Você está na página 1de 70

EDITORIAL

Na onda do Verão
Continuamos a celebrar os 50 anos da Associação dos Escanções de Portugal, reconhecida, em Diário da República, a 24
de Março de 1972, e como tal pretendemos ao longo do ano destacar alguns momentos importantes e marcantes na sua
vida e história. Nesta edição, no artigo do 50º aniversário da AEP, relembramos o I Concurso Nacional de Escanções que
aconteceu em 1978.

Destacamos também a realização da Assembleia Geral da Associação, realizada no passado dia 17 de Junho, e convocada
com o intuito exclusivo de realizar novo Acto Eleitoral para o triénio 2022/2025, por motivo da saída de José Carlos
Santanita do cargo de Presidente da Direcção, por motivos profissionais, em Abril deste ano. Desta reunião foi eleito o
novo Presidente da Direcção, Tiago Paula, assim como novos corpos sociais, uma equipa diversificada e unida em prol dos
Escanções de Portugal. Têm sido, como tal, momentos de mudança e de grande vitalidade na nossa Associação.

Nesta edição, nas entrevistas, em Gente Que Sabe de Vinho, tivemos a oportunidade de falar com Beatriz Machado, a
actual Directora de Marketing e Turismo da Niepoort que recentemente foi distinguida com o Prémio de Melhor Profissional
pela Associação Portuguesa de Enoturismo (APENO) pelo seu contributo na concepção do projecto de enoturismo da
Niepoort. E em Segredos do Escanção, João Rodrigo Lopes, o escanção do restaurante Varanda de Lisboa, do Hotel Mundial,
que partilha connosco o seu percurso.

Nas provas, para além dos Lançamentos/Novidades e das provas pelo nosso painel de escanções, uma selecção de vinhos
com a casta Encruzado, uma de vinhos de Verão da Colheita de 2021, e também uma prova de Cervejas que nos brinda ao
Verão. Todas resultado do trabalho do experiente escanção Manuel Moreira.

As rubricas Onde O Vinho É Rei e Enoturismo rumam, nesta edição, para o Alentejo destacando mais dois espaços que
trabalham, valorizam e promovem a cultura portuguesa.

Boas leituras na nossa companhia.


E obrigada por estarem connosco!

Isabel Esteves
Directora de Comunicação da revista

O Escanção, n°185 - 2022 1

NotíciasFlix
FICHA TÉCNICA
SUMÁRIO
Director
Tiago Paula
(tiagopaula@escancoes.pt)

Director Adjunto
Fábio Nico
(geral@escancoes.pt)

Sub-Directores
Nelson Guerreiro e Carlos Lopes
(geral@escancoes.pt)

Editor
Ana Isabel Fojo Franco Ramos Branco
(escancao@sapo.pt)

Directora de Comunicação
Isabel Teresa Vale Lobo Esteves
(revista.oescancao@gmail.com)

Painel de Provadores
Artur Caldas, Joaquim Santos, Manuel Miranda, JOÃO RODRIGO LOPES
Manuel Moreira e Tiago Paula

Colaboradores
António Ventura, Ceferino Carrera, Diego Arrebola,
Sara Peñas Lledó e Tiago Paula
1 Editorial
Fotografia 2 Sumário
Bruno Conceição, Janice Prado e Sérgio Simões 4 Segredos do Escanção
João Rodrigo Lopes
Projecto Gráfico e Pré-Impressão
8 50º Aniversário AEP
Vinícius Palhares
12 Assembleia Geral AEP
Director Financeiro/Comercial 14 Regiões do Mundo
Sérgio Mata (geral@escancoes.pt) Por Diego Arrebola
16 Gente Que Sabe de Vinho
Assinaturas e Publicidade
Ana Branco (geral@escancoes.pt) Beatriz Machado
20 Vinhos à Prova - Lançamentos / Novidades
Propriedade, Administração, Edição e Redacção 23 Apresentação do Painel de Provadores
Associação dos Escanções de Portugal
24 Vinhos à Prova – Painel de Escanções
Av. Almirante Reis, nº 58 - r/c Dtº, 1150-019 Lisboa
NIF 501269215 Tel: 0351 21 8132542 26 Vinhos à Prova – Vinhos de Verão: Colheita 2021
www.escancao.com (geral@escancoes.pt)) 33 Vinhos à Prova – Vinhos com casta Encruzado
www.facebook.com/escancoesdeportugal 36 Cervejas à Prova
40 Entre Quintas
Ficha técnica da publicação encontra-se disponível Gerações de Xisto
assim como o estatuto editorial 46 Onde o Vinho é Rei
https://www.escancao.com/revista 48 O Maestro do Vinho
Terras do Dão, por Ceferino Mariño Carrera
Número de Registo: 111639 / Depósito Legal:
139009/99 50 Tem a Palavra o Especialista
Chá, por Tiago Paula
Estatuto Editorial 52 Crónica – Associação de Enologia
Castas, por Engº António Ventura
Objectivos:
Compromisso em assegurar os princípios deontológicos 54 Enoturismo
e ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa 57 Acontece – Divulgação de Iniciativas e Novos Projectos
fé dos leitores. Vintages 2020 Quinta do Noval
Iniciação à Prova de Vinhos na Rota dos Vinhos
A Revista O Escanção destina-se a dar conhecimento
actualizado das actividades da Associação dos do Alentejo
Escanções de Portugal (A.E.P.), na divulgação da vinha, Educação Vínica na AEP
do vinho, e na exposição, manutenção e respeito da XIV Concurso de Vinhos do Algarve
deontologia profissional entre todos os que a essa
Sabores e Paladares Ibéricos
actividade estão ligados.
Lançamento Vinho das Grutas –
Casa Ermelinda Freitas
A revista ‘O Escanção’ continua a reger-se pelo anterior 63 Wine News
66 Wine News – Ficha de Assinatura

2 O Escanção, n°185 - 2022


O Escanção, n°185 - 2022 3
SEGREDOS DO ESCANÇÃO

Texto Isabel Esteves


Fotos João Rodrigo Lopes

4 O Escanção, n°185 - 2022


Rodrigo Lopes
Escanção no restaurante Varanda de Lisboa, do Hotel Mundial, desde 2019, é desde
1998 que João Rodrigo Lopes integra a equipa deste grande hotel da capital, tendo aqui
passado por vários cargos e desempenhado várias funções no seu percurso até aos dias
de hoje. Ser escanção sempre foi um objectivo e conseguiu alcançá-lo com dedicação e
trabalho tendo tido a oportunidade de trabalhar lado a lado com grandes personalidades
da profissão em Portugal, que o apoiaram e o acompanharam neste caminho.
De Proença-a-Nova, de onde é natural, para componente teórica, histórica e cultural,
Lisboa, foi ganhando contacto e interesse pelo o Sr. António Correia.
abrangente mundo do vinho, já fora do
núcleo familiar e da vivência na produção Em termos académicos e formativos, quais
de vinho nas suas terras. Como foi esta foram os seus passos?
passagem para uma nova percepção Comecei por fazer o curso de empregado de
deste mundo? mesa de 1ª, e, em 2015, o curso de escanção
Enquanto na minha aldeia estava habituado na EHTL. Finalmente, em 2020, o WSET 2
a um processo de fazer vinho muito artesanal em vinhos.
e para consumo familiar imediato, em Lisboa
deparei-me com um mundo muito mais Como é um dia seu de trabalho?
complexo e apaixonante, quer cultural quer Começa sempre por repor as referências dos
historicamente. vinhos vendidos no dia anterior. A maior
parte do dia é dedicada ao serviço de vinhos
No Hotel Mundial, desde 1998, passou por e tenho sempre o cuidado de ir provando as
várias funções e cargos antes de chegar a referências que vendemos com a finalidade
escanção. Foi acabando por percorrer este de controlo de qualidade. Todas as semanas
caminho de forma automática, com o passar recebo visitas de produtores com novas
das experiências, ou em algum momento referências para provar e analisar para possível
este tornou-se um objectivo? entrada na nossa carta.
Embora não fosse num futuro próximo, ser
escanção foi sempre um objectivo. Acabou Em geral, o que sente ter mudado de forma
por acontecer naturalmente mas foi sempre mais notória desde que começou a trabalhar
um dos meus objectivos. neste mundo, do vinho e da restauração,
até hoje?
Também aqui, contactou com vários colegas A principal mudança que noto ao longo
de excelência e equipas com muita experiência. destes anos é, sem dúvida, o aumento gradual
Teve algum mentor ou influência em especial? da qualidade e diversidade no panorama
Entre vários mentores houve dois que se nacional e internacional.
destacaram. O Sr. Augusto Gonçalves que foi
o principal professor na arte de abrir garrafas
a fogo e em todo o serviço de vinho. E, na

O Escanção, n°185 - 2022 5


E como vê a profissão daqui a uns anos, Qual o momento no seu dia de trabalho
no futuro? que mais entusiasmo lhe traz no que respeita
No futuro penso que a profissão se tornará à profissão e suas funções?
mais desafiante e exigente pois todos os dias O que mais me dá satisfação é conseguir
surgem novas referências, regiões e métodos quebrar estigmas e tabus em relação aos
de vinificação. Os avanços tecnológicos no vinhos portugueses e ao mesmo tempo fazer
campo das redes sociais tiveram um papel a conjugação ideal para as iguarias. Assim
fundamental na divulgação destes novos como envolver toda a equipa neste processo.
projectos.
E qual o maior desafio para um escanção a
Estando na equipa de um restaurante de trabalhar num restaurante como o Varanda
renome em Lisboa, está frequentemente em de Lisboa?
contacto com vários tipos de clientes, com O maior desafio é sem dúvida manter a qualidade
diferentes expectativas e posturas. Houve, de serviço que nos foi ensinada pelos nossos
nestes anos, algum cliente que o tenha marcado mentores e, ao mesmo tempo, proporcionar
de forma particular? ao cliente uma carta de vinhos que espelhe
Entre vários episódios recordo com especial um pouco de tudo o que o nosso país produz,
carinho um cliente com quem partilhei que desde as referências mais clássicas aos projectos
estava a tirar o curso de escanção e que teve a mais recentes, sejam eles mais ou menos
amabilidade de me enviar algumas referências convencionais. Temos no nosso país uma
de Riesling pois este era o vinho que melhor diversidade de vinhos mais do que suficiente
produziam no local morava, neste caso para elaborar uma carta que vá ao encontro
em Mosel. dos clientes mais exigentes e experientes.

Pelo facto de contactar com clientes de


todo o mundo que visitam Lisboa e o
restaurante em questão, tem de estar o
mais actualizado possível. Como procura
estar por dentro das novidades, dos
lançamentos, das tendências?
Para estar o mais actualizado possível leio
as revistas da especialidade, portuguesas e
estrangeiras, visito as feiras de vinhos sempre
que possível assim como alguns produtores,
uma prática que pretendo fazer com mais
frequência.

Como prima que seja a sua abordagem e


postura para que o cliente desfrute ao máximo
da experiência nos seu restaurante? Qual o
seu lema no trabalho?
Tenho como lema exceder sempre a expectativa
do cliente, sempre que me é dada abertura
para isso. Quando a minha opinião é
solicitada tento sempre ir ao encontro das
suas preferências e, se possível,
surpreendê-lo.

6 O Escanção, n°185 - 2022


50º ANIVERSÁRIO ASSOCIAÇÃO DOS ESCANÇÕES DE PORTUGAL

Texto e Fotos AEP

Mantendo o espírito de celebração pelos 50 anos da Associação dos Escanções de Portugal


assinalados este ano, pretendemos ao longo deste mesmo partilhar alguns dos seus momentos
mais importantes e emblemáticos, relembrando datas, personalidades e eventos que fazem
parte desta Casa e da sua fundação. Nesta edição, lembranças do 1º Concurso Nacional de
Escanções, em Setembro de 1978, uma iniciativa que decorreu como teste à realização do III
Concurso Mundial de Escanções em Portugal, evento que aconteceu apenas dois meses mais
tarde, em Novembro de 1978 e ao qual daremos destaque numa próxima edição.

Aniversário

AEP

8 O Escanção, n°185 - 2022


O Escanção, n°185 - 2022 9
10 O Escanção, n°185 - 2022
Francisco Gonçalves (no uso da palavra)

Francisco Gonçalves Entrega Prémio a


António Fagundes da Luz

António Fagundesda Luz


Arménio Fernandes O Escanção, n°185 - 2022 11
José Lima Casal Cancela de Abreu
ASSEMBLEIA GERAL AEP

Texto Isabel Esteves


Fotos AEP

Novos Corpos Sociais

Triénio 2022-2025
12 O Escanção, n°185 - 2022
REGIÕES DO MUNDO

Texto Diego Arrebola, Melhor Sommelier do Brasil por três vezes, e sócio no projecto EntreCopos
Fotos wikipedia

Slava Ukraina!
Vinho e guerra são, infelizmente, assuntos que caminham lado a lado ao longo da
história. Muitas vezes para o mal, mas não sem deixar também efeitos positivos. Vale
lembrar que a difusão de uma vitivinicultura mais organizada por toda a Europa Ocidental
deu-se através do Império Romano e da sua necessidade de manter uma produção constante
e confiável de vinho para o comércio mas também para a manutenção das suas legiões,
nas quais a bebida fazia parte da ração diária dos soldados.

Batalhas foram travadas nos últimos dois milénios


em diferentes áreas de produção, sendo talvez
os mais recentes exemplos a Alsácia, centro Este não é um espaço para a discussão de
de disputas territoriais entre a França e a política ou das suas implicações globais,
Alemanha nas duas Grandes Guerras, e a económicas e estratégicas, mas antes um espaço
Champagne, importante campo de batalha para falarmos do vinho e daquilo que o cerca.
durante o conflito de 1914 a 1918. E, neste Neste momento, a nossa escolha é falar dos
momento, ainda no início do século XXI, mais vinhos da Ucrânia, partilhando a informação e
uma vez um conflito armado aflige parte da permitindo a oportuna reconstrução da viti-
Europa, com a invasão da Ucrânia pelas tropas vinicultura ucraniana, com o evidente suporte
russas. daqueles que em última instância farão com

14 O Escanção, n°185 - 2022


que os vinhos ali produzidos cheguem às taças, a Rkatsiteli e a Saperavi, também encontramos
os escanções, de Portugal e tantos outros lugares. nos vinhedos ucranianos uma importante
Certamente que o nosso primeiro pensamento amostra de uvas autóctones e pouco conhecidas
ao falar de produtores de vinhos finos não é fora das suas fronteiras, como a Telti Kuyruk, a
dirigido àquela região, porém, a história do mais popular, além de Odessa Black, Sukholimansky,
vinho na Ucrânia tem raízes antigas, com mais entre outras. Também encontraremos importantes
de 2.500 anos de história. Em tempos mais volumes da casta não vinífera Isabel/Isabela,
recentes, foi no século XIX que importantes embora esta esteja em declínio, sobretudo para
iniciativas para a produção de vinhos tiveram a produção de vinhos.
lugar, com a aristocracia da Rússia czarista à Vinícolas como Shabo, Cotnar, Shustov, Kolonist,
procura do calor da costa do Mar Negro para Koblevo, entre outras, além de Massandra, na
as suas residências de Verão. Já em 1822 foi Crimeia, seguem em luta para preservar as suas
estabelecida uma colónia de imigrantes suíços estruturas, vinhedos e vinhos, no meio das
em Shabo, próximo à fronteira com a Moldávia, dificuldades de uma guerra brutal. Como tantos
com o objectivo de aportar conhecimentos de outros desafios que a Ucrânia enfrentou na sua
vitivinicultura, mais ou menos ao mesmo tempo história, este também há de ser superado e as
em que o Conde Mikhail Vorontsov construía a garrafas ucranianas irão encontrar o seu lugar
sua vinícola e iniciava um instituto de pesquisa nas adegas e garrafeiras pelo mundo.
em Magarach, na Crimeia (território ucraniano No site ukr.wine pode-se encontrar mais informação
sob ocupação russa desde 2014). sobre a Ucrânia e os seus vinhos, para além de
Desde o seu princípio, a vitivinicultura moderna dados para colaborar na reconstrução ucraniana.
na Ucrânia concentra-se nas áreas mais próximas
ao Mar Negro, especialmente nas zonas de
Odessa, Mykolaiv e Kherson. A proximidade
com grandes massas de água é crucial aqui,
para regular as temperaturas e permitir calor
suficiente para a adequada maturação das uvas.
O que não impede que haja também produção
importante no interior do país, de modo
especial em Zakarpattia, a apenas 60 km de
distância de Tokaj, na Hungria, onde a altitude
desempenha o papel de moderador dos
extremos climáticos.
Historicamente sempre houve uma atenção
importante na produção de espumantes, que
atendiam a demanda da corte do Czar e posterior-
mente da elite soviética, além de vinhos doces
fortificados, que fizeram a fama de Massandra,
vinícola da Crimeia que é a mais reconhecida
da Ucrânia, com garrafas antigas a aparecer
frequentemente em leilões pelo mundo fora.
No entanto, é justamente nos vinhos secos
*Diego Arrebola
tranquilos que a Ucrânia tem vindo a construir (Sommelier, por três vezes campeão no Brasil e sócio no projecto EntreCopos)
uma sólida reputação, com uma “migração”
para esses estilos fortemente acentuada após
a ocupação da Crimeia, o que permitiu às
vinícolas ucranianas manter e ampliar a sua
penetração nos mercados local e internacional.
Com uma ampla colecção de uvas internacionais,
de grande popularidade, como a Cabernet
Sauvignon, a Chardonnay, a Riesling, a Aligote,

