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quadrimestral
CERVEJA E FUTEBOL
Retorno em forma de emoções
ECONOMIA
Um pacto pela cerveja
para maior justiça fiscal
DOIS CORVOS
Três anos de esforço,
suor e dedicação
LAGER
A SEDUTORA LEVEZA DO LÚPULO
Para descobrir e partilhar com os amigos
NORTADA | RAFEIRA | CERVEJA +351 | BOHEMIA HOPPY WEISS | FERMENTAÇÃO E MATURAÇÃO | SOVINA | SIMBIOSE
PORTAL | PATO BREWING | 50 ANOS DA CERVEJEIRA DE VIALONGA | SELECÇÃO 1927 PORTUGUESE BLOND ALE
2 • PAIXÃO PELO CERVEJA • EDIÇÃO 3
purple EDITORIAL
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PurpleSummer Media & Events, Unip. Lda
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impressão
LusoImpress, S.A.
R. Venceslau Ramos, 28
Longa vida às lager
4430-929 Avintes VNG
distribuição te dominante no mercado. “Optar” por este tipo de cervejas está-nos no “sangue”,
VASP, MLP – Media Logistics Park
Quinta do Grajal, Venda Seca
às vezes demasiado literalmente, pelo que é complicado inverter esta tendência.
2739-511 Agualva Cacém É claro que não fomos propriamente “nós” que assim o escolhemos. Até “agora”,
Registo ERC | 127067 a oferta disponível não era muito alargada, pelo que a “loirinha”, “fresquinha” e de
Depósito Legal | 435346/17 “espuma clara” é, mesmo em termos de imagem visual, como definimos, per si, a
siga-nos on-line cerveja, não só em Portugal mas um pouco por todo o mundo.
Revista Paixão Pela Cerveja
revistapaixaopelacerveja
No tema de capa desta edição arriscamos falar das lager. E uso a palavra “arrisca-
#paixãopelacerveja mos” porque sabemos que cada vez mais os cervejeiros, os mestres, os somme-
www.revistapaixaopelacerveja.pt
liérs evitam “alocar” determinado tipo de cerveja a uma época específica do ca-
A reprodução de textos e imagens tem de ser lendário. Os especialistas tentam que o consumidor perceba que as cervejas são
solicitada e autorizada.
estatuto editorial
para todo o ano e, tal como o vinho, devem ser escolhidas consoante a comida, o
Disponível on-line estado de espírito e, porque não, a companhia. É um desafio, todos concordaram.
periodicidade quadrimestral Nenhum deles quis propriamente arriscar prognósticos antes do jogo. E, por isso,
PPC #03
agosto / setembro / outubro / novembro quando lhes perguntamos qual a tendência de crescimento, ou decréscimo, das
lager as respostas variaram. Há quem defenda que as novas tendências de con-
sumo e o alargar do portfólio disponível vai despertar curiosidade e “roubar” cota
as lager, mas há quem também defenda que a procura por cervejas mais leves e
menos alcoólicas vai dar longa vida às lager.
Do nosso lado, para além de estarmos entusiasmados com toda esta dinâmica de
mercado... estamos com sede. E, com este calor, admito que uma lager fresquinha
vai tender a ser a minha escolha!
Cheers.
Í
26 46 Beer Lover: Colaborar é melhor
do que competir, mas com limites!
48 Sovina Amber Vintage
49 Post Scriptum Simbiose
26 Cerveja e Futebol
30 Cerveja e Ambiente
32 Bélgica e Inglaterra: 54
cervejas à prova
50 Portal Port Barrel Aged
52 3º Anivesário Dois Corvos
34 54 50 Anos da Cervejeira de Vialonga
58 Pato Brewing
em nova unidade de produção
60 Um pacto pela cerveja
6 Atualidade cervejeira 62 Dia da cerveja: 3 de agosto
13 Agenda cervejeira: 63 Educar para Prevenir
música e eventos
14 Nortada 64
15 Rafeira
16 Cerveja +351
17 Bohemia Hoppy Weiss
34 Tema de capa
18 Dan’s Finger Food & Drinks, Lager: a sedutora leveza do lúpulo
Guimarães 42 Cervejas lager: avaliação em
19 Peebz, Porto prova cega
20 Chef Jorge Peres: Limitações 44 Fermentação e maturação
face às cervejas estão a acabar 45 Os festivais de cerveja
24 Mesas Bohemias 64 The Brewers of Europe Forum
46 68 Selecção 1927 Portuguese Blond Ale
20
70 Coral Puro Malte,
Bastardô!, Gringo
72 Must have
74 Cerveja: o ingrediente secreto
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Revista Paixão Pela Cerveja
revistapaixaopelacerveja
#paixãopelacerveja
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ESTRELLA DAMM
“A nossa sugestão”
Cada estilo de cerveja é único e deve ser harmonizado com
pratos adequados. A pensar nisso, as cervejas gastronómicas
que complementam a gama da Estrella Damm desafiaram
restauran-tes de norte a sul do país a criar pratos específicos
para cada tipo de cerveja. “A Nossa sugestão” é um conceito
de maridagens cervejeiras entre os pratos desenvolvidos pe-
los restaurantes e as quatro especialidades da gama DAMM.
Até novembro, 32 restaurantes selecionados participam no
programa constituído por quatro momentos, cada um deles
com a duração de um mês. Em cada um, estará em destaque
uma das especialidades Damm: Inedit (julho e agosto), Mal-
querida (setembro), Voll Damm (outubro), Bock Damm (no-
vembro). Consulte mais informações e a listagem de restau-
rantes aderentes do Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Setúbal e
Faro, em www.sumolcompal.pt/pt-pt/marca/damm.
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Produzida em
RUA SÁ DA BANDEIRA
PORTO • PORTUGAL
BOR
UM VENDAVAL DE SA
• CRAFT BEER
CERVEJA ARTESANAL
segue-nos em
cervejanortada
cervejanortada
CERVEJANORTADA.PT
SEJA RESPONSÁVEL. BEBA COM MODERAÇÃO
Projeto RENASCER
foi um sucesso
O ano de 2017 ficará marcado no coração dos portugueses, como
um dos anos mais negros da história através de diversos incên-
dios que assolaram este país e destruíram largos hectares de flo-
resta. A cerveja artesanal pode ser também solidariedade. Assim,
a cerveja Letra e a cerveja Rapada convidaram alguns dos seus
parceiros para construir uma campanha solidária com o objetivo
único de ajudar na reflorestação das zonas mais afetadas por estas
catástrofes. Nasceu a cerveja artesanal Renascer, que foi comer-
cializada até ao final de janeiro num pack solidário, composto por
uma garrafa de cerveja do estilo American Amber Ale (6%) e uma
pequena árvore. Por cada mil garrafas as cervejas compromete-
ram-se a plantar cinco árvores (espécies autóctones, como cas-
tanheiros e carvalhos) nas zonas mais afetadas da área geográfica
da Rapada, em Oliveira do Hospital. O pack solidário, garrafa de 33
cl mais de uma árvore para plantar, teve um custo de 5 euros, para
uso direto na compra de árvores para plantação. Foram angaria-
das cerca de 24 mil árvores e nesta fase já estão plantadas três mil,
sendo que até ao final do ano estarão todas plantadas.
A campanha foi um sucesso, garante Rui Figueiredo, da Rapada,
referindo que: “apesar de serem muitas árvores, temos intenção
de relançar a campanha Renascer no inicio de 2019, porque a
mancha ardida foi imensa”.
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LUCROS
do Super Bock Group crescem 34%
A empresa liderada por Rui Lopes Ferrei- para a China, onde as vendas duplicaram
ra apresentou “os melhores resultados de e representaram um peso de 40%, classifi-
sempre”, no ano passado, tendo crescido cando-se como marca premium. O grupo
“significativamente” na China. criou mesmo uma cerveja especial para o
O Super Bock Group viu os lucros aumen- mercado chinês. A nível de mercado inter-
taram 33,6% para 51,3 milhões de euros no, destaque para o “crescimento muito
no ano passado, batendo recordes a ní- significativo das vendas de cerveja, sidras
vel de faturação, naquele que foi um ano e águas” e a “redução da área de vendas
marcado por um “ciclo de transformação diretas em Lisboa (alargando o território
iniciado há três anos” e pelos “melhores da rede), lê-se no documento. No ano
resultados de sempre“, afirmou o presi- passado, o número médio de funcionários
dente executivo, Rui Lopes Ferreira, no fixou-se em 1.351, mais 1,4% do que no
relatório de gestão de 2017. Conforme se exercício anterior, tendo a empresa gasto
lê no documento, publicado esta terça- cerca de 52,4 milhões de euros com pes-
-feira, o grupo faturou 520,9 milhões de soal e trabalhadores temporários.
euros no ano passado, o que representa Rui Lopes Ferreira referiu ainda o “ano
uma melhoria de 23,7% face ao ano an- marcante” em que o grupo assumiu “uma
terior (451,3 milhões de euros). O EBITDA nova identidade corporativa“. “Celebrámos
cresceu 19,5%, passando de 85,8 milhões o 90º aniversário da Super Bock e tivemos
para 102,5 milhões. E a cervejeira aumen- os melhores resultados de sempre, com
tou o capital próprio — passou de 171,7 um volume de vendas de 521 milhões de
para 187,6 milhões de euros, um cresci- euros. Reforçámos lideranças no merca-
mento de 9,3%. A empresa com sede em do interno, crescemos significativamente
Leça do Balio, no concelho de Matosinhos, na China, hoje o nosso segundo mercado,
produziu 573 milhões de litros de cerveja, e prosseguimos o investimento noutras
tendo superado os 100 milhões de litros geografias“, lê-se no documento.
exportados. Destaque para as exportações > Fonte www.eco.pt
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ArtBeerFest
Caminha 2018
> texto e otografias D.R.
