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Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022

Jesus, O Filho de Deus


Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022

Jesus, O Filho de Deus


Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022

Apresentação da Presidência

Com a graça de Deus, com esse subsídio, já estamos na quarta


―fonte de pesquisa‖ para os professores de Jovens da Escola Bíblica
Dominical – Uma escola acolhedora (especificamente para o
primeiro Trimestre de 2022), além de estudantes e leitores da Bíblia
em geral.

Nesse trimestre estudaremos sobre o Evangelho de João que


tem como principal propósito destacar Jesus Cristo como o Filho
Unigênito de Deus, o Verbo que se fez carne. É um desejo que
aprendamos também, através dos escritos joaninos, sobre o milagre
da salvação por meio da fé e graça de Jesus Cristo (Ef.2.8).

Boa leitura.
Pastor Antônio José Azevedo Pereira
Em Cristo Jesus, e por que Ele vive!

Jesus, O Filho de Deus


Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
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Jesus, O Filho de Deus


Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022

Uma palavra aos facilitadores do ensino cristão!

Apresentamos mais um subsídio elaborado por professores,


para auxiliar o corpo docente da ESCOLA BÍBLICA
DOMINICAL, visando à melhoria da prática de ensino. Gostaria
também de agradecer ao professor Nícolas pela grande ajuda na
elaboração desse subsídio.

O objetivo primordial, desse trabalho, é contribuir com um


conteúdo complementar de enriquecimento de cada lição. Com isso
buscamos proporcionar cada docente um melhor entendimento dos
objetivos gerais e específicos referente ao conteúdo do 1ºTrimestre
de 2022.

Alinhados com a visão geral da igreja, estabelecemos como


enfoque a seguinte temática: “EBD- Uma escola acolhedora”.
Como missão, temos a seguinte proposição: “O ensino como amar a
Deus, acolher ao próximo e servir a sociedade”.

Bom trimestre!
Pr. Antônio Sérgio Costa Lima
Superintendência da EBD da IEADTC

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Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022

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Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022

Sumário
Lição 1 .......................................................................................................... 9
Conhecendo o evangelho de João ...................................................... 9
Lição 2 ........................................................................................................ 19
João Batista: Preparando o caminho ................................................ 19
Lição 3 ........................................................................................................ 24
O primeiro Sinal: Água em vinho .................................................... 24
Lição 4 ........................................................................................................ 29
Você precisa nascer de novo ............................................................ 29
Lição 5 ........................................................................................................ 38
O segundo sinal; a cura do filho do oficial ....................................... 38
Lição 6 ........................................................................................................ 47
O Terceiro Sinal: O Paralítico de Betesda ........................................ 47
Lição 7 ........................................................................................................ 54
O quarto sinal: A multiplicação dos pães e peixes ........................... 54
Lição 8 ........................................................................................................ 59
Quinto Sinal: Jesus anda sobre o mar ............................................... 59
Lição 9 ........................................................................................................ 65
O Sexto Sinal: A Cura de Um Cego de Nascença ............................ 65
Lição 10 ...................................................................................................... 72
Jesus, O Bom Pastor ......................................................................... 72
Lição 11 ...................................................................................................... 81
O Sétimo Sinal: Jesus ressuscita Lázaro .......................................... 81

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Lição 12 ...................................................................................................... 89
Jesus vence a morte .......................................................................... 89
Lição 13 ...................................................................................................... 98
Para que creiais que Jesus é o Filho de Deus ................................... 98

Jesus, O Filho de Deus


Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
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Lição 1
Conhecendo o evangelho de João
Prof. José Nícolas.

Texto principal:
―E o verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade‖
Jo 1.14

Resumo da lição:
O Evangelho de João é essencialmente cristológico e singular em
relação aos demais Evangelhos

Objetivos
- Apresentar a autoria, a época e o propósito do Evangelho de
João;
- Expor a riqueza doutrinária do Evangelho de João;
- Compreender a Cristologia apresentada por João.

Com alegria e boa vontade comentamos mais uma lição da


EBD. Outra vez, a lição introdutória da revista destinada aos jovens.
O assunto em pauta faz parte daquilo que chamamos Teologia
Bíblica. São quatro as áreas que a Teologia abrange: Bíblia, História,
Prática e Temas. Costumo afirmar que qualquer cristão possui ―saber
teológico‖. Mesmo aqueles que não simpatizam com a Teologia, são,
sem querer ser, ―Teólogos‖. A Teologia se propõe a ―arrumar‖ o
saber teológico que todos possuímos. Temas específicos são
organizados de uma forma que venhamos ter um conjunto de
pensamentos esboçados com lógica, precisão e organização.

Interação
Foco no aluno. Do leitor, espera-se que processe, critique,
contradiga ou avalie a informação que tem diante de si, que a desfrute
ou a rechace, que dê sentido e significado ao que lê. Essa concepção
de leitura, que põe o foco leitor e seus conhecimentos em interação
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com o autor e o texto para a construção de sentido, vem merecendo a
atenção de estudiosos do texto e alimentando muitas pesquisas e
discussões sobre a importância para o ensino da leitura.

Orientação pedagógica
Tenha o cuidado de sempre consultar a bíblia. A leitura bíblica
é primordial e insubstituível. Quanto mais o professor conhecer o
texto bíblico pela leitura diária, mais facilidade terá na compreensão
de estudos que lhe auxiliarão no conhecimento e na exposição dela.

Introdução Geral
Para começar, nos encontramos perguntando: Por que há quatro
evangelhos, especialmente quando os três primeiros parecem
abranger quase o mesmo assunto? Um só não seria melhor? Como
estamos tratando de escritos divinamente inspirados, resposta final,
naturalmente, é que há quatro livros porque Deus assim o quis. No
entanto podemos acrescentar que existem razões claras para Deus ter
feito isso. Não precisamos inventar razões, como por exemplo, que
era necessário ―mais do que uma mente‖ para registrar ―a vida mais
maravilhosa vivida na terra‖, pois se o Espírito Santo tivesse
determinado isso. Ele poderia ter eficazmente concentrado através de
um o que distribuiu mediante quatro. Gênesis 2.10 nos conta: ―E saía
um rio do Éden para regar o jardim, e dali se dividia, repartindo-se
em quatro braços‖. A água nos quatro braços era a mesma do rio
principal, dividido a fim de cumprir um propósito geográfico. Da
mesma forma, o rio principal da inspiração divina espalha-se através
dos quatro evangelhos para cumprir um propósito espiritual.

Introdução
A maioria de nós talvez esteja familiarizada com o paralelo que
tem sido frequentemente notado entre os quatro evangelhos e os
quatro ―seres viventes‖ na visão introdutória do profeta Ezequiel. Os
quatro seres viventes ou querubins, são descritos como segue em
Ezequiel 1.10: ―A forma de seus rostos era como o de homem: à
direita os quatro tinham rosto de leão; à esquerda, rosto de boi; e
também rosto de águia todos os quatro‖. O leão simboliza a força
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suprema, a soberania; o homem, a mais alta inteligência; o boi,
serviço inferior; a águia, a esfera celestial, mistério, divindade. Em
Mateus vemos o Messias-Rei (o leão). Em Marcos vemos o Servo do
Senhor (o boi). Em Lucas vemos o Filho do Homem (o homem). Em
João vemos o Filho de Deus (a águia). Os quatro aspectos são
necessários para transmitir toda a verdade. Como soberano, Ele vem
para reinar e governar. Como Servo, vem para servir e sofrer. Como
Filho do Homem, vem para participar e consolar. Como Filho de
Deus, vem para revelar e remir. Magnífica fusão quádrupla –
soberania, e humildade, humanidade e divindade.
I. Autor, época e propósito.
É consenso entre os estudiosos conservadores, estribados nas
evidências históricas, que João escreveu esse evangelho da cidade de
Éfeso, capital da Ásia Menor, onde morou por longos anos, pastoreou
a maior igreja gentílica da época, liderou as igrejas da região e
morreu já em avançada velhice, nos dias do imperador Trajano. Não
podemos afirmar a data precisa em que esse evangelho foi escrito;
todavia, há fortes evidências de que tenha sido entre os anos 80 e 96
d.C. Para E. E. Bruce, ―parece provável que o evangelho foi
publicado na província da Ásia uns sessenta anos depois dos
acontecimentos que narra .
1. 1. O discípulo amado. Até onde podemos dar crédito da
autoria deste evangelho a ―João‖, normalmente é visto que o João em
questão é o filho de Zebedeu, um dos doze.
A identificação do discípulo amado com João, o filho de
Zebedeu, tem sido fundamentada em bases positivas e negativas. Do
lado negativo, está a ausência do nome de João neste evangelho (e de
seu irmão, Tiago), exceção feita para a afirmação, no início do
epílogo, de que os ―filhos de Zebedeu‖ estavam entre os sete
discípulos que se encontraram com o Senhor ressurreto, no lago da
Galiléia (Jo 21.2). A ausência de qualquer menção a João ou Tiago
chama ainda mais a atenção quando consideramos o papel exercido
neste evangelho por outros do grupo dos doze - não só destacados,
como Simão Pedro e André, mas também menos destacados, como
Filipe, Tomé e Judas ―não o Iscariotes‖.

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Do lado positivo, está a presença do discípulo amado na última
ceia. Se é correto concluir de Marcos 14.17 (e paralelos sinóticos)
que somente os doze estiveram com Jesus na última ceia, então o
discípulo amado era um dos doze - certamente não Pedro (de quem
ele é distinguido em Jo 13.24), e provavelmente nenhum dos outros
discípulos mencionados pelo nome em João 13.17. O fato de ele se
chamar repetidas vezes de ―o discípulo a quem Jesus amava‖ mostra
que evita intencionalmente seu nome pessoal. O mesmo ocorre no
epílogo, onde é evidente que ele é um dos sete discípulos que
participam do encontro à beira do lago. Ele é distinguido
expressamente de Pedro (Jo 21.7,20) e também de Tomé e Natanael,
por implicação; podemos pensar, portanto, que ele era um dos filhos
de Zebedeu (que não são citados pelo nome) ou um dos outros dois
discípulos, cujos nomes não são mencionados em João 21.2.
Quanto aos filhos de Zebedeu, ele não pode ser identificado
com Tiago: este foi morto por Herodes Agripa I, de acordo com Atos
12.1s, durante seu breve reinado na Judéia (41-44 d.C.), não foi com
relação a Tiago que mais tarde se espalhou o rumor ―de que aquele
discípulo não morreria‖ (Jo 21.23).
2. O apóstolo do amor. ―Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna.‖ (João 3.16). Se há uma
sentença que resume melhor a mensagem do quarto evangelho, aqui
está ela. O amor de Deus não tem limites; ele engloba toda a
humanidade. Nenhum sacrifício foi grande demais para trazer sua
intensidade sem medidas a homens e mulheres: o melhor que Deus
tinha para dar, ele deu - seu único Filho, tão amado. Também não foi
só para um grupo ou povo que ele foi dado: ele foi dado para que
todos, sem exceção ou distinção, os que põem sua fé nele (eis auton
aqui, e não en aufõ, como no versículo anterior), possam ser
resgatados da destruição e abençoados com a vida que é verdadeira.
O evangelho da salvação e da vida tem sua origem no amor de Deus.
A essência da mensagem da salvação é deixada tão clara que não
permite mais dúvidas, em uma linguagem que pessoas de todas as
raças, culturas e épocas podem compreender, e é exposta nestas
palavras de maneira tão eficaz que, provavelmente, muitos acharam a
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vida mais através delas do que por meio de qualquer outro texto
bíblico.
3. Evangelista e apologista. O motivo de João também brilha
como uma tocha ao longo de todo o seu evangelho e encontra
expressão final ao terminar: ―Para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que crendo, tenhais vida em seu nome‖ (20.31).
Os três sinópticos simplesmente estabelecem os fatos e deixam que
causem sua própria impressão sobre o leitor. Mas João não age
assim: tudo é regularmente selecionado e orientado para obtenção de
um veredito. Ele não se ocupa só dos fatos, mas também dos
assuntos. Existe nisso previsão sobrenatural dos planos novamente?
Depois de ter estudado Mateus, Marcos, Lucas e João, a maior de
todas as decisões deve ser tomada. Ela pode ter sido feita antes de
chegar a João, mas, caso contrário, não pode ser mais evitada. O
leitor é diretamente desafiado e deve fazer a sua escolha – receber e
ser salvo, ou rejeitar e perecer para sempre.
II. A riqueza doutrinária do evangelho de João
João conferiu a máxima importância à verdade eterna, que ele
identificou com a auto manifestação divina, o Verbo que existia no
princípio com Deus. Mas ele insistiu em que a verdade eterna foi
revelada de maneira singular no tempo e no espaço - na Palestina,
durante o governo de Pôncio Pilatos - quando o Verbo apareceu na
terra na vida humana de Jesus de Nazaré. Longe de desprezar a esfera
material, João afirma que o Verbo tornou-se carne. O homem que foi
crucificado em 30 d.C., como rei dos judeus é o rei da esfera da
verdade; quem se consagrar realmente à verdade eterna irá
alegremente prestar- lhe atenção como servidor obediente.
1. A cristologia e a trindade. Na pessoa única de Jesus Cristo
há duas naturezas, a humana e a divina, cada qual em sua plenitude e
integridade, e, portanto estas duas naturezas estão organicamente e
indissoluvelmente unidas, sendo isso, no entanto, feito de maneira tal
que nenhuma terceira natureza seja formada como resultado.
Resumindo, usando o ―dictum antiquado‖, a doutrina ortodoxa
proíbe-nos de dividir a pessoa ou de confundir as naturezas. Essa
definição da Pessoa de Jesus é ancorada nas diversas declarações do
evangelho de João. No Antigo Testamento, Deus é revelado como
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Criador e Governador (Sl 103.13); Cristo acrescentou a esta a
revelação de Deus como Pai. As Escrituras judaicas revelavam a
unidade, santidade, poder e beneficência de Deus; Cristo completou a
revelação acrescentando a idéia de Deus como Pai. João diz:
―Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do
Pai, é quem o revelou‖ (1.18); e, outra vez: ―Filipe, há tanto tempo
estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim, vê o
Pai‖ (14.9). Jesus ensinou que o próprio Pai nos ama (João 16.27);
que o Pai sabe do que necessitamos, antes mesmo que Lho peçamos
(Mt 6.8, 32); que Ele não deixará de dar qualquer coisa boa a Seus
filhos (Mt 7.11); e que todos podem se tornar Seus filhos (Mt 5.45:
João 3.3,5; 1ªJoão 3.1,2).
2. Cristo, o Deus criador. No passado eterno, Cristo ―estava
com Deus‖ (João 1.1), na realidade Ele ―era (en) Deus‖. Isto foi
―antes que houvesse mundo‖ (João 17.5). Ele é chamado de ―hó
lógos‖ (João 1.1,14; Ap. 19.13). Alguém já disse: ―A palavra é um
meio de manifestação, um meio de comunicação, e um método de
revelação‖. Harmonizando-se com esta interpretação, lemos em
Hebreus (1:2) que Deus ―nestes últimos dias nos falou pelo filho‖. É
evidenciado pela estrutura de sua sentença que João concebe o Logos
como sendo pessoal e distintivo nesse evangelho. Não é apenas uma
questão de títulos endereçados a Jesus que não são encontrados fora
do evangelho de João (e.g. ―Cordeiro de Deus‖, ―Palavra‖, ―Eu sou‖).
Em vez disso, fundamental a tudo o mais que se diz dele, Jesus é
peculiarmente o Filho de Deus, ou simplesmente o Filho. Embora
―Filho de Deus‖ possa servir de sinônimo grosseiro para ―Messias‖,
ele é enriquecido pela maneira única na qual Jesus, como Filho de
Deus, relaciona-se com seu Pai. Ele está funcionalmente subordinado
ao Pai e faz somente aquilo que o Pai lhe incumbe de dizer ou fazer,
e faz tudo o que o Pai faz, pois o Pai lhe mostra tudo o que faz. A
perfeição da obediência de Jesus e a natureza não-qualificada de sua
dependência torna-se, assim, os loci (lugares) nos quais Jesus revela
nada menos que as palavras e feitos de Deus. Embora ―Filho de
Deus‖ pudesse ser usado de maneiras extraordinariamente diversas
no mundo antigo, essa ênfase distintiva em João lança seu brilho
sobre vários outros títulos cristológicos. ―Filho de Deus‖, como já
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vimos, pode ser paralelo a ―Messias‖; mas esse título é tão
poderosamente restringido por essa relação entre o Pai e o Filho, que
―Messias‖ se torna não apenas uma categoria profética ligada à
linhagem de Davi e à expectativa dos profetas, mas também um título
que exprime a obra profundamente reveladora do servo prometido de
Deus.
3. Cristo no Antigo Testamento. As coisas que no Antigo
Testamento são ditas a respeito de Deus são ditas no Novo
Testamento a respeito de Cristo. Ele foi o Criador (Sl 102.24-27; Hb
1.10-12); foi visto por Isaías (Is 6.1; Jo 12.41); seria precedido por
um precursor (Is 40.3; Mt 3.3); estaria entre o povo de Deus (Nm
21.6,7; 1ªCo 10.9); seria santificado (Is 8.13; 1ªPe 3.15); e levaria
cativo o cativeiro (Sl 68.18; Ef 4.7,8). Jesus usou certas metáforas a
Seu próprio respeito que denotam Sua natureza sobrenatural. Por
exemplo: ―Eu sou o pão que desceu do céu‖ (Jo 6.41,50). ―Eu sou a
porta. Se alguém entrar por mim, será salvo‖ (Jo 10.9); ―Eu sou o
caminho, a verdade e a vida; ninguém vem o Pai senão por mim‖ (Jo
14.6). Ele usava também certas designações a Seu próprio respeito
que denotavam divindade; por exemplo: ―Eu sou o Alfa e o Ômega, o
primeiro e o último, o princípio e o fim‖ (Ap 22.13); e ―Estas coisas
diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de
Deus (Ap. 3.14).
III. Cristologia: sinais, sermões e declarações.
A união das duas naturezas em Cristo é chamada de
―hipostática‖, isto é, pessoal. As duas naturezas, ou substâncias
(ousai), constituem uma substância pessoal (hupostásis). Uma
ilustração comum usado pelos calcedônios e pais posteriores é, a
união da alma e corpo humanos em uma pessoa é a união de calor e
ferro, nenhum dos quais perde suas propriedades peculiares. Assim
como no homem a personalidade está na alma e não no corpo,
também a personalidade de Cristo está na natureza divina... Foi uma
pessoa divina, e não simplesmente uma natureza divina, que assumiu
a humanidade, ou se encarnou. Segue-se assim que a natureza
humana de Cristo, considerada separadamente, é impessoal... O Filho
de Deus não Se uniu a uma pessoa humana, mas sim a uma natureza
humana. A prova disto está no fato de Cristo ser uma só pessoa.
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1. Os sinais miraculosos. A apresentação de João sobre quem é
Jesus baseia-se no cerne de tudo o que é distintivo nesse evangelho.
Não é apenas uma questão de títulos endereçados a Jesus que não são
encontrados fora do evangelho de João (e.g. ―Cordeiro de Deus‖,
―Palavra‖, ―Eu sou‖). Em vez disso, fundamental a tudo o mais que
se diz dele, Jesus é peculiarmente o Filho de Deus, ou simplesmente
o Filho. Embora ―Filho de Deus‖ possa servir de sinônimo grosseiro
para ―Messias‖, ele é enriquecido pela maneira única na qual Jesus,
como Filho de Deus, relaciona-se com seu Pai. Ele está
funcionalmente subordinado ao Pai e faz somente aquilo que o Pai
lhe incumbe de dizer ou fazer, e faz tudo o que o Pai faz, pois o Pai
lhe mostra tudo o que faz. A perfeição da obediência de Jesus e a
natureza não-qualificada de sua dependência torna-se, assim, os loci
(lugares) nos quais Jesus revela nada menos que as palavras e feitos
de Deus. Embora ―Filho de Deus‖ pudesse ser usado de maneiras
extraordinariamente diversas no mundo antigo, essa ênfase distintiva
em João lança seu brilho sobre vários outros títulos cristológicos.
―Filho de Deus‖, como já vimos, pode ser paralelo a ―Messias‖; mas
esse título é tão poderosamente restringido por essa relação entre o
Pai e o Filho, que ―Messias‖ se torna não apenas uma categoria
profética ligada à linhagem de Davi e à expectativa dos profetas, mas
também um título que exprime a obra profundamente reveladora do
servo prometido de Deus.
2. Os sermões cristológicos. O evangelho de João completa os
demais. Os três primeiros são uma apresentação de Jesus; este quarto
é uma interpretação. Os outros três nos mostram Jesus
exteriormente; este quarto o interpreta interiormente. Os outros três
enfatizam os aspectos humanos; este quarto revela o divino. Os
outros três correspondem respectivamente ao leão, ao boi e ao
homem na visão de Ezequiel. Este quarto se compara à águia. Os
outros três se ocupam principalmente com os discursos públicos do
Senhor; este quarto dá mais espaço para suas conversas particulares,
seus conflitos verbais com os judeus, e seus ensinamentos especiais
aos discípulos. Os outros três abrangem quase que só o ministério na
Galiléia; este quarto se dedica praticamente ao seu ministério na
Judéia. Os outros três se prendem puramente aos fatos; João é
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também doutrinário. Os outros três começam com uma genealogia
humana e o cumprimento da profecia judaica; João começa com uma
revelação divina direta daquilo que foi inteiramente anterior à criação
do mundo e eterno. Todos esses aspectos concordam com o propósito
interpretativo de João.
3. As declarações divinas. João declara que ―todas as cousas
foram feitas por intermédio dEle, e sem ele nada do que foi feito se
fez‖(1.3,10). Paulo diz que todas as coisas são através dEle, e nós
também por Ele( 1ªCo 8:6 ); e que ―nEle foram criadas todas as
cousas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e a invisíveis, sejam
tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi
criado por meio dEle e para Ele. Ele é antes de todas as cousas. Nele
tudo subsiste‖. (Cl 1.16,17).
Atributos divinos são atribuídos a Ele e manifestados por Ele.
Há cinco atributos distintamente divinos. Eternidade, onipresença,
onisciência, onipotência e imutabilidade. Cristo possui todos eles. Ele
é eterno. Existia já não só antes de João (Jo. 1.15), de Abraão (Jo
8.58) e antes do mundo passar a existir (Jo 15.5,24), mas é ―o
primogênito de toda a criação‖ (Cl 1.15), existindo ―no princípio‖ (Jo
1.1; 1ªJo 1.1); e, na realidade, ―desde a eternidade‖ (Mq 5.2). E
quanto ao futuro, Ele continua para sempre (Hb 1.11; Is 9.6; Ap
1.11). A comunicação de vida que o Pai faz a Ele é um processo
eterno (Jo 5.26; 1.4). Ele é onipotente e onisciente. Ele estava no céu
enquanto esteve na terra (Jo 3.13) e está na terra enquanto está no céu
(Mt 18.20; 28.20). Ele está em todos (Ef 1.2,3).
Conclusão
Talvez o evangelho de João, dentre os quatro evangelhos, seja o
mais usado pelos cristãos de todos os tempos, e com propósitos
variados. Estudantes universitários distribuem cópias gratuitas a seus
amigos na esperança de que conheçam o Salvador. Cristãos idosos,
em seus leitos de morte, pedem que lhes sejam lidos trechos desse
evangelho. Acadêmicos escrevem dissertações de alto nível sobre o
relacionamento de João e algum antigo corpus de literatura. Crianças
memorizam capítulos inteiros e cantam canções baseadas em suas
verdades. Incontáveis sermões têm sua linha-mestra fundamentada
nesse livro ou em alguma parte dele. Ele esteve, praticamente, no
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centro da controvérsia cristológica do século IV e, nos últimos 150
anos têm estado no cerne do debate sobre a relação entre História e
Teologia. Até pouco tempo, o versículo mais conhecido da Bíblia era
João 3.16, até uma criança pequena poderia recitá-lo. Nesse
evangelho, o amor de Deus é dramaticamente mediado por Jesus
Cristo - tanto que se alega que Karl Barth comentou que a mais
profunda verdade que já se ouviu foi ―Jesus me ama, eu sei - Pois a
Bíblia assim o diz‖.

Bibliografia

BRUCE, F F. João. Introdução e Comentário. 2. Ed. São Paulo. SP


Sociedade Religiosa Vida Nova. 1987.
PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Tradução:
Degmar Ribas Júnior. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
CARSON, D.A. O comentário de João / D.A. Carson; tradução
Daniel de Oliveira & Vivian Nunes do Amaral. - São Paulo:
Shedd Publicações, 2007.
BOOR, Werner de Evangelho de João I: comentário esperança/
Werner de Boor; tradução Werner Fuchs. - Curitiba: Editora
Evangélica Esperança, 2002.
PEARLMAN, Myer. João, o Evangelho do Filho de Deus. l.ed. - Rio
de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1995.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento interpretado,
versículo por versículo, Lucas, João, volume 2, 2ª Edição, São
Paulo: Hagnos, 2001.

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Lição 2
João Batista: Preparando o caminho
Prof. Edejorge Santos

Texto Principal:
―Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio
para testemunho para que testificasse da luz, para que todos cressem
por ele‖
Jo 1.6,7

Resumo da lição
João, o evangelista, nos apresenta João, o Batista, que veio dar
testemunho de Jesus.

