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ARTIGO
Música e Neurociências
Mauro Muszkat*
Cleo M. F. Correia**
Sandra M. Campos***
RESUMO INTRODUÇÃO
O artigo analisa a relação da música com as
neurociências, particularmente a organização
cerebral das funções musicais. Os estudos de
O tema que iremos discorrer é sobre as várias faces entre música e
neuroimagem funcional revelam que a latera- neurociência, principalmente no que tange à importância dos estudos em relação
lização e a topografia da ativação cerebral
durante o estímulo musical relacionam-se a
à organização cerebral das chamadas funções musicais. O interesse crescente
múltiplos fatores, como familiaridade ao nas pesquisas da relação música e cérebro, a meu ver, são reflexo de dois
estímulo, estratégia cognitiva utilizada para o
reconhecimento melódico, rítmico e tímbrico e
fatores. O primeiro relaciona-se à introdução recente de novas técnicas de
mesmo treinamento musical prévio. A relação neuroimagem, como a tomografia com emissão de pósitrons (TEP) e a
entre a música e as mudanças na atividade
elétrica cerebral é sugerida a partir dos casos ressonância magnética funcional (RMF), que permitem “visualizar” as
da chamada epilepsia musicogênica, das mudanças funcionais e topográficas da atividade cerebral durante a realização
descrições das manifestações “musicais” de
c r i s e s p a r c i a i s psíquicas ou dos relatos de funções mentais complexas1,2,3,4. Assim, já é possível estudar as mudanças
anedóticos de mudanças d o s p a d r õ e s regionais do fluxo sangüíneo do metabolismo e da atividade elétrica cerebral
eletrencefalográficos interictais durante a
audição de músicas de Mozart. durante tarefas de natureza cognitiva, como, por exemplo, enquanto um
indivíduo processa estímulos sonoros, sejam estes meros sons puros senoidais,
UNITERMOS ruídos, padrões rítmicos ou mesmo “música”, em sua acepção ampla. O
Música, função cerebral, assimetria funcional interesse pela música relaciona-se ou reflete uma mudança de paradigma, que
cerebral.
está ocorrendo tanto nas ciências humanas como nas ciências biológicas, e
insere-se no terreno da interdisciplinaridade, no qual as especializações dão
lugar às fronteiras e à unificação de áreas, antes seccionadas do conhecimento
como as ciências e as artes. Neste contexto, não é de surpreender o crescente
interesse na pesquisa das intricadas relações entre a “música” e a medicina,
com ênfase à fisiologia, à neurologia e à psiquiatria.
MÚSICA E CÉREBRO
Inicialmente, é importante ressaltar aquilo que nós chamaremos de música
em nossa exposição. Consideramos como música, independentemente de toda
conotação estético-cultural que esta envolve, todo o processo relacionado à
organização e à estruturação de unidades sonoras, seja em seus aspectos temporais
* Médico Neuropediatr a e Doutor em (ritmo), seja na sucessão de alturas (melodia) ou na organização vertical
Neurologia, EPM – Unifesp. harmônica e tímbrica dos sons. Entendemos por funções musicais o conjunto de
** Musicoterapeuta e Mestra em Neurociências,
EPM – Unifesp. atividades motoras e cognitivas envolvidas no processamento da música5. A
*** Musicoterapeuta. música não resulta apenas da disposição de vibrações sonoras, mas sim da
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estruturação dessas vibrações em padrões temporais consciência que o homem tem do próprio tempo, seja
organizados de signos, cuja forma, sintaxe e métrica este relacional (que lida com correlação linear entre os
constitui-se em um verdadeiro “sistema” independente e eventos, antecedente/conseqüente), ou psíquico (que
complexo, no qual significante e significado irão traduz os processos perceptivos, cognitivos e afetivos
remeter-se à estrutura da própria música, isto é, à forma e em uma ordem que reflete ritmos circadianos internos,
ao estilo musical. Assim, falar sobre as relações estados neurovegetativos e emocionais de expectativa,
fisiológicas, comportamentais, psíquicas e afetivas entre a tensão ou repouso7,10).
