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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE-FURG

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Alterações neurobiológicas ocasionadas pelo uso agudo de LSD: Uma revisão sistemática

Discente: Poliana de Souza Lazarini

Orientador: Luiz Eduardo Maia Nery

Monografia apresentada como requisito


da Disciplina de Trabalho de Graduação
II - 15125 - do Curso de Bacharelado em
Ciências Biológicas.

Janeiro/2023
Agradecimentos

A primeira pessoa que gostaria de agradecer é o meu pai, Jair Lazarini, pois sem ele
nada disso teria sido possível. Foi ele quem me deu todo o alicerce financeiro para que eu
pudesse estudar fora de casa, mas muito além disso, também foi ele quem me inspirou desde
sempre a estudar, a sonhar, a ter disciplina, e a ser tão inteligente e competente no que faz, como
ele. Agradeço também a minha mãe, Sandra Mara, que apesar de muito chata, sempre foi minha
grande amiga, me educou da melhor forma, e me apoiou nas minhas escolhas. Agradeço
também meu irmão, Bruno Lazarini, por sempre me fazer rir com palhaçadas, diminuindo
minhas tensões, e pela parceria de uma vida. E a minha avó, Creuza, por nunca desistir de mim,
sempre me mandando mensagens e se preocupando comigo mesmo de longe. Minha família é
a minha melhor base, e para toda e qualquer conquista que eu tenha na vida, eu serei grata a
eles!
Agradeço ao meu companheiro, Daniel, por estar ao meu lado, enxugando minhas
lágrimas durante as crises, me dando apoio, me comprando tortuguitas, e acreditando em mim
em tudo que eu faço. Sem ele comigo essa jornada teria sido muito mais difícil. Agradeço aos
professores da FURG, profissionais excelentes que me inspiraram de inúmeras formas, e me
ensinaram tanto. Ao meu orientador Dr. Luiz Nery, e ao colaborador, Dr. Jean Pierre, por
aceitarem meu convite de última hora e me guiarem majestosamente por essa jornada do TCC,
cada comentário, revisão e discussão enriqueceu o meu trabalho, e a mim como pessoa. Ao meu
coorientador, Dr. João C. Cabral, além dos comentários acima, agradeço também por ser a
minha maior inspiração acadêmica, por estar me auxiliando desde meu segundo ano da
graduação, enriquecendo meu conhecimento em Neurociência, e por sempre apoiar as minhas
ideias de trabalho excêntricas.
Por fim, agradeço a cada amigo que contribuiu para que esse meu período de FURG, se
tornasse um pouco mais leve. Como alguém que veio de fora da cidade, me senti muito acolhida
aqui, e por isso, agradeço a cada amizade que fiz dentro do campus, do vôlei, da república,
estágios, eventos externos, e etc. Em especial, ao Vinícius e a Mariê, por terem sido meus
maiores parceiros dentro do curso. Aos velhos amigos, que estão longe, agradeço a Alice, por
ser minha melhor amiga na vida e sempre me apoiar; ao Léo, pelo carinho incondicional e
paciência comigo; aos meus amigos do Pandora, Bia, Gui e Lucas, pelo companheirismo antes,
durante e, certamente, após a graduação; e ao Matheus, por anos atrás ter me falado sobre
psicodélicos, e inspirar todo meu conhecimento e paixão sobre o tema.

ii
Sumário

Lista de abreviaturas .................................................................................................................. iv

Resumo/Abstract ........................................................................................................................ v

Introdução geral .......................................................................................................................... 6

Manuscrito ................................................................................................................................ 13

Resumo ......................................................................................................................... 13

Introdução ..................................................................................................................... 14

Materiais e Métodos ..................................................................................................... 17

Resultados ..................................................................................................................... 18

Redes neurais .................................................................................................... 19

Entropia e Hierarquia cerebral .......................................................................... 20

Tálamo .............................................................................................................. 21

Córtex Visual .................................................................................................... 22

Discussão ...................................................................................................................... 23

Conclusão ..................................................................................................................... 28

Referências Bibliográficas ............................................................................................ 30

Figura 1 ......................................................................................................................... 35

Tabela 1 ........................................................................................................................ 36

Considerações finais ................................................................................................................ 41

Bibliografia utilizada na introdução geral ................................................................................ 42

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Lista de abreviaturas

ASL – Rotulagem de Rotação Arterial


BOLD – Imagem Dependente do Nível de Oxigênio do Sangue
CBF – Fluxo Sanguíneo Cerebral
CSTC – Córtico-estriado-talâmico-cortical
DEA – Agência de Combate as Drogas Americana
DMN – Rede de Modo Padrão
EBH – Hipótese do Cérebro Entrópico
fMRI – Imagem de Ressonância Magnética Funcional
GBC – Conectividade Cerebral Global
LSD – Dietilamida do Ácido Lisérgico
MDMA – 3,4-metilenodioximetanfetamina
MEG – Magnetoencefalografia
REBUS – RElaxed Beliefs Under Psychedelics (Crenças Relaxadas Sob Psicodélicos)
RSFC – Conectividade Funcional do Estado de Repouso
TEPT – Transtorno de Estresse Pós-Traumático
V1 – Córtex Visual Primário
V3 – Córtex Visual Terciário

iv
ALTERAÇÕES NEUROBIOLÓGICAS OCASIONADAS PELO USO AGUDO DE
LSD: Uma revisão sistemática

Resumo

A dietilamida do ácido lisérgico (LSD) é um psicodélico serotoninérgico, capaz de provocar


alterações na consciência e na percepção, e cujas propriedades neurobiológicas têm sido
marcadamente investigadas nos últimos anos. Estudos conduzidos em humanos, sob técnicas
modernas de neuroimagem, têm se mostrado promissores em mapear regiões cerebrais afetadas
pelo uso de LSD. Assim, o presente trabalho se propôs a realizar uma revisão sistemática sobre
as alterações cerebrais em macro escala ocasionadas pelo uso de LSD. Foram incluídos 20
estudos, publicados entre 2012 e 2022, das bases de dados eletrônicas Scopus e Web of Science.
O LSD alterou a dinâmica cerebral à nível global, modificando a conectividade de diversas
estruturas corticais, subcorticais e de redes neurais, além de induzir um aumento da entropia
cerebral, e uma desintegração do funcionamento hierárquico normal do cérebro. Sendo uma
área de estudo emergente na neurociência, muitos estudos ainda necessitam de replicação, mas
os presentes achados são promissores em relação à aplicabilidade e segurança do uso de LSD
na pesquisa científica.

Palavras chave: Dietilamida do ácido lisérgico, cérebro, conectividade, psicodélicos,


alucinógenos.

NEUROBIOLOGICAL ALTERATIONS CAUSED BY ACUTE LSD: A systematic


review

Abstract

Lysergic acid diethylamide (LSD) is a serotonergic psychedelic, capable of inducing alterations


in consciousness and perception, and which neurobiological properties are being notably
investigated in the past few years. Studies with humans, using neuroimaging, have been
promising at mapping brain regions affected by LSD. Therefore, the present paper attempts to
conduct a systematic review of brain alterations caused by acute LSD administration. Twenty
papers, published between 2012 and 2022, were included from Scopus and Web of Science
databases. LSD affected brain dynamics on a global level, modulating connectivity between
several cortical and subcortical structures, and brain networks, as well as induced an increase
in brain entropy, and a disintegration of the normal hierarchical brain functioning. As an
emerging field in neuroscience, many studies still need replications, but the present findings
seem to be promising about the applicability and safety of using LSD in scientific research.

Keywords: Lysergic acid diethylamide, brain, connectivity, psychedelic, hallucinogen.

v
Introdução geral

Os psicodélicos são substâncias caracterizadas por sua capacidade singular de provocar


profundas alterações no estado de consciência, pensamentos, percepções, e sentimentos dos
indivíduos (Nichols, 2016). O termo “psicodélico” foi cunhado em 1956 pelo psiquiatra
Humphrey Osmond, junto do escritor Aldous Huxley, e pode ser traduzido do grego como
“manifestação da mente” (Carhart-Harris et al., 2014). O psicodélico serotoninérgico
dietilamida do ácido lisérgico, conhecido popularmente pela sigla LSD (do alemão,
Lysergsäure Diäthylamid), é uma substância sintética derivada do alcaloide ergotamina,
produzida pelo fungo esporão-de-centeio, Claviceps purpurea (Hofmann, 2013). A
classificação do LSD como um psicodélico serotoninérgico se dá pelo fato desse composto ter
uma estrutura química semelhante à da serotonina (Figura 1), e por exercer seus efeitos,
principalmente, como ligante agonista do receptor de serotonina 2A (5-HT2A) (Nichols, 2016).
Embora, nos dias atuais, o LSD seja considerado como uma substância de abuso que apresenta
altos riscos para a saúde, em meados dos anos 1950 até 1970, o LSD se encontrava no auge das
pesquisas científicas voltadas, principalmente, ao campo da psiquiatria (Nutt, et al., 2020). O
LSD foi sintetizado pela primeira vez em 1938, na Suíça, pelo químico Albert Hofmann,
quando este buscava sintetizar um fármaco com propriedades cardiorrespiratórias (Nichols,
2018). No entanto, as propriedades do LSD não foram descobertas até 1943, quando Hofmann,
após manipular o LSD em laboratório, notou alterações em sua percepção, equilíbrio, e
pensamentos. Suspeitando que o LSD fosse a causa daqueles efeitos, Hofmann decidiu testar
essa hipótese administrando 250 microgramas de LSD em si mesmo (Hofmann, 2013).

