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LEI NÚMERO 1.029, de 31 de março de 2009


Institui o Plano Diretor Participativo do Município de São Brás do Suaçuí

Art. 1o Em atenção ao que dispõe o artigo 182 da Constituição Federal e em


consonância com a Lei Federal no 10.257, de 10 de julho de 2001 - Estatuto da
Cidade - e com a Lei Orgânica do Município, esta Lei institui o Plano Diretor
Participativo do Município de São Brás do Suaçuí, de observância obrigatória pelos
agentes públicos e privados.

Art. 2o O Plano Diretor Participativo do Município de São Brás do Suaçuí é


instrumento básico do Desenvolvimento Econômico e Social do Município, de
maneira a garantir a função social da cidade e da propriedade e, ainda, a
estruturação do território municipal com a melhoria da qualidade dos espaços e da
vida de seus habitantes.

TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS DA POLÍTICA URBANA E DOS OBJETIVOS DO PLANO DIRETOR
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS DA POLÍTICA URBANA

Art. 3oSão princípios da Política Urbana:


I - o desenvolvimento sustentável;
II - a função social da propriedade;
III - a ampliação da cidadania;
IV - a justiça social;
V - o fortalecimento da identidade;
VI - a autonomia administrativa municipal;
VII - a participação popular;
VIII - a desconcentração da gestão;
IX - a diversidade urbana;
X - a proteção ambiental;
XI - a inclusão tecnológica;
XII - a proteção ao patrimônio cultural.

CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS DO PLANO DIRETOR

Art. 4oSão objetivos do Plano Diretor do Município:


I - articulação da Ordem Econômica e da Ordem Social com o ordenamento físico-
territorial dos espaços municipais, de forma que os primeiros não comprometam a
qualidade do segundo;
II - política de uso e ocupação do solo;
III - política econômica municipal;
IV - política de habitação;
V - política de diversidade econômica;
VI - requalificação urbana e das centralidades;
VII - desenvolvimento da identidade e cultura regional;
VIII - preservação e conservação do patrimônio de interesse histórico, arquitetônico,
cultural, paisagístico e arqueológico;
IX - fortalecimento da área central da cidade;
X - integração e articulação regional;
XI - educação adequada ao enriquecimento individual e coletivo;
XII - política de saúde visando à família e ao individuo em caráter preventivo e na
abordagem das patologias presentes;
XIII - acesso à informação em todas as suas formas;
XIV - proteção dos recursos ambientais;
XV - circulação e interligação privilegiando o transporte coletivo e o pedestre;
XVI - política de esportes e lazer abrangendo todas as faixas da população;
XVII - reforma administrativa;
XVIII - conselhos de gestão participativa;
XIX - valorização do contexto rural com apoio à diversidade da produção, com
armazenamento e distribuição eficientes.
Parágrafo único. O Plano de Governo, o Plano Plurianual, as Diretrizes
Orçamentárias e os Orçamentos Anuais do Município deverão privilegiar as
diretrizes expressas nesta Lei.

TÍTULO II
DAS DIRETRIZES E AÇÕES ESTRATÉGICAS DAS POLITICAS SETORIAIS
CAPÍTULO I
DA POLÍTICA DE HABITAÇÃO E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

Art. 5o Os Serviços de Arquitetura e Engenharia Pública deverão compor as


modalidades de atuação municipal quanto à produção de moradias, principalmente
de baixa renda, e espaços públicos.

Art. 6o Deverão ser evitados os grandes conjuntos habitacionais, por sua falta de
identidade e baixa qualidade do espaço produzido.

Art. 7o Deverão ser revertidas, por meio de programas de qualificação urbana, as


condições de monotonia ou degradação dos conjuntos edificados.

Art. 8oEm caso de reassentamento de populações deverá ser garantida a


participação dos reassentados no processo de projeto e execução.

Art. 9o No caso de transferência de populações, a nova localização deve buscar


proximidade com a anterior, de forma a não romper as lógicas e estratégias urbanas
de vida.

Art. 10. Deverão ser buscadas técnicas de construção alternativas, de forma a se


obter maior conforto térmico e menores custos de manutenção.

Art. 11. A qualificação da moradia rural deve ser buscada, tanto na edificação
quanto na infra-estrutura.

Art. 12. Deverão ser adotados programas de regularização fundiária, abrangendo


não só moradias, mas também loteamentos irregulares, que deverão enquadrar-se
aos parâmetros legais.

CAPÍTULO II
DA POLÍTICA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Art. 13. A cultura e a história, as comunidades, o patrimônio material e imaterial, o


meio físico, o meio natural e o meio tecnológico são o ponto de partida para a
construção da sustentabilidade, parâmetro condicionante para o desenvolvimento
econômico e social do Município.
Art. 14. Os Princípios da Precaução e da Prevenção deverão ser condicionantes do
exercício de toda atividade humana no Município.

Art. 15. O município deverá criar o Sistema Municipal de Meio Ambiente.


§ 1o O Sistema Municipal de Meio Ambiente será embasado na legislação municipal
de meio ambiente.
§ 2o Poderá o município instituir o Fundo Municipal de Meio Ambiente.
§ 3o O Sistema Municipal de Meio Ambiente deverá ter pessoal tecnicamente
capacitado e ser equipado de maneira a propiciar o seu adequado funcionamento.

Art. 16. O município deverá instituir o Plano de Educação Ambiental, visando


informar os munícipes sobre os seguintes assuntos, dentre outras obrigações:
I - preservação dos corpos d’água;
II - preservação das matas ciliares;
III - preservação das áreas de reserva legal;
IV - preservação das áreas de proteção ambiental;
V - preservação das áreas de preservação permanente;
VI - regiões de solos frágeis.

Art. 17. Os processos de licenciamento, em caráter preventivo e corretivo, devem ser


um condicionante para a localização de atividades no Município, principalmente as
atividades econômicas e aquelas de grande impacto.

Art. 18. A análise das licenças deve ser multidisciplinar e envolver todas as
instâncias e aspectos municipais na instalação das atividades.

Art. 19. Nos empreendimentos para os quais a legislação federal e estadual de meio
ambiente exigirem Estudos de Impacto Ambiental - EIA e Relatório de Impacto sobre
o Meio Ambiente - RIMA, tais instrumentos deverão ser examinados pelo órgão
municipal de meio ambiente, que elaborará parecer contributivo, submetido ao
Conselho Municipal de Desenvolvimento do Meio Ambiente - CODEMA e
encaminhado ao órgão que examinará o EIA e o RIMA.
Parágrafo único. O CODEMA poderá, em caráter supletivo, exigir a elaboração de EIA
e RIMA para qualquer atividade que interfira no meio ambiente, ainda que não
exigidos pela legislação federal ou estadual.