música e o cérebro humano é remetermo-nos ao diálogo No período medieval, a visão unidimensional do
entre esses dois sistemas cibernéticos complexos universo físico e a forma de pensamento intuitivo, de
autônomos e interdependentes – a música e o cérebro. tendência espiritual, eram representadas por uma música
Assim, o processamento musical envolve a integração monodimensional, de idioma modal, que expressava
bidirecional entre os componentes da estrutura e da sintaxe uma maneira de estar no mundo não dividida. Igual-
musicais (ritmo, estrutura, intencionalidade) e os mente, o cérebro era interpretado como massa homo-
componentes funcionais do próprio cérebro 6,7 . O gênia, um reservatório que distribuía seus humores vitais
reconhecimento de alterações fisiológicas, acompanhando pelos ventrículos cerebrais. A partir do Renascimento,
o processamento musical, pode auxiliar o desenvolvimento, com a criação da perspectiva na pintura e da
em bases funcionais, de procedimentos para intervenção convergência tonal e harmônica na música, há a
musical adequados. Assim, as alterações fisiológicas da emergência de uma visão racionalista de um mundo
estimulação sonora podem refletir-se nas mudanças dos dividido, que separa o eu (self) do espaço newtoniano
padrões, no reflexo de orientação, na variabilidade das que o circunda (mundo), no qual o tempo, métrico e
respostas fisiológicas envolvidas em processos de atenção facetado, representa e reflete as relações de causa-efeito.
e expectativa musicais ou na mudança de freqüência, A música, basicamente temática, com um tempo métrico,
topografia e amplitude dos ritmos elétricos cerebrais6,7,8,9. sendo pulso, marcado na música barroca como o tique-
É importante ressaltar que o interesse pela relação taque de um relógio, reflete o pensamento determinista
música-cérebro não reside somente no fato de a estimulação de tendência racionalista e materialista. Essa música
sonora envolver funções neuropsicológicas bastante temática e métrica é a música que dominou a estética
complexas com ativação de áreas corticais multimodais, mas ocidental por mais de 500 anos. A visão dualista e
pelo fato de a música estar, historicamente, inserida no campo racional desse período apresenta o cérebro como centro
das artes, com toda a conotação cultural e simbólica que orgânico privilegiado da vida psíquica. Na visão dos
isso acarreta. O fazer musical encerra e integra as funções frenologistas do século XIX, o cérebro era comparti-
do sentir, do processar, do perceber em estruturas ou em mentado em várias áreas, abrigando as diferentes
uma estética de comunicação que é, por si só, forma e funções psíquicas, como as emoções e os comporta-
conteúdo, corpo e espírito, mensageiro e mensagem. mentos humanos mais sutis, inclusive o amor à musica.
A música, nas suas várias manifestações enquanto A música contemporânea do início do século XX
estética, terapia ou ritual, evoca o humano e sua caracteriza-se pelo abandono a referências fixas como
contradição. Seus elementos de lógica, proporção e a tonalidade, organizando as estruturas sonoras a partir
simetria estão intimamente relacionados e imbricados de configurações e inserindo a criação musical no
aos elementos de tensão, de relaxamento, que são probabilístico e na capacidade criadora do intérprete e
sentidos, ou conceitualmente interpretados somente em do ouvinte. Neste enfoque, o tempo vivencial (não
bases abstratas que requerem a definição do homem, medido pelo relógio), o silêncio expressivo, a estrutura
suas formas de sentir e pensar o mundo, e, portanto, seu temporal assimétrica integram um fluxo multidirecional
sistema cultural e social de decodificação. Assim, não é de sons em representações gráficas que evidenciam o
de se estranhar que a evolução da estética musical do tratamento dos signos sonoros enquanto eventos não
ocidente esteja intimamente relacionada com a evolução lineares. Tais conceitos de espaço-tempo estão também
do pensamento científico de maneira indissociável.
intimamente ligados ao pensamento científico moderno,
traçados nos fundamentos teóricos da física quântica e
da teoria da relatividade. Neste sentido, aproximamo-nos
HISTÓRIAS PARALELAS – MÚSICA E da visão física ou material do mundo sob a óptica estética
CÉREBRO da nova música, uma vez que ambas traduzem a
consciência auto-reflexiva, a maneira pela qual
A música, em seus aspectos estruturais e na sua dimensionamos, relacionamos temporalmente e mesmo
organização estritamente temporal, traduz e reflete a nomeamos nossos próprios processos psíquicos de “ver,
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decodificar, e reinterpretar” o mundo em que vivemos. localizadas nas regiões frontais, responsáveis pelas
Atualmente, o cérebro é visto como um sistema funções práxicas de seqüenciação, de melodia cinética
complexo de áreas específicas e não-específicas, da própria linguagem, e pela mímica que acompanha
colaborando à integração das funções cognitivas, nossa reações corporais ao som 17,18.
