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CLUBE DE REVISTAS
SUMÁRIO

8 EDITORIAL

OPINIÃO
12 Sarah Ahmed
16 José Peñin
20 J.A. Dias Lopes
26 José João Santos

ESCOLHAS DO MÊS
30 Para a Mesa
32 Para a Cave
34 Altamente Recomendados
36 Boas Compras

38 PROFILE
Muriel Porfiro.

40 CASTA
Borraçal.

42 NA MESA
Bolo de maçã e Vista Alegre Tawny 20 Anos.

44 VINHOS E NÚMEROS
A importância económica do vinho.

46 NOTÍCIAS

48 CERVEJAS
Pobeira.

62 52 ESPIRITUOSOS
Martini, 160 anos de histórias.

56 ENOTURISMO

62
Quinta de S. Bernardo, Douro.

QUINTA DE SANT’ANA
Capítulo feliz sobre Lisboa.
78
70 WINE & SOUL
Quinta da Manoella, história de uma velha senhora do Douro.

78 QUINTA NOVA DE NOSSA SENHORA DO CARMO


Nova adega, novos capítulos.

86 PROVA TEMÁTICA
A magia dos Vinhos do Porto e Madeira velhos.

94 GOLDEN VINES AWARDS


A elite do vinho e da gastronomia.

102 H. BLIN
O reino encantando da Meunier.

108 SENRAS DAIRY


As delícias do queijo de vaca.

114 CRÍTICA GASTRONÓMICA


Anfíbio, Lisboa.
114 108
118 NOVIDADES
As novas entradas do mercado.

154 GUIA REVISTA DE VINHOS

172 EVENTOS
Dão Portas Abertas.
Vinhos de Portugal em Zurique.

178 NEW AGE CHEF


Nuno Castro.

@revistadevinhos
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| O equilíbrio perfeito:
PLACA DE INDUÇÃO COM
EXAUSTÃO INTEGRADA.
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2024
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EDITORIAL

SeRÁ o Álcool
o tabaco dos
nossos dias?
Durante a maior parte da minha vida adulta, o consumo mode-
rado de vinho foi considerado parte de um estilo de vida saudável.
Na verdade, há mais de três décadas, em vários países, a ingestão
diária moderada de vinho tem sido definida como dois copos para um
homem e um para uma mulher. No entanto, essa perceção pode estar
prestes a mudar e a refletir uma mudança cultural já em curso.

No início da década de 1990, o consumo de vinho era considerado


benéfico para a saúde, graças ao famoso "paradoxo francês", que afir-
mava que os franceses, apesar de consumirem gordura em excesso,
apresentavam um menor índice de problemas cardiovasculares, expli-
cado pelo consumo diário de vinho tinto às refeições. Embora estudos
posteriores tenham questionado essa ideia, o impacto nas atitudes em
relação ao consumo de vinho foi significativo e durante anos o con-
sumo aumentou consideravelmente. No entanto, o tempo passa e a crescente quantidade de evidências sugere ESSÊNCIA
que o álcool pode não ser tão saudável quanto se pensava. Nos Estados Unidos, por exemplo, há indícios de que DO VINHO
as diretrizes para o consumo de vinho em breve poderão ser reduzidas para apenas dois copos por semana. O – MADEIRA
Canadá já o recomenda alertando que o consumo adicional aumenta a probabilidade de problemas de saúde.
A principal experiência do
vinho regressa, de 23 a 25
Desde o final da década de 2010, vários estudos questionaram a suposta segurança das quantidades mode-
de novembro, ao Savoy
radas de álcool. Na Europa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está a rever a abordagem em relação ao
Palace Hotel, no Funchal.
álcool, propondo regulamentações mais rígidas para a publicidade e rotulagem, bem como restrições à venda. Para lá dos produtores
Em 2022, a OMS publicou um comunicado afirmando que "nenhum nível de consumo de álcool é seguro para representados, ultimamos
a nossa saúde". A Irlanda está na vanguarda da luta contra o álcool na Europa e planeia introduzir, em 2026, uma programação pensada
a inclusão de avisos de saúde nos rótulos de vinhos (semelhante ao tabaco), um preço mínimo de venda ao em detalhe. Consulte-a
público e a segregação das bebidas alcoólicas nas lojas e supermercados. em essenciadovinho.com e
prepare-se para 3 dias de
Muitos na indústria das bebidas alcoólicas acreditam que essa mudança pode ser passageira, impulsionada descobertas! Nos eventos
pela pandemia, mas a realidade é que se está a tornar cada vez mais evidente que medidas rigorosas poderão essência menos é mais,
ser implementadas. Alguns tentam questionar a ciência e alguns estudos, mas essas táticas parecem não estar prove com moderação.
a surtir efeito. O governo italiano está a tentar impedir que as políticas anti álcool irlandesas sejam implemen-
tadas em 2026 para proteger o setor do vinho, que vale 13 mil milhões de euros. No entanto, a resistência
parece cada vez mais difícil de sustentar.

Há já algum tempo que as autoridades europeias e portuguesas têm defendido o proibicionismo como a
principal estratégia neste combate, sem distinção quanto à origem do álcool, quer seja consumido de forma
gradual, copo a copo de vinho, ao longo de uma semana de refeições, ou de uma só vez em bebidas destiladas
nas noites de fim de semana.

É necessário afirmar o vinho como um produto cultural, associado à diferenciação territorial, com um forte
contributo para a economia das regiões, com um volume importante de exportações e um relevante empre-
gador. O setor precisa permanecer unido por meio de associações sólidas e fortes para resistir às tendências
proibicionistas e continuar a promover eficazmente o consumo moderado de bebidas alcoólicas. Resiliência e
persistência são fundamentais nesse processo.

Nuno Guedes Vaz Pires, diretor


NUNOPIRES@ESSENCIADOVINHO.COM
@NUNOGVPIRES EDIÇÃO Nº 408 / NOVEMBRO 2023

8 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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Há uma aura especial em torno da menção Garrafeira que assenta
particularmente bem aos vinhos da casta Arinto de Bucelas.
As Caves Velhas foram, desde sempre, um dos porta-estandartes
da categoria, que é revitalizada agora com o lançamento do
Caves Velhas Prestige. «Garrafeira» é uma menção que obriga,
no caso do vinho branco, ao envelhecimento mínimo de 12 meses,
dos quais pelo menos seis meses em garrafa de vidro. Este exemplar
cumpre 24 meses em garrafa.

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Impressiona pela
intensidade e dimensão
aromáticas, em que o
perfil cítrico da casta
é acompanhado pela
expressão mineral do
calcário. Notas de frutos
secos e leve apontamento
de mel. Acidez direta e
vertical, bom volume e
untuosidade, estruturado,
de final longo e saboroso.
Um vinho para beber já
com grande prazer, dará
boa conta de si em cave.
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OPINIÃO

Sarah Ahmed, jornalista e crítica de vinhos

Reputada jornalista e crítica de vinhos britânica, especializada


em vinhos portugueses e australianos, no blogue "The Wine Detective".

Livros de referência,
obras de culto
A Wine Detective investiga a nova edição do The Oxford Companion to Wine,
a quinta a chegar às prateleiras.

Q
uando era criança, adorava obras ‘OCW5’ não é nada comparado com o trabalho da
de referência. De que outra forma equipa editorial. No Reino Unido, temos a expressão
poderíamos dar sentido ao mundo? “como pintar a Forth Bridge”, que significa trabalhar
Em 28 volumes, a indubitável ‘The numa tarefa interminável (porque, assim que uma
Encyclopaedia Britannica’ tinha res- equipa de manutenção terminar de pintar toda a
posta para tudo, mas era bastante avassa- extensão da famosa ponte escocesa de 2,5 quilóme-
ladora. Os meus livros mais manuseados foram “The tros de comprimento, terá de começar novamente na
Observer’s Book of Birds” e “The Observer’s Book of outra extremidade). E assim foi para Julia Harding
Bird’s Eggs”, juntamente com “The Oxford English MW, que assumiu o papel de editora principal de
Dictionary”, que mantinha por perto enquanto lia. Jancis Robinson MW na quinta edição. No lança-
Quanto à idade adulta e ao mundo do vinho, existirá mento do livro, Julia revelou que, assim que a quarta
um livro mais prático do que o apropriadamente cha- edição foi impressa, em 2014, criou um arquivo para
mado ‘The Oxford Companion to Wine?’ registar possíveis atualizações do OCW5.
Editado por Julia Harding, Jancis Robinson e Tara Nada menos do que 65% das entradas da quarta
Q. Thomas, a mais recente – a quinta - edição, do edição foram atualizadas na quinta edição, que traz
'OCW5' (como é conhecido este trabalho de precisão 310 novas entradas. Com um peso de 3,2 kg., o novo
militar durante a sua gestação) foi publicada a 14 de bebé – um trabalho de amor – conta com 4.489 ins-
setembro de 2023. O leitor poderá ficar surpreen- crições e, pela primeira vez, ultrapassa um milhão
dido ao saber que fui conscrita - ou 'convocada para de palavras. Conhecendo a meticulosidade de Julia
o recrutamento' - em setembro de 2020! Mais uma e Jancis (para não mencionar os parâmetros dra-
vez, atualizei e elaborei as novas entradas de vinhos conianos dos editores), nenhuma palavra terá sido
tranquilos portugueses para o ‘OCW5’ com, devo desperdiçada nesta rigorosa enciclopédia de vinhos,
referir, o inestimável apoio de Frederico Falcão, presi- para a qual contribuíram 267 especialistas de todo o
dente dos Vinhos de Portugal. mundo. Alguns oriundos de lugares onde ninguém
O intervalo de três anos entre o pedido para teria pensado em ter uma inscrição quando com-
atualizar as entradas de Portugal e a publicação do prei a minha segunda edição, há cerca de 20 anos.

12 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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OPINIÃO CLUBE DE REVISTAS
Sarah Ahmed, jornalista e crítica de vinhos

O sucesso do rosé
Whispering Angel pode
receber algum crédito
A Finlândia faz a sua estreia deixamos de aprender, ou rea-
no OCW5 graças às exigên- por inspirar o lucrativo prender, no dinâmico mundo do
cias das alterações climáticas, vinho.
rosé de Brad Pitt e
enquanto a entrada da Noruega Quanto às tendências do
aumentou de uma única frase Angelina Jolie e, mais vinho, com novas entradas
sobre um único vinhedo para 14 para ‘vinho natural’, ‘vinho
recentemente, de Kylie
frases, agora que a Associação laranja’ e ‘en rama’, a 4ª edição
Norueguesa de Viticultores tem Minogue. Adivinhou, do The Oxford Companion to
hoje bem mais de 100 membros. a quinta edição do The Wine reconheceu a mudança
da agulha trazida pelos vários
As novas tendências Oxford Companion sucessos comerciais para vinhos
to Wine segue essa mais frescos e ousados. Esta
O Oxford Companion to direção de viagem continuou
Wine nada mais é do que um tendência com uma nova e reflete-se na entrada acima
barómetro do que se passa no entrada para ‘vinho de mencionada para ‘zero-zero’
mundo do vinho. Aquando e uma para vinhos ‘glou-glou’.
do lançamento da obra, Julia celebridade’. Na mesma linha, para Portugal,
refletiu que, além de influen- adicionei novas entradas para
ciar a localização das vinhas, as mudanças climáticas ‘talha’ e ‘palhete’.
geraram muitas entradas vitícolas novas ou revistas. Whispering Angel, um dos poucos novos produ-
Por exemplo, as entradas relativas à gestão das sebes tores inscritos, destaca o enorme crescimento dos
e aos agroquímicos foram revistas à medida que a vinhos rosé, que agora são populares em todo o mundo
busca por maior sustentabilidade introduz práticas e durante todo o ano. Aquele rosé da Provença é apa-
alternativas e maior regulamentação. rentemente agora a marca mais vendida no mundo.
As novas entradas vitícolas impulsionadas pelas O seu sucesso desenfreado também pode receber
alterações climáticas incluem “morte celular dos algum crédito por inspirar o lucrativo rosé de Brad
frutos”, “onda de calor”, “incêndios florestais”, “viti- Pitt e Angelina Jolie e, mais recentemente, de Kylie
cultura regenerativa”, “plantio direto”, “antievapo- Minogue. Adivinhou, a quinta edição do The Oxford
transporação” e “compressão da colheita”, enquanto Companion to Wine segue essa tendência com uma
a entrada paradoxal referente ao ‘packaging’ ('gar- nova entrada para ‘vinho de celebridade’.
rafas de papel') refere-se a um produto leve desenvol- Um dos mais recentes e lucrativos negócios para-
vido por uma empresa britânica em 2020. lelos de celebridades envolve a venda de imagens
Outra nova entrada, “pegada de carbono do vinho”, para uso em assistentes de inteligência artificial (IA).
aponta para um mundo do vinho que é talvez um Cada vez mais utilizada na viticultura e na vinifi-
pouco menos hedónico e mais cuidadoso do que cação, a IA faz a sua primeira aparição na 5ª edição
no passado. Ou estarei a ser injusta com os nossos do The Oxford Companion to Wine. Sem dúvida, o
antepassados, cujos métodos mais simples, necessa- recurso a estas ferramentas gerará uma miríade de
riamente manuais e orgânicos (e que praticavam a material novo para a 6ª edição do livro, dando a Julia
cultura locavore, ou seja, comiam apenas o que era um arquivo volumoso de possíveis atualizações e
produzido localmente) teriam minimizado a pegada novas entradas para editar no devido tempo. Quem
de carbono? O regresso a tais métodos reflete-se em sabe, talvez uma equipa de escritores e editores de IA
novas entradas, como “vinho de baixa intervenção” e esteja envolvida na produção do OCW6. Em meados
(novo para mim) “zero-zero”, um termo para vinhos dos anos noventa, quando, coincidentemente, foi lan-
sem aditivos, especialmente sulfitos. çada a primeira edição do The Oxford Companion to
Por falar em sulfitos, Julia está determinada a trazer Wine por Jancis Robinson, eu trabalhava ainda como
maior precisão às entradas relacionadas ao dióxido litigante. Participei no primeiro caso de construção a
de enxofre ou anidrido sulfuroso, também para ser apresentado numa tela através de tecnologia de
enfatizar a distinção clara entre sulfitos e sulfuretos. CD-ROM para ajudar os advogados e o juiz a gerir
Permitam-se que levante o braço face à acusação de mais de um milhão de documentos. Hoje em dia, os
que os compostos relacionados com o enxofre têm motores de busca baseados em IA podem vasculhar
sido frequentemente escritos com mão preguiçosa. montanhas de dados com mais rapidez e precisão do
Agora estou a analisar quais os compostos de enxofre que qualquer advogado, por isso a noção não é tão
que são responsáveis por quais aromas, bons (peder- absurda. Veremos.
neira, trufa) e maus (ovos podres ou esgoto). Nunca

14 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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OPINIÃOCLUBE DE REVISTAS
José Peñin, jornalista e crítico de vinhos

José Peñin é um dos mais influentes críticos e ‘wine writers’ de Espanha, responsável pelo primeiro guia de vinhos do país irmão,
o famoso Peñin, cuja primeira edição foi publicada em 1990.

Syrah, a casta recorrente


Syrah do Rhône, espanhola ou do Novo Mundo? Casta que se espalhou pelo mundo,
preserva no seu berço a autenticidade da origem.

N
unca fui um apaixonado da Syrah Sem dúvida, a Syrah é uma casta recorrente. Na pró-
espanhola. Esta casta mostra os seus xima edição 2024 do Guia Peñín, são contabilizadas
encantos no norte do Rhône, o seu 668 marcas com inclusão da casta no lote, enquanto
berço histórico de cultivo, tal como a apenas 131 são monovarietais.
Pinot Noir na Borgonha, as duas únicas No início dos anos 90, começou uma pequena
variedades no mundo que melhor expressam as suas febre em Espanha pelo cultivo desta variedade como
origens históricas. Seduzem-me mais a Pinot Noir na alternativa a Tempranillo para lotes. Houve um certo
Borgonha e Syrah no Rhône. Estas duas castas culti- cansaço da cepa riojana e o resultado foi melhor. Esta
vadas no resto do mundo oferecem excelentes vinhos, variedade espalhou-se esmagadoramente pela cálida
mas sem a definição varietal francesa, são vinhos geografia espanhola, pensando-se que era apro-
como se fossem de outras variedades. priada para altas temperaturas, como a Garnacha
Os predicados da Syrah no Rhône são a frescura e ou Monastrell, e não é o caso. Tem uma maturação
uma clara expressão varietal, fruto de um clima fresco precoce a média que responde bem nos lotes mas,
sem deixar de ser mediterrâneo. Por outro lado, no quando vinificada a solo perde - repito - o seu perfil
meu país, com temperaturas mais elevadas, torna-se aromático devido às altas temperaturas ibéricas, pois
uma vinífera que, embora seja melhor para lotes que amadurece muito rapidamente, dissipando um pouco
a Tempranillo, não proporciona vinhos grandiosos. a sua identidade varietal.
Existem dois pólos da Syrah: o opulento, escuro, Os melhores que são feitos em Espanha seguem
carnudo e robusto que define o modelo australiano, a tendência australiana onde o trabalho foliar é
mas longe da expressão mineral do Rhône, cujos decisivo para garantir que, além de proporcionarem
vinhos são mais leves, um pouco menos intensos na vinhos mais corpulentos, densos e esféricos, lhes
cor, expressivos, secos, minerais e algo balsâmicos. seja dada a complexidade cristalizada que também
Neste sentido, não vi nenhuma marca espanhola é possível em maturação elevada - o que não é
com este estilo pois é difícil captar o carácter desta pouco - mas sem a expressão e a elegância balsâmica
casta, porque a maioria destes apresenta notas de dos Hermitage ou Côte-Rôtie. Além disso, mesmo
fruta madura. Os seus cachos passam rapidamente de nas zonas meridionais do Rhône e da Provença,
traços vegetais a um estado de maturação onde desa- costumam combiná-lo com castas tardias como
parecem aquelas maravilhosas nuances de violetas, Cinsault, Mourvedre (Monastrell em Espanha)
groselhas e ervas da montanha da Côte-Rôtie. É mais e Grenache, porque nestas zonas um pouco mais
eficaz em lote com vinhas de maturação mais tardia. quentes a Syrah perde um certo encanto.

16 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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José Peñin, jornalista e crítico de vinhos

Os melhores que são


feitos em Espanha seguem
a tendência australiana
onde o trabalho foliar é
decisivo para garantir que,
além de proporcionarem
Nestas geografias, a Syrah é o sumptuoso Syrah Hermitage
como uma boa cantora coral,
vinhos mais corpulentos, do divertido Max Chapoutier.
mas não é grande solista. Hoje, densos e esféricos, lhes Também bebi o luxuoso Syrah
praticamente todas as zonas de Gigal, Jaboulet ou Chave.
seja dada a complexidade
eminentemente quentes são Já neste século, numa outra
abastecidas por esta uva, espe- cristalizada que também viagem, descobri os vinhos
cialmente em Castilla la Mancha de família de Yves Cuilleron,
é possível em maturação
e Extremadura. Como diz Jancis Jean Michel Gerin ou Jean
Robinson, “os Syrahs espa- elevada. Paul Jamet, entre outros, com
nhóis são mais doces e gordos”. muito menos intervenção na
Belarmino Fernandez, coproprietário da Bodega vinha. Aqueles, sumptuosos, cheios, escuros; este
Canopy, na D.O. Méntrida, zona perto de Toledo, último, mais mineral e balsâmico mas todo rico em
disse-me que trabalhar com Syrah é obra de titãs. É expressão e textura.
necessário proteger o cacho do sol mais do que qual- Nas minhas viagens pelo resto do mundo também
quer outra variedade para evitar que passifique. não percebi a silhueta varietal que me lembra o Syrah
do Alto Rhône. Outra coisa é o poder e o vigor que
Syrah na pátria-mãe exibe no resto do planeta. Gostei do tinto Chileno
Folly Syrah de Aurelio Montes que provei anos atrás
A Syrah projetou-se para o mundo a partir das na sua adega. Estilo australiano, denso, de cor quase
colinas e planícies francesas de Hermitage e Côte- opaca, mas com uma complexidade adocicada pro-
Rôtie, locais onde esta tímida variedade respira e veniente do álcool e dos taninos secos. Menos con-
vive a sua essência varietal. Cepa que cantavam centrado é o Edna Valley, na Califórnia, com uma
Plínio, Marcial e Plutarco nas vinhas do Império vinha a 10 quilómetros do oceano Pacífico, onde a
Romano em planícies onde não se cultivava nada frescura marítima compete com o sol poderoso. Em
além da vinha. Graças às suas raízes, a planta conse- Portugal, a Quinta do Monte d'Oiro, na região de
guiu deter a perigosa torrente pedregosa de granito Lisboa com influência do Atlântico, apresentava um
e ardósia que século após século perfurou o impo- certo temperamento fresco e frutado do Rhône, mas
nente Rhône, aquele caudaloso rio que recebe as sem a sua complexidade varietal. Numa viagem que
chuvas do Atlântico e as oferece no Mediterrâneo. fiz à Austrália fui seduzido pelo caríssimo Grange
Nos tempos difíceis do lucrativo produtivismo das Shiraz feitao “à francesa” por manter uma enorme
décadas de 1950 e 1960, surgiram os tratores, inca- massa foliar que atenuava o sol retumbante do
pazes de se moverem pelos terraços. Barossa Valley e com o atributo de vinhas muito
E assim venceram, sem serem imortalizadas, as antigas herdeiras dos 400 bacelos que James Busby
vinhas horizontais das zonas baixas e de qualidade trouxe da sua viagem à Europa em 1832. Como era
inferior como os declives do Reno, do Douro ou essencial naqueles anos, esta variedade foi escolhida
mesmo Cinqueterre. Aquele vento fresco e às vezes porque poderia suportar qualquer clima que fosse
forte do Mistral do meridiano que dizem abrigar um colocado à sua frente. Sete anos depois, Sir Walter
grama extra de loucura nas mentes, mas que limpa as MacArthur descreveu-a como uma casta para todos
vinhas de insetos e doenças, é um vento que modera os terrenos e resistente a doenças. Hoje parece que a
a sua força quando encontra uma vinha íngreme que tendência é um pouco mais leve em alguns vinhos da
se volta a sudeste, protegida por um rio enriquecido região mais fresca do sul da Austrália, na região de
de meandros e preguiçoso em chegar ao mar. Uma Yarra Valley, na província de Victoria. Experimentei
vinha de estacas erguidas em taludes cujo trabalho, o Cornelius Syrah, tinto redondo, vigoroso, mas
nunca melhor dito, custa não só o ouro do bolso mas com características um pouco mais herbais e uma
também o ouro do corpo, se se tentar manter a verti- expressão varietal moderada. Da África do Sul gosto
calidade. Esse é o segredo: pedra, sol e Mistral. dos da zona atlântica de Swartlant - um deles é o
Schist da Mullineux, com um aroma tostado pelo sol
Os meus encontros planetários com a Syrah mas que na boca fica apenas ligeiramente próximo
do Hermitage - e com 13º!
No final dos anos setenta, durante as minhas pri-
meiras aventuras internacionais, gostava de saborear

18 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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OPINIÃOCLUBE DE REVISTAS
J. A. Dias Lopes, jornalista e escritor gastronómico

J.A. Dias Lopes é considerado a referência do jornalismo gastronômico no Brasil. Foi diretor de redação das revistas “Gula” e
“Gosto”. Colabora em várias publicações do seu país e do exterior. É autor de 24 livros de crónicas sobre história da gastronomia.

A freira pecadora
Mariana Vaz Alcoforado, forçada a voto de clausura e traída por amor,
tem um papel central na doçaria conventual portuguesa.

Mariana encantou-se com


o estrangeiro, apaixonou-
se, levou o romance a

H
á 300 anos através de uma janela. Desde
sério e queria acompanhá-
morria sere- os 11 anos, vivia enclausurada
namente no lo o regresso a França. no Convento da Conceição de
Convento de Beja, para onde fora enviada
Para Noël, porém, tratava-
Nossa Senhora contra a vontade, por decisão
da Conceição de Beja, no se de uma aventura paterna. Teve o mesmo destino
Alentejo, uma freira portu- fugaz. Mesmo assim, nas de inúmeras raparigas entre-
guesa da Ordem de Santa Clara, gues às instituições eclesiásticas
famosa por duas ousadias vésperas de regressar à por falta de maridos à sua altura
imperdoáveis no século XVII. pátria, prometeu voltar social ou do dinheiro familiar
Primeiro, quebrou o voto de necessário ao dote. Ele era o
castidade, apaixonando-se por para buscá-la. capitão de cavalaria francês
um garboso militar francês, que Noël Bouton (1636−1715),
recebia secretamente à noite na sua cela. Depois, futuro Senhor e Conde de Saint-Léger e d'Ennery,
porque escreveu ao amante, assim que ele a deixou, Senhor d'Osny, Dennevy e Saint-Gilles e Marquês
as cinco mais belas cartas de amor da literatura sen- de Chamilly. Havia completado 28 anos de idade.
timental: as “mulheres de bem” não se expunham Servia no regimento enviado por Luís XIV
tanto. Transformadas em livro, originaram um de França para ajudar Portugal na Guerra da
romance epistolar que até hoje surpreende pela lin- Restauração (1640−1668), contra a Coroa de
guagem, lirismo e alta qualidade. Castela, que pôs fim à União Ibérica e restabeleceu a
Chamava-se Soror (tratamento antigo dado às autonomia do trono lusitano. Mariana encantou-se
freiras) Mariana Vaz Alcoforado (1640−1723), era com o estrangeiro, apaixonou-se, levou o romance
moça adorável e estava com 24 anos de idade no a sério e queria acompanhá-lo o regresso a França.
período do romance, iniciado em 1664 com olhares Para Noël, porém, tratava-se de uma aventura fugaz.

20 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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OPINIÃO CLUBE DE REVISTAS
J. A. Dias Lopes, jornalista e escritor gastronómico

Se o espartilho dos votos


eclesiásticos e do código moral
vigentes não lhe permitiram
desfrutar da liberdade de
amar quem quisesse, nem foi
reconhecida universalmente
como grande escritora, a vida
Mesmo assim, nas vésperas dos escritores da geração
de regressar à pátria, pro- de Mariana coincidiu com de 1660: os dramaturgos
meteu voltar para buscá-la. Molière e Thomas Corneille,
a consagração da doçaria
Entretanto, não só deixou o fabulista Jean de La
de cumprir a palavra, como conventual portuguesa. Fontaine e Charles Perrault,
ignorou os clamores da considerado o “pai da litera-
amada distante. tura infantil”. A repercussão foi imediata, sobretudo
Foram cinco cartas sucessivas. Mariana enviou entre os moralistas, que a condenaram ao fogo do
a primeira quando Noël ainda permanecia em solo inferno, qualificando-a de “freira pecadora”.
português. Fez um apelo angustiado, queria acom- Isso apesar de, por muito tempo, discutir-se se as
panhá-lo no regresso à França (“Se me fosse possível “Cartas Portuguesas” eram da própria Mariana ou
sair deste malfadado convento, não esperaria em teriam sido escritas ou modificadas por Gabriel de
Portugal pelo cumprimento da tua promessa: iria eu, Guilleragues, diplomata e jornalista francês, secre-
sem guardar nenhuma conveniência, procurar-te, e tário do príncipe de Conti, e amigo de personali-
seguir-te, e amar-te em toda a parte”). Afirma-se dades famosas como Maria de Rabutin-Chantal,
que o amante partiu de Beja sem acusar o recebi- a Marquesa de Sévigné, escritora francesa cujas
mento da súplica. cartas, muitas delas endereçadas à própria filha, são
Ao chegar ao Algarve, para embarcar no navio também modelos do género epistolar.
que o devolveria à pátria, recebeu a segunda carta Apesar de admirar o texto atribuído a Mariana,
(“Reconheço que me enganei, ao pensar que pro- o escritor, filósofo e teórico político suíço Jean-
cederias com mais lealdade do que é costume: o Jacques Rousseau chegou a julgá-lo “belo demais
excesso do meu amor parece que devia pôr-me para ser concebido por uma mulher”. Os roman-
acima de quaisquer suspeitas e merecer uma fideli- cistas portugueses Alexandre Herculano e Camilo
dade que não é vulgar encontrar-se. Mas a tua dis- Castelo Branco também duvidaram da sua autoria.
posição para me atraiçoar triunfou, afinal, sobre a Mesmo assim, o primoroso romance epistolar de
justiça que devias a tudo quanto fiz por ti”). Mariana foi precursor do romantismo, movimento
Acometida de crescente decepção, Mariana con- literário, artístico e cultural que privilegia as emo-
tinuou a escrever-lhe da sua cela no Convento da ções, a subjetividade e o individualismo. Muitos
Conceição de Beja, até dar-se conta de que jamais o intelectuais europeus inspiraram-se no livro para
reencontraria. Na derradeira carta, revolta-se com escrever ensaios, poemas, peças de teatro, etc. Na
a indiferença do amante, cria coragem e encerra arte, o pintor, desenhista, escultor e gravurista Henri
oficialmente o relacionamento (“Escrevo-lhe pela Matisse reproduziu o rosto de Mariana numa série
última vez e espero fazer-lhe sentir, na diferença de de litografias. Em 1810, porém, o jornal “L’Empire”,
termos e modos desta carta, que finalmente acabou de Paris, fundamentado nas pesquisas de um
por me convencer de que já me não ama e que devo, abade, identificou os dois personagens de “Cartas
portanto, deixar de o amar”). Portuguesas” e creditou o seu conteúdo a Mariana.
Quando aconteceu o romance entre a soror por-
Precursora do romantismo tuguesa e o capitão francês, mexericos espalharam
a apimentada intimidade como um rastilho de pól-
As cinco cartas foram publicadas em Paris como vora, até porque Mariana pertencia a uma família
romance epistolar, em 1669, obviamente em francês, tradicional. Temendo enfrentar pessoalmente con-
com o título de “Lettres Portugaises” (“Cartas sequências desastrosas, o amante deixou Portugal,
Portuguesas”), pelo editor Claude Barbin, o mesmo embora ao partir alegasse a necessidade de voltar

22 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
OPINIÃO CLUBE DE REVISTAS
J. A. Dias Lopes, jornalista e escritor gastronómico

As cinco cartas foram publicadas


em Paris como romance
epistolar, em 1669, obviamente
em francês, com o título de
“Lettres Portugaises” (“Cartas
Portuguesas”), pelo editor Claude
Barbin, o mesmo dos escritores da
geração de 1660: os dramaturgos
Molière e Thomas Corneille, o
a França para encon- os doces para reforçar o
trar o irmão doente.
fabulista Jean de La Fontaine e orçamento. Uma dessas
Apesar da completa Charles Perrault, considerado o “pai comunidades religiosas
falta de vocação reli- era justamente aquela
giosa, Mariana perma-
da literatura infantil”. A repercussão na qual Mariana viveu
neceu enclausurada no foi imediata, sobretudo entre os enclausurada, por coin-
Convento da Conceição cidência fundada na
moralistas, que a condenaram ao
de Beja, onde morreu a segunda metade do
28 de julho de 1723, aos fogo do inferno, qualificando-a de século XV pelos pais de
83 anos de idade, depois Dom Manuel I.
“freira pecadora”.
de ascender ao posto Na cozinha do con-
de abadessa. Passou os vento, teriam sido
últimos anos em oração, estudos filosóficos e teoló- criadas ou aperfeiçoadas receitas como os geladi-
gicos, resignada, triste e fazendo doces. nhos da Conceição de Beja; o bolo de requeijão; o
Se o espartilho dos votos eclesiásticos e do código bolo de Santo Alberto; a sopa doce da Conceição,
moral vigentes não lhe permitiram desfrutar da as trouxas de ovos da Conceição; os papos de anjo;
liberdade de amar quem quisesse, nem foi reconhe- e talvez o morgado, bolo com massa de amêndoas
cida universalmente como grande escritora, a vida moídas, recheado com fios de ovos e chila. Qual o
de Mariana coincidiu com a consagração da doçaria ingrediente principal? Ovos, obviamente. “Nos con-
conventual portuguesa, predominantemente femi- ventos, havia uma dieta que obrigava a criar galinhas;
nina. O Convento da Conceição de Beja foi uma das portanto, a produção de ovos era enorme”, observa
muitas comunidades religiosas alentejanas que se o escritor gastronómico Virgílio Nogueiro Gomes,
notabilizaram por essa arte. A doçaria conventual autor do livro “Doces da Nossa Vida” (Marcador
terá sido uma das maiores contribuições de Portugal Editora, Queluz de Baixo, Portugal, 2014).
para a gastronomia mundial. Surgiu a partir do Aquela dieta substancial destinava-se tanto a
século XVI, quando o açúcar começou a chegar farto quem desfrutasse de boa saúde como aos enfermos
e barato do além-mar, logo controlado pelo Duque e convalescentes em geral. As gemas iam para os
de Beja, que viria a ocupar o trono de Portugal e doces; as claras serviam para clarificar cozinhados,
Algarves como Dom Manuel I, o Venturoso. engomar peitilhos, toucas, vestes litúrgicas brancas e
O farto suprimento era garantido pelas plantações panos alvos de altar. Sem contar a utilização na ela-
e engenhos de cana-de-açúcar no arquipélago da boração do vinho. Clarificava-se “a mais sã e higié-
Madeira, que se transferiram a seguir para o Brasil nica das bebidas”, como definiu o cientista francês
e multiplicaram geometricamente a produção. Eis Louis Pasteur, um dos pais da microbiologia, para
porque a doçaria conventual portuguesa nasceu absorver e precipitar as partículas sólidas em sus-
no Alentejo. O Duque de Beja tomou uma inicia- pensão, que a deixam turva. Sentimentalmente frus-
tiva capital. Cedeu o açúcar aos conventos do seu trada, Mariana pode ter mitigado a sua amargura
ducado. Também permitiu que as freiras vendessem com as doçuras conventuais.

24 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
CLUBE DE REVISTAS
OPINIÃO

José João Santos, jornalista e crítico de vinhos

Coordena os conteúdos editoriais da Essência Company, tem a paixão da escrita,


da reportagem, da formação e da prova. Autor do podcast "Vinho, Palavra a Palavra".

Vinhos do Porto brancos


(parte 1)
Não tendo dotes de Sherlock Holmes continuo sem perceber este enigma, os motivos
pelos quais os Porto brancos permanecem terceirizados, nalguns casos, simplesmente
ignorados, noutros. Desconhecimento, descrédito, incompreensão, temor? Ou será
antes um mix de tudo isso?

Q
uando o tema é Vinho do Porto, perante silvestres complementares, desperta-lhes os sentidos
um potencial novo consumidor ou um e permite-lhes encontrar paralelismos de interpre-
renitente regressado a esta esfera de tação com tintos portentosos que conhecem de
vinhos gosto de os confrontar com paragens do chamado Novo Mundo – a Califórnia à
uma de duas possibilidades: um Tawny cabeça.
20 Anos ou um Vintage de abor- A eventual empatia dependerá também sempre
dagem mais fácil. muito da forma como os vinhos são apresentados e
Reconheço à generalidade dos tawnies 20 Anos o Vinho do Porto, de uma forma geral, tem pecado
um equilíbrio quase perfeito entre doçura, textura, bastante em termos de comunicação. Se as catego-
complexidade e preservação de alguma frescura, pre- rias especiais têm suportado as notícias mais anima-
dicados importantes na hora da sedução. Facilmente doras dos últimos anos é urgente dar a conhecer ao
conquistam um leigo, por contraponto com os 10 público francês – importantíssimo segmento com-
Anos (onde a oscilação de perfis fica mais evidente prador, embora ainda muito preso às versões base
e a aguardente está mais exposta) ou os 30 Anos Ruby e Tawny – os grandes Portos que existem. Se
(indicação média de idade em que existe um salto as caves de Vinho do Porto continuam a ser porta de
muito notório em termos de camadas e complexidade entrada massiva de milhares e milhares de curiosos é
de estágio). As nuances de frutos secos, do melaço imperial dotar os guias de enoturismo de formação
e dos caramelizados rapidamente entra no goto sólida acerca da matéria e conseguir explicar de modo
de consumidores europeus, sobretudo os da bacia entendível ao comum dos mortais coisas tão básicas
mediterrânica, mais habituados a percecionar vinhos como sejam a quantidade de famílias/estilos de Porto
com algumas características oxidativas, fortificados que existem. Não menos relevante será terminar a
incluídos. respetiva visita com vinhos que possam ser realmente
Já os Porto Vintage novos, parte dos quais tem sedutores. Absolutamente decisivo será levar o Vinho
hoje uma abordagem mais fácil e imediatista, podem do Porto para terrenos extra sobremesa, o que não
ser facilmente contextualizados junto de públicos é fácil mas está também longe de ser impossível. E é
anglo-saxónicos. Sublinhar as notas de cereja e gro- aqui que continuo sem perceber por que razões não
selha vermelhas, chamar a atenção para os florais e se aposta mais nos vinhos do Porto brancos.

26 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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Trincadeira, Syrah e Touriga Nacional,
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Um Monte Velho Reserva de perfil
elegante, equilibrado e complexo, ideal
para todas as ocasiões.

SEJA RESPONSÁVEL, BEBA COM MODERAÇÃO.


