou de fazer, mas se J. Edgar Hoover estives-
se na sua direção, a maluquice teria sido
desfeita há alguns meses.
MAU COMEÇO
O escândalo da rede varejista Americanas,
com um rombo de pelo menos R$ 20 bilhões,
dará um trabalho danado à Comissão de Valo-
res Mobiliários. Pena que ela tenha começado
tornando réu o ex-diretor-presidente da em-
presa, Sérgio Rial.
A CVM tomou a decisão porque, nos dez di-
as em que Rial ficou no cargo, descumpriu as
normas que regem os comunicados ao merca-
do. Tudo bem, mas não foi Rial quem depenou
a empresa, também não vendeu ações da
Americanas quando ela estava emborcando,
nem mandou dinheiro para parentes que vi-
vem no exterior. Rial tornou-se réu porque
apitou durante as horas de silêncio.
Fica uma esperança, a de que a CVM es-
teja entrando no caso com um rigor do ta-
manho da roubalheira.
OS MIDDLETON QUEBRARAM
Foi à garra a outrora bem-sucedida empresa
dos pais de Kate Middleton, a princesa de
Gales. Deixou 2,6 milhões de libras, cerca
de R$16 milhões.
Pelas regras do andar de cima, vai-se dar
um jeito.
Pelas regras do andar de baixo, em 1881
um ascendente da princesa estava na cadeia,
quase certamente por dívidas.

Zema se afasta do bolsonarismo

SILVIA ZAMBONI/VALOR
Nikolas Ferreira (PL), o mais
votado do país em 2022.
Embora seja vice-líder do

e tenta cacifar vice para sucessão governo na Assembleia Le-

gislativa, aliados dizem que
Engles já criou problemas pa-
Governador de Minas resiste a apoiar candidato do ex-presidente na capital ra a gestão no parlamento e
não poupou críticas a Zema.
— Se o candidato fosse o
Nikolas (Ferreira), a conversa
BIANCA GOMES
bianca.gomes@sp.oglobo.com.br
de aparece sozinho como re- Presidente nacional do PP, que seria mais fluida e rápida. Já o
SÃO PAULO presentante do governo. A es- integra a base do governador, Bruno (Engler), precisamos
-
tratégia visa a combater o que é Ciro Nogueira defendeu pu- entendê-lo. Numa entrevista

Enarismo,
nquanto faz movimentos
que o distanciam do bolso-
o governador de Mi-
nas Gerais, Romeu Zema (No-
vo), já trabalha para que seu vi-
ce, Mateus Simões (Novo), se-
ja seu sucessor no estado. O
posto, porém, também é cobi-
çado pelo PL, partido do ex-
presidente Jair Bolsonaro —si-
gla que Zema se recusou a in-
gressar. O governador tam-
bém resiste a uma aliança com
o nome bolsonarista da sigla
em Belo Horizonte para 2024.
Com o objetivo de aumentar
o apelo popular, Simões virou,
recentemente, “professor Ma-
teus”. Ele tem percorrido o es-
tado em agendas próprias, on-
visto hoje como seu maior obs-
táculo: o desconhecimento.
Com exceção de Belo Hori-
zonte, onde já foi vereador,
Simões é pouco conhecido
dos mineiros. Por isso, a ideia
é que ele apareça cada vez
mais daqui para frente.
Zema pretende apresentar
Simões como seu “braço-di-
reito”, uma espécie de “geren-
te do governo”, responsável
pela articulação interna e pela
cobrança de entregas dos se-
cretários. Há quem faça o pa-
ralelo com a função desempe-
nhada por Antonio Anastasia
na gestão de Aécio Neves.
Aliados de Zema ainda não
fecham questão sobre Simões.
blicamente, por exemplo, o
nome do correligionário Mar- Moderação. Romeu Zema faz críticas a Lula, mas tem evitado pautas polêmicas
celo Aro, secretário estadual
ele nos chamou de “pessoal do
Novo”. Como vamos nos apro-
ximar de alguém que não acre-
da Casa Civil —cargo equiva- ele dizem que o governador neiro disse que Lula é “avesso dita tanto no nosso trabalho?
lente ao que Ciro ocupou na pretende se firmar mais como a qualquer tipo de avanço” e —afirma Christopher Lagu-
gestão de Bolsonaro. um antipetista do que como que tinha melhor interlocu- na, presidente do diretório
bolsonarista. ção com Bolsonaro. municipal do Novo em BH.
DESEJADO PELO PL Aaposta é numa direita mo- Se, por um lado, Zema já se Segundo ele, o partido não
Logo após as eleições presi- derada, seguindo os passos de movimenta de olho em 2026, descarta lançar um nome pró-
denciais de 2022, o PL sondou Tarcísio de Freitas (Republi- por outro ainda não bateu o prio nem fazer coligação com
Zema para uma possível filia- canos), governador de São martelo sobre quem apoiará outra legenda, como o próprio
ção, ideia rechaçada por ele. O Paulo, que evita tratar de pau- em Belo Horizonte nas elei- PL. Embora reconheça que a
vice, tido como um quadro his- tas ideológicas e polêmicas. A ções municipais do ano que relação com o atual prefeito,
tórico do Novo, também não diferença para o ex-ministro vem. O grupo político de Ze- Fuad Noman (PSD), é melhor
cogita a troca de sigla. da Infraestrutura é que Zema ma resiste a uma aliança com o do que com o antecessor, Ale-
Embora tenha apoiado Bol- quer encampar uma postura deputado estadual Bruno En- xandre Kalil (PSD), Laguna
sonaro no segundo turno das mais crítica ao Palácio do Pla- gler (PL), provável candidato não vislumbra, hoje, um apoio
eleições do ano passado, Zema nalto e ao PT, embora, na prá- bolsonarista no pleito. O parla- ao seu projeto de reeleição:
ensaia um distanciamento es- tica, adote o pragmatismo. mentar já soma o apoio de Bol- —Precisamos ver os resulta-
tratégico. Pessoas próximas a Em agendas recentes, o mi- sonaro e do deputado federal dos que ele vai entregar.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023
Na Embratur, Freixo
tenta driblar reveses
impostos pelo governo
Veto de Lula a medida para financiar o órgão e exigência de
visto para turistas de quatro países expõem dificuldades
LUÍSA MARZULLO
luisa.castro@oglobo.com.br
-
D esde janeiro na presidên-
cia da Embratur, após
não conseguir se eleger para
governador do Rio, o ex-de-
putado federal Marcelo Frei-
xo (PT) tenta driblar reveses
sofridos na máquina federal.
O presidente Luiz Inácio Lu-
la da Silva vetou medida que
garantia recursos para a
agência de promoção do tu-
rismo e, em outra frente, o
governo reinstituiu a obriga-
toriedade de visto para cida-
dãos dos Estados Unidos, Ja-
pão, Canadá e Austrália en-
trarem no Brasil.
No fim do mês passado,
Lula vetou o direcionamento
de 5% dos recursos arrecada-
dos pelo Serviço Social do
Comércio (Sesc) e pelo Ser-
viço Nacional de Aprendiza-
gem Comercial (Senac) para
a Embratur. O valor estima-
do era de cerca de R$ 450 mi-
lhões. A proposta havia sido
incluída pela Câmara dos
Deputados em uma medida
provisória e, de acordo com
Freixo, era fundamental para
ofuncionamento da agência.
Segundo o ex-deputado, a
estatal tem caixa para se
manter de pé apenas até o
fim do ano. Até o governo de
Jair Bolsonaro (PL), a Em-
bratur era uma autarquia
prevista no orçamento fede-
ral. Uma medida provisória
editada em 2019, no entan-
to, transformou a agência
em um serviço social autô-
nomo. A proposta estabele-
cia que 15,75% do adicional
da Contribuição de Inter-
venção no Domínio Econô-
mico (Cide) destinada ao
Sistema S seriam destina-
das à agência, mas o disposi-
tivo foi excluído da votação
final da matéria, e o órgão fi-
cou sem orçamento.
Na justificativa do veto ao
direcionamento de recur-
sos do Sesc e do Senac para a
Embratur, Lula argumen-
tou que a medida retiraria
valores consideráveis das
entidades, o que poderia
causar prejuízos para seus
serviços sociais.
Após o revés, Freixo fe-
chou um acordo com a Con-
federação Nacional do Co-
mércio (CNC), estabelece
que Sesc e Senac vão inves-
tir R$ 100 milhões por ano
em ações de promoção do
turismo feitas pela agência.
—Nós temos uma empresa
para promover todo o turis-
mo brasileiro, gerador de cul-
tura, e não tem fonte de finan-
ciamento. Enquanto isso, to-
dos os países investem muito
em turismo. Conseguimos fe-
char um acordo para que R$
100 milhões sejam repassa-
dos e o governo está aberto
para diálogo para que possa-
mos resolver o orçamento.
CONTRARIADO
Esta não foi a primeira vez, que
medidas do governo Lula con-
trariaram Freixo no comando
da Embratur. Em março, o Ita-
maraty anunciou que, a partir
de outubro, cidadãos dos Esta-
dos Unidos, Japão, Canadá e
Austrália serão novamente
obrigados a tirar o visto de tu-
rista para entrar no Brasil. Em
2019, um decreto do então
presidente Jair Bolsonaro ha-
via anulado a exigência.
Mesmo contrário à mu-
dança, Freixo minimizou:
—Essa é a posição do gover-
no e me cabe respeitar. Agora
em Foz do Iguaçu tive uma
Desgaste. Após perder eleição para governador do Rio, Freixo foi cotado para ministério, o que não se confirmou
reunião com a Itaipu Binacio-
nal e fechamos um acordo pa-
ra o EmbraturLAB. A empre-
sa vai investir no aperfeiçoa-
mento da produção do visto
para que o turista gaste o me-
nor tempo possível — disse
ele, em referência a um setor
da Embratur que tem o objeti-
vo de promover soluções para
a área do turismo.
No Congresso, o deputa-
do Felipe Carreras (PSB-
PE), líder do maior bloco
partidário da Câmara,
apresentou um requeri-
mento de urgência para a
votação de projeto que der-
ruba a exigência de visto
para esses países. A justifi-
cativa do governo é que o
Brasil exige reciprocidade
para conceder a isenção.
Arelação de Freixo com Lula
sofreu desgaste após as elei-
ções. No ano passado, durante
a transição de governo, ele era
cotado para assumir o Minis-
tério do Turismo, pasta hoje
comandada pela deputada fe-
deral licenciada Daniela Car-
neiro (União-RJ), a quem a
Embratur está vinculada.
Mulher do prefeito de Bel-
ford Roxo, Waguinho, a minis-
tra é acusada de envolvimento
com milicianos da Baixada
Fluminense. Ela nega. Freixo
evita falar sobre o assunto. Ao
GLOBO, o petista afirmou que
se relaciona bem com todos os
ministros, inclusive com Da-
niela, independentemente de
quem tenham apoiado nas
eleições. No ano passado, o
grupo político de Waguinho
apoiou a reeleição do governa-
dor do Rio, Cláudio Castro
(PL), contra Freixo.
—Na Embratur, não tem
terceiro turno. Precisamos
governar —disse Freixo.
Política | 13
RENATO VAZ/ EMBRATUR/ 14-02-2023
Um dos milicianos que
fez campanha para Daniela
é o ex-policial militar Ju-
racy Alves Prudêncio, o Ju-
ra. Ele ameaçou Freixo, en-
tão deputado estadual,
quando presidia a CPI das
Milícias, em 2008. A infor-
mação está na denúncia do
Ministério Público ofere-
cida à Justiça em agosto de
2009 contra Jura e mais 13
acusados de integrar sua
milícia, o Bonde do Jura.
Após três mandatos de de-
putado estadual e um de fe-
deral pelo PSOL, Freixo re-
tornou ao PT. O partido, de
acordo com a coluna de Bere-
nice Seara, no Extra, quer
que ele concorra a vereador
no ano que vem para puxar
votos para o partido. O ex-de-
putado afirmou ao GLOBO
que a disputa ao cargo não es-
tá em seus planos.
14 | Política Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

#JUNHO2013-2023
ENTREVISTA

Eduardo Paes/ PREFEITO DO RIO

Na época em seu segundo mandato, ele avalia as manifestações como o embrião de uma crise na democracia
representativa que levou a extrema direita ao poder, e diz ter faltado liderança à então presidente Dilma
MAURO PIMENTEL / AFP/ 19-09-2018
JAN NIKLAS Na época,o governador do Rio
jan.niklas@infoglobo.com.br
e seu aliado político,Sérgio
-

E
Cabral, acabou mais
duardo Paes lembra chamuscado.Por quê?
do espanto que sen- Tem que perguntar para ele.
tiu ao ver milhares
de pessoas o xingan- Muito se fala sobre a
do nas manifesta- incapacidade da classe política
ções de junho de 2013. Apesar ler os sinais das ruas em 2013…
de estar surfando o auge da Criou-se um diagnóstico
popularidade no início de seu equivocado na época de que
segundo mandato na prefei- aquilo tudo era sobre a quali-
tura do Rio, ele diz que logo dade dos serviços públicos.
enxergou naqueles protestos Sempre achei que não tinha
um ponto de não retorno para nada a ver com isso. Não tinha
a imagem que a população ti- pobre na rua. Tinha uma clas-
nha do mundo político. A ava- se média que nem ônibus usa-
liação positiva em relação a va. Tinha muita coisa contra
ele— e seus pares — nunca corrupção, contra a política.
mais seria a mesma.
Em entrevista ao GLOBO Então o senhor corrobora a
para a série de reportagens so- tese de que os atos foram
bre os reflexos das históricas apropriados por discursos que
manifestações que comple- demonizaram a política ?
tam uma década neste mês, Corrupção é um super mal
Paes critica a falta de liderança do Brasil. Tendo a concordar
da então presidente Dilma com as pessoas. Mas acho que
Rousseff durante as mobiliza- a generalização é ruim. As
ções e avalia que o discurso an- pautas de 2013 não eram uma
tipolítica dos protestos guiou a coisa objetiva nem na cabeça
extrema direita ao poder. das pessoas que estavam lá.

Apesar das pautas difusas, as Há uma visão de que esse

Jornadas de Junho tinham
como alvo claro toda a classe
política.Acredita que a imagem
dos políticos foi arranhada de
forma irreversível?
Todo o mundo político saiu
desgastado. Aquilo mudou
completamente os parâme-
tros de avaliação da imagem
de todos nós. Caiu naquela
época e nunca mais subiu. Em
2013, mesmo quem não esti-
vesse muito bem tinha 60%,
70% de aprovação. Hoje nin-
guém chega nem a 50%. Uma
crise da democracia represen-
tativa começou a se instalar ali.
discurso antipolítica aglutinou
uma extrema direita que
cresceu a partir dali.Concorda?
Era essa direita que estava
Reflexos. Dez anos após nas ruas, que não acredita na
ser um dos alvos dos política. Aí as pessoas acaba-
protestos, Paes diz que ram buscando solução onde
classe política como um não tinha nada para resolver
todo não recuperou o problema delas. No Rio, te-
popularidade até hoje mos a experiência mais trau-
mática dessa antipolítica.
Fomos governados por um
bispo como prefeito (Mar-
celo Crivella), um ex-juiz co-
‘O QUE SAIU DALI NÃO mo governador (Wilson
Witzel) e um capitão na Pre-
sidência (Jair Bolsonaro). É

MELHOROU, NEM
a falência total da represen-
Quando percebeu que aquelas tação política.
manifestações eram algo
inédito no país? Então o balanço que faz das

Lembro do dia em que eu
estava no meu gabinete do
Centro Administrativo e vi
que tinham 500 mil pessoas
na Avenida Presidente Vargas
xingando a senhora minha
mãe. Eu pensei, não posso di- Já a classe média mais de di-
zer que eu estou certo e todas reita, conservadora, era mais
essas pessoas estão erradas.
E que estratégia adotou para
lidar com os atos?
Comecei a levar grupos na
Gávea Pequena, fazia um
churrasquinho com cerveja
para bater papo, me aproxi-
mar das pessoas. Passei a ten-
tar criar um canal de comuni-
cação com todo mundo, já
que não tinha liderança clara.
Recebi artistas, a turma do
PSOL, a Mídia Ninja e até in-
terlocutores dos black blocs.
QUALIFICOU A POLÍTICA’
difícil, pois ela não estava or-
ganizada como tradicional-
mente a esquerda está.
Como reação aos atos,o
senhor cancelou o aumento de
20 centavos nas passagens,
apesar de reclamar do impacto
para os cofres públicos.
Olhando para trás,foi uma
decisão acertada?
Não tinha outra alternativa.
No fim de 2012, o Guido Man-
tega (ministro da Fazenda)
perguntou para mim e para
(Fernando) Haddad (então
prefeito de São Paulo) se não
tinha como a gente fazer o au-
mento da tarifa no meio do
ano para não bater na inflação
de janeiro. Quando fizemos o
aumento juntos em maio, veio
o estopim das manifestações.
Aí um belo dia, com a coisa
bastante aquecida, eu acordo e
vejo a Gleisi (Hoffmann, na
época ministra da Casa Civil)
dizer que o governo federal já
tinha feito o que podia fazer, ti-
nha baixado PIS e Cofins, de-
sonerado a folha de pagamen-
tos, e que agora era com gover-
nadores e prefeitos. Liguei pa-
ra o Haddad e disse: “estamos
ferrados”. Quando veio essa
falta de solidariedade do Pla-
nalto piorou tudo.
Então acha que a reação de
Dilma foi ruim?
Faltou liderança política
nacional. Me lembro dela
dizendo em pronuncia-
mento em cadeia nacional
que o governo federal não
estava fazendo estádio para
a Copa do Mundo, que esta-
va apenas financiando e os
governadores iriam pagar.
consequências de 2013 para o
país é negativo?
O resultado dessa contes-
tação generalizada da políti-
ca não fez bem ao Brasil. O
que saiu dali não melhorou,
Achei uma indignidade. É nem qualificou a política.
uma forma de dizer que não
tinha nada a ver com aquilo. Vimos nas últimas duas eleições
Havia uma incapacidade de oretorno de velhos conhecidos,
dialogar com as pessoas, li- como o senhor e Lula.Há um
derar, coisa que o Lula faria. esgotamento daquele
sentimento antissistema ?
E em relação à sua postura, Acho que há um refluxo. A
faz alguma autocrítica? gente está vivendo uma nova
Claro, eu tinha acabado de forma de democracia direta
ser reeleito com 64% e devia com as redes sociais. O desafio
estar achando que tinha razão maior é que as pessoas querem
sobre tudo. Passei a ser um po- palpitar sobre tudo. O modelo
lítico mais atento aos que me de democracia representativa,
criticam e busco uma intera- que a gente elege alguém e dá
ção maior com o eleitor. As re- um cheque em branco para
des sociais facilitaram isso. quatro anos, se inviabilizou.

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 OGLOBO | Domingo 11.6 .2023 | 15

BALNEÁRIO CAMBORIÚ PARA

Brasil
ACESSAR

Mar engole 70 metros de areia em praia APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Trecho havia passado por obras de alargamento,e prefeitura promete contenção O QR CODE

SILÊNCIO ENSURDECEDOR
Mulheres expõem violências nas redes e
ficam proibidas de falar sobre agressores
BIANCA GOMES E LAURA MARIANO Justiça de Rondônia, no últi- pois obriga ela a afirmar, em veu dez anos em um relacio- gênero, a advogada Maíra Rec- mava de levar o filho ao médi-
brasil@oglobo.com.br
SÃO PAULO
mo dia 3, pede que a lutadora seu perfil, que todas as decla- namento abusivo do qual saiu chia avalia que as decisões que co sozinha.
não volte a falar do assunto. Pe- rações são inverídicas —diz a após um vizinho chamar a po- calam a vítima são como uma —É a minha história. Eu te-
-
didos semelhantes para que criminalista Izabella Borges, lícia ao ouvir uma discussão revitimização processual: nho o direito de contá-la —

“meçaForam os piores anos da

minha vida.” Assim co-
o vídeo em que a lutadora
brasileira Gabi Garcia explica o
sumiço de dois anos das redes
sociais. Na semana passada, a
campeã mundial de jiu-jitsu
tornou públicas as agressões fí-
sicas e ameaças de morte que
teria sofrido de seu agora ex-
marido Bruno Almeida. O de-
sabafo de um minuto desenca-
deou uma onda de solidarieda-
de na internet. Ao mesmo tem-
po, gerou uma reação que tem
se tornado comum: a tentativa
de silenciamento.
Uma ação de Bruno Almei-
da, acolhida pelo Tribunal de
mulheres não denunciem pu-
blicamente agressões físicas e
psicológicas têm sido cada vez
mais recorrentes no Brasil e
impõem um desafio ao Judici-
ário. Os homens argumentam
em defesa da honra —muitas
vezes, vencendo a batalha nos
tribunais —, enquanto as mu-
lheres lutam pelo direito de
contar a própria história.
Na liminar, uma juíza proíbe
a lutadora de falar sobre o ex-
marido em publicações nas re-
des sociais, como forma de
“evitar que a notícia seja nova-
mente trazida à tona e eternize
apublicização dos fatos”.
—A decisão é mais grave,
advogada de Gabi. —Todos
os fatos expostos são objeto
de investigação policial.
Além disso, foram concedi-
das medidas protetivas a ela.
DOIS ANOS SEM FALAR
Segundo Izabella, o avanço do
debate acerca da violência ba-
seada no gênero fez com que
mais mulheres passassem a ex-
por os bastidores de disputas
que antes eram privadas, co-
mo forma de proteção:
—Paradoxalmente, temos
visto com mais frequência
decisões judiciais que deter-
minam o silêncio delas.
Fernanda (nome fictício) vi-
em que era agredida com so-
cos no rosto pelo então mari-
do. O processo de separação,
conta, não foi nada fácil: além
de ser acusada de alienação
parental, ela foi impedida de
falar sobre as violências na in-
ternet. O juiz aceitou o argu-
mento da defesa de que as ma-
nifestações da ex-mulher po-
deriam causar “possíveis da-
nos à imagem” do cliente, que
é um empresário conhecido
nacionalmente. Foram dois
anos silenciada.
— Enquanto isso, ele me
acusava de louca e mentiro-
sa —recorda-se Fernanda.
Especialista em questões de
—Como se na balança pe-
sasse mais a honra intocada do
homem do que a verdade da
mulher. Em caso de mentira
ou excessos, há previsão de in-
denização, retratação e até res-
ponsabilização criminal.
A tentativa de silenciamen-
to também se estende a mães
que expõem disputas judiciais
com os pais dos filhos. A apre-
sentadora Titi Müller conta
que ficou sete meses sem po-
der falar do ex-marido Tomas
Bertoni, que acusa de violên-
cia psicológica e física. A cen-
sura teria começado após um
vídeo de poucos segundos no
Instagram em que ela recla-
diz Titi. —Não fui alvo de ne-
nhum processo de calúnia.
Foi só para me silenciar.
Titi acredita que a queda da
liminar em abril ajudou a pôr
fim ao silêncio da atriz Luana
Piovani e da influenciadora
Renata Gutierrez. Em nota, o
advogado de Bruno Almeida,
Gustavo Santana, disse que as
“as falsas acusações” foram es-
clarecidas em juízo, inclusive
com suspeita de “fraude pro-
cessual”. A defesa de Tomás
disse que a medida era contra
publicações ofensivas e teria
sido apresentada após um ano
de chantagens e agressões ver-
bais por parte de Titi.

PEDRO TIVA
ram, de acordo com a mu-
lher, inclusive com ameaças.
Em uma das mensagens,
conta, Bruno afirmou que a
faria sofrer na “modalidade
sangria” no processo de guar-
da da filha e de divórcio, que
até hoje não foi concluído.
—Chegou a me oferecer R$
30 mil para que eu retirasse a
denúncia. Ele me levou até
Curitiba para mudar o depoi-
mento, dizendo que senão eu
sofreria um processo desgas-
tante. Retirei a queixa e de-
pois fiz outro pedido de medi-
da protetiva, até que ele foi
condenado —relata a vítima,
acrescentando que o ex-com-
panheiro continua solto.

PRISÃO REVOGADA
Bruno não foi afastado de suas
funções na Promotoria de
Justiça em Ibiporã, no Paraná.
Ele recebeu duas advertências

A dor após institucionais. Em julho de

2020, o promotor teve a pri-

medida protetiva
são preventiva decretada pelo
crime de importunação sexu-
al, e a pena foi elevada para

ser desrespeitada
quatro anos devido aos des-
cumprimentos de medidas. A
defesa dele pediu prisão do-

101 vezes
miciliar com uso de tornoze-
leira eletrônica, e foi atendida.
No período, Bruno teve direi-
to a 30 dias de férias.
Em setembro de 2020, o
Ex-mulher de promotor de Justiça do MP pediu a revogação da
Paraná diz que não pode sair de casa prisão, mesmo descrevendo
por medo e que acusado não cumpre Bruno como “rebelde” e “in-
determinações judiciais Seis anos de agressões. disciplinado”. A decisão partiu
Fernanda Barbieri, vítima do argumento de que o acusa-
de violências do ex-marido, do percebeu “quão censurável
promotor no Paraná: refém tem sido seu comportamento
da falta de punição em relação à ex-mulher”.
A prisão, segundo o MPPR,
seria restabelecida em caso
de fatos novos. Ao todo, Fer-
PÂMELA DIAS
pamela.dias@oglobo.com.br
por parte do ex-companheiro. e repetia que “poderia acor- nessa missão de denunciar as com dois anos, e de um ami- nanda alega que outras 52
Fernanda também se vê silen- dar e não ver mais a filha”. violências. Hoje eu vivo vendo go dele que estava no carro. violações foram cometidas,
-
ciada pelo sigilo do processo, Segundo laudos médicos atualizações do processo, Com medo de um fim trági- das quais duas são investiga-

Q uase sem esperança de

servidora pública Fernanda

mas resolve quebrá-lo como
voltar a viver sem medo, a única forma de fazer com que
alguém a ouça.
judiciais, o acusado tem
transtorno bipolar e sofre
de alcoolismo. Procurado
esperando Justiça. Não tenho
mais vida social, não posso ir
trabalhar, nem ficar na minha
co, Fernanda foi à polícia e, no
fim daquele ano, pediu medi-
da protetiva para afastar o
das. Procurado, o MPPR
disse que não responderia à
denúncia devido ao “sigilo”,
Barbieri hoje se sente refém Ela adotou de vez o home através de seu advogado, própria casa em Londrina ex-marido do lar e mantê-lo a mas garantiu que acompa-
da morosidade da Justiça em office porque não pode sequer Marcos Ticianelli, Bruno porque ele alugou um aparta- 200 metros ao menos dela e nha o caso por intermédio da
punir o ex-marido, um pro- sair de casa. A mulher deta- não quis se pronunciar. mento perto —relata ela. de seus familiares. Mas uma Subprocuradoria- Geral de
motor de Justiça do Ministé- lhou à Justiça uma série de —Os ataques começaram A importunação sexual foi quebra de sigilo no próprio Justiça para Assuntos Jurídi-
rio Público do Paraná. As violências que sofreu desde em 2017 quando a nossa filha em 19 de outubro de 2019. telefone da vítima e de seus cos. Em nota, o escritório
agressões físicas, verbais, 2017. Fernanda conta que, nasceu. Demorei para denun- Bruno foi condenado a três parentes revelou que Bruno Alves e Faria Advocacia, que
patrimoniais e até sexual em momentos de descontro- ciar porque achava que ele ia anos e seis meses de reclusão tinha mandado pelo menos representa a vítima, disse que
começaram há seis anos. le, Bruno Vagaes, que já mudar. Mas a situação foi se por ter tocado partes íntimas 49 mensagens, algumas delas “o agressor é Promotor de
Desde então, a medida prote- atuou na área de violência tornando mais grave, ele be- de Fernanda enquanto ela com insultos. Justiça e a reprovabilidade
tiva que a justiça lhe concedeu doméstica, ameaçava lhe dar bia e colocava a vida da minha dirigia. O abuso aconteceu No ano seguinte, novos dos fatos demanda o rigor das
já foi descumprida 101 vezes socos, jogou água quente nela filha em risco, e eu comecei na frente da filha, na época avanços de sinais acontece- instituições”.
16 | Brasil
‘Lado B’ de
Brasília: Paranoá
vira refúgio no
centro do poder
Lago reina absoluto na capital com muita canoa
havaiana,SUP,pescadores e mergulhadores
em busca de antiga cidade perdida
KAROLINI BANDEIRA
karolini.magalhaes@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
N o coração de Brasília, um
grande conjunto de lagos
artificiais contrasta com as
construções padronizadas
de concreto da cidade plane-
jada na década de 1950. Pen-
sado para ser um alívio ao cli-
ma seco e quente da nova ca-
pital federal, o Lago Paranoá
passou nos últimos anos a re-
presentar uma espécie de “la-
do B” da cidade. Lá, o terno e
gravata obrigatórios em boa
parte dos prédios públicos
dão lugar a trajes esportivos e
roupas de banho.
Principalmente à noite e aos
fins de semana, restaurantes,
parques e clubes da orla são
um dos destinos mais procura-
dos por políticos, famílias e jo-
vens para momentos de lazer.
Além disso, costuma atrair o
interesse de turistas e autori-
dades estrangeiras em visita à
capital. Foi o que aconteceu
“Nós em dezembro, quando o presi-
encontramos dente de Portugal, Marcelo
uma placa de Rebelo de Souza, aproveitou o
um cordel dia livre antes de participar da
datada de posse do presidente Luiz Iná-
1970, réplica cio Lula da Silva para um mer-
de armas gulho. Em fevereiro, foi a vez
antigas, de o assessor especial do gover-
lápides de no Joe Biden para o clima,
provavelmente John Kerry, também aprovei-
um pequeno tar um momento de folga du-
cemitério e rante visita oficial para um re-
vestígios de fresco à beira do lago, com di-
uma igreja” reito a caipirinhas e banho de
_ sol em um clube de windsurf.
Frank Bastos, Quem não conhece Brasí-
mergulhador e lia nem imagina que há um
pesquisador do espaço de lazer com água su-
mundo ficiente para aplacar foguei-
submerso do ras de vaidades políticas.
Lago Paranoá —Sempre está cheio, com
pessoas fazendo caminhada,
piquenique, encontros ou
simplesmente tomando sol —
conta o estudante brasiliense
Matheus Schmidt, de 22 anos,
que costuma passear com seu
cachorro nos gramados do
parque Asa Delta, que contor-
na o Lago Sul.
O parque foi reinaugurado
em 2017, após um programa
do governo do Distrito Fede-
ral para desobstruir o acesso à
orla do lago. Até então, as mar-
gens eram bloqueadas em vá-
rios pontos por propriedades
privadas. Deques construídos
por quem mora às margens,
por exemplo, foram transfor-
mados em espaços públicos e
hoje são usados por frequen-
tadores para tomar sol.
CANOA HAVAIANA É SUCESSO
Para além dos passeios, o la-
go também é frequentado
por praticantes de esportes
como caiaque, canoa, vela e
stand up paddle (SUP), gra-
ças às águas calmas.
Paratleta de canoagem e
caiaque, Daniel Konka, de
40 anos, conheceu o esporte
no lago após indicação de
FOTOS DE BRENNO CARVALHO
seu fisioterapeuta. Amputa-
do da perna depois de um
acidente de moto em 2018,
Konka encontrou no caia-
que o equilíbrio que busca-
va no início da reabilitação.
— Comecei a ter as pri-
meiras aulas no lago.
Quando conheci, me apai-
xonei — lembra Konka,
que já chegou a participar
de campeonatos em outros
estados.
Segundo o paratleta, contu-
do, é a canoa havaiana o que
mais tem atraído interesse.
Ele afirma que, diariamente,
Domingo 11.6.2023 | OGLOBO
encontra de 30 a 40 pessoas
remando nas águas do lago:
—A grande maioria é im-
pulsionada por quem já ex-
perimentou o esporte, na in-
tenção de conhecer mais o la-
go e as belezas naturais de
Brasília. As pessoas se apai-
xonam porque é uma ativida-
de completa, divertida e com
um visual impressionante,
totalmente diferente da dos
prédios do centro da cidade.
Previsto desde os primór-
dios da capital, o lago artifici-
al demorou menos de um
ano para ficar cheio, em
1960. Com 38 metros de pro-
fundidade e uma área super-
ficial de 37,5 km², sofreu com
a poluição nas primeiras três
décadas após a criação e pre-
cisou passar por um amplo
programa de despoluição
nos anos seguintes.
O ponto turístico é forte
impulsionador da econo-
mia local. Segundo o go-
verno do DF, cerca de 16,6
mil pessoas estão empre-
gadas nos estabelecimen-
tos à beira do lago, como
clubes, bares, hotéis e res-
taurantes. Outras cente-
nas de famílias são benefi-
ciadas pela pesca.
—O Lago Paranoá é uma das
mais belas atrações de Brasília
e um dos nossos principais
pontos turísticos. Temos a
quarta maior frota náutica do
Dentro e fora
d’água. Além
de atrair
país, com uma orla repleta de
bares, restaurantes e oportuni-
dades de práticas esportivas —
praticantes afirma o secretário de Turismo
de esportes, o do DF, Cristiano Araújo.
Lago Paranoá
movimenta VILA SUBMERSA
a economia, Entre as atrações turísticas
gerando mais mais procuradas está o mer-
de 16 mil gulho. A cerca de 10 metros
empregos no abaixo da água, é possível re-
entorno visitar carros, objetos do pas-
sado e lembranças do que um
dia foi a cidade. São os destro-
ços da Vila Amaury, antiga
comunidade de operários
que ajudaram a erguer a capi-
tal federal, submersa para
dar vida ao lago. Por ironia,
hoje é uma relíquia buscada
por mergulhadores.
A Vila Amaury foi uma
construção provisória, ini-
cialmente criada como
acampamento pelo enge-
nheiro e funcionário da No-
vacap Amaury Almeida,
responsável pelas obras de
Brasília. No final de 1957, a
vila passou a ser ocupada
por operários de todas as re-
Mergulho na giões, que dormiam em ar-
história. ranjos feitos com barracos
Frequentadores de tábua e sacos de cimento.
se esbaldam em Em pelo menos três anos
lago artificial de existência, a vila abrigou
que nasceu até 16 mil operários, confor-
onde ficava vila me o Arquivo Público do Dis-
operária nos trito Federal. Tinha bares,
anos 60 restaurantes, lojas, mercado
e até um pequeno parque de
diversões quando começou a
ser lentamente inundada em
1959 por águas represadas do
Rio Paranoá para que então
nascesse o lago.
Os utensílios deixados para
trás pela comunidade obriga-
da a deixar a região fazem da
barragem do Lago Paranoá
um dos pontos preferidos de
aventureiros, com vocação
para “arqueólogos”, e de pes-
quisadores que se debruçam
sobre o passado. O mergulha-
dor e pesquisador Frank Bas-
tos participa, desde 2017, de
um projeto de mapeamento
com objetivo de colher artefa-
tos históricos que resistiram
embaixo d’água com o passar
das décadas.
—Nós encontramos uma
placa de um cordel datada
de 1970, réplica de armas
antigas, lápides de provavel-
mente um pequeno cemité-
rio e vestígios de uma igreja
—enumera ele.
A área de mergulho do la-
go é sinalizada para evitar
acidentes, e o esporte é feito
sempre em dupla.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023
Economia
Longa viagem. Rosalva Lourenço da Silva, na Central do Brasil: ela leva mais de três horas diariamente da Zona Oeste do Rio, onde mora, ao trabalho na Zona Sul, alternando entre ônibus, trem e metrô
CÁSSIA ALMEIDA E
BEATRIZ COUTINHO*
economia@oglobo.com.br
-
D ez anos depois das mani-
festações de 2013, que se
espalharam pelo país a partir
dos protestos contra o au-
mento da passagem de ônibus
em São Paulo, a situação da
mobilidade urbana no Brasil
piorou. Em uma década, o in-
vestimento público no setor
caiu a menos da metade, de
acordo com estudo do econo-
mista Claudio Frischtak, da
Inter.B Consultoria. Se, em
2013, os R$ 8,6 bilhões em re-
cursos estatais aplicados em
transporte público já não
eram considerados suficien-
tes, o montante de R$ 4,1 bi-
lhões no ano passado aponta
uma tendência preocupante.
Enquanto isso, subsídios pa-
ra automóveis e combustíveis
só aumentam. Ainda no ano
passado, antes do programa de
incentivos fiscais para barate-
ar carros lançado pelo governo
federal na semana passada, o
setor automotivo já tinha sido
beneficiado com isenções tri-
butárias da ordem de R$ 8,8
bilhões, mais que o dobro do
investido pelo setor público
em mobilidade nas cidades. Só
a desoneração dos impostos
sobre combustíveis no último
ano do governo de Jair Bolso-
naro (mantida parcialmente
neste primeiro do de Lula) re-
presentou R$ 29,8 bilhões a
menos nos cofres públicos. Os
números divulgados na sema-
na passada pelo Ministério do
Planejamento indicam, por-
tanto, que, só em 2022, o país
investiu em transporte coleti-
vo e de massa cerca de 10% do
que concedeu de subsídios tri-
butários para o uso do carro.
Esse contraste ajuda a expli-
car a via-crúcis de quem faz o
percurso casa-trabalho-casa
todos os dias como passageiro
de modais de transportes nas
cidades brasileiras, cujas vias
têm cada vez mais engarrafa-
mentos, mesmo em cidades
do interior. Para chegar ao tra-
APORTES
INSUFICIENTES
NO SETOR
6,9
5,8
PRIVADOS
8,66
PÚBLICOS 8,61
TOTAIS 14,46 15,51
2013 2014
(em R$ bilhões de dezembro de 2022)
INFRAESTRUTURA LIMITADA
QUASE PARANDO
Em uma década, recursos
públicos para mobilidade
caem a menos da metade
Jornada diária. Ana Caroline vai dos transportes coletivos aos alternativos
balho por volta das 9h30, no
Flamengo, na Zona Sul do
Rio, a empregada doméstica
Rosalva Lourenço da Silva, de
60 anos, precisa acordar às
6h, em Bangu, na Zona Oeste
do Rio, para atravessar a cida-
de. A missão de chegar ao tra-
balho não é simples. Ela alter-
na entre ônibus, trem e metrô
cheios. E faz tudo de novo na
volta: três horas em pé nos
três modais, ao custo de R$ 26
por dia. Só há uma opção de
ônibus para ir da casa dela até
a estação de trem. A única al-
ternativa é a van. O pior tre-
cho é o do trem, ela conta. As
composições demoram mui-
to paradas em cada estação.
7,05 —Transporte público é is-
so, toda hora dá problema.
Chegamos atrasados no ser-
16,22
2,05
2,54 9,32
3,5
23,28 6,04 11,37
2015 2016 2017
Fonte: Inter.B Consultoria *Projeções
ALEXANDRE CASSIANO
viço por causa disso, mesmo
acordando todo dia na mesma
hora —diz Rosalva.
Ela conta que até há um
ônibus que vai direto para a
Zona Sul, mas o tempo da vi-
agem é ainda maior no trân-
sito pesado e com as obras na
Avenida Brasil, que dá acesso
ao Centro do Rio. Rosalva
gostaria de morar mais perto
do trabalho, mas é inviável:
— Não tem como. Tenho
casa própria, e se eu tiver que
morar perto do serviço, terei
que pagar aluguel.
Maior economia da Améri-
ca Latina, o Brasil está fican-
do para trás em relação a ou-
tros países da região nessa
área. Segundo o estudo de
Frischtak, para equiparar as
15 principais regiões metro-
1,16
0,73
6,79 0,56 0,81
6,09
3,22 3,75
7,94 6,82 3,78 4,56
2018 2019 2020 2021
Editoria de Arte
APÓS PEDIDO DE VISTA
STF volta a analisar piso da enfermagem
NA WEB Gilmar Mendes devolve processo e julgamento deve ser retomado na sexta,dia 16
politanas brasileiras ao pa-
drão atual de Santiago (no
Chile) e Cidade do México,
modelos de mobilidade urba-
na na América Latina, seria
preciso investir de uma só vez
R$ 295,3 bilhões, ou 3% do
Produto Interno Bruto (PIB).
Em duas décadas, o país te-
ria de gastar entre 0,10% e
0,15% do PIB para alcançar as
duas capitais, bem acima do
0,06% aportado entre 2018 e
2022. Para o economista, essa
deficiência cobra um preço
alto da economia brasileira:
— As duas áreas absoluta-
mente críticas para o bem-es-
tar da população e a produtivi-
dade da economia são mobili-
dade urbana e saneamento bá-
Lugar de mulher é onde ela quiser.
Venha fazer parte do PSD, o partido
1,3 que acredita que lugar de mulher é na política.
4,1
5,7
@psdmulher55
2022*
@psdmulher55
CUSTÓDIO COIMBRA
sico. São setores que historica-
mente têm subinvestimento.
O Brasil é um ponto fora da
curva em saneamento e mobi-
lidade urbana.
‘GASOLINA NA FOGUEIRA’
O especialista em infraestru-
tura alerta que o problema não
está restrito aos grandes cen-
tros. Já afeta a dinâmica de ci-
dades médias, que convivem
com engarrafamentos diários.
—Estimular o transporte in-
dividual automotivo é real-
mente um passo atrás. Não
importa se é elétrico ou não. O
transporte público de massa é
que precisa de apoio (do gover-
no) — diz Frischtak sobre o
programa do governo que vai
www.psdmulher.org.br
PSD Mulher
@psdmulher55
| 17
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
gastar R$ 1,5 bilhão para deso-
nerar carros, caminhões e ôni-
bus (que ficam com a menor
fatia, R$ 300 milhões).
Se a situação já era ruim an-
tes da pandemia, o isolamento
imposto por ela foi como “jo-
gar gasolina na fogueira”, defi-
ne o pesquisador do Instituto
de Pesquisa Econômica Apli-
cada (Ipea), Rafael Pereira:
—Nos últimos 20, 30 anos,
houve redução no volume de
passageiros e aumento no cus-
to da tarifa. É uma tendência,
uma espiral descontrolada. E a
pandemia pôs gasolina nesse
movimento, com queda
abrupta e mais forte do núme-
ro de passageiros. Com isso, há
queda na qualidade e o tempo
de deslocamento só aumenta.
DOZE CONDUÇÕES NUM DIA
Antes das 5h, a professora de
educação infantil e estudan-
te de Letras na UFRJ Ana Ca-
roline Fernandes, de 24 anos,
já está no ônibus. É o início do
percurso diário entre Nova
Iguaçu, na Baixada Flumi-
nense, e o trabalho, no Vidi-
gal, comunidade da Zona Sul
do Rio. Ela desembarca no
Centro da capital e segue pa-
ra o metrô. Viaja até a estação
de São Conrado e logo em-
barca em uma van para a Pra-
ça do Vidigal. Ali, ainda pega
um mototáxi para chegar à
creche onde trabalha. Tudo,
segundo ela, leva cerca de
2h30 em dias “tranquilos”:
— Qualquer coisa fora do
normal, a conta já não fecha.
Com o fim do expediente às
15h30, ela refaz o caminho,
mas não chega antes das 19h
em casa. O número de condu-
ções em um dia aumenta de
oito para 12 quando vai à fa-
culdade, na Zona Norte do
Rio, contando com o ônibus
interno do campus, que é gra-
tuito. Nesses dias, Ana só che-
ga em casa às 23h40. Dorme
apenas quatro horas. Não à
toa, reserva os fins de semana
só para estudar e dormir.
— Sinto que nunca des-
canso —conta.
Para economistas, esse des-
gaste joga contra a produtivi-
dade do trabalhador brasilei-
ro. Segundo Pereira, embora
o tempo de deslocamento se-
ja maior para os mais pobres,
os mais ricos sofrem cada vez
mais. O aumento da frota nas
ruas agrava engarrafamentos
e torna o problema de todos:
—Mesmo que persista um
grau de desigualdade, a situa-
ção está começando a pegar
todo mundo.
*Estagiária sob supervisão
de Cássia Almeida
PSDMulher 55
18 | Economia Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

SEG _ Rachel Maia (quinzenal) _Ricardo Henriques (quinzenal)_ TER _ Míriam Leitão _ QUA _ Zeina Latif _ QUI _ Míriam Leitão _ SEX _ Fabio Giambiagi (quinzenal)_Rogério Furquim Werneck (quinzenal) _ SÁB _ Carlos Góes (mensal) _ Alvaro Gribel (quinzenal) _ DOM _ Míriam Leitão

MÍRIAM sessor do presidente chegou e eles saíram jun-

tos para dentro do Palácio. No início da cerimô-
que precisava pensar sobre o voto de Alexan-
dre de Moraes e pediu vistas. Nenhuma sur-
tigo de maneira oposta ao que está escrito. Mas
é isso que o Congresso está tentando.
LEITÃO nia ele foi levado para o palco, junto a uma líder
indígena. Quando Lula fez a primeira menção
presa. Todo mundo sabia que ele tentaria pa-
rar o julgamento.
Entrevistei a antropóloga Beatriz Matos,
diretora do Departamento de Proteção Terri-
aos povos indígenas eles se levantaram e colo- Há quem defenda a ideia equivocada de que torial e dos Povos Indígenas Isolados e de Re-
caram um colar no presidente. Com gestos sim- oSTF está legislando, porque o Congresso es- cente Contato do Ministério dos Povos Indí-
blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao
bólicos, conversas de bastidores e muitas mani- tá debruçado sobre esta matéria. É obrigação genas. Ela é viúva de Bruno Pereira. Beatriz
miriamleitao@oglobo.com.br festações de rua, na semana passada, os indíge- indeclinável da corte constitucional inter- explicou o lado mais terrível do PL 490.
Com Maeli Prado nas lutaram contra o que para eles parece o fim pretar a Constituição. Este é seu dever insti- —O PL diz que pode ser realizado o conta-
do mundo, o marco temporal. tucional. O artigo 231 to com povos isolados por interesse econô-
Marco temporal Antes de se sentar no plenário do STF, Raoni
havia conseguido falar com pelo menos um mi-
Enquanto o STF da Carta Magna foi es-
não decide e o crito para garantir o di-
mico. Isso repetiria o que aconteceu na dé-
cada de 70, em que foi forçado o contato e

e o tempo sem lei

nistro do Supremo. Espalhadas pelo auditório, Congresso está reito dos indígenas, e muitos indígenas, e até povos inteiros, mor-
várias etnias coloriam o ambiente, sempre re- tentando mudar não apenas a partir da reram. E, claro, o povo indígena isolado não
pleto de ternos uniformes. Para eles, é questão a Constituição, sua promulgação. A ex- tem nenhuma condição de provar nada,
de vida ou morte saber se aquela interpretação os povos celente reportagem de não estão no nosso sistema jurídico e legal.

R aoni Metuktire chega cedo em seus com-

promissos. Apareceu antes da hora no
evento do Dia do Meio Ambiente, no Palácio
restrita da Constituição passaria a valer no Bra-
sil. Por isso estavam todos mobilizados, inclusi-
ve o velho cacique Kayapó.
indígenas
continuam
correndo risco
Paulo Celso Pereira, no
O GLOBO, investigou
os debates na Constitu-
Isso é verdade mesmo para os não isolados.
OPL tem o objetivo inequívoco de tomar ter-
ras que são ocupadas por indígenas, mesmo as
do Planalto, na segunda-feira, 5. Sentou-se O ministro Alexandre de Moraes participou inte, as palavras do rela- demarcadas. E o motivo da cobiça é evidente.
bem na frente. Estava ali para conseguir uma da audiência remotamente e tentou um ine- tor do artigo 231, senador Jarbas Passarinho, —O modo de vida dos indígenas permitiu
audiência com o presidente Lula e falar do as- xistente caminho do meio entre o voto do rela- e entrevistou ex-constituintes. A resposta a preservação desse território, por causa de
sunto que preocupa seu povo e todos os povos tor, Edson Fachin, e o do ministro Nunes Mar- que o jornalista trouxe é que não se pensou como esses povos lidam com a floresta. Jus-
indígenas, o marco temporal. Na quarta, 7, ques. De mais importante na sua fala foi o re- em um marco temporal. tamente por isso são territórios muito cobi-
meia hora antes da sessão do Supremo, Raoni conhecimento de que a proteção constitucio- No Congresso tramita o PL 490, já aprovado çados e agora há o financiamento desses cri-
já estava sentado na plateia. Do lado, Bemoro, nal aos direitos originários sobre terras que os em regime de urgência na Câmara. Foi agora mes ambientais pelo crime organizado e
seu tradutor, do outro Yabuti Metuktire, to- indígenas “tradicionalmente ocupam” inde- para o Senado sem passar pela Comissão de pelo tráfico de drogas —explica Beatriz.
dos da terra indígena Capoto Jarina. pende do marco temporal. Afastava, portanto, Direitos Humanos, mas com a promessa do Convém não definir o marco temporal co-
Na segunda, ele ficou atento a tudo e, de vez a tese de que indígenas só podem reivindicar senador Rodrigo Pacheco de que não haverá mo o caminho de dar segurança jurídica ao
em quando, falava no idioma mebêngôkre com terras onde estavam no dia 5 de outubro de açodamento. Por óbvio, um PL não modifica a país. É a maneira de manter o tempo sem lei
Bemoro. Houve um momento em que um as- 1988. O ministro André Mendonça alegou Constituição, nem pode regulamentar um ar- na floresta e no Brasil.

