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RUDI MUHLBEIER JR

1 TUDO É AMOR

2 A GRANDE ESCURIDÃO

3 NOVAS LENTES

4 EU SOU

5 PERMANECER

6 DO MEDO AO AMOR
CAPÍTULO 1

TUDO É AMOR
CAPÍTULO UM

Em um final de tarde de primavera, estávamos em família


acampando no alto de uma montanha. Assim que anoiteceu, a
fogueira foi acesa, todos nos assentamos em volta do fogo, e
vovô decidiu contar uma história para nós. Algo dentro de mim
acredita que, mesmo sendo somente uma história, existe uma
profunda verdade tecida nos pequenos detalhes do que vovô
nos contou aquela noite. Eu gostaria de compartilhar essa
história. De alguma maneira, me identifiquei tanto com o
personagem que, algumas partes nunca antes tocadas em minha
alma, subiram à superfície naquela noite.
Lembro-me como se fosse ontem da pergunta que vovô Paulo
nos fez antes de começar a história:

“Quem não deseja se sentir abraçado, incluído, amado e seguro


para sempre?” Ele olhou em direção ao céu, e eu vi a esperança
em seu olhar. E ele completou: “Pertencimento! A humanidade
deseja isso mais do que tudo no fundo de seus corações.”

Todos nós buscamos isso. E mesmo que de forma inconsciente,


corremos atrás de pertencimento. E a história de vovô começou
assim: Richard é uma espécie rara de um peixe que estava por
muitos e muitos anos lutando pela sobrevivência. Ele desejava
ansiosamente voltar para sua casa, no fundo do oceano. Richard
foi criado com habilidades especiais que somente sua espécie
tem embaixo de todo o oceano. E Richard, assim como os
humanos, correu por um looongo tempo atrás de
pertencimento. Na verdade, em uma tentativa desesperada de
sobrevivência, ele desenvolveu a crença e a capacidade de viver
como homem.

Logo gritei: “Como assim vovô? Um peixe que virou homem?”


Vovô riu e, com toda paciência, respondeu:
— Meu amado, eu vou lhe ensinar um segredo para a vida
inteira.

01 TUDO É AMOR
CAPÍTULO UM

Sempre que você ouvir ou ler uma história, preste atenção na


mensagem além das palavras, para que você não fique preso
somente no sentido literal das palavras e perca a profunda
beleza daquilo que está sendo comunicado. Palavras não
conseguem expressar de forma literal o incrível mistério
chamado amor. Por isso, grandes sábios usam símbolos, figuras
de linguagem, fantasias e parábolas para nos conduzir a um
encontro com a "inexplicável" realidade além das palavras e de
nossos pensamentos. Deixe as palavras serem somente como um
barco que conduz você pelas margens de um rio até o grande e
infinito oceano do amor. Mas você irá entender melhor o que
estou falando ao longo da história, querido neto.
Respondi: - Confio no Senhor.
Voltando ao ponto em que eu o havia interrompido, vovô
decidiu voltar ao início da vida de Richard para que eu
entendesse melhor o que havia acontecido com ele. Richard,
quando era bem pequenino, logo após seu nascimento, vivia na
segurança de um reino nas profundezas do oceano. Lá, tudo era
diferente de como costumamos ver aqui na terra: As águas
falavam e transmitiam segurança, aceitação, empatia,
compaixão, tudo era amor, o oceano era a presença viva do
amor.

O pequeno peixinho sentia uma profunda liberdade que


somente o pertencimento proporciona. Não existia separação
com as outras espécies de peixes, nem com os corais, ou com a
luz que brilhava e produzia diferentes contrastes de cores sobre
a superfície do oceano. Tudo estava unido, tudo estava
conectado, tudo era uma só vida. As correntezas do oceano
batiam em algumas rochas e entoavam uma espécie de música,
que ecoava dentro de cada espécie viva: Amor, amor, amor, tudo
é amor. O oceano se declarava para Richard: "Em mim você
existe, em mim você vive, em mim você é amado, e eu te fiz
amor, mas somente através de mim, você pode amar. Eu
compartilho tudo com você."

