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Hidrologia

Prof. Alfredo Akira Ohnuma Júnior

HIDROLOGIA ESTATÍSTICA
Variáveis aleatórias aplicadas em eventos hidrológicos

ü Dados hidrológicos apresentam variações sazonais que


podem ser irregulares, onde ocorrem extremos e
diferentes seqüências de valores que caracterizam as
variáveis como aleatórias;

ü Variáveis hidrológicas se relacionam com uma


probabilidade de ocorrência;

ü Técnicas estatísticas são aplicadas para avaliar a


ocorrência de fenômenos hidrológicos com determinada
magnitude.
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APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE PROBABILIDADE E


ESTATÍSTICA EM HIDROLOGIA
DETERMINAÇÃO DO “VALOR DE PROJETO”

Em favor da segurança, geralmente as obras de recursos hídricos


são dimensionadas para valores extremos ou característicos que
garantam ao mesmo tempo a segurança e a viabilidade econômica
da obra. Para este valor característico dá-se o nome de “valor de
projeto”. Os termos “vazão de projeto” e “chuva de projeto” são
usados.
O histórico disponível (série temporal) não contém
necessariamente a observação do valor extremo ou
característico. Assim, é preciso fazer uma certa especulação sobre
o futuro. Nesses estudos são aplicadas técnicas de probabilidade
e estatística associando chances ou probabilidades de ocorrência de
certos eventos a partir da análise da série histórica.
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APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE PROBABILIDADE E


ESTATÍSTICA EM HIDROLOGIA
CONCEITOS DA ESTATÍSTICA APLICADOS À HIDROLOGIA

População: “é o conjunto de todos os itens, objetos ou pessoas


sob consideração. A cada elemento desse conjunto, dá-se o nome
de unidade populacional”

Amostra: “é um subconjunto finito de uma população”

Dados brutos: conjunto de dados numéricos obtidos após a crítica


de valores coletados. Ex.: vazões anuais

Rol: é o arranjo de dados brutos em ordem de frequência crescente


ou decrescente. “N” é o total de elementos.

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CONCEITOS DA ESTATÍSTICA APLICADOS À HIIDROLOGIA


(continuação)

Amplitude Total ou Range (R): R = Xmáx - Xmín

Nº de Classes (k): os dados já ordenados podem ser arranjados em


classes, sendo : se N ≤ 25 , k = 5 ; senão,
k= N
Amplitude da Classe (h): h = R/k

Frequência absoluta (Fi): é o número de vezes que o elemento


aparece na amostra ou o nº de elementos pertencentes a uma classe.
Obs: o somatório de Fi é igual ao número total de elementos.

Frequência relativa (fi): é dada por: fi = Fi/N ; ou seja, é a


porcentagem do valor “i” na amostra.

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APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE PROBABILIDADE E


ESTATÍSTICA EM HIDROLOGIA
CONCEITOS ESTATÍSTICOS APLICADOS À HIDROLOGIA
(continuação)

Frequência acumulada (FAC): é o acumulado das frequências


absolutas.

Frequência relativa acumulada (frac): é a porcentagem da


frequência acumulada.

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A Média

A vazão ou precipitação média é a média de toda a série


de vazões ou precipitações registradas, e é muito
importante na avaliação da disponibilidade hídrica total de
uma bacia.

A vazão média específica é a vazão média dividida pela área de


drenagem da bacia. As vazões médias mensais representam o valor
médio da vazão para cada mês do ano, e são importantes para analisar
a sazonalidade de um rio.

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A Mediana

A mediana é o valor que é superado em 50% dos


pontos da amostra. A média e a mediana podem ter
valores relativamente próximos, porém não iguais.

A mediana pode ser obtida organizando os “n” valores xi da amostra


em ordem crescente ou decrescente. Sendo xk com k = 1 a “n”, os
valores de “x” organizados em ordem crescente ou decrescente, a
mediana é obtida por:
“n” for ímpar:

“n” for par:

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O Desvio Padrão

O desvio padrão é uma medida de dispersão dos


valores de uma amostra em torno da média. O desvio
padrão é dado por:

∑$
!"#(𝑋 − '
𝑋)%
𝜎=
𝑁−1
O quadrado do desvio padrão σ2 é
chamado de Variância da amostra.

