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Alterações neurobiológicas ocasionadas pelo uso agudo de LSD: Uma revisão sistemática
Janeiro/2023
Agradecimentos
A primeira pessoa que gostaria de agradecer é o meu pai, Jair Lazarini, pois sem ele
nada disso teria sido possível. Foi ele quem me deu todo o alicerce financeiro para que eu
pudesse estudar fora de casa, mas muito além disso, também foi ele quem me inspirou desde
sempre a estudar, a sonhar, a ter disciplina, e a ser tão inteligente e competente no que faz, como
ele. Agradeço também a minha mãe, Sandra Mara, que apesar de muito chata, sempre foi minha
grande amiga, me educou da melhor forma, e me apoiou nas minhas escolhas. Agradeço
também meu irmão, Bruno Lazarini, por sempre me fazer rir com palhaçadas, diminuindo
minhas tensões, e pela parceria de uma vida. E a minha avó, Creuza, por nunca desistir de mim,
sempre me mandando mensagens e se preocupando comigo mesmo de longe. Minha família é
a minha melhor base, e para toda e qualquer conquista que eu tenha na vida, eu serei grata a
eles!
Agradeço ao meu companheiro, Daniel, por estar ao meu lado, enxugando minhas
lágrimas durante as crises, me dando apoio, me comprando tortuguitas, e acreditando em mim
em tudo que eu faço. Sem ele comigo essa jornada teria sido muito mais difícil. Agradeço aos
professores da FURG, profissionais excelentes que me inspiraram de inúmeras formas, e me
ensinaram tanto. Ao meu orientador Dr. Luiz Nery, e ao colaborador, Dr. Jean Pierre, por
aceitarem meu convite de última hora e me guiarem majestosamente por essa jornada do TCC,
cada comentário, revisão e discussão enriqueceu o meu trabalho, e a mim como pessoa. Ao meu
coorientador, Dr. João C. Cabral, além dos comentários acima, agradeço também por ser a
minha maior inspiração acadêmica, por estar me auxiliando desde meu segundo ano da
graduação, enriquecendo meu conhecimento em Neurociência, e por sempre apoiar as minhas
ideias de trabalho excêntricas.
Por fim, agradeço a cada amigo que contribuiu para que esse meu período de FURG, se
tornasse um pouco mais leve. Como alguém que veio de fora da cidade, me senti muito acolhida
aqui, e por isso, agradeço a cada amizade que fiz dentro do campus, do vôlei, da república,
estágios, eventos externos, e etc. Em especial, ao Vinícius e a Mariê, por terem sido meus
maiores parceiros dentro do curso. Aos velhos amigos, que estão longe, agradeço a Alice, por
ser minha melhor amiga na vida e sempre me apoiar; ao Léo, pelo carinho incondicional e
paciência comigo; aos meus amigos do Pandora, Bia, Gui e Lucas, pelo companheirismo antes,
durante e, certamente, após a graduação; e ao Matheus, por anos atrás ter me falado sobre
psicodélicos, e inspirar todo meu conhecimento e paixão sobre o tema.
ii
Sumário
Resumo/Abstract ........................................................................................................................ v
Manuscrito ................................................................................................................................ 13
Resumo ......................................................................................................................... 13
Introdução ..................................................................................................................... 14
Resultados ..................................................................................................................... 18
Tálamo .............................................................................................................. 21
Discussão ...................................................................................................................... 23
Conclusão ..................................................................................................................... 28
Figura 1 ......................................................................................................................... 35
Tabela 1 ........................................................................................................................ 36
iii
Lista de abreviaturas
iv
ALTERAÇÕES NEUROBIOLÓGICAS OCASIONADAS PELO USO AGUDO DE
LSD: Uma revisão sistemática
Resumo
Abstract
v
Introdução geral
6
Atualmente se considera que 250µg de LSD é uma dose alta, mas para a época, essa escolha foi
cautelosa, uma vez que 250µg era a menor dose esperada para a produção de algum efeito,
baseado em conhecimentos farmacológicos (Hofmann, 2013). No entanto, a experiência acabou
sendo muito mais intensa do que Hofmann esperava, apresentando grandes efeitos motores,
fisiológicos, perceptuais e psicológicos. Hoffman tinha como objetivo relatar sua experiência
em um caderno, anotando os principais efeitos percebidos e seus respectivos horários, porém,
a cronologia exata e detalhada da experiência foi impedida pelos efeitos intensos do LSD.
Dentre algumas de suas poucas anotações constava: “Início de vertigem, sentimento de
ansiedade, distorções visuais, sintomas de ataxia, desejo de rir [...] a mais severa crise”
(Hofmann, 2013, p. 15, em tradução livre). Apesar da dificuldade em escrever, Hofmann se
lembrava bem da experiência após retornar ao estado normal, e descreveu alguns dos efeitos
sentidos como grande dificuldade em falar de forma coerente, visualização de faces distorcidas
e de objetos curvos, e, em alguns momentos, acreditava que estava fora do seu corpo, como um
observador externo (Hofmann, 2013).