Cerveja e música
Na rota da animação
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Nortada
Democratizar o acesso
à cerveja de qualidade
> texto Aquiles Pinto > fotografias D.R.
Cerveja +351
Portugalidade
colada ao rótulo
> texto Aquiles Pinto > fotografias D.R.
CAUSA SOCIAIS
Inspirada para promover, desenvolver e
criar cultura, a cerveja artesanal +351,
além de promover o espírito cervejeiro no
mercado português, pretende promover
as causas sociais, de acordo com Duarte
Cunha e Silva. “É uma cerveja que irá mar-
car e atuar de forma responsável, cons-
ciente e apoiar causas sociais. Gera valor
ao consumidor porque tem muito a ensi-
nar. Vamos inspirar confiança e cumprir o
que prometemos, temos palavra. Suporta-
mos um estilo de vida apoiado na cultura,
amor, comprometimento e na arte”.
Pode beber-se uma cerveja só porque se tem sede. Qualquer razão é boa. Mas se esta for harmonizada com
gastronomia e degustada enquanto se tem uma conversa agradável, então o patamar a experiência eleva-se.
A Bohemia Hoppy Weiss está nesse nível e as equipas da Central de Cervejas tiveram isso mesmo em conta no
desenvolvimento da imagem da garrafa e do rótulo.
Enriquecer a experiência às refeições, en- de cores dos rótulos para fazer uma dis- e refrescante, de trigo e com notas aromá-
tre família e amigos, proporcionando mo- tinção clara das variedades e tentámos dar ticas de lúpulo. De aparência clara, utiliza
mentos gastronómicos únicos e memorá- mais destaque à marca Bohemia, que desde uma mistura de maltes de trigo, cevada e
veis, ao mesmo tempo que se continua a sempre assim foi chamada”, avançou à Pai- três lúpulos distintos adicionados a frio que
construção da cultura cervejeira e a trazer xão Pela Cerveja a gestora da marca Bohe- lhe conferem um carácter herbal: Haller-
novidades para uma categoria de cervejas mia, Sílvia Rebelo. tauer Mittelfruh, Mosaic e Citra.
que continua a crescer em Portugal e no A mesma fonte dá conta que, nas inova- Estas características tornam esta cerveja
mundo. Foi esta a base que a Sociedade ções, a empresa procura trazer uma ima- ideal para acompanhar com pratos leves
Central de Cervejas (SCC) teve para o de- gem onde enaltece o estilo da cerveja (o e petiscos de verão, como peixe, marisco
senvolvimento da Bohemia Hoppy Weiss nome do estilo aparece numa escala maior e saladas. De acordo com Sílvia Rebelo,
em termos de produto, incluindo, como do que nome Bohemia) e traz “uma ima- “trata-se de uma inovação que pretende
não poderia deixar de ser o Label & Design gem com mais elementos cervejeiros e promover qualidade e prazer no dia a dia,
da garrafa e do rótulo. assim mais informação sobre cerveja num durante as refeições”.
“É uma gama de cervejas especialmente papel de dinamizar a cultura e oferta cer- Quanto ao público-alvo, inclui, de acordo
desenvolvidas para harmonizar diferentes vejeira”. com a gestora da marca Bohemia, “todos
tipos de comida. Para reforçar o posiciona- os apreciadores e amantes de cerveja que
mento de Bohemia às refeições, procurá- CERVEJA IDEAL procuram novas experiências de sabor sur-
mos desenvolver uma garrafa mais elegan- PARA PRATOS DE VERÃO preendentes e que harmonizem os diferen-
te para ir à mesa, trabalhámos os códigos A Bohemia Hoppy Weiss é uma cerveja leve tes pratos à mesa”.
As hamburguerias gourmet são já uma incontornável realidade um pouco por todo o país. Um dos bons
exemplos está em Guimarães. Referimo-nos ao Dan’s Finger Food and Drinks.
Nasceu no final de 2014 e é, hoje, uma das hamburguerias de créditos firmados no Porto. Ao contrário de boa
parte de outros exemplos na cidade, O Peebz, assim se designa, não está na “fervilhante” Baixa, mas na mais
calma zona da Foz.
Se todas as casas têm boas histórias para Ao jantar, a carta permite escolha entre
contar, a do Peebz começa logo pelo pró- opções mais clássicas e os especiais Pee- Peebz significa “uma das
prio nome. Fernando Santiago pediu ajuda bz e do mês. O de abril, escolhido pela pessoas mais porreiras que
à filha na tarefa. A filha, por sua vez, falou PPC juntava aos 160 gramas de novilho alguma vez conhecerá”
com vários amigos e uma amiga, curio- queijo de cabra, nozes picadas, mix de
samente hoje funcionária do restaurante, alfaces e mostarda. É uma “bomba” de
deu a sugestão de Peeps, que significa, na sabores que funciona bem, mas, claro, só
gíria urbana jovem, “pessoas e amigos pró- para quem aprecia o intenso paladar do
ximos”. queijo usado.
O ‘brainstorming’ evoluiu, depois, para
Peebz, ou “uma das pessoas mais porreiras LETRA E MUSA
que alguma vez conhecerá”, numa tradu- No campo das bebidas, há opções de cer-
RESTAURANTE PEEBZ
ção mais ou menos livre. “O nome entra vejas artesanais de duas casas produtoras: Coordenadas GPS:
no ouvido. Ficou”, disse à Paixão Pela Cer- a minhota Letra e a lisboeta Musa. Na Le- 41.1527327; -8.6780075
veja o fundador da hamburgueria. tra, a escolha pode recair na A (Weiss), B Rua da Senhora da Luz 448
Nos hambúrgueres, no prato ou em pão, (Pilsner), C (Stout) e E (Belgian Dark). Já na 4150-274 Porto
a base são 160 gramas de novilho, haven- Musa, Hoppy Lager, Red Session IPA e IPA Horário:
do ainda opção de salmão ou vegetaria- são a opção. Terça-sexta: 12:00-15:00 | 19:00-22:45
no. Ao almoço, o restaurante tem menus, De referir que o Peebz tem ‘takeaway’ e Sábado: 12:30-15:30 | 19:00-22:45
domingo: 12:30-15:30
que incluem, além do hambúrguer, bata- trabalha com várias empresas de entre-
Encerra à segunda
tas, bebida e café (6,5 euros na carne e no ga de refeições ao domicílio na zona do
facebook.com/restaurantepeebz/
‘veggie’ e 7,8 euros no salmão). Grande Porto.
Ligar a cerveja à gastronomia e à escolha de uma refeição em concreto já não é algo de estranho em Portugal,
ao contrário do que sucedia há não muitos anos. Jorge Peres, chef de 57 anos de créditos firmados por uma
história na cozinha internacional, realça e aplaude o fim das limitações em relação à cerveja na degustação. É
isso que faz no seu mais recente projeto, o Lab253, em Braga.
“O Lab253 é pequeno e, infelizmente, não perfeita harmonização com o rodovalho O Lab253 tem, ao almoço, menus pré-de-
temos muita disponibilidade para fazer- assado. Para o delicioso bife angus gre- finidos pelo chef e à noite o cenário não é
mos tantas atividades como desejaríamos lhado foram escolhidas duas cervejas: a tão diferente como se possa pensar, dado
em termos de combinação de comida American Pale Ale by Vadia, uma cerveja que Jorge Peres propõe após uma breve
com cerveja. Mas não é a primeira vez que, artesanal orgânica; e a Burguesa Imperial conversa com o cliente. “Nunca consi-
à mesa, o tema da cerveja vem à baila”, re- Stout (whiskey oak). go cozinhar para alguém sem falar com a
fere o chef. pessoa. Tenho de saber do que gosta ou se
Jorge Peres recorda que, há uns anos, ha- MENU É CONVERSA COM CLIENTE é intolerante a algo. Muito mais importante
via a restrição “de para comer um cachorro Aberto desde o início do ano, o Lab253 é do que o menu é eu poder cozinhar para a
ou uma francesinha se bebia uma cerveja, um projeto muito diferente daqueles a que pessoa o que ela gosta”.
mas que para comer um bife tinha de ser Jorge Peres está habituado. Com apenas A frescura dos ingredientes é, portanto,
vinho a acompanhar. Hoje, a perspetiva é 22 lugares, é, indica o próprio nome, um pedra basilar da casa. “Compro carne de
diferente. Tal como os vinhos, os diferen- autêntico espaço de cozinha laboratório. dois em dois dias, vou todos os dias ao
tes tipos de cerveja podem conjugar com O oposto de alguns grandes “empreendi- peixe e todos os dias ao mercado. Todos
diferentes pratos”. mentos” que o cozinheiro liderou ao lon- os vegetais são de pequenos produtores
Felizmente, indica, “há cada vez menos go da carreira, tanto em Portugal como no aqui à volta de Braga que vendem na pra-
divisões e a grande parte das pessoas já Reino Unido ou na Suíça. ça. Por isso é que explico às pessoas que
gosta tanto de vinho como de cerveja, de- No dia em que visitámos o restaurante nos visitam que não adianta pedirem-me o
pende do estado de espírito, da atmosfera, bracarense, experimentámos o ‘apetizer’ menu, porque eu vou ao peixe e escolho o
etc”. do chefe (creme de cenoura com gelado que eu acho que está melhor”.
