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o r b m e v o n
POR
MAIS
PALMELA TINTO 2019 PORTUGAL CONTINENTAL
À descoberta de uma casta única
Fiel ao seu espírito experimentalista, São Luiz Winemaker´s Collection decidiu ir mais longe.
Como tal, criou três vinhos totalmente distintos, mas com a particularidade de serem provenientes
de uma mesma casta minoritária no Douro, que se destaca pela sua raridade
e que fazemos questão de preservar.
Da casta Rufete, surge um Trio nunca antes visto, que o irá surpreender
numa edição limitada de apenas 1.100 caixas com os três vinhos.
Um Tinto leve e fresco de cor granada, com aroma a frutos do bosque e com especiarias finas
enaltecidas pelo estágio em cascos de castanheiro. Um Branco com aroma complexo, fresco e floral,
elegante e cremoso, com um toque de líchias e acidez viva no final. Um Rosé de cor salmão pálido,
fresco, longo e complexo, com aromas florais doces, que nos lembram pétalas de rosas e cerejas.
Deixe-se envolver por uma trilogia inédita, marcante e rara.
“O
Redacção
s olhos também comem”, já dizia a minha avó. A expressão popular traduz Mariana Lopes (marianalopes@grandesescolhas.com)
O desenho ou a embalagem podem induzir uma percepção de qualidade/so- Melo, João Paulo Martins, José Miguel Dentinho, Luís
fisticação, facilitar a venda, criar notoriedade de marca. Isto é válido para Antunes, Miguel Ferreira, Nuno de Oliveira Garcia, Paulo
todo o tipo de bens, dos automóveis ao têxtil, do mobiliário doméstico à perfu- Sede da Redacção
Uma cadeira elegante pode ser altamente desconfortável; um automóvel de estética exuberante Produção, Paginação e Impressão
pode ser um desastre (literalmente) em termos de condução; uma t-shirt atractiva pode ficar disfor- Zona Industrial de Massamá - 2745-838 Queluz
me na primeira lavagem. E, como é óbvio, um elaborado empratamento pode corresponder a uma Tiragem
desilusão gastronómica e uma garrafa muito bem vestida ter lá dentro um vinho que não vale 15.000 exemplares
Vivemos bem com isso, faz parte do jogo de sedução que as marcas fazem connosco. No caso dos MLP - Media Logistics Park
vinhos, um dos exemplos mais prementes é o das garrafas pesadas. As incontornáveis desvanta- 2739 – 511 Agualva-Cacém
gens ambientais são superadas pelas evidentes vantagens comerciais. Dificilmente um vinho de Tel. 214 337 000
elevada qualidade e preço pode ser vendido numa garrafa leve (só algumas regiões francesas alcan- Assinaturas
VASP – PREMIUM
çaram estatuto que o permite) ainda que, tudo o indica, a fileira vitivinícola, pressionada pela lei e/ MLP - Media Logistics Park
ou consciência ambiental, caminhe a pouco e pouco no sentido da leveza. 2739 – 511 Agualva-Cacém
Mas o que dizer quando a forma é de tal modo impositiva, tão intrusiva, tão “in your face” (para usar Linha directa de apoio ao assinante
a expressão inglesa), que praticamente grita: “seu palerma, o conteúdo não tem qualquer importân- 9h – 13h e 14h – 18h)
E-mail: assinaturas@vasp.pt
espumantes com chamativos “flocos de ouro”. E essa até é uma forma barata de usufruir do luxo (fernandogomes@grandesescolhas.com)
ilusório. E se for uma garrafa de espumante com 45 litros? Foi o que fez uma conhecida casa france- Delegação Norte
sa (não de Champagne, felizmente, apesar desta região ter um apreciável histórico em extravagân- Tel. 910 998 890
cias do género) fundada em 1898. Diz a notícia que a Zeus, da Luc Belaire, “é a maior garrafa de espu- Marketing & Eventos
mante do mundo, tem mais de um metro de altura, pesa 72,5 kg cheia e exige a força de 4 homens
Gestora de eventos: Dulce Bandeira
(dulcebandeira@grandesescolhas.com)
para a carregar e servir”. Confesso que adoraria assistir a esse espectáculo! Mas não devo ter essa Filipe Polido (filipepolido@grandesescolhas.com)
sorte porque, até ao momento, foram produzidas apenas duas garrafas Zeus (vão fazer digressão Apoio Editorial e Redes Sociais
mundial) e os “3 mil milhões de bolhas” (delicioso detalhe!) que cada uma contém não me irão, certa- Rita Martins (ritamartins@grandesescolhas.com)
Resta contar que a Luc Belaire é especializada em grandes formatos, nomeadamente os 15 litros e, ao
Reserva Especial - Edições e Eventos, Lda
que parece, com grande sucesso. As gigantes garrafas, sobretudo do Rosé Belaire (que a casa adian- 1400-195 Restelo – Lisboa
NIF: 514332158
ta ser “o espumante rosé nº1 na América”) tornaram-se, segundo a press release, “uma referência Departamento Financeiro e RH
para celebridades, influenciadores, artistas e desportistas de todo o mundo, que têm vindo a celebrar Ana Ruivo (anaruivo@grandesescolhas.com)
marcos de carreira, lançamentos de álbuns e vitórias em campeonatos acompanhados de Belaire”. Depósito legal: 425336/17 | Nº de registo ERC: 126977
Confesso que desde que li a notícia sou assaltado por uma interrogação. Como se refresca e serve Detentores de 5% ou mais do capital da empresa
adequadamente uma garrafa de 45 litros? Ou de 15 litros, já agora? Ou isso não importa porque o Fernando Manuel Santos Gomes 30,00%
objectivo não é beber o vinho, mas sim “celebrar” com ele? Há vários dias que não durmo a pensar Ana Luiza R. Secca Ruivo Fialho 11,25%
www.facebook.com/vgrandesescolhas
face” (para usar a expressão inglesa), que Política de privacidade e Tratamento de Dados em www.
grandesescolhas.com
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 1
GRANDE PROVA
Tintos do Alentejo
0 5 , 4 €
|
m o c . s a h l o c s e s e d n a r g . w w w
|
3 2 0 2
o r b m e v o n
:APAC ED AIFARGOTOF
n
APENAS
MAIS €6,50
58
36 44
LISBOA VERTICAL
50 96 E AINDA…
1 Editorial
Uma masterclass promovida pelo IVDP sobre Um concurso de vinhos único, no qual a Gran- 114 Lançamento Dolium by Paulo Laureano
as mais recentes categorias, Tawny 50 Anos e des Escolhas convida colegas de outros órgãos 116 Lançamento Ravasqueira
Very Very Old, permitiu provar os vinhos que de comunicação social a provar e premiar o 120 Lançamento Quinta Nova
vêm representar um novo nível de exclusivi- que de melhor se faz no país. Foram 500 os 124 Lançamento Reguengos Garrafeira dos
dade e raridade do vinho do Porto. vinhos avaliados, e os resultados já estão aí. Sócios
70 124
Mamoré Vínica
Velhíssima
138 Notícias
EVENTO LANÇAMENTO
Vinhos & Sabores 2023 Garrafeira dos Sócios
O Grandes Escolhas Vinhos & Sabores teve Um branco bi-varietal, dois Grande Reserva
mais uma edição de 14 a 16 de Outubro, na FIL, da gama Trifolium e o histórico Garrafeira dos
em Lisboa. Organizada anualmente pela Gran- Sócios constituem o “pacote” de quatro vinhos
des Escolhas, a feira de vinho registou, este agora lançados pela CARMIM.
ano, uns impressionantes 16 mil visitantes.
2 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
VINHOS DO MÊS
SEM FRONTEIRAS,
SEM LIMITES
17,5
€21
de 2023, sem colagens ou filtração. Daqui resultaram quase
2000 garrafas de um palhete leve, fresco, desafiante. L.L.
A
4 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
A B BEBER BEBER/GUARDAR
C GUARDAR
UM 30 ANOS QUE É
UM ABRAÇO À BOCA
18,5
€120
Durante a prova do Tawny 30 Anos, Susete sublinhou que
o que a equipa mais procura nos seus vinhos do Porto é a
frescura. “Tivemos muita sorte no stock que recebemos, e
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 5
VINHOS DO MÊS
ESPUMANTE
19 €21,60 A
Touriga Nacional. Excelente
presença aromática, com
complexidade e requinta,
MURGANHEIRA ASSEMBLAGE notas de biscoito, citrinos
Távora-Varosa Espumante Grande Reserva branco 2006 frescos, maçã perfumada. A
SOC. AGR. COM. DO VAROSA
boca cremosa é servida por
brilhante acidez limonada,
Quem ainda não percebeu o que longo estágio em cave sobre as leveduras a bolha é finíssima, o vinho
livres faz a um espumante de topo, tem obrigatoriamente de provar este vinho. espantosamente jovem
O Murganheira Assemblage sempre foi um dos meus favoritos, mas a edição para a data de colheita. Um
de 2006 agora (só agora!) lançada no mercado suplanta todos os anteriores. O espumante do outro mundo.
preço é incrivelmente modesto para um vinho desta idade e deste nível. (12,5%)
6 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
VINHOS DO MÊS
18 €26 A 17 €9,75 B
CASA DE PAÇOS ITER
RESERVA ESPECIAL Reg. Minho Alvarinho/Chardonnay
branco 2022
Reg. Minho branco 2019
DUPLOPR
QUINTA DE PAÇOS
Arinto e Loureiro. O estágio longo Vale do Neiva, 20% de Chardonnay.
em garrafa harmonizou o perfil de Citrino e vegetal, mas com um
ambas as castas, num conjunto lado maduro, f loral e primaveril.
fino aromaticamente, com notas Manteiga fresca e folhas de árvores,
f loras bonitas e limonados. Prova extracto de limão. Cremoso na
de boca firme e compacta, jovem boca, seco mas com uma muito
e saboroso, fresco e retendo boa ligeira doçura frutada no fundo,
acidez, termina novamente fino e que lhe dá muita beleza e solidez.
elegante. Muito bom! (12,5%) NOG Longo, bonito, para entradas com
condimentos suaves. (12%) LA
18 €69,99 A
Muito perfumado com limão
e laranja, tarte de lima, tosta,
flores secas, biscoito e uma
MARQUÊS DE MARIALVA CUVÉE PRIMITIVO nuance mineral ao fundo.
Bairrada Espumante branco 2015 Muita boca com bolha
ADEGA DE CANTANHEDE
fina e untuosidade que é
imediatamente limpa pela
100% Arinto nas mãos do enólogo Osvaldo Amado resultou em mais uma frescura contínua, grande
edição brilhante deste espumante bairradino. Após 60 meses de estágio com cremosidade de mousse e
borras, foi degorjado em 2021 e ainda estagiou mais 6 meses em garrafa. Foram final de boca com limão e
feitas 6.000 garrafas. ervas aromáticas. (12,5%)
8 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
FEITO DEVAGAR
NO ALENTEJO.
AGORA RESERVA.
AINDA COM MAIS TEMPO.
.OÃ ÇA R E D O M M OC AB E B , L EVÁS N O P S E R AJ E S
VINHOS DO MÊS
16 €9,20 A 18 €100 B
MADRINHA COSTA BOAL
Vinho Verde Vinhão Grande Escolha
tinto 2022
HOMENAGEM
Douro Grande Reserva tinto 2015
MARGARIDA VASCONCELOS
COSTA BOAL FAMILY ESTATES
& LEITES
Terroso, fruta negra, toque
Retinto com laivos púrpura. levíssimo de balsâmico, arbusto
Agradece arejamento para revelar silvestre, muita pimenta preta,
a parte da fruta a lembrar amora e cogumelo, com sugestão de resina
mirtilo, folha de louro e um ligeiro de pinheiro. Na boca está ainda
apontamento f loral. Denso, com novíssimo, taninos bem vivos,
bom nível de tanino ligeiramente com largura e excelente equilíbrio.
rugoso mas sem agredir a boca, Persistente e muito presente, de
acidez muito bem enquadrada acidez vincada que lhe dá frescura.
num vinho com perfil vivo e (14,5%) ML
gastronómico. (14%) VZ
16 €4,70 A 18 €27,50 B
PLAINAS FOZ TUA
Vinho Verde sub-região Basto Douro Grande Reserva tinto 2019
Espadeiro Rosé 2022 FOZ TUA
CSE Touriga Nacional e Franca e Tinta
Bonita cor salmão. Aroma muito Roriz. Escuro no copo e com
fresco a rosas silvestres e frutos aroma poderoso. Combina barrica
vermelhos suaves como romãs. e fruto azul e negro no copo,
A boca corresponde, com uma tudo em camadas, percepção de
pontinha de gás a aumentar a complexidade e juventude. Prova
frivolidade e o desejo. Fresco como de boca em linha, força e carácter,
é preciso, cremoso e com acidez saboroso e com tanino saliente.
domada, muito saboroso, para beber Belo tinto. Vai crescer em garrafa.
a solo, com um peixe grelhado ou (15%) NOG
uma mariscada. (11%) LA
DOURO
18 €35 B 18 €32 B
CRASTO VINHAS QUINTA DO CUME
VELHAS Douro Touriga Franca tinto 2020
QUINTA DO CUME
Douro Reserva tinto 2021
QUINTA DO CRASTO
Profundo na cor com laivos violeta.
Aroma fino e apelativo desde o
Muito bem no aroma, num diálogo primeiro impacto de cereja preta
sempre evidente mas muito bem madura, violetas e chocolate negro,
conseguido entre a fruta das desenvolve com especiaria fina e
uvas e a barrica onde estagiou. ameixa, mantendo sempre a fruta
Com volume mas harmonioso na bem presente. Elegante, sedoso
boca, taninos muito polidos, um com equilíbrio invejável, longo e
tinto estruturado, a revelar um intenso no final. (14%) VZ
grande equilíbrio de conjunto. Belo
trabalho de adega. (14%) JPM
18,5 €70 B
com Touriga Franca e um
pouco de Sousão. Aroma
muito complexo, todo em
QUANTA TERRA MANIFESTO camadas, fruto maduro com
Douro tinto 2017 frescura, toque mineral,
QUANTA TERRA
enorme equilíbrio e alguma
juventude até. Prova de
Verdadeiro topo de gama da empresa boutique Quanta Terra, o Manifesto boca séria e tensa, muito
é um tinto incrível do Vale do Tua, onde solo é de transição apesar de sabor apesar de contenção
maioritariamente xistoso. O ano de 2017 dispensa apresentações quanto a no perfil. Taninos polidos
tintos, e o resultado é dos melhores vinhos já produzidos pela dupla Celso e longo, está um tinto
Pereira e Jorge Alves. fantástico! (14,5%)
10 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
VINHOS DO MÊS
18,5 €250 B
profundidade em múltiplas
vertentes: amora e cereja
preta, grafite, aneto, pimenta
QUINTA DO NOVAL VINHAS DO PASSADOURO preta e noz-moscada,
Douro tinto 2020 violetas subtis, carne
QUINTA DO NOVAL
fumada e chocolate amargo.
Compacto, com tanino de
É um segundo lançamento na gama Terroir Series da Quinta do Noval. Na veludo finíssimo e toda
emblemática Quinta do Passadouro seleccionaram uma parcela de menos de a estrutura envolta em
1 ha com 20 castas diferentes plantadas em 1930. O vinho estagiou durante camadas de textura. De
12 meses em barricas de 225 litros de carvalho francês, 90% novas e 10% de grande porte e muita classe.
segundo ano. (15%)
12 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
VINHOS DO MÊS
17 €17 A 17 €9 A
CRASTO ALTITUDE TRÊS BAGOS
430 Douro Reserva branco 2022
LAVRADORES DE FEITORIA
Douro tinto 2021
QUINTA DO CRASTO Tem Viosinho, Gouveio e Rabigato,
parcialmente fermentados em
Feito com Tinta Francisca (70%)
barrica. Fruta citrina com muito leve
e Touriga Nacional. Muito aberto
redução, muita leveza aromática e
na cor, fino de aromas de frutos
barrica superiormente inserida no
vermelhos, expressivo na boca,
conjunto que, assim, resulta polido,
delicado no porte, assentando
elegante, com excelente acidez,
sobretudo na elegância, taninos
bom volume e textura. Muito bem
muito finos e acidez a conferir
para o preço. (13%) JPM
frescura. Claramente vocacionado
para o consumo em novo. (12,5%)
JPM
14 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
VINHOS DO MÊS
TRÁS-OS-MONTES
TÁVORA-VAROSA
16 €4 A 16 €5 A
MURGANHEIRA MADRUGA
Távora-Varosa rosé 2022 Trás-os-Montes Valpaços tinto 2020
SOC. AGR. COM. DO VAROSA ERTA SOC. AGR.