O Escanção, n°185 - 2022 15


GENTE QUE SABE DE VINHO

Texto Isabel Esteves


Fotos Beatriz Machado

Beatriz
16
Machado
O Escanção, n°185 - 2022
Dar a conhecer o melhor dos vinhos portugueses ao mundo, desmistificá-los e aproximá-los
dos consumidores tem sido premissa constante no percurso de Beatriz Machado,
hoje Directora de Marketing e Turismo da Niepoort mas antes Directora de Vinhos
no hotel vínico The Yeatman, onde esteve por 11 anos, e depois parte da equipa que
fundou o projecto cultural World of Wine – WOW, ambos no Porto e do grupo The
Fladgate Partnership. Para Beatriz as oportunidades surgem com trabalho, com esforço e
dedicação, e foi assim que se distinguiu como melhor aluna na reconhecida e exigente
Universidade de Davis, na Califórnia, onde estudou e tirou o mestrado, em Ciências
da Viticultura e Enologia. É com estes valores que sempre seguiu caminho e alcançou
grandes metas, uma história e experiência de vida que connosco quis aqui partilhar.
Fazer parte do mundo do vinho é algo que, naturalmente e dava as aulas práticas e eles davam as teóricas. E, quer
desde sempre, lhe esteve bem presente. Quais são as suas dizer, assim de repente, uma portuguesa a ser assistente
primeiras memórias deste mundo? de todos aqueles professores que escrevem os livros pelos
Das primeiras memórias que tenho é a do meu avô num quais o mundo estuda, foi motivo de muito orgulho.
lagar com as pernas todas pintadas e cheio de vinho.
Os meus avós faziam vinho em casa e lembro-me de o Para além de todo o conhecimento sólido e know-how
encontrar assim numa das visitas à sua casa, no Minho. que lhe deu esta formação fora de Portugal, trouxe deste
Depois, também o meu pai, que é pediatra, me dava a período e desta experiência de vida algum hábito, pensa-
experimentar, desde muito nova, sabores e aromas, com mento ou mote que, desde então, aplique na sua forma
uma colher de café, com um bocadinho de vinho, pois de trabalhar?
se tinha curiosidade em provar queria que o fizesse à sua Pensando no que os E.U.A. têm de diferente e o que
frente e não por trás. mais aprendi lá, penso que foi que conhecimento gera
conhecimento, que a evolução está em passarmos sempre
Beatriz formou-se em Engenharia Alimentar e cedo toda a informação que adquirimos para as pessoas que
começou a trabalhar mas entretanto rumou à Califórnia estão a aprender connosco, para elas serem melhores,
onde se licenciou, e mais tarde tirou o mestrado, em pois se elas forem melhores nós também o somos
Ciências da Viticultura e Enologia, na Universidade de obrigados a ser. Na Europa é tudo mais conservador en-
Davis. O que a fez escolher este caminho, estudar fora, e quanto que nos E.U.A. é diferente, temos de sair da zona
sobretudo este exigente destino? de conforto, estudar mais, estar mais actualizados, e é
Comecei a trabalhar logo que terminei o curso e no muito competitivo. Como conselho, julgo fundamental
projecto de fim de curso, com vinhos da Madeira, e da a persistência e o saber aproveitar todos os momentos
primeira vez que estive na Califórnia, logo publiquei um para aprender. Pessoalmente, sou uma pessoa com ambição
artigo cientifico na Associação de Enologia da Califórnia, mas sou muito trabalhadora, portanto julgo que não é
artigo que foi visto pela Sogrape que entretanto que apenas uma questão de sorte conseguirmos chegar onde
me contratou para fazer uma vindima. Estive depois queremos, mais além e fazer a diferença. Tem de se quer-
na Universidade Católica a coordenar um curso de Produção er, mas, para além disso, tem de se ter uma capacidade
Enológica e passados 3 anos candidatei-me a este de trabalho muito grande.
mestrado, uma formação onde é muito difícil de entrar
e onde apenas 8 pessoas são seleccionadas anualmente. E qual a maior referência que trouxe deste período? E
A Universidade de Davis é a melhor escola de vinhos outras inspirações/referências deste mundo do vinho?
do mundo, quando estava no Curso em Engenharia A professora de laboratório que tive, especialista em
Alimentar o último ano era muito focado em vinhos análise sensorial de vinho, a Hildegarde Heymann, e
mas na altura senti que precisava de saber mesmo, saber também Ann Noble que criou a roda dos aromas, e que
fazer. E tinha de ir para o melhor sitio para o conseguir, é uma pessoa extremamente exigente, que me inspirou
para entender a base de tudo, para saber fazer, foi essa a muito pois foi a primeira mulher nesta área e revolucionou
razão da minha candidatura. muito a parte dos vinhos. Depois, o professor Roger
Boulton que escreve os livros de enologia estudados no
Quando chegou à Universidade da Califórnia e se mundo inteiro. E também uma pessoa muito importante
começou a adaptar ao seu contexto, sentiu-se bem para mim sempre foi o próprio Dirk Niepoort. Quando
integrada e preparada? Para quem tenha este mesmo vim da Califórnia foi a única pessoa que me aceitou para
objectivo, qual o conselho que poderia deixar? fazer vindima pois estava grávida na altura, em 2009.
Não, nada preparada, mas, como todos os portugueses, Depois estive 11 anos no Yeatman, e agora estou de volta
sou muito desenrascada. Ali, as propinas são muito à Niepoort, em 2021. O Dirk tem uma forma de ser muito
caras, pagam-se 44.000 dólares por ano, mas se formos o generosa e criativa e é uma pessoa muito disruptiva,
melhor do ano pagam-nos tudo, e achei que tinha de dar sempre me inspirou na área dos vinhos. Realmente, há
o máximo para ser a primeira do ano e conseguir ganhar que se ter um conhecimento sólido, é o que faz com que
a bolsa para pagar os estudos, e assim foi, consegui ser tenhamos mais auto confiança, mas isso não basta, tem
a melhor. E depois fui assistente de vários professores, de haver personalidade e carisma também, e tudo isso
sempre encontrei no Dirk.

O Escanção, n°185 - 2022 17


E nesta nova aventura com a Niepoort que a desafiou E o objectivo foi de pensar, conceptualmente, como
novamente a juntar-se à família e a criar na empresa podiamos chegar aos consumidores que não entendem
uma divisão de Marketing e Turismo, como tem sido até bem esta linguagem, falar numa linguagem que fosse
agora esta viagem? acessível a todos, e esta era uma carta de vinhos que
Tem sido como o Dirk, um tsunami, a Niepoort estava tanto podia ser lida por uma das tais pessoas que me in-
calminha e lembro-me de que quando me convidou spirou ou a pela minha própria mãe, qualquer pessoa se
para me juntar à equipa, me perguntou: mas queres vir podia relacionar. E, aqui, o mote foi sempre descomplicar.
trabalhar? E eu disse-lhe que não me perguntasse a mim Um dos tais meus professores, o Roger Boulton sempre
mas a ele próprio, se queria que viesse pois vindo seria me dizia que quem sabe simplifica, quem não sabe complica.
para trabalhar e para pôr os outros a trabalhar, o Dirk é E o meu objectivo sempre foi simplificar, desmistificar
que teria de estar preparado e saber se queria isso para o vinho para que as pessoas tivessem sempre acesso nos
o futuro ou não. E foi um desafio para ambos, mas no seus diferentes níveis de conhecimento.
fundo, esta nova viagem está muito alinhada com o que
acho que é o futuro, e também por isso mudei de um Muito habituada ao contacto com consumidores
trabalho num grupo tão grande para uma casa mais estrangeiros e a dar-lhes a conhecer o que é tão bem pro-
pequena, pois no grupo grande perde-se a atenção ao duzido em Portugal, considera-se uma embaixadora dos
detalhe e o tratar de cada pessoa como a pessoa única vinhos portugueses?
que é, em termos de turismo e de experiência, receber as Completamente, ontem cheguei de Londres e estive uma
pessoas como em casa, ser genuíno e autêntico. semana a provar para a revista inglesa, a Decanter, e
acabo por ficar muito orgulhosa. Nestas alturas aprendo imenso
Pelo seu percurso e pelo trabalho que tem desenvolvido ao mas também levo a bandeira dos vinhos portugueses,
longo dos anos, podemos desenhar uma descrição de e sempre tento, não só cá mas também quando viajo,
Beatriz Machado como uma pessoa muito focada, objec- comunicá-los. No Yeatman, por exemplo, comunicar os
tiva, ambiciosa, exigente, dinâmica e curiosa. Ao longo vários produtores era um desafio muito grande e depois
dos seus anos pelo mundo do vinho, numa perspectiva também no WOW, comunicar o vinho e contextual-
de crescimento pessoal, o que para si se tem revelado de izá-lo no mundo, dar ao consumidor pontos de referência e
mais fascinante, alguma nova faceta se foi revelando a mostrar-lhe um vinho português dentro de um determinado
certa altura? estilo.
Então não…claro, principalmente com o projecto desen-
volvido no WOW, pois de repente tive de produzir todos os Quando faz uma prova, como profissional da área e
conteúdos do museu, em várias línguas, o acompanhar especializada em análise sensorial, e não apenas como
os vinhos, a parte das fotografias, toda a parte conceptual consumidora, como faz a ponte entre o racional (o que
mas também a parte de construção, de engenharia e conhece já da história, da marca, do ADN do vinho) e a
arquitectura, o coordenar a obra, algo que não é a minha emoção que este lhe transporta?
área, pois tenho uma base em engenharia mas aqui Quando estou a trabalhar nunca bebo, só quando estou
trata-se mais de engenharia civil. No fundo, temos de num jantar, em casa...Só provo no trabalho e fui treinada
ter bom senso, e, devido a este período fiquei com uma para executar esse exercício. Há técnicas, e cada vinho
grande experiência em gestão de projecto. tem de se analisar e decompor, os aromas, na boca,
e pontuá-lo baseando-se na sua complexidade e se
Pela sua experiência de vários anos como Directora de está ajustado ao preço. Mas a escolha nunca pode ser
Vinhos, e responsável por uma carta de vinhos, qual o emocional, tem de se analisar se está bem feito, se tem
melhor caminho a seguir tendo em conta os diferentes defeito, o que o distingue de outros, se representa a iden-
perfis do consumidor? tidade do produtor, o que tem a acrescentar, se tem uma
No Yeatman sempre achei que tinha de fazer a ponte história, um perfil diferente...
entre produtor e o consumidor final, e a minha tese Quando provo executo-o como uma cirurgia, tem de se
de investigação foi focada no consumidor, o que faz saber o que se tem de fazer, e tive um treino grande para
reconhecer um vinho icónico, o que um enólogo pensa identificar aromas e compreender como eles aparecem
quando faz um vinho mas numa linguagem de consumidor. no vinho, actuando quase como um perfumista. Preciso
Então, criei aqui uma carta super especial, que no fundo entender o processo produtivo do vinho sem nunca
era um jornal onde os vinhos estavam organizados por ter falado com o enólogo, e para tal, é preciso prática e
categorias (famosos, clássicos, novas tendências) e não conhecimento sólido. Não vou logo para o fim da recta
agrupados por regiões, preços, estilo. Mas pelas carac- pois tenho todo o processo para decompor o vinho.
terísticas que definem o vinho e o tornam diferente dos
outros vizinhos. Isso fez com que as nossas vendas de
vinho aumentassem em 70%, até chegar o ano em que
ganhámos pela primeira vez a distinção de Melhor Carta
Regional de Vinhos do Mundo pela revista britânica
World of Fine Wine. E isto aconteceu pela sua originali-
dade, era uma carta completamente diferente das outras,
podia levar-se para casa, ter no quarto para se escolher
um vinho a copo, foi um conceito diferente de todos.

18 O Escanção, n°185 - 2022


VINHOS À PROVA: LANÇAMENTOS/NOVIDADES

Mantemos o formato diferente da nossa rubrica original Vinhos À Prova continuando a


divulgar vinhos dos nossos associados que estejam a ser lançados, no momento, ou que
sejam novidade. De várias regiões vitivinícolas do país, numa nova selecção a conhecer.
Bico Amarelo DOC Verde Quinta da Fonte Souto Alfrocheiro
Branco 2021 DOC Alentejo Tinto 2019
Esporão Symington Family Estates
Um vinho branco que exprime de Cor muito profunda, com laivos de
forma clara a diversidade da região carmesim na borda. Os aromas
dos Vinhos Verdes, exibindo três frescos e minerais denotam a altitude
das castas mais típicas da região: e os solos de xisto e granito da Fonte
Loureiro, da sub-região do Lima; Souto. Uma nota de grafite reflete
Alvarinho, de Monção; e Avesso, a mineralidade e remete para
de Baião. Um vinho sem gás e vegetação de floresta. Algumas
sem açúcar, próprio para todas as frutas marcam presença de forma
ocasiões pela sua leveza e frescura. A discreta, inicialmente mirtilo e, à
Loureiro confere frescura, intensidade medida que o vinho abre, algumas
e exuberância, características que notas distintas de morango. Muito
se conciliam com a concentração, reservado no paladar, começando
fruta mais madura e acidez contida a mostrar ameixa preta, chocolate
da Alvarinho. A Avesso acrescenta preto, e uma nuance de alcaçuz.
volume, equilíbrio e harmonia. Um Taninos apimentados e uma acidez
lote de castas que se materializa brilhante sustentam uma estrutura
num vinho leve, fresco e com boa substancial, que necessita de mais
intensidade aromática, dominado algum tempo em garrafa para que
por notas cítricas e florais. o vinho revele plenamente o seu
PVPR: € 5 carácter singular.
www.global-press.com PVPR: € 20
www.centraldeinformacao.pt

Krug Rosé 26ème Édition


Maison Krug
A 26° edição de Krug Rosé foi composta na colheita de 2014, um ano errático que oscilou entre períodos
quentes de seca e períodos frios de chuva. Os vinhos desenvolveram-se sob boas condições, assegurando
uma colheita generosa e de elevada qualidade. O tempo contrastante preservou a frescura e resultou
numa grande heterogeneidade na região, reforçando a importância da abordagem de parcela a parcela da
Maison, sendo que esta edição de Krug Rosé resulta de uma selecção de parcelas de 2014 com vinhos de
reserva de outros seis anos - 28 vinhos de sete anos diferentes – o mais recente de 2014 e o mais antigo de 2005.
Da sua composição final faz parte 44% Pinot Noir, 30% Chardonnay e 26% Meunier, sendo que, no final,
os vinhos de reserva do extenso arquivo da Maison são responsáveis por 33% da blend final deste rosé.
Da casta Pinot Noir, 11% são uvas da colheita de 2014, maceradas de forma tradicional, conferindo uma
nuance de sedução, um final longo no paladar, e que permitem que o verdadeiro carácter da blend se
desenvolva com vivacidade, acentuada por frutos e flores, como a violeta. Este é o único champagne rosé
prestige com uma blend de três castas diferentes e de vários anos.
Já o tom rosa pálido de Krug Rosé é uma promessa de elegância – tenta o nariz com aromas de rosa
mosqueta, fiambre curado, amoras, groselha, pimenta, peónias e toranja rosa, surpreendendo, depois, o
palato com sabores delicados de mel, cítricos e fruta desidratada, com um final longo, enaltecido pelas
suas bolhas finas.
Estas características tornam o Krug Rosé no tango perfeito para pratos salgados, ousando a substituição
do tinto com brio e sendo ideal para harmonizar com foie gras, cordeiro, caça, carnes brancas, veado ou
mesmo pratos com especiarias. Não é recomendado para sobremesas, a menos que não sejam doces.
Expressa assim uma paleta de notas elegantes de surpreendente amplitude e profundidade, numa composição
sensual, audaz e harmoniosa, que apenas fica completa depois de pelo menos sete anos em cave.
PVPR: € 420
www.global-press.com

20 O Escanção, n°185 - 2022


Krug Grand Cuvée 170ème Édition
Maison Krug
Uma mistura de 195 vinhos de 12 anos diferentes, o mais novo dos quais de
2014 e o mais velho de 1998. A sua composição final é de 51% Pinot Noir, 38%
Chardonnay e 11% Meunier Reserve. Uma estadia de cerca de sete anos nas
caves Krug dá a esta edição uma notável expressão e elegância. No total,
mais de 20 anos de cuidadoso artesanato foram necessários para desfrutar
deste Krug Grand Cuvée, que representa a 170ª recriação da expressão mais
generosa do champagne.
À primeira vista, uma cor dourada clara e bolhas finas e vivazes, mantêm
uma promessa de prazer. No nariz estão aromas de flores em flor, frutos
maduros, secos e cítricos, bem como maçapão e pão de gengibre. O paladar
revela sabores de avelã, nougat, açúcar de cevada, gelatina e citrinos, amên-
doas, brioche e mel.
Este champagne pode ser apreciado como aperitivo com presunto de Jabugo
e Comté maduro ou servido para acompanhar ostras, camarões grelhados,
comida indiana ou marroquina, bem como sobremesas tais como bolo de
cenoura, tarte tatin e cheesecake.
PVPR: € 270
www.global-press.com

João Pires VRPSetúbal Branco


2021
José Maria da Fonseca Revela uma cor amarelo citrino e
no nariz as notas a flor de laranjeira,
muito típicas da casta Moscatel
de Setúbal. Além do seu perfume
único marcado pelas notas florais
intensas, este vinho branco distingue-se
pelo seu paladar fresco e equilibrado.
BSE Seco Especial VRPSetúbal PVPR: € 3,99
Branco 2021
A predominância da Arinto (64%)
neste blend de castas nacionais
proporciona um vinho vibrante e
de acidez viva, refrescante e com
forte pendência mineral, enquanto
a Antão Vaz concede ao BSE –
Branco Seco Especial estrutura,
firmeza e corpo. No nariz, este
vinho branco revela aromas exóticos
a ananás e maçã verde. No palato,
revela uma acidez viva e refres-
cante com notas agradáveis de João Pires VRPSetúbal Rosé 2021
fruta. Pensado para acompanhar Um vinho produzido com duas
refeições leves, como peixe, saladas castas - o Moscatel de Setúbal e a
e mariscos, o BSE – Branco Seco Touriga Nacional - revelando-se
Especial também pode ser apreciado um vinho delicado e floral. De cor
como aperitivo. salmão pálido, este rosé apresenta
PVPR: € 3,99 notas de violetas e rosas bravas,
concedidas pela Touriga Nacional,
e notas de lichia, acabando por
resultar num vinho com aromas
muito delicados.
PVPR: € 3,99