Para o menu selecionado, Jorge Peres es- de lima e mousse de espinafre), risoto de O cozinheiro explica há dias em que colo-
colheu cervejas artesanais do norte e ou- camarão, robalo braseado, rodovalho as- ca no menu de almoço pescada, mas de-
sou desafiar os sentidos. A Lumber Jane sado, bife angus grelhado e, para sobre- pois muda de ideias e compro outro peixe.
Oak Double India Pale Ale, cerveja cola- mesa, torre de framboesa. “A pessoa entende isso, depois de levar o
borativa produzida na Letra com a Colos- Com exceção, do ‘apetizer’ e da sobreme- peixe à boca. E com as carnes é igual”.
sus, acompanhou muito bem o risoto de sa, que são imagens de marca de Jorge Em seis meses, o restaurante do chef Jor-
camarão. Depois seguiu-se uma Portu- Peres, tudo o resto pode não voltar a en- ge Peres já cimentou essa relação com
guese Grape Ale, elaborada com a casta contrar-se no Lab253. A razão é simples: quem o visita e os clientes mais frequentes
Alvarinho, Esta Cerveja é Mesmo Boa, em não tem menu. já “fazem questão de não quererem saber
o que vão comer. ‘A melhor coisa que há o Ferran Adrià, do El Bulli. Aí estive com
FAMOSOS “FOTOGRAFADOS” é não estar preocupado com escolher. Ó um senhor chamado Michael Hassler, um
NA MEMÓRIA chef, traga’. De resto, as críticas de espe- judeu de origem polaca, que tinha fugido
Jorge Peres hoje está em Braga a
cialistas que já fizeram aconselhavam os para Inglaterra em criança. Esse senhor
fazer cozinha de laboratório, mas o
percurso desde chef de 57 é longo e leitores a deixaram-se guiar”. disse-me que eu tinha um dom que de-
muito rico. Além de Portugal, Reino via explorar. Trata-se do dom da alquimia,
Unido e Suíça foram paragens. LEVAR COZINHA DE AUTOR A BRAGA a capacidade de pensar em ingredientes,
Nesse caminho, foram muitos os no- Resultado, o Lab253 tem permitido levar misturá-los na cabeça e ter o paladar na
mes “grandes” para quem Jorge Peres à cidade dos Arcebispos uma realidade garganta. Ou seja, quando vou cozinhar, já
cozinhou. A rainha de Inglaterra, o rei de cozinha de autor que não era muito sei o que pretendo e qual vai ser o resul-
da Jordânia, os artistas Sting, Madon- presente antes. “Braga tem restaurantes tado”.
na e Kylie Minogue ou o ator Anthony ótimos, mas que todos fazem o mesmo.
Hopkins são apenas de alguns dos
Há pratos que são comuns desde que me PAIXÃO COM PREJUÍZOS SOCIAIS
exemplos. “Tudo isso vale o que vale.
O que importa é que as pessoas co- lembro nos meus 57 anos de idade. O ba- Jorge Peres salienta que teve a oportu-
mam e gostem, independentemente calhau à Braga, o cabrito, as papas, o pica nidade e agarrou-a com unhas e dentes,
de quem sejam. Portanto, nesse as- no chão, a feijoada, a vitela assada. Isto é o com muito esforço. “Durante quase 20
peto não sobrevalorizo ter cozinha- que encontra em todos os restaurantes. Eu anos, o dia em que trabalhei menos, tra-
do para a rainha de Inglaterra, ter um tomei um caminho diferente. Eu não abro balhei 14 horas. Nunca perguntei qual era
menu assinado pelo Anthony Hop- ao domingo porque a maioria dos clien- o horário, nunca perguntei qual era o meu
kins a dizer que foi a melhor coste- tes minhotos desses dias vai comer um ordenado. A hora de entrada é certa, a
leta de cordeiro que comeu na vida daqueles pratos. E muito. Tenho de primar hora de saída é quando for. Enquanto es-
dele, entre outros exemplos. Aliás, eu
pela diferença”. tiverem pessoas na sala, temos de esperar.
não tenho fotografias com nenhum
famoso para quem cozinhei”. Este “mimar” do cliente é feito por alguém Quem vem trabalhar para esta área, tem
Alguém falou em fotos ou ‘selfies’? que não pretende visar o lucro a todo o de ter essa noção. É preciso saber que a
Sim, até para Marcelo Rebelo de Sou- custo, mas antes partilhar o talento e a vida pessoal é afetada em grande escala”.
sa o chef já cozinhou. “Ainda não era paixão pela gastronomia. O preço médio A maior parte dos dias nem a família se vê,
Presidente da República, mas já era das refeições no Lab253 é de 25 euros à avisa. “A minha mulher sai, eu saio a seguir
um ilustre sócio do Sporting de Braga noite, havendo, ainda menus definidos ao e quando chego a casa ela já está a dormir,
e eu cozinhei para um grupo VIP no almoço por dez euros. Uma forma de de- porque já passa da meia-noite. Ou seja, em
clube e ele foi o único que se pôs a mocratizar a cozinha de autor, portanto. termos sociais, eu vivo mais tempo com os
pé, depois de comer, para agradecer
clientes do que com a minha própria fa-
e elogiar a refeição”.
A ESCOLHA DA COZINHA NOS ANOS 80 mília. Chega a passar-se uma semana sem
Jorge Peres estudou no Reino Unido. “Se ver a minha filha mais nova. A minha filha
LAB253 fosse para cozinha em Portugal, o meu pai mais velha, que é metade portuguesa, me-
Largo 12 de Dezembro, 8 dizia que eu era homossexual. Havia esse tade jamaicana e vive em Inglaterra, dos
Lomar, Braga tabu. Estávamos nos anos 1980”, explica o três aos seis anos, vi-a duas vezes”.
Horário chef que sempre teve “uma aptidão natu- A compensação, explica o chef, surge o
12:30-14:30 | 20:00-23:00
ral” para cozinhar. brilho nos olhos das pessoas no fim das
Encerrado às terças-feiras
Preço médio: 25,00 € O cozinheiro indica, com efeito, ter o refeições que confeciona. “Isso vale muito
T. +351 938 623 874 dom da alquimia. “Fiz uma formação em mais do que o dinheiro. Isso é o que me
facebook.com/pg/lab253 Barcelona sobre cozinha molecular, com move e o que me realiza”.
Pedro Tavares, sponsorship and brand ma- do adepto, do convívio e da paixão pelo
nager do Super Bock Group, admite que futebol”.
os grandes eventos futebolísticos, como Para enaltecer ainda mais esta “veia”, a
um Mundial ou um Europeu de futebol marca criou o conceito de Super Adepto,
tem algum impacto no consumo de cer- no qual, junto com os clubes, proporciona
veja, mas também esclarece que normal- experiências que o dinheiro simplesmente
mente “já decorrem em alturas de grande não consegue comprar, como “ir ao relva-
consumo”. Ou seja, o Super Bock Group do ver o aquecimento da equipa”. Ou seja,
sente esse acréscimo, mas “não é por essa o apoio extravasa em muito um logotipo
razão que estamos no futebol”. estampado numa camisola suada. “Tenta-
Estão, sim, porque é um tema transversal mos ativar aquilo que é a nossa ligação aos
aos portugueses para além de a ele esta- adeptos. Cada adepto tem a sua história e
rem ligados valores como a amizade. Aliás, tentamos, com esta ativação e com esta
a imagem de um grupo de amigos a as- comunicação, para além destas experiên-
sistirem a uma partida de futebol acom- cias únicas, ir buscar as histórias únicas de
panhados pela fiel-companheira cerveja é cada clube”.
um clássico. “É um tema estruturante da
sociedade portuguesa ao qual também O HISTÓRIA DO MARCELO
queremos estar ligados”. Marcelo é um dos exemplos de um adepto
Em termos de Super Bock Group, a estra- com uma história. Este brasileiro que gere
tégia passa por apoiarem dois dos princi- a página do Facebook do Sporting no Bra-
pais clubes, o F.C. Porto e o Sporting, para sil sonhava vir a Alvalade mas simplesmen-
além de acordos com o Setúbal e Paços te não conseguia. “Proporcionamos essa
de Ferreira, com uma dimensão mais pe- visita ao Marcelo e foi um momento muito
quena. “Com estes patrocínios visamos importante para ele e marcou a nossa pró-
também ativar aquilo que é esta vertente pria relação com o clube. Temos tentado
PUB PUB
CM
MY
CY
CMY
Reciclar
Missão a cumprir
> texto Susana Marvão > fotografias D.R.
Portugal comprometeu-se, através do Plano Nacional de Gestão de Resíduos, a alcançar 50% na reciclagem
até 2020. E apesar de ser um objetivo que muitos consideram arrojado e de difícil alcance, as medidas para o
alcançar vão sendo tomadas, com a indústria cervejeira a dar a sua contribuição.
