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Divulgação

VIDA & OBRA


Arrabal revela os
segredos do Teatro
do Pânico

Fotografia
Pág. 22
Uma publicação da Aver Editora - 1º a 15 de Setembro de 2009 - Ano I Nº 10 R$ 5,00

o teatro captado
pelas lentes

Jo
ão
Ca
ld
as
Aliada das artes cê-
nicas, as fotogra-
ÀDVVmRLPSRUWDQ-
te linguagem para
divulgar e documentar
as expressões, os mo-
YLPHQWRVHRVÀJXULQRV
de peças teatrais, atra-
vés dos
olhos
GH SURÀV-
sionais que, Registro do
cada vez mais, fotógrafo
paulista João
tornam-se fotógra- Caldas, para
quem a
fos especializados ˜˜›ŠęŠȱ
na arte de registrar exerce a
função de
espetáculos documentar
a história
Pág. 6 do teatro

Arnaldo Torres

DANÇA
Pacotes culturais são a mais Grupo Movasse e
nova atração dos hotéis
o jeito independente
Cultura brasileiros, que oferecem
entretenimento e diárias de se fazer dança
cinco mais baratas aos hóspe-
des apaixonados por teatro. contemporânea
estrelas 3URÀVVLRQDLV GR VHWRU WDP-
bém já podem mostrar sua
Pág. 10

Págs. 12, 13 e 14 arte em palcos alternativos,


como restaurantes e cru-
zeiros marítimos.

HISTÓRIA POLÍTICA CULTURAL MARKETING CULTURAL ENTREVISTA


Teatro de Arena: 42 anos Funarte ganha mais Lei da meia-entrada Regina Braga e suas paixões
de arte, pesquisa e reflexão R$ 18,4 mi para editais ganha novo capítulo dentro e fora dos palcos
Págs. 20 e 21 Pág. 18 Pág. 7 Págs. 8 e 9
2 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

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Roteiro: Santos/Búzios/Praia Privativa/Santos 3, 7 e 11/março. Roteiro: Recife/Natal/Fernando de Noronha/Recife

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À vista R$ 1.155, Base US$ 608, Preço para saídas 3, 10 e 17/dez À vista R$ 1.516, Base US$ 798, Preço para saídas 29/novembro,
e 1o/fevereiro em cabine categoria I interna. 19, 23 e 27/fevereiro e 3, 7 e 11/março em cabine categoria I interna.

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Prezado agente: preço por pessoa, somente parte marítima, em cabines duplas, conforme categorias mencionadas, taxas de embarque e marítimas não estão incluídas. Preços, datas de saída e condições de pagamento
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por saída promocional em cada navio. Em todas as promoções, as taxas de embarque e gorjetas não estão incluídas e deverão ser pagas por todos os passageiros, inclusive crianças. (1) Promoção válida para todas
as saídas dos navios CVC Zenith, CVC Soberano e CVC Imperatriz sujeita a disponibilidade de cabines triplas. (2) Promoção válida para todas as saídas, de todos os navios, e sujeita a disponibilidade de cabines triplas ou quádruplas.

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Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
3
Editorial
João Caldas / Divulgação

Um certo Arrabal
Em uma noite de segunda-feira, no mês de agosto, aconteceu o nosso
Técnica encontro com “Um certo Arrabal”. Não só nosso, pois o auditório do
,QVWLWXWR &HUYDQWHV HP 6mR 3DXOR ÀFRX SHTXHQR SDUD R HYHQWR RUJDQL-
As belas imagens são zado pelo Teatro Kaus. Não havia reclamações da falta de cadeiras extras,
frutos do casamento ninguém se importou em sentar no chão e esperar cerca de uma hora para
entre técnica e FRPHoDURHYHQWR(TXDQGRFRPHoRXDH[SOLFDomR$UUDEDOUHVROYHXGDU
sensibilidade na arte XPDYROWDSHODVUXDVHREVHUYDUDVSHVVRDVKiELWRTXHFXOWLYDFRPPXLWR
de fotografar prazer nos seus 77 anos de vida.
Pág 6 (QYHUJRQKDGRRGUDPDWXUJRHVSDQKROGL]TXHFRQIXQGLXRKRUiULRGR
HYHQWRHTXHpXPGRVGHIHQVRUHVGDSRQWXDOLGDGH(VVDVIRUDPDV~OWLPDV

Índice palavras do mestre antes de abraçar com suas palavras as cerca de 200 pes-
soas presentes na sala. A trajetória do dramaturgo está presente em nossa
PDWpULDQDSiJLQDPDVGHVFUHYHUDVLPSOLFLGDGHFRPTXHIDODGHWRGRV
ENTREVISTA.....................................................8 e 9 RVPRYLPHQWRVFXOWXUDLVTXHSDUWLFLSRXVHULDXPDWDUHIDVySRVVtYHOSDUD
Regina Braga não esconde nada RVTXHFRQVHJXHPFRORFDUHPRomRQDVSDODYUDVGHIRUPDVLPSOHVFRPR
ele.
Atriz consagrada nos palcos comemora sucesso de “Por um Fio” eGLItFLOQmRVHDEDODU'HXPDLQIkQFLDYLYLGDHQWUHDJXHUUDHDIDPtOLD
e solta o verbo quanto à lei Rouanet VXUJLXDFULDWLYLGDGH'RVDXWRH[tOLRVYLHUDPRVHQFRQWURVFRPRVSURWD-
JRQLVWDV GH RXWUDV DUWHV 4XDQWR jV KRPHQDJHQV TXH UHFHEH SHOD FRQWUL-
REPORTAGEM.............................................12 a 14 EXLomRPXQGLDOGHVHXWUDEDOKRVHGHIHQGH´0XLWRVGL]HPTXHVRXJHQLDO
PDVDSHQDVWLYHDVRUWHGHYLYHUPDLVTXHRVPHXVFRPSDQKHLURVµ
Teatro e Pacotes Culturais impulsionam o Setor Turístico 3RUTXHUHVJDWDURWUDEDOKRGH)HUQDQGR$UUDEDOQHVWHHGLWRULDO"3RLVHVWH
Cada vez mais hotéis do Brasil investem em pacotes culturais que nome representa a modernidade e a tradição do fazer teatral. O dramaturgo
barateiam as estadias, desde os mais simples à suíte mais luxuosa confessa ser apaixonado pela tecnologia, como a necessária para a obtenção
GDVLPDJHQVGRVQRVVRVIRWyJUDIRV SiJLQD 'HIHQGHDDUWHDEUDQJHQWH
feita por todos (página 16), em todos os lugares (página 17), e para todos,
ESPECIAL.................................................................16 com ou sem meia entrada (página 7). História de superação com a arte, Ar-
CandoCo Dance Company mostra sua dança das diferenças UDEDO",VVRR7HDWURGH$UHQD SiJLQDVH WHPGHVREUD
A companhia inglesa vem a São Paulo para workshop e apresentação 'LIHUHQWHPHQWHGRVWHPSRVGHJXHUUDHQIUHQWDGRVSRUHOHRQGHDVYLD-
de dois novos trabalhos: The Perfect Human e Still gens eram sinônimo de necessidade para a sobrevivência, apresentamos
XPQRYRPHUFDGRGHQHJyFLRVTXHXQHDSUD]HURVDQHFHVVLGDGHGHYLDMDU
com a organização de um roteiro programado.
POLÍTICA CULTURAL.................................................18 Para completar a edição, tivemos o prazer de conversar com Regina Bra-
MinC libera R$ 18,4 milhões para editais da Funarte JDTXHIDORXVREUHDFDUUHLUDDVGLÀFXOGDGHVGDSURÀVVmRHSROtWLFDFXOWXUDO
$SHVDUGHUHFXVDURWtWXORGH´PDLVLPSRUWDQWHGUDPDWXUJRHPDWLYLGD-
Oito editais da fundação tiveram seus orçamentos dobrados e até
GHQRPXQGRµpSDUDYRFr$UUDEDOHSDUDRVTXHDSUHQGHPGLDULDPHQWH
triplicados. Total de investimentos alcança R$ 36,2 milhões

HISTÓRIA................................................... 20 e 21 Rodrigoh Bueno


No porão da cidade, os palcos da resistência Editor do Jornal de Teatro
Teatro de Arena de Porto Alegre, de grande relevância histórica,
era apenas um porão alagado pelo estouro de um esgoto

Email Redação: Redação Rio de Janeiro: Rua General


redacao@jornaldeteatro.com.br Padilha, 134 - São Cristóvão - Rio de Janeiro (RJ).
CEP: 20920-390 - Fone/Fax: (21) 2509-1675
Arte: Ana Canto, Bruno Pacheco, Redação Brasília: SCS - Quadra 02 - Bloco
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Presidente: Cláudio Magnavita Castro (brunorangel@avereditora.com.br) Tel.: (61) 3327-1449
Espinosa e Fernando Nogueira
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(ramalho@avereditora.com.br) Redação Porto Alegre: Avenida Borges
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Helcio Estrella Bueno (editor) e Fernando Pratti (chefe de reportagem) Administração: Elisângela Delabilia (RS). CEP: 90020-023.
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Anderson Espinosa Fernandes, Adriano Fanti e Luciana Chama Redação Florianópolis: Rua Dom Jaime
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www.avereditora.com.br Porto Alegre - Adriana Machado 1992 - 10º andar - CEP: 01302-000 - São Paulo (SP) Tel.: (48) 3024-3575 / 3024-3571
Florianópolis - Adoniran Peres Fone/FAX: (11) 3257.0577 Redação Salvador: Rua José Peroba, 275,
Publicações da Aver Editora: Salvador - Paloma Jacobina Impressão: F. Câmara Gráfica e Editora sala 401 - Ed. Metrópolis, Costa Azul, Salvador /
Jornal de Turismo - Aviação em Revista - JT Magazine BA. CEP: 41770-235
Jornal Informe do Empresário - SET - Próxima Viagem w w w. j o r n a l d e t e a t r o . c o m . b r Tel.: (71) 3017-1938
4 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

Bastidores

Reinaldo Canato
BRASILEIROS SELECIONADOS
PARA MOSTRA EM SEUL FUNARTE:
WORKSHOP GRÁTIS
A WSD (World Stage do, que concorrem em qua- DE CONFECÇÃO
Design) 2009, mostra in- tro categorias. DE BONECOS
WHUQDFLRQDO GH FHQRJUDÀD No total, são 13 brasileiros
ÀJXULQR LOXPLQDomR H VR- na exposição: quatro cenógra- A Funarte está com
QRSODVWLD WHP SURÀVVLRQDLV fos (Aby Cohen & Lee Da- inscrições abertas para um
brasileiros entre seus se- wkins, Isabelle Bittencourt, workshop de confecção
lecionados. A diretora de Ronald Teixeira e Marieta de bonecos, destinado aos
arte e cenógrafa Isabelle Spada), quatro iluminadores artistas e educadores, que
Bittencourt irá participar (Beto Bruel, José Henrique, será realizado entre os dias
do evento que acontece em Rodrigo Ziolkowski e Nadia 5 e 9 de outubro, de se-
setembro, na capital da Co- /XFLDQL  H FLQFR ÀJXULQLVWDV gunda a sexta, na sede da
réia do Sul, Seul. (Cássia Monteiro, Daniela entidade em São Paulo. A
Um júri internacional Vidal, Danielly Ramos, Regi- lista das 16 pessoas sele-
“ Christian Lacroix – Trajes de Cena” faz parte do Ano da França no Brasil escolheu os trabalhos para lã Deusamar & Marco Polo cionadas será divulgada, a
a Gallery Exhibition, etapa e Rosa Magalhães). Mais in- partir de 28 de setembro,
competitiva da mostra com formações no site do WSD no site da Funarte (www.
EXPOSIÇÃO EM SÃO PAULO REÚNE WUDEDOKRV GH SURÀVVLRQDLV funarte.gov.br).
2009: http://www.wsd2009.kr/
FIGURINOS DE LACROIX PARA ÓPERAS E BALÉS de diversas partes do mun- O evento faz parte da
main_eng.html.
programação do projeto
Os figurinos que o estilis- rino de “Fedra”, de Racine, Cia. Circo de Bonecos -
ta francês Christian Lacroix para a Comédie-Française, 10 anos. “Bonecos no Pal-
desenhou para óperas, balés Paris, 1995, pela qual ele MARANHÃO E CEARÁ co”, será ministrado por
e espetáculos teatrais estão recebeu seu primeiro Mo- RECEBEM ESPETÁCULOS DA CENA BAIANA Cláudio Saltini. Os inte-
expostos em São Paulo na lière; “Cosi fan tutte”, de ressados devem se inscre-
mostra “Christian Lacroix – Mozart, para Théâtre de La O Festival do Teatro Brasileiro promove mais uma vez o inter-
câmbio cultural entre estados brasileiros. Depois de apresentar, em ver no período de 1º a 18
Trajes de Cena”, que integra Monnaie, Bruxelas, 2006; de setembro, pelo e-mail
as comemorações oficiais do “Carmen”, de Bizet, criada maio deste ano, espetáculos de grupos pernambucanos para mais
de 15 mil pessoas nos teatros de Sergipe e Bahia, o FTB leva para circodebonecos@gmail.com,
Ano da França no Brasil. para Arène de Nîmes, 1989; informando nome com-
A exposição acontece no e “Sherazade”, balé de Blan- Maranhão e Ceará uma amostragem do teatro feito na Bahia. Ao
WRGRVHUmRGH]HVVHLVHVSHWiFXORVDOpPGHRÀFLQDVHGHEDWHV$RL- pleto, endereço eletrônico,
Museu de Arte Brasileira da ca Li, para a Opéra National telefone, breve currículo e
FAAP, e fica em cartaz até de Paris, 2001. A exposição tava edição da mostra acontece de 23 de setembro a 11 de outubro.
Mais informações: (61) 3367-5432. carta de interesse.
1º de novembro. Na mostra conta também com croquis
estão criações como o figu- e vídeos.

Arquivo /Divulgação
Divulgação

TEATRO
NOS PARQUES
COMEMORA 30 ANOS
DA COOPERATIVA
PAULISTA DE
TEATRO

Projeto eleito para


comemorar a data, o
Teatro nos Parques é
uma temporada teatral
gratuita que acontece
entre 5 de setembro e
31 de outubro de 2009,
nos parques das zonas
norte, sul, leste e oeste
Bibi Ferreira e Grande Otelo em foto tirada durante o Fenata em 1975 da cidade de São Paulo.
Com a abrangência de
O espetáculo “Viver ou Morrer” volta aos palcos de São 32 parques municipais,
INSCRIÇÕES PARA O FENATASEGUEM ATÉ O DIA 11
Paulo no dia 5 de setembro no Núcleo Bartolomeu de Depoi- somando 64 apresenta-
mentos, no bairro da Pompéia. O texto é inspirado no “Livro O Festival Nacional de Te- tembro. As peças são apresen- ções, espera-se atingir
Tibetano do Viver e do Morrer”, de Sogyal Rynpoche. Em cena, atro de Ponta Grossa (Fenata), tadas no Cine Teatro Ópera, entre 30 a 40 mil pesso-
cinco atores (Ana Guasque, Beatriz Cruz, Emerson Gerssiano, no Paraná, chega neste ano bem como em locais públicos as durante a temporada.
Gabriela Cordaro e Viviane Marques) e um desenhista pintando à sua 37ª edição. O Festival como praças, ruas, hospitais, Para compor a grade
ao vivo (Alexandre Breia) desenvolvem um olhar lúdico, poético acontece no mês de novem- creches e escolas de educação da programação, foram
e singelo sobre a morte. A direção é de Gabriel Carmona, dra- bro, entre os dias 5 e 12, sendo especial. O regulamento e os selecionados 16 grupos
PDWXUJLDGH5RGULJR)LJXHLUDHÀJXULQRGH(GHU/RSHV que as inscrições para espetá- telefones de contato estão em que já trabalham com
culos vão até o dia 11 de se- www.uepg.br/fenata. uma linguagem teatral
voltada para parques,
ruas, espaços abertos
FESTIVAL SANTISTA SEGUE ATÉ O DIA 9 ou alternativos, perfa-
AULAS DE CARACTERIZAÇÃO EM SP zendo um total apro-
A 51ª edição do Festa (Festival Santista de Teatro) segue até o A Escola São Paulo - Espa- ampla experiência em diversas ximado de 120 artistas,
dia 9 de setembro no litoral paulista. Os santistas poderão conferir ço de Cultura Contemporânea áreas da caracterização. entre atores, músicos e
uma programação teatral que reúne do humor ao drama, passando terá no dia 19 de setembro um Serão duas aulas no mes- circenses, com lingua-
pelo infantil, terror e romance. As apresentações acontecem no curso de caracterização volta- mo dia, das 9h às 13h e de- gens acessíveis a to-
Teatro Municipal Brás Cubas, no Teatro Guarany, no Sesc Santos do para o cinema, teatro, dança pois das 14h às 17h. O in- das as faixas etárias e
e na Praça Mauá, com ingressos entre R$ 8 e R$ 10, no Sesc e no e festas, ministrado por Wes- vestimento é de R$ 280 mais camadas sociais. Mais
Municipal, respectivamente. As demais apresentações serão gra- terley Dornellas, maquiador uma parcela de R$ 280. Mais informações em www.
tuitas. Informações pelo telefone (13) 3061-5006. A programação reconhecido, com oito prê- informações em www.escolasao- cooperativadeteatro.com.br
completa pode ser conferida no www.festasantos.com.br. mios Avon em sua bagagem e paulo.org.
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
5
Bastidores
Linno Ferreira / Divulgação
ARGENTINO DANIEL VERONESE

Divulgação
ENCENADO PELA 1ª VEZ EM SP
Sob direção de Roberto Lage, o espetá-
culo Teatro Para Pássaros estreia dia 4 de
setembro em São Paulo, retratando com
humor o mundo das paixões, misérias, vai-
dades e clichês do universo teatral. A peça
conta com os atores Ana Fuser, Daniel
Gaggini, Mario Condor e Luciana Rossi no
elenco. O espetáculo cumpre temporada
na Sala Carlos Miranda da Funarte (Funda-
ção Nacional de Artes), na capital paulista,
Teatro dos Pássaros é um exercício auto-humorístico até 11 de outubro. Balé já contou com participação de coreógrafos e diretores de renome

ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA O


Reprodução EXPOSIÇÃO MOSTRA 40 ANOS DE
6º FESTIVAL DE TEATRO DA AMAZÔNIA
CRIAÇÃO DO BALÉ TEATRO GUAÍRA
Já estão abertas as inscri- tece no período de 2 a 12 de Figurinos e adereços estão em exposição aberta ao públi-
ções para o Fetam (Festival de outubro, no Teatro Amazonas. co, no Salão de Exposições do Teatro Guaíra, em Curitiba.
Teatro da Amazônia). Podem Na mostra não competitiva $OpPGRVÀJXULQRVSURJUDPDVGDVREUDVHYtGHRVGHPXLWDV
se inscrever artistas, em caráter podem ser inscritos espetáculos GDVFRUHRJUDÀDVSRGHPVHUDSUHFLDGRVSHORVLQWHUHVVDGRV$R
competitivo, grupos ou com- nas categorias: teatro de rua, te- logo de sua existência, o Balé contou com a participação de
panhias de teatro dos Estados atro de bonecos e teatro experi- diretores e coreógrafos de renome internacional. Yurek Sha-
da região amazônica com espe- mental, assim como espetáculos belewski, Hugo Delavalle, Carlos Trincheiras, Jair Moraes e
táculos teatrais, que serão sub- que já participaram dos festivais 6X]DQD%UDJDÀJXUDPHQWUHRVGLUHWRUHVTXHÀ]HUDPDKLVWyULD
metidas a avaliação da Comis- anteriores. O regulamento com do Balé Teatro Guaíra. Além destes, há registros do traba-
são de Seleção do festival. As mais informações está no site da lho de coreógrafos como Maurice Bèjart, Milko Sparemble-
inscrições seguem até o dia 11 Secretaria de Cultura, www.cultu- ck, Vasco Wellenkamp, Tatiana Leskowa, John Buttler, Clyde
de setembro e o evento acon- ramazonas.am.gov.br. Morgan, Rodrigo Pederneiras e Olga Roriz, entre outros pro-
ÀVVLRQDLVUHFRQKHFLGRVPXQGLDOPHQWH
Obra é lançada em Porto Alegre
Sérginho Massa / Divulgação

