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OS DROGADOS E SUAS DROGAS

Ao longo das minhas discussões com o Juiz Z, fiquei impressionado ao ver como o mundo
judiciário, preso a dispositivos legais cada vez mais inadequados, continuava desligado
da realidade social na qual exercia seu trabalho. Enquanto passávamos por mudanças
rápidas de costumes e de mentalidade, a maior parte dos juízes pontificava na
suntuosidade silenciosa de seus gabinetes, presos a idéias antiquadas e superficiais. Cada
vez ficava mais clara essa distorção, à medida que Marmottan ia se desenvolvendo.

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Vieram até nós, realmente, quase todas as amostras possíveis da população toxicômana;
e hoje acho que já posso ter uma idéia bem precisa de seus vários componentes.

Como já expliquei, o Juiz Z e diversos colegas seus conservam, teimosamente, uma


imagem tradicional e antiquada do drogado. Depois da Primeira Guerra Mundial, houve
grande aumento de toxicômanos; já que só na região parisiense havia, naquela época, uns
80 mil cocainômanos e heroinômanos, O mesmo fenômeno se reproduziu depois de 1945.
Mas, devido à repressão e às dificuldades de abastecimento, esse aumento foi rapidamente
contido.

Dele faziam parte, principalmente, as pessoas que haviam lutado na guerra e descobriram
a droga através da dor, nos hospitais. Durante os anos 50, também entrariam nesse
aumento muitos ex combatentes da Indochina que tiveram contacto com a civilização do
Extremo-Oriente, adquirindo, assim, o gosto pelo ópio. Ao voltar para a França, perderam
suas fontes de abastecimento e se ajeitaram facilmente no alcoolismo. Mas, às vezes, um
desses veteranos ainda aparece no meu consultório. Isso me faz lembrar de um
qüinquagenário; com porte marcial e cabelos em escovinha, que surgiu uma manhã.
"Nossa! pensei, lá vem, de novo, um ins petor da seção de drogas!" Mas era um oficial
superior que não conseguia se livrar de sua dependência do ópio.

Ao lado dessas personagens, que no fundo são frutos das circunstâncias, existe o que
poderíamos 'chamar de toxicomania mundana - de onde vem, em parte, o nome de famoso
departamento. Essa toxicomania mundana tem seus representantes ilustres. Em
Baudelaire, no clube dos fumantes de haxixe, nos exóticos romancistas de folhetim como
Farrêre e, mais recentemente, em escritores como Crevel, Cocteau, Vailland ou
Pomerand. Chega, às vezes, a adquirir certa dignidade pela estética, através das
referências culturais, pelo cinismo elegante, pelo gosto pelo raro, pelo requinte, pelo
estranho, pelo flerte narcisista com o satanismo. Mas encobre, quase sempre, problemas
pessoais muito sérios desinteresse pelas coisas da vida, dificuldades sexuais, um
desespero íntimo que a fama, a sorte ou o êxito social não resolvem ...

Muitos aristocratas se encaixam nesse quadro: ainda há pouco em Roma estourou um


escândalo na alta sociedade. Em Saint-Germain-des-Prês, durante os anos 40, muitos
nomes da nobreza e muitas estrelas famosas do cinema se entregavam aos estupefacientes.
Isso me faz lembrar de uma de minhas primeiras clientes, uma artista que fizera sucesso
entre as duas grandes guerras. Entrara com majestade em meu consultório. Dei uma
olhada nas condecorações em sua blusa.

- Dá para perceber que fui da Resistência desde o primeiro momento. Teria sido melhor
se tivesse ficado quieta no meu canto!

Fazia muito tempo que era toxicômana. Jamais se libertara.


- Mesmo quando estava no campo de concentração. Dá para acreditar em mim doutor?
Lá no campo eu conseguia encontrar drogas.

Mas a Libertação só lhe trouxera decepções. Ao ouvi-la tinha se a impressão de que a


época da deportação é que era boa.

- Imagine que na minha volta ficaram contra mim por ter cumprido meu dever! Parece
piada mas é verdade! Todos os bons papéis ficavam para os coleguinhas queridos, que

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não se chatearam durante a Ocupação. Ficaram sobrando um pouco; não muito tempo,
um pequeno purgatório. Depois eram só eles que apareciam.

Bem ou mal, durante alguns anos conseguira se virar para conseguir dinheiro. Agora a
situação estava preta. Ela tinha vindo mesmo era me implorar que lhe desse receitas de
medicamentos com ópio.

Não menos capciosa, porém melhor apresentada, era a história que um dia veio me contar
um velho escritor bastante conhecido. Assim que se sentou diante de mim, tirou da pasta
mil radiografias, explicando-as e demonstrando que sofria de tudo quanto era doença
raríssima e tremendamente dolorosa" O que ele queria mesmo era uma receita de Palfium
...

Temos que reconhecer que essas personagens folclóricas estão desaparecendo. Ainda as
encontramos principalmente nos meios literários e artísticos. Mas havia algumas,
pertencentes a classes sociais muito conservadoras, que achavam que seu infortúnio era
uma ironia do destino. Como o joalheiro nonagenário que veio um dia com sua mulher
despejar sua confissão lamentável:

Era um velhinho encasacado e limpinho. Chegando ao meu consultório superaquecido,


foi logo tirando seu mantô, cachenez, casaco e colete.