OPINIÃO CLUBE DE REVISTAS
José João Santos, jornalista e crítico de vinhos

Os Portos brancos têm


algumas vantagens sobre os
demais pares: a cor, menos
Versatilidade e poder de alternativos que auxiliem a
atração carregada e, assim, mais contrariar preconceitos e
apelativa aos ditames atuais possam minimizar o risco de
Ao longo dos anos tenho um efeito de queda livre. Os
tido oportunidade de par-
do mercado; o perfume, Portos brancos têm algumas
ticipar nalguns exercícios simultaneamente intenso vantagens sobre os demais
de combinação de gas- pares: a cor, menos carregada
tronomia carnívora com
e elegante, que facilmente e, assim, mais apelativa aos
Portos da família Ruby – conquista pelo nariz; o sabor ditames atuais do mercado;
LBV e Vintage em concreto. o perfume, simultaneamente
Confesso que nunca fiquei
de melaço de fruto combinado intenso e elegante, que facil-
particularmente fã, tendo com algum oxidativo, que mente conquista pelo nariz;
na generalidade das ocasiões o sabor de melaço de fruto
saído com a sensação de
aparenta maior ligeireza combinado com algum oxi-
que mais com mais resultou de prova e que, sobretudo, dativo, que aparenta maior
em demasiado. A ousadia, ligeireza de prova e que,
permite abrangência maior de sobretudo, permite abran-
pelo contrário, merece-me
aplauso, na medida em que combinação gastronómica. gência maior de combinação
importa deslocar os Portos gastronómica.
para instantes de “pairing” à mesa que não sejam Não tendo dotes de Sherlock Holmes continuo sem
somente os finais, uns mais doceiros do que outros. perceber este enigma, os motivos pelos quais os Porto
Acredito que os Vinhos do Porto brancos sejam a brancos permanecem terceirizados, nalguns casos,
chave e, nessa família, não faltam boas opções. simplesmente ignorados, noutros. Desconhecimento,
Os Reserva e os 10 Anos brancos são, global- descrédito, incompreensão, temor? Ou será antes um
mente, excelentes propostas de arranque de refei- mix de tudo isso? Sim, porque quando o assunto é a
ções e estou a pensar para lá de snacks. Carpaccios mixologia com vinhos do Porto todos de imediato os
e pratos fumados originam quase sempre experiên- recordam.
cias bem-sucedidas, algumas pastas com frutos secos Nesta altura do ano, em que todos olhamos para o
idem, pode até arriscar-se com risottos de cogumelos, Vinho do Porto como oferenda possível ou compra
alguns folhados e não será impensável com foie-gras. necessária, desafio o leitor a dar uma oportunidade
Não menos relevante é a sensação geral de agrado pela aos Portos brancos. E por se tratar de uma família
experiência, havendo sincera vontade de regressar ao menos mediática partilho algumas sugestões, a preços
copo uma e outra vez durante a harmonização. Se que não ultrapassam os 25,00 €/garrafa, assumindo
nunca o experimentou, desafio-o a desafiar-se. o risco de esquecer-me de algumas que também
A quantidade de vinhos do Porto brancos disponí- mereceriam destaque: Vasques de Carvalho Reserva
veis é substancialmente menor por comparação com Porto Branco (das melhores relações qualidade/
a família Tawny e Ruby mas está longe de ser resi- preço do segmento, uma aposta segura para manter
dual. Aliás, as casas tradicionais do setor têm stocks na porta do frigorífico); Andresen 10 Anos (um
que lhes permitem, se assim o entenderem, apostar equilíbrio difícil de ultrapassar, em que tudo parece
mais decisivamente nesse segmento. Bem sabemos estar na dose certa); Quinta das Lamelas 10 Anos (a
que a uva branca no Douro é hoje particularmente beleza de uma certa rusticidade, por entre melaços e
ambicionada para DOC, todavia muita dela pode ser frutos secos); Quinta da Gaivosa 10 Anos (um patri-
canalizada para Portos brancos sem que daí venha mónio com a garantia Alves de Sousa e o estilo Baixo
qualquer mal. Na equação de equilíbrios Porto vs. Corgo); Kopke 10 Anos (denota uma versatilidade
DOC importará desde logo perceber onde mora o difícil de superar à mesa). E pode ainda experimentar
futuro, sendo que todos os sinais vão estando do lado o Niepoort 10 Anos, o Soalheira 10 Anos, o Portal 10
dos tranquilos. Não por acaso, as grandes casas estão Anos, o Quinta da Devesa 10 Anos, o Dalva 10 Anos,
cada vez mais apostadas nos DOC, como fica subli- o Messias 10 Anos, o Dona Antónia 10 Anos, o Rozès
nhado pelos investimentos e apostas mais recentes. 10 Anos, o Vista Alegre 10 Anos… Todos Vinhos do
Mas, por que não combater lamúrias de decréscimos Porto brancos. Todos preparadíssimos para levar à
de vendas generalizadas dos fortificados com ins- mesa em momentos que não apenas os da sobremesa.
trumentos acrescidos de comunicação e atração de Todos à espera de uma oportunidade.
públicos? À medida que entramos nos 20, nos 30, nos 40 e
Num momento em que o mundo diaboliza o álcool nos Very Old brancos devemos esperar um estilo bem
e em que o mundo do vinho critica os açúcares dos diferente, que pessoalmente apelido de poesia. Fica
fortificados é fundamental encontrar caminhos para a próxima crónica.

28 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
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Tejo / Branco / Ode
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Cor citrina com laivos palha. No


nariz encontram-se evidentes
notas amendoadas, de baunilha
e de fruta como banana. Vinho
untuoso, gordo mesmo, que
é equilibrado por uma acidez
central que acompanha toda a
prova, trazendo um bom final
refrescante. Acompanha pato
confitado, risotto de cogumelos
ou queijos suaves.

Às portas da capital, o projeto Ode


Winery localiza-se no coração do
Ribatejo. Criado em 2022, surge
como parte integrante de um
empreendimento mais vasto, de
seu nome Ode Winery - Farm & CONDIÇÕES PARA
Living, com forte vocação turística. COMPRA ONLINE EM:
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que incluem 22 hectares de vinha, ODE ARINTO 2022
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ESCOLHAS DO MÊSCLUBE DE REVISTAS
Para a Mesa

Dão clássico mas acessível


Um tinto de grande categoria que mostra o perfil mais clássico do Dão,
sem perder o pé nas opções razoáveis de mercado.

PA R A A
Esta quinta emblemática do universo Borges

A MES
tem como particularidade, desde logo, o facto
de ser a propriedade onde está plantada a maior
mancha de vinha contínua do Dão. São 74 hec-
tares em Nelas, adquiridos pela empresa, em
1995, onde pontifica um imponente e belíssimo
solar de finais do séc. XVII, o qual pertenceu a
João Sacadura Botte Corte-Real, enólogo res-
ponsável pelos estudos que delimitaram a Região
Vitivinícola do Dão em 1908.
Nos solos granítico-arenosos, plantados a 350
metros de altitude, pontificam variedades como
Touriga Nacional, Tinta Roriz, Trincadeira, Jaen
e Alfrocheiro, nas tintas, e Encruzado, Malvasia
Fina, Bical e Fernão Pires nas brancas.
Hoje parte do grupo José Maria Vieira, a
Borges tem sabido oferecer ao mercado vinhos
de enorme relação qualidade/preço, como este
tinto, já um clássico da região, elaborado com
base nas castas Touriga Nacional (55%), Jaen
(20%), Alfrocheiro (15%) e Tinta Roriz (10%).
Para dar muito prazer desde já, é uma escolha
acertada para pratos de tacho de carne e ideal
para jantares entre amigos.

89
Quinta de São Simão da Aguieira 2020
Dão / Tinto / Sociedade dos Vinhos Borges

Cor cativante, aromas intensos onde se realça as
notas frutadas. Frutos vermelhos, maduros, notas
florais a complementar. Ligeiro especiado. Sabor
seco, taninos presentes, algo irreverentes, frutado
e especiado. Madeira suave. Bom corpo e final
apetecível. RT
Consumo: 2023-2032
8,79€ / 16ºC

30 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
ESCOLHAS DO MÊSCLUBE DE REVISTAS
Para a Cave

Fernão Pires
de vinhas velhas
Fernão Pires de vinhas velhas do Tejo em solos de xisto? Sim, existe. A Encosta do Sobral
tem-nos habituado a vinhos originais, e este é um exemplar de guarda.

PA R AE Fundada em 2014, a Santos & Seixo rapi-

A C AV
damente tornou-se uma referência na fileira
nacional dos vinhos. Com a aquisição da Encosta
do Sobral, em 2019, na sub-região de Tomar,
uma área de transição do Bairro com as Beiras a
norte do Tejo, a empresa encontrou uma segunda
versão do Douro, em 45 ha. com solos xistosos
em declives pronunciados a que se juntam outros
15 alugados – sobretudo de vinha velha.
Cumprido um período de transição, com
Pedro Sereno no apoio aos enólogos Frederico
Vilar Gomes e Marco Crespo – que leva hoje
quase duas décadas de casa -, os investimentos
na recuperação das vinhas e na remodelação e
renovação da adega foram passos essenciais para
a nova vida da propriedade.
Entretanto chegou ao projeto dupla Jorge Rosa
Santos e Rui Lopes, que procura explorar o mais
característico destas vinhas. No caso em apreço,
Fernão Pires, a casta branca mais emblemática
da região, que se presta a uma grande plastici-
dade e prova neste exemplar ser bem mais do que
uma mera variedade de rendimento e perfume.

92
Encosta do Sobral Grande Reserva
Vinhas Velhas Fernão Pires 2021
Regional Tejo / Branco / Encosta do Sobral
(Santos & Seixo)

Nariz de elegância desde o início. Revela
ambição pela fruta de qualidade, madeira subtil
e profundidade. A estrutura de boca é notável,
penetrante e fresca, espalhando forte sensação de
mineralidade. Para pratos refinados, e com muita vida
pela frente. MM
Consumo: 2023-2035
29,90€ / 11ºC

32 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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VINHOS DO PORTO
E DO DOURO
TESOUROS
PARA DESCOBRIR…
E APAIXONAR-SE!

www.ivdp.pt Beba com moderação.


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95 95 93 93 92
Costa Boal Scala Coeli Alicante Aleixo Baga Grande Soalheiro Nature Pur Ameal Solo Único
Homenagem Grande Bouschet Reserva Reserva 1997 Terroir 2020 2022
Reserva 2015 2017 Bairrada / Tinto / Real Regional Minho Vinho Verde / Branco
Douro / Tinto / Costa Regional Alentejano Cave do Cedro / Espumante / / Esporão - Quinta do
Boal Family Estates / Tinto / Fundação 45,00€ /16ºC Vinusoalleirus Ameal
90,00€ /16ºC Eugénio de Almeida — 20,00 € /8ºC 15,00 € /11ºC
— 99,99€ /16ºC Granada translúcido. — —
Púrpura. Notas florestais — Nariz terciário de muita Palha dourado intenso, Aromas frescos e
secundadas por tentadoras Notas de fruta negra, floresta, tinta da china, bolha finíssima, regular. expressivos a flor de
expressões de cereja chocolate, cacau, grãos algum couro e pimento. Aromas de folha de louro laranjeira, clementina e
vermelha, romã e folha de café, cravinho, tosta de Tanino ainda bem vivo, seco, pastelaria, fruto raspa de lima. Na boca é
de tabaco. O tanino está grande nível, liquorice. Na excelente acidez em fundo, cristalizado, nota de barro. seco e cítrico, untuoso,
domado pelo tempo, boca é voluptuoso, carnudo, suavidade estrutural e um Seco, delicado e cremoso, a bom volume e com acidez
o volume afinado em amplo e texturado, com final que perdura. Que bela mousse é subtil e elegante, vibrante a dar-lhe imensa
elegância, há um aprumo tanino firme e acidez de evolução! JJS acidez crocante a suportar frescura e persistência.
estrutural notável. Termina grande nível a calibrar a o volume. Padaria e NGVP
persistente e altivo. intensidade alcoólica. fermento no aroma de boca,
com nota amendoada no
final. MB
b b
A escolha de s A escolha de ires
José João Santo Nuno Guedes Vaz P

34 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


ESCOLHAS DO MÊSCLUBE DE REVISTAS

Vinhos de patamar superior e excelente, que revelam


terroir e têm aptidão de garrafeira.
Pode também encontrá-los online em vinha.pt

92 92 91 91 91
Casal das Aires Pinot Valle Pradinhos Chocapalha Reserva Quinta dos Termos Tapada de
Noir 2021 Reserva 2022 2022 Vinha das Colmeias Coelheiros 2020
Regional Tejo / Tinto / Regional Transmontano / Regional Lisboa / Branco Reserva 2020 Alentejo / Branco /
Pine Nuts Vines & Wines Branco / Maria Antónia / Casa Agrícola das Beira Interior / Tinto / Tapada dos Coelheiros
39,90€ /16ºC Pinto de Azevedo Mimosas Quinta dos Termos 30,00€ /11ºC
— Mascarenhas 15,50€ /11ºC 15,00€ /16ºC —
Rubi translúcido. Nariz 18,50 € /11ºC — — Florais num primeiro
apelativo e "sui generis" — Nariz com pedigree, Rubi, rebordo cereja. ruta instante, seguidos de
a fruta vermelha (bagas Amarelo palha. Aromas vivacidade e precisão de silvestre e bagas azuis a pêssego, líchia e fumo de
de groselha, romã), cítrico elegantes a tomilho fruta, cítricos à cabeça, surgirem a par de notas barrica. Amplo e untuoso,
de bergamota, ligeira fresco, flores de pétala herbal e pederneira. de flores brancas, líquen com texturas e volume
especiaria branca e branca, raspa de limão, Discretíssima madeira. e especiarias nobres. seguros pela boa acidez.
apontamentos de toranja. flor de laranjeira, nêspera Ótima concentração no Bom volume, acidez bem Preciso e com sentido de
Na boca é igualmente e nectarina. Na boca é palato, mas sem peso, muita doseada, em equilíbrio com lugar, tem final persistente
fresco e cítrico, com acidez delicado, harmonioso, acidez da boa, levando a o tanino granulado. A fruta e perfil clássico. Pode
de grande nível e tanino persistente, com acidez um final longo, refrescante ressurge no aroma de boca, guardar. JJS
muito bem desenhado. Um irrepreensível e final e salino. Tem vista para o terminando com leve toque
tinto do Tejo surpreendente. prolongado. LC futuro. apimentado, a prolongar o
fim de prova.
b b b
A escolha de A escolha de A escolha de
Luís Costa Manuel Moreira Marc Barros

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 35


CLUBE DE REVISTAS

89 89 89 88 88
Monte dos Pegos Porrais Signature QSB Chardonnay Rovisco Garcia 2022 Talabira do Algarve
Vinhas Velhas 2022 2021 Reserva 2020 Regional Alentejano / by Casa Santos Lima
Regional Alentejano / Douro / Tinto / Regional Lisboa / Branco Branco / Herdade do Premium 2021
Tinto / H. UVA Sociedade Agrícola / Sociedade Agrícola Monte Novo e Conqueiro Regional Algarve / Tinto
5,99€ /16ºC Quinta de Porrais Cunha Folque 6,79€ /11ºC / Casa Santos Lima
— 15,99€ /16ºC 12,50€ /11ºC — 9,99€ /16ºC
Rubi. Aromas de mirtilo, — — Amarelo. Bom perfil —
amora, vapor de café, Aroma requintado e Dourado, laivos aromático, dominado pelos Aroma amplo e de algum
chocolate negro, gracioso, apesar da esverdeados. Fruto de aromas secundários, fruta acalorado, com fruta
apontamento de hortelã- juventude. Fruta vermelha caroço - pêssego, líchia. madura, pêssego, notas vermelha bem madura,
pimenta. Boca com frescura, limpa, especiarias suaves Toque de barrica. Untuoso tropicais. Bom volume, ameixa e morango, alcaçuz
elegância, tanino firme e e ervas aromáticas num e apimentado, de volume licoroso, acidez equilibrada, e toque a chocolate. Cheio
bem desenhado, acidez de todo de frescura. Na boca generoso e final persistente. linear e cítrica. Fruta doce na boca, paladar de boa
bom nível, final a condizer. o balanço é impecável, Pede gastronomia bondosa. no aroma de boca, a alongar intensidade, suave, taninos
LC estilo seco, parece leve, de JJS a prova, sem cansar. MB polidos, frescura suficiente
taninos polidos a mostrar-se e final apelativo a deixar
amigo da boa e variada vontade de voltar a ele. MM
mesa. MM

36 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
ESCOLHAS DO MÊS

Prazer garantido a bom preço. Respeitam orçamentos,


mostram boa qualidade e são de fácil acesso.
Pode também encontrá-los online em vinha.pt

88 86 86 86 85
Três Bagos Crasto 2022 Herdade João Pires 2022 Quinta do Casal
Sauvignon Blanc Douro / Rosé / Quinta do Grande Colheita Regional Península de Branco Sauvignon
2022 Crasto Seleccionada Setúbal / Branco / José Blanc 2022
Regional Duriense / 10,60€ /11ºC Clássico 2022 Maria da Fonseca Tejo / Branco / Casal
Branco / Lavradores de — Regional Alentejano / 4,49€ /11ºC Branco
Feitoria Vinhos Cor salmão. Florais Branco / António Manuel — 7,99€ /11ºC
11,99€ /11ºC elegantes, cereja vermelha Baião Lança Verde limão. Aromas de —
e groselha nos aromas. pomar: laranja e lima. O
— 9,30€ /11ºC Amarelo esverdeado. Nariz
Equilibrado pela acidez, fundo remete para o chão, a
Aromático, mas sóbrio. — exuberante com notas de
combina volume e acidez é evidente, o sabor é
Notas vegetais, groselheira, Tom amarelo verdeal. maracujá, manga, ananás,
frescura. Termina bem, com bom e a textura é delicada.
tropicais, e até mesmo Citrinos frescos na primeira fisalis e raspa de lima.
amplitude. Leve-o à mesa. Muito bem elaborado,
aneto e funcho. Impressão olfação, abre para notas de Na boca é fiel ao registo
JJS facilmente convence. JJS
mineral na sensação a fruta amarela e pão tostado. aromático, mas seco e
pólvora. Em boca, tem Seco, acidez alta, direta, agradável, com acidez
firmeza e boa frescura no algo herbáceo no aroma de correta e suave vegetal. LC
corpo leve. Persistente, e boca a compensar a doçura
um toque salino no final, da fruta. Final médio, de
bem a jeito de bivalves. MM bom corpo, salivante. MB

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 37


PROFILE CLUBE DE REVISTAS
texto Marc Barros / foto Fabrice Demoulin

Natural de Porto Alegre, Muriel Porfiro é uma das caras mais reconhecidas
da CNN Brasil, onde é pivot de informação há cerca de três anos. Dona de
uma simpatia e simplicidade desarmantes, esta jornalista esteve recentemente
entre nós para as gravações de uma série dedicada a Portugal, intitulada
Descobrindo Portugal, no âmbito da CNN Séries Originais.
De norte a sul, passando pelas ilhas, este conjunto de quatro episódios, que
conta com a produção da revista Gula, vai mostrar ao Brasil o melhor do
património e cultura, da natureza e história, sem deixar de lado, claro, o vinho
e a gastronomia nacionais.

38 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
CA STACLUBE DE REVISTAS
texto Marc Barros / foto Arquivo

dicas
Diz-se que, sendo uma casta com
presença natural na sub-região
do Lima, foi primeiramente
identificada por Lobo (1790) e

1.
Gyrão (1832) nas “sub-regiões de
Porto, Penafiel e Basto”. Hoje, é
recomendada em todas as nove
sub-regiões dos Verdes.

Aliás, a diversidade de sinonímias


regionais atesta essa dispersão:
Esfarrapa em Viana do Castelo,
Caínho Grande, Caínho Grosso ou

2.
Espadeiro Redondo em Monção,
Bogalhal ou Olho-de-Sapo nas
terras de Basto, ou mesmo por
Azedo, Borraço e Morraça…

Casta de maturação tardia e


vigor muito elevado, mostra-se
sensível ao desavinho, doenças
criptogâmicas e podridão. Pede
solos secos e algum calor (sem
escaldões), proporciona vinhos
com baixo volume alcoométrico

BorraÇal 3.
e acidez málica e total elevada,
podendo ultrapassar 11g./L..
Apresenta ainda elevada
sensibilidade do mosto e vinho à
oxidação.
De acordo com os dados do Anuário do IVV, a casta Borraçal, cuja memória nos
remete para a região dos Vinhos Verdes e um estilo de viticultura cada vez mais em Desconhecemos a presença no
desuso, reúne menos de 1% do encepamento nacional e, numa análise mais fina, repre- mercado de vinhos desta casta
senta menos de 1% dos 24.371 hectares da região dos Vinhos Verdes. Se Jorge Bohm em estreme. No entanto, é comum
aponta para uma superfície vitícola atual de 1.275 ha., a Comissão dos Vinhos Verdes encontra-la em lote, com Vinhão,
resume essa presença a pouco menos de 90 hectares. Incongruências… Espadeiro ou outras castas
A variedade é, porém, um bom exemplo de como novas práticas vitícolas podem ter menos referenciadas, em tintos e
um efeito pernicioso sobre a variabilidade genética das castas e conduzir à erosão do rosés: Constantino Ramos usa-as
rico património nacional (neste caso, regional). Assim, a introdução do enxerto pronto e
nos seus tintos Zafirah e Juca,
Anselmo Mendes no seu pouco
o abandono de práticas culturais antigas (muitas delas a recuarem aos Descobrimentos,
extraído Pardusco, o Tal da Lixa
com a introdução de culturas como milho e feijão, que remeteram a vinha para a bor-
é já uma referência, tal como o
dadura) levaram ao afunilamento varietal. Já Cincinnato referia, no início do século XX,
tinto da Adega de Ponte de Lima,
ser a casta “vulgarmente cultivada em árvores, pelo sistema das uveiras ou vinhas de
sem esquecer o espumante tinto
enforcado”.

4.
da Quinta do Tamariz (este sim,
A casta Borraçal foi uma das três variedades tintas, juntamente com Espadeiro e monovarietal), ou rosés como
Vinhão, que ganhou predomínio. Hoje, os trabalhos da Porvid permitiram proceder à Casal Garcia ou o 80’s em lata da
seleção de 12 clones, com previsão do ganho de rendimento de 16,9%. Barcos Wines…

40 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
Para ver no
facebook, instagram
NA MESA CLUBE DE REVISTAS
e youtube da
Revista de Vinhos A mesa é espaço de conversas, de partilha, de reunião, de vinho e comida.
@revistadevinhos

texto Daniela Cunha · fotos D.R.

Bolo de MaÇÃ
Sobremesa requintada que pede
um Porto elegante e aromático
CLUBE DE REVISTAS
NA MESA

A RECEITA DE
DANIELA CUNHA Entre as categorias especiais de
Vinho do Porto, os Tawny 20 Anos
destacam-se pela combinação entre
INGREDIENTES: elegância e volume, evolução e
. 450 g. de maçã juventude, tudo numa conjugação
. 150 g. de açúcar aromática plena.
. 340 g. de farinha
. 6 ovos
. 200 ml. de leite
. 30 g. de amêndoa
laminada para incorporar
na massa
. 20 g. de amêndoa
laminadas para decorar
. 1 colher de sobremesa de
fermento
. sumo de 1 limão

PREPARAÇÃO:

1. Ligar o forno a 180 graus.


Descascar as maçãs e cortar
em meia lua, adicionando
o sumo de limão para não
oxidar.

2. Bater os ovos com
o açúcar até dobrar de
tamanho. Juntar a farinha
e o fermento e mexer
delicadamente. Por fim,
acrescentar o leite.

3. Juntar as maçãs fatiadas
e as amêndoas laminadas
à massa e colocar o
preparado numa forma de
fundo amovível previamente 91
protegida com papel vegetal. Vinho do Porto / Fortificado / Vallegre


Vista Alegre Tawny Âmbar, com apontamentos acastanhados. Elegante e
aromático, devido ao prolongado envelhecimento em
4. Decorar com as restantes Limited Edition 20 Anos, madeira de carvalho, exibindo uma grande variedade
amêndoas laminadas e levar um Porto de nobreza… de aromas a frutos secos, como avelã e amêndoa,
sobressaindo as notas de canela e baunilha. Fresco e
ao forno pré-aquecido cerca
aveludado. Revela uma harmoniosa estrutura e grande
de 40 minutos. envolvência. Final longo e delicado. 40,00€ / 14ºC

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 43


VINHOS & NÚMEROS CLUBE DE REVISTAS
Os números também contam histórias sobre o mundo do vinho.

texto Marc Barros · infografia Ângela Reis

A importÂncia
econÓmica do vinho
Numa altura em que o álcool conhece fortes pressões regulatórias e sanitárias, é bom tomar
consciência da importância que a fileira do vinho representa em termos económicos – para além das
questões ambientais e sociais que compõem a trilogia dessa palavra tão em voga, a sustentabilidade.

3,4 L.
PRODUÇÃO PER CAPITA MUNDIAL
(DADOS DE 2020) 0,42%
0,72% FATIA DO PIB NAS
0,04% VALOR DAS EXPORTAÇÕES DE EXPORTAÇÕES DE PORTUGAL
FATIA DAS EXPORTAÇÕES DE VINHO NO PIB DO CHILE
VINHOS NO PIB MUNDIAL A MAIOR DOS 11 PRINCIPAIS
30.000M€ PRODUTORES 1,04%
PESO DO VINHO NAS
EXPORTAÇÕES TOTAIS LUSAS
88%
276MM$ VOLUME DA PRODUÇÃO
IMPACTO ECONÓMICO DO QUE O PAÍS EXPORTA
VINHO NA ECONOMIA EUA 1.595M€
(DADOS DE 2022)

1.844.901 2,4% 1,28%


POSTOS DE TRABALHO QUE PESO DO VINHO NAS PESO MÉDIO DAS EXPORTAÇÕES
A INDÚSTRIA GERA EXPORTAÇÕES TOTAIS DO PAÍS DE VINHO NO PIB DA GEÓRGIA
ENTRE 2015 E 2021
95,5MM$
TOTAL DE SALÁRIOS PAGOS

Sendo certo que a grande maioria dos números analisados reporta-se a 2020, período em
que o mundo conheceu um confinamento global, que perdurou em países que conheciam
uma trajetória ascendente na indústria, casos da China e outros mercados asiáticos, resulta
bem patente que da indústria do vinho dependem muitas famílias e a economia das regiões.
Argumentos de peso na hora de contrariar teses dogmáticas, preconceituosas e, não raras
vezes, descontextualizadas, no que se refere a temas de saúde pública.

Fontes: BK Wine Magazine, Forbes, Wine America.

44 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
CLUBE DE REVISTAS
NOTÍCIAS

Saber Servir,
Vender Melhor
Vinho do Porto
no paÍs
O CALENDÁRIO DE CURSOS É O SEGUINTE:

7 DE NOVEMBRO 20 DE NOVEMBRO
O Instituto dos Vinhos do Douro e do AVENIDA RESTAURANTE | LAGOS ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO
Porto vai desenvolver mais um ciclo de 14:30-16:30 DO PORTO | PORTO
formações por todo o país — 09:30-11:30 | 15:30-17:30
8 DE NOVEMBRO —
O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO 21 DE NOVEMBRO
(IVDP) vai desenvolver mais um ciclo de formações, inti- DO ALGARVE | FARO AEP - ASSOCIAÇÃO DE ESCANÇÕES
tulado Saber Servir, Vender Melhor, um pouco por todo
09:30-11:30 | 15:30-17:30 DE PORTUGAL | LISBOA
o país. O curso, gratuito, pretende qualificar os profissio-
nais do canal Horeca quanto à importância do serviço — 09:30-11:30 | 15:30-17:30
do Vinho do Porto, bem como dotar estes profissionais 13 DE NOVEMBRO —
das competências que lhes permitam um correto acon-
MAR D'AR AQUEDUTO HOTEL | 22 DE NOVEMBRO
selhamento sobre Vinho do Porto e, desta forma, um
atendimento mais completo e rigoroso. Como resultado ÉVORA ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO
final, pretende-se que, com estas ferramentas, os profis- 09:30-11:30 | 15:30-17:30 DE SETÚBAL | SETÚBAL
sionais do setor obtenham melhores resultados ao nível — 09:30-11:30 | 15:30-17:30
de vendas.
Os conteúdos programáticos, ministrados por
13 DE NOVEMBRO —
Certified Port Educators, são descritos em cinco items: EFTA - ESCOLA DE FORMAÇÃO 28 DE NOVEMBRO
1. IVDP – Principais atribuições/certificação; 2. História PROFISSIONAL EM TURISMO DE ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO
– Resenha histórica da criação do Vinho do Porto; 3.
Região – Breve caracterização de toda a região; 4. Estilos
AVEIRO DO OESTE | CALDAS DA RAINHA
de vinho – Definição e caracterização dos diferentes 09:30-11:30 | 15:30-17:30 15:30-17:30
tipos de Vinho do Porto; 5. Prova de Vinhos – Prova de — —
seis estilos de vinhos.
14 DE NOVEMBRO 28 DE NOVEMBRO
A formação conta ainda com uma componente prá-
tica, a qual incide sobre a importância do serviço cor- HOTEL CONVENTO DE S. PAULO | ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO
reto (incluindo temperaturas de serviço e guarda, con- ESTREMOZ DE COIMBRA | COIMBRA
dições e práticas de guarda, a importância do copo) e
09:30-11:30 09:30-11:30 | 15:30-17:30
possíveis harmonizações gastronómicas. Com duração
de duas horas, o curso será ministrado por formadores — —
experientes e é direcionado para estudantes e profissio- 14 DE NOVEMBRO 4 DE DEZEMBRO
nais no ativo do setor da restauração, hotelaria e bar. No TOMBALOBOS RESTAURANTE | ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO
final, ser-lhes-á atribuído um certificado digital de parti-
cipação emitido pelo IVDP, I.P.
PORTALEGRE DO PORTO | PORTO
Os lugares são limitados, pelo que será organizada 15:30-17:30 09:30-11:30 | 15:30-17:30.
mais do que uma sessão na mesma data. A inscrição é —
gratuita e pode ser feita em
20 DE NOVEMBRO
https://bit.ly/formacaovinhodoporto
AEP - ASSOCIAÇÃO DE ESCANÇÕES
DE PORTUGAL | LISBOA
09:30-11:30 | 15:30-17:30

46 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

À descoberta de uma casta única

Fiel ao seu espírito experimentalista, São Luiz Winemaker´s Collection decidiu ir mais longe.
Como tal, criou três vinhos totalmente distintos, mas com a particularidade de serem provenientes
de uma mesma casta minoritária no Douro, que se destaca pela sua raridade
e que fazemos questão de preservar.

Da casta Rufete, surge um Trio nunca antes visto, que o irá surpreender
numa edição limitada de apenas 1.100 caixas com os três vinhos.
Um Tinto leve e fresco de cor granada, com aroma a frutos do bosque e com especiarias finas
enaltecidas pelo estágio em cascos de castanheiro. Um Branco com aroma complexo, fresco e floral,
elegante e cremoso, com um toque de líchias e acidez viva no final. Um Rosé de cor salmão pálido,
fresco, longo e complexo, com aromas florais doces, que nos lembram pétalas de rosas e cerejas.

Deixe-se envolver por uma trilogia inédita, marcante e rara.

sãoluiz.pt SEJA RESPONSÁVEL. BEBA COM MODERAÇÃO.


CERVEJAS CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Luís Alves / fotos D.R.

Pobeira
com “b”
O nome não engana. É do norte, é da Póvoa de
Varzim e faz gala disso mesmo. Mas não se fica pela
região e tem mundo. A Cerveja Pobeira chegou
recentemente ao mercado mas a solidez do projeto
promete trazer-lhe dias e anos bons pela frente. A
Revista de Vinhos entrevistou os dois fundadores,
provou a referência que têm no mercado e descobriu
mais sobre a nova cerveja que chega já este mês.

48 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

São ainda jovens mas a consistência de e terá, a meados deste mês de novembro,
pensamento e o pragmatismo de empresá- uma novidade. “Com o outono, vamos lançar
rios já lá estão. Edgar Gonçalves, de 29 anos, uma Stout que era já um desejo que tínhamos.
e Artur Giesteira, de 30, ambos poveiros de Uma cerveja preta que combina bem com o
gema, são os fundadores da Cerveja Pobeira. tempo mais frio e é simultaneamente um estilo
Trata-se de uma marca relativamente jovem com um consumo significativo em Portugal”,
no mercado mas que tem raízes já solidificadas explica Edgar. Com a cerveja preta a juntar-se
não apenas temporalmente mas também geo- à Beach Lager, as outras referências da Pobeira
graficamente. Comecemos por esta última. são edições limitadas e sazonais, produzidas
“Gostamos muito de viajar e foi isso mesmo que “in-house”. Os pretextos para essas micropro-
fizemos durante o nosso período de estudos. duções vão desde um Halloween até à parceria
Primeiro em Erasmus, depois em algumas via- com as Conservas Minerva, da fábrica de con-
gens que fizemos juntos e mais tarde a traba- servas “A Poveira”. “É a segunda maior marca
lhar na Suíça”, começa por contar Edgar. Essas nacional deste tipo de indústria. As conservas
viagens serviram não apenas para conhecer são um ‘pairing’ perfeito para a cerveja, em
outros destinos e culturas como também para particular com a Lager”, explica Artur. O pack
começar a conhecer o mundo cervejeiro. A inclui cinco conservas (atum, cavala, bacalhau, Com uma escala de garagem
Heineken Experience, em Amesterdão, ou uma sardinha e patê de atum) e oito garrafas da
Eurotrip pelo leste da Europa foram a base de Pobeira Beach Lager, com um custo de 33€. mas um método profissional,
aprendizagem e inspiração para o que viria Ainda este ano, também em novembro, será surgem as primeiras receitas,
mais tarde. Artur Giesteira, já a trabalhar na lançado um pack de Natal.
Suíça, na Carlsberg, decide fazer um curso no
precisamente no período da
prestigiado Institute of Brewing & Distilling e foi Todas as produções da Pobeira podem ser pandemia que permitiu a
precisamente na garagem de Artur, na Póvoa encontradas, desde logo, na loja online, em
de Varzim, que as primeiras experiências de cervejapobeira.pt. Mas também em bares,
ambos, a trabalhar fora,
produção de cerveja começaram a ser feitas. hotéis, restaurantes e até em salões de beleza. regressar à Póvoa de Varzim.
“Investimos num equipamento que fosse de “Estamos maioritariamente na Póvoa de Varzim,
pequena escala mas já suficientemente pro- em cerca de 40 espaços, e em mais cinco
fissional. Por exemplo, permitia-nos fazer car- cidades. Temos também a nossa loja física, no
bonatação forçada e enchimento por contra- Centro Póvoa Empresas e já fizemos envios
-pressão, algo mais habitual em equipamentos para cinco distritos e também para Espanha”,
superiores”, explica Artur. conta Edgar. Todos os pontos de venda da cer-

Com uma escala de garagem mas um método


veja Pobeira podem ser conhecidos no site da
marca, assim como várias outras informações.
NOTAS DE PROVA
profissional, surgem as primeiras receitas,
precisamente no período da pandemia que As edições especiais estendem-se também
permitiu a ambos, a trabalhar fora, regressar à aos rótulos, com a personalização a ser um 88
Póvoa de Varzim e continuar a laborar remota- ponto importante na estratégia da Pobeira. Pobeira Beach Lager
mente. “O nosso primeiro estilo foi uma Amber Desde casamentos até, por exemplo, à cele- Tom palha, dourado. Ligeira turbidez.
Ale que não correu bem. Depois disso fizemos bração dos 53 anos do término do liceu de Boa intensidade aromática, com os
um conjunto de testes bem-sucedidos, com um grupo de antigos alunos. “Já estivemos aromas de cereal a deixarem espaço
vários estilos, entre IPA, Lager, Stout, entre em alguns eventos com a nossa marca. No S. para as notas florais e lúpulo. Alcaçuz.
outras”, recorda Edgar. Pedro, na Noite Branca e em eventos despor- Apesar de leve, é equilibrada e mostra
tivos. No próximo ano contamos também estar boa cremosidade na prova.
Com as opiniões positivas a chegar, foi tempo em eventos de cerveja, como o Porto Beer Fest
de partir para a primeira produção numa escala ou o Art Beer Fest”, revela Artur. 4,5 %
maior. O estilo escolhido foi uma Lager, engar- 17 IBU
rafaram quatro mil garrafas e conseguiram a Sobre o futuro, o caminho está definido e 21,99 € (pack 10 garrafas)
proeza de as vender diretamente em apenas solidez é a palavra de ordem. “Queremos um
três meses. “A maioria foi vendida na região. negócio sustentável, social e ambientalmente
Usamos apenas o Instagram e o Facebook responsável, com raízes fortes na Póvoa de
como canais de promoção e esgotamos esse Varzim mas com uma visão global”, explicam os
primeiro lote”, conta Edgar. sócios Edgar e Artur que contam abrir também
um género de brew pub.
Um portefólio a crescer
CERVEJA POBEIRA
A receita da Lager foi sendo afinada e hoje WWW.CERVEJAPOBEIRA.PT
a que está no mercado é diferente da receita @POBEIRA
original. A Pobeira tem, então, a Beach Lager COMERCIAL@CERVEJAPOBEIRA.PT
CENTRO PÓVOA EMPRESAS, 4490-538

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 49


CLUBE DE REVISTAS

PR O GR A M A
P R OVAS C OME NTA DAS 2023
1 Vinhos Verdes: 9 Beira Interior:
grandes brancos vinhos de território
da última década
10 50 Anos Esporão:
2 do Alentejo ao Douro,
Em busca do terroir: Cortes de
Cima e Domínio do Açor do Porto ao Vinho Verde

3 Dão: clássicos 11 Pacheca Vale de Abraão:


e vanguardistas vertical 2014 - 2019
(e uma surpresa…)
4 Herdade do Peso – Pela
Natureza. Três décadas de 12 Hélder Cunha: os primeiros
dedicação 15 anos Casca Wines

5 Niepoort: 13 Barão do Hospital: Alvarinho,


“Dão and Bairrada – These Loureiro e espumantes
regions may change your surpreendentes
drinking life”,
Mark Squires, June 2023 14 Murganheira:
espumantes memoráveis
6 Lisboa:
mar de grandes brancos 15 Castelão e Fernão Pires, ADN
do Tejo
7 Herdade do Portocarro:
vertical Cavalo Maluco 16 Ramón Bilbao: Uma
expressão única da Rioja Alta
8 Gouveia:
uma expressão muito própria
do que é o Dão

/ ÁGUA OFICIAL
CLUBE DE REVISTAS
SPIRITS & MIXOLOGYCLUBE DE REVISTAS
Porque para lá do vinho há muitos outros blends que merecem a nossa atenção.

texto Luís Alves / foto D.R.