Figura 1 – Estrutura química do LSD e da serotonina.

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Atualmente se considera que 250µg de LSD é uma dose alta, mas para a época, essa escolha foi
cautelosa, uma vez que 250µg era a menor dose esperada para a produção de algum efeito,
baseado em conhecimentos farmacológicos (Hofmann, 2013). No entanto, a experiência acabou
sendo muito mais intensa do que Hofmann esperava, apresentando grandes efeitos motores,
fisiológicos, perceptuais e psicológicos. Hoffman tinha como objetivo relatar sua experiência
em um caderno, anotando os principais efeitos percebidos e seus respectivos horários, porém,
a cronologia exata e detalhada da experiência foi impedida pelos efeitos intensos do LSD.
Dentre algumas de suas poucas anotações constava: “Início de vertigem, sentimento de
ansiedade, distorções visuais, sintomas de ataxia, desejo de rir [...] a mais severa crise”
(Hofmann, 2013, p. 15, em tradução livre). Apesar da dificuldade em escrever, Hofmann se
lembrava bem da experiência após retornar ao estado normal, e descreveu alguns dos efeitos
sentidos como grande dificuldade em falar de forma coerente, visualização de faces distorcidas
e de objetos curvos, e, em alguns momentos, acreditava que estava fora do seu corpo, como um
observador externo (Hofmann, 2013).

Hofmann, então, percebeu que tinha em mãos uma substância psicoativa extremamente
potente, e decidiu compartilhar sua descoberta com colegas de trabalho. Ao repetirem a
experiência com doses menores, descobriram que a administração oral de 30-50µg de LSD
também era efetiva em humanos (Nichols, 2018). Os efeitos marcadamente psicoativos do LSD
chamaram a atenção de inúmeros psiquiatras que começaram a administrar o LSD, durante
sessões de psicoterapia, em pacientes cujos tratamentos convencionais não estavam
demonstrando resultado. Esse interesse crescente levou a publicação do primeiro estudo
científico sobre o LSD em 1947, e já na década de 60, o número de estudos publicados somavam
mais de mil (Dyck, 2007). Apesar do entusiasmo, muitos testes não apresentavam resultados
conclusivos a respeito do valor terapêutico do LSD devido à falta de instrumentos apropriados,
de grupo controle, e de investimento em estudos clínicos (Nichols, 2018; Rucker et al., 2018).
Se fazia necessário um aprimoramento nos equipamentos, métodos, e desenhos experimentais
dos estudos, no entanto, o contexto social e político estadunidense da época provocou uma
ruptura nas pesquisas com LSD antes que isso ocorresse.

Durante o movimento de contracultura nos Estados Unidos, o LSD se disseminou


rapidamente entre a população, sendo associado, pela mídia, aos ideais revolucionários e
atitudes antigovernamentais (Dyck, 2007). Esse cenário, por sua vez, alarmou as autoridades,
até que em 1970, o LSD, e outros psicodélicos clássicos como psilocibina, mescalina e

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dimetiltriptamina (DMT; princípio ativo da ayahuasca), foram classificados dentro da mais
perigosa e restritiva categoria sobre drogas: Schedule I (Bonson, 2018). Esta categoria se refere
a substâncias com alto potencial de abuso, que não apresentam uso medicinal comprovado e
nem seguro, e por conta disso, os pesquisadores que desejassem conduzir estudos com essas
substâncias precisariam adquirir licenças, e autorização da Agência de Combate às Drogas
americana (DEA) (Bonson, 2018). Após esse evento, a pesquisa psicodélica decaiu em número
e permaneceu estagnada por aproximadamente 4 décadas, representando uma grande perda
médica e científica para o século XX. Entretanto, nos últimos anos tem se constatado um
ressurgimento no interesse em estudar as propriedades desses compostos, caracterizando esse
período como a “Renascença psicodélica” (Sessa, 2018). Graças ao esforço de muitos
profissionais, unido aos resultados promissores de estudos com outros psicodélicos, o LSD está
voltando a fazer parte dos compostos estudados por neurocientistas e outros pesquisadores
(Figura 2).

Figura 2 – Gráfico demonstrando a variação no número de publicações anuais sobre o


LSD a partir da década de 1950.

Fonte: Gerado pelo PUBMED utilizando “lysergic acid diethylamide” como termo de busca.

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Por seus potentes efeitos neurobiológicos, junto ao histórico político-social turbulento,
a rigorosidade burocrática para a realização de pesquisas com o LSD é muito alta. Com isso, as
portas para o retorno do LSD na pesquisa científica, estão sendo abertas principalmente por
estudos com psilocibina (composto ativo do cogumelo Psilocybe cubensis) e MDMA (3,4-
metilenodioximetanfetamina), popularmente conhecido como ecstasy, cujas propriedades
terapêuticas estão mais bem documentadas na literatura (Barber e Aaronson, 2022). Com o
avanço das técnicas de neuroimagem, se tornou possível investigar a atividade cerebral in vivo
durante o estado psicodélico induzido por LSD. Dessa forma, as pesquisas atuais, além de
avaliarem as propriedades terapêuticas do LSD, também possuem o objetivo de desvendarem
os correlatos neurais da experiência psicodélica, buscando raízes neurobiológicas para
fenômenos subjetivos muito difíceis de acessar, como a consciência (marcadamente afetada
pelo LSD).

Um número ainda modesto, porém promissor, de estudos empíricos têm investigado as


amplas alterações ocasionadas pelo LSD no sistema nervoso, a fim de compreender como
surgem os fenômenos característicos da experiência psicodélica. Houve também o surgimento
de importantes modelos teóricos a respeito da ação do LSD no sistema nervoso, que tem servido
como base para muitos dos estudos atuais. Dentre os principais modelos teóricos estão,
cronologicamente, o circuito córtico-estriado-tálamo-cortical (CSTC) (Vollenweider e Geyer,
2001), a hipótese do cérebro entrópico (EBH) (Carhart-Harris et al., 2014) e o modelo REBUS
(do inglês, Relaxed Beliefs Under Psychedelics) e o cérebro anárquico (Carhart-Harris e Friston,
2019). Nenhum dos modelos são mutuamente excludentes, pelo contrário, cada um oferece um
mecanismo de ação em propriedades funcionais diferentes que se complementam, e muitas
vezes auxiliam os outros modelos a se corroborarem.

Embora o encéfalo todo seja investigado em estudos com LSD, há componentes


cerebrais que se destacam nos resultados de alguns estudos. Um deles é o tálamo, uma estrutura
localizada no diencéfalo, onde todas as vias sensoriais, com exceção do olfato, fazem sinapses
antes de alcançarem o córtex (Bear, 2008). O tálamo é uma estrutura central no modelo do
circuito CSTC e por isso acaba sendo o sítio específico de investigação de alguns estudos
(Muller et al., 2017; Avram et al., 2022). Por ser capaz de induzir alterações na percepção visual
dos indivíduos, o LSD também é conhecido como um alucinógeno. Isso faz com que muitos
estudos investiguem a atividade do córtex visual, ou de todo o lobo occipital, durante o estado
psicodélico, e calculando a correlação com taxas de alucinações visuais relatadas pelos

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participantes (Carhart-Harris et al., 2016; Kaelen et al., 2016; Roseman, et al., 2016; Preller et
al., 2018). A EBH propõe que a rede de modo padrão (DMN), uma rede associativa
marcadamente ativada durante a auto ruminação e pensamentos introspectivos, é o local onde
reside o ego (i.e., senso consciente de si mesmo). Por isso, também há estudos que buscam
analisar a correlação entre a integridade funcional da DMN, com os relatos subjetivos de
dissolução do ego (percepção de possuir uma identidade distinta, e integrada ao universo)
através do uso de LSD (Carhart-Harris et al., 2016; Muller et al., 2018).

Com o avanço da neurociência e a compreensão do funcionamento cerebral como um


sistema de componentes altamente integrados, há uma necessidade emergente em se estudar o
encéfalo como uma rede complexa. Por conta disso, uma medida que tem sido utilizada para
avaliar alterações na atividade cerebral induzidas por LSD, é a conectividade funcional, onde é
medida a existência de correlações estatísticas entre o funcionamento de componentes cerebrais,
que podem, ou não, estarem anatomicamente conectados (Friston, 2011). A conectividade
cerebral global (GBC), que mede a conectividade funcional de um componente específico com
o restante do cérebro, também tem sido aplicada, e menos recorrente, a conectividade efetiva,
que mede alterações na influência que grupos neuronais, estruturalmente conectados, exercem
um sobre o outro (Friston, 2011). Essas medidas são de extrema importância na compreensão
do funcionamento integrado dos diversos componentes cerebrais. Os estudos com LSD têm
reforçado essa ideia ao apresentar resultados amplos e heterogêneos em relação aos
componentes afetados por ele (Carhart-Harris et al., 2016; Tagliazucchi et al., 2016; Muller et
al., 2018; Preller et al., 2018), sugerindo que o estado psicodélico provoca uma reorganização
cerebral que não se limita apenas a alterações na atividade de componentes específicos.