O Escanção, n°185 - 2022 21


Colecção Privada DSF Moscatel Colecção Privada DSF Verdelho
Roxo VRPSetúbal Rosé 2021 VRPSetúbal Branco 2021
Um vinho caracterizado pela frescura Um branco persistente e equilibrado
e pela singularidade, porque é com aromas florais a lantanas e
produzido com recurso a uma a frutos exóticos. De cor amarelo
casta nobre e muito rara. Com citrino e oriundo de solos argilo-calcários,
uma persistência aromática a rosas este vinho apresenta um paladar
brancas, este rosé apresenta uma fresco e exótico, em sintonia com
cor salmão claro e revela um paladar os aromas de nariz.
longo com notas florais. PVPR: € 9,90
PVPR: € 9,90

Quinta de Chocapalha
Quinta de Chocapalha
Chardonnay 2021
A Quinta de Chocapalha acaba de lançar as colheitas Um branco que fermentou durante
de 2021 de três dos seus vinhos brancos – o Quinta de 30 dias, transmitindo a excelência
Chocapalha Branco, o Quinta de Chocapalha Char- desta casta de origem francesa e
donnay e o Quinta de Chocapalha Sauvignon Blanc. o estilo clássico do seu terroir. As
Estas três propostas ideais para os dias mais quentes, uvas oriundas de uma vinha com
devido à sua frescura, elegância e suavidade, traduzem o mais de 30 anos dão origem a um
microclima único desta propriedade, localizada entre a vinho muito aromático e fresco,
serra de Montejunto e o Atlântico. com uma grande mineralidade,
refletindo o clima do Atlântico. De
aroma muito charmoso, fresco e
aromático, com notas de pêssego,
ligeiro tropical, e maçã verde, este
vinho apresenta-se na boca com
Quinta de Chocapalha Branco 2021 bom volume, equilibrado, com boa
Proveniente de uma vinha com untuosidade e tensão mineral.
mais de 30 anos, é um vinho PVPR: € 9
extremamente fresco e elegante,
caracterizado pela combinação das
castas Viosinho (90%) e Arinto
(10%). Com fermentação em cubas
de inox durante 20 dias, perman- Quinta de Chocapalha Sauvignon
eceu em contacto com as borras Blanc 2021
finas durante 5 meses com bat- Com uma complexidade aromática
tonage. De cor brilhante e intensa típica da casta que o compõe, este
e com aroma fresco e elegante, as vinho fermentou durante 25 dias em
notas cítricas, florais e um toque cubas de inox, ficando em contacto com
de pêssego branco fazem deste as borras finas durante 5 meses.
vinho branco a companhia ideal Visualmente, apresenta uma cor
para apreciar um pôr do sol com brilhante e intensa. No paladar,
amigos ou família. Na boca revela destacam-se as notas de citrinos
boa acidez e um final persistente. maduros, maçã verde, maracujá
PVPR: € 9 e ligeiras notas de espargos. Com
excelente mineralidade e bom
volume, revela-se fresco, elegante e
com um final prolongado.
P.V.P.R.: € 9

22 O Escanção, n°185 - 2022


VINHOS À PROVA

Nas páginas dedicadas às provas, encontrará uma lista ordenada por


classificação pelo nosso painel de escanções.
Câmara de provadores

Artur Caldas Joaquim Santos Manuel Miranda

Manuel Moreira Tiago Paula

Presidente da Comissão Técnica

Tiago Paula

Coordenadora das provas

Ana Branco

Assistência nas provas

José Gonçalves

TABELA DE CLASSIFICAÇÃO TABELA DE PONTUAÇÃO TABELA DE TEMPERATURA


DOS VINHOS PROVADOS (SELOS) DE CONSUMO

Tambuladeira de Ouro: Aguardentes 14/16ºC


Extraordinário: 97,5 a 100 (vinho superior
de alto nível qualitativo) Classificação entre 90 e 100 Tintos Jovens 12/14ºC
Excelente: 87,5 a 97 (vinho de grande Tambuladeira de Prata:
Classificação entre 85 e 89 Vinhos Brancos c/madeira, Alvarinhos
qualidade e classe)
Muito Bom: 82,5 a 87 (vinho de muito boa qualidade) Tambuladeira de Bronze: e Generosos 10/12ºC
Bom: 75 a 82 (vinho que se apresenta com qualidade) Classificação entre 80 e 84
Vinhos Brancos e Licorosos Bran-
Simples: 67,5 a 74,5 (vinho que se apresenta correcto e sem
grandes virtudes) TABELA DE CLASSIFICAÇÃO (PREÇOS) cos 8/10ºC
Aceitável: 50 a 67 (vinho sem defeitos e simples)
Clássicos: até €5 Vinhos Espumantes 6/8ºC
Sem qualidade: <50 (vinho que não
Premium: até €15
se encontra em condições de consumo) Vinhos Rosés 10ºC
Super Premium: até €30
Ultra Premium: a partir de €30 Vinhos Tintos 16/18ºC

O Escanção, n°185 - 2022 23


VINHOS À PROVA: VINHOS DE VERÃO - COLHEITA DE 2021

Vinhos de Verão - Colheita de 2021


Texto e notas de prova Manuel Moreira
Em 2021, Portugal fez parte do restrito grupo de países produtores de vinho europeus que cresceu em
produção, num ano historicamente baixo a nível mundial, segundo a OIV – Organização Internacional da
Vinha e do Vinho. O volume de 6,5 milhões de hectolitros significa um acréscimo de 1% em comparação à
campanha de 2020/2021, de acordo com o IVV – Instituto do Vinho e da Vinha. A maioria das regiões
vitivinícolas registaram acréscimo. A região do Douro e Porto teve o maior aumento, de acordo com
boletim do IVV. Mais penalizadas com quebras acentuadas, os Açores (-25%), o Minho (-15%) e
Lisboa (-15%), relata o IVV. Apesar do desafiante ano, dado alguma instabilidade meteorológica ao
longo do ciclo vegetativo, as uvas apresentaram um bom estado fitossanitário apesar de alguns focos
de doenças fúngicas assim como decorreram fenómenos de granizo muito circunscritos e, nalgumas
zonas, casos de granizo e geada tardia, em particular a norte. A forte quebra nos Açores deveu-se à
passagem da tempestade “Lola” no final de Abril, que acabou por causar a quebra de pâmpanos e a
destruição de floração por acção dos ventos salinos, com maior prejuízo nas vinhas com sistema de
condução não tradicional, de acordo com informe do IVV. No cômputo geral, a qualidade é considerada
boa. Apreciação em linha com as sensações deixadas pelos vinhos provados, na sua grande maioria
vinhos brancos, os primeiros a estar “finalizados” e os que mais cedo chegam ao mercado. No somatório,
os vinhos mostraram-se muito finos e elegantes, acompanhados de frescura e delicadeza generalizada,
bastante limpos com precisão e harmonia. E bem a tempo para nos refrescar e serem deliciosos protagonistas
de digressões gastronómicas.

Os vinhos provados pelos escanções são sujeitos ao cumprimento do regulamento do IVV (Instituto
da Vinha e do Vinho). A atribuição da Tambuladeira (Ouro/Prata/Bronze) só pode ser dada até um
máximo de 30% dos vinhos provados.

Beba com moderação.

Em destaque os medalhados:
TAMBULADEIRA DE OURO

Rovisco Pais Reserva VRPSetúbal Branco Bacalhôa Chardonnay VRPSetúbal


Qualidade de aroma, fruta de ameixa, Branco
tropical e ervas aromáticas, bem feito, Fino e profundo, elegante, rico, delicadeza,
até nos tons a frutos secos. Boa estrutura contenção na fruta de caroço, apontamentos
de boca, redondo, ligeira untuosidade, de toranja e vegetal. Subtil fumado, avelã.
90 seco e acidez a fazer o seu serviço.
90 Bela estrutura com boca, perfeito
Persistente e, com ele à mesa, enaltece a equilíbrio ácido e persistência de
experiência. sabor. Carregado de charme e de forte
Coop. Agrícola de Stº Isidro de sentido gastronómico.
Pegões, CRL. Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
PVP: € 5-10 PVP: € 10,99

26 O Escanção, n°185 - 2022


Quinta do Boição Reserva DOC Alto Pina Reserva VRPSetúbal Branco
Bucelas Branco Envolvente no aroma, notas de ameixa e
O aroma deixa impressão de riqueza e algum tropical com balanço e harmonia.
compleição, ameixa, limão, de fundo Boca de volume notório e acidez que
salino e subtil tostado. Na boca mostra entra em cena no assumir do equilíbrio
estrutura sólida, envolvente, sustentado e fluidez à prova. Subtil percepção a
90 por acidez bem presente que lhe dá 88 especiaria e avelã que preenche o final
de boca. Prova em crescendo.
frescura e persistência.
Enoport Coop. Agrícola de Stº Isidro de
PVP: € 13,39 Pegões, CRL.
PVP: € 5-10

Catarina VRPSetúbal Branco


Quinta S. João Batista Chardonnay e
Elegância no estilo, ligeiro na fruta
Fernão Pires Reserva DO Tejo Branco
tropical, limão confitado e sugestão de
Nariz de muita elegância nos tons a
alperce e aveludado que se mantém na
alperce, ameixa branca, já com algum
e

boca acrescido de notas avelanadas.


tostado e frutos secos. Boca cremosa 88 Acidez fresca e viçosa que impõe balanço
e impressão de conforto na boca,
90 frescura no ponto certo e final de boca
e estimula final de boca saboroso.
Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
persistente a denotar bom trabalho
PVP: € 6,99
com barrica.
Enoport
PVP: € 13,39
Sanguinhal Arinto & Chardonnay IG
Lisboa Branco
Nariz fino e de alguma riqueza, ameixa
e acácia unidas ao limão, envoltos por
Quinta da Bacalhôa VRPSetúbal Branco
suave especiaria. Boca de médio porte,
Amarelo luminoso na cor. Aroma com
acidez cítrica e leve amargo bem
muito estilo e sofisticação. Profundo e 88 assimilado no volume. Persistente.
fresco, encanta no limão e tons florais,
Muita vontade de agradar já, mas
fundo mineral de feição. Na boca é
suporta tempo de cave.
brilhante na combinação de acidez
90 fascinante com a estrutura cheia de
Companhia Agrícola do Sanguinhal
PVP: € 7
fruto. Termina muito longo e intenso
de empatia.
Bacalhôa Greco di Tufo Vinha das
Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
Faias VRPSetúbal Branco
PVP: € 16,99
Aroma de boa largura, rico, mas de
um certo recato na intensidade. Floral,
cítricos da família do limão e toranja,
algum pêssego seco. Estruturado, boca
TAMBULADEIRA DE PRATA 88 elegante e de boa profundidade, acidez
e envolvente de frescura com longo e
distinto final de boca.
Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
PVP: € 10,99
Adega de Monção Alvarinho DOC
Verde Branco
Frutado recatado no aroma, jovial, Quinta do Monte d’Oiro VRLisboa Branco
afinação certeira, menção a ervas Fino e preciso, assinala já certa riqueza
aromáticas e certo tropical. Envolvente aromática e largura. Boa fruta de
88 e refrescante na boca, corpo leve, macio pomar, assim como alusões a ervas
e saboroso. Fresco e descontraído. aromáticas. Boca de delicadeza e contenção
Adega Coop. de Monção 88 apesar da evidente estrutura, acidez
PVP: € 5 presente, integrada e com final longo.
José Bento dos Santos | Quinta do
Monte D’Oiro
PVP: € 10

O Escanção, n°185 - 2022 27


Cabeça de Toiro Reserva DO Tejo
Fernão Pires Branco
Encosta da Arrabida Reserva Muito boa fruta, perfil tropical sereno,
VRPSetúbal Branco com elegância e intuitivo no apelo.
Boa fruta no aroma, laranja e floral com Boas e bem medidas notas de barrica.
profundidade a fazer gosto. Largura e
textura cremosa revelando acidez fresca
87 Faz-se sentir a boa estrutura e frescura
na boca que prolonga sabor e que o
na boca. Sabor de pendor tropical que torna excelente parceiro de refeição.
87 acolhe as boas graças, tudo feito com Enoport
esmero para o prazer ser completo. PVP: € 9,99
Versátil e persistente.
Coop. Agrícola de Stº Isidro de Pegões,
CRL.
Quinta dos Abibes Sauvignon Blanc
PVP: € 5-10
DOC Bairrada Branco
Boa intensidade de aroma no qual
sobressaem as notas tropicais e lima,
fundo vegetal tudo assegurado por balanço
Quinta de S. Francisco DOC Óbidos 87 e afinação. Corpo moderado, com
Branco frescura de estilo, harmonia e secura e a
Mostra nariz perfumado, notas citrinas, perpetuar os sabores distintivos da casta.
floral e ameixa branca, subtil fundo Quinta dos Abibes
mineral. Boca de médio porte, seco, PVP: € 13,50
redondo com acidez salivante a com-
87 por o bom equilíbrio em prova. Vinho Os restantes vinhos aos quais não são mencionadas medalhas,
de Ouro ou Prata, pelo cumprimento do regulamento do IVV e
de confiança para marisco ou peixe tendo em conta a quantidade em prova, revelam também grande
grelhado. qualidade e atributos competitivos.
Companhia Agrícola do Sanguinhal
PVP: € 6
Terras do Sado VRPSetúbal Branco
Boa fruta, gracioso nas notas tropicais,
com frescura jovial e polimento. Boca
equilibrada e leve na entrada, seca,
combinação certeira de fruto e acidez
Morgado de Bucelas Arinto DOC Bu-
que lhe confere prova agradável que
celas Branco
serve como luva ao tempo e ambiente
Nariz a irradiar frescura e personalidade.
estival.
Núcleo cítrico de lima e raspa de limão,
SVP, SA – Palmela Wines
alguma maçã, flores secas e culmina
PVP: € 2,43
em tons a pedra lascada. O corpo é
87 leve, mas de firme estrutura, seco e de Adega de Monção Alvarinho &
acidez bem profunda e enquadrada. Trajadura DOC Verde Branco
Perfil em bom estilo a que não falta a Nariz de média/ligeira intensidade,
boa salinidade. agradável a frescura nos tons a lima,
Sociedade Agrícola Boas Quintas tropical e algum fruto de caroço. Corpo
PVP: € 6,60 leve, saboroso, crocante de acidez a
realçar o todo muito consensual e de
agrado fácil.
Adega Cooperativa de Monção
PVP: € 2,99
Troviscal VRLisboa Branco
Aroma com notas de fruta fresca onde
se identifica a maçã verde, limão, ameixa Cerejeiras VRLisboa Branco
e nêspera. Equilibrado na boca em Nariz fino com notas de acácia, ameixa
termos de acidez, corpo que transmite
87 frescura, leve crocante, bem composto
branca de abrangente frescura e jovialidade.
Bastante frutado, de lima e limão,
e gastronómico. ligeireza de boca bem rubricada de
Cerrado da Porta, Lda. acidez apelativa. Vinho fácil, saboroso e
PVP: € 7,20 afoito a encarar o petisco.
Companhia Agrícola do Sanguinhal
PVP: € 3,50

28 O Escanção, n°185 - 2022


Monte de Pinheiros VRAlentejano
Branco
Nariz polido e recatado, oferece tons
cítricos e algum vegetal e ervas frescas. Serras de Azeitão Fernão Pires e
Afinado e algo simples. Na boca prevalece Verdelho VRPSetúbal Branco
a leveza e polimento, frescura e frutado Nariz de elegância jovial, vivacidade
como verdadeiro cartão de visita. frutada, pêssego e manga, algum floral
A beber com o sol a bater na cara! e mel fresco. A boca ratifica a frescura
Fundação Eugénio de Almeida de sabor frutado, aveludado, e a harmonia
PVP: € 3,69 que o torna delicioso e afastado de
cerimónias.
Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
PVP: €3,99

Casal Mendes DOC Verde Branco


Perfumado, jovial e refrescante na fruta
tropical imediata de prazer descontraído. Serras de Azeitão Syrah
Na boca tem leveza com equilíbrio, frutado VRPSetúbal Rosé
no ponto e vivacidade apelativa. Bonito de aroma, delicado e elegante,
Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A. fresco nos tons a morangos, framboesas
PVP: € 3,99 com traço floral cítrico. Na boca mos-
tra-se aveludado e sumarento, pleno
de vivacidade de sabor e frescura.
Final perfumado. Cúmplice do tempo
Casal Mendes DOC Verde Rosé soalheiro.
Rosé refrescante e frutado, repleto de Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
aromas a morangos e framboesas. No PVP: € 3,99
paladar o vinho é macio e frutado com
ligeira agulha a combinar com a frescura
ácida e leve toque de doçura. A beber a
sós ou com pratos mais exóticos.
Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
PVP: € 3,99 Quintas de Borba DOC Alentejo Branco
Boa intensidade de aroma onde sobressai
o tropical e ervas aromáticas frescas e
acabamento cítrico. Aveludado e leve
na boca com acidez fina, o suficiente
Loios VRAlentejano Branco para dar frescura e faz durar o sabor de
Boa fruta cítrica no aroma, segue pelo agradável persistência e apego à mesa.
pêssego e alperce e termina com toque Adega Cooperativa de Borba, CRL.
floral. Redondo e aveludado no ataque PVP: € 3,99
de boca, com frescura imaculada,
sumarento e de final agradável, tudo a
condizer com prazer intuitivo.
João Portugal Ramos
PVP: € 3,99
Sottal Leve IG Lisboa Branco
Intensidade aromática, sedutor na leveza e
na expressão floral e tropical em sintonia
Loios VRAlentejano Tinto com a ligeireza e acutilante frescura na
Fruta vermelha, cereja, groselha e boca. Final de boca mediana. Cativa desde
ameixa, saltita por sensações herbáceas, o primeiro instante na lógica refrescante e
tudo conjugado em refrescante jovialidade. descontraída.
Macio e saboroso na boca, leve, taninos Companhia Agrícola do Sanguinhal
delicados, fluido, um estilo de prazer PVP: € 4
imediato e descontraído.
João Portugal Ramos
PVP: € 3,99