Art. 20. As bacias hidrográficas devem ser incluídas entre as informações


condicionantes para o planejamento municipal, que buscará formas de gestão
integrada, conforme legislação estadual e federal.

Art. 21. Os transportes de cargas, os geradores de efluentes atmosféricos e os


consumidores de combustíveis não renováveis devem ser minimizados na área
urbana, buscando-se a complementaridade entre atividades e a racionalização de
estocagem.

Art. 22. Deverá ser incentivada a produção e a utilização das formas de energia
renovável.

Art. 23. O nível de pressão acústica permitido na área urbana deverá ser o adotado
na legislação federal.
Parágrafo único. As atividades que ultrapassarem os níveis permitidos deverão fazer
o confinamento de suas fontes de emissão sonora ou encerrar suas atividades no
prazo a ser determinado pela autoridade fiscalizadora.

Art. 24. O nível de material particulado emitido por veículos é o permitido pela
legislação vigente.
§ 1o A medição dos padrões poderá ser feita durante o percurso ou em garagens, no
caso de ônibus e transporte escolar.
§ 2o As sanções pelo desrespeito aos padrões de emissão serão estabelecidas pelo
CODEMA, numa escala que leve à retirada de circulação de veículos reincidentes.

Art. 25. Deverão ser implementados projetos de arborização para as áreas urbanas
do município, sendo considerados relevantes o apoio à fauna e a adoção de
espécies nativas.

Art. 26. Para maior conforto ambiental, sempre que possível, deverá ser evitado, no
espaço público, o uso de material com grande calor específico e a
impermeabilização total do solo, priorizando-se o uso da arborização e vegetação
urbanas como fatores de equilíbrio.

Art. 27. A arborização urbana do Município somente poderá ser suprimida mediante
autorização emitida pelo órgão competente do Município, ouvido o CODEMA, sendo
imprescindível o laudo técnico.

Art. 28. Deve ser valorizada da hidrografia e a vegetação lindeira aos corpos d’água,
como elementos paisagísticos destinados à convivência e ao lazer da população.

Art. 29. O Município deverá monitorar a qualidade dos corpos d’água existentes no
seu território.

Parágrafo único. Deverá ser feito o monitoramento periódico da qualidade das


águas dos mananciais utilizados pelas atividades de mineração e indústria, em
parceria com entidades públicas ou privadas, passando-se a constituir séries
dinâmicas e históricas.

Art. 30. O Município deverá monitorar periodicamente a qualidade do ar, passando-


se a constituir séries dinâmicas e históricas.

Art. 31. As áreas de preservação permanente confinadas no tecido urbano deverão


ter tratamento especial para que, mantendo suas qualidades, possam ser inseridas
no cotidiano da comunidade do entorno.

Art. 32. As edificações situadas em áreas de proteção permanente deverão ser


notificadas no sentido de terem qualquer expansão removida. No caso da
notificação não ser obedecida, essas edificações irregulares poderão ser removidas
pelo poder público e os custos dessa operação serão cobrados dos responsáveis
pela irregularidade.

CAPÍTULO III
DA POLÍTICA DE INFRA-ESTRUTURA

Art. 33. As moradias situadas em áreas urbanas do Município devem ser dotadas da
seguinte infra-estrutura mínima:
I - sistema de abastecimento de água;
II - sistema de coleta e tratamento de esgotos;
III - sistema de coleta de resíduos sólidos;
IV - serviço de iluminação pública;
V - acesso aos serviços de comunicação;
VI - serviço de transporte coletivo;
VII - equipamentos de educação e saúde básicos.

§ 1o Para implantação dos serviços de trata os incisos I e II o Poder Público


construirá, por si ou por meio de concessão, sistemas compatíveis com a demanda.
§ 2o Para os serviços de telecomunicações o Poder Público estimulará o
compartilhamento entre as empresas do setor, de modo a otimizar os serviços com
o mínimo de edificações de torres e maximizar a área a ser abrangida pelo sistema
de comunicação, por meio de escolha criteriosa de pontos no território do
Município.

Art. 34º - O Poder Público deverá fiscalizar e colaborar com os órgãos e empresas
responsáveis para que haja a distribuição de água potável de qualidade à população
mediante controle na captação e tratamento da água disponibilizada à população.

Art. 35º - O poder público municipal deve colaborar e fiscalizar junto aos órgãos
competentes e empresas responsáveis, bem como tomar providências para que as
redes de drenagem de águas pluviais deverão ser mantidas desobstruídas e não
proporcionarem fuga de esgotos domiciliares, devendo ser vistoriadas
periodicamente e redimensionadas para atender à demanda.

Art. 36. Os resíduos sólidos deverão ser coletados separados nas categorias postas
para a coleta seletiva.

Art. 37. As lixeiras, enquanto equipamento urbano, deverão ser instaladas nas áreas
de caminhamento de pedestres.

Art. 38. Os resíduos orgânicos deverão ser dispostos em aterros adequados e na


medida do possível, reciclados.

Art. 39. Os resíduos industriais deverão ser classificados e recolhidos em aterros


próprios, ou recolhidos pelo Poder Público que os disporá da forma prevista nas
normas vigentes.

Art. 40. A iluminação pública deve contemplar todas as vias públicas habitadas.

Art. 41. Os resíduos de óleos e graxas deverão ser coletados e reciclados.

Art. 42. O lodo resultante dos processos de tratamento deve ser disposto em áreas
reservadas para tal.

Art. 43. Os resíduos hospitalares deverão ser recolhidos em veículos próprios e


dispostos em áreas com essa destinação específica, sob as expensas dos
mantenedores.

