Você está na página 1de 108

ENOTURISMO MAVRODAPHNE

NA FRANÇA DE PATRAS
VINÍCOLAS QUE VOCÊ PRECISA A HISTÓRIA DO
CONHECER EM OITO REGIÕES CLÁSSICO
GREGO DE
ORIGEM ALEMÃ
ALGO
ESTRANHO?
SAIBA COMO TERROIR
RECONHECER OS BRASIL
PRINCIPAIS DEFEITOS O QUE
DOS VINHOS ESPERAR
DA SAFRA
2019
CHABLIS
AS MELHORES
HARMONIZAÇÕES
PARA CADA ESTILO

TRADIÇÃO
PORTUGUESA
CONHEÇA O
VINHO DE TALHA

SUPERTOSCANOS
ANO XIV - NO 162 - R$ 18,00 – € 4,00

OS REVOLUCION RIOS QUE MUDARAM A


ISSN 18083722

HISTÓRIA E SE TORNARAM CLÁSSICOS


+ SELEÇÃO DE IMPERDÍVEIS
EXCLUSIVIDADE

ESTE PRODUTO É DESTINADO A ADULTOS

VISITE NOSSAS LOJAS: SÃO PAULO • Jardins – R. Padre João Manuel, 1269 • Itaim Bibi – R. Amauri, 255 • Vila Nova Conceição – R. Jacques Felix, 626 • Shopping Cidade Jardim
– 3º piso • CAMPINAS • Cambuí - Rua Coronel Quirino, 1859 • SÃO ROQUE • Catarina Fashion Outlet • RIBEIRÃO PRETO • Vila Ana Maria – R. Raul Peixoto, 749 • RIO DE JANEIRO
• Shopping Fashion Mall – 1º piso • Bossa Nova Mall - Piso Térreo

TELEVENDAS • 4003-9463 (capitais) 0800 880 9463 (demais localidades) • VENDAS ON-LINE www.worldwine.com.br
facebook.com/worldwinebrasil instagram.com/worldwine
Burgundy Bordeaux Universal White Wine Champagne Sweet Wine Digestif Beer Water

Todos os modelos da Zalto agora no Brasil.

Carafe Nº 150 Carafe Nº 75 Decanter Axium Decanter Mystique

clarets.com.br
Clarets: Representante
autorizada Zalto no Brasil.
CONSIDERADA POR MUITOS ESPECIALISTAS E ENTUSIASTAS COMO A MELHOR TAÇA DO MUNDO.

A produção da Zalto é totalmente artesanal, sendo cada peça única. Sopradas, moldadas e meticulosamente inspecionadas, as taças
são feitas pelos mais qualificados sopradores de vidro que trabalham somente com as melhores matérias-primas. O resultado são
taças que proporcionam uma experiência sensorial que beira à perfeição.

Clarets São Paulo Clarets Rio de Janeiro


Rua Frei Caneca, 558 - Cjto 2503 Av. João Cabral de Melo Neto, 850 - Cjto 905
Telefone: (11) 3150-5555 Telefone: (21) 2070-7055
EDITORIAL |

Eles são
“super”
DIREÇÃO
PUBLISHER
Christian Burgos - christian@innereditora.com.br

DIRETORA DE OPERAÇÕES
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br

REDAÇÃO
EDITOR

U
Arnaldo Grizzo - a.grizzo@revistaadega.com.br
ma das definições de estupidez é fazer algo sempre igual e
DIRETOR DE ARTE
esperar por resultados diferentes. Nos anos 1960 e 70, na Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br
Itália, uma parte dos produtores toscanos estava descontente ASSISTENTE DE ARTE
com os rumos que a vitivinicultura local havia tomado e quis pôr Aldeniei Gomes - arte@innereditora.com.br
Joshua Kerry - arte2@innereditora.com.br
fim à ideia dos vinhos massivos com que os consumidores estavam
identificando a região. Ou algo mudava, ou poucos sobreviveriam EDITOR DE VINHO
nesse meio. Assim, uma pequena “revolta” trouxe à tona os Eduardo Milan - eduardo.milan@revistaadega.com.br

Supertoscanos, atualmente os vinhos mais celebrados da região. CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS


Patricio Tapia e Steven Spurrier
Nesta edição, ADEGA vai contar um pouco da história de como
surgiram esses vinhos que rapidamente se tornaram clássicos toscanos e COLABORADORES
Beto Duarte, Christiane Miguez, Daniel Perches,
ainda apresentar uma seleção com diversos rótulos encantadores. Ainda Felipe Granata Kosikowski, Guilherme Velloso, Mauricio Leme,
João Paulo Gentille e Juliana Trombetta Reis (texto)
no campo dos “clássicos”, falamos sobre os vinhos de talha em Portugal,
PUBLICIDADE
uma tradição que se manteve durante séculos e hoje está em alta. publicidade@innereditora.com.br
Para quem gosta de viajar pelo mundo aproveitando para +55 (11) 3876-8200 – ramal 11

conhecer lugares incríveis ligados ao vinho (e que enófilo não REPRESENTANTES COMERCIAIS - BRASIL
Renato Scolamieri - renato@rscola.com.br
gosta?), fizemos uma lista com dicas de vinícolas que você vai Carminha Aoki - carminhaaoki.adegasabor@gmail.com
adorar conhecer caso esteja de passagem por oito das mais famosas RIO GRANDE DO SUL/SANTA CATARINA
regiões vitivinícolas francesas, como Alsácia, Borgonha, Bordeaux, Sônia Machado - sonia@vistamontes.com.br

Champagne, Languedoc-Roussillon, Loire, Provence e Rhône. Fique MARKETING


marketing@innereditora.com.br
de olho para agendar um passeio em sua próxima viagem.
Ainda na França, o que você costuma harmonizar com Chablis? INTERNATIONAL SALES
Estados Unidos
Trazemos uma série de opções para os principais estilos desse branco Inner Publishing - sales@innerpublishing.net

clássico feito com Chardonnay. E você sabe reconhecer um vinho FINANCEIRO


financeiro@innereditora.com.br
com defeito? Hoje é cada vez mais raro encontrar vinhos com
problemas graves, mas, ainda assim, pode acontecer. Por isso, fizemos PRODUÇÃO
Baunilha Editorial
uma lista didática com os principais defeitos encontrados e como
CIRCULAÇÃO
você pode reconhecê-los. R.Scola Marketing Editorial
Quer saber qual a previsão para a safra 2019 no Brasil? Pedimos a ASSINATURAS
opinião de alguns dos principais enólogos do país sobre o que teremos assinaturas@innereditora.com.br
+55 (11) 3876-8200
de bom neste ano. Já ouviu falar de Mavrodaphne de Patras, um dos Distribuição Nacional pela Treelog S.A. Logística e Distribuição

mais famosos vinhos gregos? Pois conheça sua história e se surpreenda ASSESSORIA JURÍDICA
com sua origem “bávara”. Machado Rodante Advocacia - www.machadorodante.com.br

Aqui você tem as novidades do mundo do vinho, seleções IMPRESSÃO


EGB Editora Gráfica Bernardi LTDA
ecléticas de rótulos para todos os gostos e bolsos, curiosidades, artigos
DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO PARA O BRASIL
técnicos e os mais diversos assuntos para você desfrutar de todo o Total Publicações
conhecimento possível sobre vinhos. Revista ADEGA é uma publicação mensal da INNER Editora Ltda.
A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões, ideias e conceitos
Saúde, emitidos nos textos publicados e assinados na revista ADEGA, por serem
de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

Christian Burgos e Arnaldo Grizzo www.revistaadega.com.br


EBA COM MODERAÇÃO
PONSÁVEL BEBA
RESPONSÁVEL,
SEJA RE M

ESPORAO.COM
ALENTEJANA DE LANIFÍCIOS DE R @ESPORAOWORLD
#OALENTEJOMONTEVELHO
PARTE DA IDENTIDADE CULTURAL ISTOÉESPORÃO
#ISTOÉESPORÃO
38

50 34

34 HARMONIZAÇÃO
Dicas de combinações certeiras
para os diferentes estilos de
56 ESCOLA DO VINHO
Bouchonné, oxidado? Como
reconhecer os principais
Chablis defeitos dos vinhos?

38 ESCOLA DO VINHO
Descubra como surgiram os
Supertoscanos e confira uma
64 CURIOSIDADES
Conheça a história “alemã”
de um dos mais famosos vinhos
seleção de rótulos da Grécia

50 ESCOLA DO VINHO
Saiba o que é e como é feito
o vinho de talha, uma grande
68 ENOTURISMO
Vinícolas imperdíveis em oito
famosas regiões vitivinícolas
tradição portuguesa francesas
CONTEÚDO |

80

68
85

TERROIR BRASIL TODO MÊS


80 Enólogos dizem o que esperam
da safra 2019 no Rio Grande 10 | CARTAS
do Sul e Santa Catarina
12 | ADEGA RESPONDE

14 | MUNDOVINO

DROPS 85 | CAVE

Prowein 99
48 25 anos
| CLUBE ADEGA

106 | QUEM DISSE


Zona franca
62 Projeto no sul
CARTAS | ESCREVA PARA REDACAO@REVISTAADEGA.COM.BR

ANSIOSO JOINT-VENTURES
Quero muito ver o que há de novo na Os vinhos do projeto Roquette e Cazes
América do Sul. Acompanho o trabalho são muito bons mesmo. Eu tenho alguns
do Patricio Tapia no Descorchados há na adega e, de tempos em tempos,
um bom tempo e sempre me encanto. compro outros. Gosto muito. Acho
Espero estar presente no evento de um trabalho interessante e essa ligação
lançamento novamente este ano e poder de Bordeaux com Douro deu muito
desfrutar dos melhores vinhos feitos na certo. Gostei de ver o artigo sobre eles e
Argentina, Chile, Uruguai e também entender melhor o projeto. Sugiro um
Brasil. É uma “feira de tendências” artigo sobre as diversas parcerias entre
muito legal e importante para quem produtores no mundo, como Almaviva,
quer entender o vinho sul-americano. Los Vascos e tantas outras que há por aí.
E ver como ele evolui. Parabéns pela Bernardo Lima
iniciativa.
Rui Matias

Rafael S. Fernandes @sf__rafael Pedro Luz @pedroluz_somm Thiago Fakury Sommelier Rodolfo Moura @
Sobrou um tempinho, vou parar Sábado à noite e tal, @thiagofakury rodolfomachadomoura
pra ler a edição da @revistaadega uma chuvinha bacana Um dos dias mais Experiências que
sobre a ótima @buenowines, que lá fora, então aproveitar gratificantes da minha só a Revista ADEGA
eu gosto tanto dos vinhos e já fiz para colocar em dia as carreira! Obrigado proporciona! #adega_do_
apresentação sobre as vinícolas leituras... Degustando aqui a #revistaadega rodolfo #revistaadega
e espero continuar apresentando #revistaadega acompanhado
para cada vez mais pessoas. de um belíssimo vinho.
#revistaadega

By MAURÍCIO FERREIRA
SOMMELIER @tempodevinho
A última edição da Revista
Da Água para o Vinho, Marcelo Morais de Paula @ Horácio Fernandes @ ADEGA está imperdível, além de
AnaBorba @daaguaparaovinho marcelomdepaula horacio_fernandes trazer uma matéria com Galvão
Verdades verdadeiras ditas Uma boa leitura e um belo É vinho, é Libertadores, é Bueno, nos brinda com o útil
por aí... #revistaadega jogo de basquete. Quem disse Grêmio! #revistaadega texto sobre “tintos com alma de
que não dá? #revistaadega brancos”. #revistaadega
Quer ver sua foto publicada aqui?
Siga @revistaadega e marque as imagens com #revistaadega

10 ADEGA >> Edição 162


ADEGA RESPONDE ENVIE SUAS DÚVIDAS PARA REDACAO@REVISTAADEGA.COM.BR

Frisante
ou espumante
“O Lambrusco pode ser um espumante ou é sempre um frisante? Pergunto isso
porque numa matéria sobre Modena vocês falam do método Charmat para um
tipo de Lambrusco. Se ele passa pela segunda fermentação, entendo que é um
espumante, correto?”, questiona o leitor Marcelo Sousa

Q
ual a diferença entre frisante e espu- de anidrido carbônico de 1,1 até 2 atmosferas de
mante? Basicamente a quantidade de pressão a 20ºC, natural ou gaseificado.
pressão interna na garrafa. Segundo a
legislação brasileira, os frisantes con- Vinho Gaseificado - É o vinho resultante da in-
têm “anidrido carbônico de 1,1 até 2 atmosferas trodução de anidrido carbônico puro por qualquer
de pressão a 20ºC”. Já os espumantes preci- processo, devendo apresentar uma graduação
sam ter “uma pressão mínima de 4 atmosferas a alcoólica de 7 a 14% em volume e uma pressão
20ºC”. Ou seja, a diferença não está no método compreendida entre 2,1 e 3,9 atmosferas a 20ºC.
de produção, mas “na quantidade de borbulhas”.
No caso dos frisantes, o gás carbônico, Vinhos Espumantes Naturais - São os vinhos
responsável pelas borbulhas, pode ser natural nos quais o anidrido carbônico é resultante da
ou adicionado. No caso específico do Lam- fermentação em recipientes fechados e com
brusco – sobre o qual a matéria mencionada pressão mínima de 4 atmosferas a 20ºC.
trata (os regulados pelo Consorzio Tutela del
Lambrusco di Modena) –, as borbulhas obri- Espumante ou Espumoso Natural (Champanha) -
gatoriamente têm que vir de uma segunda É o vinho espumante no qual o anidrido carbônico é
fermentação natural. resultante de uma segunda fermentação alcoólica do
Quando visitamos a região de Modena e vinho na garrafa (método champenoise/tradicional)
redigimos a matéria comentada, algumas viní- ou em grandes recipientes (método Charmat) com
colas começavam a utilizar o método tradicio- uma pressão mínima de 4 atmosferas a 20ºC e uma
nal em um ou outro rótulo de gama mais alta, graduação alcoólica de 10 a 13% em volume a 20ºC.
buscando obter novas características, como
maior longevidade, para seus produtos. Ainda Moscato Espumante ou Moscatel Espumante - É
assim, não se referem a eles como espumantes. o vinho espumante no qual o anidrido carbônico é
resultante da fermentação em recipiente fechado
Confira a legislação que regula os diferentes vi- do mosto ou mosto conservado de uva Moscatel ou
nhos espumantes no Brasil: Moscato, com uma pressão mínima de 4 atmosferas
a 20ºC com graduação alcoólica de 7 a 10% em vo-
Vinho Frisante - É o vinho com graduação al- lume e um remanescente mínimo de açúcar natural
coólica de 7 a 14% em volume, com conteúdo de 20 gramas por litro.

12 ADEGA >> Edição 162


“EU PENSAVA QUE CONHECIA PORTUGAL, MAS PELO VISTO NÃO CONHECIA”
CONHEÇA O DOURO ATRAVÉS DO OLHAR DE R ,
UM DOS ENÓLOGOS MAIS PRESTIGIADOS DO MUNDO.

ENÓLOGO RESPONSÁVEL POR 44 SAFRAS DO PETRUS


E ENÓLOGO CONSULTOR DA QUINTA DA BOAVISTA

VINHA DO ORATÓRIO 2015


95 PONTOS
P
ROBBERT PARKER

VINHA DO UJO 2015


95 PONTOS
ROBERT PARKER

IMPORTADOR
EXCLUSIVO
WINEBRANDS.COM.BR
NA FOTO, 0800 771 5556
VINHA DO ORATÓRIO (11) 2344 5555
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Na temperatura
certa
Empresa lança garrafa de espumante
que muda de cor quando atinge a
temperatura de serviço

A marca de Champagne Infinite Eight lançou


uma garrafa que fica coberta desenhos rosados
quando resfriada e chega na temperatura
correta de serviço. Feito em Ville-Dommange,
perto de Reims,
o Champagne,
chamado Cuvée
Butterfly Lovers,
é produzido com Wine and the City
vinhos da safra de
Atriz Sarah Jessica Parker
2008 e deve ser
lançará uma linha de vinhos
lançado no Japão e na
França. Famosa pelo seriado Sex grandes oportunidades por
As garrafas são and the City, a atriz Sarah lá, e é por isso que queremos
cobertas com uma Jessica Parker resolveu colaborar com uma estrela
película plástica entrar no mundo dos vinhos. americana. Nos sentamos
revestida com um Em colaboração com Tim e escrevemos uma lista de
verniz termo-reativo Lightbourne e Rob Cameron, todas as pessoas com quem
que responde a da vinícola neozelandesa gostaríamos de fazer vinho
temperaturas frias. Invivo, ela pretende lançar e Sarah Jessica Parker ficou
Quando a garrafa um Sauvignon Blanc de no topo. Nos aproximamos
atinge cerca de 8 Marlborough, mas também um dela através de um contato
a 10ºC, símbolos rosé de Provence. mútuo e perguntamos se ela
de notas musicais e borboletas rosas são A marca de vinhos da atriz gostaria de trabalhar conosco
revelados. ainda não foi batizada. “Ainda para criar uma marca de
Para celebrar, a marca se uniu à violinista não finalizamos o nome da vinhos. Ela adorou a ideia e
Yi-Jia Susanne Hou, que criou algumas marca, mas não será o nome sabíamos que ela era a pessoa
músicas para acompanhar o lançamento. dela e não haverá sapatos ou certa. Nos reunimos em Nova
Hou já colaborou com vários restaurantes e tons rosas no rótulo. Ela foi York em dezembro para falar
vinícolas em um esforço para entender melhor inflexível quanto a isso. Ela sobre o projeto com mais
como o sabor e as experiências sensoriais são não quer que a marca pareça detalhes em seu showroom de
aprimorados pelo som e pela música. feminina demais ou voltada calçados. Ela está interessada
O Champagne Infinite Eight é dirigido para as mulheres – serão vinhos em brancos ricos, encorpados
pelo enólogo Nicolas Le Tixerant e pelo para todos. Sarah vai ser muito e amanteigados, por isso não
designer Frank Leroux. O avô de Le Tixerant prática no design da marca”, vamos fazer um Sauvignon
era coproprietário do Champagne Edmond revelou Cameron. convencional – pode haver
Roussin, enquanto seu pai Philippe era o “Os Estados Unidos são o alguma fermentação malolática
diretor de comunicações do CIVC (Comitê mercado de vinho que mais e envelhecimento em barrica”,
Interprofessional do Vinho de Champagne). cresce no mundo e vemos revelou Lightbourne.

14 ADEGA >> Edição 162


A reconhecida vinícola chilena
Arboleda agora está na World Wine

ESTE PRODUTO É DESTINADO A ADULTOS

VISITE NOSSAS LOJAS: SÃO PAULO • Jardins – R. Padre João Manuel, 1269 • Itaim Bibi – R. Amauri, 255 • Vila Nova Conceição – R. Jacques
EXCLUSIVIDADE
Felix, 626 • Shopping Cidade Jardim – 3º piso • CAMPINAS • Cambuí - Rua Coronel Quirino, 1859 • SÃO ROQUE • Catarina Fashion Outlet •
RIBEIRÃO PRETO • Vila Ana Maria – R. Raul Peixoto, 749 • RIO DE JANEIRO • Shopping Fashion Mall – 1º piso • Bossa Nova Mall - Piso Térreo

TELEVENDAS • 4003-9463 (capitais) 0800 880 9463 (demais localidades) • VENDAS ON-LINE www.worldwine.com.br
facebook.com/worldwinebrasil instagram.com/worldwine
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Menos álcool,
mesmo sabor
Pesquisadora espanhola consegue reduzir
o grau de álcool do vinho sem afetar
suas propriedades sensoriais

O aquecimento global está afetando a vitivinicultura por


todo o globo e, segundo estudos, uma das consequências
mais notáveis é o aumento do volume de álcool dos
vinhos. Por isso, diversos pesquisadores
estão buscando soluções para baixar
o teor alcoólico sem prejudicar outras
propriedades da bebida. Recentemente,
um grupo de pesquisa do Instituto de
Ciências da Vinha e do Vinho (ICVV)
em Rioja, Espanha, apresentou uma
proposta de redução do teor alcoólico
dos vinhos sem diminuir as suas
propriedades sensoriais. A técnica atinge
reduções de até 3 e 4 graus no laboratório Niepoort supera
(microvinificações) e entre 1 e 2 graus em
maior escala (tanques de 30 litros).
próprio recorde
Alda João Sousa Rodrigues, Segunda garrafa de Porto 1863 alcança valor
biotecnologia geneticista, é responsável ainda mais alto em leilão
pela tese de doutorado “Características fisiológicas da
Saccharomyces cerevisiae e espécies alternativas de levedura No ano passado, uma garrafa de 1863 de Vinho
em relação à redução do teor de álcool de vinho”, um do Porto Niepoort foi vendida em Hong Kong
trabalho que o grupo “MicroWine” do ICVV continuará alcançando o recorde mundial de preço (para um
a investigar. “As perspectivas de sua aplicação prática na Vinho do Porto) ao atingir US$ 128.000. Agora,
indústria vinícola são muito interessantes. Identificamos três a cifra foi superada, mas por uma nova garrafa do
genes de levedura cuja eliminação reduz significativamente mesmo vinho.
a produção de ácido acético e já temos duas cepas muito Esta foi a segunda de cinco garrafas de cristal
promissoras”, afirmou a pesquisadora. Lalique do Niepoort 1863 vendida novamente
Alda diz que foram feitas provas dos vinhos resultantes em Hong Kong, mas desta vez pela Sotheby’s (a
e eles não têm mostrado “perda significativa de qualidade primeira havia sido leiloada pela Acker, Merrall &
ou características organolépticas, assim a porta está aberta Condit). Um comprador pagou HK$ 1,054 milhão
para começar a trabalhar com vinificações em nível (cerca de US$ 134.000) pelo vinho. Os proventos
industrial”. são destinados à instituição de caridade The Nature
Embora já existam técnicas e máquinas para tirar o Conservancy.
álcool dos vinhos, a proposta é muito menos agressiva e A Niepoort, em parceria com a Lalique,
ajuda a manter conceitos importantes como o terroir ou o produziu apenas cinco garrafas desse Vinho do
próprio perfil do vinho original: “É preciso ser desenvolvida, Porto especial, cada uma gravada com o nome
mas é uma técnica disponível para praticamente todos, de uma das cinco gerações da família van der
não tem impacto econômico, então acredito que pode ter Niepoort. O vendido tinha uma homenagem a
resultados importantes”, afirmou Alda. Eduard Karel Jacob van der Niepoort.

16 ADEGA >> Edição 162


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

O melhor do mundo
O alemão Marc Almert foi consagrado
o melhor sommelier do mundo em 2019

O alemão Marc Almert, de 27 anos, se tornou o 16º


vencedor da principal competição de sommeliers do
mundo (o evento foi criado em 1969 pela Associação
Internacional de Sommeliers). Almert superou 66
candidatos de 63 país em provas realizadas na Antuérpia,
na Bélgica. Nina Jensen, da Dinamarca, ficou em
segundo lugar, e Raimonds Tomsons, da Letônia, em
terceiro. Os três competiram numa grande final ao vivo
com plateia.
Andres Rosberg, presidente da Associação
Internacional de Sommeliers, elogiou a habilidade dos
competidores e o conhecimento de novas variedades
de uvas e regiões produtoras de vinho. “Continuamos
testando cada vez mais, e eles continuam reagindo
incrivelmente bem, passando pelos testes como se não
fossem nada”, disse Rosberg.
A prova final consistiu de sete testes que misturaram
serviço, provas às cegas, teoria e harmonização entre
Outra safra comida e vinho. Entre as provas estava servir Vin de
Constance com cubos de gelo, decantar uma garrafa
Fora do sistema en primeur desde 2012, de Vega Sicilia, degustação às cegas de 10 destilados
Château Latour lança safra de 2008 e sugerir combinações de vinho para um menu com
apenas um minuto de visualização.
Aos poucos, o Château Latour vai “É muito difícil manter o foco, concentrar-se no
colocando no mercado safras que considera nariz e no palato e identificá-los corretamente. Este
prontas de seus vinhos. Desde 2012, é um nível tão alto que você nunca sabe como está
quando saiu do sistema en primeur (que indo quando está no meio da tarefa”, afirmou Almert.
faz vendas prévias da safra do ano anterior), “Ficamos muito felizes em ver uma propagação tão
a propriedade bordalesa tem retido os grande em todos os continentes e felizes em ver
vinhos para serem lançados em momentos mulheres passarem para a final. Isso mostra que a
específicos. A última é a safra 2008, pelo profissão está se tornando mais dinâmica”, avaliou o
preço de £ 2.550 a caixa com seis garrafas. campeão.
Ao mesmo tempo, lançou também a safra Durante o evento, Rosberg
2013 do Les Forts de Latour, seu segundo anunciou a criação do
vinho, por £ 825 a caixa. prêmio Gerard Basset
Em 2018, Latour lançou seu Grand Vin Lifetime Achievement em
de 2006 com uma taxa de 16% acima dos homenagem ao sommelier
preços do mercado secundário. O preço de falecido recentemente. O
lançamento de 2008 representa uma taxa de prêmio será oferecido a
11% acima do preço de mercado secundário um sommelier que cause
atual do vinho, de acordo com a Liv-ex. impacto no setor.

