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PARCERIAS

CÉLEBRES
E SEUS VINHOS
EMBLEMÁTICOS
ALMAVIVA, CHEVAL DES
ANDES, CHRYSEIA,
OPUS ONE, SEÑA...

HARMONIZAÇÃO
SOPA E VINHO
COMBINAM?

FIM DE
UMA ERA?
ROBERT PARKER
SE APOSENTA
TECNOLOGIA
X TRADIÇÃO
A ADEGA COMO A
DO DEMÔNIO VITICULTURA DE
O WINE BAR QUE PRECISÃO AFETA
INSPIROU GOETHE O VINHO
(E AINDA EXISTE!)
DOMAINE
SEBASTIÁN G. ROUMIER
O SUPER CULT DE
ZUCCARDI CHAMBOLLE-MUSIGNY
CONHEÇA O
TALENTOSO JOVEM

URUGUAI
QUE ESTÁ MUDANDO
A CARA DO VINHO
ARGENTINO

PARA TODOS OS GOSTOS


AS MELHORES DICAS DE ENOTURISMO
ANO XIV - NO 164 - R$ 18,00 – € 4,00
ISSN 1808-3722

+ SELEÇÃO DE GRANDES VINHOS


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SEJA RESPONS

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ALENTEJANA DE LANIFÍCIOS DE R @ESPORAOWORLD
#OALENTEJOMONTEVELHO
PARTE DA IDENTIDADE CULTURAL ISTOÉESPORÃO
#ISTOÉESPORÃO
Clarets: Representante autorizada
do Domaines Delon no Brasil

clarets.com.br Pierre Graffeuille


Diretor Domaines Delon
A síntese de grandes vinhos de guarda.

Combinam poder e elegância,


complexidade e equilíbrio,
pureza e requinte.

você encontra Chateau Nenin na Clarets.

Clarets São Paulo Clarets Rio de Janeiro


Rua Frei Caneca, 558 - Cjto 2503 Av. João Cabral de Melo Neto, 850 - Cjto 905
Telefone: (11) 3150-5555 Telefone: (21) 2070-7055
EDITORIAL |

Outro
vizinho
DIREÇÃO
PUBLISHER
Christian Burgos - christian@innereditora.com.br

DIRETORA DE OPERAÇÕES
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br

REDAÇÃO
Quando falamos sobre grandes vinhos e ótimos programas de enoturismo EDITOR
Arnaldo Grizzo - a.grizzo@revistaadega.com.br
em um país vizinho, o primeiro pensamento talvez seja a Argentina. Mas,
isso somente porque muitos enófilos não têm se dado conta do que vem DIRETOR DE ARTE
Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br
ocorrendo em outro país fronteiriço, o Uruguai. Sim, cada vez mais este
ASSISTENTE DE ARTE
vizinho tem se revelado um destino muito atraente para os amantes de Aldeniei Gomes - arte@innereditora.com.br
Joshua Kerry - arte2@innereditora.com.br
vinho, com excelentes passeios, vinícolas modernas, além, obviamente,
de bons rótulos para degustar. EDITOR DE VINHO
Eduardo Milan - eduardo.milan@revistaadega.com.br
É por isso que nesta edição fizemos uma grande seleção com algumas
CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS
das dicas de enoturismo mais interessantes em terras uruguaias, além Patricio Tapia e Steven Spurrier
de uma lista com ótimos vinhos de todos os estilos, para mostrar que o COLABORADORES
Uruguai vai muito além de grandes Tannats. Fique atento e programe sua Beto Duarte, Christiane Miguez, Daniel Perches,
Felipe Granata Kosikowski, Guilherme Velloso, Mauricio Leme,
próxima viagem de vinho. João Paulo Gentille e Juliana Trombetta Reis (texto)

Além disso, nesta edição trazemos uma lista de joint ventures de PUBLICIDADE
sucesso, ou seja, elencamos 10 parcerias entre vinícolas de renome publicidade@innereditora.com.br
+55 (11) 3876-8200 – ramal 11
internacional com o objetivo de criar grandes vinhos. Almaviva, Opus
One, Cheval des Andes, Seña, Chryseia etc. são alguns exemplos REPRESENTANTES COMERCIAIS - BRASIL
Renato Scolamieri - renato@rscola.com.br
de vinhos que surgiram graças a junções entre vinícolas de peso e já Carminha Aoki - carminhaaoki.adegasabor@gmail.com

nasceram grandiosos. RIO GRANDE DO SUL/SANTA CATARINA


Sônia Machado - sonia@vistamontes.com.br
Falando em grandes vinhos, contamos a história de um clássico
borgonhês que sempre está entre os vinhos mais caros do mundo, MARKETING
marketing@innereditora.com.br
rivalizando com Domaine de la Romanée-Conti ou Leroy, por exemplo.
INTERNATIONAL SALES
Saiba como o Domaine Georges Roumier, considerado o “rei de Estados Unidos
Chambolle-Musigny”, tornou-se consagrado. Inner Publishing - sales@innerpublishing.net

Também imperdível nesta edição é a entrevista que fizemos com FINANCEIRO


financeiro@innereditora.com.br
Sebastián Zuccardi, o jovem e talentoso enólogo que está mudando não
PRODUÇÃO
somente a cara da sua tradicional vinícola familiar, mas também está Baunilha Editorial
ajudando a transformar todo o panorama do vinho argentino nos últimos CIRCULAÇÃO
tempos. Confira a visão e os vinhos espetaculares que esse talentoso rapaz R.Scola Marketing Editorial

tem criado. ASSINATURAS


Neste mês, trazemos ainda um artigo sobre as mais novas tecnologias assinaturas@innereditora.com.br
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empregadas na viticultura. Descubra como elas podem influenciar a Distribuição Nacional pela Treelog S.A. Logística e Distribuição

essência do vinho. Você gostaria de conhecer a adega do demônio? Pois ASSESSORIA JURÍDICA
Machado Rodante Advocacia - www.machadorodante.com.br
contamos a história de um tradicional wine bar de Leipzig que inspirou
Goethe e serviu de palco para uma das cenas de sua obra-prima, Fausto. IMPRESSÃO
EGB Editora Gráfica Bernardi LTDA
O que a aposentaria de Robert Parker significa para o mundo do
DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO PARA O BRASIL
vinho? É possível harmonizar vinhos com sopas? O que é vinho amarelo? Total Publicações
Essas e outras tantas questões nós debatemos aqui, e também trazemos as Revista ADEGA é uma publicação mensal da INNER Editora Ltda.
principais novidades e a melhor seleção de rótulos para sua adega.
A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões, ideias e conceitos
emitidos nos textos publicados e assinados na revista ADEGA, por serem
de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

Saúde, www.revistaadega.com.br

Christian Burgos e Arnaldo Grizzo


46

74 14

14 ENTREVISTA
Sebastián Zuccardi, o talentoso
enólogo que está mudando a
66 ESCOLA DO VINHO
As tecnologias que estão
mudando a viticultura e como
cara do vinho argentino elas influenciam o vinho

46 ENOTURISMO
Dicas dos melhores passeios e de
grandes vinhos para desfrutar no
72 HARMONIZAÇÃO
Vinho combina com sopa?
Descubra as possíveis
Uruguai harmonizações

60 LISTA
Confira 10 joint ventures de
renome e seus vinhos que já
74 PERFIL
Robert Parker se aposenta. O que
isso representa para o mundo do
nasceram ícones vinho?
CONTEÚDO |

66

80
85

GRANDS CHÂTEAUX
76 Conheça a história do
Domaine Georges Roumier,
“rei de Chambolle”

TODO MÊS
CURIOSIDADES
80 O wine bar (real!) para o qual
Mefisto levou Fausto em seu
10 | CARTAS

primeiro encontro 12 | ADEGA RESPONDE

24 | MUNDOVINO

85 | CAVE

99 | CLUBE ADEGA

106 | QUEM DISSE


CARTAS | ESCREVA PARA REDACAO@REVISTAADEGA.COM.BR

ZONA FRANCA YARRA VALLEY


Acho super válido esse Quero felicitá-los pelo artigo
projeto da “Zona Franca” “Yarra Valley: uma nova terra para
(na revista ADEGA nº Chardonnay e Pinot Noir”. Muito
162). E que, no futuro, bem escrito. Estive lá ontem e vi
se estenda, também, a exatamente o que o artigo descreve,
outras regiões produtoras. não só sobre o Yarra Valley, como
Com certeza, seria um a Austrália. Apenas um ponto. O
passo importante para se passeio para o vale está mais caro
começar a vencer alguns do que o descrito, porque o dólar
preconceitos com o australiano está mais caro já faz um Vinho, que tal?
vinho nacional, que vem tempo. Mais uma vez, parabéns @vinho_que_tal
evoluindo bastante, mas pelo artigo. Eu o repassei para Chegaram! Dois excelentes
ainda fica em desvantagem amigos que estão vivendo ou que guias para conhecer a
na comparação custo- visitarão Melbourne em breve. fundo os vinhos do Brasil,
benefício com vinhos de James
Argentina, Chile e Uruguai.
outras procedências mais Obrigado por nos acompanhar. No Guia Adega Vinhos do
consolidadas. Tem a minha Atualizamos os valores dos passeios Brasil foram 68 vinícolas e
torcida. no Yarra Valley no artigo em 589 vinhos avaliados. No
Ana Lúcia Villaça de França nosso website. Descorchados, são 3177
vinhos. Haja leitura! Ambos
são da Editora Inner, que
RACLETTE também publica a
Sou assinante da Revista ADEGA próprio, e apareceram vários @revistaadega
há um bom tempo, como também produtores, o que mostra existir uma
sócio do Clube ADEGA e gostaria demanda. Finalizando, pergunto
de fazer uma consulta. Sou um especificamente sobre os vinhos
iniciante no conhecimento de indicados, os seus especialistas
vinhos e ultimamente comecei sabem quais são, e se existe a venda
a reunir amigos para comer uma em algum site no Brasil? Fico no
raclette. Consegui pesquisar aguardo de um retorno, e agradeço a
algumas matérias, o que deu uma atenção que dispensarem ao assunto.
base para iniciar essas reuniões. Ronald Torres de Mello
No entanto, o que não consegui
“descobrir” foram os vinhos mais Ficamos felizes que acompanhe a Wine Friends
indicados para harmonizar com revista e o clube. Realmente nunca Santos-Confraria Karina Teixeira
raclette. Já li algumas orientações produzimos nada específico sobre @wine_friends_santos @corredoradavidareal
básicas, mas sem maiores detalhes, raclette, tanto quando se trata do Uma noite agradável, Sextou e eu só queria estar
como por exemplo, indicam-se tipo de queijo quanto do método colocando a leitura dos igual a semana passada
vinhos produzidos com uvas da de preparo. No caso do método, últimos exemplares da com essa galera! Que vibe!
variedade Chasselas, como Fendant imaginamos que o que funciona para #revistaadega em dia Quem já vai pra
du Valais ou Aigle les Murailles fondue também funcionaria para e aderindo à moda do @winerunbrasil 2020
da região de Chablais, mas não raclette. Sim, vinhos da variedade #vinhonochão. Salud! #winerun #revistaadega
indicam onde encontrar. Gostaria Chasselas devem funcionar, mas,
de saber se em alguma edição como a maioria da produção se
já foi feita alguma reportagem encontra na Suíça, é difícil de
sobre o tema raclette e os vinhos encontrar no Brasil. Em nossas
recomendados. Caso contrario, buscas, não encontramos nenhum
deixo com uma sugestão, pois varietal vendido por aqui. De
parece existir um bom número de qualquer maneira, agradecemos
leitores interessados no assunto. a sugestão e pensaremos em como
Fiz uma pesquisa na internet desenvolver algo sobre o
onde encontrar no Brasil o queijo tema futuramente.
Kelly Cristina @kellyttle.feet
ERRATA: Na edição 163, o vinho BERONIA GRAN RESERVA 2007 foi Presentinhos na Viña RICKSOLLO @ricksollo1
publicado com valor de venda equivocado. O valor correto é R$ 362. Mais detalhes Montes no Chile! #winebar #billionaires
sobre o vinho você pode conferir no site www.omelhorvinho.com.br #viñamontes #revistaadega #luxury #car #revistaadega

Quer ver sua foto publicada aqui?


10 ADEGA >> Edição 164 Siga @revistaadega e marque as imagens com #revistaadega
ADEGA RESPONDE ENVIE SUAS DÚVIDAS PARA REDACAO@REVISTAADEGA.COM.BR

Vinho amarelo
“Tenho lido muito a respeito de vinhos laranjas, que são moda,
mas o que seriam vinhos amarelos? Nunca tinha ouvido falar”,
pergunta o leitor Leonardo Tavares

T
into, branco, espu- A Savagnin é colhida tardiamente e
mante, rosé, doce, depois estagiada em barricas de 228 li-
fortificado, mais re- tros que não são completamente preen-
centemente, laran- chidas, permitindo que, depois de dois
ja... Pois é, as classi- ou três anos (de acordo com as condições
ficações dos vinhos parecem estar climáticas do período), forme-se o véu de
se expandindo com o tempo, mas, flor ou “la voile”, algo muito similar ao
o vinho amarelo, ou Vin Jaune, típico que ocorre com os vinhos de maturação
da região do Jura, na França, perto da biológica como o Fino ou o Manzanilla
fronnteira com a Suíça, definitivamente em Jerez. A diferença, isso sim, é que o
não é algo novo (assim como, teorica-
n vinho amarelo nunca é fortificado.
mente,
m os vinhos laranjas, mas isso é Uma vez transcorridos seis anos e três
outra história).
o meses (tal como diz a lei), o vinho é en-
O nome, obviamente, deve-se à sua garrafado em garrafas peculiares de 620
colloraação, geralmente um amarelo ouro ml, chamadas localmente “clavelin”. O
muito inttenso. Confira o que o nosso colabo- vinhos amarelos podem durar décadas
rador Patricio Tapia, conta sobre esse vinho e de guarda, ou então séculos (há alguns
sua produção:
d anos, garrafas de 1774 foram vendidas
O “Vin Jaune” é feito com a variedade por preços recorde).
branca Savagnin, uma cepa de grande inten- Em termos de aromas e sabores, o vi-
sidade e acidez. Ele é produzido por toda a nho amarelo é muito similar ao Jerez. Seus
região do Jura, mas, sem dúvida, a zona mais sabores costumam ser salinos. E sua acidez
famosa (e de onde vêm os melhores exempla- é alta, algo que se acentua com o grau zero
res) é Château-Chalon, uma série de vinhedos de dulçor, apesar de suas uvas serem co-
de solos de piçarras azuis em uma pequena e lhidas muito tardiamente. Trata-se de um
preciosa montanha no coração do lugar. vinho único, inimitável, singular.

12 ADEGA >> Edição 164


ENTREVISTA | p o r ARNALDO GRIZZO

O lugar
e a pessoa
Sebastián Zuccardi revela como o Vale de Uco
pode ser tornar um “Grand Cru”

O
s Zuccardi não são pioneiros no feito os vinhos de Uco brilharem e alcançarem
Vale de Uco, “para nada”, como patamares impressionantes, chamando a atenção
bem lembra Sebastián Zuccardi, do mundo.
o jovem hoje responsável pelos vi-
nhos produzidos pela família. Ain- Como se interessou pelo vinho?
da assim, muito do desenvolvimento da região, que Sou a terceira geração dentro da família fazen-
atualmente é tida como um dos principais berços de do vinho. Desde que me lembro, as conversas
grandes vinhos argentinos, deve-se ao seu trabalho. à mesa tinham a ver com vinhedo, com vinho,
Aos 39 anos (a maioria deles dedicados in- não há um momento claro que digo: “Que-
tensamente à empresa familiar), Sebastián per- ro isso”, pois era algo com que convivíamos.
tente à terceira geração desde que os Zuccardi Uma questão muito importante é que sinto
passaram a se dedicar ao vinho. Seu avô, Alberto que estou aqui não porque minha mãe e meu
tinha uma empresa de construção que desen- pai me obrigaram, mas porque escolhi, nunca
volveu um sistema de irrigação e, em 1963, tive pressão da família, tive a possibilidade e es-
comprou terras em Maipú, Mendoza, para de- colhi. Isso é importante, porque os mandatos
monstrar esse sistema. “Não queria se dedicar à familiares, quando não são aceitos ou decidi-
viticultura, mas descobriu que a viticultura era dos, acabam com a vida da pessoa, e também
sua paixão, e a partir daí a família começou a com a empresa. Isso é uma armadilha numa
plantar vinhedos. Depois meu pai (José Alberto) empresa familiar.
decidiu colocar toda a sua vida dentro do vinho
e nos criamos em uma família agrícola. Na ter- Onde estudou?
ceira geração, nós três trabalhamos. Sou o mais Estudei em um colégio com orientação eno-
velho e me dedico ao vinho, depois Julia, que lógica, onde comecei um pequeno projeto de
cuida da hospitalidade, depois Miguel, na parte espumantes, junto com amigos, Alma 4, em
do azeite de oliva. Todos temos a vocação de tra- 1998, e também foi meu primeiro vinho. Isso
balhar na empresa familiar”, afirma. me ajudou muito, pois entrei na empresa fa-
Foi com Sebastián que a família acabou se miliar com um projeto próprio. Minha famí-
“deslocando” para o Vale de Uco, comprando lia não fazia espumantes, ou seja, não tomei
vinhedos e criando uma unidade de pesquisa. o lugar de ninguém, abri meu caminho. Mas
Hoje, seu trabalho lá é reconhecido e ajuda a de- há duas decisões importantes em minha vida
finir indicações geográficas na área, na busca por profissional que, quando as tomei, talvez não
vinhos singulares de cada lugar. Sua visão tem fossem tão conscientes.
foto: divulgação
Que decisões foram essas?
A pessoa mais importante de uma vinícola em
Mendoza, na época, era o enólogo, e eu, vindo
de uma família produtora, não decidi estudar
enologia, mas agricultura, viticultura. Isso foi
uma das mudanças radicais na minha formação
e dou muito valor, pois fui do vinhedo à vinícola,
o que para mim é o trajeto mais lógico e natu-
ral. Depois, uma segunda decisão importante foi
quando terminei a universidade. Em vez de con-
tinuar a carreira em algum lugar, decidi viajar e
fazer colheitas pelo mundo. Durante sete anos,
fiz a colheita com minha família e depois ia fa-
zer outra no hemisfério norte. Isso mudou mi-
nha cabeça. Hoje já não posso fazer colheita por
dois meses, mas todos os anos faço duas viagens
a duas regiões diferentes para compartilhar, en-
tender e ver como trabalham outros produtores.

Quando passou a se interessar pelo Vale de Uco?


Em 2004, já estava vindo com minha família
para o Vale de Uco, que era um lugar que me
interessava, e os convenci a começar a cultivar temos lugares que podem ser melhores, outros Para
no vale. Até então comprávamos uva, mas não tí- piores, as divisões são de parcelas. Descobri- nós, que
nhamos vinhedo. Hoje temos oito. Temos fincas mos que um lugar onde tínhamos uma finca e
em Altamira, San Pablo, Gualtallary, que são os pensávamos ter uma coisa, na verdade, tinham vivemos
grandes lugares do vale. Nunca quis um vinhe- 40 coisas diferentes. E nossa vinícola familiar no lugar,
do grande, prefiro muitos vinhedos de tamanhos não estava preparada para isso, pois tínhamos
médios, para ter muita diversidade no que faço. tanques de 10 mil, 15 mil quilos. E nessa di-
nossa
visão de solos passamos a ter 3 mil, 2 mil, 1 inspiração
E como chegou-se à vinícola Piedra Infinita? mil quilos. Então a vinícola que começamos a não é o
Em 2009, já sentia que necessitava entender construir foi baseada no vinhedo, inspirada na
o que acontecia no vinhedo e até essa época montanha, construída com materiais locais.
mercado, é
não fazia vinho. Propus a meu pai formar uma Ela está preparada para receber a diversidade o lugar onde
área de pesquisa e desenvolvimento, com a
ideia de entender as coisas que fazíamos no
que fazemos no vinhedo e filosoficamente
para os vinhos que estamos buscando.
vivemos e o
vinhedo e impactavam no vinho, e a verdade vinho que
é que essa área era a possibilidade de começar O nome obviamente vem da quantidade de pedras, não? fazemos, e
a fazer vinho. E essa área me mudou e mudou Um dia sai para caminhar em um campo na-
a história de fazer vinho da família. Fomos tural, e disse para meu pai: “Creio que há 300
o mercado
conscientes e coerentes com o que fundamos, caminhões de pedra aí”. E tiramos mil, não é o local da
portanto não fomos ao Vale de Uco fazer uma terminava nunca. Uma coisa de louco [risos]. entrega
vinícola, fomos conhecer e, quando sentimos
que era o momento, fizemos a vinícola. Houve um processo de transição da empresa de seu
pai para você, você precisou convencê-lo de suas
A vinícola foi feita pensando no vinhedo? ideias?
Em 2009, começamos a entender que um vi- Foi necessário um convencimento, mas meu
nhedo, devido à forma como se formaram os pai é uma pessoa brilhante, com grande inte-
solos, não é algo homogêneo. Dentro da finca, ligência, muita percepção, e quando viu que o

16 ADEGA >> Edição 164


“Sinto que estou aqui
não porque minha
mãe e meu pai me
obrigaram, mas porque
escolhi, nunca tive
pressão da família,
tive a possibilidade e
escolhi”

fotos: divulgação
que estávamos fazendo era o correto, começou a mercado, é o lugar onde vivemos e o vinho
empurrar, e ele empurra muito [risos]. Mas devo que fazemos, e o mercado é o local da entrega. É preciso
agradecer a generosidade da minha família, que Em uma empresa em que as pessoas que a di- olhar o
me deu a oportunidade de mudar um rumo e rigem não estão perto da terra, o lugar de ins-
regenerar muitas coisas dentro da vinícola. Uma piração é o mercado, e eles pedem para quem
vinho
questão importante é que meu pai não fazia os está na terra que façam coisas de que o mer- em gerações,
vinhos, então não mudei a identidade. cado necessita. Para mim, essa é uma divisão com o tempo
muito grande. E as únicas que podem tomar
Uco é o grande terroir da Argentina hoje? decisões de longo prazo e sustentáveis são as
vai ficar o que
O que ocorreu foi um movimento muito rá- empresas familiares, nelas não é só o negócio. realmente
pido, e que só se pode fazer em empresas fa-
miliares, que foi se convencer de que o futuro
O negócio é uma condição, mas por trás há
um sonho, uma vocação... O fim da empresa
tenha peso e
estava no lugar. O futuro era fazer vinhos que não é a rentabilidade, isso é uma condição. Se valor suficiente
falavam do lugar, e comunicar isso a quem be- não geramos dinheiro, não podemos seguir para poder
bia nossos vinhos, que não só vinham do Vale para onde estamos indo. Mas o fim da empre-
de Uco, mas de Altamira, Gualtallary etc., sa é outro, é desenvolver a região onde vive-
se sustentar.
e nisso fomos muito rápidos, pois estávamos mos, que as pessoas que trabalham conosco se Creio que
convencidos. desenvolvam, que nós nos desenvolvamos... precisamos
Não é fácil para uma empresa que não seja familiar O que se busca no Uco hoje?
aprender que
fazer esse tipo de movimento? O Vale de Uco é um lugar muito especial em nem sempre o
Para mim, há dois tipos de empresa no vinho.
As que são comandadas por donos e produto-
Mendoza, pois é o vale mais perto da cordi-
lheira. Tudo o que fazemos está determinado
mais extremo é
res que entendem do vinhedo e do lugar, e pela cordilheira. A montanha nos dá o clima, o melhor
vivem no lugar, e multinacionais comandadas pois nos isola do Pacífico. Então vivemos em
por gente cujo foco é o negócio. Para nós, que um deserto em altura, isso nos dá temperatu-
vivemos no lugar, nossa inspiração não é o ras mais frescas e proximidade do sol. E, por

Edição 164 >> ADEGA 17


Tenho estar em um deserto, a única forma de cultivar Há mão do homem no terroir?
é com irrigação, e toda a água que usamos é Antes não era tão consciente disso, e meu
meu do degelo. Todos os solos que cultivamos são sonho era fazer um vinho em que “nós não
projeto e a aluviais, que estavam na montanha e a água sejamos notados”. E é impossível. Cultivamos
filosofia que movimentou com o passar do tempo. Então
clima, água e solo vêm da montanha, por isso
a vinha, manejamos, decidimos a colheita, en-
tão sim, temos que ter clara a nossa filosofia:
quero fazer fazemos vinhos da montanha. Mas o vale é este vinho que está provando é a expressão do
vinhos que um lugar grande, onde há lugares incríveis e lugar através deste produtor.
outros não tão bons, e por isso não se pode
estão perto da falar só de Vale de Uco, mas precisamos dividi- A ideia é criar denominações de origem no Uco?
minha casa, -lo. O processo que estamos fazendo é o de Não denominações, mas um processo para
pois creio na identificação geográfica. Precisamos dividir criar indicações geográficas, que não limitam
em lugares e cada lugar tem uma identidade o que cultivar e nem como, mas dizem que
viticultura diferente. Em cada lugar há uma combinação essa região tem características climáticas e de
e, para fazer única e inimitável de clima e de solo, e se a solo que a tornam similar. A primeira etapa é
isso somamos a interpretação do produtor, dizer tudo o que está dentro dessa indicação
uma boa encontramos algo ainda mais único. Estou geográfica que tem clima e solo similar, mas
viticultura, convencido de que o futuro é o lugar e que não há limitações quanto à forma de produzir.
é preciso o Vale de Uco tem lugares de nível mais alto
do mundo. Há características climáticas e de Hoje vemos muitas vinícolas sul-americanas
estar perto solo que dão identidade e personalidade para experimentando com variedades e com locais
do vinhedo, fazer vinhos que podem chegar à primeira inusitados, o que pensa disso?
conviver com liga mundial. Vai levar tempo e trabalho para
mostrar, mas hoje o que está acontecendo é
É bom o que está acontecendo. Se olhar para
os anos 1990, ali tudo se padronizou. Era o
ele realmente interessante. Temos que seguir tra- oposto a isso. Fazíamos vinho em Mendoza
balhando para conseguir essa precisão e não com Malbec como se fazia com Cabernet em
esquecer que não há lugar sem gente, e não Bordeaux. E isso aconteceu em todo o mun-
há gente sem lugar. É muito importante a in- do. E agora estamos em uma fase de resposta
terpretação de quem faz o vinho, e cada vinho a essa mensagem, em que aparecem coisas
tem que contar três histórias: do lugar, do pro- extremas. Hoje estamos buscando o limite,
dutor e do ano. e essa é a busca que temos na Argentina. A

18 ADEGA >> Edição 164


fronteira sul está se estendendo, estamos cul-
tivando cada vez mais perto do mar, na mon-
tanha estamos subindo cada vez mais. Mas
isso representa 1% da viticultura, é algo muito
pequeno, mas para mim está bom.