Os dados da Agência Portuguesa do Am- MENOS 3 MILHÕES DE COPOS Os copos “amigos do ambiente” da Super
biente indicam que a produção de resí- Com a introdução de copos reutilizáveis Bock são um gesto simples para o consu-
duos aumentou de 4,47 milhões de to- em eventos de grande dimensão em 2016, midor com claros benefícios ambientais,
neladas em 2005 para 4,52 milhões em a Super Bock conseguiu eliminar três mi- mas também económicos. São, de facto,
2015, o que significa que cada cidadão lhões de copos descartáveis em dois anos. uma alternativa sustentável aos descar-
produz por ano, ou pelo menos produ- Para além dos festivais de música, a marca táveis, pelo contributo para a diminuição
zia em 2015, 58 quilogramas de resíduos. de Leça do Balio o ano passado resolveu significativa destes resíduos nos eventos
Portugal, através do Plano Nacional de adotar esta boa prática ambiental nas Fes- que juntam milhares de pessoas e para as
Gestão de Resíduos, criou o compro- tas de Lisboa, disponibilizando os copos quantidades enviadas para reciclagem, já
misso de alcançar 50% na reciclagem até descartáveis na cerimónia de abertura, de que podem ser usados, lavados e reutiliza-
2020, um objetivo arrojado para o qual a encerramento e na passagem-de-ano. dos, sempre com a garantia de qualidade e
indústria cervejeira está a dar a sua con- Este ano, colocou-os nas Queimas das Fi- da melhor experiência de consumo.
tribuição. tas de Coimbra e do Porto. Também fruto do pioneirismo e conheci-
A paixão pelo futebol chega ao seu expoente máximo aquando da realização do Mundial, o sinónimo de
alegria, amizade, convívio e claro muita cerveja a acompanhar.
O mote estava dado, no final de tarde tura social e ligação desta à inter-relação
do passado mês de junho, a Confraria da entre nações e pessoas”.
“Estes momentos
Cerveja juntou confrades e outros con- Os momentos a bordo foram de des-
registam a importância
vidados para assistir a uma partida do contração, convívio e claro de prova de
da cerveja na cultura
Mundial de Futebol e para uma prova de cerveja, esta foi comentada por forma a
social e ligação desta
cervejas. A Revista Paixão Pela Cerveja partilhar com todos os presentes as ca-
à inter-relação entre
também marcou presença. racterísticas e as diferenças entre as cer-
nações e pessoas”
O jogo era o Bélgica-Inglaterra, jogo de vejas provadas. O Grão-Mestre comentou
povos apaixonados por futebol mas tam- que esta era “a oportunidade para todos
bém produtores de cervejas, há já muito sairmos daqui mais enriquecidos, com
tempo. Nada melhor do que aproveitar o conhecimento de algumas cervejas, e
o dia do jogo para colocar também “em com a perceção do que é hoje a diversi-
prova” uma seleção de cervejas de ambos dade e sofisticação da cerveja”. CONFRARIA DA CERVEJA
Criada em abril de 2003 a Confraria da
países. Prova, essa, elevada a um outro O ambiente a bordo não podia ser me-
Cerveja é uma entidade sem fins lucra-
nível, pois foi feita a bordo de uma em- lhor, o cenário de um final de tarde nas
tivos. Conta já com mais de 500 con-
barcação em pleno rio Tejo. Eram oito águas do Tejo, com vista privilegiada so- frades, promove a paixão pela cerveja
cervejas, quatro de cada país. Mas aqui bre a Lisboa ribeirinha, da ponte sobre o em Portugal, entronizando anualmente
não estava nada em jogo, ao contrário da rio, com cerveja e pessoas felizes. colaboradores das Cervejeiras (Confra-
partida de futebol, conforme comentado Já com os pés em terra, foi a vez de as- des Mestres), personalidades/líderes de
pelo Grão-Mestre da Confraria da Cer- sistir ao jogo de futebol, que foi, claro opinião (Confrades de Honra) e parcei-
veja, Rui Lopes Ferreira, “nesta prova de está, acompanhado por cerveja, petiscos, ros do setor cervejeiro português (Con-
cervejas inglesas e belgas não vai haver muita conversa e animação entre os pre- frades Protetores).
O intuito da entronização é tornar os
vencidos nem vencedores”. Na receção sentes.
novos confrades, Embaixadores da Cer-
a bordo dos confrades e convidados, foi Ressalvamos também a intenção de Rui
veja em Portugal, contribuindo para a
também referido que “estes momentos Lopes Ferreira para “repetir momentos sua divulgação, prestígio e dignificação.
registam a importância da cerveja na cul- como este ao longo do ano”.
Lager
A sedutora leveza do lúpulo
> texto Susana Marvão > fotografias Shutterstock
Dominam claramente o mercado. As lager, onde as pilsner ganham particular relevância, rondam os 90% da
produção mundial, uma tendência à qual Portugal não foge à regra. Às lager são atribuídos “adjetivos” como
refrescância, leveza, convívio, verão, amigos e uma declarada subtiliza do lúpulo, conferindo-lhe um amargo
suave. Qual a tendência desta “família” num mercado que começa agora a despoletar para outros tipos de cerveja?
A culpa pode muito bem ser delas. Das fermentação, fermenta a temperaturas ha- bock ou as dark lager e que “acabam por
lager. Quando chamamos “loirinha” à cer- bitualmente mais baixas que a levedura do se adaptar a estações mais frias e a pratos
veja, a probabilidade de estarmos a pensar tipo ale e acaba por originar cervejas com de carne mais ricos, como estufados ou
num copo alto, com líquido dourado, uma um perfil muito diferente – enquanto que guisados”, esclareceu o responsável.
espuma clara e uma frescura só de olhar, é as ales tendem a ser mais frutadas, as la- De resto, a Sociedade Central de Cervejas
imensa. É claro que estamos a generalizar. gers têm um sabor mais “limpo” e “fresco”. explora muitas das latitudes de aroma e
Os especialistas bem nos tentam clarificar A verdade é que existem muitos estilos di- sabor que é possível alcançar com as la-
que a cor e o teor alcoólico de uma cerveja ferentes de lager – amber lager, dark lager, ger. “A cerveja pilsner Sagres é a principal
não indicam se é lager ou ale, pois existem bock, etc.... – mas, tal como já referimos, a bandeira da empresa, mas o recente lan-
tanto lager quanto ale escuras e alcoólicas. pilsner acabou por se tornar predominan- çamento da Sagres Cascade mostra como
Mas é aqui, dentro das lager, que as pilsner te. Aliás, claramente as principais marcas é possível ter cervejas bastante distintas
– também se pode dizer e escrever pilsen portuguesas e internacionais são pilsner e dentro do mesmo estilo: o amargo mais
– ganham claramente terreno. E dão sen- a sua frescura, amargo suave, cor doura- suave e notas de lúpulo da Sagres Cas-
tido a uma das mais conhecidas frases do da e espuma clara é, para muitos, o que cade contrastam com o aroma a cereais
mundo cervejeiro: “toda a pilsner é uma caracteriza uma cerveja. “As pilsner são da Sagres”. Para Pedro Vicente, a Sagres
lager, mas nem toda a lager é uma pilsner”. cervejas muito associadas ao verão, so- Preta, uma dark lager, caracteriza-se pelo
Vamos ser rigorosos: as lager são uma fa- bretudo pela sua refrescância derivada da seu aroma a café, derivado da utilização de
mília muito ampla, que tem como carac- combinação do sabor subtil e limpo com maltes especiais, enquanto a Bohemia Ori-
terística comum o tipo de levedura utili- um amargo suave e muita frescura”, disse- ginal, uma cerveja estilo marzen, apresenta
zada, explicou-nos Pedro Vicente, R&D -nos Pedro Vicente uma maior doçura e aroma frutado, com-
Technical Project Manager da Central de Contudo, existem lager para todos os mo- binando a cor rubi com um corpo mais
Cervejas. A Saccharomyces Pastorianus, mentos: cervejas mais encorpadas e com acentuado. Já “a Bohemia Puro Malte,
também designada por levedura de baixa notas de malte mais acentuadas, como as uma amber lager, tem um aroma intenso
*****
DISPONIBILIDADE
VS ESCOLHA CONSCIENTE
Marta Fraga, beer sommelière do Super
Bock Group, corrobora que Portugal se-
gue a tendência para o consumo das lager,
sendo que a própria produção da empresa
de Leça do Balio inclui mais lager que ale.
Isto apesar de, em termos históricos, as ale
serem antecessoras. “Podemos ver as lager
como um fruto da modernidade e talvez
do próprio consumo. As tendências hoje
são de cervejas menos alcoólicas, mais
bebíveis” e isso reflete um pouco a história
da cerveja.
Quando ao futuro, Marta Fraga admite que
não sabe se continuará a haver primazia das
lager em detrimento das ale, sendo que, até
agora, mais do que uma escolha, o consu-
mo das lager era baseado na disponibilida-
PUB
UM LUXO ACESSÍVEL
João Pedro Montes, CEO da Wine With
Spirit, empresa produtora de vinho, aven-
turou-se no mundo das cervejas, uma
ousadia materializada na Bastardô!, uma
lager Bohemian Pilsner. “A nossa lógica
enquanto empresa é centrarmo-nos no
consumidor e não tanto no enólogo, na
quinta e na herdade. Através da etnogra-
fia identificamos momentos de consumo,
produzindo depois os blends dos vinhos
que melhor se adequam”. Ora, uma dessas
tendência que a empresa captou foi a das
cervejas artesanais. “Na Bélgica, da mesma
maneira que aqui nos dão uma carta com
30 vinhos, lá dão-nos com 30 cervejas”.
Estava o terreno preparado para o nasci-
mento da Bastardô!