18 ADEGA >> Edição 162


O grande evento de vinhos do ano.
Os melhores vinhos do mundo,
apresentados por seus criadores.

São Paulo Rio de Janeiro


27 e 28 de Maio 29 de Maio
Hotel Grand Hyatt Belmond Copacabana Palace

Reservas e informações
(11) 3372-3400 - encontro@mistral.com.br
www.mistral.com.br/encontro

Ingressos limitados! É essencial reservar com antecedência.


Não haverá vendas de ingressos no local.
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Mais China
em Bordeaux
Investidor chinês comprou
propriedade histórica
Um empresário do setor de mídia lançaram
asiático, conhecido apenas como seus próprios
“Sr. Chen”, comprou o Château vinhos em
de Cadillac-en-Fronsadais. O valor 2011.
investido na compra da propriedade Os vinhos
que remonta ao século XIV não foi produzidos
revelado. incluem o
A propriedade está localizada em “Le Bout du
Cadillac-en-Fronsadais, a noroeste de Monde”, que
Libourne, e tem sido trabalhada pela é um Merlot
família australiana Serisier desde que a 100% de um vinhedo com o mesmo acordo é o mais recente de uma
eles adquiriram uma casa histórica nome, e o Château Montrevel. “É longa série de compras de vinícolas
conhecida como Château Cadillac um sonho tornar-se parte de uma de Bordeaux feitas por investidores
em 2004. Tendo começado com três história tão privilegiada e partilhar da asiáticos. Estima-se que investidores
hectares, os Serisiers passaram vários minha paixão pelo vinho em terroirs chineses já sejam proprietários de
anos comprando terrenos vizinhos e de alta qualidade”, disse Chen. O mais de 140 châteaux na região.

Novo nome
O Château Haut-Bailly renomeou
seus segundo e terceiro vinhos

Uma das mais tradicionais propriedades de Pessac-Léognan, o


Château Haut-Bailly decidiu renomear seus segundo e terceiro
vinhos com o intuito de “renovar a marca”. O segundo vinho de
Haut-Bailly será conhecido como “Haut-Bailly II”, a partir da sua
safra 2018. Ele foi chamado de La Parde de Haut-Bailly desde
o seu lançamento em 1967. Já o terceiro vinho será rotulado
simplesmente como “HB”.
As mudanças serão acompanhadas por novos designs de
rótulos, destinados a dar um toque mais contemporâneo à marca,
que remonta ao ano de 1461. O rótulo principal permanece
inalterado.
“Este novo rótulo será o símbolo de uma segunda geração que
irá escrever um capítulo adicional da família Wilmers em Haut-
Bailly”, disse o comunicado. Bob Wilmers morreu aos 83 anos no
final de 2017.

20 ADEGA >> Edição 162


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Ano Salvando as
borbulhante tradições
Vendas de Champagne Uma das cooperativas mais antigas da
alcançaram novo recorde em Toscana foi comprada e será “resgatada”
2018 pelo grupo Piccini

Um relatório de vendas do Comitê A Chianti Geografico, uma das cooperativas


Champagne mostrou que os mais antigas da Toscana, foi comprada pelo
vinhos da região alcançaram um grupo Piccini, por um valor de 7,2 milhões
valor recorde de vendas em 2018, de euros. Dessa forma, a empresa foi salva
com aproximadamente € 4,9 bilhões, um acréscimo de 0,3% da falência. Piccini afirmou ainda que quer
em relação a 2017. Porém, o volume caiu 1,8% para 301,9 investir mais 2 milhões de euros para renovar as
milhões de garrafas. instalações e melhorar a qualidade do vinho nos
O total de exportações atingiu € 2,9 bilhões, um aumento próximos anos.
de 1,8% em relação a 2017. Na França e no Reino Unido Chianti Geografico foi fundada em
as vendas caíram cerca de 4% em volume em relação a 1961 por um grupo de 17 produtores
2017. O Reino Unido continua sendo o maior mercado de de vinho que acreditavam que
exportação em volume, mas a diferença caiu para os Estados o nome Chianti estava sendo
Unidos nos últimos anos. Em 2018, 26,8 milhões de garrafas usado de forma muito ampla em
foram exportadas para os britânicos e 23,7 milhões foram toda a Toscana. Recentemente,
embarcadas para os norte-americanos, que tiveram um a cooperativa vinha passando por
aumento de 2,7% em relação a 2017. problemas financeiros.
Em volume, as exportações cresceram 0,6% em relação “Ao criar uma relação de longo
a 2017, para 154,8 milhões de garrafas. Os Estados Unidos prazo com os produtores e garantir pagamentos
continuaram sendo o mercado mais lucrativo com € 577,1 mais rápidos, podemos garantir que as novas
milhões de euros. O Reino Unido ficou em segundo lugar gerações continuarão a trabalhar nas vinhas
para € 406,2 milhões. Ambos, contudo, registraram queda em em vez de abandoná-las ou vendê-las”, disse
relação ao ano anterior. Giacomo Panicacci, embaixador da marca
As exportações para o Japão, o terceiro maior mercado, Tenute Piccini.
aumentaram 3,9% para 318,8 milhões de euros e 5,5% em O acordo é parte de uma estratégia da
volume para 13,6 milhões de garrafas. China, Hong Kong Piccini para investir em propriedades, como
e Rússia também registraram aumentos na demanda em já ocorreu com a compra de 13 hectares em
2018. As exportações para Hong Kong aumentaram 14% Torre Mora, Etna, na Sicília, em 2013. Piccini
em valor, para 46,7 milhões de euros, e 12% em volume, pretende manter Chianti Geografico como um
para 2 milhões de garrafas. A China cresceu 12% em valor grupo independente, mas sob sua supervisão.
para € 40,9 milhões de euros e em 10% em volume para “Os vinhos produzidos serão feitos apenas com
quase 2,2 milhões de garrafas. Para a Rússia, as exportações uvas provenientes diretamente dos produtores
aumentaram 10% em valor para 32,7 milhões de euros e 13% locais que participam do projeto”, disse
em volume para 1,9 milhões de garrafas. Panicacci. Alessandro Barabesi, ex-enólogo da
Em outros países, as exportações para a África do Sul Frescobaldi, será responsável pelas operações
superaram a marca de 1 milhão de garrafas pela primeira vez, vitivinícolas. Chianti Geografico tem duas
após um aumento de 38% em termos de volume e um salto vinícolas, uma em Gaiole in Chianti e outra em
de 43,4% em valor, para € 25 milhões. San Gimignano.

22 ADEGA >> Edição 162


L AT I N A M E R I C A N

93
WINE GUIDE

ALISTAIR
COOPER MW
& CATAD’OR
PTS.
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

União
ambiental
Famílias Torres e Jackson criam
grupo de trabalho sobre mudança
climática
Duas das vinícolas mais engajadas nas
questões ambientais do mundo, a Bodegas
Torres, da Espanha, e a e Jackson Family
Wines, dos Estados Unidos, criaram
um grupo de trabalho de vinícolas com
o objetivo de reduzir drasticamente as
emissões de carbono em todo o setor.
O objetivo da “International Wineries
for Climate Action” é “galvanizar a ação
na comunidade global para mitigar
Indústria do vinho contra e reverter os impactos da mudança
climática pela descarbonização da
“emergência global” indústria”, com compromisso de reduzir
as emissões de carbono em 80% até 2045.
Conferência climática no Porto reuniu especialistas do mundo todo
Em um comunicado conjunto,
Alguns dos principais representantes Por fim, pediu aos líderes da as duas empresas familiares afirmam
da indústria do vinho participaram indústria do vinho que mostrem à que querem “criar um espaço
de uma conferência sobre mudanças nova geração de consumidores que para colaboração que encoraje o
climáticas na cidade do Porto, evento estão comprometidos com a saúde do compartilhamento de melhores práticas
que deu continuidade ao “Protocolo planeta. “Temos a responsabilidade que reduzam o impacto climático
do Porto”, lançado no ano passado moral de agir”, disse Adrian Bridge, nas operações vinícolas”. “A filiação
com a presença do ex-presidente dos diretor executivo da Fladgate se concentrará em vinícolas que
Estados Unidos, Barack Obama. Partnership, organizadora do evento. reconhecem que a mudança climática
A conferência, realizada de 5 A conferência foi pensada é a ameaça mais significativa enfrentada
a 7 de março de 2019, desta vez como uma maneira de estimular os pela indústria do vinho e que é guiada
trouxe Al Gore, ex-vice-presidente produtores a colaborar e compartilhar pela urgência de ações estratégicas que
norte-americano e um dos principais informações. Embora reconheça uma aceleram a implementação de soluções
ativistas do mundo na temática tendência crescente para práticas inovadoras para enfrentar a mudança
ambiental. Em seu discurso de mais sustentáveis, Bridge acredita que climática”.
encerramento, Gore afirmou que o a indústria do vinho como um todo “Nosso objetivo comum é ir além das
planeta vive uma “emergência global”. ainda não acordou para essa questão. conversas sobre a urgência das mudanças
Segundo ele, a energia aprisionada A conferência reuniu produtores climáticas, colaborando em soluções
na atmosfera pelo aquecimento global como Miguel Torres da Bodegas escalonáveis para reduzir a pegada de
provocado pelo homem equivale a Torres, Margareth Henriquez da carbono de nossa indústria”, disse Katie
explodir 500.000 bombas atômicas de Krug, Katie Jackson da Jackson Jackson. “Estamos apenas no começo da
Hiroshima por dia, 365 dias por ano. A Family Wines, Cristina Mariani-May iniciativa, mas esperamos que seja um
humanidade está tratando a atmosfera da Banfi Wines e Gilles Descôtes gatilho, um impulso para outras vinícolas
do planeta como um “esgoto a céu da Bollinger, junto com o principal se unirem para iniciar a implementação
aberto”. Ele ainda chegou a falar sobre climatologista de vinhos Greg Jones de programas de redução de emissões de
“apocalipse”, lembrando os eventos e outros pesquisadores, cientistas e carbono”, afirmou Miguel Torres.
climáticos extremos dos últimos anos. comunicadores.

24 ADEGA >> Edição 162


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Interferência na
paisagem
Produtor de Chablis protesta contra instalação
de turbinas eólicas em vinhedos
Um projeto para instalar turbinas eólicas em vinhedos
de Chablis “estragará completamente” a paisagem, de
acordo com um dos viticultores mais emblemáticos da
região, Jean-Marc Brocard. Ele acredita que as turbinas,
planejadas para ficarem na vila de Préhy, a 6 km de Chablis,
poderiam colocar em risco a economia de toda a região, que
atualmente está vendo um aumento no turismo.
“Essas turbinas eólicas estragarão completamente o
campo... O tamanho monstruoso dessas máquinas irá 150 metros?”, questionou.
desfigurar tudo. Uma série de máquinas colossais, visíveis De acordo com Brocard, a maioria das pessoas que
de todos os diferentes locais que compõem nossa herança participaram de uma pesquisa pública manifestou
cultural, exige oposição radical à sua escala gigantesca oposição ao projeto. Embora atualmente existam 24
e à sua incongruência. Deve o panorama magnífico dos turbinas eólicas nas colinas que cercam os vinhedos
vinhedos Grand Cru ser reduzido à visão de turbinas de Chablis, esta é a primeira vez que as turbinas serão
eólicas circundando as colinas com mastros que sobem a colocadas nos próprios vinhedos.

Bye John
John Shafer, dono da Shafer Vineyards, faleceu aos 94 anos
No início de março, John Shafer, presidente da Shafer Vineyards.
proprietário da vinícola Shafer Shafer decidiu mudar sua família
Vineyards, no Napa Valley, faleceu. para Napa em 1973, após comprar
Ele tinha 94 anos e foi um dos uma vinícola em Stag's Leap. As
pioneiros na região, quando ela vinhas haviam sido plantadas na
passou a se desenvolver nos anos década de 1920 e Shafer passou
1970. a década de 1970 replantando
“O mundo do vinho sempre videiras de Cabernet Sauvignon.
inspirou meu pai e ele amava Seu primeiro vinho foi o Shafer
trabalhar com a equipe da Shafer Vineyards Cabernet Sauvignon 1978,
para melhorar a qualidade, aprimorar lançado em 1981. Em 1985, Shafer
tudo o que fazíamos, discutir mobilizou vinicultores vizinhos,
projetos futuros. Ele amava o Napa incluindo Nathan Fay, Warren
Valley, trabalhou para torná-lo um Winiarski, Dick Steltzner e Joseph
lugar melhor para todos e estamos Phelps, para solicitar que o Stag's
recebendo mensagens incríveis de Leap District fosse reconhecido
um grande número de pessoas cujas como uma área vitivinícola
vidas ele tocou com seu espírito americana. Ele se tornou o terceiro
generoso”, disse Doug Shafer, filho e AVA de Napa Valley.

26 ADEGA >> Edição 162


“ESTOU COMPLETAMENTE “É IMPRESSIONANTE A
APAIXONADA PELOS VINHOS MINERALIDADE E O POTENCIAL
COSTEIROS E PELO FRESCOR DO DA UVA CABERNET
SAUVIGNON BLANC.” SAUVIGNON NO CHILE."
JÉSSICA MARINZECK / SOMMELIÈRE DÉBORA BREGINSKI / SOMMELIÈRE

DIFERENTES OPINIÕES,
DIVERSOS VINHOS,
UMA CONCLUSÃO
MUNDOVINO | E VENTO S D O MUN DO DO VINHO

Entre os colegas Primeira número 1


Angelo Gaja é homenageado com o prêmio
“Enólogo dos Enólogos”
brasileira
Pela primeira vez, um
Criado em 2011 pelo instituto ajuda-o a administrar o negócio, produtor nacional é a
Masters of Wine, o prêmio junto com seus três filhos, Gaia, marca número 1 no
Winemakers’ Winemaker deste Giovanni e Rossana. A vinícola Brasil
ano foi concedido para Angelo Gaja é dona de propriedades
Gaja, o revolucionário do no Piemonte e na Toscana.
Uma das mais importantes
Piemonte. O prêmio reconhece Em 2017, a família Gaja
pesquisas sobre o mercado de
realizações notáveis no campo empreendeu uma joint-venture
vinho mundial trouxe uma
da produção de vinho e é dado com a família Graci, com
novidade em 2019. Na lista
por um painel de enólogos que vinhedos no Etna, na Sicília.
da Global Wine Power Brand
integram o Masters of Wine, “No começo da minha
(as marcas mais importantes
além dos vencedores dos anos carreira, eu olhei para o Masters
de vinho) para o mercado
anteriores. of Wine como um raro clube
brasileiro, pela primeira vez
Adrian Garforth, presidente especializado com uma cultura
uma marca nacional, a Salton,
do instituto, disse: “Não consigo imensa e inacessível. Quando
apareceu em primeiro lugar.
pensar em ninguém mais recebemos um grupo de
No ano passado, a Salton
digno para receber essa honra. Masters of Wine em Barbaresco
ficou em segundo lugar.
Angelo nunca teve medo de em 1973, oferecemos a eles
A pesquisa ranqueia o poder das marcas de
desafiar convenções e normas, o que considerávamos nossas
vinho nos principais mercados consumidores
mas sempre comprometido melhores safras. Eles falavam
no mundo. O estudo realizado pela Wine
com os mais altos padrões de muito apenas sobre a safra de
Intelligence leva em consideração a porcentagem
qualidade. Juntamente com 1961 – suas opiniões sobre as
de bebedores de vinho que ouviram falar de cada
a sua família, mas também outras safras eram severas. No
marca (quando mostrada uma lista de nomes
através do Instituto Grandi começo, me senti desanimado,
de marcas com logotipos), a porcentagem que
Marchi, continua a promover mas depois percebi que eles
comprou ou considera comprar cada uma nos
os mais elevados padrões de estavam certos. Foi uma lição
últimos/próximos três meses e a porcentagem
excelência, cultura e tradição útil com a qual nos inspiramos
de quem tem conhecimento de cada marca
no vinho italiano”. para recuperar a clareza dos
e a recomendaria para outros consumidores.
Gaja nasceu em Alba, Itália, nossos vinhos. Ao longo dos
No Brasil, a amostra foi de mil consumidores
em 1940. Em 1961 ingressou anos, toda vez que tive a chance
regulares de vinho, nas principais capitais do país,
no negócio da família e, em de conhecer um Master of
entre 18 e 64 anos.
1969, Wine, sempre aprendi algo
Fundada em 1878, vinícola Salton vem
assumiu a novo”, afirmou Gaja ao receber
passando por uma verdadeira revolução na última
gestão. seu prêmio na Prowein.
década. Segundo o presidente da empresa,
A esposa Antes de Gaja, receberam
Maurício Salton: “Temos investido em uma
de Gaja, o prêmio: Peter Sisseck (2011),
constante renovação e este resultado mostra
Lúcia, Peter Gago (2012), Paul Draper
que estamos no caminho certo. Renovamos os
(2013), Anne-Claude Leflaive
conceitos de enologia, e também procurarmos
(2014), Egon Müller (2015),
atingir o público jovem comprador ocasional de
Alvaro Palacios (2016), Eben
vinho e desmistificar a imagem de austeridade
Sadie (2017) e Jean-Claude
do ritual que acompanha a bebida, sem deixar de
Berrouet (2018).
lado os consumidores mais exigentes”.

28 ADEGA >> Edição 162


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Vinho é luxo
Investimento em vinho supera relógios, carros e joias em 2018

De acordo com o último “Índice de Nick Martin, da Wine Owners, a plataforma


Investimento de Luxo”, da consultoria Knight de negociação de vinhos que forneceu os dados
Frank, os preços dos vinhos finos aumentaram do índice, afirmou: “Quando pensamos que os
9% em 2018 e superaram o desempenho limites estavam sendo testados, 2018 viu uma
de relógios, carros, móveis, diamantes, selos rápida escalada de preços para a Borgonha,
e joias durante o ano. Entre os artigos de notadamente os principais Grands Crus,
luxo colecionáveis, itens como obras de arte elevando nosso índice de Borgonha em 33%”.
igualaram a marca dos vinhos e apenas moedas Ele também destacou o desempenho
e uísques a superaram, com aumentos de 12% e dos vinhos da Califórnia (que aumentou
40% respectivamente. 17,5% no ano) e um ressurgimento de “Riojas
O ano de 2018 foi marcado por altas subvalorizados e acessíveis”, como os de
nos preços dos vinhos mais raros, sendo que Tondonia e CVNE.
uma garrafa de La Romanée-Conti 1945 foi No longo prazo, o índice de vinhos Knight
vendida por US$ 558 mil pela Sotheby’s em Frank subiu 147% nos últimos 10 anos, ficando
outubro, tornando-se a garrafa mais cara já em sexto no ranking atrás do uísque (582%),
vendida em leilão. moedas, arte, carros e selos.

Mulher do ano
Becky Wasserman-Hone entra para o Hall da Fama da revista Decanter
Até o ano passado, o principal Wasserman & Co. Sabendo pouco
prêmio da revista inglesa Decanter se sobre o negócio de exportação
denominava “Homem do ano”. A partir de vinho, ela começou do zero,
deste, porém, a publicação decidiu aprendendo tudo ao longo do tempo.
mudar a nomeação para “Hall da Nos últimos 40 anos, ela estabeleceu
Fama”. E, sua mais nova integrante é um relacionamento firme com seus
Becky Wasserman-Hone, negociante de produtores, chamando-os de membros
vinhos da Borgonha. da “Família Becky Wasserman”. Em
Becky estudou harmonia e 1997, foi premiada com o Chevalier de
composição e se tornou uma cravista. Ordre du Mérite Agricole pelos serviços
Só mais tarde, vivendo na Borgonha, prestados à Borgonha.
ela começou a vender barris de “Na opinião de muitas pessoas,
carvalho francês e depois exportar um nome se destaca acima de todos
vinhos para os Estados Unidos. Entre os outros como o principal catalisador prêmio”, afirmou John Stimpfig, diretor
suas inovações está uma forma de das notáveis melhorias na qualidade, de conteúdo da Decanter “Ninguém
enviar vinhos de pequenos produtores, fama e fortuna da Borgonha. Ela sabe falar sobre a Borgonha com tanto
permitindo que os importadores tem sido uma incansável e brilhante talento e ninguém gosta de seus vinhos
selecionem um pequeno número de embaixadora, pioneira, campeã, guardiã com tanta sinceridade e profundo
caixas para experimentar no mercado. e promotora evangélica dos melhores conhecimento quanto Becky”, disse
Em 1979, Becky começou Le vinhos da Borgonha. Não poderia Aubert de Villaine, coproprietário do
Serbet, conhecida hoje como Becky haver vencedor mais merecedor do Domaine de la Romanée-Conti.

30 ADEGA >> Edição 162


compra segura
vai muito além
do cadeadinho
SELEÇÃOADEGA.COM.BR
Aqui todos os vinhos foram bem avaliados por Robert Parker,
ADEGA, Descorchados ou Wine Spectator

ORCHAD
SC

95
OS
DE

AD RP

92
pts
pts 92
pts

AD AD
D

92
pts
92
pts

2 HFRPPHUFH RāFLDO GD UHYLVWD ADEGA


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Abajur de taças
Museu britânico “salva” peça
singular de Dalí, feita com moldes
de antigas taças de Champagne

O Victoria & Albert Museum, um dos


maiores museus de arte decorativa do
mundo, adquiriu um par de abajures
adornados com antigos modelos de
taças de Champagne pintadas de ouro,
projetados por Salvador Dalí, que são
descritos como “um dos exemplos mais
importantes de iluminação moderna já
feitos no Reino Unido”.
As peças, que foram feitas em 1938,
são um dos dois pares feitos, projetados
pelo artista espanhol em colaboração
com Edward James. O outro par de
abajures permanece em propriedade
da Edward James
Foundation. Eles foram
Resgate projetados para serem
exibidos na Monkton
Projeto está ressuscitando vinhedos históricos House em West
abandonados há cerca de cem anos na França Sussex, um edifício
construído para os
O Domaine des Sénons, uma Martin-du-Tertre, Paron e Rosoy,
pais de James em 1902 pelo
parceria entre o empresário local que os três parceiros esperam
arquiteto Sir Edwin Lutyens.
Frédéric Duponchel, o enólogo aumentar gradualmente para
Em junho do ano
de Chablis Bernard Raveneau cerca de 30 hectares.
passado, após a venda do
e o agrônomo Florian Ruscon, Os vinhos serão certificados
par pela Fundação Edward
anunciou que está plantando os como Denominação de Origem
James em 2017, o ministro
três primeiros hectares em Saint- Protegida de Yonne. A equipe
inglês Michael Ellis colocou
Martin-du-Tetre, como parte está trabalhando no projeto há
uma proibição temporária
de um projeto mais amplo para dois anos. “Sempre soube que
de exportação dos abajures
trazer de volta vinhedos históricos havia videiras muito ativas aqui:
para tentar encontrar um
que foram devastados pelo início a primeira volta à antiguidade,
comprador no Reino Unido.
da filoxera e oídio no século XIX. então há muitos textos que
Eles tinham preço inicial
O vinhedo incluirá dois relatam um vinho de alta
de £ 425.000 e quase foram
hectares de Chardonnay e um qualidade entre os séculos XVI
vendidos a um comprador
de Pinot Noir nas parcelas de e XVIII. Era mais comum no
estrangeiro, mas o museu,
Les Vaux-Gaudins e Les Hauts- século XIX, mas a filoxera e a
juntamente com o National
Glaciers, a 5 quilômetros de concorrência com os vinhedos
Heritage Memorial Fund
Sens. Este é o primeiro de uma do sul revelam que não houve
(NHMF) e o Art Fund,
série de novas plantações em três produção durante um século”,
intercederam.
vilas da área de Sénons, Saint- disse Duponchel.

