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hoje vamos fazer este segundo bloco vamos falar das

Personagens que entram no fundo nesta segunda parte poderemos chamar-lhe assim
vamos falar da relação das personagens e vamos referir a parte da crítica que
aparece com estas personagens ora em relação às aprendizagens essenciais vamos
continuar com os textos do século X o alta da feira de Gil Vicente e vamos ver as
referências culturais da época clarificando algumas ideias fundamentais No que diz
respeito a esta peça de teatro então vamos e lá a ver em relação

Ao alta feira nós referimos no outro bloco A entrada do monólogo do mercúrio


quando ele entra logo no início da feira e depois falamos também de que se pede um
Anjo pede-se um anjo que venha ajudar na feira e esse anjo vai-se chamar Serafim e
vai ser ele que entra e o texto diz assim entre um Serafim enviado per Deus A
petição do tempo e diz ou seja Gil Vicente não nos deixa perder a noção de que este
anjo aparece a pedido do tempo e que Deus acaba por o enviar e

O que é que ele diz ele diz a feira à feira igrejas Mosteiros pastores das Almas
Papas AD dormidos comprai aqui panos mudai os vestidos Buscai as chasm marras dos
outros primeiros os antecessores farai o carão que trazeis dourado ou presidentes
do crucificado lembrai-vos da vida dos Santos pastores do tempo passado ou seja
temos aqui uma série de eh indicações e uma série de interjeições que nos dizem
logo que o o

O Serafim está a fazer uma imitação com estas e entre re ições dos pregões da
feira ou seja como se ele tivesse já no meio da Feira vender aquilo que se pretende
e que é que eles quem é que ele chama ele chama as igrejas e os Mosteiros os
pastores das Almas os passas as dormidos e os presidentes dos crucifixos portanto
os seus destinatários as pessoas que ele quer que venham para a sua banca são as
pessoas ligadas à igreja depois temos os

Verbos comprai Buscai feiri lembrai-vos ou seja estes verbos que indicam as frases
que exclamativas e que nos dão este imperativo quase e finalmente a referência ao
dourado que aqui também é importante porque mostra o apego ao ouro mostra o apego
ao dinheiro e não se esqueçam que estamos numa feira diferente Estamos numa feira
onde não se compra nem se vende troca-se e aquilo que o Serafim quer trocar são
coisas de bem são bons sentimentos Mas isso também

Já vamos ver e depois ele continua ó Príncipes altos Império Facundo guardai-vos
da ida do senhor dos céus comprai grande soma do temor de Deus na feira da virgem
Senhora do mundo exemplo da Paz pastora dos Anjos Luz das Estrelas à feira da
virgem donas e donzelas porque este mercador sabei que aqui traz a as coisas mais
belas cá temos então novamente as interjeições as frases exclamativas toda aquela
indicação dos destinatários e tudo

Aquilo que o Serafim quer chamar a atenção para que a feira funcione de uma forma
que para ele será sempre a melhor que está ligada aos bons sentimentos e novamente
os verbos guardai-vos comprai e sabão que nos introduzem estas frases exclamativas
portanto toda esta vivência desta feira à volta de um discurso que é pronunciado
por aquele anjo que Deus manda porque o tempo pediu e não nos podemos esquecer que
o tempo aqui é a

Personagem portanto este anjo enviado por Deus acaba por dar o mote para esta
parte que vai ser uma crítica muito muito muito religiosa que vai ser uma crítica
muito mordaz e muito dura sobre aquilo que se passava naquela feira há aqui pois
uma crítica social latente muito característica do Gil Vicente se bem se recordam
quem estudou o ano passado a o alta marca do inferno sabe que a crítica social é
uma linha de construção das peças do nosso Gil

Vicente ora a seguir a esta personagem a este anjo entra bom entra um diabo e este
diabo entra para fazer a contto o contraponto com o Serafim obviamente e diz entra
um diabo com uma tendinha diante de si com buf foneiro e diz eu bem me posso cavar
E cada vez que quiser que na feira onde eu entrar sempre tenho que vender e acho
quem me comprar e mais vendo muito bem pois sei bem o que entendo e de tudo quanto
vendo não pago Cis a ninguém por

Tratos que ande fazendo ora este eh diabo vem logo dizer que ele tem sempre o que
vender e tem sempre quem queira comprar ele Auto elogia ele vai dizer que ele é uma
personagem fundamental naquela feira e mais vai logo mal entra em cena tirar-nos as
dúvidas Tod se ele vai ter alguém que queira comprar aquilo que ele quer vender e
como diabo que é não será propriamente os melhores princípios e ele afirma logo que
quer se bem se recordam também no alto da Barca

