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NIQUELÂNDIA – GO
2014
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NIQUELÂNDIA – GO
2014
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Habilitação: Direito
Data da Aprovação
_____/_____/_____
Banca Examinadora
Prof.
Prof.
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
Este trabalho teve como principal objetivo tratar dos direitos dos animais no Brasil. O
conhecimento acerca desse tema obteve-se por meio de um estudo minucioso de
várias obras que tratam do assunto: BARBOSA SILVEIRA (2005); RIVERA (2006);
CHUAHY (2009); Livro de Gênesis - Bíblia Sagrada; Carta Magna de 88; FREITAS
(2001); SILVA (2004); CARVALHO (1995); SINGER (2010); CORDOVIL (2012);
MEDEIROS (2013), bem como alguns dispositivos legais: 9.605/98, art. 32 e Decreto
24.645/34 entre outros. A pesquisa foi de cunho bibliográfico e leitura
crítica/analítica. O presente estudo pautará inicialmente a relação histórica entre
homem e animal não humano com destaque para a importância dos não humanos
tanto para o meio ambiente quanto para o homem propriamente dito. Também
haverá a pauta dos usos que o homem faz do animal com foco para algumas
modalidades de exploração e abusos que o ser humano se permite realizar sobre os
animais não humanos, bem como os atos cruéis decorrentes de sua ambição
desmedida. Por fim haverá a exposição da legislação no contexto histórico do Brasil
até a normatização vigente. Pretende-se com isso mostrar os animais enquanto
seres sencientes mediante uma ótica não especista e que, por sua vez, são sujeitos
de direito, ainda que na possua a capacidade de ter obrigações equivalentes.
ABSTRACT
This study aimed to address the rights of animals in Brazil. The knowledge on this
topic were obtained through a detailed study of several works dealing with the
subject : BARBOSA SILVEIRA (2005); RIVERA (2006); CHUAHY (2009) ; Book of
Genesis - the Holy Bible ; Charter 88 ; FREITAS (2001); SILVA (2004) ; CARVALHO
(1995); SINGER (2010); CORDOVIL (2012); MEDEIROS (2013), as well as some
legal provisions : 9.605/98 Art. 32 and Decree 24.645/34 among others. The
research was bibliographical and critical nature / analytical reading. The present
study initially guiding the historical relationship between humans and non-human
animal with emphasis on the importance of non-human to both the environment and
for the man himself. There will also be the agenda of uses that man is the animal with
focus to some types of exploitation and abuse that humans may be done on non-
human animals and the cruel acts arising from his excessive ambition. Finally there is
the statement of the law in the historical context of Brazil to the prevailing norms. The
purpose of this show animals as sentient beings by a non- speciesist perspective and
that, in turn, are subject to the law, even though the have the ability to have
equivalent obligations.
SUMÁRIO
I INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------------------------08
V CONSIDERAÇÕES FINAIS----------------------------------------------------------------------32
VI REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS----------------------------------------------------------35
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I INTRODUÇÃO
consumida, haja vista que este é tido pelos indianos como o último estágio de
reencarnação do homem e fonte de prosperidade.
“A vaca, escreveu Gandhi, é a melhor companheira do homem. É ela
que dá a abundância. A vaca é um poema sobre a piedade. Para
milhões de seres humanos na Índia, ela é a mãe. Proteger a vaca
significa proteger a todos os seres mudos que Deus criou”.
(DELUMEAU, 2000, p.309).
Os animais são importantes tanto para o ser humano quanto para o próprio
meio ambiente, essa afirmativa é de conhecimento até mesmo dos menos
esclarecidos no assunto. Mas o que se discute é que nem sempre, ou na maioria
das vezes, o homem em sua ganância econômica acaba por destruir o ambiente em
que vive, não preservando seus recursos e principalmente extinguindo sua fauna.
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Além disso, o conceito previsto pela Lei 6.938 é pouco abrangente e deixa
muito a desejar. Como bem diz SILVA (2004, p. 20), o conceito de meio ambiente
deve ser globalizante, “abrangente de toda a natureza, o artificial e original, bem
como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a
flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e
arquitetônico”.