160 anos
da Martini:
o vermute
estÁ de volta

52 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

A celebrar 160 anos, a histórica e emblemática Martini tem-se desdobrado em


ações um pouco por todo o mundo para assinalar uma data que poucas marcas
alcançam. Fundada em 1863 por Alessandro Martini e Luigi Rossi, a marca italiana
lançou a campanha “160 anos de bom gosto” que mescla os valores fundadores da
marca com a modernidade que quer imprimir nos seus produtos mais recentes. E a
pensar exatamente neste último ponto, em Portugal, a Martini organizou duas mas-
Uma data quase única, de terclasses para a imprensa e públicos especializados, como bartenders.
A condução destas ações esteve a cargo de Marcos Dias, bartender do restaurante
160 anos de vida, merece Infame, em Lisboa, que acredita que “o momento do aperitivo está a perder-se”. A
muito mais do que um bolo marca italiana quer trazer de volta esse momento através, precisamente, do vermute.
Para quem esteja mais esquecido do consumo desta bebida, o vermute tem cerca
de aniversário. A icónica de 75% de vinho, com uma percentagem de álcool fixada por lei, na UE, entre os
Martini está a celebrar esse 14,5% e os 22%. No fundo, trata-se de um vinho aromatizado e fortificado.
Marcos Dias vê no horário de fim de tarde, entre as 17h e as 19h, o período ideal
marco e para isso, durante para o consumo desta bebida. O bartender responsável pelo Infame, entre as várias
este ano, tem preparado não dicas que deixou aos profissionais da área, considera o vermute uma bebida com uma
margem de lucro significativa.
apenas ações de marketing A harmonização, como nos vinhos, é outro ponto-chave que a Martini quis des-
como também apostado no tacar ao assinalar uma data tão marcante. A ideia base é o pressuposto de que ele-
mentos semelhantes na comida e na bebida conjugar-se-ão para dar uma ligação que
regresso de uma bebida que se quer perfeita.
é, ela própria, um ícone: Para quem dispensar o álcool, o Martini Floreale ou o Martini Vibrante são a
escolha. Lançados, em Portugal, no final do primeiro trimestre de 2020. O primeiro
o vermute. tem um toque floral, de camomila, e o segundo tem por base a bergamoto italiano.

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 53


CLUBE DE REVISTAS
SPIRITS & MIXOLOGY

ELIXIR Nº 160
. 45 ml Martini Riserva Speciale Ambrato
. 10 ml de Licor St-Germain

DECORAÇÃO:
. Flores comestíveis

MÉTODO:
. Num copo com gelo, misturar
todos os ingredientes.
. Decorar com flores comestíveis.

PEACH GARIBALDINO (SEM ÁLCOOL)


. 50 ml Martini Floreale sem álcool
. 30 ml de polpa de pêssego branco
. 60 ml de sumo de pêssego e Água
. Tónica de Jasmim
. 5 ml sumo de laranja

DECORAÇÃO:
. Rodela de pêssego branco

MÉTODO:
. Num copo de vinho ou num copo
balão com gelo misturar todos os
ingredientes. Decorar com uma
rodela de pêssego branco.

54 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023


CLUBE DE REVISTAS
Para ver e ouvir ENOTURISMO CLUBE DE REVISTAS
Porque todos merecemos momentos de ócio e de pura preguiça.

texto Madalena Vidigal / fotos André Macedo

QUINTA DE
SÃO BERNARDO

Uma discreta farmhouse do


séc. XVIII transformada em
enoturismo de luxo, entre o rio
Douro e a linha de comboio,
chamada Quinta de São Bernardo
ENOTURISMO CLUBE DE REVISTAS

Construída em 1756, a casa da Quinta de São Bernardo já existia Além dos DOC Douro, Pedro Pinto criou também um espumante
quando a linha do Douro foi concluída e ali ficou, perfeitamente rosé feito a partir de Touriga Nacional e Tinta Roriz. O Vinho do
encaixada entre o comboio e o rio. Porto não faz parte do portfólio mas nem por isso se sente a sua
Mas a história que se vive hoje começou em 1912, altura em que a falta, pois os anfitriões fazem questão de dar a conhecer os melhores
casa chegou às mãos da família Vagaroso. E de facto, o tempo passa Portos da região na sua loja e nas experiências vínicas.
devagar na Quinta de São Bernardo Winery & Farmhouse. A prova que aqui se organiza, não é uma prova comum. Diogo e
As vinhas e o vinho sempre fizeram parte destas terras, sendo Pedro sentiram desde o início que, para o visitante verdadeiramente
que a uva era maioritariamente vendida. De geração em geração, o entender o néctar do Douro, não bastava degustar, tinha que se criar
negócio começou a evoluir, até se construir uma adega para garantir uma experiência mais imersiva.
a produção e engarrafamento com marca própria. Sempre liderada pelo enólogo, a prova tem duração de três horas
Em 2011, Diogo Monteiro – geração mais nova – e Pedro Pinto – e nove vinhos em que se explica os trabalhos na vinha, todo o pro-
enólogo – juntam-se ao projecto, ganhando a nova vida que ainda cesso enológico, enquadramento histórico da região e, finalmente,
hoje se vive ali em Barqueiros, Mesão Frio. como provar vinho de forma a descobrir qual o estilo favorito de
Diogo é natural do Porto e lembra-se de passar verões de infância cada visitante.
na casa do avô Valdemar. Nunca pensou que nessa mesma casa de O nome do restaurante “Farm to Table” já diz muito da cozinha
férias iria fixar residência juntamente com a sua mulher Marcella e que aqui se pratica. Produtos locais e sazonais inspiram os menus
filhos. diários do Chef Miguel Vilela - pratos “de conforto”, como cabrito
Quando os vinhos da casa se deram a conhecer além Douro, assado com arroz, robalo com cuscos de Vinhais ou até opções vege-
começaram a chegar curiosos de todo o mundo para descobrir a sua tarianas.
origem. Foi quando jovem casal percebeu que tinha de criar condi- As refeições são harmonizadas com os vinhos da casa, depen-
ções para receber os visitantes da melhor maneira - assim nasceu o dendo dos pratos do dia. Alguns que melhor expressam este terri-
enoturismo na Quinta de São Bernardo. tório à beira rio são o São Bernardo Alecrim branco, feito de Vinhas
A partir de uma sala de provas e loja Diogo, arquiteto de formação, Velhas, que nos sugere o alecrim espalhado por toda a quinta ao
avançou para a remodelação da casa toda criando uma farmhouse mesmo tempo que nos revela corpo e volume de boca.
com 9 quartos, um restaurante, piscina e, mais recentemente, ginásio Nos tintos, é incontrolável o São Bernardo 2012, também de
com spa. Um ambiente moderno e de luxo mas ao mesmo tempo Vinhas Velhas, onde as notas de fruta preta, mas também de lareira
acolhedor e familiar. e cabedal, nos mostram a excelente longevidade dos bons vinhos do
Não foi só a casa de campo que passou por esta transformação, o Douro.
negócio do vinho também foi todo repensado. A quantidade diminui, Quando o tema é enoturismo, não faltam atividades para todos
a qualidade aumentou e os novos rótulos revelaram a fachada da os gostos. Além de passeios pela vinha de bicicleta ou de buggy, os
farmhouse e uma lebre, animal que se avista com frequência por visitantes podem andar de caiaque no rio ou mesmo de barco, saindo
entre as vinhas. do cais privado da quinta. Quando o tempo convida mais ao interior,
Entre esta quinta no Baixo Corgo e a Quinta da Água, no Cima pode optar por relaxar no Spa ou aproveitar a Sala da Família, com
Corgo, dos mesmos proprietários, estão 60 hectares de vinha, lareira, biblioteca, snooker e jogos de tabuleiro.
incluindo uma parcela com 93 anos de idade. Atualmente existem 14 Diogo afirma com orgulho que a Quinta de São Bernardo é “a casa
referências de vinho disponíveis. de férias dos nossos hóspedes”.

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 57


CLUBE DE REVISTAS
ENOTURISMO

Entre a linha de
comboio e o rio
Douro, a Quinta de
São Bernardo tem a
localização perfeita
para os amantes desta
região de vinhos.

CONTACTOS
QUINTA DE SÃO BERNARDO
CAMINHO DO RIO 33, VILA JUSÃ,
MESÃO FRIO 5040-428
E-MAIL: HELLO@QUINTADESAOBERNARDO.COM
TELEFONE: +351 967 293 773
(CHAMADA PARA REDE FIXA NACIONAL)
CLUBE DE REVISTAS
Diogo Monteiro e Pedro Pinto

COMO CHEGAR
Partindo do Porto
Î a viagem tem duração
aproximada de hora e meia
Î saia do centro da cidade em
direção à A4 Vila Real
Î mantenha-se nesta estrada
por 30 minutos até à saída 18 para
Régua/Mesão Frio
Î siga pela N101 e N108 passando
por Vila Jusã e Barqueiros, a Quinta
de São Bernardo fica à sua direita,
entre a linha de comboio e o rio

Desde Lisboa
Î o percurso dura quatro horas
Î siga pela A1 Norte até convergir
com a A41 CREP para Vila Real
Î já na A4, tome a saída 18 para
Régua/Mesão Frio
Î deste ponto, confira as
indicações acima descritas

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 59


CLUBE DE REVISTAS
ENOTURISMO

SUGESTÕES EXTRA
Museu do Douro
Existem muitas formas de se aprender sobre
vinhos e uma delas é, efetivamente, fazer
enoturismo numa quinta. Outra, é visitar
um museu. O Museu do Douro, na Régua, é
uma imersão na história do vinho da região
demarcada e regulamentada mais antiga do
Mundo. De forma dinâmica e interativa, fica
a conhecer melhor todas as curiosidades
da vinha e das pessoas que a trabalham,
assim como tradições vitivinícolas ao longo
de séculos e que fazem do Alto Vinhateiro
Douro, Património da Humanidade.

Miradouro de São Silvestre


A uma altitude de 530 metros, encontra o
miradouro de São Silvestre. A sua extensa
visibilidade torna-o um dos lugares mais
únicos no Douro. Neste local ancestral
o visitante pode observar a paisagem
vitivinícola, o rio e a vila de Mesão Frio. Pode
ainda ver a Capela de São Silvestre e o seu
baloiço panorâmico. Recomenda-se fazer o
percurso pedestre desde a Quinta de São
Bernardo até o cimo do miradouro, numa
caminhada inspiradora.

PREÇOS EXPERIÊNCIAS
. PROVA SIMPLES SEM RESERVA 12,50€/PESSOA Visita à adega com prova de vinhos.
. VISITA E PROVA “ASSINATURA” 60€/PESSOA Alojamento com nove quartos, restau-
. REFEIÇÃO NO RESTAURANTE COM . HARMONIZAÇÃO rante, piscina, ginásio e spa. Atividades de
DE VINHOS A PARTIR DE 85€/PESSOA
exterior: caiaques, passeios de barco com
. QUARTO DUPLO COM PEQUENO-ALMOÇO A PARTIR
DE 300€/NOITE piquenique a bordo, tour pelo Douro e
suas quintas com motorista privado.

60 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
Para ver e ouvir CLUBE DE REVISTAS
R E P O RTAG E M
texto e notas de prova Guilherme Corrêa / fotos Fabrice Demoulin

James Frost e António Maçanita


CLUBE DE REVISTAS
A história da Quinta de Sant’Ana parece
um romance. Um inglês resolve recuperar
a quinta abandonada da família da esposa
alemã, criar ali os seus filhos, cultivar aquelas
terras e fazer vinho. Ao lado de um dos mais
brilhantes enólogos de Portugal, António
Maçanita, o casal James e Ann contam
através dos seus vinhos que os 30 anos
de trabalho duro, fracassos e sucessos,
renderam belos frutos, um romance feliz e a
redescoberta do potencial de Lisboa.

QUINTA DE
SANT’ANA
UM CAPÍTULO FELIZ SOBRE LISBOA
CLUBE DE REVISTAS
Q U I N T A D E S A N T ’A N A

Visitar a Quinta de Sant’Ana, propriedade que de Sant’Ana ficou famosa, mas foi uma boa estreia, pois
remonta ao ano de 1660, junto à Tapada de Mafra, os vinhos passaram de extremamente rústicos para
antecipa já, com o seu romântico cenário tipo “villa bastante agradáveis e o projeto oficial foi lançado em
italiana”, o que vamos encontrar: uma quinta onde os 2004. Um ponto de inflexão na história dessa quinta
donos residem e colocaram todo o suor e paixão para secular foi a contratação, nesse mesmo ano, de um
edificar uma história de vida, ligada à agricultura. jovem enólogo de 24 anos chamado António Maçanita,
Cada pormenor, do cultivo biológico de flores, da apenas saído da universidade, indicado por um amigo
produção do mel, das vinhas meticulosamente cuidadas viticultor de James, o falecido David Booth.
em posições colinares, da arquitetura e decoração do Quem conhece a força da natureza que é António,
casario, da capela, do pátio central, tudo é inspirador, pode facilmente imaginar quão longe chegaria esse
sente-se mesmo dentro de um filme. Não é por acaso trio: um dos mais talentosos enólogos de Portugal,
que tantas pessoas, muitas vindas de muito longe, um casal apaixonado e comprometido de agricultores
vêm celebrar matrimónio nesse ambiente onírico, que a construir a vida na quinta, e um terroir oceânico-
poderia estar na Toscânia ou na Provença mas, para -calcário de imensa qualidade. O percurso, como é
nossa sorte, está na região vitivinícola de Lisboa. normal, teve altos e baixos, acertos e erros, aprendiza-
A histórica quinta do séc. XVII foi adquirida pelos gens de António e James. Aconteceu num momento de
pais de Ann, Gustav e Paula von Fürstenberg, originá- mudança de paradigmas no mundo do vinho, daqueles
rios da Vestfália, no ano de 1969. Viram que, além da extremamente potentes, técnicos e de castas inter-
agricultura e de um bom sítio para construir um futuro nacionais, para vinhos menos manipulados, expres-
para a família, aquelas colinas condicionadas pela pro- sivos do terroir, valorizadores das castas autóctones,
ximidade do oceano, a 12 quilómetros em linha recta, e dotados de frescura e elegância. António sorri quando
também pela frescura da Serra de Mafra, poderiam ori- admite que arrancou bastante Castelão da quinta nesse
ginar bons vinhos. A produção da quinta, que outrora processo de aprendizagem e de reflexão do que é a
chegou aos 80 mil litros de vinho rústico, camponês, região vitivinícola de Lisboa.
estava mesmo em baixa, quase parada, mas Gustav
e Paula trataram de limpar o terreno, preparar a sua Lisboa, autêntica e emocionante
drenagem, para instalar um vinhedo condizente com o
seu inequívoco potencial. As vicissitudes de 1974 pos- A área plantada foi progressivamente aumentando
tergaram o sonho da família, ainda que, todavia, man- de 2005 em diante, até chegar aos atuais 12 hectares.
tiveram-se tão atraídos por aquela quinta, que nunca Das experiências de António Maçanita noutras regiões
deixaram de visitá-la pelo menos nos verões, a esperar e das suas viagens pelo mundo vieram castas interna-
por dias melhores e ensaiarem um regresso definitivo. cionais que se adaptam bem a climas frescos, como
Em 1992, o inglês James Frost, marido de Ann, Sauvignon Blanc, Riesling - essa não poderia deixar
conhece a quinta pela primeira vez. Crescido no de haver pela história da família von Fürstenberg, e
campo no sudoeste de Inglaterra e apaixonado por veio em dois clones, da Alsácia e de Geinsenheim, do
agricultura, os olhos de James brilharam na Quinta de Reno - e Pinot Noir, além de castas portuguesas como
Sant’Ana. Tal como os seus sogros, arquitetou com Ann Alvarinho e Verdelho. As variedades Touriga Nacional,
um plano de recuperação da propriedade e, também, Aragonez e Merlot testemunham esses anos de muita
um plano de vida familiar. Era chegado o momento aprendizagem e reflexões de António e James sobre o
de fazer florescer, literalmente, esta quinta de sonho. passado e o futuro da Lisboa vitivinícola.
Nas vinhas, apenas 3 ou 4 hectares sobreviventes na Se a região foi “a horta da cidade” e tinha o dever
altura, dominavam cruzamentos como Grand Noir e de entregar vinho como alimento em profusão, inclu-
também Castelão. Em 1999, o casal plantou 2,4 hec- sive às colónias, o fulgurante passado de denominações
tares de vinha nova, um pouco de Aragonês, Castelão e como Collares e Bucellas com dois “eles” ficou num
Fernão Pires. Não foram as castas pelas quais a Quinta tempo remoto.

Em 1992, o inglês James Frost, marido de Ann, conhece


a quinta pela primeira vez. Crescido no campo no sudoeste
de Inglaterra e apaixonado por agricultura, os olhos de
James brilharam na Quinta de Sant’Ana. Tal como os seus
sogros, arquitetou com Ann um plano de recuperação da
propriedade e, também, um plano de vida familiar.

64 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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Ann e James Frost


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O plantio de uma vinha de Arinto e uma de biológicas!) e prados. A produção de mel é


Ramisco em 2014 significou, para a Quinta de mais uma especialidade de James, e as ovelhas
Sant’Ana, muito mais do que esses 0,94 e 1,24 Suffolk, outra paixão. A vida está por todo o
A vida está por hectares, respetivamente, podem parecer. É a lado, e nem precisavam dos alegres casamentos
maturação de anos de trabalho do agricultor que acontecem a um ritmo alucinante na quinta
todo o lado, e nem James e do enólogo António, e o fechar de um para nos apercebermos disso. As leveduras indí-
precisavam dos alegres círculo de séculos de existência dessa quinta genas também estão em festa pela quinta, e um
histórica, que volta a ser Lisboa na sua essência, António cada vez mais “hands-off” deixa que
casamentos que no que a região pode oferecer de melhor, mais elas dancem “sem filtros” nos seus vinhos, com
acontecem a um ritmo autêntico e emocionante. quase nada de adições de sulfuroso antes da fer-
Embora a casta Arinto realize o seu gigan- mentação. As vinificações correm sem neuras
alucinante na quinta tesco potencial no clima marítimo e nos solos quanto à proteção do oxigénio, para fazer vinhos
para nos apercebermos argilo-calcários portlandianos do Jurássico “autolimpantes”, que já saem com os compostos
Superior, com uma certa naturalidade, a fenólicos que têm de oxidar eliminados natural-
disso. As leveduras Ramisco é extremamente exigente, ou mesmo mente. Assim, a quinta produz 35 mil ou pouco
indígenas também intransigente, ultra tardia, dá vinhos de baixís- mais garrafas de vinhos de terroir todos os anos,
simo potencial alcoólico por volta dos 10 ou num ambiente lindo e vivo, feito de sonhos e
estão em festa pela 11%, e enorme carga de elementos de “dureza” pessoas que vivem-na todos os dias, com pro-
quinta, e um António no vinho: taninos, ácidos e sapidez mineral. Mas fissionalismo e paixão. Esperamos que sirva de
os primeiros vinhos da quinta com essa casta modelo para outras quintas de Lisboa, região de
cada vez mais “hands- são mesmo de tirar o fôlego, tanto do ponto de passado e de futuro fulgurantes.
off” deixa que elas vista técnico quanto pela obstinação de revelar a
autenticidade de Lisboa. QUINTA DE SANT'ANA
dancem “sem filtros” Desde 2015, a Quinta de Sant’Ana está em RUA DIREITA, 3, MAFRA
nos vinhos. produção biológica e, mais do que isso, é uma 2665-113 GRADIL
quinta holística com outros 20 hectares de bos- T.261 963 550
ques, pomares, jardins de flores (de sementes E.QSA@QUINTADESANTANA.COM

66 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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Q U I N T A D E S A N T ’A N A

95 92 88
Quinta de Sant’Ana Quinta de Sant’Ana Quinta de Sant’Ana 2022
Vinha do Marreco 2018 Late Harvest 2018 Regional Lisboa / Branco / Quinta
Regional Lisboa / Branco / Quinta Regional Lisboa / Colheita Tardia de Sant’Ana
de Sant’Ana / Quinta de Sant’Ana Limão médio. No olfato remete mais
Limão intenso com reflexos dourados. Âmbar claro. Um colheita tardia para o lado herbal e tónico da Fernão
Nariz avassalador, com redução de Riesling de grande qualidade e Pires, com goiaba e pimenta verde,
intelectual a conferir um lado fumado tipicidade, tanto da casta, como do e acenos calcários. Na boca é muito
de grande classe. O leque de aromas terroir calcário e oceânico. Alperce, interessante, a Arinto garante boa
vai das amêndoas tostadas ao mel, manga, mel de tília, notas de petróleo, tensão e reforça o lado sápido e
limão confitado, madeira exótica e maresia e de própolis. Acidez oceânico do vinho, em contraste com
brisa marinha. Austeridade e notável fenomenal a deixar a doçura no seu a untuosidade da textura.
persistência na boca salgada e lugar, eletricidade de sobra para Consumo: 2023-2026
elétrica. muitos anos de cave. 12,00€ / 11ºC
Consumo: 2023-2038 Consumo: 2023-2038 —
100,00€ / 11ºC 24,00€ / 11ºC
— — 87
Quinta de Sant’Ana 2022
94 91 Regional Lisboa / Rosé / Quinta
Quinta de Sant’Ana Ramisco Quinta de Sant’Ana de Sant’Ana
Non-Vintage (2015/2016) Forte do Picoto 2019 Salmão pálido, brilhante. Um rosé
Regional Lisboa / Tinto / Quinta Regional Lisboa / Branco / Quinta elegante e discreto, com aromas
de Sant’Ana de Sant’Ana pautados por bagas silvestres
vermelhas, pêssego e flores do
Rubi aberto. Grande dimensão Dourado na cor. Uma belíssima
campo. Na boca é muito equilibrado,
aromática. Profundo, extremamente prestação de Alvarinho no terroir de
prazenteiro, com fruta fresca e final
“savoury”, com frutas vermelhas, Mafra, super complexo, com aromas
levemente floral.
tomates secos e goji, Amaro italiano, que transitam da ameixa amarela e
e um lado umami e marinho que alperce às frutas tropicais como a Consumo: 2023-2025
não deixará ninguém indiferente. manga, e do mel ao mineral e maresia. 12,00€ / 11ºC
Salgado na boca, contrastante na Grande boca, dotada de riqueza
fruta madura e nos taninos finos, untuosa, bela acidez e salinidade do
com carga ácida para muitos anos de outro lado da balança.
guarda. Consumo: 2023-2031
Consumo: 2025-2040 22,00€ / 11ºC
50,00€ / 17ºC —

89
92 Quinta de Sant’Ana
Quinta de Sant’Ana Sauvignon Blanc 'Last
Arinto 2020 Vintage' 2021
Regional Lisboa / Branco / Quinta Regional Lisboa / Branco / Quinta
de Sant’Ana de Sant’Ana
Limão intenso, reflexos dourados. Limão brilhante. O forte carácter
Incrível nariz, dotado da austeridade varietal da Sauvignon Blanc cede
da Arinto, com notas de flores secas, espaço nesse vinho à expressão da
limão confitado e umami, tudo vinha. Há um subtil perfume de kiwi,
emoldurado por uma fina redução pera e flor de sabugueiro, mas o lado
fumada. Na boca é igualmente do giz e maresia revela-se numa
convincente, impactante, com notória camada acima, e confere uma boca
carga de ácidos e sais, a sugerirem salina e de excelente frescura.
uma boa guarda. Consumo: 2023-2029
Consumo: 2023-2035 16,00€ / 11ºC
31,00€ / 11ºC

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Q U I N T A D E S A N T ’A N A

Prova Vertical Riesling


da Quinta de Sant’Ana

90 93 94
Quinta de Sant’Ana Quinta de Sant’Ana Quinta de Sant’Ana
Riesling 2021 Riesling 2016 Riesling 2012
Regional Lisboa / Branco / Regional Lisboa / Branco / Regional Lisboa / Branco /
Quinta de Sant’Ana Quinta de Sant’Ana Quinta de Sant’Ana
Limão brilhante. Nariz muito clássico Limão de média intensidade. Limão intenso. Grande expressão
e bem conseguido da casta, com Um ano mais húmido gerou um da casta e do terroir da quinta,
notas florais e um sopro petrolado, perfil bastante complexo, dos esbanja pureza e precisão. O tempo
e também do terroir da quinta, citrinos maduros e confitados não passou por ele e os citrinos
com notas marinhas, de calcário com especiarias, pera e maresia. revelam-se frescos e temperados
e impressões mais botânicas. Ao O volume na boca é expansivo, pelo mar. A boca é calcária, de
entrar no palato o vinho mostra-se cortado por uma incisiva acidez e raça, a untuosidade plenamente
compacto, de bela acidez, uma mineralidade calcária e salina. equilibrada pela garra da acidez e
mineralidade e persistência. Consumo: 2023-2028 da sapidez final. Longa persistência.
Consumo: 2023-2033 38,00 € / 11ºC Consumo: 2023-2032
16,00 € / 11ºC — N.D. / 11ºC
— —
92
90 Quinta de Sant’Ana 88
Quinta de Sant’Ana Riesling 2014 Quinta de Sant’Ana
Riesling 2019 Regional Lisboa / Branco / Riesling 2009
Regional Lisboa / Branco / Quinta de Sant’Ana Regional Lisboa / Branco /
Quinta de Sant’Ana Limão intenso. Regido por Quinta de Sant’Ana
Limão com reflexos ainda verdeais. temperaturas amenas e mais Limão intenso. O primeiro ano do
Nesse ano tão precoce, o vinho humidade, temos aqui um Riesling agora famoso Riesling da Quinta
surpreende pelo seu lado puro, com os encantos da Botrytis, a de Sant’Ana, da vinha plantada
feminino, com flores brancas e pera, revelar drama no nariz, com fruta de em 2007. Essa garrafa já estava
além de mel de acácia, tudo num pomar em compota, cera de abelha um pouco cansada, oxidativa, mas
registo muito subtil. A boca não e um toque de caramelo salgado. ainda sente-se o lado salgado tão
deixa de ser salgada, ainda que Uma flecha pontiaguda na boca, característico dos Rieslings daquele
menos impactante. longo e salgado. terroir, com complexidade dada pela
Consumo: 2023-2029 Consumo: 2023-2028 Botrytis.
26,00 € / 11ºC N.D. / 11ºC Consumo: 2023-2025
N.D. / 11ºC

A Quinta de Sant’Ana está em produção biológica e,mais


do que isso, é uma quinta holística com outros 20 hectares de
bosques, pomares, jardins de flores (de sementes biológicas!)
e prados. A produção de mel é mais uma especialidade de
James, e as ovelhas Suffolk, outra paixão.

68 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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Tudo começa num tempo lá muito atrás e num lugar
lá muito em cima. Na origem há vinhas que têm
como berço a região demarcada do Douro Superior.
A longa tradição agrícola de uma família com respeito
por uma terra com um terroir único. E o bom prenúncio
de uma estela descoberta na Quinta.

Esta pedra do neolítico, de caráter simbólico,


encontrada em paisagens altas, assim como
RQRPH&RXTXLQKRTXHVLJQL‫ٴ‬FDXPOXJDU
inacessível, reforçam o argumento de que há vinhos
destinados a ocupar um patamar mais elevado.
(GHVWHDPRUPDLRU¢WHUUDTXHYDLUDPL‫ٴ‬FDQGR
brotou uma homenagem a um homem único,
que ganha expressão num vinho "Unius".
Para ver e ouvir CLUBE DE REVISTAS
R E P O RTAG E M
texto e notas de prova Luís Costa / fotos Ricardo Garrido

Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges

70 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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DO GURU VINHA DA CALÇADA AO QUINTA DA MANOELLA VINHA ALECRIM

Wine & Soul celebra 185 anos da são vinificados os vinhos da Quinta da pequenas parcelas, mas uma delas desta-
Quinta da Manoella e apresenta Manoella, que desde 2019 trabalha comple- cava-se das demais. Por isso, desde 2014
muitas novidades. mentarmente à adega do Pintas – uma nova começámos a vinificar este vinho separada-
adega que alterou substancialmente o modo mente, numa quantidade muito pequenina.
É na povoação de Vale de Mendiz, na de produção da Wine & Soul, como nos Às vezes eram apenas duas ou três barricas.
paisagem escarpada e deslumbrante que se explica Sandra Tavares da Silva: “Era uma Decidimos lançar agora o 2015 e vai cha-
estende até ao rio Pinhão, que encontramos antiga azenha de produzir azeite em Vale de mar-se Quinta da Manoella Vinha Alecrim.
a adega e epicentro das atividades da Wine Mendiz que comprámos há quatro anos. Até Para além da envolvência da floresta – esta
& Soul, a empresa fundada pelo casal de essa altura estávamos a vender uvas, pois floresta magnífica que é marca distintiva
enólogos Sandra Tavares da Silva e Jorge não conseguíamos vinificar tudo na nossa da Quinta da Manoella –, foi plantado aqui
Serôdio Borges há mais de 20 anos para pro- adega do Pintas, que é a nossa adega ori- um alecrim pelo avô ou bisavô do Jorge, que
duzir vinhos hoje referenciais como o Pintas ginal. Assim conseguimos dar o salto com a servia para atrair as abelhas e promover a
(tinto) ou o Guru (branco) e, mais recente- compra da antiga azenha. Agora vinificamos polinização. É um alecrim impressionante e
mente, os vinhos Manoella. Todavia, é um todas as uvas tintas da Quinta da Manoella toda a vinha está muito próxima desse ale-
pouco mais acima na estrada sinuosa que liga – e também conseguimos crescer com o crim. Daí termos dado esse nome ao vinho”.
o Pinhão a Alijó, a escassos oito quilómetros Manoella branco e com o Manoela rosé, Ao fim de 22 anos de projeto, este novo
de distância, que se localiza a nossa primeira ganhámos mercado.” DOC Douro promete dar que falar, assi-
paragem, a imponente Quinta da Manoella A conversa com a enóloga que “trocou” as nalando um novo marco na história da
– plantada pelo trisavô de Jorge Serôdio suas origens pelas terras durienses no limiar Wine & Soul, o que é um bom pretexto
Borges e este ano a celebrar 185 anos de pro- do novo milénio (estudou Agronomia em para olharmos para a história construída
dução vitivinícola –, onde a Wine & Soul vê Lisboa, onde cresceu, a família é proprietária pelo casal de enólogos, ambos oriundos de
crescer as castas tintas mais ancestrais e tem da Quinta da Chocapalha, em Alenquer, foi famílias ligadas ao vinho: “O nosso projeto
localizado o seu armazém de guarda e enve- modelo profissional e praticante de voleibol foi crescendo à medida que fomos capazes
lhecimento de vinhos do Porto. ao mais alto nível, e conheceu o futuro de adquirir outras vinhas e outras quintas,
É aqui, num pátio sobranceiro ao imenso marido quando foi trabalhar com Cristiano como foi o caso desta Quinta da Manoella.
vale do Pinhão, que temos uma primeira Van Zeller na Quinta do Vale D. Maria em Começámos o projeto em 2001 com o sonho
conversa com Sandra Tavares da Silva, que finais dos anos 90) direcionou-se inevitavel- de produzirmos um vinho – e, nessa altura,
veio ao nosso encontro pela sinuosa estrada mente para o novo – e ansiado – grande lan- era mesmo apenas um vinho. Não tínhamos
de terra batida – a lembrar-nos que estamos çamento da Wine & Soul: “ É um vinho muito nada nosso, estávamos ambos a trabalhar
em vinhedos de montanha – que nos conduz especial que já há bastantes anos vínhamos para outras empresas – e também para as
a este belíssimo “meeting point” localizado a trabalhar”, conta-nos Sandra Tavares da nossas famílias –, mas tivemos sempre a
na meia-encosta da ancestral quinta que se Silva, “um vinho de parcela oriundo das pri- ambição e o desejo de nos fixarmos em Vale
estende até aos fundos do vale. meiras parcelas pós-filoxera que foram plan- Mendiz, uma aldeia histórica com grande
Um dos motivos da nossa visita é tadas na Quinta da Manoella pelo trisavô reconhecimento para a produção de vinhos,
conhecer um pouco melhor a adega onde do Jorge [Serôdio Borges]”. “Havia várias na altura apenas Vinhos do Porto.

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 71


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WINE&SOUL

Queríamos muito explorar as vinhas velhas “foudre” de carvalho francês de 1200 litros.
desta zona do vale do Pinhão. Primeiro
Um dos motivos da O vinho fermentou e estagiou dois anos no
andámos à procura de uma adega e acabámos nossa visita é conhecer “foudre” e mais um ano em garrafa, numa
por comprar, para depois recuperar, uma edição de apenas 1500 garrafas”.
adega que pertencia a uns primos do Jorge,
um pouco melhor Ainda antes de Jorge Serôdio Borges se
os Pinheiro da Veiga, que são de Provesende. a adega onde são juntar à conversa – e também, durante a
Aliás, o nosso polo de vinificação mais impor- tarde, às provas que fizemos em Vale de
tante ainda é a adega original de Vale Mendiz.
vinificados os vinhos Mendiz – deixámos a Quinta da Manoella
É lá que temos os escritórios, a sala de provas, da Quinta da Manoella, rumo à cantina “pop up” da Wine & Soul,
o laboratório, a maior parte da nossa ope- montada para apoio do pessoal envolvido
ração. Entretanto fomos comprando várias
que desde 2019 trabalha nas vindimas acabadas de terminar, mesmo
parcelas de vinha. A primeira foi a parcela do complementarmente à junto à estrada que desce para o Pinhão.
Pintas, apenas dois hectares que ficam muito Aqui tivemos direito a almoço feito por dois
perto da adega, e a partir daí fomos com-
adega do Pintas – uma estagiários suecos, uma espécie de tortilha
prando tudo o que conseguíssemos de vinhas nova adega que alterou nórdica que nunca esperaríamos degustar em
velhas. O nosso foco foi sempre comprar boa pleno Douro vinhateiro – e que Jorge Serôdio
substancialmente o
vinha velha, mas também olival e floresta. Borges já não teve oportunidade de provar,
Para nós, faz sempre sentido manter a bio- modo de produção da pois afazeres de última hora atrasaram o
diversidade dos locais, manter a identidade seu regresso do Dão, onde andara nesse dia
Wine & Soul.
de cada parcela. Por isso investimos muito em afazeres do projeto M.O.B., as iniciais de
em olival, em floresta, em mato, sempre com Moreira, Olazabal e Borges, uma “joint ven-
o objetivo de o manter, de o preservar. Não mineralidade e frescura”, conta-nos Sandra ture” de Jorge Moreira (Poeira), Francisco
é para plantar vinha nova! Foi assim que Tavares da Silva, lembrando que “a grande Olazabal (Quinta do Vale Meão) e Jorge
fomos crescendo, até que em 2009 conse- vantagem” no Douro é a altitude, dado tra- Serôdio Borges (Wine & Soul).
guimos comprar a Quinta da Manoella, que tar-se de uma região montanhosa. “Por isso Para nos falar da Quinta da Manoella,
foi a concretização de um grande sonho que fomos sempre à procura de zonas altas para vetusta nos seus 185 anos de idade, ninguém
já tínhamos há muitos anos. Sempre acredi- conseguirmos criar brancos com frescura melhor do que o próprio Jorge Serôdio Borges,
támos que a Manoella era uma quinta muito e mineralidade. E também pelo fascínio que cuja família está ligada ao Douro há várias
especial, por toda a sua envolvência, pela sempre tivemos pelo Vinho do Porto branco, gerações: “A Quinta da Manoella fazia parte
área que tem, pelos solos, pelo microclima, das várias provas que fizemos com Vinhos de uma série de quintas que pertenciam à
pela floresta. Os vinhos da Manoella diferen- do Porto branco velhos. Por isso fomos ter à família Serôdio Borges e era uma quinta muito
ciam-se bem dos vinhos que temos em Vale aldeia que era representativa daqueles vinhos utilizada pelo meu avô para a produção de
Mendiz, o que vai de encontro à filosofia que provávamos, Porrais. Começámos a com- vinhos Tawny. É que até o Douro poder engar-
do nosso projeto, que passou sempre por prar parcelas pequeninas e a tentar aglomerar rafar os vinhos e poder vendê-los diretamente
explorar diferentes “terroirs”. Como come- terras o mais possível. Assim nasceu o Guru, a partir da região, o que só aconteceu a partir
çámos do zero e não tínhamos nada, isso deu- numa zona de transição de solos que não é de 1986, as famílias estavam privadas de poder
-nos abertura para criar, para explorar, para só xisto e onde temos influência de granito engarrafar os seus próprios vinhos, pois era
sonhar em diferentes zonas, criando vinhos e muito quartzo. São características fantás- obrigatório levá-los para Vila Nova de Gaia.
completamente diferentes e com perfis muito ticas que contribuem para o perfil mineral do O negócio da minha família, como muitas
distintos”. Guru.” outras no Douro, consistia em produzir os
Em terra de Vinho do Porto, a primeira Embora de origens distintas, de vinhas seus próprios vinhos do Porto nos lagares que
rutura surge no início da década de 90, localizadas em Pombal de Ansiães, a mais tínhamos e depois vendê-los às casas expor-
quando emerge a produção regular de tintos recente aposta da Wine & Soul em vinhos tadoras. A Manoella era uma quinta especial
DOC Douro. Anos mais tarde – bastantes brancos é o Guru Vinha da Calçada 2020: porque era sempre destinada à produção de
anos mais tarde, em boa verdade, com pre- “Chama-se Vinha da Calçada porque a vinha Tawnies, o que nos ajudou a compreender o
valência mais notória nos últimos 15 anos – é atravessada por uma calçada romana. É um perfil da quinta para a produção de tintos –
começam a surgir alguns brancos, sobretudo vinho de uma vinha velha que comprámos em vinhos mais delicados, mais leves, diferentes
de vinhas plantadas em zonas mais altas e 2019, em Pombal de Ansiães. Temos registos do Porto Vintage. É uma quinta que tem a
frescas. Destes, há um branco do Douro que da sua existência em 1932, mas sabemos que particularidade de ter 60 hectares de terra,
ganha imensa e justa notoriedade logo depois é anterior a essa data, uma vinha com muros mas em que dois terços são mato. E esse mato
de Sandra e Jorge abraçarem o seu projeto pré-filoxéricos, mas graníticos, muito dife- ajuda-nos a criar ali um microclima diferen-
de vinhos brancos em 2004. Assim nascia o rentes dos muros da mesma época na zona ciador que se reflete, mais uma vez, no estilo
Guru, feito a partir de uvas de Porrais, con- do Vale do Pinhão. É uma mistura de castas, que os vinhos têm. É uma quinta com uma
celho de Murça, plantadas a cotas de 500 e como é óbvio, que dão um vinho de perfil autenticidade e uma personalidade em termos
600 metros. “O nosso sonho era criar um muito fino, muito delicado. Daí termos deci- de “terroir” muito presente, como se percebe
branco diferenciador, com muita identidade, dido não vinificar este vinho como fazemos ao provar os seus vinhos”.
um branco de parcelas que tivesse muita com o Guru, em barrica, e comprámos um

72 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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A Manoella era uma


quinta especial porque
era sempre destinada à
produção de Tawnies,
o que ajudou a
compreender o perfil da
quinta para a produção
de tintos – vinhos mais
delicados, mais leves,
diferentes do Porto
Vintage.

