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 16

P O R T U G A L

FEVEREIRO 2021 86

103

ESTILO ATUAL
P16. ACESSÓRIOS P40. ESTER EXPÓSITO
A carteira, a pulseira, as botas, A jovem atriz espanhola que
o anel, o gorro e o relógio que rapidamente se tornou um
queremos como “date”. fenómeno de popularidade.
Graças às redes sociais e não só. 74
P22. D 2

Conversámos com os gémeos P46. NÃO ÉS TU... É A PANDEMIA

Dean e Dan Caten, os fundadores
da Dsquared2, sobre a sua
infância, a carreira na moda e a
abertura de uma loja em Lisboa.
P26. TENDÊNCIAS & SHOPPING
Looks sexy em vermelho e preto,
sapatos com o salto certo,
lingerie extra-especial e um mar
de rosa no guarda-roupa .
P30. BRILHO DUPLO
Uma nova marca de joias em
território nacional.
P32. THIS IS LOVE
Acessórios que refletem todas as
nuances das paixões intensas.
Como o confinamento e a
proximidade forçada acelerou o
fim de relacionamentos frágeis.
P50. ENCONTRO MARCADO
Sugestões de presentes para
um São Valentim passado ao ar
livre, no conforto do lar ou numa
viagem curta para espairecer.
P54. AS REGRAS NÃO SE APLICAM
A nada, e muito menos no que
ao sexo diz respeito. Verdades e
mentiras sobre o prazer feminino
analisadas na primeira pessoa.
P58. ELLE CARTAZ
Filmes, séries, livros, música e
podcasts que refletem toda a
complexidade do amor.
MODA
P64. ENTRE LAÇADAS
Peças em malha que são tudo o
que precisamos em fevereiro.
P74. ALERTA VERMELHO
Looks que percorrem os tons mais
quentes do espectro de cores.
P96. COMEÇA POR V
A vulva, a vagina. A mais íntima
das nossas relações.
P100. DE CORAR POR MAIS
Aquele rubor no rosto – entre
o envergonhado e o atrevido –
que só o blush pode dar.
P101. BELEZA EM NOTÍCIA
Novidades que até nos fazem
esquecer que faz frio lá fora.
LIFESTYLE
P104. O OUTRO SUL DE FRANÇA
A região de Occitanie tem
história a cada esquina, praias,
arquitetura e autenticidade.
P108. MESA PARA 2
Restaurantes a reservar.
P110. ANIMAL LOVERS
São os mais fiéis companheiros.
P113. VIDA DE ALENTEJO
O vinho como projeto de vida.

BELEZA
P86. A CADA BATIMENTO
FOTO DE CAPA A maquilhagem certa é RUBRICAS
Ester Expósito com top, emocional, tal como o amor. P9. Sumário
culotes, meias e cachecol,
tudo Dolce & Gabbana. P94. SEM RÓTULOS NEM LEIS P10. Ficha técnica
MAQUILHAGEM: ALEX SAINT
Os aromas que pode (e deve) P12. Editorial
CABELOS: JESÚS DE PAULA
STYLING: BÁRBARA GARRALDA
partilhar com a pessoas que mais P112. Assinaturas
FOTO: RAFA GALLAR ama. No São Valentim e sempre. P114. Horóscopo
 e l l e
DIRETORA EDITORIAL Soledad Lorenzo IMPRESSÃO E ENCADERNAÇÃO Rotimpres, S.A.
Carrer del Pla de l’Estany nº 5-10 – 17181 Aiguaviva – Girona
DIRETORA Sandra Gato
sandra-gato@rbarevistas.pt
ASSINATURAS Vasp Premium
DIRETORA DE ARTE Manuela Mendes Tel. (351) 214 337 036 | assinaturas@vasp.pt
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ASSISTENTE DE DIREÇÃO Maria Rodrigues DISTRIBUIÇÃO

maria-rodrigues@rbarevistas.pt VASP – Distribuidora de Publicações, SA.
MLP – Media Logistic Park Quinta do Grajal 2739-511 Agualva-Cacém
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REDAÇÃO
Moda: Vítor Rodrigues Machado | vitor-machado@rbarevistas.pt
Beleza: Carolina Adães Pereira | carolina-pereira@rbarevistas.pt
PREÇO NO CONTINENTE
(IVA incluído)
COLABORADORES €4,50
Texto: Amaya Ascunce, Bernard Fitzwalter, Periodicidade: mensal
Clover Stroud, Inês Aparício, Katy Young, Kemi Alemoru. Depósito legal nº 23 589/88
Fotografia: Jens Mauritz, Lacey, Pedro Ferreira, ISSN 0873 – 3570
Registo de Imprensa nº 113 288
Pedro Mascarenhas, Rafa Galar. Victor Demarchelier.
Tiragem média: 50 000
Moda: Bárbara Garralda, Charles Varenne,
Christina Maier, Laura Seganti, Solange Franklin. ESTATUTO EDITORIAL: elle.pt/lei-da-transparencia

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10 E L L E P T
 editori
CHAMA
Há que mantê-la viva. Há que reacendê-la quando começa
a esmorecer. Há que nunca deixar o fogo apagar... Quer
seja adepta de clichés batidos ou não, não há como negar
que amor sem chama é como jardim sem flores. Até pode
ser bonito mas não enche a alma. E se é verdade que há
muitas formas de amar e que a vida não tem de se parecer
com uma comédia romântica, poucos seres humanos
abdicam das emoções fortes de uma grande paixão. É
irresistível, viciante e, sim, muitas vezes errado.
Fevereiro é o mês do amor por excelência. São Valentim
assim o quis. Mas este fevereiro, como todos os meses que o
antecederam desde março 2020, é diferente. Porque entre
o último Dia dos Namorados e este, que estamos prestes a
celebrar, aconteceu uma pandemia que destruiu ainda
mais que a saúde e a economia mundial. Destruiu relações,
casamentos. É esse terrível efeito secundário que
analisamos em Não És Tu, É a Pandemia. O confinamento,
a proximidade forçada e o medo foram, para muitos casais,
os ingredientes inevitáveis de um cocktail explosivo
servido numa bandeja de fragilidades acumuladas.
SIGA-NOS EM... elle.pt Elle Portugal
12 E L L E P T
Mas, apesar de ser tempo de pensar na melhor forma de
mimar a nossa pessoa especial – temos sugestões de
presentes adaptadas a tipos diferentes de “dates” e de
restaurantes onde há sempre uma Mesa para 2 – é
também o momento ideal para questionar a nossa libido,
ou melhor, os preconceitos que existem sobre o prazer
feminino para chegar à conclusão que, no sexo, As Regras
Não Se Aplicam. Leia. É provável que se identifique.
E qual é a cor que mais se associa ao fogo da paixão?
Vermelho, claro! É por isso que nesta edição não faltam
pinceladas da cor mais quente dos espectro Pantone.
Temos um editorial Alerta Vermelho onde não faltam
peças de alto impacto – e, para contrabalançar, outro mais
suave feito de malhas macias e passeios à beira-mar –,
looks de maquilhagem que aceleram a pulsação e
acessórios aos quais nem o coração mais frio resiste.
Este último ano ensinou-nos a urgência do amor mas
também nos mostrou que o verbo amar encerra em si a
definição de verdade. Faz-se de sentimentos reais. Única
e exclusivamente. Tenha um excelente mês.
FOTO: PEDRO FERREIRA
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 A VENDA

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 Um refúgio dedicado
AO BEM-ESTA R
E REL A X A MENTO

W W W.CO R I N T H I A .CO M / L I S B O N
 E E
ESTILO
POR
VÍTOR RODRIGUES MACHADO

Balmain Alta-Costura FW20.

CAPITÃ ROMANCE
FOTO: IMAXTREE

Este ano vamos seguir à letra o início deste clássico dos Ornatos Violeta: “Não vou procurar quem espero”.
Em vez disso, vamos perder-nos de amor por nós próprias e mimarmo-nos com tudo a que temos direito.
ESTILO

A CARTEIRA
Se esta podia ser só uma carteira intemporal? Podia. Mas quis a Coach que esta versão do modelo Hutton
com aplicação de pelo ganhasse os tons de rosa e vermelho que a transformam num acessório não só
intemporal mas também irresistível, que queremos ter nos nossos braços (ou ombros).
 A PULSEIRA
Não existe nenhuma outra forma que melhor represente os fortes laços que vamos criando, ao longo da vida,
com as pessoas que amamos do que a corrente. Esta pulseira Swarovski, que brilha (não só com o tom de
rosa dourado como também) com os seus cristais torna-se num símbolo dessas uniões que resistem a tudo.
ESTILO

AS BOTAS
Não queremos que parta corações, mas deixar umas quantas pessoas a suspirar certamente não fará mal
a ninguém. Estas botas em camurça, da Hermès, aquilo que vão fazer, é potenciar essa energia heartbraker,
já que, garantidamente, vão aquecer todos os sítios por onde passar.
 O ANEL
Reza a lenda que, há muito tempo atrás, uma sábia mulher disse “If you liked it then you should have put a
ring on it”, e nós concordamos. Por isso, se até ao momento a aliança não entrou no dedo, a hora é de fazer
juras de eterno amor a si própria, selando o compromisso com um destes anéis Solitaire Stellar da Pandora.
ESTILO

O GORRO
Existem peças pelas quais nos apaixonamos com um simples olhar, e este gorro da Molly Bracken é o
perfeito exemplo disso. Não sabemos se é a cor, o material ou a aplicação em forma de estrela mas a
verdade é que não conseguimos parar de sentir aquele calor na alma (e na cabeça) quando o usamos.
 O RELÓGIO
Não se roubaram estrelas ao céu para conceber este Manhattan Constellation, da Omega, mas certamente
existem muitas que neste momento estão lá em cima a roerem-se de inveja por não poderem ter um
mostrador em madrepérola adornado por dezenas de diamantes.
ESTILO

2
Dean e Dan Caten são os fundadores de uma das marcas mais
FOTO: GIAMPAOLO SIGURA - D.R. (2)

ousadas e emblemáticas da indústria da moda: a Dsquared2.

Falámos com os gémeos sobre o seu percurso de sucesso, os
planos para o futuro e a recente inauguração da loja de Lisboa.

Por Vítor Rodrigues Machado

N
asceram a19 de dezembro de 1964, no Canadá,
no seio de uma família de emigrantes com um
pai de origem italiana e uma mãe britânica.
Desde cedo souberam que o seu futuro passaria
pelo mundo da moda, e hoje, aos 64 anos,
esta que é a dupla de gémeos mais conhecida da indústria,
mantém a mesma paixão que tinha no início. Falámos com
Dean e Dan Caten numa entrevista que acompanha todo o
percurso e carreira dos designers que recentemente abriram
a sua primeira loja na Avenida da Liberdade, em Lisboa.

Vocês cresceram em Willowdale, Toronto, numa casa com

mais sete crianças. Sendo os mais novos da família, como é
que foi crescer num ambiente tão cheio?
Sim, era uma família muito grande, com 9 crianças, onde
se misturava um pouco da cultura inglesa com a italiana,
porque a nossa mãe era do Reino Unido e o nosso pai era
italiano. Mas o facto de sermos gémeos fez com que sen-
tíssemos desde o início que tínhamos um relacionamento
muito especial, que se diferenciava do dos nossos irmãos.
Hoje em dia, sentimos falta da nossa infância, de ser crianças
e crescer numa família tão numerosa, claro, e isso é algo
que nos vai acompanhar até ao fim dos nossos dias. E ainda
que naquela altura a vida não tenha sido sempre fácil, não
nos esquecemos nunca das nossas raízes. Temos sempre
presente na nossa memória os momentos em que o nosso
pai afastava todos os problemas e preocupações através da
música, cantando Frank Sinatra.
Então e como é que nesse ambiente mais humilde e um pouco
caótico (com tantas crianças) surge a paixão pela moda?
O primeiro momento que marcou o início desta paixão foi
quando, aos 10 anos de idade, criámos (para uma das nossas
irmãs) um look para uma ocasião especial. Para nós, a partir
daí, ficou claro que o nosso futuro passaria por explorar algo
criativo e que a melhor maneira de nos expressarmos seria
através de roupas e do estilo. Com o passar do tempo, essa
nossa primeira paixão passou a ser nossa verdadeira paixão
na vida, e tivemos muita sorte deste nosso primeiro amor
se transformar na nossa carreira.
O vosso primeiro grande trabalho surge quando ainda
eram muito novos ao trabalhar como designers juniores
para a Ports International. Como é que essa oportunidade
apareceu na vossa vida?
Tudo começou na Parson School of Design, na cidade de
Nova York, onde conhecemos a Miki Tanabe, a mais nova
das seis filhas do dono da canadense Ports International,
Luke Tanabe. Ela estava à procura de alguém que trouxesse
Em cima: Os gémeos Dean e Dan Caten em crianças
na sua casa de família no Canadá.
Em baixo: Madonna com peças Dsquared2 na
altura do lançamento do álbum Music.
uma energia nova para dar um novo impulso à marca e nós
estávamos simplesmente no lugar certo na hora certa.
E conseguiram aprender muito com essa experiência?
Tudo aquilo que era possível!
Depois desse trabalho, em 1991, decidiram mudar-se do
Canadá para a Itália. O que é que vos fez tomar esta decisão?
Escolhemos vir para a Europa porque, caso tivéssemos ido
para Nova Iorque, se algum dia quiséssemos desistir, bastava
apanharmos um autocarro para regressar ao Canadá. Então
preferimos ter um oceano e uma barreira linguística entre o
nosso passado e o nosso futuro, fazendo com que abandonar
o nosso ideal se tornasse mais difícil.
Três anos após se terem mudado, apresentaram a vossa
primeira coleção (em 1994). O que vos fez dar este passo e
abrir a Dsquared2?
Sempre foi o nosso sonho fazer algo criativo e a melhor
forma de nos expressarmos foi através das roupas e do estilo.
Mas na altura, e mesmo já tendo toda a experiência da Ports
International, certamente que não foi fácil?
Foi muito desafiador, mas a Homesick Canada – a nossa
primeira coleção de roupa masculina na Dsquared2 – incluia
looks que mostravam a nossa herança canadense através de

E L L E P T 23
ESTILO

estampados e padrões, algo que continua a definir a marca.