Esses efeitos sistêmicos são discutidos pelos principais modelos teóricos propostos. De
forma geral, a EBH propõe que os psicodélicos induzem um aumento na entropia cerebral, isto
é, um maior grau de desordem no funcionamento do cérebro, bem como uma expansão na
consciência do indivíduo (Carhart-Harris et al., 2014) . Por sua vez, o modelo REBUS propõe
que os psicodélicos desestabilizam a hierarquia existente entre os componentes cerebrais,
comprometendo com o processamento normal de informações no cérebro (Carhart-Harris e
Friston, 2019). Já o modelo do circuito CSTC propõe que os psicodélicos comprometem o
gating talâmico, isso é, o pré-processamento de informações que ocorre no tálamo, antes de
serem enviadas às respectivas áreas sensoriais primárias do córtex cerebral. Esse déficit
resultaria em um envio excessivo de informações sensoriais para o córtex, prejudicando a

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integração e o processamento de estímulos (Vollenweider e Geyer, 2011). Olhando para os
modelos em conjunto, todos propõem que os psicodélicos causam uma desestabilização no
funcionamento cerebral. Isso implica na existência de um sistema altamente organizado onde a
alteração na comunicação, ou sincronização, de dois ou mais componentes distintos podem
resultar na emergência de novas propriedades. Essa potente capacidade do LSD em reorganizar
o complexo funcionamento cerebral é um dos motivos pelo qual ele vem instigando
pesquisadores e entusiastas a décadas, e pela primeira vez, está sendo possível investigar esses
efeitos neurobiológicos in vivo devido ao avanço da neuroimagem.

As técnicas de neuroimagem, como imagem dependente do nível de oxigênio no sangue


(BOLD) e rotulagem de rotação arterial (ASL), medem a atividade cerebral ao detectar
alterações no fluxo sanguíneo cerebral (CBF). O CBF é um indicativo da atividade neuronal
devido ao aumento na demanda por oxigênio e glicose quando as células estão metabolicamente
mais ativas. Por exemplo, se duas regiões estão recebendo mais sangue ao mesmo tempo,
provavelmente ambas estão mais ativas naquele momento, ou seja, estão funcionalmente
conectadas. Por outro lado, a magnetoencefalografia (MEG) consegue detectar a conectividade
funcional através da coerência entre sinais emitidos por ritmos oscilatórios de diferentes
componentes cerebrais. Isto significa que, a sincronização da atividade oscilatória entre
populações neuronais distintas, também pode ser um indicativo de conectividade funcional (van
Vliet et al., 2018).

A evolução de técnicas não invasivas e que geram imagens de alta resolução da atividade
cerebral foram importantes para o retorno do LSD na pesquisa científica, uma vez que
possibilita a investigação dos correlatos neurais induzidos por esse composto, de forma não
danosa ao participante. Todos os estudos conduzidos com LSD possuem procedimentos
rigorosos para garantir a segurança do participante, por exemplo, é necessário ter mais de 21
anos, ausência de histórico psiquiátrico (pessoal ou familiar), ausência de complicações de
saúde, e de experiências negativas com psicodélicos no passado. Além disso, são realizados
exames fisiológicos de sangue e urina para garantir a ausência de outras substâncias no corpo,
há averiguações psiquiátricas antes dos participantes serem liberados do laboratório, e a equipe
de pesquisa mantém contato com os participantes por um tempo para verificar a existência de
efeitos colaterais.

O avanço das técnicas e o cuidado dos procedimentos experimentais, que eram mais
escassos quando o LSD estava no auge na década de 60, são muito importantes para garantir a

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qualidade, segurança e continuidade das pesquisas. Se no passado o LSD chamou a atenção por
possuir grande potencial no tratamento de transtornos mentais, sem ser possível investigar seus
efeitos biológicos no cérebro, atualmente, esse potencial pode ser explorado com maior rigor
científico. O conhecimento da ação do LSD no cérebro é essencial para seu avanço como uma
ferramenta terapêutica, pois é necessária a investigação da integridade cerebral e mental durante
o uso de LSD, bem como possíveis riscos à saúde, dosagem ideal, etc. Estudos recentes têm
demonstrado a segurança e eficácia do uso de psicodélicos em ambientes controlados, de forma
a impulsionar futuras pesquisas (Barber e Aaronson, 2022). A legislação suíça permite o uso
médico restrito de substâncias psicotrópicas em casos de resistência ao tratamento padrão,
desde que haja evidências preliminares de eficácia da substância para a condição específica
(Oehen e Gasser et al., 2022). Por conta disso, Oehen e Gasser et al. (2022) foram obtendo
licenças, e recentemente, conseguiram demonstrar eficácia na administração de LSD, e também
MDMA, no tratamento de pacientes com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), e TEPT
crônico, em um modelo de terapia de grupo.

Embora exista um longo caminho a percorrer na compreensão total da ação do LSD no


cérebro, tendo em vista que o campo de estudo ainda é muito recente (o primeiro estudo de
LSD com neuroimagem em humanos foi realizado apenas em 2016), os resultados têm se
mostrado promissores e interessantes. A possibilidade de investigar os correlatos neurais de
uma substância psicoativa extremamente potente e singular em seus efeitos provocados na
consciência, percepção e pensamentos do indivíduo, é um tema emergente na neurociência. Por
isso, a elaboração de pesquisas que busquem sintetizar e integrar o conhecimento produzido
sobre o LSD nos últimos anos são de grande importância, uma vez que as restrições legais em
relação ao desenvolvimento de pesquisas com LSD, e outros psicodélicos, ainda estão em vigor.
Tendo isso em vista, o presente trabalho se propôs a realizar uma revisão sistemática a respeito
das alterações neurobiológicas que são ocasionadas pelo uso agudo de LSD, em humanos. Com
isto, esperamos contribuir para a disseminação do conhecimento científico a respeito do LSD,
e de sua importância como ferramenta de estudo, auxiliando na pavimentação de um caminho
menos rigoroso para o desenvolvimento de pesquisas com esse composto no futuro.

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Manuscrito

Resumo

A dietilamida do ácido lisérgico (LSD) é um psicodélico serotoninérgico, capaz de provocar

alterações na consciência e na percepção, e cujas propriedades neurobiológicas têm sido

marcadamente investigadas nos últimos anos. Estudos conduzidos em humanos, sob técnicas

modernas de neuroimagem, têm se mostrado promissores em mapear regiões cerebrais afetadas

pelo uso de LSD. Assim, o presente trabalho se propôs a realizar uma revisão sistemática sobre

as alterações cerebrais em macro escala ocasionadas pelo uso de LSD. Foram incluídos 20

estudos, publicados entre 2012 e 2022, das bases de dados eletrônicas Scopus e Web of Science.

O LSD alterou a dinâmica cerebral à nível global, modificando a conectividade de diversas

estruturas corticais, subcorticais e de redes neurais, além de induzir um aumento da entropia

cerebral, e uma desintegração do funcionamento hierárquico normal do cérebro. Sendo uma

área de estudo emergente na neurociência, muitos estudos ainda necessitam de replicação, mas

os presentes achados são promissores em relação à aplicabilidade e segurança do uso de LSD

na pesquisa científica.

Palavras chave: Dietilamida do ácido lisérgico, cérebro, conectividade, psicodélicos,

alucinógenos.

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1. Introdução

Em meados das décadas de 1950 até 1970, as pesquisas científicas no ramo da

psiquiatria e neurociência passaram por um período de inovações e expectativas trazidas pelas

substâncias psicodélicas e seus poderosos efeitos no cérebro (Dyck, 2007). O marco inicial

dessa era se deu em 1943, após o relato da primeira experiência com a dietilamida do ácido

lisérgico (LSD) pelo cientista suíço Albert Hofmann, o mesmo homem que 5 anos antes havia

sintetizado o LSD pela primeira vez (Nichols e Walter, 2020). Hofmann testou o LSD em si

mesmo com uma dose de 0,25mg, a menor dose esperada para se observar qualquer efeito

farmacológico na época, e dentre os efeitos relatados incluíam visões distorcidas, fala

incoerente, inquietação motora se alternando com paralisia, e sensação de estar com o corpo

pesado (Nichols, 2018). Esses efeitos causados em baixa dose levaram os pesquisadores a

enxergarem o LSD como uma substância psicoativa extremamente potente, resultando em um

crescimento exponencial de estudos e publicações científicas sobre o LSD nos anos seguintes

(Dyck, 2007).

No entanto, o entusiasmo com os efeitos do LSD não se limitou ao campo científico,

mas também se disseminou rapidamente entre a população, especialmente durante o movimento

de contracultura nos Estados Unidos, na década de 1960 (Nichols e Walter, 2020). Essa perda

de controle levou o governo estadunidense a classificar o LSD e outros psicodélicos clássicos,

como psilocibina e mescalina, dentro da mais alta e restritiva categoria sobre drogas: Schedule

I; que se refere a drogas com alto potencial de abuso e que não apresentam uso medicinal

comprovado e nem seguro (Bonson., 2018). Isso deixou a pesquisa psicodélica quase estagnada

por cerca de 4 décadas; entretanto, nos últimos anos tem se constatado um retorno do interesse

científico em compreender e explorar os potenciais do LSD e de outros psicodélicos,

caracterizando esse período como a “Renascença Psicodélica” (Sessa, 2018).