97 96 96
Quinta da Manoella Guru Vinha da Calçada 2020 Pintas 2021
Vinha Alecrim 2015 Douro / Branco / Wine & Soul Douro / Tinto / Wine & Soul
Douro / Tinto / Wine & Soul Amarelo brilhante. Aromas frescos e Rubi profundo. Nariz sedutor e envolvente
Com apenas 700 garrafas, é a mais pura delicados a nectarina, toranja, tomilho com notas de groselha preta, amora, cereja
definição de um vinho de boutique. Para fresco e raspa de limão. Textura cremosa, madura, alguma liquorice, especiaria
além dos méritos indissociáveis da vinha salino e envolvente, um vinho que exalta os finíssima. Vinho de parcela centenária com
velha, é pura filigrana enológica com sentidos, senhor de um profundo equilíbrio cerca de 40 castas, é acetinado, complexo,
notas de bosque, especiaria fina, caruma e de enorme complexidade, que parece exímio no equilíbrio, com tensão no meio de
e fumado subtil a envolver fruta preta e desenhado a régua e esquadro, a raiar a boca, textura brilhante e taninos exemplares.
azulada de matriz silvestre. A boca exprime perfeição. Consumo: 2023-2045
profundidade, envolvência e amplitude. Consumo: 2023-2040 100,00€ / 16ºC
Acidez e taninos incríveis. Grande margem 70,00€ / 11ºC
de evolução.
Consumo: 2023-2050
150,00€ / 16ºC
WINE&SOUL CLUBE DE REVISTAS
Prova vertical de Guru de Ansiães, aldeia de solos graníticos do con- vinho que tem um “carácter” muito peculiar,
celho de Carrazeda de Ansiães, no distrito de se o trocadilho nos é permitido, por corres-
Neste dia que passámos com Sandra Bragança. ponder a um ano vitícola que exaltou a fres-
Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges Na visita a Vale de Mendiz e à Quinta da cura em detrimento da concentração, propor-
tivemos diversos momentos altos no que res- Manoella, claro que provámos a “grande cionando tintos mais elegantes e sedutores.
peita à prova de vinhos. Destaque para uma bandeira” de Sandra Tavares da Silva e Jorge O ponto alto deste dia foi, todavia, a prova
prova vertical de Guru, a marca referencial Serôdio Borges, o tinto DOC Douro Pintas, do novíssimo Quinta da Manoella Vinha
de vinhos brancos da Wine & Soul, reunindo neste caso a sua versão 2021, colheita que está Alecrim 2015, DOC Douro tinto que celebra
algumas colheitas disponíveis das poucas gar- agora a chegar ao mercado. Um vinho que já em grande estilo os 185 anos desta quinta do
rafas que foi possível guardar ao longo dos não surpreende, pois limita-se a confirmar – Vale do Pinhão. É um tinto superlativo, um
anos. Para além do Guru 2022, a novidade em o que já não é pouco – o paradigma de ele- vinho de complexidade e filigrana de que se
fase de lançamento, provámos outras cinco vadíssima qualidade que o caracteriza. Mas fizeram apenas 700 garrafas, que honra os
colheitas que, infelizmente, já não estão ao que se diferencia, nesta colheita de 2021 e na pergaminhos da sua origem duriense, mas que
alcance dos consumidores, pois não existem fase ainda embrionária em que se encontra, se mostra capaz de brilhar em qualquer parte
garrafas disponíveis para venda – o que da generalidade dos seus antecessores, pois do mundo. Um tinto que proporciona uma
tornou ainda mais excecional a prova orga- beneficia do ano vitícola pouco dado a vinhos experiência sensorial difícil de conter numa
nizada para a Revista de Vinhos que agrupou excessivos e madurões que precisam de muito simples nota de prova.
os Guru 2009, 2013, 2015, 2016 e 2019 (para tempo em garrafa até darem prazer efetivo. Quem vai ao Douro – à Wine & Soul como
além do já referido 2022). Esta pequena ver- Não é o caso deste Pintas 2021, cujo futuro a qualquer outro produtor – não pode ausen-
tical de Guru confirmou a conhecida (e reco- é altamente promissor, mas cujo presente tar-se sem provar, por último, um Vinho
nhecida) excelência da marca que o posiciona já proporciona momentos de indiscutível do Porto. Nesta visita da Revista de Vinhos,
entre os melhores brancos portugueses, mas prazer. Nem sempre é fácil encontrar vinhos Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges
mostrou-nos, sobretudo, uma incrível capaci- que podem ser guardados por muitos anos e também tinham uma novidade do seu port-
dade de envelhecimento deste branco elabo- que podem, simultaneamente, ser consumidos fólio para provarmos, o Porto Vintage 2021.
rado com uvas das terras altas de Porrais, no desde já. Não há muitos vinhos com essa capa- Um Vintage que preserva exemplarmente
concelho de Murça. Efetivamente, se há um cidade, com essa espécie de dom da “ubiqui- a pureza da fruta, que mostra ter estrutura
denominador comum às colheitas provadas – dade”, mas a verdade é que o Pintas 2021 é um para aguentar décadas em garrafa, mas que dá
para além do perfil identificativo do Guru, de desses vinhos. prazer imediato pela frescura – e taninos ace-
pendor cítrico e mineral – é a surpreendente Outra das novidades provadas foi o Pintas tinados – que o 2021 proporcionou.
juventude e frescura de todos os vinhos deste Character 2021, que surgiu em 2005, uma Uma visita que terminou tão bem quanto
saboroso alinhamento. espécie de irmão mais novo do icónico Pintas, começou, num dos produtores que fez his-
Se o Guru já está num patamar reconhe- de preço mais acessível e produzido em maior tória no Douro nas últimas duas décadas.
cidamente elevado, Sandra Tavares da Silva quantidade (sensivelmente 30 mil garrafas), E que promete continuar a deixar marcos
e Jorge Serôdio Borges resolveram ir mais que está no universo dos tintos DOC da Wine importantes no percurso que vai escrever-se
longe e acabam de criar um vinho branco & Soul um pouco como o LBV está para o nos próximos anos.
(ainda mais) topo de gama sob a marca Guru Porto Vintage. Mas nem por isso deixa de ser
– o Guru Vinha da Calçada 2020, nascido no um vinho complexo, de categoria “premium”, WINE& SOUL
difícil ano da pandemia covid a partir de uma feito também a partir de vinha velhas, com AV.JÚLIO DE FREITAS - VALE DE MENDIZ Nº186
vinha anterior a 1932, sensivelmente com 100 presença de três dezenas de castas e um ano 5085-101 PINHÃO
anos ou talvez mais, localizada em Pombal e meio de estágio em barrica. Trata-se de um T.254 738 076
E.ENOTURISMO@WINEANDSOUL.COM

94 94 93
Guru 2022 Pintas Porto Vintage 2021 Pintas Character 2021
Douro / Branco / Wine & Soul Vinho do Porto / Fortificado / Wine & Douro / Tinto / Wine & Soul
Amarelo palha. Notas herbáceas e cítricas no Soul De vinhas velhas com três dezenas de
nariz, raspa de laranja, presença discreta e Rubi denso, rebordo violáceo. Aromas de castas e estágio de 18 meses em barrica,
sofisticada da madeira, subtis flores brancas. groselha preta, amoras, chocolate preto, apresenta-se com fruta muito fresca no
Na boca mostra textura delicada, finesse, frescura de bosque, bagas de pimenta e nariz, aromas silvestres, bosque, bergamota
elegância, camadas de sabor e persistência. alcaçuz. Boca sedosa com doçura calibrada e especiaria branca. Taninos de fino recorte,
O final é delicioso, com imensa profundidade pela acidez – a garantir frescura e equilíbrio frutos de baga, consistência no meio de
amparada por acidez vibrante. –, taninos domados e bem maduros, final boca, bela acidez, final persistente.
Consumo: 2023-2035 cheio, profundo e persistente. Consumo: 2023-2040
36,00€ / 11ºC Consumo: 2023-2065 30,00€ / 16ºC
90,00€ / 16ºC

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 75


WINE&SOUL CLUBE DE REVISTAS
Vertical Guru
94 94 94 91 95
Guru 2019 Guru 2016 Guru 2015 Guru 2013 Guru 2009
Douro / Branco / Douro / Branco / Douro / Branco / Douro / Branco / Douro / Branco /
Wine & Soul Wine & Soul Wine & Soul Wine & Soul Wine & Soul
Amarelo vivo. Perfil Amarelo com Amarelo brilhante. Amarelo-dourado a Incrível tonalidade
aromático fiel à marca tonalidade esverdeada. Nariz muito vivo e sugerir perfil oxidativo amarelo brilhante.
Guru, de pendor Perfil aromático de elegante com aromas e alguma evolução. Apesar de despontarem
mineral, discreto e mineralidade com notas de laranja sanguínea, O nariz confirma a aromas petrolados, há
elegante, com laivos de de frescura herbácea, raspa de lima, ervas suposição visual, com fruta branca no nariz e
citrino amargo (toranja, folhas de tomilho, frescas e ligeiro fumado. notas de querosene, a habitual presença de
raspa de limão), folhas toranja e suave fruta de Grande frescura fósforo e pólvora. Mas a citrinos. A boca chega a
frescas e ligeira vagem caroço. Imensa frescura de boca, sensação boca mostra firmeza e ser sumptuosa de tanta
de baunilha. Firme no cítrica na boca, incrível salina, mineralidade e agradável cremosidade, vivacidade, volume,
meio de boca, tem uma juventude, textura persistência. num conjunto amparado complexidade, acidez e
textura envolvente, sofisticada, muita Consumo: 2023-2030 por acidez de muito persistência.
acidez irrepreensível, elegância. N.D. / 11ºC bom nível. Consumo: 2023-2030
grande “finesse” e final Consumo: 2023-2035 Consumo: 2023-2025 N.D. / 11ºC
persistente. N.D. / 11ºC N.D. / 11ºC
Consumo: 2023-2040
24,80€ / 11ºC

76 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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ENTRE OS MELHORES DO MUNDO


A EXPRESSÃO DO
DOURO

PROVA GRÁTIS NA BULAS WINE HOUSE


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CAIS DAS PEDRAS, 13 - PORTO
TM: 918 540 315 WWW.BULAS.WINE
CLUBE DE REVISTAS
R E P O RTAG E M
texto Luís Costa / notas de prova Luís Costa e Manuel Moreira / fotos André Macedo

Luísa Amorim
CLUBE DE REVISTAS

A nova adega impressiona pela invulgaridade e dimensão, mas os novos vinhos topo de
gama da Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo (o projeto emblemático da família Amorim
no Douro, em Covas do Douro) não ficam nada a dever ao impacto que suscita aquele
magnífico conjunto de cubas fabricadas em Itália que Luísa Amorim imaginou – e que o
arquiteto Arnaldo Barbosa soube concretizar com mestria.

Quinta Nova de
Nossa Senhora do Carmo
A TRADIÇÃO QUE SE RENOVA
CLUBE DE REVISTAS
Q U I N T A N O VA D E N O S S A S E N H O R A D O C A R M O

Abre-se a porta da adega originalmente enorme suavidade e uma excelente matu- lugar a 5 000 garrafas. Um vinho que reflete
construída em 1764 – por onde passavam ração, menos marcada pela madeira e mais o ano que lhe deu origem, marcado por tem-
as pipas de 550 litros de vinho do Porto que fria devido à temperatura do próprio cimento. peraturas elevadas durante todo o ciclo vege-
eram transportadas em carros de bois para A versatilidade dos vasilhames utilizados e as tativo (em particular nos meses de junho,
os barcos rabelos nas margens do Douro – suas diferentes capacidades repercutem na julho e agosto) e baixa precipitação durante a
e passamos rapidamente, como num passe adega aquilo que tem sido a nossa filosofia primavera. Mas as precipitações ocorridas em
de magia, do séc. XVIII para o séc. XXI. Em na vinha: trabalhar as nossas 41 parcelas meados de agosto trouxeram a energia sufi-
toda a extensão da adega parece ver-se a de forma única, extraindo a singularidade e ciente para que a maturação evoluísse mais
reprodução dos típicos terraços durienses, o potencial que cada uma nos oferece”, diz rapidamente do que o normal, originando
mas em cimento de cor ocre, com uma estru- Luís Amorim, CEO da Quinta Nova e rosto e vinhos intensos, cristalinos e complexos.
tura ondulada que corresponde à sequência alma deste projeto da família Amorim que se Seguiu-se o Quinta Nova Vinha Centenária
emparelhada de 32 cubas e nos remete para estende ao Dão, à Quinta da Taboadella. 2020 Referência P28/P21, base de Tinta
as margens do rio Douro que serpenteiam Mas se dar a conhecer a nova adega em Roriz (75%) com vinha centenária, um tinto
as escarpas montanhosas com as vinhas cimento foi um dos pretextos para esta “press marcado por essa pequena e antiga parcela
nos socalcos, uma verdadeira escultura de trip” que a Revista de Vinhos acompanhou, de Tinta Roriz localizada a uma altitude entre
cimento inspirada na morfologia do rio e no a oportunidade serviu também para apre- os 205 e os 210 metros. A elevada concen-
traçado natural das vinhas em terraços. As sentar as mais recentes novidades vínicas da tração, densidade e profundidade deste vinho
três dezenas de cubas estruturadas em dois Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo, uma expressa bem a sua origem. E, finalmente,
patamares (com uma capacidade total de 246 propriedade imensa nos seus 120 hectares de provou-se o Quinta Nova Porto Vintage 2021
mil litros) foram pensadas para promover a extensão que está referenciada desde a pri- de que se fizeram apenas 1 500 garrafas, um
micro-oxigenação em diferentes dimensões meira demarcação pombalina, em 1756, com Vinho do Porto carregado de aromas primá-
dos vinhos da Quinta Nova e, simultanea- adega erigida em 1764, como já se referiu, e rios, com textura suculenta e imensa frescura.
mente, aportar-lhes maior frescura num con- casa senhorial oitocentista e capela de finais Refira-se que a Quinta Nova terá um novo
texto de aquecimento global. do séc. XVIII (1795). espaço até final do ano – o Winery Lounge
No mesmo edifício que alberga a “adega Dos três vinhos em destaque que justifi- – ainda em fase de acabamentos. Segundo
de cimento” existem dois lagares em granito caram este apresentação e lançamento da Luísa Amorim, CEO e mentora do pro-
que recuperam a tradição de outros tempos Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo – da jeto, “este novo espaço, de acesso restrito,
e mais acima, numa estrutura autónoma, responsabilidade enológica de Jorge Alves, está apenas disponível para os hóspedes
localiza-se o renovado centro de vinificação com viticultura de Ana Mota – provou-se ini- da chancela Relais et Châteaux e sujeito a
da Quinta Nova, dotado da mais moderna cialmente o Quinta Nova Vinha Centenária reserva antecipada. Não estará acessível aos
tecnologia, que alberga 51 cubas de inox de Referência 2020 P29/P21, lote de Touriga diversos canais online. Queremos criar uma
10 a 12 500 litros para uvas tintas e brancas Nacional (75%) e vinha centenária (25%), um experiência fora de série e acreditamos que
depois de selecionadas em três linhas de vinho fundamental na história recente desta a melhor forma de promover os vinhos do
receção (uma para brancos, uma para tintos quinta histórica e máxima expressão do seu Douro icónicos é pela palavra. Para isso sele-
e outra para rosés) equipadas com mesas de “terroir”, pois trata-se das primeiras vinhas cionamos a nossa melhor equipa para receber
seleção manual e um equipamento de última monocasta de Touriga Nacional plantadas na os amantes de vinho oriundos de diferentes
geração (Pellenc) que otimiza a seleção da Região Demarcada do Douro, hoje com 45 partes do mundo. Queremos prestar um ser-
uva, desde a grainha até à separação de bagos anos de idade, numa parcela de vinha de 1,65 viço de excelência, com copos de excelência,
secos, fazendo um esmagamento suave. hectares com exposição nascente-poente. vinhos de excelência, em diferentes formatos,
“Decidimos criar uma adega boutique, Totalmente desengaçado, estagiou 12 meses e com a oferta de provas temáticas feitas à
tradicional, mas com tecnologia de ponta. em barricas novas de carvalho francês e deu medida, dando posteriormente continuidade
Em pleno séc. XXI temos de ao nosso “wine club” com
assumir que todas as vindimas atividades e ofertas exclu-
são atípicas e que o tempo é A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, sivas para membros”.
determinante. Foi com este uma propriedade imensa nos seus 120 hectares
objetivo em mente que aumen- QUINTA NOVA DE NOSSA
tamos a capacidade em cubas, de extensão, está referenciada desde a primeira SENHORA DO CARMO
trabalhando o ponto de matu- 5085-222 COVAS DO DOURO
demarcação pombalina, em 1756, com adega
ração para não comprometer a M. 969 860 056
frescura desejada. A utilização erigida em 1764, como já se referiu, e casa T. 254 730 430 | 254 730 420
E.QUINTANOVAWINETOURISM@
de diferentes capacidades e senhorial oitocentista e capela de finais do AMORIMFAMILYESTATES.COM
de grandes formatos – como
os cimentos e os “foudres” de séc. XVIII (1795).
1200 litros – permitirão uma

80 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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Arnaldo Barbosa e Luísa Amorim


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Q U I N T A N O VA D E N O S S A S E N H O R A D O C A R M O

82 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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Equipa da Quinta Nova de Nossa Sra. do Carmo

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 83


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Q U I N T A N O VA D E N O S S A S E N H O R A D O C A R M O

No mesmo edifício que alberga a “adega de cimento”


existem dois lagares em granito que recuperam a tradição
de outros tempos e mais acima, numa estrutura autónoma,
localiza-se o renovado centro de vinificação da
Quinta Nova, dotado da mais moderna tecnologia.

94 94 92
Quinta Nova Vinha Quinta Nova Vinha Quinta Nova Porto Vintage
Centenária Referência 2020 Centenária 2020 Referência 2021
P29/P21 P28/P21 Vinho do Porto / Fortificado /
Douro / Tinto / Quinta Nova de Douro / Tinto / Quinta Nova de Quinta Nova de Nossa Senhora
Nossa Senhora do Carmo Nossa Senhora do Carmo do Carmo
Rubi violáceo. Grande intensidade Rubi denso e brilhante. Aromas Rubi impenetrável. Imensa fruta
aromática característica da Touriga quentes a fruta preta e azulada, no nariz (amoras, groselha e cereja
Nacional, com notas de amora, cacau, especiaria vermelha, grãos preta, mirtilos macerados) com
ameixa e mirtilo, flores azuis, madeira de pimenta e apontamento fresco apontamentos de geleia de marmelo,
de grande nível, bosque e pinhal. Na de gengibre. Na boca é gordo e uva passa, chocolate negro, figo seco
boca – mais robusta do que elegante concentrado, mostra-se em camadas e cravinho. Na boca surpreende pela
– mostra a estrutura monumental dos sucessivas, não esconde um lado frescura, doçura muito bem calibrada
grandes tintos do Douro, com tanino mais rústico e vegetal a meio da pela aguardente vínica, acidez firme,
musculado, acidez de bom porte, prova, mas termina muito bem, longo taninos domados e final persistente
enorme amplitude, profundidade e e profundo, com um rasto de frescura. com agradável travo salgado.
persistência. Consumo: 2023-2040 Consumo: 2023-2055
Consumo: 2025-2040 90,00€ / 16ºC 90,00€ / 16ºC
90,00€ / 16ºC

84 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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A eterna fonte da juventude

FORTIFICADOS
EXTRAORDINÁRIOS
FORTIFICADOS EXTRAORDINÁRIOS CLUBE DE REVISTAS
texto Marc Barros / notas de prova Bento Amaral, José João Santos, Luís Costa, Manuel Moreira, Marc Barros e Nuno Guedes Vaz Pires / fotos D.R.

O que dizer quando, num mesmo país, coabitam alguns dos melhores vinhos do
mundo? Neste caso, fortificados como Vinho do Porto, Vinho Madeira, Carcavelos ou
Moscatel de Setúbal, para não referir outros exemplos, dão mostras de uma nobreza
mas, ao mesmo tempo, jovialidade, que não cessam de espantar…

Ao tomarmos emprestado o título de uma feliz expressão do redator vinhos, que evoluem por oxidação em casco, com a consequente
da Revista de Vinhos, Luís Costa, reconhecemos que a prova temática concentração de açúcares e acidez, não beneficiam com a guarda em
publicada na presente edição é a demonstração cabal do poder que o garrafa (já agora, em pé, preservados longe da luz e de temperaturas
tempo pode exercer sobre vários estilos de vinho, nomeadamente os quentes). Aliás, como esclareceu Bento Amaral, é possível apurar
fortificados, ou licorosos. que “o vinho envelheceu mal na garrafa quando surgem aromas de
É consabido que Portugal, no seu exíguo território, alberga um batata”. Assim se percebe que, se a nível legislativo, os Colheita só
imenso património desta categoria de vinhos: Vinho do Porto, Vinho podem ser engarrafados depois de sete anos de estágio em casco, são
Madeira, Carcavelos, Moscatel de Setúbal, Moscatel do Douro, isto no entanto permitidos múltiplos engarrafamentos, à medida das soli-
para não referir outros exemplos, como o licoroso dos Biscoitos, na citações de mercado.
ilha Terceira, ou os vinhos licorosos do Pico, ambos nos Açores. E Questão muitas vezes referida é o local onde este envelhecimento
é por essa razão, tendo em conta a parada de estrelas que desfilou tem lugar: nos armazéns de Gaia (mais frescos, menos sujeitos a
na prova temática da Revista de Vinhos, que Bento Amaral, reconhe- amplitudes térmicas, mais húmidos) ou no Douro (mais quentes e
cido especialista na categoria, afirma o “orgulho em ser português”, secos), pelo que a taxa de evaporação será mais elevada no segundo
“do que fizeram os nossos antepassados e que as próximas gerações caso, contribuindo para ganhar alguns aromas mais concentrados e
herdaram e continuarão a cuidar”. E, como frisou Luís Costa, “é um tostados.
privilégio” poder “provar alguns dos melhores vinhos do mundo”.
No caso em apreço, falamos de Vinhos do Porto das catego- Madeira, vinhos indestrutíveis
rias White e Tawny com indicação de idade 40 Anos e superior (o
que inclui 50 Anos e Very Very Old para vinhos com mais de oito Por sua vez, os Vinhos Madeira resultam da (por vezes) violentís-
décadas), bem como Vinhos do Porto Colheita anteriores ou iguais sima oxidação, que os torna virtualmente indestrutíveis. Na categoria
a 1983, também das categorias White e Tawny. A este lote de pre- Frasqueira, ou seja, vinhos com indicação de casta e ano de colheita,
ciosidades, juntaram-se Vinhos Madeira de lote de 40 ou mais de 50 elaborados de acordo com o processo de canteiro (evolução natural
Anos, bem como Colheitas e Frasqueiras iguais ou anteriores a 1983. em casco), devem envelhecer pelo menos 20 anos de modo contínuo
Um luxo! em madeira antes de serem engarrafados e lançados no mercado.
Por razões de praticabilidade de leitura, dividamos a prova em dois: Estes são envelhecidos em cascos no mínimo dois anos, nos pisos
Vinhos do Porto de um lado, Madeira de outro. mais elevados dos armazéns (onde, em certos casos, as amplitudes
Principiemos pelos Vinhos do Porto White, ou brancos. Envelhecidos térmicas podem ascender a 10ºC no mesmo dia…) para promover a
de acordo com os mesmos preceitos dos seus congéneres Tawny, pro- oxidação e concentração dos vinhos, dada a progressiva evaporação,
curam a evolução nobre conferida pelo estágio em grandes vasilhames dita ‘quota dos anjos’. Ao longo do tempo, estes vinhos vão transfe-
de madeira, em que o tempo, a oxidação e, sobretudo, o cuidado e ridos para pisos mais baixos, tornando o processo mais lento e har-
atenção necessários no acompanhamento deste (longo) processo, monioso.
fazem ressaltar o facto de o aspeto visual destes vinhos, desde logo É este método que dará origem aos Frasqueira/Garrafeira, de uma
a cor, parecer não apresentar qualquer diferença entre White e um só casta, desde que cumpridos um mínimo de 20 anos em estágio. Já
Tawny muito velhos. Estas semelhanças, que remetem para tons alou- o Colheita refere a indicação do ano, sendo envelhecido em madeira
rados, nalguns casos mogno, por vezes com reflexos esverdeados e durante um período de, pelo menos, cinco anos. Entre as famílias do
ambarinos nos mais vetustos, mostram que o tempo contribui para a Vinho Madeira contam-se ainda os vinhos de lote sem indicação de
eventual harmonização cromática. Podemos, nos brancos, descortinar idade nem casta, com estágio mínimo de 3 anos e; com indicação de
aromas mais cítricos (óleos de citrinos, casca e fruta cristalizada) do idade, com ou sem nome da casta, podendo ser 5, 10, 15, 20, 30, 40,
que nos tawnies. 50 e mais de 50 anos.
Por sua vez, ambos, Tawny e White com indicação de idade, As castas autorizadas e mais usadas para elaboração de Vinho
resultam de lotes de vinhos com várias idades, sendo o vinho final uma Madeira são Sercial (seco ou extra seco), Verdelho (meio seco), Boal
aproximação da média dos vinhos nele lotados e com características (meio doce), Malvasia-Cândida, Malvasia-Cândida-Roxa e Malvasia
tais que permitam essa classificação pelo IVDP. Já os Colheita, Tawny (doce) e Terrantez (meio seco e meio doce).
e White, são Vinhos do Porto que igualmente pressupõem envelheci- Em comum, apresentam uma perceção de acidez bem vincada,
mento em casco mas de um único ano. Por essa razão, e tal como o capaz de destroçar o equilíbrio álcool/doçura, resultando em vinhos
que se frisou atrás quanto à cor, também nestes vinhos o tempo e o “joviais, tensos e vibrantes”, como enalteceu Luís Costa. Como nota
longo estágio, bem como os cuidados a que obriga (desde logo as reti- final desta prova, Bento Amaral sublinha que “nenhum dos vinhos
ficações e refrescamentos, mas também as passagens a limpo), podem mereceu pontuação inferior a 94 pontos”. Cabe-nos a nós, portu-
contribuir para “apagar” a identidade que a colheita (o ano climático) gueses, “dar atenção e respeitar o que temos de melhor, saber apreciar
poderia aportar ao vinho. os vinhos, muitas vezes mais valorizados pelos estrangeiros do que
Em todos estes, porém, existe um dado crucial: são vinhos feitos nós”. Nesse capítulo, Nuno Pires rematou com um apontamento final:
para, regra geral, serem consumidos após o seu engarrafamento. Ou “É necessário incrementar a valorização destes vinhos”.
seja, ao contrário do senso comum, e ao contrário dos Vintage, estes

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 87


FORTIFICADOS EXTRAORDINÁRIOS CLUBE DE REVISTAS
OS MAIS BEM PONTUADOS

100 98

Henriques & Henriques Barbeito Mãe Manuela


Bastardo 1927 Malvasia 40 Anos
Vinho Madeira / Fortificado Vinho Madeira / Fortificado
/ Henriques & Henriques / Vinhos Barbeito
Vinhos Cor cobre com orla vermelho
Bastardo. Enorme fogo. Tabaco, chocolate,
concentração e profundidade nozes. Gordo com acidez a
aromáticas, entre as notas equilibrar. Muito persistente.
balsâmicas, especiarias, verniz, Vinho surpreendente que foge
cedro e folha de tabaco. Mel. ao perfil habitual dos vinhos
Salino e iodado. Elegante, Madeira mas mostrando grande
acidez discreta no ataque, personalidade.
cresce na boca, vertical. 490,00€ / 14ºC
Especiado, vibrante, rico, tenso.
Extraordinário.
1564,00€ / 14ºC

98 98

Quinta Vale D. Maria Vasques de Carvalho


Very Old White Tawny 50 Anos
Colheita 1940 Vinho do Porto / Fortificado
Vinho do Porto / Fortificado / Vasques de Carvalho
/ Aveleda Prova de grande finesse,
Aloirado, muitos reflexos absolutamente brilhante
esverdeados. Toque de na forma como destaca as
vinagrinho, noz, pastelaria características nobres do
fina, verniz e amendoados. envelhecimento, balsâmicos,
Pressente-se o tabaco, "vinagrinho" e ranço, detalhista,
as texturas são imensas e onde sobressai a frescura que
desdobram-se de forma que conduz toda a prova, até ao
mais parece infinita. A acidez final excecionalmente longo.
equilibra os açúcares, o final Brilhante!
surge mais caramelizado e 380,00€ / 14ºC
salgado. O testemunho vivo
de uma região e de um grande
fortificado do mundo.
640,00€ / 14ºC

88 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

97 97 97 97 97 97

Andresen Andresen Blandy’s Bual Henriques & Henriques & Justino´s


Colheita 1968 Tawny Very Old 1976 Henriques Henriques Madeira Boal
Vinho do Porto / 40 Anos Vinho Madeira Terrantez 1976 Verdelho 1981 1978
Fortificado / J. H. Vinho do Porto / / Fortificado / Vinho Madeira Vinho Madeira Vinho Madeira
Andresen Sucrs Fortificado / J. H. Madeira Wine / Fortificado / / Fortificado / / Fortificado /
Concentrado, Andresen Sucrs Company Henriques & Henriques & Justino's Madeira
profundo. Aromas Cor com boa Tonalidade cobre. Henriques Vinhos Henriques Vinhos Wines
evidentes de intensidade cobre Aromas de melaço, Cor dourada aberta. Tonalidade Mogno, dourado.
vinagrinho e fruto fogo intensa. Intenso figo seco, iodo, Compota de laranja, acobreada. Exala Balsâmicos, cedro,
seco. Fruta em aromaticamente noz, gengibre, madeira com aromas terrosos imensa frescura, verniz. Acidez alta,
passa, broínha de caril, funcho, terra. exótica, mel de do envelhecimento cítrico doce, viva, nervosa. Final
mel. Volume de boca Encorpado como rosmaninho. misto em madeira e apontamento de longo, vibrante, com
monumental, termina não seria de esperar Enorme intensidade garrafa. Especiado, geleia de marmelo nota de especiaria.
longo e saboroso. para um 40 anos. cítrica. Equilíbrio caril. Funcho. Acidez e notas tropicais 650,00€ / 14ºC
240,00€ / 14ºC Final com ‘grip’. irrepreensível, luminosa, num corpo em fundo herbáceo.
130,00€ / 14ºC untuosidade untuoso. Persistência Enorme tensão de
envolvente, longa de frutos secos boca, profundo e
frescura de boca, e cítricos. linear, parece ligado
tensão, garra e final 457,00€ / 14ºC à corrente. Brilhante.
persistente. 276,00€ / 14ºC
469,00€ / 14ºC

97 97 97 97 97 97

Justino´s Pacheca Quinta das Vieira de Sousa Vista Alegre Vista Alegre
Madeira 50 Anos Carvalhas Porto Tawny Tawny 50 Anos White 50 Anos
Terrantez 1978 Vinho do Porto Colheita 1976 50 Anos Vinho do Porto Vinho do Porto
Vinho Madeira / Fortificado / Vinho do Porto / Vinho do Porto / / Fortificado / / Fortificado /
/ Fortificado / Quinta da Pacheca Fortificado / Real Fortificado / Vieira Vallegre Vinhos do Vallegre Vinhos do
Justino's Madeira Cor dourada com Companhia Velha de Sousa - Vines & Porto Porto
Wines laivos cobre. Fruta Âmbar, reflexos Wines Tom mogno, laivo Nariz de
Tom cobre, dourado. cristalizada cítrica alaranjados. Notas Coloração mogno. dourado. Aromas profundidade
Aromas de verniz, (laranja e limão), caramelizadas Aroma inebriante de madeira nobre, notável, quase
tintura de iodo; tem madeira exóticas. e tostados de de vinhos muito cedro, caixa de opulenta. Aromas de
um lado herbáceo de Verniz que ajuda ao casco, figo e velhos, desde os charuto. Café, ameixa, tâmara, figo,
folha de chá muito perfil elegante. Entra amendoados, um mais telúricos que tostados. Notas de cacau e tabaco. Na
atraente. Acidez vibrante com acidez salino a completar. evocam cogumelos, iodo e vinagrinho. boca, a combinação
crescente, tensa e e álcool. Delicado A doçura está às madeiras Belíssimo volume, de açúcar e acidez
salivante. e prolongamento sempre em primeiro exóticas, especiarias em equilíbrio atinge balanço
de frutos secos, plano mas o nervo orientais, “sotolon”, notável, com final e contraste
610,00€ / 14ºC
especiarias e pão. acresce-lhe tensão e condimentos longo, especiado, único. Notas de
385,00€ / 14ºC o final projeta-se por balsâmicos, café, de grandíssimo "vinagrinho", açúcar
diferentes camadas. cacau, caramelo prolongamento final. mascavado, amargos,
Um Colheita com salgado, até às frutas 210,00€ / 14ºC que o fazem
matéria e densidade, secas ao sol: figos e distintivo e senhorial.
garra e eletricidade, tâmaras. 190,00€ / 14ºC
qual prova 234,00€ / 14ºC
permanente de vida.
203,63€ / 14ºC

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 89


FORTIFICADOS EXTRAORDINÁRIOS CLUBE DE REVISTAS

VINHO MADEIRA
NOTA PREÇO NO ME DO VI NH O / RE GIÃO / PRODUTOR

Henriques & Henriques Bastardo 1927 / Henriques & Henriques Vinhos


100 1564,00 Enorme concentração e profundidade aromáticas, entre as notas balsâmicas, especiarias, verniz, cedro e folha de tabaco. Mel.
Salino e iodado. Elegante, acidez discreta no ataque, cresce na boca, vertical. Especiado, vibrante, rico, tenso. Extraordinário.

Barbeito Mãe Manuela Malvasia 40 anos / Vinhos Barbeito (Madeira)


98 490,00 Cor cobre com orla vermelho fogo. Tabaco, chocolate, nozes. Gordo com acidez a equilibrar. Muito persistente. Vinho
surpreendente que foge ao perfil habitual do vinho Madeira mas mostrando grande personalidade.

Blandy’s Bual 1976 / Madeira Wine Company


97 469,00 Tonalidade cobre. Aromas de melaço, figo seco, iodo, gengibre, madeira exótica, mel de rosmaninho. Enorme intensidade cítrica.
Equilíbrio irrepreensível, untuosidade envolvente, frescura de boca, tensão, garra e final persistente.

Henriques & Henriques Terrantez 1976 / Henriques & Henriques Vinhos


97 457,00 Cor dourada aberta. Compota de laranja, com aromas terrosos do envelhecimento misto em madeira e garrafa. Especiado, caril.
Funcho. Acidez luminosa, num corpo untuoso. Persistência longa de frutos secos e cítricos.

Henriques & Henriques Verdelho 1981 / Henriques & Henriques Vinhos


97 276,00 Tonalidade acobreada. Exala imensa frescura, cítrico doce, apontamento de geleia de marmelo e notas tropicais em fundo
herbáceo. Enorme tensão de boca, profundo e linear, parece ligado à corrente. Brilhante.

650,00 Justino´s Madeira Boal 1978 / Justino's Madeira Wines Boal


97 Mogno, dourado. Balsâmicos, cedro, verniz. Acidez alta, viva, nervosa. Final longo, vibrante, com nota de especiaria.

Justino´s Madeira Terrantez 1978 / Justino's Madeira Wines


97 610,00 Tom cobre, dourado. Aromas de verniz, tintura de iodo; tem um lado herbáceo de folha de chá muito atraente. Acidez crescente,
tensa e salivante.

395,00 Blandy’s Verdelho 1982 / Madeira Wine Company


96 Iodo, salino, algas. Nota de râncio. Acidez bem doseada, tensa e crescente, que domina a prova e deixa a boca salivante.

Os Vinhos Madeira resultam da (por vezes) violentíssima oxidação,


que os torna virtualmente indestrutíveis. Na categoria Frasqueira,
ou seja, vinhos com indicação de casta e ano de colheita, elaborados
de acordo com o processo de canteiro (evolução natural em casco),
devem envelhecer pelo menos 20 anos de modo contínuo em madeira
antes de serem engarrafados e lançados no mercado.

A TODOS OS VINHOS COM PONTUAÇÃO IGUAL OU SUPERIOR A 90 VALORES, A REVISTA DE VINHOS ATRIBUI A MENÇÃO ALTAMENTE RECOMENDADO.