“Acredito que este movimento e tendência
veio para ficar. As pessoas estão a adorar
descobrir que podem ter o mesmo com-
portamento com as cervejas do que com
mido no mundo inteiro, tendo crescido duas lager -, diz que, no caso desta mar- os vinhos. Descobrir sensações e sabores”.
cerca de 125%. “As lager já percorreram o ca, e contrariando as opiniões anteriores, Assim, a Wine With Spirit aproveitou o
seu caminho, tendo naturalmente o cres- o consumo deste estilo é dos que regista mosto da uva do vinho Bastardô! e resol-
cimento estagnado”. No entanto, António maior crescimento. veu fazer uma cerveja vínica. “Ouvimos o
Ramalho admite não ter a certeza se os “Não é das mais consumidas, mas prova- mercado, vimos as tendências e fizemos
consumidores dos novos estilos de cer- velmente virá a ser”. Isto porque, explica, uma experiência. Não somos cervejeiros,
veja vão conquistar espaço aos que con- as características que o consumidor atribui mas quisemos fazer uma coisa diferente:
somem lager. “Diria que sim, mas isso é a a uma cerveja artesanal não são propria- uma cerveja em garrafa de champanhe e
minha opinião. Pessoalmente, gosto mui- mente as atribuídas a uma lager, daí que com rolha, sendo basicamente um luxo
to de IPA, apesar de uma lager me saber nos produtores artesanais este estilo tenha acessível”.
lindamente. Mas a verdade é que antes demorado mais a “vingar”. Mas a tendên- João Pedro Montes diz estar a sentir com
sempre que bebia uma cerveja era lager cia será para que o consumo se intensifi- o mercado da cerveja o mesmo que sentiu
e agora, com esta oferta, já vou optando que, captando não só o público masculino, quando a empresa avançou para o mer-
por outros estilos”. mas o feminino que, muitas vezes, procura cado polaco com os vinhos. “O consumo
uma cerveja mais leve, sem perder aroma per capita era baixo por isso tem um cres-
É PARA O MENINO E PARA A MENINA ou sabor. “Acredito que as cervejas de bai- cimento ao ano elevado. Hoje a cerve-
Ainda não há muito tempo, havia as lager... xo teor alcoólico ou mesmo sem álcool ja artesanal ainda é residual pois existem
e as lager, pelo que a escolha era simples. vai ter grande desenvolvimento no futuro. comportamentos com 30 e 40 anos que
Arménio Martins, mestre cervejeiro da tra- E vai passar muito pelas lager”. é preciso alterar. Mas está em forte cres-
dicional Sovina - que tem no seu portfólio Para Arménio Martins, uma boa lager, ou cimento”.
INGREDIENTES Água, malte de cevada, extrato de lúpulo INGREDIENTES Água, malte de cevada e extrato de lúpulo.
e lúpulo.
Intensamente dourada, tem espuma APARÊNCIA Castanho muito escuro, espuma
APARÊNCIA consistente, creme.
cremosa e persistente.
AROMA Frutado, fresco e envolvente, notas de cereais. AROMA Intenso em aromas de cereais maltados
torrados.
SABOR Muito bom, com excelente corpo e volume, muito
equilibrado, com boas notas do lúpulo, amargor SABOR Mantém o perfil, acrescem notas de café e
final que vai balancear o doce, persistente. cevada, final seco de elegante amargor.
36 SOVINA
35 SELECÇÃO 1927
INGREDIENTES Água, malte de cevada, lúpulo e levedura. INGREDIENTES Água, malte de cevada e lúpulo.
APARÊNCIA Com boa carbonatação e espuma, aspeto De cor castanha, limpa, espuma bege,
APARÊNCIA
limpo. muito cremosa e persistente.
AROMA Intensa em notas de cereais, pão, AROMA Intenso em notas maltadas, frutos secos e
caramelo, frutos secos e toque de mel. tostados, elegante.
SABOR Envolvente, guloso, mantém o caramelo, SABOR Harmonioso, com evidentes tostados,
tostados, ligeiramente condimentado. aliados a notas de chocolate e toque
Uma cerveja encorpada e gulosa no final. fumado, deixa um final prolongado.
36 SELECÇÃO 1927
34 CRESMINA
36 BASTARDO ROYALE
33 CORUJA
INGREDIENTES Água, malte de cevada, lúpulo e levedura. INGREDIENTES Malte de cevada, lúpulo, água e levedura.
APARÊNCIA Amarela, límpida, com boa espuma,
APARÊNCIA Acastanhada, com espuma bege, persistente. persistente.
AROMA Intenso em notas de frutos secos, uvas AROMA Equilibrado, com distintas notas frutadas,
passas, madeira, licorados. melados, cereais.
SABOR Evidentes notas madeiradas, caramelo, SABOR É um conjunto harmonioso e refrescante,
Vinho do Porto, molho de soja, bom com grande equilíbrio entre o amargor
amargor, termina ousada. e a doçura, deixa um final cativante.
33 TOPÁZIO
30 PRAXIS
APARÊNCIA Amarelo dourado, claro, com boa espuma, 29 KENGA PILSENER PREMIUM
persistente. 28 VADIA RUBI MARZEN
AROMA Harmonioso, com evidentes notas a 26 KENGA RED LAGER
cereais maltados, toque frutado.
26 KORISCA RED LAGER
SABOR Bom corpo e volume, estrutura equilibrada,
tem um sabor delicado e envolvente, com
bom amargor.
32 BAUER LOPES
A fermentação
e maturação
> texto Tito Santos • Fizzlab.pt > fotografias Sam Hetterich / o autor escreve ao abrigo do anterior AO
É comum ouvir-se dizer que o cervejeiro faz mosto e a levedura faz cerveja. A verdade é que não existe cerveja
sem fermentação e não existe fermentação sem leveduras.
Com a transferência do mosto fervido e riados desde banana a laranja ou limão, sendo filtrada ou não neste processo. No
convenientemente arrefecido para a cuba cravinho, pastilha elástica, rebuçado de tanque de maturação (ou de laggering no
de fermentação, dá-se início à fase da pera, etc. A sua produção depende da es- caso de lagers) e de forma geral, a cerveja
conversão dos açúcares fermentáveis em, tirpe utilizada, da temperatura do mosto e, é arrefecida a temperatura adequada para
principalmente, álcool. Este processo é também, dos seus constituintes. que o seu sabor e aroma estabilize e fi-
realizado pelos microrganismos do género Por outro lado, a levedura de lager tem me- quem mais equilibrados, altura na qual se
“saccharomyces”, que pertencem ao reino nos tendência a produzir estes compostos, realiza, também, a sua carbonatação. Para
dos fungos. também devido à sua baixa temperatura de isso é injectado CO2 a pressão controlada,
Conforme o tipo de cerveja a fermentar fermentação. As cervejas resultantes são conforme o nível de carbonatação dese-
(ale ou lager), a temperatura é convenien- mais limpas em termos de aroma e sabor, jado e a temperatura a que se encontra a
temente ajustada, sendo de cerca de 21º realçando mais a base que é o malte. cerveja.
C para as ales, que são, em regra, fermen- Assim, como se depreende, existirá uma Um método mais expedito de maturar
tadas pela “saccharomyces cerevisae”. Já combinação própria entre a estirpe e tem- e carbonatar em simultâneo, passa por
as lagers apresentam uma temperatura de peratura de fermentação para que seja realizar estas operações no final da fer-
fermentação que ronda os 10º C sendo, produzido um determinado estilo de cer- mentação na própria cuba, utilizando-se
tipicamente, fermentadas por outra espé- veja, que apresente estas ou aquelas ca- o próprio CO2 libertado pelas leveduras
cie de levedura, a “saccharomyces pasto- racterísticas produzidas pela levedura. para colocar o recipiente sobre pressão
rianus”. Estas leveduras são inoculadas no Um dos parâmetros fundamentais na pro- e, assim, se obter cerveja carbonatada. A
fermentador, em quantidade de células dução consistente de cerveja passa pela vantagem do tanque de maturação face a
suficiente para a concentração de açúca- fermentação a temperatura controlada, este método é que a cuba de fermentação
res presente, dando-se início ao processo utilizando estirpes saudáveis e em quan- é imediatamente libertada para fermentar
que leva, em regra, 7 a 14 dias. tidade suficiente. Variações bruscas de outro lote.
Como referido acima, os tipos distintos temperatura durante a fermentação, con- O período de maturação depende do es-
de fermentação conduzem, também, a duzem à formação de diversos compostos tilo da cerveja, podendo ser de apenas
diferentes produtos de fermentação ex- indesejáveis, como é o caso de compos- alguns dias ou atingir vários meses, como
cretados pelas leveduras. Além do etanol tos ricos em enxofre e álcoois de grupos no caso da Doppelbock. Quando este pe-
e dióxido de carbono (CO2), a levedura de superiores ao etanol. Este aspecto é ainda ríodo termina, procede-se à transferência
ale é propícia a produzir compostos quí- mais crítico na produção de lagers, onde a do produto acabado para o respetivo va-
micos chamados de ésteres e fenóis, entre estirpe utilizada tem mais tendência à pro- silhame, sempre em condições assépticas
outros. Estes ésteres e fenóis, podem ser dução de compostos sulfurosos. e, normalmente, sobre pressão de forma a
entendidos como fragrâncias aromáticas, Finda a fermentação, normalmente a cer- manter o CO2 em solução e o respectivo
caracterizadas por aromas ou sabores va- veja passa para um tanque de maturação, nível de carbonatação.
Com a chegada do Verão e independentemente do calor ou não, surgem com normalidade os festivais de
cerveja, de norte a sul, com apenas um cervejeiro ou vários nacionais e estrangeiros.