Por volta de 2000/2001 vocês começaram a trabalhar com
Madonna, quando ela lançou o álbum Music e percorreu o
mundo com a sua tour. Como é que tudo isto aconteceu?
Trabalhar com a Madonna foi uma honra e um momento
essencial na nossa carreira. Ainda hoje somos inundados
por aquela emoção da época. Não éramos tão conhecidos
na altura. Mas o Jamie King, que era o diretor criativo da
Madonna na altura, era nosso amigo, então ele ligou-nos e
pediu-nos algumas das peças da nossa coleção masculina.
Selecionámos uma série de looks para ela e mandámos tudo 1
na hora. Ela começou por usar as nossas calças de ganga e
depois decidiu personalizar algumas das peças para usar no
videoclipe da música Don’t Tell Me, e para um dos quadros
da Drowned World Tour. Isso fez com que começássemos
a desenhar e a criar a nossa linha feminina. Foi sem dúvida,
um marco fundamental na nossa carreira.
Acreditam que o facto de terem trabalhado com um ícone
como ela vos ajudou a internacionalizar a marca?
Para nós, vestir Madonna, foi sem duvida um momento
revolucionário e, claro, ela foi a primeira celebridade a ves-
tir peças nossas. Ela é definitivamente “o ícone” da música
pop, mas também é um ícone de moda. Ela é uma musa,
uma mulher poderosa e glamorosa, com uma personalidade
extremamente forte, e é uma incrível performer.
Para além dela, trabalharam com mais artistas e celebrida-
des. Esta foi uma decisão consciente que fez parte da vossa
estratégia de dar a conhecer a marca?
Não podemos dizer que fez parte de um estratégia, foram 1 e 2. Naomi Campbell e Eva Herzigova no
colaborações que surgiram naturalmente! Tivemos a honra primeiro desfile feminino da Dsquared2.
3. O interior da loja em Lisboa (Avenida da
de trabalhar com várias modelos famosas e artistas impor- Liberdade nº 215) . 4. Look da coleção Pre-Fall
tantes... E todos eles foram sempre incríveis connosco tanto 21. 5. Look da coleção Primavera-Verão 21.
a nível pessoal como profissional. Cada uma dessas pessoas 6. Look da coleção outono-inverno 20/21.
tinha uma história especial e nós estabelecemos uma ligação
4
com todas elas logo desde o início. Todas as pessoas incríveis
com quem trabalhámos interpretaram o Dsquared2 à sua
maneira, acrescentando a cada uma das peças um toque da com uma atitude mais marcante e distinta.
sua personalidade e carisma. Desde então a marca tem crescido de uma forma incrível.
Em 2003 lançaram a vossa primeira coleção feminina, com Como é que tudo funciona entre os dois? Desenham ao
uma das apresentações mais icónicas de sempre, repleta de mesmo tempo ou separadamente?
supermodelos incríveis. Querem falar um pouco sobre isto? Antes, quando a empresa era mais pequena e tínhamos menos
Depois de estabelecermos a linha de roupa masculina obrigações acabávamos por fazer tudo juntos. Agora que temos
Dsquared2, através da qual a marca se tornou sinónimo de três ou cinco vezes mais carga de trabalho, e há cinco vezes mais
jeans experimentais, em novas formas de misturar tecidos coleções, dividimos. O Dean está a tomar conta da linha de
e de um estilo ousado, decidimos lançar a nossa primeira mulher e eu estou a acompanhar a linha dos homens. Quando
coleção feminina em 2003. O desfile Star 24-7 contou com nos reunimos no final do dia, mostramos um ao outro aquilo
presença das supermodelos Naomi Campbell, Eva Her- que estamos a fazer e partilhamos as nossas ideias, e vemos
zigova, Karolina Kurkova e Fernanda Tavares. Nele, elas se elas vão de encontro à direção que queremos seguir. Mas
desciam de um avião particular rosa! E esta linha acabou garantimos sempre que temos um diálogo criativo aberto,
por acrescentar novos valores à marca: celebrava o poder de forma a manter a coerência entre as duas linhas. Já quando
da individualidade feminina e o glamour da moda, mas se trata do desfile, esse sim, fazemos os dois em conjunto.

24 E L L E P T

2
3 pessoas podem comer, trabalhar, treinar e cuidar de si.
«A NOSSA ESPERANÇA É QUE
TODOS POSSAM ENCONTRAR
ALGUM TIPO DE INSPIRAÇÃO NESTE
MOMENTO POIS ESTA É UMA GRANDE
OPORTUNIDADE DE REAVALIA TUDO.»
5 6
E alguma vez pensaram que a Dsquared2 se iria tornar
nesta marca conhecida mundialmente?
O nosso objetivo desde o início era criar roupas inovadoras
e fáceis de usar para que as pessoas que, como nós, traba-
lham e gostam de se divertir e de dar festas, possam vestir
algo que as faça sentirem-se incríveis e à vontade tanto de
dia como de noite. Esta era a visão que tínhamos quando
começamos a nossa aventura com a Dsquared2, uma visão
que mantemos até aos dias de hoje. Isso permitiu que nós
continuássemos a gostar de fazer o nosso trabalho. Sim-
FOTOS: IMAXTREE (3) - D.R. (3)
plesmente cresceu, a marca ficou mais ampla, cobrindo
mais ocasiões, que vão desde o estilo formal ao desportivo
... agora podem ir à praia, à discoteca, aos Óscares, onde
quiserem, e nós temos algo para cada uma das ocasiões.
Para além das coleções, desenvolvemos também um
conceito de lifestyle Dsquared2, na nossa sede principal. Foi
lá que abrimos o restaurante e a piscina, para que as pessoas
possam almoçar e beber um copo enquanto relaxam ao sol, ou
seja, tudo aquilo que gostamos na vida: boa comida e locais
cool nos quais as pessoas podem estar à vontade, tendo ainda
a oportunidade de transformar o encontro num mini cocktail.
Esse é o estilo de vida que temos e queremos partilhar. E depois,
como hoje em dia todos se preocupam muito com a saúde e
o bem-estar, temos ainda o ginásio e o spa, que faz também
parte da vida que temos e gostamos. Para isso, transformámos
um edifício em Milão no pacote completo – um local onde as
No vosso plano de expansão da marca surgiu então Lisboa. O
que é que vos fez abrir a loja aqui em Portugal?
Lisboa é uma cidade muito vibrante, com cores vivas e um
clima sempre incrível, e o que mais nos impressionou foi a
boa disposição das pessoas e a alegria que nós próprios senti-
mos quando aí estamos. Somos apaixonados por Lisboa – por
Portugal inteiro, na verdade –, então, quando tivemos esta
oportunidade de abrir a loja não hesitámos.
Pouco tempo após terem aberto a Dsquared2 na Avenida da
Liberdade, veio a pandemia. Como foi este ano para vocês dois
e como lidaram com tudo?
Usámos estes últimos meses como um momento de reflexão
para perceber o que é mais importante na vida. Decidimos
agir de acordo com “os três A’s”: Aceitação, Apreciação e
Adaptação. Ou seja, nós precisamos de aceitar a situação,
valorizar o que temos, ser gratos e adaptarmo-nos a um novo
caminho a seguir. Claro que nunca parámos de o fazer, mas
pela primeira vez tivemos a possibilidade de respirar e reavaliar
as nossas vidas e o nosso trabalho. A nossa esperança é que
todos possam retirar algum tipo de inspiração deste momento
pois, para quem pode, esta é uma grande oportunidade para
reavaliar tudo. Conseguimos estar muito focados e ser mais
criativos do que nunca tendo em mente exatamente quem
somos, e olhando para a identidade de nossa marca, enquanto
nos tentamos manter relevantes e comunicar tudo da melhor
maneira possível com nossa comunidade.
Atualmente, começamos a ver uma luz no fundo do túnel, o que
é que vocês esperam para o futuro da moda e da Dsquared2?
Estamos muito felizes pela nossa empresa estar a expandir-se
e a fortalecer-se a olhos vistos. É um crescimento constante.
O rendimento ainda é muito positivo, o que, claro, é a coisa
mais difícil de manter. Agora, mais uma vez, e olhando para
tudo o que já conseguimos ao longo dos anos, queremos
focar-nos naquela que realmente é a nossa contribuição
para o mundo da moda e naquilo que é a nossa identidade
– e assumi-la cada vez mais. Quanto ao futuro, certamente
esperamos continuar a crescer, a expandir e, acima de tudo,
a prosseguir este trabalho por mais vinte e cinco anos, pelo
menos, e sempre juntos, claro. n
E L L E P T 25
ESTILO

ALEXANDER MCQUEEN
SAINT LAURENT

BALENCIAGA
VALENTINO
GIVENCHY

BALMAIN

PREEN
TENDÊNCIAS

#DICAELLLE
THAT’S WHY THIS LADY IS A VAMP
Deixe toda a sua sensualidade extravasar para o seu guarda-roupa sem
SE NÃO SE
S SENTIR
PREPARADA PARA qualquer tipo de receios ou pudor (especialmente se tiver algo programado
USAR UMM CASACO
EM PELEE BEM com alguém especial). Recorra ao preto, ao vermelho, ao cabedal, e a peças
BRILHANNTE, PORQUE com um aspeto mais vitoriano que deixem a sua personalidade sobressair.
NÃO COMMEÇAR POR
UM VESTTIDO, QUE
MOSTREE BEM AS
SUAS CUURVAS, NUM
POR: VÍTOR RODRIGUES MACHADO - FOTOS: IMAXTREE (9) - D.R.

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26 E L L E P T
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SHOPPING
ANDAR EM PONTAS
Sabia que, durante as gravações da série O Sexo e a Cidade, Kim Cattrall
fazia questão de usar sapatos de salto alto para se sentir poderosa
no papel de Samantha? Sim, é verdade que por vezes um stiletto pode ser
desconfortável, mas o poder que nos dá é tudo menos fictício.

A COMBINAR
FOTOS: INSTAGRA: @JIMMYCHOO- D.R.

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SHOPPING
SENSUAL HEALING
Se tiver alguém ao seu lado neste momento, ótimo. Se não tiver, está
tudo bem na mesma. Aqui a única coisa que importa é que perceba
que a lingerie é feita para nos sentirmos extra especiais (e não
necessariamente para ser admirada por outros).

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28 E L L E P T
 CAROLINA HERRERA
RICHARD QUINN

MARINE SERRE
JOHN ROGERS
REDEMPTION

HALPERN
MIU MIU

TENDÊNCIAS
PRETTY IN PINK
Quer contrariar a paleta de cores que normalmente associamos à estação
#DICAELLE:
fria para a aquecer um pouco? Então, este inverno, vamos prescrever-lhe COMBINE ESTE
uma boa dose de rosa para animar o espírito. Vai certamente sentir um TOM COM OUTRO
IGUALMENTE
pouco da energia de Elle Woods (de Legalmente Loira) em si. QUENTE COMO
O VERMELHO,
APLICADO EM
ACESSÓRIOS OU
POR: VÍTOR RODRIGUES MACHADO - FOTOS: IMAXTREE (9) - D.R.

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E L L E P T 29
ESTILO

Arno Van
Meirhaeghe e
Teresa
Symington
Caxide.

C
onheceram-se na Suíça. Arno Van
Meirhaeghe – belga, de Antérpia
– e Teresa Symington Caxide –
portuguesa, natural da cidade do
Porto. Estudavam Gestão Hoteleira e
apaixonaram-se. Mas aquilo que podia
ter sido apenas uma bonita história de
amor transformou-se num projeto que
se tornou um objetivo e que abriu portas
recentemente na cidade do Porto.
Escolherem a Invicta como morada e
decidiram que, juntos, desenvolveriam
ali aquele que é o negócio de família
de Arno há já quatro gerações: as joias.
Profundo conhecedor de diamantes e
JOIAS filho de um dos fundadores da marca

BRILHO DUPLO
Um belga e uma portuguesa unidos pelo amor e pela
Direggio, uma marca de joias personalizadas premium
que acaba de chegar à cidade do Porto. Por Sandra Gato
Direggio (criada em 1993), Arno quis
trazer para Portugal todo esse conheci-
mento e colocá-lo ao serviço dos por-
tugueses (ou de qualquer pessoa que
os procure, obviamente). Teresa, filha
de mãe inglesa e descendente de uma
família historicamente relacionada com
a produção de Vinho do Porto, deci-

30 E L L E P T
 COLABORAÇÃO
COM A ARTISTA BELGA
KAROLIN VAN LOON. AS
ÁGATAS SÃO A PEDRA
DE ELEIÇÃO E TODO
O SEU TRABALHO É
REVELADOR DE UMA
LIGAÇÃO INTENSA COM
A NATUREZA. AS SUAS
PEÇAS ESTÃO À VENDA
EM EXCLUSIVO NA LOJA
DIREGGIO, NO PORTO.

A em ouro
Anel
rrosa e geodo
rrosa, Pink
Ring, €2400,
R
Karolina Van
K
Loon para
L
Direggio.
D

A loja/atelier
Direggio abriu An
nel em ouro
recentemente portas am
marelo e
na Foz Velha. dia
amantes,
€2830.
€2

diu acompanhar Arno nesta aventura são bem-vindos. Além da Direggio ter
contribuindo com algo fundamental: coleções – onde é possível escolher entre
o entendimento do que é (e como fun- peças com uma inspiração definida e
ciona) o mercado local e nacional. que se complementam – o que que a Anel em ouro
E se é um facto que em Portugal sabe diferencia de outras marcas é o facto de branco e
diamantes,
trabalhar materiais nobres como o ouro tudo poder ser feito à medida, ao gosto €3540.
e a prata de uma forma exímia, a técnica e ao desejo de surpreender de cada um.
e todo o savoir-faire relacionado com Quem entra na Direggio pode pedir
a escolha e manuseamento de pedras quase tudo e tudo será feito para que
preciosas (diamantes e não só) é algo se torne realidade. Adaptar joias de Anel em
pelo qual a segunda maior cidade da família, “emoldurar” uma pedra que já ouro rosa,
ametista
Bélgica é notoriamente conhecida. E se tem ou criar o anel de noivado que verde,
é com este background pautado pela sempre se imaginou... a Direggio dá morganite e
paixão – a de Arno e Teresa e a de ambos ainda mais brilho aos sonhos. Q diamantes,
€3250.
por querer fazer a diferença num univer-
so da joalharia – que foi recentemente
inaugurada a primeira loja Direggio
em Portugal. Fica na Rua de São José
Nº47, na Foz Velha, um dos bairros mais
interessantes do Porto pelo contraste – Pulseira com
arquitetónico e humano – que encerra estrutura
em si. Mais do que uma joalharia, é um flexível, em
ouro amarelo
atelier, uma sala de estar onde todos os e diamantes,
que querem uma peça especial e única €1180.

E L L E P T 31
ESTILO

THIS IS

LOVE
Por quem estamos apaixonadas? Por estas peças em preto
e vermelho que aceleram o nosso ritmo cardíaco.
Fotografias Jens Mauritz | Produção Christina Maier
 Nesta página:
Carteira em pele com
aplicação em metal
dourado e clutch em
pele em forma de flor,
ambas Valentino
Garavani. Botas em
pele, Geox.

Na página da esquerda:
Carteiras em pele com
efeito crocodilo,
ambas Liebeskind.
ESTILO
Nesta página (de
cima para baixo):
Carteira em pele
texturizada, Aigner.
Carteira em pele de
dois tons, Hermès.
Carteira em pele
acolchoada, Tod’s.

Na página da direita:
Botas em pele
envernizada,
Longchamp.
Carteira em pele
envernizada, Etro.

4 ELLE PT
ESTILO

Nesta página:
Botas em pele com
sola vermelha,
Tamaris. Carteira
em pele, Furla.

Na página da direita:
Carteira em pele
texturizada e botas
em pele bicolor,
ambas Louis Vuitton.
Nesta página:
Mocassins em pele,
Bally. Carteira
em pele, The Bridge.

