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Fiel ao seu espírito experimentalista, São Luiz Winemaker´s Collection decidiu ir mais longe.
Como tal, criou três vinhos totalmente distintos, mas com a particularidade de serem provenientes
de uma mesma casta minoritária no Douro, que se destaca pela sua raridade
e que fazemos questão de preservar.
Da casta Rufete, surge um Trio nunca antes visto, que o irá surpreender
numa edição limitada de apenas 1.100 caixas com os três vinhos.
Um Tinto leve e fresco de cor granada, com aroma a frutos do bosque e com especiarias finas
enaltecidas pelo estágio em cascos de castanheiro. Um Branco com aroma complexo, fresco e floral,
elegante e cremoso, com um toque de líchias e acidez viva no final. Um Rosé de cor salmão pálido,
fresco, longo e complexo, com aromas florais doces, que nos lembram pétalas de rosas e cerejas.
6 EDITORIAL
OPINIÃO
10 Sarah Ahmed
14 Jamie Goode
18 Bento Amaral
22 José João Santos
ESCOLHAS DO MÊS
26 Para a Mesa
28 Para a Cave
30 Altamente Recomendados
32 Boas Compras
34 PROFILE
Luís Araújo.
36 CASTA
Moscatel Roxo.
38 NOTÍCIAS
40 VINHOS E NÚMEROS
Rosé
42 VITICULTURA
Granizo, um mal com fim?
46 CERVEJAS
Tropical, hemp seed lager.
102 48 ESPIRITUOSOS
Fluère, espirituosos sem álcool.
52 ENOTURISMO
52
A Serenada.
74 TEJO
Hugo Mendes e Quinta da Atela.
158 EVENTOS
Douro Wine City.
UVVA, Amarante.
@revistadevinhos
EDITORIAL
O exemplo
do Peru
Curadores e produtores do Peixe em Lisboa por mais de uma
década, trouxemos a Portugal alguns dos melhores cozinheiros do
mundo, que enalteciam as suas origens e espelhavam as apostas
dos respetivos países. Virgílio Martinez foi um desses chefes. Não
veio sozinho, trouxe com ele uma série de produtos que represen-
tavam a biodiversidade peruana para mostrar como dialogavam
com o famoso peixe de Portugal. Esta era a essência do evento:
conhecimento e partilha. Martinez conquistou quem teve a opor-
tunidade de o ver, ouvir e provar. Fui uma dessas pessoas e passei
a acompanhar ainda mais o seu percurso e o contexto em que
ele se fazia. Em 2015, tive a oportunidade de visitar o já famoso
restaurante Central, em Lima. Aí percebi que essa experiência
gastronómica se haveria de tornar ainda mais significativa e lata,
pois vivia num contexto global e numa estratégia nacional que
via a gastronomia, os produtos locais e a identidade da cozinha
peruana como um instrumento para trabalhar a autenticidade e a
Guarda
notoriedade do destino.
Wine Fest
Há umas semanas, o Central foi eleito melhor do mundo por uma das mais cobiçadas e emblemáticas listas, A segunda edição realiza-se
a “The World's 50 Best Restaurants”, aquela que se está a tornar numa referência e numa espécie de guia de 14 a 16 de julho, na
emblemática Alameda de
espiritual para quem vive, trabalha e viaja por amor à gastronomia – e são cada vez mais esses viajantes. Esta
Santo André, na Guarda,
consagração reconhece o mérito e a visão de Virgílio Martinez e com ele, bem como com os demais que aí
com muita música,
estão – só no TOP 50 há outros três – consolida-se a posição do Peru enquanto dos destinos gastronómicos
gastronomia e novidades
mais extraordinários do planeta. dos produtores de vinho
Nesta consolidação, de um lado está a visão extraordinária de Martinez, que aqui personifica todos os chefes da Beira Interior, do Douro
que vão além de si e são capazes de criar uma filosofia inspiradora e sustentável, partilhada; do outro, uma
e do Dão. Uma organização
do Município da Guarda e
estratégia que vai muito além das portas e das mesas de um restaurante, que trabalha de forma integrada de fio
da Comissão Vitivinícola
a pavio, que vai da origem – neste caso o produto – passa pela valorização e interligação de setores – agricul-
Regional da Beira Interior,
tura, economia, educação e turismo – e termina com a projeção e promoção, consubstanciando uma estratégia com produção Essência
governamental. Company e o apoio à
Se olharmos para este TOP 50, percebemos que há nova geografia gastronómica no ar, com uma força cada
divulgação da Revista de
Vinhos.
vez maior da América Latina. Acredito que muita desta força e deste modus operandi se inspire no modelo
espanhol. Aposta na educação, e conhecimento e investigação, fortes campanhas de promoção da sua diversi-
dade de produtos e gastronomia, chefes incontornáveis, sendo o país visto como território de excelência para
quem quer fazer da gastronomia a sua vida, para quem tem na gastronomia a sua vocação. Muitos destes
chefes também vieram ao Peixe em Lisboa e ajudaram a tornar este evento uma marca, sendo aguardado por
profissionais e consumidores, ano após ano, para conhecer o que se andava a fazer por Portugal e pelo mundo.
Sabendo que tudo tem início e fim, o Peixe em Lisboa poderia ter evoluído e, se vontade houvesse, integrado
uma estratégia mais ampla, ser uma etapa na promoção de Portugal, que tem no peixe e no marisco um dos
seus mais preciosos ativos… e tantos outros tem.
Para vencer não há segredos, apenas protagonistas, visão, estratégia e vontade. E, acima de tudo, trabalho,
rigor e paixão pelo país e pelo que se faz. Portugal tem tudo – potencial, talento, protagonistas, produtos,
diversidade, produtores, chefes e cozinheiros de mão cheia… Mas união e vontade são praticamente nulas, con-
certação entre setores não existe, aposta numa educação de excelência não se vê, ao que acresce falta de visão
e incapacidade para desenhar uma estratégia sustentável, que resista à força do faz-se porque se acha que…
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JULHO
VINHO
Beyra Quartz
2022
DE CAPA
7,00 €
Beira Interior / Rosé /
Rui Roboredo Madeira
Vinhos
Segredos da talha
A Wine Detective investiga a obra ‘Talha Tales,’
bem como outras revelações e exortações.
E
xiste alguma região em Portugal que Atualização do ‘Amphora Triptych’ de White,
ainda não tenha produzido vinho em ter- a obra ‘Talha Tales’ relata descobertas e teorias
racota? Provei recentemente o meu pri- recentes, incluindo algumas revelações inovadoras
meiro exemplar do Tejo, Séries Singulares que, diz White, surgiram “poucas horas antes de
Castelão 2021, da Companhia das o livro ir para a prensa”. Como se diz, compre o
Lezírias, cujos vinhos de topo impressionam. O renas- livro! Sem ‘spoilers’, podemos revelar que, em geral,
cimento desta antiga tradição parece imparável, pelo White afirma que a história da vinificação em barro
que o novo livro de Paul White é mais que oportuno. em Portugal é significativa porque “os únicos locais
“Talha Tales, Portugal’s Ancient Answer To onde as antigas técnicas de vinificação em potes de
Amphora Wines” (Amazon), explora as origens e barro sobreviveram continuamente até os tempos
a evolução da vinificação em barro no Alentejo – a modernos são a Geórgia e o Alentejo. A tradição da
sede da categoria em Portugal – colocando-a num Geórgia é mais antiga, datando de 8.000 a 10.000
contexto global e histórico. Dezassete perfis deta- anos e a do Alentejo é de cerca de 3.000 a 4.000
lhados de produtores forneceram informações sobre anos, via Roma, Fenícia e provavelmente os próprios
o terroir, castas e filosofia individual de vinificação. tartessos de Portugal antes deles”. Afinal, nem todos
As sugestivas notas de prova de Paul White incluem os caminhos levam a Roma…
resenhas do raro acervo museológico da Adega José O capítulo intitulado ‘As Castas Tradicionais da
de Sousa, que remonta a 1940. Talha’ contém mais revelações (pelo menos para
Apesar do título do livro, o autor destaca a diferença mim). White relata descobertas recentes de que
entre talhas e ânforas. Os romanos usavam potes algumas castas usualmente vinificadas em talha
maiores e redondos chamados dolium para fazer apresentam um DNA altamente distinto, porque as
vinho; as ânforas serviam apenas para o transporte de castas silvestres europeias originais que antecederam
vinho, diz White. Os artigos 'Amphora Triptych', de a última era glacial sobreviveram, de facto, durante
leitura desenvolta mas aprofundados, que constam do os verões quentes de partes do sul da Europa, espe-
seu portal, WineDisclosures.com, lançam luz sobre os cialmente no interior e litoral da Península Ibérica, e,
primeiros exemplos conhecidos da cultura e prática “principalmente, no Alentejo”. Acrescenta um frisson
de vinificação em barro. Cobrem os vinhos ‘qvevri’ da extra à história varietal única que torna Portugal
Geórgia, os potes ‘karas’ da Arménia – os mais antigos muito particular no que toca aos vinhos de talha.
(da Caverna de Areni) datados de 6.200 a.C. –, bem
como os vinhos ‘talha’ do Alentejo.
‘Wine writer’, cronista do The Sunday Express, autor do blogue wineanorak.com, é doutorado em Biologia de Plantas e co-chair do International
Wine Challenge. Assina esta colaboração regular na Revista de Vinhos e também na brasileira Gula.
Castas e regiões
A maioria das regiões enfrentará não apenas um futuro mais quente,
mas também um futuro mais variável e climas mais extremos.
N
uma conferência recente que teve lugar abandonadas podem ser ótimas para os vinhos de hoje.
na região de Finger Lakes, no estado de A escolha da casta é importante, porque as vinhas
Nova York, moderei uma sessão em que demoram três anos a começar a produzir uvas e per-
o tópico em discussão eram as castas, manecem por, pelo menos, 20 anos, pelo que a expe-
ditas novas e antigas. Num mundo de rimentação não é fácil, sendo necessário partir de pal-
milhares de castas, onde apenas uma dúzia é ampla- pites bem fundamentados.
mente plantada, há uma certa crise de diversidade. Como obtivemos as variedades que temos atual-
Quando os vinhos começaram a ser comercializados mente? Originalmente existiram dois centros de
por casta, o fenómeno começou a encorajar todos os domesticação de vinhas silvestres, um no Cáucaso
operadores a concentrarem-se no mesmo conjunto (atual Geórgia, Arménia e Azerbaijão) e outro no
das mais célebres variedades francesas. É compreen- Levante (Israel, Jordânia e Líbano). Isso ocorreu há
sível: a casta dá uma boa pista sobre o sabor do vinho, 11.000 anos, logo no nascimento da agricultura. As
pelo que o consumidor só precisa de saber o nome das vinhas domesticadas, selecionadas por serem her-
famosas, em vez de uma miríade de topónimos, para mafroditas, para cachos e uvas de maior dimensão,
escolher um vinho de que goste. espalharam-se a partir deste último centro de domes-
Mas esta restrição da diversidade de castas leva- ticação pelo mundo antigo. Encontraram o caminho
-nos a uma situação em que se perdem efetivamente para a Europa e, uma vez lá, ocorreram novos cru-
muitas castas excelentes. Há muitos constrangimentos zamentos com vinhas selvagens. Eventualmente,
por onde a diversidade varietal sofreu. A mais signi- surgiu a diversidade de variedades que temos hoje.
ficativa foi a crise da filoxera, quando muitas vinhas Curiosamente, há muito mais diversidade nessas
do mundo foram replantadas em porta-enxertos ame- videiras domesticadas do que nas populações selva-
ricanos e, com isso, não só se perderam muitas vinhas gens, incluindo variedades brancas (na natureza, as
(houve uma redução generalizada da área de vinha) uvas seriam de cor vermelha/preta).
como também muitas variedades antigas foram esque- Cada região, por sua vez, desenvolveu o seu próprio
cidas. Algumas foram abandonadas por boas razões conjunto de castas. Nas regiões clássicas do Velho
ou, pelo menos, boas razões à época. Mas se a ênfase Mundo, assumimos que aquelas que uma região
está na qualidade e não na quantidade, e há necessi- escolheu são as que apresentam melhor desempenho
dade de variedades de ciclo mais longo que produzem num ano médio, após muitas gerações de experiência.
menos álcool potencial, algumas dessas variedades Mas isso pode não ser sempre o caso. Sancerre já foi
dominada por Pinot Noir, por exemplo, mas agora é variável e com climas mais extremos. Essa perspetiva
principalmente Sauvignon Blanc. No Douro, a Touriga tem feito muitos viticultores pensarem no que estão a
Nacional era uma variedade menor, raramente culti- plantar. Tem havido um interesse crescente em varie-
vada, mas nas plantações desenvolvidas desde os anos dades que se dão bem em climas quentes e que podem
80 assumiu uma posição privilegiada. Bordéus costu- enfrentar melhor os períodos de seca. A variedade
mava ter muito Malbec, mas agora tem muito pouco. grega Assyrtiko tem origem em Santorini, mas agora é
No chamado Novo Mundo do vinho, muitas regiões encontrada por toda a Grécia, e o produtor australiano
começaram com bastantes variedades para conve- Jim Barry importou-a e plantou-a em Clare Valley, com
niência comercial, tanto quanto para experimentação. bons resultados.
Se a maioria dos seus clientes for local, estes vão Está também em andamento um trabalho de criação
querer Chardonnay, vão querer Cabernet Sauvignon, para produzir novas variedades resistentes a doenças.
vão querer Shiraz, vão querer Pinot Noir e assim por Muitas destas novas castas estão a ser plantadas, mas
diante, mesmo que não seja possível fazer ótimas ver- como as videiras geneticamente modificadas não são
sões dessas variedades no mesmo local. E há também aceites, esse trabalho de melhoramento cria novas
o fenómeno pelo qual uma região torna-se famosa por variedades, o que pode gerar dificuldades. O mercado
uma casta, de modo que, embora outras variedades pode lidar com novas variedades ou estamos presos às
também possam dar-se bem, todos procuram apenas que temos? Nesse sentido, as regiões onde o lote é a
aquela única variedade que desenvolveu algum esta- norma estão em melhor situação, pois as castas podem
tuto de celebridade. Marlborough na Nova Zelândia ser substituídas. O ‘field blend’ é uma aposta clássica
seria um bom exemplo: até 1990, a casta Müller que está a regressar em força em algumas regiões.
Thurgau estava mais disseminada na região do que Muitas castas cultivadas em conjunto geram um grau
Sauvignon Blanc, mas agora é esta última que domina superior de resiliência nas vinhas, essencial diante de
o encepamento, e há menos interesse comercial em um clima mais variável.
Chardonnay ou Pinot Noir de Marlborough, embora Mas, em vez de criar novas variedades, podemos
possam seja excelentes. E, em Napa Valley, existia explorar as velhas variedades esquecidas. No
outrora um conjunto diversificado de variedades inte- sudoeste de França, a união de cooperativas Plaimont
ressantes, bem adaptadas ao clima e aos solos, mas tal demonstrou interesse na herança genética das castas
é a importância comercial da Cabernet Sauvignon, raras nativas que costumavam ser cultivadas mais
alcançando um preço médio de 8.000 US$ a tone- amplamente na região antes da chegada da filo-
lada, que está a ganhar terreno à custas de outras xera. Examinaram variedades locais antigas no seu
variedades. Conservatoire Ampélograhique, que plantaram em
Algo que tem acontecido em regiões antigas estabe- 2002 em Pouydraquin. Esta coleção tem cerca de
lecidas fora dos clássicos dos vinhos de topo é o aban- 20 vinhas, cada uma destas com 37 variedades viní-
dono das suas próprias castas autóctones em favor das fera diferentes, uma vinífera selvagem (V. sylvestris)
celebradas variedades francesas: se for possível pro- e uma versão tetraplóide da casta Pinenc. As micro-
duzir um grande Chardonnay, ou Cabernet Sauvignon, vinificações resultantes mostram que algumas castas
ou Pinot Noir, por exemplo, as pessoas tomam nota. foram justamente esquecidas: dão baixos rendimentos
Isso aconteceu na década de 1990 na Grécia, e também e vinhos muito vulgares. Mas outras mostram-se pro-
ocorreu em algumas regiões portuguesas e espanholas. missoras e, não menos importante, tardias.
É compreensível, porque até recentemente o mundo Esta é uma casta que vai marcar presença nas vinhas,
do vinho ignorava variedades de sonoridade incomum porque dá vinhos encantadores, com álcool moderado
e algumas dessas interpretações dos clássicos fran- e um sabor apimentado distinto. A empresa espanhola
ceses criaram fama para os seus produtores. Pense Torres lançou a sua própria pesquisa de castas antigas
em Mas de Daumas Gassac depois de mudar das locais que, no seu caso, são catalãs. Muitas destas
variedades do Languedoc para Cabernet Sauvignon foram “perdidas” aquando da filoxera de finais do
e a aclamação que este vinho alcançou. Ou a Bodega século XIX, o que provou ser um constrangimento que
Torres, com o Black Label Cabernet Sauvignon e o levou ao abandono de variedades consideradas muito
Milmanda Chardonnay. Mas as coisas mudaram e a difíceis de cultivar ou de menor rendimento. A Torres
próxima geração está a regressar às variedades locais. colocou anúncios nos jornais direcionados a agricul-
tores que tivessem exemplares desconhecidos nas suas
Regresso ao futuro vinhas. Muitos responderam e, do vasto conjunto de
vinhas examinadas, cerca de 50 não correspondiam
O caos climático realmente lançou luz sobre as a nenhuma das catalogadas, estando potencialmente
castas e, em particular, na necessidade de desenvolver ameaçadas de extinção. Assim, Torres cultivou-as e,
novas ou trazer de volta as esquecidas castas velhas. por um longo período, identificou cinco das mais pro-
As vinhas do futuro precisarão de ser mais resilientes, missoras: Forcada (única variedade branca), Pirene,
porque a maioria das regiões enfrentará não apenas Gonfaus, Moneu e Querol. Estão atualmente a gran-
um futuro mais quente, mas também um futuro mais jeá-las comercialmente e libertaram-nas para outros.
1890
QUINTA DO
ORTIGÃO
Apaixonado pela temática das harmonizações, Bento Amaral foi diretor dos serviços técnicos e de certificação e responsável
da câmara de provadores do IVDP. Atualmente impulsiona o projeto inclusivo “Humanwinety” e é docente universitário.
A inclusão social
no mundo do vinho
Sustentabilidade social. Cada um de nós, querendo-o, tem a oportunidade de criar
condições para a inclusão. É tempo de parar e perguntar-se:
qual é a minha formade colaborar?
C
omo uma parte dos leitores saberá, sou sustentabilidade tem sido a sustentabilidade social,
tetraplégico e tenho a felicidade de ser eventualmente pela complexidade da sua implemen-
um (raro) caso de sucesso de inclusão de tação. Porém, não significa que não existam belíssimos
uma pessoa de um grupo minoritário no casos nesta área.
mundo do vinho em Portugal. É natural Numa visita a um amigo residente em Kolkata, na
que seja esse o motivo para este assunto me ser muito Índia, os neozelandeses Alanna e Pete resolveram
querido. tomar um atalho por uma ruela onde se encontravam
Exatamente por causa disso, e por ter uma empresa várias adolescentes a prostituírem-se. Repararam que
nessa área, estava a adiar a redação de um artigo sobre algumas eram de etnia diferente, tendo ficado a saber
o tema, para ganhar algum distanciamento emocional. que tinham sido raptadas antes de ali estarem a ofe-
Contudo, na preparação de uma conferência sobre recer o corpo a troco de dinheiro.
esta matéria, deparei-me com dois casos de inclusão O acontecimento mudou a vida de Alanna e Pete.
social, um na Argentina e outro na Nova Zelândia, que Pesquisaram e descobriram que, atualmente, existe
me impressionaram e fizeram debruçar-me sobre este mais gente escrava do que em qualquer outra época.
assunto. De regresso ao seu país, criaram uma série de vinhos
Como é sabido, a sustentabilidade social é um dos intitulada “27 seconds” para lembrar que a cada 27
pilares da sustentabilidade como um todo, sendo segundos uma pessoa no mundo é feita escrava. O
os outros vetores a sustentabilidade económica e a lucro da venda desses vinhos reverte para organi-
ambiental. O primeiro vetor é, obviamente, assegurado zações que trabalham no combate ao esclavagismo,
por qualquer empresa para evitar a falência e garantir nomeadamente a Associação Hagar.
a sua sobrevivência. A sustentabilidade ambiental Donald Hess pertenceu à quarta geração da Hess
tem sido ultimamente uma preocupação latente. O Family States, fundada em Berna e com tradição na
principal suspeito para tal facto são, evidente e mere- indústria cervejeira. Expandiu os negócios com-
cidamente, as alterações climáticas que nos levaram prando, em 1978, a famosa adega Mount Veeder, em
a pensar e a agir de um modo mais amigo do nosso Napa Valley. Após outras aquisições chegou a vez da
planeta. Este movimento transversal também ocorre Argentina, adquirindo a empresa mais antiga do país,
naturalmente o mundo do vinho. O parente pobre da Colomé.
Adepto das práticas biodinâmicas, implemen- ostentar o título de melhor “Sommelier do Mundo”.
tou-as naquela propriedade. Todavia, entendia que Infelizmente, um cancro levou-o cedo demais. Em
a sustentabilidade deveria estender-se às pessoas da honra do seu legado e da sua memória, a mulher
localidade mais próxima, Molinos. Empregou pelo Nina, o filho Romané e o seu amigo Lewis Chester
menos uma pessoa de cada agregado familiar. Esta criaram a Fundação Gérard Basset, que apoia enti-
política fez com que várias famílias regressassem dades e indivíduos através do financiamento de edu-
aos seus lares originais, tendo aumentado a popu- cação, treino e mentorado para a inclusão de pessoas
lação do pueblo de 180 para 450 pessoas. Donald pertencentes a grupos minoritários no mundo do
garantiu que qualquer pessoa que voltasse à terra vinho e da hotelaria. Através do apoio proporcio-
de origem teria um emprego na sua propriedade ou nado pela Fundação, várias centenas de pessoas têm
era qualificada para uma profissão necessária nas a oportunidade de estudar ou requalificar-se para
redondezas. A transformação social não ficou por encontrar um trabalho nos setores acima referidos.
aqui: contratou uma enfermeira para o centro local Existem também bons casos de inclusão em
de saúde; reconstruiu a igreja do século XIX para que Portugal, muitos deles preferindo fazê-lo de um
as pessoas pudessem assistir à missa debaixo de um modo sóbrio e anónimo. Outros são bem conhecidos,
teto; o tamanho da escola foi duplicado; construiu como a Associação Bagos d'Ouro, que é apoiada por
um campo de futebol; reconstruiu as casas locais produtores da região do Douro e por doadores indivi-
mantendo a traça, equipando-as com eletricidade e duais, para possibilitar os estudos de crianças e ado-
água corrente. lescentes desfavorecidos; o Plano de Sustentabilidade
Após sobreviver a diversas crises económicas dos Vinhos do Alentejo, cujo referencial inclui indi-
argentinas, é desfeiteado por persistentes infestações cadores associados aos recursos humanos e apoio à
de formigas, que se iniciaram em 2012, reduzindo em sociedade local; ou ainda o apoio à população local
18% a sua produção biodinâmica. Perante tão grande da Symington Family Estates, através da doação de
devastação, e verificando que não poderia continuar ambulâncias.
com as práticas vitícolas em que acreditava, vendeu A Humanwinety, empresa de que sou sócio (decla-
a Colomé em 2018 a Jorge Horácio de Brito que era ração de interesse), está a ser implementada de modo
o administrador do maior banco argentino, Banco a poder formar e capacitar pessoas pertencentes a
Macro. grupos minoritários e incluí-los no mundo do vinho
e da hotelaria.
A Fundação Basset Estas são algumas formas criativas que foram
e a Humanwinety encontradas para trabalhar verdadeiramente na sus-
tentabilidade social. Mostram que cada um de nós,
Gérard Basset é uma inspiração no mundo dos querendo-o, tem a oportunidade de criar condições
vinhos. O único a conseguir passar os exigentes para a inclusão social. É tempo de parar e pergun-
exames Master of Wine e Master Sommelier e tar-se: qual é a minha forma de colaborar?
José João Santos, diretor de conteúdos da EV-Essência do Vinho, tem a paixão da escrita,
da reportagem, da formação e da prova. É ainda autor do podcast "Vinho, Palavra a Palavra".
A credibilidade
dos concursos
Nem todos os concursos são iguais e até os mais rigorosos frequentemente mostram
resultados suscetíveis de debate. Importa, por isso, explicar importantes detalhes,
porque ninguém deve comer gelados com a testa a ponto de acreditar que um vinho
banhado a ouro num concurso seja o pináculo dos vinhos mundiais.
A
primavera e o início do verão são a quotidiano quis, simultaneamente, testar a fiabilidade
época alta dos concursos internacionais dos concursos. E é neste particular que a coisa ficou
de vinho. No Hemisfério Norte é a altura séria…
em que vinha e adega estão relativa- Num primeiro momento solicitou ajuda ao som-
mente tranquilos e, sob o ponto de vista melier Eric Boschman, eleito “Melhor Sommelier da
comercial e de marketing, é também um momento Bélgica” em 1988, para preparar uma degustação de
mais calmo. Por entre competições que são referência vinhos de supermercado abaixo dos 3,00€. O eleito
ou avaliações muito centradas em regiões, estilos ou foi um tinto, o Delhaize Bonnes Vignes Rouge, um
castas, a diversidade é atualmente assinalável. Vin de France genérico, elaborado a partir das castas
Foi também recentemente que os concursos de Grenache, Carignan e Cinsault.
vinho estiveram na corda bamba pela opinião pública. Há um requinte de deliciosa malvadez neste pro-
Compreensivelmente, admita-se, face à repercussão cesso. Os jornalistas alteraram o rótulo do vinho a
mundial de uma reportagem trabalhada pelos jor- levar ao concurso para um mais pomposo Le Château
nalistas do programa televisivo belga “On n´est pas Colombier, a que acrescentaram a imagem de uma
des pigeons” – numa tradução grosseira, “não somos pomba em alusão aos “pigeons”.
pombos”. Pagaram a taxa de inscrição no concurso (54,00€)
A peça tem como pressuposto a importância que acompanhada da respetiva análise laboratorial
a generalidade dos consumidores atribui ao facto de (20,00€) e alcançaram uma surpreendente medalha
ver o selo de uma medalha – ou distinção equivalente de ouro no concurso Gilbert & Gaillard International
– acompanhar o rótulo de um vinho. Perante consu- Challenge, promovido pelo grupo editorial multimédia
midores menos conhecedores e em contexto de super- detido por Philippe Gaillard e François Gilbert, de
mercado, sim, a medalha funciona muitas vezes como origem francesa, e que hoje atua em 22 mercados.
elemento persuasor e de confiança extra de compra. Para lá do diploma a comprovar a medalha, o des-
Aliás, a reportagem estima que uma medalha possa critivo sobre o vinho foi elogioso: “Cor vermelha gra-
aumentar até 15% as vendas de um vinho. Mas, o nada brilhante. Nariz tímido combinando frutas de
programa televisivo dedicado a questões de consumo caroço, groselha, carvalho discreto.