90 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

VINHO DO PORTO
N OTA PREÇO N OME D O V INHO / RE GI ÃO / PRO DU TO R NOTA PR EÇO N OME DO V IN HO / REGIÃO / PR ODUTO R

Quinta Vale D. Maria Very Old White Dalva Colheita 1982 / C. da Silva
Colheita 1940 / Aveleda Vinhos
Aloirado, muitos reflexos esverdeados. Toque de vinagrinho, noz, Cor âmbar. Apontamentos balsâmicos de mogno, resina e cânfora,
pastelaria fina, verniz e amendoados. Pressente-se o tabaco, 96 150,00 notas de mel de urze, laranja desidratada e especiaria doce.
98 640,00
as texturas são imensas e desdobram-se de forma que mais Na boca é sedoso e envolvente, verdadeiramente sedutor, com
parece infinita. A acidez equilibra os açúcares, o final surge mais a doçura controlada por acidez notável em registo de enorme
caramelizado e salgado. O testemunho vivo de uma região e de um equilíbrio.
grande fortificado do mundo.
Messias Porto 50 anos / Sociedade
Vasques de Carvalho Tawny 50 anos / Agrícola e Comercial dos Vinhos Messias
Vasques de Carvalho 190,00 Belíssima tonalidade âmbar. O nariz remete para figo seco, mel
Prova de grande finesse, absolutamente brilhante na forma como
96 de urze, geleia de marmelo, tâmaras, amendoim torrado, cânfora
98 380,00
destaca as características nobres do envelhecimento, balsâmicos, e leve verniz. Na boca é sumptuoso e superlativo na sua frescura,
"vinagrinho" e ranço, detalhista, onde sobressai a frescura que cítrico e sedoso, profundo e cativante.
conduz toda a prova, até ao final excecionalmente longo. Brilhante!
Pacheca 40 anos / Quinta da Pacheca
Andresen Colheita 1968 / J. H. Notável laivo rubi percetível no tom mogno, acobreado. Expressão
240,00 Andresen Sucrs 215,00 aromática de grande frescura, notas balsâmicas, aromas diretos
97 Concentrado, profundo. Aromas evidentes de vinagrinho, fruto
96 de resina, laranja cristalizada, notas de bolo rei. Belíssimo volume
seco. Fruta em passa, broínha de mel. de boca, elegante e equilibrado. Fruto cristalizado, passa. Final
longo, vibrante, untuoso.
Andresen Tawny Very Old 40 anos / J.
H. Andresen Sucrs Quevedo Colheita 1976 / Vinoquel
97 130,00 Cor com boa intensidade cobre fogo intensa. Intenso Vinhos Oscar Quevedo
aromaticamente noz, caril, funcho, terra. Encorpado como não seria 159,00 Brilhante tonalidade âmbar. Complexidade aromática com
de esperar para um 40 anos. Final com grip.
96 referências de tâmara, figo seco, caju torrado, leve caramelo,
frescura balsâmica e verniz. Boca fresca e canforada, notas cítricas
Pacheca 50 anos / Quinta da Pacheca e salinas, imensa profundidade e persistência.
Cor dourada com laivos cobre. Fruto cristalizada cítrica (laranja e
97 385,00 limão), madeira exóticas. Verniz que ajuda ao perfil elegante. Entra Quevedo Porto Branco 50 anos /
vibrante com acidez e álcool. Delicado e prolongamento de frutos Vinoquel Vinhos Oscar Quevedo
secos, especiarias e pão. 275,00 Cor cobre velho com orla esverdeada. Boa profundidade de cor.
96 Noz, caril, madeira usada. Bom equilíbrio entre a acidez e açúcar
Quinta das Carvalhas Colheita 1976 / concentrados pelo longo envelhecimento. Boa persistência com
Real Companhia Velha notas especiadas.
Âmbar, reflexos alaranjados. Notas caramelizadas e tostados de
97 203,63 casco, figo e amendoados, um salino a completar. A doçura está Quinta do Noval Colheita 1976 /
sempre em primeiro plano mas o nervo acresce-lhe tensão e o final Quinta do Noval
projeta-se por diferentes camadas. Um Colheita com matéria e 96 323,00 Tom profundo e concentrado, laivo ambarino. Verniz, vinagrinho.
densidade, garra e eletricidade, qual prova permanente de vida. Elegante e direto, alguma resina. Notas de fruto seco, damasco e
tâmara. Gordo, untuoso, especiairia no aroma de boca.
Vieira de Sousa Porto Tawny 50 anos
/ Vieira de Sousa - Vines & Wines Quinta do Vallado Old Tawny 40 anos
Coloração mogno. Aroma inebriante de vinhos muito velhos, / Quinta do Vallado
234,00 desde os mais telúricos que evocam cogumelos, às madeiras 99,50 Tonalidade cobre. Nariz com enorme frescura cítrica e
97 exóticas, especiarias orientais, “sotolon”, condimentos balsâmicos,
96 apontamentos balsâmicos. Notas de laranja cristalizada, damasco
café, cacau, caramelo salgado, até às frutas secas ao sol: figos desidratado e caramelo salgado. Textura sedosa, equilíbrio perfeito
e tâmaras. Essa explosão aromática repete-se na boca, ultra entre doçura e acidez, perfil de elegância.
concentrada e dotada de uma harmonia estonteante.
Sandeman Old Tawny 40 anos /
Vista Alegre Tawny 50 anos / Vallegre, Sogrape Vinhos
Vinhos do Porto Ainda com juventude na cor e no aroma. Às notas de
Tom mogno, laivo dourado. Aromas de madeira nobre, cedro, caixa 96 149,99 envelheciemento em madeira, como verniz, tostados e especiairias
97 210,00
de charuto. Café, tostados. Notas de iodo vinagrinho. Belíssimo nobres juntam-se alguma geleia. Na prova de boca, imensa
volume, em equilíbrio notável, com final longo, especiado, de frescura, acidez muito equilibrada com o açúcar e o álcool. Final
grandíssimo prolongamento final. longo, saboroso.

Vista Alegre White 50 anos / Vallegre, Vasques de Carvalho Porto Branco 40


Vinhos do Porto Anos / Vasques de Carvalho
Nariz de profundidade notável, quase opulenta. Aromas de ameixa, 96 250,00 Dourado ambar. Fruto seco, alperce, cristalizado; madeira húmida.
97 190,00
tâmara, figo, cacau e tabaco. Na boca, a combinação de açúcar Denso, volumoso, acidez equilibrada. Final longo, saboroso,
e acidez atinge balanço e contraste único. Notas de "vinagrinho", especiado, com notas tostadas.
açúcar mascavado, amargos, que o fazem distintivo e senhorial.
Vieira de Sousa Porto Tawny 40 Anos
Amável CostaTawny 50 anos / / Vieira de Sousa - Vines & Wines
Agostinho Amável Costa 145,00 Tonalidade mogno. Complexidade aromática com notas de
Acobreado luminoso. Intenso e profundo, com aromas e sabores de 96 figo seco, nozes, iodo, açúcar mascavado, vinagrinho e resina.
96 230,00
bolo de frutas, melaço e caramelo, mas fresco e vivo com aromas Opulento, untuoso, profundo e intenso, ganha equilíbrio graças a
de citrinos cristalizados e de salmoura. Termina longo, complexo acidez brilhante. Um Tawny fiel às suas raízes durienses.
e efusivo!

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 91


FORTIFICADOS EXTRAORDINÁRIOS CLUBE DE REVISTAS
N OTA PREÇO N OME D O V INHO / RE GI ÃO / PRO DU TO R NOTA PR EÇO N OME DO V IN HO / REGIÃO / PR ODUTO R

Vista Alegre Colheita 1975 / Vallegre, Quevedo Porto Tawny 40 anos /


Vinhos do Porto Vinoquel - Vinhos Oscar Quevedo
96 190,00 Concentrado, mogno de laivo dourado. Aromas de estágio, verniz, Aloirado, reflexos esverdeados. Notas de fumo, amêndoa,
95 124,00
resina. Fruto seco, café, râncio. Acidez em evidência, a fazer bom especiaria, tabaco e ligeiro vinagrinho. Tem densidade e texturas,
contraste com a gordura de boca. persistência e caráter, final prolongadissimo, de matriz salgada.
Um vinho que parece fixar memórias pelas paredes do copo.
Andresen Colheita 1980 / J. H.
Andresen Sucrs Quinta das Carvalhas Tawny 40 anos /
120,00 Dourado, mogno. Aromas tostados de café, fruta cristalizada, Real Companhia Velha
95 algum caramelo. Geleia, flores secas. Na boca é gordo, untuoso, Mogno, reflexos âmbar. O nariz prenuncia leite creme, pastelaria
belíssimo equilíbrio entre álcool, acidez e acúcar. Especiarias 95 177,33 fina, caixa de charuto e floresta. Equilibrado entre açúcares
nobres no aroma de boca, fruta cristalizada, figo. e acidez, revela bom volume e um muito apreciável leque de
texturas caramelizadas. O final é duradouro e glicerino, a mostrar a
Barros Colheita 1974 / Sogevinus Fine vantagem do lote e do tempo.
Wines
95 108,00 Cor dourada aberta. Padaria, laranja cristalizada, especiarias Quinta do Vallado Old Tawny 50 anos
doces. Delicado na boca, vibrante com persistência de aromas de / Quinta do Vallado
nozes. O nariz surge especialmente elegante com sinais evidentes de
185,00 raspas de laranja cristalizada, muito café, tostados, cravinho,
Boeira Tawny 50 Anos / Quinta da 95 iodo e um toque muito discreto de vinagrinho. Impressionante
Boeira - Arte e Cultura no volume e sem cerimónia, na complexidade e potência. Amplo,
Âmbar, reflexos ainda rubi no centro do copo e esverdeados no tremendamente fresco, vigoroso, termina muito mais viçoso e
95 300,00 rebordo. Nariz de noz e pastelaria fina, toque abaunilhado, algum luxuriante do que a idade poderia fazer adivinhar. Enorme!
vegetal seco e um ligeiro vinagrinho. Alia doçura e nervo, mostra
equilíbrio no volume, finaliza com elegância e texturas muito bem Taylor´s Golden Age 50 anos / Quinta
definidas. Senhor de evolução nobre. and Vineyard Bottlers
Aloirado, rebordo esverdeado. Notas de bastante torrefação,
Churchill's Tawny Port 40 anos / 95 250,00 cacau e grão de café, caramelo. Voluptuoso, quente, especiado,
Churchill's Graham de texturas múltiplas até ao final. O perfil é mais rústico que todos
Lindíssima cor mogno/âmbar. Enorme complexidade aromática, os anteriores, mais exacerbado em múltiplos aspetos. Suscita
220,00 entre as notas de cera, leve verniz, frutos secos, caixa de charuto, reflexão.
95 uma paleta rica e sedutora, sem perder a noção de frescura do
conjunto. Na boca é cheio, profundo, especiado, noz moscada e Andresen Old White 40 anos / J. H.
fruto seco. Fim de boca prolongado, com algum tanino, untuoso e Andresen Sucrs
complexo. 115,00 Tonalidade ambar. Aromas de casca de laranja cristalizada, geleia
94 de marmelo, leve caramelo e frescura picante de gengibre. Na boca
Dalva 40 anos / C. da Silva Vinhos é brilhante, com enorme equilíbrio entre acidez, açúcar e álcool.
140,00 Dourado, mogno. Geleia, ténue verniz, cola de sapateiro. Tostados, Textura glicerinada com enorme frescura e persitência.
95 praliné. Fruto seco, noz. Volume de boca monumental, acidez alta,
vibrante, a domar o açúcar e o álcool. Barão de Vilar 50 Year Old Tawny 50
anos / Barão de Vilar
Foz do Tua Tawny 40 anos / Foz do Tua Tonalidade mogno. Aromas de nozes, figo seco, mel de urze e iodo
Belíssima expressão olfativa, impressões de madeiras exóticas, 145,00 com notas fumadas, resina e torrefação. Amplo, concentrado e
praliné de amêndoa, pasta de pistache, mel de urze e caramelo 94 envolvente na sua doçura, mostra agradável vinagrinho e acidez
95 125,00
com manteiga. Frutos secos, cera de abelha, adega velha, tudo que modera o ímpeto do “Douro bake” – tão característico dos
com imensa concentração, mas sem jamais pesar. Bomba esférica Tawny envelhecidos no Douro – dando frescura e salinidade ao fim
de sabor, que explode no final de boca. Um assombro! de boca.
Foz do Tua White 40 anos / Foz do Tua Messias Porto + 40 anos / Sociedade
Âmbar intenso. Aromas riquíssimos de laranjas em compota e doce 130,00 Agrícola e Comercial dos Vinhos Messias
de manga, amêndoas tostadas, madeiras exóticas velhas. Fruta, 94 Cobre, dourado. Mel, geleia, figos secos. Verniz. Belíssima frescura
95 180,00
álcool, muita doçura, frescura e sapidez. O final é longo e complexo, no aroma de boca, a acidez bem vincada, em fundo especiado.
de laranja, especiarias como o cardamomo, e madeiras aromáticas
como o sândalo. Quinta da Devesa Porto Branco 50
anos / Sociedade Agrícola da Quinta da
Kopke Colheita 1983 / Sogevinus Fine Devesa
Wines 94 180,00 Tom mogno, laivo ambarino. Perfil aromático nobre e rico,
95 120,00 Apesar da cor mogno dourada, preserva ainda ainda um ténue vinagrinho, cola, balsâmicos, fruto cristalizado. Flores secas.
laivo rubi. Verniz, vinagrinho, caramelo, toffee. Álcool levemente Untuoso e voluptuoso na prova de boca, acidez viva. Especiarias
caústico, mas bem integrado na estrutura e na acidez viva. nobres. Persistente, com fruta cristalizada a alongar o final.
Martha’s Tawny + 40 anos / Martha's Costa Boal Porto Tawny 50 Anos /
Wines & Spirits Costa Boal Family Estates
189,00 Cor aberta cobre fogo. Aromas intensos mas elegantes. Para além Mogno, reflexos esverdeados. Notas de menta, chocolate,
95 dos clássicos aromas frutos secos e especiarias , surgem notas de 93 195,00
balsâmicos e folhagem seca. Untuoso, expõe torrados e café. Os
panificação, terra húmida. Na boca também é notória a elegância. açúcares e a aguardente estão integrados pelo tempo, o final deixa
Persistência longa e delicada. lastro que perdura por alguns minutos. O perfil global é rústico.
Portal 40 anos / Quinta do Portal
126,00 Cor dourada com orla acobreada / esverdeada. Madeiras exóticas,
95 noz, canela , pungência que equilibra a doçura dos outros aromas.
Ataque redondo, boca gorda e prolongada.

92 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
UMA VISÃO
MAIS FRESCA
SOBRE O DOURO
As uvas do Assobio crescem ao ritmo da natureza nas encostas mais elevadas do Douro,
orientadas a norte. Este cenário reflecte-se na frescura e elegância do Assobio.

SEJA RESPONSÁVEL. BEBA COM MODERAÇÃO.

O DOURO A 50 METROS DE ALTITUDE


PARA VER COMO FORAM FEITAS ESTAS IMAGENS,
VISITE WWW.ESPORÃO .COM
CLUBE DE REVISTAS
R E P O RTAG E M
texto Rafael Tonon / fotos D.R.
CLUBE DE REVISTAS

“ÓSCARES DOS VINHOS” QUEREM TRANSFORMAR


O SETOR COM LUXO E FILANTROPIA

Evento tornou-se uma referência no seu curto período de vida. Além da


gala, há provas técnicas, almoços e eventos alternativos para dar a conhecer
produtores e falar sobre vinho.
GOLDEN VINESCLUBE DE REVISTAS

Os Golden Vines conquistaram preeminência ao reunir


cerca de 1.000 profissionais de vinhos premium de
120 países para escolher os vencedores, incluindo 27
Masters of Wines, 22 Master Sommeliers, mais de 180
enólogos, comerciantes de vinhos e sommeliers à frente de
restaurantes com estrelas Michelin, com uma experiência
média de 15 anos na indústria.

Durante três dias, o evento Golden Vines viu rodar vinhos e sommeliers à frente de restaurantes com
mais de 3,5 milhões de euros em vinhos servidos para estrelas Michelin, com uma experiência média de 15
um grupo seleto de não mais de 300 pessoas: Liber anos na indústria. Na era dos chefes celebridades, o
Pater, Château D’Yquem, Dom Pérignon Plénitude 2, evento também soube galgar visibilidade neste sen-
Sassicaia e muitos outros rótulos icónicos encheram tido: este ano, o jantar de gala, realizado no mítico
os copos dos convidados escolhidos a dedo. A sur- Opera Garnier, em Paris, contou com o chefe vivo
preendente seleção diz muito sobre o Golden Vines, com mais estrelas Michelin no mundo, o francês
um dos mais importantes prémios dos setores pre- Alain Ducasse, e o duplamente estrelado chefe fran-
mium de vinhos e destilados do mundo que, não co-argelino Akrame Benellal.
por acaso, passou a ser chamada de “Óscares dos “É um evento que junta, num programa de topo e
vinhos”. sempre em locais emblemáticos, pessoas relevantes
A primeira edição ocorreu em 2021 e, dois anos do mundo do vinho e gastronomia, oferecendo aos
depois, o evento ganhou consolidação entre profis- seus participantes o acesso a experiências únicas”,
sionais do segmento, ao premiar os melhores pro- diz Fernando Guedes, presidente da Sogrape, que
dutores de vinhos do mundo. Neste ano, como nos esteve em Paris entre os dias 13 e 15 de outubro
anteriores, três dos grandes vencedores repetiram para entregar o prémio de inovação. Para ele, é a
pela terceira vez consecutiva o feito: Domaine de la combinação ideal entre o acesso a grandes vinhos —
Romanée Conti (eleito como World's Best Producer muitos deles verdadeiros ícones mundiais —, menus
Award), a californiana Ridge Vineyards (Melhor preparados por grandes chefes internacionais e o
Produtor de Vinhos de Topo das Américas) e a aus- contacto com alguns dos maiores ‘key stakeholders’
traliana Penfolds (Melhor Produtor de Vinhos de do mundo do vinho.
Topo do Resto do Mundo). Lewis Chester, um dos criadores do Golden Vines
Já o galardão de Melhor Produtor de Vinhos de Awards, acredita que o evento tornou-se uma refe-
Topo da Europa foi para a alemã Weingut Egon rência no seu curto período de vida por ser “autên-
Müller e o Melhor Produtor em Ascensão do Mundo tico, divertido e acessível, mesmo que não seja um
foi a sul-africana The Sadie Family Wines. O pro- ‘geek’ ou especialista em vinhos”, como diz. Além da
dutor Emídio Pepe, da Itália, foi reconhecido pelo gala, há provas técnicas, almoços e eventos alterna-
prémio Sustentabilidade 2023 e o Departamento tivos para dar a conhecer produtores e falar sobre
de Viticultura e Enologia Universidade de Davis, na vinho, claro. “Naturalmente, o facto de o nível do
Califórnia, foi reconhecido com o Prémio Golden evento ser tão elevado, com os melhores chefes, os
Vines de Inovação deste ano, patrocinado pela Casa melhores vinhos, os melhores espaços, a melhor
Ferreirinha. animação e os melhores enólogos, ajuda muito”,
Aos poucos, os Golden Vines conquistaram pree- ri, ele que também é um dos fundadores da Liquid
minência ao reunir cerca de 1.000 profissionais de Icons, empresa de pesquisa e produção de conteúdo
vinhos premium de 120 países para escolher os ven- de vinhos premium fundada com o amigo Gérard
cedores, incluindo 27 Masters of Wines, 22 Master Basset, já falecido, e com a participação de Sasha
Sommeliers, mais de 180 enólogos, comerciantes de Lushnikov.

96 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

Fernando Guedes entrega Prémio Inovação

Nina e Romané Basset com Lewis Chester Amrita Singh, Eduardo Bolanos e Sachindri Rana
CLUBE DE REVISTAS

Alain Ducasse, Joan Roca e Akrame Benellal Romané e Nina Basset

Amrita Singh, Adrian Bridge, Sachindri Rana, Jancis Robinson


Eduardo Bolanos e Natasha Bridge
GOLDEN VINESCLUBE DE REVISTAS

O alto nível é percetível em todos os detalhes: antigos no Yeatman, e uma estadia no The Vintage
o troféu desenhado pela artista visual britânica House Hotel, com visitas a vinhas e jantar incluídos),
Shantell Martin e elaborado pela empresa portu- outras cinco empresas de vinhos portugueses asso-
guesa Amorim Cork tem intervenção do artista ciaram-se este ano ao evento, como a Howard's
francês Jonathan Bréchignac e entregue num baú Folly e a Symington Family Estates. Juntas, contri-
de pele especialmente criado e produzido pela casa buíram com mais de 30.000 euros para a causa da
italiana Gucci, uma das patrocinadoras dos Golden Fundação Gérard Basset. Nos leilões, um deles pro-
Vines. As galas também ocorrem em espaços repre- movido pela icónica casa Sotheby's, alguns vinhos
sentativos das cidades em que se desenrolam, como chegaram a arrecadar mais de 30 mil euros, como o
palacetes italianos e grandes teatros franceses. No caso de uma garrafa de Liber Pater.
próximo ano, em Madrid, a cerimónia será realizada Para os próximos anos, Lewis Chester diz que o
no imponente e emblemático Palácio de Cibeles. objetivo é que os Golden Vines possam consolidar-se
Para além do glamour, os galardões também ainda como um evento que quer ajudar a criar um
contam com uma atuação filantrópica que é uma novo futuro para a indústria do vinho. Mas rejeita
das marcas dos Golden Vines. Através da Fundação a ideia de que o evento possa crescer. “Os Golden
Gérard Basset, criada por Lewis e familiares do res- Vines Awards nunca serão para mais de 300 pes-
peitado Master of Wine, Master Sommelier e Melhor soas. Os grandes vinhos com os quais contamos são
Sommelier do Mundo (2010) depois de sua morte, doados, a comida com chefes três estrelas Michelin
são distribuídas bolsas de estudo para estudantes não pode ser servida a muita gente e acho que todos
dos programas Master of Wine e Master Sommelier gostam da intimidade do evento, incluindo as mas-
oriundos de minorias étnicas. Com o objetivo de terclasses mais pequenas, almoços e experiências
promover diversidade e inclusão na indústria vitivi- que normalmente não têm mais de 20 convidados
nícola, a Fundação conta com o apoio de alguns dos cada”, diz, sobre o caráter de exclusividade.
maiores produtores do mundo. A Taylor’s financia O que Chester espera é poder organizar eventos
três destas, num valor médio de 60 mil euros por mais pequenos ao longo do ano com parceiros em
aluno, para que possam financiar os seus estudos. distintas localizações (entre Mónaco e Macau, por
Além das bolsas, os Golden Vines realizam alguns exemplo), trazendo vinhos e bebidas espirituosas,
leilões de experiências e vinhos doados pelos produ- enólogos e destiladores de classe mundial. “É um
tores e outros parceiros da premiação para ajudar a evento para reunir os amigos, desfrutar e reconhecer
angariar dinheiro para a causa de promover a diver- os melhores dos melhores no nosso segmento”, diz.
sidade na indústria. Além da Sogrape (que participou “Mas esperamos que toda a atenção e apoio que
com um lote composto por três garrafas magnum recebemos possam nos ajudar a criar novas oportu-
de Barca-Velha 2011 e uma experiência no Porto e nidades para profissionais nessa área e fazer desta
no Douro) e da Taylor’s (com uma experiência de uma indústria mais diversa”, conclui.
três dias "Ultimate Port", que reúne prova de vinhos

Para Fernando Guedes, da Sogrape, o evento é a combinação


ideal entre o acesso a grandes vinhos — muitos deles
verdadeiros ícones mundiais —, menus preparados por
grandes chefes internacionais e o contacto com alguns dos
maiores ‘key stakeholders’ do mundo do vinho.

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 99


CLUBE DE REVISTAS
GOLDEN VINES

O alto nível é percetível em todos os detalhes: o troféu desenhado


pela artista visual britânica Shantell Martin e elaborado pela
empresa portuguesa Amorim Cork tem intervenção do artista
francês Jonathan Bréchignac e entregue num baú de pele
especialmente criado e produzido pela casa italiana Gucci.

Ronan e Storm Keating


CLUBE DE REVISTAS

Vinhos com Histórias e Memórias

Caves Velhas partilha todo o seu legado no tempo e autenticidade,


dando vida ao que de melhor faz em cada terroir.
Dia 26 de outubro, é lançada a nova gama Caves Velhas Garrafeira:
TINTO IG LISBOA 2018 | ARINTO DOC BUCELAS 2018 | TINTO DOC DÃO 2018
Para ver e ouvir CLUBE DE REVISTAS
R E P O RTAG E M
texto e notas de prova Alexandre Lalas e Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Ricardo Garrido

Com ligação a Champagne pelo menos desde o século XVII, o nome


Blin haveria de tornar-se famoso em causa própria depois do final da
Segunda Guerra Mundial. Em simultâneo, é o porta-estandarte da
casta Meunier, variedade em pleno ressurgimento.
CLUBE DE REVISTAS

O REINO ENCANTADO DA MEUNIER


H.BLIN CLUBE DE REVISTAS

A H. Blin engloba 115 viticultores que controlam


um total de 110 hectares de vinha, boa parte delas
cultivadas em agricultura orgânica. A produção
anual beira as 500 mil garrafas. A estrela da
companhia é a Meunier, cuja plantação cobre
cerca de 70% dos vinhedos.

O nome Blin está ligado à região de Champagne orgulhosamente como a casa que detém a maior plan-
desde o século XVII, quando Jacques Blin, nascido em tação da casta em Champagne - e, por consequência,
1636, fixou raízes em Vincelles, um charmoso vilarejo do planeta.
antigo localizado na rota turística do Vale do Marne.
No entanto, a marca H. Blin surgiu bem mais tarde. Mudança de jogo
Mais precisamente, no pós-Segunda Guerra Mundial.
Naquela altura, com a Europa arrasada, o negócio Não por acaso, as duas ‘cuvée prestige’ da casa
do vinho colapsou. Com o mercado em retração, os (Blanc de Noirs Millésime Single Vineyard e Rosé de
negociantes avisaram que não teriam como comprar Saignée Millésime Single Vineyard) são elaboradas
as uvas dos viticultores. Foi então que Henri Blin exclusivamente com Meunier. No entanto, tanto o
juntou um total de 29 pequenos produtores de uvas carro-chefe da H. Blin como o champanhe vintage são
para darem início, eles próprios, à produção de cham- blends. O Brut Tradition é um lote de Meunier (70%),
panhe. O ano era 1947. Nascia a H. Blin. com Chardonnay (20%) e Pinot Noir (10%).
Hoje, a H. Blin engloba 115 viticultores que con- Já o Vintage em geral é feito com metade Meunier
trolam um total de 110 hectares de vinha, boa parte e metade Chardonnay. A ideia é agregar a elegância, a
delas cultivadas em agricultura biológica. A produção crocância e um leve toque cítrico que a Chardonnay
anual beira as 500 mil garrafas. A estrela da compa- oferece nesta zona com a já comentada fruta presente
nhia é a variedade Pinot Meunier [N.D.E. A casta é e maciez oriunda da Meunier. A casa ainda produz
hoje oficialmente designada apenas como Meunier, um Brut Rosé, um Blanc de Blancs, um Blanc de Noirs,
pois a relação genética com a família Pinot foi recen- além de recentemente ter lançado uma linha orgânica
temente posta em causa], cuja implantação cobre com um Blanc de Blancs Bio (100% Chardonnay) e
cerca de 70% das vinhas. O restante é plantado com um Blanc de Noirs Bio (50% Meunier, 50% Pinot
Chardonnay (16%) e Pinot Noir (14%). Há ainda uma Noir).
micro parcela plantada com Petit Meslier, uma varie- De menos festejada da trindade das castas clássicas
dade ancestral da região. A empresa é controlada por de Champagne, a Meunier tem conseguido virar o
Simon Blin, a 12ª geração da família. E quem garante jogo nos últimos tempos. Passando de variedade pra-
a qualidade dos vinhos é o mestre da adega Sébastien ticamente desconhecida do público em geral, sempre
Barbier. sombreada pela Chardonnay e pela Pinot Noir, aos
As vinhas estão assentes em solos basicamente poucos a Meunier vem-se afirmando como casta da
argilo-calcários, com boa presença de giz e exposição moda na região.
sul-sudeste. A região é cortada pelo rio Marne, que Uma das razões é a característica mais frutada que
garante um microclima bem particular. O clima é proporciona aos champanhes que a têm como base.
frio e húmido, com temperaturas que chegam habi- Para quem gosta de diversidade, esta ascensão da
tualmente aos graus negativos no inverno. Não é Meunier é mais um bom motivo para abrir uma gar-
incomum que os termómetros marquem −10ºC nos rafa de champanhe (de preferência feito 100% com
meses mais gelados, fazendo de Vincelles uma das a casta) e festejar! Afinal, como bem disse Napoleão
mais frias zonas de Champagne. Bonaparte, “Champanhe! Na vitória merecemo-lo, na
E é precisamente esta combinação entre frio e derrota precisamos dele”.
humidade que permite à casta oferecer o que tem de
melhor: champanhes frutados, macios, com algum H. BLIN
corpo e aromas carregados de frutas brancas, com 5, RUE DE VERDUN
toque de nozes e de mel. A variedade é o grande 51700 VINCELLES, FRANÇA
diferencial da casa. Com os 98 hectares plan- T.33 3 26 58 20 04
tados de Meunier que a H. Blin possui, coloca-se E.CONTACT@CHAMPAGNE-BLIN.COM

104 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
H.BLINCLUBE DE REVISTAS

Com os 98 hectares plantados de Meunier


que a H. Blin possui, a casa coloca-se
orgulhosamente como a que detém a maior
plantação da casta em Champagne - e, por
consequência, do planeta.

94 92 90 89 88
H. Blin Vintage 2015 H. Blin Blanc de Noirs H. Blin Brut H. Blin Blanc H. Blin Brut Rosé NV
Champagne / Espumante
Millésime 2012 Tradition NV de Blancs NV Champagne / Espumante
/ H. Blin Champagne / Espumante Champagne / Espumante Champagne / Espumante / H. Blin
Envelhecimento de oito / H. Blin / H. Blin / H. Blin Envelhecimento mínimo
anos; 7g./l. de açúcar. Lote Oito anos de Envelhecimento mínimo de Envelhecimento mínimo de de 24 meses; 7g./l. de
de 50% Meunier e 50% envelhecimento mínimo. A 24 meses; 7g./l. de açúcar. 24 meses; 7g./l. de açúcar. açúcar. 60% Pinot Noir, 20%
Chardonnay. O nariz é rico dosagem é de 2,5 g./l. de No nariz, a fruta domina, 100% Chardonnay, nariz Chardonnay, 10% Meunier
e profundo, com notas de açúcar, o que faz deste um com aromas de peras e com notas bem marcadas e outros 10% de uvas tintas
marmelo, peras cozidas extra-brut. O nariz abre com damasco. Um leve toque de abacaxi em calda. Na da AOC Champagne.
e mel, aliados a notas de bastante fruta, em especial de maçã verde no fundo boca, tem algum nervo, um No nariz, muito morango
limão siciliano em conserva nêsperas, melão amarelo chama a atenção. Na boca, lado cítrico bem marcado e e framboesa. Na boca,
e um toque de pão tostado. e pêssegos em calda, com mantém o caráter frutado, final de médio a longo, com mantém o perfil do nariz,
Na boca, tem mousse fundo de padaria. Na boca, com uma acidez bem leve sensação de giz. com uma acidez mais
cremosa, é crocante, tem mousse cremosa, trabalhada. Fim de boca cortante. Falta-lhe um
Consumo: 2023-2025
profundo e amplo. Termina ataque com notas de frutas com leve sensação de giz. pouco de profundidade e
34,40€* / 8ºC
bem, com final longo e mais em compota. Tem um final mais marcante.
Consumo: 2023-2025
notas de frutas secas. uma acidez média, mas Consumo: 2023-2025
25,00€* / 8ºC
Consumo: 2023-2025 suficiente para equilibrar o 27,48€* / 8ºC
33,37€* / 8ºC conjunto. Final longo.
Consumo: 2023-2025
45,10€*/ 8ºC *Os preços apresentados resultam da consulta em vários pontos de venda online.

106 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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DOURO - PORTUGAL
WWW.QUINTADONOVAL.COM
SEJA RESPONSÁVEL. BEBA COM MODERAÇÃO.
Para ver e ouvir PRODUTO CLUBE DE REVISTAS
texto Fátima Iken / fotos Ricardo Garrido
CLUBE DE REVISTAS

Quem não se perde por um bom queijo, untuoso, com aroma lácteo de manteiga
fresca e textura cremosa? Salino, ácido ou doce, por vezes picante, com notas
de frutos secos e até de fruta, o queijo de vaca é um imenso desafio no prato,
sobretudo depois de envelhecer. Cheiramos, saboreamos, sentimos a sua textura
na boca e só nos apetece continuar. Como todos os desejos, acaba em prazer.
Em Famalicão, a magia acontece por mãos femininas.