Frota de carros e motos quadruplicou desde 2001

Tarifas de ônibus e metrô subiram muito mais que o preço dos automóveis, que contam com incentivos públicos, assim
como os combustíveis, diz pesquisador do Ipea. Especialistas concordam que é preciso subsidiar transporte coletivo

EDILSON DANTAS
CÁSSIA ALMEIDA entrega e os outros dois tre-
cassia@oglobo.com.br
RIO E SÃO PAULO
chos, em “reprogramação”.
Em maio, o Metrô rescindiu
-
o contrato de R$ 498 milhões

O transporte individual ga-

nhou mais espaço na vida
dos brasileiros e nas ruas. Estu-
com as construtoras Coesa e
KPE, que formam o Consórcio
Monotrilho Ouro. O governo
do de Rafael Pereira, do Ipea, paulista agora pode contratar
juntamente com outros pes- uma das empresas que partici-
quisadores, mostra que o nú- param da concorrência anteri-
mero de carros e motos no país or, lançar uma nova licitação
cresceu 331%, multiplicando ou repassar a obra para a em-
por quatro a frota nas vias en- presa que vai operar o mono-
tre 2001 e 2020, com maior trilho, a ViaMobilidade. En-
força fora das grandes metró- quanto isso, os congestiona-
poles. No Brasil não metropo- mentos crescem nas ruas.
litano, a alta foi de 374% . No
período, estima Pereira, subiu R$ 14,3 BI EM OBRAS
de 0,2 para 0,4 a proporção de O Ministério das Cidades in-
veículos por habitante nas formou que o governo Lula
grandes cidades. Nas médias e pretende impulsionar proje-
pequenas, de 0,12 para 0,29. tos de mobilidade no país com
O pesquisador diz que, mes- ações pautadas pela Política
mo na população de renda Nacional de Mobilidade Urba-
média ou baixa, a participação na, com a elaboração do Mar-
do transporte público vem di- co Legal do Transporte Coleti-
minuindo. O custo das passa- Contraste. Em SP, monotrilho está em construção há mais de uma década, contrastando com o crescente congestionamento de automóveis nas avenidas vo. Segundo a pasta, há uma
gens aumentou bem mais que CUSTÓDIO COIMBRA
carteira de investimentos em
o dos automóveis, sem avanço Mobilidade Urbana do Insti- curso com recursos da União e
proporcional na qualidade, es-
timulando a compra de carros,
que têm contado com incenti-
vos públicos junto com os
tuto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec), o debate
tem avançado desde 2013. Pa-
ra ele, não é adequado apoiar
45,6%
das famílias gastavam com
do FGTS que somam R$ 14,3
bilhões, sendo que R$ 8,7 bi-
lhões (60%) já foram executa-
dos. O BNDES informou que
combustíveis. Enquanto as ta- o sistema inteiro na tarifa, transporte coletivo em 2017 os desembolsos na área subi-
rifas de ônibus e metrô subi- mas é preciso algum apoio: Segundo a Pesquisa de Orçamen- ram de R$ 350 milhões em
ram, respectivamente, 62% e —O setor já vinha em cons- tos Familiares (POF) do IBGE, 2021 para R$ 5,4 bilhões, basi-
48% entre 2012 e 2019, o pre- tante piora, e está claro que eram 64,4% em 2008 camente para a Linha 6 do me-
ço dos veículos, em média, au- tem que mudar. trô de São Paulo.
mentou 7% no período. E de Com a falta de modais de
2001 até 2020, na pandemia,
houve ganho na renda média
da população, observa Pereira:
—Com aumento da renda,
73 CIDADES TÊM PASSE LIVRE
Calabria mapeou as cidades
no país que decidiram assumir
toda a conta do transporte pú-
71,4%
tinham transporte individual
massa, o transporte alternati-
vo cresce. A cuidadora Maria
Nazaré Oliveira, de 45 anos,
acorda quando ainda está es-
inevitavelmente você vai para blico, baseado principalmente no orçamento em 2017 curo. Moradora de Queima-
o transporte que considera em frotas de ônibus, e já estão Em 2008,esse gasto se limitava dos, na Baixada Fluminense,
mais seguro e confortável. oferecendo passe livre. São 73 Opção. Maria Nazaré paga mais na van para escapar de vagões lotados no Rio a 55,3% das famílias levanta às 4h para pegar o ôni-
Com demanda decrescente, municípios pequenos e médi- bus até o centro da sua cidade,
agravada na pandemia, o as. Apenas sete têm mais de dades devem ir nesse sentido. ria fazer a focalização com o bi- trais e estimular o uso de que sai por volta de 4h50. Ao
transporte público vai se dete- cem mil habitantes. O maior é Para Pereira, do Ipea, essas lhete único, mas nem todas as transporte coletivo). Mesmo desembarcar, corre para a fila
riorando mais. Como o siste- Caucaia, com 368 mil mora- iniciativas ainda estão restritas cidades têm condições de fa- que o subsídio seja para todos, da van, única condução ali que
ma só se financia com as tari- dores, na região metropolita- a cidades menores que têm zer a bilhetagem eletrônica. é um incentivo para as pesso- vai direto para Copacabana, na
fas, a perda de passageiros au- na de Fortaleza. Maricá, na mais fontes de financiamento, Claudio Frischtak, da In- as deixarem o carro em casa. Zona Sul do Rio, onde traba-
menta a pressão por mais rea- Região dos Lagos do Rio, ter- como royalties do petróleo, ca- ter.B Consultoria, lembra que Além da falta de investimen- lha. Há poucos assentos e a
justes. Some-se a isso o impac- ceiro maior da lista (168 mil so de Maricá, ou com uma atendência global hoje em ter- tos públicos, há a má distribui- passagem é cara, R$ 23, mas
to da alta recente da inflação. habitantes), implantou o pas- grande empresa instalada que mos de planejamento urbano ção dos recursos e o atraso nas sem a van ela teria que encarar
No período de isolamento se livre em 2014 e colheu efei- gere recursos, como a Vale em éa de cidades compactas, para obras. Um exemplo é a Linha ainda trem e metrô, com até
da pandemia, muitas prefeitu- tos positivos, diz Calabria: Mariana, em Minas Gerais. diminuir o tempo de desloca- 17-Ouro do Metrô de São Pau- duas horas a mais na viagem.
ras represaram aumentos, e o —O que observamos é que Para desarmar “a bomba-re- mento. Para isso, é preciso ter lo, cujas obras que deveriam —Se não der para vir na se-
Congresso aprovou emendas aumenta o uso do transporte, lógio” do transporte coletivo, um sistema de transporte con- ter sido concluídas em 2013. O gunda van, venho na terceira.
que destinaram recursos pú- incentiva as pessoas a se deslo- Pereira diz que é preciso re- sistente com esse conceito. atual governador do estado, Otrem é uma lata de sardinha.
blicos ao setor. Desde então, carem na cidade e reduz o uso pensar regras de financiamen- —E, em nenhuma hipóte- Tarcísio de Freitas, promete Maria Nazaré não pensa em
cresce entre analistas a avalia- do carro. Aumenta em duas a to do setor, por meio de orça- se, deve-se subsidiar o trans- concluir o monotrilho que vai se mudar para mais perto do
ção de que o transporte públi- quatro vezes o uso do ônibus. mentos das prefeituras ou da porte individual. Pode-se até conectar o Aeroporto de Con- trabalho. Gosta do verde do lu-
co precisa de subsídios para Houve casos de cidades costei- União. Ou um pouco de cada: impor penalidades, como o gonhas à estação Morumbi, na gar pacato onde vive. Prefere
atender a todos e bem. ras como essa em que havia —Não existe um modelo pedágio urbano (que cobra ta- Zona Sul da capital paulista. que o transporte mude.
Segundo Rafael Calabria, pessoas que nunca tinham ido muito claro, mas há clareza de xas para desestimular a circu- As oito estações do primeiro Colaboraram Nicolas Iory e
coordenador do programa de à praia. Entendo que mais ci- que precisa ter subsídio. Pode- lação de carros em áreas cen- trecho estão sem previsão de Beatriz Coutinho
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023
Influenciadores viralizam dicas
e atraem marcas do cotidiano
Empresas de alimentos e itens de limpeza descobrem celebridades da internet
que se popularizam com conteúdo sobre casa e anunciam de feijão a esponja
ANA CLARA VELOSO
ana.veloso@extra.inf.br
- que garante apoio em casos de imprevistos
E les dão dicas nas redes sociais de
maquiagens, games, viagens... e
agora até de qual sabão em pó, desin-
fetante, feijão e arroz você deve com-
prar. Influenciadores digitais entra-
ram no radar de fabricantes dos itens
mais básicos, e nada glamourosos, do
cotidiano das famílias brasileiras.
Empresas dos segmentos de alimen-
tação, como Heinz e Camil, e de lim-
peza, como a multinacional Unilever,
estão investindo nesse tipo de conte-
údo para ganhar mais espaço nos
carrinhos de supermercado dos se-
guidores de celebridades da internet.
Galileu Nogueira, especialista em
branding (gestão de marcas), explica
que os produtores de conteúdo com
dicas para a casa cresceram muito
nos últimos anos com as pessoas mais
voltadas para a casa na pandemia,
além do alto desemprego e a necessi-
dade de reduzir despesas. A audiên-
cia cresceu e começou a atrair a publi-
cidade de marcas do cotidiano.
—Esses criadores ajudam a econo-
mizar no dia a dia. O ponto é: mesmo
falando de produtos de necessidades
básicas, o consumidor tem opções.
Quando ele vai escolher um feijão,
tem algumas marcas à disposição.
Então elas se conectam aos produtores
de conteúdo para influenciar nessa
escolha: mostrar um pouco mais do
produto, agregar credibilidade —diz.
A multinacional Unilever usa essa
estratégia desde 2018, mas, neste
ano, fará sua maior aposta em marke-
ting de influência na América Latina.
Junto à agência Mynd, que tem mais
de 400 produtores de conteúdo no
portfólio, começou a convidar nano e
microinfluenciadores para o projeto
“Cleanfluencers”. São pessoas que
não têm milhões de seguidores, mas
já falam sobre limpeza ou lifestyle para
um público considerável. A meta é
contratar mil nomes numa espécie
de marketing de formiguinha e de-
pois abrir inscrições no site “Cleani-
pedia” para mais 4 mil.
—A gente não tem dificuldade de
achar pessoas (para publicidade),
mas o intuito é ajudar a torná-las
maiores —afirma Adriele Gonçalo,
gerente de Digital Marketing Com-
merce da categoria de Cuidados para
a Casa da Unilever.
Os 5 mil influenciadores serão
remunerados para testar e produzir
avaliações sobre produtos de limpe-
za como Omo, Brilhante, Cif e Com-
fort, mas também acessarão conteú-
dos de aprendizagem.
—É uma escola digital. Eles terão
mentoria em grupo, palestras com
nomes famosos que já trabalham
com a Unilever, e farão entregas de
comunicação para as marcas. É uma
metodologia proprietária da Mynd,
que será escalada em um nível absur-
do —promete o direretor de opera-
ções (COO) e sócio da agência, Car-
los Scappini.
Ovolume de conteúdos de limpeza
no TikTok já é maior hoje em dia que o
da categoria “Beauty and Hair”, volta-
dos para produtos para maquiagem e
cabelos, diz Adriele. Um dos nomes
queridinhos por lá, entre seguidores e
marcas, é Luiz Marques, de 23 anos.
Em 2020, ele nem imaginava o que
estaria por vir quando se demitiu de
um restaurante, onde lavava louças
todas as noites, para vender hambúr-
gueres por conta própria em Mesqui-
ta, na Baixada Fluminense. No ano
passado, foi com uma esponja na mão
que ele descobriu qual era realmente o
seu negócio. Postou, sem pretensão de
furar sua bolha de contatos na rede
social, um vídeo mostrando, com bom
humor, como limpava sua chapa para
frituras. E teve uma surpresa ao regis-
trar10 milhões de visualizações.
—Achei que tivesse sido sorte, mas
um mês depois, tentei de novo. Peguei
Economia | 19
APRESENTADO POR
Seguro em Pauta
Férias: planejamento
é tão importante
quanto definir roteiro
ROBERTO MOREYRA
Na hora de programar os passeios de julho, não se
esqueça de levar na bagagem um seguro viagem,
E stá chegando o perío-
do mais esperado do
ano: as férias. Para as famí-
lias, é a oportunidade de
conhecer novos destinos e
construir boas memórias
ou visitar amigos e paren-
tes que moram longe, com
tempo para curtir com as
“O seguro viagem
criançasduranteassemanas
passou a ser encarado
de recesso escolar. Durante
como um investimento
as viagens, no entanto, uma
necessário para um pas-
série de imprevistos pode
seio mais tranquilo e há
acontecer, especialmen-
um pacote completo
p de
te em momentos de maior
soluçções, com dezenas
d
procura. Os brasileiros têm de pllanos
l desenhados,
entendido a importância de
para as necessidades de
contar com o apoio de um cada perfil de turista”
seguro para reduzir eventu- BERNARDO CASTELLO
ais prejuízos no orçamen- DIRETOR DA BRADESCO
to e situações de desgaste e
VIDA E PREVIDÊNCIA
estresse. De acordo com a
Confederação Nacional das
Seguradoras (CNseg), em PACOTE DE COBERTURAS
2022 a procura por seguro A variedade de imprevis-
viagem aumentou 167% em tos que podem acontecer
relação ao ano anterior. durante uma viagem é tão
Para dar suporte em situ- grande que a Bradesco Vida
ações inesperadas, o segu- e Previdência disponibili-
ro viagem oferece proteção za um amplo conjunto de
contra eventualidades que coberturas, que incluem
podem estragar o passeio. opções mais conhecidas,
— O seguro viagem como assistências médica e
Na rede. Luiz Marques, o Luiz Limpei, faz sucesso no TikTok areando panelas e já tem patrocínios passou a ser encarado como odontológica, que ajudam a
um investimento necessá- manter sob controle o orça-
uma frigideira que uma tia tinha há 20 (transmissões e reações a vídeos) rio para um passeio mais mento da viagem. Aliás,
anos e limpei em um vídeo. Teve 5 engraçados, para interagir com segui- tranquilo e há um pacote todos os planos de seguro
milhões de visualizações. Aí pensei: é dores usando o ketchup da marca. completo de soluções, com viagem da empresa contam
oque eu tenho de fazer. Eu pedia para —A ação consistia na reação dele dezenas de planos dese- com cobertura para caso
arear panelas sujas de amigos, segui- avaliando o lanche de seus especta- nhados, para as necessida- de contaminação de Covid-
dores. Fui até em ferro-velho atrás de dores com seu famoso bordão se “ia des de cada perfil de turista 19, incluindo não apenas
panela. E todo vídeo tinha mais de 1 dentro”, além de preparar sua pró- — avalia Bernardo Castello, despesas médicas, mas
milhão de visualizações —conta. — pria versão de hambúrguer com diretor da Bradesco Vida também estadia prolonga-
Nem sempre a recuperação da panela muito ketchup Heinz ao vivo, em e Previdência. da se for necessário.
dava certo, mas eu levava o vídeo no sua live de uma hora com grande Castello destaca ainda O portfólio disponível
humor. Também comecei a perceber interação —conta André Mendes, que, ao contrário do que passa pelos contratempos
que nem pra todo mundo era simples gerente da área de marketing da muitos pensam, o segu- comunsemaeroportos,espe-
oque eu fazia, as pessoas queriam Kraft Heinz na América Latina. ro não deve ser contratado cialmente em alta tempo-
dicas. Então eu tinha que passar infor- A possibilidade de estabelecer uma apenas para viagens inter- rada, como a cobertura por
mação. Em alguns meses, as marcas interação em tempo real com os se- nacionais. — Para quem atraso ou cancelamento de
começaram a me procurar. guidores é o que impulsiona esse tipo está planejando um passeio voo, que permite ao segu-
Atualmente, Luiz limpa, principal- de ação de marketing, aponta Victor pelo Brasil, o seguro é um rado solicitar reembolso ou
mente, casas inteiras que estejam Azevedo, professor do Ibmec RJ: grande aliado contra reve- remarcação da passagem
muito sujas. Tem 1,3 milhões de —Todas as plataformas querem ses — ressalta o diretor. semproblemas.Outrobene-
seguidores no TikTok, contratos de que os seus usuários interajam por- fícioéaproteçãoparaoextra-
médio prazo com marcas de limpeza que assim eles se mantêm dentro vioouperdadebagagem.
como sabão Brilhante e esponjas dela. O nicho do produtor de conteú- PARA CURTIR SEM — São situações de gran-
Scott, e ainda faz anúncios pontuais do e a construção de comunidade são SE PREOCUPAR de estresse, que podem
para outras empresas que não sejam importantes para gerar engajamento. COM IMPREVISTOS estragar as férias. Quando
concorrentes de seus parceiros fixos. ACamil Alimentos, no mês passado, o viajante conta com uma
Com apenas um story, o jovem ga- contou com a influenciadora digital indenização para repor
nha mais que o salário que tinha Lorrane Silva, a Pequena Lô, para Quando os itens mais essenciais
lavando pratos e panelas no restau- encabeçar uma versão digital do anti- acionar enquanto sua bagagem é
rante, há três anos. go debate da vida real: “Feijão por localizada, ele tem condi-
cima ou por baixo do arroz?”. Em um • Cancelamento ções de manter o descanso
EMPRESAS ACIONAM NOVAS VOZES esquete, ela encarnou dois persona- prévio de viagem programado, e merecido. E
As “publis” não ficam restritas aos gens discordando sobre o tema prosai- • Despesas médicas comprova por que o seguro
influenciadores de nicho, no entanto. co e pediu a opinião dos seguidores. hospitalares hoje é percebido como um
Afinal, (quase) todo mundo cozinha —Como atuamos em categorias de durante a viagem investimento em tranquili-
e limpa a casa. Uma das preferências alimentos cotidianos, acreditamos • Perda ou extravio dade — afirma Castello.
das marcas são os perfis de entreteni- que os influenciadores são parceiros de bagagem Uma das últimas novida-
mento e humor nas redes, que conse- estratégicos para demonstrar a pre- • Invalidez por
des do produto é a hospe-
guem inserir de forma leve conteú- sença da nossa marca na rotina de acidente em viagem dagem pet. Agora, você não
dos sobre produtos com cara de su- uma forma natural —afirma Fernan- • Morte em viagem
precisa mais se preocu-
permercado. A Heinz, no ano passa- do Carvalho, gerente de Marketing par em encontrar alguém
do, contratou o influenciador Casi- Grãos da Camil, revelando o impacto • Translado médico para deixar seu pet quan-
miro, famoso por streamings e reacts do post da Pequena Lô: —Superou as do for viajar sem ele. O
REPRODUÇÃO
nossas expectativas. Resultou em diretor da Bradesco Vida e
impressionantes 10,9 milhões de visu- Assistências Previdênciaexplicaqueesse
alizações, mais de 1 milhão de curtidas tipo de cobertura foi proje-
emais de 190 mil comentários. tado porque, muitas vezes,
Casimiro e Pequena Lô trouxeram • Hospedagem do pet o destino que desejamos
para seus universos a abordagem dos durante a viagem conhecernãoétãoamigável
temas propostos pelas marcas. Para • Despesas com para os pets. As assistências
Kate Souza, diretora comercial e de atendimento ecoberturasvariamdeacor-
Atendimento da agência de Marke- médico, hospitalar do com o plano contratado.
e odontológico por
ting de Influência Play9, é aí que está acidente ou doenças
o segredo dos produtos que conse-
guem destacar suas “publis”: • Garantia de viagem PARA OBTER MAIS INFORMAÇÕES
de regresso SOBRE O SEGURO VIAGEM DA BRADESCO
—Acerta quem entende a melhor VIDA E PREVIDÊNCIA, ACESSE
maneira de trabalhar com o criador de • Localização de
conteúdo. Ou seja, fazendo um pro- bagagem
cesso de cocriação, entendendo que o
influenciador conhece seu público, AS ASSISTÊNCIAS VARIAM DE ACORDO
COM O PLANO CONTRATADO
sabe qual é a melhor forma de fazer
Publi da Camil. Para engajar, Pequena Lô usou aquela comunicação para que a marca
debate “feijão por baixo ou por cima do arroz” consiga um engajamento relevante. CONTEÚDO PATROCINADO PRODUZIDO POR GLAB.GLOBO.COM
20 | Economia Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

ONDE RECLAMAR
DEFESA DO CONSUMIDOR ASuperintendência de Seguros Privados e de Capitalização (Susep) esclarece dúvidas sobre seguros, planos de previdência
privada e de capitalização em dias úteis das 9h30min às 17h pelo 0800-021-8484 ou no www.susep.gov.br,seção Fale Conosco

DE GRAÇA
Abertas as
inscrições de
24 cursos
Estão abertas as
inscrições para 24
cursos da Escola Nacio-
nal de Defesa do Consu-
midor (ENDC), da Se-
cretaria Nacional do
Consumidor (Sena-
con). Entre os temas
disponíveis há desde
direitos básicos do
consumidor, passando
por oferta e publicida-
de, práticas abusivas e
mercado de capitais
para consumidores, até
planos de saúde e rela-
ções de consumo. Há
ainda cursos voltados a
fornecedores, como
o portal Consumi-
dor.gov.br para
empresas. Para
todos, o início das
aulas é 11 de julho.
Todos os cursos são
on-line e com inscri-
ções gratuitas, que
podem ser feitas até
3 de julho pelo link
l1nk.dev/NKRwR.
JUSTIÇA
Itaú indenizará
vítima de golpe
da maquininha
AJustiça conde-
nou o Itaú a indenizar
uma cliente que caiu no
golpe da maquininha ao
comprar duas camisetas
de R$ 80 de um vendedor
ambulante e amargar um
prejuízo de R$ 9 mil.De
acordo com o processo, a
maquininha apresentava
defeito no visor e foram
feitas algumas tentativas.
Amãe da vítima,titular do
cartão,recebeu notifica-
ções de compras soman-
do R$ 9 mil,contestou na
hora,mas o Itaú as confir-
mou.Procurado,o banco
afirmou que as tran-
sações foram feitas
pela cliente,com o
cartão original com
chip e senha,no limite
de crédito.E recomen-
dou não concluir
transações em maqui-
ninhas com visor
danificado,além de
sempre solicitar o
comprovante.
UNIMED-RIO
Autoriza retirada
de câncer
de cliente
Após o presidente
da cooperativa ser intima-
do nominalmente a pres-
tar esclarecimentos, a
Unimed-Rio cumpriu as
decisões judiciais que
determinavam a
autorização e o cus-
teio de internação,
materiais e demais
despesas para a cirur-
gia de retirada de um
tumor maligno de uma
mulher de 62 anos.A
usuária da cooperativa
esperava desde de-
zembro a autorização
para a cirurgia.

Já pensou em fazer plano de saúde para seu pet?

Cerca de 250 mil animais de estimação já são usuários de serviços que incluem de exames e cirurgias a
fisioterapia e acupuntura. É preciso ficar atento a coberturas oferecidas, carências e rede de atendimento

LETICIA LOPES os primeiros planos lançados tos para os tutores, como va- foi um dos fatores que levaram Gustavo Kloh, professor de
Direito da Fundação Getulio VEJA O QUE OBSERVAR E
leticia.lopes@oglobo.com.br
há menos de dez anos. A pan- cinas e castração. a especialista em Desenvolvi-
-
demia acelerou a procura. As — Diversos fatores contri- mento Humano Fabiola Mu- Vargas (FGV), diz que é funda- OS SERVIÇOS OFERECIDOS

R ede credenciada para con-

sultas, exames, interna-
ção e cirurgias e até trata-
mentos como acupuntura ou
fisioterapia. Pode parecer a
cobertura de um plano de
saúde tradicional, mas são
serviços voltados aos mem-
bros pet da família. O merca-
do de seguros e planos de saú-
de do país ainda cobre uma
fatia pequena da população
de cães, gatos e outros ani-
mais de estimação, mas está
em franca expansão.
Empresas que atuam na área
estimam que cerca de 250 mil
pets são cobertos por planos
de saúde no Brasil. O número
representa apenas 0,24% dos
101,4 milhões de cães e gatos, a
maioria dos 167 milhões de
animais de estimação brasilei-
ros. Com uma carteira a ser
conquistada, novas empresas
têm entrado no mercado, en-
quanto operadoras já consoli-
dadas têm até triplicado seu
número de usuários.
Um estudo global publica-
do pela revista da Confedera-
ção Nacional dos Seguros
(CNSeg) estima que as ven-
das mundiais de seguros para
pets cheguem a US$ 38,8 bi-
lhões até 2030, a uma taxa de
crescimento de 11% ao ano.
No Brasil, operadoras de pla-
nos para animais de estimação
já contabilizam aumentos re-
levantes na carteira de usuári-
os. A Petlove, que oferece o ser-
viço numa parceria com a
Porto Seguro, já tem 160 mil
animais cobertos por três
tipos de plano, a maior
parte cachorros, princi-
palmente os vira-latas e
das raças Shih-Tzu e
Yorkshire. O número
de segurados é três
vezes maior do que
o contabilizado
pela empresa em
2020. Nos pri-
meiros cinco
meses deste
ano, o cresci-
mento foi de
46%.
— Essa so-
lução é muito
recente, com
pessoas passaram a ficar mais
com seus pets em casa, obser-
var mais o comportamento
deles e buscar por atendimen-
to de saúde de maior qualida-
de —diz Fabiano Lima, CEO
de Saúde da PetLove.
PARA CONTROLAR GASTOS
Ointeresse do consumidor es-
tá atraindo novos players para
esse mercado. O Banco Inter
lançou seu plano de saúde pet
há cerca de dez dias, com foco
em tutores de até 30 anos e nos
idosos que moram sós com
seus animais. A rede credenci-
ada já tem cerca de 2,5 mil es-
tabelecimentos, principal-
mente no Sul e no Sudeste.
Outra seguradora que atua
no setor é a Ciclic, insurtech
da BB Seguros. A maior parte
dos usuários são cães. Geral-
mente, os contratos come-
çam nos dois primeiros anos
de vida, perío-
do que gera
mais cus-
buíram para o crescimento da
demanda, como o aumento da
quantidade de pets nas famíli-
as e a preocupação dos tutores
com o controle financeiro.
Quem tem pet, sabe que de
uma hora para outra pode de-
sembolsar valores elevados, e
não previstos no orçamento,
em emergências — afirma
Bruna Melo, diretora de Ope-
rações da Ciclic.
Com sede em Campinas,
interior de São Paulo, e 1,2
mil estabelecimentos cre-
denciados em vários esta-
dos, a Pet Mais Vida tem ob-
servado um crescimento
constante da clientela.
— Temos muitos clientes
que contratam os planos
quando vão fazer as vacinas
dos filhotes e ficam ao longo
da vida do animal. O cresci-
mento é progressivo, mês a
mês, mas teve um boomdesde
2020 — conta Ana Márcia
Oliveira, gerente de Quali-
dade da marca.
A questão financeira
Sem sustos. Fabiola chegou a gastar R$ 2 mil
em único dia com o buldogue Harvey: o plano
deu maior previsibilidade de gastos
niz, de 52 anos, a contratar um
plano de saúde para seu buldo-
gue francês Harvey Specter.
OLHAR CLÁUSULAS COM LUPA
O cãozinho, prestes a com-
pletar dois anos, passou por
uma série de crises alérgi-
cas. Consultas, exames e
tratamentos fizeram a tuto-
ra gastar até R$ 2 mil em um
único dia. A opção de aderir
a uma assistência de saúde
surgiu após um vizinho in-
dicar uma veterinária que
aceitava o plano.
— Nunca tinha pensado
nessa possibilidade. Fiz toda a
castração no particular, gastei
R$ 1,8 mil. Com a alergia dele,
quase fali. Cada emergência
era uma fortuna. Como traba-
lhava na contratação de pla-
nos corporativos, tinha muito
medo de pegadinha de con-
trato. Mas dei uma canseira
no consultor, perguntei tudo,
tirei todas as dúvidas e fui
atendida com muita transpa-
rência —conta Fabiola.
mental verificar quais os pro-
cedimentos cobertos e tam-
bém se há carência: O que conferir no contrato
—É preciso olhar com lu- Cobertura: Verifique atentamente
pa as cláusulas que deta- se coberturas como cirurgias,
lham a cobertura, para evi- internação e tratamentos para
tar, futuramente, precisar câncer estão incluídos.E danos por
de um atendimento e estar terceiros ou traumas,quando o
desprotegido, ou pagar por animal sofre um acidente.
serviços poucos relevantes. Regiões: É importante conferir as
A Superintendência de Se- regiões onde a cobertura está dispo-
guros Privados (Susep) regu- nível,principalmente quando se
la as apólices para animais há costuma viajar com os pets.
alguns anos, em um modelo Carência: Alguns dos serviços
que antes era mais procura- preveem carência para determi-
do para atividades pecuárias, nados procedimentos.Observe.
como gado reprodutor ou Teto de atendimento: Confira se
durante o transporte de ani- há um limite de procedimentos por
mais. Os primeiros contra- determinado período de tempo ou
tos focados em pets surgiram cobrança de coparticipação (per-
há cerca de oito anos, opera- centual do valor do atendimento).
dos principalmente por se- Deu problema? As denúncias
guradoras, mas crescem as contra seguradoras podem ser
ofertas fora do segmento, in- feitas pelo portal Consumidor.gov-
clusive por redes de clínicas .br.Quando o plano não é de segura-
veterinárias. dora,o caminho são os Procons ou a
Coordenadora da área de Di- Justiça,diz Gustavo Kloh,da FGV.
reito da Escola de Negócios e
Seguros (ENS), a advogada
Angelica Carlini explica que a O que as empresas oferecem
Susep autoriza esse tipo de PetLove: Planos de R$ 69,90 a R$
produto, mas não há no país 209,90 mensais.Rede credenciada
uma resolução específica para com 3 mil estabelecimentos. Cober-
assistência à saúde de pets. tura: consultas,exames,vacinas,
Sem a regulamentação, diz, atendimento em domicílio e crema-
consumidores que optam por ção.O mais caro inclui exames de
serviços fora do mercado segu- alta complexidade,cirurgias, fisiote-
rador “podem ficar mais vul- rapia e acupuntura.Prevê copartici-
neráveis”, já que não estarão pação.Carência de 45 a 120 dias.
sob as regras da Susep. Todos Pet Mais Vida:Oito tipos de planos,
os contratos, no entanto, estão de R$ 75 a R$ 381 por mês,para
submetidos ao Código de De- uma rede de 1,2 mil estabelecimen-
fesa do Consumidor (CDC). tos.Cobertura: pode ser apenas de
Para Angelica, a regulamen- exames laboratoriais.Nos planos
tação deveria ser feita pela mais caros,há consulta,castração,
Agência Nacional de Saúde vacinas,internação e até banho e
Suplementar (ANS): tosa.Sem coparticipação.Há proce-
— O modelo é muito dimento com carência.
parecido com o de pla- Banco Inter: De R$ 39,90 a R$
nos para pessoas. O Di- 89,90 mensais,com coparticipa-
reito, hoje, tende a não ção e carência de até 180 dias.
considerar animais Cobertura: a versão básica cobre
como objetos, então consultas,vacinas,exames e inter-
não seria o caso de fi- nação.APlus,ecocardiograma,
car com a Susep. castração e outras cirurgias. Rede:
Procurada, a 2,5 mil estabelecimentos.
ANS explicou que VetGuard:Três planos,de R$ 69,90
seria preciso alte- aR$ 176 por mês.Cobertura: con-
rar a lei para que es- sulta,cirurgia,internação e exames.
ses contratos en- Pode ter coparticipação.Carência de
trassem em seu até 90 dias.Credenciados no Rio,
escopo de re- em São Gonçalo e em Niterói.
gulação.
ARQUIVO PESSOAL

MALA DIRETA
Problemas com empresas podem ser enviados a esta coluna pelo formulário disponível em oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/reclamacao

mas não consegui registrar o CRM Um mês após o envio, a orienta-

Atendimento ruim
Tentei agendar uma coleta domi-
ciliar de exames laboratoriais para
minha mãe (idosa e segurada). A
única rede que atendia pela SulA-
mérica se disse impedida de fazer
a coleta domiciliar pela operadora.
ASulAmérica me orientou a fazer
o agendamento pelo aplicativo,
do médico solicitante.Entrei pelo
WhatsApp e,depois de uma longa
esgrima com o robô,o contato
caiu.Foram 4 horas de tentativas
por todos os canais disponíveis
para não chegar a lugar algum.
WALTER ARAUJO ZIN
RIO
ASulAmérica diz ter esclarecido o
leitor sobre o agendamento.
Como trocar?
Comprei uma mesa na Casa&Vi-
deo, mas ela não se firma na
posição 90 graus. Quero trocá-la,
mas não consigo falar com a
empresa para me orientar.
JULIANA CAMPELO
RIO
A Casa&Video autorizou a troca.
Plano de saúde
Minha filha nasceu em 28 de
março e, até agora, o mais difí-
cil, tem sido lidar com a buro-
cracia da Golden Cross para
reembolso. Primeiro me orien-
taram a enviar o pedido de
reembolso em meu nome, por
minha filha ser recém-nascida.
ção era que deveria ser no no-
me dela e era preciso mandar a
justificativa da médica para os
exames do pezinho. Uma buro-
cracia infinita.
GERALDO LUIZ DO VALLE
RIO
A Golden Cross informa ter
esclarecido o leitor sobre o
reembolso solicitado.
Negativada, eu?
Recebi um cartão Nubank que não
pedi nem usei.Agora dizem haver
uma conta em meu nome,com
financiamento,e fui negativada.
NATALIA GIOVANINI BUSNARDO
RIO
O Nubank diz ter contatado a
cliente.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023
G igante do setor de fertili-
zantes, a norueguesa Yara
tem no Brasil sua maior opera-
ção em volume nos mais de
120 países onde comercializa
seus produtos. Por isso, acaba
de investir mais de R$ 2 bi-
lhões na ampliação de sua uni-
dade em Rio Grande (RS), co-
mo forma de reduzir a depen-
dência do agro brasileiro de
fertilizantes importados, so-
bretudo após a invasão da
Ucrânia pela Rússia, maior
produtora global. Em entrevis-
ta ao GLOBO, Marcelo Altieri,
presidente da Yara Brasil, co-
memora a volta do interesse da
Petrobras no setor e não des-
carta uma possível parceria.
Como a Yara se reorganizou
com a invasão da Ucrânia pela
Rússia?
Antes da guerra, tínhamos
uma parte importante das ma-
térias-primas que vinham de
Rússia e Bielorrússia (Bela-
rus). Paramos completamen-
te. Hoje, a dependência russa é
zero. Não importamos nada e
não temos relação comercial.
Buscamos novos fornecedo-
res de matérias-primas, como
EUA, Canadá, Jordânia e par-
tes da África. Estamos em mais
de 120 países onde comerciali-
zamos produtos e 60 onde te-
mos operações próprias. Di-
versificamos o risco. Não se vê
saída fácil para o conflito. A
Noruega não é parte da União
Europeia, mas segue regula-
mentações e sanções. É tam-
bém um tema moral. Difícil
pensar que, de alguma forma,
você está contribuindo para fi-
nanciar a guerra comprando
produtos de lá.
reduzir a importação de ma-
Como a Yara está posicionada téria-prima. Para isso, o Bra-
no Brasil,que importa 85% do sil deveria produzir mais ma-
fertilizante que consome? térias-primas, como fósforo
O mercado de fertilizantes e potássio. Isso requer inves-
esperado para este ano no timento em mineração. Há
Brasil é entre 44 milhões e 45 outros lugares no mundo on-
Revestimentos de grife: aparência é tudo!
Produtos sofisticados, com novos cortes, texturas e desenhos, viram os queridinhos do mercado brasileiro
MORARBEM
E studo da Think With
Google, um espaço da
plataforma destinado a
ideias, tendências e pes-
quisas em marketing digi-
tal, mostrou que, em
2021, 57% dos brasileiros
planejavam continuar in-
vestindo em suas residên-
cias quando o isolamento
social imposto pela pan-
demia terminasse. Ao que
tudo indica, mantiveram a
intenção: um levanta-
mento do Instituto Brasi-
leiro de Economia (Ibre),
em parceria com a Associ-
ação Nacional dos Comer-
ciantes de Material de
Construção (Anamaco),
mostrou que o faturamen-
to do setor de varejo de
material de construção
cresceu 2,5% em 2022.
Para este ano, a entidade
estima aumento de 3%.
Não por acaso há um bo-
om de novidades no mer-
cado, em especial no setor
de revestimentos, o queri-
dinho da vez de quem so-
nha em dar um tapa no vi-
sual da casa. Os lança-
mentos de produtos de
grife, sustentáveis ou em
materiais clássicos, vêm
ganhando novas versões.
— Na pandemia, os re-
vestimentos com tons de
ENTREVISTA
Marcelo Altieri / PRESIDENTE DA YARA NO BRASIL
À frente da gigante norueguesa de insumos agrícolas, que produz no Brasil
e tem aqui seu maior volume de vendas e 10% de suas receitas, executivo
explica que é difícil reduzir a dependência externa do agro nessa área
BRUNO ROSA bruno.rosa@oglobo.com.br
‘NÃO HÁ SOLUÇÃO
RÁPIDA PARA A
IMPORTAÇÃO DE
FERTILIZANTES’
milhões de toneladas. No
ano passado, foi em torno de
41 milhões de toneladas. A
Yara segue a tendência desse
mercado. A diferença é que
temos produção aqui. No
ano passado, ampliamos a ca-
pacidade da unidade em Rio
Grande, passando de 600 mil
toneladas de produção local
para 1,1 milhão, quase o do-
bro. Mas temos que receber
matéria-prima, pois a Yara
não atua na mineração. Pre-
cisamos importar itens co-
mo fósforo e potássio.
No governo anterior,foi criado
um plano nacional para reduzir
a dependência externa do país
de fertilizantes até 2050.Qual
é a importância disso?
Não há uma solução para
DIVULGAÇÃO/YARA
terra ganharam muito for-
ça. Neste ano, porém, tanto
na Semana de Design de
Milão quanto na Bienal de
Arquitetura de Veneza, as
paletas mais iluminadas,
com tons solares, chegaram
com tudo. Até os amarelos
apareceram —observa o ar-
quiteto Celso Rayol, vice-
presidente de Relações Ins-
titucionais da Associação
Brasileira de Escritórios de
Arquitetura (AsBea).
de você consegue fazer mine-
ração com menor impacto
ambiental. O plano nacional
continua. O governo atual es-
tá muito ativo. Participamos
das conversas, mas é algo de
médio e longo prazo. Até
2050, não vemos um cenário
que solucione rapidamente
essa dependência.
Integrantes do governo
Lula têm falado sobre a
Petrobras voltar a
investir nesse setor.
Como vê essa
possibilidade?
É fantástico.
O Brasil tem
potencial pa-
ra produzir
alimentos e
precisa de
fertilizan-
tes, da Pe-
trobras ou
de outra
empre-
sa
conferem elegância ao ambiente
Além de cores mais lu-
minosas, os revestimen-
tos estão ganhando outras
bossas. Com técnicas
mais avançadas de extra-
ção — e menos agressivas
ao meio ambiente —, pe-
dras como o quartzito po-
dem ser trabalhadas em
novos cortes, texturas, ra-
nhuras e desenhos. As-
sim, um material consa-
grado e querido dos brasi-
leiros passa por uma reno-
Em 2022,a Yara conversou com
aPetrobras para comprar uma
que possa produzir. Vejo com fábrica no Paraná...
bons olhos. Vai contribuir
muito para a agricultura. Co- mas sempre estamos, é verda-
meça verdadeiramente a redu- de, analisando opções. E isso
zir a dependência estrangeira. toda a indústria sempre faz.
APetrobras seria uma
concorrente ou parceira? Ela
tem falado em
investimentos com
outras
empresas...
Estamos to-
dos juntos pa-
ra desenvolver
a agricultura
no Brasil. O
PORTOBELLO/DIVULGAÇÃO
Tendência. Revestimentos em
tons de terra ou grafite
vação, ampliando seu le-
que de consumidores.
Omesmo vale para o por-
celanato. Se há alguns anos
havia preconceito com o
material, por parecer fake
em relação ao original, ago-
ra, é possível ter um piso
frio com cinco ou seis varia-
ções dos veios da madeira,
tonalidades irregulares
(como no original) e até
texturas mais aproximadas
à clássica tábua corrida.
mercado cresce dois dígitos
comparado ao mercado glo-
bal. Mesmo que haja produ-
ção local, sempre vai precisar
de importação. Precisamos
estar todos juntos. Então, a
Petrobras é uma boa parcei-
ra. Somos um líder global de
produção de fertilizantes e
sempre estamos abertos a
construir parcerias com o go-
verno e com a indústria pri-
vada para desenvolver nosso
negócio e a agricultura.
AYara compraria itens da
Petrobras?
Podemos comprar ou não.
Vai depender da competitivi-
dade. E não é só preço. É como
podemos combinar os dife-
rentes nutrientes para ofere-
cer o melhor para o agricultor.
Não falo de especulações,
Qual é vocação do Brasil na
área de fertilizantes?
O sistema agrícola no Bra-
sil é muito resiliente. No au-
ge da pandemia, o mercado
continuou crescendo. O
agricultor brasileiro está
sempre na frente. E, agora,
com a volta da normalidade,
o crescimento só pode ser
maior. É uma terra de opor-
tunidades para produzir
mais alimentos, mas tem que
evoluir para produzir não só
de maneira sustentável, mas
de maneira a devolver ao
ambiente o que foi retirado
no passado, com sistema
de agricultura regenerati-
va. Essa é a oportunidade
que o Brasil tem como o
próximo passo.
Uma demanda do setor é
—Revestimentos que re-
plicam as cores e texturas
de madeira, pedra e cimen-
tícios são os mais procura-
dos, pois oferecem uma es-
tética natural e versatilida-
de em diferentes estilos de
decoração —afirma o dire-
tor de Operações da Cha-
tuba, Eduardo Dourado.
NOVIDADES
Segundo a Associação Na-
cional dos Fabricantes de
Cerâmica para Revesti-
mentos, Louças Sanitári-
as e Congêneres (Anfa-
cer), o Brasil é o terceiro
maior produtor de cerâ-
mica do mundo, segundo
maior consumidor e séti-
mo maior exportador. Ser
referência no ramo obriga
a indústria a correr atrás
de novidades.
Economia | 21
a produção de fertilizantes
verdes.AYara pretende atuar
nessa área?
Sim. Estamos evoluindo
nosso modelo de negócio para
deixar de ser uma empresa
que só entrega fertilizante pa-
ra o agricultor. Queremos cri-
ar um futuro alimentar positi-
vo. Hoje há uma grande pres-
são para reduzir emissões (de
gases estufa). Estamos redese-
nhando nossos processos pro-
dutivos para que a produção
seja 100% com energia reno-
vável. Hoje, por exemplo, usa-
mos ferramentas digitais para
permitir que o agricultor, com
base em informações de satéli-
te e de análise de solo, por
exemplo, possa ter um uso
mais racional e mais balancea-
do dos nutrientes. Reduzimos
em 15% as emissões de produ-
ção em uma mesma proprie-
dade e aumentamos entre 7%
e 8% o rendimento. Estamos
cobrindo 8 milhões de hecta-
res com esse monitoramento.
Neste ano, vai crescer 20%,
para 10 milhões de hectares.
Os agricultores já sentem
pressão por um processo mais
sustentável?
Ainda não, mas em algum
momento, quando você quiser
chegar com seu produto a
mercados como os da Europa,
vai ter que justificar suas
emissões. E se emitiu mais, vo-
cê vai ter que pagar uma tarifa.
Fizemos uma pesquisa na Eu-
ropa no fim do ano passado, e
75% dos consumidores finais
já querem ver na embalagem
quais foram as emissões do ali-
mento. E 50% estavam dispos-
tos a pagar um preço maior.
O investimento em
sustentabilidade vai ser um
fator de competitividade?
Será, em mercados que es-
tão mais evoluídos nessa re-
gulamentação.
A Lepri, empresa de
cerâmicas rústicas, usa
técnica própria para rea-
proveitar rejeitos de mi-
neração na fabricação de
pisos e revestimentos: ho-
je, 50% dos produtos têm
em sua composição mate-
riais descartados, como
vidros de telas de TVs, mo-
nitores de computadores,
cinzas da queima da lenha
e lâmpadas fluorescentes.
Em outra frente, a Porto-
bello investe em parcerias
com grandes nomes nacio-
nais e internacionais e, em
sinergia com Oskar Metsa-
vaht, fundador e diretor de
criação da Osklen, lançou
a linha Ipanema, com pe-
ças inspiradas no bairro
homônimo. Segundo a di-
retora de Inovação e Bran-
ding da companhia, Chris
Ferreira, o consumidor
aprecia revestimentos que
combinam beleza estética
com durabilidade e facili-
dade de manutenção.
—O Metsavaht soube in-
terpretar a beleza de Ipane-
ma e transformá-la em um
conceito contemporâneo e
carioca. A assinatura de
grife pode ser um elemen-
to de vendas interessante
para consumidores que va-
lorizam marcas renoma-
das e as associam a qualida-
de e prestígio — diz ela.
22 | Domingo 11.6.2023
Mundo
VIZINHOS DISTANTES
Falta de voos encarece viagens e
dificulta interação entre Brasil e África
VINICIUS ASSIS
Especial para o GLOBO
internacio@oglobo.com.br
CIDADE DO CABO
-
A dalton e Fernanda Bar-
bosa vivem na África do
Sul há quatro anos e ainda
não sabem quando conse-
guirão visitar a família na
Bahia. A última vez que os
modelos viajaram para o
Brasil foi em outubro de
2021. Vontade não falta: o
problema é a falta de voos
diretos, que eleva os preços
das passagens e torna a via-
gem muito mais cara e lon-
ga, com conexões e escalas.
—A gente até tentou ir de
novo recentemente, mas os
preços estão surreais. Impos-
sível de pagar — lamentou
Fernanda, que não topou no
momento gastar cerca de R$
5 mil com a viagem demora-
da e cheia de escalas.
MAIS CARO QUE TÓQUIO
O que o casal vive é uma reali-
dade: apesar de serem “vizi-
nhos”, Brasil e África sofrem
com a falta de voos. Mesmo
com fortes laços históricos e
culturais e um comércio anual
que atinge US$ 21,3 bilhões
(R$ 103,9 bilhões), há quase
nenhuma conectividade por
via aérea entre esses dois lados
do Atlântico, o que impacta
não só nas relações familiares,
mas, sobretudo, nos negócios
eno turismo. A corrente de co-
mércio Brasil-África, que che-
gou a 5,9% do total brasileiro
em 2014 —quando o país ti-
nha 37 embaixadas no conti-
nente —caiu para 3,5% do to-
tal brasileiro em 2022.
Hoje em dia para voar de São
Paulo ou do Rio para grandes
cidades africanas como Johan-
nesburgo, Dacar, Lagos, ou
Cairo é mais caro —e por vezes
despende mais tempo — do
que ir a locais muito mais dis-
tantes, como Tóquio ou Du-
bai, segundo levantamento
feito pelo GLOBO para voos
em meados de junho, com pes-
quisa realizada com três sema-
nas de antecipação.
Apenas dois países, dos 54
que compõem o continente
com cerca de 1,4 bilhão de ha-
bitantes, estão ligados direta-
mente ao Brasil: Angola e Etió-
pia, contando com 12 voos en-
tre suas capitais, Luanda e Adis
Abeba, respectivamente, e São
Paulo. No auge, no começo de
2020, eram 32 voos diretos en-
tre o continente africano e o
Brasil por semana, que parti-
am também de Cabo Verde,
África do Sul e Marrocos e che-
gavam ainda a Fortaleza.
FALTA DE CONCORRÊNCIA
Mas mesmo cidades com voos
diretos do Brasil têm custos
maiores que para outros desti-
nos: um voo direto, apenas ida,
de São Paulo com destino a Lu-
anda demora 8h20 e não sai
por menos de R$5.995. Para
Nova York, com um voo de
cerca de 10 horas, a passagem
para o mesmo dia, e comprada
com a mesma antecedência,
sairia por R$ 2.805. Também
quem quiser sair do aeroporto
internacional de Guarulhos
de Ethiopian Airlines para
CARO E DEMORADO
Preços das passagens (só ida), partindo de Guarulhos (SP)*, em reais
Nova York
1
Guarulhos
(SP)
PELO MUNDO
1 Nova York - 2.806 (tempo de voo - 9h50)
2 Dubai - 3.844 (14h)
3 Tóquio - 4.306 (31h, duas escalas)
4 Paris - 5.015 (11h20)
5 Moscou - 5.162 (30h30, 1 escala)
Turismo distante
Brasileiros visitando a África do Sul
100
80 70.539
77.261
60
40
19.388
20
5.366
0 33
2018 2019 2020 2021
O mapa dos voos
VOOS DIRETOS ENTRE BRASIL E PAÍSES AFRICANOS
QUE EXISTIAM E FORAM ENCERRADOS NA PANDEMIA
São Paulo
(expect. De retorno em setembro/23)
São Paulo
Fortaleza
São Paulo
Fontes: Itamaraty, Stats SA, Companhias aéreas, sites de pesquisa de passagens e Mdic.
Adis Abeba,em voo de 12h , vai
desembolsar R$ 7.209.
—Acredito em três tripés
para explicar a situação: eco-
nômico, político e a questão
imigratória. Mas claro, ressal-
tando, a Covid embaralhou tu-
do e ainda estão recuperando
—afirmou o especialista em
aviação André Soutelino, só-
cio da A.L.D.S. Sociedade de
Advogados, que lembra que,
em seu auge, a Varig voava
também para Maputo, Abd-
jan, Cidade do Cabo, Luanda,
Lagos e Johannesburgo.
Na maioria dos casos, po-
rém, não há voos diretos. Até
2020 havia 12 voos diretos se-
manais ligando Brasil e África
do Sul, um dos países africanos
com mais brasileiros vivendo e
| OGLOBO
TERRORISTA AMERICANO PARA
ACESSAR
Morre Ted Kaczynski, o ‘Unabomber’ APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Gênio que virou recluso matou três pessoas com bombas caseiras entre 1978 e 1995 O QR CODE
visitou mais de 40 países, mas
apenas um africano: a África
do Sul. Para voltar ao Brasil da
Cidade do Cabo, escolheu um
longo caminho, com escala
em Istambul.
—Eu procuro sempre eco-
nomizar, paguei US$ 580 nes-
sa passagem. Se eu optasse por
um outro, eu pagaria três vezes
mais. É cansativo, exaustivo,
mas compensa —contou.
A prefeitura da Cidade do
Cabo quer voos diretos vindos
do Brasil, sem depender de Jo-
hannesburgo. O conselheiro
do Comitê Municipal de Cres-
cimento Econômico da cida-
de, James Vos, e Enver Du-
miny, CEO da organização ofi-
Moscou 5
cial de marketing de destino
da cidade, Turismo da Cidade
do Cabo (CTT, sigla em in-
Paris 4 glês), estiveram no Brasil em
Tóquio abril discutindo a criação de
Dubai
3 um corredor comercial e de vi-
2
agens Sul-Sul. Na agenda hou-
ve reuniões com executivos de
companhias aéreas e autorida-
9 Adis Abeba des no Rio e em São Paulo, co-
Luanda
mo a secretária municipal de
8
Relações Internacionais da ca-
pital paulista, Marta Suplicy.
7 Johannesburgo
A Cabo Verde Airlines tam-
bém promete retomar ainda
6 Cidade do Cabo
este ano voos diretos para o
Brasil, suspensos com a pan-
PARA A ÁFRICA
demia, mas não informa deta-
6 Cidade do Cabo - 5.389 (56h, três escalas) lhes. A Nigéria é outro país que
7 Johannesburgo - 5.910 (43h35, duas escalas) pensa em implementar voos
8 Luanda - 5.995 (8h20) diretos do Brasil, mas não há
9 Adis Abeba - 7.209 - (12h) - um plano claro. A Linhas Aé-
preço é 156% mais caro que para Nova York reas de Moçambique (LAM),
que enfrenta problemas finan-
Negócios menos relevantes Representação ceiros, divulgou a intenção de
Corrente de Comércio em baixa voar para novos destinos, in-
(soma de exportações e Embaixadas
importações) Brasil-África brasileiras na África cluindo o Brasil, mas sem es-
pecificar como fará isso.
2014
US$ 26,8 bilhões
Também está marcado para
2014
setembro o início de voos dire-
5,9%
% da
37 tos entre o Egito e o Brasil. Será
corrente de
2022 comércio do
um voo charter semanal entre
14.727 US$ 21,3 bilhões Brasil Cairo e São Paulo pela espa-
2022
3,5% nhola Master Flights, que es-
pera voos lotados:
2022
— Mesmo sem voo direto,
cerca de 40 mil brasileiros via-
VOOS DIRETOS QUE NÃO FORAM jaram para o Egito no ano pas-
INTERROMPIDOS DURANTE A PANDEMIA sado —justifica o CEO da em-
Johannesburgo São Paulo Adis Abeba presa, Alfonso Martinez.
Luanda (retomados) NOVA ROTA PROMETIDA ESTUDANTES NO BRASIL
Ilha do Sal (Cabo Verde) São Paulo Cairo
A operadora de turismo brasi-
Marrakesh (setembro /2023) leira Kika Ermel diz que os al-
tos preços das passagens entre
Editoria de Arte
Brasil e países africanos afe-
DIVULGAÇÃO ARQUIVO PESSOAL
tam diretamente o fluxo do tu-
rismo e geram prejuízos deste
lado do Atlântico:
—Para um estudante africa-
no ir ao Brasil, por exemplo,
ele vai pagar mais caro —com-
pletou, lembrando que o Bra-
sil é uma referência acadêmi-
ca em países de língua portu-
guesa da África.
Dois agentes de turismo na
África afirmaram ao GLOBO
—sem se identificar, por me-
do da reação das aéreas— que
a falta de concorrência tam-
bém afeta os preços. Nas rotas
europeias, americanas e asiáti-
cas há mais concorrência.
A ministra do Turismo da
África do Sul, Patricia de Lille,
disse à reportagem estar entu-
também um dos mais visita- brasileiros vieram para o país, Restrições. siasmada com a promessa de
dos por turistas do Brasil, ope- opior ano foi 2021, quando es- Os modelos retorno de voos entre São
rados por Latam e South Afri- te número caiu para 5.366 pes- Fernanda e Paulo e Johannesburgo, apos-
can Airways. Mas foram sus- soas, segundo dados do gover- Adalton, que tando que isso impulsionará o
pensos pela pandemia e não no sul-africano. No ano passa- vivem na África turismo dos dois lados:
voltaram. A empresa latina fez do, 14.727 brasileiros desem- do Sul, e —O Brasil é um país apreci-
uma nova promessa: retomar barcando no país, principal- a turista ado por muitos sul-africanos,
três voos semanais a partir de mente em dezembro. Cristina relatam e há muitas semelhanças en-
setembro, mas a aérea já havia O presidente do Instituto problemas tre nossos países e nossas vi-
anunciado outras datas que Brasil-África (Ibraf), João Bos- com voos. brantes ofertas turísticas, in-
não foram cumpridas. co Monte, comemorou a nova cluindo incríveis experiênci-
—A gente parou de vender promessa de voos da Latam as culturais que os brasileiros
[o destino] África do Sul desde para o continente: desfrutarão na África do Sul.
a pandemia — disse Renata —Sem voos não há negó- Como parceiros das nações
Rossi, diretora comercial de cios. Os empresários preci- do Brics [grupo que reúne
uma operadora de turismo. — sam ter uma boa malha aé- Brasil, Rússia, Índia, China e
O motivo foi exatamente a fal- rea para que os deslocamen- África do Sul], esperamos
ta de voos diretos.Há cinco tos sejam mais fáceis, rápi- avançar nesta integração.
anos, os brasileiros estavam dos e baratos —afirmou. (Colaboraram Pedro Gui-
entre as 10 nacionalidades que A engenheira Teresa Cristi- marães, estagiário sob a su-
mais visitavam a África do Sul. na Tarsia gosta de viajar. Ao pervisão de Leda Balbino, e
Desde 2019, quando 77.216 longo da vida, ela disse que já Geralda Doca, de Brasília)
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023
ELIANE OLIVEIRA
elianeo@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
N ão é apenas a falta de
voos diretos que afasta
o Brasil da África. A ausên-
cia de estratégia no último
governo fezcom que a regi-
ão ampliasse laços com pa-
íses como China, Espa-
nha, Índia, Rússia e Tur-
quia. Para tentar reverter
isso, o presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva quer fazer
ao menos duas rodadas de
viagens ao continuente
nos próximos meses, visi-
tando oito países.
Mas, ao contrário do que
ocorria em seus dois primeiros
mandatos, quando o estreita-
mento das relações do Brasil
com o continente tinha por
objetivo corrigir um déficit di-
plomático, Lula concluiu que
não basta “repetir receitas do
passado”, como diz a interlocu-
tores, e é fundamental atuali-
zar a política externa brasileira
voltada para a África. Segundo
um interlocutor do governo
brasileiro, desta vez, o relança-
mento das relações do Brasil
com a África, seguindo a ver-
tente da política de integração
Sul-Sul, trará uma mistura de
assistência — quando Lula,
em seus dois primeiros man-
datos, fazia doações de remé-
dios para Aids, transferia tec-
nologia da Embrapa, entre ou-
tros acordos de cooperação
mais sociais —com economia.
DUAS EMBAIXADAS
Segundo um interlocutor da
área diplomática, entre os
países que deverão ser visita-
dos pelo presidente brasilei-
ro, em duas rodadas que co-
meçam no início do segundo
semestre, estão Angola, Áfri-
ca do Sul, Moçambique, Se-
negal, Gana, Etiópia, Nigéria
e São Tomé e Príncipe. Há,
ainda, a perspectiva de rea-
bertura da embaixada em
Serra Leoa e de abertura de
uma representação do Brasil
em Ruanda.
A linha da diplomacia brasi-
leira é relançar as relações en-
tre Brasil e África, que foi prati-
camente deixada em segundo
plano pelo governo do ex-pre-
sidente Jair Bolsonaro. Entre
as datas previstas para as visi-
tas de Lula pelo continente es-
tão agosto, quando acontecerá
a reunião do Brics, em Johan-
nesburgo (África do Sul), e fe-
vereiro, na Etiópia, durante
reunião dos países da União
Africana. Espera-se que, já em
agosto, Lula tenha encontros
bilaterais com diversos chefes
de Estado e de governo da Áfri-
ca às margens da reunião do
Brics.
Em uma avaliação interna,
o continente africano tem
grande potencial econômico
e comercial e ainda pode con-
tribuir com o Brasil em temas
importantes da agenda inter-
nacional. Lula defende, inclu-
sive, que a África esteja pre-
sente no G20 —o grupo que
reúne as maiores economias
do mundo e será presidido pe-
lo Brasil em 2024 —através
da União Africana. Em seus
dois mandatos anteriores, o
presidente foi à região 12 ve-
zes e visitou 23 países.
No ano passado, a exporta-
ção do Brasil para a África foi
recorde da série histórica:
US$ 12,75 bilhões. O resulta-
do, porém, engana, porque é
apenas um pouco maior do
que os US$ 12,2 bilhões regis-
trados em 2011, no primeiro
ano do governo Dilma. Já a
corrente de comércio (soma
das exportações com as im-
portações) foi de US$ 21,3 bi-
lhões em 2022, praticamente
o mesmo patamar de 2010,
último ano do segundo man-
dato de Lula, quando somou
US$ 20,5 bilhões, e bem abai-
xo de 2013, melhor ano da sé-
Retomada. Lula ainda não viajou para o continente, mas já se reuniu com líderes africanos, como o primeiro-ministro da República de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, em maio em Brasília
Lula quer ir a oito países
africanos para reverter
‘apagão’ do Brasil com a região
Presidente brasileiro quer mudar estratégia de sua política externa para
englobar as nações da África, com um misto de assistência e foco econômico
rie, quando atingiu US$ 28,5
bilhões. O continente repre-
sentou 3,5% da corrente de
comércio do Brasil no ano
passado, abaixo dos 5,9% de
2014. As relações comerciais
pouco avançaram de lá para
cá e há países em que o in-
tercâmbio praticamente não
existe nas estatísticas, como
São Tomé e Príncipe.
No mês passado, o chance-
ler Mauro Vieira participou
de uma reunião, em Cabo
Verde, dos países que inte-
gram a Zona de Paz e de Coo-
peração do Atlântico Sul (Zo-
pacas). Há cerca de dez dias,
o chanceler brasileiro deu
início a um périplo que co-
meçou em Angola, seguindo
COMÉRCIO EXTERIOR As relações comerciais entre Brasil e África
BALANÇA COMERCIAL EM 2022 (em US$)
Exportações
12,8 bilhões
BRASIL
Balança comercial do Brasil com alguns países africanos que
poderão ser visitados por Lula em 2023 e 2024
640
milhões
87
milhões
766 2,7
milhões milhões
Angola Moçambique
*Total em 2021 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Afrochamber.
para a África do Sul e depois
para a Etiópia, país que sedia
a União Africana.
—Nos meus contatos des-
de a posse, é muito animado-
ra a resposta dos líderes afri-
canos à volta do presidente
Lula, e o número de convites
que já recebemos para visitas
de alto nível é um sinal claro
desse interesse. Com o apoio
da diplomacia presidencial, e
em resposta a esse interesse,
o Brasil vai recuperar, com
trabalho e diplomacia, o es-
paço perdido na África nos
últimos anos. Esse trabalho
já começou, e vai ser intensi-
ficado nos próximos meses
—disse o chanceler.
Dados da Afrochamber
Investimentos*
1,7 bilhão
SENEGAL
SERRA LEOA
Investimentos
321 milhões
1,7
bilhão
296
milhões
908 2,3
milhões milhões
África do Sul Senegal
Mundo | 23
RICARDO STUCKERT/PR - 2-5-2023
nharia, geralmente ligados
à presença de empresas de
construção civil brasileiras.
—É notável a presença da
China como um player glo-
bal nas relações com o conti-
nente, o que é justificado pela
apatia das demais nações em
não terem uma política eco-
nômica voltada para os paí-
ses africanos —disse Mucaje.
BUSCA DE NICHOS
Para Dawisson Belém Lopes,
professor de Relações Inter-
nacionais da Universidade
Federal de Minas Gerais, a
reaproximação do Brasil
(câmara de comércio Brasil- de habitantes —similar à po- com a África é fundamental.
África) mostram que, em pulação da China. A seu ver, o continente vem
2021, o estoque de investi- — Países como a Nigéria, sendo negligenciado, en-
mentos brasileiros no conti- com uma população de mais quanto China, Rússia, Índia,
nente africano foi de US$ 1,7 de 200 milhões de habitan- Turquia e outras nações ex-
bilhão. Já o total investido no tes, e a Guiné Equatorial, pandiram suas relações bila-
Brasil pelos países da região com cerca de 1 milhão de pes- terais com a região.
foi de US$ 321 milhões. soas, demonstram a diversi- —Essa expansão das rela-
dade de realidades que ções não deve ser nostálgi-
1,4 BILHÃO DE HABITANTES compõem este grande mo- ca, nem vista como o paga-
Rui Mucaje, presidente da saico continental —afirmou. mento de uma dívida histó-
Afrochamber, disse que a Ele lembrou que, até a dé- rica, e sim com uma pers-
África está cada vez mais no cada de 1990, houve um pectiva pragmática —disse .
centro das conversações glo- grande boom na inserção de Ex-embaixador do Brasil
bais, e o Brasil, como uma re- produtos brasileiros nos pa- nos Estados Unidos, na China
ferência mundial no agrone- íses africanos, principal- e na Alemanha, Roberto Ab-
gócio, é um potencial parcei- mente de máquinas e equi- denur reforça a ideia de que o
ro para os mercados africa- pamentos. Esses números Brasil tem uma dívida históri-
nos. Nascido em Angola, Mu- estão crescendo novamen- ca com os países africanos,
caje ressaltou que o continen- te, acompanhados pela ex- particularmente com as ex-
te africano tem hoje 1,4 bilhão pansão em serviços de enge- colônias portuguesas.
—Foi incrível, lamentável, o
total “apagão” do Brasil em re-
lação à África durante os qua-
tro anos de Bolsonaro como
pária no plano internacional.
Principais produtos
Para ele, o terreno que Lula
exportados
vai agora trilhar é muito dife-
rente das condições vigentes
açúcar, carnes de durante suas primeiras ges-
frango e bovina, tões. Como reconhece o go-
verno e alertam especialis-
NIGÉRIA ETIÓPIA óleos combustíveis,
milho e soja tas, de lá para cá a China se
faz intensamente presente
GANA
Principais produtos em toda a região, nos planos
RUANDA importados político-diplomático, co-
ANGOLA mercial e econômico. Neste
fertilizantes, petróleo, último caso, mediante a con-
Importações
MOÇAMBIQUE metais como prata e cessão de grandes volumes
platina, químicos e de financiamento para proje-
8,5 bilhões ÁFRICA DO SUL insumos industriais tos de infraestrutura e outros
empreendimentos como
construção civil, mineração
Exportações (US$) Importações (US$) e produção agrícola.
—O Brasil agora passa, de
BRASIL certo modo, a competir com a
China, mas temos que fazê-lo
mediante o encontro de “ni-
chos” onde temos condições
875
milhões
294
milhões
30,7
milhões
300
mil
28,7
milhões
favoráveis de atuação: por
exemplo, cooperação técnica,
2,2 8,6 400 400
formação de profissionais, for-
bilhões milhões mil mil matação de políticas públicas
de sentido social e ambiental,
Nigéria Gana Serra Leoa Ruanda Etiópia educação, intercâmbio cultu-
ral, técnicas inovadoras do
Editoria de Arte agronegócio.E por aí vamos.
 24 | Mundo Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

