Você está na página 1de 18

14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

DISCIPLINA: MEDIDAS ELÉTRICAS

CÓDIGO: ET75F

Professor: Jean Carlos Cardozo da Silva

MEDIDAS ELÉTRICAS

Análise Estatística de Resultados

MEDIDAS ELÉTRICAS

Por que existe incerteza?


Ø Algumas das razões mais imediatas para existirem sempre
incertezas associadas às medições são indicadas a seguir:

Efeito das condições Efeito das características Efeitos atribuídos ao operador


ambientais (por intrínsecas aos (tais como método de medição
exemplo: temperatura, instrumentos de medição inadequado, erros de leitura das
umidade, utilizados ou mesmo ao escalas, incorreta utilização dos
pressão atmosférica, etc.) mensurando que se equipamentos, etc.).
pretende medir ou
caracterizar.

1
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Calibração

ü A calibração é uma “operação que estabelece, numa


primeira etapa e sob condições especificadas, uma relação
entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por
padrões e as indicações correspondentes com as
incertezas associadas; numa segunda etapa, utiliza esta
informação para estabelecer uma relação visando à
obtenção de um resultado de medição a partir de uma
indicação” [VIM,2008].

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Para que se tenha uma calibração adequada alguns


itens devem ser observados:
ü Uso de um padrão adequado;
ü Controlar o ambiente, ou seja, evitar que eventos
externos, ou outras variáveis influenciem no
resultado do experimento;
ü Número de repetições da leitura.

ü É necessário que haja um procedimento


prontamente implementado, facilmente
compreendido e de aceitação geral para caracterizar
a qualidade de um resultado de uma medição, isto é,
para avaliar e expressar sua incerteza” (INMETRO,
2008).

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø PADRÕES

ü Da quantificação numérica de um atributo ou característica


de um fenômeno, corpo ou substância resulta a medida. A
obtenção deste resultado numérico tem implícita a
comparação da quantidade a medir com uma quantidade
de referência – o padrão.
ü Um padrão é uma medida materializada, instrumento de
medição, material de referência ou sistema de medição
destinado a definir, realizar, conservar ou reproduzir uma
unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para
servirem de referência [VIM 6.1].
ü Por exemplo: a unidade fundamental de massa do sistema
internacional (SI) é o quilograma. Esta unidade de massa está
materializada pelo Protótipo Internacional de Massa, que é um
cilindro de platíno-irídio que se encontra depositado no Serviço
Internacional de Pesos e Medidas, em Sèvres, França.

2
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø PADRÕES
ü Os padrões são classificados, de acordo com a sua qualidade
metrológica, função e aplicação, nas seguintes categorias
principais:
1. Padrão Internacional
2. Padrão Nacional
3. Padrão Primário
4. Padrão Secundário
5. Padrão de Trabalho

ü Um Padrão Internacional é um padrão reconhecido por um


acordo internacional para servir de base internacional à
fixação dos valores de todos os outros padrões da grandeza a
que se refere [VIM 6.2].
ü Um Padrão Nacional é um padrão reconhecido por uma
determinação legal nacional para servir de base, num país, à
fixação dos valores de outros padrões da grandeza a que se
refere [VIM 6.3].
ü Padrão Primário é um padrão que é designado ou largamente
reconhecido como possuindo as mais elevadas qualidades
metrológicas, e cujo valor é aceito sem referência a outros
padrões da mesma grandeza [VIM 6.4].
7

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø PADRÕES

ü Padrão Secundário é um padrão cujo valor é fixado por


comparação com um padrão primário da mesma
grandeza [VIM 6.5].

ü Padrão de Referência é um padrão em geral da mais


elevada qualidade metrológica disponível num dado
local, ou organização, do qual derivam as medições aí
efetuadas [VIM 6.6].

ü Padrão de Trabalho é um padrão que é utilizado


correntemente para verificar medidas materializadas,
instrumentos de medição ou materiais de referência [VIM
6.7].