A cerveja artesanal é um universo em constante mutação, que atrai cada vez mais negócios, dinheiro e
consumidores o que, consequentemente, gera novas tendências e efeitos de modismo.
Uma corrente relativamente recente – juntam num local para elaborar uma cer- AS VANTAGENS DESTE PROCESSO
pelo menos ao nível atual – é o das cer- veja, a qual é provável que seja produzi- PARA AS MARCAS SÃO APRECIÁVEIS
vejas colaborativas. O que significa isso? da uma única vez. No papel a ideia parece No caso de uma cervejeira menos conhe-
Basicamente são duas ou mais marcas magnífica. Contudo, questiona-se o moti- cida, conseguir fazer uma colaboração
diferentes e independentes que juntam vo pelo qual, na maioria das vezes, o resul- com uma marca já com nome abre-lhe
esforços para elaborar em conjunto uma tado final parecer ficar um pouco aquém novos mercados e chama a atenção de
cerveja, algo que, em termos de vinhos, daquilo que cada um desses cervejeiros consumidores que, de outro modo, po-
seria praticamente impensável. Mas, como aparenta conseguir fazer. Pegando no deriam nem saber da sua existência. Gera
é fácil de perceber e compreender, o Top50 do Ratebeer, uma das mais conhe- sempre muitas “selfies” e publicações no
mundo da cerveja artesanal, e não só em cidas páginas internacionais de avaliação Facebook ou Instagram.
Portugal, é significativamente diferente do de cervejas, apenas uma cerveja colabo- Possibilita a troca de experiências, técnicas
mundo dos vinhos, imperando um forte rativa consta dessa lista, no caso entre a e conhecimentos entre cervejeiros.
espírito de camaradagem, a troca voluntá- sueca Omnipollo, a inglesa Siren e o cer- É um momento de confraternização en-
ria de conhecimentos e experiências e um vejeiro caseiro David Strachan. Não é um tre cervejeiros e funcionários das marcas
sentimento geral de partilha. número muito significativo, perante a linha o que, num mercado onde a média de
Temos, portanto, um conceito onde dois de produção constante de colaborações idades dos trabalhadores é relativamente
ou mais cervejeiros de marcas distintas se cervejeiras. baixa, é amplamente atrativo, pois signifi-
Sovina
Casamento
perfeito
> texto Aquiles Pinto > fotografias D.R.
Envelhecer cerveja numa pipa com borras muito limitada e existe apenas em alguns lo- Porto velho”, explica Arménio Martins. Estão,
de Vinho do Porto é a proposta da Sovina cais onde sabemos que o consumidor pede além disso, em curso outras experiências
Amber Vintage. A conjugação da cerveja e entende estas novas experiências”. com diferentes estilos de cerveja, de acordo
com vinho pode parecer, para alguns, algo O mestre cervejeiro salienta, porém, que o com a mesma fonte.
estranho, mas Arménio Martins, mestre cer- vinho tem um processo de evolução ex-
vejeiro da marca portuense, considera que traordinário e que aporta muito à cerve- EXPERIÊNCIAS A MANTER
se trata de “um passo natural” num país com ja. “Se pensarmos na herança genética em O mestre cervejeiro da Sovina acredita, de
tradição vinícola. termos de variedades de castas e o tipo de resto, que a interação com os vinhos na
Este ensaio foi produzido pela primeira vez madeira em que envelhecem, conseguimos fermentação de cervejas é algo que todo o
em 2012, quando ainda não se falava de obter um sem número de aromas diferentes mercado vai continuar a explorar. “Se pen-
cervejas maturadas em cascos. “Esta ideia para conjugar com a estrutura maltada que sarmos nas diferentes variedades, regiões,
surge da vontade de voltar às nossas tradi- está na origem da cerveja”, indica o entrevis- mostos, climas e a proveniência das ma-
ções e acrescentar essa história à cerveja. tado, que explica que há ainda a acrescentar deiras, temos à nossa frente um mundo de
A complexidade de aromas do Vinho do a todos estes aromas os diferentes tipos de hipóteses, conjugações e aromas que vão,
Porto, consequentes do longo processo de lúpulos utilizados na produção das cervejas. sem dúvida, acrescentar às cervejas uma ri-
envelhecimento dá à cerveja uma cor única A Amber Vintage não foi a primeira incursão queza única que o nosso país nos oferece”.
e uma explosão de aromas que a torna tão da Sovina ao mundo do vinho. Antes já ha- No caso da Sovina, após a aquisição, há pou-
especial. Desenvolveu-se uma cerveja ave- via realizado experiências semelhantes com cos meses, pelo Esporão isso é ainda mais
ludada, com profundidade de aromas, sem a Mai Bock, que estagiou seis meses em verdade. “Esta nova etapa é uma conjugação
perder a leveza natural de uma cerveja”. cascos de carvalho francês com borras de perfeita para aproveitar todas as sinergias e
Arménio Martins indica que esta cerveja tem Vinho do Porto. “Esta cerveja é mais leve a experiência entre estes dois mundos tão di-
características únicas, que se enquadram nível de corpo, tem dez volumes de álcool. ferentes e tão próximos. A leveza da cerveja
melhor com um consumidor mais exigente. Tem cor de conhaque, aromas de madeira com a riqueza histórica dos vinhos em Por-
“A cerveja, aliás, foi produzida numa escala e uma presença inconfundível de vinho do tugal”.
Fenómeno mais recente, em Portugal, do que a produção vinícola, a produção de cerveja artesanal tem
levado vários enólogos a sentirem curiosidade sobre os métodos produtivos, segundo o mestre cervejeiro
da Post Scriptum Brewery, Pedro Sousa. Esta realidade leva a produções cruzadas que fazem as delícias de
consumidores nacionais e, sobretudo, no caso desta cervejeira, internacionais.
A produção e culto da cerveja e do vinho na experiência organoléptica vai sentir-se treou a linha Oak Series. Foi pensada pre-
têm, não é novidade para quase ninguém, na cerveja, dependendo de tempo, tempe- cisamente com o objetivo de educar o
bastantes pontos em comum. Isso tem le- ratura, etc. Podem extrair-se aromas, sabor, consumidor para este mundo de sabores e
vado a que alguns cervejeiros vão ‘beber’ acidez, cor ou sabores e aromas secundá- aromas. Para isso, o lote de cerveja foi di-
detalhes de desenvolvimento aos vinhos rios por combinação com os da cerveja”. vidido na maturação para quatro ‘madeiras’
e, em sentido contrário, enólogos também distintas. Essas quatro maturações distintas,
aprendam na forma como ‘nascem’ as cer- OAK SERIES APRECIADA NA BÉLGICA foram engarrafadas separadamente e ven-
vejas artesanais. As ‘incursões’ da Post Scriptum Brewery didas numa caixa de madeira, permitindo
Como estas ainda são, de resto, relativa- pelo universo do vinho já têm alguma his- que o consumidor provasse a mesma cer-
mente novas em Portugal vários produto- tória. O mais recente produto é a Simbiose, veja com quatro envelhecimentos distintos
res vinícolas têm contactado, “com muita uma cerveja produzida com uma percenta- (cognac, armagnac, moscatel e whiskey).
curiosidade”, os cervejeiros, de acordo com gem de mosto de uva loureiro. Esta cerveja Talvez porque as cervejas especiais ainda
Pedro Sousa, da Post Scriptum Brewery. não estagiou em barricas, ao contrário de estão a fazer um caminho inicial no nosso
“Podemos todos aprender uns com os ou- outras saídas do ‘laboratório’ de Pedro Sou- país, foram os clientes internacionais que
tros”, vinca. sa . Essas estagiaram entre um mês a mais mais apreciaram esta linha da Post Scriptum
O mestre cervejeiro da marca da Trofa de um ano em barricas tão distintas como Brewery. “Resultou muito bem... no estran-
realça a produção de cerveja “é bem mais de vinho tinto, armagnac, cognac, vinho do geiro! Em Portugal, não entenderam este
complicada do que aparenta”. porto, whiskey, bourbon e moscatel. fado! Foi assim que iniciámos a exportação,
São vários os atributos que o vinho ‘impri- A primeira cerveja envelhecida em barrica para a Bélgica)”. Um cenário que, “felizmen-
me’ à cerveja. “Dependendo do vinho ou pela cervejeira dos arredores do Porto foi te”, é compensado por outros produtos
destilado, aquilo que é a dimensão maior uma ‘barley wine’ com 10% ABV que es- “com muito boa aceitação”.
Quinta do Portal
e Letra
Complementaridade
de A a Z
> texto Aquiles Pinto > fotografias D.R.
Há três anos que a Dois Corvos entrou no mundo das cervejas artesanais. Susana Cascais, que juntamente
com o marido Scott Steffens fundaram a empresa de cerveja artesanal, acredita que este é um momento único
no mercado cervejeiro, impulsionado pela curiosidade dos consumidores face a novos desafios.