- Está nos acontecendo uma coisa horrível ...

Os dois burgueses simpáticos, por incrível que pareça, estavam sempre em contacto com
um chefão corso, da mesma idade que eles e portanto às vésperas da aposentadoria: devia
ser uma amizade dos tempos da mocidade e que não havia diminuído com os rumos dados
às suas vidas. Mas os presentinhos mantêm a amizade de pé e podia haver coisa mais
natural do que presentear um velho amigo com algo relacionado com o trabalho que
escolhera? Não sei se o meu joalheiro oferecia relógios ou anéis com brasão ao seu amigo
corso. Mas este lhes fornecia cocaína, dosando-a com cuidado. E há mais' de 30 anos o
casal se picava regularmente na coxa - não conhecia as endovenosas.

- Doutor, o senhor entende: como ele dosava o produto, adquirimos os nossos hábitos sem
atrapalhar nossa vidinha. Só que agora nos aconteceu uma coisa horrível ...

Uma história feia e sentimental. Uma noite o chefão volta de Cannes e vai à casa dos
amigos. Tem três quilos de heroína pura com ele e pede que a guardem até o dia seguinte.
Entre dois velhos comerciantes não se diz não a um pedido desses. O joalheiro guarda o
pacote, o velho traficante vai embora na mesma hora. Mas não vão vê-lo nunca mais:
nessa mesma noite morre de enfarte do miocárdio. E assim, nosso casal fica com uma
fortuna nas mãos.

- Reconheço, doutor, que perdemos um pouco a cabeça. Até então ele nos preparava doses
pequenas... Mas não sabíamos disso. Então resolvemos fazer a coisa de orelhada e
avançamos um pouco o sinal. Foi maravilhoso. Mas imagine agora!

Agora era aquele inferno da dependência. Estavam sempre carentes. A saúde, que até
então estivera em ordem, piorava sempre. Tinham crises de necessidade de droga
extremamente dolorosas. E sempre aquela tentação constante, por causa do estoque ainda

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razoável, mas já começando a rarear. E apareciam agora, aflitos, para que eu os tirasse do
vespeiro ...

Atualmente a toxicomania clássica perpetua-se principalmente, como é de esperar,


naqueles que estão em contacto com os estupefacientes, devido às suas profissões:
médicos, dentistas, parteiras, enfermeiras, etc. Entre as duas grandes guerras comentou-
se muito sobre o cirurgião que, para poder trabalhar, tinha a sua assistente para lhe aplicar
injeções em plena operação. Com certeza, ainda hoje existem casos semelhantes.

Mas a repressão antidroga, motivada pela onda de toxicomania juvenil, provoca,


freqüentemente, nesse meio muito fechado, rebordosas espetaculares. Como o médico
famoso, prefeito de sua cidade e conselheiro-geral, que há mais de 20 anos se pica com o
consentimento tácito de quase todo mundo e de repente vira manchete, atingido em sua
profissão e honra. Ou ainda o farmacêutico normando, pessoa importante da sua cidade,
que há uns 20 anos ia servindo-se calmamente seu estoque, quando, pela primeira vez em
sua vida profissional, baixam inspetores em sua farmácia e viram pelo avesso seus
registros e faturas. E fica sem saída.

Apesar de tudo, essas figuras são casos isolados: são os únicos beneficiados, se é que
podemos nos expressar assim, pelas facilidades de abastecimento que existem em suas
profissões. As coisas ficam mais complicadas quando analisamos aqueles que recorrem à
droga não só pelo prazer que ela traz, mas também pelo poder que vem com ela. E aqui
não podemos deixar de pensar naquele conhecido diretor de laboratório que recentemente
virou assunto de jornal.

Esse homem riquíssimo fora até os 50 anos uma pessoa austera, católico praticante e
fervoroso. Foi aí que a euforia dos cinqüentões tomou conta dele. Conheceu uma moça
em Saint Tropez, casou-se com ela e deu uma festa maravilhosa. Passou a levar faustosa
vida de grã-fino e logo se tornou um dos reis da noite parisiense e tropeziana.

Fazia circular heroína à vontade nas orgias que organizava. Ele mesmo e sua jovem
mulher se picavam regularmente. Depois as coisas degringolaram. Foi preso de maneira
espetacular. Acusaram-no de ter viciado três moças para mantê-las sob sua dependência
- coisa que ele negou. Sua jovem mulher, com quem agora só mantinha contacto por
motivos financeiros, abandonou-o e ele se suicidou. Mas mesmo esse suicídio não ficou
bem explicado: dizem que sua morte resultou de um acerto de contas. Na verdade, o
ambiente que começara a freqüentar estava bastante ligado àquele em que estourara o
escândalo Markovic ...

Nada disso porém ficou muito claro e não nos interessa ficar falando sobre esse assunto.
Mas a história mostra muito bem que a toxicomania clássica ou mundana quando
ultrapassa o nível da estética ou da perversão solitária, desemboca naturalmente na
corrupção e no dinheiro. Isso quer dizer também que está dentro do sistema existente,
pois o poder que confere só se define em função dos quadros - sociais ou morais -
estabelecidos.