Convém não abusar, mas a panóplia que cultivar alimentos que contenham elevado iria ter o mesmo sabor prolongado e a textura
Portugal possui de queijos singulares ilustra valor nutricional”. “Através de técnicas e cri- suave e cremosa que caracteriza o nosso pro-
bem como somos apreciadores. Se o terroir térios rigorosos de produção, cultivamos na duto”. O processo de fabrico diário é rápido
é essencial para o sabor, odor e cor do vinho, nossa propriedade milho e azevém. A dieta dos para manter a qualidade do leite, pelo que em
no queijo passa-se algo de muito semelhante. nossos animais é formulada especificamente quatro horas está o ciclo fechado.
As caraterísticas ambientais são essenciais na para obter um leite que reúna as propriedades Cada queijo possui cerca de dez litros de
produção de leite. O tipo de animal, os pastos, mais adequadas para o fabrico de um queijo leite e, diariamente, são produzidos cerca de
a presença de determinados bolores e bac- de excelência. A qualidade do leite - principal mil e trezentos litros. Em cada cuba produzem
térias, tudo contribui logo para o sabor, tex- matéria-prima do queijo - é o fator que mais 70 queijos, o que dá uma média diária de 140
tura e aroma de um queijo que se pode tornar influência o produto final”, sublinha. queijos, já que repetem o procedimento. Uma
numa verdadeira obra de arte. Em Ribeirão São vários os tipos de queijo aqui produ- produção que resulta em 35 toneladas de
(Famalicão), descobrimos um queijo artesanal zidos, do amanteigado ao curado com três, seis queijo por ano.
com sapidez e uma caraterística que nos levou e nove meses e ainda o queijo com cachaço Contudo, falamos de um trabalho artesanal,
a aprová-lo. fumado, resultado da colaboração de um pro- pelo que cada queijo é único. “Fazer queijo
Os produtores da matéria-prima são, igual- dutor local, bem como um queijo picante (com artesanal não é difícil, mas fazer todos os lotes
mente, criadores das vacas frísias, o que lhes malagueta). iguais é impossível. Dentro dessa impossibi-
permite ter, a priori, controlo absoluto no que lidade trabalhamos todos os dias para que as
estão a fazer, a começar pela alimentação do Leite inteiro não alterado diferenças entre lotes de queijo sejam imper-
gado. De facto, tudo começa na forragem, ceptíveis, sempre mantendo os padrões de
um dos vetores fundamentais para conseguir Estamos agora na fase da coalhada (ou qualidade e fabrico tradicional”.
este queijo de excelência que, ainda por cima, coagulação) e mergulhamos numa nuvem de O queijo é um alimento muito completo, rico
quanto mais envelhece mais felizes nos deixa e um aroma lácteo, reconfortante. A outra irmã, em vitaminas - vitamina A, niacina, vitamina
a SenrasDairy não brinca em serviço. Elisabete, antiga professora de Educação B12, cálcio, fósforo e zinco e é dez vezes mais
Um dos principais ingredientes que formatam Física, já se encontra na queijaria a fazer o concentrado que um copo de leite. Uma fatia
o sabor deste leite e queijo é uma alimentação desassoramento, retirando o soro do leite e (20 g.) é igual a um copo de leite (2 dl.) e natu-
caracterizada por milho, azevém e, até recente- espremendo manualmente uma nuvem fofa de ralmente sem lactose. Pode até substituir uma
mente, luzerna. O azevém é uma gramínea com massa de queijo fresco e branco que aprovei- proteína como o peixe ou a carne. O seu prin-
alta taxa nutricional, indicada para as vacas tamos para provar. O leite havia sido já pasteu- cipal problema é a gordura e o sal, mas neste
leiteiras, e a luzerna cultura forrageira ou alfafa rizado a 60º, durante duas horas, para eliminar caso o sal é residual.
é um legume de folhagem perene. Através de bactérias. Para obter um queijo de leite de vaca com
técnicas e critérios rigorosos de produção, a As duas irmãs cresceram a observar estes nível qualitativo, o sabor e a textura dependem
empresa cultiva na sua propriedade as for- procedimentos e assumem que gostam mesmo de variados critérios, a começar pela espécie
ragens que representam mais de 70% da ali- do que fazem. “Ordenhamos duas vezes por de vaca, da sua alimentação e do tipo de repro-
mentação dos animais. “O primeiro desafio dia, de manhã e final do dia e não retiramos a dução, isto sem esquecer o tipo de tratamento
para fazer o melhor queijo está no cultivo dos gordura nem adicionamos proteína, trata-se de térmico, bem como o processo de maturação
alimentos para os nossos animais. Desde a leite inteiro”. Leite inteiro é leite que não é alte- do queijo.
escolha das sementes à forma de conservar rado. As percentagens de gordura e proteína
as colheitas, nada é deixado ao acaso. O nosso rondam os 3,7% e 3,3%, respetivamente, mas A potencial complexidade da cura
objetivo é conseguir disponibilizar alimentos estes valores não são constantes, dependem
com todos os nutrientes necessários para uma de vários fatores como a alimentação, genética A cura ou afinamento do queijo é feita em
produção de leite adequada às necessidades e e estado da lactação das vacas. câmaras com temperatura e humidade con-
à exigência dos nossos produtos”, conta Marta Aqui não existe manipulação da matéria- troladas. A utilização de estantes de madeira
Moreira dos Santos, zootécnica, uma das irmãs -prima. ”Uma forma mais rápida de obter mais permite criar um microclima com um leque
hoje à frente da empresa familiar, que existe rendimento em queijo e obter os lotes de queijo extensivo de culturas que ajudam no desenvol-
desde 1983. mais similares é fazer o acerto entre gordura/ vimento do sabor.
Sendo a agricultura uma atividade complexa, proteína acrescentando proteína (na forma Estamos agora numa delas, a 8º, e apesar do
residindo nos múltiplos fatores que influen- de caseína) e/ou retirar gordura do leite. Não verão lá fora, aqui dentro tirita-se. O cheiro a
ciam o resultado final pretendido, o “foco é o fazemos porque sabemos que o queijo não queijo maturado atiça os sentidos, enquanto

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 109


PRODUTOCLUBE DE REVISTAS

adormecem envoltos em fitas de algodão, assim, ser chamados de “cristais da felici- Da Suíça, o Gruyère e Emmental, da Itália,
como num imenso berçário. “Os amanteigados dade”. Um valor acrescido, sobretudo quando o Gorgonzola, o Provolone ou o Parmiggiano,
vão a curar um mês. Depois são escovados e falamos de cura. Quanto mais novo o queijo, da Inglaterra o stilton, o cheddar ou o cottage,
lavados. A atividade enzimática e microbiana mais suave e mais ácido. Com a cura, a acidez da Holanda o Edam ou Gouda, de Espanha o
faz o seu trabalho depois no envelhecimento, vai diminuindo e o “flavour” (aroma e sabor) Manchego ou o galegoTetilla.
consoante se trate de três, seis ou nove meses intensificando. Entre nós, o grande preferido é mesmo o
de cura”, conta Marta. queijo de leite de vaca. Embora haja cresci-
O envelhecimento afina-os e ganham em Os encantos do queijo de vaca mento na produção e consumo de queijo com
complexidade. Tornam-se enrugados ao leite de vaca, nas outras categorias, está-se
perder água e peso, concentrando sabor e O queijo foi inventado mesmo antes do pão a descer, devido à falta de matéria-prima,
aroma. As caraterísticas organoléticas do e do vinho, já no Neolítico. Muito provavel- de que padecemos, sendo, muitas vezes, os
queijo e de formato são marcantes. Da próxima mente os habitantes do Médio Oriente fabri- produtores obrigados a recorrer ao mercado
vez que comer queijo aprecie a sua forma, cavam já uma série de queijos frescos (docu- espanhol.
crosta, cor, textura, antes de o saborear. O mentos sumérios datados de 3000 a.C. assim Fique, já agora, a saber que comer queijo
aroma forte e o sabor levemente picante, que o atestam). A Europa tornou-se, contudo, no antes de dormir pode trazer alguns benefícios.
se acentua com o envelhecimento, são parti- continente onde o fabrico do queijo se desen- As proteínas do soro de leite são capazes de
cularmente interessantes (ver caixa). volve de forma particular, sobretudo devido fazer produzir a serotonina e melatonina. E
Para a avaliação organolética de um queijo, ao clima mais frio, que preserva os produtos não é um mito que o queijo contribua para o
é necessário apreciar várias vertentes, nomea- lácticos mais facilmente. É um produto que esquecimento, pelo contrário. Pela presença
damente a textura na mão e o aspeto exterior pela durabilidade e conservação em seco se generosa de cálcio e fósforo faz muito bem
(formato, bordos, faces e crosta), o aspeto ao torna interessante. Sobretudo se se jogar com aos nossos neurónios, até como estimulante.
corte (cor da pasta, olhos, uniformidade,), o os tempos de maturação e envelhecimento. Com pão, com tostas, mel ou frutos secos,
odor, a textura na boca (maciez, cristais) e o Apesar dos primeiros documentos histó- pode ser uma iguaria em qualquer momento
sabor (acidez, doçura, picante, dependendo ricos se reportarem essencialmente ao queijo da refeição, como aperitivo ou para conclusão.
da idade, pode saber a frutos secos, caramelo, de cabra, o queijo de vaca existe já desde a O ideal é acompanhar sempre com um bom
fruta, grãos torrados, etc.). Prazer e envelhe- época romana. Já no século I, um romano vinho e a panóplia de hipótese é grande, dos
cimento do queijo andam a compasso. Os descreve o fabrico do queijo com os mínimos tranquilos brancos e tintos, dos licorosos aos
pequenos cristais que se detetam num queijo detalhes no seu tratado agrícola, desde a coa- efervescentes.
mais velho têm muito que lhe diga. lhada ao afinamento e prensagem. Da mesma forma que o vinho, convém
O envelhecimento e a maturação atiçam Os queijos de vaca são especialmente aguardar antes de o consumir. Depois de
a chamada tirosina (“tyros” significa queijo apreciados em França, um dos primeiros pro- o abrir deixar descansar, à temperatura
em grego), um aminoácido que faz parte da dutores do mundo, aliás. Essa grande diversi- ambiente, devendo ser arejado um ou dois
degradação da proteína que existe no queijo dade queijeira levava De Gaulle a afirmar ser dias antes de o consumir.
(a caseína). Trata-se de um aminoácido aro- exemplo de um país difícil de governar. Do
mático percursor de um neurotransmissor que Camembert ao Brie ou Beaufort , o Bleu de SENRASDAIRY
atua no cérebro e desencadeia uma sensação Gex Haut-Jura, o Brie de Melun, o Cantal, de R. DO CRUZEIRO, 37
de prazer. Ou seja, quando comemos queijo Montbrison, o Mont-d’or, o Neufchâtel ou o 4760-719 RIBEIRÃO
envelhecido sentimo-nos prazerosamente Salers, só para falar de alguns que vale a pena M.933 757 114
felizes, não é curioso? Estes cristais podiam, provar. E.GERAL@SENRASDAIRY.COM

110 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
Marta e Elisabete Santos

Um dos principais ingredientes que


formatam o sabor deste leite e queijo é
uma alimentação caracterizada por milho,
azevém e, até recentemente, luzerna.
O azevém é uma gramínea com alta taxa
nutricional, indicada para as vacas
leiteiras, e a luzerna cultura forrageira
ou alfafa é um legume de folhagem perene.

novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 111


PRODUTO CLUBE DE REVISTAS

CARATERIZAÇÃO ORGANOLÉTICA
AMANTEIGADO AFINADO CURA AFINADO CURA AFINADO CURA
Crosta fina e bem ligada. DE TRÊS MESES DE SEIS MESES DE NOVE MESES
Pasta cor de marfim brilhante e uniforme, Queijo de formato cilíndrico baixo, com Crosta de cor castanho-claro acinzentado
amanteigada, apresentando alguns olhos Crosta de cor heterogénea variando entre
bordos definidos a arredondados, faces heterogénea, marmoreada de tons
de tamanho irregular distribuídos de o castanho claro e o castanho escuro.
superior e inferior planas e face lateral castanho torrado. Apresenta uma textura
maneira uniforme. Apresenta uma textura rugosa, seca e
abaulada. ligeiramente rugosa, seca e dura.
Odor exterior lácteo acidulado com notas dura.
Crosta de cor amarelo torrado O aspeto ao corte é um pasta cor amarelo
de manteiga fresca na pasta. Pasta cor amarelo torrado, fechada,
marmoreado, com tons esbranquiçados palha no centro, que evolui para amarelo
Textura lisa, cremosa, untuosa, fundente e compacta e com pouco olhos pequenos,
característicos da sua flora de superfície. palha escuro na periferia do queijo,
ligeiramente aderente. uniformemente distribuídos.
Textura ligeiramente rugosa, seca e dura apresentando alguns olhos pequenos.
Equilibrado de sal, medianamente ácido Sobressai o aroma a alperce e frutos
com crosta mediana e bem ligada. Pode apresentar algumas fissuras
e doce. tropicais.
Pasta cor amarelo palha claro, características da maturação prolongada.
Aroma lácteo a manteiga fresca, com Ligeiramente salgado e ácido e
apresentando alguns olhos de tamanho Odor exterior acentuado a mofo sendo o
ténues notas herbácea e persistente. acentuadamente doce. Sabor muito
irregular e uniformemente distribuídos. odor interior completamente distinto, em
complexo, forte e persistente, onde
Medianamente ácido, sabor complexo, que sobressai o aroma a frutos secos.
sobressaem os aromas a frutos secos e
aromas de manteiga derretida, baunilha e Textura semi-dura, medianamente seca,
caramelo em harmonia com os aromas
frutos secos, elevada persistência. mas com uma maciez que surpreende
ténues a alperce e frutos secos.
num queijo com esta idade. Pode
Textura dura, seca e ligeiramente
apresentar alguns cristais próprios
granulosa apresentando alguns cristais
da maturação. Sabor muito complexo,
próprios da maturação.
persistente, sobressaindo os aromas
a frutos secos e grãos torrados, algum
caramelo.

112 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
CRÍTICA GASTRONÓMICA CLUBE DE REVISTAS
texto Miguel Pires / fotos Fabrice Demoulin

A cozinha descomplicada (mas interessante)


de Miguel Rocha Vieira com vista para o Tejo

Lugar recomendável, não


apenas pela localização, a
proposta de Miguel Rocha Vieira
vale a pena ser conhecida.

LISBOA
CLUBE DE REVISTAS

Sempre me causou alguma irritação os restaurantes situados em locais entre clássicos e uma cozinha do mundo - tudo com um bom twist e uma
privilegiados por, de uma forma geral, acharem que não precisam de se linguagem contemporânea. Independentemente da ideia que Miguel
esforçar muito para terem uma oferta gastronómica acima da média. Rocha Vieira queira passar, esta é uma cozinha nitidamente com autoria.
Como quem diz: “Só faltava pretenderes sentar-te num lugar com uma Todavia, é também uma cozinha descomplicada e despretensiosa, como
vista destas e ainda quereres comer bem e seres bem atendido”. Quando ele refere, e, felizmente, interessante. Aliás, se não me ter o Ministério das
comecei a ver nascer o Anfíbio, junto ao Terreiro do Paço (na verdade, Finanças do outro lado da rua, teria pedido quase tudo e “à patrão”, com
junto ao Campo das Cebolas), em Lisboa, fiquei a pensar se seria mais suplemento de caviar (+40€/30gr), uma opção disponível em metade
do mesmo ou se poderíamos esperar algo especial. Afinal, tratava-se do dos pratos.
novo projeto de Miguel Rocha Vieira, um cozinheiro de provas dadas no Das entradas, deixámos para outras núpcias a poesia vegetariana de
meio e estrelas Michelin conquistadas no passado, em Budapeste e por “O nosso Jardim, à Beira-Rio Plantado Legumes da Horta Crus, Marinados
cá. Porém, foi o próprio a colocar água na fervura, quando se começou a e Cozidos” bem como a salada “Como uma César, mas de Lavagante”
falar do projeto. De facto, à medida que se foi aproximando a abertura do e fomos para o tártaro de novilho "au couteau" e o Brás do Mar com
restaurante, Rocha Vieira procurou baixar as expectativas, multiplican- camarão da Costa e molho de crustáceos. No primeiro caso, o tártaro,
do-se em declarações de que não se tratava de um restaurante com uma com os pedaços de carne cortados à faca (couteau), como manda a
cozinha de autor, de que não andavam atrás de prémios e que a ideia era regra, vinha dividido em cinco pequenas porções, cada uma colocada
ter uma oferta divertida, descomplicada e despretensiosa. Ainda é cedo numa fatia de bresaola (presunto de vaca). A ideia era enrolar cada uma e
para saber se é algo sólido ou apenas mais um daqueles casos em que comer em uma ou duas bocadas acompanhando com batatas insufladas,
um chefe famoso associa o seu nome no início e depois vai-se desligando uma forma interessante e saborosa de oferecer uma batata frita crocante.
discretamente. Mas vamos lá. Quanto ao tártaro, apenas duas observações. Uma em termos de sabor: a
Em traços gerais, o projeto situado na Doca da Marinha, que faz parte ideia de conjugar a proteína bovina de duas formas parecia prometedora,
de uma operação mais abrangente que pretende dinamizar uma área que não fosse a potência da carne curada atropelar a delicadeza de sabor do
estava desaproveitada junto ao rio, inclui três quiosques com conceitos tártaro. A outra observação tem a ver com a quantidade: sendo nitida-
gastronómicos distintos: o Azul, (12h00 às 20h30), com marisco e peixe mente uma entrada para partilhar, porquê cinco unidades?
fresco; o Amarelo, com um horário mais alargado (11h00 às 22h30) e uma
oferta de petiscos portugueses, para partilhar; e o Vermelho, num horário Um produto, diversas formas
mais restrito (8h30 às 17h30) com brunches e comida vegetariana. Porém,
a estrela do lugar é o restaurante Anfíbio e é sobre ele que nos interessa O “À Braz” como técnica, ou como base de receita, em que a cebola
agora focar. refogada, a batata frita em palha e ovo, associados a outros elementos,
Com uma parte assente em terra e outra no rio, o espaço, um bloco que não o bacalhau, é algo que não via há muitos anos e que me pareceu
de linhas direitas com uma ampla frente envidraçada virado para a doca uma recuperação muito feliz da parte Miguel Rocha Vieira. Se essa base
e para o Tejo, tem assinatura do arquiteto Carrilho da Graça. Com uma por si só já seria vencedora, ainda para mais com uma gema de ovo mistu-
decoração agradável e elegante, em busca de um ambiente descon- rada no momento, imaginem tudo isso envolvido, também na mesa, com
traído, cabem no restaurante umas cem pessoas, entre a sala interior e um molho de crustáceos. Acreditem: é absurdamente bom! Já para não
o exterior - ainda que numa primeira fase o número de lugares sentados falar como será com o tal suplemento de caviar...
tenha sido reduzido. Boa ideia, também, a de trazerem umas cabeças de gambas fritas à
Em termos de cozinha, a proposta de Rocha Vieira vai buscar inspiração parte, não só pela “crocância”, mas igualmente pela camada extra de
a diversas fontes, navegando entre receituário luso e o internacional e sabor.

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 115


CRÍTICA GASTRONÓMICACLUBE DE REVISTAS
Miguel Rocha Vieira

Com uma parte assente em


terra e outra no rio, o espaço,
um bloco de linhas direitas com
uma ampla frente envidraçada
virado para a doca e para
o Tejo, tem assinatura do
arquiteto Carrilho da Graça.

Nos pratos principais, gostei muito da bochecha de pelo sabor do queijo é provável que seja confecionada
atum ao sal, cebolo, cebolas e chalotas. Julgo só ter com bons ingredientes. Porém, para mim, faltou-lhe
comido esta parte do tunídeo antes, em Espanha, onde aquele “punch”, doce, lácteo e caramelizado da original, a
as peças ditas menos nobres deste peixe são valorizadas, do La Viña, em San Sebastian.
pelo que, também aqui, tiro o chapéu a Rocha Vieira. De Em termos de bebidas, para um restaurante despre-
facto, vale muito a pena: o seu sabor é complexo sem ser tensioso, a carta de vinhos está bem acima do que espe-
intenso e a textura agradável, aproximando-se da dabo- rava. A seleção, cosmopolita e abrangente - quer em

classificação checha de vaca, mas mais elegante. O acompanhamento


com os vários tipos allium foi de idêntico acerto e fugiu
termos de produtores, quer de regiões –, inclui 40 vinhos
a copo, dos quais, uma dezena são fortificados, e cerca de
uma vez mais ao banal. 200 referências em garrafa (sendo 35% estrangeiras), do
A ideia de apresentar um produto (ou família) de branco Horácio Simões Tradição, (o mais barato, a 26€)

16,5 diversas formas é um padrão interessante presente em


várias propostas na carta do Anfibio, como aconteceu,
ao Barca Velha 2011, ou ao Cheval Blanc 2019 (os mais
caros, a 1250€ e 2070€, respectivamente). Os preços e
também, no pato “bipolar”, nabos e nabiças, rábanos e as margens são ‘upa upa’, com a maior parte dos rótulos
Cozinha rabanetes. Em termos de sabor, a proposta era bem agra- acima de 40€, ainda que existam várias opções na faixa
dável, com um molho oriental condimentado e vegetais dos 30/40€, como o Quinta das Marias 2022 Encruzado,
bem cozinhados apresentados de maneiras diferentes. um branco do Dão com uma certa estrutura e complexi-

16,5 Contudo, esperava um peito de pato menos passado e


a parte da perna, que vinha desfiada, ainda com alguma
dade, que acompanhou bem quer os pratos de peixe e
marisco quer os de carne.
suculência e não ressequida. Em termos de serviço, com uma lotação com menos de
Sala Na parte doceira, entre das cinco sobremesas, esco- metade da capacidade preenchida nesse dia, sobretudo
lhemos o pastel de nata desconstruído e o cheese cake. com estrangeiros, fomos atendidos com fluidez, hospita-
O primeiro, além de desconstruído vinha bem “kitado”. Na lidade e conhecimento de causa, o que nos dias de hoje
16,5 verdade, era mais um mil folhas, com o recheio do pastel
de nata entre três telhas crocantes, um potente gelado
é de saudar – ainda para mais tendo o restaurante aberto
há pouco tempo.
de canela e um apontamento gel de limão ao lado. À Em jeito de conclusão, posso dizer que o Anfibio é um
Vinhos parte, trazia ainda um café, ou melhor, uma espuma de lugar recomendável e não é apenas pela localização.
café com gelado de nata. É uma proposta vencedora, É que, mesmo sendo descontraída (ou talvez por isso
Preço médio com vinho: mas creio que merecia uma afinação: a canela tem aqui mesmo), a proposta de Miguel Rocha Vieira vale a pena
60/70€ (por pessoa). um destaque desmesurado, diferente do seu papel de ser conhecida.
Pagou-se pela refeição tempero no doce original. Quanto ao cheese cake pare-
descrita para duas pessoas ceu-me navegar entre o clássico “New York style”, com DOCA DA MARINHA
(com couvert, água e café): uma bolacha húmida na base, e a “tarta de queso”, que AV. INFANTE DOM HENRIQUE A, LISBOA. TELEFONE: 21 052 9565
153,50€. faz actualmente furor um pouco por todo o mundo. Pelo HORÁRIO: DOMINGO A QUARTA: 12H00–00H00;
nome, “A Afamada Tarte de Queijo”, deve fazer sucesso e QUINTA A SÁBADO: 12H00–02H00

116 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
Para ver e ouvir NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Marc Barros / fotos Arquivo e D.R.

Quinta do Crasto

A elegância de uma
velha senhora chamada
Vinha Maria Teresa

118 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
Manuel Lobo, Rita Camelo, Tomás Roquette e Pedro Almeida

Ao fim de 14 edições, escasseiam adjetivos para forma, como referiu Tomas Roquette, “quando morre
classificar o portento de elegância e finura dos vinhos uma videira asseguramos, por georreferenciação, que
que saem da emblemática Vinha Maria Teresa, na esta é replantada exatamente no mesmo sítio”. Neste
Quinta do Crasto. Sublinhe-se, no entanto, que entre campo, instalado com vinhas obtidas por seleção
2015 e 2019 - a mais recente de que aqui lhe damos massal e enxertia tradicional, conseguimos “manter o
conta -, foram engarrafadas, consecutivamente, todas mapa genético desta vinha, que tem uma identidade
as colheitas da Vinha Maria Teresa. Isto representa, e carácter únicos”.
desde logo, o resultado de um profundo e aturado Com idade média superior a 100 anos, mas com
trabalho de investigação e conhecimento sobre esta uma primeira parcela já instalada antes da aquisição
vinha de 4,7 hectares, que conduz inevitavelmente à da quinta por Constantino de Almeida, em 1918, a
consistência produtiva. Maria Teresa (nome da primeira neta deste empre-
Com efeito, este trabalho, a que foi dada a desig- sário) alberga pés de vinha que poderão ascender
nação “PatGen Vineyards” - cuja primeira fase estará a 130 anos de idade. Curiosamente, está ainda por
em vias de conclusão -, permite “identificar a tota- apurar a origem do material vegetativo que foi plan-
lidade das castas que fazem parte da Vinha Maria tado à época, onde pontificam variedades como
Teresa” e, igualmente, a sua localização. De acordo Barreto dos Frades (dizem os antigos que o nome da
com o enólogo Manuel Lobo, foram já identificadas casta, que se assemelha a “pequenas melancias lis-
54 castas, num conjunto de 29.692 pés de vinha. O tadas”, derivará do barrete listado que envergavam os
estudo contempla não apenas a georreferenciação, frades que outrora ocuparam o Crasto, aventa Tomás
que permite “saber o que é cada pé de vinha”, mas Roquette), Moscatel de Hamburgo, Carménère,
também, através de mapas NDVI e NDVR de alta Tourigão (clone antigo de Touriga Nacional cada vez
resolução, conhecer a cada momento o que se passa mais raro), entre muitas outras, o que exigiu um tra-
nesta vinha centenária, estabelecer índices de vigor, balho de classificação notável.
fertilidade, hídricos ou de condutividade do solo, por A vinha destaca-se, desde logo, visualmente, com
exemplo. os seus muros antigos e a exposição nascente: “Cerca
Mais abaixo da Vinha Maria Teresa, a Quinta do de metade da vinha é mais sombreada e recebe
Crasto instalou o seu campo de multiplicação, onde menos horas de sol que a outra metade”, assinala
estão os genótipos das videiras identificadas. Desta Manuel Lobo.

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 119


CLUBE DE REVISTAS
NOVIDADES

“Num ano quente, está mais prote- pé, numa vinha que tem em média cerca
gida e fresca do que uma vinha com de 30% de falhas. Por aqui também se
exposição poente”. Com inclinações percebe a importância do estudo gené-
entre 45º e 55º, percebe-se por que tico realizado. Com uma produção que,
motivo o enólogo nunca antecipa a este ano, chegou a 9.000 garrafas de
data de início da vindima… Para o mais Vinha Maria Teresa, supridas as falhas,
recente Vinha Maria Teresa, a colheita os responsáveis do Crasto estimam
arrancou a 20 setembro, data do pri- que, num ano ótimo, a vinha tenha
meiro corte, com as chuvas de 21 e 22 potencial para chegar às 14.000 gar-
de setembro a completarem a matu- rafas. Isto tendo em conta que, todos
ração de algumas castas mais tardias. O os anos, algumas destas uvas integram
segundo corte deu-se a 30 de setembro o lote do Vinhas Velhas Reserva. Tal
e a vindima foi dada como concluída a como as uvas da Vinha da Ponte, com
11 de outubro, na sequência de um ano os seus 1,96 hectares, esta orientada a
seco mas que, dadas as temperaturas sul, com mais de 30 variedades mistu-
amenas, proporcionou maturações radas. Também daqui, quando o ano
equilibradas. assim o dita, sai o exclusivo Vinha da
Depois de feita a separação dos Ponte.
cachos para o lote (onde não entra, A Quinta do Crasto reúne hoje 42
por exemplo, Mourisco) e fermen- hectares de vinha velha, num total de
tados os vinhos, estes estagiam em 220 hectares e outros 30 geridos pela
barricas novas de carvalho, das quais empresa, o que abrange o projeto no
90% francesas e 10% americanas, Douro Superior, com a Quinta da
sendo que o lote final resulta da seleção Cabreira. Para além do Vinha Maria
das melhores barricas. Manuel Lobo Teresa, foram apresentados os mono-
referiu que a escolha de barricas resulta varietais Touriga Franca e Touriga
daquelas que ofereçam “tanino mais Nacional, ambos igualmente de 2019, e
fresco” na prova de boca, bem como a primeira edição do Crasto Tawny 20
“tosta que acrescente complexidade e Anos, que resulta do lote de vinhos dos
seja respeitadora do perfil do vinho”. mais de 450.000 litros que a empresa
O rendimento médio é de 387 g. por detém em stock.

98 95 94 93
Quinta do Crasto Vinha Quinta do Crasto Quinta do Crasto Crasto Porto
Maria Teresa 2019 Touriga Franca 2019 Touriga Nacional 2019 Tawny 20 Anos
Douro / Tinto / Quinta do Douro / Tinto / Quinta do Douro / Tinto / Quinta do Vinho do Porto / Fortificado /
Crasto Crasto Crasto Quinta do Crasto
Profundo e concentrado, de Rubi profundo. Boa dimensão O primeiro destes dois monocasta Primeira edição desta categoria.
enorme dimensão e complexidade aromática, com notas de fruto de distingue-se pela elegância e pela Destaca-se pela frescura aromática,
aromáticas. Frutos silvestres, bosque maduro, compota. Herbáceo prontidão, dando-se já à prova com com notas melíferas e de alguma
como amora e groselha preta. seco, a madeira surge muito muito prazer. Exibe um lado floral fruta cristalizada, avelã e chocolate
Trufa. Herbáceo fresco e flores discreta e elegante. Tanino ainda mais evidente, mentolado até, com branco, em conjugação com aromas
brancas, complementados com jovem, arenoso, com alguma rudeza nuance de hortelã. Alguns tostados balsâmicos (leve verniz, iodo)
aromas nobres da madeira, leve ainda que o tempo se encarregará leves, pão torrado, nota de verniz. conferidos pelo estágio prolongado
abaunilhado. Nota direta de verniz, de polir. Estrutura primorosa, em Taninos suaves e sedosos, que dos vinhos mais velhos do lote
muito elegante, a elevar o conjunto. bom equilíbrio com a frescura conferem belíssima estrutura, com (que superam as quatro décadas).
Seco, belíssimo volume e estrutura. aromática, que termina muito requinte e elegância. Especiarias Belíssimo volume e untuosidade,
Tanino de qualidade, ainda jovem saboroso e salivante. finas e fruta fresca no fim de prova. frutos secos e especiarias no aroma
mas já polido. Especiarias e tostados Consumo: 2023-2033 Consumo: 2023-2033 de boca.
no aroma de boca; rico e vibrante, 55,00 € / 16ºC Consumo: 2023-2028
55,00€ / 16ºC
com a acidez a esticar a prova para
80,00€ / 14ºC
um final longo, com a fruta fresca
em destaque.
Consumo: 2023-2038
255,00€ / 16ºC

120 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto Marc Barros / notas de prova Bento Amaral, José João Santos, Luís Costa, Manuel Moreira,
Marc Barros e Nuno Guedes Vaz Pires / fotos D.R.

O triunfo dos (novos)


Very Very Old

O património histórico, traduzido em Vinhos do Porto muito antigos, detido pelas


empresas do setor, está a conhecer uma crescente valorização, não apenas monetarizada,
que se reflete na imagem e no prestígio do próprio Vinho do Porto.
Pensando em lançamentos icónicos como o Scion da Taylor’s, N’Oublie da Graham’s, 5G
da Wine&Soul ou Honore da Quinta do Crasto, entre outros, vieram demonstrar – e incen-
tivar – a valia da criação de uma nova categoria especial, capaz de elevar aqueles Vinhos do
Porto raros.
A própria definição da categoria por parte do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto
refere que se trata de “Vinhos do Porto com mais de 80 anos de idade, apresentam exce-
cional qualidade. São raros e correspondem à expressão máxima da complexidade asso-
ciada ao envelhecimento oxidativo. Equilibrados, intensos, complexos e muito persistentes”.
Deixamos aqui três sugestões (para além daquelas que pode conhecer na prova temática que
publicamos nestas páginas) entre as mais recentes chegadas ao mercado, que comprovam o
acerto e a nobreza desta categoria.

97 97 96
Costa Boal Porto Tawny Quinta do Estanho Rozès Very Very Old Porto
Very Very Old Port Very Very Old Port Branco
Vinho do Porto / Fortificado / Vinho do Porto / Fortificado / Rozès / Fortificado / Quinta do
Costa Boal Family Estates Quinta do Estanho Estanho
Laivo esverdeado, âmbar. Aroma rico Aroma de múltiplas dimensões,
Mogno, rebordo esverdeado. e profundo, de enorme intensidade. fruta cristalizada, figo branco,
Denso, exibe notas de menta, noz, Bolo rei, mel, café, tostados. cítricos, torrefação e especiarias.
amendoados e um ligeiro vinagrinho. Especiarias. Folha de tabaco. Aveludado na boca, profundo de
O melhor surge logo a seguir. Vinagrinho. Especiaria no ataque, sabor e acidez citrina fenomenal. A
Texturado, cola-se às paredes do algum amargor no aroma de boca. doçura é generosa, mas o vinho ecoa
copo. Exacerbado em múltiplos Acidez notável. BA / LC / MB / NGVP refinamento. Obviamente, muito longo
aspetos, combina volume, acidez, 5.500,00€ / 14ºC e persistente. LC/ MM
açúcares e aguardente com uma — 650,00€ / 14ºC
elegância rara de encontrar. O final
deixa memória. Que vinho!... JJS/
NGVP
900,00€ / 14ºC

122 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Arquivo

Cláudio Martins

Saturn

Mais um planeta
na constelação
Criado em colaboração com o famoso
produtor Ernst “Erni” Loosen e o con-
sultor Cláudio Martins, Saturn é o terceiro
lançamento da série limitada “Wines from
another World”. Um vinho da colheita de
2013, proveniente de uma vinha velha em pé
franco, com cerca de 130 anos e com uma
inclinação entre 80% a 100%, localizada em
Erden, na região de Mosel, na Alemanha. A
fermentação ocorreu em foudre, onde ficou
em estágio durante oito anos antes do engar-
rafamento. São 1.780 garrafas de 750ml que
chegam ao mercado por 900€. Há, ainda,
60 magnuns, pelo valor de 2.000€.

98
Saturn 2013
Mosel (Alemanha) / Branco /
Weingut Dr. Loosen
A pureza da fruta espanta, a
sensibilidade floral emociona,
misterioso nas sugestões especiadas.
Mineral, robusto, bem estruturado,
expressivo e incrivelmente fresco.
A dança da acidez, estrutura e
mineralidade é inebriante. Um vinho
que impressiona pela sobriedade.
Consumo: 2023-2030
900,00€ / 11ºC

@revistadevinhos
CLUBE DE REVISTAS

1000
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Luís Costa e Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Arquivo

Jorge Alves, Celso Pereira e filhos

Quanta Terra
96
Quanta Terra Inteiro 2013
Douro / Tinto / Quanta Terra Soc. Vinhos Lda.

Quanta A predominância esmagadora de Sousão (70%)


e os seis anos de barrica marcam a diferença.
A tonalidade púrpura é profunda, assim como

qualidade!
os aromas intensos a fruta preta desidratada,
fumados, chão de floresta e pimento. Na boca é
musculado, com alguma rusticidade, mas termina
amplo, fresco e texturado. Um vinho realmente
singular.
Consumo: 2023-2040
70,00€ / 16ºC

95
Quanta Terra 2016
Douro / Branco / Quanta Terra Soc. Vinhos
Lda.
Amarelo-dourado brilhante. Lote de Gouveio
e Viosinho que permaneceu seis anos em
barricas usadas, tem aromas de fino recorte com
apontamentos de ameixa branca, damasco, toranja,
raspa de lima, mel de flores e ligeiro tostado.
Na boca é sofisticado e envolvente, cremoso e
acetinado, com índices de frescura proporcionados
por acidez de grande nível.
Consumo: 2023-2030
70,00€ / 14ºC

95
Quanta Terra Manifesto 2017
Douro / Tinto / Quanta Terra Soc. Vinhos Lda.
Lote de Touriga Nacional, Touriga Franca e Sousão,
de tonalidade rubi profundo, exibe uma sofisticada
O rosé de Pinot Noir é “wild”, o Quanta Terra Branco 2016 não desmerece as camada de especiarias a envolver apontamentos
versões antecedentes e o tinto Quanta Terra Inteiro 2013 é tanto ou mais selvagem de fruta azulada, groselha preta, xisto molhado
e grafite. Na boca é denso, profundo, guloso e
do que o seu primo rosé de origem borgonhesa. É num registo clássico, e ao mesmo
envolvente. Tanino maduro monumental. Belíssima
tempo disruptivo, que os enólogos e produtores Celso Pereira e Jorge Alves apre-
acidez. Um vinho de “cortar à faca”.
sentam mais um conjunto de novidades do portefólio da sua empresa “a quatro
Consumo: 2023-2035
mãos” constituída há já um quarto de século – a bem-sucedida Quanta Terra, pro-
70,00€ / 16ºC
dutor do ano pela Revista de Vinhos em 2018.

Desde a altura em que se conheceram nos primórdios do espumante Vértice, nas
Caves Transmontanas, até à inauguração da adega própria deste seu perene projeto
– um espaço inaugurado no ano passado, em Favaios, numa antiga destilaria da Casa
94
do Douro que abrigou também uma badalada exposição de Joana Vasconcelos –, a Wild Pinot Noir 2021
dupla Celso Pereira e Jorge Alves têm andado a fazer alguns dos mais interessantes Douro / Rosé / Quanta Terra Soc. Vinhos Lda.
vinhos do Douro, seja nos tintos, nos brancos ou no seu clássico rosé Phenomena. Tonalidade cereja e perfil mineral, é contido nos
E continuam a fazê-lo com base em uvas compradas, escolhidas e selecionadas aromas mas expressivo na textura. As notas subtis
por diversas paragens durienses, vinificando também em espaços alheios, pois che- de groselhas, mirtilos e bagos de romã surgem
garam à conclusão de que a sua adega de Favaios “tinha mais capacidade para comu- envolvidas por um manto de frescura “selvagem”.
Seco e herbáceo, cítrico e envolvente, tem volume
nicar o vinho, pela carga histórica da casa, do que para acolher a produção”, como
dado pela barrica e personalidade vincada por
diz Celso Pereira. Desde há algum tempo, a adega da Quanta Terra em Favaios é
acidez vibrante.
também um wine-bar (de quarta a domingo) onde se pode beber um copo e petiscar,
Consumo: 2023-2025
antes ou depois de ver uma exposição de artes plásticas ou, quem sabe, de assistir a
70,00€ / 11ºC
um concerto de jazz.

126 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Luís Costa / fotos Arquivo e D.R.

Symington

Taifa, à procura
do reinado do
vinho branco
português 95
Taifa 2020
Alentejo / Branco / Symington Family
Estates
Sem esconder a inspiração nos grandes
brancos da Borgonha, o nariz causa
forte impressão mineral – que a boca irá
confirmar – com notas subtis e elegantes
de cítrico de clementina, ervas frescas,
mel de flores e leve tostado. A textura é
rica e firme, a acidez está bem marcada
sem ser intrusiva, o sabor sofisticado a
pêssego branco e damasco envolvem
o fim de boca num registo de enorme
“finesse”.
Consumo: 2023-2035
65,00€ / 11ºC

“A coroa do vinho branco português ainda não foi atri- aptidão maior para vinhos de perfil cítrico e mineral, o
buída e penso que a Serra de S. Mamede, no Alentejo, ofe- Taifa 2020 evoca o nome dado aos reinos muçulmanos
rece condições únicas para o conseguir. Temos a Quinta criados na Península Ibérica após a dissolução do califado
de Fonte Souto numa localização ímpar, por isso assu- de Córdova.
mimos que é nosso objetivo fazer o melhor vinho branco Com enologia de Charles Symington, Pedro Correia
português”. As palavras desassombradas e ambiciosas e José Daniel Soares, o Taifa 2020 provem de solos de
são de Rupert Symington, CEO da Symington Family transição entre xisto e granito. Uma vez na adega, pro-
Estates, e ganham ainda mais significado por terem sido cedeu-se a maceração pelicular pré-fermentativa. A
proferidas num almoço de apresentação do Taifa 2020, vinificação teve lugar em barricas de carvalho francês e
um topo de gama varietal da casta Arinto de que se húngaro de 500 litros, onde depois estagiou 11 meses com
fizeram somente duas mil garrafas, novíssima referência “bâtonnage” durante o inverno e primavera até ser engar-
da Quinta da Fonte Souto, perto de Portalegre (ex-Altas rafado em novembro de 2021.
Quintas), adquirida pela família Symington em 2017 que Sublinhe-se que o Arinto foi componente único somente
será sempre evocada por ter sido o primeiro projeto viní- nesta primeira edição do vinho, mas, ainda assim, será a
cola dos Symington fora da região do Douro. base dos futuros lotes de Taifa a par do Verdelho. Aliás,
Beneficiando da altitude das vinhas plantadas em plena a manutenção da acidez natural do Arinto é essencial
Serra de S. Mamede (550 metros) e das características no Taifa, pois exponencia o equilíbrio entre o vinho e a
singulares do Arinto, que fazem dela uma das grandes madeira e é um componente essencial na sua longevidade.
castas brancas portuguesas, menos terpénica e com

128 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Marc Barros / fotos D.R.