Touriga Nacional, Touriga Franca No primeiro impacto aromático
e Pinot Noir. Cor rosa de ligeira surgem framboesas frescas,
intensidade. No aroma surgem deixando lugar à fruta mais escura
morango fresco, nota f loral e até alguma compota, mas basta
e vegetal traz complexidade agitar o copo e as framboesas
acrescida. Um rosé com certa surgem novamente. Encorpado e
estrutura e algum tanino bastante denso, com bom nível de
para mostrar a sua vertente acidez e uma certa rusticidade no
gastronómica, sendo seco e com perfil, com garra e tanino. (14%) VZ
óptima acidez. (12,5%) VZ
16 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
PVP:€8
POR
€6,50
APENAS
MAIS
PORTUGAL CONTINENTAL
CAMOLAS SELECTION
PREMIUM
PALMELA TINTO 2019
PRODUTOR ADEGA CAMOLAS
NOTA DE PROVA
A base deste vinho DOC Palmela é o Castelão com uma contribuição da Touriga Nacional
nariz sobressaem as notas de fruta vermelha com nuances de violeta e uma ligeira tosta,
madura de qualidade que volta a impor-se num corpo médio, com uma acidez que lhe
16 €7,35 A 17 €23 A
RIBEIRA DO CORSO QUINTA DA
Trás-os-Montes Reserva tinto 2020
COOP. AGR. RIBADOURO
GANDARA
Dão Touriga Nacional Reserva
Bem carregado na cor, com tinto 2016
boa pureza de fruta madura
SOC. AGR. DE MORTÁGUA
no aroma, nariz muito limpo e
equilibrado. Boas notas vegetais Bastante cerrado na cor e aroma,
de esteva, leve nota química. Na com pouca percepção da casta,
boca surgem notas de madeira há notas de madeira e em fundo
aqui bem inseridas no conjunto uma leve nota f loral, ao lado de
que se mostra muito bem, com chocolate amargo. Na boca há uma
clara vocação gastronómica. Boa boa textura, com alguma elegância
surpresa. (14%) JPM mas com evidente perfil mais
rústico que fino. Sugere estar agora
no melhor momento. (14,5%) JPM
DÃO
18 €14 B
comum, oriundo de
vinha de muito baixa
produção. Mostra fruta de
PEDRA CANCELA extrema pureza, ao lado
Dão Jaen tinto 2021 de sugestão de bosque,
LUSOVINI
magnifica textura de taninos
envolvidos pelo corpo
Outrora fundamental no Dão, pela sua produtividade, a Jaen começou a perder cheio, potenciado por
notoriedade a partir de final dos anos 90, quando a região procurou vinhos bela acidez. Sumarento,
mais estruturados e vigorosos. Hoje, felizmente, a sua elegância volta a estar na saboroso, com final
moda e este Pedra Cancela mostra o porquê. É um tinto magnífico, do melhor elegante e aprumado. Belo
que o Dão produz. vinho. (13%)
18 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
VINHOS DO MÊS
17 €14 B 18 €70 A
PEDRA SÓ QUINTA DO MONTE
Bairrada Baga Reserva tinto 2019
IDÁLIO DE OLIVEIRA ESTANISLAU
D’OIRO PARCELA 24
Reg. Lisboa tinto 2019
Aroma clássico a Baga com boa JOSÉ BENTO DOS SANTOS
maturação, tijoleira molhada, fruto
encarnado quase negro, f loral Sente-se mais a maturação do
maduro. O mesmo desenho em que o seu irmão Reserva, com
boca, com bom corpo granulado, nota a figo, rosa, e ameixa, num
taninos vivos e boa acidez geral, fundo muito fumado e muito
desafiante e generoso na entrega especiado. Prova de boca delicada
de fruta. Com qualidade e e sofisticada, com fruto encarnado
polivalência. (14%) NOG e negro, revela grande afinação e
um perfil clássico que lhe assenta
muito bem. (13,5%) NOG
BEIRA INTERIOR
LISBOA
19 €39 B
Imenso nariz, muito
elegante, com flores
silvestres, alperce,
QUINTA DAS BÁGEIRAS PAI ABEL especiaria, laranja. Brilhante
Bairrada branco 2021 equilíbrio entre corpo,
QUINTA DAS BÁGEIRAS
frescura, intensidade,
delicadeza. Textura
O Pai Abel representa o lado mais “moderno” das Bágeiras, se é que se pode cremosa, imenso sabor, um
adjectivar assim esta casa, em tudo tradicional. Uvas próprias, decantadores de branco grandioso, pleno
cimento, leveduras indígenas, apenas a fermentação em barricas borgonhesas de carácter e presença.
super usadas sai da regra. Depois de um 2020 “menor”, marcado pelo ano Final cintilante, interminável.
quente, este 2021 atinge o topo. (13,5%)
20 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
VINHOS DO MÊS
16 €8 A 17 €13,49 B
QUINTA DE S. ENCOSTA DO
FRANCISCO SOBRAL
Óbidos tinto 2019 Reg. Tejo Reserva tinto 2020
COMPANHIA AGRÍCOLA DO ENCOSTA DO SOBRAL
SANGUINHAL Syrah 55%, Touriga Franca 35% e
Castelão, Aragonez e Touriga Touriga Nacional 10%. Frutos azuis
Nacional. Rubi de média muito contidos, notas de grafite e
concentração. No aroma destaca-se cinza, cacau, muita tensão. Sério
groselha vermelha, vegetal seco e reservado, há acidez e taninos
e apontamento f loral. Prova com bem integrados, mas o ambiente
muita vivacidade, corpo médio, é sóbrio e muito elegante, o que o
tanino macio e acidez equilibrada recomenda para um entrecosto no
no conjunto. Termina com um toque forno sobre cama de salsa. (14%)
de chá preto. (13,5%) VZ LA
TEJO
22 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
VINHOS DO MÊS
PENÍNSULA DE SETÚBAL
18 €19,99 B 17 €13,99 A
QUINTA DA BACALHÔA VINHA
BACALHÔA DO PINHEIRO
Reg. Península de Setúbal Cabernet
Sauvignon tinto 2018
RAMUDO
Reg. Península de Setúbal Alicante
BACALHÔA VINHOS DE PORTUGAL
Bouschet tinto 2019
Estágio em barrica nova. Aroma
BACALHÔA VINHOS DE PORTUGAL
complexo e distinto de notas de
ameixa e figo, nuances de grafite É um Alicante bem mais
e pimento maduro típicas da casta, “civilizado” do que o habitual, com
com boa barrica de suporte. a fruta em evidência e sem traço
Prova de boca em linha, franco de rusticidade. Os taninos estão
e generoso na entrega, acidez lá, a dar a garra necessária, tem
bastante equilibrada, saboroso e acidez quanto baste, tudo polido,
intenso, termina com muita garra. tudo no ponto, saboroso e bastante
(14,5%) NOG apelativo. (14,5%) LL
17,5 €20 A
Claro na cor a indiciar uma
colheita precoce. Muito
bem no aroma definido
146 ADEGA DE FAMÍLIA VINHAS CENTENÁRIAS e subtil, flores frescas e
DoTejo branco 2021 nota a campo, num fundo
FAMÍLIA FORTUNATO
de especiaria muito fina.
Prova de boca larga sem
Temos vindo recentemente a provar vários monocastas de Fernão Pires do ser pesada, saboroso e
Tejo, muito num nível alto de ambição e qualidade. A casta está perfeitamente expressivo, num conjunto
adaptada à região e cada vez mais se atende na data da vindima, que se quer primaveril muito elegante.
menos tardia, e assim conseguir-se preservar o lado fresco e alegre do Fernão Muito bom! (11,5%)
Pires.
24 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
VINHOS DO MÊS
ALENTEJO
18 €25 A 17 €11 B
SIN FRONTEIRAS EL COELHEIROS
RESPLANDOR Alentejo tinto 2021
TAPADA DE COELHEIROS
Alentejo Granja-Amareleja Vinho
de Talha branco 2021
Touriga Franca e Touriga Nacional.
Aroma cativante de fruta vermelha,
SOC. VINÍCOLA COURELA
framboesa, notas de f lores
DOS ALEIXOS campestres e bergamota. Apresenta
Rabo de Ovelha. O aroma é uma aliança interessante entre o
muito curioso, diferente dos corpo bastante leve e boa acidez,
“talha” tradicionais, com notas de sem ficar despido de tanino, com
marmelada e geleia, bastante casca uma textura ligeiramente áspera
de laranja, leve resina, maçã ácida. a conferir uma frescura adicional.
Muita leveza e presença de boca, (13,5%) VZ
sem grande acidez mas com enorme
secura e salinidade, lembrando um
Jerez no muito longo final. (12%) LL
26 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
VINHOS DO MÊS
17,5 €44,99 B
Vinho bio, com Alicante
Bouschet, Trincadeira e
Aragonez. Concentrado
CARTUXA na cor, aroma marcado
Alentejo Vinho de Talha tinto 2019 por notas resinosas bem
FUNDAÇÃO EUGÉNIO DE ALMEIDA
identificadoras da talha;
ganha mais notas vegetais
Os vinhos de talha requerem que o provador insira o chip da diferença e esteja secas do que de fruta. Muito
preparado para encontrar aromas e texturas diferentes do habitual. Nesta família polido na boca, texturado,
de vinhos de talha há, digamos, vários graus de rusticidade e este, ainda que com taninos finos e muita
fiel à matriz, está equilibrado e conseguirá agradar a públicos mais alargados. personalidade. (16%)
28 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
VINHOS DO MÊS
ALGARVE
16 €6,99 A 17 €27 B
TALHAS DE BORBA MALACA
Alentejo Vinho de Talha branco 2022 Reg. Algarve Riesling Reserva
ADEGA COOP. BORBA branco 2022
Fruta amarela madura, especiarias, SOC. AGR. QUINTA DA MALACA
resinas e um lado terroso e vidrado Um raro Riesling português. Fruta
da talha. Encorpado e com o branca e amarela discreta e focada,
mesmo sabor do barro vidrado, é notas etéreas de gases minerais
um bonito exemplar de uma talha que lhe dão leveza. Redondo e
usada com contenção, não para se cheio, mas mantendo sempre o
impor ao vinho mas para lhe dar a registo de leveza apoiado por
sua identidade. (12,5%) LA acidez muito bem integrada. Final
sério e com firmeza. Esta secura
fica sempre bem com bivalves.
(12,5%) LA
30 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 Veja estes e os restantes vinhos provados no mês de Novembro em www.grandesescolhas.com/vinhosdomês
.OÃÇAREDOM MOC ABEB .LEVÁSNOPSER AJES
VINHOS DO MÊS
AÇORES
16 €3,49 A 18 €70 A
AL-RIA INTEIRO
Reg. Algarve rosé 2022 Vinho tinto 2013
CASA SANTOS LIMA QUANTA TERRA
Cor salmão, aroma discreto com De vinha de field blend, passou 2
notas minerais de fósforo que anos em cuba de cimento. Negro
lhe dão graça e logo a seguir de cor, imensa concentração
fruta vermelha suave, romãs e de aroma e sabor, com fruta
groselhas, ainda um pouco de macerada, mato seco, amargos
f lores secas. Intenso na boca, com vegetais ao lado de vincada acidez
corpo robusto e acidez sustentada, (alguma volátil, também) a dar
termina com equilíbrio entre bastante frescura. Vinho excessivo,
secura e textura. (12.5%) LA de amores e ódios, marcante sem
dúvida. (14,5%) LL
18 €15 A
estágio em barrica usada.
Aberto de cor, complexo
de aroma, madeira
FAMÍLIA HORÁCIO SIMÕES antiga, balsâmico, ervas
aromáticas, especiaria
OLD SCHOOL SIGNATURE elegante. Elegância
Vinho tinto 2019 reforçada na boca, onde
SVP a fruta vermelha ganha
Este tinto comprova que é perfeitamente possível fazer vinhos diferenciadores, expressão, suave, intenso,
assentes na agora tão falada “intervenção mínima”, sem sacrificar o rigor enológico corpo e frescura de mãos
(a ciência, no fundo) e a qualidade. Aqui, com o bónus de ter origem num lote pouco dadas, muito carácter e
comum, Bastardo e Castelão, de uma parcela de 2ha nos solos arenosos de Palmela. originalidade. (14%)
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VINHOS DO MÊS
PORTO
ESTRANGEIROS
17,5 €34 A
CRASTO 17,5 €18 B
Porto Tawny 10 anos ITALO
QUINTA DO CRASTO Chianti Classico Riserva tinto 2020
Acastanhado na cor. Sugestões AZ. AG. TAMBURINI EMANUELA –
aromáticas onde notamos a fruta IMPORTADO POR DUPLOPR
em calda, ameixas de Elvas, figos
Sangiovese com 10% de Cannaiolo
e frutos secos. Muito elegante
e Colorino. Fruta muito pura como
na boca, sedoso na estrutura,
morangos, framboesas, cerejas
com a acidez a favorecer a prova
amargas. Texturado, com taninos
que assim resulta especialmente
aveludados, acidez no ponto, muita
atractiva, com um final longo,
concentração e ao mesmo tempo
macio e doce. (19,5%) JPM
frescura. Final longo, tudo no sítio,
a pedir anos em garrafa ou então
comida por perto, como um risotto
de cogumelos. (14,5%) LA
17 €15 A
Cor petróleo escuro, com
folhas silvestres como
urtigas e silvas, um nada
INFANTADO JÚNIOR de terra, sóbrio, com um
Vinho Palhete 2021 fundo cremoso de bolo
QUINTA DO INFANTADO
de alfarroba. Muito leve e
fresco na boca, graças à
No Douro sempre se fez vinho “de pasto”, antes de chegarem os power- excelente acidez e taninos
houses modernos. Vinhos simples, feitos com pouca preocupação de cor ou arrebitados, corpo ligeiro
longevidade. É o caso deste palhete de uma vinha plantada na proporção de e flexível, sabor firme mas
brancas e tintas de que o proprietário gostava. Um “vin de soif” que convida a subtil, refrescante. (12%)
mais um copo.
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LISBOA CHOCAPALHA
UMA
FAMÍLIA
UMA
QUINTA
Perto da Merceana fica a Quinta de Chocapalha e para
UMA
ADEGA
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GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 37
LISBOA CHOCAPALHA
A
perto. Tudo assim se conjugou para o desenvolvimento
de um projecto de família, que assentou arraiais numa
quinta em tempos pertença de um inglês e, posterior-
mente, na posse da família de João Portugal Ramos. Foi em resultado da
conjugação feliz de vários factores que a família Tavares da Silva tomou
posse da quinta nos finais dos anos 80. E não faltou muito para que San-
dra, uma das filhas, já então ligada à enologia, desafiasse o pai para fazer
um vinho. Assim começou a história dos vinhos Chocapalha, inicial-
mente numa adega de garagem (que ainda conheci), e mais tarde apos-
tando numa adega de raiz que comemora agora 10 anos. Motivo mais
que suficiente para mostrar o que se tem feito e o que está para vir. À
nossa espera estavam os pais de Sandra, Paulo e Alice, a irmã Andrea
(economista e directora executiva da casa) bem como toda a equipa da
adega e quinta.
Logo no projecto inicial houve castas que marcaram território – Arinto,
Castelão e Touriga Nacional, esta última com garfos que se foram bus-
car ao Dão. O Castelão, dizem-nos agora, “era difícil de vender porque
tinha pouca cor. Mas com a mudança do gosto, agora o ter pouca cor é
uma vantagem. É incrível como tudo muda tão depressa»”, refere San-
dra. A aposta no Arinto revelou-se muito acertada e a área de vinha irá
alargar-se. Sandra Tavares da Silva não esconde que «” Arinto é a casta
de eleição do meu pai; ele é o verdadeiro guardião das vinhas, às vezes
sai de casa fora de horas para ir ver como está tudo”. Com sorte, dizemos
nós, ainda se cruza com um javali, dos muitos que há na zona e que se
escondem nos arvoredos que proliferam na propriedade. Apontamos
para uma parcela vazia, sem nada plantado e indagamos o que se vai
plantar ali; a resposta é desconcertante: nada, aquele terreno vai ficar
em pousio por 3 ou 4 anos, dizem-nos! Para que conste…
38 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
LISBOA CHOCAPALHA
40 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
Fizemos uma prova alargada dos vinhos da casa e ao almoço provámos apenas vi- A FILOSOFIA DA CASA,
nhos da colheita de 2013, a colheita que, tal como a adega, comemora agora 10 anos de
vida. Foi uma prova e tanto, com os vinhos a mostrarem que 10 anos não é tempo de- A SABER, CONSERVAR
mais para eles, com o Arinto a dar cartas, terpénico e num registo que se poderia OS VINHOS MAIS TEMPO
confundir, tanto com Alvarinho como com Riesling. Parentescos, quem sabe… EM CAVE ANTES DE OS
Toda a família presente, pais, irmãs e equipa de enologia e viticultura que mantém o
projecto bem vivo. Nos vinhos há novas edições de marcas já consagradas, como Vi- COLOCAR NO MERCADO,
nha Mãe, os Reserva e o CH (Confederação Helvética) que “é um tributo à minha mãe OBRIGA A MAIS ESPAÇO.
que é suíça”, diz Sandra. Alice Tavares da Silva, nascida no cantão alemão, o tal que SÃO AS DORES DO
fala uma língua que ninguém entende mas, como nos confidenciou “vou várias vezes
por ano à Suíça e acabo por falar a minha língua natal”. CRESCIMENTO NUMA
Nas novas edições, destaca-se o Arinto Antigo, um branco de curtimenta que tem EMPRESA FAMILIAR
longa espera antes de ser comercializado e o Guarita, um varietal de Alicante Bous- QUE, DE REPENTE,
chet, uma casta bem difícil porque, como lembrou Sandra “é preciso muita paciência
porque só nos dá uma pequena janela para fazermos a vindima no ponto certo; se PERCEBEU QUE JÁ TEM
deixarmos passar esses dias fica tudo em passa; e só quando a vinha atingiu os 30 15 REFERÊNCIAS NO
anos é que entendemos que as uvas tinham qualidade suficiente para o vinho ser PORTEFÓLIO.
comercializado como varietal”.
Em final de vindima estavam os lagares com pisa mecânica a trabalhar e na adega a
azáfama era a habitual – mangueiras por um lado, água em abundância para tudo
lavar, bombas a trasfegar e aquele cheiro característico das adegas onde fermentam
as uvas. Tudo normal, portanto… GE
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 41
LISBOA CHOCAPALHA
17 €14 B
QUINTA DE CHOCAPALHA
Reg. Lisboa Reserva rosé 2022
16,5 €8 B
terrenos de elegância, muito atractivos. Na boca
essa elegância renova-se num ambiente de
muita frescura ácida que lhe assegura também
a longevidade. Intensamente gastronómico, para QUINTA DE CHOCAPALHA
peixes delicados. (12,5%) Reg. Lisboa tinto 2019
CASA AGR. DAS MIMOSAS
18 €35 B
elegante com evidência de fruta verde (maçã),
um toque de tangerina e com a barrica muito
discreta. Fresco e complexo na boca, a boa
arquitectura está também relacionada com as CH BY CHOCAPALHA
barricas escolhidas. (12,5%) Reg. Lisboa tinto 2020
CASA AGR. DAS MIMOSAS
17,5 €25 B
Austero na fruta madura, pouco falador mas a
prometer tudo para o futuro. Um pouco carregado
na cor mas com imensa frescura na boca. Ganhou
assim um perfil de muito boa complexidade CHOCAPALHA VINHA MÃE
longevidade. (12,5%) JPM Reg. Lisboa tinto 2017
CASA AGR. DAS MIMOSAS
18 €50 B
CASA AGR. DAS MIMOSAS
Origem nas vinhas antigas da quinta, branco
de curtimenta com a fermentação a terminar nas
barricas usadas. Austero no aroma, carregado GUARITA DA CHOCAPALHA
na cor, nota-se a curtimenta mas sem nunca Reg. Lisboa tinto 2016
perder a elegância. Algo terpénico, volumoso e CASA AGR. DAS MIMOSAS
com grande vibração na boca, um branco sério, Varietal de Alicante Bouschet, vinha de 32
fechado, mas cheio de carácter. (12,5%) JPM anos. Muita cor, notas aromáticas de azeitona,
frutos negros, ambiente vegetal. Taninos
firmes equilibrados por boa acidez e volume,
acompanhados por bons aromas a que a madeira
acrescentou complexidade. Uma casta capaz do
melhor e do vulgar, aqui muito bem trabalhada.