02 TUDO É AMOR
CAPÍTULO2

A GRANDE ESCURIDÃO
CAPÍTULO DOIS

Mas um dia tudo mudou, Richard havia recebido o aviso sobre


não comer os corais; o oceano sempre o alimentava e cuidava de
todas as suas necessidades. Mas ao longo do tempo, ele começou
a observar os outros peixes, e um pequeno sentimento de
separação surgiu dentro dele, e logo sumiu. O tempo foi
passando e esse sentimento começou a voltar e ficar um pouco
mais tempo. Richard estava dando muita atenção para o que ele
estava vendo com seus olhos físicos, e seus pensamentos
começaram a convencê-lo de que toda aquela união, todo aquele
amor era somente uma ilusão, e que era um erro confiar que o
oceano continuaria a sustenta-lo até o fim de sua vida.

A insegurança começou a tomar conta de seu coração, e nesse


dia, com fome, e preocupado sobre o que iria comer, ele olhou
para alguns corais, e eles pareceram deliciosos demais naquele
momento, era a combinação perfeita, sua fome e a beleza
daqueles corais, ele ficou hipnotizado e não resistiu; comeu de
lamber os beiços, e assim que terminou seu banquete de corais,
uma grande alucinação começou a tomar conta do seu ser, e de
repente, aquilo que era somente sentimentos e vislumbres de
separação, tornaram-se sua realidade.
Quando percebeu, tudo ao seu redor havia mudado, e ele estava
fora do oceano, sozinho. Parecia que havia sido transportado
para um deserto; não havia nenhum vestígio de água por perto,
somente areia e árvores secas, e um sol que dava a sensação de
queimar seu corpo, sua garganta começou a secar, o ar parecia ir
embora, e o medo se instalou em seu coração.
logo pensou: — Vou morrer.
Tudo aquilo não passava de uma alucinação, era somente suas
crenças internas se fazendo real em sua mente, a ponto deixá-lo
cego. Ele continuava no fundo do oceano, continuava submerso
no amor, mas simplesmente ele não conseguia sentir, ver, nem
tocar e muito menos desfrutar da glória daquele Reino.
Ele foi levado da realidade do seu ser no amor, para a prisão
ilusória de sua mente. Mas aquela grande ilusão, traria
consequências reais.

04 A GRANDE
ESCURIDÃO
CAPÍTULO DOIS

Agora a canção parecia ser outra, não era mais sobre amor, era
sobre morte, é claro que não ecoavam mais do oceano, mas sim
de sua mente. E em seu desespero pela sobrevivência, Richard
desenvolveu a capacidade de viver como um humano. Logo, sua
respiração foi se adaptando àquela realidade de falta de água,
seu corpo iniciou uma espécie de metamorfose, e todo seu
organismo começou a trabalhar rapidamente para se adaptar
àquele ambiente infernal. Braços e pernas surgiram em seu
corpo, as escamas deram lugar a uma pele grossa, com o
propósito de aguentar o sol, e seus pulmões desenvolveram a
capacidade de respirar "fora da água". Mas ainda havia algo com
que lidar: o medo.
Os anos foram se passando e Richard aprendeu habilidades para
encontrar comida e também aprendeu algumas coisas para fugir
de todos aqueles sentimentos ruins que dominavam seu ser, já
que ele não sabia como enfrentar eles, então a única alternativa
era fugir. Não demorou muito para isso se tornar seu vício.
Além de desenvolver compulsão por comer, ele passava longos
períodos de tempo dormindo e descobriu algumas plantas que
também lhe davam algum tipo de alucinação, e isso parecia
amenizar seu sofrimento; também aprendeu a plantar, colher e
construir. Ele fez uma espécie de cabana para se proteger das
chuvas e tempestades. Essas atividades que ocupavam sua
mente, se juntaram aos demais vícios, e traziam um certo alívio
para o vazio da solidão.

Sua jornada envolvia o profundo desejo e busca em voltar para


casa, voltar para o amor que ele acreditava que havia perdido,
para aquela segurança, pertencimento, alegria e para a unidade
com o todo. — "Eu estou cansado dessa vida", pensou ele
consigo mesmo. Nada preenchia seu vazio de forma completa e
mesmo que seus vícios produzissem uma leve sensação de
prazer, era tudo passageiro.