A credibilidade de uma
competição é a maior das
mais-valias, deverá ser
sempre a grande preocupação
Paladar suave, nervoso e de quem organiza. Tratando-se
rico com aromas jovens e de quem organiza. A malha igualmente de uma máquina
limpos que prometem uma deve ser apertada para que tem que pagar contas
agradável complexidade. e gerar proveitos, um con-
Evolução em especiarias finas salvaguardar o rigor. curso que estipula preços de
e um toque de fuligem. Muito inscrição de vinhos para ava-
interessante”. liação tem que garantir jurados competentes e consis-
O jornalista Samy Hosni candidatou-se entretanto a tência geral de prova para retribuir o esforço financeiro
provador. Online, conseguiu essa possibilidade e, sem dos produtores e das empresas que enviam os vinhos.
experiência, foi um dos 1.600 jurados de um concurso A malha deve ser apertada para salvaguardar o rigor.
internacional de vinhos que decorreu em Mâcon e Quem são os jurados dos concursos?
cujo painel de provadores era constituído, em 45%, Maioritariamente jornalistas e críticos de vinhos,
por amadores. Experiência prévia do jornalista como enólogos, sommeliers, importadores e distribuidores.
provador? Nenhuma. Agrupam-se em mesa de prova, regularmente entre
quatro a oito elementos, avaliam individualmente cada
Apertar a malha, apelar ao rigor vinho, sendo a nota final atribuída a que resulta da
média desse conjunto de provadores.
Felizmente, nem todos os concursos são iguais e Competições prestigiadas, como o Concurso
até os mais rigorosos frequentemente mostram resul- Mundial de Bruxelas ou o International Wine
tados suscetíveis de debate. Importa, por isso, explicar Challenge, trabalham de diferentes formas critérios e
importantes detalhes, porque ninguém deve comer logística de provas. Ao ter participado em diferentes
gelados com a testa a ponto de acreditar que um vinho sessões de ambos, reconheço-lhes credibilidade, pro-
banhado a ouro num concurso seja o pináculo dos fissionalismo e esforço contínuo para salvaguardar o
vinhos mundiais. rigor. Não são casos únicos.
Os mais conceituados vinhos do mundo não se Nas últimas semanas, quis o calendário e a agenda
sujeitam ao crivo dos concursos por duas razões que participasse em diferentes concursos num curtís-
principais: já possuem a notoriedade e o prestígio que simo espaço de tempo. Nos arredores de Nápoles, no
permite vender a muito bom/excelente preço; em con- Concours Mondial de Bruxelles – Sparkling Selection
texto de concurso, uma possível ausência de distinção 2023, atribuí boas pontuações a um conjunto muito
relevante poderia colocar em causa o prestígio e a con- homogéneo de espumantes da Moldávia, substancial-
sagração da marca. mente mais interessantes que os champanhes medianos
No polo oposto estão os vinhos que lutam pelo que calharam em sorte na mesa de provas que integrei.
reconhecimento e, muita vezes, por presenças mais Fiquei ainda feliz ao ter percebido a coragem de alguns
fortes nas prateleiras dos supermercados de diferentes produtores portugueses que sujeitaram a avaliação
países. São esses a esmagadora maioria dos vinhos ava- espumantes datados com alguns anos de garrafa, uma
liados nas competições internacionais. demonstração de confiança no trabalho realizado.
Para reduzir riscos de subjetividade, sempre inerente Na Guarda, em Valpaços e em Viseu, com organi-
ao juízo de uma avaliação, ou falta de rigor, vários con- zação das comissões vitivinícolas regionais da Beira
cursos seguem estratégias como fazer com que todos Interior, Trás-os-Montes e Dão, respetivamente,
os vinhos sejam provados mais do que uma vez por provei diferentes dezenas de amostras que ajudam a
jurados diferentes ou repetir a prova dos vinhos mais perceber a realidade destas denominações, ora com-
bem pontuados na fase final de atribuição de meda- provando o potencial ora exemplificando o trajeto que
lhas. A performance dos provadores é também ava- falta ainda cumprir. É um exercício importante e que
liada, com o mesmo vinho a ser provado pelo mesmo valorizo, precisamente porque permite provar vinhos
provador durante a mesma sessão, sem aviso prévio, que nem sempre são partilhados para avaliação da
claro, tentando assim perceber se há consistência ou Revista de Vinhos.
desvio na avaliação. Por falar em revista, a eleger a competição anual
Os vinhos são habitualmente provados apenas de maior entusiasmo seria o “TOP 10 Vinhos
havendo conhecimento do provador acerca da tipo- Portugueses”, que integra a programação do evento
logia e do ano de colheita. Outros concursos há, sobre- Essência do Vinho – Porto, onde provamos uma
tudo os de matriz mais temática, em que por vezes é pré-seleção na ordem de 60 vinhos, de diferentes
partilhada informação sobre a casta ou a origem. tipologias, que ao longo do ano anterior mais se evi-
A credibilidade de uma competição é a maior das denciaram na nossa publicação. Ali está “crème de la
mais-valias, deverá ser sempre a grande preocupação crème”, uma raridade nas competições de vinho.
VINHO
COMPRA EXCLUSIVA ONLINE EM
adegamae.pt
FORA
DA CAPA
AdegaMãe Vinhas
23,00 €
Velhas Vital 2019
Lisboa / Branco /
AdegaMãe
Para a Mesa
Desenhos a Kompassus
Há algo de muito particular na Bairrada, quando o assunto é a produção
de espumantes de elevada categoria. E, entre os seus melhores intérpretes,
a Kompassus tem olho especial.
PA R A A
E S
Não é para menos, quando sabemos que o seu
93
Kompassus Grande Reserva
Pinot Noir 2013
Bairrada / Espumante / Kompassus Vinhos
—
Cor salmão, laivos alaranjados. Notas de salicórnia,
cereja e panificação. De acidez crocante e leve
especiaria, tem mousse generosa, precisão de volume
e um final de excelente textura. JJS
Consumo: 2023-2028
45,00€ / 8ºC
Para a Cave
94
Quinta do Monte Xisto 2020
Douro / Tinto / João Nicolau de Almeida
& Filhos
—
Rubi escuro. Florais silvestres seguidos de cereja
vermelha, bergamota, chão e cedro. Tanino firme
mas equilibrado, estrutura elegante, de final
notavelmente profundo e sedoso, com nuances de
floresta. Um grande vinho, que irá perdurar. JJS
Consumo: 2023-2040
70,00€ / 16ºC
b b
A escolha de s A escolha de a
José João Santo Guilherme Corrê
90 90 90 90 90
Carpe Vitae 2019 Dona Maria 2022 Mingorra Reserva Quinta do Gradil Zafirah 2022
Regional Tejo / Tinto / Alentejo / Rosé / Júlio 2019 Reserva 2019 Vinho Verde (Monção
Casal da Coelheira Bastos Regional Alentejano / Regional Lisboa / Tinto / e Melgaço) / Tinto /
60,00€ / 16ºC 9,95€ / 11ºC Tinto / H. UVA Quinta do Gradil Constantino Casimiro
Barbosa Ramos
- - 14,49€ / 16ºC 19,94€ / 16ºC
Rubi. Florais silvestres, Cor salmão. Elegante - - 13,00€ / 14ºC
cereja escura, algum expressão floral, Cor vermelha, notas Rubi denso, nariz -
citrino, folha de tomate complementos de romã e frutadas, fruta vermelha sofisticado, complexidade Rubi. Lembra a franqueza
e grão de café. Tanino cereja vermelha. Untuoso presente, ligeiro especiado e amplitude. Floral e fruta de adega em vindima.
firme, muito boa acidez, e tenso, senhor de boa onde a madeira está a de grande qualidade. Notas de morango, cereja
volume altivo e final bem acidez que lhe ampara toda envolver. Sabor seco, Especiarias. Boca e florais de rosa. Acidez
proporcionado - em sabor, a estrutura, termina muito taninos presentes, imponente de estrutura, vincada, tanino fino,
textura e persistência. Pelo sério. Aposta segura para alguma secura, madeira mas acessível nos taninos, ligeiro "pico", frescura e
perfil, um todo o terreno gastronomia. mais evidente, frutado tem frescura, é sumarento sensação minerais. De final
gastronómico. JJS e especiado. Bom e um belo acabamento leve e viciante, tem uma
corpo e final agradável de balsâmicos muito identidade que remete a
e equilibrada. Escolha sugestivos. Muito bem! outros tempos. Refresque-o
acertada para pratos de ligeiramente. JJS
tacho.
b b b
A escolha de ires A escolha de A escolha de
Nuno Guedes Vaz P Rodolfo Tristão Manuel Moreira
87 87 86 85 85
Herdade Paço do Quinta do Valdoeiro Pasmados 2017 Altitude by Duorum Coelheiros 2022
Conde Touriga Chardonnay 2022 Regional Península de 2022 Alentejo / Rosé / Tapada
Nacional & Syrah Bairrada / Branco / Setúbal / Tinto / José Douro / Branco / Duorum dos Coelheiros
2020 Sociedade Agrícola e Maria da Fonseca Vinhos 11,00€ / 11ºC
Regional Alentejano Comercial dos Vinhos 9,99€ / 16ºC 7,50€ / 11ºC -
/ Tinto / Sociedade Messias - - Cor salmão de intensidade
Agrícola Encosta do 8,15€ / 11ºC Rubi de média intensidade. Amarelo palha. Nariz de média, muito em voga.
Guadiana - O aroma privilegia as frutas restolho, lima, alperce e noz. Aroma elegante e etéreo.
vermelhas maduras, ainda Amplo, desperto pela acidez Cereja, rosa seca. Na boca
7,49€ / 16ºC Amarelo verdeal. Aromas
que um toque de couro que lhe suporta o volume, mantém-se esse perfil de
- de fruta madura, elegante
e pimento tragam algum termina afirmativo e com elegância de um clima
e precisa, como pêssego,
Rubi de média intensidade. contraste. Médio corpo, nitidez gastronómica. JJS quente com fruta maturada
banana, ameixa branca. A
Elegante expressão de taninos rugosos, acidez envolvida por um corpo
madeira a fazer-se sentir
frutas vermelhas maduras, picante e final levemente de volume médio como é
em tons lácteos. Na boca é
coadjuvada por um secante. GC pretendido. BA
gordo, saboroso, a acidez
subtil perfume de flores
limonada é primorosa, em
vermelha e notas de canela.
crescendo de intensidade,
Apresenta taninos sedosos,
com equilíbrio bem
no ponto de firmeza certo.
conseguido. MB
Fresco, suculento, de boa
permanência. GC
De saída do Turismo de Portugal depois de sete anos na liderança do instituto, Luís Araújo
deixa um legado de vulto na estratégia nacional do setor, que conheceu um período dramático
na fase pandémica que o mundo viveu.
Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, com diversas
especializações em hotelaria pela Universidade de Cornell, possui um vasto currículo, que inclui
vários anos no grupo Pestana, com uma passagem no Governo como chefe do Gabinete do
Secretário de Estado do Turismo no XVII Governo Constitucional.
A Estratégia Turismo 2027 definou, entre os dez ativos estratégicos para diversificar a oferta e
captar novos mercados, a gastronomia e o enoturismo como eixo fundamental e distintivo.
A Wine & Travel Week, recém-premiada internacionalmente, é um desses exemplos.
dicas
Foi uma das castas que mais sofreu
com a filoxera, nos finais do século
XIX. Talvez por estar localizada
1.
sobretudo em zona de encosta, na
Serra da Arrábida, as plantações
subsequentes “desceram” de cota,
para zonas arenosas.
2.
elaboração de vinhos tipo rosé, com
aromas primários característicos,
desde logo florais, que se
preservam na fermentação.
3.
óxido de rosa e nerol. Porém,
estas diferenças mostram-se
Moscatel
significativas apenas nos vinhos
mais jovens.
4.
poderão verificar-se problemas
de turbidez, o que obriga a
Casta rara, a variedade Moscatel Galego Roxo escapou à extinção mas, na rea- preocupações extra na hora da
lidade, não consta sequer das castas mais plantadas na Península de Setúbal, onde colagem.
terá ocorrido a mutação da variedade Moscatel de Bago Miúdo, ou Moscatel Galego
Branco, de que demos conta na última edição. Destino quase idêntico ao sofrido pela E, como habitual, algumas
variedade Bastardo, ou Trousseau, com que se produzia o célebre Bastardinho de sugestões para prova: entre os
Azeitão. rosés, Bacalhôa Moscatel Roxo
Com efeito, nos 8.027 ha. recenseados da região, a mais popular variedade Vinha dos Frades, Colecção Privada
Moscatel Graúdo responde por cerca de 700. Já da Moscatel Roxo – designação Domingos Soares Franco Roxo
autorizada apenas na rotulagem do vinho licoroso produzido em Setúbal – restam Rosé ou, do Algarve, o rosé Villa
pouco mais de 50 ha. A boa notícia, contudo, é que a tendência para o crescimento Alvor Moscatel Galego Roxo. Numa
da procura de vinhos desta casta que não apenas licorosos, deverá conduzir ao versão em branco, Quinta do Piloto
aumento do encepamento – e não apenas na região; veja-se o exemplo da Aveleda, Moscatel Roxo. Nos licorosos,
no Algarve, com o projeto Villa Alvor.
Bacalhôa Moscatel Roxo Superior 10
Anos 2005; SIVIPA Moscatel Roxo
Morfologicamente, a apresentação da variedade roxa é bastante diferente da
10 Anos Superior ou; Família Horácio
Moscatel branca. Desde logo, cachos e bagos são de dimensão mais reduzida, distin-
Simões Costa a Costa Moscatel
guindo-se pelos tons rosa. Talvez por esta razão, as vinhas com esta casta estavam
Roxo. Para o éden, caso consiga
plantadas por entre as vinhas de Moscatel Graúdo. Outra razão para tal poderá
deitar-lhes as mãos, José Maria da
residir no facto de, ao apresentar um bago mais doce, ser especialmente apetecível
5.
Fonseca Moscatel Roxo de Setúbal
para a passarada, que assim “poupava” os cachos de Moscatel Graúdo. Superior 1918, ou o centenário
Quinta do Piloto Moscatel Roxo
Coleção de Família.
Um mundo
em tons rosa
O vinho rosé ganha espaço próprio nas prateleiras, e mesas, dos consumidores. Todos os
indicadores atestam a emancipação da categoria, vista cada vez menos com o preconceito
a que era votada há até bem poucos anos. França, como seria de esperar, lidera. Portugal
está também em trajetória positiva. Bons sinais para os vinhos em tons rosa.
34 %
70 % França é líder
10 ML.
no consumo de rosé.
Crescimento esperado das
9%
vendas globais da categoria
entre 2020 e 2024. Vendas de rosé em
Portugal em 2022.
Crescimento em 2018
(antes da pandemia)
Antes do copo, antes da garrafa e da adega: a vinha. Onde tudo começa e decorre um trabalho nobre de uma indústria sem telhado.
Granizo: jÁ nem
sÓ de oraÇÕes
vivem os
… e que o diga o Douro
cÉus
O ano de 2024 pode muito bem ficar marcado por uma revolução nos céus
do Douro. A próxima primavera vai trazer os primeiros testes “in loco” das
estações anti-granizo que a Associação ProDouro tem vindo a dinamizar
com grande empenho. Na prática, poderemos assistir à mitigação dos
efeitos muitas vezes brutais que a queda de granizo tem sobre as vinhas.
O ano de 2023 está, infelizmente, a provar mais uma vez a importância
destes sistemas. A Revista de Vinhos entrevistou Rui Soares, presidente da
Prodouro, e também alguns produtores da região que viram as suas vinhas
afetadas nas últimas semanas.
Localizada em Castelo Melhor, no concelho de Vila Airbus e Hyundai interessadas num sistema anti
Nova de Foz Côa, a Quinta da Cabreira, propriedade granizo?
da Quinta do Crasto, tem cerca de 140 hectares, 114
dos quais plantados com vinha. Foram um dos vários Num trabalho da ProDouro que já tem alguns anos
produtores afetados pela queda forte de granizo e que envolveu muito estudo, contactos e visitas, foi
que se fez sentir na região. “Temos uma perda sig- fundamental a ida até França, sobretudo a duas regiões
nificativa”, começa por lamentar Manuel Lobo, enó- particularmente conhecidas pela produção vitícola:
logo responsável. “Não só a parte da produção mas Bordéus e Borgonha. E também o contacto próximo
também afetados, naturalmente, na área foliar que com a ANELFA (Association Nationale d’Etude et
ficou reduzida. Mas aquela que restou julgamos ser de Lutte contre les Fléaux Atmosphériques), asso-
suficiente para podermos ter uma maturação fenólica ciação de meteorologistas criada nos anos 50, com
completa”, refere o enólogo que diz “estar já habi- larga experiência. Ainda em França, a ProDouro pôde
tuado” a estes fenómenos. “Com uma área total de contactar com produtores e clientes finais da solução
250 ha de vinhas, a probabilidade de sermos afetados que tem permitido evitar danos causados pelo gra-
é infelizmente grande”, refere. Também a Conceito nizo, num esforço global que envolve não apenas
Vinhos foi afetada nos seus 90 ha de vinhas, ainda que produtores vitícolas mas também empresas tão
com menos impacto. “Tivemos granizo em cerca de diversas como a Airbus ou a Hyundai, financiadoras
10 ha, com perdas que deverão rondar os 20 a 30%”, da solução. E porquê estas duas conhecidas marcas?
adianta Rita Marques, administradora e enóloga. Porque ambas têm interesse que os seus produtos –
“São fenómenos cada vez mais frequentes. Também aviões e carros, respetivamente, uma vez construídos
por isso optamos por fazer seguro de colheita que e estacionados nos respetivos parques, ao ar livre
cobre toda a nossa área plantada”, refere. Numa área e enquanto aguardam novo destino, possam estar
relativamente semelhante, o Palato do Côa também seguros de danos causados pelo granizo.
sofreu perdas. “Temos vinhas em vários locais mas O sistema, em termos técnicos, tem um funcio-
foi em Muxagata, concelho de Vila Nova de Foz Côa, namento relativamente simples. Definida uma zona
que sofremos com o granizo. Cerca de 10 a 11 ha de geográfica, escolhe-se um local onde o radar meteo-
área afetada”, refere o enólogo Carloto Magalhães. rológico ficará instalado. Será o responsável pela
Percorrendo a região, são muitos os produtores afe- monitorização das nuvens de granizo e estará absolu-
tados e não se circunscrevem à viticultura. Outras tamente concentrado nessa tarefa única. Opera num
culturas foram igualmente prejudicadas. A pensar raio de 30 km e no caso concreto do Douro ficará em
nisso e no aumento da frequência destes fenómenos Alijó, já a partir da próxima primavera, altura em que
extremos, a ProDouro (Associação de Viticultores o projeto-piloto vai ser instalado. Qualquer nuvem de
Profissionais do Douro) está a dinamizar um projeto granizo que entre nessa área controlada será seguida
de grande abrangência que promete ter um impacto atentamente por esse radar. Caso existe um risco de
positivo na agricultura duriense já no próximo ano. granizo, entram em ação as estações fixas. Serão no
“A nossa associação foi à procura de soluções anti- total 19 e têm balões meteorológicos, semelhantes aos
-granizo e encontrou em França um sistema, já tes- balões de S. João. Esses balões, em caso de ameaça,
tado e com grande eficácia, que permite mitigar os são largados e detonados a cerca de 600 metros de
efeitos devastadores deste fenómeno”, assegura Rui altitude, lançando para as nuvens sais higroscópicos
Soares, presidente da ProDouro. que vão “dissolver” as pedras de granizo já formadas,
facto que permitirá a queda de chuva ou, no limite,
www.herdadedogamito.pt
CERVEJA
90
Tropical Hemp Seed Lager
Espuma branca, com persistência
média. Acobreada, alguma turbidez.
Fruta madura, tropical. Na boca,
um corpo ligeiro e agradável, com
um final de boca muito (e bem)
marcado pelo cereal, com um
pico que lhe confere uma graça
particular e especial.
5,0 % de álcool
18 IBU
3,00€ (33 cl), 2,00€ (à pressão)
Porque para lá do vinho há muitos outros blends que merecem a nossa atenção.
FluÈre
Go with the flow!
THE CUBAN
. 45 ml. Fluère
Spiced Cane
. 120 ml. Cola
. 1 rodela de lima
O que distingue as várias referências do portefólio
Fluère é a matéria-prima base, a mesma usada em
destilados alcoólicos. Obtêm-se destilados com
perfis semelhantes a destilados já existentes (Rum,
Tequila, Gin, Bitter…), o que permite aos bares
adaptar receitas de cocktails já conhecidas para
versão sem álcool e/ou com pouco álcool.
9,2 mil milhões de euros. Este é o valor que desempenhará um papel importante na participar em qualquer ocasião, mas que lhe
estimado de resultados na venda de bebidas cobertura do espaço não alcoólico e de baixo permitisse escolher se o álcool estava ou não
do segmento No & Low (bebidas sem ou com teor alcoólico”. envolvido”.
baixo teor alcoólico, que incluem a cerveja/ De acordo com Alexandre Leitão, Léon inspirou-se em textos romanos
cidra sem e com baixo teor de álcool, o vinho, Category Manager de Spirits na distribui- antigos para saber que plantas utilizar nas
os destilados e os produtos prontos para dora, “a Vinalda decidiu incorporar esta cate- primeiras expressões de Fluère e, ao fazê-lo,
beber), superando o das bebidas com álcool. goria seguindo o nosso objetivo de empresa derivou o nome Fluère do latim para fluir.
Segundo dados do IWSR Drinks Market diferenciadora e inovadora. Ou seja, incor- A marca utiliza apenas os melhores ingre-
Analysis, citados pela distribuidora Vinalda, poramos uma marca que nos permite ter dientes e os melhores botânicos. Fluère é
esta categoria tem aumentado a sua quota no um portefólio muito variado e diferenciador uma bebida espirituosa destilada, tal como o
mercado total de espirituosos. Inicialmente de uma categoria ainda praticamente inexis- gin, o rum ou o mezcal. “Apenas destilamos
constituía-se apenas como “apenas uma tente. Queremos dar opções às pessoas que a nossa bebida espirituosa não alcoólica de
pequena fatia do mercado global de bebidas procuram estas bebidas e tornar o mundo da forma um pouco mais suave”, segundo Léon
alcoólicas, mas cresceu mais de 6% em coquetelaria aberto a quem procura bebidas Meijers.
volume em dez mercados-chave globais em sem ou com baixo teor de álcool. É um seg- O portefólio Fluère inclui as referências
2021, representando uma quota de mercado mento ainda sem grande expressão no nosso Original, Fluère Raspberry Blend, Fluère
de 3,5%, em volume”. O IWSR prevê que esta país, embora os indicadores sejam muito Spiced Cane, Fluère Smoked Agave e Fluère
categoria tenha uma taxa de crescimento positivos”. Bitter. Para obter o melhor destes botânicos,
anual composta (CAGR) de 8% entre 2021 Este operador considera que as medidas cada baga, flor, especiaria e fruta é destilada
e 2025, face a um crescimento esperado das adotadas na Irlanda e outros países têm individualmente através da ‘destilação a
bebidas alcoólicas de 0,7% CAGR durante o impacto relevante no mercado e na tendência vapor’. Cada botânico é destilado separada-
mesmo período. No & Low. “Os mercados externos servem mente e depois misturado por mestres ‘blen-
A mais recente achega a esta conjuntura de benchmark para o nosso e claro que o ders’ na Holanda. “Esta não é a forma mais
foi dada pela Irlanda, que promulgou uma lei turismo tem um grande peso. Acreditamos fácil ou mais barata de fazer Fluère, mas é a
que obriga os rótulos das bebidas alcoólicas a que o que se torna regra no país de origem, melhor”, resume Léon Meijers.
apresentar os gramas de álcool e o teor caló- terá impacto no nosso. De qualquer maneira Alexandre Leitão aprofunda: “O que dis-
rico de cada produto, juntamente com indi- com o consumo responsável que se tenta tingue as várias referências do portefólio
cação dos riscos para a saúde associados ao incutir em Portugal, e neste caso, podermos Fluère “é a matéria-prima base”, a mesma
seu consumo, como doenças hepáticas ou de servir uma bebida de qualidade e com o “usada em destilados alcoólicos”. Com isto,
cancro, encaminhando os consumidores para mesmo grau de ciência de um cocktail prossegue, “conseguimos ter destilados com
o portal “Ask About Alcohol” do Executivo normal, pode e deve vir a ser uma aposta do perfis semelhantes a destilados já existentes
em matéria de Saúde e Segurança da Irlanda mercado. Diria que o segmento é o mesmo, (Rum, Tequila, Gin, Bitter…), o que permite
(HSE). A medida só entrará em vigor em mas uma categoria diferente e com um pro- aos bares adaptar receitas de cocktails já
2026, mas a polémica entre os Estados- pósito de inclusão”. conhecidas para versão sem álcool e/ou com
membro já estalou. Afinal, não é de agora que pouco álcool, por troca de um dos ingre-
os membros do Reino Unido e outros países Fluir no momento dientes alcoólicos”.
nórdicos levantam esta bandeira. A própria A Fluère usa “um processo de hidrodesti-
União Europeia tem lançado legislação sobre Nesse sentido, a marca Fluère apresen- lação, semelhante ao processo do gin, mas na
a matéria desde o início do milénio. ta-se com uma mensagem que incide sobre base nunca chega a existir álcool. Ou seja, a
Vai daí, a Vinalda, sempre atenta às ten- “fluir no momento, sentir-se confortável na destilação é feita por vaporização dos botâ-
dências de mercado, passou a representar sua própria pele e querer apenas o melhor”. nicos, todos de forma individual. No fim é
no nosso país a Fluère, marca de destilados Quando Léon Meijers, cofundador da marca, feita a receita para se obter o produto final”.
sem álcool da The Lucas Bols Company. “se apercebeu que não queria ter sempre a Como nada bate a experiências, deixamos
Esta “está em linha com a tendência cres- sua mente perturbada em situações sociais, aqui várias receitas de cocktails com Fluère.
cente de cocktails premium e acreditamos decidiu criar um líquido que pudesse beber e Go with the flow!