Na página da direita:
Carteira em pele com
aplicação metálica
dourada, Dolce &
Gabbana.
Botas em couro
com aplicação de
corrente, Chanel.
STARS

U
ma jovem linda que dança reggaeton e represen-
ta. Uma jovem linda de 20 anos que tira selfies
e dança. Muito telemóvel. Muitas stories. E 25
milhões de seguidores. É isto que muitas pessoas
pensam quando olham para ela. Mas, na vida,
quase sempre, temos que ultrapassar os preconceitos e, no caso
de Ester, isso ainda se sente mais. Depois de conversar com
ela, é possível perceber que é muito inteligente, que tem um
discurso claro e uma grande dose de talento. Tem as ideias muito
claras e mantém os amigos de sempre. Depois de arrasar com
o seu carisma na série Élite, entra também em Alguém Tem
De Morrer, da Netflix (onde conheceu o seu atual namorado,
Alejandro Speitzer), realizada por Manolo Caro. Em dezembro
chegou às salas de cinema espanholas com a comédia Mamá
ou Papá, com Paco León e Miren Ibarguren. O vídeo onde
aparece a dançar, que publicou durante o confinamento, tem
81 milhões de visualizações. «Um exagero, um exagero», diz
baixinho. É toda a população da Espanha a multiplicar. É um
facto: o seu nome é um trending topic constante. Até pode
achar que Ester Expósito é um produto das redes sociais, mas
não é só isso. A atriz espanhola é responsável pelo seu próprio
sucesso. Um viva à rainha da geração Z.

ELLE: Manolo Caro (realizador da série La Casa de Las Flores,

também da Netflix) acredita que o segredo do teu êxito é com-
preenderes muito bem o momento em que vives.
ESTER EXPÓSITO: Deixando a Covid-19 de parte, este é
um momento de mudança, com o grande impacto das redes
sociais. Foi importante preparar-me e prevenir o boom que me
avisaram ser possível acontecer com Élite. Entender que vou
ter momentos altos e outros baixos; que não serei querida por
todos em todos os momentos. Por vezes pode ser difícil, mas
estou numa situação privilegiada, a realizar o meu sonho. É uma
profissão muito difícil e estou ciente de que devo valorizar

EXPÓSITO
Publica uma foto: cinco milhões de likes. Um vídeo: 81 milhões de
visualizações. Pode pensar que ela é apenas “uma atriz bonita com
muitos seguidores”. Engana-se. É verdade que aatriz espanhola usa
as ferramentas de hoje e conhece o seu público, mas há muito mais.
Fotografias Rafa Gallar | Styling Bárbara Garralda

40 E L L E P T
Camisola (gola e
mangas), Zara.
Vestido metálico,
Paco Rabanne.
Brinco Serpenti
Viper, Bulgari.
Casaco oversized e
botas, ambos Zara.
Camisa, Vince.

o que consegui. Não me posso deixar levar por um dia mau.
As críticas afetam-te?
Todos temos que criar uma carapaça para que elas não nos
magoem. No início, não existiram assim tantas críticas
porque eu era novidade. Mas depois de alguns anos há quem
se canse de te ver em todo o lado. Eu percebi isso no meu
vídeo de dança (aquele com 81 milhões de visualizações).
Foi uma brincadeira, mas tornou-se viral...Quando vi que
era um trending topic no Twitter, não gostei. Não gosto
de estar no centro das atenções. Sou discreta. A verdade é
que a esmagadora maioria das pessoas me acarinhou muito
e seria injusto fixar-me nas três que me
escreveram algo mau. Então, relativizo.
Dificilmente me afetam.
«HÁ MUITAS PESSOAS QUE ESTÃO CONFORTÁVEIS,
Achas que a tua geração sabe utilizar as QUE PREFEREM QUE NADA MUDE PORQUE
redes sociais melhor que as outras? QUEREM MANTER OS SEUS PRIVILÉGIOS. MAS
Aproveitamos mais, embora também se-
jamos muito dependentes, porque não co- GOSTO DE PENSAR QUE AS COISAS VÃO MUDAR.»
nhecemos a vida sem internet. E estamos
sob maior pressão, especialmente as mulheres. Se antes essa
pressão já existia, agora é maior. É verdade que nos permitem
ter voz e defender as nossas causas, mas pode ser um lugar
perigoso para as mais jovens. Elas observam corpos que não
são reais o dia todo, o que pode ter um impacto negativo
nas sua própria imagem. Não estou todos os dias como nas
fotos que publico. Não sou assim tão glamorosa. Mas tirar
uma fotografia minha a acabar de sair da cama e publicá-la
não funciona para mim. Não nos podemos esquecer que isto
é uma montra, é entretenimento.
Que batalhas vocês, centennials, têm pendentes?
Precisamos de lutar por muitas coisas. Por exemplo, pelo
feminismo. Não podemos dizer que as coisas não mudaram:
há uns anos a mulher não podia votar e outras mil coisas.
Avançámos, mas ainda temos muito por fazer. Claro que há
a violência e os maus tratos, mas também estou a falar sobre o
facto das mulheres serem postas em causa em absolutamente
tudo. Temos que ter tolerância zero em relação a todo o tipo de
machismo, ainda que micro. Até eu por vezes não me sinto à
vontade para me expressar em determinados círculos. Estamos
condicionadas, agimos de forma machista no nosso próprio
meio, sem perceber. Muitas pessoas acham que é algo muito
específico, como: “Este homem matou a namorada”. Mas o
machismo é algo muito mais subtil e permeia a sociedade toda.
STARS
Identificas-te com a Cayetana, a tua personagem na série
Alguém Tem De Morrer?
Não muito. Com a Carla (a personagem de Élite) tinha coisas
em comum: ser muito racional, não ceder a impulsos, analisar
constantemente tudo... Algumas pessoas não conseguem
evitar estar continuamente a analisar tudo o que acontece.
Às vezes é muito cansativo. Mas hey, é uma forma de ser.
Mas sim, tinha coisas em comum com ela. Já a Cayetana não
pensa nas consequências das suas ações. Só se concentra no
que lhe apetece. Vai contra tudo e todos, até a morte, sem
pestanejar e sem considerar se o que ela faz é certo ou errado.
E nunca pensa nos outros. É verdade que o momento que
a série retrata (1950) foi difícil, com uma sociedade muito
machista, mas ela é uma menina mimada de boas famílias.
Falta-lhe empatia. A sua família não lhe ensinou a pôr-se
na pele das outras pessoas. Ela conhece um rapaz de quem
gosta mais do que de Gabino (que é quem tinham pensado
para ela) e não tem meias medidas. Atrevo-me a dizer que
não há nada de mim nela. Mas não posso negar que foi bom
interpretar um personagem tão distante da minha realidade.
Não tens medo de fazer o papel de má da fita? Ou a Cayetana
é apenas imprudente?
Ser má é um conceito um pouco preto e branco. Ela é fruto de
uma classe social com características políticas específicas e que
naquela época não viam nada além dos seus próprios narizes.
Acho que o que a Cayetana faz não é por burrice: ela sabe
que vai estragar tudo, mas não liga. Ela sabe que é daquelas
que ganham sempre, que pertence à classe social que nunca
perde. Ela não mede as suas ações porque se sente apoiada.
E isso continua a acontecer?
Sim, existe uma classe social que não sei se tem as coisas
mais facilitadas, mas que está numa posição privilegiada.
Cada um tem o direito de se colocar no lugar que quiser
ou de ficar onde a família o colocou, mas todos temos uma
responsabilidade como seres humanos: não deixar as outras
pessoas de lado. Não ser como Cayetana, que só pensa em
si mesma; ela não se importa com o sofrimento dos outros
nem com o que pode acontecer. Acredito que, onde quer
que estejas, deves assumir as tuas responsabilidades e ajudar
os outros o melhor que puderes. Não sei se é exatamente
uma classe social, um círculo... Mas, quando se tem esses
privilégios, tem-se a obrigação de ser responsável, de estar
mais do lado de quem não os tem e de contribuir para
E L L E P T 43
STARS
não turvar os ânimos ou gerar mais ódio social do que o que
já existe em Espanha, um ódio que sempre existiu.
Os jovens entendem isso?
Cada um vota e pensa o que quer, mas quando as coisas vão
contra os Direitos Humanos, acho muito egoísta e irres-
ponsável. Se moras num país onde há um sistema de saúde
pública e educação, onde tens segurança e mais oportuni-
dades, é impensável que não te responsabilizes ou tornes as
coisas mais difíceis para quem não tem isso. Estou a pensar,
por exemplo, nos refugiados. Ninguém entra num barco à
deriva no mar, a menos que tenha que fugir do inferno. Há
que regular estas coisas? Claro que sim, mas parece-se que
esta é uma questão de humanidade. Quero acreditar que as
novas gerações são mais empáticas, mas não sei.
«QUANDO VI QUE [O VÍDEO A DANÇAR] ERA
TRENDING TOPIC NO TWITTER, NÃO GOSTEI.
NÃO GOSTO DE ESTAR NO CENTRO
DAS ATENÇÕES. SOU DISCRETA.»
A elite, enquanto herança, ainda existe?
Claro, e a discriminação, a desigualdade... Há muita gente
que vive de forma confortável que prefere que nada mude
porque quer manter os seus privilégios intactos. Mas gosto
de pensar que as coisas vão mudar.
Sentes-te mais privilegiada agora?
Bem, sempre tive sorte. Não tive uma infância difícil. Amor
não me faltou. Não passei por dificuldades. Não sinto que
pertenço a uma elite, continuo a ser a mesma pessoa. Tenho
sucesso? Sim, mas ainda considero que faço parte do mesmo
grupo de pessoas, que não é definido pelo padrão de vida,
mas sim pelas ações que se têm para com os outros e pelas
causas que nos movem e que valorizamos. Por exemplo,
acredito que não somos nada diferentes dos refugiados.
Nascer aqui é apenas uma questão de sorte.
Como viveste o ano de 2020?
Foi um ano muito difícil. Preocupa-me muito a situação das
famílias sem recursos, que não vão ter como se sustentar. E
sinto um desamparo enorme porque não sei como vamos
sair desta situação. Não me refiro apenas ao vírus, mas aos
efeitos desta crise também. Para além disso, estamos todos
44 E L L E P T
cansados. Queremos voltar à nossa vida normal, mas não
podemos. Também estou saturada, exausta... E eu sou muito
sortuda por estar no momento em que estou a nível profis-
sional e estou muito entusiasmada por já estarmos a voltar
a filmar. Fico feliz pelas pessoas irem ao cinema e ao teatro,
por não se esquecerem da cultura. Estou a escolher muito
bem cada passo que dou. Quero pensar na minha carreira a
longo prazo e acho que para isso é preciso avaliar bem tudo.
Especialmente se tiveres a sorte de poder escolher.
Um dos teu projetos mais recentes, Mamá o Papá, é uma
comédia. Estás confortável nesta área?
A verdade é que sim. É um filme de humor sobre um casal
que se vai separar e nenhum dos dois quer a guarda dos
filhos, apesar de os amarem muito: o pai teve uma oferta
de trabalho fora do país e a mãe quer fazer voluntariado.
O meu papel é pequeno, mas fiquei muito entusiasmada
por trabalhar com o Dani (De la Orden, o realizador), com
quem já trabalhei em Élite e a quem não consigo dizer não,
e também com o Paco (León). É uma comédia engraçada, o
que é bom para este momento.
Ernesto Alterio e Carmen Maura, dois dos teus colegas de
elenco na série Alguém Tem de Morrer, dizem que és reser-
vada. Concordas com isso?
Acho difícil abrir-me, mesmo com aqueles
que me estão mais próximos. Esforço-me
para ser gentil com quem acabo de conhecer,
MAQUILHAGEM: ALEX SAINT/IN MANAGEMENT - CABELOS: PEDRO CEDENO/IN MANAGEMENT COM PRODUTOS L’OREÁL PROFESSIONNEL.
com toda a equipa e com os meus colegas.
Tento sempro ser educada e bem-disposta.
Mas não vou contar a minha vida. Faço
questão de ser simpática, tal como gosto
que sejam comigo. Só isso. Foi assim que me educaram.
Os teus pais?
Sim, sempre me ensinaram o respeito e a cortesia... Ser
simpática não custa nada. Sou introvertida e posso parecer
fria, mas tento ser agradável.
O que os teus amigos diriam sobre ti?
Os meus amigos são mais em qualidade do que em quantidade
e são os mesmos há muitos anos. Não sei o que diriam, mas
gostam muito de mim e estão felizes com todas as coisas boas
que estão a acontecer comigo, por estar a conseguir realizar
os meus sonhos. Deves perguntar-lhes a eles.
Sinto que és duas pessoas: uma é a do Instagram e a outra é
esta Ester. Saber que 26 milhões de pessoas estão à espera
que publiques uma fotografia é intimidante?
Sim, sinto a pressão, embora isso não signifique que não
valorize todo o carinho que recebo todos os dias de todos. E,
quando posso, lembro-lhes que são importantes, que sei que
eles estão lá. É uma responsabilidade minha agradecer-lhes...
As pessoas não estão à espera das minhas fotos, estão a viver
as suas vidas. Mas é verdade que basta eu fazer um click...
Tento não me focar disso. n A.A.
Camisola, Celine.
Calças , Isabel Marant.
Cinto, Tommy Hilfiger.
RELACIONAMENTOS

NÃO ÉS TU…
É A PANDEMIA
Assim como a COVID-19, também o número de pedidos
FOTO: SHUTTERSTOCK

de divórcio se espalharam pelo mundo inteiro. Falámos com estes casais

que, ao serem forçados a ficar 24 horas por dia juntos,
acabaram por ver as suas relações desmoronarem.