Objetivos
- Apresentar a origem do precursor de Jesus Cristo, João
Batista;
- Apontar a mensagem do precursor;
- Saber que a pregação de João Batista apresentava Jesus como
o verbo de Deus e que ele foi o último profeta do Antigo Testamento.

Interação
Neste domingo conheceremos um pouco a respeito de João
Batista. Sendo ele o último profeta do Antigo Testamento, sua missão
foi a de preparar o caminho para Jesus, o ―Verbo que se fez carne‖.
Sendo seus pais já idosos, reconhecemos que seu nascimento se deu
de forma sobrenatural. Era profeta e Nazireu, exerceu seu ministério
no deserto, e por isso seu alimento e vestimentas eram bastante
peculiares, sua mensagem era intensa, porém não popular, pois
apregoava arrependimento de pecados a uma geração que não
desejava mudar, bem como anunciar a vinda do Messias. Durante a
lição, enfatize, a importância de testificarmos a respeito do ―Verbo
que se fez carne‖ a esta geração, de modo que os ―cegos‖, venham ter
os seus olhos espirituais abertos, a cerca do arrebatamento da igreja.

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Orientação pedagógica
É interessante pedir que os alunos citem características de João
Batista, e em paralelo fale das qualidades dele, ressaltando que Deus
deseja nos qualificar tal como o próprio João Batista, com o
propósito de anunciarmos sua palavra.

Introdução
A lição desta semana mostra-nos a relevância do testemunho
como base fundamental para implantação, bem como expansão do
Reino de Deus. O ser humano sempre foi instrumento usado por
Deus, para revelar seu amor, vontade e propósito, bem como gerar fé
nos corações, de forma a construir relacionamentos entre Criador e
criatura. É também nesta lição que João, o evangelista, nos mostra
que João Batista, veio dar testemunho de Jesus. Entenderemos que o
ministério de João Batista era necessário para denunciar o sistema
pecaminoso dominante em Israel, e assim conscientizá-los,
preparando o caminho para o Jesus, o cordeiro de Deus, aquele que
viria para tirar o pecado do mundo.
I. A origem do precursor
1. Das montanhas de Judá. Mesmo sem muitos detalhes, o
evangelista Lucas, é o único que relata informações sobre o
nascimento de João, que logo, passaria a ser identificado como ―o
Batista – aquele que batiza‖, porque batizava no rio Jordão, aqueles
que se arrependiam. Embora não mencione o nome da cidade, o texto
de (Lc 1.39), deixa claro que era uma cidade de Judá, e ficava em
uma área de montanhas.
2. O anúncio de Zacarias. O plano de Deus seguia sendo
executado a risca e de maneira fidedigna. O anúncio a Maria sobre a
encarnação de filho do próprio Deus (Lc 1.26-36), através da obra do
Espírito Santo, fora feito pelo mesmo Gabriel, que outrora já havia
visitado e anunciado a Zacarias, homem justo e temente, o
nascimento e missão de João (Lc 1.13-19), o precursor do Messias.
Os pais de João, Zacarias e Isabel, tal qual Simeão e Ana, nos em
mostrar que mesmo vivendo em meio a uma sociedade dominada
pela apostasia e a inversão de valores, alguns dos judeus piedosos

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perseveravam em servir a Deus, em oração aguardando a consolação
profetizada a Israel pelos profetas (Lc 2.25-38).
3. O cumprimento profético. Ao anunciar sobre o ministério de
João, o anjo Gabriel cita o texto de (Ml 4.5-6) ―E converterá muitos
dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá adiante dele no
espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos
filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar
ao Senhor um povo bem disposto (Lc 1.16-17), porém a maior das
profecias a ser cumprida, é a mensagem que está escrita em (Is 40.3),
ao responder aos questionamentos de quem seria ele, o próprio João
Batista menciona o profeta Isaias (Jo 1.23) ―Disse: Eu sou a voz do
que clama no deserto: endireitai o caminho do Senhor, como disse o
profeta Isaias‖. Vale ressaltar que de todo o antigo testamento, o livro
de Isaias é considerado como o mais messiânico, ou seja, o que mais
fala a respeito do Messias prometido.
II. A mensagem do precursor
1. O estabelecimento de uma ruptura. Mediante ao quadro
degradante, vivido pelos judeus, aonde destacava-se uma série de
características negativas, marcas do judaísmo naquele momento, João
surge em meio ao deserto da Judéia, e seu ministério é
automaticamente reconhecido como a marca de um novo tempo, era
preciso haver um rompimento com o pervertido sistema religioso
reinante, preparando assim a chegada do Salvador. Homem simples,
de vestimentas e alimentação peculiar, acessível a todos os que o
procurava, sua declaração em (Jo 3.28-30) deixa claro, que sabia
perfeitamente qual era o seu papel.
2. Um enviado de Deus. Escolhido desde o ventre de sua
mãe, João foi preparado não em academias humanas, e por isso sua
autoridade era reconhecida e aceita. Bem como ele mesmo entendeu
qual era o propósito de Deus em sua vida, e através dela, João foi o
último profeta do antigo testamento (Mt 11.13; Lc 16.16)
3. Uma mensagem contundente. Pregando o arrependimento
para perdão de pecados, sua mensagem era contundente, incisiva...
―Dizia, pois, João à multidão que saía para ser batizada por ele:
Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir?
Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a
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dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai, porque eu vos digo
que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão.‖ (Lc 3.7-
8). Ele não se deixava iludir por religiosidade. Sua mensagem
confrontava a realidade vivida pelo povo, e exigia mudança de
atitudes, e de caráter, por de todos, ―...Quem tiver duas túnicas, que
reparta com quem não tem, e quem tiver alimentos, que faça da
mesma maneira.‖ (Lc 3.11), ―...Não peçais mais do que aquilo que
vos está ordenado.‖ (Lc 3.13), e para com todos ―...A ninguém
trateis mal, nem defraudeis e contentai com vosso soldo.‖ (Lc 3.14).
Através da mensagem de João, homens foram levados a
reconhecerem o seu estado pecaminoso, e assim preparou o
caminho para chegada do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo (Jo 1.29).
III. O verbo, o pregador e a pregação.
1. O último dos profetas do antigo testamento. As profecias
sempre foi uma das ferramentas utilizadas por Deus, para revelar a
humanidade, em especial ao povo de Israel, seus propósitos e
vontades. E como já vimos, João foi o último representante desse
ministério no antigo testamento (Lc 16-16), no novo concerto, Deus
continua revelando-se, porém não da mesma forma, mas através do
Cânon sagrado. Na atualidade, o poder do Espírito Santo, faz com
que ainda haja o dom da profecia, contudo não mais como um cargo
ou título dado aquele a quem o recebe, mas como uma função para
edificação do povo/igreja de DEUS.
2. A importância da pregação. O envio e ministério de João
Batista, bem como o teor de sua mensagem, nos leva a refletir e
entender o quanto é imprescindível, a pregação, e o fato de fazê-la
com toda seriedade, zelo grande responsabilidade, uma vez de que
esta ferramenta é um instrumento fundamental e necessário para a fé
(Rm 10.17). O exemplo de João deve ser seguido ainda hoje por cada
um de nós, em que não devemos fazer, bem como não podemos
aceitar que alguém faça da pregação da palavra, brincadeiras,
chacotas, seja nos púlpitos de nossas igrejas, ou em qualquer outro
local, sejam eles vinculados às igrejas, sejam em locais privados ou
públicos...inclusive nas tão usadas e frequentadas redes sociais. Pois

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precisamos entender que a pregação da palavra, tem como principal
propósito a transformação de vidas e salvação de almas (At 2.40).
3. O perigo do estrelismo. (2 Co 4.5,7) ―Porque não nos
pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o senhor; e nós mesmos
somos vossos servos por amor de Jesus.‖ ―Temos, porém este tesouro
em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e
não de nós.‖ Infelizmente temos visto uma geração em que muitas
pessoas tem feito da pregação do evangelho, um caminho para o
estrelato e a fama, e assim obter vantagens financeiras. O autentico
cristão deve amar a palavra de Deus, e através do conhecimento da
mesma, discernir os espetáculos particulares e com eles as heresias.
O cristocentrismo, o poder e mover do Espírito Santo, bem como a
manifestação dos dons do Espírito, são características de uma
verdadeira pregação neotestamentária. Paulo escrevendo em (1 Co
2.2), disse: ―Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus
Cristo e este crucificado‖, mesmo tendo sido um homem, intelectual,
formado aos pés de Gamaliel, (At 5.34), o apóstolo Pulo sabia que
nenhum desses conhecimentos poderia trazer pessoas a fé em Cristo,
pois somente a exposição da palavra de Deus agregado ao mover do
Espírito santo, tem este poder de convencimento.
Conclusão
Ao observarmos a vida e o ministério de João Batista, vemos o
exemplo daquilo que devemos ser, compreendendo e aceitando a
chamada e os desígnios de Deus para nossas vidas, desta forma
expressaremos a sua vontade e testificaremos do amor de Jesus Cristo
e seu sacrifício, e alcançaremos outra pessoas para habitar em seu
reino eterno.

Bibliografia
- Swaggart, Jimmy. Bíblia de estudo do expositor (segunda edição
revisada): SBB, 2015,
- Lopes, Hernandes Dias. João: As glórias do filho de Deus: Hagnos,
2015,
Edejorge Fagner Barreto dos Santos – primavera 2021

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Lição 3
O primeiro Sinal: Água em vinho
Prof. Edejorge Santos

Texto Principal:
―Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia e
manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele‖
Jo 2.11

Resumo da lição
Os sinais que Jesus realizou visavam fazer com que o reconhecessem
como o redentor anunciado pelos profetas, sendo a manifestação
plena do Deus filho encarnado.

Objetivos
- Explicar a importância do primeiro sinal realizado por Jesus
Cristo;
- Apontar a narrativa e o contexto do primeiro sinal realizado
por Jesus;
- Conhecer a respeito do significado do ―bom vinho‖.

Interação
Neste domingo o estudo será a respeito do primeiro sinal
realizado pelo Senhor Jesus Cristo. Ao realiza-lo o Senhor tinha o
objetivo de revelar a sua divindade e poder transformador. Não há
outro que possa transformar o caráter do homem pecador. Dentro do
contexto cultural daquele período, o vinho representava a alegria, e o
fato dele acabar no meio da festa, leva-nos a refletir em que tipos de
práticas litúrgicas temos nos envolvido. A certeza de que Jesus é a
fonte de vida e alegria perene, precisa ser uma constante em nossas
vidas, e por isso e extremamente importante estarmos sempre junto a
Ele.

Orientação pedagógica

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Informe aos alunos, que a partir desta lição passaremos a
estudar alguns dos sinais realizados pelo Senhor Jesus, que foram
narrados apenas no evangelho de João. Pergunte a eles, qual foi o
propósito de Jesus em transformar a água em vinho, após ouvi-los
atentamente, traga a informação de que este sinal tinha como
propósito, revelar o poder de Jesus sobre a natureza. Enfatize que
Jesus não mudou, e continua tendo poder para operar milagres e
maravilhas, porém que o maior propósito dos milagres, é de que o
nome de Deus venha a ser glorificado.

Introdução
Na primeira lição, aprendemos que o evangelho de João nos
mostra sete sinais, sete sermões e sete declarações de Jesus a respeito
de sua divindade, com o propósito de revelar que aquele homem
simples que ―habitou entre nós‖ (Jo 1.14), o Cristo, o Messias de
Israel. Os sinais operados, era para que o pudessem reconhecer não
apenas como mais um mestre judaico ou mais um messias
revolucionário no âmbito político, mas sim como o redentor
anunciado pelos profetas. O Deus filho encarnado. O milagre nas
bodas de Caná da Galileia é o primeiro destes sete sinais.
I. Mais que um milagre
1. A completude das Escrituras. Composta por 66 livros, a
Bíblia foi escrita por cerca de 40 homens, de lugares, épocas e
culturas distintas. Embora escrita por esses homens, a Bíblia conta
com a autoria divina, do Espírito Santo (2 Pe 1.21). É importante
termos o conhecimento deste fato, para que possamos crer e
compreender que por isso ela é a palavra de Deus, perfeita, infalível e
inerrante (Sl 19.7; Jo 10.35), completa, sendo assim, nela nada falta e
nem sobra (2 Tm 3.16-17).
2. Um sinal específico. Por ser inspirada, nada do que está
contido na Bíblia veio a ser feito de forma aleatória. Embora João
deixe claro que nem todos os milagres operados por Jesus tenham
sido registrados (Jo 21.25), todos eles tiveram um propósito. Em um
trecho de sua obra (João: As glórias do filho de Deus), Hernandes
Dias Lopes, menciona: ―o termo utilizado mais usado por João ao
descrever os milagres e maravilhas operados por Jesus é ―semeion‖,
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geralmente traduzida por ―sinal milagroso‖, e demonstra que Jesus
queria que as pessoas além dos milagres, ou seja para o seu
significado!‖
3. A divindade sendo revelada. Ao descrever o milagre de
Caná, usando a palavra semeion, João tinha a finalidade de revelar a
divindade de Jesus, distinguindo-o dos demais homens. Era o ato que
revelava a sua divindade e dava início a série de sinais que Ele viria a
realizar (Jo 2.11). Mais que trazer de volta a alegria aquela festa, o
maior propósito era revelar-se aos seus discípulos e trazer a público a
sua divindade.
II. A narrativa e seu contexto
1. Caná da Galileia. Já sabemos que João é o único evangelista
a registrar ocorridos no primeiro ano do ministério de Jesus, dentre
eles a transformação da água em vinho, realizado em uma pequena
vila, Caná da Galileia, situada a região do mar da Galileia, um lago
extenso de mais ou menos 20 km, era assim chamada para diferenciar
de uma outra Caná que fica na Siria.
2. Faltou vinho. O episódio inesperado ocorrido, trás a cena o
homem que embora revelado a João e por ele anunciado, até então
para muitos era apenas mais um. Mas o fato de Maria, sua mãe,
saber que Jesus o filho de Deus (Lc 1.30-35), fez com que ela o
procurasse esperando uma ação miraculosa de sua parte.
3. A expectativa de Maria. O motivo de Maria saber do
anúncio e conhecer o propósito do nascimento de Jesus (Lc 2.8-19;
25-38), bem como pelo fato de o próprio Jesus falar a respeito de
sua missão, gerou em seu coração a expectativa pelo momento em
que Ele ria de ser revelado ao mundo. Ainda hoje muitos
questionam a resposta de Jesus à Maria, ―Mulher, que tenho eu
contigo?‖ (Jo 2.4), Hernandes Dias Lopes explica, que naquele
momento Jesus não estava sendo rude, grosso, ignorante, mas
queria que a partir dali ela não o visse apenas como seu filho. Maria
deveria a partir de então o reconhecer como o seu Senhor, tal qual a
sua declaração em (Lc 1.38).
III. O bom Vinho
1. Uma mensagem a Israel. Embora os Judeus seja o povo
escolhido, a sua incredulidade fez com que sempre rejeitassem as
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oportunidades durante o antigo pacto. Sendo comparada algumas
vezes como uma vinha, por Deus plantada e protegida, Israel, porém
só dava uvas bravas (Is 5.2), e por isso chegara o tempo dessa vinha
ser arrancada. As talhas vazias sem o vinho da alegria em Caná da
Galileia, eram semelhantes a religiosidade Judaica, não tinha valor
algum diante de Deus. Os valores haviam sido perdidos, e
deturpados. Porém diante de todo esse caos Jesus veio e se
manifestou aos Judeus, mas eles não o reconheceram (Jo 1.12).
Contudo assim como no encher das talhas e na transformação da água
em vinho para que não faltasse a alegria naquela festa, Jesus
representa a verdadeira alegria, e agora não apenas para a nação de
Israel e os Judeus, mas como um novo concerto para todos os povos
(Lc 2.10; Jo 1.12; Rm 1.16; Jo 3.16).
2. Quando o vinho acaba. O texto sagrado que revela o
primeiro sinal, além de revelar a divindade de Jesus, e de trazer uma
mensagem a Israel, nos leva a refletir no que realmente temos feito
em nossa vida cristã, precisamos estar atentos para que muitas vezes
nãos estejamos tão voltados a cumprir liturgias religiosas,
alimentando e satisfazendo muitas vezes nossos próprios desejos,
esquecendo-nos ou não reconhecendo a verdadeira alegria, Jesus. (Lc
10.40-42)
3. “Enchei-vos do Espírito”. Embora o texto e sinal em
destaque nos fale sobre vinho, algumas questões precisam ser
esclarecidas, dentre elas a questão cultural daquele período, e embora
ainda na atualidade esse texto seja utilizado por alguns para tentar
justificar o consumo de bebidas alcoólicas, as escrituras nos mostram
e advertem a respeito dos males causados pelo vinho, e muitas são as
referências que nos aconselham a não consumi-lo. O sábio rei
Salomão escreveu: ―O vinho é escarnecedor, e a bebida forte,
alvoroçadora; e a todo aquele que neles errar nunca será sábio‖ (Pv
20.1); ―Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando
resplandece no copo e se escoa suavemente. No seu fim morderá
como a cobra, e como o basilisco, picará (Pv 23.31-32). Melhor é
seguir o conselho de Paulo: ―Não vos embriagueis com vinho, em
que há contenda, mas enchei-vos do Espírito‖ (Ef 5.18).

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Conclusão
A nossa lição desta semana nos mostrou o primeiro sinal,
milagre realizado por Jesus, revelando a sua divindade aos seus
discípulos, e trazendo para nós o sentido da nossa verdadeira alegria
através da sua presença, e nos estimulando a manter firmes a nossa fé
n‘Ele que é o salvador eterno, aguardando esperançosos por sua volta
gloriosa.

Bibliografia
- Swaggart, Jimmy. Bíblia de estudo do expositor (segunda edição
revisada): SBB, 2015,
- Lopes, Hernandes Dias. João: As glórias do filho de Deus: Hagnos,
2015,
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Lição 4
Você precisa nascer de novo
Profª. Fabiana Vieira

Texto principal
―Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que
não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus‖
Jo 3.5

Resumo da lição
A mensagem de Jesus é bem clara: não basta ser religioso.

Objetivos
- Apresentar a clareza da mensagem de Jesus na pregação a
Nicodemos;
- Saber que Nicodemos foi de fariseu a discípulo;
- Explicar a respeito do milagre do Novo Nascimento.

Teve uma vida impecável, morreu por nossos pecados,


suportou a ira de Deus em nosso lugar. Cumpriu a pena por nossas
transgressões, comprou a vida eterna, garantiu todas as promessas de
Deus, ressuscitou dos mortos, venceu a morte, o inferno e Satanás.
[...] Jesus fez tudo isso para tornar possível o dom do novo
nascimento. (Finalmente vivos, de John Piper).

Orientação pedagógica
Utilizando a afirmação que serve como título desta lição,
estabeleça um diálogo inicial com os alunos sobre a importância
basilar do novo nascimento para todo aquele que se diz discípulo de
Jesus. Incentive-os a identificar quais áreas de suas vidas precisam de
regeneração, a pedir ao Senhor que os faça nascer de novo e a se
deixarem transformar pelo vento do Espírito. Lembre-os de que
aquele que nasce de novo é nova criação (2Co 5.17). Os velhos
hábitos mundanos devem desaparecer e dar lugar às atitudes

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condizentes com a vida cristã, dos que se reconhecem como filhos de
Deus.

Interação
Para introduzir o tema do novo nascimento e dar ênfase à ação
do Espírito Santo nesse processo, sugerimos tomar como base a
analogia estabelecida por Jesus em João 3.8 com relação ao agir do
vento e do Espírito. Use a ideia da funcionalidade de um balão, que
só tem utilidade se estiver cheio de vento. Vazio ele não tem
serventia, não exerce a função para a qual foi criado. O vento sopra
onde quer, mas não se sabe de onde vem nem para onde vai. Assim
acontece com todo aquele que nasce de novo, ele não tem controle
sobre sua própria vida, que passa a ser guiada pelo Espírito, como um
vento, que sopra e age dentro da pessoa, fazendo-a manifestar a vida
de Deus.
Outra possibilidade de interação sobre o tema da lição é
estabelecer um paralelo entre o ato de nascer fisicamente e nascer
espiritualmente com relação ao agente da ação. Quem nasce não tem
ação sobre o ato de nascer. Quem faz todo o trabalho é quem dá a
vida, e não aquele que nasce. Da mesma forma que a mãe faz o
esforço para gerar uma nova vida física, o Espírito Santo, por meio
da morte e ressurreição de Jesus, é quem atua para gerar a nova vida
espiritual dentro de nós.
Dos quatro evangelistas, João é o único a registrar o encontro
entre Nicodemos e o Senhor Jesus, por meio do qual conhecemos um
dos mais importantes ensinos das Escrituras, transmitido pelo próprio
Mestre, sobre a necessidade da regeneração espiritual. Na mensagem
de Jesus para Nicodemos estão implícitas as ideias de que todos
estamos mortos espiritualmente, por causa de nossos pecados e
transgressões, e de que a religiosidade não é suficiente para acessar o
Reino de Deus. Antes da desobediência ocorrida no jardim, a
humanidade estava espiritualmente viva. Após o pecado, o espírito
morreu. Precisaria renascer para voltar àquela comunhão inicial com
Deus.

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I – Uma mensagem clara.
―Se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de
Deus‖ (Jo 3.3b – ARA). A enfática afirmação do Mestre deixa
explicitamente clara a imprescindível regeneração do espírito
humano para ter acesso ao Reino de Deus. Num primeiro momento,
Nicodemos não entendeu a profundidade da afirmação de Jesus. O
desenvolver da conversa nos indica que o líder judaico parece
acreditar que o Mestre falava no sentido literal, de voltar ao ventre
materno e nascer novamente na forma física. Porém, à medida que o
discurso avança, a verdade e a profundidade daquela revelação se
esclarecem: é preciso nascer espiritualmente, ser regenerado por
intermédio do Espírito Santo. Não se trata de reencarnação, pois esse
nascer de novo se refere estritamente ao espírito, não à carne, e o
próprio Mestre evidenciou essa distinção: ―O que nasce da carne é
carne, mas o que nasce do Espírito é espírito‖ (Jo 3.6 – NVI).
Certamente Nicodemos não acreditava que teria que entrar
novamente na barriga da mãe e voltar a nascer, porque ele sabia que
isso era impossível. É provável que estivesse tentando entender a
ilustração usada por Jesus, por isso usou também outra ilustração,
algo metafórico, para ―entrar‖ na conversa. Possivelmente, sua
admiração se deu por imaginar que teria que começar tudo de novo,
aprender tudo sobre a religião judaica, voltar ao início. ―Neste caso
ele talvez quisesse dizer que, quando alguém já está crescido e
andando por seu caminho, não se pode esperar que mude a sua
natureza e comece de novo. Seja como for, ele não compreendeu a
insistência de Jesus na necessidade de um novo nascimento‖
(BRUCE, 1987, p. 81). Por isso vemos como Jesus precisou dizer a
mesma coisa de maneiras diferentes (Jo 3.3,5,7).
1. Religiosidade não basta. Aqui a religiosidade é representada
na figura do próprio Nicodemos, um fariseu, mestre em Israel e
membro da suprema corte dos judeus (o Sinédrio). Ele era uma
autoridade entre os seus, conhecia tudo sobre a lei judaica. Cristo
explicou a esse Nicodemos que ele deveria necessariamente nascer de
novo, nascer do alto (ou ―de cima‖, conforme algumas traduções do
termo anothen). Mesmo alguém com alto nível de religiosidade,
separado do mundanismo, não poderia entrar no Reino de Deus se
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não nascesse de novo. ―Não importa quão boa uma pessoa pode ser,
ou como ela seriamente busca conhecer a Verdade de Deus, ela não
pode escapar da necessidade que se aplica a toda a raça humana!
‗Você precisa nascer de novo‘‖ (SPURGEON).
Os religiosos da época tinham muita dificuldade de entender a
mensagem de Jesus acerca do novo nascimento, pois teriam que se
despir dos seus antigos conceitos, que certamente já tinham criado
raízes profundas, do seu passado religioso, do qual se orgulhavam,
para receber a nova roupagem gerada pelo Espírito. Era necessário
aceitar sair da zona de conforto da religião e recomeçar, se deixar
transformar. Lendo as palavras de Spurgeon, ditas em um sermão em
1874, pode-se imaginar Jesus as proferindo para Nicodemos naquela
noite: ―você tem feito o seu melhor e dado o seu máximo, mesmo
assim você precisa nascer de novo! Mesmo que você se dedique
diligentemente no estudo das Escrituras, ainda assim você precisa
nascer de novo.‖. Podemos imaginar a dificuldade de um fariseu em
receber e processar a ideia do novo nascimento espiritual.
2. “Mestre vindo de Deus”. O uso do termo rabi para se referir
a Jesus e do verbo ―sabemos‖, no plural, em João 3.2 indicam que
Nicodemos juntamente com outros membros do Sinédrio
reconheciam Jesus como um professor, um ―mestre vindo da parte de
Deus‖, devido aos milagres por Ele realizados. No entanto, Jesus
parece ignorar o elogio de Nicodemos em favor de uma mensagem
crucial para a vida do fariseu naquele momento: se você quiser ver o
Reino de Deus, você precisa nascer de novo. O Mestre, ao saber o
que há dentro do coração do ser humano, percebeu o problema
central de Nicodemos e foi diretamente ao ponto, sem se deixar
persuadir por elogios.
3. O perigo da relativização. Como ―o homem natural não
compreende as coisas do Espírito de Deus‖ (1Co 2.14a – ACF),
Nicodemos – e todos nós – só poderia ver o que concernia ao Reino
de Deus se tivesse o espírito regenerado pelo novo nascimento. Essa
ideia está no diálogo de Jesus com Nicodemos e é um fato
incontestável para a regeneração do espírito, evidenciado pelas
Escrituras. A mensagem é clara, não há o que relativizar. Para nós,
cristãos, a Palavra de Deus deve prevalecer como verdade absoluta
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acima de nossas experiências ou sensações ―espirituais‖. É preciso
estar em constante comunhão com Deus por meio da oração e da
leitura da Palavra, para se manter firme em defesa dos valores de
Cristo e de sua mensagem.
II – De fariseu a discípulo.
1. Príncipe dos judeus. Como mencionado anteriormente,
Nicodemos fazia parte do grupo dos fariseus, era doutor da lei em
Israel e membro da mais alta corte judaica. Ele tido como ―príncipe
dos judeus‖ por se tratar de uma autoridade na religião judaica.
Conforme o Dicionário Vine (2002, p. 643), o termo grego
pharisaios, proveniente do aramaico peras, significa ―separar‖ e diz
respeito ao modo distinto de viver em relação ao público em geral.
Os fariseus tinham por princípio fundamental a completa separação
dos elementos não judaicos. ―Em seu zelo pela lei, eles quase a
divinizaram e a atitude deles tornou-se meramente externa, formal e
mecânica.‖ (VINE et al, 2002, p. 643). Por esse motivo, era
inevitável que se opusessem a Jesus. Assim, pode-se considerar
louvável a atitude de Nicodemos de ter ido até Jesus para entender
melhor a sua doutrina. ―Podia-se esperar que ele compreendesse o
ensino de Jesus, que não era uma inovação completa, mas estava
implícito nas Escrituras dos hebreus – e não só nos profetas‖
(BRUCE, 1987, p. 83) Nicodemos se mostra alguém interessado.
Talvez estivesse confuso ao perceber que as atitudes do grupo dos
fariseus divergiam das de Jesus e Suas prioridades.
2. Um fariseu evangelizado. Pelos registros dos capítulos 7 e
19 do Evangelho de João, em que há menção a Nicodemos,
compreende-se que ele entendeu a mensagem de Jesus exposta em
João 3, de que era preciso crer nEle para herdar a salvação e renascer
espiritualmente. Apesar de se encontrar entre dois caminhos (ensinos
dos fariseus e os ensinos de Jesus), pode-se dizer que a fé em Cristo
foi gerada nele e que recebeu o novo nascimento operado pelo
Espírito. Ele esteve na presença de Jesus e certamente sentiu o poder
transformador de Suas palavras, de Seus ensinamentos e do Espírito
Santo, cuja sensação foi perfeitamente descrita por Spurgeon:
[...] há um poder maravilhoso que Ele exerce e que deve
permanecer entre os mistérios insondáveis, mesmo que
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nunca possamos compreender. Esse mesmo poder produz
um efeito maravilhoso que transforma o homem em um
novo homem, como se ele tivesse voltado à sua
insignificância nata e nascido de novo em uma esfera
superior! Uma nova natureza é criada dentro dele, embora
a velha natureza não seja totalmente erradicada. Ela
acabará sendo destruída, mas ela não é destruída
inicialmente. Então, uma nova natureza nasce dentro deste
novo homem, uma natureza que odeia o que a velha
natureza amava, e ama o que a velha natureza odiava –
uma nova natureza semelhante (consanguínea) à Natureza
de Deus! (SPURGEON)