O Escanção, n°185 - 2022 29


Montes Claros DOC Alentejo Branco
Aroma de evidente pendor frutado,
Muralhas DOC Verde Branco alterna entre o tropical fresco e o
Frutado muito apelativo, casca de fruto de caroço e despontam ervas
limão, maçã, pêra, nectarina e toranja. frescas. Prova de boca de corpo leve,
Fluído na boca, leve, aveludada e equilibrada. saboroso, acidez no ponto, tudo em
Frescura crocante que mantém viva a perfeito equilíbrio. Pronto para sabores
energia e propaga eficácia do sabor de veraneantes.
satisfação instintiva. Adega Cooperativa de Borba, CRL.
Adega Cooperativa de Monção PVP: € 4,99
PVP: € 4,19

Pouca Roupa VRAlentejano Branco


Nariz vibrante de frescura, floral, lima
e folhagem, num registo imediato.
Boca leve e bastante refrescante, médio
Muralhas DOC Verde Rosé palato de boa textura e acidez no
Rosa bem claro. Aroma frutado, jovial, ponto. Todo ele bem-disposto e apto à
bagas silvestres e algum rebuçado de mariscada.
morango. Na boca é leve, saboroso, João Portugal Ramos
com frescura de estilo, correctíssimo PVP: € 4,99
no balanço entre o ligeiro açúcar e
agulha. Convivial.
Adega Cooperativa de Monção
PVP: € 4,19 Pouca Roupa VRAlentejano Rosé
Cor aberta. Nariz fresco de fruta
vermelha silvestre com framboesa e
groselha, herbal e toque vegetal. Leveza
e vivacidade na boca, saboroso na
fruta, com frescura e muita harmonia.
Bem dotado para os sabores de Verão.
Varando do Conde Alvarinho/ João Portugal Ramos
Trajadura DOC Verde Branco PVP: € 4,99
Boa fruta no aroma, cítricos, ameixa,
maça, leve tropical, com frescura e afinação.
Boca de belo porte onde impera a
vivacidade de sabor, vai em crescendo
e vibrante na progressão, culmina em Pouca Roupa VRAlentejano Tinto
duradouro final. Perfil frutado, bem feito e vivaz com
PROVAM algum requinte apesar da jovialidade.
PVP: € 4,50 Na boca marca pela leveza e equilíbrio,
escorreito, os taninos suaves, dão-lhe
boa estrutura a par da agradável fruta.
Amigo da boa mesa.
Castelo de Borba Antão Vaz DOC João Portugal Ramos
Alentejo Branco PVP: € 4,99
Aroma onde se impõe a fruta madura,
ananás e algum alperce, tangerina e
fundo floral. Na boca é muito aveludado,
sumarento de acidez calibrada que Senses Viognier VRAlentejano Branco
mantém bem vivo toda a prova. Final Aromas de boa intensidade, rico na
saboroso, de boa duração a manifestar fruta madura a lembrar pêssego e alperce.
adaptabilidade no consumo. Boca com leveza de estilo apesar de
Adega Cooperativa de Borba, CRL. algum volume. Balanço e proporção
PVP: € 4,99 com a acidez a cuidar da harmonia do
conjunto. Bebe-se com muito agrado.
Adega Cooperativa de Borba, CRL.
PVP: € 4,99

30 O Escanção, n°185 - 2022


Tons de Duorum DOC Douro Branco opta DOC Dão Rosé
Frutado recatado no aroma, jovial, Alicia pelos aromas a groselha e algum
afinação certeira, menção a ervas morango silvestre e maduro, com
aromáticas e certo tropical. Envolvente elegância e precisão. Bom porte na
e refrescante na boca, corpo leve, macio boca, seco e equilibrado por fresca
e saboroso. Fresco e descontraído. linha de acidez, final de ameixa e pétala
Duorum Vinhos, S.A. de rosa seca, acabando com nuances de
PVP: € 4,99 mineralidade.
Opta Wines
PVP: € 5,20

Cerejeiras Colheita Seleccionada IG


Península de Lisboa VRLisboa Branco
Lisboa Branco
Combina tons cítricos e algum vegetal
Estimulante no aroma, sobressai a fruta
e herbal, fruto de caroço, de agradável
citrina e frutos de pomar misturados
profundidade e coesão. Bom volume
com lembretes florais e vegetais. Tudo
de boca, elegante e acidez competente a
equilibrado na prova de boca, leve,
manter a frescura do vinho e estimula
frescura salivante, a convidar à partilha
a persistência de sabor.
e à boa disposição.
Companhia Agrícola do Sanguinhal
Companhia Agrícola do Sanguinhal
PVP: € 5
PVP: € 5,50

Península de Lisboa VRLisboa Rosé Casa de Paços Loureiro & Arinto


Aroma de intensidade moderada, DOC Verde Branco
fruta vermelha bem viva e com algum Ambiente aromático vibrante e afinado,
finesse e jovial. Na boca é leve mas fresco de lima e ameixa branca, folhagem
bem estruturado, seco e com acidez e leve tropical. O corpo é leve, coeso,
bem notória, final de boca amparado de firmeza ditada pela acidez intensa
de fruta. a perdurar, tal como persistem os
Companhia Agrícola do Sanguinhal sabores cítricos.
PVP: € 5 Quinta de Paços - Sociedade Agrícola, Lda.
PVP: € 5,65

Dom Martinho VRAlentejano Branco


Terras do Sado Sauvignon Blanc Aromas citrinos, tropical fresco e vegetal
VRPSetúbal Branco bem casados, impondo-se de forma
Nariz muito vivo e fresco, tons tropicais, natural e apelativa. Boca de médio
cítrico e vegetal, na boca mostra leveza e porte, boa acidez, com secura equilibrada,
uma frescura acrescida de tons limonados, perfil sumarento, fruta citrina e amarela
salivante e direta, com final curto, a de caroço. Vinho, sem dúvida, de confiança
apontar o caminho da tertúlia petisqueira. em mesa petisqueira.
SVP, SA – Palmela Wines Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
PVP: € 5,09 PVP: € 5,99

Gandarada DOC Dão Rosé Deu La Deu Alvarinho DOC


Nariz de muita finesse, contido na Verde Branco
frescura floral, elegante, bagas vermelhas, Nariz de boa finura e alguma largura,
frescas e maduras e laivos cítricos. O fruto tropical, flor de laranjeira,
paladar é firme, suculento no médio pêssego, raspa de limão, com elegância
palato, taninos delicados, com acidez na boca, seco, equilíbrio da acidez
boa que o torna apelativo e saboroso. salivante e limonada. Saboroso, com
Cúmplice natural da mesa. natural sentido gastronómico.
Sociedade Agrícola Boas Quintas Adega Cooperativa de Monção
PVP: € 5,10 PVP: € 6,49

O Escanção, n°185 - 2022 31


Marquês de Borba Colheita
VRAlentejano Branco
Bem aromático e frutado, a causar
Aliança Maria Gomes e Bical Reserva
imediata boa impressão. Tons tropicais
DOC Bairrada Branco
frescos, algum exótico e remate cítrico.
Aroma fino de fruta branca de caroço,
Na boca continua pela mesma orientação,
leve tropical, fundo de ervas frescas.
corpo leve e afinadíssimo, com final de
Envolvente na boca, cremoso com frescura
boca saboroso a puxar a maçã verde.
e balanço, com a fruta num plano de
Parceiro confiável no petisco.
relevo e de agradável persistência.
João Portugal Ramos
Aliança – Vinhos de Portugal
PVP: € 6,69
PVP: € 7,99
20 Cabeça de Toiro Reserva DO Tejo
2020 Rosé
Aroma fino, fresco e rico nas sensações
de fruta vermelha fresca e madura,
pêssego, zeste de cítricos e leve floral. Portal de Fidalgo Alvarinho DOC
Boca estruturada, acidez salivante, Verde Branco
seco, película subtil de taninos, persistente Nariz modelado pela frescura tropical,
como que a dizer que com ele à mesa, tangerina e floral, de imediata atracção.
vale tudo. Corpo leve de boa textura frutada,
Enoport primoroso de frescura e afinação,
PVP: € 6,99 com indícios a mineral. Prazenteiro e
persistente.
PROVAM
Catarina VRPSetúbal Rosé
PVP: € 7,99
Refinado de aroma, intensidade média,
fruta vermelha, groselha, romã. Leve
floral a violeta. Muito polido, fresco
e leve na boca, fluido e texturado
com leves taninos e subtil adocicado.
Sofisticado e com muita empatia com Quinta do Carmo VRAlentejano Branco
sabores vários. Nariz elegante, de alguma subtileza na
Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A. fruta tropical a concertado com fruta
PVP: € 6,99 de caroço, flores e sugestão limonada.
Refinado na boca com harmonia de
sabor, envolvente e fresco. Final de boca
Troviscal VRLisboa Rosé mediano, mas de bom recorte.
Aroma cativante de fruta vermelha, Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
framboesa e boas sugestões florais, PVP: € 9,99
rosa seca. O paladar é estruturado,
revigorante de acidez com sabor seco e
perceção de taninos com presença de
fruta terminando seco e com alguma de
casca desidratada de citrinos.
Cerrado da Porta, Lda.
PVP: € 7,20 Quinta do Monte d’Oiro VRLisboa
Rosé
Delicado de aroma, sugestões a romã
Prazo da Cotovia Moscatel e framboesa, algum pêssego e floral
Galego Branco delicado, assim como alusão a especiaria.
Perfumado de alento floral e ervas Bem estruturado na boca embora aparente
aromáticas frescas, toque cítrico com leveza, acidez bem envolvida por fruta e
delicadeza e afinação. Na boca é leve, final de boca persistente.
seduz pela frescura de sabor, tudo muito José Bento dos Santos | Quinta do
vivo e pronto a desfrutar. Monte D’Oiro
Quinta de Paços - Sociedade Agrícola, PVP: € 10
Lda.
PVP: € 7,75

32 O Escanção, n°185 - 2022


VINHOS À PROVA: ENCRUZADOS

Encruzado
Texto e notas de prova Manuel Moreira
A sua origem é algo obscura. Nos registos da sua existência, recua a pouco mais de 70 anos, o que lhe confere o estatuto de casta
relativamente recente. Além do mais, já documentada, convivia mais ou menos anónima nos lotes dos vinhos brancos da região do Dão.

Foi no final dos anos 50 que Alberto Vilhena, do Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, em Nelas, a plantou e com ela fez ensaios de
vinificação. O técnico logo aí se apercebeu do incrível potencial da casta. Somente, mais adiante no tempo, nos inícios dos anos 90, com
o surgir do movimento dos produtores-engarrafadores e dos vinhos de quinta, se deu maior atenção às castas e aos vinhos monovarietais, entre as
quais a casta Encruzado. O pontapé de saída no despertar, do renascer e do rejuvenescer da região do Dão. Daí para cá, a Encruzado foi
conquistando o seu espaço dentro da região e o favor dos apreciadores que a iam descobrindo ao mesmo tempo que lhe reconheciam
muitas virtudes e um forte vínculo com a região. Apesar desse reconhecimento, a casta Encruzado está longe de ser a mais plantada na
região. Até há pouco tempo rondava os 300 hectares no Dão, e só muito recentemente vão surgindo alguns vinhos da casta Encruzado
de outras regiões, nomeadamente no Douro, Alentejo, Península de Setúbal e Lisboa.

Segundo os seus especialistas, não é muito trabalhosa na vinha, produz de forma regular e resiste bem às doenças. O clima de boa amplitude
térmica do Dão favorece a constituição de precursores aromáticos e revela bom equilíbrio entre açúcar e acidez.

Na adega, qualquer descuido e ela oxida-se. Parte da solução tem vindo com a evolução da tecnologia, com a utilização de gás inerte,
melhores prensas e controlo de temperaturas, que ajudam a proteger a qualidade. Há quem opte por uma intervenção mínima, com
o mosto mais inteiro possível e sem batonnage. Responde de forma positiva a diferentes abordagens e métodos de vinificação, quer
seja vinificada em inox ou quando vai à madeira. Resulta num estilo mais fresco e linear ao ser fermentado em cubas de inox, e num
estilo mais encorpado e denso quando fermentado e envelhecido em combinação de barricas novas e velhas de 225 litros. Dizem ser a
paciência o grande segredo. Que após a fermentação, mostra-se neutra, levemente vegetal, subtil e sem muito interesse. Paciência será
a melhor das virtudes em relação ao Encruzado já engarrafado. O tempo em garrafa é imprescindível para trazer à tona as qualidades e
personalidade da casta. É preciso dar tempo para que o vinho se desenvolva, resultando em vinhos com muita personalidade, harmonia
e complexidade. A Encruzado faz parte da família das grandes castas que são capazes de produzir brancos longevos e que traduzem
precisamente as suas origens.

No que aos descritivos diz respeito, são manifestas algumas notas vegetais de pimento verde, algumas notas florais de rosas e violetas,
algumas notas frutadas de limão a que se associam mais tarde, com o envelhecimento, aromas e sabores de avelã, pinhão e resina de
pinheiro. Como grande casta que é, origina vinhos de grande longevidade e capacidade de envelhecimento, que surpreendem pela
frescura e persistência na boca. (Publicação Repsol/Prof. Loureiro)
Beba com moderação.
*Tal como num concurso reconhecido pelo Instituto da Vinha e do Vinho – IVV, o número de medalhas derivado desta prova esteve limitado a 30% dos vinhos mas a equipa
de jurados foi surpreendida pela alta qualidade dos vinhos sendo que os destacados com Tambuladeira de Ouro obtiveram acima de 91 pontos. Pela qualidade superior dos
vinhos em prova, a Associação dos Escanções de Portugal decidiu distinguir igualmente os vinhos que obtiveram 90 pontos, entregando-lhes um selo de qualidade. Carimba-
do pela Associação na sua garrafa, uma forma do produtor atestar a qualidade do seu vinho.

Em destaque os medalhados:
TAMBULADEIRA DE OURO

Fonte do Ouro Reserva Especial DOC Primado DOC Dão 2020


Dão 2021 Nariz de muita frescura e profundidade, forte
Aroma amplo e rico, de contínua progressão no sentido de precisão que se faz sentir pela fruta
copo. Frutado de boa dimensão equilibrada por cítrica, limonada e alguma maçã a que se juntam
frescura floral e toque de resina e especiarias. as ervas aromáticas e laivos a pedra lascada. Elegante
Cheio, mas requintado na boca, frescura ácida na boca, mas pleno de energia, estruturado e
92 a percorrer toda a prova e a promover harmonia. 91 detentor de acidez salivante num registo muito
Termina em grande estilo, longo e distintivo. próprio. Longo e persistente e forte candidato a
Parece confiável para longa guarda. lento envelhecimento.
Sociedade Agrícola Boas Quintas D.M.C. Pereira de Melo
PVP: € 12 PVP: € 18

Madre de Água DOC Dão 2017 Soito Reserva DOC Dão 2020
Enorme delicadeza e, ao mesmo tempo, Nariz de aroma rico e fino, frescura e profundidade.
profundidade e riqueza no aroma. O tempo e a Sóbrio na fruta de caroço, floral e mel de flores,
sensação a madeira já de boa fusão, sem esconder barrica ponderada. Muito fresco na boca,
o frutado e envolvente de frescura. Tem uma apesar da suculência e volume é fluido e pleno
92 boca altiva e harmoniosa, com frescura e cheia
de sabor, finaliza bem alongado, persistente e a
91 de bons detalhes. Profundo, e demorado final
de boca.
mostrar que está e irá evoluir bem. Quinta do Soito
Madre de Água, Lda. PVP: € 22,90
PVP: € 16,95

O Escanção, n°185 - 2022 33


As distinções com Selo de Qualidade Escanções de Portugal

Evidência Reserva DOC Dão 2020 Avô António Reserva DOC 2019
Enorme na delicadeza e elegância de aroma, Frescura de estilo e a descoberto uma certa
com a fruta recatada em sintonia com finos tostados riqueza e subtil complexidade. Cítricos frescos
e impressão a pederneira. Vigor e estrutura na e desidratados, floral, toque de resina e pedra
boca, paladar bem envolto pela cremosidade que lascada no fundo. Estruturado na boca, acidez
viçosa bem amparada pela fruta e textura.
90 é atravessada por refrescante acidez e culmina
num longo final de boca, vibrante e mineral.
90 Desenvolve bastante ao longo da prova, culmina num
Parra Wines final de boca persistente e de forte personalidade.
PVP: € 6,22 Quinta dos Monteirinhos, Lda.
PVP: € 16,40

Torre de Tavares IVV 1852


Terras Madre de Água DOC Dão 2019
Deixar o vinho respirar revela ser acertado.
Aroma refinado com intenso perfil de frescura
Mostra-se num registo intenso de personalidade
dada pela fruta de pomar e cítrico, flores secas e
pelos tons de flores secas, fruta branca, tostados
agradável impressão mineral. Corpo médio na
e sugestões minerais. Boca de contrastes entre
boca, estrutura e elegância bem medidas, seduz
a sensação de untuosidade e a acidez intensa,
90 pela proporção e textura. Acidez muito viva e 90 salivante a gerar crocância ao mesmo tempo que
ligeiro amargo certificam o protagonismo à mesa.
projeta um final de boca longo e rico. Excelente
Madre de Água, Lda.
para pratos complexos.
PVP: € 8,75
João Eduardo Novais Malheiro Tavares de Pina
PVP: € 18/19

