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Fotografia
Pág. 22
Uma publicação da Aver Editora - 1º a 15 de Setembro de 2009 - Ano I Nº 10 R$ 5,00
o teatro captado
pelas lentes
Jo
ão
Ca
ld
as
Aliada das artes cê-
nicas, as fotogra-
ÀDVVmRLPSRUWDQ-
te linguagem para
divulgar e documentar
as expressões, os mo-
YLPHQWRVHRVÀJXULQRV
de peças teatrais, atra-
vés dos
olhos
GH SURÀV-
sionais que, Registro do
cada vez mais, fotógrafo
paulista João
tornam-se fotógra- Caldas, para
quem a
fos especializados ęȱ
na arte de registrar exerce a
função de
espetáculos documentar
a história
Pág. 6 do teatro
Arnaldo Torres
DANÇA
Pacotes culturais são a mais Grupo Movasse e
nova atração dos hotéis
o jeito independente
Cultura brasileiros, que oferecem
entretenimento e diárias de se fazer dança
cinco mais baratas aos hóspe-
des apaixonados por teatro. contemporânea
estrelas 3URÀVVLRQDLV GR VHWRU WDP-
bém já podem mostrar sua
Pág. 10
CRUZEIROS
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as saídas dos navios CVC Zenith, CVC Soberano e CVC Imperatriz sujeita a disponibilidade de cabines triplas. (2) Promoção válida para todas as saídas, de todos os navios, e sujeita a disponibilidade de cabines triplas ou quádruplas.
Um certo Arrabal
Em uma noite de segunda-feira, no mês de agosto, aconteceu o nosso
Técnica encontro com “Um certo Arrabal”. Não só nosso, pois o auditório do
,QVWLWXWR &HUYDQWHV HP 6mR 3DXOR ÀFRX SHTXHQR SDUD R HYHQWR RUJDQL-
As belas imagens são zado pelo Teatro Kaus. Não havia reclamações da falta de cadeiras extras,
frutos do casamento ninguém se importou em sentar no chão e esperar cerca de uma hora para
entre técnica e FRPHoDURHYHQWR(TXDQGRFRPHoRXDH[SOLFDomR$UUDEDOUHVROYHXGDU
sensibilidade na arte XPDYROWDSHODVUXDVHREVHUYDUDVSHVVRDVKiELWRTXHFXOWLYDFRPPXLWR
de fotografar prazer nos seus 77 anos de vida.
Pág 6 (QYHUJRQKDGRRGUDPDWXUJRHVSDQKROGL]TXHFRQIXQGLXRKRUiULRGR
HYHQWRHTXHpXPGRVGHIHQVRUHVGDSRQWXDOLGDGH(VVDVIRUDPDV~OWLPDV
Índice palavras do mestre antes de abraçar com suas palavras as cerca de 200 pes-
soas presentes na sala. A trajetória do dramaturgo está presente em nossa
PDWpULDQDSiJLQDPDVGHVFUHYHUDVLPSOLFLGDGHFRPTXHIDODGHWRGRV
ENTREVISTA.....................................................8 e 9 RVPRYLPHQWRVFXOWXUDLVTXHSDUWLFLSRXVHULDXPDWDUHIDVySRVVtYHOSDUD
Regina Braga não esconde nada RVTXHFRQVHJXHPFRORFDUHPRomRQDVSDODYUDVGHIRUPDVLPSOHVFRPR
ele.
Atriz consagrada nos palcos comemora sucesso de “Por um Fio” eGLItFLOQmRVHDEDODU'HXPDLQIkQFLDYLYLGDHQWUHDJXHUUDHDIDPtOLD
e solta o verbo quanto à lei Rouanet VXUJLXDFULDWLYLGDGH'RVDXWRH[tOLRVYLHUDPRVHQFRQWURVFRPRVSURWD-
JRQLVWDV GH RXWUDV DUWHV 4XDQWR jV KRPHQDJHQV TXH UHFHEH SHOD FRQWUL-
REPORTAGEM.............................................12 a 14 EXLomRPXQGLDOGHVHXWUDEDOKRVHGHIHQGH´0XLWRVGL]HPTXHVRXJHQLDO
PDVDSHQDVWLYHDVRUWHGHYLYHUPDLVTXHRVPHXVFRPSDQKHLURVµ
Teatro e Pacotes Culturais impulsionam o Setor Turístico 3RUTXHUHVJDWDURWUDEDOKRGH)HUQDQGR$UUDEDOQHVWHHGLWRULDO"3RLVHVWH
Cada vez mais hotéis do Brasil investem em pacotes culturais que nome representa a modernidade e a tradição do fazer teatral. O dramaturgo
barateiam as estadias, desde os mais simples à suíte mais luxuosa confessa ser apaixonado pela tecnologia, como a necessária para a obtenção
GDVLPDJHQVGRVQRVVRVIRWyJUDIRVSiJLQD'HIHQGHDDUWHDEUDQJHQWH
feita por todos (página 16), em todos os lugares (página 17), e para todos,
ESPECIAL.................................................................16 com ou sem meia entrada (página 7). História de superação com a arte, Ar-
CandoCo Dance Company mostra sua dança das diferenças UDEDO",VVRR7HDWURGH$UHQDSiJLQDVHWHPGHVREUD
A companhia inglesa vem a São Paulo para workshop e apresentação 'LIHUHQWHPHQWHGRVWHPSRVGHJXHUUDHQIUHQWDGRVSRUHOHRQGHDVYLD-
de dois novos trabalhos: The Perfect Human e Still gens eram sinônimo de necessidade para a sobrevivência, apresentamos
XPQRYRPHUFDGRGHQHJyFLRVTXHXQHDSUD]HURVDQHFHVVLGDGHGHYLDMDU
com a organização de um roteiro programado.
POLÍTICA CULTURAL.................................................18 Para completar a edição, tivemos o prazer de conversar com Regina Bra-
MinC libera R$ 18,4 milhões para editais da Funarte JDTXHIDORXVREUHDFDUUHLUDDVGLÀFXOGDGHVGDSURÀVVmRHSROtWLFDFXOWXUDO
$SHVDUGHUHFXVDURWtWXORGH´PDLVLPSRUWDQWHGUDPDWXUJRHPDWLYLGD-
Oito editais da fundação tiveram seus orçamentos dobrados e até
GHQRPXQGRµpSDUDYRFr$UUDEDOHSDUDRVTXHDSUHQGHPGLDULDPHQWH
triplicados. Total de investimentos alcança R$ 36,2 milhões
Bastidores
Reinaldo Canato
BRASILEIROS SELECIONADOS
PARA MOSTRA EM SEUL FUNARTE:
WORKSHOP GRÁTIS
A WSD (World Stage do, que concorrem em qua- DE CONFECÇÃO
Design) 2009, mostra in- tro categorias. DE BONECOS
WHUQDFLRQDO GH FHQRJUDÀD No total, são 13 brasileiros
ÀJXULQR LOXPLQDomR H VR- na exposição: quatro cenógra- A Funarte está com
QRSODVWLD WHP SURÀVVLRQDLV fos (Aby Cohen & Lee Da- inscrições abertas para um
brasileiros entre seus se- wkins, Isabelle Bittencourt, workshop de confecção
lecionados. A diretora de Ronald Teixeira e Marieta de bonecos, destinado aos
arte e cenógrafa Isabelle Spada), quatro iluminadores artistas e educadores, que
Bittencourt irá participar (Beto Bruel, José Henrique, será realizado entre os dias
do evento que acontece em Rodrigo Ziolkowski e Nadia 5 e 9 de outubro, de se-
setembro, na capital da Co- /XFLDQL H FLQFR ÀJXULQLVWDV gunda a sexta, na sede da
réia do Sul, Seul. (Cássia Monteiro, Daniela entidade em São Paulo. A
Um júri internacional Vidal, Danielly Ramos, Regi- lista das 16 pessoas sele-
“ Christian Lacroix – Trajes de Cena” faz parte do Ano da França no Brasil escolheu os trabalhos para lã Deusamar & Marco Polo cionadas será divulgada, a
a Gallery Exhibition, etapa e Rosa Magalhães). Mais in- partir de 28 de setembro,
competitiva da mostra com formações no site do WSD no site da Funarte (www.
EXPOSIÇÃO EM SÃO PAULO REÚNE WUDEDOKRV GH SURÀVVLRQDLV funarte.gov.br).
2009: http://www.wsd2009.kr/
FIGURINOS DE LACROIX PARA ÓPERAS E BALÉS de diversas partes do mun- O evento faz parte da
main_eng.html.
programação do projeto
Os figurinos que o estilis- rino de “Fedra”, de Racine, Cia. Circo de Bonecos -
ta francês Christian Lacroix para a Comédie-Française, 10 anos. “Bonecos no Pal-
desenhou para óperas, balés Paris, 1995, pela qual ele MARANHÃO E CEARÁ co”, será ministrado por
e espetáculos teatrais estão recebeu seu primeiro Mo- RECEBEM ESPETÁCULOS DA CENA BAIANA Cláudio Saltini. Os inte-
expostos em São Paulo na lière; “Cosi fan tutte”, de ressados devem se inscre-
mostra “Christian Lacroix – Mozart, para Théâtre de La O Festival do Teatro Brasileiro promove mais uma vez o inter-
câmbio cultural entre estados brasileiros. Depois de apresentar, em ver no período de 1º a 18
Trajes de Cena”, que integra Monnaie, Bruxelas, 2006; de setembro, pelo e-mail
as comemorações oficiais do “Carmen”, de Bizet, criada maio deste ano, espetáculos de grupos pernambucanos para mais
de 15 mil pessoas nos teatros de Sergipe e Bahia, o FTB leva para circodebonecos@gmail.com,
Ano da França no Brasil. para Arène de Nîmes, 1989; informando nome com-
A exposição acontece no e “Sherazade”, balé de Blan- Maranhão e Ceará uma amostragem do teatro feito na Bahia. Ao
WRGRVHUmRGH]HVVHLVHVSHWiFXORVDOpPGHRÀFLQDVHGHEDWHV$RL- pleto, endereço eletrônico,
Museu de Arte Brasileira da ca Li, para a Opéra National telefone, breve currículo e
FAAP, e fica em cartaz até de Paris, 2001. A exposição tava edição da mostra acontece de 23 de setembro a 11 de outubro.
Mais informações: (61) 3367-5432. carta de interesse.
1º de novembro. Na mostra conta também com croquis
estão criações como o figu- e vídeos.
Arquivo /Divulgação
Divulgação
TEATRO
NOS PARQUES
COMEMORA 30 ANOS
DA COOPERATIVA
PAULISTA DE
TEATRO
Divulgação
ENCENADO PELA 1ª VEZ EM SP
Sob direção de Roberto Lage, o espetá-
culo Teatro Para Pássaros estreia dia 4 de
setembro em São Paulo, retratando com
humor o mundo das paixões, misérias, vai-
dades e clichês do universo teatral. A peça
conta com os atores Ana Fuser, Daniel
Gaggini, Mario Condor e Luciana Rossi no
elenco. O espetáculo cumpre temporada
na Sala Carlos Miranda da Funarte (Funda-
ção Nacional de Artes), na capital paulista,
Teatro dos Pássaros é um exercício auto-humorístico até 11 de outubro. Balé já contou com participação de coreógrafos e diretores de renome
Divulgação
LIVRO
No dia 17 de setem-
bro o grupo Falos & Ster-
cus lançará o livro “Falos
& Stercus / Ação & Obra
- Trajetória Marcada Por
Inconformismo e Prazer”.