3. No grupo dos discípulos. A passagem dos capítulos 7 e 19


de João nos apresentam episódios envolvendo Nicodemos por meio
dos quais podemos perceber que ele tinha passado a fazer parte do
grupo dos discípulos. Em João 7, tem-se o registro da Festa dos
Tabernáculos, quando Jesus foi em segredo para a Judeia, na ocasião
dessa festa, e estava sendo esperado pelos judeus. Na metade da
festa, Jesus foi ao templo e começou a ensinar, por isso os chefes dos
sacerdotes e os fariseus foram em busca dele para prendê-lo. Em
defesa de Jesus, Nicodemos questiona os próprios companheiros com
relação àquela prisão, evidenciando já ter entendido a mensagem do
Mestre e o reconhecido como Filho de Deus: ―A nossa lei condena
alguém, sem primeiro ouvi-lo para saber o que ele está fazendo?‖ (Jo
7.51-NVI); com isso, recebe a reprovação dos membros do Sinédrio.
Outra ocasião pela qual pode-se perceber a conversão do
fariseu é quando José de Arimateia foi ter com Pilatos para pedir o
corpo de Jesus para sepultá-lo; Nicodemos o acompanhou e o ajudou
nesse momento: ―Com a permissão de Pilatos, veio e levou embora o
corpo. Ele estava acompanhado de Nicodemos, aquele que antes
tinha visitado Jesus à noite. Nicodemos levou cerca de trinta e
quatro quilos de uma mistura de mirra e aloés. Tomando o corpo de
Jesus, os dois o envolveram em faixas de linho, juntamente com as
especiarias, de acordo com os costumes judaicos de sepultamento.‖
(Jo 19.38-40 – NVI). Ele, que primeiramente tinha ido a Jesus no
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período da noite, veio nessa ocasião durante o dia, levando consigo
generosas quantidades de especiarias para ajudar José de Arimateia
na preparação do corpo do Mestre e no sepultamento, anunciando
publicamente a sua fé em Cristo.
III – O milagre do Novo Nascimento.
Um dos primeiros indicativos de que alguém foi regenerado é a
fé em Jesus Cristo: ―onde quer que haja uma sincera confiança em
Jesus Cristo, o novo nascimento deve ter sido experimentado. [...]
essa fé é a evidência da posse da nova vida que durará para sempre –
esta vida que é transmitida na regeneração‖ (SPURGEON). A
conversão indica que o ser humano passou do estado de morte
espiritual para vida espiritual. Essa é uma obra exclusiva de Deus, o
Espírito Santo, por meio da fé gerada por Ele em nós. Não existe
nenhum mérito da humanidade nisso, não há justiça própria. Existe
somente a justiça divina. ―Pois vocês são salvos pela graça, por meio
da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus‖ (Ef 2.8 – NVI); ―Ele
nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,
que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus
Cristo, nosso Salvador‖ (Tt 3.5,6 – NVI).
1. A regeneração. O renascimento espiritual indicado na fala
de Jesus para Nicodemos começa pela fé em Jesus Cristo e sua obra
redentora na cruz. Cremos que tudo isso é operado pelo Espírito, que
convence a humanidade de seu estado pecaminoso e de transgressão:
―quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do
juízo‖ (Jo 16.8 – ACF). No versículo 5 de João 3, a água utilizada de
forma metafórica para representar o meio pelo qual se realizaria o
novo nascimento. F. F. Bruce (1987) explica que a linguagem
utilizada por Jesus ao mencionar o nascimento por meio ―da água e
do Espírito‖ remonta ao Antigo Testamento e provavelmente foi
escolhida para fazer Nicodemos se lembrar das promessas feitas por
Deus ao povo de Israel, quando disse: ―Aspergirei água pura sobre
vocês, e vocês ficarão puros; [...] Porei o meu Espírito em vocês‖ (Ez
36.25a,27a – NVI). Na época de Nicodemos, a pregação de João
Batista havia ajudado no entendimento da purificação pelo
arrependimento e pela vinda do Espírito. ―A água era o sinal; a obra
de purificação pelo Espírito era o significado literal. Ambas são
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importantes e, em conjunto, complementam o conceito de
arrependimento e fé (At 20.21) que traz a salvação.‖ (PFEIFFER et
al, 2007, p. 1341).
2. Regeneração no método da salvação. Nesse processo, é
preciso levar em consideração a mudança que ocorre em nossas
inclinações e motivações quando nascemos de novo, a chamada
metanoia. ―A fim de se tornar discípulo de Cristo, você precisa ter
uma metanoia, uma mudança de mente que é refletida no
arrependimento. Temos de ser ressuscitados da morte espiritual.‖
(SPROUL, 2018, p. 38) De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe
(PFEIFFER et al, 2007, p. 1658), a regeneração transforma a
natureza moral e espiritual do ser humano, trazendo renovação da
vida espiritual para que o indivíduo possa atuar como um filho de
Deus, diferentemente da justificação – que transforma o
relacionamento do crente com Deus – e da santificação – que é a vida
de crescimento progressivo na graça. Após a regeneração, o espírito
humano, que antes estava morto, passa a ser espírito vivificado e a
depender constantemente do Espírito Santo.
Além de em João 3, a doutrina do novo nascimento está
evidenciada na primeira epístola de João. Nessa carta João aborda
com profundidade o tema e evidencia os sinais pelos quais o ser
humano compreende que é nascido de novo, que são: ―não vive em
pecado (1 Jo 3.9; 5.18); sente um verdadeiro amor cristão pelos
semelhantes (4.7,20; cf. 3,14,15), particularmente pelos irmãos
cristãos (5.1); ama a Deus e obedece aos seus mandamentos (5.2,3);
vence o mundo, isto é, vive uma vida cristã vitoriosa (5.4,5)‖
(PFEIFFER et al, 2007, p. 1342).
3. Regeneração e batismo no Espírito Santo. O novo
nascimento, que nos torna filhos de Deus e transforma nossa natureza
moral e espiritual, deve ser distinguido do batismo no Espírito Santo,
que é o revestimento de poder para testemunhar em favor de Cristo
(At 1.8). Para manifestar a vida de Deus, precisamos estar cheios do
Espírito. Sem o novo nascimento, que é operado pelo Espírito de
Deus dentro de nós, essa manifestação não se realiza, ficamos vazios,
sem a verdadeira vida, consequentemente não faremos aquilo para o
que nascemos. O vento (pneuma, no grego, mesmo termo usado no
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NT para se referir ao Espírito) sopra onde quer; da mesma forma,
ninguém pode conter a ação do Espírito Santo. É ele quem forma a
vida de Deus dentro de nós.
Conclusão
A centralidade do tema desta lição está em que o processo do
novo nascimento se dá exclusivamente pelo Espírito, que opera a fé
em Jesus e a renovação espiritual em nós. E essa operação se dá de
maneira misteriosa e não visível, porém perfeitamente sensitiva,
como o agir do vento. No entanto, assim como ocorreu com
Nicodemos, é preciso que a Mensagem seja anunciada, para que o
Espírito possa agir por intermédio dela. O novo nascimento faz com
que a pessoa se torne participante da natureza divina de Cristo – ―[...]
ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por
elas vocês se tornassem participantes da natureza divina [...]‖ (2Pe
1.4 – NVI) – e passe a ser uma nova criatura (2Co 5.17).

Bibliografia consultada
BRUCE, F. F. João – Introdução e comentário. Tradução: Hans Udo
Fuchs. São Paulo: Mundo Cristão, 1987. (Série Cultura Bíblica).
O QUE significa nascer de novo, 9 out. 2017. 1 vídeo (8 min.).
Publicado pelo canal JesusCopy. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=vlKhULeske0&ab_channel=
JesusCopy. Acesso em: 2 dez. 2021.
PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Tradução:
Degmar Ribas Júnior. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
SPROUL, R. C. O que é arrependimento? Tradução: Francisco
Wellington Ferreira. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.
SPURGEON, Charles H. A necessidade da regeneração. Sermão nº
3121, pregado em 29 de novembro de 1874, no Tabernáculo
Metropolitano, Newington, Londres. Disponível em:
https://spurgeonline.com.br/wp-
content/uploads/2021/09/A_Necessidade_de_Regeneracao-
Sermao_de_Spurgeon.pdf. Acesso em: 2 dez. 2021.
VINE, W. E. et al. Dicionário Vine. O significado exegético e
expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento.
Tradução: Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
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Lição 5
O segundo sinal; a cura do filho do oficial
Prof. José Nícolas.

Texto principal:
―Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que Jesus
lhe disse: O teu filho vive; e creu ele, e toda a sua casa‖
Jo 4.53

Resumo da lição:
A falta de fé nos impede de receber mais da graça, do poder e dos
milagres de Jesus Cristo.

Objetivos
- Apresentar o contexto do milagre realizado por Jesus na vida
do filho do oficial;
- Mostrar que a confiança em Jesus contribuiu para a operação
do milagre;
- Saber que fé, convicção e atitudes nos levam a experimentar o
poder de Deus.

O assunto em pauta faz parte daquilo que chamamos Teologia


Bíblica. São quatro as áreas que a Teologia abrange: Bíblia, História,
Prática e Temas. Costumo afirmar que qualquer cristão possui ―saber
teológico‖. Mesmo aqueles que não simpatizam com a Teologia, são,
sem querer ser, ―Teólogos‖. A Teologia se propõe a ―arrumar‖ o
saber teológico que todos possuímos. Temas específicos são
organizados de uma forma que venhamos ter um conjunto de
pensamentos esboçados com lógica, precisão e organização.

Interação
Foco no aluno. Do leitor, espera-se que processe, critique,
contradiga ou avalie a informação que tem diante de si, que a desfrute
ou a rechace, que dê sentido e significado ao que lê. Essa concepção
de leitura, que põe o foco leitor e seus conhecimentos em interação
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com o autor e o texto para a construção de sentido, vem merecendo a
atenção de estudiosos do texto e alimentando muitas pesquisas e
discussões sobre a importância para o ensino da leitura.

Orientação pedagógica
Suas aulas não devem ser meros monólogos decorados,
extraídos de livros ou da internet, mas devem conter diálogos com
envolvimento, comprometimento, paixão. Agindo assim, eventuais
percalços, indissociáveis do processo de ensino - aprendizagem serão
mais bem aceitos e se transformarão em trampolins para conquistar
outros para Cristo.

Introdução Geral
João enfatiza que o primeiro lugar onde Jesus manifestara sua
glória, fora em circunstâncias, sem dúvida, alegres (Jo 2.1-11), agora
veria outra manifestação desta glória, em uma hora de desespero. Na
primeira vez, vida velha foi transformada em vida nova; desta vez
uma vida é salva da beira da morte.

Introdução
A palavra grega traduzida por ―oficial do rei‖ é basilikós ―real‖,
um adjetivo derivado de basiléus ―rei‖. É muito provável que
devamos entender que este homem fazia parte da corte de Herodes
Antipas, tetrarca da Galiléia (4 a.C. - 39 d.C.), popularmente
chamado ―rei‖ (cf. Mc 6.14), apesar de o imperador romano negar-
lhe o título real pleno. Alguns comentaristas sugeriram uma
identificação com Cuza, o mordomo de Herodes (Lc 8.3).

I. O Contexto do milagre. As notícias dos ―sinais‖ de Jesus em


Jerusalém tinham sido espalhadas por toda a Galiléia pelos
peregrinos que retornavam da páscoa. A chegada de
Jesus na Galiléia - bem a tempo, ao que parece - deve ter sido
aproveitada desesperadamente pelo pai ansioso, como última
esperança para seu filho doente.
1. De volta a Galileia. A recente experiência de Jesus em
Jerusalém ainda estava viva em sua mente. Ali, muitos lhe tinham
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dedicado uma fé superficial, quando viram seus sinais, sem, no
entanto, captar seu significado mais profundo (Jo 2.23). Será que a
mesma coisa ocorreria na Galiléia? Pode ser que estas palavras
também foram dirigidas ao oficial como um teste de fé. (Esta é a
única ocasião no evangelho em que aparece o termo ―teras‖,
prodígios ou milagres - uma palavra que, no N.T., nunca aparece
separada de ―sêmeion‖, sinal.).
Se, por um lado, a Judéia o rejeitava, por outro a Galiléia dava-
lhe as boas-vindas. Sua fama tinha chegado ao território do norte
antes dele mesmo, levada por galileus que estiveram em Jerusalém
para a Páscoa (2.13ss.) e tinham visto ―os sinais que ele fazia‖ (Jo
2.23). Somente um ano mais tarde seu séquito Galileu começou a
tornar-se pequeno (Jo 6.66).
2. Passando por Samaria. ―E era-lhe necessário passar por
Samaria‖ (Jo 4.4). Os judeus, extremamente ―sensíveis‖ como eram,
evitavam atravessar a província de Samaria, preferindo passar pela
Peréia: mas muitos galileus, sendo eles de raça mista, não se
prestavam a tais inconveniências. Não obstante, os sentimentos se
esquentavam, e os assaltos, o assassínio e a violência eram comuns
na Samaria, porquanto bandos de ladrões se aproveitavam dos judeus
que subiam a Jerusalém para uma festa religiosa ou outra qualquer. O
trecho de Lucas (9.51-56) ilustra quanta falta de hospitalidade era
conferida aos peregrinos religiosos como esses, e, nesse caso, ao
próprio Jesus e aos seus discípulos. Essa passagem também se reveste
de interesse pelo fato de frisar novamente a mensagem de redenção
universal, anunciada pelo cristianismo, posto que Jesus resistiu aos
seus discípulos, que desejaram fazer cair fogo do céu contra os
samaritanos, já que tão odiosas ações seriam mais perversas e dignas
de asco do que as ações daqueles que haviam rejeitado Jesus.
II. Confiança em Jesus
O funcionário não estava disposto a discutir a natureza da sua
fé; ele sabia o que queria e tinha certeza de que Jesus era a única
pessoa que podia fazê-lo. Assim, ele pediu a Jesus que o
acompanhasse até Cafarnaum - talvez de carruagem - antes que seu
filho (paidion) morresse. Diferente do centurião no relato sinótico,
ele não pediu que Jesus dissesse somente uma palavra, operando a
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cura por controle remoto, mas esta foi a resposta que ele obteve à sua
súplica: ―Seu filho já está melhor‖. A vida, quase vencida na batalha
com a morte, subitamente recebera novas forças da palavra
vivificante de Jesus, e obteve a vitória. O pai contentou-se; não
estava interessado em sinais e prodígios, mas na vida de seu filho, e
sua aceitação imediata da promessa de Jesus provou a qualidade da
sua fé. Assim, ele foi para casa.
1. A fé do oficial. Haviam-se espalhado rapidamente as notícias
sobre os poderes de Jesus, e, na mente daquele oficial do rei
evidentemente já havia certa disposição por aceitar o que é
miraculoso, o que, sem duvida, se baseava em sua educação e
passado cultural no judaísmo. Em contraste com a história dos
evangelhos sinópticos, evidentemente este oficial solicitou a presença
de Jesus, porquanto, sendo pessoa dotada de autoridade, não hesitou
em fazer tal pedido, ao passo que o centurião mostrou grande
humildade, tendo confiado na autoridade de Jesus, que poderia ser
exercida ate mesmo a distancia. O pedido do oficial do rei sem
duvida se deveu a sua crença em que a presença de Jesus era
necessária para que a cura tivesse lugar. Naturalmente era uma
suposição razoável. Os casos modernos de cura demonstram que a
presença é de grande ajuda, e, de fato, necessária, especialmente se o
curador é usado mediante a imposição de mãos, havendo então
alguma transferência de energia, dotada da capacidade de curar.
2. Ouviu falar de Jesus. O homem não ficou desencorajado
ante a reprimenda de Jesus, e parecia bastante confiante que Jesus
comprovaria a validade de sua reputação como operador de milagres.
Ignorou a sondagem feita por Jesus quanto a qualidade de sua fé. e
usou de toda a confiança que possuía. Mencionou as dores de seu
filho moribundo, e Jesus jamais rejeitou um pedido dessa natureza.
Não seria próprio da natureza de Jesus ignorar as agonias de uma
criança, e foi mais nobre que Jesus deixou de lado o seu sermão,
tendo concedido imediatamente o pedido do pai da criança. Além
disso, parece que ele já havia impressionado suficientemente o
homem com aquela lição, e um sermão que já havia conseguido
realizar o que era necessário, podia com bons resultados ser
interrompido naquele ponto. Jesus sabia quando interromper um
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sermão e alguns pregadores modernos poderia derivar disso uma
preciosa lição, enquanto conversamos, meu filho está morrendo, e, se
não viermos imediatamente, tudo terminara para ele.
3. Um obstáculo ao milagre. O homem não podia crer que a
cura pudesse ser realizada sem que o médico viesse até a cabeceira do
enfermo - o pensamento de tal possibilidade parece que jamais lhe
ocorreu. A assertiva do amor de um pai, atribulado e angustiado:
―meu filho esta morrendo‖. Tal como o caso de Jairo, da mulher
cananéia, do pai do endemoninhado, no sopé do monte da
transfiguração. Essa angústia de amor é que fez dele um crente. A
essas palavras podemos acrescentar que a esperança provocada pelos
rigores do sofrimento humano e a agonia da incerteza e da dúvida
podem cooperar para, finalmente, conduzir os homens à Cristo e a
vida eterna, transformando assim os homens em crentes. A palavra
aqui traduzida como filho está no grau diminutivo, e isso indica que
provavelmente o enfermo era uma criança ainda pequena, o que deve
ter provocado mais ainda a simpatia de Jesus.
III. Fé, convicção e atitude.
A cura ocorrera subitamente, à hora sétima - mais ou menos à
uma hora da tarde. É provável que o pai pudesse ter voltado para casa
no mesmo dia, mas sua confiança na palavra de Jesus era tão forte
que não se manteve ansioso e, em vez de correr para casa, ainda
resolveu outros negócios que estavam à mão. Ele tinha certeza de que
a cura do rapaz ocorrera no momento em que Jesus pronunciara sua
palavra vivificante; por esta razão, perguntou aos escravos quando
ele havia começado a melhorar, e a resposta deles confirmou sua
convicção. No dia anterior, o funcionário tinha crido na declaração de
Jesus; agora, junto com seu lar (esposa, filhos, escravos e outros
dependentes), ele creu pessoalmente em Jesus, reconhecendo-o como
o enviado de Deus.
1. O oficial creu e foi. O homem jamais vira qualquer coisa que
se assemelhasse aquilo, nunca aprendera lição como aquela; não
tivera oportunidade de incorporar tal lição à sua filosofia de vida,
capaz de explicar um poder como aquele; e, também nunca havia
experimentado uma fé como aquela, antes daquele momento. Mas
também jamais se encontrara antes com Jesus, e nem pudera
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conversar com ele; e é justamente isso que o autor deste quarto
evangelho quer que entendamos. Jesus realizou uma grande cura, em
um caso difícil, à distância; mas, ao mesmo tempo, curou a
incredulidade do pai da criança, e isso foi um prodígio tão profundo
como o milagre da cura. E dessa maneira sempre podemos observar,
nos evangelhos, a vinculação que há entre os grandes feitos
poderosos e a intenção de que, por meio desses milagres, os homens
venham a crer; pois, sem tal ajuda, os homens talvez não pudessem
crer. A tristeza humana é a dor de parto da fé. O senso de total
impotência leva a alma a lançar-se nos braços do Poderoso, para que
nele obtenha forças. A fé é débil, mas já se faz presente. Sua fé deve
ser fortalecida, e deveria ultrapassar a confiança na ajuda mediante a
presença física. Jesus não desceria, mas ele mesmo se iria embora
armado da certeza que ―teu filho vive‖. Até aquele instante, o homem
havia crido no testemunho de terceiros, mas agora ele cria por causa
da palavra do próprio Cristo.
2. Os heróis da fé. Os servos deviam estar esperando
ansiosamente o seu senhor, com os corações repletos de júbilo, por
poderem anunciar-lhe boas novas. O pai trazia uma alegria toda sua
superior a deles, porquanto de antemão sabia que seu filho viveria:
porem, também vira o grande Jesus e conversara com ele, e a sua
vida fora reorientada quanto aos seus valores. Pelas Escrituras do
A.T. ele sabia mentalmente essas coisas, mas na realidade nunca vira
uma demonstração pessoal desses fatos. É bom quando os homens
desviam os olhos deste mundo, de suas crenças e de seus propósitos
materialisticamente orientados, daí, é conduzido e elevado à
contemplação espiritual de poderes superiores. É bom quando a alma
pode desembaraçar-se dos alvos e dos desejos terrenos, para, pelo
menos temporariamente, contemplarem algo da grandeza de Deus; e
então, com passos mais apressados, dotados de uma nova energia e
de alívio mental, com a felicidade a transbordar lhes da alma, aquele
homem seguiu seu caminho de volta para casa, e confiantemente
recebeu a mensagem que lhe davam os servos, mensagem essa que,
se não fora a intervenção de Jesus, poderia ter sido ―O teu filho
morreu‖.