Hofmann, então, percebeu que tinha em mãos uma substância psicoativa extremamente
potente, e decidiu compartilhar sua descoberta com colegas de trabalho. Ao repetirem a
experiência com doses menores, descobriram que a administração oral de 30-50µg de LSD
também era efetiva em humanos (Nichols, 2018). Os efeitos marcadamente psicoativos do LSD
chamaram a atenção de inúmeros psiquiatras que começaram a administrar o LSD, durante
sessões de psicoterapia, em pacientes cujos tratamentos convencionais não estavam
demonstrando resultado. Esse interesse crescente levou a publicação do primeiro estudo
científico sobre o LSD em 1947, e já na década de 60, o número de estudos publicados somavam
mais de mil (Dyck, 2007). Apesar do entusiasmo, muitos testes não apresentavam resultados
conclusivos a respeito do valor terapêutico do LSD devido à falta de instrumentos apropriados,
de grupo controle, e de investimento em estudos clínicos (Nichols, 2018; Rucker et al., 2018).
Se fazia necessário um aprimoramento nos equipamentos, métodos, e desenhos experimentais
dos estudos, no entanto, o contexto social e político estadunidense da época provocou uma
ruptura nas pesquisas com LSD antes que isso ocorresse.
7
dimetiltriptamina (DMT; princípio ativo da ayahuasca), foram classificados dentro da mais
perigosa e restritiva categoria sobre drogas: Schedule I (Bonson, 2018). Esta categoria se refere
a substâncias com alto potencial de abuso, que não apresentam uso medicinal comprovado e
nem seguro, e por conta disso, os pesquisadores que desejassem conduzir estudos com essas
substâncias precisariam adquirir licenças, e autorização da Agência de Combate às Drogas
americana (DEA) (Bonson, 2018). Após esse evento, a pesquisa psicodélica decaiu em número
e permaneceu estagnada por aproximadamente 4 décadas, representando uma grande perda
médica e científica para o século XX. Entretanto, nos últimos anos tem se constatado um
ressurgimento no interesse em estudar as propriedades desses compostos, caracterizando esse
período como a “Renascença psicodélica” (Sessa, 2018). Graças ao esforço de muitos
profissionais, unido aos resultados promissores de estudos com outros psicodélicos, o LSD está
voltando a fazer parte dos compostos estudados por neurocientistas e outros pesquisadores
(Figura 2).
Fonte: Gerado pelo PUBMED utilizando “lysergic acid diethylamide” como termo de busca.
8
Por seus potentes efeitos neurobiológicos, junto ao histórico político-social turbulento,
a rigorosidade burocrática para a realização de pesquisas com o LSD é muito alta. Com isso, as
portas para o retorno do LSD na pesquisa científica, estão sendo abertas principalmente por
estudos com psilocibina (composto ativo do cogumelo Psilocybe cubensis) e MDMA (3,4-
metilenodioximetanfetamina), popularmente conhecido como ecstasy, cujas propriedades
terapêuticas estão mais bem documentadas na literatura (Barber e Aaronson, 2022). Com o
avanço das técnicas de neuroimagem, se tornou possível investigar a atividade cerebral in vivo
durante o estado psicodélico induzido por LSD. Dessa forma, as pesquisas atuais, além de
avaliarem as propriedades terapêuticas do LSD, também possuem o objetivo de desvendarem
os correlatos neurais da experiência psicodélica, buscando raízes neurobiológicas para
fenômenos subjetivos muito difíceis de acessar, como a consciência (marcadamente afetada
pelo LSD).
9
participantes (Carhart-Harris et al., 2016; Kaelen et al., 2016; Roseman, et al., 2016; Preller et
al., 2018). A EBH propõe que a rede de modo padrão (DMN), uma rede associativa
marcadamente ativada durante a auto ruminação e pensamentos introspectivos, é o local onde
reside o ego (i.e., senso consciente de si mesmo). Por isso, também há estudos que buscam
analisar a correlação entre a integridade funcional da DMN, com os relatos subjetivos de
dissolução do ego (percepção de possuir uma identidade distinta, e integrada ao universo)
através do uso de LSD (Carhart-Harris et al., 2016; Muller et al., 2018).
Esses efeitos sistêmicos são discutidos pelos principais modelos teóricos propostos. De
forma geral, a EBH propõe que os psicodélicos induzem um aumento na entropia cerebral, isto
é, um maior grau de desordem no funcionamento do cérebro, bem como uma expansão na
consciência do indivíduo (Carhart-Harris et al., 2014) . Por sua vez, o modelo REBUS propõe
que os psicodélicos desestabilizam a hierarquia existente entre os componentes cerebrais,
comprometendo com o processamento normal de informações no cérebro (Carhart-Harris e
Friston, 2019). Já o modelo do circuito CSTC propõe que os psicodélicos comprometem o
gating talâmico, isso é, o pré-processamento de informações que ocorre no tálamo, antes de
serem enviadas às respectivas áreas sensoriais primárias do córtex cerebral. Esse déficit
resultaria em um envio excessivo de informações sensoriais para o córtex, prejudicando a
10
integração e o processamento de estímulos (Vollenweider e Geyer, 2011). Olhando para os
modelos em conjunto, todos propõem que os psicodélicos causam uma desestabilização no
funcionamento cerebral. Isso implica na existência de um sistema altamente organizado onde a
alteração na comunicação, ou sincronização, de dois ou mais componentes distintos podem
resultar na emergência de novas propriedades. Essa potente capacidade do LSD em reorganizar
o complexo funcionamento cerebral é um dos motivos pelo qual ele vem instigando
pesquisadores e entusiastas a décadas, e pela primeira vez, está sendo possível investigar esses
efeitos neurobiológicos in vivo devido ao avanço da neuroimagem.