Art. 44. O Poder Público, à finalidade de bem gerir a Política de infra-estrutura


deverá:
I - providenciar o cadastro físico da rede de distribuição de água, avaliando sua
qualidade bem como a necessidade de substituição de trechos;
II - elaborar o projeto de engenharia da rede de captação de águas pluviais, definindo
as intervenções prioritárias;
III - quando necessário ampliar a estrutura física e o quadro de servidores da Usina
de Triagem e Compostagem de Resíduos Sólidos, bem como modernizá-la, para
atender a demanda;
IV - promover a adoção de fossas sépticas como solução técnica para a destinação
dos efluentes domésticos em áreas rurais;
V - empreender estudos para aferir a necessidade de criação de outros pontos de
captação de água para a população da sede;
VI - identificar e preservar os pontos de coleta de água potável das comunidades
rurais, bem como fornecer estrutura e tratamento adequado para a sua distribuição;
VII - investir na locação de fossas sépticas no meio rural, por meio de facilidades
para a aquisição das mesmas e apoio técnico para a construção;
VIII - implantar sistema de drenagem pluvial adequado na sede do município, nas
comunidades rurais e nas estradas vicinais;
IX - identificar e corrigir pontos críticos nas estradas vicinais do município;
X - promover a adequada manutenção das estradas vicinais, com prioridade para
aquelas de acesso às comunidades rurais;
XI - colaborar para promoção e ampliação do acesso à telefonia rural.

CAPÍTULO IV
DA POLÍTICA DE SEGURANÇA DO CIDADÃO E DAS COMUNIDADES

Art. 45. O princípio da Precaução deverá ser adotado como parâmetro de segurança
primeiro na avaliação de impactos de ações e políticas no Município.

Art. 46. Em termos sociais, a Segurança Alimentar deve ser prioritária,


principalmente na infância, adolescência e terceira idade.

Art. 47. A Segurança Alimentar inclui a qualidade da alimentação de forma a garantir


os elementos necessários à saúde e ao desenvolvimento, evitando-se o uso de
substâncias que sejam prejudiciais à saúde humana.

Art. 48. A Segurança Biológica deve ser assegurada à população, aos trabalhadores
e aos transeuntes e visa precaver a contaminação e a poluição.

Art. 49. A Segurança Contra Incêndios visa proteger residências, estabelecimentos


comerciais, industriais, públicos e de serviços, áreas de estocagem e,
principalmente, as florestas.

Art. 50. A Segurança no Trânsito deve ser obtida, junto aos órgãos competentes,
através do disciplinamento das áreas destinadas ao trânsito e acomodação
exclusiva de pedestres, sinalização e fiscalização rigorosa dos limites de velocidade
permitidos.

Art. 51. A sinalização adequada das vias públicas é fundamental para a segurança
no espaço urbano.

Art. 52. As Barreiras Arquitetônicas devem ser removidas e os passeios tratados


com uniformidade e com materiais apropriados à segurança de pedestres, mesmo
aqueles pertencentes aos grupos especiais, garantindo-lhes conforto e
acessibilidade.

Art. 53. As residências devem buscar oferecer acesso às ambulâncias.

Art. 54. As antenas destinadas aos serviços de comunicação só poderão ser


localizadas a distância segura de escolas, creches, hospitais e residências.

Art. 55. O transporte de cargas perigosas no tecido urbano deve ser evitado e se
isso for impossível, deverá ser licenciado pelo órgão competente, que verificará a
segurança do transporte e os procedimentos a serem adotados em caso de
acidente.

Art. 56. Deverão ser implantados programas de prevenção à violência contra a


mulher, crianças e idosos; e as entidades que já trabalham com esta prevenção
deverão ser apoiadas.

Art. 57. Programas de reinserção social de menores infratores devem ser


implantados e as entidades não governamentais que trabalham com a questão
devem ser apoiadas.

Art. 58. Os veículos e transportes especiais, incluindo-se os transportes escolares,


deverão ser rigorosamente vistoriados pelas equipes de controle de trânsito do
Poder Público, para posterior autorização de funcionamento.

Art. 59. Deverá o município prover meios financeiros adequados para atividades de
prevenção e inibição da criminalidade.

Art. 60. O Poder Público deverá fazer gestões junto aos órgãos competentes no
sentido de ampliar o efetivo policial alocado no município.

CAPÍTULO V
DA POLÍTICA DO TRANSPORTE E CIRCULAÇÃO

Art. 61. O transporte coletivo urbano é prioritário no tratamento público, como


elemento fundamental de apoio à moradia e produção.

Art. 62. Deverão ser adotadas políticas e ações que visem a reduzir os custos do
transporte coletivo urbano.

Art. 63. O transporte de cargas deverá ser disciplinado em termos de rotas intra-
urbanas e horários de cargas e descargas.

Art. 64. Os veículos movidos com combustíveis renováveis deverão ser incentivados
nas frotas que circulam no Município.

Art. 65. O atual sistema viário deverá ter seu funcionamento requalificado no sentido
de privilegiar pedestres e transportes coletivos, restringindo-se, em algumas áreas, a
circulação de veículos leves particulares.

Art. 66. O sistema viário deve ser integrado como forma de se promover a
articulação urbana, facilitando as relações de trocas entre os diversos territórios
urbanos.

Art. 67. O Poder Público dispensará especial atenção ao transporte escolar, para ele
atenda satisfatoriamente aos usuários.

CAPÍTULO VI
DA POLÍTICA DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO
CULTURAL, HISTÓRICO E PAISAGÍSTICO

Art. 68. As expressões culturais e seus registros são patrimônio do Município e,


como tais, devem ser salvaguardadas.

Art. 69. Os bens de natureza material e imaterial, desde que pertençam à história ou
ao cotidiano da população ou parte dela, é patrimônio dos cidadãos do Município.

Art. 70. O patrimônio urbano e o rural requerem medidas de salvaguarda de mesma


eficácia.

Art. 71. Práticas culturais como festas, cerimônias e ofícios são parte importante do
patrimônio da cultura e seu inventário deve ser constantemente atualizado pelo
Poder Público, que deverá zelar pela sua preservação e transmissão.
Art. 72. Deverão ser fortalecidas centralidades através da valorização dos espaços
públicos de forma a ensejar reuniões, encontros, convivência entre cidadãos e todas
as formas de manifestação cultural da cidade e do lugar.

Art. 73. O patrimônio edificado, identificado e cadastrado na forma da lei, deverá ser
preservado individualmente ou em conjunto, por meio do tombamento em diversas
gradações e pelos instrumentos de política urbana adequados.

Art. 74. O Poder Público poderá conceder incentivos fiscais aos proprietários de
edificação de valor histórico, cultural e paisagístico, bem como para aqueles que
mantenham seus quintais preservados.

Art. 75. A produção e as manifestações artísticas locais devem ser apoiadas e


incentivadas por meio de programas voltados para a sua difusão.

Art. 76. Deverá ser criado o Fundo Municipal de Cultura e Patrimônio do Município
de São Brás do Suaçuí, com a finalidade de incentivar e apoiar as atividades
culturais e preservação do patrimônio edificado e não edificado do município.