C
omo diz o ditado: uma desgraça
nunca vem só. Em março, estava
isolada no campo, na casa dos
meus pais quando, lá fora, uma
tempestade se agravava com o
aparecimento de novos casos da CO-
VID-19. Devido ao confinamento, dei
por mim separada do meu parceiro de
sete anos e meio por uma longa autoes-
trada; uma barreira apenas ligeiramente
maior do que o enorme abismo que se
criou entre nós. Já tínhamos problemas
antes, mas, em maio, quando consegui
voltar à cidade para estar com ele, as
coisas pareciam não ter salvação. Dis-
cutíamos sobre onde fazer a quarentena,
sobre a quantidade de atenção que de-
veveríamos dar um ao outro durante o
confinamento e sobre quão pouca atenção
prestávamos um ao outro mesmo antes
da pandemia, já que ambos ocupávamos
as nossas agendas com os nossos compro-
missos profissionais e vida social. Mas, na
verdade, a grande questão que nenhum
de nós tinha coragem de levantar era:
se morrêssemos durante esta crise de
saúde, partiríamos felizes por saber que
tínhamos passado tantos anos “presos”
um ao outro? Ou, pelo contrário, tristes
por não termos tido outras experiências?
Pode parecer dramático pensar que
um vírus pode ditar a sentença de morte
do que antes era considerado uma relação
“para sempre”, mas a verdade é que o
caos (e a procura metafísica a que o caos
nos inspira) resultou no fim de inúmeras
relações pelo mundo inteiro.
À medida que tudo encerrava na
Europa, em março, a China levantava
as suas restrições. E, com essa notícia, o
relato de um aumento significativo nos
pedidos de divórcio. A pandemia, ao
que parecia, tinha-se tornado um barril
de pólvora para os casamentos. Por se
verem obrigados a confinar juntos, os
casais começaram a ter de se suportar 24
horas por dia. Correu mal para muitos.
A situação na China funcionou como
um aviso sério para o resto do mundo
e, depois, tal como o vírus, os efeitos
começaram a surgir bem próximo de nós.
«Não há dúvida de que o confinamen-
to colocou pressão nas relações», afirma
Sandra Davis, sócia de uma sociedade
de advogados especializada em Direito
da Família, em Londres, que trabalha
em casos de divórcio há 40 anos, com
clientes que incluem a Princesa Diana e
Jerry Hall. «Com o confinamento, aca-
baram as atividades extracurriculares.
Sem as saídas habituais, a negatividade
que existia nas relações intensificou-se e
as fragilidades, que já existiam, transfor-
maram-se em rupturas», explica. Desde
o início do confinamento que os pedidos
de divórcio se multiplicaram, com um
aumento significativo em Julho, quando
as restrições diminuíram e os casais que
tinham estado a viver juntos e infelizes
finalmente conseguiram ver uma luz ao
fundo do túnel. «Temos estado muito
ocupados. Muitos advogados afirmaram
que têm tido muito mais pedidos do que
o habitual para estar altura do ano», con-
firma Davis que diz também que, atual-
mente, alguns casais estão a planear com
antecedência eventuais confinamentos
futuros porque sabem, agora, o que pode
estar ao virar da esquina: «As pessoas têm
estado a tomar decisões. Acredito que,
em parte, as pessoas que temem outros
confinamentos num futuro mais ou menos
próximo, querem sair de casa agora, antes
disso acontecer», conclui.
«NUMA RELAÇÃO,
QUANDO AS PESSOAS
TEM MECANISMOS
DE DEFESA
DIFERENTES,
PODEM SURGIR
MAIS CONFLITOS.»
ESTHER PEREL, TERAPEUTA
A VELOCIDADE A QUE OS CASAIS
estão a tentar terminar as suas relações –
em Portugal registou-se um aumento de
235 pedidos de divórcio entre 1 de julho
e 30 de Setembro face a 2019 – deve-se
a uma mudança drástica de contexto.
«As crises aceleram estes processos nas
relações amorosas», explica Esther Pe-
rel, terapeuta de casais e autora do best
seller Mating In Captivity (à venda
na Wook). «As pessoas ou pensaram
‘A vida é curta, vamos ter filhos’ ou
pensaram ‘A vida é curta, sinto-me
infeliz, é hora de seguir em frente’».
As crises também funcionam como
amplificadores. «Todos nós aprendemos
a criar mecanismos de defesa. Quando
somos pequenos, esses mecanismos
mantêm-nos seguros. Mas, na idade
adulta, o contexto muda e, por vezes,
esses mecanismos deixam de funcionar.
Quando as pessoas passam por um pe-
ríodo de incerteza prolongada – como
é o caso de uma pandemia – mudam
de perspetiva. E numa relação amoro-
sa, quando as pessoas tem formas de
se proteger diferentes, podem surgir
ainda mais conflitos».
Há um ano atrás, Ana sentia-se mais
tranquila do que nunca. Ela e o marido,
de 26 anos, tinham criado uma relação
duradouro e feliz, viajado pelo mundo
juntos e falado abertamente sobre o
que os unia. Para o mundo exterior
– e também para Ana – eram um “ca-
sal para sempre”. Como em todas as
relações, havia fragilidades. No final
do ano passado, Ana começou a sus-
peitar que o marido escondia coisas
dela. Uma noite, depois de o marido
adormecer, olhou para o telefone dele
e encontrou mensagens de uma amiga
sua. «Ele andava a trair-me», disse.
«Foi um choque completo, mas eu não
queria perder o que tínhamos, por isso
decidi ficar». Nos meses seguintes,
E L L E P T 47
RELACIONAMENTOS
tentaram resolver as coisas através de
terapia para casais e Ana estava a lidar
com a ansiedade crescente que sentia.
Foi então que surgiu a pandemia.
DURANTE O CONFINAMENTO, Ana
começou a ver mais claramente no que
o seu casamento se tinha transformado:
«Ele estava sempre quieto e sossegado,
já não era brincalhão nem mostrava in-
teresse nas coisas das quais costumava
gostar. E, claro, a sua atitude comigo
mudou drasticamente».
A COVID obrigou-os a verem-se um
ao outro – e em quem se tinham tornado
ao longo do tempo – de uma forma mais
clara. «O facto de estarmos juntos o
dia todo, todos os dias, permitiu-me
perceber isso», afirma. A relação ia es-
morecendo à medida que o seu marido
se ia afastando (cada vez mais) dela. No
final, tornou-se demasiado difícil e,
assim que as medidas mais restritivas
foram levantadas, Ana decidiu mudar-se
para a casa dos seus pais, a mais de 400
quilómetros de distância. Ela acabou
por preencher o pedido de divórcio
passado pouco tempo. «Não me sinto
sozinha», revela, «Vim-me embora
porque a opção de ficar já não existia».
«Os casais estão sempre a delegar
emoções um ao outro», diz Perel. «Um
minimiza; outro maximiza; um implo-
de; o outro explode. Mas, em situações
de elevado stress, essa polarização tor-
na-se mais intensa». Para a maioria das
relações, estes períodos são superáveis.
A vida em casal envolve um certo grau
de separação: não estamos juntos o tem-
po todo. Contudo, na pandemia, essa
polarização agudizou-se, e os casais
perderam o sentido de liberdade e indi-
vidualidade. «As nossas vidas e funções
são contextualizadas por localizações
físicas», frisa Perel. «Nós passeamos
o cão, vamos ao ginásio, estamos no
escritório, passamos tempo em casa.
Nos últimos meses vimos estes con-
textos desaparecerem. Não estamos a
viver este período apenas a trabalhar
a partir de casa, estamos a trabalhar
48 E L L E P T
com a casa. Todos os aspetos da nossa
vida acontecem no mesmo lugar, dia
após dia. Isto pode causar uma série
de desafios para os casais – incluíndo o
impacto no desejo sexual que sentem
um pelo outro. «O sentimento de desejo
pelo outro requer mistério e quando
estamos em cima um do outro durante
24 horas por dia, a noção de mistério
não faz nenhum tipo de sentido».
Tal como o desejo, há a questão do
dinheiro e da divisão do trabalho, re-
lativamente ao emprego e às tarefas
domésticas. Depois da recessão de 2008,
houve um aumento de 5% nas separa-
ções conjugais, um padrão que também
ocorreu depois da recessão dos anos 90.
Os especialistas em di-
vórcio atribuem isso
à tensão causada por «AGORA, MAIS DO
uma crise económica QUE NUNCA, EXISTE
e ao facto dos casais es-
tarem mais dispostos UMA PERCEÇÃO DE
a tolerar problemas QUE O CASAMENTO
conjugais se houver
dinheiro suficiente.
NÃO FOI UM ERRO,
Agora que a Europa APENAS ALGO QUE que chegou o mês
parece estar prestes CHEGOU AO FIM» de março – e com
a mergulhar noutra SAMANTHA WOODHAM,
ele a pandemia – e
recessão económica ADVOGADA as coisas começa-
– possivelmente uma ram a piorar. «Tí-
depressão – o stress financeiro e a pressão nhamos acabado de nos instalar na casa
para continuar a ter um emprego é um nova», recorda Amanda. No auge da
fator determinante no fim das relações. pandemia, o seu marido contraiu o vírus
O trabalho e o dinheiro criaram uma e a família teve de ficar em quarentena
tensão à qual foi impossível Amanda e o durante três semanas. No entanto, as
seu companheiro dos últimos 10 anos, verdadeiras dificuldades surgiram quan-
João, escaparem. 2020 representava um do ele regressou ao trabalho; O ambiente
novo começo depois de se terem casado ficou cada vez mais tenso quando ficou
em Agosto de 2019 e terem decidido ir claro que ele estava a ter dificuldades
viver para outra zona do país, em Janeiro, em adaptar-se à mudança. João estava
com o seu filho de quatro anos (uma ideia infeliz no seu novo trabalho e, como
de Amanda que João aceitou). Foi então resultado, começou a ficar hostil para
com Amanda, que era o “ganha-pão” da
FOTO: IBRAHIM HAKKI UÇMAN / PEXELS
família. Além disso, como era necessário
cuidar do filho durante 24 horas por
dia, sete dias por semana, o trabalho
desigual em casa tornou-se motivo para
discussões, com Amanda responsável
pela maioria do trabalho.

COM MUITO POUCO APOIO, a sua nova
vida claustrofóbica começou a pesar e
ela começou a sentir um ressentimento
crescente em relação ao marido. Duas
semanas antes do seu primeiro aniver-
sário de casamento, João saiu de casa
enquanto Amanda estava no trabalho e
enviou uma mensagem a pedir a custódia
partilhada do filho. Apesar de inicial-
mente se ter sentido arrasada e forçada
a fingir que estava tudo bem pelo filho,
atualmente confessa sentir-se aliviada
por ter conseguido algum espaço para
respirar longe do seu ex-parceiro.
Embora as discussões sobre as tarefas
domésticas e os cuidados com os filhos
não sejam novidade entre casais que se
querem divorciar, de acordo com Caro-
line Elliott, dirigente da sociedade de
advogados Shakespeare Martineau Not-
tingham, o grande aumento na carga
de trabalho que surgiu com a pandemia
e a proximidade constante provocada
pelo confinamento agravou todos estes
problemas. «Conseguir equilibrar tudo
tem sido um grande fator de stress para
um grande número de casais», explica.
Por causa das regras do confina-
mento, que ditavam que só se podia
sair de casa para fazer exercício físico
ou ir às compras de bens essenciais, as
pessoas tinham muito pouco tempo
para estabelecer contacto, em privado,
com advogados. «Tive pessoas que me
ligavam a caminho do supermercado ou
quando estavam a dar um passeio com
o cão porque estavam presas em casa e
não conseguiam ligar a alguém para
pedir aconselhamento», revela Elliott.
Adicionalmente, a divisão de bens
pode ser problemática – particularmen-
te quando a economia tem uma queda
abrupta e o valor da propriedade, por
exemplo, se torna mais incerta. É o caso
de uma das clientes de Elliott, que foi
colocada em lay-off durante o confina-
mento. Como o seu casamento se des-
moronou, decidiu pagar a parte da casa
do marido, para que ele saísse. Mas como
ser despedida era um risco real, foi tudo
mais complicado. «Em circunstâncias
normais, ela podia pedir um pouco mais
na hipoteca e pagar a parte dele mas,
assim, o mais provável é que tenham que
vender a casa», conclui Elliott.
Nem todos os casais que viram o seu
casamento terminar estão a enfrentar
processos de divórcio longos e com-
plicados. The Divorce Surgery, criada
pelos advogados Samantha Woodham
e Harry Gates em 2018, ajuda os casais
a entenderem-se para um resultado
final mais justo e sem ser necessário ir
a tribunal. A empresa é pioneira num
novo modelo de advocacia que se resume
ao lema “um casal, um advogado”. O
trabalho, disse Woodham, não tem fim,
principalmente devido ao enorme stress
que a COVID-19 tem tido no sistema
judicial familiar – muitos julgamentos
foram adiados e algumas audiências
decorrem por vídeo ou através de uma
chamada telefónica. «É um instrumento
tão impessoal para um processo tão
sensível e cheio de nuances», afirma
ela, acrescentado que o acumular de
processos no tribunal se cruzou com um
procura crescente por uma abordagem
mais humana e sensata aos processos
de divórcio; uma dinâmica começada
pelo processo de separação consciente
de Gwyneth Paltrow e Chris Martin.
«Esta pandemia global deu-nos um
perspetiva mais abrangente sobre o que
é a vida», sublinha Woodham. «Tem
havido uma grande reação contra o tipo
de divórcio estilo Guerra das Rosas dos
anos 80, onde cada membro do casal tem
um advogado e se atacam mutuamente.
Criar conflito sem qualquer motivo é
algo que pessoas já não querem. Agora,
mais do que nunca, existe uma perceção
de que o casamento não foi um erro,
apenas algo que chegou ao fim».
De acordo com a advogada de divór-
cios Sandra Davis, podemos ainda nem
ter visto a escala real da situação. Como
ela própria afirma: «Vai ser preciso, pelo
menos, mais um ano até vermos o im-
pacto total e real que a pandemia teve
nos casamentos». n K. A.
E L L E P T 49
PRESENTES

ENCONTRO
MARCADO
Três opções, possíveis no cenário atual, para celebrar o dia
de São Valentim. Com mimos incluídos e com a certeza que
o que se sente é sempre mais importante do que o que se dá.
 MA TARDE D SOL DE INVERNO E UM PIQUENIQUE SÃO TUDO DE BOM.

1 2

7
5 6

9
10

AO AR LIVRE
11
Vista-se a rigor, prepare a
comida, escolha uns pequenos
apontamentos de decoração para criar
um ambiente mais íntimo e convide a
sua cara metade para um piquenique
no parque mais perto de casa. E como
estamos no inverno, não se esqueça 12
de levar uma manta para se
protegerem do frio.
13
FOTOS: SHUTTERSTOCK (1) - DR (13)

1. Pulseira, €149, e conta, €39, ambos Pandorora. 2. Perfume qua Allegoria Ginger Pic nte, eau de llette, 125 ml, €103, Guerlain. 3. Manta
de lã cardada, €99,99, Zara Home. 4. Bálsa iios Les Beiges no tom Intense, €3 , C Máquina de café portátil com estojo,
Nanopresso, €66,90, Wacaco. 6. Camisola de ola a, €149, Falconeri. 7. Lanterna, €44,9 a Home. 8. Mochila, €35, Levi’s. 9. Vinho
tinto regional alentejano (edição limitada), €23, Vítor
í Sobral by Santa Vitória. 10. Cesto de piquenique, €35,99, Zara Home. 11. Minitarte com
base de patê sucrée e recheio de brigadeiro (4 unidades) €20, Brigadeirando. 12. Calças de ganga, €119, Gant. 13. Botas, €140, Sofia Costa.

E L L E P T 51
PRESENTES

SAIR DA ROTINA SEM SAIR DE CASA É UM BOM EXERCÍCIO DE CRIATIVIDADE.

6
5

9
8

10

LAR DOCE LAR

Se prefere ficar em casa no
Dia dos Namorados para evitar
confusões, transforme
a sua casa num espaço tranquilo, 11
íntimo e sedutor. Vá buscar
as velas, escolha uma sobremesa
e um espumante para
brindar e desfrute da noite a
dois, tranquilamente.
12
FOTOS: DR (12) - DR (13)

1. Prato marcador, €47, Carrara, Vista Alegre. 2. Pendente, Tous, preço sob consulta. 3. Vestido, €245, Lacoste. 4. Vela Tigre, Etro,€260,
loja D’Ádelia. 5. Garrafa de espumante, Geraldine, €25, Quinta de Lemos, Delidelux. 6. Taça, €1425, Celestial, L’Objet. 7. Brincos, €3.040,
Chopard. 8. Babydoll, €39,90, Intimissimi. 9. Difusor de 235 ml com sticks, Carioca, €55, Granado, Be We. 10. Bolo de chocolate, a partir de
€23, Landeau Chocolate. 11. Almofada, €54,90, Bloomingville. 12. Vela de massagem Flickering Touch, €27,60, Lelo em cultbeauty.co.uk.