COCKTAILS FLUÉRE
SERENADA
Um Alentejo diferente...
essa é a melhor forma de descrever este monte
alentejano virado para a Serra da Arrábida.
ENOTURISMO
Já em 1646 se sentiu neste recanto de Grândola uma paz originalmente – criou um vinho que considera ser a ‘coluna
e tranquilidade que convidava ao sossego e, por isso, lhe foi vertebral’ do projecto: o Cepas Cinquentenárias, branco e
dado o nome de Serenada. Passando de geração em geração tinto.
na mesma família, a quinta de 23 hectares chegou às mãos de Também o trio de branco, rosé e tinto Grauvaque Y14 tem
Jacinta Sobral, a atual proprietária. um lugar especial nesta adega.
Nem sempre a vinha foi a protagonista nestas terras. A região de Grândola beneficia de uma fascinante variedade
Durante mais de 300 anos, os terrenos foram preenchidos geológica, sendo grauvaque um tipo de pedra predominante
essencialmente por oliveiras e pinheiros, nada de vinha. Até na herdade, atribuindo ao vinho uma salinidade inesperada.
que em 1961, ano de nascimento de Jacinta, o seu pai plantou a A composição dos solos é de tal maneira determinante para
primeira parcela com uma mistura de castas brancas e tintas. o terroir da Serenada que fez Jacinta estudá-los com algum
Quando herdou a Serenada, Jacinta estava longe das detalhe e que tem gosto em explicar a quem prova aquele
andanças do vinho, mas a formação em farmácia levou-a a néctar.
aplicar sua experiência de ciência e laboratório à enologia. Mas tanto o lugar como os vinhos da Serenada tinham que
Decisão que tem provado ter sido a correcta! ser partilhados com mais gente; por isso Jacinta, em conjunto
Este é um Alentejo diferente. Fica situado a 150 metros de com o seu marido Manuel, começou a desenhar um projeto
altitude, em plena Serra de Grândola e a 12 quilómetros do de enoturismo, a partir de umas antigas ruínas. Daí nasceu um
oceano, com solos compostos de ferro, xisto alentejano e grau- alojamento com oito quartos e suites – cada um com o nome
vaque, fortemente influenciado pelos ventos, tanto da serra de uma das castas da propriedade – piscina infinita e restau-
como do mar: sim, é um Alentejo mesmo muito diferente. De rante de comida caseira, bem no meio da vegetação. O enotu-
tal forma que se insere na região vitivinícola da Península de rismo da Serenada abriu portas em 2013, celebrando agora
Setúbal. uma década.
As características especiais e únicas deste lugar fizeram Além de visitas à adega e provas de vinho, acessíveis a todos
Jacinta perceber que a Serenada tinha as condições ideais os visitantes, também aqui se organizam outras actividades
para albergar diferentes castas de todo o país, e também exclusivas aos hóspedes do hotel. Os jantares vínicos, har-
algumas internacionais. À vinha plantada pelo pai, adicionou monizando os diferentes vinhos com especialidades da casa
uma parcela nova e ficou com um total de 7 hectares onde se – bacalhau assado, bochechas de porco, mousse de chocolate
encontram mais de 20 castas: Jaen, Baga, Castelão, Bastardo, ou pera bêbeda – são sempre os mais requisitados.
Ramisco, Fernão Pires, Trincadeira das Pratas, Moscatel e Aproveitando toda a envolvência deste lugar, preparam-se
Rabo de Ovelha, apenas para nomear algumas. mochilas de piquenique para serem disfrutadas em pontos-
Esta diversidade permite à enóloga divertir-se muito na -chave espalhados pela propriedade ou mesmo na praia ali tão
adega, que é como quem diz, fazer ensaios com diferentes perto. Também existe sinalética no exterior a indicar percursos
processos de vinificação, sempre em pequenas quantidades, entre vinhas para os fãs de trekking. Os menos aventureiros,
usando inox, barrica de carvalho e talha. Desta forma conse- que procuram somente a serenidade deste enoturismo, podem
guiu reunir um portefólio de 14 referências, preservando ao optar por um mergulho na piscina frente à vinha ou, nos dias
máximo a riqueza do ecossistema Serenada. de inverno, uma sesta na biblioteca junto à lareira. Vida difícil
Da tal vinha primogénita – que mantém em sequeiro como esta da Serenada, não é?
CONTACTOS
Jacinta Sobral e Manuel Silva
A SERENADA
A SERENADA ENOTURISMO -
RIC 1265 - OUTEIRO ANDRÉ
7570-345 SOBREIRAS ALTAS
GRÂNDOLA, PORTUGAL
E-MAIL: RESERVAS@SERENADA.PT
TELEFONE: +351 269 498 014
PREÇOS
. VISITA E PROVA A PARTIR DE 15,00€
. JANTARES VÍNICOS
(EXCLUSIVO HÓSPEDES) A 45,00€
. SUITES A PARTIR DE 180,00€
EXPERIÊNCIAS
. Visita à vinha e adega com
prova de vinhos
. mochila de piquenique
. percursos de trekking
. jantares vínicos
. piscina
. oito suites
A Serenada é um Alentejo diferente. Situada em plena
Serra de Grândola e a 12 quilómetros do oceano, com
solos de xisto alentejano e grauvaque, fortemente
influenciada pelos ventos da serra e do mar: é um
Alentejo mesmo muito diferente. De tal forma que se
insere na região vitivinícola da Península de Setúbal.
COMO CHEGAR
Se partir de Lisboa, a viagem dura
menos de 1h30
Î atravessando a Ponte 25 de Abril
Î seguindo pela A2 até à saída
Sines/Grândola
Î Mais 15 minutos pelo IP8 e sai em
direção à Comporta
Î A N261 e a M1076 levam-no
até Sobreiras Altas/Fontainhas
onde encontrará sinalética para a
Serenada
SUGESTÕES EXTRA
Centro Ciência Viva do Lousal
A mina do Lousal, ativa até aos anos 80, alberga actualmente um núcleo
museológico do qual o Centro Ciência Viva do Lousal faz parte. Além
de atividades interativas para quem adora ciência, este museu tem uma
particularidade interessante para os amantes do vinho: em parceria com a
Associação de Produtores de Vinhos da Costa Alentejana, acolheu na mais
antiga galeria mineira do Lousal alguns dos vinhos produzidos neste território,
incluído os da Serenada. Estas garrafas ficam guardadas em ambiente de
ausência de luz, humidade e temperatura estáveis todo o ano, ideal para o seu
envelhecimento.
Parece cliché sugerir ir até à praia quando se visita a Serenada, mas em que
outra parte de Portugal o mar e o vinho estão tão perto um do outro? Ainda
para mais quando se trata da maior extensão contínua de praia de areia da
Europa, que vai de Tróia a Sines, ao longo de cerca de 80 km. As praias da
Aberta Nova e Melides são algumas onde vale a pena estender a toalha.
Exemplo incomparável da arquitetura militar do séc. XVIII e considerada por
muitos historiadores como uma das mais poderosas fortalezas abaluartadas do
mundo, o forte está aberto ao público todo o ano com visitas guiadas.
ERRATA
Por lapso, na última edição da nossa revista, a referência
à descida do rio Zêzere na reportagem dedicada à
Quinta do Côro saiu truncada. Publicamos agora a
versão correta, com o nosso pedido de desculpas aos
leitores e aos visados.
14 - 17 SETEMBRO ‘23
O MAIOR FESTIVAL DE VINHOS
DA REGIÃO DE LISBOA
GASTRONOMIA – VINHO – MÚSICA – CONVERSAS – PROVAS
EXPERIÊNCIAS SENSORIAIS – CHEFS – EXPOSIÇÕES
almadovinho.pt
Para ver e ouvir R E P O RTAG E M
texto José João Santos / notas de prova José João Santos, Nuno Guedes Vaz Pires / fotos André Macedo, Ricardo Garrido
Todos dizem que Portugal está na moda. Bastar circular pelas grandes cidades para nos aperce-
bermos do “boom”, embora hoje seja também possível cruzarmo-nos com americanos, nórdicos,
brasileiros ou asiáticos no mais recôndito dos lugares.
No vinho, há muito nos habituamos a conviver com outras línguas. O que seria do Vinho do Porto
ou do Vinho Madeira sem a participação britânica? Mas, desde meados dos anos 90 do século
passado que um outro fenómeno tem sido vivido – o de estrangeiros que acabam por radicar-se em
Portugal, muitos abandonando as carreiras de sempre para abraçarem a aventurança.
Nos anos mais recentes o interesse tem aumentado, aí sim, talvez refletindo um pouco o tal
Portugal que está nas bocas do mundo. Porém, os casos que agora partilhamos são bem sérios.
Uma dezena de investidores brasileiros adquiriu a antiga Quinta Mendes Pereira, no Dão, e está a
lançar vinhos absolutamente surpreendentes, obtidos a partir do estudo exaustivo de solos, de castas
com enorme potencial, de vinificações separadas e redutoras. Domínio do Açor assume a inspiração
borgonhesa e os primeiros lançamentos são absolutamente desarmantes.
No Douro, a Quinta da Pedra Alta renasceu pelas mãos do antigo vice-presidente do Manchester
United. Ed Woodward e a mulher Isabelle são devotos do vinho, já conheceram os grandes terroirs
do mundo mas o clique apenas aconteceu perante a imensidão duriense, que um amigo lhes trans-
mitiu como sendo o Grand Canyon do vinho.
DOMÍNIO DO AÇOR
DO MÍ NIO
DO AÇ O R
O DÃO QUE REENCONTRA A BORGONHA
Uma dezena de brasileiros, a maioria de Belo Horizonte, juntou-se com o empirismo”, diz-nos o enólogo Luis Lopes.
para concretizar o desafio de devolver a Borgonha ao Dão. O grupo Guilherme Corrêa usou o Linkedin para o convidar para um
é heterógeno – investidores, empresários, médicos, advogados, almoço e conversar acerca dos planos que tinha para o Domínio do
engenheiros (…) – mas unido pela paixão comum do vinho. O pivot Açor. Luis trabalha desde 2018 na vizinha Quinta das Marias, em
é Guilherme Corrêa, economista de formação, sommelier profis- Carregal do Sal, soma experiências anteriores com Álvaro de Castro
sional desde 1997, detentor do DipWSet, já por duas vezes conside- e António Madeira, colabora com alguns produtores espanhóis, já
rado melhor sommelier do Brasil (2006 e 2009), finalista do “Best cumpriu estágios na Borgonha e na Nova Zelândia. De algum modo,
Sommelier of the Americas” (2009), radicado em Portugal desde a fome juntou-se à vontade de comer.
2017, ano em que começou a colaborar com a Revista de Vinhos e, a “O granito, ao decompor-se, gera sobretudo limo ou areia, ele-
partir de 2020, também com a Gula. mentos que transmitem frescura aos vinhos”, enfatiza Guilherme
Sincero apaixonado pela Borgonha, reconhece ter sido de lá a inspi- Corrêa. “Queremos trabalhar o Dão dos anos 50, 60 e 80 do século
ração para o nome Domínio do Açor, assim rebatizada a propriedade passado, um Dão de frescura, mineralidade e salinidade”, acrescenta
de Oliveira do Conde, em Carregal do Sal, outrora conhecida por Luis Lopes.
Quinta Mendes Pereira, curiosamente com os antigos proprietários
a terem também o Brasil na árvore genealógica. Ao todo, 23 hectares O primado da elegância
de terra numa quinta totalmente murada, a lembrar um domaine,
tendo vista próxima para a Serra do Açor, seguimento da Serra da O Domínio do Açor integra a subregião de Terras de Senhorim, das
Estrela, a mais significativa elevação de Portugal Continental. zonas que apresenta um perfil mais mediterrânico no Dão. Beneficia
Guilherme partilhou a oportunidade e lançou o repto. Amigo dos dias quentes de verão, que ajudam à plena maturação das uvas, e
puxou amigo, o argumentário foi bem colhido, em maio de 2021 das noites sempre frescas, ou melhor, sempre frias. E é sabido que a
fez-se o negócio e, já nesse ano, vindimaram-se os primeiros resul- vinha é uma planta que gosta de amplitudes térmicas.
tados, que agora chegam ao mercado. “As variedades do Dão deixaram de ser usadas por causa dos ciclos
São 11ha de vinhas, segmentados por 13 parcelas, que incluem um longos, dos anos chuvosos tardios. Temos que voltar a essas varie-
total de 3ha de vinhas velhas, com origem na década de 60 do século dades. Por ser uma zona mais quente, o ciclo será mais curto, o clima
anterior. As falhas dessas videiras mais antigas estão a ser colma- está mais quente mas o solo continua a ser o mesmo, de granito.
tadas através do recurso à seleção massal, que procura perpetuar o Um Dão mais mediterrânico é hoje uma vantagem: é fresco e tem
blend natural e, sobretudo, castas do encepamento mais tradicional verões secos, bom para trabalhar as castas antigas do Dão”, insiste
menos óbvio, como Arinto Gordo ou Alvarelhão. Luis Lopes.
O solo é de matriz granítica, nalgumas parcelas com aponta- Uva Cão, Barcelo, Trincadeira, Baga ou Tinta Pinheira são varie-
mentos de argila. O mapeamento do solo e do subsolo está a ser rea- dades que querem preservar e aportar sempre que possível aos lotes,
lizado com a ajuda de Pedro Parra, chileno obcecado pelo conceito evitando o recurso excessivo à Touriga Nacional. O trabalho, parcela
de terroir, referência mundial no estudo de chãos para vinhas, com a parcela, será mais extenuante mas certamente mais entusiasmante.
conhecimento científico apurado e experiência pelos quatro cantos Os primeiros vinhos foram já vinificados por talhões, o que só assim
do mundo, incluindo a sempre exigente França. permitiu boas surpresas, como o Bical. Fermentações espontâneas,
“Estamos a mapear o solo, a perceber onde poderá haver mais uso criterioso de madeiras, recurso a lagares, cubas de cimento e
minerais, solos de texturas mais grossas ou mais finas. Trata-se de barricas de maior dimensão.
um levantamento não apenas topográfico mas em profundidade, que “Vinhos com DNA do Dão. Um Jaen a lembrar um Beaujolais,
permita avaliar onde poderão ser implementados determinados por- um Tinta Pinheira a lembrar um Pinot Noir borgonhês”, explica
ta-enxertos e castas, onde há mais água e onde o solo é mais seco. Guilherme. “Uma enologia que respeite a fruta, a simplicidade e a
Pretendemos uma catalogação semelhante à usada na França – o intensidade, sem excessos de concentração”, complementa Luis.
que é um solo Village, um solo Premier Cru ou um solo Grand Cru, A confiança no trabalho desenvolvido pela dupla Guilherme/Luis
adaptando a nossa forma de trabalhar, cruzando o conhecimento é total do lado dos investidores.
Luís Lopes
97 94 92
Domínio do Açor Bical Domínio do Açor Encruzado 2021 Domínio do Açor Jaen
Vinha Celta 2021 Dão / Branco / Horizonte Ilimitado
Vinha Celta 2021
Dão / Branco / Horizonte Ilimitado Dourado. Notas de pólvora, flor branca, Dão / Tinto / Horizonte Ilimitado
Amarelo limão. A primeira expressão é alperce e ligeiros fumados. Tenso, de muito Rubi, rebordo azulado. Cheira a lagar, tais são
amanteigada, seguem-se nuances de lima, boa acidez e precisão estrutural, revela os primários de cereja vermelha, groselha,
maracujá e especiaria, tudo muito sóbrio excelente volume e um final muito sedoso. amora, leve vegetal e resina de pinheiro.
e elegante. A matriz é fina e salgada, a Como grande Encruzado que é, vai continuar O tanino é suave, a estrutura desenvolta,
untuosidade no meio palato é impoluta, o a crescer na garrafeira. mostra leveza e pureza finais que o tornam
desdobramento de texturas alimenta com Consumo: 2023-2040 original e delicioso.
muita matéria um final profundo e saboroso. 55,50 € / 11ºC Consumo: 2023-2033
Um vinho notável, que deveria guardar-se 38,50 € / 16ºC
—
religiosamente… embora seja pecaminoso
—
não o conhecer já.
93
Consumo: 2023-2040 / 38,50 €
— Domínio do Açor Cerceal Branco
90
Vinha Ruína 2021 (magnum) Domínio do Açor 2021
95 Dão / Branco / Horizonte Ilimitado Dão / Branco / Horizonte Ilimitado
Domínio do Açor Tinta Pinheira Dourado. Notas de casca de laranja, lima, Dourado, ligeiros reflexos âmbar. Notas de
pêssego e um toque de fumo. A acidez feno, maçã, amêndoa e delicada especiaria.
2021 A untuosidade agarra-se ao copo, tem muita
apresenta-se em estado bruto, a estrutura
Dão / Tinto / Horizonte Ilimitado combina firmeza e elegância, o final é amplitude, algum fumo e um final profundo,
Rubi. Nariz de cereja vermelha, morango salgado e eletrizante. Uma abordagem muito bem conseguido. Será parceiro certo à mesa.
e pinhal. Tanino sólido e muito elegante, interessante ao que também pode ser o Dão. Consumo: 2023-2030
acidez que lhe corre bem em fundo, sempre Consumo: 2023-2035 14,90 € / 11ºC
equilibrado e de projeção final que merece
45,50 € / 11ºC
apenas um descritor – finura. Tentador e
distinto, é um novo cartão de visita do muito
bom que o Dão tem para mostrar.
Consumo: 2023-2035
55,50 € / 16ºC
Q U I N TA DA P E D R A A LTA
Ed Woodward
Q UIN TA DA
PEDRA ALTA
… OU UMA HISTÓRIA DE MUNDOS CRUZADOS
93 91 87
Quinta da Pedra Alta Reserva Quinta da Pedra Alta Reserva 2021 Pedra N. 03 Porto Branco
2020 Douro / Branco / Vinhos Quinta da Pedra Vinho do Porto / Fortificado / Vinhos
Douro / Tinto / Vinhos Quinta da Pedra Alta Quinta da Pedra Alta
Alta Amarelo limão. Notas de restolho, limão, Dourado, reflexos limão. Muito aromático,
Rubi escuro. Florais elegantes seguidos de toranja e um toque de especiaria fina. revela florais, lima e algum tropical.
bergamota, notas de grão de café, groselha Simultaneamente tenso e largo, untuoso, Aguardente a preceito, equilíbrio entre
escura e folha de tomate. Tanino portentoso, de acidez bem presente e um volume fruto, açúcares e acidez, de final exato e
texturas sempre aveludadas, definição convincente. Termina salgado e com boa apelativo. Uma abordagem modernaça e bem
no volume. Termina elegante e teimoso, a profundidade. conseguida do que pode ser um Porto para
denunciar que o melhor momento está ainda Consumo: 2023-2030 aperitivos ou mesmo para mixologia.
para chegar. 22,00 € / 11ºC Consumo: 2023-2030
Consumo: 2023-2035 / 22,00 € / 16ºC — 14,25 € / 14ºC
(chegará ao mercado no último trimestre do —
ano)
—
90 86
Pedra N. 10 Porto Tawny 10 Anos
Prova N. 6 2022
92 Vinho do Porto / Fortificado / Vinhos
Douro / Rosé / Vinhos Quinta da Pedra
Quinta da Pedra Alta
Quinta da Pedra Alta Porto Alta
Aloirado, reflexos ainda rubi. Muito exótico
Vintage 2018 mostra cravinho, caril, cereja desidratada e Salmão muito aberto, quase incolor. Ligeiros
Vinho do Porto / Fortificado / Vinhos amêndoa torrada. Sente-se a doçura mas florais seguidos de cereja vermelha e
Quinta da Pedra Alta há equilíbrio entre fruto, acidez e açúcares. romã. A mais-valia está na prova, graças à
O final é longo e bem saboroso. Para cremosidade que apresenta, à elegância
Púrpura. Florais ao primeiro contacto,
sobremesas à base de frutos secos. generalizada e ao final fácil e gastronómico
seguidos de groselha escura, bombom
de chocolate e fumo. Tanino sedoso e Consumo: 2023-2040 Consumo: 2023-2025
desenvolto, aguardente contextualizada, bom 21,60 € / 14ºC 9,35 € / 11ºC
volume e finura na despedida. Um Vintage de
perfil contemporâneo, que dá desde já muito
prazer.
Consumo: 2023-2053 / 37, 55 € / 16ºC
O APRENDIZ E O MESTRE
HUGO
MENDES
UM ESPÍRITO LIVRE
Hugo Mendes gosta de livros e de pala- trabalho duro, sobretudo na vindima, que o
vras. Diz-nos mesmo que é um “escritor fascinou e que o levou a apaixonar-se pela
frustrado”. Também gosta de vinho e, neste ideia de superação física, pelo ultrapassar de
capítulo, não parece haver frustração que limites que achava definitivos. Orgulha-se
lhe toque. Mas todas as histórias têm um ao conseguir ultrapassar essas barreiras do
início e só assim percebemos como é que esforço físico.
um investigador na área da biomedicina Uma conversa com Hugo Mendes vai-se
se torna enólogo. Estudou biotecnologia e desmultiplicando em assuntos vários,
queria descobrir a cura para o cancro. Há rumando neste sentido ou naquele, há
um misto de ambição e sonho neste desejo, medida dos seus gostos e vários interesses.
faceta que de certo modo encontramos É um pensador, também. Um criativo,
também nos seus vinhos. seguramente. E ao entrarmos no universo
Quando tomou consciência que para dos seus vinhos, diz-nos que inicialmente
praticar investigação teria que sair do país, o objetivo não era ter um projeto próprio,
preferiu não o fazer. E uma primeira expe- mas a decisão de o concretizar teve obvia-
riência de vindima aliciou-o para continuar. mente a ver com essa sua natural necessi-
Para experimentar e estudar, como gosta. dade de criar. Até porque os produtores
Foi adegueiro, fez estágios e começou a tra- com quem trabalhava tinham estilos bem
balhar como enólogo na região de Lisboa, definidos, com pouca margem para as suas
com incidência em Bucelas (na Quinta da experiências. É assim que pensa em algo
Murta, por exemplo). Diz-nos que “está na seu, mais como um laboratório, com liber-
moda desvalorizar o trabalho de adega”, dade para encontrar o seu caminho, olhar e
mas essa é também uma forte inspiração estudar as castas portuguesas.
para a sua vontade de fazer vinho. É um
92 90 90 90 86
The Wizard Hugo Mendes The Wizard Hugo Mendes Lisboa Hugo Mendes
Apprentice Hugo Lisboa 2021 Apprentice Hugo Castelão 2022 Lisboa 2021
Mendes 2020 Lisboa / Branco / Volátil Mendes 2021 Lisboa / Tinto / Volátil e Lisboa / Tinto / Volátil e
Tejo / Tinto / Volátil e e Exótico Tejo / Branco / Volátil e Exótico Exótico
Exótico Cor palha. Aroma a pender Exótico Cor aberta. O vinho grita Cor rubi, sem grande
Cor rubi pouco mais para o lado mineral, Cor palha alaranjada. Nariz fruta vermelha, muita fruta concentração. Nota
concentrada, com brilho com notas de jasmim e muito floral, que se vai vermelha e silvestre. Boca mentolada, no aroma, com
granada. É um vinho muito flor de laranjeira muito desdobrando em muitas areada e vegetal, e a mesma madeira e fumo, para depois
perfumado, sempre em apelativas. É intenso, sem camadas, com notas de fruta fresca e silvestre num deixar aparecer a fruta.
modo delicado, com aromas ser exuberante. Na boca, é líchias, de curtimenta e corpo de sedutora leveza. Sente-se adstringência
limpos e fruta definida, com seco e delicioso, com acidez de especiarias exóticas Tem uma nota herbácea inicial, com nota de tosta
nota de cereja. Boca muito em primeiro plano e fruta e doces. É um vinho com incontornável, que pontua o e pimenta. É um tinto
bonita, aberta, com traço citrina bem desenhada, a muita personalidade, com seu final marcado também estruturado, que se sente
vegetal fresco e sempre par de ligeira tosta. Final uma boca muito expressiva, pela adstringência fina. Uma ainda a integrar cada uma
presente. Final longo e floral bonito, elegante e que não esconde a casta. boa expressão da casta, das partes e que precisa de
incrivelmente sedutor. Um adulto. Frescura, profundidade e de grande vocação para a mais tempo.
vinho que distribui charme Consumo: 2023-2027 secura final apetecível. Um mesa, que evoluirá muito Consumo: 2023-2030
à passagem. 15,00 € / 11ºC branco de elegância sóbria. bem. 13,00 € / 16ºC
Consumo: 2023-2032 Consumo: 2023-2027 Consumo: 2023-2032
22,00€ / 16ºC 15,00 € / 11ºC 15,00 € / 16ºC
Anabela Tereso
QUINTA
DA ATELA
UMA FÉNIX NO TEJO
A Quinta da Atela é uma pro- vinha. Da área total da propriedade expetativas eram altas quando o
priedade em Alpiarça, na margem de cerca de 2.000 ha, mais de 10% marido lhe disse que tinha comprado
sul do rio que dá nome à região, era vinha. uma quinta, em Alpiarça. O que ela
Tejo. A sua história é antiga, remon- Com o 25 de Abril de 1974, a quinta não sabia era o estado dos edifícios,
tando ao séc. XIV quando o seu foi ocupada durante uma década. tanto da casa, como das adegas e
nome era Quinta da Goucha e tinha Quando foi restituída aos donos armazéns. Entre o “descuidado” e a
como proprietário D. Afonso Telo tinha cerca de 630 ha (área que pré-ruína, nalguns casos. Em estado
de Menezes, Conde de Ourém e de mantém até hoje), já que uma parte idêntico estavam os mais de 100 ha
Barcelos. Mais tarde, é doada a uma significativa ficou na posse da coope- de vinha.
ordem religiosa de grande peso na rativa agrícola. Nessa altura, a família Anabela pensou, primeiro, que não
região, Eremitas Calçados de Santo Oliveira recuperou a propriedade e é conseguia. Mas arregaçou as mangas
Agostinho (o Convento da Graça já em 2017 que o herdeiro vende aos e hoje tem, na região, o reconheci-
de Santarém é um importante tes- atuais proprietários, Anabela Tereso mento da sua Quinta da Atela como
temunho do seu património) e, já no e Fernando Vicente, nomes ligados à o Melhor Espaço de Enoturismo de
séc. XIX, com a extinção das ordens agropecuária com a Valgrupo. Tejo (Gala Vinhos do Tejo 2022, pro-
religiosas, terá certamente passado A Quinta da Atela é gerida por movida pela Comissão Vitivinícola
por alguns tumultos. No final desse Anabela Tereso que nos conta o Regional do Tejo e pela Confraria
século XIX, a quinta é comprada por choque que teve ao entrar pela Enófila de Nossa Senhora do Tejo),
Isidoro Maria de Oliveira, fundador primeira vez na propriedade. ao mesmo tempo que os vinhos se
das Salsichas Izidoro, um homem de “Associamos o termo “quinta” a reinventaram, com nova imagem,
visão que investe em largas áreas de algo bonito”, diz-nos, por isso as novas referências e nova energia.