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O coeficiente de variação: é uma relação entre o


desvio padrão e a média. O coeficiente de variação é
uma medida da variabilidade dos valores em torno da
média, relativamente à própria média.

A variância é a soma dos quadrados dividido pelo


número de observações do conjunto menos um.

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Assimetria: é o grau de desvio ou afastamento da simetria de uma


distribuição. Caso a curva de frequência de uma distribuição tenha
a cauda mais longa à direita do que à esquerda, diz-se que a
distrubuição é desviada para a direita, ou que ela tem assimetria
positiva. Caso contrário, ela é desviada à esquerda e tem
assimetria negativa.

O coeficiente de assimetria é um valor que caracteriza o quanto uma


amostra de dados é assimétrica com relação à média. Uma
amostra é simétrica com relação à média se o histograma dos
dados revela o mesmo comportamento de ambos os lados da
média.

x: número da distribuição
σ: desvio padrão
n: número da amostra

Coef. Assimetria Coef. Assimetria Corrigido 10


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Assimetria

No programa Excel a
função chamada
“Distorção” permite
calcular o coeficiente de
assimetria.

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ANÁLISE DE FREQUÊNCIA

A análise de freqüência consiste na avaliação, a partir de uma


série de dados homogêneos, do número de vezes que o evento
observado supera ou é menor que determinado valor de
referência.
A análise de freqüência pode ainda ser feita pelo grupamento dos
dados em intervalos de classe. O histograma de frequências
simples é a representação gráfica da frequência com que uma
variável ocorre com dado valor.
A freqüência (relativa) pode ser dada por:
m/N, chamado Método Califórnia, ou
m/(N+1), chamado Método de Kimbal.
“m” é o número de ocorrências (frequencia absoluta), e
“N” é o número total de inferências da série de dados em análise.
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Análise de Frequência p/:


Vazões máximas

Selecionando apenas as vazões máximas de cada ano em um


determinado local, é obtida a série de vazões máximas deste local e é
possível realizar análises estatísticas relacionando vazão com
probabilidade.
(Função Densidade de Probabilidade).

Para vazões máximas o interesse é pela probabilidade


de ocorrência de vazões iguais ou maiores do que um
determinado limite.

As séries de vazões disponíveis na maior parte dos locais (postos


fluviométricos) são relativamente curtas, não superando algumas
dezenas de anos. 13
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Análise de Frequência p/:


Vazões Mínimas

A análise de vazões mínimas é semelhante à análise de vazões


máximas, exceto pelo fato que no caso das vazões mínimas o
interesse é pela probabilidade de ocorrência de vazões
iguais ou menores do que um determinado limite.

No caso da análise utilizando probabilidades empíricas, esta


diferença implica em que os valores de vazão devem ser
organizados em:
ordem crescente è vazões mínimas;
ordem decrescente è vazões máximas.

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Análise de Frequência p/:


Vazões Máximas e Vazões Mínimas
Aplicações estatísticas mais frequentes

Distribuição Vazões Máximas Vazões Mínimas


Empírica / Weibull ✓ ✓
Normal ✓ ✓
Log-normal ✓ ✓
Log-Pearson III ✓ ✓
Gumbel ✓ ✓

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ANÁLISE DE FREQUÊNCIA

Histograma de frequência dos picos de


cheia por uma seção fluvial.
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ANÁLISE DE FREQUÊNCIA

Histograma de frequência com valores


acumulados dos picos de cheia por uma
seção fluvial.

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FUNÇÃO DE DENSIDADE DE PROBABILIDADE


Na medida em que a amostra de dados é representativa da
“população”, pode ser feita a ligação entre as freqüências
amostrais e as probabilidades. Ou seja, o histograma amostral de
freqüências pode ser aproximado como a distribuição empírica de
probabilidades da variável em análise (chuvas, vazões, etc…).

As variáveis contínuas têm suas distribuições de probabilidade


simples apresentadas na forma de uma função densidade de
probabilidade (FDP). Por decorrência, observa-se ainda a
possibilidade do estabelecimento da função cumulativa de
probabilidades, FCP (excedência ou não-excedência de um
determinado valor).