A evolução de técnicas não invasivas e que geram imagens de alta resolução da atividade
cerebral foram importantes para o retorno do LSD na pesquisa científica, uma vez que
possibilita a investigação dos correlatos neurais induzidos por esse composto, de forma não
danosa ao participante. Todos os estudos conduzidos com LSD possuem procedimentos
rigorosos para garantir a segurança do participante, por exemplo, é necessário ter mais de 21
anos, ausência de histórico psiquiátrico (pessoal ou familiar), ausência de complicações de
saúde, e de experiências negativas com psicodélicos no passado. Além disso, são realizados
exames fisiológicos de sangue e urina para garantir a ausência de outras substâncias no corpo,
há averiguações psiquiátricas antes dos participantes serem liberados do laboratório, e a equipe
de pesquisa mantém contato com os participantes por um tempo para verificar a existência de
efeitos colaterais.
O avanço das técnicas e o cuidado dos procedimentos experimentais, que eram mais
escassos quando o LSD estava no auge na década de 60, são muito importantes para garantir a
11
qualidade, segurança e continuidade das pesquisas. Se no passado o LSD chamou a atenção por
possuir grande potencial no tratamento de transtornos mentais, sem ser possível investigar seus
efeitos biológicos no cérebro, atualmente, esse potencial pode ser explorado com maior rigor
científico. O conhecimento da ação do LSD no cérebro é essencial para seu avanço como uma
ferramenta terapêutica, pois é necessária a investigação da integridade cerebral e mental durante
o uso de LSD, bem como possíveis riscos à saúde, dosagem ideal, etc. Estudos recentes têm
demonstrado a segurança e eficácia do uso de psicodélicos em ambientes controlados, de forma
a impulsionar futuras pesquisas (Barber e Aaronson, 2022). A legislação suíça permite o uso
médico restrito de substâncias psicotrópicas em casos de resistência ao tratamento padrão,
desde que haja evidências preliminares de eficácia da substância para a condição específica
(Oehen e Gasser et al., 2022). Por conta disso, Oehen e Gasser et al. (2022) foram obtendo
licenças, e recentemente, conseguiram demonstrar eficácia na administração de LSD, e também
MDMA, no tratamento de pacientes com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), e TEPT
crônico, em um modelo de terapia de grupo.
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Manuscrito
Resumo
marcadamente investigadas nos últimos anos. Estudos conduzidos em humanos, sob técnicas
pelo uso de LSD. Assim, o presente trabalho se propôs a realizar uma revisão sistemática sobre
as alterações cerebrais em macro escala ocasionadas pelo uso de LSD. Foram incluídos 20
estudos, publicados entre 2012 e 2022, das bases de dados eletrônicas Scopus e Web of Science.
área de estudo emergente na neurociência, muitos estudos ainda necessitam de replicação, mas
na pesquisa científica.
alucinógenos.
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1. Introdução
substâncias psicodélicas e seus poderosos efeitos no cérebro (Dyck, 2007). O marco inicial
dessa era se deu em 1943, após o relato da primeira experiência com a dietilamida do ácido
lisérgico (LSD) pelo cientista suíço Albert Hofmann, o mesmo homem que 5 anos antes havia
sintetizado o LSD pela primeira vez (Nichols e Walter, 2020). Hofmann testou o LSD em si
mesmo com uma dose de 0,25mg, a menor dose esperada para se observar qualquer efeito
incoerente, inquietação motora se alternando com paralisia, e sensação de estar com o corpo
pesado (Nichols, 2018). Esses efeitos causados em baixa dose levaram os pesquisadores a
crescimento exponencial de estudos e publicações científicas sobre o LSD nos anos seguintes
(Dyck, 2007).
de contracultura nos Estados Unidos, na década de 1960 (Nichols e Walter, 2020). Essa perda
como psilocibina e mescalina, dentro da mais alta e restritiva categoria sobre drogas: Schedule
I; que se refere a drogas com alto potencial de abuso e que não apresentam uso medicinal
comprovado e nem seguro (Bonson., 2018). Isso deixou a pesquisa psicodélica quase estagnada
por cerca de 4 décadas; entretanto, nos últimos anos tem se constatado um retorno do interesse
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Os psicodélicos são caracterizados, principalmente, por provocarem alterações no
estado de consciência, nos pensamentos, nas percepções e no humor dos indivíduos (Nichols,
2016), sendo também denominados de alucinógenos. Por tais efeitos psicoativos, inicialmente
dos psicodélicos (Palhano-Fontes et al., 2019; Barba et al., 2022; Oehen e Gasser et al., 2022).
nervoso, ocasionada pelos psicodélicos, é a base para a formulação das hipóteses atuais para
2019). Também se sabe que o LSD se liga de forma agonista a diversos receptores
alterados por este composto (Tagliazucchi et al., 2016; Preller et al., 2018; Lawn et al., 2022).