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø A análise estatística de um conjunto de medidas permite


caracterizar analiticamente a incerteza da medição,
especialmente quando as medidas estão sujeitas a erros de
natureza aleatória.
Ø A média, o desvio médio e o desvio-padrão são alguns parâmetros
estatísticos importantes que se definem.
ü O valor mais provável de um conjunto de N medidas, xi, é a média
aritmética, definida por:

1 N
x= ∑ xi
N i=1
x é a média aritmética e x são as leituras realizadas.
i

3
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

ü O desvio, di, de cada uma das leituras relativamente à média


aritmética é

di = xi − x
ü O valor absoluto do desvio médio, δ, relativo às N leituras tem a
expressão
N
1
δ=
N
∑d
i =1
i

ü O desvio médio, δ, fornece uma indicação da repetitividade dos


instrumentos utilizados na medição. Se for observado um conjunto
de medidas com uma boa repetitividade, com uma baixa dispersão
entre sucessivas medidas, temos um desvio médio pequeno.
ü O respectivo erro relativo é definido por
δ
ε=
x 10

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Outra medida de dispersão é o desvio-padrão experimental s.


ü Em análise estatística de erros aleatórios, a raiz quadrada da média
dos quadrados (“root mean square”, ou rms, na terminologia inglesa)
dos desvios, ou desvio-padrão.
ü Por definição, o desvio padrão experimental s de um número finito
de medidas é a raiz quadrada da soma dos quadrados de todos os
desvios individuais, dividido pelo número total de leituras. Expresso
matematicamente,

1 N 2
s= ∑ di
N − 1 i =1

11

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Os resultados de uma série de medições podem ser


caracterizados pelo histograma das observações.
ü É uma representação do número ou frequência de
observações, il, em função dos valores lidos, xl, (l = 1, 2, …,
L, sendo L o número de intervalos de valores de x).
ü Os valores de x , s e δ estão relacionados com o par il , xl, pelas
expressões:

1 L L
x= ∑ik xk
N k=1
com N = ∑ ik
k =1
e L o número de intervalos considerados.

1 L dk = xk − x
s= ∑ ik d k2
N − 1 k =1
com

1 L
δ
δ=
N
∑i k dk e ε=
k =1 x

4
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Distribuição normal dos erros


Ø A observação da representação gráfica do histograma da uma
idéia da distribuição dos dados na gama dos valores lidos.

13

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Distribuição da probabilidade dos erros


Ø É frequente a curva de distribuição de um processo de medição
apresentar a tendência central, com um desenvolvimento
simétrico em torno do valor mais provável, o valor médio,
observando-se que os erros menores ocorrem com maior
frequência do que os erros mais elevados.
Ø Este tipo de distribuição é, em geral, descrito por uma lei
normal ou Gaussiana que constitui uma boa aproximação às
distribuições de leituras sujeitas a efeitos aleatórios.
ü A expressão da função de densidade de probabilidade de uma
distribuição Gaussiana é

1 " ( x − x )2 %
p(x) = exp $$ − '
2π s 2 # 2s 2 '&
14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø O estudo da distribuição de probabilidade está além do âmbito


desta disciplina.
Ø Convém, no entanto, relembrar algumas propriedades:
ü a área total de uma curva de distribuição de probabilidade,
entre – ∞ e + ∞, é unitária;
ü a área mais escura da figura corresponde a uma variação
em torno da média de ±σ , é aproximadamente igual a
68% de todos os casos observados;

5
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Exemplo:
ü Para a medição de uma tensão elétrica recorremos a dois
métodos de medição, A e B, tendo registrado, em 40
medições, as seguintes distribuições das leituras:
Método A:
Índice k 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Leituras (V) xk 10,1 10,2 10,3 10,4 10,5 10,6 10,7 10,8 10,9

Frequência ik 2 4 7 13 6 5 2 0 1
Método B:
Índice k 1 2 3 4 5 6 7 8
Leituras (V) xk 10,28 10,32 10,36 10,40 10,44 10,48 10,52 10,56

Frequência ik 1 1 3 7 15 8 4 1
ü Caracterize estatisticamente os dois métodos de medição.

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Considerações:
ü São pertinentes alguns comentários prévios sobre os dois
conjuntos de medidas.
ü As leituras relativas ao método A são apresentadas com três
algarismos significativos, enquanto que em B são usados 4.
ü Temos assim que o intervalo de confiança de cada leitura é muito
menor em B (±0,005V) do que em A (±0,05V).
ü Este intervalo de confiança deverá fazer refletir-se na largura da
barra utilizada para a representação de cada medida.
ü A dispersão das medidas de A é mais vasta do que a observada com
o método B.
ü Podemos então desde já afirmar que o método B tem melhor
repetitividade do que A.