O que acha que deve permanecer disso?


É preciso olhar o vinho em gerações, com o
tempo vai ficar o que realmente tenha peso e
valor suficiente para poder se sustentar. Creio
que precisamos aprender que nem sempre
o mais extremo é o melhor. Mas é um mo-

fotos: divulgação
vimento lindo recuperar variedades que es-
tavam sendo perdidas, isso é parte do nosso
patrimônio, isso aporta à diversidade. E vai fi-
car só o que tenha profundidade. Tenho meu
projeto e a filosofia que quero fazer vinhos
que estão perto da minha casa, pois creio na
viticultura e, para fazer uma boa viticultura, é
preciso estar perto do vinhedo, conviver com
ele. Acredito na profundidade. Este é um mo-
mento muito excitante, mas vai decantar. Há
coisas que vão seguir e coisas que não.

Que vinhos lhe inspiraram em sua época de colheitas


pelo mundo?
Seria injusto nomear um apenas. Gosto de
provar coisas. Há lugares que me ajudaram a
entender o respeito pelo lugar e a profundida-
de, e também me ajudaram a entender como
a interpretação de um lugar é a chave. Em Ba-
rolo e Borgonha, que são a “meca do lugar”,
todos deveríamos comprar vinho pelo lugar,
mas termino comprando vinho por produtor.
Prefiro tomar um Village de um produtor e
não um Grand Cru de outro, então comecei
a entender que a interpretação é muito impor- Malbec não foi um plano de marketing. A
tante. Gosto do olhar dos produtores sobre es- outra grande virtude é que ela é muito trans- Fui do
ses lugares. Estou convencido que a Argentina parente e, para mim, a variedade se adapta aos vinhedo à
pode estar no nível dos melhores lugares do lugares quando deixa ver o lugar, deixa ver o
mundo e é uma questão de trabalho e tempo. que tem por trás. Creio que há outras boas va-
vinícola,
riedades, mas o melhor veículo é a Malbec. o que para mim
E a interpretação do lugar pela Malbec? Não me interessa vender Malbec, mas San é o trajeto mais
Creio que a variedade é o veículo para expres- Pablo feito com Malbec, Altamira feito com
sar o lugar. E a Malbec é um veículo maravi- Malbec, ou em um nível mais baixo, Malbec lógico e
lhoso para expressar os nossos lugares. Primei- de um lugar. Mas sempre com essa união in- natural
ro porque se adapta bem, e isso está provado divisível da variedade e do lugar, e, nos rótulos
por gerações e gerações de produtores, pois mais altos, do lugar e da variedade.

Edição 164 >> ADEGA 19


Sopa de Pedras
por CHRISTIAN BURGOS

No dia 26 de abril, fizemos quase um lados. O chef Germán Martitegui explicou números da gestão da vinícola. Nosso outro
bate-volta a Mendoza para participar, no que as pessoas costumam comer as partes prato favorito foi preparado pelo chef Mauro
Vale de Uco, do almoço “Diez Manos”, do cordeiro separadamente, mas quando Colagreco, premiado chef do restaurante
conduzido por cinco dos melhores ele coloca no espeto em camadas e, corta Mirazur na França: um cordeiro braseado
chefs argentinos: Narda Lepes, Mauro verticalmente, saboreamos vários pedaços, e caramelizado com guarnição de cebolas,
Colagreco, Germán Martitegui, Guido sabores e texturas de uma única vez. Em tâmaras, nozes e um purê de batatas e
Tassi e Fernando Trocca. O evento que já vez de em um pão, a carne era acomodada marmelo harmonizado com Piedra Infinita
aconteceu em Londres, Zurique, Paris, numa concha de folhas crocantes de 2015, nosso vinho do ano em 2018. Ao
Menton (França), Buenos Aires e José alface e recebia o molho de queijo e ervas meu lado, o chef Hugo Soca, uma estrela
Ignacio (Uruguai), ocorreu pela primeira da horta orgânica. Uma maravilha para televisiva e autor de livros gastronômicos,
vez em Mendoza a convite da família comer com a mão enquanto se caminhava apontou sabiamente que, neste prato,
Zuccardi, para sua Latinoamérica Cocina. no gramado entre os vinhedos. O mesmo sentíamos o coração do chefe e não
José “Pepe” Zuccardi explicou que “o valeu para os tempuras de abobrinha com apenas a técnica – e que as pessoas têm a
vinho existe para a mesa. Nossos vinhos misô de alioli, que saiam de um caldeirão capacidade de sentir no garfo quando isso
são elaborados para capturar a essência de ferro no pátio para as travessas, e acontece.
de sua origem, assim como o melhor da eram polvilhados com queijo ralado. As O lindo conto “A sopa de pedras” foi
cozinha da América do Sul, que unimos e pessoas os pegavam com as mãos numa o fio condutor entre os vinhos de SebaZ
compartilhamos com nossos amigos hoje harmonização impecável com uma taça de (como é conhecido carinhosamente
aqui em Piedra Infinita Cuccina”. O evento Fósil Chardonnay San Pablo 2018. Sebastián Zuccardi) e o amor por cozinhar
contou com 100 pessoas em torno da boa Depois fomos à mesa, com lugar para e compartilhar a comida. Um ato capaz
mesa e grandes vinhos. 100 pessoas, montada ao ar livre, onde de transformar qualquer dia em um dia
A cozinha foi ao campo e no campo, tive a oportunidade de sentar próximo à especial, sobretudo quando terminamos de
uma grelha vertical circular queimava lenha senhora Emma Zuccardi, a matriarca da almoçar com um deslumbrante pôr do sol
e assava o espeto de cabrito por todos os família, que ainda guarda de cor todos os nos Andes.

20 ADEGA >> Edição 164


fotos: divulgação
VINHOS
AVALIADOS AD 95 pontos
POLIGONOS DEL VALLE DE UCO SAN PABLO MALBEC 2017
Zuccardi, Mendoza, Argentina (Grand Cru R$ 275).
AD 95 pontos Tinto elaborado exclusivamente a partir de uvas
ALUVIONAL PARAJE ALTAMIRA 2016 Malbec advindas de vinhas plantadas na parte com AD 97 pontos
Zuccardi, Mendoza, Argentina maior incidência de calcário do vinhedo de San Pablo, FINCA PIEDRA INFINITA GRAVASCAL 2016
(Grand Cru R$ 840). Tinto elaborado no vale do Uco, fermentado em tanques de concreto Zuccardi, Mendoza, Argentina
exclusivamente a partir de uvas sem leveduras adicionadas. Tenso e vibrante, essa é (Grand Cru - não disponível). Tinto
Malbec advindas de Altamira, uma interpretação mais fluida e firme da cepa. Mostra elaborado exclusivamente a partir
com fermentação em tanques de frutas vermelhas crocantes, taninos granulados e de de uvas Malbec advindas de uma
concreto sem adição de leveduras fina textura e, principalmente, acidez penetrante, pequena parcela de quase dois
e, posterior, estágio do vinho em tudo envolto por notas florais, de ervas, de especiarias hectares na Finca Piedra Infinita,
tanques de cimento e em barris doces e de tinta nanquim. Álcool 13%. EM em Altamira, no vale do Uco, de
usados de carvalho. Um ótimo solos de pedras erodidas e cobertas
retrato da safra e do lugar, mostra de calcário, com fermentação em
perfil de frutas vermelhas e negras tanques troncocônicos de concreto
mais frescas acompanhadas de sem epóxi e sem adição de leveduras
notas defumadas e florais. Tem final e posterior estágio em tanques de
cheio e persistente, com toques cimento e em barris usados de 500
salinos e de giz. Austero e linear, litros. Em comparação ao Supercal,
é um ótimo exemplo de harmonia esse vinho é mais austero, duro,
entre compactação e profundidade. mas ao mesmo tempo refinado.
Álcool 13,5%. EM Impressiona pela profundidade
e pela textura de taninos, que se
fincam na língua como garras, tudo
AD 94 pontos permeado por gostosa e vibrante
CONCRETO MALBEC 2017 acidez. Álcool 14%. EM
Zuccardi, Mendoza, Argentina
(Grand Cru R$ 369). Tinto
elaborado exclusivamente a partir
de uvas Malbec advindas de Paraje AD 97 pontos
Altamira, com fermentação em FINCA PIEDRA INFINITA SUPERCAL 2016
cachos inteiros, sem leveduras Zuccardi, Mendoza, Argentina
adicionadas (espontânea) em (Grand Cru - não disponível). Tinto
tanques de concreto (daí seu nome) elaborado exclusivamente a partir
e sem passagem por madeira. de uvas Malbec advindas de uma
Correspondendo ao ano, mostra pequena parcela de meio hectare na
perfil de fruta mais exuberante Finca Piedra Infinita, em Altamira, no
e com mais volume de boca, vale do Uco, de solos arenosos com
mantendo o frescor e a textura fundo calcário, com fermentação em
nervosa e granulada dos taninos, tanques troncocônicos de concreto
que trazem vibração e sustentação sem epóxi e sem adição de leveduras
ao conjunto. Uma delícia de vinho, e posterior estágio em tanques de
que se bebe perigosamente fácil. cimento e em barris usados de 500
Álcool 14%. EM litros. Comparado ao seu irmão mais
novo, Piedra Infinita, esbanja fruta
de qualidade, acompanhada de
AD 96 pontos notas florais e de ervas, mas tudo
FINCA PIEDRA INFINITA 2016 mostrado de modo refinado, com
Zuccardi, Mendoza, Argentina (Grand Cru R$ 1.189). Tinto muito frescor, taninos firmes e de
elaborado exclusivamente a partir de uvas Malbec cultivadas excelente textura, acidez vibrante e
em solos com grande proporção de calcário, na Finca Piedra final nítido e profundo, com toques
Infinita, em Paraje Altamira, vale do Uco, com fermentação de giz e de cerejas. Álcool 14%. EM
em tanques troncocônicos de concreto sem epóxi e sem
adição de leveduras (somente leveduras indígenas) e posterior AD 94
estágio em tanques de cimento e em barris usados de 500 FÓSIL 2017
litros. Impressiona pela pureza e nitidez da fruta acompanhada Zuccardi, Mendoza, Argentina (Grand Cru R$ 600). Branco elaborado
de acidez e excelente textura de taninos, tudo num contexto exclusivamente a partir de uvas Chardonnay advindas de um vinhedo
de profundidade, ótimo meio de boca e persistência. Um em San Pablo, no vale do Uco, com estágio sobre as lias em ovo de
vinho intrigante e sedutor, que marcha pela boca com força e concreto de 2 mil litros. O resultado é um vinho exuberante em todos os
foco, preenchendo todo o caminho por onde passa. Alia com aspectos, desde a fruta tropical madura de ótima qualidade, passando por
maestria força e finesse. Álcool 14,5%. EM sua textura cremosa até sua profundidade, tudo num contexto de muita
nitidez, austeridade e um final com toques salinos. Álcool 13,5%. EM

22 ADEGA >> Edição 164


a expressão
singular
da campanha
gaúcha.
1DEXVFDSHORPHOKRUHTXLOtEULRHQWUHDV
YDULHGDGHV0DUVHODQH7DQQDWRWLQWR&DPSDQKD
WUD]HOHPHQWRVFRPRMRYLDOLGDGHDFLGH]HOHYH]D
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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Debutantes
Douro Boys comemoram 15 anos com leilão de cuvée especial
Para celebrar os 15 anos do 2017 e o Douro Boys Vintage
surgimento do grupo Douro Port 2017 serão leiloadas tal
Boys, formado em 2003 por como aconteceu com as duas
João Ferreira Álvares Ribeiro, cuvées anteriores (2005 e 2011)
Jorge Roquette, Dirk van der e o licitador britânico Peter
Niepoort, Cristiano Van Zeller
e Vito Olazabal, cada um
Mansell (especialista de vinhos
da Christie’s em Londres) irá
RR com
deles “sacrificou” a sua melhor
barrica de vinho tinto e a sua
novamente conduzir as vendas.
Tanto a Cuvée do vinho
Champagne
melhor pipa de Porto Vintage tinto como a do Porto Vintage
Rolls-Royce lança acessório de luxo
do excepcional ano de 2017 são engarrafadas exclusivamente A Rolls-Royce apresentou um baú de
para criar uma cuvée especial em magnums e serão leiloadas Champagne de R$ 185 mil que vem
que será leiloada em lotes no em lotes de diversos tipos. com quatro taças inspiradas no motor
dia 10 de outubro deste ano. Muitos vão incluir ainda V12, duas caixas térmicas para caviar,
Após longas provas, os algumas raridades das caves dois porta-copos, duas colheres de
produtores criaram cuvées dos Douro Boys, ou também caviar de madrepérola e uma cápsula de
extraordinárias de vinhos tintos experiências privadas com os canapé. O baú é a mais recente adição
e Porto Vintage com as barricas produtores, estadias em hotéis, ao portfólio de acessórios da Rolls-
selecionadas da Quinta do ou degustações. O prazo de Royce, em uma gama que também
Vallado, Quinta do Crasto, inscrição para os licitantes inclui um umidificador de charutos,
Niepoort, Quinta Vale D. por telefone e para entrega de tapete de lã de carneiro, cesta de
Maria e Quinta do Vale Meão. ofertas por escrito termina em piquenique e guarda-sol.
Garrafas do Douro Boys Cuvée 25 de setembro. O baú é feito de alumínio e fibra
de carbono, revestido com couro preto
e carvalho Tudor, espelhando-se nos
materiais usados nos carros da Rolls-
Royce. “Naturalmente, se alguém quiser
criar uma forma personalizada de cores,
será possível”, diz o comunicado da
marca.
O baú se abre com o toque de um
botão para revelar uma bandeja de
madeira com uma peça de aço inoxidável
cortada a laser. Ela contém quatro
taças de cristal sopradas manualmente,
inspiradas no motor V12, cada uma
ostentando uma base de alumínio polido
gravada com “RR”. Também estão
incluídos quatro guardanapos bordados,
duas redes de couro vermelho para
segurar copos ou tigelas. O baú, que se
acende quando aberto, está disponível nas
concessionárias da marca.

24 ADEGA >> Edição 164


Erro de R$ 20 mil
Garçom serviu Le Pin no lugar de Pichon Lalande

Imagine que você vai a um Pois um cliente da filial de Manchester do restaurante


restaurante de renome, em Hawksmoor foi acidentalmente servido com uma garrafa
Manchester, Inglaterra, e para de Château Le Pin 2001 em vez do Château Pichon
acompanhar sua refeição, solicita Longueville Comtesse de Lalande 2001. A questão
uma garrafa de Château Pichon é que o Le Pin custa cerca de R$ 22.500 na carta do
Longueville Comtesse de Lalande estabelecimento. Depois do incidente, o restaurante
2001. Definitivamente não é um publicou em suas redes sociais a seguinte mensagem:
vinho qualquer, mas um grande vinho de “Para o cliente que acidentalmente recebeu uma
Pauillac, que, no menu do estabelecimento, garrafa de Château Le Pin Pomerol 2001, de £ 4.500
custa em torno de R$ 1.300. No entanto, no nosso cardápio, ontem à noite – esperamos que você
na hora de servir, o garçom lhe traz um outro tenha aproveitado sua noite! Para o membro da equipe
vinho que não o solicitado, mas o erro passa que acidentalmente lhe deu a garrafa, ‘cabeça erguida’,
e você termina a refeição, paga a conta e vai erros pontuais acontecem e nós amamos você de
embora, sem que ninguém do restaurante se dê qualquer maneira”.
conta do equívoco. Não se sabe se o restaurante percebeu o erro
Se fosse uma garrafa de um vinho mais durante o jantar ou somente após e tampouco se sabe
barato, você teria se incomodado? Você teria se o cliente também percebeu. Mas a leve pitada de
alertado o garçom? E se fosse de um vinho mais sarcasmo na postagem do restaurante dá a entender que
caro? O que você faria? Deixaria passar? Ou você talvez o cliente apenas “tenha deixado passar”. Se fosse
é tão distraído que sequer notaria a diferença? você, o que faria?

Ladrões de bom gosto


Mais de R$ 500 mil (em vinho) foram roubados de vinícola na Borgonha

No dia 9 de maio, as caves do Domaine A lista de vinhos surrupiados conta


Forey foram roubadas. Régis Forey, com 998 garrafas convencionais, nove
dono da propriedade, afirmou estar “de magnums e 43 jeroboams, tudo com
coração partido”, após ver que mais valor de mercado de mais de R$ 500
de mil garrafas de sua coleção foram mil, pois incluem uma série de garrafas
levadas pelos ladrões. de grande formato de safras mantidas na
Foram roubados dois palets de biblioteca da vinícola.
vinho, incluindo grandes quantidades Um dos seus importadores no
de vinhos 2017 do Premier Cru Les Reino Unido, L’Imperatrice, afirmou:
Gaudichots Vosne-Romanée, Grand “As garrafas roubadas eram das mais
Cru Échezeaux e Grand Cru Clos de raras da propriedade, incluindo
Vougeot. Os ladrões também levaram muitos jeroboams. Além dos danos
exemplares de Vosne-Romanée Premier econômicos, o custo incluiu o trabalho
Cru Les Petits Monts, Nuits-Saint- que foi feito para produzir esses vinhos, no comércio de vinho fiquem
Georges Premier Crus Les Saint- a visão e a paciência de guardá-los por atentas caso recebam ofertas das
Georges e Les Perrières, Morey-St-Denis mais de 20 anos”. garrafas roubadas e relatem qualquer
Premier Cru, assim como vinhos Importadores de vinhos Forey suspeita às autoridades. Uma lista dos
Village de Nuits-Saint-Georges e Vosne- mundo afora, mas especialmente vinhos roubados foi divulgada pelos
Romanée. na Europa, esperam que as pessoas importadores na internet.

Edição 164 >> ADEGA 25


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Adeus ao combatente
André Lurton, uma das grandes personalidades de Bordeaux, faleceu

Em meados de maio, aos 94 combates na Alsácia. Anos mais


anos, morreu André Lurton, um tarde, tornou-se colecionador de
dos grandes nomes de Bordeaux. veículos de guerra.
Entre suas realizações, Lurton Ele se juntou a seu pai, François
desempenhou papel central na Lurton, na vinícola, depois da
criação da denominação de origem guerra, aos 21 anos. Depois de
de Pessac-Léognan, que surgiu em herdar Bonnet, com o sucesso, Em sua trajetória, Lurton foi
1987, após vários anos de lobbies e Lurton expandiu para o que prefeito de Grézillac, diretor do CIVB
disputas burocráticas. era então Graves, comprando o (Conseil Interprofessionnel du Vin
Nascido em 1924, Lurton Château La Louvière em 1965. de Bordeaux) por 20 anos – de 1966
expandiu significativamente os Dois anos depois, começou a a 1986 – e presidente do sindicato
negócios da família depois de arrendar vinhas no Château de produtores de vinho de Pessac e
herdar o Château Bonnet, em Couhins e posteriormente comprou Léognan, de 1980 a 1987, quando
1953, em Grezillac. Antes, porém, os vinhedos para criar o Château se tornou a AOC Pessac-Léognan.
participou da II Guerra Mundial, Couhins-Lurton em 1970. A Vários dos sete filhos de Lurton,
na qual atuou na Resistência Vignobles André Lurton hoje tem principalmente Christine, François
Francesa e depois se juntou ao 600 hectares de videiras em grande e Jacques, construíram suas próprias
exército francês para ajudar nos parte do sul de Bordeaux. carreiras de sucesso no setor de vinhos.

Prejuízo para colecionadores


Dono de armazém de vinhos admitiu ter roubado seus clientes

Segundo o juizado de Maryland, Holder roubava os


nos Estados Unidos, William colecionadores de vinho em sua
Lamont Holder, de 54 anos, propriedade no Safe Harbor Wine
roubou entre US$ 550 mil Storage, um armazém de vinhos.
e US$ 1,5 milhão de vinho Ele era pago para armazenar
de seus clientes, que os vinhos dos clientes, mas, na
eram principalmente verdade, estava tentando vender
colecionadores e empresas suas garrafas para varejistas de todo
privadas, durante um o país. Depois que os compradores
período de cinco anos. selecionavam as garrafas que
Ele foi sentenciado a queriam, Holder embalava e
18 meses de prisão enviava o vinho e as informações
depois de se declarar da sua conta bancária. O dinheiro,
culpado da acusação obviamente, ele usava em suas
de fraude. despesas pessoais.

26 ADEGA >> Edição 164


Cada garrafa,
uma história.
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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Tesouro
nacional privatizado
Vinícola histórica da Crimeia, Massandra,
pode ser vendida

Autoridades da Crimeia disseram que pretendem pela Rússia em 2014. Autoridades da União Europeia
privatizar a vinícola Massandra, que já foi uma disseram, em uma nota de julho de 2014, que os
das favoritas dos czares russos. No entanto, um ativos de Massandra haviam sido “transferidos em
importante produtor de vinhos decidiu sair da desrespeito à lei ucraniana”. Em 2015, autoridades da
disputa e qualquer tentativa de venda provavelmente Ucrânia acusaram Massandra de leiloar ilegalmente
enfrentará protestos da Ucrânia. vinhos antigos que faziam parte do patrimônio
As especulações sobre potenciais compradores nacional ucraniano.
para Massandra foram feitas depois que Vladimir O valor de Massandra foi estimado entre US$ 180
Konstantinov, chefe do parlamento da Crimeia, disse e 250 milhões, de acordo com relatórios. Um dos
que havia planos para privatizar a vinícola fundada em possíveis licitantes seria Boris Titov, um empresário
1894 e que possui uma das maiores coleções de vinhos cuja família possui a maior adega da Rússia, a Abrau-
do mundo. Assim, um processo de licitação está sendo Durso. No entanto, um porta-voz disse que a empresa
esperado para outubro e novembro deste ano. não estava interessada.
O controle de Massandra foi recentemente passado Outros possíveis licitantes seriam os bilionários
do governo russo para as autoridades da República Arkady Rotenberg e Yuri Kovalchuk, embora seus
da Crimeia. No entanto, qualquer tentativa de interesses não tenham sido confirmados. Kovalchuk
privatização provavelmente deixaria comprou a vinícola Novy Svet da Crimeia
os ucranianos furiosos e poderia no final de 2017 via Rossia Bank, no qual
acarretar sanções ao comprador. ele tem uma participação majoritária. No
O governo da Ucrânia entanto, qualquer acordo para a aquisição
administrou Massandra de Massandra poderia representar riscos em
anteriormente, mas perdeu o termos de sanções para o comprador, o que
controle após a anexação da Crimeia parece estar afastando possíveis interessados.