52 E L L E P T
 FAÇA UMA PEQUENA MALA E LEVE-O A PASSAR O FIM DE SEMANA FORA.

5
6

8
10

ESCAPADELA
Mate as saudades
de viajar surpreendendo o seu amor
com uma ou duas noites fora. Além 11
dos essenciais do costume, coloque naa
mala uma máquina fotográfica para
registar os momentos de diversão
12
e uns jogos para se distrairem
enquanto namoram.

13

1. Bicicleta Grand Gold 3, €787,10, Martone Cycling, The Arsenale. 2. Caderno, Pastel, €16,90, Cicero Store. 3. Soutien e cuecas, €54,90
e €29,90 (respetivamente), Triumph. 4. Jogo de gamão, €57, Christian Lacroix, Amara. 5. Máquina fotográfica Instax Mini 90, €149,90,
Fujifilm, Worten. 6. Perfume Wonderlust Eau de Voyage, eau de parfum, 100 ml, €107, Michael Kors. 7. Whisky 32 anos, edição limitada,
€489,49, James Martin’s, Estado Líquido. 8. Kit de produtos de cabelo Signature, €32,46, Oribe em net-a-porter.com. 9. Casaco, €495,
Iro Paris. 10. Relógio, €85, Swatch Black Pay. 11. Escova de dentes Issa 2, €169,50, Foreo na Sephora. 12. Óculos de sol, Marc Jacobs,
preço sob consulta. 13. Pulseira, Tous, preço sob consulta.

E L L E P T 53
SEXO

AS
REGRAS
NÃO SE
APLICAM
E se a narrativa sobre a nossa libido, que nos
foi contada toda a vida, estivesse errada?
A escritora inglesa Clover Stroud fala
sobre uma (boa) vida sexual para revelar as
verdades e mentiras do desejo feminino.
 É
início da tarde; a casa está vazia.
Estou sentada na mesa da cozinha,
distraída quando deveria estar a ter-
minar um trabalho, o computador
está ligado, mas a ser ignorado. Olho
para o relógio. Ainda há tempo, antes da
correria habitual das14h45, em que atiro
umas bolachas para uma caixa e corro para o
portão da escola, onde vou sorrir e admirar
os desenhos dos meus filhos e sorrir um
pouco mais, como uma boa mãe, enquanto
os levo para a natação. Até lá, no entanto,
estou sozinha, distraída e... excitada.
Tenho 44 anos, cinco filhos e adoro fazer
sexo com o meu marido, mas ele passa muito
tempo fora. Então, às vezes, vejo pornografia.
Tenho a certeza de que muitas mães e mulhe-
res que trabalham a partir de casa também
o fazem. As mulheres não dizem a verdade
sobre este assunto, da mesma maneira que
não dizem a verdade sobre o sexo. Não dizem
como realmente é. Não dizem o que se sente
no coração, ou o quão bom ou mau pode ser
no nosso corpo, ou como altera o nosso pen-
samento e como se transforma ao longo das
décadas. Mentimos umas às outras, dizemos
que os casos de uma noite são uma fonte de
orgasmos sem fim, que uma relação de longo
prazo é aborrecida ou que o sexo praticamente
acaba quando somos mães. Nenhuma destas
coisas tem que ser verdade. E bom sexo –
como encontrá-lo e mantê-lo – não é uma
experiência linear. Às vezes, o melhor sexo
aparece quando menos esperamos.
SEXO... E A PRIMEIRA VEZ
“Perder” a virgindade, dizem, não é o melhor momento da nossa vida
(sexual). É uma experiência de perda, como o próprio nome sugere. E
se tivesse um nome diferente? Que tal “ganhar a sexualidade”, ou até
“ganhar o poder”? Estas expressões sugerem algo muito diferente, di-
vertido, agradável, que confere poder, até. Porque nem sempre é mau.
Quando tinha 15 anos, disse à minha mãe que ia ficar na casa de
uma amiga, quando fui para a casa de um rapaz que tinha conhecido há
algumas semanas. Quando cheguei, ele disse-me que os seus pais não
estavam em casa, antes de me levar para o quarto. Já me masturbava
desde os nove ou dez anos, quando descobri as vantagens dessa forma
de escape imediata e selvagem, mas nunca tinha tido um namorado ou
feito sexo com ninguém. Na escola, era demasiado tímida para que os
rapazes se interessassem. Mas este rapaz tinha 19 anos, era mais velho
que eu e era amigo da minha irmã mais velha. Eu não era uma estranha
para ele. Fizemos sexo e tive um orgasmo, duas vezes, sucessivamente. Já
conhecia essa sensação, mas o mais estranho era a sua cara, tão próxima da
minha, o peso do seu corpo a empurrar-me para baixo, o que significava
que, embora fosse uma sensação boa, não me permitia mexer.
Ele foi gentil, deu-me um lenço de papel para limpar o esperma da
minha perna. Podia ter-me dado uma sensação irreal de que o sexo com
alguém que não se conhece é uma fonte
infinita de orgasmos. De certo modo,
foi o prazer mais fácil da minha vida.
“PERDER A Depois comecei a dormir com rapazes
VIRGINDADE SUGERE da escola, ou com outros amigos da
minha irmã. O sexo não era, na maioria
UMA EXPERIÊNCIA das vezes, nada de especial, era básico
DE PERDA. E SE mesmo, mas fez-me perceber que não
era preciso comprometer-me emocio-
TIVESSE UM nalmente. Quase que tenho vontade de
NOME DIFERENTE?” rir quando penso nisso agora.

SEXO... E A MATERNIDADE
Antes da escola, depois da escola, à noite e durante todo o fim
de semana... os meus filhos preenchem todos os momentos de
tempo livre que temos. É assim a maternidade. Quando o meu
marido está ausente – de segunda a sexta para trabalhar – assistir
a pornografia a meio da tarde é a única recompensa sexual que
tenho durante toda a semana. Ficou chocada? As mães não de-
vem gostar dessas coisas, não é? Ou de sexo, no geral. As mães
existem para responder as necessidades dos outros, em vez de
se focarem nos próprios desejos. Mas, contrariamente à opinião
IMAXTREE (1)
Às vezes, quando estou a trabalhar na cozinha antes de ir
buscar os miúdos à escola, vou para o meu quarto, abro o meu
portátil e vou, rapidamente, ao canal pornográfico com que
estou familiarizada. Se conseguir ter um orgasmo rapidamente,
talvez consiga acabar o meu trabalho antes de ter de estar no
portão da escola. O tempo que temos para nós próprias, como
muitas vezes nos dizem, pode ser comprado num dia num spa
ou através de umas velas perfumadas caras. Mas ninguém nos
diz que o podemos ter gratuitamente, sempre que quisermos,

popular, o desejo sexual de uma mulher não desaparece quando ao tocarmo-nos. É tão óbvio: não será um auto-orgasmo rápido,
se torna mãe, aparecendo apenas num ou outro aniversário. a meio da tarde, a expressão máxima de amor-próprio?

E L L E P T 55
SEXO

SEXO... E O LUTO
Aos vinte anos, o sexo “leve” que tinha
tido durante toda a adolescência acabou.
Isto aconteceu porque a minha vida emo-
cional mudou. Aquela forte noção de
identidade que eu sentia foi destruída
quando a minha família estável implo-
diu, depois de a minha mãe ter tido um
acidente que a deixou em coma duran-
te meses. Quando ela acordou, estava
profundamente incapacitada, mental e
fisicamente. O lugar que era o meu “lar”
acabou e o sexo tornou-se o meu refúgio,
o novo lugar para onde corria à procura
de conforto e validação. Usava calças de
ganga justas e era corajosa e aventureira.
Teria preferido que o meu cabelo fosse
menos frisado, mas sabia que o meu rabo
redondo era algo que os rapazes gostavam,
mesmo que todas as raparigas nas revistas
e filmes fossem magras e altas. Claro que o
sexo continuou a ser divertido; era grátis e
fácil. Era abundante. Mas, honestamente,
raramente era bom.
Este cocktail sempre intenso de adre-
nalina e feromonas cria emoção, mas não
necessariamente uma ligação. Às vezes, a
novidade de uma pele nua e desconhecida
era suficiente, mas muitas vezes não era.
Fiz muito sexo nos meus vinte anos, é
verdade. Mas, olhando para trás, ques-
tiono-me como o sexo pode ser algo tão
gratificante quando ainda não nos conhe-
cemos verdadeiramente e nos sentimos
despedaçadas por dentro. Estava numa
fase difícil, com um trauma familiar, mas
não conheço um único jovem que não
esteja a lidar com algum tipo de crise
existencial nessa idade, nem que seja
aprender a ser independente.
Nessa altura, a minha relação com a
minha mãe envolvia visitas habituais ao
lar onde ela estava. Saía de cada visita, du-

durante algum tempo, foi um jogo realmente delicioso no

qual eu era sempre a vencedora. Não precisava de um homem
mas, às vezes, ao caminhar para casa de madrugada depois de
deixar a cama de um estranho, questionava-me se era assim
que os homens se sentiam, uma pessoa sem necessidade real
de intimidade, mas com uma fome feroz que podia alimentar
à vontade, sabendo que ficaria satisfeita. Sentia-me poderosa
e emancipada até que, de repente, parei de ter orgasmos. Foi
um choque, até porque conseguia ter um orgasmo sozinha
facilmente, mas nunca quando fazia sexo. Tinha um namorado
na altura, mas sentia uma certa pressão para ser
a rapariga sempre disposta a divertir-se que ele
”JÁ TINHA TIDO tinha conhecido dois meses antes. Não sentia
intimidade suficiente com ele para embarcar em
OS MEUS FILHOS. conversas sobre o que não estava a correr bem na
NÃO PRECISAVA cama, então comecei a fingir orgasmos. Às vezes,
virava-me para o outro lado da cama, depois do
DE SEXO PARA sexo, tendo feito um desempenho convincente, e
PROCRIAR.” chorava silenciosamente na minha almofada en-
quanto ele estava no banho, feliz consigo próprio.
Na altura, tinha sessões com uma hipno-
SEXO... E O DIVÓRCIO terapeuta para deixarde fumar, e depois para
Por volta dos meus 30, o sexo parou de funcionar para mim. ajudar no controlo da ansiedade, então a questão sobre a
Já tinha sido mãe nessa altura. O meu filho tinha cinco anos intimidade e como lidar com esse assunto surgiu na nossa
e a minha filha três quando atingi os 30 anos, mas tinha dei- sessão. Ela começou a trabalhar comigo, salientando o poder
xado o pai deles antes do segundo aniversário da minha filha, da mente para fazer mudanças na minha vida. Resumindo,
devido aos seus vícios. Depois do meu divórcio, mantive os ela hipnotizou-me para voltar a ter orgasmos. “Ela tocou-te
FOTOS: SHUTTERSTOCK (2)

meus namorados totalmente separados da vida familiar. Só durante as sessões?!”, perguntavam-me os meus amigos,
estava com outros homens quando estava sozinha, quando as horrorizados. Claro que não. Em vez disso, deu-me um espaço
crianças passavam um fim de semana com os avós. Sentia-me seguro para eu explorar o quanto a libertação do sexo – bom
completamente descomprometida. Já tinha tido os meus sexo – dependia, para mim, de estar num lugar de segurança
filhos. Não precisava de sexo para procriar. Era puro lazer e, emocional com alguém com quem tinha uma ligação profunda.

56 E L L E P T
 ”NUNCA DEIXARIA
rante a qual ela não me reconhecia nem me dizia
UM HOMEM QUE
nada, com o coração cheio de tristeza, culpa e CONHEÇO HÁ
confusão sobre o que tinha acontecido. Com ALGUMAS HORAS
o sexo, podia fechar-me numa caixa escura de
desejo, onde apenas a dor do meu próprio corpo FAZER O TIPO DE
me podia magoar. A vida tinha-me ensinado COISAS QUE O MEU
que fazer amizade com a dor, procurá-la, era
a única maneira de sobreviver a ela. Uma vez,
MARIDO ME FAZ ”
ao percorrer as tatuagens nas costas de um
homem nu deitado ao meu lado, ele disse-me
que roubava casas. Não gostava de fazer sexo
com ele, mas a ideia da dor que ele carregava
com ele – a dor de perda e violação do espaço
de outras pessoas – excitava-me.

SEXO... E O “CATIVEIRO”
Quando, nos meus trinta e poucos anos, conheci o homem com
quem sou casada, o pai dos meus três outros filhos, o meu desejo
de fazer sexo com ele era tão forte, que era como se me quisesse
derreter e tornar parte do seu ADN. Estava completamente
apaixonada por ele desde o momento em que o conheci. Ele
fazia-me sentir segura, mas profundamente viva; no sexo, po-
dia fazer o que quisesse e nunca me senti julgada por ele. Mas
ainda tinha um preconceito antigo de que o bom sexo deveria
ser baseado na novidade, por isso não imaginei que as coisas
pudessem continuar sempre intensas. Já tinha visto aqueles
casais de longa data aborrecidos em restaurantes, a olhar para
o nada em silêncio. Como é que o sexo poderia ser uma energia
selvagem quando o espaço em que vivia era sempre igual?
Mas era o que as pessoas diziam: troque o lado selvagem do
sexo com desconhecidos pela estabilidade de uma relação; o
que Oscar Wilde designou como trocar a “agitação na chaise
longue” pela “profunda paz na cama de casal”. Depois de três sexo transforma-se num lugar em que podem correr riscos.
a seis meses, o sexo nas relações é retratado como estando em Existe prazer na dor e no castigo, tanto quanto existe no ato
declínio constante, atingindo o fundo do poço ao fim de 18 de fazer amor, mas nunca deixaria um homem que conheço
meses e nunca recuperando. Será verdade? Sim, se o permitir- há algumas horas fazer o tipo de coisas que o meu marido me
mos, mas isto é o que cinco filhos e dez anos de casamento me faz. Preciso de confiar nele para poder chegar a esse patamar.
ensinaram: não há nada de aborrecido em ter sexo com a mesma Também descobri que o sexo com a mesma pessoa não é
pessoa se a vossa conexão emocional for forte desde o início. aborrecido se realmente existir amor. É a coisa mais corajosa que
Falar um com o outro é tão importante como ter sexo um com já fiz na vida. A paixão e o amor é diferente para todos, com ou
o outro. Mantenham essa conexão e vão conseguir encontrar sem corações e peluches fofos, mas permanecermos apaixonados
o vosso caminho durante os momentos mais difíceis, que vão por alguém não é uma tarefa fácil. É algo que implica sexo,
aparecer quando crianças pequenas, o stress do trabalho e o sim, mas emoções na sua versão mais profunda. O sexo é
cansaço da vida nos sobrecarregam e o sexo cair para o fundo maior, melhor e mais abundante em todos os sentidos. É
da lista de prioridades. Mas existe uma recompensa que vem de fazer tremer a terra. É tudo. n
com conhecer alguém por dentro e por fora e confiar nela: o My Wild and Sleepless Nights, de Clover Stroud (na amazon).

E L L E P T 57
 ELLE
C A R T A Z
O AMOR e toda a sua complexidade retratado em várias formas de arte. POR CAROLINA ADÃES PEREIRA

TODOS DIFERENTES
MAS TODOS IGUAIS
O público quer histórias de amor com
pessoas reais como protagonistas.