Divulgação
LIVRO
No dia 17 de setem-
bro o grupo Falos & Ster-
cus lançará o livro “Falos
& Stercus / Ação & Obra
- Trajetória Marcada Por
Inconformismo e Prazer”.
O evento acontece às 19h, Antônio Fagundes,
no Museu Iberê Camargo que ajudou na
e integra a programação do campanha por
16º Porto Alegre Em Cena. arrecadação,
cuprimenta o prefeito
Em meio ao jogo de luzes Gilberto Kassab
na fachada do museu, será “NOS CAMPOS DE PIRATININGA”
realizada uma performance A nova montagem do espetáculo que, em 2008, foi sucesso de UM ANO APÓS INCÊNDIO, CULTURA
aérea com projeções do re- crítica e público estreia no dia 17 de setembro e segue até 1º de ARTÍSTICA LANÇA CAMPANHA
gistro da trajetória do pró- novembro no Teatro João Caetano, São Paulo. O texto é de Rena- No dia 24 de agosto, pouco mais de um ano após o incên-
prio Falos & Stercus. A per- ta Pallottini e Graça Berman; direção de Imara Reis. No elenco dio no Teatro Cultura Artística – fato que marcou a história do
formance se fundirá com o estão Eduardo Silva, Graça Berman, Wilma de Souza, Décio cenário cultural de São Paulo – a Sociedade de Cultura Artís-
espetáculo Mithologias do Pinto, André Persant, Gira de Oliveira, Murilo Inforsato, Nívio tica lançou uma campanha publicitária para a reconstrução do
Clã- apresentado na entra- Diegues, Rodrigo Dorado, Sônia Andrade e Valéria Simeão. teatro em sua primeira etapa.
da do museu. No início de 2009, a agência Talent criou uma campanha
SDUDDFDSWDomRGHUHFXUVRV3ULPHLURDDJrQFLDFULRXXPÀO-
me em DVD, enviado a empresários e formadores de opinião,
DEBATES NO MACUNAÍMA
Adalberto Lima / Divulgação

relembrando marcantes passagens históricas do teatro, em um


O Teatro Escola Macunaíma, em São Paulo, abre seu espa-
clipe de 10 minutos, com narração de Marco Nanini, depoi-
ço para o debate com a estreia do projeto Café Teatral Macu.
mentos de artistas como Antônio Fagundes e Gabriela Duarte.
São quatro encontros que acontecem no teatro 5 da unidade
Agora, a Talent desenvolveu uma campanha publicitária
&DPSRV(OtVLRVFRPFHQRJUDÀDGHVHQYROYLGDHVSHFLDOPHQWH
que será veiculada em televisão, rádio, revistas e jornais, e ain-
SDUDDVGDWDV2ÀRFRQGXWRUGHVWHFLFORVHUiDUHÁH[mRVREUH
da um hotsite, para incentivar a doação de pessoas físicas. “O
o Teatro de Verdade, tema da mostra que comemorou os 35
espaço de mídia será cedido pelas emissoras e veículos impres-
anos da escola. Cada encontro terá um tema e será mediado
sos.”, diz Eric Klug, Relações Institucionais da Sociedade de
por um professor. A ideia é que os participantes levantem
Cultura Artística. A TV Cultura, a rádio Cultura FM, rádio El-
suas questões e exprimam suas opiniões.
dorado, a Abril, o jornal O Estado de S. Paulo, Folha de S. Pau-
O Café Cultural Macu é um evento gratuito e aberto ao pú-
lo e Rede Globo já se comprometeram a veicular os anúncios.
blico, mas é necessário fazer inscrição pelo telefone (11) 3667-
Toda a reconstrução do teatro está estimada em R$75 milhões.
MiTXHDVYDJDVVHUmROLPLWDGDV&RQÀUDDSURJUDPDomRQR
A primeira fase de captação é para o levantamento do novo prédio
site www.macunaima.com.br.
e de todo o seu esqueleto, obra contabilizada em R$30 milhões.
Teatro Escola Macunaíma recebe projeto Café Teatral Macu
6 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

Técnica
Andréia Machado / Divulgação Anderson Espinosa

João Caldas, apaixonado por teatro, fotografa espetáculos há 28 anos Segundo o fotógrafo Anderson Espinosa, é possível realizar uma “interferência artística” no espetáculo

)RWRJUDÀDDVWpFQLFDVGHUHYHODUXPHVSHWiFXOR
Por Adoniran Peres que, segundo ele, só é obtida ainda se for um especialista. contexto da peça ou show a ser GRV SHOR %UDVLOµ GHVWDFD 6H-
com boas imagens. “O ideal é “Eu, por exemplo, não faço apresentado, em um trabalho gundo Daniel, no Festival de
A arte de fotografar pode mandar para a imprensa fotos imagem de eventos de moda, FRQMXQWR FRP RXWURV DUWLVWDV Teatro de Curitiba, além de
revelar muito mais do que exclusivas, com uma boa qua- pois é um assunto que não produção, iluminadores e pú- passar informações sobre fo-
belas imagens. Basta conhe- lidade estética”, orienta. estou muito ligado e, conse- blico. “Ao encontrar a lingua- WRJUDÀD FrQLFD HOH SDVVD SDUD
cer as técnicas, ter a visão da O fotógrafo paulista João quentemente, não entendo. Já JHPGDDSUHVHQWDomRÀFDPDLV RVSURÀVVLRQDLVTXHLUmRIRWR-
arte, e, então, em apenas um Caldas explica que, além da em relação ao teatro, sempre fácil trabalhar com outros ele- grafar os espetáculos algumas
clic... A tecnologia, de forma GLYXOJDomR D IRWRJUDÀD H[HU- fui apaixonado e o acompa- mentos, devendo agora dar a dicas de etiqueta. “Abordamos
mais direta do que as palavras, ce outro importante papel na nho há muito tempo”, destaca. nossa contribuição, propondo qual o momento de fazer o
também é capaz de retratar e KLVWyULDGRWHDWURDGRFXPHQ- $ IRWyJUDID GH 6mR 3DXOR HP WHUPRV IRWRJUiÀFRV XPD clic, onde se posicionar e como
expressar um momento único. tação. “Quando sou chamado 3DROD 3UDGR WDPEpP LQLFLRX ‘interferência artística’ no espe- se comportar com o diretor e
Congelar determinado ins- para fazer a documentação de D FDUUHLUD SRU LQÁXrQFLD GR táculo”, destaca. SURGXWRUµ GHVWDFD 6HJXQGR
tante do tempo. Considerada um espetáculo, assisto a mes- LUPmR ´6HP PDLRUHV LQWHQ- 6HJXQGR (VSLQRVD R IRWy- 'DQLHO R XVR GRV ÁDVKV GDV
uma aliada das artes cênicas, ma peça umas três vezes. Neste ções, em 2002, fui fotografar grafo diante de um mercado PiTXLQDVIRWRJUiÀFDVDOpPGH
as fotos revelam-se, ao longo FDVRpSUHFLVRUHWUDWDURÀJXUL- “A Opera do Malandro”, que FDGD YH] PDLV GLVSXWDGR GLÀ- atrapalhar os atores e o desem-
do tempo, como importan- no, a interpretação e o cenário. PHXLUPmR1DQGR3UDGRHV- cilmente vai trabalhar somente penho da peça, ainda faz com
te linguagem para divulgar e Já nos materiais de divulgação, tava encenando. Fiz mais de com espetáculos. “Depende que o espetáculo não tenha o
documentar as expressões, os como os impressos, as fotos 700 fotos. Outros atores gos- para quem se vai produzir as mesmo brilho e, consequente-
PRYLPHQWRV H RV ÀJXULQRV são quase posadas e acontecem taram das imagens e come- fotos. Uma grande produtora mente, perca sua essência.
de peças teatrais, através dos durante os ensaios, com os ar- çaram a encomendar”, revela pede o registro desde os ensaios, João Caldas reforça que,
ROKRV GH SURÀVVLRQDLV TXH WLVWDVMiXVDQGRRVÀJXULQRVHR 3DROD ´+RMH IDoR IRWRJUDÀDV ou um pequeno grupo que só além do dedo e dos olhos te-
cada vez mais, tornam-se fo- cenário pronto. Essas imagens para vários espetáculos. Ge- pode pagar uma apresentação. UHPGHÀFDU´HVSHUWRVµRIR-
tógrafos especializados na arte também podem ser enviadas ralmente, sou contratada pe- Um trabalho bem reconhecido e tógrafo precisa ter um com-
de registrar espetáculos. para a imprensa”, explica Cal- los artistas que compram os feito para pessoas especiais não portamento diferenciado. Os
A visão, o enquadramento GDVTXHMiWUDEDOKRXQD)ROKD CDs com as imagens que são WHPSUHoRTXHSDJXHµÀQDOL]D SURÀVVLRQDLV GHYHP VHU DE-
e a composição das imagens GH63DXORHQRGHSDUWDPHQWR usadas por eles normalmente solutamente discretos, quie-
é uma particularidade de cada de documentação de artes cê- como portfólio”, acrescenta FORMAÇÃO tos, silenciosos e cuidadosos
SURÀVVLRQDO 3RUpP HQWHQ- QLFDVGH6mR3DXOR 3DROD TXH GD FRPR GLFD SDUD Quanto à formação de fo- com os movimentos e ruídos.
der as técnicas e seguir alguns A carreira de Caldas teve se fazer boas fotos não só o WyJUDIRV 'DQLHO 6RUUHQWLQR Mesmo em um ensaio geral
conceitos pode servir de ensi- LQtFLR HP  SRU LQÁXrQ- conhecimento das técnicas, que coordena as equipes de esse comportamento deve ser
namentos para quem pretende cia de seu irmão, que seguia mas a procura por um olhar IRWRJUDÀDGRVSULQFLSDLVHYHQ- mantido para não desconcen-
HQFDUDU R GHVDÀR RX DSHQDV FDUUHLUD GH DWRU ´6HPSUH WLYH que transmita a ideia da peça. WRV GH &XULWLED 35  FRPR R WUDURVDWRUHV´2ÁDVKHQWmR
contemplar as belas imagens. vontade de subir ao palco e, 3DUDQi %XVLQHVV &ROOHFWLRQ você pode ‘esquecer’ em casa.
3DUD 6LOYLR GD &RVWD 3HUHLUD também, ser ator. A timidez , UM TRABALHO Festival de Curitiba e Casa Cor Nunca se movimente duran-
fotógrafo de Florianópolis porém, nunca deixou e a foto- EM CONJUNTO 3DUDQi UHODWD TXH KRMH H[LVWH te o espetáculo, exceto em
6& HSURIHVVRUGHIRWRMRUQD- JUDÀDPHDMXGRXDYLYHQFLDUD Na avaliação do fotógrafo uma formação informal de fo- ensaios ou shows musicais.
lismo da Faculdade Estácio de arte”, relata. Na avaliação de $QGHUVRQ (VSLQRVD GH 3RUWR WRJUDÀD SDUD HVSHWiFXORV ´e 3URFXUHFOLFDUQRVPRPHQWRV
6i GH 6DQWD &DWDULQD D IRWR- Caldas, para alcançar o suces- $OHJUH 56 DIRWRJUDÀDGHHV- LPSRUWDQWH TXH R SURÀVVLRQDO de fala mais alta dos atores ou
JUDÀD p XP LPSRUWDQWH PHLR VRQDSURÀVVmRpSUHFLVRSUL- petáculos dá-se muito mais no procure sempre aperfeiçoa- quando houver música, pois
para promover os espetáculos PHLUDPHQWH TXH R SURÀVVLR- FDPSR VXEMHWLYR RQGH R SUR- PHQWR HP FXUVRV H RÀFLQDV o ruído da câmera incomoda
e conseguir espaço na mídia, nal goste do assunto – melhor ÀVVLRQDOGHYHHVWDULQVHULGRQR que, geralmente, são ofereci- PXLWRµÀQDOL]D
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
7
Marketing Cultural

polêmica perto do fim?

Divulgação
Novo projeto de lei pode moralizar a venda de ingressos para estudantes e
minimizar os prejuízos da classe artística. UNE, porém, é contra a proposta
Por Alysson Cardinali Neto tério Público, produtores (de SUHVLGHQWH GD 81( ´7HPRV
teatro, cinema e shows) e enti- posição contrária à proposta da
Alegria de uns (estudantes dades estudantis continua. Sem senadora Serrano, pois ela res-
e idosos acima de 65 anos), SUHYLVmRGHWUpJXDV$ÀQDOFDGD tringe a meia entrada, um direi-
tristeza de outros (produtores, um vê, apenas, o seu lado. O MP to histórico dos estudantes, e os
empresários do mundo da arte é a favor de uma nova lei, mas, priva de acesso a elementos cul-
e, óbvio, parte do público que digamos, salomônica, ou seja, turais que fazem parte do pro-
não tem acesso a tal benefí- TXHEHQHÀFLHWDQWRRHVWXGDQWH cesso educativo. Entendemos
FLR $VVLPSRGHVHUGHÀQLGDD quanto os estabelecimentos que que não deve haver restrição ao
adoção da meia-entrada, criada fornecem a meia-entrada. Já os direito de meia-entrada, seja em
para democratizar o acesso à produtores querem acabar com bens culturais e esportivos, en-
cultura – em teatros, museus, a lei de meia-entrada e reduzir tre outros”, frisa Ventura.
cinemas, shows, eventos es- os preços dos ingressos cheios Ele, porém, vê lados posi-
portivos etc – mas que, com (sem promoção), enquanto os tivos no novo projeto de lei:
o tempo, e com o derrame de estudantes só pensam em man- “Desejamos realmente que a
carteiras de estudantes falsas ter o direito à cultura por um 81( YROWH D WHU R PRQRSy-
no mercado, tornou-se uma preço mais que acessível. Fato lio da produção de carteiras
polêmica nacional. Um dos é que, hoje, a meia-entrada é estudantis, que nos foi tirado
efeitos de tal polêmica foi de- direito de todo estudante em pelo FHC (ex-presidente Fer-
vastador: o aumento exorbi- qualquer lugar do Brasil. Para nando Henrique Cardoso), o
tante no preço dos ingressos, tristeza de Paulo Pélico, diretor que permitiu o crescimento
que afastou boa parte do públi- da APETESP (Associação dos do ‘mercado de carteiras’, feito
co e virou sinônimo de prejuí- Produtores de Espetáculos Te- por várias entidades não aca-
zo para exibidores de cinema e atrais do Estado de São Paulo). dêmicas, sem vínculo algum
produtores de teatro, entre ou- “Da forma que está, não com os estudantes. Com isso,
tras pessoas ligadas ao mundo dá. A meia-entrada não cum- poderíamos acabar, ou, ao me-
do entretenimento. A celeuma, pre sua função original e só QRVDPHQL]DUDIDOVLÀFDomRGH Pélico é contra a meia-entrada: “Queremos é corrigir uma anomalia.”
DOLiVSDUHFHHVWDUORQJHGRÀP favorece quem tem alto poder carteiras estudantis”, frisa Cha-
Em dezembro do ano passa- aquisitivo, além de permitir a gas, referindo-se à Medida Pro- a ser livremente produzidas ÀODGDYHQGDGHLQJUHVVRVQmR
do, novo projeto de lei sobre o emissão de inúmeras carteiras visória (MP) 2.208/01, que, em pelas próprias escolas e cur- anda. Da forma como é feito
tema foi aprovado na Comissão de estudantes falsas e prejudi- 2001, durante o governo FHC sinhos, o que determinou, KRMHQmRWHPRVFRPRÀVFDOL-
de Educação, Cultura e Esporte car quem paga a entrada pelo e capitaneada pelo então minis- QR ÀQDO GD GpFDGD GH  zar”, revela Pélico.
do Senado – o texto, da sena- valor inteiro. Hoje, temos tro da Educação, Paulo Renato e início da década de 1980, O diretor da APETESP
dora Marisa Serrano (PSDB- uma política de preços en- de Souza, tirou o controle ex- que até camelôs vendessem, lamenta, porém, o posicio-
MS), restringe a meia-entrada a gessada pela meia-entrada”, clusivo sobre a emissão de car- em praça pública, identidades QDPHQWR GD 8QLmR 1DFLRQDO
eventos culturais e esportivos, avalia Pélico. “Acredito que a WHLULQKDVGD81(HGD8%(6 estudantis falsas e sem legiti- dos Estudantes perante o
além de vetar a sua validade nos nova lei não resolverá o pro- o que permitiu que qualquer midade (o quadro só foi ame- novo projeto de lei votado no
FLQHPDVHPÀQDLVGHVHPDQDH blema, mas o atenuará muito. estabelecimento, associação ou nizado com a reconstrução 6HQDGR ´$ 81( DFKD TXH R
feriados locais ou nacionais (em Depois de aprovada, dentro agremiação estudantil tivesse o das entidades estudantis, o empresário é obrigado a pa-
outros eventos, como peças te- de pouco tempo o preço do direito de produzi-las. que reestruturou o benefício gar pela meia-entrada. Uma
atrais e shows, a meia-entrada ingresso cairá e colocará no “A partir daí, qualquer es- da meia-entrada, com leis es- pena, pois a responsabilidade
não valerá de quinta-feira a sá- mercado a população que cola, curso, agremiação ou en- taduais por todo o País). é do Estado. O que quere-
EDGR  'HÀQH WDPEpP TXH não tem acesso à cultura de- tidade estudantil passou a pro- Paulo Pélico faz coro com mos é corrigir uma anomalia
apenas 40% dos ingressos de vido ao elevado valor do in- duzir a carteira, sem nenhum RYLFHSUHVLGHQWHGD81(HP que penaliza o produtor e a
um evento sejam vendidos pela gresso cobrado de quem não SDUkPHWUR RX ÀVFDOL]DomR relação às facilidades que as população que paga inteira”,
metade do preço para alunos do tem carteirinha de estudante. Dessa forma, multiplicaram- pessoas têm, hoje, para adqui- diz Pélico, que mantém a es-
ensino formal (os de pré-vesti- 0DVQmRDGLDQWDOHLVHPÀVFD- se as ‘empresas de carteirinha’, rir a carteira de estudante. Ele perança de que a polêmica
bulares e os cursos de idiomas OL]DomR 8PD YH] ÀVFDOL]DGD FRPFODURVREMHWLYRVÀQDQFHL- dá dicas de como se evitar as VREUH D PHLDHQWUDGD VHUi À-
ÀFDULDPIRUD HGHYROYHj81( com os preços caindo, haverá ros, sem nenhum compro- IDOVLÀFDo}HV´1mRWHQKRQ~- nalizada. “As pessoas enten-
8QLmR 1DFLRQDO GH (VWXGDQ- maior venda de ingressos”, misso com a credibilidade meros exatos sobre isso, mas dem a meia-entrada como um
tes) e UBES (União Brasileira acredita Pélico. GD LGHQWLÀFDomR HVWXGDQWLOµ é grande a quantidade de pes- direito adquirido. Além disso,
de Estudantes Secundaristas) a -i D 81( 8QLmR 1DFLRQDO acrescenta o vice-presidente soas que exibe carteira falsa trata-se de uma medida im-
expedição das novas carteiras dos Estudantes) vê com ressal- GD 81( HQWLGDGH TXH GHWL- na bilheteria. Muitas, inclusi- popular para os políticos, que
estudantis, que, caso a lei seja vas a mudança na lei da meia- nha, desde a década de 1940, ve, grosseiramente produzi- não se dispõem a acabar com
aprovada, serão padronizadas e entrada (é a favor do documen- o direito de o estudante pagar das. Deveria haver um cadas- a meia-entrada para não per-
feitas pela Casa da Moeda, com WR ~QLFR GH LGHQWLÀFDomR PDV somente metade do valor dos tro das pessoas, das escolas. der votos. Fica a impressão
RQRPHGH&DUWHLUDGH,GHQWLÀ- contra as restrições ao uso da ingressos. Direito, aliás, que Tudo informatizado, inclu- de que eles tirariam a meia-
cação Estudantil. carteirinha). Como o presidente começou a ser descaracteri- sive, com cartão magnético. entrada dos idosos e estudan-
1RHQWDQWRHQTXDQWRWDOOHL da entidade, Augusto Chagas, zado após o golpe militar, em Quando vejo uma carteira do tes, o que não é verdade. Mas,
não for aprovada (ou vetada) estava na Europa, quem falou 1964, com o fechamento das interior do estado não tenho apesar de ser uma medida im-
pelo presidente Luiz Inácio Lula sobre o tema ao Jornal de Te- entidades estudantis. A partir como checar pois, se criar popular, acredito que as coi-
GD6LOYDRFRQÁLWRHQWUH0LQLV- atro foi Tiago Ventura, vice- daí, as carteirinhas passaram caso, dá polêmica, polícia, a sas irão melhorar”, diz.
8 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