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Sem dúvida, durante todo o percurso de volta, as palavras de
Jesus retiniam-lhe nos ouvidos: ―Teu filho vive..., teu filho vive...,
teu filho vive...‖ Consolava-se com essas palavras, e embora talvez
tivesse ficado um tanto receoso, na realidade nem por um instante
duvidou. Pois ouvia na memória novamente as palavras de Jesus:
―Teu filho vive...‖ E quando chegaram os servos a correr, eles
disseram também: Teu filho vive... Ora, é justamente de fatos assim
que consiste a mensagem do evangelho, pois todos quantos lhe dão
ouvidos sentem a reverberação de palavras tais como: ―... para
vivermos por meio dele‖ (1ªJo 4.9). A jornada de volta para Deus é
longa e acidentada, mas a mensagem continua ressoando e podemos
ousar ter a esperança de que todos quantos chegaram ao fim da
caminhada, possam ouvir a confirmação da declaração de Jesus, que
assegura que todos os homens podem ter vida por intermédio dele,
posto ser ele o princípio de vida para todas as criaturas humanas.
3. Crescendo na fé. Define-se a fé da seguinte forma: ―Ora a fé
é o firme fundamento das coisas que se esperam e prova das coisas
que se não vêem‖ (Hb 11.1). Teologicamente, há vários conceitos,
porem no seu uso mais amplo, a palavra ―fé‖, do substantivo grego
―pistis‖ e o verbo ―pisteuo‖, ocorrem por 244 vezes, enquanto que o
adjetivo ―pistas‖ ocorre 77 vezes, trazendo algumas definições:
a) fé salvadora. Atitude mediante a qual o homem abandona
toda confiança em seus próprios esforços para obter a salvação e
passa a confiar inteiramente em Cristo, a respeito de tudo que
envolve a salvação. Este conceito de fé vem a ser a confiança
insuflada nas promessas e provisões de Deus, no tocante ao Salvador
e a todo o plano da redenção. Não é propriamente ―o dom da fé‖
relacionado em 1ªCo 12.9, mas trata-se também de um ―dom de
Deus‖ (Ef 2.8);
b) fé servidora. Contempla como autêntico o fato dos dons
divinamente conferidos e todos os detalhes concernentes às
determinações divinas para o serviço. A fé vista por este prisma é
especial, e também um dos dons de poder;
c) fé santificadora, ou sustentadora: apega-se ao poder de
Deus na vida diária. Trata-se da vida vivida na dependência de Deus,
operando um novo princípio de vida (Rm 6.4; 2ªCo 5.7; Hb 10.38);
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d) fé intelectual. Pode vir ao homem através do testemunho
do universo visível e do estudo das Escrituras (At 17.28; Tg 2.19).
Ela afirma a existência de Deus, mas em si mesma não descobre o
plano da redenção (Sl 19.1-4; At 17.11; Rm 10.17);
e) a fé como dom de poder. Esta é a fé mencionada em 1ªCo
12.9, uma operação completamente sobrenatural do Espírito Santo,
capacitando a mente humana para uma confiança sem igual no poder
de Deus, a de que Ele pode realizar qualquer coisa que lhe apraz. O
Espírito toca no profundo do coração humano, levando-a a certeza e à
evidência. A certeza é o estado do espírito que consiste na firme
adesão a uma verdade conhecida, sem o temor do engano. A
evidência é o que fundamenta a certeza.
A fé especial, mesmo sendo um dom do Espírito Santo, pode ser
dividida em graus da seguinte maneira:
a) ―Ainda não tendes fé?‖ (Mc 4.40);
b) ―... pouca fé‖ (Mt 17.20);
c) ―... tanta fé‖ (Mt 8.10);
d) ―... grande fé‖ (Mt 15.28);
e) ―... toda a fé‖ (1ªCo 13.2).
Para que haja um bom desempenho, é necessário aniquilar toda
dúvida, pois Jesus disse: ―Se tiverdes fé e não duvidardes‖ (Mt
21.21). Foi este o poder, a fé especial, que transformou água em
vinho; multiplicou os pães; acalmou a tempestade; expulsou
demônios; curou enfermo e ressuscitou a mortos.
Conclusão
Esse escritor, é claro, não é apenas um escritor. Ele se apresenta
como testemunha ocular, um intermediário confiável (cf. 19.35;
21.24) entre os fatos em si e o povo que precisa ouvi-los. Tampouco
ele se encontra sozinho: é consciente da necessidade da continuidade
da verdade cristã (cf. 1.14- 18) e, especialmente, do papel do Espírito
em equipá-lo para sua tarefa (cf. 15.26,27; 16.12-15). No que diz
respeito à compreensão de João sobre sua tarefa, podemos comentar a
liberdade que sentiu para usar sua própria linguagem, os princípios de
seleção que orientaram sua escolha de material, a natureza da
audiência (e agora do leitor) que ele previa o foco de seus interesses,
seu admirável hábito de ir ao coração de cada ponto.
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Bibliografia

BRUCE, F F. João. Introdução e Comentário. 2. Ed. São Paulo. SP


Sociedade Religiosa Vida Nova. 1987.
PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Tradução:
Degmar Ribas Júnior. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
CARSON, D.A. O comentário de João / D.A. Carson ; tradução
Daniel de Oliveira & Vivian Nunes do Amaral. - São Paulo :
Shedd Publicações, 2007.
BOOR, Werner de Evangelho de João I: comentário esperança/
Werner de Boor; tradução Werner Fuchs. -- Curitiba: Editora
Evangélica Esperança, 2002.

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Lição 6
O Terceiro Sinal: O Paralítico de Betesda
Prof. José Lucas

Texto do dia:
―Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma a tua cama e anda. Logo, aquele
homem ficou são, e tomou a sua cama, e partiu. E aquele dia era
sábado‖
Jo 5.8,9

Síntese
A cura do paralítico de Betesda evidencia a superioridade e
autoridade do Filho de Deus em realizar milagres!

Objetivos
Compreender porque João registra várias viagens de Jesus a
Jerusalém;
Mostrar que o paralítico teve que esperar muito pelo seu
milagre;
Conhecer o quadro espiritual dos judeus no tempo do milagre
relatado por João.

Interação
Estudaremos mais um dos sinais realizados por Jesus e
relatados no Evangelho que João escreveu. Esse evento nos mostra a
intervenção do Filho de Deus na cura de um homem que sofria com
sua deficiência física há 38 anos. Diante da narrativa bíblica,
percebemos que fatores como a longa espera e tantas frustrações
atrofiavam a esperança do paralítico assim como a sua condição
física também sofria. Contudo, Jesus chega com poder e
misericórdia, ministrando a cura na vida daquele homem.
Orientação pedagógica
É interessante que se exponha a importância do empenho de
Jesus em mostrar ao sistema religioso vigente e a toda Jerusalém

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Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
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quem ele era de verdade, a saber, o Filho de Deus. Procure mostrar
aos alunos as cidades que Jesus visitou, a lição dispõe de um mapa.
Introdução
João chama os milagres de Cristo de ―sinais‖, pois evidenciam
a divindade do Senhor. Sete deles (antes da crucificação) são
selecionados pelo evangelista: a transformação da água em vinho; a
cura do filho de um oficial do rei; a cura do paralítico; a
multiplicação dos pães para alimentar a multidão; Jesus andando
sobre o mar; a cura do cego; e a ressurreição de Lázaro. A presente
lição trata do terceiro destes milagres (Jo 5.1-9). Observamos que há
um vínculo entre a palavra ―salvação‖ e ―saúde‖, de forma que ambas
derivam do mesmo vocábulo (séc XIII), do latim ―Salus” e “Salutis”
indicando a conservação da vida. Em suma, a missão de Jesus era
restaurar o status humano em sua correspondência espiritual, e aos
casos que encontramos nas escrituras, também de forma física por
meio de milagres, testificando a superioridade do Filho de Deus (Sl
103.3).
I. De volta a Jerusalém
1. No centro do Judaísmo. Diante da culturalidade judaica,
todos os homens eram solicitados a irem até Jerusalém participar de 3
festas: A festa da Páscoa ou Pães Asmos, A festa das Semanas ou
Pentecostes e a festa dos Tabernáculos. Diante da ocasião festiva a
atenção do povo estava voltada para as comemorações. Porém, Jesus
observou outra ocasião (Jo 5.6). Ele também percebeu que o local e a
festividade eram suficientes para publicitar a sua atuação e que a sua
comida era fazer a vontade do Pai que o enviou (Jo 4.34). É válido
lembrar que havia um crescente ódio por parte de alguns líderes
judeus, da pessoa de Jesus. Mas, isso não seria capaz de frustrar o
plano divino na história da humanidade.
2. O tanque de Betesda. No antigo testamento, Neemias
menciona a Porta das Ovelhas (Ne 12.39), e era próximo a esta porta
que se situava o respectivo tanque. Betesda deriva de duas palavras
da língua hebraica: Beth ou Beit = ―Casa‖ e Chéssed = "bondade,
misericórdia". Significa, portanto, "lugar da misericórdia divina" ou
"casa da misericórdia divina". Em 1888 escavações a nordeste de
Jerusalém revelaram um tanque que satisfaz as possíveis
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características do Tanque de Betesda. O tanque descoberto trata-se de
um grande tanque duplo; ou seja, dois tanques retangulares
exatamente iguais, com uma divisão em pedra de aproximadamente 6
metros de espessura. Segundo as escavações, a área total dos tanques
alcançava cerca de 50 por 100 metros. Além disso, tal como no texto
bíblico, havia também cinco alpendres (pórticos) nesse tanque (Jo
5.2). Os enfermos que ali esperavam, criam na sobrenaturalidade de
cura das águas do tanque, que ao ser tocado por um anjo, o primeiro
que entrasse em contato com a água ficaria são. O que eles não
sabiam era que ali também estava alguém maior e mais poderoso que
o tal anjo, o Filho de Deus.
3. A crença no milagre. Temos aqui a tamanha expectativa dos
doentes em se apressarem para descer as águas quando agitadas, afim
de serem restauradas de suas patologias. O texto (Jo 5.3) mostra a
situação daquelas vidas: “Nestes ficava deitada uma grande multidão
de doentes: cegos, mancos e paralíticos [...]”. A multidão era
movida pela crença arquetípica em relação ao mecanismo de cura do
tanque, isto é, o anjo movendo a água. Encontramos resquícios
históricos dessa crença não só no seio judaico, os romanos também
perpetuaram conceitos místicos quanto a peregrinação em busca
desse tanque. Alguns historiadores em seus escritos até sugerem a
possibilidade de haver naquelas águas alguma propriedade medicinal
(Hygino).
O fato é que com anjo ou sem anjo, havia ali um homem
competente para ministrar a salvação em todo o que crê, sem
subordinação a tradição. Jesus é o nome dele. A multidão ao redor do
tanque sugere refletir que o mundo está cheio de pessoas doentes das
mais variadas enfermidades. E que muitas vidas por estarem
obstruídas com a escuridão do pecado, não conseguem encontrar a
ajuda na pessoa certa do Filho de Deus (Jo 8.12). Onde há a
ansiedade desesperadora por preencher suas necessidades com coisas
vãs buscando qualquer meio que prometa solução.
II. Uma longa Espera
1. Um conhecido de Jesus. A palavra grega usada para
descrever os paralíticos significa literalmente ―ressequidos‖,
―paralisados‖, ―secos‖. Aparentemente, o homem curado por Jesus
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era um desses ressequidos. De fato, com Deus não há acasos. O texto
deixa claro que Jesus conhecia o estado daquele homem (Jo 5.6). Ele
sabia das suas dificuldades e presenciava o anseio da sua alma. Esse
paralítico representava o reflexo puro da desesperança e solidão.
Visto que o mesmo se queixou para Jesus que não tinha ninguém que
o ajudasse (Jo 5.7). Nele não havia mais sonhos, visto que
humanamente falando não havia solução para ele. Não temos como
mensurar a decepção de estar no lugar daquele paralítico, horas, dias,
meses e anos ouvindo queixas de outros enfermos sem poder fazer
nada para mitigar seu estado ou até mesmo mudar sua própria vida.
Porém, não foi ele que viu Jesus; foi Jesus quem o viu. O ―Verbo‖
encarnado contemplou o passado, a condição e o futuro daquele
homem. E então nesse momento é feita a tão esperada, talvez,
pergunta ao aleijado: “Queres ficar são?” (Jo 5.6b). A pergunta pode
ser estranha, mas havia o porquê dela ser feita. Jesus queria despertar
a Fé naquele homem. Pois diante de tanto tempo esperando, algo a
mais do que sua fisiologia estava danificada, ou seja, sua alma.
Haviam certos milagreiros na época que cobravam para
―curar‖. Porém, Jesus nos condiciona somente a termos Fé nele ―para
que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”
(Jo 3.15). A partir da sua Fé nas palavras do Cristo, o deficiente é
curado (Jo 5.8,9). A escritura descreve a advertência dada por Jesus
ao ex-paralítico em dado momento futuro (Jo 5.14). O pecado
realmente nos aprisiona, atrofia, nos traz feridas graves e seu salário é
a morte. Jesus em seu ministério quis nos livrar da pior enfermidade
que encontramos na nossa existência (Jo 3.17).
2. No dia de sábado. Não importa o tempo de sofrimento que
aquele paralítico estava sofrendo, se há 5 dias, meses ou anos. Era
naquele estado de definhamento que teria de permanecer mesmo que
a possibilidade de cura fosse em um sábado. Essa postura dos lideres
judeus e sua interpretação da Lei, evidenciava a ausência do
evangelho de Cristo. Temos aqui a religiosidade sem Evangelho, de
forma fria, cega e legalista. E esses mesmos personagens buscavam
perseguir o Filho de Deus, tentando matá-lo por ele está curando no
sábado (Jo 5.16). Diante do exposto, observamos que Jesus ao
proferir palavras e milagres acontecerem, demostram a autoridade
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dada ao Filho pelo Pai (Mt 28.18). Isso também ecoou na vida do
agora ex-paralitico, quando repreendido pelos judeus: “Não te é lícito
levar o leito” v.10. O mesmo manteve-se firme na orientação do
Mestre: “Aquele que me curou, ele próprio disse: toma teu leito, e
anda” v.11. William Hendriksen diz que os fariseus tinham
acrescentado à lei de Deus suas próprias distinções minuciosas, além
das tradições rabínicas. Para eles, o sábado significava inatividade;
para Cristo, significava Servir.
3. Vivendo a graça de Deus. Viver a graça de Deus implica a
convicção da Fé em Cristo. A postura pós-milagre do homem que
outrora sofria em sua condição definhante, agora é uma postura de
quem vindica a Cristo o rumo de sua vida (Jo 5.11). Em analogia, é
como se o homem tivesse dito que aquele que nos curou e salvou
(Jesus) tem a autoridade para dirigir nossa vida. O Evangelho do
Filho de Deus está pautado na pessoa do Cristo glorificado, de
forma que somos salvos pela graça manifesta por meio dele. E nas
palavras de Paulo, a nossa vitória só existe Nele (Rm 8.37). A
tradição se espalhava com o toque do anjo nas águas, beneficiando
o primeiro que entrasse em contato com o volume do tanque, em
contrapartida, como eficácia do sacrifício de Cristo, todas as
pessoas são convidadas a participarem da salvação. Quando a nossa
vida tem esse encontro com o Filho de Deus, somos curados da
culpa do pecado, e direcionados pelo Espirito de Deus a Viver,
Amar e Servir, assim como ele o fez.
III. Revelando-se a uma geração Iníqua
1. O quadro espiritual dos Judeus. Charles Swindoll
menciona a relação do pecado com a doença. De fato, o ser humano
é tripartite: corpo, alma e espirito. O corpo experimenta o tempo; O
espírito transcende ao tempo; E a alma faz o elo entre as várias
formas de energias físicas e psicofísicas e as profundidades das
formas de existência que não podem ser mensuradas ou medidas
como reais no mundo das coisas palpáveis, pois são espirituais. E o
pecado afeta todas essas partes. A cegueira espiritual impede que
haja progresso e saúde no ser humano. A condição espiritual em que
o povo judeu se encontrava merecia também a cura. Razão pela qual
muitos não o receberam como o Unigênito Filho de Deus, tendo em
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seus corações muitas maldades e de forma infecciosa consumindo-
os e atrofiando-os (Jo 1.11-13). Diante das consequências que
pecado traz, Jesus Cristo foi o responsável por anunciar o
Evangelho da Salvação, restaurando a condição humana nos
capacitando a termos paz com Deus (Rm 5.1). Segundo a nossa
Declaração de Fé "cremos que a salvação é o livramento do poder
da maldição do pecado, e a restituição do homem à plena comunhão
com Deus, a todos os que confessam Jesus Cristo como seu único
Salvador pessoal‖.
2. O desencadear das Perseguições. A ação miraculosa da cura
do paralítico no dia de sábado por Jesus, não só foi publica como
despertou a fúria dos judeus em perseguir e matar o Mestre. Os
capítulos 5 a 7 de João registram a mudança da mera reserva e
hesitação sobre Jesus para uma oposição franca e hostil. Observamos
que o novo estímulo perseguitório à pessoa do Cristo, pedia mais
ainda a exposição de fatos que confirmavam a divindade do Filho de
Deus: ―Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também‖ (Jo
5.17). Encontramos em dados momentos muitas ocasiões frustradas
em prender o Mestre, como forma de que sua vida estava sendo
dirigida por Deus. A inflamação contra Jesus crescia ao passo que
havia progressiva revelação de sua obediência a seu Pai (Jo 5.19).
3. Igual ao Pai. Segundo John MacArthur Jesus é igual a Deus
em sua pessoa (5.17,18), em suas obras (5.19,20), em seu poder e
soberania (5.21) e em seu julgamento (5.22). Encontramos em Deus o
trabalho constante, assim como é próprio do fogo queimar
(combustão) e o gelo gelar (geladuras), e no Filho encontramos igual
reflexo (Jo 5.19). O Mestre anunciava que havia uma relação
absolutamente íntima com Deus, e que Ele e o Pai eram um só (Jo
10.30). Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. E
isso para os judeus cegos espiritualmente em discernir o Cristo vivo,
representava uma enganação tamanha e blasfema. As prerrogativas
de um sensato eram estas: Tal afirmação de Jesus era ou a maior das
blasfêmias, que merecia ser punida com a morte, ou era a mais
gloriosa verdade, que deveria ser aceita pela fé‖ assim afirma
William Hendriksen. Devemos glorificar ao Pai, por nos ter enviado

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o Filho. E glorificar ao Filho, por ter nos reconciliado com o Pai e
nos dado a vida eterna (Jo 5.24).
Conclusão
Durante o ministério do Mestre havia a missão de manifestar a
representatividade do Filho de Deus ao ser humano, para iluminar e
salvar suas vidas do pecado. Encontramos em Jesus a certificação das
Obras de Deus, de forma que a obediência a seu Pai, fundamentava
seus feitos e milagres. O paralítico de Bestesda foi um exemplo da
misericórdia e poder dessa revelação divina. Vimos o Cristo ser
superior a tradições tendo por base sua igualdade com Deus, e por
conta dele somos capazes de termos paz com o Criador.

Bibliografia
Hendriksen, William. João, p. 253.
Mac Arthur, John. The M acArthur N ew Testament commentary —
John 1- 11, p. 175.
Boor, Werner de. Evangelho de João I, p. 125.
Disponivel em:
<http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/sau.html
>.
IEZZI, Gelson. DOMINGUES, Hygino H. Tricotomia Cristã. 2 ed.
São Paulo: editora Atual, 1982.
SWINNDOLL, Charles. Insights on John, p. 112.

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Lição 7
O quarto sinal: A multiplicação dos pães e peixes
Pr. Everardo Nobre

Texto Principal
―E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos
discípulos, e os discípulos pelos que estavam assentados; e
igualmente também dos peixes, quanto eles queriam‖
Jo 6.11

Resumo da Lição
Os sinais servem para atrair as pessoas para Cristo, a fim de que
possam ouvir sua palavra e crer nEle.

Objetivos Específicos da Lição


- Conhecer a segunda fase do ministério de Jesus na Galileia
dos gentios;
- Mostrar que os sinais apresentados por Jesus eram um
atrativo para as multidões;
- Compreender que os judeus tinham um entendimento
imperfeito de Jesus Cristo e seu ministério.

Introdução
Nesta lição estudaremos mais um sinal, revelando ser o Cristo,
o Salvador. A multiplicação dos cinco pães, e dois peixinhos, se
encontram registrados em todos os evangelhos, simbolizando que foi
notório a todos esse milagre. Outro detalhe que se deve levar em
consideração, era que agora Jesus, estava estendendo o seu
ministério, da Judéia, para os povos gentios da Galiléia.
I – A Galiléia dos Gentios
1. A segunda fase do ministério. Jesus agora, começar
percorrer outras cidades e outros povos, quando sai da Judéia, para a
Galiléia. Não somente isso, uma grande multidão o seguia para a
Galiléia, porque viam os milagres que Ele operava. Ora, essa grande

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multidão precisava se alimentar. O evangelista João registra que só
homens eram quase cinco mil, fora as mulheres e crianças.
O ministério de Jesus, trazido por João, através de seu
evangelho, tornava-se mais conhecido, pois a palavra, os seus
milagres eram conhecidos aos gentios da Galiléia, enquanto alguns
dos judeus estavam divididos, em afirmar que ele, era bom, e outros
diziam que ele enganava o povo. Podemos então entender, que Jesus,
veio para todos, judeus e gentios.
2. Por que Galiléia dos gentios? A Galiléia é o nome da região
norte da Palestina, um local que aparece com destaque no Novo
Testamento e onde se desenvolveu boa parte do ministério terreno de
Jesus, por ser de certa forma um lugar estratégico para a sua palavra.
Na atualidade, a região da Galiléia é limitada a norte pelo rio
Leontes, a sul pela Samaria e pela região em torno do monte
Carmelo, tendo a leste o rio Jordão e a oeste o Mediterrâneo. Hoje
corresponde ao norte de Israel.
A expressão, Galiléia dos gentios correspondia, a povos que
ainda não tinha conhecido o Cristo, e presenciado os milagres do
Dele. Jesus saia então do território dos judeus (Judéia) para expandir
no seu ministério aos gentios (Galiléia).
3. A Galiléia dos dias de Jesus. Não foi por acaso que Jesus,
foi a Galileia. Segundo o historiador judeu Flávio Josefo, em sua obra
―A guerra dos judeus‖, a região da Galileia chegou a ter 240 cidades
e vilas, com um exército de aproximadamente 100 mil homens para
resistir aos ataques dos romanos.
As principais cidades da Galiléia no tempo de Jesus eram
Cafarnaum, Nazaré e Tiberíades. Portanto, essa foi a região em que
Jesus Cristo cresceu. Ao contrário do que muitos pensam, a Galiléia
não era exatamente uma região pouco desenvolvida, mas uma região
que articulava intenso comércio de sua pesca e agricultura. De sorte
que Jesus, com seus milagres, e a sua conduta, começava a ser
reconhecido como o Salvador do mundo.
II – Seguindo os Sinais
1. Um atrativo para as multidões. O nosso relacionamento com
Deus, não depende de milagres e prodígios. Contudo, a manifestação
de curas, libertações, produz fé nas pessoas. De sorte que, como onde
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Jesus estava, grande multidão o seguia, essas podiam presenciar,
quem era Ele, e os sinais que fazia, ocasionando fé, e impulsionados
a fazerem também esses sinais, em o nome de Jesus. “E estes sinais
seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios;
falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma
coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os
enfermos, e os curarão.” (Mc 16.17-18).
Os sinais servem para atrair pessoas que ainda não conhecem
Jesus, e atraídas, elas tenha a oportunidade de ouvir a palavra de
salvação. Assim como nos tempos em que Jesus esteve na forma
terrena, Ele continua operando entre nós. Nada mudou. Os sinais
continuam seguindo aqueles que creem, e sendo chamando a atenção
dos gentios atuais.
Jesus sempre aproveitou as oportunidades para pregar para as
multidões. Um grande exemplo disso foi o sermão da montanha,
ensinando a verdade (Mt 5.2).
Veja que Jesus, nessa lição, ele pergunta as discípulos, onde
poderia comprar pão para que a multidão comesse? Claro que Ele já
sabia que não se fazia necessário, pois naquela ocasião, ele iria se
manifestar com o milagre da multiplicação e toda multidão seria
testemunha, do sinal realizado pelo Filho do homem, que aconteceria.
2. O propósito revelacional. O propósito que Jesus tinha com
os sinais, era se revelar como o filho de Deus. Nicodemos, príncipe
dos judeus, ao se encontrar com Jesus, assim declarou: (...) Rabi, bem
sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer
estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele (Jo 3.2).
O próprio Jesus, quis saber dos discípulos, o que as multidões
diziam sobre Ele. “Certa vez Jesus estava orando em particular, e
com ele estavam os seus discípulos; então lhes perguntou: "Quem as
multidões dizem que eu sou?" (Lc 9.18).
Esse propósito continua nos dias de hoje, através dos servos do
Senhor, em continuar, através do nome de Jesus curando, salvando,
libertando, e batizando com o Espírito Santo.
3. “Está aqui um rapaz”. Para que aconteça o milagre, não
precisa de muita coisa, mas tem que existir fé. O que Jesus tinha
naquele momento? Um rapaz, que estava ali. Seria coincidência? Ou
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seria providencia? Deus prepara pessoas, e o lugar para que o milagre
aconteça. De repente, o texto declara a existência de um rapaz, no
meio dessa multidão. Um anônimo, que tinha cinco peixes e dois
peixinhos, tão somente, para alimentar uma grande multidão.
Jesus estava diante de uma impossibilidade humana, mas
possível diante Dele. Quantas vezes reduzimos a nossa fé, porque
olhamos para o pouco que temos? Esquecemos que Deus, é o Deus
da provisão, e nada deixa faltar. Deus não está olhando se a nossa fé,
é pouca ou grande. O importante é se temos alguma coisa para ele
usar.
III – Uma Compreensão Imperfeita
1. O profeta. Os judeus tinham outra expectativa de quem seria
o Salvador. Quando Jesus se manifestou entre eles, ficaram divididos.
Uns criam que Jesus era o Salvador, outros blasfemaram, por não
reconhecê-lo como o filho de Deus. Na verdade havia um dificuldade
de reconhecimento, de quem era Jesus para eles.
Ao presenciarem os sinais que Jesus faziam, muitos
reconheciam que Jesus era profeta e filho de Deus. O que eles
esperavam, era a instalação de reino milenar terreno com conotação
política, diante da opressão dos romanos. Contudo, quando Jesus, se
apresentou, muitos não creram.
2. A sedução do pluralismo religioso. Precisamos saber quem é
verdadeiramente Jesus. Jesus não foi somente um simples profeta.
Outros profetas existiram e existirão. Jesus veio desmistificar quem
seria o Messias esperado.
Muitos pregam um Cristo que tolera o pecado, por ele se
declarar ser o amor. Tem surgido muitas mensagens seletivas,
visando aglutinar vontades contrarias a palavra, trazendo
libertinagens e doutrinas inclusivas como forma de encher templos, e
―ganhar‖ os incautos.
Devemos ser zelosos com a verdadeira palavra, e não usa-la pra
enganar a fé, oferecendo um Cristo, que não compactua com
enganos.
3. Queriam fazê-lo rei. Israel sempre teve outra visão do
Messias. Para os judeus, O Messias que estava por vir, seria alguém
da elite religiosa, e nunca alguém de Nazaré, e de família simples.
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Esperava-se alguém para um governo terreno, onde se pudesse
romper com Roma, e instalar o reinado em Jerusalém. Enquanto eles
falavam de um reino na terra, Jesus, falava das coisas celestiais.
Ao ser interrogado por Pilatos, em Joao 8.36, Jesus, falava
novamente de um outro reino. ―Respondeu Jesus: O meu reino não é
deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus
servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu
reino não é daqui.”
Conclusão
O propósito de Jesus era se manifestar como o Salvador do
mundo. Sempre alardeado por multidões que o seguia, pelos sinais
que Ele fazia, o seu ministério só crescia, e a cada dia Deus
manifestava a sua glória através do Cristo, pelos os sinais que Ele
fazia, mesmo não sabendo concretamente a sua identidade de filho de
Deus.