Os restantes vinhos aos quais não são mencionadas medalhas,


Bacalhôa DOC Dão 2021 de Ouro ou Prata, pelo cumprimento do regulamento do IVV e
tendo em conta a quantidade em prova, revelam também grande
Aroma fino e de frescura contagiante
qualidade e atributos competitivos.
apesar da sobriedade. Limonados e ervas
frescas, fruto de polpa branca e fundo
levemente tostado. Boca envolvente e
Gandarada DOC Dão 2021
90 de bela estrutura, com persistência e ex-
tensão incitadas por acidez de qualidade.
Elegância de nariz fundada nos tons cítricos de
sol e ervas aromáticas e apelativo fundo tropical.
Muito ainda para dar. Pratos requintados
Boca de corpo médio, recatado de sabor, prima
são boa companhia.
pela finesse, frescura e proporção e deliciosa
Bacalhôa – Vinhos de Portugal, S.A.
cremosidade. Lugar assegurado junto de
PVP: € 10,99
gastronomia de Verão.
Sociedade Agrícola Boas Quintas
PVP: € 7,30
Dona Jô Grande Échason VRAlentejano
Branco 2020
Muito boa definição aromática, num estilo
bastante sofisticado, frutado delicado, jasmim opta DOC Dão 2021
e resinas, seguindo por finos tostados. Corpo Nariz de boa expressão de fruta cítrica e leve
tropical, floral e ervas frescas que o tornam bem
90 moderado de estrutura saliente na boca, mas bem
fundido, texturado, de acidez intensa integrada prazeroso também na boca que se mostra
no conjunto. Vinho de porta aberta à mesa, mas refrescante, de acidez bem integrada, no corpo
com aptidão ao envelhecimento. leve e harmonioso. Útil e muito prestável em
Rodrigues Santanita Family diversos momentos de consumo.
PVP: € 15 Sociedade Agrícola Boas Quintas
PVP: € 8,80

Quinta do Carvalhão Torto Reserva DOC


Dão 2018 Quinta do Perdigão DOC Dão 2021
Bem cedo pede paciência. A progressão de prova Mostra nariz perfumado, com notas citrinas em
revela o acerto de lhe dar tempo. Fruta cítrica e harmonia com notas de flor branca, fruto de
de pomar recatada, resinas, ervas secas, algum caroço e ligeiro fumado a pólvora. Boca estruturada,
muito ligeiro amanteigado e intenso de frescura
90 amendoado, tudo sui generis. Parece leve na boca,
mas é firme, de paladar sápido, seco, crocante na e persistência de qualidade. Pronto ao consumo,
acidez e uma certa rusticidade. Com ele, pratos mas indicia que saberá envelhecer.
de igual carácter. Quinta do Perdigão | José Perdigão
Carvalhão Torto – Sociedade de Vinhos, Unip., Lda. PVP: € 12
PVP: € 15,90

34 O Escanção, n°185 - 2022


CERVEJAS À PROVA

Texto e notas de prova Manuel Moreira

Cervejas artesanais,
embaladas pela criatividade
A inovação é constante, a criação de novos sabores não pára. Tem corrido mais de uma
década desde o que se pode apelidar de “revolução”, com a chegada da cerveja artesanal
ao mercado tornando-se uma categoria de presença cada vez mais estabelecida, agarrando
cada vez mais apoiantes e consumidores, rendidos ao maravilhoso mundo resultante das
incontáveis combinações entre os cereais e os lúpulos, dos maltes aos tipos de fermentações.
Cada vez mais o apelo à mesa é certeiro na forma de comunicar. As cervejas de época, ou
saison, acertam os ponteiros do sabor com o Verão, com o Outono ou a qualquer ocasião
anunciada. Lugares bons para a beber e conhecer e para experienciar o mundo da cerveja
surgem ao virar da esquina. À cerveja junta-se o vinho ou pedaços desse universo, em
boas doses de criatividade.

Aqui fica uma pequena amostra desse mundo de sensações para entrar na onda cervejeira.
Novas tendências e produtos surgem, tal qual se passa no mundo do vinho. Olhando com
atenção, percebe-se que vários momentos na feitura da cerveja têm muito paralelo entre
os dois mundos. A tipologia do cereal, da levedura, a origem dos produtos base, o estágio,
etc. Tudo isto assegura motivos, mais que suficientes, de interesse pela sua experiência.

Beba com moderação.

Bohemia Pilsener
Selecção 1927 Japanese Rice Lager Espuma esbranquiçada, aroma subtil de fruto
Amarelo médio, espuma esbranquiçada, rico seco, leve caramelizado e leve toque a cereal.
de aromas, mas refrescante no cereal de arroz Muito equilibrada na boca, médio corpo,
tufado, algas e alperce. Na boca é ligeira, fluída cremosa e fluída com frescura de sabor e
com belo equilíbrio na carbonatação. perfeito no ligeiro amargo.
Super Bock Group Central Cervejas e Bebidas
PVP: € 1,99 www.centralcervejas.pt/pt.aspx
www.superbockgroup.com

Selecção 1927 Kölsch


Espuma branca delicada, muito subtil de Bohemia Puro Malte
aroma de notas a fruta de caroço, herbal, Tom dourado claro, boas sensações de frescura
ligeiro fermento com frescura na boca e aromática, cítricos, vegetal e algum tostado a
deliciosa carbonatação a combinar com lembrar matcha. Vibrante de sabor na boca,
toque amargo, salino e seco. bem refrescante com amargos bem acentuados
Super Bock Group marcantes sem desequilíbrio.
PVP: € 1,99 Central Cervejas e Bebidas
www.superbockgroup.com http://www.centralcervejas.pt/pt.aspx

36 O Escanção, n°185 - 2022


Libata Honei Ale
Cabrona Pilsen
Muito definida nos aromas do tema mel e
Amarelo-claro, intensa na fruta
limão, junto a alguma camomila e resina fresca.
cítrica e leve rebuçado com frescura
Na boca é leve, boa carbonatação, fresca, suave,
vegetal. Muito refrescante na boca,
equilibrada de textura e sabor.
tem corpo ligeiro, carbonatação
Craft Heritage – Beer & Spirits, Lda.
intensa que a faz ideal ao convívio
PVP: € 3,20
à mesa.
https://craftheritage.pt/
Instragam: o.gajo_dovinnho

Lx Brewery American Pale Ale


Leve dourado. Bastante floral no
aroma, cítricos, notas de resina e Mecânica Fast American Wheat
algum vegetal. Boca leve, média Aroma a combinar notas torradas de fermento,
carbonatação, salivante de acidez, maçapão e alperce, tangerina com sugestões
amargor equilibrado e subtil cara- florais. Suave na boca, leve e carbonatação
melo no final. equilibrada e muito refrescante.
Lx Brewery LX Brewery | Mecanica Craf Beer Mecanica - Craft Beer
Lisbon 1st Craft Beer www.mecanicacraftbeer.com

Cervejola White Grape Inspeired Saison


Intensa de fruto amarelo e cítricos, além de Libata Quinoa
alperce. Leve e intensamente refrescante devido Aroma muito subtil e delicado, com destaque
ao sabor e à boa carbonatação e de acabamento a cereal e algum floral ténue, mostra-se leve na
saboroso. Não lhe apetece vinho? A solução boca com frescura e sabor ao tema com muita
estará aqui. facilidade de se gostar.
Adega Ponte da Barca | Letra G Craft Heritage – Beer & Spirits, Lda.
PVP: € 5,95 PVP: € 3,20
https://adegapontedabarca.pt/ https://craftheritage.pt/

Mesmo Boa Alvarinho Grape Ale


Cor acobrada, notas frutadas junto a leve torrado,
nougat e fundo vegetal. Boa consistência na Lx Brewery Rey Ipa
boca, média carbonatação que junto ao amargo Bela combinação de cereal e lúpulo, pinho,
suave transmite frescura…mesmo boa! tostado fino, boa acidez, boca carbonatação e
Carlos Araújo - Bebipedala Unipessoal, com cremosidade.
Lda. Lx Brewery LX Brewery | Lisbon 1st Craft
PVP: € 3,70 Beer
www.facebook.com/artesanalis.pt/

Selecção 1927 Bavaria Weiss


Mecânica Steam Ira Irish red Ale
Tonalidade amarelada. Notas amílicas a banana,
Avermelhado e âmbar na espuma. Aroma rico,
manga e toque a cereal suave. Aveludada e
frutado, leve terroso e fruto caramelizado.
cremosa na boca, fina e frutada, refrescante e
Cremosa e de fina carbonatação, corpo médio,
de muito subtil amargo.
amargo ligeiro e boa persistência.
Super Bock Group
Mecanica Craf Beer Mecanica - Craft Beer
PVP: € 1,99
www.mecanicacraftbeer.com
www.superbockgroup.com

O Escanção, n°185 - 2022 37


Cervejola Vinhão Red Grepe Insperid
Saison
Mecânica Fuel Apa American
Muita fruta vermelha, bastante carácter de frutado
Cor marfim, boa retenção de espuma. Muito
com frescura de sabor, cremosa, amargos e
fresca de estilo cítrica, floral, boca muito viva,
adstringência, muito fruto silvestre, original e
com amargo suave e agradável em toda a linha.
ideal para a mesa.
Mecanica Craf Beer Mecanica - Craft Beer
Adega Ponte da Barca | Letra G
www.mecanicacraftbeer.com
PVP: € 6,45
https://adegapontedabarca.pt/

Selecção 1927 Bengal Amber IPA pale Ale Bohemia Original


Topázio. Envolvente nas sensações a pão torrado Âmbar. Aroma muito fresco e delicado no aroma
e figo, tâmara e toque a café. frutado, alguma fruta cristalizada, na boca é
Corpo médio, carbonatação moderada e cremosa rica e de boa textura, amargo subtil e sabor
com bastante sabor, amargo harmonioso com persistente.
o conjunto. Central Cervejas e Bebidas
Super Bock Group www.superbockgroup.com http://www.centralcervejas.pt/pt.aspx
PVP: € 1,99

Libata American Strong Ale Selection 1927 Munich Dunkel


Acobreada. Colar creme, de boa retenção. Fruto Tonalidade topázio, colar duradouro, aroma de
seco, fumo, torrado, cremoso, café, amargo boa intensidade, lembra cappuccino e avelã. Na
intenso, mas equilibrado, cremoso, envolvente boca é cremosa, corpo médio, suave e de sabor
do bom corpo e longo final. persistente.
Craft Heritage – Beer & Spirits, Lda . Super Bock Group
PVP: € 3,50 PVP: € 1,99
https://craftheritage.pt/ www.superbockgroup.com

Bohemia Bock
Lx Brewery Triple Ipa Âmbar. Rica no tom torrado de cereal, malte,
Aroma rico, ameixa preta e ameixa algum caramelizado e banana. Redonda na
de Elvas, madeira exótica, gorda na boca, densa, com frescura a combinar com
boca, boa cremosidade, licoroso de carbonatação e amargo.
fruta. Amargo e fumados no final Central Cervejas e Bebidas
de boca. http://www.centralcervejas.pt/pt.aspx
Lx Brewery LX Brewery |
Lisbon 1st Craft Beer

Cervejola Old Brany Inspired Imperial


Browb Ale
Cor âmbar dourado, espuma suave, aroma a Lx Brewery Imperial Stout
brandy, licor de fruta, ameixa, especiaria, boca Notas de café, fumado, intenso.
de muita cremosidade, largura, profundidade, Surge a madeira e especiaria e uma
menos frescura e pede pratos substanciais. segunda vaga a frutado. Intenso
Adega Ponte da Barca | Letra G na boca, belo balanço amargo e
PVP: € 6,95 tostado a perdurar longamente.
https://adegapontedabarca.pt/ Lx Brewery LX Brewery |
Lisbon 1st Craft Beer

38 O Escanção, n°185 - 2022


O Escanção, n°185 - 2022 39
ENTRE QUINTAS

Texto Isabel Esteves


Fotos Gerações de Xisto

Gerações de Xisto

40 O Escanção, n°185 - 2022


Mais que uma marca, um Conceito! É assim que a Gerações de Xisto se faz apresentar e
é desta forma que descreve, ao primeiro olhar, a sua verdadeira essência. Num Conceito
que une pessoas, tradições e saberes, e movido pela vontade de dois sócios e suas famílias
de dar continuidade ao legado, carregado de valores e de identidade, que foi criado e
desenvolvido pelas gerações que lhes antecedem na produção de azeite e vinho da região
do Douro Superior.

Os dois nomes por trás do projecto Gerações de Xisto


são Frederico Lobão e Paulo Grandão. Dois jovens
empreendedores, descendentes de duas famílias de
Trás-os-Montes, a família Sousa Grandão e a família
Lobão, que decidiram avançar com a fusão destas duas
casas agrícolas de família, a Chousas Nostras, dedicada
ao azeite, a a Vales Dona Amélia, dedicada ao vinho,
dando assim continuidade ao seu património rural
familiar e às tradições das gerações anteriores, agora
com uma moderna e renovada visão.

Uma aventura que tem sido acompanhada pelo enólogo


Rui Carrelo e que tem vindo a valorizar a região onde a
Gerações de Xisto está localizada e onde tudo começou
– Muxagata, uma freguesia portuguesa do município
de Vila Nova de Foz Côa, no Douro Superior, e uma
região onde abundam os valores e as tradições ligados à
agricultura e à vinha.

São várias as parcelas da marca espalhadas pela região


tirando-se partido de olivais centenários e de vinhas de
grande idade, a uma altitude média de 300 metros, com
condições de solo e clima muito particulares. Um clima
seco com amplitudes térmicas muito elevadas entre o
Verão e Inverno que, junto com a influência da falha
tectónica da Vilariça, permite a entrada e o alojamento
dos ventos quentes vindos do Sul de Espanha. E umas
cordilheiras montanhosas que circundam o Douro
Superior que barram o acesso aos ventos húmidos do
Atlântico e que criam condições ideais ao sucesso de
culturas mediterrânicas dando características singulares
às suas vinhas e olivais.

O Escanção, n°185 - 2022 41


As Novas Experiências

Recentemente, a marca tem vindo a desenvolver a sua


vertente enoturística aproveitando e enaltecendo as suas
potencialidades e recursos. Criou, nesse sentido, um
projecto de várias experiências para “Experimentar o
Douro” onde se inclui a Prova de Vinhos (de pelo menos
três vinhos do seu portfólio); a Prova de Azeite Biológi-
co; um Piquenique confeccionado por um Chef Profis-
A estes factores junta-se o humano - o empenho, a dedicação sional; e uma Visita à região em viatura Todo-o-Terreno,
e a experiência dos fundadores e da sua equipa – e o uma forma de perceber o potencial dos produtos locais
resultado é a produção de azeites biológicos de categoria integrando-se na sua génese. As razões para avançarem
superior e de vinhos com identidade, com carácter, com estas opções de experiências prendem-se com a
perfis únicos, e reflexo de uma história bem casada entre preocupação e dedicação em contribuir activamente
as particularidades da região e o trabalho e amor que lhe para o desenvolvimento local e regional, enriquecendo
é dedicado. a experiência turística acrescentando valor ao território,
aos seus vinhos, à sua gastronomia, cultura e História.
Dos seus produtos a conhecer, destacamos o recente
Vales Dona Amélia Branco 2021, a ser lançado agora no Gerações de Xisto
mercado, um vinho produzido em homenagem à avó de Zona Industrial de Vila Nova de Foz Côa, Lote 10
Paulo Grandão, a Dona Amélia Sousa Grandão, quem 5150-614 Vila Nova de Foz Côa
completando um século de vida sempre se dedicou à www.geracoesdexisto.com
vinha, à vindima e ao vinho, sendo ela a alma e origem
da Vales Dona Amélia.

O Azeite e os Vinhos

Azeite Chousas Nostras Extra Virgem Douro Superior


– produzido de forma biológica, sem qualquer aplicação
de fitofármacos ou adubos de síntese, com respeito aos
tradicionais métodos agrícolas e as exigências do Olival
tradicional, as azeitonas são colhidas manualmente e são
transformadas em azeite no próprio dia, por processos
mecânicos a baixa temperatura.

Gerações de Xisto Douro DOC Tinto - resultado da


mistura de castas Touriga Franca, Touriga Nacional e
Tinta Roriz.

Gerações de Xisto Douro DOC Branco - resultado da


mistura de castas Rabigato e Arinto.

Vales Dona Amélia Tinto - resultado da mistura de


castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz,
estagia em barricas de carvalho Francês.

Vales Dona Amélia Branco 2021 - a nova referência


que vai agora para o mercado e que já conquistou uma
Medalha de Prata na categoria Vinho Douro Branco no
IX Festival do Vinho do Douro Superior.

42 O Escanção, n°185 - 2022


ONDE O VINHO É REI

Texto Isabel Esteves


Fotos O Ermita – Hotel Convento São Paulo

O ERMITA
O restaurante O Ermita está instalado no Convento de São Paulo, no Redondo, Alentejo,
um convento datado de 1182 que foi sede de ordem de São Paulo Ermita e onde, hoje,
encontramos o Hotel Museu – Convento de São Paulo. Aqui, desde sempre, impera a
tradição de bem comer e beber, e é precisamente com inspiração nas tradições culinárias
e alimentares locais que, actualmente, se dita a elaboração da sua carta. Juntando-se a
esta uma garrafeira gerida e seleccionada de forma exigente e apaixonada e um serviço
de referência por uma equipa profissional e dedicada, estão reunidos os ingredientes para
uma experiência de eleição.
44 O Escanção, n°185 - 2022
Por trás da bancada e dos tachos d’ O Ermita, vamos
encontrar o chef Duarte Laranjinho, de origem alentejana,
que procura os ingredientes locais e mais frescos, tais
como o poejo, os coentros, os cogumelos, a perdiz, os
queijos e enchidos, o porco preto ou o borrego, o doce
de gila, entre muitos outros, para confeccionar de forma
única os pratos da sua carta, entre eles as migas, as açordas
e as sopas, ou os doces conventuais, que são uma das
suas especialidades.

No que respeita ao espaço e à sua decoração, a principal


sala de jantar está integrada na antiga Capela do Bispo
com bonitos frescos nos tectos e paredes de azulejaria,
a maior colecção ainda disposta do nosso país, uma
decoração que conta ao visitante a história do Convento
e traz uma envolvência mágica e simbólica ao espaço.
A este ambiente juntam-se o requinte e o conforto que
aqui são garantidos. Em certas alturas do ano, também
os espaços da sala dos Passos Perdidos, do Refeitório dos
Monges, dos Claustros e uma esplanada estão abertos
para deliciar os visitantes durante as suas experiências
gastronómicas.