89 88 88 86
Casa da Atela Casa da Atela Casa da Atela Casa da Atela Castelão
Arinto 2021 Chardonnay 2021 Gewurztraminer 2021 Rosado 2021
Tejo / Branco / Quinta da Tejo / Branco / Quinta da Tejo / Branco / Quinta da Tejo / Rosé / Quinta da
Atela Atela Atela Atela
Cor citrina. Aroma que junta Cor citrina. Nariz sedutor, Cor amarelo limão com reflexos Cor salmão suave. Vinho
limão verde e alguma ameixa com muito limão confit e nota palha. Aroma muito fiel à casta, frutado, fresco e sério, com
branca mais discreta, envolvido tostada. Boca cremosa e ampla, com líchias e água de rosas, a nota de morango maduro no
numa nota de fumo muito com as mesmas notas frutadas par de cidreira e ligeiro rastilho. nariz. A boca alia os morangos
interessante. A boca é vigorosa gulosas, frescura insinuante É um vinho muito aromático e framboesas a um lado mais
e ligeiramente vegetal. Um e final longo. Um branco também na boca, com frescura balsâmico e fumado. Um rosé
vinho muito elegante, ao harmonioso, que mostra a em fundo e ligeira nota verde muito bem desenhado, seco,
mesmo tempo versátil, fácil de plasticidade da casta na região no final. Muito prazenteiro. equilibrado e bonito.
beber e de gostar. e mesmo algum classicismo. Consumo: 2023-2026 Consumo: 2023-2025
Consumo: 2023-2026 Consumo: 2023-2026 10,50€ / 11ºC 10,50€ / 11ºC
10,50€ / 11ºC 10,50€ / 11ºC
texto Marc Barros / notas de prova António Lopes, Bento Amaral, José João Santos e Marc Barros / fotos Ricardo Garrido
Portugal começa (finalmente) a libertar-se dos dogmas a que os vinhos rosé têm
estado atidos. Do vinho com açúcar residual, algum gás carbónico, simples e frutado,
chegam-nos agora exemplares com estágio, vinificações mais complexas, de perfil
gastronómico e evolutivo. Venha connosco conhecer o novo mundo rosa de Portugal!
Portugal e o vinho rosé alimentam uma relação intensa desde há tristeza por as ilhas não estarem representadas” o que, conclui, “traria
várias décadas. É já sobejamente conhecida a história de marcas um elemento diferenciador à prova”.
como Mateus ou Lancers, aprofundada em provas anteriores sobre As informações enviadas pelos produtores dão conta de estilos de
esta mesma temática. Também já analisamos a ‘escola’ enológica vinificação e estágio bastante diferenciados - desde logo no estágio,
subjacente a um determinado perfil de vinhos rosé, responsável pelo com tempos mais ou menos prolongados, sobre borras finas. Este pro-
impulso tecnológico e de saber-fazer, extremamente importante mas cura, por um lado, oferecer maior volume de boca e sabor, ao mesmo
que, por outro lado, cristalizou uma determinada imagem do rosé de tempo que introduz um elemento redutivo aos vinhos, o qual per-
volume made in Portugal, que tanto sucesso, procura e fiéis continua mite oferecer maior sensação de frescura e, em simultâneo, reduzir a
a manter. adição de SO2.
Não obstante, os últimos anos trouxeram novidades refrescantes A seleção dos recipientes de fermentação e estágio é também
ao segmento do rosé. O mais famoso do mundo é o provençal. Nas diversa, oscilando entre o inox, as barricas, normalmente usadas, de
suas “appelations” Côtes de Provence, Coteaux d´Aix-en-Provence e madeiras de diversa proveniência e anos de uso, bem como de capa-
Coteaux Varois, a produção de rosé ronda os 90% do total regional. cidades variáveis, e outros, como o cimento, cujo uso foi mais recen-
Em certa medida, a ‘explosão’ do rosé tipo Provence, em que os tons temente recuperado como material de vinificação, em diferentes for-
cromáticos esbatidos fazem as delícias dos novos consumidores, matos. A battônage e, como referido, o tempo de estágio, são outros
atraiu um vasto número de produtores para um perfil mais sério, elementos introduzidos neste perfil de vinhos, variando entre três
seco e gastronómico para este tipo de vinhos. Tanto até que a moda meses e um ano ou mais.
conduz a exageros, apresentando-se hoje vinhos de cores desmaiadas Na seleção das castas, é notória, desde logo, a maior “liberdade”
e esbatidas em demasia! Em simultâneo, novas formas de vinificação, na opção de variedades estrangeiras, por um lado, mas, sobretudo, o
enologia mais experimental, variações cromáticas e tipicidade regional cuidado na viticultura, fazendo denotar que, em certos casos, trata-se
ganham terreno nas prateleiras e nas mesas dos consumidores portu- de parcelas ou vinhas deliberadamente escolhidas e trabalhadas, com
gueses. especial cuidado no acompanhamento do ciclo, das maturações e da
Foi este modelo, ou estilo, de vinho rosé estagiado, que nos pro- data de vindima.
pusemos avaliar na prova temática da Revista de Vinhos. Trata-se, Os rosé desta prova apresentaram-se assim em estilos bastante
segundo José João Santos, de uma prova que seria “impossível levar a diversificados consoante o seu posicionamento de mercado, mas são
cabo há meia dúzia de anos”, mas “mostra que, finalmente, os produ- também o reflexo da diversidade acima referida, mostrando que neste,
tores portugueses elaboram rosés com alguma seriedade”. O revés da como em outros tipos de vinhos, não restam, felizmente, dogmas nem
medalha: “Falta alguma afinação, pois a diversidade dos vinhos pro- receitas pré-definidas, o que confirma a mudança de paradigma.
vados foi tal que ficamos na dúvida se foi essa a intenção ou se foi E se, praticamente todas as regiões de país disseram presente, é inte-
um acaso”. Ou seja, conclui, “falta alguma definição de estilo, mas o ressante constatar também que, dada a diversidade da amostragem,
caminho está a ser feito”. existem nesta categoria vinhos amigos do consumidor, com oferta de
António Lopes dá conta de um perfil “de valor acrescentado que qualidade para todas as bolsas e momentos de consumo.
os produtores começam a atribuir ao rosé”. Desde logo, no “uso de Os vinhos provados ostentam preços que vão dos 2,26€ aos
vasilhames que não só o inox”. De igual modo, Bento Amaral des- 56,00€, sendo que, entre os mais bem pontuados (89 e 91 pontos),
taca “a diversidade de cor dos vinhos” em prova, que refletem “perfis pontificam exemplares entre 15,00€ e 30,00€ - o que exemplifica o
mais frutados, de cor mais intensa e outros de perfil mais provençal, arrojo dos produtores em colocar no mercado vinhos que, à partida,
com pouca cor”. E enaltece o facto de vários produtores terem-se serão procurados por consumidores mais esclarecidos e conhecedores
“atrevido” a enviar vinhos de colheitas mais antigas, o que demostra e prenunciam uma nova forma de encarar o vinho rosé.
o potencial de envelhecimento destes vinhos. Ou seja, resume, a prova Frescos, delicados, com estruturas e perfis sensoriais ricos e diver-
incluiu vinhos “de consumo mais imediato e outros de estágio prolon- sificados, que conseguem aliar a riqueza aromática dos brancos às
gado”, mostrando que Portugal é capaz de fazer vinhos com capaci- características de tintos, os rosé conseguem ainda deixar-nos espan-
dade de envelhecimento. tados com a beleza das suas cores. Sedutores, alegres, sérios, gastro-
A prova reuniu mais de 40 exemplares de praticamente todo o país. nómicos, muito mais do que vinhos de verão, esplanada ou piscina, o
António Lopes destaca como muito positivo o facto de “as amostras rosé português está, acreditamos, no bom caminho!
do Alentejo terem sobressaído”, ao mesmo tempo que mostra “alguma
91 91 89
Entre II Santos Pinot Noir Paulo Coutinho Fusion Herdade de Ceuta Touriga
(Magnum) 2015 2021 Nacional Reserva 2021
Bairrada / Rosé / Manuel dos Douro / Palhete / Paulo Alentejo / Rosé / Elite Vinhos
Santos Campolargo Herdeiros Alexandre Teixeira Coutinho Cor salmão dourada. No nariz
Cor olho de perdiz. Olfativamente Cor salmão pálida, brilhante. Fruta surge uma grande diversidade de
surgem aromas de estágio em intensa, nada artificial, da toranja aromas como resina, cereja. Na
garrafa, fruta vermelha delicada, às pequenas bagas silvestres boca mostra-se gordo, volumoso
cera musgo e especiado. Ataque vermelhas. O olfato antecipa boca e persistente. Acompanha carne e
fresco e vibrante, equilibrado e de imensa frescura e precisão, peixe gordo. BA Consumo: 2023-
prolongado. BA Consumo: 2023- moldada em torno desta tensão 2027
2027 ácido-sápida. A longa persistência 15,10€ / 11ºC
30,00€ / 11ºC confirma que trata-se de um
dos melhores rosés do país. GC
Consumo: 2023-2029
36,00€ / 11ºC
ROSÉ
N OTA PREÇO NO ME DO VIN HO / REGI ÃO / PRO DUTO R OBS ERVAÇÕES
Entre II Santos Pinot Noir (Magnum) 2015 / Bairrada / Manuel dos Santos
91 30,00 € Campolargo Herdeiros Estágio em inox sobre borras finas.
Cor olho de perdiz. Olfativamente surgem aromas de estágio em garrafa, fruta vermelha delicada, cera musgo e especiado.
Ataque fresco e vibrante, equilibrado e prolongado. Consumo: 2023-2027 BA
Paulo Coutinho Fusion 2021 / Douro / Paulo Alexandre Teixeira Coutinho
91 36,00 € Cor salmão pálida, brilhante. Fruta intensa, nada artificial, da toranja às pequenas bagas silvestres vermelhas. O olfacto antecipa Fermentação e estágio (seis meses) em
boca de imensa frescura e precisão, moldada em torno desta tensão ácido-sápida. A longa persistência confirma que trata-se madeira muito usada.
de um dos melhores rosés do país. Consumo: 2023-2029 GC
Herdade de Ceuta Touriga Nacional Reserva 2021 / Alentejo / Elite Vinhos Estágio de seis meses em madeira de
89 15,10 € Cor salmão dourada. No nariz surge uma grande diversidade de aromas como resina, cereja. Na boca mostra-se gordo, carvalho francês. Após o engarrafamento
volumoso e persistente. Acompanha carne e peixe gordo. Consumo: 2023-2027 BA quatro meses em estágio de garrafa.
Quinta da Cuca Touriga Nacional 2020 / Douro / Quinta da Cuca Fermentação e estágio (12 meses) em
88 20,90 € Aroma de xisto partido, fumo, notas de borracha, petróleo, e término floral do bosque. Na boca igualmente complexo, com barricas de carvalho francês com batonnage.
imensa frescura, de intensidade e carácter, vinho de companhia para a mesa. Consumo: 2023-2027 AJL Estágio de dois meses em garrafa.
Quinta do Monte d´Oiro Reserva 2021 / Regional Lisboa / José Bento dos
Santos - Quinta do Monte d'Oiro
25,00 € Salmão, reflexos rosados. Notas de barrica, algum floral e cereja. Untuoso, levemente especiado e salino, tem leve sensação Estágio de seis meses em barricas usadas
88 de 500l de carvalho francês.
de tanino, bastante amplitude e uma acidez que lhe ampara tudo. Finaliza com muito boa projeção, a mostrar-se apto para
esperarmos até um pouco mais. Consumo: 2023-2026 JJS/NGVP
Casa de Santar 2021 / Dão / Sociedade Agrícola de Santar - GlobalWines 100% do vinho fermentou e estagiou três
86 15,74 € Tom acobreado aberto. Fruta fresca e elegante, algo doce, romã, entorno amadeirado. Óleo de citrino, flores brancas. Seco, bom meses em barrica de carvalho francês de
volume, a acidez é competente e o aroma de boca é fresco, a prolongar a prova de boca. Consumo: 2023-2025 MB segundo uso.
Beyra Cuvée Especial 2022 / Beira Interior / Rui Roboredo Madeira Vinhos Fermentação e estágio "perles" (barricas
85 17,90 € Cor acobreada. Aroma de padaria, laranja amarga e especiado. Boca fresca, vibrante com um tanino que agarra sem incomodar. usadas de carvalho francês de 390 litros),
Vinho com personalidade que foge do perfil dos rosés comerciais. Consumo: 2023-2025 BA agitação das borras finas.
Casal Sta Maria 3000 Rosas 2021 / Regional Lisboa / Adraga, Explorações
Fermentação: 50% barricas novas e usadas
85 15,00 € Vitivinícolas de carvalho Francês e 50% inox. Estágio seis
Cor salmão aberta. Notas suaves de cereja, algum vegetal e especiaria. A acidez é destacada, o perfil lembra calcário, tem
meses com batônnage em borras finas.
ligeiro fumo, maresia e fruto desidratado a fechar. Exótico e nervoso. Consumo: 2023-2025 JJS
Quinta do Piloto Reserva 2021 / Palmela / Quinta do Piloto Fermentação em barricas de carvalho
85 15,95 € Cor acobreada. No nariz deteta-se aromas de compota de cereja, pinho, resina. Boca fresca e prolongada. Experimentar com um francês. Estágio de oito meses em barricas
robalo ou salmonete grelhados entre outras companhias à mesa. Consumo: 2023-2025 BA com batônnage.
Quinta do Poço do Lobo Reserva Baga & Pinot Noir 2022 / Bairrada /
Fermentação em pipas de carvalho e em
85 16,50 € Caves São João inox; cinco meses com batônnage em borras
Cor salmão. Impressões suaves florais, complementos de cereja vermelha e folha de morango. Levíssimo tanino, muita frescura
finas.
geral, de final mais tenso e ligeiramente salgado. Dará certamente prazer. Consumo: 2023-2024 JJS
Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo 2022 / Douro / Quinta Nova de
85 15,50 € Nossa Senhora do Carmo Fermentação 50% inox e 50% barricas
Tom aberto, quase incolor. Aroma delicado, de expressão floral, flores frescas; fruta silvestre madura. Bom volume, acidez alta, usadas de carvalho francês.
herbáceo, algo sucroso. Amargor final a equlibrar a prova de boca. Consumo: 2023-2025 MB
Cabo da Roca Reserva Syrah 2018 / Regional Lisboa / Casca Wines Fermentação malolática em barricas usadas
84 9,98 € Tom acobreado brilhante. Notas de fruto seco, noz, figo, flores secas, resina. Bom volume, rebuçado de mel no aroma de boca, de carvalho francês. Estágio de seis meses
acidez alta, direta. Final seco e fresco, perfil sério. Consumo: 2023-2026 MB em barricas usadas de carvalho francês.
Casal Sta Maria Mar de Rosas 2021 / Regional Lisboa / Adraga, Explorações
Fermentação barricas novas e usadas de
84 24,50 € Vitivinícolas carvalho francês. Estágio de 10 meses com
Cor salmão. Notas florais finas, cereja delicada e fumo de barrica. Simultaneamente untuoso e nervoso, tem firmeza estrutural,
batônnage das borras finas.
volume no ponto certo e final projetado em teimosia. Elegante e versátil. Consumo: 2023-2025 JJS
Malhadinha 2021 / Regional Alentejano / Herdade da Malhadinha Nova Fermentação e posterior estágio de sete
84 30,00 € Rosé exibindo imensa complexidade, com aromas, de especiarias quentes e compota de frutos vermelho. A boca é densa, com meses em barricas de carvalho francês
uma imensa complexidade que se autentica pelo final longo Consumo: 2023-2025 AJL usadas na presença das borras finas.
Quinta da Rede Reserva 2022 / Douro / Quinta da Rede Fermentação 50% inox e 50% barricas novas
84 17,90 € Tom pálido, terracotta. Leve perceção tostada e baunilha. Flores brancas, damasco. Seco, corpo leve, acidez bem equilibrada, de carvalho francês. Estágio de 50% por seis
um vinho sério, de perfil gastronómico. Consumo: 2023-2025 MB meses em barricas de carvalho francês.
Quinta do Mondego 2022 / Dão / Fontes da Cunha A meio da fermentação trasfega para
84 11,50 € Cor pálida com laivos rosa. Aromas apelativos de cereja, morango, floral com notas vegetais. Ataque vivo mostrando-se barricas usadas de carvalho francês, onde
equilibrado ao longo da prova. Consumo: 2023-2025 BA faz o estágio de seis meses, com batônnage.
Quinta dos Carvalhais 2022 / Dão / Sogrape Vinhos Estágio quatro meses de 65% em inox e 35%
84 9,99 € Cor rosa pálido aberto. Aroma de rebuçado de morango, cereja, alguma pimenta. Entra fresco, sem complicações. O que se em barricas usadas de carvalho francês
espera de um rosé de verão. Consumo: 2023-2023 BA de 225 L.
Cinética Touriga Franca 2021 / Douro / M. Henrique O. G. Cizeron Fermentação em barricas de carvalho
83 12,00 € Tom rosa brilhante de boa intensidade. Fruta vermelha madura, cereja, pétala de rosa, leve citrino. Seco, corpo leve, acidez bem francês. Estágio de 10 meses sobre borras
equilibrada e viva. Consumo: 2023-2025 MB com batônnage.
Quinta da Pedra Escrita 2022 / Douro / Rui Roboredo Madeira Fermentação em barricas francesas de
83 18,50 € A madeira surge discreta e elegante, perfil levemente redutivo, a aportar sensação mineral. Seco, corpo leve, fruta silvestre no 300 L. seguida de estágio com agitação das
aroma de boca. Final salivante, a deixar rasto de frescura. Consumo: 2023-2025 MB borras finas até ao engarrafamento.
Quinta do Poeta 2021 / Douro / Freitas Branco 25% fermentado em barricas usadas de
82 10,50 € Bela cor de salmão brilhante. Aromas de fruta vermelha muito madura, com ascendente principal, no morango e groselha. Na carvalho francês de 228 L, 75% em inox.
boca alguma falta de equilíbrio, o final é curto. Consumo: 2023-2025 AJL Estágio em inox até ao engarrafamento.
789
SETEMBRO
Granítica e histórica, a Guarda é um lugar icónico das Beiras. A mais alta cidade
portuguesa ganha ainda pelo seu verdadeiro tesouro de manufatura de fumeiro, queijos
e vinhos e pelo ar puro da montanha. Delimitada por sítios singulares como Pinhel,
Almeida, Sabugal, Belmonte, Covilhã, Manteigas e Gouveia, a Guarda tem ainda a Serra
da Estrela como emblema. Das ruelas medievais às janelas góticas, palácios e solares,
vale a pena descobrir, passo a passo, esta cidade.
GUARDA
5/ Vallécula
Chamam-lhe a cidade dos cinco
F’s (Forte, Farta, Fria, Fiel e
2/ Colmeia
Formosa). Farta, porque a sua
gastronomia e os produtos
autóctones são uma referência.
Outro clássico egitanense, a E, mal nos aproximamos, antes
poucos quilómetros do centro mesmo de descortinarmos a
da cidade, no Colmeia o cabrito cidade e beleza da Sé Cate-
e borrego ou a posta mirandesa dral, vamos diretos a um dos
4/ Nobre
contemporânea, é acolhedora,
Um clássico da gastronomia da destacando-se ainda a vasta e a cozinha tradicional impe-
Guarda, há mais de três décadas ra, numa casa de xisto muito
Vinhos e Tal
competente seleção de vinhos.
que este espaço de restauração acolhedora. Aqui sabem o que
dá cartas, com destaque para COLMEIA fazem e conhece-se a fundo
os pratos à base de Jarmelis- ESTR. DOS GALEGOS a gastronomia da região. Da
ta, raça autóctone em vias de 6300-653 GUARDA Tal como o nome indica, os carne de vaca grelhada à sopa
extinção. Na época, os pratos T. 271 213 389 vinhos constituem um dos de legumes com feijão, à truta
de raiz micológica mostram-se chamarizes deste restaurante e ou às feijocas estufadas, do ba-
em evidência. Porém, o nome, wine bar, com 350 referências, calhau ao borrego na carqueja
que provém dos aquários que entre os melhores vinhos da re- ou galo estufado à moda antiga,
decoram a casa, não deixa de gião, de forma a ter uma paleta sentir-se-á saciado e pronto
fora os mariscos e os pratos de eclética para harmonizar com a descobrir a cidade. Remate
bacalhau.
3/ D’sigual as iguarias gastronómicas.
Mesmo ao lado da catedral, o
com o arroz doce, imperdível,
o farnel do pastor ou as papas
Wine House
AQUARIU’S “Nobre Vinhos e Tal” parte dos de carolo.
AVENIDA CIDADE DE SALAMANCA, 3 produtos artesanais locais, en-
GUARDA tre os quais os famosos queijos PRAÇA DR. JOSÉ DE CASTRO, 1
T. 271230157 Situado no centro histórico, o e enchidos, para os potenciar 6300-235 VALHELHAS
D’sigual Wine House pode ser tanto em petiscos como pratos T. 275 487 123
o local ideal para partilhar um principais. Sempre baseada
copo e degustar algumas das nas matérias-primas frescas
6/ Enchidos
iguarias dentro das tradições da região, a cozinha elege a
beirãs, bem como propostas tradição mas interpretada de
com maior contemporaneidade, forma irreverente. O borrego
conjugando regionalismo e cria- estufado em cama de batata e o
A farinheira de pão é dos
tividade O objetivo é sempre costeletão estão ainda entre as
enchidos mais célebres dentro
conseguir harmonizações que especialidades.
O receituário local é surpreendam. Do lombinho
do receituário serrano. Entre os
enchidos tradicionais, para além
tipicamente serrano, braseado à posta de novilho, NOBRE VINHOS E TAL
da morcela, chouriça bocheira,
do costeletão com queijo da LARGO DR. AMÂNDIO PAÚL, 5
com destaque para serra ao Bife Wellington tudo é 6300-664 GUARDA chouriço de alho e de cebola,
é imprescindível comprar a
as carnes, entre as motivo de gula. Se optar apenas M. 96 1765480
iguaria no mercado local. O pão
por petiscar, o chèvre com mel
quais o porco, o e nozes, os ovos rotos, a fari-
é migado e na água de cozer
ossos de porco é amolecido, a
borrego, o cabrito, nheira da guarda corada com
que se junta gordura derretida,
cogumelos e gratinada com ovo
a carne que se retira dos ossos,
a vaca e as carnes de codorniz são outras das op-
vinho, azeite, sal e piri-piri.
ções, a casar com os melhores
brancas, os peixes Enche-se a tripa e leva-se ao
vinhos da região.
fumeiro em lenha de azinho.
de rio, a doçaria Uma delícia local, a que se junta
D’SIGUAL WINE HOUSE
gulosa e, como não RUA CAMILO CASTELO BRANCO, 19
ainda a carne jarmelista, o bor-
rego, a sopa de vagens secas, ou
poderia deixar de ser, 6300-671 GUARDA
o bacalhau à conde da Guarda.
T .271 238 046
o famosíssimo queijo
MERCADO MUNICIPAL DA GUARDA
Serra da Estrela. RUA DUQUE DE BRAGANÇA
6300-703 GUARDA
Onde comer
Onde dormir
10 10
10 7
Paulo Romão
8/ Casa de S.