28 ADEGA >> Edição 164


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Constantia
em Bordeaux
Vin de Constance da Klein Constantia será
distribuído por negociantes de Bordeaux
Um dos vinhos doces mais emblemáticos do mundo,
o Vin de Constance da vinícola Klein Constantia,
tornou-se o primeiro vinho sul-africano a aderir
ao mercado de négociants de Bordeaux, com
distribuição pela CVBG (Compagnie des Vins de
Bordeaux e de la Gironde), Duclot Export
e Maison Joanne.
A safra de 2016 estará disponível nos três
négociants a partir de 1º de setembro deste ano.
Este movimento faz parte dos planos da Klein
Constantia dar um perfil internacional ao Vin de
Constance, que foi considerado um dos grandes
vinhos do mundo nos séculos XVII e XIX, quando
era conhecido apenas como Constantia.
Hans Anstrom, diretor da Klein Constantia, disse
que a distribuição de Vin de Constance
Música para Merlot
Château Palmer está testando
no meercado de Bordeaux deve aumentar
caixa de música no vinhedo
ainda mais sua nobreza. A Klein
Consttantia faz parte da propriedade O Château Palmer, uma das principais
origin
nal de Constantia concedida propriedades de Bordeaux, vem
ao comandante da Cidade do Cabo, experimentando uma caixa de música para
Simon van der Stel, em 1685. testar a teoria de que as ondas sonoras podem
A produção do vinho cessou com ajudar as videiras a florescer. De acordo com
a ecloosão da filoxera na África do Sul o CEO da vinícola, Thomas Duroux, a ideia é
entre meados e finais do século XIX, fazer um período de experiência de três anos.
mas reviveu na década de 1980, O experimento é baseado em uma teoria e
quando a Klein Constantia método idealizados pelo físico e músico francês
foi remodelada, com 1986 Joel Sternheimer nos anos 1980. Sternheimer
marcando a primeira safra do alega que diferentes notas musicais, ou sons em
“novo” Vin de Constance. comprimentos de onda variados, podem afetar
O Vin de Constance foi um a síntese de proteínas em plantas. O estudo foi
dos preferidos de Napoleão publicado em 1994 pela revista New Scientist.
Bonaparte, que, segundo relatos, O Château Palmer, que é adepto da cultura
consumia uma garrafa por dia biodinâmica, instalou uma caixa de som para
durante seu exílio em Santa emitir “vibrações cuidadosamente calibradas”
Helena. O vinho também sobre vinhas de Merlot especificamente
estaria entre os preferidos de selecionadas. “Usar diferentes tipos de som na
Jane Austen e Charles Dickens, vinha pode ter um benefício no florescimento
além de aparecer nas obras de e crescimento vegetativo, mas também pode
Alexandre Dumas e ajudar a controlar doenças, como a Esca ou o
Charles Baudelaire. míldio”, disse Duroux.

30 ADEGA >> Edição 164


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Pressão reduzida
Resveratrol pode desempenhar papel fundamental
na redução da pressão arterial

Um estudo de pesquisadores do King’s College que o resveratrol e outros “antioxidantes” podem


London, publicado na revista médica Circulation, da realmente ajudar, adicionando oxigênio. “Nossas
American Heart Association, e financiado em parte descobertas questionam a ideia de ‘antioxidantes’.
pela British Heart Foundation, testou o resveratrol Achamos que pode ser a mesma vertente para
(composto presente no vinho) em camundongos muitas outras drogas e compostos que atualmente
com pressão alta, e observou seus efeitos. Os consideramos antioxidantes”, apontaram.
pesquisadores descobriram que o Essa descoberta pode
resveratrol – compo osto presente no levar a uma mudança
vinho – reduziu a pressão
p na compreensão de
arterial nos ratos. como o resveratrol
E eles também funciona, e os
registraram como pesquisadores
isso ocorreu. acreditam que
“Mostramos suas descobertas
que, sob podem ajudar
condições a criar novos e
que refletem aprimorados tratamentos
doenças cardíacas para pressão alta.
e circulatórias, Embora o estudo tenha
o resveratrol age sido realizado em camundongos,
como um oxidante os pesquisadores sugerem que os
para baixar a pressão resultados seriam semelhantes em
arterial”, escreveram
m os humanos, pois o resveratrol pode atuar
pesquisadores. Ou seja,
s eles viram no mesmo caminho nas células humanas.
que o resveratrol addicionava oxigênio “O próximo passo será alterar o resveratrol, ou
às proteínas, o que significava
i ifi que desenvolver novas drogas que visem esse caminho,
os vasos sanguíneos se expandiam, para ajudar a baixar a pressão arterial”. Infelizmente,
permitindo que a pressão diminuísse. os pesquisadores apontam que beber vinho não parece
Esse achado é particularmente interessante ser a melhor maneira de tirar essas propriedades do
porque o resveratrol é frequentemente elogiado por resveratrol, pois, para conseguir diminuir a pressão
suas propriedades antioxidantes – e, lembremos que arterial é preciso consumir o equivalente a mais de
antioxidantes teoricamente deveriam atuar de forma 1.000 garrafas de vinho por dia, o que certamente não
oposta ao que foi verificado. Mas o novo estudo sugere é uma dose recomendada.

32 ADEGA >> Edição 164


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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Mudança
repentina na Viúva
Segundo relatos, Dominique Demarville
deixará Veuve Clicquot no fim do ano
Se há um trabalho no mundo Perrier desde 1973 e, como
do vinho em que costuma chefe de cave, desde 2004.
haver pouca rotatividade – a “É uma escolha pessoal,
maioria dos que trabalham tomada em total acordo com
tendem a passar uma vida a LVMH, a quem agradeço
nele – é o de chef de cave muito por sua confiança. Eu
em Champagne. Muito do me diverti muito todos esses
porquê dessa longevidade anos mantendo a qualidade
deve-se ao fato de esse e o estilo de Veuve Clicquot
tradicional espumante francês no melhor nível. Agradeço a
ser um blend complicado todos os meus antecessores,
de variedades e safras que especialmente Jacques Peters,
resultam no estilo de uma que me transmitiu tantas
marca. Para adquirir esse coisas. E agradeço a Jean-
feeling, é preciso treino e, Marc Gallot, presidente da
para mantê-lo, é preciso Veuve Clicquot, e aos outros
persistência. Portanto, mesmo presidentes antes dele, por
em empresas seculares, há seu forte apoio”, afirmou
poucas trocas de chef de cave Demarville.
– considerado muitas vezes A posição de chef
um emprego para a vida. de cave Veuve Clicquot
No entanto, ao que é tradicionalmente um
parece, a Veuve Clicquot, “trabalho para a vida”.
uma das marcas mais Demarville, com 53
conhecidas de Champagne, anos, é apenas o sexto no
terá uma nova troca em cargo desde 1890 e seus
menos de 15 anos. Segundo cinco predecessores já se
relatos, Dominique aposentaram, três deles
MUDANÇAS BRUSCAS Demarville está deixando a passando mais de 40
A transferência de Demarville
não é a primeira notícia sobre empresa no final do ano para anos na posição. Antes de
mudanças repentinas em grandes assumir o mesmo cargo na entrar na Veuve Clicquot,
casas de Champagne nos últimos tempos. Laurent-Perrier. Demarville, Demarville trabalhou na
Em setembro do ano passado, o recém-
nomeado chefe de cave da Piper Heidsieck, foi contratado para substituir G.H. Mumm por cerca de
Séverine Frerson deixou o cargo depois de Jacques Peters, aposentado, 12 anos. “Só há 50 chefs de
apenas poucas semanas. Ele foi chamado em 2006, e agora foi cave em Champagne. É o
para substituir Hervé Deschamps, que
se aposenta como chef de cave de
escolhido por Laurent-Perrier emprego definitivo. É uma
Perrier-Jouët. Deschamps trabalha pois seu chef de cave, Michel comunidade muito pequena”,
na Perrier-Jouët desde 1983, e Fauconnet, também está se Demarville chegou a dizer
é enólogo principal desde aposentando. Fauconnet, de em entrevista para ADEGA
1993.
67 anos, trabalha na Laurent- no ano passado.

34 ADEGA >> Edição 164


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Queda na África
Espera-se que a safra de 2019 da
África do Sul seja a menor dos
últimos 14 anos

A safra de 2019 da África do Sul deve ser a menor


desde 2005, com volumes projetados de pouco
mais de 1,2 milhão de toneladas de uvas. Isso
representa uma queda de 1,4% em relação a 2018,
segundo a consultoria Vinpro, que disse ter sido
um ano difícil devido aos efeitos da seca e, em
seguida, do tempo úmido no final da temporada.
“A seca persistiu durante o período pós- Luz biodinâmica
colheita, o que significou que muitos produtores Château d’Yquem vai se converter
não puderam aplicar a irrigação crucial após à agricultura biodinâmica
a colheita”, disse Francois Viljoen, gerente de
serviços da Vinpro. “Com isso, as folhas caíram O proprietário do Château d'Yquem, Bernard Arnault,
cedo e as videiras não conseguiram acumular as anunciou que a propriedade mais celebrada de
reservas necessárias para transportá-las durante Sauternes, será submetida à conversão para a viticultura
a temporada, o que afetou o crescimento e o biodinâmica. Ele disse ainda que outra propriedade sua,
florescimento das bagas”. Cheval Blanc, também pode seguir o exemplo.
Stellenbosch estava entre as regiões mais Durante a Vinexpo, Arnault disse que as
atingidas em termos quantitativos juntamente propriedades estão em estágios muito avançados da
com Klein Karoo, além do Rio Olifants. Mas, a agricultura biológica e o objetivo era converter a
empresa afirmou que houve otimismo em torno da totalidade à biodinâmica com o tempo. “Nos últimos
qualidade de 2019 em várias regiões. anos, Yquem tomou medidas decisivas para alcançar
Jacques de Klerk, diretor da Radford Dale, um nível de viticultura totalmente orgânico e, em
disse que em Stellenbosch “houve colheitas muito breve, biodinâmico”, apontou.
pequenas de Chardonnay este ano. Mas, foi um Atualmente há uma parcela “experimental” de
ano ótimo para Chenin Blanc”. Houve também cerca de 50 hectares sendo tratada biodinamicamente.
confiança em Swartland. “Pequenos cachos e Já Cheval Blanc, que também pode ser convertido em
bagas novamente significaram muita concentração biodinâmico, parece estar um pouco mais distante, pois
e os vinhos estão cheios de sabor”, disse de Klerk. o gerente da propriedade, Pierre Lurton, disse que havia
apenas uma tentativa devido ao perigo do míldio.
No momento, há vários Châteaux proeminentes
em Bordeaux sendo cultivados organicamente ou
biodinamicamente. O Château Latour, por exemplo,
tornou-se certificado como totalmente orgânico. Em
Sauternes, o Château Guiraud é biodinâmico, assim
como Palmer em Margaux e Pontet-Canet em Pauillac.
Muitos, porém, veem o possível movimento de
Yquem com ceticismo depois dos relatos de que
Palmer e Pontet-Canet sofreram perdas enormes
em 2018 devido a problemas fúngicos. Segundo
eles, a biodinâmica seria uma prática muito
arriscada na região.

36 ADEGA >> Edição 164


compra segura
vai muito além
do cadeadinho
SELEÇÃOADEGA.COM.BR
Aqui todos os vinhos foram bem avaliados por Robert Parker,
ADEGA, Descorchados ou Wine Spectator

ORCHAD ORCHAD
SC SC

93 95
OS

OS
DE

DE

RP

pts pts 92
pts

AD AD AD

92
pts
92
pts
92
pts

2 HFRPPHUFH RāFLDO GD UHYLVWD ADEGA


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Ajuda recebida
Coleção especial de Mouton para ajudar a restaurar o castelo
de Versalhes arrecadou US$ 2,7 milhões

O Château Mouton Rothschild criou Catherine Pégard, presidente do Museu e


uma coleção especial de rótulos à qual Patrimônio Nacional de Versalhes, comentou:
denominou “Versailles Celebration”, “Estamos muito felizes com os resultados
com apenas 75 unidades. A caixa dos leilões, e os recursos arrecadados para a
continha vinhos das safras 2005, 2007, restauração de Versalhes serão usados para
2009, 2010 e 2013. A coleção foi toda a renovação dos apartamentos reais e certas
leiloada pela Sotheby’s em três datas fontes no Grand Trianon”.
e locais diferentes e a arrecadação foi Philippe Sereys de Rothschild, presidente
destinada à restauração do palácio de e CEO da Barão Philippe de Rothschild,
Versalhes, na França. A última venda, acrescentou: “Estou muito satisfeito com
de 25 caixas, ocorreu em Nova York, e, os resultados dos três leilões e, junto com
ao todo – somando as vendas de Hong Versalhes, estamos orgulhosos de ter
Kong e Londres – angariou-se conseguido doar o produto da venda de
US$ 2,7 milhões. Londres para o esforço de reconstruir Notre-
Enquanto a maior parte vai para Dame após os trágicos acontecimentos em
reformas no histórico palácio francês, Paris. Minha família e eu temos o prazer de
os lucros da venda de Londres estão poder celebrar alguns dos maiores artistas
sendo usados para a restauração da contemporâneos do mundo através desta
catedral de Notre-Dame de Paris caixa especial. Estamos ansiosos para celebrar
após seu incêndio recente. com todos os licitantes bem-sucedidos no
Jantar de Gala de Versalhes em setembro”.
Jamie Ritchie, diretor mundial
da Sotheby’s, disse: “Ficamos muito
satisfeitos em fazer parceria com
Château Mouton Rothschild e o Palácio
de Versalhes para angariar fundos
importantes para a restauração de duas
importantes instituições francesas. Nossas
vendas de leilão de vinhos no primeiro
semestre totalizam mais de US$ 62
milhões, 20% a mais do que em qualquer
outro semestre anterior. Estamos ansiosos
para continuar neste ano”.

38 ADEGA >> Edição


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Fim do boom
Argentina vê queda na exportação de Malbec
para os Estados Unidos nos últimos cinco anos
O mercado que ajudou a os argentinos. Já Canadá e
alavancar o boom do Malbec Brasil, o terceiro e quarto
argentino no mundo parece estar mercados, respectivamente,
arrefecendo. Segundo estatísticas se alternaram. No primeiro
do Observatório Vitivinícola, caso, houve queda de 9% “DEPENDÊNCIA
DE MALBEC”
entre 2014 e 2018, as vendas em volume e 13,2% em
para os Estados Unidos caíram valor no período analisado
A queda das vendas de
30% em volume e (2014 a 2018) e, no segundo, Malbec argentino preocupa
13,2% em valor. as exportações de Malbec as vinícolas locais, pois
Os números apresentados cresceram 19% em volume, a variedade sempre foi a
pela agência indicam que, em mas estagnaram em valor. principal bandeira do país
no exterior. Segundo o
2014, a Argentina exportou No balanço dos cinco Observatório Vitivinícola,
60,754,925 litros de Malbec e principais mercados de Malbec em 2008, as vinícolas da
hoje estão em 42,295,287 litros. argentino, vê-se diminuição em Argentina exportaram 419,2
milhões de litros de vinho
O aumento do preço médio de volume de 3%, de 91.916.400 para o mundo, dos quais
venda permitiu que a queda em a 89.024.235 litros entre 2014 63 milhões eram de Malbec
termos de valor fosse menor. Em e 2018. Um ponto a favor do (15%). Dez anos depois,
em 2018, a Argentina
2014, exportou-se um total de setor é que o Malbec obteve um exportou 275,3 milhões de
U$S 220.434.196 e, em 2018, a resultado positivo em valor em litros e 124,4 milhões foram
soma foi de U$S 191.420.026. seus cinco principais mercados. de Malbec (45%).
Esses valores são só de varietais Em 2014, foram exportados US$
de Malbec para os Estados 348.905.836 e, em 2018,
Unidos. US$ 359.608.536.
Mas, se as vendas para
a América caíram, elas
aumentaram para o Reino
Unido, o segundo maior
mercado do Malbec argentino
no mundo. Entre 2014 e 2018,
obteve-se um crescimento
de 106% no volume e 85,5%
no valor. Também a China
cresceu com 28% em volume
e 50,8% em valor. Mas o país
ainda representa pouco para

40 ADEGA >> Edição 164


+ de
1 MILHÃO
de leitores
ENOTURISMO | p o r ARNALDO GRIZZO

FACETAS
URUGUAIAS
Dicas rápidas de passeios e de rótulos
para você desfrutar do melhor que o
Uruguai pode oferecer

A
lgumas das principais regiões vitivinícolas
do Uruguai estão no sul do país, ao redor
de Montevidéu. Se pensarmos nos extre-
mos, de Carmelo até Garzón, por exem-
plo, são pouco mais de 500 quilômetros,
ou seja, as distâncias não são tão grandes e quem
quiser conhecer um pouco de tudo nas paragens uru-
guaias, pode fazer isso em relativamente poucos dias.
ADEGA, portanto, fez uma lista de dicas rápidas
e imperdíveis para quem pensa em desfrutar do me-
lhor do enoturismo no nosso vizinho e, além disso,
ainda fez uma seleção de excelentes rótulos dos mais
variados estilos (quem disse que no Uruguai só há
Tannat?). Confira.

46 ADEGA >> Edição 164


foto: divulgação

Edição 164 >> ADEGA 47


Bodega Alto de la
Ballena
Os vinhedos da Bodega Alto de la
Ballena podem ser vistos do alto
de uma colina, em um terraço de
madeira coberto, onde os visitantes
são recebidos para uma degustação
de vinhos, pães, azeite de oliva e
queijos. É de uma simplicidade
fascinante. A vinícola fica em
Maldonado, não muito distante de
Punta del Este.
https://altodelaballena.com

Bodega Los
Cerros de San Juan
Na parte oeste do Uruguai, não
muito distante de Colônia do
Sacramento, está a mais antiga
vinícola do país. Há 165 anos, a
família Lahusen veio da Alemanha
e se instalou na região. Em meio à
natureza típica do local, o prédio
em estilo colonial erguido em
1869 é um Monumento Histórico
do Uruguai. Mas o mais impres-
sionante está no subsolo com um
sistema de refrigeração de vinhos
construído de forma artesanal.
www.loscerrosdesanjuan.com.uy
La Posta de Vaimaca
No Pueblo Eden, um povoado muito
pequeno, 40 quilômetros ao norte
de Punta (próximo da Viña
Eden), esse restaurante familiar
de comida caseira é inspirado
na cultura Charrúa. A ideia é
resgatar receitas da região. No
menu, o cordeiro é a estrela, em
vários cortes e opções. As carnes
são assadas em um rústico forno
à lenha. A batata e a massa (de
produção própria) são feitas no
fogão à lenha, a poucos metros
dos fregueses. O calor do fogo e
da gente se mistura no salão.

48 ADEGA >> Edição 164


Establecimiento
Vitivinícola
Irurtia
Já em Carmelo, na costa oeste
do Uruguai, esta é uma das
maiores vinícolas do país,
pioneira na reconversão dos
vinhedos. Uma visita à sede da
empresa é como recuperar a
história vitivinícola do Uru-
guai. Os tanques de cimento,
as barricas usadas há décadas,
tudo convive com a moderni-

fotos: divulgação
zação dos processos. A família
está na quarta geração radica-
da em Carmelo.
www.irurtia.com.uy

Pousada e
Restaurante
Campotinto
Em Carmelo, essa vinícola da
família Vinganó conta com 12
quartos e mantém uma progra-
mação sedutora para os enófilos.
Oferece piquenique gourmet em
meio aos vinhedos e promove a
experiência de colher, podar e
realizar a vindima. O restaurante
é especialista em culinária italia-
na, com ingredientes produzidos
no local.
https://posadacampotinto.com

Edição 164 >> ADEGA 49


Finca
Narbona
Também na região de
Carmelo, esta vinícola
centenária foi restaurada
e hoje é dos locais mais
charmosos do oeste
uruguaio. O restauran-
te tem pratos típicos e
uma gastronomia local
influenciada pelos ingre-
dientes de cada estação.
A pousada de luxo, com
apenas cinco quartos, é
deslumbrante.
www.narbona.com.uy

Cabaña Verónica
Um dos locais para se visitar na capital uru-
guaia é a Cidade Velha, mais especificamente o
Mercado del Puerto. Dentro dele está o Cabaña
Verónica, com pratos de carne bem feitos e bem
servidos, como o carré de cordeiro. A carta de vi-
nhos, focada no Uruguai, é dividida por produtor.
www.mercadodelpuerto.com

García
Dentro de Montevidéu, há uma série de restau-
rantes interessantes, especialmente para quem
quer apreciar carnes. Uma tradicional casa de
parrilla, inaugurada em 1967, é o García. O baby
beef e o rack de cordeiro premium são pedidas
obrigatórias por lá. Mas também há ótimos pratos
com pescados e massas.
www.garcia.com.uy

50 ADEGA >> Edição 164


Café Misterio
É um restaurante bem conhecido
da capital uruguaia, com ótima
comida, indo do tradicional menu de
carnes até sushi. O dono, Juan Pablo
Clerici, costuma fazer intercâmbio
com outros cozinheiros – Rodrigo
Oliveira e Alex Atala já cozinharam
por lá. Tem ótimos pescados e frutos
do mar, além de uma excelente carta
de vinhos.