O Escanção, n°185 - 2022 45


Como grande pilar, este restaurante aposta na qualidade - Nalgumas situações, em serviços ocasionais e mediante
qualidade na formação dos seus colaboradores, qualidade dos disponibilidade da equipa, o trabalho e o serviço d’O
ingredientes utilizados na confecção das suas sugestões Ermita são levados para fora da unidade hoteleira, em
e, como não podia deixar de ser, qualidade dos seus vinhos. eventos privados, provas de vinhos, jantares temáticos,
entre outras reuniões.
Quanto a este néctar precioso, é forte a sua presença
neste espaço tal como é notável o trabalho dedicado ao O Ermita
seu melhor serviço – sendo a formação neste âmbito Convento de São Paulo Hotel Rural
mais uma das apostas do restaurante. Esta responsabilidade Aldeia da Serra, 7170-120 Redondo
está nas mãos do escanção e chefe de sala Fábio Nico, www.hotelconventosaopaulo.com/
vencedor, em 2019, da 1ª edição do Concurso Nacional www.instagram.com/restaurante_oermita/
Fernando Ferramentas da nossa Associação, e um dos
Top 10 semifinalistas do Concurso Seleção Europa,
realizado em 2020, também pela AEP.

A garrafeira, que faz parte do restaurante e da própria


unidade hoteleira, é variada sendo a carta de vinhos
composta por mais de cem referências, com vinhos de
todo o país, e também estrangeiros, do velho e do novo
mundo, mas com destaque para os vinhos alentejanos.
Fábio e a equipa do restaurante são exímios na arte de
bem servir, garantindo todos os cuidados para a sua
excelência, não escapando nenhum detalhe tal como a
temperatura e os diferentes copos de serviço. A troca
de conhecimentos e orientações entre os elementos da
equipa são fundamentais, sendo que Fábio Nico dedica
parte do seu tempo a formações, sedento de adquirir
novos conhecimentos do mundo do vinho. Também
com a sua orientação, e pontualmente com produtores e
enólogos parceiros, têm sido realizadas provas de vinho
no espaço. E para este tipo de experiências, prevê-se
para breve a reabertura da antiga Adega, nas Caves do
Convento, mais um local que irá potenciar o restaurante
e a singularidade dos seus serviços.

46 O Escanção, n°185 - 2022


O MAESTRO DO VINHO

Texto Ceferino Mariño Carrera, em A Fonte do Escanção

Terras do Dão
Em colaboração com o grande Maestro do Vinho Ceferino Mariño Carrera, nesta rubrica
partilhamos alguns dos pensamentos e conhecimentos deste grande mestre e as descobertas
que este tem feito na sua viagem pelo mundo do vinho. Nesta edição, uma parte do texto
de sua autoria sobre as Terras do Dão.
obras de restauro e conservação
e mandou fazer a Capela de São
Jerónimo e o Portal da Cruz junto à
actual rotunda da Casa do Cruzeiro.
D. Jorge de Ataíde, entre 1569 e 1578,
manda construir no Paço, corredores
e celas do dormitório. Em 1677, o
Paço funcionou como hospício, mas
entre 1744 e 1764 foi extinto pelo Bispo
D. Júlio Francisco de Oliveira. Em
Agosto de 1876, a Câmara Municipal
de Viseu, de acordo com o Bispo D.
António Alves Martins, recuou o
pórtico de entrada 9,5 metros para
alargar a rua que passa em frente. Até
1833, o edifício esteve abandonado e
foi com D. José Dias Coreia de Carvalho
que o mesmo foi reconstruido e os
jardins, repuxos e tanques foram
restaurados. Segundo o dicionário de
Portugal Antigo e Moderno, de 1890
tomo XII, p.a725, a definição do Fontelo
dessa época era a seguinte: “ …o
Paço é um edifício muito irregular,
feito em diversas datas, sem im-
ponência nem bellesas arquitectónicas
A Região Demarcada do Dão foi instituída em 1907-1908. mas, bastante espaçoso com grandes salas e uma boa
No berço da Touriga Nacional nascem os vinhos mais capela contínua, dedicada a Santa Marta e decorada com
elegantes. Qualidade, personalidade, diferença, elegância, preciosas pinturas dedicadas a Grão Vasco…”.
frescura e suavidade. O Dão é tudo isto e muito mais.
Descobrir os seus vinhos é entrar num mundo novo Esta pintura (na imagem ilustrativa) de grandes dimensões
de aromas e sabores que cativam e seduzem, e cedo se é uma das mais significativas do talento de Vasco
tornam inconfundíveis e inesquecíveis. Fernandes (c. 1475-1542). Artista de origem desconhecida,
teve uma longa e intensa actividade em Viseu, tornando-se
Em 1122, D. Maria Seseriquiz, irmã e filhos, doaram ao de tal modo famoso que, até ao século XIX, os seus
prior D. Odório e à Sé de Viseu a herdade do Fontelo. admiradores não apenas lhe valorizaram as pinturas
O Paço, começou a ser edificado em 1399, no tempo como lhe atribuíram muitas outras pinturas do século
do Bispo D. João Homem. Desta época ainda se podem XVI. Por isso ficou conhecido por Grão Vasco. Como
ler duas janelas em ogiva reveladas pelo desagregar dos muitos outros artistas que trabalhavam em Portugal,
rebocos. Em 1426, D. Garcia manda construir a Grão Vasco estava informado acerca da melhor pintura
primitiva Capela de Santa Marta. D. Miguel da Silva, estrangeira da sua época, nela colhendo ensinamentos
Bispo de Viseu de 1526 a 1547, distinta figura de mecenas e díspares que o seu talento soube harmonizar e seleccionar.
humanista, manda construir os actuais jardins renascentistas à Interessou-se menos pela arte italiana do que pela alemã.
italiana. Em 1565, D. Gonçalo Pinheiro fez importantes Há figuras das gravuras de Albert Durer que aparecem

48 O Escanção, n°185 - 2022


em algumas das suas pinturas, nomeadamente a célebre A filoxera
“Melancolia” que inspirou a figura de Maria do quadro
“Jesus em Casa de Marta e Maria” (Viseu, Museu Grão O vinho do Dão foi muito procurado pelos europeus, na
Vasco), realizado em cerca de 1530. Em 1911, o estado altura em que a filoxera dizimava as vinhas europeias.
de conservação do Fontelo era bom, mas as rendas da O vinho do Dão servia essencialmente para responder à
Mitra eram insuficientes para as obras de manutenção. procura de vinho do Douro (esta região já sofria efeitos
Após a implantação da República, foi retirado em 1912 o da filoxera) e para vender vinho de mesa destinado ao
poder do Paço e Quinta do Fontelo ao Prelado. O imóvel mercado francês. Entre1883 e 1886 a filoxera invadiu
ficou pertença do Ministério da Guerra para instalação a região. Com a entrada de Portugal na CEE (1986)
de reservas do Exército. Parte dos terrenos de cultivo ficaram houve necessidade de alterar o sistema de produção e
na posse do Ministério da Agricultura. A Câmara Municipal de comercialização dos vinhos do Dão. Grande parte das
Viseu recebeu os jardins e a mata para passeio público e empresas de fora da região que adquiriam vinho às
recreio citadino, pagando uma renda anual de 800$00. adegas cooperativas locais, iniciaram as suas explorações
Em 29 de Março de 1926, a Câmara toma posse na região e compraram terras para cultivo de vinha. Por
definitiva da mata, do jardim do antigo Paço e parte dos outro lado, as cooperativas iniciaram um processo de
terrenos anexos ao Fontelo. modernização das adegas e começaram a comercializar
marcas próprias, enquanto pequenos produtores da
Hoje, o Fontelo é a área desportiva principal da cidade, região decidiram começar a produzir os seus vinhos. As
bem como o parque de merendas preferido pelos que vinhas passaram também por um processo de reestruturação
nos visitam. Aquando das obras de recuperação o Antigo com a aplicação de novas técnicas vinícolas e escolha de
Paço Episcopal do Fontelo encontrava-se bastante castas apropriadas para a região.
degradado, após ter sido Casa de reclusão e ocupado
posteriormente por algumas famílias de retornados das As vinhas são constituídas por uma grande diversidade
ex-colónias. A recuperação deste edifício foi uma acção de castas, entre as quais a Touriga Nacional, a Al-
conjunta da Câmara Municipal de Viseu e da Comissão frocheiro, a Jaen e a Tinta Roriz (nas variedades tintas)
Vitivinícola Regional do Dão. Teve como objectivo a e a Encruzado, a Bical, a Cercial, a Malvasia Fina e a
instalação da Comissão Vitivinícola Regional do Dão Verdelho (nas variedades brancas). Os vinhos brancos
adoptando a designação de Solar do Vinho do Dão. são bastantes aromáticos, frutados e bastante equilibrados.
Localiza-se na Mata do Fontelo, a nascente da cidade, Os tintos são bem encorpados, aromáticos e podem
distando 800 metros do conjunto arquitectónico formado ganhar bastante complexidade após envelhecimento
pela Sé de Viseu e Museu Grão Vasco. em garrafa. Na área geográfica actualmente identificada
como sendo a I.G.“Terras do Dão” (correspondente
A C.V.R. do Dão é uma Entidade Certificadora que a anteriormente designada por zona da Beira Alta)
exerce funções de controlo da produção e comércio e encontramos duas áreas delimitadas para a produção de
de certificação dos produtos vitivinícolas com direito vinhos com Denominação de Origem.A área geográfica
à denominação de origem (DO) "Dão" e "Lafões" e à de produção D.O.“Dão”, situada no centro Norte de
indicação geográfica (IG) "Terras do Dão". (Portaria n.º Portugal, num enclave montanhoso, encontra-se rodeada
37/2011). a Poente pelos picos do Caramulo e do Buçaco e a Norte
e Leste pelas imponentes serras da Nave e da Estrela que
Dão é nome de rio e da região que se espalha por vertentes constituem uma barreira importante as massas húmidas
de suave ondulação, de cor verde e dourado por vontade do litoral e aos ventos agrestes continentais. Esta região,
do sol e onde o vinho, como nos amores antigos, nasce onde as vinhas predominam entre as cotas de 400-500
há muito tempo. Por exemplo, o Infante Dom Henrique m, indo no entanto até aos 800m, possui solos graníticos
levou-o nas caravelas para Ceuta, em 1415, onde com geralmente de baixa fertilidade, com afloramentos
ele celebravam a vitória. No Dão, o vinho corre nas veias xistosos a Sul e a Poente. Possui um clima que embora
da terra e a terra corre no coração dos homens. A sua sendo temperado, e, no entanto, bastante frio e chuvoso
nobreza resulta na dedicação apaixonada do seu povo, no Inverno e, frequentemente, muito seco e quente
que vai do lagar de pedra aos computadores. Sem essa no Verão. Um pouco a Norte desta região, podem ser
relação profunda não há vinho. E é tão forte, que irmana produzidos os vinhos com a D.O. ”Lafões”. Os solos, de
o fidalgo como modesto camponês na mesma linguagem origem granítica com manchas de xistos pré - câmbricos,
e na mesma sabedoria. são frequentemente húmicos e férteis.A região, contudo,
apresenta algumas semelhanças com a região dos Vinhos
Sub-regiões: Besteiros, Silgueiros, Castendo, Terras de Verdes, quer pelo tipo de condução das videiras que se
Senhorim, Terras de Azurara, Alva, Serra da Estrela. encontram nos campos de cultura a servir de bordaduras,
encostadas a“uveiras”, em latadas ou ramadas, predominando
O Dão e os Descobrimentos desta forma a vinha alta, quer pelas características do
vinho branco (pouco alcoólico, rico em acido Málico e
Antes da partida dos portugueses para a conquista de bastante frutado) e do vinho tinto, com boa capacidade
Ceuta, foi servido vinho do Dão nos luxuosos festejos de envelhecimento.
organizados pelo Infante D. Henrique em Viseu.

O Escanção, n°185 - 2022 49


TEM A PALAVRA O ESPECIALISTA - CHÁ - PARTE XXVI

Texto Tiago Paula

Regiões Produtoras de Chá – QUÉNIA


Depois de termos passado pela China, maior produtor de chá no mundo, pela Índia,
o segundo maior produtor e, simultaneamente, um dos maiores consumidores, pelo
Sri Lanka e pelo Japão continuamos viagem pelas regiões produtores de chá, desta vez
parando no Quénia.

Relembramos que temos vindo a destacar esta bebida universal – o Chá – tendo falado já
das suas várias componentes e características no que respeita aos seus diferentes tipos;
de como os provamos, os avaliamos, como os servimos e os classificamos; dos números
quanto ao seu consumo e produção; e dos seus maiores produtores, que temos vindo a
focar nos últimos números.

O Quénia fica na África Oriental, faz fronteira com a Ao contrário da Índia e do Sri Lanka onde a maior parte
Tanzânia, o Uganda, o Sudão, a Etiópia e a Somália, margeando do chá produzido vem de grandes propriedades, no
o Oceano Índico. É o terceiro maior produtor mundial Quénia este é cultivado em pequenas propriedades, com
de chá e o único país da África a produzir uma quantidade uma média de cerca de meio hectare. Estes pequenos
substancial de chá no mercado mundial. produtores têm sentido a pressão do mercado mas em
vez de investimentos em operações maiores o Quénia
Aqui, o chá foi introduzido pela primeira vez em 1903, tem investido na pesquisa e no desenvolvimento de
por GWL Caine, e foi plantado na actual Limuru. A sua novas variedades de chá, com maior potencial e maior
comercialização começou em 1924 por Malcolm Fyers rendimento, e mais resistência as condições climatéricas
Bell que foi enviado por Brooke Bonds para dar início as do país. Por outro lado também têm surgido chás artesanais
primeiras propriedades comerciais. Desde então, o país de origem única.
tornou-se um grande produtor de chá preto.
O Quénia não é considerado um dos mais importantes
O chá queniano é um dos principais geradores de produtores de chá no mundo porque a maior parte da
receitas, ao lado do turismo, da horticultura e do café produção é de chá preto a granel usado principalmente
queniano, representando 26% das receitas totais da para blends e maioritariamente é processado pelo método
exportação e cerca de 4% do PIB nacional.

50 O Escanção, n°185 - 2022


CTC (esmagar, rasgar e enrolar) que o torna excelente CHÁ “ROXO”
para o mercado mundial de chá em saqueta. Este chá
CTC tem um sabor homogéneo e um forte sabor O Quénia produz muito chá e é uma receita muito
genérico e arrojado, e é a base da maioria das misturas importante e significativa. Mas tem havido uma tendência
do mercado. Mas não podemos esquecer que também de queda nos preços dos seus principais chás pretos.
temos chás de alta qualidade que são processados usando Com a receita a cair, soube-se aproveitar a oportunidade
métodos tradicionais que já são bastante procurados para trazer um novo nicho com o chá roxo, com o qual
como chá de folha inteira de “origem única”. o Quénia poderia ser líder de mercado. Após 25 anos do
aparecimento dos primeiros híbridos roxos, os agricultores
O clima do pais não é uniforme. As regiões costeiras são do Quénia estão a começar a aumentar a produção para
quentes e húmidas mas as terras altas do interior, como exportação. E o melhor é que, mesmo com os incríveis
as Montanhas Abadea, o Monte Quénia, Cherengani e benefícios para a saúde, este custa apenas alguns dólares
as encostas íngremes de Mau, são frequentemente frias a mais do que a maioria dos chás.
e húmidas. O terreno do Quénia é tal que as planícies
baixas gradualmente se elevam em direcção às Terras Chá de cor dourada clara com um tom roxo, sabor
Altas Centrais, que são divididas pelo Grande semelhante a um chá branco de corpo médio, bastante
leve com notas amadeiradas e nuances a lembrar notas
Vale do Rift. A diferença de temperatura é grande, vegetais, com uma sensação de boca bem arredondada
caindo de um máximo de 37 ° C para abaixo de zero no e um final doce suBtil, praticamente sem nenhuma
cume do Monte Quénia. adstringência.

O Quénia atravessa o equador o que faz localizar as


regiões de cultivo do chá em zonas de clima tropical,
ideal para o cultivo do chá, com solos vermelhos de base
vulcânica, com precipitações bem distribuídas ao longo
do ano, mas com longos dias ensolarados. Estas regiões
encontram-se, na maioria, nas terras altas do Quénia, em
ambos os lados do Grande Vale do Rift que conta com
uma área plantada de 157.720 hectares o que resulta em
cerca de 345.817 toneladas de chá.

CHÁ DO QUÉNIA

Como referido acima, o Quénia produz na maioria chá


preto pelo processo CTC, no entanto, a indústria de CHÁ BRANCO MATCHA
chá do país tem desenvolvido nos últimos anos chás
especiais e agora apresenta chás verdes e chás brancos, O Quénia continua a ser o único local no mundo onde
incluindo também algumas novidades no mercado o chá branco matcha é produzido, tendo surgido aqui
mundial como o matcha branco e o chá “Roxo”, este mesmo. Comparando com o matcha japonês este é mais
último totalmente desenvolvido no país com uma nova concentrado e opaco.
variante da Cammelia Sinensis, uma planta de chá rica
em antocianinas com acção antioxidante, os mesmos O chá usado para fazer este inovador chá Queniano é
pigmentos que encontramos nas frutas vermelhas e cultivado a grandes altitudes sob um sol forte e resulta
pretas como os mirtilos e framboesas. num chá repleto de antioxidantes, polifenóis e sabor
excepcionalmente crocante. Apenas as folhas mais jov-
ens são colhidas, processadas e cuidadosamente moídas
usando um moinho de pedra tradicional para obter uma
consistência excepcionalmente suave.

O chá é espesso e espumoso, volumoso, de sabores


quentes como o musgo e leves tons florais.