Sempre existiu um casal tipo para os filmes român-

ticos, quer seja uma comédia, um musical ou um 1. Queen and
drama: a mulher caucasiana e magra que, algures Slime (2019).
no decorrer da história, conhece e apaixona-se por 2. Hairspray
(2007).
um homem caucasiano e magro. Os títulos que 3. Somehting
fogem a este padrão de relação são inferiores em Gotta Give (2003).
número e em exposição mediática; no entanto, em 4. Brokeback
Mountain (2005).
termos de lucro de bilheteira, a situação inverte-se.
Uma pesquisa feita pela UCLA revelou que, entre
2016 e 2019, os filmes que não tiveram um elenco
diverso, podem ter visto os seus rendimentos sig-
nificativamente diminuídos, quando comparados
com os que apostaram na diversidade. O público
quer conseguir identificar-se de verdade com os
filmes que vê e isto significa ver histórias onde os
casais não são sempre brancos (1), onde há pessoas
mais velhas a apaixonarem-se (3), onde os prota-
gonistas têm tipos de corpo diferentes (2) e onde
a amor acontece entre pessoas do mesmo sexo (4).

O musical. O romance puro.

Made in Portugal.

O drama.

A comédia.
OUTNOW (4) - D.R.(13)

CLÁSSICOS A PRETO E BRANCO

De músicas intemporais a guarda-roupa que não passa de moda, as comédias e os romances de outros
tempos têm outra magia. Estes cinco clássicos vão lembrar-lhe de como é o amor no grande ecrã.

58 E L L E P T
 The State of Affairs
De Esther Perel.
Ed. Hodder & Stoughton
General Division (em
wook.pt)

Conversas
Dicionário entre Amigos
Sentimental do De Sally Rooney.
Adultério Editorial Presença
De Filipa Melo.
Ed. Quetzal

AFINAL,
HAVIA OUTRA
Ou outro. Quando o assunto é adultério,
gostamos de o ler nas páginas dos
livros. Destacamos algumas das obras Anna Karénina
mais marcantes para viajar na comple- De Lev Tolstoi.
xidade das relações extraconjugais. Ed. Relógio D’Água

Madame Bovary
Adultério De Gustave Flaubert.
De Paulo Coelho. Ed. Guerra e Paz
Ed. Pergaminho

O Clube do
Adultério
De Tess Stimson.
Ed. Livros d’Hoje

O Primo Basílio
De Eça de Queirós. O Grande Gatsby
Ed. 11 x 17 De F. Scott Fitzgerald.
Ed. 11 x 17

E L L E P T 59
CARTAZ

Why Won’t You Date

Me? de Nicole Eyer.

Os No Doubt (em
cima) nos anos 90
e Bonnie Tyler (em Dates & Mates de
Damona Hoffman.

THIS IS A
baixo) na década

OUTNOW (8) - INSTAGRAM: @CAFEKITSUNE(1); @CAROLINAADAESPEREIRA(1) ; @ MAISON_ISABELLE(1) - AURELIEN LEMASSON THEOBALD/UNSPLASH(1) - D.R.(9) -PAT POPE/SHUTTERSTOCK/FOTOBANCO.PT (1)
de 80 cantaram as
dores do amor.

BREAK UP SONG
Os desgostos de amor têm que ser sempre
acompanhados pela banda sonora perfeita.

Corria o ano de 1972 e Carly Simon cantava em

You’re So Vain toda a sua amargura por um ex-na- Dating Diaries:
morado que se achava demasiado bom. Mick Jagger, Quarentine
que faz os coros desta mesma faixa, era apontado Confessions.
como o culpado, mas, em anos recentes, Simon
confirmou que o ator Warren Beatty foi a inspi- A ARTE DE
ração. A música sempre teve uma ligação estreita
com o amor e as suas várias manifestações. Quando SER SOLTEIRA
Estar sozinha no São
elas são sobre desgostos amorosos de celebridades
Valentim pode ser a descul-
e músicos – falamos, por exemplo, do hino dos No
pa perfeita para se juntar
Doubt, Don’t Speak, onde Gwen Stefani chora o
aos melhores podcasts.
fim da relação com o seu colega de banda Tony
Kanal – ou implicam performances sofridas, como
Bonnie Tyler tão bem faz, é quase uma validação do
sentimento de pesar (ou revolta) por a nossa própria
relação te chegado ao fim.
Se está passar por uma situação destas e precisa
de um apoio extra, passe pelo perfil da ELLE no
Spotify (ellept). Temos uma playlist à medida do
seu coração partido, cheia de clássicos. Guys We Fucked
de Corinne Fisher e
Krystyna Hutchinson.

O que Ariana
Grande (à direita)
e Carly Simon (à
esquerda) têm em Modern Love,
comum? Canções The New
sobre ex- York Times.
namorados.

60 E L L E P T
 1

1. Before Sunset
(2004). 2. Moulin
Rouge (2001).
3. Breathless
(1960). 2

4 4. Paris, Je
T’Aime (2006).
5. Midnight in
Paris (2011).
6. An American
in Paris( 1951).

6
PARIS, MON AMOUR
São os seus recantos e encantos mil que 5
nos lembram como é bom estarmos
8
apaixonados. Falamos da cidade do amor (e
da luz). Aqui, as nossas sugestões para uma
maratona de filmes e séries românticas
para voltar a apaixonar-se em (e por) Paris.

7. Le Fabuleux
Destin d’Amélie
Poulain (2001).
8. Emily in
Paris (2020).

À LA PARISIENNE
Porque em Paris temos que ser parisienses, preparamos um top 5 de coisas que tem que fazer
e usar para aproveitar a cidade do amor como se vivesse lá.

Passeio nas
margens do rio Uma boina da
Sena. Dior na cabeça.

Um latte no Um copo de vinho Croissants na

Café Kitsuné. numa esplanada. Maison D’Isabelle.

E L L E P T 61
 a sua
carreira
na moda
começa
aqui

TORNE-SE A MELHOR
APRENDENDO COM OS MELHORES!
O aulas 100% online
O Cursos de curta duração e atribuição de diploma
O Aquisição de conhecimentos em moda, marcas e inovação
O Fazer parte de uma network imternacional
 E LE
MODA
POR
LAURA SEGANTI
E
CHARLES VARENNE

Cardigan, Iblues.
Camisola, calças,
chapéu e necessaire,
tudo Gucci. Carteira,
Gianni Chiarni.
Botas, Sorel.
FOTO: VICTOR DEMARCHELIER

NADA A PERDER
Nada nos assusta mais do que a possibilidade de abrirmos os nossos corações e nos magoarmos, mas
garantimos-lhe que, aqui, nada de mal lhe vai acontecer. O único perigo existente é o de se apaixonar pelos tons
quentes que vai encontrar em Alerta Vermelho ou pelas suavidade das malhas em Entre Laçadas.
 ENTRE
LAÇADAS
Deixamo-nos envolver nos diferentes entrançados das peças em malha que,
esta estação, nos apaixonam com a sua elegância crua.
Fotografias Victor Demarchelier | Styling Laura Seganti
 Camisola em lã,
calças em denim e
lenço em seda tudo
Dior. Meias em lã,
Dolce & Gabbana.
Socas em pele,
Isabel Marant.
Camisola em lã,
Scaglione. Calças
em algodão, Isabel
Marant Etoile.
Cachecol em lã,
Hermès. Socas e
cinto em pele, Isabel
Marant. Meias em lã,
Dolce & Gabbana.
Poncho em lã, Max
Mara Weekend.
Soutien em mistura
de lã e caxemira,
Alanui. Calças em
algodão, Colville.
Camisola em lã
merino, Falconeri.
Capa em caxemira,
Tuinch. Botas em
pele, Etro.
 Camisola e
cachecol em lã,
Stella McCartney.

E L L E P T 69
 Camisola em lã,
Sportmax. Meias em
lã, Alanui. Sandálias
em pele, Birkenstock.

70 E L L E P T
Vestido em caxemira,
Isabel Marant.
Body em lã, Miu Miu.
Botas e carteira em
pele, Etro. Carteira em
algodão com padrão,
Colville. Chapéu em
palha, Maison Michel.
 Camisola em lã e
caxemira, Fendi.
Manta em lã virgem,
Colville. Meias em
lã merino, Maria La
Rosa. Socas em pele,
Swedish Hasbeens.

Modelo: Heloise
Guerin/ Women
Management.
Assistente de styling:
Cecilia Gioetti
Vestido em lantejoulas, Marc Jacobs.
Chapéu em veludo Ellen Christine Couture.
 ALERTA
VERMELHO
AQUECEMOS AS NOSSA ALMA (E CORAÇÕES) NUMA VIAGEM
FEITA ATRAVÉS DOS TONS MAIS QUENTES DO ESPECTRO DE CORES, INDO
DO ESCARLATE VIBRANTE AO MAIS ENIGMÁTICO BORDEAUX.

Fotografias Victor Demarchelier | Styling Charles Varenne

 Camisola em nylon e
cinto em pele
com carteira, ambos
Prada. Botas-leggings,
Marc Jacobs.
Bandolete com
aplicações em acrílico,
Simone Rocha.
Gola em lã, Kenzo.
 Vestido em
Sobretudo em seda e colar em
tweed de lã, Chanel. metal ambos
Camisola em lã (usada Valentino.
por baixo), Roksanda. Camisola em lã,
Botas-leggings, Dsquared2.
Marc Jacobs. Luvas em Anel em ouro
pele, Dents. Chapéu, amarelo,
New York Vintage. malaquita
e diamantes,
Messika.
À esquerda: Sobretudo
em lã, Michael Kors
Collection. Camisola
em lã, Roksanda.
Botas-leggings,
Marc Jacobs. Luvas
em pele, Dents.
À direita: Blazer em lã
e vestido em seda,
ambos Michael Kors
Collection.
Botas-leggings, Marc
Jacobs. Luvas em pele,
Mutemuse.
Camisola em lã,
Alexander McQueen.
Cinto em cetim,
Lanvin. Collants em
poliamida, Falke.
Casaco e calças
em pele, ambos
Louis Vuitton.
Chapéu em feltro,
New York Vintage.
Gola de lã, Kenzo.
 Chapéu em feltro
(modelo da esquerda),
Nina Ricci. Camisola
em algodão (modelo da
direita), Balenciaga.

Modelos: Dani Witt/

Next Management;
Maryel Sousa / Elite
Model Management.
Cabelos: David
Von Cannon /
Forward Artists.
Maquilhagem: Christine
Cherbonnier/ The Wall
Group. Produção:
Nathalie Akiya/
KrankyProductitwoon.
Assistentes de Moda:
Catherine Sullivan e
Lois Adeoshun.
Vestido em plumas,
Givenchy. Sapatos em
cetim com aplicação
metálica, Jimmy Choo.
Óculos de sol em
acetato, Alexandre
Vauthier. Collants
em poliamida, Falke.
 Tribute Cosmopolitan Resort

Um Palácio
para sonhar.
Sonhe o mais indulgente dos sonhos.
Suba ao ponto mais privilegiado do Savoy Palace
e flutue numa piscina privada sobre o oceano.

savoysignature.com/savoypalacehotel
 E LE
BELEZA
POR
CAROLINA ADÃES PEREIRA

Sombra de olhos
em tons pastel
e batom vermelho.
O duo perfeito
para os dias de
hoje: há sempre
cor à vista, mesmo
quando se usa
uma máscara.

TEMPO DE AMAR
Fevereiro chegou para nos lembrar que o amor se revela em todas as demonstrações de carinho e cuidado
IMAXTREE

que temos com os outros e connosco próprias. Pode traduzir-se numa maquilhagem elaborada, na escolha
de um aroma ou num melhor conhecimento do nosso corpo. O que importa é dar e receber (amor).
BELEZA

RAINHA DE COPAS
No que diz respeito à cor, você é que cria as suas próprias
regras. No entanto, tente não dispersar a atenção:
se quiser apostar em sombras de olhos fortes (como
este vermelho rubi), opte por manter a pele simples.

Batom Rouge Coco no tom Etienne

(usado como sombra de olhos); Máscara
de pestanas Le Volume Stretch de
Chanel no tom Noir e Eyeliner Le Liner
no tom Noir Profond, tudo Chanel.
Vestido, Bathsheva. Argolas (de cima
para baixo): Alighieri, Jennifer Fisher,
Alighieri e Chanel.
 A CADA BATIMENTO
A maquilhagem pode ter o poder de fazer parar corações, principalmente
quando o look final é tão bom que não conseguimos evitar apaixonar-nos.
Aqui não há regras nem razão, só a emoção, tal como com o amor.

Fotografias Lacey | Maquilhagem Ayami com produtos Chanel | Cabelos Nikki Nelms

Hidratante de rosto Hydra

Beauty Camellia Water; Base
Les Beiges Healthy Glow e
Batom Rouge Coco no tom
Dimitri, tudo Chanel.
Acessório de cabeça, Stephen
Jones para Marc Jacobs.
BELEZA

Sombras de olhos Ombre

Première nos tons Bronze
Antique e Désert Rouge e
iluminador fluido Le Blanc
Rosy Lights Drops,
ambos Chanel.
Camisola, Commission.
Chapéu, Eric Javits.

MEANT TO BE
Se precisava de uma prova de que os pares perfeitos existem, aqui está ela: olhos dourados e
lábios em tons de morango, que mais fazem lembrar um piquenique numa tarde quente de verão.
 Sombra de olhos Ombre
Première no tom Bronze
Antique e eyeliner Le Liner
no tom Noir Profond,
ambos Chanel.
Chapéu, Eric Javits.
Brincos, Chanel.

DIREITO POR LINHAS TORTAS

Não há uma fórmula correta para fazer um eyeliner;
por isso, divirta-se e seja criativa com as formas e cores.
BELEZA

Paleta de sombras Les 4

Ombres Mystic Eyes;
Máscara de pestanas Lc
Volume Stretch no tom Noir
e batom Rouge Coco no tom
Maggy, tudo Chanel.
Casaco, Chanel. Acessório
de cabeça, Eric Javits.

EM BOA COMPANHIA
Misturar texturas diferentes é das coisas mais divertidas que a maquilhagem
proporciona. Isso e fazer um update de looks clássicos com cores mais exuberantes.
Sombras de olhos Ombre
Première nos tons Bronze
Antique e Désert Rouge e
batom Rouge Coco no tom
Adrienne, tudo Chanel.
Vestido, Brandon Maxwell.
Rede de cabelo da produção.

MEDALHA DE OURO
Acabamentos metálicos, pigmentos dourados e brilhos prateados
são presença habitual nas passerelles. Se ainda não os usa, chegou o
momento de marcarem também presença nos seus looks do dia a dia.
BELEZA

RELAÇÕES DURADORAS
As paletas neutras têm tanto de subtil como de dramático.
Não sair da nossa zona de conforto não significa não poder brilhar.

Sombras de olhos Ombre

Première nos tons Désert
Rouge e Bronze Antique e
batom Rouge Coco no tom
Maggy, tudo Chanel.
Brincos (de cima para
baixo): Lady Grey; Chanel
e Jennifer Fisher.
TEXTO: CAROLINA ADÃES PEREIRA; KATY YOUNG - STYLING: SOLANGE FRANKLIN - MANICURE: DAWN STERLING - MODELO: ALEXIS/IMG - PRODUÇÃO: CASEY MURPHY/CLM - ASSISTENTE DE MODA: DOUGLAS WRIGHT.