Caves Velhas

A reinvenção
de um ícone

Integrada no universo Enoport desde 2005 – apesar de pertencer à família proprietária 93


do grupo desde 2001 -, a marca Caves Velhas é guardiã de um património histórico ímpar Caves Velhas Garrafeira 2018
no panorama dos vinhos nacionais, muito por força dos célebres Garrafeiras do Dão (quem
Dão / Tinto / Enoport
não se recorda do Dão Juta, criado em 1965?) e Bucelas. Mas o passado da marca tem ori-
Fruto silvestre, aromas de bosque, como
gens bem mais remotas, que vão até ao fundador das adegas Camillo Alves, à demarcação
resina, e de sub-coberto, como líquen, a
de Bucelas em 1911 e à introdução dos primeiros vinhos Garrafeira, em 1940, ainda sem
par de notas balsâmicas, verniz e caixa de
ostentação da região de origem.
charuto. Tanino suave, apesar de firme e
Vem tudo isto a propósito da apresentação dos novos Garrafeira da marca Caves Velhas, ainda algo vegetal. Acidez bem conseguida,
em três referências: Arinto de Bucelas, tinto de Lisboa e tinto do Dão, todos de 2018. a equilibrar a toada de especiarias que surge
Segundo Nuno Santos, CEO da Enoport, este lançamento obedece a uma estratégia de no fim de prova, a secar a boca. Um vinho de
relançamento da marca Caves Velhas, a qual arrancou em 2015, com a seleção das 10 prin- carácter e muita longevidade.
cipais marcas do grupo (por entre as mais de 120 ativas). Consumo: 2023-2033
A Caves Velhas foi uma das escolhidas, mas não era prioritária – essas foram Cabeça 12,65€ / 16ºC
de Toiro, Faisão e Lagosta. Quanto à marca aqui em apreço, foi em 2021 que o processo —
arrancou, com a apresentação de três gamas de produtos, designadas Signature, das marcas
Romeira, Catedral e Bucellas. A segunda fase, que nos levou ao “comboio”, como Nuno 92
Santos designa os edifícios da Enoteca Caves Velhas que atravessam a vila de Bucelas, refe-
Caves Velhas Garrafeira
re-se ao lançamento da gama Prestige que, para além dos vinhos acima aludidos, inclui duas
Aguardentes Bagaceira 10 e 15 Anos e um brandy. A próxima fase desta estratégia, chamada
Arinto 2018
Elite, corresponderá a vinhos sem denominação de origem, remontando aos primórdios dos Bucelas / Branco / Enoport
Garrafeira da casa, com lotes de vinhos Dão e Lisboa / Bucelas, e destilados de topo, com Aspeto límpido, verdeal. Aromas de citrinos,
idades entre 10 e 60 anos. lima e casca de limão. Notas de calcário e
Quanto aos vinhos agora apresentados, o Caves Velhas Garrafeira Arinto 2018 de fruto seco. Na boca desvenda um belíssimo
volume, propiciado pelo aroma de mel, e
Bucelas corresponde a um branco cujo mosto de prensa única foi vinificado com recurso a
estrutura, com a acidez vertical a dominar a
bâtonnage (mais forte no início, suavizando ao longo das semanas), durante dois meses, em
prova. Surge algum fruto tropical e citrino no
barricas novas e usadas, engarrafado dois anos antes de ser certificado (ultrapassando os
fim de boca, longo e seco. 3.000 garrafas.
requisitos legais da menção). A estratégia de vinificação concorre para um ambiente redu-
Consumo: 2023-2033
tivo, que exalta a mineralidade do vinho, bem como a sua longevidade. As uvas provêm da
12,65€ / 11ºC
Quinta do Boição (adquirida em 1981), que reúne 26 hectares de vinhas. A Enoport possui

ainda outros 15 hectares em Bucelas e detém cerca de 1/3 das vinhas de Arinto da região.
Segundo o enólogo Nuno Faria, trata-se “da melhor casta portuguesa, de maior aptidão
enológica, no melhor terroir”.
90
Já o Garrafeira tinto de Lisboa foi elaborado com base nas castas Merlot (40%), Syrah Caves Velhas Garrafeira 2018
(30%) e Touriga Nacional (30%) oriundas da Quinta do Boição. Finalmente, o Garrafeira Regional Lisboa / Tinto / Enoport
Dão corresponde a um anseio antigo de Nuno Santos, beirão de origem. No Dão, a Enoport Rubi brilhante, a denotar toada de frescura.
possui 40 hectares, cujo epicentro reside na Quinta Beirã, em Lajeosa do Dão (outrora Aromas de fruta madura, frutos pretos, notas
Quinta dos Beirões ou Quinta do Calvário), com cerca de 10 hectares, fortemente afetados tostadas ligeiras, fermento. Toque herbáceo,
pelos incêndios de 2017. Este Garrafeira, sublinhou o CEO da empresa, corresponde a um eucalipto. Algum cacau. Chocolate no aroma
primeiro passo para o regresso em força das Caves Velhas ao Dão. Nuno Faria sublinha de boca, tanino suave, granulado. Especiarias
o papel da casta Alfrocheiro, que representa 40% do lote, a par de Tinta Roriz (40%)e nobres no fim de prova, longa e saborosa.
Touriga Nacional (20%), na originalidade do vinho. Consumo: 2023-2033
12,65€ / 11ºC

130 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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Tecnicamente Aperfeiçoado.

*
A linha de rolhas técnicas sem TCA, com garantia individual

*Consulte o website ou as fichas técnicas dos produtos para obter mais informação.
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova António Lopes / fotos D.R.

Herdade da Malhadinha Nova

Teixinha sobe
à serra
Na Serra de São Mamede, a 700 metros
de altitude, a Herdade da Malhadinha Nova
encontrou uma propriedade que permite ela-
borar vinhos que representam um Alentejo
diferente, mais fresco e vibrante. Juntou assim
cerca de 100 hectares ao seu portefólio com
a aquisição da Quinta da Teixinha, apesar de
a propriedade ter apenas cerca de quatro hec-
tares de vinha em produção.
Também nestes vinhos, que contam dois
brancos e dois tintos, onde o uso de barrica
ou ânfora complementa a distinção que a alti-
tude e os solos da Serra de S. Mamede pro-
porcionam, encontramos rótulos originais,
saídos da imaginação dos membros da nova
geração da família Soares e onde cada um
deles relata as suas experiências sobre o que a
Teixinha representa através da escrita.

93 92 89 88
Field Blend da Field Blend da Field Blend da Roupeiro da
Teixinha Barrica 2021 Teixinha Tava 2021 Teixinha 2021 Teixinha 2021
Regional Alentejano Regional Alentejano Regional Alentejano Regional Alentejano
/ Tinto / Herdade / Tinto / Herdade / Branco / Herdade / Branco / Herdade
Malhadinha Nova Malhadinha Nova Malhadinha Nova Malhadinha Nova
Vinho de diversas camadas Rubi com auréola exterior De enorme elegância no A tensão da altitude
no nariz, onde a fruta e a bem viva e centro mais nariz apesar das camadas reflete-se em profundidade
especiaria se conjugam aberto. No nariz, notas de de fruta de caroço e citrinos, na frescura deste vinho. No
em perfeita simbiose, barro e fruta vermelha fresca, tridimensional, mas salivante, nariz mostra notas ligeiras
fruta vermelha e preta, assim como um toque de com um final longo e bem de borracha, misturando-se
adensando-se ao longo da rebuçado de morango. Na sustentado pela acidez. com limão maduro e boca
pimenta preta e da baunilha. boca é vivo e jovial, mas Consumo: 2023-2033 ampla, mas com a acidez em
Na boca é delicado mas de complexo e de tanino fino, 25,00€ / 11ºC contraste.
carácter definido. No final é final duradouro. Consumo: 2023-2033
longo, mas fino de identidade Consumo: 2023-2033 22,00€ / 11ºC
e terroir. 45,00€ / 16ºC
Consumo: 2023-2033
35,00€ / 16ºC

132 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Marc Barros / fotos Arquivo e D.R.

Kelman Family Vineyards

A vingança das Tourigas

94
Kelman As Tourigas - Touriga Nacional
& Touriga-Fêmea 2017
Dão / Tinto / Juliana Kelman Unipessoal
Rubi profundo, laivos violáceos. Fruto silvestre
maduro, amora e framboesa negras, flores brancas.
Notas de subcoberto e bosque, hortelã e menta.
Aromas balsâmicos do estágio em madeira. Belíssima
estrutura e volume, tanino granulado, em conjunto
de grande elegância e frescura.
Consumo: 2023-2033
40,00€ / 16ºC

91
Kelman Palhete 2022
Dão / Palhete / Juliana Kelman Unipessoal
O lote é composto por castas tintas (60%) e brancas
A produtora Juliana Kelman, neta de portugueses de uma família originária de (40%). Esmagamento de uva inteira e maceração a
Celorico de Basto que adquiriu em 2011 a sua propriedade com cerca de sete hectares no frio, fermentação a temperatura controlada a 18ºC
Dão, mais especificamente na sub-região de Terras de Senhorim, lançou um vinho único com maceração controlada e reduzida. Aromas
que, como a própria admite, “provavelmente não vai repetir-se, pois não foi planeado, florais e boa mineralidade, em virtude da vinificação.
foi fruto de circunstâncias que não controlamos”. Trata-se d’As Tourigas, exemplar que
Na prova de boca, destaca-se a acidez crescente,
a amparar o tanino e a fruta no aroma de boca,
resultou do ano atípico de 2017, com as consequências nefastas sobejamente conhecidas
terminando com toque salino, a alongar o final.
e às quais fizemos referência em reportagem publicada na nossa última edição.
Consumo: 2023-2028
Na sua propriedade, Juliana conta com uma parcela com cerca de 1,5 ha., onde ponti-
13,50€ / 11ºC
fica um conjunto de vinhas velhas com mais de 80 anos – são 10 castas, brancas e tintas,

em ‘field blend’, que dão origem ao já icónico Dez Castas. Pois, em 2017, “a nossa expec-
tativa era dar continuidade ao Dez Castas. Entretanto, durante a colheita, percebemos
que a vinha velha, de onde colhemos as dez variedades para este vinho, estava com um
87
rendimento super baixo. Só havia frutos da Touriga Nacional e da Touriga-Brasileira Kelman Touriga Nacional
(cuja designação oficial é Touriga Fêmea). As outras variedades tiveram um rendimento e Tinta Roriz 2022
nulo ou quase insignificante”. Dão / Rosé / Juliana Kelman Unipessoal
Daí que, pela primeira – e talvez última – vez, decidiu engarrafar o resultado da Touriga Nacional 60% e Tinta Roriz 40%. No nariz,
colheita do ano – a verdadeira vingança das Tourigas! - em 1.675 unidades. “De todos destacam-se as notas de fruta silvestre, citrinos e
os grandes vinhos deste ano, este é certamente o mais especial, pois é resultado de duas flores frescas. Algum herbáceo a elevar o conjunto.
variedades fortes e resistentes, sobreviventes”, resume Juliana. Com efeito, este vinho foi Bom volume e corpo, a apresentar estrutura digna
classificado como Grande Reserva. de nota, com a acidez viva a nortear a prova de
Para além deste, foram ainda acrescentados outros dois vinhos ao seu portefólio, boca.
todos sob a batuta do enólogo António Narciso – um palhete, fruto da curtimenta con- Consumo: 2023-2028
junta de castas brancas e tintas em estilo ancestral típico do Dão, bem como um rosé que 12,50€ / 11ºC
reúne as variedades Touriga Nacional e Tinta Roriz, ambos de 2022.

134 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

Seja responsável. Beba com moderação eruptio.pt


NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / fotos D.R.

Francisca Van Zeller, Maria Manuel Maia, Rita Nabeiro, Luísa Amorim,
Mafalda Guedes, Catarina Vieira e Rita Cardoso Pinto

Amálias 100

Vinho de homenagem
que também é solidário
Sete senhoras do vinho aceitaram o desafio da Fundação Amália Rodrigues de criar um
vinho especial em homenagem ao centenário de nascimento de Amália. O vinho leva o nome de
Amálias 100 e foi apresentado em pleno palco do Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, numa noite
que também teve os fadistas Pedro Moutinho e Fábia Rebordão a interpretar canções de Amália.
Trata-se de um blend de uvas e vinhos de diferentes regiões (Alentejo, Dão, Douro e Lisboa),
representando assim todo o país, assim como a voz da fadista abraçava Portugal de ponta a
ponta.
Rita Nabeiro, da Adega Mayor, Francisca Van Zeller, da Van Zellers & Co, Maria Manuel
Maia, da Poças e Luísa Amorim, da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, estão entre 93
as participantes desta iniciativa. A estas juntaram-se Rita Cardoso Pinto, da Quinta do Pinto, Amálias 100
Mafalda Guedes, da Sogrape e Catarina Vieira, da Herdade do Rocim. IVV / Tinto / Fundação Amália
Amálias 100 é um vinho tinto da colheita de 2020, para o qual cada produtora contribuiu Rodrigues
com uma parte, com um vinho de alta qualidade, seja lote ou casta, para criar o blend final. Paleta de aromas de grande qualidade,
As castas utilizadas incluem Touriga Nacional (27%), Alicante Bouschet (26%), Alfrocheiro intenso, com fruta madura, chocolate,
(20%), Touriga Franca (13%), Trincadeira (7%) e Field Blend Vinhas Velhas (7%). Sob a orien- matagal seco e nota mineral e fundo
tação dos enólogos Beatriz Cabral de Almeida (Sogrape), Carlos Rodrigues (Adega Mayor) e mineral. Paladar bem estruturado, de
Jorge Alves (Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo), esses componentes foram habilmente grande profundidade, taninos finíssimos,
combinados para criar o vinho final. Seguiram-se 12 meses de estágio em garrafa até ao frescura e precisão. Um vinho à altura da
momento de subir a palco. homenagem!!
Este vinho é acompanhado por uma caixa que se destaca pela sua simplicidade e elegância, Consumo: 2023-2035
numa edição limitada de 1920 garrafas Magnum. O número coincide com a data de nascimento 180,00€ / 16°C
de Amália, em 1920. Cada unidade tem o preço de 180,00€ e estará disponível em canais espe-
cializados, lojas próprias, garrafeiras e restaurantes. Todas as receitas serão revertidas na sua
totalidade para a Fundação Amália, que tem como objetivo realizar obras de recuperação na
Casa-Museu Amália Rodrigues e continuar a apoiar instituições como a Casa do Artista.

136 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

Entre o mar e as serras


há um território vinhateiro
a descobrir, a provar e a ficar.

Between the sea and the mountains


there is a wine region
to discover, to taste and to stay.
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / fotos Arquivo

Pedro Baptista

A Fundação Eugénio de Almeida (FEA)


celebrou o seu sexagésimo aniversário. Para
assinalar este marco importante, a Adega
Cartuxa, pertencente à fundação, preparou
um conjunto especial de oito vinhos, do ano
de 2021, e um azeite único. Produtos que car-
regam a essência da fundação e da marca de
vinhos Cartuxa, que teve em 1986 a sua pri-
meira edição.
A instituição criada em 1963 por Vasco
Maria Eugénio de Almeida tem forte compo-
nente agrícola. Mas é a componente vinícola,
através da Adega da Cartuxa, a principal fonte
de receita FEA que é crucial para o desem-
penho da sua missão social, cultural, educa-
tiva e espiritual na região de Évora.
Esta edição comemorativa é composta por
seis vinhos, seis tintos varietais, simbolizando
a efeméride das seis décadas. A estes junta-se
um vinho tinto que conjuga as seis castas
- Moreto, Alfrocheiro, Castelão, Aragonês,
Trincadeira, Tinta Caiada - e um vinho
branco, de Arinto e Roupeiro. Além disso, o
azeite no “pack” comemorativo salienta o seu
papel crescente que na Adega Cartuxa. É uma
edição limitada de mil caixas, de madeira com
Fundação Eugénio de Almeida gravura a ouro, com o valor unitário de mil
euros, disponíveis no início de novembro.

60 anos celebrados
com vinhos e azeite
da Adega Cartuxa
92 91
Fundação Eugénio de Almeida – Fundação Eugénio de Almeida –
Cartuxa 60 anos 2021 Cartuxa 60 anos 2021
Alentejo / Tinto / Fundação Eugénio de Almeida Alentejo / Branco / Fundação Eugénio de Almeida
O nariz é elegantemente frutado envolto por tostados, Nariz de bom porte, fragrância cítrica e fruta de caroço.
balsâmicos e ervas aromáticas. Sobriedade e requinte. Sugestão de mel e mineralidade. Corpo bem talhado,
Na boca, o vinho tem um bom porte, de perfil fino, destaque à frescura e refinada concentração. Fruta
taninos delicados, porém firmes. Muito harmonioso, equilibrada e final persistente. Com um pouco mais de
longo, moderno com reminiscência clássica. tempo, alcançará um outro patamar.
Consumo: 2023-2035 Consumo: 2023-2035
1000,00€ / 16°C 1000,00€* / 11°C
*vendido como parte do conjunto *vendido como parte do conjunto

138 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / foto D.R.

Sandra e Andreia com os pais, Paulo e Alice Tavares da Silva

Chocapalha

Estreia Arinto Este monocasta culmina


um longo período de

Antigo 2020 ensaios da enóloga


Sandra Tavares da Silva.

92
Quinta de Chocapalha Arinto
Antigo 2020
Regional Lisboa / Branco / Casa
Agrícolas das Mimosas
Amarelo ouro. Nariz vivo e amplo, flores
secas, limão confitado, laivos a querosene
e frutos amarelos. O paladar é vibrante,
de concentração soberba sem excessos
e frescura perfeita. Longo, a tensão e a
harmonia sugerem que envelhecerá bem.
Ótimo com comida.
Consumo: 2023-2035 / 30,00€ / 11°C

Em Alenquer, na Aldeia Galega da Merceana, a casta Arinto assume


papel principal no projeto da família Tavares da Silva, a Quinta de
Chocapalha. Estreia-se assim o Quinta de Chocapalha Arinto Antigo.
Este vinho monocasta, da colheita de 2020, provém de vinhas
antigas com mais de 30 anos, a culminar um longo período de ensaios
da enóloga Sandra Tavares da Silva, filha do casal produtor Alice e
Paulo Tavares da Silva, na exploração de matizes da uva Arinto.
O processo de produção envolveu maceração pelicular, termi-
nando em barricas usadas de carvalho francês. O estágio decorreu nas
mesmas barricas por 24 meses, em contato com as borras finas, com
um adicional de 12 meses de envelhecimento em garrafa. O resultado
é um vinho branco rico em nuances, que reafirma as qualidades únicas
que há muito são associadas à casta nestas vinhas. Este é um branco
projetado para envelhecer e amadurecer por décadas.
Esta estreia coincide com o décimo aniversário da moderna adega
da Quinta de Chocapalha. Erguendo-se na paisagem vinhateira de
Alenquer, a adega oferece não apenas instalações para vinificação e
envelhecimento, mas também uma área de provas e uma loja, propor-
cionando uma experiência única de enoturismo e winescape.

140 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Luís Costa / fotos D.R.

Álvaro Van Zeller

Barão de Vilar

Quarenta meses
em barrica nova…
Kaputt!

A linha de vinhos disruptivos de Álvaro Van Zeller na Barão


de Vilar acaba de chegar aos tintos, depois do lançamento do
bem-sucedido “orange wine” Kaputt a que se seguiu o inte-
ressantíssimo Kaputt palhete. Desta feita, trata-se de um lote
maioritariamente composto por Touriga Francesa (77%) com-
pletado com Rufete, Tinta Amarela e Touriga Nacional.
Para além da garrafa característica dos vinhos Kaputt – um
formato peculiar com uma espécie de base de apoio que faz
uma reentrância –, o lado disruptivo deste tinto está inscrito
no próprio nome: Kaputt 40 meses, uma vez que teve um
estágio (prolongadíssimo… e arriscadíssimo) de cerca de três
anos e meio em barricas novas de carvalho francês.
Trata-se de um tinto que honra igualmente o espírito da
marca, que nasceu de um conjunto de vinhos brancos que
tinham feito “kaputt” na respetiva colheita, ou seja, que pare-
ciam ter falhado nos seus propósitos, mas que renasceram
anos volvidos para formarem um “blend” muito singular.
Desta feita, sensivelmente metade das barricas do Kaputt tinto
“foram à vida”, que é como quem diz, tiveram como destino
inexorável nunca verem a luz do dia e o brilho do engarra-
famento. Mas a outra metade estava muito interessante e
merecia ser engarrafada, pensou Álvaro Van Zeller, pelo que
decidiu mesmo avançar com a estreia do Kaputt tinto que
agora chega ao mercado.

92
Kaputt 40 meses 2018
Douro / Tinto / Barão de Vilar Vinhos
Rubi intenso, surpreende no nariz pelas notas muito bem
integradas da madeira, nada excessivas apesar dos 40
meses de estágio em barrica nova. Aos aromas quentes e
maduros de groselha preta, liquorice, cravinho e casca de
pinheiro, juntam-se apontamentos mais frescos de bosque,
flores azuis e bagas silvestres. Na boca mostra-se em
camadas (começa suave e acaba pujante), com tanino de
fino recorte, agradável travo picante e bom balanço entre
robustez e elegância.
Consumo: 2023-2038
35,00€ / 16ºC

142 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

VINHOS COM HISTÓRIA !

Localizada na região Bairrada, a Quatro Cravos, reflete a


harmonia perfeita entre património, tradição e natureza.
Os nossos vinhos e espumantes revelam a frescura e
elegância do terroir que lhes dá origem.

www.quatrocravos.com
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / foto Arquivo

António Sousa, Presidente da Companhia das Lezírias

Castelão

Nova vida da
casta no Tejo 91
Companhia das Lezírias Séries
Singulares Castelão 2021
Tejo / Tinto / Companhia das Lezírias
Nariz de notória finura, amplo, repleto de fruta
silvestre, fresquíssima, ruibarbo, jasmim e anis,
resinas e laivos a bosque. Boca muito bem composta,
suculência agradável e frescura brilhante num estilo
claramente gastronómico. Aguentará firme a guarda.
Consumo: 2023-2030
25,00€ / 16°C

90
Espargal de D. Luís Reserva 2021
Regional Tejo / Tinto / Zé da Leonor
Mostra altivez e profundidade pela fruta madura,
toques tostados e chocolate. Na boca, revela-se
redondo e generoso, os taninos firmes, a acidez e a
bem calibrada fruta asseguram que tudo está no sítio
certo. Termina bem, harmonioso e persistente.
Consumo: 2023-2030
13,00€ / 16°C

88
Em mais uma iniciativa de divulgação da região e as suas castas, a Comissão
Chícharo 2022
Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo) organizou uma atividade de vindima e uma Tejo / Rosé / Alveirão
prova didática dedicada à casta Castelão, casta tinta bandeira da região. Há um certo estilo fora do script. Une nuances
A CVR Tejo reporta que, na região, a Castelão “mantém o estatuto da casta tinta mais tostadas, quase biscoito, a frutos secos e de caroço.
plantada e, por conseguinte, a mais expressiva nos vinhos, com 80% dos tintos a tê-la Na boca é muito leve, mas vibrante de frescura e
tensão, muito seco e bom desenvolvimento. Nem o
na sua composição”. Tem nos vinhos de lote o seu maior contributo. Na atualidade,
final esmorece. Dará nas vistas à mesa.
“uma nova geração começa a dar-lhe atenção, em vinhas estabelecidas e nas vinhas
Consumo: 2023-2028
velhas. E é, precisamente, em vinhas velhas e maduras, com produtividades baixas ou
12,00€/ 11°C
controladas, que a Castelão dá origem a grandes vinhos”, sublinha João Silvestre, dire-

tor-geral da CVR Tejo.
Tudo se passou na Quinta Casal das Freiras, a oportunidade para dar a conhecer
mais um produtor e uma das mais diferenciadas sub-regiões do Tejo, que é Tomar.
85
Provaram-se 10 vinhos, branco de tintas, rosés, tintos e um espumante, de Castelão. Bathoreu 2021
Nas palavras de João Silvestre, “há cinco anos atrás não havia praticamente nenhum Regional Tejo / Rosé / Agro-Batoréu
vinho monocasta de Castelão”, mas verifica-se o renovado interesse pela casta na Muito limpo de aroma, elegante, quase delicado,
região, quando pensada na ótica de qualidade e tirando partido da sua versatilidade, encontramos alguma romã e melancia, a par
atraindo mais atenção por parte dos consumidores. A escolha do local, a Quinta Casal de hibisco. Boca ligeira, aveludada, acidez bem
das Freiras, foi influenciada pelo mais recente lançamento do vinho Casal das Freiras equilibrada com a fruta vermelha e ligeiro amargor
Castelão tinto 2022, fruto de uma colaboração com a renomada casa Niepoort Vinhos. final. Está ótimo, fácil na abordagem e valioso com
No fundo, ficou demonstrado, mais uma vez, que a casta ainda tem muito para sur- petiscos.
preender, pela personalidade e pelos diferentes perfis de vinhos que pode originar. Consumo: 2023-2024
6,00€ / 11°C

144 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / foto D.R.

Jorge Rosas, Emanuela Tamborini, Filipa Pizarro Jorge Rosas e Michele Jermann

Douscana MMXX

Fusão entre
Douro e Toscana
A Duplo PR, empresa produtora e consultora em enologia, revelou vinho passou por um período de estágio de 20 meses em barricas de
o seu mais recente projeto: o Douscana MMXX, um vinho inovador carvalho francês e resultou em um total de 5340 garrafas.
fruto de uma colaboração com a Tamburini Wines, produtor italiano “Estamos muito orgulhosos com o resultado desta parceria com a
da região da Toscana. Tamburini Wines. O Douscana MMXX é realmente uma referência
É uma história que começa no Brasil, no seio de um grupo de única, que liga o nosso país a Itália, e que nasceu da paixão e do
amantes do vinho que organizam viagens vínicas. As figuras das duas trabalho da Duplo PR e da Azienda Agrícola Tamburini, com quem
empresas conheceram-se e ficou agendada uma viagem a Itália. E temos tido o prazer de trabalhar”, afirma Filipa Pizarro, diretora téc-
assim foi. A Duplo PR foi recebida como parte da família Tamburini. nica e sócia da Duplo PR. Além da criação do vinho, e aproveitando
A afinidade entre as duas equipas foi instantânea e uma ideia extraor- as sinergias criadas, a parceria inclui a promoção e venda nos mer-
dinária surgiu: juntar dois terroirs e duas castas, a Touriga Nacional cados onde cada uma das empresas está bem estabelecida.
do Douro com a Sangiovese da Toscana. A fusão perfeita. E nascia a Durante a apresentação do Douscana MMXX, também foram
parceria em 2014. apresentados dois novos vinhos da gama ITER da Duplo PR, ambos
A edição inaugural do Douscana MMXX é do ano 2020, após um da sub-região do Cávado, na região de Vinhos Verdes: o ITER Branco
ensaio interno em 2015. Este vinho é composto por 50% de Touriga Alvarinho & Chardonnay 2022 e o ITER Rosé Touriga Nacional &
Nacional do Douro, que confere estrutura e longevidade, e 50% de Pinot Noir 2022.
Sangiovese da Toscana, que contribui com frescura e delicadeza. O

92 89 89
Douscana MMXX ITER Alvarinho & Chardonnay ITER Touriga Nacional
NA / Tinto / Duplo PR e Azienda Agrícola 2022 & Pinot Noir Rosé 2022
Tamburini Regional Minho / Branco / Duplo PR Regional Minho / Rosé / Duplo PR
No aroma é mais Douro, pela amplitude Aroma muito fino e recatado, inicialmente Finura aromática, de perfil delicado onde
aromática e certa madurez frutada. Rico percebem-se os tons a maçã, alguma tília sentimos a belíssima frescura frutada e tons
e profundo de boca, concentração bem e ananás verde. Pólvora e massa lêveda na florais. Sofisticado. Na boca resulta leve e
equilibrada, taninos polidos, acidez viva e um evolução. Leve e sofisticado na boca, muito vibrante. Boa textura na sequência, a acidez
toque salino. Tudo bem ligado, é um vinho de fresco, de boa amplitude e grande delicadeza. é salivante e o final de boca é também
apelo gastronómico, mas com muito para andar. Um branco de bom nível, que dá prazer. convincente. Delicioso e multiusos.
Consumo: 2023-2035 Consumo: 2023-2028 Consumo: 2023-2026
75,00€ / 16°C 9,75€ / 11°C 14,50€ / 11°C

146 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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ÏÔËÜÏÝÚÙØÝåàÏÖ˛ÏÌËÍÙ××ÙÎÏÜËûéÙ˛
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / foto D.R.

Duarte Leal da Costa com o filho Bernardo e a mãe,


acompanhados pelo enólogo Nélson Rolo

Ervideira

Elegância
alentejana em
Pinot Noir
O produtor alentejano Ervideira coloca no mercado o mais recente membro da sua gama de
vinhos de topo, o Conde D'Ervideira Pinot Noir 2022. Esta novidade incorpora a casta Pinot
Noir, geralmente associada a vinhos delicados e elegantes em regiões de climas mais frescos, algo
89
raro no Alentejo. Conde D'Ervideira Pinot
Como parte do espírito inovador da Ervideira, a coleção Escolha do Enólogo é desenvolvida Noir 2022
especialmente para a categoria de vinhos super-premium, de edições limitadas que destacam Regional Alentejano / Tinto /
a criatividade do enólogo Nélson Rolo. Estes vinhos não seguem um padrão fixo, variando a Ervideira Soc. Agrícola, Lda.
cada vindima e sendo lançados apenas quando a elevada qualidade é concertada com alguma Cor aberta, grande elegância
disrupção. aromática com notas de folhagem,
Duarte Leal da Costa, diretor executivo da Ervideira, expressa o compromisso da empresa ruibarbo e bagas vermelhas
com a inovação: “Temos o prazer de criar vinhos inovadores, diferenciados e ousados, mas com a silvestres, além de um ligeiríssimo
capacidade de perdurar no tempo - vinhos de excelência que continuam a agradar aos consumi- toque fumado. No paladar, revela-se
dores ao longo dos anos. Desejamos que os apreciadores dos vinhos Ervideira, em especial os do fresco e elegante, com a textura
novo Pinot Noir, desfrutem da experiência de partilhar estas escolhas de confiança com amigos e sedosa característica da casta. Um
família por muitos anos”. sedutor!
Apesar dos desafios da vindima de 2022, a decisão de colher a casta Pinot Noir foi crucial. O Consumo: 2023-2028
processo de vinificação priorizou a baixa extração, com um período de estágio dividido entre 16,50€ / 16°C
tanques de aço inoxidável e barricas amplamente utilizadas. O resultado é um Pinot Noir com
identidade alentejana.

148 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Célia Lourenço / foto Arquivo

Miguel Feijão

89
Reguengos Garrafeira dos Sócios 2019
Alentejo / Tinto / Carmim
Cor granada escura. No nariz, fruta madura e
aquele classicismo alentejano a que gostamos de
voltar. Ameixa e figo, aroma ligeiramente anisado
e algum licor, tudo com a madeira presente. Boca
seca e cheia de sabor, com a mesma fruta e nota de
chocolate, taninos arredondados e corpo robusto.
Vinho harmonioso e fácil de gostar, que associa
estrutura a uma certa languidez.
Consumo: 2023-2033
25,00 € / 16ºC

88
Reguengos Garrafeira dos Sócios 2013
Reguengos Garrafeira dos Sócios 2019 Alentejo / Tinto / Carmim
Dez anos de boa evolução. A idade adulta trouxe
a confirmação de uma personalidade de terra

É sempre bom quente, apesar do se tratar de um ano que


sabemos fresco. Fruta ainda viva, em compota, nota
apimentada e tosta. Um vinho com boa presença,

voltar aos clássicos


encorpado, marcado pelo Cabernet Sauvignon e
por uma constante sensação alcoólica - como uma
assinatura.
Consumo: 2023-2030
N.D. / 16ºC
Em 1982, a Carmim criava o Reguengos Garrafeira dos Sócios, um vinho exclusivo para —
os seus associados que tinha por objetivo representar o melhor de cada ano. Foi tão acla-
mado que uma parte dessa primeira edição foi comercializada. A partir daí, a história é
conhecida - nasceu um clássico.
89
O mais recente é o 2019, lançado no restaurante Plano, do Chef Vítor Adão, em Lisboa,
Reguengos Garrafeira dos Sócios 1996
havendo assim a oportunidade de conhecer vários outros vinhos da Carmim. Por exemplo, Alentejo / Tinto / Carmim
a primeira edição do Monsaraz Bivarietal Antão Vaz-Verdelho 2022, um branco de fres- Cor com relativa evolução, com surpreendentes
cura bem conseguida. Para já, a sobressair o carácter herbal do Verdelho, esperando-se matizes vermelhas. Um vinho muito elegante no
que o tempo faça o seu trabalho e mostre mais o Antão Vaz. Ou, no final da refeição, um nariz, em tons quentes, que se vai descobrindo com
Colheita Tardia de Semillon e Viognier, de 2022, com carácter tropical, ainda em amostra grande prazer. Fruta ainda presente, taninos finos e
redondos, algum fumado. Um conjunto polido, que
de cuba, que promete novidade para os amantes do estilo.
sabe passar pelo tempo.
E depois dos Trifolium branco e rosé, também da vindima de 2022, chegou o aguardado
Consumo: 2023-2028
momento de conhecer o Reguengos Garrafeira dos Sócios 2019. Na presença do presi-
N.D. / 16ºC
dente do Conselho da Administração da Carmim, Miguel Feijão, os enólogos Rui Veladas

e Tiago Correia explicaram como nasce um Garrafeira dos Sócios. As castas podem variar
um pouco, já que depende da qualidade que apresentam em cada ano. São sempre uvas das
melhores parcelas dos cerca de 800 associados, vindimadas à mão. Após a fermentação
86
em lagares e cubas de inox, segue-se um estágio de 18 meses em carvalho francês novo Reguengos Garrafeira dos Sócios 1993
- diz-nos Tiago Correia que nesta edição usaram também barricas de 2º e 3º uso. Doze Alentejo / Tinto / Carmim
meses em garrafa e está pronto a sair para o mercado. O lote é sempre decidido no final do Cor acastanhada. Nariz com aromas terciários
estágio e, na colheita de 2019, temos 55% de Alicante Bouschet, 30% de Aragonez e 15% evidentes, algum couro e café. A boca segue
de Cabernet Sauvignon. São 30.000 garrafas, das quais uma parte (alguns milhares) con- também uma linha mais evoluída, sem perder o
tinuará na adega para um lançamento inédito em 2029. Ou seja, quando o vinho completa charme da linhagem que representa. Também por
a primeira década de vida. E a provar a longevidade deste clássico, serviram-se, também, isso, será uma pena não o beber enquanto tem este
os 2013, 1996 e 1993. A provar a longevidade… e o perfil. O Reguengos Garrafeira dos brilho, dando ainda muito prazer numa refeição.
Sócios 2019 é um vinho robusto e saboroso, de boca macia, que dá muito prazer e que é Consumo: 2023-2024
possível apenas na linha do estilo criado pelos anteriores. N.D. / 16ºC

150 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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A sua vinha faz parte
da sua história.
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cuide-a com Bayer.

Preservar o seu legado é dar à sua vinha o cuidado


e o carinho que ela merece. Por isso, a Bayer oferece-lhe a
sua estratégia integrada com diferentes soluções de proteção
superior para cada momento do ciclo da videira.

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NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / foto D.R.

Paulo Laureano

Aí está o
icónico Dolium
O vinho tinto de referência do enólogo e produtor Paulo Laureano, Dolium Reserva
tinto, tem na colheita de 2015 a sua mais recente edição. O berço deste vinho alen-
tejano é Água de Peixes, nos arredores de Vila Alva, uma parte “muito especial” da
Vidigueira assente numa das formações geológicas mais antigas do país, na qual pre-
domina o xisto negro, um xisto duro que contribui para a singularidade do Dolium,
93
marca que festeja duas décadas. “O Dolium tinto é o nosso ícone e traduz perfeita- Dolium Reserva 2015
mente a nossa filosofia: desenhar vinhos icónicos com castas portuguesas num terroir Alentejo / Tinto / PL Wines
de eleição que é a Vidigueira”. Irradia sofisticação e profundidade.
Uma prova de Dolium tinto de várias colheitas anteriores, ilustrativa do percurso A ligação da fruta com a envolvente
da marca, mostrou que foi a edição de 2004 que marcou o ponto de viragem e tran- balsâmica remete-nos para o
sição, momento em que Paulo Laureano largou as castas internacionais e passou a clássico alentejano. Estruturado, de
concentração bem calibrada, taninos
usar somente variedades nacionais, em particular Aragonês, Trincadeira e Alicante
apurados e uma frescura a todos os
Bouschet.
níveis notável, com muita margem
Este Dolium Reserva Tinto 2015 tem por base um “field blend” de vinhas velhas para crescer.
com mais de 10 variedades distintas. As castas Alfrocheiro, Alicante Bouschet e Tinta
Consumo: 2023-2035
Grossa sobressaem, às quais se associou uma pitada de Trincadeira de vinhas muito
70,00€ / 16°C
velhas. Vinificado com fermentação em lagares de aço inoxidável, amadureceu em
barricas de carvalho francês novo por um período de 24 meses antes do afinamento
em garrafa por cinco anos.

Este Dolium Reserva Tinto


2015 tem por base um “field
blend” de vinhas velhas com
mais de 10 variedades distinta.

152 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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PONTUAÇÕES
Regras de avaliação Todos os vinhos que obtiverem uma pontuação igual ou

e classificação inferior a 74 valores serão submetidos a nova prova (de pelo


menos um membro do painel). Caso a pontuação resultante
desta segunda prova seja inferior a 74 valores, tal facto é
da Revista de Vinhos comunicado ao produtor e a nota respetiva não é publicada
na revista.

As notas e pontuações atribuídas são registadas imediata-


A Revista de Vinhos segue, desde a edição 400, o modelo de prova e clas- mente na base de dados da Revista de Vinhos, antes de serem
sificação de vinhos da chamada escala OIV - Organização Internacional da reveladas aos membros do painel. Após a identificação dos
Vinha e do Vinho -, ou seja, de 0 a 100 pontos. vinhos são permitidos comentários adicionais a uma nota
de prova, por exemplo sobre a relação qualidade/preço, mas
Sabemos que o mundo do vinho está em constante evolução. É, por isso, nunca alterando a pontuação previamente atribuída.
tendo em mente a necessidade de acompanhar as grandes tendências
internacionais e até as necessidades dos produtores, que a Revista de
Vinhos adota esta escala, ao mesmo tempo que uniformiza o modelo de PROVA DE VINHOS
avaliação com a revista brasileira Gula que, desde a inclusão na esfera
do grupo Essência, utiliza esta escala. Também a parceria ibérica com o As provas são efetuadas no respeito pelas condições necessá-
grupo Peñin, responsável pela edição do celebérrimo guia com o mesmo rias para o efeito, nomeadamente no que se refere à tempe-
nome, impõe a colaboração em provas e eventos no mundo ibero-ameri- ratura da sala, humidade, iluminação e ausência de cheiros.
cano num modelo semelhante. Em todas as provas, as garrafas são cobertas e a cada vinho
é atribuída uma referência, que constará da base de dados
da Revista de Vinhos. O painel da Revista de Vinhos - A
Essência do Vinho adota a ficha de provas e respetivos parâ-
metros de avaliação OIV - Organização Internacional da
Vinha e do Vinho.

PROVAS REGULARES

O painel prova todos os meses dezenas de amostras de


vinhos, com incidência nas novidades lançadas no mercado,
procedendo individualmente à respetiva avaliação. A nota de
95-100 90-94 85-89 prova correspondente a cada vinho, embora reflita a opinião
da revista, é identificada através das iniciais do respetivo pro-
vador. Nuno Guedes Vaz Pires, diretor da Revista de Vinhos,
exerce o voto de qualidade na tomada de decisões.
EXCELENTE SUPERIOR MUITO BOM
vinho monumental, vinho de caráter e vinho acima
de características estilo superiores da média, com PROVAS TEMÁTICAS
singulares complexidade
Nestas provas, todos os membros do painel provam os
mesmos vinhos de acordo com um tema pré-definido. A nota
de prova de cada vinho resulta de uma média aritmética das
classificações atribuídas.