O Escanção, n°185 - 2022 51


CRÓNICA ASSOCIAÇÃO DE ENOLOGIA - CASTAS

Texto António Ventura, enólogo consultor e membro da Associação Portuguesa de Enologia


(Fonte: Vine to Wine Circle)
Fotos Associação de Enologia

Jaen / Mencia
No âmbito da colaboração com a revista O Escanção temos partilhado a descrição das
características técnicas de algumas castas portuguesas, e em alguns casos de castas ibéricas.
Nesta edição, continuamos o artigo com mais uma casta, com origem em Espanha, em
Bierzo/Castilla y León e a qual, em Portugal, tem no Dão a região de sua maior
expansão – a Jaen/Mencia.

ORIGEM MORFOLOGIA

A casta tem origem em Espanha, em Bierzo/Castilla y Extremidade do ramo jovem: Aberta, com carmim gen-
León, com a denominação de Mencia. Em Espanha, o eralizado e fraco, nula densidade de pêlos prostrados.
fenómeno da intravariabilidade é significativamente
superior (A. Martins, 2005, comunicação pessoal). Em Portugal, Folha jovem: Verde, página inferior glabra.
a denominação é recente, sendo ainda desconhecida em 1897 Flor: Hermafrodita.
(Meneses). García de los Salomons (1914) conhece a casta. Pâmpano: Verde, com gomos verdes.
Em Portugal tem a sua região de maior expansão no Folha adulta: Pequena, pentagonal, com cinco lóbulos;
Dão e tem como sinónimo oficial (nacional e OIV): limbo verde-médio, irregular, liso, página inferior glabra;
Mencía (E). Como sinónimos históricos e regionais: dentes médios e convexos; seio peciolar aberto, com a
Fernão Pires Tinta, Jaen Galego, Gião (Dão). base em V, seios laterais abertos em V.
Cacho: Médio/grande, cónico, compacto, pedúnculo de
A superfície vitícola actual em Espanha é de 8.761 ha comprimento médio.
e em Portugal temos 2.400 ha. A utilização actual ao Bago: Arredondado, médio e negro-azul; alguma
nível nacional é de 1,5% e em Espanha tem valor similar, resistência ao destacamento.
sendo uma casta em expansão moderada na Península Película: Medianamente espessa, polpa mole.
Ibérica. A intravariabilidade varietal da produção é Graínhas: Pequeno número, grandes, herbáceas.
reduzida.
COMPORTAMENTO
Qualidade do material vegetativo: Material policlonal
para conservação da intravariabilidade (RNSV); clones Abrolhamento: Época média, 9 dias após a Castelão.
91-97 EAN. Espanha: clones seleccionados na Galiza e Floração: Época média, 7 dias após a Castelão.
em Castilla y León, como CL-51, CL-79, CL-94. Pintor: Precoce, 5 dias antes da Castelão.
Maturação: Época média, em simultâneo com a
Castelão, apresentando baixos teores de acidez.

52 O Escanção, n°185 - 2022


POTENCIAL Potencial para vinho elementar: Em vinhos jovens tem
algum potencial.
Casta com facilidade em adaptar-se a qualquer tipo
de poda. Recomenda-se a desfolha várias vezes para Caracterização habitual do vinho: «O seu aroma é intenso
promover um bom arejamento. Bastante versátil quanto e delicado, lembrando amoras e mirtilos, o que torna a
ao tipo de solo, desde que não haja excesso de humidade casta preciosa. Apesar de um pouco rústico, o carácter
e vigor. Gosta de clima seco e adapta-se sem dificuldade do seu aroma e a persistência que deixa na boca tornam
a todos os compassos. Não tem problemas de afinidade estes vinhos inesquecíveis» (Loureiro, 2002).
com porta-enxertos, devendo ser adaptado ao clima e
ao solo, é pouco sensível ao desavinho, amadurece bem, Produz um vinho macio, pode ser elegante se for vindimado
em boas condições para a vindima. Por ser uma casta precocemente com alguma acidez.
de maturação muito precoce é bastante atacada por
algumas espécies de aves quando amadurece, a vindima Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas):
mecânica é possível, mas só em condições de temperatura 1.500 horas acima de 10° C, com produção de 9 t/ha
baixa para evitar oxidação precoce. (Montemor-o-Novo).

Apresenta vigor médio-alto e porte semi-erecto, Produção recomendada: Inferior a 5.000 l/ha.
com entre-nós muito curtos. Média tendência para o
desenvolvimento de netas e rebentação múltipla muito Sensibilidade abiótica: Sensível ao vento; na fase inicial
baixa, com índice de fertilidade elevada, mesmo com quebra o rebento, na fase final faz cair os bagos.
poda curta,acima de 15.000 kg/ha. Valores RNSV: 2,2
kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Sensibilidade criptogâmica: Muito sensível ao Míldio,
Nelas, durante 2 anos) com estabilidade de produção ao Oídio e à Podridão Cinzenta.
regular e uniforme.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 20%
Grau alcoólico provável do mosto alto (até 14% vol.). GLRaV3, 30% GFkV, <50% RSPV.
Valores RNSV: 13,62% vol. (média de, no mínimo, 40
cultivares, registada em Penalva, durante 5 anos). A acidez Sensibilidade a parasitas: Mediana à Cigarrinha Verde
natural é muito baixa (3-4,5 g/l de acidez total; 0,6 de e baixa à Traça.
acidez málica; 3,5 de tartárica), com tendência para
cair ainda mais após a vinificação. Valores RNSV: 3,34 Tamanho do cacho: Médio (200-230 g).
g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em
Penalva, durante 5 anos). Compactação do cacho: Compacto.

Valores de antocianinas totais: Valores RNSV: 737,22 Bago: Médio (1,5-1,8 g) e arredondado.
mg/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em
Penalva, durante 5 anos). Película: Pouco espessa.

Índice de polifenóis totais (280nm) do mosto: Valores Nº de graínhas: 1,6 por bago, herbáceas.
RNSV: 30,96 (média de, no mínimo, 40 cultivares,
registada em Penalva, durante 5 anos). O mosto tem
alguma tendência para oxidação em caso de problemas
sanitários.

Intensidade da cor: Tinto a retinto com tonalidades


violáceas nos primeiros tempos e sensibilidade do vinho
à oxidação média.

Análise laboratorial dos aromas: Compostos precursores


do aroma – A casta, no Dão, contém a segunda maior
concentração (após TN) de compostos terpénicos:
Linalol livre com 39 μg/l, Nerol com 35,8 μg/l, Geranol
com 20 μg/l. Sensorialmente, a casta tem aroma floral,
evoluindo para frutado com notas de morango.

Capacidade de envelhecimento do vinho: Vinho para


consumir novo, com envelhecimento muito rápido.

Recomendação para lote: Os vinhos, para envelhecer,


necessitam da pujança da Touriga Nacional e de um pouco
de acidez da Rufete ou Alfrocheiro (V. Loureiro, 2002).

O Escanção, n°185 - 2022 53


ENOTURISMO EM PORTUGAL - MAIS SOBRE

Texto e Fotos Torre de Palma Wine Hotel

54 O Escanção, n°185 - 2022


Nesta rubrica dedicada ao Enoturismo, segmento do turismo associado ao mundo do
vinho, divulgamos iniciativas e projectos nacionais que se dediquem a esta vertente e
que potenciem a manutenção, a valorização e a promoção dos recursos e mais-valias
deste património de inegável singularidade e valor. Nesta edição, divulgamos o projecto
que tem sido desenvolvido no Torre de Palma Wine Hotel, em Monforte, no Alentejo,
um hotel de cinco estrelas dedicado ao vinho alentejano e às experiências autênticas em
seu redor, valorizadas no contexto tradicional da região em que o hotel se insere.

Nascido em 2014 mas com origens a datar o ano de


1338, o Torre de Palma Wine Hotel é uma casa do
Alentejo transformada em hotel de charme, membro da
colecção Design Hotels, uma marca que representa uma
selecção exclusiva com mais de 300 hotéis em 50 países,
e um projecto que tem como objectivo fazer renascer
actividades da sua origem: ser um lugar de trabalho
onde se produz o vinho, o azeite e se criam os cavalos,
adicionando a possibilidade aos visitantes de ficar numa
casa com muitos anos de história ganhando experiências
únicas. Um projecto actualmente nas mãos de Ana Isabel
Rebelo e Paulo Barradas Rebelo, dupla que na produção
de vinhos conta com a colaboração do enólogo Duarte
de Deus.

O Escanção, n°185 - 2022 55


de vinho, portanto, aproveitando os seus recursos e
potencialidades, o enoturismo é aqui muito valorizado
e trabalhado, sendo desenvolvidas diversas actividades
recreativas e culturais relacionadas com os vinhos do
Alentejo.

Desde a experiência com a gastronomia e os vinhos a


ter no restaurante Palma que prima por um conceito de
cozinha actual alentejana inspirada na sua essência, um
conceito de autoria do chef que já arrecadou uma estrela
Michelin, Miguel Laffan; às visitas e provas diárias; aos
eventos vínicos com degustação de produtos locais; às
caminhadas e passeios pelas paisagens alentejanas com
direito a piquenique; à experiência de passeio num balão
de ar quente; e a workshops vários. Não descurando as
actividades pensadas e dedicadas aos mais novos, para
que se proporcionem experiências familiares únicas
neste espaço.

Nas acções à volta do vinho, mediante reserva e disponibilidade,


contam-se também o Programa de Vindimas, no qual
os participantes passam um dia na vinha, participam na
colheita, podendo, na adega, saber mais sobre vinhas e
castas e escolher as melhores uvas e provar os vinhos; o
Curso de Vinhos Torre de Palma que inclui duas manhãs
com a equipa de enologia da casa para aprender como
se produzem vinhos, como os provar e harmonizar; o
workshop de Wine Blending, no qual os participantes
são desafiados a elaborar um blend ao seu gosto com
vinho proveniente de diferentes depósitos e barricas da
Adega de Torre de Palma e a personalizar o seu rótulo
levando um vinho completamente personalizado para
casa; o Vinhos à Mesa, que inclui uma visita à adega
e sala de barricas e que termina no Restaurante com
uma combinação de 3 momentos; a Prova de Barricas,
em que se provam os vinhos directamente das barricas
aprendendo-se como se faz o estágio; a Prova Cega; e
os Vinhos à Volta da Fogueira, uma prova de vinhos
comentada e exclusiva à volta da fogueira.

Mensalmente, a Adega Torre de Palma promove ainda o


A casa apresenta uma arquitectura típica desta região, Clube de Vinho Torre de Palma, um espaço de apresentação
caiada de branco, e a sua decoração funde o tradicional e prova de vinhos de excepção da região do Alentejo.
com o contemporâneo, de modo elegante, com espaços
muito acolhedores e em perfeita harmonia com a Torre de Palma Wine Hotel
natureza. Este é um dos primeiros hotéis em Portugal Herdade de Torre de Palma, Monforte
com a certificação Biosphere, uma certificação à escala 7450-250 Monforte, Alentejo
internacional que certifica, para além da sustentabilidade www.torredepalma.com/
nas vertentes ambiental e social, a sustentabilidade de www.instagram.com/torredepalma/
negócio, e que passa também pela responsabilidade
social – a equipa é local e são promovidos os produtos e
produtores locais.

O Hotel disponibiliza piscina interior e exterior, um SPA,


um restaurante e um bar, assim como tem ainda ao seu
dispor uma sala de cinema, uma capela, um picadeiro, uma
horta biológica, um pomar, uma vinha, um pequeno
olival, um pequeno bosque, uma loja de produtos regionais
e estacionamento privativo. Também uma Adega, que se
ergue na Herdade de Torre de Palma e que é o ex-líbris
do culto em torno no vinho, em conjugação com uma
extensa área de vinha, uma sala de barricas, sala de
provas e zona de produção. A sua identidade é a produção

56 O Escanção, n°185 - 2022


Acontece - Divulgação de Iniciativas e Novos Projectos

Texto Tiago Paula


Fotos Quinta do Noval

Vintages 2020 Quinta do Noval


No passado mês de Maio, a Quinta do Noval fez a sua apresentação dos Vintages 2020 -
o Quinta do Noval Porto Vintage 2020 e o Quinta do Noval Nacional Porto Vintage 2020. Esta
não foi uma simples prova mas uma extraordinária prova vertical da ultima década de Portos
Vintage da Quinta do Noval e Quinta do Noval Nacional.
notas de violeta típicas da casta, mas também notas de
floresta e fruta vermelha, na boca extraordinário balanço
entre a fruta, floral, barrica, taninos e corpo, final longo
e persistente (PVP: € 32); o Quinta do Noval Reserva
Tinto 2019 (Touriga Nacional, Touriga Francesa e 25%
de field blend das vinhas da Quinta do Noval) a mostrar
a sua potência logo no nariz, rico em fruta preta, e
com nuances balsâmicas, na boca é exuberante com
notas intensas de fruto preto, notas de barrica como os
tostados e especiarias, taninos presentes e final longo e
frutado, um vinho pronto a beber mas a prometer lon-
gevidade (PVP: € 54); e para terminar nada melhor que
o Quinta do Noval Porto Tawny Colheita 2009, vinho
raro produzido em pequenas quantidades, de cor âmbar
Uma experiência que aconteceu no The Lodge Wine Ho- lindíssima, de nariz muito intenso com notas de fruto
tel, em Vila Nova de Gaia, iniciando-se com o Quinta do seco como amêndoas torradas, notas de alcaçuz e ainda
Noval Porto Vintage 2011, seguindo-se as colheitas 2012, alguma fruta jovem, na boca textura aveludada, com-
2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e a novidade plexo e sedutor com final muito longo (PVP: € 58,50).
2020. A segunda série iniciou-se com o Quinta do Noval
Nacional Vintage 2011, seguindo-se as colheitas 2016, Notas de Prova Vintages 2020
2017, 2019 e terminando também com a novidade 2020.

2020 foi um ano quente e seco, com um período longo Quinta do Noval Porto Vintage 2020
de maturação que culminou numa vindima precoce com Púrpura intenso. Nariz muito jovem de
uvas maduras no início de Setembro. Os vinhos resul- fruto negro e especiarias, notas de chocolate
tantes são extremamente ricos e intensos, encorpados, e ginja. Na boca é concentrado cheio de
sedosos e com uma grande densidade. A estrutura tânica fruta a evidenciar a sua juventude, com
é imensa mas com uma notável elegância. taninos presentes, bastante encorpado, e
de final longo e persistente. Vinho potente
Após a estrondosa prova deu-se um almoço que teve a prometer uma boa evolução nas próximas
início no terraço com vista para o rio Douro, acom- décadas.
panhado pelo Cedro do Noval Branco 2021 (Viosinho, PVP: € 100
Gouveio, Arinto, Códega), um vinho fresco com notas
frutadas, florais e minerais, na boca a confirmar o nariz
mas mais complexo com notas especiadas e textura mais
sedosa (PVP:€ 17). Durante o momento do almoço não Quinta do Noval Nacional Porto
pararam de surgir novidades começando pelo azeite Vintage 2020
Centenário, produzido a partir de oliveiras centenárias Rubi intenso. Nariz intenso, jovem, com
com baixíssimo rendimento (PVP:€ 27,50); depois o muita fruta vermelha e negra, notas de
Quinta Do Noval Reserva Branco 2021 (Viosinho e flores secas, chocolate e especiarias. Na
Gouveio), intenso no nariz, floral e frutado com notas boca é explosivo, com taninos firmes,
de barrica, na boca volumoso e potente, muito rico elevada estrutura e um volume monumental.
com sabores a confirmar o nariz, de final muito longo Final muito longo e persistente. Vinho
e persistente mas evidenciando a sua frescura (PVP: € ainda muito selvagem a mostrar a sua
60); seguiu-se o Quinta do Noval Touriga Nacional 2019, longevidade de muitas décadas.
vinho a evidenciar a sua elegância logo no nariz, com PVP: € 1.000

O Escanção, n°185 - 2022 57


Acontece - Divulgação de Iniciativas e Novos Projectos

Texto Isabel Esteves


Fotos Rota dos Vinhos do Alentejo

Iniciação à Prova de Vinhos na Rota dos


Vinhos do Alentejo
O Curso de Iniciação à Prova de Vinhos organizado e ministrado pela Associação dos Escanções
de Portugal contou com uma edição especial em parceria com os Vinhos do Alentejo tendo sido
assim integrado na iniciativa Rota dos Vinhos do Alentejo.

Os dois níveis deste curso, Nível I e II, foram realizados


durante um dia de formação, em Évora, na nova sede da
Rota dos Vinhos do Alentejo, a 21 de Maio. Orientada
pelo escanção, formador e actual presidente da Associação,
Tiago Paula, a formação garantiu certificado de participação
para os inscritos sendo que a edição contou com lotação
esgotada prevendo-se a possibilidade de futuras formações.

Do programa foram transmitidos conhecimentos


sobre a técnica de Prova, com prova de vinhos, prova
sistemática organolética com descrição e ficha de prova;
os aspetos visuais, olfativos, gustativos; o aroma de boca
e a persistência aromática; o equilíbrio do vinho; os defeitos
do vinho; as influências dos alimentos nos vinhos; os
aspectos gerais da harmonização; terroir; e castas.

Os vinhos à prova durante toda a formação foram


Vinhos do Alentejo, podendo os alunos comprovar a sua
qualidade, aqui valorizada.

www.vinhosdoalentejo.pt

58 O Escanção, n°185 - 2022


Acontece - Divulgação de Iniciativas e Novos Projectos

Texto Isabel Esteves


Fotos Comissão Vitivinícola do Algarve

XIV Concurso de Vinhos do Algarve


Aconteceu mais uma edição do Concurso de Vinhos do Algarve, já na sua 14ª vez, uma iniciativa com
direcção técnica da Comissão Vitivinícola do Algarve e com o apoio do Município de Lagoa, onde a prova
e a respectiva entrega de prémios acontece anualmente. Este concurso tem como principal objetivo a
atribuição de distinções aos vinhos engarrafados do Algarve, estimulando-se a produção e promovendo-se
os melhores vinhos produzidos na Região.