La Cocina
de Pedro
Com decoração descon-
traída e aconchegante, este
restaurante de Montevidéu
é um misto de parrilla com
frutos do mar e comida típica
uruguaia. Bom para ir à noite,
com boa comida, carta de
vinho interessante e bons
drinques. Vale experimentar
a costeleta de cordeiro com
batatas e molho de mostarda
ancienne.
http://lacocinadepedro.com.uy

Mía Bistrô
Ótimo local para
aproveitar a orla de
Punta del Este. Menu
estilo comida fusion
com pescados e sushis.
Um lugar descolado
para frequentar tanto
de dia quanto durante
a noite.
https://miabistro.com

Edição 164 >> ADEGA 51


Bodega Bouza
Com ambiente aco-
lhedor, em que você é
recebido pelos donos,
a Bouza ainda tem um
restaurante imperdível.
Vale a pena conhecer
também sua coleção de
carros antigos. Não fica
muito longe de Mon-
tevidéu e, apesar de ser
necessário fazer reserva,
costuma ter disponibili-
dade.
www.bodegabouza.com

Establecimiento
Juanicó
Não muito distante de Montevi-
déu, Juanicó é uma das maiores
e mais celebradas vinícolas do
Uruguai. O visual é impactante,
especialmente no caminho que
leva aos barris de fermentação.
O restaurante também oferece
ótimos pratos. Agende sua visita.
http://juanico.com/
Bodega Garzón
Para os lados de Punta del
Este, a imponente Bode-
ga Garzón, do bilionário
Alejandro Bulgheroni, conta
com o restaurante de Fran-
cis Mallmann. Para quem
quer exclusividade, pode se
hospedar no Pueblo Gar-
zón, uma espécie de hotel/
pousada de luxo (somente
quatro quartos) de proprie-
dade do chef. O lugar é uma
pequena vila, perto da viní-
cola, ideal para quem quer
requinte e exclusividade.
https://bodegagarzon.com

52 ADEGA >> Edição 164


Viña Edén
Na região de Punta, a
Viña Edén impressiona
por sua arquitetura. A viní-
cola tem sócios brasileiros
e a recepção é feita em
português. O restaurante
também é imperdível,
com sua empanada de
carne de carneiro cozido
por oito horas, uma cesta
de pães incrível, abóbora
com queijo de cabra,
além do carré de cordeiro,
obviamente.
http://vinaeden.com

Bodega Artesana
Na região de Canelones,
a uns 40 quilômetros de
Montevidéu, fica esta vinícola
pequena, porém muito char-
mosa, colada nos vinhedos. A
comida/experiência é exce-
lente e o chef Diego manda
muito bem com sua típica
comida uruguaia. É preciso
fazer reserva.
www.artesanawinery.com

Bodega Oceánica
José Ignácio
Na região de Maldonado, a
cerca de 40 quilômetros de
Punta, a Bodega Oceánica José
Ignácio é um deleite, oferecen-
do mais do que passeios gour-
met pela vinícola, mas também
arquitetura e obras de arte
deslumbrantes que compõem a
paisagem interna e externa da
vinícola.
http://ojoseignacio.com

Edição 164 >> ADEGA 53


AD 92 pontos o que manda é o equilíbrio do
ALTO DE LA BALLENA CETUS SYRAH 2012 conjunto mesmo estando tão jovem,
Alto de la Ballena, Maldonado, impressionando pela nitidez e
Uruguai (Winebrands R$ 594). No fluidez com que caminha pela boca,
nariz, as notas de frutas vermelhas mostrando suas notas de frutas negras
estão muito bem integradas com a e azuis de perfil mais fresco, tudo num
madeira. Na boca, é seco, encorpado, contexto de excelente volume de boca,
tem os taninos bastante macios e taninos de grãos finos e um suculento
um equilíbrio maravilhoso. O sabor é e sedutor final, com toques de grafite.
intenso, com as notas de framboesa Álcool 14%. EM
e cereja conversando bem com um
toque de coco queimado e especiarias
doces. É potente e elegante. Álcool AD 92 pontos
13,5%. BD EL PRECIADO 1ER GRAN RESERVA 2011
Castillo Viejo, San José, Uruguai (La
Pastina R$ 320). Tinto composto de
AD 94 pontos 56% Tannat, 18% Cabernet Franc,
AMAT TANNAT 2015 14% Cabernet Sauvignon, 7% Merlot
Carrau, Rivera, Uruguai (Zahil - Não e 5% Tempranillo, com estágio em
disponível). Uma delícia de vinho, barricas de carvalho 65% francês e
com taninos de ótima textura e acidez 35% americano. Potente e estruturado,
refrescante envolvendo toda sua prima pelo equilíbrio do conjunto. Os
fruta vermelha nítida e saborosa. Os taninos de ótima textura e sua acidez
toques florais, terrosos e especiados refrescante trazem sustentação a toda
completam o conjunto. Um clássico sua fruta negra madura. Um grande
que está ótimo agora, mas tem tudo vinho, que tem tudo para ficar ainda
para ficar ainda melhor na próxima melhor nos próximos 10 anos. Álcool
década. Álcool 13,5%. EM 14%. EM

AD 94 pontos AD 95 pontos
BOUZA PARCELA ÚNICA B28 TANNAT 2017 GARZÓN BALASTO 2016
Bouza, Canelones, Uruguai (Decanter Bodega Garzón, Maldonado, Uruguai
- Não disponível). Impressiona pela (World Wine R$ 1.100). Tinto composto
qualidade de fruta, nítida e fresca, de 45% Tannat, 25% Cabernet Franc,
com os taninos finos e de textura 18% Petit Verdot e 12% Marselan, com
granulada ditando as regras. Muito fermentação em tanques de cimento sem
fluido na boca, tem final cheio e epóxi e posterior estágio de 20 meses em
longo, com notas de giz e de ervas. tonéis (25 e 50 hectolitros) de carvalho
Álcool 15%. EM sem tosta. Refinado nos aromas, mostra
notas florais e de especiarias doces
AD 91 pontos
escoltando as ameixas, amoras e cassis,
BOUZA VIÑEDO PAN DE AZÚCAR
que se confirmam no palato. Ainda
RIESLING 2017
muito jovem, impressiona pela excelente
Bouza, Maldonado, Uruguai (Decanter
textura de taninos, pela vibrante acidez
- Não disponível). Num estilo mais
e pelo equilíbrio do conjunto. Firme,
leve e fresco, com frutas cítricas
tenso e compacto, tem final profundo
acompanhadas de notas salinas
e persistente, com toques salinos, de
e de ervas, que se confirmam no
alcaçuz e de grafite. Álcool 14,5%. EM
palato, pedindo mais um gole. Chama
atenção pela cremosidade, pelo
frescor e pelo volume de boca. Álcool AD 92 pontos
13,5%. EM GARZÓN ROSÉ PINOT NOIR 2018
Garzón, Maldonado, Uruguai (World
AD 94 pontos Wine R$ 80). Rosado elaborado
DEICAS VALLE DE exclusivamente a partir de Pinot Noir,
LOS MANANTIALES TANNAT 2017 sem passagem por madeira, mas
Familia Deicas, Maldonado, Uruguai mantido em contato com as borras
(Todovino - Não disponível). Aqui entre três e seis meses. Gostoso de

54 ADEGA >> Edição 164


DE S C UBRA OS MI TOS E VERDA DE S
S OBR E V IN HOS COM QUEM
É REF ERÊNCI A NO A S S UN TO H Á MAI S
DE 20 ANOS . A ABS -S P OFEREC E
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2 º ANDAR, VIL A OL ÍMPIA
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W WW.A B S -S P.COM.BR
beber, tem vibrante acidez, textura
cremosa e sabores nítidos e puros de
frutas vermelhas, como morangos. Tem
final persistente, com toques salinos
e cítricos. Por ser acessível e fácil de
compreender, aparenta ser menos
complexo do que realmente é. Muita
atenção com ele. Álcool 13,5%. EM

AD 93 pontos
GARZÓN SINGLE VINEYARD ALBARIÑO 2017
Bodega Garzón, Maldonado, Uruguai
(World Wine R$ 199). Elaborado
exclusivamente a partir de uvas
Albariño fermentadas em tanques de
cimento, com estágio de 20% do vinho
entre três e seis meses em foudres de
carvalho francês. Sempre consistente,
está entre os melhores brancos dessa importador). Num estilo de frutas
cepa produzidos em solo uruguaio. vermelhas mais frescas seguidas
Repleto de tensão e de vivacidade, alia de notas florais e de ervas, com
volume de boca e cremosidade, com sua vibrante acidez e ótima textura
refrescante acidez e ótima textura, trazendo equilíbrio e vibração ao
terminando com toques salinos e de conjunto. Para beber aos litros, de
frutos cítricos. Álcool 14,5%. EM preferência à beira mar. Álcool 13%.
EM

AD 93 pontos
GRAN OMBÚ #13 BLEND 2018 AD 93 pontos
Braccobosca, Atlántida, Uruguai MARICHAL GRAND RESERVE TANNAT A 2015
(Domno - Não disponível). Primeira Marichal, Canelones, Uruguai (Ravin -
versão desse blend 50% Cabernet Não disponível). Aqui o que manda é
Franc, 40% Merlot e 10% Petit Verdot, a textura firme de taninos, sua tensão
que mostra muita fruta, ótimo volume e sua vivacidade, tudo num contexto
de boca, taninos de fina textura, com de frutas vermelhas e negras de
sua vibrante acidez emoldurando perfil mais fresco seguidas de notas
o conjunto. Seu final é complexo e terrosas, de ervas, de especiarias e de
carnudo, com toques terrosos e de grafite. Um perfeito exemplo do estilo
especiarias. Álcool 13%. EM clássico de Tannat uruguaio. Álcool
13,5%. EM

AD 93 pontos
JOSÉ IGNACIO ALBARIÑO 2018 AD 91 pontos
Bodega Oceánica José Ignácio, MATAOJO RESERVA TANNAT 2013
Maldonado, Uruguai (Sem Mataojo, Sierra Oriental, Uruguai
importador). De boa tipicidade, (Winebrands R$ 110). Um Tannat
mostra as frutas de caroço e brancas uruguaio dos bons! No nariz, as
da variedade acompanhadas de notas frutas aparecem primeiro: cereja,
florais, de ervas. Cheio e profundo amora etc. Depois aparecem notas
ao mesmo tempo, tem gostosa de tabaco, eucalipto e baunilha.
cremosidade, acidez vibrante e final Na boca, é encorpado, seco, tem
agradável, com toques salinos e boa concentração e sabor intenso,
cítricos. Álcool 13,5%. EM principalmente de frutas maduras. Os
taninos são muito bem trabalhados.
AD 91 pontos São potentes e macios. A acidez
JOSÉ IGNACIO ROSÉ PINOT NOIR 2018 consegue dar frescor e a persistência
Bodega Oceánica José Ignácio, é alta. Um vinho bem equilibrado.
Maldonado, Uruguai (Sem Álcool 15%. BD

56 ADEGA >> Edição 164


AD 94 pontos
PIZZORNO PRIMO 2015
Pizzorno, Canelones, Uruguai (Grand
Cru R$ 600). Blend de 50% Tannat,
20% Cabernet Sauvignon, 20%
Marselan e 10% Petit Verdot. Ainda
um bebê, já mostra a que veio, com
sua acidez refrescante, sua força
e taninos de ótima textura, que
trazem sustentação a toda sua fruta
madura. Um grande vinho em todos
os sentidos, pensado para a guarda.
Álcool 13,5%. EM

AD 92 pontos
VIÑA EDÉN METHÓDE CHAMPENOISE
BRUT NATURE 2015
Viña Éden, Maldonado, Uruguai
(Ruta 12 R$ 198). Composto de 85%
Chardonnay e 15% Pinot Noir, com 20
meses de contato com as leveduras
antes da degola. As notas especiadas
e de frutos secos envolvem as notas
de abacaxi e de pêssegos maduros,
com sua vibrante e refrescante acidez
ditando as regras. Tem final cremoso
e persistente, com toques salinos e
cítricos. Álcool 12,6%. EM

AD 92 pontos
AD 92 pontos VIÑA PROGRESO RESERVA TANNAT 2016
PISANO RPF PETIT VERDOT 2015 Viña Progreso, Progreso, Uruguai
Pisano, Progreso, Uruguai (Vinci US$ 29). Tinto elaborado
(Mistral US$ 37). Tinto elaborado exclusivamente a partir de Tannat,
exclusivamente a partir de Petit com estágio entre nove e 12 meses
Verdot, com estágio de seis meses em barricas novas e usadas de
em barricas de carvalho francês, 25% carvalho. Cheio de tipicidade, esbanja
novas. Num estilo mais encorpado ameixas e amoras acompanhadas de
e de fruta mais madura, com acidez notas florais, terrosas e especiarias
refrescante e taninos de boa textura doces, além de toques de cascas de
trazendo equilíbrio ao conjunto. Tem cítricos. Muito frutado, tem taninos de
final persistente e encantador, com ótima textura, gostosa acidez e final
toques minerais e de ervas. Álcool persistente e cheio, com traços de
14%. EM violeta e de grafite. Álcool 13,5%. EM

58 ADEGA >> Edição 164


AD 92 pontos
VIÑEDO DE LOS VIENTOS ESTIVAL 2018 (Las Violetas) e Cerro Chapéu (perto
Viñedo de los Vientos, Atlántida, da fronteira brasileira), com estágio
Uruguai (Wine.com.br R$ 59). Blend de 18 meses em barricas de carvalho
de 60% Gewürztraminer, 30% de francês e americano. Impressiona
Chardonnay e 10% de Moscato pelos taninos de excelente textura,
Bianco. Esbanja acidez, frescor que emolduram toda sua fruta negra e
e muita fruta, tudo emoldurado vermelha de perfil mais fresca. Austero
por gostosa acidez, notas florais e e vertical, tem vibrante acidez e final
salinas. Muito agradável de beber, persistente, com toques terrosos.
aparenta ser menos complexo do Álcool 12,5%. EM
que realmente é. Cuidado com ele,
pois se bebe perigosamente fácil. AD 91 pontos
Álcool 12,5%. EM ZULMA NATURE CERO DOSAGE 2017
Paa! Espumosos, San José, Uruguai
AD 93 pontos (Sem importador). Composto de 70%
YSERN GRAN RESERVA Pinot Noir e o restante de Viognier,
TANNAT TANNAT 2016 esse espumante nature tem acidez
Bodega Cerro Chapéu, Cerro pulsante, com as notas tostadas, de
Chapéu, Uruguai (Vinhos do Mundo frutos secos e de fermento envolvendo
R$ 100). Blend de uvas Tannat o conjunto. Cremoso, cativante e
cultivadas nas zonas de Canelones alegre. Álcool 12%. EM

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HOTÉIS
LISTA | por ARNALDO GRIZZO

Grandes
parcerias
Uma lista com vinhos que surgiram
de empreendimentos conjuntos entre
produtores consagrados

oint ventures. Esse é o nome dado aos em-


preendimentos feitos em conjunto por duas
ou mais empresas que, fora desse negócio es-
pecífico, mantêm suas identidades distintas.
Ou seja, é uma união pontual para criar algo
que una o melhor de duas empresas diferentes
e crie algo diferente. E o mundo do vinho está
repleto de bons exemplos disso.
As principais joint ventures de vinho começa-
ram a surgir nos anos 1970 e especialmente de-
pois do célebre “Julgamento de Paris” em 1976,
quando vinhos norte-americanos derrotaram
clássicos franceses em prova às cegas. Nessa épo-
ca, produtores do Velho Mundo não só abriram
os olhos ao que ocorria no Novo Mundo, como
também não perderam tempo e decidiram inves-
tir onde acreditavam que havia potencial. Muitos
desses investimentos foram feitos em parceria.
Mas uma joint venture não é necessariamen-
te uma união entre produtores de países diferen-
tes. Há casos em que produtores consagrados de
uma mesma região decidem trabalhar juntos
em um novo empreendimento. Enfim, ADEGA
elencou aqui 10 empreendimentos conjuntos
que fizeram sucesso mundo afora, criando ícones
quase que instantaneamente.

ADEGA >> Edição 164


Opus One
O visionário barão Philippe de Rothschild
(proprietário do Château Mouton
Rothschild) prontamente se lançou a
compreender as possibilidades do Novo
Mundo. Em 1979, ele já fincou seu pé na
América em parceria com outro grande
empreendedor, Robert Mondavi. E essa
união é um dos fatos mais importantes
da história no mundo, a primeira vez que
o Velho Mundo endossava o potencial
do Novo. O objetivo da joint venture foi
elaborar um único vinho, um tinto com
estilo de Bordeaux e uvas da Califórnia,
que fosse capaz de refletir a perso-
nalidade das duas famílias. Assimm,
nasceu Opus One.

AD 96 pontos
OPUS ONE 2013
Mondavi & Rothschild, Califórnia,
Estados Unidos (Wine's Life
R$ 5.846). Um dos grandes
destaques da degustação
vertical com todas as safras
de Opus One já produzidas.
Ainda muito jovem, merece
tempo de adega para integrar
ainda mais a madeira que se
faz sentir inicialmente. A fruta
é poderosa e vem protagonizar
num vinho carnudo, com força
e profundidade. Cheio de
complexidade, com camadas
de perfil animal e de floresta
andando juntas com delirante
mineralidade. CB
fotos: divulgação
Roquette & Cazes
O projeto franco-lusitano nasceu da amizade
entre Jorge Roquette, da Quinta do Crasto,
e Jean-Michel Cazes, do Château Lynch-
-Bages. Em 2002, as duas famílias decidiram
criar uma empresa para “fazer vinhos do Dou-
ro com um toque bordalês”. As uvas vêm da
Quinta da Cabreira, dos Roquette, e da Quin-
ta do Meco, que pertence à família Cazes. A
primeira safra, em 2002, não foi para o mer-
cado. Em 2003, criou-se o primeiro vinho em
conjunto, o Xisto, que depois se tornou uma
“cuvée”, e só é feita em anos especiais. E em
2006 lançou-se o Roquette & Cazes.

AD 94 pontos
XISTO 2013
Roquette & Cazes, Douro, Portugal (Qualimpor
R$ 1.276). O Xisto é uma espécie de “costela
de Adão” de seu irmão Roquette & Cazes.
Ou seja, é um lote que se destaca entre os
selecionados para compor este último, por
isso, não é produzido todos os anos. Embora
ainda jovem, inclusive porque foi servido em
garrafa magnum, o 2013 se mostra ainda muito
concentrado na cor rubi escuro/púrpura, sem
halo de evolução. Aromaticamente, é um vinho
encantador, com muito floral e fruta negra e
silvestre maduras (cerejas e ameixas pretas),
envoltas por notas de grafite, de café e de
especiarias aromáticas. Na boca, o grande
equilíbrio mostra porque este é um vinho fora de
série. À ótima acidez se somam taninos ainda
bem presentes, mas de textura muito macia, e
álcool equilibrado para o bom corpo, que passa
Almaviva quase despercebido. O final, levemente
Seguindo a visão de seu pai de expandir as fronteiras do Mouton e criar ou- doce, é muito longo e gostoso.
tros ícones em locais de grande potencial, coube à baronesa Philippine de Recompensará quem tiver a paciência
Rothschild dar o passo seguinte da empresa na América, mas desta vez no de esperar, pelo menos, de três a cincoo
anos para abri-lo. Álcool 14,5%. GV
sul, no Chile. Ela formou parceria com a poderosa família Guilisasti, dona
da renomada Viña Concha y Toro, uma das mais tradicionais vinícolas chi-
lenas. Em 1996, os chilenos cederam parte de um dos seus mais prestigia-
dos vinhedos em Peumo, de onde vinham as uvas para o top da casa, o Don
Melchor, para, em parceria com os franceses, criar um blend também de
estilo bordalês ao qual deram o nome de Almaviva.

AD 96 pontos
ALMAVIVA 2016
Almaviva, Maipo, Chile (Clarets R$ 1.300). Menos álcool que os últimos anos
(13,8%). Vibrante fruta fresca e pimenta negra, com bastante equilíbrio e bela
acidez; e ainda um final medicinal. O nariz tem flor azul, ervas, cerejas e mirtilo.
Taninos gentis. Reflete a maceração mais curta e menos tempo em barrica.
Aproveite sua curva de evolução seguramente até 2028, mas está pronto para
ser saboreado hoje. Corte com 66% de Cabernet Sauvignon, 24% de Carménère,
8% de Cabernet Franc e 2% de Petit Verdot. CB

62 ADEGA >> Edição 164


Seña
Na mesma época em que Rothschild se aliaram
à Concha y Toro para criar Almaviva, outra joint
venture internacional também já estava se for-
mando. “O fato de Robert Mondavi vir ao Chi-
le fazer um vinho com Errázuriz foi um grande
acontecimento mundial. Seña foi o precursor,
e logo vieram Almaviva, Clos Apalta...”, conta
Eduardo Chadwick. A primeira safra de Seña,
sua parceria com Mondavi, foi em 1995. Com o
tempo, Chadwick não somente comprou a par-
te de Mondavi como passou a promover o vinho
mundialmente. Sua maior realização foi a “Cata
de Berlim”, uma prova às cegas entre grandes vi-
nhos realizada em 2004, nos mesmos moldes do
“Julgamento de Paris” de 1976.

Cheval des Andes AD 96 pontos


Aqui estamos falando de uma SEÑA 2016
parceria entre empresas de Seña, Aconcágua, Chile (Grand Cru R$ 1.900 para
a safra 2015). Tinto composto de 55% Cabernet
um mesmo grupo. Tanto o mí-
Sauvignon, 20% Malbec, 15% Petit Verdot, 8%
tico Château Cheval Blanc de Carménère e 2% Cabernet Franc, com estágio de
Bordeaux quanto a imponente 22 meses parte em barricas de carvalho francês
vinícola argentina Terrazas de (77% novas) e parte em foudres também novos
los Andes pertencem ao con- (Stockinger). Seguramente a melhor safra desse ícone
glomerado LVMH. Depois de chileno. Impressiona pela verticalidade e precisão.
Mostra frutas vermelhas e negras mais frescas, tudo
viagens à Argentina, Pierre num contexto de muita persistência e profundidade,
Lurton, então diretor de Che- com notas florais, de ervas e de especiarias doces
val Blanc, ficou encantado complementando o conjunto. Tem taninos de
com alguns vinhedos antigos de excelente textura, ótima acidez e final longo, muito
Malbec e decidiu que gostaria de fa- longo, sem nenhuma concessão ao dulçor, com
toques de alcaçuz e de grafite. Álcool 13,5%. EM
zer um vinho de estilo bordalês com
predominância dessa variedade que
foi esquecida após o período da filoxe-
ra na França. Assim, em 1999, Cheval
Blanc e Terrazas se uniram para esse
empreendimento e formaram Cheval
des Andes.

AD 94 pontos
CHEVAL DES ANDES 2015
Cheval des Andes, Mendoza, Argentina
(Wine.com.br R$ 595 para a safra
2013). Tinto composto por 61% Malbec
e 39% Cabernet Sauvignon, com estágio
em barris de 225, 400 e 500 litros,
sendo 35% novos. Chama atenção pela
acidez vibrante, pela pureza de fruta
fotos: divulgação

e pelos taninos finíssimos. Refinado,


preciso e muito equilibrado, tem final
longo e persistente, com toques de
grafite e de especiarias doces. Álcool
14%. EM

Edição 164 >> ADEGA 63


Prats & Symington Bodegas Caro
Em novembro de 1998, a família Symington Foi em 1999 (mesmo ano em que surgiu Che-
(tradicionalíssima no Vinho do Porto, com val des Andes) que nasceu a ideia de uma par-
marcas como Graham’s, Dow’s, Warre’s e ceria entre os Domaines Barons de Rothschild
Cockburn’s, por exemplo) propôs a Bruno Prats (Château Lafite Rothschild) e a família
(ex-dono do Château Cos d’Estournel) que Catena, da Bodega Catena Zapata. Assim,
participasse de um projeto para produzir um Nicolas Catena e o barão Eric de Rothschild
vinho no Douro. A proposta tomou forma em uniram-se em um projeto para fazer um vinho
1999 com a criação da empresa Prats & Sy- único da “aliança de duas culturas, francesa e
mington que logo experimentou com parcelas argentina, com duas variedades de uva, Mal-
e variedades. A primeira safra do Chryseia, o bec e Cabernet Sauvignon”. A primeira safra
vinho surgido dessa parceria, foi no ano 2000 e de Caro (contração de Catena e Rothschild)
ele logo se tornou um dos ícones entre os vinhos foi no ano 2000 e logo novos vinhos foram
não fortificados do Douro, abrindo caminho sendo somados à coleção.
para muitos outros.
AD 94 pontos
AD 94 pontos CARO 2016
CHRYSEIA 2013 Bodegas Caro, Mendoza, Argentina (Mistral US$
Prats & Symington, Douro, Portugal (Mistral US$ 97 para a safra 2013). Tinto composto de 85%
203). Maioria de Touriga Nacional e Touriga Franca Cabernet Sauvignon (primeira safra com essa
acompanhadas de Tinta Roriz e Tinto Cão, as uvas porcentagem) e 15% Malbec, com estágio de
vem 90% da Quinta do Roriz comprada em 2008. 18 meses em barricas de carvalho francês. Uma
Nariz aristocrático com muita finesse. Violeta, versão austera desse tinto argentino refinado e
balsâmico e ameixa madura. Ervas aromáticas. de sotaque francês. As notas de especiarias e de
Suculência e equilíbrio, com taninos lindos de ervas envolvem os aromas de frutas vermelhas
belíssima textura, acompanhado de untuosidade, de perfil mais fresco, com toques terrosos e de
grande vibração e inebriante mineralidade. Álcool chá preto envolvendo o conjunto. Tem taninos
14%. CB finíssimos, ótima acidez e final suculento e
persistente, com toques de grafite e de alcaçuz.
Álcool 13,5%. EM

Tablas Creek
Robert Haas, falecido em 2018, foi um dos grandes nomes
AD 90 pontos
da indústria de vinho norte-americana, atuando como CÔTES DE TABLAS BLANC 2010
importador e distribuidor de grandes marcas durante mais Tablas Creek, Califórnia, Estados Unidos (World Wine
de 50 anos. Nos anos 1960, ele se aproximou da família - Não disponível). Um vinho de Paso Robles, região
Perrin, donos do Château de Beaucastel, no Rhône, e, que ficou conhecida por suas características similares
com a amizade, começaram a pensar um novo negócio ao Rhône. Com 54% de Viognier (que não passa por
madeira para preservar o perfil floral), 30% de Grenache
em conjunto. Eles acreditaram que as variedades do sul Blanc, 8% de Marsanne e 8% de Roussanne, é um
da França poderiam se adaptar bem na Califórnia e, em americano complexo, com opulência, potência, peso, volume de boca
1989, compraram uma parcela de 48,5 hectares em Paso e, ao mesmo tempo, um toque clássico de França. Encontra equilíbrio
Robles e deram o nome de Tablas Creek Vineyard, graças por sua bela acidez natural e uso de madeira na medida certa,
a um pequeno riacho que atravessa a propriedade. estruturante e sem excessos. CB

64 ADEGA >> Edição 164


Altaïr
O Chile é pródigo em parce- AD 95 pontos
rias entre produtores para criar ALTAIR 2011
Viña Altaïr, Cachapoal, Chile (Grand
vinhos distintos. No começo
Cru R$ 700). Tinto composto de
dos anos 2000, o francês Lau- 78% Cabernet Sauvignon, 10%
rent Dassault – proprietário Syrah, 7% Cabernet Franc e 5%
dos Châteaux Dassault e La Petit Verdot, com estágio de 10
Fleur, em Saint-Émilion – e a meses em barricas 50% novas e
Viña San Pedro começaram a 50% usadas de carvalho francês.
Imperam os aromas de frutas mais
trabalhar juntos e escolheram frescas como ameixas, cassis e
uma área de 72 hectares no cerejas, envoltos por notas florais,
Alto Cachapoal para criar um minerais e de especiarias doces.
grande vinho. Assim, em 2001, Jovem ainda, mostra-se fino,
nasceu a Viña Altaïr. Altaïr – o preciso, elegante, profundo, cheio
de textura, de tensão, de acidez e de
voo da águia – é o nome da
finesse. Aqui se percebe claramente
estrela da constelação Aquila, onde queriam chegar as mudanças
que pode ser vista de qual- percebidas safra após safra desde 2002.
quer ponto do globo, ou seja, Num vinho de boca mais que de nariz, que
une Velho e Novo Mundo. A consegue ser delicado e ao mesmo tempo
parceria com Dassault durou vibrante e cheio de frescor, mas, acima

fotos: divulgação
de tudo, fundado sob taninos de muita
até 2007, quando o grupo estrutura e de textura fina, lembrando giz.
chileno comprou a sua parte Álcool 14,7%. EM
no negócio.