O evento acontece às 19h, Antônio Fagundes,
no Museu Iberê Camargo que ajudou na
e integra a programação do campanha por
16º Porto Alegre Em Cena. arrecadação,
cuprimenta o prefeito
Em meio ao jogo de luzes Gilberto Kassab
na fachada do museu, será “NOS CAMPOS DE PIRATININGA”
realizada uma performance A nova montagem do espetáculo que, em 2008, foi sucesso de UM ANO APÓS INCÊNDIO, CULTURA
aérea com projeções do re- crítica e público estreia no dia 17 de setembro e segue até 1º de ARTÍSTICA LANÇA CAMPANHA
gistro da trajetória do pró- novembro no Teatro João Caetano, São Paulo. O texto é de Rena- No dia 24 de agosto, pouco mais de um ano após o incên-
prio Falos & Stercus. A per- ta Pallottini e Graça Berman; direção de Imara Reis. No elenco dio no Teatro Cultura Artística – fato que marcou a história do
formance se fundirá com o estão Eduardo Silva, Graça Berman, Wilma de Souza, Décio cenário cultural de São Paulo – a Sociedade de Cultura Artís-
espetáculo Mithologias do Pinto, André Persant, Gira de Oliveira, Murilo Inforsato, Nívio tica lançou uma campanha publicitária para a reconstrução do
Clã- apresentado na entra- Diegues, Rodrigo Dorado, Sônia Andrade e Valéria Simeão. teatro em sua primeira etapa.
da do museu. No início de 2009, a agência Talent criou uma campanha
SDUDDFDSWDomRGHUHFXUVRV3ULPHLURDDJrQFLDFULRXXPÀO-
me em DVD, enviado a empresários e formadores de opinião,
DEBATES NO MACUNAÍMA
Adalberto Lima / Divulgação
Técnica
Andréia Machado / Divulgação Anderson Espinosa
João Caldas, apaixonado por teatro, fotografa espetáculos há 28 anos Segundo o fotógrafo Anderson Espinosa, é possível realizar uma “interferência artística” no espetáculo
)RWRJUDÀDDVWpFQLFDVGHUHYHODUXPHVSHWiFXOR
Por Adoniran Peres que, segundo ele, só é obtida ainda se for um especialista. contexto da peça ou show a ser GRV SHOR %UDVLOµ GHVWDFD 6H-
com boas imagens. “O ideal é “Eu, por exemplo, não faço apresentado, em um trabalho gundo Daniel, no Festival de
A arte de fotografar pode mandar para a imprensa fotos imagem de eventos de moda, FRQMXQWR FRP RXWURV DUWLVWDV Teatro de Curitiba, além de
revelar muito mais do que exclusivas, com uma boa qua- pois é um assunto que não produção, iluminadores e pú- passar informações sobre fo-
belas imagens. Basta conhe- lidade estética”, orienta. estou muito ligado e, conse- blico. “Ao encontrar a lingua- WRJUDÀD FrQLFD HOH SDVVD SDUD
cer as técnicas, ter a visão da O fotógrafo paulista João quentemente, não entendo. Já JHPGDDSUHVHQWDomRÀFDPDLV RVSURÀVVLRQDLVTXHLUmRIRWR-
arte, e, então, em apenas um Caldas explica que, além da em relação ao teatro, sempre fácil trabalhar com outros ele- grafar os espetáculos algumas
clic... A tecnologia, de forma GLYXOJDomR D IRWRJUDÀD H[HU- fui apaixonado e o acompa- mentos, devendo agora dar a dicas de etiqueta. “Abordamos
mais direta do que as palavras, ce outro importante papel na nho há muito tempo”, destaca. nossa contribuição, propondo qual o momento de fazer o
também é capaz de retratar e KLVWyULDGRWHDWURDGRFXPHQ- $ IRWyJUDID GH 6mR 3DXOR HP WHUPRV IRWRJUiÀFRV XPD clic, onde se posicionar e como
expressar um momento único. tação. “Quando sou chamado 3DROD 3UDGR WDPEpP LQLFLRX ‘interferência artística’ no espe- se comportar com o diretor e
Congelar determinado ins- para fazer a documentação de D FDUUHLUD SRU LQÁXrQFLD GR táculo”, destaca. SURGXWRUµ GHVWDFD 6HJXQGR
tante do tempo. Considerada um espetáculo, assisto a mes- LUPmR ´6HP PDLRUHV LQWHQ- 6HJXQGR (VSLQRVD R IRWy- 'DQLHO R XVR GRV ÁDVKV GDV
uma aliada das artes cênicas, ma peça umas três vezes. Neste ções, em 2002, fui fotografar grafo diante de um mercado PiTXLQDVIRWRJUiÀFDVDOpPGH
as fotos revelam-se, ao longo FDVRpSUHFLVRUHWUDWDURÀJXUL- “A Opera do Malandro”, que FDGD YH] PDLV GLVSXWDGR GLÀ- atrapalhar os atores e o desem-
do tempo, como importan- no, a interpretação e o cenário. PHXLUPmR1DQGR3UDGRHV- cilmente vai trabalhar somente penho da peça, ainda faz com
te linguagem para divulgar e Já nos materiais de divulgação, tava encenando. Fiz mais de com espetáculos. “Depende que o espetáculo não tenha o
documentar as expressões, os como os impressos, as fotos 700 fotos. Outros atores gos- para quem se vai produzir as mesmo brilho e, consequente-
PRYLPHQWRV H RV ÀJXULQRV são quase posadas e acontecem taram das imagens e come- fotos. Uma grande produtora mente, perca sua essência.
de peças teatrais, através dos durante os ensaios, com os ar- çaram a encomendar”, revela pede o registro desde os ensaios, João Caldas reforça que,
ROKRV GH SURÀVVLRQDLV TXH WLVWDVMiXVDQGRRVÀJXULQRVHR 3DROD ´+RMH IDoR IRWRJUDÀDV ou um pequeno grupo que só além do dedo e dos olhos te-
cada vez mais, tornam-se fo- cenário pronto. Essas imagens para vários espetáculos. Ge- pode pagar uma apresentação. UHPGHÀFDU´HVSHUWRVµRIR-
tógrafos especializados na arte também podem ser enviadas ralmente, sou contratada pe- Um trabalho bem reconhecido e tógrafo precisa ter um com-
de registrar espetáculos. para a imprensa”, explica Cal- los artistas que compram os feito para pessoas especiais não portamento diferenciado. Os
A visão, o enquadramento GDVTXHMiWUDEDOKRXQD)ROKD CDs com as imagens que são WHPSUHoRTXHSDJXHµÀQDOL]D SURÀVVLRQDLV GHYHP VHU DE-
e a composição das imagens GH63DXORHQRGHSDUWDPHQWR usadas por eles normalmente solutamente discretos, quie-
é uma particularidade de cada de documentação de artes cê- como portfólio”, acrescenta FORMAÇÃO tos, silenciosos e cuidadosos
SURÀVVLRQDO 3RUpP HQWHQ- QLFDVGH6mR3DXOR 3DROD TXH GD FRPR GLFD SDUD Quanto à formação de fo- com os movimentos e ruídos.
der as técnicas e seguir alguns A carreira de Caldas teve se fazer boas fotos não só o WyJUDIRV 'DQLHO 6RUUHQWLQR Mesmo em um ensaio geral
conceitos pode servir de ensi- LQtFLR HP SRU LQÁXrQ- conhecimento das técnicas, que coordena as equipes de esse comportamento deve ser
namentos para quem pretende cia de seu irmão, que seguia mas a procura por um olhar IRWRJUDÀDGRVSULQFLSDLVHYHQ- mantido para não desconcen-
HQFDUDU R GHVDÀR RX DSHQDV FDUUHLUD GH DWRU ´6HPSUH WLYH que transmita a ideia da peça. WRV GH &XULWLED 35 FRPR R WUDURVDWRUHV´2ÁDVKHQWmR
contemplar as belas imagens. vontade de subir ao palco e, 3DUDQi %XVLQHVV &ROOHFWLRQ você pode ‘esquecer’ em casa.
3DUD 6LOYLR GD &RVWD 3HUHLUD também, ser ator. A timidez , UM TRABALHO Festival de Curitiba e Casa Cor Nunca se movimente duran-
fotógrafo de Florianópolis porém, nunca deixou e a foto- EM CONJUNTO 3DUDQi UHODWD TXH KRMH H[LVWH te o espetáculo, exceto em
6&HSURIHVVRUGHIRWRMRUQD- JUDÀDPHDMXGRXDYLYHQFLDUD Na avaliação do fotógrafo uma formação informal de fo- ensaios ou shows musicais.
lismo da Faculdade Estácio de arte”, relata. Na avaliação de $QGHUVRQ (VSLQRVD GH 3RUWR WRJUDÀD SDUD HVSHWiFXORV ´e 3URFXUHFOLFDUQRVPRPHQWRV
6i GH 6DQWD &DWDULQD D IRWR- Caldas, para alcançar o suces- $OHJUH56DIRWRJUDÀDGHHV- LPSRUWDQWH TXH R SURÀVVLRQDO de fala mais alta dos atores ou
JUDÀD p XP LPSRUWDQWH PHLR VRQDSURÀVVmRpSUHFLVRSUL- petáculos dá-se muito mais no procure sempre aperfeiçoa- quando houver música, pois
para promover os espetáculos PHLUDPHQWH TXH R SURÀVVLR- FDPSR VXEMHWLYR RQGH R SUR- PHQWR HP FXUVRV H RÀFLQDV o ruído da câmera incomoda
e conseguir espaço na mídia, nal goste do assunto – melhor ÀVVLRQDOGHYHHVWDULQVHULGRQR que, geralmente, são ofereci- PXLWRµÀQDOL]D
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
7
Marketing Cultural
Divulgação
Novo projeto de lei pode moralizar a venda de ingressos para estudantes e
minimizar os prejuízos da classe artística. UNE, porém, é contra a proposta
Por Alysson Cardinali Neto tério Público, produtores (de SUHVLGHQWH GD 81( ´7HPRV
teatro, cinema e shows) e enti- posição contrária à proposta da
Alegria de uns (estudantes dades estudantis continua. Sem senadora Serrano, pois ela res-
e idosos acima de 65 anos), SUHYLVmRGHWUpJXDV$ÀQDOFDGD tringe a meia entrada, um direi-
tristeza de outros (produtores, um vê, apenas, o seu lado. O MP to histórico dos estudantes, e os
empresários do mundo da arte é a favor de uma nova lei, mas, priva de acesso a elementos cul-
e, óbvio, parte do público que digamos, salomônica, ou seja, turais que fazem parte do pro-
não tem acesso a tal benefí- TXHEHQHÀFLHWDQWRRHVWXGDQWH cesso educativo. Entendemos
FLR$VVLPSRGHVHUGHÀQLGDD quanto os estabelecimentos que que não deve haver restrição ao
adoção da meia-entrada, criada fornecem a meia-entrada. Já os direito de meia-entrada, seja em
para democratizar o acesso à produtores querem acabar com bens culturais e esportivos, en-
cultura – em teatros, museus, a lei de meia-entrada e reduzir tre outros”, frisa Ventura.
cinemas, shows, eventos es- os preços dos ingressos cheios Ele, porém, vê lados posi-
portivos etc – mas que, com (sem promoção), enquanto os tivos no novo projeto de lei:
o tempo, e com o derrame de estudantes só pensam em man- “Desejamos realmente que a
carteiras de estudantes falsas ter o direito à cultura por um 81( YROWH D WHU R PRQRSy-
no mercado, tornou-se uma preço mais que acessível. Fato lio da produção de carteiras
polêmica nacional. Um dos é que, hoje, a meia-entrada é estudantis, que nos foi tirado
efeitos de tal polêmica foi de- direito de todo estudante em pelo FHC (ex-presidente Fer-
vastador: o aumento exorbi- qualquer lugar do Brasil. Para nando Henrique Cardoso), o
tante no preço dos ingressos, tristeza de Paulo Pélico, diretor que permitiu o crescimento
que afastou boa parte do públi- da APETESP (Associação dos do ‘mercado de carteiras’, feito
co e virou sinônimo de prejuí- Produtores de Espetáculos Te- por várias entidades não aca-
zo para exibidores de cinema e atrais do Estado de São Paulo). dêmicas, sem vínculo algum
produtores de teatro, entre ou- “Da forma que está, não com os estudantes. Com isso,
tras pessoas ligadas ao mundo dá. A meia-entrada não cum- poderíamos acabar, ou, ao me-
do entretenimento. A celeuma, pre sua função original e só QRVDPHQL]DUDIDOVLÀFDomRGH Pélico é contra a meia-entrada: “Queremos é corrigir uma anomalia.”