Art. 77. As paisagens notáveis ou peculiares fazem parte do patrimônio cultural e


devem ser protegidas por meio dos instrumentos previstos para esse tipo de
proteção.

Art. 78. Qualquer cidadão ou comunidade poderá requerer a inclusão de um bem


material ou imaterial no elenco de salvaguarda, mediante solicitação junto ao órgão
local competente.

Art. 79. Deverá ser incentivada a celebração de convênios que visem ações em prol
da educação e da cultura local.

CAPÍTULO VII
DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Art. 80. São diretrizes para as Políticas e Ações a serem estabelecidas para o Setor
Primário:
I - promover a correta utilização dos recursos naturais renováveis e a preservação
das áreas de proteção ambiental;
II - promover a geração e difusão de tecnologia referente à produção agropecuária;
III - incentivar a ampliação da rede de estocagem e armazenamento;
IV - incentivar a produção e comercialização de hortifrutigranjeiros no Município,
com vistas ao abastecimento interno, favorecendo programas comunitários e
grupos de agricultura familiar;
V - promover a articulação das várias entidades ligadas ao setor agropecuário;
VI - incentivar a diversificação da produção agropecuária, com suporte à sua
comercialização;
VII - realizar a promoção sócio-econômica e treinamento de mão-de-obra nas
comunidades rurais;
VIII - implementar programas de apoio ao produtor rural, com desenvolvimento de
infra-estrutura de uso coletivo;
IX - incentivar a produção orgânica, principalmente nos grupos de agricultura
familiar;
X - propor medidas para ocupar populações em períodos temporários de trabalho;
XI - assistência técnica ao produtor rural;
XII - ampliar parcerias dos produtores rurais com órgãos públicos e entidades e
empresas privadas, para o treinamento e capacitação do produtor rural, de forma a
fortalecer as vocações locais e garantir o bom manejo da terra;
XIII - fortalecer as associações existentes no município por meio de convênios com
o Poder Público e, em conjunto, elaborar o embrião da Cooperativa Rural Municipal;
XIV - desenvolver estudo técnico para a criação de incentivos aos produtores que
preservam e revitalizam o meio ambiente em suas propriedades, certificando tais
proprietários com o “Selo Verde Cidadão”.

Art. 81º - São diretrizes para as Políticas e Ações a serem estabelecidas para o
Setor Secundário:
I - incentivar a micro, pequena e média empresa, por meio de programas de apoio,
associados às entidades privadas;
II - realizar a promoção sócio-econômica e apoio aos programas de treinamento e
requalificação da mão-de-obra;
III - apoiar o aperfeiçoamento tecnológico da micro, pequena e média empresa;
IV - apoiar os programas de reciclagem e modernização da administração da micro,
pequena e média empresa;
V - implementar programas de fiscalização e apoio jurídico para evitar a contratação
irregular de trabalhadores e a evasão de receitas do setor;
VI - implementar meios de apoio à mãe trabalhadora, tais como a construção de
creches;
VII - incentivar o uso de combustíveis renováveis nas atividades industriais;
VIII - desenvolver política industrial e tecnológica para o município;
IX - criar zonas destinadas ao uso industrial e a parque tecnológico.

Art. 82. São diretrizes para as Políticas e Ações a serem estabelecidas para o Setor
Terciário:
I - incentivar a atração de atividades terciárias especializadas;
II - realizar a promoção sócio-econômica e treinamento de mão-de-obra por meio de
programas de apoio, associados às entidades privadas;
III - viabilizar a implantação de parque tecnológico no município;
IV - apoiar programas de consolidação de infra-estrutura hoteleira, de restaurantes,
lazer e cultura;
V - incentivar e adotar medidas para o desenvolvimento do setor de turismo, eco-
turismo e lazer no Município.

CAPÍTULO VIII
DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO

Art. 83. Faz parte da Política de Educação a oferta de incentivos à formação de


educadores e planos de educação para inclusão de pessoas portadoras de
necessidades especiais.

Art. 84. A alfabetização de adultos deverá ser incluída entre os serviços regulares de
educação e oferecida em horário compatível com as atividades profissionais dos
educandos.

Art. 85. Poderão ser criadas turmas especiais de alfabetização para os


trabalhadores de grandes obras, podendo ser celebrados convênios com empresas
e entidades do setor privado.

Art. 86. Deverá ser oferecida na rede pública ou conveniada, educação em nível
técnico profissionalizante, voltada ao atendimento do mercado de trabalho da
região.

Art. 87. A inclusão tecnológica faz parte do processo de educação no Município.


Art. 88. A Educação à distância deve ser incentivada e apoiada como forma de
democratizar o acesso ao conhecimento.

Art. 89. As creches e pré-escolas devem ser oferecidas às crianças em idade


adequada, constituindo-se em núcleos de apoio à criança e de articulação da
família.

Art. 90. A requalificação de mão-de-obra, principalmente para aqueles que perderam


seus postos de trabalho, deve ser incentivada, apoiada e oferecida.

Art. 91. O Poder Público, para consecução da Política de Educação deverá:


I - ampliar a estrutura física, com a construção de nova escola para o ensino
fundamental e ampliação da escola para o ensino médio;
II - buscar, junto à iniciativa privada, apoio e parcerias na área educacional, em
projetos propostos pelo poder público.
III - ampliar e renovar o acervo da Biblioteca Pública Municipal, incluindo, sempre
que possível, bibliografia acessível aos deficientes visuais.
IV - implantar cursos técnicos profissionalizantes e tecnológicos de graduação
voltados para as características industriais e de serviços regionais.
Parágrafo único. A ampliação das escolas deve incluir a equipagem das estruturas,
laboratórios de ciências e de informática e espaços para a prática esportiva.

CAPÍTULO IX
DA POLÍTICA DA SAÚDE

Art. 92. A saúde no Município deve constituir-se principalmente numa atividade de


prevenção às patologias, observando todos os aspectos da saúde física e mental.

Art. 93. O Município deve estar preparado para atendimento preventivo e curativo e,
também, para receber usuários que demandem esses serviços, desde o seu
transporte até acomodações, quando necessário.

Art. 94. Será garantido o pronto atendimento aos usuários, independentemente de


horário.

Art. 95. O Poder Público deverá implantar:


I - programas de prevenção e combate ao uso de drogas, assim como a reinserção
social dos envolvidos.
II - programas de educação para a saúde das famílias em consonância com outros
programas voltados para a saúde, para levar informações básicas aos munícipes;
III - sistema informatizado que direcione e racionalize os atendimentos aos usuários,
com a emissão de protocolos e linhas guias por processo digital.