Diga-se de passagem que esse mundo é muito limitado, no máximo um epifenômeno. E


curiosamente, apesar das motivações características de cada grupo, há uma tendência
instintiva para que esse mundinho se reagrupe. Para nos convencermos disso, basta
freqüentar alguns night-clubs de Pigalle e Montparnasse - as boates de homossexuais,

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principalmente - onde se vê travestis, prostitutas e prostitutos, gângsteres menos
importantes e porteiros suspeitos se misturarem com artistas de cinema, prefeitos e
advogados famosos. A droga funciona como traço de união dessa sociedade heterogênea
que passa o tempo se divertindo. Mas sabemos que hoje em dia os notâmbulos estão
diminuindo e que cada vez existem menos lugares divertidos em Paris.

De qualquer maneira, o dia sempre se incumbe de apagar os estragos noturnos. De


madrugada os papéis são redistribuídos, cada um torna a ser o que é na panóplia social:
magistrado, militar, médico, banqueiro, chefe de empresa - como aquele famoso
fabricante de automóveis da Europa que é um drogado notório.

O importante é ir em frente como se nada houvesse e, sem dúvida, uma das atrações desse
jogo perigoso é que ficamos à beira de um abismo prestando atenção para não cairmos
nele, como o toureador se expondo aos chifres do animal. Tirando uma minoria de
filhinhos de papai, são poucos os que descambam realmente chegando ao estado de
pânico em que a droga se torna uma idéia fixa. Os drogados "clássicos" conservam sempre
um certo equilíbrio na- intoxicação e sabem o que fazem quando, ao se picar, evitam a
via endovenosa, utilizando apenas a subcutânea ou a intramuscular.

Sob todos os aspectos, portanto, os toxicômanos desse tipo diferem dessa nova safra, e
ao conhecê-la iria decidir minha vocação. Por um lado, prudência relativa, segredo –
embora observado de maneira um tanto fictícia - preocupação de manter uma fachada
social respeitável; de outro, recusa do cálculo e exigência imediata do absoluto, um tipo
de proselitismo provocador, a ruptura com o mundo estabelecido, pelo menos no início,
através de uma ideologia revolucionária de caráter não violento. De um lado, o mundo
antigo - qualquer que seja a idade dos drogados "mundanos"; do outro, a juventude.

Já falei bastante dos meus primeiros encontros com os jovens toxicômanos e o horizonte
novo que abriram para mim. Mas acho que vale a pena fazer um rápido histórico para
situar bem os dados atuais da toxicomania juvenil.

Tudo começou nos Estados Unidos, mais particularmente em São Francisco, na primeira
metade dos anos 60, com a aparição da beat generation e depois do fenômeno hippie. Para
os jovens ocidentais americanos essa foi a época de uma dupla tomada de consciência.
Antes de mais nada, eles contestam a pretensão da ciência e do pensamento científico em
abranger a totalidade do real. No plano moral, por outro lado, denunciam uma
mistificação nesse "razoável" para o qual são chamados, isto é, a aprendizagem de futuro
através do passado e dos seus valores consagrados: a aventura e o desejável estão em nós
mesmos, queremos tudo, aqui e agora. E o que é a droga senão o tudo e o imediatamente
em sua forma mais perfeita?

Essa atitude demonstrava, por parte da geração nova, um desinvestimento progressivo na


sociedade de consumo, que era o ideal de seus pais. Até certa época, o "sujeito bem" era
aquele que ganhava dinheiro: era esse, por excelência, o credo americano contra o qual
apenas se voltava um punhado de intelectuais. Mas a partir de 1965, numa tremenda
reviravolta, a nata da juventude americana acompanhou esses intelectuais, e o catalisador
dessa virada foi a revolta contra a guerra do Vietnam.

O fenômeno chegou à França com alguns anos de atraso. 1967 e o começo de 1968
constituem período extraordinário em Paris, graças à tolerância de uma polícia que só

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tornaria a se apegar ao cassetete e à inquisição com os acontecimentos de maio de 68. A
capital foi um dos grandes centros de concentração da juventude marginalizada. Basta
lembrar: foi a época das reuniões no Vert Galant, do bar do Popov, etapa famosa no
mundo da carona, cujos endereços vão passando pelos freaks do mundo inteiro; foi a
época, também, em que surgiram o haxixe e o LSD, em que o joint, [joint - Em inalas no
original. Gíria americana para designar o invólucro, como o do cigarro de maconha: o
baseado.] que é passado de mão em mão, solidifica o culto à anarquia, em que a alegria
chega ao auge no dedilhar das guitarras. Mas, a partir de 1968, a situação vai mudando
rapidamente. A introdução das drogas pesadas, principalmente das anfetaminas, cria um
clima novo, muito mais tenso. Os grupos se cindem, os hippies e as ideologias da peace
and love generation entram em declínio, aumenta o número daqueles que cultivam a droga
por ela mesma, depois de terem rejeitado essa aventura mística para a qual ela servira de
trampolim. Começam, então, a afluir para Paris os garotos fugitivos e desamparados, que
chamamos de zonards, como lembrança dos cortiços em volta da capital antes da guerra.
Debaixo das pontes do Sena, da Pont-Neuf, sobretudo, pode-se ver, algumas noites, mais
de 100 rapazes e moças misturados. Inverno e verão; vivem ali como mendigos, muitas
vezes expostos a um frio tremendo, entregando-se como desesperados às drogas mais
violentas.