17

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Resultado

x s δ
ε

Método A 10,4V 167mV 125mV 1,2%
Método B 10,44V 56mV 39mV 0,38%

6
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTOS

ü A calibração é o conjunto de operações que


estabelecem, em condições especificadas, a relação
entre os valores indicados por um instrumento de
medição ou sistema de medição, ou valores
representados por uma medida materializada, um
material de referência e os correspondentes valores
realizados por padrões.

ü O resultado da calibração permite a atribuição de


valores da grandeza às indicações ou a determinação
de correções às indicações.

ü A calibração é usada também para determinar outras


propriedades metrológicas, tais como a influência de
outras grandezas.
19

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTOS

ü A calibração de instrumentos, tendo em vista assegurar a


conformidade das medições efetuadas com as medições
especificadas, deve obedecer a um conjunto de requisitos.

Ø Requisitos da medição - As medições a efetuar para a verificação do


produto devem ser identificadas.

Ø Requisitos dos equipamentos de medição - Devem ser usados os


equipamentos adequados aos requisitos da medição.

Ø Calibração dos equipamentos de medição - Deve proceder-se à


identificação, calibração e ajuste dos dispositivos que possam afetar a
qualidade do produto.

Ø Registros de Calibração - Devem incluir em documento apropriado a


seguinte informação: a identidade precisa do dispositivo que se calibra; o
nome da pessoa que realiza a calibração; a data da calibração; o
procedimento de calibração; os limites permissíveis da incerteza da
medição; os resultados da calibração em termos das leituras antes e
depois dos ajustes efetuados na calibração e outras informações
apropriadas.
20

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Exemplo de um Calibrador de Processos

21

7
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTOS - Exemplo

ü O resultado da calibração deve ser expresso sob a forma de um ou


vários fatores de calibração ou ainda através de uma curva de
calibração.
ü A curva de calibração é representada pela função go = f (gi), que
relaciona a grandeza de entrada gi com a grandeza de saída go.

22

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTOS

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10
0,21 1,18 2,01 3,29 3,90 5,20 5,90 7,10 7,90 9,10 9,80
0,23 1,20 2,17 3,14 4,11 5,07 6,04 7,01 7,98 8,95 9,91

Legenda: gi= grandeza de entrada (ajustada pelo padrão); go = grandeza


de saída (indicação do instrumento a calibrar); go* = estimativa da saída
por regressão linear (go* = m gi + b; da regressão linear resultou m = 0,97
e b = 0,19).
go*=0,97gi+0,19

23

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Regressão Linear
ü A regressão linear é uma ferramenta de análise estatística e
uma das técnicas mais utilizadas na exploração dos dados
resultantes das medições.
ü Existem outros tipos de regressão (polinomial de ordem
superior à primeira, logarítmica, exponencial, regressão
múltipla, etc.).

8
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Expressão da reta de regressão


ü A reta de regressão tem a seguinte formulação
analítica:

y = a + bx
em que b é a inclinação da reta e a representa a
sua ordenada na origem.
ü Se ignorarmos a incerteza inerente, a reta de
regressão poderá ter uma representação gráfica
como segue.

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Coeficientes da reta e respectivas incertezas


ü A inclinação da reta de regressão (também
conhecido como coeficiente de regressão) é
calculado como:
n n n
n∑ xi yi − ∑ xi − ∑ yi
i=1 i=1 i=1
b= 2
n # n &
n∑ xi2 − %∑ xi (
i=1 $ i=1 '
ü A ordenada na origem será determinada pela
seguinte expressão:
n n n n

∑x −∑y −∑x ∑x y
2
i i i i i
i=1 i=1 i=1 i=1
a= 2
= y − bx
n #n &
n∑ xi2 − %∑ xi (
i=1 $ i=1 '

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Coeficiente de correlação entre X e Y


ü Um parâmetro que permite avaliar o grau de relacionamento
linear entre dois conjuntos de dados (ou duas grandezas) é o
chamado coeficiente de correlação (R).
ü Este coeficiente varia desde -1 (relação negativa perfeita),
passando por 0 (nenhuma relação), até +1 (relação positiva
perfeita).
n n n
n∑ xi yi − ∑ xi ∑ yi
i=1 i=1 i=1
R=
) n # n & ,) n
2
#n &,
2

+n∑ xi2 − %∑ xi ( .+n∑ yi2 − %∑ yi ( .