Lourenço
A Casa de São Lourenço é o 10/ Casas
do Côro
único hotel de montanha de 5
estrelas em Portugal. Conforto
e materiais naturais combinam
com simplicidade e bem-estar
Quando hoje se fala nos novos
numa unidade onde pontua o
9/ Solar de
povoadores do interior, Paulo e
bom gosto que se estende aos
Carmen Romão davam o exem-
7/ Hotel
quartos e suites, bem como
plo, há mais de duas décadas,
Alarcão
piscina interior que se abre ao
com o nascimento do projeto
Lusitânia
exterior, lounge e terraço.
das Casas do Côro. Localizado
Uma janela aberta à Natureza,
na Aldeia Histórica de Marial-
13/ Natureza
A pureza do ar da Guarda foi
distinguido pela Federação 15/ Quinta dos
Europeia de Bioclimatismo em
Termos
12/ Rota de
2002, que atribuiu à cidade
o título de primeira “Cidade
Bioclimática Ibérica”. Por isso, Tempo para uma escapada no
11/ Sé Catedral
Beira Interior, porque é uma mas e percursos interpretativos.
experiência que vale a pena. A O fértil Vale do Mondego com encontram-se plantadas a uma
altitude marca o caráter destes os recentes Passadiços do Mon- altitude de 500 metros, com
vinhos, com grande frescura e dego é outra das experiências exposição sul, em solos graníti-
Agora que estamos plenamente
excelente acidez, a par dos solos que aconselhamos. cos pobres que favorecem uma
satisfeitos e bem dormidos,
xistosos e do clima, com picos maturação de uva premium. O
tempo para uma caminhada
de oscilações de frio e calor. PASSADIÇOS DO MONDEGO foco nas castas tradicionais da
pelas ruelas medievais da Guar-
São cerca de 16 mil hectares BARRAGEM DO CALDEIRÃO região, tais como Trincadeira,
da, observando com tempo a PARQUE NATURAL DA SERRA DA ESTRELA
de vinha onde pontuam castas Jaen, Rufete, Tinta Roriz, Tinto
beleza das casas e do patrimó-
como a Síria ou Fonte da Cal, Cão, Afrocheiro Preto, Touriga
nio cultural único da cidade,
entre as brancas, e Rufete, Nacional, Baga, Síria e Fonte
bem como a antiga judiaria. A
Trincadeira, Jaen e Touriga Na- Cal, num “terroir” que define o
catedral, imensa, impõe-se pela
cional, entre as tintas. Situado caráter dos vinhos da quinta. A
força das suas torres e pelo
14/ Museu da
na Guarda, o Solar do Vinho da adega está dotada de tecnologia
gótico tardio. Começou a ser
Beira Interior é a sede da rota e sofisticada e é certificada em
construída no século XIV e a
produção integrada, seguindo
Guarda
permite conhecer de perto mais
sua conclusão ocorreu apenas
de 140 vinhos desta prestigiada os métodos tradicionais.
um século depois, em 1517. A
região vitivinícola. A loja do So-
sobriedade e imponência afir- QUINTA DOS TERMOS
lar do Vinho da Beira Interior
mam uma época e, sobretudo, Imperdível conhecer de perto 6250-161 CARVALHAL FORMOSO
está aberta de segunda a sexta,
pretende ser a marca de uma a vasta coleção de arqueologia, T. 275 471 070
das 9h às 12h30 e das 14h às
nação. Alguns apontamentos escultura sacra (dos séculos
17h30 e ao fim-de-semana, das
de manuelino equilibram o XIII a XVIII) e pintura, bem
15h às 18h.
conjunto. Dê ainda uma saltada como etnografia regional deste
à Igreja da Misericórdia, de
ROTA DE VINHOS DA BEIRA INTERIOR museu. Recentemente refor- No centro da cidade,
interior barroco, ou aprecie os mulado, o discurso expositivo
painéis de azulejo da Igreja de
LARGO DAS FREIRAS
assenta em critérios sequen- onde predomina
6300-614 GUARDA
S. Vicente. T. 271224129 ciais e cronológicos da pré e o granito, a Sé
proto-história, passando pela
SÉ CATEDRAL Idade Média, um riquíssimo Catedral destaca-se
PRAÇA LUÍS DE CAMÕES espólio que deve mesmo visitar.
6300-614 GUARDA
pela imponência,
Aproveite ainda para conhecer
a pintura dos primórdios do sé- a Judiaria marca a
culo XIX e XX que inclui nomes
como Eduarda Lapa, Eduar-
presença histórica
do Malta, António Carneiro, deste povo nas
Carlos Reis, Falcão Trigoso,
Columbano, Veloso Salgado ou
beiras, as arcadas
João Vaz., bem como a coleção quinhentistas são
de arte contemporânea.
testemunho vivo do
MUSEU DA GUARDA passado.
RUA ALVES ROÇADAS, 30
6300-633 GUARDA
13
15
A conhecer
15
11
15
GUARDA
16/ Aldeias
tores da Beira Interior, do Douro e do Dão. As três Denominações
de Origem - DO - convivem no distrito da Guarda e encontram-se
Históricas de
na base de muitos dos mais entusiasmantes vinhos portugueses,
que vão estar à prova no certame.
Portugal
O público é convidado a aprofundar o conhecimento sobre o
A segunda edição mundo vinícola através das “Conversas sobre Vinho” guiadas por
três especialistas: Rodolfo Tristão, Tiago Macena e Tiago Marques.
do Guarda Wine Será ainda desafiado a refletir sobre a sustentabilidade na sessão
Almeida, Castelo Mendo, Cas-
Fest realiza-se de telo Rodrigo, Linhares da Beira,
«Wine Lees - a economia circular no setor vitivinícola - reutilização
dos subprodutos as “borras”», guiada por Mariana Saavedra Silva,
Marialva, Sortelha e Tran-
14 a 16 de julho, Carlos Pinto, Marcelo Sequeira, José Lemos e Estevan Carballo.
coso são sete das 12 Aldeias
A gastronomia também será cabeça de cartaz ao longo de três dias.
na emblemática Históricas de Portugal que se
Além de contar com três espaços de restauração em funcionamen-
localizam no distrito da Guarda
Alameda de Santo (já agora, as restantes são Bel-
to durante o evento, com propostas desenvolvidas para apresentar
a harmonização da gastronomia com o vinho, o Guarda Wine Fest
André, na Guarda, monte, Castelo Novo, Idanha-
terá a participação de dois conceituados chefes de cozinha Hernâni
-a-Velha, Monsanto e Piódão).
com muita música, Com origens que remontam aos
Ermida e Paulo Cardoso.
Animação e jazz não vão faltar. O primeiro concerto será com Jés-
gastronomia e tempos anteriores à funda-
sica Pina, Luís Serra - Musical Sensations, Moustache Brass Band,
ção da nacionalidade, nestas
novidades dos podemos encontrar muito do
The Lucky Duckies e DJ Pedro Simões, da RFM, estão garantidos.
anima o evento com a Wine Party. No dia 15 de julho a atua às
que foi a criação de Portugal,
produtores de vinho 15h30 e, às 16h30, terá lugar a receção às Confrarias Báquicas,
a raça e bravura destas gentes,
Gastronómicas e Enogastronómicas pelo presidente da Câmara nos
da Beira Interior, do de tempos em que o interior
Paços do Concelho, com posterior desfile até à Praça Luís de Ca-
representava independência. O
Douro e do Dão. programa Aldeias Históricas de
mões e passagem pelo Guarda Wine Fest. O programa integra ainda
a visita de 12 Sommeliers nacionais ao evento e um tour pela região
Portugal remonta a 1991, tendo
da Beira Interior, com objetivo de proporcionar negócios e promo-
evoluído na oferta turística –
ver os vinhos regionais juntos a este grupo de influenciadores.
com muito para mostrar.
Rubigo • Branco • 2019 • Arinto • DOP Bucelas • Rubigo Azulejo • Branco • 2022 • IGP • Casa Santos Lima Alma Vitis • Tinto • 2020 • DOP Torres Vedras • Adega
Wines Caves Velhas - Romeira • Branco • 2022 • IGP • de S. Mamede
Enoport Wines
Cachené • Tinto • 2019 • IGP • Adega Moor
Villa Oeiras • Branco Generoso • Superior • DOP
Carcavelos • Município de Oeiras Caves Dois Portos • Tinto • 2020 • Grande Reserva •
TOP IGP • Adega de Dois Portos
5 ARINTOS DE LISBOA
Encostas de Xira • Tinto • Syrah • 2021 • IGP •
Município de Vila Franca de Xira
Confraria • Branco • Reserva • 2020 • Arinto • DOP
Opaco CSL • Tinto • 2020 • IGP • Casa Santos Lima
Óbidos • Adega Cooperativa do Cadaval
Encostas de Xira • Branco • 2021 • Arinto • IGP • Palha Canas • Tinto • 2020 • Reserva • IGP • Casa
Município de Vila Franca de Xira Santos Lima
Pancas • Branco • 2022 • Arinto • IGP • Quinta de Pancas Pena Ruiva • Tinto • 2020 • IGP • Adega da S. Mamede
QSB • Branco • Reserva • 2020 • Arinto • IGP • Cunha & Puro • Tinto • 2019 • Escolha • Cabernet Sauvignon •
Folque IGP • Caves Rendeiro
Rubigo • Branco • 2019 • Arinto • DOP Bucelas • Rubigo Quinta do Gradil • Tinto • Tannat • 2021 • IGP • Quinta
Wines do Gradil
Quinta do Gradil • Tinto • 2019 • Reserva • IGP • Quinta
do Gradil
MEDALHA DE OURO Quinta do Pinto • Tinto • 2019 • Grande Escolha • IGP •
Quinta do Pinto
Adega Mãe - Vinhas Velhas • Branco • 2019 • Vital •
IGP • Adega Mãe Reserva da Família • Tinto • 2021 • Reserva • IGP •
Paço das Côrtes
Cachené • Branco • 2020 • Viognier • IGP • Adega Moor
Sanguinhal • Tinto • 2019 • Petit Verdot, Touriga
Casal da Manteiga • Branco • 2021 • IGP • Município Nacional • IGP • Quinta do Sanguinhalde
MEDALHA DE MELHOR VITAL 2023 de Oeiras
Aguardente Vínica (31ª Série) • XO • DOP Lourinhã •
Castelo do Sulco • Branco • 2022 • IGP • Quinta do Adega Cooperativa da Lourinhã
Adega Mãe - Vinhas Velhas • Branco • 2019 • Vital • IGP • Gradil
Adega Mãe Quinta do Rol • VSOP • DOP Lourinhã • Quinta do Rol
Confraria • Branco • 2020 • Reserva • DOP Óbidos •
Adega Cooperativa do Cadaval Quinta do Rol • XO • DOP Lourinhã • Quinta do Rol
Empatia • Branco • 2022 • Vital • DOP Alenquer •
Adega da Labrugeira
Encostas de Xira • Branco • 2021 • Arinto • IGP •
Município de Vila Franca de Xira
Memória • Branco • Verdelho • 2018 • IGP • Quinta dos
Capuchos
Pancas • Branco • 2022 • Arinto • IGP • Quinta de
Pancas
O MELHOR BRANCO DE LISBOA
Peripécia • Branco • 2020 • Grande Reserva •
Azulejo • Branco • 2022 • IGP • Casa Santos Lima
Chardonnay • IGP • Quinta do Cerrado da Porta
QSB • Branco • 2020 • Arinto • Reserva • Cunha e Folque
O MELHOR “LEVE LISBOA”
Quinta de S. Francisco • Branco • 2022 • DOP Óbidos
Nevão • Rosado Leve • 2021 • IGP • Adega Cooperativa • Quinta do Sanguinhal
da Labrujeira MEDALHA DE PRATA
Quinta do Gradil • Branco • 2022 • Chardonnay • IGP •
Quinta do Gradil Félix Rocha • Branco Leve • 2021 • Moscatel-graúdo •
O MELHOR TINTO DE LISBOA Rubigo • Branco • 2019 • Arinto • DOP Bucelas • IGP • Félix Rocha
Quinta do Gradil • Tinto • Tannat • 2021 • IGP • Quinta Rubigo Wines Morgado de Sta. Catherina • Branco • 2021 •
do Gradil Reserva • Arinto • DOP Bucelas • Sogrape
S. Sebastião • Branco • 2022 • Chardonnay • IGP •
Quinta de S. Sebastião Passadiço • Branco • 2020 • IGP • Adega Moor
A MELHOR AGUARDENTE VÍNICA DOP LOURINHÃ Villa Oeiras • Branco Generoso • 2012 • DOP Puro • Branco • Viogner • 2021 • Escolha • IGP • Caves
Carcavelos • Município de Oeiras Rendeiro
Quinta do Rol • VSOP • DOP Lourinhã • Quinta do Rol
Quinta da Almiara • Tinto • 2021 • Touriga Nacional •
Villa Oeiras • Branco Generoso • 2015 • DOP IGP • Quinta da Almiara
Carcavelos • Município de Oeiras
O MELHOR DOP DE LISBOA Quinta do Gradil 1492 • Tinto • 2021 • Tannat, Touriga
Nevão • Rosado Leve • 2021 • IGP • Adega da Nacional • IGP • Quinta do Gradil
Empatia • Branco • 2022 • Vital • DOP Alenquer • Adega Labrugeira
da Labrugeira Touriz • Tinto • 2020 • IGP • Casa Santos Lima
IC2
rio Alcoa
N8
N247
t u ga l
rio Sizandro
DO Carcavelos
DO Colares
Po r
DO Bucelas
N8
DO Arruda
N247 rio Lizandro
DO Torres Vedras
DO Alenquer
Seja Responsável. Beba com Moderação
A8
DO Lourinhã
DO Óbidos
DO Encostas D’Aire
N247
N6
LISBOA
R E P O RTAG E M
Em 2008, o chefe italiano Norbert Niederkofler teve o de ervas azedas e água da fermentação das pinhas, uma
que descreve como um despertar. Já um talento respeitado bruschetta de pão de centeio com um molho de "tomate
na cozinha do seu restaurante St. Hubertus, com estrela da montanha" (ou seja, uma redução de ameixas fermen-
Michelin, situado na pitoresca vila de San Cassiano, no tadas) ou uma torta de trigo sarraceno com creme de
coração das montanhas Dolomitas da Itália, Niederkofler sangue de porco, cebola queimada em pó e BergGenuss,
não sentia a mesma alegria. “Éramos famosos por foie um queijo de vaca envelhecido por um ano num bunker
gras, peixes de água salgada trazidos de todo o mundo e usado uma vez durante a Primeira Guerra Mundial.
outras ofertas gourmet que se espera ver, digamos, em Los Enquanto Niederkofler continua a ser o embaixador
Angeles ou Londres. Mas, ao conversar com os hóspedes mais famoso da região nos círculos gourmet, tem um
sobre por que vieram para as Dolomitas nas férias, conti- elenco de apoio impressionante na província monta-
nuaram a falar sobre a natureza, o ar fresco e os sabores nhosa de meio milhão de habitantes, que inclui vinte res-
locais. Senti que tudo o que estava a fazer era errado”, taurantes com estrelas Michelin, uma seleção de bistrôs
explica enquanto se senta numa mesa perto da janela do rústicos e uma excelente coleção de adegas e produtores,
AlpiNN, o seu bistrô mais recente e menos formal que fica muitas localizadas em antigos solares de aldeias idílicas
dentro de uma estrutura de vidro situada no topo da mon- com vinhas que se dispersam por terrenos arborizados
tanha Kronplatz a 2.200 metros acima do nível do mar. que variam entre os 200 e os 1.000 metros acima do nível
Após esta epifania culinária, Niederkofler apresentou do mar.
um novo manifesto, “Cook the Mountain”, um projeto
que liderou e que visa preservar as tradições da culinária No Tirol, seja ladino
da montanha e o património local. No St. Hubertus que
hoje detém três estrelas Michelin, bem como uma estrela Liderando os esforços para criar um centro de hospi-
Michelin Verde pelo foco na sustentabilidade, o menu é talidade para viajantes ansiosos por desfrutar das delícias
uma celebração da generosidade da sua região nativa do culinárias e vitivinícolas do Tirol do Sul está a família
sul do Tirol, uma área ainda habitada por uma maioria Pizzinini, que supervisiona o hotel Rosa Alpina, no qual
de falantes nativos de alemão, uma vez que foi entregue Niederkofler opera durante o verão e o inverno, enquanto
à Itália pela Áustria após a Primeira Guerra Mundial. cuida da cozinha em St. Hubertus à noite - é provável
No lugar do pregado, agora encontramos variedades de que o encontremos à hora do almoço no seu restaurante
água doce preparadas de forma criativa no prato, como mais novo, AlpiNN, no alto da montanha. Hugo Pizzinini,
a receita “Era uma vez uma truta” que utiliza o peixe proprietário de terceira geração da Rosa Alpina, um hote-
inteiro, incluindo um caldo feito de ossos e cabeça que é leiro local com vasta experiência no ramo, que oficiou
adicionado a um molho beurre blanc, e que é temperado no exterior em cidades de Munique a Londres, dirige um
com ervas como endro local e é preparado com óleo de navio apertado com uma equipa de 80 pessoas. Inclundo
semente de uva, já que as azeitonas não são cultivadas em a esposa, Ursula, que gosta que seja um falante orgulhoso
altitudes mais altas onde o chef está baseado. de ladino, uma língua românica com uma cultura distinta
“Tivemos que repensar todo o sistema”, diz Niederkofler, que tem cerca de 30.000 falantes em torno da área de
de 61 anos, enquanto esfrega suavemente o queixo de Alta Badia no sul do Tirol, uma região que hoje é conside-
barba branca como um professor de filosofia. “Percebemos rada um reduto para gourmets.
que a natureza deve estar primeiro, depois os agricultores Enquanto as áreas montanhosas são normalmente
e depois nós. Não trabalhamos com estufas, dependemos vistas como fechadas para estrangeiros, Ursula recebe
das estações. Trabalhamos com essa biodiversidade que viajantes em inglês, alemão, italiano e francês e é ver-
nos dá centenas de tipos de ervas, vegetais, cogumelos. sada em lidar com clientes de todas as esferas da vida,
Aqui em cima não trabalhamos com cítricos. Em vez incluindo embaixadores e magnatas dos mídia, como a
disso, temos bagas da montanha. Por exemplo, fazemos família Murdoch. “A hospitalidade está no nosso sangue.
um molho de soja usando lentilhas da montanha. A pro- As famílias aqui recebem os hóspedes há gerações e traba-
dução tem uma vida útil curta nessas altitudes, pelo que lhamos muito para garantir que o serviço seja de primeira
começamos a conservar vegetais. Trabalhamos 360 graus qualidade. As pessoas saem relaxadas e recarregadas
em torno do que a natureza nos dá.” depois de uma estadia connosco”, diz Ursula com um sor-
Em St. Hubertus, com o lindo interior rústico de painéis riso radiante enquanto faz um tour pela propriedade da
de madeira que fica dentro do hotel de luxo Rosa Alpina, família, repleta de detalhes em madeira na decoração de
os comensais podem desfrutar de um prato de pão doce interiores, incluindo esculturas lindamente trabalhadas
de vitela e pinhas de lariço que apresenta uma emulsão que representam a cultura da montanha.
Os hóspedes têm acesso a guias de montanha no verão. Claro, quando se trata de deixar os vinhos brancos
Quando a neve cai, podem contar com um grupo de esquia- envelhecerem graciosamente na adega, o primeiro nome
dores experientes para navegar em desafiadoras rotas fora que surge nas conversas no sul do Tirol é Kellerei Terlan
de pista. No bar, a equipa prepara cocktails exclusivos como – ou como é conhecido em italiano, Cantina Terlano. Com
o Hugo, uma bebida local feita com uma mistura de licor sede na vila de Terlano, esta adega cooperativa destaca-se
de flor de sabugueiro, Prosecco, menta fresca e limão. E se há décadas pelo seu principal vinho Vorberg, feito de
os viajantes desejarem escapar dos confins do hotel para Pinot Bianco. Vorberg é o nome histórico da encosta sul
explorar as delícias epicuristas, a poucos minutos nos arre- do Tschöggelberg e os seus terraços íngremes marcados
dores de San Cassiano, podem encontrá-las no restaurante por solos de quartzo e pórfiro. Em terrenos especiais
da adega Cocun, situado no porão do Hotel Ciasa Salares. entre 450 e 650 metros, vinhas com 50 anos de idade
Aqui, Jan Clemens Wieser é responsável por uma cultivam as uvas para o amado vinho branco grand cru da
extensa coleção de 24.000 garrafas de quase 2.000 pro- adega numa pérgula feita de madeira de lariço.
dutores diferentes em toda a Europa, que combina com um “A chave da qualidade, especialmente com
menu criativo que prepara à noite, enquanto os clientes Weissburgunder, está no trabalho no vinhedo”, explica
se reúnem em torno de mesas num dos aconchegantes Klaus Gasser, diretor de marketing da Cantina Terlano.
espaços da adega cercados por uma parede com rótulos Concentramos-nos em fazer o que for necessário para
de safras de tinto, branco e espumante. “Como estamos no manter as bagas pequenas e os cachos soltos. O resultado
alto da serra, onde a gastronomia pode muitas vezes ser é uma fruta boa e concentrada.” Na adega, ocorre a fer-
bastante pesada, quis criar uma experiência gastronómica mentação malolática e estágio sobre as borras em barricas
divertida, onde as pessoas também pudessem explorar o tradicionais de madeira durante 12 meses. O Pinot Bianco
mundo do vinho, em particular vinhos naturais e castas é guardado por vários anos antes de ser libertado para
que talvez não encontrem nos restaurantes mais tradicio- chegar aos restaurantes Michelin de Taipei a Paris. “São
nais da zona, que costumam servir as clássicas castas tintas vinhos de grande harmonia, com uma longevidade sem
locais como Lagrein e Schiava.” igual”, acrescenta Gasser, enquanto percorre a parte mais
Depois de vários anos de operação em que Wieser antiga da adega da cooperativa, onde garrafas empoei-
ajustou o menu de degustação e harmonizações de vinhos, radas dos anos 1990 e início dos anos 2000 aguardam
hoje os hóspedes encontrarão pratos como Pike Fish pacientemente a sua vez nas mãos de um sommelier – a
com molho cremoso de alcachofra e cenoura e azeitonas adega conserva cerca de 120.000 garrafas de safras mais
Taggiasca crocantes harmonizadas com um tinto orgânico, antigas que costumam ser usadas em eventos especiais de
blend de Mourvedre e Muscat d 'Alexandrie do produtor degustação para mostrar o incrível poder de envelheci-
francês Jean-Louis Pinto. Para os vegetarianos, há um mento dos vinhos brancos.
repolho feito em espuma cremosa de polenta e molho satay
que é acompanhado por um blend branco de Chardonnay, Microcosmos e PIWI
Malvasia e Friulano de Damijan Podversic, um enólogo da
região do Friuli, na Itália. Quem não precisa ser informado sobre o incrível poten-
No entanto, talvez os achados mais intrigantes na vasta cial dos vinhos da região é o sommelier Günther Hölzl,
variedade de garrafas sejam os vinhos locais do sul do dono de uma enoteca na cidade termal local de Merano e
Tirol, que provavelmente não são encontrados em lojas co-fundador da Pur Südtirol, uma rede de lojas regionais
de vinhos e bares regionais. Antes do jantar, Clemens de comida gourmet, que armazenam apenas alimentos
ofereceu à Revista de Vinhos uma prova improvisada de locais de qualidade, como o sumo de maçã monovarietal
produtores de nicho do Tirol do Sul, incluindo um tinto do produtor Kohl, feito a partir de variedades menos
Malvasia difícil de encontrar, da propriedade In der Eben, conhecidas, como Pinova e Jonagold, e elegantemente
uma adega que faz cultivo biodinâmico situada na planície apresentado em garrafas de vidro transparente. Hölzl
de Cardano, perto de Bolzano, capital do Tirol do Sul. procura produtores locais de massas premium e speck,
Outros destaques incluem um Gewurztraminer do pro- um presunto curado localmente e levemente defumado,
dutor boutique Pranzegg feito com fermentação espon- juntamente com produtores de queijo e agricultores
tânea em tonneau aberto e maceração nas cascas por 12 que fazem de tudo, desde mel e destilados de frutas até
dias, bem como um Pinot Bianco da Tenuta Dornach, que geleias orgânicas feitas de mirtilos silvestres, damascos e
passa um ano em grandes barris de carvalho esloveno e morangos da montanha.
um ano em cimento antes do engarrafamento. Situado em “No sul do Tirol, a agricultura moldou e continua
vinhedos na cidade mais ao sul do Tirol do Sul, este Pinot a moldar a paisagem, a vida cotidiana e a cultura dia
Bianco do proprietário Patrick Uccelli, que é descrito por após dia. Nesse sentido, podemos falar de 'agricultura'.
Clemens como um “filósofo do vinho”, é uma criação Apoiamos pequenas empresas do sul do Tirol, muitas das
salgada e saborosa com notas de ervas e frutas amarelas quais são familiares há gerações. O nosso objetivo é salva-
frescas capaz de envelhecer magnificamente. guardar nossa história e tradições”, explica Hölzl.