Referências bibliográficas
Josefo, Flavio, a guerra dos judeus, Edições Silabo, 2018.
Bíblia Sagrada, Nova versão internacional, Revisada e atualizada,
edição 2019,
A Bíblia Sagrada, Almeida, João Almeida Corrigida Fiel, 2018
Comentário Bíblico Completo Moody, Moody bible institute of
Chicago, PDF

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Lição 8
Quinto Sinal: Jesus anda sobre o mar
Prof. Isabela Nobre

Texto Principal
―E, tendo navegado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus
andando sobre o mar e aproximando-se do barco, e temeram. Porém
ele lhes disse: Sou eu; não temais‖
Jo 6.19,20

Resumo da Lição
Os discípulos se viram diante de uma situação frente a qual eram
impotentes. Foi naquelas circunstâncias que Jesus se revelou a eles.

Objetivos
- Apresentar o quinto sinal narrado no Evangelho de João:
Jesus anda sobre as águas;
- Compreender o processo da revelação de Jesus segundo João;
- Saber como se deu o treinamento dos doze apóstolos de Jesus.

Introdução
Ao longo de todo o período que Jesus passou aqui na Terra, Ele
estava sempre buscando trazer ensinamentos preciosos ao coração de
quem estava ao seu redor, principalmente seus discípulos. Algumas
lições eram pregadas para grandes públicos, outras precisavam ser
vivenciadas por aqueles que andavam com Ele. O texto de João 6.16-
21, nos traz exatamente umas das experiências em que Cristo
desejavam ensinar-lhes que Ele tem total controle sobre todas as
coisas, inclusive nos momentos em que nós achamos que Ele não nos
vê; o Mestre nunca chega atrasado, nem a tempestades estão fora do
seu controle. Que possamos entender que mesmo quando o caos se
instalar, o Senhor estará velando por nós.
I. O Mar Se Levantou
1. A cronologia dos fatos. Após presenciarem o milagre da
multiplicação de pães e peixes, Jesus disse aos seus discípulos que
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atravessassem o mar da Galileia rumo a Cafarnaum. Importante
ressaltar que Jesus não pede, ou os aconselha a subir no barco e
atravessar o mar, mas ordena a eles que façam isso; Jesus queria lhes
ensinar mais uma lição.
Os discípulos obedecem o Mestre e embarcam no início da
tarde. A viagem ocorria de forma tranquila; os discípulos estavam
empolgados, felizes por presenciarem o milagre da multiplicação,
contudo o cenário começa a mudar. Havendo navegado ―uns vinte e
cinco ou trinta estádios" (Jo 6.19), o vento começou a soprar de
forma impetuosa, as ondas açoitavam o barco, e o pior nem sinal de
Jesus. O Mestre, na verdade, não estava longe, ou apático ao drama
dos seus discípulos; ele estava no monte orando por eles (Mc 6.46-
48). ―Quando você pensa que o Senhor está longe, na verdade ele
está trabalhando a seu favor, preparando algo maior e melhor para
você.‖ (LOPES, 2015, p.188).
1. A impetuosidade das ondas. Durante a travessia um vento
muito forte começa a soprar agitando as águas e uma intensa
tempestade se forma. A princípio os discípulos talvez tenham tentado
aliviar o peso da embarcação, tenham recolhido as velas, contudo
nada disso adiantou, e eles começaram a temer o naufrágio.
Quando todas as tentativas de estabilizar o barco estavam
frustradas, quando já estavam nocauteados pela dificuldade, eis que
surge um personagem andando por sobre as águas turbulentas.
2. Um fantasma? De início ao não conseguirema identificar o
Mestre os discípulos ficam muito atemorizados, contudo, João
diferente de Marcos 6.49 não dá muitos detalhes de como foi a reação
dos discípulos ao ver a figura que andava sobre o mar. ―Ele está
menos interessado em dissecar o medo deles do que em retratar seu
alívio.‖ (CARSON, 2007, p.276).
No momento da multiplicação, não distinguiram o poder
criador de Jesus para alimentar os famintos e agora, no mar, não
conseguiam reconhecer o poder de Cristo para dominar a criação.
Muitas vezes só conseguimos enxergar o problema, e não
percebemos que através das tempestades que enfrentamos Jesus está
nos ensinando a confiar NEle. ―As tempestades não são autônomas
nem chegam por acaso. Elas estão na agenda de Deus. Fazem parte
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do currículo de Deus para nossa vida.‖ (LOPES, 2015, p.196)
II - O Processo da Revelação de Jesus
1. “Sou eu; não temais”. Amedrontados os discípulos ouvem
uma voz, e logo a identificam: ―Sou Eu; Não temais.” (Jo 6.20). O
pavor dos discípulos era infundado; eles temiam o que deveria lhes
inspirar a maior confiança. ―Jesus vai ao encontro dos discípulos
quando todas as esperanças humanas já haviam chegado ao fim.
Caminha sobre o mar, para mostrar a eles que aquilo que os
ameaçava estava literalmente debaixo de seus pés.‖ (LOPES, 2015,
p.196). Os discípulos aguardavam por Jesus, mas não imaginaram
que Ele aparecesse de maneira tão peculiar. O Senhor vem ao
encontro deles de forma inusitada, andando sobre as ondas. Não
somente a tempestade era pedagógica, mas também o era a forma
como o Mestre chega aos discípulos.
Antes de transformar o cenário em que os discípulos estavam,
Jesus acalmou o coração deles. O Mestre nos garante que sua
presença é o antídoto para o nosso medo.
2. Medo e dúvida. A presença de Cristo conosco é a nossa
vitória sobre a tempestade. Antes de reconhecerem que era o Mestre,
os discípulos podem até se sentirem temerosos, mas quando viram
que Jesus tinha total controle sobre aquilo que para eles já estava sem
solução, eles tiveram paz.
Além de demonstrar sua soberania sobre todas as coisas, Jesus
também estava lhes ensinando a confiar mesmo quando tudo dizia o
contrário; mesmo quando a dúvida e o medo ameaçarem a nossa fé
nós precisamos sempre estar ancorados Naquele que criou todas as
coisas. Nada foge do Seu controle.
3. O perigo da apostasia. Existem coisas que apenas Jesus pode
realizar em nossas vidas. Embora saibamos que Jesus poderia sim
fazer com que Pedro caminhasse sobre as águas e não fosse
submergido, naquela ocasião isso poderia estar retratando a
incredulidade do discípulo, em relação à palavra e identidade de
Jesus.
Há uma distinção entre buscar prova da existência de Deus e de
seu poder com o propósito de adorá-lo e engrandecê-lo, e fazer o
mesmo como expressão de obstinada incredulidade e orgulho.
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Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022
Quando nos faltar fé, é preciso que venhamos nos aproximar dEle
com profunda humildade, pedindo-lhe que nos acrescente esse tão
essencial atributo espiritual (Lc 17.5), até mesmo para que venhamos
a reconhecer nossa incredulidade, como fez o aflito pai do jovem
lunático (Mc 9.24).
III – Treinando os Doze Apóstolos
1. A ordem de Jesus. Como já mencionamos depois de realizar
o milagre da multiplicação, Jesus ordena que seus discípulos entrem
no barco e atravessem o mar da Galileia, afirmando que em breve
estaria com eles. Os discípulos não tinham outra escolha; deviam
obedecer. E, ao acatarem a ordem do Mestre, foram empurrados para
o olho de uma avassaladora tempestade. Como compreender isso?
Por que Jesus permite que sejamos atingidos de surpresa por
situações adversas? Por que o Mestre nos empurra para o epicentro
da crise? Por que somos sacudidos por vendavais maiores do que nós
possamos suportar?
Assim como corrobora Hernandes Dias Lopes (2015, p. 190),
―a existência de problemas, porém, não significa que estamos fora do
propósito de Deus, nem que Deus está indiferente à nossa dor. Na
verdade, a vida cristã não é uma sala vip nem uma estufa espiritual. A
vida cristã não é um paraíso na terra, mas um campo de lutas
renhidas‖. Cristo deseja que alcancemos maturidade espiritual para
que a nossa fé seja cada vez mais fortalecida, mas antes nós
precisaremos aprender na escola Dele.
2. Compreender ou obedecer? É mais fácil achar que a
obediência sempre nos leva a jardins repletos de flores, aos campos
verdejantes e não à fornalha da aflição. É mais fácil aceitar que a
obediência nos livra da tempestade, e não que ela nos leva para
vendavais mais impetuosos. Muitas vezes não compreenderemos o
porque passamos por tais lutas; tentaremos entender o que o Senhor
quer nos ensinar através do sofrimento, mas precisamos ter sempre
em mente que nada foge dos planos de Deus.
Necessitamos ter sempre em mente que o fato de o Senhor não
nos explicar o porquê de tamanhas lutas, isso não significa que você
não aprenderá aquilo que Ele deseja que seja amadurecido
espiritualmente em nosso ser. Elisabeth Elliot (2020), cita um poema
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Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022
fantástico de Grant Colfax Tuller, em seu livro “O sofrimento nunca
é em vão” que diz: "Minha vida é apenas uma tapeçaria entre mim e
meu Senhor; eu não escolho as cores, Ele trabalha incansavelmente.
Muitas vezes, Ele tece tristeza e eu, em tolo orgulho, esqueço que Ele
vê o lado certo; e eu apenas o avesso. Apenas quando o tear ficar
mudo e as lançadeiras cessarem de esvoaçar, então Deus
desenrolará a tela e me explicará a razão de tudo. Nas habilidosas
mãos do Tapeceiro, os fios escuros são tão necessários para a
composição que Ele planejou quanto os fios dourados e prateados.".
O importante é obedecer mesmo que não compreendamos (1 Sm
15.22).
3. Fé e confiança. A primeira palavra de Cristo não foi para
que o vento nem ao mar sem aquietasse, mas foi uma palavra de
ânimo e conforto aos discípulos. Antes de acalmar o vendaval, ele
tranquilizou os discípulos. Antes de aquietar o vento, ele acalmou a
alma dos discípulos. O Mestre demonstrou que a tempestade que
ocorria dentro deles era maior do que a tempestade que estava fora
deles. A inquietude da alma era mais tirana do que a tempestade das
circunstâncias; Então Jesus diz: ―Sou eu; não temais.‖ (Jo 6.20).
A cura para o medo que nós sentimos é a presença de Cristo em
nossas vidas. Mesmo que temamos o naufrágio em áreas da nossa
vida, Jesus sempre estará presente. O que importa no final não é a
dificuldade da prova, mas se a nossa fé e confiança está
completamente Naquele que pode todas as coisas. ―Porque para Deus
nada é impossível‖ (Lc 1.37).
Conclusão
Servimos a um Deus gracioso e cheio de misericórdia, que
sempre quer se relacionar conosco. Para isso, precisamos ter fé, As
mesmas tempestades que expõem nossas fraquezas e nosso medo
servem para nos aproximar de Jesus e nos fazer conhecê-lo melhor.
Precisamos buscá-lo mais, numa atitude de profunda humildade,
reconhecendo nossas limitações, Com Ele chegaremos à terra firme.

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Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022

Bibliografia

CARSON, D. A. O comentário de João / D.A. Carson ; tradução


Daniel de Oliveira & Vivian Nunes do Amaral. — São Paulo
:Shedd Publicações, 2007.

ELLIOT, Elisabeth. O Sofrimento nunca é em vão/ Elisabeth Elliot;


[tradução: Vinícius Silva Pimentel] – São José dos Campos, SP:
Fiel, 2020.

LOPES, Hernandes Dias. João : as glórias do Filho de Deus. São


Paulo:Hagnos, 2015.

QUEIROZ, Silas. Jesus, o Filho de Deus: Os Sinais e Ensinos de


Cristo no Evangelho de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.

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Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022

Lição 9
O Sexto Sinal: A Cura de Um Cego de Nascença
Prof. Gleidson

Texto:
―Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo‖
Jo 9.5

Introdução:
Estamos diante de um sinal extraordinário e cheio de
simbolismo para nossa fé, seu ensino tem uma profundidade gigante.
Jesus é a luz do mundo, ele é o único que pode nos curar de nossa
cegueira espiritual e mesmo que o mundo queira permanecer nas
trevas e odeie que vai para luz, devemos ficar firmes com Cristo.

Objetivos
- Realizar um estudo sintético do capitulo 11 de João.
- Entender a mensagem divina no milagre do cego de nascença.
- O que o sinal explica com relação a fé do cristão e aqueles
que resistem o evangelho.

Interação:
O evangelho de João mostra em várias passagens ser Jesus a
luz do mundo Jo 1.5-9 (veja Jo 1.9); 8.12; cf. Is 49.6. O devolver a
vista ao cego tem também um valor simbólico: mostra que Jesus é a
verdadeira luz do mundo.

Orientação pedagógica:
A cegueira é uma deficiência visual, ou seja, uma limitação de
uma das formas de apreensão de informações do mundo externo - a
visão. Há dois tipos de deficiência visual: cegueira e baixa visão.
Façam uma discussão junto com os alunos sobre as dificuldades da
vida de uma pessoa sem visão e sobre como deve ser transformador
quando por intermédio da medicina recuperam a visão.

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I. Fatos Antecedentes
Ponto de contato: O evangelho de João tem como objetivo
apresentar Jesus como único salvador para os homens e como Filho
de Deus – da mesma essência do Pai e por isso divino. Isto está bem
explicado em João 20.31 “Estes, porém, foram escritos para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome.”. A palavra ESTES se refere aos sinais
descritos no evangelho de João, que traziam ensinamentos e provas
da veracidade da pessoa de Jesus. Estamos diante de mais um sinal
poderoso operado por Cristo que aponta para uma cegueira ainda
pior, a incredulidade sobre Jesus, sua missão e suficiência.
1. Uma temporada na Galileia. Nesse período aumenta o
conflito entre as forças da luz e a escuridão. O fato de Cristo se
manifestar em Seu ministério público como a Verdade leva à
oposição dos governantes do povo, que temem a usurpação de sua
autoridade. Outro ponto que chama atenção é a incredulidade de seus
irmãos, mostrando que mesmo no círculo de seu lar terreno o ódio do
mundo surge da oposição às obras da verdade (Jo 7:1-9). Na festa dos
tabernáculos, Ele declara que sua doutrina vem do Pai, assim como
Ele mesmo vem do Pai (Jo 7.10-29). A inimizade crescente dos
governantes mostra-se em tentativas abertas de prendê-lo
violentamente. Jesus se proclama o doador do Espírito Santo. O
resultado é que muitos acreditam nele entre as pessoas; enquanto os
fariseus estão inflamados com um ódio mais indisfarçado contra Ele
(Jo 7.40-53).
2. Não é chegado o meu tempo. Jesus respondeu que Seu
tempo era diferente do deles. Eles podiam ir e vir sem qualquer
significado; para eles, qualquer hora é certa. Mas Ele sempre agradou
ao Pai, então os movimentos de seu tempo eram aqueles que o Pai
desejava. Ainda não era hora da manifestação pública (a Cruz).
Várias vezes João notou que o tempo de Jesus ainda não havia
chegado (Jo 2.4; 7.6; 7.8; 7.30; 8.20). Então, em Sua oração de
intercessão, pouco antes da Cruz, Ele começou, ―Pai, a hora chegou‖
(Jo 17.1; cf. Jo 12.23,27; Jo 13.1). O mundo não era perigoso para os
irmãos de Jesus porque eles faziam parte dele (o mundo não pode
odiar você). Mas o mundo odiava Jesus porque Ele não era dele. Ele
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havia entrado nela como Luz e apontado seu pecado e rebelião contra
o Pai. O mundo tem suas religiões, seus programas, seus planos, seus
valores, mas Cristo testemunhou que tudo é mau. Em parte por causa
disso, Ele viveu cuidadosamente a fim de cumprir a vontade do Pai.
3. Jesus vai à festa. O último dia da festa (Jo 7.37-52). A Festa
dos Tabernáculos era celebrada com certos rituais festivos. Uma
delas era uma procissão solene todos os dias. Um sacerdote enchia
uma jarra de ouro com água enquanto o coro cantava Is 12:3. Então
eles voltaram ao altar e derramaram a água. Este ritual os lembrava
da água da rocha durante as andanças no deserto (Nm 20.8-11; Sl
78.15-16). Também falou profeticamente sobre os dias vindouros do
Messias (cf. Zc 14.8, 14.16-19). O sétimo e último dia da festa era o
maior (cf. Lv 23.36). Jesus se levantou, em contraste com a posição
usual dos rabinos de estar sentado enquanto ensinava. Disse em voz
alta (cf. Jo 1.15; 7.28; 12.44) foi uma forma de introduzir um anúncio
solene. Sua oferta, Vinde a Mim e beba, foi uma oferta de salvação
(cf. Jo 4.14; 6.53-56).
II. A Cura do Cego
Ponto de contato: Procure correlacionar a cegueira com o
pecador obstinado que não deseja o arrependimento apesar de ouvir o
chamado. Imagine o cego a andar pelas ruas da cidades com todos os
obstáculos de bueiros abertos, trafego de carros, calçadas sem a visão
e que no final só pode se esperar algum acidente grave e a morte.
Assim também é o pecador que rejeita a luz de Deus.
1. A pergunta dos discípulos. Quem pecou? Ou quem é o
pecador? Essa pergunta vai ser tratada e respondida por várias
pessoas no decorrer do capítulo tendo objetivos diferentes.
A) Foi ele ou seus pais (v.2) - Os discípulos tinham a
mentalidade religiosa predominante da época que toda tragédia seria
uma forma de justiça divina diante do pecado do homem e que os
filhos levam a penalidade de maus atos cometidos pelos pais;
B) Os fariseus argumentavam várias vezes que o pecador era
Jesus (9.16,24).
C) Logo no final do capítulo estando os fariseus irritados
porque o homem curado de sua cegueira defendia ser Jesus de Deus,
diz ser ele – o cego curado – o pecador (9.34).
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D) No final do capítulo Jesus arremata respondendo a
pergunta: Quem é o pecador? É todo aquele que não crê em Jesus,
este permanece no pecado e cego espiritual (9.39-41). Para uma
compreensão maior sobre a mentalidade religiosa da época e a
resposta de Deus sugiro a leitura de Ezequiel 18.
2. A obra de Deus. Isso aconteceu para que parecesse quão
grandes e maravilhosas são as obras de Deus. Pelas obras de Deus,
aqui, é evidentemente pretendido o poder milagroso que Deus
manifestaria para curar o homem, ou melhor, talvez, tudo o que lhe
aconteceu no decorrer da providência divina, primeiro sua cegueira,
como um ato de sua providência, e então sua cura, como um ato de
misericórdia e poder. Tudo aconteceu, não por culpa de seus pais ou
dele mesmo, mas pelo sábio arranjo de Deus, para que se pudesse ver
de que forma as calamidades acontecem e de que maneira Deus as
encontra e as alivia. E com isso podemos aprender:
a) Ter piedade e não desprezar e culpar os que sofrem de
qualquer deformidade ou calamidade natural. Enquanto os judeus
consideravam isso como o efeito do pecado, eles olhavam para isso
sem compaixão. Jesus nos diz que não é culpa do homem, mas
procede da sábia disposição de Deus;
b) Todo sofrimento no mundo não é efeito do pecado. Neste
caso, é expressamente declarado; e pode haver muitos modos de
sofrimento que não podem ser atribuídos a qualquer transgressão
particular. Devemos ser cautelosos, portanto, ao afirmar que não
pode haver calamidade no universo a não ser pela transgressão;
c) Vemos o arranjo sábio e maravilhoso da Providência
Divina. É uma parte de seu grande plano adaptar sua misericórdia às
aflições dos homens: e frequentemente calamidades, necessidades,
pobreza e doenças são permitidas, para que ele possa mostrar as
provisões de sua misericórdia, para que possa nos ensinar a valorizar
suas bênçãos, e aquela profunda gratidão pela libertação pode nos
ligar a ele;
d) Aqueles que sofrem de cegueira, surdez ou qualquer
deformidade devem ser submissos a Deus. É a sua nomeação, e é a
certa e a melhor. Deus não faz nada de errado, e o universo irá,
quando todas as suas obras forem vistas, sentir e saber que ele é justo.
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3. A Luz do mundo. Uma correlação com ―a vida era a luz dos
homens‖ - ―Luz‖ é aquela pela qual vemos os objetos distintamente.
A luz do sol nos permite discernir a forma, a distância, a magnitude e
a relação dos objetos, e evita as perplexidades e perigos que resultam
de um estado de escuridão. Luz é em todas as línguas, portanto,
colocada como ―conhecimento‖ - pois tudo o que nos permite
discernir nosso dever, e que nos salva dos males da ignorância e do
erro. ―Tudo o que faz manifesto é luz‖, Ef 5.13. Veja Is 8.20; 9.2. O
Messias foi predito como a ―luz‖ do mundo, Is 9.2, comparado com
Mt 4.15-16; Is 60.1. Veja Jo 8.12; "Eu sou a luz do mundo;" Jo
12.35-36; 12.46; ―Eu sou uma luz para o mundo.‖ O significado é
que o λόγος Logos ou Palavra de Deus é o ―instrutor ou professor‖ da
humanidade. Isso foi feito antes de seu advento por sua agência direta
em dar ao homem razão ou entendimento, e em dar sua lei, pois a "lei
foi ordenada por anjos 'nas mãos de um mediador'" Gl 3.19; após seu
advento por seu ministério pessoal quando na terra, por seu Espírito
Jo 14.16,26, e por seus ministros desde, Ef 4.11; 1Co 12.28.
III - A Reação dos Fariseus.
1. De novo, o sábado. Este homem não é de Deus - Ele não
pode ser o Messias, nem um profeta, pois ele violou o sábado. Os
judeus sempre argumentaram falsamente sobre este princípio. A lei
relativa à observância do sábado nunca proibiu qualquer trabalho,
exceto o que fosse do tipo servil e desnecessário. Obras de
necessidade e misericórdia nunca poderiam ser proibidas naquele dia
por aquele cujo nome é misericórdia e cuja natureza é amor; porque o
sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado; caso
contrário, o sábado seria mais uma maldição do que uma bênção.
2. O interrogatório. Quero explorar um recorte sobre o
interrogatório, a crescente fé do que era cego e foi curado (9.11)
mostra a primeira pergunta para ele sobre Jesus, sua resposta é
simples, mas verdadeira, o homem chamado Jesus me curou (9.17) já
aqui, diante da pergunta dos fariseus ―que dizes tu que é ele?‖ Vemos
sua fé em crescimento ao dizer ser ele um profeta mesmo diante da
oposição dos fariseus (9.25) diante da acusação dos fariseus, o
homem curado faz uma defesa sobre a pessoa de Jesus (9.30-33) aqui
vemos uma defesa mais consistente, vigorosa e emocionante o que
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leva a fúria dos fariseus (9.36) neste ponto vemos o ápice da fé desse
homem, ao conhecer Jesus pessoalmente o confessa como Salvador e
Cristo, que maravilha.
3. A fúria dos fariseus. Um ponto importante sobre todo esse
episódio é sobre o poder religioso e seu uso na perseguição daqueles
que iam crendo em Jesus. No verso 22 é dito que seus pais temiam
serem expulsos da sinagoga e no verso 34 é dito que expulsaram o
homem curado. Esse episódio foi relatado pelo Apóstolo por nesse
evangelho escrito 50 anos após o acontecido, pois suas ovelhas
também passavam por algo parecido, sendo expulso das estruturas
sociais que estavam inseridos por causa de sua fé em Cristo. Isto é a
fúria do mundo que usa a perseguição como forma de intimidação.
Assim como o cego curado devemos ter a fé em Cristo como nosso
maior bem e aceitar as perseguições desse mundo que tanto odeia
Deus.
Conclusão
O último versículo é belíssimo em sua construção literária e
impactante em sua verdade e crueza da realidade “Disse-lhes Jesus:
Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos,
por isso, o vosso pecado permanece.” Se você fosse realmente cego,
não teve oportunidade de aprender a verdade. Se você fosse
realmente ignorante e estivesse disposto a confessar isso e vir a mim
para receber instruções. Sem pecado - você não seria culpado. O
pecado é medido pela capacidade ou habilidade das pessoas e por
suas oportunidades de conhecer a verdade. Se as pessoas não
tivessem a capacidade de fazer a vontade de Deus, não poderiam
incorrer em culpa. Se eles têm todas as habilidades adequadas, e
nenhuma disposição, Deus os considera culpados. Esta passagem
ensina conclusivamente:
1. Que as pessoas não são condenadas pelo que não podem
fazer.
2. Que a razão pela qual eles estão condenados é que eles
não estão dispostos a receber a verdade.
3. Que o orgulho e a autoconfiança são as fontes de
condenação.