Carhart-Harris et al. (2016) conduziram o primeiro estudo com LSD no cérebro humano
psicodélica provocada pelo LSD está relacionada a alterações no fluxo sanguíneo, nos ritmos
oscilatórios cerebrais, e nos padrões de conectividade entre redes neurais. Outros achados
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indicam que o LSD pode induzir um aumento da conectividade em áreas sensoriais e
superiores (Preller et al., 2018). Outra hipótese fundamental a respeito da ação do LSD, e
atividade cerebral induzidas por LSD, principalmente através da conectividade entre diferentes
regiões cerebrais e redes neurais, o presente estudo se propôs a realizar uma revisão sistemática
das alterações neurobiológicas, em humanos, ocasionadas pelo uso agudo do LSD. Sendo o
afetadas pelo uso de LSD), com amplas conexões corticais e com redes neurais (Hwang et al.,
2017), nós hipotetizamos que a conectividade talâmica seja marcadamente afetada pelo LSD,
bem como a atividade do córtex visual, devido ao caráter alucinatório dos psicodélicos.
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2. Materiais & Métodos
recomendados por Donato e Donato (2019) para seleção das publicações, síntese dos dados e
avaliação da qualidade dos estudos a serem revisados. A coleta dos dados foi realizada nas
bases de dados Scopus e Web of Science. A busca dos artigos publicados, de janeiro de 2012
até outubro de 2022, foi conduzida utilizando os seguintes termos de busca: Lysergic Acid
Diethylamide AND (Brain OR Neuro*) AND Connectivity. As publicações que se repetiram nas
processo de triagem para avaliar se as publicações atendiam aos critérios de inclusão e exclusão,
bem como avaliar as características metodológica dos estudos. A etapa de triagem aconteceu
identificadas foram revisados, e aqueles estudos que claramente não atenderam aos critérios de
métodos e resultados dos artigos que passaram pela primeira etapa foram revisados, e as
publicações que estavam dentro dos critérios de exclusão foram removidas. Todos os artigos
incluídos após a segunda fase de triagem foram mantidos para etapa de revisão.
estudo – Ao menos um dos objetivos da pesquisa deveria estar relacionado aos efeitos
artigos não relevantes para a revisão foram excluídos da revisão através do uso dos seguintes
neurobiológicos do LSD em animais não humanos; b) Métodos – falta de poder estatístico para
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sustentar as conclusões e/ou delineamento inadequado para os objetivos desta revisão; Os
artigos revisados foram organizados por título, autor, ano de publicação, objetivo do estudo,
3. Resultados
A pesquisa nas duas bases de dados identificou 106 publicações, das quais 20 artigos
foram incluídos nesta revisão, como ilustrado na Figura 1. Embora o recorte temporal fosse de
10 anos, todos os estudos incluídos foram publicados a partir de 2016. Todos os estudos
utilizaram delineamentos experimentais para testar a relação de causalidade entre doses de LSD
também, outras substâncias para comparação, sendo elas Psilocibina (3), Cetamina (2), MDMA
(1), d-anfetamina (1) e Tiagabina (1). Em 14 estudos a dose administrada de LSD foi de 75μg
(i.v.), em 5 estudos a dose foi de 100μg (v.o.) e apenas um estudo buscou avaliar o efeito de
alvo jovens adultos saudáveis, com ao menos uma experiência psicodélica prévia, ou ausência
de reações adversas a algum psicodélico no passado, em 80% dos estudos. Em todos os estudos
Contraintuitivamente, essas alterações não se limitaram a regiões cerebrais específicas, mas sim,
subcorticais, e várias redes neurais. Os principais achados de cada estudo são apresentados na
Tabela 1.
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3.1. Redes neurais
redes neurais. Carhart-Harris et al. (2016) investigaram alterações nas propriedades de 12 redes
(RSFC) dentro das redes]; variância (sinais BOLD dentro de redes); segregação (RSFC entre
redes) e Fluxo sanguíneo cerebral (CBF) dentro de redes. Os autores encontraram uma
induzido pelo LSD, também foi replicado por Speth et al. (2016), Muller et al. (2018) e Luppi
et al. (2021). Além da DMN, Muller et al. (2018), em seu estudo, encontraram diminuição da
Conectividade Funcional entre diferentes redes. Além disso, os autores encontraram aumento
conectividade cerebral global (GBC) nas redes de saliência, rede de atenção frontoparietal e na
DMN, que compreendem córtices de alto nível, e uma maior integração cerebral global
ocasionado pelo aumento da comunicação entre redes comumente segregadas. Preller et al.