Entrevista

A praia de Regina Braga


Consagrada nos palcos, atriz comemora sucesso de “Por um Fio” e solta o verbo quanto à lei Rouanet
Por Bruno Pacheco de carreira da atriz, o

Fotos: Divulgação
acaso é mero coadjuvan-

Q
uando mudou-se te. Quem a vê em cena,
do interior de Mi- não tem dúvidas de que
nas Gerais para o talento e a vocação fo-
São Paulo, aos 17 anos, ram os seus principais
Regina Braga carregava norteadores. Em cartaz
consigo a vontade de fu- no Rio de Janeiro, no
gir do cenário ao qual as Sesc Ginástico, com a
garotas daquela cidade peça “Por um Fio” (adap-
eram levadas. Casar-se tação do livro homônimo
com um fazendeiro não do seu marido Drauzio
passava pela sua cabe- Varella, com quem é ca-
ça. Tão pouco tornar-se sada há 27 anos) – de-
atriz. Enquanto as ami- pois de temporadas de
gas faziam planos para a sucesso em Porto Ale-
vida ao lado de um “Rei gre, em Belo Horizonte e
do Gado”, Regina queria em São Paulo –, Regina
apenas ser diferente. Ir Braga conta ao Jornal
para a cidade grande era de Teatro como é dividir
um bom começo. Cogi- com o público histórias
tou, em certo momento, tão pessoais. Fala, tam-
ser jornalista. Mas o des- bém, da experiência de
tino lhe reservava outro vida que “Por um Fio” a
caminho. O acaso a le- proporcionou e sobre a
vou para os palcos. Re- sua nova forma de lidar
gina formou-se pela EAD com o tempo, além de
(Escola de Artes Dramá- relembrar momentos da
ticas de São Paulo), inter- carreira (diz ter apreço
pretou grandes persona- por todas as persona-
gens, recebeu prêmios gens vividas) e demons-
e encontrou no teatro a tra insatisfação e desâni-
sua praia. Mesmo em mo com a Lei Rouanet.
São Paulo. No entanto, “É muita burocracia, isso
na história dos 42 anos não incentiva”, desabafa. Atriz revela estar cansada e desanimada com o teatro devido a burocracia para se conseguir incentivos

Jornal de Teatro – Quando WHDWURGRTXHDWRUHV2%UDVLOp ´&KLTXLQKD *RQ]DJD y DEUH


surgiu o interesse pelas ar- IDUWR GH JUDQGHV DWUL]HV 6REUH DODVµ H RXWUR SRU ´8PD UHOD-
tes dramáticas? SUHFRQFHLWRQXQFDKRXYH2WH- omR WmR GHOLFDGDµ  0DV WRGRV
Regina Braga – Desde pequena DWURpPXLWRGHPRFUiWLFR RVPHXVSHUVRQDJHQVVmRHVSH-
À]WHDWURDPDGRU'DtIXLPRUDU FLDLV0LQKDDWXDomRHP´8PD
HP6mR3DXORHÀ]XPH[DPHQD JT – Você fazia parte do nú- UHODomRWmRGHOLFDGDµIRLPXLWR
($'1DpSRFDIXLQDHPSROJD- cleo 2 do Teatro de Arena PDUFDQWH*RVWHLPXLWRGHHQ-
omRSRLVWRGDVDVPLQKDVDPLJDV quando encenou o texto de FHQiOD D %LVKRS WDPEpP IRL
À]HUDP)XLGHVSUHWHQVLRVDPHQWH Molière. Como foi fazer par- yWLPR LQWHUSUHWDU 7HQKR FDUL-
HDFDEHLVHQGRDSURYDGD(XDLQ- te do Teatro de Arena? QKRSRUWXGRTXHIDoR
GDQmRVDELDPXLWRRTXHTXHULD 5% ² (X À] DSHQDV  D SHoD
ID]HUGDYLGDPDVHQWUHLQDHVFROD ´$ (VFROD GH 0XOKHUHVµ FRP JT – Você interpretou mu-
HÀTXHL$FKRTXHHXWLQKDMHLWR R Q~FOHR 9LDMHL XP SRXFR lheres de grande importân-
SDUDDFRLVD FRP HOD H GHSRLV VDt 0DV IRL cia histórica, como Chiqui-
XPPRPHQWRLPSRUWDQWHSDUD nha Gonzaga. O que essas
-7 ² 6XD HVWUHLD SURÀVVLRQDO TXHPHVWDYDFRPHoDQGR mulheres deixaram na mu-
foi em “A Escola de Mulhe- lher Regina Braga?
res”, de Molière, dramaturgo JT – Em 2001, você ganhou 5%²)RLRPi[LPRLQWHUSUHWi
responsável por inserir a mu- o APCA de melhor atriz com ODV6mRSHVVRDVTXHYDOHDSHQD
lher no teatro. Hoje, qual o pa- “Um Porto para Elisabeth VH DSURIXQGDU )LTXHL PXLWR
pel da mulher no teatro? Ainda Bishop”. Esta foi a sua me- SHUWR GHODV )RL LPSRUWDQWtVVL-
existe preconceito nesta área? lhor atuação? PR YLYHU %LVKRS H &KLTXLQKD
5% ² $V PXOKHUHV VmR LPSRU- 5% ² *DQKHL PXLWRV SUrPLRV SDUDFRQKHFHURXQLYHUVRFDULR-
WDQWtVVLPDV $WXDOPHQWH H[LV- QRWD GD UHGDomR HQWUH HVWHV FDSRLVDVGXDVHUDPFDULRFDV
Regina Braga e Drauzio: parceria há 27 anos na vida e agora no palco WHPPXLWRPDLVERDVDWUL]HVGH GRLV SUrPLRV 0ROLqUH XP SRU 0XOKHUHV PXLWR LQWHUHVVDQWHV
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
9
Entrevista
Bishop, por exemplo, morou
em Petrópolis. Fiquei muito
íntima delas. Pelo fato de eu
morar em São Paulo, fazê-las
e conhecê-las melhor foi uma
convivência enriquecedora.
Pude, também, conhecer mais
do Rio de Janeiro.

JT – É mais difícil se consa-


grar no teatro ou na televisão?
RB – Acredito que não há re-
gra. Com cada pessoa é de um
jeito. Comigo foi através do
teatro. Comecei sem preten-
sões e dei muito certo. Quando
voltei da Europa (n.r.:Regina
IH]HVWiJLRVQD)UDQoD À]WUrV
peças e fui premiada. Isso me
deu entrada no universo e me
fortaleceu. Não parei mais. Não
WLQKDPXLWDYRQWDGHGHÀFDUQR
teatro, mas aconteceu. O fato de
PRUDUHP6mR3DXORGLÀFXOWRXD
minha entrada na televisão. Na
década de 1970, todas as emis-
soras estavam concentradas no
Rio de Janeiro e eu não podia
morar no Rio. Cheguei a rece-
ber convites na época, mas esse
IDWRUGLÀFXOWRX3RURXWURODGR
conquistei, em São Paulo, meu
espaço no teatro.

JT – Nos palcos, o que gosta- “Por um Fio” com Regina Braga e Rodolfo Vaz está em cartaz no Teatro Sesc Ginástico, no centro do Rio de Janeiro, de quinta a domingo às 19h
ria de fazer e que ainda não fez?
RB – Estou muito desanimada D ($' H FRQIRUPH ÀFDYD Oi
no teatro com a questão da pro- tinha a sensação de um mundo
dução. A burocracia hoje em dia novo, de portas se abrindo. Fi-
é muito grande. Isso me cansa. quei amiga de atrizes e achei o
Conseguir uma renovação na ambiente de teatro muito bom,
Lei Rouanet, por exemplo, é TXHULDÀFDUSHUWRGHVVHXQLYHU-
muito complicado. Isso desa- so. Eu achava os artistas muito
nima. Tenho vontade de fazer bacanas. Isso me conduziu ao
uma peça grega, mas, só de sa- WHDWUR 'Dt IXL ÀFDQGR H HV-
ber todo o trabalho que dá para tou até hoje. E ainda continuo
conseguir verba, acabo broxan- achando os artistas ótimos.
do. Quando me vem uma von-
tade eu a abafo e penso duas -7²$WXDUHP´3RUXPÀRµ
vezes, pois dá muito trabalho é uma experiência muito
e corre-se o risco de, quando pessoal, dolorida (Regina é
estiver pronto, não conseguir casada com Drauzio Varella,
patrocínio. Queria muito fazer a autor do livro, há 27 anos)?
Bishop novamente, pois foi um RB – Tem muita proximidade.
sucesso. Mas tem muitos entra- $ÀQDO QR OLYUR VRX FLWDGD DO-
ves para se renovar com a Roua- gumas vezes. Mas isso não po-
net. São várias etapas e critérios deria ser levado para o palco.
sem porquês. Não era o propósito. Foi muito
complicado no começo.
JT – O teatro é a sua praia?
É o espaço que mais te com- JT – Durante a peça, é possí-
pleta como atriz? vel sentir uma carga de emo-
RB – É sim, mas não se trata ção diferente na sua atuação.
A atriz nasceu no interior de Minas Gerais, mas mora desde os 17 anos em São Paulo
de algo ideológico. Minha fami- Isso tem a ver com a sua pro-
liaridade com o teatro é muito ximidade com as histórias mais racional. Outro detalhe -7 ² 7RQ\ 5DPRV FODVVLÀFRX forma, sim. A peça deixa aquela
antiga. Eu não tinha nenhuma contadas, como a de Fernan- importante é a minha relação ´3RUXPÀRµFRPRXPHVSH- obrigação de ir direto ao que é
pretensão de ser atriz, morava do, irmão do seu marido? com os gestos. Aprendi a não táculo abençoado, por se tratar importante na vida, ir de encon-
em uma cidadezinha do inte- RB – Quando começamos usar os gestos de forma banal, de um tema tão duro de forma tro ao fundamental.
rior, perto do Mato Grosso, e os ensaios, eu não conseguia mecânica. Os gestos são muito terna e sem parecer piegas.
ser artista não fazia parte do fazer a leitura do texto sem marcantes em “Por um Fio”. Você tem medo da morte? JT – Quais são seus próxi-
repertório de quem morava lá. chorar. Mas, com o tempo, a RB – Tenho sim. E quem no mos projetos?
As minhas amigas se prepara- direção me conduziu para um JT – Vocês pensaram em IXQGRQmRWHP"$UHÁH[mRVR- RB – Tenho alguns projetos em
vam para casar com fazendeiro. distanciamento (n.r.: a direção contar as outras histórias do bre isso ajuda você a melhorar, PHQWHVLPPDVSUHÀURQmRID-
Eu queria ser jornalista, pois, da peça é de Moacir Chaves). livro, fazer roteiros diferen- a ser mais objetivo em relação lar antes para não criar muitas
na minha cabeça, poderia fazer A partir daí, passei a me rela- tes para cada apresentação? ao seu tempo presente. Quando expectativas. Mas volto a dizer,
coisas bacanas. Queria sair do cionar com o texto pelo ritmo, RB – Sim. Seria muito interes- você passa a enxergar limites no a realidade burocrática atrapa-
interior, mas não tinha possi- como se ele fosse uma canção. sante, pois o livro tem outras tempo você pensa melhor no lha, cansa. Penso muito antes
bilidade. Mesmo assim, sem- Hoje, depois das três tempo- histórias belíssimas. Mas não que é fundamental para você. de iniciar um novo projeto por
pre fui ligada à arte. Dançava radas, a emoção deixou de ser daria para inserir no meio da A valorização da vida e da saú- conta disso. Talvez este seja um
e atuava nas peças da escola. pessoal. Esse espetáculo me temporada, seria complicado. de bateu muito forte para mim. bom momento para dar um
Quando me mudei para São proporcionou a oportunidade O tempo não permitiu tam- Na verdade, ninguém está com- tempo. Quem sabe fazer um
Paulo queria apenas sair do in- de aprender a depurar meus bém. Era uma ótima ideia. pletamente preparado para a trabalho na televisão?
terior. Em São Paulo, descobri sentimentos. Aprendi a ser morte, mas para a vida, de certa
10 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

Dança

(PGHIHVDGREDOp
arros
/ JT
clássico Aos 16 anos, os alunos já
Companhia Brasileira de Ballet Doug
las de B
estão prontos para brilhar
percorre o País e o mundo no Conservatório da Dança

divulgando a dança brasileira

Por Douglas de Barros DQRVQDGDQoD-RUJHH[SOLFDTXHR H QR7HDWUR&DUORV*R- VHJXLGD PRVWUDUHPRV DV FRUHR- -RUJH 7HL[HLUD TXH p IRU-
REMHWLYRGD&%%pUHVJDWDURLQWH- PHV DPERV QR 5LR GH -DQHLUR JUDÀDVGH¶(QWUHRVGHGRV·H¶7R- PDGR HP EHODV DUWHV H[SOLFD
A CBB (Companhia Brasilei- UHVVHGRVEDLODULQRVHGRS~EOLFR 1R-RmR&DHWDQRIRUDPFRQYL- GRVRVFDPLQKRV·FRPSDUWLFLSD- TXH Vy FRPHoRX D WUDEDOKDU
ra de Ballet) surgiu de uma his- SHODVXDDUWH(VWHDQRRJUXSRMi GDGRV RV EDLODULQRV -XDQ 3DEOR omRGRSLDQLVWD9tWRU$UD~MRTXH FRP GDQoD DRV  DQRV ´0H
WyULDGHDPRU3UHFLVDPHQWHHP IH]FLQFRJUDQGHVHVSHWiFXORV /HGR ž %DLODULQR GR 7HDWUR WHPDQRVHpXPDUHYHODomRGD HVSHFLDOL]HL HP GDU DXODV H YL
TXDQGRRLQGXVWULDO3DXOR ´5HFHQWHPHQWH HP 2XUL- Colón, da Argentina) e Daniel P~VLFDHUXGLWDQR%UDVLOµH[SOLFD TXH HVWDYD QR FDPLQKR FHUWR
Ferraz montou o grupo para a QKRV 63 WUrVPLOSHVVRDVDFRP- &DPDUJR %DLODULQRGR6WXWWJDUW que era isso que eu queria”,
VXD HVSRVD D EDLODULQD 5HJLQD SDQKDUDPHPSUDoDS~EOLFDDHQ- Ballet, da Alemanha), que parti- CAÇA TALENTOS DYDOLD -RUJH TXH UHYHOD TXDLV
)HUUD])RUPDGRQDVXDPDLRULD FHQDomRGRFOiVVLFR¶*LVHOH·1RV FLSDUDPGH´*LVHOHµ-iQR7HD- $ EXVFD SRU QRYRV EDLODUL- VmR DV FRQGLo}HV EiVLFDV SDUD
SRUEDLODULQRVGR7KHDWUR0XQL- DSUHVHQWDPRV WDPEpP QD )HLUD WUR &DUORV *RPHV R JUXSR YDL QRVDFRQWHFHQR&RQVHUYDWyULR TXHPVRQKDFRPXPIXWXURQR
FLSDO GR 5LR GH MDQHLUR HVWUHRX GD6DSDWLOKDHP-RLQYLOOH 6& H HQFHQDU ´7RGRV RV &DPLQKRVµ %UDVLOHLURGH'DQoDHDWUDYpVGD EDOp ´9RFDomR p R TXH FRQWD
QR 7HDWUR 1RYR DQWLJR 7HDWUR FDGDYH]PDLVRS~EOLFRQRVFR- XPDFRUHRJUDÀDWUtSOLFHYROWDGD 21*3URMHWR&LUDQGDTXHDWXD $ SHVVRD SUHFLVD VHU GHWHUPL-
GD 5HS~EOLFD KRMH VHGH GD 79 EUD D SUHVHQoD e XPD FDUDFWH- SDUD D GDQoD FRQWHPSRUkQHD HP FRPXQLGDGHV FDUHQWHV H Mi nada e ter força de vontade,
%UDVLO ² 5-  PDV HQFHUURX WUD- UtVWLFD QRVVD OHYDU R EDOp SDUD R ´(VVH QRYR HVSHWiFXOR IRJH GHVFREULX WDOHQWRV QmR Vy QR DOpP GH XP MRJR GH FLQWXUD
JLFDPHQWH VXDV DWLYLGDGHV GRLV LQWHULRUGR%UDVLOµUHYHOD7HL[HLUD XP SRXFR GD QRVVD OLQJXDJHP %UDVLOPDVHPWRGDD$PpULFD PXLWRJUDQGHµDFRQVHOKD
DQRVGHSRLVTXDQGR)HUUD]FR- 9DPRV DSUHVHQWDU XP WUDEDOKR GR6XO8PDEDLODULQDFRPHoDD
PHWHXVXLFtGLRGHYLGRDSUREOH- APRESENTAÇÕES FRQWHPSRUkQHRPDVHPSRQWDV dar seus primeiros saltos a par-
PDVSROtWLFRVHÀQDQFHLURV RECENTES MiTXHRFOiVVLFRQmRSRGHULDGHL- WLUGRVDQRVFRPFRPHoD CONTATOS
(P  DWUDYpV GH XP SH- 3HODSULPHLUDYH]D&%%FRQ- [DUGHHVWDUSUHVHQWHµDÀUPD D HVWDJLDU QD FRPSDQKLD H DRV Disque Dell’Arte: (21) 3235-8545
GLGR IHLWR SRU (PtOLR 0DUWLQV WDFRPRDSRLRGHXPDJUDQGH 7HL[HLUD UHYHOD DLQGD TXH SDVVDDLQWHJUDURÀFLDOPHQWH / 2568-8742
FRRUGHQDGRU GD )XQDUWH j 5HJL- SURGXWRUD$'HOO·DUWRUJDQL]RX R JUXSR UHFHEHX XP FRQYLWH R JUXSR TXH FRQWD KRMH FRP Cia Brasileira de Ballet: (21)
QD)HUUD]RQRPHGDFRPSDQKLD DGXDV~OWLPDVDSUHVHQWDo}HVHP para representar o Brasil no Fó-  PHPEURV -i HQWUH RV PH- 2568-1988 / 2568-6230 www.
IRL FHGLGR DR SURIHVVRU H GLUHWRU XPORWDGR7HDWUR-RmR&DHWDQR UXP GH 'DQoD GH 0{QDFR HP QLQRV p FRPXP R DGROHVFHQWH ciabrasileiraballet.kit.net / www.
DUWtVWLFR -RUJH 7HL[HLUD HP UHFR- QRVGLDVHGHDJRVWRHHVWi  ´$EULUHPRV D QRLWH FRP LQJUHVVDUVRPHQWHDRVRX conservatoriadanca.com.br
um ensaio aberto do que vamos anos, devido, muitas vezes, ao Rua Santo Afonso, nº 153, Tijuca
QKHFLPHQWRjVXDOXWDDIDYRUGD jIUHQWHWDPEpPGDVWUrVDSUH-
– Rio de Janeiro
GLYXOJDomRGREDOpFOiVVLFR+i VHQWDo}HVGHVHWHPEUR GLDV DSUHVHQWDUHP0RQWH&DUOR(P SUHFRQFHLWRGRVIDPLOLDUHV

Criatividade mineira vinda de todo Brasil


Grupo Movasse trabalha a dança contemporânea através da independência e afinidade artística, sem abrir mão do incentivo de editais
Por Ive Andrade DU HP IHYHUHLUR GH  ´'H
Glenio Campregher