O concurso teve lugar Medalhas de Prata


no passado dia 10 de Marquês dos Vales Grace Viognier 2020, Quinta dos
Junho, no Convento Vales, Lda.; Convento do Paraíso 2016, Adega do
de São José, onde 143 Convento do Paraíso, Lda.; Quinta da Tôr Blend 2018,
Vinhos do Algarve, entre Turinox, Lda .; Al-Ria Reserva 2019, Casa Santos Lima,
brancos, rosés e tintos, Lda.; Quinta da Tôr Reserva Blend 2019, Turinox, Lda.;
de 32 produtores, Convento do Paraíso 2021, Adega do Convento do
foram provados por 25 Paraíso, Lda.; Cabrita Negra Mole 2020, José Manuel
jurados, entre os quais Cabrita; Herdade Barranco do Vale Reserva Castelão
Anca Poiana Martins, 2018, Herdade Barranco do Vale, Lda.; Arvad 2021,
membro da Direcção da Agro-Pecúaria Rio Arade, Lda.; Sentidos Paladar 2019,
Associação dos Escanções de Portugal. Para além do Quinta dos Sentidos, Lda.; Vida Nova 2020, Adega
aumento no número de vinho inscritos tendo em conta do Cantor, Lda.; Onda Nova Verdelho 2019, Adega
a última edição, foi destacada a excelência e a qualidade do Cantor, Lda.; Uit de kelders van JAAP Trincadeira,
em prova. Syrah e Aragonês 2015, Jacobus Honekamp; Quinta dos
Capinhas Reserva 2019, Lieberwirth, S.A.; Esquerdino
Os resultados foram divulgados a 12 de Junho, no Lagoa Colheita Selecionada 2021, Mosqueira Agricola - Quinta
Wine Show, evento que decorreu durante quatro dias no do Canhoto Lda.; Euphoria 2019, Adega do Convento
centro histórico da cidade e onde foi integrada a entrega do Paraíso, Lda.; Monte do Além 2017, Ouroboros, Lda.;
de prémios do Concurso, tendo sido medalhados 44 Sete Cavaleiros do Castelo 2019, Casa Santos Lima,
vinhos, dos quais 14 medalhas de Ouro e 29 medalhas de Lda.; Herdade Barranco do Vale Reserva Aragonês 2020,
Prata, todos com uma pontuação superior a 88 pontos, e Herdade Barranco do Vale, Lda.; Arvad Touriga Nacio-
a Grande Medalha de Ouro, o Vinhos Rosé Convento do nal 2019, Agro-Pecúaria Rio Arade, Lda.; Marquês doa
Paraiso 2021. Vales Duo 2017, Quinta dos Vales, Lda.; Porches Negra
Mole 2021, Única, CRL.; João Clara Reserva Negra Mole
Os Medalhados 2017, Essential Passion, Lda.; Herdade Barranco do
Vale Reserva Sauvignon Blanc 2020, Herdade Barranco
Grande Medalha de Ouro do Vale, Lda.; João Clara Syrah 2018, Essential Passion,
Convento do Paraíso, Adega do Convento do Paraíso, Lda; Lda.; Tapada dos Moinhos 2020, Joana Guerreiro; Foral
de Portimão Premium Petit Verdot 2018, A.A.C., Lda.;
Medalhas de Ouro Paxá Negra Mole 2021, Paxá Wines, Lda.; Arvad Negra
Vale de Parra, Soc. Agricola Quinta da Malaca, Lda; Lagoa Mole 2021, Agro-Pecúaria Rio Arade, Lda.
Premium, Única, CRL; Monte do Além Syrah – Grenache,
Ouroboros, Lda.; Quinta do Esquerdino Reserva Arinto www.vinhosdoalgarve.pt
2021, Mosqueira Agricola; Herdade Barranco do Vale
2019 Reserva Viognier, Herdade Barranco do Vale, Lda.;
Herdade Barranco do Vale Reserva Blend 2019, Herdade
Barranco do Vale, Lda.; Monte da Ria 2021, Artemis,
Lda.; Villa Alvor Singular Moscatel-Galego-Roxo 2021,
Aveleda, S.A.; Falésia 2020, Falésia Wine, Lda.; Uit de
kelders van JAAP Reserva 2015, Jacobus Honekamp;
Quinta dos Capinhas 2020, Lieberwirth, S.A.; Monte da
Ria Reserva 2020, Artemis, Lda.; Cabrita Reserva Tinto
2018, José Manuel Cabrita; João Clara Reserva 2018,
Essential Passion, Lda.;

60 O Escanção, n°185 - 2022


Acontece - Divulgação de Iniciativas e Novos Projectos

Texto Isabel Esteves


Fotos La Vida Ibérica

Sabores e Paladares Ibéricos


O Ciclo de Palestras Sabores e Paladares Ibéricos aconteceu no âmbito da Agenda Cultural 2022
do El Corte Inglès de Portugal por iniciativa da empresa La Vida Ibérica e em parceria com insti-
tuições portuguesas e espanholas que promovem as suas ligações fronteiriças assim como os seus
produtos gastronómicos.

A iniciativa visa promover a multiculturalidade entre Foi ocasião de festejar o bom convívio com a grande viagem
Espanha e Portugal, relembrar acontecimentos históricos de ida e volta ao mundo desde o porto de Sanlúcar, um
e dar a conhecer alguns dos seus costumes gastronómicos, passo que, além da descoberta das ilhas das especiarias,
numa viagem de conhecimento através dos nossos sentidos. marcou mesmo o início da globalização, como afirmou o
presidente da AGAVI, António Souza-Cardoso: Devemos
Durante a primeira sessão, celebrada no passado dia 12 nos sentir orgulhosos de sermos povos universalistas, que
de Mai,o na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglès, levamos a nossa identidade, cultura, gastronomia e vinhos
em Lisboa, os convidados celebraram os 500 anos da a todos os continentes.
primeira circum-navegação feita ao globo - iniciada pelo
navegador português Fernão de Magalhães e terminada No final desta primeira sessão os mais de setenta convidados
pelo navegador espanhol Juan Sebastián Elcano – e que teve brindaram com produtos ibéricos representados pela empresa
por título “A Viagem de Magalhães e ElCano, Sanlucar Porto portuguesa Qualhouse e com o vinho de Denominação
das Índias”. Os parceiros desta sessão foram a AGAVI- de Origem Manzanilla de Sanlúcar, da Comissão Vitivinícola
Associação Portuguesa para a Promoção da Gastrono- Espanhola e Internacional Jerez-Xérès-Sherry.
mia e Vinho e Sanlucar de Barrameda, Capital Espanhola
da Gastronomia 2022.

O Escanção, n°185 - 2022 61


Acontece - Divulgação de Iniciativas e Novos Projectos

Texto Isabel Esteves


Fotos Casa Ermelinda Freitas

Lançamento Vinho das Grutas


O passado dia 31 de Maio foi marcado por mais um lançamento da Casa Ermelinda Freitas a que tivemos oportunidade de
assistir, evento que aconteceu num local muito especial – as Grutas de Mira de Aire, no concelho de Porto de Mós, e uma das 7
Maravilhas da Natureza em Portugal. Foi precisamente aqui, a 80 metros de profundidade, a uma temperatura constante de 17º e
uma humidade de 90%, que, desde Março de 2017, estiveram a estagiar doze mil garrafas de uma edição especial de vinho tinto
de uma colheita de 2015, o Vinho das Grutas, vinho que integra as castas portuguesas Castelão, Touriga Nacional, Aragonês, e as
castas francesas Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot.

Neste mesmo dia, foram retiradas metade destas garrafas


que vão agora para o mercado dando-se continuidade à
parceria com novos estágios a iniciar-se no seu lugar.
A outra metade vai sendo colocada no mercado de forma
gradual e em diversos tipos de estágio.

Neste evento especial, a Associação dos Escanções de


Portugal foi representada por Tiago Paula, presidente da
Assembleia Geral, contando a ocasião com a presença de
várias personalidades do sector tais como de Frederico
Falcão, presidente da ViniPortugal, e de entidades do
concelho de Porto de Mós, assim como com a presença
do presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala;
do secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento
Rural, Rui Martinho; e com um depoimento virtual do
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Leonor Freitas, gestora da empresa, fez a apresentação
desta edição singular, acompanhada por Joana Freitas,
responsável pelo projecto, Jaime Quendera, enólogo da
Casa, Carlos Alberto Jorge, administrador das grutas e
por Amílcar Milhó, jornalista especializado em vinhos.
Os dois últimos foram os impulsionadores na criação
deste vinho, sendo que foi num almoço com ambos que
surgiu a ideia para esta parceria especial, uma história
que foi contada na ocasião pelo próprio jornalista
Amílcar Milhó.
Jaime Quendera descreve o Vinho das Grutas como um
vinho robusto, intenso, cheio, com estágio de 12 meses em
barricas de carvalho para afinar os taninos. Seguindo-se 5
anos nas grutas de Mira de Aire, onde evoluiu, aprimorando
e refinando as suas qualidades.

www.casaermelindafreitas.com

62 O Escanção, n°185 - 2022


WINE NEWS

CURSO DE INICIAÇÃO À PROVA DE VINHOS I e II


Nos meses de Maio e Junho decorreram duas formações de ambos os níveis deste curso. O Nível I contou com sessões nas
manhãs de 14 de Maio e 18 de Junho, e o Nível II, na tarde do dia 14 de Maio e a 25 de Junho. Todas as sessões foram realizadas
na Garrafeira de Lisboa, como de costume, e sob orientação de Tiago Paula, escanção e presidente da Assembleia Geral da
Associação dos Escanções de Portugal.

Mais informação sobre cursos AEP: www.escancao.com

CICLO DE EVENTOS THE ART OF TASTING PORTUGAL

No passado dia 31 de Maio, deu-se por inaugurado o ciclo do The Art of Tasting Portugal que consiste em convidar duplas
de chefs para criarem em conjunto menus especiais, fazendo da ocasião uma viagem pelos produtos e sabores nacionais e
evocando, assim, a Portugalidade e a sazonalidade - um deles desempenha o papel de anfitrião, o chef português; o outro,
será um chef internacional. Neste primeiro jantar esteve em acção a dupla composta pelo chef Alexandre Silva, dos restaurantes
Loco, de 1 estrela Michelin, e Fogo, em Lisboa, o chef anfitrião, e o chef Rasmus Munk, do restaurante de 2 estrelas Michelin, o
Alchemist, de Copenhaga, estando a harmonização dos vinhos no jantar a cargo de Dirk Niepoort. O intuito da iniciativa é
apresentar o país, os seus produtos e promover sinergias entre alguns dos mais mediáticos chefs internacionais da actualidade
e alguns dos chefs portugueses com maior projecção no panorama gastronómico nacional e internacional.
O jantar, único momento disponível para venda ao público, aconteceu no Verride Palácio Santa Catarina mas antes o
evento contou com uma programação de 3 dias durante os quais o chef convidado, Rasmus Munk, foi a Peniche e às
Berlengas para conhecer melhor os produtos do nosso mar, uma viagem que inspirou o menu onde foram apresentados
pratos icónicos de ambos os chefs. Dirk Niepoort teve a seu cargo a missão de acompanhar o menu especial com vinhos
da Niepoort. Durante o evento, houve ainda um Momento do Chá, orientado por Nina Gruntkowski, co-fundadora do
projecto Chá Camélia, plantação de chá no Fornelo, única na Europa continental.

www.theartoftastingportugal.com

O Escanção, n°185 - 2022 63


WINE NEWS

VI FESTIVAL DO VINHO NA NAVE DO BARÃO

No dia 21 de Maio aconteceu a 6ª edição deste Festival


realizado pela Associação Os Barões e com o patrocínio
da Câmara Municipal de Loulé, da Junta de Freguesia
de Salir, da União de Freguesias de Benafim, Querença
e Tôr, da Junta de Freguesia de Alte, da Junta de Freguesia
de Ameixial, da Junta de Freguesia de S. Clemente e
da Junta de Freguesia de S. Sebastião. Neste festival
estão anualmente representadas algumas conceituadas
adegas do Algarve e vinhos artesanais de viticultores
da região. Do programa consta a prova dos seus vinhos
mas também o Concurso de Vinhos Artesanais, onde a
nossa Associação se fez representar com a presença do
escanção Luís Vaz como jurado ao lado de Carlos Gracias, Ana Poeta e Jorge Mena. Paralelamente, uma feira de artesanato
e de cozinha regional, e alguma animação musical tendo terminado com uma noite de fado que contou com a actuação de
fadistas locais. A ocasião contou com mais de 1.200 visitantes, na sua maioria turistas e residentes estrangeiros.

www.facebook.com/os.baroes.31

IV WINE MARKET

O Wine Maket no Torre de Palma Wine Hotel, hotel vínico


de 5 estrela em Monforte, membro da Design Hotels, voltou
a acontecer, este ano a 10 de Junho e completando já a sua 4ª
edição. Este é um mercado, de entrada gratuita, dedicado aos
vinhos e produtores da região do Alentejo onde os visitantes
podem provar as últimas colheitas e novidades de produtores
locais e interagir com os responsáveis por trás de cada marca,
sendo possível provar e adquirir as várias referências assim
como várias edições especiais. Nesta edição, estiveram presentes no
mercado os seguintes produtores: Rovisco Garcia, Terrenus/
Rui Reguinga, Herdade do Freixo, Reynolds Wine Groweres,
Torre do Frade, Tiago Cabaço Winery, Lima Mayer, Quinta
do Mouro, Adega do Monte Branco, Herdade do Perdigão,
Reguengo do Souzão, Adega Mayor, Herdade de Coelheiros, Já Te Disse, Fitapreta Vinhos, Vinhos Rosa Santos Família,
Mainova, Mouchão, Dona Maria Vinhos – Júlio Bastos, Monte da Penha, Terras de Alter, Howard's Folly e Quinta de
Chocapalha.

www.torredepalma.com

O Escanção, n°185 - 2022 65


WINE NEWS

GALA VINHOS DO TEJO 2022


O Gala Vinhos do Tejo 2022, evento promovido anualmente pela
Comissão Vitivinícola Regional do Tejo e pela Confraria Enófila
de Nossa Senhora do Tejo e que premeia os Vinhos do Tejo, os
seus agentes económicos e personalidades, a sua harmonização
com a gastronomia nacional e internacional, o enoturismo e as
valências que mais se destacam na região, aconteceu no dia 25
de Junho e reuniu mais de 300 pessoas no Hotel dos Templários,
em Tomar, tendo voltado ao seu formato de jantar de entrega de
prémios. Na ocasião foram entregues os Prémios Vinhos do Tejo,
destinanados aos agentes económicos e não aos vinhos em si, tal
como os Prémios do Concurso Vinhos do Tejo, os Prémios do
concurso de vinhos e iguarias Tejo Gourmet e os Prémios Tejo
Anima. Quanto ao Concurso Vinhos do Tejo 2022, este contou
com 166 amostras e destas destacaram-se, com Medalha Excelência,
o vinho Zé da Leonor Reserva tinto 2020, da Casa Agrícola Rebelo Lopes assim como o Quinta do Casal Monteiro Grande Reserva
Fernão Pires branco 2019, da Quinta do Casal Monteiro. Foram 9 referências com Grande Medalha de Ouro, com a Enoport Wines
em destaque com dois Cabeça de Toiro Grande Reserva, o branco 2019 e o tinto 2017, e o Quinta São João Batista Grande Reserva
tinto 2018. Com Ouro foram distinguidos 26 vinhos entre os quais 10 brancos e 16 tintos; e com Prata, 14 referências - 4 brancos, 1
rosé e 9 vinhos tintos. Para além destas distinções, foram também distinguidos os melhores brancos e rosés da colheita de 2021. Já
os Prémios Vinhos do Tejo, com cinco categorias, destacou a Enoport Wines com Enólogo do Ano, levando dois enólogos ao palco
– Nuno Faria e João Vicêncio – e com Empresa de Excelência. A empresa Santos & Seixo com a sua operação no Tejo, sob o nome
Encosta do Sobral, foi eleita Empresa Dinamismo. O Prémio Sustentabilidade foi entregue à Companhia das Lezírias; e o Prémio
Carreira foi entregue a Pedro Castro Rego, Grão-Mestre da Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo e Presidente da Federação das
Confrarias Báquicas de Portugal. No Tejo Gourmet, já na sua 10ª edição, iniciativa que tem como objectivo promover os Vinhos
do Tejo e aumentar a sua oferta nas cartas vínicas, sendo aqui a avaliação feita com base em harmonizações enogastronómicas,
participaram 63 restaurantes de Portugal continental e arquipélagos. O grande vencedor foi o InPar Restaurante by Aroeira Lisbon
Hotel, na Charneca da Caparica, ao ser distinguido na categoria Melhor Cozinha Internacional sendo eleito O Melhor Restaurante
do concurso. Com Melhor Carta de Vinhos, distinguiu-se o OH!VARGAS, em Santarém. Também os vencedores da iniciativa Tejo
Anima, promovida pela Rota dos Vinhos do Tejo e pela Confraria Enófila de Nossa Senhora do Tejo, com o intuito de promover o
território e as suas valências de lazer, entregou distinções em três categorias – enoturismo, património e oferta cultural, e natureza.
Os vencedores foram, respectivamente, a Quinta da Atela, em Alpiarça; o Castelo de Almourol, em Vila Nova da Barquinha; e as
Salinas da Fonte da Bica, mais conhecidas por Salinas do Sal, em Rio Maior.

Todas as distinções aqui: https://www.cvrtejo.pt/media/concurso-de-vinhos-premios-vinhos-do-tejo-tejo-gourmet-e-tejo-anima


ACTUALIZE SEUS CONHECIMENTOS, ASSINE A REVISTA
Nome:
Morada:
Código Postal: Localidade:
Telefone: Telemóvel: Fax:
Email: N°Contribuinte:

Modo de pagamento: Cheque / Vale Postal


Ou para o NIB: 001800005021919400146 | IBAN: PT50 001800005021919400146
Associação dos Escanções de Portugal | Tel/Fax: 218132542 1 ANO 14€ - 6 NÚMEROS
Av. Almirante Reis, n°58 - R/C DT⁰ 1150-019 - Lisboa 2 ANOS 27€ - 12 NÚMEROS

66 O Escanção, n°185 - 2022

Você também pode gostar