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FUNÇÃO DE DENSIDADE DE PROBABILIDADE


Verifica-se a existência de algumas funções de densidade e
cumulativas de probabilidades teóricas. Alguns exemplos de FDPs
aplicadas em estudos hidrológicos são: a distribuição normal, a
distribuição de gumbel, a distribuição de weibull, a distribuição
log-pearson tipo 2 e tipo 3, entre outras. As FDPs são estimadas
em função de parâmetros estatísticos da série temporal, como,
média, desvio padrão, coeficiente de assimetria da “população”.
Existem metodologias específicas como o Método dos Momentos e
o Método da Máxima Verossimilhança para estimativa do valor
desses parâmetros das distribuições teóricas. Pode-se ainda usar
metodologias de ajuste de modelos probabilísticos à uma
determinada série temporal.

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FUNÇÃO DE DENSIDADE DE PROBABILIDADE

Aspecto de uma típica distribuição


de frequência de cheias

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PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE DRENAGEM URBANA

Período de retorno (T) é o período de tempo médio que um


determinado evento hidrológico é igualado ou superado pelo
menos uma vez. A unidade de referência é em “anos”.

“É um parâmetro fundamental para a avaliação e projeto de


sistemas hídricos, como reservatórios, canais, vertedores,
bueiros, galerias de águas pluviais, etc” (Righeto, 1998).

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PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE DRENAGEM URBANA


Na prá'ca da engenhariade recursos hídricos e da drenagem costuma-se
dizer:

“ocorrência de inundação de 100 anos” e então…


entende-se de forma equivocada que a inundação irá ocorrer uma vez a
cada 100 anos.

A ASCE (American Society Civil Engineer, 1992) recomenda para divulgação


pública evitar o termo “período de retorno” e sim u'lizar o termo
“probabilidade anual”.

Dessa forma, dizer que a obra foi projetada para “inundação de 100 anos”,
significa dizer que a inundação tem probabilidade de 1% de
acontecer em cada ano.
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O CONCEITO DE PERÍODO DE RETORNO OU


TEMPO DE RECORRÊNCIA

Tempo de recorrência é o intervalo médio, em anos, entre a


ocorrência de uma cheia com determinada magnitude ou uma de
igual ou maior valor. Assim, o conceito do tempo de recorrência está
associado com a frequência, e, por decorrência com a probabilidade
de superação de um determinado valor. É dado por:

(Fórmula de Weibull:
Distribuição Empírica)
onde:
TR: tempo de recorrência ou período de retorno;
m: o número de ordem da maior cheia ou o número de vezes que a
mesma foi superada (maior vazão m=1, menor vazão m=N);
N: o número de inferências total da variável de estudo.

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Distribuição Empírica: Fórmula de Weibull

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Exercício: Calcule a probabilidade e o tempo de retorno das vazões


máximas do Rio Cuiabá entre 1984 e 1991 pela Distribuição
Empírica ou Fórmula de Weibull. Calcule a média, o desvio padrão e
a mediana da série de vazões máximas.
Vazões Máximas anuais Vazões Máximas reorganizadas em ordem
entre 1984 e 1991: decrescente, com ordem e probabilidade empírica:

Média = 1783 m3/s;


Mediana = 1771 m3/s;
DP = 293 m3/s
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PERÍODO DE RETORNO OU TEMPO DE RECORRÊNCIA


(continuação)

Ou ainda:

sendo:

TR: tempo de retorno, em anos;


P: a probabilidade do evento ser igualado ou ultrapassado em um ano
qualquer.

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PERÍODO DE RETORNO OU TEMPO DE RECORRÊNCIA


(continuação)

Ilustração do conceito de período de retorno para


eventos máximos anuais.

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PERÍODO DE RETORNO OU TEMPO DE RECORRÊNCIA


(continuação)

Ilustração do conceito de período de retorno para


eventos mínimos anuais.
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TEMPO DE RETORNO OU TEMPO DE RECORRÊNCIA


(adotado para algumas estruturas)

Estrutura TR (anos)
Bueiros de estradas pouco movimentadas 5 a 10
Bueiros de estradas muito movimentadas 50 a 100
Pontes 50 a 100
Diques de proteção de cidades 50 a 200
Drenagem pluvial 2 a 10
Pequenas barragens 100
Grandes barragens 10000

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Distribuição normal

Para extrapolar as estimativas de vazão máxima é necessário supor


que as vazões máximas anuais sigam uma distribuição de
probabilidades conhecida, como no caso das chuvas anuais.