&XMXVµ ´>1HVVH HVSHWiFXOR@ R


Formado há apenas três SURFHVVRFULDWLYRSDUWHGDVPH-
anos, o grupo Movasse foi idea- PyULDVLQGLYLGXDLVUHODFLRQDGDV
lizado por quatro bailarinos que j IDPtOLD (VWH HVSHWiFXOR WHP
XQLUDP VXDV DÀQLGDGHV FRP R XPIRUPDWRFXULRVRSRLVVHUi
desejo de atuar em um espaço FRQVWUXtGRHPXPDFDVDGHID-
LQGHSHQGHQWHH´XPFROHWLYRGH PtOLDGH%HOR+RUL]RQWHVHQGR
FULDomRHPGDQoDFRPXPWUkQ- WDPEpPDSUHVHQWDGROi$FDVD
sito livre de pessoas e ideias”, VHUi R FHQiULR H R GLVSRVLWLYR
FRPR HOHV PHVPRV GHÀQHP para o resgate destas memó-
Apesar de virem de diferentes ULDVµFRQFHLWXD$QKDLD
lugares do Brasil, seus destinos Como bailarinos indepen-
VH FUX]DUDP QD FRPSDQKLD 3UL- dentes, os fundadores do Mo-
meiro Ato, onde trabalharam YDVVHDÀUPDPTXH´QmRVHEDV-
GXUDQWHGLYHUVRVDQRV(P tam” e por isso desenvolvem
RSDUDLEDQR&DUORV$UmRDSHU- SURMHWRV WDPEpP IRUD GR JUX-
QDPEXFDQD$QGUpD$QKDLDHRV SR FRP RXWURV SURÀVVLRQDLV
PLQHLURV (VWHU )UDQoD H )iELR Movasse foi formado com o desejo de seus integrantes de criar livremente e continuar a trabalhar em conjunto
H WDPEpP MXQWRV 1R FDVR GH
'RUQDVMiHVWDYDPIRUDGDFRQ- ´'H &XMXVµ R HVSHWiFXOR WHUi
FHLWXDGDFRPSDQKLDHGHFLGLUDP ´*RVWDPRV GH FULDU MXQWRV $ )UDQoD ´­V YH]HV FDQVD SRLV HGLWDLV HOHV DGPLWHP p D PH- RXWURVTXDWUREDLODULQRV3HWHU
HQIUHQWDU R GHVDÀR GH WHU VXD DÀQLGDGH HQWUH QyV p PXLWR QmR SDUDPRV XP PLQXWR 7HU OKRU IRUPD GH FRQVHJXLU OHYDU Lavratti, Marise Dinis, Cristina
SUySULD (QWmR HP %HOR +RUL- JUDQGH 6y TXH VRPRV PXLWR D FRPSDQKLD QmR SHUPLWH TXH o trabalho adiante, mesmo que 5DQJHOH6LUDK%DGLROD
]RQWHVXUJLXR0RYDVVH GLIHUHQWHVHDJHQWHVHFRPSOH- YRFrVHGHGLTXHVRPHQWHjDUWH QR OLPLWH GH FHUWD IRUPD 2
“Desenvolvemos nossas PHQWDµH[SOLFDRXWUDIXQGDGR- 7HP RXWURV DVSHFWRV FRPR primeiro trabalho do Movasse
DÀQLGDGHV DUWtVWLFDV QR *UXSR UD(VWHU)UDQoD SURGXomR D VHUHP FRQVLGHUD- WHYHRLQFHQWLYRGRHGLWDO´5X- SERVIÇO
GH 'DQoD 3ULPHLUR $WR &ULD- Apesar de jovem, o Movasse GRVµ FRPSOHWD R EDLODULQR )i- PRV'DQoDµGR,WD~&XOWXUDO O Grupo Movasse está com
mos o Movasse para termos MiWHPFLQFRHVSHWiFXORVHPVHX bio Dornas, que faz o papel de “A gente tem que se adaptar uma nova sede em Belo Horizon-
WHUXPFROHWLYRRQGHWUDEDOKD- FXUUtFXOR7RGRVFRPDSDUWLFL- SURGXWRUHFRQWDWRVSHORJUXSR XP SRXFR jV UHJUDV GR HGLWDO te, no Centro Artístico de Dança
UtDPRV MXQWRV PDV FRP XPD SDomR GRV VHXV FULDGRUHV VHMD DVVLP FRPR &DUORV $UmR $V PDV jV YH]HV FRQVHJXLPRV (Rua Marília de Dirceu, 226 - Pilo-
FHUWD LQGHSHQGrQFLDµ FRQFHL- QDFRUHRJUDÀDQDP~VLFDQDGL- PXOKHUHVVHGLYLGHPQRVDVSHF- fazer exatamente o que que- tis, bairro de Lourdes), onde, além
WXD$QGUpD$QKDLD$LGHLDGRV WRVPDLVWpFQLFRVFRPRUHYLVmR ULDPRVFRPRQRQRVVR~OWLPR dos ensaios, também acontecem
UHomRQDSURGXomRRXGHIDWR
aulas e oficinas ministradas pelos
bailarinos era ter a oportunida- GDQoDQGR ´1RV YHPRV FRPR HRGHVHQYROYLPHQWRHVFULWRGH HGLWDO FRP D )XQDUWHµ H[SOLFD
criadores do coletivo. Outras infor-
GHGHFULDUOLYUHPHQWHHFRQWL- bailarinos, mas a gente faz de SURMHWRVSDUDHGLWDLV França, referindo-se ao traba- mações em www.movasse.com
QXDU D WUDEDOKDU HP FRQMXQWR WXGR QD FRPSDQKLDµ DÀUPD 2LQFHQWLYRIRUQHFLGRSHORV lho do grupo que deve estre-
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
11
Sindicais
Quase 15 anos de atuação, mas ainda com muitos avanços a serem feitos
Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude luta por mais valorização do teatro infanto-juvenil e por Supersimples para a área cultural
Por Felipe Sil

Divulgação
com esse tipo de público e ter se encan-
tado com esse tipo de arte. Nossa luta é
Entre os principais sindicatos de SDUDGLJQLÀFDUHVVHVDUWLVWDVHQRVID]HU
teatro no Brasil está o CBTIJ (Centro UHVSHLWDU3RUHQTXDQWRRFDFKrDLQGDp
Brasileiro de Teatro para a Infância e Ju- menor para o nosso segmento por essa
ventude), criado em dezembro de 1995 desvalorização”, revela.
SRUSURÀVVLRQDLVGDiUHDGHWHDWURSDUD Para dar ainda mais força ao segmen-
crianças e jovens. Trata-se de uma enti- WRDHQWLGDGHOXWDHP%UDVtOLDSDUDGDUDR
GDGHVHPÀQVOXFUDWLYRVTXHWHPFRPR PNC (Plano Nacional de Cultura) maior
REMHWLYR D XQLmR GRV SURÀVVLRQDLV GD prioridade a esse tipo de teatro, com base
iUHDHDH[SDQVmRGHXPWHDWURGHTXDOL- QRTXHHVWiGHÀQLGRQR(&$ (VWDWXWR
dade. Entre as missões do centro está a da Criança e do Adolescente). “Mesmo
promoção de ações para a divulgação, a DVVLPDSyVTXDVHDQRVGHH[LVWrQFLD
difusão e o desenvolvimento do teatro, VHQWLPRVTXHDLQGDKiPXLWRVDYDQoRVD
DOpPGDGHIHVDGDSURÀVVLRQDOL]DomRGD serem feitos. Ainda falta, por exemplo,
classe. A presidente da entidade, Márcia SDWURFtQLRSDUDDiUHDGHSURGXomRFXOWX-
)UHGHULFRHQWUHWDQWRDGPLWHTXHRWHD- UDOLQIDQWLO6yTXHQRVRUJDQL]DPRVSDUD
tro feito para crianças e jovens ainda não atingir todos os nossos objetivos. Temos
tem o reconhecimento devido em meio XPFRQVHOKRGHSURÀVVLRQDLVTXHVH
à classe, apesar de já ter obtido grandes UH~QHP TXDVH WRGDV DV VHPDQDV QR 5LR Š›ŠȱēǰȱŒ•ŠœœŽȱŠ›Çœ’ŒŠȱ—¨˜ȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒŽȱŽŠ›˜ȱ’—Š—˜Ȭ“žŸŽ—’•ȱŒ˜–˜ȱŠ’Ÿ’ŠŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•
avanços nas últimas décadas. de Janeiro, e contamos com aproximada-
“Nós já tivemos muitos ganhos nes- mente 500 associados em todo o Brasil. representante no Brasil da Assitej (Asso- PLFURHSHTXHQDVHPSUHVDVGRVHWRU´1R
se últimos anos. A maioria dos teatros Também usamos o nosso site (www.cbtij. ciação Internacional de Teatro para a In- ÀQDOGHUHDOL]DPRVXPJUDQGHWUDED-
já oferece, por exemplo, o mesmo nú- org.br) para divulgar as nossas atividades fância e Juventude). Em atividade em mais lho para conseguirmos aprovar o projeto
PHURGHUHÁHWRUHVHRPHVPRHVSDoRIt- e apresentar um panorama histórico do GH  SDtVHV D HQWLGDGH FRQWULEXL SDUD GHOHLVyTXHD5HFHLWD)HGHUDORFDVVRXQR
VLFR6yTXHSULPHLURWHPRVTXHPXGDU TXHpRWHDWURSDUDDFULDQoDHRMRYHPµ XPDSROtWLFDGHLQFHQWLYRjSURPRomRGD ÀQDOGRDQRSDVVDGR(VVHDQRFRQVHJXL-
a mentalidade da própria classe. Muitos comenta Bernardes. GLJQLGDGH SURÀVVLRQDO QHVWD iUHD 2 FOL- PRVID]HUFRPTXHDOHLYROWDVVHDR&RQ-
atores e atrizes vêem o artista de teatro Entre os aproximadamente 500 asso- ma é de ansiedade entre os diretores do JUHVVRHDJRUDHVSHUDPRVTXHDSURYHP
para crianças e jovens como alguém ciados da entidade, com sede no Catete, CBTIJ também devido à votação no Con- DOHLQRYDPHQWHHDFRORTXHPHPYLJRUMi
com pouco talento ou amador. Não QR5LRGH-DQHLURHVWmRGLUHWRUHVDWRUHV gresso Nacional, nas próximas semanas, QRDQRTXHYHPDÀUPD$QWRQLR&DUORV
pensam na possibilidade dessa pessoa e produtores de teatro para o público in- para a aprovação do Supersimples para a Bernardes, secretário e conselheiro de ad-
realmente ter uma vocação para atuar IDQWRMXYHQLOHPWRGRR3DtV2&%7,-p iUHDFXOWXUDOTXHUHGX]LUiRVLPSRVWRVGH ministração do CBTIJ.

Opinião
Pensamentos insignificantes sobre o livre pensar
Gerson Steves
Disse a um amigo que ia dirigir uma peça e ele perguntou do que falava. Eu não sabia direito. Perguntou Tudo. Em que essa história muda alguma coisa? Nada! Portanto, ela é em si um pensamento insignificante.
o que eu queria dizer e eu também não sabia. Insistiu por saber se tinha uma historinha para interessar as E segue assim: pensando coisas que não tinham a menor importância, dizendo o que me vinha à
pessoas. Essa resposta eu tinha: não. cabeça e tudo sem a menor relevância, escrevendo esses pensamentos sem qualquer distinção. Dediquei
– E como é que você quer que as pessoas se interessem pela peça? anos escrevendo anúncios. Alguns considerados geniais. A pergunta é: por quem? Por gente insignificante,
– Nem sei se é uma peça! é a resposta.
– Se não é uma peça? Então o que é? Anúncios se baseiam em frases feitas, lugares-comuns e trocadilhos. Tudo que você tem que fazer é
– Qualquer coisa... performance, dança, rap-cênico. Sei lá! dar uma cara nova e acrescentar uma imagem aspiracional – que é tudo. É toda imagem que representa
– Mas tem que ter algo pra manter o interesse. Para que as pessoas gostem, continuem sentadas e não algo que não existe daquele jeito, nunca existiu e nunca vai existir; uma vida que todo mundo quer ter, mas
mudem de canal... nunca terá, num lugar que nunca haverá com gente que não existe. Tudo armado, pra convencer pessoas
– Mas é teatro! Não é o Caldeirão do Hulk ou o Fantástico ou Domingo Legal... comuns de que podem ser incomuns. O layout também é importante, tem que ter apetite-appeal e, claro,
– Tem que ter um gancho! não extrapolar o budget permanecendo fiel ao briefing.
Não é novela! Não tem segundo capítulo, nem patrocinador ou merchandising. Não tem que ter gancho! Foi o que eu fiz por anos. Até lembrar o que queria ser quando crescesse e que meus pais, ou a vida
E pensei: “que merda, ele tem razão.” Mas não dei muita bola para esse pensamento. O problema é que o ou sei lá quem conseguiram tirar da minha cabeça por algum tempo. E fiquei bastante infeliz... Estava gordo
nome da peça chegou antes e não tenho fábula, conflito, dramaturgia, ordem dos acontecimentos, antece- pra dançar. Virei ator.
dentes da ação. Nada disso, só pensamentos. Insignificantes. Tem uma atriz que eu gosto muito. E ela faz muito sucesso. É uma senhora séria e adorável. Um dia
E acho que são insignificantes, mesmo! Porque eu sou insignificante. Não fiquei famoso, nem amigo eu a vi dar a seguinte declaração que era mais ou menos assim: “o que faço agrada porque eu sou uma
de nenhum famoso com quem trabalhei. Nunca fui convidado pra nenhuma festa de famoso, nem nunca pessoa mediana e todos os personagens que eu construo são medianos como eu, com angústias medianas
apareci em nenhuma revista de fofoca. O que eu digo sempre ficou restrito a espaços minúsculos como este e questões medianas, que acabam agradando à vizinha do lado...” Taí uma reflexão brilhante.
e para poucos, como agora. Porque o que eu digo não é muito interessante... nem vai mudar o mundo, ou Sempre quis pensar coisas brilhantes e descobri que isso é pra poucos. Eu sou mesmo é mediano e
as pessoas à minha volta. As coisas que eu penso e falo interessam para poucos. insignificante, pra não dizer medíocre, como a maioria das pessoas que conheço. E meu pensamento, por
Acho que comecei a pensar insignificantemente quando me fizeram pela primeira vez uma pergunta decorrência, é pouco transformador. Meu trabalho não faz a menor diferença e o que produzo não vai entrar
meio idiota que todo mundo ouve: o que você quer ser quando crescer? Nossa vida depende de como pra história. Até porque, no futuro, se houver, a história não se ocupará com o que criamos, pensamos ou
respondemos a essa pergunta e de como a resposta é recebida. construímos. A história futura, se houver, vai se ocupar em entender porque destruímos tanto e deixamos
Num mundo mais simples, uma criança em geral respondia os previsíveis: professora, bombeiro, médi- tanto lixo em nosso rastro.
co, engenheiro, advogado. Algumas arriscavam ser piloto de avião, espião ou agente secreto... astronauta, Taí outra coisa insignificante em que eu penso: lixo. Porque a gente tem, compra, guarda, acumula muito
cantora, atriz (não havia ainda as modalidades Maria-chuteira, atriz-modelo-apresentadora ou ex-BBB). Aos lixo nas bolsas, gavetas e armários. Todos os dias a gente clama por lixo. Passo muito tempo pensando em
6 anos, eu enchia a boca e respondia: coreógrafo! Os adultos riam e meu pai se arrepiava. Queria dançar. Via lixo. Acho que é por isso que ainda não sei sobre o que vai ser minha peça, nem o que vou ser quando crescer.
Fred Astaire e Gene Kelly nos musicais da Metro. Babava por Carmem Verônica e Íris Bruzzi nos especiais da
Record, cercadas por um corpo de baile enorme, e tudo que eu queria era dançar! Fazer coisas bonitas como
aquelas. Não sabia que eram cafonas de dar cárie, só achava bonito. E meu pai se arrepiava! Acho que pen- Gerson Steves tem 25 anos de atividades teatrais na cidade de São Paulo,
sava: prefiro um filho viado do que coreógrafo! E o que isso tem a ver com os pensamentos insignificantes? tendo atuado como diretor, dramaturgo, ator, produtor e professor.
12 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

Reportagem

Teatro e
Por Daniel Pinton
Que tal aliar uma viagem
agradável a uma atraente pro-
gramação cultural? Acredite,
isso é possível e você ainda
pode economizar um bom
dinheiro. Cada vez mais ho-
téis, de Norte a Sul do Brasil,
investem em pacotes culturais
que barateiam – e muito – suas
estadias, desde o apartamento

pacotes
mais simples à suíte mais lu-
xuosa. A iniciativa atrai mais
turistas a cada dia – de todas
as faixas etárias – aos mais
diversos destinos, inclusive
no exterior, e tem alavan-
cado as vendas não só para
atrações culturais, mas para
a rede hoteleira, principal-
mente a voltada para o mun-
do corporativo, considerada
morna, até então, nos finais
de semana. São iniciativas

culturais
que vão desde um simples
desconto na diária do ho-
tel, após a apresentação de
ingresso teatral, a pacotes
pré-programados que in-
cluem estadia mais atividade
cultural. E são eficazes.
O hotel Holiday Inn Salva-
dor, localizado na capital baia-
na, aumentou em 15% o seu fa-
WXUDPHQWRGXUDQWHRVÀQDLVGH
semana desde que entrou em
vigor, em maio, a sua promo-
ção Diária Cultural, que prevê
10% de desconto em qualquer
um dos seus quartos. Para tal,
basta o hóspede carregar, no I M P U L S I O N A M O T U R I S M O
momento do check-in, uma
entrada teatral. “Acreditamos duto do hotel. Criaremos uma ção pela parceria rede hotelei- York e Londres, entre outros, artesãos da feira para o desen-
no teatro. Não só buscamos diária super baixa para hospe- ra/cultura. No Crowne Plaza devemos contribuir para o in- volvimento de louças persona-
UHWRUQR ÀQDQFHLUR PDV WDP- dagem de produtores artísti- Curitiba a iniciativa de apoio cremento da cultura nesses lizadas à mão com os pontos
bém, uma imagem do hotel re- cos, de staff, do próprio artista. à cultura local não é nova. O locais. O público do nosso ho- turísticos da cidade. Também
lacionada à cultura. Queremos Quero aplicar isso no ano que hotel já foi parceiro de bares tel é bastante crítico e aprecia oferecemos uma programação
pessoas ligadas à arte no nosso vem”, revela. como o Era Só o que Faltava, as manifestações culturais. diferenciada aos domingos,
hotel, pois é muito bom para *HRJUDÀFDPHQWH XP SRX- que toda semana apresentava Acreditamos muito no tea- que inclui café-da-manhã com
nossa marca”, explica Bárbara co mais distantes, mas com um número diferente de comé- tro, inclusive como importante música ao vivo, estacionamen-
Câmera, diretora de Vendas ideias semelhantes, os hotéis dia stand-up. Hoje o hotel se or- ferramenta da educação. Com to e almoço para incentivar as
e Marketing do Holiday Inn Crowne Plaza Curitiba; Plaza gulha de ser muito mais do que certeza, vale à pena apostar pessoas a visitarem a feira”,
Salvador, acrescentando que a Camboriú, em Santa Catarina; um parceiro econômico da arte nele e em outras manifesta- explica a assessoria do Crowne.
Diária Cultural tem feito tanto e a Rede Accor, através dos local, mas um elemento pro- ções de cultura e arte. Além $ UHGH 0HUFXUH QmR ÀFD
sucesso que ela planeja, em um hotéis Mercure em todo Bra- pulsor para o desenvolvimento da Diária Cultural, apoiamos atrás. De sexta-feira a domin-
futuro próximo, criar projetos sil, também tem aumentado a social de Curitiba. a tradicional Feira do Largo da go, o hóspede garante uma
mais audaciosos ligados ao te- GHPDQGD QR ÀQDO GH VHPDQD “Como a bandeira Crow- Ordem, que acontece aos do- diária a R$ 139 ao apresentar,
atro. “Queremos transformar por conta da Diária Cultural, ne Plaza está hoje em grandes mingos, próximo ao hotel. Es- no check-in ou no check-out,
essa campanha em um pro- que virou sinônimo de satisfa- centros urbanos, como Nova WDPRVÀUPDQGRSDUFHULDVFRP um ingresso de cinema, tea-
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
13
Reportagem
Fotos: Divulgação