Art. 96. Os cuidados com a alimentação fazem parte das ações da saúde e devem
ser oferecidas oportunidades de reeducação alimentar às famílias, através do
Sistema de Saúde do Município.

CAPÍTULO X
DA POLÍTICA DO ESPORTE E DO LAZER

Art. 97. A prática de esportes e atividades de lazer faz parte da vida saudável da
população e devem ser acessíveis a todos os cidadãos.

Art. 98. As áreas residenciais devem ser dotadas de equipamentos de lazer e


esportes de uso público e suas atividades devem envolver amplos setores da
população.
Art. 99. O lazer contemplativo deve estar incluído entre as práticas a serem
incentivadas.

Art. 100. Deverão ser oferecidas práticas esportivas orientadas em quadras, parques
e outros locais apropriados.

Art. 101. A terceira idade, a infância e a adolescência devem ser prioritárias nesse
atendimento, garantindo-se a distribuição espacial deste serviço, de forma a atender
a todas as regiões do município.

Art. 102. O ginásio poliesportivo municipal poderá funcionar como centro de


treinamento, de maneira a receber cidadãos interessados no aperfeiçoamento
esportivo.

CAPÍTULO XII
DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO

Art. 103. Constituem diretrizes da Política de Desenvolvimento Turístico:


I - elaborar diagnóstico turístico visando fomentar a atividade no município;
II - incentivar as atividades de comércio e serviços voltadas ao atendimento ao
turista.

Art. 104. São ações estratégicas da Política de Desenvolvimento Turístico:


I - capacitação de profissionais;
II - preservação dos locais;
III - divulgação;
IV - implantação de equipamentos de infra-estrutura de apoio ao turista.

CAPÍTULO XII
DA PROTEÇÃO AOS GRUPOS VULNERÁVEIS DA POPULAÇÃO

Art. 105. Deverão ser adotados programas especiais visando à proteção e ao


conforto dos grupos vulneráveis da população, tais como crianças, adolescentes,
gestantes, portadores de necessidades especiais e idosos.

Art. 106. As ações devem visar à integração dessas populações nos benefícios da
cidade e ampliar-lhes a segurança, evitando qualquer tipo de discriminação.

Art. 107. Deverão ser previstas condições especiais para utilização do transporte
coletivo por essas populações.

CAPÍTULO XIII
DO APOIO AO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

Art. 108. A produção tecnológica deverá ser apoiada e incentivada pelo Poder
Público, inclusive no âmbito fiscal.

Art. 109. Essas atividades encadeadas são concernentes a qualificação da mão-de-


obra e localização e acessibilidade para as unidades produtivas e de pesquisa, bem
como para a população envolvida nas atividades, qualidade e segurança ambiental
para as áreas de localização, e segurança no transporte da produção.

Art. 110. Deverão ser incentivadas áreas exclusivas de desenvolvimento tecnológico


e centros de pesquisa, visando à instalação de indústrias de base tecnológica com
alto valor agregado e baixo impacto ambiental.
Art. 111. Essas atividades também poderão instalar-se em meio ao tecido urbano,
desde que não causem conflitos de trânsito e desconforto ambiental na vizinhança.

Art. 112 - A qualificação profissional é atividade de suporte a esse tipo de atividade


econômica.

Art. 113. A produção local e regional deve ser objeto de aprimoramento tecnológico.

Art. 114. As mostras e feiras escolares na área de ciência e tecnologia devem ser
incentivadas como parte da educação para a tecnologia.

CAPITULO XIV
DA POLÍTICA DE INTEGRAÇÃO REGIONAL

Art. 115. A integração regional deverá ser ampliada por meio de sistemas
rodoviários e ferroviários, bem como por consórcios e associações entre os
municípios.

TÍTULO III
DO ORDENAMENTO TERRITORIAL

Art. 116. A Política de Desenvolvimento Urbano obedecerá a este Plano e adotará as


seguintes medidas para assegurar essas intenções:
I - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização;
II - acesso de todos os cidadãos aos serviços e equipamentos públicos, observando
critérios equânimes de qualidade, quantidade e distribuição espacial;
III - adequação do direito de construir segundo as normas urbanísticas e as
condições do meio físico;
IV - integração das áreas destinadas às funções urbanas;
V - manutenção do equilíbrio ecológico como um bem de uso comum essencial à
qualidade de vida;
VI - qualificação estética da paisagem urbana.

CAPÍTULO I
DO MACROZONEAMENTO

Art. 117. Para fins de planejamento, a partir da identificação da Estrutura Urbana do


Município de São Brás do Suaçuí, foram delimitadas as Macrozonas, unidades de
apreensão das diversidades e peculiaridades locais e base para a atividade de
Planejamento Municipal.

§ 1o Em termos deste Plano Diretor as MACROZONAS são:


I - Macrozona da Sede Municipal e expansões urbanas de seu entorno imediato;
II - Macrozona sob influência direta da rodovia MG-155 e de implantação do anel de
contorno da BR-383;
III - Macrozona do entorno imediato do Distrito Industrial;
IV - Macrozona sob influência direta de trecho da Ferrovia do Aço;
V - Macrozona sob influência direta da Rodovia BR-383 sentido BR-040 e expansões
urbanas;
VI - Macrozona sob influência direta da Rodovia BR-383 sentido São João Del Rei -
Bacia de Contribuição Direta do Rio Paraopeba;
VII - Macrozona Rural da Bacia de Contribuição Direta do Rio Paraopeba;
VIII - Macrozona sob influência direta da Rodovia BR-383 sentido São João Del Rei -
Bacia do Rio Brumado;
IX - Macrozona Rural da Bacia do Rio Brumado;
X - Macrozona Rural da Ponte Pequena;
XI - Macrozona da localidade do Rio Abaixo e área sob influência direta da estrada
“Beira-Rio” Entre Rios de Minas - Jeceaba;
XII - Macrozona Rural porção Nordeste do Município.

§ 2o O MACROZONEAMENTO constitui-se no suporte para a Lei de Parcelamento,


Ocupação e Uso do Solo.