32 ADEGA >> Edição 162


Fora de Cava
Nove produtores do Penedès querem renunciar à
denominação Cava

Nove produtores de vinho espumante na região de


Penedès, na Espanha, devem renunciar à denominação
Cava e engarrafar sob um novo rótulo chamado
Corpinnat. A mudança é sugestão da Gramona, Recaredo,
Torelló, Llopart, Nadal, Sabaté Coca, Mas Candí, Huget-
Can Feixes e Júlia Vernet e vem sendo discutida há meses
entre os produtores e o conselho regulador de Cava.
Os nove produtores respondem por apenas 1% da
produção de Cava, mas 30% da produção de Gran
Reserva Cava e seis dos 13 Parajes Calificados – a nova
classificação premium de Cava. Os membros da Corpinnat membros fundadores da Associação dos Produtores de Cava
devem cumprir um rigoroso conjunto de regras, incluindo na década de 1970, que estavam preocupados com o futuro
uvas 100% orgânicas, colheita manual, pelo menos 18 meses da qualidade de produção de Cava.
de envelhecimento (mas com alguns vinhos com mais de 30 A Associação de Viticultores e Elaboradores Corpinnat
ou mais de 60 meses), a inclusão do viticultor na cadeia de foi criada em 2017, com o objetivo de promover áreas
valor e a vinificação em sua própria adega. específicas na denominação Cava, destacando os
Os primeiros vinhos espumantes rotulados como movimentos de qualidade realizados ao longo dos últimos
Corpinnat – mas não Cava – serão lançados neste ano, 50 anos pelos produtores. Um porta-voz da Gramona,
juntamente com as palavras “Vino Espumoso de Qualidade, atualmente copresidente da Corpinnat ao lado da Recaredo,
Método Tradicional”. disse que o novo empreendimento foi recebido com
Corpinnat pode ser traduzido aproximadamente como “ceticismo” pelo conselho de Cava e, apesar de algumas
“Nascido no Coração do Penedès”. Essa denominação foi discussões “construtivas”, os produtores ficaram sem “outra
discutida pela primeira vez em 2015 por descendentes dos escolha” a não ser deixar a denominação.

Temperatura com grossas paredes de tijolos de barro de várias


controlada profundidades, misturadas com blocos de calcário de
formato irregular. Ele sugere que esses blocos poderiam ter
Adega encontrada no Egito sugere que vinho sido inseridos para controlar a temperatura adequada para
era guardado em ambiente controlado desde a armazenar vinho.
antiguidade Segundo Ayman Ashmawy, chefe do Ministério de
Antiguidades do Egito, a região era conhecida por produzir
Uma adega recentemente localizada em Tel Kom al- alguns dos melhores vinhos durante o período greco-romano,
Trogy, na província da Biheira, no delta do Nilo, norte do que abrangeu desde o século 4 a.C. até a chegada do Islã
Cairo, não continha garrafas de vinho, mas os arqueólogos no século VII. Ashmawy apontou que fragmentos com gesso
descobriram moedas da era ptolemaica, fragmentos de colorido, que uma vez cobriram as paredes de um prédio,
cerâmica e mosaicos, assim como verificaram um design foram encontrados junto com partes de uma camada de
arquitetônico sofisticado para controlar as temperaturas mosaico que pode ter sido usada para cobrir o chão. Esses
internas usando vários tipos e formas de pedras. elementos, segundo ele, indicam que há outro prédio na
Mostafa Waziri, secretário-geral do conselho de área que provavelmente foi usado pelos supervisores e pelos
antiguidades do Egito, descreveu um projeto arquitetônico funcionários da vinícola.

Edição 162 >> ADEGA 33


HARMONIZAÇÃO | p o r ARNALDO GRIZZO
Vins de Bourgogne
SABOR DO
MAR Dicas de harmonização
com Chablis

C
hablis certamente é uma das mais
famosas regiões produtoras de vi-
nhos brancos do mundo. Baseados
essencialmente em Chardonnay, os
Chablis ficaram conhecidos por sua
elegância, frescor e toques minerais. Não à toa, o
nome Chablis se alastrou pelo planeta e levou quase
todo vinho feito com Chardonnay a ser assim bati-
zado. Hoje, graças a leis de proteção internacionais,
somente os vinhos da região podem ostentar a deno-
minação no rótulo.
Apesar de os vinhos de Chablis terem um de-
nominador comum que é a Chardonnay, exis-
tem algumas sutis variações entre eles, devido ao
modo de produção particular de cada vinícola,
assim como também aos diferentes terroirs locais.
Os vinhos de Chablis ficaram genericamente co-
nhecidos mundo afora por seu frescor e minera-
lidade, mas há distinções importantes quando se
vai dos “básicos” Petit Chablis (a denominação
mais genérica) até os Grand Cru. E essas diferen-
ças podem abrir novos leques para harmonizações,
como você verá aqui.

Edição 162 >> ADEGA 35


Chablis Grand Cru
A denominação mais alta de Chablis, com vinhos
de grande porte, bastante complexos e minerais,
abarcam harmonizações das mais diversas, indo des-
de os pratos mais simples, até encorpados. Aqui há
uma excelente opção para equilibrar a intensidade
e delicadeza das lagostas. Experimente ainda pratos
trufados ou preparações com miúdos. Vale combi-
nar também com queijos de casca lavada como Re-
blochon ou Taleggio, por exemplo. Foie gras é outra
alternativa interessante.

Chablis Premier Cru


Aqui estamos falando de vinhos ligeiramente mais complexos e inten-
sos, mas ainda com muito frescor e mineralidade. Pode-se optar pelas
mesmas harmonizações sugeridas para os Chablis mais simples, mas

fotos: Vins de Bourgogne


também acrescentar outras um pouco mais imponentes, com peixes
mais intensos e molhos cremosos por exemplo. Opções interessantes
podem ser feitas com risotos com frutos do mar. A culinária japonesa
de qualidade merece uma companhia desse porte. Diversos tipos de
queijos de cabra também combinarão maravilhosamente.

Petit Chablis e
Chablis “genérico”
As denominações mais simples de Chablis (Petit
Chablis e Chablis AOC) costumam oferecer vi-
CHABLIS CHABLIS nhos de grande frescor e leveza, fáceis de beber,
“ANTIGOS” “AMADEIRADOS” sem a complexidade dos pertencentes às catego-
As notas mais complexas Para os Chablis com passagens
do amadurecimento do importantes por barricas de carvalho rias mais elevadas. Para esses estilos de rótulos,
Chardonnay, geralmente com e estilo mais encorpado, vale a pena uma boa combinação ocorre com alguns petiscos
notas de nozes, mel, e sabores investir em combinações com peixes fritos, como croquetes de queijo, ou, que tal, mou-
mais cremosos, vão solicitar e frutos do mar em preparações com
harmonizações com sabores manteiga, por exemplo. Vieiras, les frites (mexilhões com batata frita)? E não se
umami, como pratos com caranguejos, linguado ou salmão na esqueça da famosa harmonização de Chablis com
cogumelos, trufas brancas, manteiga são grandes opções. Aqui ostras (outros frutos do mar – especialmente crus-
mariscos fritos, lagosta também podemos incluir frango
ou vitela em
táceos – também fazem ótimos pares). Vale a pena
etc.
preparações simples. experimentar com camarões, tanto grelhados, em
preparações simples, quanto cozidos em saladas.
Espaguete ao vôngole é outra boa pedida.

36 ADEGA >> Edição 162


ESCOLA DO VINHO | p o r ARNALDO GRIZZO

Super O que são e como surgiram


os vinhos Supertoscanos?

38 ADEGA >> Edição 162


Edição 162 >> ADEGA 39
Piero Antinori e suas

A
filhas Albiera, Allegra
e Alessia. Os Antinori,
té hoje, há uma certa disputa entre ser feitos majoritariamente com Sangiovese e juntamente com os
Incisa della Rocchetta,
as famílias Antinori e Incisa della completados com Canaiolo e Malvasia. foram os precursores dos
Rochetta quando se trata de quem Já desde muito antes, contudo, as famílias Supertoscanos
produziu o primeiro vinho Super- Antinori e Incisa della Rochetta vinham “con-
toscano da história. Se um lado diz trariando” as regras. No começo do século XX,
que o pioneiro foi o Sassicaia 1968, o outro reba- Niccolò Antinori estava testando algumas ce-
te que o Tignanello 1970 foi o primeiro a sair no pas francesas na Toscana. Mais tarde, o jovem
mercado. Disputas à parte, o que permanece até Mario Incisa della Rocchetta também resolveu
hoje é a revolução causada por esses vinhos, em testar variedades, especialmente a Cabernet Sau-
uma época turbulenta da vitivinicultura italiana, vignon, na propriedade que sua esposa, Clarice
que proporcionou grande incremento qualitativo della Gherardesca, havia herdado na região de
nos anos seguintes. Bolgheri, a Tenuta San Guido. Diz-se, aliás, que
Supertoscanos foi o nome dado aos vinhos a primeira safra do Sassicaia seria de 1945, mas
que não obedecem, ou não obedeciam, às nor- apenas para consumo interno.
mas de produção da principal denominação de A década de 1960 marcou um período de
origem toscana na época, Chianti. No fim da profunda crise na vitivinicultura toscana. Desde
década de 1960, mais precisamente em 1967, a o fim da II Guerra Mundial, a Itália passou por
DOC foi oficialmente criada, estabelecendo não dificuldades, especialmente no campo. Os donos
somente os limites do território, mas retomando de terras viam suas propriedades serem abando-
a “receita” postulada pelo barão Bettino Ricasoli nadas pelos poucos agricultores que ainda per-
em 1872, que estipulava que os vinhos deviam sistiam. A sociedade evoluía e o antigo sistema

40 ADEGA >> Edição 162


de mezzadria, que sobrevivia na Toscana desde a também uma temporada que ele passou
época do feudalismo, estava sendo abandonado, com seus amigos do Château Mouton
fazendo com que os donos tivessem que cultivar Rothschild, na França. Foi na volta desse
as terras por si próprios. E, em um país devastado “estágio” em um dos mais prestigiados
pela guerra, é quase natural que, durante algum produtores bordaleses que Mario conta-
tempo, a prioridade fosse a quantidade e não a tou Tachis, que então trabalhava para os
qualidade dos vinhos. Chianti, assim, minguava. Antinori. Vale lembrar que os Antinori e
os Incisa della Rocchetta são primos. UMA QUESTÃO DE SOLOS?
Piemontês na Toscana Tachis havia começado como estagiá- Diz-se que uma das inspirações
para cultivar cepas francesas na
É válido dizer que quem promoveu a grande re- rio na Antinori e rapidamente foi ganhan- região de Bolgheri vem dos solos
volução vitivinícola toscana do século XX foram do espaço, implementando novas ideias, rochosos, que, de certa forma,
piemonteses. Mario Incisa della Rocchetta era trabalhando com outras castas além da teriam alguma similaridade com
Bordeaux. O nome Sassicaia, por
de origem piemontesa, mas não somente graças Sangiovese. Sua primeira safra ao lado de exemplo, significa “solo de muitas
a ele surgiram os Supertoscanos. Um dos princi- Mario na Tenuta San Guido foi em 1968, pedras”. O vinhedo de Tignanello,
pais personagens dessa grande transformação foi, ano em que o Sassicaia foi oficialmente por sua vez, também é repleto
na verdade, Giacomo Tachis, um enólogo nasci- criado. Diz-se, aliás, que essa safra sói foi de rochas calcárias, tanto que,
no começo dos anos 2000, os
do em Turim. colocada à venda por insistência dos An- Antinori resolveram pegar essas
Diz-se que a inspiração de Mario Incisa della tinori, que pediram 250 caixas do vinho pedras brancas, limpá-las e
Rocchetta para criar o Sassicaia foram jantares a Mario Incisa della Rocchetta para que colocá-las aos pés das vinhas
para refletir melhor o sol.
do qual participava quando ainda era estudante, fossem vendidos por seus distribuidores.
nos quais eram servidos vinhos de Bordeaux, mas Se a ideia de trazer variedades francesas

Edição 162 >> ADEGA 41


Na época, Chianti
vivia uma crise e
seus vinhos eram para a Toscana partiu dos Antinori e dos Incisa della envoltas em palha), que se tornaram parte da de-
pouco valorizados Rocchetta, a maneira de trabalhar o vinho, o blend coração de muitas cantinas, mundo afora.
e especialmente a introdução do envelhecimento A “rebeldia” dos produtores não passou em
em barricas deve-se, em grande parte, a Tachis. branco e, na época, seus vinhos foram rebaixados
Assim, ele tem parte tanto na criação do Sassicaia à categoria “vino di tavola” – cujos preços ten-
quanto do Tignanello, e também do Solaia, um diam a ser os mais baixos do mercado. Somente
vinho criado como experimento em 1978 com Ca- em 1992 é que foi criada a Indicazione Geogra-
bernet Sauvignon e Cabernet Franc também pelos fica Tipica (IGT), classificação menos restritiva
Antinori. Tachis é considerado o pai que abarcou esses vinhos “fora da lei”. A fama dos
dos Supertoscanos. Supertoscanos, contudo, veio antes disso.
QUEM BATIZOU? Os primeiros exemplares foram bem recebi-
Não se sabe ao certo quem
usou o nome “Supertoscanos”
Um novo estilo dos por consumidores e críticos, mas a consagra-
pela primeira vez para se referir Os Supertoscanos não eram apenas ção veio em 1978, uma década após a primeira
a esses vinhos que, por não “contra as regras” de Chianti, eles safra: Sassicaia venceu um importante concur-
obedecerem às regras de Chianti,
simplesmente não queriam mais fi- so com exemplares de Cabernet Sauvignon do
eram rebaixados de categoria
e só podiam levar no rótulo a car sob essa pecha que os limitava. mundo todo promovido pela revista Decanter.
denominação “vino di tavola” e Então, não era apenas uma questão Alguns anos depois foi a vez de Robert Parker dar
posteriormente IGT (Indicação de “desobediência” usar outras va- 100 pontos para o Sassicaia da safra 1985.
Geográfica Típica). Acredita-se
que o termo tenha surgido nos riedades e outros métodos. Era uma Mas Sassicaia não foi o único a chamar a aten-
anos 1980, quando foi usado questão de criar um novo vinho, um ção. Juntaram-se a ele os “primos” Tignanello e
por Luigi Veronelli, famoso vinho que não estivesse vinculado a Solaia, além de Ornellaia (criado em 1985 pelo
crítico italiano, ou então pelo
escritor norte-americano Burton Chianti e sua má fama na época. Um irmão mais novo de Piero Antinori, Ludovico),
Anderson, autor de um guia de vinho diferente, rico, encorpado, de Siepi (vindo de um vinhedo dos Mazzei plantado
vinhos italianos, que se mudou alta qualidade, bem distante daque- com Merlot nos anos 1980), Masseto (um Merlot
para a Toscana em 1977, ou
ainda pelo inglês David Gleave,
les que estavam sendo produzidos e 100% da Tenuta dell’Ornellaia criado em 1986),
expert em vinhos italianos. eram tachados de ligeiros e vendidos, Redigaffi (outro Merlot 100%, desta vez da Tenu-
muitas vezes, nos “fiaschi” (garrafas ta Tua Rita) e muitos outros.

42 ADEGA >> Edição 162


Mario Incisa della
Rocchetta (à direita) foi
decisivo no surgimento dos
Supertoscanos

Só variedades francesas?
Vale lembrar que os vinhos considerados
Supertoscanos não são somente aqueles que
levam castas “proibidas” pelas denominações
de origem tradicionais da Toscana, especial-
mente Chianti. Muitos são Sangiovese puros
e, ainda assim, considerados Supertoscanos,
pois desobedecem a outras regras que englo-
bam não somente as variedades, mas os méto-
dos de produção. Rótulos como o Fontalloro,
da Fèlsina, ou o Flaccianello, da Fontodi, por
exemplo, são 100% Sangiovese. O primeiro
Tignanello, por sinal, era só Sangiovese, mas,
na época, as regras obrigavam um Chianti a
mesclar Canaiolo e Malvasia. Somente de-
pois é que Tignanello passou a mesclar ou-
tras cepas.
Atualmente, aliás, alguns Supertosca-
nos até poderiam pertencer à denominação
Chianti, pois, depois de algumas atualizações,
ela já não obriga, por exemplo, o uso de va-
riedades brancas no blend, e também não im-
pede que um vinho seja 100% varietal. Ainda
assim, a revolução e a fama dos Supertoscanos
abriu novas possibilidades aos produtores da
região, que criaram uma saída para a crise e
hoje colhem os frutos de sua ousadia.
Giacomo Tachis foi o enólogo
por trás dos dois primeiros
Supertoscanos, Sassicaia e
Tignanello

couro e de tabaco. Bem feito em seu estilo mais


maduro e carnudo, tem taninos de ótima textura e
gostosa acidez, que trazem sustentação e equilíbrio
ao conjunto. Concentrado e untuoso, tem final
persistente, com toques de grafite e de alcaçuz.
Álcool 14%. EM

AD 94 pontos
FLACCIANELLO DE LA PIEVE 2001
Fontodi, Toscana, Itália (Vinci US$ 343 a safra
2015). Tinto elaborado exclusivamente a partir de
Sangiovese, com estágio de 24 meses em barricas
de carvalho francês. Muito equilibrado, chama
atenção pela fruta vermelha lembrando cerejas,
que aparecem tanto no nariz quanto na boca.
AD 93 pontos Depois surgem notas terrosas, de ervas secas e de
CA’MARCANDA PROMIS 2013 especiarias, tudo escoltado por refrescante acidez
Gaja, Toscana, Itália (Mistral US$ 90). Ca’Marcanda e taninos de excelente textura, que conferem
é o projeto de Gaja, mítico produtor do Piemonte, profundidade e complexidade ao conjunto. EM
em Bolgheri, na Toscana. Blend de 55% Cabernet
Sauvignon, 35% Syrah e 10% Sangiovese, com AD 93 pontos
estágio de 18 meses em barricas usadas de carvalho FONTALLORO 2008
francês. Desde o início, mostra exuberantes aromas Fattoria di Fèlsina, Toscana, Itália (Mistral US$ 179 a
de frutas vermelhas e negras acompanhadas de safra 2012). Tinto elaborado exclusivamente a partir
notas florais, de ervas e de especiarias doces. de Sangiovese, com estágio entre 18 e 20 meses
Estruturado e balanceado, tem acidez refrescante, em barricas de carvalho francês. Complexo nos
taninos de ótima textura e final persistente, com aromas e nos sabores, esbanja notas terrosas, de
toques terrosos e de ameixas. Definitivamente, um especiarias, de tabaco e de ervas, impressionando
ótimo exemplar da região, com a mão elegante e pelos taninos de fina textura. Austero, muito bem
precisa presente em todos os vinhos de Angelo Gaja. feito nesse estilo mais concentrado e exuberante. EM
Álcool 13,5%. EM
AD 92 pontos
AD 97 pontos GHIAIE DELLA FURBA 2015
CASTELLO DI AMA L’APPARITA 2013 Tenuta di Capezzana, Toscana, Itália (Mistral US$ 99
Castello di Ama, Toscana, Itália (Mistral US$ 459). a safra 2010). Blend de Cabernet Sauvignon, Merlot
Tinto elaborado exclusivamente a partir de Merlot, e Syrah, com estágio de 15 meses em barricas de
com estágio de 18 meses em barricas de carvalho carvalho francês. Muito bem feito em seu estilo mais
francês, sendo 50% novas. Mostra sedutoras notas maduro e opulento, é macio e muito refinado, tudo
florais envolvendo os aromas de frutas negras e envolto e equilibrado por taninos de grãos finos,
vermelhas de perfil mais fresco. Preciso, compacto vibrante acidez e final com toques especiados e de
e refinado, tem acidez vibrante, taninos de excelente grafite. EM
textura e final muito longo, com toques minerais e
de couro. Consegue de modo sutil, quase delicado, AD 93 pontos
mostrar a exuberância e o lado frutado da Merlot GRATTAMACCO 2012
sem comprometer sua força e sua intensidade. Colle Massari, Toscana, Itália (Mistral - não
Álcool 13,5%. EM disponível). Tinto composto de 65% Cabernet
Sauvignon, 20% Merlot e 15% Sangiovese, com
AD 92 pontos estágio de 18 meses em barricas novas e de
DULCAMARA 2011 segundo uso. Num estilo mais exuberante nos
I Giusti & Zanza, Toscana, Itália (Cantu R$ 385). I aromas, mostra fruta mais maduras seguidas
Giusti & Zanza é uma pequena vinícola localizada por notas florais e de especiarias doces, além de
no noroeste da Toscana e elabora este tinto a partir toques terrosos e de tabaco. Redondo, suculento
de 70% Cabernet Sauvignon, 25% Merlot e 5% e estruturado, tem acidez vibrante e taninos
Petit Verdot, com estágio de 18 meses em barris de excelente textura, que trazem harmonia e
de carvalho. Apresenta aromas de ameixas, cassis sustentação ao conjunto, terminando de forma
e amoras escoltados por notas florais, tostadas e persistente, com toques de alcaçuz e de grafite.
de especiarias doces, além de toques terrosos, de Álcool 14%. EM

44 ADEGA >> Edição 162


AD 95 pontos é um privilégio para qualquer enófilo, afinal é como
GUADO AL TASSO 2012 presenciar o “nascimento” de uma casta. Confirma
Antinori, Toscana, Itália (Winebrands R$ 1.497 as linhas de seu irmão Carnasciale, mas com muita
a safra 2015). Composto de 55% Cabernet imponência. Mais concentração, tanto de frutas
Sauvignon, 25% Merlot, 18% Cabernet Franc quanto taninos. Também há mais presença de “óleo
e 2% Petit Verdot, com 18 meses de estágio da madeira”. Apresenta ainda um elegante mentol.
em barricas novas de carvalho francês. Apesar Merece ser decantado para que sua força dê espaço
de muito jovem, já se mostra mais fresco, com à crescente elegância aromática, em que a fruta
mais tensão, mas mantendo o estilo classudo e vermelha, o perfil vinoso e o toque balsâmico abrem
elegante. Tem ótima acidez, excelente textura de espaço para o protagonismo floral de dama da noite.
taninos e final profundo, com toques de grafite. Muito longevo, ainda tem a marca da boa passagem
Álcool 14%. EM por madeira com um aspecto lácteo e café que
premiará a paciência até 2025 (ou mais). CB
AD 94 pontos
IL BORRO 2015 AD 91 pontos
Il Borro, Toscana, Itália (Épice R$ 700 a safra LE SERRE NUOVE DELL’ORNELLAIA 2014
2014). Tinto composto de 50% Merlot, 35% Tenuta dell’Ornellaia, Toscana, Itália (Grand Cru
Cabernet Sauvignon e 15% Syrah, com estágio R$ 599). Espécie de segundo vinho do mítico
de 18 meses em barris de carvalho francês. Ornellaia, é composto de 50% Merlot, 34% Cabernet
Elegante e refinado nos aromas e nos sabores, Sauvignon, 9% Cabernet Franc e 7% Petit Verdot,
tem gostosa acidez, taninos de ótima textura com estágio de 15 meses em barricas de carvalho
e final persistente e suculento, com notas de 25% novas. Um Bolgheri da cabeça aos pés,
ervas e de grafite. Impressiona pelo equilíbrio e mostra-se mais acessível mesmo tão jovem, quando
precisão do conjunto. Álcool 14,5%. EM comparado ao seu irmão mais velho. Surpreende
pela qualidade de fruta madura mesmo em uma
AD 94 pontos safra tão complicada quanto a 2014 na Toscana.
IL CABERLOT 2015 Refinado e estruturado, tem acidez refrescante,
Il Carnasciale, Toscana, Itália (Mistral US$ 843 taninos de ótima textura e final persistente, com
a safra 2008 em magnum). Degustar este vinho toques minerais. Álcool 13,5%. EM

Edição 162 >> ADEGA 45


Primeira safra
“comercial” de
Sassicaia foi a de
1968

AD 93 pontos
PHILIP 2014
Mazzei, Toscana, Itália (Grand Cru R$ 430). Tinto
elaborado exclusivamente a partir de uvas Cabernet
Sauvignon cultivadas nas regiões de Maremma
e Chianti Classico, com estágio de 18 meses em
barricas de carvalho francês e americano, sendo
30% novas. Refinado e macio, mostra perfil
elegante, com notas especiadas, terrosas, de ervas
secas e de flores, que envolvem sua fruta vermelha
e negra madura. Chama atenção pelos taninos de
fina textura e pela acidez refrescante, que trazem
tensão ao conjunto. Tem final longo e persistente,
com toques de grafite. Está ótimo agora, mas tem
tudo para ficar ainda melhor nos próximos 10 anos.
Álcool 14,4%. EM