Triennes
As joint ventures no mundo do vinho não se restringem a
parcerias internacionais, mas podem também ser nacio-
nais, como a que surgiu da união de três franceses. Em
1989, os icônicos produtores da Borgonha, Jacques Seys-
ses, fundador do Domaine Dujac, e Aubert de Villaine,
do Domaine de la Romanée-Conti, mais um amigo pari-
siense, Michel Macaux, uniram-se para buscar vinhedos e
criar um vinho em conjunto. Acharam o que procuravam
em Provence quando adquiriram o Domaine du Logis de
Nans. Lá surgiu Triennes, uma referência a Triennia, o
festival de Baco que era realizado a cada três anos durante
a época romana.

AD 91 pontos
TRIENNES LES AURÉLIENS ROUGE 2014
Triennes, Provence, França (Clarets R$ 149). Tinto orgânico
elaborado a partir de um blend de Cabernet Sauvignon
e Syrah, com estágio em barricas de carvalho francês do
Domaine Dujac, na Borgonha. Muito gostoso de beber, mostras
notas florais, de ervas e de especiarias picantes envolvendo
sua fruta, lembrando ameixas e amoras, tudo num contexto de
refrescante acidez, taninos de ótima textura e final agradável e
persistente, com toques minerais. Álcool 13,5%. EM

Edição 164 >> ADEGA 65


ESCOLA DO VINHO | por ARNALDO GRIZZO

PrecisãoRobôs, sensores, drones...


como a viticultura de precisão
afeta a “essência” do vinho
H
oje é cada vez mais comum ver-
mos máquinas de seleção, robôs
de colheita, sensores climáticos,
drones e outras tantas tecnologias
em vinícolas de todo o planeta.
Estaria, com isso, o mundo do vinho perdendo sua
“essência”? Em um momento em que todos valo-
rizam o mote da “mínima intervenção” estaria a
viticultura de precisão indo no sentido contrário?
Primeiramente, vamos tentar entender o que
se compreende por viticultura de precisão. Agri-
cultura de precisão (a viticultura é um ramo, ob-
viamente) é um termo que descreve um conjunto
de práticas e tecnologias que visam otimizar o de-
sempenho de uma plantação. Diz-se que a viti-
cultura de precisão ajuda o produtor a entender
melhor o seu vinhedo e alcançar o seu objetivo,
que pode ser desde atingir um certo nível de qua-
lidade nas uvas, passando por determinado rendi-
mento e até mesmo um preço específico.
Quando se fala em viticultura de precisão
entende-se que o vinhedo, mesmo quando pe-
queno, representa um universo, um conjunto
de microparcelas, ou mesmo uma singularidade
de videiras. E, para analisar todas essas singula-
ridades, podem ser empregadas diversas técnicas
e tecnologias. Falamos então de geolocalização,
sensoriamento remoto, análise por satélite, diver-
sos tipos de sensores (térmicos, óticos, eletromag-
néticos etc.), monitoramento de solo, de colhei-
ta, de rendimento, de clima, de maturação, de
pragas etc.
Isso tudo somente em se tratando da parte agrí-
cola e não propriamente enológica. No entanto,
com tantas tecnologias atualmente, podemos ex-
trapolar e também falar de enologia de precisão
ligada à viticultura de precisão, com máquinas
de seleção, tanques de temperatura controlada,
controle de leveduras, macerações e outras tantas
técnicas que tornam o vinho muito “preciso”. Isso
graças à “revolução tecnológica” que vem sendo
cada vez mais implementada na vitivinicultura.
“A tecnologia desde o final dos anos 1970 per-
correu um longo caminho. Atualmente temos
uma adega de última geração com aprimoramen-
tos, como tanques de fermentação menores que
são conectados sem fio para dar ênfase à enologia
de precisão. Agora podemos monitorar e ajustar
foto: divulgação

Edição 164 >> ADEGA 67


A viticultura de precisão
pode maximizar o potencial
produtivo e de qualidade
cisões de manejo de nutrientes e desenvolve um
e ainda melhorar a plano específico do local para cada vinhedo e até
sustentabilidade ambiental mesmo para a única videira. Portanto, é possível
evitar tratamentos desnecessários, que podem ser
prejudiciais e poluidores, e reduzir custos. Como
primeiro passo, a heterogeneidade em uma cul-
tura deve ser identificada e então monitorada.
o vinho de praticamente qualquer lugar (com Isso pode ser feito com várias tecnologias, como
uma conexão sem fio, é claro). Muita coisa mu- tecnologias de sensoriamento remoto (de satélite
dou à medida que novas tecnologias evoluíram. ou drones) ou monitoramento proximal, como
Mas, no fim das contas, a tecnologia não pode estações meteorológicas microclimáticas ou ou-
substituir o sentimento e a intuição”, afirma Bo tros sensores implantados no campo”, afirma o
Barrett, enólogo do Chateau Montelena, nos especialista Alessandro Matese, do Conselho
Estados Unidos. Nacional de Pesquisa Italiano e do Instituto de
Biometeorologia IBIMET.
As técnicas Ele explica que, atualmente, sistemas óticos
Não é de hoje que ouvimos falar sobre tanques terrestres, câmeras para monitoramento de tem-
de fermentação com temperatura controlada, peratura, sensores infravermelhos e outros vários
adegas feitas com sistema gravitacional, leve- sensores podem ser usados para coletar dados,
duras selecionadas, sistemas de prensagem me- fornecendo informações detalhadas para caracte-
canizados etc., mas, nos últimos anos, cada vez rizar a variabilidade de uma parcela até a escala
mais, temos visto e ouvido produtores falar sobre de uma única planta. “Existem muitos tipos dife-
monitoramento do ciclo vegetativo por satélite, rentes de máquinas. Por exemplo, máquinas de
análises geotermais e afins; sistemas de geren- colheita de taxa variável estão disponíveis agora,
ciamento de solo, microclima e morfologia. permitindo uma colheita seletiva por classes de
“A viticultura de precisão visa a maximi- qualidade da uva. Na França, foi desenvolvido
zação do potencial agronômico em termos de um trator de poda que permite uma poda seletiva
produtividade e qualidade das produções, ao em função da biomassa verde de cada planta”,
mesmo tempo em que aumenta sua sustentabi- aponta Matese.
lidade ambiental. Por exemplo, a viticultura de Veículos Aéreos Não Tripulados (UAV a sigla
precisão aprimora a capacidade de ajustar as de- americana), muitas vezes chamados de drones,

GEOLOCALIZAÇÃO SENSORIAMENTO REMOTO


O georreferenciamento As técnicas de sensoriamento
é o processo de remoto fornecem
estabelecer a relação rapidamente uma descrição

TÉCNICAS E
entre a informação da forma, tamanho e vigor
espacial e sua posição da videira e permitem a
TECNOLOGIAS geográfica. Isso possibilita
uma comparação entre
avaliação da variabilidade
dentro do vinhedo. Trata-se de
DA VITICULTURA os diferentes dados espaciais
detectados no vinhedo, tais como
uma aquisição de imagens à distância
com diferentes escalas de resolução,
DE PRECISÃO as propriedades físicas do solo,
rendimento e teor de água ou
capaz de descrever a vinha detectando
e registrando a luz solar refletida da
fertilizantes. superfície dos objetos no solo.

68 ADEGA >> Edição 164


foto: divulgação
Robôs e drones
nos vinhedos,
são cada vez mais comuns para esse tipo de aná- cia, uma técnica óptica baseada na medição de uma visão cada
lise da viticultura de precisão, pois possibilitam refletância da radiação eletromagnética inci- vez mais comum
na vitivinicultura
um monitoramento bastante flexível em tempo dente em diferentes comprimentos de onda, em mundial em que
reduzido já que podem ser equipados com uma particular na região visível, próximo do infra- análises em tempo
série de sensores, que permitem ampla gama de vermelho e infravermelhos térmicos. A relação real são, muitas
vezes, cruciais
operações. Mas “as aplicações de sensoriamento entre a intensidade do fluxo radiante refletido
remoto em viticultura de precisão são focadas e incidente é específica para cada tipo de su-
principalmente na espectroscopia de refletân- perfície. As classes mais comuns de sensores são

SATÉLITE UAV SENSORES E APLICAÇÕES


Os satélites têm Também DE SENSORIAMENTO REMOTO
sido utilizados conhecidos Aplicações de sensoriamento remoto em viticultura
na agricultura como drones, de precisão são focadas principalmente na
há mais de 40 eles podem espectroscopia de refletância, uma técnica óptica
anos, quando ser controlados baseada na medição de refletância da radiação
o Landsat 1 foi remotamente ou eletromagnética incidente em diferentes comprimentos
lançado em órbita em voar autonomamente de onda. A relação entre a intensidade do fluxo radiante
1972. Ele foi equipado com para um conjunto de pontos refletido e incidente é específica para cada tipo de superfície.
um sensor multiespectral e definidos pelo usuário. Essas As classes mais comuns de sensores são capazes de detectar
proporcionou uma resolução plataformas podem ser uma alteração da transpiração ou atividade fotossintética na
espacial de 80 m por pixel equipadas com uma série de superfície da folha. Os sensores térmicos são usados para medir
com intervalos de revisitação sensores, que permitem uma remotamente a temperatura da folha, que aumenta quando
de aproximadamente 18 ampla gama de operações de ocorrem condições de estresse hídrico. Alterações na atividade
dias. Hoje, os intervalos são monitoramento. fotossintética estão ligadas ao estado nutricional, à saúde e
bem menores e a resolução ao vigor das plantas, e podem ser detectadas por sensores
é maior. multiespectrais e hiperespectrais.

Edição 164 >> ADEGA 69


Um vinho melhor?
Todas as técnicas e tecnologias estão à disposição
de produtores do mundo todo e, cada vez mais,
com custos menores, o que possibilita a todos
uma atuação mais rápida e direta em seus vinhe-
dos quando percebem algo pode estar errado.
Mas seria isso capaz de criar um vinho melhor?
“Na produção de vinho, como na ‘escultura’,
a cada decisão, você perde algo que não ganhará
de volta. Entender o que está sendo perdido me
leva à minha abordagem ativa de vinificação, à
vinificação de ‘precisão’. Mas um dos ingredien-
tes é a adaptabilidade. Como não há duas pedras
iguais, não há duas uvas ou colheitas iguais. Toda
safra traz características e ferramentas únicas que
funcionaram em safras anteriores, mas podem
não funcionar em outras. Por isso, não acredito
na fórmula de vinificação ou no adágio de ‘me-
“A capacidade de lhor’ na produção de vinho. Por exemplo, não
entender qual é o
estilo é primária,
capazes de detectar uma alteração da transpira- existe o ‘melhor’ barril, mas existe o barril mais
mas a capacidade ção ou atividade fotossintética na superfície da adequado para esse estilo em particular. Além
de ajustar o plano
para capturar
folha”, diz Matese. disso, o momento da mudança é crítico, quanto
os compostos Com isso, os sensores térmicos são usados mais tarde a mudança, menos impactante será. A
delicados de aroma para medir remotamente a temperatura da folha, capacidade de entender qual é o estilo é primá-
e sabor requer
previsão, instinto, que aumenta quando ocorrem condições de es- ria, mas a capacidade de ajustar o plano para cap-
compreensão técnica tresse hídrico, por exemplo. Alterações na ativi- turar os compostos delicados de aroma e sabor
e experiência”
dade fotossintética estão ligadas ao estado nutri- requer previsão, instinto, compreensão técnica e
cional, à saúde e ao vigor das plantas, e também experiência”, afirma o enólogo Marbue Marke,
podem ser detectadas por sensores. Dessa forma, da Oceano Wines.
imagens aéreas são frequentemente usadas para “Uma tecnologia produz um vinho melhor
estimar padrões na biomassa e na produção. ou não? Quem sabe? Sua capacidade de inter-

MONITORAMENTO DO SOLO MONITORAMENTO RENDIMENTO E


O monitoramento da variabilidade DE CULTURAS MONITORAMENTO DE
do solo inclui o uso de uma ampla Há sensores QUALIDADE
gama de sensores. A medição que capturam Muitos sistemas foram
da condutividade elétrica do solo uma imagem desenvolvidos para
pode ser detectada por plataformas digital de alta obter informações de
móveis equipadas com sensores frequência, coletando rendimento georreferenciadas,
eletromagnéticos. Esse é um parâmetro informações sobre especialmente integradas
fortemente correlacionado com muitas propriedades altura e textura das videiras em colheitadeiras mecânicas. Estas
do solo, como textura e profundidade, capacidade ao longo da fileira. Outros ferramentas dão ao agricultor a
de retenção de água, conteúdo de matéria orgânica sistemas fornecem informações capacidade de mapear a produtividade
e salinidade. As propriedades do solo desempenham para o cálculo de índices de da vinha com uma resolução nunca antes
um papel importante no cultivo da videira, portanto, vegetação. Outros podem alcançada. Os mapas de produtividade
conhecer a variabilidade das características do solo fornecer uma reconstrução 3D realizados com esses sensores
de um vinhedo permite uma melhor compreensão georreferenciada de cada planta representam uma excelente ferramenta
da resposta fisiológica da videira. e gerar mapas. para verificar a eficácia das práticas de
manejo aplicadas no vinhedo.

70 ADEGA >> Edição 164


foto: divulgação

ROBÔS?
Hoje há uma série de robôs que estão este robô também pode realizar uma
sendo testados na viticultura. Um é poda de precisão.
VineRobot, projeto da Universidade O VineGuard, por sua vez,
pretar as informações e mobilizar recursos para de La Rioja, cujo objetivo é o pode se mover dentro do vinhedo
reagir a essas informações é equivalente. Se suas desenvolvimento de um robô usando um complexo conjunto
agrícola equipado com tecnologias de sensores, com um sistema de
metas forem definidas, e você entender as ex-
de detecção não invasivas, movimento otimizado para terrenos
pectativas e os possíveis resultados, então é sua como sensores, fluorescência, irregulares. Um braço robótico
responsabilidade determinar se as diferenças se multiespectral, infravermelho térmico projetado para a colheita de uva está
traduzem em um vinho melhor”, resume Chik e GPS. O sistema é projetado para em desenvolvimento. O Vitirover é o
realizar um monitoramento de vários resultado de um projeto concebido e
Brenneman, gerente de vinicultura e instalações parâmetros, como rendimento, vigor, produzido por Xavier David Beaulieu,
da Universidade da Califórnia, em Davis. estresse hídrico e qualidade das uvas. proprietário do Chateau Coutet
Mas não pense que a “viticultura de precisão” Outro é VINBOT, uma plataforma (Saint-Émilion). Ele é capaz de cortar
robótica com software de código a grama até uma distância de 2 a 3
se restringe aos países mais avançados do Novo aberto. O sistema é equipado com cm da base da videira. Já a empresa
Mundo. Não há grande château de Bordeaux, sensores para reconstrução 3D norte-americana Vision Robotics
por exemplo, que não tenha seus vinhedos 100% da cortina de folhas e câmeras Corporation (VRC) desenvolveu
multiespectrais de vigor de um protótipo capaz de realizar
mapeados e divididos em microparcelas iden- vinha, para fornecer informações uma poda de precisão por meio de
tificadas em estudos de solo e morfologia. Em importantes, como a estimativa de sensores ópticos que realizam uma
Champagne, cada vez mais as principais casas produtividade. Já o robô Wall-Ye pode reconstrução em 3D da estrutura
estão vinificando cada pedaço de parcela em se mover de forma independente ao da vinha. E, por fim, um protótipo
longo das linhas, adquirindo dados de trator robótico foi desenvolvido
tanques separados para criar cuvées específicas. sobre cada videira e produzindo um pela Autonomous Solutions (ASI)
Portanto, a questão talvez não seja se tecnologia é mapa de vinhedos detalhado. Graças e é capaz de suportar ferramentas
amiga ou inimiga do vinho, mas o quanto os pro- a um sistema de monitoramento agrícolas comumente usadas no
baseado em muitos sensores ópticos, gerenciamento de vinhas.
dutores podem se beneficiar com ela e entender
o potencial que a natureza lhes oferece.

Edição 164 >> ADEGA 71


HARMONIZAÇÃO | p o r ARNALDO GRIZZO

CALDOS
É possível combinar sopas com vinhos?

O
frio vai chegando e, às vezes, a úni-
ca coisa que queremos é um caldo
quentinho, uma sopa para acalen-
tar o corpo e a alma. E, na cabeça
de um enófilo, o vinho também Sopa de tomate
ajudar a “esquentar” e a espantar o frio. Mas essa Esse é um caldo que costuma ser servido
combinação entre vinho e sopa funciona? frio, na verdade. E com acompanhamen-
Convenhamos que a harmonização não é das tos diferentes dependendo do “gosto do
mais fáceis, pois a relação entre texturas e tempe- freguês”. Mas, se pensarmos apenas na base
raturas quase nunca é a ideal. Mas há situações em de tomate e na temperatura, temos aqui geralmente
que o vinho pode, sim, fazer companhia, se não grande acidez, que pede para ser contraposta com
criando uma combinação ótima, sem, ao menos, acidez. Pode-se então experimentar com brancos à
comprometer. Confira algumas dicas de caldos e base de Sauvignon Blanc, Riesling e Alvarinho, por
vinhos que podem estar lado a lado. exemplo. Mas também pode-se optar por tintos leves
com Tempranillo, Sangiovese ou Barbera. Atenção, a
mesma lógica vale para o gazpacho.

Consommé
Este típico caldo de carne (ou
frango, ou até de legumes) servido
como entrada em muitos restau- Caldo verde
rantes de inspiração francesa pode Aqui temos um clássico português, a mistura da
ser acompanhado de Jerez seco, por couve com as batatas e o toque final da lingui-
exemplo. A combinação deve-se um pouco ça defumada. Um caldo saboroso, com uma
à salinidade e oxidação do vinho que casam mistura de texturas, leve amargor da couve, que
com a estrutura e sabores delicados do caldo. pode ir bem com alguns Vinhos Verdes (inclu-
sive os tintos), mas também com um Sauvignon
Blanc ou ainda um blend branco estilo Rhône
ou Douro.

72 ADEGA >> Edição 164


Minestrone Cremes de vegetais
A maioria das sopas cremosas, como creme
A famosa sopa italiana pode ser composta por
de palmito, creme de abóbora, creme de
uma infinidade de legumes cortados combi-
mandioca, creme de milho etc., podem ser
nados quase sempre com arroz ou macarrão.
acompanhadas de brancos secos mais leves
Pode-se ainda acrescentar carnes. Geralmente
como Pinot Grigio, Pinot Blanc, Alvarinho,
o feijão cozido e a batata, além do tomate,
Verdelho ou Riesling, ou, dependendo da
formam uma base tão substanciosa que podem
intensidade do creme, podem ainda supor-
suportar até mesmo tintos de médio corpo.
tar algum branco levemente amadeirado.
Vale experimentar um Syrah, um Cabernet
Sauvignon com passagem ligeira por madeira,
ou Sangiovese também.
Capeletti in brodo
Esta outra clássica receita italiana, que pode
variar um pouco conforme o tipo de recheio
da massa e do estilo do caldo (carne, frango ou
Sopa de cebola legume), tende a ter um paladar bastante sutil
Outro clássico da cozinha francesa, graças ao caldo e uma estrutura média, devido
o caldo de cebolas costuma receber à massa. As combinações podem incluir desde
queijo derretido, o que lhe dá um corpo brancos secos (prefira os mais ácidos), passan-
mais imponente. Os franceses costu- do por Chardonnay, mas podendo chegar a
mam “harmonizar” com vinhos brancos Viognier e Chenin Blanc, até estilos de Jerez
leves, como Aligoté, ou Chardonnay secos e oxidados.
simples, mas pode-se experimentar a
companhia de um Beaujolais (Gamay),
por exemplo.

o 164 >>
Edição ADEGA 73
PERFIL | p o r ARNALDO GRIZZO

to final
Seria o fim de uma era? Robert Parker
anuncia apoosentadoria

A
pós 41 anos como crítico de vinhos, latrado na região, mas, por outro lado, foi “ex-
Robert Parker decidiu se aposentar. comungado” na Borgonha, por avaliar “mal” os
Sim, em maio deste ano, a editora- sutis Pinots. Um de seus trunfos foi a ética e, mes-
-chefe da Wine Advocate, Lisa Pe- mo com algumas polêmicas envolvendo colabo-
rotti-Brown, anunciou que, aos 71 radores que teriam recebido dinheiro para avaliar
anos, o mais influente personagem do vinho vinhos, Parker sempre teve o respeito do merca-
mundial decidiu se retirar de todas as suas fun- do por sua retidão. Outra crítica deveu-se ao seu
ções como crítico e não exercer mais nenhuma gosto e poder ter criado, involuntariamente, uma
atividade na publicação que foi criada por ele, padronização de vinhos em alguns locais, o que
então um jovem advogado, de apenas 30 anos, se convencionou chamar de “Parkerização”.
de Baltimore, em 1978. “Tenho profundo respeito por Robert Parker e
O que representa o afastamento de Parker? sua imensa contribuição para o mundo do vinho
Vale lembrar que já faz algum tempo que ele com sua integridade e entusiasmo. Ele causou
vem se afastando gradualmente de algumas fun- um grande impacto na melhora da qualidade
ções na Wine Advocate. Aliás, desde 2012, ele já dos vinhos de muitos dos mais importantes países
não era mais o dono da publicação, tendo vendi- produtores do mundo, influenciando e encora-
do para investidores asiáticos, e tampouco o edi- jando consumidores e produtores em sua busca
tor, cedendo lugar para Lisa Perotti-Brown. E, contínua pelos mais altos padrões neste fascinan-
apesar de a sigla RP ainda ser amplamente usada te universo”, afirmou Christopher Cannan, pro-
ao lado das pontuações dadas pela Wine Advo- dutor e negociante de vinhos, mas, mais que isso,
cate, a verdade é que, nos últimos anos, Parker um amigo de Parker, que acompanhou toda a sua
mesmo estava a cargo da avaliação de poucos vi- carreira. “Sua aposentadoria deixará um legado
nhos. Desde 2015, por exemplo, ele já não fazia duradouro. Tenho certeza de que a nova equipe
mais as avaliações en primeur de Bordeaux, que continuará com o bom trabalho, embora o im-
o consagrou no começo de seu trabalho. pacto sobre o comércio do vinho provavelmente
Durante mais de 40 anos de trabalho, Parker seja menos importante. Parker era a pessoa certa
foi amado e, também, odiado. Sua aptidão para no momento certo. Será difícil para qualquer um
degustar os bordaleses fez com que ele fosse ido- seguir seus passos”, completou.