+* i=1 $ i=1 ' .-+* i=1 $ i=1 ' .-

9
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Se considerarmos agora que os pontos efetivamente


medidos não se ajustam perfeitamente à reta que
assim determinamos, é necessário estimar o seu
desvio padrão ( Sy|x):

N −1 2 2 2
Sy|x =
N −2
( Sy − b Sx )
em que designamos por Sy e por Sx os desvios-padrão
dos valores das grandezas dependente e
independente, respectivamente.
Ø Nesta expressão, N é o número de pares de valores
(x, y) medidos.

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø A incerteza da inclinação da reta é dada por

Sy|x
Sb =
Sx N −1
ü o que se representa graficamente como segue

Incerteza da inclinação (b)

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Quanto à incerteza da ordenada na origem, ela será

Sy|x
Sa = ±
N
ü cujo significado se pode ver na figura seguinte

10
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Uma vez que sabemos que a reta definida por y = a


+ bx não foi exatamente determinada, podemos
dizer que o seu desvio-padrão é
2
1 (x − x )
±Sy|x +
N ( N −1) Sx2

ü O significado de se combinarem as incertezas


inerentes aos dois parâmetros pode ser melhor
compreendido pela observação da figura que segue.

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Interpolação de um novo valor yo a partir de um xo


ü A partir da expressão da reta de regressão linear poderemos
obter qualquer novo valor yo, a partir de um dado xo:

2
1 (x − x )
u = ±Sy|x 1+ +
N ( N −1) Sx2
ü O gráfico que se segue explicita os diversos conceitos
expostos.

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Incertaza da Medição
Ø A Incerteza do resultado de uma medição reflete o grau de
desconhecimento do valor do mensurando.
Ø A incerteza do resultado de uma medição, deve ser agrupada
em duas categorias, de acordo com o método utilizado para
estimar os seus valores numéricos:
ü Tipo A – incertezas que são avaliadas por métodos
estatísticos;
ü Tipo B – incertezas que são avaliadas por métodos não
estatísticos.
Ø Frequentemente uma grandeza de saída, o mensurando Y, não
é medida diretamente, sendo determinada a partir de n outras
grandezas de entrada X1, X2, …, Xn através de uma relação
funcional:

Y = f ( X 1 , X 2 ,..., X n )

11
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø As grandezas Xi são sujeitas a correções (ou fatores de


correção);
Ø É necessário também ter em consideração ouras fontes de
viabilidade, tais como:
ü Diferentes observadores;instrumentos; amostras;
laboratórios; diferentes instantes em que as observações
foram tomadas.
Ø Assim, esta equação de medição não deve ser considerada
como a expressão de uma lei física. É sim uma expressão de
um processo de medição devendo, consequentemente,
explicitar todas as incertezas que de uma forma significativa
contribuíram para o resultado da medição. Designando por y
uma estimativa de Y, e xi uma estimativa de Xi, temos

y = f (x1 , x2 ,..., xn )

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Determinação das componentes da incerteza


Ø Como exemplo de uma avaliação do tipo A, considere-se uma
grandeza Xi, cujo valor é estimado a partir de N observações
independentes Xik de Xi, obtidas nas mesmas condições de
medição.
Ø A melhor estimativa, xi, deste conjunto de observações é a
média da amostra representada por:
N
1
xi = X i = ∑ Xik
N k=1
Ø A incerteza-padrão u(xi), a ser associada a xi, é a estimativa do
desvio-padrão da média, ou:
1
s ( Xik ) # 1 N & 2
u ( xi ) = s ( X i ) = =% ∑ (Xik − Xi )2 (
N $ N(N −1) k=1 '

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Exemplo
Ø Considere o método A do exercício anterior. Determine a
melhor estimativa da tensão elétrica, bem como a incerteza
padrão.
ü Resolução
ü A melhor estimativa da tensão elétrica é o valor médio, isto
é:
V = 10, 4V
ü O desvio-padrão experimental do conjunto das 40 leituras é
s = 167mV. A incerteza-padrão correspondente é:

s 0,167
u ( xi ) = = = 26mV
N 40

12
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Uma avaliação do tipo B da incerteza-padrão é baseada na


informação relevante e disponível, que inclui:
ü Os dados de medições anteriores;
ü A experiência com, ou conhecimento de, comportamentos e
propriedades de materiais e instrumentos relevantes;
ü As especificações dos fabricantes;
ü Os dados fornecidos em operações de calibração e em
relatórios técnicos;
ü Outras incertezas atribuídas a dados de referência
provenientes de manuais.
Ø Uma incerteza é especificada para um dado nível de confiança
(90%, 95% ou 99%). A não ser que se mencione
explicitamente que foi usado outro tipo de distribuição para
calcular a incerteza, admite-se que se recorreu a uma
distribuição normal. Para esta distribuição, os fatores
correspondentes a estes três níveis de confiança são 1,64,
1,96 e 2,58, respectivamente.