afetivas e sensoriais. Esse sistema funcional atua de Recentemente, os recursos de neuroimagem
maneira concêntrica e complementar, atribuindo funcional têm contribuído para novos e interessantes
distintos papéis funcionais ao hemisfério cerebral direito achados, enfatizando-se a importância da lateralização
e ao esquerdo (assimetria funcional hemisférica), e hemisférica na percepção musical. Tais trabalhos
também com hierarquias distintas entre as diferentes sugerem certo grau de independência funcional e
áreas subcorticais e neocorticais. A maneira com que a anatômica para o processamento (ou para estratégia de
ciência vê a relação entre o cérebro e as funções musicais processamento) dos vários parâmetros sonoros. Neste
surgiu conjuntamente aos estudos da chamada “Assime- sentido, foi possível mapear, pelos trabalhos com TEP,
tria Funcional Hemisférica”, e os trabalhos verda- as mudanças na ativação metabólica durante o proces-
deiramente pioneiros só foram realizados na segunda samento perceptivo e cognitivo dos constituintes da
metade do nosso século, principalmente em pacientes música. Assim, Mazziota et al. 3 observaram que, em
portadores de epilepsia. Entre esses trabalhos, podemos tarefas de discriminação tímbrica, havia maior ativação
ressaltar os de Critchley 11 na descrição da epilepsia de áreas frontais e temporais do hemisfério não-
musicogênica; os de Penfield12, que durante estimulação dominante. Lauter et al.19 confirmaram a organização
elétrica cerebral, por procedimentos neurocirúrgicos, tonotópica do córtex auditivo com ativação anterior e
descreveram alucinações auditivas complexas quando lateral para sons graves e médio e posterior para sons
da estimulação do giro temporal superior; os de Wada e agudos. Zatorre et al. 9 observaram que a audição
Rasmussen 13, que utilizando o teste de WADA, com a melódica passiva envolvia, principalmente, regiões
inativação temporária de um hemisfério cerebral pela temporais do hemisfério direito, enquanto em provas
injeção intracarotídea de amital sódico, verificaram, em mais ativas, que exigiam memória tonal, havia ativação
alguns casos, a dificuldade para cantar, apesar da de áreas frontais do hemisfério cerebral direito. Platel
preservação da fala; o de Kimura14 com as provas de et al.13, em trabalho mais recente, estudaram a ativação
estimulação auditiva (dicótica) de melodias demons- de diferentes áreas cerebrais durante provas que
trando a superioridade do hemisfério direito para o envolviam alguns parâmetros psicoacústicos da música,
processamento melódico, e os trabalhos mais recentes a dizer: identificação de mudanças de altura, regula-
de Zatorre et al.4,15 e Chauvel et al.16 sobre as disfunções ridade rítmica, familiaridade melódica, identificação de
musicais em pacientes submetidos à lobectomia mudança tímbrica. Nas provas envolvendo fami-
temporal. liaridade, havia maior ativação do giro temporal
esquerdo e do giro frontal esquerdo. O reconhecimento
tímbrico ativava o giro frontal superior e o giro pós-
MÚSICA E NEUROIMAGEM central direitos, enquanto as provas rítmicas envolviam
áreas frontais inferiores e a ínsula do hemisfério
A música, mais que qualquer outra arte, tem uma esquerdo (dominante). Interessante também foi o fato
representação neuropsicológica extensa. Por não de terem observado ativações de regiões occipitais,
necessitar, como música absoluta, de codificação durante tarefa envolvendo o reconhecimento das alturas
lingüística, tem acesso direto à afetividade, às áreas sonoras, sugerindo existir um recrutamento de áreas
límbicas, que controlam nossos impulsos, emoções e envolvidas nos processamentos das imagens como uma
motivação. Por envolver um armazenamento de signos estratégia visual para a decodificação das alturas dos
estruturados, estimula nossa memória não-verbal (áreas sons. Além disso, observaram, também, que durante
associativas secundárias). Tem acesso direto ao sistema tarefas rítmicas, ocorrem ativações na área de Broca (AB
de percepções integradas, ligadas às áreas associativas 44/6) estendendo-se à ínsula vizinha, sugerindo que essa
de confluência cerebral, que unificam as várias região cerebral tem um importante papel no proces-
sensações, incluindo a gustatória, a olfatória, a visual e samento de sons seqüenciais, o que sugere existir um
a proprioceptiva em um conjunto de percepções que elo neurobiológico entre o ritmo musical e a fala
permitem integrar as várias impressões sensoriais em expressiva.