(2018), por sua vez, encontraram aumento da GBC em redes sensoriais e na rede somatomotora,
induzidas pelo LSD, se sobrepunham à distribuição espacial dos receptores 5-HT2A através do
cérebro.
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3.2. Entropia e Hierarquia cerebral
ocasionada pelo LSD, de forma global através do córtex, afetando 11 dos 17 sistemas funcionais
avaliados pelo estudo, incluindo redes sensoriais primárias e secundárias, redes associativas e
redes de alto nível hierárquico. Varley et al. (2020a) encontraram um aumento significativo na
dimensão fractal da atividade cerebral, tanto no domínio espacial, quanto temporal. Os autores
pontuaram que o uso da dimensão fractal da atividade cerebral como medida de complexidade
se baseou em achados da física que sugerem que um sistema que se organiza em direção a
criticalidade, tende a assumir uma estrutura fractal Atasoy et al. (2017), utilizando um método
em direção a criticalidade (um ponto crítico de equilíbrio entre ordem e desordem), além de
ocasionar um aumento da energia total da atividade cerebral, e uma expansão não randômica
do repertório de estados cerebrais ativados. Esses achados são consistentes com a hipótese do
cérebro entrópico (discutida mais adiante). Somente o estudo de Girn et al. (2022) investigou
controle frontoparietal, e rede dorsal de atenção) no nível mais alto, e redes sensoriais (visuais
20
3.3. Tálamo
A influência do LSD sobre a atividade talâmica também foi bastante investigada, indo
de acordo com a hipótese inicial. Preller et al. (2018) e Tagliazucchi et al. (2016) encontraram
um aumento da GBC talâmica induzida pelo LSD, e também demonstraram que o aumento da
o uso de LSD, e encontraram aumento da conectividade funcional entre o tálamo bilateral e 104
de 130 regiões cerebrais investigadas. Os autores chamaram a atenção para duas estruturas, o
funcional entre o tálamo e diversas redes neurais. Avram et al. (2022) também conduziram um
estudo com foco exclusivo na conectividade talâmica, mas com apenas duas redes neurais
hiperconectividade talâmica para as duas redes, ademais, Luppi et al. (2021) também
temporal e orbitofrontal) e subcorticais (amígdala bilateralmente). Por outro lado, Preller et al.
5-HT2A) juntamente com o LSD. Independente da ativação dos receptores 5-HT2A, foi
efetiva do corpo estriado ventral ao tálamo. Já os efeitos dependentes da ativação dos receptores
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foram, aumento da conectividade efetiva do tálamo ao córtex cingulado posterior, e ao corpo
funcionamento do córtex visual ocasionado pelo LSD. Carhart-Harris et al. (2016) encontraram
uma correlação entre taxas de alucinações visuais com olhos fechados e aumento do CBF para
o córtex visual, aumento da RSFC entre o córtex visual primário (V1) e várias regiões corticais
e subcorticais, e diminuição das oscilações alfa no córtex visual. Este último achado foi
replicado por Pallavicini et al. (2019), que encontraram diminuições, também, nas oscilações
teta e beta em regiões occipitais. Kaelen et al. (2016) encontraram aumento nas conectividades
funcional e efetiva entre o córtex parahipocampal e o córtex visual, que se correlacionam com
alucinações visuais simples e complexas. Atasoy et al. (2017) também encontraram correlações
as redes frontoparietal direita e esquerda, e redes sensoriais. Roseman et al. (2016) conduziram
um estudo focado na RSFC entre o V1 e o córtex visual terciário (V3) baseado na organização
do processamento visual entre o V1 e V3, sob o efeito do LSD. Em contrapartida, Luppi et al.
(2021) encontraram uma redução da conectividade entre regiões visuais e o córtex cingulado
posterior, que é um componente HUB importante da DMN, e também foi encontrado uma
desintegração de redes visuais por Carhart-Harris et al. (2016) e Muller et al. (2018).
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4. Discussão
ocasionadas pelo uso agudo de LSD. Os resultados foram amplos, demonstrando que o LSD
provoca alterações cerebrais a nível global, modificando a conectividade entre estruturas e redes
neurais distintas, mas também a nível local, modificando a conectividade dentro de regiões e
únicas ocasionadas pelos psicodélico se dão devido a uma reorganização geral e complexa do
e consciência.