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Exemplo
Ø Um relatório de calibração especifica que uma tensão elétrica
padrão Vp de valor nominal 1,02 V é igual a 1,018582 V ± 156
µV à temperatura de 20 ºC. A incerteza de 156 µV foi definida
para um nível de confiança de 95 %. Determine a incerteza
padrão.
Ø Resolução
Ø A incerteza-padrão é

156.10 −6
u (Vp ) = = 80µV
1, 96

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Incerteza Padrão Combinada

ü Ao desvio padrão resultante da ação conjunta das várias fontes de


incertezas, agindo simultaneamente sobre o processo de medição
denomina-se de incerteza padrão combinada.
ü A incerteza-padrão combinada é um desvio padrão estimado e
caracteriza a dispersão dos valores que poderiam, razoavelmente, ser
atribuídos ao mensurando
ü A incerteza padrão combinada (uc) das várias fontes de incertezas pode
ser estimada a partir das incertezas padrão de cada fonte de incerteza.
por:

uc = u12 + u22 +... + un2


ü É necessário que as incertezas padrão de cada fonte de incertezas
sejam expressas na mesma unidade do mensurando.

13
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Exercício:

ü A equipe de engenharia ficou responsável pelo


desenvolvimento de um sensor a fibra ótica para
monitoração de temperatura em uma usina hidrelétrica e
após longos meses eles escolheram um nova tecnologia de
sensores baseada em redes de Bragg em Fibra ótica.
Assim, o primeiro passo foi determinar a curva de
temperatura versus comprimento de onda. A partir da
tabela 1 apresente a curva de calibração, o desvio padrão
experimental, o erro relativo, o coeficiente de correlação, a
respectiva equação de ajuste e a incerteza padrão
combinada.

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Dados da caracterização e calibração do sensor

Comprimento)de)onda)[nm]) Desvio)
Temperatura) Medição) Média)
Padrão)
[°C]) [nm])
1ª) 2ª) 3ª) [nm])
0) 1542,997( 1542,973( 1542,990( 1542,987( 0,012342(
5) 1543,060( 1543,043( 1543,052( 1543,052( 0,008505(
10) 1543,121( 1543,109( 1543,114( 1543,115( 0,006028(
15) 1543,180( 1543,173( 1543,175( 1543,176( 0,003606(
20) 1543,237( 1543,235( 1543,237( 1543,236( 0,001155(
25) 1543,300( 1543,295( 1543,300( 1543,298( 0,002887(
30) 1543,360( 1543,357( 1543,362( 1543,360( 0,002517(
35) 1543,423( 1543,423( 1543,422( 1543,423( 0,000577(
40) 1543,483( 1543,481( 1543,484( 1543,483( 0,001528(
45) 1543,540( 1543,547( 1543,548( 1543,545( 0,004359(
50) 1543,605( 1543,611( 1543,611( 1543,609( 0,003464(
55) 1543,667( 1543,676( 1543,677( 1543,673( 0,005508(
60) 1543,733( 1543,745( 1543,741( 1543,740( 0,006110(
65) 1543,802( 1543,811( 1543,810( 1543,808( 0,004933(
70) 1543,870( 1543,870( 1543,874( 1543,871( 0,002309(
75) 1543,935( 1543,936( 1543,938( 1543,936( 0,001528(
80) 1544,005( 1544,008( 1544,009( 1544,007( 0,002082(
85) 1544,070( 1544,073( 1544,074( 1544,072( 0,002082(
90) 1544,142( 1544,141( 1544,137( 1544,140( 0,002646(

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Análise Gráfica

Ajuste Linear
y = 0, 01274x +1542, 981

14
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Etapas para determinação das incertezas:

Ø A primeira etapa do cálculo de incerteza é determinar quais são


as fontes de incertezas, neste caso, considera-se as seguintes
incertezas:
ü Dispersão das amostras – Incerteza do tipo A;
ü Calibrador ou referência de temperatura – Incerteza do tipo B;
ü Resolução do Calibrador – Incerteza do tipo B;
ü Resolução do interrogador ótico – Incerteza do tipo B;
ü Reta de regressão linear – Incerteza do tipo B.