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Os psicodélicos são caracterizados, principalmente, por provocarem alterações no

estado de consciência, nos pensamentos, nas percepções e no humor dos indivíduos (Nichols,

2016), sendo também denominados de alucinógenos. Por tais efeitos psicoativos, inicialmente

o LSD foi aplicado principalmente no campo da psiquiatria, onde suas propriedades

potencialmente terapêuticas eram investigadas em pacientes que não respondiam ao tratamento

convencional (Nichols, 2018). Estudos recentes continuam a investigar a aplicação terapêutica

dos psicodélicos (Palhano-Fontes et al., 2019; Barba et al., 2022; Oehen e Gasser et al., 2022).

No entanto, atualmente o LSD também é considerado uma ferramenta poderosa para a

compreensão do complexo funcionamento cerebral, fornecendo “insights” a respeito das bases

neurais de fenômenos subjetivos como a consciência, da importância da conectividade entre

diferentes regiões cerebrais e redes neurais, e da hierarquia cerebral existente no processamento

de informações (Cruzat et al., 2022). A desestabilização do funcionamento regular do sistema

nervoso, ocasionada pelos psicodélicos, é a base para a formulação das hipóteses atuais para

explicar as características psicoativas do LSD incluindo a Hipótese do Cérebro Entrópico

(EBH) (Carhart-Harris et al., 2014) e a hipótese do cérebro anárquico (Carhart-Harris e Friston,

2019). Também se sabe que o LSD se liga de forma agonista a diversos receptores

serotoninérgicos e dopaminérgicos, sendo o principal deles o receptor de serotonina 2A (5-

HT2A) (Nichols, 2016), possibilitando também a investigação dos correlatos farmacológicos

alterados por este composto (Tagliazucchi et al., 2016; Preller et al., 2018; Lawn et al., 2022).

Carhart-Harris et al. (2016) conduziram o primeiro estudo com LSD no cérebro humano

sob técnicas modernas de neuroimagem, como Imagem de Ressonância Magnética Funcional

(fMRI) e Magnetoencefalografia (MEG), e seus achados sugeriram que a experiência

psicodélica provocada pelo LSD está relacionada a alterações no fluxo sanguíneo, nos ritmos

oscilatórios cerebrais, e nos padrões de conectividade entre redes neurais. Outros achados

15
indicam que o LSD pode induzir um aumento da conectividade em áreas sensoriais e

somatomotoras, e diminuir a conectividade de áreas subcorticais e de áreas cerebrais

associativas, sugerindo que os efeitos psicodélicos podem ser resultado de um desequilíbrio

entre o processamento sensorial e a integração dessas informações por centros corticais

superiores (Preller et al., 2018). Outra hipótese fundamental a respeito da ação do LSD, e

demais psicodélicos, no cérebro está relacionada ao déficit do sistema de feedback córtico-

estriado-tálamo-cortical (CSTC), onde a “filtragem” sensorial que é exercida pelo tálamo

durante o funcionamento normal do cérebro, seria inibida, resultando em um envio excessivo

de estímulos sensoriais ao córtex, e consequentemente, ocasionando o colapso das funções

integrativas, bem como prejuízos na atenção, cognição e no estado de alerta do indivíduo

(Vollenweider e Geyer, 2001).

Tendo em vista o crescimento de estudos empíricos investigando as alterações na

atividade cerebral induzidas por LSD, principalmente através da conectividade entre diferentes

regiões cerebrais e redes neurais, o presente estudo se propôs a realizar uma revisão sistemática

das alterações neurobiológicas, em humanos, ocasionadas pelo uso agudo do LSD. Sendo o

tálamo uma estrutura chave para o pré-processamento de informações sensoriais (fortemente

afetadas pelo uso de LSD), com amplas conexões corticais e com redes neurais (Hwang et al.,

2017), nós hipotetizamos que a conectividade talâmica seja marcadamente afetada pelo LSD,

bem como a atividade do córtex visual, devido ao caráter alucinatório dos psicodélicos.

16
2. Materiais & Métodos

A pesquisa consistiu em uma revisão bibliográfica sistemática, seguindo os protocolos

recomendados por Donato e Donato (2019) para seleção das publicações, síntese dos dados e

avaliação da qualidade dos estudos a serem revisados. A coleta dos dados foi realizada nas

bases de dados Scopus e Web of Science. A busca dos artigos publicados, de janeiro de 2012

até outubro de 2022, foi conduzida utilizando os seguintes termos de busca: Lysergic Acid

Diethylamide AND (Brain OR Neuro*) AND Connectivity. As publicações que se repetiram nas

duas bases foram excluídas. Em seguida, as publicações identificadas foram submetidas a um

processo de triagem para avaliar se as publicações atendiam aos critérios de inclusão e exclusão,

bem como avaliar as características metodológica dos estudos. A etapa de triagem aconteceu

em duas fases. Na primeira, os resumos, títulos e palavras-chave de todas as publicações

identificadas foram revisados, e aqueles estudos que claramente não atenderam aos critérios de

inclusão foram removidos da segunda fase de triagem. Em seguida, os objetivos, hipóteses,

métodos e resultados dos artigos que passaram pela primeira etapa foram revisados, e as

publicações que estavam dentro dos critérios de exclusão foram removidas. Todos os artigos

incluídos após a segunda fase de triagem foram mantidos para etapa de revisão.

Os itens utilizados como critérios de inclusão foram: a) Tipo de publicação – artigos de

pesquisas empíricas revisados por pares e publicados em periódicos científicos; b) Objetivo do

estudo – Ao menos um dos objetivos da pesquisa deveria estar relacionado aos efeitos

neurobiológicos do uso de LSD; c) Período de publicação – Artigos publicados entre 2012 e

2022; e d) Idioma – Artigos publicados em inglês, espanhol e/ou português. Em seguida, os

artigos não relevantes para a revisão foram excluídos da revisão através do uso dos seguintes

critérios: a) Animais não humanos – Estudos sobre os efeitos comportamentais ou

neurobiológicos do LSD em animais não humanos; b) Métodos – falta de poder estatístico para

17
sustentar as conclusões e/ou delineamento inadequado para os objetivos desta revisão; Os

artigos revisados foram organizados por título, autor, ano de publicação, objetivo do estudo,

tamanho amostral, técnica de neuroimagem utilizada, e principais resultados.

3. Resultados

A pesquisa nas duas bases de dados identificou 106 publicações, das quais 20 artigos

foram incluídos nesta revisão, como ilustrado na Figura 1. Embora o recorte temporal fosse de

10 anos, todos os estudos incluídos foram publicados a partir de 2016. Todos os estudos

utilizaram delineamentos experimentais para testar a relação de causalidade entre doses de LSD

sobre atividades do sistema nervoso central, administrando a substância em condições

controladas de laboratório em comparação a um placebo. Cinco desses estudos utilizaram,

também, outras substâncias para comparação, sendo elas Psilocibina (3), Cetamina (2), MDMA

(1), d-anfetamina (1) e Tiagabina (1). Em 14 estudos a dose administrada de LSD foi de 75μg

(i.v.), em 5 estudos a dose foi de 100μg (v.o.) e apenas um estudo buscou avaliar o efeito de

uma microdose [aproximadamente 1/10 da dose utilizada recreacionalmente (100-200μg)],

sendo 13μg (sublingual). As amostras variaram entre 10 e 25 voluntários, sendo a população-

alvo jovens adultos saudáveis, com ao menos uma experiência psicodélica prévia, ou ausência

de reações adversas a algum psicodélico no passado, em 80% dos estudos. Em todos os estudos

foram observadas alterações neurobiológicas significativas ocasionadas pelo LSD.

Contraintuitivamente, essas alterações não se limitaram a regiões cerebrais específicas, mas sim,

foram observadas alterações globais, compreendendo diversas estruturas corticais e

subcorticais, e várias redes neurais. Os principais achados de cada estudo são apresentados na

Tabela 1.

18
3.1. Redes neurais

Diversos estudos encontraram alterações nas propriedades funcionais de diferentes

redes neurais. Carhart-Harris et al. (2016) investigaram alterações nas propriedades de 12 redes

neurais utilizando 4 medidas: Integridade [conectividade funcional do estado de repouso

(RSFC) dentro das redes]; variância (sinais BOLD dentro de redes); segregação (RSFC entre

redes) e Fluxo sanguíneo cerebral (CBF) dentro de redes. Os autores encontraram uma

diminuição da segregação entre 8 pares de redes, aumento do CBF em redes visuais, e

desintegração da Rede de Modo Padrão (DMN). Esse efeito de desintegração da DMN,

induzido pelo LSD, também foi replicado por Speth et al. (2016), Muller et al. (2018) e Luppi

et al. (2021). Além da DMN, Muller et al. (2018), em seu estudo, encontraram diminuição da

integridade nas redes sensório-motora, auditiva e redes visuais, e também aumento da

Conectividade Funcional entre diferentes redes. Além disso, os autores encontraram aumento

da conectividade funcional entre 10 redes neurais investigadas e diversas estruturas HUB

corticais e subcorticais, marcadamente o tálamo e o corpo estriado. Investigando a

conectividade cerebral global, Tagliazucchi et al. (2016) encontraram aumento da

conectividade cerebral global (GBC) nas redes de saliência, rede de atenção frontoparietal e na

DMN, que compreendem córtices de alto nível, e uma maior integração cerebral global

ocasionado pelo aumento da comunicação entre redes comumente segregadas. Preller et al.