COPOS
80-84 75-79 50-74 Nas provas da Revista de Vinhos, são utilizados os copos
Riedel Wine Cabernet / Merlot.

De todos os vinhos provados e selecionados para publicação,


BOM MEDIANO NÃO o coordenador do painel escolhe mensalmente um conjunto
vinho bem vinho correto, sem RECOMENDADO de vinhos de acordo com os seguintes parâmetros:
elaborado pretensões
Altamente Recomendados
Vinhos mais surpreendentes, classificados com mais de 90
pontos.

Boas Compras
Vinhos de melhor relação qualidade/preço, vinhos classifi-
cados a partir de 80 pontos.

Os preços indicados nas notas de prova (PVP) são os preços


de venda recomendados pelo produtor em Portugal.
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Conheça os vinhos provados pelos nossos especialistas.


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painel de provadores
da revista de vinhos

Nuno Guedes Vaz Pires Alexandre Lalas António Lopes Bento Amaral
DIRETOR REVISTA DE VINHOS JORNALISTA E CRÍTICO SOMMELIER ENÓLOGO
DE VINHOS E WINE EDUCATOR E WINE EDUCATOR

Célia Lourenço Guilherme Corrêa Igor Beron José João Santos


REDATORA E CRÍTICA SOMMELIER DIP.WSET SOMMELIER DIP.WSET JORNALISTA E CRÍTICO
DE VINHOS DE VINHOS

Luís Costa Manuel Moreira Marc Barros


CRÍTICO DE VINHOS SOMMELIER EDITOR REVISTA DE VINHOS
E WINE EDUCATOR

Nuno Bico Rodolfo Tristão Sara Matos


PROVADOR SOMMELIER WINE EDUCATOR
E WINE EDUCATOR

@revistadevinhos novembro 2023 · 408 / Revista de Vinhos · 155


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ALENTEJO
91 90
92 Herdade Grande Tinta Bojador Vinho de Talha
Miúda 2021 2022
Cartuxa Reserva 2017
Regional Alentejano / Tinto / Alentejo / Branco / Espaço Rural
Alentejo / Tinto / Fundação Herdade Grande -António Manuel
Eugénio de Almeida Dourado, reflexos esverdeados.
Baião Lança
Notas de restolho e nectarina,
Tonalidade rubi. Complexidade Rubi profundo. Belíssima cera de abelha e um ligeiro
aromática com elegantes dimensão aromática, com notas oxidativo. Firme e de boa
notas de estágio em barrica gulosas de fruta vermelha, acidez, salgado e tenso, termina
a envolver apontamentos bagas pretas, damasco seco e repleto de firmeza. Um
de amora preta, ameixa cristalizado. Herbáceo seco. talha de personalidade e com
desidratada, figo seco, cacau, Aromas de estágio em madeira, margem de evolução. JJS
grãos de pimenta e cravinho. como chocolate e especiarias. Consumo: 2023-2033
Na boca revela amplitude, Conjunto elegante e de boa
tanino de grande nível, acidez 39,99€ / 11ºC
complexidade. Na boca é seco,
irrepreensível, textura com corpo médio e tanino suave,
diferentes camadas. LC com especiaria picante no fim
Consumo: 2023-2032 de prova, amparada na acidez 90
44,99€ / 16ºC firme. Saboroso e suculento. Mamoré de Borba
MB Consumo: 2023-2033 Touriga Nacional 2019
23,00€ / 16ºC Alentejo / Tinto / SOVIBOR
92 Aroma de belo porte, onde se
Cartuxa Vinho de Talha percebe a riqueza do estágio.
Bio 2019 91 Notas a frutas maduras,
Alentejo / Tinto / Fundação tostados, earl grey e nuances
Quinta dos Cardeais
Eugénio de Almeida balsâmicas. Prova de boca
Grande Reserva 2021
Rubi. Fruta preta e cheia, bem estruturada, taninos
Regional Alentejano / Branco /
azulada, bergamota, cacau, suculentos, vivacidade e
Costa Boal Family Estates
apontamento de argila, notas persistência. Bebe-se já, mas
Dourado, reflexos esverdeados.
especiadas. Na boca mostra-se crescerá com o tempo. MM
Nariz de lima, nêspera, toranja
irrepreensível, com franca Consumo: 2023-2035
e um toque abaunilhado.
acidez, equilíbrio, belo tanino e 15,99€ / 16ºC
Ainda em fase de integração,
final prolongado. LC Consumo: sabe equilibrar corpo e acidez,
2023-2035 apresenta volume no ponto
44,99€ / 16ºC exato e termina com um final 88
longevo. É daqueles que
Cartuxa Colheita 2019
merece garrafeira. JJS/LC/
Alentejo / Tinto / Fundação
92 NGVP Consumo: 2023-2033
Eugénio de Almeida
30,00€ / 11ºC
Quinta dos Cardeais Rubi. Aromas de bosque
Grande Reserva 2019 a envolver notas de fruta
silvestre, bergamota e
Regional Alentejano / Tinto /
Costa Boal Family Estates 90 especiaria branca. Na boca é
Rubi escuro. Nariz de cacau redondo, maduro e acetinado,
Barão Rodrigues Tinto
e grão de café, cereja negra com média acidez e taninos
Cão 2021
e pimento. O tanino é muito domados. LC Consumo: 2023-
Regional Alentejano / Tinto /
assertivo, expõe boa acidez, 2027
Menir BR Sociedade Agrícola
tem volume no ponto e 19,10€ / 16ºC
Aroma perfumado e apelativo
projeta-se para um final repleto pela elegância genuína
de garra, com nuances de folha presente na feição floral,
de tabaco. Continuará a evoluir
de forma segura. JJS/LC/NGVP
da fruta vermelha e das 88
especiarias. Boca, igualmente
Consumo: 2023-2035 Herdade Fonte Paredes
graciosa, corpo médio, de
Chardonnay Grande
35,00€ / 16ºC frescura intuitiva e taninos
Escolha 2022
polidos. Tudo em proporção.
Regional Alentejano / Branco /
Persistência encantadora e
Herdade Fonte Paredes
irresistível! MM Consumo:
Amarelo esverdeado. Aromas
2023-2030
exóticos a pera Williams,
16,00€ / 16ºC
laranja sanguínea, melão
apimentado e manjericão. Na
boca tem volume, persistência,
untuosidade e potencial
gastronómico. LC Consumo:
2023-2025
13,30€ / 11ºC

156 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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87 86 84
Foral de Évora Colheita Monte dos Pegos EA 2021
2021 Reserva 2020 Regional Alentejano / Tinto /
Alentejo / Branco / Fundação Regional Alentejano / Tinto / H. Fundação Eugénio de Almeida
Eugénio de Almeida UVA Rubi. Nariz frutado, flores azuis,
Amarelo limão. Delicados Rubi. Notas frutadas de amora, pimenta branca, frescura de
aromas florais a envolver ameixa vermelha, grãos de bosque. Boca com grande
apontamentos de ameixa pimenta preta, leve rebuçado. equilíbrio amparada por
branca, maçã, laranja Na boca é acetinado, linear, boa acidez, tanino firme,
sanguínea, folhas de salva e com taninos redondos, mas final agradável com alguma
leve especiaria branca. Na boca tem boa acidez e equilíbrio. LC persistência. LC Consumo:
mostra textura firme, equilíbrio, Consumo: 2023-2026 2023-2024
amplitude, boa acidez e 7,99€ / 16ºC 5,99€ / 16ºC
persistência. LC Consumo:
2023-2026
12,98€ / 11ºC 84 82
Dom Gabriel 2022 Monte de Pinheiros
87 Regional Alentejano / Branco /
Menir BR Sociedade Agrícola
2020
Regional Alentejano / Tinto /
Rovisco Garcia 2022 Aromático, mostra-se pelo Fundação Eugénio de Almeida
Regional Alentejano / Rosé lado herbal com lúcia lima, Rubi. Perfil aromático em que
/ Herdade do Monte Novo e raspa de cítricos, tangerina e a fruta predomina, com notas
Conqueiro algum tropical. Na boca prima de mirtilo maduro, amora e
Salmão brilhante. Hortelã e pela vivacidade, pelo paladar groselha preta. Na boca é
flores frescas no ataque. Fruto frutado, muito afinado com suave, redondo, fácil de beber,
vermelho e notas de pão. Seco, toque salino que lhe assenta com acidez média e equilíbrio.
acidez direta, linear, em corpo bem no final. Ótimo aperitivo ou LC Consumo: 2023-2025
leve e frutado no aroma de com pratos frios. MM Consumo: 3,68€ / 16ºC
boca. Bom prolongamento 2023-2025
final, saboroso. MB Consumo: 3,50€ / 11ºC
2023-2025
6,79€ / 11ºC
82
84 Monte de Pinheiros 2022
Regional Alentejano / Branco /
86 EA 2022
Regional Alentejano / Rosé /
Fundação Eugénio de Almeida
Amarelo intenso. Aromas
Cartuxa Colheita 2022 Fundação Eugénio de Almeida frutados (ameixa, maçã,
Alentejo / Rosé / Fundação Salmão. Nariz com notas de abacaxi) e florais em alegre
Eugénio de Almeida morango, alguma framboesa, combinação. Na boca é fresco
Tonalidade salmão. Aromas a mirtilo e bagas de romã. Na e jovial, com acidez viva e
fruta silvestre, bagas de romã, boca é suave, seco, sem agradável travo herbáceo. LC
bergamota e folhas de tomilho. arestas, fresco, com leve Consumo: 2023-2024
Na boca é elegante, cítrico, de adistringência herbácea no fim 3,68€ / 11ºC
travo seco, com nota herbácea de boca. LC Consumo: 2023-
no final. LC Consumo: 2023- 2024
2025 5,99€ / 11ºC
19,00€ / 11ºC

86 84
EA 2022
EA Reserva 2020 Regional Alentejano / Branco /
Regional Alentejano / Tinto / Fundação Eugénio de Almeida
Fundação Eugénio de Almeida Amarelo intenso. Nariz marcado
Rubi. Notas aromáticas de pelas ervas frescas, limão,
ameixa preta, figos, chocolate raspa de lima, melão verde e
mentolado, mirtilos e alguma kiwi. Na boca é cítrico, linear,
liquorice. Na boca é redondo, com acidez correta e perfil de
sedoso, mas sem ser enjoativo, frescura. LC Consumo: 2023-
suportado por boa acidez. LC 2024
Consumo: 2023-2025 5,99€ / 11ºC
9,49€ / 16ºC

158 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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BAIRR ADA DOURO


86
88 Quinta dos Termos Fonte 93
Cal Reserva 2022
Aleixo Reserva 2020 Costa Boal Homenagem
Beira Interior / Branco / Quinta
Bairrada / Branco / Real Cave do Grande Reserva 2019
dos Termos
Cedro Douro / Branco / Costa Boal
Amarelo límpido. Boa dimensão
Amarelo limão. Florais de início, Family Estates
aromática, fruto de polpa
nectarina, maracujá e perceção Amarelo, laivos limão. Nariz
branca, flores frescas. Herbáceo
de fumo a seguir. Fresco, de de melaço de fruta, líchia
fresco e tónico. Na boca realça
boa acidez e algum salgado, e um complemento de
a mineralidade da casta, a par
combina volume e exatidão. toranja. A perceção de chão
da acidez linear e consistente,
O final é bom, afirmativo e é transversal. Austero e firme
bem doseada, e do volume.
alongado. Tem versatilidade. na prova, mostra muito boa
Final médio, saboroso. MB
JJS Consumo: 2023-2030 acidez, volume definido, um
Consumo: 2023-2029
9,90€ / 11ºC prolongamento final elegante.
10,00€ / 11ºC
Tem elevada margem de
progressão. JJS/LC/NGVP
87 DÃO
Consumo: 2023-3035
65,00€ / 11ºC
Aleixo Reserva 2020
Bairrada / Tinto / Real Cave do 89
Cedro
Rubi, rebordo granada. Notas
Quinta de São Simão da 90
Aguieira Encruzado 2022 Costa Boal Chardonnay
de cereja vermelha, pinheiro e
Dão / Branco / Sociedade dos 2022
um vegetal apimentado. Tanino
Vinhos Borges
domesticado, acidez de matriz Regional Duriense / Branco /
salina, volume no ponto e final Cor citrino suave, aromas algo Costa Boal Family Estates
mais aguerrido. Não fosse tímidos no primeiro ataque. Amarelo palha. Notas de
uma certa evolução precoce e Fruta citrina, herbal, ervas restolho e amanteigados,
estaria um patamar acima. JJS aromáticas frescas, algum especiaria delicada e um toque
Consumo: 2023-2030 mineral que transmite frescura. de lima a espevitar. Não tendo
Sabor seco, acidez presente, tido passagem por barrica, a
9,90€ / 16ºC
crocante, fruta citrina e floral, textura que alcança espelha
bom corpo e final apetecível e um impoluto trabalho com as
intenso. Escolha acertada para
BEIR A INTERIOR petiscos. Ideal para almoços
borras finas, a frescura, acidez e
compasso finais antecipam-lhe
tardios de fim de semana! RT potencial de guarda. JJS/LC/
86 Consumo: 2023-2028 NGVP Consumo: 2023-2033
9,99€ / 11ºC
Quinta dos Termos 18,00€ / 11ºC
2020
Beira Interior / Tinto / Quinta dos
Termos
88 89
Tom cereja. Nariz guloso Fidalgas de Santar Quinta da Soalheira
e apetecível, com a fruta Encruzado 2022 2022
fresca em primeiro plano. Dão / Branco / Vinassantar
Douro / Rosé / Sociedade dos
Chocolate, leve baunilha. -Sociedade Agrícola
Vinhos Borges
Toque compotado. Seco, bom O aroma, apesar de discreto é Cor apelativa, aromas frutados
volume e estrutura, tanino algo amplo. Ao abrir traz notas florais evidentes, framboesa, morango.
verde, especiado. Final de bom e herbais frescas, cítricos e Toque herbal. Sabor seco,
comprimento, seco, em toada impressão a pedra lascada. Na acidez presente, frutado ligeiro,
gastronómica. MB Consumo: boca tem largura e volume, a herbal a oferecer alguma
2023-2029 acidez dá suporte essencial, a vivacidade. Bom corpo e final
4,50€ / 16ºC indicar que evoluirá bem. Por com alguma persistência.
agora, é pô-lo com petisco a Escolha acertada para uma
condizer. MM Consumo: 2023- tábua de queijos ao final
2030 da tarde. Ideal com carnes
11,00€ / 11ºC grelhadas ou marisco! RT
Consumo: 2023-2026
8,79€ / 11ºC

160 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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IVV
88 85
Quinta da Soalheira Crasto 2022 91
2020 Douro / Branco / Quinta do Crasto
3 Flores 2020
Douro / Tinto / Sociedade dos Amarelo limão. Notas de flor de
Vinhos Borges IVV / Tinto / Costa Boal Family
laranjeira, gramíneas, líchia e Estates
Cor vermelha, aromas frutados, pedra. Detentor de boa acidez,
Rubi escuro. Expressões de
frutos pretos, especiado. tem volume harmonioso e
pimento e folha de tomate,
Sabor seco, taninos elegantes, camadas de sabor na projeção
nota de cacau e um toque
frutado, fácil de degustar, final. Parceiro versátil na mesa.
de fumo. O tanino surge
com final persistente. Escolha JJS Consumo: 2023-2028
afirmativo e fresco, o volume
acertada para a mesa! RT 10,60€ / 11ºC está contextualizado, o final
Consumo: 2023-2027
surpreende pelo músculo e
8,79€ / 16ºC
persistência, mas sempre bem
85 definido. Uma estreia pela porta
principal, a lembrar um certo
87 Lavradores de Feitoria
2022
estilo novo-mundista. JJS/LC/
Quinta da Soalheira 2022
NGVP Consumo: 2023-2033
Douro / Rosé / Lavradores de
Douro / Branco / Sociedade dos Feitoria Vinhos
30,00€ / 16ºC
Vinhos Borges Todo ele é jovialidade e
Aromas citrinos, frescos, toque frescura. Bons detalhes. Fruta
herbal. Elegante. Na boca seco, vermelha bem calibrada e 89
boa acidez, citrino e fresco, muito vivaz, no aroma e na Wanted - The Gunner
bom corpo. Final refrescante. boca, assim como requintado 2021
Ideal para finais de tarde! floral. O corpo leve tem textura,
IVV / Branco / Tiago António
Escolha acertada para marisco. sabor e um toque vibrante que Marinho Soares
RT Consumo: 2023-2026 o torna irresistível. Convivial
Dourado. Muito aromático,
8,79€ / 11ºC e petisqueiro. MM Consumo:
exibe maracujá, lima, toranja
2023-2025
e tangerina. A seguir revela
5,99€ / 11ºC tensão, boa acidez e alguma
87 salinidade. O final é fresco e a
Três Bagos Reserva 2022
querer ligar-se à eletricidade.
Douro / Branco / Lavradores de
85 Um bom fora da caixa. JJS
Feitoria Vinhos
Consumo: 2023-2028
Lavradores de Feitoria
22,00€ / 11ºC
No nariz, sente-se já uma certa 2022
riqueza e sofisticação pelo Douro / Branco / Lavradores de
frutado delicado e a ligeira Feitoria Vinhos
sugestão de barrica. Impressão Sugere vivacidade ao primeiro LISBOA
mineral. Em boca, exibe uma olhar. Afinado no toque
boa estrutura, frescura no
ponto certo e o final de boca
aromático das ervas aromáticas 90
a complementar o frutado. Na
é persistente e elegante, a Bartolo Sauvignon Blanc
boca, a fruta cítrica e de caroço
afirmar apego à mesa. MM 2021
harmonizam-se no corpo
Consumo: 2023-2028 leve, saboroso e refrescante Regional Lisboa / Branco /
Sociedade Agrícola Cunha Folque
8,99€ / 11ºC que convida a mais um gole
junto de petiscos do mar. MM Amarelo limão. Notas de
Consumo: 2023-2025 espargos, maçã verde e toranja.

85 5,99€ / 11ºC
A acidez está muito presente
mas o que mais surpreende é
Crasto 2020 a dimensão. Tem bom volume,
Douro / Tinto / Quinta do Crasto desdobramento de texturas,
algum salino e final saboroso.
Rubi escuro. Inicia nos florais,
Bom exemplar da casta no
seguem-se a groselha e a
nosso país. JJS Consumo:
cereja negras, especiaria e
2023-2030
algum fumo. Tanino vincado,
perfil quente, grande volume e 11,50€ / 11ºC
final de teimosia. Para mesas a
preceito. JJS Consumo: 2023-
2028
10,60€ / 16ºC

162 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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90 88 88
QSB Arinto Reserva Chocapalha Reserva Valmaduro Premium
2020 2022 Sauvignon Blanc 2022
Regional Lisboa / Branco / Regional Lisboa / Rosé / Quinta de Regional Lisboa / Branco / Casa
Sociedade Agrícola Cunha Folque Chocapalha - Casa Agrícola das Santos Lima
Dourado, reflexos alaranjados. Mimosas Bastante frescura de aroma,
Exuberante nos aromas de O nariz é uma deflagração de tropical verde, folha de tomate,
tangerina, pêssego e especiaria frescura e carácter atiçado acácia e groselha. Tom certeiro
de barrica. A dimensão é pelas notas de hibisco, e apelativo. Boca sumarenta,
amparada pela grande acidez, groselha e sugestão de casca mas leve, acidez salivante,
tem camadas de sabor, nervo de toranja. Leve no paladar, sabor frutado, tropical e
e final alongado. De perfil muita firmeza e secura na vegetal sempre em mira. Bem
oxidativo, mostra potencial boca, acidez estaladiça e com agradável de beber a sós
longevo. JJS Consumo: 2023- notória estrutura. Sempre em ou com petisco fresco. MM
2033 crescendo. Para o ano inteiro. Consumo: 2023-2026
14,50€ / 11ºC MM Consumo: 2023-2028 9,99€ / 11ºC
14,50€ / 11ºC

90 88 82
Saltimbancos Malbec Conde de Castro Marim
2022 QSB Colheita Tardia 2020
Regional Lisboa / Rosé / Quinta 2019 Regional Lisboa / Branco /
do Gradil Regional Lisboa / Colheita Tardia Sociedade Agrícola Cunha Folque
Rosa brilhante. Expressão floral / Sociedade Agrícola Cunha Folque Dourado. O fruto de caroço
no ataque, flores frescas. Abre Amarelo, reflexos alaranjados. domina, o damasco em
para notas de fruto vermelho, Notas de casca de laranja, destaque. Amplo e de grande
groselha, alperce, toque tangerina, algum melaço volume, tem o perfil de fruto
de padaria. Bom volume e de fruta. Glicerino, tem os maduro amparado pela acidez.
estrutura, cremoso e texturado, açúcares equilibrados com a O final é simples. Para mesas
acidez límpida, elétrica. Um acidez, é guloso e dá prazer diárias. JJS Consumo: 2023-
rosé de boa memória. MB geral. O final expõe várias 2024
Consumo: 2023-2025 camadas de sabor. JJS 6,50€ / 11ºC
18,88€ / 11ºC Consumo: 2023-2028
28,50€ / 6ºC
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PENÍNSUL A DE
SE TÚBAL 90 79
Encosta do Sobral Adega da Arriça Reserva
86 Reserva 2022 Coruja do Montado 2022
Regional Tejo / Rosé / Encosta do Regional Tejo / Branco / Arlindo
Herdade da Comporta Sobral (Santos & Seixo) Marques Botas
2020
Coral. Nariz refinado com Amarelo acobreado. Aromas
Península de Setúbal / Tinto / alusão a barrica e frescura de marmelo, clementina, limão
Herdade da Comporta
distinta. Bagas silvestres maduro e raspa de laranja.
Rubi profundo. Os aromas de alternadas com laivos de Na boca tem adstringência e
fruta fresca surgem a par de pêssego e flores. Boca acidez acentuada. Final com
notas de chocolate, especiarias elegante, acidez intensa, travo amargo. LC Consumo:
como pimenta branca e leve ligeiros amargos de toranja, 2023-2024 / 4,25€ / 11ºC
apontamento químico - iodo. untuosidade e uma vivacidade
Seco, corpo médio, com alguma estimulante. Final longo e
adstringência no final de prova,
com nuance de cereja verde.
promissor. MM Consumo: 2023-
2028
78
MB Consumo: 2023-2029 Chapim 2022
19,99€ / 11ºC
8,50€ / 16ºC Tejo / Rosé / Herdeiro de João dos
Anjos Dias

T E JO
87 Tonalidade salmão. Aromas de
morango e xarope de groselha.
Quinta de Santo André Na boca mostra fruta madura,
90 2022
Regional Tejo / Branco / M. Veiga
simplicidade e baixa acidez. LC
Consumo: 2023-2023
Casal das Aires Teixeira - Quinta de Santo André 4,75€ / 11ºC
Chardonnay 2021 Boa amplitude na fruta madura,
Regional Tejo / Branco / Pine Nuts tropical, alperce e tangerina,
Vines & Wines
Amarelo dourado.
resultando fino e cativante. V INHO DO PORTO
O pólen e o floral doce
Complexidade aromática com
notas de pêssego de roer,
juntam camadas. Bom porte,
suculento e macio no paladar
87
maçã reineta, raspa de laranja, de sensação sumptuosa e, Calém Velhotes Tawny
tomilho, manjericão. Na boca ao mesmo tempo, elegante. 10 Anos
é cítrico, mostra volume e Afinadíssimo. Brilhará com Vinho do Porto / Fortificado /
untuosidade, tem frescura queijo! MM Consumo: 2023- Sogevinus Fine Wines
salina e acidez com grande 2026 Cor granada densa, há riqueza
equilíbrio. LC Consumo: 2023- 4,25€ / 11ºC e alguma complexidade no
2027 aroma. Tostados, compotas,
20,90€ / 11ºC avelãs, figos e caramelo
84 salgado. Textura suave, avelãs
torradas, praliné e cereja.
90 Cardeal Dom Guilherme
Reserva 2021
Boa impressão de frescura, o
final é marcado por cacau e
Encosta do Sobral Tejo / Tinto / Condado chocolate. MM Consumo: 2023-
Colheita Tardia 2020 Portucalense - Sociedade de 2030 / 18,00€ / 14ºC
Regional Tejo / Colheita Tardia Vinhos
/ Encosta do Sobral (Santos & Rubi. Nariz com imensa fruta
Seixo) (mirtilo, amora e cássis) e
Amarelo-claro. Belo aroma. apontamentos de casca de V I NHO V E RDE
Limão e abacaxi. Noção de pinheiro, caruma e vapor de
vivacidade. Casca de laranja café. Fresco e sedoso, na boca 92
cristalizada. Um ligeiro volátil e corresponde ao perfil aromático Soalheiro Bruto Barrica
especiaria. Na boca, atrai pela com imensa fruta, boa acidez e 2019
vivacidade, doçura equilibrada taninos burilados. LC Consumo:
Regional Minho / Espumante /
pela acidez deliciosa, afinado 2023-2027 Vinusoalleirus
e ligeiro, pode até servir como 3,99€ / 16ºC Palha dourado, mousse
aperitivo. MM Consumo: 2023-
generosa, bolha fina e regular.
2030
Notas amanteigadas, fruto
24,90€ / 6ºC cristalizado, alperce, flores
secas. Ligeiro abaunilhado.
Bom volume, acidez média,
ampla, pastelaria no aroma
de boca. A mousse cremosa
desfaz-se na boca e prolonga
a prova. Termina com volume,
longo e saboroso, limonado. MB
Consumo: 2023-2026 / 20,00€
/ 8ºC

166 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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91 87 81
João Portugal Ramos Quinta da Ôro 2022 80's (lata)
Alvarinho 2022 Vinho Verde / Branco / Sociedade Vinho Verde / Branco / Adega
Vinho Verde (Monção e Melgaço) dos Vinhos Borges Coop. Ponte da Barca e Arcos de
/ Branco / J. Portugal Ramos Cor esverdeada, aromas frescos Valdevez
Vinhos onde imperam as notas citrinas. Amarelo limão, efervescência
Amarelo limão. Perfume de Toque herbal a envolver; Sabor bondosa. Notas de lima, laranja
flor de laranjeira, líchia, lima seco, acidez presente, citrino, e algum tropical. Fresco,
e manto granítico. O trabalho fresco, bom corpo e final leve, descontraído e fácil de
de borras está muito bem apetecível. Ideal para começar convencer. Dos que se bebem
conseguido. Combina volume, a refeição. RT Consumo: 2023- sem pensarmos. JJS Consumo:
acidez, acerto geral e tremenda 2026 2023-2023
afinação no fecho. Dará gozo 8,79€ / 11ºC 1,88€ / 8ºC
na mesa e será certeza na
garrafeira. JJS Consumo: 2023-
2033
12,99€ / 11ºC
87 80
Sapateiro Alvarinho e Quinta dos Encados
Avesso Escolha 2018 Grande Escolha 2022
90 Vinho Verde / Branco / Tiago
António Marinho Soares
Vinho Verde / Branco / Azevedo
& Areias
Soalheiro Alvarinho Amarelo limão. Notas de Amarelo, laivos esverdeados.
Bruto 2022 restolho, baunilha, pimenta Aromas a fruta tropical, raspa
Regional Minho / Espumante / branca, lichia e pêssego. de lima, ervas frecas, folha de
Vinusoalleirus Amplo e salgado, generoso na louro. Na boca é ligeiramente
Dourado, brilhante. Menta, dimensão, sempre com a boa efervescente, com rasto de
eucalipto. Flores secas, citrinos acidez a garantir-lhe os carris. doçura e acidez média. LC
gordos. Notas melíferas. Aromas O final é persistente. Precisa Consumo: 2023-2023
de pastelaria e fruto seco. Boa de tempo. JJS Consumo: 2023- 8,00€ / 11ºC
mousse, cremosa e texturada. 2030
Acidez alta, mineral. Salino e 17,00€ / 11ºC
saboroso, com leve sucrosidade
limonada no fim de boca. MB
80
Quinta dos Encados
Consumo: 2023-2025
15,00€ / 8ºC
85 Loureiro 2022
João Portugal Ramos Vinho Verde / Branco / Azevedo
Loureiro 2022 & Areias

88 Vinho Verde (Monção e Melgaço)


/ Branco / J. Portugal Ramos
Amarelo esverdeado. Aromas a
melão, abacaxi e ervas frescas.
Sapateiro Cavalo de Vinhos Tem boca singela, alguma
Tróia Escolha 2018 Amarelo limão. O fruto de doçura e ligeira efervescência,
Vinho Verde / Tinto / Tiago pomar domina os aromas, a par mas dentro do estilo é um
António Marinho Soares de ligeiros florais. Mais gordo a vinho bem feito. LC Consumo:
Púrpura. Intensos florais, muito seguir, combina bom volume e 2023-2023
pimento e um lado vegetal acidez a preceito. O fecho tem 8,00€ / 11ºC
exacerbado nos aromas. Tanino exatidão e mostra versatilidade
bem polido, acidez vincada, geral. JJS Consumo: 2023-2026 VINHOS
volume em contexto e um final
teimoso, repleto de nervo e de
4,99€ / 11ºC ESTR ANGEIROS
especiaria. Equilibrado entre
o entendimento clássico e o
82 90
contemporâneo. JJS Consumo: Lemaire Sélect Réserve
2023-2030 80's (lata) Blanc de Noirs Brut 0
19,00€ / 16ºC Vinho Verde / Rosé / Adega Champagne / Espumante /
Coop. Ponte da Barca e Arcos de Champagne Roger-Constant
Valdevez Lemaire
Rosa. Muitos florais, cereja Dourado, reflexos alaranjados.
vermelha e folha de morango Cordão persistente e boa
no nariz. Fresco, efervescente, mousse. Notas de panificação e
com a doçura equilibrada face cereja. Ataque inicial de garbo,
à acidez. Saboroso, para brindar a acidez no ponto, de frescura
em finais de tarde de sol. JJS global e final bem projetado -
Consumo: 2023-2023 em teimosia e finura. Um blanc
1,88€ / 8ºC de noirs para levar à mesa. JJS
Consumo: 2023-2030
33,40€ / 8ºC

168 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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J.A. Dias Lopes (Brasil) editor Ricardo Garrido anavicente@essenciadovinho.com Impressão: Lidergraf Sustainable Printing
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Nuno Correia venda: 214 337 001 (dias úteis das 8h-13h e 14h-17h;
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Para ver e ouvir EVENTO CLUBE DE REVISTAS
fotos Daniel Luciano

DÃo Portas
Abertas
A região Viseu Dão Lafões abriu as portas das suas adegas e quintas, para a primeira
edição de um evento que se pretende anual, capaz de posicionar o território como destino
de eleição para o turismo enogastronómico.
Trata-se de um convite à vivência de experiências diversificadas, que inclui um roteiro de
visitas, provas, passeios, atividades sensoriais e desafios proporcionados pelos produtores
locais, tendo como ponto de partida o vinho, a cultura, a gastronomia e os produtos autóc-
tones das várias sub-regiões do Dão.
Nesta primeira versão, estiveram de portas abertas a Casa da Ínsua (Penalva do Castelo),
Magnum Wines (Carregal do Sal), Quinta de Lemos (Silgueiros – Viseu), Quinta da
Taboadella (Silvã de Cima – Sátão), Paço dos Cunhas de Santar (Santar – Nelas) e Soito
Wines (Mangualde). Nestas, os visitantes puderam provar vinhos únicos das famosas castas
do Dão, como Touriga Nacional, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Roriz, mas também Encruzado,
Malvasia Fina ou Uva Cão. A acompanhar, sessões de show cooking com harmonizações,
almoços e jantares temáticos, preparados por chefes de nomeada, como os estrelados
Diogo Rocha, Vítor Matos, António Loureiro, bem como a cozinha de potes de Renato
Cunha, acompanhados pelos especialistas sommeliers António Lopes e Manuel Moreira.
A animação musical, entre os sons do jazz e da bossa nova, foram também uma constante.
O Dão Portas Abertas é um evento promovido pela Comunidade Intermunicipal Viseu
Dão Lafões, tendo por parceiros a Comissão Vitivinícola Regional do Dão, financiado pelo
Turismo de Portugal e com produção Essência Company.

172 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


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António Loureiro Osvaldo Amado

Carlos Silva Vítor Matos e Diogo Rocha

Bernardo Santos e Carlos Lucas Fernando Ruas e Nuno Martinho


EVENTOCLUBE DE REVISTAS

Muriel Porfiro

Renato Cunha

José Carlos e Sandra Soares


CLUBE DE REVISTAS
Para ver e ouvir EVENTO CLUBE DE REVISTAS
fotos D.R.

Zurique recebeu
vinhos de Portugal A ação promocional,
que decorreu no
emblemático Zunfthause
A ViniPortugal esteve de regresso à Suíça para a organização da prova anual em Zurique. zur Meisen, em Zurique,
Esta presença internacional está inserida no Plano de Promoção de 2023 da associação, em
que se pretende identificar novas oportunidades de negócio para a produção nacional, com e
Suíça, teve uma
sem distribuição na Suíça. masterclass reservada a
A ação promocional, que decorreu no emblemático Zunfthause zur Meisen, em Zurique,
Suíça, teve uma masterclass reservada a jornalistas e sommeliers, seguida de uma grande
jornalistas e sommeliers,
prova, dirigida quer a profissionais do on e do off trade, quer a consumidores, que contou com seguida de uma
250 participantes.
Thomas Vaterlaus, editor da revista Vinum, conduziu a masterclass sob o tema “Os Melhores
grande prova, dirigida
Vinhos de Portugal – do Norte ao Sul do país”, incluindo harmonizações com o intuito de quer a profissionais
explorar a versatilidade gastronómica dos vinhos portugueses.
Já na grande prova, contou-se com a presença de 32 produtores: A&D Wines, Abegoaria
do on e do off trade,
Wines, Adega de Portalegre, Adega Mayor, Aveleda, Campolargo, Casa Ermelinda Freitas, Casa quer a consumidores,
Relvas, Churchill's, Divai, Do-Joa, Dona Dorinda Organic Wines, Dona Maria - Júlio Bastos,
Falua - Wines from Portugal, Herdade da Rocha, Herdade dos Grous, J. Portugal Ramos Family
que contou com 250
Estates, Lua Cheia Saven, Menin Wine Company, Messias, Quinta da Pacheca, Quinta de S. participantes.
Sebastião, Quinta do Infantado, Quinta do Monte d'Oiro, Quinta do Sanguinhal, Real Cave do
Cedro, Rui Roboredo Madeira Vinhos, Vidigal Wines, Volteface, Wines of Tejo.

176 · Revista de Vinhos ⁄ 408 · novembro 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

Carla Fonseca e Frederico Falcão


NEW AGE CHEF CLUBE DE REVISTAS
texto Marc Barros / foto D.R.

S TA D E V I N
VI H
O
E S
R
·

· ·
N O
UN
O CA S T R

LUZES, CÂMARA, AÇÃO...


CONTINUAMOS COM

NUNO
CASTRO
Nuno Castro poderia bem ser o arquétipo do portuense (vá
1. Apesar de jovem, este natural experiência ‘plant based’, que fez
todos os olhares voltarem-se para
de Leça da Palmeira conta já
lá, leceiro…) de gema que cabe na imagem do trabalhador o chefe.
6.Sendo responsável pelas cartas
um impressionante percurso
incansável, com visão de mundo e veia empreendedora e profissional.
empresária. Depois de ter iniciado o seu percurso no Sheraton
Porto, oficiou nos restaurantes Terra, do grupo Cafeína, Capa
2.Completou formação no Newry do grupo, Nuno é também sócio do
Fava Tonka.
7.Neste, mesmo ao lado da
College da Ulster University, na
Verde, Paparico e BH Foz, tendo ainda completado a sua Irlanda do Norte, em “Food Cooking
formação, académica e profissional, no Reino Unido. and Preparation, Hospitality and Esquina do Avesso, prestes a come-
Desde 2012 é o chefe executivo do grupo do Avesso, fundado Catering”, para onde foi a conselho morar cinco anos, introduziu um
do chefe Jerónimo Ferreira, do conceito de desperdício zero, sem
pelo seu amigo e empresário Ricardo Rodrigues. Este abrange,
Sheraton Porto. dogmas nem falsas pretensões.
como o nome refere, o restaurante Esquina do Avesso, bem
como o Terminal 4450 (Matosinhos e Braga), Suhisaria e, mais 3.Este foi o seu primeiro posto de 8.O próprio nome do restaurante
trabalho, a que se seguiram outros remete para a semente dypterix
recentemente, o vegetariano Fava Tonka. Em comum a estes
restaurantes na Irlanda, como o odorata, nativa da Amazónia. Esta
espaços, o facto de estarem localizados em Leça da Palmeira, Soho Place. é empregue como aromatizante na
bem próximo do porto de Leixões e na zona histórica daquela
localidade.
4.No regresso a Portugal, quase cozinha, substituto da baunilha, ou
mesmo como produto cosmético
três anos depois, foi acumulando
A capacidade criativa, o respeito pelo produto e a inventividade natural.
9.Curiosamente, a maioria dos
experiências em vários restau-
técnica não são antagonistas de acessibilidade. Isso mesmo tem rantes, até chegar ao Esquina do
vindo a demonstrar este jovem chefe, desde logo no Esquina do Avesso e começar percurso em frequentadores do restaurante nem
Avesso mas, com mais ousadia, no Fava Tonka, um restaurante nome próprio. sequer é vegetariana…
vegetariano que consegue chegar a diversos tipos de público, e 5.Hoje, Nuno Castro é o chefe 10.Muito ainda se espera do gra-
não apenas aos adeptos da gastronomia orgânica. Destacamos executivo do grupo – mas foi, ffiter Ofer (perdão, do chefe Nuno
10 coisas que deve saber sobre ele… juntamente, no Fava Tonka e na sua Castro) nos próximos anos!

178 · Revista de Vinhos ⁄ 407 · outubro 2023 @revistadevinhos


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