CAPÍTULO II
DO ZONEAMENTO E USO DO SOLO

Art. 118. Em termos desse Plano Diretor os Zoneamentos integrantes da Macrozona


da Sede Municipal e Expansões Urbanas de seu Entorno Imediato são:
I - Zona de Preservação Ambiental – ZPAM
II - Zona de Proteção – ZP
III - Zona de Grandes Equipamentos – ZE
IV - Zona de Uso Misto da Área Central – ZMC
V - Zona de Uso Misto - ZM
VI - Zonas de Uso Predominantemente Residencial 1 - ZPR-1
VII - Zonas de Uso Predominantemente Residencial 2 - ZPR-2
VIII - Zona Predominantemente Residencial Social – ZPRS
IX - Zonas de Expansão Urbana – ZEU
X - Zona Especial de Interesse Social – ZEIS
XI - Zona de Uso Predominantemente Industrial - ZPI

TITULO IV
DOS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA URBANA

Art. 119. Este Título cuida dos Instrumentos de Política Urbana a serem
incorporados ao Plano Diretor Participativo e aos seus Instrumentos
Complementares.

Seção I - Área de Diretrizes Especiais da área central

Art. 120. Fica criada a área de diretrizes especiais da área central – ADE-AC, com
perímetro compreendido entre as ruas: a leste pela Rua Prefeito Ademar de Souza,
segue ao sul pela Rua Vereador Pedro Pacheco, toma a Rua Nossa Senhora de
Fátima, Travessa Cristiano Pinto e trecho da Rua Padre José Bonifácio, quando
passa aos fundos das ocupações relativas à Rua Doutor Leão Antônio da Silva até
encontrar com a Rua do Contorno, a oeste. Toma trecho da Rua Doutor José
Gonçalves da Cunha e contorna ao norte através da Rua Francisco de Assis, até o
encontro com a Rua Prefeito Ademar de Souza.

Art. 121. A área de diretrizes especiais da área central – ADE-AC é uma área
destacada do conjunto urbano que recebe um tratamento normativo diferenciado de
forma a garantir os seguintes objetivos:
I. Preservar a ambiência da área, revitalizar ruas, becos, edificações históricas e
gerar incentivos legais aos moradores e comerciantes que contribuem com a
preservação patrimonial e ambiental;
II. Incentivar a permanência das edificações existentes.
III. Elaborar levantamento e cadastramento dos becos existentes;
IV. Desestimular a verticalização na Área de Diretrizes Especiais da Área Central -
ADE-AC ou Zona de Uso Misto da Área Central - ZMC e em áreas que venham
interferir no cenário do centro histórico, de modo a preservar as linhas de visada.
§ 1o Não serão permitidas as demolições de muros de pedras e de taipas de
interesse de preservação, garantidas as condições de acesso aos lotes ou em casos
de necessidade comprovados, mediante autorização do órgão municipal
responsável.

§ 2o Muros de pedra, gradis e janelas serão considerados incorporados às


características da edificação; prevalecendo sobre eles os mesmos critérios de
preservação.

§ 3o Recomenda-se para o afastamento frontal de novas edificações observar-se o


alinhamento do conjunto urbano.

§ 4o Será incentivado o uso das edificações existentes de forma a garantir a


integridade da edificação.

Art. 122º - A área de diretrizes especiais da área central - ADE-AC, será regida pelos
seguintes parâmetros:
I. As edificações terão no máximo quatro pavimentos, contados a partir do nível
mais baixo da testada do terreno, respeitadas as normas atinentes as construções;
II. Garantia de taxa de permeabilidade de no mínimo 25%;
III. As placas, letreiros e informações serão disciplinados, não sendo permitidas
placas que descaracterizem a fachada ou interfiram no entorno de bem histórico.
IV. Não serão permitidos os avanços de volumes sobre o passeio, exceto os beirais
de telhados cerâmicos, salvo edificações iniciadas com projeto aprovado;
V. Garantia da presença de calha quando a inclinação do telhado estiver voltada para
o passeio e o adequado escoamento das águas pluviais de forma a garantir o
conforto dos pedestres.

Parágrafo único. Os projetos de novos empreendimentos e reformas deverão ser


submetidos à aprovação do Conselho da Cidade, visando à preservação da
qualidade do conjunto arquitetônico.

Seção II - Outorga Onerosa do Direito de Construir

Art. 123. A Outorga Onerosa do Direito de Construir permite ao Poder Público


autorizar a construção acima do coeficiente de aproveitamento mediante o
pagamento de contrapartida na ZM e ZPR-2.

§ 1o Fica isento da aplicação da Outorga Onerosa do Direito de Construir os


empreendimentos classificados como Habitação de Interesse Social.

§ 2o Os empreendimentos habitacionais de interesse social serão assim


classificados desde que cumpram as exigências e os parâmetros estabelecidos em
legislação específica de habitação de interesse social.

Art. 124. A contrapartida financeira da Outorga Onerosa do Direito de Construir


poderá, mediante aprovação do Conselho da Cidade, ser substituída pela doação de
imóveis ao Poder Público ou por obras de infra-estrutura urbana ou equipamentos
municipais.
Parágrafo único. Os imóveis doados e as obras de infra-estrutura urbana de que
trata o caput devem corresponder ao valor da contrapartida financeira da Outorga
Onerosa do Direito de Construir.

Seção III - Transferência do Direito de Construir

Art. 125. A Transferência do Direito de Construir é o instrumento que possibilita ao


proprietário de imóvel exercer em outro local ou alienar, total ou parcialmente, o
potencial construtivo não utilizado no próprio lote, mediante comprovação do
interesse público e autorização do Poder Público, nos casos e na forma previstos na
lei.

Parágrafo único. A autorização da Transferência do Direito de Construir será


concedida uma única vez para cada imóvel.

Art. 126. O potencial construtivo poderá ser transferido para imóveis situados na ZM
e ZPR-2.

Parágrafo único. A edificação decorrente do acréscimo de área construída deverá


obedecer aos parâmetros de uso e ocupação previstos nesta lei para a zona de sua
implantação.

Art. 127. Poderão transferir o potencial construtivo os seguintes imóveis,


localizados em todas as zonas da Macrozona de Ocupação Urbana:
I - aqueles localizados na ADE-AC;
II - aqueles sujeitos a formas de acautelamento e preservação, inclusive
tombamento, que restrinjam o potencial construtivo;
III - aqueles dotados de cobertura vegetal cuja proteção seja do interesse público;
IV - localizados nas ZPAM’s e ZP’s;
V - aqueles destinados a implantação de programa habitacional e de interesse
social.