Acusações criminais são ‘ridículas’, afirma Trump

Ex-presidente adotou retórica enganosa em primeiro evento de campanha desde a acusação federal no caso
relacionado à retirada de documentos sigilosos da Casa Branca; republicano acusou Biden de ‘abuso de poder’

ANNA MONEYMAKER/GETTY IMAGES VIA AFP/10-6-2023

COLUMBUS, EUA me e afirmou sem evidências disse o ex-presidente, são uma
-
que os democratas são “crimi- “farsa” do “establishment polí-

O ex-presidente dos Estados

Unidos Donald Trump
participou ontem de seu pri-
meiro evento de campanha
desde que recebeu na quinta-
feira 37 acusações referentes a
sete crimes federais no caso re-
lacionado à retirada de docu-
mentos sigilosos da Casa Bran-
ca. No estado-pêndulo da Ge-
órgia, o primeiro ex-ocupante
da Presidência americana a vi-
rar réu criminal federal afir-
mou que o processo “ridículo e
sem embasamento” contra si é
uma “piada”, disse que o De-
partamento de Justiça tenta
interferir nas eleições presi-
denciais de 2024 e voltou a re-
petir mentiras sobre o pleito
de três anos atrás.
O republicano foi recebido
por sua base em Columbus,
uma das principais do estado
que foi um dos epicentros da
sua malsucedida cruzada para
reverter o voto popular em
2020, com gritos de “mais
quatro anos” e cartazes de “ca-
ça às bruxas”. Em um pronun-
ciamento de 80 minutos, ne-
gou ter cometido qualquer cri-
nosos” que realizam um “abu-
so de poder” contra seu maior
adversário político.
—As ridículas e sem emba-
samento acusações contra
mim feitas pelo Departamen-
to de Injustiça transformado
em arma pelo governo [do pre-
sidente Joe] Biden ficará mar-
cado como um dos maiores
abusos de poder da História
deste país —afirmou Trump.
—Biden está tentando pren-
der seu principal adversário
político, que o está derrotando
por uma grande margem nas
pesquisas, assim como faziam
na Rússia stalinista ou na Chi-
na comunista.
Ao contrário do que Trump
diz, contudo, o agregador de
pesquisas RealClearPolitics
mostra que se Trump confir-
mar seu favoritismo e vencer
as primárias republicanas, te-
ria menos intenção de voto
que Biden no pleito geral. De
acordo com o site, hoje o atual
presidente tem 45,5% de
apoio, contra 43,7% de seu an-
tecessor.
A estratégia do ex-presiden-
Estratégia. Trump aposta na retórica bélica para mobilizar base após se tornar réu no caso de documentos sigilosos
te foi retratar o processo con-
tra si como uma ação contra
seus apoiadores, apostando no
medo e no aprofundamento
de uma polarização já enorme
entre os eleitores americanos:
—Eles estão roubando, são
desonestos, são corruptos. Es-
ses criminosos não podem ser
recompensados, eles devem
ser derrotados —disse Trump,
aplaudido pela plateia. —No
fim, eles não estão vindo atrás
de mim, mas atrás de vocês. E
eu só estou no caminho. Aqui
estou e sempre estarei.
Trump afirmou que toda vez
que voa por um “estado azul”
—unidades federativas con-
troladas pelos democratas —
recebe uma intimação dife-
rente, referindo-se à pluralida-
de de imbróglios judiciais em
seu caminho. As acusações,
tico corrupto”, antes de decla-
rar que “não tem nada a escon-
der” e que forneceu os docu-
mentos solicitados pela Justi-
ça, algo negado pelos promo-
tores responsáveis pelo caso.
O ex-presidente deverá se
apresentar ao Tribunal Distri-
tal Federal de Miami na tarde
de terça para ser formalmente
notificado das acusações, e
convocou seus eleitores para
comparecem ao local em de-
monstração de apoio. Ele é ofi-
cialmente o primeiro antigo
ocupante da Casa Branca a vi-
rar réu criminal na esfera fede-
ral, pouco mais de dois meses
após tornar-se o primeiro réu
criminal na esfera estadual ao
ser acusado em um tribunal
nova-iorquino de falsificação
de registros comerciais antes
das eleições de 2016.
Após a passagem pela Geór-
gia, Trump foi para a Carolina
do Norte, onde também dis-
cursaram seu ex-vice-presi-
dente, Mike Pence, e o gover-
nador da Flórida, Ron DeSan-
tis, vice-líder nas intenções de
voto nas primárias.

Resgate de crianças dá trégua em

PRESIDÊNCIA DA COLÔMBIA/10-6-2023
anterior à semana passada, a
pior até aqui para o governo.
O apoio no Congresso está
crise que complica governo Petro fragilizado por acusações con-
tra o mandatário seu governo,
sob investigação por um caso
Sucesso das buscas veio após semana difícil para o presidente colombiano de escutas telefônicas ilegais e
suposta corrupção no financi-
amento de sua campanha pre-
sidencial. O escândalo centra-
BOGOTÁ tes de seguirem para a capital ea mãe das crianças, Magdale- lizado na braço direito do pre-
-
em um avião-ambulância. O na Mucutuy. Petro deixou, sidente, Laura Sarabia, e o en-

O s quatro irmãos indígenas

que passaram 40 dias per-
didos na Amazônia colombia-
na e foram resgatados na sexta-
feira foram transladados para
Bogotá durante a madrugada
de ontem e estão fora de peri-
go. As crianças foram visitadas
pelo presidente Gustavo Pe-
tro, para quem o resgate bem-
sucedido é um alívio parcial
em meio à crise maciça.
De acordo com o ministro
da Defesa, Iván Velásquez, as
crianças tem condições clíni-
cas “aceitáveis” após serem
resgatados de helicóptero e le-
vados para a cidade mais próxi-
ma, San José del Guaviare, an-
ministro destacou a coragem
da criança mais velha, Lesly, de
13 anos, que conseguiu man-
ter os irmãos mais novos vivos
sob condições adversas — in-
cluindo o bebê de 11 meses.
—Ela sempre cuidava deles
quando a mãe trabalhava. Da-
va-lhes pão de farinha, mandi-
oca, qualquer fruta do mato —
disse Fátima Valencia, a avó
das crianças, após o resgate.
Petro celebrou o “encontro
de saberes indígenas e milita-
res” na busca, acompanhada
por todo o país, desde 1º de
maio, após o Cessna 206 em
que viajavam cair matando
três adultos, entre eles o piloto
contudo, as atualizações sobre
o estado dos irmãos de 1 a 13
anos a outros porta-vozes.
A chamada “Operação Es-
perança” tem um desfecho po-
sitivo após seguir o rastro das
crianças em uma área de cerca
de 323 km² —área similar à de
Belo Horizonte —e falhas que
iludiram a nação. Em 17 de
maio, Petro anunciou errone-
amente que as crianças havi-
am sido resgatadas, o que cus-
tou credibilidade ao governo.
Oresgate veio horas após o a-
núncio de um esperado acor-
do de cessar-fogo de seis meses
com o Exército de Libertação
Nacional (ELN), que Petro vi-
No hospital. Petro cumprimenta enfermeira ao visitar crianças resgatadas
ajou para firmar em Havana.
O pacto inédito é o primeiro
passo concreto da campanha
pela “paz total” do presidente
colombiano, que tem o fim da
guerra de mais de meio século
no país como principal ban-
deira de seu governo, o primei-
ro de esquerda da História co-
lombiana.
Foram duas notícias positi-
vas para um mandatário que
acumula seus menores índi-
ces de aprovação desde que
chegou ao governo em agosto
do ano passado. A última pes-
quisa de opinião do instituto
Invamer, divulgada no dia 1º
deste mês, mostrava que
33,8% dos entrevistados apro-
vavam sua gestão, enquanto
59,4% o reprovavam.
O cenário pode ser ainda pi-
or, já que o levantamentos é
tão embaixador na Venezuela,
Armando Benedetti, outro ali-
ado próximo —ambos afasta-
dos do governo no último dia 2
—ganhou um novo capítulo
na sexta-feira.
Uma tenente-coronel da po-
lícia, que trabalhava na segu-
rança da Presidência, foi en-
contrado morto em seu veícu-
lo com um tiro na cabeça,
eclipsando em parte o resgate
das crianças. Óscar Dávila ha-
via dado seu depoimento à Jus-
tiça e, segundo seu advogado,
recebia ameaças. Petro disse
que a morte foi um suicídio
mas isso ainda não foi confir-
mado pelos investigadores.

Após críticas de Putin, Zelensky palmente na frente sul, nos úl-

timos seis dias. Sudão tem novo cessar-fogo
se nega a detalhar contraofensiva
Putin assegurou que o
Exército ucraniano não atin-
giu “seu objetivo” e sofreu
com população cética
perdas significativas. Já o ONGs indicam que guerra já deixou 1.800 mortos,
Presidente ucraniano afirmou apenas que confia nos militares de seu país porta-voz do Comando do e ONU calcula que há dois milhões de refugiados
Leste do Exército ucraniano,
Serguii Cherevati, informou
AFP
ontem, em declaração a uma
KIEV televisão, que as tropas ucra- CARTUM trégua, os habitantes de dife-
-
nianas conseguiram avançar- rentes bairros da capital su-

O presidente ucraniano, Vo-

lodymyr Zelensky, disse
ontem que o Exército de seu
país está com “ações contrao-
fensivas” no "front”, mas se ne-
gou a dar detalhes do grande
ataque que está sendo prepa-
rado há meses por seu Estado-
Maior. A declaração ocorre
um dia após o presidente rus-
so, Vladimir Putin, dizer que a
contraofensiva de Kiev já co-
meçou e que está “fracassan-
do” até o momento.
A afirmação de Zelensky
foi feita em uma entrevista
coletiva conjunta com o pri-
meiro-ministro canadense,
Justin Trudeau, que fez uma
visita surpresa a Kiev na ma-
nhã de ontem.
Apoio. O líder canadense, Justin Trudeau (esquerda), cumprimenta Zelensky
—Estão sendo realizadas
ações contraofensivas e de-
fensivas na Ucrânia, das
quais não vou falar em deta-
lhe —disse Zelensky. —Te-
mos que ter confiança nos
nossos militares, e eu tenho
confiança neles.
Na sexta-feira, Putin havia
dito que a grande contraofen-
siva ucraniana para repelir as
tropas de Moscou já havia co-
meçado. O Exército russo rela-
tou intensos ataques, princi-
1.400 metros ao redor da ci-
dade de Bakhmut depois que U
m novo cessar-fogo entrou danesa informaram que não
em vigor ontem no Sudão, haviam escutado nenhum
a Rússia reivindicou sua cap- onde os habitantes têm pou- bombardeio ou confronto.
tura em maio. A região é pal- cas expectativas de paz depois —Trégua de um dia é muito
co da batalha mais sangrenta de terem sido quebradas vári- menos do que esperamos —
da guerra. as tréguas durante este confli- disse Mahmud Bashir, mora-
Trudeau, por sua vez, anun- to que já dura quase dois me- dor da capital. —Queremos é
ciou uma ajuda de US$ 10 mi- ses e provocou uma grave cri- que esta maldita guerra ter-
lhões (em torno de R$ 48,7 se humanitária. mine.
milhões) para ajudar a Ucrâ- O Exército e os paramili- O conflito iniciado em 15 de
nia a lidar com as consequên- tares concordaram com abril entre o Exército, liderado
cias da guerra, e US$ 500 mi- um cessar-fogo de 24 ho- pelo general Abdel Fatah a-
lhões (cerca de R$ 2,4 bilhões ) ras começando às 6h no Burhan, e os paramilitares do
em auxílio militar adicional. horário da capital Cartum. general Mohamed Hamdan
—E anuncio hoje que o Ca- Esta nova trégua foi anun- Daglo já provocou mais de
nadá participará dos esforços ciada na sexta-feira pelo 1.800 mortos, segundo a orga-
multinacionais para treinar pi- mediador saudita. nização ACLED, de recolhi-
lotos de combate, manter e O objetivo é permitir “a mento de informação em zo-
apoiar o programa de aviões de chegada de ajuda humanitá- nas de conflito. A ONU estima
combate da Ucrânia —disse o ria a todo o país”. Três horas que há 2 milhões de desloca-
premier canadense. após a entrada em vigor da dos e refugiados.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023 | 25

PREVENÇÃO PARA

Saúde
ACESSAR

Anvisa aprova injeção contra HIV APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Cabotegravir é aplicado a cada 2 meses em esquema de profilaxia pré-exposição O QR CODE

ENTREVISTA

Daniel Goleman/ PSICÓLOGO

Especialista formado em Harvard, autor de ‘Inteligência Emocional’, ensina em
novo livro os caminhos da meditação até para os mais resistentes e inábeis

‘MEDITAR
DIVULGAÇÃO

AJUDA A
GERENCIAR
MELHOR A
SUA MENTE’
CONSTANÇA TATSCH nutos? Fica nas redes soci-
constanca.tatsch@oglobo.com.br
SÃO PAULO
ais? Então talvez pudesse
gastar os 5 minutos para
-
meditação. Se começar com

A
tualmente, muito 5 minutos está bom, pode ir
se fala sobre a me- para 10 mais tarde.
ditação e seus be-
nefícios. A práti- Muitas pessoas relatam
ca, no entanto, dificuldade em parar com os
parece algo inalcançável pa- pensamentos,relaxar a
ra boa parte das pessoas, que mente. O que fazer?
se consideram agitadas ou Todos que começam a me-
sem tempo. Ainda que con- ditar pensam que sua mente
sigam romper a primeira está louca, fora de controle.
barreira e comecem a medi- Mas essa é a prática. É trazer
tar, muitos se veem diante sua atenção para aquela úni-
de um turbilhão de pensa- ca coisa. Você pode usar um
mentos que parecem repre- mantra, ou um ritmo para a
sentar o oposto da paz inte- respiração, não importa. A
rior buscada. grande luta é com sua pró-
Para todas essas pessoas, pria mente, com seus pensa-
o psicólogo formado em mentos. E você deve se lem-
Harvard Daniel Goleman brar que todo mundo passa
escreveu “Por que medita- por isso mesmo, não é só
mos” (editora Objetiva), com você. Este é realmente
em parceria com o profes- o trabalho.
sor de meditação nepalês
Tsoknyi Rinpoche. No li- Os pensamentos são como
vro, eles oferecem motivos nuvens. Ficamos vendo-as
e métodos para seguir com passar no céu?
a meditação, como forma Você tem que assistir as
de combater a ansiedade, a nuvens, mas elas são muito
falta de compaixão e o es- sedutoras e embarcamos
tresse crônico. nelas o tempo todo. É não
Com voz baixa e extrema- pular quando seus pensa-
mente calma, Goleman en- mentos dizem: “pule!” Mas ções, entender melhor o são variedades diferentes de Novo olhar. O
sina a superar os primeiros temos que reconhecer que mundo e tomar melhores amor. E o amor essencial é psicólogo Daniel
obstáculos para adoção da eles estão lá: “Uhn, estou decisões. Não sei quem um tipo particular de amor Goleman
prática e garante: todos pensando nisso”. Eu não di- O que você faz com não quer isso. Acho que to- onde você não está preso em defende que a
precisamos dela. Veja a se- go espere até eles passarem, do mundo precisa. seu próprio ego, em seus meditação ajuda
guir os principais trechos eu diria deixe-os ir e vir. E, esses minutos que pensamentos sobre si mes- a entender o
da entrevista. então, quando eles vão, você mo. Vem daquilo que é com-
faz sua meditação. Que tipo tira para você? Fica No livro, você fala sobre o ciclo
de emoções negativas que parado ao amor puro. É fala-
mundo e tomar
melhores
Tenho que começar com uma de meditação quer fazer? nas redes sociais? continuam nos segurando. do no Cristianismo, em to- decisões
confissão: minha terapeuta Será apenas relaxar, respi- Qual é a relação entre a das as principais religiões,
me disse por muitos anos para rar e tentar ver a mente? Então talvez meditação e esse ciclo? na verdade, como o melhor
Muitas pessoas acham que Todo terapeuta sabe que tipo de amor. Pense em um
começar a meditar. Eu tentei,
mas nunca consegui ajuda no começo ouvir um pudesse gastar os 5 passamos por nossa infância santo. Um amor que real-
encontrar o momento e forma áudio. Há gravações muito minutos para aprendendo diferentes pa- mente seja compassivo, de
certos. Que dicas o senhor boas, não sei se estão dispo- drões emocionais, que funci- querer ajudar a outra pes-
daria para pessoas como eu? níveis em português, prova- meditação onavam nas nossas famílias soa, diminuir o sofrimento.
Você tem filhos? Você cui- velmente sim. É útil ter uma de origem. E o problema com E não esperar nada para si
da deles? Você chega na ho- voz dizendo o que fazer. Co- eles é que aprendemos muito mesmo. Essa é a essência do
ra do seu trabalho? Há ne- mo um guia.
cessidades que são muito
[Meditar] deixa seu cedo, mas eles aparecem em
nossos relacionamentos
amor. E qual é a relação com
a meditação? A meditação é
importantes. É uma questão Tem gente que simplesmente corpo mais calmo, o adultos. Mindfulness é uma um caminho para isso por-
de prioridades. O que é prio- afirma que “não é o tipo de ferramenta muito poderosa que ajuda você a ser calmo e
ridade para você? Talvez a pessoa para meditar”. O que que significa que para ajudar na terapia. Você claro. Se você for mais fun-
meditação não tenha sido. diria para convencê-los a
Se você quer fazer com que tentar?
você pode lidar pode usar essa atenção plena
para observar seus padrões.
do, começará a perceber
seus pensamentos e como
algo seja importante, você Na vida, eu diria que o melhor com o Meditação e terapia se tor- eles reforçam a ideia de si
precisa torná-la importan- maior desafio para se tor- nou uma combinação muito mesmo, do eu. E você pode
te. Se meditação é igual- nar mais inteligente é con- estresse e isso popular no mundo da psico- abrir mão disso cada vez
mente valiosa, então você trolar sua própria mente.
encontra tempo. Eu sempre Meditar ajuda você a ge-
torna sua mente terapia e a razão é que as pes-
quisas mostram que funcio-
mais. Requer mais profun-
didade do que meditação.
gostei de acordar, tomar renciar melhor sua mente. mais clara na, que é mesmo uma combi-
uma xícara de café, depois Hoje em dia temos muitos nação poderosa. Isso parece algo muito difícil
meditar e começar meu dia. estudos que provam quan- de alcançar.
Talvez você não possa se dar tos benefícios podemos
a esse luxo, então talvez seja ter. As pesquisas são muito
Meditação e terapia O livro também fala sobre o
amor essencial. Um ápice
Acho que varia de pessoa
para pessoa e talvez algumas
quando chegar em casa à claras. Ela deixa seu corpo se tornou uma emocional que poderia ser nem precisem meditar. Não
noite, ou quando as crianças mais calmo, o que significa alcançado com a meditação. sei se Madre Teresa medita-
forem dormir. Em algum que você pode lidar me- combinação muito Existem muitos tipos de va, mas ela tinha um sentido
momento do dia você preci- lhor com o estresse e isso popular porque amor. Há o amor dos pais muito forte desse amor. Ela
sa tirar alguns minutos para torna sua mente mais cla- por um filho. O amor que estava servindo a Deus.
você. Então a pergunta é: o ra. Assim você pode rece- funciona você tem por seus amigos, Acho que é uma aspiração
que você faz com esses mi- ber melhor as informa- por sua família. Todas essas alcançar esse amor.
26 | Saúde Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

DANIEL ximos anos. Na medicina, detecção mais

precoce de doenças, análises mais eficien-
BECKER tes de exames e criação de novos medica-
mentos. Na indústria, mais produtividade e
qualidade. Nossa vida vai ser facilitada por
aplicativos revolucionários. Até no enfren-
tamento da crise ambiental ela pode ajudar,
Pediatra, sanitarista, palestrante e
escritor. Ativista pela infância, saúde
com previsões de catástrofes e desenvolvi-
coletiva e meio ambiente. mento de novas soluções sustentáveis.
Já sabemos das muitas ameaças também: de-
A IA e o futuro semprego em massa, desaparecimento de pro-
fissões, perda de habilidades humanas (pense
menta que esse conjunto de habilidades de-
monstra uma capacidade muito evoluída de
dominar a linguagem com maestria, bem aci-
ma do ser humano comum. Com isso, a IA se
apropria da chave de todas as nossas institui-
ções, dos bancos aos templos, das empresas à
sociedade civil e aos governos.
Em suma, ela conseguiu “hackear” o siste-
ma operacional da civilização humana, de to-
das as culturas ao longo
As novas da história. Usamos lin-
habilidades da IA guagem para criar mito-
gacionismo científico e climático, criar bolhas/
seitas de milhões de fanáticos, promover uma
onda gigante de intolerância, ódio e preconcei-
to. E eles sequer são capazes de criar conteúdo
—apenas de fazer sua curadoria.
Imagine agora o poder de uma IA muito
mais sofisticada, que é capaz de criar Fake
News, manifestações políticas e até mesmo
textos de cunho religioso com enorme po-
der de convencimento e coerência. Um de-
talhe impressionante: ela já é capaz de si-
mular emoções, e assim desenvolver conos-

das crianças
nas crianças, que não terão que criar textos) e
muitas outras. Certos riscos são especialmente
preocupantes. Quando as redes sociais surgi-
ram, muitos acreditavam que elas fortaleceri-
representam uma logias e deuses, leis e re- co relações de intimidade. E essa é a melhor
mudança gras de convívio, tecno- arma de manipulação, a mais eficaz para ga-
qualitativa: ela logias, arte e ciência, tri- nhar batalhas por corações e mentes.
consegue criar bos e nações, para enri- As ameaças são assustadoras. Por isso, os ci-

Eta gera
stamos vivendo um momento de transição
histórica, em que um fato ou uma descober-
profundas e rápidas transformações no
destino da humanidade. Assim foi com o fogo, a
roda, a agricultura, a imprensa e por aí vai. As úl-
timas grandes revoluções foram trazidas pela
internet, smartphones e redes sociais. A Inteli-
gência Artificial (IA) é a próxima na fila, e sua
hora já chegou. Recentemente ela atingiu um
novo patamar, cujo potencial transformador
em nosso futuro é incomensurável.
A IA pode trazer muitos avanços nos pró-
am a democracia e o debate construtivo das
grandes questões humanas. No entanto, não foi
bem isso que aconteceu. Será que vamos trilhar
esse mesmo caminho com a IA?
As novas habilidades da IA representam uma
mudança qualitativa: ela consegue criar textos,
códigos, imagens, histórias e músicas. Pode ge-
rar falsificações perfeitas de imagens e vozes de
pessoas, redigir leis e argumentos jurídicos ou
de negócios. E ainda por cima, é capaz de apren-
der e se aperfeiçoar continuamente.
O historiador israelense Yuval Harari argu-
textos, códigos, quecer, inventar, opri-
imagens, histórias mir, salvar e até para nos
e músicas matar em guerras. E o
que vai significar viver-
mos num mundo onde histórias, conversas,
leis e políticas serão criados por uma inteli-
gência não humana, capaz de explorar as fra-
quezas e vieses da nossa mente?
O algoritmo das redes sociais é uma forma
primitiva de IA, e mesmo assim foi capaz de ge-
rar uma crise sem precedentes de adoecimento
mental, ameaçar a democracia, promover o ne-
entistas e CEOs das empresas responsáveis
estão falando em risco de extinção e reivindi-
cando o debate sobre regulamentação. Para
Harari, a medida mais urgente seria não libe-
rar mais nenhuma ferramenta de IA ao domí-
nio público antes de uma regulamentação
governamental e internacional sólida (o que
não significa interromper as pesquisas).
Trata-se de uma tarefa complexa, na qual
a sociedade civil precisa se engajar junto
com os governos. É pelo futuro das crianças,
pela nossa sobrevivência.

REPRODUÇÃO
tracoma, filariose, esquis-
tossomose, oncocercose e
geo-helmintíases.
Para tuberculose e o HIV,
a meta é alcançar menos de
10 casos por 100 mil habi-
tantes até 2035, e reduzir o
número de mortes em
95%. E para a hanseníase, o
grupo de trabalho focará
em planos para interrom-
per a transmissão em 99%
dos municípios, eliminá-la
em 75% das cidades e redu-
zir em 30% o número de
novos casos.
A Saúde deve trabalhar
para amplificar a cobertura
vacinal para BCG, ampliar
acesso ao diagnóstico e
ações de prevenção, aumen-
tar a testagem anti-HIV de
80% para 90% e ampliar a
rede de testagem molecu-
lar. No caso da BCG, que
previne contra a tuberculo-
se, até 2018, a cobertura va-
cinal estava acima de 95%.
Após 2019, o índice caiu pa-
ra menos de 88%. A vacina é
aplicada logo após o nasci-
mento e protege contra for-
mas graves da doença.
A pasta estima que, atual-
mente, um milhão de pesso-
as vivem com HIV no Brasil,

Saúde cria plano de hanseníase nas prisões

femininas e masculinas du-
rante o período.
com 2.445 detentos exce-
dentes. A Penitenciária I do
Distrito Federal aparece em
Foco. Governo
montou comitê
interministerial
sendo que, destas, 900 mil
conhecem seu diagnóstico.
Já a tuberculose aumentou

para combater
— São doenças que ten-
dem a se espalhar com mai-
or facilidade em ambientes
de aglomeração e com higi-
terceiro lugar, com 1.892 voltado ao 4,9% no país em 2022 em
presos a mais. combate de comparação ao ano anterior,
— As celas superlotadas doenças nas com cerca de 78 mil casos.
são acompanhadas de vio- unidades —Não é possível pensar o

11 doenças
enização precária. Hoje,
temos equipes de saúde
dentro dos presídios, mas
eles têm capacidade de li-
lência, insalubridade, maus- prisionais Ministério da Saúde sem
tratos, doenças e degradação. abrir essa grande angular,
É uma bomba-relógio, um para que nela possa caber
ambiente precário, propício um país com tantas desi-

em presídios
dar apenas com o básico
devido à falta de estrutura
—observa a médica sanita-
rista e professora da UFRJ,
Lígia Bahia.
Aids, tuberculose, sífilis e hepatite estão entre No ranking de população
carcerária, o Brasil fica atrás
as enfermidades no foco do ministério; apenas da China e dos Esta-
dos Unidos. Segundo os da-
superlotação agrava problema dos mais recentes do Minis-
tério da Justiça, há mais de
837 mil presos no país, dis-
KAROLINI BANDEIRA
karolini.magalhaes@bsb.oglobo.com.br
mãe para filho — da sífilis, tribuídos em 1.458 unida-
BRASÍLIA da hepatite B e do HIV. O des prisionais.
-
Comitê Interministerial pa- O total de detentos ultra-
para epidemias — comple- gualdades, mas também
menta Lígia Bahia. com tantas potências, como
Para atendimento dos é o Brasil. Esse comitê busca
presos doentes, há 4.337 reduzir as desigualdades,
técnicos em enfermagem e para que tenhamos, efetiva-
enfermeiros e 1.023 médi- mente, saúde para todos —
cos clínicos gerais e de ou- disse a ministra da Saúde,
tras especialidades dentro Nísia Trindade, no lança-
das unidades prisionais. É mento do comitê.
como se cada médico fosse
responsável pelo atendi- NÚMEROS CRESCEM
mento de 818 pessoas. Em média, 14 brasileiros
Segundo a especialista, morrem por dia de tubercu-
há três desafios dramáticos lose, que registrou recorde
que o ministério deverá de óbitos em 2021: 5 mil.

A cada seis meses, o banco

de dados do sistema pe-
nitenciário brasileiro cap-
tura cerca de 30 mil casos de
Aids, tuberculose, sífilis e
hepatite nos presídios esta-
duais femininos e masculi-
nos. Maioria entre os infec-
tados pelas doenças trans-
missíveis, a população car-
cerária passou a ser foco do
Ministério da Saúde em
uma nova iniciativa, que re-
úne outras frentes do gover-
no, para eliminar o que a
pasta chama de “doenças so-
cialmente determinadas”.
O plano inclui enfrentar
11 enfermidades e eliminar
a transmissão vertical —
quando o vírus é passado de
ra Eliminação da Tubercu-
lose e Outras Doenças De-
terminadas Socialmente
(CIEDS) vai trabalhar em
propostas e iniciativas até
janeiro de 2030.
De junho a dezembro de
2022, o HIV foi a principal
doença transmissível em
prisões estaduais do país
entre homens, com 9.046
casos (32,3%). Entre as de-
tentas, a maior transmis-
são foi de sífilis, com 1.413
casos (56,2%).
Há registro de 9.395 casos
de sífilis nos presídios mas-
culinos. Além disso, o siste-
ma penitenciário contabili-
zou 7.304 casos de tubercu-
lose, 1.944 de hepatite e 523
passa em mais de 240 mil a
quantidade de vagas dos
presídios (596.442), fa-
zendo da superlotação um
dos principais problemas
do sistema carcerário bra-
sileiro. Conforme levanta-
mento do GLOBO feito
com base nos dados do go-
verno, os presídios com
maior superlotação se en-
contram no Rio, em São
Paulo e no Distrito Federal.
O Instituto Penal Vicente
Piragibe (RJ), por exemplo,
é o presídio mais superlota-
do do país, com 3.145 presos
excedendo a capacidade.
Em seguida, está a peniten-
ciária Professor Ataliba No-
gueira, em Campinas (SP),
contornar para reduzir as
taxas de doenças transmis-
síveis nas prisões: espaço
Em 2022, cerca de 78 mil
pessoas adoeceram por tu-
berculose no país.
físico inadequado e incom- A doença voltou a au-
patível com as atividades mentar após dois anos de
médicas; distribuição ina- relativa queda: de 79 mil
dequada de enfermeiros e registros em 2019, para
técnicos; e falta de equipa- 70,5 mil, em 2020, e 74,3
mento técnico, materiais e mil, em 2021. Nos dez anos
medicamentos. anteriores, o índice regis-
Além de detentos, o gover- trava estabilidade. A maio-
no vai priorizar pessoas em ria dos casos é encontrada
situação de rua, pacientes em Manaus, Belém, Rio
portadores de HIV, imi- Branco, Recife e Rio.
grantes e comunidades in- Em março, ao lançar a cam-
dígenas. Junto às trans- panha nacional de combate à
missões citadas, o comitê doença, a ministra afirmou
tem o objetivo de excluir co- que não é “admissível que as
mo problema de saúde pú- pessoas percam a vida por
blica as doenças de Chagas, uma doença que tem preven-
malária, hepatites virais, ção, tratamento e cura”.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023
Rio
Sai da frente. Scooters circulam pela ciclovia da Praia de Copacabana, mas nem sempre respeitam o limite de velocidade, que naquele espaço é de 20km/h: prefeitura estuda como multar condutores
FARRA DAS SCOOTERS
Veículo faz sucesso na orla, mas
riscos e irregularidades preocupam
JOÃO VITOR COSTA
E VITTORIA ALVES
granderio@oglobo.com.br
-
P or moda, praticidade,
economia, ou todas as
opções anteriores, as scoo-
ters elétricas vêm se multi-
plicando pela cidade. Junto
com o número de pilotos
sobre duas rodas, aumen-
tam também as preocupa-
ções com o risco de aciden-
tes e as infrações de trânsi-
to, que, mesmo cometidas
por desconhecimento das
regras, resultam em prejuí-
zo financeiro.
Como meio de transpor-
te ou diversão, o veículo
caiu nas graças de muitos
cariocas. O GLOBO visitou
a Praia de Copacabana nos
dias 22 de abril e 3 de ju-
nho, dois sábados, e notou
a presença de várias pesso-
as passeando com o veículo
na ciclovia. No entanto, o
limite de velocidade nesses
espaços, que é de 20km/h,
não é respeitado pela maio-
ria dos que aderem ao uso
desse ciclomotor.
“Elas estão muito mais
para moto do que para
bicicleta. Tem que ter
uma regulação”
_ ainda buzinam para a gente
Márcio Amaral, morador
de Copacabana
“Aqui não é local para
isso e, mesmo assim,
ainda buzinam para a
gente sair da frente,
senão passam por cima”
_ ço era bem pouco, mas ago-
Elisabeth Souza, moradora
de Copacabana
Tradicionalmente, o cal-
çadão e a ciclovia da Praia
de Copacabana recebem
famílias, amigos e turistas,
principalmente nos finais
de semana e feriados. Co-
mo a presença do sol anda
mais frequente, as pessoas
voltaram a lotar as praias,
seja para um mergulho,
exercícios com vista para o
mar ou simplesmente rela-
xar. O ritmo da corrida e das
pedaladas pela ciclovia é
quebrado por buzinas de
scooters, que incomodam
os frequentadores pelas ul-
trapassagens em maior ve-
locidade que a admitida na
via. Durante as visitas do
GLOBO à orla de Copacaba-
na, foi possível perceber um
festival de irregularidades.
‘AINDA BUZINAM’
Além de muitos condutores
sem capacete e trafegando
pela ciclovia, alguns ainda
estavam desatentos. Na al-
tura da Rua Constante Ra-
mos, um homem que trazia
uma criança na garupa che-
gou a tirar os olhos da pista
—com a bicicleta em movi-
mento —para fazer uma sel-
fie, seguido por outro que,
sem capacete e sem camisa,
falava ao telefone.
— Isso aqui é para cami-
nhar, correr ou pedalar.
Aqui não é local para isso
(scooter) e, mesmo assim,
sair da frente, senão passam
por cima, como se o ciclista
é que estivesse errado —de-
sabafa a dona de casa Elisa-
beth Souza, de 54 anos, que
mora em Copacabana, tem
optado pelos passeios de bi-
cicleta pela ciclovia e obser-
va de perto a popularização
do ciclomotor. —No come-
ra tem até para alugar, o que
piora ainda mais a situação,
| 27
PRISÃO PREVENTIVA PARA
ACESSAR
Justiça mantém influencer na cadeia APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Dona de mais de 60 mil seguidores no TikTok é suspeita de praticar “saidinha de banco” O QR CODE
FOTOS DE MÁRCIA FOLETTO
com ele, o uso desse trans-
porte na ciclovia é uma dis-
torção da função concebida
para aquele espaço.
—É inadmissível um veícu-
lo que pode chegar a quase
60km/h, velocidade dos veí-
culos que trafegam na via, es-
tar na ciclovia sem nenhum
tipo de restrição. Esse caso
envolve uma política muito
importante de como lidar
com isso, se é necessário o
emplacamento obrigatório,
entre outras medidas. Se
acontece um acidente, por
exemplo, como se multa o
responsável se não houver
identificação? É um absurdo.
Depende muito mais do po-
der público fazer ações que
eduquem as pessoas. Os ris-
cos são muito maiores que os
benefícios. O benefício é para
uma minoria e os prejuízos
podem ser altíssimos — ob-
serva Quintella.
O GLOBO flagrou, além
do uso indevido, o aluguel
irregular desses ciclomoto-
res. Na altura do Posto 6,
vendedores ofereciam um
passeio de 60 minutos por
R$ 120. Uma volta de meia
hora saía a R$ 80.
No momento em que o
consumidor demonstra in-
teresse em utilizar o serviço,
o comerciante não questio-
na sobre idade ou posse de
habilitação na categoria “A”
(para a condução de veícu-
los automotores e elétricos,
de duas ou três rodas), por
exemplo. A equipe flagrou,
inclusive, uma pessoa que
alugou a scooter elétrica e
mal conseguia se equilibrar
em cima dela na ciclovia.
REGULAMENTAÇÃO
Em nota, a Secretaria de Or-
dem Pública (Seop) afirmou
que a Guarda Municipal, pre-
sente no local, atua com foco
principal na orientação dos
condutores, tendo em vista
que não existe efetividade no
registro e licenciamento des-
ses veículos. O órgão também
destacou que é possível reali-
zar a apreensão dos ciclomo-
tores que estejam disponíveis
para aluguel de forma irregu-
lar. Segundo a secretaria, des-
de o início do ano foram feitas
47 apreensões.
— Nós estamos fazendo,
quase que diariamente,
apreensões desses ciclomoto-
res que estão sendo alugados
de forma irregular no espaço
público. Com a legislação atu-
al, a prefeitura consegue
apreender esses ciclomotores
e multar a empresa que faz es-
se serviço de forma irregular
—diz o secretário de Ordem
Pública Brenno Carnevale.
Uma proposta que está
sendo elaborada pela Seop
prevê multa de pelo menos
dez salários mínimos para
quem for flagrado comercia-
lizando passeios de ciclo-
motores em vias públicas.
Uma voltinha. Desde janeiro, a prefeitura já fez 47 apreensões de veículos disponíveis para aluguel de forma irregular Hoje, a multa mínima para a
quem for flagrado nesta situ-
porque a pessoa tem que sa- tecer um acidente sério, se é caiu e se ralou —relata dona ação é de R$ 250. Já quem for
ber pilotar isso. que já não teve. Alice, que se sente sem ação autuado circulando com o
A preocupação do médico quanto ao convívio com os veículo e desrespeitando as
RISCO DE ACIDENTE havia se materializado um ciclomotores. — Passa um regras de trânsito receberá
A velocidade é uma das dia antes, testemunhada pe- por mim, e eu vou impedir multa de um salário míni-
grandes reclamações dos la dona de casa Alice Cohen, que ela ande? mo. Atualmente, não há re-
frequentadores da praia. O de 77 anos, que caminha di- O Corpo de Bombeiros preensão nesse caso.
médico Márcio Amaral, de ariamente pelo calçadão.
72 anos, e sempre ativo, Sentada nos bancos protegi-
confirma que foi acionado
às 14h24 do último dia 2 pa-
—Já existe um estudo em
andamento, da prefeitura,
aproveita o tempo livre para dos pela sombra, na colônia ra um atropelamento na ci- da Secretaria de Ordem Pú-
dar um mergulho no mar ou dos pescadores, na altura do clovia, mas que, quando a blica, da Guarda Municipal
andar de bicicleta, “a do pe- Posto 6, ela conta que pre- equipe chegou ao local, na e da CET-Rio, justamente
dal”, como gosta de frisar, e senciou um acidente. altura do número 1186, a ví- para que a gente possa regu-
diz temer que alguém venha —Eu vi um atropelamen- tima já havia sido removida. lamentar esse tema e per-
a se machucar: to ontem (dia 2). Uma moça O diretor da FGV Trans- mitir que a pessoa, através
—Acho a velocidade (das desceu do ônibus (na Ave- portes, Marcus Quintella, de seu CPF, seja multada
scooters) exagerada. Elas nida Atlântica), mas estava acredita que as scooters elé- por eventual irregularida-
estão muito mais para moto distraída. Vinha uma moto tricas não podem ser consi- de praticada, como utiliza-
do que para bicicleta. Tem (scooter), que buzinou, e deradas um transporte ção indevida de vias e ex-
que ter uma regulação, e não mesmo assim a mulher complementar para a mobi- cesso de velocidade — afir-
vai ter até o dia em que acon- atravessou. Pegou ela, que lidade urbana. De acordo ma o secretário.
28 | Rio
Hipnose
para superar
o trauma
da violência
Segundo vítimas e especialistas, terapia
oferecida pelo SUS ajuda no tratamento
de sequelas da agressão doméstica
JÉSSICA MARQUES
jessica.santos@oglobo.com.br
-
H á cerca de três anos, X.,
de 31, por indicação de
uma amiga, decidiu procu-
rar um psicólogo para tratar
sintomas de depressão e an-
siedade. Até então, a carioca
—que passou 15 anos casa-
da com um homem que con-
trolava seus bens, era infiel e
agressivo nas palavras —
atribuía o mal-estar que es-
tava sentido, à época, aos
contratempos que surgiram
com a separação do casal.
—Eu não enxergava que o
problema estava no relacio-
namento abusivo que levei
durantes anos com meu ex-
marido — desabafa a pro-
motora de vendas, separada
desde dezembro de 2022.
Após um ano de acompa-
nhamento psicológico, já no
início deste ano, o médico
recomendou que X. experi-
mentasse algumas sessões
de hipnoterapia. Segundo
ele, a técnica iria ajudá-la a
revisitar alguns dos momen-
tos ruins e angustiantes que
já vivenciou para entender a
causa do trauma.
Atensão psicológica em mu-
lheres vítimas de violência do-
méstica, que pode causar de-
pressão, perda de peso, insônia
e ansiedade, tem sido tratada
com a hipnose clínica. Segun-
do especialistas, a terapia aju-
da a tirar os bloqueios.
—No começo da relação, tu-
do era bom. As agressões co-
meçaram bem depois, quan-
do passei a questionar as atitu-
des rudes dele. Meu ex-mari-
do me batia por tudo. Ele dizia
que eu pedia para ele ser as-
sim. Que a culpa daquela situ-
ação era toda minha. Ele já
tentou me matar com uma fa-
ca e quebrou o meu carro
Rio é ponto de partida em histórias de vida a dois
Por ano, cerca de 3 mil casais buscam a cidade para ‘destination weddings’, cerimônias realizadas longe de onde moram
MARCELLA SOBRAL
granderio@oglobo.com.br
-
B onito por natureza, o Rio é
hoje um dos lugares mais
procurados por casais que
querem dizer o sim num cená-
rio diferente do dia a dia. Esse é
o conceito dos “destination
weddings”, cerimônias reali-
zadas fora da cidade dos noivos
que têm conquistado o cora-
ção de quem busca uma cele-
bração inesquecível. Além de
deslumbrante, a cidade tem
cultura de festa, com profissio-
nais qualificados para que na-
da dê errado no grande dia. Só
no ano passado, cerca de 3 mil
casais vieram para cá apenas
para celebrar a subida ao altar.
Gabriela Junqueira e Mar-
celo Pereira são de Ribeirão
Preto e há quase quatro anos
moram em Nova York. Fica-
ram noivos assim que foram
quando nos separamos. Até
medida protetiva contra ele
eu tive de conseguir para po-
der sair de casa. No nosso últi-
mo Natal juntos, ele ficou com
raiva de algo que brinquei e
me deu um soco na boca. Não
fui para casa da minha família
por vergonha. Passei aquela
noite sozinha, com os lábios
inchados, pensando porque
não conseguia me afastar dele.
No fundo, eu tinha medo, mas
só fui entender isso depois que
comecei as sessões de hipnose
—recorda-se ela.
MOMENTO DO TRAUMA
O tratamento terapêutico
com uso da hipnose não tem a
ver com um estado de sono,
tampouco faz com que a pes-
soa perca o controle do que
está acontecendo, explica o
diretor do Instituto Brasileiro
de Hipnose Aplicada (IB-
HA), Gilberto Gomes. A téc-
nica exige medicamentos, se-
gundo o especialista.
—A hipnoterapia trabalha
dois processos: a regressão,
que faz a reparação parental,
ou seja, é a capacidade de lem-
brar com mais detalhes da
emoção que a pessoa sentiu
naquele momento vivido, que
pode ter começado na infân-
cia, muitas vezes com os pais, e
que causou um trauma. A res-
significação dá sentido ao
trauma. A vítima entende o
que ela está sentindo e por que
está sentindo. O tratamento
ajuda essas mulheres a se im-
por, dando a elas habilidades
sociais para aprenderem a se
colocar de forma mais asserti-
va diante de um homem agres-
sor —afirma Gilberto Gomes.
Em 2022, segundo dados
do Instituto de Segurança Pú-
blica (ISP), houve 37.757 re-
gistros de lesão corporal dolo-
sa contra mulheres no estado
para lá. Na hora de decidir,
optaram pelo destination
wedding no Rio de Janeiro.
—Era um momento espe-
cial, a gente estava voltando
para o Brasil. Tinha que ir
além de uma única noite.
Queria passar mais tempo
com todo mundo. Esses mo-
mentos me marcaram mais
até que a cerimônia — diz
Gabriela —Com o destinati-
on wedding, você tem mais
tempo para aproveitar cada
convidado.
Isso sem contar com um
jeitinho que a gente só en-
contra por aqui.
—O Rio, por si só, já é um
destino muito convidativo e
está pronto para receber esse
tipo de evento. Além da natu-
reza, tem algo mais especial
ainda, que é o carioca. Esse
personagem, aliado ao ambi-
ente incrível, monta uma
Volta por cima. Vanessa decidiu estudar e se tornar terapeuta após passar por sessões de hipnoterapia para lidar com a violência que presenciou na infância
“A vítima entende
o que ela está
sentindo e por que
está sentindo”
_ de Janeiro, nos municípios de
Gilberto Gomes, diretor do
Instituto Brasileiro de
Hipnose Aplicada
“No fundo, eu tinha
medo, mas só fui
entender isso depois
que comecei as
sessões de hipnose”
_ mento primário a mulheres
X., vítima de violência
doméstica que fez a terapia
para superar o trauma
do Rio, um aumento de 10%
em relação a 2021. Em 41%
dos casos do ano passado, o
agressor foi identificado co-
mo companheiro ou ex-com-
panheiro da vítima.
Desde 2018, o Ministério
da Saúde aprovou a inclusão
de dez terapias alternativas
no atendimento do SUS, en-
tre elas a hipnoterapia, que
passou a ser ofertada na rede
pública por meio dos serviços
de atenção primária e aten-
ção especializada em municí-
pios de todo o país.
Segundo levantamento do
Ministério da Saúde, feito a
pedido do GLOBO, de 2019 a
equação muito positiva —diz
Roberta Werner, diretora-
executiva do Rio Convention
& Visitors Bureau (Rio CVB/
Visit Rio) —O que o Rio traz é
uma mistura incrível, com
lugares emblemáticos, praia,
montanha, num ambiente
em que quem vem de fora se-
rá muito bem recepcionado.
A ideia tem origem nos
anos 1970, quando jovens
americanos buscavam um
ponto comum para a festa que
não fosse na cidade da família
nem de um, nem de outro. Os
destinos mais procurados na
época eram o México e as Ba-
hamas. Os casamentos nesse
formato ganharam a Europa
nos anos 1990 e, depois, o
mundo, com a internet.
—No Brasil, isso começou a
ser uma tendência em 2015.
Com as redes sociais, veio o de-
sejo de ter uma cerimônia de
2022 houve 2.090 sessões de
hipnoterapia realizadas na
rede municipal e 1.414 em
unidades de média e alta
complexidade (hospitais es-
taduais e federais) no país.
Destes, 606 atendimentos
aconteceram no Estado do Rio
Maricá, Natividade e Rio Bo-
nito. A capital, apesar de ter
oferecido 149.950 tratamen-
tos psicológicos em 2022 e
42.355 até março de 2023, não
teve até agora registro de uso
da hipnoterapia. De acordo
com a prefeitura do Rio, 729
psicólogos atuam nas clínicas
da família que fazem o atendi-
que sofreram violência.
‘MINHA VIDA ERA ASSIM’
Aos 40 anos, Vanessa Roberto
de Moura diz que precisou se
reinventar para descobrir
quem realmente é, após anos
de abuso psicológico. Forma-
da como terapeuta holística e
hipnoterapeuta, a carioca,
que mora em Santa Cruz, na
Zona Oeste do Rio, conta que
veio de um lar de 11 irmãos em
que ela era a mais nova. Filha
de mãe e pai analfabetos, Va-
nessa presenciou —durante
toda a infância—a mãe apa-
nhar do pai, ouvindo, repeti-
das vezes, “você merece isso.
Pediu para apanhar”:
— Imagina você acordar
com gritos, vendo sua mãe
apanhar do seu pai, que su-
postamente deveria respeitá-
Momento especial. Gabriela no dia do casamento: de Nova York para o Rio
casamento num lugar exótico,
diferente. Foi quando o casa-
mento por aqui começou a sair
da igreja —explica a consulto-
ra de casamentos Manoela Ce-
sar, que, à frente do site Colher
de Chá Noivas, reforça o Rio
como um dos principais locais
Domingo 11.6.2023
la e protegê-la. Minha vida
era assim. Casei com 17 anos
para fugir de casa. Para não
ver minha mãe sofrendo. Is-
so, de certo modo, também
me deixou agressiva. Eu era
uma mulher reativa nos rela-
cionamentos, mas tive difi-
culdade de enxergar isso.
A terapeuta, desde que pas-
sou a atender outras mulheres
vítimas de abuso, percebeu
uma certa carência de trata-
mento psicológico na Zona
Oeste da cidade. A consulta
particular custa cerca de R$
150 por sessão. Pelo menos
seis sessões são necessárias:
— Utilizo minha técnica
para ajudar quem não tem
condições de pagar pelo ser-
viço no particular, já que a re-
de pública não oferece.
Aos 36 anos, ela descobriu,
durante uma consulta médi-
ca, em 2019, ter Transtorno
do déficit de Atenção com Hi-
peratividade (TDAH), ansie-
dade e depressão. E, apesar de
estar em seu segundo casa-
mento, o que a intrigava é co-
mo desenvolveu todas essas
doenças, ao longo de tanto
tempo, sem desconfiar que os
traumas vinham da infância e
refletiam em seu relaciona-
mento com seu ex-marido,
segundo ela manipulador e,
às vezes, agressivo:
—Coloquei a culpa em mim
muitas vezes. Demorei para
entender que meu marido fa-
zia violência psicológica co-
migo. Ele me tratava mal e de-
REPRODUÇÃO
para a cerimônia —O Rio de
Janeiro é exuberante, tem uma
geografia muito favorável e
uma cultura de festa.
Oque configura um destina-
tion wedding é o fato de os noi-
vos morarem a 100 quilôme-
tros ou mais de onde será a ce-
| OGLOBO
FABIO ROSSI
pois voltava atrás no que dizia.
Foi na pandemia que Vanes-
sa, mãe de um adolescente de
21 anos, decidiu, após várias
crises de ansiedade, buscar
ajuda psicológica. Em 8 de de-
zembro de 2020, ela iniciou o
tratamento. Foi nesse mesmo
período que nasceu a vontade
de aprender mais sobre o ofí-
cio. Vanessa, então, começou a
estudar a temática até ser apre-
sentada à hipnoterapia. Fez
cursos na pandemia, se regis-
trou e passou a atuar na área.
Opsicólogo e presidente da
Sociedade Interamericana
de Hipnose, Valdecy Carnei-
ro, explica que a prática não
precisa de regulamentação
para ser exercida. Carneiro
observa que, desde a pande-
mia, as mulheres passaram a
buscar mais ajuda psicológi-
ca, justamente porque mui-
tas delas sofreram algum tipo
de violência ou abuso de seus
companheiros enquanto es-
tavam em confinamento:
—A hipnoterapia faz parte
da Política Nacional de Práti-
cas Integrativas e sempre foi
indicada para pessoas que so-
freram algum trauma. No en-
tanto, apesar de ser oferecida
pelo SUS, ainda há uma resis-
tência dos municípios em
oferecer o tratamento. Antes
de procurar um hipnotera-
peuta, deve-se buscar o histó-
rico do profissional e se certi-
ficar de que ele está apto para
exercer a função —acrescen-
ta Valdecy Carneiro.
rimônia. A partir daí, existem
dois modelos diferentes. O fes-
tivo, onde familiares e amigos
participam da viagem, e o “elo-
pement wedding”, uma cele-
bração restrita aos noivos, mas
com tudo que se tem direito:
celebrante, bolo, altar.
—Esse tipo de cerimônia
tem origem na Idade Média,
quando casais, por algum
motivo, fugiam para se casar
em outra cidade. É a opção
de casais que querem viver
esse marco, mas não que-
rem fazer com convidados,
por questões financeiras ou
não —ensina Manoela.
No ano passado, mais de 78
mil casamentos foram reali-
zados no Rio, segundo dados
do Portal da Transparência
do Registro Civil. Um levan-
tamento feito pela Abrafesta
indica que 3,7% deles foram
destination weddings. De
acordo com o CVB, o merca-
do de casamentos movimen-
ta R$ 300 bilhões por ano no
Brasil, considerando eventos
nacionais e internacionais.
Dez por cento deste valor é
gerado no Rio de Janeiro.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023 Rio | 29