tro ou museu, gratuito ou não, ting de uma produção teatral, gratuitamente a seus hóspe-
frequentado durante a estadia. por exemplo, entrarem em des entradas para produções
A promoção, mais do que um contato com o Marketing de teatrais.
incentivo às vendas, faz parte um hotel e estes fazerem uma “Como hospedamos al-
de uma estratégia de marke- permuta. A produção artísti- guns artistas, surgem pro-
ting institucional de apoio à ca oferece alguns ingressos postas para apoio teatral. O
arte. Desde sua criação, a Di- de seus espetáculos e, em tro- nosso ganho institucional é
ária Cultural do Mercure já ca, ganha exposição de mar- maior que do que o das ven-
apoiou dezenas de espetáculos ca no estabelecimento e/ou das. Não diria que seja de-
teatrais como “Beatles num acomodações para seu staff. cisivo, mas é um fator que
Céu de Diamantes”, “A Noviça Outra parceria com o te- pode influenciar na opinião
Rebelde”, “Sete – O Musical” atro é a do hotel Staybrid- do cliente”, pondera Douglas
e “Lucio 80/30”. Além disso, ge Suites, em São Paulo. Há Meneses, diretor de Marke-
ofereceu patrocínio aos longas- mais de dois anos, o estabele- ting e Vendas do Staybridge.
metragens “Orquestra dos Me- cimento oferece dois pacotes
ninos”, “O Signo da Cidade” e culturais nos moldes da Di- AGÊNCIA MIRA NA
“Onde andará Dulce Veiga?”. ária Cultural, porém, de for- TERCEIRA IDADE
A rede de hotéis ainda pre- ma um pouco mais ampliada. A terceira idade é outro ni- No sentido horário: o Holiday Inn Salvador, que oferece
Yr DWp R ÀP GH  DSRLR Atualmente, as montagens cho que cada vez tem atraído Diária Cultural; o material promocional de “O Zoológico
a 131 espetáculos teatrais em do musical “A Noviça Rebel- a atenção da rede hoteleira, de Vidro”, parte do pacote promocional do Staybridge; e o
de” e da peça “O Zoológico Mercure Arpoador (RJ), outro que dispõe de Diária Cultural
todo o País. “A rede Mercure das agências de viagens e de
incentiva a cultura em todas de Vidro” são prestigiadas na agências de intercâmbio por
as suas formas, o que inclui o promoção que oferece diária conta de sua expansão demo- ções de viagem ao exterior A BEX oferece pacotes
teatro. O apoio a arte é fator mais ingresso para uma das gráfica nos últimos anos. De especiais a idosos, só em para cidades no exterior onde
fundamental de nosso posi- peças por um preço muito acordo com o IBGE (Insti-  HQYLRX PDLV GH  LQ- intercambistas, independente
cionamento e agrega uma per- menor em relação à compra tuto Brasileiro de Geografia tercambistas seniores para da idade, pode desfrutar de
cepção positiva para a marca. avulsa dos dois. A entrada e Estatística), a população fora do País, em um modal intensa atividade cultural.
Assim como no teatro, a em- para o musical mais a diária da chamada melhor idade que até pouco tempo mirava 3RUSRXFRPDLVGH5
presa valoriza o contato hu- de final de semana no ho- cresceu 47,8% no Brasil, na apenas jovens estudantes. “O o turista vai a Bournemou-
mano como fundamento da WHO HP VXtWH VDL SRU 5  última década. O aumento, crescente aumento da popu- th, cidade litorânea na Re-
hospitalidade vivenciada em o apartamento single e R$ ano após ano, no número de lação idosa fez com que sur- gião Sudoeste da Inglaterra,
cada um de nossos hotéis”,  R DSDUWDPHQWR GXSOR idosos aliado a uma situação gissem mais opções de cultu- e, além de desfrutar de ati-
justifica Guilherme Boujadi, No caso de “O Zoológico de financeira mais estável deste ra e diversão para este nicho. vidades culturais na cidade,
gerente de Marketing da rede. Vidro”, o cliente gastará R$ nicho e de maior tempo li- Aprender ou aprimorar um tem direito a um programa
Por outro lado, é extrema- SHORVLQJOHH5SHOR vre para passear e curtir suas novo idioma, conhecer novas de duas semanas de curso
mente interessante também duplo. O hotel, que é o único aposentadorias fez com que culturas e pessoas, são alguns GH LQJOrV FRP  DXODV VH-
para os produtores culturais da bandeira IHG (InterCon- empresas investissem tam- dos atrativos que têm feito manais, entre outros. Na ci-
associarem e explorarem suas tinental Hotels Group) a ofe- bém em pacotes culturais idosos procurarem por pro- dade, culturalmente rica, o
imagens na rede hoteleira. É recer diferentes pacotes cul- voltados à terceira idade. gramas de intercâmbio cul- turista pode visitar o Museo
uma prática comum, há anos, turais a seus clientes, tem o A BEX Intercâmbio, por tural”, explica Flávio Crusoé, Russell-Cotes, além do seu
os departamentos de Marke- costume também de oferecer exemplo, que oferece condi- diretor da agência. instituto de arte.
14 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

Reportagem

Artistas brilham nos palcos em alto-mar


Por Leonardo Serafim de Oliveira
Divulgação

A cada dia, mais e mais brasileiros bus-


cam o prazer e o descanso nos diversos
cruzeiros oferecidos nos quatro cantos
do país. Para entreter seus clientes, as em-
presas de turismo precisam se desdobrar
em busca de novas atrações. Tarefa árdua.
Com públicos cada vez mais exigentes,
novas propostas de espetáculos são inclu-
ídas nos roteiros de viagens a todo mo-
mento. E, para a alegria dos amantes das
artes cênicas, o teatro e os musicais vêm
ganhando espaço nas rotas marítimas.
“É uma nova vertente que está surgin-
do. As pessoas estão aprovando a ideia.
Todo mundo gosta de assistir uma boa
peça e números circenses. Por que seria di-
ferente no mar?”, garante o diretor artísti-
co do Grupo Trixmix, Emiliano Pedro. O
artista fala com propriedade. Nos últimos
anos, não foram poucas as empresas que
optaram por investir no ramo. Acostu- Os integrantes do grupo Trixmix já estão acostumados a trabalhar em cruzeiros de todo o Brasil
mado a levar seu espetáculo em cruzeiros
SHOR%UDVLORDUWLVWDDÀUPDTXHRS~EOLFR os seus próximos roteiros. A assessoria navio Costa Luminosa, reproduções da chance para brilhar e fazer novos conta-
VH LGHQWLÀFD FRP DV HQFHQDo}HV e TXH de imprensa do grupo garante que para Broadway, grupos teatrais e bailarinos tos. “Nós já tínhamos uma boa base de
cada vez mais será rotineiro ver apresen- sua temporada de estreia haverá apresen- enchem os olhos dos espectadores que shows antes de nos apresentarmos em
tações teatrais nos auditórios e salões dos tações diárias para os hóspedes. Desde apreciam os espetáculos. cruzeiros, mas com certeza eles nos aju-
luxuosos navios que cruzam o mundo. números com artistas estrangeiros até Engana-se, porém, quem pensa que daram a difundir nosso trabalho. Posso
É o caso da Ibero Cruzeiros. Recente- comediantes renomados. RV ~QLFRV EHQHÀFLDGRV FRP WXGR LVVR dizer que é uma experiência ótima poder
mente, a empresa lançou-se no mercado $ &RVWD &UX]HLURV QmR ÀFD DWUiV são as empresas e os turistas. Os artistas viajar e fazer o que eu gosto ao mesmo
nacional e já aderiu às peças teatrais para Na sua nova joia construída esse ano, o também tiram proveito. Para eles, é uma tempo”, ressalta Elimiano Pedro.

Do teatro para os restaurantes;


www.jornaldeteatro.com.br
o espetáculo continua!
Por Carlos Gabriel Alves isso, nossa visibilidade aumenta e o le-
que de clientes também.”, apontou Ina.
Tanto para o público como para os Em certos lugares, os benefícios
atores, a experiência proporcionada por não abrangem só a classe artística, mas
uma peça teatral não se restringe apenas também aqueles que vão aos teatros. A
ao tempo de duração do espetáculo. O pe- pizzaria Piola – que só em São Paulo
ríodo preparatório faz parte do ritual que tem três unidades, nos bairros de Mo-
envolve o ambiente artístico. Com o “pós- ema, Higienópolis e Jardins – oferece
peça” não é diferente. Na hora de com- 15% de desconto em seus pratos para
partilhar as opiniões e impressões sobre o clientes que apresentam ingresso de pe-
espetáculo, atores e público dirigem-se ao ças apoiadas pela casa. O tradicionalís-
mesmo destino: o restaurante. simo Gigetto, localizado no bairro da
A prática de dar continuidade à expe- Bela Vista, vai além e oferece brindes,
riência teatral em jantares é tão comum faz sorteios, dá descontos e apoia não só
que muitos restaurantes buscam nes- peças, mas escolas e projetos culturais.
se público o seu diferencial. Nomes da A proprietária Ana Paula Lenci expli-
gastronomia paulistana como D´amico ca que todo benefício que o restaurante
Piolim, Planetas, Luna di Capri e Café ganha mediante a parcerias é repassado
Noir são famosos pelo grande número aos clientes. “Atualmente, estamos ofe-
de atores e amantes das artes entre seus recendo uma taça de vinho para quem
freqüentadores. Não por acaso. Permutas apresentar comprovante de compra de
que oferecem desconto (em certos casos ingressos para as peças que apoiamos.
de até 50%) para atores e membros das Costumamos, também, sortear ou pre-
companhias é a estratégia usada. sentear os freqüentadores dos espetá-
Alguns restaurantes, inclusive, já nas- culos com jantares e almoços em nosso
ceram apostando no apoio ao teatro. O restaurante”, completa.
Mestiço, atualmente com 12 anos e loca- A casa, que recentemente completou
lizado na região dos Jardins, em São Pau- 70 anos, foi pioneira nesse tipo de ação e
lo, é um exemplo. “Sempre gostei muito continua a apoiar, em média, dez a 15 es-
de teatro e tenho contato com a arte des- petáculos por mês, entre peças já consa-
de pequena. Foi uma opção minha dar gradas e novas apostas. “Muitos dos ato-
essa característica ao restaurante”, disse res de renome hoje em dia tiveram nosso
Ina de Abreu, proprietária do Mestiço. apoio desde o início de suas carreiras. É o
Todo o universo do teatro em um só jornal A cortesia oferecida é vista como
uma forma de investimento e, na opi-
caso de nomes como Raul Cortes, Paulo
Autran, Nicete Bruno e Paulo Goulart.
nião de muitos proprietários de restau- Não atuamos apenas na gastronomia.
rante, o retorno é certo. “Os atores gos- Nossa história também se confunde com
tam muito do nosso restaurante. Com RWHDWURµÀQDOL]D$QD3DXOD
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
15
Formação

Fazer acontecer
Crescimento no número
Paloma Jacobina/ JT

de cursos e da deman-
da do mercado mostra
que o produtor cultural
está cada vez mais pre-
parado para tomar para
si a responsabilidade de
pensar a cultura

Por Paloma Jacobina


A figura do produtor cul-
tural é cada vez mais impor-
tante na dinâmica contem-
porânea da indústria cultural
brasileira. Sem reserva de
mercado e forçados a uma
mudança estratégica de qua-
lificação para se manter na
profissão, esses trabalhado-
res têm buscado a formação
para se estabelecer. Prova
disso é que as 35 vagas para
o curso de especialização
em gestão cultural do Ob-
servatório Itaú Cultural e da
Cátedra Unesco em Gestão
Cultural, da Universidade
de Girona, na Espanha, já
recebeu mais de 10 mil pe-
didos de inscrição. Gratuito,
o curso será realizado entre
setembro de 2009 e julho de
2010 e aceita candidatos até
o próximo dia 31 (mais in- ȱ•Šž’˜ȱŠŸ’ȱŽ–ȱ›Ž—ŽȱŠ˜ȱ™›˜“Ž˜ȱšžŽȱŽ•Žȱ›ŽŠ•’£Šȱ˜ŠœȱŠœȱŽ›³Šœȱ—˜ȱ’›Œ˜ȱ’Œ˜•’—˜ǰȱŽ–ȱŠ•ŸŠ˜›ǯȱȃžȱ’—Ž›ę›˜ȱ—ŠȱŒ˜—ŒŽ™³¨˜ȱŒž•ž›Š•ȱŠȱ–’—‘ŠȱŒ’ŠŽȄǯ
formações no site www.itau-
cultural.org.br). passa pela academia está pre- tamento da própria socie- Superior de Tecnologia em ção de patrocínio a partir das
Com módulos presenciais parado para refletir o fazer dade brasileira: entre elas Produção Cultural, do Cen- leis de incentivo. “Os peque-
e virtuais, o curso é voltado cultural de forma correta”, a criação do Ministério da tro Federal Tecnológico de nos produtores continuam
para graduados em ciências afirma a mestra em políticas Cultura, em 1985; e da Lei Química de Nilópolis - Cefet enfrentando problemas para
humanas e para profissio- públicas de cultura e douto- Sarney, em 1986; seguido Química /CEFETEQ (atu- conseguir levantar recursos,
nais com nível superior de randa em cooperação inter- pela votação da Lei Fede- al IFRJ), iniciado em 2003, apesar de estarem muito mais
qualquer área, mas com ex- nacional em cultura Danielle ral de Incentivo à Cultura, bem como os cursos supe- preparados para desenvolver
periência em instituições cul- Canedo. conhecida também por Lei rior tecnológico de Produ- projetos culturais de qualida-
turais como museus, centros Canedo foi aluna do cur- Rouanet, em 1991. ção Cultural e de Eventos da de”, diz David, acrescentan-
de cultura, secretarias, minis- so de graduação em Produ- Naquela época, uma gran- Universidade Uniandrade de do que a cultura é como uma
térios e institutos culturais. ção Cultural da UFBA (Uni- de diversidade profissional já Curitiba-Paraná, e de bacha- construção coletiva. “Com
A grande procura por esses versidade Federal da Bahia), gravitava em torno da função relado em Produção e Polí- meu trabalho, sei que inter-
cursos é inédita e pode ser uma das três únicas a ofere- do produtor cultural. E foi em tica Cultural no IH-UCAM firo na concepção cultural da
resultado de uma deficiência cer o curso em todo o País. meio a estas transformações (Instituto de Humanidades cidade e vejo meus colegas
quanto ao número de insti- Segundo ela, os projetos de- que a UFF (Universidade Fe- da Universidade Candido fazerem o mesmo. O bom
tuições que formam os pro- senvolvidos por produtores deral Fluminense) criou, em Mendes), ligado ao curso de produtor deve estar atento à
dutores em todo o País. No culturais que passaram pela 1995, seu curso de produção ciências sociais. “O produ- sua cultura e fazer uma refle-
entanto, ela também refle- universidade têm maior pre- cultural, seguida pela UFBA, tor surgiu como o ‘faz tudo’ xão do todo”, reflete.
te outro aspecto do quadro ocupação com identidade que lançou o mesmo curso, da produção cultural. Era o Os cursos de produção
profissional da categoria: a cultural. “A universidade dá ligado à Faculdade de Comu- quebra-galho. Mas esse perfil cultural, atualmente, refletem
necessidade de formação. capacidade de desenvolver nicação. Surgiam, a partir daí, tem sido transformado nos sobre a atuação deste profis-
Na sociedade do sécu- projetos com maior embasa- os cursos de especialização e últimos tempos, apesar de sional nos projetos sociais,
lo XXI, a atividade, que foi mento. Ela passa o contato pós-graduação voltados para ainda não existir um merca- para que as pessoas possam
por muitos anos exercida por inicial com as discussões que a preparação dos produtores do para nós trabalharmos”, ter uma melhor compreensão
profissionais autodidatas ou envolvem a cultura e que de- culturais. No Nível técnico, revela o produtor cultural do que trata, na verdade, essa
pessoas bem relacionadas do vem existir em qualquer pro- existe a Escola Técnica Esta- Cláudio David, de 30 anos. função. É o caso do Curso de
circuito, atualmente busca dução cultural”, revela. dual Adolpho Bloch, no Rio Envolvido em projetos de Capacitação em Gestão Cul-
produtores capazes de tra- Mas esse novo momen- de Janeiro, que foi a primeira produção artística, de músi- tural, que vai ser ministrado
balhar a identidade cultural to da produção cultural escola pública a oferecer cur- ca, de fotografia e de cine- em Brasília, por Leonardo
dos projetos de forma mais não aconteceu de uma hora so técnico de comunicação na ma, David explica que a for- Brant, entre os dias 14 e 15
contundente. “Hoje em dia é para a outra. As mudanças América Latina e que fornece mação dos profissionais não de setembro. O curso custa
preciso ter percepção da cul- no mercado aconteceram o Curso de Produção Cultural forçou o mercado a ser mais R$250. Mais informações
tura para trabalhar projetos. em paralelo a uma série de e de Eventos, desde 1999. igualitário, principalmente pelo e-mail mirellamalta@glo-
Por isso, o profissional que transformações no compor- Existem, ainda, o Curso no que diz respeito à capta- bo.com.
16 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

Especial

CandoCo Dance Company


e sua dança das diferenças
Divulgação
Por Michel Fernandes,
especial para o Jornal de Teatro*

Retomo o que o ator e dançarino


Edu O. (Judite Quer Chorar, Mas Não
Consegue) disse na mesa de debate do
FILO 2009 (em meu primeiro artigo
para esse jornal escrevi, detalhadamen-
te, a esse respeito) de que “a dança foi o
ambiente artístico que melhor recebeu
o artista” cuja expressão artística ocor-
re de forma diversa da habitualmente
conhecida. Outros corpos, outras qua-
lidades de movimento, exigem novas
GHVFREHUWDV GRV SURÀVVLRQDLV GD GDQoD
envolvidos nesse tipo de trabalho. Esse
é um dos fundamentos da CandoCo
GHVGH VHX LQLFLR VHJXQGR DÀUPRX &H-
leste Denkeder, uma das fundadoras da
companhia inglesa – que surgiu no ce-
nário artístico em 1991 – a Henrique
Amoedo, realizador da dissertação de
mestrado Dança Inclusiva em Contex-
to Artístico – Análise de Duas Compa-
nhias, defendida, em 2002, na Faculdade
de Motricidade Humana, em Lisboa,
3RUWXJDO ( VHJXQGR QRV DÀUPD 6WLQH
Nilsen, uma das atuais diretoras artísti-
cas da CandoCo Dance Company, no
início dos trabalhos em uma nova co- Um dos momentos do espetúculo Still, de Nigel Charnok, que será apresentada pela CandoCo no início de outubro, em São Paulo
UHRJUDÀDKiXPD´REVHUYDomRHPFDGD
PRYLPHQWRGRVEDLODULQRV GHÀFLHQWHVH dio – e não quero falar de bailarinos mo local, com entrada franca apenas Pensamos em elementos como corpo,
QmR GHÀFLHQWHV  1yV SURFXUDPRV XVDU TXH ´DSHVDU GHµ GHÀFLHQWHV WrP ERD para ONGs e instituições para pessoas espaço e dinâmica de movimentos”.
seus vocabulários de movimentos no ca- vontade e dançam, mas de artistas que FRP GHÀFLrQFLD ² FKDPDVH 7KH 3HU- Mas para fazer parte da CandoCo é
minho mais interessante e criativo”. simplesmente buscam novas formas fect Human, coreografada por Hefesh SUHFLVRVHUSURÀVVLRQDOFRPSHORPHQRV
$FRPSDQKLDLQJOHVDYHPD6mR3DX- de expressão corporal, utilizando e 6KHFKWHUEDLODULQRTXHWUDEDOKRXQDLV- dois anos de atividade. O primeiro passo
lo, no início de outubro, para workshop, descobrindo suas potencialidades de raelense Batsheva Dance Company, sob YRFrSRGHUiGDUGXUDQWHRZRUNVKRSGD
-DP6HVVLRQHDSUHVHQWDomRGHVHXVGRLV movimento. direção artística de Ohad Naharin, que companhia, gratuito, no Centro Cultural
novos trabalhos: The Perfect Human, deseja provocar o questionamento de 6mR3DXORQRVGLDVHGHRXWXEUR(R
FRUHRJUDÀDGH+RIHVK6KHUFKWHUH6WLOO NOVAS FORMAS nossa busca pela perfeição. porvir... Ah, esse é mistério.
de Nigel Charnok. A preocupação pe- DE EXPRESSÃO (QWUHWDQWR FRQWD 6WLQH 1LHOVHQ *Michel Fernandes é jornalista cul-
GDJyJLFD p XPD GDV FDUDFWHUtVWLFDV GR- 6WLQH1LHOVHQDSRQWDXPLQWHUHVVDQ- que o tema emergiu “durante o traba- tural, crítico, pesquisador de teatro e
minantes da CandoCo, desde seus pri- te dado: “Muitos bailarinos querem o lho com os bailarinos, não havia uma editor do www.aplausobrasil.com.br
PyUGLRV R TXH p XPD ORXYiYHO IRUPD GHVDÀR GH GHVFREULU QRYDV IRUPDV GH SUpGHWHUPLQDomRµHWDPEpPDÀUPRX
de expandir um movimento artístico movimentar-se, buscando diferentes TXH TXDQGR FRQYLGDP XP FRUHyJUDIR
engajado na celebração das diferenças. YLYrQFLDV FRP EDLODULQRV H FRUHyJUDIRV para trabalhar com o grupo – sistema SERVIÇO
É preciso que se aplauda a iniciativa pú- experientes e a CandoCo oferece isso adotado desde sempre pela companhia
blica e privada – ProAC (Programa de SDUDSURÀVVLRQDLVFRPRXVHPGHÀFLrQ- – não fazem “escolha prévia de um de- Dias 3 e 4 de outubro - Workshops
$omR &XOWXUDO  GD 6HFUHWDULD (VWDGXDO cia”. Fica claro, então, que é secundária terminado tema. Centro Cultural São Paulo - CCSP
GD &XOWXUD GH 6mR 3DXOR H 1HVWOp TXH a questão de “quem” está dançando e Gratuito - mediante inscrição prévia por email
QRWRX D GLÀFXOGDGH GH LQWHUDomR HQWUH que o foco é aceso à “forma” dessa dan- RUDOLF LABAN E CANDOCO Inscrições: de 15 a 29 de setembro, mediante
GHÀFLHQWHVHQmRGHÀFLHQWHVQDKRUDGH ça, à busca pelos movimentos, o que é Um elemento que me chamou a envio de carta de interesse e currículo para o
recrutar funcionários – que possibili- fator comum entre todos os artistas de- atenção enquanto pesquisava para en- email curadoriadanca@prefeitura.sp.gov.br
tam a vinda de tão instigante trabalho, dicados à dança contemporânea. O que, viar as perguntas que, a princípio, foram Horário: sábado e domingo, das 10h30 às
com direito à tradução em libras, para a à primeira vista, pode parecer obstáculo, endereçadas a Pedro Machado, o outro 13h30 – Sala de Ensaios 1
FRPSUHHQVmR GRV GHÀFLHQWHV DXGLWLYRV mostra-se impulso à descoberta de di- diretor-artístico da companhia, foi a
HiXGLRGHVFULomRSDUDRVGHÀFLHQWHVYL- IHUHQWHVTXDOLGDGHVGHPRYLPHQWR ´6H percepção que grande parte da forma- Dia 6 de outubro - EI! Encontro de Improvisação
suais, assim como se dá o trabalho apre- eles (os bailarinos) tiverem talento, a ex- ção dos diretores da companhia está co- Centro Cultural São Paulo - CCSP
VHQWDGR SHOR JUXSR FDULRFD 2V 6LVRV H citação a cada descoberta dessa manei- nectada ao centro de estudos em que as Aberto ao público
Horário: Terça-feira, das 12h às 13h30 – Sala
Inclusos, coordenado pela jornalista e ra nova de dançar terá um poder muito técnicas de Rudolf Laban são o cerne
Adoniran Barbosa
empreendedora cultural Cláudia Wer- bom”, completa Nielsen. das pesquisas corporais. Dias 7 e 8 de outubro - Apresentações para o
neck (também citada no artigo sobre o &RQWXGR 6WLQH 1LHOVHQ GL] TXH D público
debate no FILO 2009). O HUMANO PERFEITO formação nas técnicas de Laban não é Teatro Alfa
Quero deixar bem claro aqui, já que DA CANDOCO exigida para a entrada de bailarinos na Horário: 21h
também sou cadeirante, ou seja, me lo- 8PDGDVFRUHRJUDÀDVTXHD&DQGR- companhia, embora sejam utilizadas al- Ingressos: R$ 30 e R$ 60 com venda de meia
comovo por meio de cadeira de rodas, Co apresentará em seu programa – que gumas das técnicas labanianas na análise entrada.
que não pretendo envergar o assunto será apresentado nos dias 8 e 9 de outu- dos movimentos. “O foco na técnica de Classificação etária: 16 anos
para o viés assistencialista – que repu- bro, no Teatro Alfa, e no dia 9, no mes- Laban é na descrição dos movimentos.
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
17
Festivais
Tudo pronto para o Cena Contemporânea
Por Ive Andrade
Fotos: Divulgação

