Como mencionado ao início do projeto alinhando-se à uma visão de
sustentabilidade e compreensão da realidade e das problemáticas locais do ambiente escolhido para a realização do projeto, atribuímos a estes estudos o trabalho de dissertação de mestrado de Claudia Marcela Orduz Rojas que em 2014 levantou a discussão acerca de Os conflitos ambientais da Serra do Gandarela nas perspectivas das comunidades locais. Tema este que muito está conectado com os estudos biogeográficos que se relacionam diretamente com a comunidade local atribuindo efeitos ambientais, econômicos e políticos em âmbito local e nacional, considerando a existência e implicações sobre o Parque Nacional Serra do Gandarela. Nota-se a partir deste trabalho, a tensão gerada na região e os conflitos existentes a partir da intensificação da exploração mineral e os interesses na criação da unidade de conservação.
Leopoldo Magno Coutinho também nos ajuda na compreensão acerca da
importância da preservação dos biomas e nos mostra em seu trabalho sobre Biomas Brasileiros, as peculiaridades e fatores que levam ao surgimento de biomas únicos com potencialidades pouco exploradas em relação a biodiversidade, uma vez que as grandes empresas responsáveis pelo uso de vastas áreas com domínios morfológicos vegetacionais que ultrapassam as definições pouco elaboradas disseminadas pelo senso comum, atuam de forma intensa sobre as áreas como no tema escolhido para a realização do trabalho. A mineração ocupa para a população local um lugar de provedora de benefícios para a região não se esboçando inicialmente como usurpadora de recursos naturais que muito implicam na importância econômica para as famílias que ali residem.
Utilizamos também trabalhos como de Jhon Wright, na busca por entender as
nossas “terras cógnitas” e “incognitae”. Essa busca nos levou ao caminho da curiosidade imaginativa sobre diversos temas, onde tentar relacionar as questões ambientais com as demandas da vida humana saltou a nós. E pensar em propostas de chamar a atenção para a necessidade de preservação da Serra do Gandarela, nos trouxe um apelo à “subjetividade realística” - descrita pelo autor Wright em sua obra “Terrae Incognitae: o lugar da imaginação na geografia”-, onde tivemos que entender que levar em conta a vivência da população do local, com os seus hábitos culturais e compreensões, pois, a luta pela preservação ambiental, é também uma luta pela preservação das memórias e dos lugares. Tomamos como nossa nessa busca, a indignação do grande paleontólogo Castor Cartelli, sobre a importância que esses espaços que se originam milenarmente, ainda conseguem nos dizer da história evolutiva da terra e as espécies vegetais e animais, e esse conhecimento não ser valorizado. Portanto, é compreensível a colocação do grande geógrafo Nacib Ab’Sáber, de tratar esses espaços como áreas que precisam sr preservadas por se constituirem enquanto “heranças”, de grandes mudanças ambientais e de rastros de antigas culturas e seculares, pois, ainda com esse autor, o Brasil parece ter uma grande dificuldade de conviver com a sua vegetação natural. E assim, esse encontro da “bio-geo-grafia”, no nosso projeto ganha relevância quando entendemos que as diversas formas de vida estão entrelaçadas em um meio ambiente que precisa ser lido com atenção e sensibilidade - na nossa compreensão, parte da imaginação intuitiva e estética-, para que seja conhecido por todos e respeitado. Disso, se formou o nosso amparo na Geografia Ambiental, que vigora para o entendimento da necessidade de criar relações sustentáveis entre os anseios humanos e o ambiente. Os autores que nos motivaram nessa linha de pensamento foram Papavero N. e Teixeira D., e Lewinshon Prado com seus apontamentos sobre ecologia e a biodiversidade. Bibliografia
Claudia M. Orduz Rojas; Os conflitos ambientais da Serra do Gandarela
Quem tem direito à Natureza no Sul Global?: o viver dos povos e comunidades tradicionais em Unidades de Proteção Integral a partir das teorias decoloniais