Do Inferno Logo no início aparece o diabo com o companheiro e logo aí eles


enfeitam o a barca do do diabo porque essa barca acaba por ser uma barca que lhes
que eles estão à espera de receber muita gente e vão receber aqui acontece a mesma
ideia há muita gente que ele acha que quer comprar aquilo que ele leva portanto
temos aqui um duplo sentido há aqui um homem um diabo que vende vende alguma coisa
em princípio sentimentos não muito bons mas também se

Vende a si porque aquilo que ele quer são as almas das pessoas portanto há aqui um
jogo de palavras e um duplo sentido mas continuemos quero me fazer à vela nesta
santa-fe Ira nova verei os que vê a ela e mais verei quem me trova de ser eu o
maior dela ou seja ele acha que ele vai ser o maior da feira ele vai ser a
personagem mais importante da feira vai ser ele aquele que vai ter no fundo mais
gente a querer comprar as coisas dele o que é que ele

Vende bom eu como vos digo nós não podemos mostrar o texto todo e portanto vamos
de alguma forma sintetizando aquilo que irá aparecer ao longo do texto que vocês
têem em toda e tem o texto todo no vosso manual Então o que é que o diabo vende
dizia eu ele vende falta de honra ele vende ganância corrupção falsidade eu bem vos
disse que não eram os melhores sentimentos Mas também ele diz que há muito queem
queira comprar e voltando à experiência do ano

É capaz de não ser mentira mas isso é algo que vocês verão acompanhando o resto da
peça ora o mundo aqui é representado pela feira tal qual como no ar no alto da
Barca do Inferno tínhamos as barcas que representavam o bem e o mal e cada um
embarcava com Sante o que tinha feito em vida aqui temos uma feira que acaba por
ser a representação de um mundo de um mundo on onde também temos os bons e os maus
os bons são personificados pel

Serafim o Anjo que vende virtudes e os maus são personificados pelo diabo que
vende Vícios e pecados eu penso que é fácil perceber esta dicotomia tanto mais que
vocês já T este conhecimento do ano anterior mas aqui e o diabo fala nisso numa das
suas falas há o problema do livre arbítrio ou seja ele vende ele quer vender ele
até pode ter um discurso persuasivo de venda mas a verdade é que o homem só compra
se quiser e aquilo que ele diz é exatamente isso que o homem é

Livre de fazer escolhas e pode escolher entre o bem e o mal bom depois depois terá
que ter as consequências das suas escolhas mas a verdade é que esse livre-arbítrio
existe e aqui é falado de uma forma explícita pelo discurso do diabo portanto os
homens que procuram o diabo incluindo os elementos Do Cler fazem-no por sua livre
espontânea vontade não porque eh assim tenha sido decidido por alguém mas
utilizando o seu livre arbítrio

Outro elemento importante é a entrada de uma nova personagem essa nova personagem
é Roma eu já vos tinha falado dela no outro bloco também e aqui Mercúrio ordena a
tempo e a Serafim que recebam Roma o que nos mostra que esta personagem vai ser
importante esta personagem que eu vos disse que tem este nome exatamente por causa
dos problemas e dos escândalos que estavam a existir na altura o diabo afirma
querer preparar-se para receber Roma o diabo

Sabe que Roma é alguém que poderá ficar do seu lado o espetador é aqui então
confrontado pelo entre os princípios do bem e do Mal portanto cabe ao espectador
criar empatia com os personagens que acha que assim o deve fazer Ora vamos ver a
entrada de Roma e Roma entra cantando mas não se preocupem que eu não canto sobre
mim armavam guerra ver queero eu a quem me leva três amigos que eu havia sobre mim
a armão perfia Quero ver quero eu quem a mim leva portanto

Como veem temos aqui eh Roma que vem muito bem desposta vem cantando e é uma
personagem obviamente alegórica já falamos também no primeiro bloco sobre a
alegoria o que é que era a alegoria e portanto Aqui nós temos a representação
alegórica de do Papa do papado e da cristandade em crise ou seja temos a
representação alegórica que Roma vem porica estes três amigos são a Alemanha a
Inglaterra e a França e também falamos das

Eh guerras lutas entre aspas tudo isto mas das disputas que havia h a nível de do
próprio papado e a nível de alguns representantes da igreja tudo isto falamos no
bloco anterior portanto não vamos repetir-nos e finalmente Roma deixa de cantar
fala e diz vejamos se nesta feira que Mercúrio aqui faz acharei a vender paz que me
livre da canseira em que a fortuna me traz se os meus me desbaratamos o meu socorro
Onde está se os cristãos mesmos