(15%) JPM
42 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
VERTICAL VALE DOS ARES
10 ANOS
DE UM
ALVARINHO
ÚNICO
O projecto Vale dos Ares, de Miguel Queimado, completa 10
44 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 45
VERTICAL VALE DOS ARES
uando Valadares era concelho (até 1855) ocupava a maior Depois de concluir a pós-graduação em Viticultura e Enologia, Miguel
parte da área geográfica da actual sub-região de Monção Queimado concretiza o seu sonho em 2012, restaurado a centenária ade-
e Melgaço. Também já foi freguesia, mas hoje está inte- ga e lançando o primeiro Vale dos Ares em 2013, com enologia do próprio
Q
grada na união de Messegães, Valadares e Sá, pertencente e de Gabriela Albuquerque. A MQ Vinhos instituiu-se assim, no merca-
ao concelho de Monção. Não obstante a perda gradual de do, com o conceito de "boutique winery”.
importância administrativa, Valadares está eternizada A Quinta do Mato, está localizada exactamente a meio da sub-região de
na inspiração para o nome do projecto “Vale dos Ares”, criado por Miguel Monção e Melgaço, a “casa” do Alvarinho, numa faixa de xisto que divide
Queimado. duas grandes manchas de granito que são, precisamente, os dois conce-
Nascido em Lisboa, mas com ligações a Monção desde tenra idade, Mi- lhos. Nos quatro hectares que a compõem, vários factores contribuem
guel Queimado, actualmente com 42 anos, desenvolveu o amor pela viti- para um micro-clima único, sobretudo as serras que circundam e pro-
cultura ao acompanhar os seus avós nas tarefas inerentes ao cultivo das tegem a quinta, os solos xistosos e a altitude que ronda os 200 metros.
vinhas familiares. Com um claro desejo de se vir a dedicar a esta área, Desde 1683 até meados do século XX, a sua exploração teve como princi-
rumou a Vila Real aos 18 anos, em 1999, para se licenciar em Engenharia pal função a produção de produtos hortícolas, gado e vinho.
Agrícola na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Gra- No final da década de 80, num momento de impasse e decisão sobre o
ças às suas experiências de infância e à paixão pela região dos Vinhos destino da Quinta do Mato, “a dedicação integral à produção de uva foi
Verdes, sentiu um chamamento para escolher Monção como seu lar, uma escolha natural, fruto das características da quinta”, recorda Mi-
onde, em 2006, começou o processo de reconversão das várias parcelas guel Queimado. Vinte anos depois do início desta fase, é então o enólogo,
de vinha da Quinta do Mato, em diferentes altitudes, propriedade da fa- trineto de Leopoldo Alves de Sousa, que volta a dar vida à propriedade,
mília desde 1683. empenhando-se na produção de vinho e criando a marca Vale dos Ares.
46 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
NASCIDO EM LISBOA, MAS A VERTICAL
Desde o início do projecto, que Miguel Queimado guarda entre 60 a 90
COM LIGAÇÕES A MONÇÃO garrafas de cada vinho, variando de colheita para colheita, já com o in-
DESDE TENRA IDADE, MIGUEL tuito de vir a fazer provas verticais e atestar a capacidade de evolução
QUEIMADO, ACTUALMENTE dos Alvarinhos Vale dos Ares.
“Nestes dez anos mudámos, acima de tudo, a abordagem à viticultura
COM 42 ANOS, DESENVOLVEU e a relação entre a viticultura e a adega. Não compramos uvas nem
O AMOR PELA VITICULTURA vinho, damos tempo ao tempo e quando precisamos de mais uvas,
AO ACOMPANHAR OS plantamos. Mas plantamos com um objectivo bem definido, tendo em
conta o que vamos fazer com cada parcela. Isto também mudou, a for-
SEUS AVÓS NAS TAREFAS ma como olhamos para cada parcela e videira e a maneira como faze-
INERENTES AO CULTIVO DAS mos um vinho monovarietal, aplicando o conceito de lotes de parcelas”,
VINHAS FAMILIARES. explica o enólogo.
A prova — do 2021 ao 2021 — ainda não incluiu a colheita que entretan-
to chegou ao mercado, 2022 (com um p.v.p. de €11,49), pois o foco foram
as primeiras dez colheitas, em virtude do décimo aniversário do pro-
jecto. GE
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 47
VERTICAL VALE DOS ARES
17,5 B 18 B 18,5 B 17 B
VALE DOS ARES VALE DOS ARES VALE DOS ARES VALE DOS ARES
Vinho Verde Monção e Melgaço Vinho Verde Monção e Melgaço Vinho Verde Monção e Melgaço Vinho Verde Monção e Melgaço
Alvarinho branco 2021 Alvarinho branco 2018 Alvarinho branco 2016 Alvarinho branco 2014
Delicado no aroma vegetal e Ainda mais sério no nariz do que Muito fino no nariz sério, toque de Nariz de mel fumado, tostados,
mineral, folha de limoeiro e pedra o 2019, parece que começa aqui a pimenta branca, pedra molhada e citrino cristalizado e infusão de
raspada, casca de lima e sugestão consolidar o conjunto dos aromas. delicadíssimo citrino. Na boca é camomila. Na boca tem uma
de vinil. Extremamente crocante, Está elegante, equilibrado, traz uma onde impressiona, pela estrutura e frescura curiosamente mais
com acidez no topo, tem imenso levíssima bolacha e infusões f lorais. classe, extremamente crocante e balsâmica, e na boca alguma
nervo e vivacidade, elegância e Na boca denota já um lado evolutivo elegante, pleno de frescura natural, diluição. O ano chuvoso pode ter
suculência. positivo, e tem imenso sabor, bastante longo no final que invoca contribuído.
harmonia e alguma complexidade. especiarias. Excelente.
17,5 B 17,5 B 18 B 19 B
VALE DOS ARES VALE DOS ARES VALE DOS ARES VALE DOS ARES
Vinho Verde Monção e Melgaço Vinho Verde Monção e Melgaço Vinho Verde Monção e Melgaço Vinho Verde Monção e Melgaço
Alvarinho branco 2020 Alvarinho branco 2017 Alvarinho branco 2015 Alvarinho branco 2013
No nariz mantém o carácter O ano quente ref lecte-se aqui Ganhou, no aroma, uma sugestão Perfume muito bonito e complexo,
vegetal e de imensa mineralidade, nas notas de frutos cristalizados, de biscoito salgado, vegetal seco, de novo com sugestão calcária,
mas com um toque calcário bem infusão de cidreira, mas com a f lor de laranjeira e folha de limoeiro. levíssimos fumados, pimenta
interessante. Na boca ganhou mineralidade sempre lá. Na boca Na boca, a cremosidade surge bem branca, toque subtil de menta.
já um pouco de cremosidade e está mais jovem do que no nariz, colocada com elegância, antes de A frescura natural deste vinho
envolvência, tornando-se mais com frescura e envolvimento, um final muito vivo e suculento. é impressionante, bem como a
guloso. acidez suculenta e bastante suculência e persistência. Sedoso e
persistência. cremoso, mas no ponto, finíssimo
no conjunto. Uma maravilha.
18 B 18,5 B
VALE DOS ARES VALE DOS ARES
Vinho Verde Monção e Melgaço Vinho Verde Monção e Melgaço
Alvarinho branco 2019 Alvarinho branco 2012
Já com seriedade aromática, Nariz elegante onde sobressaem
naturalmente, traz infusões cítricas notas medicinais, infusões, folha
às notas de mineralidade. Na de lima. Na boca mostra uma
boca apresenta imensa frescura vida estonteante, frescura enorme
e harmonia, grande presença, é que vem do lado de bálsamo que
sedoso na textura e crocante na comporta e da pureza de fruta
acidez, o que lhe dá elegância. cítrica. Envolvente, prolongado, de
óptima amplitude.
48 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
DESTAQUE
GRANDES PROVAS
EVENTOS
PESQUISA DESTINOS
DE MAIS DE SABORES
14 000 VINHOS
COM NOTA DE PROVA
ESCRITA POR
ESPECIALISTAS
LIGAÇÃO
ÀS PRINCIPAIS
GARRAFEIRAS PROCURA
POR
RÓTULO
DE GARRAFA
LISTA DE
VINHOS
NOTÍCIAS
FAVORITOS
DO MUNDO DOS
VINHOS
PORTO MASTERCLASS
DO PORTO VELHO
50 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
O Instituto do Vinho do Douro e do Porto promove os Porto
envelhecimento.
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 51
PORTO MASTERCLASS
léxico associado ao vinho do Porto não é de fácil apreen- que ocorreram durante todo aquele mês e recordam os 267 anos da cria-
são e, para um consumidor leigo, a decifração das suas ção da Região Demarcada do Douro. Tendo por convidados jornalistas,
várias designações leva-nos a um labiríntico mundo sommeliers e profissionais da restauração, entre os quais chefs reno-
O
quase intangível. Daí que, antes de ensinar a provar o mados, a prova centrou-se nas duas novas menções aprovadas em re-
bom vinho do Porto, há a tarefa necessária de o decifrar, gulamento de 4 de Janeiro de 2022, e que vieram colmatar lacunas, adap-
tornando-o fácil de entender nas suas diversas nuances. tando o já inadequado Regulamento 242/2010, que estabelece o regime de
Ruby, Tawny, Vintage, LBV, Crusted, Garrafeira, Porto com Indicação proteção e apresentação das Denominações de Origem e Indicação Geo-
de Idade e Porto com Indicação de Colheita, Reserva Ruby, Reserva gráfica do Douro e Categorias Especiais do Vinho do Porto.
Tawny são as designações que habitualmente podemos encontrar numa Curiosamente, em anos de crise de consumo de vinho do Porto, são as
garrafa de vinho do Porto, mas cujo significado pouco dirá a muitos que categorias especiais que mais têm crescido e são objecto de especial pro-
o consomem. A contribuir para uma maior dificuldade, os vinhos com cura e valorização em mercados como os do Canadá, Reino Unido, Bélgi-
Indicação de Idade não significam, em rigor, que possuam, taxativa- ca e, em especial, Estados Unidos, os quais se traduzem em vendas de
mente, aquela mesma exacta idade, uma vez que o que sustenta a desig- menor volume, mas maior valorização. Nessa senda, e porque também
nação é o seu carácter e passibilidade de respeitar as características or- era um anseio dos produtores possuidores de valiosos espólios de Portos
ganolépticas conferidas pelo envelhecimento em casco, correspondentes elaborados, nalguns casos, há cerca de um século, foram no ano passado
à idade indicada. regulamentadas as categorias Tawny 50 anos e Very Very Old, VVO ou
Tudo o que atrás escrevemos, será uma das razões para que o IVDP W, esta última para vinhos muito velhos aos quais se exige possuírem
aposte forte em acções de divulgação e promoção das várias categorias um mínimo de 80 anos, passando a fazer parte do portefólio das empre-
do vinho do Porto, da qual é exemplo a Masterclass realizada no passado sas, não apenas como lançamentos especiais. Não ignorando que nestas
dia 22 de Setembro, no Salão Nobre do Instituto, no Porto. Esta iniciativa duas categorias cabem igualmente os cada vez mais procurados Porto
realizada no âmbito da celebração do Port Wine Day, é uma das várias Branco 50 Anos e Very Very Old Branco, a expressarem a excepcional
52 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
PORTO MASTERCLASS
qualidade e complexidade, onde a doçura se equilibra com a componen- ESTAS CATEGORIAIS ESPECIAIS
te oxidativa e a vincada acidez, produzindo vinhos de notável elegância
e singularidade. O mesmo se replicando de modo mais notório para o
RESULTAM DE UM TRABALHO
VVO Brancos que, sendo extremamente raros, exibem e exponenciam INTERGERACIONAL QUE INCLUI
ao zénite a complexidade que podemos associar a um vinho tão especial. NÃO APENAS OS ENÓLOGOS, MAS
Com moderação do Port Wine Educator e membro do painel de provas
do IVDP, Paulo Russel Pinto, a masterclass fez desfilar em prova 9 vi-
IGUALMENTE OS CUIDADORES DO
nhos de outras tantas empresas durienses: Kopke (Sogevinus), Vallegre, ENVELHECIMENTO DO VINHO…
Rozès, com Tawnys brancos, Taylor`s, Vieira de Sousa, Vasques de Car-
valho, Quinta do Estanho, Quinta do Vallado e Niepoort, estes com
tawnys de castas tintas.
54 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
presa, resultando o lote da conjugação de vinhos cuja idade média de depois em vetustos cascos de carvalho. Castanho acobreado, marca pela
envelhecimento é de mais de 50 anos. (18) paleta de aromas onde se envolvem as notas de rum, uva passa, ameixa
A Manuel Henrique Silva, um dos enólogos da Rozès, que trouxe consi- confitada, com o exotismo das especiarias, o cravinho, noz-moscada e
go o Rozès Very Very Old Branco, coube a dissertação sobre a proibição toque de pimenta preta, equilibrados pela frescura citrina da casca de
que veio a criar uma nova categoria de Porto. Antigamente, era prática limão e laranja. Envolvimento total no paladar, num suave e sedoso
lotear os Portos tawny com Porto branco para criar uma falsa aparência frescor doce. (18,5)
de Tawny Velho. Da proibição dessa prática nasce uma independência do Para Luisa Borges, que representa a 5ª geração da família Vieira de Sou-
Porto branco absolutamente diferenciados e que vieram trazer maior sa, há um orgulho indisfarçável numa marca com uma identidade vin-
diversidade ao portefólio dos produtores. A crescente procura trouxe cada e que se afirma nas características únicas dos vinhos do Porto en-
também um aumento da produção e, actualmente, existem mercados velhecidos no clima continental duriense, por oposição aos vinhos
próprios e muito exigentes que buscam estes vinhos que, atendendo à envelhecidos em Gaia. A adaptabilidade do Douro às alterações climáti-
sua raridade e ainda escassez de edições mais antigas, os torna objecto cas, no que toca à criação de vinhos do Porto de elevada concentração, foi
de enorme interesse, sendo adquiridos a preços muito elevados. Dono de uma temática abordada pela enóloga da Vieira de Sousa, que afirma es-
um estilo muito próprio da casa, o VVO branco da Rozès é rico e comple- tar a região verdadeiramente adaptada para o futuro próximo, onde o
xo, exalando uma profundeza aromática onde as notas meladas se en- aquecimento global será uma realidade. Vieira de Sousa Porto Tawny
volvem na vertente iodada, química, salina. Na boca é imenso, exibindo 50 Anos reflecte essa identidade dos vinhos elaborados de vários lotes,
elegância, fineza, doçura contida por uma acidez notável, perpetuando- no caso, com idade mínima de 50 anos. Com envelhecimento em tonéis e
-se no palato e na memória como uma experiência sensorial inesquecí- pipas nos armazéns do Vale do Douro, exprime-se em tons de um acas-
vel. (19) tanhado dourado, sobressaindo as características dos aromas de torre-
A Taylor`s trouxe-nos uma lição de como a herança e o legado que se fação, grãos de café, toffee e licor, criando sensações gustativas longas e
transmite de geração em geração foi fundamental para a criação de um persistentes. (18)
património único de vinhos do Porto antigos e longevos. O Taylor`s Gol- A relevância de cada casa manter um perfil identitário próprio foi uma
den Age Tawny 50 Anos, apresentado por João Vasconcelos, é o fiel re- temática igualmente abordada pelo enólogo da Vasques de Carvalho,
trato de uma empresa que, fundada no século XVII, se dedicou única e Jaime Costa. Tawnies tensos, menos encorpados, a respirar elegância e
exclusivamente aos vinhos do Porto, nascidos nas propriedades situa- fineza, numa versão mais contemporânea onde a doçura cede à acidez
das na parte mais a leste da Região Demarcada do Douro e envelhecidos mais elevada, criando maior sensação de frescura e, por essa via, mais
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 55
PORTO MASTERCLASS
versáteis ao consumo à mesa. Em defesa da nova categoria Tawny 50 “AS LEIS MUDAM, MAS A QUALIDADE DEVE
Anos, Jaime Costa atesta o perfil muito próprio destes vinhos que se
diferenciam claramente dos 40 anos, mostrando maior complexidade e PERPETUAR-SE”. A FRASE ATRIBUÍDA A D.
riqueza intrínseca. Vasques de Carvalho Porto Tawny 50 Anos dife- ADELAIDE FERREIRA E CITADA POR JOÃO
rencia-se por no lote estar incluído uma parte de um vinho de 1880, en- ALVES RIBEIRO (QUINTA DO VALLADO),
velhecido em cascos de 550 litros. Cor âmbar com reflexos esverdeados,
sublima-se no nariz numa conjugação de especiarias, percepção iodada, É UMA MÁXIMA QUE SE PERPETUA DE
salicórnia, madeiras exóticas e fruto seco. Em prova deslumbrou pelo GERAÇÕES EM GERAÇÕES NO VALLADO.
equilíbrio da acidez muito viva, enunciando frescura e tensão. Um por-
tento de sensações olfativas e gustativas, num conjunto completo e per-
feito. Um dos mais belos exemplares 50 Anos Tawny em prova, oriundo
da Sub-Região com maior potencial futuro, o Baixo Corgo. (19)
A história do vinho do Porto também se faz da irreverência dos peque-
nos produtores que, num momento da sua actividade, se emanciparam mas de muita elevada qualidade, que, como tal, têm entrada directa nos
das grandes casas para desenvolverem a produção de vinho do Porto de mercados mais ambiciosos. Quinta do Vallado Tawny 50 Anos é um
modo independente. A Quinta do Estanho reconheceu nessa emancipa- bom exemplo da singularidade destas novas categorias de excepção.
ção uma via para a criação de um estilo muito próprio, hoje interpretado Blend de vários cascos em que a idade média alcança os 50 anos. De
por Luis Leocádio, o enólogo que fielmente assume um conceito diferen- aroma cítrico, predominando casca de laranja cristalizada, mel e notas
ciador. Quinta do Estanho Porto Tawny 50 Anos afirma-se na tonalida- iodadas químicas. Intensa prova de boca, acidez impositiva, frescor e
de acastanhada com reflexos esverdeados que denotam a idade, pri- final muito longo. (18,5)
mando pelos aromas potenciados de frutos secos, resinas, tabaco e Para o final ficou reservado uma raridade oriunda da Niepoort. Criado
especiarias. Na boca reina uma suavidade melada, embebida em espe- pelo avô de Dirk Niepoort, o Niepoort VV, cuja base principal é prove-
ciarias e madeiras do Brasil, refinando-se na boca em frescura, elegân- niente de um vinho fino de 1863, envelhecido com primor até 1972, sen-
cia e persistente vivacidade. (18,5) do engarrafado em “demijohns” (grandes garrafões de vidro), onde
“As Leis mudam, mas a qualidade deve perpetuar-se”. A frase atribuída aperfeiçoou a evolução até aos dias de hoje. Castanho mogno, reflexos
a D. Adelaide Ferreira, citada por João Alves Ribeiro (Quinta do Vallado), verde azeitona, intensidade e concentração aromática, numa paleta
é uma máxima que se perpetua de gerações em gerações no Vallado, onde cabe o fruto seco, folha de tabaco, fumo de lareira e grãos de café.
aliada à crença que, estas novas categorias de Tawny vieram para va- Acidez vibrante e intensa riqueza de palato, num final imenso e ines-
lorizar ainda mais os grandes Porto como vinhos exclusivos, raros, quecível. (18,5) GE
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Apoio: ~
Organizaçao:
GRANDE PROVA TINTOS DO ALENTEJO
VINHOS,
DIMENSÃO,
FUTURO
Uma região de horizontes largos, linhas suaves e paisagens
enoturismo de luxo. Alentejo é hoje uma dimensão, mais do que uma região
58 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 59
GRANDE PROVA TINTOS DO ALENTEJO
A
nho. Em 1898, a superfície de vinha no Alentejo era de
20.000 hectares, mas devido a conjunturas políticas e
económicas desfavoráveis, a região só voltou a atingir
esta dimensão 100 anos depois, no início dos anos 2000.