(2018), por sua vez, encontraram aumento da GBC em redes sensoriais e na rede somatomotora,

e redução da GBC em redes associativas, de forma inversamente proporcional. Ambos os

estudos demonstraram que as regiões cerebrais que apresentavam alterações na conectividade,

induzidas pelo LSD, se sobrepunham à distribuição espacial dos receptores 5-HT2A através do

cérebro.

19
3.2. Entropia e Hierarquia cerebral

Alguns estudos investigaram alterações na atividade cerebral através de medidas de

complexidade e entropia. Lebedev et al. (2016) encontraram aumento na entropia cerebral,

ocasionada pelo LSD, de forma global através do córtex, afetando 11 dos 17 sistemas funcionais

avaliados pelo estudo, incluindo redes sensoriais primárias e secundárias, redes associativas e

redes de alto nível hierárquico. Varley et al. (2020a) encontraram um aumento significativo na

dimensão fractal da atividade cerebral, tanto no domínio espacial, quanto temporal. Os autores

pontuaram que o uso da dimensão fractal da atividade cerebral como medida de complexidade

se baseou em achados da física que sugerem que um sistema que se organiza em direção a

criticalidade, tende a assumir uma estrutura fractal Atasoy et al. (2017), utilizando um método

de decomposição harmônica do conectoma (mapeamento das conexões e padrões de ondas

eletromagnéticas do cérebro), também demonstraram que o LSD direciona a dinâmica cerebral

em direção a criticalidade (um ponto crítico de equilíbrio entre ordem e desordem), além de

ocasionar um aumento da energia total da atividade cerebral, e uma expansão não randômica

do repertório de estados cerebrais ativados. Esses achados são consistentes com a hipótese do

cérebro entrópico (discutida mais adiante). Somente o estudo de Girn et al. (2022) investigou

alterações na hierarquia funcional do cérebro, foi encontrado uma diminuição na hierarquia

entre os córtices unimodal e transmodal (divisões do córtex cerebral), e redução da

diferenciação funcional do eixo hierárquico compreendendo redes associativas (DMN, rede de

controle frontoparietal, e rede dorsal de atenção) no nível mais alto, e redes sensoriais (visuais

e somatomotoras) no nível mais baixo.

20
3.3. Tálamo

A influência do LSD sobre a atividade talâmica também foi bastante investigada, indo

de acordo com a hipótese inicial. Preller et al. (2018) e Tagliazucchi et al. (2016) encontraram

um aumento da GBC talâmica induzida pelo LSD, e também demonstraram que o aumento da

conectividade se correlacionou com um mapa de densidade de receptores de serotonina. Müller

et al. (2017) conduziram um estudo avaliando especificamente a conectividade talâmica durante

o uso de LSD, e encontraram aumento da conectividade funcional entre o tálamo bilateral e 104

de 130 regiões cerebrais investigadas. Os autores chamaram a atenção para duas estruturas, o

giro fusiforme direito e a ínsula, cujo aumento da conectividade com o tálamo se

correlacionaram com efeitos subjetivos visuais e auditivos, respectivamente. Müller et al.

(2018) corroboraram os achados de Müller et al. (2017) demonstrado aumento da conectividade

funcional entre o tálamo e diversas redes neurais. Avram et al. (2022) também conduziram um

estudo com foco exclusivo na conectividade talâmica, mas com apenas duas redes neurais

(sensório-motora-auditiva e de saliência). Seguindo a linha de achados prévios, foi encontrado

hiperconectividade talâmica para as duas redes, ademais, Luppi et al. (2021) também

encontraram aumento da conectividade funcional entre o tálamo e estruturas corticais (córtex

temporal e orbitofrontal) e subcorticais (amígdala bilateralmente). Por outro lado, Preller et al.

(2019) investigaram mudanças na conectividade efetiva, ou estrutural, do tálamo após

administração de LSD, e também após administração de ketanserina (antagonista do receptor

5-HT2A) juntamente com o LSD. Independente da ativação dos receptores 5-HT2A, foi

encontrado aumento da conectividade efetiva do tálamo ao corpo estriado ventral, diminuição

da conectividade efetiva do tálamo ao córtex temporal, e diminuição também da conectividade

efetiva do corpo estriado ventral ao tálamo. Já os efeitos dependentes da ativação dos receptores

21
foram, aumento da conectividade efetiva do tálamo ao córtex cingulado posterior, e ao corpo

estriado ventral, e diminuição da conectividade efetiva do córtex cingulado posterior ao tálamo.

3.4. Córtex visual

Também de acordo com a hipótese inicial, diversos autores encontraram alterações no

funcionamento do córtex visual ocasionado pelo LSD. Carhart-Harris et al. (2016) encontraram

uma correlação entre taxas de alucinações visuais com olhos fechados e aumento do CBF para

o córtex visual, aumento da RSFC entre o córtex visual primário (V1) e várias regiões corticais

e subcorticais, e diminuição das oscilações alfa no córtex visual. Este último achado foi

replicado por Pallavicini et al. (2019), que encontraram diminuições, também, nas oscilações

teta e beta em regiões occipitais. Kaelen et al. (2016) encontraram aumento nas conectividades

funcional e efetiva entre o córtex parahipocampal e o córtex visual, que se correlacionam com

alucinações visuais simples e complexas. Atasoy et al. (2017) também encontraram correlações

entre alucinações visuais e alterações na conectividade de redes visuais, especificamente com

as redes frontoparietal direita e esquerda, e redes sensoriais. Roseman et al. (2016) conduziram

um estudo focado na RSFC entre o V1 e o córtex visual terciário (V3) baseado na organização

espacial de vias retinotópicas (projeções da retina ao córtex). Os autores encontraram aumento

da RSFC entre caminhos retinotópicos congruentes, isto é, houve um aumento na coordenação

do processamento visual entre o V1 e V3, sob o efeito do LSD. Em contrapartida, Luppi et al.

(2021) encontraram uma redução da conectividade entre regiões visuais e o córtex cingulado

posterior, que é um componente HUB importante da DMN, e também foi encontrado uma

desintegração de redes visuais por Carhart-Harris et al. (2016) e Muller et al. (2018).

22
4. Discussão

Essa revisão buscou identificar as principais alterações na atividade cerebral

ocasionadas pelo uso agudo de LSD. Os resultados foram amplos, demonstrando que o LSD

provoca alterações cerebrais a nível global, modificando a conectividade entre estruturas e redes

neurais distintas, mas também a nível local, modificando a conectividade dentro de regiões e

redes neurais individuais. Conforme esperado, diversos estudos encontraram alterações na

atividade talâmica e do córtex visual, bem como aumento da entropia cerebral e da

complexidade do funcionamento cerebral induzidas por LSD, sugerindo que as experiências

únicas ocasionadas pelos psicodélico se dão devido a uma reorganização geral e complexa do

funcionamento cerebral a nível sistêmico, podendo resultar em alterações no humor, percepção

e consciência.

A despeito do caráter alucinógeno do LSD, diversos estudos relataram alterações na

atividade do córtex visual e de redes visuais. Carhart-Harris et al. (2016), Kaelen et al. (2016)

e Atasoy et al. (2017) encontraram correlações entre alucinações visuais, relatadas pelos

participantes, e alterações na conectividade do córtex visual e de redes visuais com outras

regiões cerebrais. O aumento da RSFC do córtex visual primário com diversas regiões cerebrais

sugere que uma maior proporção do cérebro contribui para o processamento visual durante o

uso de LSD, em relação a condições normais (Carhart-Harris et al., 2016). Muller et al. (2017),

por sua vez, encontraram uma correlação entre efeitos visuais subjetivos e aumento na

conectividade talâmica com o giro fusiforme direito, uma estrutura importante para o

reconhecimento de faces (Brunyé, et al., 2017). O aumento do fluxo sanguíneo para o córtex

visual, encontrado por Carhart-Harris et al. (2016), também indica uma maior demanda

metabólica e maior atividade neuronal nesta região, durante o uso de LSD. Embora seja

evidente o envolvimento do córtex visual e de redes visuais na experiência psicodélica induzida

23
por LSD, há poucos relatos a respeito da conectividade de regiões visuais com outras estruturas

ou redes neurais específicas. Dessa forma, estudos futuros que busquem investigar a

conectividade do córtex visual e redes visuais com alvos específicos, em correlação com efeitos

visuais subjetivos, induzidos pelo LSD, podem auxiliar na compreensão do papel que redes

neurais e estruturas cerebrais distintas possuem no processamento visual.