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Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022
4. Que se as pessoas forem condenadas, elas, e não Deus,
serão os culpados.
Vemos - temos conhecimento da lei de Deus. Isso eles
fingiram quando professaram entender a lei a respeito do sábado
melhor do que Jesus, e o condenaram por curar naquele dia. Seu
pecado permanece - Você é culpado e seu pecado não é perdoado. Os
pecados das pessoas sempre serão imperdoáveis enquanto elas forem
orgulhosas, autossuficientes e confiantes em sua própria sabedoria.
Se vierem com o coração humilde e confessar sua ignorância, Deus
os perdoará, iluminará e guiará no caminho para o céu.

Bibliografia

The Preachers Complete Homiletical Commentary


The Bible Knowledger Commentary
Albert Barnes Note on the Bible
Adam Clark‘s commentary on the bible
O aluno cego: preconceitos e potencialidades - Sylvia Nunes e José
Fernando

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Lição 10
Jesus, O Bom Pastor
Prof. José Nícolas.

Texto principal:
―Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas‖
Jo 10.11

Resumo da lição:
Como Pastor, o Senhor Jesus Cristo não apenas protege o rebanho,
mas dá sua vida por ele.

Objetivos
- Apresentar o aprisco de Deus;
- Explicar que Jesus deu a sua vida por nós de forma voluntária;
- Esclarecer que existe um só rebanho.

Interação
Seja mais que um professor(a). Seja alguém que através da
docência conduz os jovens alunos a sentirem com intensidade o
desejo de serem verdadeiros discípulos de Jesus. Para as novas
gerações, um professor(a), é muito mais do que alguém que lhes
apresenta um conteúdo, é uma inspiração que desperta neles o desejo
de fazer a diferença.

Orientação pedagógica
Tenha o cuidado de sempre consultar a bíblia. A leitura bíblica
é primordial e insubstituível. Quanto mais o professor conhecer o
texto bíblico pela leitura diária, mais facilidade terá na compreensão
de estudos que lhe auxiliarão no conhecimento e na exposição dela.

Introdução Geral
Esta perícope deve ser lida contra o pano de fundo de Ezequiel
34. Ali o Deus de Israel fala como principal pastor do seu povo, que
nomeia pastores subordinados para cuidar deles. Mas estes pastores
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(como o ―pastor inútil‖ de Zc 11.17) são denunciados por estarem
mais preocupados em se alimentar do que em fornecer alimento para
as ovelhas confiadas ao seu cuidado. Em vez de tomar conta das
ovelhas, eles se omitiram, e sacrificavam as mais gordas para se
deliciar da sua carne e se vestir com sua lã. Por isso, estes pastores
indignos devem ser expulsos; o próprio Deus procurará suas ovelhas
dispersas e as reunirá num só rebanho, trazendo-as dos lugares para
os quais tinham se desviado. Àquelas que precisarem será dada a
atenção especial, e ele entregará todas a alguém digno da confiança
nele depositada: ― Suscitarei para elas um só pastor, e ele as
apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá
de pastor‖ (Ez 34.23).

Introdução
O propósito essencial das palavras de Cristo que aqui
encontramos foi o de encorajar uma igreja cristã que seria perseguida,
mediante a exibição de sua firme posição como rebanho de Cristo,
porque estar alguém nesse rebanho equivale a possuir a vida eterna, o
que é um dos grandes temas do evangelho de João. Dentro da história
cristã, que transparece muito vividamente dentro deste evangelho, em
muitos lugares, esta passagem tem a finalidade de ilustrar que
existem rebanhos falsos e falsos pastores; que existe determinada
diferença entre o judaísmo e o cristianismo; que existem supostos
líderes espirituais, mas que são falsos, perversos e destruidores,
conforme aqueles entre o sinédrio, os fariseus, os saduceus, os
escribas e outros, que chegaram ao cumulo de crucificar ao próprio
Senhor da gloria.
I. O Aprisco de Deus.
O pastor é o próprio Jesus; ele vem para o curral judaico e
chama seus discípulos para fora. Na verdade, um deles tinha saído
um pouco antes; outros já tinham atendido ao chamado
anteriormente, e ainda outros não demorariam a sair. Os integrantes
do sistema religioso não conseguiam comunicar-se com o homem
que fora cego; para ele a voz deles era ―voz de estranhos‖. Mas
quando o verdadeiro pastor de Israel o encontrou e lhe falou, ele
respondeu imediatamente. No cercado, as ovelhas eram protegidas
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pelos muros. Mas depois que o pastor chamava suas ovelhas para
fora, que proteção lhes restava? Nenhuma, exceto o próprio pastor.
Enquanto elas ficassem perto dele, tudo estaria bem; a característica
de um bom pastor é que ele defende suas ovelhas, mesmo com sua
vida correndo perigo. Este bom pastor acaba se revelando o
verdadeiro Rei de Israel e o Servo do Senhor obediente, cumprindo a
primeira parte da sua missão: ―tornar a trazer a Jacó, e reunir Israel‖
(Is 49.5).
1. A abrangência da mensagem. O ―... aprisco...‖ era um
espaço descoberto, circundado por um muro baixo, que fornecia
proteção para o rebanho a noite. Simboliza a salvação e a segurança
de que desfrutam as ovelhas, mediante a vigilância e os cuidados,
tanto de Deus Pai como de Deus Filho (cf. 10.27-30), pois o Pai e o
Filho são unidos em sua natureza e desígnio, e esse desígnio inclui a
segurança eterna das ovelhas. As ovelhas representam os discípulos
verdadeiros do reino, o qual, quando este evangelho foi escrito, era
reputado como a igreja. O Bom Pastor é Cristo, e a porta também é
ele, porquanto ambos os símbolos são aplicáveis a ele, e o fato dele
entrar pela porta simboliza o seu amoroso ministério na igreja, por
intermédio dos subpastores. (cf. Sl 100.3; 95.7 e 77.20).
2. O fracasso dos pastores de Israel. Se o pano de fundo é
Ezequiel 34, então no contexto do ministério de Jesus os ladrões e
assaltantes são os líderes religiosos que estão mais interessados em
tosquiar as ovelhas do que em guiá-las, nutri-las e protege-las. Eles
são os líderes do capítulo 9, que deveriam ter ouvidos para ouvir as
declarações de Jesus e reconhecê-lo como a revelação de Deus, mas
que, em lugar disso, desprezam e expulsam as ovelhas. Isso parece
mais provável que hipóteses que restringem o referente de ‗ladrão‘
aos zelotes. No versículo 8, o foco muda um pouco para apontar
aqueles líderes religiosos que são pretendentes messiânicos.
E difícil ler essas palavras sem pensar em diversos panos de
fundo. De longe, o mais importante é Ezequiel 34. Lá o Senhor
repreende ―os pastores de Israel‖, os líderes religiosos dos dias de
Ezequiel, por matar os animais escolhidos, vestindo-se com a lã,
porém falhando totalmente em cuidar do rebanho. ―Vocês não
fortaleceram a fraca nem curaram a doente nem enfaixaram a ferida.
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Vocês não trouxeram de volta as desviadas nem procuraram as
perdidas. Vocês têm dominado sobre elas com dureza e brutalidade‖
(Ez 34.4). Deus insiste que eles são suas ovelhas, seu rebanho. Em
comum com outras passagens do Antigo Testamento em que ambos,
o Senhor e seu servo Davi, são apresentados como a solução
definitiva para os problemas do povo de Deus, assim é aqui. O
Senhor diz: ―Livrarei o meu rebanho [...]. Eu as farei sair das outras
nações [...]. E as apascentarei nos montes de Israel [...]. Eu mesmo
tomarei conta das minhas ovelhas [...]. Enfaixarei a que estiver ferida
e fortalecerei a fraca [...]. Apascentarei o rebanho com justiça‖
(34.10-16). Não obstante, a nota alternativa é tocada: ―Porei sobre
elas um pastor, o meu servo Davi, e ele cuidará delas; cuidará delas e
será o seu pastor. Eu, o senhor, serei o seu Deus, e o meu servo Davi
será o líder no meio delas‖.
3. O comportamento das ovelhas. Elas ―ouvem e dão
atenção...‖. Essas palavras de Jesus subentendem que reina
familiaridade entre o pastor e as ovelhas, uma familiaridade especial -
as ovelhas estão tão acostumadas com a intimidade do pastor que o
reconhecem só pelo timbre da voz, podendo distinguir a sua voz de
todos os outros, incluindo dos falsos pastores. Aqui são implicadas a
conversão, a regeneração e a fe. Ora, conhecendo ao verdadeiro
pastor com tanta intimidade, as ovelhas o seguem e obedecem.
Assim, pois, os crentes obedecem ao evangelho em sua integridade,
que é justamente a ideia proeminente do discipulado cristão, no N.T.,
como prova o fruto necessário é expressão da conversão. Jesus
ensinou essa verdade de outra maneira também, ao dizer: ―Se me
amais, guardareis os meus mandamentos‖ (Jo 14.15). E igualmente:
―Vos sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando‖ (Jo 15.14).
Os pastores do Oriente Próximo, tanto agora como nos dias de
Jesus, vão à frente de suas ovelhas, chamando-as com sua voz, de
forma distinta da dos pastores ocidentais que vão tocando as ovelhas,
frequentemente usando um cão pastor. O fato de que esse pastor vai à
frente de suas ovelhas e as atrai constitui uma admirável
representação do relacionamento mestre/discípulo. As ovelhas
seguem simplesmente porque conhecem a sua voz, pelo mesmo sinal,
elas fugirão de outro porque não reconhecem a voz de estranhos. O
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‗estranho‘ é, provavelmente, um ladrão ou assaltante; o ‗assalariado‘
só aparece no versículo 12. As ovelhas escolhidas de Cristo
inevitavelmente o seguirão.
II. Dou a minha vida.
O vocábulo ―eu‖ é enfático aqui, com o intuito de estabelecer
contraste com os falsos pastores, que somente sabem destruir. O
adjetivo ―... bom...‖, aplicado a ―pastor‖ (no grego), aparece por três
vezes nesta passagem (por duas vezes neste versículo, e, novamente,
no vs. 14), termo esse também aplicado por duas vezes as obras de
Cristo (cf. Jo 10.32,33). No uso do grego clássico, esse adjetivo
descrevia, originalmente, forma e beleza externas, e igualmente,
utilidade, como nas expressões ―bom céu‖ e ―bons ventos‖. No
sentido ético, assumia a ideia de beleza moral, de nobreza, de
bondade, ao passo que ―virtude‖ era expressa pelo uso do termo
―kalós‖, acompanhado pelo artigo definido. Nas paginas do N.T.,
podemos perceber os seguintes empregos dessa palavra:
1. Bem adaptado aos seus propósitos, como o sal (cf. Mc
10.50);
2. Competente para um cargo qualquer, como os diáconos.
(cf. 1ªTm 4.6);
3. Moralmente bom, nobre, como certas obras (cf. Mt 5.16);
4. Uma consciência pura (cf. Hb 13.18);
5. Nos escritos de Lucas, ―kalós‖ e ―agathós‖, vocabulos
gregos que podem ser traduzidos por ―bom‖, são ambos encontrados
juntos (cf. Lc 8.15), onde ―kalós‖ evidentemente significa ―honesto‖,
―virtuoso, nobre‖, ao passo que ―agathós‖ significa ―bondoso‖, em
contraste com mau.
1. A abnegação de Cristo. Nesta passagem, aplicado ao Pastor,
o vocábulo ―kalós‖ evidentemente alude à nobreza de Cristo por
cumprir ele apropriadamente o seu oficio, em contraste com os
pastores falsos e maus, ficando destacadas a generosidade e a
dedicação de Jesus, ficando incluída, sem duvida alguma, a sua
bondade moral, porquanto, confrontados com ele, os falsos pastores
eram homens vis, destituídos de princípios morais. Canon Wescott
observa: No cumprimento de sua tarefa, o Bom Pastor reivindica a
admiração de tudo quanto é generoso no homem.
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2. Esvaziou-se a si mesmo. O Pai ama o Filho (cf. Jo 3.35,
5.20) porque este se concentra na vontade do Pai, mesmo que isto
inclua oferecer a própria vida. Sem dúvida, o Pai iria glorificá-lo com
a glória que tinham antes que o mundo existisse (17.5), mas desistir
da vida não era só a precondição necessária para receber esta glória,
era também o primeiro estágio da glorificação (Jo 12.23). Se o alvo
era transmitir vida ressurreta a outras pessoas, primeiro ele mesmo
precisaria recebê-la e, para isto, teria antes de passar pela morte. O
grão de trigo só ―produz muito fruto‖ depois de cair na terra e morrer
(Jo 12.24). Somente entregando sua vida e recebendo-a de volta o
pastor poderia reunir suas ―outras ovelhas‖ àquelas do primeiro
aprisco, formando ―um só rebanho‖.
3. A glória de Cristo. No mundo metafórico, o fato de que o
bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas significa somente que ele está
preparado para fazer isso. Ele está disposto a arriscar a vida dele
pelas ovelhas, talvez combatendo um urso ladrão (cf 1ºSm 17.34-36).
Mas a morte de pastores por tais motivos deve ter sido muito rara e,
até aquele momento, a intenção do pastor nunca seria morrer. Isso
deixaria seu rebanho inteiramente exposto. Mas Jesus, pela
linguagem forte que usa, aponta para si mesmo, ou seja, para além do
mundo metafórico. Ele não arrisca simplesmente sua vida, ele a
entrega, em harmonia com a vontade do Pai (vv,17,18). Longe de ser
acidental, a morte de Jesus é precisamente o que o qualifica para ser
o bom pastor - um ponto pressuposto em Hebreus 13.20, que
reconhece Jesus como ―o grande Pastor das ovelhas‖. E ele, por sua
morte, as atrai para si mesmos, algo que está longe de expor seu
rebanho a mais ataques (Jo 12.32).
III. Um só rebanho.
Tenho outras ovelhas está ligado aos dois versículos anteriores
pela pressuposição de que as ovelhas, por maior que seja o número
das que Jesus tem, são conhecidas por ele e, em última instância,
respondem a sua voz. Ao mesmo tempo, esse versículo refere-se aos
versículos 1-5. Lá, o aprisco das ovelhas representa o judaísmo. Jesus
chama suas próprias ovelhas para fora desse curral, constituindo
assim seu próprio rebanho; as ovelhas que permanecem naquele
aprisco são, presumivelmente, os judeus descrentes. Se Jesus tem
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outras ovelhas que não são deste aprisco, a referência deve ser aos
gentios. Quando ele os chamar, eles também responderão a sua voz, e
haverá um só rebanho e um só pastor. Assim, a salvação que vem
‗dos judeus‘ (Jo 4.22) deve primeiro ser anunciada aos judeus, mas se
abre para incluir gentios também (cf. Rm 1.16). A morte de Jesus não
foi só ―pela nação judaica‖, mas também ―pelos filhos de Deus que
estão espalhados, para reuni-los num povo‖ (Jo 11.51,52). Esse é o
cumprimento da profecia messiânica e a base da missão aos gentios.
De fato, se é o próprio Jesus que deve reunir essas ovelhas a partir de
outros apriscos, assume-se que é ele mesmo quem está operando na
missão aos gentios (cf as palavras de conclusão de Mt 28.18-20). A
visão de unidade nas palavras um só rebanho e um só pastor não só
prepara o leitor para o tema dominante do capítulo 17, mas recebe
maior tratamento em outros livros do Novo Testamento (cf. lªCo 12;
2ªCo 5.14-21; G1 3.28; Ef 2.11-22; 4.3-6).
1. O cumprimento escatológico. Suas ovelhas, que pertenciam
a este aprisco, eram de linhagem judaica, mas ele tinha outras
ovelhas, que precisavam ser buscadas, que nunca tinham pertencido a
este rebanho e, na verdade, nem podiam ser encaixadas nele. Mais
tarde, no evangelho, elas são chamadas filhos de Deus que andam
dispersos, que precisam ser reunidos por Jesus em um só corpo,
juntos com os que pertenciam à ―nação Israel‖ (Jo 11.51,52). A
Versão Autorizada inglesa tem ―um redil‖ em vez de um rebanho, no
fim do versículo 16, um erro que se originou da Vulgata (unum
ovile), e os revisores do rei Tiago não tinham desculpas porque
William Tyndale traduzira corretamente em 1526 e 1534 (algumas
versões latinas anteriores à Vulgata também foram mais corretas do
que Jerônimo, de modo que também ele não tem desculpas). Estas
palavras de Jesus apontam para a missão entre os gentios e a
formação da comunidade que será constituída de judeus e de gentios
crentes, onde não há ―judeu nem grego‖ (Gl 3.28, Cl 3.11). As
ovelhas judias precisavam serem tiradas primeiro do aprisco (aulê),
antes de serem reunidas às outras ovelhas para formarem um novo
rebanho (ipoimriê). O que haveria de manter unido este rebanho
maior e dar-lhe a necessária proteção contra inimigos externos? Não
muros em redor, mas a pessoa e o poder do pastor. Unidade e
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segurança do povo de Cristo dependem da sua proximidade dele.
Sempre que seu povo se esquece disto e tenta garantir unidade e
segurança construindo muros ao redor de si, os resultados não são
animadores. Ou os muros têm sido tão amplos a ponto de incluir
diversos lobos entre as ovelhas (com consequências desastrosas para
estas), ou tão restritos a ponto de haver mais ovelhas excluídas do
que recolhidas.
2. Judeus e gentios. Jesus acaba de apresentar o
relacionamento entre o Pai e o Filho como o análogo do
relacionamento entre as ovelhas e o pastor. Mas o relacionamento
entre o Pai e o Filho é mais fundamental que o outro. O amor do Pai
pelo Filho, e o amor do Filho-pelo Pai, são logicamente anteriores ao
amor de Deus pelo mundo, e a base que torna possível a salvação (cf.
3.35; 5.20; 8.29; 14.31). Se Jesus acaba de mencionar a intimidade
única que ele desfruta com seu Pai, ele está agora se esforçando para
elucidar por que o Pai o ama. Não é que o Pai retém seu amor até que
Jesus concorde em desistir de sua vida sobre a cruz e ressuscitar
novamente. Antes, o amor do Pai pelo Filho está eternamente ligado
com a obediência irrestrita do Filho ao Pai, sua total dependência
dele, culminando em seu maior ato de obediência, agora bem diante
dele: disposição para suportar a vergonha e a ignomínia do Gólgota,
o isolamento e a rejeição da morte, o pecado e a maldição reservados
para o Cordeiro de Deus.
3. O cumprimento do futuro. As palavras ―pelas [hyper]
ovelhas‖ sugere sacrifício. Em João, a preposição, em si mesma
ambígua, sempre ocorre em um contexto sacrificial, seja se referindo
à morte de Jesus (Jo 6.51; 10.11, 15; 11.50ss.; 17.19; 18.14), seja à de
Pedro (13.37,38), seja à de um homem preparado para morrer por seu
amigo (15.13). Ela, em nenhum dos casos, sugere uma morte com
significado meramente exemplar; a morte, em cada um dos casos, é
em favor de outra pessoa. O pastor não morre por suas ovelhas para
servir de exemplo, atirando-se de um precipício, em uma grotesca e
fútil demonstração, enquanto grita: ―Veja o quanto eu te amo!‖. Não,
a pressuposição é de que as ovelhas estão em perigo mortal; que o
pastor, em defesa delas, perde sua vida; que elas, por sua morte, são
salvas.
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Conclusão
Para João, existe apenas uma, e suprema, revelação: a revelação
de Deus em Jesus Cristo. Seja qual fosse a revelação que precedera à
revelação de Jesus, ela simplesmente o antecipou; seja qual fosse a
revelação ocorrida após a morte e a exaltação de Jesus, ela ainda é a
revelação do Filho: o Espírito mostra o que é seu e torna-o conhecido
aos discípulos (Jo 16.14), trazendo à mente deles aquilo que Jesus
ensinou e auxiliando-os a compreender seu significado (Jo 14.26). Na
linguagem de Hebreus, a maior revelação é a revelação do Filho (Hb
1.1,2). Portanto, embora João seja perfeitamente capaz de fazer
distinções históricas entre o que se entendia no início e o que foi
compreendido só mais tarde, a revelação em si é, sempre, a revelação
do Filho de Deus. Sem sacrificar a integridade histórica de um relato
que insiste no desenvolvimento da compreensão ao longo do tempo,
o evangelista deve ter-se sentido livre para apresentar seu evangelho
em um determinado estilo, seu próprio estilo, precisamente porque
ele traz para o presente a revelação do Filho por inteiro, incluindo o
entendimento gradual daqueles que o receberam, a partir da posição
vantajosa de alguém que recebeu o Espírito e foi comissionado a
transmitir as boas novas.

Bibliografia

BRUCE, F F. João. Introdução e Comentário. 2. Ed. São Paulo. SP


Sociedade Religiosa Vida Nova. 1987.
PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Tradução:
Degmar Ribas Júnior. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
CARSON, D.A. O comentário de João / D.A. Carson ; tradução
Daniel de Oliveira & Vivian Nunes do Amaral. - São Paulo :
Shedd Publicações, 2007.
BOOR, Werner de Evangelho de João I: comentário esperança/
Werner de Boor; tradução Werner Fuchs. -- Curitiba: Editora
Evangélica Esperança, 2002.

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Lição 11
O Sétimo Sinal: Jesus ressuscita Lázaro
Profª. Evalda R. S. Oliveira

Texto principal:
―Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim,
ainda que esteja morto, viverá‖
Jo 11.25

Resumo da lição:
Jesus tem o controle a respeito da vida e da morte.

Texto Bíblico: João 11.1,3,4,14,17,39-41,43,44

Objetivos
- Apresentar a aldeia de Betânia;
- Explicar a respeito do milagre da ressurreição;
- Explanar acerca da soberania de Deus.