DOLiVSDUHFHHVWDUORQJHGRÀP favorece quem tem alto poder carteiras estudantis”, frisa Cha-
Em dezembro do ano passa- aquisitivo, além de permitir a gas, referindo-se à Medida Pro- a ser livremente produzidas ÀODGDYHQGDGHLQJUHVVRVQmR
do, novo projeto de lei sobre o emissão de inúmeras carteiras visória (MP) 2.208/01, que, em pelas próprias escolas e cur- anda. Da forma como é feito
tema foi aprovado na Comissão de estudantes falsas e prejudi- 2001, durante o governo FHC sinhos, o que determinou, KRMHQmRWHPRVFRPRÀVFDOL-
de Educação, Cultura e Esporte car quem paga a entrada pelo e capitaneada pelo então minis- QR ÀQDO GD GpFDGD GH zar”, revela Pélico.
do Senado – o texto, da sena- valor inteiro. Hoje, temos tro da Educação, Paulo Renato e início da década de 1980, O diretor da APETESP
dora Marisa Serrano (PSDB- uma política de preços en- de Souza, tirou o controle ex- que até camelôs vendessem, lamenta, porém, o posicio-
MS), restringe a meia-entrada a gessada pela meia-entrada”, clusivo sobre a emissão de car- em praça pública, identidades QDPHQWR GD 8QLmR 1DFLRQDO
eventos culturais e esportivos, avalia Pélico. “Acredito que a WHLULQKDVGD81(HGD8%(6 estudantis falsas e sem legiti- dos Estudantes perante o
além de vetar a sua validade nos nova lei não resolverá o pro- o que permitiu que qualquer midade (o quadro só foi ame- novo projeto de lei votado no
FLQHPDVHPÀQDLVGHVHPDQDH blema, mas o atenuará muito. estabelecimento, associação ou nizado com a reconstrução 6HQDGR ´$ 81( DFKD TXH R
feriados locais ou nacionais (em Depois de aprovada, dentro agremiação estudantil tivesse o das entidades estudantis, o empresário é obrigado a pa-
outros eventos, como peças te- de pouco tempo o preço do direito de produzi-las. que reestruturou o benefício gar pela meia-entrada. Uma
atrais e shows, a meia-entrada ingresso cairá e colocará no “A partir daí, qualquer es- da meia-entrada, com leis es- pena, pois a responsabilidade
não valerá de quinta-feira a sá- mercado a população que cola, curso, agremiação ou en- taduais por todo o País). é do Estado. O que quere-
EDGR 'HÀQH WDPEpP TXH não tem acesso à cultura de- tidade estudantil passou a pro- Paulo Pélico faz coro com mos é corrigir uma anomalia
apenas 40% dos ingressos de vido ao elevado valor do in- duzir a carteira, sem nenhum RYLFHSUHVLGHQWHGD81(HP que penaliza o produtor e a
um evento sejam vendidos pela gresso cobrado de quem não SDUkPHWUR RX ÀVFDOL]DomR relação às facilidades que as população que paga inteira”,
metade do preço para alunos do tem carteirinha de estudante. Dessa forma, multiplicaram- pessoas têm, hoje, para adqui- diz Pélico, que mantém a es-
ensino formal (os de pré-vesti- 0DVQmRDGLDQWDOHLVHPÀVFD- se as ‘empresas de carteirinha’, rir a carteira de estudante. Ele perança de que a polêmica
bulares e os cursos de idiomas OL]DomR 8PD YH] ÀVFDOL]DGD FRPFODURVREMHWLYRVÀQDQFHL- dá dicas de como se evitar as VREUH D PHLDHQWUDGD VHUi À-
ÀFDULDPIRUDHGHYROYHj81( com os preços caindo, haverá ros, sem nenhum compro- IDOVLÀFDo}HV´1mRWHQKRQ~- nalizada. “As pessoas enten-
8QLmR 1DFLRQDO GH (VWXGDQ- maior venda de ingressos”, misso com a credibilidade meros exatos sobre isso, mas dem a meia-entrada como um
tes) e UBES (União Brasileira acredita Pélico. GD LGHQWLÀFDomR HVWXGDQWLOµ é grande a quantidade de pes- direito adquirido. Além disso,
de Estudantes Secundaristas) a -i D 81( 8QLmR 1DFLRQDO acrescenta o vice-presidente soas que exibe carteira falsa trata-se de uma medida im-
expedição das novas carteiras dos Estudantes) vê com ressal- GD 81( HQWLGDGH TXH GHWL- na bilheteria. Muitas, inclusi- popular para os políticos, que
estudantis, que, caso a lei seja vas a mudança na lei da meia- nha, desde a década de 1940, ve, grosseiramente produzi- não se dispõem a acabar com
aprovada, serão padronizadas e entrada (é a favor do documen- o direito de o estudante pagar das. Deveria haver um cadas- a meia-entrada para não per-
feitas pela Casa da Moeda, com WR ~QLFR GH LGHQWLÀFDomR PDV somente metade do valor dos tro das pessoas, das escolas. der votos. Fica a impressão
RQRPHGH&DUWHLUDGH,GHQWLÀ- contra as restrições ao uso da ingressos. Direito, aliás, que Tudo informatizado, inclu- de que eles tirariam a meia-
cação Estudantil. carteirinha). Como o presidente começou a ser descaracteri- sive, com cartão magnético. entrada dos idosos e estudan-
1RHQWDQWRHQTXDQWRWDOOHL da entidade, Augusto Chagas, zado após o golpe militar, em Quando vejo uma carteira do tes, o que não é verdade. Mas,
não for aprovada (ou vetada) estava na Europa, quem falou 1964, com o fechamento das interior do estado não tenho apesar de ser uma medida im-
pelo presidente Luiz Inácio Lula sobre o tema ao Jornal de Te- entidades estudantis. A partir como checar pois, se criar popular, acredito que as coi-
GD6LOYDRFRQÁLWRHQWUH0LQLV- atro foi Tiago Ventura, vice- daí, as carteirinhas passaram caso, dá polêmica, polícia, a sas irão melhorar”, diz.
8 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro
Entrevista
Fotos: Divulgação
acaso é mero coadjuvan-
Q
uando mudou-se te. Quem a vê em cena,
do interior de Mi- não tem dúvidas de que
nas Gerais para o talento e a vocação fo-
São Paulo, aos 17 anos, ram os seus principais
Regina Braga carregava norteadores. Em cartaz
consigo a vontade de fu- no Rio de Janeiro, no
gir do cenário ao qual as Sesc Ginástico, com a
garotas daquela cidade peça “Por um Fio” (adap-
eram levadas. Casar-se tação do livro homônimo
com um fazendeiro não do seu marido Drauzio
passava pela sua cabe- Varella, com quem é ca-
ça. Tão pouco tornar-se sada há 27 anos) – de-
atriz. Enquanto as ami- pois de temporadas de
gas faziam planos para a sucesso em Porto Ale-
vida ao lado de um “Rei gre, em Belo Horizonte e
do Gado”, Regina queria em São Paulo –, Regina
apenas ser diferente. Ir Braga conta ao Jornal
para a cidade grande era de Teatro como é dividir
um bom começo. Cogi- com o público histórias
tou, em certo momento, tão pessoais. Fala, tam-
ser jornalista. Mas o des- bém, da experiência de
tino lhe reservava outro vida que “Por um Fio” a
caminho. O acaso a le- proporcionou e sobre a
vou para os palcos. Re- sua nova forma de lidar
gina formou-se pela EAD com o tempo, além de
(Escola de Artes Dramá- relembrar momentos da
ticas de São Paulo), inter- carreira (diz ter apreço
pretou grandes persona- por todas as persona-
gens, recebeu prêmios gens vividas) e demons-
e encontrou no teatro a tra insatisfação e desâni-
sua praia. Mesmo em mo com a Lei Rouanet.
São Paulo. No entanto, “É muita burocracia, isso
na história dos 42 anos não incentiva”, desabafa. Atriz revela estar cansada e desanimada com o teatro devido a burocracia para se conseguir incentivos
JT – Nos palcos, o que gosta- “Por um Fio” com Regina Braga e Rodolfo Vaz está em cartaz no Teatro Sesc Ginástico, no centro do Rio de Janeiro, de quinta a domingo às 19h
ria de fazer e que ainda não fez?
RB – Estou muito desanimada D ($' H FRQIRUPH ÀFDYD Oi
no teatro com a questão da pro- tinha a sensação de um mundo
dução. A burocracia hoje em dia novo, de portas se abrindo. Fi-
é muito grande. Isso me cansa. quei amiga de atrizes e achei o
Conseguir uma renovação na ambiente de teatro muito bom,
Lei Rouanet, por exemplo, é TXHULDÀFDUSHUWRGHVVHXQLYHU-
muito complicado. Isso desa- so. Eu achava os artistas muito
nima. Tenho vontade de fazer bacanas. Isso me conduziu ao
uma peça grega, mas, só de sa- WHDWUR 'Dt IXL ÀFDQGR H HV-
ber todo o trabalho que dá para tou até hoje. E ainda continuo
conseguir verba, acabo broxan- achando os artistas ótimos.
do. Quando me vem uma von-
tade eu a abafo e penso duas -7²$WXDUHP´3RUXPÀRµ
vezes, pois dá muito trabalho é uma experiência muito
e corre-se o risco de, quando pessoal, dolorida (Regina é
estiver pronto, não conseguir casada com Drauzio Varella,
patrocínio. Queria muito fazer a autor do livro, há 27 anos)?
Bishop novamente, pois foi um RB – Tem muita proximidade.
sucesso. Mas tem muitos entra- $ÀQDO QR OLYUR VRX FLWDGD DO-
ves para se renovar com a Roua- gumas vezes. Mas isso não po-
net. São várias etapas e critérios deria ser levado para o palco.
sem porquês. Não era o propósito. Foi muito
complicado no começo.
JT – O teatro é a sua praia?
É o espaço que mais te com- JT – Durante a peça, é possí-
pleta como atriz? vel sentir uma carga de emo-
RB – É sim, mas não se trata ção diferente na sua atuação.
A atriz nasceu no interior de Minas Gerais, mas mora desde os 17 anos em São Paulo
de algo ideológico. Minha fami- Isso tem a ver com a sua pro-
liaridade com o teatro é muito ximidade com as histórias mais racional. Outro detalhe -7 ² 7RQ\ 5DPRV FODVVLÀFRX forma, sim. A peça deixa aquela
antiga. Eu não tinha nenhuma contadas, como a de Fernan- importante é a minha relação ´3RUXPÀRµFRPRXPHVSH- obrigação de ir direto ao que é
pretensão de ser atriz, morava do, irmão do seu marido? com os gestos. Aprendi a não táculo abençoado, por se tratar importante na vida, ir de encon-
em uma cidadezinha do inte- RB – Quando começamos usar os gestos de forma banal, de um tema tão duro de forma tro ao fundamental.
rior, perto do Mato Grosso, e os ensaios, eu não conseguia mecânica. Os gestos são muito terna e sem parecer piegas.
ser artista não fazia parte do fazer a leitura do texto sem marcantes em “Por um Fio”. Você tem medo da morte? JT – Quais são seus próxi-
repertório de quem morava lá. chorar. Mas, com o tempo, a RB – Tenho sim. E quem no mos projetos?
As minhas amigas se prepara- direção me conduziu para um JT – Vocês pensaram em IXQGRQmRWHP"$UHÁH[mRVR- RB – Tenho alguns projetos em
vam para casar com fazendeiro. distanciamento (n.r.: a direção contar as outras histórias do bre isso ajuda você a melhorar, PHQWHVLPPDVSUHÀURQmRID-
Eu queria ser jornalista, pois, da peça é de Moacir Chaves). livro, fazer roteiros diferen- a ser mais objetivo em relação lar antes para não criar muitas
na minha cabeça, poderia fazer A partir daí, passei a me rela- tes para cada apresentação? ao seu tempo presente. Quando expectativas. Mas volto a dizer,
coisas bacanas. Queria sair do cionar com o texto pelo ritmo, RB – Sim. Seria muito interes- você passa a enxergar limites no a realidade burocrática atrapa-
interior, mas não tinha possi- como se ele fosse uma canção. sante, pois o livro tem outras tempo você pensa melhor no lha, cansa. Penso muito antes
bilidade. Mesmo assim, sem- Hoje, depois das três tempo- histórias belíssimas. Mas não que é fundamental para você. de iniciar um novo projeto por
pre fui ligada à arte. Dançava radas, a emoção deixou de ser daria para inserir no meio da A valorização da vida e da saú- conta disso. Talvez este seja um
e atuava nas peças da escola. pessoal. Esse espetáculo me temporada, seria complicado. de bateu muito forte para mim. bom momento para dar um
Quando me mudei para São proporcionou a oportunidade O tempo não permitiu tam- Na verdade, ninguém está com- tempo. Quem sabe fazer um
Paulo queria apenas sair do in- de aprender a depurar meus bém. Era uma ótima ideia. pletamente preparado para a trabalho na televisão?