Esses jovens, que já completaram a escalada da droga, vão ser a grande clientela de
Marmottan. Os fumantes ocasionais de haxixe não precisam de nossa instituição: para
nós, são' adolescentes em crise e não drogados: Se por acaso nos procurassem seriam
firmemente rejeitados - queremos evitar, principalmente, que se misturem com o circuito
dos estupefacientes.

Assim, em poucos anos, iríamos ver toxicômanos surgindo de todos os cantos. Existem
os zonards das margens do Sena. Mas essas crianças perdidas são vistas em cada cidade
do interior, até mesmo na zona rural: a droga se tornou um fenômeno de massa e sua
distribuição atinge a França inteira. O toxicômano de Pont-à-Mousson vai a Thionville,
onde encontrará um dealer que viaja regularmente para Amsterdam. O de Saint-Flour vai
a Clermont-Ferrand, sabendo que na Praça de Jaude achará o que deseja. Uma cidade
curiosa, por sinal, onde durante muitos anos o principal abastecedor foi um c.R.S. Eu
estava a par disso, mas ao advertir as autoridades, estas, durante muito tempo, reagiram
com uma descrença indignada ...

Por todos os lados os núcleos de distribuição da droga vão se espalhando até os lugares
mais afastados. Se os revendedores falharem, sobram as farmácias. Atualmente três
farmácias, em média, são assaltadas diariamente. E agora estão partindo para os hospitais.

Como tenho repetido incessantemente, a primeira característica desses novos drogados


está na sua juventude: quase todos têm entre 13 e 25 anos. 90% dos 5 mil clientes que já
atendemos têm menos de 25 anos, 80% menos de 21 anos, e 7% - dado novo - menos de
16 anos.

Um detalhe interessante é que a porcentagem de moças é bem inferior: uma para quatro
rapazes. Qual a razão disso? Evidentemente, uma falta de emancipação. E para elas,
também, o prazer tem uma importância menor: apesar da evolução dos costumes, estão
menos, habituadas a lutar pelo prazer e a investir nele. E se as vemos menos nos centros
é que, para solucionar a necessidade de droga, elas têm mais facilidade de conseguir
dinheiro, através da prostituição e do trottoir ocasional ...

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Como se sabe, no mostruário dos toxicômanos, toda a sociedade está representada; a
classe rica, é lógico jovens da aristocracia, da alta burguesia, filhos de ministros, de
generais, de altos funcionários e também, mais recentemente, as Classes proletárias e até
os mais desamparados: os filhos de emigrantes, por exemplo, que são os bodes expiatórios
de um conflito entre duas culturas. A forma de evolução é inquietante, porque esses
últimos provocam num ambiente até então relativamente pacífico, um clima de violência
que traz problemas perigosos. Paris já está meio parecida com Nova York, as agressões
aumentam nos metrôs, consequência em geral' da urgência das moças e rapazes para
encontrar dinheiro.

Extrema variedade, portanto, na origem social, mas variedade também na situação


familiar - já comentei, mas é melhor repetir: 50% dos toxicômanos têm pais separados ou
com um relacionamento ruim, mas 50% vêm de famílias sem crises aparentes. O
problema da toxicomania juvenil ultrapassa, assim, o mundinho dos relacionamentos
imediatos' com os parentes e amigos, assim como escapa - isso -sempre me espanta - dos
diversos sistemas pedagógicos ou ideológicos, que não conseguem encontrar qualquer
solução para o problema. Os jovens que recebo têm todos os tipos de pais imagináveis:
permissivos ou não, politizados ou não, ateus ou religiosos, de esquerda ou de extrema-
direita ...

Esta é a população flutuante do grosso do mundo da toxicomania "oficial" dos dias atuais.
Tem como únicas constantes sua juventude e, principalmente, sua revolta, pois sabemos
que é um sinal da crise de uma civilização. É por isso que vai ao extremo, como um
desafio, até o cara a cara com a morte. Os drogados clássicos, ao contrário, organizam
sua dependência e a cultivam. É a rampa inversa: organizar seu jardim secreto num mundo
aceitado...

Nesse sentido a toxicomania clássica também não passa do aparecimento espetacular de


um fenômeno tão difundido que quase nem é notado. As pessoas que condenam em altos
brados os drogados não são, geralmente, as mesmas que abusam de produtos
farmacêuticos que querem tomar demais? Por exemplo, tudo quanto é mulher que toma
remédio para emagrecer quatro ou, cinco vezes por dia e depois se espanta quando fica
irritadiça, nervosa e deprimida a toda hora... Aqueles que se entopem de soníferos e
quando chega de manhã tomam comprimidos para despertar e durante o dia mais outros
para continuar em forma... São ou não são tão dependentes quanto os drogados em relação
à droga?

Sem falar, é lógico, dos alcoólatras, não apenas dos bêbados declarados, que devem ser
tratados - é a principal chaga social de nosso país - mas dos que, como hábito social,
tomam regularmente seu aperitivo, digestivo, champanha e litros de vinho. São tão
drogados como os outros, sem falar dos numerosos fumantes que não dispensam os dois
maços de cigarro por dia, pois hoje a verdade é que a toxicomania é basicamente definida
pela sua legalidade ou ilegalidade ...