Vazões máximas segundo uma distribuição normal podem ser


estimadas por:

“x”: a vazão máxima para uma dada probabilidade;


“xm”: a média das vazões máximas anuais; e
“σ”: o desvio padrão das vazões máximas anuais.

O valor de K é obtido de tabelas de distribuição normal (equivalente


ao z nas tabelas A e B ao final do capítulo).
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Distribuição log-normal

A distribuição normal parte da equação:

log(x): o logaritmo da vazão máxima;


log(x)m: a média dos logaritmos das vazões máximas
anuais observadas;
σlog(x): o desvio padrão dos logaritmos das vazões
máximas anuais observadas.

O valor de K é obtido das tabelas A e B do final do


capítulo (K é equivalente a z dado nas tabelas).
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A seqüência de etapas para a estimativa supondo que os


dados correspondem a uma distribuição log-normal é a
seguinte:

1) Obter vazões máximas de N anos;


2) Calcular os logaritmos das vazões máximas;
3) Calcular a média e o desvio padrão dos logaritmos das vazões
máximas;
4) Obter o valor de z para a probabilidade correspondente ao tempo
de retorno de 100 anos;
5) Obter o valor do logaritmo da vazão de tempo de retorno de 100
anos a partir da equação;
6) Obter o valor da vazão através da função inversa do logaritmo.

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Distribuição Log-Pearson Tipo III

A distribuição Log-Pearson Tipo III pode ser descrita por


três parâmetros: a média, o desvio padrão e o coeficiente
de assimetria.

A equação utilizada para estimar a vazão máxima é igual


à utilizada na distribuição Log- Normal, entretanto o valor
de K é obtido de outra tabela.

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FUNÇÃO DE DENSIDADE DE PROBABILIDADE

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Distribuição de Gumbel

A probabilidade de que uma determinada vazão venha a


ser igualada ou excedida em um ano qualquer pode ser
estimada usando a distribuição de Gumbel, de acordo
com a equação:

onde “P” é a probabilidade; “e” é a base dos logaritmos naturais (LN) e “b” é
dado por:

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Distribuição de Gumbel:

A vazão para um dado tempo de retorno TR (em anos)


pode ser obtida por uma forma inversa da equação:

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Exercício: Distribuição Binomial

1) Um bueiro é projetado para um intervalo de recorrência ou tempo de


retorno de 50 anos. Qual a probabilidade de ocorrer exatamente uma cheia
da magnitude igual à de projeto em 100 anos de vida ú'l da estrutura?

2) Qual a probabilidade do mesmo bueiro experimentar pelo menos uma


cheia de projeto em seu tempo de vida ú'l?

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VALORES DE REFERÊNCIA EM PROJETOS E NA GESTÃO DE RECURSOS


HÍDRICOS

QMLT – Vazão média de longo termo, é um valor de referência usado nas


questões relacionadas ao gerenciamento de recursos hídricos e em estudos
de regionalização de vazões. A QMLT representa o limite superior de
disponibilidade de um curso de água, teoricamente calculada como o valor
de vazão que, se ocorresse de forma constante no tempo, produziria o
mesmo volume que o regime fluvial variável escoou em um longo intervalo
de tempo;

q - vazão específica, é um valor de referência usado nas questões relacionadas


à gestão de recursos hídricos e em estudos de regionalização de vazões. É
dada pela vazão dividida pela área de drenagem. Expressa geralmente nas
unidades de l/s.km2.

Q7,10 – é um valor de referência usado nas questões relacionadas à gestão dos


recursos hídricos. Vazão mínima de sete dias de duração com período de
retorno de 10 anos.
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VALORES DE REFERÊNCIA EM PROJETOS E NA GESTÃO DE RECURSOS


HÍDRICOS

VMP – Vazão Máxima Provável ou máxima cheia provável. É um valor de


referência usado no dimensionamento de extravasores. A determinação da
VMP é feita com base na PMP (Precipitação Máxima Provável).

PMP – Precipitação Máxima Provável, ou precipitação máxima possível. Está


associada a um limite superior de precipitação que pode ocorrer devido à
interação de vários fatores meteorológicos. A determinação pode ser feita
por metodologias de base dsica ou através de técnicas de estaes'ca.
Geralmente, é aplicado mais de um método e os resultados comparados.