terior. Em São Paulo, descobri sentimentos. Aprendi a ser morte, mas para a vida, de certa
10 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro
Dança
(PGHIHVDGREDOp
arros
/ JT
clássico Aos 16 anos, os alunos já
Companhia Brasileira de Ballet Doug
las de B
estão prontos para brilhar
percorre o País e o mundo no Conservatório da Dança
Por Douglas de Barros DQRVQDGDQoD-RUJHH[SOLFDTXHR HQR7HDWUR&DUORV*R- VHJXLGD PRVWUDUHPRV DV FRUHR- -RUJH 7HL[HLUD TXH p IRU-
REMHWLYRGD&%%pUHVJDWDURLQWH- PHV DPERV QR 5LR GH -DQHLUR JUDÀDVGH¶(QWUHRVGHGRV·H¶7R- PDGR HP EHODV DUWHV H[SOLFD
A CBB (Companhia Brasilei- UHVVHGRVEDLODULQRVHGRS~EOLFR 1R-RmR&DHWDQRIRUDPFRQYL- GRVRVFDPLQKRV·FRPSDUWLFLSD- TXH Vy FRPHoRX D WUDEDOKDU
ra de Ballet) surgiu de uma his- SHODVXDDUWH(VWHDQRRJUXSRMi GDGRV RV EDLODULQRV -XDQ 3DEOR omRGRSLDQLVWD9tWRU$UD~MRTXH FRP GDQoD DRV DQRV ´0H
WyULDGHDPRU3UHFLVDPHQWHHP IH]FLQFRJUDQGHVHVSHWiFXORV /HGR %DLODULQR GR 7HDWUR WHPDQRVHpXPDUHYHODomRGD HVSHFLDOL]HL HP GDU DXODV H YL
TXDQGRRLQGXVWULDO3DXOR ´5HFHQWHPHQWH HP 2XUL- Colón, da Argentina) e Daniel P~VLFDHUXGLWDQR%UDVLOµH[SOLFD TXH HVWDYD QR FDPLQKR FHUWR
Ferraz montou o grupo para a QKRV63WUrVPLOSHVVRDVDFRP- &DPDUJR%DLODULQRGR6WXWWJDUW que era isso que eu queria”,
VXD HVSRVD D EDLODULQD 5HJLQD SDQKDUDPHPSUDoDS~EOLFDDHQ- Ballet, da Alemanha), que parti- CAÇA TALENTOS DYDOLD -RUJH TXH UHYHOD TXDLV
)HUUD])RUPDGRQDVXDPDLRULD FHQDomRGRFOiVVLFR¶*LVHOH·1RV FLSDUDPGH´*LVHOHµ-iQR7HD- $ EXVFD SRU QRYRV EDLODUL- VmR DV FRQGLo}HV EiVLFDV SDUD
SRUEDLODULQRVGR7KHDWUR0XQL- DSUHVHQWDPRV WDPEpP QD )HLUD WUR &DUORV *RPHV R JUXSR YDL QRVDFRQWHFHQR&RQVHUYDWyULR TXHPVRQKDFRPXPIXWXURQR
FLSDO GR 5LR GH MDQHLUR HVWUHRX GD6DSDWLOKDHP-RLQYLOOH6&H HQFHQDU ´7RGRV RV &DPLQKRVµ %UDVLOHLURGH'DQoDHDWUDYpVGD EDOp ´9RFDomR p R TXH FRQWD
QR 7HDWUR 1RYR DQWLJR 7HDWUR FDGDYH]PDLVRS~EOLFRQRVFR- XPDFRUHRJUDÀDWUtSOLFHYROWDGD 21*3URMHWR&LUDQGDTXHDWXD $ SHVVRD SUHFLVD VHU GHWHUPL-
GD 5HS~EOLFD KRMH VHGH GD 79 EUD D SUHVHQoD e XPD FDUDFWH- SDUD D GDQoD FRQWHPSRUkQHD HP FRPXQLGDGHV FDUHQWHV H Mi nada e ter força de vontade,
%UDVLO ² 5- PDV HQFHUURX WUD- UtVWLFD QRVVD OHYDU R EDOp SDUD R ´(VVH QRYR HVSHWiFXOR IRJH GHVFREULX WDOHQWRV QmR Vy QR DOpP GH XP MRJR GH FLQWXUD
JLFDPHQWH VXDV DWLYLGDGHV GRLV LQWHULRUGR%UDVLOµUHYHOD7HL[HLUD XP SRXFR GD QRVVD OLQJXDJHP %UDVLOPDVHPWRGDD$PpULFD PXLWRJUDQGHµDFRQVHOKD
DQRVGHSRLVTXDQGR)HUUD]FR- 9DPRV DSUHVHQWDU XP WUDEDOKR GR6XO8PDEDLODULQDFRPHoDD
PHWHXVXLFtGLRGHYLGRDSUREOH- APRESENTAÇÕES FRQWHPSRUkQHRPDVHPSRQWDV dar seus primeiros saltos a par-
PDVSROtWLFRVHÀQDQFHLURV RECENTES MiTXHRFOiVVLFRQmRSRGHULDGHL- WLUGRVDQRVFRPFRPHoD CONTATOS
(P DWUDYpV GH XP SH- 3HODSULPHLUDYH]D&%%FRQ- [DUGHHVWDUSUHVHQWHµDÀUPD D HVWDJLDU QD FRPSDQKLD H DRV Disque Dell’Arte: (21) 3235-8545
GLGR IHLWR SRU (PtOLR 0DUWLQV WDFRPRDSRLRGHXPDJUDQGH 7HL[HLUD UHYHOD DLQGD TXH SDVVDDLQWHJUDURÀFLDOPHQWH / 2568-8742
FRRUGHQDGRU GD )XQDUWH j 5HJL- SURGXWRUD$'HOO·DUWRUJDQL]RX R JUXSR UHFHEHX XP FRQYLWH R JUXSR TXH FRQWD KRMH FRP Cia Brasileira de Ballet: (21)
QD)HUUD]RQRPHGDFRPSDQKLD DGXDV~OWLPDVDSUHVHQWDo}HVHP para representar o Brasil no Fó- PHPEURV -i HQWUH RV PH- 2568-1988 / 2568-6230 www.
IRL FHGLGR DR SURIHVVRU H GLUHWRU XPORWDGR7HDWUR-RmR&DHWDQR UXP GH 'DQoD GH 0{QDFR HP QLQRV p FRPXP R DGROHVFHQWH ciabrasileiraballet.kit.net / www.
DUWtVWLFR -RUJH 7HL[HLUD HP UHFR- QRVGLDVHGHDJRVWRHHVWi ´$EULUHPRV D QRLWH FRP LQJUHVVDUVRPHQWHDRVRX conservatoriadanca.com.br
um ensaio aberto do que vamos anos, devido, muitas vezes, ao Rua Santo Afonso, nº 153, Tijuca
QKHFLPHQWRjVXDOXWDDIDYRUGD jIUHQWHWDPEpPGDVWUrVDSUH-
– Rio de Janeiro
GLYXOJDomRGREDOpFOiVVLFR+i VHQWDo}HVGHVHWHPEURGLDV DSUHVHQWDUHP0RQWH&DUOR(P SUHFRQFHLWRGRVIDPLOLDUHV
Divulgação
com esse tipo de público e ter se encan-
tado com esse tipo de arte. Nossa luta é
Entre os principais sindicatos de SDUDGLJQLÀFDUHVVHVDUWLVWDVHQRVID]HU
teatro no Brasil está o CBTIJ (Centro UHVSHLWDU3RUHQTXDQWRRFDFKrDLQGDp
Brasileiro de Teatro para a Infância e Ju- menor para o nosso segmento por essa
ventude), criado em dezembro de 1995 desvalorização”, revela.
SRUSURÀVVLRQDLVGDiUHDGHWHDWURSDUD Para dar ainda mais força ao segmen-
crianças e jovens. Trata-se de uma enti- WRDHQWLGDGHOXWDHP%UDVtOLDSDUDGDUDR
GDGHVHPÀQVOXFUDWLYRVTXHWHPFRPR PNC (Plano Nacional de Cultura) maior
REMHWLYR D XQLmR GRV SURÀVVLRQDLV GD prioridade a esse tipo de teatro, com base
iUHDHDH[SDQVmRGHXPWHDWURGHTXDOL- QRTXHHVWiGHÀQLGRQR(&$(VWDWXWR
dade. Entre as missões do centro está a da Criança e do Adolescente). “Mesmo
promoção de ações para a divulgação, a DVVLPDSyVTXDVHDQRVGHH[LVWrQFLD
difusão e o desenvolvimento do teatro, VHQWLPRVTXHDLQGDKiPXLWRVDYDQoRVD
DOpPGDGHIHVDGDSURÀVVLRQDOL]DomRGD serem feitos. Ainda falta, por exemplo,
classe. A presidente da entidade, Márcia SDWURFtQLRSDUDDiUHDGHSURGXomRFXOWX-
)UHGHULFRHQWUHWDQWRDGPLWHTXHRWHD- UDOLQIDQWLO6yTXHQRVRUJDQL]DPRVSDUD
tro feito para crianças e jovens ainda não atingir todos os nossos objetivos. Temos
tem o reconhecimento devido em meio XPFRQVHOKRGHSURÀVVLRQDLVTXHVH
à classe, apesar de já ter obtido grandes UH~QHP TXDVH WRGDV DV VHPDQDV QR 5LR ȱēǰȱȱÇȱ¨ȱȱȱȬȱȱȱę
avanços nas últimas décadas. de Janeiro, e contamos com aproximada-
“Nós já tivemos muitos ganhos nes- mente 500 associados em todo o Brasil. representante no Brasil da Assitej (Asso- PLFURHSHTXHQDVHPSUHVDVGRVHWRU´1R
se últimos anos. A maioria dos teatros Também usamos o nosso site (www.cbtij. ciação Internacional de Teatro para a In- ÀQDOGHUHDOL]DPRVXPJUDQGHWUDED-
já oferece, por exemplo, o mesmo nú- org.br) para divulgar as nossas atividades fância e Juventude). Em atividade em mais lho para conseguirmos aprovar o projeto
PHURGHUHÁHWRUHVHRPHVPRHVSDoRIt- e apresentar um panorama histórico do GH SDtVHV D HQWLGDGH FRQWULEXL SDUD GHOHLVyTXHD5HFHLWD)HGHUDORFDVVRXQR
VLFR6yTXHSULPHLURWHPRVTXHPXGDU TXHpRWHDWURSDUDDFULDQoDHRMRYHPµ XPDSROtWLFDGHLQFHQWLYRjSURPRomRGD ÀQDOGRDQRSDVVDGR(VVHDQRFRQVHJXL-
a mentalidade da própria classe. Muitos comenta Bernardes. GLJQLGDGH SURÀVVLRQDO QHVWD iUHD 2 FOL- PRVID]HUFRPTXHDOHLYROWDVVHDR&RQ-
atores e atrizes vêem o artista de teatro Entre os aproximadamente 500 asso- ma é de ansiedade entre os diretores do JUHVVRHDJRUDHVSHUDPRVTXHDSURYHP
para crianças e jovens como alguém ciados da entidade, com sede no Catete, CBTIJ também devido à votação no Con- DOHLQRYDPHQWHHDFRORTXHPHPYLJRUMi
com pouco talento ou amador. Não QR5LRGH-DQHLURHVWmRGLUHWRUHVDWRUHV gresso Nacional, nas próximas semanas, QRDQRTXHYHPDÀUPD$QWRQLR&DUORV
pensam na possibilidade dessa pessoa e produtores de teatro para o público in- para a aprovação do Supersimples para a Bernardes, secretário e conselheiro de ad-
realmente ter uma vocação para atuar IDQWRMXYHQLOHPWRGRR3DtV2&%7,-p iUHDFXOWXUDOTXHUHGX]LUiRVLPSRVWRVGH ministração do CBTIJ.
Opinião
Pensamentos insignificantes sobre o livre pensar
Gerson Steves
Disse a um amigo que ia dirigir uma peça e ele perguntou do que falava. Eu não sabia direito. Perguntou Tudo. Em que essa história muda alguma coisa? Nada! Portanto, ela é em si um pensamento insignificante.
o que eu queria dizer e eu também não sabia. Insistiu por saber se tinha uma historinha para interessar as E segue assim: pensando coisas que não tinham a menor importância, dizendo o que me vinha à
pessoas. Essa resposta eu tinha: não. cabeça e tudo sem a menor relevância, escrevendo esses pensamentos sem qualquer distinção. Dediquei
– E como é que você quer que as pessoas se interessem pela peça? anos escrevendo anúncios. Alguns considerados geniais. A pergunta é: por quem? Por gente insignificante,
– Nem sei se é uma peça! é a resposta.
– Se não é uma peça? Então o que é? Anúncios se baseiam em frases feitas, lugares-comuns e trocadilhos. Tudo que você tem que fazer é
– Qualquer coisa... performance, dança, rap-cênico. Sei lá! dar uma cara nova e acrescentar uma imagem aspiracional – que é tudo. É toda imagem que representa
– Mas tem que ter algo pra manter o interesse. Para que as pessoas gostem, continuem sentadas e não algo que não existe daquele jeito, nunca existiu e nunca vai existir; uma vida que todo mundo quer ter, mas
mudem de canal... nunca terá, num lugar que nunca haverá com gente que não existe. Tudo armado, pra convencer pessoas
– Mas é teatro! Não é o Caldeirão do Hulk ou o Fantástico ou Domingo Legal... comuns de que podem ser incomuns. O layout também é importante, tem que ter apetite-appeal e, claro,
– Tem que ter um gancho! não extrapolar o budget permanecendo fiel ao briefing.