AD 94 pontos
PRIMA PIETRA 2012
Castiglion del Bosco, Toscana, Itália (Via Vini R$ 550
a safra 2015). Apresenta frutas vermelhas e negras
de perfil mais fresco, com mais tensão e vibração,
mas mantendo a finesse e o equilíbrio do 2012. As
notas de ervas, de alcaçuz e de especiarias doces
conferem complexidade, tudo sustentado por ótima
AD 95 pontos acidez, taninos finíssimos e final persistente, com
ORENO 2010 toques minerais e de amoras. EM
Tenuta Sette Ponti, Toscana, Itália (World Wine R$
780 a safra 2015). Blend de 45% Merlot, 40% AD 95 pontos
Cabernet Sauvignon e 15% Petit Verdot, com estágio SASSICAIA 2012
em carvalho francês. Mostra acidez refrescante e Tenuta San Guido, Toscana, Itália (Ravin R$ 3.811 a
taninos finos e de ótima textura, que trazem vibração safra 2014). Tinto composto de uvas 85% Cabernet
e tensão a todo o conjunto. As ameixas estão Sauvignon e 15% Cabernet Franc cultivadas em
torneadas por notas de menta e de chocolate, que Bolgheri, com estágio de 24 meses em barricas de
vão se tornando mais pronunciadas com o tempo carvalho francês. Notas sedutoras de tabaco e de
na taça. Tem final longo e persistente, lembrando couro envolvem os aromas de ameixas, amoras e
grafite. Álcool 14,5%. EM cerejas de perfil mais fresco. Depois aparecem notas
florais, de especiarias doces, de ervas e de alcaçuz.
AD 94 pontos Estruturado, equilibrado e refinado, tem taninos de
ORNELLAIA 1997 excelente textura, vibrante acidez e final longo e
Tenuta dell’Ornellaia, Toscana, Itália (Grand Cru profundo, com toques de grafite e de cerejas ácidas.
R$ 2.464 a safra 2014). Tinto composto de 65% Álcool 13,5%. EM
Cabernet Sauvignon, 30% Merlot e 5% Cabernet
Franc, com cada variedade fazendo estágio AD 95 pontos
separadamente em barricas de carvalho francês SIEPI 2013
50% novas durante 18 meses e só depois realizado Mazzei, Toscana, Itália (Grand Cru R$ 1.299). Tinto
o blend. Perfeito exemplo daquele ano mais quente composto de Sangiovese e Merlot, com estágio de 12
na Toscana, mostra fruta de perfil mais maduro e meses em barricas de carvalho francês. Complexo
bastante potência, mesmo com mais de dez anos nos aromas mostra notas florais, de cânfora, de
de garrafa. Os taninos de grãos finos e de excelente especiarias doces e de frutas vermelhas ao licor,
textura trazem equilíbrio a toda sua opulência, que se confirmam no palato. Profundo, refinado e
conferindo finesse e elegância ao conjunto. Tem final muito preciso, tem excelente textura de taninos,
longo e cheio, com toques de mocha e de grafite. refrescante acidez e final longo e persistente, com
Álcool 14%. EM toques de grafite. Álcool 14%. EM

46 ADEGA >> Edição 162


AD 95 pontos fermentação em taques cônicos de madeira e
SOLAIA 1997 posterior estágio de 12/14 meses em barricas
Antinori, Toscana, Itália (Winebrands R$ 4.876 a de carvalho. Mostra aromas de cerejas, ameixas
safra 2013). Com mais de 20 anos impressiona e cassis envoltos por notas florais, especiadas
pela vivacidade e juventude, principalmente pela e herbáceas, além de toques terrosos e de
qualidade e exuberância de fruta, tudo num contexto alcaçuz. No palato, mostra fruta exuberante,
de gostosa acidez, taninos de fina textura e final muito equilíbrio, acidez vibrante e ótima textura.
longo e profundo, com toques especiados, terrosos Um vinho profundo e elegante, que mostra toda
e de cerejas. Faz jus a essa mítica safra na região. sua potência, num contexto de muito frescor,
Ainda está jovem e tem longa vida pela frente. EM vivacidade e finesse. Álcool 14%. EM

AD 93 pontos AD 95 pontos
TASSINAIA 2014 TIGNANELLO 2015
Castello del Terriccio, Toscana, Itália (Mistral US$ Antinori, Toscana, Itália (Winebrands R$ 1.319).
110). Tinto elaborado a partir de uvas Cabernet Este ícone é um blend de Sangiovese, Cabernet
Sauvignon (50%) e Merlot (50%) cultivadas em Sauvignon e Cabernet Franc. É o Supertoscano
Maremma, com estágio em barricas de carvalho em essência. Hoje um clássico, em seu
francês. Impressiona pelo equilíbrio do conjunto lançamento na safra de 1971 era um inovador,
e pelos taninos de grãos finos e de ótima textura, quase rebelde, que passou por barricas de
que envolvem suas frutas vermelhas e negras carvalho e usou uvas francesas. Um verdadeiro
que aparecem acompanhadas de notas florais, subversivo, desafiou as regras da região e só pôde
terrosas, de couro e de especiarias doces. Elegante ser engarrafado como IGT. Esta safra está muito
e refinado, tem final longo e persistente, com toques especial, com camadas ou ondas de aromas,
de ervas secas e de grafite. Álcool 13,5%. EM fruta vermelha precisa, acompanhada de aromas
terrosos e estrebaria, depois pimenta e um frescor
AD 95 pontos mentolado. Por fim, um floral intenso, quase
TIGNANELLO 2010 gentil. Em boca, marca por sua austeridade
Antinori, Toscana, Itália (Winebrands R$ 1.319 a e vibração, que são os reflexos da estrutura e
safra 2015). Tinto composto de 80% Sangiovese, acidez, combinando força e elegância. Delicioso
15% Cabernet Sauvignon e 5% Merlot, com hoje e vai lindamente até 2033. Álcool 13,5%. CB

Edição 162 >> ADEGA 47


DROPS | p o r CHRISTIAN BURGOS, DE DUSSELDORF

E x pa n s ã o
ProWein celebra
25 anos e continua
crescendo

poderia imaginar como ela se desenvolveria de


modo inacreditável. Empenhamos uma massiva
dose de trabalho e forte suporte nesta caminha-
da, junto com o suporte de nossos parceiros para,
passo a passo, tornar esta a maior e mais impor-
tante feira profissional de vinhos do mundo”.
Os números são mesmo superlativos: 61.500
visitantes profissionais de 142 países, com 80%
destes visitantes envolvidos no processo de aqui-
sição do vinho e destilados. Do Brasil foram mais
de 300 visitantes, sendo ADEGA o único meio
de imprensa brasileiro convidado. Encontramos

À
s 8:30 da manhã do domingo, 17 de a “delegação brasileira” na sala vip da Latam, no
março, o saguão da entrada da feira aeroporto de Dusseldorf e depois pelos corredores
já estava lotado. As escadas rolantes da feira. Ali estavam os donos das maiores impor-
foram paradas e serviam de arqui- tadoras do Brasil e suas equipes cumprindo uma
bancada para centenas de pessoas agenda intensa de reuniões pré-programadas.
que se reuniam para a abertura oficial da Pro- Com um único aparte sendo o odor químico
wein. A presença da ministra da agricultura da nas áreas do Uruguai, Argentina e parte do Chi-
Alemanha e dos primeiros ministros de Portugal le que não conseguiu ser remediado durante o
e Croácia mostravam a importância do evento evento, tudo é muito organizado (muito alemão)
deste ano. A Prowein completou 25 anos. e, por sorte, nesta feira, falamos menos de degus-
O diretor geral da Messe Dusseldorf, Hans tações e mais de negócios e discussões iniciadas
Werner Reinhard resumiu bem: “Quando lan- numa manhã de domingo...
çamos a ProWein 25 anos atrás, nenhum de nós Nada se compara à festividade da Vinitaly

48 ADEGA >> Edição 162


que, localizada numa região produtora (Verona),
Atualmente, a ProWein
se converteu num encontro dos vinhos e gastro- conta com 61.500
nomia italianos; e tampouco às celebrações nos visitantes profissionais de
142 países
Châteaux no pós-feira da Vinexpo em Bordeaux.
Mas mesmo esta última aparentemente se rende
ao magnetismo de estar no centro dos negócios
do vinho, em vez do centro produtor e, em 2020,
a Vinexpo vai experimentar sua primeira realiza-
ção em Paris.
O jovem diretor da ProWein, Marius Berle- SERVIÇO
mann, com quem almocei pela primeira vez em
2016 no Brasil, estava realizando sua última Pro- vinho no mundo. “A história da ProWein é uma
ProWein 2020
Wein no cargo antes de passar a dirigir a estraté- história de sucesso. Tendo começado com a pe- De 15 a 17 de março
gica expansão asiática da marca. Não bastando quena ProVins, nestes 25 anos, esta feira para o de 2020 em Dusseldorf
alcançar a liderança, a Prowein expandiu sua trade se converteu no mais importante market
presença aos principais centros consumidores e, place internacional para o vinho e destilados”,
até por isso, os principais centros de negócios do afirmou.

Edição 162 >> ADEGA 49


ESCOLA DO VINHO | p o r ARNALDO GRIZZO

50 ADEGA >> Edição 162


Talha
A história de um estilo de
vinho tradicional em Portugal

Edição 162 >> ADEGA 51


O nome talha seria
uma derivação do
latim “tinalia”, ou
seja, vaso de grandes
dimensões

O
sistema romano, assim definiu João nos em diversas regiões do Alentejo e também há
Ignacio Ferreira Lapa, em seu “Re- vestígios de produção significativa de vinho de ta-
latório sobre os processos de vinifi- lha em São Cucufate, Torre de Palma e Quinta
cação dos principais centros vinha- das Longas, por exemplo.
teiros do sul do reino”, a maneira Diferentemente das ânforas tradicionais, a
de fazer o “Vinho de Talha”. Sim, esse tradicional maioria das talhas portuguesas possui um peque-
vinho português, típico do sul de Portugal, especial- no orifício perto do fundo, por onde se introduz
mente nas regiões que circundam o Tejo, sobrevive uma pequena torneira para que o vinho possa sair.
desde quando os romanos introduziram as vinhas Mas não se sabe quando nem quem introduziu
e os processos de vinificação na Península Ibérica. essa “novidade”. Os mais conhecidos centros de
Basicamente, o vinho de talha nada mais é do produção de talhas no Alentejo foram Aldeia do
que um vinho feito em ânfora de barro – porém Mato, rebatizada no século XX como S. Pedro do
de grandes proporções e com algumas peculiari- Corval, Campo Maior e Reguengos de Monsaraz.
dades no processo. Crê-se que o nome talha seja Nos anos 1950, porém, com o surgimento das
uma derivação do latim “tinalia”, ou seja, vaso de cooperativas no Alentejo, a produção de vinho de
grandes dimensões. Há vestígios de fornos roma- talha com fins comerciais foi definhando gradati-

52 ADEGA >> Edição 162


O processo
Tradicionalmente, para produzir vinho de talha, as
uvas são esmagadas (por pisa ou prensa) antes de
serem colocadas no recipiente. Costuma-se, após
o esmagamento, fazer o desengace (mecânico ou
manual), mas isso não é regra. Vindo de uma tra-
dição ancestral, tende-se a não fazer intervenções
no vinho, portanto, espera-se que a fermentação
se inicie naturalmente por meio das leveduras in-
dígenas. Assim que a fermentação começa, o cha-
péu (peles e outros restos sólidos) sobe, devido ao
gás carbônico, até a boca da talha. Essa “manta”
costuma ser mergulhada pelo menos duas vezes
ao dia até o fim da fermentação, quando ela cai. Aí
dá-se o processo como terminado e coloca-se algo
para tampar a talha, como um pano ou uma placa
de madeira – ou ainda se “isola” o vinho com uma
capa de azeite de oliva de cerca de 3 cm, algo ra-
ramente feito hoje.
A fermentação termina geralmente em até duas
semanas e leva-se mais algum tempo até que a parte
sólida dos cachos (chapéu) se deposite no fundo.
Aí, os produtores ou esvaziam a talha passando o
vinho para outra (e posteriormente engarrafam) ou
apenas colocam uma torneira no orifício do fundo
para poderem servir o vinho (como se costuma ain-
da encontrar em tabernas mais tradicionais). Lem-
brando que a parte sólida auxilia na filtragem do
vinho, tanto no trasfego quanto na abertura da talha
para consumo direto. Brancos e tintos são feitos da
mesma forma, e também é comum a mistura dos
dois tipos de uva, dando origem a um vinho rosé
conhecido como “petroleiro”.
vamente, permanecendo, na maioria das vezes,
como produção caseira ou em produtores meno- São Martinho
res. Uma das vinícolas que manteve a tradição até Entre as tradições ligadas ao vi-
os dias de hoje é a casa José de Sousa em Reguen- nho de talha está a festa da “aber- RABISCO
gos de Monsaraz, com sua famosa “adega dos po- tura das talhas”, que geralmente Ainda hoje, nas zonas do Alentejo com
tes”, que hoje é parte da José Maria da Fonseca. ocorre no dia de São Martinho, maior cultura de vinha, são inúmeras
as casas particulares que conservam
Atualmente, há uma denominação de origem celebrado em 11 de novembro. talhas, onde se fazem vinhos para
específica para esses vinhos no Alentejo. Apesar Em geral, os vinhos são mantidos consumo próprio. Frequentemente, as
disso, não existe uma única forma de fazer vinho dentro da talha até esta data, que uvas para essas produções privadas são
recolhidas dos cachos que, depois da
de talha. Diz-se que a mais clássica teria sido des- costuma coincidir com o fim da vindima, ficaram esquecidos nas vinhas
crita pelo agrônomo António Augusto de Aguiar fermentação e o tempo necessá- dos maiores viticultores, na maior parte
que, em 1876, apontou que esses vinhos não pas- rio para a decantação do chapéu. dos casos com seu consentimento. O
sam por prensa tampouco lagares fechados, com Diz-se, aliás, que antigamente os chamado “rabisco das uvas” é uma
tradição ancestral que permite, a quem
o chão das adegas servindo para a pisa e esmaga- produtores simplesmente coloca- não possui vinhas próprias, continuar a
mento das uvas (o mosto escorreria para o centro vam o mosto na talha e não o pro- fazer seu vinho.
até atingir uma talha enterrada ou uma cisterna). vavam até o dia de São Martinho.

Edição 162 >> ADEGA 53


A “abertura
das talhas”
geralmente
ocorre no dia de
São Martinho,
celebrado em
11 de novembro

mais artesanal tende a ser consumido em poucos


meses, por isso não há grande preocupação com
a oxidação. Mas os produtores atualmente, apesar
de tentarem manter o mais possível a tradição de
mínima intervenção, tendem a fazer alguns trata-
mentos no vinho para permitir que ele se mante-
nha por mais tempo e possa ser engarrafado pro-
priamente.

Resina e estilo
Diferentemente de uma ânfora, a talha é um re-
cipiente grande (algumas têm perto de 2 metros
de altura) que pode conter cerca de 2 mil litros.
Por ser feito de um material poroso, é preciso
impermeabilizar seu interior, o que antigamente
era feito geralmente com uma resina de pinheiro
– chamada de pez louro – ou ainda cera de abe-
lha. Essa resina, aliás, deixava seus traços no vi-
nho, e acredita-se que essa característica resinosa
era bastante apreciada séculos atrás. Hoje, usa-se
epóxi e outros materiais que não interferem tanto
no vinho.
O formato das talhas também não é totalmen-
te uniforme. As talhas do centro oleiro de Cuba
tendem a ter forma de um nabo, com maior ca-
pacidade, e são mais bojudas que as produzidas
nas demais localidades. Já as de Vila Alva são
conhecidas pela sua configuração tipo pião. As
de Serpa têm forma mais delgada, como uma
cenoura. A talha da Vidigueira é, para muitos,
Nesse dia, algumas tabernas e vinícolas cos- a mais elegante por ter maior curvatura, assim
tumam fazer uma grande festa em que o vinho é como as de São Pedro do Corval. Hoje, restam
consumido juntamente com castanhas e outros poucos oleiros que ainda produzem talhas.
petiscos da gastronomia alentejana, Os vinhos de talha, assim como outros esti-
principalmente carne de porco. Ge- los de vinho produzidos de forma quase ances-
TALHAS ARREBENTADAS ralmente, no começo, o vinho do tral, vivem um renascimento nos últimos anos.
Durante a fermentação, as
massas vínicas são mexidas para fundo da talha é muito turvo. En- A pouca intervenção faz com que sejam vinhos
evitar que obstruam a boca da tão, tende-se a fazer alguns trasfegos muito francos, de fruta muito presente e direta, e,
talha e, devido à pressão do gás para “clarear” o vinho de modo a devido à talha e ao processo de produção, geral-
carbônico, arrebentem-nas, algo
que não era raro de ocorrer no que ele passe pelas partes sólidas mente apresentam toques ligeiramente minerais
passado. que servem como filtro. e oxidativos. São vinhos que fazem parte da his-
O vinho de talha feito de forma tória de Portugal.

54 ADEGA >> Edição 162


Vinhos de talha são
produzidos em Portugal
desde o Império Romano.
Receita “clássica” foi
descrita em 1876

AD 91 pontos
JOSÉ DE SOUSA TINTO 2012
José Maria da Fonseca, Alentejo, Portugal
(Decanter R$ 137). Tinto elaborado a partir de
uvas Grand Noir, Trincadeira e Aragonês advindas
predominantemente de solos graníticos, com parte
fermentada em ânforas de barro e estágio de nove
meses em barricas de carvalho francês e americano.
Delicados aromas de framboesas e cerejas envoltos
por notas florais e de especiarias doces, além de
toques terrosos e de ervas secas. No palato, esbanja
Atualmente, há uma fruta fresca, tem acidez vibrante, boa textura de
denominação de origem taninos e final persistente, com toques de ameixas e
específica para os “Vinhos de couro. Álcool 14%. EM
Talha” no Alentejo

AD 91 pontos
PITEIRA TINTO DE TALHA 2015
Encostas do Alqueva, Alentejo, Portugal (Sem
AD 93 pontos importador). Tinto elaborado a partir de Moreto
ART.TERRA AMPHORA 2017 Preto e Castelão, com todo o processo de vinificação
Casa Agrícola Alexandre Relvas, Alentejo, Portugal executado em talhas de barro (ânforas), desde a
(Cantu R$ 180). Tinto composto de Aragonês, fermentação, sempre com leveduras indígenas, até o
Moreto e Trincadeira, elaborado com a mínima engarrafamento, respeitando as normas da Comissão
intervenção e inspirado nos métodos ancestrais de Vitivinícola da Região - CVR - do Alentejo para poder
vinificação em ânforas de barro, muito comum no ser certificado como “Tinto de Talha”. O resultado é
passado do Alentejo. Mais de boca que de nariz, um vinho cheio de fruta, vivacidade e frescor, com
é tenso e suculento, tudo em meio a muita fruta uma rusticidade gostosa, que passa uma sensação
negra e vermelha fresca, taninos cheios de textura e agradável de leveza, convidando a mais uma taça.
vibrante acidez. As notas florais, terrosas, de ervas Álcool 12%. EM
aportam certa complexidade ao conjunto, pedindo
um segundo gole. Fluido e vertical, esconde atrás da AD 95 pontos
facilidade com que se bebe, a força e a persistência SIDECAR TINTO 2015
de um grande vinho. Álcool 13,5%. EM Susana Esteban, Alentejo e Bairrada, Portugal
(Adega Alentejana R$ 715). Nesta versão, foram
AD 92 pontos convidados o casal Filipa Pato e William Wouters
HERDADE DO ROCIM AMPHORA TINTO 2017 para elaborar este tinto a partir de uvas 50% Baga
Herdade do Rocim, Alentejo, Portugal (World advindas de um vinhedo de mais de 100 anos na
Wine R$ 238). Tinto composto de Moreto, Tinta Bairrada e o restante vindo de um vinhedo de castas
Grossa, Trincadeira e Aragonez, com fermentação variadas em São Mamede, no Alentejo. Ambos os
espontânea em talhas de barro, com os engaços. O vinhos fermentaram e estagiaram em ânfora e o
resultado da utilização desse método de vinificação resultado é surpreendente, pois consegue unir a
ancestral no Alentejo é um vinho fresco, vertical, estrutura, a força e a textura de taninos da Baga com
gostoso de beber, impressionando pela textura o lado frutado, floral e de volume de boca trazidos
de taninos e pela refrescante acidez. Tem final pelas castas do Alentejo. Fresco e profundo, tem
persistente, com toques salinos, de ervas e de acidez vibrante e final longo, com toques salinos.
ameixas. Álcool 12%. EM Álcool 12,5%. EM

Edição 162 >> ADEGA 55


ESCOLA DO VINHO | p o r ARNALDO GRIZZO

ISSO NÃO
me parece bom...
Dicas para identificar os principais defeitos do vinho

E
m nossas andanças pelo mundo trabalham com um controle rigoroso de quali-
provando vinhos para a revista, en- dade em toda a linha, da vinha até a garrafa, da
contramos de tudo, desde vinhos fermentação até as caves, o que torna possíveis
excepcionais, até alguns que não contaminações em eventos raríssimos. Como
merecem ser mencionados. Nível vários problemas costumam estar relacionados à
qualitativo à parte, com tantas amostras prova- higiene do ambiente do vinho, as vinícolas inves-
das, obviamente, às vezes, nossa equipe se depara tem pesado nesse quesito para evitar riscos des-
com vinhos que estão verdadeiramente estraga- necessários.
dos (nota: é bastante raro). Sim, apesar de toda a Em segundo lugar, devemos lembrar que de-
tecnologia atual, os vinhos ainda não estão 100% feito é diferente de “gosto”. Ou seja, aquele vinho
livres de apresentarem algum defeito. que você abriu e não curtiu muito o aroma ou
É matemático: quanto mais garrafas são aber- sabor, por não estar acostumado a eles, pode não
tas, maior a chance de encontrar alguma com estar defeituoso. Se você gosta de vinhos bem fru-
defeito. E assim como quanto mais você prova tados, não peça um de safra antiga. Se não gos-
vinhos bons, mais seu paladar se apura, quanto ta dos tons da madeira, não peça um que passe
mais você se depara com vinhos defeituosos, me- por barricas novas. O seu gosto não casar com as
lhor você consegue identificar os possíveis pro- características que o vinho apresenta definitiva-
blemas. Alguns, às vezes, podem ser bastante su- mente não é um defeito.
tis e, outros, podem até mesmo ser “confundidos” Assim sendo, ADEGA decidiu enumerar al-
com qualidades. guns dos principais defeitos dos vinhos e dar di-
Então, primeiramente, antes de falar sobre cas de como você poderá identificá-los. Também
defeitos, é preciso lembrar que, atualmente, a vamos apontar características que alguns vinhos
chance de um vinho apresentar algum problema podem apresentar, mas que não são necessaria-
é muito baixa. Grandes produtores geralmente mente defeitos. Confira.

56 ADEGA >> Edição 162


“DEFEITOS”
Cristais
Alguns vinhos podem
apresentar depósitos
cristalinos no fundo da
garrafa. Isso nada mais
é do que tartarato. Ele se
forma quando o potássio
e o ácido tartárico
naturais se combinam.
O tartarato é inofensivo e
não altera a qualidade da
bebida, apenas o visual.
Com tantas técnicas à
disposição das vinícolas,
hoje seu aparecimento é
muito raro.

Borras
Alguns vinhos jovens,
especialmente os
que não passam por
processo de filtragem,
apresentam borras, mas
elas geralmente são
um fenômeno normal
em vinhos mais antigos.
Esses sedimentos são
compostos moleculares
que se agrupam e se
acomodam no fundo da
garrafa. São inócuos e
também não alteram a
bebida. Se incomodarem,
basta decantar.

Bouchonné
Este provavelmente é o mais famoso barricas de carvalho ou ainda em ou- cloro, geralmente usado em processos
defeito do vinho. E curiosamente cos- tros locais menos prováveis de armaze- de esterilização. Apesar de o TCA ser
tuma decorrer de fatores sobre os quais nagem em uma vinícola. Ou seja, um inofensivo à saúde, ele torna o vinho
o produtor tem quase nenhum contro- vinho com tampa de rosca pode sim intragável.
le. O mais clássico é a rolha de cortiça, apresentar-se bouchonné. O dilema
daí o nome “bouchonné”, que numa da contaminação por TCA é que uma Como reconhecer?
tradução direta significaria “rolhado”, quantidade ínfima é capaz de arruinar Fique atento a aromas de papelão mo-
ou seja, com gosto de rolha. No en- o vinho e, até hoje, não há técnica para lhado, porão úmido, poeira, mofo e bo-
tanto, o temido 2,4,6-tricloroanisol, eliminá-lo após o contágio. O TCA se lor. Se os aromas do vinho forem assim
ou TCA, não está restrito às rolhas de desenvolve quando os fenóis vegetais e não se sentir frutas, pode acreditar,
cortiça. Ele pode ser encontrado em da casca da cortiça são expostos ao seu vinho está bouchonné.

Edição 162 >> ADEGA 57


oxidação
Há vinhos cujos estilos são levemente ou até bas-
tante oxidativos. Jerez é um bom exemplo, assim
como o Vin Jaune, do Jura. Há brancos de Rías
Baixas na Espanha que também tendem a puxar
um lado oxidativo marcante. Mas, estilo à parte,
um vinho jovem não deve apresentar uma cor
similar à de um muito antigo e tampouco aromas
de certa forma madeirizados (o termo vem do
estilo dos vinhos da ilha da Madeira), que deno-
tam um processo de oxidação. Isso pode ocorrer
em diversas etapas da produção, mas principal-
mente durante os processos de envelhecimento
do vinho em barrica ou garrafa. Uma rolha com
defeito ou uma armazenagem pouco cuidadosa
(tanto da sua parte quanto da do vendedor) tam-
bém podem levar à oxidação. Aqui, o álcool é
transformado em aldeído acético, resultando em
aromas indesejados.