05 A GRANDE
ESCURIDÃO
CAPÍTULO 3

NOVAS LENTES
CAPÍTULO TRÊS

Certo dia, estava acordando pela manhã e ouviu uma voz


interna que dizia: "Eu ainda estou aqui". Richard tomou um
grande susto, pensou que fosse somente sua imaginação. Mas
ouviu novamente: "Se é sua imaginação, de agora em diante
continue imaginando o restante da conversa". Então aquele
sentimento que conversava com ele internamente se calou, e ele
não ouviu mais nada. Até tentou imaginar o restante da
conversa, mas não foi nada parecido com o que havia escutado.
Richard reconheceu aquela voz cheia de ternura e amor, e logo
desabafou: — "Como você está dentro de mim, se não consigo
ver você? Passei anos sem ouvi-lo e estou vivendo essa vida
miserável em busca do oceano, e não importa por onde eu ande,
não há nenhum vestígio de água por perto. Eu preferia morrer a
continuar vivendo essa vida. Estou muito cansado". E aquele
doce sentimento, cheio de paz, parecia lhe dizer: "Você nunca
saiu de casa, a não ser em sua mente, que lhe cegou. Mas eu vou
compartilhar meus olhos com você, não somente para você ver
com eles, mas para você se ver através deles, e tudo ficará bem".
— “Eu gostaria muito que isso tudo fosse verdade, mas não
consigo mais confiar. Eu sinto que fui abandonado", respondeu
Richard.

"Em mim você existe, em mim você vive, em mim você é


amado, e eu te fiz amor, mas somente através de mim, você
pode amar. Eu compartilho tudo com você", disse a voz.

Aquilo ativou suas mais profundas lembranças de como era sua


vida, e ele começou a chorar. Uma ponta de esperança regava
suas feridas, e então sentiu uma forte sensação de estar sendo
abraçado. Havia muito tempo que não sabia o que era sentir
aquilo.
"Richard amado, somente a verdade pode libertar você de toda
essa escuridão. Para que você seja curado e volte a ver
novamente, precisamos trazer à superfície algumas mentiras
que você acredita. Isso vai doer um pouco, mas vai valer a pena
no final".
Richard pensou “Mentiras que eu acredito? Isso só pode ser
piada né.”

07 NOVAS LENTES
CAPÍTULO TRÊS

— Não leve a vida tão a sério, meu amado. Lembre-se de


quando você está dormindo e tem um pesadelo, tudo parece tão
real, até você despertar e ver que era somente uma projeção.
O peixinho respondeu:
— Mas enquanto eu estava no sonho, o desespero e a dor eram
reais para mim.
— Porque você se identificou com tudo aquilo que estava
acontecendo no sonho. E tomou aquilo por real naquele
momento , mas quando acordou e viu que não era, o que você
sentiu?
— Alívio.
— A verdade libertou você, a verdade de que era somente um
sonho e o fato de que você somente estava em sua cama,
removeu o medo e o sofrimento de dentro de você. Isso se
chama novas lentes. Alguns chamam de “arrependimento“, mas
eu prefiro chamar de novas lentes. É preciso novas lentes,
Richard, para você voltar a ver que você nunca saiu de casa.
Você não pode ver nesse instante, mas eu posso, e eu estou em
você.

Aquela frase: “Eu estou em você“ gerou ondulações dentro do


amado peixe. — “Richard, a sua verdadeira identidade não é
baseada em suas ações, conquistas ou sentimentos. Ela é baseada
no fato de quem você é em mim. Você foi criado com valor e o
propósito somente de ser amado e participar da vida que estou
compartilhando com você; eu sou a própria bondade, eu sou o
próprio amor, eu sou a própria perfeição, e sendo um comigo,
você é tudo isso também, em mim e através de mim. Seu valor
não vem de suas obras e do que você tem para fazer para os
outros. Você é digno de amor, aceitação e respeito, porque eu
sou, e você está em mim.
E não existe nada que você possa fazer para mudar isso, seus
erros não são poderosos o suficientes para mudar essa
realidade.”
Aquilo era bom demais para ser verdade, mas no fundo, ele não
entendeu muito bem aquelas palavras, tudo que ele ouvia, ainda
passava pelo filtro daquilo do que ele acreditava ser a real, então
quando ele ouvia algo que não se alinhava com suas crenças,
automaticamente ele descartava.
08 NOVAS LENTES
CAPÍTULO 4
EU SOU
CAPÍTULO QUATRO