A partir dos meados do século passado surgem as adegas cooperativas
de Granja-Amareleja, Portalegre, Borba, Redondo, Reguengos e Vidi-
gueira que não só tiveram um papel fundamental no desenvolvimento
da vinha e produção do vinho na época, mas conseguiram modernizar-
-se e estão bem presentes e activas nos tempos actuais.
O verdadeiro boom dos vinhos alentejanos ocorre por altura dos anos
80-90 com a demarcação da região em 1988. Surgem marcas como Car-
tuxa, na década dos 80 e Pêra Manca lançada em 1990, ambas da Funda-
ção Eugénio de Almeida, que se juntam aos clássicos José de Sousa, Ta-
pada do Chaves, Mouchão, Quinta do Carmo. Em 1985, realiza-se a
primeira colheita sob a marca Esporão (que este ano ficou novamente
reconhecida pela revista Drinks International como uma das 50 marcas
de vinho mais admiradas do mundo).
Júlio Bastos assinala esta época com os seus famosos Garrafeiras da
Quinta do Carmo (de 1985, 1986 e 1987), marca que hoje pertence à Baca-
lhôa. A partir de 2000 o produtor avança com um novo projecto – Dona
Maria – que rapidamente se torna num novo ícone da região.
Os enólogos João Portugal Ramos, com projecto próprio a partir da déca-
da dos 90 e o australiano David Baverstock que entra na Esporão em
1992 foram os grandes promotores de mudança no estilo de vinhos, conta
Mário Andrade, enólogo e profundo conhecedor da história vitivinícola
do Alentejo. Introduziu-se madeira nova e meia barrica. Antigamente os
vinhos ou não tinham madeira ou estagiavam em madeira usada de
500 litros ou toneis de maior capacidade. Usava-se sobretudo o carvalho
português, por vezes até o castanho; o carvalho francês e americano
chegaram nos finais dos anos 90.
Na primeira década de 2000 surgem projectos como Herdade do Rocim,
Fita Preta de António Maçanita, Herdade da Malhadinha que hoje estão
bem consolidados e reconhecidos.
As características da região e o seu sucesso junto do consumidor moti-
va produtores de outras regiões e até os empresários estrangeiros a in-
vestir no Alentejo. Torre de Palma é um projecto completo de hotel de
charme, um restaurante e uma adega numa vila romana perto de Mon-
forte. Esta grande aventura de um casal de farmacêuticos, Ana Isabel e
Paulo Barradas Rebelo começou na segunda década de 2000.
Em 2015 o casal de brasileiros Alberto Weisser e Gabriela Mascioli ad-
quiriram a histórica Tapada de Coelheiros, em Arraiolos, pela qual se
apaixonaram numa viagem pelo Alentejo.
Em 2017 a Symington Family Estates alargou as suas operações para o
Alentejo, iniciando o projecto de Quinta da Fonte Souto, em Portalegre,
com 43 hectares de vinha instalada entre os 490 e os 550 metros de alti-
tude.
A empresária Luísa Amorim, responsável pela Quinta Nova de Nossa
Senhora do Carmo, no Douro e Taboadella, no Dão, num regresso às ori-
gens, em 2017 investiu num projecto pessoal com o seu marido, Francis-
co Rêgo, e fez renascer a Herdade da Aldeia de Cima, na Serra do Men-
dro, junto à Vidigueira, terras onde costumava passar às férias na sua
infância.
No mesmo ano, o empresário alemão Dieter Morszeck adquiriu a pro-
priedade Quinta do Paral, na Vidigueira, onde reabilitou e ampliou a vi-
nha existente e adquiriu muitas parcelas de vinhas com mais de 70
anos, não aramadas, na zona de Vila de Frades.
60 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
GRANDE PROVA TINTOS DO ALENTEJO
62 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
frequência em lotes, nem que seja como “sal e pimenta”, e até protagoniza FUTURO: ADAPTÁVEL E SUSTENTÁVEL
alguns vinhos, como por exemplo o 100% Cabernet Sauvignon da Her- As provas verticais proporcionadas por alguns produtores, funcionam
dade de Lisboa. como uma máquina do tempo, permitindo sentir as mudanças de castas
Outra casta do Norte que parece conquistar cada vez mais adeptos alen- e estilos. Os mais antigos geralmente com menos corpo e pujança, algu-
tejanos, é a Touriga Franca – é de ciclo longo, agronomicamente adaptou- ma rusticidade e o teor de álcool à volta dos 13%.
-se bem, não perde folhas basais durante a seca e dá vinhos muito inte- A mudança é imparável, acontece em todas as regiões mundiais devido
ressantes. Cresce em área plantada a olhos vistos e já ocupa 3,9% das às alterações, actualizações, modas e melhorias. É preciso não entrar em
plantações. Alfrocheiro com 2% tem uma certa tendência de diminuir a exagero e manter o equilíbrio.
sua presença e Petit Verdot, com 1,9%, ao contrário, parece estar a crescer. O futuro das castas no Alentejo, provavelmente, é destinado a aquelas
O Moreto com 1,2% também não tem entrado nos vinhos de topo, a menos que aguentam melhor o calor e a falta de água. Um certo movimento
que seja das vinhas velhas ou para vinhos de talha. revivalista vai, com todo o propósito, preservar vinhas velhas de se-
Ao longo das décadas, na vinha também mudou muita coisa: os porta- queiro e desencantar algumas castas minoritárias. Também me parece
-enxertos (os que são usadas de hoje induzem uma maturação mais pre- que para além da escolha de casta mais fundamentada em múltiplos
coce o que não é propriamente uma vantagem para uma região quente); ensaios, o grande cuidado será aplicado na selecção dos clones (material
as formas de plantação e condução da vinha (antes eram em taça ou policlonal), porta-enxertos, locais de plantação e métodos de condução
guyot que permitia melhor gestão de água e protegia do calor); as vinhas apropriados para cada casta. Chamaria isto escolha de precisão e adap-
de sequeiro agora são raras e a água para rega é escassa. Aprendeu-se a tabilidade mútua.
controlar as produções, orientar a viticultura para a planta ser mais efi- Voltando à questão do potencial e do investimento, é de notar que as em-
ciente na sua capacidade fotossintética, escolheram-se clones menos presas importantes e bem instaladas na região, investem também no
produtivos, pratica-se monda de cachos, sobretudo para os topos de conhecimento que pode não gerar lucros a curto-médio prazo, mas gera
gama. O reverso da medalha, às vezes, é álcool a mais. valor acrescentado a longo prazo e para toda a região.
GRANDE PROVA TINTOS DO ALENTEJO
ALENTEJO
EM NÚMEROS
Desde a demarcação oficial da região, em 1988, a
dimensão de vinha mais do que duplicou, tendo
aumentado de 11.510 para 25.924 hectares regista-
dos em 2022 (dados do IVV) e representa a
segunda maior área de vinha em Portugal a
seguir ao Douro. 79% da vinha da região é
representada por castas tintas.
Em termos de volume de produção, ocupa o
terceiro lugar em Portugal com 1.133.578 hl, o que
corresponde a 17% de produção nacional a seguir
ao Douro (21%) e sendo igual à região de Lisboa.
Como era de esperar, o vinho tinto é o principal
produto da região, representando 76% da produ-
ção total de vinho, embora seja notável o cresci-
mento em vinhos brancos e rosés.
Alentejo continua a ser o líder absoluto em
termos de presença no mercado nacional, com
33,8% em volume, seguido do Minho (Vinho
Verde) e Península de Setúbal com mais de 17%
cada; e 35,5%, em valor, à frente das regiões
Douro e Minho. A região comercializa 70% do
vinho no mercado nacional, sendo que apenas
30% é exportado.
64 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
GRANDE PROVA TINTOS DO ALENTEJO
66 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
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Reg. Alentejano tinto 2019 entre outras castas. Doce de fruta FIGUEIRINHA
ADEGA MAYOR silvestre e notas de café, muito tomilho Touriga Nacional, Alicante Bouschet
Alicante Bouschet e Touriga Nacional. e Syrah. Cravinho, baunilha e café
Alicante Bouschet, Touriga Nacional e cravinho. Fechado, austero no sabor, Fruta muito madura em abundância no
com tanino bem domado, muito corpo, moído, a juntar fruta compotada,
e Syrah. No nariz destaca-se ameixa nariz em aliança com especiaria doce
amargor de chocolate negro e nota funcho e notas balsâmicas. Encorpado
desidratada, uva passa e rebuçado com destaque à canela e cravinho, com tanino musculado, sensação de
de café, com muita especiaria e especiada de pimenta preta no final de nuance de louro. Encorpado, com
boca. (14,5%) fruta doce e especiaria em boca e
ligeiro apontamento vegetal. Tanino tanino redondo e polido, aveludado muito veludo na textura. Pronto para
robusto, muita estrutura sem perder a na textura e guloso no final de boca. beber. (14,5%)
suculência e percepção de equilíbrio. (15%)
Final de boca longo e tânico. (14,5%)
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 69
EVENTO VINHOS & SABORES 2023
16 MIL
PESSOAS
RENDIDAS
AOS VINHOS
PORTUGUESES
O evento Grandes Escolhas Vinhos & Sabores teve
70 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 71
EVENTO VINHOS & SABORES 2023
“A
tem em Portugal. Cerca de 3 mil profissionais marcaram
presença na feira e o feedback do público foi muito posi-
tivo. A presença de convidados estrangeiros foi igual-
mente notória, com uma forte aposta da Grandes Escolhas na internacionali-
zação, de forma a mostrar o que de melhor Portugal tem em termos de vinho”,
declara João Geirinhas, director de negócio da Grandes Escolhas, referindo-
-se ao grupo de 18 convidados estrangeiros, entre eles jornalistas, sommeliers,
compradores e uma Master of Wine, provenientes do Reino Unido, Bélgica,
Países Baixos, Luxemburgo e países nórdicos, que tiveram oportunidade de
contactar com os produtores portugueses e provar os seus vinhos.
O Enoturismo foi um dos grandes focos do evento, com uma área de exposi-
tores dedicada ao tema e um colóquio — “Como potenciar a sua exploração
para um Enoturismo de sucesso?” — organizado em colaboração com o Turis-
mo de Portugal. Esta iniciativa teve como objectivo incentivar os produtores
de vinho a fazer crescer o seu negócio através do Enoturismo.
Quase 300 stands de vinho e mais de 400 expositores estiveram à disposição
do público que, de ano para ano, se mostra mais jovem, mais interessado e
conhecedor, características sentidas pela generalidade dos produtores de vi-
nho presentes. “Esta feira serve muito para educar e para mostrar como é que
o vinho em Portugal está a evoluir. A Grandes Escolhas têm um papel pre-
ponderante nisso, e a evolução tem sido fantástica. Há pessoas a beber menos
e de melhor qualidade, e os consumidores são jovens, conhecedores, gostam
de bom vinho e de aprender. O dia dos profissionais permite-nos, com uma só
garrafa, mostrar um vinho a vários clientes, ao invés de ter de andar ‘a bater
às portas’, o que é muito bom”, afirma Jaime Olazabal, proprietário da Quinta
do Vale Meão. Já Fátima Lopes, da Vallegre, sublinha que “enquanto produto-
res engarrafadores de vinho do Porto, estar presente no evento é uma mais
valia para nós, porque há sempre a possibilidade de nos aproximarmos ainda
mais dos nossos clientes, dar a conhecer novos produtos, contactar mais di-
rectamente e estreitar a relação com os consumidores. Temos vindo a reparar
que o público se tem tornado mais conhecedor e apreciador de vinho e do vi-
nho do Porto em concreto, e que consegue saber o que está a provar, tornan-
do-se mais fácil para nós explicar o produto”. Vasco Rosa Santos, enólogo da
Ravasqueira, fala numa perspectiva que junta a razão à emoção: “Acredito
muito neste tipo de feiras, porque acho que as pessoas precisam de sentir
proximidade com o mundo dos vinhos, e nós delas, tudo olhos nos olhos e cara
a cara. É a hipótese de transmitir algo mais sobre os nossos vinhos, um mo-
mento muito importante para nós, para transmitir a nossa paixão”. Por sua
vez, a enóloga Filipa Tomaz da Costa, da Bacalhôa, lembra que, além do con-
tacto com o público, “também é importante, para nós produtores, provar e
conhecer o que a concorrência está a fazer, e as novidades do mercado, os
perfis de vinho e as castas que se estão a utilizar, por exemplo”.
Na abertura da feira foram ainda anunciados os resultados do Concurso Es-
colha da Imprensa 2023. Este concurso, que reúne no Júri representantes de
vários órgãos de comunicação social, teve este ano 500 vinhos em competi-
ção, em cinco categorias: Espumantes, Brancos, Rosés, Tintos e Fortificados.
Os resultados podem ser consultados em grandesescolhas.com e nesta edi-
ção da revista, a partir da página 96.
Como é já habitual neste evento, a Grandes Escolhas proporcionou ao público
um programa de Provas Especiais de luxo, orientadas por alguns dos produ-
tores mais emblemáticos do país e também pelos especialistas da revista.
O Vinhos & Sabores, que continua a ser uma vitrine essencial para a cele-
bração e promoção da riqueza vitivinícola e gastronómica de Portugal — já
tem data marcada para a próxima edição, para 12, 13 e 14 de Outubro de 2024,
na FIL. GE
72 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 73
PROVAS ESPECIAIS VINHOS & SABORES
74 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
PROVAS
DO
OUTRO
MUNDO
conjunto de provas QUINTA DO REGUEIRO, ALVARINHO COM CLASSE
O
Grandes Escolhas Vinhos
início, entregavam a uma empresa local. A viragem aconteceu em 1999, o ano
e Sabores. Este ano não
que deu origem ao primeiro vinho com marca Quinta do Regueiro. Nesta pro-
va, seguimos a história da casa expressa em diferentes perfis do Alvarinho. De
fugiu à regra, com dez
cada referência, o produtor Paulo Cerdeira Rodrigues e o enólogo Jorge Sousa
extraordinárias provas, centradas em
Pinto apresentaram 2 vinhos.
produtores e temas distintos, todas
As primeiras duas colheitas – 1999 e 2000 – sem barrica mostraram-se em
elas traçando um percurso, uma
grande forma, com uma complexidade e elegância extremas, sobretudo o 1999
história, e também contando estórias – mineral, cremoso e infinito. Mais tarde surgiu o Regueiro Primitivo das vi-
a partir de vinhos antigos e raros, hoje nhas plantadas em 1986-87 pelos pais de Paulo Cerdeira Rodrigues . A primeira
praticamente inatingíveis, ou de vinhos colheita é de 2013, com nariz mais rico e afinado, com notas de especiaria para
mais jovens, alguns deles ainda não além da fruta e sílex. A fruta parece doce, a textura cremosa, mas a acidez
lançados no mercado. Dez momentos manda na prova. O 2014 tem menos fruta, mais cogumelos, ervas aromáticas,
de sonho que vão perdurar nas
limão maduro e laranja, sério, compacto, estiloso e gastronómico. O Regueiro
memórias dos apreciadores.
Barricas nasceu quando Paulo cedeu aos pedidos de fazer Alvarinho com bar-
rica. O vinho estagiou em barricas de 300 litros durante 8 meses. As primeiras
duas colheitas, de 2014 e 2015 revelaram casca de limão, limão cristalizado, tarte
de laranja, marmelo, especiaria sem excesso, ambos cremosos, amplos e inten-
samente frescos. O Regueiro Maturado passa mais tempo em barricas de maior
capacidade (700 litros) e resulta em vinhos de grande classe, sendo o 2020 per-
fumado mas não efusivo, com presença de barrica subtil e o 2019 com mais
tosta, mas também mais profundo e mais mineral. O já famoso Jurássico re-
presenta 2-3 colheitas, guardadas em cubas de inox e lançadas no mercado
mais tarde, por isso não tem data de colheita, é numerado como I, II e III (este
últimosairá em Fevereiro do próximo ano). São vinhos de uma selecção rigoro-
sa com uma juventude e integridade impressionantes. V.Z.
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 75
PROVAS ESPECIAIS VINHOS & SABORES
O projecto estremocence Dona Maria, de Júlio Bastos, completa este ano o seu 20º
aniversário, tendo a primeira vindima, desta mais recente etapa do produtor, aconte-
cido em 2003. Dois anos antes, Júlio Bastos tinha adquirido uma propriedade para
plantação de novas vinhas e, em 2002, comprou uma vinha que hoje tem mais de 70
anos, e que foi enxertada com as varas da primeira vinha de Alicante Bouschet plan-
tada em Portugal, mantendo-se, assim, o clone inicial, “um dos primeiros oito clones
existentes da casta, que é um cruzamento de Garnacha com Petit Bouschet”, explicou
Sandra Gonçalves — enóloga da casa há também 20 anos — durante a prova especial
que orientou com Nelson Rosa, coordenador de viticultura da empresa desde Julho
deste ano. “Quando cheguei, encontrei uma vinha não regada com uma vegetação
fantástica” contou Nelson, referindo-se à vinha mais velha de Alicante Bouschet.A
prova incluiu, além de uma vertical com todas as colheitas do já icónico tinto Júlio B.
Bastos Alicante Bouschet — 2004, 2007, 2012, 2014, 2015 e o ainda não lançado 2018 —
dois tintos Dona Maria Reserva — 2003 e 2005 — e dois Grande Reserva, 2010 e o novo
lançamento 2018. “Na zona onde estamos, os lagares são de mármore bravo, que é dez
graus mais frio do que o granito. Todos os nossos vinhos são pisados em lagar”, recor-
dou Sandra Gonçalves. “Os solos são argilo-calcários e encontram-se a 360m de alti-
tude, e temos uma excelente amplitude térmica, o que contribui para uma óptima
maturação das uvas”, desenvolveu.
Dos Dona Maria provados, destaque para os Reserva 2003 (balsâmico, com evolução
muito positiva), Grande Reserva 2010 (ainda jovem, imensa especiaria, lado vegetal de
musgo e pinheiro, potente mas fino) e, claro, Grande Reserva 2018, a ser lançado para o
mercado, potente, ainda fechado, para crescer. Na linha Júlio B. Bastos Alicante Bous-
chet, merecem aplauso maior o 2007 (especiado e balsâmico, sedoso, elegante, com tani-
nos de luxo, excelente), o 2014 (a impressionar à grande, eucalipto, musgo fresco, cogu-
melo, imenso nervo e presença de boca), e o 2015 (actualmente no mercado, a implorar
para ser guardado, tenso e complexo, adivinha futuro brilhante). Quanto ao 2018, dado à
prova como “teaser”, exótico e carnudo, vamos ter de esperar por ele. M.L.