AMAR PELOS DOIS

As demonstrações mais simples podem ser as mais bonitas...
No que diz respeito ao nail art, claro. Neste caso, também são as
mais fáceis. Só precisa de escolher um verniz e um top coat.

Verniz Le Vernis no tom

Chains D’Or e Le Gel Top
Coat, ambos Chanel.
Collants, Wolford. Cintos (de
cima para baixo): com logo
em dourado, Chanel; corrente
dourada, Jennifer Fisher; com
letras, Chanel; em corrente e
com aplicações, Chanel.
BELEZA

PERFUMES

Dizem que o cheiro é um fator preponderante na atração entre

duas pessoas. Testámos a teoria e elegemos os aromas que podem
(e devem) ser usados em casal. Por Carolina Adães Pereira
01
02

03 04
1. Tam Dao, eau de parfum,
75 ml,€130, Diptyque
em skinlife.pt.
2. CK One, eau de toilette,
100 ml, €62,10, Calvin Klein.
3. Baie 19, eau de parfum,
100 ml, €237, Le Labo
em skinlife.pt.
4. Slow Dance, eau
de parfum, 50 ml,
€127, Byredo em
net-a-porter.com.
5. Molecule 01 Iso E Super,
eau de toilette, €90,
Escentric Molecules em
06 net-a-porter.com.
6. 1957, Les exclusifs de
Chanel, eau de parfum,
05 200 ml, €320, Chanel.

94 E L L E P T
 08

07

09

7. Gender Fluidity Gold,

eau de parfum, 70 ml,
€150, Maison Francis
Kurkdijan em skinlife.pt.
8. Colonia Futura, eau
de parfum, 100 ml, €110,
Acqua di Parma.
9. Jazz Club, coleção 10
Replica, eau de
toilette, 100 ml, €95,
Maison Margiela no
El Corte Inglés.
10. Mémoire D’Une
Odeur, eau de toilette,
100 ml, €113, Gucci.
11. Colónia Wood Sage
& Sea Salt, eau de cologne,
100 ml,
ml €108,
€108 Jo Malone.
Malone
12. Spice Blend,
La Collection Privée,
125 ml, €210, Christian
Dior no El Corte Inglés.

11

12

E L L E P T 95
BELEZA

CORPO

COMEÇA
POR
V
Depois de sussurros e eufemismos durante anos a fio,
levantamos a nossa voz e declaramos como aberta a
discussão sobre vulvas, vaginas e a relação íntima
que temos com elas. Por Carolina Adães Pereira

L
á em baixo, pipi… Os nomes e
as alcunhas para os genitais fe-
mininos multiplicam-se, tal é o
nível de constrangimento social
em utilizar os termos corretos.
A reticência em falar abertamente so-
bre vulvas e vaginas e sobre as condições
inerentes a nascer mulher é antiga. Prova
SHUTTERSTOCK (2) - CHARLES DELUVIO/UNSPLASH (1) - PAWEL CZERWINSKI/UNSPALSH (1) - UNSPLASH (1) . D.R. (1)
disso mesmo é um estudo realizado no
Reino Unido, em 2017, que concluiu que
47% das mulheres, no que diz respeito à
menstruação, preferiam usar expressões
alternativas como “aquela altura do mês”.
Quando tudo o que está relacionado com
os genitais femininos ganha tempo de
antena, aparece camuflado; não só em
termos de nomenclaturas, mas também
de representação visual. A típica flor em
variações de rosa, por exemplo, com for-
mas semelhantes ao nosso corpo… A
criatividade neste campo é vasta e co-
nhece poucos limites quando se trata
de retratar gestos mundanos de todos
os dias – como o sangue menstrual ser
representado como água azul em anún-
cios publicitários. Ainda mais flagrante
são os próprios hábitos que as mulheres
desenvolvem para esconder aquilo que,
na verdade, é a sua natureza. Quantas
vezes escondeu um tampão ou um penso
higiénico na manga da camisola?
Apesar de tudo, nos últimos anos te-
mos assistido a uma mudança do para-
digma: as mulheres estão mais à vontade
com o seu corpo. «A mulher portuguesa,
por sua iniciativa, talvez não fale dos seus
genitais, mas com um profissional de
saúde ou ginecologista, acho que se sentirá
à vontade para falar deles e de expressar
as suas dúvidas e preocupações», explica
Irina Ramilo, ginecologista e obstetra
(@aginecologistadamelhoramiga). Esta
abertura de mentalidade vem sublinhar
a importância de falar sem pudores e o
quanto a informação é, na verdade, poder.
«É preciso apostar em conhecimento e
leitura. Chega a ser difícil para a mulher
conseguir diferenciar a vulva da vagina.
Às vezes tenho que dizer “é cá fora ou lá
dentro?”», conta a ginecologista. Se faz
parte do grupo que não sabe distinguir, a
vulva é a parte exterior e a vagina é a parte
interior, o canal que liga ao colo do útero.
As conversas à volta dos genitais fe-
mininos estão efetivamente mais abertas
e claras, e todo o burburinho que se
criou à volta da vela da Goop, idealizada
pela atriz Gwyneth Paltrow que tentou
Em baixo: A vela com o cheiro
da vagina da Gwyneth
Paltrow esgotou em horas.
reproduzir o cheiro da sua vagina, é um
dos recentes exemplos disso mesmo. A
expansão do mercado de produtos de
higiene feminina também o é; e o motivo
pelo qual está a acontecer é para responder
às necessidades de uma consumidora mais
jovem, que está mais preocupada com
o seu corpo e tem menos inibições. As
embalagens quase médicas com rótulos
clínicos deram lugar a produtos com uma
estética mais atual, até divertida, em linha
com os produtos de skincare que ocupam
as prateleiras das casas de banho com
nomes empoderados. Um dos maiores
exemplos é a Lady Suite. Therese Clark
criou a marca por necessidade: «Depois
de ter feito uma (dolorosa) sessão de depi-
lação a laser, não me deram nada para
E L L E P T 97
BELEZA
acalmar a minha zona íntima. Quando
se fica sem roupa ou se tem menos pelos,
a pele não retém a oleosidade necessária
para se manter hidratada, além de que
fica mais exposta a bactérias», conta à
ELLE. Utilizar produtos de rosto ou corpo
nesta zona pode ser perigoso, devido à
incompatibilidade de certos ingredientes
com a pele desta área (e a proximidade
com a vagina); por isso, Therese decidiu
desenvolver a sua própria marca. No meio
da investigação, percebeu que também
não existia muita informação disponível
sobre a vulva; e é exatamente nesta sim-
biose que a Lady Suite, tal como outras
marcas que seguem a mesma filosofia, se
destacam no mercado. E as consumidoras
estão a reagir bem. «Os comentários que
recebo são uma confirmação de que, com
o uso consistente, os nossos produtos estão
a resolver problemas comuns de higiene
e a aumentar a saúde da zona íntima fe-
minina. Também gosto de ouvir que os
nossos produtos ajudam as mulheres a
estarem mais sintonizadas com os seus
órgãos sexuais em comparação com a velha
escola “longe da vista, longe da mente”»,
partilha a fundadora da Lady Suite.
Convém salientar que a utilização de
produtos de limpeza íntima não é obri-
gatória. Aliás, «Para uma mulher assin-
tomática, talvez não sejam necessários
98 E L L E P T
Em cima: A Missoni,
no outono-inverno
2017, acabou o seu
desfile com as modelos
a usarem gorros em
forma de vulvas.
produtos higiénicos específicos para a
vulva. Depende da mulher e da fase da
vida em que se encontra. Cada mulher
tem o seu pH e por vezes a introdução de
um produto de higiene [na rotina] pode
alterar o pH da vagina e é suposto que
a flora vaginal, só por si, se restabeleça e
se reformule», alerta Irina Ramilo. Tal
como os pelos púbicos, que muitas mu-
lheres optam retirar por completo: eles
existem para proteger os órgãos sexuais
de possíveis infeções. O nosso corpo tem
um propósito para tudo. No entanto, «se
estivermos a falar de uma mulher pós-
-menopausa, com diminuição hormonal
e da hidratação da sua pele e dessa zona, é
importante a utilização de alguns produ-
tos específicos para melhorar a qualidade
de vida a curto e principalmente a longo
prazo», conclui a ginecologista.
Para Therese, o principal veículo
para a democratização desta categoria
de produtos é mesmo a consumidora. «As
mulheres das gerações Y e Z estão mais
empoderadas do que as gerações anteriores
para falar sobre saúde sexual feminina e
exigem opções melhores», conclui. O que
pode ter influenciado esta nova geração
a mudar o paradigma? A resposta pode
estar no acesso à informação que falámos
anteriormente, que não se aplica apenas à
questão de conhecer a sua vulva, vagina e
como tratar delas; as mulheres também
estão preocupadas com a parte estética.
Pode ser uma consequência da tendência
da depilação total ou dos filmes pornográ-
ficos, mas a verdade é que a procura por
procedimentos de rejuvenescimento geni-
tal está a aumentar e os motivos são vários:
«Gravidez, parto, alterações hormonais,
alterações de peso e envelhecimento têm
impacto não só na pele da face, pescoço e
corpo mas também na vagina e vulva»,
explica Sofia Carvalho, diretora clínica e
especialista em cirurgia plástica da clinica
Páris (@parisclinics).
Embora estejam disponíveis inúmeros
tratamentos, um dos que desperta mais
curiosidade é o peeling genital que é reali-
zado através da «combinação de diferentes
ácidos [ácidos retinóico, mandélico e gli-
cólico], que é escolhida de acordo com o
tipo e cor de pele da paciente. Estes ácidos
promovem a despigmentação da região
onde são aplicados causando a descama-
ção, o que melhora a mancha e estimula a
produção de colágeno na região», partilha
Sofia Carvalho. Convém destacar que
«este procedimento é indolor e só pode
ser feito em áreas revestidas por pele, e
não mucosas, como a virilha, o monte de
vénus, a parte exterior dos grandes lábios
e a área perianal», conclui.
Há todo um novo mundo pronto para
ser explorado no que diz respeito aos geni-
tais femininos. Claro que qualquer inter-
venção só deverá ser feita com consciência
e depois de falar com um profissional. Mas
sim, o importante é mesmo nunca parar
de falar abertamente. n
 SHOPPING

SMOOTH OPERATORS
Se está interessada em saber um pouco mais sobre a indústria dos produtos de higiene
íntima, estas são algumas das marcas que precisa de conhecer para entrar em jogo.

1 2 3

4 5 6
IMAXTREE (1) - DEON BLACK/PEXELS (1) - PAWEL CZERWINSKI/UNSPALSH (1) - SHUTTERSTOCK (1) - D.R.(9)

7 8 9

1. Bálsamo hidratante para a vulva, 50 ml, €41,82, Baûbo em cultbeauty.co.uk. 2. Suplemento alimentar Private Party,
30 cápsulas, Hum Nutrition em cultbeauty.co.uk. 3. Creme de limpeza probiótico Harmony Down South, 100 ml, €16,
Lady Suite em revolve.com. 4. Creme hidratante Very V, 50 ml, €47, VV Cream em revolve.com. 5. Sabonete de higiene
íntima,€11, Galiné em cultbeauty.co.uk. 6. Toalhitas íntimas Do it All, 30 unidades, €10, Love Wellness em revolve.com.
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E L L E P T 99
BELEZA

TENDÊNCIA
DE CORAR
POR MAIS
O rosto fica quente e ruborizado,
as maçãs do rosto rosadas e a
adrenalina percorre o corpo... Não que
este estado só possa acontecer no
dia 14 de fevereiro, mas nos restantes
365 ou 364 dias do ano não precisa
de ter à sua frente o amor da sua vida
para corar, só precisa de um blush
numa cor entre o coral e o rosa, com
um ligeiro toque de brilho.

UTILIZE UM BATOM COM

TOM SEMELHANTE AO BLUSH
PARA UM LOOK UNIFORME.

1 2 3 4
TEXTO : CAROLINA ADÃES PEREIRA - IMAGENS: IMAXTREE (2) - D.R. (8)

5 6 7 8

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€2,99, Essence. 5. Blush de longa duração Amazonian Clay no tom Peaceful, €32,90, Tarte na Sephora. 6. Stick Phyto-Blush Twist no tom
Petal, €56, Sisley. 7. Blush Minimalist Whipped Powder no tom Sonoya, €42,60, Shiseido. 8. Blush no tom Orgasm, €35,90, Nars na Sephora.

100 E L L E P T
 BELEZA E M N O T Í C I A

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E L L E P T 101
 À
VENDA

A SUA REVISTA
de arquitetura e design
 E
LIFESTYLE
POR
SANDRA GATO
E
MARIA RODRIGUES

Aparador em MDF, Love Large, Driade (driade.com).

DO VERBO AMAR
Eu amo, tu amas, eles amam... Os outros, eu própria, rir, viajar, ler, comer, decorar. Neste mês, e em todos os
outros, distribua amor porque, como nos ensinaram os Beatles, All You Need is Love. Por Maria Rodrigues
LIFESTYLE

VIAGEM

O OUTRO
SUL DE FRANÇA
Chama-se Occitanie e é uma região francesa onde a história,
a arquitetura e ruralidade (mas com mar por perto) nos
confirmam a diversidade de que todos os países são capazes.
Por Sandra Gato

A Occitanie é uma zona genuína e onde ainda há locais “selvagens”. Fazer um safari pela Camargue é uma
oportunidade para observar a vida animal da região, como touros, cavalos e (muitos) flamingos.

104 E L L E P T
 P
ensar em sul de França é trazer à memória imagens da
sofisticação descontraída de Saint Tropez, das praias
e gastronomia de Nice, da ostentação assumida do
Mónaco. A Riviera francesa é, há mais de um século,
um dos destinos por excelência das elites europeias. Os
seus encantos – clima mediterrânico, estâncias balneares
FOTOS: CHRISTELLE LABRANDE (2) - DOMINIQUE DEMOUY (1)

requintadas, o easy chic – são algo a que queremos voltar

sempre. A Occitanie, por seu lado, é uma região do sul de
França menos badalada, a cerca de duas horas de distância
de avião – a Transavia tem dois voos semanais diretos para
Montepellier (transavia.com) – e algumas mais de carro,
e pode ser uma boa opção se os destinos mais longínquos
ainda não estiverem nos seus planos. A presença do mar
Mediterrâneo aproxima-a do mood da Riviera mas a auten-
ticidade – por vezes até ruralidade – que a caracteriza faz-nos
sentir que estamos, de facto, numa outra região francesa.
A “capital” da Occitanie é Montepellier que, só por
si, é um destino perfeito para passar um fim de semana
prolongado. É a sétima maior cidade francesa e tem uma
dimensão humanizada. O ideal é ficar no centro – o Hôtel
du Palais (hoteldupalais-montepellier.fr) é um dos mais
charmosos (data do século XIX mas foi recentemente
Grau du Roi é a vila piscatória de postal ilustrado: farol
remodelado) e tem a localização perfeita – e percorrer a histórico, barcos coloridos de pescadores, praia para
pé os vários locais de interesse. Trata-se de uma cidade caminhar e um pôr-do-sol único, que torna tudo perfeito.