Não é novela! Não tem segundo capítulo, nem patrocinador ou merchandising. Não tem que ter gancho! Foi o que eu fiz por anos. Até lembrar o que queria ser quando crescesse e que meus pais, ou a vida
E pensei: “que merda, ele tem razão.” Mas não dei muita bola para esse pensamento. O problema é que o ou sei lá quem conseguiram tirar da minha cabeça por algum tempo. E fiquei bastante infeliz... Estava gordo
nome da peça chegou antes e não tenho fábula, conflito, dramaturgia, ordem dos acontecimentos, antece- pra dançar. Virei ator.
dentes da ação. Nada disso, só pensamentos. Insignificantes. Tem uma atriz que eu gosto muito. E ela faz muito sucesso. É uma senhora séria e adorável. Um dia
E acho que são insignificantes, mesmo! Porque eu sou insignificante. Não fiquei famoso, nem amigo eu a vi dar a seguinte declaração que era mais ou menos assim: “o que faço agrada porque eu sou uma
de nenhum famoso com quem trabalhei. Nunca fui convidado pra nenhuma festa de famoso, nem nunca pessoa mediana e todos os personagens que eu construo são medianos como eu, com angústias medianas
apareci em nenhuma revista de fofoca. O que eu digo sempre ficou restrito a espaços minúsculos como este e questões medianas, que acabam agradando à vizinha do lado...” Taí uma reflexão brilhante.
e para poucos, como agora. Porque o que eu digo não é muito interessante... nem vai mudar o mundo, ou Sempre quis pensar coisas brilhantes e descobri que isso é pra poucos. Eu sou mesmo é mediano e
as pessoas à minha volta. As coisas que eu penso e falo interessam para poucos. insignificante, pra não dizer medíocre, como a maioria das pessoas que conheço. E meu pensamento, por
Acho que comecei a pensar insignificantemente quando me fizeram pela primeira vez uma pergunta decorrência, é pouco transformador. Meu trabalho não faz a menor diferença e o que produzo não vai entrar
meio idiota que todo mundo ouve: o que você quer ser quando crescer? Nossa vida depende de como pra história. Até porque, no futuro, se houver, a história não se ocupará com o que criamos, pensamos ou
respondemos a essa pergunta e de como a resposta é recebida. construímos. A história futura, se houver, vai se ocupar em entender porque destruímos tanto e deixamos
Num mundo mais simples, uma criança em geral respondia os previsíveis: professora, bombeiro, médi- tanto lixo em nosso rastro.
co, engenheiro, advogado. Algumas arriscavam ser piloto de avião, espião ou agente secreto... astronauta, Taí outra coisa insignificante em que eu penso: lixo. Porque a gente tem, compra, guarda, acumula muito
cantora, atriz (não havia ainda as modalidades Maria-chuteira, atriz-modelo-apresentadora ou ex-BBB). Aos lixo nas bolsas, gavetas e armários. Todos os dias a gente clama por lixo. Passo muito tempo pensando em
6 anos, eu enchia a boca e respondia: coreógrafo! Os adultos riam e meu pai se arrepiava. Queria dançar. Via lixo. Acho que é por isso que ainda não sei sobre o que vai ser minha peça, nem o que vou ser quando crescer.
Fred Astaire e Gene Kelly nos musicais da Metro. Babava por Carmem Verônica e Íris Bruzzi nos especiais da
Record, cercadas por um corpo de baile enorme, e tudo que eu queria era dançar! Fazer coisas bonitas como
aquelas. Não sabia que eram cafonas de dar cárie, só achava bonito. E meu pai se arrepiava! Acho que pen- Gerson Steves tem 25 anos de atividades teatrais na cidade de São Paulo,
sava: prefiro um filho viado do que coreógrafo! E o que isso tem a ver com os pensamentos insignificantes? tendo atuado como diretor, dramaturgo, ator, produtor e professor.
12 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro
Reportagem
Teatro e
Por Daniel Pinton
Que tal aliar uma viagem
agradável a uma atraente pro-
gramação cultural? Acredite,
isso é possível e você ainda
pode economizar um bom
dinheiro. Cada vez mais ho-
téis, de Norte a Sul do Brasil,
investem em pacotes culturais
que barateiam – e muito – suas
estadias, desde o apartamento
pacotes
mais simples à suíte mais lu-
xuosa. A iniciativa atrai mais
turistas a cada dia – de todas
as faixas etárias – aos mais
diversos destinos, inclusive
no exterior, e tem alavan-
cado as vendas não só para
atrações culturais, mas para
a rede hoteleira, principal-
mente a voltada para o mun-
do corporativo, considerada
morna, até então, nos finais
de semana. São iniciativas
culturais
que vão desde um simples
desconto na diária do ho-
tel, após a apresentação de
ingresso teatral, a pacotes
pré-programados que in-
cluem estadia mais atividade
cultural. E são eficazes.
O hotel Holiday Inn Salva-
dor, localizado na capital baia-
na, aumentou em 15% o seu fa-
WXUDPHQWRGXUDQWHRVÀQDLVGH
semana desde que entrou em
vigor, em maio, a sua promo-
ção Diária Cultural, que prevê
10% de desconto em qualquer
um dos seus quartos. Para tal,
basta o hóspede carregar, no I M P U L S I O N A M O T U R I S M O
momento do check-in, uma
entrada teatral. “Acreditamos duto do hotel. Criaremos uma ção pela parceria rede hotelei- York e Londres, entre outros, artesãos da feira para o desen-
no teatro. Não só buscamos diária super baixa para hospe- ra/cultura. No Crowne Plaza devemos contribuir para o in- volvimento de louças persona-
UHWRUQR ÀQDQFHLUR PDV WDP- dagem de produtores artísti- Curitiba a iniciativa de apoio cremento da cultura nesses lizadas à mão com os pontos
bém, uma imagem do hotel re- cos, de staff, do próprio artista. à cultura local não é nova. O locais. O público do nosso ho- turísticos da cidade. Também
lacionada à cultura. Queremos Quero aplicar isso no ano que hotel já foi parceiro de bares tel é bastante crítico e aprecia oferecemos uma programação
pessoas ligadas à arte no nosso vem”, revela. como o Era Só o que Faltava, as manifestações culturais. diferenciada aos domingos,
hotel, pois é muito bom para *HRJUDÀFDPHQWH XP SRX- que toda semana apresentava Acreditamos muito no tea- que inclui café-da-manhã com
nossa marca”, explica Bárbara co mais distantes, mas com um número diferente de comé- tro, inclusive como importante música ao vivo, estacionamen-
Câmera, diretora de Vendas ideias semelhantes, os hotéis dia stand-up. Hoje o hotel se or- ferramenta da educação. Com to e almoço para incentivar as
e Marketing do Holiday Inn Crowne Plaza Curitiba; Plaza gulha de ser muito mais do que certeza, vale à pena apostar pessoas a visitarem a feira”,
Salvador, acrescentando que a Camboriú, em Santa Catarina; um parceiro econômico da arte nele e em outras manifesta- explica a assessoria do Crowne.
Diária Cultural tem feito tanto e a Rede Accor, através dos local, mas um elemento pro- ções de cultura e arte. Além $ UHGH 0HUFXUH QmR ÀFD
sucesso que ela planeja, em um hotéis Mercure em todo Bra- pulsor para o desenvolvimento da Diária Cultural, apoiamos atrás. De sexta-feira a domin-
futuro próximo, criar projetos sil, também tem aumentado a social de Curitiba. a tradicional Feira do Largo da go, o hóspede garante uma
mais audaciosos ligados ao te- GHPDQGD QR ÀQDO GH VHPDQD “Como a bandeira Crow- Ordem, que acontece aos do- diária a R$ 139 ao apresentar,
atro. “Queremos transformar por conta da Diária Cultural, ne Plaza está hoje em grandes mingos, próximo ao hotel. Es- no check-in ou no check-out,
essa campanha em um pro- que virou sinônimo de satisfa- centros urbanos, como Nova WDPRVÀUPDQGRSDUFHULDVFRP um ingresso de cinema, tea-
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
13
Reportagem
Fotos: Divulgação
tro ou museu, gratuito ou não, ting de uma produção teatral, gratuitamente a seus hóspe-
frequentado durante a estadia. por exemplo, entrarem em des entradas para produções
A promoção, mais do que um contato com o Marketing de teatrais.
incentivo às vendas, faz parte um hotel e estes fazerem uma “Como hospedamos al-
de uma estratégia de marke- permuta. A produção artísti- guns artistas, surgem pro-
ting institucional de apoio à ca oferece alguns ingressos postas para apoio teatral. O
arte. Desde sua criação, a Di- de seus espetáculos e, em tro- nosso ganho institucional é
ária Cultural do Mercure já ca, ganha exposição de mar- maior que do que o das ven-
apoiou dezenas de espetáculos ca no estabelecimento e/ou das. Não diria que seja de-
teatrais como “Beatles num acomodações para seu staff. cisivo, mas é um fator que
Céu de Diamantes”, “A Noviça Outra parceria com o te- pode influenciar na opinião
Rebelde”, “Sete – O Musical” atro é a do hotel Staybrid- do cliente”, pondera Douglas
e “Lucio 80/30”. Além disso, ge Suites, em São Paulo. Há Meneses, diretor de Marke-
ofereceu patrocínio aos longas- mais de dois anos, o estabele- ting e Vendas do Staybridge.
metragens “Orquestra dos Me- cimento oferece dois pacotes
ninos”, “O Signo da Cidade” e culturais nos moldes da Di- AGÊNCIA MIRA NA
“Onde andará Dulce Veiga?”. ária Cultural, porém, de for- TERCEIRA IDADE
A rede de hotéis ainda pre- ma um pouco mais ampliada. A terceira idade é outro ni- No sentido horário: o Holiday Inn Salvador, que oferece
Yr DWp R ÀP GH DSRLR Atualmente, as montagens cho que cada vez tem atraído Diária Cultural; o material promocional de “O Zoológico
a 131 espetáculos teatrais em do musical “A Noviça Rebel- a atenção da rede hoteleira, de Vidro”, parte do pacote promocional do Staybridge; e o
de” e da peça “O Zoológico Mercure Arpoador (RJ), outro que dispõe de Diária Cultural
todo o País. “A rede Mercure das agências de viagens e de
incentiva a cultura em todas de Vidro” são prestigiadas na agências de intercâmbio por
as suas formas, o que inclui o promoção que oferece diária conta de sua expansão demo- ções de viagem ao exterior A BEX oferece pacotes
teatro. O apoio a arte é fator mais ingresso para uma das gráfica nos últimos anos. De especiais a idosos, só em para cidades no exterior onde
fundamental de nosso posi- peças por um preço muito acordo com o IBGE (Insti- HQYLRX PDLV GH LQ- intercambistas, independente
cionamento e agrega uma per- menor em relação à compra tuto Brasileiro de Geografia tercambistas seniores para da idade, pode desfrutar de
cepção positiva para a marca. avulsa dos dois. A entrada e Estatística), a população fora do País, em um modal intensa atividade cultural.
Assim como no teatro, a em- para o musical mais a diária da chamada melhor idade que até pouco tempo mirava 3RUSRXFRPDLVGH5
presa valoriza o contato hu- de final de semana no ho- cresceu 47,8% no Brasil, na apenas jovens estudantes. “O o turista vai a Bournemou-
mano como fundamento da WHO HP VXtWH VDL SRU 5 última década. O aumento, crescente aumento da popu- th, cidade litorânea na Re-
hospitalidade vivenciada em o apartamento single e R$ ano após ano, no número de lação idosa fez com que sur- gião Sudoeste da Inglaterra,
cada um de nossos hotéis”, R DSDUWDPHQWR GXSOR idosos aliado a uma situação gissem mais opções de cultu- e, além de desfrutar de ati-
justifica Guilherme Boujadi, No caso de “O Zoológico de financeira mais estável deste ra e diversão para este nicho. vidades culturais na cidade,
gerente de Marketing da rede. Vidro”, o cliente gastará R$ nicho e de maior tempo li- Aprender ou aprimorar um tem direito a um programa
Por outro lado, é extrema- SHORVLQJOHH5SHOR vre para passear e curtir suas novo idioma, conhecer novas de duas semanas de curso
mente interessante também duplo. O hotel, que é o único aposentadorias fez com que culturas e pessoas, são alguns GH LQJOrV FRP DXODV VH-
para os produtores culturais da bandeira IHG (InterCon- empresas investissem tam- dos atrativos que têm feito manais, entre outros. Na ci-
associarem e explorarem suas tinental Hotels Group) a ofe- bém em pacotes culturais idosos procurarem por pro- dade, culturalmente rica, o
imagens na rede hoteleira. É recer diferentes pacotes cul- voltados à terceira idade. gramas de intercâmbio cul- turista pode visitar o Museo
uma prática comum, há anos, turais a seus clientes, tem o A BEX Intercâmbio, por tural”, explica Flávio Crusoé, Russell-Cotes, além do seu
os departamentos de Marke- costume também de oferecer exemplo, que oferece condi- diretor da agência. instituto de arte.
14 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro
Reportagem
Fazer acontecer
Crescimento no número
Paloma Jacobina/ JT
de cursos e da deman-
da do mercado mostra
que o produtor cultural
está cada vez mais pre-
parado para tomar para
si a responsabilidade de
pensar a cultura
Especial
Agora
Divulgação
GO!