FOTOS DE ANA BRANCO

Vinhos de
Portugal: quem
não beber hoje,
só em 2024
Último dia do evento no Jockey Club tem
provas especiais e mais encontros e
degustações com os produtores

D omingo também é dia de

experimentar boas ta- VEJA A PROGRAMAÇÃO
ças. A edição 2023 do Vi- COMPLETA DE HOJE
nhos de Portugal se despede
do Rio com muita coisa boa
para aproveitar. Em um cli- Salão de Degustação
ma de parque, com esteiras Sessões às 12h30,às 15h30 e às
e mesinhas de madeira es- 18h
palhadas no gramado, o pú-
blico tem aproveitado para Sala de Provas
curtir a tarde harmonizan- 12h30 Tesouros do Tejo (com
do rótulos portugueses com Dirceu Vianna Júnior)
comidinhas gostosas e um 14h O futuro dos vinhos portugue-
visual deslumbrante. ses (com Cecília Aldaz e Manuel
Para quem quiser degustar Carvalho) Primeira vez. O enólogo Jorge Rosa dos Santos (de camisa amarela) e o produtor Tiago Cristóvão estão de olho no mercado brasileiro: ‘Queremos que bebam”
as novidades ainda há ingres- 15h30 Especial Grandes Encon-
sos disponíveis para o Salão tros: Celso Pereira e a reinvenção
de Degustação (a partir de do Douro (com Jorge Lucki)
R$ 163, 35), onde, durante 17h Vinhos Verdes: quanto mais
duas horas, o público pode velho,melhor (com Manuel
experimentar doses de óti- Carvalho)
mos rótulos junto aos produ- 19h Gastronomia brasileira e
tores. Pela primeira vez no vinhos de Lisboa (com Cecília
evento do Rio, o enólogo Cel- Aldaz e Andressa Cabral)
so Pereira, das vinícolas
Quanta Terra e Vértice, no Talk shows
Douro, se impressionou com 13h30 Vinhos de Setúbal,entre a
a curiosidade dos cariocas. serra e o mar (com Jorge Lucki,
— Todos com muito co- Rody Bovo,José Maria da
nhecimento sobre a produ- Fonseca e Quinta do Piloto)
ção de vinhos portuguesa. 14h30 Viagens inesquecíveis pelo
Estou tendo uma troca fan- Centro de Portugal (com Alexandra
tástica e fico orgulhoso de Prado Coelho,Pedro Machado, Casal
poder compartilhar o que da Coelheira e Sogrape)
sei com o público daqui — 15h30 Vinhos Verdes,uma harmo-
comenta Celso, que faz um nização perfeita (com Manuel
dos espumantes mais elogi- Carvalho,Cintia Malacarne, Falua Veterana. Ligia Santos, da Caminhos Cruzados, veio em nove das dez edições Douro. Celso Pereira se impressionou com a curiosidade dos cariocas
ados de Portugal. e Aveleda)
16h30 Enoturismo no Alentejo — Adoro o evento. E está em “Tesouros do Tejo”, às que são conversas infor- tugal, com a participação
ESTREANTES E VETERANOS (com Cecília Aldaz,Andressa cada vez maior, mais legal. 12h30. Depois, o crítico Jor- mais e abertas ao público. do Instituto dos Vinhos do
Também pela primeira vez, Cabral,Cartuxa — Fundação Este ano ainda com essa sor- ge Lucki comanda a prova Neles, um crítico, dois pro- Douro e Porto, com o apoio
a dupla Jorge Rosa Santos, Eugénio de Almeida e Dona Maria te de dias maravilhosos. As especial “Grandes Encon- dutores e um convidado fa- das Comissões Vitiviníco-
enólogo, e Tiago Cristóvão, — Julio Bastos) pessoas estão mais descon- tros: Celso Pereira e a rein- lam sobre vinhos, gastro- las de Alentejo, Lisboa,
distribuidor, traz vinhos de 17h30 Douro,patrimônio da Hu- traídas, aproveitam mais. venção do Douro”, às 15h30. nomia e enoturismo en- Dão, Tejo, Vinhos Verdes e
diversas regiões do país. manidade (com Luciana Fróes, Adoro encontrar quem vem Em seguida, às 17h, o crítico quanto dois vinhos são de- Península de Setúbal,
—Trouxemos muitas cas- Jorge Lucki,Quinta da Pacheca e todos os anos. Tento trazer Manuel Carvalho faz a pro- gustados. As senhas são Agência Regional de Pro-
tas e muitos terroirs. Sabe- Adriano Ramos Pinto) novidades, como garrafas va “Vinhos Verdes: quanto distribuídas meia hora an- moção Turística Centro de
mos que o mercado brasilei- 18h30 Enoturismo no Alentejo produzidas há poucos me- mais velho, melhor”. A pro- tes de cada talk. Hoje, esta- Portugal e TAP Air Portu-
ro está crescendo. — co- (com Alexandra Prado Coelho, ses e ainda algumas de safras va “Gastronomia brasileira rão lá a jornalista Luciana gal, água oficial Águas Pra-
menta Jorge. Marcelo Barcellos,Ribafreixo pequenas que não chegarão e vinhos de Lisboa”, com Ce- Fróes, crítica de restauran- ta, hotel oficial Fairmont
Tiago completa: Wines e Santa Vitória) na importadora —conta Li- cília Aldaz e a chef Andressa tes de O GLOBO, os chefs Rio (RJ), local oficial
—Optamos por rótulos com 19h30 Douro,patrimônio da Hu- gia, que participa, hoje, às Cabral, fecha o dia, às 19h. Rudy Bovo e Fred de Ma- Jockey Club Brasileiro
boa relação custo-benefício. manidade (com Manuel Carvalho, 14h, da prova “O futuro dos Os ingressos para as pro- eyer. A partir das 21h tem (RJ), rádio oficial CBN e
Queremos que o brasileiro ex- Fred de Maeyer,Symington Family vinhos portugueses”, com a vas custam a partir de R$ show do cantor Fred Chico. curadoria Out of Paper. A
perimente bastante vinho. States,Taylor’s sommelière Cecília Aldaz e 255 e estão à venda no site A décima edição do Vi- edição de São Paulo conta
Na outra ponta, Lígia o crítico Manuel Carvalho. oficial vinhosdeportu- nhos de Portugal é uma re- ainda com a Cidade de São
Santos, da Caminhos Cru- Show Além desta, hoje são mais gal2023.com.br. alização dos jornais "O Paulo como anfitriã e SP
zados, esteve em nove das 21h Fred Chico quatro provas. O dia começa Na área de convivência Globo", "Público" e "Valor" Negócios como apoio insti-
dez edições. com Dirceu Vianna Júnior acontecem os talk shows, em parceria com a ViniPor- tucional.

Ele não é enólogo, mas é uma celebridade do vinho Augusto costuma vir ao
evento sozinho. Pega o me-
trô em Botafogo, salta no Le-
blon, e vai de ônibus até o
Augusto Abreu foi a todas as edições do evento; por onde passa, ele é cumprimentado por produtores, sommeliers e críticos Jockey. Chega sempre pon-
tualmente para o primeiro
ANA BRANCO
talk show do dia e fica até o
MARI TEIXEIRA
mariana.neves@infoglobo.com.br
la, faz perguntas e, no fim de Augusto guarda as edições último. Hoje , porém, ele vai
cada conversa coleciona ta- anteriores, que revisita para estar acompanhado: Augus-
-
ças e outros souvenires do se manter atualizado. Ele to vai trazer a mulher, a filha

N ão são só as garrafas de
vinho e seus produtores
as estrelas do Vinhos de Por-
tugal. Dar uma volta com
Augusto Abreu, de 73 anos,
é vê-lo parar para cumpri-
mentar todos que passam.
Sem falhar um dia sequer,
Augusto frequenta o evento
desde a primeira edição ca-
rioca, há 10 anos.
Ao longo dessa década, ele
conta que fez amizades e,
claro, aprendeu muito so-
bre vinhos, paixão que leva a
sério: participa de todos os
talk shows, anota como se
estivesse em uma sala de au-
evento. Pelas contas de Au-
gusto, ele já participou de
mais de 200 bate-papos no
Vinhos de Portugal.
—Para mim, a grande van-
tagem desses encontros são
as amizades que faço. O vi-
nho harmoniza as pessoas,
ninguém harmoniza nada
com leite —diverte-se.
No Jockey, o engenheiro
aposentado circula sempre
com uma sacolinha. Nela,
estão recortes das reporta-
gens das revistas do evento e
matérias publicadas em O
GLOBO, todas com anota-
ções feitas por ele. Em casa,
conta que, desde que come-
çou a frequentar o evento e a
ler o conteúdo, seu saber ex-
pandiu.
— Melhorei muito, sou
um autodidata. Acho que o
conhecimento nessa área
vem daquilo que você pro-
va. Depois, você vai se inte-
ressando e querendo enten-
der por que isso sensibilizou
tanto —explica.
Augusto toma uma taci-
nha de vinho em casa todos
os dias e, entre a produção
portuguesa, tem suas uvas
preferidas: Encruzado e a
Touriga Nacional.
e o genro.
Mas a experiência de Au-
gusto com os vinhos vai con-
tinuar depois de o evento ser
encerrado. Em setembro,
Augusto viajará a Portugal
pela primeira vez. Um pre-
sente da família para celebrar
seu aniversário de 74 anos. A
viagem terá ainda uma passa-
gem por Barcelona.
—Vamos ficar em Lisboa e
ver as vinhas que crescem
na areia, em Colares. Isso
não existe em nenhum ou-
tro lugar. Vamos ao Porto
também e aproveitar tudo o
Colecionador. Engenheiro guarda souvenires e matérias sobre o evento que der —celebra Augusto.
30 | Rio Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

Tempo
TEMPERATURA SOL E LUA Nasc. 6H29 Cheia Ming. Nova Cresc.
> 40º 37º/40º 33º/36º 29º/32º 25º/28º
12º/14º 20º/24º 16º/19º 12º/15º < 12º Poente 17H15 09/06 10/06 18/06 26/06

PREVISÃO Sol Nublado Nublado Pancadas Nublado Chuvas e Geada MARÉ Hora BAIXA 0h41m 5h51m BAIXA 13h03m 18h43m
parcialm. de chuva c/ chuvas trovoadas Altura 0,5m ALTA 1,1m 0,3m ALTA 1,1m

28°
Macapá Fortaleza
BRASIL RIO Porciúncula
14° Previsão
ZONA
SUL
ZONA
NORTE
ZONA
OESTE
SENSAÇÃO
TÉRMICA/RIO
PROBABILIDADE
DE CHUVA
Boa Vista 24°/ 33° 24°/ 32° Temporais no Sul e Final de semana com sol e Bom Jesus do 29°
24°/ 32° Natal
temperaturas mais baixas. calor no Rio de Janeiro. Não há Itabapoana 15° HOJE 17°/30° 16°/32° 16°/32° 21°/28° Baixa
São Luís 23°/ 31°
Belém Tempo seco na região central expectativa de chuva e as 31°
AMANHÃ 18°/29° 17°/31° 17°/31° 21°/28° Baixa
Manaus 24°/ 31° João Itaperuna NORTE São Francisco 30°
23°/ 33°
24°/ 32° do BR e calor em SP. Chuva temperaturas seguem altas à 15°
de Itabapoana 17°
Pessoa Santo Antônio 30° TERÇA 19°/24° 18°/26° 18°/26° 20°/28° Alta
24°/ 30° continua de maneira forte, tarde. No interior e na capital de Pádua 15°
Porto Velho
23°/ 32°
Teresina Recife mas localizada no NO e NE. baixa UR. 31° São João 30° QUARTA 18°/24° 17°/26° 17°/26° 22°/25° Alta
24°/ 34° São Fidélis 31° da Barra 16°
23°/ 31° 16° Campos
Rio Branco Palmas Maceió
17° QUINTA 21°/22° 20°/24° 20°/24° 21°/28° Alta
23°/ 35° Santa Maria 25°
22°/ 32° 22°/ 29°
29° Paraíba SERRANA Madalena 12° SEXTA 21°/21° 20°/23° 20°/23° 21°/26° Alta
Brasília Salvador Aracaju 16° do Sul Nova 22°
Cuiabá Friburgo 11°
21°/ 34° 16°/ 27° 24° / 29° 23°/ 27° 25° Visconde 29°
26°
Teresópolis
SÁBADO 20°/21° 19°/23° 19°/23° 21°/24° Alta
de Mauá Valença 31°
Vitória 9° 13° Casimiro 31° Macaé
Campo Grande 14° 17°
18°/ 31° 30° Volta de Abreu 16°
19°/ 30° 30° 14° Redonda Barra 32° Cachoeiras Rio das 31°
Belo Horizonte Resende Petrópolis de Macacu
14° do Piraí 15° Ostras 17°
14°/ 27° 30° Barra 25° 29° Silva Jardim
Goiânia
14° Mansa 32° Duque 12° 30° 28° Praias - Impróprias: Barra da Ondas - Ondas de 1,0 metro. Ventos - Ventos de sudoeste.
17°/ 30° Rio de Janeiro SUL 14° Búzios
16°/ 32° 18° de Caxias LAGOS 17° 15° Tijuca, Botafogo, Flamengo, Ondulação de sul-sudeste. Rajadas de 10 a 24 km/h.
30°
32° Araruama
28° Ipanema e Leblon. Melhores locais: Macumba,
São Paulo Mangaratiba 32° Rio de 16° Cabo Frio
18°
16°
Janeiro Niterói
Maricá Saquarema 15° Prainha e Grumari.
15°/ 28° Angra 30°
32° 32° 29°
dos Reis METROPOLITANA 18°
Porto Alegre Florianópolis Curitiba 18° 16° 16° informações: Inea informações: Ricosurf
31°
10°/ 15° 14°/ 20° 13°/ 26° Paraty
17°

Em Niterói, um paraíso para as tartarugas-verdes

Membros do Projeto Aruanã pesquisam a vida de animais que, nascidos na África, no Caribe e no litoral brasileiro,
passam cerca de 20 anos na Reserva Extrativista Marinha de Itaipu, antes de voltarem a seus territórios de origem

CUSTODIO COIMBRA
CAROLINA CALLEGARI
carolina.callegari@oglobo.com.br
cem, os filhotes nadam para
alto-mar. Nessa fase, cres-
-
cem até em torno de 25 a 30

E las chegam de lugares dis-

tantes e variados do plane-
ta. Passam por aqui uma tem-
centímetros. A menor que
pegamos na captura, com
cerca de 36 centímetros, de-
porada de amadurecimento, ve ter entre 5 e 10 anos —diz
rumo à fase adulta, que pode Suzana Guimarães, especi-
durar cerca de 20 anos. E de- alista em tartarugas mari-
pois voltam para casa. Refúgio nhas e coordenadora do
de tartarugas-verdes (Chelo- Projeto Aruanã, criado em
nia mydas), a Reserva Extrati- 2013, mesmo ano em que
vista Marinha de Itaipu ( Re- nasceu a Resex-Mar Itaipu.
sex-Mar Itaipu), em Niterói, — A que acompanhamos
oferece proteção e fartura de mais tempo foi a Neruda,
alimentos que atraem exem- que ganhou até nome, e mo-
plares vindos de regiões da nitoramos por nove anos.
costa da África, do Caribe e de Ela foi vista pela primeira
ilhas oceânicas do Brasil. Essas vez com cerca de 36 centí-
visitantes muito especiais são metros e, da última vez, em
alvo do Projeto Aruanã, de pes- 2019, estava com 92 centí-
quisa e preservação da espécie, metros, já considerada na
que encerrou nesta semana vida adulta.
uma importante fase de coleta
de tecidos para análise genéti- CARDÁPIO VARIADO
ca dos animais encontrados na Em junho do ano passado, as
Praia de Itaipu. tartarugas-verdes deixaram a
Na pesquisa por meio de À vontade. Tartaruga-verde na Praia de Itaipu é observada por integrantes do projeto Aruanã: animais vêm de várias partes do mundo para temporadas em Niterói lista de animais ameaçados
captura intencional, os inte- de extinção no Brasil, segun-
grantes do Projeto Aruanã entre 5 e 7 anos sendo leva- Niterói tartarugas-verdes uma impressão digital. do dados divulgados pelo Mi-
usam uma rede especial que dos pelas marés. Mais cresci- nascidas no Arquipélago de —Com o tecido para a aná- nistério do Meio Ambiente
não machuca as tartarugas e dos, procuram, na costa, Fernando de Noronha, em lise genética conseguimos (MMA). A presença e a per-
permite que elas sejam de- pontos conhecidos como Pernambuco, no Atol das identificar a origem desses manência de indivíduos vin-
volvidas à água em seguran- “Quando tem outro áreas de agregado de alimen- Rocas, no Rio Grande do animais. São indivíduos juve- dos de tão longe é um forte
ça. Os animais são identifica- recurso disponível, ela se tação, a exemplo da Praia de Norte, e na Ilha da Trindade, nis que vêm de diferentes po- indicativo de que o ambiente
dos, têm seu desenvolvimen- alimenta. Pode pode ser Itaipu, ambientes onde pas- no Espírito Santo. pulações natais e passam aqui em Itaipu é acolhedor.
to acompanhado e seu estu- resto do peixe, podem ser sam a “juventude”, ou as pró- Para confirmar a origem essa fase da vida, se alimen- —A tartaruga-verde é herbí-
do permite a coleta de infor- ximas duas décadas. dos animais, é recolhido tando, crescendo, até atingi- vora, tem preferência por al-
mações sobre parâmetros organismos gelatinosos. Para entender esse pro- material genético nas cap- rem a maturidade sexual e daí gas e grama marinha, que não
populacionais, como taxa de Aqui, elas já sabem o cesso, o grupo de pesquisa turas intencionais. Os bi- migrarem de volta para as áre- tem aqui. Mas quando tem ou-
mortalidade, emigração e ta- horário em que começa a do Projeto Aruanã faz duas chos também ganham uma as reprodutivas de onde saí- tro recurso disponível, ela se
xa de crescimento, além de limpeza dos peixes temporadas anuais de cap- anilha, uma espécie de tag, ram —explica a coordenado- alimenta. Pode pode ser resto
condições de saúde. turas intencionais —a pri- com número de identifica- ra de pesquisa do projeto, Es- do peixe, podem ser organis-
É dura a vida da tartaruga- capturados pelos meira em abril ou maio e a ção, e passam por check-up téfane Cardinot Reis. mos gelatinosos. Aqui, elas já
verde: lá onde nasceram, os pescadores” segunda em outubro. Além completo. Fotos do topo da O casco da tartaruga-ver- sabem o horário em que co-
filhotes são lançados ao mar _ das visitantes estrangeiras, cabeça das tartarugas, que de, na fase adulta, pode al- meça a limpeza dos peixes
ainda bem pequenos e, sem Suzana Guimarães, que podem ter vindo do Ca- exibem um padrão único de cançar 1,2 metro. capturados pelos pescadores
traquejo para nadar, passam coordenadora do Projeto Aruanã ribe e da África, chegam a manchas, funcionam como — Logo depois que nas- —conta Suzana Guimarães.

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OGLOBO | Domingo 11.6 .2023
BRUNO ALFANO
bruno.alfano@extra.inf.br
-
O que você estava fazendo
dos 13 aos 20 anos? Al-
guns brasileiros nessa faixa
etária estão tentando mudar o
mundo —ou a sua realidade
local, o que é tão importante
quanto. É o caso de Gabriela
Santos Veneno que, aos 17
anos, é responsável pelo pro-
jeto Ciclos de Amor para com-
bater a pobreza menstrual.
Esse é um exemplo de jovem
transformador, aquele que
constrói soluções para pro-
blemas reais e que será tema
da participação da Ashoka,
maior rede de empreendedo-
rismo social do mundo, no
Festival LED —Luz na Educa-
ção, evento que será realizado
nos dias 16 e 17 de junho, no
Museu de Arte do Rio e no
Museu do Amanhã. A progra-
mação completa está disponí-
vel no site www.redeglo-
bo.globo.com/movimento-
led-luz-na-educacao, onde é
possível fazer as inscrições. O
evento é gratuito.
—O mundo de hoje exige de
nós capacidade de acompa-
nhar as mudanças aceleradas,
de criar soluções para as graves
crises que já estamos enfren-
tando (ambientais, econômi-
cas, políticas, sociais), de enga-
jar todas as pessoas na busca de
relações pacíficas, solidárias e
prazerosas para todos — diz
Helena Singer, líder da Estra-
tégia de Juventude da Ashoka.
É possível entender o poder
mobilizador de um jovem
transformador a partir dos fei-
tos de Gabriela. Em dois anos
de existência, o projeto já reali-
zou doações de kits higiênicos
para casas de acolhimento e
escolas, impactando mais de
600 pessoas; arrecadou R$ 30
mil para replicar o projeto em
outras regiões do país; e possui
30 pessoas voluntárias em áre-
as vulnerabilizadas do Rio e de
outras cidades.
— Pesquisar e falar sobre
menstruação com outras ga-
rotas e mulheres mostra co-
mo o tema segue sendo tabu
de gerações. O assunto de um
processo natural do nosso
corpo não deveria ser assim.
Queremos derrubar os estig-
mas da menstruação —afir-
ma a adolescente.
No Festival LED, a Ashoka
apresenta a nova turma de Jo-
Especialista em resolução de
conflitos está entre atrações
Priya Parker vai conversar com Maju Coutinho sobre relações na escola
N ovas atrações foram anun-
ciadas nos últimos dias no
Festival LED —Luz na Educa-
ção. Uma delas é a participa-
ção de Priya Parker, consulto-
ra estratégica, facilitadora e
autora do livro “The Art of Ga-
thering: How We Meet and
Why It Matters” (“A arte dos
encontros: Como se reunir e a
importância de estar perto
dos outros”, em tradução li-
vre). Ela vai conversar com a
jornalista Maju Coutinho so-
bre a importância das rela-
ções humanas nas escolas, a
arte dos encontros no ambi-
ente escolar e a riqueza das
trocas individuais e coletivas.
—Gosto do papel que Priya
atribui à intenção para a rea-
Helena Singer. ‘É importante incentivar os jovens a formar equipes, a exercitar a liderança compartilhada e a avaliar suas potencialidades’
Jovens que querem
transformar o mundo se
encontram no Festival LED
Evento apresentará nova turma de brasileiros que será treinada pela
Ashoka, pioneira e maior rede de empreendedorismo social no mundo
Ativismo. Luísa Santi, de 19 anos, lidera uma rede de proteção a ambientalistas
lização de qualquer encon-
tro. Intenção e propósitos
claros podem transformar
encontros em experiências
realmente enriquecedoras. E
isso será um dos temas do
nosso papo no LED —conta
animada a jornalista.
A conversa acontece dia 17,
às 13h30, no Museu do Ama-
nhã e as inscrições para parti-
cipar do evento —assim co-
mo qualquer outro encontro
do festival —podem ser feitas
através da plataforma do Mo-
vimento LED no link https://
somos.globo.com/movimen-
to-led-luz-na-educacao/festi-
val-led-luz-na-educacao/.
Em sua segunda edição, o
festival já conta com mais de
ARQUIVO PESSOAL
16 mil inscritos para acom-
panhar o evento, 50% a mais
que o ano passado. Total-
mente gratuito, o Festival
LED – Luz na Educação é rea-
lizado pela TV Globo, Funda-
ção Roberto Marinho e Edu-
cação 360, com patrocínio de
InvestRio, e reúne personali-
dades e especialistas reco-
nhecidos nacional e interna-
cionalmente para discutir o
futuro da educação no Brasil.
Outro evento recém-anun-
ciado é o encontro “Como
contar histórias que marca-
ram época para novas gera-
ções?”, na qual produtores de
podcasts de sucesso vão dis-
cutir sobre o processo de es-
colha de histórias do passa-
vens Transformadores, que
podem se tornar o futuro do
empreendedorismo social no
Brasil. São jovens de todas as
regiões reunidos com o pro-
pósito de tornar o mundo um
lugar mais justo e sustentável.
—A energia desses jovens é
implacável. Em comum, têm a
crença de que cada indivíduo
pode contribuir para mudar a
realidade de sua comunidade,
escola e região. E estão à frente
de algum projeto ou movi-
mento —diz Singer.
Há quatro meses, jovens
brasileiros, como Gabriela,
vêm passando por um proces-
DIVULGAÇÃO
Priya Parker. Especialista em conflitos
do, que ensinam as novas ge-
rações sobre temas relevan-
tes. Na mesa, estarão Renata
Ceribelli, do podcast “Prazer,
Renata”; Ana Paula Araújo,
do “Abuso”; e Tiago Rogero,
do Projeto Querino.
O evento tem dois espaços
principais de conversas. No
Museu do Amanhã, o Palco
LED Inspira traz conversas
mais amplas e inspiradoras,
que apontam comportamen-
DIVULGAÇÃO
so de entrevistas com em-
preendedores sociais, educa-
dores, comunicadores, gesto-
res públicos e lideranças jo-
vens do Brasil, Indonésia, Ni-
géria e Estados Unidos. As-
sim, eles ampliam suas redes
de colaboração e comparti-
lham experiências com quem
já está promovendo transfor-
mações sociais profundas.
A Ashoka, que está presente
em 92 países, é articuladora de
um movimento por um mun-
do onde todos se reconheçam
como agentes de transforma-
ção pelo bem comum. No Bra-
sil desde 1986, teve como um
HERMES DE PAULA
Maju. Jornalista vai estar com Priya
tos e tendências. Haverá pales-
tras e debates com grandes te-
máticas transversais à educa-
ção que envolvem e interes-
sam a toda a sociedade. Já no
Palco LED Inova, no Museu de
Arte do Rio, terá caráter mais
intimista, com palestras de te-
máticas mais específicas do
universo da educação, ligadas
às novas abordagens e meto-
dologias inovadoras.
Além das conversas, o even-
Rio | 31
de seus primeiros empreende-
dores sociais Chico Mendes,
em 1988. Ela já reconheceu
mais de 4 mil empreendedo-
res sociais no mundo, sendo
390 no Brasil, em diversas áre-
as de atuação: equidade de ra-
ça e gênero, ambiente e clima,
saúde, desenvolvimento eco-
nômico, educação, longevida-
de e participação cidadã. Ao
ingressar na rede global da
Ashoka, esses jovens iniciam
uma jornada de três anos de
aprendizado sobre suas cau-
sas, identidades, territórios e
estratégias de colaboração pa-
ra ampliar seu impacto social.
—É importante incentivá-
los a formar equipes, a exerci-
tar a liderança compartilhada,
e a avaliar suas potencialida-
des —afirma Singer.
PROTEÇÃO A MOBILIZADORES
Outra finalista da seleção para
a turma é Luísa Santi, de 19
anos. Estudante de Relações
Internacionais na PUC-SP, a
moradora de São Bernardo do
Campo lidera, com duas ami-
gas alemãs, o Climate Activist
Defenders, uma organização
voltada a garantir a segurança
e o bem-estar de ativistas am-
bientais sob risco em áreas de
confronto, em qualquer região
do mundo. A organização já
apoiou mais de 100 ativistas
em situação de emergência
em dez países. A ideia veio
quando ela iniciou uma va-
quinha virtual para arreca-
dar dinheiro para um ativis-
ta que sofria ameaças do Ta-
libã no Afeganistão.
—Fizemos um vídeo que foi
repostado pela ativista Greta
Thunberg. Arrecadamos 40
mil libras, mas então percebe-
mos que somente o dinheiro
não resolveria a questão de co-
mo e para onde ele iria. Com
isso tudo, ganhamos muita vi-
sibilidade e vários outros pedi-
dos de ajuda —conta Luísa.
A Ashoka fará uma conver-
sa com os empreendedores e
estará no debate “Como ensi-
nar de um jeito que jovens
amam? Aprendendo com
eles!” com o estudante e am-
bientalista Rhenan Cauê, de
Araguatins (TO); e no painel
“Por uma educação para to-
dos, todas e todes”, com Bea-
triz Lacerda, de Belém (PA).
A Ashoka terá ainda um es-
paço de mobilização dentro do
Festival LED, na parte externa
do Museu do Amanhã, que
servirá como ponto de cone-
xão entre jovens transforma-
dores, empreendedores soci-
ais e colíderes do movimento
Um Mundo de Pessoas que
Transformam. Na programa-
ção, oficinas, mostras de cur-
tas, rodas de conversa e lança-
mento de livro e audiovisuais.
ISADORA NEUMANN/DIVULGAÇÃO
Ceribelli. Apresentadora de podcast
to vai contar com o “Espaço
Comunidade LED”, um local
para se conectar com pessoas,
projetos e ideias que estão
transformando a educação no
Brasil e apresentará os vence-
dores do Prêmio LED de 2023.
Por fim, ainda haverá o Espaço
LED Cria com oficinas ofereci-
das pelo Canal Futura, que de-
dica-se há 25 anos à constru-
ção do conhecimento e da
transformação da sociedade.
32 | Rio Domingo 11.6.2023 | OGLOBO

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Distorção
Dados do IBGE que dizem que
de cada três brasileiros fora do
mercado de trabalho dois são
mulheres provam como a
pandemia afetou mais as
trabalhadoras. É preciso
que nossas lideranças
governamentais e empresariais
procurem corrigir essa
distorção de gênero para que
possamos continuar na luta
pela construção da grande
nação que tanto sonhamos e
temos condições de ser.
JOSÉ DE ANCHIETA N. ALMEIDA
RIO
Zanin no STF
Como num passe de mágica,
parece que o competente e
pálido advogado do presidente
Lula saiu do famoso Museu
Madame Tussauds de Londres
para ser indicado ao STF e já
tem maioria na CCJ do Senado
para ser aprovado.
ORLANDO A. G. JUNIOR
RIO
_
Deplorável a humilhante
peregrinação que Cristiano
Zanin faz aos quatro ventos,
tentando apagar a sua fraca
atuação como advogado que
levou à condenação de Lula e
também descolá-lo de uma
amizade umbilical que tem com
ele. Na verdade, Edson Fachin,
esse, sim, foi quem determinou
a soltura de Lula, pois viu nele
o único brasileiro capaz de
vencer Jair Bolsonaro, que
por suas possíveis atitudes
antidemocráticas poderia
intervir no STF e determinar a
perda de sua invejável situação
de ministro vitalício.
GERALDO SIFFERT JUNIOR
RIO
Falta comunicação
A área de comunicação do
presidente Lula precisa passar
por uma reciclagem, senão
vejamos: resgatou os
excelentes programas sociais
Bolsa Família e Minha Casa,
Minha Vida; ganho financeiro,
mesmo que pequeno, do salário
mínimo; atenção à merenda
escolar, que, como sabemos,
para muitas crianças é a única
alimentação decente ao longo
do dia; financiamento do ensino
superior gratuito, aquele que,
segundo o governo do ex-mito,
é um antro de esquerdista e
drogado; a inflação em franca
queda, contrariando a visão
pessimista de muitos
economistas; crescimento do
PIB em torno de 2%, longe do
previsto para os videntes do
passado; recolocação do Brasil
no mapa internacional,
deixando de ser pária;
protagonista nas ações de
sustentabilidade ambiental.
Acorda, setor de comunicação
do governo federal!
HILTON FERREIRA MAGALHÃES
RIO
Fundo do poço
Lula e o PT querem quebrar
o país. Não é difícil. Basta
terem aulas com os maiores
acionistas das Lojas
Americanas. Vai ser rapidinho.
Aliás, eles apoiaram Lula,
segundo a mídia. Lula deveria
chamar a Liesa, que cuida do
carnaval, ou o seu genérico
paulistano, para administrar o
país. Seria mais bem-sucedido.
O Brasil não está no fundo do
poço. No fundo do poço temos
esperança de encontrar água.
Quem dera. O Brasil está no
fundo da fossa.
IRIA DE SÁ DODDE
RIO
Corrupto
A proposta da deputada
Dani Cunha, filha do corrupto
Eduardo Cunha (vou aproveitar
para chamá-lo assim antes que
isso vire crime), é o mais
completo exemplo de legislar
em causa própria. Como é
que os filhos do Maluf não
pensaram nisso antes?
FLAVIUS FIGUEIREDO
BARRA DO PIRAÍ, RJ
Na mão grande
Assim como a indústria
de alimentos tem como
prática diminuir o peso das
embalagens de seus produtos,
os bancos estão diminuindo o
prazo para pagamento dos
cartões de crédito. Tomaram,
na mão grande, sete dias do
consumidor.
MAURICIO BRANDI
RIO
Aeroportos
Na terça-feira passada, saí do
Rio Sul às 17h45 para apanhar
meu neto que chegava do
exterior no Galeão às 19h10. Foi
uma longa, cansativa e absurda
viagem para chegar ao Galeão
só às 19h30! O prefeito e o
governador tentam
politicamente transferir voos
do Santos Dumont para o
Galeão, mas se esquecem de
que não são eles que vão pegar
voos no terminal, mas os
usuários que ficam retidos
nesse trânsito caótico e que
correm riscos de assalto no
trânsito parado e de ocasionais
balas perdidas na Linha
Vermelha. Entretanto, eles
querem manter um privilégio
para que seus voos e dos
demais políticos para Brasília
sejam exclusivamente no
Santos Dumont. O Galeão só se
tornará viável se houver um
eficiente e seguro sistema
viário com bom fluxo e eficiente
sistema de transporte público,
e não apenas na vontade e nas
pressões políticas para
transferir os voos.
FREDERICO J. O. R. DE BARROS
RIO
_ Dia dos Namorados
Por que o governo federal não
se interessa em reativar o
potencial total do Aeroporto
Tom Jobim?
JOSÉ ZIMMERMAN
RIO
A quem interessa?
O perspicaz leitor Abel Pires
Rodrigues não precisou ser
prolixo para apontar o cerne do
caso da minuta de decreto de
Garantia da Lei e da Ordem
(GLO) encontrada no celular do
coronel Mauro Cid, ex-ajudante
de ordem, e na casa do
ex-ministro da Justiça de
Bolsonaro, Anderson Torres:
a quem interessa o crime?
WILDE RAIA
RIO
Crimes
O dinheiro, sempre ele, é causa
de tanta monstruosidade, que
parece andar de braços dados
com a morte. Particularmente
no Brasil, isso vem de longe. A
menina que mandou matar os
pais para usufruir da herança.
A mulher que se casou com o
ganhador da loteria, um
cadeirante cuja certidão de
casamento foi a decretação da
pena de morte para o pobre
cônjuge. O filho adotivo que
torturou e matou a própria mãe
porque ela se recusou a assinar
mais um cheque. E agora é o
caso de Jeff Machado, ator que
acalentava um sonho que lhe
custou a própria vida. Edgar
Allan Poe morreria de inveja.
Num de seus contos, o gato foi
emparedado junto com o corpo
da esposa do assassino. Mas
os miados dentro da parede
alertaram a polícia. O leitor,
enfim, respira. Muitos crimes
ficam sem solução. Precisamos
de mais felinos.
MARLENE DE LIMA
RIO
Passeando de mãos dadas lá
vão eles sempre. Sonhando de
olhos bem acordados.
Conversando com a vida.
Amanhecendo com o sol.
Felicidade sorrindo, existindo.
O presente abrindo as portas
para o futuro. A paz morando
em seus corações. A tarde
chegando, trazendo uma brisa
serena. É um carinho dengoso
que tanto agrada. É um beijo
gostoso sem tempo de acabar.
É o pôr do sol chamando as
estrelas para perto. São desejos
e vontades correndo a céu
aberto. Sentados na areia da
praia. Olhando perdidamente
as ondas do mar. Juntos para
sempre se compreendendo
nas tristezas e nas alegrias.
A saudade e a solidão
deixando de incomodar,
acompanhando em silêncio.
Rezando, pedindo a Deus que
eles continuem adormecendo
no colo das noites.
MARIA FLOR DAMASO ALVES
RIO
Degradação
Sou morador de Volta Redonda,
cidade que abriga uma das
maiores siderúrgicas da
América Latina, a CSN. Assisto
com um misto de incredulidade
e desgosto ao que vem
acontecendo em nosso
município. Privatizada em 1993,
no governo Itamar Franco, a
CSN transferiu à iniciativa
privada prédios, clubes e
extensas áreas, hoje
completamente abandonados.
Espaços recreativos que
marcaram a minha juventude
tomados pelo mato alto. Para
agravar a situação, a prefeitura
se vê imobilizada em seu
plano de atrair investidores,
uma vez que os terrenos de
áreas atrativas estão sob a
administração da companhia.
Desde a venda da siderúrgica,
o presidente da empresa e
os gestores públicos não se
entendem, e a população sofre
com a falta de oportunidades
de emprego e lazer. Faço,
portanto, um apelo às
autoridades estaduais e
federais que arbitrem essa
delicada situação, em nome
de uma prosperidade para os
moradores da Cidade do Aço.
FÁBIO MARTINS BARBOSA
VOLTA REDONDA, RJ
Indígenas
Pelo que li, os indígenas
ocupam 14% das terras
brasileiras, embora sejam
somente 0,2% da população.
Quando vejo fotos ou filmes
sobre eles, noto que vivem e se
reúnem em espaços pequenos.
A questão de quererem mais
terras é realmente dos
indígenas ou existem
interesses maiores por trás
disso? Tenho minhas dúvidas.
HENRIETTE GRANJA
RIO
Museu de volta
É com muita satisfação que leio
que o Museu do Índio vai reabrir
as portas para o público, depois
de passar por reformas e
melhorias. Representa muito
para a cultura, enriquecendo o
conhecimento sobre os povos
indígenas, e está fazendo falta.
É mesmo para agradecer, o
Rio de Janeiro é também um
estado visado por turistas que
podem ter mais um rico acervo
para visitar.
MARIA DA GLORIA HISSA
RIO
Dinizismo
O treinador Fernando Diniz
precisa urgentemente apurar a
mira de seus jogadores. Só no
jogo contra o River Plate, na
última quarta-feira, foram
desperdiçadas quatro chances
claras de gol pelo Fluminense.
Cano, Ganso, Martinelli e Lelê
perderam oportunidades
incríveis. Será que os jogadores
estão começando a fritar o seu
treinador?
JOTA TREFFIS
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e uma batata.É preciso sua área,e a vontade de peixes.Milhares deles boiavam em uma
portar carteirinha do deles de preencher extensa faixa da superfície que vai do Corte de
Clube (física ou digital na uma lacuna no merca- Cantagalo até o Clube Piraquê,exalando mau
validade).Aberta em do.O cardápio ainda cheiro e causando mal-estar aos moradores.
2013,a hamburgueria possui um toque Amortandade é atribuída à ventania que revolveu
tem produção completa- especial: segredos o lodo,asfixiando os peixes.
mente brasileira e se da família Troisgros Os Estados Unidos enviaram ao espaço o último
tornou uma das marcas no preparo da carne satélite da série lunar,o Explorer-49,que tem por
referências para os cario- e dos molhos. missão estudar os misteriosos sinais de rádio
cas quando a pedida é Confira mais on-line. originários da nossa e de outras galáxias.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023 | 33

BOLA DE CRISTAL DO BRASILEIRO PARA

Esportes
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As chances de cada time na rodada APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Confira ainda as possibilidades de título,Libertadores e rebaixamento O QR CODE

MARCELO busca hoje seu vigésimo terceiro título, o tri

em Roland Garros. Nikola Jokic comanda o
BARRETO Denver Nuggets rumo à cada vez mais prová-
vel conquista inédita da NBA. Ambos se vale-
ram da cultura esportiva dessa ex-república iu-
goslava para desenvolver seus talentos, que fo-
ram lapidados na milionária indústria norte-
esporteglb@oglobo.com.br americana (Nole foi treinar na Flórida ainda
jovem; o Joker já era profissional na Europa
quando foi escolhido no draft).
O fenômeno está O Brasil já teve Guga, número 1 do ranking
mundial de tênis, e Oscar Schmidt, ainda o
um país tão grande e diverso.
Tênis e basquete, para ficar nos exemplos
da semana, têm em comum os graves proble-
mas vividos por suas confederações. E não
modificaram radicalmente seus sistemas de
revelação de talentos, focados em clubes par-
ticulares. Dentro dele, é verdade, surgiu e se
desenvolveu Bia Haddad Maia, que acaba de
chegar às semifinais de Roland Garros —um
feito que não era atingi-
O Brasil tem, na
sua população,
do por uma mulher bra-
sileira desde Maria Es-
mundial de tiro com arco, conheceu a mo-
dalidade num projeto social em Maricá, no
litoral do estado do Rio. As duas medalhis-
tas brasileiras no último Mundial de Ta-
ekwondo, Maria Clara Pacheco e Caroline
Gomes (apelidada de Juma pela divertida
história que gosta de contar, com algum
exagero, de seu encontro com uma onça
pintada no Pantanal), foram recrutadas pa-
ra treinar em São Caetano do Sul, onde fica
um dos maiores centros de lutas do mundo.
Uma rápida olhada no perfil dos medalhis-

na diversidade
maior cestinha do basquete em todos os tem- um potencial ther. E até há brasileiros tas brasileiros nos Jogos de Tóquio-2020
pos (sem falar em Maria Esther Bueno e nos enorme para na NBA, mas cada vez aponta para mais histórias: Ana Marcela Cu-
títulos mundiais das seleções masculina, em desenvolver em menor quantidade nha nasceu em Salvador e fazia natação nu-
1959 e 63, e feminina, com o time comanda- grandes atletas. (Raulzinho foi o único a ma piscina antes de se aventurar em travessi-
do por Paula e Hortência em 1994). Mas não É questão de começar a última tem- as pelo litoral da cidade; Isaquias Queiroz re-

Fsombrando
enômenos do esporte podem nascer em
qualquer lugar. Dois deles, que estão as-
o mundo com suas façanhas nesta
semana, vieram da Sérvia —país menor em
área do que 20 estados brasileiros e cuja popu-
lação é pouco maior do que a da cidade do Rio
de Janeiro. Novak Djokovic se classificou para
sua trigésima quarta final de Grand Slams e
criou, após o sucesso deles, um sistema con-
sistente de revelação de talentos nessas mo-
dalidades. Não que isso seja fácil —exige in-
vestimento, organização e paciência, um pa-
cote que falta até ao nosso esporte mais popu-
lar e também nosso campeão em exportação
de jovens valores, o futebol. Só faz a gente
pensar na potência esportiva que poderia ser
saber buscar e
desenvolver
porada com um contra-
to) e mais longe do pro-
tagonismo.
Outros esportes dão exemplos do que se
pode atingir quando se vai buscar o talento
na diversidade da população brasileira, em
vez de esperar que ele bata à sua porta. Mar-
cus Vinicius d’Almeida, líder do circuito
mava pelos rios de Ubaitaba sem saber que a
canoagem era um esporte olímpico; Rebeca
Andrade conta com carinho de seu encontro
com Daiane dos Santos quando ainda era me-
nina, numa escolinha de ginástica artística
em Guarulhos. O talento e a diversidade es-
tão aí, espalhados por esse país enorme. É
questão de ir buscar e ajudar a desenvolver.

Lojas, parque
WANDER ROBERTO/INOVAFOTO/DIVULGAÇÃO
derson Varejão, escolheram o
país para mirar os esforços de
investimento fora dos Esta-

e eventos:
dos Unidos —uma prática re-
corrente entre os demais ti-
mes da liga. Com a presença
de Varejão, hoje consultor de

NBA de olho no
desenvolvimento de Atletas e
embaixador global da equipe
de Cleveland, reformou a
quadra do Beco do Nego, em

mercado do país
São Paulo, e anunciou a refor-
ma de duas quadras onde o ex-
jogador deu seus primeiros
passos no basquete, em Vitó-
ria, no Espírito Santo. A visita
Liga aposta em escolinhas, atuação das chegou a virar documentário.
— Como embaixador glo-
franquias e licenciamento de produtos bal, minha função é ajudar
nesse trabalho de internacio-
para ampliar negócios no Brasil nalização da franquia, da mar-
ca, em mercados como a
América Latina e a Europa,
VITOR SETA
vitor.seta@extra.inf.br
quatro vezes mais buscado por exemplo, onde joguei.
do que “basquete”, segundo Vou estar ao lado da organiza-
-
o Google Trends. ção em eventos, em todas as

EBianca
ra uma quinta-feira,
21h, e a influenciadora
Andrade, famosa
pelo conteúdo de maquia-
gem, marcava presença
num evento esportivo em
São Paulo. A NBA House,
que teve nova edição inau-
gurada naquela noite, no
jogo 1 das finais da liga
americana de basquete en-
tre Denver Nuggets e Mia-
mi Heat (fazem o jogo 5
amanhã, às 21h30, com
transmissão da ESPN; os
Nuggets lideram por 3 a 1),
é um dos vários eventos
que têm deflagrado o posi-
cionamento da marca no
Brasil, um negócio em ple-
na expansão para além dos
muros do esporte.
O basquete não está entre
as três modalidades mais
populares para os brasilei-
ros: pesquisa da Nielsen en-
tre janeiro e abril de 2022
mostra que ele fica atrás do
futebol, do vôlei e de espor-
tes radicais, enquanto a
Statscore apontou o MMA e
as luta como terceiros mais
populares, com a modalida-
de da bola laranja em quar-
to, em 2021. Mas a NBA ten-
ta furar essa “limitação”
com uma marca com mais
repercussão que a própria
modalidade em si —no ano
passado, o termo “NBA” foi
A NBA House, evento
temporário que acontece
durante as finais e oferece
estrutura de festa, com
ações, atividades e presen-
ça de famosos em meio a
telões para acompanhar as
partidas, está em sua quin-
ta edição, com expectativa
de receber 44 mil pessoas.
Em abril, a liga inaugurou o
NBA Park, um parque te-
mático de 4 mil metros
quadrados na cidade de
Gramado, no Rio Grande
do Sul, esperando até 250
mil visitantes por ano.
—Nós vemos a NBA cada
vez mais sendo parte da roti-
na do brasileiro. E quando a
gente pensa aqui dentro de
casa, dentro do negócio, é um
investimento de longuíssi-
mo prazo. Estamos com a
operação aqui no Brasil há
mais de dez anos. E sempre
deixamos claro que o Brasil
era território estratégico—
afirmou o head da liga no
Brasil, Rodrigo Vicentini,
em entrevista ao blog Pano-
rama Esportivo, do GLOBO.
Segundo Vicentini, pes-
quisas encomendadas pela
liga com a própria Nielsen e
com o Ibope Repucom
apontam que a base de fãs da
NBA no Brasil pulou de 23
milhões para 46 milhões
nos últimos três anos.
Rosto no Brasil. Embaixador global do Cleveland Cavaliers, Varejão participou de entrega de quadra reformada em SP
206
escolinhas
Já existem no Brasil licenciadas
sob o programa NBABasketball
School
A crescente popularidade
da liga criou também um fe-
nômeno de varejo e licencia-
mento: são 206 escolinhas li-
cenciadas sob o programa
NBA Basketball School,
mais de 20 lojas oficiais espa-
lhadas no Brasil —a expecta-
tiva é chegar em 30 até o fim
do ano —e cerca de três mil
produtos licenciados.
— Sem dúvida é o melhor
momento que a gente tem co-
mo liga, não só na parte de va-
rejo e licenciamento, mas co-
mo um todo —avaliou Sérgio
Perrella, vice-presidente de li-
cenciamento e varejo da NBA
para América Latina, durante
a inauguração do NBA Park.
FRANQUIAS TENTAM CARONA
O sucesso de vendas ajuda
na estratégia de impulsio-
nar a NBA como produto de
um estilo de vida, o que ex-
plica a presença de influen-
ciadores de fora do nicho es-
portivo e outros que falam
uma linguagem mais próxi-
ma à do público, caso da par-
ceria com o podcast Pod-
pah. São iniciativas que bus-
cam superar, por meio de
conteúdo nas redes sociais,
limitações físicas que impe-
dem a presença da liga, por
enquanto, para além das re-
giões Sul e Sudeste.
A internet também tem si-
do um território para que as
franquias da liga tentem con-
quistar seus próprios públi-
cos. O Orlando Magic, time
com proximidade do público
do país por conta dos parques
da cidade, destino popular
entre os brasileiros, cria con-
teúdo em português e volta-
do para o Brasil em suas redes
sociais desde 2019. Este ano,
foi a vez do Cleveland Cavali-
ers entrar com tudo no país.
Além de também passar a
criar conteúdo em português
nas redes sociais, os Cavs,
franquia que tem como al-
guns de seus ídolos o astro Le-
Bron James e o brasileiro An-
iniciativas que puder. Como
consultor de desenvolvimen-
to, mais próximo da equipe,
dos atletas e da comissão téc-
nica, ajudando no dia a dia,
trabalhando próximo do téc-
nico. É algo novo para mim,
são responsabilidades novas
que me motivam muito. Es-
tou bem feliz com esse mo-
mento com os Cavs —expli-
cou Varejão ao GLOBO.
O ex-jogador da seleção
brasileira comemora o novo
momento da liga no Brasil e
explica que a chegada dos
Cavs no país é só o início:
— É um plano de longo
prazo. Hoje o foco está na re-
forma das quadras mas com
o tempo, essa relação vai se
estreitar cada vez mais e va-
mos trabalhar em novas
frentes com os Cavs.
No campo das vendas de
produtos licenciados, a fran-
quia de Ohio tem um desafio
de conquistar um público
brasileiro fidelizado com
franquias históricas: até ja-
neiro deste ano, o Los Ange-
les Lakers liderava a venda de
produtos no Brasil, seguidos
do Chicago Bulls e do Boston
Celtics. Fecham o top 5, im-
pulsionados pelo sucesso re-
cente de seus times ou da
presença de estrelas, o Bro-
oklyn Nets e o Golden State
Warriors.