Em sua décima edição, o


Cena Contemporânea – Festi-
val Internacional de Teatro de
Brasília leva ao Centro-Oeste
23 espetáculos nacionais e de
fora do País entre os dias 2 e
13 de setembro. Quatro peças
da grade do festival se apre-
sentam também em São Paulo
até o próximo dia 20, no Cen-
tro Cultural Banco do Brasil.
Na versão brasiliense, as ar-
tes cênicas não são as únicas
a ganharem espaço: o público
também poderá conferir shows
ao ar livre e aproveitar o espa- Espetáculo polonês “El Nino” invadiu as ruas de Brasília em 2005
Guilherme Bonfanti e Marcos Pedroso com o teatro da vertigem, em 2003
ço do Ponto de Encontro, na
praça do Museu Nacional da
República. acontecerão no CCBB, pois o ator e produtor Guilherme anos, a mostra contou com ção despertada pela habilidade
Os ingressos custam entre local terá venda exclusiva). Além Reis, com a proposta de in- a participação dos principais técnica dos integrantes do Ear-
R$ 15 e R$ 16, com direito a do Teatro Nacional e do CCBB, crementar o diálogo e a troca grupos nacionais e diversas thfull Dance, do País de Gales,
meia-entrada para estudantes, Taguatinga e Ceilândia serão de informações artísticas e companhias locais, além de ser e as concorridas sessões de
aposentados, adultos acima dos cenário para alguns espetáculos técnicas da produção cênica o responsável por momentos “Alice através do espelho” e de
65 anos, professores da rede pú- que têm entrada mediante a tro- contemporânea, entre gru- antológicos da cena brasilien- “A Paixão Segundo G.H.”.
blica e clientes do cartão Petro- ca de um quilo de alimento não pos brasileiros e estrangeiros. se, como a apresentação do Em 2009, o festival com-
bras, patrocinador do evento. A perecível, exceto sal. Nas edições que se seguiram, espetáculo “A Rua da Amar- pleta dez edições. Desde 2006,
bilheteria central, localizada na o festival levou a Brasília gru- gura”, do Grupo Galpão, na o evento integra o Núcleo dos
Sala Villa Lobos do Teatro Na- HISTÓRICO pos da Itália, de Portugal, da Universidade de Brasília, as Festivais Internacionais de Te-
cional Cláudio Santoro, concen- O Cena Contemporânea – Alemanha, da Inglaterra, dos sessões emocionantes da peça atro do Brasil, destacando-se
trará 70% das vendas de todos Festival Internacional de Te- Estados Unidos, do Uruguai “Amanhã”, com o grupo O como um dos cinco maiores
os espetáculos (menos os que atro foi criado em 1995, pelo e do Equador. Ao longo dos Bando, de Lisboa, a empolga- do País.

Agora
Divulgação

GO!
Cena teatral goiana
se reúne para mostrar
a que veio
Por Rodrigoh Bueno
O trabalho dos atores criado-
res volta a ser discutido na quin-
ta edição do evento intitulado
Encontro de Atores Criadores –
Festival Internacional de Teatro.
Este ano, o tema será “O Teatro
de Grupo e a Nova Cena Goia-
na”, onde todos os espetáculos
apresentados serão de grupos
goianos. A ideia é realizar uma
Nova cena goiana: cabaré realizado na edição 2008 do evento, em Goiânia, com a palhaça Ana Banana, do Zabriskie Teatro
espécie de manifesto a respei-
to desta “Nova Cena Goiana”,
com a participação de grupos PROGRAMAÇÃO
que trabalham na perspectiva do V FÓRUM SOBRE TEATRO FÍSICO ESPETÁCULOS: “DAS SABOROSAS AVENTURAS DE no Teatro da UCG
teatro físico e do teatro de grupo. Dia 14/09 DARK JOANA Com Ilka Portela DOM QUIXOTE DE LA MACHA E SEU
O evento, iniciado em 2005, já 10h às 12h: Mesa Redonda Dia: 03/09 (Quinta-feira), às 21hs ESCUDEIRO SANCHO PANÇA – UM TRAVESSIA – PARTE II: DE TÃO
contou com a presença de vá- sobre “O teatro de grupo na cena no Teatro Goiânia Ouro CAPÍTULO QUE PODERIA TER SIDO” LONGE VENHO VINDO - Grupo
rios artistas de todo o mundo, contemporânea”, com Jorge - Grupo Teatro Que Roda Teatro Ritual
representantes das linguagens Vermelho (PR), Eid Ribeiro (MG), TUDO SERTO Com Jô de Oliveira Dia: 10/09 (Quinta-feira), às 16hs Dia: 12/09 (Sábado), às 20hs
da mímica, do teatro físico e do Zé Alex (RJ), Sergio Maggio (DF) Dia: 10/09 (Quinta-feira), às 21hs na rua 8 (Rua do Lazer), Centro no Teatro Goiânia Ouro
palhaço, como Odin Teatret, Via e Ednea Maria (GO) e Valbene no Teatro Goiânia Ouro
Rosse, Teatro de Anônimo e Ta- Bezerra(GO) TRAVESSIA – PARTE I: A PARTIDA - NOITE DECAMERON - Grupo Zabriskie
dashi Endo, entre outros impor- 14h às 15h20: Mesa Redonda I BELIEVE Com Pablo Angelino Grupo Teatro Ritual Dia: 12/09 (Sábado), às 22h00hs
tantes nomes. sobre “O teatro de grupo em Goi- Dia: 17/09 (Quinta-feira), às 21hs Dia: 11/09 (Sexta-feira), às 20hs no Teatro Goiânia Ouro
O Encontro de Atores Cria- ás” com os Grupos : Arte e Fatos, no Teatro Goiânia Ouro no Teatro Goiânia Ouro
dores acontece na cidade de Teatro Que Roda, Zabriskie, Bastet A HISTÓRIA É UMA HISTÓRIA -
Goiânia, entre os dias 9 e 14 de e Teatro Ritual. PRELÚDIO Com Nando Rocha BALADA DE UM PALHAÇO - Grupo Grupo Bastet
15h às 16h30: Palestra “O ator Dia: 24/09 (Quinta-feira), às 21hs Arte e Fatos Dia: 13 (Domingo), às 20hs
setembro. Mais informações em
compositor” com Matteo Bonfitto no Teatro Goiânia Ouro Dia: 11/09 (Sexta), às 21hs no Teatro Goiânia Ouro
www.teatroritual.com.br
18 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

Política Cultural

MinC libera R$ 18,4 mi Classe artística


para editais da Funarte diverge sobre
Oito editais da fundação tiveram seus orçamentos dobrados e
até triplicados. Total de investimentos alcança R$ 36,2 milhões
o Vale-Cultura
Por Bruno Pacheco çamento do programa, reali-
Por Ive Andrade
Divulgação

zada em São Paulo no último


A Funarte (Fundação Na- O projeto de lei do Vale- mês, o presidente Luiz Iná-
cional de Artes) comemorou Cultura (PL 5798/2009) mal cio Lula da Silva teve o apoio
no final de agosto o repasse começou a ser votado na de alguns artistas represen-
de verba feito pelo Ministé- Câmara dos Deputados e já tando a classe. Porém, a opi-
rio da Cultura, garantindo gera debates e discussões a nião dessa está longe de ser
um reforço para os investi- respeito do seu principal ob- unânime. O Jornal de Teatro
mentos em teatro, dança, cir- jetivo: fomento do consumo ouviu artistas, produtores e
co, literatura e arte. O minis- de bens culturais no país. diretores a respeito da nova
tro da Cultura, Juca Ferreira, Durante a cerimônia de lan- lei. Veja o que eles pensam:
falou sobre a importância do
momento para a instituição e “Creio que toda forma de incentivo a cultura é válida. Ao analisar a lei
dos objetivos. “As políticas SURSRVWD SRUpP LGHQWLÀFR TXH HVWD SRXFR FRQWULEXLUi SDUD D YDORUL]DomR GD
públicas devem construir um FXOWXUDGRLQGLYtGXR2YDORURIHUHFLGRGH5pEDVWDQWHEDL[R6HULDPHOKRU
ambiente favorável não só à RJRYHUQRUHIRUoDUFRPHVVDYHUEDRVSURJUDPDVIHGHUDLVMiH[LVWHQWHVRXDSOLFDU
produção cultural, mas tam- QRVGHPDLVHVWDGRVSURJUDPDVTXHMiGHUDPFHUWRHPRXWUDVORFDOLGDGHVFRPRR
bém ao acesso pleno da po- “Domingo é Dia de Teatro a R$ 1,00”, desenvolvido pela prefeitura carioca,
pulação a essa produção. É ou a “Virada Cultural”, da prefeitura paulistana. A recente “Festa do Tea-
isso que devemos perseguir WURµFRQWDQGRFRPDDGHVmRHERDYRQWDGHGHSURGXWRUHVHDUWLVWDVGLVWULEXLX
ao disponibilizar os recursos mais de 32 mil ingressos para 118 espetáculos.
necessários para a valoriza- André Moretti
Juca Ferreira: “políticas públicas devem garantir acesso da população” Produtor de Espetáculos
ção da capacidade criativa
brasileira”, afirmou.
Serão R$ 18,4 milhões
Divulgação

utilizados na ampliação de ´$FKRTXHRJRYHUQRVHPHWHUQDLQLFLDWLYDSULYDGDpFRPSOLFDGR$OHLGD


prêmios e bolsas já ofereci- PHLDHQWUDGDpXPH[HPSOR$SURGXomRTXHQmRWHPVXEYHQomRRXSDWURFt-
dos por programas da Funar- QLRÀFDFRPDDUUHFDGDomRFRPSURPHWLGDSHODPHWDGH$JHQWHDFDEDVHQGR
te. “Em nenhum momento, o SXQLGRSHODOHLSRLVRDOXJXHOGRWHDWURQmRpSHODPHWDGHRVSURÀVVLRQDLVQmR
ministro esqueceu a priorida- FREUDP D PHWDGHHDVVLPSRU GLDQWH/HLVSRSXOLVWDVDMXGDP XPD FDPDGD
de da Funarte. Hoje, nós es- PDVSUHMXGLFDPRXWUD2WLURVDLSHODFXODWUD$FKRTXHDRLQYpVGHVHGDUXP
tamos colhendo os primeiros 9DOH&XOWXUDGHYHULDVHLQYHVWLUHPHGXFDomRSDUDDSRSXODomRDGTXLULUJRVWR
resultados dessa luta. Saímos SHODDUWHSHODFXOWXUD,VVRpREiVLFRµ
do discurso e passamos à Edwin Luisi
ação”, afirmou o presidente Ator
da instituição, Sérgio Mam-
berti. “Leis foram criadas diretamente relacionadas com a arte dos espetáculos e
Recentemente, a funda- algumas delas inclusive transportadas para outras áreas, inclusive os esportes,
ção havia lançado oito edi- SRUH[HPSOROHLGDPHLDHQWUDGDQRVWHDWURV&RPHVWDOHLRYDORUGRVLQJUHV-
tais, que ganharam novas VRVWHYHFRQVLGHUiYHODFUpVFLPRFRPREMHWLYRGHVHUFKHJDUDXPYDORUPpGLR2
verbas graças ao incentivo (VWDGRQRFDVRSDVVRXDID]HUPHVXUDVFRPRFKDSpXDOKHLR,QIRUPRTXHD
dos novos recursos. O or- OHLGR9DOH&XOWXUDQmRHVWiEHPH[SOLFLWDGDVHQGRQHFHVViULRID]HUDOJXPDV
çamento dedicado a eles LQGDJDo}HVeODPHQWiYHOTXHR(VWDGRWHQKDGHL[DGRGHDSRLDUDVFDPSDQKDV
dobrou ou até triplicou em GHSRSXODUL]DomRGRWHDWUR 9iDR7HDWURWDPEpPFRQKHFLGDFRPRFDPSDQKD
relação aos investimentos GD.RPEL $FLWDGDFDPSDQKDGXUDQWHRVDQRVTXHIXQFLRQRXFKHJRXDOHYDU
iniciais, no total agora são mais de 300 mil pessoas em 40 dias aos Teatros do Rio de Janeiro. O mesmo
R$ 36,2 milhões destinados Segundo Sérgio Mamberti, “saímos do discurso e passamos à ação” RFRUUHXQDVGHPDLVFLGDGHVRQGHDFDPSDQKDIRLUHDOL]DGD([HPSORGHERD
ao fomento das artes. A co- JHVWmRFXOWXUDOWHPRVEDVWDPDQWHURVPHFDQLVPRVGHDFHVVRjFXOWXUDTXHMi
ordenadora do Conselho de que mostra, de fato, que as sobre seu trabalho, com a IRUDPWHVWDGRVHFRPSURYDGDDVXDHÀFLrQFLDHEHQHItFLRVµ
Entidades de Cultura do Es- coisas vão mudar”. ficha de inscrição preenchi- (GXDUGR&DE~V
tado de São Paulo, Eneida Ainda é possível se ins- da e cópias dos documentos Ator, cantor, diretor e proprietário de teatro
Soller, mostrou-se otimista crever em alguns dos editais. pessoais. A avaliação é feita
com a ação. “Esse é um dia Para participar é preciso en- por experientes integrantes
histórico para nós. É o dia viar à Funarte um projeto de cada programa.
´$FKR EHP YLQGR HVVH SURMHWR ´2 SURMHWR WHP R PHX DSRLR
TXHVHJXQGRR0LQF 0LQLVWpULRGD Acredito que toda a iniciativa que
VALORES &XOWXUD  SRGH LQMHWDU DWp  PL-
OK}HVGHUHDLVSRUPrVHPFXOWXUDQR
WHP FRPR REMHWLYR IRPHQWDU H DP-
SOLDURDFHVVRGDSRSXODomRjFXOWXUD
Prêmio Funarte de Prêmio Funarte de nosso país, incrementando mais cul- pEHPYLQGD2IRUPDWRMiGHXFHUWR
WXUDjVSHVVRDVGHEDL[DUHQGD(V- em outras áreas, como transporte e
Teatro Myriam Muniz Dança Klauss Vianna pero que muitas empresas do nosso DOLPHQWDomR H LUi IDFLOLWDU H HVWL-
Novo orçamento: R$ 14 Novo orçamento: R$ 6 milhões - SDtVSDUWLFLSHPGHVWHSURMHWRµ PXODURFRQVXPRGHEHQVHVHUYLoRV
milhões - ampliação de 100% ampliação de 100%. Os prêmios, que Marcelo Bueno Franco culturais”.
Diretor do Teatro Positivo 6WHSDQ1HUFHVVLDQ
Os prêmios, que variam entre variam de R$ 30 mil a R$ 100 mil, estão Ator e político
R$ 40 mil e R$ 150 mil, serão distribuídos entre categorias regionais.
distribuídos por todas as regiões Inscrições até dia 3 de setembro. Mais ´3RGHGDUFHUWRVLP(PSULQFtSLRpXPDERDLGpLDµ
brasileiras. Inscrições informações no site da Fundação: Regina Braga
até o dia 3 de setembro http://www.funarte.gov.br $WUL]
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
19
Paraná
Paraná tem espetáculos adiados e prejuízos com gripe A
Diretores lamentam queda de público, mas reforçam preocupação com artistas e plateia. Teatro Positivo deverá ter prejuízo de R$ 100 mil