Cena teatral goiana
se reúne para mostrar
a que veio
Por Rodrigoh Bueno
O trabalho dos atores criado-
res volta a ser discutido na quin-
ta edição do evento intitulado
Encontro de Atores Criadores –
Festival Internacional de Teatro.
Este ano, o tema será “O Teatro
de Grupo e a Nova Cena Goia-
na”, onde todos os espetáculos
apresentados serão de grupos
goianos. A ideia é realizar uma
Nova cena goiana: cabaré realizado na edição 2008 do evento, em Goiânia, com a palhaça Ana Banana, do Zabriskie Teatro
espécie de manifesto a respei-
to desta “Nova Cena Goiana”,
com a participação de grupos PROGRAMAÇÃO
que trabalham na perspectiva do V FÓRUM SOBRE TEATRO FÍSICO ESPETÁCULOS: “DAS SABOROSAS AVENTURAS DE no Teatro da UCG
teatro físico e do teatro de grupo. Dia 14/09 DARK JOANA Com Ilka Portela DOM QUIXOTE DE LA MACHA E SEU
O evento, iniciado em 2005, já 10h às 12h: Mesa Redonda Dia: 03/09 (Quinta-feira), às 21hs ESCUDEIRO SANCHO PANÇA – UM TRAVESSIA – PARTE II: DE TÃO
contou com a presença de vá- sobre “O teatro de grupo na cena no Teatro Goiânia Ouro CAPÍTULO QUE PODERIA TER SIDO” LONGE VENHO VINDO - Grupo
rios artistas de todo o mundo, contemporânea”, com Jorge - Grupo Teatro Que Roda Teatro Ritual
representantes das linguagens Vermelho (PR), Eid Ribeiro (MG), TUDO SERTO Com Jô de Oliveira Dia: 10/09 (Quinta-feira), às 16hs Dia: 12/09 (Sábado), às 20hs
da mímica, do teatro físico e do Zé Alex (RJ), Sergio Maggio (DF) Dia: 10/09 (Quinta-feira), às 21hs na rua 8 (Rua do Lazer), Centro no Teatro Goiânia Ouro
palhaço, como Odin Teatret, Via e Ednea Maria (GO) e Valbene no Teatro Goiânia Ouro
Rosse, Teatro de Anônimo e Ta- Bezerra(GO) TRAVESSIA – PARTE I: A PARTIDA - NOITE DECAMERON - Grupo Zabriskie
dashi Endo, entre outros impor- 14h às 15h20: Mesa Redonda I BELIEVE Com Pablo Angelino Grupo Teatro Ritual Dia: 12/09 (Sábado), às 22h00hs
tantes nomes. sobre “O teatro de grupo em Goi- Dia: 17/09 (Quinta-feira), às 21hs Dia: 11/09 (Sexta-feira), às 20hs no Teatro Goiânia Ouro
O Encontro de Atores Cria- ás” com os Grupos : Arte e Fatos, no Teatro Goiânia Ouro no Teatro Goiânia Ouro
dores acontece na cidade de Teatro Que Roda, Zabriskie, Bastet A HISTÓRIA É UMA HISTÓRIA -
Goiânia, entre os dias 9 e 14 de e Teatro Ritual. PRELÚDIO Com Nando Rocha BALADA DE UM PALHAÇO - Grupo Grupo Bastet
15h às 16h30: Palestra “O ator Dia: 24/09 (Quinta-feira), às 21hs Arte e Fatos Dia: 13 (Domingo), às 20hs
setembro. Mais informações em
compositor” com Matteo Bonfitto no Teatro Goiânia Ouro Dia: 11/09 (Sexta), às 21hs no Teatro Goiânia Ouro
www.teatroritual.com.br
18 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro
Política Cultural
Divulgação
O avanço da gripe In-
ÁXHQ]D$+1QR%UDVLO²
TXHMiFDXVRXPRUWHVQR
3DtV DWp R IHFKDPHQWR GHVWD
HGLomR²FRPHoDDFDXVDUSUH-
MXt]R QRV WHDWURV EUDVLOHLURV
2 (VWDGR PDLV DIHWDGR p R
3DUDQi $V UHFRPHQGDo}HV
GR 0LQLVWpULR GD 6D~GH SDUD
TXH VH HYLWHP DJORPHUDo}HV
FRPR PHGLGD GH SUHYHQomR
jV FRQWDPLQDo}HV SHOR YtUXV
UHVXOWRX SRU H[HPSOR QR
DGLDPHQWR GH HYHQWRV TXH
VHULDP UHDOL]DGRV HP DJRV-
WR QR 7HDWUR 3RVLWLYR HP
&XULWLED H HP RXWURV WHDWURV
LPSRUWDQWHV GDTXHOD UHJLmR
2SUHMXt]RÀQDQFHLURQR3R-
VLWLYRGHYHÀFDUHPWRUQRGH Teatro Positivo adiou apresentações, mas diretor lembra que segue recomendações do Ministério da Saúde Dispensers no teatro Guaíra
5 PLO (QWUH DV SHoDV
DGLDGDVHVWmR´0DPPD0LDLQ
&RQFHUWµ FRP $EED 0DJLF PiVFDUDV FLU~UJLFDVµ JDUDQWH R S~EOLFR GHYH DRV SRXFRV TXH HVWD HSLGHPLD QmR WHP ,QÁXHQ]D $ +1 QD $U-
´1R3DtVGH$OLFHµFRP5R- 0DUFHOR )UDQFR GLUHWRUJHUDO YROWDUDORWDUDVVDODVGH&XUL- QDGD GLIHUHQWH GH RXWUDV FR- JHQWLQD RV WHDWURV GDTXHOH
JpULD +ROW] ´$ 1RLWH GD -R- GR7HDWUR3RVLWLYR WLED FRPR ID]LD DQWHV GR VXU- PXQVTXHMiDSDUHFHUDP3RU SDtV IHFKDUDP VXDV SRUWDV
YHP *XDUGDµ H ´3XW] *ULOOµ $WpRGLDGHDJRVWR JLPHQWRGDHSLGHPLD2&HQ- HVWH SkQLFR JHUDGR VDEHPRV GXUDQWHRPrVGHMXOKR$RU-
FRP2VFDU)LOKR2YDORUGRV PRUWHV RFRUUHUDP QR 3DUDQi WUR &XOWXUDO 7HDWUR *XDtUD TXH IXQFLRQiULRV GH PXLWRV GHP IRL GR JRYHUQR IHGHUDO
LQJUHVVRV IRL UHVVDUFLGR QRV SRU FDXVD GD JULSH ,QÁXHQ]D HP &XULWLED 3DUDQi WDPEpP WHDWURV QR %UDVLO SHUGHUDP R MXQWR FRP D $VVRFLDomR GH
SRQWRVGHYHQGDV $+1GHDFRUGRFRPD6H- GHFLGLX WRPDU XPD VpULH GH HPSUHJR$ySHUD´&DUPHQµ (PSUHViULRV7HDWUDLVDUJHQWL-
´7RPDPRV HVVD DWLWXGH FUHWDULD(VWDGXDOGH6D~GH2 PHGLGDV GH SUHYHQomR FRQWUD TXH ÀFRX HP FDUWD] HQWUH RV QD$GHFLVmRIRLWRPDGDDSyV
SRU LQGLFDomR GR 0LQLVWp- Q~PHURGHFDVRVFRQÀUPDGRV D JULSH ,QÁXHQ]D $ +1 GLDV H GH DJRVWR UHFH- VHPDQDV GH VDODV YD]LDV H GH
ULR GD 6D~GH (QWUDPRV HP GD GRHQoD QR (VWDGR FKHJRX SDUD WUDQTXLOL]DU R S~EOLFR EHX FLQFR PLO SHVVRDV TXDQ- PXLWR GHEDWH H SROrPLFD QD
FRQWDWR FRP RV SURGXWRUHV D$OpPGLVVRVL- TXH IUHTXHQWD RV HVSHWiFXORV GRRQRUPDOVHULDXPS~EOLFR LPSUHQVD GDTXHOH SDtV VREUH
HGHFLGLPRVDGLDUDVDSUHVHQ- WXDo}HV VXVSHLWDV IRUDP GHV- $ÀQDOGHDFRUGRFRPRGLUH- GHVHWHPLO4XDQGRFRPHoD- DV PHGLGDV RÀFLDLV WRPDGDV
WDo}HV7LYHPRVHVVDGHFLVmR FDUWDGDV 2 PDLRU Q~PHUR WRUDGPLQLVWUDWLYRHÀQDQFHLUR UDPWRGDVDVLQIRUPDo}HVVR- DWpHQWmRTXHQmRVHULDPXQL-
SRU GRLV PRWLYRV EiVLFRV D GH FDVRV UHJLVWUDGRV GD JULSH GR ORFDO :DOWHU *RQoDOYHV EUHDJULSH,QÁXHQ]DSRUpP ÀFDGDV$LQÁXHQ]DMiFDXVRX
IDOWD GH S~EOLFR VXILFLHQWH H VXtQD p GD UHJLmR GH &XULWLED Mi KRXYH UHGXomR GH QR QRV SUHRFXSDPRV HP HQWUDU D PRUWH GH SHOR PHQRV
DSUHFDXomRFRPRHVWDGRGH 0HVPRGLDQWHGDVHVWD- S~EOLFR GD FDVD GHVGH R VXU- HP FRQWDWR FRP D SUHIHLWXUD SHVVRDV QD $UJHQWLQD RQGH
VD~GH GRV QRVVRV IXQFLRQi- WtVWLFDV D )XQGDomR &XOWXUDO JLPHQWR GD JULSH (QWUH DV GH &XULWLED SDUD VDEHU FRPR R IHFKDPHQWR GRV WHDWURV
ULRV H GRV DUWLVWDV (P XPD GH &XULWLED SRU PHLR GH VXD PHGLGDV DGRWDGDV SHOD GLUH- SRGHUtDPRV QRV DGHTXDU -i IRL FRQVLGHUDGR XP GHVDVWUH
DSUHVHQWDomR GD 2UTXHVWUD DVVHVVRULD ODPHQWD TXH XPD omRGRWHDWURHVWmRDRIHUWDGH SRVVXtDPRV XPD SROtWLFD GL- QR VHWRU HFRQ{PLFR FXOWXUDO
)LODUP{QLFD GH ,VUDHO QR TXDQWLGDGHVLJQLÀFDWLYDGHHV- PiVFDUDVFLU~UJLFDVQDHQWUDGD IHUHQFLDGD SDUD D KLJLHQH GR $ÀQDOMXOKRpXPGRVPHOKR-
LQtFLR GH DJRVWR UHFHEHPRV SHWiFXORV WHQKD VLGR FDQFHOD- GRV HVSHWiFXORV jTXHOHV TXH QRVVR WHDWUR H DJRUD WRPD- UHVPHVHVGDDWLYLGDGHGHYLGR
XP S~EOLFR PHQRU TXH GD PDV OHPEUD TXH D JUDQGH DV MXOJXHP QHFHVViULDV H QRV PRVDLQGDPDLVPHGLGDVSDUD jV IpULDV GH LQYHUQR (VWLPD-
R HVSHUDGR 2V HVSHWiFXORV PDLRULD GHYHUi VHU HQFHQDGD EDQKHLURV dispensers FRQWHQGR SURWHJHU R S~EOLFR $ÀQDO R WLYDV GRV HPSUHViULRV VmR GH
QmR IRUDP FDQFHODGRV PDV HP VHWHPEUR 3DUD R yUJmR iOFRROJHO WDPEpP SUHVHQWHV 7HDWUR*XDtUDpUHIHUrQFLDQR TXHKRXYHTXHGDGHQDV
SRVWHUJDGRV 0HVPR DVVLP QmRKiFRPRPHGLURVSUHMXt- QRVFRUUHGRUHVGRORFDODOpP %UDVLO H WHPRV GH QRV SUHFD- YHQGDV FRPSDUDGDV FRP MX-
FDOFXODPRV TXH WHUHPRV XP ]RVÀQDQFHLURVFDXVDGRVSHODV GRV URWLQHLURV HTXLSDPHQWRV YHUµFRPHQWD:DOWHU OKR GH $ $VVRFLDomR
SUHMXt]R GH 5 PLO (P PHGLGDV DGRWDGDV SHORV SULQ- GHKLJLHQH 2 FDQFHODPHQWR H R DGLD- GH(PSUHViULRV7HDWUDLVWDP-
VHWHPEURFRQWLQXDUHPRVFRP FLSDLVWHDWURVGDFLGDGH ´+RXYH XP SkQLFR PXLWR PHQWRGHHVSHWiFXORVWHDWUDLV EpPGLYXOJRXTXHRVXUWRGD
PHGLGDVGHSUHFDXomRFRPRD $ IXQGDomR SRUpP DOH- JUDQGHDPHXYHUVHPH[SOL- QmR VmR DOJR LQpGLWR QRV QR- JULSHQD$UJHQWLQDGLPLQXLX
GLVSRQLELOL]DomR GH iOFRROJHO JD TXH D VD~GH GD SRSXODomR FDomR Mi TXH DV LQIRUPDo}HV WLFLiULRVGR3DtVHGRPXQGR HPRQ~PHURGHHVSHF-
QRV HVSHWiFXORV H D RIHUWD GH HVWi HP SULPHLUR OXJDU H TXH TXH OHPRV H RXYLPRV VmR GH 'HYLGR DR DYDQoR GD JULSH WDGRUHVQDVVDODV
Editais
)XQDUWHH0LQFDSRLDPHVWXGRVVREUHFXOWXUDEUDVLOHLUD
Cinco trabalhos serão contemplados com bolsas de R$ 30 mil após serem julgados nos quesitos originalidade, qualidade e metodologia
Por Ive Andrade WHUIDFHVGRV&RQWH~GRV$UWtV- (P VXD VHJXQGD HGLomR D TXHSHUPLWDRGHVHQYROYLPHQ- GHYH VHU LQpGLWR D TXDOLGDGH
WLFRVH&XOWXUDV3RSXODUHVHVWi %ROVD p IUXWR GH XP DFRUGR WR GH LGHLDV H D DPSOLDomR GD GD SURSRVWD H D PHWRGRORJLD