Os achados sobre o aumento da entropia cerebral induzida por LSD foram consistentes

com a EBH, proposta por Carhart-Harris et al. (2014). A EBH postula que, durante o estado

psicodélico, o cérebro apresenta maior entropia do que no estado padrão de consciência, onde

a atividade cerebral se encontra levemente abaixo da criticalidade. Nesse contexto, criticalidade

é uma propriedade de sistemas complexos definida como uma zona de equilíbrio entre ordem

e desordem, e conforme o sistema se aproxima desse ponto crítico, novas propriedades podem

emergir. Os presentes achados de Atasoy et al. (2017) e Varley et al. (2020a) são consistentes

com a hipótese de que os psicodélicos movem o sistema em direção à criticalidade; isto é, em

direção a um estado cerebral mais entrópico, mais flexível e com maior grau de desordem. A

EBH também propõe que o cérebro no estado psicodélico se assemelha ao estado primário de

consciência, marcado pela elevada entropia, e para se alcançar esse estado é necessário a

desintegração da DMN, uma rede associativa de alta ordem cuja atividade é altamente

organizada durante o estado padrão de consciência, quando não há atenção direcionada a

nenhuma tarefa específica (Raichle, et al. 2001). Essa hipótese também tem sido corroborada

por Carhart-Harris et al. (2016), Speth et al. (2016), Muller et al. (2018) e Luppi et al. (2021),

que encontraram diminuições na conectividade funcional dentro da DMN durante o estado

psicodélico induzido por LSD.

Uma hipótese mais recente a respeito da ação dos psicodélicos no cérebro, se refere ao

modelo REBUS (do inglês, RElaxed Beliefs Under Psychedelics) e o cérebro anárquico, que

24
postula que os psicodélicos provocam uma redução no processamento top-down de informações

exercido por centros corticais superiores, fazendo com que regiões de processamento inferiores

exerçam maior influência sobre os processamentos de alto nível (controle bottom-up) (Carhart-

Harris e Friston, 2019). Girn et. al. (2022) encontraram uma diminuição da hierarquia existente

entre o córtex transmodal e unimodal [divisões clássicas do córtex cerebral baseado em

características citoarquitetônicas e funcionais (Bassett et al., 2008)], e encontraram também

uma redução na diferenciação funcional ao longo do eixo hierárquico compreendendo a DMN,

rede de controle frontoparietal, e rede dorsal de atenção no nível mais alto, e redes visuais e

somatomotoras no nível mais baixo. Esses achados são consistentes com o modelo REBUS e

fornecem evidências de que o estado psicodélico é marcado por uma integração funcional

global do cérebro, aumentando a conexão entre diferentes nódulos e diminuindo a integridade

de nódulos individuais. Estudos investigando a conectividade funcional de redes neurais

suportam essa ideia ao relatarem uma diminuição da conectividade dentro de redes neurais

individuais, e aumento da conectividade entre redes neurais distintas (Carhart-Harris et al., 2012,

2016; Tagliazucchi et al., 2016; Müller et al., 2017, 2018; Preller et al., 2018). Girn et al. (2022)

também chamaram a atenção para a importância do agonismo serotoninérgico do LSD sobre a

desregulação do controle top-down, uma vez que o receptor 5-HT2A é altamente expresso em

regiões corticais (Beliveau et al., 2017). Diversos estudos apontam para uma alta expressão

desses receptores em regiões afetadas pelo LSD como o córtex visual e o córtex cingulado

posterior, além de núcleos talâmicos (Tagliazucchi et al., 2016; Preller et al., 2018; 2019),

entretanto, a população mais densa desses receptores está localizada nas células piramidais da

camada V do neocórtex, considerada como um sítio de ação crucial para desencadear a

experiência psicodélica (Gonzalez-Maeso et al., 2007).

25
A neuromodulação serotoninérgica e o aumento da influência bottom-up proposto pelo

modelo REBUS também são consistentes com a hipótese do circuito CSTC, proposto por

Vollenweider e Geyer (2001). Nesse modelo, os psicodélicos ativam os neurônios piramidais

da camada V, no córtex pré-frontal medial, que projetam neurônios glutamatérgicos ao corpo

estriado ventral. O corpo estriado, por sua vez, vai inibir os neurônios GABAérgicos do circuito

pálido-talâmico, resultando em uma desinibição da atividade talâmica, e consequentemente, um

aumento no envio de informações para o córtex através de projeções glutamatérgicas. Preller et

al. (2019) testaram diretamente a influência do LSD sobre o circuito CSTC e encontraram, de

fato, uma redução na conectividade efetiva do corpo estriado para o tálamo, entretanto, essa

alteração não foi bloqueada pela ketanserina (i.e., antagonista seletivo do receptor 5-HT2A),

sugerindo um mecanismo não mediado pelo receptor 5-HT2A. Além disso, os autores não

encontraram um aumento na conectividade tálamo-cortical inespecífica, como propunha o

modelo, mas sim, um aumento no fluxo de informação para áreas específicas e diminuição para

outras. De forma semelhante, Preller et al. (2018) encontraram aumento da conectividade

talâmica para córtices sensoriais e somatomotores, mas também diminuição da conectividade

talâmica com córtices associativos. Contudo, embora o aumento da conectividade talâmica não

seja indiferenciado através do córtex, diversos estudos demonstram um aumento na

conectividade talâmica induzido por LSD (Tagliazucchi et al., 2016; Muller et al., 2017; 2018;

Luppi et al., 2021; Avram et al., 2022), sugerindo que o tálamo possui de fato um papel chave

por trás da ação do LSD no cérebro ao modificar a conectividade com diversas regiões cerebrais,

influenciando propriedades do processamento sensorial e cognitivo.

Por fim, é interessante discutir a relação do LSD com o fenômeno subjetivo da

consciência. O estado psicodélico, induzido por LSD, é marcado por profundas alterações na

consciência, e por isso é amplamente comparado aos estados de baixa consciência como

26
anestesia e sono profundo (com exceção do sono REM). O aumento da conectividade tálamo-

cortical observada após o uso de LSD é contrastante com a diminuição da conectividade tálamo-

cortical encontrada em pacientes inconscientes (Laureys et al., 2000; Akeju et al., 2014).

Ademais, Bershad et al. (2021) não encontraram alterações na conectividade tálamo-cortical

significativas após administração de 13 μg de LSD, uma vez que a dose utilizada no estudo foi

sub-alucinógena, logo, insuficiente para provocar alterações na consciência. Outra

característica contrastante é o aumento da dimensão fractal cerebral induzida pelo LSD,

enquanto que nos estados de sono e anestesia, a dimensão fractal do cérebro diminui

consideravelmente (Ruiz de Miras et al., 2019; Varley et al., 2020b). Essa dualidade também é

consistente com a EBH, que define dois extremos da atividade cerebral: O estado subcrítico,

que é comparativamente inflexível, altamente ordenado e com baixa entropia (e.g. coma,

anestesia e sono profundo), enquanto o estado supercrítico é mais entrópico, flexível e

desorganizado (e.g. sono REM, estado psicodélico) (Carhart-Harris et al., 2014). Uma vez que

o estado normal de consciência se situa logo abaixo da criticalidade, que é o ponto de equilíbrio

entre esses dois estados, é sugerido, então, que o LSD ocasiona uma expansão na consciência

do indivíduo.

Unindo os principais achados de aumento da entropia cerebral, desintegração do

processamento hierárquico, alterações na percepção, ocasionada principalmente pelo aumento

da conectividade talâmica, com a hipótese de consciência expandida, é possível traçar uma

relação com os efeitos subjetivos abstratos relatados por usuários de LSD como a dissolução

do ego, que pode ser definida como a percepção de possuir uma identidade distinta e mais

integrada ao meio, ou seja, uma diminuição do limite entre si mesmo e o universo (Tagliazucchi

et al., 2016). Se o LSD possui essa capacidade de modular o funcionamento tão altamente

organizado e complexo do cérebro a ponto de alterar as convicções, crenças e sentimentos dos

27
indivíduos, isso pode ser um indicativo de sua potencial aplicação na saúde mental, uma vez

que muitos transtornos são marcados por convicções extremas por parte dos indivíduos (e.g.,

fobias, traumas), altamente delicadas de se trabalhar. Se o LSD for capaz de facilitar a resolução

de conflitos internos através das alterações neurobiológicas e psicológicas que ele pode

provocar, o campo da psiquiatria poderá passar por uma revolução (Nutt et al.,2020). É

importante destacar algumas limitações a respeito dessa revisão. Primeiramente, embora

promissores, a maioria dos estudos são ainda muito recentes, sem replicações, e com tamanhos

amostrais modestos, dessa forma, é necessário realizar interpretações cautelosas dos presentes

resultados. Segundo, a respeito dos componentes cerebrais específicos que são afetados pelo

LSD, os resultados se mostraram amplos e heterogêneos, por isso esse trabalho focou em

discutir as alterações em macro escala que mais se repetiram, ou que os autores chamaram mais

a atenção entre os estudos, juntamente com os modelos teóricos mais aceitos a respeito da ação

dos psicodélicos no cérebro. Futuras análises mais específicas sobre os componentes afetados

podem contribuir para o entendimento da real potencialidade neurobiológica do LSD. Apesar

disso, o presente trabalho contribuiu para o preenchimento de uma lacuna na literatura, sendo

uma das poucas revisões discutindo as alterações cerebrais em macro escala ocasionadas pelo

LSD, em detrimento das revisões com foco nos aspectos exclusivamente farmacológicos e de

aplicações terapêuticas.