Por Felipe Sil


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O avanço da gripe In-
ÁXHQ]D$ +1 QR%UDVLO²
TXHMiFDXVRXPRUWHVQR
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TXH VH HYLWHP DJORPHUDo}HV
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DGLDPHQWR GH HYHQWRV TXH
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&XULWLED H HP RXWURV WHDWURV
LPSRUWDQWHV GDTXHOD UHJLmR
2SUHMXt]RÀQDQFHLURQR3R-
VLWLYRGHYHÀFDUHPWRUQRGH Teatro Positivo adiou apresentações, mas diretor lembra que segue recomendações do Ministério da Saúde Dispensers no teatro Guaíra
5  PLO (QWUH DV SHoDV
DGLDGDVHVWmR´0DPPD0LDLQ
&RQFHUWµ FRP $EED 0DJLF PiVFDUDV FLU~UJLFDVµ JDUDQWH R S~EOLFR GHYH DRV SRXFRV TXH HVWD HSLGHPLD QmR WHP ,QÁXHQ]D $ +1  QD $U-
´1R3DtVGH$OLFHµFRP5R- 0DUFHOR )UDQFR GLUHWRUJHUDO YROWDUDORWDUDVVDODVGH&XUL- QDGD GLIHUHQWH GH RXWUDV FR- JHQWLQD RV WHDWURV GDTXHOH
JpULD +ROW] ´$ 1RLWH GD -R- GR7HDWUR3RVLWLYR WLED FRPR ID]LD DQWHV GR VXU- PXQVTXHMiDSDUHFHUDP3RU SDtV IHFKDUDP VXDV SRUWDV
YHP *XDUGDµ H ´3XW] *ULOOµ $WpRGLDGHDJRVWR JLPHQWRGDHSLGHPLD2&HQ- HVWH SkQLFR JHUDGR VDEHPRV GXUDQWHRPrVGHMXOKR$RU-
FRP2VFDU)LOKR2YDORUGRV PRUWHV RFRUUHUDP QR 3DUDQi WUR &XOWXUDO 7HDWUR *XDtUD TXH IXQFLRQiULRV GH PXLWRV GHP IRL GR JRYHUQR IHGHUDO
LQJUHVVRV IRL UHVVDUFLGR QRV SRU FDXVD GD JULSH ,QÁXHQ]D HP &XULWLED 3DUDQi WDPEpP WHDWURV QR %UDVLO SHUGHUDP R MXQWR FRP D $VVRFLDomR GH
SRQWRVGHYHQGDV $+1GHDFRUGRFRPD6H- GHFLGLX WRPDU XPD VpULH GH HPSUHJR$ySHUD´&DUPHQµ (PSUHViULRV7HDWUDLVDUJHQWL-
´7RPDPRV HVVD DWLWXGH FUHWDULD(VWDGXDOGH6D~GH2 PHGLGDV GH SUHYHQomR FRQWUD TXH ÀFRX HP FDUWD] HQWUH RV QD$GHFLVmRIRLWRPDGDDSyV
SRU LQGLFDomR GR 0LQLVWp- Q~PHURGHFDVRVFRQÀUPDGRV D JULSH ,QÁXHQ]D $ +1  GLDV  H  GH DJRVWR UHFH- VHPDQDV GH VDODV YD]LDV H GH
ULR GD 6D~GH (QWUDPRV HP GD GRHQoD QR (VWDGR FKHJRX SDUD WUDQTXLOL]DU R S~EOLFR EHX FLQFR PLO SHVVRDV TXDQ- PXLWR GHEDWH H SROrPLFD QD
FRQWDWR FRP RV SURGXWRUHV D$OpPGLVVRVL- TXH IUHTXHQWD RV HVSHWiFXORV GRRQRUPDOVHULDXPS~EOLFR LPSUHQVD GDTXHOH SDtV VREUH
HGHFLGLPRVDGLDUDVDSUHVHQ- WXDo}HV VXVSHLWDV IRUDP GHV- $ÀQDOGHDFRUGRFRPRGLUH- GHVHWHPLO4XDQGRFRPHoD- DV PHGLGDV RÀFLDLV WRPDGDV
WDo}HV7LYHPRVHVVDGHFLVmR FDUWDGDV 2 PDLRU Q~PHUR WRUDGPLQLVWUDWLYRHÀQDQFHLUR UDPWRGDVDVLQIRUPDo}HVVR- DWpHQWmRTXHQmRVHULDPXQL-
SRU GRLV PRWLYRV EiVLFRV D GH FDVRV UHJLVWUDGRV GD JULSH GR ORFDO :DOWHU *RQoDOYHV EUHDJULSH,QÁXHQ]DSRUpP ÀFDGDV$LQÁXHQ]DMiFDXVRX
IDOWD GH S~EOLFR VXILFLHQWH H VXtQD p GD UHJLmR GH &XULWLED Mi KRXYH UHGXomR GH  QR QRV SUHRFXSDPRV HP HQWUDU D PRUWH GH SHOR PHQRV 
DSUHFDXomRFRPRHVWDGRGH  0HVPRGLDQWHGDVHVWD- S~EOLFR GD FDVD GHVGH R VXU- HP FRQWDWR FRP D SUHIHLWXUD SHVVRDV QD $UJHQWLQD RQGH
VD~GH GRV QRVVRV IXQFLRQi- WtVWLFDV D )XQGDomR &XOWXUDO JLPHQWR GD JULSH (QWUH DV GH &XULWLED SDUD VDEHU FRPR R IHFKDPHQWR GRV WHDWURV
ULRV H GRV DUWLVWDV (P XPD GH &XULWLED SRU PHLR GH VXD PHGLGDV DGRWDGDV SHOD GLUH- SRGHUtDPRV QRV DGHTXDU -i IRL FRQVLGHUDGR XP GHVDVWUH
DSUHVHQWDomR GD 2UTXHVWUD DVVHVVRULD ODPHQWD TXH XPD omRGRWHDWURHVWmRDRIHUWDGH SRVVXtDPRV XPD SROtWLFD GL- QR VHWRU HFRQ{PLFR FXOWXUDO
)LODUP{QLFD GH ,VUDHO QR TXDQWLGDGHVLJQLÀFDWLYDGHHV- PiVFDUDVFLU~UJLFDVQDHQWUDGD IHUHQFLDGD SDUD D KLJLHQH GR $ÀQDOMXOKRpXPGRVPHOKR-
LQtFLR GH DJRVWR UHFHEHPRV SHWiFXORV WHQKD VLGR FDQFHOD- GRV HVSHWiFXORV jTXHOHV TXH QRVVR WHDWUR H DJRUD WRPD- UHVPHVHVGDDWLYLGDGHGHYLGR
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R HVSHUDGR 2V HVSHWiFXORV PDLRULD GHYHUi VHU HQFHQDGD EDQKHLURV dispensers FRQWHQGR SURWHJHU R S~EOLFR $ÀQDO R WLYDV GRV HPSUHViULRV VmR GH
QmR IRUDP FDQFHODGRV PDV HP VHWHPEUR 3DUD R yUJmR iOFRROJHO WDPEpP SUHVHQWHV 7HDWUR*XDtUDpUHIHUrQFLDQR TXHKRXYHTXHGDGHQDV
SRVWHUJDGRV 0HVPR DVVLP QmRKiFRPRPHGLURVSUHMXt- QRVFRUUHGRUHVGRORFDO DOpP %UDVLO H WHPRV GH QRV SUHFD- YHQGDV FRPSDUDGDV FRP MX-
FDOFXODPRV TXH WHUHPRV XP ]RVÀQDQFHLURVFDXVDGRVSHODV GRV URWLQHLURV HTXLSDPHQWRV YHUµFRPHQWD:DOWHU OKR GH  $ $VVRFLDomR
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Editais
)XQDUWHH0LQFDSRLDPHVWXGRVVREUHFXOWXUDEUDVLOHLUD
Cinco trabalhos serão contemplados com bolsas de R$ 30 mil após serem julgados nos quesitos originalidade, qualidade e metodologia
Por Ive Andrade WHUIDFHVGRV&RQWH~GRV$UWtV- (P VXD VHJXQGD HGLomR D TXHSHUPLWDRGHVHQYROYLPHQ- GHYH VHU LQpGLWR D TXDOLGDGH
WLFRVH&XOWXUDV3RSXODUHVHVWi %ROVD p IUXWR GH XP DFRUGR WR GH LGHLDV H D DPSOLDomR GD GD SURSRVWD H D PHWRGRORJLD
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OHLUD JDQKDUmR XP LQFHQWLYR FDGRVSURMHWRVSRGHHQYROYHU GH &XOWXUDO H D 6HFUHWDULD GH 2V WUDEDOKRV VHUmR MXO- j )XQDUWH VHX SURMHWR FRP D
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ULDHQWUHD)XQDUWH )XQGDomR P~VLFD OLWHUDWXUD RUDO IROFOR- WpULR GD &XOWXUD TXH YLVD HV- FLQFR PHPEURV FRP DPSOR H FySLDV GH VHXV GRFXPHQWRV
1DFLRQDOGH$UWHV HR0LQLV- UHUHOLJLmRHULWXDLV2SURJUD- WLPXODUDTXDOLÀFDomRGHFUtWL- FRQKHFLPHQWR GDV iUHDV DYD- SHVVRDLV 0DLV LQIRUPDo}HV
WpULR GD &XOWXUD $ %ROVD GH PDWHUiXPWRWDOGH5PLO FRVGHDUWHQR%UDVLO3DUDLVVR OLDGDV 2V FULWpULRV VmR RUL- HP www.funarte.gov.br RX SHOR
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20 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

NO P
História
Anderson Espinosa

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Anders
Jairo usou de todo o poder
Por Adriana Machado GH SHUVXDVmR $UJXPHQWRX

on Esp
Ao Teatro de Arena de que, além de um teatro, o local
Porto Alegre nunca faltou re- poderia abrigar cursos de in-

inosa
levância histórica, até porque WHUSUHWDomR GDQoD DUWHV SOiV-
é considerado um dos espaços WLFDVGHVHQKRHFDQWR(VWDULD
culturais mais importantes do DVVLP UHDOL]DQGR R VRQKR GD
Brasil, seja pelas suas particu- IDOHFLGDWLD$RORQJRGDVFRQ-
laridades espaciais, diversidade versas, Cullau raciocinou do
de gêneros e propostas artísti- SRQWRGHYLVWDSUiWLFR(PER-
cas (espaço de arte, pesquisa e UDQmRWLYHVVHYHQWLODomRDiUHD
Pedaço da pedra de
UHÁH[mR  $ KLVWyULD VHJXQGR era considerada pela prefeitura granito encontrada
constam os documentos, foi como um imóvel de andar tér- no tempo da
HVFULWDjSLFDUHWD1RGLDGH UHRHVREUHHODLQFLGLDPWD[DV construção do teatro
RXWXEUR GH  DFRQWHFHX D PDLV HOHYDGDV 3RUWDQWR GDYD ŽȱšžŽȱꌊȱ‘˜“Žȱ—˜ȱ
IXQGDomRUHDOL]DGDSRUDUWLVWDV SUHMXt]R6HRSURMHWRQmRYLQ- ‘Š••ȱȱŽœ™Š³˜
idealistas do Grupo de Teatro JDVVH D IDPtOLD QmR SHUGHULD Arivaldo Chaves / Agencia RBS
Independente, liderados por nada, pois a área estava mes-
-DLURGH$QGUDGH PRGHVRFXSDGD
Ele caminhava com a cabeça 6HGHVVHFHUWRÀQDOPHQWHR
RFXSDGD SRU XPD LGHLD À[D R SRUmRDEDQGRQDGRSRGHULDGDU
GTI precisava ter uma sala pró- DOJXP UHWRUQR 0DV GH TXDO-
SULD ,PHUVR QHVVHV SHQVDPHQ- quer maneira, teria que facilitar
tos, ele atravessava os altos do DVFRLVDVMiTXHRJUXSRQmRWL-
viaduto Otávio Rocha, quando QKDGLQKHLUR3URS{VHQWmRXP
SHUFHEHXXPPDXFKHLUR0RYL- QHJyFLR'HLQtFLRDWpRWHDWUR
do pela curiosidade, foi procurar ÀFDU SURQWR HOH HPSUHVWDULD R
DRULJHP'HVFHXDOJXQVGHJUDXV ORFDO'HSRLVSDVVDULDDFREUDU
da escadaria do viaduto e se aga- )RL À[DGR XP YDORU GH 1&U
chou diante de uma das janeli- PLO &UX]HLUR1RYR $FDGD
nhas do subsolo de um enorme semestre, o grupo teria a obri-
HGLItFLR (Q[HUJRX XP SRUmR JDomR GH GHVHPEROVDU 1&U 
alagado pelo estouro de um es- PLO6RPHQWHGHSRLVGHDFHUWDU
JRWR$SHVDUGDHVFXULGmR-DLUR as coisas com Romano Cullau,
pode ver uma área de 300 me- -DLURFRPXQLFRXDUHDOL]DomRGR
WURVTXDGUDGRV$SDUWLUGDTXHOH negócio aos parceiros do Gru-
PRPHQWRRORFDOJDQKDULDYLGD SRGH7HDWUR,QGHSHQGHQWH
$SyVDGHVFREHUWDGRSRUmR
Jairo saiu à procura dos pro- A PEDRA
prietários e chegou a Romano O GTI promoveu um curso
Tofoli Cullau, dono do edifício de teatro em que os alunos pa-
em sociedade com as duas ir- JDYDPDVDXODVFRP´VXRUµ'DV ŽœŽȱŠȱœžŠȱ’—Šžž›Š³¨˜ȱ—˜ȱꗊ•ȱŽȱŗşŜŝǰȱ˜ȱŽŠ›˜ȱŽȱ›Ž—ŠȱœŽ–™›ŽȱŽŸŽȱž–ȱŒŠ›¤Ž›ȱŽ—Š“Š˜ȱŽȱ’Ž˜•à’Œ˜
PmV $QXQFLRX TXH SUHWHQGLD KjVKRUDVDWDUHIDHUDWUD-
adquirir a área do subsolo do EDOKDU$RUGHPHUDHVFDYDUDWp YLGURVHVDFRVGHFLPHQWR FLGLXGHL[DUDSHGUDQRVDJXmR proposta era ter um teatro en-
prédio para construir um teatro, o limite do encanamento do es- 'HWDOKHVDFLPDFRQVWDPQR (PQRVDQRVGR7H- gajado e ideológico”, relembra a
PDVQmRWLQKDGLQKHLUR'HLQt- JRWRVLJQLÀFDQGREDL[DURFKmR OLYUR ´7HDWUR GH $UHQD 3DOFR atro de Arena, passou a ser o atual diretora do espaço, Vivia-
cio, Cullau deu boas risadas, até HP FHUFD GH  FHQWtPHWURV de Resistência”, de Rafael Gui- VtPEROR GD LQVWLWXLomR FRPR QH -XJXHUR $R ORQJR GR WHP-
perceber a seriedade da conver- ´&RPR QmR WtQKDPRV OLFHQoD PDUDHQV GD HGLWRUD /LEUHWRV o personagem Pedro Rocha, SR QHP PHVPR D UHVWULomR GD
VD4XDQGRRSUpGLRIRUDFRQV- para construir, cavávamos e dei- 6HJXQGR D REUD R JUXSR VH FULDGRSHODDWXDOGLUHomRHSHOD OLEHUGDGHGHH[SUHVVmRLPSHGLX
truído, o projeto inicial previa a [iYDPRVDWHUUDDOLGHQWUR'X- deparou com uma enorme ro- Propaganda Futebol Clube, D DSUHVHQWDomR GH HVSHWiFXORV
LQVWDODomRGHODERUDWyULRIDUPD- rante a madrugada, jogávamos FKDGHJUDQLWR0HVPREDWHQGR responsável pelas campanhas LQWHOLJHQWHV 7DPEpP QD P~VL-
cêutico, mas a ideia teve forte o entulho em um terreno baldio FRP SLFDUHWDV HOD UHVLVWLD )RL GHSXEOLFLGDGHGDFDVD FDDDWXDomRQR7HDWURGH$UH-
RSRVLomR GH XPD GH VXDV WLDV GR YLDGXWRµ FRQWD -DLUR 'H- SUHFLVR D DomR GR PDUWHOHWH GD 9ROWDQGR D  IRUDP QDpVLJQLÀFDWLYD,QLFLDUDPVXD
que preferia uma atividade cul- SRLV GDV  KRUDV LQWHJUDQWHV empresa municipal de bondes muitas as madrugadas que se WUDMHWyULDSURÀVVLRQDOQDV´5R-
WXUDO'LDQWHGRLPSDVVHÀFRX do grupo e alunos saíam pela SDUD UHGX]LOD D XP WDPDQKR seguiram, repletas de ensaios, GDVGH6RPµRUJDQL]DGDVSHOR
RFLRVRSRUDQRV FLGDGHSDUD´H[SURSULDUµWLMRORV PHQRU1DpSRFDRJUXSRGH- DSUHVHQWDo}HV H GLVFXVV}HV´$ compositor Carlinhos Harti-
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
21

O PORÃO
História
tamentos das pessoas ante as in- A instituição, acostumada a
justiças, ressaltando que, quem dar voz aos mais diversos talen-
cala, de fato, colabora.” tos, vive em silêncio durante uma
O livro conta ainda que os década. No entanto, a cidade não
sensores acabaram taxando “O conseguia ignorar sua presença
Santo Inquérito” como “proi- calada nos altos do viaduto da
bida para menores de 18 anos”. Borges. Importantes nomes da
No dia 27 de outubro de 1967, cultura gaúcha, como o então
o jornal Correio do Povo es- Diretor do Instituto Estadual de
tampava em suas páginas: “O Artes Cênicas, Dilmar Messias,
Santo Inquérito inaugura Te- o Secretário da Cultura, Carlos

a cidade,
atro de Arena e concretiza o Jorge Appel, e aquela que seria
sonho de um batalhador”. Na a primeira diretora da nova fase
reportagem, Jairo declarava: do Arena, a artista Sônia Duro,
“Queremos fazer um teatro iniciaram uma luta obstinada para
simples, mas honesto. Vivemos recuperar o teatro e construir um
em uma época de transição, e Centro de Documentação e Pes-
aquele que tem oportunida- quisa em Artes Cênicas.
de de entrar em comunicação Em 1988, o Teatro de Are-
com o público tem o dever de QDpÀQDOPHQWHFRQVLGHUDGRGH

os PALCOS
levar uma mensagem válida a utilidade pública e passa a ser
este público”. uma das instituições da Secre-
A partir daí, foram diver- taria Estadual da Cultura. De-
sos espetáculos engajados pois de sua reforma, o espaço –
com o ideal de transformação para a alegria da classe artística
social. Os artistas tiveram de – reabre em 1991. A partir daí,
ser extremamente perspicazes ele passa a abrigar diferentes
para burlar a censura, as ame- propostas, conforme as postu-
aças e os boicotes do Coman- ras de seus diretores, lutando
do de Caça aos Comunistas contra a escassez de recursos e
e resistir às agressões físicas abrigando diversos artistas. Os
e psicológicas sofridas por diretores foram Sônia Duro,

da resistência
alguns integrantes do grupo. seguido de outros importantes
Ainda assim, o Arena resis- nomes como Olga Reverbel,
tiu aos anos de chumbo e foi Lutti Pereira, Rosa Campos
IXQGDPHQWDOSDUDDSURÀVVLR- Velho e Viviane Juguero.
nalização dos artistas locais,
além da construção de uma DIAS DE HOJE
proposta de teatro ideológico Atualmente, o Teatro de
que persiste até hoje em di- Arena trabalha sob o slogan “A
ferentes grupos atuantes em vida é feita de Atos”, mostran-
Porto Alegre. do que nessa instituição não há
Para abrir a temporada de meros discursos e, sim, ações
1968, o Arena investiu na peça que contribuem efetivamen-
Anderson Espinosa “Álbum de Família”, de Nelson te para o desenvolvimento da
Rodrigues, aproveitando sua cultura gaúcha. Em outubro de
Fundado em outubro recente liberação pela censura, 2009, o local completa 42 anos.
de 1967, o Teatro
de Arena do Espaço após ser proibida durante 21 Para comemorar em grande es-
Sonia Duro foi o anos. A ditadura aplicava medi- tilo, no dia 1 de outubro será re-
palco das ações do das restritivas e os protestos se alizado o evento A Vida é feita
Grupo de Teatro multiplicavam. Naquele tempo, de Atos para anunciar a reedi-
Independente ção do Prêmio de Incentivo às
quem quisesse montar um es-
petáculo teatral deveria passar artes cênicas e comemoradas as
o texto para a Censura Federal, mais recentes conquistas como
que apontaria os cortes. A peça reformas, instalação de redes
seria montada sem os trechos de computadores, melhorias no
FHQVXUDGRV H ÀQDOPHQWH SDV- equipamento de luz etc.
saria pelo famoso “teste do en- Uma das mais importantes
saio”, determinando a adequa- ações de 2009 foi a publicação
ção conforme a idade. do site. O objetivo é divulgar
a programação, as condições
SILÊNCIO espaciais e técnicas do espaço,
A luta pela redemocrati- prestar contas sobre as ações
zação do País estava nas ruas, administrativas e culturais,
nas fábricas do ABC paulista disponibilizar ferramentas de
e nas comunidades eclesiais de pesquisa e os materiais do Es-
base. Dentro deste contexto, o paço Sônia Duro. Outra inicia-
Teatro de Arena serviu, muitas tiva atual é a reconstrução dos
vezes, de palco para atividades 42 anos de história do local,
políticas, estudantis e sindicais. incluindo milhares de ativida-
Nele foi fundada a Associação des das mais diversas áreas.
lieb (na década de 70), Bebeto Serraria e Marcelo Corset- to Inquérito”, espécie de cartão de Artistas, vindo a se transfor- Realizou-se intensa pesquisa
Alves, Kleiton e Kleidir e Nel- ti, que continuam ocupando de visitas sobre os propósitos mar no atual Sindicato dos Ar- em bordereauxs, matérias de
son Coelho de Castro. os palcos da casa nos dias de do grupo. A peça de Dias Go- tistas e Técnicos em Espetácu- jornais e programas. Agora
“Muitos artistas consa- hoje, incluindo centenas de mes contava a história real do los de Diversões do Estado do a direção convoca todos que
grados iniciaram sua carreira outros músicos integrantes do julgamento da judia paraibana Rio Grande do Sul (SATED/ À]HUDP SDUWH GHVWHV DFRQWH-
neste espaço. Aqui sempre foi projeto Música Autoral, pro- Branca Dias pelo Tribunal do RS). Mesmo assim a propos- cimentos para acessarem o
e continua sendo um espaço movido pelo Jornal Vaia, men- Santo Ofício, ocorrido no sécu- ta do Arena esgotava-se numa site www.teatrodearena.com, na-
para a música autoral e expe- salmente na instituição. lo XVIII. Os métodos da inqui- LQVXVWHQWiYHO FULVH ÀQDQFHLUD vegarem pelo link “Históri-
rimental”, completa a diretora sição eram uma analogia aos da As dívidas se acumulavam e co” e contribuírem com suas
do Teatro de Arena. Viviane RESISTÊNCIA ditadura militar, com métodos não havia dinheiro sequer para informações, além da doação
cita como exemplo as presen- Na obra de Guimaraens, a sufocantes para o Brasil naquela as despesas básicas. Assim, o de materiais para o Centro de
ças de vários talentos, dentre inauguração do Teatro de Arena época. “Mais do que denúncia, Arena fecha suas portas, isto no Documentação e Pesquisa em
eles Arthur de Faria, Richard aconteceu com a peça “O San- o texto examinava os compor- ano de 1979. Artes Cênicas.
22 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