Como reconhecer?
O vinho é jovem, mas já apresenta cor de um de
safra mais antiga (tintos atijolados e brancos acas-
tanhados, por exemplo)? Entre os aromas, há al-
guns toques acéticos, ligeiramente avinagrados?
Os sabores também não se apresentam exuberan-
tes? Há boas chances de seu vinho estar oxidado.
Lembrando que há diferentes graus de oxidação,
e alguns podem até ser tolerados.

DOENÇAS “EXTINTAS”
Em um mundo já repleto de conhecimento sobre
os processos do vinho além de tecnologias avan- “A volta” Gordura
Em italiano usa-se o termo Os espanhóis chamam de
çadas, alguns defeitos da produção de vinho se “girato” e, em francês, “tourné”. “enfermidade de la grasa”. O vinho
tornaram extremamente raros, mas, ainda assim, Isso caracteriza um vinho turvo, se torna viscoso graças ao ataque de
podem aparecer, especialmente em vinhos feitos escurecido com produção de dióxido bactérias que transformam o açúcar
de forma muito artesanal, quase caseiros. Segundo de carbono, com odor acético em substâncias acéticas ou láticas,
intenso e um sabor extremamente dando ao vinho uma viscosidade como
enólogos, são defeitos que eles estudam na univer- desagradável. Isso se deve a se fosse um azeite. Os vinhos mais
sidade, mas depois nunca mais têm contato com microrganismos que atacam o ácido susceptíveis a esse tipo de problema
eles. Como se fosse uma doença rara estudada tartárico, o tártaro e o ácido málico, geralmente são brancos doces de baixa
decompondo-os, com produção de acidez, no entanto, tintos também
apenas nas aulas teóricas de medicina, como a grandes doses notáveis de ácidos podem apresentar o problema.
peste bubônica ou algo do gênero. Confira duas. voláteis.

58 ADEGA >> Edição 162


Redução
Redução é o oposto da oxidação. E isso ocorre
durante o processo de vinificação, quando a ex-
posição limitada do vinho ao ar (um ambiente re-
dutivo) leva à formação de compostos voláteis de
enxofre. E os aromas de enxofre, convenhamos,
não são dos mais agradáveis. A redução não sig-
nifica necessariamente um defeito de produção
do vinho e tende a não ser um problema mui-
to sério, porque os odores geralmente desapare-
cem durante a aeração do líquido. No entanto,
se cheiros ruins não desaparecerem após a aera-
ção, então o vinho tem, sim, algum defeito mais
grave. Se você sentir alguns dos aromas descritos
abaixo, mas sutilmente, experimente decantar o
vinho ou então jogue uma moeda de cobre na
taça; o odor deve desaparecer depois disso.

Como reconhecer?
Um vinho dito reduzido pode apresentar aromas
de fósforo queimado, alho, borracha queimada,
repolho cozido e, provavelmente os mais caracte-
rísticos, ovos podres. Acidez volátil
Aqui estamos falando literalmente da transformação
do vinho em vinagre, ou seja, da atuação das bactérias
acéticas que degradam o álcool produzindo ácido acé-
tico. Esse tipo de problema costuma ser raro e muitas
vezes denota falta de cuidado do produtor com pro-
cessos de higienização. Essas bactérias tendem a ser
eliminadas com a adição de anidrido sulfuroso, agente
comumente usado pelas vinícolas para esterilizar re-
cipientes, especialmente antes de estagiar os vinhos.
Atualmente, com a onda dos vinhos naturais e de mí-
nima intervenção, tem-se notado uma maior presença
de notas de acidez volátil em alguns desses vinhos.
Quando isso ocorre em níveis baixos, ela pode ser vista
como “complexidade” da bebida. No entanto, aromas
pungentes que pendem para o vinagre são um defeito
mesmo e não qualidade.

Como reconhecer?
O principal aroma que denuncia a acidez volátil, ob-
viamente, é o do vinagre. No entanto, os odores po-
dem variar com tons de acetona, thinner, ou verniz
para unhas, por exemplo, que provêm do acetado de
etila. Confira também se o líquido não apresenta uma
viscosidade incomum.

Edição 162 >> ADEGA 59


Brett
Brettanoomyces, ou Brett, é uma levedura que pode aparecer
em diverrsos momentos da produção de um vinho, mas princi-
palmentte nas fases de amadurecimento quando ele é colocado
em barriicas de carvalho antigas. Ela geralmente surge quando
as leveduuras Saccharomyces cerevisiae decaem ao final da fer-
mentaçãão e o vinho ainda mantém nutrientes, que levam ao
aparecimmento desses microrganismos. Então, quando surge, a
Brett ten
nde a atacar alguns polifenóis que levam à degradação
da cor da
d bebida e também ajudam a liberar compostos que
produzem odores não muito agradáveis. A presença de Brett,
porém, aainda hoje causa debates. Há quem ligue sua presença
à complexidade dos vinhos. Outros rechaçam essa tese com-
pletamente. Ou seja, a Brett pode ser tanto um defeito intole-
rável (qu
uando em altos níveis) como um toque de classe, se os
aromas que
q a caracterizam não forem muito fortes.

Como reconhecer?
Se os aroomas do vinho lembrarem couro, pelo de cavalo, está-
bulo, cu
urral, suor animal ou similares, isso denota que prova-
velment
velmente há presença de Brett.

Vinho cozido
Este é um dos defeitos de certa forma mais comuns.
E aqui, até mais do que no caso do bouchonné, o pro-
dutor é quase sempre “livre de culpa”. O vinho pode
ficar cozido, ou madeirizado (como já apontamos an-
tes, o termo faz referência ao estilo oxidado dos vinhos
da ilha da Madeira), devido a picos de temperatura
no transporte ou mesmo na armazenagem. A exposi-
ção prolongada ao calor (como alguns vinhos da ilha
da Madeira são propositalmente feitos) “cozinha” o
vinho, quase que literalmente. Vinhos guardados em
locais inadequados, sem controle de temperatura, ex-
postos ao sol etc., invariavelmente vão ficar “cozidos”.
E esse processo de cozimento torna a bebida sonsa ou
precocemente oxidada.

Como reconhecer?
O vinho é novo, mas não mostra frescor? Parece “can-
sado”? No paladar as frutas parecem que foram cozidas
ou assadas? Há notas de oxidação? A rolha estava des-
locada para dentro? Tudo isso pode ser um indicativo
de vinho cozido.

60 ADEGA >> Edição 162


ALERTAS
AROMA E SABOR AVINAGRADO
Se você notar aromas e sabores
que lembram vinagre, fique atento.
Raramente isso será considerado
uma qualidade do vinho. Tons
de vinagre majoritariamente
significam defeito e defeito grave.

ODOR DE OVO PODRE


Os aromas sulfurosos nunca
são agradáveis. Em alguns
casos, porém, eles podem
significar apenas um problema
“passageiro”, como em vinhos
levemente reduzidos. Nesses
casos, basta aerar a bebida e o
odor ruim desaparece. Se não
sumir, o problema é mais grave.

SABOR METALIZADO
O sabor metalizado pode ter
algumas razões, entre elas a
combinação de vinho tinto e peixe,
o que apesar de não se tratar de
um defeito do vinho, não é uma
harmonização recomendada. Em
alguns casos, esse sabor pode vir
da Brett ou de outras leveduras
deterioradas e, nesse caso,
dependendo do nível, o vinho se
torna pouco agradável. Ele pode
ainda ser resultado da redução
e, aqui, aeração pode ajudar a
minimizar.

ODOR DE PAPELÃO MOLHADO


Você comprou um vinho tiinto ou branco Esse é o aroma típico e
tranquilos (ou seja, que não são espuman- “inconfundível” de um vinho
bouchonné, ou seja, contaminado
tes), mas, assim que abriu, rcebeu nele com TCA, substância que torna a
um leve frisante? Isso geralmente acontece bebida intragável aromaticamente.
quando o vinho é acidentalmeente engarra- Se sentir algo assim, jogue o vinho
fora.
fado com alguns gramas de açú ar residual
e depois refermentado. Isso o ODOR DE MOFO
mais frequência em vinificações Mofo e bolor são aromas que
intervencionistas quando não são adicio- também denotam um vinho
“sem salvação”, provavelmente
nados sulfitos. Nem sempre esse tipo de contaminado por TCA, ou seja,
problema compromete o vinho, mas, em bouchonné.
alguns casos, devido às leveduras, a bebi-
AMARGOR EM EXCESSO
da fica turva e com alguns aromas menos É verdade que cada um tem
agradáveis relacionados a essa segunda fer- um limiar de sensações tanto no
mentação. paladar quanto no olfato, mas se
seu vinho estiver demasiadamente
amargo (desagradável), isso pode
Como reconhecer? ser um problema ligado à presença
O vinho não foi pensado para ser espuman- de bactérias.
te ou frisante e ainda assim apresenta pre-
sença de borbulhas, isso definitivamente
não foi um acerto do produtor.

Edição 162 >> ADEGA 61


DROPS |

Zona
Franca
Projeto pleiteia a isenção de
impostos para venda de vinhos
em algumas cidades gaúchas

fotos: Gilmar Gomes


N
o início de março, lideranças do impostos neste comércio seria pouco represen-
setor vitivinícola se reuniram no tativo se comparado à possibilidade de aumento
Vale dos Vinhedos para recolocar de mercado que um vinho mais acessível traria
o Projeto de Lei 9045/17 na pau- à região.
ta da Câmara dos Deputados, em “Ao invés de diminuir, a receita total de im-
Brasília. O projeto sugere a isenção de impostos postos arrecadados aumentará com a Zona Fran-
na venda de vinhos no varejo em 23 cidades da ca, pois toda a cadeia do vinho e as atividades
Serra Gaúcha, criando uma “Zona Franca Uva adjacentes serão beneficiadas” disse o prefeito
e Vinho”, como foi batizada. O arquivamen- de Garibaldi, Antônio Cetolin. “As zonas francas
to ocorreu este ano, depois que seu autor, João são soluções para um dos maiores problemas dos
Derly, não se reelegeu como deputado federal. governos no mundo: criar empregos. Dirimindo
O evento contou com a presença do deputado as desvantagens locacionais e propiciando con-
Rodrigo Maia, presidente da Câmara. dições de alavancagem do processo de desenvol-
“O apoio do presidente da Câmara coloca o vimento da área incentivada pela Zona Franca,
projeto da Zona Franca Uva e Vinho em outro manteremos a região Uva e Vinho sustentável
patamar de possibilidades para sua aprovação. dentro de sua atividade vitivinícola, valorizare-
Vamos trabalhar com força para dar mais compe- mos o patrimônio cultural do vinho gaúcho e ga-
titividade ao setor vitivinícola nacional”, afirmou rantiremos o futuro da mais importante região de
o deputado federal Jerônimo Goergen no Fórum enoturismo do Brasil’, disse Deborah Villas-Bôas
Intermunicipal de Planejamento Turístico e Eco- Dadalt, diretora de infraestrutura da Aprovale.
nômico. Ele assumirá o projeto na câmara. “Por parte do estado do Rio Grande do Sul,
O prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme o governador Eduardo Leite é a favor da
Pasin, também ressaltou a importância de contar Zona Franca Uva e Vinho e podemos con-
com a presença de Rodrigo Maia: “Temos aqui tar com seu apoio. Leite também quer di-
uma oportunidade ímpar de levar nosso pleito a minuir a máquina do estado para reduzir
quem tem poder para encaminhá-lo. Precisamos custos e rever a substituição tributária o
de apoio de todos os setores, mas principalmente mais breve possível”, anunciou o secre-
do poder legislativo para que a Zona Franca Uva tário Covatti Filho.
e Vinho se torne realidade. Sabemos ser um pro-
jeto polêmico, especialmente quando se pleiteia
isenções de impostos, mas esta é uma luta que
não pode esperar mais. Hoje cada vitivinicultor HISTÓRICO DO PROJETO
do país anseia por uma revisão na pesadíssima
A ideia da Zona Franca surgiu normatizar e
carga tributária imposta sobre o vinho brasileiro”. a partir da experiência do Spa fiscalizar
“A Zona Franca pode ser um fator não ape- do Vinho. “Muitos dos nossos a Zona Franca, reunindo todos
nas de atração do turista nacional, pelos preços hóspedes se queixam de não os municípios que estejam
encontrarem vinhos com valores estruturados para ingressar no
reduzidos dos vinhos, mas também de alavanca- mais atraentes no produtor, às projeto. As 23 cidades propostas
gem ao receptivo internacional, através do for- vezes até mais caros do que pela Zona Franca da Uva e do
talecimento de toda a cadeia de hospitalidade, nos grandes supermercados ou Vinho são Bento Gonçalves,
gastronomia, arte e cultura ligadas ao universo do distribuidores. Isso acontece em Garibaldi, Monte Belo do Sul,
função da alta carga tributária Antônio Prado, Boa Vista do
vinho”, salientou a presidente da AENOTUR, imposta ao produto”, explicou Sul, Carlos Barbosa, Caxias do
Ivane Fávero. Deborah Villas-Bôas Dadalt. A Sul, Coronel Pilar, Cotiporã,
O diretor de relações institucionais do IBRA- proposta inicial abrangia apenas Farroupilha, Flores da Cunha,
o Vale dos Vinhedos, mas o Guaporé, Ipê, Nova Pádua, Nova
VIN, Carlos Raimundo Paviani, mostrou um projeto tomou corpo e mais Prata, Nova Roma do Sul, Pinto
estudo revelando que apenas 2% das vendas das municípios foram se engajando Bandeira, Salvador do Sul, Santa
vinícolas gaúchas são feitas diretamente ao con- à iniciativa. Será necessário criar Tereza, São Marcos, São Valentim
uma entidade reguladora para do Sul, Veranopólis e Vila Flores.
sumidor, portanto o impacto de uma isenção de

Edição 162 >> ADEGA 63


CURIOSIDADES | p o r ARNALDO GRIZZO

Mavrodaphne O famoso vinho doce grego


de “origem alemã”

N
a década de 1850, um bávaro, amada grega, Daphne, uma jovem de olhos ne-
represente de uma empresa que gros (mavro) que faleceu precocemente. Ou en-
comercializava frutas, encantou- tão, com bem menos romance – Clauss foi ca-
-se por uma região montanhosa sado com Thomaida Karpouni, com quem teve
nos arredores da Patras, na Grécia. uma filha em 1860 –, ele teria apenas usado uma
Gustav Clauss decidiu então fixar-se na colina de uva já conhecida, que havia sido transplantada
Achaia, próxima à cidade, em 1854, onde cons- das ilhas jônicas para a sua região, que tinha o
truiu um complexo residencial, que mais tarde nome de Mavrodafni, cujo significado é “louro
se tornaria uma vinícola, que recebeu o nome da negro”. O “louro” estaria relacionado ao formato
colina acrescido ao seu sobrenome Achaia Clauss. dos cachos que, de certa forma, lembrariam uma
Há quem suporte que seu primeiro interesse coroa de louros.
na região era a produção de groselha. Mas em Nascia assim o Mavrodaphne de Patras, o vi-
1861, ele plantou os primeiros vinhedos, cerca de nho doce mais popular da Grécia. Mais tarde, em
6 hectares de terra, e também construiu seu “châ- 1899, Clauss teria criado o primeiro vinho bran-
teau”, um prédio com estilo de castelo medieval co seco da Grécia, o Demestica, com uvas da vila
preservado até hoje. Clauss foi um empreende- de Demestiha também em Achaia. Acredita-se
dor e um inovador na enologia grega. Nos anos ainda que Gustav Clauss é considerado o inven-
seguintes, ele criaria vinhos que marcariam a his- tor do conceito de enoturismo na Grécia, quando
tória da vitivinicultura da Grécia. recebeu a visita da imperatriz austro-húngara Isa-
O primeiro, feito em 1873, foi um tinto doce bel, em 1885, em cuja homenagem ele nomeou
que teria sido batizado em homenagem à sua uma de suas caves: “adega imperial”.

64 ADEGA >> Edição 162


Gustav Clauss
(imagem com sua
família na página
anterior) “criou” o
Mavrodaphne
em que a receita original do Mavrodaphne foi
feita. A vinícola teria ainda dois foudres conten-
do vinhos de 1882, além de uma impressionante
coleção que remonta aos seus primeiros anos.
Existe uma denominação de origem Mavro-
daphne de Patras que abarca a parte central da
província de Patras e inclui áreas como Vrach-
naiika, Dymi, Larrissos, Messatida, Paralia, Far-
res e Olenia. O vinho, obrigatoriamente um tin-
to doce, obviamente deve conter a uva que dá o
nome à denominação, mas também pode levar
até 49% de Korinthiaki.
O Mavrodaphne de Patras é fortificado, ou
seja, é acrescentada aguardente vínica para in-
terromper a fermentação. Os vinhos podem
envelhecer em tanques de aço inoxidável ou
de cimento, mas geralmente são envelhecidos
em grandes e antigos barris de carvalho. Os vi-
nhos mais densos vêm de barris que não estão
totalmente preenchidos para que possam ser gra-
dualmente expostos ao oxigênio, criando aromas
VINHO AVALIADO mais complexos. As perdas em volume, devido
à evaporação, são complementadas com vinhos
AD 90 pontos das safras mais recentes, num sistema de solera.
CAMBAS
A maioria dos vinhos no mercado, portanto, é de
MAVRODAPHNE OF
PATRAS
misturas de safras e eles devem envelhecer du-
Cambas, rante, pelo menos, um ano em barris de carvalho
Peloponeso, Em 1872, Theodor Harburger e Gustav com capacidade máxima de 100 litros.
Grécia (Mistral Clauss, juntamente com os donos da Fels and Para os vinhos Reserva, são necessários pelo
US$ 28). Tinto Co., empresa que Clauss representava, fundaram menos dois anos no barril e um na garrafa. Para
doce composto
de Mavrodaphne
a Achaia Wine Company, que foi gerida até 1881 ser rotulado Vielle Reserve, os vinhos devem
e Mavri Corithiaki, por Emil Werl e posteriormente por Clauss. Na envelhecer por, pelo menos, cinco anos com ao
envelhecido virada do século, a empresa se especializou na menos dois no barril e dois na garrafa. Já para o
em barricas de produção dos vinhos Mavrodaphne e Demestica. Grand Reserve são necessários sete anos, pelo
carvalho. Complexo Clauss morreu pouco antes da I Guerra Mun- menos três no barril e três na garrafa. Existe ain-
e untuoso, chama
dial, quando a vinícola foi confiscada pelo gover- da uma denominação Mavrodafni de Kefaloniá,
atenção pelo equilíbrio
entre acidez e doçura. no grego. Hoje, ela pertence a Nikos Karapanos. bastante similar, com a principal diferença sendo
As frutas em compota Durante sua história, a vinícola recebeu visi- que os vinhos precisam ser varietais.
como figos, tâmaras tantes ilustres como o compositor Franz Liszt, o Por tudo isso, os vinhos costumam ser tão ricos,
e ameixas aparecem dramaturgo Eugene O’Neill, o astronauta Neil densos e fortes que se tornam muito longevos. A
adornadas por notas de Armstrong, a primeira ministra britânica Marga- maioria pode envelhecer facilmente por mais de
frutos secos, de mel e
de especiarias doces,
ret Thatcher, entre outros. uma década, mas há exemplares em vinícolas com
que se confirmam na mais de cem anos de idade. Apesar de ter passado
boca. Companhia ideal Receita por momentos turbulentos desde os anos 1980, a
para castanhas e queijos Até hoje a vinícola mantém um foudre que con- vinícola de Gustav Clauss é considerada até hoje
azuis. Álcool 15%. EM teve a primeira safra. Ele está marcado com o nú- um dos bastiões do Mavrodaphne de Patras, o vi-
mero 601, que denota a página em um caderno nho grego com sotaque alemão.

66 ADEGA >> Edição 162


ENOTURISMO | p o r ARNALDO GRIZZO

68 ADEGA >> Edição 162


rança
PELA

Vinícolas imperdíveis para visitar em oito


famosas regiões vitivinícolas francesas

Edição 162 >> ADEGA 69


T
odo amante do vinho que visita Para ajudar nessa busca, ADEGA apontou
alguma região da França, mes- aqui oito das mais famosas regiões vitivinícolas
mo que seja à trabalho, logo francesas e indicou duas vinícolas de visita im-
pensa em passear por vinhedos perdível caso você esteja passando perto desses
conhecendo uma bela e atra- locais. Priorizamos “beleza” e “história” para
tiva vinícola, desfrutando de fazer essa lista para quem quer verdadeiramente
grandes vinhos. E na França, com regiões viní- se deslumbrar seja com paisagens maravilhosas e
colas espalhadas de norte a sul e leste a oeste do ambientes acolhedores que muitas vinícolas pro-
país, não importa onde você vá, certamente terá porcionam, ou então com o passado muitas vezes
um vinhedo e uma vinícola perto de você. En- riquíssimo de alguns produtores centenários. E,
tão, assim que você tem a viagem programada, já obviamente, seus vinhos também são imperdí-
pode ir vasculhando. veis. Confira.

70 ADEGA >> Edição 162


Château Pape Clement
Propriedade do magnata Bernard Magrez, o château
que leva o nome em homenagem ao seu antigo
proprietário, o papa Clemente V fica em Péssac, a
20 minutos do centro da cidade de Bordeaux. Além
de uma arquitetura incrível, oferece alguns passeios
que vão além do básico (conhecer a propriedade
e provar vinhos), alguns com harmonização de
queijos, outros com brincadeiras de criar um blend
etc. Além disso, o château é um hotel com poucos
quartos, mas que oferece uma experiência singular.
www.chateau-pape-clement.fr

Bordeaux
No sudeste da França está
essa região vitivinícola
mundialmente vinculada a
seus históricos châteaux. O
estuário de Bordeaux, nas
margens do rio Garonne,
é uma das mecas de todo
enófilo. Lá estão incon-
Cos d’Estournel táveis vinícolas, diversas
Não muito longe de Lafite e Mouton-Rothschild históricas. Obviamente, as
(outras duas vinícolas que certamente valem mais visadas são as que fa-
a visita) fica o château de Cos d’Estournel, há
zem parte da classificação
pouco mais de uma hora de Bordeaux. Já é
possível ver de longe os pagodes inspirados na de 1855. Algumas, porém,
arquitetura dos palácios orientais feitos a pedido não são abertas ao público
de Louis-Gaspard d’Estournel, o “Marajá de e, entre as que recebem
Saint-Estèphe”. O interior é tão deslumbrante
quanto e ainda há jardins decorados visitantes, a maioria exige
impressionantes, que dão vista para os vinhedos reserva prévia de horá-
ao redor. A visita, não é preciso dizer, contempla rio – sendo que as mais
todos esses encantamentos em cada detalhe.
www.estournel.com requisitadas costumam
ter seus horários lotados
meses antes. Portanto, se
há algum château que você
queira muito conhecer,
entre em contato primeiro
para verificar a disponibili-
dade. Seguem duas dicas.

Edição 162 >> ADEGA 71


Deutz
Essa encantadora casa fica
em Aÿ. Em uma primeira
vista, por fora, talvez não
se perceba muito do seu
encanto, que apenas a
estátua do cupido (uma
de suas cuvées recebe o
nome de Amour) em um
jardim central denuncia.
A decoração do interior Champagne
é esplendorosa, rica em A cerca de duas horas de
detalhes, assim como seu Paris, na parte nordeste
delicado jardim que leva
ao centro de produção e da França, fica Reims e,
também à entrada das ao seu redor, a célebre re-
caves. Ao final, uma escada gião dos vinhos espuman-
iluminada por velas leva à
uma antiga sala em que é tes franceses, Champag-
feita a degustação. As visitas ne. Em Reims e Épernay,
são restritas, faça contato provavelmente seus dois
prévio.
www.champagne-deutz.com
principais centros, estão
localizadas as casas mais
famosas do mundo. A
Avenue de Champagne,
em Épernay, por exem-
plo, concentra diversas.
Um dos grandes atrativos
delas são suas interminá-
veis caves subterrâneas
que abrigam milhões de
Billecart Salmon garrafas. A maioria costu-
Também para os lados de Aÿ, em Mareuil-sur-Aÿ, encontra-se a casa
Billecart Salmon, famosa por seus espumantes rosés. Além disso, a ma ser aberta ao público,
propriedade ostenta um jardim que tem sido xodó da família Billecart muitas sequer precisam
desde o começo do século XX. A casa familiar é elegante e as caves de reserva (tamanha a
históricas. Ao lado da casa está o célebre Clos de Saint-Hilaire, que dá
origem a uma cuvée especial. frequência de visitantes,
www.champagne-billecart.fr há horários escalonados
por ordem de chegada),
mas é sempre bom fazer
contato antes. Confira
duas casas belíssimas.