***

No fundo, como é banal a' armadilha em que cada um de nós cai diariamente: esperamos
que' o produto tomado nos dê, magicamente, uma sensação de segurança, de relaxamento
interior e com isso vamos aumentando nossa dependência. Uma atitude de todos os

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tempos e de todos os lugares. . . Mas com a toxicomania, tal como é considerada, se refere
a certas substâncias específicas, vamos falar daquelas que encontramos mais vezes na
prática atual.

Devemos falar inicialmente, do haxixe, que tem efeitos euforizantes bem conhecidos,
porque esse produto é, realmente, consumido maciçamente. Só os adultos não percebem
que é utilizado por dezenas de milhares de jovens de maneira contínua ou
esporadicamente.

É bom saber desde já que existem todas as variedades possíveis de haxíxe e que a forma
de julgar sua utilização depende da variedade escolhida. Entre a maconha americana e o
afgão negro, por 'exemplo, existe a mesma diferença que da meia cerveja com cinco graus
e um copo de vodca com 80. Por outro lado, alguns produtos vendidos com haxixe têm
substâncias adicionais. O afgão e o paquistanês podem conter ópio. Outras variedades
contêm datura ou até mesmo henê, para colorir.

Por isso não é fácil responder à eterna pergunta: o haxixe é perigoso, é inofensivo? Temos
que levar em conta tanto o produto como a pessoa que o utiliza e o momento sócio-
cultural. Diga-se de passagem que muitas foram as experiências científicas realizadas e
os resultados são extremamente contraditórios. De acordo com algumas delas, o haxixe
diminuiria demais a imunidade do organismo e teria, também, fatores cancerígenos,
influiria, também, na reprodução e os filhos dos que o utilizam poderiam nascer com
graves anomalias. Na verdade, tudo isso ainda não ficou provado. Mas conheço inúmeros
fumantes de haxixe que gozam de boa saúde e se têm filhos estes são absolutamente
normais, Posso, portanto, dizer que não tenho opinião formada sobre o assunto e até que
provem o contrário, não acho que o haxixe seja perigoso do ponto de vista médico.

Mas, do ponto e vista psicológico, acho que a coisa é diferente. Nos fumantes, o haxixe
geralmente coincide com a crise da adolescência e o tipo de fuga que ele provoca aumenta
bastante a tendência para o desligamento e leva ao drop out. Os resultados não são
dramáticos quando se trata de moças e rapazes mais equilibrados, que controlam
razoavelmente seus problemas e mantêm uma certa norma de adaptação social. Mas o
produto pode prejudicar seriamente o futuro dos adolescentes angustiados, com
personalidade fraca e que estão passando por dificuldades sexuais ou afetivas. Aos 25
anos, muitos deles vão se ver às voltas com problemas que deveriam ter sido resolvidos
entre os 16 e 19 anos; havendo o risco muito grande de que venham a tornar-se
vagabundos e mendigos.

É nesse sentido e sem qualquer intenção moralizadora ou repressiva que enxergo perigo
no haxixe. Ele deixa em suspenso não a saúde do usuário, mas seu futuro pessoal. Aqui
vemos, de novo, a incompreensão de inúmeros juizes que confundem tudo e todas as
drogas. Às vezes, mandam para a prisão jovens de 18 anos sob suspeita de terem fumado
haxixe, causando-lhes um traumatismo que comprometerá suas vidas expondo-os à
promiscuidade de delinqüentes já embrutecidos.

Mas, dirão vocês, não é o haxixe o primeiro passo de uma escalada em direção às outras
drogas? Objeção clássica, ouvida mil vezes, à qual os partidários da venda livre do haxixe
respondem sempre: "Se ele não estivesse proibido, os usuários não dependeriam de
traficantes, sempre prontos a oferecer um outro produto. Não ficariam, portanto, expostos
à tentação de experimentar drogas que ainda não conhecem."

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Não quero ser. categórico. Mas o que posso dizer é que a escalada em questão é muito
rara. Nas estatísticas que temos, 95 % dos fumantes de haxixe jamais passam por ela.
Quanto aos 5 % restantes, acho que em qualquer situação teriam feito essa escalada, de
uma forma ou de outra. Por isso, acho que esse argumento foi maldosamente explorado
pelo mundo adulto.

Minha posição em relação ao haxixe é muito clara. Sou contra sua difusão da mesma
maneira como faço minhas restrições ao vinho e ao álcool, por exemplo. Na verdade, sou
contra sua legalização. Mas, ao mesmo tempo quero que não considerem
o haxixe passível de penalidade: é inadmissível que os jovens sejam condenados ou até
encarcerados porque fumam haxixe. Além disso, a lei de 30 de dezembro de 1970 prevê
que seus usuários fiquem sob autoridade médico-social. Mas em geral esta é aplicada a
torto e a direito, principalmente no interior, onde o haxixe é realmente uma coisa do outro
mundo.