Há três anos que Susana Cascais e o mari- tão Leitão, 94 - continuará a ser o coração A responsável admite que só agora os con-
do Scott Steffens, mestre cervejeiro, deram da cervejeira, estando prevista a expansão sumidores começam a entender que, tal
corpo e, sobretudo, alma há Dois Corvos, deste espaço para albergar mais cervejas, como o vinho, também as cervejas podem
dedicada à cerveja artesanal. Esforço, suor mais comida e mais lugares sentados. ser consumidas com diferentes tipos de co-
e muita dedicação à causa foram motivo Susana Cascais admite que este é um mo- mida ou em alturas específicas”. Outra das
de festejos no novo espaço desta cervejei- mento positivo para a cerveja artesanal. barreiras a derrubar é o facto da generali-
ra, que em 2019 irá albergar a unidade de Porque se antes a cultura cervejeira em dade dos consumidores ver a cerveja como
produção no Vale Formoso, em Marvila. A Portugal não abarcava o contacto e o aces- algo barato e que deve ser servida a uma
poucos minutos da estação de Braço de so aos diferentes estilos de cerveja, hoje temperatura muito baixa. “Esta percepção
Prata, este novo local irá facilitar o acesso tudo mudou. “Para além de termos um ‘bi- do produto tem de mudar”.
de matérias-primas e produto acabado, pólio’, era de um estilo muito específico, A experiência da Dois Corvos é que uma
bem como permitirá transferir uma parte da basicamente lager industrial”. vez que os consumidores experimentam,
produção para este local. Assim, a responsável pela Dois Corvos acre- gostam. “Pelo menos a nossa experiên-
“O balanço destes três anos tem sido ex- dita que atualmente o momento da cerve- cia é essa. As nossas portas estão abertas
tremamente positivo. Temos vindo a cres- ja artesanal pode ser classificado como de aos clientes que procuram repetir sema-
cer e a aumentar de ano para ano a nossa “extrema curiosidade” por parte dos con- nalmente a experiência de beber cerveja e
base de clientes”, disse Susana Cascais. Para sumidores. E mesmo que não saibam dis- o que isso enriquece o seu dia-a-dia”. Ou
isso a Dois Corvos tem vindo a diversificar tinguir uma pale ale de uma IPA, ou o que seja, é um produto que deixa de ser uma
os seus canais de distribuição para chegar é uma stout ou uma porter, o consumidor “commodity”, como a cerveja industrial,
a cada vez mais clientes. O canal HORECA começa agora a ter uma curiosidade bas- para fazer parte do nosso discurso.
continua a ser onde têm mais força, repre- tante aguçada, garante Susana Cascais. “E “Mas hoje admitiríamos chegar a um restau-
sentando as exportações cerca de 10% da é este um pouco o papel dos cervejeiros rante e o espaço só ter por exemplo, vinho
produção. A empresa produz uma média de artesanais: criar, fomentar e trabalhar para branco ou tinto da casa? Não, pois, não?
25 mil litros por mês. desenvolver esta cultura da cerveja em Por- Vamos chegar um dia em que essa será
O Tap Room da Dois Corvos - na Rua Capi- tugal”. igualmente uma realidade para as cervejas”.
50 anos da Cervejeira
de Vialonga
“Foi o consumidor que marcou todas as
inovações ao longo dos anos”
> texto Claúdia Pinto > fotografias D. R. / Sociedade Central de Cervejas e Bebidas
É um meio século de história desde a inauguração da fábrica de Vialonga que mistura o passado com
a perspetiva de futuro. O projeto, na altura, visionário, manteve o “layout” e foi-se adaptando às novas
necessidades dos consumidores. Algumas iniciativas realizadas este ano têm assinalado a efeméride
culminando com uma exposição dedicada aos marcos mais importantes, por década, com o objetivo de
prestar um tributo aos fundadores, acionistas, colaboradores, parceiros e consumidores.
A Pato Brewing tem apenas ano e meio mas sabe muito bem o que quer do mercado. Investiu
250 mil euros numa nova unidade de produção e quer atingir, a dois anos, uma produção de
100 mil litros por ano. A estratégia da empresa passa por abraçar o seu lado artesanal mas
dando-lhe alguma “leveza” por forma a permitir que um consumidor habituado às cervejas
industriais mais facilmente se identifique com a marca.
Em 2016 nascia uma nova marca de cer- litros, estando previsto para este ano o à Super Bock e à Sagres pudesse mais fa-
veja artesanal. A Pato Brewing produz dobro, chegando aos 50 mil litros. “Que- cilmente compreender a nossa cerveja”.
hoje quatro cervejas distintas - american remos a dois anos atingir os 100 mil litros Aliás, a Pato Brewing tem uma “respon-
pale ale, india pale ale, belgian amber ale por ano”. sabilidade” acrescida já que em muitos
e brown ale - que, garante a empresa, O atual dinamismo do mercado cervejei- restaurantes onde está presente é a úni-
apresentam “altos padrões de qualidade ro é, no entender de Grimoalda Soares ca marca de cerveja do menu. “No iní-
e totalmente naturais, sem pasteurização Botelho, muito positivo e poderá ajudar a cio, e repare que foi apenas há um ano e
e sem conservantes”. alavancar o crescimento da empresa. meio, os próprios donos dos restaurantes
E parece estar a correr bem. Tanto assim A responsável explicou que a estratégia não sabiam muito bem o que era a cer-
que recentemente a empresa fez um in- da Pato Brewing difere um pouco das veja artesanal. Hoje já falamos a mesma
vestimento de 250 mil euros em novas restantes cervejeiras artesanais já que o língua e os clientes já pedem as nossas
instalações preparadas para aumentar a seu público-alvo não é propriamente os cervejas”.
capacidade de produção para 16 mil litros ‘beer geek’ mas antes “queríamos produ- A cerveja de bandeira da Pato Brewing,
por mês. “Mas para já só estamos a produ- zir uma cerveja que os portugueses apre- a Patinho, uma APA “mas menos amar-
zir cinco mil”, disse à Paixão Pela Cerveja ciassem num restaurante ‘normal’, para ga que a americana”, foi a primeira a
a responsável Grimoalda Soares Botelho. acompanhar a comida”. ser introduzida nos restaurantes e, diz
A estratégia para a nova unidade de pro- Assim, as cervejas da Pato Brewing, ape- Grimoalda Soares Botelho, foi compli-
dução de Cascais - cujo espaço é três sar de apelarem aos sabores típicos da cado. “Só estavam habituados à cerveja
vezes maior do que o anterior - passa produção artesanal, ou seja, fortes, sem- de pressão, não aceitavam cervejas dife-
obviamente por crescer. No ano de ar- pre primaram por alguma “leveza” para rentes. Agora são os próprios donos que
ranque a Pato Brewing produziu 24 mil “que o português que estava acostumado pedem cervejas mais arrojadas”.
Um pacto
pela cerveja
> texto Associação Cervejeiros de Portugal > fotografia Shutterstock
Até 2020, os Cervejeiros de Portugal pretendem realizar um trabalho conjunto com todos os parceiros e
stakeholders a fim de ser alcançada uma maior justiça fiscal, tratando de forma igual o que é estratégico para
a economia nacional e diferenciadamente o que não é estratégico ou que não possui fileira integrada em
território nacional.
A fiscalidade deve atender ao potencial de des produtores. O primeiro passo é o con- abertura para, mediante o não agravamen-
crescimento do setor da cerveja nacional, gelamento do valor do IABA/IEC já no pró- to da carga fiscal sobre o setor, estudar em
contribuindo de forma progressiva para o ximo OGE mantendo o nível deste ano. parceria com o Ministério da Agricultura
aumento da competitividade e para o estí- Para o futuro, o objetivo é a convergência formas de canalizar parte dessa receita fis-
mulo do setor agrícola que fornece as uni- fiscal na Península Ibérica com a redução cal para ações de apoio e promoção à pro-
dades de produção de malte e de cerveja progressiva do diferencial de tributação da dução de cevada e lúpulo, matérias-primas
nacional, tendo em consideração a mani- cerveja em sede de IABA/IEC entre Por- totalmente escoadas pela nossa indústria.
festa necessidade de incorporação de mais tugal (2018: 20,87 €/Hl) e Espanha (2018: De igual forma, comprometem-se a estu-
cevada e lúpulo de origem nacional no seu 9,96 €/Hl). dar com o Ministério da Economia, formas
processo produtivo. A prioridade fiscal nos impostos sobre be- de incremento do VAB do setor, no míni-
Pretende-se uma efetiva equidade fiscal e bidas alcoólicas deverá estar na defesa dos mo de 20% nos próximos 5 anos (ano de
que o Orçamento Geral do Estado – 2019 setores económicos que possuam cadeias comparação: 2014).
mantenha inalterável o valor do imposto de valor integradas e sediadas em território Atualmente, a carga fiscal em termos de
especial de consumo (IABA/IEC) da cerveja nacional, e que contribuam para a criação IABA/IEC da cerveja é demasiado eleva-
atualmente em vigor. A Fig. 1 mostra que de novos empregos, para o crescimento da e encontra-se na parte descendente
este setor sofre um aumento anual de im- do VAB e para as Exportações nacionais. da curva de Laffer, ou seja, os sucessivos
postos mesmo em períodos económicos Não diferenciação do que é igual em ter- aumentos de IEC anuais sobre a Cerveja
de crescimento (fim da austeridade). O se- mos económicos, isto é, setores económi- entre 2010 e 2017 (Figura abaixo) condu-
tor cervejeiro é provavelmente o único se- cos estratégicos e vitais para a economia ziram a decréscimos na arrecadação deste
tor económico de fileira nacional que sofre nacional e com um potencial de cresci- imposto em todo este período temporal,
agravamento anual de impostos! mento comprovado (caso da cerveja e com exceção do ano de 2017. Neste ano o
Entre 2008 e 2018 este imposto agravou- vinho) devem ter idêntico tratamento po- aumento da arrecadação fiscal do Estado
-se 24%. Urge pôr termo a esta situação lítico no âmbito da política fiscal governa- (87,45 Milhões de euros) deveu-se ao cres-
que afeta todos os produtores nacionais mental. cimento do setor, em termos de volume de
de cerveja, desde os artesanais aos gran- Os Cervejeiros de Portugal mostram total vendas, em 8%, o que prova que a receita
Fig. 1 – Valor do IABA/IEC sobre a cerveja entre 2010 e 2017 em euros por hectolitro de cerveja introduzida no mercado nacional
Fig. 2 – Esq: Receita do Estado em IABA/IEC sobre a cerveja entre 2010 e 2017 em função dos aumentos anuais
deste imposto (em %); Dir: Comparação entre a carga fiscal Espirituosas/Cerveja em Portugal, Espanha, Alemanha e
Bélgica. Portugal é o país que mais favorece fiscalmente as bebidas espirituosas em detrimento da cerveja.