atividade do córtex visual e de redes visuais. Carhart-Harris et al. (2016), Kaelen et al. (2016)
e Atasoy et al. (2017) encontraram correlações entre alucinações visuais, relatadas pelos
regiões cerebrais. O aumento da RSFC do córtex visual primário com diversas regiões cerebrais
sugere que uma maior proporção do cérebro contribui para o processamento visual durante o
uso de LSD, em relação a condições normais (Carhart-Harris et al., 2016). Muller et al. (2017),
por sua vez, encontraram uma correlação entre efeitos visuais subjetivos e aumento na
conectividade talâmica com o giro fusiforme direito, uma estrutura importante para o
reconhecimento de faces (Brunyé, et al., 2017). O aumento do fluxo sanguíneo para o córtex
visual, encontrado por Carhart-Harris et al. (2016), também indica uma maior demanda
metabólica e maior atividade neuronal nesta região, durante o uso de LSD. Embora seja
23
por LSD, há poucos relatos a respeito da conectividade de regiões visuais com outras estruturas
ou redes neurais específicas. Dessa forma, estudos futuros que busquem investigar a
conectividade do córtex visual e redes visuais com alvos específicos, em correlação com efeitos
visuais subjetivos, induzidos pelo LSD, podem auxiliar na compreensão do papel que redes
Os achados sobre o aumento da entropia cerebral induzida por LSD foram consistentes
com a EBH, proposta por Carhart-Harris et al. (2014). A EBH postula que, durante o estado
psicodélico, o cérebro apresenta maior entropia do que no estado padrão de consciência, onde
é uma propriedade de sistemas complexos definida como uma zona de equilíbrio entre ordem
e desordem, e conforme o sistema se aproxima desse ponto crítico, novas propriedades podem
emergir. Os presentes achados de Atasoy et al. (2017) e Varley et al. (2020a) são consistentes
direção a um estado cerebral mais entrópico, mais flexível e com maior grau de desordem. A
EBH também propõe que o cérebro no estado psicodélico se assemelha ao estado primário de
consciência, marcado pela elevada entropia, e para se alcançar esse estado é necessário a
desintegração da DMN, uma rede associativa de alta ordem cuja atividade é altamente
nenhuma tarefa específica (Raichle, et al. 2001). Essa hipótese também tem sido corroborada
por Carhart-Harris et al. (2016), Speth et al. (2016), Muller et al. (2018) e Luppi et al. (2021),
Uma hipótese mais recente a respeito da ação dos psicodélicos no cérebro, se refere ao
modelo REBUS (do inglês, RElaxed Beliefs Under Psychedelics) e o cérebro anárquico, que
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postula que os psicodélicos provocam uma redução no processamento top-down de informações
exercido por centros corticais superiores, fazendo com que regiões de processamento inferiores
exerçam maior influência sobre os processamentos de alto nível (controle bottom-up) (Carhart-
Harris e Friston, 2019). Girn et. al. (2022) encontraram uma diminuição da hierarquia existente
rede de controle frontoparietal, e rede dorsal de atenção no nível mais alto, e redes visuais e
somatomotoras no nível mais baixo. Esses achados são consistentes com o modelo REBUS e
fornecem evidências de que o estado psicodélico é marcado por uma integração funcional
suportam essa ideia ao relatarem uma diminuição da conectividade dentro de redes neurais
individuais, e aumento da conectividade entre redes neurais distintas (Carhart-Harris et al., 2012,
2016; Tagliazucchi et al., 2016; Müller et al., 2017, 2018; Preller et al., 2018). Girn et al. (2022)
desregulação do controle top-down, uma vez que o receptor 5-HT2A é altamente expresso em
regiões corticais (Beliveau et al., 2017). Diversos estudos apontam para uma alta expressão
desses receptores em regiões afetadas pelo LSD como o córtex visual e o córtex cingulado
posterior, além de núcleos talâmicos (Tagliazucchi et al., 2016; Preller et al., 2018; 2019),
entretanto, a população mais densa desses receptores está localizada nas células piramidais da
25
A neuromodulação serotoninérgica e o aumento da influência bottom-up proposto pelo
modelo REBUS também são consistentes com a hipótese do circuito CSTC, proposto por
estriado ventral. O corpo estriado, por sua vez, vai inibir os neurônios GABAérgicos do circuito
al. (2019) testaram diretamente a influência do LSD sobre o circuito CSTC e encontraram, de
fato, uma redução na conectividade efetiva do corpo estriado para o tálamo, entretanto, essa
alteração não foi bloqueada pela ketanserina (i.e., antagonista seletivo do receptor 5-HT2A),
sugerindo um mecanismo não mediado pelo receptor 5-HT2A. Além disso, os autores não
modelo, mas sim, um aumento no fluxo de informação para áreas específicas e diminuição para
talâmica com córtices associativos. Contudo, embora o aumento da conectividade talâmica não
conectividade talâmica induzido por LSD (Tagliazucchi et al., 2016; Muller et al., 2017; 2018;
Luppi et al., 2021; Avram et al., 2022), sugerindo que o tálamo possui de fato um papel chave
por trás da ação do LSD no cérebro ao modificar a conectividade com diversas regiões cerebrais,
consciência. O estado psicodélico, induzido por LSD, é marcado por profundas alterações na
consciência, e por isso é amplamente comparado aos estados de baixa consciência como
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anestesia e sono profundo (com exceção do sono REM). O aumento da conectividade tálamo-
cortical observada após o uso de LSD é contrastante com a diminuição da conectividade tálamo-
cortical encontrada em pacientes inconscientes (Laureys et al., 2000; Akeju et al., 2014).