72 ADEGA >> Edição 162


Château Roubine
No meio do caminho entre Marselha e Nice, o Château Roubine
é uma propriedade histórica da Provence e uma das mais belas.
Além da vinícola, o local abriga um pequeno e charmoso hotel,
assim como o espaço frequentemente recebe exposições
de arte. Ou seja, além da visita, você ainda pode
se hospedar no local e viver alguns dias
bucolicamente. As visitas precisam ser
agendadas.
www.chateauroubine.com

Provence
No sudeste do país fica essa região
consagrada pelos seus vinhos rosés e
também por estar perto dos princi-
pais balneários franceses, a belíssima
Côte d’Azur, que abarca territórios
entre Marselha e Nice. É ao redor
desse ambiente idílico que nascem
alguns dos vinhos mais delicados da
França e aí também se encontram
algumas propriedades fascinantes, de
beleza ímpar. Destacamos aqui duas
verdadeiramente impressionantes.

Château La Coste
Onde você pode caminhar e se deparar com uma obra de
Louise Bourgeois, uma intervenção de Frank Owen Gehry,
design de Tadao Ando, entre outros, e isso acompanhado
de uma maravilhosa vista de vinhedos, com restaurantes
de alto padrão, biblioteca etc. Pois é, o Château La
Coste é uma vinícola que fica na comuna de Le Puy-
Sainte-Réparad, não muito distante de Aix-en-Provence.
Definitivamente, é uma visita fascinante, em todos os
aspectos.
https://chateau-la-coste.com

Edição 162 >> ADEGA 73


Château Soucherie
Este hotel/château faz parte do Domaine de la Soucherie e fica não
muito distante de Angers, meio do caminho entre Tours e Nantes,
duas das principais cidades do vale do Loire. Além da hospedagem
em frente a uma paisagem fenomenal e convivendo com uma
arquitetura de extremo bom gosto, o château oferece uma série de
“visitas”, desde as mais simples até jantares, em programas que
podem durar poucas horas ou o dia todo.
www.domaine-de-la-soucherie.fr

Loire
Vinhos e castelos, quer com-
binação melhor? No vale do
Loire, a pouco mais de uma
hora de Paris, estão alguns
dos mais famosos castelos da
França, em uma sequência
de monumentos históricos
que deixam qualquer visitante
estonteado. Na mesma região,
encontram-se também vinhe-
dos e vinícolas de denomina-
ções como Sancerre, Anjou,
Touraine, Poully-Fumé, até a
mítica Savennières Coulée de
Château des Vaults Serrant, por exemplo. É uma
Parte do Domaine du Closel, si, com sua grandiosa arquitetura e ótima pedida fazer um passeio
o Château de Vaults fica em decoração, ao redor há um jardim
Savennières, não muito distante de arborizado bem no estilo dos grandes ao longo do rio Loire e seus
Angers. Repleto de história, ele foi castelos da região. Vale a pena passar afluentes, mesclando visitas
construído no século XVII e hoje uma tarde de sol saboreando um aos castelos com paradas em
pertence aos descendentes da família belo branco apreciando os sons da
vinícolas. Confira duas exce-
do biógrafo de Napoleão, Emmanuel natureza.
de Las Cases. Além do château em www.savennieres-closel.com lentes opções.

74 ADEGA >> Edição 162


Château du Clos de Vougeot
O Clos de Vougeot, no meio do caminho
entre Dijon e Beaune, é um dos vinhedos
mais célebres da Borgonha, sendo o maior
clos, ou seja, o maior vinhedo murado da
região. É um dos poucos vinhedos que
possui um château, usado pelos monges
na Idade Média para produzir vinho. Hoje,
ele é apenas um monumento histórico
que merece ser visitado, assim como
seu vinhedo, repartido em dezenas de
produtores, pode ser apreciado.
www.closdevougeot.fr

Borgonha
Assim como Bordeaux, a Bor-
gonha está no subconsciente
de quase todos os enófilos.
Suas tradições, seu ema-
ranhado de vinhedos, sua
história, fascinam todos os
que se aventuram pela ines-
quecível Côte d’Or. Dijon,
Beaune e as diversas vilas que
abarcam alguns dos vinhedos
Caves mais famosos do mundo
Patriarche como Romanée-Conti,
Quando se fala em caves Musigny, Montrachet etc.,
subterrâneas na França,
geralmente lembramos
atraem enófilos de todas as
de Champagne, partes que fazem questão de
mas no coração da ver de perto o local de onde
Borgonha, no centro surgem vinhos míticos. De
de Beaune, também
há um grande labirinto certa forma, na Borgonha, é
de 5 quilômetros mais fácil conhecer vinhedos
de caves, as Caves do que produtores, pois nem
Patriarche. São túneis
históricos, localizados sempre a vinícola de um pro-
no antigo Convento dos dutor estará ao lado de um
Visitandinos, alguns determinado vinhedo com
dos quais remontam ao
século XIII. A vinícola
o qual ele produz alguns de
Patriarche foi fundada seus vinhos. Apontamos aqui
em 1780 e essas caves dois locais interessantes para
guardam mais de três visitar.
milhões de garrafas.
www.patriarche.com

Edição 162 >> ADEGA 75


Château l’Hospitalet
Uma mistura de hotel com centro de eventos,
vinícola e restaurante, o Château l’Hospitalet
oferece um vasto leque de atividades para quem se
aventurar pelos lados de Narbonne. Ele faz parte

Languedoc- das propriedades de Gérard Bertrand, que possui


diversas no sul da França. O belíssimo local tem
-Roussillon ótima estrutura além de não estar muito distante do
litoral. Vale a pena explorar a região.
Esta é uma região www.chateau-hospitalet.com
muitas vezes relegada a
segundo plano quando
se fala da vitivinicultura
na França. No entanto,
cada vez mais os consu-
midores estão redesco-
brindo seus vinhos. Essa
região ao sul da França,
na divisa com a Espa-
nha, tem Montpellier
como cidade principal,
e ainda abarca locais
históricos como Carcas-
sonne, por exemplo. Há
uma infinidade de paisa-
gens, do mar à mon-
tanha, assim como é a
oferta de vinhos, desde
espumantes, passando
por brancos, rosés, tintos Château de Flaugergues
e até doces. Confira Em Montpellier fica um magnífico um jardim impecável. O Château de
duas boas opções de château construído no século XVII, Flaugergues é também uma vinícola,
com arquitetura deslumbrante e que possui um belo restaurante e
visita. decoração de época fantástica oferece uma visita acolhedora.
(especialmente as tapeçarias), além de www.flaugergues.com

76 ADEGA >> Edição 162


Domaine Weinbach
Não muito distante de Colmar, no sopé da colina de Schlossberg,
cercado por vinhedos, está a bela propriedade do Domaine
Weinbach. A vinícola se estabeleceu em 1612 no que era um
mosteiro de frades capuchinhos. As vinhas até hoje são cercadas
por muros antigos e recebem o nome de Clos des Capucins. Desde a
Revolução Francesa, a propriedade está nas mãos da família Faller.
www.domaineweinbach.com

Alsácia
Uma das regiões
mais “disputa-
das” da França, a
Alsácia já trocou
de mãos algumas
vezes na história,
sendo anexada
pela Alemanha em
algumas ocasiões.
Não à toa, a região
Hugel tem forte influên-
No centro da cidadezinha de Riquewihr (que ostenta arquitetura
medieval considerada uma das mais belas da Alsácia) está a cia alemã, desde a
vinícola Hugel, uma das mais tradicionais da região. A empresa arquitetura até os
familiar remonta a 1639 e até hoje guarda foudres seculares, costumes e gastro-
alguns entalhados ou trabalhados, como o mais antigo do mundo
ainda em uso, batizado como Sainte Caterine, que data de 1715.
nomia. O clima
http://hugel.vin.co também favorece,
assim como na
vizinha Alemanha,
as uvas brancas,
especialmente a
Riesling, que flo-
resce ao longo das
margens do Reno.
Cidades como Es-
trasburgo, Colmar,
Riquewir, entre
outras, têm grande
apelo histórico.
Muitos dos produ-
tores consagrados
não possuem
vinícolas portento-
sas, deixando seus
principais atrativos
para o vinho.

Edição 162 >> ADEGA 77


Château de Beaucastel
A menos de 30 quilômetros de Avignon localiza-se o Château de
Beaucastel, propriedade da família Perrin, uns dos mais tradicionais
produtores do Rhône, especialmente de Châteauneuf-du-Pape. As
caves e sala de barricas só podem ser visitadas com hora marcada.
O ambiente bucólico ao redor, a rica história do château e a
qualidade de seus vinhos fascinam.
www.beaucastel.com

Rhône
As regiões vitiviní-
colas às margens
do Rhône (Ró-
dano) também
estão entre as mais
cultuadas da Fran-
ça, com denomi-
nações de origem
como Hermitage,
Châteauneuf-du-
-Pape ou Côte-Ro-
tie, por exemplo.
Vale lembrar que a
filoxera, praga que
Château d’Ampuis
Pouco ao sul de Vienne, não muito distante de Lyon, está um devastou as vinhas
dos mais belos châteaux da Côte-Rotie, o Château d’Ampuis, no Velho Mun-
antiga fortaleza construída nos séculos XII e XVI, às margens do do em meados
rio Ródano. Em 1995, ele foi adquirido pela família Guigal, um
dos mais conhecidos produtores da região, e então considerado do século XIX,
monumento histórico nacional. O lugar é maravilhoso com sua alastrou-se a partir
arquitetura renascentista e amplo jardim. de vinhedos pró-
www.guigal.com
ximos a Avignon.
A região é repleta
de encantos, com
lindas paisagens,
muita história,
além de excelentes
produtores de vi-
nho, como os que
citamos a seguir.

78 ADEGA >> Edição 162


DE S C UBRA OS MI TOS E VERD ADE S
S OBRE V IN HOS COM QUE M
É R EFER ÊNC IA NO A S S UN TO H Á MAI S
DE 20 ANOS . A ABS-SP OFER EC E
AMPL A GAMA DE CU RS OS DIRIGIDOS
A P ROFI S S ION AI S , AMADORE S
E A QU EM DESEJA TOR NAR-SE
SOMM ELIER. OS AMANTES DO VINHO
TAMB ÉM PODEM AUMENTAR SEUS
CON HECIMENTOS ATR AVÉS
DE CU RSOS E DEGUSTAÇÕ ES ESPECIAIS.

VINHO TINTO
SÓ COM BIN A C OM
C AR NE V ER M ELH A?

RUA GOMES DE C AR VALHO, 1327


2º AN DAR, VIL A OL ÍMPIA
11 3814- 7853
WWW.AB S -S P.COM.BR
TERROIR BRASIL | p o r ARNALDO GRIZZO

Perspectivas Enólogos avaliam uma safra


de altos e baixos em 2019 no Brasil
A
“beleza” e o “mistério” da vitivini-
cultura está nas diversas nuances
que podem influenciar o vinho. E o
ponto crucial geralmente é a clima-
tologia das safras. Nunca há um ano
igual ao outro. Cada milímetro de chuva, cada
grau a mais ou a menos de temperatura, cada dia
de sol vai fazer com que um vinho seja diferente
de um ano para o outro, mesmo que seja produzi-
do com uvas de um mesmo vinhedo.
“Dois anos seguidos excelentes, não há isso
na história”, aponta Daniel Dalla Valle, enólo-
go da Casa Valduga, quando questionado sobre
como foi a safra no Brasil em 2019. Ele recorda
que 2018 foi um ano espetacular, com resultados
impressionantes nas mais diversas regiões do sul
do país (muitos enólogos classificaram como a me-
lhor safra de suas vidas na ocasião) e que compa-
rações podem ser complicadas, pois 2019 foi um
ano mais desafiador, porém deve apresentar bons
vinhos de maneira geral.
ADEGA ouviu a opinião de enólogos que tra-
balham nas principais regiões vitivinícolas do sul
e percebeu que houve boa dose de variações en-
tre elas. Quase todos, porém, citam momentos de
intensas chuvas no fim de dezembro e início de
janeiro, época da colheita e que, portanto, podem
afetar os resultados.
Na Campanha Gaúcha, por exemplo, enólo-
gos como Miguel Almeida, da Miolo, e Alejan-
dro Cardozo, consultor da Guatambu, esperam
bons resultados. “O inverno foi rigoroso e longo,
atrasando a brotação de todas as uvas. Por conse-
quência, a maturação também foi mais demorada.
Janeiro, início do verão, foi úmido e nos obrigou
a colher as uvas brancas com graduações alcoó-
licas menores face à vindima 2018, porém com
perfeita sanidade. Teremos tudo aquilo que um
vinho branco deve ter: aroma, acidez e leveza. A
Gilmar Gomes

Edição 162 >> ADEGA 81


“O dilema está nos tintos,
aí mora o desafio e mostra a
vulnerabilidade da região (Vale
dos Vinhedos). No fim do ciclo,
tivemos mais dias nublados e
com chuva e, por isso, não se
alcança a melhor maturação
fenólica e graduação alcoólica.
Não será uma safra de tintos
densos, mas leves e frescos”,
diz Daniel Dalla Valle

frescos. No Vale, a Merlot sempre vai se superar.


Para Cabernet Sauvignon foi bem complicado”,
comenta Daniel Dalla Valle sobre as perspectivas
da safra no Vale dos Vinhedos.
Para outras regiões da Serra Gaúcha e também
em Campos de Cima, a visão de Alejandro Car-
dozo é bastante otimista. “Na Serra, foi uma safra
espetacular. Choveu em dezembro e janeiro, mas
a safra atrasou um pouco. Vamos ter bases de espu-
mante com qualidade, frescor, acidez e um nível
de fruta impressionantes. Será melhor que 2018.
Para Sauvignon Blanc foi uma loucura. Foi uma
safra ‘normal’, mas, se você analisa os dados, vai
ver que não tem muita diferença de chuva para
estabilidade do clima veio com o mês de fevereiro, os outros anos e foi mais frio, o que ajudou mui-
PERDA TOTAL? solidificando-se até ao início do outono. Estamos to a região”, celebrou o enólogo uruguaio, acres-
No último dia de satisfeitos com os resultados produzidos nas tintas, centando que em Campos de Cima a situação foi
outubro de 2018, uma
os vinhos apresentam cores vivazes, aromas limpos muito similar. “Estou muito feliz com a safra”,
forte chuva de granizo
causou estragos no e de estrutura média”, explica Almeida. “A safra finalizou.
Vale do Rio das Antas começou com chuva acima da média, porém atra-
e afetou especialmente sou 15 dias. Para base de espumante, isso foi bené- Santa Catarina
a região de Flores
da Cunha. “Pois é, fico, com uvas frescas, frutadas. Depois parou de Por fim, com a colheita ainda em pleno vapor na
perdemos tudo. Foi chover, o tempo ficou seco e as variedades tintas Serra Catarinense quando o contatamos, o enó-
em 31 de outubro de de ciclos médios e longos se deram bem. Vamos logo Anderson De Césaro teve pouco tempo para
2018. Foi uma chuva
de pedras que atingiu ter grandes surpresas”, acredita Cardozo. dar sua opinião: “O ciclo foi bastante desafiador
vários municípios. Ela em São Joaquim e os vinhedos que chegaram
teve 150 quilômetros Vale dos Vinhedos e Serra Gaúcha na etapa final de maturação saudáveis estão ren-
de comprimento por
40 quilômetros de
“Entra e sai safra, sempre tem bases de espuman- dendo frutos com uma intensidade cor incrível e
largura. Para mim, te corretos, com equilíbrio, perfume e sabor ade- com boa relação açúcar/acidez. Certamente será
foi uma safra atípica, quado. Teremos uma qualidade similar à 2018. um ano marcado pelo equilíbrio”, pondera.
passei o verão inteiro Os brancos também estão bem, mas devem ser Ao contrário de 2018, a temporada 2019, por-
sem vinificação. Foi a
primeira vez na vida mais ligeiros, com menos peso de boca, mas tanto, trouxe desafios diferentes para cada região
que não trabalhei bastante perfumados. O dilema está nos tintos, específica e, como sempre, cada produtor está se-
intensamente em um aí mora o desafio e mostra a vulnerabilidade da lecionando as melhores variedades para seus rótu-
verão”, lamentou-se
Edegar Scortegagna, região. No fim do ciclo, tivemos mais dias nubla- los de maior prestígio. Alguns estão mais otimistas
enólogo da Luiz dos e com chuva e, por isso, não se alcança a me- que outros, mas, em geral, a safra foi boa, apesar
Argenta. lhor maturação fenólica e graduação alcoólica. de não se comparar com a do ano anterior, o que,
Não será uma safra de tintos densos, mas leves e convenhamos, não seria justo.

82 ADEGA >> Edição 162


fotos: Gilmar Gomes

CLIMATOLOGIA
Os pesquisadores da Embrapa, O verão foi de muito calor. As normais da primavera, o ciclo da
Maria Emília Borges Alves e Mauro temperaturas estiveram acima da videira foi atrasado, fazendo com
Celso Zanus fizeram um resumo do média normal em boa parte das fases que a colheita iniciasse bem mais
comportamento da safra 2019 na de desenvolvimento e maturação do tarde. Da mesma forma, em quase
Serra Gaúcha: ciclo, tendo sido registrado um dos todo Rio Grande do Sul, as chuvas
O inverno de 2018 foi normal verões mais quentes desde que se de verão ficaram um pouco acima
e adequado para a brotação. O tem registros na Serra Gaúcha. do normal, dificultando o controle
acumulado de horas de frio (menor Apesar dos diversos eventos das doenças e diluindo os frutos.
que 7,2°C entre abril e setembro de granizo ocorridos na primavera Os níveis de maturação alcançados,
de 2018), ficou bem próximo do de 2018, que ocasionaram fortes por consequência, não foram
esperado e em valores que atendem perdas de produção em alguns muito elevados, particularmente
às demandas da maioria das vinhedos, o total do volume da safra em uvas de maturação precoce
variedades de uva. tem uma projeção de cerca de 650 e intermediária. Para as uvas de
A primavera de 2018 foi bastante a 690 milhões de toneladas. Isso se maturação tardia, as condições foram
chuvosa. As chuvas estiveram deve pela excelente brotação dos um pouco mais favoráveis, porém,
acima da média nas fases de ramos decorrente de um inverno ainda abaixo do desejado. Assim,
desenvolvimento e maturação. normal e do frio intenso em agosto, podemos descrever 2019 como uma
Durante a colheita, especialmente e pelas chuvas de verão acima do safra de médio potencial. Demandou-
em janeiro, os totais de chuva normal, que aumentaram o peso se muito dos enólogos, que tiveram
acumulados ficaram dentro do das bagas e dos frutos. Em função que eleger técnicas de fermentação e
esperado, porém o número de dias da época de brotação ter ocorrido maceração adaptadas à composição
de chuva foi superior ao normal. tardiamente e das temperaturas e à sanidade das uvas.

Edição 162 >> ADEGA 83


CAVE C A D E R N O D E AVA L I A Ç Ã O D E ADEGA
Tabela de avaliação
Classificação Pontos
Extraordinário 95 A 100
Excelente 91 A 94
Ótimo 89 A 90
Muito Bom 87 A 88
Avaliações por
Bom 85 A 86
Editor de vinho:
Regular 82 A 84
Eduardo Milan (EM)
Fraco ABAIXO DE 82

Beto Duarte (BD), Evolução


Christian Burgos (CB),
Christiane Miguez (CM), = Beber
Daniel Perches (DP), = Beber ou Guardar
Felipe Granata Kosikovski (FGK), = Guardar
Guilherme Velloso (GV), Observações
João Paulo Gentille (JPG), = BEST BUY - Melhor custo-benefício
Juliana Trombeta Reis (JTR) Os preços são aproximados no varejo e
O
e Mauricio Leme (MSL) itos à variação.
= Vinhos degustados em ocasiões
www.oMelhorVinho.com.br ciais – lançamentos e raridades –
e, portanto, não às cegas.
Degustações realizadas no restaurante
Praça São Lourenço com ajuda do sommelier
Gustavo dos Santos Barros
Espumantes, página 86
Brancos, página 87
Rosés, página 90
Tintos, página 90
Eventos, página 96

Hora do saca-rolha
ESPUMANTES

AD 93 pontos AD 88 pontos AD 89 pontos AD 90 pontos AD 89 pontos


ANTICA FRATTA BUENO #MOMENTS VIC DOM CÂNDIDO ESTRELATO DOMENICO SALTON GEORGES AUBERT NATURE
ESSENCE ROSÉ BRUT MOSCATEL ESPUMANTE GIORNATA 140 PROSECCO CRS Brands, Serra
FRANCIACORTA BRUT 2014 Bueno Wines, Dom Cândido, Vale Salton, Serra Gaúcha, Gaúcha, Brasil (R$
Antica Fratta, Campanha Gaúcha, dos Vinhedos, Brasil Brasil (R$ 89). Domenico 109). Espumante
Lombardia, Itália Brasil (R$ 77). (R$ 62). Espumante se trata de uma linha branco nature elaborado
(World Wine R$ 320). Espumante branco brut branco doce elaborado conceito da Salton que pelas tradicionais uvas
Espumante rosado elaborado pelo método pelo método Asti a marca a geração atual Chardonnay e Pinot
brut composto de 60% Charmat e composto de partir de Moscato à frente da empresa. Noir, é o mais seco da
Pinot Nero e 40% Pinot Noir, Sauvignon Branco. Apresenta cor Esse belo espumante de linha Georges Aubert.
Chardonnay, mantido Blanc e Cabernet amarelo-citrino de Prosecco tem visual limpo Traz aroma floral e
30 meses em contado Sauvignon. Cativante reflexos esverdeados com bolhinhas delicadas preenche o paladar
com as leveduras. tanto nos aromas e espuma abundante. e contínuas. Possui aroma com notas cítricas
Gastronômico por quanto nos sabores. De ótima tipicidade, bem fresco e frutado, e borbulhas finas.
onde se olhe, mostra Tem gostosa acidez, mostra maçãs maduras que lembra maçã verde Equilibrado e agradável,
estilo mais vinoso, boa cremosidade e final escoltadas por notas madura e gostosa, traços tem boa acidez e média
com notas terrosas, de agradável, com toques florais e de ervas, tudo de fermento de pão. persistência. Uma ótima
ervas e de especiarias salinos e de limão, que bem equilibrado por No paladar, é redondo pedida para pratos leves
envolvendo suas frutas trazem sustentação refrescante acidez e e maduro, possui e salgados como ceviche
vermelhas e cítricas. ao seu perfil mais textura cremosa. Álcool cremosidade e bom de peixe branco, sushi
Chama atenção pela adocicado. Perfeito para 8%. EM corpo garantindo frescor e frutos do mar. Álcool
acidez vibrante, pela o aperitivo. Álcool 12%. e acidez cítrica, que 12%. FGK
deliciosa cremosidade EM pede outro gole. Tem
e pela profundidade. boa duração em boca e o
Definitivamente um dulçor de fruta madura
espumante com força e aparece na medida. Tem
estrutura para escoltar azedinho agradável que
uma refeição do início traz classe e bastante
ao fim. Álcool 13%. equilíbrio. Espumante
EM versátil pode contrastar
muito bem pratos quentes
intensos ou ser servido
com entradas delicadas
com peixes e ovas. Álcool
11,5%. JPG

86 ADEGA >> Edição 162


BRANCOS >>

Vila Real
Porto
DOURO

Os nossos vinhos
representam o trabalho
de milhares de famílias
desta região.

AD 90 pontos AD 91 pontos AD 90 pontos


RAR MASI PROSECCO VIAPIANA BRUT ROSÉ ANAKENA TAMA
RAR Masi Wine CHAMPENOISE 387 DIAS VINEYARD SELECTION
Project, Vêneto, Itália Viapiana, Altos SAUVIGNON BLANC 2018
(RAR Vinhos R$ 135). Montes, Brasil (R$ 99). Anakena, Cachapoal,
Prosecco elaborado Espumante rosé 100% Chile (Winebrands R$
pelo método Charmat e Pinot Noir elaborado 87). Elaborado 100%
composto 100% da casta pelo método tradicional com uvas Sauvignon
Glera. De coloração e mantido por 387 Blanc, provindas de
amarelo palha claro, dias em contato com vinhedos à 10 km
traz ao nariz notas de as leveduras antes da do Pacífico, sem
frutas brancas envoltas degola. Num estilo mais passagem por madeira.
por toques florais. Em vinoso e gastronômico, Branco de corpo leve
boca, é leve, apresenta impressiona pela e coloração amarelo
frescor, boa acidez e textura cremosa e esverdeado, traz notas
boa persistência. Boa pela complexidade do herbáceas envoltas
companhia para pratos conjunto. Tem acidez por toques de frutas
de peixe em geral. refrescante e final cítricas. Equilibrado,
Álcool 11%. FGK complexo e persistente, é ligeiro em boca, tem
com toques terrosos, boa acidez e agradável ‘Nada o prepara o suficiente para a beleza
especiados e de frutos sensação de frescor, do Vale do Douro, em Portugal.
secos. Consegue mostrar com final mineral. Vinhas em socalcos serpenteiam o seu
força, potência e frescor Álcool 13,5%. FGK
de modo harmônico. caminho pelas encostas que ladeiam o
Álcool 12,5%. EM rio Douro. Isto é do melhor que um
cenário vinícola pode ser.’