&LQFR SURMHWRV GH HVWXGR FRP LQVFULo}HV DEHUWDV DWp R HQWUH D )XQDUWH H D 6HFUHWDULD SURGXomR WHyULFD VREUH D FXO- GR WUDEDOKR 2V LQWHUHVVDGRV
VREUH FXOWXUD SRSXODU EUDVL- GLDGHVHWHPEUR$WHPiWL- GD,GHQWLGDGHHGD'LYHUVLGD- WXUDEUDVLOHLUD HP SDUWLFLSDU GHYHP HQYLDU
OHLUD JDQKDUmR XP LQFHQWLYR FDGRVSURMHWRVSRGHHQYROYHU GH &XOWXUDO H D 6HFUHWDULD GH 2V WUDEDOKRV VHUmR MXO- j )XQDUWH VHX SURMHWR FRP D
GH 5 PLO JUDoDV j SDUFH- WHPDV FRPR FXOWXUD PDWHULDO &LGDGDQLD &XOWXUDO GR 0LQLV- JDGRV SRU XPD FRPLVVmR GH ÀFKD GH LQVFULomR SUHHQFKLGD
ULDHQWUHD)XQDUWH)XQGDomR P~VLFD OLWHUDWXUD RUDO IROFOR- WpULR GD &XOWXUD TXH YLVD HV- FLQFR PHPEURV FRP DPSOR H FySLDV GH VHXV GRFXPHQWRV
1DFLRQDOGH$UWHVHR0LQLV- UHUHOLJLmRHULWXDLV2SURJUD- WLPXODUDTXDOLÀFDomRGHFUtWL- FRQKHFLPHQWR GDV iUHDV DYD- SHVVRDLV 0DLV LQIRUPDo}HV
WpULR GD &XOWXUD $ %ROVD GH PDWHUiXPWRWDOGH5PLO FRVGHDUWHQR%UDVLO3DUDLVVR OLDGDV 2V FULWpULRV VmR RUL- HP www.funarte.gov.br RX SHOR
3URGXomR&UtWLFDVREUHDV,Q- HPLQYHVWLPHQWRV DLQWHQomRpFULDUXPDPELHQWH JLQDOLGDGH GR SURMHWR TXH WHOHIRQH
20 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro
NO P
História
Anderson Espinosa
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Anders
Jairo usou de todo o poder
Por Adriana Machado GH SHUVXDVmR $UJXPHQWRX
on Esp
Ao Teatro de Arena de que, além de um teatro, o local
Porto Alegre nunca faltou re- poderia abrigar cursos de in-
inosa
levância histórica, até porque WHUSUHWDomR GDQoD DUWHV SOiV-
é considerado um dos espaços WLFDVGHVHQKRHFDQWR(VWDULD
culturais mais importantes do DVVLP UHDOL]DQGR R VRQKR GD
Brasil, seja pelas suas particu- IDOHFLGDWLD$RORQJRGDVFRQ-
laridades espaciais, diversidade versas, Cullau raciocinou do
de gêneros e propostas artísti- SRQWRGHYLVWDSUiWLFR(PER-
cas (espaço de arte, pesquisa e UDQmRWLYHVVHYHQWLODomRDiUHD
Pedaço da pedra de
UHÁH[mR $ KLVWyULD VHJXQGR era considerada pela prefeitura granito encontrada
constam os documentos, foi como um imóvel de andar tér- no tempo da
HVFULWDjSLFDUHWD1RGLDGH UHRHVREUHHODLQFLGLDPWD[DV construção do teatro
RXWXEUR GH DFRQWHFHX D PDLV HOHYDGDV 3RUWDQWR GDYD ȱȱęȱȱȱ
IXQGDomRUHDOL]DGDSRUDUWLVWDV SUHMXt]R6HRSURMHWRQmRYLQ- ȱȱ³
idealistas do Grupo de Teatro JDVVH D IDPtOLD QmR SHUGHULD Arivaldo Chaves / Agencia RBS
Independente, liderados por nada, pois a área estava mes-
-DLURGH$QGUDGH PRGHVRFXSDGD
Ele caminhava com a cabeça 6HGHVVHFHUWRÀQDOPHQWHR
RFXSDGD SRU XPD LGHLD À[D R SRUmRDEDQGRQDGRSRGHULDGDU
GTI precisava ter uma sala pró- DOJXP UHWRUQR 0DV GH TXDO-
SULD ,PHUVR QHVVHV SHQVDPHQ- quer maneira, teria que facilitar
tos, ele atravessava os altos do DVFRLVDVMiTXHRJUXSRQmRWL-
viaduto Otávio Rocha, quando QKDGLQKHLUR3URS{VHQWmRXP
SHUFHEHXXPPDXFKHLUR0RYL- QHJyFLR'HLQtFLRDWpRWHDWUR
do pela curiosidade, foi procurar ÀFDU SURQWR HOH HPSUHVWDULD R
DRULJHP'HVFHXDOJXQVGHJUDXV ORFDO'HSRLVSDVVDULDDFREUDU
da escadaria do viaduto e se aga- )RL À[DGR XP YDORU GH 1&U
chou diante de uma das janeli- PLO&UX]HLUR1RYR$FDGD
nhas do subsolo de um enorme semestre, o grupo teria a obri-
HGLItFLR (Q[HUJRX XP SRUmR JDomR GH GHVHPEROVDU 1&U
alagado pelo estouro de um es- PLO6RPHQWHGHSRLVGHDFHUWDU
JRWR$SHVDUGDHVFXULGmR-DLUR as coisas com Romano Cullau,
pode ver uma área de 300 me- -DLURFRPXQLFRXDUHDOL]DomRGR
WURVTXDGUDGRV$SDUWLUGDTXHOH negócio aos parceiros do Gru-
PRPHQWRRORFDOJDQKDULDYLGD SRGH7HDWUR,QGHSHQGHQWH
$SyVDGHVFREHUWDGRSRUmR
Jairo saiu à procura dos pro- A PEDRA
prietários e chegou a Romano O GTI promoveu um curso
Tofoli Cullau, dono do edifício de teatro em que os alunos pa-
em sociedade com as duas ir- JDYDPDVDXODVFRP´VXRUµ'DV ȱȱȱ³¨ȱȱęȱȱŗşŜŝǰȱȱȱȱȱȱȱȱ¤ȱȱȱà
PmV $QXQFLRX TXH SUHWHQGLD KjVKRUDVDWDUHIDHUDWUD-
adquirir a área do subsolo do EDOKDU$RUGHPHUDHVFDYDUDWp YLGURVHVDFRVGHFLPHQWR FLGLXGHL[DUDSHGUDQRVDJXmR proposta era ter um teatro en-
prédio para construir um teatro, o limite do encanamento do es- 'HWDOKHVDFLPDFRQVWDPQR (PQRVDQRVGR7H- gajado e ideológico”, relembra a
PDVQmRWLQKDGLQKHLUR'HLQt- JRWRVLJQLÀFDQGREDL[DURFKmR OLYUR ´7HDWUR GH $UHQD 3DOFR atro de Arena, passou a ser o atual diretora do espaço, Vivia-
cio, Cullau deu boas risadas, até HP FHUFD GH FHQWtPHWURV de Resistência”, de Rafael Gui- VtPEROR GD LQVWLWXLomR FRPR QH -XJXHUR $R ORQJR GR WHP-
perceber a seriedade da conver- ´&RPR QmR WtQKDPRV OLFHQoD PDUDHQV GD HGLWRUD /LEUHWRV o personagem Pedro Rocha, SR QHP PHVPR D UHVWULomR GD
VD4XDQGRRSUpGLRIRUDFRQV- para construir, cavávamos e dei- 6HJXQGR D REUD R JUXSR VH FULDGRSHODDWXDOGLUHomRHSHOD OLEHUGDGHGHH[SUHVVmRLPSHGLX
truído, o projeto inicial previa a [iYDPRVDWHUUDDOLGHQWUR'X- deparou com uma enorme ro- Propaganda Futebol Clube, D DSUHVHQWDomR GH HVSHWiFXORV
LQVWDODomRGHODERUDWyULRIDUPD- rante a madrugada, jogávamos FKDGHJUDQLWR0HVPREDWHQGR responsável pelas campanhas LQWHOLJHQWHV 7DPEpP QD P~VL-
cêutico, mas a ideia teve forte o entulho em um terreno baldio FRP SLFDUHWDV HOD UHVLVWLD )RL GHSXEOLFLGDGHGDFDVD FDDDWXDomRQR7HDWURGH$UH-
RSRVLomR GH XPD GH VXDV WLDV GR YLDGXWRµ FRQWD -DLUR 'H- SUHFLVR D DomR GR PDUWHOHWH GD 9ROWDQGR D IRUDP QDpVLJQLÀFDWLYD,QLFLDUDPVXD
que preferia uma atividade cul- SRLV GDV KRUDV LQWHJUDQWHV empresa municipal de bondes muitas as madrugadas que se WUDMHWyULDSURÀVVLRQDOQDV´5R-
WXUDO'LDQWHGRLPSDVVHÀFRX do grupo e alunos saíam pela SDUD UHGX]LOD D XP WDPDQKR seguiram, repletas de ensaios, GDVGH6RPµRUJDQL]DGDVSHOR
RFLRVRSRUDQRV FLGDGHSDUD´H[SURSULDUµWLMRORV PHQRU1DpSRFDRJUXSRGH- DSUHVHQWDo}HV H GLVFXVV}HV´$ compositor Carlinhos Harti-
Jornal de Teatro 1º a 15 de Setembro de 2009
21
O PORÃO
História
tamentos das pessoas ante as in- A instituição, acostumada a
justiças, ressaltando que, quem dar voz aos mais diversos talen-
cala, de fato, colabora.” tos, vive em silêncio durante uma
O livro conta ainda que os década. No entanto, a cidade não
sensores acabaram taxando “O conseguia ignorar sua presença
Santo Inquérito” como “proi- calada nos altos do viaduto da
bida para menores de 18 anos”. Borges. Importantes nomes da
No dia 27 de outubro de 1967, cultura gaúcha, como o então
o jornal Correio do Povo es- Diretor do Instituto Estadual de
tampava em suas páginas: “O Artes Cênicas, Dilmar Messias,
Santo Inquérito inaugura Te- o Secretário da Cultura, Carlos
a cidade,
atro de Arena e concretiza o Jorge Appel, e aquela que seria
sonho de um batalhador”. Na a primeira diretora da nova fase
reportagem, Jairo declarava: do Arena, a artista Sônia Duro,
“Queremos fazer um teatro iniciaram uma luta obstinada para
simples, mas honesto. Vivemos recuperar o teatro e construir um
em uma época de transição, e Centro de Documentação e Pes-
aquele que tem oportunida- quisa em Artes Cênicas.
de de entrar em comunicação Em 1988, o Teatro de Are-
com o público tem o dever de QDpÀQDOPHQWHFRQVLGHUDGRGH
os PALCOS
levar uma mensagem válida a utilidade pública e passa a ser
este público”. uma das instituições da Secre-
A partir daí, foram diver- taria Estadual da Cultura. De-
sos espetáculos engajados pois de sua reforma, o espaço –
com o ideal de transformação para a alegria da classe artística
social. Os artistas tiveram de – reabre em 1991. A partir daí,
ser extremamente perspicazes ele passa a abrigar diferentes
para burlar a censura, as ame- propostas, conforme as postu-
aças e os boicotes do Coman- ras de seus diretores, lutando
do de Caça aos Comunistas contra a escassez de recursos e
e resistir às agressões físicas abrigando diversos artistas. Os
e psicológicas sofridas por diretores foram Sônia Duro,
da resistência
alguns integrantes do grupo. seguido de outros importantes
Ainda assim, o Arena resis- nomes como Olga Reverbel,
tiu aos anos de chumbo e foi Lutti Pereira, Rosa Campos
IXQGDPHQWDOSDUDDSURÀVVLR- Velho e Viviane Juguero.