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Para CARVALHO (1995), muitas vezes eles sequer são notados, mas
estão por toda parte, cada um com sua função dentro do equilíbrio natural do
ecossistema. Um de seus principais papéis é a disseminação de sementes da flora
não deixando que esta deixe de existir. Outra função não menos importante é
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em uma atitude moral é causar dor, constrangimento, abandono e maus tratos aos
animais para que o homem possa se entreter. Essa é uma atitude violenta e covarde
que tem se alastrado demasiadamente na sociedade. É impressionante como muito
ser humano se compraz com o sadismo de ver o sofrimento animal.
Os espaços de visitação como os zoológicos, circos e aquários, apesar
de, na maioria, apresentarem estruturas grandiosas e um cuidado especializado com
os animais, estes locais acabam tornando-se para eles uma grande e sofisticada
prisão, pois são privado de espaço suficiente, convivência livre com animais de sua
espécie e em seu habitat natural. O confinamento de animais deveria obedecer a
critérios específicos de animais impossibilitados de convívio em seu meio e que
necessite de cuidados profissionais constantes sob risco de não sobreviverem e não
para o mero prazer do homem.
nasceu livre e que, por ambição humana, passaram a definhar dia a dia limitando-se
à contínuas repetições ao compaço do chicote de seu domador. Esses shows de
covardia e crueldade são fortalecidos por quem assiste, e aplaude essa prática, no
papel de meros espectadores que se divertem à custa do sofrimento do animal que
ora se apresenta.
Esta é uma pauta de luta que os defensores dos animais apregoam,
justificando que os animais não podem ser submetidos a tais atrocidades em nome
de uma cultura totalmente antropocentrista. Sabe-se que mudar essa realidade
ainda requer muito esforço, mesmo existindo jurisprudências que vedam essa
prática, como cita-se abaixo:
Brasil, ainda se admite shows com animais, porém em países como Austrália,
Grécia, Canadá, Estados Unidos e Colômbia essa prática é considerada ilegal
conforme legislação vigente.
O que se entende sobre essa temática é que, na realidade, quanto menor
e mais pobre o circo, maiores são as situações de maus tratos, tendo em vista a
falta de recursos financeiros para manter os animais que por inúmeras vezes
passam fome e sede e morrem por falta de um tratamento adequado. Nesse sentido,
autuar esse tipo de entretenimento que mal se sustenta é decretar seu fechamento
imediato o que, para a sociedade, nem sempre é plausível. Nesse aspecto, mais
uma vez impera o antropocentrismo, colocando a vontade do homem acima de
qualquer sofrimento que o animal venha a passar.
Contudo, o texto legal não impede a ação e por muitas vezes torna-se
inaplicável.
Outras formas de entretenimento com uso de animais de grande porte
também são praticadas não só no Brasil, mas em diversas localidades do mundo. A
vaquejada é uma dessas atividades inventadas no Brasil e consiste na perseguição
de um boi por dois vaqueiros na arena de rodeio. A vitória se dá mediante a laçada
do boi e sua derrubada no chão, em seguida é arrastado brutalmente mostrando a
força e soberania dos vaqueiros. Outra atração é a farra do boi que não acontece
em rodeios, mas ocorre nas ruas da cidade. Nessa ação, homens, mulheres e
crianças perseguem o animal em fúria e utilizam-se de diversos materiais como
pedras, paus, facas entre outros, para ferir o boi que, por muitas vezes acabam
morrendo em decorrência desses ferimentos.
CHUAHY (2009) destaca a crueldade e o perigo decorrente desta
atividade e com isso foi proibida no ano de 1997 com base no acórdão 153.531/97
do Supremo Tribunal Federal (STF). Outro ordenamento que refuta esse ato está na
Lei Federal 9.605/98, art. 32 tornando crime o ato de abuso, maus tratos, além de
provocar ferimentos e/ou mutilação dos animais.
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As rinhas são competições em que dois animais medem forças até não
aguentarem mais ou com a morte de uma ou ambas as partes. As brigas mais
comuns são com galos e cães, mas podem ter como personagens principais
cavalos, canários e até mesmo cães com urso.
O fato é que a rinha, independente do animal em competição, denota
ação violenta em que sempre o animal sai lesionado, se não perder a vida. Este
constitui um crime ambiental conforme Decreto 24.645/34. Este dispositivo legal
decreta:
Art 3º – Consideram-se maus tratos:
I – praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal;
II - manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a
respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz;
III – ...