E L L E P T 105
LIFESTYLE
3
1. A imponente Pont du Gard – uma obra romana classificada
pela Unesco – é considerada a ponte antiga mais alta do mundo.
Um spot obrigatório quando se visita a Occitanie. 2. O espírito
alternativo do Marché du Lez, em Montepellier. 3. As praias
amplas, banhadas pelo mar Mediterrâneo. 4. Os edifícios
piramidais desenhados por Balladur na La Grande Motte.
4
106 E L L E P T
universitária, o que garante uma atmosfera jovem e “leve”.
Parar e tomar uma bebida numa das suas praças é sempre
uma opção mas se o tempo for pouco, há três pontos de
paragem obrigatórios: 1. O mini Arco do Triunfo. É parecido
com o de Paris mas feito à dimensão da cidade (peça no
Turismo uma visita guiada que inclua uma subida para
ter uma das mais incríveis vistas sobre Montepellier e, já
agora, que lhe abram as portas dos banhos judeus – um
local único, de acesso condicionado). 2. O Musée Fabre
(museefabre.montepellier3m.fr). Tem uma coleção rele-
vante de obras de arte o que o torna um dos museus mais
importantes da Europa. 3. Marché du Lez. É um daqueles
espaços mais alternativos onde a street food (excelentes
opções para almoçar) e as lojas fora da caixa criam um
FOTOS: A.RODRIGUEZ (1) - HÔTEL CAFÉ MIRAMAR (1) - MARCHÉ DU LEZ (1) - OFFICE TORURISM LGM/ZARZI (1)
ambiente informal e onde é confortável estar.
Perto da cidade de Nimes (já lá vamos) aquele que é
um dos spots incontornáveis da região: a Pont du Gard.
Considerada a ponte antiga mais alta do mundo (tem 49
metros de altura), é Património Mundial da Unesco e
tem 2000 anos de história. É uma visão imponente e, ao
mesmo tempo, inspira uma tranquilidade rara. O silêncio
imposto pelas suas três filas de arcos sobrepostos construí-
dos pelos romanos no século I d.C. é apenas cortado pelas
exclamações de espanto dos visitantes ou por quem pratica
canoagem no rio sobre o qual ela está construída. Toda a
história desta ponte-aqueduto está extraordinariamente
bem explicada no centro interpretativo que existe no local.
Mas a perícia e talento dos romanos – que nós também
tão bem conhecemos em Portugal – estende-se pela própria
cidade de Nimes. A arena que domina o centro da cidade
é uma das que está em melhor estado de conservação do
mundo. Visitá-la é, literalmente, recuar dois milénios.
Ao sair deparamo-nos com o Musée de la Romanité, um
edifício de estilo contemporâneo, quase futurista. Cerca
 5

6
de 5000 vestígios romanos expostos numa estrutura
arquitectónica que é ele própria uma obra de arte – o
restaurante La table du 2, situado no último piso, é uma
excelente opção para recarregar baterias com vista para
a arena. Antes de ir embora, um momento para visitar a
Maison Carrée, um templo romano (do mesmo estilo do de
Diana, em Évora) num tal perfeito estado de conservação
que parece ter sido terminado ontem.
E confirmando a nossa presença no sul de França, a
companhia permanente do mar. Mais selvagens do que as
da Riviera, as praias aqui são amplas e convidam a longas
caminhadas. Se apenas puder parar num vila piscatória,
Grau du Roi. Tem tudo o que se estamos habituadas a exigir
a um destino de férias: praia com grande extensão de areia
branca; barcos coloridos de pescadores; casas típicas no 5. A vila fortificada Aigues-Mortes reflete várias eras da história
mas o feel geral é medieval. A Constance Tower é imperdível.
centro da vila (o Café de Paris!), com um incrível pôr-do- 6. A arena de Nimes é uma das mais bem conservadas do
-sol a condizer e o Hôtel Café Miramar (cafe-miramar.fr), mundo.7. No centro de Montepellier há um pequeno Arco do
FOTOS: DR (1) - OFFICE MONTPELLIER/M.REMINGNON (1) - OFFICE DE TOURISME/O.MAYNARD (1)

um maravilhoso pequeno hotel mesmo em frente à praia. Triunfo com uma extraordinária vista sobre a cidade.
Por fim, um dos locais mais surpreendentes, por todos
os motivos: La Grande Motte. Uma cidade que nasceu, nos 7
anos 70, numa zona onde só existiam pântanos. O arquiteto
responsável pela criação de todo o projeto foi Jean Balla-
dur, que apostou em edifícios de formas piramidais que
acompanham toda a linha de sete quilómetros de costa.
Um local polémico, que muitos rejeitam pelo radicalismo
da arquitetura, mas que tem uma excelente qualidade de
vida por ter sido totalmente pensado para responder às
necessidades deste século (da igreja em estilo futurista,
passando pelos espaços verdes e pela marina). Instale-se no
Hotel Les Coralines Thalasso Spa (thalasso-grandemotte.
com) – aproveite e faça tratamentos de talassoterapia – e
visite a pé os edifícios desenhados por Balladur onde não
faltam toques de humor: como o prédio, um dos mais caros
da cidade, onde as varandas têm a forma de biquínis. n

E L L E P T 107
LIFESTYLE

RESTAURANTES

MESA
PARA 2
Porque, quando se ama, três já é uma
multidão... E porque, claro, o estômago
é a via mais direta ao coração.
Por Sandra Gato

EPUR
Ofereça(-se) um jantar estrela Michelin.
Experimentar a cozinha – depurada, no sentido
em que não há sabores que se invadem uns
aos outros – de Vincent Farges, com uma das
melhores vistas sobre a cidade, é uma prova de
amor (à alta gastronomia). Influências asiáticas,
portuguesas e francesas que o chef reuniu ao
longo de mais de duas décadas traduzem-se em
pratos onde se nota o respeito absoluto (e o amor)
tanto pelo produto como pelos produtores. epur.pt
 VILA BICA
Petiscos e cocktails
para brindar ao amor.
Num dos bairros
históricos de
Lisboa, uma flute
de champanhe, um
Negroni ou uma
Margarita acompanha
ostras ou baos veggie...
enquanto o elétrico
passa. Tel: 930697404

TERROIR
Um brunch vínico para
VASKU’S GRILL
Desfrutar dos prazeres da carne...
marcar pontos...
Um clássico quando o desejo é de um bife
Ou, então, convidar
na pedra ou de um bom fondue de carne.
quem se ama para
Além de que o ambiente em tons de
beber um copo de vinho
vermelho é romântico... Tel: 213522293
de produção nacional –
ao balcão ou à janela –
enquanto se prova uma
paleta de Guacamole
ou uma “lata” de foie BYF STEAKHOUSE
gras. Tel: 218873823 ... guardando espaço para a sobremesa.
O nome não engana e aqui o papel
principal é dado à carne (e, vá, ao incrível
forno Josper). Cortes de excelência,
servidos com vários tipos de sal à
escolha e um brownie com tudo a que
se tem direiro para terminar. fullest.pt

LAT.A
Uma lua de mel na América Latina?
Um restaurante com um menu que é uma viagem
– bem animada! – pela intensidade dos sabores
peruanos, brasileiros, mexicanos. Comece pelo
guacamole e pelas margaritas e continue com
um inesquecível arroz de carne. lata.com.pt

O CORAÇÃO BALANÇA...
DE FRANGO PICANTE, LENTILHAS, CHOCO E LULAS OU, PARA ADOÇAR O AMBIENTE,
DE CHOCOLATE NEGRO PICANTE. A CHAMUÇARIA TEM VERSÕES ORIGINAIS E TODAS
DELICIOSAS. E O MELHOR É QUE NEM TEM DE SAIR DE CASA. ACHAMUCARIA.PT
LIFESTYLE

DECO SHOPPING

ANIMAL LOVERS
As muitas espécies de um zoo podem viver na decoração da casa.
É que o amor aos animais pode revelar-se de muitas formas...
Por Maria Rodrigues

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1. Candeeiro em resina, Mouse, Love edition, Sellettti (seletti.it). 2. Candeeiro de teto em aço, alumínio e papel sintético, Perch Light Branch, Moooi
(moooi.com).
(moooi com) 33. Manta em lã
lã, Fidelity
Fidelity, Fornasett
Fornasetti (fornasetti.com). 4. Individuais em melamina, Animal, Avenida Home (avenidahome.com).
5. Prato em porcelana, Le Jardin, Versace Home (versace.com). 6. Clips em latão feitos à mão, Animal, Nkuku (nkuku.com).7. Espelho em
poliresina, Snake Mirror, Funky Table (funkytable.it). 8. Capa de almofada em veludo, H&M Home (www2.hm.com). 9. Jarro em faiança,
Bosque, Bordallo Pinheiro (pt.bordallopinheiro.com). 10. Cadeira com base em madeira e estofo bordado, Gucci Décor (gucci.com).
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 LIFESTYLE

FOODIES
VIDA DE
ALENTEJO
Mudar de região, de profissão, de
vida. Um desafio que Bárbara
Monteiro, a Mainova da família,
aceitou sem medo. Por Sandra Gato

A
vida dá muitas voltas e a de Bárbara
Monteiro passou por deixar o dia a dia
cosmopolita de Lisboa para se instalar na
Herdade da Fonte Santa, no Alto Alentejo, para
se dedicar de corpo e alma ao negócio da família.
A propriedade comprada pelo pai produz vinho
e azeite e a Mainova de três irmãs não hesitou
em investir o seu tempo e talento no desenvol-
vimento do sonho do pai. «Este projeto é um
grande desafio mas também a oportunidade de
dar seguimento ao sonho da minha família. Sou
apaixonada por esta região e os seus produtos.
Mudei a minha vida e saí da grande Lisboa sem
pensar duas vezes», conta ela. n mainova.pt

MAINOVA
O nome já foi explicado mas mais BÁRBARA MONTEIRO
(EM CIMA) OPTOU POR
importante é referir que todas as SE DEDICAR A TORNAR O
referências da marca são produzidas SONHO DA FAMÍLIA UMA
REALIDADE FAZENDO DA
segundo princípios sustentáveis, com MARCA MAINOVA O CASO
DE SUCESSO QUE JÁ É.
pouca intervenção, baixos sulfurosos
e, sempre que possível, vegan. Um
dos grandes objetivos da Mainova é
reduzir a pegada ambiental inclusive
no packaging – o lacre substitui as
cápsulas, as garrafas são quase todas
em vidro reciclado e não se recorre ao
plástico em nenhuma fase do processo.

VINHO EQUILIBRADO
O enólogo António Maçanita é o
responsável pela elaboração tanto
do Mainova como do Moinante e do O AZEITE EXTRA-VIRGEM EARLY
Milmat. «Este é um Alentejo equilibrado
o que resulta num vinho com pouca HARVEST MAINOVA É MEDALHA
intervenção e respeito pela fruta», diz. DE OURO (ENTRE 287 CONCORRENTES).

E L L E P T 113
HORÓSCOPO

seu caso, vai ter agora uma

segunda oportunidade. Pode
voltar atrás, pedir desculpa
se for necessário e fazer o que BALANÇA
está correto. Acima de tudo, vai 23 SET | 22 OUT
sentir-se muito melhor consigo. Está perante uma grande deci-
são emocional e, como sempre,
CARANGUEJO não consegue decidir-se. Pode
21 JUN | 22 JUL ser algo que sempre disse que
Está a dar os primeiros passos não queria, ou pode ser a coisa
na criação de um novo futuro. certa na hora errada. Seja o
Não apenas para o próximo ano que for, é legítimo mudar de
mas para a próxima década, ou opinião. Será que vai ter muitas
talvez mais. Mantenha os olhos oportunidades como esta?
no horizonte e foque nos seus Esqueça tudo, se é o que quer
objetivos. Não importa até onde mesmo para a sua vida, avance.
pode chegar ou se vai depressa
AQUÁRIO ou devagar, o que interessa é ESCORPIÃO
22 JANEIRO | 19 FEVEREIRO que já iniciou a viagem. 23 OUT | 21 NOV
Está a colocar uma extrema (e desnecessária) Quando duas pessoas se apai-
pressão sobre si mesma. É bom questionar o LEÃO xonam, o que as pode separar?
nosso emprego, estilo de vida e relacionamentos 23 JUL | 23 AGO Muita coisa, na verdade. Você
regularmente, mas tudo ao mesmo tempo? Se deitar Gosta mais de trabalhar revela as suas emoções com
fora a mobília toda depois não tem onde dormir... sozinha do que em equipa mas, naturalidade mas ele está
Pare e respire. Se quiser manter tudo como está só agora, a cooperação parece ser limitado por uma série de
porque sim, está no seu total direito. a resposta. Vai fazer uma par- obrigações que o impedem
ceria com alguém que precisa de responder tão livremente
Por Bernard Fitzwalter tanto da sua ajuda como você como seria desejável. Vai ter de
da dela. Em breve vai querer aprender a ser paciente.
ficar independente novamente
PEIXES a fazer agora – é preciso fazer mas, até lá, aproveite e aprenda SAGITÁRIO
20 FEV | 20 MAR reajustes. Não seja demasiado com quem (também) sabe. 22 NOV | 21 DEZ
Sente-se cada vez mais próxi- dura consigo mesma. O desafio Esta é a melhor altura do ano
ma de um amigo de longa data. é resistir à tentação de voltar à VIRGEM para si. O Sol está a energizar o
Talvez esteja a tentar reviver vida que tinha anteriormente. 24 AGO | 22 SET ser regente, Júpiter, e traz-lhe
velhos tempos... Ou, se calhar, Há momentos em que vários uma série de novas oportu-
existem coisas mal resolvidas TOURO fatores aleatórios se unem para nidades e novas pessoas que
do passado com as quais pre- 20 ABR | 20 MAI criar algo extraordinário. É o vão manter o seu entusiamo
cisa de lidar antes de enfrentar Este é o momento para marcar que vai acontecer agora. E se em alta. É um bom ano para
as grandes mudanças que o a sua posição e deixar bem tivesse perdido o comboio? E começar de novo.
verão vai trazer. É uma espécie claro o que aceita (ou não) das se não tivesse aceite o convite?
de despedida de uma era que outras pessoas. Não está ape- Não se teriam conhecido e CAPRICÓRNIO
está mesmo a chegar ao fim. nas a proteger o seu espaço, nada teria acontecido. Mas 22 DEZ | 19 JAN
está a ampliá-lo, reclamando aconteceu! Não analise, aceite. Novos métodos ameaçam
CARNEIRO tudo aquilo que lhe foi retirado É um presente dos céus. aquilo por que tanto trabalhou.
21 MAR | 19 ABR no último ano. Força! De início fica na defensiva
Não se preocupe se as próxi- mas depois reconhece que a
mas semanas lhe parecerem GÉMEOS evolução é desejável. A sua
uma sucessão de problemas 21 MAI | 20 JUN missão nos próximos meses é
e obstáculos. Quando se Costuma dizer-se que só se VELA, EM CIMA: fundir o passado com o futuro.
COLEÇÃO ZODIAC CUTESY, RORY DOBNER
começa de novo – como está dá valor ao que se perde. No (RORYDOBNER.COM) E manter a sua posição.

114 E L L E P T
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