Com os alucinógenos, abordamos um tipo de droga diferente. Ao utilizá-lo a pessoa quer


ter muito mais que uma sensação passiva de bem-estar, pelo contrário, espera uma
verdadeira: experiência interior. Esses produtos que, como o nome está dizendo,
provocam alucinação existem desde a mais remota antigüidade. Certas populações usam-
nos regularmente em circunstâncias bem definidas, geralmente de caráter religioso. Mas
o seu aparecimento no Ocidente é uma novidade.

O mundo em que vivemos, e cuja civilização está baseada no culto da lógica e da razão,
rejeita tradicionalmente a alucinação. Desde o final do século XVIII ela é encarada com
temor: é o universo da morte e da loucura: quem nele mergulha perde seu lado humano;
torna-se o outro, o estranho, por excelência. Para a sociedade o alucinado é, portanto, um
ser terrível, que é imediatamente rejeitado. Acontece que a partir de 1960, principalmente
nos Estados Unidos, estamos assistindo a uma revolta contra a sociedade estabelecida que
manifesta-se, fundamentalmente, como não-aceitação do pensamento científico, uma
contestação à racionalização que se julgava capaz de compreender, calcular e prever tudo.
E essa revolta é confirmada pela redescoberta dos alucinógenos.

Já conhecíamos certos produtos de origem vegetal, como a mescalina, por exemplo, que
é tirada do peyotl, um cacto encontrado no México. Como também eram conhecidos os
cogumelos sagrados como o psilocibe, de onde se extrai a psicocibina. Duas vezes por
ano os índios se concentram na montanha e tomam parte nas cerimônias de iniciação
durante as quais comem os cogumelos.

Mas, paradoxalmente, é à ciência que se deve o avanço atual dos alucinógenos, já que a
dietilamida do ácido lisérgico, obtida pelo suíço Hoffmann em 1938, tornou-se o cavalo
de batalha da beat generation e do movimento hippie, com o nome de LSD. Esses jovens
que desejavam sair pacificamente da sociedade, fazendo a revolução em suas mentes,
esperavam que o LSD lhes trouxesse um relacionamento místico e versátil com o cosmos,
trazendo-lhes também sabedoria graças à purificação interna de seus problemas' íntimos.
Foi a época em que surgiram todos os tipos de templos em Los Angeles, em que floresceu
a religião do amor "lisérgico", apregoada por Thimothy Leary, futuro ídolo de milhões de
jovens ocidentais.

A grosso modo podemos distinguir três fases na ação dos alucinógenos.

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Inicialmente a droga sobe em você. Vai se apoderando aos poucos do seu corpo e do seu
psiquismo. Você se distancia dos outros, mas continuando a ser espectador de sua própria
transformação.

Vem então a fase da sensação. Acontecem fenômenos curiosos, primeiro em relação à-


noção de tempo, justapondo-se acelerações e desacelerações. O instante vivido vai
encompridando e um minuto se torna uma eternidade, depois, inversamente, a eternidade
se contrai, parecendo um segundo. Você tem uma visão panorâmica de seu passado e isso
provoca abreviações de tempo Impressionantes. E estas acabam se misturando numa
visão profética de seu futuro.

Por outro lado, a percepção que você tem das coisas se altera e fica mais aguçada. O que
antes lhe parecia verdadeiro parece falso, e vice-versa. As pessoas parecem deformadas
e ao mesmo tempo com uma dimensão de profundidade, como se fossem vistas através
de um prisma. E também as qualidades e defeitos das mesmas ficam exacerbados. Parece
que se tornam palco de uma fantasmagoria. Elas usam máscaras, caveiras, são cadáveres
em "Compasso de espera. Vemos seus, desejos, suas necessidades, seu sadismo e suas
pulsões sexuais. Além disso essa noção do outro superexcitado não é puramente visual
porque o corpo inteirinho participa, reage, "vibra" - são vibrações "ruins" e "boas".

Finalmente temos o fenômeno alucinatório propriamente dito. As sensações,


principalmente as visuais, se confundem. Os objetos se entrechocam, se enroscam e vão
se deformando. O que é curto fica comprido e vice-versa. O teto se abaixa e o chão vai
levantando. E esse universo em metamorfose está impregnado de uma festa radiosa
sempre em movimento. As cores giram, compõem-se e decompõem-se, como se
passassem através de instrumentos ópticos: ofuscantes e transparentes, elas se projetam
em auréolas de uma luminosidade diferente. Em quase todas dá para sentir a presença de
um ser vivo; cada cor é um êxtase diferente. O mesmo acontece com as percepções
auditivas. De cada nota, sobretudo na pop music, desprende-se uma espécie de
intensidade individual emocionante.

Já expliquei que o mergulho em si, a precisão com que vemos todas as coisas e os
significados que surgem têm uma analogia com a psicanálise. E é verdade que os
alucinógenos permitem, de certo modo, a visão de pulsões inconscientes: por exemplo,
você pode se enxergar fazendo amor com sua irmã. Mas nesse caso o material inteirinho
vem caoticamente até você. Não é peneirado nem elaborado pela censura.