IV – golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente, qualquer órgão ou tecido de
economia, exceto a castração, só para animais domésticos, ou operações
outras praticadas em benefício exclusivo do animal e as exigidas para
defesa do homem:
V – abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como
deixar de ministrar-lhes tudo que humanitariamente se lhe possa prover;
(...)
X – utilizar, em serviço, animal cego, ferido, enfermo, fraco, extenuado ou
desferrado, sendo que este último caso se aplica a localidades com ruas
calçadas;
(...)
XIX- transportar animais em cestos, gaiolas ou veículos sem as proporções
necessárias ao seu tamanho e número de cabeças, e sem que o meio de
condução em que estão encerrados esteja protegido por uma rede metálica
ou idêntica que impeça a saída de qualquer membro do animal;
(...)
XXVII – ministrar ensino a animais com maus-tratos físicos;
(...).
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V CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto foi possível ter uma idéia clara de como o homem, no
decorrer de sua história lidou com a presença de animais não humanos em sua
evolução. Viu-se que, apesar de uma visão antropocêntrica e de um comportamento
especista arraigado historicamente e alicerçado na religiosidade, algumas
civilizações, pensadores e cientistas defendiam o direito de igualdade com os
animais e até mesmo os considerava sagrados. Essa ideologia é construída com
base na difusão da cultura, é ela a responsável pelo comportamento e visão de
mundo das pessoas. Se um homem cresce em meio a uma cultura de maus tratos e
desrespeito para com a fauna e a flora, está tendencioso a reproduzir esse
comportamento e essa ideologia por achá-la politicamente correta.
É importante destacar, no que tange aos variados usos dos animais que a
premissa central e de maior destaque é mesmo a crueldade do ser humano, ou seja,
a maneira com que ele é capaz de maltratar, mutilar e ferir o animal apenas para
suprir seus desejos pessoais.
Outro dado assustador se faz na indústria de alimentação, com a prioridade
para obtenção de lucros o bem estar animal é posto em última estância de
prioridade, isso quando se adota uma prioridade para o animal. Um fato interessante
é que no uso do animal como divertimento, além de pessoas cruéis que lidam com o
animal para fins econômicos ainda existe o público, expectadores que assiste a toda
selvageria e ainda aplaudem o espetáculo, fechando os olhos para o sofrimento que
o animal passa para diverti-los. Outros usos não menos cruéis foram citados e a
decepção com a capacidade humana de ser cruel só aumenta.
Viu-se no processo histórico da legislação brasileira na conquista dos
direitos animais que muito foi conquistado desde os primórdios, contudo salienta-se
que ainda há muito que caminhar no ordenamento jurídico para que o direito dos
animais seja completamente preservado e seus agressores sejam devidamente
punidos.
Sabe-se que o uso de animais na vida cotidiana é algo necessário, o que se
pauta nesse estudo é quanto a um comportamento mais humanitário, ao respeito às
legislações vigentes. É preciso uma nova visão, um novo parâmetro não só para
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com a fauna, mas com a natureza em geral. A partir do momento que os pais
ensinarem a seus filhos sobre a importância do respeito e do amor pelos animais,
pautados não só em palavras, discursos vazios, mas primordialmente em ações
concretas a visão de mundo do homem tende a mudar ou melhorar notoriamente. O
papel da Lei é de suma importância, esta deve ter parâmetros mais rígidos, penas
severas e aplicações imediatas. O poder da mídia é outro foco importante, pois ela
dissemina valores, ideologias e culturas e nesse sentido tem grande valor na
mudança de paradigma do homem em relação à fauna e flora que compõe seu
habitat.
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VI REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS, Edna Cardozo. Direito dos Animais e isonomia jurídica. Revista Brasileira de
Direito Animal. Vol.2, n.2, Salvador: Evolução, 2007. p.107-117.
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 2ª ed. São Paulo: Saraiva,
2004.
JUS BRASIL. Art. 32 da Lei dos Crimes Ambientais – Lei 9.605/98. Disponível em:
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11334574/artigo-32-da-lei-n-9605-de-12-de-
fevereiro-de-1998 - Acesso em: 16/05/2014.
MEDEIROS. Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos animais. Porto alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2013.
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 5. ed. São Paulo:
Malheiros, 2004.
SINGER, Peter. Libertação Animal. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.