Algum tempo se passou e nada de novo parecia acontecer. As


vezes ele tinha a nítida impressao de que a cura, era algo muito
distante. Alguns humanos apareciam na vida de Richard, e parte
dele gostava da companhia, mas ao mesmo tempo, ele só queria
se proteger para não se machucar ainda mais.
Em certos momentos de sua vida, ele entrava no modo
autoproteção. E sempre que se sentia ameaçado ou algo
despertava a profunda vergonha que ele sentia sobre si mesmo,
ele usava suas "armas" de autoproteção: Atacava os outros
verbalmente, mentia, brigava, manipulava e usava toda sua
capacidade para para controlar tudo e todos.
Em outras ocasiões, Richard assumia uma identidade de vítima,
onde ele usava as experiências de sua vida como justificativa
para tudo que ele sentia e fazia. Tudo isso funcionava como
mecanismos inconscientes de sobrevivência do pequeno peixe
que agora vivia como humano. Ele se esforçava muito para amar
os outros e fazer o bem, mas muitas vezes não conseguia, e isso
era um fardo muito pesado de se carregar.

Durante suas árduas jornadas de plantação, ouviu meio que uma


voz, gritada por alguém, que ecoou dentro de si: “EU SOU”.
Para Richard, sua identidade continuava a ser o que ele pensava,
o que ele possuía e tudo que ele fazia e sentia. Anos e anos de
sua vida foram em prol de errar menos, conquistar mais coisas e
se tornar uma pessoa melhor. Era isso que ele acreditava ser o
sucesso, e o que ele precisava para ser aceito. Ele não se achava
digno de boas coisas, muito menos merecedor. Sentia-se como
um lixo, e a vergonha por tantos erros ao longo de sua jornada,
misturava-se com culpa, insegurança e inferioridade, e gritavam
todos os dias para ele: "Você não merece ser feliz, não pertence a
lugar algum, você não deveria nem existir".
Mas aquele “EU SOU” carrega muito mais do que somente
palavras. Era o início de uma nova etapa em sua jornada.

10 EU SOU
CAPÍTULO QUATRO

Ao fim do dia, quando terminou seu trabalho, sentou-se para


descansar, sua mente parecia um pouco mais calma, não estava
fazendo tanto barulho como de costume, logo sentiu o convite
para uma nova conversa:
— Querido Richard, EU SOU, tudo que existe, foi criado e é
sustentado em mim, nada existe, jamais existiu e jamais existirá
separado de mim.
Sua identidade, a verdade do seu ser, se origina em mim, eu sou
o espelho de quem você é. Tudo aquilo que você não vê em
mim, não pertence a quem você é.
Você tem sofrido tanto esses anos todos de sua vida, por causa
da mentira da separação, isso levou você a acreditar que
precisava fazer algo para voltar para sua casa e encontrar alegria
e realização, e tem lutado para se tornar uma pessoa melhor. O
agora só tem sido usado por você, como uma ponte para
alcançar algo em um futuro que nunca chega. Entenda de uma
vez por todas; Você existe para compartilhar a vida comigo, para
amar através do meu amor, para ver através dos meus olhos, e
se alegrar através da minha alegria, Sem mim nada podereis
fazer.

— É por isso, que estou tão cansado da vida? — Sim, você tem
tentado carregar tudo sozinho todos os dias. E esse é uma
grande condenação, alguém que foi criado para a união, para o
amor, para compartilhar a vida em comunidade e unidade, viver
em solidão, como se estivesse separado, sozinho, abandonado, e
rejeitado. Mas essa condenação não foi eu quem lhe deu, foi as
mentiras que você passou a acreditar. Meu fardo é leve, e meu
julgo é suave Richard.

E por um instante, ele lembrou da glória do fundo do oceano,


onde não era o que ele fazia, possuía, ou pensava que importava
realmente, esse não era o cerne de sua existência, mas quem ele
era em sua unidade com o todo, tudo era amor, não havia
preocupação, nem o desejo de se tornar uma pessoa melhor
para preencher o vazio da culpa e da vergonha. Isso fazia com
que ele amasse sem esforço, se alegrasse e fizesse o bem,
somente através de uma participação no amor que fluía de
todos os lados de forma natural.
11 EU SOU
CAPÍTULO 5

PERMANECER
CAPÍTULO CINCO

Então o que realmente mudou, não foi as coisas externas, mas o


que se passa dentro de mim? — Perguntou Richard.