Esse período de flutuação termina, enfim, com uma descida quase sempre negativa,
principalmente se foram utilizados produtos falsificados ou misturados a substâncias
duvidosas, como as anfetaminas. A volta também é uma revelação, mas com um sentido
de autocontestação: você se sente infinitamente miserável e mentiroso e acaba não
entendendo sua vida; fica entregue a um sentimento de culpa, à sua perversão, ao seu
masoquismo e às suas depressões. Podem ocorrer constatações pessoais extremamente
violentas. Assim, podemos sair de um alucinógeno para entrar numa melancolia
profunda; ou então as revelações alucinatórias foram tão sérias que não dá mais para nos
safarmos; ficamos a "flutuar", isto é, durante algum tempo vamos delirar de verdade.

No plano psicológico, dá, portanto, para perceber quais são os perigos do emprego
sistemático dos alucinógenos. Sob o ponto de vista fisiológico, fala-se, às vezes, dos

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perigos de malformações congênitas que poderiam provocar, mas as experiências feitas
até agora não comprovam essa afirmação. E, de qualquer forma, os danos causados pelos
alucinógenos nem se comparam aos provocados pelos opiáceos para os quais,
infelizmente, muitos jovens tendem cada vez mais. É que nesse ponto ultrapassamos o
limite perigoso que separa as soft drogues (drogas suaves) das hard drogues (drogas
pesadas).

Se o clássico ópio fumado continua sendo apanágio dos povos orientais, a morfina e
sobretudo a heroína, que a substitui praticamente, fazem profundas devastações no
Ocidente. A heroína "a rainha das rainhas", "o pó", "a branca", "o cavalo" – pode ser
comparada à maçã do Paraíso Perdido. É um produto fascinante e, por" ele, muitas
pessoas estão prontas a matar, roubar, assaltar e se prostituir. A pessoa fica louca para,
consegui-Ia porque trará uma experiência diferente; mas sabe, também, que o castigo será
tremendo. Então, para aquele que a injeta em si mesmo, qual a vantagem desse pó
aparentemente tão inofensivo?

Antes de mais nada o flash, uma explosão de prazer no corpo e na mente. Produz um calor
sensual que vem lá debaixo do umbigo e vai subindo como uma fogueira repentina, pelo
corpo todo. É um orgasmo, afinal de contas, que deixa no chinelo o orgasmo sexual.

Depois do flash vem o "planeta". Por, duas ou três horas, semi-acordado, semiconsciente,
fica-se numa espécie de casulo de água quente, semelhante ao ventre materno, corno no
líquido amniótico. Só aparecem sensações agradáveis, as outras somem. É um devaneio
indefinido; que parece muito sem-graça para quem assiste. Mas para a própria pessoa é
de uma riqueza incrível porque dele participa todo o organismo, inclusive às extremidades
nervosas.

Quando acaba o êxtase, a pessoa que experimentou a heroína fica com uma idéia fixa:
reencontrá-lo. Isso vai se tornando um beco sem saída porque as doses têm que ir
aumentando, ao passo que o prazer vai diminuindo até desaparecer. Até que um dia
descobre-se que se está "amarrado"; quer dizer, o corpo e a mente estão de tal forma
impregnados e alterados pelo produto que não se pode viver sem ele. A rememoração do
êxtase inicial acaba se transformando numa obsessão horrível. O corpo, também, fica na
dependência, precisa se picar custe o que custar, não para ter prazer - este não dá mais
para sentir - nem tampouco para flutuar ou sonhar, mas simplesmente para não se sentir
mal.

Nesse ponto o heroinômano atinge o máximo da escravidão. Não vive, não come, não
tem vida sexual, nem libido. O pó manda nele inteiramente e é ao mesmo tempo a amante
ou o amante, o pai e a mãe. O pó o governa e o devora. Atinge seu sistema nervoso,
destrói sua memória, vão surgindo as hepatites, cirroses, bronquites crônicas e afecções
cardíacas gravíssimas.

Dá para perceber como a heroína é perigosa: As anfetaminas não ficam atrás. Também
provocam a sensação fulminante do flash. Mas trazem também - e nisso reside sua
originalidade - uma sensação extraordinária de libertação intelectual. Compreende-se
tudo, adivinha-se tudo, o espírito funciona com uma agilidade fantástica, chega-se a
conclusões formidáveis, enfim, tem-se a certeza de ser genial.

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Mas assim que acaba o efeito positivo, a volta é muito deprimente e angustiante. Em
conseqüência, a pessoa que usa anfetaminas começa em pouco tempo ase picar de meia
em meia hora ou até mesmo de 15 em 15 minutos, quer para impedir essa depressão quer
para retomar ao flash. Isso provoca uma insônia tremenda e também um acúmulo
perigosíssimo de ácido lático nas células do cérebro.

E o que é mais importante: a partir desse momento as anfetaminas levam inexoravelmente


à paranóia, isto é, ao delírio de perseguição. O viciado se toma violento, qualquer palavra
é interpretada como uma agressão que, por sua vez, se toma uma ponte brutal para a ação.
Lembro-me de dois rapazes que brincavam de "flutuar". Um deles gritou - "Olhe, você
flutua!" [ flipper no original ] O outro entendeu a palavra "polícia" [ flic no original] e lhe
deu unia facada ...