Vida e Obra

Os absurdos de Fernando Arrabal


Dramaturgo espanhol, idealizador do Teatro Pânico, veio ao Brasil e falou sobre a sua criação: uma nova tendência teatral
Por Pablo Ribera
Divulgação

Fernando Arrabal não é só Prêmios


o autor espanhol mais encena- Apesar de ser um escritor polêmico, Arrabal recebeu prêmios internacionais por
sua obra (Grande Prêmio de Teatro da Academia Francesa, o Nabokov de novela, o
do no mundo. Trata-se de um
Espasa de ensayo, o World’s Theater, entre outros).
dos poucos autores do chamado
Narrativa
Teatro do Absurdo que ainda Fiesta y ritos de la confusión
vivem e produzem. Criou uma La torre herida por el rayo
nova categoria, algo novo até La virgen roja
então, o Teatro Pânico. Contro- La hija de King Kong
vertido, cultiva uma estética irre- La extravagante cruzada de un castrado enamorado
verente tanto na sua obra quanto La matarife en el invernadero
nas suas aparições públicas. Re- Levitación
cebeu o reconhecimento inter- El mono
nacional pela sua obra narrativa La piedra iluminada
(11 novelas), poética (diversos El entierro de la sardina
livros ilustrados por Amat, Dalí, Un teniente abandonado
Magritte, Miotte e Saura, entre Porté disparu
outros), dramática (numerosas Champagne pour tous
obras de teatro publicadas em ››Š‹Š•ȱ·ȱ™˜—ÇꌎȱŽȱž–ȱŽŠ›˜ȱ˜‹œŽœœ’Ÿ˜ǰȱŸ’˜•Ž—˜ǰȱŽ›à’Œ˜ȱŽȱ–ŠŒŠ‹›˜ Com suas novelas, ganhou o prêmio Nadal e o Nabokov Internacional.
dezenove volumes) e cinemato- Obra poética
JUiÀFD VHLVORQJDVPHWUDJHQV  nhola, o pai de Fernando Arra- o obriga a começar os cursos Tem livros ilustrados por Pablo Picasso, Salvador Dalí, René Magritte, detre outros,
Arrabal é um dramaturgo e EDOVHPDQWHYHÀHOj5HS~EOLFD preparatórios para entrar na entre os que se destacam Mis humildes paraísos e La piedra de la locura
novelista de grande sucesso, um o que causou sua condenação Academia General Militar, mas Obra dramática
dos mais produtivos artistas de j PRUWH SHORV UHEHOGHV $ SHQD Arrabal não assiste as aulas. Em Uma centena de obras de teatro publicadas em 19 volumes:
seu tempo. Abandonou sua ter- foi mais tarde substituída por 30 1949, é enviado a Tolosa (Gui- El triciclo (1953)
anos de prisão. Fernando Arra- púzcoa) onde estuda na Escola Fando et Lis (1955)
ra natal em 1955, segundo ele
Teórico-Práctica da Indústria e Guernica (1959)
mesmo diz, “por motivos de bal Ruiz passou pelas prisões de
La Bicicleta del condenado (1959)
liberdade”. Desde então, vive Monte Hacho, em Melilla (aon- Comércio do Papel. Nessa épo-
El Gran Ceremonial (1963)
exilado na França. Criador ver- de tentou se suicidar) e Ciudad ca, em 1950, Arrabal escreve
El arquitecto y el emperador de Asiria (1966)
sátil e inquieto, iniciou, na dé- Rodrigo e Burgos, até que, em uma série de obras teatrais, hoje El Jardín de las delicias (1967)
cada de 1960, o Teatro Pânico, dezembro de 1941, foi trasferi- inéditas. Em 1951, começa a El laberinto (1967)
movimento que se diferencia do para o Hospital de Burgos, trabalhar na Papelera Española. Bestialidad erótica (1968)
de outras tendências artísticas com uma suposta doença men- É mandado para Valência, onde El Cielo y la Mierda (1972)
H TXH WHYH FRPR LQÁXrQFLDV R tal. Investigações posteriores termina o colegial, e logo vai a El cementerio de automóviles (1959)
dadaísmo e o surrealismo – foi sugeriram que a doença foi in- Madrid, onde, em 1952, come- Jóvenes bárbaros de hoy
fundado em Paris, junto com ventada para que ele fosse leva- ça a estudar Direito. Durante ...Y pusieron esposas a las flores
Alejandro Jodorowsky, cineasta do a um lugar menos vigiado. esses anos, Arrabal frequentou La tour de Babel
chileno, e Roland Topor, pin- No dia 21 de janeiro de 1942, o Ateneu de Madrid e os poe- Inquisición
tor, escritor e ator francês, cujo Fernando Arrabal pai fugiu do tas postistas, além de escrever Carta de amor (como un suplicio chino)
manifesto expressava a inten- hospital, de pijama, com um novas versões de Pic-Nic (então La noche también es un sol
ção de conciliar o absurdo com metro de neve sobre os cam- chamada Los soldados) e El tri- Delicias de la carne
R FUXHO LGHQWLÀFDU D DUWH FRP pos. Jamais houve alguma outra ciclo (chamada inicialmente Los Uma de suas obras dramáticas mais importantes é El arquitecto y el emperador de
o vivido e adotar a cerimônia notícia dele, apesar das buscas hombres del triciclo). Asiria, uma obra escrita na segunda etapa de sua vida drámática.
como forma de expressão. minuciosas que foram feitas. Tal Em 1954, viaja a Paris, onde Ensaios
O Teatro Pânico, que o pró- acontecimento traumatizou Ar- vê a representação da obra “Ma- La dudosa luz del día
SULR$UUDEDOTXDOLÀFDFRPRSUH- UDEDO ÀOKR TXH VRIUHX EDVWDQWH dre Coraje y sus hijos” (Mãe Co- El Greco
sidido pela confusão, pelo humor, com o desaparecimento do pai. UDJHP H VHX ÀOKRV  GH %HUWROW Bobby Fischer: el rey maldito
Enquanto isso, em 1936, a mãe Brecht, que Berliner Ensemble Carta al GeneralFranco
pelo terror, pelo azar e pela eufo-
apresentou no teatro Sarah Ber- 1984: Carta a Fidel Castro
ria, está baseado na busca formal, de Arrabal voltou a Ciudad Ro-
Carta a Stalin
tanto espacial quanto gestual, e drigo, onde se instalou junto a nhardt, na capital francesa. Em
Un esclavo llamado Cervantes
na incorporação de elementos Arrabal e seus dois irmãos en- 1955, consegue uma bolsa de
Goya-Dalí
surrealistas na linguagem. Arra- quanto ela ia trabalhar em Bur- estudos de três meses na capi- Echecs et mythes
bal explica que esse tipo de teatro, gos, naquela época capital de tal francesa, e, enquanto mora Fêtes et défaites sur l’échiquier
enquadrado na tendência do ab- Bando Nacional e residência do no Colégio de España de la Les échecs féériques et libertaires
surdo, assume o olhar do menino General Francisco Franco, que, Cité Universitaire, adoece gra- Le frénétique du spasme (1991)
(poupado de toda racionalização) na época, governava ditatorial- vemente de tuberculose. Arrabal Houellebecq
e concebe o cenário como centro mente a Espanha. Em 1937, Fer- sempre considerou esta doença Diccionario pánico
de confusão, de terror, de eufo- nando ingressou no Colégio das como uma “desgraçada sorte”
ria, de caos, mas também culto da Teresianas, até que, em 1940, ter- TXHOKHSHUPLWLXÀFDUGHÀQLWLYD-
felicidade e desprezo de toda lei minada a Guerra Civil, a mãe e os mente onde considera hoje a sua durante anos, como a “Carta de mais representado na atualidade.
moral. Através de suas estreias e irmãos se instalaram em Madrid. verdadeira pátria, a França. Amor com María Jesús Valdés”, Ele realizou sete longa-metragens
sua publicação, em Paris, o teatro Em 1941, Fernando Arrabal no Teatro Nacional. como diretor.
de Fernando Arrabal alcançou ganhou um concurso de crian- PROCESSO E PRISÃO Em 1989, protagonizou um Fernando Arrabal escreve
renome universal. ças superdotadas e uma vaga Foi julgado pelo o regime episódio que alcançou grande há 30 anos a crônica de xadrez
no Colégio de los Escolapios de franquista e preso em 1967, ape- fama na Espanha, ao compare- da “L’Express” e colabora nos
INFÂNCIA (1932-1946) San Antón, mas, no ano seguin- sar da solidariedade da maioria cer com evidentes sinais de em- jornais espanhóis “El Mundo”,
Fernando Arrabal Terán te, mudou-se para o Escolapios dos escritores daquela época, briaguez na reunião televisiva de “El País” e “ABC”. O autor es-
nasceu na cidade de Melilla, na de Getafe. Nessa época, Arrabal desde François Mauriac até Ar- Fernando Sánchez Dragó. Suas teve em São Paulo, no Institu-
Espanha, no dia 11 de agosto começou suas experiências de thur Miller e do requerimento constantes interrupções ao grito to Cervantes, dia 10 de agosto,
GH  )RL R VHJXQGR ÀOKR garoto de rua e suas escapadas do célebre dramaturgo irlandês de “falemos do milenarismo”, para participar da mesa de de-
GR RÀFLDO GR ([pUFLWR HVSD- de casa. Estas experiências, se- Samuel Beckett. A morte do assim como seu passeio camba- bates “Um Certo Arrabal”. O
nhol, Fernando Arrabal Ruiz, gundo ele mesmo reconhece, General Franco, em 1975, lhe leante por todo o estúdio, marca- convite foi do diretor Reginaldo
e de Carmen Terán González. foram muito úteis em sua vida. permitiu alcançar um verdadeiro ram um antes e um depois a res- Nascimento, do Teatro Kaus
Em julho de 1936, durante o reconhecimento em seu país na- peito da fama de Arrabal entre o Cia. Experimental, que está
pronunciamento militar que JUVENTUDE (1947-1957) WDO$OJXPDVGHVXDVSHoDVÀFD- público médio espanhol. Arrabal produzindo a peça “O Grande
provocou a Guerra Civil Espa- Em 1947, a mãe de Arrabal ram constantemente em cartaz é provavelmente o dramaturgo Cerimonial”, texto de Arrabal.
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
23
Internacional

“As três vidas de Lucie Cabrol” Fotos: Arquivo/ Divulgação


foi encenada em agosto de 1996,

A memória da terra
em Buenos Aires

Em meados dos anos 1990, o Théâtre de Complicité trouxe um espetáculo que demonstra a transformação da memória em fábula
Por Carlos Diviesti, cesa, nascida em 1900, uma despoja o cenário para que seus direito a descobrir seu próprio dramaturgo polonês ao Teatro
mulher quase anã, muito feia, atores sejam a cena, e a verdade espírito crítico, nem quantas pe- Municipal General San Martín.
Revista Mutis X El Foro rejeitada, lúcida ao extremo e a do corpo se reúna à realidade da ças de qualidade ofereça o teatro O feito teatral é inacessível,
Tradução: Pablo Ribera percepção que sua imagem dei- terra e à água onipresentes, e os RÀFLDOQHPTXHDFRRSHUDomRLQ- e em nenhum lugar se poderá
Quando a terceira vida de xou nos outros, sobretudo em elementos que manipulam os ternacional facilite o intercâmbio recuperar as sensações do que
Lucie Cabrol se torna eterna, o Jean, o homem com quem fez atores têm demasiada vida vi- de experiências cênicas (Théàtre QD PHPyULD SDUD WUDQVPLWLU
bosque se incendeia e Jean sobe DPRUXPDVyHGHÀQLWLYDYH] vida para serem meros objetos de Complicité chegou a Buenos ideias não basta com a eloquên-
para se redimir, a alma escapa Assim contado, pareceria FHQRJUiÀFRV FRPR DV ERWLQDV Aires por intermédio do British cia do discurso, senão que são
irremediavelmente em um sus- uma história comum da lite- solitárias que abrem e fecham Council). Se é importante o po- mais certeiras as impressões da
piro. Ainda hoje, tanto tempo ratura naturalista ou de certos o espetáculo, esperando que der transformador que tem o viagem. E as impressões da via-
depois, se pensa em Lucie Ca- ÀOPHV GH WHPiWLFD VRFLDO PDV alguém as calce ao princípio e feito teatral no fazer-teatro e na gem podem se resumir em um
brol e essa sensação impetuosa “As Três Vidas de Lucie Ca- voltando a esperar que algum sociedade que o recebe. PRYLPHQWR /LOR %DXU D DWUL]
percorre espinha abaixo de for- EUROµ GLÀFLOPHQWH SRGH VHU RXWURRVFDOFHDRÀQDO “As Três Vidas de Lucie Ca- que interpreta Lucie Cabrol,
ma gelada e se sente que Lucie GHÀQLGDHPXPDFDWHJRULDKi Em “As Três Vidas de Lu- brol” chegou um ano antes do passa a vida eterna apenas endi-
Cabrol (tão horrível, teimosa terra no cenário. Terra molha- cie Cabrol”, há tempo de pen- Primeiro Festival Internacio- reitando o corpo. Assim será a
e fabulosa), está tão perto que da, cujo cheiro impregna o am- sar em quem é, porque se sente nal de Teatro de Buenos Aires imortalidade, apenas endireitar
se escorre as mãos, delicadas e biente, e o ambiente deixa de UHÁHWLGRQRFROHWLYRQDRULJHP e não é casual que a estigma o corpo sobre a terra? Por isso,
contundentes, como um sonho. ser um teatro, e o teatro deixa das coisas, na brutalidade do de sua proposta se rastreie na aí está a terra, terra da França
“As Três Vidas de Lucie Ca- de ser uma mera representação. meio, na voz deformada dos programação de ditos encon- camponesa, terra contraditó-
brol” foi apresentado na sala Os homens são as tábuas homens, e é possível permane- tros ao longo do tempo. Algo ria de nosso solo, terra que é a
Martín Coronado, do Teatro dos estábulos e as amoras das cer alheio. Mas, por que lem- parecido poderíamos dizer so- mesma em qualquer parte, terra
Municipal General San Mar- árvores, e as pedras do cami- brar de um espetáculo que es- bre as duas visitas de Tadeusz que nos leva e que nos traz, ter-
tín, entre 16 e 25 de agosto de nho, e a risada das festas, e o teve em cartaz há tanto tempo? Kantor a Buenos Aires com ra que se seca e não morre. A
1996. Baseada em um relato de choro das tormentas e as cha- Será do interesse de alguém sa- “Wielopole”, em 1984, e com nostalgia do descobrimento im-
John Berger publicado em seu mas do fogo. É lógico que, as- ber que rastros deixou “As Três “Que Arrebentem os Artistas”, pulsiona o desejo de recuperar
livro, “Puerca Tierra”, adap- sim seja, posto que Simon Mc- Vidas de Lucie Cabrol”? HPPXLWRGDH[SHULPHQ- o passado, e por esses anos que
tada por Simon McBurney, Burney foi discípulo de Jacques Não é tão importante que tação que hoje estamos vendo em se começa a notar a proxi-
Théâtre de Complicité, a peça Lecoq, maestro do teatro físico, o elenco de “As Três Vidas de no teatro alternativo provém PLGDGHGRGHVHQFDQWRDÀFomR
conta a vida, a morte e a pós- a pantomima e a máscara neu- Lucie Cabrol” seja multiétnico, da semente que germinou a da vida cotidiana precisa de ar-
vida de uma camponesa fran- tra. Em esta posta McBurney nem que o espectador tenha partir das visitas do diretor e gumentos mais relevantes.

NOTAS
COMÉDIA MUSICAL DE FINAL DE MUSICAL “ELLA”, EM MINNEAPOLIS, “TOO CLOSE TO THE SUN” CONTA OS
ANO VOLTA À BROADWAY ESTENDE SUA TEMPORADA ÚLTIMOS ANOS DA VIDA DE HEMINGWAY
A comédia musical “White Christmas” retornará à Bro- Para atender a demanda do público, o bem sucedido O escritor e vencedor do Prêmio Nobel, Ernest He-
adway, dia 13 de novembro, e ficará em cartaz até 3 de espetáculo musical “Ella” estenderá sua temporada no mingway, ganhou vida nos palcos londrinos. O espetá-
janeiro, em sua segunda temporada consecutiva, no Mar- Guthrie Theater, em Minneapolis. Serão 12 novas apre- culo musical de ficção “Too Close to the Sun” retrata
quis Theatre. Serão 61 performances até os primeiros dias sentações que seguem até o dia 20 de setembro. o sofrimento do escritor quando chega a sua velhice,
de 2010. O espetáculo foi nominado aos prêmios Tony, pela A história, que retrata a vida da lendária cantora sua relação com sua mulher, sua secretária e com um
coreografia de Randy Skinner, e orquestra de Larry Blank. de jazz Ella Fitzgerald, tem no papel principal a atriz amigo de infância, Rex.
O elenco ainda não foi anunciado, mas serão mais de Tina Fabrique, que com sensibilidade apresenta a per- O musical está sendo apresentado no West End’s
40 artistas e 25 músicos, em uma produção de grandes sonalidade da encantadora vocalista. Na peça, aman- Comedy Theater, com música de John Robinson, livreto
proporções. “White Christmas” tem produção de Kevin tes da música vão poder escutar alguns dos maiores por Robert Trippini e letra de Robinson e Trippini. A direção
McCollum, John Gore, Tom McGrath, Paul Blake, The Pro- sucessos de Fitzgerald como “A-Tisket, A-Tasket,” musical é de Tom Deering.
ducing Office, Dan Markley, Sonny Everett e Broadway ‘’How High the Moon” e “They Can’t Take That Away No elenco, como o famoso escritor, está o ator James
Across America em associação com a Paramount Pictures. From Me”. Graeme, a atriz Helen Dallimore faz o papel de Mary Hemin-
Além da temporada na Broadway, os produtores anun- A direção de “Ella” fica por conta de Rob Ruggiero e a gway e o amigo Rex De Havilland é interpretado por Jay
ciaram que o musical viajará por outras sete cidades. Os supervisão musical é de Danny Holgate. Os ingressos va- Benedict.
ingressos começam a ser vendidos no dia 12 de setembro riam de US$ 34 a US$ 65, para mais informações: www. Para saber mais sobre o espetáculo, o site oficial da
pela internet no www.bestofbroadway.com. guthrietheater.org. produção é www.tooclose.co.uk/.
24 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro

Aproveite as
férias e conheça
o Brasil.

Em qual cidade você pode


passar as férias admirando
esta beleza natural?
A( ) Cuiabá, MT
B ( ) Manaus, AM
C( ) Canela, RS
D( ) Mata de São João, BA

Se você é brasileiro e não sabe


a resposta, está na hora
de conhecer melhor o Brasil.
RESPOSTA: C – CACHOEIRA DO CARACOL, CANELA, RS

VIAJE NAS FÉRIAS.


É BOM PARA VOCÊ.
É BOM PARA O BRASIL.

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