Seção IV - Do Direito de Preempção

Art. 128. O Direito de Preempção será exercido sempre que o Poder Executivo
Municipal necessitar de áreas para:
I. Regularização Fundiária;
II. Execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;
III. Ordenamento e direcionamento da expansão urbana;
IV. Implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
V. Criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;
VI. Criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse
ambiental;
VII. Proteção de áreas e imóveis de interesse histórico, cultural e paisagístico;
VIII. Criação de espaços de formação educacional.

Seção V - Das Operações Urbanas Consorciadas

Art. 129. Considera-se Operação Urbana Consorciada o conjunto de intervenções e


medidas coordenadas pelo Poder Público Municipal, com a participação de
proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o
objetivo de promover a ocupação adequada de áreas específicas, implantação de
equipamentos de uso coletivo, sistema viário, de acordo com o cumprimento das
funções sociais da cidade e a requalificação do ambiente urbano.

Parágrafo único. Poderão ser previstas nas Operações Urbanas Consorciadas, entre
outras medidas:
I - a modificação de coeficientes e características de parcelamento, uso e ocupação
do solo, bem como alterações das normas edilícias, considerado o impacto
ambiental delas decorrente;
II - a regularização de construções, reformas ou ampliações executadas em
desacordo com a legislação vigente.
III - a transferência ou a recepção do direito de construir.
Art. 130. A proposta de Operação Urbana Consorciada deverá ser aprovada
previamente pelo Conselho da Cidade para posterior envio à Câmara Municipal de
Vereadores.

Art. 131. Cada Operação Urbana Consorciada será criada por lei específica que
conterá, no mínimo:
I - princípios e objetivos da Operação;
II - definição do estoque de potencial construtivo da área contida no perímetro
específico de cada Operação Urbana Consorciada a ser adquirida onerosamente por
proprietários e empreendedores interessados na Operação segundo as regras da
outorga onerosa do direito de construir;
III - plano, programa, parâmetros e projetos urbanos básicos de uso e ocupação
específicos para as áreas de cada Operação Urbana Consorciada;
IV - termo de compromisso explicitando as responsabilidades dos agentes do Poder
Público, da iniciativa privada e da comunidade local;
V - fundo específico que deverá receber os recursos de contrapartidas financeiras
decorrentes da outorga onerosa do direito de construir recolhidas dos
empreendimentos a serem implantados nas áreas contidas nos perímetros de cada
Operação Urbana Consorciada.

Seção VI - Do Abandono

Art. 132. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com intenção de não mais o
conservar em seu patrimônio, e que não se encontrar na posse de outrem, poderá
ser arrecadado como bem vago.

Parágrafo único. Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este


artigo, quando, cessados os atos da posse, deixar o proprietário de satisfazer os
ônus fiscais.

Art. 133. No caso de qualquer imóvel se encontrar na situação descrita no artigo


anterior o Poder Público Municipal deverá instaurar processo administrativo para
arrecadação do imóvel como bem vago.

Art. 134. Decorridos três anos da arrecadação do imóvel como bem vago o imóvel
passará automaticamente para o domínio do Poder Público Municipal.

Seção IX - Da Regularização Fundiária

Art. 135. A regularização fundiária é compreendida como processo de intervenção


pública, sob os aspectos jurídico, urbanístico, territorial, cultural, econômico e sócio-
ambiental, com o objetivo de legalizar as ocupações de áreas urbanas constituídas
em desconformidade com a lei, implicando na segurança jurídica da posse da
população ocupante, melhorias no ambiente urbano do assentamento, promoção do
desenvolvimento humano e resgate da cidadania.

Art. 136. O Poder Executivo Municipal deverá articular os diversos agentes


envolvidos no processo de regularização, como representantes do Ministério
Público, do Poder Judiciário, dos Cartórios de Registro de Imóveis, dos Governos
Estadual e Federal, bem como dos grupos sociais envolvidos visando equacionar e
agilizar os processos de regularização fundiária.

Art. 137. O Poder Executivo deverá buscar viabilizar junto aos cartórios de registro
de imóveis a gratuidade do primeiro registro dos títulos de concessão de direito real
de uso, cessão de posse, concessão de direito real de uso, concessão de uso
especial para fins de moradia, compra e venda, entre outros, quando se tratar de
registro decorrentes de regularização fundiária de interesse social à cargo da
administração pública, de áreas ocupadas por população de baixa renda, conforme
estabelece o parágrafo 15 do artigo 213 da Lei Federal 6.015/73.

Seção X - Do Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV

Art. 138. O Estudo de Impacto de Vizinhança será executado de forma a contemplar


os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou da atividade quanto à
qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, incluindo a
análise, no mínimo, das seguintes questões:
I - adensamento populacional;
II - equipamentos urbanos e comunitários;
III - uso e ocupação do solo;
IV - valorização imobiliária;
V - geração de tráfego e demanda por transporte público;
VI - ventilação e iluminação;
VII - paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

Art. 139. A elaboração do Estudo de Impacto de Vizinhança não substitui a


elaboração e a aprovação de estudo de impacto ambiental (EIA), requeridas nos
termos da legislação ambiental.

TITULO V
DOS INSTRUMENTOS NORMATIVOS

Art. 140. São Instrumentos Normativos Complementares ao Plano Diretor


Participativo:
I - o Perímetro Urbano do Município;
II - a Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo;
III - o Código de Obras;
IV - o Código de Posturas.

TÍTULO VI
DA REFORMA ADMINISTRATIVA

Art. 141. A estrutura administrativa do Poder Público Municipal deve ser


reorganizada para atender aos parâmetros do Plano Diretor e à descentralização
administrativa, assim como à eficiência dos serviços públicos prestados.

Art. 142. O quadro de fiscais municipais deverá ser ampliado e qualificado, em


especial aquele ligado ao Meio Ambiente, às Obras e às Posturas.

Art. 143. O Poder Público deverá:


I - promover a integração informatizada das ações e propostas das diversas
secretarias municipais;
II - implantar e incentivar cursos de capacitação e formação para aprimoramento do
corpo de servidores públicos;
III - prover de infra-estrutura física e material os diversos setores da Prefeitura, de
forma que possam cumprir adequadamente suas funções.

Art. 144. Os processos de tomada de decisão, quanto à implantação de atividades


do Município, quanto às receitas e gastos, devem ser revestidos de toda
transparência e publicidade.

Art. 145. Sempre que possível a reestruturação deverá se dar de modo a incluir
espaço próprio e incorporar corpo técnico para cada secretaria, para propiciar
atuação na elaboração de projetos, captação de recursos e desenvolvimento de
programas nas áreas afins, dentre outras atribuições.