um mesmo instante, como a lembrança de um cheiro ou De um modo geral, as funções musicais parecem ser
de imagens após ouvir determinado som ou determinada complexas, múltiplas e de localizações assimétricas,
música. Também ativa as áreas cerebrais terciárias, envolvendo o hemisfério direito para altura, timbre e
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discriminação melódica, e o esquerdo para ritmos, habilidade para compor. O organista e compositor francês
identificação semântica de melodias, senso de familia- Jean Langlais (1907-1991) tornou-se afásico, aléxico e
ridade, processamento temporal e seqüencial dos sons. agráfico após hemorragia temporoparietal esquerda,
No entanto, a lateralização das funções musicais pode mantendo, no entanto, inalterada sua capacidade para
ser diferente em músicos, comparado a indivíduos sem compor, improvisar e ler notação musical. Maurice Ravel
treinamento musical, o que sugere um papel da música (1875-1937), em virtude de uma provável doença
na chamada plasticidade cerebral 16,19,20. degenerativa progressiva, apresentava dificuldade na
transposição musical, isto é, na passagem da modalidade
auditiva para a visual e/ou motora, estando preservadas a
percepção e a idéia sonoras, que embora intactas em sua
MÚSICA E LINGUAGEM mente, estava incapacitado para expressá-las pela escrita
Música é também linguagem. Segundo o eminente e pela execução musical5.
maestro e compositor Koellreutter, a música é uma arte
que se utiliza de uma linguagem. É linguagem, uma vez
que utiliza um sistema de signos estabelecidos EPILEPSIA E MÚSICA
naturalmente ou por convenção, que transmite infor-
mações ou mensagens de um sistema (orgânico, social, Quando se analisam as relações entre a epilepsia e a
sociológico) a outro. Existem paralelos entre a música, dois aspectos devem ser ressaltados: a epilepsia
linguagem verbal e a musical. Ambas dependem, do musicogênica e o estudo das funções musicais em
ponto de vista neurofuncional, das estruturas sensoriais pacientes portadores de epilepsia parcial.
responsáveis pela recepção e pelo processamento A epilepsia musicogênica corresponde à ocorrência
auditivo (fonemas, sons), visual (grafemas da leitura de crises epilépticas desencadeadas por estímulos
verbal e musical), da integridade funcional das regiões musicais11,21,22. Não constitui uma síndrome epiléptica,
envolvidas com atenção e memória e das estruturas razão pela qual deve-se falar em “crises epilépticas
eferentes motoras responsáveis pelo encadeamento e desencadeadas por música”. Trata-se de uma afecção
pela organização temporal e motora necessárias para a rara (1 indivíduo em 10 milhões), ocorrendo geralmente
fala e para a execução musical. No entanto, diferen- após os 20 anos de idade. Muitos estudos indicam que
temente da linguagem verbal, o código utilizado na esses pacientes são pessoas “interessadas em música”.
música não separa significante e significado, uma vez Neurologicamente, as crises são geralmente parciais
que a mensagem da música não está condicionada a complexas, com freqüente generalização secundária e
convenções semântico-lingüísticas, mas sim a uma usualmente coexistindo com outros tipos de crises
organização que traduz idéias por uma estrutura espontâneas. Etiologicamente são, muitas vezes, crises
significativa que é a própria mensagem: a própria sintomáticas, relacionadas à epilepsia lesional. No
música. trabalho original de Critchley11, descrevem-se 3 tipos de
Do ponto de vista neuropsicológico, as estruturas epilepsia denominada de acústico-motora. Um tipo seria
envolvidas para o processamento musical são funcio- a resposta à surpresa ou ao susto; o outro, perante
nalmente autônomas e diferentes daquelas envolvidas com estímulos musicais intoleráveis (para o indivíduo),
a linguagem, isto é, fala, leitura e escrita18. Pesquisas em evocadores ou que produzissem desagrado; e o terceiro
pacientes com lesão cerebral têm mostrado que a perda tipo, mais raro, provocado por um estímulo de caráter
da função verbal (afasia) não é necessariamente monótono. O fato de diferentes tipos de crises coexistirem
acompanhada de perda das funções musicais (amusia). significa um indício fisiopatológico particularmente
A existência de afasia sem amusia e a de amusia sem importante, por permitir a interpretação da epilepsia
afasia indicam uma autonomia funcional dos processos musicogênica como “o efeito da música em um cérebro
neuropsicológicos inerentes aos sistemas de comunicação epiléptico”. As anormalidades elétricas (EEG) são
verbal e musical e uma independência estrutural de seus geralmente temporais, em ambos hemisférios, e apenas
substratos neurobiológicos. A dissociação entre afasia e poucos estudos assumem a localização temporal direita
amusia é flagrante quando se analisam as manifestações ou foco médio-temporal21,22. O autor refere-se à grande
neurológicas de grandes músicos vítimas de lesões controvérsia relativa à fisiopatologia, de ser a crise o
cerebrais localizadas. Assim, o compositor russo V. I. simples resultado de um ou vários estímulos que excitam
Shebalin (1902-1963), após sofrer dois episódios de o córtex cerebral, ou do recrutamento de áreas subcorticais
acidente vascular cerebral em território da cerebral média e corticais amplas relacionadas com atenção, memória e
esquerda, apresentou afasia intensa, mantendo intacta sua associação musical11,21,22.
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