nalização dos artistas locais,
além da construção de uma DIAS DE HOJE
proposta de teatro ideológico Atualmente, o Teatro de
que persiste até hoje em di- Arena trabalha sob o slogan “A
ferentes grupos atuantes em vida é feita de Atos”, mostran-
Porto Alegre. do que nessa instituição não há
Para abrir a temporada de meros discursos e, sim, ações
1968, o Arena investiu na peça que contribuem efetivamen-
Anderson Espinosa “Álbum de Família”, de Nelson te para o desenvolvimento da
Rodrigues, aproveitando sua cultura gaúcha. Em outubro de
Fundado em outubro recente liberação pela censura, 2009, o local completa 42 anos.
de 1967, o Teatro
de Arena do Espaço após ser proibida durante 21 Para comemorar em grande es-
Sonia Duro foi o anos. A ditadura aplicava medi- tilo, no dia 1 de outubro será re-
palco das ações do das restritivas e os protestos se alizado o evento A Vida é feita
Grupo de Teatro multiplicavam. Naquele tempo, de Atos para anunciar a reedi-
Independente ção do Prêmio de Incentivo às
quem quisesse montar um es-
petáculo teatral deveria passar artes cênicas e comemoradas as
o texto para a Censura Federal, mais recentes conquistas como
que apontaria os cortes. A peça reformas, instalação de redes
seria montada sem os trechos de computadores, melhorias no
FHQVXUDGRV H ÀQDOPHQWH SDV- equipamento de luz etc.
saria pelo famoso “teste do en- Uma das mais importantes
saio”, determinando a adequa- ações de 2009 foi a publicação
ção conforme a idade. do site. O objetivo é divulgar
a programação, as condições
SILÊNCIO espaciais e técnicas do espaço,
A luta pela redemocrati- prestar contas sobre as ações
zação do País estava nas ruas, administrativas e culturais,
nas fábricas do ABC paulista disponibilizar ferramentas de
e nas comunidades eclesiais de pesquisa e os materiais do Es-
base. Dentro deste contexto, o paço Sônia Duro. Outra inicia-
Teatro de Arena serviu, muitas tiva atual é a reconstrução dos
vezes, de palco para atividades 42 anos de história do local,
políticas, estudantis e sindicais. incluindo milhares de ativida-
Nele foi fundada a Associação des das mais diversas áreas.
lieb (na década de 70), Bebeto Serraria e Marcelo Corset- to Inquérito”, espécie de cartão de Artistas, vindo a se transfor- Realizou-se intensa pesquisa
Alves, Kleiton e Kleidir e Nel- ti, que continuam ocupando de visitas sobre os propósitos mar no atual Sindicato dos Ar- em bordereauxs, matérias de
son Coelho de Castro. os palcos da casa nos dias de do grupo. A peça de Dias Go- tistas e Técnicos em Espetácu- jornais e programas. Agora
“Muitos artistas consa- hoje, incluindo centenas de mes contava a história real do los de Diversões do Estado do a direção convoca todos que
grados iniciaram sua carreira outros músicos integrantes do julgamento da judia paraibana Rio Grande do Sul (SATED/ À]HUDP SDUWH GHVWHV DFRQWH-
neste espaço. Aqui sempre foi projeto Música Autoral, pro- Branca Dias pelo Tribunal do RS). Mesmo assim a propos- cimentos para acessarem o
e continua sendo um espaço movido pelo Jornal Vaia, men- Santo Ofício, ocorrido no sécu- ta do Arena esgotava-se numa site www.teatrodearena.com, na-
para a música autoral e expe- salmente na instituição. lo XVIII. Os métodos da inqui- LQVXVWHQWiYHO FULVH ÀQDQFHLUD vegarem pelo link “Históri-
rimental”, completa a diretora sição eram uma analogia aos da As dívidas se acumulavam e co” e contribuírem com suas
do Teatro de Arena. Viviane RESISTÊNCIA ditadura militar, com métodos não havia dinheiro sequer para informações, além da doação
cita como exemplo as presen- Na obra de Guimaraens, a sufocantes para o Brasil naquela as despesas básicas. Assim, o de materiais para o Centro de
ças de vários talentos, dentre inauguração do Teatro de Arena época. “Mais do que denúncia, Arena fecha suas portas, isto no Documentação e Pesquisa em
eles Arthur de Faria, Richard aconteceu com a peça “O San- o texto examinava os compor- ano de 1979. Artes Cênicas.
22 1º a 15 de Setembro de 2009 Jornal de Teatro
Vida e Obra
A memória da terra
em Buenos Aires
Em meados dos anos 1990, o Théâtre de Complicité trouxe um espetáculo que demonstra a transformação da memória em fábula
Por Carlos Diviesti, cesa, nascida em 1900, uma despoja o cenário para que seus direito a descobrir seu próprio dramaturgo polonês ao Teatro
mulher quase anã, muito feia, atores sejam a cena, e a verdade espírito crítico, nem quantas pe- Municipal General San Martín.
Revista Mutis X El Foro rejeitada, lúcida ao extremo e a do corpo se reúna à realidade da ças de qualidade ofereça o teatro O feito teatral é inacessível,
Tradução: Pablo Ribera percepção que sua imagem dei- terra e à água onipresentes, e os RÀFLDOQHPTXHDFRRSHUDomRLQ- e em nenhum lugar se poderá
Quando a terceira vida de xou nos outros, sobretudo em elementos que manipulam os ternacional facilite o intercâmbio recuperar as sensações do que
Lucie Cabrol se torna eterna, o Jean, o homem com quem fez atores têm demasiada vida vi- de experiências cênicas (Théàtre QD PHPyULD SDUD WUDQVPLWLU
bosque se incendeia e Jean sobe DPRUXPDVyHGHÀQLWLYDYH] vida para serem meros objetos de Complicité chegou a Buenos ideias não basta com a eloquên-
para se redimir, a alma escapa Assim contado, pareceria FHQRJUiÀFRV FRPR DV ERWLQDV Aires por intermédio do British cia do discurso, senão que são
irremediavelmente em um sus- uma história comum da lite- solitárias que abrem e fecham Council). Se é importante o po- mais certeiras as impressões da
piro. Ainda hoje, tanto tempo ratura naturalista ou de certos o espetáculo, esperando que der transformador que tem o viagem. E as impressões da via-
depois, se pensa em Lucie Ca- ÀOPHV GH WHPiWLFD VRFLDO PDV alguém as calce ao princípio e feito teatral no fazer-teatro e na gem podem se resumir em um
brol e essa sensação impetuosa “As Três Vidas de Lucie Ca- voltando a esperar que algum sociedade que o recebe. PRYLPHQWR /LOR %DXU D DWUL]
percorre espinha abaixo de for- EUROµ GLÀFLOPHQWH SRGH VHU RXWURRVFDOFHDRÀQDO “As Três Vidas de Lucie Ca- que interpreta Lucie Cabrol,
ma gelada e se sente que Lucie GHÀQLGDHPXPDFDWHJRULDKi Em “As Três Vidas de Lu- brol” chegou um ano antes do passa a vida eterna apenas endi-
Cabrol (tão horrível, teimosa terra no cenário. Terra molha- cie Cabrol”, há tempo de pen- Primeiro Festival Internacio- reitando o corpo. Assim será a
e fabulosa), está tão perto que da, cujo cheiro impregna o am- sar em quem é, porque se sente nal de Teatro de Buenos Aires imortalidade, apenas endireitar
se escorre as mãos, delicadas e biente, e o ambiente deixa de UHÁHWLGRQRFROHWLYRQDRULJHP e não é casual que a estigma o corpo sobre a terra? Por isso,
contundentes, como um sonho. ser um teatro, e o teatro deixa das coisas, na brutalidade do de sua proposta se rastreie na aí está a terra, terra da França
“As Três Vidas de Lucie Ca- de ser uma mera representação. meio, na voz deformada dos programação de ditos encon- camponesa, terra contraditó-
brol” foi apresentado na sala Os homens são as tábuas homens, e é possível permane- tros ao longo do tempo. Algo ria de nosso solo, terra que é a
Martín Coronado, do Teatro dos estábulos e as amoras das cer alheio. Mas, por que lem- parecido poderíamos dizer so- mesma em qualquer parte, terra
Municipal General San Mar- árvores, e as pedras do cami- brar de um espetáculo que es- bre as duas visitas de Tadeusz que nos leva e que nos traz, ter-
tín, entre 16 e 25 de agosto de nho, e a risada das festas, e o teve em cartaz há tanto tempo? Kantor a Buenos Aires com ra que se seca e não morre. A
1996. Baseada em um relato de choro das tormentas e as cha- Será do interesse de alguém sa- “Wielopole”, em 1984, e com nostalgia do descobrimento im-
John Berger publicado em seu mas do fogo. É lógico que, as- ber que rastros deixou “As Três “Que Arrebentem os Artistas”, pulsiona o desejo de recuperar
livro, “Puerca Tierra”, adap- sim seja, posto que Simon Mc- Vidas de Lucie Cabrol”? HPPXLWRGDH[SHULPHQ- o passado, e por esses anos que
tada por Simon McBurney, Burney foi discípulo de Jacques Não é tão importante que tação que hoje estamos vendo em se começa a notar a proxi-
Théâtre de Complicité, a peça Lecoq, maestro do teatro físico, o elenco de “As Três Vidas de no teatro alternativo provém PLGDGHGRGHVHQFDQWRDÀFomR
conta a vida, a morte e a pós- a pantomima e a máscara neu- Lucie Cabrol” seja multiétnico, da semente que germinou a da vida cotidiana precisa de ar-
vida de uma camponesa fran- tra. Em esta posta McBurney nem que o espectador tenha partir das visitas do diretor e gumentos mais relevantes.
NOTAS
COMÉDIA MUSICAL DE FINAL DE MUSICAL “ELLA”, EM MINNEAPOLIS, “TOO CLOSE TO THE SUN” CONTA OS
ANO VOLTA À BROADWAY ESTENDE SUA TEMPORADA ÚLTIMOS ANOS DA VIDA DE HEMINGWAY
A comédia musical “White Christmas” retornará à Bro- Para atender a demanda do público, o bem sucedido O escritor e vencedor do Prêmio Nobel, Ernest He-
adway, dia 13 de novembro, e ficará em cartaz até 3 de espetáculo musical “Ella” estenderá sua temporada no mingway, ganhou vida nos palcos londrinos. O espetá-
janeiro, em sua segunda temporada consecutiva, no Mar- Guthrie Theater, em Minneapolis. Serão 12 novas apre- culo musical de ficção “Too Close to the Sun” retrata
quis Theatre. Serão 61 performances até os primeiros dias sentações que seguem até o dia 20 de setembro. o sofrimento do escritor quando chega a sua velhice,
de 2010. O espetáculo foi nominado aos prêmios Tony, pela A história, que retrata a vida da lendária cantora sua relação com sua mulher, sua secretária e com um
coreografia de Randy Skinner, e orquestra de Larry Blank. de jazz Ella Fitzgerald, tem no papel principal a atriz amigo de infância, Rex.
O elenco ainda não foi anunciado, mas serão mais de Tina Fabrique, que com sensibilidade apresenta a per- O musical está sendo apresentado no West End’s
40 artistas e 25 músicos, em uma produção de grandes sonalidade da encantadora vocalista. Na peça, aman- Comedy Theater, com música de John Robinson, livreto
proporções. “White Christmas” tem produção de Kevin tes da música vão poder escutar alguns dos maiores por Robert Trippini e letra de Robinson e Trippini. A direção
McCollum, John Gore, Tom McGrath, Paul Blake, The Pro- sucessos de Fitzgerald como “A-Tisket, A-Tasket,” musical é de Tom Deering.
ducing Office, Dan Markley, Sonny Everett e Broadway ‘’How High the Moon” e “They Can’t Take That Away No elenco, como o famoso escritor, está o ator James
Across America em associação com a Paramount Pictures. From Me”. Graeme, a atriz Helen Dallimore faz o papel de Mary Hemin-
Além da temporada na Broadway, os produtores anun- A direção de “Ella” fica por conta de Rob Ruggiero e a gway e o amigo Rex De Havilland é interpretado por Jay
ciaram que o musical viajará por outras sete cidades. Os supervisão musical é de Danny Holgate. Os ingressos va- Benedict.
ingressos começam a ser vendidos no dia 12 de setembro riam de US$ 34 a US$ 65, para mais informações: www. Para saber mais sobre o espetáculo, o site oficial da
pela internet no www.bestofbroadway.com. guthrietheater.org. produção é www.tooclose.co.uk/.
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