Me matam a vida quem me dará que todos me desacatou ou seja ela faz aqui uma série
de interrogações de retórica e acaba por referenciar de alguma forma Tudo aquilo
que se passava na realidade portanto há há aqui se quiserem uma crítica implícita
daquilo que se passava na realidade e há aqui um duplo sentido de Fortuna Fortuna é
Fortuna no sentido de se ter muito dinheiro mas nesta altura era também no sentido
de sorte de ter fortuna de ter sorte de ter agrado

De poder fazer aquilo que se idealizava e esta Interrogação de retórica obviamente


acentua a crítica mas ao mesmo tempo tem um efeito persuasivo ela própria admite
que portanto não há nada a esconder Não há nada a alterar há aqui esta tentativa de
chamar a atenção que Gil Vicente faz e muito bem de todos os problemas que estavam
a eh a ser criados à volta e do papado e à volta das eh dos escândalos sociais
políticos e também a nível dos

Dos próprios eh da própria forma como o clero eh tratava alguns dos votos que
tinha eh dito que iria respeitar de uma forma menos digna temos então aqui a
crítica aos cristãos a crítica àqueles que diziam que pecavam e depois se bem se
recordam pagavam por esses pecados e eram absolvidos portanto tudo isto está aqui
inerente a essa crítica que tudo isto está aqui subjacente a este discurso e
continua continua porque Roma quer

Comprar o quê quero comprar fé verdade e Paz diz ela ou seja a personagem Roma diz
que quer comprar fé verdade e paz vocês encontram isto na sequência do discurso de
Roma e isto porquê porque quer mudar de vida e mais uma vez isto é uma forma
indireta de fazer a tal crítica social portanto se eu preciso de mudar de vida para
achar fé verdade e paz então é porque eu não tenho estes elementos até agora e
nessa perspectiva eu tenho que mudar de vida e finalmente

O que é que ela quer vender quer vender os jubileus e as indulgências ou seja ela
quer que e paguem Pelos Pecados e ela vai fazer aquilo que Lutero estava contra ou
seja o facto de eu pagar os pecados faz com que eu fique libado deles e isso era
algo que Roma faz mas que não se queria fazer na altura Vamos então ver como eu vos
disse no início no plano a relação entre as personagens e vamos falar destas
personagens que entram Nesta parte do eh da peça temos
Roma temos o diabo e temos Serafim portanto Roma diabo e Serafim acabam por ser
três figuras alegóricas três personagens alegóricas mais uma vez eu remeto para o
bloco anterior onde se falou de alegoria e Roma implica a corrupção do papado Roma
fala da corrupção do papado representa a corrupção do papado o diabo obviamente
representa a mal e o Serafim obviamente Vai representar o bem Se quiserem é outra
forma mas acaba por não ser muito

Diferente do Alta Barca do Inferno onde tínhamos o Anjo e o diabo cada um em sua
barca aqui acabamos por ter Serafim o Anjo o diabo em cada sua montando cada uma
das das suas H das suas barraquinhas da Feira portanto montando os os os seus
sítios para poderem trocar aquilo que acham que é mais importante a novidade será a
introdução de Roma porque obviamente Gil Vicente queria criticar o que se passava
em Roma cidade e no que diz no que dizia

Respeito ao Papa e àqueles que lhe eram mais próximos então a crítica aqui aparece
como aparece dos valores da sociedade através das falas do diabo o diabo só
consegue vender a falta de honra a ganância se alguém a quiser levar consigo e
portanto temos aqui os valores da sociedade postos em causa e também os
comportamentos dos membros da igreja o diálogo que Roma e eu remeto para o vosso
manual mantém com os Mercadores prova isso mesmo prova que a

Igreja não tinha naquela altura aí Não tinha eh ou por outra tinha noção de do que
não se devia fazer mas não se cibia do fazer é é é esta a ideia que é importante
reter eles têm noção daquilo que estão a fazer mal mas não se cuem bem do fazer
portanto há aqui uma dissolução de costumes e há uma dissolução de costumes eh que
se nota no discurso do Diabo nomeadamente na valorização excessiva do dinheiro o
tal ouro o tal dourado que se falou da

Mentalidade eh materialista a dialética entre enriquecer e empobrecer o diabo acha


que obviamente enriquecer Seria o ideal atenção não estou a dizer que é mão que eu
estou a dizer é que nem todas as maneiras de lá chegar são legítimas o que para o
diabo eram e a sobrevivência através de estratagemas dissolutos a imoralidade do do
clero Ou seja a crítica religiosa que também falamos no outro bloco e que está
muito patente nesta segunda parte da