76 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
.OÃÇAREDOM MOC ABEB .LEVÁSNOPSER AJES
78 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
PROVAS ESPECIAIS VINHOS & SABORES
80 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
PROVAS ESPECIAIS VINHOS & SABORES
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PROVAS ESPECIAIS VINHOS & SABORES
84 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
A ESCOLHA DO MESTRE
SARIEGÁB SAD ATNIUQ
86 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
DIRCEU VIANNA JUNIOR MW
A ARTE DO LOTE
Produtores e enólogos vêm aperfeiçoando a arte do lote ao longo de séculos, explorando a enorme
variedade de castas disponíveis, as uvas de diferentes parcelas com solos, exposição solar e altitudes
distintas, ou utilizando vinhos eleborados segundo diversas técnicas de vinificação. Sempre com um
FOTOS ARQUIVO
criação de um bom lote é obtida através da sobre- De certa forma, é possível considerar a maioria dos vinhos como
posição de componentes com atributos únicos vinhos de lote, pois mesmo no caso de um ‘Single Vineyard’ a fru-
usados para melhorar aspectos como cor, frescu- ta é oriunda de diferentes partes do vinhedo cujo microclima es-
A
ra, estrutura ou adicionar características específi- pecífico irá adicionar nuances ao resultado final.
cas de frutas ou especiarias com a finalidade de Exceptuando alguns casos específicos, como o vinho do Porto, an-
realçar sabor, ganhar complexidade, aperfeiçoar o tes do século XX, quando as leis que supostamente governavam a
equilíbrio e dar ao vinho melhor qualidade. Fazer o ‘lote’ ou ‘blend’ produção de vinhos raramente eram respeitadas, o acto de fazer
é simplesmente o acto de misturar diferentes vinhos com o objec- lote em vinhos tranquilos tinha pouco a ver com qualidade, che-
tivo de obter um produto cuja soma das partes é superior às par- gando mesmo a ser utilizado para fins comerciais ilícitos. Fazer
tes individuais. um lote era algo visto como suspeito, quase uma falsificação. Ac-
Em épocas distantes, diferentes castas eram misturadas na mes- tualmente, o acto de fazer um lote é frequentemente utilizado
ma parcela como uma espécie de seguro contra pragas, doenças, como uma ferramenta para oferecer um produto de qualidade
guerra ou desafios da natureza, com o objetivo de proporcionar superior.
um rendimento regular. Através desse método, ainda utilizado Os vinhos de lote elaborados hoje foram lapidados ao longo dos
hoje, uvas provenientes de vinhedos mistos, conhecidas como anos e o método de eleboração sobreviveu ao teste do tempo pelo
“field blends”, são colhidas, esmagadas e fermentadas em conjun- facto de ter produzido bons resultados. O interesse dos consumi-
to. Os resultados são menos previsíveis e precisos, mas a combi- dores por vinhos distintos tem incentivado os produtores portu-
nação dos diferentes estágios de maturação ajuda proporcionar gueses a lançar vinhos monovarietais, o que tem ajudado viticul-
equilíbrio e complexidade. tores e enólogos a compreender o extraordinário potencial de
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 87
A ESCOLHA DO MESTRE
EÃMAGEDA
castas menos conhecidas. A herança histórica, experiência e o extraor- pação em manter certo estilo ou perfil pré-determinado da marca, le-
dinário número de variedades encontradas no território português ofe- vando em consideração as características do público-alvo. Por outro
recem um número invejável de componentes que permitem aos produ- lado, vinhos premium exigem, além de harmonia, tipicidade e alta qua-
tores demonstrar criatividade e gerar alguns dos melhores e mais lidade, a capacidade reflectir as características da colheita e do terroir.
interessantes vinhos de lote do mundo. Alguns desses vinhos são mis- Como refere Luís Sottomayor, director de enologia da Sogrape no Dou-
turas regionais clássicas bem estabelecidas, outros são vinhos inco- ro, o lote de um vinho de alta qualidade precisará de componentes com
muns, exóticos, capazes de surpreender os paladares mais exigentes. mais amplitude e complexidade e, como tal, vai necessitar uma gama de
aromas e sabores mais diversos.
ESTILOS E SEGMENTOS
A arte do lote é vital tanto na produção dos vinhos mais ambiciosos OS DESAFIOS DO LOTE
quanto na criação de vinhos para o dia à dia. Para vinhos mais simples, São vários os desafios na hora de fazer um lote, desde limitações de com-
o lote pode ajudar mitigar imperfeições e suavizar diferenças entre as ponentes, fatores logísticos, espaço e estabilidade química, dentre outros.
vindimas, conferindo consistência. Eis porque, na maioria dos países Carlos Lucas descreve o lote como a combinação de três factores: inspi-
europeus, a legislação permite a adição de até 15% de uma colheita, casta ração, habilidade técnica e experiência. Todos são cruciais para se obte-
ou origem diferente da que está especificada no rótulo. Carlos Lucas, rem vinhos equilibrados e elegantes. Explicado de forma simples, Luís
enólogo e CEO da Empresa Magnum, acredita que fazer um lote para Sottomayor acredita que manter o equilíbrio entre as distintas varieda-
um vinho de entrada de gama pode muitas vezes ser um grande desafio, des de uva e, ao mesmo tempo, permitir que as mesmas expressem seus
no sentido em que se torna importante adicionar um elemento vital na aromas e demonstrem as suas características, são os principais desafios.
equação, ou seja, volume. Não basta apenas ir ao encontro do vinho pre- Na opinião de Pedro Correia o aspecto mais desafiante é tentar encon-
tendido, mas é preciso levar em consideração as respectivas quantida- trar uma combinação perfeita entre os diferentes componentes, de modo
des disponíveis e avaliar o que é possível fazer. A exigência de quantida- que, o resultado seja melhor do que as partes individuais. Além disso,
de e consistência que existe no segmento dos vinhos dos primeiros caso haja um perfil organoléptico a manter, o desafio é chegar ao mesmo
escalões de preço pode tornar o processo de execução de lote desafiante e resultado partindo de um conjunto de componentes diferentes ano após
envolvente. ano. Dependendo do estilo do vinho, existem parâmetros que se tornam
Para Pedro Correia, enólogo chefe dos vinhos Douro da Symington, fa- mais relevantes na hora de executar o lote. De acordo com Carlos Lucas,
zer lotes para vinhos de entrada de gama significa demonstrar preocu- a cor é algo importante a considerar independentemente do estilo, mas
88 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
A ESCOLHA DO MESTRE
AULAF
quando se trata de um vinho tinto é crucial pensar também na estrutu- abstrair-se de uma prova muito técnica e prefere pensar em como agra-
ra e taninos da mesma forma que quando se trata de um branco, espu- dar o consumidor final. Para Pedro Correia, o segredo é nunca ter pres-
mante e rosé é importante considerar o perfil aromático e acidez acima sa, ponderar decisões, dar tempo de modo a não tomar decisões precipi-
de tudo. Fazer um lote para espumantes, para Carlos Lucas, constitui tadas. Luís Sottomayor diz que “seguir a intuição” é um dos melhores
uma arte bastante mais especifica (e, também, especializada). O objecti- conselhos que já lhe foi dado.
vo é iniciar com uma base neutra e isso requer do enólogo experiência e
capacidade de previsão, visto que o vinho ainda deve passar pela segun-
da fermentação, período de envelhecimento, seguido pelo ‘degorgement’ AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
e adição do ‘licor de expedição’; tudo isso vai alterar o vinho radicalmen- Melhor análise de parâmetros enológicos e novas tecnologias laborato-
te antes de ele chegar ao mercado. riais tem resultado em vinhos de lote de maior precisão e qualidade.
Já para Pedro Correia, é importante ter em conta se o vinho tem data de Luís Sottomayor complementa dizendo que a grande evolução que
colheita, caso em que o blend deve reflectir as características do ano; ou aconteceu nos últimos anos está relacionada com a experiência pessoal
caso se trate de uma mistura de anos (como acontece num Porto tawny, que torna os enólogos mais aptos e confiantes no seu trabalho, o que con-
por exemplo), será fundamental manter inalterado, em cada engarrafa- sequentemente gera maior índice de sucesso. Para Pedro Correia o
mento, o estilo e perfil da marca ou produtor. aprofundamento do conhecimento das castas, de como evoluem e a ca-
pacidade de integração de cada uma delas tem contribuído significante-
mente para elaboração de vinhos cada vez melhores e mais profundos.
EXERCENDO CONTROLO Já Carlos Lucas defende que, actualmente, é possível fazer lotes com
Para assegurar sucesso é importante que o enólogo tenha o objetivo cla- mais convicção e com características que permitem ao vinho manter-
ro antes da fruta chegar na adega e que desde o início esteja no controle -se na garrafa durante mais tempo.
do processo. Luís Sottomayor considera mais vantajoso fazer o lote o Entretanto, as mudanças climáticas que estamos observando nos últi-
mais cedo possível para que o vinho já nasça com seus componentes li- mos anos vão requerer capacidade de adaptação. Além de mudança no
gados, o que pode acontecer mesmo na cuba onde irá fermentar, salvo perfil da fruta, devemos esperar, também, colheitas irregulares, e que as
algumas excepções, pois acredita que sua harmonia será melhor, mais castas mais frágeis desapareçam. Carlos Lucas prevê que castas capa-
natural e equilibrada. Pedro Correia prefere manter os componentes se- zes de suportar as ameaças climatéricas, e oferecer rendimento adequa-
parados ou fazer uma junção parcial e acompanhar a evolução do lote do, ganharão muito maior expressão, tanto a nível varietal como em lo-
por cerca de 12 meses dando tempo para uma melhor consolidação da tes. Isso vai exigir mais investigações das castas autóctones, muitas
matriz para então fazer nova avaliação antes de definir o blend final, delas ainda não devidamente estudadas. Os lotes serão dominados por
evitando engarrafar demasiadamente cedo. Carlos Lucas recomenda castas mais resistentes ao calor, não tanto por estilo, mas por necessida-
90 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
A ESCOLHA DO MESTRE
18 €37 B
QUINTA DAS BÁGEIRAS PAI ABEL
Bairrada branco 2019
QUINTA DAS BÁGEIRAS
Maria Gomes e Bical. Um estilo de vinho distinto e com enorme
personalidade, exibindo notas de maçã, citrinos, feno e f lores
secas, positivamente oxidativo. Excelente concentração, com
textura sedosa e, apesar do álcool elevado, mostrando belo
equilíbrio com óptima frescura e final de boca longo. (14,5%)
18 €35,95 B
QUINTA DA EXTREMA EDIÇÃO II
Douro branco 2017
COLINAS DO DOURO
Encruzado e Rabigato. Um vinho elegante, vibrante e
surpreendentemente jovem apesar de sua idade. Aromas
atraentes incluem notas de peras maduras, toranja, f lores
silvestres, maçãs e massa de pão fresca. Leve e equilibrado,
crocante, com textura sedosa, baixo teor de álcool e final de
boca longo e refrescante. (12,5%)
17,5 €59 A
ADEGA MAE TERROIR
Reg. Lisboa branco 2017
ADEGAMÃE
Viosinho e Arinto. Subtil e elegante, mas com muita
personalidade, inclui aromas de maçãs, pêssegos, citrinos,
nuances f lorais e especiarias doces. Na boca revela-se um vinho
encorpado, cremoso com excelente frescura atlântica e final de
boca persistente. (13%)
18,5 €55 B
QUINTA DO VESÚVIO
Douro tinto 2020
SYMINGTON FAMILY ESTATES
Touriga Nacional e Touriga Franca, sobretudo. Exuberante, polido,
preciso e convidativo com atraentes notas de cerejas maduras,
amoras, compota de mirtilo, alcaçuz. Na boca é potente,
encorpado, com excelente concentração. Maravilhosa textura,
taninos refinados e sedosos, bela frescura e final de boca
sofisticado e prolongado. (14,5%)
92 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
A ESCOLHA DO MESTRE
18 €50 B
QUINTA DA LEDA
Douro tinto 2019
SOGRAPE VINHOS
Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinto Cão e Tinta Roriz. Muito
carácter e complexidade, mirtilos, ameixas maduras, chocolate
amargo, especiarias doces, um toque balsâmico. Possui
excelente concentração de fruta, equilibrada com boa frescura,
sofisticado, com textura sedosa e taninos firmes, mas refinados,
que prometem longevidade. (13,5%)
18 €46 B
RIBEIRO SANTO VINHA DA NEVE
Dão tinto 2016
MAGNUM – CARLOS LUCAS VINHOS
Excelente pureza incluindo frutas negras, violetas, caixa de
charuto, terra húmida. Na boca apresenta grande concentração
de fruta e frescura vibrante, além de taninos refinados de grãos
finos, toque de alcatrão, final balsâmico e intenso, notas de
chocolate amargo. (14%)
18 €59 B
TABOADELLA GRANDE VILLAE
Dão tinto 2019
TABOADELLA
Alfrocheiro, Touriga Nacional e Tinta Roriz. Jovem, vibrante
e convidativo, exibindo aromas de frutos silvestres, cedro,
terra húmida, violetas e ervas exóticas. Na boca é vibrante,
harmonioso, com taninos sedosos, excelente frescura seguida
por um final de boca longo e complexo. (14%)
17,5 €43 B
MONTE BRANCO
Reg. Alentejano tinto 2018
LUÍS LOURO
Alicante Bouschet e Aragonez. Jovem, polido, de perfil moderno,
com excelente intensidade de frutas incluindo amoras, mirtilo
e notas de compota. No palato resulta um vinho exuberante,
concentrado, com taninos finos e notavelmente firmes, junto com
boa acidez. Muito bem estruturado e feito para durar. (14%)
94 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
CONCURSO
RENATA TAVARES PEDRO CRUZ GOMES JOÃO PEDRO RATO M. JOÃO VIEIRA PINTO
VIVA O VINHO GASTROSSEXUAL MUTANTE MARKETEER
ESCOLHA DA
IMPRENSA
2023
96 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
SOFIA FERREIRA LUÍS MANUEL SILVA DIEGO ARMÉS JORGE NUNES
FREELANCER THE PORTUGUESE WINE EXPERIENCE GQ JOLI WINE & FOOD
Organizado pela Grandes Escolhas, o Escolha da Imprensa passando pelos blogs, magazines e websites. Não fechar a
é um concurso de vinhos original, no qual uma publicação apreciação dos vinhos aos circuitos da crítica especializada
especializada convida colegas de outros órgãos de e alargar o âmbito da sua divulgação a todas as plataformas
comunicação social a provar e premiar o que de melhor se disponíveis, são os dois principais objectivos deste
faz no país, totalmente às cegas. Na edição de 2023, foram concurso, cujos vencedores de 2023 foram anunciados no
inscritos 500 vinhos na competição, avaliados no dia 19 de evento Vinhos & Sabores deste ano, numa cerimónia de
Setembro por um júri de 32 elementos vindos de meios entrega de diplomas conduzida por João Geirinhas, director
de comunicação variados, das revistas e jornais à rádio, de negócio, e Luís Lopes, director editorial.
RUI CAROÇO DOS SANTOS MIGUEL PEIXOTO MARGARIDA VAQUEIRO LOPES RITA AVELAR
WINE WRITER RDP EXAME MÁXIMA/MUST
GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3 97
GRANDE PRÉMIO ESCOLHA DA IMPRENSA
ESPUMANTES
BRANCOS
ROSÉS
98 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
TINTOS
FORTIFICADOS
OURO / GOLD:
ESCOLHA TRINCADEIRA 2014 - CONCURSO VINHOS DE PORTUGAL 2016
ESCOLHA SYRAH 2014 - CONCURSO VINHOS DE PORTUGAL 2016
PRÉMIOS RECENTES GRANDE ESCOLHA MÁRIO 2014 - CONCURSO VINHOS DE PORTUGAL 2017
3 ANOS
PRATA / SILVER:
RECENT AWARDS ESCOLHA TRINCADEIRA 2015 E 2016 - CONCURSO VINHOS DE PORTUGAL 2017 E 2018
3 YEARS BOMBEIRA DO GUADIANA RESERVA 2017 - CONCURSO VINHOS DE PORTUGAL 2019
ESCOLHA SYRAH 2017 - CONCURSO VINHOS DE PORTUGAL 2019
RESERVA 2019 - CONCURSO VINHOS DE PORTUGAL 2021
PRATA / SILVER:
ESCOLHA SYRAH 2014 - CONCURSO SYRAH DU MONDE 2016
PRATA / SILVER:
GRANDE ESCOLHA MÁRIO 2013 - SALON DU VIN PORTUGAIS - PARIS 2016
COM 16,5 HA DE VINHA (TINTOS), E 5 HA (BRANCOS) PRODUZIMOS ANUALMENTE SÓ COM AS NOSSAS UVAS:
NA PROCURA DA EXCELÊNCIA
Sempre agradecidos aos que colaboram
GRANDE PRÉMIO ESCOLHA DA IMPRENSA
NO CORAÇÃO
DO DOURO
A Quinta da Manoella era uma das egressar à Manoella é sempre um prazer. Estamos mas margens do rio
quintas pertencentes aos Borges Pinhão e logo no trajecto entre a estrada e a casa no coração da quinta
de Sousa, uma família terratenente
somos familiarizados com a extensa floresta de mata mediterrânica que
R
com muitas propriedades na região.
se estende por 30 ha e pelas diversas casas em ruínas espalhadas pela
Foi comprada à família, em 2009,
propriedade, umas que foram armazéns, outras que foram adegas. Hoje
– em época de explosão do enoturismo – logo nos interrogamos se para
por Jorge Borges e Sandra Tavares
elas há projectos a curto prazo mas Sandra, cautelosa, lá vai dizendo que “para já não,
da Silva e passou assim a integrar
temos outras prioridades mas… mais premente é o restauro da casa principal da quin-
o património da Wine & Soul. O
ta que se apresenta muito carente de obras”. O caminho é demorado e a estrada de
perfil dos vinhos que ali nascem
terra obriga a condução cautelosa. Dá para ir percebendo que, por aqui, há quase tudo
é bem diferente dos Pintas, feitos
– vinhas, oliveiras, medronheiros, muitas árvores de fruto, apiário e ervas aromáti-
pela mesma casa a partir de outra cas indígenas. Um verdadeiro microcosmos. É nesta quinta que funciona o centro de
vinha velha, em Vale de Mendiz. Em operações da Wine & Soul para o vinho do Porto, com a adega cheia de tonéis, balseiros
comum, o traço de excelência. e barricas. Com o tempo, e tendo começado no DOC Douro, a Wine & Soul tem vindo
a produzir, adquirir e armazenar vinho do Porto e o portefólio já se estende por mui-
TEXTO JOÃO PAULO MARTINS FOTOS WINE & SOUL
tas categorias como Tawny e Ruby Reserva, Branco 10 anos e 10 anos Extra-Dry,
tawny 10 e 20 anos, todos com a chancela Manoella e o Vintage, da marca Pintas. Bem
guardado e à espera do momento certo para ser lançado, há também em arquivo um
Porto branco muito, muito velho que cirurgicamente é dado à prova e que se inscreve
naquela categoria do “néctar dos deuses”, algo que pudemos comprovar no local.