— As coisas externas são um espelho de seu interior, por isso eu


estou expondo as mentiras que você acredita, para que você
possa voltar a ver a verdade, e a realidade de que essa
“separação” nunca foi real. Você nunca saiu do meu amor, você
nunca saiu de mim, e nem do seu lar.

Cada vez que uma mentira era exposta, e Richard confiava e se


entregava, águas vivas corriam dentro de seu coração, e assim
como seu corpo respondeu a sua cegueira, ele também
respondia a luz da verdade. Então seu modo de viver, começava
pouco a pouco, a ser uma expressão da verdade do seu ser, e se
tornar íntegro, autêntico, alguns preferem chamar de Santidade,
mas assim como arrependimento, essa palavras está carregada
de significado distorcidos.

— Isso tudo é muito lindo, mas o que eu preciso fazer agora?


Ainda estou meio perdido. — Perguntou Richard.
— Permaneça em mim, não deixe que seus pensamentos te
levem para o passado, ou para o futuro, lide somente com o que
e quem está na sua frente aqui e agora, e aquiete sua mente.
Por um momento, ele parou, e conseguiu perceber claramente o
quanto sua mente fazia barulho o tempo inteiro em sua cabeça,
com pensamentos, imaginações, ideias, e conceitos.
— Imagine que você está na beira de uma estrada, sentado em
uma cadeira, observando os carros que passam. E você não está
fazendo mais nada, somente observando.
Cada carro representa seus pensamentos, seus sentimentos,
emoções, seu próprio corpo físico, e tudo que você vê com seus
olhos, apenas os observe, somente seja o observador, deixe o
silêncio de sua mente, ser preenchida pela graça do amor.
E assim foi ele, cada dia dedicando um período no seu dia para
observar, mas logo se sentia entediado, e automaticamente ia
atrás de algo para ocupar sua mente..

13 PERMANECER
CAPÍTULO CINCO

Mas ele não desistiu, continuou todos os dias observando e


observando. Até que em uma manhã de observação, pensou:
Vou aumentar a velocidade de minha respiração, o mais rápido
que puder. Sem saber, ele estava tirando a sua atenção dos
pensamentos que o deixavam entediado, e de repente ele se
percebeu como uma consciência por trás da respiração, que
somente testemunhava seu corpo respirar.
E por um momento, ele não era seu corpo físico, juntos com os
pensamentos e a bagagem do passado que ele tinha como “Eu”,
mas ele somente a presença universal que observava seu corpo
respirando, e percebia os pensamentos que apareciam em sua
mente, as emoções que estavam em seu corpo, e ele despertou
do grande sonho.
A identificação com os pensamentos, com as posses, com os
sentimentos, e com seu próprio corpo, foi cortada naquele
momento de presença intensa, e ele sentiu-se em casa
novamente, era um encontro com o verdadeiro eu.

E Assim, a jornada de Richard tomou um rumo cada vez mais


profundo, e suas feridas foram sendo curadas, o sofrimento
começou a sumir.
Observando todos os dias, ele permanecia no amor. Cada vez
menos ele ficava sobre a prisão de seus pensamentos, vícios, e
emoções que insistiam em lhe dizer que eram as circunstâncias
externas que precisavam mudar.
Richard finalmente compreendeu que a alegria, não dependia
de nada externo, mas que sua identidade era a própria alegria.
Amor não era algo que ele tinha que fazer, mas amor era quem
ele era nas profundezas de seu ser. Depois disso, tudo mudou, a
forma de como ele via a si mesmo, e todos os outros seres
criados. Ele foi da escravidão à liberdade, os pensamentos que
antes aterrorizavam sua vida, agora se eram inofensivos, ainda
havia dias que eles apareciam como monstros grandes e
poderosos, mas Richard somente os observava, e eles perdiam
suas forças. Agora seus olhos enxergavam novamente o fundo
do oceano, e seu corpo sentia a implacável segurança das águas
de amor o abraçando.