significativas após administração de 13 μg de LSD, uma vez que a dose utilizada no estudo foi
enquanto que nos estados de sono e anestesia, a dimensão fractal do cérebro diminui
consideravelmente (Ruiz de Miras et al., 2019; Varley et al., 2020b). Essa dualidade também é
consistente com a EBH, que define dois extremos da atividade cerebral: O estado subcrítico,
que é comparativamente inflexível, altamente ordenado e com baixa entropia (e.g. coma,
desorganizado (e.g. sono REM, estado psicodélico) (Carhart-Harris et al., 2014). Uma vez que
o estado normal de consciência se situa logo abaixo da criticalidade, que é o ponto de equilíbrio
entre esses dois estados, é sugerido, então, que o LSD ocasiona uma expansão na consciência
do indivíduo.
relação com os efeitos subjetivos abstratos relatados por usuários de LSD como a dissolução
do ego, que pode ser definida como a percepção de possuir uma identidade distinta e mais
integrada ao meio, ou seja, uma diminuição do limite entre si mesmo e o universo (Tagliazucchi
et al., 2016). Se o LSD possui essa capacidade de modular o funcionamento tão altamente
27
indivíduos, isso pode ser um indicativo de sua potencial aplicação na saúde mental, uma vez
que muitos transtornos são marcados por convicções extremas por parte dos indivíduos (e.g.,
fobias, traumas), altamente delicadas de se trabalhar. Se o LSD for capaz de facilitar a resolução
de conflitos internos através das alterações neurobiológicas e psicológicas que ele pode
provocar, o campo da psiquiatria poderá passar por uma revolução (Nutt et al.,2020). É
promissores, a maioria dos estudos são ainda muito recentes, sem replicações, e com tamanhos
amostrais modestos, dessa forma, é necessário realizar interpretações cautelosas dos presentes
resultados. Segundo, a respeito dos componentes cerebrais específicos que são afetados pelo
LSD, os resultados se mostraram amplos e heterogêneos, por isso esse trabalho focou em
discutir as alterações em macro escala que mais se repetiram, ou que os autores chamaram mais
a atenção entre os estudos, juntamente com os modelos teóricos mais aceitos a respeito da ação
dos psicodélicos no cérebro. Futuras análises mais específicas sobre os componentes afetados
disso, o presente trabalho contribuiu para o preenchimento de uma lacuna na literatura, sendo
uma das poucas revisões discutindo as alterações cerebrais em macro escala ocasionadas pelo
LSD, em detrimento das revisões com foco nos aspectos exclusivamente farmacológicos e de
aplicações terapêuticas.
5. Conclusão
neurobiológicas em macro escala ocasionadas pelo uso agudo de LSD. Os resultados sugerem
28
modificações que abrangem todo o cérebro, ao invés de nódulos funcionais específicos,
direto com alterações em regiões específicas (e.g., alucinações visuais e o córtex visual). A
clara compreensão de como o LSD altera o funcionamento cerebral ainda possui um caminho
a ser percorrido, não obstante, os presentes achados apontam para uma certa consistência a
respeito dos principais modelos teóricos propostos. Todos os estudos identificados aqui foram
publicados a partir de 2016, demonstrando que a investigação das alterações cerebrais induzidas
por LSD a nível sistêmico é um campo emergente dentro da neurociência, isto implica na
necessidade de futuras replicações e análises cautelosas dos presentes achados. Apesar disso,
cada vez mais o LSD tem se afirmado como uma ferramenta poderosa para se estudar o
diminuição das restrições legais a respeito do uso de LSD na pesquisa científica e na prática
clínica.
Suporte financeiro
Esta pesquisa não recebeu nenhum subsídio específico de agências de financiamento nos
29
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34
Figura 1 – Fluxograma descrevendo o processo de pesquisa para a revisão sistemática.
35
Tabela 1 – Principais características dos estudos incluídos nesta revisão.
36
Estudo Objetivo do estudo Dose n Téc. Principais resultados
(Autor/ano) amostral usada
37
Estudo Objetivo do estudo Dose n Téc. Principais resultados
(Autor/ano) amostral usada
38
Estudo Objetivo do estudo Dose n Téc. Principais resultados
(Autor/ano) amostral usada
39
Estudo Objetivo do estudo Dose n Téc. Principais resultados
(Autor/ano) amostral usada
conectividade funcional e
estrutural, e redução na FC
do mPFC anterior (sub-
estado segregado apenas).
Girn et. al. Fornecer uma avaliação 75 μg 15 BOLD Redução da hierarquia entre
(2022) abrangente sobre como (i.v.) fMRI os córtices unimodal e
os psicodélicos transmodal; redução da
serotoninérgicos (LSD diferenciação funcional nos
e Psilocibina) alteram extremos hierárquicos;
farmacologicamente os rompimento na
eixos primários da conectividade modular
organização cortical unimodal, e aumento na
funcional. interconectividade
unimodal-transmodal;
alterações significativas nos
eixos sensoriais e executivos
para ambos psicodélicos.