TÍTULO VII
DA GESTÃO PARTICIPATIVA

Art. 146. Fica criado o Conselho da Cidade de São Brás do Suaçuí, de caráter
deliberativo e ligado ao gabinete do prefeito.

Art. 147. O Conselho da Cidade terá as seguintes atribuições:


I - normatizar, de forma auxiliar, quanto às questões omissas na legislação e
naquelas que possibilitem interpretações duplas, tanto na área urbana, como na
rural;
II - examinar e deliberar sobre os Estudos de Impacto de Vizinhança;
III - opinar, previamente, sobre os planos e programas anuais e plurianuais de
trabalho relativos às questões tratadas no Plano Diretor Participativo;
IV - deliberar, em primeira instância, sobre os processo de concessão de licenças e
aplicação de penalidades previstas nas leis emanadas do Plano Diretor Participativo
e de suas leis complementares;
V - atuar no sentido de formar consciência pública da necessidade de proteger,
melhorar e recuperar o ambiente municipal;
VI - auxiliar o Poder Executivo Municipal na ação fiscalizadora de observância das
normas contidas na legislação urbanística e de proteção ambiental;
VII - convocar a Conferência da Cidade, visando à revisão do Plano Diretor
Participativo e legislação complementar a cada período de quatro anos.

Art. 148. O Conselho da Cidade é composto por 9 (nove) membros efetivos, além de
seus respectivos suplentes, com mandato de 02 (dois) anos, sendo que perderá o
mandato aquele conselheiro que não comparecer a duas sessões seguidas ou
quatro sessões alternadas, da seguinte forma:
I - dois representantes do Poder Executivo Municipal;
II - cinco representantes eleitos pela sociedade civil em assembléia convocada
especificamente para essa finalidade;
III - dois representante do Poder Legislativo Municipal.

Art. 149. O presidente do Conselho da Cidade será eleito entre seus membros na
primeira reunião após a posse.

Parágrafo único. Logo após a posse dos conselheiros deverá ser realizada oficina de
preparação para o exercício do mandato, tendo como base o Plano Diretor, as leis
complementares e os diagnósticos que deram suporte aos estudos que o
subsidiaram.

Art. 150. Caberá ao Poder Executivo prover os meios materiais e físicos e de


recursos humanos para o funcionamento do Conselho, assim como oferecer os
pareceres técnicos necessários.

Art. 151. Fica estabelecido no Município o Sistema de Audiências, Debates e


Consultas Públicas para processos de licenciamento de grande porte, implantação
ou modificações do sistema viário que abranja áreas consolidadas, envolvendo mais
de um bairro ou mais de 2km (dois quilômetros) de extensão e processos de revisão
do ordenamento jurídico.

Art. 152. A gestão orçamentária participativa incluirá a realização de debates,


audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de
diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua
aprovação pela Câmara Municipal.

Art. 153. Deverá ser instituída a Ouvidoria Municipal, que atuará junto às questões
urbanas, ambientais, transportes, saúde, educação e proteção ao consumidor.

TÍTULO VIII
DAS FUNÇÕES MUNICIPAIS QUANTO À IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO

Art. 154. Caberá ao Poder Executivo Municipal:


I - dar suporte material à implementação do Plano Diretor Participativo e seus
instrumentos complementares;
II - promover as ações necessárias à adequada arrecadação dos tributos municipais,
mantendo Planta Cadastral atualizada;
III - criar mecanismos que viabilizem o retorno dos investimentos na aplicação dos
recursos públicos;
IV - estimular novas alternativas na área econômica;
V - articular-se com os governos da União e do Estado, particularmente no tocante à
gestão regional, no sentido de atrair investimentos afetos a essas instâncias de
poder, que contribuam para o desenvolvimento do Município em conformidade com
as diretrizes estabelecidas nesta Lei.

Art. 155. Para a execução e acompanhamento do Plano Diretor o Poder Executivo


deverá implementar as seguintes ações:
I - implantação de Sistema Municipal de Informações;
II - reforma administrativa;
III - implantação do Conselho da Cidade;
IV - Plano Plurianual de Investimentos.

TÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 156. As edificações em desconformidade com os parâmetros estabelecidos


nesta Lei poderão manter o seu nível atual de desconformidade, não podendo
ampliar área ou ser substituída por atividade com nível superior de
desconformidade.

Parágrafo único. Os proprietários em desconformidade deverão informar a


prefeitura a natureza de sua atividade bem como a área utilizada para exercê-la.

Art. 157. Com base nos parâmetros postos nessa Lei, o Conselho da Cidade deve
ser regulamentado por regimento interno, no prazo de 60 (sessenta) dias e, em
seguida, convocar audiência para preenchimento dos cargos de representação da
sociedade civil.

Parágrafo único. A posse dos membros do Conselho dar-se-á no prazo de 30 (trinta)


dias, a contar da audiência.

Art. 158. O projeto de lei contendo a adequação da Estrutura Administrativa


Municipal deverá ser encaminhada ao Poder Legislativo no prazo de 90 (noventa)
dias, a contar da publicação desta Lei.

Art. 159. A partir dos parâmetros do Plano Diretor deverá ser regulamentada a Área
de Diretrizes Especiais da área central no prazo de 120 (cento e vinte) dias.

Parágrafo único. No caso de não haver regulamentação no prazo estabelecido, ou a


regulamentação ser omissa em algum aspecto, o Conselho da Cidade será a
instância deliberativa sobre a matéria.

Art. 160. Deverão ser implantados no prazo de 120 (cento e vinte) dias:
I - a Ouvidoria Municipal;
II - o Sistema Municipal de Informações.

Art. 161. O instrumento da Transferência do Direito de Construir deve ser


regulamentado no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, pelo Conselho da Cidade.

Art. 162. O Poder Executivo terá o prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contados a
partir da publicação desta Lei, para enviar à Câmara Municipal o projeto da lei
dispondo sobre o Meio Ambiente.

Art. 163. São anexos dessa lei os mapas referentes ao Macrozoneamento Municipal
e Zoneamento da Sede Urbana Municipal - Anexos I e II.

Art. 164. Os casos omissos ou controversos serão dirimidos pelo Conselho da


Cidade, cabendo recurso ao Chefe do Poder Executivo.

Art. 165. Essa lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 166. Revogam-se as disposições em contrário.

Prefeitura Municipal de São Brás do Suaçuí, aos trinta e um dias do mês de março
do ano de dois mil e nove.

Luiz Carlos Fernandes


Prefeito Municipal

PORTAL DA TRANSPARÊNCIA

VEREADORES

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