74 ADEGA >> Edição 164


Na hora certa
“Com a publicação da ‘The Wine Advocate’, em
1978, Parker deu uma visão geral dos vinhos e re-
giões, com notas de prova detalhadas, e a chave
para o consumidor é que os vinhos foram clas-
sificados em uma escala de 100 pontos”, afirma
Steven Spurrier, o responsável pelo Julgamento de
Paris, em 1976, evento que revolucionou a histó-
ria do vinho. “Wine Advocate foi criada por uma
única pessoa que, durante a década de 1980 e até
sua aposentadoria, tornou-se a mais importante no
mundo do vinho. Seu paladar, especialmente para
os vinhos de Bordeaux e Rhône, é impecável e sua O principal crítico de vinhos da América do
honestidade sem questionamentos. O que come- Sul, Patricio Tapia lembra que, além da escala
çou como um julgamento claro, mas pessoal, que de 100 pontos, Parker “criou os padrões para a
o consumidor poderia seguir em suas compras, profissão de crítico de vinhos”. “Ele sempre foi
tornou-se, após o reconhecimento de Parker da ético e definiu os códigos éticos da profissão.
excepcional qualidade da safra de 1982 em Bor- Sim, houve polêmicas, mas devido a seus cola-
deaux, uma série de julgamentos que influencia- boradores, não por usa culpa”, aponta o chileno,
ram os produtores de vinho, o que terminou com que também isenta Parker de culpa no que se
produtores fazendo vinhos ‘no estilo Parker’. Não convencionou chamar de “Parkerização”. “Você
era isso que Robert Parker pretendia, e essa ten- pode questionar seu gosto por vinhos mais madu-
dência, como a do uso excessivo da madeira e ros, mas é o seu gosto. Houve muita crítica sobre
o uso do que Jancis Robinson descreveu como isso, mas se os produtores quiseram agradá-lo, o
‘garrafas inutilmente pesadas’ não durou muito problema não é dele, é dos produtores”, pondera.
tempo, com vinhos sendo feitos para ‘impres- Parker se aposenta em um momento em que
sionar’ ao invés de ‘expressar’. No entanto, isso o mundo já não segue seu paladar de forma tão
ilustrou o poder e a influência que um único cega. Sim, as notas da Wine Advocate, assim
paladar pode ter na indústria mundial do vinho. como de outras publicações e críticos pelo mun-
Ele deixa dois legados: a longa e detalhada nota do, ainda são importantes para os consumidores
de degustação que descreve o vinho em todos os e produtores, mas não definidoras. Agora, sem
seus aspectos agora e para o futuro, e a escala de Parker por trás definitivamente, qual será o sig-
100 pontos”, conclui Spurrier. nificado de uma nota RP?

Edição 164 >> ADEGA 75


GRANDS CHÂTEAUX | p o r ARNALDO GRIZZO

O astro de
CHAMBOLLE A história do Domaine Georges
Roumier, um dos ícones da Borgonha

E
m 1924, aos 26 anos, o jovem Geor- maine Belorgey, acrescentando mais vinhedos de
ges Roumier, da região de Dun-Les- Bonnes Mares e uma parte de Clos de Vougeot.
-Places, uma singela comuna bor- E, no ano seguinte, comprou o monopólio de
gonhesa, casou-se com Geneviève 2,5 ha do Premier Cru Clos de la Bussière em
Quanquin. A família Quanquin Morey-Saint-Denis. Pouco tempo depois, Geor-
tinha terras na Côte d’Or e eram negociantes de ges se aposentou.
vinho. Foi com o dote de 12 hectares de vinhedos Foi seu terceiro filho (ele teve sete), Jean-Ma-
herdados pela esposa que Georges deu início a rie quem deu sequência ao trabalho do pai. O
uma trajetória que hoje o coloca no patamar de mais velho, Alain, acabou indo ocupar o cargo
um dos grandes ícones da Borgonha, em especial do pai no Domaine Georges De Vogüé. Quando
de Chambolle-Musigny. Georges morreu, as terras acabaram divididas en-
Na época, entre os 12 hectares iniciais es- tre os sete irmãos, mas eles decidiram criar uma
tavam partes dos vinhedos de Les Fuées e Les empresa para manter as propriedades dentro do
Amoureuses, dois Premier Cru de Chambolle, e domaine. E assim Jean-Marie continuou aumen-
partes do Grand Cru de Bonnes Mares. Aí ele tando a área de vinhedos, comprando parte de
começou a produzir seus vinhos, criando um ne- Corton-Charlemagne e Musigny.
gócio independente de seus sogros. Diz-se tam- Até o começo dos anos 1980, o Domaine
bém que, ao mesmo tempo que cuidava das suas Georges Roumier tinha status de um excelente
propriedades, ele também trabalhava no vizinho, produtor, mas foi quando Christophe, seu filho,
o Domaine Georges De Vogüé. entrou na empresa que seus vinhos passaram a
Assim, em 1952, ele comprou parte do Do- ser cultuados.

76 ADEGA >> Edição 164


Edição 164 >> ADEGA 77
Foi com Talento e cuidado Ele também tende a colher mais tarde do que
Christophe Christophe nasceu em 1958, estudou enologia seus vizinhos. A seleção grão a grão é feita tanto
Roumier na Universidade de Dijon, fez um estágio na pelos colhedores quanto depois na mesa de sele-
cooperativa de Cairanne em Côtes du Rhône ção. Seus vinhos podem ter diferentes proporções
que a em 1980 e juntou-se ao pai no ano seguinte. de cachos inteiros e quando são desengaçados,
vinícola Seu impacto foi significativo. Seus vinhedos são retiram-se os das vinhas mais jovens e mantêm-
ganhou vigiados de perto e geridos de forma orgânica,
com tratamentos mínimos. Tudo no vinhedo
-se os das mais antigas. A fermentação é natural e
longa, parte em aço inoxidável, parte em cimento
status de é pensado para que as plantas estejam sempre ou cubas de madeira. Para o estágio em madeira,
ícone da bem aeradas – o que diminui o risco de vários menos da metade fica em barricas novas.
Borgonha tipos de doenças – e possam gerar as melhores
frutas possíveis.
Desde 1993, ele deixou de filtrar os vinhos.
“O vinho é quem dita as regras”, diz. “Não fa-
Ele valoriza as vinhas velhas e só replanta zemos Pinot Noir, fazemos vinhos de terroir que
parcelas quando atingem 50 anos. Ainda assim, se expressam por meio da Pinot Noir”, completa
ele tenta simular as qualidades de uma seleção Christophe, que diz não querer vinhos “fruta-
massal tradicional usando o máximo de diver- dos”, pois, segundo ele, a fruta não permanece,
sidade de clones em um vinhedo. Assim, cada portanto, o que busca é estrutura e a tipicidade
parcela replantada é dividida em sete ou oito do terroir. Seus vinhos são pensados para durar
áreas menores, cada um com um clone. E ele muito tempo.
também usa clones próprios, feitos de sua sele- “A natureza é como um cachorro na coleira,
ção massal. você tem que ser levado por ele. Você precisa dei-

78 ADEGA >> Edição 164


fotos: divulgação

AD 93 pontos
xar a natureza fazer as escolhas, e ocasionalmen- DOMAINE G. ROUMIER CHAMBOLLE MUSIGNY 2013
te apontar a direção certa”, afirma. Segundo Ch- Domaine G. Roumier, Borgonha, França (Juss
ristophe, Chambolle produz os mais elegantes Millesimes R$ 1.200 safra 2016). Tinto elaborado
vinhos da Côte d’Or e ele é quem faz alguns dos exclusivamente a partir de uvas Pinot Noir
advindas de quatro parcelas que o Domaine
melhores vinhos da região. Seu Musigny, produ-
possui na vila de Chambolle, com fermentação em
zido em minúscula escala, é um dos vinhos mais cubas de madeira e concreto (20% de engaços)
caros do planeta ano após ano, por vezes superan- e posterior estágio entre 15 e 18 meses em
do valores de 20 mil dólares. E isso considerando barricas, sendo 30% novas. Mostra cativantes
que Christophe afirma que seu Musigny não é notas terrosas, florais, de ervas e de especiarias
seu vinho mais regular (talvez pela dificuldade de envolvendo suas frutas nítidas, lembrando cerejas
e framboesas. Mas, é na boca que diz a que veio,
vinificar tão pouco). Outro que frequentemente tem acidez refrescante, taninos firmes e finos e
atinge cifras estratosféricas é o Les Amoureuses, final persistente e profundo, confirmando o nariz.
que, por vezes, supera 30 mil dólares. Hoje, qual- Está ótimo e muito equilibrado agora, mas tem
quer vinho de Roumier, é cultuado e seus preços tudo para ficar ainda melhor nos próximos 10 anos.
refletem sua fama. Álcool 13%. EM

Edição 164 >> ADEGA 79


CURIOSIDADES | p o r ARNALDO GRIZZO

A adega do
DEMÔNIO A história do Auerbachs Keller,
o bar de vinho que serviu de
palco para uma das cenas de
Fausto, obra-prima de Goethe

ogo, a exemplo da videira, deitar vinho a (1482-1542), vereador, professor de medicina e


mesa pode, apesar de ser madeira. Grande reitor da Universidade de Leipzig.
abismo, ó natureza! Quem rastreia Stromer costumava ser chamado de doutor
os teus caminhos! Ora sus, mortais Auerbach, nome de sua cidade natal, na região
mesquinhos! Rolhas fora! Aí vão da da Baviera. Quando ele reabriu o porão-adega,
mesa borbotar caudais de vinhos”. Assim, segun- o local adotou seu nome. O jovem Goethe fre-
do a lenda, de furos na mesa de madeira do porão quentava bastante a adega de Auerbach enquan-
de um dos mais antigos restaurantes de Leipzig, to estudou na Universidade de Leipzig entre
na Alemanha, Mefistófeles fez jorrar diferentes vi- 1765 e 1768 (diz-se que ao menos três garrafas
nhos para uma plateia de estudantes bêbados. de vinho consumia sempre). Lá, o escritor via
É graças a essa passagem no Fausto, de Johann rotineiramente duas telas datando de 1625, uma
Wolfgang von Goethe, que o Auerbachs Keller retratando o lendário mágico e astrólogo Johann
é famoso até hoje. O primeiro registro da adega Georg Faust bebendo cerveja com alunos, e ou-
localizada no centro da cidade – em que o mais tra em que Fausto está montado em um barril de
celebrado escritor alemão estudou em sua juven- vinho voando para fora do bar, obviamente usan-
tude – data de 1438. O local atualmente fica sob do dos poderes do demônio. Goethe, contudo,
a Mädlerpassage, uma passagem histórica cober- conhecia bem a lenda de Fausto desde a infância
ta em 1912, que substituiu o antigo Auerbach e, ao finalizar a primeira parte de seu livro “Faust,
Hof, um complexo edifícios comerciais erguido eine Tragödie” (Fausto, uma tragédia), nela in-
por volta de 1530 a mando de Heinrich Stromer cluiu uma cena no Auerbachs Keller.

80 ADEGA >> Edição 164


fotos: divulgação

Adega foi Vinho e fogo


o primeiro Na monumental obra de Goethe, logo após Deus e
Mefistófeles apostarem a alma de Fausto, o demô-
O diabo começa a fazer furos nos cantos da
mesa e diz aos jovens para tapar os buracos com
lugar onde nio aparece para o erudito em seu estúdio. “Filoso- cera. Todos pensam que ele está brincando, mas,
Mefisto levou fia, Leis e Medicina, Teologia ‘té, com pena o digo, assim que termina o último furo, solta o feitiço que
Tudo, tudo estudei com vivo empenho! E eis-me citamos no começo desse texto e o vinho começa
Fausto para aqui agora, pobre tolo, Tão sábio como dantes”, ex- a jorrar. Os rapazes se alegram, mas Mefistófeles
lhe mostrar clama Fausto desolado com os anos a fio que passou logo alerta: “Não deixem o vinho cair no chão”.
os prazeres estudando para, já velho, chegar à conclusão que
nada sabe. Nesse momento, ele sela um pacto com
Um dos jovens, contudo, derrama algumas gotas,
que imediatamente se transformam em labaredas.
da vida, após o demônio por sua alma em troca da felicidade e O clima festivo logo se dispersa e os rapazes que-
selarem um dos prazeres da “juventude que lhe foi roubada”. rem tirar satisfação com o demônio. Eles então
pacto por sua O diabo então oferece a Fausto uma série de
diversões. O primeiro lugar para o qual eles vão
empunham suas facas e avançam contra ele.
O diabo lança outro feitiço e faz com que os
alma é uma taberna, o Auerbachs Keller, onde encon- estudantes acreditem estarem em um vinhedo
tram um alvoroçado grupo de estudantes se embe- repleto de grandes uvas. Com suas facas, eles se
bedando. Mefistófeles se junta à balburdia juve- preparam para cortar os cachos sem perceber que
nil, mas Fausto não parece entusiasmado. Em um estão prestes a cortar os narizes uns dos outros.
momento, diante de algumas reclamações de que Pouco antes e isso ocorrer, Mefisto encerra o fei-
o vinho servido não era bom, o diabo pergunta aos tiço, despede-se com Fausto e desaparece, voan-
jovens que vinhos gostariam de beber. Cada um do em um barril, deixando todos estupefatos.
cita um favorito. O primeiro pede um vinho do
Reno. O segundo, Champagne. Um terceiro diz Salas históricas
que prefere “vinho de senhoras, docinho”, ao que Essa cena teria se passado no Auerbachs Keller,
Mefisto contesta: “Aí tem Tokay então”. um dos restaurantes mais badalados de Leipzig

82 ADEGA >> Edição 164


fotos: divulgação

Acima, uma das salas


do Auerbachs Keller e as
placas de entrada, além
de uma das estátuas de
e, segundo um estudo norte-americano, o quin-
Matthieu Molitor, que
to mais conhecido do mundo, depois do Hof- mostra os estudantes
bräuhaus de Munique, do Caesar’s Palace de prestes a cortar seus
narizes
Las Vegas, do Café Sacher de Viena e do Hard
Rock Café de Los Angeles. Representações da
passagem de Fausto pelo porão não estão apenas
no restaurante, mas em vários locais de Leipzig, GOETHE E O VINHO
com estátuas (duas em bronze esculpidas por
Matthieu Molitor indicam o local do wine bar), Diz-se que, além de escritor, Johann
Wolfgang von Goethe também era
monumentos, livros, souvenires etc. um especialista em vinhos. “Uma
No Auerbachs Keller, há diversas referências mulher e um copo de vinho aliviam
e cinco salas históricas: a Fasskeller (sala das todas as dificuldades, e quem não comerciante de vinhos. Dele, a
beija e quem não bebe, está morto mãe de Goethe herdou um número
barricas), a Lutherzimmer (sala de Luther), a há muito tempo!”, escreveu. Seu avô considerável de barris de vinho. Diz-se
Goethezimmer (sala de Goethe), a Alt-Leipzig Friedrich Georg Göthe (1657-1730) foi que o garoto bebia regularmente e isso
(Velha Leipzig) e a Großer Keller (Grande Ade- o proprietário da renomada pousada explicaria sua tolerância (quase nunca
“Zum Weidenhof” e construiu uma se embriagava). Em suas faturas, vê-
ga). Há ainda o bar Mephisto, onde uma das es-
loja de vinhos. Seu pai Johann Caspar se que ele comprava vinhos de vários
pecialidades é o “Fogo de Mefisto”. Goethe (1710-1782) teve uma adega locais, desde alemães, até húngaros,
Além de poder se refestelar com uma lauta re- de vinhos em Frankfurt e também tchecos, italianos, espanhóis,
feição, os visitantes ainda podem se deparar com o possuía vinhedos. “Meu pai possuía austríacos, franceses. Sua esposa
um vinhedo em frente ao Friedberger Christiane também compartilhou sua
diabo, assim como Fausto e os estudantes da fábula, Tore”, escreveu uma vez. O avô de paixão pelo vinho e, em muitas de
já que um ator faz as vezes de Mefistófeles para en- Goethe pelo lado de sua mãe foi suas cartas e escritos, há temas de
cenar alguns trechos da lenda de Fausto e também Johann Wolfgang Textor. Ele foi chefe vinho. “O vinho alegra o coração do
do judiciário em Frankfurt assim como homem e a alegria é a mãe de todas
servir os incautos. Se você não se vê problema em estalajadeiro e as virtudes”, teria escrito.
negociar sua alma, aí está uma boa aventura.

Edição 164 >> ADEGA 83


CAVE C A D E R N O D E AVA L I A Ç Ã O D E ADEGA
Tabela de avaliação
Classificação Pontos
Extraordinário 95 A 100
Excelente 91 A 94
Ótimo 89 A 90
Muito Bom 87 A 88
Avaliações por
Bom 85 A 86
Editor de vinho:
Regular 82 A 84
Eduardo Milan (EM)
Fraco ABAIXO DE 82

Beto Duarte (BD), Evolução


Christian Burgos (CB),
Christiane Miguez (CM), = Beber
Daniel Perches (DP), = Beber ou Guardar
Felipe Granata Kosikovski (FGK), = Guardar
Guilherme Velloso (GV), Observações
João Paulo Gentille (JPG), = BEST BUY - Melhor custo-benefício
Juliana Trombeta Reis (JTR) Os preços são aproximados no varejo e
O
e Mauricio Leme (MSL) itos à variação.
= Vinhos degustados em ocasiões
www.oMelhorVinho.com.br ciais – lançamentos e raridades –
e, portanto, não às cegas.
Degustações realizadas no restaurante
Praça São Lourenço com ajuda do sommelier
Gustavo dos Santos Barros
Espumantes, página 86
Brancos, página 88
Tintos, página 90
Eventos, página 96
ESPUMANTES

AD 92 pontos AD 86 pontos AD 89 pontos AD 89 pontos AD 88 pontos


ANTICA FRATTA AURORA MOSCATEL BARDOT PROSECCO CARVALHO BRANCO CASA VALDUGA ARTE
FRANCIACORTA EXTRA BRUT ROSÉ ESPUMANTE Famiglia Zanlorenzi, NATURE 2015 TRADICIONAL BRUT
Antica Fratta, Aurora, Serra Gaúcha, Serra Gaúcha, Brasil Carvalho Branco, 12 MESES 2016
Lombardia, Itália Brasil (R$ 30). (Livimport R$ 48). As Minas Gerais, Brasil Casa Valduga, Vale
(World Wine R$ 248). Espumante rosado borbulhas são finas (R$ 70). Espumante dos Vinhedos, Brasil
Espumante branco doce elaborado a e rápidas e a cor é branco brut elaborado (R$ 65). Espumante
extra brut composto partir de Moscato de palha. No nariz, as pelo método tradicional brut elaborado pelo
de 90% Chardonnay Hamburgo e Moscato notas florais, típicas exclusivamente a partir método clássico a partir
e 10% Pinot Nero, Bianco. Fresco, leve dos Proseccos, pera, de uvas Chardonnay, de 60% Chardonnay
mantido 24 meses e agradável de beber, pêssego e pão torrado. maturadas e colhidas e 40% Pinot Noir,
em contado com as apresenta frutas Na boca, tem boa no período de outono/ com 12 meses de
leveduras. Mostra vermelhas e brancas cremosidade, frescor inverno, ou seja, através amadurecimento
frutas brancas e cítricas maduras equilibradas e sabor agradável de podas (poda invertida) sobre as leveduras.
acompanhadas de por sua ótima acidez repetindo os aromas em que a videira é Mais uma boa edição
notas florais, tostadas, e gostosa textura. sentidos no nariz. Tem levada a produzir uvas desse espumante, que
de especiarias e de Depois aparecem notas boa persistência e um fora do período usual mostra estilo de fruta
ervas. Limpo, cremoso de ervas e de flores, leve amargor no final. da primavera/verão, o mais maduro, bem
e fresco, tem bom que se confirmam no Álcool 11,5%. BD que possibilita um ciclo equilibrado por sua
volume de boca, palato. Despretensioso. mais longo, permitindo refrescante acidez,
textura cativante e final Gostoso em sua o amadurecimento gostosa textura e boa
persistente, com toques simplicidade. Álcool mais homogêneo da cremosidade. Tem final
salinos e de limão. 7,5%. EM fruta. Com 24 meses de com toques salinos e de
Álcool 13%. EM contato com as leveduras limão. Álcool 11,5%.
antes da degola, mostra EM
vibrante acidez e gostosa
cremosidade escoltando
as suas frutas cítricas e
tropicais de perfil mais
fresco. Austero, tem final
persistente, com toques
salinos e de casca de
nozes. Grata surpresa
de Minas Gerais. Álcool
12,2%. EM

86 ADEGA >> Edição 164


AD 92 pontos AD 88 pontos AD 88 pontos
JUVÉ Y CAMPS SALTON MOSCATEL SERRA DOS CRISTAIS
RESERVA DE LA FAMILIA ESPUMANTE CHARDONNAY BRUT
BRUT NATURE 2014 Salton, Tuiuty, Brasil Vinícola Castanho,
Juvé & Camps, (R$ 40). De coloração Jundiaí, Brasil (R$
Catalunha, Espanha amarelo claro esse 42). Espumante de
(Clarets R$ 199). Moscatel apresenta coloração amarelo
Espumante branco brut aroma de pêssego em palha, com aroma de
nature elaborado pelo calda, notas de flores frutas cítricas como
método tradicional, brancas e de chá preto. lima da pérsia e
composto por Xarel-lo, Com um bom volume e grapefruit. Na boca,
Macabeo e Parellada cremosidade, o sabor de mostra-se refrescante
e mantido em contato chá preto se evidencia prevalecendo também
com as leveduras por 36 no palato quebrando com as notas cítricas
meses. Chama atenção o lado melado da e final de boca com
pela acidez pulsante, Moscatel. Boa opção leve amargor, como se
pela cremosidade e para acompanhar tivessem raspas da casca
profundidade, tudo sobremesa ou mesmo de laranja lima. Álcool
emoldurado por toques uma fatia de bolo no chá 12,5%. CM
salinos, florais, cítricos, da tarde e com mais de
de fermento e de frutos uma taça! Álcool 7,5%.
secos. Tem final longo CM
e agradável, com notas
tostadas e de ervas.
Álcool 12%. EM
BRANCOS

AD 90 pontos AD 92 pontos AD 87 pontos AD 91 pontos AD 89 pontos


CLEARWATER COVE CRASTO SUPERIOR ESTREIA BRANCO 2017 GOTIM BLANC 2017 GRAN SASSO EDIZIONE
SAUVIGNON BLANC 2017 BRANCO 2016 Adega Cooperativa de Castell del Remei, LIMITATA PINOT GRIGIO
Clear Water Cove, Quinta do Crasto, Ponte da Barca, Minho, Costers del Segre, 2017
Marlborough, Nova Douro, Portugal Portugal (Conceito Espanha (Mistral Gran Sasso, Puglia,
Zelândia (Domno R$ (Qualimpor R$ 216). Português R$ 39). US$ 28). Branco Itália (La Pastina R$
100). Branco elaborado Branco elaborado a Aroma aberto com composto de Macabeo 120). Branco 100%
exclusivamente a partir de uvas 60% notas cítricas e florais e Sauvignon Blanc, Pinot Grigio, de
partir de Sauvignon Viosinho e 40% frescas e agradáveis. sem passagem por coloração amarelo
Blanc, sem passagem Verdelho advindas de Apresenta corpo madeira. Fresco e palha, abre o olfato
por madeira. Cheio de vinhas de mais de 20 leve para médio no vibrante, mostra notas com notas de frutas
tipicidade e frescor, anos localizadas no paladar. Destaca-se florais e de ervas frescas brancas, como pera
mostra aromas de Douro Superior, com pela acidez marcante escoltando suas frutas e pêssego, e finaliza
maracujá acompanhado estágio de seis meses e efervescente, aquela tropicais e de caroço. com leve herbáceo. Na
de notas herbáceas em barricas de carvalho que quase espuma De médio corpo, tem boca, tem bom volume,
e de aspargos, além 50% novas. Uma versão e traz notas de gostosa acidez, boa apresentando fruta
de toques florais e tensa e vibrante desse limão tahiti. Ainda cremosidade e final madura, em especial
minerais. Frutado e consistente vinho, assim traz textura persistente e agradável, a pera, e discreta
sedutor, tem acidez que tem o aporte de macia e delicada com toques cítricos e acidez, acompanhada
vibrante, boa textura madeira para agregar apresentando ligeiro salinos, que pedem a de delicado herbáceo
e final suculento, corpo, cremosidade e dulçor final. Gostoso companhia de frutos do e final limpo e
com toques salinos toques tostados e de para beber gelado mar em geral. Álcool persistente. Álcool
e cítricos. Ideal na especiarias. Mostra despretensiosamente, 12%. EM 12%. FGK
companhia de peixes frutas brancas e de também pode
brancos. Álcool 12,5%. caroço, além de final acompanhar pratos
EM persistente, com toques leves à base de queijos
salinos e cítricos. frescos. Álcool 11,5%.
Álcool 12%. EM JPG

88 ADEGA >> Edição 164


>>

ADEGAS
PARA VINHO
DOMETIC

AD 92 pontos AD 91 pontos AD 88 pontos


HESS COLLECTION LEONE DI VENEZIA PINTA NEGRA BRANCO 2017
CHARDONNAY 2016 GEWÜRZTRAMINER 2018 Adega Mãe, Lisboa,
Hess Family Wines, Leone di Venezia, São Portugal (OBA
Califórnia, Estados Joaquim, Brasil (R$ Hortifruti R$ 35). A
Unidos (Decanter R$ 88). Branco elaborado primeira característica
345). Branco elaborado exclusivamente a partir que impressiona
exclusivamente a partir de Gewürztraminer, neste branco é seu
de Chardonnay, com sem passagem por intenso aroma floral,
fermentação e estágio madeira. De ótima que é procedido de
de quatro meses de 30% tipicidade, mostra notas uma nota de mel e
do vinho em barricas florais e de pimenta boa mineralidade.
de carvalho francês,
sendo 19% novas.
branca acompanhando
as frutas tropicais e de
Em boca, este
mineral se repete e é
AD
DEGAS DE
De ótima tipicidade,
esbanja frutas tropicais
caroço maduras, tudo
escoltado por acidez
acompanhado por boa
acidez trazendo frescor
COMPRESSOR COM
maduras acompanhadas
de notas tostadas e
vibrante, ótima textura
e final cheio e untuoso,
e “drinkability” a este
português. Álcool 13%.
UMAOUDUASZONAS
de especiarias doces,
que se confirmam no
pedindo mais um gole.
Por ser fácil e gostoso
MSL
DE TEMPERATURA
palato. Estruturado e de beber, aparenta ser
frutado, tem gostosa menos complexo do Dometic MaCave as adegas de vinho single
textura, ótimo volume, que realmente é. Álcool ou multi-temperatura provaram o seu valor em
acidez na medida e 13,5%. EM bares, restaurantes e hotéis, bem como em
final persistente e escritórios e resistências. Elas atendem às mais
refinado, com toques altas exigências de qualidade e design e estão
amanteigados e de disponíveis em vários tamanhos e versões.
frutos secos. Álcool Cada modelo é fornecido totalmente equipado,
13,5%. EM incluindo as prateleiras e todos os acessórios
essenciais.