Importado
Tel. +55 (11) 2308-8409
www.conceitoportugues.pt
conceitoportugues@conceitoportugues.pt
AD 94 pontos AD 90 pontos AD 89 pontos AD 92 pontos AD 90 pontos
CASA MARIN CHÂTEAU VIRCOULON DORY VIOSINHO ARINTO ESPORÃO RESERVA LEYDA RESERVA
CIPRESES VINEYARD BLANC 2017 ALVARINHO VIOGNIER 2017 BRANCO 2017 CHARDONNAY 2017
SAUVIGNON BLANC 2017 Château Vircoulon, Adega Mãe, Lisboa, Esporão, Alentejo, Viña Leyda, Leyda,
Casa Marin, San Bordeaux, França Portugal (Pão de Portugal (Qualimpor Chile (Grand Cru R$
Antonio, Chile (World Wine R$ 99). Açúcar R$ 56). Aroma R$ 173). O enólogo 75). Branco elaborado
(Vinci US$ 57). Resultado do blend maduro com traços David Baverstock exclusivamente a partir
Branco elaborado de uvas Sauvignon salinos e de ervas, e sua equipe são de Chardonnay, sem
exclusivamente a partir Blanc e Sémillon, que lembram orégano os responsáveis por passagem por madeira.
de uvas Sauvignon sem passagem por fresco em conjunto elaborar este branco De boa tipicidade,
Blanc plantadas em barricas, este branco com óleo resinoso. composto de Antão mostra frutas brancas e
solos de granito, apresenta corpo leve No paladar, apresenta Vaz, Arinto, Roupeiro tropicais acompanhadas
sem passagem por e coloração amarelo corpo médio, frescor e Sémillon, com de notas florais,
madeira. Sempre muito esverdeado. Traz ao agradável e boa fermentação e estágio minerais e de ervas,
consistente, nessa safra nariz notas herbáceas, duração. Um vinho parciais em barricas que também aparecem
mais quente, mostra- frutas brancas, cítricas branco seco e intenso novas de carvalho na boca. Tem acidez
se mais estruturado, e nuances florais. Em elaborado através de francês. Num estilo refrescante, textura
com perfil de frutas boca, é agradável e um corte interessante mais estruturado e de cremosa e final médio/
brancas e cítricas fácil de beber, tem de Viosinho, Alvarinho, frutas tropicais e de longo, com toques
mais maduras, mas boa acidez, baixa Arinto e Viognier. Tem caroço maduras, tem salinos e de abacaxi.
com acidez pulsante persistência e confirma bastante personalidade acidez vibrante e bom Álcool 14%. EM
e mineralidade, que suas notas herbáceas. e textura salgadinha, volume de boca, que
trazem sustentação Vai muito bem como que pede comida com trazem equilíbrio ao
ao conjunto. Tem “welcome drink” e gordura e chama por conjunto. Alia frescor
bom volume de boca, entradas leves. Álcool bacalhau e frutos do e densidade com
textura cremosa e final 12%. FGK mar na brasa. Álcool maestria. Tem final
longo e persistente, 13%. JPG persistente e cremoso,
com toques minerais, com toques salinos,
florais e cítricos. Álcool cítricos, de mel e de
14%. EM especiarias doces.
Álcool 14,5%. EM

88 ADEGA >> Edição 162


Nesse dia dos Namorados, desfrute
com seu Amor o Aroma e Sabor
inigualável deste vinho Orgânico,
envelhecido por 3 meses em barrica.

Safra 2015

AD 91 pontos AD 89 pontos AD 90 pontos


LFE SELECCIÓN DE FAMILIA TERRANOBLE ESTATE VILA NOVA ALVARINHO 2017
GRAN RESERVA CHARDONNAY 2018 Casa de Vila Nova,
SAUVIGNON BLANC 2016 Terranoble, Maule, Minho, Portugal
Luis Felipe Edwards, Chile (Decanter R$ (Cantu R$ 88).
Leyda, Chile (Pão 62). Branco elaborado Branco elaborado
de Açúcar R$ 83). exclusivamente a partir exclusivamente a partir
Branco elaborado de Chardonnay, sem de uvas Alvarinho,
exclusivamente a passagem por madeira, sem passagem por
partir de Sauvignon mas mantido em madeira, mas mantido
Blanc, sem passagem tanques de aço inox em contato com as
por madeira. Sempre por três meses. Chama borras finas. De ótima
consistente, em um atenção pela tipicidade tipicidade, mostra
ano mais quente como e pelo frescor, tudo pêssegos e frutas
2017, mostra perfil de num contexto de muita brancas acompanhadas
frutas brancas e cítricas fruta tropical, notas de notas florais,
mais maduras seguidas florais, minerais e de herbáceas e minerais,
de notas herbáceas, ervas. Tem gostosa que se confirmam no
florais e minerais, acidez, bom volume de palato. Gostoso de
que se confirmam boca e final agradável, beber e fácil de agradar,
no palato. Frutado, com toques cítricos tem bom volume de
refrescante e gostoso e salinos, que pedem boca, acidez refrescante
de beber, tem acidez uma segunda taça. e final médio/longo,
vibrante e boa textura, Álcool 13%. EM com toques salinos e de
que trazem equilíbrio limão. Álcool 12,5%.
ao conjunto. Álcool EM
12,5%. EM A junção das uvas Tempranillo,
Graciano e Merlot, faz com
que este vinho seja excepcional,
macio e redondo.
Rua Booker Pittman, 290
Chácara Santo Antônio - São Paulo
+55 (11) 9.7716.4901
+55 (11) 9.9666.9222
comercial@vinhoshispania.com.br
ROSÉS TINTO

AD 88 pontos AD 88 pontos AD 92 pontos AD 89 pontos AD 92 pontos


ADOBE RESERVA ROSÉ 2017 CALAMARES ROSÉ GARZÓN ROSÉ ALAMOS RED BLEND 2017 ALTO DE LA BALLENA
Emiliana, Rapel, Chile Enoport, Minho, PINOT NOIR 2018 Bodegas Alamos, CETUS SYRAH 2012
(La Pastina R$ 61). Portugal (Domno R$ Bodega Garzón, Mendoza, Argentina Alto de la Ballena,
Este rosê orgânico traz 65). No nariz, notas de Maldonado, Uruguai (Mistral US$ 21). Maldonado, Uruguai
aromas de morangos morango, cereja e um (World Wine R$ 80). O “blend” no nome (Winebrands R$ 594).
maduros, cassis e leves toque floral. Na boca, Rosado elaborado não é mera força de Vinho perfeito para
notas florais que, com é meio seco, tem boa exclusivamente a expressão, pois ele mostrar a solução do
tempo em taça, se acidez, sabor intenso partir de Pinot Noir, é composto de seis Uruguai na produção
abrem e predominam de frutas vermelhas sem passagem por variedades diferentes, de vinhos de qualidade.
também no paladar. e levemente frisante. madeira, mas mantido da onipresente Malbec Eu conheci esses
Vinho com bastante É bem equilibrado e em contato com as à menos comum Petit vinhedos de Syrah
frescor, de acidez elaborado com castas borras entre três e seis Verdot. Mas, o que e fiquei realmente
equilibrada e de boa portuguesas de safras meses. Outra deliciosa, importa, é o equilíbrio impressionado com
persistência. Um bom diferentes. Vinho fresco frutada e fresca versão alcançado, tanto na o trabalho do Alto la
vinho para acompanhar e despretensioso. Tem desse vinho. Gostoso expressão aromática Ballena. No nariz,
comidas japonesas 10,50% de álcool. BD de beber, tem vibrante como na boca. A as notas de frutas
cruas. Álcool 12%. CM acidez, textura cremosa primeira revela fruta vermelhas estão muito
e sabores nítidos madura, notas florais e bem integradas com
e puros de frutas de especiarias, madeira a madeira. Na boca, é
vermelhas, como sutil e um fundo seco, encorpado, tem
morangos. Tem final mineral/terroso. Na os taninos bastante
persistente, com toques boca, apresenta corpo macios e um equilíbrio
salinos e cítricos. Por médio, com muita fruta, maravilhoso. O sabor é
ser acessível e fácil de boa acidez, taninos de intenso, com as notas
compreender, aparenta textura macia e um de framboesa e cereja
ser menos complexo final agradavelmente conversando bem com
do que realmente é. “quente”, num vinho um toque de coco
Muita atenção com ele. fácil de beber e de queimado e especiarias
Álcool 13,5%. EM gostar, que pode doces. É potente e
acompanhar tanto elegante. Pode isso?
pratos à base de carne Pode. Álcool 13,5%.
vermelha como massas BD
com ragus diversos.
Álcool 13%. GV

90 ADEGA >> Edição 162


>>

AD 88 pontos AD 89 pontos AD 89 pontos


AURORA RESERVA BRANCOTT ESTATE CASA VALDUGA
TANNAT 2017 PINOT NOIR 2016 ORIGEM MERLOT 2017
Aurora, Bento Brancott Estate, Casa Valduga, Vale dos
Gonçalves, Brasil (R$ Marlborough, Nova Vinhedos, Brasil (R$
45). Tinto elaborado Zelândia (Porto a 49). Tinto elaborado
exclusivamente a Porto R$ 108). Aroma exclusivamente a
partir de Tannat, com fresco e silvestre de partir de Merlot, sem
estágio de 10 meses em morango e cereja em passagem por madeira.
barricas de carvalho conjunto com pimenta Outra boa edição desse
americano. Mostra preta e sutil madeira vinho que esbanja
gostosa acidez e taninos em segundo plano. frutas vermelhas e
de boa textura, que Na boca, é muito negras maduras no
trazem sustentação e elegante, bem sequinho ponto certo. Gostoso de
equilíbrio ao seu perfil com acidez brilhante, beber e fácil de agradar,
de fruta mais madura, taninos bem definidos tem refrescante acidez,
quase em compota. e delicados criando taninos macios e final
Suculento e fácil de textura refrescante em agradável, com toques
agradar. Para as carnes conjunto com uma florais, minerais, de
na brasa. Álcool 12,5%. cereja madura na especiarias doces e de
EM medida, valorizando ervas frescas. Álcool
o frescor da fruta 12%. EM
e o equilíbrio do
vinho. Melhora se
acompanhar comida,
pode ser servido fresco
com aperitivos ou em
conjunto de carnes
assadas. Vinho de
estilo típico da região,
com fruta evidente e
boa acidez, mas sem
grandes pretensões.
Álcool 13,5%. JPG
AD 89 pontos AD 89 pontos AD 91 pontos AD 88 pontos AD 92 pontos
CHÂTEAU LES PARIS 2014 CINCO SENTIDOS RESERVA GREY SINGLE BLOCK GUARDA RIOS KELMAN RESERVA
Univitis, Bordeaux, CABERNET SAUVIGNON 2015 LAS TERRAZAS VINEYARD SIGNATURE 2016 TINTO 2013
França (Adega Finca Algarve, PINOT NOIR 2017 Monte da Ravasqueira, Kelman, Dão, Portugal
Alentejana R$ 126). Mendoza, Argentina Ventisquero, Leyda, Alentejo, Portugal (Portus R$ 215). Tinto
Corte bordalês com (MMV R$ 75). Tinto Chile (Cantu R$ (Conceito Português composto de 70%
predominância da 100% Cabernet 159). Tinto elaborado R$ 69). Tinto moldado Touriga Nacional e
Merlot. Amora, tabaco Sauvignon, com exclusivamente a partir com um blend de castas 30% Tinta Roriz, com
e baunilha são as passagem de 12 meses de uvas Pinot Noir típicas portuguesas pisa a pé e fermentação
notas que aparecem por barricas de carvalho advindas do vinhedo (Touriga Nacional, em lagares de granito,
logo, sem firulas. Na americano. Tinto de Las Terrazas, com Aragonez e Alicante além de estágio da
boca, tem a elegância coloração púrpura estágio de 12 meses em Bouschet) mais a Syrah, primeira cepa durante
dos taninos típica dos e corpo médio, com barricas de carvalho que se adaptou muito 12 meses em barricas
vinhos de Bordeaux. notas de frutas negras e francês 15% novas. bem ao Alentejo. O novas de carvalho
É seco, corpo médio, leve tostado. Em boca, Aqui se sente um perfil resultado é um vinho francês e da segunda,
boa acidez e equilíbrio. sua estrutura de taninos de fruta mais madura, gostoso e gastronômico. por igual período, em
Tem boa persistência e traz interessante tensão consequência de um A presença de violetas, cubas de aço inox.
final agradável. Álcool no palato. Ainda ano mais quente, mas marca registrada da Equilibrado, mostra
12,5%. BD confirma seu aroma que nesse caso está TN, molda o perfil boa harmonia entre
frutado com sutil bem equilibrada por aromático, no qual toda sua estrutura e
persistência e volume. taninos de boa textura, também aparecem perfil de frutas negras
Álcool 13,5%. FGK acidez refrescante notas de fruta negra e vermelhas maduras,
e final persistente e madura e de especiarias, com acidez vibrante,
suculento, com notas e leve tostado. Na boca, gostosa sensação de
terrosas, de cerejas e oferece boa acidez mineralidade e taninos
de especiarias. Álcool e frescor, e taninos de ótima textura.
12,5%. EM que já não pegam, Gastronômico por
num conjunto de natureza, deve ficar
corpo médio e álcool ainda melhor na
equilibrado. Boa companhia de carnes
companhia para pratos à vermelhas assadas ou
base de carne, não muito ensopadas. Álcool 13%.
pesados. Álcool 13,5%. EM
GV

92 ADEGA >> Edição 162


>>

AD 89 pontos AD 90 pontos AD 90 pontos


LA VOLIERA PRIMITIVO 2016 LES LARMES DU VOLCAN LOMA GORDA CERVERA DE LA
Sud Vini, Puglia, ROUGE 2016 CAÑADA 2013
Itália (Sonoma R$ La Cave La Fontésole, Bodegas San Gregorio,
80). Este Primitivo Languedoc-Roussillon, Calatayud, Espanha
italiano, traz coloração França (Adega Alentejana (Grand Cru R$ 95).
rubi escura com R$ 110). Mostra aromas Tinto composto
reflexos violeta. Abre de frutas vermelhas de Tempranillo e
o olfato com frutas em compota, delicado Garnacha, com estágio
silvestres maduras e herbáceo e especiarias. No de três meses em
toques de especiarias. paladar, tem peso, fruta barris de carvalho.
De corpo intenso e preta gorda e generosa, Esbanja frutas negras
média persistência, acompanhada de bastante e vermelhas de
apresenta taninos extrato, mostrando muita perfil mais maduro
redondos e agradáveis. qualidade de fruta. Os acompanhadas de
Sua doçura no aroma, taninos preenchem a boca notas florais, terrosas,
característico da uva, e a tocam de maneira defumadas e de
não destoa na boca e o delicada criando uma especiarias, que se
toque de madeira, junto textura interessante, confirmam no palato.
à boa acidez, completa aparecendo sabor marcado Redondo, tem gostosa
a estrutura do vinho. da fruta preta madura em acidez e taninos de boa
Álcool 13,5%. FGK harmonia com frescor textura, que equilibram
de ervas, que lembram todo esse lado frutado,
tomilho. Sua acidez alta é pedindo mais um gole.
salivante e traz equilíbrio Álcool 14,8%. EM
e balanço a toda sua fruta.
Seu agradável final de
boca tem ótima duração
e toque crispy refrescante.
Vinho gastronômico, feito
para comida, ave assada
com frutas pode ser uma
sugestão. Álcool 13%. JPG
AD 92 pontos AD 90 pontos AD 90 pontos AD 88 pontos AD 87 pontos
M. CHAPOUTIER NORTON D.O.C. NOVAS GRAN RESERVA PACHON RESERVA PUNTO MÁXIMO
RASTEAU 2015 MALBEC 2015 CABERNET SAUVIGNON 2015 SYRAH 2016 PINOT NOIR 2015
M. Chapoutier, Rhône, Norton, Mendoza, Emiliana, Maipo, Bodegas y Viñedos De Punto Maximo Wines,
França (Mistral US$ Argentina (Winebrands Chile (La Pastina Aguirre, Vale Central, Califórnia, Estados
54). Tinto composto R$ 98). Malbec feito R$ 93). Tinto Chile (Union Bebidas Unidos (Obra Prima
majoritariamente em Luján de Cuyo, orgânico elaborado R$ 60). A Syrah, mais R$ 95). A safra 2015 foi
a partir Grenache, Mendoza, onde recebe exclusivamente a do que a Carménère, boa para a Califórnia,
além de pequenas a Denominação de partir de Cabernet é a fonte segura de produzindo frutos
proporções de Syrah Origem Controlada por Sauvignon, com estágio tintos chilenos de boa bastante intensos, o
e de Mourvèdre, sem ser produzido somente de 70% do vinho em qualidade em diferentes que é percebido neste
passagem por barricas, com uvas daquela zona. barricas de carvalho faixas de preço. De vinho, que tem toques
mas com estágio entre Macio, envolvente e francês e americano corpo leve para médio, de frutas negras aliados
12 e 16 meses em cubas com aromas e sabores durante 12 meses. o Pachon exibe aromas à baunilha e um fundo
de inox. O resultado é bastante frutados, e Gostoso de beber, tem não muito intensos de de cravo e especiarias.
um vinho exuberante um toque de pimentas as notas típicas da cepa, frutas tipo ameixas/ A acidez e os taninos
e estruturado, que ao final, esse Malbec com as especiarias e as nectarinas, notas florais estão em concordância,
mostra cassis e ameixas pode ser bebido ervas acompanhando e herbáceas e de água fazendo com que o
seguidas de notas acompanhando carnes as ameixas maduras de azeitona, comum vinho se torne intenso
florais, terrosas, de de churrasco ou até no ponto certo. As em vinhos dessa casta. em todos os aspectos.
especiarias doces e de queijos maturados, notas mentoladas e Na boca, mostra boa Álcool 13,5%. DP
ervas. Impressiona pelo como aperitivo. Álcool de especiarias doces acidez e taninos bem
equilíbrio do conjunto, 13,5%. DP aportam complexidade, integrados, que o tornam
tudo sustentado por com os taninos de boa macio e fácil de beber.
taninos de excelente textura e a refrescante A ponta de álcool que
textura, acidez acidez trazendo aparece no final não
refrescante e final equilíbrio e tensão ao chega a comprometer
persistente, com toques conjunto. Álcool 14%. seu equilíbrio. Bom
de grafite e de alcaçuz. EM parceiro para comida
Álcool 14,5%. EM de boteco, inclusive
empanadas de carne (no
Chile, também tem).
Álcool 13%. GV

94 ADEGA >> Edição 162


+ de Professional Wine

1 MILHÃO
and Spirits Fair

de leitores
>>

AD 90 pontos AD 90 pontos AD 90 pontos AD 90 pontos AD 89 pontos


RIBEIRO SANTO PINHA RIO BELO RESERVA SIRIUS BORDEAUX TESTARDI SYRAH 2016 TILIA MALBEC SYRAH 2017
TINTO 2014 TINTO 2015 ROUGE 2015 Miolo Wine Group, Bodegas Esmeralda,
Magnum Vinhos, Dão, Symington Family Maison Sichel, Bordeaux, Vale do São Francisco, Mendoza, Argentina
Portugal (Winebrands Estates, Douro, França (Domno R$ Brasil (R$ 177). (Vinci US$ 21). Tinto
R$ 69). É um corte Portugal (Devinum R$ 162). A área denominada Tinto elaborado composto de Malbec e
de Touriga Nacional, 112). Tinto composto Bordeaux Rouge é exclusivamente a Syrah em proporções
Alfrocheiro e Tinta de 40% Touriga Franca, bastante grande e vinhos partir de uvas Syrah, iguais, com estágio de
Roriz. Não passa em 25% Touriga Nacional, bons e não tão bons com fermentação e seis meses em barricas
madeira. No nariz, 15% Tinta Roriz, ocupam o mesmo espaço. estágio de 12 meses em de carvalho francês
as notas de violeta, 10% Tinta Barroca e Esse é dos bons. Corte barricas de carvalho e americano. Sedoso
provavelmente 10% Tinta Amarela, de Merlot, Cabernet francês. Uma das e gostoso de beber,
emprestadas pela com estágio de nove Sauvignon e Cabernet melhores versões desse mostra frutas negras
Touriga Nacional, meses em barricas Franc. É um vinho com tinto, que sempre é de perfil mais maduro
tomam conta da de carvalho francês. uma intensidade de fruta muito bem elaborado acompanhadas de
primeira abordagem. Fresco e estruturado, bastante interessante. nesse estilo mais notas florais, tostadas
Depois aparecem mostra frutas vermelhas Cereja, cassis, amora… encorpado, estruturado e de especiarias, além
cerejas, framboesas e negras maduras também um toque de e de frutas negras de toques de ervas.
e amoras. Os taninos acompanhadas de alcaçuz e tabaco. Na boca, maduras. De boa De corpo médio, tem
bastante finos notas florais, de ervas é encorpado, os taninos tipicidade, mostra notas acidez na medida,
chamam a atenção na e de especiarias, que bastante elegantes com florais e de especiarias taninos macios e final
boca, assim como o se confirmam na boca. uma textura granulada picantes envolvendo agradável, com toques
equilíbrio e a potência Tem taninos de grãos fina, muito interessante. as ameixas e cassis. de ameixas. Álcool
da fruta. Tem boa finos, ótima acidez e Tem boa acidez e a Tem final untuoso e 12,5%. EM
acidez, equilíbrio e final persistente, com intensidade de frutas persistente, com toques
persistência. Álcool toques de cassis e de frescas também aparece de pimenta, de grafite e
13,5%. BD grafite. Álcool 13,9%. com força na boca. A de chocolate. Tem tudo
EM maior parte das uvas foi para ficar ainda melhor
totalmente retirada dos nos próximos cinco
cachos, mas uma pequena anos. Álcool 14%. EM
parte foi vinificada
inteira com a técnica de
maceração carbônica. Boa
persistência e equilíbrio.
Álcool 13,5%. BD

96 ADEGA >> Edição 162


EVENTOS >>

AD 93 pontos AD 92 pontos DEGUSTAÇÃO COM MATÍAS DEGUSTAÇÃO COM MATÍAS DEGUSTAÇÃO COM
VACHERON SANCERRE VALLE SECRETO FIRST CALLEJA - BERONIA - CALLEJA - BERONIA - EDOUARD DE BOISSIEU -
ROUGE 2016 EDITION SYRAH 2017 INOVINI INOVINI CANTU
Domaine Vacheron, Valle Secreto,
Loire, França Cachapoal, Chile AD 90 pontos AD 91 pontos AD 96 pontos
(Clarets R$ 330). (Optimus R$ 170). BERONIA ELABORACIÓN BERONIA RESERVA 2013 LANSON NOBLE CUVÉE
Tinto elaborado De coloração rubi ESPECIAL TEMPRANILLO Beronia, Rioja, BRUT 2002
exclusivamente a partir intenso, esse Syrah 2015 Espanha (Inovini R$ Lanson, Champagne,
de uvas Pinot Noir é extremamente Beronia, Rioja, 205). Tinto composto França (Cantu - não
advindas de vinhas encorpado, leia-se Espanha (Inovini R$ de 4% Graciano e disponível). O estilo
entre 30 e 50 anos de licoroso com lágrimas 170). Tinto elaborado 1% Mazuelo, com da casa Lanson é a
idade, com estágio grossas e lentas. Aroma exclusivamente a estágio de 20 meses vibrante e cristalina
em barricas usadas de frutas negras como partir de Tempranillo, em barricas mistas acidez. Mais do que
de carvalho francês. ameixas e mirtilos, com fermentação e de carvalho francês e a data de colheita, o
Verdadeiro lobo em além de notas animais, estágio de 8 meses em americano. De ótima que contribui para
pele de cordeiro, em especial couro barricas de carvalho tipicidade, mostra notas isto é que os grandes
mostra a força e a curtido. Na boca, seu americano. O resultado florais, especiadas, Champagnes da casa,
verticalidade típica corpo suculento toma é o esperado e muito terrosas e de couro como este Noble Cuvée
da cepa de um modo conta com acidez na bem feito nesse estilo, envolvendo as frutas não fazem fermentação
sutil e cheio de fruta. medida, leve picância, em que a madeira vermelhas e negras malolática. O nariz
Impressiona pelos taninos elegantes e tem papel importante. de perfil mais fresco, é floral, com um
taninos de fina textura, ótima persistência. Mostra notas lácteas, chamando atenção pela pequeno início de
pela acidez refrescante Boa pedida para tostadas e de baunilha vibrante acidez, pelos evolução. Incrível
e pelo final persistente, acompanhar um adornando suas frutas taninos de boa textura estrutura e vibração.
com toques terrosos, grelhado suculento de vermelhas e negras, e pelo final persistente, O fim de boca tem
especiados e de cerejas. carne vermelha. Álcool: tudo num contexto com toques terrosos, extrema mineralidade.
Não se engane com 14,5%. CM de vibrante acidez e de cerejas e de tabaco. A sensação do paladar
ele, por ser fluido e taninos macios e de Álcool 13%. EM é como um suco de
muito gostoso de beber, ótima textura. Álcool limão siciliano. Jamais
aparenta ser menos 14% . EM diria que tem 17 anos.
complexo do que E como os grandes
realmente é. Álcool vinhos vai abrindo e
12,5%. EM se revelando na taça.
Álcool 12%. CB