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Dispersão das amostras – Incerteza do tipo A


ü Para o cálculo da incerteza podemos escolher uma faixa a se
calcular, neste caso optaremos por toda a região de
temperatura medida, ou seja, a faixa de temperatura de 0 a
90°C, desta forma escolhe-se o maior desvio padrão e obtêm-
se a incerteza tipo A devido à dispersão das amostras, a
incerteza é dada pela equação:

s ( x)
u(x ) =
N

0,12342
u(x ) = = 0, 007126 [ nm ]
3

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø O valor do fator de abrangência usado neste trabalho é


proveniente da tabela de distribuição t-student, para três
amostras (v = 3 – 1 = 2) tem-se k= 4,53 com probabilidade de
abrangência de 95,45%; valor que representa na distribuição
normal o dobro do desvio padrão das amostras, usualmente
adotado para expressão de incertezas em laudos de
calibração.

ü Para o calculo da incerteza


expandida utiliza-se a equação:

u0 ( x )exp = ku0 (x )
ü Resultamdo em:

u0 ( x )exp = 4, 53.0, 007126 = 0, 03228 [ nm ]

15
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Para a incerteza devido ao calibrador de temperatura utiliza-se


o próprio laudo de calibração do equipamento, neste caso,
informado o valor de incerteza padrão expandida de 0,30 °C,
k=2, e grau de abrangência de 95,45%.

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø A incerteza devido à resolução pode ser expressa por uma


distribuição de probabilidade retangular, ou seja, em um
intervalo entre “a+” e “a-”, a probabilidade é de 50% para cada
um destes valores, neste caso, a função densidade de
probabilidade conforme equação

1
f ( x) =
a+ − a−
Ø E a variância dada pela equação
2

var(x) = S 2 =
( a+ − a− )
12
Ø O que resulta um desvio padrão dado pela equação

δx
u(x ) =
12

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Para determinação da incerteza devido à resolução do


calibrador utiliza-se a equação, conforme informado no manual
do fabricante o instrumento apresenta resolução de 0,01 °C.

0, 01
u2 ( x ) = = 0, 00289 !" o C #$
12
Ø A incerteza devido à resolução do interrogador ótico, conforme
informado pelo manual do fabricante o instrumento apresenta
resolução de 0,001 [nm].

0, 001
u3 ( x ) = = 0, 000289 [ nm ]
12
Ø Para determinar a incerteza entre dois parâmetros, neste caso,
a incerteza devido à regressão linear considerando que os
pontos são distribuídos normalmente ao redor da reta e de
forma aleatória.

16
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Em dados experimentais normalmente os dados obtidos não se


ajustam perfeitamente à reta; quando distribuídos próximos à reta de
regressão é possível determinar o desvio padrão destes pontos em
relação à reta de regressão linear pela Equação:

N −1 2 2 2
Sy|x =
N −2
( Sy − b Sx )

ü Usando-se os valores da Tabela, onde N é o número de amostras, Sy


o desvio padrão das amostras do eixo y, b a inclinação da reta e Sx o
desvio padrão das amostras do eixo x, tem-se:

Sy|x = 0, 01644[nm]

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø A incerteza da ordenada na origem é dada pela equação:

Sy|x
Sa = ±
N
0, 01644
Sa = ± = 0, 009491[ nm ]
3
Ø A incerteza do valor interpolado é dado pela equação:
2
1 (x − x )
u = ±Sy|x 1+ +
N ( N −1) Sx2

1
u = ±0, 01644 1+ = 0, 018983 [ nm ]
3

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø De forma resumida, é possível representar as incertezas


calculadas conforme Tabela:

17
14/05/14

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Para obter a incerteza padrão combinada, para incertezas


correlacionadas utiliza-se a equação:

xc2_ exp ( x ) = x02 ( x ) + x12 ( x ) + x22 ( x ) + x32 ( x ) + x42 ( x )

xc _exp ( x ) = 2, 534 2 + 0, 300 2 + 0, 006 2 + 0, 0452 + 2, 980 2 = 3, 92 !" o C #$

Ø O valor da incerteza normalmente é maior quanto menor for o


número de amostras, neste caso apenas 3 amostras, resultou
em uma grande incerteza, na ordem de 4°C.

MEDIDAS ELÉTRICAS

Ø Gráfico de caracterização do sensor com


incertezas

18

Você também pode gostar