Introdução
No Evangelho de João, pequenas histórias que narraram ações
milagrosas de Jesus ou pequenos e breves encontros com as pessoas
transformaram-se em discursos reveladores da Sua pessoa. O evento
maior foi o da ressurreição de Lázaro, no capítulo 11. A própria
narrativa é composta de várias ações pequenas as quais vão
apontando para a fraqueza humana perante a morte. Elas vão se
acumulando até criar um clímax onde Jesus ressuscita a Lázaro de
forma espetacular!
A narrativa dramática serve para Jesus explicar a sua missão
doadora de vida eterna, pois Ele demonstrou ter sua posse. O evento
também indica a crença de muitos judeus em Jesus, porém, também
destaca a rejeição de outros, que intencionaram, então, matá-lo. São
eles os principais sacerdotes e os fariseus que reúnem o Sinédrio e
decidem a sua morte. Para o Evangelho de João, a salvação já se
consumou na fé em Jesus Cristo, aqui e agora. Nele já está a
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ressurreição dos mortos (11.25), o juízo final (3.17,36) e a vida
eterna (5.24,27). Isso se deve à união antecipada entre Jesus e o Pai,
entre ambos, e entre os que creem nele e os que virão a crer (10.14;
14.20; 17.21,23).
Este é o sétimo, o último e o maior dos milagres públicos
operados por Jesus e registrados nesse evangelho. Foi realizado na
última semana antes de Jesus ser preso e morto na cruz. Seu
propósito foi despertar a fé nos salvos e a fúria definitiva dos
inimigos. Ele está registrado com mais detalhes do que qualquer
outro dos milagres de Cristo, não somente porque há muitas
circunstâncias deste milagre que são muito instrutivas, e o milagre é
uma prova grandiosa da missão de Cristo, mas porque era
antecipação daquilo que seria a maior prova de todas, a própria
ressurreição de Cristo, e, profeticamente (espiritual e literal), a
ressurreição do “Corpo de Cristo”, os santos, a Igreja!
I – A Aldeia de Betânia
Lázaro e sua família viviam em Betânia, uma aldeia não muito
distante de Jerusalém, onde Cristo normalmente se hospedava quando
vinha para as festas. Aqui, ela é chamada de ―aldeia de Maria e de
sua irmã Marta‖, isto é, a aldeia onde elas moravam, da mesma
maneira como Betsaida é chamada de ―cidade de André e de Pedro‖,
cap. 1.44. No meio do deserto de hostilidades enfrentado por Jesus
em Jerusalém, havia um oásis em Betânia: a amizade de Marta,
Maria e Lázaro. Jesus se hospedara na casa deles. Agora, essa família
enfrenta um grave problema, uma enorme aflição.
Algumas lições podem ser aprendidas com esse episódio: as
crises são inevitáveis, as crises podem aumentar e as crises produzem
angústia. A resposta de Jesus parece misteriosa ao pedido urgente das
irmãs ―Essa doença não é para a morte, mas para a glória de Deus, a
fim de que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela‖ (Jo 11.4).
O que Ele está dizendo é que essa enfermidade não é para a
“glória” da morte, não se seguiria um triunfo ininterrupto da morte,
antes, ela seria um motivo para a manifestação da glória de Deus,
na vitória da ressurreição e da vida. A glória de Deus refulge nessa
subjugação da morte. O amor de Jesus por Lázaro e suas irmãs não

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impediu que eles passassem pelo vale da morte, mas lhe trouxe
vitória sobre a morte.
A doença das pessoas boas, por mais ameaçadora que seja, não
é para morte, pois não é para a morte eterna. A morte do corpo para
este mundo é o nascimento da alma para o outro mundo. Quando nós,
ou nossos amigos, estamos doentes, nosso principal apoio é que
exista uma esperança de recuperação, mas nisto nós podemos ficar
desapontados. Por isto, é prudente que nos apoiemos naquilo com
que jamais nos desapontaremos. Se pertencerem a Cristo, mesmo
que venha o pior, eles não poderão sofrer a segunda morte, e nem
sofrer algum dano na primeira.
Alguns judeus não puderam conciliar o amor de Cristo com o
sofrimento da família de Betânia (11.37). Eles pensaram que amor e
sofrimento não podiam andar juntos. O fato de Jesus nos amar não
nos garante imunidade especial contra tragédias, mágoas e dores.
Nenhum dos discípulos teve morte natural, exceto João. Jesus não
prometeu imunidade especial, mas imanência especial. Nunca nos
prometeu uma explicação; prometeu a Si mesmo, Aquele que tem
todas as explicações.
II – O Milagre da Ressurreição
Quando a vontade de Deus se cumpre, nós devemos nos
sujeitar a Ele. Cristo pede que Marta, e nós, olhemos para frente, e
pensemos no que acontecerá, pois isto traz uma certeza e um consolo
garantido: ―Teu irmão há de ressuscitar‖. Em primeiro lugar, isto
era verdade, sobre Lázaro, em um sentido peculiar a ele: ele seria
imediatamente ressuscitado. Mas Cristo fala sobre este assunto de
maneira geral, como algo a ser feito. Ele expressa isto de maneira
ambígua, deixando Marta insegura, a princípio, sobre se Ele o
ressuscitaria imediatamente, ou não até o último dia, para que Ele
pudesse provar a fé e a paciência dela. Em segundo lugar, isto se
aplica a todos os santos, e à sua ressurreição no último dia.
Observe que é um consolo para nós, quando sepultamos nossos
amigos e parentes crentes, pensar que eles ressuscitarão. Assim como
a alma não é perdida na morte, mas parte para a eternidade, também o
corpo não é perdido, mas guardado. Pense que você está ouvindo

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Cristo dizer: ―Seus pais, seus filhos, seus amigos, ressuscitarão. Estes
ossos secos viverão‖.
Marta considera que a mensagem de que seu irmão ressuscitará
no último dia é uma mensagem fiel. Embora a doutrina da
ressurreição devesse ser plenamente comprovada pela ressurreição
de Cristo, ainda assim Marta cria nela firmemente, da maneira que
ela já tinha sido revelada (Atos 24.15). Haverá um último dia, com o
qual todos os dias do tempo serão numerados e concluídos. ―Eu sei
que há de ressuscitar na ressurreição do último dia‖ (Jo
6.39,40,44,54; 11.24). E isto não é suficiente? Marta parece pensar
que não. Desta maneira, com nosso descontentamento sob as aflições
atuais, nós subestimamos enormemente nossas esperanças futuras, e
as menosprezamos, como se não fossem merecedoras de
consideração.
―Eu sou a ressurreição e a vida‖, a fonte da vida, e a cabeça e
o autor da ressurreição. Aqui vemos em primeiro lugar o poder de
Cristo, seu poder soberano. Marta acreditava em uma ressurreição no
último dia. Cristo diz a ela que Ele tinha aquele poder, armazenado
na sua própria mão, e os mortos ouviriam sua voz (cap. 5.25), e com
base nisto é fácil concluir que aquele que pode ressuscitar um mundo
de homens que estarão mortos há muitos séculos, sem dúvida poderia
ressuscitar um homem que estava morto há apenas quatro dias.
Observe que é um consolo indescritível a todos os bons cristãos, que
Jesus Cristo é a ressurreição e a vida, e assim será para eles. A
ressurreição é um retorno à vida. Cristo é o autor deste retorno, e
desta vida à qual a ressurreição é o retorno. Nós buscamos a
ressurreição dos mortos e a vida do mundo futuro, e Cristo é as
duas coisas, o autor e o princípio de ambos, e a base da nossa fé em
ambos. Se o Cabeça (Cristo!) ressuscitou, o Corpo (gentios e judeus
discípulos de Jesus=Igreja!) também ressuscitará!
As promessas do novo concerto (Nova Aliança) nos dão mais
base para a esperança de que viveremos. A quem são feitas as
promessas? Àqueles que creem em Jesus Cristo, àqueles que aceitam
e creem em Jesus Cristo como o único Mediador de reconciliação e
comunhão entre Deus e o homem, que recebem os registros que Deus
deu na sua Palavra a respeito do seu Filho, que sinceramente se
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sujeitam a eles, e atendem a todos os seus grandes objetivos. A
condição da última promessa é assim expressa: ―Todo aquele que
vive e crê em mim‖, o que pode ser interpretado como vida natural:
Todo aquele que vive neste mundo, seja judeu ou gentio, onde
quer que viva, se crer em Cristo, viverá por Ele.
O corpo não estará morto para sempre na sepultura. Ele morre
(como as duas testemunhas), mas apenas por um tempo, e tempos, e
metade de um tempo. E quando não mais houver tempos, e todas as
suas divisões forem numeradas e concluídas, um espírito de vida,
vindo de Deus, entrará nele. A alma não morrerá aquela morte que é
para sempre, não morrerá eternamente: ―Bem-aventurado e santo‖,
isto é, bem-aventurado e feliz, é ―aquele que tem parte na primeira
ressurreição‖, aquele que tem parte em Cristo, que é esta
ressurreição, pois a segunda morte, que é uma morte para sempre,
não terá poder sobre tal pessoa. As cruzes e os consolos deste tempo
atual não causariam tamanho impacto sobre nós se apenas crêssemos
nas coisas da eternidade como deveríamos. Que nossas expectativas
sejam levadas em direção à felicidade reservada para o último dia,
quando todos os anos do tempo estiverem completos e concluídos.
Este milagre se realizou rapidamente. Nada se interpõe entre o
comando, ―vem para fora‖, e o resultado, ele ―saiu‖, fez-se tão
rapidamente quanto foi dito. Haja vida, e houve vida. Assim, a
transformação na ressurreição ocorrerá ―num momento, num abrir e
fechar de olhos‖, 1 Coríntios 15.52. O poder onipotente, que pode
fazer tudo, pode fazer tudo em um instante: ―Ele me invocará, e eu
lhe responderei‖. Atenderei ao chamado, como no caso de Lázaro.
A ordem foi clara: Tirai a pedra. Tirar a pedra e desatar o
homem que está enfaixado, isso as pessoas podem fazer, e Jesus
ordena que façam. Jesus chama a Lázaro da sepultura. Se Jesus não
chama Lázaro pelo nome todos os mortos sairiam do túmulo. Mas
Lázaro mesmo morto pode ouvir a voz de Jesus. No dia final, na
segunda vinda de Cristo, os mortos também ouvirão a sua voz e
sairão do túmulo (5.28,29). ―Tirar a pedra‖ significa enfrentar uma
situação que não queremos mais mexer. É tocar em situação que só
nos trará mais dor. É abrir a porta para algo que já cheira mal.

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III – A Soberania de Deus
Como conciliar o nosso tempo (cronos) com o tempo (kairos)
de Jesus? A distância entre Betânia e o lugar onde Jesus estava era de
32 quilômetros. Levava um dia de viagem. O mensageiro gastou um
dia para chegar até Jesus. Logo que o mensageiro saiu de Betânia,
Lázaro morreu. Quando deu a notícia a Jesus, Lázaro já estava morto
e sepultado. Jesus demora mais dois dias. E gasta outro dia para
chegar. Daí, quando chegou, Lázaro já estava sepultado havia quatro
dias. Jesus sempre agiu de acordo com a agenda do Pai! Quando ele
parece demorar, está fazendo algo maior e melhor para nós! Ele
tardou a ir porque sabia o que ia fazer.
Havia uma crença entre os rabinos que um morto poderia
ressuscitar até o terceiro dia por intermédio de um agente divino. A
partir do quarto dia, porém, somente Deus, pessoalmente, poderia
ressuscitá-lo. Ao ressuscitar Lázaro no quarto dia depois do
sepultamento, os judeus precisariam se dobrar diante da realidade
irrefutável da divindade de Jesus.
O comprometimento de Cristo com aqueles que lhe são dados
se estende à ressurreição dos seus corpos. ―Eu o ressuscitarei no
último dia‖, o que pressupõe que tudo o que veio antes deve coroar e
completar a missão. O corpo é parte do homem, e, portanto, uma
parte da compra e da incumbência de Cristo. Ele pertence às
promessas, e, por essa razão, não deverá ser perdido. A missão não é
somente não perder ninguém, nenhuma pessoa, mas também não
perder nada, nenhuma parte da pessoa, e, portanto, nem o corpo.
A missão de Cristo nunca será completa até a ressurreição,
quando as almas e os corpos dos santos serão reunidos e congregados
a Cristo, para que Ele possa apresentá-los ao Pai: ―Eis-me aqui a
mim e aos filhos que Deus me deu‖, Hebreus 2.13; 2 Timóteo 1.12.
A fonte e a origem de tudo isto é a vontade soberana de Deus, os
conselhos da sua vontade, segundo a qual Ele opera tudo isto. Este
foi o mandamento que Ele deu ao seu Filho, quando o enviou ao
mundo, e que o Filho sempre teve em mente. Enfim, Jesus tinha três
propósitos bem claros com este extraordinário milagre:
1) A manifestação da glória de Deus: tudo o que Jesus
ensinou e fez mirava a glória de Deus. A glória do Pai era seu maior
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projeto de vida. Ele veio revelar o Pai. Veio para mostrar como é o
coração de Deus! Quando somos confrontados pela doença e até
mesmo pela morte, nosso único encorajamento é saber que vivemos
pela fé e para a glória de Deus.
2) O despertamento da fé: o milagre não é um fim em si
mesmo. Tem o propósito de abrir portas para a fé salvadora e
avenidas para uma confiança maior em Deus. Os milagres de Cristo
sempre tiveram um propósito pedagógico de revelar verdades
espirituais. Quando ressuscitou Lázaro, queria ensinar que ele é a
ressurreição e a vida. Jesus tinha o propósito de fortalecer a fé dos
seus discípulos (11.15). Também de fazer Marta crer, antes de ver a
glória de Deus (11.26,40). Tinha o propósito de despertar fé
salvadora nos judeus que estavam presentes junto ao túmulo de
Lázaro (11.42). Tinha o propósito de proclamar que a vida futura só
pode ser alcançada pela fé nele e que a morte não tem a última
palavra para aqueles que nele creem (11.25,26).
3) A sua entrega pela morte: na última aparição de Jesus
na Judeia, os judeus queriam apedrejá-lo (10.38-42; 11.8). Quando
Jesus ressuscitou Lázaro, muitos judeus creram nele, mas outros
saíram para entregá-lo (11.46-48, 53, 57). Os judeus resolveram
matar não apenas Jesus, mas também Lázaro (12.9-11). Quando Jesus
foi ao lar de Betânia, estava disposto a glorificar o Pai em dois
aspectos: primeiro, pelo milagre da ressurreição de Lázaro e,
segundo, pela sua disposição de cumprir o plano do Pai de dar a sua
vida em resgate do seu povo (17.1). Os membros do Sinédrio
pensaram que eles estavam no controle da situação, orquestrando a
prisão de Jesus. Mas isso fazia parte do plano de Deus! A morte de
Cristo não era apenas uma orquestração dos homens (não é ―culpa‖
dos judeus), mas também, e sobretudo, uma agenda do Pai! (At 2.23).
Conclusão
Este décimo primeiro capítulo registra o grande milagre da
ressurreição de Lázaro, o qual é o registro mais longo de qualquer
milagre historiado nas Escrituras. E o feito prodigioso mais
importante dentre todos os milagres já registrado em João, sendo
igualmente o mais espantoso e significativo. Jesus pode conceder a
vista física e a visão spiritual (cap. 9); mas também pode devolver a
Jesus, O Filho de Deus
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vida física, até mesmo para alguém já morto há quarto dias, como
sucedeu a Lázaro, tal como pode outorgar a vida eternal ou vida
espiritual aos pecadores, mortos em seus delitos e pecados.
A narrativa aqui apresentada, pois, é o clímax de uma série de
sinais operados pelo Senhor Jesus. Descreve o dom supremo que o
Logos pode propiciar aos homens. Jesus já fora exposto como a fonte
da água viva, como o pão do céu, como a luz do mundo e como o
Bom Pastor; mas aqui ele aparece como a ―ressurreição e a vida‖,
como o despenseiro da ―vida necessária‖, a vida de Deus.

Referências Bibliográficas

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento –


Mateus a João. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
LOPES, Hernandes Dias. João: As glórias do Filho de Deus. São
Paulo: Hagnos, 2015.
LOURENÇO, Osiel. Evangelhos. Fortaleza: STADEC, 2019.
STERN, David H. Comentário judaico do novo testamento. São
Paulo: Atos, 2008.

Jesus, O Filho de Deus


Os Sinais e Ensinos de Cristo no Evangelho de João
Lições Bíblicas Jovens – 1º Trimestre 2022

Lição 12
Jesus vence a morte
Profa. Mirles Lino Alves

Texto principal:
“Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu
Pai, mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai
e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”
Jo 20.17

Resumo da lição:
João descortina a revelação de Jesus como Deus, e o que isso
representa para nossa redenção.

Objetivos:
- Evidenciar a conclusão do ministério de Jesus na Terra;
- Explicar a prisão, o julgamento e a crucificação de Jesus;
- Mostrar que Jesus venceu a morte na cruz.

Introdução:
Neste trimestre, estudou-se a respeito do Evangelho de João,
com ênfase nos milagres e nas maravilhas realizadas por Jesus. No
estudo realizado no decorrer das lições, viu-se, com nitidez, a
respeito da deidade de Cristo, pois os sinais que Jesus operou
mostram Seu poder e Sua divindade. Ressalta-se que, nos tempos de
hoje, há muitas pessoas, que se dizem cristãs, que não creem mais no
poder que Jesus tem em operar milagres, em realizar curas, em
resolver os mais diversos problemas que permeiam a vida humana.
Como servos de Deus, devemos ter em mente que Jesus não mudou,
pois Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre será o mesmo eternamente
(conforme está escrito em Hebreus 13:8).
Na referida lição, estudaremos sobre um dos maiores milagres
que já pudemos contemplar e crer: a ressurreição de Jesus Cristo, que
é a espinha dorsal do Cristianismo. Vale destacar que a ressurreição é
a base de fé de todo cristão, pois ela nos dá esperança de que, um dia,
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estaremos com Cristo, nos céus, para viver em glória eterna. Como o
Apóstolo Paulo disse, em 1 Coríntios 15.19, ―se esperamos em Cristo
só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.‖.
Portanto, que possamos esperar por Cristo hoje e sempre. Sem
dúvidas, Deus falará conosco, grandemente, por meio da referida
lição.
I – A Conclusão do Ministério de Jesus na Terra
1. O lava-pés. O Evangelho de João apresenta informações de
grande relevância sobre o ministério de Jesus, como o lava-pés (João
13:1-20), que demonstra um ato de humildade de Jesus, de forma
inspiradora e pedagógica, a fim de que pudéssemos seguir o exemplo
de Cristo. Tal informação não é encontrada nos Evangelhos
Sinóticos, mas, sim, no Evangelho de João.
No supracitado exemplo, Jesus estava mostrando a importância
de servir aos outros, com amor e com humildade, a fim de que a
posição eclesiástica e a posição social não prevalecesse sobre aqueles
que estavam em uma posição eclesiástica menor ou em uma classe
social inferior. Ali, Jesus estava evidenciando que, no Reino de Deus,
a soberba, o orgulho e a vanglória não devem ocupar lugar nos
corações de Seus filhos e filhas, mas, sim, a fé, a lealdade, a
humildade e o amor.
2. As últimas instruções. Vale ressaltar que João relata,
também, dois momentos do ministério de Jesus que não têm caráter
público, ou seja, no primeiro momento, Ele fala com os discípulos;
no segundo momento, Ele fala com o Pai. Em seguida, Jesus entrega-
se à prisão, ao julgamento e à morte.
É interessante evidenciar que o Evangelho de João fala,
claramente, sobre a divindade de Jesus Cristo, apresentando-o, como
o Pão da Vida, a Água da Vida, a Videira Verdadeira, a Verdade, a
Vida, o Caminho, ou seja, destacando a imprescindibilidade de Jesus
Cristo para o ser humano. Afinal, Jesus é alimento para aquele que
estava faminto, é água para aquele que estava sedento, é descanso
para aquele que estava cansado, é a verdade para aquele que vivia na
mentira, é o caminho para aquele que estava perdido, é a vida para
aquele que estava morto.

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De acordo com o escritor cristão e apologista norte-americano
Lee Strobel, em seu livro Em Defesa de Cristo, no Evangelho de
João, Jesus utiliza uma terminologia diferente, pois Ele faz longos
sermões, com evidências ainda mais cristológicas, pois afirma, com
mais ênfase, que Jesus é um com o Pai, que é o próprio Deus, o
Caminho, a Verdade, a Vida, a Ressurreição e a Vida.
Para ressaltar, cada vez mais, a divindade de Jesus, no livro
citado anteriormente, o autor faz uma referência ao apologista
William Lane Craig, na página 37 da obra, que afirma sobre a
deidade enfática de Cristo no Evangelho de João, a saber: ―[…] O
Filho do homem era uma figura divina do livro de Daniel, no Antigo
Testamento, que surgiria no final do mundo para julgar a humanidade
e reinar para todo o sempre. Portanto, autodeterminar-se Filho do
homem seria, na verdade, reivindicar para si a divindade.‖.
Ademais, o Apóstolo João destaca sobre a obra maravilhosa do
Espírito Santo, apresentando-o como o Consolador, nos capítulos 14,
15 e 16. Assim, tem-se uma grande e relevante riqueza de detalhes,
no Evangelho de João, sobre a Doutrina Bíblica do Espírito Santo.
3. O papel do Espírito Santo. Jesus, no Evangelho de João, em
seu capítulo 14, nos versículos 16 e17, afirma que, a saber: ―E eu
rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique
convosco para sempre; o Espírito de Verdade, que o mundo não pode
receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis,
porque habita convosco, e estará em vós.‖. Na referida passagem
bíblica, tem-se que Jesus referiu-se ao Espírito Santo como ―outro
Consolador‖ que Ele enviaria aos discípulos, quando voltasse para o
Pai. Quando João fala sobre o Espírito Santo, ele utiliza as expressões
―Consolador‖ (do grego, parakletos, ou seja, ―alguém que é chamado
para estar junto‖) e ―Espírito da Verdade‖, destacando que a Terceira
Pessoa da Trindade habita dentro de cada cristão, revelando a
vontade de Deus, sendo Consolador e Conselheiro (A Bíblia da
Mulher: Leitura, Devocional, Estudo).
Salienta-se, também, que o Espírito Santo testifica de Cristo (Jo
15.26), e ensina-nos sobre o Reino de Deus (Jo 14.26). Jesus afirma,
também, que o Espírito Santo convencerá o homem do pecado, da
justiça e do juízo (Jo 16.7-11), destacando que o Espírito Santo opera
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a obra salvífica no ser humano, ou seja, é o Espírito Santo quem traz
arrependimento sobre a vida do pecador, convencendo-lhe da
verdade, manifestando-lhe a luz de Cristo.
Vale ressaltar que o verdadeiro cristão é templo e morada do
Espírito Santo de Deus, conforme destaca o Apóstolo Paulo, em 1
Coríntios 6.19, a saber: ―Acaso não sabem que o corpo de vocês é
santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado
por Deus, e que vocês não são de vocês mesmos?‖. Logo, precisamos
estar firmes na Palavra de Deus, a fim de que possamos combater as
vãs filosofias, bem como fugir das tentações do diabo. Portanto, que
o nosso corpo seja um verdadeiro sacrifício vivo para Deus
(Romanos 12.1-2).
II – Prisão e Crucificação de Jesus
1. “É chegada a hora”. Sabe-se que Jesus foi alvo de muitas
investidas dos judeus, e já estava chegando a hora da crucificação.
Antes de ser preso, Jesus ora ao Pai. Afinal, o Filho sabia que, em
todas as coisas, havia glorificado a Deus. Vale destacar que o cenário
da prisão de Jesus foi, totalmente, ilegal, pois ocorreu em um
momento em que as pessoas do povo não podiam ver, visto que foi
durante a noite. Porém, Jesus sabia que, naquela ilegalidade prisional,
seria cumprida a justiça verdadeira de Deus.
2. No Getsêmani. Jesus tinha o costume de orar no Monte das
Oliveiras, e ali, havia um jardim que se chamava Getsêmani. Quando
Jesus ia para Jerusalém, Ele costumava ir ali para orar, e, assim, Ele
fez na noite em que fora preso. Destaca-se que os Evangelhos
Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) narram com maior precisão de
detalhes a respeito de tal momento, que era imprescindível e crucial
para Jesus.
Afinal, como diz o hino 182 da Harpa Cristã, a saber: ―Jesus no
Getsêmani foi ligado, e pelos ímpios foi arrastado à corte, onde foi
muito insultado, e atingido, por meu pecado; e a sentença da turba foi
o brado: ‗Que seja Cristo crucificado‘, vituperado e flagelado Jesus
sofreu o meu pecado […].‖. Assim, o Senhor Jesus foi arrastado
pelos ímpios, a fim de que fosse cumprido o propósito de Deus, por
meio de Cristo: a salvação da humanidade (João 3.16).

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3. Preso e crucificado. Vale destacar que Jesus sofreu
momentos de grande dor e agonia. Destaca-se, também, que Jesus
teve sua defesa cerceada, pois, ao lermos a Palavra de Deus, é
nitidamente perceptível que o julgamento de Jesus apresenta uma
série de ilegalidades e de erros processuais.
Em Mateus 4.17-19, Jesus, cheio de autoridade, fala que não
veio revogar a Lei, mas cumpri-la porque Ele é a própria Lei. Jesus
não veio ab-rogar a Lei (que é a revogação total da Lei) nem veio
derrogá-la (que é a revogação parcial da Lei), mas Ele veio,
exatamente, para mostrar a verdadeira Lei de Deus, cumprindo-a.
Além disso, vemos que Jesus nos deixou um maravilhoso exemplo de
oração, pois, mesmo sabendo que a Sua hora estava chegando, Ele
orou no Jardim do Getsêmani (Mateus 26.36-46), quando homens
malignos o foram prender. Destaca-se que Jesus foi alvo de
acusações injustas pelos tribunais dos homens.
No Sinédrio (Tribunal Judaico), Jesus foi acusado de blasfêmia,
porém, os judeus não tinham jurisdição para condená-lo à pena de
morte, pois estavam sob o domínio do Império Romano. Nisso, Jesus
foi levado ao "Procurador" (Governador) de Roma, que era Pôncio
Pilatos, pois somente Roma podia proferir sentenças de pena capital
(pena de morte). Ao chegar diante de Pilatos, Jesus usou o direito ao
silêncio (entendamos assim para fins didáticos), não proferindo
palavra alguma em Sua defesa.
Em João 19, Pilatos questiona Cristo da seguinte forma: "Não
sabes tu que tenho autoridade para te soltar e para te crucificar?", e
Jesus responde extraordinariamente: "Nenhuma autoridade terias
sobre mim, se de cima não te fosse dada.", ou seja, Jesus disse:
"Pilatos, o poder é meu. Tu estás como Governador de Roma porque
Eu permiti.". Como Jesus é maravilhoso, pois, mesmo sendo
condenado, por Roma, pelo crime de rebelião (que era o crime que
ensejava na condenação à crucificação), Ele sabia que aquilo era
necessário, a fim de que, nos tribunais injustos dos homens, fosse
manifesta a justiça perfeita de Deus.
Assim, para reiterar o que foi dito anteriormente, no livro A
Cruz do Rei, do escritor e pastor norte-americano Timothy Keller, na
página 228, especificamente, tem-se que a corte do Sinédrio não
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tinha poderes para proferir a pena de morte. Na realidade, o Sinédrio
tinha poder para julgar muitos casos, mas os de pena capital
precisavam passar pelo procurador romano, que era Pilatos. Logo,
assim que os membros do Sinédrio puderam, eles entregaram Jesus a
Pilatos, que era o governador designado por Roma, a fim de que ele
condenasse Jesus à pena de morte.
Ademais, Roma já havia abolido a pena de morte como punição
pelo crime de blasfêmia. Logo, o Sinédrio não podia condenar Jesus
por blasfêmia. Porém, Roma poderia condenar Jesus pelo crime de
rebelião, pois, no caso, esse crime ensejava na condenação à pena de
morte, que, conforme se vê, seria pela crucificação.
III – Ele Venceu a Morte
1. O curso da vitória. Jesus foi crucificado, mas, ao terceiro
dia, Ele ressuscitou, como havia prometido. No terceiro dia, Jesus,
triunfantemente, ressurgiu dentre os mortos, declarando total vitória
sobre a morte. Ressalta-se que essa vitória foi resultado de
obediência, pois Jesus Cristo foi obediente ao Pai, até a morte de
cruz, a fim de que se cumprisse o propósito de salvação, de remissão
de pecados, de maravilhosa redenção e regeneração em Cristo Jesus.
Em Filipenses 2.5-11, o Apóstolo Paulo fala que Jesus
esvaziou-se de si mesmo, para que fosse manifesta a glória de Deus,
veja-se, pois: ―Tende em vós o mesmo sentimento que houve também
em Cristo Jesus, o qual, tendo plenamente a natureza de Deus, não
reivindicou o ser igual a Deus, mas, pelo contrário, esvaziou-se a si
mesmo, assumindo plenamente a forma de servo e tornando-se
semelhante aos seres humanos. Assim, na forma de homem,
humilhou-se a si mesmo, entregando-se à obediência até a morte, e
morte de cruz. Por isso, Deus também o exaltou sobremaneira à mais
elevada posição e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro
nome; para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho, dos que estão
nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda a língua confesse que
Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.‖ (Bíblia King
James Atualizada). Logo, tal exemplo de humildade e de entrega a
Deus deve estar vivo e latente em nossas mentes e em nossos
corações.