Q95 – é um valor de referência usado nas questões relacionadas à gestão dos


recursos hídricos, em estudos de regionalização e em estudos relacionados
às cheias. Corresponde à vazão para 95% na curva de permanência.
Referência do regime de es'agem, indicando o valor que é excedido na
curva de permanência em 95% do tempo. O valor Q50, que corresponde à
50%, também é bastante u'lizado.
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CURVA DE PERMANÊNCIA / CURVA DE DURAÇÃO

A curva de permanência reflete, a par'r da análise de frequência, a


probabilidade (em porcentagem de tempo) de um determinado
evento ser igualado ou ultrapassado. Os eventos são ordenados
em ordem decrescente. Intervalos de classe podem ser aplicados.

Cálculo da Curva de Permanência:


(série de vazões) : (ordem) : (permanência)
(permanência) = [(n.ordem)/(N amostral)] x 100

A denominação de curva de duração é usada, quando na análise dos


eventos, os mesmos são ordenados em ordem crescente. Nesse
caso, a probabilidade (em porcentagem de tempo) se refere ao
valor igual ou menor.

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CURVA DE PERMANÊNCIA CURVA DE DURAÇÃO

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VAZÕES MÍNIMAS ou VAZÕES ECOLÓGICAS


Estados brasileiros adotam critérios diferenciados para o processo de outorga de
direitos de usos da água, e não consideram fatores relacionados a ecologia, de modo a
ressaltar que as legislações brasileiras possuem visão mais sanitarista do que ambiental.

Estado Qref Critério Vazão Ecológica


90% da Qref quando houver barramento 10% da Q90
CE Q90
33% da Qref em lagos e lagoas 67% da Q90
MG Q7,10 30% da Q7,10 70% da Q7,10

RN/PB Q90 90% da Qref 10% da Q90


80% da Qref quando não houver barramento ou quando
20% da Q90
houver barramento em rios perenes (PE e BA)
95% da Qref quando não houver barramento ou quando
PE houver barramento em rios intermitentes (PE e BA)
Q90 diário 5% da Q90
BA
95% da Qref quando o suprimento é para abastecimento
humano (BA)
Vazões regularizadas por reservatório (BA) 20% da Q90

44 (BENETTI et al., 2003)


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CURVA DE PERMANÊNCIA
É obtida pela relação da vazão com a sua probabilidade de ocorrência ao longo
do tempo, ou seja, expressa a relação entre a vazão e a frequência com que pode ser
superada ou igualada. Pode ser elaborada a partir de vazões diárias ou mensais
Exemplo: a vazão de 1000 m3.s-1 e igualada ou superada em menos de 10% do
tempo. Apesar de apresentar picos de cheias com 7000 m3.s-1 ou mais, na maior parte
do tempo as vazões do rio Taquari neste local sa o bastante inferiores a 500 m3.s-1.

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ANÁLISE DE REGRESSÕES E CORRELAÇÕES

Em hidrologia é muito comum o estudo de correlações entre variáveis para


explicar determinados fenômenos hidrológicos. Seja na extrapolação no
tempo e no espaço das variáveis hidrológicas, seja para explicação de
fenômenos dsicos.

HIDROLOGIA ESTOCÁSTICA
Na hidrologia estocás'ca aplicam-se modelos estaes'cos na representação
dos fenômenos hidrológicos. Ou seja, as séries temporais de precipitação e
vazão são tratadas como variáveis aleatórias.

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EXERCÍCIO (DETERMINAÇÃO DOS “VALORES DE PROJETO”)

U'lizando a série de vazões máximas anuais observadas no rio Perequê-açu


em Paraty:

(a) Faça a representação gráfica dos histogramas de freqüência simples e


acumulado;
(b) Obtenha a cheia para o tempo de recorrência de 100 anos pelos métodos
de Gumbel e de Log-Pearson 'po III;
(c) Determine o tempo de recorrência da cheia de 1979 pelos métodos de
Gumbel e de Log-Pearson 'po III;
(d) Es'me a vazão QMLT;
(e) Calcule a vazão específica.

Para obter a série de vazões, acesse o site da ANA, sistema Hidroweb.


Vide exemplos 5.1 e 5.2: Livro de Engenharia de Recursos Hídricos (Linsley e Franzini)

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