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TINTOS

AD 89 pontos AD 89 pontos AD 90 pontos AD 89 pontos AD 88 pontos


PLUME CHARDONNAY 2017 POUCA TERRA BRANCO 2015 VIÑA EGUÍA BLANCO 2015 VITIANO BIANCO 2015 ALAMOS MALBEC 2017
Pericó, São Joaquim, Quanta Terra, Douro, Bodegas Eguía, Falesco, Úmbria, Itália Bodegas Alamos,
Brasil (R$ 92). Portugal (Adega Rioja, Espanha (Winebrands R$ 84). Mendoza, Argentina
Branco elaborado Alentejana R$ 108). (Winebrands R$ 91). Produzido pela Falesco, (Mistral US$ 22).
exclusivamente a partir Branco da região do Branco elaborado uma propriedade que Tinto majoritariamente
de Chardonnay, com Douro, de coloração exclusivamente a partir recuperou vinhedos elaborado a partir de
breve passagem por amarela puxando de Viura, sem passagem antigos para produzir Malbec, com passagem
barricas de carvalho. sutilmente para o por madeira. Fresco, vinhos de qualidade. É entre seis e nove
Mostra cativantes dourado. Aroma de vivo e vibrante, mostra um corte de Verdicchio meses em barricas de
aromas de abacaxi abacaxi grelhado, com frutas cítricas seguidas e Vermentino, duas carvalho. Apresenta
fresco acompanhados mel, suculento e doce. de notas florais, uvas bastante utilizadas coloração vermelha
de notas florais, de Com o tempo em minerais e de ervas, na região da Úmbria, intensa. No nariz,
ervas e de especiarias taça, surgem as notas que se confirmam na no centro da Itália. O muito especiado, com
doces, que se florais intensas. Ao ser boca. De médio corpo vinho não passa por pimentas negras e
confirmam na boca. degustado, esse vinho e gostoso de beber, madeira. Tem aromas nuances amadeirados.
Tem refrescante acidez, preenche a boca com tem final persistente e bastante frescos, Com tempo em taça,
gostosa textura e final frescor, boa acidez e agradável, com toques lembrando frutas o aroma de morango
com toques salinos e refrescância. Álcool salinos e de maçãs, que brancas, como pera, aparece com mais
cítricos pedindo mais 13%. CM pedem a companhia de e um leve toque de intensidade. No palato,
um gole. Álcool 13%. frutos do mar. Álcool lichia, além de notas tem bom corpo e
EM 13%. EM herbáceas. Na boca, acidez equilibrada.
confirma os aromas Álcool 12,5%. CM
e mostra-se bastante
gastronômico e versátil
na harmonização,
passando por saladas
até bacalhau. Álcool
13,3%. DP

90 ADEGA >> Edição 164


>>

AD 90 pontos AD 90 pontos AD 91 pontos


ALTO DE LA BALLENA ALTOS IBÉRICOS CESARI AMARONE DELLA
RESERVA CABERNET FRANC CRIANZA 2015 VALPOLICELLA CLASSICO
2012 Torres, Rioja, Espanha 2012
Alto de la Ballena, (Devinum R$ 135). Cesari, Vêneto, Itália
Maldonado, Uruguai Tinto elaborado a partir (BEV Group R$ 380).
(Winebrands R$ da casta Tempranillo, Tinto composto de
182). A Cabernet com passagem de 12 75% Corvina Veronese,
Franc tem originado meses por madeira. De 20% Rondinella e
tintos atraentes tanto coloração rubi intenso, 5% Molinara, com
na Argentina como com aromas de frutas processo de secagem
no Uruguai, como vermelhas e leve notas (apassimento) de
esse exemplar da de couro curtido e quatro meses antes da
sempre confiável Alto cury. Boca com bom fermentação e posterior
de la Ballena, que corpo, boa persistência amadurecimento de 30
oferece rica palheta e taninos suculentos meses parte em botti
aromática, com notas e levemente secantes, de carvalho do leste
frutadas (amoras/ que o tornam um vinho europeu e parte em
mirtilos), herbáceas, bem gastronômico. barricas de carvalho
terrosas (típica da Álcool 14,5%. CM francês. Apresenta
casta) e agradável aromas de frutas
floral. Na boca, prima vermelhas maduras e
pela elegância, com em compota seguidos
taninos muito finos e de notas florais e de
corpo médio. A acidez especiarias doces, que
compensa o grau se confirmam no palato.
alcoólico mais elevado. Ainda jovem, tem
De perfil gastronômico, ótimo volume de boca,
pede carne (ovelha é gostosa acidez, taninos
boa opção no Uruguai) de boa textura e final
para acompanhá-lo. persistente, mostrando
Álcool 14,5%. GV potência e densidade,
com equilíbrio e certa
elegância. Álcool 15%.
EM
AD 90 pontos AD 90 pontos AD 89 pontos AD 88 pontos AD 90 pontos
CHÂTEAU LA MONDETTE DOM CÂNDIDO DORY TOURIGA NACIONAL EMILIANA CABERNET FREI JOÃO COLHEITA
2016 GRAN RESERVA TINTA RORIZ MERLOT SYRAH SAUVIGNON 2016 TINTO 2014
Univitis, Bordeaux, CABERNET SAUVIGNON 2014 2016 Emiliana, Vale Central, Caves São João,
França (Adega Dom Cândido, Vale dos Adega Mãe, Lisboa, Chile (La Pastina R$ Bairrada, Portugal
Alentejana R$ 120). Vinhedos, Brasil (R$ Portugal (Pão de 49). Tinto elaborado (Vinci US$ 27). Um
Blend de Merlot e 167). Tinto elaborado Açúcar R$ 56). a partir de Cabernet dos mais tradicionais
Cabernet Sauvignon de exclusivamente a Esta interessante Sauvignon, sem tintos da Bairrada
Bordeaux (Castillon), partir de Cabernet combinação de uvas, passagem por madeira. é composto de
com muita fruta Sauvignon, com traz ao nariz uma boa Muito frutado, mostra 65% Baga e 35%
aparente, com destaque estágio de 14 meses em complexidade onde as características da Touriga Nacional,
para as cerejas. Tanto barricas de carvalho. se mesclam uma nota cepa como notas de com estágio de oito
no nariz quanto na Estruturado e carnudo, de madeira “doce”, ervas, de especiarias, meses em barricas de
boca é muito vibrante, tem taninos e acidez cerejas negras e um de cassis e de ameixas, carvalho. Reputado
mostrando boa acidez que pedem comida agradável toque de que se confirmam por sua capacidade
e taninos jovens, mas e também trazem baunilha. Em boca, a no palato. Fácil de de envelhecer bem,
bem domados. Um sustentação a toda cereja reaparece em entender e de agradar, está novo ainda, mas
vinho que ganha com sua fruta madura e forma mais ácida e é tem taninos macios, já muito agradável de
a gastronomia. Álcool em compota. Aqui a acompanhada por boa gostosa acidez e final beber. Mostra frutas
13%. DP fruta prevalece sobre estrutura alcoólica e agradável, pedindo negras de perfil mais
a madeira, tem final taninos bem polidos, mais um gole. Versátil, fresco escoltadas por
persistente e suculento, entregando boa textura pode ser servido taninos granulados
com toques terrosos, a este português. Álcool como aperitivo ou e vibrante acidez.
de ameixas e de ervas 13%. MSL na companhia de Gastronômico por
secas. Definitivamente, embutidos em geral. natureza, tem final
para a mesa com ele. Álcool 13,5%. EM persistente e profundo,
Álcool 13%. EM com toques terrosos,
especiados e de ervas
secas. Álcool 12%. EM

92 ADEGA >> Edição 164


>>

AD 89 pontos AD 92 pontos AD 89 pontos


KEY CABERNET SAUVIGNON LEUKADE 2013 MARCHIGÜE RESERVE
CARMÉNÈRE 2016 Tobelos Bodegas PINOT NOIR 2009
Valle Secreto, y Viñedos, Rioja, Errázuriz Ovalle, Itata,
Cachapoal, Chile Espanha (Wine Chile (Obra Prima
(Optimus R$ 90). Lovers R$ 307). R$ 110). Aroma bem
Explosivo aroma Tinto elaborado aberto, com notas
herbáceo que lembra exclusivamente a partir selvagens de grama
aspargos e pimentão de uvas Tempranillo cortada, cereja preta
vermelho em conjunto advindas de vinhedos fresca e especiarias.
com licor de cassis, de mais de 65 anos de No paladar, tem
típico da variedade. idade, com estágio de bastante estrutura para
Tem bastante corpo 17 meses em barris a variedade, além de
e volume no paladar, de carvalho francês. traços positivos de
preenche a boca com Apresenta aromas de evolução. Um Pinot
textura muito macia cerejas e ameixas, Noir que consegue ser
de taninos vivos e bem como notas suculento e apresentar
equilibrados, aparece florais, tostadas e de taninos marcantes,
fruta preta madura que especiarias doces, que trazem boa textura
lembra ameixa preta além de toques de mineral. Tem final
seca misturada com tabaco e de chocolate. médio, além de acidez
chocolate mentolado, Impressiona pelo saltitante. Vinho de
em segundo plano equilíbrio e precisão bastante personalidade,
vem o lado herbáceo do conjunto, é frutado, para beber rápido e
trazendo frescor e estruturado e potente, acompanhar a refeição.
personalidade. Agrada tudo sustentado por Um bom grelhado de
muito, doçura aparece taninos de grãos finos, Angus “Dry Aged” pode
no contexto do vinho. acidez vibrante e final ser uma alternativa.
Guloso e de ótima persistente e refinado, Álcool 13,5%. JPG
duração, precisa de pedindo mais um gole.
comida de porte, como Álcool 14,5%. EM
uma costela bovina
bem assada. Álcool
14%. JPG
AD 89 pontos AD 89 pontos AD 94 pontos AD 90 pontos AD 93 pontos
MARQUÉS DE CÁCERES OGIER GENTILHOMME OLHO DE MOCHO SINGLE PERDRIEL SERIES PISPI BLEND DE TINTAS
CRIANZA 2014 CÔTES-DU-RHÔNE 2014 VINEYARD RESERVA 2016 CABERNET SAUVIGNON 2014 2015
Marqués de Cáceres, Maison Ogier, Rhône, Herdade do Rocim, Norton, Mendoza, Mosquita Muerta,
Rioja, Espanha França (Vinci US$ Alentejo, Portugal Argentina (Winebrands Mendoza, Argentina
(Grand Cru R$ 100). 29). Coloração (World Wine R$ 221). R$ 140). Aroma típico (Optimus R$ 275).
Tempranillo com 10% violácea com halos Tinto composto de da Cabernet com Tinto composto a
de Garnacha e 5% de que denotam tempo uvas Alicante Bouschet cassis em calda e partir de 40% Malbec
Graciano. No nariz, de garrafa. Aromas e Trincadeira, com mentol sutil, tudo com de Perdriel, 30% Petit
tem boa intensidade maduros com notas estágio de 16 meses em classe. No paladar, Verdot de Altamira,
aromática, com mais evolutivas que lembram barricas de carvalho impressiona pelo seu 20% Bonarda de
força para as frutas cola, violeta e doçura francês de 500 litros. equilíbrio, de médio Medrano, 10%
vermelhas, um toque de açúcar queimado. O resultado é um corpo com taninos Cabernet Franc de La
de baunilha, erva doce No paladar, é muito vinho tenso, vibrante, delicados, aparece Consulta e 10% Merlot
e cacau. Na boca, tem encontrado, apresenta nítido em frutas fruta vermelha em de Los Chacayes,
bom equilíbrio entre médio corpo, ataque negras frescas, como volume, mas com tudo fermentado com
os taninos e a acidez, de taninos marcantes ameixas e amoras, tudo acidez viva, que traz leveduras indígenas e
é encorpado e tem e salinos, que deixam acompanhado de notas frescor agradável. Tem estagiado em barricas
boa persistência. É um a boca seca e com florais, minerais, de longa duração com usadas de carvalho.
Rioja clássico. Álcool sensação gostosa ervas e de especiarias traços finais salinos Suculento, frutado
13,5%. BD de frescor. Aparece doces. Impressiona e herbáceos, que e gostoso de beber,
geleia de morango pelos taninos finos e mostram seriedade e chama atenção pela
reduzida em conjunto de ótima textura, pela finesse. Ótimo vinho, vibrante acidez, pelos
com textura herbácea acidez pulsante e pelo bem encontrado, está taninos de ótima
agradável. Um vinho final cheio e profundo, em um bom momento textura lembrando giz
direto em que o com toques de grafite para beber, possui e pelo final profundo,
tempo trouxe bom e de tinta nanquim. excelente custo/ com toques de ameixas,
equilíbrio, possui Ainda está jovem e tem benefício e pode de flores e de ervas.
bastante tipicidade e tudo para ficar ainda acompanhar bem Álcool 13,6%. EM
personalidade. Precisa melhor nos próximos massas e molhos.
de comida, como 10 anos. Álcool 14%. Álcool 13,5%. JPG
carnes na brasa. EM
Tem 13% de álcool.
JPG

94 ADEGA >> Edição 164


>>

AD 88 pontos AD 88 pontos AD 90 pontos AD 90 pontos AD 91 pontos


QUINTA DE BONS-VENTOS ROCA MALBEC MERLOT 2017 SAINT-ESPRIT SAMORËNS TRISQUEL GRAN RESERVA
TINTO 2017 Alfredo Roca, CÔTES-DU-RHÔNE 2016 CÔTES-DU-RHÔNE 2016 ASSEMBLAGE 2016
Casa Santos Lima, Mendoza, Argentina Delas Frères, Rhône, Ferraton Père & Fils, Aresti, Curicó, Chile
Lisboa, Portugal (Cantu (Porto a Porto R$ 62). França (Grand Cru R$ Rhône, França (Cantu (Sonoma R$ 170).
R$ 42). Tinto composto Tinto elaborado a partir 115). Tinto composto R$ 105). Um blend Corte com 44% de
de Touriga Nacional, de uvas 50% Malbec e por Grenache e das uvas Garnacha Cabernet Sauvignon,
Castelão, Camarate 50% Merlot cultivadas Syrah (está última em (80%), Syrah (15%) e 42% de Syrah e 14% de
e Tinta Miúda, com na zona de San Rafael, predominância), sem Cinsault (5%), com Petit Verdot. A cor rubi
estágio entre três sem passagem por passagem por madeira, passagem por madeira. escuro dá a impressão
e quatro meses em madeira. Acessível, de corpo jovem e Apresenta aromas de um vinho com
carvalho. Sempre direto e fácil de coloração púrpura e de frutas vermelhas muita concentração.
consistente, é cativante agradar, mostra ameixas intensa. Traz notas de maduras e de pimenta No nariz, cereja,
e gostoso de beber, e amoras maduras frutas vermelhas, de preta. Frutado e amora, sempre frescas,
mostra frutas vermelhas acompanhadas de notas violetas e de especiarias encorpado, tem taninos nada que lembre geleia
e negras como ameixas florais, de ervas e de doces ao nariz. Em estruturados e bem ou compota. Com
e framboesas seguidas especiarias. De médio boca, é equilibrado. equilibrados com sua mais tempo na taça,
por notas terrosas, corpo, tem taninos de Boa textura, discreta refrescante acidez. aparecem notas de café
especiadas, florais e boa textura, gostosa acidez, taninos Álcool 14%. CM e baunilha. Na boca, é
de ervas. Na boca, é acidez e final agradável, marcantes e redondos seco, equilibrado. Tem
redondo e frutado, tem confirmando os aromas. e média persistência, boa acidez e taninos
taninos macios, ótima Álcool 13%. EM formam a estrutura com textura macia e
acidez e final médio e deste blend francês, granulada. Um vinho
agradável. Álcool 13%. que se mostra uma delicioso e persistente,
EM boa companhia para que consegue
grelhados e churrasco. concentração e frescor.
Álcool 14%. FGK Álcool 13,5%. BD

Edição 164 >> ADEGA 95


EVENTOS

AD 90 pontos AD 90 pontos AD 91 pontos ANIMA VINUM - HOSPICES ANIMA VINUM - HOSPICES


UMBERTO FIORE BARBERA VALLISTO MALBEC 2014 ZORZAL GRAN TERROIR DE BEAUNE DE BEAUNE
D’ALBA 2016 Vallisto, Catamarca, PINOT NOIR 2016
Manfredi, Piemonte, Argentina (World Zorzal Wines, AD 95 pontos AD 95 pontos
Itália (Italia Mais R$ Wine R$ 140). Tinto Mendoza, Argentina HOSPICES DE BEAUNE HOSPICES DE BEAUNE
123). Vinificação muito elaborado 100% com a (Grand Cru R$ 170). CORTON GRAND CRU CUVÉE MEURSAULT PREMIER
bem-feita, com aromas uva mais tradicional da Tinto elaborado DOCTEUR PESTE 2015 CRU GENEVRIÈRES CUVÉE
tendendo à cereja, Argentina. Um Malbec exclusivamente a Hospices de Beaune, BAUDOT 2015
com um leve toque de coloração rubi, partir de uvas Pinot Borgonha, França Hospices de Beaune,
de tabaco. Na boca, é com toques violáceos, Noir cultivadas em (Anima Vinum R$ Borgonha, França
intenso e com taninos destaca os aromas Gualtallary, no vale do 945). Tinto elaborado (Anima Vinum R$
muito redondos, exuberantes de frutas Uco, com fermentação exclusivamente a partir 985). Branco elaborado
fazendo com que se negras e vermelhas em em tanques de de Pinot Noir, com exclusivamente a partir
busque o próximo compota. Na boca, concreto, com 30% de estágio em barricas de uvas Chardonnay
gole. Gastronômico e tem boa estrutura de engaços, para aportar de carvalho francês. advindas de vinhas
delicado, combina com taninos, marcantes mais estrutura e Exuberante nos aromas velhas, com estágio em
carnes e assados, além e aveludados, média posterior estágio entre e grandioso no paladar, barricas de carvalho
das massas com molhos persistência, além bom 10 e 14 meses em barris mostra perfil de frutas francês. Ainda jovem,
vermelhos. Álcool 13%. volume e equilíbrio. de carvalho francês de vermelhas mais frescas no início estava
DP Álcool 14,5%. FGK 500 litros. Terroso, com seguidas de notas um pouco fechado,
muita cereja, ótimo especiadas, terrosas, depois foi mostrando
volume e deliciosa florais e de cogumelos. notas defumadas e de
textura de taninos, Delicioso, sedoso e manteiga envolvendo
projetando-se pela na extremamente elegante, suas frutas brancas
boca e espalhando tem taninos firmes e e de caroço, tudo
frescor por onde passa. de excelente textura, num contexto de
As notas florais e de vibrante acidez e final vibrante acidez, textura
especiarias doces profundo e persistente, cremosa e final longo e
trazem complexidade com toques de giz. persistente, com toques
ao conjunto. Tenso e Álcool 13,5%. EM cítricos, tropicais e
vibrante, tem tudo para minerais. Álcool 14%.
ficar ainda melhor nos EM
próximos cinco anos.
Álcool 14%. EM

96 ADEGA >> Edição 164


>>

CANTU WINE DAY CANTU WINE DAY DECANTER WINE DAY DECANTER WINE DAY DEVINUM - JANTAR
FERNANDO RAVERA/
AD 90 pontos AD 94 pontos AD 94 pontos AD 92 pontos NAVARRO CORREAS
LE CASINE CHIANTI 2016 SÍMBOLO 2015 FERRARI RISERVA QUINTA DOS ROQUES
Castellani, Toscana, Poças, Douro, Portugal LUNELLI 2007 ENCRUZADO 2016 AD 91 pontos
Itália (Cantu R$ 80). (Cantu R$ 462). Ferrari, Trentino, Itália Quinta dos Roques, NAVARRO CORREAS RESERVA
Tinto composto de Tinto elaborado (Decanter R$ 541). Dão, Portugal SELECCIÓN DE PARCELAS
89% Sangiovese e 11% exclusivamente a partir Branco espumante (Decanter R$ 221). CABERNET SAUVIGNON 2016
Canaiolo, com estágio de Vinhas Velhas, com brut elaborado pelo Branco elaborado Navarro Correas,
de seis meses em barris estágio de 18 meses método tradicional exclusivamente a partir Mendoza, Argentina
de carvalho. De boa em barricas novas de exclusivamente a partir de Encruzado, com (Devinum R$ 120).
tipicidade, mostra carvalho francês de 300 de Chardonnay, com fermentação e estágio Tinto elaborado
cerejas e groselhas litros. O resultado é um longo estágio de sete de 65% do vinho em exclusivamente a
acompanhadas de vinho cheio de frutas anos sob as leveduras. barricas de carvalho partir de Cabernet
notas florais, de ervas negras como ameixas e Complexo nos aromas francês. Austero e em Sauvignon, com
secas e de especiarias, amoras acompanhadas e nos sabores, mostra sua juventude, mostra estágio de 12 meses em
que se confirmam de notas florais, de frutas de caroço frutas brancas e de barricas de carvalho.
no palato. De estilo ervas, de especiarias maduras, bem como caroço acompanhadas Suculento e cheio de
mais tradicional e doces e de tabaco, que notas florais, minerais e de notas florais, de fruta, mostra cassis,
gastronômico por aparecem tanto no de frutos secos, além de especiarias doces e de ameixas e amoras
natureza, tem taninos nariz quanto na boca. toques de pão tostado amêndoas. Untuoso acompanhadas de
marcantes, acidez Cheio e opulento, e de especiarias. No e tenso, tem ótimo notas de ervas e de
refrescante e final mas também vertical palato, tem textura volume, vibrante acidez especiarias picantes.
suculento, que pede a e tenso, chamando cremosa, refrescante e final persistente, com Estruturado e muito
companhia de massas atenção pela ótima acidez, ótimo volume toques salinos, cítricos gostoso de beber, tem
ao molho tipo ragu. acidez, pelos taninos de boca e final e de frutos secos. Álcool acidez na medida,
Álcool 12,5%. EM de grãos finos e pelo persistente e profundo, 14%. EM taninos de ótima
final longo, com toques com toques salinos e textura e final cheio
de grafite. Um tinto cítricos. Álcool 12%. e longo, com toques
austero e ainda jovem, EM especiados e de grafite.
que vai ficar melhor Álcool 14%. EM
nos próximos 10 anos.
Álcool 14%. EM