5. Conclusão

A presente revisão apresenta uma visão geral sobre as principais alterações

neurobiológicas em macro escala ocasionadas pelo uso agudo de LSD. Os resultados sugerem

que os fenômenos subjetivos desencadeados pela experiência psicodélica resultam de

28
modificações que abrangem todo o cérebro, ao invés de nódulos funcionais específicos,

entretanto, para determinados fenômenos também é possível detectar um envolvimento mais

direto com alterações em regiões específicas (e.g., alucinações visuais e o córtex visual). A

clara compreensão de como o LSD altera o funcionamento cerebral ainda possui um caminho

a ser percorrido, não obstante, os presentes achados apontam para uma certa consistência a

respeito dos principais modelos teóricos propostos. Todos os estudos identificados aqui foram

publicados a partir de 2016, demonstrando que a investigação das alterações cerebrais induzidas

por LSD a nível sistêmico é um campo emergente dentro da neurociência, isto implica na

necessidade de futuras replicações e análises cautelosas dos presentes achados. Apesar disso,

cada vez mais o LSD tem se afirmado como uma ferramenta poderosa para se estudar o

complexo funcionamento cerebral, e se espera que o acúmulo de evidências a respeito da

aplicabilidade e segurança da administração controlada de LSD, possa contribuir para a

diminuição das restrições legais a respeito do uso de LSD na pesquisa científica e na prática

clínica.

Suporte financeiro

Esta pesquisa não recebeu nenhum subsídio específico de agências de financiamento nos

setores público, privado ou sem fins lucrativos.

Declaração de conflito de interesses


Nenhum

29
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34
Figura 1 – Fluxograma descrevendo o processo de pesquisa para a revisão sistemática.

35
Tabela 1 – Principais características dos estudos incluídos nesta revisão.

Estudo Objetivo do estudo Dose n Téc. Principais resultados


(Autor/ano) amostral usada

Carhart- Investigar os efeitos 75 μg 15 BOLD Alucinações visuais de olhos


Harris et. al. agudos do LSD no (i.v) (ASL e fMRI fechados; aumento do CBF
(2016) cérebro de voluntários BOLD) ASL no córtex visual; aumento da
saudáveis utilizando MEG RSFC entre o V1 e várias
técnicas de 14 regiões corticais e
neuroimagem. (MEG) subcorticais; diminuição das
oscilações alfa no córtex
visual; diminuição da
integridade da DMN;
diminuição da RSFC entre
PHC e RSC; diminuição das
oscilações delta e alfa no
PCC.

Speth et al. Relatar os efeitos do 75 µg 19 BOLD Diminuição da RSFC entre


(2016) LSD na viagem mental (i.v.) fMRI constituintes da DMN.
ao passado e integrar
dados neurobiológicos
(RSFC da DMN) a essa
experiência.

Tagliazucchi Estudar os efeitos do 75 µg 15 BOLD Aumento da GBC em


et al. (2016) LSD na conectividade (i.v.) fMRI córtices associativos de alto
funcional intrínseca do ASL nível e no tálamo; as regiões
cérebro humano MEG corticais que apresentaram
utilizando fMRI. aumento da GBC se
sobrepuseram com um mapa
de densidade de receptores
5-HT2A; aumento da
integração global com um
maior nível de comunicação
entre redes cerebrais
normalmente segregadas.

Kaelen et al. Investigar os 75 μg 12 BOLD Aumento da FC entre o PHC


(2016) mecanismos cerebrais (i.v.) fMRI e o córtex visual; aumento
subjacentes aos efeitos ASL do fluxo de informação do
do LSD e da música nas PHC ao VC durante o uso de
imagens mentais. LSD ouvindo música;
aumento da EC entre PHC–
VC durante uso de LSD
ouvindo música se
correlacionou ao aumento da
geração de imagens
complexas com os olhos
fechados.

36
Estudo Objetivo do estudo Dose n Téc. Principais resultados
(Autor/ano) amostral usada

Roseman et Compreender como a 75 μg 10 BOLD Modulações da RSFC dentro


al. (2016) atividade espacialmente (i.v.) fMRI do córtex visual refletem a
organizada do córtex ASL arquitetura retinotópica
visual se comporta MEG intrínseca; diferenças na
durante a formação de RSFC de caminhos com
imagens, induzidas pelo especificidades retinotópicas
uso de LSD, com olhos congruentes e incongruentes
fechados. aumentaram
significativamente com o
uso de LSD.

Lebedev et. Investigar os preditores 75 μg 19 BOLD Efeitos pronunciados e


al. (2016) biológicos da mudança (i.v.) fMRI globais na entropia cerebral;
de personalidade após o aumento da entropia em
uso de LSD. redes sensoriais e de alto
nível hierárquico.

Atasoy et. Investigar as mudanças 75 μg 12 BOLD Alterações na energia e


al. (2017) na atividade cerebral (i.v.) fMRI poder da atividade cerebral,
induzidas por LSD dependente da frequência de
utilizando o método de estados cerebrais
decomposição individuais; expansão do
harmônico de repertório de estados
conectoma. cerebrais ativados;
reorganização geral da
dinâmica cerebral; aumento
da co-ativação entre
frequências de forma não
aleatória.

Muller et. al. Investigar os efeitos 100 µg 20 fMRI Aumento significativo na FC


(2017) cerebrais agudos do (v.o) talâmica com várias regiões
LSD no circuito corticais; FC induzida pelo
tálamo-cortical. LSD entre o tálamo e o giro
fusiforme direito e a ínsula
se correlacionaram com
efeitos subjetivos visuais e
auditivos;
aumento significativo na
centralidade do tálamo e de
parte dos núcleos da base.

37
Estudo Objetivo do estudo Dose n Téc. Principais resultados
(Autor/ano) amostral usada

Timmerman Utilizar um paradigma 75 μg 20 MRI LSD provocou uma reduzida


et al. (2017) oddball auditivo para (i.v.) MEG adaptação neural a estímulos
avaliar o efeito do LSD familiares, e uma “surpresa”
no processamento neural menos intensa em
neural da aprendizagem resposta a novos estímulos.
perceptiva Tanto o LSD, quanto a
e a conectividade apresentação de novos
efetiva subjacente a estímulos modulam a
essa resposta. conectividade extrínseca
retrógrada em uma rede
fronto parietal, e também a
conectividade intrínseca no
córtex auditivo primário
(A1).

Preller et al. Mapear os efeitos 100 µg 24 BOLD Aumento da GBC em redes


(2018) farmacológicos do (v.o) fMRI sensoriais e somatomotoras;
LSD, dependentes do redução da GBC em redes
tempo, na FC neural em associativas; os efeitos
humanos adultos neurais e subjetivos do LSD
saudáveis e compará- foram bloqueados pela
los ao padrão espacial ketanserina; os padrões
da expressão gênica de espaciais dos efeitos do LSD
receptores que no cérebro coincidiram com
interagem com LSD. a expressão gênica do
receptor 5-HT2A no córtex.

Müller et. al. Investigar os efeitos 100 µg 20 fMRI Diminuição da FC dentro


(2018) agudos do LSD na (v.o) das redes visual, sensório-
conectividade de redes motora, auditiva e da DMN;
neurais em voluntários grande aumento da
saudáveis. conectividade entre redes;
aumento na conectividade
entre redes e estruturas HUB
corticais e subcorticais.

Preller et al. Investigar o efeito do 100 μg 25 fMRI Alterações na EC dentro do


(2019) LSD na integração dos (v.o) circuito CSTC; aumento da
constituintes chave do EC entre o tálamo e o PCC
sistema Córtico- de forma dependente da
Talâmico-Estriado- ativação do receptor 5-
Cortical. HT2A, diminuição da EC
entre o VS e o tálamo de
forma independente da
ativação do receptor 5-
HT2A.

Pallavicini Determinar as 75 μg 15 MEG Reduções na conectividade


et. al. (2019) mudanças específicas (i.v.) para todas as frequências, e

38
Estudo Objetivo do estudo Dose n Téc. Principais resultados
(Autor/ano) amostral usada

de frequência na através de muitas regiões


atividade oscilatória e cerebrais; diminuições nas
na conectividade oscilações low alfa, teta e
funcional comuns a low beta nos lobos occipital,
LSD e Psilocibina (dois parietal e frontal.
compostos
serotoninérgicos), e ao
antagonista-NMDA
cetamina.

Bershad et Examinar os efeitos 13 μg 20 BOLD Alteração da conectividade


al. (2020) neurais de uma baixa (Sub- fMRI em circuitos límbicos;
dose de LSD na RSFC lingual) ASL aumento da conectividade da
e no CBF em adultos 18 amígdala com o giro angular
saudáveis. (ASL) direito, giro frontal medial
direito e com o cerebelo;
diminuição da conectividade
com o giro pós-central
direito e esquerdo, e com o
giro temporal superior.

Barnett et al. Caracterizar alterações 75 μg 15 MEG Diminuição do fluxo de


(2020) da FC, em larga escala, (i.v.) informação através do córtex
seguida da em diversas frequências;
administração de LSD, diminuição geral na FC
psilocibina, cetamina e direta, através do cérebro; a
tiagabina (um diminuição da FC direta está
anticonvulsivo não acoplada a um aumento na
psicodélico), para FC indireta.
comparação.