Junto à adega existe um armazém onde se vinificam os brancos em bar- equilíbrio que mostra entre o aroma e o sabor, uma frescura incrível e
rica; não é bonito, nada tem de fashion, mas cumpre, como nos diz Jorge, muito fino na boca, dá imenso prazer a beber e é obviamente um branco
a função primordial “conseguimos aqui vinificar os brancos com con- apto para a cave, perfeito na fruta citrina e na acidez (18,5); um notável
trole de temperatura de fermentação barrica a barrica, porque elas não vinho em prova foi o 2019 com grande perfeição aromática, com fruta de
são iguais e os mostos também não; estamos nisto desde 2012.” A isto grande requinte. Fino e elegante, com toques minerais e a elegância a
pode-se chamar uma enologia de precisão, conceito que Jorge e Sandra percorrer toda a prova (18,5/19)
aplicam sobretudo aos brancos que produzem.
O momento – uma mini vertical de brancos da marca Guru - foi tam-
bém aproveitado para revisitar algumas colheitas mais antigas. A mar- NOVIDADES NA MESA
ca nasceu em 2004 e o vinho é feito com uvas das zonas mais altas e A novidade agora apresentada, o Guru Vinha da Calçada, tem origem
frescas, de Porrais e Martim. Sempre que é possível, Jorge e Sandra con- numa única parcela de quase 100 anos “seguramente anterior a 1932”,
tinuam por ali a comprar parcelas de vinhas. São zonas de xisto em com 0,5 ha, a 600 metros de altitude e com mistura de castas. Fermenta-
transição para granito, um xisto rico em quartzo e minerais. É uma re- ção e estágio em foudre durante 2 anos e mais um ano em garrafa. A
gião onde domina a casta branca Códega do Larinho. As vinhas que es- madeira não tem tosta “o que favorece a tensão nos vinhos e o formato do
tão na base do Guru obrigam a duas semanas de vindima, são vindima- foudre gera uma movimentação de borras finas de forma natural”, refe-
das parcela a parcela e há uma hierarquia de momentos de vindima. “É re Sandra Tavares da Silva.
um vinho de precisão”, como nos foi referido e como são muitas parcelas Os tintos são feitos a lagar com corte a pé e pisa a pé à noite durante 3
e há pouco tempo para fazer a vindima, é muito exigente em mão de noites. Durante o dia usam a pisa mecânica para baixar a manta. Os
obra. Provámos o Guru 2009, citrino, fcom ruta madura, leve floral, tintos fazem a maloláctica já na barrica porque “isso ajuda a integrar
cheio de classe, sem excessiva evolução; ainda cheio de força na boca, muito melhor a madeira no vinho, mas correm-se alguns riscos porque
com vida pela frente, em muito boa forma. Na altura já não era só barri- o vinho está desprotegido sem sulfuroso” salienta Jorge Borges. Mais
ca nova. (18,5); o 2010 um pouco mais carregado na cor, menos falador no atenção e mais precisão, de novo.
aroma, discreto na fruta madura, bem na boca mas com mais evolução, Para o Pintas Character entram 5 parcelas em Vale Mendiz, com castas
com menos promessa de vida em cave (18); o 2013 com muito fósforo no misturadas, lagar e barrica usada; no caso do Pintas “sempre pensámos
aroma, mesmo em dose excessiva mas, algo surpreendentemente, re- o vinho em termos de mercado externo e o PVP (mesmo alto) é sempre o
sulta muito bem na boca, evolui bem no copo, é vinho mais para falar do mesmo lá e cá; desde o princípio que procurámos diversificar os merca-
que para beber (18); da colheita de 2015 chegou-nos um Guru notável no dos e, entre outros, estamos na Suíça, Alemanha, Inglaterra, USA, Bra-
sil, Macau. Trabalhamos com 25 países e vamos agora exportar para a Austrá- 18,5 €36 B
lia”, contou Sandra.
No Porto Vintage esta é a 14ª edição, “estamos a vindimar para Vintage mais
GURU
Douro branco 2022
cedo do que mandava a tradição, não exagerando na sobrematuração das uvas, WINE & SOUL
mas é uma luta vender estes vintages porque quem compra vai sempre dirigir Com menos barrica nova do que o habitual, está também (e por
a escolha para as marcas consagradas”. Tempos nem sempre fáceis para os pe- isso) com menos cor, ressalta a fruta limonada, vegetal verde e
as notas de laranja. Muito elegante na boca, muito fino de acidez,
quenos produtores de Porto, para quem estes vinhos são muito mais um com- é um branco de enorme requinte, com grande polimento de
plemento de portefólio do que propriamente uma boa fonte de rendimento. conjunto e madeira integrada na perfeição. (12,5%)
Da Quinta da Manoella, a grande novidade apresentada foi o tinto Vinha Ale-
crim que tem origem numa parcela plantada pelo trisavô de Jorge Borges ins-
talada em terraços pré-filoxéricos, rodeado de alecrim e floresta mediterrânica.
18 €70 B
Foi engarrafado em 2017 e teve 6 anos de garrafa. Como nos diz Sandra “tem GURU VINHA DA CALÇADA
Douro branco 2020
origem numa parcela que sempre se distinguiu, sempre originou um vinho
WINE & SOUL
diferenciador”. Com tanta vinha de vetusta idade não será de espantar que ou- Delicado no aroma, fruta citrina branca e refrescante, muito
tras parcelas da Manoella sejam, no futuro, escolhidas para vinhos muito espe- polido e equilibrado na boca, a madeira (foudre) integrou tudo
ciais. GE muito bem e o resultado é um branco de grande elegância onde
não há arestas, onde o sabor se prolonga num final macio e
muito longo. A provar com atenção. (12,5%)
18 €30 B
PINTAS CHARACTER
Douro tinto 2021
WINE & SOUL
Uvas pisadas a pé em lagar, transferido depois para barrica
onde ficou 18 meses. Muita frescura aromática, polimento de
fruta vermelha e uma elegância que passa do aroma para o
palato. Notas de f lores como violetas, esteva, excelente acidez,
fruta delicada e barrica discreta. Conjunto notável. (14%)
19 €100 B
PINTAS
Douro tinto 2021
WINE & SOUL
Tem origem em Vale de Mendiz, parcela quase a completar 100
anos, uvas pisadas e fermentadas em lagar. Notável pureza de
fruta e evidência mineral, elegante na boca e com taninos de
luxo, ajudado também por uma barrica de enorme qualidade.
Conjunto requintado e impactante, a justificar o preço. (14,5%)
19,5 €150 B
QUINTA DA MANOELLA VINHA
ALECRIM
Douro tinto 2015
WINE & SOUL
Um tinto sofisticado que procura enaltecer as virtudes da
parcela que o originou. Elegante e fino, com esteva e arbusto,
fantástica definição de fruta madura e muita frescura. Exibe a
especiaria da barrica de luxo e taninos de grande polimento.
Raro, distinto, irá ganhar com o tempo. Produção de 699
garrafas. (12,5%)
19 €85 B
PINTAS
Porto Vintage 2021
WINE & SOUL
É a 14ª edição deste vintage. Carregado na cor e de perfil
vegetal, notas de urze e esteva num fundo químico e levemente
mentolado. Muita pureza de fruta vermelha e negra, especiarias
de pimenta. Grande arquitectura de boca, taninos firmes mas
conservando o lado elegante e com grande frescura. Notável.
(20%)
À VIDIGUEIRA
114 GRANDES ESCOLHAS N O V E M B R O 2 0 2 3
É a região alentejana de eleição para Paulo Laureano,
P
cestos, está na hora de comemorar os 20 anos da marca Dolium, o
seu rótulo emblemático do Alentejo. Até chegar à planície, Paulo
andou por terras longínquas, no caso a Austrália, onde nasceu
uma paixão muito forte pela casta Cabernet Sauvignon. Foi longa a marcha
mas, no regresso à pátria, a diversidade e originalidade de algumas variedades
alentejanas falou mais alto e foi “de cabeça” o mergulho nas castsa antigas que
foi encontrar na Vidigueira, onde chegou em 2006. A uva Cabernet Sauvignon,
abandonada a partir de 2004, ficou nos arquivos, ainda que Paulo lhe reconhe-
ça todas as virtudes que fizeram dela uma das castas mais famosas do planeta
e tenha integrado alguns dos primeiros tintos que saíram com a sua assinatu-
ra. Apesar disso, Antão Vaz nos brancos e Trincadeira e Tinta Grossa nos tintos
acabaram por determinar o rumo. A forma como estas variedades se adapta-
ram aos xistos da região convenceram o enólogo que está ciente que a mancha
de xisto é ali muito variada e a qualidade depende muito do local exacto onde
estão as vinhas. Segundo Laureano, ali existe uma das formações geológicas
mais antigas do país, conhecida por Água de Peixe, onde nascem vinhos cheios
de forte personalidade.
A sua actividade desdobra-se por várias regiões, dos Açores a Bucelas, passan-
do pelo Dão e Douro. A partir de 2021, a Parras Vinhos entrou no capital da
empresa “mas isso em nada alterou o perfil e a filosofia dos vinhos”, como refe-
riu. Também por isso, Luis Vieira (da Parras Vinhos) marcou presença na
18,5 €70 B
apresentação que teve lugar no restaurante Eleven, em Lisboa. Ali, o Chef Joa-
chim Koerper, amigo de Paulo de longa data, continua a oficiar na cozinha e
presenteia o enólogo com um menu sem queijo, uma birra antiga do enólogo DOLIUM BY PAULO
(digo eu…) de que não há maneira de se curar…
Para celebrar o evento provaram-se alguns vinhos da marca Dolium: branco
LAUREANO
Alentejo Vidigueira Reserva tinto 2015
2019, tintos de 2014, 2001, 2007 e 2004, com destaque para as edições de 2001 e PL WINES
2014, muito fiéis ao perfil da Vidigueira. O 2015 agora apresentado resulta de um Bastante concentrado na cor, aroma
field blend onde, entre outras, comparecem as castas Alicante Bouschet, Alfro- denso a mostrar já alguma evolução, com
notas balsâmicas e mentoladas em fundo,
cheiro, Tinta Grossa e Trincadeira. Fermentou em lagares de inox, estagiou 24 ajudadas por sugestões maduras de fruta
meses em barricas e 5 anos na garrafa. Grande vinho que vai deixar saudades, em calda, musgo, cogumelos e bosque.
mas está já prometida uma próxima edição, da vindima de 2019. GE Bastante completo na boca, texturado,
com taninos finos, muito volume, um tinto
ambicioso e personalizado, bem fiel à
região. (14,5%)
COMEÇOU
UMA NOVA
Uma prova de vinhos em estágio e uma vertical de Touriga
ERA
expressam o terroir da propriedade em Arraiolos.
E
mais ambiciosos, que saem daqueles 45 hecta- ção”, afirma.
res de vinha, e sentir as características únicas
do local. Quem nos acompanha é a equipa de
enologia, composta por David Baverstock — enólogo chefe, PROVAR O FUTURO E O PASSADO
chegado recentemente à Ravasqueira para impulsionar as Uma caminhada pelas vinhas até à adega levou-nos a uma
gamas superiores — o seu “braço direito” Vasco Rosa Santos prova de vinhos em estágio, essencialmente uma prova de
(que já conhece a casa como a palma das suas mãos) e a enó- tintos monocasta, uns com o destino traçado, outros ainda
loga assistente Ana Filipa Pereira. “O meu papel na Ravas- a aguardar sentença. O futuro Reserva da Família branco e
queira é fazer vinhos com elegância, complexidade e longe- um antigo Vinha das Romãs tinto, ambos lotes de duas cas-
vidade. Temos aqui talhões muito diferentes uns dos outros, tas, juntaram-se à festa. Um momento curioso e esclarece-
e estamos a reflectir isso na adega”, sublinhou David Ba- dor, passado na companhia das barricas e da dupla de enó-
verstock, que, já junto às vinhas, explicou o que a proprie- logos da Ravasqueira. O Reserva da Família branco 2023
dade pode oferecer aos vinhos: “O micro-clima especial junta Alvarinho e Viognier e mostra-se promissor, com
deste sítio tem que ver com os vales, as ribeiras, as encos- acidez vincada e pureza de fruta. Já o vinha das Romãs tin-
tas... Há aqui grandes amplitudes térmicas. Esta zona de to 2016, que junta Syrah à Touriga Franca, foi um regresso
Arraiolos é mesmo interessante, e a frescura daqui vai ser ao passado, para melhor compreender o vinho que está
muito importante para os próximos anos, sobretudo para agora no mercado e que provámos no mesmo dia mais tar-
lidar com o aquecimento global”. Sobre a vindima deste ano, de, de 2021. Surpreendentemente, o 2016 apresenta-se ainda
com alguma juventude de corpo, mas com evolução positiva nos aro-
mas, sobretudo especiarias e fruta negra, também leve tabaco.
A prova dos monocasta tintos, todos de 2022, mostrou porque é que estes
vinhos não saem da adega tão cedo. Mesmo já com um ano de estágio, o
fio condutor é o nervo e a pujança, com os taninos ainda a precisar cla-
ramente de uma “achega”. O Alicante Bouschet, todo ele terroso, vegetal,
e o couro a sobressair. Já o Syrah traz-nos fruta de perfil atractivo, mas
com estrutura e complexidade de conjunto. O Touriga Franca, nem é
bom pensar em bebê-lo (não é por nada que a colheita actualmente no
mercado é a de 2019…), a revelar-se o tinto com os taninos mais aguerri-
dos e jovens da prova. Já o Alfrocheiro tem data marcada para lança-
mento, enquanto monocasta, em 2024. Apesar da juventude, já denota
elegância e algumas das características aromáticas da casta, como pu-
reza de fruta silvestre e um perfil florestal.
Num momento mais focado, mas igualmente interessante, fez-se uma
(mini) vertical do Touriga Franca, escolhido pelo produtor pela originali-
dade (há outros vinhos no Alentejo monocasta de Touriga Franca, mas
não são muitos), e para representar a aposta actual da casa nos monova-
rietais, como uma das estratégias do segmento premium. Começando
no 2012, este aponta, no aroma, muita fruta silvestre bem madura, levís-
simo balsâmico e nota resinosa envelhecida. Na boca mostra-se mais
vivo e fresco, com óptima acidez e amplitude, e também suculência, 17,5 €15 B 17,5 €20 B
dada sobretudo pelo lado vegetal (17). O 2013, por sua vez, dá um grande
salto no nariz, ainda com pureza de fruta e as especiarias vivas, comple-
RAVASQUEIRA RAVASQUEIRA
xidade, levíssima gordura fumada, agulha de pinheiro e um lado resino-
Reg. Alentejano Touriga Franca tinto
2019
VINHA DAS ROMÃS
Reg. Alentejano tinto 2021
so expressivo. Na boca tem uma componente lenhosa bastante vincada, RAVASQUEIRA VINHOS
RAVASQUEIRA VINHOS
muito nervo, fruta negra, bastante herbáceo (17,5). O 2017 confirma o de- Perfil bastante f lorestal mas para o Touriga Franca e Syrah. Fruta negra
lado seco, ainda mais proeminente
nominador comum aromático que são os balsâmicos e a fruta silvestre nos exóticos, fruta negra subtil,
junta-se no nariz a chocolate negro,
levíssimo eucalipto e caruma,
madura, mas este com um lado mais exótico nas especiarias e sândalos. arbusto seco, cedro, amora também fumados subtis e uma
Na boca é fogoso, elegante, sedoso nos taninos, com boa fruta. madura... Na boca é elegante interessante nota Láctea. Na boca
e levemente adstringente em
A Ravasqueira quis mostrar que, cada vez mais, quer apostar em vi- simultâneo, o que lhe dá piada e
é o cacau que sobressai e oferece
mastigabilidade, é sedoso e afunda
nhos ambiciosos, com capacidade de envelhecimento, colocando o adivinha capacidade de guarda. bonita. Congo, e com um perfil
“spotlight” nos monovarietais. Um lado do produtor ainda não conhecido Longo, harmonioso, com muita muito atractivo e internacional.
presença e carácter. (14%)
por todos, mas que veio para ficar. GE (14,5%)
Apetece ir.
.oãçaredom moc abeB .levásnopser ajeS
LANÇAMENTO QUINTA NOVA
UM FUTURO
CONSTRUÍDO
NO INTERIOR
DO PASSADO
O lançamento das novas colheitas dos Quinta Nova Parcelas/Vinhas Centenárias e do Porto
Vintage 2021 foi o pretexto para conhecer a quase terminada obra de remodelação da adega, com
próximo que revigoram e tornam ainda mais sustentável a vertente de enoturismo da Quinta Nova.
e num lançamento, o vinho é o “verbo”, a ver- identidade, valoriza-se igualmente a microflora que se de-
tiginosa veia de projecção e criação de Luísa senvolve no interior das cubas nos processos de fermenta-
Amorim insiste em levar-nos para a imensi- ção e estágio, conduzindo à expressão única de cada uma
S
dão de feitos que, desta vez na Quinta Nova, delas e a vinhos diferenciados e únicos. As mudanças cli-
se moldam e erguem numa constante busca máticas e a antecipação dos seus efeitos são, igualmente,
do sublime e exclusivo. uma preocupação latente associada à preservação das flo-
Dentro do edifício original, construído em 1764, ungido pela restas. A opção pelo cimento é uma prática cada vez mais
pequena capela que a ladeia, nasce uma nova adega onde a difundida nos mais reconhecidos produtores franceses,
tecnologia mais recente convive com a inspiração tradicio- vanguardismo que o universo de Luísa Amorim – Quinta
nal, onde o cimento possui, agora, um papel cada vez mais Nova, Taboadella e Aldeia de Cima- procura seguir.
presente e persistente na concepção e definição de perfil Não revelando os valores do investimento, a produtora
dos vinhos DOC Douro. A orografia duriense replica-se na afirmou com segurança que, não obstante o montante ele-
disposição das cubas de cimento de fabrico italiano, criadas vado, augura-se que o mesmo seja amortizado num espaço
à medida da adega, imitando os altos patamares e as cur- de 4 a 5 anos.
vilíneas formas das vinhas. São 35 novas cubas que aliam Prevista para estar concluída no final de 2024 a início de 2025,
a tecnologia às fórmulas tradicionais de vinificação, valo- está a ampliação da unidade de alojamento e serviços de eno-
rizando-se a preservação da matéria-prima, permitindo turismo de vertente ecológica. Serão mais 6 a 8 quartos, inse-
uma evolução lenta do vinho e uma micro-oxigenação não ridos numa nova unidade dotada de spa e piscina semiolímpi-
redutiva dos vinhos. Com uma vertente promoção de ca panorâmica, com vista privilegiada para o rio Douro.