Ao lado das anfetaminas temos, finalmente, que falar da cocaína que é uma droga
parecida. Ela também provoca uma sensação aguda de superioridade com uma percepção
particularmente aguçada para a música, para as sensações delicadas e para os prazeres da
inteligência. A volta da cocaína é mais suave mas com o tempo acaba produzindo os
mesmos fenômenos de loucura.

A toxicomania também dispõe de muitos outros tipos de substâncias, especialmente os


medicamentos utilizados com outra finalidade que não a prescrita. Entre estes quero
destacar os downs, isto é, os produtos que fazem "baixar" provocando estados
semiletárgicos, que anulam a realidade. São os soníferos e os barbitúricos. São muitos os
jovens que os absorvem em doses maciças, juntamente com o álcool, para. entrar numa
espécie de pré-coma. Conheci um rapaz que tomava diariamente 50 cápsulas de um
remédio para dormir, quando a bula prescrevia no máximo duas...

O éter também ainda é um tanto utilizado principalmente pelas meninotas que o


descobrem no armário dos pais e o cheiram até desmaiar. Alguns removedores podem ser
utilizados com a mesma finalidade - um que tem no rótulo o nome Eros é bastante
apreciado pelas garotas de liceu.' Atendi, um dia, uma classe inteira de subúrbio que fora
encontrada em coma num sábado de manhã. Enquanto o professor explicava uma lição
no quadro-negro, as garotas passavam de mão em mão o éter, um removedor e também
um sonífero que depois entrou para o grupo B dos produtos de venda controlada. . .

Mas acho inútil continuar com este inventário. Já vimos que nos jovens a toxicomania
não é uma questão de produtos: está ligada à infância que tiveram, à vida que lhes
propomos, está relacionada às suas motivações - ou não-motivações - em face da vida. E
meu papel não é utilizar a química contra a química: é estar presente, ajudar, esclarecer,
responder - quando isso é possível. Como o livro já está quase acabando, chegou a hora
de fazer um balanço pessoal. Minha carreira ainda não terminou. Mas já chegou num
ponto em que posso me perguntar quem é essa figura, às vezes meio estranha, em que fui
me transformando.

......................

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Olievenstein, Claude. Os Drogados Não São Felizes; tradução de Marina Camargo Celidonio.
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1977. p.278-293

Do original em francês: Il n'y a pas de drogués heureux

L’hôpital Marmottan est situé au 17-19 rue d’Armaillé, 75017 Paris.


Métro : Charles de Gaulle Etoile
(sortie 5 : avenue Carnot)

http://www.hopital-marmottan.fr/

VER TAMBÉM
Entrevista Claude Olievenstein (1933-2008) psiquiatra francês pioneiro, especializado no
tratamento da dependência de substâncias que em 1971 ele fundou o Centro Médico
Marmottan, em Paris como um "centro de cuidados e apoio para drogadição.
Na época (10 de agosto de 1994) Diretor do Centro Médico Marmottan, p Maria Luiza
Mota Miranda em colaboração Martha Hervieu / Trad. Julliette Antoine Deda
PDF: MIRANDA, MLM. A diabolização do toxicômano. In: NERY FILHO, A., et al.
orgs. Toxicomanias: incidências clínicas e socioantropológicas. Salvador: EDUFBA;
Salvador: CETAD, 2009, pp. 269-282. Drogas: clínica e cultura collection. ISBN 978-
85-232-0882-0. Available from SciELO Books
http://books.scielo.org/id/qk/pdf/nery-9788523208820-17.pdf

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CET – Centro de Estudos das Toxicomanias Dr. Claude Olievenstein da UFPR. -
Universidade Federal do Paraná

RESUMO
Trata-se de artigo de relato de experiência de extensão universitária na área da saúde.
Relatou-se aqui a experiência profissional de criação e direção do CET – Centro de
Estudos das Toxicomanias Dr. Claude Olievenstein: Pesquisa, Ensino, Tratamento e
Prevenção. Foram narrados sua pré-história e seu nascimento em 19 de outubro de 1999
no Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Foi
criado por professores e profissionais da UFPR, sob a liderança do Prof. Dr. Victor
Eduardo Silva Bento do Departamento de Psicologia, primeiro diretor deste Centro desde
sua criação até maio de 2005. Desde seu nascimento, o CET possuía um Acordo de
Cooperação com o Centre Médical Marmottan/Paris, este nesta ocasião sob a direção de
Claude Olievenstein. Foram também descritas as atividades de Pesquisa, Ensino e
Extensão Clínica do CET, segundo a orientação teórica principal da psicanálise, em
debate inter e multidisciplinar. Finalmente, avaliaram-se as ações desenvolvidas no CET,
destacando-se os prêmios e o financiamento recebidos.

BENTO, Victor Eduardo Silva; VIANA, Marcos Alan. CET – Centro de Estudos das
Toxicomanias Dr. Claude Olievenstein da UFPR. Extensão em Foco, [S.l.], n. 3, june
2009. ISSN 2358-7180. Disponível em:
<https://revistas.ufpr.br/extensao/article/view/24853/16663 >. Acesso em: 25 may 2021.
doi: http://dx.doi.org/10.5380/ef.v0i3.24853.
____________________

Hôpital Marmottan

Pour toute personne concernée par des problèmes de produits licites ou illicites, ou
d’addictions sans drogue.
https://www.facebook.com/hopitalmarmottan/

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