40
Considerações finais
Este trabalho buscou compreender como o LSD altera a atividade cerebral de modo a
produzir os efeitos psicodélicos característicos desse composto. A pesquisa foi totalmente
bibliográfica, utilizando métodos sistematizados para coleta, análise e síntese dos dados. O
objetivo principal da pesquisa foi poder identificar quais regiões cerebrais e/ou redes neurais
são funcionalmente afetadas pelo LSD. No entanto, o que se pode constatar é que essas
alterações não se limitam a componentes específicos, onde a correlação com um efeito subjetivo
é evidente (exceto pelo córtex visual em correlação com alucinações visuais), mas sim,
ocorreram de forma global, afetando diversas estruturas corticais, subcorticais e redes neurais.
Apesar disso, diversos estudos encontraram alterações na conectividade do tálamo e do córtex
visual, indo de acordo com nossa hipótese inicial. Foi possível também identificar resultados
que corroboram com os principais modelos teóricos propostos a respeito da ação do LSD no
cérebro, isto é, foi identificado um aumento da entropia cerebral (EBH), uma diminuição do
processamento hierárquico do cérebro (REBUS) e alterações na conectividade tálamo-cortical
(modelo CSTC).
Todos os mecanismos afetados pelo LSD propostos por esses três modelos, são centrais
para o funcionamento padrão do cérebro. A hierarquia entre diferentes estruturas cerebrais
existe para coordenar o processamento de informações externas e internas que estão
constantemente chegando ao sistema nervoso. Em outras palavras, a hierarquia cerebral é
importante para que o encéfalo consiga administrar adequadamente a quantidade de estímulos
que são constantemente enviados a ele. Isso se relaciona com a íntima conectividade córtico-
talâmica, que otimiza o processamento de informações que ocorre no córtex, pois uma vez que
uma informação chega no tálamo, ela é pré-processada, e então direcionada ao respectivo
córtex primário de processamento. Por fim, a entropia é uma medida do grau de organização da
atividade cerebral. O sistema nervoso, no estado padrão de consciência, possui baixa entropia,
indicando uma maior organização entre os diferentes componentes, as especificidades de suas
funções, e a forma como se comunicam. Desse modo, é sugestivo pensar que as alterações no
estado de consciência, e da percepção de si mesmo e do universo, induzidas pelo LSD, ocorrem
devido a uma reorganização global do funcionamento do sistema nervoso. A remodelagem do
funcionamento cerebral permite, então, a emergência das sensações abstratas, percepções
distorcidas e pensamentos expandidos, que caracterizam a singular e intrigante experiência
psicodélica.
41
Embora promissores, grande parte dos estudos precisam de replicações independentes,
pois é preciso levar em conta os tamanhos amostrais limitados, além da heterogeneidade dos
objetivos, dos métodos, e dos componentes cerebrais avaliados por cada estudo. Outro ponto a
ser levantado é sobre a aplicação do LSD na prática terapêutica. Os estudos incluídos nessa
revisão não reportaram nenhuma complicação em relação ao uso controlado de LSD, no entanto,
os presentes estudos avaliaram apenas os efeitos da administração aguda do LSD, não sendo
possível fazer inferências a respeito da segurança do uso de LSD a longo prazo. A fim de validar
sua segurança e aplicação terapêutica, se faz necessário a condução de estudos clínicos com a
administração periódica de LSD, uma meta dificultada pela existência de inúmeros obstáculos
legais na realização desse tipo de pesquisa. Esperamos que o aumento de estudos com
resultados positivos sobre a administração aguda de LSD, bem como o aumento de resultados
promissores a respeito da aplicabilidade terapêutica de outros psicodélicos, possam
futuramente abrir portas para a administração clínica do LSD (como já ocorre na Suíça).
Por fim, é importante salientar que nesta revisão não foi possível discutir cada
componente cerebral afetado pelo LSD, pois foram muitos. Em vez disso, focamos em relatar
os resultados que mais se replicaram entre diferentes estudos, bem como os componentes
cerebrais afetados que mais se destacaram. Também focamos em discutir os resultados com os
três principais modelos teóricos a respeito da ação do LSD no cérebro, avaliando a acuracidade
de cada um em relação aos resultados empíricos, e identificando uma complementação entre os
três modelos. Desse modo, as alterações induzidas por LSD no cérebro humano, são melhor
compreendidas quando se aplica uma visão ampla a respeito dos inúmeros processos do
funcionamento cerebral, que atuam como um sistema complexo e integrado.
42
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Reviews
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Grupos de referências podem ser listados primeiro em ordem alfabética, depois em ordem
cronológica ou vice-versa.
Lista:
Organizadas primeiro em ordem alfabética e depois cronológica, se necessário. Mais de uma
referência do(s) mesmo(s) autor(es) no mesmo ano deve ser identificada pelas letras 'a', 'b', 'c',
etc., colocadas após o ano de publicação.
Exemplos:
Referência a uma publicação de periódico:
Van der Geer, J., Hanraads, JAJ, Lupton, RA, 2010. A arte de escrever um artigo científico. J.
Sci. Comum. 163, 51–59. https://doi.org/10.1016/j.Sc.2010.00372.
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