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Assim, destaca-se que, naquele momento de agonia e dor,
enquanto Jesus sofria na cruz, Ele estava vencendo; enquanto Jesus
era humilhado pelos ímpios, Ele estava vencendo; enquanto aquelas
dores terríveis maltratavam Seu corpo, Ele estava vencendo;
enquanto o sangue escorria em Seu rosto, Ele estava vencendo. Tudo
isso porque Jesus sabia que aquilo era necessário, a fim de que, nos
tribunais injustos dos homens, fosse manifesta a justiça perfeita e
verdadeira de Deus.
Na cruz, Jesus venceu sobre o pecado, sobre o diabo, sobre a
morte, sobre a injustiça, sobre a maldade. Logo, o semblante de dor
de Cristo era símbolo de vitória porque, Nele, cumpria-se, naquele
momento, a justiça maravilhosa de Deus. Ali, toda a Terra pôde
contemplar que Jesus Cristo era, verdadeiramente, o Filho de Deus
(Mateus 27.54).
2. Ressuscitado pelo Pai. Conforme Jesus havia prometido, a
morte não poderia detê-lo, pois o sacrifício de Jesus foi perfeito.
Assim, quando as mulheres chegaram ao sepulcro, no primeiro dia da
semana, elas o encontraram vazio (João 20.1-2). A pedra do túmulo
havia sido removida, e Jesus já havia voltado à vida, afinal, Ele não
estava mais ali. Assim, depois dali, Jesus aparece com o corpo
glorificado, não apresentando mais limitações físicas, conforme está
escrito em João 20.19-20. No terceiro dia, Jesus ressuscitou, pois a
morte não o segurou.
3. O valor da ressurreição. Sem dúvidas, a ressurreição tem
um valor imensurável para a fé cristã, pois é a esperança de todo
cristão, ou seja, daqueles que aguardam, ansiosamente, pela vinda de
Cristo. Destaca-se que a mensagem da ressurreição foi o tema
principal da Igreja Primitiva, pois tal pregação nos traz fé e
esperança. Na igreja de Corinto, havia algumas pessoas que estavam
negando a ressurreição dos santos, mas o Apóstolo Paulo, com
sabedoria divina, rebate todos os argumentos existentes contra a
ressurreição, realizando uma verdade defesa da fé cristã
(Apologética), conforme está escrito em 1 Coríntios 15.12-19,
afirmando que Jesus ressuscitou dentre os mortos, bem como
enfatizando sobre a ressurreição dos santos.

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É relevante evidenciar que os coríntios foram afetados por
filosofias contemporâneas. Embora eles tivessem fé na ressurreição
de Cristo, alguns começaram a questionar sobre a ressurreição.
Então, o Apóstolo Paulo demonstrou que a ressurreição é essencial
para a fé cristã, pois Deus ressuscitou Cristo da morte. Logo, Paulo
destaca que negar a ressurreição dos mortos é negar o Evangelho,
ressaltando que, se Cristo não tivesse ressuscitado dos mortos, os
cristãos teriam crido e morrido em vão (A Bíblia da Mulher: Leitura,
Devocional, Estudo). Por isso, em 1 Coríntios 15.19, Paulo afirma
que aqueles que não creem na ressurreição de Cristo são infelizes,
são os mais miseráveis de todos os homens.
Assim, o valor da ressurreição de Cristo é grandioso e
maravilhoso, pois é o nosso fundamento maior de fé e esperança.
Ademais, a ressurreição aponta para a esperança de uma glória futura,
de uma eternidade com Jesus, de uma promessa elevada, que será
concedida para aqueles que forem fiéis e obedientes até a morte. Isso
nos faz entender que as evidências históricas da ressurreição de Jesus
Cristo são evidentes, reais e incontestáveis, e que a glória de Deus é
manifesta na ressurreição do Filho de Deus.
Conclusão:
Conclui-se que, quando Jesus morreu na cruz do Calvário, Ele
venceu sobre tudo e sobre todos. Ele venceu a morte, a injustiça, a
mentira, a maldade, o engano, o pecado, o diabo, manifestando,
gloriosamente, o poder de Deus, pois, naquele momento o propósito
de Deus havia se concretizado.
Conforme Jesus havia prometido, no terceiro dia, Ele
ressuscitou, e as evidências históricas de Sua ressurreição são
incontestáveis, pois, como afirma o Evangelista Billy Graham, em
seu livro A Razão da Minha Esperança, as evidências históricas para
a ressurreição de Cristo são mais fortes que qualquer outro milagre.
Como Graham diz, também, o Cristianismo não tem restos
empoeirados do Salvador para venerar nem um túmulo ou santuário
para adorar. Jesus está vivo! Glória a Deus por isso!
Assim, que possamos nos alegrar na fiel promessa de que, um
dia, estaremos no céu; que, um dia, reinaremos com Cristo; que a
vida eterna é real e que será concedida para todos aqueles que forem
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fiéis a Deus até o fim, pois o nosso Deus reina e reinará pelos séculos
dos séculos, e aqueles que guardarem a Sua Palavra, no coração e na
mente, serão vitoriosos. Portanto, que a nossa esperança em Cristo
não se limite apenas a esta vida (1 Coríntios 15:19), mas que a nossa
esperança esteja firme Naquele que é o Autor e Consumador da nossa
fé: Jesus, o Cristo, o Filho do Deus Vivo!

Bibliografia:
A Bíblia da Mulher: Leitura, Devocional, Estudo.
Bíblia King James Atualizada.
GRAHAM, Billy. A Razão da Minha Esperança: resiliência e
perseverança para nunca desistir. [tradução: Sandra Martha
Dolinsky]. São Paulo, SP: Planeta do Brasil, 2018.
Harpa Cristã. Rio de Janeiro, RJ: Casa Publicadora das Assembleias
de Deus, 2007.
KELLER, Timothy. A Cruz do Rei. [tradução: Marisa K. A. de S.
Lopes]. São Paulo, SP: Vida Nova, 2018.
STROBEL, Lee. Em Defesa de Cristo. [tradução: Antivan Mendes e
Hans Udo Fuchs]. São Paulo, SP: Vida, 2017.

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Lição 13
Para que creiais que Jesus é o Filho de Deus
Prof. José Nícolas.

Texto principal:
―Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome‖
Jo 20.31

Resumo da lição:
Não será por evidências ou argumentos filosóficos que as pessoas
serão salvas, mas pela pregação do Evangelho no poder do Espírito
Santo.

Objetivos
- Mostrar a incredulidade de Tomé;
- Explicar que a incredulidade é um solo fértil para o
surgimento de heresias;
- Saber que a fé no Filho de Deus nos leva a ter a vida eterna.

O assunto em pauta faz parte daquilo que chamamos Teologia


Bíblica. São quatro as áreas que a Teologia abrange: Bíblia, História,
Prática e Temas. Costumo afirmar que qualquer cristão possui ―saber
teológico‖. Mesmo aqueles que não simpatizam com a Teologia, são,
sem querer ser, ―Teólogos‖. A Teologia se propõe a ―arrumar‖ o
saber teológico que todos possuímos. Temas específicos são
organizados de uma forma que venhamos ter um conjunto de
pensamentos esboçados com lógica, precisão e organização.

Interação
Professor(a), com a graça de Deus chegamos ao final de mais
um trimestre. Durante os encontros dominicais você e seus alunos
foram edificados, exortados e consolados mediante o estudo a
respeito do Evangelho de João. Um Evangelho singular cujo objetivo
é mostrar que Jesus é o ―Verbo que se fez carne‖. Concluiremos
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nossa série de estudos mostrando que os sinais apresentados por João
nos levam a crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus.

Orientação pedagógica
Tenha o cuidado de sempre consultar a bíblia. A leitura bíblica
é primordial e insubstituível. Quanto mais o professor conhecer o
texto bíblico pela leitura diária, mais facilidade terá na compreensão
de estudos que lhe auxiliarão no conhecimento e na exposição dela.

Introdução Geral
É muitíssimo provável que o evangelista, ele mesmo um
pregador cristão, proclamou o evangelho durante anos. Sem dúvida,
ele fez anotações; sem dúvida, aprendeu com outros e incorporou o
trabalho de outros. Mas seja o que for que ele tenha tomado de outras
fontes, como todo bom pregador, ele assimilou e tornou esse
conteúdo seu, algo que o alto grau de uniformidade de estilo o
demonstra muito bem. Oportunamente, ele reuniu o material e
publicou como um livro. Algo bastante provável é que ele tenha
produzido o trabalho em etapas, mas é muito improvável que o tenha
lançado em etapas, pelo menos em etapas com um grande intervalo
entre elas, pois não há qualquer evidência textual de diferenças entre
as primeiras e as últimas edições. Seu objetivo? A resposta: ―...
Foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus,
e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.‖ (Jo 20.31.).

Introdução
Os evangelhos sinópticos mencionam o fato de que diversas
mulheres vieram ao sepulcro: Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago.
Salomé e Joana. (Lc 24.10). No entanto, o quarto evangelho
menciona apenas Maria Madalena. Com base nesta diferença, alguns
intérpretes têm proposto duas visitas separadas - uma de Maria
Madalena, que poderia ter vindo com uma companheira cujo nome
não é dado, e a outra visita por parte de um grupo de mulheres, de
conformidade com a narrativa dos evangelhos sinópticos. Outros
estudiosos salientam o fato de que a passagem de João 20.2 aparece
no plural, ―nós‖, quando Maria conta a Pedro o que acabara de ver,
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isto é: ―não sabemos onde o puseram...‖. Assim sendo, alguns
harmonistas pensam que, é descrita aqui a mesma visita, embora
Maria Madalena apareça como principal visitante, e que, é justamente
esse o ponto enfatizado na tradição preservada pelo evangelho de
João.
I – A Incredulidade de Tomé
Tomé, como um ou dois dos outros discípulos que são
mencionados especificamente na narrativa sinótica, desempenha um
papel mais individual neste evangelho. Ele apareceu na história da
ressurreição de Lázaro (Jo 11.16) e na conversa no cenáculo (Jo 14.5)
como seguidor leal, mas um pouco pessimista, de Jesus. Tanto aqui
como em João 11.16 e 21.2 seus nomes em aramaico e grego são
dados juntos. A expressão um dos doze chama a atenção; ela ocorre
em outra passagem neste evangelho, com referência a Judas
Iscariotes (Jo 6.71). O que João quer dizer aqui é que Tomé, mesmo
sendo um dos doze, não estava com eles na cena descrita acima.
(Judas também estava ausente, mas por outras razões.).
1. A exigência de evidências. A narrativa mostra Jesus
aparecendo aos dez, porquanto Judas Iscariotes se suicidara e Tomé
não estava presente, embora Lucas não nos informe especificamente
acerca disso. Porém, o evangelho de João diz ―discípulos‖, e
menciona claramente que Tomé não estava presente na primeira
oportunidade. (cf. João 20.24). Naturalmente a palavra ―discípulos‖
não limita necessariamente o número de apóstolos a ―dez‖, mas é
provável que essa seja a intensão do termo, porque os apóstolos eram
os discípulos especiais de Jesus, aqueles que eram focalizados nessa
parte da história da ressurreição de Cristo. Porém, apesar de que
estavam em foco os ―dez‖, contudo o trecho de Lucas (24.36) indica
que também se achavam presentes os dois discípulos com os quais
Jesus se encontrara no caminho para Emaús, perfazendo um total de
doze seguidores de Cristo.
2. A rejeição de testemunhas. Algumas pessoas, em ocasiões
de tristeza muito grande e desoladora, encontram consolo umas nas
outras. Outras, contudo, preferem se recolher à um canto e ficar
sozinhas com seu pesar. Tomé fazia parte deste segundo tipo.
Quando os outros o procuraram e lhe contaram as boas novas, ele não
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se impressionou. Pode ser que eles tivessem sucumbido aos desejos
dos seus pensamentos, mas ele não se deixaria envolver por isto.
Mesmo quando lhe disseram que tinham identificado o Senhor pelas
marcas dos pregos nas mãos e da lança no seu lado, ele não se deixou
persuadir; ele sabia do que a imaginação era capaz. Ele não haveria
de contentar-se em ver; só se convenceria tocando as marcas e
feridas. Ilusões óticas não eram desconhecidas, mas ele reconheceu
que a evidência do tato mostraria se se tratava de carne sólida ou não.
Ele ficou conhecido como o ―Tomé da dúvida‖, mas na verdade sua
dúvida não era maior que a dos outros; se tivesse estado com eles
naquela noite do primeiro dia de páscoa, sua dúvida ter-se-ia
dissipado junto com a deles. Mas não foi assim que aconteceu; ele
teve de esperar mais uma semana.
3. No poder do Espírito. O relato do evangelho de João
informa-nos que o Senhor soprou o Espirito Santo sobre os seus
discípulos, investindo-os de uma autoridade especial, algo que,
anteriormente, já havia sido dado graciosamente a Simão Pedro,
conforme lemos em Mateus (18.18,19). Já o evangelho de Lucas não
nos presta tal informação. Nessa ação de Jesus, dando o Espírito
Santo a seus discípulos, conforme o quarto evangelho (cf. João
20.21), há uma espécie de Grande Comissão aos discípulos. No
entanto, conforme a sequência do tempo, no evangelho de Lucas isso
é apresentado imediatamente antes da ascensão do Senhor. Todavia,
no quarto evangelho essa comissão, claramente é dada antes de sua
subida aos lugares celestiais. Poderíamos supor, entretanto, que a
ascensão, nesse quarto evangelho, é registrada no parágrafo seguinte,
sem haver menção de qualquer intervalo de tempo, não tendo,
portanto, qualquer intenção de servir de indício cronológico, como se
tivesse de ser aceito como incidente que ocorreu logo depois do
incidente anteriormente historiado. No evangelho de João figuram
outros incidentes, incluindo outras aparições do Senhor Jesus, que o
evangelho de Lucas omite inteiramente.
II. Incredulidade e heresias.
O Senhor Jesus fez questão de que sua ressurreição fosse
comprovada também por Tomé; e os efeitos desse exame foram
totalmente convincentes para ele, conforme vemos em João (20.26-
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29). O texto de Lucas (24.40) descreve uma cena bastante parecida,
se na realidade não se trata da mesma, onde também se faz menção
dos pés do Senhor, os quais foram mostrados com a mesma
finalidade de comprovar que era ele mesmo. Esta narrativa do quarto
evangelho faz alusão ao fato de que mostrou aos discípulos o seu
lado, o que o terceiro evangelho não menciona, porquanto somente o
evangelho de João preservou a tradição do lado traspassado do
Senhor.
1. Nos dias de João. É possível que João tivesse em mente o
perigo vindo de uma forma de ―gnose‖ que tinha o intuito de ela
mesma ser cristã, sim, que afiançava elevar o cristianismo de fato à
sua verdadeira sublimidade, requestando ativamente as igrejas. Já na
carta aos Colossenses, precisamente na Ásia Menor, deparamo-nos
com inícios dessa gnose cristã com suas ―percepções superiores‖ e
seus métodos especiais de vida espiritual (Cl 2.8,16-23). Como
contemporâneo de João vive e atua em Éfeso o gnóstico Querinto.
Por isso, pode bem ser que diversos pontos sejam especialmente
realçados nesse evangelho com vistas à gnose. No entanto,
deixaríamos de compreender toda magnitude do evangelho de João se
víssemos nele apenas um escrito antignóstico. O ―evangelho segundo
João‖, como o chamava a igreja antiga, é realmente o evangelho
pleno, integral, escrito para mostrar Jesus aos leitores de tal modo
que sua fé possa agarrar-se em Jesus e encontrar em Jesus o caminho,
a verdade e a vida.
2. O que é gnosticismo. Embora muitos tenham tentado atribuir
ao gnosticismo origens persas, gregas ou egípcias, atualmente se
aceita que o movimento surgiu em um ambiente judaico-cristão. Isto
não nega a presença de prováveis elementos pré-cristãos no
gnosticismo. No entanto, a síntese peculiar de ideias que deram
origem ao ―Grande Gnóstico‖ parece ter ocorrido no final do século I
ou no início do século II d.C. É evidente que o movimento teve inicio
em um ambiente hebraico-cristão, provavelmente na Síria-Palestina,
por causa do grande numero de nomes, expressões e ideias semitas
que aparecem nos primeiros trabalhos gnósticos, tais como o
Apócrifo de João, o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Filipe; e a

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presença de ideias cristãs distintas, tais como os sacramentos, Cristo
o Redentor, e o apelo as Escrituras do Novo Testamento.
III. Fé no Filho de Deus.
Jesus tem uma palavra conclusiva para Tomé, que não podemos
definir com certeza se é afirmação ou como pergunta. ―Disse-lhe
Jesus: Porque me viste, creste.‖ Não é necessariamente uma
acusação. Mas ainda que Tomé tenha chegado à fé sem precisar tocar
a Jesus, ainda assim teve necessidade de ―ver‖ a Jesus antes que
pudesse crer. Contudo, também aos outros discípulos fora dado
―ver‖, acompanhado de ―mostrar‖ expressamente as chagas‖. Todos
os apóstolos puderam usufruir da comunhão visível com o
Ressuscitado, para serem ―testemunhas de sua ressurreição‖ de uma
forma especial. Nisso Tomé não é nem pior nem mais incrédulo que
os outros.
Por isso Jesus também não o repreende. Contudo acrescenta
uma palavra muito decisiva: ―Bem-aventurados os que não viram e
creram (ou: chegaram à fé).‖ Estamos no final do evangelho. Como a
história continuará? Será que pessoas apenas chegarão à fé e
pronunciarão a confissão básica ―Jesus, Senhor meu e Deus meu‖
porque também ―viram‖ a Jesus? Será que Jesus precisa continuar
aparecendo a pessoas e lhes mostrar as mãos e o lado? É
precisamente agora que Jesus visualiza toda a vastidão da história de
sua igreja, vendo multidões incontáveis ―que não viram‖ chegarem à
fé. Isso é fato, e tão somente podemos confirmá-lo. E repetidamente
forma-se uma fé tão clara, tão firme e tão segura, que por causa dela
as pessoas suportaram com alegria a perda de seus bens, prisão, dores
e morte. É tão poderosa que se torna a palavra de Deus. É assim que
atua o Espírito de Deus, de forma que Pedro já escreve às igrejas: ―A
ele, não o havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas
crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória‖ (1ªPe 1.8).
Aquelas pessoas de quem se pode afirmar isso são verdadeiramente
―bem-aventuradas‖.
1. Jesus é o Cristo. ―Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus
meu!‖ (Jo 20.28). Não estende a mão nem põe o dedo nas marcas dos
pregos. Já não precisa disso. O Senhor ressuscitado se revelou a
Tomé de forma poderosa, que o deixou envergonhado no mesmo
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instante em que fala com ele e repete suas palavras. E agora, quando
seu Senhor está diante dele dessa maneira, Tomé reconhece a audácia
inexequível que seria tocar as chagas de Jesus desse modo. Tão
somente consegue curvar-se completamente diante de Jesus e chamá-
lo, a este ser humano, de seu Senhor e seu Deus. ―Senhor e Deus
nosso‖, é a adoração dos vinte e quatro anciãos diante de Deus em
Seu trono, em Ap 4.11. É nisso que fica claro que a palavra
correspondente de Tomé ―Meu Senhor e meu Deus!‖ não coloca um
segundo Deus ao lado do Pai e Criador. Para todo israelita era óbvio
manter o mais rigoroso monoteísmo. Mas Tomé compreendeu agora
o que o próprio Jesus tentara mostrar a seus discípulos: ―Quem me
vê, vê ao Pai. Como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu
estou no Pai e o Pai está em mim?‖ (Jo 14.9,10; 12.44,45). Tomé crê
nisso agora e assim vê em Jesus seu ―Senhor e seu Deus‖.
2. Crer para ter a vida eterna. O motivo de João também
brilha como uma tocha ao longo de todo o seu evangelho e encontra
expressão final ao terminar: ―Para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que crendo, tenhais vida em seu nome‖ (Jo
20.31). Os três sinópticos simplesmente estabelecem os fatos e
deixam que causem sua própria impressão sobre o leitor. Mas João
não age assim: tudo é regularmente selecionado e orientado para
obtenção de um veredito. Ele não se ocupa só dos fatos, mas também
dos assuntos. Existe nisso previsão sobrenatural dos planos
novamente? Depois de ter estudado Mateus, Marcos, Lucas e João, a
maior de todas as decisões deve ser tomada. Ela pode ter sido feita
antes de chegar a João, mas, caso contrário, não pode ser mais
evitada. O leitor é diretamente desafiado e deve fazer a sua escolha –
receber e ser salvo, ou rejeitar e perecer para sempre.
3. Extraordinária revelação. A afirmação de Tomé, porém,
não anula o fato de que a proclamação fundamental é válida para
todos os tempos ainda assim precisou de ―testemunhas oculares‖. O
testemunho apostólico enfatiza incessantemente o encontro visível e,
nesse sentido, físico com o Ressuscitado (1ªCo 15.5-8; At 2.32; 3.15;
5.31s; 10.40s) concedido aos apóstolos. Ambas as coisas são dádiva
de Deus: ver ao Senhor ressuscitado e crer nele sem ver. Não cabe
contrapor uma à outra. Contudo, não deixa de ser um milagre de
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cunho extraordinário que pessoas creiam com certeza completa em
Jesus sem terem visto o Ressuscitado como os apóstolos. Por isso
Jesus declara esses crentes especialmente bem-aventurados.
Com essa palavra de Jesus João encerra seu evangelho,
estabelecendo assim uma sólida e viva conexão entre o começo e o
fim de seu livro. ―No princípio era o Verbo.‖. A palavra, em que
Deus se expressou, veio ao mundo e se fez carne. E agora, quando
tudo está consumado, essa palavra torna a sair mundo afora na
palavra dos mensageiros e alcança as pessoas com tanta força que por
intermédio da palavra elas creem no Verbo eterno do Pai, sem verem
Jesus. Nessa fé acompanha a confissão de Tomé, a confissão básica
de todos os cristãos, com sua convicção mais pessoal: ―Jesus, Senhor
meu e Deus meu.‖. Nessa confissão Jesus foi reconhecido como o
Logos, como a palavra. Nela entende-se o começo do presente
evangelho: ―O Verbo estava com Deus, e Deus era o Verbo.‖ Nela, a
vida, atuação e paixão terrenas desse ―Verbo‖ estão sendo vistos
corretamente, assim como João no-lo mostrou. Quem ―crê‖ desse
modo leu o livro de João corretamente. Em razão disso, agora João
pode encerrar sua obra com uma palavra conclusiva.
Conclusão
Como em toda a sua obra, também no final João evita qualquer
projeção pessoal. Ele não diz: ―Eu não os escrevi em meu livro.‖ A
voz passiva ―não estão escritos‖ confrontou os leitores com o
objetivo do livro e sua característica, deixando o autor
completamente em segundo plano. Ademais, a expressão ―neste
livro‖, pode ser um indício de que João está bem informado a
respeito da existência de outros livros sobre Jesus. É até muito bom
que eles tragam do ―grande número de outros sinais de Jesus‖ muitas
coisas que não podem ser lidas em João. Com isso, João traz sua
própria palavra sucinta sobre o tema ―João e os sinóticos‖. Ele não
quer ser o único evangelista. Também os outros evangelhos devem
ser lidos nas igrejas. Mas seu livro não se torna supérfluo pela
existência de outros ―evangelhos‖. Aquilo que ele, o ―discípulo que
Jesus amava‖, tem a relatar a respeito de seu Senhor, presta um
serviço substancial às igrejas. É por isso que escreveu o livro.

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Bibliografia

BRUCE, F F. João. Introdução e Comentário. 2. Ed. São Paulo. SP


Sociedade Religiosa Vida Nova. 1987.
PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Tradução:
Degmar Ribas Júnior. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
CARSON, D.A. O comentário de João / D.A. Carson; tradução
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Shedd Publicações, 2007.
BOOR, Werner de Evangelho de João I: comentário esperança/
Werner de Boor; tradução Werner Fuchs. -- Curitiba: Editora
Evangélica Esperança, 2002.
PEARLMAN, Myer. João, o Evangelho do Filho de Deus. l.ed. - Rio
de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1995.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento interpretado,
versículo por versículo, Lucas, João, volume 2, 2ª Edição, São
Paulo: Hagnos, 2001.

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