Matteo Taccini
TIROL DO SUL
Ursula Pizzinini
Nas prateleiras destas lojas, Hölzl mostra os principais prensada imediatamente após a colheita para manter
produtores de várias centenas de adegas que operam os sabores e aromas frescos, outra parte é mantida nas
na província hoje. Onde há meio século a produção películas por 15 horas e uma terceira parte é vinificada
de vinho tinto reinava – castas tintas indígenas como em cachos inteiros. “Tentamos combinar os diferentes
Schiava e Lagrein ainda são populares – hoje em dia as componentes para criar um Pinot Grigio fresco, vivo e
vinhas brancas representam 64% da superfície dedicada preciso, bem posicionado para o futuro”, acrescenta
à viticultura, com Pinot Grigio e Gewurztraminer na lide- Clemens.
rança e depois seguido por Chardonnay, Pinot Bianco e
Sauvignon Blanc. A joia da coroa
Embora a área tenha uma dúzia de cooperativas histó-
ricas como Terlano e Cantina Tramin, Hölzl também pro- Novas abordagens são sempre bem-vindas no sul do
move produtores menores como Thomas Niedermayr, Tirol e os produtores de vinho não são os únicos prontos
que trabalha numa propriedade biodinâmica com varie- para mudar de direção. Alguns dos hotéis estabelecidos da
dades PIWI (uvas cultivadas para serem 100% resis- área aumentaram a oferta gourmet para atrair viajantes.
tentes a fungos). Para as noites de verão, tem o efer- Na capital regional Bolzano, o célebre Hotel Laurin, que
vescente Summ, elaborado a partir de um mix de uvas já hospedou Angela Merkel no passado, apresentou um
Solaris, Bronner e Souvignier Gris que deixa no paladar novo conceito de restaurante, o ConTanima, que fica no
notas de maçã dourada, abacaxi e nectarina madura. jardim do hotel dentro de uma estufa coberta com piso
No entanto, para compreender verdadeiramente o de seixos brancos. No prato, o chef executivo Matteo
funcionamento da agricultura biodinâmica, é preciso Taccini, nascido em Roma e que passou pela cozinha do
aventurar-se ao sul da propriedade de Niedermayr ao Noma em Copenhaga, mistura ingredientes do Tirol do
longo da pitoresca rota do vinho da região até a cidade de Sul, Toscana, Veneto e Áustria. A apresentação simples,
Magré, lar da família de produtores de vinho Lageder que mas impressionante, inclui pratos como lula e chicória,
está no comércio desde 1823. Núcleo principal da região, juntamente com massa tagliolini em forma de fita, ser-
a propriedade é um conjunto de casas senhoriais antigas, vida com cogumelos e queijo stracchino envelhecido.
algumas adornadas com afrescos, no coração da aldeia, Para não ficar atrás, o promissor empresário hoteleiro
com a estrutura mais antiga em tijolo datada do século Klaus Dissertori inaugurou um par de propriedades bou-
XIII. Desde 2004, o proprietário Alois Lageder se com- tique para viajantes exigentes, onde a oferta de comida
prometeu com uma abordagem holística da agricultura é realista, mas visualmente atraente. Ambos localizados
e hoje seus filhos Clemens e Helena assumiram o bastão na cidade de Lana, perto de encostas acidentadas ponti-
para aderir aos princípios biodinâmicos estabelecidos lhadas de pomares de macieiras e vinhedos, seu primeiro
pelo austríaco Rudolf Steiner. hotel, o Reichhalter de oito quartos, remonta a 1477. A
“A nossa é uma evolução, mais do que uma revolução”, antiga taberna agora possui um bistrô descontraído de
explica Clemens Lageder enquanto ele e a irmã Helena Martina e Andreas Heinisch que faz pratos caseiros de
aquecem-se ao sol do final da manhã no pátio do restau- inspiração italiana e inclui um delicioso vitello tonnato.
rante da adega, apropriadamente intitulado Paradeis, que O segundo local de Dissertori, Villa Arnica, foi inau-
é pontilhado de limoeiros e romãzeiras e recebe os seus gurado no verão de 2019. Situado numa mansão parti-
produtos da extensa horta localizada na propriedade. A cular centenária de três andares, os dez quartos não têm
família vê o lugar como um microcosmo fechado de vida TVs nem frigobar - os hóspedes têm acesso 24 horas por
vegetal e animal, onde raças nativas de bois pastam livre- dia a um bar self-service abastecido que fornece provi-
mente nos vinhedos. sões para fazer cocktails, bem como garrafas de cerveja
Diversidade, não monocultura, é a chave para o produzida localmente. Um chef está à disposição para
sucesso da família. Na adega, a família antecipou em preparar ovos mexidos ou um prato de macarrão com
décadas as tendências do aquecimento global plantando tomates frescos da horta do hotel, que cultiva 10 varie-
variedades incomuns para o sul do Tirol, como Tannat e dades diferentes junto com morangos e framboesas que
Viognier. “Com o nosso Pinot Grigio e Gewurztraminer vão para as saborosas tortas de frutas servidas à tarde à
estamos a ter mais problemas agora com acidez, algo beira da piscina. “O hóspede deve sair com uma sensação
que não podemos adicionar na adega. Há cem anos atrás familiar, como se tivesse passado um tempo na casa de
tínhamos Riesling aqui a 250 metros, mas agora encon- um amigo”, explica Dissertori. E quando as pessoas se
tramos essa casta plantada a 600 metros”. cansam da vila, à sua porta está a incrível variedade de
Uma maneira de combater a mudança de tempera- vinícolas e ofertas gastronómicas sofisticadas do Tirol do
tura é fazer experiências. Para o Poder, vinho branco Sul, tornando esta pequena província no topo da Itália
de Lageder feito de Pinot Grigio, uma parte das uvas é verdadeiramente a joia da coroa.
Norbert Niederkofler
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Quem não tem na memória esse gosto ancestral do fumo e o aroma de um caldo
feito à lareira no pote de ferro? Evoca emoções e essências rurais, aquilo de que
andamos todos com sede. O pote de ferro é um ícone e depois de nostalgicamente
arrumado a um canto de jardim, a servir de vaso ou a ganhar ferrugem, voltou e
está na moda. Quem diria? A comprová-lo, a beleza minhota foi o cenário de uma
experiência memorável em Famalicão, a provar que o pote intensifica sapidez.
O dia estava de boa têmpera e apenas aquela alquimia de que todos andamos à pro- que se prolongou noite dentro. Das feijocas de
uma brisa nos refrescou quando chegámos a cura quando comemos com gosto. Contraria a produção local com cogumelos Boletus Edulis
Famalicão, mais propriamente a Portela. Ali, a cozinha feita às pressas. Aqui é a extração lenta aos rojões caramelizados e cozinhados em fogo
escassos metros do restaurante Ferrugem, um que comanda. lento, da açorda de marisco à cabeça de vaca,
lugar acolhedor que já faz parte dos destinos O aroma do fumo que se evola da lenha a cre- da canja com galinha preta lusitânica velha ao
gastronómicos do país há uns anos, Renato pitar, conjugado com o das ervas aromáticas e carapau de escabeche ou “peixe-galo de cabi-
Cunha recebe-nos já em ambiente de festa. a horta local, de onde vêm alguns produtos que dela” (assim chamado apesar de feito com tinta
O esteio da ruralidade está bem presente no vamos provar, prepara logo o ambiente, verde e de choco) com ovas e vinagre Moura Alves,
enquadramento de uma casa simples, debruada alinhado em patamares, com o rio Pelhe ali ao rematando com um leite creme de leite cru, de
a azul anil turquesa, que convida a ficar. Uma lado. uma vaca das imediações mungida de manhã,
figueira vetusta faz a sombra enquanto, num “A ideia de organizar este evento em torno do tudo estava divinal.
cantinho, sete potes de ferro contornam já uma pote de ferro surgiu logo a após a pandemia. As “´Pretendemos uma experiência imersiva na
fogueira acesa. pessoas estavam sedentas de sociabilização, de ruralidade, com propostas diferenciadoras e
O cenário é o ideal para a verdadeira festa ar livre, de uma linguagem simples e natural e grandes vinhos”, diz.
dos sentidos que configura a iniciativa “ircomse- aqui congrega-se tudo isso”, conta Renato. Diferente do caldo de unto ancestral, com
deaopote”, (em formato hashtag), que se realiza De facto, assim é. Aproveitando o espaço de couves, batatas, fumeiro e cenouras, mas cujo
desde 2020 e é um verdadeiro sucesso. Para alojamento local da mulher Anabela, a Casa Ana sabor nos transporta, ainda hoje, para outras
este ano estão já previstas dez sessões do “fogo Monteiro, situada num cenário que traduz no paragens, a iniciativa dá o salto para uma aven-
de chão e potes no quintal” que, normalmente, seu melhor a alma minhota, selecionou-se um tura ousada. Mas a técnica, no fundo, é a mesma
esgotam em pouco tempo. rol de propostas gastronómicas de cair para o para atingir sapidez: tempo, tempo e mais tempo.
A ideia é cozinhar diversas iguarias no pote, lado, dentro do mesmo target e produtos que O prolongamento da cocção, o chamado fogo
promovendo o convívio no meio da Natureza. delineiam a filosofia do restaurante Ferrugem e, lento, é o grande segredo.
Uma espécie de regresso às origens e pura de forma mais descontraída, deu-se corpo a uma
sociabilização, onde tanto a gastronomia como experiência autêntica. Vinhos Soalheiro, um parceiro à altura
os vinhos, sempre de um produtor de alta qua- Os pratos são de base popular e tradicional,
lidade, se unem num casamento conseguido. mas depois Renato Cunha garante “uma sofisti- Enfatizar os produtos locais - das primícias
Neste caso, na primeira edição de 2023, o pro- cação, criatividade”, numa espécie de up grade do tomate coração de boi ao queijo untuoso
dutor promete um dia bem passado: Soalheiro, do receituário nacional. “No fundo, a base é rural de Senras, de S. Jorge ou Idanha-a-Nova, aos
sublinhado com a presença de Luís Cerdeira. mas tem ousadia, como o peixe-galo de cabi- morangos macerados em vinagre, do fumeiro
“A cozinha no pote é a melhor cozinha que há”, dela que chamamos assim apesar de ser feito ao pão de fermentação natural, das galinhas
declara o chefe Renato, enquanto, de chapéu de com tinta de choco”, a evocar a tonalidade do autóctones ao peixe do Atlântico - é outra das
palha, vai controlando já as brasas. Normalmente sangue. Ou então da versão surf and turf dos premissas. “Queremos privilegiar os produtos à
aos comando do restaurante Ferrugem, aventu- rojões da barriga de de porco bísaro com açorda nossa volta”, realça Renato.
ra-se agora no exterior para tirar ... ferrugem aos de marisco. Um casamento improvável mas que Sim, porque o Minho é também Atlântico, como
potes. reúne aficionados. bem sublinha Luís Cerdeira, produtor convidado
Em tempo de Precision Oven e Roners, o pote O facto é que cozinhar ao ar livre, rodeado com a sua marca Soalheiro. “Normalmente asso-
está de volta. Tem tudo aquilo de que gostamos de árvores centenárias e com colheres de pau ciamos o Minho sempre à vertente rural, mas o
e mexe nas nossas mais recônditas memórias. gigantes, é bem mais aprazível do que cozinhar Minho tem essa faceta do mar Atlântico muito
Aquele pote de três pés tem, de facto, qualquer com pinças em ambiente fechado. No entanto, presente”, conta-nos.
coisa que nos atrai. o calor intenso que a fogueira do lume de chão O salto sonoro de uma rolha da garrafa de
Renato Cunha cedo intuiu que era aí que provoca, não é pêra doce. Espumante Bruto Barrica 2017 magnum, de
estava um filão incontornável. Esse artefacto Isso mesmo comprovamos já porque o sol bolha fina e persistente, a mostrar a raça do
que estava para aí esquecido, abandonado à ainda nem vai a pique e Renato já sua as estopi- Alvarinho num sparkling, com 12 meses em bar-
sua sorte, é atualmente coqueluche das almoça- nhas, entre os sete potes que fazem um círculo. rica, abria as hostilidades e o ambiente festivo
radas e jantaradas.E vai colecionando dezenas. A técnica passa por “dominar sempre o fogo, borbulhava já nos copos para preparar as almas
Versátil, com um natural antiaderente, tem o aproximando ou afastando da brasa, colocando para o banquete. Ainda bem porque já está-
dom de proporcionar mais sabor e a mais-valia sempre lenha. É complicado, mas cozinhar assim vamos com sede e não era só do pote.
de ser usado com altas temperaturas, onde produz uma intensificação de sabor”. Luís Cerdeira decidiu trazer vinhos com mais
se abebera o caldo durante horas para obter Isso mesmo se comprovou ao longo do dia idade, de forma a combinar com as propostas
gastronómicas de peso. “Era necessário apostar junto dos potes era avassaladora. Não parece esférica e a forma como os ingredientes cir-
em vinhos mais velhos para o embate com este ser propriamente fácil gerir este banquete para culam e a distribuição de calor a partir do fogo
tipo de cozinha mais robusta. Optámos, assim, 40 pessoas, mas o chefe parece feliz. contribuem para um resultado final diferen-
por vinhos com um bocadinho mais de idade De repente, montavam-se as mesas, ciador.
em formato magnum para combinar com uma povoadas agora de petiscos, alinhavam-se os Saudável, dura uma vida e garante uma
culinária de sabores fortes”, afirma. copos e abriam-se as garrafas, ia-se buscar o sapidez única. De facto, o pote de ferro que
As regras de jogo convidavam a beber gelo e as taças. Uma festa. nos habituamos a reter nostalgicamente como
cada vinho ao gosto de cada um, numa paleta Ao mesmo tempo, cozinhava-se a base do recordação das cozinhas rurais está de volta.
que passou pela frescura do espumante de caldo do peixe, feito com as espinhas e cabeças Agora que tinhas altas tecnologias e smart
Alvarinho e ainda a mineralidade do Soalheiro do peixe-galo e fanecas, enfiava-se ainda no houses, fogões ultra sofisticados, eis que não
Granit 2019, o complexo Reserva 2017 (vinho pote uma santola e navalheiras, ervas e infu- nos damos por satisfeitos. É assim, em todos os
que casa a madeira do carvalho francês com sões de ervas aromáticas da “Infusões com tempos.
o Alvarinho) e o Oppaco 2016, um blend de história”, outro parceiro, criando complexidade Para além do mais, proporciona o aumento de
Vinhão, Pinot Noir e Alvarinho que igualmente acrescida de sabor. teor de ferro e manganês nos alimentos, com a
exibe o potencial criativo da marca. Ao ser O rugir dos rojões acrescentavam um odor respetiva concentração na hemoglobina, sendo
loteado com as outras castas, o Vinhão ganha e estalidos que faziam crescer água na boca, mais salutar e sem toxicidade, durando toda
em delicadeza e suavidade. mas desta vez não era água mas sim o mag- uma vida. É, assim, ideal para os que seguem
“Temos sempre um produtor de vinho asso- nífico Oppaco, sem maceração pelicular, que uma dieta vegetariana, pois permite absorver
ciado e a ideia é trazer vinhos de colheitas degustávamos enquanto observávamos a fri- mais ferro pelo organismo. O manganês é um
antigas, sempre coisas muito especiais”, con- tura do carapau. nutriente que ajuda na formação dos ossos e é
fessa Renato Cunha. “O pote é a melhor panela do mundo”, elo- um antioxidante, fundamental ainda no controlo
De facto, desta vez, os vinhos Soalheiro per- giava Renato. Os rojões iam caramelizando e do metabolismo.
mitiram harmonizações surpreendentes, mas depois maceravam quase quatro horas para Os que têm estado arrumados a um canto,
bebidos sozinhos no intervalo, entre o saborear destilar a gordura da barriga e intensificar com ferrugem, só têm que ser bem limpos. Os
de uma nova iguaria no pote e dois dedos de sabor. “A gordura vai subindo e os rojões vão novos precisam primeiro de ser “temperados”
conversa a apreciar a verde natureza minhota, descendo”. Hora de colocar mais lenha para a (seasoning) e o seu uso continuado vai melho-
abriam janelas de apetite e boa disposição. fogueira. rando o ferro fundido com o uso e tempo, garan-
Ainda a tarde começava e a imagem aluci- Já o grupo estava formado e a conversa tindo a sua durabilidade. O seu peso também
nante de uma cabeça de vaca a cair num dos rolava entre a prova de vinhos ou a degustação permite reter o calor por mais tempo, ao con-
grandes potes, para escaldar, a exigir depois das várias iguarias. Havia mesmo sede de ir ao trário das panelas comuns de alumínio ou teflon.
longas horas de cocção depois de mudada pote. Depois de uma canja, das feijocas macias Isto porque de cada vez que se usa, ao
a água, iniciava um alinhamento de corte de e sápidas, hora da cabidela de peixe-galo, um contrário de outros materiais, vai ganhando
meia centena de cebolas, alho, alho francês, complexo sabor que se degustava de olhos endurance e cada utilização contribui para
cenouras, pencas, pimentos e ervas aromáticas. fechados. No final, um leite-creme feito no pote uma melhor performance, já que a superfície
Na cozinha, desossava-se a carne para os com leite cru local concluía em beleza o repasto vai ficando mais lisa e homogénea, adquirindo
rojões, verta-se e repunha-se água nos potes, que, mais tarde, ao final da noite, ainda contaria uma patine. Torna-se, deste modo, numa panela
adicionava-se lenha e fazia-se já a base dos com os múltiplos pedacinhos de músculo da ecológica, deguro, tem alta durabilidade – dura
cozinhados. cabeça de vaca em bolos lêvedos açorianos. gerações - e excelente custo-benefício.
Um cheirinho apetitoso evolava-se já ao des- Uma festa de Babette à moda do Minho, “Primeiro tem de se escaldar o pote, porque
tapar das tampas que convidava a beber mais memorável, que se repetia sem sombra de se não são usados todos os dias ficam com
um copo. Hora de tratar do carapau, cortar e dúvida. alguma gordura que pode rancificar. Tiram-se
passar por milho, refrescar com vinho um refo- todas as partículas soltas e um primeiro poli-
gado começar por caramelizar os rojões numa É saudável e dura uma vida mento é necessário, decapando com jato de
roda viva que mais parecia uma coreografia. areia. Depois, pincela-se com gordura, banha
Renato suava em bica e tirava ciscos dos olhos “Quanto mais se usa o pote, melhor ele fica”, de porco que será absorvida pelo ferro e depois
produzidos pelas faúlhas, porque a temperatura explica o chefe do Ferrugem. A configuração água e unto”.
Outra das qualidades do pote é a homoge- (e acumulação de PFC nos antiaderentes) que
neidade térmica, retendo calor e prolongan- entram nos alimentos e levam anos a biode-
do-o no tempo. A consequência é uma maior gradarem-se, o ferro fundido não tem esse
sapidez dos alimentos que, pela boa conduti- ónus e impede queimar garantindo a tempe-
vidade do ferro, conseguem usufruir de uma ratura ideal em todo o processo e tornam-se
cozedura uniforme durante todo o processo antiaderentes de forma natural, sem adição
de cocção. de produtos químicos, pois desenvolvem uma
Depois, os aromas libertados confluem camada protetora e com durabilidade. O alu-
com o fumo e a boa condutividade garante a mínio foi dos nossos materiais preferidos no Um cheirinho apetitoso
retenção de calor e altas temperaturas sem século XX e como era barato e leve, acessível, evolava-se já ao
condicionar o resultado final. É, assim, o mate- acabou por entrar nas rotinas. O mesmo se
rial ideal para altas temperaturas. passou com o teflon. destapar das tampas que
Se por acaso se quer aventurar na compra Mas se por acaso tem lá em casa este convidava a beber mais
de um novo, só tem de o polimerizar primeiro, “monumento” (chamado “portuguese pot”, o
ou seja, passar um pano com óleo na super- que comprova a marca nacional desta panela um copo. Hora de tratar
fície para criar uma camada que se vai ligar ao de tripé) vá temperá-lo e comece a cozinhar do carapau, cortar
metal e assim garantir resistência e antiade- depois de seguir os passos necessários. Vai ver
rência. Uma panela bem temperada torna-se que não vai querer outra coisa. Ou então, apro-
e passar por milho,
tão antiaderente como uma panela de alu- veite uma das próximas dez sessões do “ir com refrescar com vinho um
mínio ou aço inoxidável. sede ao pote”. Vai ver que não se arrepende.
Para além disso, é dos utensílios mais Nós já estamos com sede dele outra vez.
refogado começar por
baratos e dura para sempre, ou seja, ao adquirir caramelizar os rojões
um pote de ferro sabe que é para a vida, outra RESTAURANTE FERRUGEM
vantagem. Outra mais-valia é poupar energia. RUA DAS PEDRINHAS, 32
numa roda viva que mais
Não gasta gaz nem eletricidade porque só pre- 4770-379 PORTELA, V. N. FAMALICÃO parecia uma coreografia.
cisa de usar lenha. Mais natural não há. T. 252 911 700
Enquanto que o teflon, se acidentalmente E. RESTAURANTE@FERRUGEM.PT
arranhado, liberta toxinas nocivas para a saúde
@revistadevinhos
CRÍTICA GASTRONÓMICA
acrescentou valor, a adição de miso caramelizado e de se comer, não é bonita e agarra-se aos dentes e às
togarashi no robalo, foi menos feliz, ao levar o peixe para gengivas, mas... é do caraças: doçura no ponto, jogo de
um campo mais adocicado sem que tivesse notado um temperaturas, diferentes texturas. À patrão! Não sei se
elemento ácido a contrastar. há uma forma mais delicada para fazer e comer isto, mas
De seguida, tivemos um prato mais substancial, uma se calhar não. Afinal, japonesa ou não, estamos numa
interpretação (muito livre) do pica pau, neste caso “taberna”.
classificação
de otoro - a parte do atum com gordura intermédia. Em termos de bebidas, a carta de vinhos do Kaigi
Nitidamente, este era um prato “tasqueiro” de chef, com pareceu-me correta ainda que pudesse ter mais refe-
sabor intenso marcado por um molho reduzido, denso rências fora da caixa. Porém, é equilibrada e serve a
(feito com as espinhas e outras partes do peixe). Vinha generalidade dos clientes. Eu gostei de ter feito a har-
17,5
com um pão tipo brioche, com abóbora hokaido. A ideia monização com 4 sakes (+45€), de qualidade e estilos
era fazer uma sanduiche, ou, como preferi, ir molhan- diferentes, a que ajudou ter tido uma boa explicação e
do-o no molho. Tal como em outros momentos foi impor- uma cábula para me orientar.
Cozinha tante ter um elemento vegetal, no caso ceboleto, para Em relação ao serviço, cultiva-se por aqui um sentido
quebrar um pouco a intensidade. de hospitalidade, mas sem salamaleques, como aprecio
Já estava bem aviado e pronto para a sobremesa, - quer por parte de quem nos atende, quer por parte
17
mas Nuno Brás mandou ainda um sumptuoso tártaro de dos cozinheiros que estão por detrás do balcão, à nossa
atum com caviar no topo servido num “chip” de flor de frente, e acabam por ter um papel muito importante
lótus e um óptimo temaki de enguia, com aquele molho nesse campo.
Sala decadente, feito à base de sake, mirin, açúcar e molho Em resumo, Vasco Coelho Santos e a sua equipa
de soja. estão de parabéns. Depois da uma lufada de ar fresco
“A sobremesa vai ser um moshi especial”, disse-me a que foi (é) o Euskalduna (1 estrela Michelin), do mais
texto e notas de prova José João Santos, Luis Costa / fotos Ricardo Garrido
David Guimaraens
croft
Grandes Vintage sem preconceito
Em 10 de setembro de 2001, véspera do rio Douro, a Roêda soma hoje 73 hec- na Roêda e no percurso pessoal, David con-
do ataque terrorista às Torres Gémeas de tares de vinhas, tendo as cepas mais antigas sidera-o mesmo “um dos Vintage da minha
Nova Iorque, que haveria de alterar o senti- predominância das castas Tinta Francisca e vida”.
mento de (in)segurança no mundo, a Taylor Alicante Bouschet, por entre 15 variedades Desde 2000 que o enólogo vinifica os
Fonseca adquiriu a histórica Croft à gigante diferentes. Espantosos são ainda os 11,7ha de Vintage em co-fermentação. Nos lagares,
Diageo, tendo desde aí assumido a desig- socalcos pós-filoxera, que dão guarida a duas pisa a pé à noite e pistões mecânicos durante
nação The Fladgate Partnership. vinhas emblemáticas: a Vinha da Ferradura, o dia. Tudo o resto é respeito pelo lugar –
“Na década de 90, com Taylors e Fonseca, plantada na última década do séc. XIX, e a o que não é pouco, diga-se – “O meu papel
não éramos grandes nem pequenos”, observa Vinha da Benedita, de 1916. como enólogo é respeitar o carácter das uvas
David Guimaraens, o diretor de Enologia do Durante a primeira metade do séc. XX, com que trabalho, não impor o meu estilo”.
grupo desde 1992. Equacionou-se comprar a Croft conheceu um trajeto de ascensão Cruzamos duas provas verticais de Porto
a Croft ou a Sandeman, mas a primeira per- e afirmação (à época já na esfera Gilbey’s), Vintage intimamente ligadas à Croft, reali-
mitia “duplicar em dimensão e em volume tendo alguns Porto Vintage, como o 1945, zadas muito recentemente e num curtíssimo
de negócios” e “encaixava na filosofia”. entre a elite. A estratégia alterou-se sobre- intervalo temporal. Em Vila Nova de Gaia,
A insígnia é das mais antigas do Vinho do tudo a partir dos anos 70, optando-se por num exclusivo da Revista de Vinhos, pro-
Porto. Tem York por geografia de origem, abordagens de maior volume. Pelo caminho, vamos o Vintage clássico da casa, de 1960 a
uma importante cidade da Inglaterra do a bandeira do famoso Brandy Croft, criado 2017. Dias depois, na Quinta da Roêda, inte-
séc. XVI. A Merchants Company of York, por Robin Reid, diretor da empresa de 1962 gramos uma comitiva alargada de jornalistas
que detinha o monopólio do comércio a 1990. que provou os Single Quinta da Roêda, de
local, recebeu Henry Thompson em 1588, 2002 a 2019.
que desenvolveu o negócio de vinhos que 2003, o ano-chave “O perfil da Croft voltou a ter estes
haveria de resultar na Croft. As famílias aromas muito exóticos, por vezes tropicais.
Thompson e Croft ligaram-se, em 1681, O ano de 2003 marca um antes e um Na prova são Vintage aveludados, sedosos,
através do casamento de Frances Thompson depois nos Porto Vintage da Croft. Foi o ano de taninos muito finos. Desde 2003 temos
e Thomas Croft. Anos mais tarde, John Croft em que David Guimaraens recuperou a filo- esse fio condutor em todos os Vintage da
haveria de lançar o famoso Croft 1781, tendo sofia de trabalhar os Vintage nos lagares de Croft”, comenta o autor.
ainda escrito a obra “Um Tratado sobre os granito da Roêda, entretanto recuperados Pelo que a seguir comprovamos, importa
Vinhos de Portugal”, publicada em 1788. após anos de esquecimento. voltar-se a olhar a Croft sem precon-
Em 1889, a Croft adquire a Quinta da “Dos meus maiores orgulho é ter reaberto ceito. Afinal, a insígnia possui um terroir
Roêda, outro “tratado de viticultura”, como esses lagares, juntamente com o meu pai de exceção que também origina notáveis
David Guimaraens gosta de sublinhar. (Bruce Guimaraens)”, confessa David com Vintage.