Varley et al. Usar duas medidas de 75 μg 20 BOLD Aumento significativo da


(2020) qualidade fractal da (i.v.) fMRI dimensão fractal da FC de
atividade cerebral, para redes neurais; foram
testar se a atividade do localizadas mudanças na
cérebro sob efeito dimensão fractal de sinais
psicodélico é mais BOLD em regiões cerebrais
fractal do que o relacionadas a rede de
normal. atenção dorsal.

Luppi et al. Estabelecer se os 75 μg 15 BOLD Efeitos que alteram o


(2021) efeitos do LSD no (i.v.) fMRI funcionamento cerebral não
funcionamento cerebral, ASL são uniformes no tempo; as
e os consequentes alterações nas propriedades
efeitos subjetivos, são das redes neurais são
uniformes ou variáveis dependentes do sub-estado
no tempo. cerebral (segregado ou
integrado); aumento da
complexidade geral,
diminuição da relação entre

39
Estudo Objetivo do estudo Dose n Téc. Principais resultados
(Autor/ano) amostral usada

conectividade funcional e
estrutural, e redução na FC
do mPFC anterior (sub-
estado segregado apenas).

Girn et. al. Fornecer uma avaliação 75 μg 15 BOLD Redução da hierarquia entre
(2022) abrangente sobre como (i.v.) fMRI os córtices unimodal e
os psicodélicos transmodal; redução da
serotoninérgicos (LSD diferenciação funcional nos
e Psilocibina) alteram extremos hierárquicos;
farmacologicamente os rompimento na
eixos primários da conectividade modular
organização cortical unimodal, e aumento na
funcional. interconectividade
unimodal-transmodal;
alterações significativas nos
eixos sensoriais e executivos
para ambos psicodélicos.

Lawn et. al. Explorar diferenças na 75 μg 15 BOLD Aumento na FC relacionada


(2022) FC associadas a (i.v.) fMRI a todos os receptores, em
distribuição dos diversos sistemas neurais.
receptores, Sistemas serotoninérgicos e
serotoninérgicos e dopaminérgicos foram
dopaminérgicos, alvos predominantemente
do LSD associados com efeitos na
percepção e cognição,
respectivamente.

Avram et al. Investigar os efeitos de 0.1 mg 25 fMRI Hiper conectividade


(2022) LSD, d-anfetamina, e (v.o.) talâmica-sensório motora-
MDMA na auditiva; hiper conectividade
conectividade talâmica com a rede de saliência; os
funcional intrínseca efeitos neurais se
com 2 redes neurais: correlacionam com
sensório motora- alterações na percepção.
auditiva e rede de
saliência).
ASL: Rotulagem de rotação arterial; BOLD: Imagem Dependente do Nível de Oxigênio no
Sangue; CBF: Fluxo sanguíneo cerebral; CSTC: Córtico-talâmico-estriado-cortical; DMN:
Rede de modo padrão; EC: Conectividade efetiva; FC: Conectividade funcional; fMRI: Imagem
de ressonância magnética funcional; GBC: Conectividade Cerebral Global; i.v.: Intravenoso;
MEG: Magnetoencefalografia; MDMA: 3,4-metilenodioximetanfetamina; mPFC: Córtex pré
frontal medial; PCC: Córtex Cingulado Posterior; PHC: Córtex parahipocampal; RSC: Córtex
retrosplenial; RSFC: Conectividade funcional em estado de repouso; VC: Córtex visual; VS:
Estriado ventral; v.o.: Via oral; V1: Córtex visual primário;

40
Considerações finais

Este trabalho buscou compreender como o LSD altera a atividade cerebral de modo a
produzir os efeitos psicodélicos característicos desse composto. A pesquisa foi totalmente
bibliográfica, utilizando métodos sistematizados para coleta, análise e síntese dos dados. O
objetivo principal da pesquisa foi poder identificar quais regiões cerebrais e/ou redes neurais
são funcionalmente afetadas pelo LSD. No entanto, o que se pode constatar é que essas
alterações não se limitam a componentes específicos, onde a correlação com um efeito subjetivo
é evidente (exceto pelo córtex visual em correlação com alucinações visuais), mas sim,
ocorreram de forma global, afetando diversas estruturas corticais, subcorticais e redes neurais.
Apesar disso, diversos estudos encontraram alterações na conectividade do tálamo e do córtex
visual, indo de acordo com nossa hipótese inicial. Foi possível também identificar resultados
que corroboram com os principais modelos teóricos propostos a respeito da ação do LSD no
cérebro, isto é, foi identificado um aumento da entropia cerebral (EBH), uma diminuição do
processamento hierárquico do cérebro (REBUS) e alterações na conectividade tálamo-cortical
(modelo CSTC).

Todos os mecanismos afetados pelo LSD propostos por esses três modelos, são centrais
para o funcionamento padrão do cérebro. A hierarquia entre diferentes estruturas cerebrais
existe para coordenar o processamento de informações externas e internas que estão
constantemente chegando ao sistema nervoso. Em outras palavras, a hierarquia cerebral é
importante para que o encéfalo consiga administrar adequadamente a quantidade de estímulos
que são constantemente enviados a ele. Isso se relaciona com a íntima conectividade córtico-
talâmica, que otimiza o processamento de informações que ocorre no córtex, pois uma vez que
uma informação chega no tálamo, ela é pré-processada, e então direcionada ao respectivo
córtex primário de processamento. Por fim, a entropia é uma medida do grau de organização da
atividade cerebral. O sistema nervoso, no estado padrão de consciência, possui baixa entropia,
indicando uma maior organização entre os diferentes componentes, as especificidades de suas
funções, e a forma como se comunicam. Desse modo, é sugestivo pensar que as alterações no
estado de consciência, e da percepção de si mesmo e do universo, induzidas pelo LSD, ocorrem
devido a uma reorganização global do funcionamento do sistema nervoso. A remodelagem do
funcionamento cerebral permite, então, a emergência das sensações abstratas, percepções
distorcidas e pensamentos expandidos, que caracterizam a singular e intrigante experiência
psicodélica.

41
Embora promissores, grande parte dos estudos precisam de replicações independentes,
pois é preciso levar em conta os tamanhos amostrais limitados, além da heterogeneidade dos
objetivos, dos métodos, e dos componentes cerebrais avaliados por cada estudo. Outro ponto a
ser levantado é sobre a aplicação do LSD na prática terapêutica. Os estudos incluídos nessa
revisão não reportaram nenhuma complicação em relação ao uso controlado de LSD, no entanto,
os presentes estudos avaliaram apenas os efeitos da administração aguda do LSD, não sendo
possível fazer inferências a respeito da segurança do uso de LSD a longo prazo. A fim de validar
sua segurança e aplicação terapêutica, se faz necessário a condução de estudos clínicos com a
administração periódica de LSD, uma meta dificultada pela existência de inúmeros obstáculos
legais na realização desse tipo de pesquisa. Esperamos que o aumento de estudos com
resultados positivos sobre a administração aguda de LSD, bem como o aumento de resultados
promissores a respeito da aplicabilidade terapêutica de outros psicodélicos, possam
futuramente abrir portas para a administração clínica do LSD (como já ocorre na Suíça).

Por fim, é importante salientar que nesta revisão não foi possível discutir cada
componente cerebral afetado pelo LSD, pois foram muitos. Em vez disso, focamos em relatar
os resultados que mais se replicaram entre diferentes estudos, bem como os componentes
cerebrais afetados que mais se destacaram. Também focamos em discutir os resultados com os
três principais modelos teóricos a respeito da ação do LSD no cérebro, avaliando a acuracidade
de cada um em relação aos resultados empíricos, e identificando uma complementação entre os
três modelos. Desse modo, as alterações induzidas por LSD no cérebro humano, são melhor
compreendidas quando se aplica uma visão ampla a respeito dos inúmeros processos do
funcionamento cerebral, que atuam como um sistema complexo e integrado.

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Formatação do manuscrito seguindo as normas da revista Neuroscience and Biobehavioral
Reviews

Estrutura do Artigo: Espaçamento duplo, coluna única. Não há contagem de palavras. Fontes:
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3. Três ou mais autores: nome do primeiro autor seguido de 'et al.' e o ano de publicação.
Grupos de referências podem ser listados primeiro em ordem alfabética, depois em ordem
cronológica ou vice-versa.

Lista:
Organizadas primeiro em ordem alfabética e depois cronológica, se necessário. Mais de uma
referência do(s) mesmo(s) autor(es) no mesmo ano deve ser identificada pelas letras 'a', 'b', 'c',
etc., colocadas após o ano de publicação.
Exemplos:
Referência a uma publicação de periódico:
Van der Geer, J., Hanraads, JAJ, Lupton, RA, 2010. A arte de escrever um artigo científico. J.
Sci. Comum. 163, 51–59. https://doi.org/10.1016/j.Sc.2010.00372.

Referência a uma publicação de periódico com um número de artigo:


Van der Geer, J., Hanraads, JAJ, Lupton, RA, 2018. A arte de escrever um artigo
científico. Heliyon. 19, e00205. https://doi.org/10.1016/j.heliyon.2018.e00205.

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