MARCOS LIMONTI/SESI FRANCA

BASQUETE conquistar o título do NBB, SÉRIE B O Vitória,com 25, SURFE vitória no masculino
Franca bate osegundo consecutivo. Novorizontino pode recuperar a Mundial e avançaram às
São Paulo e Ataça coroou uma campa- vence e dorme ponta se ao menos começa em oitavas de final,
nha perfeita de Franca na empatar hoje,em evitando a repesca-
conquista NBB na ponta El Salvador
fase classificatória, com 32 casa,com o Criciú- gem,assim como
vitórias em 32 partidas. ma (quinto,com 20). Tatiana Weston-
Em uma série equili- Georginho,de Franca, foi o O Novorizontino Terceiro colocado, Asétima etapa do Webb no evento
brada,decidida apenas no cestinha da partida, com 23 derrotou o Sampaio mas com um jogo a circuito mundial de feminino.
jogo 5,Franca derrotou São pontos,dando ainda oito Corrêa por 1 a 0 ontem, menos,o Vila Nova surfe começou ontem, Quinto do ranking, o
Paulo por 92 a 68,ontem à assistências.Pelo tricolor gol de Aylon, e dormiu empatou sem gols em El Salvador. australiano Jack
tarde,no Ginásio Pedrocão, paulista,Túlio da Silva foi o na liderança da Série B, ontem com o Guara- Filipe Toledo e Italo Robinson foi elimina-
em Franca (SP),para destaque,com 20 pontos. Sem erro. Lucas Mariano enterra para Franca com 26 pontos. ni,em Goiânia. Ferreira estrearam com do na repescagem.
34 | Esportes
Comandado por Tiquinho, Bota
segue 100% no Nilton Santos
Com dois gols de seu camisa 9, alvinegro derrota o Fortaleza sob os olhares de John Textor
e abre cinco pontos sobre o vice-líder Palmeiras, que joga hoje contra o São Paulo
JOÃO PEDRO FRAGOSO
joao.fragoso@oglobo.com.br
-
I mpecável. Assim é o desem-
penho do Botafogo no Bra-
sileirão quando atuou no Nil-
ton Santos. São seis vitórias
em seis jogos. Contra o Forta-
leza, mais uma vez a equipe
de Luís Castro foi dominante
e fez com que os visitantes
permanecessem a maior par-
te do tempo no campo defen-
sivo. Dessa maneira, os líde-
res construíram a vitória por
2 a 0 e abriram cinco pontos
de vantagem para o vice-líder
Palmeiras, que joga hoje con-
tra o São Paulo.
Depois de dez jogos nos úl-
timos 30 dias, o Botafogo tem
agora 11 dias de descanso até
a próxima partida, dia 22,
contra o Cuiabá, também no
Nilton Santos.
As 21 finalizações do Bo-
tafogo contra nove do Forta-
leza — foram dez e três no
gol, respectivamente — re-
presentam bem o cenário da
partida. Intenso, o alvine-
gro assumiu o controle da
partida no início e, contan-
do com a inspiração de Mar-
lon Freitas e Eduardo no
meio-campo, conseguiu
chegar com perigo em algu-
mas oportunidades. Foi
com a participação da dupla
2ª Edição Domingo 11.6.2023 | OGLOBO
Polonesa
é tri em
Roland Garros,
e Bia entra
no top 10
VITOR SILVA/BOTAFOGO
PARIS
2 0 -
Q uem esteve presente ontem na
quadra Philippe Chatrier, em
Paris, não se surpreendeu com o re-
sultado da final entre Iga Swiatek e
Botafogo Fortaleza Karolina Muchova, mas viu um
Lucas Perri,Rafael João Ricardo,
(Di Plácido),Cuesta, Tinga (Pikachu),
confronto mais difícil do que se es-
Adryelson e Hugo; Titi, Britez e Bruno perava. Fenômeno do tênis mundi-
Tchê Tchê (Lucas Pacheco; Caio al, a polonesa número 1 do mundo
Fernandes),Marlon Alexandre (José precisou de 2h46min de jogo para
Freitas e Eduardo; Welison), Hércu-
Júnior Santos les (Zanocelo),
fazer 2 sets a 1 ( 6/2, 5/7 e 6/4) e con-
(Matías Segovia), Pochettino quistar o tricampeonato.
Tiquinho Soares (Romarinho) e A vitória de Iga sobre Muchova ga-
(Matheus Nascimen- Calebe (Romero); rantiu Bia Haddad Maia na 10ª posi-
to) e Luis Henrique Thiago Galhardo e
(Victor Sá). Lucero.
ção do ranking da WTA, que será
atualizado amanhã. É a primeira
Gols: 1T: Tiquinho Soares,aos 47 minutos;
vez depois de 21 anos que um tenis-
2T: Tiquinho Soares,aos 17 minutos. ta do país chega ao top 10 no ranking
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (Fifa-GO). de simples. O último a conseguir o
Soares, que não perdoou: 1 a Artilheiro. Cartões amarelos: Caio Alexandre,Thiago feito havia sido Gustavo Kuerten,
BRASILEIRO 0 Botafogo. Tiquinho chegou
a oito gols no
Galhardo,Eduardo,Rafael e José Welison.
Público: 19.594 (17.291 pagantes).
com o 7º lugar em junho de 2002.
Será também a primeira vez de
10ª RODADA
Renda: R$ 953.260,00.
PRESENÇA ILUSTRE Brasileirão Local: Estádio Nilton Santos. uma brasileira entre as 10 melho-
Na segunda etapa, Eduardo res da WTA, criada em 1973. Ma-
CLASSIFICAÇÃO cruzou bola baixa e contou ria Esther Bueno foi considerada
P J com a ajuda do zagueiro Titi, Avitória de ontem também entre as dez melhores colocadas
1
2
Botafogo
Palmeiras
24
19
10
9
que não conseguiu tirar a foi sob os olhares de John Tex- por 11 temporadas consecutivas
3 Atlético-MG 18 10 mão da bola. Pênalti. Na bati- tor, dono da SAF do clube. O (1958-1968) nos rankings mais
4 Grêmio 17 9 da, Tiquinho Soares parou empresário veio ao Rio para conceituadas da época, em jor-
5 Flamengo 16 9 no goleiro João Ricardo, mas, tomar algumas decisões im- nais e revistas, antes da chamada
P: Pontos J: Jogos no rebote, marcou o segundo portantes, entre elas a de fa- Era Aberta do tênis.
do alvinegro e fechou a vitó- zer com que o alvinegro deixe Hoje, a partir das 9h30 (de Brasí-
ria. Foi o oitavo gol do arti- as negociações da Libra. Em lia), Novak Djokovic e Casper Ruud
que saiu o primeiro gol. lheiro do Brasileirão. Ele, que entrevista ao ge, Textor afir- decidem o torneio masculino
Em jogada pela direita, atuou sob os olhares de Cris- mou que o clube não ficará (ESPN 2 e SporTV 3 transmitem).
Marlon cruzou para Eduar- tiano, seu primogênito, que em nenhum grupo e negocia- O sérvio tentará se isolar como o
do, que resvalou. A bola caiu foi ao Nilton Santos pela pri- rá, de forma individual, seus maior vencedor de Grand Slams na
no pé do artilheiro Tiquinho meira vez. direitos de transmissão. História, com 23 conquistas.
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especialistas em inteligência
artificial no mundo, e Chen
Qiufan, visionário autor de
ficção científica, imaginam,
através de análises e
contos no melhor estilo
Black Mirror, uma realidade
dominada pela tecnologia.
Nas lojas on-line,
livrarias e em e-book
 OGLOBO | Domingo 11.6 .2023 Esportes | 35

Fla recebe Grêmio de olho em volta ao G4

Rubro-negro tenta ainda chegar a dez partidas de invencibilidade sob o comando de Jorge Sampaoli, que faz
mistério sobre a escalação do time. Gabigol treinou ontem e pode aparecer entre os titulares

GILVAN DE SOUZA/FLAMENGO
DIOGO DANTAS
diogo.dantas@extra.inf.br
mando de Dorival Júnior. Na
ocasião, estava perto de se
-
classificar para as finais da Li-

D epois de uma semana em

que esteve focado no
mata-mata, o Flamengo en-
cara o Grêmio no Maracanã
pelo Brasileirão, hoje, às
18h30, com o objetivo de
colocar novamente no radar
a possibilidade de mais uma
conquista. Se vencer, ultra-
passa o rival gaúcho e deve
reassumir um posto no G4
—dependeria ainda de não
ser superado no saldo de
gols pelo Fluminense, que
visita o Goiás. O confronto
direto pelo topo também
pode aumentar a invencibi-
lidade sob o comando do
técnico Jorge Sampaoli, que
chegaria a dez partidas.
O técnico argentino faz
mistério quanto à escala-
ção. Gabigol, fora contra o
Vasco e o Racing, treinou
ontem com o grupo e pode
retornar aos titulares.
A última vez que a equipe
enfileirou resultados positi-
vos e ficou tanto tempo sem
perder foi em setembro do
ano passado, quando chegou
a 19 partidas invicto sob o co-
bertadores e da Copa do Bra-
sil, e acabou deixando o Brasi-
leirão de lado.
Com uma parada de dez di-
as pela frente, a intenção des-
sa vez é tentar administrar os
três torneios, já que a decisão
da vaga nas oitavas de final da
Libertadores acontece ape-
nas no fim de junho, uma se-
mana depois do retorno da
data Fifa. Os jogos contra o
Athletico pelas quartas de fi-
nal da Copa do Brasil serão
apenas em julho. Portanto, é
importante deixar uma últi-
ma boa impressão hoje e se-
guir com a boa fase em dia. O
desafio tem sido justamente
conseguir uma sequência
não só de resultados, mas
também de boas atuações.
ALTERNÂNCIAS
O técnico Sampaoli tem al-
ternado as maneiras de o
Flamengo jogar. Em deter-
minadas partidas, lança
mão de um esquema com
três zagueiros e aposta em
uma saída em velocidade.
Seria o caso em um jogo
Apronto. Arrascaeta toca a bola no último treino do Flamengo antes da partida; Gabigol participou do trabalho
contra o Grêmio, mas Léo
Pereira ainda se recupera de
lesão e não tem presença ga-
rantida ao lado de David
Luiz e Fabrício Bruno. Uma
alternativa neste contexto é
a utilização de Filipe Luís
pela esquerda, adiantando
Ayrton Lucas, mas o vetera-
no não tem conseguido ren-
der 90 minutos.
A outra forma de o Fla-
mengo jogar é como nos úl-
timos dois jogos, em que po-
voa o meio-campo com vo-
lantes e meias de qualidade
e aposta na velocidade de
seus laterais. Ayrton Lucas e
Flamengo Grêmio
Matheus Cunha; Gabriel Grando;
Wesley,Fabrício Bruno Alves,
Bruno,David Luiz Bruno Uvini e
e Ayrton Lucas; Kannemann; João
Pulgar,Thiago Pedro,Villasanti,
Maia,Matheus Carballo,Bitello,
França e Arrascae- Cristaldo e
ta; Everton (Gabi- Cuiabano; Luis
gol) e Pedro. Suárez.
Local: Maracanã.Horário: 18h30.
Árbitro: Savio Pereira Sampaio (Fifa-DF).
Transmissão: Premiere e Rádio CBN.
des. Contra o clube que o re-
velou para o futebol euro-
peu e a seleção brasileira,
pode ser arma importante.
O atacante tem atuado aber-
to pelo lado esquerdo.
Em 2023, Everton tem
apenas dois gols com a ca-
o jovem Wesley são hoje o misa do Flamengo em 36
principal desafogo do Fla- partidas, além de oito assis-
mengo de Sampaoli. Sem tências. Comprado por qua-
conseguir emplacar uma se R$ 100 milhões, ainda
boa sequência de apresenta- não teve o protagonismo es-
ções, Everton Cebolinha é perado, mesmo após suces-
apenas opção para o segun- sivas chances com o portu-
do tempo, mas também não guês Vítor Pereira e agora
deixou de ter oportunida- com Sampaoli.

Pressionado, Vasco busca

MATHEUS LIMA/VASCO

vitória para se recuperar Internacional

John; Igor Go-
Vasco
Léo Jardim; Puma
mes, Vitão,Nico Rodríguez, Capas-
Clube carioca enfrenta o Internacional tentando se afastar das últimas posições Hernández e so,Léo e Lucas
Renê; Rômulo, Piton; Mateus
Gustavo Campa- Carvalho,Jair e
nharo e Alan Marlon Gomes
Patrick; Pedro (Galarza); Gabriel
BRENO ANGRISANI
breno.santos@oglobo.com.br
anos em que foi rebaixado A vitória diante do rival Henrique,Luiz Pec,Alex Teixeira
para a Série B, possui, se- gaúcho fora de casa será fun- Adriano e Wan- (Rayan) e Pedro
-
gundo a ferramenta Bola damental para o Vasco ga- derson. Raul.

O Vasco vê o confronto de
hoje contra o Internacio-
nal, no Beira-Rio, às 16h, co-
mo uma oportunidade de
sair da péssima fase. Na 19ª
colocação no Campeonato
Brasileiro e há oito jogos sem
vencer, o clube carioca vem
de uma goleada de 4 a 1 para o
Flamengo que gerou fortes
protestos da torcida. Em
campo, o desempenho em
campo tem deixado a desejar.
Embora esteja no come-
ço da competição, o clube
carioca começa a ver o fan-
tasma do rebaixamento se
aproximar. O Vasco, que
igualou a sua pior campa-
nha, até a nona rodada, nos
de Cristal do GLOBO,
54,4% de risco de ser rebai-
xado — o segundo clube
com maior porcentagem.
Se perder para o Interna-
cional, o Vasco terá o seu pi-
or início de Brasileirão da
era de pontos corridos, com
apenas seis pontos em 30
disputados, ou seja, 20% de
aproveitamento. Até aqui, o
retrospecto do clube é igual
ao ano de 2015, quando co-
meçou a competição com
uma vitória, três empates e
cinco derrotas. No entanto,
na 10ª rodada, oito anos
atrás, o Vasco conseguiu
vencer o Avaí e afastar um
pouco a crise.
nhar confiança para o res-
tante da competição, ajudar
na luta contra o rebaixa-
mento e, principalmente, se
afastar das últimas posi-
ções. O único triunfo do ti-
me carioca no Brasileirão
foi longe de São Januário,
quando derrotou o Atlético-
MG, na primeira rodada,
por 2 a 1.
DESFALQUES LÁ E CÁ
Além de todas as preocupa-
ções extra-campo, o técnico
Maurício Barbieri, que tam-
bém balança no cargo, ga-
nhou mais problemas para
escalar o time titular. An-
drey Santos, Orellano, Ca-
Esperança de gol. Pedro Raul deve ser o centroavante titular em Porto Alegre
rabajal, Paulo Henrique e
Eguinaldo estão fora do
confronto por lesão. Por
conta disso, Marlon Gomes,
Gabriel Pec e Matheus Car-
valho devem ganhar vaga
entre os 11 iniciais.
O Internacional também
conta com problemas para
definir o time titular. Mano
Menezes, que não contará
com o volante Johnny, a ser-
Local: Estádio Beira-Rio (Porto Alegre).
Horário: 16h.Árbitro: Edina Batista
(Fifa-SP).Transmissão: TVGlobo,Premie-
re e Rádio CBN.
viço da seleção dos Estados
Unidos para a disputa da Li-
ga das Nações da Concacaf,
e o meia Carlos de Pena, que
apresentou uma lesão mus-
cular na coxa direita, pro-
moveu algumas mudanças.
Gustavo Campanharo e
Wanderson entram nas va-
gas dos indisponíveis, res-
pectivamente.
Depois de quatro derrotas
seguidas no Brasileirão, o
clube gaúcho vem de uma
vitória e um empate.

Com problemas nas laterais, Flu visita o Goiás cipa da partida é Felipe Me-
lo, que, assim como Samu-
el Xavier, cumpre suspen-
são. Porém, para a sua posi-
Fernando Diniz sofre com suspensão e lesões para escalar jogadores do lado do campo e pode precisar improvisar ção Diniz não tem proble-
mas. Ele será substituído
MARCELO GONÇALVES/FFC
por Manoel, seu reserva
ATHOS MOURA
athos.moura@oglobo.com.br
jogará pelo lado esquerdo. imediato.
Marcelo, Alexsander e Jor- De volta aos treinos após
-
ge ainda estão se recupe- se recuperar de lesão na co-

O Fluminense enfrenta o rando de lesões.

Goiás hoje, às 18h30, no
Estádio da Serrinha, com o FELIPE MELO FORA Goiás Fluminense
Tadeu; Apodi, Fábio,Guga,
técnico Fernando Diniz Na posição, Fernando Di- Bruno Melo, Nino,Manoel
tendo dores de cabeça para niz terá que improvisar ou Sidimar e e Pirani
escalar as laterais. Ele não utilizar garotos da base. O Sander; Zé (Esquerdinha);
Ricardo,Willian André,
conta com jogadores da po- mais cotado para começar Oliveira, Palaci- Martinelli,
sição do lado esquerdo, to- o jogo é Esquerdinha. O jo- os e Diego; Lima (Keno) e
dos lesionados. E para a par- vem, de 17 anos, fez apenas Vinicius e Ganso; Arias
tida também não contará um jogo pelo profissional, Gabriel Novaes. e Cano.
com o titular do lado direito. mas se destaca na base. Ou-
Local: Estádio da Serrinha (Goiânia).
O lateral-direito Samuel tras opções do treinador Horário: 18h30.Árbitro: Leandro Vuaden
Xavier cumpre suspensão são os meias Pirani e Gio- (RS).Transmissão: Premiere.
por ter tomado o terceiro vanni Manson.
cartão amarelo. Seu substi- Diniz também poderia
tuto, Guga, vem atuando manter Guga na esquerda, posição e E chegou a atuar
do lado esquerdo e deve improvisando o atacante por alguns minutos na late-
voltar à sua posição de ori- Alexandre Jesus na direita. ral na partida contra o Pay-
gem para o jogo de hoje. Por Sob o comando de Diniz, sandu.
isso, a indefinição de quem ele já fez alguns treinos na Coringa. Guga pode voltar ao lado direito ou seguir improvisado na esquerda Quem também não parti-
xa esquerda, Keno pode re-
tornar ao time.
OFluminense chega para o
jogo, pela 10ª rodada do Bra-
sileirão, em recuperação
após ter vencido o Braganti-
no na última rodada, que-
brando uma série de maus re-
sultados e de jogos sem se-
quer balançar a rede. Uma vi-
tória em Goiânia pode fazer o
tricolor entrar no G4, depen-
dendo dos demais resultados
do fim de semana.
O Goiás está na zona de
rebaixamento e pode mu-
dar sua situação em caso
de vitória, combinada com
tropeços de Corinthians
ou Bahia.
 OGLOBO | Domingo 11.6 .2023
ESPORTES
esporteglb@oglobo.com.br
O TÍTULO QUE FALTAVA
City vence a Inter e enfim
conquista a Champions League
JOÃO PEDRO FRAGOSO
joao.fragoso@oglobo.com.br
-
D epois de tanto bater na
trave, o Manchester
City de Pep Guardiola final-
mente é campeão da Cham-
pions League. A partida foi
bem mais complicada do
que o senso comum espera-
va, é verdade. Considerados
azarões, os italianos da In-
ternazionale venderam ca-
ro o título. Mas o belo gol
marcado pelo espanhol Ro-
dri e as defesas do goleiro
brasileiro Ederson na se-
gunda etapa deram a vitória
por 1 a 0 ao clube inglês.
Time que tem enfileirado
títulos nas últimas tempora-
das, o City conquistou o que
faltava. Campeão da Premier
League e da Copa da Inglater-
ra, fechou a tríplice coroa.
Além disso, se tornou a 15ª
equipe a vencer a Champi-
ons de forma invicta.
Depois da apresentação de
Anitta na cerimônia de aber-
tura, a bola rolou com um ce-
OS ÚLTIMOS CAMPEÕES
2023
MANCHESTER CITY (ING)
2022
Real Madrid (ESP)
2021
Chelsea (ING)
2020
Bayern de Munique (ALE)
2019
Liverpool (ING)
nário diferente do esperado.
O City não conseguiu colo-
car em prática seu estilo de
jogo de imposição e pressão
no campo de ataque. Já a In-
ter, conhecida por ter um for-
te sistema defensivo, não es-
perou a iniciativa do adversá-
rio e foi quem melhor execu-
tou a estratégia traçada para a
partida, principalmente nos
primeiros 45 minutos.
Além de partir ao ataque, a
equipe italiana tentava mar-
MAIORES
CAMPEÕES
Real Madrid 14
Milan 7 Man.City
Bayern de
Munique 6 (Walker),Dias
Liverpool 6 (Foden);
Barcelona 5 Grealish e
car a saída de bola do City ain-
da no campo de ataque. Base-
ada nisso, chegou a roubar a
posse com Ederson fora do
gol, mas Barella errou a fina-
lização aos 25 minutos. Se
atrapalhava a construção do
time de Guardiola, a estraté-
gia deixava espaços atrás.
Com muitos jogadores de
qualidade, era inevitável que
o City aproveitasse.
Aos 26, os ingleses troca-
ram passes rápidos no meio-
MARCELO RODADA DO
BARRETO BRASILEIRÃO
O fenômeno da Flamengo recebe
diversidade o Grêmio
PÁGINA 33 PÁGINA 35
PAUL ELLIS/AFP
Com lesão na coxa direita, o Momento
camisa 17 viveu drama se- sublime.
melhante ao da final da Manchester City
Champions de 2021, quan- se tornou o 15º
do o City perdeu para o time a vencer a
Chelsea, e precisou ser Liga dos
substituído aos 35 minutos. Campeões de
forma invicta
EDERSON PROTAGONISTA
Na segunda etapa, o cenário
foi parecido com o do pri-
meiro. Marcando com seis
jogadores no campo de ata-
que, a Inter quase abriu o
placar com Lautaro em erro
da defesa do City. Bernardo
Silva recuou a bola, Arkanji
1 0 dormiu e o atacante argenti-
no saiu cara a cara, mas
Ederson fez um de seus mi-
lagres na partida.
Mas mesmo que o City te-
Inter nha perdido seu maior cra-
Ederson, Onana, Darmian que e não tenha conseguido
Akanji,Stones (D’Ambrosio),
impor seu estilo de jogo, o ti-
e Ake; Rodri,
Acerbi,Bastoni
(Gosens) e Dum- me ainda tinha diversos jo-
Gundogan e fries (Bellanova); gadores capazes de decidir a
De Bruyne Barella, Brozovic e partida em um lance. Foi co-
Çalhanoglu
mo saiu o gol do título. Os
Bernardo (Mkhitaryan);
Silva, Dimarco,Dzeko ingleses trocaram passes no
Haaland.
(Lukaku) e Lauta-
ro Martínez.
campo de ataque com a In-
ter bem postada até o espaço
aparecer. Arkanji acionou
Gol: 2T: Rodri,aos 22 minutos. Bernardo Silva, que cruzou
Árbitro: Szymon Marciniak (POL). para trás para Rodri chutar
Cartões amarelos: Brozovic,Barella,
Ederson,Haaland,Onana e Lukaku.
com estilo, no canto direito,
Público e renda: Não divulgados. sem chance alguma para o
Local: Estádio Atatürk (Istambul-TUR). goleiro Onana.
Nos minutos finais, a In-
campo até que a bola caiu ter ainda colocou uma bola
nos pés de De Bruyne. O bel- no travessão e o goleiro bra-
ga acionou o artilheiro Haa- sileiro Ederson apareceu
land, que finalizou de ca- para fazer milagres, após ca-
nhota para boa defesa de beçada à queima-roupa de
Onana. Foi a melhor chance Lukaku e conclusão no últi-
da primeira etapa e um dos mo lance do jogo, garantin-
últimos atos de De Bruyne. do o inédito título do City.
A BET DO
VINICIUS JR.
A BET DOS
BRASILEIROS
JOGOS MELHORES SUPORTE
AO VIVO COTAÇÕES 24H
 OGLOBO | Domingo 11.6.2023

SEGUNDO CADERNO segundocaderno@oglobo.com.br

REPRODUÇÃO CASSIDY ARAIZA/NYT/17-3-2023 FRAZER HARRISON/AFP/5-2-2023 LEO AVERSA/28-6-2021 DIVULGAÇÃO/FABIO ROCHA
TALITA DUVANEL
talita.duvanel@oglobo.com.br
TAYLOR SWIFT NEY MATOGROSSO

A s divas estão por toda par-

te. Estão, por exemplo,
na voz de uma delas, Beyon-
cé, que trouxe de volta seu
hit “Diva”, de 2009, aos
shows da nova turnê, Re-
naissance. Estão nos posts
dos fãs brasileiros de Taylor
Swift, que comemoram a
vinda dela em novembro.
Estão também na cabeça
dos curadores do Victoria
and Albert Museum, um
dos mais importantes de
Londres, que abre, dia 24, a
exposição “DIVA”, dedicada
a esse tipo de estrela. Serão
fotos, roupas, vídeos e obje-
tos de nomes que vão da so-
prano Maria Callas à roquei-
ra Tina Turner e à popstar
Rihanna, passando pela
atriz Marilyn Monroe e pela
drag queen Ru Paul —sem
esquecer dos músicos Elton
John e Prince.
Derivado do latim e relacio-
nado à divindade, usado pela
primeira vez para se referir às
cantoras de ópera do século
XIX, o termo vive este boom,
principalmente, pela retoma-
da das grandes turnês e even-
tos em 2023, com o fim con-
firmado da pandemia. Mas,
ironicamente, também passa
por um momento de “crise”: o
que é ser uma diva hoje? Que RIHANNA BEYONCÉ IZA
atributos uma artista (e um
artista também) deve ter para
entrar nesse panteão?

DIVAS NO DIVÃ
— Celebridades temos
muitas, mas divas não —diz
Simone Pereira de Sá, pro-
fessora de Estudos de Mídia
da Universidade Federal
Fluminense e com tese de
doutorado sobre a primeira COM EXPOSIÇÃO EM LONDRES, RESGATE DE HIT DE BEYONCÉ SOBRE O TEMA
diva pop brasileira, Carmen E VINDA DE TAYLOR SWIFT AO BRASIL, ELAS ESTÃO EM ALTA — E TRAZEM
Miranda. — A diva é uma
mulher empoderada, cons- DEBATE SOBRE O QUE ESTAS ESTRELAS REPRESENTAM HOJE
ciente do corpo, bem-suce-
dida financeiramente no
que faz e que é modelo para
outras. Isso continua como DIVULGAÇÃO/GAI TERRELL/REDFERNS DIVULGAÇÃO/COATES, RACHAEL DIVULGAÇÃO LUCAS TAVARES/31-5/2023 MARCOS ANDRÉ PINTO/4-1991
referência (independente-
mente do tempo). TINA TURNER ANITTA SIDNEY MAGAL
Ter talento de base não é
predicado primordial. O se-
gredo do sucesso está muito
mais na performance, que
vai além de ser altamente
afinada ou dançar como
uma bailarina.
— A diva de hoje precisa
ter desempenho não só no
palco, mas nas redes sociais,
nas aparições na mídia —
diz Mariana Lins, pesquisa-
dora da Universidade Fede-
ral de Pernambuco e uma
das organizadoras do livro
“Divas Pop: O corpo-som
das cantoras na cultura mi-
diática”, que pode ser baixa-
do gratuitamente no site do
selo PPGCOM/UFMG.
Isso coloca brasileiras co-
mo Anitta (já internacional-
mente reconhecida), Iza e
Gloria Groove nesse pata-
mar. E, apesar de ser uma
ideia geralmente atribuída
ao feminino, existem mui-
tos homens no show busi-
ness que entram na catego-
ria, como Sidney Magal e
Ney Matogrosso.
— Uma diva está ligada à
corporeidade, e todos esses
nomes, de certa forma, tam-
bém —diz Mariana.

‘A MINHA É MELHOR’ MARIA CALLAS

Não existe divindade sem fi-
éis, nem diva sem fãs. Por is-
so, desde os tempos da ópe-
ra, as artistas entendidas co-
mo divas só chegam a tal
posto — e se mantêm nele
—por causa de uma valida-
ção. Nos primórdios do uso
do termo, a legitimização vi-
nha da imprensa; depois,
com a popularização do rá-
dio, do cinema e da TV, pas-
sou a vir da audiência. Ago-
ra, com as redes sociais, a
base de fãs é um bem ainda
mais necessário e, princi-
palmente, atuante.
— Como o ativismo dos
fãs em prol dos seus ídolos
nas redes é fortíssimo, ele
reforça o lugar da diva —
diz Simone. —Essas artis-
tas ainda são colocadas nu-
ma espécie de Olimpo, mas
essa distância precisou di-
minuir um pouco. Os fan-
doms têm contribuído pa-
ra, de alguma maneira, hu-
manizar as divas, torná-las
um pouco mais mortais,
ainda que, se elas se huma-
nizarem completamente,
deixem de ser divas.
A cultura de fãs atual re-
força um comportamento
que sempre existiu no uni-
verso “divônico”: a rivalida-
de. Neste fim de semana era
fácil ver um exemplo: basta-
va entrar no Twitter, a arena
principal dessas disputas.
Com o fim dos ingressos do
show de Taylor Swift no Rio,
no 18 de novembro, seus fãs
e os de Beyoncé entraram
numa discussão sem fim so-
bre quem é uma “verdadeira
diva”. Resposta sem pai-
xões: ambas.
—Essas rixas são formas
de reafirmar quem é quem.
Por muito tempo, a indús-
tria funcionou nessa lógica
—diz Igor Lemos Moreira,
historiador e pesquisador
GLORIA GROOVE
de música pop da Universi-
dade do Estado de Santa Ca-
tarina, que finaliza uma tese
de doutorado sobre a diva
cubana Gloria Estefan.
Um exemplo de rivalidade
como alma do negócio era a
competição entre as canto-
ras Marlene e Emilinha Bor-
ba nos anos 1930.
—A era do rádio foi inteira
assim —diz Igor. —Na déca-
da de 1980 e 1990, a im-
prensa também insuflou
muito essa estratégia. An-
tes, havia um grupo de pes-
soas que pensava nisso co-
mo lucrativo. Agora, a inter-
net popularizou esse pro-
cesso, e hoje as gravadoras
nem precisam se preocupar,
porque os fãs criam as rivali-
dades sozinhos.
CADÊ AS MUSAS DO
CINEMA? NA PÁGINA 2
2 | Segundo Caderno Domingo 11 .6 .2023 | OGLOBO

CACÁ temente de seus motivos, Vini Jr. simplesmente

se impôs na floresta!
DIEGUES Já disse e repito: não foi apenas a cor da pe-
segundocaderno@oglobo.com.br le que surpreendeu a torcida que enfrenta-
va o time de Vini Jr. Uma torcida que tem
consagrado vários heróis da mesma cor, no
minantes no mundo, sobretudo a europeia,
têm que se acostumar, essa suprema diferen-
ça entre nossos povos. Não nos comportamos
como eles e eles não se comportam como nós.
Não há motivo algum para considerarmos os
costumes desses povos superiores aos nossos,

O TIGRE NA futebol ou em outra atividade (como, por

exemplo, o craque do basquete americano
Lebron James), além de outros jogadores do
seja no futebol, seja em outro hábito qualquer
de cada sociedade.
Essa constante antidemocrática deu aos

FLORESTA próprio futebol vindos de várias partes do

mundo para jogar em times locais, como é
costume na Espanha e na Europa em geral.
Foi sobretudo o costume desconhecido da
dancinha para comemorar o gol de seu time,
uma dancinha da qual Vinícius estava cansado
de tomar a iniciativa
colonizadores europeus uma sensação
equivocada de superioridade em relação
aos indígenas encontrados no Novo Mun-
do. E, ao mesmo tempo, um sentimento de
inferioridade desses povos locais que se
submeteram à falsa superioridade.
A dancinha de Vini Jr., que tanto irritou os

D urante a semana os responsáveis pela

correspondência do jornal andaram re-
cebendo bilhetes de protesto em relação a
meu artigo sobre o que aconteceu com Viní-
cius Jr. na Espanha, durante uma partida de
futebol. A queixa principal era a de que eu
não havia assinalado com precisão precisa a
cidade onde Vinícius havia nascido e come-
çado sua carreira vitoriosa de craque.
Acho que esse não é o assunto mais importan-
te nessa história, tanto faz. Só pode interessar
mesmo a quem pouco se importa com o que
aconteceu com o atacante mais recentemente.
Vou portanto voltar a esse assunto e dei-
xar a viagem de Ubiratã, o Tupinambá de
Rafael Pinotti, para a semana que vem.
No fundo, o aspecto político do que Vini
sofreu é o que nos interessa, sobretudo co-
mo ele reagiu à discriminação de que foi ví-
tima. E nosso craque do Real Madrid se
comportou de forma impecável, não im-
porta onde ele tenha nascido.
O escritor nigeriano Wole Soynka tem um
pensamento que ilustra bem o que diríamos so-
bre o caso: às vezes “podemos, como o tigre,
apenas nos impor na floresta”. E, independen-
NÃO HÁ MOTIVO
ALGUM PARA
desde que havia joga-
do no Flamengo cari-
oca. O que irritou o
torcedores do Valencia e outros cidadãos es-
panhóis que não a quiseram entender e acei-
tar a tradição que não conheciam, correspon-
CONSIDERARMOS
frequentador espa- de exatamente a tudo que gente como os atu-
OS COSTUMES DE nhol foi portanto um ais pensadores indígenas tentam agora nos
OUTROS POVOS costume cultural a explicar (quanto tempo perdido!).
SUPERIORES AOS que ele não estava No prefácio de “O Bangüê nas Alagoas”,
NOSSOS, SEJA NO acostumado. Uma re- Gilberto Freyre nos diz o que esses autores
FUTEBOL, SEJA EM ação à cultura que não nos esclarecem hoje. Ali, o grande antropó-
era a sua, não era co- logo nordestino escreve que esse é “um sis-
OUTRO HÁBITO nhecida do torcedor. tema de que ninguém consegue separar a
QUALQUER DE É essa a novidade a formação do Brasil”.
CADA SOCIEDADE que as sociedades do- Eé isto o que só nos importa neste episódio.

DIVULGAÇÃO
CONTINUAÇÃO DA CAPA

A pesar de o status de diva

ter sido criado no con-
texto da ópera e as maiores
INDÚSTRIA DA
da atualidade estarem na
música pop, a exposição do
Victoria and Albert, em
MÚSICA JOGA
Londres, dá destaque tam-
bém a figuras do cinema
com ares de divindade. Atri-
MAIS LUZ EM
zes como Vivien Leigh, Mae
West, Marilyn Monroe e
Bette Davis são algumas das
SUAS ESTRELAS
artistas fora da música retra- MAIORES DIVAS DO SÉCULO XX,
tadas, mas a mostra não
apresenta nenhuma estrela ATRIZES HOJE BRILHAM MENOS EM
atual do cinema ou da TV.
De fato, há uma carência COMPARAÇÃO ÀS CANTORAS, QUE
atual de divas nessas áreas, e a TÊM SUA IMAGEM MAIS EXPLORADA
pesquisadora Mariana Lins,
da Universidade Federal de PELO MERCADO FONOGRÁFICO

Musa. Marilyn Monroe em “Como agarrar um milionário” (1953): mostra do V&A traz antigas divas da sétima arte

Pernambuco, acredita que

não é um problema desses
meios e sim uma certa vanta-
gem da área musical. Por ter
passado por diversas crises, o
negócio da música se viu
obrigado a criar estratégias
de imagem que cabem per-
feitamente nesse momento
de celebrização de pessoas.
— A indústria da música
Seja parceiro do passou por crises horroro-
sas, então há toda uma estra-

Clube O GLOBO
tégia que faz parte de um
processo de reestruturação
de um negócio que não vive
e aumente a visibilidade mais da venda de disco, mas
precisa vender show, mer-
chandising. E como se faz is-
do seu negócio! so? Vendendo imagem.
É certo que a imagem
dessas mulheres sempre
foi um ativo forte na cons-
Faça parte do clube de vantagens do trução de suas personas-
jornal O GLOBO e tenha uma relação —vide Maria Callas e as di-
etas —mas a diva de hoje
exclusiva com os nossos assinantes. sofre ainda com mais vio-
lência a cobrança pela apa-
rência perfeita. Nem Ma-
É muito simples! donna, uma diva incontes-
tável, saiu ilesa do
Grammy, em fevereiro pas-
Basta apontar a câmera do seu celular sado, quando seu rosto pas-
para o QR CODE abaixo e preencher o sou por um escrutínio pú-
blico feroz. Qualquer ex-
formulário, que entraremos em contato travagância, antes reve-
com você em seguida. renciada, passa a ser vista
como ridícula.
—As divas mais velhas,
Você também pode enviar e-mail para em função dessas dinâmi-
parceriaclubeoglobo@oglobo.com.br ou enviar cas de imagem, sofrem
mensagem via WhatsApp para (021) 98889-5109. mais hoje em dia com o en-
velhecimento—diz Maria-
na. —É muito difícil man-
ter-se numa cultura de tan-
ta ode à juventude.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023 Segundo Caderno | 3
DIVULGAÇÃO

UMA
quecido. É uma agradável surpresa para a
personagem, que recupera também algu-
ma autoestima.

EXISTÊNCIA
“As pequenas coisas da vida” não leva es-
te título à toa. O enredo é composto de um
mosaico de acontecimentos, muitos de-

COMPOSTA les, banais. A trama se desenrola em mais

de um tempo, na adolescência de Clare e
na vida adulta. O tratamento dado à cro-

PATRÍCIA DE MUITOS nologia também é heterodoxo. A história

não evolui do passado para o futuro. Tudo
se embaralha. Essa soma de situações
KOGUT
kogut@oglobo.com.br
patriciakogut.com
colunapatriciakogut
DETALHES avulsas, aparentemente desconexas, de-
riva num encadeamento. É isso que
compõe o grande arco dramático. Por trás
desse jogo muito original da dramaturgia

S ugar é um nome fanta-

sia. Com essa identida-
de, Clare (Kathryn Hahn)
‘AS PEQUENAS ba de chegar ao Star+ e é uma das
mais comoventes da temporada.
COISAS DA VIDA’
Produzida por Reese Witherspoon e
mão, um eterno endividado que nunca
trabalhou. O dinheiro serviria a pagar a fa-
culdade da filha adolescente do casal. A
ressoa a lição da série: todos somos com-
postos de pequenas vivências. E mais: co-
mo Clare, que resgata a antiga e esqueci-
É UMA PÉROLA
assina uma coluna numa ESCONDIDA NO Laura Dern, a trama se baseia num garota, Rae (Tanzyn Crawford), também da vocação de escritora, nunca deixamos
revista e distribui conse- best-seller de Cheryl Strayed. Os oi- não quer conversa com a mãe. de ser a pessoa que fomos um dia.
STREAMING E
lhos a leitores. São verda- to episódios curtinhos merecem to- Sem ter onde morar, Clare se emprega O elenco é todo muito bom. A excelente
deiras gotas de sabedoria. TRAZ A GRANDE da a sua atenção. como acompanhante num asilo de velhos. Kathryn Hahn é a grande força da produção,
Na sua vida privada, po- KATHRYN HAHN Conhecemos a protagonista quan- Mas nem isso dá certo. É em meio a esse mas a jovem Clare está bem representada
rém, é tudo diferente. Ela é NO PAPEL do ela está chegando aos 50 e atraves- desamparo absoluto que um amigo pede por Sarah Pidgeon. E Merritt Wever, outra
caótica, incapaz de condu- PRINCIPAL sa uma crise no casamento. Foi posta que assuma a coluna semanal. A protago- estrela, faz a mãe da protagonista, uma per-
zir uma existência mini- para fora de casa. Seu marido, Danny nista reluta, mas ele lembra que ela no sonagem trágica e fundamental para o en-
mamente equilibrada. Essa figura multi- (Quentin Plair), alega “infidelidade fi- passado tinha ambições literárias. Clare tendimento da história.
facetada e contraditória está no centro de nanceira”. Ele descobriu que ela empres- aceita. O trabalho a reconecta com uma É uma preciosidade escondida no strea-
“As pequenas coisas da vida”. A série aca- tou metade das economias da família ao ir- vocação para escrever que ela já tinha es- ming. Emociona e encanta.

SHOW DE ROGER WATERS

seja literalmente da Alema-
nha nazista”.
Nessa última turnê, ele

MOBILIZA GOVERNO E POLÍCIA passou a ser alvo de críticas,

especialmente por entida-
des judaicas que o acusam

O ministro da Justiça Flávio

Dino comentou a possi-
bilidade de prisão de Roger
Waters no Brasil, após o rela-
to de uma conversa ente ele e
o ministro do STF, Luiz Fux,
publicado pela coluna de
Lauro Jardim, no GLOBO.
Dino teria dito a Fux que o
músico seria preso caso ves-
tisse um uniforme nazista no
país. Após forte repercussão
nas redes, Dino disse que não
haverá censura prévia mas
que, no Brasil, “é crime, su-
MINISTRO DA
JUSTIÇA FLÁVIO
jeito inclusive à prisão em fla-
grante: fabricar, comerciali-
zar, distribuir ou veicular
DINO NEGA símbolos, emblemas, orna-
'CENSURA PRÉVIA' mentos, distintivos ou pro-
paganda que utilizem a cruz
A APRESENTAÇÃO suástica ou gamada, para fins
DO MÚSICO, MAS de divulgação do nazismo.”
Em suas redes, o ministro
DIZ QUE LEI PREVÊ esclareceu que conhece a
PRISÃO PARA obra de Waters e ressalta
APOLOGIA AO que a possibilidade de pri-
são é apenas em caso de “di-
NAZISMO vulgação do nazismo”.
Fux procurou Dino para
reforçar a oposição da co-
munidade judaica sobre a
realização dos shows de Wa-
ters no país. Na semana pas-
sada, o Ministério da Justiça
já recebera um pedido para
que ele fosse impedido de
entrar no país.
Waters trará sua turnê
“This is not a drill” a seis ci-
dades brasileiras entre os
meses de outubro e novem-
bro – Brasília, Rio, Porto
Alegre, Curitiba, Belo Hori-
zonte e São Paulo.
Em seus shows, durante a
canção “Run like hell”, Wa-
ters usa um figurino que faz
alusão a um uniforme nazis-
ta como crítica ao totalita-
rismo no mundo, algo que
repete há décadas. A perfor-
mance também pode ser
vista no filme “The Wall”, de
1982, com Bob Geldof co-
mo protagonista. Em vídeo
recente, ele destaca que no
uniforme aparecem “mar-
telos cruzados, não suásti-
cas ou qualquer coisa que
de antissemitismo. Waters é
um crítico duro do governo
de Israel e do tratamento da-
do ao povo palestino. Em
maio, o músico foi alvo de
investigação por parte da
polícia de Berlim após usar
o mesmo uniforme em seu
show. Uma apresentação do
cantor em Frankfurt che-
gou a ser cancelada por au-
toridades locais, mas depois
retomada por decisão judi-
cial em nome da liberdade
de expressão.

É MUITO MAIS DO QUE

VOCÊ IMAGINA JCB.COM.BR
4 | Segundo Caderno Domingo 11 .6 .2023 | OGLOBO

ARTE DE GUSTAVO AMARAL

MARI TEIXEIRA
mariana.neves@infoglobo.com.br FÓRMULA 1
‘APERTA O F5’
Econteúdo
m novembro de 2022, a
veterinária e criadora de
Rafaela Salla, de E SE ATUALIZA
25 anos, saiu de Londrina, COM SÉRIE HIT
no Paraná, e foi até a porta
do Palácio Tangará, hotel NO STREAMING,
cinco estrelas em São Paulo, SUCESSO NO
na esperança de encontrar
seus ídolos. Não era para ver TIKTOK, PILOTOS
Billie Eilish, Lil Nas X ou INFLUENCERS E
qualquer artista que se apre-
sentaria no Lollapalooza no NOVOS FÃS
mesmo mês, ela queria mes-
mo encontrar Charles Le- QUE NEM
clerc ou Lewis Hamilton, TÊM IDADE
pilotos da Fórmula 1.
É que Rafaela e suas ami- PARA DIRIGIR
gas produzem vídeos para o
TikTok falando sobre o es-
porte. Só nessa rede social, a atleta do que o clube.
hashtag F1 e variações so- Olhando para a NBA, por
mam mais de 95 bilhões de exemplo, é muito comum
visualizações — a força é que os jogadores tenham
tanta que o próprio TikTok mais seguidores nas redes
fechou uma parceria como do que o próprio time.
criadora de conteúdo oficial O investimento para au-
da equipe Aston Martin, de mentar o engajamento e
Fernando Alonso e Lance renovação de público pare-
Stroll. ce estar dando certo. De
—O vídeo curto é uma for- acordo com dados divulga-

ESPORTE COM CARA

ma acessível de os fãs consu- dos pela própria Liberty
mirem o conteúdo esporti- Media, a idade média dos
vo de maneira concisa e en- fãs do esporte caiu de 36
volvente —diz Aldo Arria- anos para 32 —faixa etária
ga, Líder de Operações de menor que a da NFL, 49

DE REALITY SHOW
Esportes e Gaming do Tik- anos, e a da NBA, 42.
Tok Brasil. — Os usuários Desde o ano passado, a liga
interagem mais nesses con- promove no Brasil um festi-
teúdos nichados construin- val, o GPWeek. Em 2023,
do suas comunidades em ele acontece no dia 4 de no-
torno do esporte com desta- vembro (um dia antes da
ques e momentos-chave. corrida em Interlagos) no
Allianz Parque e teve no li-
POLE POSITION ne-up os artistas Swedish
No entanto, o “boom” do es- House Mafia, Halsey, Ma-
porte nas redes sociais não la, seja nos perfis oficiais da te, e acho que isso está mui- res se aproximem da ação, forma onde a aceleração foi chine Gun Kelly e JXDN.
começou na plataforma chi- liga, das equipes e dos pró- to ligado a novos fãs jovens além de mostrar as várias maior em 2023. A jornalista Mariana
nesa. Já entre 2019 e 2020 a prios pilotos. que têm mais contato com personalidades dentro do Segundo o especialista Becker , que cobre Fórmula
Fórmula 1 pegou a dianteira Para entender o que acon- as mídias sociais. Paddock e permitir que os em inovação no esporte Fe- 1 há 15 anos, ressalta que,
e tornou-se o esporte de teceu é preciso voltar a Ano a ano, a Liberty foi tra- fãs tenham uma visão me- lipe Ribbe, foi fundamen- sim, há uma maior diversi-
maior engajamento no Fa- 2016, quando a empresa balhando a imagem da F1 lhor do que se passa atrás tal para a Fórmula 1 como dade de público evidente
cebook, Twitter, Instagram americana Liberty Media para modernizar e renovar o do visor do motorista”, diz marca humanizar os atle- nas corridas nos últimos
e YouTube no mundo todo, comprou a Fórmula 1 por público, até que fez uma a organização da F1, em tas e mostrar quem eles são anos:
deixando ligas como Cham- US$ 4,4 bilhões. curva perfeita e abriu vanta- nota. “A evolução de nos- por trás dos capacetes e —Se antes era um ambi-
pions League, NBA e UFC —O Bernie Ecclestone gem. Em março de 2019 — sos canais de mídia social além dos volantes. ente muito mais masculi-
comendo poeira, segundo (antigo dono da liga) sempre ano em que o esporte passou tem sido vital para a cres- —Quando você assiste a no, hoje em dia a gente vê
divulgou a newsletter espe- foi contra mídia social. Não a se destacar nas redes soci- cente popularidade do es- uma corrida, você não vê o um monte de menina, de
cializada em negócios e di- podia filmar nada dentro do ais —, lançou em parceria porte.” piloto, né? — lembra Rib- mulher, gente mais velha,
nheiro por trás dos esportes box, dentro do paddock... com a Netflix a série docu- be. — Você vê um cara de jovem, público LGBTQI-
Huddle Up. Quando a Liberty compra, mental “F1: Dirigir para vi- ESTRATÉGIA DE BASTIDORES capacete, então não cria AP+... O mundo está mui-
O conteúdo espalhado pe- as coisas começam a melho- ver”. A docussérie, que mos- Como resultado, a Fórmula uma relação humana com to mais relaxado, mais
las plataformas é vasto. Vão rar e aí passaram a autorizar tra os bastidores do esporte, 1 tem mais de 60 milhões ele. Com a série da Netflix e abrangente, e a Fórmula 1
de curiosidades e informa- filmagens, a gente podia fa- já está com a quinta tempo- de seguidores em suas pla- as redes sociais, esses caras assume isso — diz Maria-
ções sobre o esporte, pas- zer publicações —diz Felipe rada liberada no streaming taformas de mídia social, ganham rostos, criam-se na, para quem seu trabalho
sando por bastidores das Massa, que atualmente é pi- e a sexta sendo filmada. inclusive na China. No ge- histórias e se aproximam ficou até mais rico depois
corridas e treinos, e chegam loto da equipe Lubrax Po- "Tem sido uma das mui- ral, somente nesta tempo- do público em geral. que os pilotos e equipes
a vídeos dos pilotos em mo- dium Stock Car Team. — tas ótimas maneiras de rada a modalidade viu um Ele cita estudos mos- passaram a se expor mais
mentos descontraídos. Dá Do último ano que corri na colocar a F1 nas conversas crescimento de 28%, se- trando que os fãs de espor- nas redes sociais. — É di-
para encontrar de tudo, seja F1 (2017) para hoje a situa- fora do esporte, pois per- gundo os organizadores, e te mais novos têm tendên- vertido porque gera assun-
em perfis de fãs como Rafae- ção mudou completamen- mite que fãs e espectado- de 13% no Tik Tok, a plata- cia a acompanhar mais o to para a gente repercutir.

ENGAJAMENTO NAS REDES No Instagram, YouTube, Twitter e Facebook, o interesse pela F1 foi o que mais cresceu entre 2019 e 2020, comparado com outras grandes franquias esportivas

100
99
80
60 48
40 27
20 4 3 -10 -11 -14
0
-20

F1 UFC La Liga NBA NFL Champions Premiere Moto

League League GP
Editoria de Arte

HORÓSCOPO Cláudia Lisboa

ÁRIES (21/3 a 20/4) Elemento: Fogo. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Libra.
Regente: Marte.
Mesmo que você experimente ansiedade pelas respostas que ainda não
possui, a confiança na realidade que está construindo para si é o que lhe garantirá a
força necessária neste momento. Acredite em você.
LEÃO (23/7 a 22/8) Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Aquário. Regente:
Sol.
Sua coragem deverá ser direcionada para a conquista de sua serenidade
agora. Enfrente possíveis feridas emocionais com a certeza de que logo elas irão
cicatrizar e torná-lo ainda mais forte. Busque a luz.
SAGITÁRIO (22/11 a 21/12) Elemento: Fogo. Modalidade: Mutável. Signo complementar:
Gêmeos. Regente: Júpiter.
Ao se deparar com situações indefinidas e mudanças inesperadas, o
importante será manter o contato com sua fortaleza interior. Recorra ao seu porto-
seguro e permita-se ser abraçado pela intimidade.

TOURO (21/4 a 20/5) Elemento: Terra. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Escorpião.
Regente: Vênus.
Você vive um período de conforto e prazer, e por mais que o contexto ao
redor possa parecer instável, com paciência e serenidade, você não se deixará abalar.
Continue praticando aquilo que lhe faz bem.
VIRGEM (23/8 a 22/9) Elemento: Terra. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Peixes.
Regente: Mercúrio.
Você terá a oportunidade de falar e escutar sobre os sentimentos mais
profundos que atravessam suas relações. Aproveite para explorar mistérios comparti-
lhados e se deixe levar pela sensibilidade alheia.
CAPRICÓRNIO (22/12 a 20/1) Elemento: Terra. Modalidade: Impulsivo. Signo
complementar: Câncer. Regente: Saturno.
Você deverá adaptar os planos para que o dia siga tranquilo e prazeroso.
Não se apegue aos roteiros pré-estabelecidos. Fique atento às circunstâncias que se
apresentarão e se beneficie com as novidades.

GÊMEOS (21/5 a 20/6) Elemento: Ar. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Sagitário.
Regente: Mercúrio.
Você enfrentará uma dissonância entre sua mente racional e seus senti-
mentos, e deverá olhar para dentro antes de expor suas emoções. Lembre-se que o
silêncio também pode dizer muito. Não se precipite.
LIBRA (23/9 a 22/10) Elemento: Ar. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Áries.
Regente: Vênus.
O mundo da imaginação atravessará seu dia, trazendo mais graça e leveza
para a sua rotina. Lembre-se de dosar a fantasia com a realidade, para que ela possa
ser conduzida com sensatez. Observe com atenção.
AQUÁRIO (21/1 a 19/2) Elemento: Ar. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Leão. Regente:
Urano.
O desejo de explorar seu universo subjetivo é o que fará com que você
chegue a conclusões e insights valiosos para o seu crescimento pessoal. Invista em
momentos de recolhimento e vá ao seu encontro.