Cervejeiros de Portugal
assinalam
Dia internacional de cerveja
> texto e fotografia Associação Cervejeiros de Portugal
O Dia Internacional da Cerveja é comemora- todos os que produzem, comercializam, SOBRE OS CERVEJEIROS DE PORTUGAL
do na primeira sexta-feira de agosto, que este distribuem e apreciam Cerveja em todo o Com mais de 30 anos, a APCV – Cerve-
ano será assinalado no dia 3. Esta efeméride mundo, contribuindo para a sua diversida- jeiros de Portugal é uma Associação de
foi inventada em 2007, em Santa Cruz da Ca- de e expansão cultural”, enaltece François- setor, sem fins lucrativos, que representa
as empresas que, em território nacional,
lifórnia, e começou por ser uma celebração -Xavier Mahot, Presidente dos Cervejeiros
exerçam a indústria da produção e/ou
apenas no bar dos fundadores, que depois de Portugal. enchimento de cerveja. Os Cervejeiros
se expandiu até se transformar num evento de Portugal têm como principais objeti-
mundial, assinalado em mais de 50 países. DADOS SOBRE SETOR vos ser a voz da Indústria Cervejeira Na-
Os Cervejeiros de Portugal associam-se a CERVEJEIRO EM PORTUGAL cional em Portugal, junto da União Euro-
esta data comemorativa que consideram √ Este é o 15º setor mais relevante da eco- peia e de organizações internacionais e
uma oportunidade para estar com amigos nomia portuguesa. apoiar política e legislativamente o setor
e saborear uma cerveja, celebrar aqueles √ Contribui com 80 mil postos de trabalho em todas as suas vertentes, incrementar
que a produzem e os que a servem, ter o diretos e indiretos. e fortalecer a produção sustentada de
cerveja, garantir à Indústria Cervejeira
sentido de união mundial com os produ- √ Gera mais de mil milhões de euros por
Portuguesa o direito de ser competitiva
tores de várias nações e culturas e, ainda, ano, assente numa cadeia de valor quase e inovadora e promover a responsabili-
realçar a importância da cerveja para eco- totalmente nacional dade do setor em relação ao Ambiente,
nomia nacional. √ 1/3 da produção total nacional de cerve- Segurança Alimentar, Saúde & Nutrição e
“Este dia celebra a paixão e a dedicação de ja é exportada para 50 países. Comunicação Comercial.
Educar para prevenir > texto Francisco Gírio > fotografias Unsplash
Educar é a melhor política para prevenir comportamentos de risco no consumo de bebidas alcoólicas em
particular nos jovens maiores de idade.
Todos os Governos, em particular as auto- cer um conjunto de valores que ajudem como um fator de proteção em relação ao
ridades de saúde pública, têm tendência a o jovem a desenvolver a sua maturidade abuso do álcool. O projeto de responsa-
adotar medidas restritivas ou proibicionis- emocional e o seu sentido de moralidade bilidade social “Falar Claro” dos Cervejei-
tas no consumo geral de bebidas alcoóli- (em relação ao álcool)”. Neste aspeto as ros de Portugal ajuda os pais, em contexto
cas porque acreditam que as mesmas re- relações entre pais e filhos são fundamen- familiar, a melhor saberem relacionar-se
presentam uma “via verde” para redução tais para a educação no jovem da perce- com os seus filhos e interagirem da forma
dos problemas ligados ao álcool. Nada ção do risco. Se um risco não é percebido correta com os mesmos sobre o tema dos
mais errado!... O consumo de bebidas al- como tal pelo jovem, então a probabilida- riscos associados ao consumo abusivo de
coólicas encontra-se associado a perfis de desse jovem assumir comportamentos bebidas alcoólicas proporcionando uma
de comportamento enraizados nas socie- de risco aumenta, pois ele não vai ter a educação aberta num ambiente relacio-
dades e a alteração de perfis comporta- noção da sua própria vulnerabilidade pe- nal afetivo e empático, aberto ao dialogo
mentais de consumo abusivo ou que evi- rante o álcool. Vários autores referem que que fomente sentimentos de segurança e
tem tendências de consumo abusivo nos as experiências anteriores, as preferências minimize riscos. Educar, seja em ambiente
jovens que atingem a maioridade, neces- pessoais de cada jovem e as suas interpre- familiar, ou em ambiente escolar ou atra-
sitam de políticas de longo prazo na pre- tações do risco são fatores determinantes vés de políticas públicas de sensibilização
venção e na educação. Não é o caminho na perceção do mesmo. A relação entre para os efeitos profundamente nefastos
mais fácil, mas é seguramente aquele que pais e filhos possui uma importância deci- dos problemas ligados ao álcool na sua
dá melhores resultados no longo prazo. siva no desenvolvimento da inteligência ou vida futura enquanto jovem adulto e au-
O Dr. António Lorena Trigueiros, médi- maturidade emocional do jovem, criando tónomo é fundamental para a prevenção
co psiquiatra da infância e adolescência, importantes ferramentas relacionais que e minimização dos riscos associados ao
realça que “a família é a primeira estrutura ajudam os jovens na sua relação com os consumo de bebidas alcoólicas.
educativa e socializadora, devendo forne- outros e consigo mesmos, podendo atuar Seja responsável. Beba com moderação.
Proclamada o “berço da cerveja moderna”, a Europa “alberga” cerca de 80 estilos de cerveja e 50 mil marcas.
E como uma infinidade de estilos, novidades e inovações continuam a despoletar, a The Brewers of Europe
organizou em Bruxelas o seu primeiro fórum, um evento de dois dias que olhou para o futuro do setor. “Beer and
Beyond” foi o lema do congresso.
A nova Portuguese Blond Ale é a mais recente edição limitada da gama Super Bock Selecção 1927.
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Cerveja
O ingrediente secreto
> fotografia Nahuel Hawkes
Cozinhar é partilhar afetos através de aromas e sabores. Na minha cozinha pratico-o e adoro explorar os
sentidos, os meus e os dos que me rodeiam, numa descoberta contínua de novas sensações.
Todas as nossas decisões trazem conse- utilização do vinho, prática mais corrente, pois vai refletir-se no resultado final.
quências. E a escolha de uma cerveja, não explorando todo o potencial das cervejas. Tome nota: a cerveja é uma base fantástica
é diferente. Seja para beber ou para cozi- E também pode usá-la para beber en- para marinar a carne, especialmente se a
nhar! Gosto muito de provar cervejas, mas quanto cozinha! quiser assar no forno, e a cerveja é uma
também gosto de explorar esta bebida de É muita vezes o meu ingrediente secreto. excelente opção para neutralizar a acidez
uma forma mais abrangente: na confec- Não sou uma “cozinheira de mão cheia” de alimentos, como o tomate. Pode facil-
ção dos alimentos. mas, entre “as minhas paixões” está, sem mente ser integrada em todos os pratos
Há muitos tipos de cervejas, com múltiplas dúvida, cozinhar. Não pela necessidade de italianos com molho ou base de tomate,
características e cada uma pode emprestar transformar alimentos para usufruto em como lasanhas, ou alguns pratos alenteja-
riqueza a um prato, seja um delicado pe- modo de sobrevivência, mas para explo- nos, ensopados e estufados.
tisco, um elaborado assado ou uma sabo- rar sensorialmente os sabores e entregar Não se esqueça que quanto mais alto for
rosa sobremesa. um pouquinho de mim, em cada prato o teor de álcool, mais forte será o sabor fi-
A cerveja é especialmente eficaz quando de- confecionado e partilhado com a família nal. Por isso, será melhor começar por ex-
sejamos cozinhar carnes, já que o álcool vai e amigos. E, acreditem, que assim a vida perimentar cozinhar com as cervejas mais
permitir que as fibras absorvam muito bem também tem outro sabor. suaves, com bom sabor e que seguramen-
todo o sabor do lúpulo, da cevada e dos ou- A cerveja pode, efetivamente, ser utiliza- te não vão alterar os alimentos.
tros elementos que eventualmente possam da em inúmeras situações, contribuindo Por fim, uma última dica. Como a cerve-
existir na cerveja durante a confecção. sempre como elemento diferenciador: ja contém levedura, é uma boa aliada na
Com a cerveja vai conseguir intensificar massas, pães, carnes, aves, peixes, maris- confecção de bolos, massas e pães. Tam-
sabores, mas também conseguir criar mo- cos e até em massas e doces. bém fica muito bem quando integrada
lhos saborosos, cremes aveludados, cores A primeira recomendação é essencial: não numa polme para fazer, por exemplo, pei-
mais brilhantes. Está na altura de arriscar cozinhe com uma cerveja que não gos- xinhos da horta.
a segurança que habitualmente sente na ta de beber. Opte sempre pela qualidade, Experimente! Vai ver que será um sucesso.