Edição 164 >> ADEGA 97


DEVINUM - JANTAR GRAND CRU TASTING GRAND CRU TASTING WINEBRANDS - ALMOÇO WINEBRANDS - ALMOÇO
FERNANDO RAVERA/ MATIAS RICCITELLI MATIAS RICCITELLI
NAVARRO CORREAS AD 96 pontos AD 91 pontos
QUINTA DO VESUVIO 2015 SAN MARZANO TALÒ AD 94 pontos AD 94 pontos
AD 93 pontos Symington Family MALVASIA NERA 2017 RICCITELLI VINO DE FINCA DE RICCITELLI VINO DE FINCA
NAVARRO CORREAS Estates, Douro, Portugal San Marzano, Puglia, EL CEPILLO MALBEC 2016 DE LA CARRERA
SELECCIÓN DEL ENÓLOGO (Grand Cru R$ 730). Itália (Grand Cru R$ Riccitelli Wines, SAUVIGNON BLANC 2018
GRAND ASSEMBLAGE 2014 Tinto composto 115). Tinto elaborado Mendoza, Argentina Riccitelli Wines,
Navarro Correas, majoritariamente de exclusivamente a partir (Winebrands R$ Mendoza, Argentina
Mendoza, Argentina Touriga Nacional e de Malvasia Nera, 450). Tinto elaborado (Winebrands R$ 450).
(Devinum R$ 250). Touriga Franca, além com estágio de seis exclusivamente a Branco elaborado
Tinto composto de de pequena proporção meses em barricas de partir de uvas Malbec exclusivamente a partir
66% Malbec, 28% de Tinta Amarela, com carvalho. Um ótimo cultivadas em El de uvas Sauvignon
Cabernet Sauvignon e estágio de 13 meses exemplo de um vinho Cepillo e fermentado Blanc cultivadas em
6% Petit Verdot, com em barricas novas de equilibrado talhado sem leveduras La Carrera, vale do
estágio de 18 meses em 400 litros. Impressiona pelo sol, mostra adicionadas. Reflexo Uco, a uns 1.700
barricas de carvalho pela harmonia entre ameixas e cerejas de um local de clima metros de altitude,
francês. Carnudo, concentração, potência seguidas de notas mais frio e de um ano fermentadas sem adição
mostra perfil de frutas e finesse, tudo mostrado florais, de cacau e menos quente, mostra de leveduras e sem
negras e vermelhas de modo preciso, de especiarias doces, notas de violetas e de passagem por madeira.
mais maduras, bem compacto, com seus que se confirmam no especiarias envolvendo O resultado é um vinho
equilibradas por taninos taninos finíssimos e sua palato. Carnudo e suas frutas vermelhas extremo, de boca tensa
de ótima textura e acidez refrescante. Ossos muito gostoso de beber, e negras de perfil mais e vibrante, de acidez
gostosa acidez. Bem firmes, que apoiam toda tem ótima acidez e fresco, como cassis cortante, mas também
feito em seu estilo mais sua fruta negra madura taninos cheios de e ameixas. Chama com gostosa textura,
parrudo e estruturado, no ponto certo, trazendo textura, que trazem atenção pelo equilíbrio muita fruta cítrica e
tem final opulento e equilíbrio ao conjunto. As equilíbrio e sustentação do conjunto, pela final profundo e longo,
persistente, com toques notas de violeta, de ervas, a toda sua fruta. Tem textura fina de taninos com toques salinos e de
de especiarias, de giz de cedro, de eucalipto e final agradável e e pela ótima acidez. limão. Álcool 12%. EM
e de grafite. Álcool de especiarias doces dão cativante, com toques Gostoso, cativante e
14,5%. EM o tempero e agregam terrosos e de licor muito preciso, tem final
complexidade. Tem final de frutas vermelhas. persistente, com toques
longo e cheio, com toques Álcool 14%. EM de ervas, de giz e de
de cassis, de alcaçuz e de amoras. Álcool 14%.
grafite. Álcool 14%. EM EM

98 ADEGA >> Edição 164


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na Espanha, selecionamos um Gran
Reserva cheio de tradição, qualidade e
com grande capacidade de envelheci-
mento, o Conde de Valdemar. Depois,
viajamos até o Alentejo, de onde con-
seguimos trazer o exclusivíssimo Pé de
Mãe, um tinto de pequena produção,
elaborado majoritariamente a partir de
Trincadeira de vinhas sem irrigação,
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que acabou de chegar ao Brasil.
Alexandre Relvas, o enólogo
por trás do Pé de Mãe, é um dos
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Casa Agrícola Alexandre Relvas / Cantu (R$ 350)
REGIÃO/PAÍS: Alentejo, Portugal

Tinto composto de uvas 90% Trincadeira, 5% Castelão e 5% Aragonês, cultivadas em


solos argilo-xistosos sem irrigação (vinhedo de sequeiro) e fermentadas com leveduras
indígenas, sendo 20% em cachos inteiros. Antes de ser engarrafado, o vinho estagia
OGUGUGOVQPȌKUFGECTXCNJQFGOKNNKVTQU4GƒPCFQGGNGICPVGCNKCRWTG\CFG
fruta vermelha e deliciosa sensação de mineralidade, com taninos de ótima textura
e vibrante acidez, mostrando sem receios o lado de ervas frescas da Trincadeira. Dê
tempo a ele na taça para realmente mostrar a que veio. Álcool 13,5%. EM

CONDE DE VALDEMAR GRAN RESERVA 2008 | AD 93 pts


Bodegas Valdemar / Mistral (R$ 405)
REGIÃO/PAÍS: Rioja, Espanha

Tinto composto de 90% Tempranillo e 10% Mazuelo, com estágio de 24 meses em


barricas de carvalho. Um ótimo exemplo do estilo clássico de Rioja, em que as notas
de couro, de tabaco e de especiarias doces envolvem as frutas vermelhas maduras e
GOEQORQVCVWFQUWUVGPVCFQRQTVCPKPQUƒTOGUGCXGNWFCFQU6GOƒPCNRGTUKUVGPVGG
elegante, com toques de ervas secas e de cerejas. Álcool 13,5%. EM
CASAS DEL BOSQUE
GRAN RESERVA SYRAH 2016
| AD 92 pts | DES 93 pts
Casas del Bosque / Domno (R$ 147) O Platinum deste mês traz uma seleção
REGIÃO/PAÍS: Casablanca, Chile do que há de melhor no Novo e no
AD

Tinto elaborado exclusivamente a partir 92


pts
Velho Mundos, mesclando tradição e
tendência. Em Portugal, escolhemos
de uvas Syrah, com estagio de 11 meses AD

91
o Amphora, da Herdade do Rocim,
em barricas de carvalho, sendo 65%
novas. De boa tipicidade, mostra notas pts que, como o nome sugere, é vinificado
defumadas e de especiarias picantes em talhas de barro, resgatando uma
escoltando suas frutas negras, além de tradição alentejana. Dali, partimos para
toques florais e de ervas. Suculento, tem a Bordeaux, de onde vem o Mouton
ȕVKOQUVCPKPQUIQUVQUCCEKFG\GƒPCN SC
ORCHAD Cadet Réserve Saint-Émilion, o topo
93

OS
DE
cheio e persistente, com toques minerais de gama de uma das linhas de vinhos
e de carne. Álcool 14%. EM pts
mais conhecidas da região e de toda
França. Terminamos nossa jornada em
AD

92
HERDADE DO ROCIM Casablanca, no Chile, onde elegemos
AMPHORA TINTO 2017 | AD 92 pts pts o Casas del Bosque Gran Reserva, um
Herdade do Rocim / World Wine (R$ 238) Syrah em pureza, cheio fruta e de notas
REGIÃO/PAÍS: Alentejo, Portugal de especiarias picantes.

Tinto composto de Moreto, Tinta Grossa,


Trincadeira e Aragonez, com fermentação
espontânea em talhas de barro, com
os engaços. O resultado da utilização
FGUUGOȌVQFQFGXKPKƒECȊȆQCPEGUVTCN
no Alentejo é um vinho fresco, vertical,
gostoso de beber, impressionando pela
textura de taninos e pela refrescante
CEKFG\6GOƒPCNRGTUKUVGPVGEQOVQSWGU
salinos, de ervas e de ameixas. Álcool
12%. EM
DOS ROTHSCHILD
Uma das marcas mais tradicionais de
MOUTON CADET RÉSERVE vinhos franceses, a primeira safra de
Saint-Émilion 2016 | AD 91 pts Mouton Cadet foi lançada em 1928.
Baron Philippe de Rothschild / Devinum
(R$ 215)
REGIÃO/PAÍS: Bordeaux, França

Tinto composto de 85% Merlot, 14%


Cabernet Franc e 1% Cabernet Sauvignon,
com estágio em barricas de carvalho.
Mostra ameixas e cassis acompanhados
de notas florais, de café e de especiarias BOSQUE
doces. De médio corpo e de boa Fundadda em 1993, a viníco-
tipicidade, tem acidez na medida, taninos la Casas el Bosque p ssui
ƒPQUGƒPCNRGTUKUVGPVGEQOVQSWGUFG
cerc de 23 hecta es na
HTWVCUPGITCUGFGITCƒVGǩNEQQN'/
região dde Casablanca.
bl
GOLD

AMPLITUDE AD

A Sangiovese é a variedade 90
pts
tinta mais plantada da Itália,
correspondendo a 10% do
No Grand Gold, a seleção nesse mês
total de vinhedos plantados AD
é do Velho Mundo. De Bordeaux, na
França, vem o La Mondette, uma das
no país da bota. 90
pts
surpresas de nossa última degustação às AD
cegas para a seção Cave da revista ADE- 91
pts
GA. Partindo para a Úmbria, na Itália,
escolhemos o Lungarotti, um Sangiovese
sem madeira, pura expressão dessa varie-
dade emblemática. Dali, viajamos até o
Dão, onde elegemos o Porta dos Cavalei-
ros, de um dos produtores mais tradicio-
nais de Portugal, a Caves São João.

VALE LEMBRAR
Apesar de o Douro e de o
Alentejo estarem mais em voga
atualmente, o Dão foi e conti-
nua sendo uma das regiões mais
tradicionais de Portugal quando
o assunto são vinhos tranquilos
com grande capacidade de enve-
lhecimento, tanto tinto quanto
brancos.

PORTA DOS CAVALEIROS CHÂTEAU LA MONDETTE 2016 LUNGAROTTI SANGIOVESE 2016


TINTO 2012 | AD 91 pts | AD 90 pts | AD 90 pts
Caves São João / Vinci (R$ 93) Univitis / Adega Alentejana (R$ 120)
Lungarotti / Mistral (R$ 138)
REGIÃO/PAÍS: Dão, Portugal REGIÃO/PAÍS: Bordeaux, França
REGIÃO/PAÍS: Rioja, Espanha
Tinto composto de 45% Touriga Nacional, Blend de Merlot e Cabernet Sauvignon
35% Tinta Roriz e 20% Alfrocheiro, com de Bordeaux (Castillon), com muita Tinto elaborado exclusivamente a partir
estágio de 20% do vinho em barricas fruta aparente, com destaque para de Sangiovese, sem passagem por
de carvalho francês. Dão de carteirinha, as cerejas. Tanto no nariz quanto na
madeira. Esbanja cerejas e groselhas
OQUVTCHTWVCUXGTOGNJCUGPGITCUFGRGTƒN boca é muito vibrante, mostrando boa
acidez e taninos jovens, mas bem acompanhadas de notas florais, terrosas
mais fresco, acompanhadas de notas
florais e de ervas secas, além de toques domados. Um vinho que ganha com a GFGGTXCUSWGUGEQPƒTOCOPCDQEC
de couro e de especiarias. Tenso, tem gastronomia. Álcool 13%. DP Vibrante, fresco e cheio de fruta, tem
ȕVKOCCEKFG\VCPKPQUFGITȆQUƒPQUGƒPCN acidez pulsante e taninos cheios de
agradável, com toques terrosos. Álcool textura, que pedem a companhia de
12,5%. EM comida, de preferência massas ao molho
FGVQOCVG&GƒPKVKXCOGPVGWOXKPJQ
para a mesa. Álcool 13%. EM
BE ADEG
LU A
C

SALTON DOMENICO CAMPANHA GOLD


MARSELAN TANNAT 2016 | AD 90 pts
Salton (R$ 90)
REGIÃO/PAÍS: Campanha Gaúcha, Brasil

Une a fruta e frescor da Marselan (76%) com a estrutura da Tannat (24%). Esta
ȚNVKOCRCUUCRQTOCFGKTCCQRCUUQSWGC/CTUGNCPȌXKPKƒECFCGOVCPSWGFG
CȊQKPQZKFȄXGNGCȐƒECCITCWUGURGTCPFQCJQTCFQDNGPF(TWVCXGTOGNJC Este mês, no Gold, a seleção é consagrada,
um toque rústico da Tannat, boa untuosidade da madeira nova e medicinal à
elaborada por produtores muito conceitua-
boldo. Álcool 12,50%. CB
dos em suas regiões. Começamos nosso
trajeto em Portugal, no Douro, de onde
LE CASINE CHIANTI 2016 | AD 90 pts trazemos o Cancelão, um blend suculento
Castellani / Cantu (R$ 80) e cheio de fruta, um blend de Tinta Barro-
REGIÃO/PAÍS: Toscana, Itália
ca, Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga
Tinto composto de 89% Sangiovese e 11% Canaiolo, com estágio de seis
Nacional. Continuamos nossa jornada
meses em barris de carvalho. De boa tipicidade, mostra cerejas e groselhas até a Toscana, na Itália, e escolhemos o
acompanhadas de notas florais, de ervas secas e de especiarias, que gastronômico Le Casine Chianti, um de
UGEQPƒTOCOPQRCNCVQ&GGUVKNQOCKUVTCFKEKQPCNGICUVTQPȖOKEQRQT nossos achados no último Cantu Wine Day.
PCVWTG\CVGOVCPKPQUOCTECPVGUCEKFG\TGHTGUECPVGGƒPCNUWEWNGPVQSWG Terminamos nosso passeio, na Campanha
pede a companhia de massas ao molho tipo ragu. Álcool 12,5%. EM Gaúcha, onde elegemos o último lança-
mento da Salton, o Domenico, um sedutor
blend de Tannat e Marselan.
CANCELÃO RESERVA 2014 | AD 90 pts
Adega Vila Real / Conceito Português (R$ 95)
REGIÃO/PAÍS: Douro, Portugal

Tinto produzido a partir das castas Tinta Barroca, Tinta Roriz, Touriga Franca
e Touriga Nacional. Apresenta corpo jovem, coloração violácea e traz ao nariz
notas de frutas maduras envoltas por agradável perfume floral. Em boca,
AD

90
EQPƒTOCUWCECTCEVGTȐUVKECHTWVCFCEQODQCHNWKFG\VCPKPQUOCEKQUGƒPCN
persistente. Um vinho de boa estrutura, que pede para ir à mesa. Álcool 13%. FGK pts
AD

90pts

AD

POMBAL 90
pts
O Douro foi a Primeira
Região Demarcada do mundo.
Ela foi criada no reinado de
D. José I, pelo seu Primeiro-
Ministro, Sebastião José de
Carvalho e Melo, o Marquês
de Pombal, em 1756.

BRASIL
Exemplo de tradição e
longevidade, neste ano
de 2019 a vinícola Sal-
ton comemora 109 anos
de existência.
BE ADEG
LU A
C

SILVER
EMILIANA CABERNET SAUVIGNON 2016 | AD 88 pts
Emiliana / La Pastina (R$ 48)
REGIÃO/PAÍS: Vale Central, Chile

Tinto elaborado a partir de Cabernet Sauvignon, sem passagem por madeira.


Muito frutado, mostra as características da cepa, como notas de ervas, de
Neste mês, o time Silver traz tintos GURGEKCTKCUFGECUUKUGFGCOGKZCUSWGUGEQPƒTOCOPQRCNCVQ(ȄEKNFG
GPVGPFGTGFGCITCFCTVGOVCPKPQUOCEKQUIQUVQUCCEKFG\GƒPCNCITCFȄXGN
versáteis, que podem ser servidos como
pedindo mais um gole. Versátil, pode ser servido como aperitivo ou na
aperitivo ou acompanhando diversos companhia de embutidos em geral. Álcool 13,5%. EM
pratos. Da região de Lisboa, em Portugal,
elegemos o Quinta de Bons-Ventos, com-
QUINTA DE BONS-VENTOS TINTO 2017 | AD 88 pts
panhia perfeita para uma deliciosa tábua Casa Santos Lima / Cantu (R$ 42)
de frios. Partindo para Canelones, no REGIÃO/PAÍS: Lisboa, Portugal
Uruguai, selecionamos o Robles del Sur,
um varietal de Tannat, que tem todos os Tinto composto de Touriga Nacional, Castelão, Camarate e Tinta Miúda,
requisitos para acompanhar carnes ver- com estágio entre três e quatro meses em carvalho. Sempre consistente,
melhas grelhadas ou ensopadas. Termi- é cativante e gostoso de beber, mostra frutas vermelhas e negras, como
namos nossa expedição no vale Central, ameixas e framboesas, seguidas por notas terrosas, especiadas, florais e de
GTXCU0CDQECȌTGFQPFQGHTWVCFQVGOVCPKPQUOCEKQUȕVKOCCEKFG\GƒPCN
no Chile, de onde vem o Emiliana, um
médio e agradável. Álcool 13%. EM
Cabernet suculento, que vai se sair muito
bem acompanhado massas ou queijos
maduros. ROBLES DEL SUR TANNAT 2015 | AD 88 pts
Varela Zarranz / Obra Prima (R$ 60)
REGIÃO/PAÍS: Canelones, Uruguai

AD
Tinto elaborado exclusivamente a partir de Tannat, sem passagem por
88 pts
madeira. Carnudo e de médio corpo, mostra ameixas e amoras escoltadas
por notas florais, de ervas e de especiarias doces, que também aparecem
PQRCNCVQ6GOIQUVQUCCEKFG\VCPKPQUFGDQCVGZVWTCGƒPCNCITCFȄXGNSWG
exige um bom naco de carne grelhada. Álcool 12,5%. EM

DA FRANÇA
AD
Apesar de ser
88
AD
considerada a uva
88pts
pts emblemática do
Uruguai, a Tannat
é historicamente
plantada em Madiran,
no sudoeste da França.

BIO
Fundada em 1986 por Rafael e
José Guilisasti, a Viña Emiliana
é adepta da cultura orgânica
e biodinâmica e conta com a
consultoria do enólogo Álvaro
Espinoza, um dos maiores conhe-
cedores dessas culturas no Chile.
BE ADEG
LU A
C

BRANCO
ESPORÃO 2 CASTAS 2017
| AD 90 pts AD
Esporão / Qualimpor (R$ 112)
REGIÃO/PAÍS: Alentejo, Portugal
89
pts

Para produzir esse vinho, os enólogos


da vinícola Esporão devem buscar Neste mês, começamos nosso
a cada ano as duas castas que
AD
trajeto no Rhône, França, onde
melhor se complementam. Em 2017,
as escolhidas foram a Roupeiro e 89
pts
elegemos o fresco e consistente
La Vieille Ferme Blanc, com a
a Arinto. Complexo nos aromas, AD
mostra frutas cítricas e brancas
acompanhadas de notas florais e
90 pts
assinatura da família Perrin, que
dispensa apresentações. De lá,
herbáceas. Na boca, tem acidez partimos para o Alentejo, em
TGHTGUECPVGVGZVWTCETGOQUCGƒPCN Portugal, para escolher o Esporão
médio e cativante, com toques 2 Castas, um cativante blend de
salinos, de limão e de pêssego. Álcool Roupeiro e Arinto, cheio de frutas
14%. EM cítricas e de caroço maduras.
Viajamos até Abruzzo, na Itália,
de onde trazemos o Trebì, da
LA VIEILLE FERME BLANC 2017
Talamonti, um 100% Trebbiano
| AD 89 pts
d’Abruzzo cheio de fruta e de
Perrin e Fils / World Wine (R$ 89)
REGIÃO/PAÍS: 4JȖPG(TCPȊC
vibrante acidez, perfeito para
acompanhar peixes brancos.
Branco composto de Bourboulenc,
Grenache Blanc, Ugni Blanc e
Rolle, sem passagem por madeira.
Cativante e sedutor, mostra aromas
de frutas brancas e de caroço
envoltos por notas florais e de ervas,
além de toques de frutos secos.
Refrescante e fácil de agradar, tem
TRADIÇÃO
ȕVKOC CEKFG\ IQUVQUC VGZVWTC G ƒPCN
A família Perrin é uma das mais
médio/longo, com toques salinos e
antigas a produzir vinhos no Rhô-
cítricos. Álcool 12,5%. EM
ne. Além do mítico Beaucastel,
também são os responsáveis por
TALAMONTI TREBÌ 2017 produzir os vinhos do Château
| AD 89 pts Miraval, dos astros Brad Pitt e
Talamonti / Winebrands (R$ 80) Angelina Jolie.
REGIÃO/PAÍS: Abruzzo, Itália

Da casta Trebbiano d’Abruzzo


sem passagem por madeira, este
vinho apresenta coloração palha
claro com nuances esverdeadas. ITÁLIA
Um branco bastante frutado, Muito conceituada na região de
em que se sobressai o aroma de Abruzzo, a jovem vinícola Talamonti
maçã acompanhado de toques de foi fundada em 2001 pela família Di
maracujá. Sua refrescância no nariz Tonno e conta hoje com cerca de 32
é convidativa. Na boca, a fruta se
hectares de vinhedos próprios.
espalha com acidez equilibrada e sua
persistência mantém as frutas vivas
a cada gole. Álcool 12,5%. CM

LEIA MAIS SOBRE OS VINHOS DO MÊS EM NOSSO SITE


WWW.CLUBEADEGA.COM.BR
QUEM DISSE | para BEBER e COMENTAR

A verdade é que
ninguém realmente se
importa com as lágrimas
numa taça de vinho
Renée Ary, enóloga

“Se cultivo boas uvas, posso


fazer três vinhos: ótimo,
médio ou ruim. Se cultivo
uvas ruins, só posso fazer
vinhos ruins” “O melhor é quando o
Jeffery Blair, enólogo vinho não é objeto da
conversa. As pessoas
precisam se divertir
“Eu realmente acredito que enquanto bebem”
Ryan O’Connell, enólogo
há uma mensagem em uma
garrafa de vinho. Você pode
sentir o amor do produtor
em suas garrafas”
Alexandrine Roy, enóloga
“Dizer para as pessoas do
que elas deveriam gostar,
“Talvez a maior lição é que quais taças deveriam usar,
o vinho é a soma de suas que vinhos beber com qual
diversas partes e a maior comida, ou que precisam
parte é a terra” ‘evoluir’ de um certo tipo
Greg La Follette, enólogo de vinho... Beba o que você
gosta, quando gosta, ponto”
Janet Myers, enóloga

106 ADEGA >> Edição 164

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