No Pinhão, Baixo Corgo, margem direita um brilho no olhar. Pelo que 2003 significa
VERTICAL CROFT,
1960−2017
97 93 92 95
Croft Porto Vintage Croft Porto Vintage Croft Porto Vintage Croft Porto Vintage
1960 1991 2007 2017
Vinho do Porto / Vinho do Porto / Vinho do Porto / Vinho do Porto /
Fortificado / Quinta and Fortificado / Quinta and Fortificado / Quinta and Fortificado / Quinta and
Vineyard Bottlers Vineyard Bottlers Vineyard Bottlers Vineyard Bottlers
Mogno, reflexos rubi. Granada, vários Púrpura. Notas florais Púrpura. O perfume floral
Nariz de apontamentos apontamentos rubi. Notas de violeta e de zimbro, é subtil, há complementos
salinos, folha de tabaco e de floresta e tinta da china, groselha e cereja de amora e cereja negra,
caixa de charuto. O lado exotismo generalizado vermelhas, algum café. algum cacau a completar.
especiado sente-se na nos aromas, algum Tanino muito elegante, A firmeza da expressão
boca. O tanino permanece salino a complementar. aguardente quase invisível, do tanino não belisca a
bem presente, a acidez Sabor de cacau e cereja, volume no ponto e final elegância generalizada, a
que possui dá-lhe músculo geleia e algum marmelo. tentador, de perfil licoroso, aguardente quase não se
adicional, a elegância com Aguardente em contexto, que combina a dimensão revela, o volume é maior
que termina faz facilmente volume bem desenhado, do fruto vermelho e do que aparenta, o final
esquecer a idade. O perfil de final prolongado e cheio do chocolate negro. é bastante profundo e
é delicado e deixa lastro, o de licor. Muito atraente. Equilibrado e convidativo. tem um toque mentolado.
constante arejamento no JJS JJS Um grande Vintage, para
copo revela sempre algo Consumo: 2023-2040 Consumo: 2023-2043 evoluir sem pressas na
mais. Projetá-lo durante — 75,00 € / 16ºC garrafeira. JJS
pelo menos outros 20 anos Consumo: 2023-2063
—
é seguro. JJS
98 109,00 € / 16ºC
Consumo: 2023-2043
— Croft Porto Vintage 94 —
VERTICAL
QUINTA DA ROÊDA,
2002−2019
88 89 90 93
Quinta da Roêda Quinta da Roêda Quinta da Roêda Quinta da Roêda
Porto Vintage 2002 Porto Vintage 2005 Porto Vintage 2012 Porto Vintage 2018
Vinho do Porto / Vinho do Porto / Vinho do Porto / Vinho do Porto /
Fortificado / Quinta and Fortificado / Quinta and Fortificado / Quinta and Fortificado / Quinta and
Vineyard Bottlers Vineyard Bottlers Vineyard Bottlers Vineyard Bottlers
Rubi acastanhado. Rubi profundo. As notas Rubi denso. Aromas de Rubi violáceo. Nariz fresco
Aromas arbustivos, com aromáticas de fruta preta, fruta silvestre, ameixa e apimentado, com fruta
predomínio da esteva, a ameixa madura e alcaçuz madura, notas mentoladas, muito fresca (bagos de
envolver fruta azulada. surgem mescladas com especiaria branca. Na groselha preta, mirtilos,
Apontamento de grãos de apontamento curioso de boca exprime toda a sua amoras, ameixa madura) e
pimenta e cacau. Na boca caramelo salgado. Na juventude, com tanino apontamentos de alcaçuz,
é sedoso e envolvente, boca é redondo, cheio e firme e musculado, boa cravinho, pimenta preta.
com tanino muito fino e poderoso, com a doçura a acidez, final persistente. LC Boca no mesmo perfil – um
bom balanço entre doçura sobrepor-se ligeiramente à Consumo: 2023-2050 Vintage elegante, sedoso,
e acidez. LC acidez. LC 41,00 € / 16ºC fresco, envolvente, com um
Consumo: 2023-2040 Consumo: 2023-2045 singular toque salgado. LC
—
50,00 € / 16ºC 45,00 € / 16ºC Consumo: 2023-2055
— — 93 40,00 € / 16ºC
—
90 91 Quinta da Roêda
Quinta da Roêda Quinta da Roêda
Porto Vintage 2015 91
Vinho do Porto /
Porto Vintage 2004 Porto Vintage 2008 Quinta da Roêda
Fortificado / Quinta and
Vinho do Porto / Vinho do Porto / Porto Vintage 2019
Vineyard Bottlers
Fortificado / Quinta and Fortificado / Quinta and Rubi profundo. Notas Vinho do Porto /
Vineyard Bottlers Vineyard Bottlers aromáticas de groselha Fortificado / Quinta and
Rubi. Imensa fruta no Rubi brilhante. preta, amoras, ameixa Vineyard Bottlers
nariz, especiaria vermelha Complexidade aromática madura, madeira exótica, Rubi denso, profundo. Perfil
e cravinho, apontamento com panóplia de folhas de eucalipto, aromático com predomínio
de folha de louro. Grande especiarias, imensa esteva, especiaria branca. Na de ameixa e cereja madura,
equilíbrio na boca, com fruta preta e azulada, boca evidencia belíssima cacau, pimenta preta,
aguardente bem integrada. apontamento mentolado acidez, textura glicerinada, cravinho, apontamento de
Mostra doçura (muito) bem e de eucalipto. Na boca untuosidade de grande cedro e ligeiro mentolado.
calibrada com a acidez e é sedoso, elegante, nível, tanino monumental. Na boca é equilibrado,
saborosa cereja madura. persistente e saboroso, Um Vintage a caminho da doçura e acidez em “pas
Textura sedosa, tanino de com imensa vivacidade e plena sofisticação. LC de deux”, textura fresca e
bom porte. LC frescura. LC Consumo: 2023-2060 envolvente. LC
Consumo: 2023-2045 Consumo: 2023-2050 40,00 € / 16ºC Consumo: 2023-2050
47,00 € / 16ºC 42,00 € / 16ºC (ainda aguarda lançamento
no mercado)
A Sogrape acaba de apresentar o Casa Ferreirinha Reserva 1977, 1980, 1984, 1986, 1989, 1990, 1992, 1994, 1996, 1997 2001,
Especial 2014, o “irmão gémeo” do Barca Velha, certamente as duas 2003, 2007 e 2009.
principais referências no universo DOC Douro da multinacional Criado por Fernando Nicolau de Almeida no primeiro ano da pro-
sediada em Avintes. Ambos vinhos icónicos, mas ambos vinhos digiosa década de 60, no lote deste Reserva Especial predominam
diferentes, “muitas vezes é mais uma intuição do que uma certeza” hoje uvas selecionadas da Quinta da Leda, no Douro Superior, tal
aquilo que os distingue, como admite o enólogo Luís Sottomayor. E como sucede com o seu “irmão gémeo” Barca Velha. E é assim desde
este Reserva Especial 2014… é mesmo especial. os anos 80, quando a Casa Ferreirinha foi adquirida pela Sogrape.
Quase pode dizer-se que o Casa Ferreirinha Reserva Especial é o Até então, os “irmãos gémeos” nasciam (e cresciam) na Quinta do
irmão gémeo do Barca Velha, o mais icónico e afamado vinho DOC Vale Meão.
português. Efetivamente, os dois mais reconhecidos DOC Douro da Mas se estes vinhos icónicos são tão parecidos, afinal o que é
Sogrape são parecidos em quase tudo desde que começam a ver a que os diferencia? Onde está a linha ténue que os separa? “Muitas
luz do dia: na escolha das uvas, na definição do lote, no método de vezes é mais uma intuição do que uma certeza”, confessa-nos Luís
vinificação, na forma especialmente cuidada como são estagiados, Sottomayor, o máximo responsável pela decisão final que deter-
inclusive no tempo de gestação – os célebres oito anos que é preciso mina estarmos perante um Reserva Especial ou um Barca Velha.
aguardar para ficarmos a saber, finalmente, se é ano de Barca Velha, O responsável de enologia da Sogrape no Douro diz mesmo que
de Reserva Especial ou… de nenhum dos dois. “não é uma decisão difícil”, porque “não é uma decisão tomada no
Com uma produção de 16.415 garrafas, a Sogrape acaba de revelar momento. É uma decisão que vamos tomando ao longo da vida do
à imprensa especializada a mais recente edição do Casa Ferreirinha vinho. Sabemos como é que o vinho nasceu. Sabemos quais foram
Reserva Especial, que reporta à colheita 2014, disponível no mer- as características do ano. Sabemos como é que o vinho vai evo-
cado em final de junho com um PVP recomendado (indicativo e luindo. Quando decidimos se é Reserva Especial ou Barca Velha, já
não vinculativo) de 280 euros. Ou seja, torna-se público que em sabemos bem quais são as expetativas em relação ao vinho. Por isso,
2014 houve Reserva Especial. Talvez 2015 fique reservado para o a parte final da nossa decisão é quase só um pró-forma.”
segundo Barca Velha da década depois do BV 2011… A ver vamos, Mas quais são, afinal, os critérios essenciais para determinar se
mas a probabilidade é elevada face à excelência vitivinícola do ano o vinho deve ser Reserva Especial ou Barca Velha, cujo preço de
em causa. mercado quase sempre triplica o custo por garrafa do seu “irmão
Voltando ao Reserva Especial 2014, a “estrela da companhia” por gémeo”? Segundo Luís Sottomayor, “este é um vinho particular,
estes dias, estamos perante a 18ª colheita deste vinho tão relevante tanto o Reserva Especial como o seu irmão Barca Velha, e todos
da grande multinacional portuguesa do vinho depois das colheitas os anos tentamos fazer um dos dois, o que nem sempre acontece.
antecedentes que começaram em 1960, seguindo-se 1962, 1974, A primeira decisão que temos de tomar é se engarrafamos ou não
Luís Sottomayor
o vinho. Se engarrafamos, então depois a um lado é uma má notícia, mas também exce-
decisão vai sendo tomada. Temos tempo, lente, uma vez que os vinhos têm o mesmo 97
porque o estágio em garrafa é muito longo. ADN, são irmãos, são ambos absolutamente Casa Ferreirinha Reserva
Por isso, eu diria que a decisão mais difícil é extraordinários, e o consumidor tem assim Especial 2014
a primeira de todas, a decisão de engarrafar oportunidade de beber um grande vinho a um
Douro / Tinto / Sogrape Vinhos
ou não.” E ao contrário do que poderia pen- preço bem mais em conta”.
Rubi vivo e intenso, a antecipar muitos
sar-se, Luís Sottomayor diz que a decisão Voltamos à conversa com Luís Sottomayor
anos pela frente. Complexidade
final não lhe tira o sono: “Vamos aprendendo para falar do lote deste Reserva Especial
aromática com notas de fruta preta e
com a experiência. Muitas vezes [a decisão] é 2014: “É o lote tradicional em que a Touriga vermelha macerada, alcaçuz, pimenta
mais uma intuição do que uma certeza.” Francesa e a Touriga Nacional representam preta, cedro, cacau e grãos de café.
Para Fernando da Cunha Guedes, presi- mais de 80 por cento do “blend”. Depois Na boca é sofisticado, acetinado, com
dente da Sogrape, “é sempre um momento temos a Tinta Roriz e o Tinto Cão, que são tanino monumental – mas perfeitamente
especial” o lançamento destes vinhos. um pouco como o sal e a pimenta do vinho, modelado – e frescura amparada por
“Dentro da Casa Ferreirinha, nós chamamos enquanto as outras castas são a sua espinha belíssima acidez que se prolonga pelo
a estes vinhos “Douro Especial” – vinhos que dorsal.” fim de boca. Simultaneamente robusto
depois poderão ser Barca Velha ou Reserva E temos aqui um vinho para durar quantos e elegante, como são todos os grandes
tintos.
Especial. São ambos vinhos realmente únicos, anos? “É muito difícil dizer isso. Já provei
icónicos, que estão oito anos à nossa espera todos os Reserva Especial e já provei todos Consumo: 2023-2050
para se darem a conhecer. Por isso, é sempre os Barca Velha. Inclusive provei o primeiro 280,00€ / 16ºC
com muita emoção e enorme expetativa Reserva Especial, de 1960, há quatro anos, no —
que nos sentamos à volta de uma mesa para Rio de Janeiro, e o vinho ainda estava cheio
poder, finalmente, provar um destes grandes de saúde. Por isso acredito que este Reserva 92
vinhos.” Especial 2014 irá ter uma longevidade no Casa Ferreirinha Reserva
Também Fernando da Cunha Guedes sub- mínimo idêntica.” Especial 1989
linha que “há uma estrutura genética igual” Se o vaticínio de Luís Sottomayor estiver
Douro / Tinto / A. A. Ferreira
no Reserva Especial e no Barca Velha: “Os correto, é só fazer as contas – e temos vinho
Vermelho com ligeiro acastanhado,
vinhos nascem exatamente da mesma forma, para durar mais de 60 anos, provavelmente
ainda muito vivo e denso. Aromas
nascem exatamente da mesma propriedade e até 2090, já no limiar do séc. XXII. O lança- típicos de evolução em garrafa, com
têm exatamente o mesmo processo de vini- mento do Casa Ferreirinha Reserva Especial apontamentos de folha de tabaco,
ficação. Depois os vinhos vão fazendo a sua teve lugar na Quinta do Seixo durante um couro e fruta ténue, mas também
evolução, vão crescendo ao longo dos anos, jantar a “quatro mãos” concebido pelos chefes frescura cítrica de bergamota e algum
até chegarmos ao momento de os revelar. Essa “Michelin” Vasco Coelho Santos e Ignacio mentolado. Na boca surpreende pela
escolha é unicamente da responsabilidade do Echapresto. Na ocasião deu-se a provar o frescura, elegância e complexidade,
enólogo, neste caso do Luís Sottomayor.” E Reserva Especial 1989, que 34 anos após a com acidez de bom nível. Ainda está em
isso é sempre assim, mesmo quando o enó- colheita mantém uma forma assinalável, com grande forma.
logo “não tem exatamente a certeza do que imensa frescura e muita elegância. Troca de Consumo: 2023-2030
decidir e comete o “erro” de lançar Reserva irmãos à nascença – provavelmente, devia ter N/D / 16ºC
Especial – e não Barca Velha”, diz o presidente sido batizado como Barca Velha. Os prognós-
da Sogrape com evidente ironia e boa dispo- ticos são tão fáceis de fazer no fim do jogo,
sição, para depois acrescentar: “O que por não é verdade?
cinco vinhos
Consumo: 2023-2033
35,00€ / 16ºC cereja, bagas pretas.
Nuance de cacau e
—
alcaçuz. Especiado no
ataque de boca, a acidez
90 é primorosa, a aguardente
Os primeiros cinco anos do projeto que o empresário brasileiro Rubens Menin, já bem integrada. Bom
Menin Touriga
juntamente com o amigo e também gestor Cristiano Gomes, estão a desenvolver volume, tanino suave,
Franca 2020
no Douro, conhece nova etapa com o lançamento de cinco vinhos (na realidade, longo e saboroso, pronto a
seis), que foram apresentados no The Yeatman, contando com a presença da Douro / Tinto / Menin dar prazer desde já. 3.200
tripla de enólogos Tiago Alves de Sousa (consultor), João Rosa Alves e Manuel Wine Company garrafas.
Saldanha. Para além dos primeiros Vinhos do Porto das categorias Vintage 2020 Aromas balsâmicos do Consumo: 2023-2028
(já provado e avaliado pela Revista de Vinhos na edição 399) e Late Bottled estágio em madeira, a par 25,00€ / 16ºC
de notas diretas de verniz
Vintage 2019, saíram os primeiros tintos monocasta e um branco Reserva. —
e resina. Lado floral fresco,
No Douro, o empresário já investiu cerca de 35 milhões de euros, valor esse que
deverá montar ao dobro com o avanço de novos projetos e aquisições. De acordo
herbáceo seco, citrinos.
Nuance de chocolate.
86
com Cristiano Gomes, os vinhos apresentados visam “completar a gama de vinhos Seco, tanino um pouco Menin Reserva 2021
da empresa”, sendo que, até final do ano, será ainda lançada o que apelidou de adstringente, granuloso.
Douro / Branco / Menin
a joia da coroa, um ‘field blend’ de 54 castas de uma vinha com 11 hectares em Acidez em equilíbrio, viva.
Wine Company
Gouvinhas. Dividida em 142 talhões, “a primeira vindima rendeu 150 kgs./ha.”, Especiaria no fim de prova.
acrescentou João Rosa Alves.
Arinto, Rabigato, Viosinho
Consumo: 2023-2030
e Gouveio, estagiado em
As três propriedades do grupo são a Quinta da Costa de Cima, Quinta do Sol 35,00€ / 16ºC
madeira nova. Aromas de
e Quinta do Caleiro. É desta primeira, Quinta da Costa de Cima, que saem as — baunilha, floral, citrinos
uvas dos três monovarietais, Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca. A gordos, pimenta branca.
propriedade, localizada no limite entre o Cima e Baixo Corgo, tem parte da vinha 90 Na boca apresenta
com exposição sul, oeste e norte. Agrega 28 ha. de vinhas e 10 de olival e floresta, bom volume, acidez em
Menin Touriga
entre 80 e 260 metros de altitude. Aqui residem os 11 ha. de vinhas velhas, com crescendo, salivante.
uma idade média de 130 anos. Destaque ainda para a parcela de Tinta Roriz, com
Nacional 2020 Belíssima estrutura.
40 anos, que mostra, como bem referiu Tiago Alves de Sousa, o enorme potencial Douro / Tinto / Menin Um vinho que mostra a
da casta na região, muitas vezes ao contrário do que se afirma. Wine Company concentração típica da
E, tal como a congénere Franca, também o Touriga Nacional nasce de uma Rubi, rebordo vermelho. região, mas com elegância.
Belíssima dimensão Pede tempo em garrafa.
parcela de um hectare de vinha, “de onde se esperaria mais concentração”, sub-
linha João Rosa Alves, da Quinta da Costa de Cima. Com uma produção atual de aromática, muita Consumo: 2023-2030
fruta vermelha fresca 20,00€ / 11ºC
170.000 garrafas, João Rosa Alves assume “a capacidade para atingir 400.000
compotada, gulosa. Flores
unidades em velocidade cruzeiro”.
95
Mirabilis 2021
Douro / Tinto / Quinta Nova de Nossa
Senhora do Carmo
Cor rubi. Nariz de grande finesse, fruta muito
expressiva e nota de seiva bem presente,
que lhe dá um carácter quase mentolado. Na
boca, é um vinho harmonioso e muito elevado,
com tanino que alia delicadeza a uma certa
robustez, fruta de qualidade e madeira fina.
Um vinho limpo e cheio de carácter, que exala
Douro como se usasse um perfume discreto.
Muito bonito.
150,00 € / 16ºC / Consumo: 2023-2038
—
93
Mirabilis 2021
Douro / Branco / Quinta Nova de Nossa
Senhora do Carmo
Cor ténue. Fruta madura e muito elegante,
Quinta Nova no nariz, com alguma especiaria e nota de
manteiga. É um vinho profundo, com boca
estruturada e cremosa, nota mineral fresca,
Mirabilis,
elegância poderosa e grande presença, ainda
muito marcado pela sua juventude. Vai valer a
pena esperar pela idade adulta.
a maturidade
55,00 € / 11ºC / Consumo: 2023-2033
“É um trabalho com muita maturidade”, vem substituir a cave de barricas, e inves- conseguidas junto de parceiros de longa data
começou por dizer Luísa Amorim. Prossegue tiu-se em cubas de cimento. Também foram e são provenientes de vinhas velhas em alti-
com uma reflexão, como se estivesse a pensar repensados os percursos, para não haver tude (acima dos 500 metros), muito ricas em
alto, que talvez tenha andado depressa cruzamentos entre os trabalhos da adega e Gouveio, em solos de transição xisto-granito.
demais. Pela sofreguidão do início dos pro- quem visita. E por falar em visitantes, o eno- Após a prensagem da uva inteira, o final da
jectos quando somos muito novos. Hoje diz turismo sempre foi uma área muito forte da fermentação deu-se em barricas de carvalho
que sabe muito mais o que quer, tem mais Quinta Nova e nesse mesmo dia, 16 de Maio, francês e húngaro de 300 litros, seguido de
consciência. E por isso, a Quinta Nova entra estava a ser inaugurada a loja de enoturismo. 9 meses de estágio. Estas barricas dividem-se
na maturidade que fala. Mirabilis é um cacto do deserto do Namibe entre madeira nova e com uso de 2º e 3º ano.
A apresentação à imprensa dos novos e Luísa Amorim escolheu esse nome para o Quanto ao Mirabilis tinto, é proveniente
Mirabilis aconteceu em Lisboa, no Depózito seu sonho de criar um “branco fora de série” de uma vinha centenária da Quinta Nova
de Catarina Portas, um espaço incrível que e um “tinto disruptivo”, com as primeiras num lote com Tinta Amarela de uma vinha
já foi a garagem do Ramiro e que desde edições na vindima de 2011. de 7ha, grande responsável pelo estilo do
há uns anos faz parte do universo da Vida Num almoço assinado por Hugo vinho desde a primeira edição. A selecção das
Portuguesa. Candeias, chef executivo do Ofício, em uvas é rigorosíssima, faz-se desengace total e
Luísa Amorim aproveitou para revelar um Lisboa, foram agora apresentados os mais após a fermentação, o vinho fica 12 meses em
pouco da renovação da adega, uma obra que recentes Mirabilis, da colheita de 2021. 2021 estágio de barrica nova de carvalho francês.
brevemente poderemos conhecer. A neces- que foi um ano difícil para a viticultura, mas Para o lote final, procede-se ainda a uma dura
sidade de alteração teve a ver com a filo- encarado como uma dádiva para vinhos escolha entre as melhores barricas.
sofia de produção que hoje a Quinta Nova harmoniosos, com as suas temperaturas “Não há um Mirabilis igual ao outro”,
de Nossa Senhora do Carmo tem. Há 20 amenas e chuva. Um ano fresco, com vinhos diz-nos Luisa Amorim, “há um estilo”. E
anos, quando foi criada, a adega estava numa mais minerais, por um lado, e mais intensos, esse estilo, em 2021, revelou-se de forma
região de importância relativa para Doc, era fruto de uma vindima mais tardia, por superior. Muito bem resumido no “mote”
sobretudo Vinho do Porto. E os Doc eram outro. Assim foi apresentado pelo enólogo para cada momento da refeição em que cada
na sua maioria, tintos. Hoje é tudo diferente. Jorge Alves que assina os Mirabilis e todo o vinho foi servido. “As Flores, a Frescura e
Brancos e rosés assumem grande preponde- projeto Quinta Nova de Nossa Senhora do a Luz”, para o Mirabilis branco (com lava-
rância. Desta forma, o projecto teve que res- Carmo desde o seu início, sendo Ana Mota a gante e caldeirada) e “As Raízes, a Matéria
ponder a um programa exigente do qual faz responsável pela viticultura. e o Fruto”, para o Mirabilis tinto (com presa
parte, por exemplo, uma cave de foudres que Para o Mirabilis branco, as uvas são ibérica e aipo).
94 90
Quinta da Romaneira Quinta da Romaneira
Vintage 2021 Gouveio 2022
Vinho do Porto / Fortificado / Douro / Branco / Quinta da
Quinta da Romaneira Romaneira
Rubi profundo e brilhante, Amarelo suave, ligeiro
rebordo púrpura. Fruta preta esverdeado. Nariz de perfil
madura no nariz, alcaçuz, mineral, contido nos aromas, com
compota de frutos vermelhos, notas de maçã verde, raspa de
apontamento resinoso, bagos limão e ervas frescas. Entrada
de pimenta preta e flores azuis. de boca fresca e singela. Mas
Na boca é sedoso, com acidez a termina em grande plano, graças
dar grande equilíbrio à doçura, a excelente acidez e agradável
tem muita elegância, tanino travo salgado. Belo Gouveio.
de fino recorte e final amplo e Consumo: 2023-2028
persistente. Consumo: 2023- 18,90€ / 12ºC
2060 / 60,00€ / 16ºC —
Quinta da Romaneira —
90
92 Quinta da Romaneira
Piper Heidsieck
Uma das mais notórias marcas de Champanhe, a Piper-Heidsieck esteve entre
De Maria nós para uma apresentação de alguns dos seus vinhos espumantes mais célebres,
fazendo-se representar pelo jovem ‘chef de cave’ Émilien Botillat. Sucedeu a Régis
Camus, tendo oficiado anteriormente na casa Champagne Cattier, onde teve opor-
Artifical Mas existem curiosidades em torno desta marca de Champagne, desde a intro-
dução, por Florens-Louis Heidsieck, na corte francesa através de Maria Antonieta,
ou o consumo desmesurado da bebida por parte de Marilyn Monroe. A marca sub-
linha a preocupação com o ambiente, escolhendo a garrafa mais leve de espumante
no mercado, que pesa 835 gr., bem como a certificação B CORP, que engloba todos
os departamentos da empresa.
93 92 91 89 88
Piper Heidsieck Piper Heidsieck Piper Heidsieck Piper Heidsieck Piper Heidsieck Brut
Vintage 2014 Essenciel Blanc Essenciel Extra Brut Rosé Sauvage Champagne / Espumante
Champagne / Espumante de Blancs Champagne / Espumante Champagne / Espumante / Piper Heidsieck
/ Piper Heidsieck Champagne / Espumante / Piper Heidsieck / Piper Heidsieck Cuvee Brut engarrafado
Límpido, cor amarelo / Piper Heidsieck Aromas frescos, fruta de Cor vermelha suave. em 2020
palha. Aromas suaves, fruta Aroma frutado, fruta arvore, peras madura e Aromas frutados, frutos Cor perola, bolha fina e
madura, notas de evolução madura, toque tropical maças, aliando as notas vermelhos, morango, rápida. Aromas frutados,
onde o brioche se eleva. evidente. Floral presente de brioche fruto de framboesa, toque de romã. fruta citrina, suave nota de
Especiado ligeiro. Sabor dando uma sensação dégorgement tardio. Toque Cativante! Sabor seco, pêssego e damasco. Sabor
seco, acidez presente, doce ao aroma. Nota especiado a enriquecer. acidez presente, mousse seco, acidez bem presente,
mousse bem integrada, suave a lembrar brioche. Sabor seco, boa acidez, suave e elegante, frutado mousse média, intenso,
frutado, notas frescas Envolvente. Sabor seco, mousse suave, bolha presente. Bom corpo, citrino, prevalecendo
com final persistente acidez presente, bolha fina, sedoso e volumoso. com final persistente um toque herbal. Final
e volumoso. Escolha fina, mousse elegante. Encorpado, com final longo e envolvente. Escolha refrescante e vivo. Ideal
acertada para queijos Frutado, floral a notar-se, e estruturado. Ideal para acertada para finais de para aperitivo. Funciona
fortes, maturados. transmitindo uma sensação acompanhar pratos de tarde com os amigos; ótima bem com petiscos do mar.