98 ADEGA >> Edição 162


INFORMATIVO
Benefícios para
associados ativos
do Clube ADEGA:
VINHO + CONHECIMENTO + EXPERIÊNCIA

• Recebe gratuitamente a
edição da Revista ADEGA

CURINGA • Pré-venda com desconto para


participação nos jantares com
grandes Chefs Sabor.club
Degustar grandes vinhos é sempre maravilhoso, mas uma coisa que nos
deixa feliz é encontrar aquele tesouro cuja nota está numa categoria acima
de sua faixa de preço. Para nós, esta é uma missão diária no Clube ADEGA, • Até 20% de desconto no site
combinado a nosso objetivo de levar a você vinhos que contribuem para da importadora World Wine
ampliar seu repertório e conhecimento. Às vezes, encontramos um tesouro
que cabe em duas categorias por seu estilo, nota e preço. • Até 25% de desconto no site
É o caso do Covela Reserva Tinto 2012 neste mês. O enólogo Rui da importadora Mistral
Cunha é um craque, e está mostrando que a região do Minho pode produzir
preciosidades. Numa situação como essa, temos um vinho curinga, que • Até 20% de desconto no site
permitiu colocar dois vinhaços na Platinum, o Covela e o Imaginador do “Mr. da importadora Winebrands
Terroir”, Pedro Parra, mais o Crozes-Hermitage Les Launes. E ao mesmo
tempo acelerar no segundo vinho do Black, trazendo um belíssimo Barolo,
• No site seleçãoadega.com.br
o Rivetto Serralunga. Neste caso, cabe um agradecimento ao Camilo Lima,
Descontos e promoções
ƒNJQFQRTQRTKGVȄTKQFCXKPȐEQNC%QXGNCGFCKORQTVCFQTC9KPGDTCPFUSWG SELEÇÃO
exclusivas em vinhos.
CEGKVQWFGUVKPCTWOCRCTVGUKIPKƒECVKXCFGUWCCNQECȊȆQRCTCQ$TCUKNRCTC ADEGA Desconto na compra de
atender as duas categorias. Coravin e suas cápsulas.
O mesmo aconteceu com o Norton Barrel Select 2018 (recém Compra de um vinho extra,
chegado ao mercado), que coube como uma luva nas categorias Grand sem frete adicional, com
Gold e Gold. Também é muito bom ver de volta ao Brasil a Quinta do entrega junto à seu kit.
Casal Branco com seu delicioso Touriga Nacional, degustar a uva da
moda, a Cabernet Franc, que na Tenuta Ca’Bolani mostra a personalidade • Associado ativo no mês
especial desta casta na Itália, e continuar nossa viagem pelo mundo do de lançamento recebe
vinho passando pelos vinhedos orgânicos do Chile, por belos argentinos, gratuitamente o Guia
franceses, portugueses e pelo Merlot no Brasil. Descorchados 2019
• Pré-venda com desconto para
PS: E para você associado que já estava ativo no mês de março, o seu
os eventos de lançamento do
Guia Descorchados 2019 está a caminho de casa.
Guia Descorchados em São
PS 2: Atendendo solicitações estendemos até 15 de maio o desconto Paulo e Rio de Janeiro
de R$ 500 a associados ativos na compra de um Coravin no site da
SeleçãoAdega.com.br • Associado ativo no mês
de lançamento recebe
Saúde, gratuitamente o Guia ADEGA
de Vinhos do Brasil 2019
Christian Burgos e Eduardo Milan
BE ADEG
LU A
C

BRASIL-INGLATERRA
A Quinta de Covela é fruto
da parceria entre o investidor
brasileiro Marcelo Faria de
Como sempre, seleção Black traz tintos Lima e do jornalista inglês Tony
de respeito, desta vez com dois repre- Smith.
sentantes do Velho Mundo. Na Itália,
selecionamos um grande Barolo, o Ser-
ralunga, da Rivetto, um dos melhores
produtores do Piemonte. Já do Minho,
em Portugal, trazemos o Covela Tinto,
um surpreendente corte de Touriga Na-
cional, Cabernet e Merlot, que esbanja
finesse e frescor, além de ter sido um
dos melhores colocados em nossa últi- NÉVOA
ma degustação para a revista ADEGA. Dizem que o nome Nebbiolo
vem da palavra nebbia, que
quer dizer névoa em italiano,
e é uma referência à profunda
neblina que costuma atingir a
região do Langue no período
da colheita.
AD

92
pts

AD

94
pts COVELA RESERVA TINTO 2012 | AD 92 pts
2QTVWICN9KPGDTCPFU
4
REGIÃO/PAÍS: Quinta de Covela, Minho

Tinto composto de Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Merlot, com estágio


entre 12 e 18 meses em barricas de carvalho francês. Vertical, refinado e
cativante, tem ótima textura de taninos, acidez refrescante e final persistente e
equilibrado, com toques de frutas vermelhas ácidas, de ervas e de especiarias.
&GHKPKVKXCOGPVGWOXKPJQRCTCCOGUCǩNEQQN'/

RIVETTO BAROLO SERRALUNGA 2014 | AD 94 pts


Rivetto / Cantu (R$ 520)
REGIÃO/PAÍS: Piemonte, Itália

'UVGVKPVQ0GDDKQNQȌWOCEWXȌGFQUXKPJGFQUFCHCOȐNKCGO5GTTCNWPIC
5CP$GTPCTFQG/CPQEKPQEQOGUVȄIKQFGOGUGUGODCTTKUFGECTXCNJQFQ
leste europeu. Mostra complexos aromas de frutas vermelhas frescas envoltos
por notas florais, especiadas, terrosas e de ervas, além de toques de iodo, de
couro e de tabaco, que se confirmam no palato. Muito preciso, impressiona pelos
taninos de ótima textura, pela acidez vibrante e pelo final persistente e profundo,
com traços de cerejas. Está prazeroso agora, mas deve ficar ainda melhor nos
RTȕZKOQUCPQUǩNEQQN'/
COVELA RESERVA TINTO 2012 |
AD 92 pts
3WKPVCFG%QXGNC9KPGDTCPFU
4
REGIÃO/PAÍS: Minho, Portugal
AD

Tinto composto de Touriga Nacional,


Cabernet Sauvignon e Merlot, com
92
pts
O Platinum deste mês traz uma seleção
estágio entre 12 e 18 meses em de descobertas, tintos feitos por produto-
barricas de carvalho francês. Vertical, res muito conceituados em suas regiões.
refinado e cativante, tem ótima textura
Do Rhône, na França, escolhemos o Les
de taninos, acidez refrescante e final
persistente e equilibrado, com toques de Launes, um Crozes-Hermitage, com o
frutas vermelhas ácidas, de ervas e de crivo da Delas Frères, que dispensa apre-
especiarias. Definitivamente um vinho para sentações. Dali, partimos para o Minho,
COGUCǩNEQQN'/ em Portugal, de onde vem o Covela, um
AD

92
pts
tinto gastronômico e de produção limita-
da, que vai surpreender pela elegância.
IMAGINADOR 2017 | Terminamos nossa jornada em Itata, no
AD 92 pts | RP 93 pontos
Chile, onde elegemos o Imaginador, um
2GFTQ2CTTC[(COKNKC9QTNF9KPG
4
REGIÃO/PAÍS: Itata, Chile blend majoritário de Cinsault de vinhas
de mais de 60 anos, elaborado por Pedro
Tinto fruto da cofermentação de Cinsault RP Parra e sua família.
(maioria), Muscat, Sémillon, País e Carignan 93
pts
advindas de um vinhedo de mais 50 anos,
parte fermentada com cachos inteiros AD
e com estágio em foudres. No início,
estava fechado, mas depois foi abrindo e 92pts
mostrando a que veio, com notas florais,
terrosas e de especiarias doces envolvendo
sua fruta vermelha e negra de perfil mais
fresco, tudo permeado por uma sutil nota
de fumaça/tostada, em virtude das terríveis
queimadas que assolaram a região em
2017. Nada que tire seu brilho. Muito
fluido e gostoso de beber, tem taninos de
ótima textura, acidez na medida e final
RGTUKUVGPVGǩNEQQN'/ TERROIR HUNTER
O chileno Pedro Parra é atualmente
um dos mais requisitados consultores
LES LAUNES CROZES-HERMITAGE 2016 de solo em regiões vinícolas do mundo,
| AD 92 pts possuindo projetos no Chile, Argentina,
Delas Frères / Grand Cru (R$ 221) Itália e França, entre outros países.
REGIÃO/PAÍS: Rhône, França

Tinto elaborado exclusivamente a partir de


Syrah, sem passagem por madeira, mas
com estágio em tanques de cimento. O
resultado é um vinho de ótima tipicidade,
com as notas de especiarias picantes e de RHÔNE
ervas secas envolvendo sua fruta negra
Situado na margem
lembrando ameixas e cassis. Encorpado
e potente, tem acidez refrescante e esquerda do rio Rhône,
taninos finos e de boa textura, que trazem Crozes-Hermitage está
sustentação a toda sua força. Tem final entre os mais prestigiados
longo e cheio, confirmando o nariz e crus do sul da França.
pedindo a companhia de carnes ensopadas.
ǩNEQQN'/
GOLD

AD

90
pts

Nosso Grand Gold traz uma seleção eclé-


tica, começando na Europa e terminando AD

90
ORCHAD
SC
na América do Sul. Do Tejo, em Portu-
92

OS
DE
pts
gal, vem o Touriga Nacional da Quinta pts
de Casal Branco, um dos produtores mais
afamados da região. Partindo para o Friu- AD
li, na Itália, escolhemos o Ca’Bolani, um
Cabernet Franc austero e cheio de tipici-
NA BOTA
A família Zonin foi 91pts
uma das primeiras a
dade, com a assinatura da família Zonin.
investir em distintas regiões
Dali, viajamos até Mendoza, na Argenti-
vitivinícolas italianas ainda
na, onde redescobrimos o Malbec Barrel na década de 1970,
Select 2018 da Norton, seguramente uma contando hoje com sete
das melhores relações entre preço e qua- propriedades.
lidade disponíveis no mercado brasileiro
atualmente.

VOCÊ SABIA QUE...


a Norton é uma das
vinícolas mais tradicionais
e antigas da Argentina,
tendo ainda em suas caves
subterrâneas vinhos que
datam das décadas de
1940 e 1950?

NORTON BARREL SELECT MALBEC CA’BOLANI CABERNET FRANC QUINTA DO CASAL BRANCO TOURIGA
2018 | DES 92 / AD 91 pts 2016 | AD 90 pts NACIONAL 2016 | AD 90 pts
0QTVQP9KPGDTCPFU
4 6GPWVC%CŨ$QNCPK&GXKPWO
4 Quinta do Casal Branco / Conceito
REGIÃO/PAÍS: Mendoza, Argentina REGIÃO/PAÍS: Friuli, Itália Português (R$ 129)
REGIÃO/PAÍS: Dão, Portugal
Ares frescos e de pura fruta chegaram 6KPVQ%CDGTPGV(TCPEEQO
aqui também, nessa vinícola que nos passagem por barricas de carvalho. Vinícola tradicional da região, que
últimos anos tem direcionado seus vinhos Austero, fresco e gastronômico, recentemente reformulou sua adega e
RCTCWORGTƒNOCKURWTQGXKDTCPVG6KPVQ mostra as cativantes e típicas notas trouxe ainda mais qualidade aos seus
elaborado exclusivamente a partir de de folhas de tabaco e de ervas da vinhos. Este apresenta características
WXCU/CNDGEEQOGUVȄIKQFGFQ cepa, que envolvem sua fruta negra e bastante singulares, tornando-o intrigante
vinho, durante 12 meses, em barricas de vermelha vibrante. Frutado, tem acidez no nariz e na boca. Além das tradicionais e
carvalho francês de primeiro e segundo marcante, taninos tensos e de ótima esperadas notas de frutos vermelhos, ele
usos. Frutado, estruturado, fluido e nítido VGZVWTCGƒPCNRGTUKUVGPVGGXGTVKECN traz uma mistura de tabaco, de chocolate
GOHTWVCUXGTOGNJCUGPGITCUFGRGTƒN com toques terrosos e de especiarias. e de ervas. Na boca, mostra-se muito vivaz
mais fresco, que aportam mais vida, ǩNEQQN'/ e talvez ainda jovem, podendo ganhar
vibração e tensão ao vinho, tornando-o ainda mais complexidade com o tempo.
muito agradável de beber e fácil de 5GWƒPCNȌDCUVCPVGOCTECPVGUGPFQ
gostar. Um Malbec de dicionário, cheio de um bom acompanhante para algumas
ameixas e amoras, além de notas florais e comidas mais temperadas e apimentadas.
FGGURGEKCTKCUFQEGUǩNEQQN'/ ǩNEQQN&2
BE ADEG
LU A
C

NORTON BARREL SELECT MALBEC 2018 | DES 92 pts / AD 91 pts


0QTVQP9KPGDTCPFU
4 GOLD
REGIÃO/PAÍS: Mendoza, Argentina.

Ares frescos e de pura fruta chegaram aqui também, nessa vinícola que
nos últimos anos tem direcionado seus vinhos para um perfil mais puro
e vibrante. Tinto elaborado exclusivamente a partir de uvas Malbec, com
GUVȄIKQFGFQXKPJQFWTCPVGOGUGUGODCTTKECUFGECTXCNJQHTCPEȍU
de primeiro e segundo usos. Frutado, estruturado, fluido e nítido em frutas
vermelhas e negras de perfil mais fresco, que aportam mais vida, vibração e Esse mês, no Gold, a seleção é consa-
tensão ao vinho, tornando-o muito agradável de beber e fácil de gostar. Um grada, elaborada por produtores muito
Malbec de dicionário, cheio de ameixas e amoras, além de notas florais e de respeitados em suas regiões. Começamos
GURGEKCTKCUFQEGUǩNEQQN'/ nosso trajeto na Itália, de onde trazemos
um Nero di Troia em pureza, o Infinitum,
NOVAS GRAN RESERVA CABERNET SAUVIGNON 2015 que mostra que a Puglia vai muito além
| DES 90 pts / AD 90 pts da Primitivo. Seguimos nossa jornada até
'OKNKCPC.C2CUVKPC
4 Mendoza, na Argentina e escolhemos o
REGIÃO/PAÍS: Maipo, Chile Norton Barrel Select 2018, um Malbec
de dicionário, que acabou de chegar ao
Tinto orgânico elaborado exclusivamente a partir de Cabernet Sauvignon, nosso mercado. Terminamos nosso pas-
EQOGUVȄIKQFGFQXKPJQGODCTTKECUFGECTXCNJQHTCPEȍUGCOGTKECPQ
seio no Maipo, onde elegemos o orgânico
durante 12 meses. Gostoso de beber, tem as notas típicas da cepa, com as
especiarias e as ervas acompanhando as ameixas maduras no ponto certo.
Novas Gran Reserva Cabernet Sauvig-
As notas mentoladas e de especiarias doces aportam complexidade, com os non, que faz jus à fama do Chile em pro-
taninos de boa textura e a refrescante acidez trazendo equilíbrio e tensão ao duzir grandes tintos dessa cepa.
EQPLWPVQǩNEQQN'/

INFINITUM NERO DI TROIA 2016 | AD 89 pts


6QTTGXGPVQ9QTNF9KPG
4 AD
REGIÃO/PAÍS: Puglia, Itália
89
pts
ORCHAD
Tinto elaborado exclusivamente a partir de Nero di Troia, sem passagem por SC

90
OS
DE
madeira. Uma boa iniciação nessa cativante cepa, muitas vezes ofuscada
pts
pela Primitivo. Mostra aromas de frutas vermelhas e negras maduras, bem
como notas florais, terrosas e especiadas. Gostoso, suculento e fácil de
agradar e de gostar, tem boa acidez, taninos macios e final médio/longo, que AD

90
ORCHAD
SC

92
OS
RGFGCEQORCPJKCFGOCUUCUCQOQNJQVKRQUWIQǩNEQQN'/
pts DE
pts

AD

91pts
ORGÂNICO
(WPFCFC GO  RQT
Rafael e José Guilisasti,
a Viña Emiliana é adepta da
cultura orgânica e biodinâmica
e conta com a consultoria do
enólogo Álvaro Espinoza, um
ALÉM DA PRIMITIVO dos maiores conhecedores
Ao contrário do que se possa dessas culturas no
imaginar, a Torrevento, um Chile.
dos melhores produtores da
Puglia, não ficou conhecida
pelos seus tintos de
Primitivo, mas sim pelos
elaborados com Nero di
Troia, casta emblemática do
norte da região.
BE ADEG
LU A
C

SILVER CASA VALDUGA ORIGEM MERLOT 2017 | AD 89 pts


Casa Valduga (R$ 50)
REGIÃO/PAÍS: Vale dos Vinhedos, Brasil

Tinto elaborado exclusivamente a partir de Merlot, sem passagem por


madeira. Outra boa edição desse vinho que esbanja frutas vermelhas e negras
maduras no ponto certo. Gostoso de beber e fácil de agradar, tem refrescante
CEKFG\VCPKPQUOCEKQUGƒPCNECVKXCPVGEQOVQSWGUHNQTCKUOKPGTCKUFG
Neste mês, o time Silver traz verdadei-
GURGEKCTKCUFQEGUGFGGTXCUHTGUECUǩNEQQN'/
ras barganhas, garimpadas em nossas
degustações e viagens mundo afora e
que devem ser provadas. Do Alentejo, ALANDRA TINTO 2017 | AD 88 pts
em Portugal, elegemos o Alandra, uma Herdade do Esporão / Qualimpor (R$ 50)
oportunidade de conhecer os ótimos REGIÃO/PAÍS: Alentejo, Portugal
vinhos da Herdade do Esporão, um
dos melhores produtores de Portugal. Vinho composto de Moreto, Castelão e Trincadeira, sem passagem por
Partindo para o Vale dos Vinhedos, madeira. Mantendo as boas mudanças em direção a mais fruta fresca,
vibração e frescor do restante dos vinhos da vinícola, mostra ameixas e
na região de Bento Gonçalves, Brasil,
amoras acompanhadas de notas florais, de ervas, de couro e de especiarias,
selecionamos o Casa Valduga Origem, valorizando os taninos de boa textura e a vibrante acidez, convidando a mais
um varietal de Merlot versátil e encan- WOIQNG&KTGVQGCEGUUȐXGNȌIQUVQUQFGDGDGTGHȄEKNFGCITCFCTǩNEQQN
tador. Terminamos nossa expedição no EM
vale Central, no Chile, de onde vem o
Terrapura, um Carménère suculento
e cheio de tipicidade. TERRAPURA CARMÉNÈRE 2017 | AD 88 pts
Terrapura / Grand Cru (R$ 50)
REGIÃO/PAÍS: Vale Central, Chile

Tinto elaborado exclusivamente a partir de Carménère, com estágio entre


quatro e seis meses em barricas de carvalho. Frutado e muito gostoso de
AD beber, mostra as notas de especiarias picantes e de ervas típicas da cepa, tudo
88
pts
num contexto de boa acidez e taninos aveludados, que pedem a companhia de
ECTPGUXGTOGNJCUOCKUVGORGTCFCUǩNEQQN'/

ARQUEOLOGIA
AD
Localizado numa das propriedades do
AD
88
89
pts
pts Esporão, na Herdade dos Perdigões, em
Reguengos de Monsaraz, o Complexo
Arqueológico dos Perdigões é um dos
mais importantes sítios arqueológicos
em Portugal

TRADIÇÃO
Os primeiros imigrantes da família
Valduga desembarcaram no Brasil
no final do século XIX, vindos da
cidade de Rovereto, no norte da Itália,
para se estabelecerem no que hoje
conhecemos como Vale dos Vinhedos
BE ADEG
LU A
C

AD
A
BRANCO

ANAKENA TAMA VINEYARD


889
ppts

SELECTION SAUVIGNON BLANC 2018


| AD 90 pts | DES 92 pts AD
#PCMGPC9KPGDTCPFU
4
90 SC
ORCHAD

REGIÃO/PAÍS: Casablanca, Chile


92
pts

OS
DE
pts Neste mês, começamos nosso
'NCDQTCFQEQOWXCU5CWXKIPQP trajeto em Bordeaux, na França,
Blanc, provindas de vinhedos à 10 AD onde elegemos o versátil Château
quilômetros do Pacífico, sem passagem
por madeira. Branco de corpo leve e
90pts
Vircoulon, um blend de Sémillon
e Sauvignon Blanc, muito carac-
coloração amarelo esverdeada, traz
terístico daquelas bandas. De lá,
notas herbáceas envoltas por toques
de frutas cítricas. Equilibrado, é ligeiro
partimos para o Alentejo, em Por-
em boca, tem boa acidez e agradável tugal, para escolher o EA Bran-
sensação de frescor, com final mineral. co, um cativante corte de Antão
ǩNEQQN()- Vaz, Arinto e Roupeiro feito pela
Fundação Eugênio de Almeida.
Cruzamos o Atlântico e os Andes
rumo à Casablanca, no Chile, de
CHÂTEAU VIRCOULON BLANC 2017 onde trazemos o Anakena Tama,
| AD 90 pts um 100% Sauvignon Blanc, deli-
%JȅVGCW8KTEQWNQP
9QTNF9KPG
4 cioso e vibrante, que pede a com-
REGIÃO/PAÍS: Bordeaux, França
panhia de frutos do mar.
Resultado do blend de uvas Sauvignon
Blanc e Sémillon, sem passagem por
barricas, este branco apresenta corpo
leve e coloração amarelo esverdeado.
Traz ao nariz notas herbáceas, de
frutas brancas, de cítricas e de
nuances florais. Em boca, é agradável SOCIEDADE
e fácil de beber, tem boa acidez, baixa A Anakena, situada em
persistência e confirma suas notas Cachapoal, foi fundada
herbáceas. Vai muito bem como pelos amigos Felipe Ibáñez
“welcome drink” e entradas leves. e Jorge Gutiérrez no final da
ǩNEQQN()- década de 1990.

EA BRANCO 2017 | AD 89 pts


Fundação Eugênio de Almeida / Adega
Alentejana (R$ 94)
REGIÃO/PAÍS: Alentejo, Portugal CELEIRO
Contando hoje com mais de 22
Branco composto de Antão Vaz, Arinto mil hectares de vinhedos, nas
e Roupeiro, sem passagem por madeira. primeiras décadas do século
Chama atenção pelo frescor e tensão
XX o governo queria fazer do
do conjunto, mostrando frutas cítricas e
Alentejo o “celeiro” de Portugal
brancas acompanhadas de notas florais
e de ervas. Cativante e fácil de beber, e o vinho, na época, tinha
tem acidez vibrante, gostosa textura e uma importância diminuta e
final agradável, com toques salinos e de destinava-se essencialmente ao
limão, que pedem uma segunda taça. consumo local.
ǩNEQQN'/

LEIA MAIS SOBRE OS VINHOS DO MÊS EM NOSSO SITE


WWW.CLUBEADEGA.COM.BR
QUEM DISSE | para BEBER e COMENTAR

Ao se padronizar, “A automação pode ser difícil


mata-se o vinho. para manter a qualidade. Acho
Se você provar todos os que os produtores de vinho
vinhos nos quais estou precisam visitar seus tanques
envolvido, são todos pelo menos duas vezes por
diferentes dia para degustar e monitorar
Alberto Antonini, enólogo as fermentações. Afinal, a
degustação é o nosso trabalho”
Nick Goldschmidt, enólogo

“Uma garrafa de vinho é, de fato,


uma garrafa de felicidade”
Slogan dos vinhos Bocelli

“Não é possível falar


do Douro sem o
Vinho do Porto. O
vinho do Douro,
sem o Porto, não
existe”
Cristiano Van Zeller, enólogo

“Vinho não é álcool,


vinho é uma bebida
para ser consumida
com comida, ou
para ser bebida e
desfrutada”
Steven Spurrier, crítico de vinhos

106 ADEGA >> Edição 162

Você também pode gostar