CÂNCER (21/6 a 22/7) Elemento: Água. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar:
Capricórnio. Regente: Lua.
Acalmar as próprias emoções será fundamental para que você possa
visualizar o atual contexto de maneira distanciada e com lucidez. Deixe que as emo-
ções fluam e cuide do que seu coração escolher preservar.
ESCORPIÃO (23/10 a 21/11) Elemento: Água. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Touro.
Regente: Plutão.
Você perceberá a sua motivação aumentar e deverá usá-la para impulsio-
nar a realização de seus desejos e planos. Confie em você e dê os próximos passos.
Para ir longe, é preciso percorrer a trilha.
PEIXES (20/2 a 20/3) Elemento: Água. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Virgem.
Regente: Netuno.
Ainda que você oscile ao sabor dos ventos, agora caminhará com certezas
e segurança na própria jornada. Não saber também é caminho. Siga em frente e
abrace sem medo as surpresas que a vida apresenta.
OGLOBO | Domingo 11.6 .2023 Segundo Caderno | 5

SERIAIS TALITA DUVANEL talita.duvanel@oglobo.com.br

‘AS BRUXAS MAYFAIR DE ANNE RICE’ ‘BLACK MIRROR’ ‘OU TUDO OU NADA’
LIONSGATE+, A PARTIR DE SEXTA-FEIRA NETFLIX, A PARTIR DE QUINTA-FEIRA STAR+, A PARTIR DE QUARTA-FEIRA
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

MEU PASSADO A ROTINA DE STRIPPERS

ME CONDENA APOSENTADOS

Esta série de terror é estrelada por Alexandra Daddario Em 1997, o filme sobre seis desempregados que formaram
(“The White Lotus”), intérprete da jovem intuitiva Rowa, um grupo de strip-tease foi sucesso de crítica e público.
uma neurocirurgiã que descobre fazer parte de uma Agora, a série reúne os personagens para mostrá-los 25
linhagem de bruxas. Enquanto traça sua árvore genealógica anos depois. O roteiro é de Simon Beaufoy, indicado ao
e lida com poderes recém-descobertos, precisa encarar Oscar pelo roteiro do filme original e vencedor da estatueta
figuras sinistras que passam a assombrar sua vida. pelo roteiro de “Quem quer ser um milionário?”.

‘STAR TREK: STRANGE NEW WORLDS’

PARAMOUNT+, A PARTIR DE QUINTA-FEIRA

MAIS UMA VIAGEM

O LADO SOMBRIO ‘UM SÓ CORAÇÃO’
GLOBOPLAY, A PARTIR DE AMANHÃ

PAULICEIA DESVAIRADA
DA TRIPULAÇÃO DO MUNDO TECH E HOMENAGEADA

Q uatro anos depois dos últimos episódios, a antologia “Black mirror”

Netflix e é descrita pela plataforma como “a mais imprevisível, complexa
Esta série da franquia “Jornada nas estrelas” abrange os
anos em que o capitão Christopher Pike (Anson Mount,
do filme “Doutor Estranho”) comandou a USS Enterprise
— logo antes do capitão Kirk. A chegada da engenheira
Pelia (Carol Kane, de “A princesa prometida”) é uma das
grandes novidades desta segunda temporada.
volta para sua sexta temporada, que estreia na próxima quarta-feira na
e surpreendente até agora”.
Exibida desde 2011, a série tem episódios independentes sobre o
poderio sombrio da tecnologia em nossas vidas. Nessa leva de cinco
capítulos, o destaque fica por conta do primeiro, estrelado por Salma
Hayek, sobre uma mulher comum cuja vida é transformada por um
serviço de streaming. O terceiro, com Aaron Paul, Kate Mara e Josh
Harnett, também promete: eles vivem num ano de 1969 alternativo,
quando dois homens, numa missão envolvendo alta tecnologia, lutam Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira escreveram
para impedir uma tragédia de proporções inimagináveis. esta minissérie em 2004, para homenagear São Paulo
Por ter o impacto da inovação como mote, o criador da produção, Charlie por seus 450 anos. A história se passa entre 1922 e 1954,
Brooks, não se furtou a experimentar o ChatGPT para ajudá-lo no roteiro de período de expansão econômica da cidade, e gira em
um dos novos episódios. O resultado, porém, foi aquém do esperado: “À torno de Yolanda (Ana Paula Arósio), mulher da elite
primeira vista, parece plausível, mas, numa segunda lida, é horrível”, disse. paulistana, destemida e grande admiradora de arte.

Passatempo
CRUZADAS VERSOGRAMA
1 A 2 B 3 A 4 F 5 D 6 G

7 F 8 H 9 A 10 D 11 H 12 E 13 G 14 I

15 A 16 M 17 F 18 B 19 G 20 N 21 J 22 E

23 D 24 G 25 H 26 I 27 H 28 F 29 G 30 D

31 H 32 N 33 J 34 B 35 C 36 F 37 L 38 A 39 I

40 C 41 D 42 M 43 L 44 J 45 C 46 H

47 M 48 H 49 I 50 J 51 L 52 F 53 J 54 E 55 H

56 M 57 I 58 B 59 C 60 M 61 G 62 E 63 M

64 A 65 L 66 N 67 J 68 B 69 C 70 A 71 E

72 N 73 D 74 I 75 C 76 B 77 N

A = que procura despertar a admiração de

9 15 3 38 64 70 1 outrem
CONCEITOS : COQUETE – UNHADA – NHONHÔ – HOSTES – AMAME – OURUDA –

= unhaço
POESIA: Eu que fui chama dourada / em tua vida, suponho / que, hoje, sou brasa

B
2 34 76 18 68 58
C = ioiô
75 35 45 59 40 69
LUFADA – IGUARIA – VEDADO – ESPOSA – IAQUE – RABUJA – APURO

D = tropas, exércitos
10 41 30 23 5 73
E = diz-se do cavalo ou da égua de pêlo
54 12 62 22 71 branco preto e branco
F = endinheirada
36 4 17 7 28 52
G = rajada
61 24 6 13 19 29

H 8 55 31 25 48 27 11 = comida fina, delicada e/ou apetitosa

apagada / na lareira do teu sonho.

I = proibido
26 39 14 49 57 74
J = mulher que está prometida para o
POETA: CUNHA OLIVEIRA

21 44 53 33 50 67 casamento
L = boi selvagem das regiões desérticas do
65 51 37 46 43
M = rabugento
63 60 47 16 42 56
N = requinte
20 32 72 66 77

Editora : Gabriela Goulart (gab@oglobo.com.br).Editor adjunto: Marcelo Balbio (balbio@oglobo.com.br).Editor assistente: Eduardo Rodrigues (earodrigues@oglobo.com.br) .Diagramação: Gustavo Amaral (gdamaral@edglobo.com.br) e Jacqueline Donola
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6 | Segundo Caderno Domingo 11 .6 .2023 | OGLOBO
_ SEG_ Joaquim Ferreira dos Santos _ TER_ Leo Aversa_ QUA_ Ana Paula Lisboa (quinzenal) _ Martha Batalha (quinzenal)_ QUI_ Cora Rónai_ Luis Fernando Verissimo _ SEX_ Ruth de Aquino_Nelson Motta_ SÁB_ José Eduardo Agualusa_ DOM_Cacá Diegues

HUMOR

ISENTO DE VERDADE

Apple lança óculos que ajudam Conheça o serviço de delivery de dinheiro

vivo de Arthur Lira, o iFraude
classe média a enxergar que é pobre Uma pequena start-up
de Alagoas tem desper-
pina é entregue em pica-
pes Hilux. Como todo
JOSH EDELSON/AFP tado o interesse dos in- serviço que depende de
A Apple surpreendeu o
mundo nessa semana ao
anunciar o lançamento de
vestidores. Trata-se do
iFraude, um serviço de
jovens empreendedores
individuais arrojados e
entrega de propina. O com disposição para
mais um gadget que vem com projeto começou com ganhos ilimitados sem
aquela funcionalidade que só assessores de Arthur patrão, problemas tam-
os produtos da empresa ofe- Lira e chamou a atenção bém estão surgindo. Os
recem: mostrar que o seu de muita gente. Princi- entregadores já come-
usuário tem dinheiro. Com o palmente da PF. çam a reclamar que os
valor estimado em R$ 34 mil Além de motos, o ser- clientes não querem
no Brasil, os óculos de reali- viço conta com a opção descer para pegar as ma-
dade mista farão parte do premium, em que a pro- las de dinheiro.
programa de desconto para
carros populares.
Na apresentação que a em-
presa organizou para o lança- Lula diz que queda da inflação é tão grande
mento, a Apple mostrou que o que abaixou até sua aprovação em 2%
novo aparelho será capaz de
fazer o mesmo que um home putadores, dois home theaters e mais uma vez inovou. Em vez O governo teve vários to nos últimos tempos.
theater, um computador e um e dois pares de óculos de reali- de apenas realidade aumenta- motivos para comemorar Lula segue em sua queda
par de óculos de realidade dade virtual. Ela mostrou que da, os novos óculos têm o pre- na semana: além do a- de braço com Lira: o presi-
virtual pelo preço de dois com- está à frente das concorrentes ço aumentado. núncio da queda na infla- dente da Câmara quer indi-
ção e da alta do PIB, a bol- car aliados para os ministé-
sa segue em alta e o dólar rios da Saúde e do Turismo
partir de agora o aparelho só em queda. e estuda como indicar o
poderá ser manuseado por Outra boa notícia foi próprio nome para a presi-
Corretor ortográfico do celular de Mauro Cid um esquadrão anti-bombas. queda do preço da carne, o dência do país.
já trocava ‘eleição’ por ‘golpe’ Mauro Cid deu várias explica- que diminiu a porcenta- Apesar de tudo, a aprova-
ções, mas, ao contrário dos mili- gem de veganos no país. ção do presidente caiu e ele
A Polícia Federal achou a Mauro Cid nesta semana. A tares, elas não fazem sentido. O presidente até brincou foi vaiado na Marcha para
minuta de decretação de polícia alerta para mais um Cid disse que minuta do golpe que o PIB só não cresceu Jesus – mas não vamos
GLO (Garantia da Lei e da golpe de celular na praça: o em seu celular era vírus – mais mais porque a venda de falar nada porque com
Ordem) no smartphone do golpe de Estado. um vírus criado como a Covid só bandeiras do Brasil para religião não se brinca. No
faz-tudo de Jair Bolsonaro Devido a seu conteúdo, a para prejudicar Bolsonaro. colocar na janela caiu mui- caso, a dos petistas.

BRENNO CARVALHO - 16/12/2022

LUCAS SALGADO
lucas.salgado@oglobo.com.br

N ão faz muito tempo, a

busca por um ingresso
de cinema para o blockbus-
ter da vez em uma metrópo-
le brasileira apresentaria as
opções “legendado”, “dubla-
do” e, com sorte, “3D”. Hoje,
há novas (e nem tão conhe-
cidas) alternativas. Afinal,
qual a diferença de uma sala
XD para uma XPlus? Ou de
um cinema Macro-XE para
um D-Box?
A profusão de termos (ge-
rais ou específicos de algumas
redes) vem da necessidade
que os exibidores sentem de
destacar seus investimentos
recentes em salas melhores.
Como explica a diretora de
marketing da rede UCI, Mô-
nica Portella, é uma maneira
de lembrar o que você ganha
em conforto, som e imagem
ao trocar o streaming pelo ci-
nema. E acrescenta: “A expe-
riência imersiva e coletiva é a
verdadeira magia do cinema”.
Para não se perder no es-
curo da sala, segue um glos-
sário que explica a sopa de
letrinhas da programação. Foco na experiência. Sala IMax no Rio de Janeiro com projeção turbinada: redes usam termos para ressaltar seu investimento — e convencer o espectador a trocar o streaming pelo cinema

FILME COM
4DX nemark. Os sensores trans- amplificado e tela gigante, tente e tela 40% maior do
Salas imersivas com cadei- mitem comandos para as que pode chegar a 200 m². que o convencional. O pro-
ras que se movimentam. De poltronas com mecanismos jetor digital chega a 30 mil

PIPOCA E
acordo com o visto em cena, que simulam vibrações, MACRO XE lúmens —medida de lumi-
o público é surpreendido quedas e trepidações. Salas da rede Cinépolis com nosidade que garante mais
por vibrações, vendavais, tela de 171m² e som digital definição de cor, contraste,
neblina, bolhas d’água, lu- triamplificado com 13.000 brilho e nitidez.

SOPA DE
IMAX
zes e aromas. Modelo que traz uma tela gi- watts de potência, que bus-
gante que vai do chão ao teto cam oferecer uma imersão XPLUS
CINÉPIC e de parede a parede. O pro- visual e sonoras. Projeto do UCI com tecno-

LETRINHAS
Sala da rede Cinesystem com jetor tem resolução 4K logia de som Dolby Atmos,
projeção digital e tela gigante (quatro vezes maior do que SAMSUNG ONYX 4K exibição 3D de última gera-
de até 180m². Tem potente a projeção digital comum), Primeira sala LED do Brasil. ção, projeção 4K.
sistema de som Dolby Atmos e o som digital, alinhado a Fica no Cinépolis JK Iguate-
e, em alguns casos, projeção laser, é distribuído por todo mi, em São Paulo. Com re- VIP, PRIME, DE LUXE ETC.
com tecnologia 4K. MACRO-XE, 4DX, D-BOX, X-PLUS... o ambiente; são 24 canais solução 4K e luminosidade Além de investir em tecno-
com 18.000 watts de potên- até 10 vezes maior que a tra-logia, as redes de cinema
D-BOX SAIBA O QUE SIGNIFICAM OS cia, cerca de 30% maior do dicional, proporciona ima- buscam atrair o espectador
Salas de poltronas com mo- que as projeções regulares. gens nítidas, alto contrastecom atendimento diferen-
vimento que acompanham NOVOS TIPOS DE SALAS DE CINEMA e imersão sem distorções. ciado. O nome varia, mas a
a ação do longa que está sen- OFERECIDOS PELAS REDES DO KINOEVOLUTION maioria dessas salas oferece
do exibido e fazem com que Sala da rede Kinoplex equi- XD poltronas mais confortáveis
o espectador se sinta parte BRASIL, COM DIFERENÇAS padas com imagem 3D full Modelo da rede Cinemark, e alternativas gourmet no
do filme, exclusivas do Ci- DE SOM, IMAGEM E CONFORTO HD, sistema de som 7.1 tri- com som sete vezes mais po- cardápio.
O GLOBO
11 JUNHO 2023

O CAMINHO
DE CARMINHO
A TURNÊ PELO BRASIL
E A TRAJETÓRIA DA
CANTORA PORTUGUESA
ela
FOTO
Cassia Tabatini
STYLING

O GLOBO
11 JUNHO 2023 10
CAPA
Marcelo Alcaide
BELEZA
Helena Vaz
Pereira (cabelo)
e Rita Fialho
(maquiagem)
PRODUÇÃO
Carminho veste
look Bottega
Veneta e sapatos
Maison Margiela

O beauty artist
André Veloso
a
assina o visual

MAR
seus corpos, seus sorrisos. Vocês são da modelo do
abre da seção
muito empoderadas”, disse, em conversa Beleza

ABERTO
Q
uerida entre os
brasileiros, a cantora
portuguesa Carminho
tem uma relação antiga
com o nosso país. Na
entrevista de capa desta
edição, entre um causo e outro, a fadista
narrou uma história dos tempos em
que por aqui aportou pela primeira vez.
Então desconhecida, queria porque
queria esbarrar com Chico Buarque
nas ruas do Leblon. Deu plantão
em pizzaria e no calçadão. E nada.
Quase dez anos depois, cantou
com o ídolo-mor e ainda com outros
medalhões da MPB. “No Brasil, famosos
gravam com nomes que
estão chegando, como
aconteceu comigo. Só
grandes artistas conseguem
estar desprovidos de
inseguranças e egos.
Também não há nada mais
bonito do que ver a confiança
das mulheres, que assumem
joana dale
joana.dale@oglobo.com.br
(interina)
com a repórter Lívia Breves, por Zoom.
As fotos foram feitas em Lisboa, pela
18
fotógrafa brasileira Cassia Tabatini,
por lá de passagem. COMPORTAMENTO
Esta edição, aliás, está
recheada de matérias
internacionais. Há uma
entrevista com o ator espanhol
Antonio Banderas, feita pela
repórter Yasmin Setubal,
em Madri; uma visita guiada
pelo jornalista Eduardo
Vanini no recém-inaugurado
Centro Richard Gilder
para a Ciência, Educação
e Inovação, no Museu
Americano de História
Natural, em Nova York;
e a apresentação, em Londres,
de um estudo que mostra
como a geração Z está
revolucionando a paquera.
Sim, a ELA é carioca,
com certeza. Mas está
sempre de olho em tudo
de melhor que acontece
no mundo. O mar,
afinal, é aberto.
40
BELEZA

EDITORA-CHEFE Marina Caruso DIAGRAMAÇÃO Cristina Flegner

EDITORA DE MODA Larissa Lucchese
EDITORA ASSISTENTE Joana Dale
ELA NO INSTA @elaoglobo
ELA NO FACE facebook.com/ElaOGlobo
9 MARTHA MEDEIROS
REPÓRTERES Eduardo Vanini,
Laís Rissato, Lívia Breves,
ACESSE NOSSO SITE
oglobo.com.br/ela 27 LUANA GÉNOT

46
Marcia Disitzer e Yasmin Setubal E-MAIL
EDIÇÃO DE ARTE Dushka e Mayu Tanaka revistaela@oglobo.com.br BRUNO ASTUTO

4 REVISTA ELA
Herbarium apresenta os clássicos da fitoterapia

07

Proteção
13,001

HERBARIUM

1 . E S T Ô M A G O

2 . A L Í V I O

Deixe a natureza cuidar de você

FRONT
Por LÍVIA BREVES | Fotos PEDRO LORETO

b André (à esq.)
e Lucas em
frente à vitrine
do espaço
no Jardim
Botânico
 LUGAR COM
HISTÓRIA
CONHEÇA A LEGADO, LOJA QUE, ALÉM
DE TRABALHAR COM MOBILIÁRIO
VINTAGE, ABRE AS PORTAS PARA
PROMOVER DEBATES SOBRE DESIGN

Quem passa pela Rua Lopes Quintas, no Jardim

Botânico, já deve ter notado um movimento diferente no Peças
assinadas por
a
número 87, mesmo espaço onde funcionou, durante anos, Percival Lafer
e Sergio
a loja de design Gabinete, de Duilio Sartori. O casal André Rodrigues
estão lá
Bispo e Lucas Sales abriu a loja-galeria Legado, dedicada
ao mobiliário vintage, a maioria brasileiro, com peças
de Sergio Rodrigues, Lina Bo Bardi, Percival
Lafer, entre outros. Os dois se conheceram na
Arquivo Contemporâneo, onde trabalhavam
até decidirem montar o próprio negócio.
“Idealizamos um espaço dedicado ao vintage
e à troca de ideias. Vamos além da venda:
teremos encontros, bate-papos e outros
eventos ao redor do design. Queremos
disseminar informações, instruir e criar um
lugar de convivência artística em geral. Aliás,
temos telas no espaço, como as de Maria
Lynch”, conta André.
A agenda começa a esquentar em agosto,
pegando o embalo da CasaCor, que acontecerá ali
perto. “Já temos uma relação com muitos arquitetos (entre eles
Babi Teixeira, Antônia Bernardes, Gisele Taranto e Arthur Casas),
Há ainda telas
de artistas
a
que
e o evento será ótimo para mostrar as novidades. Mudamos o conversam
com o
ambiente e a vitrine com frequência, a loja está sempre diferente. mobiliário
Estamos muito felizes de ocuparmos essa casa”, comenta Lucas.
Acompanhar o trabalho da Legado tem deixado Duilio
Sartori, que fez o ponto se tornar uma referência em design
e arte, orgulhoso. “Pelo histórico do local, foi perfeito.
Eles dão nova vida, sem deixar a história de arte para trás.
São jovens, de bom gosto, empreendedores e com vasta
experiência comercial. O nome Legado foi a confirmação
de que eles foram perfeitos para a casa”, elogia Duilio. e

“QUEREMOS DISSEMINAR
INFORMAÇÕES, INSTRUIR.
UM LUGAR DE CONVIVÊNCIA
ARTÍSTICA EM GERAL”
ANDRÉ BISPO, EMPRESÁRIO

REVISTA ELA 7
FRONT
Por JOANA DALE
PROSA
E VERSO
As gêmeas Helena e
Duda Ferreira, de 14 anos,
comandam o projeto
Pretinhas Leitoras.
Nascidas no Morro da
Providência, percorrem
escolas e bibliotecas
de todo e estado para
contar histórias. No dia
17 deste mês e em dois
sábados de julho,
estarão no Sesc Cultural
Quitandinha, em
Petrópolis. A seguir,
indicam três livros que
consideram essenciais.
“Kakopi, Kakopi!”,
de Rogério Andrade
Barbosa (2019,
Melhoramentos):
“O livro propõe
brincadeiras
afro-referenciadas
para toda a família”.
“Mesma nova história”,
de Mafuane Oliveira O SUCESSO DE
e Everson Bertucci
(Peirópolis, 2021): TATI VILLELA,
“São diálogos
intergeracionais que
comprovam que sempre
é tempo de aprender”.
“Curupira, brinca
comigo?”, de Aloma
Carvalho (2020,
Bamboozinho): “Saber
nossa história e passear
pela cultura folclórica
brasileira é o grande DE CARLANE
convite deste livro”.
8 REVISTA ELA
REVOLUÇÃO
DO AMOR
Tati Villela conquistou o
público com a sua Naira, a
segurança de Lui Lorenzo
(José Loreto) em “Vai na fé”,
da TV Globo. De quebra,
demonstra a sensibilidade
feminina diante de profissões
estereotipadas. “Tenho a
preocupação de mostrar um
lado que a sociedade nega:
mulheres grandes, negras,
doces e lindas”, diz. Em
paralelo, a atriz está no teatro
com a namorada, Mariana
Nunes, em “Amor e outras
revoluções”. “A peça é
contemporânea, mexe com
todos que gostam de amar, que
amam ou que já amaram.”
JANELA ABERTA
OS LIVROS
INDICADOS
PELAS
PRETINHAS
LEITORAS
E A ARTE
DE MORAES
b AVillela,
atriz Tati
a Naira
de “Vai na fé”,
fala sobre a
quebra de
estereótipos
Carlane de Moraes (do @papelaquadro)
abre sua primeira individual na quarta,
dia 14, na Casa dos Oitis, na Gávea. Vai
mostrar seus trabalhos com aquarela e
bordado, inclusive as obras feitas a partir
de estudos das janelas da sede da
mostra. Ela conheceu as irmãs Carol
e Tati Magalhães, donas do espaço,
em uma aula de arte com Cris Pinheiro
Guimarães. “Os gestos com o pincel,
CHARLES PEREIRA (TATI), TREVOFILMES (CARLANE) E FOTOS DE DIVULGAÇÃO
a técnica da aquarela, as cores suaves, o
bordado, a organicidade: tudo na obra de
Carlane remete à delicadeza”, exalta Cris.
PASSADO A LIMPO
Na pandemia, a jornalista Carol
Zappa entrevistou Suhellen
Kessamiguiemon, a “rainha da
faxina”, para uma matéria da
nossa Revista ELA. Christhiane
Ruiz, editora da Intrínseca, leu,
gostou e as convidou para
fazerem um livro, que chega
agora às livrarias. “Quem tem
medo de faxina?” é um guia. “A
limpeza vai muito além de varrer
o chão, tem a ver com tornar a
sua casa um refúgio. Não deve
ser um fardo”, diz Suhellen.

MARTHA MEDEIROS
marthamedeiros@terra.com.br
O AMOR E O AMAR
N
unca imaginei que um dia subiria
ao palco do Theatro Pedro, mas
aconteceu — é a literatura cumprindo
a promessa de me levar onde nunca
estive. Mesmo não sendo atriz,
“contracenei” com o psicanalista
Christian Dunker durante a gravação
comemorativa dos 20 anos do
programa “Café filosófico”, onde debatemos, diante de
numerosa plateia, um tema que a todos interessa: o amor.
Durante a nossa troca de reflexões, condenei a antiga
cultura dos contos de fada, que apresentava o amor como
salvação da vida de sonsas princesas. Uma vez despertadas
por um beijo, elas se acomodavam a um enigmático “pra
sempre” que antecipava o ponto final de suas histórias, como
se a partir dali nada de mais interessante pudesse acontecer.
Esse romantismo nunca foi aliado do amor: colocou na
cabeça das mulheres que se elas não cumprissem a missão
de formar um par, de pouco valeriam.
Hoje, personagens guerreiras e ativistas substituíram as
princesas como modelos de heroínas, e ninguém mais elege o
“pra sempre” como meta — o que tem que durar é o entusiasmo
em realizar os próprios desejos, que mudam com o tempo.
Não é o fim do amor, e sim um
recomeço menos idealizado. O amor
sem o dramalhão incluído. O amor como
ILUSTRAÇÃO: SHUTTERSTOCK
recompensa por diminuirmos a ansiedade
e buscarmos autoconhecimento e
autoestima, que é o que faz o amor se
aproximar. Sem rufar de tambores.
A meu ver, a melhor frase da noite
não foi minha nem de Dunker, mas a do
CRÔNICA
publicitário e poeta Marcelo Pires, que durante uma
pergunta dirigida a nós sobre a razão deste sentimento
ser tão superlativo, conjecturou: “Às vezes, parece que
o amor atrapalha o amar”.
Exato. Se nossa solidão tivesse o mesmo prestígio que
namoros e casamentos, não cederíamos à cobrança de “ter
que” amar alguém, as relações seriam mais espontâneas. Se
o amor romântico descesse do pedestal em que foi colocado
e circulasse no meio da multidão, não seria tão divinizado.
O amor ainda é visto como coisa de Deus e o sexo como
coisa do diabo. Só que é do sexo o encargo de manter a
continuidade da espécie, então o amor tornou-se um álibi
providencial para que o processo pareça sublime, em vez
de obsceno. O amor como elevação dos hábitos mundanos.
Bonito, mas prefiro o amor rés do chão, mais maduro e livre.
A simples alegria de estar junto, a dispensa do grude, a paciência
com as diferenças do outro, planos imediatos em vez de aposta
na eternidade, o apoio necessário, a amizade erótica prevalecendo
sobre os desatinos. Algum sofrimento surge, mas os momentos
difíceis não precisam ser glorificados como sacrifícios inerentes
ao amor. Zero tolerância para a violência, bom humor obrigatório,
mesa farta e, se for imprescindível alguma coisa grandiosa que
inspire um poema épico, que seja o rótulo do vinho. e
SE NOSSA SOLIDÃO TIVESSE O
MESMO PRESTÍGIO QUE NAMOROS
E CASAMENTOS, NÃO CEDERÍAMOS
À COBRANÇA DE “TER QUE” AMAR
ALGUÉM, AS RELAÇÕES SERIAM
MAIS ESPONTÂNEAS
REVISTA ELA 9
CAPA

Look
Bottega
Veneta
e sapatos
Maison
Margiela

PORTUGUESA,
COM CERTEZA
ÀS VÉSPERAS DE CHEGAR AO BRASIL
COM NOVO DISCO, CARMINHO LEMBRA
OS TEMPOS EM QUE TENTAVA ESBARRAR
COM CHICO BUARQUE NO RIO, O BULLYING
QUE SOFRIA NA ESCOLA POR GOSTAR DE
FADO E COMO O FILHO, JAIME, DE 3 ANOS,
COLOCOU O ROCK EM SUA ROTINA

Por LÍVIA BREVES | Fotos CASSIA TABATINI

Styling MARCELO ALCAIDE
CAPA
“CARMINHO IMPRESSIONA PELA VOZ
PROFUNDA E LEVE AO MESMO TEMPO E
PELA PRESENÇA IMPONENTE NO PALCO,
COM AUTORIDADE SOBRE A SUA ARTE”
MARISA MONTE, CANTORA E COMPOSITORA
A
primeira vez que a fadista portuguesa
Carminho, de 38 anos, avistou o Brasil
foi pelo oceano. Em 2003, aos 19, ela
atravessou o Atlântico em um cruzeiro
em que se apresentava cantando.
Inicialmente, parou em Salvador. Em
seguida, no Rio. “Foi pelas águas, como
meus conterrâneos, mas vim em paz.
O abrir da Guanabara visto do mar foi emocionante”, recorda ela,
que dispensou a passagem de volta a Lisboa e ficou uma semana
na cidade. Seu programa foi tentar esbarrar com Chico Buarque.
“Soube que ele frequentava uma pizzaria e passava por lá todos
os dias. Nada. Pelo calçadão também não o vi. Sempre tive uma
admiração muito grande pela obra do Chico”, conta. “Conheci a
música brasileira pelas novelas, aos 5, 6 anos de idade. Demorei a
entender que podia desassociar o personagem da sua trilha sonora,
mas quando compreendi isso abriu-se um mundo novo. Comecei
a descobrir cantores e compositores, e o Chico foi uma referência.”
Nessa mesma viagem, sentou-se em um bar com um amigo,
o ator Ricardo Pereira, seu conterrâneo: “Fizemos um brinde aos
nossos sonhos. O meu era cantar com o Chico. O dele, ganhar
um Oscar com John Malkovich. Rimos, como se tudo fosse
impossível. Bem, só falta o Oscar.” Quase dez anos depois, em
2012, a parceria com Chico Buarque aconteceu no disco “Alma”,
que teve ainda a participação de Milton Nascimento e Nana
Caymmi. “Considero Milton um padrinho, pois ele me convidou
para cantar em um show em Portugal. Isso foi um ponto alto
da minha carreira. Já Nana tem uma voz feminina fascinante.
Muito fadista, com ação sobre as palavras”, elogia a portuguesa.
Elogio que vai, volta. Cantoras brasileiras também
se encantam com Carminho. “Ela impressiona pela voz
profunda e leve ao mesmo tempo e pela presença imponente
no palco com domínio e autoridade sobre a sua arte. Ama
cantar e inspira amor pela música”, declara Marisa Monte,
que soube da jovem portuguesa através de Milton. Em um
despretensioso encontro, elas começaram a gravar “Chuva
no mar”, presente no álbum “Canto”, de 2015.
12 REVISTA ELA
Carminho vive uma relação intensa com o Brasil e os
brasileiros. Já esteve no país inúmeras vezes, grava músicas daqui,
coloca até samba em suas apresentações. Em agosto, atravessa o
oceano mais uma vez com a turnê do sexto álbum, “Portuguesa”,
lançado em março, que passará por Rio, São Paulo, Porto Alegre,
Belo Horizonte e Ilha Bela. “Sinto um mar de possibilidades no
Brasil. Um lugar completamente diferente na maneira de pensar,
em seus hábitos e alegrias, mas com o mesmo idioma. Português é
a língua em que sei dizer ‘te amo’, é a única que consigo expressar
profundamente o meu sentimento. Por isso, o Brasil foi essa
grande descoberta”, derrete-se. “Famosos gravam com nomes
que estão chegando, como aconteceu comigo. Isso é muito bonito.
Só grandes artistas conseguem estar desprovidos de inseguranças
e egos. No Brasil, há vários. Também não há nada mais bonito
do que ver a confiança das mulheres, que assumem seus corpos,
seus sorrisos. Vocês são muito empoderadas.”
Dois brasileiros estão no novo disco. Na direção de arte,
Giovanni Bianco (ele também assinou o seu disco anterior,
“Maria”, de 2018), querido de estrelas, com trabalhos com
Madonna, Rihanna, Anitta, Nicki Minaj, Marisa Monte...
E Marcelo Camelo compôs uma canção. “Marcelo tem um lado
feminino muito grande. É um dos compositores contemporâneos
que mais admiro”, elogia a fadista. “Trabalhar com o Giovanni
era um sonho que achei que seria impossível pela agenda, tempo
e orçamento. Mas ele aceitou. Eu me apresentei quando ele
estava em Lisboa, fazendo um shooting com a Madonna. ‘Maria’
ficou incrível. Pedi a ele de novo agora e, mais uma vez, ficou
maravilhoso. Ele me dá coragem. Lembro dele falando no set ‘vai,
Carminho, olha para dentro’. Assim, me tira da zona de conforto.”
Giovanni, por sua vez, conta que é uma sorte trabalhar com
Carminho, que veio a São Paulo fazer o trabalho. “Ela é tão singular,
consegue interpretar a tradição do país de forma contemporânea.
Canta fado de calça jeans. Aceitei o desafio, mesmo sem muita
grana e com tempo apertado. A Carminho manda em mim”,
admite Giovanni. “Nada é óbvio. Ela é uma portuguesa do universo,
uma nômade que mantém o berço de sua cultura. Trouxe a luz
de Lisboa para o estúdio em São Paulo e adorei o resultado.” a
Look
back2back e
joias Bottega
Veneta
CAPA

Look back2back
e joias Bottega
Veneta. Na pág. ao
lado: look Chanel

14 REVISTA ELA
CAPA
“CARMINHO É TÃO SINGULAR, CONSEGUE
INTERPRETAR A TRADIÇÃO PORTUGUESA
DE UMA FORMA CONTEMPORÂNEA.
ELA CANTA FADO DE CALÇA JEANS”
GIOVANNI BIANCO, DIRETOR DE ARTE
Carminho nunca chegou a apresentar “Maria” no Brasil.
Um disco, como ela descreve, que foi um processo terapêutico.
“Peguei minhas memórias mais antigas e fui em busca do que
realmente era o fado, queria encontrar essa essência. Sempre
fiz terapia, mas, durante a produção do disco, experimentei
psicanálise, me deitei no divã”, comenta ela.
Os motivos para não encarar a turnê foram fortes. Estava
grávida e precisou ficar de repouso nos últimos meses.
“Estava adiantada na gestação e tive um alarme falso sobre
a possibilidade de perder o bebê”, conta ela, que é casada
com o músico e artista sonoro João Pimenta Gomes. Depois,
já emendou a pandemia. “O isolamento foi estranhamente
positivo para mim. Trouxe a chance desse silêncio, esse
tempo para me concentrar no repertório. E, claro, ainda
me tornei mãe. Profissionalmente, foi um período de revisão.
A logística da produção de turnês é inimiga da criação. Claro
que na estrada componho e leio. Mas as burocracias acabam
com o estado de ócio que leva ao lugar especial de criação.
Quando pude voltar ao estúdio, em março de 2022, achava
que ia fazer um esboço. Mas já havia um disco pronto.”
A maternidade vem sendo vivida com tranquilidade desde
o momento do nascimento do bebê, que veio ao mundo de
parto normal pelas mãos de Carminho. “Eu que o fiz nascer,
o tirei de mim. Tive sorte, foi fácil. Ser cantora ajudou. O
diafragma faz tudo. Demorou dois minutos”, lembra. Agora,
ela busca criá-lo sem influenciar em sua personalidade.
“Minha primeira sensação foi entender que aquela pessoa,
mesmo saindo de mim, não é minha. Tenho clara noção
de que ele é independente.”
Jaime, de 3 anos, adora música, principalmente bateria, e
acompanha a mãe nas turnês. “Uma grande companhia, já faz
parte da banda. É um roqueiro, adora Red Hot Chili Peppers
e Beatles. Tenho escutado muita coisa que jamais ouviria por
causa dele. Meu filho tem muita identidade e me fascina vê-lo
crescer no seu ritmo. Tento interferir o mínimo.”
Diferentemente do pequeno, a cantora foi seduzida pelo
fado desde criança, e seguiu os mesmos passos de sua mãe,
16 REVISTA ELA
Teresa Siqueira. Aos 12 anos, já se apresentava no palco do
Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Aos poucos, foi ganhando
espaço e virou o grande nome contemporâneo do estilo.
“O fado é uma língua e, assim como tal, só evolui se falada.
O ato de apenas praticar já a atualiza. Também não fico presa
em recordações, busco novas canções. Minha ideia é ser uma
porta e não um destino. Quero que descubram também quem
está antes de mim, ao meu lado e ainda o que vem”, conta.
Fafá de Belém lembra da primeira vez que viu
Carminho, em 2010, no casamento de Ricardo Pereira
e Francisca Pinto. “Ela parecia uma produtora de moda,
vestindo coturnos e saia. Até que começou a cantar
maravilhosamente bem, com seu vozeirão. Logo depois,
lançou o disco, ficou conhecida. Tem uma elegância, uma
doce discrição e é muito moderna. Adoro essa Carminho
bem portuguesa”, avalia a paraense.
Mas nem sempre foi fácil ser fadista. Na adolescência,
quando chegou de Lisboa, saindo do Algarve, sentiu-se
sozinha e deslocada na escola. “O fado não era cool, não
era uma música bem-vinda. Eu era marginalizada por
gostar do gênero. Mas foi onde me senti pertencida. Afinal,
eu não era de Lisboa porque vinha do Algarve. E não era
do Algarve porque nasci em Lisboa. Foi na música que
encontrei a minha identidade. Meus amigos passaram a ter
60 anos, e me senti acolhida.”
O tempo passou, ela não desistiu e conseguiu abrir as
portas do mundo para o fado contemporâneo. Trabalhou
tanto que, agora, aos 38 anos, não percebeu o passar do anos.
A chegada aos 40, aliás, não é uma questão. “Sempre me
senti jovem porque era a mascote do fado. A eterna miúda.
Agora, pela primeira vez, estou trabalhando com nomes mais
novos do que eu, uma nova geração de fadistas e percebendo
a proximidade dos 40. Comecei a esboçar essa ideia
recentemente, mas, na verdade, acredito que nós dominamos
a nossa idade. Rita Lee é uma prova disso. Transbordou
juventude até o último dia. Esse é o frescor que me inspira
e procuro”, conta a portuguesa, com certeza. e
Look Bottega
Veneta e pôster
João Pereira
Alcaide

Cabelo:
Helena Vaz Pereira
(Griffe Hairstyle).
Maquiagem: Rita Fialho.
Direção de arte:
Marcelo Alcaide (Alvará).
Assistência de fotografia:
Rafael Ferraz.
Assistência de styling:
Cristina Homem Gouveia.
Assistência de beleza:
Matilde (Griffe Hairstyle).
Assistência de produção:
Jéssica Razzanti.
COMPORTAMENTO
FLERTE
SEM
FILTRO
ESTUDO CONDUZIDO POR
APLICATIVO DE RELACIONAMENTO
MOSTRA QUE GERAÇÃO Z,
AQUELA COM IDADES ENTRE
18 E 25 ANOS, PREZA PELA
AUTENTICIDADE NA HORA
DO ENVOLVIMENTO E NÃO
ESTÁ DISPOSTA A ABRIR MÃO
DE CONVICÇÕES
Por EDUARDO VANINI, DE LONDRES
18 REVISTA ELA
S
ão 19h30m, e ainda há sol sobre o céu de
Londres. Dentro da Serpentine Gallery, em meio
ao verde do Hyde Park, a diretora de operações
do Tinder, Faye Iosotaluno, sobe ao palco para
apresentar a jornalistas do mundo inteiro o
relatório “Future of dating 2023”. “Do lado de
fora, na cidade, há 9,6 milhões de pessoas, e
cerca de 40% delas se autointitulam solteiras.
Posso imaginar quantos ‘dates’ estão acontecendo neste começo de
noite”, ela sugere. A julgar pelo escopo do estudo, é provável que
jovens entre 18 e 25 anos tenham alcançado os melhores resultados.
A certa altura do discurso, Faye lança as suas fichas: “Acreditamos
que a geração Z está promovendo as maiores mudanças que já
vimos sobre como conduzimos os nossos encontros”.
Se a afirmação é exagerada ou não, somente o tempo dirá.
Mas, naquela noite, um time de profissionais do aplicativo de
relacionamento promoveu um talk show para destrinchar dados
que fundamentam a tese. A pesquisa ouviu jovens dessa faixa etária
nos EUA, no Reino Unido, na Austrália e no Canadá e identificou
 que, na comparação com gerações anteriores, parecem mais
preocupados com autenticidade e saúde mental, por exemplo.
Segundo o levantamento, 80% concordam que o autocuidado
é prioridade nos relacionamentos, assim como 79% querem que
os pretendentes sintam o mesmo. Também enfatizam qualidades ESTABELECER LIMITES”
baseadas em valores, como lealdade (79%), respeito (78%)
e mentalidade aberta (61%), em vez de aparência (56%). Até
mesmo consumo de álcool anda em baixa. Segundo a plataforma,
72% das usuários destacaram em seus perfis que não bebem
ou bebem apenas ocasionalmente.
Tais características os tornam pessoas que, segundo o estudo,
não hesitam em abrir mão de algo em nome da lealdade às próprias
convicções. Algo classificado pelo especialista em insights de
relacionamento global do Tinder, Paul Brunson, como “tudo ou
nada”. “Eles são mais bem informados”, afirma, apostando que têm,
inclusive, chances de serem mais bem-sucedidos em
seus casamentos do que as gerações
anteriores. “Têm autoconsciência, mais
domínio sobre a comunicação e sabem
estabelecer limites. São mais realistas e,
portanto, capazes de dizer: ‘Quer saber,
prefiro ficar sozinho’.”
São também mais abertos à
diversidade em diferentes aspectos: 80%
dos entrevistados dizem que já tiveram
um date com alguém de outra etnia e,
diante da pergunta sobre namorar alguém
com deficiência ou neurodivergente,
metade concordou que estaria disposta a
isso. “Estamos apresentando pessoas (por
meio do Tinder) que não têm exatamente o mesmo
histórico”, destaca a diretora de marketing de
empresa, Melissa Hobley. “Elas não foram para uma
universidade específica ou pertencem ao mesmo
contexto, como se dava em outras épocas. Portanto,
ter a mente aberta é algo muito poderoso.”
Ao avaliar os resultados a pedido da reportagem,
a psicóloga Anna Lucia Spear King, doutora em
saúde mental e fundadora do Instituto
Delete — Uso Consciente de
Tecnologias, afirma que o fato de a
FOTOS: SHUTTERSTOCK (CASAL) E DIVULGAÇÃO
pesquisa levar em consideração jovens de
apenas quatro países específicos requer
ressalvas. “Afinal, mesmo dentro do Brasil,
jovens podem agir de maneiras totalmente
diferentes, conforme a realidade”, diz. Ainda
assim, ela reconhece que muitos
comportamentos são similares
ao redor do planeta. “A
internet e as plataformas
digitais unificaram alguns padrões.”
“ELES SÃO MAIS BEM
INFORMADOS. TÊM
AUTOCONSCIÊNCIA E SABEM
PAUL BRUNSON, ESPECIALISTA
DE RELACIONAMENTO DO TINDER
É uma geração, segundo ela, que cresceu em meio aos avanços
das pautas sociais e da defesa da diversidade. “Eles se sentem
livres para amar quem quiser, diferentemente
daqueles que foram criados numa sociedade
repressora”, compara. Não por acaso, o grupo
que se identifica como pessoa não-binária
aumentou 104% em relação ao ano passado,
segundo o estudo do aplicativo.
O professor de estudos de mídia da PUC-Rio
João Vitor Rodrigues Gonçalves, que pesquisou
as representações e a expressão do sentimento
no discurso emocional dos jovens em seu
doutorado, afirma ter encontrado resultados
semelhantes ao do Tinder. “Eles são
românticos, cultivam hábitos comuns de
relacionamentos afetivos, mas, acima de
tudo, acreditam que têm muito a dizer”,
afirma. “Nos relacionamentos, querem
encontrar parceiras e parceiros
tão autênticos quanto eles
próprios se enxergam.”
Já o advogado Ramon
Costa, que pesquisa temas
como direito e tecnologias e
é doutor pela PUC-Rio, afirma
ser “uma geração mais disposta
a melhorar comportamentos que
entendem como moralmente
inadequados, como as
discriminações racial e de gênero
e a homofobia”. Só não vale dizer
que inventaram a roda. “Estamos
num ponto mais avançado das discussões sobre
diversidade e relacionamentos múltiplos e
saudáveis, mas esse movimento não começou
agora. A sociedade tem modificado
determinadas formas de enxergar o mundo,
mas a geração Z precisa estar atenta para
não se fechar em bolhas e acabar achando
que o que defendem é universal
e imutável.” Fica a dica. e
Lançamento de
estudo reuniu jornalistas
de todo o mundo em Londres *O repórter viajou a convite do Tinder
REVISTA ELA 19
ENTREVISTA

O REI
PEÃO

ATOR ESPANHOL MAIS
REQUISITADO DE
HOLLYWOOD, ANTONIO
BANDERAS REFLETE
SOBRE VULNERABILIDADE
APÓS INFARTO, ENALTECE
OSCAR MENOS
AMERICANIZADO E FALA
DE AMOR SEM IDADE
Por YASMIN SETUBAL, DE MADRI
DIVULGAÇÃO
V
estido com camisa de manga comprida,
jeans, tênis e boné com a aba virada para
trás, Antonio Banderas chega ao evento
do lançamento do perfume feminino
The Icon, em Madri, praticamente
à paisana. A linha masculina já existia;
ambos foram criados em parceria
com a Puig, companhia multinacional
de fragrâncias. “É ele?”, questiona uma influencer chilena, intrigada
diante da simplicidade destoante da pompa que acompanha o
imaginário popular em torno de um dos maiores nomes do cinema
internacional. Logo, ele conquista a simpatia de todos presentes.
Aos 62 anos, Banderas se diz aberto às novas tecnologias, e não
hesita em mostrar todo o seu jogo de cintura latino — literalmente
— num desafio de dança no metaverso, dinâmica do evento,
naquela manhã fria de maio. Não seria diferente nesta entrevista,
em que fala sobre cinema, rebate as críticas por namorar uma
mulher 20 anos mais nova e revela boa relação com a ex, Melanie
Griffith. “Pode me perguntar o que quiser e responderei o que
quero”, propõe. A seguir, os melhores trechos.
QUAIS SÃO SUAS MEMÓRIAS OLFATIVAS MAIS ANTIGAS?
Amo o cheiro do mar e da flor de laranjeira durante a primavera
em Málaga (cidade espanhola onde nasceu), faz-me lembrar
da minha casa e das celebrações da Semana Santa, que adoro.
A CAMPANHA DA VERSÃO FEMININA DO PERFUME
THE ICON EXPLOROU O METAVERSO. QUAL SUA RELAÇÃO
COM AS NOVAS TECNOLOGIAS E AS REDES SOCIAIS?
Diria que minha relação com as novas tecnologias é de esforço.
Nasci em outra época, minha idade denuncia. Então, tive que
me adaptar, muito em função da minha vida profissional,
especialmente no cinema. Vejo que o metaverso e as redes são
possibilidades para um futuro incrível, mas também com perigos.
VOCÊ FOI INDICADO AO OSCAR POR SUA ATUAÇÃO
EM “DOR E GLÓRIA”, EM 2020. ACHA QUE O PRÊMIO AINDA
É O QUE VALIDA MUITOS ATORES?
Acho que o prêmio é importante para a indústria, um jeito de
juntar todos os profissionais envolvidos num filme. Nos últimos
seis anos, a Academia incorporou à cerimônia mais pessoas do
mundo inteiro. Então, o Oscar está deixando de ser exclusivo aos
americanos. Tudo bem não concordar com o resultado. Às vezes,
os ganhadores não serão quem a maioria espera, faz parte do jogo.
VOCÊ DUBLOU O ÚLTIMO FILME DO GATO DE BOTAS
COM O WAGNER MOURA. COMO É A RELAÇÃO DE VOCÊS?
Minha relação com ele é muito curta, passamos juntos uma noite
em Nova York. É um ator brilhante, e amaria trabalhar com ele
no futuro. Apesar de termos nos visto uma vez, senti uma conexão
imediata. Ele é aberto, simpático, muito bom de se relacionar. a
REVISTA ELA 21
ENTREVISTA
CORAGEM E LIBERDADE FAZEM PARTE DA PERSONA DO
PERFUME “GIRL ICON”. SUA NAMORADA, NICOLE KIMPEL,
ENQUADRA-SE NESSE PERFIL?
Sim, absolutamente. Gosto de mulheres assim, que são
independentes, livres e fortes. E não me refiro só à mulher que
quero compartilhar minha vida, mas também desejo que minha
filha siga esse exemplo. Quero que Stella tome as próprias decisões
e não seja dependente de ninguém, muito menos de um homem.

NICOLE É 20 ANOS MAIS NOVA QUE VOCÊ E SUA

EX-MULHER, MELANIE GRIFFITH, É 3 ANOS MAIS
VELHA. JÁ OUVIU CRÍTICAS POR ISSO? COMO LIDA?
Não dou a mínima. Se estou apaixonado por uma pessoa,
Acima,
Banderas não ligo para a idade dela ou a data em que nasceu. Não
em “A lei do me importo com isso. Nós nos conectamos e somos felizes.
desejo”, de
1987, e, ao lado,
com o Gato de RECENTEMENTE, SUA FILHA PUBLICOU UMA FOTO
Botas. Abaixo
com Nicole DE UM ENCONTRO DE VOCÊS COM SUA EX-MULHER.
Kimpel e, por COMO É ESSA RELAÇÃO EM FAMÍLIA?
fim, com
Melanie Melanie e eu somos muito bons amigos, e quando fui me
Griffith e a apresentar no Oscar 2023, fiz questão de me reunir com
filha, Stella
minha família americana. Almoçamos juntos, rimos, tivemos
um bom momento ali. Nada vai mudar isso. Sei que se eu
passar por algum problema, Melanie estará lá por mim,
e eu por ela. A mãe do meu bebê jamais sairá da minha vida.

VOCÊ DISSE QUE SEU INFARTO, EM 2017, FOI “A MELHOR

COISA QUE ACONTECEU NA SUA VIDA”. NÃO TEM MEDO
DE QUE ISSO TENHA SOADO ROMÂNTICO DEMAIS?
Não, porque não descrevi um infarto, mas o meu e o significado
que ele tem para mim. Não sei como minha experiência pode
incomodar, acho que é o oposto. Coisas ruins acontecem na vida
para se tornarem boas depois, porque nos fazem refletir sobre
o que consideramos importante. Vi que somos vulneráveis e fiquei
muito mais sensível a tudo. Sempre fui uma pessoa difícil de
chorar, por exemplo, mas agora fico emocionado com facilidade.

E A CHEGADA DA IDADE TE PREOCUPA DE ALGUMA FORMA?

Não. Se eu pudesse parar o tempo, pararia agora. Não
voltaria aos 40, nem aos 30, muito menos aos 25. O que
significa que me sinto confortável com quem sou agora,
e que aceito a única certeza que a gente tem: a morte.
A morte é a única coisa da vida que é perfeita. e

*A repórter viajou a convite da Puig Brasil

“SE ESTOU APAIXONADO POR UMA

PESSOA, NÃO LIGO PARA A IDADE
GETTY IMAGES

DELA, OU A DATA EM QUE NASCEU.

NÃO ME IMPORTO COM ISSO”
22 REVISTA ELA
 APRESENTADO P OR

Pele saudável e natural:

o novo padrão de beleza
Evento da Merz Aesthetics® Latam apresentou uma abordagem
inovadora sobre tecnologias e tendências da medicina estética

or muito tempo, as tendências da beleza
ditaram padrões irreais e praticamente
inatingíveis, principalmente para as mulheres.
Um cenário que, felizmente, vem perdendo
espaço com a reinvenção da indústria estética: agora, o foco
não é mais buscar a perfeição, mas, sim, a autenticidade.
A visão inovadora ressalta a importância da saúde da pele
e uma abordagem global, focada na regeneração celular e
tecidual. Sob esse mote, o Merz Expert Summit Latin America
(Mexs Latam 2023), evento organizado pela Merz Aesthetics®,
reuniu cerca de 550 renomados médicos de dez países da
América Latina nos dias 2 e 3 de junho na Cidade do México.
Durante esse encontro, especialistas em cosmiatria
discutiram mudanças de paradigma e combinação de
terapias para resultados mais eficientes, compartilharam
conhecimento e trocaram experiências sobre as últimas
novidades do portfólio da Merz Aesthetics®.
Discutindo a ressignificação do envelhecimento,
especialistas apresentaram estudos com a linha de
bioestimuladores de colágeno Radiesse Collection e a
capacidade dos produtos de recuperar a estrutura e a função
dos tecidos, devolvendo o viço para a pele.
Para Gonzalo Mibelli, presidente da Merz Aesthetics®
Latam, a medicina regenerativa tem se consolidado por
meio de uma abordagem inovadora e eficaz. “A regeneração
celular e tecidual traz uma nova perspectiva para o
envelhecimento saudável”, alertou Mibelli.
“Estamos vivendo uma revolução no cuidado da pele,
em que tratamentos personalizados e qualidade a longo
prazo são prioridades”, comentou Juliana Zimbres, médica
dermatologista (CRM 124976-SP) e diretora de Assuntos
Médicos da Merz Aesthetics® na América Latina.
Composta por hidroxiapatita de cálcio, uma substância
presente nos ossos e dentes que estimula a produção do
DI V ULGAÇÃO
Merz Expert Summit Latam reuniu mais de 550
especialistas da medicina estética latino-americana
colágeno e também produz elastina (proteína essencial para
a sustentação das fibras elásticas da pele), a linha Radiesse
Collection reativa os fibroblastos, células responsáveis pela
síntese do colágeno e da elastina.
Com a ação de Radiesse Collection, as células são
reativadas1, revertendo os sinais de envelhecimento
e regenerando o tecido, preservando somente o novo
colágeno2 produzido no processo. Atingindo todas as
camadas da pele, Radiesse Collection promove melhora da
qualidade da pele e dos contornos, além de efeito lifting3.
MEDICINA REGENERATIVA
Sobre o futuro da medicina regenerativa, a reconhecida
dermatologista e cirurgiã estética dermatológica americana
Sabrina Fabi, ressaltou que o objetivo não se resume a
prolongar a juventude, mas, sim, garantir que o processo de
envelhecimento ocorra de maneira saudável.
“A ética desempenha um papel fundamental na
disseminação responsável dessas tecnologias, garantindo
que benefícios médicos sejam alcançados sem comprometer
a integridade e o bem-estar dos pacientes”, resumiu Sabrina.