14 PERMANECER
CAPÍTULO 6

DO MEDO AO AMOR
CAPÍTULO SEIS

Quando vovô terminou a história, o fogo estava quase


apagando, e eu já estava caindo de sono, mas ao mesmo tempo,
estava muito envolvido com a vida daquele peixinho doce, eu
queria até pedir um peixe de natal.
Então sussurrei para vovô: — Eu queria sentir todo esse amor
vovô. E ele respondeu: — Você, eu, e todos os seres humanos
somos Richard meu netinho, essa é a nossa história. Nós somos
um com Deus, um com o amor, sempre fomos, mas perdemos
isso de vista lá no começo de tudo.
Meu pequenino do vovô, não foque no que você quer sentir,
sentimentos são coisas que vem e que vão. Nao fique preso
nisso, essa história que contei é sobre quem é você. Deus é o
próprio amor, a própria alegria, a própria realização e paz. E se
você é um com Deus, então quem é você?
Amor, paz, alegria e realização?— Respondi.
Exatamenteeeeee. — Vibrou vovô e me abraçou cheio de
orgulho. Essa é a sua essência, a verdade do seu ser, e do meu
ser, e de todos, absolutamente todos seres humanos.
A plenitude está em descobrir quem nós realmente somos, para
que possamos sair dessa terrível prisão mental, da grande ilusão
que Richard também estava vivendo. Faz parte de nossa
humanidade sentir felicidade, e também tristeza, mas não foque
nisso, não se apegue ao que você está sentimento, simplesmente
seja quem você é, só observe e seja.

Então eu agradeci pela linda história e aquele momento incrível,


entramos na barraca, vovô ainda contou mais algumas piadas,
rimos muito e dormimos. Ao amanhecer, vi que vovô não estava
ali, tinha saído dar uma volta, ele sempre faz isso ao acordar,
para contemplar sua união com a natureza, com Deus e o
universo. O brilho em seu olhar, revela uma profunda cura, e eu
sinto esperança ao olhar para ele.
Quando me dei conta, ao sair da barraca, um banquete estava
me esperando, e junto, havia um bilhete, minha curiosidade
aflorou e antes de comer, abri o bilhete, e estava escrito:

16 DO MEDO AO AMOR
CAPÍTULO SEIS

“Faça uma lista, e escreva tudo aquilo que você acredita que
não é, por exemplo: “Não sou bom, não sou o suficiente, não
sou amado, não sou seguro, não sou pertencendor, não sou
unido, e etc…“
Escreva absolutamente tudo que você acredita que não é, no
final dessa lista, imagine que Deus está ao seu lado, leia um
por vez, e pegue todo o sentimento que você tem em relação
aquela crença, tudo que você guardou dentro de você por
anos, coloque como se fosse em uma caixa, imagine essa caixa
em sua mão e imagine Deus em sua frente, entregue para
Deus, depois observe o que ele faz com essa caixa.
Fazendo isto, você estará se esvaziando daquilo que acredita, e
então pergunte a Deus, qual é a verdade do meu ser sobre esta
crença? Quem eu sou em relação a isso? Anote os primeiros
pensamentos que vierem em sua cabeça. Esse é um belo
exercício que se chama “troca de identidade”, onde
entregamos para Deus tudo aquilo que acreditamos sobre nós
mesmos, e trocamos por aquilo que ele acredita sobre nós.
Faça também uma lista sobre pessoas que você está chateado,
pode ser algum lugar também, sua escola por exemplo,
alguma coisa pode ter acontecido com você lá, ou alguma
pessoa que fez algo que te magoou profundamente. Faça essa
lista e pergunte para Deus: Qual é a verdade sobre essas
pessoas, como você enxerga elas?
Isso vai te ajudar a perdoar algumas pessoas, e livrar elas das
expectativas que você criou sobre como elas deveriam agir,
devemos abandonar o apego aos conceitos de certo e errado,
bom ou ruim de nossas mentes, isso permitirá você ver além
da cegueira das outras pessoa, assim como Deus vê você além
de sua cegueira, isso é amor incondicional. .
E nunca se esqueça, nossa jornada, vai ser sempre sobre
descobrir quem nós somos. Deus vai remover cada camada de
mentira que acreditamos, para que possamos ver cada vez
mais claramente quem ele é, quem nós somos, quem cada ser
humano é, tudo inicia e tudo termina no amor.

17 DO MEDO AO AMOR
“Naquele dia, vocês saberão, que eu estou no Pai, vocês estão
em mim, e eu estou em vós“ João 14:20

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