Consumo: 2023-2033 vibrante. Bom corpo e final peixe no forno. Consumo: opção para petiscos de Consumo: 2023-2029
84,90€ / 8ºC longo e apetecível. 2023-2030 verão. 44,99€ / 8ºC
Consumo: 2023-2033 N.D. / 8ºC Consumo: 2023-2033
N.D. / 8ºC 54,95€ / 8ºC
Casa de Cello
95 94
A certeza Quinta de San Joanne
Herança 2019
Vinho Verde / Branco / Casa de
Quinta da Vegia
Reserva 2019
Dão / Tinto / Casa de Cello
do rumo Cello
Dourado, reflexos alaranjados. Notas
ligeiramente oxidativas, complementos
Rubi. Nariz muito bonito, que nos
remete para um certo classicismo.
Aos apontamentos mentolados de
de nêspera e lima. Direto e muito barrica juntam-se muito citrino e bagas
João Pedro Araújo é um protagonista do vinho com quem mineral, simultaneamente tenso e silvestres. Tanino aveludado, frescura
untuoso, de volume bem esculpido e que nos remete para componentes
dá sempre gozo conversar. Tem ideias muito próprias, algumas
final gorduroso. Facilmente projetamos mais vegetais, de final elegante e
que nos obrigam a refletir mesmo quando discordamos. Nos
nuances de mel. Sim, tornar-se-á ainda sóbrio. Um vinho de “connaiseur”.
Vinhos Verdes, em particular, é uma voz que nos habituou
maior. Consumo: 2023-2035
a ser por vezes dissonante, insistindo num caminho próprio
Consumo: 2023-2035 30,00 € / 16ºC
de afirmação e de diferenciação. Pedro Araújo já não está no
35,00€ / 11ºC —
Ameal, Nuno Araújo já partiu para a eternidade, mas isso não
—
o demove de continuar o caminho que decidiu para si.
Com apoio técnico do enólogo Paulo Ruão, João Pedro
93
há muito definiu a seriedade como matriz dos vinhos São
95 Quinta de San Joanne
Joanne. Herança, a nova designação do Superior, é um lote de Quinta da Vegia Escolha 2020
Avesso e Malvasia Fina que promete envelhecer com garbo. O Património 2019 Vinho Verde / Branco / Casa de
Escolha mantém os pergaminhos a que nos habitou. Dão / Tinto / Casa de Cello Cello
No Dão, Património é a nova designação do Superior, lote Rubi. Notas finas de ervas secas, algum Dourado. Nariz de restolho, maçã,
de Touriga Nacional e Tinta Roriz, que merece garrafeira. O vegetal, tabaco e cereja negra. Tanino nectarina e um ligeiro especiado.
Reserva tem um perfil muito sóbrio, é vinho de “connaisseur”. fresco e sólido, excelente acidez geral, O trabalho de borras está bem
Por ano, João Pedro Araújo alcança produções médias de estrutura competente e um final conseguido, a conferir amplitude
próximas das 100.000 garrafas, percentagens idênticas por bem profundo, que alia texturas a boa e texturas extra. De final untuoso e
região. Brasil, Canadá, Reino Unido, Suíça, EUA e Venezuela barrica e a bosque. Merece garrafeira. aguerrido, reúne todos os pergaminhos
são os principais mercados de exportação, em que a restau- Consumo: 2023-2040 para evoluir bem.
ração é o foco. 55,00 € / 16ºC Consumo: 2023-2033
15,00 € / 11ºC
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texto e notas de prova Luís Costa e Marc Barros / fotos D.R. texto e notas de prova Rodolfo Tristão / fotos D.R.
Dandy de Cidrô
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cados a partir de 80 pontos.
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da revista de vinhos
Nuno Guedes Vaz Pires Alexandre Lalas António Lopes Bento Amaral
DIRETOR REVISTA DE VINHOS JORNALISTA E CRÍTICO SOMMELIER ENÓLOGO
DE VINHOS E WINE EDUCATOR E WINE EDUCATOR
ALENTEJO
86 85
90 Pouca Roupa Sauvignon Mingorra Henrique Uva
Blanc 2022 Colheita 2021
Herdade dos Grous Moon
Regional Alentejano / Branco / J. Regional Alentejano / Tinto / H.
Harvested 2021
Portugal Ramos Vinhos UVA
Regional Alentejano / Tinto /
Os aromas da casta estão bem Rubi escuro. Aromas de folha
Monte do Trevo
presentes, com a dimensão de morango, romã, cereja
Rubi, rebordo vermelho. Boa
vegetal bem contida em vermelha e toque de café.
dimensão e frescura aromática
roupagem de fruta fresca. Tanino esculpido, boa fluidez
nas notas de fruto vermelho,
Na boca é elegante, fresco estrutural, volume no ponto,
cereja e groselha. Madeira e
e delicado, com acidez alta, final certeiro. As maiores
couro. Nota de resina. Corpo
que preenche o palato. MB virtudes são a versatilidade
médio, tanino robusto, ainda
Consumo: 2023-2028 e o equilíbrio. JJS Consumo:
um pouco jovem e seco. Fruta
5,49€ / 11ºC 2023-2030
madura no aroma de boca. Final
6,50€ / 16ºC
médio, com leve especiaria. MB
Consumo: 2023-2033
24,99€ / 16ºC 85
B Talhas de Borba Vinho
85
de Talha 2022 Senses Petit Verdot 2021
88 Alentejo / Branco / Adega de Regional Alentejano / Tinto /
Borba Adega de Borba
Dona Maria 2022
Dourado, reflexos alaranjados. Rubi. Notas de cereja vermelha,
Regional Alentejano / Branco /
Aromas de nêspera, abacaxi e tomate, pimento, grão de café e
Júlio Bastos
melaço. Boa untuosidade, de balsâmicos. Tanino portentoso,
Amarelo limão. Notas de
corpo médio e acidez que o faz acidez bem presente, de
restolho seguidas de casca
vibrar, com final democrático e corpo médio-alto e final muito
de laranja, líchia e pêssego. A
perceção mineral. Um vinho de teimoso, com toque de tabaco.
polpa de fruta domina o sabor,
talha que respeita a tradição. Precisa ser domesticado. JJS
tem camadas de texturas,
JJS Consumo: 2023-2028 Consumo: 2023-2030
um toque especiado e final
6,49€ / 11ºC 5,99€ / 16ºC
persistente, tudo amparado por
boa acidez. Clama por mesa.
NGVP Consumo: 2023-2028
9,95€ / 11ºC 85 84
Coelheiros 2022 Pouca Roupa 2022
Alentejo / Branco / Tapada dos Regional Alentejano / Rosé / J.
87 Coelheiros Portugal Ramos Vinhos
Cor citrina. Aroma cítrico Tom salmão pálido. Aromas
Esporão Colheita 2022
maduro, maçã também madura florais a abrir, flores frescas.
Regional Alentejano / Tinto /
surgindo como nota Secundária Fruto de polpa branca, romã,
Esporão
palha seca. Na boca mostra-se fruto de água. Seco, corpo leve,
Rubi. Algum floral e muita
um vinho de elegância e com acidez equilibrada, frutado no
cereja vermelha, complementos
suavidade. BA Consumo: 2023- palato, ligeiro amargor final. Um
de amora e um ligeiro vegetal.
2026 rosé sério, para levar à mesa.
Tanino firme, acidez vincada,
11,00€ / 11ºC MB Consumo: 2023-2025
contexto que harmoniza
5,49€ / 11ºC
volume e fruto. O final é seco e
mais tenso. Está a aprumar-se.
JJS Consumo: 2023-2028 85
10,00€ / 16ºC HFP Reserva 2020 82
Regional Alentejano / Tinto / Castelo de Borba Antão
Herdade Fonte Paredes Vaz 2022
86 Rubi. Apontamentos de cereja Alentejo / Branco / Adega de
vermelha, pimento, grão de Borba
B Talhas de Borba Vinho
café e especiarias. Tanino Dourado. Notas de restolho,
de Talha 2022
maduro, estrutura apimentada, pera e abacaxi. Acidez bem
Alentejo / Tinto / Adega de Borba
acidez que lhe confere garra conseguida, que espevita o
Rubi. Notas de cereja vermelha e volume de matriz quente. conjunto e permite equilíbrio
e romã, algum pimento, Termina persistente e severo. entre estrutura e volume. O
tomate e azeitona. Tanino Para mesas a preceito. JJS final mostra versatilidade. JJS
fresco e assertivo, acidez Consumo: 2023-2030 Consumo: 2023-2025
vincada, volume em esquadria 13,00€ / 16ºC 4,90€ / 11ºC
e projeção final teimosa.
Revela sangue na guelra. JJS
Consumo: 2023-2028
6,49€ / 16ºC
El Garbi Rascunho
TERRA ALTA, ESPANHA VINHOS VERDES
ALGARVE
82 82
Coelheiros 2021 90 Herdade Barranco
Alentejo / Tinto / Tapada dos do Vale Chardonnay
Tesouro Bastardo 2020
Coelheiros Reserva 2020
Regional Algarve / Tinto / Quinta
Cor rubi de média intensidade. Regional Algarve / Branco /
dos Santos
Aroma a amora, licor de cassis, Herdade Barranco do Vale
Granada bem aberto, já o nariz
couro, baunilha. Notas tostadas Aroma de hortelã da ribeira,
é um sedutor na fruta vermelha
na boca que dão doçura que de folhas muito verdes
suave e goiabada a combinar
se contrapõe a carga tânica e estimulantes. Na boca
com especiaria. Boca ligeira,
de média intensidade. BA representa de certa forma o
redonda, mas estruturada à
Consumo: 2023-2026 que tinha demonstrado no
sua maneira. Fruta suculenta,
11,00€ / 16ºC nariz com as notas vegetais
taninos macios e frescura
a levarem a dianteira sobre
delicada. Proporção e balanço.
um ligeiro laivo de pomar. AJL
Delicioso! Viciante. MM
82 Consumo: 2023-2028
Consumo: 2023-2025
13,95€ / 11ºC
Gladius Premium 2020 27,00€ / 16ºC
Regional Alentejano / Tinto / BAIRR ADA
Herdade Fonte Paredes
Rubi. Notas de chocolate, 90 91
ameixa negra e um
Tesouro Sousão 2020
toque vegetal. Sedoso na Kompassus Baga Private
Regional Algarve / Tinto / Quinta
demonstração do tanino, fluido Colection 2017
dos Santos
ao longo da prova apesar Bairrada / Tinto / Kompassus
do volume e do contexto Rubi profundo. Nariz amplo, Vinhos
acalorado. Finaliza sem fruta madura em diálogo com
Rubi. Notas de pinhal e de
segredos, pronto a acompanhar coco, noz-moscada, tostados,
caruma, folha de morango
pratos condimentados. JJS sem nunca entrar no peso ou
e cereja, especiaria e café.
Consumo: 2023-2025 cansaço. A madeira inicial,
Tanino esculpido, volume
dissipa-se ao longo da prova.
7,95€ / 16ºC sedoso, final persistente mas
Boca de belo porte, pensado,
com bons modos. Sedutor, está
taninos super finos, balanço e
apto ao desafio do tempo. JJS
persistência. Muito bem! MM
82 Consumo: 2023-2030
Consumo: 2023-2040
40,00€ / 16ºC
Mingorra Henrique 36,00€ / 16ºC
Uva Touriga Nacional
Colheita 2022
Regional Alentejano / Rosé / H. 83 90
UVA Kompassus Bical 2020
Herdade Barranco
Cor salmão. Ligeiro floral, folha Bairrada / Branco / Kompassus
do Vale Castelão &
de morango e cereja vermelha. Vinhos
Aragonez Reserva 2021
A doçura da fruta mantém-se Amarelo limão. Notas de iodo
Regional Algarve / Tinto / Herdade
ao longo da prova, tem volume e fumo, nectarina e algum
Barranco do Vale
definido e final sem segredos. melaço. Simultaneamente
Combine-o com pastas. JJS Aroma balsâmico, com notas de
amplo e fino, tem ADN Bairrada,
Consumo: 2023-2023 estragão e legumes, sentem-se
amplitude e tensão finais, com
ainda delicados aromas de
6,50€ / 11ºC acréscimo de texturas. Está a
maçã verde. No palato é
revelar-se. JJS Consumo: 2023-
equilibrado, de estrutura média
2030 / 20,00€ / 11ºC
e com boa intensidade no final
81 de boca. AJL Consumo: 2023-
2026
Herdade Santa Ana
Verdelho Reserva 2022 10,95€ / 16ºC 90
Regional Alentejano / Branco / Kompassus Rosé Brut
Herdade Fonte Paredes Nature 2018
Amarelo limão. Muito floral ao Bairrada / Espumante /
primeiro impacto, seguindo-se Kompassus Vinhos
notas de maçã, pêra e Cor salmão, apontamentos
nectarina. Amplo e generoso, alaranjados. Cordão muito fino.
levemente especiado, tem Notas de citrinos e massapão,
na boa acidez o ingrediente cereja delicada e romã. Fino
da compostura. Termina sem e elegante, de acidez bem
segredos, apto a mesas fartas. presente, finaliza com um toque
JJS Consumo: 2023-2024 de fumo e termina tostado.
6,95€ / 11ºC Muito bem elaborado será
garantia com gastronomias
diversificadas. JJS Consumo:
2023-2026 / 16,00€ / 8ºC
90 80 91
Quinta do Valdoeiro Valdoeiro 2021 Monte Xisto Órbita 2020
Reserva 2020 Bairrada / Tinto / Sociedade Douro / Tinto / João Nicolau de
Bairrada / Branco / Sociedade Agrícola e Comercial dos Vinhos Almeida & Filhos
Agrícola e Comercial dos Vinhos Messias Rubi. Floral elegante,
Messias Rubi. Boa dimensão aromática, complementos de mato, cereja
Aromas ricos e profundos, de com a fruta silvestre a surgir em e romã. Tanino fresco, estrutura
boa complexidade. A fruta é tons frescos, algo de especiaria, muito delicada e harmoniosa,
elegante e fresca, envolta em aroma herbáceo verde. Seco, a acidez a controlar o pulso do
tons tostados, que sugerem corpo médio, taninos firmes, de volume, de final equilibrado.
volume de boca, apoiada boa estrutura, a preencher o Vive de subtilezas. JJS
numa frescura mineral viva. centro da boca. Final saboroso, Consumo: 2023-2033
Final em tons citrinos. Poderá de boa lembrança. MB 28,00€ / 16ºC
surpreender dentro de alguns Consumo: 2023-2027
anos. MB Consumo: 2023-2033 3,90€ / 16ºC
11,50 / 11ºC
DÃO
91
Os Canivéis 2021
88 87 Douro / Branco / Maçanita Vinhos
Dourado, reflexos limão. Notas
Messias Baga Bairrada Quinta do Penedo de fumo, ervas secas, espargos
Grande Reserva Blanc de Encruzado 2021 e alguma pimenta. Untuoso,
Noirs 2017 Dão / Branco / Sociedade Agrícola quase glicerino, de bom
Bairrada / Espumante / Sociedade e Comercial dos Vinhos Messias volume, acidez a preceito, final
Agrícola e Comercial dos Vinhos Dourado, laivos esverdeados. profundo e bem esculpido. É
Messias
Nuances florais elegantes, tímido no nariz e bom de boca.
Tom salmonado. Bolha raspas de lima e fumo. JJS Consumo: 2023-2033
média, persistente. Belíssima Delicado também a seguir, 22,90€ / 11ºC
expressão aromática, citrinos de silhueta fina, boa acidez e
maduros, flores secas, fruto sensação granítica a fechar.
silvestre. Conjunto de grande Bem elaborado. JJS Consumo:
frescura, mas com a nobreza 2023-2030 91
dos aromas de estágio. Seco, 8,15€ / 11ºC Os Canivéis 2020
mousse cremosa e texturada,
Douro / Tinto / Maçanita Vinhos
acidez límpida. Um belo
exemplo da categoria. MB Rubi. O vegetal é evidente no
Consumo: 2023-2025 85 nariz, tem algum exotismo e
apimentados, cereja, romã e
19,80€ / 8ºC Quinta do Penedo 2018
mina de lápis. Tanino firme e
Dão / Tinto / Sociedade Agrícola e fresco, muita mineralidade, de
Comercial dos Vinhos Messias
porte altivo e final bastante
86 Rubi. Nariz floral e a lembrar
floresta, complementos
fino. Continuará a evoluir. JJS
Kompassus Blanc Consumo: 2023-2033
de cereja escura e amora.
de Noirs 2017 24,95€ / 16ºC
Mentolado, tem tanino suave,
Bairrada / Espumante / fluidez geral, volume esculpido
Kompassus Vinhos
e final dócil. De perfil versátil.
Dourado, reflexos alaranjados. JJS Consumo: 2023-2028 90
De folha fina e enérgica. 6,80€ / 16ºC Maçanita é Sousão ou
Notas de cereja e massapão,
Será Vinhão? 2021
perceção salina que logo é
confirmada. Acidez firme em DOURO Douro / Tinto / Maçanita Vinhos
contexto estrutural fino, de Rubi escuro. Exotismo de
final aprumado e sedutor. 92 especiaria, nuances de pimento
Muito versátil. JJS Consumo: e de tomate, especiaria bem
As Olgas 2021
2023-2025 integrada. Tenso e sagaz, de
Douro / Branco / Maçanita Vinhos
16,00€ / 8ºC muito boa acidez sem nunca
Dourado, reflexos esverdeados. perder a compostura. Termina
Notas de espargos, relva e fresco e profundo, espevitado
algum fumo. Fino e elegante, de sem nunca ser selvagem,
acidez presente, bom volume, a confirmar potencial de
elegância geral. De final exato evolução. JJS Consumo: 2023-
mas também firme e salgado. 2035
A matriz vegetal está sempre 24,95€ / 16ºC
bem acentuada. JJS Consumo:
2023-2033
39,95€ / 11ºC
OFERTA
Faca + Luva de Chef
5 ANOS
Garantia
CURSO DE COZINHA
Oferta exclusiva para clientes SteakMaster
90 86 84
Maçanita Rabigato 2022 Grafite 2022 Lacrau 2022
Douro / Branco / Maçanita Vinhos Douro / Branco / Churchill's Douro / Branco / Secret Spot
Amarelo limão. É sisudo no Estates Wines
primeiro contacto com o nariz, Brilhante, a denotar juventude. Amarelo limão. Nariz de flor
mostrando muito mais solo Aromas frescos de fruta de laranjeira, lima e maçã.
do que fruta. As camadas que amarela, sílex, pão torrado. Na Fresco e aparentemente leve,
revela a seguir valorizam-no de boca mostra acidez crocante, está afinado e mostra volume
imediato, combinando textura e bom volume, seco e saboroso. elegante. Termina ligeiramente
acidez, fruto e tensão. O final é MB Consumo: 2023-2028 especiado, pronto a ir à mesa.
persistente e elegante, cremoso 13,50 / 11ºC JJS Consumo: 2023-2028
e com matéria. Saberá evoluir. 2022
8,50€ / 11ºC
JJS Consumo: 2023-2033
21,95€ / 11ºC 86
Raio de Luz 2022
83
Maçanita 2022
88 Douro / Branco / Rocim
Tom pálido. Aromas de fruta Douro / Branco / Maçanita Vinhos
Folgasão dos Dois! by madura, pêssego, nota tropical. Amarelo limão. Aromático,
Joana e António 2022 Flores secas. Pão torrado. Seco, exibe maçã, raspas de lima
Douro / Branco / Maçanita Vinhos corpo leve, acidez média. Fruta e toranja. Mais texturado
Amarelo palha. Reservado no fresca, citrina, quase verde, no a seguir, tem bom volume,
nariz, mostra limão, ligeiras aroma de boca. Ligeira nota precisão, acidez que o segura
notas de maçã, algum vegetal salina a prolongar o final. MB e final convincente. A aptidão
e um curioso apontamento de Consumo: 2023-2028 a diferentes momentos é o
fumo. Tenso, direto, de muito 10,49€ / 11ºC melhor atributo. JJS Consumo:
Folgasao
boa acidez, estruturalmente da Joana
do Antonio dos dois !
by Joana e Antonio
2023-2028
vertical até ao fecho. Expõe 2022
12,65€ / 11ºC 2022
LISBOA PENÍNSUL A
86 DE SE TÚB AL
90 Quinta do Gradil
na otimização do
através de método de spray.
Douro
Wine City
Um ano mais, o Peso da Régua celebrou o vinho com o Douro
Wine City. O Auditório Municipal (AUDIR) foi o palco da terceira
edição desta festa do Douro, Património da Humanidade desde
2001 e distinguido como Cidade Europeia do Vinho 2023.
Além das habituais provas de vinho e Conversas sobre o Vinho
com Manuel Moreira (Sommelier e crítico de vinhos da Revista
de Vinhos), a programação contou com showcookings pelas mãos
de prestigiados chefes de cozinha como Hernâni Ermida e Luís
Américo, degustações e atuações musicais.
O Peso da Régua foi também o destino escolhido pela Presidência
da República para as comemorações do Dia de Portugal, de Camões
e das Comunidades Portuguesas.
O Douro Wine City é Organizado pelo Município do Peso da
Régua, com produção da Essência do Vinho.
Luis Américo
UVVA - Universo
do Vinho Verde
Amarante
Agustina Bessa-Luís foi a personalidade amarantina homenageada na sexta edição do UVVA – Universo do Vinho
Verde Amarante, que teve lugar nos claustros do Convento de São Gonçalo. Na obra da escritora são várias as referên-
cias a Amarante e ao Vinho Verde como, por exemplo, n’”O livro de Agustina” (2002): “Sou um produto da região, como
o vinho verde, que não embriaga, mas alegra”.
O UVVA contou, ao longo de três dias, com provas de vinho, conversas, showcookings com chefs reconhecidos, gas-
tronomia regional e atuações musicais. Realizado pela primeira vez em 2016, o UVVA consolidou-se como um evento
vínico de referência em toda a região, reforçando a aposta no vinho verde enquanto produto estratégico de desenvolvi-
mento local e de promoção turística.
Pelo segundo ano consecutivo, o concurso de vinhos atribuiu prémios nas seguintes categorias: Prémio Excelência
UVVA, Prémio Mérito UVVA, Melhor Vinho UVVA, Melhor vinho espumante, Melhor vinho branco, Melhor vinho
rosé, Melhor vinho tinto e Melhor Amarante – Prémio António Lago Cerqueira.
Das cerca de 70 amostras provadas, o vinho AJTS Gentilis Grande Reserva 2021, obtido em Gatão, Amarante,
junto ao rio Tâmega, foi o grande vencedor. Eleito “Melhor Vinho UVVA”, ganhou ainda nas categorias “Melhor Vinho
Branco” e “Melhor Amarante”. Trata-se de um lote de várias castas brancas, que inclui Azal e Arinto, estagiado 12 meses
em barricas de carvalho francês.
Ex aequo em pontuação, os vinhos Portal da Calçada Cuvée Prestige Bruto (espumante não datado elaborado em
Amarante pela Calçada Wines) e Sem Igual Bruto Natural 2017 (Lousada, projeto 100 Igual) conquistaram a distinção
“Melhor Vinho Espumante”. O prémio “Melhor Vinho Rosé” foi atribuído ao Sem Igual Oaked 2021 (Lousada, 100
Igual) e o Quinta da Lixa Reserva 2016 (Lixa, Felgueiras, Quinta da Lixa) venceu no segmento “Melhor Vinho Tinto”.
O júri foi constituído por Bernardo Pinho (sommelier Hotel Octant, Douro), Celeste Pereira (representante da Câmara
de Provadores da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes), Gabriel Monteiro (sommelier The Largo Hotel,
Porto), Ivo Granja (sommelier The Largo Hotel, Porto), José João Santos (Revista de Vinhos), Luis Costa (Revista de
Vinhos) e Marc Barros (Revista de Vinhos).
Vitor Matos
Os vencedores dos Prémios UVVA com o Pr. da CM Amarante, José Luis Gaspar
N E WA G E W I N E P R O D U C E R
S TA D E V I N
VI H
O
E S
R
·
· J ·
O ÃO A
R
OLIVEI
JOÃO
OLIVEIRA
João Miguel Oliveira é um dos rostos da nova vaga de
enólogos do Dão e em quem todos nós, amantes de vinhos
e da região, depositamos largas esperanças para completar
o ressurgimento do nível qualitativo e, sobretudo, da
1. João é enólogo há mais de 10 anos 6.À sua experiência no Dão, somou
e conta com um currículo já invejável ainda um estágio na Deep Woods
identidade dos vinhos que por lá se fazem. para a idade. Estate, em Margaret River, Austrália
Em recente reportagem para a Revista de Vinhos, João 2. Concluiu em 2012 a licenciatura Ocidental.
mostrou conhecer bem o perfil desses vinhos de outrora, em Viticultura e Enologia pela 7. Juntou ainda uma pós-gra-
em que “o propósito não era obter extração mas sim Universidade de Trás-os-Montes e duação em Viticultura e Enologia
vinhos abertos, claretes, mais leves e bebíveis, até num Alto Douro. pela Faculdade de Ciências da
certo perfil do Dão Novo”. As uvas “eram prensadas em 3.Logo no mesmo ano começou Universidade do Porto.
bica aberta” e passavam-se as operações “para as cubas de a sua relação profissionais com 8.E concluiu o nível 3 do Wine &
cimento, instaladas no piso inferior, onde permaneciam até a Vines & Wines - Consultores de Spirit Education Trust.
à primavera”. Enologia.
9.Porém, antes de tudo isto, João
Da sua já larga experiência em enologia como consultor 4. Entre outros, é responsável pela desenvolveu a sua ligação ao mundo
na Vines & Wines de João Paulo Gouveia e Carlos Silva consultoria no projeto Allgo, da CM dos vinhos desde criança, no Dão.
(que se estende para além do Dão), João Oliveira retirou as Wines.
10.Oriundo de uma família com
bases para lançar a sua própria marca de vinhos, designada 5.Em simultâneo, fundou a fortes ligações à agricultura, foram
Lusus, na versão 100% Encruzado e um tinto com base nas empresa que estaria na origem do a viticultura e produção de vinhos as
projeto pessoal e familiar de vinhos atividades que mais o seduziram.
castas Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz, a partir
de topo do Dão com a marca Luzus.
de vinhas da família por onde cresceu e se fez apaixonado
pelo vinho (e cujas avaliações publicaremos brevemente).
Destacamos 10 coisas que deve saber sobre ele…