19 €90 B
QUINTA NOVA VINHA CENTENÁRIA
REF P29/P21
Douro tinto 2020
QUINTA NOVA DE NOSSA SENHORA DO CARMO
Cor púrpura, sumptuosidade violeta, fruta negra madura,
equilíbrio completo e definidor da singularidade da Touriga
Nacional com as vinhas centenárias. Suculento, especiado,
tanino firme afagado pela sedosidade, elegância e final de puro
prazer e persistência. Um vinho enorme. (14,5%)
18,5 €90 B
QUINTA NOVA VINHA CENTENÁRIA
REF P28/P21 2020
Douro tinto 2021
QUINTA NOVA DE NOSSA SENHORA DO CARMO
Da conjugação da Tinta Roriz com a vinha velha, tem nariz
austero, terroso, trufado, sofisticação e assertividade numa
composição de frutos azulados, pimenta preta e chocolate
negro, inusitada complexidade. Fresco, tânico, intenso, sem
perder uma delicadeza elegante e fina, terminando com assertiva
imponência. (14,5%)
18,5 €90 B
QUINTA NOVA
Porto Vintage 2021
QUINTA NOVA DE NOSSA SENHORA DO CARMO
Cor opaca, enunciando ameixa e amoras maceradas, compota,
grafite e percepção mineral. Suculento, intenso, com frescura
e juventude, perfeito equilíbrio entre doçura, acidez e álcool,
expressão de um ano desafiante e, por isso mesmo, criador
de singularidades. Precisão final com imponente persistência.
(19,5%)
GARRAFEIRA
DOS SÓCIOS
À PROVA DO TEMPO
U
Reguengos de Monsaraz-CARMIM Antão Vaz e Verdelho conjuga a expressão aromática das
representa hoje. Provámos algumas duas castas que completam a fermentação em barrica,
das novas colheitas bem como
com batonnage e posterior estágio durante 8 meses. Ini-
a edição mais recente do seu
cialmente demonstra aroma exuberante de Verdelho, mas com o tempo
o mais modesto no início Antão Vaz, dá-lhe boca. Com um perfil fresco e
clássico – Reguengos Garrafeira dos
alguma complexidade conferida pelo estágio em barrica é um branco
Sócios de 2019 – e a consistência
que tanto pode ser consumido no verão, como ao longo do inverno.
demonstrada merece aplauso.
Trifolium é uma gama mais recente que abrange quatro vinhos (branco,
TEXTO VALÉRIA ZEFERINO FOTOS CARMIM
tinto, rosé e espumante), cada um elaborado de três castas. No branco são
Antão Vaz (40%), Arinto e Roupeiro em partes iguais. É vinificado com
maceração pelicular de cerca 12 horas para extrair mais compostos aro-
máticos das películas, o estágio ocorre em barricas novas de carvalho
francês e húngaro com bâtonnage durante 9 meses. É um vinho cremo-
so e intenso o suficiente para aguentar um prato picante, por exemplo.
O rosé é um lote de Aragonez, Touriga Nacional e Touriga Franca. Tam-
bém com ligeira maceração pelicular, fermenta em inox e termina a
fermentação em barricas de carvalho francês de 300 litros de segunda
MIGUEL FEIJÃO (PRESIDENTE) utilização, onde depois fica ao longo de 6 meses com bâtonnage durante
E JOÃO CALDEIRA (CEO) os primeiros dois. É um rosé que funciona muito bem à mesa.
O CARMIM Reguengos Garrafeira dos Sócios é um vinho histórico, faz parte do ima- UMA PARTE DE
ginário colectivo de muitos consumidores e apreciadores de vinhos. O vinho nasceu
em 1982 com o objectivo de ser uma oferta premium exclusiva para os associados da
GARRAFAS DO
CARMIM. REGUENGOS
As castas variaram ao longo dos anos. Outrora prevaleceram Castelão, Moreto e Tin- GARRAFEIRA DOS
ta Caiada entre outras, tipicamente alentejanas. Mais tarde o destaque foi para Ara-
gonez e Trincadeira, começando o Cabernet Sauvignon a entrar nos lotes. Nos anos
SÓCIOS 2019 SERÁ
mais recentes o Alicante Bouschet assume a maior responsabilidade, como, por LANÇADA NO
exemplo, nesta edição, onde a casta predomina com 55%, Aragonez entra com 30% e MERCADO 10 ANOS
Cabernet Sauvignon funciona como sal e pimenta com 15% do lote. A composição final
decide-se depois do estágio de 18 meses em carvalho francês de primeira e segunda
DEPOIS, EM 2029.
utilização e algum carvalho americano e húngaro. O objectivo é chegar à complexi-
dade e equilíbrio. Depois de engarrafado, o vinho ainda permanece mais 12 meses em
cave antes de ser lançado para o mercado.
O modelo implementado pela CARMIM, e que já se tornou tradição, de dar a provar
algumas versões mais antigas no lançamento de uma nova colheita deste vinho clás-
sico, é merecedora de todos os elogios, pois permite avaliar o percurso da marca. Des-
ta vez também foi feita uma pequena prova vertical a evocar 2013, 1996 e 1993, todos
16,5 €10 A
bem vivos e cheios de saúde, a dar muito prazer beber. organolêptica. O Reguengos
Garrafeira dos Sócios 2013 (60% Alicante Bouschet, 30% Touriga Nacional e 10% Trin-
cadeira) em grande forma, com imensa complexidade e consistência na prova, sério, MONSARAZ
compacto, com notas mentoladas e de cedro. O 1996 (Aragonez, Trincadeira e Cabernet Alentejo Antão Vaz/Verdelho branco 2022
Sauvignon), de um ano quente com muita produção revelou couro, cogumelos, fruta CARMIM
compotada, muito bem composto e fresco no final. O 1993 (Aragonez, Trincadeira e Intenso e também com certa complexidade e barrica
Castelão) de ano quente e seco mostrou-se mais vegetal, com fruta vermelha cozida, bem integrada. Citrino, com folhas verdes, lima, f loral
ténue, bom toque fumado e ainda ameixa branca madura.
especiaria e notas balsâmicas, de corpo mais delicado e com boa acidez. Outra bem Boca ampla e cremosa, a acidez sem ser autoritária, está
vinda tradição é a de guardar uma quantidade significativa de garrafas para lançar sempre presente a dar frescura. (12,5%)
daqui a 10 anos, ou seja, uma parte da colheita de 2019, será relançada em 2029. Espere-
mos estar por cá para voltarmos a este tinto depois da prova do tempo. GE 17 €17 B
REGUENGOS TRIFOLIUM
Alentejo Grande Reserva branco 2022
CARMIM
No aroma fruta está embrulhada em especiaria a revelar
camadas de nêspera, marmelo e limão maduro com notas
de baunilha e coco e ainda um apontamento vegetal ao
fundo. Muita amplitude e textura na prova, acidez delicada
bem enquadrada na untuosidade do conjunto. O final é
prolongado e saboroso. (13,5%)
16,5 €10 A
REGUENGOS TRIFOLIUM
Alentejo Grande Reserva rosé 2022
CARMIM
Touriga Nacional e Franca, mais Aragonez. Salmonado na
cor com certa intensidade cromática. Destaca-se doce
de morango e ameixa madura no aroma, bem como uma
componente vegetal que contribui com complexidade
e frescura aromática. É um rosé seco, amplo, com
estrutura, bem texturado e persistente. (12,5%)
17,5 €25 B
REGUENGOS GARRAFEIRA DOS
SÓCIOS
Alentejo tinto 2019
CARMIM
Alicante Bouschet, Aragonez e Cabernet Sauvignon.
Grande complexidade de aroma com fruta madura e
lembrar mirtilo, ameixa preta e alguma amora, tosta,
azeitona e pimento, aneto e notas balsâmicas. Ainda bem
novo, com pujança no palato, encorpado, de estrutura
robusta, mas sem transmitir peso, tudo bem afinado.
(15%)
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SEGURA E DURÁVEL
NO TEMPO!
LANÇAMENTO JOÃO PORTUGAL RAMOS
ESTREMUS
E PETRICHOR,
CONSAGRAÇÃO
E DESAFIO
É a terceira colheita do grandioso Estremus, o vinho
J
João Maria Portugal Ramos, filho do fundador e enólogo do grupo, isso o demonstra
claramente (a experiente enóloga Donzília Copeto mantém-se como directora de pro-
dução e João Perry Vidal, incontornável cúmplice do fundador João Ramos, como di-
rector vitivinícola da Quinta de Foz de Arouce e da Duorum). Tal é bem visível também no facto de
João Maria já ter tido um papel muito importante no desenho de vinhos como Pouca Roupa e Mar-
quês de Borba Vinhas Velhas, duas gamas que, sendo relativamente recentes, já levam alguns
anos de história e de sucesso. Também relativamente recente foi a criação do vinho Estremus, cuja
primeira edição ocorreu em 2015, com nova edição dois anos depois em 2017.
Pois bem, é agora lançada a de 2019 deste verdadeiro topo de gama, lugar anteriormente ocupado
pelo clássico Marquês de Borba Reserva tinto. Quanto ao Estremus mantém, nesta edição de 2019,
o seu desenho e perfil de pendor vegetal, com base em Alicante Bouschet e Trincadeira, provenien-
tes de uma vinha com 20 anos muito próxima das muralhas da cidade de Estremoz, num solo
calcário com pedra mármore visível à superfície, e a uma altitude de quase 400 metros. Como não
poderia deixar de ser num topo de gama desta qualidade, as uvas foram vindimadas manualmen-
te para pequenas caixas sendo que, em termos de vinificação, as duas castas fermentaram em
conjunto por quatro dias em lagares de mármore com pisa a pé (mas delicada para não provocar
concentração excessiva). Ora, a co-fermentação é algo que pode ajudar muito um vinho na inte-
gração do lote, mas nem sempre é possível por existirem castas que amadurecem na vinha em
períodos diferentes e, assim, não podem ser fermentadas em simultâneo. Porém, na vinha onde
estão em ‘field blend’, o Alicante Bouschet e Trincadeira utilizados neste vinho tiveram um ama-
durecimento quase sincrónico, pelo que a opção da casa foi mesmo para a co-fermentação, e os
consumidores agradecem o excelente resultado. Seguiu-se, depois, a trasfega para cuba de inox
onde acaba a fermentação alcoólica, e mais 12 dias de maceração pós fermentativa. O estágio e afi-
namento é feito em meias pipas de carvalho francês durante um período de 18 meses. Encheram-se
quase 4000 garrafas, praticamente o dobro da edição anterior, sendo que nesta colheita de 2019 o
vinho – fabuloso! – está simultaneamente mais fresco e sofisticado.
18 €32 A 19 €140 B
fica antes de serem vinificadas. São depois desengaçadas,
suavemente esmagadas e transferidas para cubas de ci-
mento ovais de 3000 litros, onde a fermentação alcoólica PETRICHOR SINGLE ESTREMUS
ocorre com temperatura controlada, seguindo-se a mace-
ração pós-fermentativa durante sete meses. É um branco
VINEYARD Alentejo tinto 2019
J. PORTUGAL RAMOS VINHOS
Alentejo branco 2022
de perfil austero e seco, mas mantendo alguma fruta citri- J. PORTUGAL RAMOS VINHOS
Alicante Bouschet e Trincadeira.
Aroma profundo e complexo, em
na, sobretudo com notas de laranja e sua casca. São 2000 Vinho de curtimenta com tonalidade camadas de fruto azul e negro, nota
garrafas de um branco muito gastronómico, levemente âmbar e muitos laivos amarelados. de bosque, casca de árvore, perfil
Revela um aroma a casca de laranja, silvestre e balsâmicos no fundo.
terroso (petrichor é o nome que se atribui à fragância da f lores secas, chão de bosque num Cremoso em boca, fresco e com
chuva ao cair em solo seco). Com grau alcoólico ajuizado, perfil terroso. Excelente percepção boa acidez, volumoso e compacto,
que, estamos certos, será um parceiro imbatível à mesa, de acidez em boca (pH de 3,05!), termina fino e harmonioso, sempre
saboroso e longo, leves amargos em elegância e com promessa de
junto a um presunto ou até com combinações geralmente e algum tanino até, termina com óptima evolução. (14%)
complicadas como escabeches. A não perder! GE referências a mel e caruma. (12%)
LA GRANDE DAME,
UM CHAMPAGNE
DE HOMENAGEM
integrada no consórcio de
H
relo que distingue esta garrafa
numa prateleira, como pode- ESTILO DA CASA
mos falar de uma marca que, Na Veuve Clicquot há a noção clara que a ma-
com os seus 12 milhões de garrafas produzi- nutenção do estilo da casa e a excelência do
das anualmente, se encontra facilmente em mesmo depende muito da personalidade do
qualquer loja que tenha champgne à venda. É Chef de Cave. Essa ideia levou a que, até hoje,
hoje um dos nomes mais prestigiados, incluí- apenas 10 pessoas tenham sido Chef de Cave,
do no restrito grupo dos produtores de vinhos o que garante a continuidade do perfil. A
de sonho. Cuvée La Grande Dame, homenagem mais
La Grande Dame é a cuvée que faz jus à tei- que merecida à grande figura de novecentos,
mosia da viúva Clicquot, que apostava nas foi criada em 1972 e esta é a 24ª edição, a mais
uvas tintas para fazer grandes brancos. Neste recente, de 2015.
caso estamos a falar de 90% de Pinot Noir, A explosão na produção e diversificação de
acrescido de Chardonnay. No entanto, para se marcas foi enorme a partir de 1840, até ao final
fazer um grande champgne temos de ter em do séc. XIX. Nasceram então as grandes mar-
conta a origem das uvas. É neste campo espe- cas, muitas vezes por mão alemã – Bollinger,
cífico que a empresa dá cartas, uma vez que Krug, Heidsieck, Mumm -, por exemplo. Ini-
tem 390 hectares vinhas próprias em 12 dos 17 cialmente muito doce, o champgne caminhou
terroirs classificados como Grand Cru e em em direcção à secura e o primeiro verdadei-
20 dos 44 que têm a classificação de Prémier ramente Brut foi criado pela empresa de Lou-
Cru. Compreende-se melhor… ise Pommery, em 1874, uma novidade imensa
para a época, de que essa empresa ainda hoje
(e bem) se reclama.
UMA HISTÓRIA E TANTO… Com um grande volume de uvas – lembre-
A Madame Clicquot, nascida em 1777, enviu- mo-nos que toda a vindima é obrigatoria-
vou aos 27 anos e, a partir de 1806, tomou as mente feita à mão e isso obriga, só na Veuve
rédeas da empresa, numa época em que não Clicquot, a 1000 vindimadores -, naturalmen-
era suposto as meninas de sociedade se torna- te as adegas são de alta tecnologia mas ali en-
rem empresárias mas sim aprenderem ape- contram-se também pequenas cubas onde
nas a bordar, tocar piano e falar francês e parcelas especiais são vinificadas separada-
aguardar pacientemente que os pais lhe ar- mente, o que depois facilita o blending, uma
ranjassem casamento. A viúva Clicquot re- das grandes artes que se praticam na região.
velou uma rara visão de mercado e abriu os Desde 1961 e por mais de 40 anos a Veuve Clic-
mercados de leste, sobretudo o russo quando, quot não usou barricas durante todo o pro-
em 1814 colocou o seu vinho de 1811 na corte de cesso de fermentação e estágio. No entanto,
St. Petersburgo. As vinhas que então adqui- mais recentemente (a partir de 2009) verifi-
riu ainda hoje pertencem à empresa, muitas cou-se um retorno muito moderado ao uso de
delas localizadas nas zonas Grand Cru mais barricas, sobretudo para os topos de gama da
famosas da região, como Avize, Oger, Le Mes- empresa.
19,5 €260 A
nil, Ambonnay, Bouzy. Foi o seu Chef de Cave O Comité Interprofissional de Champagne,
Antoine Müller, que, em 1818, introduziu a téc- entidade reguladora e fiscalizadora da região,
nica da remuage, resolvendo o problema de LA GRANDE DAME foi criado em 1941. O mercado interno absorve
como lidar com as borras das leveduras que Champagne branco 2015 metade da produção de toda a região que, ape-
ficavam como sedimento na garrafa após a VEUVE CLICQUOT PONSARDIN – sar de variações conforme a oferta e a procu-
segunda fermentação; criou as pupitres com IMPORTADO POR EL CORTE INGLÈS ra, se situa na casa das 300 milhões de garra-
buracos onde se inseriam as garrafas. Uma Excelente presença no copo, com mousse fas/ano, podendo o rendimento vitícola,
muito delicada. Todo o aroma respira
inovação fantástica que se mantém em uso subtileza, desde o lado f loral até leves decidido anualmente, atingir as 15 ton de uva
actualmente. Foi também nesta empresa que, notas de fruta vermelha, ao lado de um por hectare. Sabendo-se que as uvas são pa-
em 1818 se criou o primeiro rosé d’assemblage. fundo citrino. Elegância pura. No palato gas a peso de ouro, pode dizer-se que, em
mostra um perfil fino, com fantástica acidez
O conhecido rótulo amarelo foi criado, mais e com excelente estrutura. Um vinho de Champagne, para ser rico basta produzir
recentemente, em 1977. meditação. (12,5%) uvas, nem é preciso ter adega… GE
MAMORÉ
EM VERSÃO
VELHÍSSIMA
A
tas quer de bagaços quer de frutos. No fundo, qualquer produto
que tenha açúcar e seja passível de fermentar, hortícola ou fru-
tícola, pode, depois, dar origem a uma aguardente. Quando falo
em várias maneiras de ser elaborada estou a pensar que, basicamente, a aguar-
dente pode resultar da destilação de vinho que não encontrou comprador (as
razões podem ser múltiplas), algo que tem muita tradição em Portugal; a Junta
Nacional do Vinho (organismo que após o 25 de Abril se transformou em IVV)
adquiria os excedentes da produção e depois enviava para destilação. Mas pode
também resultar de uma vinificação específica para aguardente, com o vinho
18 €135 A
a ser destilado imediatamente a seguir a terminar o processo fermentativo,
sem adição de sulfuroso. Este é o método mais usado em Cognac e na elabora-
ção das aguardentes da Lourinhã, mas, entre nós, sempre foi a destilação de MAMORÉ
vinhos já feitos e, por vezes, guardados há muito, que se vulgarizou. Aguardente Vínica Velhíssima 50 anos
Creio que esta aguardente destilada na Sovibor, casa fundada em 1968 e adqui- SOVIBOR
rida por Fernando Tavares em 2014, se enquadrará na primeira categoria. Tanto O aspecto visual é magnífico com muitas tonalidades
esverdeadas que nos remetem para a idade do destilado.
quanto o proprietário pode adiantar, estaremos perante uma aguardente com O aroma, marcadamente suave, leva-nos para os frutos
cerca de 50 anos, uma idade que, se estivéssemos em Cognac, daria origem a secos, como alperce, nozes e avelãs, com um fundo
um produto com preço de ourivesaria… Note-se que, a partir de uma certa ida- achocolatado. Muito macia na boca, extremamente
envolvente, é uma aguardente muito sedutora, aveludada
de (digamos, 20 anos) já não adianta manter a aguardente mais tempo em casco e de final longo, a deixar excelentes memórias. (37,5%)
porque nada mais o tempo lhe acrescenta e, antes pelo contrário, rouba, uma
vez que a evaporação é constante.