Peça e depois temos a decadência da igreja de Roma através da personagem Roma o o


o o facto do nome da personagem ser igual ao da cidade torna muito fácil fazer esta
Associação e portanto temos o poder temporal político e económico Do Cler e depois
temos as indulgências em troca de valores monetários os eu eu perdoo o que Tu
fizeste desde que tu pagues para que eu te possa perdoar e os conflitos bélicos em
que a igreja se envolveu com os três países que se fal

Que se falaram já aqui neste bloco sintetizando temos aqui um um um grupo de se


quiserem uma parte da peça baseada nas personagens em Serafim no diabo e em Roma
são as personagens que dão a vivência a esta peça e são as as personagens que fazem
com que esta peça seja tão dinâmica o Serafim é o Anjo é o ajudante é o crítico é
aquele que vai criticar eh sem ter

Eh qualquer dúvida sobre aquilo que está a criticar obviamente que é uma
personagem alegórica visto se tratar de um anjo depois temos o diabo que vendo e
troca também ele uma personagem alegórica e finalmente continuando nas personagens
óc Roma que serve para personificar a crítica que Gil Vicente queria fazer à cidade
de Roma e ao papado temos pois a crítica Social de quem compra ao diabo aquilo que
não deve porque Digamos que não é só o Cler que é

Aqui criticado toda a sociedade volta aqui a ser criticada porque o tal livre
arbítrio existe e depois temos a dissolução dos costumes e a decadência da igreja
de Roma que está subjacente a toda esta peça a feira como alegoria eu voltei aqui a
pôr a definição de alegoria para Recordar aquilo que falamos no último bloco e que
temos estado a falar ao longo deste também alegoria é um texto ou imagem que se
representa uma realidade concreta e que

Exemplo um cais para sugerir uma ideia abstrata o Juízo Final através de um
conjunto de símbolos e metáforas encadeadas eu dei o exemplo locais porque achei
que eram mais fácil para vocês depois do Alta marca do inferno mas aqui poderia ser
a feira sem problema absolutamente nenhum uma realidade concreta uma feira que vai
dar origem a uma ideia abstrata de Juízo Final também ela aqui na feira a feira
como alegoria cá temos é uma alegoria do

Mundo também já falamos disto o Serafim e o diabo representam o bem e mal sempre
esta dialética entre o bem e o mal as mercadorias representam as virtudes e os
pecados vamos ver na terceira parte quando as moças entram e o diabo quer vender-
lhes-ei temos os clientes que são a humanidade e Roma que representa a igreja
católica e como não poderia deixar de ser há sempre um desafio algo que tu podes
fazer para de alguma forma rematar o que foi falado

Neste bloco e sintetizar aquilo que foi falado e eu hoje queria te pedir que
tomasse atenção a esta fala a este diálogo entre Roma e o diabo e Roma diz eu venho
à feira direita comprar paz verdade e fé cá está o que ela quer comprar lembras-te
mudar de vida falamos nisso e o Diabo diz a verdade para quê coa que não aproveita
e aborrece para que é não trazeis Boss fundamentos era o que a vej Mister e o
segundo são os tempos assim hão de ser os tentos para

Saber des viiv Portanto o diabo não acha muito interessante esta mudança de vida
da Roma e aquilo que eu queria que o que tu fizesses era que interpretasse o cherto
anterior portanto esta conversa entre o diabo e Roma as duas duas das três figuras
aló de que falamos hoje e numa exposição bem dada de 150 a 170 palavras me
expressasse aquilo que na verdade o que é que eles querem dizer com aquela com com
aquele diálogo portanto Qual é o objetivo do

Diálogo Segue o plano do texto a introdução é o assunto do cherto o


desenvolvimento é a representação alegórica do cherto e a dimensão satírica do
cherto Será que Roma quer mesmo mudar de vida será que está apenas a ser e irónica
a personagem Na verdade tem um papel muito bem definido e o Gil Vicente é conhecido
pela crítica capte a ti que leste toda a peça perceber Qual é essa interação e
depois o remate de acordo com o desenvolvimento portanto

Como vem aquilo que se pretende é que vocês de alguma forma partindo daquele
diálogo sintetizem o sentido das duas personagens fundamentais aqui deixamos o
Serafim de lado porque achamos que o Anjo era mais fácil de vocês sintetizarem sem
precisarem de uma determinada ajuda agora estas duas personagens são fundamentais
para a crítica que se faz nesta segunda parte da peça falta uma terceira como sabes
verás aí no teu livro que é quando

Entram os Camponeses vamos entrar numa outc numa outra dinâmica vamos ter uma
outra crítica e uma outra forma de ver o mundo naquela feira mas isso ficará para
um próximo bloco por este vamos ficar por aqui e eu espero ver-te no próximo bloco
Então até o próximo bloco e boas vendas

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