FON TE :

1. YUTSKOVSKAYA, YANA; KOGAN, EVGENJIA; LESHUNOV, EUGENE. A RANDOMIZED, SPLIT-FACE, HISTOMORPHOLOGIC STUDY COMPARING A
VOLUMETRIC CALCIUM HYDROXYLAPATITE AND A HYALURONIC ACID-BASED DERMAL FILLER. JOURNAL OF DRUGS IN DERMATOLOGY: JDD,
V. 13, N. 9, P. 1047-1052, 2014.
2 . PAVICIC, TATJANA. COMPLETE BIODEGRADABLE NATURE OF CALCIUM HYDROXYLAPATITE AFTER INJECTION FOR MALAR ENHANCEMENT:
Leia mais sobre
AN MRI STUDY. CLINICAL, COSMETIC AND INVESTIGATIONAL DERMATOLOGY, V. 8, P. 19, 2015.
3 . JUHÁSZ, MARGIT LW; MARMUR, ELLEN S. EXAMINING THE EFFICACY OF CALCIUM HYDROXYLAPATITE FILLER WITH INTEGRAL LIDOCAINE IN
o assunto online
CORRECTING VOLUME LOSS OF THE JAWLINE—A PILOT STUDY. DERMATOLOGIC SURGERY, V. 44, N. 8, P. 1084-1093, 2018. E EVIATAR, JOSEPH;
LO, CHRISTOPHER; KIRSZROT, JAMES. RADIESSE: ADVANCED TECHNIQUES AND APPLICATIONS FOR A UNIQUE AND VERSATILE IMPLANT.
PLASTIC AND RECONSTRUCTIVE SURGERY, V. 136, N. 5, P. 164-170, 2015.

G662/JUN23 CONTEÚDO PATROCINADO PRODUZIDO P OR GL AB .GLOBO.COM

CIÊNCIA

IMERSÃO
VIVA
PRÉDIO INAUGURADO PELO MUSEU
AMERICANO DE HISTÓRIA NATURAL,
EM NOVA YORK, REÚNE ARQUITETURA
INSTIGANTE E INSTALAÇÕES MODERNAS
Por EDUARDO VANINI | Fotos IWAN BAAN
E
A fachada do novo Centro Richard Gilder para a Ciência, Educação e Inovação. Ao lado e abaixo, detalhes do interior do prédio com formas orgânicas

nquanto nova-iorquinos e gente do mundo

inteiro cortam as ruas de Manhattan no
ritmo frenético de uma das metrópoles
mais famosas do mundo, um prédio tinindo
de novo, ao lado do Central Park, convida
a uma pausa para a reflexão sobre a
complexidade existente até mesmo nas
coisas mais ordinárias da vida. O novo
Centro Richard Gilder para a Ciência, Educação e Inovação,
inaugurado no mês passado no Museu Americano de História
Natural, vai da contemplação de um formigueiro à mais alta
tecnologia para falar sobre a história do planeta em instalações
que abarcam visitantes de todas as idades.
A imersão começa pelo prédio em si, que estimula o visitante a
desbravar novos e antigos espaços do museu (há 30 conexões com
os demais edifícios) por meio de suas formas cavernosas e passarelas
irregulares que cortam o enorme átrio, banhado por iluminação
natural. A inspiração, conta Jeanne Gang, diretora-fundadora do
Studio Gang, que concebeu o projeto, veio de diferentes paisagens
geológicas moldadas pela força da natureza. “É como se o interior
tivesse erodido de um bloco sólido. Uma estrutura pela qual você
circula entre os espaços e, ao olhar ao redor, enxerga aberturas
nas paredes por onde vislumbra as várias exposições.” a

REVISTA ELA 25
CIÊNCIA

“QUEREMOS REALMENTE A sala imersiva

Mundos Invisíveis
AJUDAR O PÚBLICO A ENTENDER explora os
mistérios da vida
E A CONFIAR NA CIÊNCIA”
ELLEN FUTTER, PRESIDENTE EMÉRITA DO
MUSEU AMERICANO DE HISTÓRIA NATURAL

Logo no primeiro andar do prédio, o insectário torna criaturas

das quais muitos humanos se acostumaram a nutrir aversão em
aliados. Afinal, todas as formas de vida são interdependentes,
e esses animais ficam um tanto simpáticos em aquários com
iluminação especial que mostram desde a explosão de cores em
suas carapaças à capacidade de se camuflarem na vegetação. No
andar de cima, o vivário de borboletas faz o visitante caminhar
em meio a uma atmosfera mágica, por onde exemplares de até
80 espécies alçam voo livremente entre as “ilhas” de vegetação.
No quesito tecnologia, a cereja do bolo é a sala Mundos
Invisíveis. A experiência imersiva com projeções em 360 graus

FOTOS:WAN BAAN (‘MUNDOS IINVISÍVEIS’), A.KEDING (INSECTÁRIO) E DENIS FINNIN E

O insectário mostra como todas as vidas na Terra estão conectadas
revela ainda mais sobre os mistérios do planeta, com uma
narração em loop de 12 minutos. Os recursos audiovisuais
impressionam, mas o prédio abre as portas com os pés bem
calcados na realidade. Uma das preocupações centrais do
projeto é permitir que os visitantes também possam ver, através
de vitrines, pesquisadores trabalhando no acervo do museu.
Algo providencial para tempos de negacionismo científico.
“Queremos realmente ajudar o público a entender e a confiar
na ciência. E as coleções são vitais para isso, porque são as
evidências sobre as quais as pesquisas científicas se baseiam”,
afirma a presidente emérita do Museu Americano de História
Natural, Ellen Futter. Presidente atual da instituição, Sean M.
Decatur completa: “Não contamos apenas as histórias dos
objetos, mas sobre o processo de descoberta, o que estamos
aprendendo agora e o que aquele item nos diz sobre importantes
problemas que enfrentamos.” A lista, como se sabe, é extensa. e

O vivário de borboletas reúne exemplares de até 80 espécies *O repórter viajou a convite do Museu Americano de História Natural

26 REVISTA ELA
 CRÔNICA

LUANA GÉNOT
lgenot@simaigualdaderacial.com.br

TÃO GRÁVIDA

A
“
lô, vamos marcar uma reunião até
amanhã? Tô tão grávida que mereço
prioridade, né?”. Ou “tô tão grávida
que mereço um copo d’água...
Pode pegar para mim, por favor?”
Detalhe: a água está a alguns
centímetros de distância. “Tô tão
grávida que esqueci o seu nome.
Você não vai brigar comigo!”
Reta final da gestação. Lombar fervendo, mal consigo
encontrar posição. Mas não posso dizer que não aproveitei:
do primeiro carnaval barriguda na Avenida aos cochilos
entre reuniões para descansar sem culpa. Ah, os hormônios
da gravidez! Chorei, sem “jamais pedir desculpas por me
derramar”, aqui inspirada pelo título do livro de Ryane Leão.
Sim, coloquei o cropped e reagi...
Na primeira gestação, fui tímida. Nesta, botei mesmo o
barrigão para fora. Muita gente me vê nas andanças pelas
ruas preparando outra pessoa. Muitos desejando “boa
hora”. Fofo. Uma pessoa me aborda em lágrimas
lembrando do seu “bebê”, que já tem 26 anos, e me diz:
“Aproveita, minha filha. O tempo passa rápido”. Tem
quem diga “Mó barrigão o da moça, mãe”, como falaram
umas crianças ao me ver andando por aí.
Ri intensamente de muitas dessas situações. Calorzinho
no peito em relembrá-las.
Ah, e como aproveitei especialmente para pedir ajuda
e dar carteirada de prioridade. Talvez essa seja a principal
mudança da primeira gestação para cá.
Não sei nem se vou me acostumar novamente com a vida
sem essa carteirada do bem. Quando o Hugo tiver nascido,
poderei usá-la no passado. Já estou aqui pensando em algo do
tipo: “Pega uma água para mim,
por favor, já estive tão grávida que
ILUSTRAÇÃO SHUTTERSTOCK
e fazer novas atividades. Foi delicioso relembrar isso
na entrevista que fiz com Fabão e Mari no Pod da Play.
Outra novidade da gravidez do Hugo: os cuidados e o olhar
atento de Alice, promovida a irmã mais velha, que abraçou
a função logo de cara com muita responsabilidade. Ela
interrompe as reuniões quando acha que a mamãe workaholic
está trabalhando demais. Olha sério para a barriga e pede para
o irmão pedir desculpas cada vez que vê a mamãe reclamando
de dor. Além de ter também me proibido de tomar café,
mesmo descafeinado. Confesso que fiz isso escondido algumas
vezes para não levar bronca. Sorte a minha que toda manhã
o tal barrigão também tem direito a chuva de beijinhos.
Outro detalhe: dei-me o direito à fisioterapia pélvica com
a Andressa. Dica de ouro da obstetra! Permiti-me exercitar
músculos que nem sabia que existiam. Recomendo.
Fiquei devendo a volta para o pilates e a ioga. Já está no
plano do pós-parto. Por ora, há pratinhos que caíram e está
tudo bem. Vida que segue.
Agora, o momento é de contrações de treinamento.
Expectativas a mil, meio “grávida de futuro” (agora me
inspirei em Clarice Lispector). Fato é que o barrigão está
aqui e fico alisando, com Hugo ainda no forninho.
Ele tem sido um parceiro e tanto. Batemos perna, batemos
papo no meio da madruga quando ele começa a chutar.
Agradeço aos céus pela sua comunicação vigorosa mas explico
também: “Está doendo, filho.” A gente vai se entendendo.
Ainda lembro quando Alice nasceu, e o papai Louis
passou a carregá-la no canguru. Ele se sentia o rei
ostentando sua bebê. Já estou me acostumando aqui
para virar a chave e passar o bastão para os novos atores da
cena. A vida é sobre isso. Mas será que ainda posso guardar
minha carteirada de “tão grávida” de alguma forma? e

mereço, né?” Sim, estou apegada NA PRIMEIRA GESTAÇÃO FUI TÍMIDA.

ao status “tão grávida”. NESSA, BOTEI MESMO O BARRIGÃO
Brincadeiras à parte, foi PARA FORA. MUITA GENTE ME VÊ
libertador acionar mais minha rede
de apoio, intensificar os cuidados NAS ANDANÇAS PELAS RUAS
com a saúde mental nessa gestação PREPARANDO OUTRA PESSOA

REVISTA ELA 27
Por RENER OLIVEIRA

A cearense
Marina Bitu
a
investiu
em plissados
que lembram
sanfonas
MARINA BITU
 A carioca a
DE CARA
Santa
Resistência

NOVA
celebrou
a força
do feminino

MARCAS DO RIO E DO NORDESTE

REJUVENESCEM A SEMANA DE
MODA PAULISTA, QUE APOSTA EM
COLEÇÕES COM VIÉS ATIVISTA

O espírito rejuvenescido da moda foi o pulo do gato da

SANTA RESISTÊNCIA
55ª edição da São Paulo Fashion Week (SPFW), que ocupou
a capital paulista com 44 desfiles. Apresentações
caprichadas, novas grifes no line-up,
diversidade e estreantes com produtos bem
elaborados e, ao mesmo tempo, ativistas,
foram os destaques na passarela.
Esse foi o caso da cearense Marina Bitu, que
trabalha na marca homônima com a sócia,
Cecília Baima. A dupla levou ao evento
a história do Hotel Bitu. O traço

WEIDER SILVEIRO
plural e acolhedor do espaço,
que funcionou em 1911, em
Fortaleza, colaborou para que
a cidade ganhasse o status
de cosmopolita que tem
hoje. Marina Bitu saiu do
óbvio sobre o que é ser
uma etiqueta nordestina e
elaborou, de maneira global,
técnicas como fuxico, em
versões máxi de veludo, bordados
manuais, feitos por artesãs locais, e
plissados, que remetem a sanfoneiros
da região.
O cheiro do novo fez com que a
FOTOS DE MARCELO SOUBHIA / ZE TAKAHASHI / @AGFOTOSITE

consultora de moda Thais Farage

se entusiasmasse. “O que me
chamou a atenção foi a
quantidade de etiquetas
autorais. Gosto muito de
observar essa nova moda
na passarela. Construções
RENATA BUZZO
ISAAC SILVA

de roupas, como as de
Marina Bitu, Isaac Silva
e Santa Resistência,
são impressionantes.
Imprimem
identidade e vários
‘Brasis’”, diz. a
 MODA
Os homens também não ficaram de fora. Nomes como
Gefferson Vila Nova, Igor Dadona e Rafael Caetano mostraram
ser possível trazer para o universo masculino uma roupa sem
caretice. Na Vila Nova, por exemplo, o ponto de partida foi o

GEFFERSON VILA NOVA

amor do paisagista Roberto Burle Marx pela botânica. O baiano
Gefferson Vila Nova aproveitou a expertise de dez anos para
estrear na SPFW com uma coleção madura. “Meu desfile
não é sobre celebridades, é sobre modelagem,
caimento e acabamento”, frisou.
Já Dadona olhou para construções arquitetônicas
e as traduziu em peças de alfaiataria, ideais para o
momento “escritório”. Elas se misturaram às opções
pós-officer: pense em bordados com cristais Swarovski,
tecidos 100% lã, tweed e seda.
Outro estreante, Rafael Caetano mergulhou no
dandismo. Ele desenvolveu, de acordo com seu
ponto de vista, uma moda feita sob medida
para um homem gay: na versão de Caetano,
a própria roupa pode funcionar como fetiche.
A stylist Zazá Pecego ressalta como os
criadores da nova geração vêm transformando
o mercado com peças embaladas de propósito.
“Estão tirando a moda do discurso. Assim,
tudo brilha muito mais”, pondera Zazá.
E se a moda também tem papel
de espetáculo, a carioca The Paradise, de
Thomaz Azulay e Patrick Doering, reafirma
seu legado em uma ode aos tempos de ouro da
RAFAEL CAETANO

Yes, Brazil, marca icônica da década de 1980,

fundada por Simão Azulay, pai de Thomaz. A
dupla atualizou estampas tropicais e shapes —
parte da coleção chega às lojas na quarta —, e
transformou a São Paulo Fashion Week numa
festa. A também carioca Patricia Viera, uma
das poucas veteranas desta SPFW, brilhou
com o couro metalizado com desenho de flores.
O principal traço dessa edição foi realçar

FOTOS DE MARCELO SOUBHIA / ZE TAKAHASHI / @AGFOTOSITE

a descentralização da moda brasileira,
jogando holofotes em grifes de todo
o território nacional, que bebem
de diversas fontes e contam nossa
Sem caretice:
SPFW
a História por meio de roupas. e
THE PARADISE

mesclou
inovação
com bom
acabamento
“OS CRIADORES
DA NOVA GERAÇÃO
IGOR DADONA

ESTÃO TIRANDO A
MODA DO DISCURSO.
ASSIM, TUDO BRILHA
MUITO MAIS”
ZAZÁ PECEGO, STYLIST

30 REVISTA ELA
JANTAR
HARMONIZADO
FAIRMONT RIO
E 10 ANOS DE
VINHOS DE
PORTUGAL
Uma experiência única para uma
celebração muito especial.
O Fairmont Rio Copacabana e o Vinhos de
Portugal vão promover um jantar
harmonizado para celebrar os 10 anos de
Dia 13 de junho,
sucesso e encontros inesquecíveis do evento. a partir das 19h30
O cardápio especial estará a cargo do chef
Jérôme Dardillac e da chef patisserie Jenifer Marine Restô
Ortega, ambos do Marine Restô. Av. Atlântica, 4240 – Copacabana

Para mais
informações e
reserva, acesse:
MODA

MELHOR
ABR
ALFAIATARIA DESCONSTRUÍDA,
TRICÔS DELICADOS, BOTAS E
MOCASSINS ENFRENTAM COM
ELEGÂNCIA OS DIAS E AS
NOITES FRESCAS DE OUTONO
Fotos JORGE LEPESTEUR
Edição de moda CÉSAR CORTINOVE

Blusa Animale, terno

Framed, sapatos Schutz
e joias Joy by Julio
Okubo. Na pág. ao lado:
Vestido L’CECCI e blusa
Viviane Furrier
OR
BRIGO
MODA

Casaco Marisa,
moletom
Charth, calça
Framed e botas
Santa Lolla
Maxi blazer
e luvas Victor
Hugo Mattos,
calça Handred
e botas Schutz
MODA

Chapéu BAW,
corta-vento
e maxi tricô
Tommy Hilfiger,
calça Viviane
Furrier e
joias Joy by
Julio Okubo
Corta-vento
e maxi tricô
Tommy Hilfiger,
calça Viviane
Furrier, joias
Joy by Julio
Okubo e
óculos Anima
MODA

Maxi casaco
Framed, conjunto
trench e calça
Handred, top
Viviane Furrier,
botas Schutz
e joias Joy by
Julio Okubo
Blusa Viviane
Furrier, vestido
crochê L’Cecci,
calça Viviane
Furrier e
botas Schutz

Modelo:
Beatriz Barros
(Way Model).
Beleza:
Ian Ribeiro
com produtos
Chanel Beauty.
BELEZA
BATOM ESCURO E CÍLIOS VOLUMOSOS IMPRIMEM MAKE INVERNAL

Por MARCIA DISITZER

Foto PASCHOAL RODRIGUEZ

VOCÊ
TEM MEDO
DE QUÊ?
Cílios postiços com
bastante máscara, blush
marcado nas laterais,
hidratante suave na pele
MODELO: ANABELA SANTOS; STYLING: ACÁCIO;

e nos lábios, batom em

PRODUTOS: YSL BEAUTY E REBEEL BRASIL

tom de beterraba. “É uma

BELEZA: ANDRÉ VELOSO (CAPA MGT);

maquiagem chique e
invernal. Tem textura leve,
mas não é brilhante
demais. A estação pede
isso, tom marcante com
leve pegada de glow”,
diz o beauty artist
André Veloso.
 A cabeleireira
Rosemary
a
Sosu, de Gana,
faz parte da
campanha
global NUTRIÇÃO
CORPORAL
Nesta terça-feira, será lançado
o Bum Bum Body Oil, da Sol de
Janeiro. Indicado para reduzir
o inchaço, devido à ação de
microalgas na composição,
é para ser usado no corpo
inteiro. O produto tem ainda
na fórmula cafeína do guaraná
e azeite de oliva brasileiro. Na
Sephora por R$ 429 (90ml).

SAÚDE MENTAL EM ALTA

A L’Oréal Professionnel lançou no Brasil a campanha global Head Up, cujo objetivo
é dar visibilidade para a saúde mental de cabeleireiros, como Rosemary Sosu (foto).
Vídeos que fazem parte da iniciativa foram compartilhados no canal da marca no
YouTube. Além do treinamento on-line e gratuito, cada país tem uma ONG parceira
que vai promover encontros presenciais e workshops. No Brasil, o Movimento Saber
Lidar está à frente. Mariana Salgueiro, diretora de L’Oréal Professionnel no Brasil,
ressalta que a causa é internacional: “E é também um movimento de cuidar de quem
cuida da gente”. Joana Fleury, diretora geral de L’Oréal Produtos Profissionais no
Brasil, destaca o comprometimento da empresa. “Nossa preocupação não vem
de agora, é uma longa história de relacionamento com esse mercado.”

ÓLEO COM AZEITE DE OLIVA, CAMPANHA ALERTA

EM PROL DO BEM-ESTAR DE CABELEIREIROS VERDE
E SOMBRA COM EMBALAGEM JEANS A cientista da sustentabilidade Carla
Pimentel, que acaba de lançar o livro
“Jardins terapêuticos em instituições
de saúde”, indica vasos de planta
como fontes de bem-estar. Segundo
DENIM COUTURE ela, o hortelã “diminui o estresse ruim,
EM QUATRO TONS desperta a atenção e estimula o tato”.
FOTOS DE SHUTTERSTOCK E DE DIVULGAÇÃO

A diretora de maquiagem da
Guerlain, Violette Serrat, juntou-se
à artista Laura Gulshani para lançar
uma coleção de edição limitada,
com cases de jeans bordados com
toque couture, chamada The Floral
Denim Collection. A paleta de
sombras tem quatro cores: lilás,
bronze com toque dourado, jeans
e marrom com caramelo. Os
acabamentos são metálicos e
acetinados. Por R$ 475 (@guerlain).

REVISTA ELA 41
 GIRO
O QUE HÁ DE MELHOR EM GASTRONOMIA, DESIGN, VIAGEM E LIFESTYLE

Por JOANA DALE

Obras de arte,
memórias
a
afetivas
e peças
de design
no Loft Vastu
 A poltrona
Jangada, de Jean
Gillon, e a mesa de
centro Pétala, de
Jorge Zalszupin,
no living de Bianca
da Hora. No alto,
obras de Cássio
Vasconcellos,
como “janelas”

BOSSA
CARIOCA
CONHEÇA OS TRÊS AMBIENTES ASSINADOS POR ARQUITETAS DO RIO
NA CASACOR DE SP, A MAIOR MOSTRA DE DECORAÇÃO DAS AMÉRICAS

Em meio à Avenida Paulista, centro nervoso de São Paulo,
o icônico Conjunto Nacional abriga a CasaCor, maior mostra de
decoração e arquitetura de interiores das Américas, com o tema
Corpo & Morada, até 6 de agosto. Ao longo do surpreendente
circuito de 11 mil metros quadrados de área construída e 73
ambientes, encontram-se três assinados por profissionais do Rio,
que chamam a atenção por reunirem bossas para lá de cariocas.
São eles: Casa que Abraça, da dupla Adriana Valle e Patricia
Carvalho, do escritório Migs Arquitetura; Loft Vastu, de Bianca
da Hora; e Casa Essência Duratex, de Paola Ribeiro.
“Os cariocas, apesar de próximos geograficamente, têm estilo
FOTOS DENILSON MACHADO/MCA ESTUDIO
Depois de participar de dez edições da CasaCor no Rio, Bianca
da Hora estreia em SP com um loft carregado de significados.
“Luxo silencioso” (do termo da moda “quiet luxury”) e “ciência
do bem-estar” orientam a concepção do espaço de 120 metros.
O clima geral reflete a essência do Rio, com frescor e descontração
pontuados da arrumação descomplicada da mesa de jantar à trilha
sonora. Entre os móveis, destacam-se a poltrona Jangada, de Jean
Gillon, o par de cadeiras Ouro Preto e a mesa de centro Pétala,
essas de Jorge Zalszupin. Ali no living, as gravuras do fotógrafo
Cássio Vasconcellos, que reproduzem o interior da Mata Atlântica,
funcionam como “janelas para o verde”. “A ideia é a seguinte: um

muito único. Trazem consigo uma leveza, um quê informal e até
um colorido diferente. Aquela aura do Rio que só ele tem, que se
distancia do paulista, com tendência a ser mais prático”, observa
Pedro Ariel, curador do evento ao lado de Livia Pedreira e Cris
Ferraz. Desde 2015, o trio costuma levar à mostra destaques de
outros estados. Além do Rio de Janeiro, nesta edição há nomes
do Rio Grande do Sul, Bahia, Santa Catarina e Sergipe. “São
profissionais com histórias, vivências e experiências distintas
que chegam para enriquecer, agregar mesmo”, completa Pedro.
casal carioca se muda para São Paulo e adora receber os novos
amigos. Quis apresentar um ambiente mais leve para o padrão
paulistano, sem perder a sofisticação”, explica Bianca. a
“OS CARIOCAS TÊM ESTILO
MUITO ÚNICO. TRAZEM CONSIGO
UMA LEVEZA, UM QUÊ INFORMAL”
PEDRO ARIEL, CURADOR DA CASACOR SP

REVISTA ELA 43
 GIRO
Obra com miçangas de Mucki Skowronski no espaço da Migs Arquitetura
Série de quadros de Marcelo Catalano no ambiente de Paola Ribeiro
44 REVISTA ELA
Outras cariocas estreantes na CasaCor
São Paulo, Adriana Valle e Patricia
Carvalho, do escritório Migs Arquitetura,
criaram a Casa que Abraça. Como o nome
já diz, um clima bem acolhedor predomina
no espaço de 138 metros quadrados, com
áreas de estar, jantar, escritório, cozinha,
quarto e banheiro. A madeira, com suas
ranhuras e texturas, é a estrela em peças
autorais da dupla, como o carrinho Resedá,
a escrivaninha Paineira e a mesinha Aroeira,
todos da coleção Carangola. Outro destaque é o quadro bordado
de miçangas pela artista plástica Mucki Botkay Skowronski, em
destaque no living. “Essa obra tem as cores do Rio, com linhas
bem Burle Marx”, comenta Patricia.
A dupla coloca a mão em tudo, dos arranjos com flores
escolhidos na MilPlantas, na Vila Leopoldina, à trilha sonora
com músicas como a versão de “The girl from Ipanema”
cantada por Amy Winehouse e o álbum “Passarim”,
de Antônio Carlos Jobim. “É um clima bem das novelas
do Manoel Carlos, com músicas que remetem ao Leblon
e à Livraria Argumento”, comenta Patricia. “Tudo contribui
para agregar ao espaço um frescor, a palavra que mais
estamos ouvimos como feedback dos visitantes.”
Em sua sexta vez na CasaCor SP, e já com escritório dividido
entre as duas cidades, Paola Ribeiro
assina a Casa Essência Duratex. No
projeto, tirou partido do generoso
pé-direito de 5,50 metros, com
grandes esquadrias voltadas para
a passarela de acesso ao prédio
do Conjunto Nacional, para criar
uma “caixa de madeira nogueira”.
“Essa madeira, muito comum nos
Estados Unidos e no Canadá, tem
a nobreza realçada pelos veios e
catedrais alongadas e pelo seu tom
quente de marrom. É muito bem complementada
pela paleta com nuances de vermelho escuro, rosa claro e FOTOS MCA ESTUDIO E RAFAEL RENZO (RETRATO PAOLA)
laranja”, conta. “Diante do pé-direito tão alto, resolvi trazer
a estante para baixo, o que garante aconchego e praticidade.
Ter tudo à mão é uma delícia. Além disso, a estante ‘abraça’
o espaço de estar, deixando tudo mais quentinho.” e
“DIANTE DO PÉ-DIREITO
TÃO ALTO, RESOLVI TRAZER
A ESTANTE PARA BAIXO, O
QUE GARANTE ACONCHEGO”
PAOLA RIBEIRO, ARQUITETA
 GIRO
Por LÍVIA BREVES

MANTRA
DO ANO
A diretora criativa Gigi Barreto,
do Casa Vida Cenário, escolheu
a palavra “expansão” para ser
seu manifesto em 2023. Esta
semana, ela dá continuidade
a sua série de bandeiras — que
já vieram com os bordados
como “Mátria”, “Revolução”,
“Feminismo cura” —, e lança
o novo modelo. R$ 980.
Pedidos: (11) 98919-1392.

b Sabina
Kalaoun
e Gabriella
Mello, do
Studio Lak,
em seu espaço

DEU MATCH!
Um troca-troca dos bons. A paulistana Codex Home está
com uma pop-up no segundo andar da carioca Hathi DOBRADINHA
Tapetes, em Ipanema. E vice-versa: a Hathi está com um DE DÉCOR,
espaço na Codex, em São Paulo. As marcas juntaram BANDEIRA-
almofadas, mantas, pufes e tapetes para deixar as casas mais
gostosas neste inverno. Selando a parceria, um grupo de MANIFESTO,
arquitetos e designers cariocas criou, na Hathi, o ambiente OLGA RI DE
“Deu match”, com peças das duas lojas. Além de Sabina INVERNO E CURTINDO
Kalaoun e Gabriella Mello (do Studio Lak), tem mais uma
galera das boas, como Paula Neder, Gisele Taranto, João WINDSOR A DOIS
Panaggio e Mariana Teixeira (Bric Arquitetura). PARA CASAIS
LAIS ACSA (OLGA RI), ARI KAYE (HATHI) E DIVULGAÇÕES

PARA
ESQUENTAR
O frio chegou e a Olga Ri,
delivery do Rio e São
Paulo focado em comida
saudável, preparou-se
para entregar sopas e Ainda não decidiu o que fazer no
bowls quentinhos. Tem Dia dos Namorados? A Rede Windsor
essa de tomate assado Hotéis preparou um pacote especial
com missô (R$ 29,90), para os casais que quiserem ter um
feijão branco e frango dia inesquecível. A diária (a partir
caipira (R$ 32,90) e ainda de R$ 1.634,69) em um quarto superior
lentilha vermelha com inclui seleção de chocolates especiais,
pimenta (R$ 29,90). café da manhã e jantar com espumante
Pedidos: olgari.com.br. no ótimo Alloro. Reservas: (21) 2195-6213.

REVISTA ELA 45
CRÔNICA
BRUNO ASTUTO
brunoastuto1@gmail.com
NA ESPINHA
O
tema de amanhã, para os pombinhos,
talvez seja compatibilidade. Mas não
vou falar sobre aquela em que você
possa estar pensando. Na verdade,
esse tema me visitou no Dia das Mães.
Há exatos 40 anos, a minha
morreu de leucemia. Foi tudo
muito rápido, e os tratamentos e
transplantes não tinham a sofisticação e o conhecimento de
hoje. Eu tinha 4 anos, são pouquíssimas as lembranças desse
período, a não ser por espasmos de memória em flash. Ficou
o buraco da perda, mas não exatamente a correlação com o
tema da doença em si, cujos detalhes, Freud explica, ficaram
meio alheios à minha curiosidade.
Estava eu, um mês atrás, num glamoroso evento em Cannes,
quando subiu ao palco uma mulher, a alemã Katharina Harf. Ela
começou a discursar sobre a entidade fundada por Peter, seu pai,
em 1991, a DKMS (Deutsche Knochenmarkspenderdatei;
Arquivo Alemão de Doadores de Medula Óssea, em português).
O objetivo é ajudar pacientes com câncer de sangue a encontrar
doadores compatíveis em todo o mundo. A marca de beleza que
organizou o evento, a Coty, é sua maior patrocinadora.
Katharina contou que sua missão começou quando a mãe,
Mechtild, soube que o único tratamento para sua leucemia era
um transplante de células-tronco do sangue. Sem membros da
família compatíveis para atuar como doadores, sua melhor chance
de sobrevivência era encontrar um doador não aparentado.
Naquela época, havia apenas 3 mil potenciais doadores
de células-tronco no banco alemão de registros que poderiam
fornecer um transplante. Confrontado com o fato de que
a mulher enfrentava dificuldades para encontrar um doador
compatível, o pai de Katharina fundou a entidade. No primeiro
ano de operação, a DKMS conseguiu expandir o banco alemão
para 68 mil doadores. Apesar dos esforços, Mechtild
acabou morrendo. Não sem antes de pedir que
o marido não parasse de lutar, até que todos os
pacientes tivessem um doador compatível e uma
segunda chance em potencial.
Desde então, pai e filha vêm tentando cumprir
a promessa. Em quatro anos, a DKMS já havia se
46 REVISTA ELA
tornado o maior registro de doadores de células-tronco
do mundo. Hoje, tem no currículo 100 mil pessoas que já
ajudaram a salvar vidas, 11 milhões de potenciais doadores
em mais de 60 países, com escritórios em sete deles
(infelizmente ainda não no Brasil).
Todos os anos, Katharina, que usou seu diploma de Harvard
para trazer inteligência sustentável e logística ao projeto, faz um
grande evento para arrecadar fundos para a causa, em que ela
promove encontros de doadores com receptores que alcançaram
a cura. No telão, nós, da plateia, pudemos testemunhar alguns.
O que mais me chamou a atenção é a diversidade de pessoas.
Uma jovem lourinha e baixinha, emocionada de encontrar seu
benfeitor, um rapaz negro e alto. Um indiano e uma asiática.
Uma pessoa do Chile com outra do Reino Unido. O vizinho, de
qualquer cor, gênero, condição social e origem diferentes da sua,
more ele perto ou do outro lado do mundo, pode ser seu “gêmeo
genético”, o salvador da sua vida. Uma grande lição para racistas,
homofóbicos, misóginos, preconceituosos em geral. É a ciência
rebatendo, no mais alto patamar, a ignorância que nos separa
da nossa humanidade e da própria sobrevivência.
Em tempo: as células-tronco hematopoiéticas se proliferam
naturalmente; cerca de duas semanas após a doação, o organismo
está recuperado, e a medula, recomposta. O Brasil tem também
seu banco, o Registro de Doadores Voluntários de Medula Óssea
(REDOME). Sob a coordenação do INCA, é responsável pela
identificação e manutenção de dados de possíveis doadores para
pacientes que não têm um doador na família e acessa os registros
de doadores voluntários em diferentes países. Para mais
informações, acesse https://redome.inca.gov.br/
Meus ouvidos e olhos mal puderam acreditar no que
estava sendo dito e apresentado. Em plena véspera do último
Dia das Mães, a minha se fez, daquela forma surpreendente
e inesperada, presente.
É a tal da compatibilidade, desafiando o tempo e até a morte. e
ILUSTRAÇÃO SHUTTERSTOCK
É A CIÊNCIA REBATENDO A
IGNORÂNCIA QUE NOS SEPARA
DA NOSSA HUMANIDADE E
DA PRÓPRIA SOBREVIVÊNCIA
 O GLOBO | Domingo 11.6.2023

BARRA
oglobo.com.br

FOME DE
EMPREENDER
Pedro de Artagão abre
três restaurantes na
Barra, o segundo em
São Paulo e quer mais
FALA, BARRA!
ILUSTRAÇÃO DE RONEY BUNN GUILHERME LEPORACE/21-9-2015
P4 P6
LIVRO CONGRESSO
Fala, Barra! INFANTIL DE SURFE
As cartas encaminhadas
aos Jornais de Bairro (Rua ABORDA REÚNE
Marquês de Pombal 25, 4o ACESSIBILI- DEBATES
andar - CEP 20230-240 e DADE COM ATLE-
falabarra@oglobo.com.br)
A PARTIR DA TAS, OFICI-
devem ser assinadas e,
assim como os e-mails, ROTINA DE NAS E EXPO-
conter nome completo, UMA ALDEIA SIÇÕES
endereço e telefone do INDÍGENA
remetente. Quando o texto
não for suficientemente
conciso, serão publicados
os trechos mais relevantes.

oglobo.com.br/rio/bairros
O GLOBO - BARRA DA TIJUCA, JACAREPAGUÁ, RECREIO, SÃO CONRADO, VARGEM GRANDE E VARGEM PEQUENA
BANGU, BARRA DE GUARATIBA, CAMPO DOS AFONSOS, CAMPO GRANDE, COSMOS, DEODORO, GUARATIBA, INHOAÍBA, JARDIM SULACAP, MAGALHÃES BASTOS, PACIÊNCIA, PADRE MIGUEL, Capa: O chef Pedro
PEDRA DE GUARATIBA, REALENGO, SANTA CRUZ, SANTÍSSIMO, SENADOR CAMARÁ, SENADOR VASCONCELOS, SEPETIBA, VILA MILITAR E VILA VALQUEIRE de Artagão no
Editor responsável: Milton Calmon Filho (miltonc@oglobo.com.br). Edições impressa e on-line: Lilian Fernandes (lilian@oglobo.com.br). Diagramação: Ligia Lourenço. Rio Design Barra.
Telefones: Redação: 2534-5000, r. 5905/5123. Publicidade: 2534-4355. Faturamento: 2534-5484. Crédito: 2534-5860. Endereço: Rua Marquês de Pombal 25, 4o andar - CEP 20230-240. FOTO DE LUCAS
E-mail: falabarra@oglobo.com.br. TAVARES
CULTURA / DISNEY ON ICE
Festa no gelo reunirá melhores
momentos em cem anos
Espetáculo que celebra aniversário redondo da Disney tem brasileiros na apresentação
MAÍRAH RUBIM
maira.rubim@oglobo.com.br
-
A magia da Disney desem-
barca na Jeunesse Arena
em curta temporada, de
quarta a domingo que vem.
O espetáculo de patinação
no gelo “Disney On Ice —
100 anos de emoção” apre-
senta ao público histórias de
inspiração, determinação e
coragem baseadas em “Mo-
ana”, “Frozen”, “Enrolados”,
“Encanto” e “Toy story”, es-
tas duas últimas novidades
da temporada.
A montagem comemora-
tiva do centenário da Disney
tem 51 patinadores de 14 na-
cionalidades, que vão se
apresentar numa pista de ge-
lo de 43 metros de compri-
mento e realizarão voos de
até dez metros de altura.
Dois profissionais do elenco
principal, composto por no-
ve patinadores, são brasilei-
ros: a carioca Marcele Catal-
do Pereira e o mineiro Mario
Castro, que, no Brasil, onde o
show já teve temporada em
São Paulo, fazem as vezes de
apresentadores da festa.
Com 60 anos, Castro co-
meçou a patinar aos 28 para
se divertir. Sua história é cu-
riosa: foi terceiro sargento
do Exército de 1981 a 1987 e
chegou a conquistar o prê-
mio de melhor soldado do
ano. Neste período, estudou
Artes Dramáticas, e, ao dei-
xar o posto militar, começou
a fazer aulas de patinação
em Belo Horizonte. Apaixo-
nou-se pela prática a ponto
de viajar para os Estados
Unidos, onde passou por um
treinamento de patinação
profissional no gelo por qua-
tro anos. Logo em seguida,
em 1994, entrou para a equi-
pe do Disney On Ice, na qual
está desde então.
—É difícil explicar a sen-
sação que a patinação me
traz. Como ator, consigo le-
var minha arte para a patina-
ção, que une o esporte à
música e à dança. O trabalho
é realmente incrível. Ele me
trouxe a oportunidade de vi-
ajar por 83 países, conhecer
todos os estados americanos
eter contato com outras cul-
BARRA O GLOBO 3
Domingo 11.6.2023
sentador, tenho a chance
de ver as reações e incenti-
var a plateia a interagir
com o show. É lindo quan-
do a magia toma conta.
Já Marcele começou a pa-
tinar aos 13 anos, quando
teve sua primeira expe-
riência em uma pista de ge-
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
lo, num shopping. A sensa-
ção de liberdade que sen-
tiu, diz, fez com que come-
çasse a fazer aulas da moda-
lidade, além das de dança e
atuação que frequentava. A
carioca, de 26 anos, forma-
da em Educação Física, já
disputou campeonatos es-
taduais, nacionais e sul-
americanos.
— Quando patino, sinto
que entro num lugar em
que posso ser eu mesma,
interpretar, dançar e mos-
trar o que tenho dentro de
mim. É pura liberdade e fe-
licidade. Quando me for-
mei, abri uma escolinha de
patinação no gelo, mas
meu sonho sempre foi tra-
balhar na Disney On Ice.
Marcele Ano passado fiz a audição
Pereira. e, para a minha surpresa,
Carioca passei —recorda.
é uma das Ela conta que dar vida a
apresentadoras diferentes personagens é o
que mais a encanta, e cele-
bra a função de apresenta-
dora do show no Brasil.
—É muito bom ficar per-
to do público, e acho que
para os espectadores é uma
novidade ter dois brasilei-
ros contando as histórias
Mario Castro. — destaca.
Mineiro atua no No show, Mickey, Minnie
Disney on Ice e Pato Donald convidam o
desde 1994 público para uma aventura
que mistura as histórias mais
turas, o que me permite até conhecidas do universo Dis-
aprender outros idiomas ney. Os ingressos, de R$ 50 a
—diz ele. R$ 417,50, podem ser adqui-
O artista já participou de ridos pelo site Uhuu. As apre-
15 versões do Disney On Ice: sentações serão às 19h30,
— Cada espetáculo traz quarta, quinta e sexta (dia em
uma sensação e memórias que haverá horário extra às
diferentes, mas sempre in- 15h30); e às 11h, 15h e 19h, sá-
crível. Agora, como apre- bado e domingo.
CULTURA / LANÇAMENTO

Era uma vez uma indiazinha

que praticava surfe adaptado
Novo livro da série Literatura Acessível aborda tradições indígenas e rotina das crianças com deficiência

REPRODUÇÃO
MADSON GAMA
madson.gama@oglobo.com.br
-

U ma jovem indígena, da
etnia potiguara, que
tem deficiência motora,
usa cadeira de rodas e é
praticante de surfe adapta-
do. Trata-se de Anamã,
protagonista do recém-
lançado “A menina poti-
guara”. Com prefácio da
atriz Dira Paes, a obra é o 11o
título da série infantil Lite-
ratura Acessível, criada pe-
la psicóloga e doutora em
Educação Carina Alves,
moradora do Recreio, com
a proposta de discutir di-
versidade e acessibilidade.
— O projeto Literatura
Acessível tem essa caracte-
rística de trazer o esporte Anamã. Com ilustrações de Roney Bunn, o livro narra as dificuldades que a pequena protagonista enfrenta para ir à escola e praticar esportes
como uma ferramenta su- DIVULGAÇÃO
perpotente de inclusão de desde que minha mãe me de tudo que vi lá: desde a
pessoas com e sem defi- contou que nossa família agricultura familiar até
ciência — explica a autora, tem ascendência no povo muitas crianças e jovens
fundadora do Instituto In- puri. Tive, então, oportu- com deficiência, o que me
cluir, focado principal- nidade de dialogar com a surpreendeu demais. Eu
mente na inclusão de pes- Luciana, fechamos alguns não imaginava que havia
soas de baixa renda com projetos em conjunto e saí tantas pessoas nessa con-
deficiência. — Anamã vai de lá com a cabeça fervi- dição nas aldeias. Isso me
mostrando os desafios do lhando. Comecei a rascu- deixou muito mais atenta à
seu dia a dia, na escola, no nhar algumas histórias, e interseccionalidade dos
transporte, e a dificuldade nasceu o livro. temas da diversidade, e pu-
de encontrar acessibilida- Assim como os demais tí- de unir a questão indígena
de no caminho até o treino tulos da série, o livro é dis- com a da deficiência —
de surfe. A obra retrata ponibilizado com fontes conta. — Minha expectati-
também os costumes e a ampliadas, braille, descri- va é sempre despertar o
história dos povos indíge- Autora. Carina Alves com outros livros do projeto Literatura Acessível ção de imagens e audiodes- pensamento crítico, o res-
nas e traz a questão do em- crição, que pode ser aces- peito ao próximo e o enten-
poderamento de meninas taria de Educação do muni- — “A menina potiguara” sada através de QR code, e dimento de que nossa ri-
e mulheres. cípio de Baía da Traição, na é resultado de uma imer- será doado para escolas. queza está na diversidade;
Olivro tem ilustrações de Paraíba. A escritora conhe- são que fiz em 13 aldeias da Interessados em comprá- não no que é igual. É um
Roney Bunn e curadoria de ceu Luciana em julho de etnia potiguara em Baía da lo, ao preço de R$ 50, de- chamado para que as esco-
Luciana Graciano, indíge- 2022, durante uma viagem Traição —relata. —Eu já ti- vem acessar o site literatu- las e outros ambientes va-
na potiguara e coordena- à cidade para visitar aldeias nha interesse em mergu- raacessivel.com.br. lorizem e aceitem de fato a
dora de inclusão da Secre- de povos originários. lhar mais neste universo —Minha inspiração veio pluralidade.
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nageado da edição. Big ri- fornecidos ao se acessar o
der e especialista em pilo- link para inscrição.
tagem e em segurança e —A intenção do evento é
resgate no mar com jet-ski, debater o surfe na nossa ci-
Edilson Fernandes, o Ale- dade. O Rio já foi protago-
mão de Maresias, volta a nista no surfe nacional e
participar do evento, como atualmente não tem tanta
âncora dos debates. representatividade em ter-
O congresso reunirá ati- mos de competidores, mas
vidades que podem inte- outros setores são muito
ressar a profissionais da fortes, como o de fabrica-
área do surfe e a simples ção de pranchas e o das es-
amantes do esporte, reali- colas de surfe, além de con-
zadas no hostel Longboard tarmos com grandes no-
Paradise. Além dos pai- mes que iniciaram o que
néis, haverá cursos, hoje chamamos
exposições e pales- de Brazilian
tras. Entre os convi- storm — diz o jor-
dados estarão o qui- nalista Gerson
roprata Lucas Hei- Filho, um dos
ch, da Casa da Colu- “O Rio idealizadores do
na, e o fisioterapeu- já foi evento.
ta especializado em protagonista O veterano Da-
atletas de alto de- no surfe niel Friedmann
Veterano. Rodrigo sempenho Leandro nacional e participará do
Resende em ação Borges. A surfista hoje não debate “Le-
numa edição do Yanca Costa será tem tanta gends”. Segundo
campeonato uma das participan- representa- os organizado-
mundial de town tes de um debate so- tividade, res, a cada ano a
in, no Havaí: bre mulheres no sur- mas outros ideia é prestigiar
surfista estará fe. Haverá também setores um ícone do sur-
uma mesa sobre são fortes” fe, e o carioca que
em congresso
na Barra ecologia, com inte- _ foi escolhido por
grantes de entidades Gerson Filho, seu estilo polido
ambientais da regi- organizador e pelas vitórias
ão, e oficina de surf importantes que
DIVULGAÇÃO/GRANT ELLIS/8-1-2002
ioga. acumulou ao lon-
Outras modalidades te- go da carreira. Hoje, Fried-

O surfe carioca rão espaço, como o body- mann se dedica à profissão

board, representado por de shaper e à prepararação
nomes como Paola Simão e de atletas, além de organi-

em questão
a pioneira Leila Ali, e o zar eventos relacionados
bodysurf, conhecido no ao esporte.
Rio como “jacaré”, sobre o O congresso é realizado
qual falará Henrique Pis- pela GF Promoções e pela
tilli, o Homem Peixe, entre ONG Centro de Aprendi-
Praia da Macumba recebe segunda edição do outros atletas. zagem e Desenvolvimento
A maior parte das ativi- do Surfe (Cades), com ba-
Congresso Carioca de Surf, com grandes nomes do dades será gratuita, e, para ses na Barra da Tijuca e no
participar, basta preen- Recreio.
esporte, palestras, cursos e transmissão pela internet cher o formulário no ende- Painéis e cursos poderão
reço bit.ly/42pCvUq. En- ser acompanhados ao vivo
tre as pagas estarão um pelo canal do YouTube Ri-

R epresentantes da nata
do surfe, de promessas
Congresso Carioca de
Surf, que será realizado de
a veteranos no esporte, es-
quinta a domingo que vem
tre os nomes confirmados
estão Marcelo Trekinho,
Rodrigo Resende, Gustavo
curso de MAP Skate Surf e cosurf. Outras informa-
uma clínica de skimboard ções podem ser obtidas pe-
com o surfista Lucas Fink. lo Instagram @congresso-
tarão reunidos no segundo na Praia da Macumba. En- Fernandes, Ian Cosenza e Nestes casos, os telefones cariocadesurf.
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CAPA / GASTRONOMIA

A
FOTOS DE LUCAS TAVARES
os 45 anos, Pe-
dro de Artagão
é o chef e em-
presário por
trás dos 12 res-
taurantes do Grupo Irajá e
do catering Pedro de Arta-
gão Festa. Até o fim de ju-
lho, ele inaugura sua ter-
ceira casa no Rio Design
Barra, menos de três meses
depois da primeira. O pro-
jeto é ousado, como ele
mesmo assume, mas afir-
ma que volta ao bairro sem
medo de ser feliz, apostan-
do no potencial da Barra e
em suas carências.
— Unimos a fome com a
vontade de comer literal-
mente. Os clientes daqui
queriam que nós voltásse-
mos, e chegamos com a
maior diversidade possível
de produtos; não tem do
que reclamar — garante.
Se foi como chef que se
tornou conhecido, Arta-
gão explica que seu traba-
lho hoje é mais na adminis- Pedro de Artagão. O chef em frente ao Irajá Redux, recém-inaugurado no Rio Design Barra, que ainda funciona em sistema de soft opening
tração da rede que fundou.