Portugal já foi pródigo em inúmeras aguardentes vínicas velhas que eram
produzidas em quase todas as regiões, mas, as limitações à destilação, os preços
altíssimos dos impostos e o “cerco” das autoridades alfandegárias levaram a
que muitos produtores abandonassem a destilação. É com gosto que assistimos
actualmente a um certo renascimento e ao surgimento de novas marcas, com
preços muito ajustados à raridade e originalidade dos produtos.
Esta aguardente tem uma apresentação magnífica, com uma tampa em
mármore, material bem abundante em Borba. Foram cheias 2000 garrafas
de 500 ml. GE
Naturalfa será
certificadora
Grandes do novo
Escolhas Referencial de
do Sector
para
Vitivinícola
consulta
A Naturalfa foi selecionada pela Vini-
de notas Portugal como organismo de certifica-
ção das organizações do sector vitivi-
de prova nícola nacional que pretendem adotar o
mais recente Referencial Nacional de
Certificação de Sustentabilidade do
Sector Vitivinícola. Este referencial
tem como objectivo certificar os produ-
a primeira aplicação móvel por- tos comercializados pelas organizações
tuguesa do género. A app Gran- vitivinícolas que assumam o compro-
des Escolhas foi lançada ao públi- misso de implementar práticas susten-
É
co no evento Vinhos & Sabores, táveis a nível ambiental, social e econó-
que aconteceu em Outubro na mico. Tendo como base o princípio da
FIL, e permite a pesquisa e con- melhoria contínua, a certificação per-
sulta de mais de 14 mil vinhos, com nota de mite que as organizações progridam ao
prova dos especialistas da Grandes Escolhas, longo do tempo e, consequentemente,
preço, características, classificação e botão obtenham melhores resultados. O refe-
para compra nas principais garrafeiras do rencial tem ainda em consideração as
país. É também possível guardar vinhos nos especificidades de cada região onde o
“Favoritos”. A pesquisa dos vinhos pode ser operador exerce a sua actividade.
escrita ou, de forma muito prática, através de
fotografia do rótulo, quer o vinho esteja à
venda numa prateleira ou já na mesa. Uma
app muito aguardada pelos consumidores,
que passam a ter, no bolso, um mecanismo
para comprar e consumir vinho com con-
fiança e de forma informada.
A aplicação Grandes Escolhas, disponível
para Android e iOS (nas respectivas lojas de
aplicações), tem ainda uma secção “Notícias”,
para leitura rápida das novidades do mundo
do vinho, e outra de “Destaques”, com infor-
mação sobre os próximos eventos de vinho e
outros temas relevantes.
A Grandes Escolhas escolheu o ano do seu
sexto aniversário, 2023, para investir numa
presença online e digital melhorada e mais
adequada às necessidades dos tempos. A app
Grandes Escolhas junta-se, assim, a uma
nova newsletter e a um website totalmente
renovado, apresentados em Março deste ano,
nos Prémios Grandes Escolhas.
WineStone:
Grupo José
de Mello
cria holding
e investe
no Douro
e Vinhos
Verdes
o sector do vinho, o Grupo José de Mello já não significa apenas “Ravasqueira”. Oitenta anos depois da
aquisição, pela família José de Mello, da propriedade em Arraiolos, Monte da Ravasqueira, que viria a
ser a base deste projecto alentejano, o grupo cria uma holding de investimentos, WineStone, e anuncia
N
as primeiras apostas: as propriedades Quinta do Retiro Novo e Quinta do Côtto, no Douro; Paço de Tei-
xeiró, na região dos Vinhos Verdes; e a marca de vinho do Porto Krohn.
A WineStone vem reforçar, segundo o grupo, a vontade de crescimento “em diferentes áreas da activi-
dade económica” e de posicionamento “no top 3 da liderança do sector do vinho”.
Num evento para a imprensa (que aconteceu no dia 17 de Outubro), o Grupo José de Mello descortinou, ainda, outros
objectivos ambiciosos: crescer, até 2030, pelo menos dois dígitos percentuais por ano; passar dos actuais 21 milhões de
euros anuais, em facturação, para 60 milhões; e duplicar as exportações, dos 30% de hoje para 60%.
Em relação à Quinta do Retiro Novo e à respectiva marca Krohn, foi feita aquisição directa, enquanto que na Quinta
do Côtto, na mesma região, e no Paço de Teixeiró, nos Vinhos Verdes, foi feito um contrato de exploração total, sem te-
rem sido revelados valores ou prazos. As equipas das propriedades agora adquiridas e geridas serão mantidas, mas
David Baverstock, recentemente integrado na Ravasqueira, assume a liderança de toda a enologia. O reconhecido
enólogo confessou, à Grandes Escolhas, que já supervisionou a vindima deste ano nas três regiões.
Além da entrada do grupo numa nova categoria de vinhos, vinho do Porto, com a marca Krohn, a WineStone — que
apresenta Pedro Pereira Gonçalves (à direita na foto) como Presidente Executivo — vai também trazer desenvolvimen-
to do segmento de vinhos “luxury”, como dito pelos próprios, mas o maior foco será “no meio da pirâmide”, os vinhos
“premium”.
Pedro Pereira Gonçalves liderou, nos últimos anos, o processo de desenvolvimento e afirmação da Ravasqueira. “O
nosso principal objectivo é desenvolver uma estratégia de crescimento com ambição, consistência e sustentabilidade,
numa perspetiva de longo prazo, para conseguirmos produzir e comercializar vinhos de qualidade em todas as regiões
em que estamos presentes, com marcas admiradas pelos consumidores dos diferentes segmentos, no mercado nacio-
nal e com impacto nos mercados internacionais”, afirma o Presidente Executivo da WineStone.
Já Salvador de Mello (à esquerda na foto), Presidente Executivo do Grupo José de Mello, reforça que “a criação da nova
plataforma de negócios WineStone representa mais um passo na concretização da nossa ambição de crescimento e
constitui também um desafio para assumirmos, a exemplo das outras áreas de negócios em que estamos presentes,
uma posição de liderança no sector do vinho”.
A WineStone garante, adicionalmente, que tenciona vir a entrar na região de Lisboa e expandir a acção no Alentejo,
bem como desenvolver enoturismo no Douro.
*O N O S S O L A B O R AT Ó R I O A N A L I S A R Á A R O L H A E O V I N H O
PA R A D E T E R M I N A R O T E O R D E T C A . S E C O N F I R M A R M O S A
P R E S E N Ç A D E T C A S U P E R I O R A 1 , 0 N G / L , A C O R K S U P P LY
R E E M B O L S A R Á A G A R R A FA P E L O P R E Ç O E X - C E L L A R .
w w w. c o r k s u p p l y. c o m
NOTÍCIAS
ssinatura emblemática entre os vinhos do Hoje, o nome Cartuxa é, sobretudo, vinho e azeite. E vinho e
Alentejo e de Portugal, a Adega Cartuxa azeite constituem o conteúdo de cada uma das luxuosas
está intrinsecamente ligada à casa mãe, a 1000 embalagens agora colocadas no mercado, ao preço
A
Fundação Eugénio de Almeida, fundada em unitário de €1000, disponíveis no enoturismo Cartuxa e
1963 e que comemora este ano o seu 60º ani- nas lojas de vinhos e gastronomia. Em cada caixa de madei-
versário. Provavelmente, se tivesse sido ra estão seis tintos varietais, um blend branco, um blend
festejado da mesma forma, o 20º aniversário da Fundação tinto e um azeite. Tirando este último, da safra de 2022/2023,
não teria tido o vinho como elemento principal, uma vez todos os vinhos são da vindima de 2021, todos elaborados
que a primeira colheita engarrafada do tinto Cartuxa nas- propositadamente para o efeito a partir de castas tradicio-
ceu na vindima de 1986. Mas 60 anos passados, o vinho e a nais alentejanas e todos “à moda antiga”, sem inoculação de
Cartuxa são, de muito longe, as imagens que os portugue- leveduras ou, no caso do branco, clarificação de mostos. O
ses retêm desta casa, cujo património se estende pelo imobi- branco fermentou também em barricas usadas e os tintos,
liário, floresta, gado e o cada vez mais importante olival. consoante o caso, fermentaram pequenas cubas inox de
Com uma acção continuada e abrangente nas áreas cultu- 1000 litros ou balseiros de madeira. Branco e tintos estagia-
ral, educativa e social, a Fundação Eugénio de Almeida ram em barricas de carvalho francês, bem usadas, de modo
afirma-se como uma das mais relevantes fundações portu- a que a barrica não se sobreponha ao vinho.
guesas, cujo impacto ultrapassa largamente a região de O branco é um blend de Arinto e Roupeiro, sobretudo, com
Évora, onde tem a sua sede. pequenas percentagens de Assario (Malvasia Fina), Gou-
veio e Antão Vaz. Com imenso carácter, austero, fresco, en-
corpado e seco, com final salino, promete bastante (18).
Tal como no branco, a escolha das seis variedades de uva
tinta que melhor representam aquilo que é a história e o
perfil Cartuxa coube a Pedro Baptista, director de enologia
e viticultura e administrador da casa. Quando olhamos
para os rótulos, de imediato sentimos a ausência do Alican-
te Bouschet. Mas Pedro tem uma explicação que faz senti-
do: “Naquilo que são as bases dos vinhos que produzimos,
em todos os segmentos de preço, o Alicante Bouschet não é
tão importante quanto outras castas”. Assim, os varietais
tintos alinham com: Moreto, um tinto leve, vegetal, terroso,
com notas de cogumelos, belíssimo equilíbrio (18); Castelão,
pleno de fruta, framboesa e cereja, delicado, fino, distinto,
um lado “pinot” extremamente atractivo (18,5); Alfrocheiro,
super elegante, perfumado sem excessos, subtil, sumaren-
to e sofisticado (18,5); Tinta Caiada, com fruta de enorme
qualidade e delicadeza, tanino suavíssimo, vibrante acidez
no final (18); Aragonez, evidenciando a garra e tanino pró-
prios da casta, mas polido pela barrica e pelo corpo cheio,
impositivo, jovem, a precisar de tempo (18); e Trincadeira,
notável na identidade alentejana, com vegetal seco e espe-
ciarias, taninos firmes, sério, de primeira grandeza (18,5). O
blend tinto, feito com percentagens distintas destas 6 cas-
tas, é mais do que a soma das partes. Muito jovem ainda,
complexo, com fruta de enorme qualidade, vegetal seco,
flores do campo, mato, perfeita textura, fresco, vibrante,
grande vinho (18,5/19). Já o azeite comemorativo é um extra
virgem, de muito baixa acidez (0,14 %), elaborado no lagar da
Fundação a partir de Picual e Arbequina. E assim se come-
moram, em beleza, seis décadas de vida.
(directora geral e
Quinta da Côrte, localizada na região do Douro (Cima Corgo) esteve ligada ao grupo Croft/ enóloga Quinta da
Delaforce quando, nos anos 80, este era um forte grupo no sector do vinho do Porto. Os Côrte) Bruno Ramos
Vintage com o nome da quinta saíam como “single quinta” nos anos em que a Delaforce
(director comercial
A
não declarava Vintage clássico. Já na altura pertencia às famílias Pacheco e Cyrne e o
nome de Pacheco & Irmãos, que se encontra nos rótulos, remete para a família que era Quinta da Côrte) e
proprietária em 1927. Phillipe Austruy
Em 2013, a quinta e a empresa foram vendidas a Philippe Austruy que é também produtor de vinho rosé
na região francesa de Provence e em Itália. Após a aquisição, procedeu-se à reconstrução dos muros das (Presidente do Grupo
vinhas e à renovação da adega. À frente da enologia, e agora com funções de direcção de toda a quinta, Vignobles Austruy).
está Marta Casanova, enóloga desde 1994 na região. A quinta produz vinhos Douro e também vinho do
Porto de várias categorias, dos Tawny aos Vintage, passando pelos LBV. Com uma localização privilegia-
da e com encostas que ladeiam o rio Torto, a quinta tem cerca de 26ha de vinhas, dos quais metade são de
vinha velha. É nessa parcela de vinha velha que nascem as uvas que originam os Vintage que conti-
nuam a ser feitos em lagar com pisa a pé (nota de prova do Vintage 2021 nos Vinhos do Mês) e onde o tra-
balho de lavra tem de ser feito a macho e arado, como pudemos comprovar este ano. Nestas parcelas da
vinha velha, pontificam mais de 100 castas, todas elas já geo-referenciadas cepa a cepa.
No apoio aos vinhos Douro, a quinta conta com Stéphane Derenoncourt, consultor de enologia, sediado
em Bordéus e que recentemente se reformou, mas cuja equipa continua a dar apoio a 150 produtores nos
mais variados cantos do mundo. Como disse na altura, a partir de agora apenas estará ligado aos projectos
com os quais sente uma maior paixão, o que acontece com a Côrte. A primeira vindima da nova era foi
precisamente em 2013 e chegou agora o momento de comemorar os primeiros 10 anos do projecto.
O Enoturismo dispõe de oito quartos, e aos visitantes podem proporcionar-se, mediante marcação, visi-
tas, passeios e provas de vinho. A nova boutique Rendez-Vous, onde os produtos da quinta estão à venda
(incluindo o azeite) foi inaugurada este ano. No evento da celebração dos 10 anos foi também apresentado
um vinho tinto apenas comercializado em magnum – TNX – Touriga Nacional em Xisto, uma edição li-
mitada de 658 garrafas a €450, disponível apenas no canal HoReCa, a partir de Novembro.
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o dia 25 de Setembro, em Lisboa, foi realizado mais va, 18 vinhos premium do panorama vínico português foram
um evento de sucesso baseado no portefólio da apresentados pelos enólogos e produtores. Ao lado das novas co-
mais antiga distribuidora de vinhos e bebidas de lheitas de vinhos que já ganharam prestígio no mercado, como o
N
Portugal: Vinalda Wine Experience. Encontro Special Cuvée Extra Bruto 2016, o Marquês de Marialva
Fundada em 1947, a Vinalda continua actual e dinâ- Cuvée Primitivo Brut Nature 2015, o Raríssimo “37 Anos” Extra
mica, representando um mix de marcas icónicas e Bruto 2007, o Terras de Mogadouro Grande Reserva 2020, o Quinta
emergentes, que constituem o mais completo catálogo de bebidas da Biaia Fonte da Vila Síria 2019, o XXVI Talhas Talha XV Tinta
premium para todos os canais no território nacional, apostando Grossa 2022, Quinta do Monte d’Oiro Parcela 24 2019 e Brutalis
também na exportação para mais de 30 mercados. 2018, foram provadas algumas estreias absolutas. António Sara-
A mostra de um portefólio que contém vinhos de perfis e seg- mago, um dos enólogos mais antigos do país, apresentou o seu
mentos diferentes, de quase todas as regiões nacionais, além de espumante Brut Nature 2014, feito de Chardonnay e Castelão,
França, Espanha e Itália, bebidas espirituosas nacionais e interna- numa edição super limitada de apenas 770 garrafas. Diana Silva,
cionais, e ainda cervejas artesanais, águas minerais, sumos e a produtora jovem e grande promotora da casta madeirense Tinta
azeites, proporciona sempre uma experiência completa para os Negra, apresentou o monovarietal Ilha Tinta Negra “A Emblemá-
profissionais nesta área. tica” 2018. Com boa dose de irreverência e reflexão, João Roseira da
No dia do evento, as salas de La Distillerie receberam sommeliers, Quinta do Infantado falou das razões por detrás do palhete Infan-
profissionais de restauração, proprietários de garrafeiras e outras tado Junior 2021 e do Porto Vintage Quinta do Infantado 2017.
pessoas ligadas à área dos vinhos, onde todos os produtores que a Para além de vinhos, houve uma área dedicada às cervejas arte-
Vinalda distribui apresentaram centenas de referências, de Norte sanais, águas e bebidas espirituosas, onde os brand ambassadors
a Sul do país. de grandes marcas de whisky, gin, vodka, rum, tequilla, mezcal e
Em paralelo com as provas junto aos produtores, decorreu a IV licores, e a equipa Vinalda, deram a provar (em cru) os seus pro-
edição de uma prova especial com acesso por convite. Nesta pro- dutos e cocktails.
€95
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21 433 7036
(2ª a 6ª feira das 9h às 13h e das 14h às 18h)
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NOTÍCIAS
Vinhos do
Alentejo
promovem
integração de
pessoas com
deficiência no
sector
família Symington lançou o clube de enófilos “Matriarca”, que dará acesso privile-
giado a vinhos exclusivos, experiências vínicas e novos lançamentos. Este é um
projecto inspirado em Beatriz Leitão de Carvalhosa Atkinson, membro da primei-
A
ra geração familiar e esposa de Andrew James, o primeiro Symington a vir para
Portugal para trabalhar no sector do vinho do Porto, em 1882.
“Beatriz, sendo luso-britânica, corporiza a história do vinho do Porto; foi mestra da
arte do bem-receber, entusiasta da vida, amante das almoçaradas com família e amigos. Beatriz foi
a mulher decidida e decisiva que fez com que fosse possível erguer o negócio familiar que se man-
tém quatro gerações depois. Hoje, é nela que a quinta geração se inspira para o lançamento do
projecto mais inovador que tem em mãos: o Matriarca”, declara a família Symington.
O clube Matriarca pretende ser uma comunidade de amantes de vinho, de entusiastas da gastro-
nomia e de curiosos. Os seus membros terão acesso a uma loja online exclusiva e receberão uma
selecção semestral de vinhos especialmente curada a partir do portefólio da Symington Family
Estates e amigos. Estará também ao alcance dos membros um programa cultural exclusivo, que
permitirá visitar espaços da Symington interditos ao público geral, e participar em formações,
lançamentos de novos produtos, e reserva de vinhos com alocações especiais.
A família Symington anunciou ainda que, para já, procura apenas os primeiros 100 membros fun-
dadores desta comunidade. Uma vez encontrado o centésimo membro, qualquer candidatura sub-
sequente será colocada em lista de espera, até que uma nova fase de entrada seja anunciada, “pre-
visivelmente em 2024”, como indica a família.
As inscrições no clube Matriarca podem ser feitas através do website do projecto, em matriarca-
-club.pt.
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