A receita de sucesso
Na cozinha, limita-se à cri-
ação de novos pratos, con-
trole de qualidade e troca
de conhecimentos com a
equipe — conta que costu-
ma deixar uma pílula de
motivação ou correção a
cada contato.
tem muitos ingredientes
—Faço a analogia de que
já fui artilheiro do time dos Mais dedicado à administração do Grupo Irajá do que
outros, e no meu time já fui à cozinha, Pedro de Artagão revela satisfação com a
capitão e técnico, mas hoje
sou o presidente. O que não decisão de investir em sua veia empreendedora
significa que eu não saiba o
que acontece no vestiário. MAÍRAH RUBIM maira.rubim@oglobo.com.br
O prazer de qualquer chef é
ver o cliente se deliciando
com sua comida—avalia. questão de personificar. uma maneira diferente. E chama — afirma.
Trocando em miúdos, ele Temos uma equipe muito foi importante, porque De sua equipe de 500
não fica no escritório: está grande, mas tudo começa abri espaço para chefs funcionários, Artagão fa-
longe do fogão, mas circula comigo. Converso com os mais novos, competentes la com orgulho. Conta “Abri espaço para
pelos salões dos seus res- clientes, tento entender o e produtivos que eu. Essa que o grupo tem 60 líde- chefs mais novos,
taurantes, onde frequente- que está acontecendo na minha saída da cozinha res e que 80% deles foram
mente é visto conversando operação, se tem uma luz fez com que o grupo todo formados dentro de seus competentes e
com os clientes. ou cadeira faltando. melhorasse. Tudo isso faz restaurantes. Ele revela produtivos
— Meu trabalho hoje é Quando saí da cozinha, com que cada dia seja no- que participa das entre- que eu”
toda a empresa, que fiz comecei a ver o negócio de vo e a gente não perca a vistas para a contratação

Boteco Princesa. O tornedor de mignon e arroz à piemontese gratinado é uma das sugestões para o almoço
de novos colaboradores:
— Tenho um chef de co-
zinha que começou lavan-
do louça. Hoje, ele ganha o
salário de um cargo execu-
tivo. É muito bom poder
proporcionar uma melho-
ra de vida para essas pesso-
as e saber que naturalmen-
te a vida de suas famílias
também passará por uma
mudança. Para isso, preci-
so fazer a roda do plano de
carreira continuar funcio-
nando. Se existem diversos
profissionais querendo
uma oportunidade e sou
eu quem pode oferecê-la,
então por que não abriria
novas casas? Esse é o pro-
pósito. O risco é meu e dos
meus sócios, mas quem
passou por impeachment,
crise, problemas de segu-
rança na cidade e pande-
mia, vai embora! Vamos fa-
zer. Se a gente não der con-
ta, começa a encolher e
muda a direção do barco,
mas não acho que seja esse
o caso tão cedo.
O chef admite que mu-
danças de rota às vezes são
necessárias. Quando abriu
uma dark kitchen da Pizza-
ria Bastarda na Barra, foi
porque este era o jeito de
continuar empreendendo
no auge da pandemia. Mas
logo entendeu que seu ne-
gócio é servir o cliente no
salão, ainda que oferecen-
do delivery, e fechou a uni-
dade. No momento, o Ira-
já, primeira casa do grupo,
que começou em Botafo-
go, em 2011, e migrou para
o Leblon, está com as ativi-
dades suspensas. Mas ele
busca um novo ponto para
reabri-lo.
Nas casas em funciona-
mento, ele tenta minimi-
zar erros sempre buscando
novas maneiras de analisar
e padronizar os produtos.
—Esse é um trabalho que
precisa de regularidade,
constância e muita repeti-
ção. Quando se está expan-
dindo com velocidade, tal-
vez essa constância fique
prejudicada. Por isso, ago-
ra que as lojas estão andan-
do, vamos segurar e traba-
lhar as marcas que já temos
—adianta.
Até o fim do ano, Arta-
gão, cujos estabelecimen-
tos se concentram no Rio,
abre sua segunda casa em
São Paulo: depois do Bote-
BARRA O GLOBO 9
Domingo 11.6.2023
co Rainha, será a vez de o
Galeto Rainha chegar à ci-
dade. Anda este ano, tam-
bém será inaugurada uma
unidade do Irajá Redux no
shopping Rio Sul, em Bota-
fogo. Isso é o que há de con-
creto para 2023. Ele diz
que se surgir uma boa pro-
posta, um bom ponto, nada
impede que abra mais esta-
belecimentos. Para o ano
que vem, os planos são
abrir novas unidades das
marcas já consolidadas:
—Tudo é possível. Mon-
tamos uma estrutura de
forma a termos a liberdade
de empreender na hora em
que as oportunidades che-
gam. Muitas coisas já surgi-
ram sem estarmos preven-
do, e deram certo. Nosso
foco agora é trabalhar as di-
versas marcas que temos.
Quando as lojas transbor-
dam, abrimos filiais que
ajudam a melhorar ainda
mais as antigas. Isso tam-
bém motiva os funcioná-
rios. Nossos produtos são
bons e democráticos, nos-
sos preços são baratos para
o serviço que entregamos.
O segredo do negócio é
manter a qualidade.
CAPA / GASTRONOMIA
Releituras, novidades e
planos de retomar o Irajá
Menus dos restaurantes do grupo reúnem sucessos do chef e pratos típicos cariocas
Galeto Rainha. Casa especializada em assados na brasa terá filiais na Barra da Tijuca, até o fim de julho, e em São Paulo, ainda este ano
C om casas no Rio Design
Leblon, Artagão explica
que aceitar o convite do gru-
po Ancar Ivanhoe para abrir
unidades no Rio Design Bar-
ra foi uma escolha natural.
Desde maio, o Irajá Redux e
o Boteco Princesa já estão
instalados lado a lado no lo-
cal, e no mês que vem será a
vez do Galeto Rainha, ape-
nas dois andares abaixo. Ele
não acha que as casas pos-
sam concorrer entre si:
—Não acredito nem que o
restaurante em frente seja
meu concorrente. Por mais
que o cliente seja fiel, ele não
vai comer todo dia a mesma
coisa. Um dia vai querer co-
mida caseira, no outro um
prato feito na brasa, às vezes
vai optar pelo contemporâ-
neo. Todo mundo é comple-
mentar. Para nós, a beleza de
empreender e se tornar um
grupo grande, com diversas
marcas, é que, em algum
momento, você vai comer
em algum dos nossos restau-
rantes. Isso nos dá a oportu-
nidade de levar nosso produ-
to e atendimento para um
maior número de pessoas.
Como um bom “pé-lim-
po”, o Galeto Rainha, cuja
matriz fica no Leblon, tem
ambiente descontraído. O
carro-chefe são opções fei-
tas na brasa, como galeto,
lombinho, picanha, contra-
filé, filé-mignon, barriga de
porco à pururuca, costelão,
carré de cordeiro, polvo, ba-
calhau, peixe e camarão. O
cardápio tem ainda palito de
mandioca, pastel de catu-
piry, caldinhos de feijão e de
frutos do mar, croquete de
costela, linguiça no espeto,
pão de alho, coração e sandu-
íches. Para a sobremesa, há
clássicos como torta alemã,
pudim de leite e torta de li-
mão ou da fruta do dia.
—Nossas casas são com-
plementares. Vimos que o
ponto onde será o Galeto
Rainha era ideal para servir
galeto, carnes na brasa e to-
mar aquele chope do pós-
praia. É um produto que qua-
se não tem na Barra e que ca-
DIVULGAÇÃO/ALEXANDER LANDAU
be em qualquer grande bair-
ro —diz o chef.
Primeiro a desembarcar
no Rio Design Barra, o Bo-
teco Princesa tem os mes-
mos menu e decoração da
matriz do Leblon, com la-
drilhos portugueses, pra-
teleiras que remetem a ar-
mazéns e lustres clássicos
de botecos. No cardápio, o
trunfo são pratos tradicio-
nais, como o filé à parmegi-
ana e o pernil completo.
Um toque de charme são as
panelinhas, que podem ser
de polvo e linguiça, pernil
acebolado com farofa, ba-
tata frita Marechal à cavalo
e carne assada ao molho
ferrugem, entre outras op-
ções. A seleção de caldi-
nhos da marca inclui os de
feijão-branco, feijão amigo
e frutos do mar. A carta de
bebidas traz batidas, rabo
de galo e vinhos brut, brut
rosé e chardonnay.
O Princesa é um restau-
rante à moda antiga, como
muitos que o Rio já teve, a
exemplo de La Mole, De-
grau e Nino, mas travesti-
do de boteco. Tem uma co-
mida emblemática para o
carioca. Nele, o almoço em
família é muito forte, e en-
xerguei que esse produto
cabia na Barra. Em menos
de dois meses ele já bate to-
das as metas; tem inclusive
um número de refeições
superior ao do Leblon —
diz Artagão.
O Irajá Redux, que, se-
gundo Artagão, resgata a
memória e ajuda a matar a
saudade do seu primeiro
restaurante, foi inaugurado
na Barra dias depois do
Princesa. A proposta é co-
nectar passado e presente,
tanto no ambiente como no
cardápio, com novidades e
releituras do que era servi-
do no Irajá. Entre as opções
de entrada estão Lox Pas-
trami (panqueca de semoli-
na e guacamole), Fish Taco
(tempura de peixe, picles
de cebola e abacate) e An-
gus sando (sanduíche de
milanesa). Entre os pratos
principais, Back to Caprese
(mozarela de búfala líqui-
da, tomates marinados e fa-
rofa de pão), carne assada
com espaguete, chorizo
com tutano e Mac n’ Chee-
se com lagosta. Para encer-
rar a refeição, é possível pe-
dir uma das mais famosas
sobremesas do grupo, o Bo-
lo de Brigadeiro do Irajá.
— Só este ano o grupo
cresceu entre 30% e 40%.
Ano que vem a expectativa é
que cresçamos muito mais
—avisa Artagão.
 BARRA O GLOBO 11
Domingo 11.6.2023

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cheiro é o ato de bei-
jar, cheirando antes, cari-
nhosamente, quem a gen-
te quer bem. O olfato, co-
mo já provado pelas mais
variadas pesquisas, tem
tudo a ver com as nossas
relações afetivas. Há
quem aprecie um perfu-
me marcante e prolonga-
do, mas há também quem
valorize aquele cheiri-
nho leve e gostoso de
quem acabou de sair do
banho. No mercado, há
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os gostos.
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câmera de modo a captar o código. Seixas, além de músicas auto- anos a brincarem e aprenderem meio-dia. Os vencedores das
Feito isso, a câmera mostrará no topo
rais, sexta, às 10h, no Centro sobre a importância dos cuida- categorias Sub 11, Sub 13, Sub
da tela a opção para abrir o link.
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PÁGINA 6

DIVULGAÇÃO/ALEX RAMOS

Exposição do artista plástico Toz CARL DE SOUZA/AFP

tem intervenção gigante no MAC

Como se o espelho d’água na enseada do Mirante da Boa Viagem
invadisse o pátio do Museu de Arte Contemporânea de Niterói
(MAC), um mar de nuvens emoldurando o céu azul apareceu refle-
tido no chão, aos pés da obra de Oscar Niemeyer, disputando com
o cartão-postal o protagonismo da cena. A pintura, que ocupa boa
parte dos 2.500 metros quadrados da área externa, é uma das 20
criações inéditas do artista plástico Toz Viana que integram a
exposição “Todas as cores”, em cartaz até 30 de julho. Além da
intervenção no pátio do MAC, a mostra, com curadoria de Cammila
Ferreira, reúne trabalhos que abordam múltiplas perspectivas do
Vendedor de Alegria, personagem central de “Todas as cores” e
um dos mais importantes da carreira de Toz. Destaque para a
instalação que leva o nome do personagem, um Vendedor de
Alegria de cinco metros de altura, com mil bolas em sua cabeça,
que nunca foi exposta no Brasil, apenas em Paris, em 2015. Em
sábados alternados, a exposição terá visitas guiadas conduzidas
pelo artista, autor de painéis multicoloridos, grafites e animações
espalhados por cidades do mundo todo.

ADMINISTRAÇÃO
TCE VÊ FALHAS E PEDE MELHORIAS
NOS PORTAIS DE TRANSPARÊNCIA
PREFEITURA RESSALTA que cumpre os requisitos mínimos examinados pela equipe de
auditores do tribunal e que, ainda assim, está aperfeiçoando o sistema em todos os órgãos PÁGINA 3

ROBERTO MOREYRA DIVULGAÇÃO/CEZAR FERNANDES DIVULGAÇÃO

NITERÓI 450 DE JAMZ A STANLEY JORDAN CORPO E MENTE

Centro cultural na Zona Festival Blues & Jazz Combinação de boxe e

Norte ainda é promessa traz estrelas à cidade meditação é sucesso na praia
PÁGINA 2 PÁGINA 4 PÁGINA 8
2 | Niterói Domingo 11.6 .2023 | O GLOBO

Primeiro Centro
ROBERTO MOREYRA

Cultural da Zona Norte

é alvo de críticas
Artistas e moradores reclamam da demora nas obras;
prefeitura afirma que projeto básico sairá em breve

RAFAEL TIMILEYI LOPES

rafael.lopes@edglobo.com.br
Numa dessas ocasiões,
Renan Victória, da Associa-
-
ção de Moradores de Santa
continua se deteriorando, e
nenhum prazo foi passado,
nem sequer um edital para o

A nunciado como um dos

principais eixos de in-
vestimento dentro do bilio-
Bárbara, afirmou que em
novembro passado foi à pra-
ça do bairro para debater os
início da restauração foi lan-
çado. Ou seja, fizeram e con-
tinuam fazendo a popula-
Abandono. Anunciado como o primeiro Centro Cultural da Zona Norte, Casarão ainda não recebeu obras

nário projeto do Niterói
450, o Centro Cultural da
Zona Norte, localizado no
imóvel conhecido como Ca-
sarão, no Fonseca, foi orça-
do em R$ 4,5 milhões. No
entanto, após rodadas de
conversas e encontros co-
nhecidos como Ocupa Ca-
sarão, ao longo de 2022, ar-
tistas e pessoas que partici-
param dos eventos afirmam
que nada saiu do lugar.
rumos políticos do primeiro
centro cultural da região. A
reunião, diz ele, foi convo-
cada publicamente pela Se-
cretária das Culturas, com o
objetivo de escutar a popu-
lação, para avaliar os inte-
resses quanto às políticas
públicas culturais que seri-
am ofertadas no equipa-
mento público.
— Mais de seis meses de-
pois da reunião, o Casarão
ção da Zona Norte de idiota
—afirma.
Um artista, que preferiu
não se identificar, ligado ao
mundo circense reclama do
loteamento da cultura na ci-
dade. Para ele, o setor está nas
mãos do mesmo grupo políti-
co há mais de uma década, e
este seria um dos fatores que
indicariam a falta de equilí-
brio nos investimentos cul-
turais nas regiões da cidade.
—Esse grupo atua de tal
forma que cooptou o Conse-
lho de Cultura e os setoriais.
Ou seja, os lugares que deve-
riam representar a voz da so-
ciedade, agora respondem
aos interesses da gestão. Tu-
do isso dá privilégio a quem
está fechado com eles. Fui a
reuniões e, apesar de uma
porção de promessas, nada
saiu —critica.
Desde o início de 2022, a
secretaria teve três titula-
res: o vereador Leonardo
Giordano (PCdoB), Alexan-
dre Santini e a atual secretá-
ria Julia Pacheco, ex-chefe
de gabinete do parlamentar
citado.
OBRAS À VISTA?
Em nota, a Secretaria das
Culturas (SMC) informou
que no último dia 1o de ju-
nho foi publicado no Diário
Oficial o edital de licitação
para a escolha da empresa
que será contratada para
elaborar o projeto básico de
implementação do Centro
Cultural na Zona Norte. “A
partir deste projeto, será
possível traçar um crono-
grama para a estruturação
do espaço e identificar as
atividades que poderão ser
desenvolvidas no local”, diz.
A pasta destaca ainda que
seu trabalho é pautado na
construção de equidade em
todos os seus processos.

Câmara analisa redução nas passagens

LUCAS TAVARES

Município quer subsidiar parte das tarifas dos ônibus municipais, que passariam a custar R$ 4

LÍVIA NEDER
livia.neder@oglobo.com.br
Grael que propõe a criação de a medida tem como objetivo juste da tarifa, previsto no con-
um subsídio financeiro para não repassar para os usuários trato de concessão e pleiteado
-
custear parte da tarifa dos ôni- os aumentos de insumos por judicialmente pelas empresas

T ramita na Câmara dos Vere- bus de Niterói, que hoje é de

adores um projeto de lei R$ 4,45 e seria reduzida para
enviado pelo prefeito Axel R$ 4. A prefeitura justifica que
Informe publicitário produzido pela ADEMI-Niterói.
Mercado imobiliário de Niterói
é responsável por mais de 6 mil
empregos entre 2022 e 2023.
Em nível nacional, o mercado imobiliário ocupa hoje a 2º
posição no ranking de geração de emprego formal do Brasil.
Os resultados expressivos em vendas de
imóveis costumam, com certa frequên-
cia, ganhar as manchetes dos editoriais
do mercado imobiliário, mas é
necessário dar visibilidade também para
o impacto deste segmento no cenário
social do país.
Segundo dados coletados pela SPIN
Inovações Imobiliárias, o mercado
imobiliário em Niterói registrou, entre
2022 e 2023, mais de 6 mil empregos
diretos e indiretos, demonstrando que o
dinamismo vai muito além do cresci-
mento das vendas de unidades residen-
ciais de primeira locação que, segundo o
mesmo estudo, cresceu 134% no
primeiro quadrimestre de 2023, em
relação ao último quadrimestre de 2022.
“O PIB da construção civil avançou 6,9%
em 2022, sendo o responsável por
conta da disparada do petróleo
e anula o impacto para o con-
sumidor de um possível rea-
cidade. Os números demonstram que a
construção civil ajudou a evitar resulta-
dos piores no mercado de trabalho
municipal, e até nacional, durante a
pandemia, confirmando a importância
de investimentos públicos no segmento
durante o processo de retomada.
“Entre 2020 e 2021, nosso maior desafio
foi enfrentar a pandemia, que afetou o
mundo todo. Nos canteiros de obra,
foram necessárias diversas medidas
sanitárias para proteger os trabalhadores
e garantir seus empregos. E, desde então,
o volume de Lançamentos só cresceu,
projetando um cenário de mais 16 mil
empregos (diretos e indiretos) para este
ano, com mais de 33 novos projetos a
caminho”, explica Bruno.
Neste contexto, é imprescindível dar
visibilidade a essa força de geração de
de transportes, que faria a pas-
sagem subir de R$ 4,45 para
R$ 5,15. Apesar de favoráveis
ao subsídio, representantes
dos rodoviários e da oposição
ao governo fazem ressalvas à
mensagem executiva.
Pelo projeto de lei, que tra-
mita desde 31 de maio, para
obter o desconto na passa-
gem o cidadão precisará es-
tar cadastrado no Bilhete
Único de Niterói.
O Sindicato dos Rodoviá-
rios de Niterói a Arraial do Ca-
bo (Sintronac) apoia o projeto
de lei enviado pela prefeitura.
No entanto, a diretoria do sin-
dicato aguarda a divulgação
do estudo da Coppe/UFRJ so-
bre o setor, pois acredita que
outras medidas podem ser
adotadas para garantir o em-
prego e uma renda digna para
os rodoviários, além de pro-
mover uma reestruturação do
sistema de ônibus, atendendo
às necessidades da população
de contar com transporte pú-
blico eficaz e barato.
“Essa medida (o subsí-
dio), inclusive, é a primeira
de uma lista com 14 propos-
tas encaminhadas pelo sin-
dicato à municipalidade pa-
ra que seja restabelecido o
equilíbrio financeiro do se-
tor de transportes, atingido
por diversas crises econô-
oglobo.com.br/rio/bairros
Editor: Milton Calmon Filho (miltonc@oglobo.com.br). Editora assistente e edição on-line: Lilian Fernandes (lilian@oglobo.com.br).
Diagramação: Ligia Lourenço.
Telefones: Redação: 2534-5000, r. 5265/5762. Publicidade: 2534-4355. Faturamento: 2534-5484. Crédito: 2534-5860. Endereço: Rua Marquês de
Pombal 25, 4o andar - CEP 20230-240. E-mail: falaniteroi@oglobo.com.br.
Na Justiça. Consórcios querem que passagem vá de R$ 4,45 para R$5,15
micas e pela pandemia do
coronavírus, o que causou,
na base da entidade, mais de
três mil demissões”, frisa a
nota do Sintronac.
O vereador Paulo Eduardo
Gomes (PSOL) questiona a
transparência e os critérios
adotados pela prefeitura na
elaboração da proposta:
— Na verdade, haverá um
aumento da tarifa, sem que as
empresas comprovem de fato
os gastos alegados e sem que a
prefeitura atue para reduzir
gastos desnecessários. Nite-
rói é uma cidade de trajetos
curtos, mas cobra passagens
mais caras do que a maior par-
te das grandes cidades, como
São Paulo, que exige trajetos
muito maiores. Defendo o
subsídio, mas discordo do
método de aumentar o valor
para o empresário e só depois
aplicar o subsídio. Queremos
que processos judiciais ante-
riores sejam julgados, que cál-
culos relacionados aos au-
mentos anteriores sejam ob-
jeto de decisão judicial nas
ações em curso, e que então se
decida o valor do subsídio.
A prefeitura ressalta que re-
correu do pedido judicial de
reajuste das tarifas feito pelos
consórcios, impedindo tem-
porariamente a decisão que
determina o reajuste, com a
condição de que uma concilia-
ção fosse feita. “A estratégia é
amparada pela Lei da Política
Nacional de Mobilidade Urba-
na no 12.587, de 3 de janeiro de
2012, que definiu o subsídio
como sendo a diferença entre
a tarifa cobrada do usuário e a
tarifa de remuneração do ser-
viço de concessão como um
todo, incluindo a depreciação
e a remuneração de capital. A
concessão de subsídio tarifá-
rio, portanto, está em conso-
nância com os princípios, di-
retrizes e objetivos da Política
Nacional de Mobilidade Urba-
na, fazendo prevalecer o inte-
resse público, priorizando o
transporte público coletivo. A
prefeitura informa ainda que
contratou um estudo inde-
pendente junto à UFRJ para fa-
zer a avaliação do equilíbrio
econômico-financeiro e da
sustentabilidade dos contra-
tos de concessão do serviço
público. O estudo está em fase
de finalização”, diz a nota.

alavancar o PIB do país, que contribuiu
de forma significativa para a redução do
desemprego. O nosso segmento é um
dos protagonistas em abrir caminhos
para uma parte da população vulnerável
de Niterói em uma área que é rica em
oportunidades”, avalia Bruno Serpa
Pinto, Presidente da Ademi-Niterói.
O avanço do mercado imobiliário
também se alinha ao planejamento da
Prefeitura, que nos últimos anos fomen-
tou de forma incessante as obras da
FABIO MUDANÇAS
emprego e contribuição social. A grande
oportunidade para aqueles que se junta-
rem à essa força de trabalho está no
entendimento de que a educação será o
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O GLOBO | Domingo 11.6.2023
TCE aponta falhas nos portais de transparência
Equipe de auditores do tribunal analisou, durante nove meses, sites de 20 cidades no estado do Rio; prefeitura
afirma que realiza análise para implementar melhorias em diversos órgãos de administrações direta e indireta
RAFAEL TIMILEYI LOPES
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-
D e março a dezembro do
ano passado, a equipe
técnica do Tribunal de Con-
tas do Estado (TCE) reali-
zou uma auditoria de con-
formidade em órgãos do Po-
der Executivo de 20 municí-
pios. Niterói foi uma das ci-
dades selecionadas pelos
auditores, que tinham co-
mo objetivo verificar a ade-
quação dos portais eletrôni-
cos oficiais aos princípios e
regras de transparência es-
tabelecidos pela Lei de
Acesso à Informação. De
modo geral, o órgão de con-
trole destacou que as pági-
nas virtuais da cidade apre-
sentaram o requisito míni-
mo exigido pela legislação
em vigor.
Porém, no relatório final,
os auditores chamaram a
atenção para a fragilidade
em pontos como a falta de
publicação de “repasses ou
transferências de recursos
financeiros, recebidos ou
concedidos, incluindo in-
formações sobre objeto, va-
lor do convênio ou termo de
ajuste e período de vigên-
cia”, indicando, inclusive,
que as informações deveri-
am ser de fácil compreensão
para a população.
Outro ponto que chamou
a atenção da equipe técnica
do tribunal foi a dificuldade
Niterói | 3
LUCAS TAVARES
de encontrar informações
relativas a dados gerais para
o acompanhamento de
“programas, ações, projetos
e obras do órgão, contendo,
pelo menos, a unidade res-
ponsável pelo desenvolvi-
mento e implementação, as
metas de prazo e/ou quanti-
dades e o seu andamento
atualizado mensalmente”.
As informações compila-
das durante o período desta
análise foram ratificadas pe-
lo conselheiro do TCE Chris-
tiano Lacerda Ghuerren. No
voto, ele indica que as falhas
apontadas no documento
servem como base para as ou-
tras 71 cidades do estado.
Para o vereador de oposi-
ção Daniel Marques (União
Brasil), os pontos levanta-
dos pelo TCE estão em sin-
tonia com os ofícios envia-
dos por ele, cobrando infor- Blindagem. Fachada da Prefeitura de Niterói: TCE apontou diversas falhas na disponibilização de dados e informações à população da cidade
mações e transparência de
diversos órgãos municipais. muito fácil realizar fraudes Estado (MPRJ) por falta de ADEQUAÇÃO implementação das me-
— A prefeitura, quando e haver conluio entre em- transparência nas contra- Em nota, a prefeitura afir- lhorias sugeridas. Cabe
publica alguma licitação, presas. Tem empresa com tações e ausência de con- mou que já tem sua Lei de ressaltar que, no momento
nunca deixa os principais mais de 20 obras ao mesmo curso — efetuou a mesma Acesso à Informação desde da auditoria, a prefeitura
documentos disponíveis. tempo — destaca. artimanha ao contratar pa- 2014 e que vem implemen- já cumpria todos os requi-
Nosso mandato tem muita rentes de políticos. Além tando ações internas para sitos mínimos de estrutu-
dificuldade de conseguir CALCANHAR DE AQUILES disso, a prefeitura realocou fortalecer a transparência ra examinados na fiscali-
respostas com cópia inte- Em maio, após demitir to- alguns demitidos em ou- municipal em todos os ór- zação sobre os princípios e
gral do processo ou docu- dos os 772 funcionários e tras secretarias. gãos das administrações di- as regras de transparência
mentos importantes, como readmitir cerca de 20% do Esta movimentação não reta e indireta. estabelecidos na legisla-
as atas dos pregões presen- pessoal dispensado em se- passou despercebida e foi al- Ainda de acordo com o ção. Além disso, a equipe
ciais ou registros de preço. guida, a Empresa Munici- vo de duras críticas do verea- texto enviado, o Executivo técnica do TCE-RJ con-
Se analisarmos as modali- pal de Moradia, Urbaniza- dor Paulo Eduardo Gomes acrescentou que foi infor- cluiu que a avaliação do
dades de licitação que esco- ção e Saneamento (Emusa) (PSOL), que alegou ser total- mado pelo TCE sobre o re- portal é detalhada e possi-
lhem e somarmos a ausên- — investigada desde 2013 mente contestável a mano- sultado da auditoria e “está bilita acesso efetivo aos
cia de transparência, fica pelo Ministério Público do bra realizada pelo Executivo. trabalhando na análise e serviços”.
4 | Niterói Domingo 11.6.2023 | O GLOBO

Bibliotecas
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

populares
atraem mais
leitores
Número de inscritos nas seis unidades
cresceu 21% desde 2021; exposição
sobre Portinari é destaque no Centro Estímulo. Além do empréstimo de livros, as seis bibliotecas populares da cidade têm atividades programadas pela Secretaria municipal de Educação

anos, o Projeto Portinari le-

ra. A bibliodiversidade é in-
LÍVIA NEDER
livia.neder@oglobo.com.br
ças e jovens aos adultos e ido- va mais de 20 obras do pin-
centivada através de campa-
sos, sem esquecer os que estu- nhas de doação de acervo etor para exposição e oficinas
-
dam para concursos públicos. de arte para comunidades
parcerias com universidades

M ais pessoas têm procurado

a companhia dos livros
nas bibliotecas municipais.
Dados recentes da Secretaria
de Educação indicam que há
9.500 leitores cadastrados, nú-
mero 21% maior que em 2021,
quando eram 7.500 inscritos.
As seis Bibliotecas Populares
de Niterói incentivam a leitura
por meio de atividades cultu-
rais e atrações para todas as
idades. Já são mais 11 mil em-
préstimos de títulos em dois
anos, com atendimentos das
8h às 17h.
Um documento de identifi-
cação com foto e um compro-
vante de residência para o ca-
dastro são as chaves que ga-
rantem o acesso ao acervo e à
programação desses espaços.
Segundo a Subsecretaria de
Políticas Educacionais Trans-
versais da Educação, a ideia é
incluir e servir os mais diver-
sos públicos: de bebês, crian-
As unidades também pro-
movem palestras de orienta-
ção e campanhas de vacina-
ção, por ficarem próximas a
instituições como postos de
saúde, Centros de Referência
e Assistência Social e escolas
públicas. É o caso da Bibliote-
ca Anísio Teixeira, no Campo
de São Bento, vizinha das es-
colas Julia Cortines e Joa-
quim Távora. As outras bibli-
otecas ficam em Centro (Co-
ra Coralina), Ilha da Concei-
ção (Silvestre Mônaco), Bar-
reto (Monteiro Lobato), Vila
Ipiranga (Aguinaldo Pereira
de Macedo) e Jurujuba (Lídi-
ce Fróes Rodrigues).
— As ações desenvolvidas
são pensadas para que os
usuários reconheçam estes
locais enquanto espaços de
convivência, partilha de sa-
beres e expressão de sua rea-
lidade — diz a coordenado-
ra-geral das bibliotecas, Fer-
Portinari. Atividade na biblioteca para alunos da rede municipal
nanda Frambach.
O secretário de Educação,
Bira Marques, ressalta a im-
portância das unidades tan-
to para o incentivo ao hábito
da leitura como para a socia-
lização das pessoas:
—As bibliotecas são espaços
diversos, múltiplos. É incrível
saber que, além da leitura,
conseguimos agregar conhe-
cimento através de eventos,
oficinas e apresentações ar-
tísticas, musicais e culturais.
Algumas pessoas vão a bi-
bliotecas em busca de tran-
quilidade para poder estudar
sem serem incomodadas ou
terem a atenção desviada. É o
caso do estudante Rodrigo de
Carvalho, de 21 anos, que fre-
quenta a Cora Coralina.
—Isso permite que você te-
nha um foco maior para estu-
dar as matérias da escola e se
dedicar a outras leituras. Os
livros contribuem para a nos-
sa formação e permitem
compreender a realidade em
que vivemos —afirma.
Além de sossego, os espaços
oferecem narração de histó-
rias, saraus e encontros com
autores para os fãs de literatu-
em projetos de extensão.
Uma dessas parcerias foi
fechada, em 2018, com a
periféricas do Rio. Depois
de temporadas na Cidade de
Deus e em Magé, a mostra
gratuita fica na Biblioteca
Unirio, por meio dos Progra-
mas de Pós-Graduação em Parque de Niterói, no Cen-
Biblioteconomia e Memória tro, até o dia 16, de segunda a
sexta, das 9h às 17h.
Social, com o projeto de ex-
tensão Comunidade de Práti- Batizado de Portinari
nas Quebradas, o projeto
cas em Bibliotecas Públicas,
sob coordenação da profes-reúne exposição de mais
sora Daniele Achilles. Elade 20 réplicas em alta re-
solução de obras do pintor
conta que estão previstos in-
vestimentos em automação ee oficinas de arte, teatro,
música e recreação com
sistematização dos acervos,
monitoria de arte-educa-
na acessibilidade dos espaços
dores vindos da comuni-
e na inclusão sociodigital das
comunidades vizinhas. dade e formados pelo Pro-
— Queremos incentivar o jeto Portinari.
desenvolvimento do espaço Além de levar a arte de
da biblioteca pública comoPortinari a crianças, jovens
um lugar de experiências, e adultos que não têm nor-
malmente acesso ao circui-
vivências e encontros — ex-
plica a professora. to cultural, a iniciativa visa a
estimular atividades cultu-
PORTINARI NAS QUEBRADAS rais na comunidade, revelar
No ano em que Candido artistas locais e gerar forma-
Portinari completaria 120 ção e emprego a moradores.

Atrações de jazz e soul animam a cidade

Festival gratuito reunirá músicos como Stanley Jordan, Alabama Mike, Jamz e Vanessa Collier

ELISA TORRES tival Niterói Blues & Jazz. nessa Collier, Matthew es Blues Band, The
elisa.farias.rpa@edglobo.com.br
Na programação do even- Withaker, Bill Laurence e Walking Band, Sérgio Chi-
-
to, promovido pela prefei- Laretha Weathersby. Com- avazzoli, All Blues, Oldsto-

N iterói promete se trans-

formar na capital do
jazz e do blues de quarta a
domingo, quando será rea-
lizada a edição 2023 do fes-
tura por meio da Coorde-
nadoria Geral de Eventos
(CGE), estão incluídos
shows gratuitos de artistas
como Alabama Mike, Va-
pletam o line-up do festival
de jazz e blues Stanley Jor-
dan, Dudu Lima, Renato
Rocketh, Bill Evans and
the Vansband, Arton Arra-
nes, Nico Rezende, Jamz e
Claudio Zoli.
As apresentações serão
na Sala Nelson Pereira
dos Santos, na Praça do Alabama Mike. Artista fecha a programação domingo, na Praça do Rádio Amador

Rádio Amador e nos hor- de canções autorais.

tos do Barreto e do Fonse-
ca. A Sala Nelson Pereira
dos Santos terá apresen-
tações na quarta e na
quinta-feira, às 20h, com
entrada gratuita (os in-
gressos serão distribuídos
a partir das 19h e limita-
dos de acordo com a capa-
cidade do local).
RELEITURA DE CLÁSSICOS
Com apresentação no do-
mingo, às 18h, na Praça do
Radio Amador, a Jamz, li-
derada por Will Gordon e
Paulinho Moreira, volta
aos palcos no pós-pande-
mia apresentando um re-
pértório inédito, com me-
tais em sua formação e re-
leituras de grandes clássi-
cos, como Bill Withers,
Earth Wind & Fire, Jimi
Hendrix, Toto e Banda
Black Rio, que influencia-
ram a sua formação, além
Para o prefeito Axel Gra-
el, a quarta edição do Ni-
terói Blues & Jazz consoli-
da a cidade na rota dos
shows internacionais. Ele
considera os talentos lo-
cais e a receptividade do
público de Niterói fatores
que contribuem para a vi-
sibilidade que a cidade
tem no meio da música:
—Niterói é reconhecida
como uma cidade musi-
cal. Músicos talentosos
daqui fazem sucesso no
mundo inteiro, o que é
motivo de orgulho para
todos nós. Trazermos es-
ses artistas importantes
de fora, em uma progra-
mação conjunta com os
músicos que são daqui,
potencializa ainda mais a
nossa cultura. E o público
entende isso, porque a re-
ceptividade melhora a ca-
da edição do evento.

Com as mais modernas técnicas cirúrgicas, já é possível a realização

de implantes em áreas de pouca estrutura ossea com enxerto de
células sanguineas. Agende uma avaliação pelos nossos telefones.
O GLOBO | Domingo 11.6.2023 Niterói | 5

DIVERSÃO
DIVULGAÇÃO/RENATO MANGOLIN
ONG é criada para apoiar famílias
de pessoas com deficiência
Propondo acolhimento e capacitação para mães, Instituto Reluz acaba de ser lançado
por quatro mulheres que se conheceram em grupo de empreendedoras de Niterói
DIVULGAÇÃO/REBECA BRAVOS
LÍVIA NEDER
livia.neder@oglobo.com.br

C om o intuito de apoiar fa-

mílias de crianças e ado-
lescentes com deficiência
Monólogo sobre racismo no Sesc Niterói por meio de capacitação pro-
fissional para o mercado de
Odilema de uma mãe preta sobre falar de racismo com o filho é o trabalho, acolhimento com
ponto de partida da peça “Ninguém sabe meu nome”, que estará grupos de apoio e campa-
no palco do Teatro Sesc Niterói na próxima quinta-feira, às 19h. nhas de sensibilização da so-
Com idealização e interpretação de Ana Carbatti, indicada ao ciedade, o Instituto Reluz
Prêmio Shell e ao APTR pelo papel, a produção tem direção de acaba de ser lançado em Ni-
Inez Viana e Isabel Cavalcanti. Ana também assina o texto, com terói por quatro mulheres
Mônica Santana. O teatro fica na Rua Padre Anchieta 56, em São que se conheceram em reu-
Domingos. A entrada custa R$ 10 (inteira). niões de um grupo de mães
empreendedoras da cidade.
A intenção da ONG é ampli-
Noite de autógrafos na Sala Carlos Couto ar o debate sobre o capacitis-
DIVULGAÇÃO
mo, termo usado para des-
Na próxima crever o preconceito contra
terça-feira, às pessoas com deficiência.
18h, a autora Inspiradas pela história de Time. Carol Bastos (à esquerda), foi quem inspirou as colegas Fabiana Leite, Natália Rosa e Mirella Rosa
Joselene de Carol Bastos, mãe de Alana,
Oliveira Souto, uma adolescente de 15 anos voluntariado e responsabili- as dificuldades que enfrenta, famílias, estamos falando,
conhecida que tem paralisia cerebral, Fa- dade social. Em um mês, cria- conta com acesso aos trata- principalmente, das mães. Em
como Joselene biana Leite, Mirella Rosa e mos o estatuto, conseguimos mentos e uma rede de apoio de mais de 90% dos casos, quem
Negra Black, Natália Rosa resolveram se o CNPJ e já estamos fazendo que muitas famílias pobres cuida de pessoas com deficiên-
participa de juntar à causa anticapacitista diversas articulações com re- não dispõem. cia são as mães e avós, rara-
noite de autó- e, com Carol, criaram a ONG. presentantes do Legislativo e —São muitas famílias atra- mente é um homem. Essa mu-
grafos do livro Entre os projetos, planejam dos Executivos municipal e vessando dificuldade financei- lher muitas vezes não tem re-
“Sou de Áfri- desenvolver uma linha de estadual, entre outras insti- ra, sobretudo nesse pós-pan- de de apoio, não tem condi-
ca”, sua segun- produtos feitos por mães de fi- tuições, como a OAB. Nossa demia. Muitas instituições de ções de ficar no mercado de
da obra solo, lhos com deficiência e capaci- proposta é cuidar de quem apoio e terapias também pas- trabalho formal. A Mirella é
na Sala Carlos tar o comércio local para um cuida —explica Fabiana, que sam dificuldades, e a criança e nutricionista e trabalha em
Couto do Thea- atendimento mais inclusivo. é presidente do instituto. o adolescente não podem es- uma clínica de reabilitação e
tro Municipal —Quando a Carol foi con- Ela destaca que as famílias perar pelo tratamento. Em sempre viu a luta dessas mães,
de Niterói. O tando a história dela nesse pobres que têm filhos com de- muitos casos, eles retrocedem que ficavam mais de três horas
livro, segundo grupo de mães empreende- ficiência estão em uma cate- nos avanços já conquistados. A esperando o tratamento dos fi-
a autora, é uma doras, falei que sempre quis goria ainda mais agravante de falta de recursos da família lhos. Daí veio a ideia de ofere-
viagem entre trabalhar no terceiro setor. vulnerabilidade social. Filha amplia ainda mais esse proble- cer alguma oportunidade de
poesias, cartas e contos. O evento é gratuito; e a classifi- Vim do mercado corporativo, do cantor Byafra, Carol relatou ma, essa vulnerabilidade. emprego e renda nesse tempo
cação etária, livre. O Municipal fica na Rua Quinze de No- mas sempre trabalhei com ao grupo que, apesar de todas Quando falamos em apoiar as —detalha Fabiana.
vembro 35, no Centro.
ANALICE BARON/24-6-2017

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Cine República exibe documentário LGBT * NÃO VENDA ANTES DE NOS CONSULTAR EMOS
NÃO T
Em comemoração ao Dia do Orgulho LGBTQIA+ (28 de * CUBRO OFERTA * PAGO NA HORA EM DINHEIRO FILIAIS
junho), o Cine República deste mês, na Biblioteca Parque * ATENDEMOS EM DOMICÍLIO
(foto), exibirá o documentário “São Paulo em hi-fi”. O longa
aborda a cultura gay brasileira e reúne lembranças de teste- Shopping dos Antiquários - COPACABANA
munhas dos anos 1960 a 1980, mostrando a história das
casas noturnas da época. A exibição será nesta terça-feira,
Rua Figueiredo de Magalhães, 598 / Terreo - Loja 92
às 15h. Após a sessão haverá uma roda de conversa sobre o carolinajoiasoficial | www.carolinajoias.com.br
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40 anos
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Dança, circo e artes cênicas em foco Atendemos Petrópolis, Teresópolis,

Itaipava, Friburgo e todo o Grande Rio
O “Cultura tá on” é o novo projeto da Fundação de Arte de Nite-
rói que tem como foco a apresentação de artes cênicas, dança
e circo. A iniciativa contará com performances às quartas-
Pago na hora em dinheiro. Não venda sem nos consultar.
feiras e aos sábados deste mês na Rua Paulo Gustavo e no Cubro oferta da concorrência. Por favor, ligue e marque sua visita!
Campo de São Bento, em Icaraí, do grupo inclusivo de dança
Expressar (foto). O objetivo do projeto é reafirmar a importân-
cia de uma cultura acessível a todos. Nos fins de semana, as
Sr. Gelson Atendemos aos Sábados,
Rua Siqueira Campos, 143 – Loja: 111 - Térreo - Copacabana
apresentações começam às 11h; e durante a semana, às 18h. Domingos e Feriados
Tels.: 2236-4770 / 2548-9683 / 99913-5443
6 | Niterói Domingo 11.6.2023 | O GLOBO

FOME DE QUÊ? Travessa: livros mais vendidos

Sabe quais foram os livros mais vendidos em maio na
Travessa de Icaraí? “Outra biografia” e “Uma autobiografia”,
ANA CLÁUDIA GUIMARÃES de Rita Lee, da Globo Livros. Em seguida, “Tudo é rio”, de
ana@oglobo.com.br Carla Madeira, pela editora Record; seguido por “Salvar o
fogo”, de Itamar Vieira (Todavia); e “Arroz de palma”, de
Francisco Azevedo (Record).

Royalties
Preocupado com uma nova
Depois da Lua, ele quer o Sol Os jardins do Museu Janete Costa

divisão de recursos de royalti- LEONARDO SENS

es, Axel Grael articula viagem
aBrasília com o governador e
os prefeitos do Rio e de Mari-
cá. O alerta veio de Renan
Calheiros. Segundo o sena-
dor, no dia 16, o STF deve
mudar a decisão que suspen-
deu a redistribuição dos
royalties do petróleo. A medi-
da pode, segundo Axel, que-
brar o estado do Rio. Em abril,
oSTF negou recurso de três
cidades do estado que queri-
am maior participação na
arrecadação e manteve a deci-
são que evita perdas de recei-
tas em Maricá, Rio e Niterói.
Cultura
A secretária Júlia Pacheco
lançará dois editais que vão
injetar R$ 5,5 milhões na
cultura da cidade. O primei-
ro, no dia 14, será de R$ 2,5
milhões. Já no dia 21, haverá
o lançamento do segundo
edital, que vai disponibili-
zar mais R$ 3 milhões.
Araribóia tombado
Foi protocolado na Câmara
o tombamento do monu-
mento e do busto de Arari-
bóia. O pedido é do verea-
dor Marco Sabino: “É sim-
bólico nos 450 da cidade”.
Veja como vai ficar
O fotógrafo Leonardo
Sens foi surpreendi-
do pela repercussão de
aárea externa do
Museu Janete Cos-
ta de Arte Popular.
seu último trabalho Oespaço servirá
profissional, a Lua de para intervenções
Morango (o nome veio artísticas, terá jar-
da tradição de tribos dim e abrigará es-
indígenas americanas cultura de Miguel
porque o formato da Lua dos Santos. O pro-
aparecia durante a épo- jeto é do secretário Renato Barandier.
ca de colheita da fruta
silvestre). A imagem
mostra o satélite nos Jardim da discórdia FICA A DICA
braços do Cristo Reden-
tor. Agora, ele já tem Donos de cães que têm usado
nova meta: fotografar o os jardins da reitoria da UFF
Sol, que vai estar na discordaram da reclamação
mesma posição da Lua de moradores sobre a ocupa-
da foto ao lado nos dias ção do espaço tombado. Dian-
23 e 24 de dezembro. te da questão, o reitor da UFF,
—Tento desde 2021 oprofessor boa-praça Antônio
fazer essa foto da Lua. Lua de Cláudio, pede que incomoda-
Há o dia e a hora cer- Morango. dos mandem e-mail para o
tos. No ano passado, Foto de ouvidoria@id.uff.br.
fui de madrugada para Leonardo
a Praia de Icaraí, mas o Sens (no
tempo estava nublado. detalhe) Mas...
A Lua desce muito viralizou ESPETÁCULO
rapidamente, e a gente Para tirar dúvida, a coluna E MÚSICA
precisa encontrar o ouviu Lucas Pedrosa, da
momento exato. Fiz Greenleaf, uma das mais im- Monólogo escrito por Nativi-
mais de 50 cliques em portantes empresas mundiais dade, ator formado pela CAL,
apenas dois segundos. Agora, quero ten- tro, ele foi chamado de gramados: “Urina faz mal “Feliz aniversário” está no
tar o Sol na mesma posição. Já estou es- para expor no Rio e para os gramados porque o Teatro Cândido Mendes, em
tudando bastante para achar a posição em São Paulo, além xixi contém nitratos e sais. O Ipanema. Já no Municipal de
perfeita — diz o fotógrafo niteroiense. de ser sondado por nitrogênio queima todo o Niterói, a dica é o show “Tereza
A foto da Lua de Sens, que também é uma curadora do gramado. Os do Maracanã e Cristina canta Roberto Carlos”
engenheiro elétrico, viralizou rapidamen- Museu do Louvre, do Mineirão, por exemplo, (não é a sambista que começou
te, como se sabe, e teve mais de 200 mil em Paris. Boa sofrem com as fezes de cães na Lapa!), dia 16. Dois niteroei-
curtidas semana passada. Graças ao regis- sorte! de rua que entram no espaço”. enses que fazem a diferença.

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O GLOBO | Domingo 11.6.2023 Niterói | 7

ÁGUA
NA BOCA
DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

DIA DOS NAMORADOS

O amor
está no ar
e à mesa
LÍVIA NEDER
livia.neder@oglobo.com.br
-

S im, a comemoração do
Dia dos Namorados po-
de começar na véspera e ir
para a prorrogação. Só não
dá para esquecer ou deixar
passar a data mais românti-
ca do ano sem festejar. Vale
tudo à mesa, de almoço e
jantar românticos ao café
da manhã especial para ce-
lebrar o amor. Restauran-
tes da cidade prepararam
cardápios especiais, que
incluem receitas com in-
gredientes afrodisíacos; e
promoções para os casais
apaixonados comemora-
rem neste 12 de junho.
Para evitar filas, opte por
reservas. O delivery tam-
bém é uma opção para
quem quer criar um climi-
nha a dois, em casa. Para
driblar problemas e discus-
sões, escolha logo a progra-
mação. Como o amor está
no ar e a procura é grande,
alguns estabelecimentos já
terão condições especiais a
partir de hoje. Aqui há op-
ções variadas para fazer bo-
nito com o par.
Afrodisíaco. A Temakeria & Cia preparou um rodízio especial para os apaixonados no jantar Novidade. O Coco Bambu (3043-8990) fez uma promoção com um dos
deste dia 12. Além das peças tradicionais da casa, o menu conta com peças exclusivas como lançamentos do cardápio, o Espaguete Coco Bambu, que leva camarões,
carpaccio de vieira com ovas de massago e molho de ostras do Pacífico e camarões VG ervilhas, presunto e molho branco e é gratinado com queijos mozarela e
empanados na taça ao molho do chef e com sobremesas como o haruhot cheesecake com parmesão. O prato para dois, com uma garrafa do vinho tinto Vasto,
geleia de frutas vermelhas. O preço por casal é R$ 389,90 sai a R$ 279 no jantar de hoje e no almoço e jantar de amanhã e terça
DIVULGAÇÃO/TOMÁS VÉLEZ DIVULGAÇÃO/ELOAH MIRANDA
Alquimia. A Noi Gastronomia
(2611-0619) propõe uma
experiência etílica inusitada
para os casais. O Elixir do Amor
(R$ 39) é um drinque sazonal,
que ficará disponível de
amanhã até o fim do mês e foi
elaborado exclusivamente para
a data. Seu diferencial é que
pode ser pedido pronto ou
desmontado, para que os
clientes preparem direto na
mesa. Tem o gim Íon como
base, representando a
confiança que todo
Brindes. Como parte da celebração, o tradicional e limitado fondue de queijo relacionamento precisa.
(R$ 45) do Tutto Nhoque (3819-2011) estará presente a partir de hoje. Os dez O limão é o vigor e a alegria do
primeiros casais que pedirem e postarem uma foto marcando a casa no story namoro; o creme de cupuaçu
do Instagram ganharão uma cerveja Baden Baden. Já amanhã, os dez representa a paixão; e o Licor
primeiros casais que pedirem o fondue serão presenteados com uma bolsa 43, o carinho, com toques
com um vinho. As duas promoções valem a partir das 16h doces e presença marcante

PITADAS
DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

Refeição especial para Menus completos no Clube do Vinho Só para Elas

preparar a quatro mãos
A Peixaria Oceânica (97012-
2017) fez um kit de Dia dos Na-
morados com a Prime Meat,
sua parceira de carnes em cor-
tes sous-vide —técnica france-
sa. Leva arroz de risoto, polvo
pré-pronto e camarão GG.
Frutos do mar. O kit custa R$ 109
Restaurant Week
Oferecendo menus a valores
fixos, a 25a edição do Rio Res-
taurant Week vai até o dia 25 e
conta com quatro casas em Ni-
terói: Abbraccio, Guacamole
Cocina Mexicana, Jappa da
Quitanda e Tutto Nhoque.
Doce. No menu no Jappa da Quitanda
será aberto para eles
OClube do Vinho Só Para Elas
de junho será em homenagem
aos namorados e aberto excep-
cionalmente para homens e
mulheres, no Olimpo, dia 20,
às 19h30, com o tema “Amar é
sorrir”, por Camila Abib. Penne ao Gamberi. Prato do menu

Bares e restaurantes apostam em lareiras móveis ao ar livre pos do Jordão —brincou o

estudante Diogo de Oliveira.
Outro estabelecimento
Com modelos diferentes e pouco comuns na cidade, equipamentos espantam frio e inspiram fotos para as redes sociais que adotou as lareiras mó-
veis foi o Guacamole Cocina
Mexicana, no Jardim Icaraí.
ROBERTO MOREYRA ROBERTO MOREYRA DIVULGAÇÃO
A novidade chegou há cerca

I nspirados em estabeleci-
mentos localizados em
regiões serranas do Rio, de
São Paulo e do Sul do país,
bares e restaurantes de
Niterói que têm mesas ao ar
livre apostam em lareiras
móveis para aquecer a cli-
entela no inverno que se
aproxima. A dez dias da
estação mais fria do ano, os
equipamentos portáteis de
aquecimento começam a
ser utilizados nos dias mais
frios deste final de outono e
vêm fazendo sucesso em
postagens nas redes sociais.
Brincadeiras à parte sobre
um possível exagero dos
niteroienses, já que apesar de
termos registrados dias mais
frios a cidade não tem tem-
peraturas tão baixas como as
da Serra, o charme e a funci-
onalidade das lareiras atra-
em um público que quer
ficar perto do fogo e não abre
mão de uma bebida gelada
para contemplar o céu.
Tio Cotó. Chama atrai clientes e curiosos
Tradicional bar e restau-
rante de São Domingos, o
Tio Cotó lançou a lareira
portátil no inverno do ano
passado, mas foi nas últimas
semanas que uma postagem
mostrando as torres de fogo
entre as mesas externas do
estabelecimento, na esquina
em frente à Praça Leoni Ra-
mos e a Cantareira, viralizou
nas redes sociais, atraindo
cada vez mais clientes.
À frente da administração
Mexicano. Guacamole, no Jardim Icaraí
do Tio Cotó desde que seu pai
se aposentou, o empresário
Gustavo Monteiro de Castro
conta que quis levar algo
novo para o estabelecimento,
que tem mais de 50 anos. Foi
em viagens com a mulher
para Gramado, no Rio Gran-
de do Sul; e Campos do Jor-
dão, em São Paulo, que viu
esse modelo de lareira.
—Todo inverno notáva-
mos que os clientes evita-
vam se sentar na área exter-
Central. O La Brise adotou modelos de mesa
na por causa do frio. Quando
vimos as lareiras, pensamos
que ficariam bem nesse es-
paço. Pesquisei na internet e
encomendei em um site. É
bem segura, tem certifica-
ção e dá para regular a inten-
sidade da chama. Não tem
perigo, porque a chama fica
dentro de um vidro especial
que não esquenta o ferro a
ponto de provocar queima-
duras. Este ano nós a recolo-
camos na rua há duas sema-
nas, e muita gente tem apro-
veitado —explica.
Na última terça-feira, um
grupo de estudantes de Ma-
temática da UFF confrater-
nizava próximo ao fogo.
—Nós sempre vimos beber
aqui. Adoramos essa ideia.
Traz um clima diferente e
acolhedor para a praça. Esta-
mos bem quentinhos —disse
aestudante Hanna Augusta.
—Achei muito chique.
Parece que estamos em Cam-
de 20 dias e, nas noites mais
frias, há até uma disputa
entre clientes para se senta-
rem mais perto delas. A gar-
çonete Elisângela dos Santos
conta que a maioria tem
mais interesse em tirar fotos
“instagramáveis” do que em
se aquecer propriamente.
—Faz muito sucesso. Todo
mundo quer tirar foto, acha
romântico. Nesse Dia dos
Namorados vai bombar —
prevê a profissional.
De frente para a Praia de
Piratininga, o La Brise Beach
Bar também adotou lareiras
portáteis para amenizar o
vento frio que vem do mar.
Em vez de torres, o restauran-
te usa lareiras de mesa.
—Coloquei para esse Dia
dos Namorados porque, no
ano passado, fez muito frio na
data. Temos uma de pé e ou-
tras de mesa, e vou disponibi-
lizar mantas no inverno —
detalha a proprietária Sandra
Martins. (Lívia Neder)
8 | Niterói Domingo 11.6.2023 | O GLOBO

Boxe na Praia de Icaraí é

FOTOS DE DIVULGAÇÃO

alternativa para trabalhar

os músculos e a mente
Professor de artes marciais dá aulas três vezes por semana
ao ar livre. Treinos são finalizados com mergulho e meditação

ELISA TORRES
elisa.farias.rpa@edglobo.com.br
areia —define Avelino, ay thai, jiu-jítsu e kickbo-
acrescentando que o boxe xing, o beach boxing ajuda a
-
na areia contempla também fortalecer a musculatura,

Eparedes,
squeça um ringue con-
vencional, entre quatro
daqueles cercados
de equipamentos para a
prática de artes marciais,
como saco de pancada, su-
portes e luvas. É descalço
mesmo, mais precisamente
com os pés na areia da Praia
de Icaraí, e com equipa-
mentos mais direcionados à
prática, que um grupo de
amigos se reúne há pouco
mais de um ano para distri-
buir socos ao ar livre. Quem
comanda as aulas de beach
boxing, ou boxe de areia,
como é conhecido o espor-
te, às segundas, quartas e
sextas, às 6h, na altura das
ruas Mariz e Barros e Osval-
do Cruz, é o professor Luiz
Henrique Avelino, da Black
Beach Boxing.
—Eu me apaixonei pelas
artes marciais desde que
comecei a praticar, aos 12
anos. E fui me especializan-
do. Aqui somos uma escola
de boxe de praia e muay thai
que visa ao aperfeiçoamen-
to das artes marciais na
iniciantes e pessoas que
buscam melhorar a qualida-
de de vida através de ativi-
dades esportivas. —Nossos
treinos são voltados para
quem nunca usou uma luva
de boxe na vida, para quem
já viveu a sensação e quer
voltar e para pessoas de
várias idades. Priorizamos a
integridade física do aluno,
acima de tudo. O nosso foco
é o fortalecimento físico e a
integração social.
O treinador tem mais de
20 anos de experiência em
artes marciais e é um dos
fundadores da Punch Bea-
ch Boxing, academia que
inicialmente incentivou a
prática de artes marciais na
Praia de Icaraí.
Formado em Nutrição e
estudante de Educação
Física, Avelino desenvolveu
um método próprio de
transmitir seus conheci-
mentos, com treinos dinâ-
micos e alto índice de quei-
ma calórica. Reunindo
técnicas de diversas artes
marciais, como MMA, mu-
estimula o equilíbrio e dá
resistência aos praticantes,
por ser realizado na areia.
—Muitas pessoas procu-
ram a atividade para tonifi-
car o corpo e perder peso.
Mas o beach boxing tem
como prioridade o cuidado
com a saúde, o sentir-se
bem e melhorar a autoesti-
ma —explica o treinador.
Com regras ajustadas ao
ambiente outdoor, o boxe
na praia tem um grande
diferencial para os seus
participantes. A união das
artes marciais com a ener-
gia do ambiente ao ar livre
cria uma atmosfera dife-
rente para os lutadores,
que costumam dar um
mergulho após os treinos.
—Boxe tem agressividade
aparente, mas, na verdade,
além de ser ótimo para defe-
sa pessoal e aumento de
resistência e força, ensina a
trabalhar nosso equilíbrio
emocional —relata Rodrigo
Caluto, de 36 anos, jornalis-
ta, que treina em Icaraí.
O grupo levou tão a sério
Beach Boxing. Adriana Cabral (à esquerda), Tatiana Lemos, Rodrigo Canuto e Camille Vieira estão entre os adeptos
Em Icaraí. O professor Luiz Henrique Avelino (à frente) com alunos de boxe
a filosofia do esporte que
acabou descobrindo como
ir além dos mergulhos pós-
treinos para trabalhar cor-
po e mente. Como ativida-
de complementar, vários
alunos têm prolongado as
atividades do boxe nos
tatames da Body Soul, que
também funciona em Ica-
raí, onde passaram a parti-
cipar, uma vez por mês, de
encontros de meditação e
dinâmicas, em atividades
que integram ioga, medita-
ção, acupuntura e psicote-
rapia. Para a dermatologis-
ta Camille Vieira, de 33
anos, que também faz aulas
na areia, aliar a prática de
boxe às atividades da Body
Soul é uma terapia entre
amigos.
—No grupo, descobrimos
que temos muito em co-
mum. Alguns de nós somos
adeptos do reiki e temos até
tatuagem com símbolo da
prática terapêutica — conta
a dermatologista.

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